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CRIME SCENE THEODORE ROBER 2 @ Q ALIASES: Rex Be Rest Covel, Taeodore Rater «cStranger beside me» Prtoepts son 197 : DESCRIPTION & Eat 2. at el naar \ vec ) EE ihe © EARLE: pt eal sare eee er wealth 9 SARE oh coe, dance ee ee ULE Sa Satna eae So A cor Roms 2 CAUTION NDR OLLEGE EDUCATED Snaeony Me MMouLD ae eOUOEHeD. ARNE, Rho fi ExcAPE A de arn se nay 518 eve aa, age aly wih hl ete ri pron ell mute Ti 0.80 to |F YOU HAVE INFORMATION CONCERNING THIS PERSON, PEASE CONTACT YOUR LOCAL FBI OFFICE TEEPHONE NUMBERS AND ADDRESSES OF ALL FBI OFFICES ITED ON BACK. Smilies a wt ‘lorae eile ye he cation Oide a. | ie FE a INDYARCHIVE_ —(65| frene'4 pve. 1) MK-80 MK-604 127-1978/s- ca enna epS profile 4, Theatre Reet Covel, CRIME SCENE® DARKSIDE ‘euwee Copyright © 1980, 1989 by Ann Rule ‘Afterword copyright © 1986 by Ann Rule 9.4715 20th Anniversary afterword copyright © 2000 by Ann Rule ‘The Final Chapter? copyright © 2009 by Ann Rule [ANN RULE® isa registered trademark of the Estate oF Ann Rule “Tradugdo para a lingua portuguese (© Edvard Alves, 2019 Diretor Editorial Christiano Menezes Diretor Comercial Chico de Assis Gerente de Novos Negécios Frederico Nicolay Gerente de Marketing Digital Mike Ribera Editores Bruno Dorigatti Raquel Montz Editores Assistentes LUelson Zeni Nilsen Siva Capa e Projeto Grafica Retina 78 Designers Assistentes Aline Martins/Sem Serifa ‘Arthur Moraes Revisa0 Marlon Magno Maximo Ribera Retina Contetido Impressao e acabamento Grafica Geogréfica DADOS INTERNACIONAS DE CATALOGAGAO NA PUBLICAGAO (1) ‘Anglia Macgua CRB-8/7057 Rate, Ann "Ted Bundy: um ertranho ao mes ado / Ann Rule; trad Eduardo Alves. ~ Rio de laneto:DarkSide Books, 2019. sop. ISBN: 978-85 045445453 ‘Tito trgital fhe Stanger Reside Me 1. Homieidas em sdle-Blografia 2 Bundy, Ted Bografia 5 Pscopatas = Blografia 4 Enrica Titulo Alves, Eduardo 9.0164 (CDD 3641533092 Indices para cat dogo sstemstico *.Homicias em série: Biograia 2019) ‘Todos os direitos desta edicao reservados & DarkSide” Entretenimento LTDA. ‘www-darksidebooks.com aU EDUARDO EVA Photographs taken 1977 don January 5, 1978, at Denver, Colorado, IF YOU HAVE INFORMATION CONCERNING THIS PERSON, PLEASE TELEPHONE NUMBERS AND ADDRESS \OF ALL FBI OFFICES LISTEI my Identification Order 4775 KZ MAR2 1978 Sumario DESCRIPTION AGE: 31, born November 24,1946, Burlington, Vermont (not supported iy Birth recores) HEIGHT: §'11" to 6? EYES: blue WEIGHT: 145 to 175 pounds COMPLEXION: pale/sallow HAIR: dark brown, collar length RACE: white BUILD: slender, athletic NATIONALITY: American OCCUPATIONS: ‘bellboy, busboy, cook's helper, dishwasher, janitor, law school student, office ‘worker, ‘political campaign worker, psychiatric, Sova wrt Steen, teary ey ue AND MARI nme ‘scaly ‘S: occas Gnme W d ond beds Big ace ed hye ies SOCIAL SECURITY hinseR USED: RRECORSES— CRIMINAL RECORD Sindy has ben convicted of aeeavattevnohEB 2 197g CAUTION : BUNDY, A COLLEGE EDUCATED WITH A PRIOR HISTORY OF ESCAPE, ESCAPEE AFTER BEING CONVICTED OF KIDNAPING AND WHILE AWAITING TRIAL INVOLVING BRUTAL SEX SLAYING OF WOMAN AT. SKI RESORT. HE SHOULD BE CONSIDERED ARMED, DANGEROUS AND AN ESCAPE RISK. charging Bundy with unlawful interstate flight to avoid prosecution for the crime of murder (Title 18, U. S. Code, Section 026. DirRoDUGiO, OcAPirULo FIMaiz, 2008 glessts false imitate British CONTACT YOUR LOCAL FBI OFFICE. | ON BACK. 40. PREFicro, Ux ViNlCUL CURTOSO, 1980 Ol}, um BeTRANHO AO MEU LADO 496, spitoco _ A TERCEIRA PENA DE MORTE, 2980 4s, Posricto_ SEIS alos DEPOIS, 1986. 0 UuTDNO CAPITULO, 1989 viling allos DEPOTS, 2000 54, APENDICE 526, ATUALIZAGAO @ ® cy 6 ALIASES: Rex Bundy, Ted Bundy, eer MUTCD Mm 1a OND I COT) Photographs taken 1977 ; _ Q ONE oe) A wee mie Ramey NUCH IETUVESRECTEASEES aT DESCRIPTION AGE: 31, born November 24,. er ETAT a CR Oe ea Ue etsS) HEIGHT: 5°11” to 6’ Agee WEIGHT: 145 to 175 pounds aaa EAE ee Ce Re Cm RACE: BUILD: slender, athletic NATIOI nia NTC} pe eee pte Nene a Ce Se SCS CU eC Nite CUT worker, psychiatric PEROT eee omen cn Cnn eT arena Carrom Ree) Recobre ddio feroz, e os pensamentos DSCC M ROMER Cciaret Prometric eerie Oe te tsen One Cn Rec CMCC mtr tortie) ere a On ECR caesar ti! PE oe CU ee ECE es eee ete tt ORR ME Bec ee Ce eicny NEtRes TT a Se ea Ome Une’ (ener ees) Muitos leitores jd estéo cientes de que Ann Rule trabalhou com Ted Bundy, um colega e formando de psicologia charmoso e bonito que em breve iria cursar a faculdade de direito. Eles se tornaram amigos intimos, as vezes trabalhando sozinhos no turno da noite de um disque-prevencao de suictdio. O homem que ela chamava de amigo logo seria conhecido em todo o mundo como um dos assassinos em série mais brutais de nosso tempo... IN TRODUGAO O CAPITULO FINAL? 