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Volume II

Trabalhos Voluntários
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

FONTES E DOSES DE FÓSFORO NA RECUPERAÇÃO DE PASTAGENS


DEGRADADAS DE Brachiaria brizantha CV. MARANDU NA AMAZÔNIA
OCIDENTAL

Newton de Lucena Costa1


Claudio Ramalho Townsend2
João Avelar Magalhães3
Ricardo Gomes de A. Pereira2

RESUMO

Avaliou-se o efeito de fontes (superfosfato triplo – SFT, superfosfato simples – SFS e


fosfato natural parcialmente acidulado – FNPA) e doses de fósforo (0, 50 e 100 kg de
P2O5 /ha) sobre a produção de matéria seca (MS) e composição química da forragem de
pastagens degradadas de Brachiaria brizantha cv. Marandu. A adubação fosfatada,
independentemente das fontes e doses, mostrou-se uma prática agronômica
tecnicamente viável para a recuperação de pastagens de B. brizantha cv. Marandu. Os
rendimentos de MS da gramínea foram significativamente incrementados com a aplicação
de níveis crescentes de fósforo, ocorrendo o inverso em relação às plantas invasoras. Os
teores de PB, cálcio e fósforo, independentemente da fonte e dose, não foram afetados
pela adubação fosfatada. A aplicação de 100 kg de P2O5 /ha, sob a forma de SFT,
resultou nos maiores rendimentos de forragem, enquanto que para o FNPA não foi
detectado efeito significativo de doses.

Termos para indexação: cálcio, magnésio, matéria seca, potássio, proteína bruta

RESPONSE OF DEGRADED BRACHIARIA BRIZANTHA CV. MARANDU PASTURES TO


SOURCES AND LEVELS OF PHOSPHORUS IN THE OCCIDENTAL AMAZONIA

ABSTRACT

The effects of phosphorus sources (triple superphosphate – TSP, single superphosphate –


SSP and partially acidulated rock phosphate – PARP) and levels (0, 50 and 100 kg/ha of
P2O5 on dry matter (DM) yields and chemical composition of a degraded Brachiaria
brizantha cv. Marandu pasture were evaluated in a cutting trial. Phosphorus fertilization,
irrespective of sources and levels, showed an effective agronomic techinique for pasture
reclamation. The grass DM yields and potassium contents were significantly improved by
phosphorus application, while weed DM yields were depressed. Irrespective of sources
and levels, crude protein, phosphorus, and calcium contents were not affected by
phosphorus fertilization. The application of 100 kg of P2O5 /ha, as TSP, provided the
highest grass yields, while for PARP was not observed significative effect of phosphorus
level.

Index terms: calcium, crude protein, dry matter, magnesium, potassium

_______
1
Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Amapá, Caixa Postal 10, CEP 68902-208, Macapá, Amapá
2
Zootec., M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, CEP 78900-970, Porto Velho, Rondônia
3
Med. Vet., M.Sc., Embrapa Meio Norte, Caixa Postal 01, CEP 6478900-970, Teresina, Piauí

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Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

INTRODUÇÃO

Na Amazônia Ocidental, cerca de oito milhões de hectares, originalmente sob


cobertura de florestas, estão, atualmente, ocupados com pastagens cultivadas. Nos
primeiros anos de exploração, estas apresentam uma excelente produtividade, como
consequência da incorporação ao solo de grandes quantidades de nutrientes contidos nas
cinzas da biomassa incinerada. Contudo, com o decorrer do tempo observa-se uma
gradativa redução em sua produtividade, com reflexos altamente significativos e negativos
nos índices de desempenho zootécnico dos rebanhos (Costa, 1996). Atualmente, cerca
de 40% das pastagens formadas na região apresentam-se em diferentes estágios de
degradação, o que reflete na necessidade do contínuo desmatamento a fim de alimentar
adequadamente os rebanhos, resultando numa pecuária itinerante.
O processo de degradação se manifesta pelo declínio gradual da produtividade das
plantas forrageiras, devido a vários fatores, tais como a baixa fertilidade natural dos solos,
manejo inadequado das pastagens (altas cargas animal e pastejo contínuo), ausência de
fertilizações, uso indiscriminado do fogo, compactação do solo e as altas pressões
bióticas (pragas e doenças), o que culmina com a dominância total da área por plantas
invasoras (Veiga & Serrão, 1987). Deste modo, os métodos tradicionais de manutenção,
como queima e limpeza das pastagens, tornam-se cada vez mais inócuos. Também, a
baixa disponibilidade de fósforo tem sido identificada como a principal causa para a
instabilidade das pastagens cultivadas na Amazônia (Costa, 1996). O alto requerimento
de fósforo pelas gramíneas cultivadas, associadas às perdas por erosão, retirada pelos
animais sob pastejo e a competição que as plantas invasoras exercem, resulta na queda
de produtividade e a consequente degradação das pastagens.
Neste trabalho avaliou-se o efeito de fontes e doses de fósforo sobre o rendimento
e composição química da forragem de pastagens degradadas de Brachiaria brizantha cv.
Marandu.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi conduzido no Campo Experimental da Embrapa Rondônia, localizado


no município de Porto Velho, durante o período de fevereiro de 1995 a outubro de 1997.
O clima da região é tropical do tipo Am, com temperatura média de 24,5ºC, precipitação
entre 2.000 e 2.500 mm, com estação seca bem definida (junho a setembro) e umidade
relativa do ar média anual em torno de 89%.
O solo da área experimental é um Latossolo Amarelo, textura argilosa, com as
seguintes características químicas: pH em água (1:2,5) = 5,1; Al = 0,7 cmol/dm3; Ca + Mg
= 1,09 cmol/dm3; P = 2,5 mg/kg; K = 0,07 cmol/dm3 e Matéria Orgânica = 2,59%. A área
experimental consistiu de uma pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu,
estabelecida há oito anos e caracterizada como degradada pelo baixo vigor da gramínea,
baixa disponibilidade de forragem e predominância de plantas invasoras (30 a 50%).
O delineamento experimental foi em blocos casualizados com parcelas divididas e
três repetições. As fontes de fósforo (superfosfato triplo - SFT, superfosfato simples - SFS
e fosfato natural parcialmente acidulado - FNPA) representaram as parcelas principais e
as doses de fósforo (0, 50 e 100 kg de P2O5 /ha) as subparcelas. Os fertilizantes foram
aplicados à lanço, após o rebaixamento da vegetação através de duas gradagens
cruzadas. As parcelas principais mediram 8 x 4 m e as subparcelas 4 x 4 m, sendo a área
útil de 2,0 m2. Os parâmetros avaliados foram rendimentos de matéria seca (MS) da
gramínea e das plantas invasoras, teores de proteína bruta (PB), fósforo, cálcio, magnésio

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Produtividade com qualidade ambiental

e potássio. As avaliações foram realizadas a intervalos de 12 semanas, através de cortes


mecânicos efetuados a uma altura de 20 cm acima do solo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para os rendimentos de forragem, a análise de variância revelou significância (P <


0,05) para a interação fontes x doses de fósforo (Tabela 1). Para a gramínea, com a
utilização de SFT ou SFS, os maiores rendimentos de MS foram obtidos com a aplicação
de 100 kg de P2O5/ha, enquanto que para o FNPA não se detectou efeito significativo (P >
0,05) de doses de fósforo. Independentemente da dose aplicada, o SFT foi a fonte mais
eficiente (Tabela 1). Com relação ao componente plantas invasoras, não se observou
efeito significativo (P > 0,05) de fontes e doses de fósforo, sendo o maior rendimento de
MS registrado no tratamento testemunha. No entanto, a sua participação na composição
botânica da pastagem foi reduzida entre 59 e 70% com a aplicação das diferentes fontes
e doses de fósforo. Resultados semelhantes foram relatados por Ordoñez & Toledo
(1985) e Costa et al. (1997) para pastagens degradadas de B. decumbens e B.
humidicola, respectivamente, fertilizadas com diferentes fontes e doses de fósforo. No
Pará, Couto et al. (1997), em pastagens de B. brizantha cv. Marandu, verificaram que a
aplicação de 50 kg de P2O5/ha, sob a forma de SFT ou Fosfato da Carolina do Norte,
proporcionou os maiores rendimentos de forragem, comparativamente às demais doses
utilizadas (100 a 250 kg de P2O5/ha). Em pastagens degradadas de P. maximum, a
adubação fosfatada (50 kg de P2O5/ha), incrementou em mais de 200% os rendimentos
de forragem da gramínea e reduziu a menos de 5% a percentagem de invasoras, em
contraste com cerca de 75 a 80% na pastagem não fertilizada (Veiga & Serrão, 1987). Da
mesma forma, Costa et al. (1998), em pastagens degradadas de Andropogon gayanus cv.
Planaltina, verificaram que a aplicação de 100 kg de P2O5/ha resultava num acréscimo de
284% da produção de forragem, além de reduzir em 56% a presença de plantas
invasoras.

Q Tabela 1. Rendimento de matéria seca de Brachiaria brizantha cv. Marandu e de plantas


invasoras, teores de proteína bruta (PB), cálcio (Ca), fósforo (P), potássio (K) e magnésio (Mg),
em função da aplicação de fontes e doses de fósforo. Porto Velho, Rondônia. 1995/97.
1
Fontes de Doses Matéria seca (kg/ha) PB Ca P K Mg
Fósforo kg P2O5/ha Gramínea Invasoras % -------------------- g/kg --------------------
Testemunha 0 1303 d 847 a 8,64 a 3,75 a 1,47 a 13,3b 3,04 a
SFT 50 2374 b 356 b 9,39 a 3,93 a 1,81 a 16,5a 2,92 a
100 2650 a 333 b 8,53 a 3,90 a 1,49 a 14,5ab 2,27 b
SFS 50 2044 c 389 b 8,40 a 3,77 a 1,58 a 15,7ab 2,95 a
100 2318 b 321 b 8,47 a 3,97 a 1,46 a 15,4ab 2,92 a
FNPA 50 1863 c 285 b 8,46 a 3,95 a 1,54 a 15,8 a 2,86 a
100 1854 c 277 b 9,47 a 3,60 a 1,76 a 17,1 a 2,84 a
- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey
1 – Médias de seis cortes

Para os teores de PB, fósforo e cálcio, não se observaram efeitos significativos (P


> 0,05) de fontes e doses de fósforo (Tabela 1). Respostas semelhantes foram
observadas em B. brizantha cv. Marandu, fertilizada com diferentes níveis de fósforo (0 a
300 kg de P2O5 /ha), a qual apresentou teores entre 0,09 a 0,16% de fósforo e 10,6 a
12,4% de PB (Paulino et al. 1994). Considerando-se que teores de PB inferiores a 7% são
limitantes à produção animal, pois implicam em baixo consumo voluntário, menor
digestibilidade da forragem e balanço nitrogenado negativo, verifica-se que a gramínea,
independentemente das fontes e doses de fósforo, atenderia satisfatoriamente às

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Produtividade com qualidade ambiental

exigências nutricionais mínimas dos animais (minson, 1971). Já, os teores de fósforo,
exceto com a aplicação de 50 kg P2O5/ha, sob a forma de SFT, ficaram abaixo do nível
mínimo recomendado para bovinos de carne em crescimento, o qual segundo o National
Research Council (1978) é de 0,18%. Os teores de potássio foram significativamente (P <
0,05) afetados pelas fontes e doses de fósforo, contudo não apresentaram uma tendência
definida, a qual pudesse ser explicada pelo efeito de diluição ou concentração. Com
relação ao magnésio, a menor concentração foi obtida com a aplicação de 100 kg
P2O5/ha, sob a forma de SFT, não sendo detectado variações significativas (P > 0,05)
para as demais fontes e doses de fósforo (Tabela 1). Normalmente, este fato ocorre como
consequência de um efeito de diluição da concentração do nutriente, em função do maior
acúmulo de MS com a aplicação de doses crescentes do fertilizante, independentemente
da fonte utilizada. Respostas semelhantes foram reportadas por Costa et al. (1997) para
B. humidicola.

CONCLUSÕES

1. A adubação fosfatada, independentemente das fontes e doses, mostrou-se uma


prática agronômica tecnicamente viável para a recuperação de pastagens de B. brizantha
cv. Marandu;
2. Os rendimentos de MS da gramínea foram incrementados com a aplicação de
níveis crescentes de fósforo, ocorrendo o inverso em relação aos das plantas invasoras;
3. Os teores de PB, cálcio e fósforo, independentemente de fontes e doses, não
foram afetados pela adubação fosfatada;
4. A aplicação de 100 kg de P2O5 /ha, sob a forma de SFT, resultou nos maiores
rendimentos de forragem, enquanto que para o FNPA não foi detectado efeito significativo
de doses.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, N. de L. Adubação fosfatada na recuperação de pastagens degradadas da região


amazônica. Lavoura Arrozeira, v.49, n.425, p.16-19, 1996.
COSTA, N. de L.; PAULINO, V.T.; OLIVEIRA, J.R. da C.; LEÔNIDAS, F. das C.; RODRIGUES,
A.N.A. Resposta de Brachiaria humidicola à fontes e doses de fósforo nos cerrados de Rondônia.
In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 34., 1997, Juiz de Fora.
Anais... Juiz de Fora: SBZ, v.2, p.154-156.
COSTA, N. de L.; TOWNSEND, C.R.; MAGALHÃES, J.A.; PEREIRA, R.G. de A. Resposta de
pastagens degradadas de Andropogon gayanus cv. Planaltina à fontes e doses de fósforo. In:
REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 35., 1998, Botucatu. Anais...
Botucatu: SBZ, v.2, p.161-163.
COUTO, W.S.; TEIXEIRA NETO, J.F.; SIMÃO NETO, M.; VEIGA, J.B. da. Estabelecimento de
Brachiaria brizantha cv. Marandu sob diferentes fontes e níveis de fósforo na região Bragantina,
estado do Pará. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 34., 1997,
Juiz de Fora. Anais... Juiz de Fora: SBZ, v.2, p.184-186.
MINSON, D.J. The nutritive value of tropical pastures. Journal of Australian Institute of
Agriculture Science, Victoria, v.37, p.255-263, 1971.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requeriments of beef cattle. 5. ed. Washington:
National Academy of Science, 1978. 56p.

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Produtividade com qualidade ambiental

ORDOÑEZ, H.; TOLEDO, J.M. Recuperación con Brachiaria decumbens de una pastura
degradada utilizando diferentes prácticas agronómicas. Pasturas Tropicales, v.7, n.2, p.21-23,
1985.
PAULINO, V.T.; COSTA, N. de L.; LUCENA, M.A.C. de; SCHAMMAS, E.A. Resposta de
Brachiaria brizantha cv. Marandu à calagem e à adubação fosfatada em um solo ácido. Pasturas
Tropicales, v.16, n.2, p.23-33, 1994.
VEIGA, J.B. da; SERRÃO, E.A.S. Recuperación de pasturas en la región este de la Amazonía
brasileña. Pasturas Tropicales, v.9, n.3, p.40-43, 1987.

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Produtividade com qualidade ambiental

DESEMPENHO AGRONÔMICO DE LEGUMINOSAS FORRAGEIRAS EM


SOLOS DE BAIXA FERTILIDADE

Newton de Lucena Costa1


Claudio Ramalho Townsend2
João Avelar Magalhães3
RESUMO

O desempenho agronômico de dez leguminosas forrageiras em solo de baixa fertilidade


foi avaliado em Porto Velho, Rondônia. No período chuvoso, os maiores rendimentos de
matéria seca foram obtidos com C. acutifolium CIAT-5277 (4,11 t/ha), C. macrocarpum
CIAT-5062 (3,87 t/ha), C. acutifolium CIAT-5234 (3,71 t/ha) e S. guianensis CIAT-64-A
(3,55 t/ha). Já, no período seco, as leguminosas mais produtivas foram C. macrocarpum
CIAT-5062 (2,08 t/ha), C. acutifolium CIAT-5277 (1,95 t/ha) e S. guianensis CIAT-64-A
(1,87 t/ha). Os maiores teores de proteína bruta foram fornecidos por S. guianensis CIAT-
64-A (18,7%) e S. guianensis CIAT-136 (18,1%). Para os teores de fósforo, os maiores
valores foram obtidos por S. guianensis CIAT-136 (0,217%) e C. macrocarpum CIAT-5062
(0,194%). Com relação aos teores de cálcio, S. guianensis CIAT-136 (0,72%), C.
acutifolium CIAT-5234 (0,69%), C. macrocarpum CIAT-5062 (0,68%) e P. phaseoloides
(0,65%) proporcionaram as maiores concentrações. Considerando-se os rendimentos, a
qualidade e a distribuição estacional de forragem, as leguminosas mais promissoras para
a região foram C. acutifolium CIAT-5277 e CIAT-5234, C. macrocarpum CIAT-5062 e S.
guianensis CIAT-136 e CIAT-64-A.

Termos para indexação: cálcio, fósforo, matéria seca, proteína bruta

AGRONOMIC EVALUATION OF FORAGE LEGUMES IN LOW FERTILITY SOIL

ABSTRACT

The agronomic performance of ten forage legumes were assessed in a cutting trial carried
out at Porto Velho, Rondônia. During the rainy season, the higher dry matter yields were
obtained with C. acutifolium CIAT-5277 (4,11 t/ha), C. macrocarpum CIAT-5062 (3,87
t/ha), C. acutifolium CIAT-5234 (3,71 t/ha) and S. guianensis CIAT-64-A (3,55 t/ha). During
the dry season, the legumes more productives were C. macrocarpum CIAT-5062 (2,08
t/ha), C. acutifolium CIAT-5277 (1,95 t/ha) and S. guianensis CIAT-64-A (1,87 t/ha). The
highest crude protein contents were obtained with S. guianensis CIAT-64-A (18,7%) and
S. guianensis CIAT-136 (18,1%), while the highest P contents were provided by S.
guianensis CIAT-136 (0,217%) and C. macrocarpum CIAT-5062 (0,194%). In relation to
calcium contents, the legumes S. guianensis CIAT-136 (0,72%), C. acutifolium CIAT-5234
(0,69%), C. macrocarpum CIAT-5062 (0,68%) and P. phaseoloides (0,65%) provided the
higher values. In order to obtain greater forage yields with better quality, the legumes more
promising were C. acutifolium CIAT-5277 e CIAT-5234, C. macrocarpum CIAT-5062 and
S. guianensis CIAT-136 e CIAT-64-A.

Index terms: calcium, crude protein, dry matter, phosphorus


______________
1
Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Amapá, Caixa Postal 10, CEP 68902-208, Macapá, Amapá
2
Zootec., M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, CEP 78900-970, Porto Velho, Rondônia
3
Med. Vet., M.Sc., Embrapa Meio-Norte, Caixa Postal 01, CEP 64006-220, Teresina, Piauí

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INTRODUÇÃO

Em Rondônia, o nitrogênio é um dos nutrientes mais limitantes ao estabelecimento


e manutenção das pastagens cultivadas em solos de terra firme, os quais apresentam alta
acidez, baixa capacidade de troca catiônica e elevados teores de alumínio. Estas
limitações podem ser superadas pelo uso de calcário e fertilizantes, no entanto, os altos
custos destes insumos na região justificam a busca por alternativas técnica, ecologica e
economicamente mais viáveis. Deste modo, espécies de leguminosas tolerantes à acidez
do solo e a baixos níveis de nutrientes disponíveis no solo, podem ser de grande utilidade
em sistemas agrícolas, considerando-se o potencial de fixação de nitrogênio atmosférico
através da simbiose com bactérias do gênero Rhizobium.
A identificação de leguminosas forrageiras adaptadas às condições edafoclimáticas
regionais e que apresentem produtividade e valor nutritivo compatíveis com as exigências
dos animais, representa a primeira etapa para a implantação de uma pecuária com
índices zootécnicos satisfatórios. A introdução contínua de germoplasma forrageiro tem
contribuído de forma positiva e significativa para o sucesso dos programas de
melhoramento, formação e/ou recuperação de pastagens e, consequentemente, para uma
alimentação mais econômica e racional dos rebanhos (Dias Filho & Serrão, 1982; Costa
et al. 1991, 2000).
Neste trabalho avaliou-se o desempenho agronômico de leguminosas forrageiras,
visando selecionar aquelas mais promissoras para a formação de pastagens melhoradas
nas condições ecológicas de Porto Velho, Rondônia.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi conduzido no campo experimental do Embrapa Rondônia, localizado


o
no município de Porto Velho (96 m de altitude, 8o46' de latitude sul e 63 5' de longitude
oeste), durante o período de outubro de 1997 a setembro de 1998. O solo da área
experimental é um Latossolo Amarelo, textura argilosa, fase floresta, o qual foi
apresentava as seguintes características químicas: pH (1:2,5) = 4,9; Al = 2,3 cmol/ dm3;
Ca + Mg = 1,3 cmol/dm3; P = 2 mg/kg e K = 66 mg/kg.
O delineamento experimental foi em blocos casualizados com três repetições.
Foram avaliadas dez espécies de leguminosas forrageiras, pertencentes aos gêneros
Stylosanthes (4), Pueraria (1) e Centrosema (5). As parcelas mediam 2,5 x 5,0 m, sendo a
área útil de 3,0 m2. A adubação de estabelecimento constou da aplicação de 50 kg de
P2O5/ha, sob a forma de superfosfato triplo.
As avaliações para a determinação dos rendimentos de matéria seca (MS) foram
realizadas, após a uniformização das parcelas, a intervalos de 8 e 12 semanas de
crescimento, durante dois períodos chuvosos (844 mm) e secos (121 mm). Os cortes
foram realizados a uma altura de 10 cm acima do solo nas espécies decumbentes e a 20
cm nas cespitosas. Os parâmetros avaliados foram rendimento de MS, teores de proteína
bruta (PB), fósforo e cálcio.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

1. Estabelecimento
Doze semanas após a semeadura, as espécies que se destacaram com as maiores
percentagens de cobertura do solo (90 a 100%) e menores infestações de plantas
daninhas (0 a 10%) foram C. acutifolium CIAT-5277, C. acutifolium CIAT-5234 e P.
phaseoloides. As maiores alturas de plantas foram observadas em S. guianensis CIAT-

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Produtividade com qualidade ambiental

64-A (30 cm), S. guianensis CIAT-136 (28 cm) e S. humilis CIAT-1304 (24 cm). Com
relação ao aspecto fitossanitário, as espécies de Stylosanthes não apresentaram
quaisquer problemas. Já, as espécies de Centrosema foram atacadas por insetos do tipo
comedores (Diabrotica speciosa), enquanto que em C. brasilianum CIAT-5247 detectou-
se a ocorrência do fungo Rhizoctonia solani (queima-das-folhas), com índice de danos de
20%.

