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A Constituinte Burguesa poves. Se ele ¢ incompetente para decidir sobre a Constitul- ‘G80, néo podemos dizer 0 mesmo quanto a provocacdo desta decisao: a convocacao geral. ‘Assim, nao ha nenhuma dificuldade quanto A pergunta: 0 que deveria ter sido feito? Convocar a nagao para que ela mandasse 4 metrépole representantes extraordinarios com procuracéo especial para definir a composicao da assembléia nacional ordinaria. Eu no gostaria que esses representantes tivessem, além disso, poderes para se reunir, em seguida, em assembléia ordindria, de acordo com a Constituicao que eles préprios fixassemn com qualificagao extraordinaria. Eu penso que, em vez de trabalhar unicamente peto inte- resse nacional, eles dariam mais atencao ao interesse do pr prio corpo que iriam formar. Em politica, a confusdo dos pode- res sempre torna impossivel o estabelecimento da ordem so- cial sobre a terra. Quando se quiser separar 0 que deve ser diferente se conseguiré resolver 0 grande problema de uma sociedade humana organizada para a vantagem geral dos que a compéem. E possivel que me perguntem por que me estendi tanto sobre 0 que deveria ter sido feito. Podem dizer que o passado & passado. Eu respondo inicialmente que, sabendo-se 0 que deveria ter sido feito, podemos saber o que devemos fazer. Em segundo lugar, é sempre bom apresentar os bons princi- pios, sobretudo em um assunto téo novo para a maioria dos espfritos. Finalmente, as verdades desse capitulo podem ser- vir melhor para explicar as do capitulo seguinte. st Capitulo VI O Que Falta Fazer Axecugao dos Principios {Ja passou o tempo em que as trés ordens ~ pensando uni- camente em defender-se do despotismo ministerial — estavam dispostas a se reunir contra 0 inimigo comum. Hoje é impossi- vel para a na¢do tirar um partido itil da circunstncia presen te, dar um s6 passo em diregéo a ordem social sem que o Terceiro Estado também colha frutos. Entretanto, o orgulho: das duas primeiras ordens as irritou vendo as grandes munici- patidades do reino reclamar a menor parte dos direitos politi- cos que pertencem a0 povo. (© que queriam, pois, esses privilegiados tao ardentes na defesa de seu supérfluo, tae prontos a impedir 0 Terceiro Es- tado de obter nesse aspecto o estritamente necessario? Sera que entendiam ser a regeneracao que se alardeia somente para eles? S6 queriam servir-se do povo, sempre infeliz, como instrumento cego para estender e consagrar sua aristocracia? 0 que dirdo as geracées futuras ao conhecer a espécie de furor com o qual a segunda ordem do estado e a primeira ordem do clero perseguiram todas as peticoes das cidades? Sera que vo acreditar nas ligas secretas e publicas, nos falsos alarmes ¢ na perfidia das manobras em que envolveu os defensores do povo? A Consttvinte Burguesa Nada sera esquecido no relato fiel que os escritores patriotas preparam para a posteridade. Sera conhecida a nobre conduta dos magnatas da Franca, em uma circunstancia tao adequada, no entanto, para inspirar alguns sentimentos de patriotismo, inclusive nos homens mais absorvidos por seu egoismo, Como é que principes da casa reinante se dispuseram a tomar partido em disputa entre as ordens do estado? Como permitiram que despreziveis redatores, em seu nome, vorni- tassem calnias tio atrozes quanto ridiculas, que enchem de vergonha a incrivel meméria publica? Queixam-se da violéncia de alguns escritores no Terceiro Estado. O que vale 0 pensamento de um individuo isolado? Nada. As verdadeiras gestées do Terceiro Estado, as que si auténticas, se limitam as petigdes das municipalidades e de uma parte dos paises de estado. Comparadas com a gestéo ‘igualmente auténtica dos principes contra 0 povo, que nao os atacava, que modéstia, que comedimento nas primeiras. Que violéncia, que profunda iniqliidade na segunda. 