2008 Pact 2 ust: tx Se, tte, Tt Su, oto et St T Tpeedons b by Nunca imaginei que escreveria sobre Theodore Robert Bundy outra vez. O homem que nao era nem famoso nem infame quando 0 co- nheci 37 anos atrds esta morto ha vinte anos, e, ainda assim, novas geracdes se sentem fascinadas por ele. Escrevi epilogo, posfacio, “O Ultimo Capitulo” e “Vinte Anos Depois” para Ted Bundy: Um Estra- nho ao Meu Lado, o primeiro livro que publiquei, mas a histéria de Ted parece nunca ter fim. E provavel que eu continue a acrescentar informacées a este livro em anos vindouros. Algumas das informagées do livro original se mostraram inexatas — lendas populares e boatos nos quais muitos dos especialistas em Bundy acreditavam, e que agora pretendo corrigir. O tinico carrasco que moveu a alavanca para ativar a cadeira elétrica em Starke, Fléri- da, nao usou mascara alguma, nem tinha cilios espessos carregados de rimel. Isso fazia parte da lenda de Ted. Nessa segdo mais recente, falo da execucdo a partir das palavras de uma testemunha ocular da morte de Ted Bundy, o que eliminara quaisquer equivocos. Novas informagées a respeito de Ted continuam vindo A tona. E suas “quase vitimas” continuam aparecendo. Parte de mim quer se afastar e colocar um fim as lembrangas de Ted. Tenho que admitir que deixei para depois a escrita deste capitulo. O motivo? 7 Ted Bundy ainda me assombra. Se sua luta desesperada para salvar a propria vida depois de ter ti- rado tantas outras fosse bem-sucedida e Ted ainda estivesse tranca- fiado atrs das grades, ele seria um velhote agora — 62 anos. Minha neta tem agora a idade que eu tinha quando conheci Ted, e também sou bisavé. A filha de Ted com sua esposa da época, Carole Ann Boo- ne, tem 26 anos. Liane*, a filha de Meg Anders,‘ que via Ted como fi- gura paterna, esté chegando aos quarenta. [Todos os nomes marcados com asterisco s4o pseud6énimos] As jovens que Ted assassinou estariam na casa dos cinquenta. Aquela miriade de vitimas em potencial que quase nao escaparam dele com vida tem entre cinquenta e sessenta anos hoje. Ninguém jamais saber quantas foram. O mundo segue em frente, inexoravelmente, sem Ted Bundy. Mas ele deixou para tras tantos pesadelos, cicatrizes e lembrangas que nao se pode esquecer. Ted nunca foi tao bonito, brilhante ou carismatico como o folclore criminoso 0 pinta. Mas, como disse antes, a infamia lhe cafa bem. Um completo desconhecido antes de ser suspeito de uma série de crimes ter- riveis, de algum modo se tornou todas essas coisas 4 medida que a im- prensa o acolhia. A passagem de décadas elevou — ou rebaixou — Ted ao nivel de Leopold e Loeb, Albert DeSalvo, William Heirens, Charles Manson e talvez uma dtizia de outros assassinos que mataram por matar. Sempre acreditei que o tempo iria anuviar o interesse em Bundy, es- pecialmente apés a execugao. Em vez disso, ele se tornou quase mitico. Como escritora de revistas populares que ansiava por escrever li- vros, deveria ser grata por ter um assento na primeira fila do espeta- culo monstruoso no qual Ted Bundy atuou como, de acordo com um periddico, o “glamoroso rapaz homicida”. Mas ndo sou grata. Eu preferiria nunca ter meu proprio livro, menos ainda 29, e que as vitimas de Ted tivessem sobrevivido. Seus crimes mudaram minha vida, e abriram as portas para meu primei- ro contrato de autora. Porém, como ser humano, gostaria de poder voltar no tempo e apaga-lo, e apagar também sua trilha homicida 1 Oprimeiro nome verdadeiro de Meg é Elizabeth. Ela usou o sobrenome ficticio “Kendall” como pseudénimo no livro, apesar de o verdadeiro ser Kopfler. Talvez nao tenha se dado conta de que se tornar escritora a transformaria em figura piblica. Os jornais de Seattle de imediato publicaram seu nome verdadeiro, ea esperanga de anonimato para si mesma e a filha, com quinze anos em 198r, foi destrufda. Ann Rule, a época da escrita e publicacao, optou por manter suas mengdes andnimas no texto. [Nota do Editor, de agora em diante Ne] 18 através dos Estados Unidos. Se ao menos eu tivesse o poder de fa- zer com que nada disso fosse real. As vezes, apds tantos anos, quase parece que Ted Bundy e suas dtizias de vitimas foram apenas fruto da minha imaginagao. Ironicamente, a imagem de Ted que permanece na mente do pt- blico quase quarenta anos depois tende a ser a do criminoso bonito e audacioso. £ assim em especial com mogas que hoje tém a mesma idade que as vitimas na década de 1970 tinham. Eu