2. Rendimento e composição química da forragem


Durante o período chuvoso, os maiores rendimentos de MS foram obtidos com C.
acutifolium CIAT-5277 (4,11 t/ha), C. macrocarpum CIAT-5062 (3,87 t/ha), C. acutifolium
CIAT-5234 (3,71 t/ha) e S. guianensis CIAT-64-A (3,55 t/ha), os quais não diferiram entre
si (P > 0,05) e superaram em 30,9; 23,2; 18,1 e 13,0%, respectivamente, os rendimentos
de forragem fornecidos por P. phaseoloides, leguminosa considerada como testemunha,
face ao seu cultivo generalizado na região amazônica. Já, no período de seco, as
leguminosas mais produtivas foram C. macrocarpum CIAT-5062 (2,08 t/ha), C. acutifolium
CIAT-5277 (1,95 t/ha) e S. guianensis CIAT-64-A (1,87 t/ha). Com relação ao rendimento
total de MS acumulado durante o período experimental, C. acutifolium CIAT-5277 (6,06
t/ha), C. macrocarpum CIAT-5062 (5,95 t/ha) e S. guianensis CIAT-64-A (5,42 t/ha)
forneceram os maiores valores, enquanto que S. humilis CIAT-1304 (2,73 t/ha), C.
pubescens CIAT-438 (3,10 t/ha) e C. brasilianum CIAT-5247 (3,22 t/ha) proporcionaram
os menores rendimentos de forragem, evidenciando pouca adaptação às condições
ecológicas de Porto Velho (Tabela 1).
O desempenho agronômico das leguminosas mais promissoras, em termos de
produção de forragem, foi bastante satisfatório, sendo superior aos relatados por Costa et
al. (1995), Dias Filho et al. (1991) e Passoni et al. (1992), avaliando diversas leguminosas
forrageiras tropicais em condições ecológicas semelhantes.

Tabela 1. Rendimento de matéria seca e teores de proteína bruta (PB), cálcio e fósforo de
leguminosas forrageiras, durante os períodos de chuvoso e seco. Porto Velho, RO.

Matéria Seca (t/ha) PB Cálcio Fósforo


Leguminosas Períodos Total ------------------------ % -----------------------
Chuvoso Seco
P. phaseoloides 3,14 b 1,10 cde 4,24 cd 16,1 cd 0,186 bc 0,65 ab
C. pubescens CIAT-438 2,24 c 0,86 de 3,10 ef 14,4 ef 0,165 cd 0,44 e
C. acutifolium CIAT-5277 4,11 a 1,95 a 6,06 a 16,5 bc 0,170 bcd 0,61 bc
C. acutifolium CIAT-5234 3,71 ab 1,23 cd 4,94 bc 15,9 cd 0,173 bcd 0,69 a
C. brasilianum CIAT-5247 2,18 c 1,04 cde 3,22 ef 14,8 def 0,155 d 0,48 e
C. macrocarpum CIAT-5062 3,87 a 2,08 a 5,95 a 15,7 cde 0,194 ab 0,68 ab
S. guianensis CIAT-136 3,29 b 1,44 bc 4,73 bc 18,1 ab 0,217 a 0,72 a
S. hamata CIAT-147 2,37 c 1,16 cde 3,81 de 13,9 f 0,168 cd 0,57 cd
S. humilis CIAT-1304 1,98 c 0,75 e 2,73 f 14,2 ef 0,153 d 0,50 de
S. guianensis CIAT-64-A 3,55 ab 1,87 a 5,42 ab 18,7 a 0,175 bcd 0,62 bc
- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey
1 – Médias de seis cortes 2 – Médias de dois cortes

Todas as leguminosas avaliadas apresentaram crescimento estacional, sendo esta


característica mais acentuada em C. acutifolium CIAT-5234, P. phaseoloides e S. humilis
CIAT-1304. Já, C. macrocarpum CIAT-5062, S. guianensis CIAT-64-A, C. acutifolium
CIAT-5277 e C. brasilianum CIAT-5247 foram as espécies com melhor distribuição
estacional da produção de forragem.
O maior teor de PB foi fornecido por S. guianensis CIAT-64-A (18,7%), o qual não
diferiu (P > 0,05) do observado com S. guianensis CIAT-136 (18,1%). Para os teores de

12
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Produtividade com qualidade ambiental

fósforo, os maiores valores foram obtidos por S. guianensis CIAT-136 (0,217%) e C.


macrocarpum CIAT-5062 (0,194%). Com relação aos teores de cálcio, S. guianensis
CIAT-136 (0,72%), C. acutifolium CIAT-5234 (0,69%), C. macrocarpum CIAT-5062
(0,68%) e P. phaseoloides (0,65%) proporcionaram as maiores concentrações (Tabela 1).
Os teores de PB e cálcio observados em todas as leguminosas avaliadas foram
satisfatórios, sendo suficientes para atender às exigências requeridas por bovinos de
corte em crescimento e vacas em lactação (três a quatro meses após o parto), em regime
de pastejo, os quais segundo o National Research Council (1976, 1978) seriam de 8,5 a
11,0% e 9,2 a 12,0% de PB e, 0,18 a 0,30% e 0,25 a 0,29% de cálcio, respectivamente.
Para os teores de fósforo, apenas os obtidos com S. guianensis CIAT-136, C.
macrocarpum CIAT-5062 e P. phaseoloides foram superiores aos requerimentos mínimos
para bovinos de corte ou leite, o qual de acordo com o National Research Council (1978)
seria de 0,18% na matéria seca.

CONCLUSÕES

As leguminosas forrageiras mais promissoras para a formação e/ou renovação de


pastagens nas condições edafoclimáticas de Porto Velho, considerando-se os
rendimentos, a qualidade e a distribuição estacional de forragem, foram C. acutifolium
CIAT-5277 e CIAT-5234, C. macrocarpum CIAT-5062 e S. guianensis CIAT-136 e CIAT-
64-A;

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, N. de L.; GONÇALVES, C.A.; ROCHA, C.M.C. da. Avaliação agronômica de leguminosas
forrageiras nos cerrados de Rondônia, Brasil. Pasturas Tropicales, Cali, v.13, n.1, p.36-40, 1991.
COSTA, N. de L.; OLIVEIRA, J.R. da C.; MAGALHÃES, J.A. Produção e composição química de
leguminosas forrageiras em Rondônia. Lavoura Arrozeira, Porto Alegre, v.48, n.422, p.18-20,
1995.
COSTA, N. de L.; LEÔNIDAS, F. das C.; TOWNSEND, C.R; MAGALHÃES, J.A.; VIEIRA, A.H.
Avaliação de leguminosas arbóreas e arbustivas de múltiplo uso na Amazônia Ocidental. Amapá
Ciência e Tecnologia, Macapá, v.1, n.1, p.59-67, 2000.
DIAS FILHO, M.B.; SERRÃO, E.A.S. Introdução e avaliação de leguminosas forrageiras na
região de Paragominas, Pará. Belém: EMBRAPA-CPATU, 1982. 18p. (EMBRAPA.CPATU.
Circular Técnica, 29).
DIAS FILHO, M.B.; SIMÃO NETO, M.; SERRÃO, E.A.S. Avaliação agronômica de leguminosas
forrageiras para a Amazônia Oriental brasileira. Pasturas Tropicales, Cali, v.13, n.3, p.33-37,
1991.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Requeriments of beef cattle. 5.ed. Washington: National
Academy of Science, 1976. 56p.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Requeriments of dairy cattle. 5.ed. Washington: National
Academy of Science, 1978. 76p.
PASSONI, F.; ROSEMBERG, M.; FLORES, A. Evaluación de gramíneas y leguminosas forrajeras
en Satipo, Peru. Pasturas Tropicales, Cali, v.14, n.1, p.32-35, 1992.

13
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

MÉTODOS DE RECUPERAÇÃO DE PASTAGENS DEGRADADAS DE


Brachiaria brizantha cv. MARANDU

Newton de Lucena Costa1


Claudio Ramalho Townsend2
João Avelar Magalhães3
Ricardo Gomes de A. Pereira2

RESUMO

Avaliaram-se os efeitos de métodos físicos (aração, gradagem e aração + gradagem, com


ou sem leguminosa - Pueraria phaseoloides) e da adubação fosfatada (0 e 50 kg de P2O5
/ha) na recuperação de pastagens de Brachiaria brizantha cv. Marandu. Durante o
período chuvoso, o maior rendimento de MS foi verificado com a utilização da aração +
gradagem + leguminosa, na presença de adubação fosfatada, enquanto que, no período
seco, a aração + gradagem, com ou sem leguminosa, associada à aplicação de fósforo,
proporcionou as maiores disponibilidades de forragem. Os rendimentos de MS da
gramínea e da leguminosa foram incrementados pela adubação fosfatada, ocorrendo o
inverso em relação às plantas invasoras. Considerando-se a disponibilidade total de
forragem, a gradagem, aração + gradagem, com ou sem leguminosa, associadas à
adubação fosfatada, foram os métodos mais eficientes para a recuperação de pastagens
de B. brizantha cv. Marandu.

Termos para indexação: aração, gradagem, fósforo, matéria seca, plantas invasoras

RECLAMATION METHODS OF Brachiaria brizantha CV. MARANDU DEGRADED PASTURES

ABSTRACT

The effects of physical methods (plowing, harrowing, and plowing + harrowing, with or
without forage legume - Pueraria phaseoloides) and phosphate (P) fertilization (0 and 50
kg/ha of P2O5), on reclamation of Brachiaria brizantha cv. Marandu degraded pastures,
were evaluated. During rainy season, the highest dry matter (DM) yield was obtained with
plowing + harrowing + forage legume, plus P adition, while, during dry season, plowing +
harrowing, with or without forage legume, plus P addition provided the higher forage
yields. Grass and legume dry matter (DM) yields were improved by P application, while
DM weeds were depressed. In order to obtain greater forage yields, harrowing, plowing +
harrowing, with or without forage legume, plus P application were the most effectives
methods for degraded pastures reclamation.

Index terms: dry matter, harrowing, phosphorus, plowing, weeds

____________
1
Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Amapá, Caixa Postal 10, CEP 68902-208, Macapá, Amapá
2
Zootec., M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, CEP 78900-970, Porto Velho, Rondônia
3
Med. Vet., M.Sc., Embrapa Meio Norte, Caixa Postal 01, CEP 64006-220, Teresina, Piauí

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Produtividade com qualidade ambiental

INTRODUÇÃO

Na Amazônia Ocidental, cerca de oito milhões de hectares, originalmente sob


cobertura de florestas, estão, atualmente, ocupados com pastagens cultivadas. Desta
área, quase 40% já apresenta pastagens com diferentes estágios de degradação, o que
reflete na necessidade de novos desmatamentos, a fim de alimentar adequadamente os
rebanhos, resultando numa pecuária itinerante.
No processo tradicional de formação e utilização de pastagens cultivadas na região
Amazônica, após a queima da floresta, grande quantidade de nutrientes são adicionados
ao solo através das cinzas, aumentando consideravelmente sua fertilidade, elevando o pH
em pelo menos uma unidade e praticamente neutralizando o alumínio trocável. Nutrientes
como o cálcio e magnésio se mantém em níveis bastante elevados. Em conseqüência, a
saturação por bases dificilmente é inferior a 50%. O potássio permanece mais ou menos
estável, em níveis satisfatórios para manter a produtividade das pastagens. A matéria
orgânica e o nitrogênio permanecem em níveis aceitáveis, apesar das periódicas
queimadas. No entanto, os teores de fósforo (P), a partir do quarto a quinto ano do
estabelecimento das pastagens, declinam acentuadamente, até atingir níveis
praticamente indetectáveis, como se verifica em pastagens com mais de dez anos de
utilização.
O processo de degradação se manifesta pelo declínio gradual da produtividade das
plantas forrageiras, devido a vários fatores, como a baixa fertilidade natural dos solos,
manejo inadequado das pastagens, a ausência de fertilizações, o uso indiscriminado do
fogo as altas pressões bióticas (pragas e doenças), o que culmina com a dominância total
da área por plantas invasoras (Veiga & Serrão, 1987; Costa, 1999). A baixa
disponibilidade de P tem sido identificada como a principal causa para a instabilidade das
pastagens cultivadas na Amazônia (Costa et al., 1997; Costa, 1999). O alto requerimento
de P pelas gramíneas cultivadas, associadas com perdas pela erosão, retirada pelos
animais sob pastejo e a competição que as plantas invasoras exercem, resulta na queda
de produtividade e a conseqüente degradação das pastagens.
Neste trabalho avaliaram-se os efeitos de métodos físicos e da adubação fosfatada
na recuperação de pastagens degradadas de Brachiaria brizantha cv. Marandu.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi conduzido no Campo Experimental da Embrapa Rondônia, localizado


no município de Porto Velho, entre dezembro de 1995 e junho de 1998. O clima da região
é tropical do tipo Am, com temperatura média de 24,5ºC, precipitação entre 2.000 e 2.500
mm, com estação seca bem definida (junho a setembro) e umidade relativa do ar média
anual em torno de 89%.
O solo da área experimental é um Latossolo Amarelo, textura argilosa, com as
seguintes características químicas: pH em água (1:2,5) = 4,8; Al = 1,4 cmol/dm3; Ca + Mg
= 2,2 cmol/dm3; P = 1,0 mg/kg; K = 0,04 cmol/dm3 e Matéria Orgânica = 3,02%.
A área experimental consistiu de uma pastagem de Brachiaria brizantha cv.
Marandu, estabelecida há oito anos e caracterizada como degradada pelo baixo vigor da
gramínea, baixa disponibilidade de forragem e predominância de plantas invasoras (30 a
50%). O delineamento experimental foi em blocos casualizados sendo o esquema
experimental de parcelas divididas e três repetições. Os métodos físicos de recuperação
da pastagem (aração, gradagem e aração + gradagem, com ou sem leguminosa)
representavam as parcelas principais e, as doses de fósforo (0 e 50 kg/ha de P2O5), as
subparcelas. A adubação de estabelecimento constou da aplicação de 60 kg/ha de K2O

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Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

(cloreto de potássio). O fósforo foi aplicado à lanço, sob a forma de superfosfato triplo. A
leguminosa utilizada foi a Pueraria phaseoloides, semeada à lanço, utilizando-se 2,0
kg/ha de sementes com valor cultural de 90%. Os parâmetros avaliados foram
disponibilidade de matéria seca (MS) da gramínea, leguminosa e das plantas invasoras.
As avaliações foram realizadas a cada 12 semanas, por meio de cortes mecânicos
efetuados a uma altura de 20 cm acima do nível do solo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise da variância revelou efeito significativo (P < 0,05) para o efeito de


métodos de recuperação e adubação fosfatada sobre a disponibilidade de forragem
(Tabela 1). Durante o período chuvoso, o maior rendimento de MS da pastagem foi
verificado com a utilização da aração + gradagem + leguminosa, na presença de
adubação fosfatada (8463 kg/ha), enquanto que, durante o período seco, a aração +
gradagem, com ou sem leguminosa, associada à aplicação de fósforo, proporcionou as
maiores disponibilidades de forragem. Nos dois períodos de avaliação, os maiores
rendimentos de MS para o componente plantas invasoras foi diretamente proporcional a
intensidade de preparo do solo, sendo os maiores valores registrados com a aração +
gradagem, na ausência de adubação fosfatada. Da mesma forma, Martinez (1981)
verificou que o método mais eficiente para a recuperação de pastagens de Digitaria
decumbens consistiu na aração + gradagem, a qual proporcionou um incremento de 46%
no rendimento de forragem, em relação à testemunha. Para pastagens de B. dictioneura e
B. brizantha, a aração + duas gradagens ou gradagem + aração, seguidas de três
gradagens, foram os métodos mais eficientes de recuperação, aumentando em mais de
dez vezes a disponibilidade de forragem, em comparação com apenas uma gradagem
(Centro Internacional de Agricultura Tropical, 1989). Arruda et al. (1987), avaliando
diferentes métodos de recuperação de pastagens de B. decumbens, concluíram que a
utilização dos métodos físicos (aração e gradagem) só se mostram eficientes quando
associados à fertilização fosfatada.

Tabela 1. Disponibilidade de matéria seca de pastagens degradadas de B. brizantha cv.


Marandu, submetidas a diferentes métodos físicos de recuperação, em função da adubação
fosfatada.
1 2
Métodos de Fósforo Período chuvoso Período seco
Recuperação Kg/ha de P2O5 Gramínea Invasoras Gramínea Invasoras
------------------------------------kg/ha --------------------------------------

Testemunha 0 4761 f 1566 b 1493 g 964 c


50 5116 ef 1634 b 2114 de 1007 bc
Aração (A) 0 5766 de 1484 b 1734 fg 941 cd
50 6375 cd 1066 d 2393 cd 1094 bc
Gradagem (G) 0 7021 bc 1502 b 1955 ef 792 e
50 7231 b 1299 c 2896 ab 782 e
A+G 0 5936 d 1849 a 1808 ef 1306 a
50 7071 b 1317 c 2882 ab 1197 b
A + G + Leguminosa 0 6910bc (17,8)* 1545 b 2682bc (16,7)* 875 de
50 8463 a (18,1) 1608 b 3127a (22,8) 818 e
- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey
1 – Totais de quatro cortes 2 - Totais de dois cortes
* Percentual da leguminosa em relação à disponibilidade total de matéria seca

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Produtividade com qualidade ambiental

A participação da leguminosa na pastagem foi incrementada pela adubação


fosfatada, que variou de 18,1 a 22,8% para os períodos chuvoso e seco, respectivamente.
Em média, a adubação fosfatada proporcionou incrementos de 13 e 36% na
disponibilidade de forragem da pastagem, respectivamente, para os períodos chuvoso e
seco. Já, para as plantas invasoras observou-se uma tendência de redução em seus
rendimentos de MS, quando na presença de adubação fosfatada. Resultados
semelhantes foram relatados por Costa (1999), que constatou um incremento de 50% na
produção de forragem de pastagens degradadas de B. brizantha cv. Marandu com a
aplicação de 100 kg/ha de P2O5.

