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CAROLINE ZAMBON

prisma
Material de apoio à alfabetização de crianças disléxicas

Universidade de São Paulo


Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
São Paulo
2014
CAROLINE ZAMBON

prisma
Material de apoio à alfabetização de crianças disléxicas

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Arquitetura de Urbanismo da


Universidade de São Paulo como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Design

Orientadora: Prof. Dra.


Clice de Toledo Sanjar Mazzilli
2014
Um dos maiores danos que se pode
causar a uma criança é levá-la a perder
a confiança na sua própria capacidade
de pensar.

Emília Ferreiro
Agradecimentos
A conclusão desse TCC faz parte de uma trajetória muito mais longa de 6 anos de graduação,
que incluiu muitos projetos, dedicação e amizades. Por esse motivo, meus agradecimentos vão
para as pessoas que estiveram presentes durante todo esse processo e não apenas na reta final.
Primeiramente agradeço a todos aos professores que se dedicaram realmente em nos
transmitir o seu conhecimento. Agradeço também minhas colegas de classe e companheiras de
projeto Mayara, Rubi e Chris pela amizade e trabalho em grupo, assim como todos os outros
colegas de classe da turma 4.
Muito obrigada à minha família e amigos por terem me dado apoio todo o tempo, seja na
vida acadêmica, profissional ou pessoal. Agradeço imensamente ao Lucas sem o qual esse trabalho
jamais seria realidade, me oferecendo o seu tempo, paciência e força quando eu já não tinha mais.
Por fim, obrigada a professora Clice pela orientação e disponibilidade sempre, e aos
professores componentes da banca Sara, Giorgio, Zibel e Malaguti por se interessarem e doarem
seu tempo para avaliar esse projeto.
Resumo
Este trabalho pretende entender melhor a dislexia e como esse distúrbio influencia no
processo de aprendizado e alfabetização das crianças, investigando suas dificuldades e facilidades,
e como o design pode contribuir realizando o projeto de um novo material de apoio para essas
crianças. Esse material deve complementar o aprendizado em sala de aula e suprir a necessidade
de um material especialmente desenvolvido levando em consideração as características da criança
com dislexia.
Para tanto, foi utilizado como base dessa pesquisa livros e artigos provenientes da psicologia
e pedagogia, de autores como Capovilla, Braun, Davis e Mendonça, que esclareceram pontos a
respeito dos mecanismos da dislexia e como lidar com esse distúrbio. Além disso, entrevistas com
disléxicos e pais de crianças com dislexia contribuíram muito para o entendimento da questão,
complementada por uma pesquisa a respeito dos materiais disponíveis.
Abstract
This paper aims to better understand dyslexia and how the disorder influences the learning
and literacy children process, investigating difficulties and skills, and how design can contribute to
make the project of a new support material for these children. This material should complement
the learning process inside the classroom and meet the need for a material specially developed
taking into account the characteristics of children with dyslexia.
Therefore, it was used as the basis of this research books and articles from psychology and
pedagogy, from authors as Capovilla, Braun, Davis and Mendonça, who clarified points regarding
the mechanisms of dyslexia and how to deal with this disorder. Furthermore, interviews with
dyslexics and parents of children with dyslexia contributed greatly to the understanding of the
issue, complemented by a survey about the materials available.
Sumário

Resumo

Abstract

Introdução

Definição do problema 15
O que é dislexia 15
Dificuldades gerais de aprendizado 17
Importância do estudo 19
Situação das cartilhas 20
Como o design pode contribuir 21
Conclusão 22

Componentes do problema 23

Objetivos 24
Gerais 24
Específicos 24

Recolha de dados 26
Dislexia 26
Identificação do problema nas crianças 26
Como a família lida com a questão 28
Sobre as dificuldades relativas a alfabetização 31
Superação das dificuldades e estratégias de ensino 35
O dom da dislexia 36
Alfabetização 37
Métodos 37
Opções para o ensino de crianças disléxicas 41
Materiais de alfabetização diversos 44
Cartilhas 45
Livros 47
Jogos e atividades 49
Referências de jogos 55

Entrevistas 58

Análise dos dados e requisitos 60

Design Thinking 65

Normas para brinquedos infantis 72

Briefing 74
Público alvo 74
Conceito 74
Insights 75
Resultado final 76
Desenvolvimento da ideia 76
Componentes do jogo e funções 78
Caleidoscópio 78
Tabuleiro 81
Letras de acrílico 81
Funcionamento geral do jogo 81
Ações e habilidades - Mapa conceitual 82
Jogo e a dislexia 83
Nome e Identidade 84
Nomenclatura 84
Tipografia 85
Cores 88
Logotipo 89
Padrão 89

Construção e materiais 91
Modelos preliminares 91
Modelo definitivo 93
Montagem do caleidoscópio 103
Embalagem 104
Imagens do Jogo final 105
Desenhos Técnicos 108
Caleidoscópio 108
Tabuleiro 109

Planificação da embalagem 110


Base 110
Berço 111
Tampa 112

Manual de Instruções 113

Situações de uso 116

Análise dos requisitos 120

Conclusão e considerações finais 123

Anexo I – Entrevistas 124


Pessoa com dislexia 124
Pais e responsáveis 129
Educadores 150

Bibliografia 153
Sites 156
Introdução
A dislexia é um dos principais distúrbios que afetam o aprendizado de crianças de diversas
maneiras, estima-se que afeta aproximadamente 10% da população escolar no Brasil. Dentre os
problemas encontrados por essas crianças o que mais chama a atenção é a dificuldade encontrada por
elas na aquisição da escrita. Para se ter uma ideia do problema, enquanto os estudantes sem problemas
levam um ano, em média, para aprender a ler e escrever, os disléxicos demoram o dobro, sendo que a
maioria se depara com o despreparo dos professores e enfrenta o preconceito dos colegas.
Desse modo, é fundamental que essas crianças encontrem à sua disposição um material didático
adequado ao seu aprendizado e que contribua para minimizar os efeitos causados pela dislexia. No
entanto, a primeira cartilha nacional especialmente desenvolvida para crianças disléxicas foi criada em
junho de 2006 e desde então não foi revisada ou atualizada, prejudicando o aprendizado de milhares
14 de crianças todo ano. Além da cartilha não há outros materiais de apoio especialmente desenvolvido
para essas crianças, sendo que elas precisam se adaptar aos materiais disponíveis no mercado.
Dessa forma, a proposta desse trabalho é a criação de um novo material de apoio para
a alfabetização de crianças com dislexia. Considero que a criação desse material é de extrema
relevância não somente para a sociedade, mas também para o Design ao passo que a criação desse
produto implica em lidar com questões relacionadas à didática de modo criativo, levando em
consideração as necessidades dessas crianças, ainda mais complexas em relação às demais.
Através de uma pesquisa bem feita e aprofundada sobre dislexia, alfabetização e ensino e
agregando meus conhecimentos aprendidos no curso de Design, ao final deste projeto terei criado
um material que possa auxiliar o aprendizado de modo criativo e dinâmico, agregando elementos
inovadores que captem o interesse da criança e facilite seu aprendizado em concordância com as
técnicas pedagógicas levantadas ao longo da pesquisa.
Definição do problema
A definição do problema será baseada em algumas informações importantes a respeito da
dislexia, sobre como essa doença influencia especificamente no aprendizado das crianças e seus
desdobramentos no processo de alfabetização, qual é a importância prática desse projeto, qual é a
situação das cartilhas para crianças com dislexia atualmente e como o design pode contribuir para
a resolução do problema.

O que é dislexia

Até hoje não existe uma definição exata para a dislexia, principalmente pelo fato de ela não
se manifestar exatamente da mesma maneira em diferentes pessoas. Os termos para descrever 15
a dislexia também foram se alterando ao longo dos anos à medida em que novos estudos eram
realizados. Segundo Mendonça (2011) a primeira definição de dislexia a que se tem notícia foi
realizada em 1896 como “cegueira verbal”, diagnosticado em um garoto de 14 anos que, apesar de
instrução adequada, apresentava dificuldades em ler e escrever. Após isso o termo usado passou
a ser “dislexia específica” e “distúrbio específico da leitura” proposto pelo neurologista americano
Dr. Orton em 1925. Ainda foram utilizados os termos “dislexia congênita”, “estrefossimbolia” e
“alexia do desenvolvimento” a medida em que diferentes estudiosos realizavam pesquisas que se
tornavam mais dominantes.
A descrição mais aceita atualmente para a dislexia a define como:
Transtorno específico da aquisição e do desenvolvimento da
aprendizagem da leitura, caracterizado por um rendimento em
leitura inferior ao esperado para a idade e que se caracteriza como
o resultado direto do comprometimento da inteligência geral,
lesões neurológicas, problemas visuais ou auditivos, distúrbios
emocionais ou escolarização inadequada. (MENDONÇA, 2011, p. 3)

Biologicamente falando, o que acontece segundo Frith (1997 apud CAPOVILLA, 2004, p.
52) são “anormalidades cerebrais na região perissilviana do hemisfério esquerdo do cérebro do
indivíduo o que acarretaria dificuldades cognitivas no processamento fonológico”, ou seja, no
processamento de informações baseadas na estrutura fonológica da linguagem oral, levando aos
problemas de leitura e escrita.
Resumindo, a dislexia é um transtorno específico de aprendizagem e comprovadamente
neurobiológico, caracterizado pela dificuldade de decodificação, soletração, fluência e interpretação,
sendo que não tem relação qualquer com o ambiente que a cerca, ou seja, influências externas
como a família e a educação não são a causa do transtorno. O déficit fonológico ainda aparece como
a principal causa da dislexia, envolvendo dificuldades na repetição de palavras, na memorização
16 de informações verbais, nomeação rápida e manipulação de fonemas e por esse motivo o distúrbio
se reflete de maneira tão forte na alfabetização (MENDONÇA, 2011).
De acordo com Capovilla (2004, p. 55) há dois tipos diferentes de dislexia:
• Dislexia adquirida: a perda de habilidade na leitura é devida a uma lesão cerebral
específica e ocorre após o domínio da leitura pelo indivíduo.
• Dislexia do desenvolvimento: não há lesão cerebral evidente e a dificuldade surge no
momento da aquisição da leitura pela criança.
Ainda segundo Mendonça (2011) apesar das características biológicas da dislexia o acompanhamento
mais atento de um disléxico nos faz compreender que uma somente uma teoria apenas não é suficiente para
explicar as manifestações deste distúrbio nos forçando a fazê-lo de maneira heterogênea, assim como cada
pessoa o manifesta de formas diferentes. Quando a dislexia afeta especificamente a leitura é chamada de
agrafia ou disgrafia, sendo que é até possível que a criança consiga ler, mas não escrever (BRAUN; DAVIS, 2004).
Dificuldades gerais de aprendizado

De maneira resumida os tópicos a seguir sugeridos por Alves (2011) nos fornecem
informações sobre as principais dificuldades apresentadas pelas crianças disléxicas:
• Apresentar ideias coerentemente.
• Aprender o alfabeto.
• Expandir seu vocabulário (via oralidade ou leitura).
• Identificar os sons que correspondem às letras.
• Entender questões e seguir instruções (ouvidas ou lidas).
• Memorizar convenções de tempo.
• Lembrar de sequências numéricas. 17
• Dizer as horas.
• Entender e reter detalhes de uma estória.
• Desatenção e distração.
• Aprender rimas e seguir músicas.
• Desorganização e incoordenação motora.
• Distinguir esquerda de direita e letras de números.
• Leitura lenta e compreensão reduzida do material lido.
Falando especificamente da leitura o que ocorre com a criança com dislexia é que ao ver a
palavra e notar que não sabe seu significado a imagina em diferentes posições tridimensionalmente
na tentativa de desvendar a palavra. Usando o processo de eliminação, com informações prévias
que já possui, ele acaba por descobrir por si só. Quando a professora faz a correção dizendo que
ele não deve adivinhar as palavras isso acaba por causar a angústia emocional característica da
dislexia (BRAUN; DAVIS, 2004).
A grande questão relacionada com a dislexia é que ela não irá atingir apenas a criança em
suas atividades acadêmicas, mas também em atividades comuns do dia a dia. Isso faz com ela
tenha problemas não só com as atividades relacionadas com a alfabetização propriamente dita,
mas também com outros aspectos ligados à organização diária da própria vida. Se a criança tem
problemas, por exemplo, em entender as convenções de tempo, terá sérios problemas em organizar
a execução da própria lição de casa e coordenar datas de entrega. Esse também é um fator decisivo
no possível insucesso da criança ao passo que pode ser interpretado como simples preguiça e falta
de interesse da criança em estudar.
Segundo Fernandes e Penna (2008, p. 45):

18 O disléxico tem dificuldades para lidar com o tempo. Seu ritmo


para organizar-se, copiar e concluir suas atividades é mais
lento que a média da classe. Tem dificuldades para lidar com
o espaço, com a própria utilização de material didático, como
régua, caderno e livro, ao mesmo tempo. Tem dificuldades com
desenho geométrico, mapas, aplicação teórica de conceitos,
linguagem subjetiva, simbólica, apresenta disgrafia – fora das
pautas, das margens – e, disortografia – omissão ou acréscimo
de letras. Enfim, tudo para o disléxico é muito difícil.
Importância do estudo

As alterações da aquisição da linguagem estão entre os mais frequentes transtornos do


neurodesenvolvimento infantil com uma ocorrência de em média 5% da população escolar segundo
Barbosa et al (2009). Se formos considerar os estudos de Capovilla (2004) esse percentual chega a 10%
e o número sobe para 25% se formos considerar os distúrbios leves. É difícil especificar a porcentagem
correta ao passo que muitas crianças passam anos sem serem diagnosticadas mas, de qualquer maneira,
é certo que esse número representa milhares de crianças e merece atenção especial.
Barbosa et al (2009) afirma que crianças que aos 5 anos apresentam atraso na aquisição da
linguagem irão apresentar importantes anormalidade neuropsicológicas aos 9 anos. Ainda segundo
Mendonça (2011) devido ao papel fundamental da leitura na educação, a dislexia pode impactar
significativamente o sucesso acadêmico e o desempenho do indivíduo. No entanto, essas crianças não
estão predestinadas ao insucesso acadêmico, segundo Braun e Davis (2004, p. 61): 19
Os problemas que os disléxicos têm com a alfabetização
são os mesmos que todas as crianças enfrentem, só que em
maior magnitude. Eles são agravados pelas inconsistências da
linguagem. Se a palavra impressa fosse apresentada de forma mais
consistente, especialmente nos primeiros livros escolares, alguns
desses problemas seriam minorados para todas as crianças.

Dessa forma, fica claro que a orientação a essas crianças deve ser mais atenta e intensa em
relação às crianças normais. Além de ser um problema que afeta milhares de crianças todos os
anos e da alfabetização ser um dos componentes mais importantes da vida escolar, a omissão só
fará com que o problema seja agravado. Por esse motivo a criação de um material que auxilie essas
crianças é tão importante e, mais do que isso, deve haver em cada escola uma postura de igualdade
de direitos no acesso a educação, independente da condição de cada criança.
Situação das cartilhas

As cartilhas são tradicionalmente o principal material de aquisição da escrita. No entanto,


atualmente não existe a distribuição de cartilhas de alfabetização dedicadas a crianças com dislexia
pelo governo. A primeira cartilha específica para crianças com dislexia foi criada pelo governo em
2004 e depois disso não foi novamente atualizada ou até mesmo redistribuída. Essa é uma falha
muito grande não só por não oferecer material adequado para que essas crianças estudem, mas
também porque as marginaliza oferecendo menos oportunidades de se desenvolverem e fazendo
com que o assunto seja menos difundido entre educadores e pais, dificultando o diagnóstico e a
discussão do problema pela sociedade.
A cartilha “Facilitando a Alfabetização – Multissensorial, Fônica e Articulatória”, foi aprovada
20 e reconhecida pelo Ministério da Educação e produzida com a mobilização de profissionais e
voluntários da Associação Brasileira de Dislexia, com recursos próprios vindos de sua forma de
administração autossustentável. Segundo a Associação:
A cartilha atende aos profissionais da área de educação
para suprir as principais dificuldades dos disléxicos, e vem
acompanhada de um caderno multissensorial , que tem a função
de estimular o visual, o auditivo, e o tátil sinestésico. Inclui um
vídeo explicativo sobre o método, exercícios e aplicabilidade. O
material pode ser usado na alfabetização e re-alfabetização de
qualquer individuo, seja ele portador de dislexia ou não.

Apesar de aprovada e reconhecida pelo Ministério da Educação a produção dessa cartilha


Figura 1 – Cartilha “Facilitando a
não tem qualquer apoio do governo e custa R$160,00. Obviamente a criação desse material é
Alfabetização – Multissensorial, Fônica
e Articulatória” um esforço muito importante, porém seu custo faz com que muitas crianças que necessitariam
utilizar esse material não possam comprá-lo. Seria de extrema importância que o material a ser
criado fosse patrocinado pelo governo e que abrangesse todas as escolas públicas e particulares
de Ensino Fundamental no Brasil.

