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FLAVIO M. HEINZ organizador DO DEBATE SOBRE AS ELITES E SOBRE O METOD ZNISH‘W OIAYT4 PONDO SITUAGOES DE INSTRUN NAUSANDO = 2 2 es z a 2 5 2 a iS “gay ISBN 85-225-0545-4 Copyright © Flivio M. Heinz Direitos desta edigto reservados & EDITORAFGY Praia de Botafogo, 190— 148 andar 2250-900 — Rio de Janciro, RJ — Brasil “els: 08002-7777 —21-2559-5543 Fae 21.2589-5532 e-mail editora@fgr-br —pedidoseditara@igrbr eb site: woreditora evr Imptesso no Brasil Printed in Brazil ‘Todos 0s direitos reservados. A reprodusio nio autorizada desta publicagio, no todo ‘ou em parte, constitu vielaséo do capyright (Lei n®9.610/98). (Os concits emitidos neste iro sto de intra responsabilidade des autores, digi — 2006 Revisio de originais: Claudia Martineli Gama aitrado eletrinic: istiona Ribas Revise: Aleidis de Beltran e Marco Antonio Corréa ‘Capa: Studio Creamerackers ‘Todas as traduges foram fetas por Flivio Madureira Heinz, exceto a do capitulo “A, lite nacional” (*The national elite”), de Michael Connifi,realizada por Geraldo Korndérfer. Ficha catalogrsica elaborada pela Biblioteca Mario Henrique Sinonsea/FGV Por outra hist da elites / Flivlo M. Hein, organizndor. — Rio de Janeiro: Editera FGV, 2005. 24. {nc bibligraia 1. Bites (Citncias soca). I Heng, Fv Maurer, I, anda #0 Geto Varem. epp— 301.4492 Sumario © historiador e as elites — guisa de introdugao Parte | — Histéria de eli ¢ método prosopogratico Como anda a histérle social das elites ¢ da burguesia? Tentativa de balango cr da historiogratia contemporénea Christophe Charle A protopografia ou biografia coletiva: balango © perspectivas Christophe Charle Do exemplo & série: histéria da prosopogratia Jacqueline Lalouette Parte Il — Ensaios prosopogréficos Elites region Joseph L. Love ¢ Bert J. Barickman A lite nacional Michael L. Conniff Elites rurais entre representagdo e politica: exercicio prosopografico Hlavio M, Heinz 7 19 a“ 55 78 7 99 423 Como anda a histéria social das elites e da burguesia? Tentativa de balango critico da historiografia contempordnea’ Christophe Charle [A historia social das elites e da burguesis & certamente hoje um dos campos da historiografia francesa mais frequentados, embora no passado tivesse permanecido por muito tempo abandonado. Convém previamente indager acerca das razdes desse aban- dono e, depois, dessa voga, para que possamos dar conta das tendéncias dominantes da producdo contemporanea. A histéria social passou por quatro fases principais. + A histéria social, no seu sentido mais amplo de histéria da sociedade em movi mento, emerge com o inicio da historiografia romantica. Como Marx j6 notara, a Inta de classes entre aristocracia e burguesia ¢ de algada da hist6ria em Guizot, Mas as classes sio vistas nessa historiografia sabretuda como etiquetas politicas ou po- lémicas, mais do que como conceitos de ariilise das realidades sociais. + Bm seguida, até 0 inicio do século XX, « predominancie, entre os historiadores niversitérios, de especialistas da época medieval ou moderns interrompeu o de- senvolvimento de uma hist6ria social contempordnea de tipo cientifico, Esta foi primeiramente 0 apandgio de néo-historiadores (reformedores sociais, ensaistas, jornalistas, militantes, primeiros ‘soci6logos”) que desprezaram as categorias do- minantes, consideradas demasiadamente conhecidas, ou que se acreditava conhe- cer através dos estereétipos socais. Também, a hist6ria social permaneceu por muito * Publicado originalmenie sob o titulo “Ow en est Fhistoire sociale des lites et de la bourgeoisie ~ essai de bilan critique de Phistoriographie contemporaine” (Chae, 19910) ** Professor du Universidade de Paris I — Panthéon Sorbonne; dretor do Instituto de Historia Moderna ¢ Contemportnea 20 Por outra histéria das elites ‘tempo sinénimo, na Franca, de hist6ria do movimento social, das “classes operi- rias’, servindo este género de ferramenta de andlise da questdo social ou de uma ““gesta” do movimento operdrio em formacio. + Com a revolugio dos Annales, a renovacio da reflexio entre os historisdores uni versitirios ea extenséo dos campos de estudo, a historia social foi anexada 8 hist- ria econémica, concebida como primeiro motar éos movimentos socias, especial mente para Ernest Labrousse, 0 nico dessa geracio a se interessar profissional ‘mente pelo periodo contempordneo (Marc Bloch era medievalista, Lucien Febvre Fernand Braudel especiaistas no perfodo moderno, assim como seus principais iscipulos).As greves os protestas populares perdiam em heroismo miltante mas, gragas a Frangois Simiand, passavam a ser fundados na r22d0, ¢ isto contra a historiografia classica conservadora, que via nesses acontecimentos apenas feuto de compl6s