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CURSO SOLA SCRIPTURA 56 a Escritura Quando do céut Deus dew sua Palavra Sua Patavra era todo-suficente; Nato precisa de palavras que ew possa ter ouvido Para adicionar a ela ow estar nela Assim tomarei a livro de Deus ¢ ler, Para aprender 0 que Deus deseja; A Biblia dé a forca que preciso Para fazer 0 que Deus requer € espero que vocé também o deseje e ore por isso. Espero que vocé tenha se tornado enojado com a espalhafatosa diversio que passa por verdadeiro culto a Deus em muitas de nossas igrejas e, como os santos do pasado, esteja ansiando por mais profundas ver~ dades da inerrante Palavra de Deus. Nés certamente precisamos de uma reforma. Mas 0 que sugiro neste livro é que, apesar de necessi- tarmos recuperar as grandes verdades teolégicas que embasaram e alimentaram a Reforma do século 16, a forma que esta recupera- ‘cdo tera que tomar em nossos dias deve ser diferente da do século 16 porque as linhas de batalha sao outras e os assuntos espectficos tém mudado. Quando pensamos na Reforma pensamos naturalmente nas cinco grandes teses daquele movimento: sola Scriptura, solus Christus, sola gratia, sola fide e soli Deo gloria, Estas doutrinas sio exatamente o que precisamos redescobrir. Mas para fazé-lo precisamos relacioné-las a desafios especificos de nosso tempo, nao apenas aqueles do século 16. Nos dias de Martinho Lutero, sola Scriptura tinha a ver com a Biblia ser a tmica autoridade suprema para os cristaos contra os desafios que enfrentava das tradigées da igreja medieval, concilios S u gostaria de ver 0 inicio de uma nova reforma em nossos dias, de igrejas e do papa. Os reformadores queriam que somente a Escri- tura se postasse como a verdadeira autoridade da igreja. Hoje, pelo menos na igreja evangtlica, este nao é nosso problema principal; nés declzramos a autoridade biblica. Em vez disso, nosso problema & decidir se a Bfblia € suficiente para a vida e obra da igreja. Confessa- mos sua autoridade, mas ndo levamos em conta sua habilidade de fazer 0 que for necessério para atrair descrentes a Cristo, capacitar- nos a crescer em piedade, proporcionar direcao para nossa vida, ¢ transformar e revitalizar a sociedade. Assim, substituimos o evange- lismo biblico por coisas tais como a metodologia dos publicitérios, expe-iéncias “religiosas” especiais em vez de conhecimento da Pala- vra para promover e garantir a santificagao, revelagdes especiais para discernir a vontade de Deus para nossas vidas, ¢ uma confianca no poder dos votos ¢ dinheiro para mudar a sociedade. Em outras pala- vras, no século 16 a batalha era contra aqueles que queriam adi nar tradigoes da igreja as Escrituras, mas em nossos dias a batalha é contra aqueles que querem que usemos métodos mundanos para fa zer o trabalho de Deus. As linhas de batalha tem mudado também com relagao as doutri- nas do solus Christus, sola gratia, sola fide, e soli Deo gloria, mas os consideraremos nos préximos capitulos. UM MINISTERIO BIBLICO Uma das béngaos de servir a Deus na Décima Igreja Presbiteria- na, cnde tenho sido o pastor titular por mais de trinta anos, é que por mais de cento e setenta anos de sua longa histéria (1829) a igreja tem sustentado a autoridade e suficiéncia da Biblia como a Palavra de Deus. Os presbiteros e a maioria das pessoas acreditam que a Biblia é a Gnica Palavra de Deus, a Gnica regra infalivel de £6 e prética, e querem entesourar e obedecer a Biblia em todas as reas da vida da igreja. Foi assim desde o principio. Mas ¢ iJustrado por um incidente do inicio do ministério de Donald Grey Barnhouse, um de meus prede- cesscres na Décima Igreja (19271960) c um homem que teve profunda influéncia em minha idéia do que o ministério deveria ser. ‘Uma ou duas semanas depois que Barnhouse se tornou o pastor da Décima Igreja, ele subiu ao palpito numa manhé de domingo e abriu Soa Esentura a Biblia do piilpito em um ponto préximo ao meio, onde ento colo- cou suas anotagées do serméo, sua Biblia e um hindrio, Olhando para baixo, observou que as palavras nas paginas da Biblia do puilpi- to eram parte de uma maldigo sobre aquelas nages que néio conhe- ciam a Deus, e ocorreu a ele que gostaria de ter diante de si uma passagem contendo palavras de algumas grandes promessas a res- peito da Escritura. Assim ele abriu a Biblia em Isafas 55.10,11: .assim como descem a chuva e a neve dos céus ¢ para Id nao tornam, sem que primeiro reguem a terra, ¢ a fecundem, ¢ a facam brotar, para dar semente 2o semeador ¢ pio ao que come, assim seré a palavra que sair da minha boca: néo voltaré para mim vazia, mas fard o que me apraz e prosperara naquilo para que a designei. Para sua suxpresa ele descobriu que por décadas seus predecesso- res haviam aparentemente feito a mesma coisa. As beiradas da Bi- blia estavam gastas em semi-circulos curvando para o interior a par- tir da encadernacao naquele texto, e as paginas estavam rasgadas e emendadas (aquela Biblia ainda pode ser vista nos arquivos da Déci- ma Igreja Presbiteriana). Como Barnhouse observou mais tarde, as paginas “contendo o extraordinario capitulo 55 de Isaias e a pagina precedente com 0 capitulo 53 de Isafas relativo ao Senhor Jesus Cristo como 0 Cordeiro de Deus, [deu] uma evidéncia silenciosa de que os homens que se postaram no pulpito da Décima Igreja por mais de um século eram homens da Palavra viva ¢ escrita”. Mais tarde Barnhouse descobriu que 0 Salmo 119 