Como o design pode contribuir

O design pode ajudar na solução dessa questão entendendo mais a fundo a dislexia e
como se dá o processo de aprendizado da escrita para posteriormente desenvolver um material
compatível com as necessidades dessas crianças e que esteja de acordo com os estudos realizados
por pedagogos e psicólogos.
Para tanto, primeiramente deverá ser feita a análise de materiais criados anteriormente
buscando os pontos positivos e negativos e levantar possíveis melhorias a serem realizadas. A
análise da didática utilizada também deverá ser feita com o objetivo de selecionar ou mesclar
21
aquelas que, segundo as pesquisas, sejam as mais eficientes no aprendizado. A reunião de materiais
bastante diversificados será feita, considerando não somente as cartilhas e livros destinados a
alfabetização, mas também jogos e outros materiais de suporte que tornam o aprendizado mais
dinâmico e menos entediante.
Em cima das informações colhidas sobre esses materiais serão agregadas novas técnicas,
mais criativas e dinâmicas baseadas no estudo do Design, em referências diversas e na observação
das necessidades da criança. Dessa forma, a principal contribuição do Design neste projeto será
a adequada combinação dos pontos fortes de cada projeto com elementos criativos e inovadores
que estimulem o aprendizado.
Conclusão

A dislexia é um distúrbio que merece atenção não só porque atinge milhares de crianças
em idade escolar e representa um dos principais causadores de atraso na aquisição da escrita
mas também porque a omissão no tratamento pode levar a sérios problemas de integração social
e desenvolvimento pessoal a longo prazo. Isso porque a dislexia atinge o indivíduo de diferentes
formas, atrapalhando o rendimento escolar e também causando dificuldades em expressar ideias
coerentemente, memorizar convenções do tempo, desatenção, distração, desorganização.
Dessa forma, muitas crianças passam anos se esforçando para aprender e se desenvolver da
mesma forma que os demais alunos, mas são taxadas de desinteressadas ou preguiçosas, causando
distúrbios emocionais sérios na criança. Tanto o não conhecimento do problema quanto a falta
de material e treinamento adequado dos educadores ferem o direito de toda criança de acesso a
22 educação e alfabetização.
É necessário, portanto, que se faça um diagnóstico precoce da situação do estudante e que
sejam utilizados métodos educacionais e materiais compatíveis com a situação e características
dessa criança. Em relação a esse problema o Design pode influenciar melhorando a qualidade do
material disponível e o tornando mais dinâmico e atrativo para a criança com dislexia, que possuem
uma dificuldade maior de concentração e memorização dos fonemas e tendência a distração e
desatenção. Além disso, a distribuição e divulgação do material fará com que o conceito de dislexia
seja mais difundido na sociedade, acelerando o diagnóstico e minimizando o preconceito.
Componentes do problema
Resumidamente os principais componentes do problema levantados são:
• Dificuldade na identificação da dislexia por pais e educadores: a maioria desconhece
os sintomas.
• Conceito de dislexia pouco difundido na sociedade: grande parte das pessoas não
sabe do que se trata.
• Preconceito em relação às pessoas com dislexia: pessoas confundem a dislexia com
algum tipo de retardamento mental ou outras doenças.
• Maior dificuldade das crianças com dislexia na aquisição da escrita: a alfabetização
é importante não só para a vida escolar mas para a vida em sociedade, fazendo com que o
analfabeto se torne marginalizado. 23
• Maior dificuldade das crianças com dislexia nas atividades do dia a dia: além
das dificuldades no desenvolvimento da escrita a criança pode manifestar complicações
em atividades básicas do dia a dia como ver as horas e organizar as próprias atividades,
causando transtornos.
• Pouco ou nenhum investimento do governo em materiais adequados para crianças
com dislexia: o último material criado pelo governo em 2004 nunca mais foi atualizado
e distribuído.
• Não existência de materiais gratuitos de apoio à alfabetização de crianças com
dislexia: uma cartilha foi desenvolvida para alfabetizar crianças com dislexia mas seu preço
o torna inacessível para a maioria das famílias.
Objetivos
Gerais

De maneira geral o material a ser criado tem o objetivo de melhorar a qualidade de vida da
criança com dislexia ao passo que aumenta seu nível e velocidade de aprendizagem e a poupa
de transtornos emocionais decorrentes de um atraso na aquisição da leitura. Além disso, tornar
público o conceito de dislexia para que educadores e familiares façam um diagnóstico precoce
e minimizar o preconceito. O segundo objetivo é que seja um material de melhor qualidade em
relação aos já oferecidos no mercado, mantendo-se o que for considerado adequado e incorporando
novos elementos.

24 Outro objetivo importante é que o material criado sirva também para a alfabetização de crianças sem
distúrbio, considerando que a alfabetização é uma fase importante e pode ser assustadora para qualquer
criança e que um material melhor resolvido pode ajudar no desenvolvimento desses alunos também.

Específicos

O primeiro objetivo específico é que o material seja não só mais criativo mas também que estimule
a criatividade da criança, um ponto muito forte dos portadores de dislexia - atraindo o interesse da
criança para a atividade. Outro objetivo importante é fazer com que o aprendizado seja uma tarefa
divertida e não entediante, já que essas crianças têm uma tendência maior à distração. Dessa
forma, abre-se a possibilidade da criação de um material de conteúdo lúdico, que entretenha a
criança ao mesmo tempo que estimule seu aprendizado.
É importante ressaltar que esse material não pretende que as crianças sejam autossuficientes
em seu aprendizado, mas que convide a participação de pais e educadores nas tarefas. Isso não
só porque o auxílio de pessoas alfabetizadas é fundamental no entendimento dos exercícios mas
também para expressar apoio ao aluno no momento de dificuldade e conscientizar a família
sobre as dificuldades e facilidades no aprendizado da criança, minimizando possíveis transtornos
psicológicos. Esse projeto deve utilizar materiais e/ou tecnologias diferentes das atualmente
empregadas, fazendo com que seja único e inovador do ponto de vista do Design. Por fim, é
importante ressaltar que esse material não pretende substituir os já utilizados em sala de aula,
recomendados pelos professores e desenvolvidos por pedagogos. A intenção desse material é
complementar o aprendizado e auxiliar a criança na aderência dos conteúdos aprendidos.

25
Recolha de dados
Dislexia
Identificação do problema nas crianças

O mais comum é que, apesar dos sinais da criança, muitos educadores optem por esperar
até a 2a ou 3a séries para fazer o diagnóstico, já que as dificuldades na escrita são um dos sinais
mais evidentes da dislexia. No entanto, para muitas crianças essa espera pode ser excessiva
já que a identificação precoce as ajudaria a ter um melhor desenvolvimento (MENDONÇA,
2011). Esperar demais para identificar o problema pode fazer com que a criança apresente uma
defasagem muito grande, perda do prazer na leitura, baixo rendimento em outras disciplinas e

26 baixa autoestima.
A fim de fazer esse diagnóstico outros fatores podem ser observados além da escrita, como
sugere Mendonça (2011):
• Análise do histórico familiar: considerando que um irmão ou pai da criança teve alguma
dificuldade na alfabetização, as chances de ela também desenvolver o problema cresce em
40%. Dessa forma, deve-se estar atento aos sinais de histórico familiar.
• Estar atento ao desempenho das crianças no jardim de infância: pesquisas
mostram que a maioria das crianças que posteriormente foram identificadas com dislexia
apresentaram nos primeiros anos escolares desempenho abaixo da média e dificuldades
em narrativas orais, vocabulário e gramática.
• Falantes tardios: apesar de apenas esse fator não ser indício de dislexia, combinado a
outros, pode ser um indicativo importante.
• Distúrbio Específico de Linguagem (DEL): déficit no desenvolvimento da linguagem,
vocabulário e gramática, mas desenvolvimento normal em habilidades cognitivas não
verbais. Pesquisas mostraram que de 18% a 36% das crianças com DEL no jardim de
infância também apresentaram dislexia na fase escolar.
Caso a família ou educadores observem algum ou mais de um desses sintomas na criança
a recomendação é de que procurem a ajuda de um profissional que irá se utilizar de alguns
métodos para detectar ou não a dislexia. Alguns sintomas adicionais foram apontados por Braun
e Davis (2004):
• Visão: sequências de números ou letras alterados ou invertidos, ortografia incorreta ou
inconsistente, pulam-se palavras, letras e números parecem se mover, omissão dos sinais de
pontuação, omissão de palavras e letras.
• Audição: sons difíceis de serem pronunciados, dígrafos como “ch”, “lh”, “nh” mal
pronunciados, parece não escutar ou ouvir o que é dito, sons percebidos mais alto ou mais 27
baixo, mais longe ou mais distante do que a realidade.
• Equilíbrio/ movimento: tonteira e náusea durante a leitura, senso de direção fraco,
incapacidade de ficar sentado quieto, dificuldade na escrita, problema de equilíbrio e
coordenação.
• Tempo: hiperatividade (excessivamente ativo), hipoatividade (pouco ativo), conceitos
matemáticos difíceis de aprender, dificuldade de ser pontual ou dizer as horas, perde a linha
de pensamento ou sequências.
Além desses sintomas alguns estudos têm demonstrado alterações no cérebro de disléxicos,
como polimicrogirias (excesso de pequenos giros no córtex), displasias corticais (desenvolvimento
cerebral anormal), entre outros, No entanto, ainda não é possível estabelecer uma relação direta
e exata entre essas alterações e o distúrbio, fazendo com que não exista um exame laboratorial
capaz de detectar a dislexia (CAPOVILLA, 2004).
Como a família lida com a questão

A família é extremamente importante para a criança no momento em que o diagnóstico


é realizado. A sua ajuda e apoio são determinantes no processo de superação das dificuldades
causadas pela dislexia. Segundo Hartwig (1984 apud RIBEIRO, 2013) os pais passam pelos
seguintes estágios ao saber que seu filho tem dislexia:
• Negação
• Raiva
• Depressão
• Aceitação
• Esperança
28 Eles podem viver esses estágios de diferentes maneiras e até simultaneamente. Com
o objetivo de controlar a situação e ajudar a criança, Ribeiro (2013) propõe uma postura de
conscientização por parte dos pais:
Primeiramente, é importante que compreenda bem a avaliação
e o diagnóstico que foi efetuado, daí que todos os técnicos
envolvidos na avaliação e encaminhamento, bem como os
pais, devem em conjunto discutir os resultados da avaliação
multidisciplinar. Deve tentar esclarecer quaisquer dúvidas
sobre a mesma, nomeadamente expressões demasiado técnicas,
se tiver interesse em obter informações sobre as DAE peça para
lhe recomendarem bibliografia.
Dessa forma, a primeira medida a ser tomada pelos pais deverá ser a de delinear um
programa que estabeleça os objetivos e estratégias a serem usados, através de uma equipe
multidisciplinar que deverá traçar um plano de estudos. Durante essa fase é importante que a
criança participe, que esteja consciente de que o sucesso depende de seu esforço. Posteriormente
deve haver o acompanhamento que será realizado através da comunicação entre pais e educadores.
Durante o processo de implementação é importante ter conhecimento a respeito das áreas a serem
melhoradas e daquelas que já apresentam bom desempenho e que, nesse momento, os pais se
sintam capazes de ajudar e que os filhos se sintam responsáveis pelo projeto.
Hartwig (1984 apud RIBEIRO, 2013, p. 3) faz algumas sugestões do modo com que os pais
devem agir em relação ao aprendizado da criança:
• Não seja superprotetor. As crianças com dislexia são muito capazes e devem assumir
responsabilidades.
• Não faça pela criança aquilo que ela própria é capaz de fazer. Dê-lhe a possibilidade de experimentar. 29
• Incentive a curiosidade e os interesses especiais que a criança possa ter. As crianças estão
mais motivadas quanto está em causa algo que apreciam.
• Estabeleça objetivos razoáveis, não torne as coisas demasiado fáceis ou demasiado difíceis.
• Seja paciente. Ficar aborrecido ou ansioso só levará a que a criança se sinta frustrada.
• Pense a longo prazo e perspective o futuro de forma objetiva. As crianças com dislexia
devem ser incentivadas a frequentarem o ensino secundário e a prosseguirem estudos
superiores.
Esses conselhos também devem ser seguidos por educadores e é com eles que os pais
devem entrar em contato caso desejem ajudar as crianças a estudar em casa, garantindo que
o ensino complemente o aprendizado da escola de forma satisfatória. Devido ao preconceito
de colegas de classe e pais de alunos é importante que os responsáveis tracem estratégias
para lidar com os comentários agressivos em relação ao filho e forneçam informações aos que
cercam a respeito da condição do filho. Apesar de todos os conselhos e da atenção à criança
os pais devem manter os próprios interesses, pessoais e extrafamiliares, vivendo uma vida
normal (RIBEIRO, 2013).
Especificamente em relação à leitura os pais podem ajudar de diversas formas (RIBEIRO,
2013, p. 5-9):
Leia e mostre ao seu filho que lê e escreve com diversos objetivos: informar-se através de
notícias, entender as instruções de um jogo, fazer a lista de compras.
• Estimule o prazer de ler nos tempos livres.
• Vá com seu filho a livrarias e escolham juntos alguns materiais para leitura.
• Tenha à disposição materiais de leitura com temas variados.

30 • Incentive a criança a manusear os livros com frequência, cuidado e respeito.


• Aproveite situações de dúvidas gerais do seu filho para explorar um livro, enciclopédia
ou internet.
• Comente o que lê para que a criança perceba que o aprendizado continua na fase adulta.
• Faça jogos linguísticos como trava-línguas, adivinhas, rimas, provérbios ou poemas.
• Prepare dramatizações de contos, através da mímica ou fantoches em que cada um lê sua
parte da história e encena.
• Leia histórias que impressionavam o seu filho quando pequeno.
• Incentive o seu filho a escrever o que quiser, em temas variados e valorize seus textos.
• Monte um pequeno cantinho para seu filho, com materiais diversificados de leitura (livros,
jornais, revistas, brochuras, folhetos) e escrita (caixas etiquetadas para arrumar listas de
palavras, baralho com letras do alfabeto e materiais escolares como lápis, canetas coloridas,
tesoura, cola, bloco de notas, cartolina, entre outros).
• Promova a troca de livros e correspondências entre amigos e familiares.
• Vá à biblioteca com seu filho e participe de clubes do livro.
• Tenha momentos de prazer de leitura a dois, não se mostrando impaciente ou ansioso
quando a criança lê, partilhando também interesse de leitura em comum.
• Construa um caixa com vocabulários aprendidos.
• Utilize meios mais modernos como a internet para a leitura e para captar o interesse da
criança.
• Crie um bom ambiente que facilite a leitura e a concentração da criança.
• Aproveite todo momento cotidiano que puder para ajudar a criança a se desenvolver.
Resumindo, nem a criança, nem os pais, nem os professores devem desempenhar sozinhos
a tarefa do processo de aprendizagem. Depende da sincronização de tarefas bem realizadas por
31
todas as partes para que a criança supere suas dificuldades e crie prazer pela leitura.

Sobre as dificuldades relativas a alfabetização

A própria estrutura do alfabeto brasileiro não favorece o aprendizado da criança com


dislexia, já que não é foneticamente exato, ou seja, nem sempre os sons correspondem à grafia. Além
disso, nosso alfabeto possui apenas 23 caracteres fazendo com que muitas vezes precisemos de
mais de uma letra para representar um fonema ou que usemos acentos, tornando o entendimento
ainda mais complexo para o disléxico (BRAUN; DAVIS, 2004).
A imagem visual do disléxico quando se depara com uma palavra é das letras
tridimensionalmente, como se estivessem flutuando no espaço, como mostra a imagem de Braun
e Davis (2004, p. 111), contendo 27 variações disléxicas para a palavra GATO, dentre as dezenas de
possibilidades que o disléxico é capaz de criar em sua mente:

32

Figura 2 - 27 variações disléxicas para


a palavra GATO
Após realizar diversas combinações como essa em sua mente e utilizando seus conhecimentos
anteriores a criança é capaz de adivinhar o significado da palavra. O problema é que, apesar do
disléxico raciocinar 402 mil vezes mais rápido do que uma criança normal, o fato de ele ter que
realizar pelo menos 4 mil vezes mais computações mentais do que outras crianças faz com que ele
pareça mais lento (BRAUN; DAVIS, 2004).
Além dessa confusão mental outro problema comum dos disléxicos em relação à leitura é
a de que recebem múltiplas orientações de como a sua escrita deve se parecer e criam diversas
imagens mentais diferentes que se sobrepõe (BRAUN; DAVIS, 2004). Dessa forma a criança é
incapaz de definir qual delas é a correta e acaba por misturar os diferentes conceitos. Alguns erros
comuns de crianças com dislexia foram selecionados pelos doutores Dr. Vincent Goetry e Dra.
Ângela Maria Vieira Pinheiro (2012):

Erros comuns na
leitura e ortografia 33
Figura 3 - (chuva, vila e disse)
Larissa, 11 anos

Espelhamento, Figura 4 - (vejam) Luiz, 8


omissão da letra r anos, (livro) Ana, 11 anos e
e inversão (colegas) – Isaac, 9 anos.

Omissão de letras Figura 5 - (batalha) Larissa,


que representam 11 anos, (galinha) Romulo, 8
consoantes sonoras anos e (compraram) Gabriel,
11 anos.
Biologicamente Braun e Davis (2004) explicam que no cérebro de uma pessoa com dislexia
alguns trajetos neurais visuais específicos, por não terem sido usados e estimulados, não funcionam
corretamente para enxergar determinados estímulos. Isso faz com que a criança o enxergue mas
o cérebro não processe da maneira correta, e a criança não é capaz de reproduzi-lo. Por exemplo,
a criança não é capaz de processar uma linha reta diagonal e, por isso, não é capaz de escrever a
letra W.
A sequência a seguir foi criada por Braun e Davis (2004, p. 142-144) e nos dá a dimensão da
sequência de eventos da criança na tentativa de aprender a ler:
1. O indivíduo encontra um estímulo não reconhecido.
2. A falta de reconhecimento causa uma confusão que estimula a desorientação.
3. A desorientação causa assimilação de dados incorretos.
4. A assimilação de dados incorretos leva o indivíduo a cometer erros.
34
5. Os erros causam reações emocionais.
6. Reações emocionais provocam frustração.
7. Soluções são criadas ou adotas para resolver os problemas oriundos do uso da
desorientação no processo de reconhecimento.
8. O transtorno de aprendizagem é composto pelas soluções compulsivas que o indivíduo adquire.
9. Estas soluções compulsivas são o que transtorna o processo de aprendizagem.
Superação das dificuldades e estratégias de ensino

Segundo Braun e Davis (2004) a primeira providência a ser tomada para ajudar a criança na
aquisição da escrita é libertá-la de orientações confusas e variadas a que foi submetida, fazendo com
que ela possa organizar apenas um sistema. Feito isso, sugerem ainda algumas outras recomendações
como usar uma tipografia legível nos materiais didáticos, observar o modo com que a criança pega o
lápis, orientar a maneira correta de se fazer e utilizar recursos para manter a atenção.
Fernandes e Penna (2008) acreditam que ao integrar métodos e intervenções, o tratamento
tende a ser satisfatório, e o disléxico pode superar a dificuldade de ler e escrever. Dessa forma, ele
se torna mais interessado e gradativamente aumenta seu vocabulário, criando possibilidades para
ler bem, escrever corretamente e ser integrado ao meio escolar, social e familiar.
Algumas estratégias foram sugeridas por Capovilla (2007, p. 61):
35
• Sentar próximo à professora para que a mesma possa ajudá-lo e encorajá-lo a pedir ajuda.
• Revisar cada ponto do estudo.
• Evitar sugerir que a criança é lerda ou pouco inteligente.
• Não pedir que leia em voz alta na classe.
• Habilidades devem ser julgadas mais pelos resultados orais do que pelos escritos.
• Não a forçar a usar o dicionário.
• Evitar passar várias regras na mesma semana. Repetir a mesma regra com palavras
diferentes algumas vezes antes de passar para a próxima.
• Repetir várias vezes sozinha o que a professora fez.
• Apresentação cuidadosa do material: cabeçalhos destacados, letras claras, maior uso de
diagramas e menor uso de palavras escritas.
• Ambiente quieto e sem distrações.
• Letra cursiva mais fácil do que a de forma pois auxilia a velocidade e a memorização da
forma ortográfica da palavra.
• Auxiliar a autoconfiança da criança através de áreas em que é boa (música, esportes,
artes, tecnologia).

