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Já ouviu falar que tudo custa mais caro no Brasil? Você provavelmente nem faz ideia da dimensão do
problema. No ano passado, cada brasileiro desembolsou aproximadamente R$ 8 mil em tributos. A arrecadação
total chegou à marca de R$ 1, 55 trilhão, segundo indicou o Impostômetro, o que representa um crescimento de
cerca de 4% em relação ao ano anterior. É muito dinheiro: colocadas lado a lado, 1 trilhão de notas de 1 real dariam
3.493 voltas na Terra, e poderiam pagar mais de 1,5 bilhão de salários mínimos ou fornecer medicamentos para
toda a população do Brasil por 33 anos. Para entender melhor o caos que chamamos de Sistema Tributário, a
SUPER conversou com especialistas e listou 7 fatos para você entender melhor os impostos no Brasil:
2. Pagar IPTU e IPVA não garante que os buracos das ruas e estradas sejam tapados
Existem cinco tipos de tributo no Brasil: impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos
compulsórios (hoje em desuso) e contribuições sociais. As taxas, por exemplo, são um exemplo de
tributo vinculado. Se pagarmos uma taxa relacionada ao fornecimento de água, o destino da receita arrecadada é
claro: está vinculado ao recebimento esse serviço estatal. Já os impostos são tributos não-vinculados. Ou seja, o
dinheiro do IPVA ou do IPTU não é destinado necessariamente ao recapeamento de ruas, por exemplo. Depois da
arrecadação dos impostos, é formado um caixa geral, e cabe ao Poder Executivo decidir onde o dinheiro será
aplicado prioritariamente – uma medida que ocorre tanto no governo federal, quanto no estadual e municipal.
Isso não é exatamente um defeito. “Se cada receita, oriunda de cada imposto, estiver afetada a uma
finalidade previamente especificada, torna-se impossível ao Poder Executivo tomar decisões, daí resultando a
ingovernabilidade”, explica o diretor da Associação Brasileira de Direito Tributário, Paulo Adyr Dias do Amaral. Esse
é outro motivo para você prestar atenção na hora de votar: cabe ao governante elaborar um plano de ação que
descreva o orçamento e estabeleça prioridades para a aplicação da receita. O lado ruim dessa desvinculação é que
você perde o controle do gasto público – e a razão na hora de xingar as ruas esburacadas da cidade.
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3. Mais da metade dos impostos que você paga está nas coisas que você compra
Há um motivo para tudo custar mais caro por aqui – mas, saiba, não é
um bom motivo. Enquanto o padrão mundial é ter apenas um imposto para
o consumo, por aqui contamos com cinco. Como explica o professor de
Direito Tributário da UFMG, Dr. Paulo Coimbra, em mais de 160 países os
tributos são cobrados na modalidade do IVA (imposto sobre valor
agregado). Quando o Brasil “importou” esta forma de tributação, o imposto
foi dividido em três: um para a União (o IPI, Imposto sobre Produtos
Industrializados), um para os Estados (o ICMS, Imposto sobre Operações
Enquanto alguns tributos, como o Imposto de Renda, se baseiam no princípio da progressividade – quanto
maior a renda do contribuinte, maior a taxa cobrada – o mesmo não acontece quando se tratam dos impostos
indiretos, já embutidos nos preços de bens e serviços. Nestes, a taxa é fixa independentemente da situação
econômica. “A carga tributária suportada pelas famílias brasileiras que ganham até dois salários mínimos é de 48%.
Para as famílias que ganham trinta salários mínimos, a carga cai para 26%. Ou seja: quanto mais pobre é o
contribuinte brasileiro, maior é o impacto da tributação que sobre ele recai”, explica Paulo Adyr. Por isso, se diz
que a tributação indireta produz efeitos de regressividade.