ede agitadores, Em funga0 dos engajamentos politicos mais ou menos explictes de seas dois pais fundadores (Simiand ¢ Labrousse sio dois socilistas ‘ais ou menos confessos, segundo a época de suss vides), ahist6ria socil de novo tipo (aquela dos anos 1930 a0s anos 1960) privilegiou oestudo das classes domina ddas ou aquele das relasdes entre as classes fundamentais na visto “marxista” da sociedade. '¢ Com a crise do marxismo e o declinio da hist6ria quantitativa e estrutural dos ‘Annales,a partir de meados dos anos 1970, assiste-se a uma dissociagio entre estas dduas irmas, a hist6ria econémica e a hist6ria social. A autonomizagio da hist6ria social leva os historiadores a renunciar a tratar a globalidade do social ea se limitar uma historia social segmentada em grupos socioprolissionais ou em “elites as teses regionais da era Labrousse, sucederam-se as tees sobre os diferentes meios sociais: os médicos, os professores, os operdrios,agreve,os grevistas, os oficiais et. Como acontece com freqiiéncia, por desconfianga das sinteses muito répidas ou mecéinieas, esse movimento no sentido de uma andlise cada vez mais intensa engen- rou perversées de outra ordem. Restringindo sua pesquisa’ a meios cada vez. mais limitados, o historiador da época contemporénea perdeu seu quadro de referéncia € foi crescentemente influenciado pelas ciénciassocizis vitinhas de seu objeto: etnologia, sociologia, psicologia social etc.! ‘A autonomizagio desejada em face dos determinismos macroecondmiicos foi subs- titufda por ums heteronomizagio em beneficio de outras disciplinas que fornecem modelos de substituigio, Fortanto, para resumitmos este breve panorama antes de testarmos a realidade dessa tendéncia na produgdo, parece-me que a histéria social francesa atravessa uma tripla crise: - Desenvolva esta andlise em Charle (1993), | das elites © da burgue 2 + uma crise de vocagao— servira ela apenas para irrigar o terreno de outros setores das ciéncias sociais, através do seu ntimero crescente de monografias? + uma crise de objeto —a deriva microssocial induz uma pulverizaglo de pontos de vista e uma dificuldade crescente em elaborar sinteses que nio sejam mais cue colegbes de vis6es parciais, pois nao mais existe, como antes, consenso sobre os prinefpios de recorte da realidade histérica;? + uma crise de temporalidade — a reducio do campo de andlise leva a uma indife renciagao do tempo hist6rico rumo.a um tempo puramente biogréfico que exchui o tempo coletivo da historia social elassica? Tentativa de balanco historiografico (inicio da voga de trabalhos sobre as elites pode ser datado da segunds metade ds ‘2106 1960, ou seja, no momento em que decaia influéncia de Ernest Labrousse, com sua aposentadoria, Esse & também o momento em que comecam as polémicas sobre a inter pretagio da Revolugio Francesa que contribuem para aclimatar a nogao de elite em his- ‘ria social, em detrimento do conceito marxista de classe: a primeira edicto do livro iconoclasta de Francois Furet e D. Richet data de 1966, ¢ € seguida de um artigo ¢e D. Richet nos Annales, em 1969, a0 qual responderiam Albert Soboul eseus disefpulos atra- vés de uma série de livros e, sobretudo, Michel Vovelle, através de um artigo publicada nos Anmiales em 1974.$ Nessa polémice, termo elite ndo é realmente utlizado no senti- do atribuido pelos sociSlogos norte-americanos, mas guarda, a0 contrarie, suas remi- niscencias paretianas. D. Richet escreve, por exemplo, na conclusio de seu artigo: Precocemente unidas em relagio & exclusdo das massas do pals“legal’ se entence- mos por isto as les da Histiria e da razio, as elites se dividiram em relagdo 4 ‘questio do priviligio. Nem « Revolucio nem o Império, nem as monarquias censitiriascimentaram esta brecha que provecou surpreendentes escilagdes ds curva politica do steulo XIX francés. talvez quando comecou a segunda revols 40, a revolugo democritica, racas a Napoledo IIe depois 20 radicalism, que F Tive neste caso uma experiéneia pessoal, com minha tentative de slatese sobre o século XIX (Charle, 1991), > Este tema da crise dos pressupostos da histéria tal como era praticada depois das inova- 4qbes dos Annales aparece, no tocante & outras dreas, na recente série de artigos metodol6- gicos publicados pelos Annales por ocasito de seu sexagésimo sniversério (Annales ESC, 1989, especialmente o artigo de G, Noitiel, p. 1435-1459). 4 Puret e Richet (1966); Richet (1969); Soboul (1981, especialmente a partir da p. 328, capitulo escrito em 1974 sobre os livrase artigos precedents); Vovelle (1974). 