O dom da dislexia

Muito foi apresentado até agora a respeito das dificuldades e problemas trazidos com a
dislexia, por outro lado essas pessoas possuem também talentos fantásticos. Podemos citar pessoas
notáveis diagnosticadas com dislexia como Agatha Christi, Albert Einstein, Alexander Graham Bell,
Auguste Rodin, Charles Darwin, Leonardo Da Vinci, Vincent Van Gogh e Walt Disney, segundo o site
36 Alma de Educador. Como é possível observar essas pessoas desenvolvem habilidades excepcionais
no campo das artes e ciências.
Isso acontece pois o pensamento do disléxico é multidimensional, ou seja, o cérebro interpreta
os pensamentos como se fossem estímulos originais. Por exemplo, o cérebro não ouve o que os ouvidos
estão ouvindo, o cérebro ouve o que a pessoa está pensando, como se os ouvidos estivessem ouvindo.
O pensamento multidimensional pode resultar em confusão mental como descrito anteriormente,
mas também permite que a pessoa experimente seus pensamentos como realidade e desenhe os
resultados para qualquer outra pessoa ver, como foi o caso de Leonardo da Vinci que pôde conceber um
submarino trezentos anos antes da invenção de um aparelho que poderia bombear água para fora dele,
demonstrando um processo criativo muito avançado. O raciocínio analítico e lógica também funcionam
de modo diferente, comparativamente, usando imagens em vez de palavras (BRAUN; DAVIS, 2004).
Por todos esses motivos deve haver uma conscientização da sociedade, da família e da
própria criança sobre a dislexia. É necessário entender que a criança que não só poderá superar
as dificuldades encontradas se for devidamente orientada, mas também desenvolver outras
habilidades excepcionais.

Alfabetização
Métodos

A alfabetização não é só fundamental para o sucesso escolar mas também para a vida
em sociedade.
Acredita-se que a leitura e a escrita sejam a porta de entrada
para a inserção na sociedade letrada em que vivemos, pois a
partir da conquista destas habilidades o educando se apropria
dos saberes acumulados pela humanidade, tornando-se um ser
globalmente social (FERNANDES et al, 2009, p. 4).
37
De acordo com o “Projeto Professor-Volante”, a alfabetização é a correspondência entre a
representação oral e escrita. Não é decifrar textos e copiar, e sim “uma nova maneira de se expressar,
de se comunicar com os outros e com o mundo” (FERNANDES et al, 2009, p. 4).
Segundo a Revista Brasileira de Educação (v. 13 n. 38 maio/ago. 2008 257 apud ALBUQUERQUE
et al, 2005) as práticas cotidianas de alfabetização seguem as seguintes subcategorias:
• Leitura de letras, sílabas, palavras ou frases com ou sem auxílio do professor.
• Escrita de letras, sílabas, palavras e frases com e sem auxílio do professor.
• Cópia de letras, sílabas, palavras e frases.
• Contagem de letras em sílabas, de letras e sílabas em palavras e de palavras em frases.
• Partição de palavras em sílabas e letras ou de frases em palavras.
• Identificação de letras e sílabas em palavras.
• Identificação, exploração e produção de rimas e aliterações.
• Comparação de: sílabas e palavras quanto ao número de letras; palavras quanto ao
número de sílabas, palavras quanto à presença de letras iguais/diferentes.
• Formação de palavras a partir de letras ou sílabas dadas.
• Exploração de diferentes tipos de letra, da ordem alfabética, da segmentação das palavras
e das relações som/grafia.
Fernandes et al (2009) considera que há duas maneiras distintas de alfabetizar, que
determinam o que o professor pode atingir. A primeira começa da parte para o todo - são os
métodos sintéticos, a outra vai do todo para as partes - os métodos analíticos. A partir disso é
possível compreender também como funcionam os métodos de alfabetização.

38 • O método sintético faz uma relação entre o oral e o escrito, ou seja, entre o som e a grafia,
por meio do aprendizado de letra por letra, ou sílaba por sílaba e palavra por palavra.
• Já, o método analítico que teve início como oposição teórica ao método sintético, defende
que a leitura é um ato global.
De acordo com método tradicional de alfabetização e com o método descrito pela Revista
Brasileira de Educação, ler é aprender a identificar letras, sílabas, palavras e frases para depois
conseguir compreender textos. Durante a alfabetização, “ler consiste em codificar e decodificar
letras e sons e, nesta perspectiva, alfabetizar é levar o aluno a uma aprendizagem mecânica”,
segundo os defensores do método analítico (FERNANDES et al, 2009, p. 5). Emília Ferreiro (1989
apud FERNANDES et al, 2009, p. 5) considera que “a construção do código linguístico não se dá
através do cumprimento de uma série de tarefas ou pelo conhecimento das letras e das sílabas,
mas pela compreensão do funcionamento desse código”, mostrando que os educadores têm ideias
e hipóteses e, que as confrontam com sua realidade e com as ideias de outras pessoas.
39

Figura 6 – Métodos de alfabetização


Nossa visão do processo é radicalmente diferente: no lugar de uma criança que espera
passivamente o reforço externo de uma resposta produzida pouco menos que ao acaso, aparece
uma criança que procura ativamente compreender a natureza da linguagem que se fala à sua volta,
e que, tratando de compreendê-la, formula hipóteses, busca regularidades, coloca à prova suas
antecipações e cria sua própria gramática (que não é simples cópia deformada do modelo adulto,
mas sim criação original). No lugar de uma criança que recebe pouco a pouco uma linguagem
inteiramente fabricada por outros, aparece uma criança que reconstrói por si mesma a linguagem,
tomando seletivamente a informação que lhe prove o meio (FERREIRO; TEBEROSKY, 1999 p. 24
apud FERNANDES et al, 2009, p. 7).
Esses autores, portanto, concordam que o método de ensino deve incentivar que a criança
busque ativamente resultados, que não se atenha a tentar decodificar cada letra e palavra mas
buscar o seu significado dentro do texto, entendendo como funciona a linguagem e para que serve.
Eles são adeptos do método analítico.
40 Por outro lado, os métodos sintéticos apoiam-se na ideia de que a língua portuguesa
é fonética e silábica, de modo que “a dedução é a melhor maneira de dominar a leitura e que
a aprendizagem da escrita se dá por meio de um processo que atente para essa característica”
(ALEXANDROFF, 2013, p. 2).
De acordo com o linguista norte americano Bloomfield propositor do método, a aquisição
da linguagem é um processo mecânico, ou seja, a criança será sempre estimulada a repetir os sons
que absorve do ambiente. Assim, a linguagem seria a formação do hábito de imitar um modelo
sonoro. Dessa forma é necessário primeiramente que a criança interiorize o som e, após isso,
faça a correlação entre som e soletração por meio da leitura de palavras das quais chegará as
correspondências soletração/som. Nesse método a criança faria primeiramente a relação entre
fonema (som) e grafema (letra), para depois entender seu significado, já que a escrita serviria
apenas para representar graficamente a fala. (PRUDENTE, 2012, p. 2).
Existe ainda uma terceira corrente, que sugere que os dois métodos sejam mesclados:
No entanto, ao se observar a realidade brasileira mais de perto,
percebe-se que houve uma parcela significativa de escolas e
de professores que usaram cartilhas mesclando princípios
metodológicos pertinentes aos dois grupos: trata-se do método
analítico-sintético (ou eclético). Partindo da frase para chegar
à palavra e à família silábica, toma por empréstimo alguns
elementos do método analítico, sem, no entanto, abandonar as
características básicas do sintético: a operação B + A= BA. Esse
método usa a imagem para reforçar a letra a ser aprendida,
juntando a questão da formação da imagem cinestésica, presente
no método analítico (ALEXANDROFF, 2013, p. 4).

Opções para o ensino de crianças disléxicas


41

De acordo com Teles (2004), as dificuldades na aprendizagem da leitura acontecem devido


a um déficit fonológico. As crianças disléxicas não têm consciência das unidades linguísticas,
mesmo falando e utilizando palavras, sílabas e fonemas. Segundo Fernandes e Penna (2008),
as pessoas usam tanto o modo verbal, pensando com o som da linguagem, quanto o modo não
verbal, pensando com o significado da linguagem por meio da construção de imagens mentais
de seus conceitos e ideias. Diferentemente, os disléxicos não possuem monólogo interno, só
ouvem quando leem em voz alta, relacionando o significado ou a imagem do significado a cada
palavra que leem.
Na visão de Capovilla (2004, p. 62-65) dois métodos aparecem como os principais no ensino
da criança com dislexia:
1. Método multissensorial: mais indicado para crianças mais velhas, com histórico de
fracasso na aquisição da escrita. Busca combinar diferentes modalidades sensoriais no
ensino da linguagem escrita, como os aspetos auditivos, visuais (a forma ortográfica da
palavra), auditivos (a forma fonológica), cinestésicos (os movimentos necessários para
escrever aquela palavra) e tatéis. Maria Montessori foi uma das precursoras desse método,
sendo que a principal técnica é soletrar oral simultâneo em que a criança inicialmente vê
a palavra escrita, repete a pronúncia da palavra fornecida pelo adulto e escreve a palavra
dizendo o nome de cada letra. Ao final, lê novamente a palavra que escreveu, estabelecendo
forte conexão entre leitura e escrita.
2. Método fônico: para crianças que estão sendo pela primeira vez alfabetizadas.
É utilizado também por crianças sem dislexia. Procura desenvolver as habilidades
metafonológicas e ensinar correspondências grafofonêmicas. As crianças disléxicas
tem dificuldades em discriminar, segmentar e manipular de forma consciente os sons
42 da fala, porém essa dificuldade pode ser diminuída significativamente com a introdução
de atividades explícitas e sistemáticas de consciência fonológica. Quando associadas ao
ensino das correspondências entre letras e sons, o efeito é ainda maior. Nas diretrizes
da British Dyslexia Association é recomendado o método fônico e algumas pesquisas no
Brasil comprovaram que o método é eficiente e mais assimilado em relação a técnica
global baseada na leitura de textos.
Existe ainda um outro método não-tradicional muito utilizado com crianças disléxicas
denominado fonovisuoarticulatório ou método das boquinhas. Eles consiste na mescla de
estratégias fônicas (fonema/som), visuais (grafema/ letra) e articulatórias (articulema/ boquinha).
Foi desenvolvido através da fonoaudiologia em parceria com a pedagogia para auxiliar crianças
com distúrbios no aprendizado (KWIECINSKI, 2011).
43

Figura 7 – Método das boquinhas


Materiais de alfabetização diversos

Segundo Araujo e Arapiraca (2010) o processo de letramento começa muito antes do


domínio do sistema alfabético da escrita e mais do que aprender simplesmente como funciona o
alfabeto, é necessário que a criança tenha claro quais são os usos da escrita, como se organiza em
diversos gêneros e formas.
Refletir sobre as práticas de escrita hoje, atravessadas também
por múltiplas linguagens, pelo hibridismo de linguagens,
pela heterogeneidade dos textos e discursos, demandando
letramentos múltiplos ou, ao menos, uma noção ampliada de
letramento que abarque também elementos da cultura visual e
audiovisual, tão presentes nas práticas sociais de leitura e escrita
44 contemporaneamente (ARAUJO; ARAPIRACA, 2010, p. 2).

Dessa forma, as autoras consideram que é necessário não só saber ler, mas também
fazer uso de uma diversidade de gêneros: livros e jornais impressos, jornais televisivos,
filmes, desenhos animados, videoclipes, games, hipertextos. Segundo elas, “quanto maior o
domínio sobre os signos, sistemas e linguagens que circulam na sociedade em que vivemos,
maiores serão as oportunidades de entender e interagir com o mundo” (ARAUJO; ARAPIRACA,
2010, p. 2).
Neste contexto aparecerem os materiais diversificados para apoiar a educação e
alfabetização. Além dos tradicionais livros e cartilhas, podem ser utilizados jogos e outras
atividades que fazem com que a criança continue a praticar a alfabetização de maneira lúdica.
Cartilhas

As primeiras cartilhas brasileiras foram criadas no final do século XIX por professores
fluminenses e paulistas a partir de suas experiências próprias e utilizando principalmente os
métodos sintéticos (soletração, fônico e de silabação). A partir do século XX elas começaram a
seguir, em sua maioria, o método analítico (palavração e sentenciação). A partir desse momento, a
nova tendência foi de cartilhas usando o método misto (analítico-sintético e vice versa) e também
construtivistas (MORATTI, 2006).
A grande crítica feita às cartilhas é de que “’desensinavam’ o que é texto e o que são as funções
sociais dos gêneros escritos” (MORAIS, 2006, p. 4) já que são extremamente ricas em exercícios, mas
pobres em texto. No caso dos alunos disléxicos a cartilha tem se mostrado eficiente pois esse alunos
precisam exaustivamente repetir os exercícios, treinar a coordenação motora e tem problemas com
textos longos demais. A seguir temos uma seleção de imagens de algumas cartilhas: 45

Figura 8 – Cartilha “Atividades


para todo dia”
Figura 9 – Cartilha “Essa
46 mãozinha vai longe”

Figura 10 – Cartilha “Trilha


do Conhecimento”
Livros

Segundo Morais (2006), o problema dos livros didáticos é exatamente o contrário das
cartilhas, ou seja, muito texto e poucas atividades práticas:
No caso dos novos livros didáticos de alfabetização, substitutos
das antigas cartilhas, verificamos que, ao lado de um rico
repertório textual e de práticas frequentes de leitura de gêneros
escritos variados, os professores encontram poucas atividades
que levem o aluno a compreender como funciona o sistema
de notação alfabética e a explorar a relações som-grafia. (…)
Constatamos que eram escassas as tarefas em que os alunos
eram chamados a refletir sobre segmentos gráficos e orais das
palavras, a observar as relações entre estes, a analisar rimas e 47
aliterações de palavras semelhantes, a comparar palavras quanto
ao tamanho (quantidade de sílabas e de letras) ou mesmo a
explorar a diversidade de sons que um mesmo grafema assume
em nossa notação escrita (MORAIS, 2006, p. 6).

Dessa forma, o autor (MORAIS, 2006), observou que a tendência dos professores tem sido a
de complementar os livros com as atividades extraídas de cartilhas ou, até mesmo, criadas por eles
próprios, evidenciando a necessidade de um material que faça uma conexão melhor entre teoria e
prática. Algumas imagens exemplificam os livros de alfabetização:
Figura 11 – Livro
48 “Alfabetização inteligente”

Figura 12 – Livro “Eu gosto”


Jogos e atividades

Existe uma série de materiais desenvolvidos para alfabetização, a maioria deles criados
pelos próprios professores e confeccionados de forma artesanal. De qualquer maneira é um
material eficiente pois foi criado a partir da necessidade observada por professores na prática
do ensino. Segundo Araujo e Arapiraca (2006) é muito interessante que jogos, kits de materiais
e atividades possam ser criados a partir de textos e estruturados para favorecer a reflexão sobre
o sistema alfabético, reflexão fonológica e estratégias de leitura diversas, podendo ser inclusive
brincadeiras mais livres, jogos simbólicos, de enredo, de faz de conta, educativos, pedagógicos, de
regras, inclusive na fase anterior à alfabetização:
Para os que não sabem ainda ler e escrever com autonomia,
situações didáticas que desafiem a ler sem saber ler e a escrever
sem ainda saber escrever convencionalmente podem constituir 49
situações ricas de reflexão sobre o funcionamento da escrita.
(ARAUJO; ARAPIRACA, 2010, p. 6).

Algumas estratégias para esse tipo de aprendizado seria, por exemplo, procurar o nome
de um personagem ou o título de um conto, usar os conhecimentos que possue sobre letras
e seus valores sonoros, reconhecer partes de uma palavra que já se sabe ler uma que ainda
não sabe (ARAUJO; ARAPIRACA, 2010). Alguns exemplos de atividades e jogos desenvolvidos
pelos professores:
50
Figura 13 – Painel de
Gêneros Textuais

Figura 14 e 15 – Jogos diversos


Liane Castro de Araujo é professora e graduada em Psicologia e Pedagogia e tem um
blog dedicado ao compartilhamento de materiais para alfabetização de crianças, o Oficina de
Alfabetização. Ela classifica os materiais em três categorias distintas:
1. os materiais
confeccionados a partir de
textos da tradição oral

Figura 16 – Material baseado na


tradição oral
2. os materiais
confeccionados a partir de
textos de vários gêneros
literários
51

Figura 17 – Material baseado


em gêneros literários
3. jogos diversos, com
diferentes objetivos relativos
à aprendizagem da escrita e
leitura

Figura 18 – Jogo dedicado a


escrita e leitura
Segundo Araujo (2013):
O jogo, com sua natureza lúdica e intrinsecamente sociocultural,
vem aqui contribuir para a reflexão sobre diversos aspectos da
língua. Por vezes, os mesmos jogos, com pequenas adaptações,
podem favorecer a reflexão de crianças em diferentes níveis de
apropriação da escrita.