estava seme- Ihantemente gasto. Aparentemente, aqueles que haviam pregado daquele pilpito, achando dificil manter suas anotagoes nas paginas de Isafas, procuraram outra passagem que também os relembraria do poder e pricridade da Palavra de Deus. Barnhouse contou esta histéria num livreto que marcava o aniversério de vinte e cinco anos de seu pastorado, concluindo: ‘A minha oragio € que nunca permaneca neste piilpito homem nenhum, que néo deseje ter tudo o que ele faz baseado neste Livro. Pois este Livro nfo coniém a Palavra de Deus, ele é a Palavra de Deus. E apesar de podermos pregar a Palavra com todas as limitagées de nossa nature- za humana, a graca de Deus faz 0 milagre do ministério ¢ através de labios humanos fala a divina Palavra e os coraghes das pessoas S40 rea- ninados, Nao hé outra explicago para o poder duradouro de uma igre- ja que esté localizada pobremente, que nao possui dotes, mas que con- tinua a atrair homens ¢ mulheres até encher suas dependéncias, manh& © noite, verdo e inverno, e que envia grande mimero de filhos ¢ filhas para progar as insondaveis riquezas de Cristo através do mundo. A INERRANCIA DA PALAVRA DE DEUS Cerca de dez anos atrés no meu pastorado, no final de 1977 ¢ inicio de 1978, ajudei a comecar uma organizagéo que se interessa- va pelo importante assunto que percebemos estar sob ataque naque- Ja €poca, a saber, a inerrancia da Biblia. Nossa organizagio era cha- mada International Cowncil on Biblical Inerrancy, e tinha adeptos li- deres evangélicos tais como Francis Schaeffer, J. I. Packer, A. Wethe- rell Johnson, R. C. Sproul, John Gerstner € Roger Nicole. Tinha como propésito a tarefa de “elucidar, vindicar e aplicar a doutrina da inzrrancia biblica como um elemento essencial para a autoridade da Escritura e uma necessidade para a satide da igreja de Deus” Organizamos trés encontros para publicar trés documentos de “afirmagao € negacio”. O primeiro, naturalmente, era sobre iner- rancia ("The Chicago Statement on Biblical Inerrancy”).* O segun- do era sobre princfpios seguros de interpretagao biblica (“The Chi- cago Statement on Biblical Hermeneutics”).+ O terceiro se relacio- nava i aplicagio biblica ("The Chicago Statement on Biblical Appli catioa”).> Também organizamos duas grandes conferéncias para lei ‘g08, « primeira em San Diego na primavera de 1982 e a segunda em Washington no outono de 1988. No inicio perguntavam freqiientemente a nés por que inerrincia era importante. “Nao € bastante crer que a Biblia é digna de con- fianga nas dreas de fe moralidade?” perguntavam as pessoas. Nao é tao simples assim. A Biblia € um livro histérico e o Cristianismo é uma religido hist6rica, Assim, se a Bsblia erra em assuntos de fatos histéricos, o Cristianismo inevitavelmente ser4 afetado. Cem anos de pesquisa alema do “Jesus histérico” provam isto. Os estudiosos envolvidos naquele esforco queriam separar 0 “Cristo da £6” do “Je- sus da Historia” esperando descobrir quem o verdadeiro Jesus era. Mas como Albert Schweitzer provou em The Quest of the Historical Sib Escrtara Jesus,® tudo que estes estudiosos conseguiram foi transformar Jesus 8 propria imagem deles. Racionalistas produziram um Jesus racio- nal, socialistas um Jesus socialista, moralistas um Jesus moralista, ¢ assim por diante. A tentativa de ter o Cristianismo sem sua base historica foi um fracasso. ‘Alem disso, se parte da Biblia é verdade e parte nao é, quem nos diré quais partes so as verdadeiras? Ou nds mesmos teremos que tomar as decisdes, o que torna a verdade subjetiva, ou os estudiosos devem nos dizer o que podemos e nao podemos acreditar, Felizmen- te Deus nao nos deixou & mercé de nossos préprios caprichos ou aos dos estudioso: Eu lutei com a inerrancia da Biblia durante meus anos de semi nério, Nao que eu a questionasse. Meu problema era que meus pro- fessores néo acreditavam nela, e muito do que eu ouvia na sala de aula tinha o objetivo de revelar os erros da Biblia de tal forma que os estudantes ndo dependessem dela tao profundamente. O que o estu- dante deveria fazer? Os professores pareciam ter todos 0s fatos. Como os professores poderiam ser desafiados quando eles argumentavam que os recentesestudos mostravam que as antigas ¢ simplistas idéias a respeito da Biblia ser inerrante nao eram mais vélidas e que por- tanto deveriamos admitir que a Biblia era recheada de erros? Enquanto trabalhava nisto descobri algumas coisas interessan- tes, Primeiro, que os problemas que se imaginava na Biblia nao eram problemas novos. A maior parte daqueles problemas era conhecida a séculos atrés, mesmo por antigos tedlogos tais como Agostinho Jeronimo, que discutiram as aparentes contradigdes em sua subs- tanciosa correszondéncia. Descobri também que os resultados de estudos sadios ndo ten- diam a descobrir mais ¢ mais problemas, como meus professores sugeriam, muito menos expunham mais e mais “erros”. Em vez dis- so, tendiam a solucionar problemas e mostrar que 0 que uma vez pensava-se serem erros, nunca o foram, Segundo Reis 15.29 fala de um rei da Assiria chamado Tiglate- Pileser. Diz-se a seu respeito ter conquistado os israelitas do reino do norte ¢ levado muitos deles ao cativeiro. Uma geragio atras, estu- diosos liberais diziam que este rei nunca existiu porque no havie qualquer regist:o independente dele, e que a queda do reino do norte para a Assfria era mitologia. Mas entao arqueGlogos escavaram a capital de Tiglate-Pileser e