CONCLUSÕES

A utilização de métodos físicos, associados à adubação fosfatada, mostrou-se uma


prática tecnicamente viável para a recuperação de pastagens de B. brizantha cv.
Marandu;
Os rendimentos de MS da gramínea e da leguminosa foram incrementados pela
adubação fosfatada, ocorrendo o inverso com relação às plantas invasoras;
Considerando-se a disponibilidade total de forragem, a gradagem, aração +
gradagem, com ou sem leguminosa, associadas à adubação fosfatada, foram os métodos
mais eficientes para a recuperação de pastagens degradadas de B. brizantha cv.
Marandu.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARRUDA, N.G de; CANTARUTTI, R.B.; MOREIRA, E.M. Tratamentos físico-químicos e


fertilizantes na recuperação de pastagens de Brachiaria decumbens em solos de tabuleiro.
Pasturas Tropicales, v.9, n.3, p.36-39, 1987.
CENTRO INTERNACIONAL DE AGRICULTURA TROPICAL. Programa de pastos tropicales.
Informe Anual 1998. Cali, Colômbia: 1989, p.205-222.
COSTA, N. de L. Adubação fosfatada na recuperação de pastagens degradadas da região
amazônica. Macapá: Embrapa Amapá, 1999. 16p. (Documentos, 12).
COSTA, N. de L.; TOWNSEND, C.R.; MAGALHÃES, J.A.; PEREIRA, R.G. de A. Resposta de
pastagens degradadas de Brachiaria brizantha cv. Marandu à fonte e doses de fósforo.
Porto Velho: Embrapa Rondônia, 1997. 4p. (Comunicado Técnico, 138).
MARTINEZ, H.L. Labores agrotecnicos en la rehabilitación de pastizales de pangola. 2. Suelo
latosolico y suelo pardo. Pastos y Forrajes, v.4, n.2, p.201-212, 1981.
VEIGA, J.B. da; SERRÃO, E.A.S. Recuperación de pasturas en la región este de la Amazonía
brasileña. Pasturas Tropicales, v.9, n.3, p.40-43, 1987.

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Produtividade com qualidade ambiental

RESPOSTA DE PASTAGENS DEGRADADAS DE Brachiaria brizantha CV.


MARANDU À DOSES DE NITROGÊNIO E FÓSFORO

Newton de Lucena Costa1


Claudio Ramalho Townsend2
João Avelar Magalhães3
Ricardo Gomes de A. Pereira2

RESUMO

Avaliou-se o efeito níveis de nitrogênio (0, 50 e 100 kg /ha) e de fósforo (0, 50 e 100 kg
P2O5 /ha) sobre a produção de matéria seca (MS) e composição química da forragem de
pastagens degradadas de Brachiaria brizantha cv. Marandu. A adubação com nitrogênio e
fósforo mostrou-se uma prática agronômica tecnicamente viável para a recuperação de
pastagens de B. brizantha cv. Marandu. Os rendimentos de MS, teores de proteína brura
e fósforo da gramínea foram significativamente incrementados com a aplicação de níveis
crescentes de nitrogênio e fósforo, ocorrendo o inverso em relação às plantas invasoras.
A adubação nirogenada ou fosfatada não afetou os teores de cálcio e magnésio. A
aplicação conjunta de 50 kg N/ha e de 100 kg P2O5/ha foi suficiente para assegurar a
recuperação da pastagem, proporcionando resultados semelhantes aos obtidos com os
níveis máximos dos nutrientes.

Termos para indexação: cálcio, fósforo, magnésio, matéria seca, potássio, proteína bruta

RESPONSE OF DEGRADED Brachiaria brizantha CV. MARANDU PASTURES TO NITROGEN


AND PHOSPHORUS LEVELS

ABSTRACT

The effects of nitrogen (0, 50 and 100 kg N/ha) and phosphorus levels (0, 50 and 100
kg/ha P2O5) on dry matter (DM) yields and chemical composition of a degraded Brachiaria
brizantha cv. Marandu pasture were evaluated in a cutting trial. Nitrogen and phosphorus
fertilization showed an effective agronomic techinique for pasture reclamation. The grass
DM yields, crude protein and phosphorus contents were significantly improved by nitrogen
and phosphorus application, while weed DM yields were depressed. Calcium and
magnesium contents were not affected by nitrogen or phosphorus fertilization. The
application of 50 kg N/ha plus 100 kg of P2O5 /ha was satisfactory to pasture reclamation.

Index terms: calcium, crude protein, dry matter, magnesium, phosphrus, potassium

____________
1
Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Amapá, Caixa Postal 10, CEP 68902-208, Macapá, Amapá
2
Zootec., M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, CEP 78900-970, Porto Velho, Rondônia
3
Med. Vet., M.Sc., Embrapa Meio Norte, Caixa Postal 01, CEP 6478900-970, Teresina, Piauí

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Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

INTRODUÇÃO

Em Rondônia, cerca de quatro milhões de hectares, originalmente sob cobertura de


florestas, estão, atualmente, ocupados com pastagens cultivadas. Nos primeiros anos de
exploração, estas apresentam uma excelente produtividade, como conseqüência da
incorporação ao solo de grandes quantidades de nutrientes contidos nas cinzas da
biomassa incinerada. Com o decorrer do tempo há uma gradativa redução em sua
produtividade, afetando negativamente os índices de desempenho zootécnico dos
rebanhos. Atualmente, cerca de 40% das pastagens formadas no estado apresentam-se
em diferentes estágios de degradação, o que reflete no contínuo desmatamento a fim de
alimentar adequadamente os rebanhos, resultando numa pecuária itinerante.
O processo de degradação se manifesta pelo declínio gradual da produtividade das
plantas forrageiras, devido a vários fatores, tais como a baixa fertilidade natural dos solos,
manejo inadequado das pastagens (altas cargas animal e pastejo contínuo), ausência de
fertilizações, uso indiscriminado do fogo, compactação do solo e as altas pressões
bióticas (pragas e doenças), o que culmina com a dominância total da área por plantas
invasoras (Veiga & Serrão, 1987). Deste modo, os métodos tradicionais de manutenção,
como queima e limpeza das pastagens, tornam-se cada vez mais inócuos. Também, a
baixa disponibilidade de fósforo tem sido identificada como a principal causa para a
instabilidade das pastagens cultivadas na Amazônia (Costa, 1996). O alto requerimento
de fósforo pelas gramíneas cultivadas, associadas às perdas por erosão, retirada pelos
animais sob pastejo e a competição que as plantas invasoras exercem, resulta na queda
de produtividade e a consequente degradação das pastagens.
Neste trabalho avaliou-se o efeito de níveis de nitrogênio e fósforo sobre o
rendimento e composição química da forragem de pastagens degradadas de Brachiaria
brizantha cv. Marandu.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi conduzido no Campo Experimental da Embrapa Rondônia, localizado


no município de Porto Velho, durante o período de fevereiro de 1995 a outubro de 1997.
O clima da região é tropical do tipo Am, com temperatura média de 24,5ºC, precipitação
entre 2.000 e 2.500 mm, com estação seca bem definida (junho a setembro) e umidade
relativa do ar média anual em torno de 89%.
O solo da área experimental é um Latossolo Amarelo, textura argilosa, com as
seguintes características químicas: pH em água (1:2,5) = 5,1; Al = 0,7 cmol/dm3; Ca + Mg
= 1,09 cmol/dm3; P = 2,5 mg/kg; K = 0,07 cmol/dm3 e Matéria Orgânica = 2,59%. A área
experimental consistiu de uma pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu,
estabelecida há oito anos e caracterizada como degradada pelo baixo vigor da gramínea,
baixa disponibilidade de forragem e predominância de plantas invasoras (30 a 50%).
O delineamento experimental foi em blocos casualizados com parcelas divididas e
três repetições. Os níveis denitrogênio (0, 50 e 100 kg de N/ha) representavam as
parcelas principais e os níveis de fósforo (0, 50 e 100 kg de P2O5 /ha) as subparcelas. Os
fertilizantes foram aplicados à lanço, após o rebaixamento da vegetação através de duas
gradagens cruzadas. As parcelas principais mediram 9 x 4 m e as subparcelas 4 x 4 m,
sendo a área útil de 2,0 m2. Os parâmetros avaliados foram rendimentos de matéria seca
(MS) da gramínea e das plantas invasoras, teores de proteína bruta (PB), fósforo, cálcio,
magnésio e potássio. As avaliações foram realizadas a intervalos de 12 semanas, através
de cortes mecânicos efetuados a uma altura de 20 cm acima do solo.

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Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para os rendimentos de forragem, a análise de variância revelou significância (P <


0,01) para a interação nitrogênio x fósforo (Tabela 1). Para o componente gramínea,
independentemente da adubação nitrogenada, os maiores rendimentos de MS foram
obtidos com a aplicação de 100 kg de P2O5 /ha. Na ausência de fósforo ou com a
aplicação de 50 kg de P2O5 /ha, as maiores produções de forragem foram registradas com
a aplicação de 100 kg de N/ha, enquanto que no nível de 100 kg de P2O5 /ha, a aplicação
de 50 ou 100 kg de N/ha proporcionaram as maiores produções de MS, as quais não
diferiram entre si (P > 0,01). Com relação ao componente plantas invasoras, com a
aplicação de 50 ou 100 kg de N/ha, não se observou efeito significativo (P > 0,01) da
adubação fosfatada. Os maiores rendimentos de MS foram registrados na ausência da
adubação nitrogenada; contudo, o maior valor foi obtido no tratamento testemunha (4,72
t/ha). Resultados semelhantes foram relatados por Ordoñez & Toledo (1985) e Gonçalves
et al. (1990) para pastagens degradadas de B. decumbens e B. humidicola fertilizadas
com nitrogênio e fósforo. No entanto, Dias Filho & Serrão (1982), em pastagens
degradadas de Andropogon gayanus, observaram respostas positivas apenas para a
adubação fosfatada, não sendo constatado efeito significativo para doses de nitrogênio,
tanto na produção de colmos quanto na de folhas. Em pastagens degradadas de Panicum
maximum, Serrão et al. (1979) verificaram que a adubação fosfatada (50 kg de P2O5 /ha),
além de incrementar em mais de 200% os rendimentos de forragem, reduziu a menos de
5% a percentagem de invasoras, em contraste com cerca de 75 a 80% na pastagem não
fertilizada.

Tabela 1. Rendimento de matéria seca de Brachiaria brizantha cv. Marandu e de plantas


invasoras, teores de proteína bruta (PB), cálcio (Ca), fósforo (P), potássio (K) e magnésio (Mg)
da gramínea, em função da aplicação de níveis de nitrogênio e fósforo. Porto Velho, Rondônia.
1
Níveis (kg/ha) Matéria seca (t/ha) PB Ca P K Mg
N P2O5 Gramínea Invasoras % -------------------- g/kg --------------------
0 0 10,65 d 4,72 a 6,53 f 3,64 a 1,44 d 16,7bc 2,94 a
50 12,51 d 3,48 b 7,63 e 3,53 a 1,49 bc 17,3ab 3,05 a
100 15,37 c 2,89 bcd 9,00 bcd 3,78 a 1,59 a 17,9a 2,75 a
50 0 13,23 d 2,64 cde 8,20 de 3,70 a 1,47 c 15,4d 2,80 a
50 13,30 d 2,77 cde 8,67 cd 3,13 a 1,50 b 14,2e 2,61 a
100 18,87 a 2,26 e 9,73 b 3,25 a 1,54 a 15,8d 2,56 a
100 0 16,17 bc 2,85 cd 9,37 bc 3,44 a 1,50 b 15,5d 2,41 a
50 17,31 b 2,33 de 9,97 ab 3,02 a 1,58 a 16,0cd 2,77 a
100 19,06 a 2,97 bc 10,80 a 2,98 a 1,60 a 15,9cd 2,84 a
- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,01) pelo teste de Tukey
1 – Totais de quatro cortes

Para os teores de PB, os maiores valores foram verificados com a aplicação do


nível máximo de nitrogênio. Os maiores teores de fósforo foram obtidos com a aplicação
de 50 ou 100 kg de P2O5/ha, independentemente dos níveis de adubação nitrogenada
(Tabela 1). Respostas semelhantes foram observadas em B. brizantha cv. Marandu,
fertilizada com diferentes níveis de fósforo (0 a 300 kg de P2O5/ha), a qual apresentou
teores entre 0,9 a 1,6 g/kg de fósforo e 10,6 a 12,4% de PB (PAULINO et al., 1994).
Considerando-se que teores de PB inferiores a 7% são limitantes à produção animal, pois
implicam em baixo consumo voluntário, menor digestibilidade da forragem e balanço
nitrogenado negativo, verifica-se, exceto para o tratamento testemunha, que a gramínea,
independentemente da adubação nitrogenada ou fosfatada, atenderia às exigências
nutricionais mínimas dos animais. Já, os teores de fósforo ficaram abaixo do nível mínimo

20
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

recomendado para bovinos em crescimento, o qual segundo o National Research Council


(1978) é de 0,18%. Os teores de cálcio e magnésio não foram afetados pelos níveis de
nitrogênio e fósforo (P > 0,05), contudo, observou-se uma tendência de redução de suas
concentrações, como conseqüência de um efeito de diluição, em função do maior
acúmulo de MS com a aplicação de níveis crescentes dos fertilizantes. Com relação aos
teores de potássio, os maiores valores foram registrados na ausência da adubação
nitrogenada e com a aplicação de 50 ou 100 kg de P2O5 /ha (Tabela 1).

CONCLUSÕES

1 - A adubação com nitrogênio e fósforo mostrou-se uma prática agronômica


tecnicamente viável para a recuperação de pastagens de B. brizantha cv. Marandu;
2 - Os rendimentos de MS, teores de PB e fósforo da gramínea foram
significativamente incrementados com a aplicação de níveis crescentes de nitrogênio e
fósforo, ocorrendo o inverso em relação às plantas invasoras;
3 - A aplicação conjunta de 50 kg de N/ha e de 100 kg de P2O5 /ha foi suficiente
para assegurar a recuperação da pastagem, proporcionando resultados semelhantes aos
obtidos com os níveis máximos dos nutrientes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, N. de L. Adubação fosfatada na recuperação de pastagens degradadas da região


amazônica. Lavoura Arrozeira, v.49, n.425, p.16-19, 1996.
DIAS FILHO, M.B.; SERRÃO, E.A.S. Recuperação, melhoramento e manejo de pastagens na
região de Paragominas, Pará. Belém: EMBRAPA-CPATU, 1982. 24p. (Documentos, 5).
GONÇALVES, C.A.; COSTA, N. de L.; OLIVEIRA, J.R. da C. Métodos de renovação e manejo de
pastagens em Porto Velho, Rondônia. In: REUNIÓN DE LA RED INTERNACIONAL DE
EVALUACIÓN DE PASTOS TROPICALES - AMAZONÍA, 1., 1990, Lima, Peru. Memórias... Cali,
Colombia: CIAT, 1990. v.2, p.593-595.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requeriments of beef cattle. 5.ed., Washington:
National Academy of Science, 1978. 56p.
ORDOÑEZ, H.; TOLEDO, J.M. Recuperación con Brachiaria decumbens de una pastura
degradada utilizando diferentes prácticas agronómicas. Pasturas Tropicales, v.7, n.2, p.21-23,
1985.
PAULINO, V.T.; COSTA, N. de L.; LUCENA, M.A.C. de; SCHAMMAS, E.A. Resposta de
Brachiaria brizantha cv. Marandu à calagem e à adubação fosfatada em um solo ácido. Pasturas
Tropicales, v.16, n.2, p.23-33, 1994.
SERRÃO, E.A.S.; FALESI, I.C.; VEIGA, J.B. da; TEIXEIRA NETO, J.F. Productivity of cultivated
pastures on low fertiliy soil in the Amazon of Brazil. In: SANCHEZ, P.A.; TERGAS, L.E., eds.,
Pasture production in acid soils. Cali, Colombia: CIAT, 1979. p.257-280.
VEIGA, J.B. da; SERRÃO, E.A.S. Recuperación de pasturas en la región este de la Amazonía
brasileña. Pasturas Tropicales, v.9, n.3, p.40-43, 1987.

21
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

NUTRIENTES LIMITANTES AO CRESCIMENTO DE Acacia angustissima

José Ribamar da Cruz Oliveira1


Newton de Lucena Costa2
Valdinei Tadeu Paulino3

RESUMO

Avaliou-se, em condições de casa-de-vegetação, as limitações nutricionais ao


crescimento de Acacia angustissima, em um Latossolo Amarelo, textura argilosa. Utilizou-
se a técnica de diagnose por subtração, com sete tratamentos dispostos em blocos
casualizados com quatro repetições. Os nutrientes que mais afetaram a produção de
matéria seca foram fósforo, enxofre e potássio, com reduções de 76; 48 e 42%,
respectivamente, em relação ao tratamento completo. As omissões de micronutrientes e
da calagem foram pouco expressivas. Os maiores teores de fósforo, nitrogênio, magnésio
e potássio foram obtidos com o tratamento completo. Os resultados obtidos indicam que a
produção de forragem da leguminosa pode ser incrementada com a aplicação de fósforo,
enxofre e potássio.

Termos para indexação: cálcio, fósforo, magnésio, matéria seca, nitrogênio, potássio

NUTRITIONAL LIMITATIONS FOR Acacia angustissima GROWTH

ABSTRACT

It was evaluated, under greenhouse conditions, the nutritional limitations for the growth of
Acacia angustissima, in a Yellow Latosol, clayey. It was utilized the diagnosis subtraction
technique, with seven treatments set in a completely randomized block design with four
replicates. The nutrients that most affected dry matter yields were phosphorus, sulfur and
potassium, with decreases of 76; 48 and 42%, respectively, in relation to the treatment
complete. Subtraction of micronutrients and liming were not limiting to forage production.
The higher phosphorus, nitrogen, magnesium and potassium contents were obtained with
the treatment complete. These data indicated that to increase legume forage production
only phosphorus, sulfur and potassium are needed as fertilizers.

Index terms: calcium, phosphorus, magnesium, dry matter, nitrogen, potassium

INTRODUÇÃO

Em Rondônia, a maioria dos solos apresentam baixa fertilidade natural,


caracterizados por elevada acidez, baixa capacidade de troca catiônica e altos teores de
alumínio trocável, o que limita a produtividade das pastagens cultivadas, implicando num
fraco desempenho zootécnico das pecuárias de carne e/ou leite. Ademais, via de regra,
as pastagens são estabelecidas em solos exauridos por sucessivos cultivos anuais (arroz,
milho, feijão e mandioca), o que acelera os processos de sua degradação.

____________
1
Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, CEP 78900-978, Porto Velho, Rondônia
2
Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Amapá, Caixa Postal 10, CEP 68902-208, Macapá, Amapá
3
Eng. Agr., Ph.D., Instituto de Zootecnia, Caixa Postal 60, CEP 13160-000, Nova Odessa, São Paulo

22
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

O conhecimento dos fatores nutricionais limitantes ao crescimento das leguminosas


forrageiras é de grande importância para o estabelecimento, manejo e persistência das
pastagens cultivadas. Ensaios exploratórios de fertilidade do solo realizados na região
amazônica, demonstraram que o fósforo, seguido do enxofre e potássio, foram os
nutrientes mais limitantes ao crescimento de Pueraria phaseoloides, Arachis pintoi,
Centrosema pubescens e Stylosanthes guianensis, reduzindo significativamente os
rendimentos de forragem, número e peso seco de nódulos, teores de nitrogênio e
potássio (Costa et al., 1989, 1998; Teixeira Neto et al., 1991).
Deste modo, o presente trabalho teve por objetivo determinar os nutrientes mais
limitantes à produção de forragem de Acacia angustissima.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi conduzido em casa-de-vegetação, utilizando-se um Latossolo Amarelo,


textura argilosa, o qual apresentava as seguintes características químicas: pH = 5,1; Al =
1,1 cmolC/dm3; Ca + Mg = 1,8 cmolC/dm3; P =2 mg/kg; K = 56 mg/kg e Matéria Orgânica =
3,52%. O solo foi coletado na camada arável (0 a 20 cm), destorroado e passado em
peneira com malha de 6 mm e posto para secar ao ar.
Utilizou-se a técnica de diagnose por subtração, com sete tratamentos (1.
Testemunha; 2. Completo = calagem + P + K + S + micronutrientes; 3. Completo - P; 4.
Completo - K; 5. Completo - S; 6. Completo - micronutrientes e 7. Completo - calagem)
dispostos em blocos casualizados com quatro repetições. Quando pertinentes, as doses
dos nutrientes (mg/kg), aplicadas no plantio e uniformemente misturadas com o solo,
foram: P = 50 (superfosfato triplo); K = 40 (cloreto de potássio); S = 30 (enxofre
elementar) e micronutrientes = 15 (FTE BR-16). O calcário dolomítico (500 mg/kg - PRNT
= 100%) foi aplicado 60 dias antes do plantio, sendo o solo neste período mantido em
80% de sua capacidade de campo. Cada unidade experimental constou de um vaso com
capacidade para 3 dm3 de solo seco. Dez dias após a emergência das plantas, executou-
se o desbaste, deixando-se três plantas/vaso. O controle hídrico foi realizado diariamente,
mantendo-se o solo em 80% de sua capacidade de campo. Durante o período
experimental foram realizados três cortes a intervalos de 40 dias e a 15 cm acima do solo.
Os parâmetros avaliados foram rendimento de matéria seca (MS) e teores de nitrogênio,
fósforo, cálcio, magnésio e potássio.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
O maior rendimento de MS foi obtido com o tratamento Completo (17,42 g/vaso),
seguindo-se os dos tratamentos Completo - micronutrientes (15,66 g/vaso) e Completo -
calagem (14,79 g/vaso). A omissão de fósforo promoveu uma significativa redução (76%)
no rendimento de MS, o qual foi semelhante (P > 0,05) ao registrado com o tratamento
testemunha. Os efeitos decorrentes da retirada da calagem e micronutrientes foram
semelhantes (P > 0,05) e bem menos acentuados que os do fósforo. Já, a ausência de
enxofre e potássio resultou em decréscimos de 48 e 42%, respectivamente, da produção
de forragem, em comparação ao tratamento Completo (Tabela 1). Da mesma forma,
Costa & Paulino (1997a,b), utilizando o mesmo tipo de solo deste experimento,
constataram que as omissões de fósforo e potássio implicaram em reduções de 61 e
55%, respectivamente, nos rendimentos de forragem de A. angustissima.