A autora ainda divide os jogos nas seguintes categorias:


• Jogos de reflexão fonológica.
• Jogos para aprender sobre a estabilidade da escrita, de usar e ampliar o repertório de
modelos de escrita convencional (que a criança aprende a reconhecer globalmente).
• Jogos para aprender sobre letras e usar a ordem alfabética.

52 • Jogos para refletir sobre os princípios do sistema alfabético e sobre as correspondências


grafofônicas.
• Jogos para consolidar as correspondências grafofônicas e trabalhar a ortografia.
O que acontece na prática é que as três categorias distintas de jogos se misturam, já que
há a constante criação e adaptação dos materiais por novos profissionais, de acordo com as
necessidades observadas.
Alguns outros jogos não criados por professores podem ser encontrados no mercado, no
entanto, nenhum deles foi pensado no contexto específico da dislexia:
Figura 19 - Soletrando (Grow) A partir de 4 anos.
Juntando pedaços de uma mesma figura, a criança
monta uma palavra ou, pela palavra, ela monta a figura.

53
Figura 20 - Palavra Secreta (Grow) A partir de 7 anos.
Cada carta contém uma palavra secreta, que deve ser
desvendada. Juntando as sílabas, a criança decifra a
fórmula correta. Por exemplo: Garfo - FO + Girafa - GI =
GAR + RAFA = garrafa.

Figura 21 - Scrabble Junior (Mattel) A partir de 5 Anos.


Como nas palavras cruzadas, os participantes têm de
formar palavras que se interliguem, colocando sobre
o tabuleiro letras com diferentes pontuações.
Figura 22 - Corrida das Palavras (Xalingo) A partir
de 6 anos. O desafio é formar mais palavras que o
outro participante. São dois tabuleiros e 120 peças de
madeira com as letras do alfabeto.

54
Figura 23 - Top Letras (Estrela) A partir de 7 anos. Os
participantes colocam uma letra em cima da outra, para
formar palavras na vertical e na horizontal. Fala, por
exemplo, vira Vala quando a letra F é substituída por V.
Referências de jogos

Figura 24 - Jogo que associa letras e a figura.


Interessante pois faz a associação entre a palavra
e o significado, no entanto tem possibilidades
limitadas de combinação
55

Figura 25 - O objetivo desse jogo é fazer com


que a criança reproduza a palavra contida
no cartão com a imagem. Mais uma vez o
jogo faz associação entre palavra e imagem,
mas a função da criança é meramente copiar
a palavra acima.
Figura 26 - Jogo bastante simples e
interessante pelo fato de poder ser feito
em casa. A criança insere as letras no
barbante formando as palavras. Outro
aspecto legal sobre esse produto é que
estimula a coordenação motora.

56

Figura 27 - Neste caso temos a


associação de um brinquedo existente,
o Lego, com uma atividade. Foi dado
a criança uma folha com referências
de montagem das letras, as quais ela
deve reproduzir. Muito interessante por
estimular a coordenação motora, visão
tridimensional e crial uma ligação forte
da criança com o formato da letra.
Figura 28 - Outro jogo que estimula a
visão tridimensional da criança, fazendo
com que ela tenha que formar palavras
em diferentes posições.

57

Figura 29 - Jogos simples que


pretende apenas ajudar a criança
a fazer a conexão entre a letra
e a inicial da palavra chave.
Interessante pelo modo com que
a letra foi incorporada ao desenho
de cada animal.
Entrevistas
A fim de obter maiores informações a respeito do processo de alfabetização foi realizada uma
pesquisa com pessoas com dislexia, pais e mães de crianças com dislexia e educadores. As 10 perguntas
abertas foram enviadas através de um formulário online e a maior quantidade de respostas foi por parte de
pais e mães (19 respostas), seguido pelas pessoas com dislexia (5 respostas) e por educadores (1 resposta).
As pessoas com dislexia relataram que o diagnóstico ocorreu tarde, para a maioria depois da
fase de alfabetização. Professores e mães foram os que primeiramente notaram os sintomas. Dentre
as principais dificuldades foram relatadas a leitura e escrita, concentração e escrever um texto longo
e coeso. A maioria sentiu preconceito de pessoas a sua volta e não teve ajuda dos pais nos estudos.
Apesar da dificuldade a maioria relatou concluir a alfabetização no tempo normal. Exercícios
da fonoaudióloga, leitura em voz alta e repetição de palavras que causavam dificuldade foram as
58 principais estratégias que ajudaram na alfabetização. A maioria não teve nenhum material de apoio,
como jogos. Dentre os conselhos para um melhor aprendizado essas pessoas apontaram estímulo a
leitura, ensino personalizado, letras maiores na provas e trabalhar a autoestima dos alunos.
Já em relação aos pais a maioria deles relata que o diagnóstico dos filhos ocorreu na fase
escolar (o que é esperado, visto que apenas responderam a pesquisa os pais com o diagnóstico já
confirmado em crianças). O sentimento desses pais no momento do diagnóstico variou entre alívio
por ter uma definição concreta do problema do filho e desespero por não saber se a criança teria
uma vida normal. As mães, professoras e fonoaudiólogas foram as mais citadas como pessoas que
primeiramente notaram o problema nas crianças. Os principais problemas relatados são leitura,
interpretação de texto, imaturidade escolar, dificuldade de organização, dificuldade de memorização
do alfabeto e, principalmente, marginalização e preconceito em sala de aula. A grande maioria relatou
sofrer preconceito de colegas de classe, outros pais e, até mesmo, da família. Relativo a alfabetização
as principais dificuldades foram na memorização dos sons, atraso no aprendizado e falta de atenção
especial dos professores, fazendo com que a alfabetização tenha sido muito mais demorada (alguns
relataram que o filho tem 11, 14 e 16 anos e ainda não tem leitura fluente). A grande maioria tenta
estudar com os filhos em casa. Apoio escolar, professores particulares, materiais de apoio, paciência,
carinho e atenção de professores e da família e acompanhamento de fonoaudióloga foram os
principais conselhos para melhorar a leitura e escrita.
Em relação aos educadores só tivemos uma resposta de um psicopedagogo, que trabalhou com
diversas crianças com dislexia. Ele relatou que o diagnóstico para a maioria das crianças ocorreu por uma
equipe multidisciplinar (neuropediatra/ fonoaudiólogo/ psicólogo). As principais dificuldades notadas por ele
foram a aprendizagem fragmentada, dificuldade em organizar sua própria vida, letra ilegível e dificuldade em
fazer as atividades obedecendo a uma ordem/rotina. Descreveu a criança como estressada e com autoestima
comprometida. Ele também relatou preconceito por parte das pessoas que consideravam os alunos preguiçosos.
Considera que os pais ajudaram muito pouco e que alguns alunos ainda estão tem fase de alfabetização. Alguns
materiais utilizados foram leitoril, plantar, óculos de prisma e jogos diversos e seu conselho de como melhorar
o aprendizado é ter um material concreto, muito visual. Todas as respostas dessa pesquisa estão no Anexo I. 59
Outra entrevista realizada foi com a Doutora Maria Angela Nogueira Nico, fonoaudióloga,
psicopedagoga e Coordenadora Científica da ABD. Ela foi uma das criadoras da cartilha para crianças
com dislexia e contribuiu muito com informações sobre o material. Segundo ela, a cartilha demorou 3
anos para ser confeccionada e contou com a ajuda do MEC e estudos de campo para sua regularização
no entanto, o governo não oferece nenhum apoio para que o material seja distribuído gratuitamente.
Ela relatou que foi utilizado o método fônico de alfabetização para essa cartilha e que ele é o mais
recomendado para crianças com dislexia. Alguns conselhos para as crianças em sala de aula é que
elas tenham mais tempo para fazer as provas, utilizem letras maiores e textos menores. Além disso,
a Doutora Angela relatou que no Brasil há grande dificuldade em encontrar bons materiais de apoio
para alfabetização, como jogos. Ela relata que a maioria deles é feito de modo muito artesanal pelos
professores e não tem a qualidade que deveriam. Os principais jogos citados por ela que podem
auxiliar as crianças foram jogo da memória, baralho e quebra cabeça.
Análise dos dados e requisitos
A seguir estão listados os indicativos mais importantes coletados e suas implicações para o
projeto, os requisitos. Os requisitos serão avaliados por ordem de prioridade dessa forma:
• Rosa: essenciais.
• Azul: desejáveis.
• Verde: acessórios.

Dados Requisitos

Os pais e responsáveis devem ter uma postura - Material passível de integrar pais e crianças.
de conscientização da situação da criança e
60 oferecer apoio.

Crianças que aos 5 anos apresentam atraso - Material que forneça informações a respeito
na aquisição da linguagem irão apresentar do diagnóstico da dislexia.
importantes anormalidades neuropsicológicas
aos 9 anos.

Há grandes dificuldades por crianças com - Material que auxilie a criança na aquisição da
dislexia em aprender o alfabeto e na aquisição escrita e leitura e na memorização do alfabeto.
da escrita.
A dislexia não irá atingir apenas a criança em - Material que auxilie a aquisição de
suas atividades acadêmicas, mas também em competências ligadas ao dia-a-dia.
atividades comuns do dia-a-dia e aspectos
ligados à organização diária da própria vida.

Crianças enfrentam o despreparo dos - Material que incentive a colaboração e
professores para identificar e lidar com a dislexia integração entre professores, colegas de
e o preconceito dos colegas. classe e crianças com dislexia.

Dificuldades das crianças com dislexia em - Material que auxilie a criança a fazer a
identificar os sons que correspondem às correlação entre som e letras.
letras.

Dificuldades das crianças com dislexia em - Material que auxilie a criança a memorizar
memorizar convenções de tempo, lembrar de números e convenções do tempo. 61
sequências numéricas e dizer as horas.

Maior tendência das crianças com dislexia a - Material dinâmico e que estimule o interesse
desatenção e distração. da criança.

Maior tendência das crianças com dislexia a - Material que estime a organização e
desorganização e incoordenação motora. coordenação motora.

No cérebro de uma pessoa com dislexia - Material exija diferentes movimentos


alguns trajetos neurais específicos visuais, gráficos de modo a estimule trajetos neurais.
por não terem sido usados e estimulados,
não funcionam corretamente para enxergar
determinados estímulos.
Dificuldade das crianças com dislexia em - Material que auxilie na diferenciação de
distinguir esquerda de direita e letras de números. direções, letras e números.

Necessidade de um material didático ou de - Material especialmente desenvolvido


apoio adequado ao aprendizado da criança para crianças com dislexia, levando em
com dislexia e que contribua para minimizar os consideração limitações e necessidades.
efeitos causados pelo distúrbio.

Não existência de materiais gratuitos de apoio a - Material de baixo custo que tenha um alcance
alfabetização de crianças com dislexia. amplo de crianças com dislexia.

Necessidade de libertar a criança com dislexia - Material sem regras complexas e confusas,
de orientações confusas e variadas a que foi de simples entendimento.
62 submetida, fazendo com que ela possa organizar
apenas um sistema.

Integrar métodos e intervenções diferentes ao - Material alternativo e complementar ao


tratamento da dislexia tende a dar resultados ensino em sala de aula.
mais satisfatórios e o disléxico pode superar a
dificuldade de ler e escrever.

A apresentação do material é muito importante - Material graficamente adaptado às


como cabeçalhos destacados, letras claras, maior dificuldades da criança com dislexia, com
uso de diagramas e menor uso de palavras escritas. letras grandes, imagens e textos curtos.
Auxiliar a autoconfiança da criança através - Material que integre o ensino a áreas de
de áreas em que é boa (música, esportes, fácil compreensão para crianças com dislexia
artes, tecnologia). (como música, esportes, artes, tecnologia).

Delinear um programa que estabeleça os - Material passível de ser utilizado dentro de


objetivos e estratégias a serem usados, através um plano de estudos estruturado.
de uma equipe multidisciplinar que deverá
traçar um plano de estudos.

É importante que a criança participe da construção - Material que estimule a criança a usá-lo em
dos seu plano de estudos, que esteja consciente favor do próprio desenvolvimento.
de que o sucesso depende de seu esforço.

Sincronização de tarefas realizadas por pais, - Material passível de ser utilizado de forma 63
educadores e alunos, para que a criança supere integrada, em casa ou em sala de aula.
suas dificuldades e crie prazer pela leitura.

Método fônico consiste na introdução de - Material que utilize os princípios do método


atividades explícitas e sistemáticas de fônico de alfabetização.
consciência fonológica associadas ao ensino das
correspondências entre letras e sons é o mais
recomendado para crianças com dislexia.
Método multissensorial busca combinar diferentes - Material que utilize complementarmente os
modalidades sensoriais no ensino da linguagem princípios do multissensorial de alfabetização.
escrita, como os aspetos auditivos, visuais,
cenestésicos e táteis e pode ser utilizado para auxiliar
o aprendizado de crianças com dislexia.

Método das boquinhas mescla estratégias - Material que utilize complementarmente


fônicas, visuais e articulatórias e também pode os princípios do método das boquinhas de
ser utilizado para auxiliar o aprendizado de alfabetização.
crianças com dislexia.

A criança com dislexia precisa que esteja claro - Material que traga a consciência dos diversos
quais são os usos da escrita, como se organiza usos da escrita à criança.
64 em diversos gêneros e formas.

É importante para o aprendizado da criança - Material que estimule a repetição de


com dislexia repetir os exercícios e treinar a movimentos e exercícios de fixação.
coordenação motora.

É muito interessante o uso de jogos, kits de - Material que estimule o lado lúdico do
materiais e atividades que possam ser criados aprendizado.
a partir de textos e estruturados para favorecer
a reflexão sobre o sistema alfabético, reflexão
fonológica e estratégias de leitura diversas
Design Thinking
Com o objetivo de melhor entender os apectos do projeto foi realizada ainda uma sessão de
Design Thinking. O resultado foi o seguinte:

1 – Persona

65
2 – Mapa de empatia

Fala Pensa

66

Faz Sente
3 – Jornada do Bob

Jornada do Bob

MINDSET

MINDSET
AÇÃO

67

AÇÃO
TOUCHPOINTS

TOUCHPOINTS
Lousa
Livros
Colegas Caderno Colegas Colegas

Professora
4 – Mapa de processo

68
5 – Brainstorming de soluções

69
6 – Agrupamento das soluções semelhantes

1
3

70

2
7 – Priorização das soluções
Benefícios

1 3

71
Viabilidade

Dessa forma, a solução que mais atende os objetivos desse


jogo é a número 3, tanto em benefícios quanto em viabilidade.
O resultado está de acordo com os requisitos de projeto que
já haviam sido traçados mas trouxeram ainda outros insights
principalmente sobre comportamentos que contribuirão para
o projeto.
Normas para brinquedos infantis
A norma ABNT NBR NM300-1:2004 se refere à segurança do brinquedo. Alguns pontos
podem ser aplicados ao projeto, como as que seguem:
“3.4 Reforço: material aderido a uma lâmina de plástico flexível.”(ABNT, 2004, p.05)
“3.6 Rebarba de corte: rugosidade causada pela realização de um corte ou acabamento de
um material não limpo.” (ABNT, 2004, p.05)
“3.16 Rebarba: Excesso de material que escapa entre as partes que se encaixam em um
molde.” (ABNT, 2004, p.07)
“3.23 Projeção perigosa: Saliência que, por causa de seu material ou configuração, ou
ambos,pode representar perigo de perfuração caso a criança pise ou caia sobre o brinquedo.”
(ABNT, 2004, p.07)
72 “3.24 Borda afiada ou canto vivo perigoso: Borda acessível de um brinquedo que apresenta
um risco de ferimento durante o uso normal e abuso razoavelmente previsível.” (ABNT, 2004, p.07)
“3.42 abuso razoavelmente previsível: uso de um brinquedo sob condições ou com fins não
indicados pelo fornecedor, mas que pode ocorrer, induzidos pelo brinquedo e/ou como resultado
do comportamento comum da criança.” (ABNT, 2004, p.10)
“4.8 Projeções: (...) Brinquedos destinados para serem montados e desmontados (...) devem
ter peças individuais e artigos completamente montados, conforme apresentados nos desenhos
da embalagem, instruções ou outros anúncios (..).” (ABNT, 2004, p.19)
“4.10 Filme plástico ou sacos plásticos para embalagem ou brinquedo.” (ABNT, 2004, p.20)
“5.2 Ensaio de partes pequenas” (ABNT, 2004, p.40)
“5.4 Ensaio de bolas para crianças.” (ABNT, 2004, p.41)
“A4 Consideração para segurança na faixa etária.” (ABNT, 2004, p.81)
“A4.3 Brinquedos não apropriados para crianças menores de três anos de idade” (ABNT,
2004, p.82)
“A4.4 Jogos para crianças de 8 anos de idade e maiores.” (ABNT, 2004, p.83)
“A4.4 Brinquedos para crianças maiores de 8 anos inclusive.” (ABNT, 2004, p.83)
“A5 Rotulagem etária descritiva.” (ABNT, 2004, p.84)
“B1 Apresentação.” (ABNT, 2004, p.85)
“B2 rotulagem de advertência.” (ABNT, 2004, p.85)
“B2.3 Símbolo gráfico para advertência de faixa etária imprópria.”(ABNT, 2004, p.86)
“B3.1 Literatura instrutiva – Informações e instruções”(ABNT, 2004, p.90)
“B4 Informação do fabricante”(ABNT, 2004, p.92)

73
Briefing

Público alvo

O jogo é destinado às crianças diagnosticadas com dislexia, com suspeita do distúrbio ou que
começam a apresentar indícios de dificuldades em se relacionar com o alfabeto. Alternativamente,
crianças que não possuem nenhum problema também podem utilizar o jogo, até mesmo em
conjunto com crianças com dislexia para que haja integração.
O início da alfabetização ocorre normalmente entre os seis e sete de anos de idade. Dessa
forma o jogo pode ser utilizado de duas formas diferentes:
1. Preferencialmente por crianças na fase de pré-alfabetização, ou seja, entre quatro e cinco
anos, já que o objetivo do jogo é proporcionar à criança um primeiro contato com o alfabeto e
74 habituá-la com a forma e posição das letras.
2. Alternativamente, pode ser utilizado por crianças que já iniciaram a alfabetização, mas
ainda não estão totalmente familiarizadas com a forma e posição das letras.
Lembrando que deverá ser utilizado também em conjunto com pais e educadores, que
auxiliarão com as regras e orientarão em caso de alguma dificuldade.

