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José Américo dos Albuquerques Maranhão Sobrinho, segundo se pode ler na

Antologia da Academia Maranhense de Letras e na certidão de nascimento. Nasceu em


Barra do Corda/Ma, na rua do Tamboril, hoje nomeada rua Luís Domingues, no dia 20
de dezembro de 1879, segundo sua certidão de batismo. Filho dos cearenses: Vicente de
Abuquerque Maranhão Filho e dona Joaquina Olímpio de Almeida.

Conta-se que quando criança era irrequieto, brincalhão e levado mesmo na


breca, no dizer dos seus contemporâneos. Frequentou irregularmente os primeiros
estudos no conceituado colégio do Dr. Isaac Martins. Seu professor, Raimundo Nonato
de Miranda, tinha uma irmã chamada Honorina de Miranda, com quem Maranhão
Sobrinho teve um envolvimento amoroso.

Aos 18 anos Maranhão sobrinho começou a escrever seus primeiros poemas, na


cidade em que morava. Em 15 de agosto de 1889, com o auxílio paterno, embarcou para
São Luís com o objetivo de estudar.

No dia 28 de julho de 1900, funda, com outros amigos, a “Oficina dos novos”,
na qual foi titular da cadeira n° 7 e matriculou-se com o nome de José Maranhão
Sobrinho, na antiga Escola Normal, em 1901. Tendo para isso obtido uma ajuda de uma
pequena bolsa de estudo, naquele tempo denominado pensão.

Por motivo de se haver indisposto com alguns professores, abandona o curso e


dedica-se exclusivamente à produção poética. Em seguida, sem emprego, aos poucos
vai se entregando à vida boêmia e desregrada, escrevendo seus versos em bares, nas
mesas de botequim ou qualquer ambiente em que predominasse álcool, papel e tinta.

Em 1903, o poeta recebe o convite de Raimundo Fraga de Castro para viajar a


Belém, relutante, ele não quer ir, porém alguns amigos mais dedicados, impressionados
com a vida boêmia que ele levava em são Luís, o embarcam quase a força para Belém
do Pará, na esperança de que ali mudasse de procedimento, trabalhasse e arranjasse
meios de publicar seus livros. Raimundo Fraga de Castro era jornalista e sócio
correspondente da Oficina dos Novos e convidou Maranhão Sobrinho a compor o corpo
redatorial do recém fundado jornal “Notícias”.
O Pará encontrava-se dividido politicamente em dois partidos: Lemistas e
Lauritas. Maranhão Sobrinho faz parte dos Lauristas ao lado Antônio Lemos e Lauro
Sodré, no qual saem derrotados por perseguição política e se vê obrigado a partir para
Manaus.

Em 1906, acompanhado pelo amigo Alcides Bahia, encontrou-se com alguns


amigos e correligionários. Logo assumiram as rédeas do “jornal do comércio” e Alcides
Bahia entregou a responsabilidade a Maranhão Sobrinho de cuidar da parte literária do
diário. Em 1908, briga com um sujeito que ele o denominava “cinco réis de homem”,
então ele volta ao Maranhão.

Ele volta a São Luís pela segunda vez em 10 de setembro 1908 e fica até 14 de
janeiro de 1910. A Academia Maranhense de Letras foi fundada em 10 de agosto de
1908, ou seja, quando Maranhão Sobrinho chegou já havia passado mais de um mês.
Mas, por força do dispositivo estatutário, ele é tido como um dos fundadores da AML,
porque muito trabalhou para sua criação.

Em ali chegando, resolve hospedar-se na república da Rua da Paz, canto da


Travessa da Passagem n° 11. Ali dividi o mesmo quarto com Corrêa de Araujo, com
quem passa a colaborar em vários jornais, entre os quais estão “Pacotilha” e “Diário do
Maranhão”.

Por insistência de amigos e admiradores, Maranhão Sobrinho resolveu reunir


algumas de suas produções poéticas espalhadas pelos jornais e revistas, a fim de dar-lhe
publicação. Oficialmente, o primeiro livro publicado foi Papéis Velhos, só que, na
verdade, o livro que saiu na frente foi Estatuetas, em 11 de julho de 1909.