22 Por outra histérie das elites as elites se reconciliaram. Para elas foi muito tarde, Nao era ainda o “advento” das Esse texto é significative de uma época de transigao entre uma Visio que busca a si propria e uma visto marxista ainda dominante. Sua confusfo conceptual e suas aproximagbes historicas sobre o século XIX mereceriam um longo comentério que ‘nfo tem lugar aqui, Nao surpreende que Michel Vovelledeforme ainda mais tese de Denis Richet, ao suprimir 0 ‘s” de elite no apenas no titulo de seu artigo, mas na referencia equivocada que di do artigo de Richet.” 0 jogo sobre o duplo sentido de clite no plural e no singular é de fato constante em Richet, 2 passo que Vovelle, 20 suprimir 0’ tira do conceito sua pertinéncia sociol6gica, para dar a entender que Richet quer através disto por entre parénteses “burguesia" e“nobreza”: “resta-nos da elite apenas a banalidade de um lugar-comum e de uma ida feta ou ainda a ilusto sofisticada de uma época"? Apesar dos limites dessa polémica, plena de segundas intencoes politicas mais do que de elucidagdes tebricas esse epis6dio da historiografiarevolucionsria teve ao me- nos um mérito, o de introduzir novas ferrementas de andlise em uma hist6ria em vies de abrandamento depois das investidas realizadas por Gorges Lefebvre ¢ Ernest Labrousse. F 2 ocasito de afirmar, contra a imagem pejorative da historiografia da Revolugao Francesa — sobre a qual se diz ser excessivamente ligada aos debates politi- os contempordneos —, que é com freqiéncia sobre esse perfodo que foram testadas as inovac6es metodalégicas em historia: os primeiros passes da hist6ria econémica para clarear¢ hist6ria politica e social com Jaurés, Mathiez, Lefebvre e Labrousses a socisbilidade com os trabalhos de Maurice Agulhon; as mentalidades com a renove- 5 Richet, 1969.23 © Propus, em minha tese, uma concepgo pragmatica da uilizaglo do conceito de “elite” que, sem descartar obrigatoriamente as andlises em termes de classe, mantém o velor hheuristico dessa outra forma de apreender os meios superiores e evita de ser apanhada nessas polemicas ideologicas feitas de falsas alternativas, herdadas precisamente dos deba- tes do final do sécalo XIX entre os partidarios da visto marxistae os precursores da visio paretiana. Para mais detalhes, ver Charle (1987, Introdusio, e 1990, cap. 2). Em minha histéria da Franga no século XIX (Charle, 1991), tento igualmente associar a dintamica das classes sociaise as lutas internas is elites que, contrariamente 20 que pensa Richet, nio realizaram verdadeiramente sua unidade, mesmo quando era muito tarde, no apenss por ‘causa do “privlégio”, mas em razto das oposigbes ao mesmo tempo religiosas e de visio cdo mundo entre fragoes extremistas e grupos centrist 7 Vovelle, 197448, n.1 * id, p.72. soit isa ilis anaes | nnn Como anda hist6ris social das elites @ da burguesiz? 21 ‘;80 da historia religiosa da 6poca reveluciondria (trabalhos de M. Vovellee T. Tackett) ,enfim, como acabamos de ver, as elites. A investida das elites (anos 1970) Aemergéncia dos trabalhos sobre as elites (e, indiretamente, sobre s burguesia, principal viveiro das elites) acontecea, sobretudo, nos anos 1970, embora as pesqui- ‘as que estavam em sua origem datassem jé de alguns anos. A transigdo entre as dua perspectivas pode ser percebida na tese de André-Jean Tucesq, Les grands notables cen France (1840-1849), de 1964, principalmente se a comparamos com a tese dt ‘Adeline Daumard, La bourgeoisie parsienne de 1815 & 1848, publicada no ano ante. rior? A segunda & uma tese que responde aos princtpios de trabalho enunciados pot Ernest Labrousse € especificados em seu relat6rio a0 Congresso Internacional de Citncias Histéricas de Roma, em 1955: espaco geogratico delimitsdo (Peris), petfo- do histérico longo (a0 menos na escala da época contemporines, dois regimes), quantitativismo, fontes seriais, recortes em estratos hierarquizados e codificagdes socioprofistianais rigorosas.!° A primeira ¢ também uma tese da escola Labrousse, mas elt marca uma série de rupturas voluntirias ou involuntaries, como se o tems impusesse 20 autor uma problematica das elites subjacente que abterd reconhect mento apenas alguns anos-mais tarde: perfodo curto (1840-49), espago nacional ¢ ‘no mais local, fontes prosopogréficas prioritariamente as fontes seiais, passagem do anénimo a0 nominativo nos exemplos, énfase nas representagdes, bem como ¢ Psicologia social em sua segunda parte, Mas André-ean Tudesq permanece a meic ‘caminho, preservando uma preoeupasso com o estudo exaustivo de todos os tipos de elites, de toda « Franca — preocupagio que ninguém mais teria nos dias atuais —, ¢ conservando uma problematica dominada pela hist6ria politica que ocups metade de J. su tes Ese exemplo de um trabalho precursor loca em evidéncia as diferengas com o ‘método atual de pesquisa sobre as eles francesas, André-Jean Tadesq analisa amos. 5 Baitada