encontraram seu nome impresso nos ti- jolos dizendo: “Eu, Tiglate-Pileser, rei da Assiria, ...sou um con- ‘quistador do Grande Mar que est no pais de Amurru tao distante quanto o Grande Mar que esta no pafs de Nairi,” ou seja, o Mediter- raneo, Em outras palavras, os arqueélogos encontraram evidéncia no apenas da existéncia de Tiglate-Pileser mas até de sua propria campanha que 2 Reis descreve, O leitor de inglés pode encontrar a narracio do rei a respeito de suas batalhas no livro de James B. Pritchard, Ancient Near Eastern Texts Relating to the Old Testament.? Uma geracao atrés, alguns estudiosos argumentavam que Moisés, nao poderia ter escrito os primeiros cinco livros do Antigo ‘Testa- mento porque a escrita nao era conhecida nos dias de Moisés. Aquilo parecia irrefutivel o bastante. Se a escrita ndo era conhecida nos dias de Moisés, Moisés nao saberia como escrever, e se Moisés néo sabie como escrever, nao poderia ter escrito o Pentateuco, Mas neste caso, era a premissa base que estava errada. Como se concluiu, no apenas a escrita era conhecida nos dias de Moisés, mas na verdade haviam muitas linguas escritas. Hoje sabemos de pelo menos seis diferentes linguas daquela mesma parte do mundo na qual Moisés liderou os israelitas por quarenta anos. Aqui esta meu exemplo favorito: Ao final de 1974.a revista Time apresentou um artigo de capa intitulado “Quao verdadeira é a Bi- blia?” Ele avaliava os ataques liberais sobre a confiabilidade da Bi- blia e concluiu, da mesma forma que eu 0 fiz depois de meus estudos do que as evidéncias nesta érea tém provado, que a credibilidade da Biblia na verdade tem crescido nas décadas recentes. Time escreveu: Aamplitude, sofisticacto e diversidade de toda esta investigacao biblica é impressionante, mas clama por uma pergunta: Isto tem feito a Biblia mais (ou menos confidvel? Literalistas que sentem o chao se mover quando um verso é desafiado teriam de dizer que a credibilidade tem sofrido. A duivida tem sido semeada, a {6 est em jogo. Mas crentes que esperam alguma coisa a mais da Biblia podem bem concluir que sua credibilidade tem sido realgada, Depois de mais de dois séculos defrontando as mais pesadas ar- ras cientificas que poderiam ser toleradas, a Biblia sobreviven — e como melhor do cerco, Mesmo nos préprios termos dos criticos — fato histéri- co — as Escrituras parecem mais aceitaveis agora do que quando os racionalistas comegaram o ataque.* Séa Esritura Achei interessante ¢ importante que a Biblia estivesse sendo de- fendida por uma revista secular ¢ que esta o fazia muito melhor do que até mesmo os chamados pregadores e estudiosos. Mas duas se- manas mais tarde havia fortes cartas criticas de Martin Marty, um escritor periédico da The Christian Century, ¢ Harvey Cox, um pro- fessor da Harvard Divinity School. Marty comegou sua carta dizen- do: “A {6 de seus crentes em Biblia é 0 oposto da {6 biblical” Time havia publicado um artigo equilibrado. Nao havia sugerido que a Biblia era inerrante ou mesmo que possuisse autoridade, somente que era historicamente confidvel, ¢ os dois estudiosos nao podiam nem mesmo suportar chamarem-na confidvel! As cartas estavam na pagina 38, Mas quando cheguei A pagina 65 encontrei uma reportagem na seco de ciéncia de uma expedicio ar- queolégica na area sul da peninsula do Sinai sob a diregio de um arqueélogo judeu chamado Beno Rothenberg. Rothenberg esteve tra- balhando em um lugar chamado “as minas de Salomao”, porque lé tinha havido uma antiga operagio de fundicio e ele queria descobrir se a drea havia realmente sido trabalhada por judeus e se era o lugar onde eles poderiam ter derretido o ouro usado na construgio do gran- de templo de Salomao. Ele descobriu que, de fato, a area havia sido ocupade pelos trabalhadores judeus nos dias de Salomao e que pode- ria ser realmente onde o templo de ouro tinha sido fundido, Mas isto nao foi tudo. Rothenberg trabalhou nas camadas do sitio arqueol6gico edescobriu que esta antiga fundicao havia sido desenvolvida original- mente pelos midianitas. Time sabia que poucos de seus leitores sabe- riam quem eram os midianitas. Assim o escritor explicou, “...0s midi- anitas, um povo pouco conhecido que habitou na rea e sio identifica- dos em Genesis como os primeiros trabalhadores em metal..." Naguele momento eu comecei a rir porque, apesar daquela peque- na porcio de verificacao bfblica poder ter aparecido em muitos outros lugares, ela apareceu na mesma edi¢do na qual os estudiosos liberais diziam: “A fé de seus crentes em Biblia é oposta & fé biblica!” Pensei, 0 Espirito Santo parece ter senso de humor! A SUFICIENCIA DA PALAVRA DE DEUS Para enfatizar um ponto apresentado anteriormente, inerrancia nao € 0 assunto mais critico que defronta a igreja hoje. O mais sério assunto, creio cu, € a suficiéncia da Biblia. Nés acreditamos que Deus nos deu o que necessitamos neste livro? Ou supomos que temas de complementar a Biblia com coisas humanas? Precisamos de técnicas sociolgicas para fazer evangelismo, psicologia e psiquiatria popula:es para crescimento cristdo, sinais extra-biblicos ou milagres para dire- fo, ou ferramentas politicas para alcancar progresso e reforma social? ¥ possivel acreditar que a Bfblia é a inerrante Palavra de Dens, a tinica regra infalivel de f6 e pratica, e ainda negé-la e efetivamente repudié-la apenas porque pensamos que ela nao é suficiente para as tarefas de hoje e que outras coisas precisam ser utilizadas para reeli- zar o que € necessério. Isto € exatamente o que muitos evangélicos ¢ igrejas evangélicas esto fazendo. A suficiéncia da Biblia € 0 ponto no qual talvez estejam as t:és mais importantes passagens acerca de si mesma: o Salmo 19; Ma teus 4; e 2 Timéteo 3. A primeira contrasta a Palavra escrita com a sevelacio geral de Deus. A segunda mostra como Jesus usow a Biblia para vencer a tentaco. A terceira ¢ 0 conselho de Paulo a Timéteo em vista dos terriveis tempos que via chegando, Cada um enfatiza que apenas a Palavra de Deus é suficiente para estes desafios. A primeira parte do Salmo 19 é sobre a revelagio de Deus na natureza; a segunda parte € sobre a Bibli A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma; 6 testemunho do Senhor & fiel € dé sabedoria aos simplices. 