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GAME DEV STARTUP

A linha de desenvolvimento de startups


desenvolvedoras de jogos digitais

Ebook atualizado segundo semestre de 2017

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GAME DEV STARTUP
A linha de desenvolvimento de startups
desenvolvedoras de jogos digitais

Belo Horizonte
2017
© 2017 Playbor Pré-Aceleradora de Games

Direitos reservados desta edição:


Gustavo Horta Abdo de Freitas
João Guilherme Paiva
Marcelo Eugênio Amaral de Faria
Marcelo Rodrigues Freitas
Rafael Bianchini Alves

Autor: Marcelo Rodrigues Freitas


Projeto gráfico: Gustavo Horta Abdo de Freitas
Revisão: Marcelo Eugênio Amaral de Faria
Dedicado a todos os que desejam acelerar sua trajetória de
sucesso e amam tudo o que envolve o desenvolvimento de
jogos digitais.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a todos aqueles que contribuíram de alguma for-


ma para a realização desse sonho chamado Playbor. Obrigado a
nossos mentores, parceiros, clientes, famílias, amigos e a todos
aqueles que acreditam em nossa iniciativa. Esperamos retribuir
para a comunidade, em proporções iguais ou maiores, tudo aqui-
lo que nos foi e é proporcionado. Boa leitura e bom jogo!
Sumário

01. Introdução.....................................................................09

02. Game Jam.....................................................................17

03. Maratona de Desenvolvimento de Jogos...................23

04. Pré-Aceleração...........................................................29

Considerações Finais..........................................................37

R eferências ..........................................................38
01
Introdução

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Introdução
Nos dias atuais, já não é mais novidade abordar que o Brasil ocu-
pa posição de destaque mundial no cenário de vendas de jogos
digitais. Nossa intenção aqui é mostrar que não somente de ven-
das respira o mercado brasileiro de games.

Testemunhamos nos últimos anos um crescimento exponencial


no número de empresas dedicadas ao desenvolvimento de ga-
mes, impulsionadas por um mercado em plena ascensão. Tal
fato pode ser justificado tanto pela crescente expansão e atrati-
vidade do mercado, quanto pelo aumento considerável no núme-
ro de cursos específicos na área de jogos digitais. Igualmente,
vão surgindo novas formas de incentivos, tanto em âmbito públi-
co, quanto privado. Além disso, o número de eventos na comuni-
dade de desenvolvedores aumentou muito, o que facilita a troca
de ideias e experiências.

Porém, nem tudo são flores. Existem obstáculos a serem supe-


rados, tais como a falta de incentivo das grandes produtoras, a
concorrência em nível global, o consequente aumento da com-
petitividade pela descoberta dos gamers marcada pelo cres-
cimento do número de títulos lançados anualmente, a falta de
experiência dos profissionais, além de uma gestão mais profis-
sional das empresas que desenvolvem os chamados “indie ga-
mes”, ou jogos independentes. É de conhecimento geral que tais
dificuldades, consequentes do difícil acesso a capital e falta de
conhecimentos gerenciais por parte dos estúdios, tem raízes na
problemática macroeconômica brasileira, marcada por investi-
dores com perfil conservador e um governo em crise. Todavia, é
importante observamos que os gamedevs, no papel de agentes
econômicos, também possuem uma grande participação nesse
fato.

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A indústria de jogos brasileira tem conquistado cada vez mais
seu espaço no mercado global de desenvolvimento de jogos di-
gitais. O BIG Festival (Brazilian Independent Games Festival) - 3º
maior festival de jogos independentes do Mundo e o maior da
América Latina - é uma prova viva do aumento da qualidade no
desenvolvimento de jogos digitais no Brasil e em território lati-
no-americano. Hoje temos jogos brasileiros de muito boa qua-
lidade se destacando pelo Mundo, inclusive contemplados por
prêmios internacionais. É nítido que ainda podemos crescer mui-
to, pois ainda somos uma indústria relativamente desconhecida
internacionalmente - os destaques tradicionalmente ficam entre
América do Norte, Europa e Leste Asiático -, mas aos poucos
estamos conquistando nosso lugar ao Sol. Nosso mercado hoje
é composto de produtores, jogadores, distribuidores, publicado-
ras, lojas, streamers, investidores e universidades que há 5 anos
atrás não faziam parte do mesmo. É realmente impressionante
a quantidade de oportunidades e negócios sendo feitos em ter-
ritório nacional.