nao deveria ficar surpresa por ainda receber cartas e e-mails de jovens na casa dos vinte anos que sao fascinadas por Ted Bundy. Trinta anos atrds, observei as garotas da Florida se enfileirarem no lado de fora do tribunal em Miami, ansiosas para conseguir lugar no banco da tribuna atrds da mesa de defesa. Ofegavam e suspiravam com deleite quando Ted se virava para olhar para elas. Ele gostava das reacées, estava no controle — ou acreditava que estivesse — durante aquele primeiro julgamento em Miami. Por alguma razao, e sou incapaz de dizer qual, recebo mais do que a proporgao média de correspondéncias da Italia, onde mulheres “amam’” Ted e lamentam sua morte. Recebi correspondéncias sobre ele de todos os estados da Uniao, bem como da Franga, Suécia, Holanda, Alemanha, e até mesmo do Zimbabue e da China. Ele se transformou no Jack, o Estripador norte-americano, o verdadeiro Dracula, o assas- sino de genialidade acima daquela dos assassinos comuns. E, sendo assim, € perversamente atraente para as solitarias. Talvez parte disso seja minha culpa. Sera que descrevi 0 lado “bom” de Ted bem demais, aquele lado que vi nos primeiros trés anos em que convivemos? Ele parecia ser gentil, atencioso e honesto naquela épo- ca, e nao percebi o perigo — nao para mim, mas para as jovens boni- tas que se encaixavam no perfil das vitimas. Queria alertar as leito- ras de que o mal as vezes vem em pacotes bonitos. Queria salva-las dos sociopatas sdicos que ainda vagam por af, a procura de vitimas. Quando olho para tras, vejo como fui ingénua. Vejo até mesmo como continuei sendo ingénua, em certo sentido. Ainda quero salvar vidas de mulheres, mas apenas uma a mais seria importante para mim. Em 1980, nao compreendia realmente a diferenga entre ser psicé- tico e ter transtorno de personalidade. Na primeira edigdo deste li- vro, escrevi que Ted devia estar ensandecido ao matar todas aquelas mogas. Realmente pensei que ele era pura e simplesmente maluco, e disse que Ted deveria ser mandado para o hospital psiquidtrico. 19 Eu estava equivocada. Compreendi que seu transtorno de perso- nalidade significava que ele nunca deveria ser devolvido a sociedade, mas isso é basicamente tudo pelo que posso levar crédito. Nao tenho vergonha por ter me enrolado no diagnéstico. Muitos psicdlogos e psiquiatras que entrevistaram Ted também o fizeram. Ele nao era louco. Ele certamente tinha um grande numero de transtornos de personalidade — provavelmente narcisista, limitrofe e sociopata. A psicdloga que mudou o diagnéstico de Ted Bundy mais de uma vez comecou com bipolar e enfim se decidiu por transtorno de multiplas personalidades. Nunca concordei com nenhuma das ca- tegorias. As caracterfsticas e ages dele no se encaixavam — a nao ser que fossem forcadas para dentro dos buracos errados. Ted, creio eu, era um sociopata sAdico que sentia prazer coma dor de outro ser humano e com 0 controle que tinha sobre as vitimas até o momento das mortes, e mesmo depois. Ele foi crianga, adolescente, jovem que nunca sentiu muito poder sobre a propria vida. E escolheu um caminho horrivel conforme buscava poder e controle. Ted era tudo o que importava para ele. Alguém que sofre de transtorno de personalidade conhece a dife- renga entre certo e errado — mas isso nao importa porque ele é es- pecial e merece ter e fazer o que quiser. Ele é 0 centro do universo e todos nds somos bonecos de papel sem importancia. De acordo com aleiea medicina, alguém que é louco nao conhece a diferenga e nao é responsavel por seus atos, por mais chocantes que sejam. Desde 0 inicio, acreditei que, em algum momento, Ted confessaria, pois, com certeza, deve ter se sentido culpado. Mas nunca se sentiu culpado. Ele no tinha capacidade de sentir culpa. Apenas para sobreviver. E havia algo a respeito de Ted Bundy que aterrorizou muito algu- mas das mulheres que escaparam dele no ultimo instante. Elas sen- tiram o “cheiro” de perigo cedo o bastante para gritar, lutar ou fugir. Durante anos, mal conseguiam falar sobre os encontros que tiveram com ele. Estavam na meia-idade, e ele ja havia morrido ha tempo o bastante para se tornar uma ameaca menor para elas, quando afinal entraram em contato comigo. Amaioria, a principio, teve medo de ler Ted Bundy: Um Estranho ao Meu Lado porque nao queria descobrir que a crenga de que ele as tinha abordado — escolhido — eram verdadeiras. A fina borda da prépria mortalidade tinha chegado perto demais de se dobrar. 