Conceito

As principais fases da alfabetização segundo a Revista Crescer (site Fonoterapia) são as seguintes:
1ª fase (pré-silábica) – A escrita é um amontoado de rabiscos, pois a criança não sabe
que as letras representam os sons da fala. Ao perceber isso, começa a criar hipóteses de escrita,
juntando letras e variando-as de posição.
2ª fase (silábica) – Nessa etapa, ela descobre que as sílabas representam os sons da fala, mas ainda
não sabe a combinação correta das letras. É comum escrever uma letra para cada sílaba pronunciada.
3ª fase (silábico-alfabético) – Ela insere novos caracteres na sua escrita, mas parece que
come letras, porque ainda não faz a palavra completa. O próximo passo é escrever palavras que
podem ser lidas e enfrentar as dificuldades da ortografia, como sons iguais de letras diferentes.
Dessa forma, o jogo será totalmente voltado para a primeira etapa da alfabetização e para
fase anterior a ela. Isso porque, segundo a pesquisa realizada, o sucesso do primeiro momento da
alfabetização é fundamental para que as demais também sejam bem sucedidas. O objetivo é preparar
a criança para as fases seguintes através da consolidação do conceito do alfabeto, apreensão perfeita
de cada letra e como são corretamente escritas. Isso porque as crianças com dislexia apresentam
especial dificuldade em organizar as letras e escrevê-las no posicionamento correto.

Insights
75
Durante a apresentação da primeira etapa desse trabalho, um dos componentes da banca
examinadora, me aconselhou a utilizar em meu jogo um modelo que privilegiasse a criança com
dislexia e sua habilidade em fazer combinações e enxergar a palavra espelhada de maneira
extremamente rápida. A figura 2, já apresentada nesse trabalho, retrata exatamente isso e foi usada
como ponto de partida.
Dessa forma, as particularidades do pensamento da criança com dislexia, que antes a tornavam
mais lenta e confusa do que as demais crianças, poderá ser utilizada a favor dela, em um jogo que
privilegia o pensamento rápido e tridimensional. Além disso, o problema comum de espelhamento
das letras, apresentado por crianças com dislexia, poderia ser utilizado em favor de seu aprendizado.

Figura 2 - 27 variações disléxicas para


a palavra GATO
Resultado final

Desenvolvimento da ideia

Considerando o insight descrito como principal guia, além dos requisitos de projeto, o
desenvolvimento da ideia ocorreu a partir da própria imagem usada como referência:

76

Figura 2 - 27 variações disléxicas para


a palavra GATO
A partir dessa imagem foi pensado o espelhamento de uma só letra:

Figura 30 - Espelhamentos da letra F

E a seguir o espelhamento considerando um ângulo: 77

Figura 31 - Espelhamentos em ângulo


Imagens como essa podem ser obtidas através de um caleidoscópio. Dessa forma, um
caleidoscópio pelo qual fosse possível visualizar a letra em diferentes posições de espelhamento
seria o principal componente desse jogo. O jogo ainda é complementado por um tabuleiro em acrílico.

Componentes do jogo e funções

Dessa forma, temos dois componentes principais no jogo:

Caleidoscópio

Figura 32 - Caleidoscópio de Dawid Brewster Caleidoscópio é um “objeto óptico formado por um pequeno tubo de cartão ou de metal, com
pequenos fragmentos de vidro colorido ou miçangas, que, através do reflexo da luz exterior em

78 pequenos espelhos inclinados, apresentam, a cada movimento, combinações variadas e agradáveis


de efeito visual”. O caleidoscópio foi inventado na Inglaterra, em 1817 pelo físico escocês Dawid
Brewster e foi por muito tempo utilizado como brinquedo. Hoje é usado para fornecer padrões de
desenho diferentes.” (Wikipédia)
O caleidoscópio consiste na parte principal do jogo. É a partir dele que a criança poderá
observar as letras de maneira espelhada e combinada com outros elementos coloridos que
conferem um efeito interessante ao produto. Diferentemente dos caleidoscópios convencionais em
que não é possível substituir o conteúdo a ser observado, neste caso é possível inserir diferentes
letras e materiais para serem observados. Alguns caleidoscópios foram utilizados como referência
para a execução desse projeto. O primeiro trata-se de um trabalho realizado como experimentação
para diferentes tipografias. As letras foram inseridas juntas no caleidoscópio, gerando uma
imagem interessante, mas extremamente confusa. Na segunda referência a letra é centralizada
no caleidoscópio, facilitando sua visualização, no entanto, a imagem é estática fazendo com que
Figura 33 - Padrão produzido por um caleidoscópio
mesmo que o usuário gire o objeto a letra não acompanhe o movimento.
Figura 34 - Referência 1
79

Figura 35 - Referência 2
Dessa forma, o projeto deveria consistir em um meio termo entre essas duas referências,
fazendo com que a imagem fosse ao mesmo tempo visualmente interessante e para que fosse
possível observar a letra sem interferência do espelhamento, causando confusão à criança. Para
isso foi criado um compartimento individual para que a letra fosse inserida, dentro do triângulo
formado pelos espelhos. Havia duas possibilidades de inserção desse repartimento.

Opção 1 Opção 2

80

Figura 36 - Opções de compartimento

A opção 1 é mais simples de ser construída por se apóia no encontro do vértice do triângulo
menor com a aresta do maior, resultando em uma estrutura mais forte. No entanto, nessa opção
a letra teria um tamanho muito menor do que na opção 2. Dessa forma, apesar da estrutura mais
frágil e dificuldade de construção, a letra poderia ter um tamanho maior, o que facilita a visualização
pela criança e o torna mais seguro. Dessa forma, a opção 2 foi a escolhida.
Tabuleiro

O tabuleiro é uma peça secundária, mas de extrema importância no jogo. Constituído de


uma caixa acrílica transparente com as letras do alfabeto vazadas na parte superior, complementa
a sequência do brinquedo. Será nesse tabuleiro que a criança desenhará o alfabeto e encaixará as
letras de acrílico. Além disso, há um compartimento onde as letras e números podem ser guardados.

Letras de acrílico

As letras de acrílico tem a função de serem utilizadas em conjunto com o caleidoscópio e com o
tabuleiro. Essas peças foram confeccionadas em cores diferentes para vogais, consoantes e números.
As letras transparentes servem para que a criança possa usá-las para formar palavras e um estágio
mais avançado de alfabetização.
81
Funcionamento geral do jogo

Todas as etapas do jogo tem o objetivo de estimular a criança de diferentes formas de modo
a integrá-la com o alfabeto e desenvolver as competências iniciais necessárias à alfabetização. A
seguir estão listadas as etapas pelas quais a criança irá passar durante o jogo:
1. Montagem do caleidoscópio: o objeto será recebido pela criança desmontado, o
que significa que elas, juntamente com os responsáveis, professores ou colegas, montarão o
caleidoscópio. Isso deve ser feito juntamente com uma pessoa alfabetizada, pois, apesar de uma
montagem muito simples, não é suficiente para que uma criança dessa faixa etária o faça sozinha.
Além disso, os detalhes de montagem constarão por escrito no manual de instruções. Dessa forma,
a criança deve seguir as instruções do adulto, mas poderá realizar a montagem sozinha. O resultado
será um brinquedo montado pela criança.
2. Observação da letra: Após a montagem do caleidoscópio o adulto deve inserir a letra ou
número de acrílico no objeto, assim como as contas coloridas que criarão um efeito interessante.
É importante que o adulto fique atento a não deixar que a criança veja a letra que está sendo
colocada. Após isso a criança deve observar a letra e girar o caleidoscópio para conseguir efeitos
diferentes e observar a rotação e espelhamento da letra.
3. Fixação da letra: A criança deve, então, dizer qual o nome da letra ou número observado
e buscá-lo no tabuleiro. Neste momento o adulto deve auxiliar a criança na descoberta, caso ela
sinta dificuldade. Assim que a criança descobrir a letra deve desenhar com a caneta o traçado do
caractere e depois encaixar a letra no tabuleiro.

82
Ações e habilidades - Mapa conceitual
Como foi dito, cada uma das etapas descritas anteriormente tem o objetivo de exercitar
alguma habilidade relacionada com a aquisição de competências necessárias para a leitura e a
escrita, considerando as particularidades e limitações da criança com dislexia. O quadro a seguir
apresenta de maneira geral o mapa conceitual das habilidades trabalhadas:

Colaboração  
Descoberta  conjunta  
Integração  
Cooperação  

Fixação  das  letras    


Visualização  espelhada  das  letras   Memorização  do  alfabeto  
RepeDção  da  aDvidade  

Exercício  motor     Coordenação  motora   83


Escrita  das  letras  
Manipulação  do  brinquedo  
Es7mulo  dos  trajetos  neurais  
Exercício  da  escrita    
RepeDção  do  desenho  das  letras  
Melhoria  da  leitura  e  escrita  
Consolidação  dos  princípios  básicos    
RepeDção  de  aDvidades  essenciais  
Raciocínio  e  concentração    
Captação  do  interesse  e  es7mulo  lógico  
ADvidades  dinâmicas/  interessantes  
Diferenciação  de  letras  e  números  
Fixação  de  letras  e  números    
Cores  diferenciadas  
Figura 37- Mapa conceitual
A seguir serão listadas mais detalhadamente as habilidades trabalhadas em cada uma das
fases de funcionamento do jogo citadas anteriormente.
1. Montagem do caleidoscópio: Durante a montagem do objeto a criança trabalhará a
cooperação e colaboração com a pessoa que está lhe auxiliando com a montagem, além de criar
um interesse, envolvimento e vínculo emocional maior pelo objeto. Auxiliará também a criança a
exercitar a lógica e interpretar e executar as instruções recebidas. A própria montagem também
irá auxiliar no desenvolvimento da coordenação motora.
2. Observação da letra: A observação auxiliará a criança a se familiarizar com a letra e
entender as diferentes posições e possibilidades de espelhamentos.
3. Fixação da letra: Durante essa etapa a criança estará novamente exercitando a lógica
na tentativa de desvendar de que letra se trata. A familiarização com o formato da letra além do
estímulo dos trajetos neurais ocorrerá sempre que a criança reproduz o traçado. A coordenação
motora é exercitada quando a criança encaixa a peça no tabuleiro. Todas essas atividades fazem
84 com que haja a fixação do desenho correto da letra, após ter sido observada em diferentes posições
e espelhamentos.

Jogo e a dislexia

É importante destacar como esse brinquedo ajuda efetivamente a minimizar os efeitos


causados pela dislexia.
1. Cooperação: a criança com dislexia passa por um processo de exclusão devido às
dificuldades que enfrenta diariamente, principalmente no ambiente escolar. O jogo irá auxiliar
a criança a se integrar durante a montagem do caleidoscópio e na fase de descoberta da letra
observada, que pode ser feita em conjunto
2. Facilidade: o jogo foi pensado de modo que a criança com dislexia tenha vantagem sobre
outras crianças sem distúrbio. Isso ocorre pois a criança com dislexia tem mais facilidade em fazer
a correlação entre a letra e suas diferentes posições e espelhamentos.
3. Simplicidade: apesar de exercitar diferentes competências importantes para o
desenvolvimento da criança, o brinquedo é extremamente simples, não envolvendo regras
complexas que são extremamente difíceis de serem absorvidas pelas crianças com dislexia.
4. Fixação: outro aspecto importante no processo de aprendizado da criança com dislexia
é minimizar os espelhamentos de letra. Essa questão é trabalhada no jogo através da correlação
que a criança faz entre as diferentes posições e espelhamentos que observa no caleidoscópio e a
posição correta do traçado e do encaixe de cada letra. Dessa forma, ela se torna capaz de associar
todas aquelas variações de posição a um desenho único.
5. Concentração: o problema de concentração de crianças com dislexia é muito recorrente.
A partir do momento em que ela observa cada letra de uma forma dinâmica e não estática como
no papel, ela adquire um interesse maior pela forma e pelas suas variações, estimulando a
concentração. Além disso, as imagens formadas também instigam o interesse visual da criança.
6. Memorização: a repetição contínua da atividade fará com que a criança com dislexia
possa fixar os conceitos com mais facilidade. 85
7. Diferenciação: as consoantes, vogais e números foram criados em cores diferentes
para auxiliar a criança com dislexia a fixar as diferenças, já que uma dificuldade recorrente é a de
diferenciar letras e números e combinar vogais com consoantes.
8. Leitura e Escrita: de um modo geral, todas as atividades descritas tem um impacto
positivo na apreensão da leitura e da escrita. É importante destacar também que esse impacto
pode ser sentido por crianças que não tem dislexia e desejam utilizar o jogo.

Nome e Identidade
Nomenclatura

A escolha da nomenclatura envolveu a seleção e combinação de diversas palavras chaves


relacionada ao projeto. O nome “caleidoscópio” deriva das palavras gregas καλός (kalos), “belo,
bonito”, είδος (eidos), “imagem, figura”, e σκοπέω (scopeο), “olhar (para), observar”. Já a palavra
dislexia é formada pelas palavras gregas Δυσλεξία, dis- distúrbio, lexis palavra. Esse conceito
norteou as primeiras opções de nomenclatura como Lexoscopeo, Lexiskalos e Lexiseidos.
Apesar de o significado dessas opções estarem de acordo com a proposta do jogo elas seriam
extremamente complicadas para que uma criança pronunciasse. Dessa forma, um novo conceito
foi abordado. A parte fundamental do caleidoscópio, formada pelos três espelhos, é chamada
Prisma. O uso dessa palavra em Óptica começou em 1612, depois que se descobriu que um cristal
cortado em determinada forma conseguia decompor a luz branca em seus componentes coloridos,
separando as freqüências de onda.
Além de ser parte essencial do objeto e estar alinhada com o funcionamento do jogo, é
também uma palavra interessante e fácil de ser pronunciada. Dessa forma, prisma foi o nome
escolhido para este brinquedo.

Tipografia
86 A configuração das letras e a escolha das tipografias foram baseadas em alguns critérios
muito importantes como:
• Legibilidade.
• Alinhamento com a estratégia da escola.
• Possibilidade de a criança aprender os diversos formatos de cada letra.
Dessa forma, a configuração ficou da seguinte forma:

A Helvetica foi escolhida como a tipografia principal devido ao fato de ter um traçado limpo e
claro, importante para o entendimento da forma. Abaixo das letras principais são colocadas algumas
variações, alinhado com o modelo que é encontrado nas escolas infantis, como nas imagens:

Figuras 38 a 41 - Exemplos de alfabetos utilizados em sala de aula


A segunda tipografia é a Futura. Ela foi escolhida também pela legibilidade e por ela
representar as fontes básicas utilizadas em livros e textos. A terceira, Mamãe que nos faz, é uma
fonte cursiva criada para caligrafia em colégios e educandários. O autor dessa fonte a desenvolveu
para sua mãe, que é professora. Ela representa a caligrafia utilizada dentro das escolas para
alfabetizar as crianças.

87

Figura 42 - Exemplos de uso da letra


cursiva no ensino infantil

Dessa forma, há a conexão entre formas diferentes da mesma letra fazendo com que a
criança associe a forma básica com as suas variantes.
Cores

O padrão de cores escolhido foi baseado em cores vivas e atrativas para as crianças. Além
disso, são cores que, no acrílico, ficam extremamente interessantes. Tanto as letras de acrílico quanto
a identidade e embalagem seguirão esse padrão de cores. A seguir temos a paleta de cores com as
amostras de acrílico:

88

Figura 43 - Correspondência da paleta de cores e amostras de acrílico compradas


Logotipo

O logotipo criado está baseado na letra básica utilizada em escolas. Assim, o nome do produto
foi escrito de forma simples e acessível às crianças. Além disso, está alinhado com a proposta do
trabalho e é semelhante à escrita cursiva aprendida. A escolha foi por ter todas as letras minúsculas
para conferir ainda mais simplicidade e delicadeza.

prisma
Figura 44 - Logotipo

Padrão

Como padrão para a identidade visual foram utilizadas fotos das letras cortadas em acrílico 89
distribuídas de forma aleatória. O objetivo foi criar um padrão que pudesse ser usado como estampa
para os objetos do jogo, criando um padrão visual entre eles. As imagens utilizadas foram as seguintes:

Figura 45 - Identidade usada no tabuleiro


90

Figura 46 - Identidade usada no caleidoscópio


Construção e materiais
Modelos preliminares

O modelo preliminar foi construído com o intuito de testar o mecanismo do caleidoscópio.


Dessa forma, foram montados 3 espelhos comuns formando um triângulo eqüilátero presos por
fita adesiva. Foram usadas acetatos para criar o compartimento onde seriam inseridas as letras e
miçangas. A letra foi criada em EVA.