No dia 14 de janeiro de 1910, embarcou no paquete “Ceará” e dá seu último


adeus a São Luís, rumo a Belém onde demorar-se-á algum tempo trabalhando na “Folha
Norte”, mesmo a distância, continuou colaborando na Pacotilha.

Na redação “Folha do Norte” comenta-se que o Sr. Paulo Maranhão, diretor


desse jornal paraense, esbofeteou em plena redação o poeta Maranhão Sobrinho.
“Foi dada a queixa à polícia, estando aberto o inquérito” especifica o “Jornal do
Comércio”, de Manaus, naquele mesmo dia.
Maranhão Sobrinho, naquela manhã, tão logo assoma à porta da redação da
folha, é surpreendido por uma série de socos desferidos pelo diretor, não dando tempo
ao poeta esboçar qualquer reação defensiva.

Após a agressão sofrida, restava ao poeta a ruptura brusca de seus compromissos


profissionais com a imprensa, desligando-se definitivamente da “Folha no Norte”, órgão
da qual Paulo Maranhão – o agressor – era diretor.

A bordo do vapor “Bahia”, parte, definitivamente, no dia 4 de outubro de 1910,


e, aportando em Manaus no dia 7 de outubro. Cinco dias depois o “Correio do Norte”,
órgão independente, de propriedade e redação de Castella Simões e Trajano Chacon
publicava o seguinte noticiário:

“Entrou para a corporação redacional do “Correio do Norte”, o poeta


Maranhão Sobrinho, nome vantajosamente aplaudido nas lides
jornalísticas, onde ele sempre aparece na irradiação luminosa do seu
cálamo de ouro agitando também o período terso de uma prosa lapidar”.

Em 6 de agosto daquele ano era lançado “Vitórias-Régias”, seu último livro de


poemas, impresso nas oficinas da Livraria Comercial do Sr. J. R. de Melo e editado pelo
sr. Carlos Postal.

Das muitas histórias facetas que sobre o poeta se tem difundido, a que envolve
um espancamento sofrido em Manaus, talvez seja a mais revoltante e controvertida. O
incidente fatídico ocorreu na Avenida Tarumã, bairro do Mocó, na madrugada do dia 13
de outubro de 1913 (o 13 sempre a prossegui-lo).

O caso foi noticiado no “Jornal do Comércio”, de 15 de outubro de 1913.

Depois da humilhação pública que sofrera, sua vida nunca mais foi a mesma.
Não frequentava mais os lugares habituais, os cafés, as tabernas, as rodas de amigos em
que discutia literatura e política. Consumia-o a saudade do lar paterno, da vida simples
do sertão que deixara aos vinte anos:
“E, empós as refregas da luta,
quando a morte se põe bem defronte da vida,
com a fronte entre as mãos, o bravo recruta
cismava, e, dentro d’alma, o quadro refazia
do sertão que deixara: a casa, entre juremas,
branca, de palha, vista ao descambar do dia,
quando escorre no azul a voz das seriemas
e o gado vem descendo a verde serrania,
mugindo, em direção do pátio dos currais;
o riacho a cantar monótono e sombrio
entre o verde esplendor de amplos canaviais
de soberbos pendões...

Ó que viva saudade! Ó que saudade atroz!”

Às três da manhã do dia 25 de dezembro de 1915, calou-se o grande bardo,


aquele menino Zeca que brincava nas ruas poeirentas de Barra do Corda, que se
escondia embaixo de rumas de algodão após alguma travessura, e que se tornaria depois
o “poeta maldito de Atenas, o maldito Mallarmé maranhense”, como dizia de si mesmo.
A ele aplica-se a assertiva – parafraseando o conhecidíssimo verso de Camões –: para
tão grande nome, tão curta a vida. A sua última estrofe, dizem, foi um dolente gemido
de moribundo. Tal como aquele rei que passara a vida procurando o pássaro azul –
segredo da felicidade e vida longa – e, sem o ter encontrado e já prostrado, vendo
aproximar-se a morte, pede aos seus que o levantem e o conduzam até à janela a fim de
ver pela última vez o pôr-do-sol, assim o fez também o poeta.

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