20 Era semelhante a sofrer um acidente terrivel e sair vivo, mas vocé nao quer pensar nisso até ter colocado uma distancia segura entre vocé e 0 acontecimento. Pedi permissao para incluir algumas dessas quase fatalidades nes- ta atualizaca4o e me foi dito que tudo bem, contanto que nao usasse os nomes verdadeiros. Eu entendo isso. Analisei mais de cem incidentes e a princ{pio escolhi apenas aque- les que acreditei serem em grande parte encontros verdadeiros com Ted Bundy. Mesmo assim, tive que selecionar as lembrangas assusta- doras, ou teria que escrever outro livro. A primeira lembranga vem de uma mulher de meia-idade atormen- tada por culpa e arrependimento porque acredita de coragao que ela, e nao Georgann Hawkins, era a vitima pretendida por Ted em junho de 1974. Pior: ela presenciou, paralisada de medo, quando Ted agar- rou Georgann e a levou até 0 carro, visualizando sua morte iminente. Caitlyn Montgomery me escreveu diversas vezes. Nao vive mais no Noroeste, mas fazia cursos de enfermagem na Universidade de Washin- gton em meados da década de 1970. Morava no porao da pensao do outro lado do beco por onde Georgann caminhou no dia 10 de junho de 1974. Caitlyn me mandou uma foto de si daquela época, e ela se pa- recia o bastante com Stephanie Brooks* para ser sua gémea idéntica. Stephanie foi a mulher que Ted pedira em casamento apenas para dis- pensé-la, assim como ela o fizera na primeira vez em que namoraram. “Alguém espiou pela janela”, recorda-se Caitlyn, “e eu tinha vis- to o cara de muletas zanzando ao redor do quarteirao. Senti como se me seguisse. Na verdade, desci aquele beco poucos instantes antes de Georgann Hawkins. Estava escuro e tive medo, por isso corri para dentro de casa o mais depressa que consegui e tranquei as portas. En- tao apaguei as luzes e olhei para o beco pela janela, e vi a garota que mais tarde descobri ser Georgann.” Caitlyn ouviu um grito de surpresa ou medo. Ela viu quando 0 homem de muletas se aproximou da loira, disse palavras que Caitlyn no identificou, e entdo agarrou o braco da moga. Caitlyn nao tinha certeza se a tal moga foi de boa vontade ou nao, mas ela percebeu 0 medo, e acreditou que ele a obrigara a refazer 0 caminho pelo beco. “Deveria ter tentado ajudar”, escreveu. “Deveria ter chamado al- guém. Talvez a policia. Mas estava com muito medo e sé observei. E me arrependo disso desde entio...” Caitlyn Montgomery era exatamente o tipo de morena esbelta que Ted Bundy escolhia como vitima. Georgann era loira. Ambas extre- 2 mamente atraentes. Nao sei se Caitlyn era a vitima original de Ted. Apenas ele sabia — e, é claro, nao est mais aqui para dizer. Nos anos 1970, 0 Distrito Universitario ainda era um bairro bas- tante restrito, assim como quando conclui 0 ultimo ano e me formei em produgao literdria, uma década antes. Havia a 45th Street, que corria de leste a este passando pelo campus, e a Universidade Way, conhecida como “The Ave”, de norte a sul. As casas das reptblicas fi- cavam alinhadas ao longo de alguma das ruas ao norte do campus, e Ted morou no lado oeste da Ave. Quase todas as ruas ao norte e ao. sul tinham becos no meio do quarteirao. Pela minha estimativa, Ted perambulava da 4ist Street até a 65th, ede ambos os lados da Ave. Nao sou capaz de mensurar a quantidade de mulheres no final da adolescéncia ou comeco da casa dos vinte na década de 1970 que me contam a respeito do homem bonito no Fusca que insistia em lhes dar carona. Quando recusavam, ele demonstra- va um lampejo causticante de raiva. Alguns encontros, porém, foram mais violentos. Recebi um e-mail de Audrey* em julho de 2008 (mais uma vez, tenho permissao de re- produzir este relato com o pseud6nimo da autora). Por coincidéncia estranha, morei durante um verdo no mesmo apartamento que ela, ainda que anos antes. Os apartamentos ficavam a um quarteirdo a oeste, paralelamente a Universidade Way. Ela escreve: “Sou graduanda da Universidade de Washington, de 53 anos, que morou nos apartamentos da Brooklyn de 1973 a 1977. Folheava a edi- cao recente da revista uw Columns e me deparei com um curto perfil seu, e mencionava seu livro, Ted Bundy: Um Estranho ao Meu Lado.” Audrey nunca ouvira falar de mim, mas tinha ciéncia dos crimes de Ted Bundy e da execugao, e leu reportagens nos jornais locais no Centro-Oeste, para onde se mudara depois da formatura. Ela decidiu ler meu livro 28 anos depois do lancamento. “Foi so na pagina 93 do livro que me dei conta de como posso ter chegado perto de me envolver pessoalmente. Vocé menciona 0 ende- reco da rua onde Ted residiu durante a época dos assassinatos, na 4rea de Seattle. Pela primeira vez, me dei conta de que meu apartamento ficava a menos de um quarteirio da pensio dele. “Certa noite (por volta de 1973-1974), eu (loira de