em Par °© Sube-se que Adeline Daumard formula uma tipologia da burgusiafundada sobre uma hhierarquizago essencialmente financeia: burguesia popular, médie burgues, boa bur sguesia, alta burguesia¢ notéveis. Fla a retoma em seu primeiro livro (Daumerd, 1987) Conferis também as discuss6es do coliquio de Saint-Cloud (Llhistoire sociale, source et rithodes. Paris, 1967). "0 contraste com um puroestudo de eite aparece s#acomparamos com atese recente de Heinrich Best dedicada a um periodo quaseidéntico, sobre os parlamentares da Assem- biléia Nacional consttuinte. er Best (1989) 24 Por outra histéria das elites tras nominativas, mas se deixa aprisionar no recorte das séries que utiliza: por exem- ploy lists cleitorais censitérias, dossiés pessoais de funciondrios et. Ele nfo tenta cons- ‘tuir “biografias sociais’, para retomarmos uma expressio de Louis Bergeron © Guy ‘Chaussinand-Nogaret em sua pesquisa sobre os notéveis do Primeiro Império. Tam bémm, sua caracterizagio dos individuos citados é suméria: os tinicos indicadores sist. maticamente comparados sto a idade, as cifras do censo, as vezesa profissto dos pais, com lacunas, ¢ raramente os estudos: as carreiras nao so evocadas de forma sistemé~ tica, Logo, é ainda a fonte que comanda o ponto de vista e as questdes formuladas, Ainda ndo hé cruzamento de dados, nem andlises exaustives de todos os aspectos sociais ‘de uma populagio selecioneds. Sera, lids, provavelmente impossvel fazé-lo em uma populacio de mithares de individuos. Tomada pelo quiasmo cléssico da escolha con- traditéria entre a extensio ¢ a abrangéncia de uma amostra, Tudesq escolheu a primeira a expensas da segunda, em conformidade aos preceitos de Ernest Labrouse. Os trabalhos posteriores que marcam a segunda fase da histéria das elites apresentam cada vez mais a tend&ncia de fazer a excolha inversa. Citemos em primeiro lugar a pesquisa de Louis Bergeron e Guy Chaussinand- Nogeret sobre os notiveis do Primeiro Império, em suas duas partes, Les masses de granit, ea série, ainda er curso, de dicionérios departamentais de notaveis.” Parale- mente, mas em uma perspectiva mais erudita, a IV Segao da Escola Prética de Altos Estudos publicou, por efeito de um tipo de emulaglo de instituigo com sua “irma inimiga’,a VI Segao,!® uma série de monografias prosopogrificas sobre as elites admi- nistrativas,* sem contar os diversos coldquios organizados em conjunto com o Con selho de Estado, sob a diregio de Jean Tulard e Guy Thullier, sobre os prefeitos, os diretores de ministérios ete. Na mesma époc, sob inspiragio de Louis Girard, o Centro de Histéria do Século XIX preocupou-se em realizar pesquisas prosopogréficas dedicadas essencialmente as elites polticas.Citemos as pesquisas dirigidas por Antoine Prost sobre os conselheiros ‘gersis, a obra coordenada por Louis Girard eS. W. Serman sobre La Charnbre des Députés ‘en 1837-39, a pesquisa coletiva recentemente publicada sobre os prefeitos municipais © desde 0 Consulado, coordenada por Maurice Agulhon, e,enfim, aquela sabre os parla- ‘mentares da Terceira Reptblica, coordenada por Alain Corbin ¢ Jean-Marie Mayeut. 12 Bergeron ¢ Chaussinand-Nogaret (1979). publicagio dos dicionatios Diograficos depar- tamentais es em curso desde 1978. "3 Atual Escola de Altos Estudos em Cigncias Sociais (HESS). (N. do T.) * Todisco (1969); Szrarakiewiez (1974); sob inspiragio semelhante, Pineud (1983, 1989). "© Les diecteurs de minisére en France au XiXéme et au XXtme stele. Geneve, 1977; Col. Les prifets en France (1800-1940). Gente, 1975. £ preciso igualmente citar os belostraba- {hos de prosopografia edministrativa de Wright (1972) e de Wright e Le Clére (1973). r Como anda a histéria social das elites ¢ da burguesia? 25 Por fim, em Toulouse, em 1978, foi defendida a tese de Jean Estébe, Les ministres de la République (1871-1914), publicada em 1981.6 ‘Asegunda geragio de trabalhossobre as elites tem, no entanto,a tendéncia a cban- onar uma problemitica politica por um recorte sociolégico em termos de corpes adininistrativos e de instituigoes escolares. Observam-se aqui os efeitos da problemé- tica sociol6gica da reproduglo,diftndida entre os historiadores durante os anos 1970.” Os estudos de elites podem vincular-se a um grande corpo administrativo do Estado ova uma grande escola." Os trabalhos neste caso sio, sobretudo, de origem anglo- saxbnica e dizem respeito antes de mais nada & Escola Politécnica e 3 Escola Normal Superior, ou ainda as escolas de engemharia mais prestigiosas do século XIX. As pes- _quisas sociologicas de Pierre Birnbaum, de Jean-Luc Bodiguel, de Pierre Bourdieu ede Monique de Saint-Martin, sobre as elites e as grandes escolas da segunda metade do século XX, serviram com freqiiéncia de inspiracdo para 0s historisdores.” 