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Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

Tabela 1. Rendimento de matéria seca (MS), teores de nitrogênio, fósforo, cálcio, magnésio
e potássio de A. angustissima, em função da aplicação ou omissão de macro e
micronutrientes.

Tratamentos MS Nitrogênio Fósforo Cálcio Magnésio Potássio


(g/vaso) ------------------------------------------ g/kg ----------------------------------------

Completo (C) 17,42 a 29,15 a 1,89 a 7,69 a 6,22 a 18,40 a


C – Fósforo 4,18 d 25,77 cd 1,53 d 4,17 d 6,44 a 12,29 de
C – Potássio 9,05 c 26,58 c 1,65 c 6,87 ab 4,68 bc 12,12 f
C – Enxofre 10,14 c 25,34 d 1,78 b 6,34 bc 4,41 c 15,65 cd
C – Micronutrientes 15,66 b 26,13 cd 1,71 bc 5,70 c 5,36 b 16,64 bc
C – Calagem 14,79 b 27,47 b 1,70 bc 3,12 e 4,48 c 17,26 ab
Testemunha 3,81 d 28,59 a 1,44 d 3,04 e 3,59 d 12,88 ef

- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey

Os teores de macronutrientes não apresentaram uma tendência definida, em função


dos tratamentos, que pudesse ser explicada pelo efeito de diluição ou concentração. O
maior teor de fósforo foi obtido com o tratamento Completo; para o nitrogênio com o
Completo e testemunha; para o cálcio com Completo e Completo - potássio; para o
magnésio com Completo e Completo - fósforo, enquanto que para o potássio, os
tratamentos Completo e Completo - calagem proporcionaram os maiores teores. As
omissões de fósforo e da calagem resultaram nos menores teores de fósforo, cálcio e
magnésio, ocorrendo fato semelhante quanto aos teores de potássio quando da ausência
deste nutrientes na fertilização da leguminosa (Tabela 1). Em geral, os teores dos
macronutrientes, à exceção dos tratamentos nos quais foram omitidos, são semelhantes
aos reportados por Costa & Paulino (1997a) para A. angustissima e Paulino et al. (1995),
para Leucaena leucocephala, ambas cultivadas em um Latossolo Amarelo.

CONCLUSÕES

O fósforo foi o nutriente mais limitante à produção de forragem, com reflexos


negativos em sua composição mineral, constituindo-se, portanto, em fator indispensável
para o estabelecimento de pastagens de A. angustissima;
O enxofre e o potássio também mostraram-se limitantes, porém com menor
intensidade; os efeitos da omissão de micronutrientes e da calagem foram pouco
expressivos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, N. de L.; PAULINO, V.T. Effects of phosphorus fertilization on forage production, mineral
composition, and nodulation of Acacia angustissima. Forest, Farm, and Community Tree
Research Reports, v.2, p.18-20, 1997a.
COSTA, N. de L.; PAULINO, V.T. Response of Acacia angustissima to potassium fertilization.
Forest, Farm, and Community Tree Research Reports, v.2, p.21-23, 1997b.
COSTA, N. de L.; GONÇALVES, C.A.; OLIVEIRA, J.R. da C. Nutrientes limitantes ao
crescimento de Brachiaria humidicola consorciada com leguminosas em Porto Velho-RO.
Porto Velho: EMBRAPA-UEPAE Porto Velho, 1989. 4p. (Comunicado Técnico, 70)

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Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

COSTA, N. de L.: PAULINO, V.T.; RODRIGUES, A.N.A. Resposta de Arachis pintoi cv. Amarillo à
níveis de potássio. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 35.,
1998, Botucatu. Anais... Botucatu: SBZ, 1998. P.164-166.
PAULINO, V.T.; LUCENA, M.A.C.; COSTA, N. de L.; VALARINI, M.C. Potassium fertilization
affects growth, nodulation, and mineral composition of Leucaena leucocephala. Nitrogen Fixing
Tree Research Reports, v.13, p.84-86, 1995.
TEIXEIRA NETO, J.F.; SOUZA FILHO, A.P. da S.; DUTRA, S.; MARQUES, J.R.F. Nutrientes
limitantes ao estabelecimento e produção de Brachiaria humidicola consorciada com
leguminosas em tesos da Ilha do Marajó. Belém: EMBRAPA-CPATU, 1991. 17p. (Boletim de
Pesquisa, 118).

25
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

AVALIAÇÃO AGRONÔMICA DE GENÓTIPOS DE Brachiaria humidicola EM


DIFERENTES IDADES DE CORTE

Newton de Lucena Costa1


Valdinei tadeu Paulino2

RESUMO

Avaliou-se, em condições de campo, o efeito da idade da planta sobre o crescimento,


produção de matéria seca (MS) e vigor de rebrota de três genótipos de Brachiaria
humidicola (Comum, BRA-3564 e BRA-3545). O aumento da idade das plantas resultou
em maiores rendimentos de forragem, taxa absoluta de crescimento e índices de área
foliar, contudo implicou em decréscimos significativos da taxa relativa de crescimento e
taxas de expansão foliar. A eliminação de meristemas apicais foi diretamente proporcional
à idade das plantas, ocorrendo o inverso quanto ao vigor de rebrota. Independentemente
das idades de corte, o genótipo BRA-3545 apresentou os maiores rendimentos de MS,
vigor de rebrota e índice de área foliar. O período de corte ou pastejo mais adequado,
visando conciliar produção de forragem, vigor de rebrota e persistência das pastagens,
situa-se entre 28 e 35 dias para os genótipos BRA-3545 e BRA-3564 e, entre 35 e 42 dias
para a cultivar Comum

PALAVRAS-CHAVE: expansão foliar, índice de área foliar, matéria seca, taxas de


crescimento, vigor de rebrota

AGRONOMIC EVALUATION OF Brachiaria humidicola GENOTYPES AT DIFFERENT


CUTTING AGE

ABSTRACT

Under field conditions, the effects of plant age on growth, dry matter (DM) yield and
regrowth of three Brachiaria humidicola genotypes (Common, BRA-3564 and BRA-3545)
were evaluated. DM yields, absolute growth rate and leaf area index were increased by
plant age, while relative growth rate and leaf elongation were depressed. Apical meristem
removing percentage increased with plant age. Aftermath regrowth showed close negative
correlation with survival of apical meristems. Irrespective to plant age, the higher DM
yields, regrowth and leaf area index were obtained with the genotype BRA-3545. These
data suggest that cutting or grazing at 28 to 35 days for BRA-3545 and BRA-3564
genotypes, and 35 to 42 days for Common cultivar, were optimal for obtain greater DM
yields, better regrowth and pasture persistence.

KEYWORDS: dry matter, growth rate, leaf area index, leaf elongation, regrowth
______________________
1
Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Amapá, Caixa Postal 10, CEP 68902-208, Macapá, Amapá
2
Eng. Agr., Ph.D., Instituto de Zootecnia, Caixa Postal 60, CEP 13160-270, Nova Odessa, São Paulo

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Produtividade com qualidade ambiental

INTRODUÇÃO

Em Rondônia, o quicuio-da-Amazônia (Brachiaria humidicola) é uma das espécies


forrageiras mais importante para a alimentação dos bovinos de corte e/ou leite. A partir da
introdução e avaliação agronômica de novos genótipos de B. humidicola no estado, foi
possível a identificação de acessos promissores, os quais poderão ser inseridos em
sistemas de produção animal mais eficientes, técnica e economicamente, através do
lançamento de novas cultivarres (Costa et al. 1997). No entanto, para a recomendação de
cultivares deve-se levar em consideração a determinação do máximo de características
morfofisiológicas que permitam identificar com maior precisão possível o nicho ecológico
para a sua eficiente utilização (Deschamps, 1997).
Características como altura de planta, relação folha:colmo, taxas de crescimento,
dinâmica de afilhamento, remoção de meristemas apicais, expansão foliar, entre outras,
apresentam uma relação direta com a produtividade e qualidade da forragem em oferta,
além de subsidiarem a adoção de práticas de manejo mais adequadas.
O presente trabalho teve por finalidade avaliar o efeito da idade da planta sobre o
crescimento, produção de forragem e vigor de rebrota de genótipos de B. humidicola, nas
condições ecológicas de Porto Velho, Rondônia.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi conduzido no Campo Experimental da Embrapa Rondônia, localizado


no município de Porto Velho (96,3 m de altitude, 8o46´ de latitude sul e 63o5´de longitude
oeste), durante o período de dezembro de 1997 a fevereiro de 1998. O clima da região é
tropical úmido do tipo Am, com temperatura média de 24,5ºC, precipitação entre 2.000 e
2.500 mm, com estação seca bem definida (junho a setembro) e umidade relativa do ar de
89%.
O solo da área experimental é um Latossolo Amarelo, textura argilosa, com as
seguintes características químicas: pH = 5,1; Al = 0,3 cmol/dm3; Ca + Mg = 3,2 cmol/dm3;
P = 2 mg/kg; K = 63 mg/kg e Matéria Orgânica = 2,59%.
O delineamento experimental foi em blocos casualizados com três repetições,
sendo os tratamentos arranjados num fatorial 3 x 4. Foram avaliados dois genótipos de B.
humidicola (BRA-3564 e 3545), além da cultivar comum como testemunha e cinco idades
de corte (14, 21, 28, 35 e 42 dias). As parcelas foram compostas por quatro linhas com
3,0 m de comprimento, espaçadas de 0,5 m. A adubação de estabelecimento constou da
aplicação de 50 kg de P2O5/ha, sob a forma de superfosfato triplo. As avaliações foram
realizadas através de cortes mecânicos efetuados a uma altura de 10 cm acima do solo.
Os parâmetros avaliados foram rendimento de matéria seca (MS), vigor de rebrota aos 21
dias após o corte, percentagem de eliminação de meristemas apicais, taxa de expansão
foliar (TEF), taxa absoluta de crescimento (TAC), taxa relativa de crescimento (TRC) e
índice de área foliar (IAF).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os rendimentos de MS foram significativamente (P < 0,05) incrementados com a


idade das plantas, sendo os maiores valores fornecidos pelos genótipos BRA-3545 (2391
kg/ha) e BRA-3564 (2159 kg/ha) com cortes aos 42 dias, os quais superaram em 67 e
51%, respectivamente, aqueles fornecidos pela cultivar Comum. Independentemente da
idade das plantas, o genótipo BRA-3545 foi o mais produtivo, enquanto que a cultivar
Comum e o genótipo BRA-3564 apresentaram rendimentos de forragem semelhantes (P >

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Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

0,05). O vigor de rebrota foi afetado pela idade das plantas e negativamente
correlacionado com a percentagem de eliminação de meristemas apicais. As maiores
produções de MS foram fornecidas pelo genótipo BRA-3545 com cortes aos 28 (1315
kg/ha), 21 (1208 kg/ha) e 35 dias (1100 kg/ha). A eliminação de meristemas apicais foi
diretamente proporcional à idade das plantas, sendo os maiores percentuais verificados
com a cultivar Comum e o genótipo BRA-3564 (Tabela 1).

Tabela 1. Rendimento de matéria seca (MS), vigor de rebrota (VR), remoção de meristemas
apicais (RMA), taxa de expansão foliar (TEF), taxa absoluta de crescimento (TAC), taxa relativa
de crescimento (TRC) e índice de área foliar (IAF) de genótipos de Brachiaria humidicola, em
função da idade das plantas.

Genótipos Idades MS VR RMA TEF TAC TRC IAF


2
dias kg/ha kg/ha/21 dias % mm/dia g/m /dia mg/g/dia
Comum 14 360 h 274 g 0,0 12,07 c 2,57 g --- 0,73 h
21 659 fgh 385 fg 0,0 15,14 ab 4,28 ef 86,2 a 0,92 gh
28 935 ef 619 ef 3,2 11,75 c 3,94 efg 50,0 cd 1,45 ef
35 1248 de 1013 bcd 6,9 8,70 de 4,04 ef 41,3 d 2,26 bc
42 1430 d 985 bcd 7,7 7,44 e 3,02 fg 19,3 e 2,58 ab

BRA-3564 14 410 gh 380 fg 0,0 13,10 bc 2,92 fg --- 0,86 gh


21 725 fg 465 fg 0,0 14,80 ab 4,50 de 81,4 ab 1,17 fg
28 1217 de 906 cd 2,8 10,70 cd 7,02 b 72,9 b 1,80 de
35 1886 bc 875 cd 4,7 6,51 e 9,56 a 62,9 bc 2,64 ab
42 2159 ab 649 def 5,8 6,84 e 5,32 cde 20,0 e 2,94 a

BRA-3545 14 655 fgh 586 ef 0,0 15,32 ab 4,68 cde --- 0,98 gh
21 948 ef 1208 ab 0,0 17,49 a 4,18 ef 52,8 cd 1,40 ef
28 1377 d 1315 a 0,0 16,21 a 6,12 bc 51,9 cd 1,93 cd
35 1788 c 1100 abc 2,1 12,10 c 5,90 bcd 38,6 d 2,71 a
42 2391 a 830 de 3,4 11,49 c 8,62 a 41,4 d 2,89 a
- Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey

A taxa de expansão foliar foi afetada pelos genótipos e idade das plantas. Os
maiores valores foram verificados no período compreendido entre 14 e 28 dias e
fornecidos pelo genótipo BRA-3545 (Quadro 1). As taxas obtidas com os três genótipos,
independentemente da idade das plantas foram semelhantes às reportadas por Corsi et
al. (1994) para B. humidicola e B. decumbens e por Gomide et al. (1997) para B.
decumbens, porém inferiores às relatadas por Costa & Paulino (1998) para B. brizantha
cv. Marandu. As TEF explicaram em 93; 88 e 91%, respectivamente para a cultivar
Comum e os genótipos BRA-3564 e BRA-3545, os incrementos verificados em seus
rendimentos de MS, em função da idade da planta. Resultados semelhantes foram
relatados por Ludlow & Ng (1977) para Panicum maximum. As maiores TAC foram
verificadas entre 28 e 35 dias para o genótipo BRA-3564 e entre 35 e 42 dias para o
genótipo BRA-3545. Em todas as idades de cortes, os genótipos BRA-3545 e BRA-3564
apresentaram os maiores valores, os quais, no entanto, foram inferiores aos relatados por
Duarte et al. (1994) para B. dictioneura e B. brizantha e Berroterán (1989) para
Andropogon gayanus. Para os genótipos BRA-3564 e a cultivar Comum, as maiores TRC
foram verificadas no período compreendido entre 14 e 35 dias, os quais apresentaram os
maiores valores, enquanto que para o genótipo BRA-3545 não foi detectado efeito
significativo (P > 0,05) da idade da planta sobre a TRC. Resultados semelhantes foram
relatados por Costa & Paulino (1998) com B. brizantha. O IAF foi diretamente proporcional
à idade da planta (Tabela 1). Os maiores valores, para os três genótipos, foram obtidos

28
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

com cortes aos 35 e 42 dias, os quais foram superiores aos verificados por Berroterán
(1989) para A. gayanus, submetido a diferentes idades de corte.

CONCLUSÕES

1 – O aumento da idade das plantas resultou em maiores rendimentos de forragem,


taxas absoluta de crescimento e índices de área foliar, contudo implicou em decréscimos
significativos da taxas relativa de crescimento e taxas de expansão foliar;
2 – A eliminação de meristemas apicais foi diretamente proporcional à idade das
plantas, ocorrendo o inverso quanto ao vigor de rebrota;
3 – Independentemente das idades de corte, o genótipo BRA-3545 apresentou os
maiores rendimentos de MS, vigor de rebrota e índice de área foliar;
4 – O período de corte ou pastejo mais adequado, visando conciliar produção de
forragem e vigor de rebrota, situa-se entre 28 e 35 dias para os genótipos BRA-3545 e
BRA-3564 e, entre 35 e 42 dias para a cultivar Comum
.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERROTERÁN, J.L. Respuesta de Andropogon gayanus y Digitaria swazilandensis a la


fertilización en los llanos Centrales de Venezuela. Pasturas Tropicales, v.11, n.2, p.2-7, 1989.
CORSI, M.; BALSALOBRE, M.A.; SANTOS, P.M.; SILVA, S.C. da. Bases para o estabelecimento
do manejo de pastagens de braquiária. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 11,
1994. Piracicaba. Anais... Piracicaba: FEALQ, 1994. p.249-266.
COSTA, N. de L.; TOWNSEND, C.R.; MAGALHÃES, J.A. Avaliação agronômica de genótipos de
Brachiaria em Rondônia. Porto Velho: EMBRAPA-CPAF Rondônia, 1997. 3p. (Pesquisa em
Andamento, 135).
COSTA, N. de L.; PAULINO, V.T. Avaliação agronômica de genótipos de Brachiaria brizantha em
diferentes idades de corte. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA,
35., 1998, Botucatu. Anais... Botucatu: SBZ, 1998. p.614-616.
DESCHAMPS, F.C. Perfil fenológico de três ecótipos de capim-elefante (Pennisetum purpureum
Schum.). In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 34., 1997, Juiz
de Fora. Anais... Juiz de Fora: SBZ, 1997. p.62-64.
DUARTE, J.M.; PEZO, D.A.; ARZE, J. Crecimiento de tres gramíneas forrajeras establecidas en
cultivo intercalado com maiz (Zea mays L.) o vigna (Vigna unguiculata (L.)Walp.) Pasturas
Tropicales, v.16, n.1, p.8-14, 1994.
GOMIDE, C.A. de M.; GOMIDE, J.A.; QUEIROZ, D.S.; PACIULLO, D.S.C. Fluxo de tecidos em
Brachiaria decumbens. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA,
34., 1997, Juiz de Fora. Anais... Juiz de Fora: SBZ, 1997. p.117-119.
LUDLOW, M.M.; NG, T.T. Leaf elongation rate in Panicum maximum var. trichoglume following
removal of water stress. Australian Journal of Plant Physiology, v.4, n.2, p.263-272, 1977.

29
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

EFEITO DA ADUBAÇÃO FOSFATADA SOBRE O RENDIMENTO DE


FORRAGEM E COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE Paspalum atratum BRA-009610

Newton de Lucena Costa1


Antônio Neri Azevedo Rodrigues2
Valdinei Tadeu Paulino3

RESUMO

O efeito de níveis de fósforo (0, 30, 60, 90 e 120 mg/dm3 de P) sobre o rendimento de
matéria seca (MS) e composição química de Paspalum atratum BRA-009610 foi avaliado
sob condições de casa-de-vegetação. A adubação fosfatada incrementou
significativamente os rendimentos de MS e teores de nitrogênio e fósforo, contudo não
afetou os de cálcio, magnésio e potássio. O máximo rendimento de MS foi obtido com a
aplicação de 106,6 mg/dm3 de P, enquanto que os maiores teores de nitrogênio e fósforo
foram registrados com a aplicação de 87,3 e 82,9 mg/dm3 de P, respectivamente. O nível
crítico interno de fósforo, relacionado a 90% da produção máxima de MS, foi estimado em
0,15%, o qual foi obtido com a aplicação de 54,8 mg/dm3. A eficiência de utilização de
fósforo foi inversamente proporcional às doses aplicadas.