0 Terceiro Estado esperava inutilmente do concurso de todas as classes a restituicdo de seus direitos politicos e a ple- nitude de seus direitos civis. O medo de se reformar os abusos inspira aos aristocratas mais alarmes que desejos pela tiberda- de, Entre ela ¢ alguns privilégios, elegeram estes. Sua alma se identificou com os favores da servidéo. Temem, hoje, os Es- tados Gerais, que, com tanto ardor, invocavam antes. Tudo esta bem para eles. $6 se queixam do espirito de inovacao. Ja nao precisam de nada, o medo thes deu uma constituicéo. (© Terceiro Estado deve dar-se conta, no movimento dos espiritos e dos assuntos, de que so pode esperar algma coisa de seus conhecimentos e de sua coragem. A razo é a justica esto de seu lado; é preciso que, pelo menos, ele se assegure de suas forgas. Nao, nao ha mais tempo para se trabathar na conciliagéo dos partidos. Que acordo pode ser esperado da energia do oprimido com a raiva dos opressores? 0 , © Que Falta Fazer Eles ousaram pronunciar a palavra “ciséo”, Ameagaram 0 rei e 0 povo. Ah, Meu Deus! Que bom seria para a nacdo que esta cisio tao desejavel se fizesse para sempre! Como seria bom prescindir dos privitegiados! Como vai ser dificil fazer deles cidadaos! Os aristocratas, que atacaram primeiro, nao imaginavam o grande erro que cometiam ao agitar certas questdes. Deve- mos deixar adormecidas as verdades de um povo que esta acostumado a servir. Pois se sua atencao for excitada, se the mostramos que deve fazer uma escotha entre essas verdades 0 erro, seu espirito se liga & verdade como os othos sadios se voltam naturalmente para a luz. Seria preciso ser cego para nao ver que nossa nacao apropriou-se de alguns principios fecundos, que conduzem a tudo 0 que é bom, justo e ‘itil. Nao é mais possivel esquecé-los, nem contempla-los com uma indi- ferenca estéril. Nesse conjunto de coisas, é natural que as classes oprimidas sintam mais fortemente a necessidade de volta & ordem. Elas tém muito mais interesse em trazer para ‘© meio dos homens a justica, a primeira das virtudes, exilada da terra durante tanto tempo! Entao, é o Terceiro Estado que deve fazer os maiores esforcos e dar os primeiros passos para a restauracao nacio- nal. Porém é preciso preveni-lo de que nao se trata para ele — se no conseguir methorar — de permanecer como est. AS circunstancias nao permiter que se seja covarde, Trata-se de avangar ou de recuar, Se voces nao quiserem prescrever esta imensa quantidade de privilégios injustos e anti-sociats, dect- dam-se, entéo, a reconhecé-los e a legitima-los. Seria, no entanto, possivel, no final do século XVIII, “consagrar legal- mente” os abominaveis frutos do abominavel feudalismo? Enquanto os aristocratas falarem de sua honra e cuida- rem de seus interesses, 0 Terceiro Estado, que dizer, a nacao, desenvolverd sua virtude, pois se o interesse do corpo ¢ egois- mo, 0 interesse nacional é virtude. Vamos deixar os nobres ali- ot A Constitute Burguesa mentando sua vaidade moribunda de injuriar o Terceiro Estado ‘com os termos mais insolentes da lingua feudal. Vo repetir as palavras “plebeus”, “camponeses”, "vilées”. Esquecem que essas expressées, qualquer que seja o sentido que se quiser thes dar, so estranhas hoje para o Terceiro Estado, ou comuns para as trés ordens. Esquecem, ainda, que, quando elas eram exatas, 95% deles eram, incontestavelmente, plebeus, campo- neses, vildes. E 0S outros, necessariamente, bandidos. 0s privilegiados fechariam os othos em vao sobre a revo- Lugo que o tempo € 0s fatos operaram. Mas, por isto, ela nao deixaria de ser real. Antigamente, o Terceiro Estado era servo, a ordem nobre era tudo. Hoje, o Terceiro Estado é tudo, a nobreza nao passa de uma palavra. Mas sob essa palavra se insinuou ilegalmente, e por influéncia de uma falsa opiniao, uma nova e intoleravel aristocracia; e 0 povo tem toda razio de nao querer aristocrats. Neste estado de coisas, 0 que pode fazer o Terceiro Estado se quer adquirir os seus direitos politicos de uma forma Gtil para a nagao? Ha dois meios para se chegar (4. De acordo com o primeiro, o Terceiro Estado deve se reu- nir a parte, nao vai cooperar com a nobreza e o cléro, nao vai votar com eles por ordem, nem por cabecas. Peco que se pres- te atencio a enorme diferenga que existe entre a assembléia do Terceiro Estado e a das duas outras ordens. A primeira representa vinte e cinco mithdes de homens e delibera sobre os interesses da nacao. As outras duas, mesmo quando reuni- das, tém 0 poder unicamente de uns duzentos mil individuos que sé pensam em seus privilégios. Vao dizer que 6 Terteiro Estado sozinho nao pode formar os Estados Gerais. Ainda bem! Ele compora uma assembléia nacional. Um conselho desta natureza deve ser justificado por tudo o que os bons principios oferecem de mais claro e de mais certo. Afirmo que os deputados do clero e da nobreza nao tém nada em comum com a representagao nacional, que nenhuma a © Que Falta Fazer alianga € possivel entre as trés ordens nos Estados Gerais, e que, ndo podendo votar em comum, néo podem fazé-lo por ordem nem por cabecas. Prometemos, anteriormente, provar aqui esta verdade. : Segundo uma maxima do direito universal, néo ha falta maior que a falta de poder. Sabemos que a nobreza ndo é Gelegada pelo clero e 0 Terceiro Estado.