4s elites intelectuais podem, por sua vez, ser percebidas coletivamente como uma corporagio intelectual, e isto contraa visio idealistae individualista tradicional: mal tiplicam-se, assim, nos iltimos 10 anos as prosopografias de professores universitérios, normaliens® ou nio2" que associam diverses métodos de abordagem e delimitagto © Prost (1967); Givard etal. (1976); Agulhon etal. (1986); Mayeur e Corbin (sd); vera Existe, no entanto, outra corrente de investigacao sobre as elites ou sobre @ bur- sguesia, nfo diretamente influenciada por essas preocupagbes politicas, acorrente que busca, através da andlise da burguesia econdmica, as causes das particularidades do processo de industrializagio na Franca e do desenvolvimento do capitalismo. Deve- ‘mos ciar aqui ostrabelhos de Alain Plessis sobrea Banque de France, de Loais Bergeron sobre as apitalistas, de Maurice Lévy-Léboyer ede seus alunos sobre patronato fran- és. A continuidade dos estudos foi garantida seja por uma nova geracio de autores de teses,seja através de pesquisas coletivas sobre periodas, regives ou setores abandona- dos. O patronato da Alsécia, gragas a Michel Hau, 0 patronato do Norte, gracas @ Frédéric Barbier, aquele de Marselha, com Roland Caty ¢ Eliane Richard, de forma ‘mais geral aquele do Segundo Império, através da pesquisa, em vias de finalizagao, do Instituto de Hist6ria Moderna e Contemporanea, dirigida por Dominique Barjot, 03, propritrios dos grands magasins e da construgio e obras pablicas, os mestres-ferrei- ros da Lorena, os empresérios do setor téxtil ou da “segunda industrializagio” comple- tam 0 quadro que era sobretudo conhecido através de algumas grandes figuras de empresérios,algumas grandes familias ou firmas, ou ainda dos meios empresariais na diregio de sociedades andnimas."* No entanto, mais dificil para resolver que o problema do recorte horizontal das lites € aquele de seu recorte vertical. Onde comegam e onde terminam as elites? A abordagem em termos de grandes corpos administrativos ou grandes escolas permi em um primeiro momento, resolver este problema, mas comeca a mostrar seus limites 3 No catanto, minhas pesquiss, como aquelas de Jean EstBbe, mostram o demacordo en- trea periodizagao politica das elites eaquela de sua real evolugdo social, A democratizagio dda epresentagdo poltica se fz, por exemplo, bem depois da chegada dos republicanos 20 poder, 20 passo que, para 0 conjunto das clits, a extensio da meritocracia tem 0 efeito Contritio de fechar 0s corpos sobre eles mesmos, em beneficio daqueles mais bem provi- dos em capital cultural ou socal segundo os campos. 2 Bergeron (19784, 1978b, 1983, 1990); Plessis (1982); Caron (1983); Livy-Léboyer (1979 — muito original, gracas a uma dimensto comparativa —, 1974, 1985); Hau (1985, 1987) Barbier etal, (1988, 1981); Barjot (1988, 1991, 1988); Moine (1989); Bourienne (1989) ‘Chassagne (1985); Caty e Richard (1980, 1986); Jobert (1991). 28 Por eutra histérie das elites no tocantes elites menos rigidas, como o patronato, os intelectusis ou os politicos. Devido a estes fatores, as pesquisas sobre uma burguesia de profissOes tornam-se tam- bbém delicadas, o que explica seu relativo retardo na Franga em relago ao exterior. A maior parte destas profissdes estende-se na hierarquia social das classes médias até a elite propriamente dita. As primeiras pesquisas foram realizadas na perspectiva dos trabalhos de Ernest Labrousse. No entanto, mais tardias, foram influenciadas pela in- corporacio da perspectiva das elites em sua problemstica. Pode-se citar, entre os prin cipais trabalhos, 2 tese de Jacques Léonard sobre 0s médicos do oeste da Franga no século XIX, publicada em 1978 mas desenvolvida a partir do inicio dos anos 1960.0 autor nio pode realizar adequadamente a anilise do meio m&dico como segmento da mobilidade social em fungao de lacunas nas fontes. Por outro lado, o estudo interno do meio médico gragas « documentos de origem privada permanece muito inovedor, assim comoa avaliacao da posigto da profissio médica no conjunto da sociedade em diferentes épocas e as questbes que orientam o debate sobre a formagao médica.”” Paralelamente, uma série de grupos de funcionérios, préximos dos professores, universitérios, ¢ posteriormente afastando-se deste, foi analisada na perspectiva do estudo da realidade ou dos limites da mobilidade social, mas também da permanéncia ou da evolugo dos valores culturais no interior das classes médias. Além tio ji antigo (1965) trabatho de Paul Gerbod sobre os professores, daquele mais prosopogratico de Frangoise Mayeur sobre as professors, devemos assinalat, sobretudo, 0 belo trabalho de Serge William Serman sobre os oficiais da Segunda