A crescente maturidade da indústria brasileira tem recentemen-


te chamado a atenção de diversos órgãos governamentais, visto
os recentes editais voltados exclusivamente para o desenvolvi-
mento de jogos eletrônicos promovidos por SPCine e Ancine e a
recente inclusão de jogos eletrônicos como elegíveis em editais
promovidos por FINEP e MinC. Contudo, apesar de tais editais
auxiliarem em muito os estúdios comprovadamente capazes de
gerar negócios de sucesso, o investimento por si só não pode
ser considerado a solução para os problemas daqueles que
ainda não atingiram tal nível. Os empreendimentos de jogos
brasileiros que hoje possuem um negócio lucrativo e saudável
percorreram uma longa jornada até sua conjuntura atual, sendo
que mesmo estes correm o risco de sucumbir a uma indústria
com tantas aleatoriedades. O ciclo da mudança está cada vez
mais curto, fazendo com que as empresas precisem se atualizar
constantemente para garantir a sustentabilidade de seu negócio
no longo prazo.

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No que tange empreendimento de jogos que atingem o sucesso
comercial com seus produtos, podemos perceber a maior proba-
bilidade do surgimento desses players dentro de ecossistemas
de desenvolvimento de jogos em estágios mais avançados. A
troca de experiências e a abertura de oportunidades dessas co-
munidades acaba por acelerar o processo de consolidação dos
estúdios presentes nesse ambiente. Nessa ótica, já possuímos
diversos pólos de desenvolvimento de jogos de grande expres-
sividade, tais como: EUA, Canadá e Finlândia. Felizmente, hoje
podemos afirmar que a indústria brasileira caminha a passos
largos para eventualmente atingir o nível de tais ecossistemas.

Conversando com grandes players do mercado nacional e in-


ternacional de games, chegamos à conclusão de que os desen-
volvedores brasileiros possuem uma excelente base técnica em
desenvolvimento de jogos, o que os torna capazes de produzir
jogos de alta qualidade. Entretanto, quando se trata de conhe-
cimentos gerenciais necessários para se viabilizar um negócio
de sucesso, não se observa tamanho embasamento. Esse fato
acaba cooperando para o aumento do risco em se investir na
indústria de jogos e, consequentemente, dificulta o acesso a ca-
pital por parte dos estúdios.

Segundo pesquisa realizada pela Playbor em Novembro de 2016


com mais de 400 profissionais desenvolvedores de jogos digi-
tais pelo país, 65,9% dos desenvolvedores de jogos brasileiros
são graduandos ou recém graduados, contudo, 65,1% dos ga-
medevs brasileiros nunca lançaram um jogo. É interessante ob-
servar que os gamedevs brasileiros reconhecem sua fraqueza
no que tange conhecimentos gerenciais, dada nossa pesquisa,
onde as três principais barreiras encontradas pelos desenvolve-
dores para o desenvolvimento de seu negócio foram, respecti-
vamente: Inexperiência em empreendedorismo; Dificuldade em
captar recursos financeiros; e Falta de um plano de marketing
estruturado. Adicionalmente, é interessante observar que 89,2%

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dos desenvolvedores brasileiros estariam dispostos a pagar por
um serviço que os auxiliassem a superar essas barreiras, toda-
via, a maior parte destes não é capaz de arcar com os custos
desse tipo de serviço.