-0 clero nao se acha ‘encarregado da procuracdo dos nobres e dos comuns. Segue- se dai que as ordens séo, entre si, distintas, que nenhuma delas nao é mais competente para imiscuir-se nos assuntos das outras ordens, Que sdo os Estados Gerais na Holanda ou 0 Consetho de Veneza, por exemplo, para votar nas deliberagées do Parlamento da Inglaterra? Um procurador autorizado s6 pode representar seus comitentes, um representante sé porta-voz de seus representados. Se esta verdade é desconhe- cida, preciso aniquilar todos os demais princfpios. € necessario ver que, de acordo com isso, em boa regra, é perfeitamente indtit buscar a relagao ou a proporco em que cada ordem deve concorrer para formar a vontade real. Esta, vontade nao pode ser uma enquanto se permitir trés ordens € trés representagdes. Quando muito, essas trés assembléias poderdo se reunir no mesmo voto, como trés nacoes aliadas podem formar o mesmo desejo. Mas nunca se fara dela uma nagao, uma representacgo e uma vontade comum. Sinto que essas verdades, por mais certas que sejam, se tomam embaracosas em um Estado que nao é formado sob os auspicios da razao e da eqiiidade politica. 0 que ¢ que vocés querem? Suas casas sé se mantém com a ajuda de artificios, esteios informes colocados sem gosto e sem projeto, a nao ser © de escorar as partes, A medida que ameagam cair. E preciso reconstruf-la, ou entao se decidir a “viver na flauta”, como se diz, temendo ser um dia esmagado pelos escombros. Tudo se relaciona na ordem social. Se se negligenciar uma parte, se uma parte for negligenciada, nao sera impunemente para as 6 A Constituinte Burguesa outras. Se se comeca pela desordem, percebe-se claramente as conseqiiéncias. Se fosse possivel tirar da injustica e do absurdo os mesmos frutos que se tira da razio e da equiidade, onde estariam, entao, as vantagens destas? Vocés se queixam que se 0 Terceiro Estado se retine sepa- radamente para formar, nao os trés estados ditos gerais, mas a assembléia nacional. Ora, ele sera tio competente para votar pelo clero e a nobreza, quanto essas duas ordens 0 sio para detiberar pelo povo. Inicialmente, peco-thes que obser- vem, como acabamos de dizer, que os representantes do Terceiro Estado terdo, incontestavelmente, a procuracéo dos vinte cinco ou vinte e seis mithdes de individuos que com- pdem a nacéo, excetuando-se cerca de duzentos mil nobres ou padres. Isso jd basta para que tenham o titulo de Assembléia Nacional. Véo deliberar, pois, sem nenhuma dificuldade pela aco inteira, excetuando-se somente duzentas mil cabecas. Se assim for, 0 clero podera continuar a ter suas assem- biéias para a doacdo gratuita. A nobreza adotard um meio qualquer de oferecer seu subsidio ao ret e, para que os acer- tos particulares dessas duas ordens nio possam nunca ser one- rosos para 0 Terceiro Estado, este comecaria por declarar for- malmente que nao pretende pagar nenhum imposto que néo seja atribuido as outras duas ordens. S6 votaria subsidios nes- sas condigGes e, mesmo quando o tributo tivesse sido regula- mentado, nao seria baixado sobre 0 povo, se desse para per- ceber que 0 clero e a nobreza iriam ficar isentos por qualquer pretexto, Este acerto seria, talvez, apesar das aparéncias, tao bom quanto qualquer outro para levar, pouco @ pouco, a riacdo 4 unidade social. Mas, pelo menos, remediaria desde agora o perigo que ameaca 0 pais. De fato, como nao admitir que o povo se surpreenderia vendo dois corpos de privitegiados, & talvez um terceiro semidividido, dispondo em nome dos Estados Gerais, a thes impor destinos imutaveis e infelizes? E 6a (0 Que falta Fazer extremamente justo dissipar os temores de vinte e cinco mi thées de pessoas e, quando se fala tanto de constituicao, € preciso provar, por principios e conduta, que conhecemos e respeitamos seus principios elementares. E evidente que os deputados do clero e da nobreza ndo séo representantes da nacdo; s4o, pois, incompetentes para votar por ela. Se os deixarmos deliberar nas matérias de interesse geral, qual seria o resultado? 