Republica ¢ do Segundo Impé- rio. Este veloriza, gracas a uma sociologia dos corpos de oficias, a tensio entre 0 modelo tradicional de recrutamento e de promogio nos meios militares « o ideal de- ‘mocrético e meritocratico imposto pelo pouco entusiasmo das classes dirigentes em servie por longo tempo o Exéreito, ainda que nos escaldes superiores. Assim, parado xalmente, este corpo tradicional e tradicionalista pode ser, como a érea do ensino, mas «em funcio de outro sistema de valores, um veiculo importante da promorao das clas- ses médias, como também da frustracio, pois o topo de piramide permanece nas m&os dos oficiais com origem privilegiada: a nogao de mérito fisico, através da nogao de bravura ow de postura, prima sobre aquela de competéncia intelectual. 2 [eonard, 1978 (ver minha nota critica, Charle, 1979). 0 livro mais recente de Goldstein (1987) 0 completa, no tocante a medicina hospitalar. No que se refer aos aspectos paliti- 05, ver Elis (1990); conferir também as pesquisas em curso de George Weisz (1988) € 0 Dictionnaire biographique des professeurs de la Faculté de Médecine de Paris, de Francois “Huguet, a ser publicado pelo CNRS-INRP. 2 Gerbod (1965); Mayeur (1977). A biografia recente de Erie Fauquet (1990) constitui também uma contribuigdo ao painel do meio profisional universitério da primeira meta- de do século XIX. Serman (1978, 1979, 1960). Como anda a histéria social das elites ¢ da burguesia? 25 Jahd algum tempo, as profissdes cujos limites s40 08 mais dfieis para definir en. tram, ponsua vez, no campo historiogréfico, através das pesquisas socil6gicas sobre os artistas de Marie-Claude Genet, sobre os escritores, de Rémy Ponton, de Anne-Marie Thiessee de mim mesmo, sobre os intelectuais em geral, de Jean-Frangvis Sirineli, Pascal Ory, Jean-Louis Fabiani ou Louis Pinto. Note-se, contado, que as profssées juridicas permarecem abandonadas, ¢ é por isso que decidi recentemente preencher esta lacuna através de uma nova pesquise do Instituto de Hist6ria Moderna e Contemporanea (IHIMG. Provavelmente mais do queas pesquisas sobre as lites, estas novas pesquises fornecem uma contribuigao ao estudo da mobilidade social, uma vez que praticem cor- tes transversais que negligenciam as estratificagdes clissicas em niveis de fortuna ou em posicae geografica ou, ainda, em status. Os recortes sio de fato puramente formais (um titulo académico, uma fungso no Estado), Esses cortes internos & burguesia mostram como esta se renova ou se reprociuz, como se operam as passageas de uma frago & outra entre as geragbes; eles derivam, portanto, de problemsticas explicitamente socil6gicas Enfim, existe ume sltima corente de estudo da burguesia em um sentido amplo « que, 19 origem, nto se define pela burguesia como abjeto, mas antes peas relagdes sociais. Indiretamente, essas pesquisas tornam-se uma contribaigo aoestudo da clas- se dominante. Essa corrente tem, em parte, origem no clima intelectual posterior @ aio ds 1968 e foi fortemente influenciada pelas problemticas do poder de Michel Foucault. Apesar dos excessos de alguns discipulos muito zelosos, ela abrin, gracas & inveng2o de novas fontes, campos de trabalho por vezes negligencisdos pelos histo- riadores clissicos: sobre o urbanismo,a moradia, as formas de sociabilidede, es rela- ges senhores/servicais, patroes/trabalhadores, Orientados para o estado das classe populaces, esses trabalhos, que utlizam fontes oriundas dos meios dirigentes, acaba por mehor nos informer acerca do olhar e da mentalidade das classes dominantes que estdo nt origem das fontes em questo. Os trabalhos sobre os empregidos domiésticos, sobre a vida privada, sobre o paternalismo, sobre a persisténcia do sistema nobiliério em certas regides, sobre a relagio entre os sexos no interior da burguesia, sobre os diversosempreendimentos de moraliza¢ao das classes populares constituem uma con- tribuigio igualmente importante para a revisao de uma imagem puramente estanque e econdmica da burguesia do sécilo XIX ou das elites em geral2? ® Genet-Delacroix (1987, e sua tse, 1988); Ory e Sirinelli (1986); Pinio (1984); Charle (1979);Ponton (1977). Sobre as profisséesjuridicas, conferr as primeiras perspectivas que ‘raco em minha comunicagao ao Coléquio de Bielefeld, “Des capactés' aus intllectuels es professions libérales entre éconamieet la politique 1830-1900)’ traduzida em alerno (Siegrist, 1988:127-144), eer artigos (Chatle, 1989:117-119, 1988:167-175, 1991s). % CE, Petittére (1986); Pourcher (1987); Noiriel (1984); Moine (1989); Perrot (1987); Smith (1989). 