Quando perguntamos sobre o conhecimento da existência das


principais aceleradoras de games do mundo, 65,1% dos res-
pondentes afirmaram desconhecimento de tais empreendi-
mentos, sendo que surpreendentemente 79% dos respondentes
se mostraram interessados em participar dos processos sele-
tivos das mesmas. Tendo passado por programas de acelera-
ção de games como o da renomada GameFounders, a equipe
da Playbor entende que adentrar tais programas de aceleração
não é tão simples. Assim como em aceleradoras de startups,
essas instituições prezam pela seleção de estúdios com uma
certa maturidade de mercado e produtos altamente inovadores
e escaláveis. Em resposta a isso, criamos uma metodologia ágil
para desenvolvimento de jogos em conjunto com o negócio em
questão, fazendo com que a jornada de ascensão de estúdios in-
dies e game dev startups sejam muito mais rápidas e eficientes.
Tal metodologia tem seu início marcado pela realização de um
evento amplamente conhecido por desenvolvedores de jogos di-
gitais, o qual abordamos a seguir.

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02
Game Jam

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Game Jam

Uma Game Jam pode ser considerada um evento de curta dura-


ção, onde desenvolvedores de jogos se reúnem com o objetivo
de criar um jogo (ou protótipo funcional), do começo ao fim, em
um curto intervalo de tempo. A revelação de um tema até en-
tão desconhecido pelos participantes marca o início oficial do
evento. Tal tema - utilizado como uma limitação que encoraja a
construção de soluções criativas - pode ser tanto eleito através
de votação realizada entre os participantes, quanto cuidadosa-
mente escolhido pelos próprios organizadores do evento.

A duração mais comum de uma Game Jam é de aproximada-


mente 48h, mas em alguns casos específicos este evento pode
se estender para até várias semanas. Um dos fenômenos mais
importantes para o mercado de jogos, as Game Jams felizmen-
te estão cada vez mais em alta. O que costumava se tratar de
encontros de pessoas com maior intimidade entre si - projetos
de final de semana feitos entre amigos - hoje ocorre no formato
de grandes espetáculos de criação de jogos, contando com mi-
lhares de participantes.

Game Jams são excelentes lugares para emergir conceitos e


mecânicas e, por vezes, tais conceitos e mecânicas se mostram
bons o suficiente para motivar os desenvolvedores na constru-
ção de uma versão demonstrativa consistente. Muitas tem um
toque de competição - representadas pela expressão “compo”
- enquanto outras não tem vencedores ou perdedores. Alguns
eventos patrocinados contam inclusive com premiações, abrin-
do espaço para votação dos vencedores. Mas, independente de
sua categoria, é um consenso geral que game jams são even-
tos realizados puramente pela diversão integrada. O verdadeiro

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“prêmio” é o seu jogo/protótipo “finalizado”. Se sentir confuso(a)
por um tema desafiador é apenas parte da diversão. Lembre-se:
limitações encorajam a criatividade.

Pessoas que participam de game jams são recorrentes nessa


ação. O orgulho em terminar um jogo e o prazer de aprimorar
suas habilidades, buscando inspiração em um aventurado final
de semana de longas noites e rápidas prototipações, traz o sen-
timento de recompensa. Muitos se despedem do desafio duran-
te a jornada, seja por falta de tempo ou energia para finalizar o
projeto/protótipo. Outros atingem a linha de chegada com jogos
repletos de bugs e pouco divertidos. Excepcionalmente, certos
entregam jogos promissores, os quais podem futuramente vir a
se tornar sucessos comerciais. A realidade é que, para fazer par-
te deste seleto grupo de equipes com jogos promissores, você
precisa de três elementos fundamentais: equipe, competência e
motivação - em raras exceções, um dos três elementos pode ser
substituído por “sorte”.

Prototipação de jogos e game jamming podem parecer a mes-


ma coisa superficialmente, contudo, o mindset envolvido é um
processo notavelmente diferente. Em seu núcleo, ambos são
sobre ideia e rápida execução, contudo, game jamming é sobre
“finalizar algo”, onde prototipagem normalmente gira em torno
de “responder uma questão”. Indo mais a fundo, game jams de-
terminam um limite de tempo no processo criativo, de maneira
que desenvolvedores de jogos sejam forçados a apresentar o
núcleo funcional do jogo. Portanto, ao se mover para o lança-
mento, o desafio torna-se então a expansão desse núcleo. Dito
isso, ao sair de uma game jam, a equipe deve ser realista quanto
ao prazo de produção de seu jogo. No caso de vários jogos de-
senvolvidos em game jams, seus desenvolvedores tem o seguin-
te pensamento: “Se conseguimos desenvolver algo desse porte
em três dias, imagine o que conseguiremos desenvolver em três
meses!” Tal linha de raciocínio faz sentido, mas não costuma
funcionar na prática.