19) Se 05 votos sao tomados por dordens, acontece que vinte e cinco mithdes de cidadaos néo poderdo resolver nada pelo interesse geral porque isso no vai agradar a cem ou duzentos mil individuos privilegiados ou, entao, que as vontades de mais de cem pessoas serao interdi- tadas e anuladas pela vontade de uma s6. 2%) Se os votos forem tomados por cabegas, com igualdade de influéncia entre os privilegiados e os néo-privilegiados, acontecer que as vontades de duzentas mil pessoas poderdo contrabalangar as de vinte e cinco mithées, ja que terao um numero igual de representantes. E nao é monstruoso compor uma assembléia de forma que ela possa votar pelo interesse da minoria? No seria essa uma assembléia invertida? Demonstramos no capitulo anterior a necessidade de s6 reconhecer a vontade comum na opiniao da majoria. Esta maxima 6 incontestavel. Decorre daf que, na Franca, os repre- sentantes do Terceiro Estado so os verdadeiros depositérios da vontade nacional. Podem, pois, sem erro, falar em nome de toda a nagao. Pois, mesma stiponda-se que os privilegiados reunidos sempre so undnimes contra o voto do Terceiro Estado, nao seria suficiente para contrabalancar a maioria das deliberagdes desta ordem, Cada deputado do Terceiro Estado, de acordo com o numero fixado, vota por cerca de cingiienta mil homens; ‘basta, pois, estabelecer que a maioria sera de cinco votos acima da metade na Camara dos Comuns, para que A Consttuinte Burguesa ‘08 votos unanimes dos duzentos mit nobres ou sacerdotes fos- sem cobertos por estes cinco votos. Tudo isso ja € suficiente para demonstrar o direito que tem o Terceiro Estado de formar sozinho uma Assembléia Nacional, e para autorizar por forga da razdo e da eqiiidade, a sua pretensao legitima de deliberar e de votar por toda a ago, sem excego. Sei que estes principios no sero agradaveis nem mesmo para os membros do Terceiro Estado, mais habeis na defesa de ‘seus interesses. Mas convenha-se que eu parti dos verdadeiros principios, e que s6 avango apoiado na boa légica. Acrescen- ‘temos que o Terceiro Estado, separando-se das duas primeiras ordens, ndo pode ser acusado de fazer cisio; é preciso detxar esta imprudente expressao, ber como o sentido que ela en: cerra, aqueles que primeiro a utilizaram. De fato, a maioria no se separa do todo; haveria contradicao nos termos, pois, para tanto, seria preciso que ela se separasse dela mesma. Somente a minoria pode se permitir nao se submeter ao voto da maioria, e, por conseguinte, fazer uma cfsao. Entretanto, nossa inten¢ao ao mostrar ao Terceiro Estado toda a extensio de seus recursos, ou melhor, de seus direitos, nao é a de.comprometé-lo para que faca uso deles com toda o rigor. ‘Anuncief anteriormente para 0 Terceiro Estado dois metos de se apoderar do lugar que merece na ordem politica. Se o primeiro, que acabo de apresentar, parece um pouco brusco, se acham que & preciso dar um pouco de tempo ao piiblico para que se acostume com a liberdade, se acreditam que os direitos nacionats, por mais evidentes que sejam, ainda, tém necessidade, a partir do momento em que sdo disputados, mesmo pelo menor numero, de uma espécie de julgamento legat que os defina, por assim dizer, e 05 consagre por uma liltima sangao, estou de acordo. Chamemos o tribunal da nacGo, Gnico juiz competente em todas as diferengas relativas 66 © Que Falta Fazer & Constituicao. Este ¢ 0 segundo meio aberto ao Terceiro Estado. Nesse momento, temos necessidade de nos lembrar de tudo 0 que foi dito no capitulo precedente sobre a indispensa~ bilidade de constituir 0 corpo dos representantes ordinarios, como também a de sé confiar esta grande obra a uma repre- sentacdo extraordindria que tenha um poder especial ad hoc. Nao negaremos que a camara do Terceiro Estado nos pri ximos Estados Gerais nao seja muito competente para convo- car 0 reino em representacao extraordinaria. E ele, sobretu- do, que deve prevenir a generatidade dos cidadaos sobre a falsa constituigéo