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Logica aristotélica Leia este aforismo de Pascal: “E justo que o que é justo seja seguido. E necessario que o que 6 mais forte seja seguido. A justiga sem a forga é impotente; a forga sem a justia é tirdnica, AA justia sem a forga serd contestada, porque hé sempre maus; a forca sem a justiga serd acusada. E preciso, pois, reunir a justica e a forga; e, dessa forma, fazer com que o que é justo seja forte, e o que 6 forte seja justo. AA justiga é sujeita a disputas: a forga é muito reconhecivel, e sem disputa. Assim, nao se péde dar a forga a justiga, porque a forga contradisse a justiga, dizendo que esta era injusta, e que ela é que a usta assim, nio podendo fazer com que o que éfurtofosse forte, fee com que o que é forte fxs juste." ‘UA CURIOSIDADE, PROFESSOR: [QUANTA IDEIAS 0 SEU NTELECTO DISPARA PoR SEGUNDO? Charge de Quino | em Potentes, prepotentes |) eimpotentes. = S30 Paulo: Martins Fontes, 2003.36. A Pana in. Lucie dbo Ape intodugaie Filo Nessa charge, Quino contrapée duas formas de poder: o poder da forga ¢ 0 das ideias. Aquele que faz calar as ideias pela forga faz uma pergunta idnica ao intelectual e despreza a disputa das ideias. Reescreva com suas palavras qual é a posigao de Pascal, filésofo francés que viveu no século XVIL. Em seguida explique por que ¢ importante desenvolver a arte da argumentagao. © PASCAL. Pensamentos, aforisma 298, So Paulo: Abril Cultural, 1973. p.117 pn poh Mt Og PN ce. O que é légica? A légica faz parte do nosso cotidiano. Na fam{- lia, no trabalho, no lazer, nos encontros entre ami gos, na politica, sempre que nos dispomos a con- versar com as pessoas usamos argumentos para expor e defender nossos pontos de vista. Os pais discutem com seus filhos adolescentes sobre o que podem ou nio fazer, e estes rebatem com outros argumentos. Se assim é, tanto melhor que saibamos o que sustenta nossos raciocinios, 0 que os torna vali- dos e em que casos so incorretos. O estudo da lqica serve para organizar as ideias de modo mais rigoroso, para que no nos enganemos em nossas conclusées. Vamos aqui examinar como surgiu a légica na Antiguidade grega. Embora os sofistas e também Platéo tenham se ocupado com questées Idgicas, nenhum deles © fez com a amplitude e o rigor alcangados por Aristételes (sée. IV a.C.). O proprio filésofo, porém, nao denominou seu estudo de Jégica, palavra que 86 apareceu mais tarde, talvez no século seguinte, com os estoicos. (Temoroan Légica. Do grego logos,"palavra",“expressao’,"pen- samento’,“conceito’,“discurso',"raza0” A obra de Aristételes dedicada & légica cha- ma-se Analiticos e, como o préprio nome diz, trata da andlise do pensamento nas suas partes integran- tes, Essa e outras obras sobre I6gica foram reuni- das com o titulo de Organon, que significa “instru- mento” e, no caso, instrumento para se proceder corretamente no pensar. Vejamos 0 que significa a légica, como instru- ‘mento do pensar. +0 estudo dos métodos e principios da argu- mentacdo; +a investigagio das condigées em que a con- cluséo de um argumento se segue necessa- riamente de enunciados iniciais, chamados premissas; + oestudo que estabelece as regras da forma cor- reta das operages do pensamento e identifica as argumentages ndo validas. @ Termo e proposigao A proposigéo é um enunciado no qual afirmamos ou negamos um termo (um conceito) de outro. No exemplo “Todo co é mamifero" (Todo CM), temos ‘uma proposig&o em que o termo “mam(fero” afir- ma-se do termo “cio”. a) Qualidade e quantidade As proposigdes podem ser distinguidas pela qua- lidade e pela quantidade: Quanto a qualidade, s40 afirmativas ou negativas: “Todo C éM” ou “Nenhum Cé M"; Quanto & guantidade sio gerais — universais ou totais — ou particulares. Estas iltimas podem ser singulares caso se refiram a um sé indivi- duo: “Todo C é M’; ‘Algum C é M’; “Este C é M’, respectivamente. 