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Jogos de game jams são destinados a serem divertidos por al-
guns minutos. Um jogo completo é tipicamente destinado a ser
divertido por no mínimo algumas horas. O processo de transfor-
mar algo divertido por 15 minutos em algo divertido por 2 horas
é muito mais complexo do que aparenta. Acrescentar conteúdo
de forma coerente, progressiva e balanceada, frequentemente
gera processos extremamente demorados. Além disso, você
está potencialmente abrangendo algo lateralmente, o que nos
leva a dura realidade de que algumas ideias tem abrangência,
outras não.

Falando em dura realidade, temos que falar sobre cálculo de es-


copo. Caso tenha calculado erroneamente o escopo de seu jogo
- algo comum em qualquer tipo de negócio criativo - e o mes-
mo está destinado a crescer, em alguns casos, a equipe deve
seguir os mesmos passos. Caso se encontre nessa realidade,
vale a reflexão sobre: “Que tipo de profissional integrar? Quan-
do integrar? Preciso realmente integrar?” E tem mais, manter a
motivação geral da equipe em um projeto que inicialmente está
planejado para um período de tempo igual a X e que acaba se
estendendo para 3X pode se tornar uma das maiores barreiras
na conclusão de seu jogo. A motivação pode ser o singular e
maior fator para levar seu jogo para frente, então encontre ma-
neiras de alimentá-la. Seguindo essa linha de raciocínio, o pró-
ximo passo em nossa metodologia é uma excelente forma que
encontramos de alimentar a motivação de sua equipe na segun-
da etapa dessa jornada.

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03
Maratona de Desenvolvimento de Jogos

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Maratona de Desenvolvimento de Jogos

O que é uma maratona de desenvolvimento de jogos? Atualmen-


te ainda não há um comum acordo em a partir de quanto tempo
de duração um evento deixa de ser uma game jam e passa a se
tornar uma maratona. Por muitas vezes, mesmo game jams com
48 horas de duração são chamadas de maratonas de desenvol-
vimento de jogos. Nós da Playbor optamos por diferenciar tais
termos de forma inspiradora.

Um velho conto diz: “Na África, todas as manhãs a gazela acorda


sabendo que deve correr mais do que a leoa se quiser se manter
viva. Todas as manhãs, a leoa acorda sabendo que deve correr
mais do que a gazela se não quiser morrer de fome. Moral da
história: Não faz diferença se você é a gazela ou a leoa, quando o
Sol nascer, você deve começar a correr.” Da mesma forma ocorre
uma game jam de curta duração. Podemos citar como exemplo
a própria Global Game Jam, onde você tem aproximadamente
dois dias para conseguir criar seu “jogo” “do começo ao fim”, o
que te leva a “correr” para alcançar seus objetivos. “Correr” nes-
se caso é a melhor opção, pois suas metas ou objetivos são de
curto prazo. Entretanto, seria “correr” a melhor opção para obje-
tivos de médio-longo prazo?

Utilizemos como exemplo a própria condição de um maratonis-


ta. Se comparada com outras modalidades de corrida, pode se
dizer que uma maratona é uma corrida de no mínimo médio pra-
zo. Maratonistas sabem que não podem utilizar o máximo de
sua velocidade durante toda a corrida, pois ficariam exaustos e
não conseguiriam atingir seu objetivo dentro de um tempo váli-
do. Nesse caso, uma corrida regrada e consistente torna-se mui-
to mais eficiente. Entendeu onde queremos chegar?