da Franca. £ ele quem deve se queixar em altos brados, que os Estados Gerais, compostos de varias ordens, sé podem ser um corpo mal organizado, incapaz de preencher suas funcdes nacionais; é ele que deve demonstrar, a0 mesmo tempo, a necessidade de dar a uma representa¢ao extraordinaria um poder especiat para regular por leis certas, as formas constitutivas de sua legislatura. ‘Até ai a ordem do Terceiro Estado suspenderd, nao seus trabalhos preparatérios, mas 0 exercicio de seu poder; nada ser estabelecido definitivamente: ird esperar que a nacdo tenha julgado o grande processo que divide as trés ordens, Esta é, tenho certeza, a marcha mais france, mais generosa e, por conseguinte, a mais conveniente a dignidade do Terceiro Estado. 0 Terceiro Estado pode considerar-se, pois, sob dois aspectos. No primeiro se vé como uma ordem. Neste caso é melhor, entao, néo livrar-se completamente das precanceitos da antiga barbarie. Admite duas outras ordens no Estado, sem se thes atribuir, entretanto, outra influéacia além da que pode conciliar-se com a natureza das coisas. Tem por elas todas as consideracées. possiveis, consentindo em duvidar de seus direitos até a decisao do juiz supremo. 6 A Consttuinte Burguesa Ja no segundo aspecto, ele é a nacao. Como tal, seus representantes formam a Assembléia Nacional; tém todos os seus poderes. Como so os Unicos depositarios da vontade geral, nao tém necessidade de consultar seus constituintes sobre uma dissensao que nao existe. Sem duvida, estéo sem- pre dispostos a submeter-se as leis que aprouver & nacdo thes dar; mas néo devem provocé-la sobre nenhuma das questdes que nasceram da pluralidade das ordens. Para eles, so existe uma ordem, isto ¢, nenhuma, porque para a nagao s6 pode haver a nagao. ‘Aorganizacao de uma representacao extraordinaria, ou, pelo menos, a concesso de um novo poder especial, tal como foi explicado acima, para regular, antes de tudo, o grande pro- biema da constituicao, é, pois, o verdadeiro meio de colocar tum fim & dissensao e aos possive's problemas da na¢éo, Mesmo se no houvesse nada a se temer desses problemas, ainda assim seria uma medida a ser tomada, porque, trangiilos ou do, néio podemos deixar de conhecer nossos direitos politicos e de tomar posse deles. Esta necessidade nos parece ainda mais urgente se pensamos que os direitos politicos sdo a tinica garantia dos direitos civis e da liberdade individu meu trabalho sobre o Terceiro Estado terminaria aqui se eu tivesse como objetivo somente oferecer meios de con- duta... Mas eu me propus ainda a desenvolver principios. Eu me permitirei seguir os interesses do Terceiro Estado até a dis- cusso pUblica que vai ocorrer sobre a verdadeira composi¢ao de uma Assembléia Nacional. Nao vou falar dos negécios, nem do poder, mas das leis que devem determinar a composicao pessoal do corpo dos deputados. 68 Capitulo Vil A Assembléia Nacional E necessario compreender, antes de tudo, qual é 0 obje- tivo ou o fim da Assembléia representativa de uma nagao: nao pode ser diferente do que a propria nacéo se proporia se pudesse se reunir e deliberar no mesmo lugar. O que é a von- tade de uma nagao? E o resultado das vontades individuais, como a naga é a reuniao dos individuos. impossivel conce- ber uma associagio legitima que néo tenha como objeto a seguranca comum, a tiberdade comum, enfim, a coisa pibli- ca. Sem divida, cada particular se propde, além disso, fins particulares. As pessoas se dizem: ao abrigo da seguranca comum, poderei me entregar trangiiilamente a meus projetos pessoas, irei atrés da minha felicidade como quiser, certo de 6 encontrar como limites legais aqueles que a sociedade me prescreve pelo interesse comum em que tomo parte e com 0 qual meu interesse particular fez uma alianga tao util. 7 Mas seré que existe na Assembléia Geral alguém tao insensato, capaz de se atrever a inanter esta inguagem: Voces esto reunidos ndo para deliberar sobre nossos problemas comuns, mas para tratar dos meus em particular, e os de um pequeno grupo que formei com alguns de vocés. Dizer que associados se retinam para acertar o que thes & comum, é explicar © Unico motivo que pode ter levado os membros a entrar para a associacao, ou seja, uma dessas ver-

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