PALAVRAS-CHAVES: cálcio, fósforo, magnésio, matéria seca, nitrogênio, potássio

EFFECTS OF PHOSPHATE FERTILIZATION ON FORAGE YIELD AND CHEMICAL


COMPOSITION OF Paspalum atratum BRA-009610

ABSTRACT

The effect of phosphorus levels (0, 30 60, 90 and 120 mg/dm3 of P) on dry matter (DM)
yield and chemical composition of Paspalum atratum BRA-009610, was evaluated under
greenhouse conditions. P fertilization significantly increased DM yields and nitrogen, and
phosphorus contents, however did not affect calcium, magnesium and potassium contents.
Maximum DM yield and nitrogen, and phosphorus contents were obtained with the
application of 87,3 and 82,9 mg /dm3 of P, respectively. Internal phosphorus requeriment
for 90% maximum DM yield was estimated at 0,15%, corresponding to application of 54,8
mg/dm3 of P. The phosphorus efficiency utilization decreased with increased phosphorus
levels

KEYWORDS: calcium, dry matter, magnesium, nitrogen, phosphorus, potassium

INTRODUÇÃO

Em Rondônia, a maioria dos solos apresentam baixa fertilidade natural,


caracterizados por elevada acidez, baixa capacidade de troca catiônica e altos teores de
alumínio trocável, limitando a produtividade e persistência das pastagens cultivadas, o
que implica num fraco desempenho zootécnico dos rebanhos.
________
1
Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Amapá, Caixa Postal 10, CEP 68902-208, Macapá, Amapá
2
Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, CEP 78900-970, Porto Velho, Rondônia
3
Eng. Agr., Ph.D., Instituto de Zootecnia, Caixa Postal 60, CEP 13160-000, Nova Odessa, São Paulo

30
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

O conhecimento dos fatores nutricionais limitantes ao crescimento de gramíneas


forrageiras é de grande importância para a formação e manejo de pastagens cultivadas.
Em ensaios exploratórios de fertilidade do solo realizados no estado, constatou-se que o
fósforo foi o nutriente mais limitante ao crescimento de Brachiaria decumbens, B.
humidicola, B. brizantha cv. Marandu e Panicum maximum, reduzindo significativamente
seus rendimentos de forragem, teores e quantidades absorvidas de fósforo e nitrogênio
(Costa et al. 1988, 1997). No entanto, considerando-se o alto custo unitário dos
fertilizantes fosfatados, torna-se necessário assegurar sua máxima eficiência, através da
determinação das doses mais adequadas para o estabelecimento e manutenção das
pastagens.
Neste trabalho avaliaram-se os efeitos da fertilização fosfatada sobre a produção de
forragem e composição química de Paspalum atratum BRA-009610.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi conduzido em casa-de-vegetação, utilizando-se um Latossolo


Amarelo, textura argilosa, o qual apresentava as seguintes características químicas: pH =
5,7; Al = 1,5 cmolC/dm3; Ca + Mg = 1,4 cmolC/dm3; P =2 mg/kg e K = 62 mg/kg. O solo foi
coletado na camada arável (0 a 20 cm), destorroado e passado em peneira com malha de
6 mm e posto para secar ao ar.
O delineamento experimental foi em blocos casualizados com quatro repetições.
Os tratamentos consistiram de cinco níveis de fósforo (0, 30, 60, 90 e 120 mg/dm3 de P),
aplicados sob a forma de superfosfato triplo, quando do plantio e uniformemente
misturados com o solo. A adubação de estabelecimento constou da aplicação de 40
mg/kg de N (uréia) e 30 mg/kg de K (cloreto de potássio). Cada unidade experimental
constou de um vaso com capacidade para 3 dm3 de solo seco. Dez dias após a
emergência das plantas, executou-se o desbaste, deixando-se três plantas/vaso. O
controle hídrico foi realizado diariamente, mantendo-se o solo em 80% de sua capacidade
de campo. Durante o período experimental foram realizados três cortes a intervalos de 35
dias e a 10 cm acima do solo. Os parâmetros avaliados foram rendimento de matéria seca
(MS) e teores de proteína bruta (PB), fósforo, cálcio, magnésio e potássio. Foram
ajustadas as equações de regressão para rendimento de MS (variável dependente) e
níveis de fósforo (variável independente)(equação 1) e para teor de fósforo como variável
dependente dos níveis de fósforo aplicados (equação 2). Através da equação 1 calculou-
se a dose de fósforo aplicada de fósforo relativa a 90% do rendimento máximo de MS,
sendo este valor substituído na equação 2 para determinação do nível crítico interno de
fósforo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A adubação fosfatada incrementou significativamente (P < 0,05) os rendimentos de


MS da gramínea, sendo os maiores valores obtidos com a aplicação de 120 (9,19 g/vaso)
ou 90 mg/dm3 de P (8,77 g/vaso). No entanto, a aplicação de 30 mg/dm3 de P já
proporcionou um incremento de 145%, em relação ao tratamento testemunha (Tabela 1).
Os rendimentos de forragem ajustaram-se ao modelo quadrático de regressão (y = 2,94 +
0,116069 P – 0,0005439 P2 ; R2 = 0,98). A dose de máxima eficiência técnica foi estimada
em 106,6 mg/dm3 de P, a qual foi inferior às relatadas por Paulino et al. (1994) para
Brachiaria brizantha cv. Marandu (108 mg/dm3 de P) e por Costa et al. (1998) para
Panicum maximum cv. Centenário (118,7 mg/dm3 de P). A eficiência de utilização de
fósforo foi inversamente proporcional às doses aplicadas (Tabela 1). Resultados

31
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

semelhantes foram obtidos por Costa et al. (1998) e Dias Filho (1995) para diversas
cultivares de P. maximum fertilizadas com diferentes níveis de fósforo.
Os teores de cálcio, magnésio e potássio não foram afetados (P > 0,05) pela
adubação fosfatada. No entanto, considerando-se que não houveram diluições com o
aumento dos rendimentos de MS, observa-se um efeito positivo da adubação fosfatada na
manutenção dos teores destes nutrientes. Os teores de PB e fósforo ajustaram-se a uma
curva quadrática, como consequência do efeito de diluição de suas concentrações, em
função do maior acúmulo de MS. Os maiores teores foram obtidos com a aplicação de
87,3 e 82,9 mg/dm3 de P (Tabela 2). Em geral, os percentuais registrados neste trabalho
são semelhantes ou superiores aos reportados por Costa & Paulino (1998) e Costa et al.
(1998) para diversos genótipos de Paspalum, cultivados em diferentes localidades da
região amazônica.
O nível crítico interno de fósforo, determinado através da equação que relacionou a
dose de fósforo necessária para a obtenção de 90% do rendimento máximo de MS, foi
estimado em 0,15%, o qual correspondeu à aplicação de 54,8 mg/dm3 de P. Este valor é
inferior aos reportados por Paulino et al. (1994) para B. brizantha cv. Marandu (0,162%) e
por Costa et al. (1998) para P. maximum cv. Centenário (0,178%).

CONCLUSÕES

1 – A adubação fosfatada incrementou significativamente os rendimentos de MS e


teores de fósforo, contudo não afetou os de cálcio, magnésio e potássio;
2 – A dose de máxima eficiência técnica foi estimada em 106,6 mg/dm3 de P e o
nível crítico interno de fósforo relacionado com 90% do rendimento máximo de MS de
0,15%;
3 – A eficiência de utilização de fósforo foi inversamente proporcional às doses
aplicadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, N. de L.; GONÇALVES, C.A.; OLIVEIRA, J.R. da C. Nutrientes limitantes ao crescimento


de Brachiaria humidicola consorciada com leguminosas em Porto Velho-RO. Porto Velho:
EMBRAPA-UEPAE Porto Velho, 1988. 4p. (Comunicado Técnico, 70)
COSTA, N. de L.; PAULINO, V.T.; RODRIGUES, A.N.A. Efeito da adubação fosfatada sobre o
rendimento e composição química da forragem de Panicum maximum cv. Centenário. In:
REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 35., Botucatu, 1998. Anais...
Botucatu: SBZ, 1998. p.611-613.
COSTA, N. de L.; GONÇALVES, C.A.; RODRIGUES, A.N.A. Nutrientes limitantes ao crescimento
de Brachiaria decumbens em Rondônia. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO,
27., Rio de Janeiro, 1997. Anais... Rio de Janeiro: SBCS, 1997. p.328-330.
COSTA, N. de L.; TOWNSEND, C.R.; MAGALHÃES, J.A.; PEREIRA, R.G. de A. Avaliação
agronômica de genótipos de Paspalum em Rondônia. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 35., Botucatu, 1998. Anais... Botucatu: SBZ, 1998. p.33-335.
COSTA, N. de L.; PAULINO, V.T. Produção de forragem e composição mineral de Paspalum
atratum BRA-009610 em diferentes idades de corte. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 35., Botucatu, 1998. Anais... Botucatu: SBZ, 1998. p.336-338.
DIAS FILHO, M.B. Níveis críticos internos de fósforo de três acessos de Panicum maximum.
Pasturas Tropicales, v.17, n.2, p.9-11, 1994.

32
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

PAULINO, V.T.; COSTA, N. de L.; LUCENA, M.A.C.; SCHAMMAS, E.A.; FERRARI JÚNIOR, E.
Resposta de Brachiaria brizantha cv. Marandu a calagem e a fertilização fosfatada em um solo
ácido. Pasturas Tropicales, v.16, n.2, p.34-41, 1994.

Tabela 1. Rendimento de matéria seca (MS), eficiência de utilização de fósforo (EUP),


teores de nitrogênio, fósforo, cálcio, magnésio e potássio de Paspalum atratum BRA-
009610, em função da adubação fosfatada.

Níveis de P MS EUP* PB Fósforo Cálcio Magnésio Potássio


3
mg/dm (g/vaso) ------------------------------------------ % ---------------------------------------

0 2,67 d 0,81 a 11,82 a 0,109 c 0,61 a 0,47 a 1,64 a


30 6,56 c 0,77 a 9,25 b 0,129 b 0,59 a 0,41 a 1,52 a
60 7,63 b 0,66 b 9,15 b 0,151 a 0,65 a 0,44 a 1,57 a
90 8,77 a 0,65 b 8,80 b 0,153 a 0,67 a 0,40 a 1,62 a
120 9,19 a 0,70 b 8,46 b 0,142 ab 0,63 a 0,42 a 1,59 a

- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey
* EUP = g MS/mg P

Tabela 2. Modelos ajustados pela análise de regressão para rendimento de MS, teores de
proteína bruta e de fósforo de Paspalum atratum BRA-009610, em função da adubação
fosfatada.

Variáveis Equação de Regressão Ajustada


2 2
Matéria Seca Y = 2,94 + 0,116069 P – 0,0005439 P (R = 0,98**)
2 2
Teor de Proteína Bruta Y = 11,61 – 0,072724 P + 0,0004164 P (R = 0,93**)
2 2
Teor de Fósforo Y = 0,107 + 0,001095 P – 0,0000066 P (R = 0,97**)

** Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F

33
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

RESPOSTA DE GENÓTIPOS DE Paspalum AO DIFERIMENTO

Newton de Lucena Costa1


Claudio R. Townsend2,
João Avelar Magalhães2
Ricardo Gomes de A. Pereira2

RESUMO

O efeito do diferimento sobre a produção e composição química da forragem de genótipos


de Paspalum durante a estação seca, foi avaliado em experimento conduzido em Porto
Velho, Rondônia. Os resultados obtidos sugerem a viabilidade do diferimento, no final do
período chuvoso, de modo a acumular forragem para a suplementação dos rebanhos
durante o período seco. A utilização em junho, mesmo fornecendo os maiores teores de
PB, mostrou-se inviável devido aos baixos rendimentos de forragem. Os genótipos mais
promissores em termos de rendimento e qualidade da forragem foram P. atratum BRA-
9610, BRA-3916, P. guenoarum BRA-10707, P. plicatulum BRA-8486 e P. regnelli BRA-
0159. Visando conciliar rendimento e qualidade de forragem, as épocas de utilização mais
adequadas foram julho, agosto e setembro.

PALAVRAS-CHAVE: matéria seca, proteína bruta

RESPONSE OF PASPALUM GENOTYPES TO STOCKPILED

ABSTRACT

An experiment was conducted in Porto Velho, Rondônia, with the purpose of determining
the best time for pasture recuperation and utilization of the forage accumulated of
Paspalum genotypes for herd supplementation in dry season. The data indicate the
feasibility of differing grazing of the genotypes, during the rainy season, to provide forage
for herd supplementation in the dry season. The higher crude protein contents were
obtained with pasture utilization in June, however provided the lower dry matter yields. The
genotypes showed significative reductions in crude protein contents toward the later
utilization time. In order to obtain greater forage yields with better quality, the genotypes
more promising were P. atratum BRA-9610, BRA-3916, P. guenoarum BRA-10707, P.
plicatulum BRA-8486 and P. regnelli BRA-0159. The data showed that cutting grass
genotypes in April and using them later, in July, August, and September, is an appropiate
management system for herd supplementing in the dry season.

KEYWORDS: crude protein, dry matter

_________
1
Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Amapá, Caixa Postal 10, CEP 68902-208, Macapá, Amapá
2
Zootec., M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, CEP 78900-970, Porto Velho, Rondônia
3
Med. Vet., M.Sc., Embrapa Meio Norte, Caixa Postal 01, CEP 64006-220, Teresina, Piauí

34
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

INTRODUÇÃO

Em Rondônia, as pastagens cultivadas representam a principal fonte para a


alimentação dos rebanhos, as quais na sua maioria são formadas por gramíneas. Durante
a estação chuvosa, devido a alta disponibilidade e valor nutritivo da forragem, observa-se
um desempenho satisfatório dos animais. No entanto, na época seca ocorre o oposto e,
como consequência, há perda de peso dos animais ou redução drástica na produção de
leite.
A conservação do excesso de forragem produzida durante o período chuvoso, sob
a forma de feno ou silagem, embora constitua solução tecnicamente viável, é uma prática
ainda inexpressiva no estado. A utilização do diferimento ou reserva de pastos durante a
estação chuvosa surge como alternativa para corrigir a defasagem da produção de
forragem durante o ano (Costa, 1989; Leite et al., 1996). O diferimento consiste em
suspender a utilização da pastagem durante parte de seu período vegetativo, de modo a
favorecer o acúmulo de forragem para utilização durante a época seca. Pesquisas
realizadas com diversas gramíneas forrageiras tropicais demonstraram a viabilidade desta
prática de manejo, desde que sejam selecionadas espécies adequadas para períodos de
diferimento e utilização específicos (Costa, 1989; Euclides et al., 1990; Costa et al., 1993;
Leite et al., 1996)
O presente trabalho teve por finalidade avaliar o efeito do diferimento sobre a
produção e composição química da forragem de genótipos de Paspalum nas condições
ecológicas de Porto Velho, Rondônia.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi conduzido no Campo Experimental da Embrapa Rondônia, localizado


no município de Porto Velho (96,3 m de altitude, 8o46´ de latitude sul e 63o5´de longitude
oeste), durante o período de novembro de 1995 a outubro de 1997. O clima da região é
tropical úmido do tipo Am, com temperatura média de 24,5ºC, precipitação entre 2.000 e
2.500 mm, com estação seca bem definida (junho a setembro) e umidade relativa do ar de
89%.
O solo da área experimental é um Latossolo Amarelo, textura argilosa, com as
seguintes características químicas: pH = 5,1; Al = 0,3 cmol/dm3; Ca + Mg = 3,2 cmol/dm3;
P = 2 mg/kg e K = 63 mg/kg.
O delineamento experimental foi em blocos casualizados com parcelas divididas e
três repetições. Os genótipos de Paspalum (Paspalum guenoarum BRA-3824, BRA-
10707, P. atratum BRA-3913, BRA-9610, P. plicatulum BRA-1490, BRA-3913, BRA-8486,
BRA-9661 e P. regnelli BRA-0159) representavam as parcelas principais e as épocas de
utilização (30 de junho, 30 de julho, 30 de agosto e 30 de setembro) as subparcelas. O
plantio foi realizado em outubro de 1995, em linhas espaçadas de 0,5 m, utilizando-se 4,0
kg de sementes/ha (Valor Cultural = 80%). A adubação de estabelecimento constou da
aplicação de 50 kg de P2O5/ha, sob a forma de superfosfato triplo. O diferimento foi
realizado em 30 de abril de cada ano. Os cortes foram realizados manualmente a uma
altura de 20 cm acima do solo. Os parâmetros avaliados foram rendimento de matéria
seca (MS) e teores de proteína bruta (PB).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

35
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

A análise da variância (P < 0,01) revelou significância para o efeito da interação


genótipos x épocas de utilização. Independentemente das épocas de utilização P. atratum
BRA-9610 foi o genótipo mais produtivo, não diferindo de P. plicatulum BRA-1490, BRA-
3913, BRA-8486 e P. atratum BRA-3916, com utilização em junho; P. plicatulum BRA-
1490, BRA-3913 e P. atratum BRA-3916 com utilização em agosto e de P. atratum BRA-
3913 com utilização em setembro. Para todos os genótipos avaliados os maiores
rendimentos de forragem foram verificados com a utilização em setembro, exceto para P.
guenoarum BRA-3824, P. plicatulum BRA-1490 e BRA-3913, para os quais não se
observou diferenças significativas para utilizações em setembro ou agosto (Tabela 1). Do
mesmo modo, Costa (1989) verificou que as pastagens de P. guenoarum FCAP-43, P.
coryphaeum FCAP-8 e P. notatum diferidas em abril e utilizadas em agosto ou setembro
forneciam maiores rendimentos de forragem que aquelas utilizadas em junho ou julho. Em
geral, as produções verificadas com utilizações em agosto ou setembro,
independentemente das épocas de diferimento, foram satisfatórias, superando em mais
de 100% aquelas reportadas por Costa (1990) e Costa & Oliveira (1994) para diversas
espécies de Paspalum, durante o período de estiagem, sem a utilização do diferimento.
Com relação aos teores de PB, observou-se um decréscimo significativo à medida
que se aumentava a idade das plantas (Tabela 2). Os maiores teores foram verificados
com a utilização em junho (9,37%), seguindo-se as em julho (8,09%) e agosto (7,58%).
Dentre os genótipos avaliados, P. plicatulum BRA-3913 (8,97%) forneceu a maior
concentração de PB, a qual não diferiu apenas da registrada em P. regnelli BRA-0159
(8,39%). Estes valores são semelhantes aos obtidos por Costa & Oliveira (1994) para P.
guenoarum FCAP-43, P. plicatulum FCAP-6 e P. secans FCAP-12. Em geral, observou-se
um efeito de diluição dos teores de PB, em função dos rendimentos de forragem
apresentados pelos genótipos. Considerando-se que teores de PB inferiores a 7% são
limitantes à produção animal, pois implicam em baixo consumo voluntário, menores
coeficientes de digestibilidade e balanço nitrogenado negativo, verifica-se que apenas P.
plicatulum BRA-3913 e P. regnelli BRA-0159 atenderiam às exigências nutritivas mínimas
dos animais, independentemente das épocas de utilização. Declínios significativos na
percentagem de PB, à medida que as plantas forrageiras maturam, foram reportados para
diversas gramíneas (Euclides et al., 1990; Leite et al., 1996).

CONCLUSÕES

1 - Os resultados obtidos sugerem a viabilidade do diferimento de genótipos de


Paspalum, no final do período chuvoso, de modo a acumular forragem para a
suplementação dos rebanhos durante o período seco;
2 - A utilização em junho, mesmo fornecendo os maiores teores de PB, mostrou-se
inviável devido aos baixos rendimentos de forragem;
3 - Os genótipos mais promissores em termos de rendimento e qualidade da
forragem foram P. atratum BRA-9610, BRA-3916, P. guenoarum BRA-10707, P.
plicatulum BRA-8486 e P. regnelli BRA-0159;
4 - Visando conciliar rendimento e qualidade de forragem, as épocas de utilização
mais adequadas foram julho, agosto e setembro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, N. de L. Efeito da época de diferimento sobre a produção de forragem e composição


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Produtividade com qualidade ambiental

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de forragem e composição química de Brachiaria brizantha cv. Marandu em Rondônia. Revista da
Sociedade Brasileira de Zootecnia, v.22, n.3, p.495-501, 1993.
EUCLIDES, V.P.B.; VALLE, C.B. do; SILVA, J.M. da; VIEIRA, A. Avaliação de forrageiras tropicais
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1990.
LEITE, G.G.; COSTA, N. de L.; GOMES, A.C. Efeito do diferimento sobra produção e qualidade da
forragem de genótipos de Brachiaria spp. em cerrado do DF. In: REUNIÃO ANUAL DA
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 33., 1996, Fortaleza. Anais... Fortaleza: SBZ, 1996.
p.221-223.

Tabela 1. Rendimento de matéria seca (t/ha) de genótipos de Paspalum, em função das


épocas de utilização. Porto Velho, Rondônia. 1995/97.