91

Figuras 47 e 48 - Modelo preliminar do


caleidoscópio
Algumas conclusões importantes e alterações de projeto surgiram a partir da construção do
modelo preliminar:
• A largura dos espelhos teria que ser menor para caberem dentro do tubo de papelão.
• O compartimento onde a letra é inserida precisa ter uma altura de aproximadamente 0,5
cm para que seja visualizada corretamente.
• Seria interessante que a letra fosse produzida em um material translúcido colorido (a peça
em EVA não cria um efeito visual interessante).
• O triângulo menor que impede que a letra atinja as extremidades do espelho precisa ser
feito em um material rígido e transparente.
• É necessário que a tampa seja confeccionada em material opaco, com alguma transparência,
para que o fundo não interfira na imagem.
Foram feitos também alguns modelos preliminares do tabuleiro:

92

Figuras 49 e 50 - Modelos preliminares do tabuleiro


Também foram tiradas algumas conclusões após o teste com esse modelo:
• As letras, antes feitas em minúsculo, deveriam ser maiúsculas, por terem ficado
extremamente pequenas, assimétrica e difíceis de diferenciar.
• Seria necessário ainda usar um acrílico mais grosso para as letras.
• Seria interessante o tabuleiro funcionar como uma caixa para que as peças pudessem ser
guardadas e não fossem perdidas.

Modelo definitivo

O modelo definitivo foi executado considerando o planejamento do projeto e seguindo as


observações feitas no modelo preliminar.
Tabuleiro
Produzido em acrílico cristal 2 mm em formato de caixa. A base vermelha também em 93
acrílico 5 mm. As letras foram vazadas com corte a laser. É constituído de uma placa de acrílico
vazado sobre outra inteira, para que a criança possa desenhar o traçado das letras sobre o acrílico
inferior, com uma caneta apagável. Alternativamente, a criança pode desenhar sobre uma folha de
papel colocada entre as peças de acrílico. Puxando a placa em que a criança desenha para frente,
as letras encaixadas caem dentro da caixa para serem guardadas.

Figura 51 - Modelo final do tabuleiro


94

Figuras 52 a 54 - Render e vista explodida do tabuleiro


95

Figuras 55 a 57 - Renders do tabuleiro


96

Figura 58 a 60 - Modelo final do tabuleiro


97

Figura 61 a 63 - Modelo final do tabuleiro


Caleidoscópio
Produzido utilizando um tubo de papelão de 7,2 cm de diâmetro. Os 3 espelhos foram
colocados dentro do tubo, colados um ao outro com fita adesiva. Os espelhos são feitos em acrílico por
serem mais seguros para as crianças, medindo 6,2 x 18,8 cm e 3 mm de espessura. A primeira tampa,
que separa os espelhos das letras e das miçangas, foi feita em acrílico cristal 2 mm e os triângulos
em acetato foram colados para que as letras não atingissem as extremidades do espelho e criassem
imagens confusas. A seguir são inseridas as letras em acrílico colorido (azul, laranja e vermelho) e as
miçangas. A tampa superior é feita em papelão e acrílico semitransparente branco.

98

Figura 64 - Modelo final do caleidoscópio


99

Figura 65 e 66 - Renders do caleidoscópio


100

Figuras 67 a 69 - Renders do caleidoscópio


101

Figuras 70 a 72 -Fotos do caleidoscópio


102

Figuras 73 a 75 - Imagens da observação do caleidoscópio


Montagem do caleidoscópio

O caleidoscópio virá com as partes separadas para que a criança o monte. Dessa forma, os
componentes são os seguintes:
• 3 espelhos
• Tubo de papelão
• Tampa circular com triângulos em acrílico
• Tampa superior
As etapas de montagem serão descritas no manual de instruções, juntamente com as regras do jogo.

103

Figura 76 - Componentes do caleidoscópio


Embalagem

A embalagem criada procurou explorar a simplicidade e deixar que a exposição do jogo seja
predominante. Dessa forma, foi criada uma base em papel triplex. Na parte de trás da caixa há uma breve
descrição do jogo, de modo a informar o foco do brinquedo. Na parte de dentro da caixa foi colocado um
berço para que o produto ficasse acomodado adequadamente e tivesse uma exposição mais coerente.

104
Figuras 77 e 78 - Base da caixa

A tampa da caixa foi produzida em acetato justamente para deixar o brinquedo à mostra, com
destaque apenas para o nome do jogo, recortada em acrílico azul de acordo com o padrão do brinquedo.

Figura 79 - Tampa da caixa


Imagens do Jogo final

105

Figura 80 - Jogo final


106

Figuras 81 a 83 - Jogo final


107

Figuras 84 a 86 - Jogo final


Desenhos Técnicos
Caleidoscópio

Figura 87 - Desenho técninco do caleidoscópio


Tabuleiro

109

Figura 88 - Desenho técninco do tabuleiro


Planificação da embalagem
Base

110

Figura 89 - Planificação da base


Berço

111

Figura 90 - Planificação do berço


Tampa

112

Figura 91 - Planificação da tampa


Manual de Instruções
O manual de instruções foi criado com o intuito de auxiliar os pais a montarem o brinquedo
e guiarem a criança em seu uso. Além disse, oferece algumas informações básicas sobre dislexia e
um link para que leiam mais a respeito do distúrbio na internet.

113

Figura 92 - Manual de instruções


114

Figura 93 - Manual de instruções


115

Figura 94 - Manual de instruções


Situações de uso

O brinquedo foi testado pelo Felipe, Lucas, Guilherme e pelo Gabriel, com idade entre 6 e 8 anos.
É importante destacar que nenhum deles possui qualquer diagnóstico de dislexia, sendo que
foi apenas testado o mecanismo do jogo e a interação com as crianças. O teste foi extremamente
positivo sendo que as crianças se interessaram especialmente pelo formato e cores do acrílico e
julgaram muito interessante o uso do caleidoscópio. Elas se alternaram nas atividades e brincaram
juntos, não executando as atividades necessariamente na ordem proposta. Ao final do teste elas
julgaram o brinquedo divertido e disseram que usariam na fase de alfabetização (a maioria já
estava quase completamente alfabetizada).
Não foram encontradas crianças com dislexia voluntárias para testar o projeto, no entanto,
os resultados que diferenciariam a experiência de uma criança com dislexia em relação a uma sem o
116 distúrbio só poderiam ser sentidos em meses de uso do produto e não apenas em uma única interação.

Figura 95 - Situações de uso


117

Figuras 96 a 98 - Situações de uso


118

Figuras 99 a 101 - Situações de uso


119

Figuras 102 a 104 - Situações de uso


Análise dos requisitos

A seguir temos a tabela de requisitos, com a classificação em relação ao cumprimento de cada


um deles: vermelho representa “não atendido”, amarelo “atendido parcialmente” e verde “atendido”.

1. Material passível de integrar pais e crianças.

2. Material que forneça informações a respeito do diagnóstico da dislexia.

Material que auxilie a criança na aquisição da escrita e leitura e na memorização do


3.
alfabeto.

4. Material que auxilie a aquisição de competências ligadas ao dia-a-dia.

Material que incentive a colaboração e integração entre professores, colegas de classe e


120 5.
crianças com dislexia.

6. Material que auxilie a criança a fazer a correlação entre som e letras.

7. Material que auxilie a criança a memorizar números e convenções do tempo.

8. Material dinâmico e que estimule o interesse da criança.

9. Material que estime a organização e coordenação motora.

10. Material exija diferentes movimentos gráficos de modo a estimule trajetos neurais.

11. Material que auxilie na diferenciação de direções, letras e números.

Material especialmente desenvolvido para crianças com dislexia, levando em consider-


12.
ação limitações e necessidades.
13. Material de baixo custo que tenha um alcance amplo de crianças com dislexia.

14. Material sem regras complexas e confusas, de simples entendimento.

15. Material alternativo e complementar ao ensino em sala de aula.

Material graficamente adaptado às dificuldades da criança com dislexia, com letras


16.
grandes, imagens e textos curtos.

17. Material que integre o ensino a áreas de fácil compreensão para crianças com dislexia.

18. Material passível de ser utilizado dentro de um plano de estudos estruturado.

19. Material que estimule a criança a usá-lo em favor do próprio desenvolvimento.

20. Material passível de ser utilizado de forma integrada, em casa ou em sala de aula. 121
21. Material que utilize os princípios do método fônico de alfabetização.

Material que utilize complementarmente os princípios do multissensorial de alfabeti-


22.
zação.

23. Material que utilize complementarmente os princípios das boquinhas de alfabetização.

24. Material que traga a consciência dos diversos usos da escrita à criança.

25. Material que estimule a repetição de movimentos e exercícios de fixação.

26. Material que estimule o lado lúdico do aprendizado.


Dessa forma a cobertura dos requisitos gerais é a seguinte:

122
Figuras 10 5 - Gráfico de requisitos

Dessa forma, a maioria dos requisitos foi atendida ou parcialmente atendida, o que indica
que o projeto atingiu seus principais objetivos. Alguns dos requisitos não atendidos não eram
prioritários para o projeto, conforme tabela de requisitos anteriormente apresentada.
Conclusão e considerações finais

Foi um grande desafio projetar um jogo para crianças com dislexia. Primeiramente por que
é difícil entender como o raciocínio dessas crianças funciona e em segundo lugar por não conhecer
nenhuma criança com esse distúrbio. Apesar disso, a pesquisa realizada no primeiro semestre foi
extremamente esclarecedora e me deu embasamento para realizar o projeto.
Outro desafio grande foi o de criar um projeto extremamente simples (pois, além da dislexia,
trata-se de crianças bem novas) e ao mesmo tempo interessante. O ponto de partida, imaginando
como utilizar o pensamento espelhado da criança com dislexia como parte do brinquedo, acabou
sendo o foco do brinquedo e o que o torna bastante interessante para as crianças com esse distúrbio.
Considero que a sequência de atividades pelas quais a criança passa, aliada à repetição da
atividade, torna o brinquedo extremamente eficiente na apreensão da leitura e da escrita. Como foi
dito, cada etapa foi pensada de forma que a criança passe por um ciclo completo desde a conexão até a 123
fixação das letras. No entanto, é difícil estimar qual seria a melhora e como seria a influência exata do
brinquedo no processo de alfabetização. Isso porque, para ter essa informação exata, seria necessário
testar o produto com um grupo amostral significativo de crianças com dislexia (por volta de 10 crianças
no mínimo) e fazer a comparação com outro grupo de crianças alfabetizado sem esse recurso. Como
se trata de um projeto de graduação com duração de um ano apenas esse teste não pôde ser realizado.
Outro ponto importante se refere à norma NM300-1:2004, parágrafo 3.24 que determina
que não podem haver cantos vivos no brinquedo. Essa norma não foi completamente atendida pela
impossibilidade de reproduzi-la no modelo final do tabuleiro com os recursos disponíveis. No entanto,
isso seria executado para o produto produzido em larga escada. Ainda assim, o brinquedo está dentro
das diretrizes observadas na fase de pesquisa e, como visto anteriormente, cumpre a grande maioria dos
requisitos de projeto. Pessoalmente também me sinto extremamente feliz com o resultado do projeto,
especialmente por ter podido contribuir com um material para um grupo de pessoas que frequentemente
não recebe a devida atenção. Trabalhar com educação de crianças é extremamente satisfatório visto que
isso influencia diretamente no futuro da sociedade e portanto, tem um impacto bem significativo.
Anexo I – Entrevistas
As entrevistas a seguir foram transcritas exatamente como os entrevistados a responderam,
preservando erros de português e gírias.

Pessoa com dislexia

Idade:
1. de 15 a 20 anos
2. de 20 a 25 anos
124 3. maior de 25 anos
4. maior de 25 anos
5. de 20 a 25 anos

Como ocorreu o diagnóstico de dislexia? Como você se sentiu nesse momento?


1. O diagnostico veio com uns8/9 anos. (Não lembro dessa epoca kkk )
2. Foi feito por uma neurologista . Pelo menos o que me fazia sofre tinha nome.
3. na faculdade de pedagogia no 4 semestre foi muito difícil.
4. Foi aos 38 anos e mudou a minha vida, para melhor, muito melhot.Foi um divisor de
aguas, me fez ver que eu podia ser feliz.
5. Através da minha professora primária, na altura não sabia muito bem como reagir.
Quem notou pela primeira vez os sintomas?
1. Professor, mãe. Escrevia errado de mais e nao melhorava.
2. Minha mãe
3. meu psiquiatra que estava fazia tratamento para síndrome do pânico
4. Uma professora da faculdade
5. A minha professora.

Quais eram suas principais dificuldades na vida escolar?


1. Prestar atenção na aula (tenho tambem defic de atenção do tipo desatento, como
tambem todos os sintomas tda e sua falta de organização) e escrever errado pq levava
nota baixa por escrever errado.
125
2. Escrever um texto com coesão e uma escrita correta
3. Interpretar um texto
4. Falta de atenção
5. leitura, disgrafia falta de percepção espacial na escrita.
6. Todas, especialmente a compreensão dos textos.
7. Trocava as letras F e V, embora não tivesse dificuldade a ler escrevia com erros. Também
trocava a esquerda e a direita.
Você sentiu algum preconceito de outras pessoas ao seu redor em relação à dislexia?
Por parte de quem?
1. Nao diretamente por saberem q eu tinha dislexia. Fui saber que era quando descobri o
tda q faz nem um ano (antes nem sabia, ou tinha prestado atenção de falarem isso kk).
Mas ao escrever errado muito por alunos, professores, familiares (como tia)
2. Muito preconceito. Pelos colégios e familiares.
3. ainda sinto! na faculdade sofre preconceito e no trabalho não sou levada a serio e na
família sou considerada uma doente mental
4. Sim. Pelos professores, colegas de sala e até a familia.
5. Não

126 Você se lembra da sua fase de alfabetização? Quais foram as suas principais
dificuldades?
1. Não lembro direito. Mas lembro que tentar entender pq das letras com som paresido
tipo s ss z ç. Ou r rr não fazia sentido, não tinha diferença nem uma, e ainda nao vejo
diferença nem uma kk
2. Foi bem complicada além da dislexia e eu tive 4professoras diferentes.
3. ate no terceiro ano eu não lia nem escrevia
4. Memorizar
5. Escrever corretamente.
Seus pais ou responsáveis te auxiliaram na fase da alfabetização, estudando juntos
em casa, por exemplo?
1. Sim, mãe, mas estudar era meio difícil, saia vooando em meus pensamentos o tempo
todo.
2. Na época sim mas na maioria era sozinha e eu vivia com professora particular .
3. não
4. Não.
5. Sim

Quanto tempo demorou para que a alfabetização fosse concluída?


1. O tempo normal, nunca bombei ou repeti o ano, fiz acompanhamento com todo uma
equipe mas nao foi mais de 1 ano.
127
2. 1ano
3. ja adulta com 28 anos
4. Dentro do período normal, mas em escola publica e sempre nivelada pir baixo.
5. o tempo normal, mas com muito esforço.

Quais iniciativas mais ajudaram na fase de alfabetização?


1. Nem um. Mas atualmente aparelhos eletrônicos (tipo o pc) e o cel. Com ele a capa palavra
falando oque estar errado e mostrando quando é a certa estou decorando como escreve
as palavras
2. A fono
3. nossa foram tantas esquemas leitura de voz alta
4. Colar nas provas e assim tirar notas que garantiam passar de ano.
5. Fazer exercícios com palavras que me causavam dificuldade

Você lembra de ter utilizado algum tipo de material especial para alfabetização como
cartilhas, jogos, caixa de palavras ou outros? Quais deles mais o ajudaram?
1. Utilizei, nao lembro de nem um, mas sei q ussei.
2. Não lembro
3. eu ainda estou criando as minhas estrategias o que me ajuda e os recursos tecnológicos
4. Não.

128 5. Não

Você tem alguma dica de como melhorar o aprendizado de outras crianças?


1. Algo q apontasse seu erros e desse a opção de tentar entender o pq dando-lhe a opção com
efeito sonoro, como “apontase” ae falaria essa palavra o som q ela ta escrita e teria a opção
“apontaze” “apontace” apontasse” e escultando ela iria aprendendo e associando o som a
cada um das diferenças (ps: uma trava q fazer ele ter q escutar tudo antes de escolher seria
uma boa pq se nao criança vai apertando uma atras da outra ate achar e ta nem ae kk)
2. Estimular leitura. Não ser um ensino padronizado. Letras maiores na prova. Trabalhar
auto estima. Incluiçao ser diferente é normal
3. sim, professores mais preparados e respeitar o limite das crianças. os recursos
tecnológicos ajudam muito pois nos disléxicos somos muito visual
4. Ouvir/assistir video aula.
5. Não

Pais e responsáveis

Tipo de parentesco com a criança:


1. Mãe 11. Mãe
2. Mãe 12. Mãe
3. Mãe 13. Mãe
4. Pai 14. Pai
5. Mãe 15. Mãe 129
6. Mãe 16. Mãe
7. Mãe 17. Mãe
8. Mãe 18. Mãe
9. Mãe 19. Mãe
10. Mãe

Como ocorreu o diagnóstico de dislexia? Como você se sentiu nesse momento?