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Para facilitar ainda mais, peguemos como exemplo o evento
Amnesia Fortnight, realizado pela Double Fine Productions, es-
túdio independente fundado por uma das personalidades mais
respeitadas e adoradas do mercado de jogos, o renomado Tim
Schafer. Na metade do desenvolvimento de um jogo de ação
com tema musical metal chamado Brutal Legend, Schafer teve
uma ideia que se provaria genial, mesmo que não soubesse dis-
so na época. Ele decidiu dividir seu time de desenvolvimento de
60 pessoas em 4 grupos, desafiando-os a criar jogos curtos po-
rém completos no período de duas semanas. O resultado, como
Schafer diz, foi um “sucesso massivo”.

O processo não apenas deu uma levantada na moral dos de-


senvolvedores da Double Fine, como também permitiu aos fun-
cionários assumirem novos papéis. Não mais os funcionários
estavam atrelados a um trabalho específico. Programadores po-
deriam se tornar produtores, artistas poderiam se tornar desig-
ners, estagiários poderiam explorar suas capacidades e Schafer
poderia descobrir talentos ocultos em seus funcionários. Ele
chamou essa iniciativa de “Amnesia Fortnight”. “Amnesia” por
conta do dever dos desenvolvedores em esquecer o que esta-
vam desenvolvendo e “Fortnight” por conta de ter duas sema-
nas de duração. Por que duas semanas? Schafer diz que “duas
semanas remete a infinito” e “uma semana é um prazo muito
curto”.

Revisando o processo Amnesia Fortnight, Schafer diz ter apren-


dido uma valiosa lição: “todo desenvolvedor de jogos deveria
identificar sua marca e se apegar a ela.” No caso da Double Fine,
essa identidade foi difícil de se definir. A análise abrangeu uma
gama de elementos, sendo um deles o elemento surpresa. “Fãs
deveriam esperar o inesperado”, disse ele. A trajetória de desen-
volvimento da Double Fine tem sido um testamento deste ide-
al. Com jogos desde bonecas de empilhamento russas (russian
stacking dolls) até grandes máquinas de destruição, os jogado-

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res nunca estão completamente cientes do que esperar vindo da
Double Fine.

Uma conclusão interessante é que o processo Amnesia Fortni-


ght pode ser considerado uma maratona de desenvolvimento de
jogos. Com a experiência do processo, a desenvolvedora Double
Fine trocou um modelo de 1 jogo a cada 4 anos, para o mode-
lo de 4 jogos a cada ano. Isso reflete a tendência de que cada
vez mais os desenvolvedores independentes estão se atentando
para o fato de que jogos de grande escopo geram um risco muito
alto para ser corrido por empresas de pequeno e médio porte.
Ciente de tal risco, a Playbor inseriu em sua metodologia a ma-
ratona de desenvolvimento de jogos, a qual representa a maior
parcela do nosso programa de pré-aceleração.

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04
Pré-Aceleração

29
Pré-Aceleração

O que é um programa de pré-aceleração? Antes de responder


a essa pergunta é interessante analisar o motivo pelo qual elas
surgiram. Com a dispersão da Internet e a facilitação do aces-
so à tecnologia, vivemos no início deste milênio a chamada Re-
volução Digital. Por conta disso, começaram a surgir diversos
negócios digitais, o que seria o marco inicial da era das star-
tups. Empresas como Amazon, Google e Facebook se tornaram
eventualmente negócios bilionários, chamando a atenção não
apenas de investidores, como também de profissionais técnicos
com um sonho em se tornar a próxima startup de sucesso. No-
vamente, o aumento exponencial do acesso à informação fez
com que o ciclo da mudança se tornasse cada vez mais curto,
fazendo com que aqueles que quisessem ser bem sucedidos
em um mercado cada vez mais competitivo tivessem duas op-
ções: 1- Acelerar seu processo de consolidação no mercado se
unindo a grandes mentores e investidores; ou 2- Sucumbir aos
“tubarões” nadando ao seu redor. Partindo dessa premissa, sur-
giram as aceleradoras, as quais buscam equipes qualificadas e
negócios com certa tração para alavancagem comercial de seus
produtos.