Genótipos Épocas de Utilização


Junho Julho Agosto Setembro
P. atratum BRA-3916 C 1.898 ab C 2.198 bc B 2.790 a A 3.757 ab
P. atratum BRA-9610 C 2.033 a B 2.991 a B 2.936 a A 3.840 a
P. guenoarum BRA-3824 B 1.681 bc AB 2.019 cd A 2.057 b A 2.345 f
P. guenoarum BRA-10707 C 1.463 c B 1.798 de B 2.092 b A 3.419 bc
P. plicatulum BRA-1490 B 2.196 a B 2.263 bc A 2.690 a A 2.759 e
P. plicatulum BRA-3913 C 1.908 ab B 2.514 b AB 2.837 a A 2.949 de
P. plicatulum BRA-8486 C 1.996 ab B 2.361 b BC 2.192 b A 3.147 cd
P. plicatulum BRA-9661 D 1.076 d C 1.466 e B 1.989 b A 2.380 f
P. regnelli BRA-0159 C 1.489 c C 1.521 e B 2.227 b A 3.130 cd
- Médias seguidas de mesma letra, maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si (P > 0,01) pelo
teste de Tukey

Tabela 2. Teores de proteína bruta (%) de genótipos de Paspalum, em função das épocas de
utilização. Porto Velho, Rondônia. 1995/97.

Genótipos Épocas de Utilização


Junho Julho Agosto Setembro Médias
P. atratum BRA-3916 8,82 7,73 5,88 5,40 6,96 cd
P. atratum BRA-9610 8,99 7,39 6,08 5,74 7,05 c
P. guenoarum BRA-3824 8,77 7,86 6,85 6,17 7,41 c
P. guenoarum BRA-10707 10,94 7,88 7,35 6,88 8,26 b
P. plicatulum BRA-1490 7,92 7,64 6,71 6,36 7,16 c
P. plicatulum BRA-3913 11,19 9,72 7,73 7,24 8,97 a
P. plicatulum BRA-8486 7,38 7,18 5,67 5,55 6,44 d
P. plicatulum BRA-9661 10,82 8,02 7,03 6,59 8,12 b
P. regnelli BRA-0159 9,50 9,38 7,60 7,09 8,39 ab
Médias 9,37 a 8,09 b 7,58 b 6,34 c
- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,01) pelo teste de Tukey

37
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

CURVA DE CRESCIMENTO E COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE Paspalum atratum


BRA-009610 EM RONDÔNIA

Newton de Lucena Costa1


Claudio R. Townsend2,
João Avelar Magalhães2
Ricardo Gomes de A. Pereira2

RESUMO

O efeito da idade da planta sobre o rendimento de forragem e composição química de


Paspalum atratum BRA-009610 foi avaliado em Porto Velho, Rondônia, durante o período
de novembro de 1996 a março de 1997. O aumento da idade das plantas resultou em
maiores rendimentos de forragem, contudo implicou em decréscimos significativos dos
teores de proteína bruta, fósforo, cálcio, magnésio e potássio. A eliminação de
meristemas apicais foi diretamente proporcional à idade das plantas, ocorrendo o oposto
quanto ao vigor de rebrota. O período entre cortes e/ou pastejos mais adequados para
pastagens de P. atratum BRA-009610, visando conciliar produção, vigor de rebrota e
qualidade da forragem, situa-se entre 42 e 56 dias.

PALAVRAS-CHAVE: cálcio, fósforo, matéria seca, potássio, proteína bruta, vigor de


rebrota

GROWTH CURVE AND CHEMICAL COMPOSITION OF Paspalum atratum BRA-009610 IN


RONDÔNIA

ABSTRACT

The effects of plant age on dry matter (DM) yields, chemical composition and regrowth of
Paspalum atratum BRA-009610 were evaluated in a cutting trial carried out at Porto Velho,
Rondônia, from November 1996 to March 1997. DM yields incresed consistently with
growth stage, however, crude protein, phosphorus, calcium, magnesium and potassium
contents were depressed as plant age. Apical meristem removing percentage increased
with plant age. Aftermath regrowth showed close negative correlation with survival of
apical meristems. These data suggest that cutting or grazing at 42 ans 56 days were
optimal for obtain maximum yields of rich forage, better regrowth and pasture persistence.

KEYWORDS: calcium, crude protein, dry matter, phosphorus, potassium, regrowth

INTRODUÇÃO

Em Rondônia, as pastagens cultivadas representam a fonte mais econômica para


alimentação dos rebanhos. No entanto, face às oscilações climáticas, a produção de
forragem durante o ano apresenta flutuações estacionais, ou seja abundância no período
chuvoso (outubro a maio) e déficit no período seco (junho a setembro), o que afeta
negativamente os índices de produtividade animal (Costa et al. 1988).
______________
1
Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Amapá, Caixa Postal 10, CEP 68902-208, Macapá, Amapá
2
Zootec., M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, CEP 78900-970, Porto Velho, Rondônia
3
Med. Vet., M.Sc., Embrapa Meio Norte, Caixa Postal 01, CEP 64006-220, Teresina, Piauí

38
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

A utilização de práticas de manejo adequadas é uma das alternativas para reduzir


os efeitos da estacionalidade da produção de forragem. O estádio de crescimento em que
a planta é colhida afeta diretamente o rendimento, composição química, capacidade de
rebrota e persistência. Em geral, cortes ou pastejos menos frequentes fornecem maiores
produções de forragem, porém, concomitantemente, ocorrem decréscimos acentuados
em sua composição química (Costa & Oliveira, 1994; Costa et al. 1997). Logo, deve-se
procurar o ponto de equilíbrio entre produção e qualidade da forragem, visando assegurar
os requerimentos nutricionais dos animais e garantindo, simultaneamente, a persistência
e a produtividade das pastagens.
Neste trabalho avaliaram-se os efeitos da idade das plantas sobre a produção de
forragem, composição química e vigor rebrota de Paspalum atratum BRA-009610, nas
condições edafoclimáticas de Porto Velho, Rondônia.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi conduzido no Campo Experimental da Embrapa Rondônia, localizado


no município de Porto Velho (96,3 m de altitude, 8º46’ de latitude sul e 63º51’ de longitude
oeste), durante o período de dezembro de 1996 a março de 1997.
O clima da região é tropical do tipo Am, com temperatura média de 24,5ºC,
precipitação entre 2.000 e 2.500 mm, com estação seca bem definida (junho a setembro)
e umidade relativa do ar em torno de 89%.
O solo da área experimental é um Latossolo Amarelo, textura argilosa, com as
seguintes características químicas: pH em água (1/2,5) = 5,1; Al = 0,3 cmol/dm3; Ca + Mg
= 3,2 cmol/dm3; P = 2 mg/kg; K = 63 mg/kg e Matéria Orgânica = 25,9 g/kg.
O delineamento experimental foi em blocos casualizados com três repetições. Os
tratamentos consistiram de seis idades de corte (14, 28, 42, 56, 70 e 84 dias após a
uniformização das parcelas). As parcelas foram compostas por quatro linhas com 4,0 m
de comprimento, espaçadas de 0,5 m, sendo a área útil de 1,0 m2. A adubação de
estabelecimento constou da aplicação de 50 kg de P2O5/ha, sob a forma de superfosfato
triplo. As avaliações foram realizadas através de cortes mecânicos efetuados a uma altura
de 20 cm acima do solo. Os parâmetros avaliados foram rendimentos de matéria seca
(MS), vigor de rebrota aos 21 dias após o corte, percentagem de eliminação de
meristemas apicais e teores de proteína bruta (PB), fósforo, cálcio, potássio e magnésio.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os rendimentos de MS foram significativamente (P < 0,05) incrementados com a


idade das plantas, sendo os maiores valores obtidos com cortes aos 70 (6434 kg/ha) e 56
dias (5680 kg/ha)(Tabela 1). Resultados semelhantes foram relatados por Mota (1980)
para Paspalum guenoarum e Costa et al. (1997) para Panicum maximum cv. Tanzânia. O
vigor de rebrota foi significativamente (P < 0,05) afetado pela idade da planta e
negativamente correlacionado com a percentagem de remoção de meristemas apicais. A
maior produção de MS foi registrada com cortes aos 42 dias (2256 kg/ha), seguindo-se as
obtidas aos 56 (1693 kg/ha) e 28 dias (1618 kg/ha). A eliminação de meristemas apicais
foi diretamente proporcional à idade das plantas. Até os 42 dias de idade não houve
remoção de meristemas, no entanto, a partir dos 56 dias, observou-se uma moderada
percentagem de decapitação (9,3 a 41,3%), comparativamente à comumente verificada
em outras gramíneas forrageiras tropicais, como Andropogon gayanus, Brachiaria
brizantha e Panicum maximum (Costa et al. 1997).

39
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

Os teores de PB, fósforo, cálcio, magnésio e potássio decresceram com o avanço


do estádio de crescimento da gramínea. Em geral, as maiores concentrações foram
registradas com cortes entre 14 e 42 dias (Tabela 1). Os teores obtidos neste trabalho são
semelhantes ou superiores aos relatados por Costa et al. (1996a,b) para P. atratum BRA-
009610. Considerando-se que teores de PB inferiores a 7% são limitantes à produção
animal, por implicarem em menor consumo voluntário, redução na digestibilidade e
balanço nitrogenado negativo, observa-se que a gramínea atenderia, satisfatoriamente,
aos requerimentos mínimos dos ruminantes em cortes com plantas com até 56 dias de
idade. Para o fósforo e o potássio, os teores verificados neste trabalho,
independentemente da idade das plantas, foram inferiores aos níveis críticos internos
destes nutrientes estimados por Costa et al. (1996a,b; 1998) para P. atratum BRA-009610
(1,5 g/kg para o fósforo e 17,20 g/kg para o potássio).

CONCLUSÕES

1 - O aumento da idade das plantas resultou em maiores rendimentos de forragem,


contudo implicou em decréscimos significativos dos teores de PB, fósforo, cálcio,
magnésio e potássio;
2 - A eliminação de meristemas apicais foi diretamente proporcional à idade das
plantas, ocorrendo o oposto quanto ao vigor de rebrota;
3 - O período entre cortes e/ou pastejos mais adequados para pastagens de P.
atratum BRA-009610, visando conciliar produção, vigor de rebrota e qualidade da
forragem, situa-se entre 42 e 56 dias.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, N. de L.; OLIVEIRA, J.R. da C. Evaluación agronómica de accesiones de Panicum


maximum en Rondônia. Pasturas Tropicales, v.16, n.2, p.44-46, 1994.
COSTA, N. de L.; GONÇALVES, C.A.; OLIVEIRA, M.A.S.; OLIVEIRA, J.R. da C. Rendimento de
gramíneas forrageiras em Ariquemes-RO. Porto Velho: EMBRAPA-UEPAE Porto Velho, 1988. 4p.
(Comunicado Técnico, 63).
COSTA, N. de L.; PAULINO, V.T.; RODRIGUES, A.N.A. Nutrientes limitantes ao crescimento de
Paspalum atratum BRA-009610. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE
ZOOTECNIA, 35., 1998, Botucatu. Anais... Botucatu: SBZ, 1998. p.608-610.
COSTA, N. de L.; PAULINO, V.T.; RODRIGUES, A.N.A. Efeito da adubação potássica na
produção de forragem e composição química de Paspalum atratum. In: REUNIÃO BRASILEIRA
DE FERTILIDADE DE SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS, 22., 1996, Manaus. Anais... Manaus:
EDUA, 1996a. p.692-693.
COSTA, N. de L.; PAULINO, V.T.; TOWNSEND, C.R. Produção de forragem e composição
química de Panicum maximum cv. Tanzânia em diferentes idades de corte. In: ENCONTRO DE
PESQUISADORES DE RONDÔNIA, 3., 1997, Porto Velho. Anais... Porto Velho: UNIR, 1997,
p.51.
COSTA, N. de L.; RODRIGUES, A.N.A.; PAULINO, V.T. Resposta de Paspalum atratum à
fertilização fosfatada. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DE SOLO E NUTRIÇÃO DE
PLANTAS, 22., 1996, Manaus. Anais... Manaus: EDUA, 1996b. p.502-503.
MOTA, J.F.A.S. da. Caracterização morfológica e fisiológica de Paspalum guenoarum Arech.
Porto Alegre: UFRGS/Faculdade de Agronomia, 1980, 94p. Dissertação de Mestrado.

40
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

Tabela 1. Rendimento de matéria seca (MS), vigor de rebrota aos 21 dias (VR), remoção de
meristemas apicais (RMA) e teores de proteína bruta (PB), fósforo, cálcio, magnésio e
potássio de P. atratum BRA-009610, em função da idade das plantas. Porto Velho, RO.
1996/97.

Idades MS VR RMA PB Fósforo Cálcio Magnésio Potássio


dias kg/ha kg MS/ha % % ------------------------------- g/kg --------------------------
----

14 1444 d 1169 c 0,0 12,1 a 1,17 a 8,32 a 5,08 a 13,79 a


28 2237 cd 1618 b 0,0 10,2 b 1,10 ab 8,01 a 4,38 b 13,12 a
42 2625 c 2256 a 0,0 9,4 bc 1,04 b 7,54 abc 4,20 b 11,64 b
56 5680 a 1693 b 9,3 8,8 c 0,90 c 7,11 cd 4,31 b 10,45 c
70 6434 a 605 d 32,9 6,9 d 0,79 d 6,77 d 3,73 c 10,37 c
84 4582 b 647 d 41,3 6,2 d 0,67 e 6,21 e 3,47 c 10,18 c

- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey

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Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

MÉTODOS DE INTRODUÇÃO DE LEGUMINOSAS EM PASTAGENS


DEGRADADAS DE Brachiaria brizantha CV. MARANDU
Newton de Lucena Costa1
Claudio Ramalho Townsend2
João Avelar Magalhães3

RESUMO

Avaliaram-se os efeitos de métodos de introdução (roçagem, aração, gradagem, aração +


gradagem e plantio manual) de Desmodium ovalifolium e da adubação fosfatada (0 e 50
kg de P2O5 /ha) na recuperação de pastagens degradadas de Brachiaria brizantha cv.
Marandu. A introdução de leguminosas, independentemente da adubação fosfatada,
mostrou-se uma prática tecnicamente viável para a recuperação de pastagens da
gramínea. Os rendimento de matéria seca e da gramínea e da leguminosa foram
significativamente incrementados pela adubação fosfatada, ocorrendo o inverso em
relação às plantas invasoras. Considerando-se a disponibilidade total de forragem e a
composição botânica da pastagem (relação gramínea/leguminosa), o plantio com matraca
e a roçagem, associadas à aplicação de fósforo, foram os métodos mais eficientes para a
introdução da leguminosa em pastagens degradadas de B. brizantha cv. Marandu.

PALAVRAS-CHAVES: aração, gradagem, matéria seca, plantas invasoras, roçagem

METHODS OF LEGUME FORAGE INTRODUCTION IN DEGRADED PASTURES OF Brachiaria


brizantha CV. MARANDU

ABSTRACT

The effects of methods of Desmodium ovalifolium introduction (mowing, plowing,


harrowing, plowing + harrowing and manual seeding) and phosphate (P) fertilization (0
and 50 kg of P2O5 /ha), on reclamation of Brachiaria brizantha cv. Marandu degraded
pastures, were evaluated. Legume introduction, irrespective of P fertilization, showed an
effective agronomic technique for pasture reclamation. Grass and legume dry matter (DM)
yields were improved by P application, while DM weeds were depressed. In order to obtain
greater forage yields and better ratio gras/legume, the manual seeding and mowing plus P
application were the most effectives methods for legume introduction on grass degraded
pastures.

KEYWORDS: dry matter, harrowing, mowing, plowing, weeds

____________
1
Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Amapá, Caixa Postal 10, CEP 68902-208, Macapá, Amapá
2
Zootec., M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, CEP 78900-970, Porto Velho, Rondônia
3
Med. Vet., M.Sc., Embrapa Meio Norte, Caixa Postal 01, CEP 64006-220, Teresina, Piauí

42
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

INTRODUÇÃO

Na Amazônia Ocidental, cerca de oito milhões de hectares, originalmente sob


cobertura de florestas, estão, atualmente, ocupados com pastagens cultivadas. Desta
área, quase 40% já apresenta pastagens com diferentes estágios de degradação, o que
reflete na necessidade de novos desmatamentos, a fim de alimentar adequadamente os
rebanhos, resultando numa pecuária itinerante.
O processo de degradação se manifesta pelo declínio gradual da produtividade das
plantas forrageiras, devido a vários fatores, tais como a baixa fertilidade natural dos solos,
manejo inadequado das pastagens (altas cargas animal e pastejo contínuo), ausência de
fertilizações, uso indiscriminado do fogo, compactação do solo e as altas pressões
bióticas (pragas e doenças), o que culmina com a dominância total da área por plantas
invasoras (Veiga e Serrão, 1987; Costa, 1996; Costa et al. 1997). A baixa disponibilidade
de nitrogênio, notadamente nos ecossistemas em que há predominância de gramíneas,
tem sido apontada como a principal causa da degradação das pastagens. Face aos altos
custos dos fertilizantes nitrogenados, a introdução de leguminosas em pastagens
degradadas, vem sendo recomendada como a alternativa mais eficiente e econômica
para o fornecimento de nitrogênio ao sistema solo-planta, além de aumentar a capacidade
de suporte e melhorar o valor nutritivo da forragem em oferta (Daza, 1990; Moreira e
Arruda, 1990).
Neste trabalho avaliaram-se os efeitos de métodos de introdução de Desmodium
ovalifolium e da adubação fosfatada na recuperação de pastagens degradadas de
Brachiaria brizantha cv. Marandu.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi conduzido no Campo Experimental da Embrapa Rondônia, localizado


no município de Porto Velho, durante o período de dezembro de 1995 a junho de 1998. O
clima da região é tropical do tipo Am, com temperatura média de 24,5ºC, precipitação
entre 2.000 e 2.500 mm, com estação seca bem definida (junho a setembro) e umidade
relativa do ar média anual em torno de 89%.
O solo da área experimental é um Latossolo Amarelo, textura argilosa, com as
seguintes características químicas: pH em água (1:2,5) = 4,8; Al = 1,4 cmol/dm3; Ca + Mg
= 2,2 cmol/dm3; P = 1,0 mg/kg; K = 0,04 cmol/dm3 e Matéria Orgânica = 3,02%.
A área experimental consistiu de uma pastagem de Brachiaria brizantha cv.
Marandu, estabelecida há oito anos e caracterizada como degradada pelo baixo vigor da
gramínea, baixa disponibilidade de forragem e predominância de plantas invasoras (30 a
50%). O delineamento experimental foi em blocos casualizados com parcelas divididas e
três repetições. Os métodos de introdução da leguminosa (roçagem, aração, gradagem,
aração + gradagem e plantio manual com matraca) representavam as parcelas principais
e, as doses de fósforo (0 e 50 kg de P2O5 /ha), as subparcelas. A adubação de
estabelecimento constou da aplicação de 60 kg de k2O/ha (cloreto de potássio). O fósforo
foi aplicado à lanço, sob a forma de superfosfato triplo. A leguminosa foi semeada à lanço,
utilizando-se 1,5 kg de sementes/ha (Valor Cultural = 90%). Os parâmetros avaliados
foram disponibilidade de matéria seca (MS) da gramínea, leguminosas e das plantas
invasoras. As avaliações foram realizadas a intervalos de 12 semanas, através de cortes
mecânicos efetuados a uma altura de 20 cm acima do solo.

43
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise da variância revelou efeito significativo (P < 0,05) para o efeito de


métodos de introdução e adubação fosfatada sobre a disponibilidade de forragem
(Tabela 1). Para o componente gramínea, os maiores rendimentos de MS foram
verificados nos tratamentos testemunha (8,86 t/ha) e matraca (6,47 t/ha), ambos na
presença de adubação fosfatada. A aração + gradagem, independentemente da
adubação fosfatada, foi o tratamento que proporcionou os menores rendimentos de MS,
como conseqüência da maior destruição de plantas da gramínea na pastagem, o que
afetou negativamente sua competitividade.
Os rendimentos de MS da leguminosa e das plantas invasoras foram diretamente
proporcionais à intensidade de preparo do solo. Para a leguminosa, os maiores
rendimentos foram obtidos com a aração e aração + gradagem, respectivamente na
presença e ausência de fertilização fosfatada, enquanto que para as plantas invasoras, a
aração + gradagem, independentemente da aplicação de fósforo, resultou nas maiores
produções de MS. Para a soma dos componentes (gramínea + leguminosa), a aração, a
gradagem e a roçagem, associadas à adubação fosfatada, forneceram as maiores
disponibilidades de MS, as quais superaram em 153, 118 e 102%, respectivamente, as
obtidas com o tratamento testemunha sem a aplicação de fósforo. No entanto,
considerando-se os rendimentos totais de MS e as melhores relações gramínea-
leguminosa, o plantio com matraca e a roçagem, ambas na presença de fertilização
fosfatada, foram os métodos que proporcionaram um satisfatório estabelecimento da
leguminosa. Da mesma forma, Moreira e Arruda (1990) e Daza (1990) verificaram que a
aração e a gradagem, foram os métodos mais eficientes para a introdução de P.
phaseoloides e Calopogonium mucunoides, respectivamente, em pastagens degradadas
de Brachiaria decumbens. Em média, a adubação fosfatada proporcionou incrementos de
54,6 e 23,5%, respectivamente, nos rendimentos de MS da gramínea e da leguminosa.
Resultados semelhantes foram reportados por Gomide e Obeid (1979) e Ferrufino (1990)
para pastagens de Hyparrhenia rufa e B. decumbens, recuperadas com a introdução de
leguminosas e adubação fosfatada.