1. Foi no 2º ano escolar do meu filho mais velho, no qual ele cursava em escola pública.
Logo que começou o ano escolar a professora me informou da possibilidade e pediu que
o levasse a uma neuropediatra, bastou uma consulta e se confirmou. Como pra mim o
assunto era desconhecido pensei que era o mesmo que paralisia cerebral ou coisa do
tipo, e que ele nunca seria normal, não teria emprego ou nunca gostar de estudar.
2. Foi detectado numa avaliação feita para a hiperatividade e défice de atenção onde foi
diagnosticado disléxia e disgrafia. ia ser uma luta para superar toda a vida
3. Quando ele foi para o primeiro ano no colégio, ele não conseguia acompanhar os outros
alunos
4. Foi um choque, até porque não tinha informações a respeito do assunto, ou seja, era
bem leigo! Mas após o entendimento do que é e como lidar com ela, as coisas foram
amenizando.
5. após quatro anos de repetência no 1ºano do ensino fundamental;passando por vários
profissionais indicados na escola pq o rotularam de uma criança:s/limite;não sabia
regras;desatenta....entre tantos adjetivo até que a psicologa na entrevista inicial comigo
130 olhando o caderno dele já falou o que poderia e ser e encaminho para uma médica
especialista fazer uma avaliação detalhada.
6. Meu filho conhece todas as letras, foi alfabetizado. Mas tem dificuldade em ler e escrever,
com isso se sente inferior aos outros colegas da escola.
7. Não tenho ainda um dagnóstico fechado. Há uma suspeita de Déficit de Linguagem
Expressiva, pelo o que entendi, mais amplo que a Dislexia. Eum comormidade de TDAH
do tipo hiperativo.
8. Bom dia! Sou mãe de 4 filhos, e logo na educação infantil começei a perceber algumas
diferenças e dificuldades do meu filho caçula na escola , já que tinha alguns parâmetros
, pois já havia vivenciado anteriormente esta fase. Logo na sequencia, a professora me
“solicitou” que eu ensinasse o alfabeto, e os meses do ano, pois ela não conseguia fazer
(?). Fiquei chocada com o total despreparo, começei a investigar, e tb retirei meu filho
desta escola. Fono (Ana Alvarez), Neuro (Erasmo B.Casella) começaram o diagnóstico.
Primeiramente, foi diagnosticada o TDAH e PAC, sendo que a Dislexia só poderia ser
confirmada após de tentado 2 anos a alfabetização e tb após os 8 anos, mas ele já
apresentava os traços de maneira contundente. Foi uma fase muito dificil!! Mas tb de
muito aprendizado, pois sou advogada começei a estudar as prerrogativas do meu filho
no contexto escolar, e me interar dos absurdos e segregação que há neste ambiente ,
para os alunos “diferentes”(odeio este termo!) e que necessitam e tem direito de um
atendimento diferenciado , que permita que eles tenham as mesmas oportunidades de
aprendizado. Enfim é uma luta até hoje......tanto que me especializei na área educacional.
9. Descobrir a dislexia na minha filha , na face da alfabetização. Eu não sabia o que fazer ,
sair prucurando ajuda e não tinha .Hoje ainda sofremos com isso , ela tem 16 anos , e esta
no 7 ano , e com muita dificuldades , pq a cada ano , a escola vai passando por cima de
tudo , então praticamente ela foi isolada na escola . Na epoca da alfabetização , em todas
as reuniãos de pais , quando eu perguntava sobre minha filha , a professora sempre me
dizia assim: ENTÃO MÃE , ELA ESTÁ SEMPRE NA MESMA , NÃO TENHO NADA A FALAR 131
DELA . Nisso eu saia da sala chorando ,em ver como as pessoas pensavam a respeito da
dislexia, e eu querendo ajudar minha filha e não sabendo por onde começar e com o
passar do tempo a minha filha foi a adquirindo uma depressão seria , hj está controlada
, mas ainda escuto sempre dela , nossa mãe como posso ser burra assim . Nossa então
até hoje estamos na luta .
10. Ocorreu em Fevereiro de 2013. Na verdade me senti aliviada pois sabia que havia algo
de errado pois meu filho tinha dificuldades que passavam além da minha capacidade
de entender e ajuda-lo até termos o diagnóstico e montar uma estrutura totalmente
diferente para lidar e estudar com ele.
11. Minha filha nao aprendeu a ler e esquecia ate mesmo as vogais. Pensei ter sido a mudança
de escola voltei-a para a anterior e procurei uma psicologa que nos encamingou para
neuropsicologa que nos deu o laudo “dislexia” pra mim foi um choque isso aconteceu
recentemente e ainda nao estou sabendo lidar com a situaçao...
12. na fase da pré alfabetização(pré),me senti insegura com o fato...
13. O diagnóstico foi feito após alguns testes aplicados pela Fonoaudióloga Renata Mousinho
14. Algo que já vínhamos esperando a 2 anos. O caminho e possibilidade eram bem
conhecidos e esperados
15. Foi em 2013. Foi avaliado pela ABD. Me senti aliviada por saber o que o meu filho tinha
e ao mesmo tempo me senti culpada porque fui injusta muitas vezes com ele.
16. Olá sua Daniele! Minha filha passou por vários neuros , mas mesmo medicada não tinha
muita dificuldade e não aprendia . Quando soube o diagnostico eu chorei muito .
17. primeiro pela professora ,depois pela psicopedagoga da escola .Minha reação foi a
pior possível,chorei muito e ainda não consigo me controlar ,quando vejo ele com as
132 dificuldades nas tarefas ,ele ainda esta no 1ºano e não sei como vai ser se ele tera uma
vida normal se vai conseguir aprender ler ,escrever ,ter um trabalho penso tantas coisas
18. Ela apresentou dificuldades durante o processo de alfabetizacao, e após tres anos de
acompanhamento ela fez avaliacao neuropsicologica que indicou dislexia com dislalia e
discalculia.
19. A diretora de uma escola

Quem notou pela primeira vez os sintomas?


1. A professora Ivani que ministrava aula de 2º ano.
2. A professora da pré primária
3. Eu notei antes dele ir para a escola nos jogos educativos que tinha em casa a dificuldade
que ele tinha mas não sabia o que era ainda
4. A diretora da Escola de meu filho
5. eu havia percebido diferença em trabalhos escolares,escrita mas quando conversava
com os professores a respeito diziam que era a “maturidade da criança” e chegava no
final do ano a resposta”...não foi possível a aprovação porque não atingiu os objetivos
propostos,é melhor repetir agora porque irá fortalecer a base que é a alfabetização...”mas
qto a pergunta teria sido a psicóloga.
6. Eu,ensinando dever da escola.
7. Eu (a mãe) que não entendia o porque da dificuldade no processo de alfabetizaćão,
apesar de acompanhamento psiquiatrico, psicoterápico, fonoaudiológico, a escola, o
kumon, meus próprios esforćos em casa.
8.
9. A escola começo a notar uma dificuldade escolar , então comecei a pesquisar e vi que
podria ser deslexia . falei isso a escola , mas eles nem sabiam do que se tratavam esse
133
nome DESLEXIA, e levei ela a um neuro , e depois a um piscologa e fono .. ai entao foi
diagnosticada.
10. Na verdade notava que ele tinha muitas dificuldades com leitura, trocava o I com o L,
o “a” com o “o” ou “e”, o p com do d o g com o q ou f tanto na escrita quanto na leitura,
chorava muito ao fazer o Para Casa e gastava um tempo extremante maior que as outras
crianças, na verdade ele só está em fase de conclusão da alfabetização neste ano, tendo
que refazer o 2º Ano justamente por não saber ler no ano passado.
11. A psicologa
12. eu e a escola
13. Eu (mãe) tinha uma suposição .
14. Minha esposa que o levou a uma psicoterapeuta.
15. Eu
16. A escola
17. eu percebi um ano antes na escola anterior mas como la não tinha ajuda não pude
perceber e também não conhecia a dislexia.
18. professor no jardim II chamou atencao sobre o ritmo de aprendizado dela, mas que era
normal que cada crianca tinha o seu tempo.
19. A fonoaudiologal

Quais são ou foram as principais dificuldades da criança em sua vida escolar?


1. Ele estava sempre atrás nos estudos e era bastante imaturo no comportamento,
chegando a chorar muitas vezes. Os professores não queriam entender suas dificuldades,
134 e achavam que ministrar deveres diferentes ou provas diferentes seria discriminação.
2. Tem dificuldades a nível de organização escolar e a dificuldades na aprendizagem por
causa de não compreender o que está escrito
3. A leitura até hoje ele tem muita dificuldade hoje ele tem 14 anos eu não morro no Brasil
fazem 8 anos já morramos na Alemanha, África do Sul e agora estamos morando na
Malásia, acho que isso também ajudou para dificultar mais ainda o aprendizado dele
4. Leitura e Interpretação de texto!
5. o fato de não conseguir entender as letras,palavras que as demais crianças já sabiam,o
baixo desempenho escolar,não conseguir ler;o fato de estar crescendo,os colegas
passando de série e continuar na mesma sem entender.
6. Leitura e juntar famílias.
7. Ele não se sente desafiado com o aprendizado, prefere abandonar se acha que não vai
fazer perfeitamente. Especificamente, está num processo formal de alfabetizaćão há 3
anos e avanća muito lentamente.
8. Foram muitas: Como relatei post anterior, memorizar alfabeto, sequencia de números,
meses, dias da semana, temporalidade (almoço e jantar), ontem/ hoje/ anteontem/
amanha. Trocas de letras P/B/D ; escrita em letra cursiva ( que não acontece até hoje!);
na leitura “come” palavras ( hj ele no 6º ano tem uma leitura equivalente ao aluno do 3º
ano); vocabulário “pobre”;
9. As principais dificuldades dela , foi no aprendizado , na escrita , na leitura e de absolver
o que se foi dito , e a fala também sendo trocada as letras ou engolidas .
10. Até hoje enfrento dificuldades morei em BH um tempo e quanto fui buscar os materiais
escolares no final do ano letivo (em 2012) ele havia feito o 2º e a professora me disse
que eu teria que alfabetiza-lo nas férias ja que isso não ocorreu durante todo o ano letivo
em escola particular, ele sempre vinha com matérias incompletas, e no ano passado que 135
voltei para Piumhi ele refez o 2º mas infelizmente com uma professora muito rígida e que
parecia não entender muito sobre a dislexia e suas dificuldades, na verdade creio que a
escola toda ainda precisa aprender muito, aqui também está em uma escola particular,
no ano passado cheguei frequentar várias reuniões para entrarmos em um consenso
que fosse melhor para o Henrique, mas infelizmente cheguei a ouvir da professora dele
que a escola era “inclusiva” e não especial e isso me magoou profundadamente, pois
acho que se as escolas tivessem a preparação de uma escola especial ai sim estaríamos
no caminho certo para uma educação de qualidade. Até hoje ele copia com erros, trocas,
na prova que não é feita oral ainda tem muitos erros, sem contar matérias incompletas
que tenho que correr atrás sempre, em semana de provas monto provinhas com ele
para fazermos um estudo mais dirigido e ele não tenha tantas dificuldades nas provas,
e percebo que ele sabe muitas coisas se fosse lhe perguntando e transcrito nas provas
com certeza ele se sairia muito bem, mas este ano a professora é recém formada o que
deve ajudar bastante pois o termo dislexia está mais no contexto da faculdade e tenho
mais facilidade de lidar com ela tanto para pedir ajuda quanto para oferecer. Além da
dislexia o meu filho tem também DPAC (desordem do processamento auditivo central)
cujos sintomas são um pouco parecidos com a dislexia e as dificuldades também
11. Esquecimento
12. organização do conteúdo no caderno,apresentação dos projetos elaboradose concetração
no momento da elaboração do exercicío..mas consegue realizar seus exercicíos desde
que n envolva textos muito longos...
13. inicialmente: dificuldade de se expressar desde bem cedo; dificuldade no processo de
alfabetização muitos erros de ortografia, que persistem até hoje com 12 anos (quase
13) total desorganização nos cadernos, letra praticamente ilegível dificuldade de
organização de tempos e tarefas, etc Até hoje a leitura ainda não é fluente. Não respeita
136 a pontuação, não dá ênfase, etc
14. Meu filho esta em alfabetização e as dificuldades vão desde a dificuldade em manter a
atenção ao reconhecimento de letras e regras.
15. Falta de memória, Não compreendia o que lia. Falta de organização
16. Não conseguia ser alfabetizada , e a auto estima caiu com isso.
17. ele não consegue gravar,o som das silabas traca muito as silabas assim como escreve
trocado as silabas, escreve as palavras ao contrario e é muito disperso, no mundo da lua.
18. No primeiro ano ela foi marginalizada em sala pela professora, o que causou alguns
traumas que foram resolvidos com transferencia para uma escola menor com politica
inclusiva. Atualmente está com muita dificaldade com os problemas matemáticos,
mesmo com o apoio da professora.
19. Leitura
Você sentiu algum preconceito de outras pessoas ao seu redor em relação à dislexia?
Por parte de quem?
1. Pelos meus pais, pelos pais de outros alunos. A palavra dislexia soava com doença
contagiosa ou deficiência.
2. Por colegas de turma
3. Somente na Alemanha, na África do Sul ele estudava numa escola que era somente para
crianças com dislexia e agora aqui na Malásia estamos no processo de conseguir uma
escola para ele mas aqui não existe escola somente para dislexia então ele vai estudar
em escolas normais e ter suportes extras teachers
4. ainda não senti, e me filho ainda não comentou nada sobre o assunto.
5. sim.Por incrível que pareça dos próprios professores;que talvez por desconhecerem,não
saberem como trabalhar com uma criança disléxica tinham uma certa rejeição em ter na
sala de aula.
137
6. Sim.. de todos,desde parentes até na escola.
7. Os professores da 1a escola não consguiam entender porque um menino tão inteligente
não desempenhava no mesmo nível da turma, dado que seguia lá desde a creche (ou
seja foi estimulado por eles, dentro da coerencia do processo deles). Os professores
da escola atua parecem achar que houve falhas no processo anterior que está sendo
superado (apesar dos pais indicarem que o processo não é continuo, é em degraus e a
evolućão encontra limites de tempos em tempos, dificies e demorados de transpor.
8. Muiiiiiiiiiito !!! A mior é por parte das instituições de ensino, que ignoram, fecham os
olhos, discriminam e NÃO possuem nenhum preparo para recebe-los. Fingem que são
inclusivas, mentem que tem profissionais capacitados. Os amigos não o discriminam,
até porque meu filho e os disléxicos em geral são MUITO criativos, e isso cativa muito
outras crianças, ajudando/contribuindo na socialização.
9. Percebi sim , pelas algumas professoras , por uma em especial que até me disse que ela
nunca iria aprender a ler e a escrever . e por alguns amigos da escola , achando que o
problema dela seria mental.
10. Sim senti por parte da escola do professora do ano passado, por algumas pessoas da
cidade já que aqui não tinha atendimento com fonoaudióloga e terapeuta ocupacional
pelo SUS a não ser na APAE a qual ele frequentou no ano passado, então ouvi coisas
absurdas que APAE é só para gente débil mental, que APAE não deveria existir, que era uma
absurdo eu aceitar que ele tivesse o tratamento pelo APAE que ele ficaria igual as outras
crianças, mas devo dizer que a APAE teve um papel fundamental no desenvolvimento
do meu filho no ano passado e aprendi muito também com as maravilhosas crianças
que lá frequentam são amorosas, educadas, receptivas, amigas, ajudam uns aos outros,
enfrentam a vida com um maravilhoso sorriso no rosto e não desfazem de ninguém,
138 pelo contrário nos fazem crer que podemos superar as dificuldades que surgem pois
eles mesmo enfrentam sem esmorecer de cabeça erguida.
11. Ainda nao contei a ninguem apenas as funcionarias da escola ja sabem
12. sim,das pessoas q n entendem e acham que a ele não tem vontade de realizar sozinho o
projeto...
13. Por parte de colegas de classe
14. Preconceito vem de todos os lados e por isto buscar um forte apoio e amparo é
fundamental. Nosso maior desafio é mostrar para nosso filho que ele é diferente, apenas
isto. Nem melhor, nem pior, apenas diferente e que requer cuidados especiais para
algumas situações.
15. Nunca senti. Mas sinto resistência por parte dos professores.
16. sim ! Família por não aceitar o problema , e colegas de classe tiram sarro ate hoje .
17. ainda não ,graças a deus
18. nao.
19. Outros alunos

Houve dificuldades na fase de alfabetização? Quais?


1. Durante o primeiro ano escolar não sabiamos o que era dislexia e ele foi taxado de
preguiçoso, mimado pelos professores e a diretora disse que chegou a dar bala para ele,
porém nem assim ele aprendia. No segundo ano após a descoberta da dislexia houve
muita dificuldade, pois não tive auxilio da escola para entender o que era dislexia e nem
por parte dos profissionais que o atendiam. A internet foi uma aliada para entender e
achar um método de alfabetizá-lo visto que para a escola esse período já havia passado. 139
2. Sim na compreensão dos sons
3. Sim, muitas
4. nao
5. Sim,até hoje tem(está com 16anos,foi diagnósticado aos 9 para 10 anos de idade).A
troca de letras,a escrita fonológica.
6. Sim..muitas
7. Sim, ele não acomnaha o ritmo da classe. Prefere soletrar do que compreender os
fonemas e a formaćão das palavras e frases. Troca vários fonemas e parece “esquecer” o
som lido instantes após, sendo incapaz de repetir a mesma palavra com mais facilidade
na frase ou página seguinte.
8. Muitas, como já descrevi acima, portanto não repetirei para não ser retundante.
9. Sim . não conseguia identifica as letras , fazia trocas , não associava as letras .
10. Até hoje enfrentamos dificuldades, tanto que ele refez o segundo ano e também na falta
de tratamento adequado pela cidade não possuir T.O pelo SUS, já que a fonoaudióloga
este ano consegui mas é somente uma vez por semana com 0:30 mim, na escola também
pois não tem professora apoio e o tempo que a criança disléxica demora para ler,
interpretar e responder é bem maior, ai ocorre de respostas erradas ou incompletas ou
até dificuldade de responder, ler. Tem muitas palavras que ele ainda não consegue ler.
Um outro ponto que acho que deveria ser mudado é a questão da escrita, hoje somente
fazem um tracinho embaixo da palavra errada por vezes passando despercebida pelo
aluno, se o fizessem ver o erro e copiar a palavra pelo menos umas cinco vezes creio que
os erros seriam menos frequentes. Estão correndo muito com a matéria passam uma
vez e querem que a criança entenda o que não é fácil para uma que não tem dificuldades
imagine para quem tem, sempre tenho que rever com ele em casa, a alguns anos atrás
140 estudávamos a matéria pelo menos uma semana para fixarmos e ai sim passarmos
adiante. Acho que as dificuldades seriam a falta de uma auxílio maior na escola, com um
tempo maior uma professora para dar uma apoio e ajuda-lo a entender o que está lendo,
provas orais, exercícios complementares um maior tempo para que as tarefas possam
ser executadas.
11. Todas
12. sim precisou de um acompanhamento da fonodióloga e auxiliar particular em casa,até a
segunda série precisou de apoio...
13. Sim. O processo de alfabetização foi muito mais demorado.
14. Estamos vivendo isto atualmente, principalmente quando se compara com a Irmã (que
é mais nova, 5 anos) e tem um perfil exatamente contrário. Já está alfabetizada...
15. Eu não percebi.
16. sim , fase inicial , e ate hoje tem ela esta no sexto ano , mais bem defasada .
17. está havendo,falta de tempo para dedica-lo,a professora tabem parece não se enteressar
em ajuda-lo em especial.
18. sim, a Yasmin além de dislexia tem dislalia, omite e troca fonemas também na fala.
19. Ainda alfabetizando c 10 anos

Você conseguiu/ consegue acompanhar a alfabetização da criança, estudando em


casa juntos, por exemplo?
1. Após estudar por três meses o que é dislexia e encontrar o Método das Boquinhas da
Dra. Renata Jardini, eu passei a ministrar as aulas de alfabetização em casa sendo uma
hora por dia.
2. Sim 141
3. Não muito porque ele foi alfabetizado na Alemanha como eu já havia comentado
4. sim, meu filho precisa de acompanhamento em epoca de provas, mas hoje ele com 13
anos ja se vira bem sozinho
5. Tenho tentado até mesmo por ter formação como alfabetizadora e professora
universitária,larguei o emprego para auxilia-lo mas como há um ditado popular que é
bem certo “santo de casa não faz milagre..” é necessário o auxilio de outros colegas.
6. Não.. achava que era preguiça por parte dele. Só vim entender depois que resolvi fazer
faculdade de psicologia.. No momento estou cursando.
7. Sim. Fazemos um esforćo contíuno. Por bastante tempo, eu mesma tentei suprir as falhas
/ dificuldades, através de métodos diversos (brinquedos, livros, cartilha). Hoje diminui
a pressão e deixei o trabalho de acompanhamento nas mãos da pscipedagoga e da fono.
8. Sim, e fiquei muito antenta. Confesso que é um aprendizado para mim, pois mesmo ele já
estando no sexto ano, tenho que sentar ler com ele e ajudá-lo na interpretação de textos;
produção de textos; montagem de operações matemáticas; demonstrar o concreto em
geometria.....etc E isso eu não vivenciei, pois nesta série/idade meus outros filhos já
possuiam autonomia.
9. Não conseguir não e ainda não consigo muito ... eu digo ainda por que considero que ela
ainda precisar se alfabetizada pelos erros que tem .. então recorro a ajuda de profissional.
10. Sim consigo é o que tenho feito, ele lê um texto ou livro e depois leio para ele para que
possa entender, ele lê as perguntas me fala a resposta eu escrevo em uma folha avulso
e ele copia no caderno apropriado, em época de testes ou provas, busco atividades
na internet e monto algumas para estudarmos e facilitar a compreensão no dia das
avaliações.