08 preceitos do Senhor sio relos € alegram 0 coragio; 0 mandamento do Senhor é puro ¢ ilumina os olhos. 0 temor do Senhor é limpido € permanece para sempre; (0 jufzos do Senhor io verdadeiros ¢ todos igualmente, justos. So mais desejdveis do que ouro, mais do que muito ouro depurado; siio mais doces do que o mel © 0 destilar dos favos, Além disso, por eles se admoesta 0 teu servos em os gua-dar, hé grande recompensa. (vs. 7-11, énfase do autor do livro) A revelagio de Deus na natureza é maravilhosa (vs, 1-6), mas & limitada. Por contraste, a revelacéo de Deus na Escritura ¢ perfeita, fiel, reta, pura, limpida, verdadeira, desejavel, doce e recompensa- dora, Com qual linguagem seria possivel ao salmista enfatizar mais efetivamente a completa e absoluta suficiéncia da Palavra de Deus? Em Mateus 4 descobrimos a suficiéncia da Palavra de Deus na tentacao, pois foi com citagdes de Deuteronémio 8.3, 6.16, ¢ 6.13 que Jesus opés-se a Satands. Jesus nao argumentou com Satanés, ape- sar de seus poderes de argumentacao certamente ultrapassarem os do tentador. Jesus nao recorreu a poderes sobrenaturais para escapar des- ta provagao ou de alguma forma se ver livre de Satands, apesar de ter este poder também. Ele nfo pediu a Deus por alguns sinais especiais ou intervencao angelical para dizer-Ihe o que ele deveria dizer a Sata- nds, O assunto era muito mais simples do que isto. Jesus conhecia a Biblia, firmave-se nela ¢ a usava poderosamente. 2 Timéteo 3 6 0 mesmo. Paulo esté advertindo seu jovem disci- pulo contra os terriveis tempos vindos nos iiltimos dias. Serdo dias em que “os homens serao egofstas, avarentos, jactanciosos, arro- gantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeicoados, implacéveis, caluniadores, sem dominio de si, cru- is, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus” (vs. 2-4). Isto poderia referir-se a0 que chamamos dos iiltimos dias, isto é, os dias imediatamente anteriores a segunda vinda de Jesus Cristo no julgamento. Mas desde que Paulo esta instruindo Timéteo acerca do que fazer nos desafios que de enfrentaria, ele deve estar se referindo a todo 0 tempo entre a primeira e a segunda vinda do Senhor. Em outras palavras, esta $ uma descrigdo assustadora do mundo no qual vive- mos, ndo apenas nos dias finais. E naturalmente, descreve nosso mundo. Descreve perfeitamente. Mas aqui est 0 ponto chocante: Tendo descrito esta cultura ma- ligna e mundana por seus vicios, Paulo continua no verso 5: “tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder.” Uma “forma de piedade” ngo pode se referir a pagdos. Paulo nunca teria descrito os pagios de sua época como tendo uma “forma de piedade”. Ele teria referido a suas religides como miltiplas formas de increduli- dade, como faz no primeiro capitulo de Romanos. Se isto nao pode estar descrevendo pagios, deve estar descrevendo a igreja, Em ou- tras palavras, 0 problema que Paullo est descrevendo nao é que mundo seré mau no final dos dias antes do retorno de Cristo mas que a igreja seré como 0 mundo, como é hoje. A igreja sera indistin- guivel do mundo e seré igualmente corrupta, pelo menos quando vocé olhar sob a superfici © que Timéteo deveria fazer quando esses dias viessem? Com certeza Paulo deveria ter uma nova arma secreta, algum truque ines- perado para ele usar, Nao, em vez de algo novo, vemos Paulo reco- mendando 0 que Timéteo sempre possuiu — a Palavra de Deus — porque a Biblia é suficiente mesmo para terrfveis tempos como es- ses. “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste ¢ que, desde a infancia, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sabio para a salvacio pela fé em Cristo Jesus” (2Tm 3.14,15). Suficiente para a evangelizagao A primeira coisa para a qual a Palavra de Deus é suficiente € a evangelizagdo. De fato, é a tinica coisa que realmente funciona em evangelizacao. Tudo mais — musica cativante, testemunhos como- ventes, apelos emocionantes ¢ até mesmo ir & frente para fazer um compromisso pessoal com Jesus Cristo — tudo isto é, no maximo, complementar. E se tais coisas forem usadas ou se dependermos delas A parte da pregagao fiel e ensino da Palavra de Deus, as “conversoes” que resultarem serdo conversdes esptrias, significando que quem responder, se tornaré um cristo apenas de nome. A tinica maneira como o Espirito Santo trabalha para regenerar homens ¢ mulheres perdidos ¢ através da Biblia, Pedro disse: “...fostes regenerados nao de semente corruptivel, mas de incorruptivel, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente” (1Pe 1.23). O problema é que muitas pessoas na realidade nao acreditam nisto e assim desejam