cabelos compridos, repartidos ao meio) e minha colega de quarto, uma morena muito bonita, decidimos nos presentear com um jantar no Horatio’s. Ela havia gabari- tado a prova final da faculdade de enfermagem, e nos arrumamos para 2 comemorar. Eu tinha uma vaga de estacionamento esquisita no condo- minio, que me exigia atravessar o beco. O creptisculo crescia enquanto desciamos as escadas do nosso patamar, no terceiro andar, e, quando che- gamos ao beco, percebi que havia esquecido os éculos para dirigir 4 noi- te. Pedi que me esperasse ali enquanto corria ld para cima para pegé-los. “Foi o que fiz. “Quando voltei para o andar térreo do condominio e dobrei a es- quina na dire¢do do beco, vi minha colega de quarto tentando se de- fender de um homem que a segurava com sossega-ledo apertado. “Eu congelei e entao gritei guturalmente de tal forma que nunca mais consegui repetir. Foi tao primitivo e vigoroso que, mais tarde, dois caras a alguns quarteirées de distancia disseram que tinham ouvido e souberam que havia algo errado. O homem soltou a minha amiga, cor- reu na direcio da 12th Avenue, e pulou para dentro da varanda ilumi- nada nos fundos de uma casa. De 14, virou-se e olhou de volta para nds. “Nunca vou me esquecer daqueles olhos, daquele olhar enquanto viver. Na €poca, apesar de me sentir aterrorizada, nao pensei em ne- nhum momento que poderia ser Ted. Nao sei por que nao liguei os fatos, talvez ainda precisasse ver alguma reportagem na imprensa. “Alguns dias depois, saiu a noticia do desaparecimento de Geor- gann Hawkins.” Audrey e a colega de quarto ligaram para os respectivos namorados na noite da tentativa de sequestro. Eles correram até ld e as levaram para suas casas. O noivo de Audrey era professor-assistente na Uni- versidade de Washington e a instigou a fazer a dentincia. Porém, ela nao o fez por achar que nenhum crime fora cometido de fato. “Eu era jovem e ingénua.” Estranhamente, durante as primeiras horas da manha em que Ted foi executado, em janeiro de 1989, Audrey — na época na California — se lembra de ter acordado de um sono profundo e sentado ereta na cama no exato momento em que Ted morreu. Sera que foi Ted quem encontrou a adoravel colega de quarto mo- rena, aparentemente sozinha no escuro? Acredito que sim. Audrey voltou a me escrever. Eu tinha lhe contado que meu objeti- vo era alertar mulheres a respeito do perigo, e com sorte salvar vidas com alguns conselhos ou adverténcias que elas lessem em meus livros. “Uma noite dessas”, escreveu, “eu vi um cara me observar quando entrei na aula de pilates. Quando saf, ele ainda estava a espreita. En- tao voltei para dentro e chameia policia para ser escoltada para fora 3 do edificio. Ele se foi antes de os oficiais chegarem, mas isso é algo que, mesmo aos 53 anos, eu nao teria pensado em fazer até ler o seu livro e me dar conta do modus operandi de alguns desses idiotas.” Uma mulher chamada Marilyn me enviou carta em 1998. Ela tam- bém morava na area metropolitana de Seattle em 1974, e seguia para o norte pela estrada I-s, certa noite no inicio do verao, para a reuniao de assistentes sociais em um hospital em Northgate. “Eu peguei a safda errada’”, recordou-se, “e procurava o retorno. Mas tudo que encontrei foi a placa APENAS VANCOUVER B.C. Foi entao que per- cebi o Fusca de cor clara atrés do meu carro. Estava bastante desorien- tada aquela altura, e virei para o leste, na 65th Street, em vez de parao oeste, na dire¢ao da estrada. Continuei dobrando esquinas, procuran- do placas com indicagées para a estrada, mas sé andava em circulos. No fim das contas, me atrasei tanto para a reunido que acabei ficando bastante nervosa e senti que as ruas pareciam cada vez mais estreitas. “O Fusca ainda estava atras de mim, e eu continuava assustada. Era impossivel que o cara seguisse pelo mesmo caminho confuso que fiz. A ultima rua que virei nao tinha safda — a nao ser de ré. Encostei onde o asfalto terminava em matagal e parei. O cara no Fusca esta- cionou atras de mim...” Marilyn escreveu que trancou as portas depressa, mas o homem — de cabelos castanhos ondulados — esticou a mao para a macaneta mes- mo assim, € a encarou com raiva através da janela do lado do motorista. “Naquele instante, um carro cheio de garotos do ensino médio en- costou atras dele. Nao sei como isso aconteceu, mas provavelmente salvaram minha vida. O cara zangado correu de volta para o carro, os obrigou a dar ré, manobrou e foi embora. Os rapazes me guiaram de volta para a estrada. “Era Ted Bundy. Reconheci os olhos quando via foto dele no Seatt- le Times alguns meses depois.” Em ro de agosto de 