CONCLUSÕES

1 - A introdução da leguminosa, independentemente da adubação fosfatada,


mostrou-se uma prática tecnicamente viável para a recuperação de pastagens de B.
brizantha cv. Marandu;
2 - Os rendimentos de MS da gramínea e da leguminosa foram significativamente
incrementados pela adubação fosfatada, ocorrendo o inverso em relação às plantas
invasoras;
3 – Considerando-se a disponibilidade total de forragem e a composição botânica
da pastagem, o plantio com matraca e a roçagem, associadas à aplicação de fósforo,
foram os métodos mais eficientes para a introdução da leguminosa em pastagens
degradadas de B. brizantha cv. Marandu.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, I.F.; FERREIRA, J.G. Introdução de leguminosas tropicais em pastagem estabelecida


de capim-jaraguá. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, v.10, n.3, p.427-449, 1981.
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amazônica. Lavoura Arrozeira, v.49, n.425, p.16-19, 1996.

44
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

COSTA, N. de L.; TOWNSEND, C.R.; MAGALHÃES, J.A.; PEREIRA, R.G. de A. Leguminosas


forrageiras na recuperação de pastagens degradadas da região amazônica. Porto Velho:
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FERRUFINO, A. Establecimiento de leguminosas forrajeras en praderas poco productivas de
Brachiaria decumbens. In: REUNIÓN DE LA RED INTERNACIONAL DE EVALUACIÓN DE
PASTOS TROPICALES, 1., 1990, Lima, Peru. Memórias... Cali, Colombia: CIAT, 1990, v.2,
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MOREIRA, E.M.; ARRUDA, N. G. de. Métodos de introdução de Pueraria phaseoloides em
pastagens de Brachiaria decumbens. In: REUNIÓN DE LA RED INTERNACIONAL DE
EVALUACIÓN DE PASTOS TROPICALES, 1., 1990, Lima, Peru. Memórias... Cali, Colombia:
CIAT, 1990, v.2, p.945-948.
VEIGA, J.B. da; SERRÃO, E.A.S. Recuperación de pasturas en la región este de la Amazonía brasileña. Pasturas
Tropicales, v.9, n.3, p.40-43, 1987.

Tabela 1. Disponibilidade de matéria seca de pastagens degradadas de B. brizantha cv.


Marandu, submetidas a diferentes métodos de introdução de D. ovalifolium, em função da
adubação fosfatada.
Métodos de Fósforo Gramínea Leguminosa Gram. + Leg. Plantas
Invasoras
Introdução kg P2O5/ha --------------------------------------------- t/ha -------------------------------------------

Testemunha 0 5,01 cd --- 5,01 f 2,29 c (31,4)


50 8,86 a --- 8,86 cd 2,70 bc (23,3)
Roçagem 0 3,62 de 2,51 e (32,8) 6,13 ef 1,51 de (19,7)
50 6,04 bc 4,08 cd (35,4) 10,12 bc 1,39 e (12,1)
Aração (A) 0 3,65 de 3,78 cd (42,7) 7,43 de 1,43 de (16,1)
50 5,80 bc 6,90 a (49,6) 12,70 a 1,20 e (8,7)
Gradagem (G) 0 3,18 e 4,13 cd (44,3) 7,31 de 2,01 cd (21,6)
50 6,06 bc 4,89 bc (39,8) 10,93 ab 1,35 e (11,0)
A+G 0 2,77 e 5,60 b (47,5) 8,37 cde 3,42 a (29,0)
50 3,56 de 4,03 cd (36,9) 7,59 de 3,33 ab (30,5)
Matraca 0 4,82 cd 2,19 e (26,9) 7,01 e 1,14 e (14,0)
50 6,47 b 3,10 de (28,0) 9,57 bc 1,46 de (13,2)
- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey
* Percentual em relação à disponibilidade total de matéria seca

45
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Produtividade com qualidade ambiental

AVALIAÇÃO DE GRAMÍNEAS FORRAGEIRAS SOB SOMBREAMENTO DE


SERINGAL ADULTO
Newton de Lucena Costa1
Claudio Ramalho Townsend2
João Avelar Magalhães3

RESUMO

O desempenho agronômico de sete gramíneas forrageiras sob sombreamento de seringal


adulto foi avaliado em ensaio conduzido em Porto Velho, Rondônia. No período chuvoso,
os maiores rendimentos de matéria seca (MS) foram obtidos por B. brizantha, P. atratum
BRA-9610 e B. humidicola. Durante o período seco, as gramíneas mais produtivas foram
B. brizantha e P. atratum BRA-9610. Independentemente das estações do ano, os teores
de magnésio e potássio não foram afetados (P > 0,05) pelas gramíneas avaliadas.
Durante o período chuvoso, o maior teor de nitrogênio foi obtido por P. regnelli BRA-0159;
os de fósforo por P. guenoarum BRA-3824 e B. humidicola, enquanto que P. atratum
BRA-9610 e B. humidicola forneceram as maiores concentrações de cálcio. No período
seco, o maior teor de nitrogênio foi registrado com P. regnelli BRA-0159, enquanto que B.
humidicola e B. brizantha cv. Marandu forneceram os maiores teores de fósforo e cálcio.
Considerando-se os rendimentos e a distribuição estacional de forragem, composição
química e cobertura do solo, as gramíneas mais promissoras para a formação de
pastagens em sistemas silvipastoris foram B. brizantha, B. humidicola e P. atratum BRA-
9610.

PALAVRAS-CHAVES: cálcio, fósforo, magnésio, matéria seca, potássio


AGRONOMIC EVALUATION OF FORAGE GRASSES UNDER MATURE RUBBER SHADING

ABSTRACT

The agronomic performance of seven forage grasses, under mature rubber shading, was
assessed in a cutting trial carried out at Porto Velho, Rondônia. During the rainy season,
the higher dry matter yields were obtained with B. brizantha, P. atratum BRA-9610 and B.
humidicola. During the dry season, the grasses more productives were B. brizantha and P.
atratum BRA-9610. In both seasons, magnesium and potassium contents were did not
affected by grasses. During the rainy season, the higher nitrogen and phosphorus
contents were obtained with P. regnelli BRA-0159 and, P. guenoarum BRA-3824 and B.
humidicola, respectively, while P. atratum BRA-9610 and B. humidicola provided higher
contents of calcium. During the dry season, P regnelli BRA-0159 showed the highest
nitrogen content, while B. humidicola and B. brizantha gave the highest phosphorus and
calcium contents. In order to obtain greater forage yields with better quality, the grasses
more promising for pasture establishment in a silvopastoral system were B. brizantha, B.
humidicola and P. atratum BRA-9610.

KEYWORDS: calcium, dry matter, magnesium, nitrogen, phosphorus, potassium

____________
1
Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Amapá, Caixa Postal 10, CEP 68902-208, Macapá, Amapá
2
Zootec., M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, CEP 78900-970, Porto Velho, Rondônia
3
Med. Vet., M.Sc., Embrapa Meio Norte, Caixa Postal 01, CEP 64006-220, Teresina, Piauí

46
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

INTRODUÇÃO

Em Rondônia, cerca de quatro milhões de hectares de floresta, originalmente sob


cobertura de florestas, estão, atualmente, ocupados com pastagens cultivadas. Desta
área, cerca de 40 % apresenta pastagens em diferentes estágios de degradação, o que
torna necessário a derrubada de grandes áreas para a manutenção dos rebanhos,
resultando numa pecuária itinerante. Deste modo, sistemas alternativos que levem em
consideração as peculiaridades dos recursos naturais da região e que sejam técnica e
economicamente viáveis, devem ser concebidos e testados de modo a tornar a atividade
agropecuária mais produtiva, sustentável e menos danosa ecologicamente. Os sistemas
silvipastoris, ao aumentarem a eficiência de utilização dos recursos naturais, pela
complementariedade entre as diferentes explorações envolvidas (espécies frutíferas,
florestais e industriais), surgem como uma alternativa para conter os impactos ecológicos
decorrentes da derrubada de florestas para a formação de pastagens.
O estado de Rondônia possui ótimas condições para o desenvolvimento de
sistemas silvipastoris, em função das grandes áreas plantadas com culturas frutíferas,
florestais e industriais. A participação dos pequenos produtores, na atividade pecuária de
é bastante significativa e a utilização de pastagens associadas com culturas pode
favorecer a disponibilidade de proteína de origem animal, aumentando a renda dos
produtores, diminuindo os custos com os tratos culturais das culturas, além de reduzir a
abertura de novas áreas sob vegetação de florestas.
As árvores exercem vários efeitos sobre o ecossistema das pastagens, a maioria
dos quais benéficos para os animais, à própria pastagem ou para o meio ambiente. Para
gramíneas tropicais tolerantes ao sombreamento, a produção e a qualidade de sua
forragem podem ser incrementadas (Belsky, 1992). Ademais, o sombreamento produzido
pelas árvores poderá reduzir o estresse térmico dos animais, proporcionando a obtenção
de melhores índices de desempenho zootécnico.
Este trabalho teve por objetivo avaliar o desempenho agronômico de gramíneas
forrageiras estabelecidas sob sombreamento de seringal adulto.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi conduzido no Campo Experimental da Embrapa Rondônia, localizado


no município de Porto Velho (96 m de altitude, 8o46' de latitude sul e 63o5' de longitude
oeste), durante o período de outubro de 1996 a abril de 1998. O clima da região e tropical
úmido do tipo Am, com estação seca bem definida (junho a setembro), pluviosidade anual
entre 2.000 e 2.500 mm; temperatura média anual de 24,9ºC e umidade relativa do ar de
89%.
O solo da área experimental e um Latossolo Amarelo, textura argilosa, com as
seguintes características químicas: pH em água (1:2,5) = 4,8; Al = 1,9 cmol/dm3; Ca + Mg
= 1,4 cmol/dm3; P = 2 mg/kg e K = 71 mg/kg. O delineamento experimental foi em blocos
casualizados com três repetições. Foram avaliadas sete gramineas forrageiras (Brachiaria
brizantha cv. Marandu, B. humidicola, Paspalum atratum BRA-9610, P. guenoarum BRA-
3824, P. regnelli BRA-0159, P. plicatulum BRA-9661 e Hemarthria altissima).
O plantio foi realizado durante a primeira quinzena de outubro de 1996, em um
seringal estabelecido há cerca de 12 anos, no espaçamento de 3 x 7 m. A adubação de
estabelecimento constou da aplicação de 50 kg de P2O5/ha, sob a forma de superfosfato
triplo. A densidade de semeadura foi de 15 kg de sementes/ha (Valor Cultural = 40%).
Cada parcela foi constituída por quatro linhas de 4,0 m de comprimento, espaçadas de
0,5 m. Os cortes foram realizados mecanicamente, a intervalos de 12 e 16 semanas,

47
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

respectivamente para os períodos chuvoso e seco, sendo o material colhido, após


pesado, devolvido as parcelas. Os parâmetros avaliados foram altura das plantas,
percentagem de cobertura, rendimento de matéria seca (MS) e composição química da
forragem (teores de nitrogênio, fósforo, cálcio, magnésio e potássio). Durante o período
experimental foram realizadas seis avaliações, sendo quatro durante o período chuvoso e
duas no período seco.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Doze semanas após o plantio, as espécies que se destacaram com maiores


percentagens de área coberta (90 a 100%) foram B. brizantha e B. humidicola, enquanto
que P. regnelli BRA-0159 apresentou o estabelecimento mais lento, com apenas 35% de
cobertura. As maiores alturas de plantas, independentemente das estações do ano, foram
registradas em B. brizantha, H. altissima e P. atratum BRA-9610. Para os dois períodos
de avaliação, as espécies que se destacaram com 100% de área coberta foram B.
brizantha e B. humidicola, enquanto que P. regnelli BRA-0159 apresentou o menor
percentual de cobertura, evidenciando pouca adaptabilidade às condições de
sombreamento impostas (Tabela 1).
Durante o período chuvoso, o maior (P < 0,05) rendimento de MS foi obtido por B.
brizantha (3128 kg/ha), seguindo-se os fornecidos por P. atratum BRA-9610 (1987 kg/ha)
e B. humidicola (1678 kg/ha), os quais não diferiram entre si (P > 0,05). Durante o período
seco, as gramíneas mais produtivas foram B. brizantha (1651 kg/ha) e P. atratum BRA-
9610 (1478 kg/ha) (Tabela 1). Todas as espécies avaliadas apresentaram crescimento
estacional, sendo esta característica mais acentuada em P. plicatulum BRA-9661 e P.
regnelli BRA-0159, os quais, durante o período seco, contribuíram com apenas 38 e 48%
da produção anual de forragem. Já, P. atratum BRA-9610 e B. humidicola apresentaram a
melhor distribuição estacional da produção de forragem (Tabela 1). Diversos trabalhos
têm evidenciado um comportamento diferenciado das gramíneas forrageiras quando
submetidas ao sombreamento. No Paraná, Schreiner (1987) observou que o rendimento
de forragem de B. decumbens e Digitaria decumbens foram marcadamente reduzidos
pelo sombreamento, contudo, mesmo assim foram as gramíneas mais produtivas em
comparação com as outras avaliadas (H. altissima e Paspalum notatum). As produções
de forragem verificadas neste trabalho foram, em média, 40% inferiores aquelas relatadas
por Costa et al. (1989) avaliando as mesmas gramíneas a pleno sol.
Independentemente das estações do ano, os teores de magnésio e potássio não
foram afetados (P > 0,05) pelas gramíneas avaliadas. Durante o período chuvoso, o maior
teor de nitrogênio foi obtido por P. regnelli BRA-0159; os de fósforo por P. guenoarum
BRA-3824 e B. humidicola, enquanto que P. atratum BRA-9610 e B. humidicola
forneceram as maiore concentrações de cálcio. No período seco, os teores de todos os
nutrientes foram superiores aos registrados no período chuvoso, como consequência de
um efeito de concentração, em função da menor produção de forragem. O maior teor de
nitrogênio foi registrado com P. regnelli BRA-0159, enquanto que B. humidicola e B.
brizantha forneceram os maiores teores de fósforo e cálcio (Tabela 2). As concentrações
obtidas neste trabalho foram inferiores aquelas reportadas por Castro et al. (1998) para
diversas gramíneas forrageiras tropicais submetidas ao sombreamento artificial; no
entanto, foram semelhantes às reportadas por Schreiner (1987) para H. altissima e B.
decumbens, submetidas a diferentes graus de sombreamento (30, 50 e 80%).

48
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

CONCLUSÕES

As gramíneas avaliadas responderam distintamente às condições de


sombreamento por seringal adulto; considerando-se os rendimentos e a distribuição
estacional de forragem, composição química e cobertura do solo, as gramíneas mais
promissoras para a formação de pastagens em sistemas silvipastoris foram B. brizantha
cv. Marandu, B. humidicola e P. atratum BRA-9610.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELSKY, A.J. Effects of trees on nutritional quality of understorey gramineous forage in tropical
savannas. Tropical Grasslands, v.26, n.1, p.12-20, 1992.

CASTRO, C.R.T.; CARVALHO, M.M. de; GARCIA, R. Composição mineral de gramíneas


forrageiras tropicais cultivadas à sombra. In REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE
ZOOTECNIA, 35., 1998, Botucatu. Anais... Botucatu: SBZ, 1998, p.554-556.

COSTA, N. de L.; OLIVEIRA, J.R. da C.; GONÇALVES, C.A. Avaliação agronômica de gramíneas
forrageiras em Rondônia, Brasil. Pasturas Tropicales, v.11, n.3, p.21-24, 1989.

SCHREINER, H.G. Tolerância de quatro gramíneas forrageiras a diferentes graus de


sombreamento. Curitiba: EMBRAPA-CNPF, 1997. p.61-72. (EMBRAPA.CNPF. Boletim de
Pesquisa Florestal, 1).

Tabela 1. Altura das plantas, cobertura e rendimento de matéria seca de gramíneas


forrageiras, estabelecidas sob sombreamento de seringal adulto. Porto Velho, Rondônia.
1996/1998.
Gramíneas Período Chuvoso Período Seco
1 2
Altura Cobertura Matéria Seca Altura Cobertura Matéria Seca
(cm) (%) (kg/ha) (cm) (%) (kg/ha)
B. brizantha cv. Marandu 93 100 3.128 a 84 100 1.651 a
B. humidicola 47 100 1.678 b 39 100 987 b
H. altissima 89 65 986 cd 78 70 507 cd
P. atratum BRA-9610 81 90 1.987 b 72 85 1.478 a
P. guenoarum BRA-3824 65 75 1.080 c 51 65 629 c
P. plicatulum BRA-9661 54 70 845 cd 44 60 321 de
P. regnelli BRA-0159 48 45 532 d 37 30 254 e
- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey
1 – Médias de quatro cortes 2 – Médias de dois cortes

Tabela 2. Teores de nitrogênio, fósforo, cálcio, magnésio e potássio de gramíneas forrageiras,


estabelecidas sob sombreamento de seringal adulto. Porto Velho, Rondônia. 1996/1998.
Gramíneas Período Chuvoso Período Seco
N P Ca Mg K N P Ca Mg K
---------------------------------------------- g/kg ------------------------------------------------
B. brizantha cv. Marandu 15,7bc 1,22b 5,1bc 2,2a 14,3a 17,8b 1,54ab 6,1b 3,0a 16,2a
B. humidicola 13,2d 1,28ab 6,3a 3,4a 13,3a 15,3c 1,67a 6,9a 3,4a 17,1a
H. altissima 16,1b 1,07c 4,7cd 2,6a 13,0a 17,9b 1,39c 6,0bcd 2,9a 15,3a
P. atratum BRA-9610 14,9c 1,11c 5,6ab 2,8a 15,2a 16,7bc 1,49bc 5,9cd 2,4a 16,3a
P. guenoarum BRA-3824 13,4d 1,32a 4,4cde 2,5a 14,0a 14,0d 1,51bc 6,3bc 3,6a 17,0a
P. plicatulum BRA-9661 15,5bc 1,03cd 4,0de 3,1a 14,7a 16,9b 1,43bc 5,7d 3,2a 17,4a
P. regnelli BRA-0159 17,2a 0,98d 3,7e 2,9a 13,9a 19,3a 1,12d 5,2e 3,3a 15,8a
- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey

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Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

RENOVAÇÃO DE PASTAGENS DEGRADADAS EM CONSÓRCIO COM MILHO


NA AMAZÔNIA OCIDENTAL
Claudio Ramalho Townsend1
Newton de Lucena Costa2
João Avelar Magalhães3
Ricardo Gomes de Araújo Pereira1

RESUMO

Em experimento conduzido na Embrapa Rondônia, em Porto Velho, durante os anos de


1995 e 1998, avaliou-se a viabilidade da renovação de pastagens degradadas através do
cultivo simultâneo do milho cv. BR-106 com gramíneas tropicais. Foi utilizado o
delineamento experimental de blocos ao acaso, com três repetições, em arranjo fatorial 3
x 3, representados pelas gramíneas Brachiaria brizantha Marandu, B. humidicola e
Paspalum atratum cv. Pojuca, consorciadas com milho sob diferentes métodos de plantio
(nas linhas, entrelinhas), além de seus cultivos estreme. O rendimento de MS da B.
brizantha, não foi influenciado pelos métodos de plantio, enquanto que o P. atratum e a B.
humidicola produziram mais nos cultivos solteiros do que quando consorciadas. Nesta
condição, quando estabelecidas nas linhas do milho, a B. brizantha foi superior ao P.
atratum e este a B. humidicola, já quando cultivadas nas entrelinhas, a B. brizantha
superou ambas. Sob cultivo estreme, a maior produção de forragem foi conseguida com a
B. brizantha, que se igualou ao P. atratum e este a B. humidicola. Em média foram
colhidos 1499 kg de grãos/ha, independentemente do método de plantio, os consórcios do
milho com B. Humidicola obtiveram maiores rendimentos (1674 kg/ha), do que com B.
brizantha e P. atratum, com produções próximas a 1410 kg/ha. Os resultados obtidos
indicam a viabilidade técnica da renovação de pastagens degradadas através de cultivos
consorciados de gramíneas forrageiras e milho. A B. brizantha apresentou
estabelecimento inicial mais efetivo e conjuntamente com P. atratum, interferiram na
produção de grãos.