Não obstante ao fato de possuírem um modelo de negócios re-


cente, as primeiras aceleradoras se mostraram efetivas, levan-
do muitas startups qualificadas a escalarem seus negócios a
nível global. Tal fato obviamente atraiu o olhar de investidores,
levando ocasionalmente a um aumento exponencial no núme-
ro de aceleradoras. Tais aceleradoras atendiam cada vez mais
startups qualificadas, o que culminou em um mercado saturado
de aceleradoras e escasso de startups qualificadas o suficiente
para atenderem a oferta criada. Regra básica de demanda e ofer-

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ta, com a oferta em alta e a demanda em baixa, surgiu a neces-
sidade de algo que aumentasse a demanda por programas de
aceleração. A solução encontrada foi a criação de um programa
anterior à aceleração visando a qualificação de startups, fazen-
do com que atingissem mais rapidamente os pré-requisitos exi-
gidos pelas aceleradoras. Partindo dessa premissa, surgiram as
pré-aceleradoras.

Pré-aceleradoras são uma invenção recente, não é à toa que a


Playbor é a primeira pré-aceleradora com foco em games do
Mundo. Por mais que seu futuro ainda não esteja completamen-
te definido, é inquestionável a participação das pré-acelerado-
ras no ecossistema de startups. Basicamente, todo programa
de pré-aceleração é uma seletiva para qualificação prática e in-
tensiva em empreendedorismo, auxiliando na validação/conso-
lidação de um negócio/produto no mercado e culminando em
possibilidades de investimento e alavancagem de negócios. Pré-
-aceleradoras mantém uma forte rede de contatos, conectando
mentores experientes e empreendedores inspiradores com seus
pré-acelerados. Em países onde a cultura não favorece o pen-
samento empreendedor suas ações são ainda mais relevantes.
Elas trabalham com o que chamamos de “very early stage” ou
“pre-seed stage”. Traduzindo: negócios que ainda não recebe-
ram o primeiro investimento externo. Em seu público-alvo estão
inseridos: negócios potenciais estagnados, empreendedores de
primeira viagem, profissionais recém graduados, pessoas bus-
cando recolocação profissional, pesquisadores e estudantes
universitários. Seus programas miram empoderar pessoas com
valiosas ferramentas e metodologias: ajudando-as a identificar
exatamente qual é o problema e como solucioná- los; educan-
do-as sobre o que é preciso para criar, validar e consolidar um
negócio; e principalmente melhorando e alavancando sua men-
talidade empreendedora.

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Nesse momento você pode estar se perguntando: “Mas uma de-
senvolvedora de jogos digitais pode ser considerada uma star-
tup?” A resposta é sim, isso depende apenas do seu modelo de
negócio. O modelo de game dev startup que mais atrai o interes-
se de investidores são aquelas que trabalham com produtos de
alto valor criativo, tenham visão de negócios, intenção comercial
e independência legal. Uma game dev startup, ao desenvolver
seus jogos, geralmente procura por grandes mercados, compos-
tos por um público-alvo financeiramente saudável e carente por
produtos que solucionem seus desejos mais latentes.

Existem também os chamados estúdios Indie, que se diferem


de uma game dev startup na essência, mas não deixam de ser
considerados startups. Por exemplo, se sua percepção frente à
experiência criadora, estética, emocional e humana de um jogo
é limitada, ou seja, você vê o jogo apenas como um produto
comercial e business, ele não é Indie. Mas é importante deixar
claro: não sejamos binários. Existe uma longa gradação e uma
mescla dentro de uma mesma equipe, da independência e da
não independência de um jogo. É possível que os gerentes de
negócio sejam representantes do lado business da empresa, en-
quanto a equipe de produção esteja de fato tentando criar algo
belo, novo e artístico.

Por outro lado, um estúdio que trabalha apenas com projetos


work-for-hire é um exemplo de uma desenvolvedora de jogos
que não pode ser considerada uma startup, pois seu negócio
não é escalável. Por mais que o negócio tenha um risco envol-
vido muito mais baixo, o empreendimento recebe um valor fixo
pela execução de cada projeto, fazendo com que seus ganhos
estejam limitados ao número máximo de contratos que sua
equipe de desenvolvimento consegue atender.