2007, recebi 0 e-mail de uma mulher de 52 anos que crescera em Olympia, capital de Washington. Ted trabalhou para o Departamento de Servigos Emergenciais do Estado de Washington em Olympia durante diversos meses, a partir da primavera de 1974. Bettina escreveu que acreditava ter encontrado Ted Bundy duas vezes na primeira metade da década de 1970. “Eu estava no ensino médio em Olympia na primeira vez”, escre- veu, “e decidi matar aula e voltar a pé da escola, contornando o lago Capitol. Morava a meio caminho da colina Harrison, acima, na zona oeste. Era um dia ensolarado, e j4 havia contornado metade do lago quando um Fusca encostou ao lado. O homem 1a de dentro me per- guntou se eu queria carona. (Meus cabelos compridos eram reparti- dos ao meio naquela época.) Eu disse ‘claro’ e entrei no carro. Minha meméria visual é muito vaga, eu era extremamente timida, entao nao olhei muito para ele. Apenas olhares de esguelha. “Mesmo assim, me lembro que tinha cabelo castanho-escuro meio curto. Nao me lembro da cor do Fusca, mas parecia ser de cor clara. Ele me perguntou qual faculdade frequentava, e me lembro de me sentir lisonjeada por ele achar que eu era universitdria. Respondi que no estava na faculdade, ainda frequentava o ensino médio. Ele me deixou no local que especifiquei, e foi isso.” Mas o homem sabia onde Bettina morava. A segunda vez que Bettina viu esse homem foi cerca de um ano € meio depois. “Eu jd tinha me formado e morava em uma casa alugada na Franklin Street, no centro de Olympia. Ainda usava 0 cabelo com- prido repartido ao meio. Era bem tarde da noite e fui acordada por batidas na porta. A porta tinha janelas e vi o que achei ser um policial parado na varanda. Lembro-me de olhar para a rua antes de abrir a porta e me pareceu estranho nfo ver a viatura. Mas abri assim mes- mo e dei uma espiada, ainda procurando a viatura que nao estava ali. “Eu tinha um cachorrinho que latiu de maneira descontrolada durante tudo isso. O ‘policial’ disse que havia recebido denuincia de vizinhos (a frente sé havia o estacionamento enorme de uma igreja — nenhuma casa). Ele apontou para o outro lado da rua e disse que uma menina de cabelos compridos, como a fugitiva foi descrita, foi vista entrando em minha casa. “Meu cabelo estava enrolado com bobs, e usava touca. Respondi: ‘Bom, eu tenho cabelo comprido, mas nao sou a fugitiva — eu moro aqui’. Ele insistiu no negécio da fugitiva e mencionou a descrigao do cabelo, mas meu cachorro estava enlouquecendo e eu sé queria acabar com aquela conversa. Entao simplesmente disse que ele estava no lugar errado e fe- chei a porta. Foi isso. Nao cheguei a ver a viatura se afastar. Foi esquisito.” Bettina disse que se esquecera desses dois incidentes durante anos, até ler um artigo sobre Ted Bundy acompanhado de fotos. “Ah, meu Deus’, eu disse. E me ocorreu que tinha pegado carona da escola para casa com Ted Bundy. Tenho certeza de que foi ele. Tam- bém me lembrei do incidente noturno com o ‘policial’ sem viatura, e me dei conta de que novamente era ele. Devia estar me observando. “Aconteceu tanto tempo atras que isso nao me abala de verdade, mas pensar como as coisas poderiam ter sido diferentes — se nao estivesse 25 com bobs ou se meu cachorro nAo latisse dando aquele chilique... eu poderia ter sido um dos nomes na ‘lista’.” Os e-mails de mulheres que viviam em Washington na década de 1970 continuam jorrando, e suponho que receberei mais depois que esta versio atualizada de Ted Bundy: Um Estranho ao Meu Lado sair. Algumas mulheres estarao equivocadas ao identificar Bundy como o homem que as assustou. Consigo eliminar essas com base em datas ¢ locais que for- necem. Alguns e-mails sao de mulheres com imaginagao fértil. Também consigo identificar esses. Mas muitas descreverao encontros verdadeiros. Um que acredito ser auténtico é a recordacao da mulher que era uni- versitaria em Salt Lake City, em 1974. Ted se mudou de Seattle para l4 naquele outono e frequentou a faculdade de direito na cidade dos mér- mons. Teresa morava em uma grande casa alugada com diversas outras estudantes, um acordo de moradia bastante parecido com aquele da casa que Lynda Ann Healy dividia com amigas universitarias perto da Uni- versidade de Washington antes de desaparecer em janeiro daquele ano. “Tivemos um voyeur, aqueles caras que ficam espreitando janelas — naquele outono”, contou Teresa. “A principio, tivemos a sensagao de que alguém nos observava, e ento o vimos do lado de fora da ja- nela do andar inferior. Encontramos sinais de que alguém ficou na garagem, pelo menos durante algum tempo.” Quando Teresa e as