142 11. Sim acompanho sempre estou cursando pedagogia


12. sim ,foi o método praticado por mim a ajuda-lo em casa diariamente
13. Muito estudo desde sempre
14. Sim. Com muita paciência e reconhecendo cada conquista e vitória. Respeitar o tempo
dele e a forma que melhor se adapta é fundamental.
15. Estudo com ele.
16. sim
17. estou fazendo o possível
18. Sim, sou professora e isso me facilitou um pouco.
19. Sim
Quanto tempo demorou para que a alfabetização fosse concluída ou há quanto tempo
está ocorrendo?
1. Durante três meses ao final desse período ele estava lendo palavras simples e ao final
de seis meses estava alfabetizado. Ainda hoje mantenho a rotina de uma hora por dia
leitura, e reforço escolar. Ele tem dislexia e dislalia porém nunca fez uma consulta de
fonoaudiólogo. Além da alfabetização fui elogiada pelo desenvolvimento na fala pela
professora e neuro. (Ele começou aos 7 e hoje tem 10 anos).
2. ainda está a decorrer a 6 anos
3. Ele tem 14 anos e ainda não lê fluente
4. A fase pior foi a partir do 6 ano!
5. Em vejo que esteja em processo de construção embora esteja bem mais evoluído,a partir do
momento que passou a procurar entender ler os mangás que gosta muito ,porque dependia
da disponibilidade de alguém ler e para não depender passou a ouvir e ler os quadrinhos.
143
6. Muito tempo..ele tem 11 anos, a dificuldade dele é muito grande .
7. Ele está há 3 anos num processo formal de alfabetizaćão. Na 1a escola, a turma
praticamente toda estava ortografica ao entrar no 1o ano (ou seja foram alfabetizados
no Ensino Infantil ainda). Mudamos de cidade e escola no meio do 1o ano e atualmente
cursa novamente o 1o ano.
8. A alfabetização iniciou-se no antigo pré, e terminou ao final do atual 2º ano. Mas a leitura
ainda era muiiito ruim nesta série! Podemos usar um termo popular, dizendo que ele ao
final do 2º ano ele ainda “catava milho” ao ler.
9. Posso dizer que ela demorou 2 anos a mais que outras crianças para ser alfabetizada,
(para começar a ler e escrever com dificuldades ) E hoje com 16 anos , ainda existe
muito erros na escrita e um pouco na leitura.
10. Meu filho entrou na escola com 4 anos (fez duas vezes o primeiro período) e também (duas
vezes o segundo ano) fará 10 anos em junho e ainda não posso dizer que está alfabetizado
completamente pois ainda tem algumas dificuldades em leitura ou seja praticamente a
6 anos estamos tentando, mas como só foi descoberto o ano passado a dislexia e o DPAC
posso dizer que em termos tem um ano que ele está neste processo e a 6 no total.
11. Ela fez primeiro ano em 2013 e esta fazendo de novo este ano
12. desde o principio da vida escolar até o terceiro ano...
13. Cerca de 15 meses
14. Está em plena alfabetização.
15. O tempo normal
16. Desde o diagnostico ate agora são 5 anos
144 17. ha 6 meses estou na luta para tentar alfabetiza-lo
18. Ela le razoavelmente em voz alta, mas escreve com dificuldade. Acho que o processo
demourou dois anos.
19. 3 anos

Quais iniciativas mais ajudaram ou tem ajudado a criança na fase de alfabetização?


1. Eu trabalho com método fônico o que se mostrou eficaz nos estudos, porém concilio
com material lúdico e um vasto material de leitura como gibis, livros, revistas, etc., O
mais importante é a rotina diária, os incentivos e com certeza o amor. Cheguei a montar
um laboratório, ou seja, um curso de alfabetização para 5 a 10 crianças com faixa entre
.6 a 15 anos para auxiliar ele a entender como se comportar em sala de aula.
2. Apoio escolar e em casa
3. As professoras extras
4. O conhecimento da escola sobre o diagnostico através do laudo, e os procedimentos
adotados após. por exemplo, ele faz reavaliação oral da prova e isto tem ajudado muito.
5. não recordo porque o início foi muito traumatizante porque só ouvia não...”não sei
trabalhar com crianças disléxicas...;se ficar comigo terei que aprender junto com ele...”e
assim por diante acretido que fomos construindo juntos quando vimos já havíamos
saltado do zero para o 4,pode parecer pouco mas é muito no nosso caso.
6. O alfabeto da Xuxa, com músicas..
7. Atenćão individualizada em casa, como complemento a escola (uma facilitadora dando
atenćão na escola criou uma dependência que reforćou a inseguranća).
8. Fono foi imprescindível!! aulas particulares também, e eu o levava ao mercado pedia
auxilio para procurar as coisa estimulando a leitura. Assim como quando saíamos de
carro, eu pedia auxílio para ler placas .
145
9. Eu tentava associar as letras com um animal , ou com algo q ela gostava .
10. A APAE, a fonoaudiólogo particular, vários estudos e exercícios dirigidos em casa. A busca
por antedimentos que possa auxiliá-lo, o entendimento e apoio da família, a volta para
como ele diz a cidade natal que não tem todos os recursos mas ele se sente protegido e
amado por estar perto da família, onde não chamam o de burro na escola, uma conversa
franca e esclarecedora com a escola (que ainda não está como deveria ser para ajuda-lo
ainda mais no desenvolvimento) mas estamos a caminho.
11. Volta-la para o peimeiro ano sinto que isso a ajudou pois diminuiu aanciedade que ela
estava sentindo por nao acompanhar os colegas do segundo ano
12. estudando tentando trazer ao estudo diário bastante material de pesquisa,filmes,livros,
internet(aula),até ter certeza do real conhecimento dele sobre o assunto..
13. apoio escolar, ajuda em casa
14. Todas, desde esportes, música, tarapias com especialistas, fonoaudióloga e outros
profissionais envolvidos. Também a integração entre os diversos profissionais tem sido
de grande valor.
15. Como disse não percebi alteração na sua fase de alfabetização. Meu filho tem 13 anos.
Notei algo diferente quando ele tinha 8 anos. Ia sempre no colegio para perguntar se
eles notavam alguma coisa diferente.Mas eles sempre diziam que estava tudo bem. Ele
tinha notas boas, mas eu tinha nitidamente a impressão que os professores ajudavam
o meu filho por ele ser dócil, quieto, obediente e amoroso. Mudou de colegio e percebi
que eu tinha razão.
16. eu estudar com ela , as vezes leio os textos para ela , levo a fono e a psicologa .
17. a da psicopedagoga,na escola dele
146 18. A Yasmin alfabetizada pelo metodo fonetico no consultorio da fonoaudióloga.
19. A participacao da familia, a fonoaudiologa e a boa vontade das professoras e diretora da
escola q ele estua

A criança utiliza ou utilizou algum tipo de material especial para alfabetização como
cartilhas, jogos, caixa de palavras ou outros? Quais deles mais ajudaram a criança?
1. Todo material do Método da Boquinha da Dra. Renata Jardini, lousa, vídeos, música,
jogos de carta, dominó, massinha, tudo que estava disponível e que pude imprimir da
internet.
2. Jogos com letras e animais para fazer a diferença
3. Sim com so professors
4. nao
5. nenhum
6. Acho todos importante, mas nunca utilizei.
7. As ferramentas tem que ser diversas, pois a continuidade do uso de uma das estratégias
costuma não existir. Ou seja, em todas as estratégias usada há uma evolućão por um
tempo e depois gera uma reaćão negativa. Usei jogos, livros, kumon, cartilha, atividades
extras. A psicopedagoga hoje trabalha com atividades construidas em conjunto com ele
para conseguir motiva-lo continuamente.
8. A fono utilizava alguns programas no computador, mas não sei informar quais.
9. Ela usou somente junto ao profissional na época .
10. Sim jogos pedagógicos no computador, ou de mão mesmo, muitos desenhos com letras
e palavras já que os desenhos ajuda o a fixar melhor, vídeos, filmes, avaliações montadas 147
especificamente, livrinhos com leituras curtas bem ilustrados e coloridos, além do
óculos com overlay.
11. Sim usamos a professora e eu diversos recursos mas nao sinto que algum a tenha ajudado
12. sim,sempre
13. Só na sala de aula, Os mesmo usados para todos os alunos.
14. Estamos tentando implementar, mas ainda sem resultados efetivos.
15. _______
16. O que ajudou muito foi uma cartilha adotada pela escola municipal Parigout de Souza
em Campo Mourão -pr , Esta cartilha tem um método de ensino mais antigo EX: ba , be ,
bi ,bo , bu , bão aliado a cartilha do estado , e a professora me chamou para conversar , ai
falei para ela , e ela passou a trabalhar diferente com ela foi o que mais ajudou .
17. sim,alfabeto em madeira ,formando palavras
18. As cartilhas tradicionais, aquelas antigas com B, A, BA. E todo material com método
similar.
19. Uma cartilha especial elaborada pela fonoaudiologa

Você tem alguma dica de como melhorar o aprendizado de outras crianças?


1. Creio que deveria ser informado aos pais que eles devem auxiliar a alfabetização em casa
ou contratar uma profissional que utilize o método fônico, pois este método é realmente
eficiente pude comprovar isso na prática não só com meus filhos.
2. Muita paciência
3. Nao
148 4. a principio, ele senta na 1 fileira, e tem uma atenção especial dos professores nas aulas,
ou seja, o ideal seria o professor estar muito mais ligado nele do que ele na aula, para
ter a certeza de que ele compreendeu o assunto. o que ajuda muito é a reavaliação oral
da prova!
5. creio que jogos de memória;mais livros e atividades digitais que possam ser lido os
enunciados para interpretarem a atividade
6. Saber enxergá-lo da forma que ela é e mostrar que ela tem valor, capacidade e ajudar a
superá-lá porque a tristeza e até mesmo a inferioridade enraíza dentro deles achando o
pior de todos.
7. A disponibilizaćão de recursos para as mães é muito limitado. Cursos e livros em geral
são voltados para os profissionais e não para famílias leigas, que apesar d eleigas são as
que “integram” os diversos recursos e tomam as decisões mais dificeis nesse processo.
8. Bom, acho que já descrivi alguns pontos que auxiliaram meu filho. mas o que eu penso
ser primordial é a conduta dos pais perante a instituição de ensino Pois eles devem
exigir o atendimento ao qual seus filhos tem o DIREITO. Educação é direito fundamental,
garantido nacional e internacionalmente. As escolas já tiveram tempo para se preparar,
mas se acomodaram em uma zona de conforto, já que os pais tem receio em cobrar e
seus filhos sofrerem represálias, e por isso não fazem. Este medo precisa acabar, pois só
desta forma a inclusão começará acontecer e se tornar uma realidade. Se precisar estou
a disposição para mais informações, meu e-mail é simonilopes@hotmail.com Espero ter
ajudado, ..........abraços
9.
10. Sim, mudar a maneira de se estudar tem que ser por vídeos, ou com algumas brincadeiras
que possam ser inseridas os estudos, através de avaliações especificamente montadas
de acordo com o tema do estudo que tenham menos textos e mais desenhos relacionados
que os ajudem a lembrar sobre determinado assunto, reler o livro ou texto para uma
149
criança, transcrever para que ela copie a sua própria resposta. E não pressionar demais
pois ai não conseguem absorver e aprender nada.
11. Nao eu gostaria de receber dicas para poder ajudar minha filha
12. paciencia,companherismo da família,e material de apoio em casa,usei muitas
peças de madeira matemática (geometria)mapas e o globo para faze-lo situar-se
melhor,dicionários com letras maiores,figuras da matéria estudadas(livros).
13. Leitura em voz alta.
14. Entendendo o processo deles e mais importante de tudo: reconhecendo cada passo e
vitórias, no tempo dele. Adicionalmente, fazendo com que ele se sinta bem nos diversos
ambientes e preconceitos que seguramente sofre e irá sofrer. Como disse antes, diferente,
nem melhor nem pior. Somente diferente.
15.
16. E u gostei do método da escola , A professora não tentou mudar minha filha nem
,meu filho ela que mudou . Obs : meu filho tem seis anos e ja esta lendo algumas
palavras .
17. talves mas dedicação a um grupo especial de dislexos.
18. O método de alfabetização considerado moderno e incentivado pelo governo, através
dos livros aprovados no PNLD, sao extremamente exclusivos. Todas as criancas
que conheço só conseguiram ser alfabetizadas pelo método tradicional, seja no
consultório de uma fonoaudióloga ou psicopedagoga ou ainda em salinhas de aula
de reforço.
19. Ainda estou a aprender sobre a dislexia no dia a dia c meu filho. Apoio familiar , paciencia.
Essas sao as palavras .

150
Educadores

Cargo
1. Psicopedagogo

Você já se deparou com uma criança com dislexia em sua sala de aula?
1. Sim, crianças com laudo de dislexia, apresentando comorbidade:TDAH(impulsivo),dis
grafia.Apresenta diiculdades acentuadas em toda parte leitora/interpretação e escrita.
Baixa auto estima
Como ocorreu o diagnóstico de dislexia nessa criança?
1. A escola identificou dificuldades acentuadas pela disgrafia, encaminhado ao psicopedagogo
que após a avaliação já orienta o acompanhamento mulltidisciplinar(neuropediatra/
fono/psicólogo), foi na verdade um diagnóstico multidisciplinar.

Quais foram as principais dificuldades dessa criança na vida escolar?


1. Apresenta muitas dificuldades, tem aprendizagem fragmentada, tendo em vista que as
comorbidades desorganizam completamente. Não consegue organizar suas coisas de
forma a facilitar sua vida; sua letra era ilegível a ponto dele próprio não ientificar o que
leu; Não consegue fazer as atividades obedecendo a uma ordem/rotina; é uma criança
stressada e com auto estima comprometida;

Você sentiu algum preconceito de outras pessoas ao seu redor em relação à dislexia?
151
Por parte de quem?
1. Sim, em todos os níveis(pais/colegas/professores, etc) rotulavam sempre de desleixado
e preguiçoso

Houveram dificuldades na fase de alfabetização? Quais?


1. Muitas, adaptação as formas de avaliar, rotinas de estudo, adaptação em sala de aula.

Os pais ou responsáveis auxiliaram na fase da alfabetização, estudando em casa


juntos, por exemplo?
1. Muito pouco
Quanto tempo demorou para que a alfabetização fosse concluída ou há quanto tempo
está ocorrendo?
1. hoje ele está no 6º ano e ainda encontra-se no processo, pois não há um envolvimento
muito bom por parte dos pais.

Quais iniciativas mais ajudaram ou tem ajudado a criança na fase de alfabetização?


1. A escola posicionar-se em relação a avaliação e estabelecer rotinas para o mesmo

A criança utiliza ou utilizou algum tipo de material especial para alfabetização como
cartilhas, jogos, caixa de palavras ou outros? Quais deles mais ajudaram a criança?
1. leitoril/plantar/óculos de prisma/jogos diversos

152
Você tem alguma dica de como melhorar o aprendizado de outras crianças?
1. material concreto, muito visual.
Bibliografia
ALBUQUERQUE, E.B.C; FERREIRA, A.T.B.F. & MORAIS, A.G. As práticas cotidianas de alfabetização:
o que fazem as professoras? Anais da 28ª. Reunião Anual da ANPED. Disponível em <www.anped.
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ARAUJO, L. C. de; ARAPIRACA, M. de A. GT 10: Letramento em múltiplas dimensões. Jogos e
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ARAUJO, L. C. Jogos e materiais para alfabetização. Oficinas de Alfabetização, 2013. Disponível 153
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em 30 de setembro de 2014.

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