4 Exercitando: + “Todo céo é mamifero’: proposi afirmativa; -“Nenhum animal é mineral’: universal nega- tivas +“Algum metal ndo é sélidc’: particular nega- tivas + "Sécrates é mortal’: singular afirmativa, b) Extensdo dos termos A extensdo é a amplitude de um termo, isto é, a colegao de todos os seres que o termo designa no contexto da proposi¢ao. E facil identificar a exten- sio do sujeito, mas ado predicado exige maior aten- ‘cdo. Observe os seguintes exemplos: + Todo paulista é brasileiro (Lodo P éB) + Nenhum brasileiro é argentino (Todo B nao éa) + Algum paulista é solteiro (Algum P é 8) + Alguma mulher nao é justa (Alguma M nao é]) Para melhor visualizar, vamos representar as proposigées por meio dos chamados diagramas de Euler. (alrark same as (© matemstico sulgo Leonard Euler (707-783) inventou diagramas para reresentar ox enunia- dosnalogica,Nosetuiosepuintotambemlogica tematemsticn ingles ohnvenn (8341923) 0s ape felyoou, realizando dlagramas mats complexos Uéalea aristotéliea coptwuio 11 aa BRT unicode 3 © comheci «Na primeira proposigio, “Todo P & B", o termo “paulista’ tem extensio total (esté distribuido, referindo-se a todos os paulistas); mas o termo “brasileiro” tem extensto particular (no é tomado universalmente), ou seja, uma parte dos brasileiros é composta de paulistas. «Na segunda proposigéo, “Todo B nao é A’, 0 termo “brasileiro” é total, porque se refere a todos os brasileiros; eo termo “argentino” tam- bém é total, porque os brasileiros esto exclut- dos do conjunto de todos os argentinos. i 'OO - Na terceira proposi¢ao, “Algum P é S", ambos os termos tém extensio particular. () + Naquarta proposigéo, “Alguma Mnio éJ",otermo “mulher” tem extenséo particular eotermo“justa” tem extensio total ou seja, existe uma mulher que nfo é nenhuma das pessoas justas. ©) Principios da légica Para compreender as relagdes que se estabele- cem entre as proposigées, foram definidos os pri- meiros princfpios da légica, assim chamados por serem anteriores a qualquer raciocinio e servirem de base a todos os argumentos. Por serem princt- pios, s8o de conhecimento imediato e, portanto, indemonstraveis. Geralmente distinguem-se trés principios:o de iden- tidade, 0 de néo contradigao 0 do tercero exclu. «Segundo o princfpio de identidade, se um enunciado 6 verdadeiro, entéo ele é ver- dadetro. +0 prinefpio de mo contradigfio — que alguns denominam simplesmente principio de contradig&o — afirma que nao é 0 caso de um enunciado e de sua negagdo. Portanto, duas proposigdes contraditdrias nao podem ser ambas verdadeiras: se for verdadeiro que “alguns seres humanos nao sio justos", éfalso que “todos os seres humanos so justos". +0 princfpio do tercetro exelufdo — as vezes chamado principio do meio excluédo — afirma que nenhum enunciado é verdadeiro nem falso. Ou seja, nao hd um terceiro valor. Como disse Aristételes, “entre os opostos contraditérios no existe um mei¢’. * ‘A essa altura da exposicao, é possivel perceber ‘que as proposigdes podem relacionar-se por oposi- cdo e dependéncia. Quadrado de oposi¢ées Com base na classificagdio das proposicdes segundo a quantidade e a qualidade, so poss{- veis diversas combinagées, que podem ser visua- lizadas pelo chamado quadrado de oposigdes, diagrama que explicita as relagdes entre propo- sigdes contrérias, subcontrérias, contraditérias e subalternas. Vamos identificar cada proposigao com uma letra: A (gerais afirmativas), E (gerais negativas), I (particulares afirmativas) e O (particulares nega- tivas). Para exemplificar, partimos da proposicio geral afirmativa “Todo F é G”: subalternas —contraditérias —_subalternas

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