companheiras de casa enfim deram uma boa olhada no homem que as vigiava, meio escondido por arbustos, para- do na escuridao do lado de fora, todas elas decoraram sua fisionomia. “A policia no conseguiu encontrar nada que pudesse identific-lo”, recorda-se. “Eles disseram para termos 0 cuidado de trancar a casa, e foi o que fizemos. Porém, quando ficou mais frio em novembro, ou- vimos rufdos no pordo. O pior foi a manha em que descobrimos que alguém tinha defecado do lado de fora da janela onde o cara nos ob- servava. Entao ele foi embora, e nunca mais voltou.” Quando Ted Bundy foi preso pelos detetives do condado de Salt Lake, no verao de 1975, sua foto ganhou os jornais de Salt Lake City a Seattle. Teresa e as amigas reconheceram 0 rosto. Era o homem que tinham visto na janela, que deixara latas vazias de atum no porio, e que provavelmente defecara no quintal. Ao longo dos anos, recebi muitas cartas e e-mails de Utah. Tam- bém recebi outras mensagens de dreas mais distantes. Dado o fato de que Ted Bundy viajou com frequéncia pelos Estados Unidos e Canada, algumas lembrancas que permanecem apés trés décadas ou mais po- dem muito bem ser verdadeiras, nao importa de onde vém. Sabemos 26 que Ted visitou Nova Inglaterra, Pensilvania, Michigan, Chicago, toda a Costa Leste, Oregon, Califérnia, Idaho, Colorado, Utah, Geérgia e mais. As vezes, ele viajava como parte da comitiva do Partido Repu- blicano. As vezes, tinha seus proprios motivos. Nunca descarto uma correspondéncia apenas por vir do outro lado do pais, porque sei que Ted Bundy pode muito bem ter estado la em algum momento. Uma mulher chamada Siobhan me enviou e-mail em abril de 2007. O contetido era bastante parecido com a maioria dos “Avistamentos de Bundy” que jd recebi, mas Siobhan vive em New Jersey. “Lana década de 1970, eu tinha dezesseis anos”, escreveu. “Viviaem Linden, New Jersey. Pegava o énibus ntimero 44 da Route 1 até a Wood Avenue. Trabalhava em uma loja de aluguel de roupas para casamento. Foi apenas depois de ler 0 seu livro que soube que andei de carro com Ted Bundy. Chovia canivetes, 0 guarda-chuva virou do avesso e eu es- tava encharcada. O sinal fechou e o Fusca dourado encostou e [o mo- torista] abriu a janela. Sentado ali estava um homem bonito e bem-ves- tido. Ele me disse: ‘Venha, entre! Vocé esta ensopada. Est tudo bem’. “Fiquei desconfiada — nao era algo que faria normalmente, mas estava com frio e encharcada. Por uma fragao de segundo, cheguei a pensar: Nossa, um homem tao gentil e bem-vestido. Seria de se pensar que estaria em um Lincoln ou algo do tipo. “Entrei no carro e disse: ‘Vire 4 esquerda no sinal’. Ele fez. Conti- nuei: ‘Quando chegarmos na Wood Avenue, vire a direita’, Conforme nos aproximavamos da Wood Avenue, em vez de virar a direita, ele virou a esquerda. Eu tremia por dentro. Sabia que aquele homem co- nhecia a regio, e desceu a 16th Street. Nao era uma boa Area, se sabe © que quero dizer. Havia um parque onde estacionou. Assim que pa- rou, eu o cutuquei com o guarda-chuva e disse ‘vai se f—!’, e sai de- pressa. Tive que andar todo o caminho de volta até a Route 1em uma vizinhanga que também me aterrorizava e a chuva continuava forte. “Anos depois, vi fotos de Ted Bundy. Sei, sem sombra de divida, que era ele. Contei a algumas pessoas. Talvez acreditem em mim, tal- vez achem que sou louca. Eu s6 queria contar a vocé. “Minhas filhas riem e dizem: ‘Minha mie escapou do Ted Bundy’. Mas realmente acredito que escapei.” Siobhan nAo sabe ao certo se isso aconteceu em 1974 ou 1975, mas sabe que nao era inverno. Sera que est certa na crenga de que esca- pou de Ted Bundy? Nao sei. Aqueles foram anos “agitados” para Ted, e nao posso rastred-lo em todas as paradas nas viagens pela Costa 27 Leste. Estou inclinada a supor que Siobhan encontrou outra pessoa que nao Ted, mas nao apostaria nisso. Outro e-mail da Costa Leste é tio questionavel quanto, mas igual- mente possivel. Muito antes de eu conhecer Ted Bundy, ele atuava nas causas do Partido Republicano, e isso tornou um pouco mais facil acompa- nhar suas atividades. Durante o verao de 1968, ele foi para Miami, Flérida, em viagem que ganhara pelo esforco para eleger Nelson Rockefeller. Também fez curso intensivo de chinés naquele verao, na Universidade Stanford, em Palo Alto, Califérnia. No outono de 1968, foi contratado como motorista e seguranga de Art Fletcher na candidatura para vice-governador do estado de Washington. No ini- cio de 1969, Ted voltou para o leste na tentativa de rastrear a pré- pria heranca genética, viagem — como afirmei antes — que o levou a Burlington, Vermont, e Filadélfia. Sera