se apoiar em outras coisas, Alguns evangelis- tas, tais como Charles G., Finney, dependeram de certas técnicas de cruzadas. Outros, tais como aqueles do movimento Vineyard, procu- ram por “sinais e maravilhas” 6a Esritura Considere, porém, 0 proprio exemplo de Jesus Cristo. Marcos, 0 evangelista, apresenta Jesus com estas palavras: “Depois de Joao ter sido preso, foi Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho de Deus, dizende: O tempo est cumprido, e o reino de Deus est4 proximo; arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1.14,15). Ele apresenta Jesus como um pregador, e o que Jesus esta pregando € o evangelho. Além disso, se perguntarmos a que concerne este evangelho, a res- posta € que é acerca do reino de Deus. O reino de Deus esta proximo porque Jesus est perto. O evangelho é acerca de seu reino, Se tam- bém perguntarmos: “O que isto tem a ver comigo?” ou “Como me torno parte deste reino?” a resposta é “Arrependei-vos ¢ crede nas boas novas.” Isto é exatamente o que dizemos as pessoas para fazer hoje. Eles devem se arrepender de seus pecados ¢ crer no evangelho da salvacéo dos pecados, de Deus em Cristo Jes ‘Um pouco mais adiante em Marcos, ele nos diz como Jesus foi & sinagoga em Cafarnaum no sabado e comegou a ensinar 14. O para- grafo diz. como Jesus “comecou a ensinar”, como as pessoas “maravi- Thavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem au- toridads” e como eles estavam admirados, perguntando: “Que vem a ser isto? Uma nova doudrina! — com autoridade...!" (Mc 1.21,22,27). A esta altura deveriamos estar entendendo 0 que Marcos deseja res- saltar. Jesus veio como um pregador, ¢ o que ele esté pregando é a Palavra de Deus. ‘Em seguida, na narrativa de Marcos, a sogra de Pedro ficou doente. Ela teve uma febre, que era um problema sério nos tempos anterio- res a aspirina e aos antibisticos. No passado, mais pessoas morriam de febre do que de qualquer outra causa. Disseram isto a Jesus, € ele veio A casa e curou esta mulher. Ele fez isto porque tinha o poder de fazé-lo 2 porque se importava. ‘Tao logo a noticia da cura correu, muitas pessoas vieram para serem curadas, o que & exatamente o que deverfamos esperar que tivesse acontecido em dias em que havia pouca medicina e muitos médicos ineficientes. Provavelmente ndo estarfamos to errados de supor que em curto espaco de tempo centenas tinham se reunido. Jesus os curou. Novamente, era porque ele tinha poder para fazé-lo porque ele se importava com essas pessoas. A tarde veio. A noite chegou, Todos foram para casa repousar. Mas na préxima manhé todas aquelas pessoas estavam de volta, provavelmente com outras. Isto era maravilhoso, um professor que podia curar doencas, To logo os discipulos viram a grande multi- dao, safram procurando Jesus e ficaram surpresos de que ele nao. estivesse ld. Onde estava ele? Alguém provavelmente disse: “Eu sei onde ele esta. Ele foi orar, Isto é 0 que ele faz nas manhas.” Quando 08 discipulos finalmente encontraram Jesus, exclamaram: “Todos te buscam.” (v. 37). Eles queriam dizer: “O que o Senhor esta fazendo aqui orando enquanto hé um trabalho tio importante a fazer?” Se Pedro tivesse sido o porta-voz, posso imaginé-lo explicando a situagio para Jesus assim: “Jesus,” ele deveria ter dito, “eu sei que o Senhor quer pregar ¢ que o Senhor pensa que oragio é importante. Nés também. O Senhor nos ensinou isto. Mas quero destacar algo que © Senhor pode ter esquecido: Ontem de manha, quando 0 Senhor estava ensinando na sinagoga, 0 Senhor recebeu uma reagao decente. Mas havia apenas vinte pessoas presentes. Nés as contamos, Contu- do, A tarde, quando o Senhor comegou a curar, centenas responderam. Acho que o Senhor realmente acertou 0 alvo. As pessoas gostam de curas. Entdo, vamos voltar li ¢ curar mais algumas pessoas. Se conti nuarmos assim, realmente traremos 0 reino de Deus a terra.” A resposta de Jesus aos discipulos foi negativa, apesar de nao ter usado a palavra ndo. Ele disse: “Vamos a outros lugares, &s povoa- Ges vizinhas, a fim de que eu pregue também ali, pois para isso é que eu vim” (v, 38). ‘Nao é impressionante? Jesus estava se recusando a levar adiante um ministério de cura. Por qué? Ele havia perdido seu poder? Ele nao se importava mais? Claro que nao era isso. Além do mais, ele faz outras curas mais tarde no evangelho. Ent4o, por que ele recusou 0 desafio dos discipulos? Porque ele sabia que se permitisse que os milagres ofuscassem 0 ensino, o pafs logo deveria estar cheio de mi Ihares de pessoas saudaveis, mas apesar de sua boa satide todos mor- reriam finalmente e pereceriam no inferno. Se, por outro lado, ele se concentrasse em ensinar-Ihes a Biblia, muitos poderiam ter uma satide imperfeita e haveriam ainda muitas doengas ifsicas, mas mui- tas destas pessoas também creriam e aqueles que cressem iriam para 0 c6u, Jesus via as coisas da forma como Deus via, e nao permitiria que qualquer coisa o detivesse de fazer as obras de seu Pai. Além disso, milagres no convertem ninguém, como se torna claro na histéria do homem rico e Lazaro. De acordo com a hist6- SéaEsertura ria, quando ambos morreram, Lazaro foi levado a presenca de Abraio no paraiso mas o rico foi para o inferno. No principio 0 homem rico pediu a Abraao que mandasse Lazaro providenciar- Ihe algum conforto. Quando Ihe foi dito que isto era impossivel, pediu que Lazaro fosse enviado para advertir seus irméos, pois eles eram tao impios