Caso seu empreendimento de jogos se encaixe no conceito de


startup, é importante dizer que, antes de dar o “start” no mesmo,

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antes de registrá-lo e começar a lidar com custos fixos, você deve
refletir bastante. Antes de começar a busca por investimento,
você deve tentar monetizar o valor de sua oferta. Antes que você
possa colocar um valor no que você faz, você precisa mostrar
que construiu algo que atende seu público-alvo. Para finalizar,
antes que você possa fazer qualquer das ações citadas acima,
você precisa se certificar que, como empreendedor(a), você es-
teja preparado(a) para essa jornada. Saiba que pode contar com
a Playbor para te auxiliar nessa jornada. Queremos iluminar e
estreitar seu caminho em direção às aceleradoras, publicadoras
e demais investidores interessados neste maravilho mercado de
games.

Seja muito bem vindo(a) ao Universo Playbor!

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Considerações finais

Esperamos com esse ebook ter sanado eventuais dúvidas sobre


nossa inserção na cadeia de valor do mercado de games e como
podemos auxiliá-lo(a) em sua jornada de sucesso. Apresenta-
mos a importância das game jams na criação de jogos digitais e
quais estratégias você pode utilizar para tirar o máximo proveito
delas. Exemplificamos como uma maratona de desenvolvimen-
to de jogos pode se diferenciar de uma game jam e como elas
podem se tornar a sequência do desenvolvimento realizado em
uma game jam. Introduzimos sobre o mundo das pré-acelerado-
ras, o tamanho de sua importância na estruturação do ecossis-
tema de startups e como esse modelo pode ser extremamente
valioso para o ecossistema de desenvolvimento de jogos digi-
tais. Para finalizar, apresentamos como a Playbor pode se tornar
a ponte entre sua startup desenvolvedora de games e programas
de aceleração de games globais, incluindo na lista publicadoras
de games e demais investidores interessados no mercado. Agra-
decemos o tempo disponibilizado para essa leitura e esperamos
que o conteúdo tenha sido simples, claro e objetivo. Caso ainda
reste alguma dúvida sobre o que envolve a Playbor ou simples-
mente queira trocar boas ideias conosco, sinta-se livre para nos
procurar através de nossos canais de comunicação. O prazer é
todo nosso!

Grande abraço e bom jogo!


Equipe Playbor
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Referências

ROFATO, Karina. Crescimento e a Valorização do Mercado Brasi-


leiro. Disponível em: <http://reporterunesp.jor.br/o-crescimento-
-e-a-valorizacao-do-mercado-brasileiro/> Acesso em 09 de Julho
de 2017

GRAFT, Kris. Taking your game from jam to commercial re-


lease. Disponível em: <http://www.gamasutra.com/view/
news/204102/Taking_your_game_from_jam_to_commercial_re-
lease>. Acesso em 12 de Janeiro de 2017

KAITILA, Christer. How to Get the Most Out of a Game Jam. Dis-
ponível em: <https://gamedevelopment.tutsplus.com/articles/how-
-to-get-the-most-out-of-a-game-jam--gamedev-437> . Acesso em 12
de Janeiro de 2017

MAKUCH, Eddie. How Amnesia Fortnight Saved Double Fine.


Disponível em: <http://www.gamespot.com/articles/how-amne-
sia-fortnight-saved-double-fine/1100-6365180/> Acesso em 23
de Janeiro de 2017

Startup Pirates. (Pre) Accelerate towards the future!. Disponível


em: <http://www.slideshare.net/startuppirates/pre-accelerate-
-towards-the-future> Acesso em 25 de Janeiro de 2017

CAMAROTTI, Saulo. O que é ser Indie Dev?. Disponível em:


<http://brasiliaindiegames.com.br/2017/07/o-que-e-ser-indie-
-dev/> Acesso em 10 de Julho de 2017

38
VETTER, Moira. Pre-Accelerators: Unlocking & Funding The
Billion-Dollar Idea. Disponível em: <https://www.forbes.com/si-
tes/moiravetter/2016/09/09/pre-accelerators-unlocking-fundin-
g-the-billion-dollar-idea> Acesso em 25 de Janeiro de 2017

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GAME DEV STARTUP
A linha de desenvolvimento de startups
desenvolvedoras de jogos digitais

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