30. Por outra histéria des elites Tentativa de avaliagéo de conjunto A diversidade e 0 ntimero dos trabalhos existenies possibilitam que se tente uma avaliagio global. A mudanga de perspectiva em relagio aos meios burgueses ou as lites, em curso nos tltimos 15 ou 20 anos, resolven os problemas de método que 2 antiga abordagem quanttitativa colocava? A mudanga de perspectiva renovou. nossa visdo da sociedade burguesa ou dos meios dirigentes? Questées de método A onda de trabalhos sobre as elites ou de arienta¢o prosopogratica, nos tiltimos 10 anos, remete a trés fatores que condicionam a resposta & primeira questo. Em primeiro lugar, a fiseinagio exercida pelo poder sobre 0s historiadores: analisar as elites € procurar‘a fundo penetrar em um das meios que detém o poder ¢.conhever seiis mecanismos concretos. ‘A outra sedusdo do tema é combinar uma abordagem objetivista e um substrato individualizado porque repousa sobie um fundamento biografico, com os dois per- cursos possiveis segundo o temperamento dos historiadores:teoricsta e sociologizaate 0, 20 contrario, empirista e monogréfico. O historiador reencontra-se, assim, com @ genealogia ¢ a biografia, os dois generos histéricos primeiros. Enfim, a dfasio dessa metodologia coincidiu com o desenvolvimento de softwares « equipamentos leves de informiética, em vias de difusfo a época.2* O empirismo bio- grifico corre o risco de fortalecer a deriva positivista contida na utilizagao imoderada da maquina. Por um momento, o historiador sonha fazer, como Balzac, concorréncia a0 Registro Civil, introduzindo no computador todos os individuos da sociedade, Alids, encontra-se af uma certa constante dos efeitos das inovagdes metodolégicas, ‘ou técnicas em histéria, Por efeito de um certo tropismo, os historiadores tendem a tomar meio pelo fim, deixando a outros a preocupacao com a sintese. As tltimas sinteses de hist6ria social disponiveis nao foram, desse ponto de vista, bemn-sucedides em integrar os novos aportes de todos os trabalhos histéricos que, 20 no levaremem conta as pesquisas paralelas, tornaram os resultados obtides nao comparaveis entre si Todo novo método em histéria s6 tem sentido se modifica os dados da sintese final, sem 0 que ele se torna tum ramo morta da disciplina. Ora, nesse setor da biografia, social, « nfo constragdo dos dados é com freqiéncia uma pritica cOmoda para evitar que o historiador vizinho ou sucessor se intrometa no setor aberto pelo predecessor. A pesquisa jé citada do IHMC sobre os empresérios do Segundo Império teve, por exem- 5 Sobre isto, confer os textos do Caldquio Prosopografa eInformética, organizado pelo CNRS em 1985 (Millet, 1986). cnn shit cikatiniitstatiisinin Como anda a histéria social das elites @ da burguesia? 31 plo, muita dificuldade em preservar a coeréncia entre os diferentes corpora regionais do patronato, nem sempre construfdos segundo os mesmos princ{pios, cada universi dade ou pesquuisador encarregado de uma regido apresentando dificuldades em se sub- meter a uma minima disciplina comum. Para o tipo de historia social consitafda pela biografia social dos grupos domi- nantes, ndo tomar em consideracto esses problemas é algo particularmente lastima- vel. Com efeito,« hist6ria social inspiradz em Labrousse nao tinha problemas de deli- mitagdo, Ela tomava a sociedade como um todo, arriscando-se a delimitar seu objeto por critérios geograficos arbitrérios. Ela utilizava fontes estatisticas preparadas por ‘outros, no caso a administragao, Seu principal problema residia nas eventusis lacunas das séties utilizadas ou em sua flabilidade estatistica, ligada com frequéncia as mu. dangas de nomenclatura segundo as diferentes épocas. s problemas que a biografia social afronta s4o bem diferentes. O historisdor social & seu préprio estatfstico, Ele deve, em um primeiro momento da pesquisa, cole- tardados como 0 faz um funcionario do censo. Ele deve ir de um arquivo a outro para cruzar fontes que resultarao na informagao final que ser4 tratada, Mais seu questions- rio é longo, mais sua populago-alvo deve ser precisa: a escolha do slvo é primordial, pois uma amostragem arbitrérta pesard permanentemente sobre os resultados. Esta é ‘uma perspectiva angustiante, pois é, com freqincia, em meio & pesquisa que perce- bbemos oserros existentes nosrecortespreviamenterealizados. A preocupasio do exaus- tivo ou das grandes amostras que caracterizam ainda tantas pesquisas me parece, nes- tecaso, restos de nostalgia “lbroussiana” do todo social. A multiplicidade das peque nas amostras, saturadas de informacbes e, se possivel, comparaveis entre si ou com aquelas de outros pesquisedores, me parece preferivel — para ser fiel& reorientecao metodoligica que € a biografia social — no tratamento exaustivo das grandes amos- tras com poucas varidveis. A pesquisa sobre os prefeitos na Franca, éesenvolvida ao longo de um periodo em que as duas