quanto ele. “Pai, eu te imploro que o man- des & minha casa paterna, porque tenho cinco irmaos; para que Ihes dé testemunho, a fim de ndo virem também para este lugar de tormento” (Le. 16.27,28). Abraao replicou: “Eles tém Moisés ¢ os Profetas; ougam-nos.” O homem rico persistiu: “Nao, pai Abrado; se alguém dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-4o,” A palavra final de Abraio, o climax da parabola, foi: “Se nao ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarao persuadir, ain- da que ressuscite alguém dentre os mortos” (vs. 29-31). Isto mostra explicitamente que as pessoas ndo so convertidas por milagres, nem mesmo por ressurreigdes. Pelo contrério, a tinica coisa que regenera- 14 alguém é 0 Espfrito Santo operando através da pregagio e ensino da Palavra de Deus. Isto é 0 que Paulo também diz em Romanos 10.6-9. E isto é 0 que Moisés estava dizendo nos versos de Deuteronémio 30 que Pau- lo cita: “...a justiga decorrente da {@ assim diz: Nao perguntes em teu coraco: Quem subird ao céu?, isto é, para trazer do alto a Cris- to; ou: Quem desceré ao abismo?, isto é, para Jevantar Cristo dentre os mortos. Porém que se diz? A palavra est4 perto de ti, na tua boca eno teu coragho; isto 6, a palavra da {é que pregamos. Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coracao, creres que Deus 0 ressuscitou dentre os mortos, serds salvo.” “Moisés e os Profetas” haviam sido dados as pessoas. Esta é a palavra que, de acordo com Moisés, estava “perto” deles, em suas bocas ¢ coracdes (Dt 30.14). E aquela palavra era suficiente, Porque se eles nao escondessem aquela palavra escrita e se arrependessem de seus pecados tornando-se para Deus em {é fundamentada naque- la revelagéo dada, eles ndo seriam mudados, nem mesmo por uma religido de milagres. Nenhuma quantidade de “sinais e maravilhas”, por ma‘ores que fossem, os salvaria. Hoje, Paulo diz, exatamente da mesma maneira as pessoas ttm 0 evangelho cristo, que é “a palavra de fé que estamos proclamando”. Este evangelho est aqui agora e, porque est sendo proclamado, todas as descalpas possiveis para deixar de crer em Cristo e ser salvo do julgamento por vir sio eliminadas Durante a década em que servi como presidente do Internatio- nal Council cn Biblical Inerrancy (1978—1988) ouvi muitos ser- mes sobre a Biblia, e um dos melhores foi por W. A. Criswell, bastante conhecido pastor emérito da Primeira Igreja Batista de Dallas. Ele c pregou no primeiro “Summit Meeting” do ICBI em 1978. Naquela época Criswell estava no ministério por mais de cingiienta anos e havia sido escolhido para falar neste surpreen- dente encontro de 350 pastores, estudiosos e Iideres da maior or- ganizagio para-eclesidstica sobre 0 assunto “O que acontece quai do prego a Biblia como literalmente verdadeira?” Sua resposta foi um four de force, ao explicar 0 que aconteceu a ele, o que aconteceu sua igreja, © 0 que ele cré que acontece com Deus quando a Pala- vra de Deus é usada e honrada. Cerca de am ano apés sua ida para a igreja de Dallas, Criswell anunciou a sua ja bem estabelecida congregacao que ele iria pregar a Biblia inte'ra, comecando em Génesis e indo direto até a ultima béncao em Apocalipse. “Vocés nunca ouviram prognésticos tao tris- tes,” relatou ele, As pessoas disseram que isto mataria a igreja. Ninguém viria para ouvir alguém pregar sobre Habacuque, Ageu, € Naum. A maioria das pessoas nem mesmo sabia quem eram aque- les livros ou personagens biblicos, disseram. Criswell permaneceu de todos, 0 proble- ma que enfrentaram ndo foi a morte da igreja mas em vez disso, onde colocar todo 0 povo que se comprimia semanalmente para ouvir a cons'stente pregacao biblica de Criswell. Houve milhares de conversoes e hoje a Primeira Igreja Batista de Dallas é uma das maiores, mais eficazes ¢ mais biblicamente saudaveis igrejas no pafs, 10 Hé abundancia de escarnecedores. As criticas se multiplicam. Sempre houve oposi¢do ao ensino da Biblia, Mas a ligho da Historia 60 poder singular da Biblia para regenerar pecadores perdidos, trans- formar suas vidas ¢ erguer igrejas. com seu plano da mesma forma e, para surpres S60 Escritura Suficiente para santificagdo Varios anos atrés completei uma série de estudos em Romanos. Havia me ocupado com isto por oito anos. Durante este tempo des- cobri algumas coisas acerca de Romanos, mas a ligéo mais surpreen- dente que aprendi fo a maneira como 0 apéstolo Paulo abordou 0 assunto da santificagio, Foi surpreendente porque néo é 0 que pode- ‘mos esperar ou 0 que muitas pessoas hoje desejam. Quando pensa- mos em santificag4o hoje, a maioria de nés pensa em uma de duas formas. Ou pensamos em um método (“Aqui esto trés passos para a santificagio; faga isto e vocé sera santo”), ou pensamos em uma ex- periéneia (“Vocé precisa de uma segunda obra da graga, wm batismo do Espfrito Santo,” ou alguma outra coisa). A abordagem de Paulo era conhecer a Biblia e seu ensino acerca do que Deus fez por nés em nossa salvagao. Paulo deixa isto claro em Romanos 6, onde diz: “Assim também v6s considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus” (v. 11). Esta 6 a primeira vez na carta que Paulo diz aos seus leitores para fazer alguma coisa, ¢ 0 que eles devem fazer é “considerar” ou “contar com” o fato de que Deus fez, um trabalho irreversivel em suas vidas e como resultado deste eles morreram para o pecado (0 verbo est no passado, um aoristo) ¢ foram feitos vivos para Deus em Cristo