que Ted visitou o estado de Nova York em 1968 ou 1969? E possivel, e teria que ser para con- firmar o encontro que Barbara acredita ter tido. “Eu e minha irma achamos que esbarramos em Ted Bundy na area central de Nova York no vero de 1968. Estavamos em piquenique da empresa em um parque estadual. Eramos garotas de classe média, com longos cabelos lisos repartidos ao meio. Ele disse que era piloto de corrida, que tinha quebrado a perna e dirigia um Fusca. Cresce- mos perto do autédromo Watkins Glen, e nossa familia tinha gran- de interesse em corridas de automoveis. Ele me pediu para pegar um pouco de comida, o que teria deixado minha irma mais nova sozinha com ele. Eu me recusei a deixé-la. “Meu pai veio até onde estavamos e o mandou seguir seu cami- nho. Depois de dizer para encontrarmos nossa mae, meu pai trocou algumas palavras rispidas com o sujeito, palavras estas que meu pai se recusou a repetir para nds. Ouvimos um longo sermao aquela noite. “No inicio da década de 1980, minha irma ligou do escritério e me perguntou se tinha lido 0 jornal. Depois de comprar uma cé- pia, liguei de volta para ela e nds o reconhecemos de imediato. Fico me perguntando se Ted Bundy ja abordava garotas jovens naquele perfodo. Aquela experiéncia, na verdade, me transformou em uma pessoa muito mais cuidadosa, e minhas duas filhas e sobrinha fo- ram criadas para ser ainda mais cuidadosas com estranhos — prin- cipalmente com estranhos atraentes. “Sempre pensamos naquilo, e somos gratas pela vigilancia do meu pai. (Sdo cinco meninas na familia, ele deve ter ficado maluco!)” 28 Sim, é possivel — até mesmo provavel — que Ted tenha passado por Watkins Glen, Nova York, no caminho para Burlington, Vermont. Mas teria sido na primavera de 1969. A meméria pode nos pregar pe- ¢as, e lembrar do ano exato quatro décadas depois nem sempre ¢ facil. Acredito que Barbara e a irma, jovens adolescentes na época, pro- vavelmente se encontraram, sim, com Ted Bundy. Enquanto escrevo essas recordacées de mulheres que sobrevive- ram, espero que minhas leitoras percebam por que elas sobreviveram. Elas gritaram. Elas lutaram. Elas fecharam portas na cara de um estranho. Elas correram. Elas duvidaram de histérias lisonjeiras. Elas perceberam falhas nas historias. Elas tiveram bastante sorte por alguém ter aparecido e as protegido. Existe uma histéria verdadeira que ouvi na conferéncia de pre- vengao de estupro no Tennessee anos atras, e da qual nunca esqueci. Nao envolve Ted Bundy, mas poderia envolver. Alguns detetives da conferéncia haviam detido um homem por estupro e assassinato de diversas jovens. Ele se dispés a conversar com os oficiais, e por fim confessou. Os policiais descreveram a confissdo: Ele tinha conseguido atrair a jovem para o carro e, assim que es- tava com ela ld dentro, pressionou a faca na suas costelas. “Falei para ela que, se gritasse, a mataria bem ali.” Conforme avancavam pela avenida de quatro faixas, tiveram de pa- rar no sinal vermelho. Uma viatura encostou ao lado deles, na faixa da direita. Era um entardecer muito abafado, ainda iluminado, e as janelas de ambos os carros estavam abertas. A garota capturada po- deria esticar o braco e tocar a borda da janela da viatura, mas sentiu a faca cutucar o seio mais forte e ouviu: “Se disser alguma coisa, ou pedir ajuda, vocé ¢ uma mulher morta...”. O interltidio durou menos de um minuto. A vitima permaneceu em siléncio. “Aquela viatura seguiu em frente”, contou o suspeito. “Eu virei 4 esquerda, desci a rua por aproximadamente oitocentos metros, virei em outra rua, e entao a estuprei e depois a matei.” 29 cation Oide a. | ie FE a INDYARCHIVE_ —(65| frene'4 pve. 1) MK-80 MK-604 127-1978/s- CRIME SCENE® DARKSIDE olraaseatsaisas: ‘io WoIcADO PARA PESSOAS SENSWES,RECOMENDADO PARA MAIORES E18 ANOS. “A OBRA DEFINITIVA DE TRUE CRIME ESCRITA PELA MELHOR AUTORA DO GENERO.” — KIRKUS REVIEW Quando Ann Rule conheceu Ted Bundy em um centro de atendimento de prevencao ao suicidio, ela nao faziaideia de que aquele rapar simpatico e inteligente também era um dos assassinos em série mais preeminentes da historia, ‘Ted Bundy confessou ter matado ao menos 36 mulheres nos Estados Unidos durante os anos 1970. Para estudiosos do caso, a contagem final é ainda maior. Ele pode até ter salvado vidas pelo centro de prevengao, mas ceifou outras dezenas quando ninguém estava olhando. Indmeras familias ficaram sem respostas, e ele foi executado em 1989 na cadeira elétrica. Mas estas informacoes tado mundo conhece, Chegou a hora de conhecer 0 verdadeiro Ted Bundy.

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