problemiticas de hist6ria social estio presentes, parece dar-me ra2i0, O mais nove ¢ 0 mais estlarecedor no volume final & menos a grande pesquise estatfstica, que termina em alguns trufsmos ou incertevas ligadas & ‘mukiplicidade de pesquisadorese as fontes desiguais, que as monografiasregionalizadas onde as amostras sao estudadas em profundidade. A elite politice municipal torna-se, entéo, um revelador das estruturas sociis concretas. A contribuigéo dos novos métodos Mesmo se essas quesides ndo sio sempre resolvidas da melhor forma, ¢ preciso, para terminar, insistir sobre 0 aporte positive desses novos trabalhos, Modificou-se nossa visio da burguesia e das elites do sécalo XIX? Néo tanto quanto poderia ter sido, sea inclinagio monogrifica tivesse tido como contrapartida um cuidado de comuni- cagio suficientemente importante que ajudasse 2 avancar as teses seguintes. Nosio 32. Por outra histérle des elites quadro das classes burguesas ¢ dos diversos meios ou estratos que as compoem tem atualmente muito mais nuangs: compreendemos melhor 6 que as divide, 0 que as hierarquiza eas opée, portanto quais slo as raizes das oposigdes politicas ou ideolégi- ‘as entre as elites ou as fragoes da classe dominante. Em particular, temos condigdes de reconstituir 0 jogo da antiguidade social, das redes familiares, das tradigdes regio nais que influenciam sua visio de mundo e que néo sio redutiveis a determinismos puramente econémicos. As biografias sociais permitem colocar & luz do dia as estraté- gias familiares de ascenso, de estagnagio ou de reconversto que os diversos meios de elite ou da burguesia utilizam.A dinimica dominante interne as elites, do pélo inte- lectual ao pélo econémico (pela ascenséo}, ou inversamente, do pélo econémico a0 pélo cultural (pelo enobrecimento), 44 conta de muitos processos anteriormente jul- gadosem termos morais:traicao de sua classe de origem, aburguesamento de um lao, traigdo do progresso, fuga para uma vida “de rendas” de outro. A histéria coga dos dominantes que era a hist6ria politica cléssica pode atualmente ser reinvestida gracas 1 esse aporte de mediagOes finas entre posigto social, posicio ideolégica e dinamica social, Os historiadores comecam a se engajar em definir as redes sociais que ligam as diversas elites, em delimitar os grupos de pressio, os movimentos de criagao de diver- sas sociedades de pensamento ow pastidos, colacando-os em relagdo com as divisbes do espaco social da classe dominante nas diferentes épocas Em sua totalidade, esses pesquisas permitem transferir o velho esquema de opo: sigho aristocracia/burguesia, contra 0 qual a historia das elites f0j inventads, para o interior des diversas fragoes da burguesia ou das tipas de elite; como uma das molas fandamentais de sua visio de mundo, aparece o que chamei de antagonismo entre uma elite aberta ¢ uma elite fechada, O processo de promogao, de agregagio, de reno: vagdo ou de reprodugao das diversas elites ou burguesias €, com eftito traspassado em «ada época por esta contradicio que reaparece de forma mais ou menos aguca segun. do a conjunturs histérica (é atenuada em periodo de fasto quando hé lugar para todo ‘© mundo, € agravada em periodo de crise quando as inclina¢6es malthusianas voltam a fona) 2 Desse ponto de vista, a historia recente das elites ¢ da burguesia —suplantando & hist6ria social tal como coneebida por Ernest Labrousse — preencheu, na verdade, 0 programa da propria historia social: compreender a dindmica social contemporanea da democracia, Por outro lado, ela nao foi muito bem-sucedida, me parece, em redli- zar uma de suas ambicbes iniciais, que era compreender as articulagbes entre o int dual € 0 social. As pesquises no campo da historia cultural sio, sem dtivida, as que melhor poderio dar conta deste objetivo, especialmente no que se refere & historia social das disciplinasintelectuais ou 20s intelectuas, de forma geral. 5 Pata maiores detalhes, conferir meus sltimos livros (Charle, 1987, 19903, 1991b). Come anda s histéria social das elites @ ds burguesia? a3 Namerosas publicasbes recentesilustram essa hipStese. A histéria social das dis- senvolvam na Alemanha e nos Estados Unidos. Resta-nos apenas desejar que esteem contro internacional desemboque em uma verdadeira historia comparada das socie. dades enropeias, clamada por Marc Bloch em 1928.38 Referéncies bibliograficas AGULHON, Ms ROBERT, JL SERMAN, W. etal. Les maires en France de Consulat a nos jours. Pas: Publications dela Sorbonne, 1986 ANNALES ESC; Histoire et sciences sociales, un tournant critigue. Pats, v.44; 6, 1989. ATSMA,Haremut; BURGUIERE, André (Org.). Mar Block aujourd'hui, histoire comparte 1 scenes sociales. 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