Jesus. Em outras palavras, ele est recor- rendo a doutrina da unio do crente com Cristo a qual ele desenvol- veu em detalhes no capitulo 5. Antes, estavamos “em Adio”; agora, estamos “em Cristo”. Antes, estévamos sob “condenacio”; agora, somos “justificados”, Antes, estavamos perecendo; agora, possuimos a “vida eterna”, 0 “método” de Paulo para a santificagao é doutrina biblica. Isto 6, para viver como cristéos devemos saber o que Deus fez por nés a0 fazer-nes cristdos. Devemos saber que aconteceu, e a tinica maneira de saber 0 que aconteceu é conhecer a Biblia. Entdo, por sabermos 0 que Deus fez por nés, devemos seguir com Deus, agindo de acordo com o que foi feito por nds e em nés. Podemos expressar desta forma: Nao podemos voltar a ser o que éramos antes. Somos novas criaturas em Cristo, E se somos novas criaturas em Cristo, a tinica coisa que pocemos fazer € continuar vivendo a vida crista. Em outras palavras, nao ha outro caminho para seguirmos a nao ser avante. Aqui est4 uma ilustragéo na forma de trés pergunta Primeiro: Pode um adulto se tornar uma crianga novamente? Naturalmente, a resposta é nao. Ninguém pode reverter 0 proceso de envelhecimento, Segundo: Pode um adulto agir infantilmente? Sabemos a resposta desta, porque vemos freqtientemente. E claro, adultos sempre agem como criangas. Mas agora, aqui esta a terceira pergunta: O que vocé diz. a um adulto que esta agindo infantilmente? As mulheres sabem a res- posta a csta pergunta porque clas dizem isto aos homens 0 tempo todo. Elas dizem: “Céus, cresca!” Isto é exatamente o que Paulo est dizendo aos crentes. “Vocés agora so cristaos [se realmente sao]. Vocés nao podem voltar a ser 0 que eram antes. Vocés nao po- dem se tornar ‘descrentes’. Entio, céus, crescam e comecem a agir como cristaos.” Isto nada tem a ver com um método ou uma experiéncia, Mas tem tudo a ver com conhecer e viver pela suficiente Palavra de Deus. Nao é verdade que uma razao pela qual vemos entre os cristaos hoje comportamentos to imaturos € mesmo pecaminosos é que esses crentes nao tém realmente sido ensinados sobre 0 que Deus tem feito a eles e por eles quando os salvou? E nao sfo nossas igrejas imaturas precisamente porque os pastores nao esto ensinando doutrinas biblicas? Suficiente para orientagao Nao muito tempo atrés um de meus assistentes deu-me um ma- nuscrito para ser usado em uma suposta “linha psiquiatrica evangé- lica”, 0 tipo de mensagem gravada que alguém pode ouvir quando liga para uma igreja para ajuda psiquidtrica. Era assim: Se vocé for obsessivo-compulsivo, favor teclar 1 repetidamente. Se vocé for dependente, favor pedir para alguém teclar 2. Se voce tem personalidades miltiplas, favor teclar 3, 4, 5 ¢ 6. Se vocé for paranéico, sabernos quem voce é e o que veeé quer. Apenas permaneca na linha até que identifiquemos a chamada, Se vocé for um evangélico, ouca cuidadosamente ¢ uma pequena voz. diré a vocé que nimero teclar Soa Fscritura E assim que encontramos orientacéo de Deus para nossa vida? ‘Uma pequena voz? De maneira alguma, Isto é um tipo de misticis- mo. “Orei a respeito disto, e Deus me disse para fazer o seguinte.” Em 6pocas passadas uma declaragéo como esta seria seguida por um crente mais maduro perguntando por “capitulo e versiculo”, que- rendo dizer, onde vocé encontra isto na Escritura? Precisamos nos desfazer desta forma de falar e de tais afirmagées falsas. Deus nos deu toda a orientagéo que precisamos na Biblia. Entio, se ha algo que queremos ou pensamos que precisamos que nao esteja na Biblia — Que trabalho devo escolher? Onde devo morar? Com quem devo me casar? — depois de ter orado pela providente orienta- ao de Deus, estamos livres para fazer 0 que nos parecer correto, sabendo que Deus que se importa conosco certamente sempre nos manterd em seu caminho. Em reas a respeito das quais a Biblia nao fala explicitamente, estamos livres para agir como pensamos ser 0 melhor, contanto que obedegamos a Deus e busquemos viver uma vida de piedade. Isto nao significa que Deus nao tenha um plano para nossa vida em todas as areas. Ele tem, Ele tem um plano detalhado para todas as coisas, havendo pré-ordenado “o que vier a acontecer”, como a Confissio de Fé de Westminster diz. Mas isto nao significa que te- mos de conhecer o plano de Deus antes. Na verdade, nao podemos. ‘Mas 0 que podemos saber, e precisamos saber, 6 0 que Deus nos falou na Biblia. O que Deus nos disse? Em Romanos 8 Deus oferece um modelo do que ele est fazendo conosco, que inchui ser libertos do poder do pecado e do julgamento por causa do nosso pecado e sermos feitos cada vez. mais como Jesus Cristo. Os cinco passos decisivos deste plano so: 1) presciéncia, 2) predestinagio, 3) chamado eficaz, 4) justificagao, e 5) glorificagio (vs. 29,30). Existem também varios assuntos especificos relacionados 4 orien- tacdo — os Dez Mandamentos, por exemplo. E vontade de Deus que nao tenhamos outros deuses diante dele; que nao o adoremos através, do uso de imagens; que ndo usemos mal o seu nome; que nos lembre- mos do sdbado mantendo-o santo; que honremos nossos pais; que nao cometamos assassinatos, ou adultério, ou roubo, ou demos falso testemenho ou cobicemos (conforme Ex 20). Jesus ampliou muitos Gestes mandamentos e adicionou outros, acima de tudo ensinando cue devemos “amar uns aos outros” (Jo 15.12). E vontade de Deus que sejamos santos (1Ts 4.3). E vontade de Deus que oremos ( 1Ts 5.17). Romanos 12.2 diz“... nao vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovacao da vossa mente, para que experi- menteis qual seja a boa, agradavel e perfeita vontade de Deus.” Se procuramos orientacdo — e devemos — ¢ em textos como este que a crientagdo sera encontrada. Suficiente para reforma social A ltima area na qual precisamos saber que a Palavra de Deus é suficiente é a rea da renovago e reforma social. Vivemos em uma cultura decadente e queremos ver o senhorio de Jesus reconhecido, a justia feita e a virtude aumentar, Queremos ver o pobre aliviado das necessidades ¢ sofrimentos. Como isto pode acontecer? Nao através ce mais programas governamentais ou énfase no trabalho social — apesar de tais coisas poderem ter um lugar suplementar ou “tapa- turaco” — mas através do ensino e pritica da Palavra de Deus. Aqui estd um exemplo particularmente chocante. Em 1535 0 Conselho dos Duzentos, que governava a cidade de Genebra, na Su- fa, decidiu cortar os lagos com 0 catolicismo e aliar a cidade A Re- forma Protestante. Eles tinham uma idéia muito vaga do que aquilo significava, Até este ponto a cidade era notéria por seus motins, jogatinas, dangas indecentes, bebedeiras, adultério e outros pecados. Os cidadaos de Genebra literalmente corriam nus nas ruas, cantan- co cangées indecentes e blasfemando contra Deus. Eles esperavam cue este estilo de vida continuasse mesmo depois deles terem se tornado protestantes e o Conselho nao sabia o que fazer. Haviam passado regulamentos e mais regulamentos destinados a refrear os vicios e remediar a situagdo. Eles pensaram que tornar-se protestan- tes resolveria o problema. Mas isto também nao fez nenhum bem. A genuina mudanca moral nunca vem de cima para baixo, da lei, mas ce baixo para cima através de pessoas transformadas, A moralidade ce Genebra continuou a declinar, Mas o Conselho fez uma coisa certa. Convidaram Joao Calvino Fara se tornar o pastor pregador principal de Genebra. Ele chegou Soa Fscrture em agosto de 1536, um ano apés a mudanga. A principio foi igno- rado, até pelo Conselho. No primeiro ano nem pago foi. Além disso, sua primeira pregagio foi tao impopular que foi demitido no inicio de 1538 ¢ foi para Strasburgo, onde era muito feliz. Ele nao tinha desejo de voltar para Genebra, Ainda assim, quando a situacao em Genebra continuou a deteriorar, a opiniao pablica tornou-se favord- vel a ele novamente e, Jevado por um sentimento de dever, Calvino retornou, Era dia 13 de setembro de 1541. Calvino nao tinha outra arma a nao ser a Biblia. Desde o princi- pio, sua énfase tinha sido no ensino da Biblia, e retornava a ela agora, continuando precisamente onde havia parado trés anos e meio atris. Calvino pregou biblicamente todos os dias, e sob o poder da- quela pregacao a cidade comecou a ser transformada, Como as pes- soas de Genebra adquiriram conhecimento da Palavra de Deus ¢ foram mudadas por ela, a cidade se tornou, como John Knox cha- mou mais tarde, uma Nova Jerusalém de onde o evangelho se difun- diu para o resto da Europa, Inglaterra e 0 Novo Mundo. Esta mu- danga fez, outras mudangas possiveis. Um historiador escreveu: Asseio era praticamente desconhecido em cidades de sua geragio epidemias eram comuns € numerosas. Ele acionou o Conselho para fazer regulamentos permanentes para estabelecer condigées sanité- rias e supervisio dos mercados. Os mendigos foram proibidos nas ras, mas um hospital ¢ um albergue foram providenciados ¢ bem administrados. Calvino trabalhou zelosamente pela educagéo de to- das as classes ¢ estabeleceu a famosa Academia, cuja influéncia alcan- ou todas as partes da Europa e até mesmo as Ihas Britanicas. Ele apressou o Conselho a introduzir a inddstria de tecidos e seda langan- do assim a base para a riqueza temporal de Genebra, Esta industria... mostrou ser préspera em Genebra especialmente porque Calvino, atra- vés do evangelho, criou dentro dos individuos o amor pelo trabalho, honestidade, economia ¢ cooperagio. Ensinou que o capital nao era uma coisa maligna, mas o abengoado resultado de trabalho honesto € ‘que podia ser usado para o bem-estar da humanidade. Os paises sob a influéncia do Calvinismo foram invariavelmente conectados com 0 crescimento industrial ¢ riqueza... Nao é mera coincidéncia que li- berdade religiosa ¢ politica surgiram naqueles pafses onde o Calvinismo havia penetrado mais profundamente."* Provavelmente nunca existiu um exemplo mais claro de reforma moral ¢ social extensivas do que a transformacao de Genebra sob 0 ministério de Jodo Calvino, e isto foi realizado quase completamen- te pela pregacao da Palavra de Deus. Pense novamente sobre 2 Timéteo 3. Paulo encorajou Timéteo a continuar no caminho do ministério no qual ele estava andando por- que “desde a infancia, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sibio para a salvacdo pela f€ em Cristo Jesus” («. 15). Por que a Biblia é capaz.de fazer isto? E capaz de fazer isto porque é “inspira- da por Deus” (v. 16). Isto é, éa propria Palavra de Deus e portanto carrega consigo a antoridade e o préprio poder de Deus. Sim, é ttil também. F itil “para o ensino, para a repreensio, para a correcao, para a educagio na justica, a fim de que 0 homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (vs. 16,17). E exatamente isto. Isto é do que necessitamos. Isto é do que todos precisam. E somente a Palavra de Deus é suficiente para isto.

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