PALAVRAS-CHAVE: Brachiaria brizantha, B. humidicola, Zea mays, Paspalum atratum.

DEGRADED PASTURE RENOVATION USING CORN MIXTURE IN THE WESTERN AMAZONIA

ABSTRACT

This work was conduced at Embrapa Rondonia Station in Porto Velho, Brazil, between the
years 1995 to 1998. It evaluated the viability of renovation of degraded pastures by means
of the simultaneous cultivation of waterless rice (cv. Progresso) with tropical grasses. The
experimental design was randomized blocks of three repetitions, in a factor arrangement

______________
1
Zootec., M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, CEP 78900-970, Porto Velho, Rondônia
2
Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Amapá, Caixa Postal 10, CEP 68902-208, Macapá, Amapá
3
Med. Vet., M.Sc., Embrapa Meio Norte, Caixa Postal 01, CEP 64006-220, Teresina, Piauí

50
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

of 3 x 3, represented by grasses Brachiaria brizantha Marandu, B. humidicola and


Paspalum atratum BRA-09610 associated with rice under differant planting (in lines,
between lines) as well as pure cultivation. In the association, independant of the method of
planting, B. brizantha got better results than the dry mater, P. atratum and the B.
humidicola , while the sigle planted area, the B. brizantha superpassed the B. humidicola,
bat equalled the P atratum . Both grasses had reduced production when associated with
the rice. Ther was no evidence of reducedproduction with the B. brizantha. The
association of rice with grasses represented a decreases of 23 % wen harvested. What
was most remarkable was the association between the rice and the B. brizantha.

KEYWORDS: Brachiaria brizantha, B. humidicola, Oryza sativa, Paspalum atratum.

INTRODUÇÃO

A pecuária tem apresentado um acelerado crescimento na região Amazônica. Em


Rondônia entre os anos de 1985 e 1997, o efetivo bovino aumentou em 16% a.a., sendo
estimado em mais de 7,5 milhões de cabeças, representando um dos mais importantes
segmentos da sua economia. Entretanto, prevalecem índices de produtividade baixos
(Idaron, 2000).
O principal suporte alimentar do rebanho bovino constitui-se de pastagens
cultivadas. Kitamura (1994) estima que existem 43 milhões de hectares desmatados na
Amazônia Legal, dos quais, 23 milhões foram cultivados com pastagens.
Serrão & Dias Filho (1991) descreve o ciclo evolutivo de pastagens cultivadas em
área de floresta, indicando que durante os três a cinco primeiros anos apresentam
produtividade satisfatória e a partir dai constata-se um gradual e progressivo decréscimo
no vigor das forrageiras, culminando com predominância de plantas invasoras, que
carateriza uma pastagem degradada. Calcula-se que 22% da área ocupada por
pastagens encontra-se em diferentes estágios de degradação, com uma taxa de
incremento anual de 350 mil ha. Estas apresentam baixa produtividade, podendo
inviabilizar a atividade, o que obriga os pecuaristas a avançarem sobre novas áreas de
floresta, resultando em uma “pecuária itinerante”, com enormes custos bio-socio-
econômicos. Quando a pastagem original atinge um estágio de degradação em que torna-
se impossível, técnica e economicamente, sua recuperação, a renovação tem sido a
prática mais comum, envolvendo a mecanização, práticas culturais e insumos que
caracterizam um uso mais intensivo do solo.
O alto custo de renovação da pastagem, principalmente devido à mecanização e
aplicação de adubos, tem sido o maior entrave, considerando-se as grandes áreas a
serem renovadas. A associação de culturas alimentares com forrageiras na renovação de
pastagens degradadas tem sido recomendada como uma alternativa de minimizar os
custos de implantação da pastagem (Veiga et al., 1985; Oliveira et al., 1996). Extensas
áreas têm sido renovadas através desse processo, especialmente na região nordeste do
Pará, principalmente com o milho, e nordeste do Mato Grosso, notadamente com o arroz.
No entanto, é preciso conhecer a compatibilidade das espécies que vão ser cultivadas. O
ideal é a obtenção de um bom estabelecimento da forrageira, sem que ela afete a
produção de grãos das culturas. Para tanto, é preciso considerar o hábito de crescimento
da cultura, o ciclo de crescimento, a arquitetura da planta, a densidade adequada de

51
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

plantio da cultura e das forrageiras, a época de semeadura, as exigências nutricionais das


plantas e o uso de fertilizantes e corretivos.
Este trabalho teve por objetivo avaliar a viabilidade da renovação de pastagens
degradadas via consorciação de gramíneas tropicais com o milho (Zea mays), sob
diferentes métodos de plantio.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido durante os anos de 1995 a 1998, na Embrapa


Rondônia em Porto Velho, onde o clima é tropical úmido do tipo Am e o solo
predominante é Latossolo Amarelo distrófico, textura argilosa. As áreas experimentais
vinham sendo utilizadas como pastagem por mais de cinco anos, caracterizadas como
degradadas, dado a elevada participação de plantas invasoras (mais de 50% cobertura do
solo) e o baixo vigor de rebrota da forrageira.
O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com três repetições em
arranjo fatorial 3x3, onde avaliou-se as gramíneas Brachiaria brizantha Marandu, B.
humidicola e Paspalum atratum cv. Pojuca, consorciadas com milho cv. BR 106, e os
métodos de plantio nas linhas e entrelinhas da cultura e cultivo estreme. As parcelas
experimentais mediam 6m x 4m, perfazendo uma área útil de 15 m2.
Para a correção do solo empregou-se calcário dolomítico (PRNT 60%), visando elevar a
saturação de bases para 50%. Após o rebaixamento da vegetação, procedeu-se o
preparo do solo através de gradagem/aração/gradagem. A adubação constituiu-se, em
kg/ha de: 90 P2O5 (superfosfato triplo), 60 K2O (cloreto de potássio), 18 micronutrientes
(FTE-12) e 40 N (uréia, ½ no plantio e ½ em cobertura).
O milho e as gramíneas foram plantadas simultaneamente, na primeira quinzena
de dezembro de cada ano, através de plantadeira/adubadeira manual, adotando-se o
espaçamento de 100 cm x 20 cm para o milho, e as densidades de semeadura
(expressas em kg de sementes puras viáveis/ha) de 3,5 para B. brizantha e B. humidicola
e de 3,0 para o P. atratum.
A colheita foi realizada quando da maturação fisiológica dos grãos, o que se deu
próximo aos 120 dias. O rendimento de grãos foi corrigido para 13% de umidade. A
biomassa vegetal foi amostrada através corte em marco de 1m2, à 20 cm da superfície do
solo, sendo as amostras separadas nos componentes: gramínea, plantas invasoras e
resíduo cultural, com os resultados expressos em kg de MS/ha.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Sob cultivo estreme, o rendimento de MS da B. brizantha foi superior (P < 0,05) ao


da B. humidicola, que se igualaram ao P. atratum (Tabela 1). A produção de forragem da
B. brizantha, não foi influenciado pelos métodos de plantio, enquanto que o P. atratum e a
B. humidicola produziram mais nos cultivos solteiros do que quando consorciadas. Nesta
condição, quando estabelecida nas linhas do milho, a B. brizantha foi superior ao P.
atratum e este a B. humidicola, já quando cultivadas nas entrelinhas, a B. brizantha
superou ambas. ALVIM et al. (1989), constataram que a B. decumbens em associação
com o milho obteve menores rendimentos de MS do que quando em cultivo estreme (809
x 1658 kg/ha), enquanto que com a B. humidicola, Veiga (1986) obteve rendimento médio
de 485 kg/ha. Tendência semelhante foi observada por Duarte et al. (1995). Macedo &
Zimmer (1990) ao estabelecerem a B. brizantha Marandu em plantio simultâneo com
milho em sucessão a lavoura de soja, observaram que ocorreu decréscimo de 50% na

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Produtividade com qualidade ambiental

forragem produzida, quando comparada ao cultivo estreme, o que não implicou em


prejuízos ao estabelecimento da pastagem.
Ao recuperarem pastagem de B. decumbens consorciada com leguminosas, em
plantio associado com culturas anuais, Carvalho et al. (1990) constataram que o sorgo e
arroz foram as culturas que menos competiram com as forrageiras, com rendimentos de
4,98 e 3,63 t de MS/ha, enquanto que com o milho foram colhidos apenas 1,85 t/ha.
Oliveira et al. (1996) empregando a tecnologia preconizada no Sistema Barreirão,
obtiveram produções que oscilavam entre 17,2 e 28,3 t de MV/ha com B. brizantha, que
reduziu em cerca de 30% a colheita de milho.
A incidência de plantas invasoras, expressa em kg de MS/ha, foi influenciada (P <
0,05) pelos métodos de plantio e gramíneas, bem como pela interação entre estes fatores.
A maior incidência ocorreu nas lavouras que tiveram a B. humidicola e o P. atratum como
gramíneas acompanhantes, e as menores com B. brizantha (Tabela 2). Quando
consorciou-se o milho com o P. atratum, a ocorrência de plantas infestantes foi maior no
cultivo nas entrelinhas do milho, sendo semelhante a o cultivo estreme da gramínea, o
que não foi observado com as de mais forrageiras. Segundo Serrão & Dias Filho (1991), o
controle de plantas infestantes no processo de estabelecimento/renovação de pastagens,
via consorciação com culturas anuais, pode ser um dos pontos limitantes a adoção da
tecnologia.

TABELA 1. Rendimentos de grãos e de matéria seca em cultivos consorciados de gramíneas


tropicais com milho. Porto Velho-RO, 1995/98.

Gramíneas em cultivos consorciados com


Produção Gramíneas
milho
Gramíneas de milho em cultivos Métodos de plantio
Estreme Linha Entrelinha
kg/ha ...............................kg de MS/ha.......................

B. brizantha Marandu A 1410 A 2248 a A 2007 a A 1963 a

P. atratum Pojuca A 1413 AB 2072 a B 1347 b B 947 b

B. humidicola A 1673 B 1525 a C 490 b B 391 b

Médias seguidas de letras diferentes, minúsculas nas linhas e maiúsculas nas colunas, diferem entre si (Tukey, P
5%);
Grãos kg/ha CV: 16%;
MS kg/ha. CV:19%.

Em média foram colhidos 1499 kg de grãos/ha (Tabela 1), o consórcio do milho


com B. Humidicola obteve rendimento médio de 1674 kg/ha, enquanto que com B.
brizantha e P. atratum, as produções foram próximas a 1410 kg/ha. Resultados inferiores
aos observados por Alvim et al. (1989) que colheram cerca de 4,0 t/ha em diferentes
métodos de estabelecimento do milho com B. decumbens. Carvalho et al. (1990)
colheram 3664 kg de milho/ha, quando em plantio simultâneo dom B. decumbens
consorciada com leguminosas. Duarte et al. (1995) obtiveram rendimentos de 5,70; 5,76;
5,52 t/ha de milho em cultivo associado com B. dictyoneura, B. brizantha e Pennisetum
purpureum, respectivamente. Enquanto que Veiga (1986), em cultivo do milho intercalado
com B. humidicola colheu 2820 kg/ha. Serrão & Dias Filho (1991), relatam que nas
condições da Amazônia, o estabelecimento/renovação de pastagens, via consorciação
com culturas anuais, geralmente resultam em baixos rendimentos de grãos, com a
produção de milho oscilando entre 400 a 900 kg/ha. No Centro Oeste do Brasil, onde os

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Produtividade com qualidade ambiental

sistemas agropastoris são bastante difundidos, como no caso do Sistema Barreirão, o


plantio simultâneo da B. brizantha cv. Marandú com a variedade de milho BR-106, vêm
sendo colhidos cerca de 3000 kg de grãos/ha (Oliveira et al., 1996). Nas condições de
Porto Velho, a produtividade média para cultura do milho, no período de 1993 a 1995 foi
de 1339 kg/ha (Anuário..., 1996).

TABELA 2. Participação de plantas invasoras em cultivos consorciados de gramíneas tropicais


com milho. Porto Velho-RO, 1995/98.
Gramíneas Gramíneas em cultivos consorciados
em cultivos métodos de plantio
Gramíneas
Estreme Linha Entrelinha
Participação de plantas invasoras em kg de MS/ha

Brachiaria brizantha cv.Marandu C 463 a B 378 a B 344 a

Paspalum atratum cv. Pojuca B 620 b A 710 ab A 949 a

Brachiaria humidicola A 958 a A 825 a A 869 a

Média 680 a 637 a 721 a

Médias seguidas de letras diferentes, minúsculas nas linhas e maiúsculas nas colunas, diferem entre si (Tukey, P
5%). C.V.: 18%.

Por ocasião da colheita não foi constatado nenhum efeito significativo (P > 0,05)
dos fatores estudados sobre a altura de planta, com o milho apresentando estatura média
de 104 cm. Da mesma forma a quantidade de espigas, sendo colhidas em media 4
espigas/m linear. Observou-se redução no estande inicial de plantas, quando se
comparou o cultivo estreme com as consorciações, passando de 6 para 5 plantas/m
linear. No consórcio com P. atratum o estande inicial foi menor do que com as braquiarias.
Os restos culturais (restevas) da lavoura de milho apresentaram resposta
semelhante ao rendimento de grãos. A resteva da cnsorciação com B. humidicola (832
kg/ha) foram superiores a com B. brizantha (734 kg/ha), mas ambas não diferiram as com
o P. atratum (759 kg/ha). Os resíduos culturais assumem papel importante na alteração e
dinâmica de nutrientes na camada superficial do solo, sua quantidade e qualidade,
provocam alterações na composição da comunidade microbiana, refletindo sobre sua taxa
de decomposição, sistemas de manejo que favorecem a manutenção de resíduos no solo
contribuem para maior sustentabilidade dos agroecossistemas (Mercante, 2001).

CONCLUSÕES

Os resultados obtidos indicam a viabilidade técnica da renovação de pastagens


degradadas através de cultivos consorciados de gramíneas forrageiras e milho, com a B.
brizantha apresentando estabelecimento inicial mais efetivo, mas, juntamente com P.
atratum, interferiram na produção de grãos.

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Produtividade com qualidade ambiental

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Produtividade com qualidade ambiental

RENOVAÇÃO DE PASTAGENS DEGRADADAS EM CONSÓRCIO COM ARROZ


DE SEQUEIRO NA AMAZÔNIA OCIDENTAL
CLAUDIO RAMALHO TOWNSEND1
NEWTON DE LUCENA COSTA2
JOÃO AVELAR MAGALHÃES3
RICARDO GOMES DE ARAÚJO PEREIRA1

RESUMO

Em experimento conduzido na Embrapa Rondônia, em Porto Velho, durante os anos de


1995 e 1998, avaliou-se a viabilidade da renovação de pastagens degradadas através do
cultivo simultâneo do arroz de sequeiro cv. Progresso com gramíneas tropicais. Foi
utilizado o delineamento experimental de blocos ao acaso, com três repetições, em
arranjo fatorial 3 x 3, representados pelas gramíneas Brachiaria brizantha Marandu, B.
humidicola e Paspalum atratum cv. Pojuca, consorciadas com arroz sob diferentes
métodos de plantio (nas linhas, entrelinhas), além de seus cultivos estreme. Nas
consorciações, independentemente do método de plantio, a B. brizantha obteve maiores
rendimentos de matéria seca que o P. atratum e este a B. humidicola, enquanto que os
plantios solteiros a B. brizantha superou a B. humidicola, e ambas se eqüivaleram ao P.
atratum . Estas duas gramíneas tiveram suas produções reduzidas quando consorciadas,
o que não foi tão evidenciado com a B. brizantha. A consorciação do arroz com as
gramíneas, representou uma quebra de 23 % na colheita de grãos, o que foi mais
marcante nos consórcios com B. brizantha.

PALAVRAS-CHAVE: Brachiaria brizantha, B. humidicola, Oryza sativa, Paspalum atratum.

DEGRADED PASTURE RENOVATION USING RICE MIXTURE IN THE WESTERN AMAZONIA

ABSTRACT

This work was conduced at Embrapa Rondonia Station in Porto Velho, Brazil, between the
years 1995 to 1998. It evaluated the viability of renovation of degraded pastures by means
of the simultaneous cultivation of waterless rice cv. Progresso with tropical grasses. The
experimental design was randomized blocks of three repetitions, in a factor arrangement
of 3 x 3, represented by grasses Brachiaria brizantha Marandu, B. humidicola and
Paspalum atratum BRA-09610 associated with rice under differant planting (in lines,
between lines) as well as pure cultivation. In the association, independant of the method of
planting, B. brizantha got better results than the dry mater, P. atratum and the B.
humidicola , while the sigle planted area, the B. brizantha superpassed the B. humidicola,
bat equalled the P atratum . Both grasses had reduced production when associated with
the rice. Ther was no evidence of reduced production with the B. brizantha. The
association of rice with grasses represented a decreases of 23 % wen harvested. What
was most remarkable was the association between the rice and the B. brizantha.

KEYWORDS: Brachiaria brizantha, B. humidicola, Oryza sativa, Paspalum atratum.

______________
1
Zootec., M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, CEP 78900-970, Porto Velho, Rondônia
2
Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Amapá, Caixa Postal 10, CEP 68902-208, Macapá, Amapá
3
Med. Vet., M.Sc., Embrapa Meio Norte, Caixa Postal 01, CEP 64006-220, Teresina, Piauí

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Produtividade com qualidade ambiental

INTRODUÇÃO

A pecuária tem apresentado um acelerado crescimento na região Amazônica. Em


Rondônia entre os anos de 1985 e 1997, o efetivo bovino aumentou em 16% a.a., sendo
estimado em mais de 7,5 milhões de cabeças, representando um dos mais importantes
segmentos da sua economia. Entretanto, prevalecem índices de produtividade baixos
(Idaron, 2000).
O principal suporte alimentar do rebanho bovino constitui-se de pastagens
cultivadas. Kitamura (1994) estima que existem 43 milhões de hectares desmatados na
Amazônia Legal, dos quais, 23 milhões foram cultivados com pastagens.
O ciclo evolutivo de pastagens cultivadas em área de floresta foi descrito por
Serrão & Dias Filho (1991), indicando que durante os três a cinco primeiros anos
apresentam produtividade satisfatória e a partir dai constata-se um gradual e progressivo
decréscimo no vigor das forrageiras, culminando com predominância de plantas
invasoras, que carateriza uma pastagem degradada. Calcula-se que 22% da área
ocupada por pastagens encontra-se em diferentes estágios de degradação, com uma taxa
de incremento anual de 350 mil ha. Estas apresentam baixa produtividade, podendo
inviabilizar a atividade, o que obriga os pecuaristas a avançarem sobre novas áreas de
floresta, resultando em uma “pecuária itinerante”, com enormes custos bio-socio-
econômicos.
Existem diversas tecnologias testadas com finalidade de reabilitar as pastagens
degradadas, que devem ser empregadas isoladamente ou em conjunto, conforme cada
situação. O plantio consorciado de culturas anuais com espécies forrageiras, vem sendo
preconizada na busca de minimizar custos, via preparo, correção e adubação do solo
para cultura precursora, além dos retornos advindos da comercialização de grãos e a
possibilidade de diversificação da produção agropecuária (Oliveira et al., 1996).
Este trabalho teve por objetivo avaliar a viabilidade da renovação de pastagens
degradadas via consorciação de gramíneas tropicais com o arroz de sequeiro (Oryza
sativa), sob diferentes métodos de plantio.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido durante os anos de 1995 a 1998, na Embrapa


Rondônia em Porto Velho, onde o clima é tropical úmido do tipo Am e o solo
predominante é Latossolo Amarelo distrófico, textura argilosa. As áreas experimentais
vinham sendo utilizadas como pastagem por mais de cinco anos, caracterizadas como
degradadas, dado a elevada participação de plantas invasoras (mais de 50% cobertura do
solo) e o baixo vigor de rebrota da forrageira.
O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com três repetições em
arranjo fatorial 3x3, onde avaliou-se as gramíneas Brachiaria brizantha Marandu, B.
humidicola e Paspalum atratum cv. Pojuca, consorciadas com arroz de sequeiro cv.
Progresso, e os métodos de plantio nas linhas e entrelinhas da cultura e cultivo estreme.
As parcelas experimentais mediam 6m x 4m, perfazendo uma área útil de 15 m2.
Para a correção do solo empregou-se calcário dolomítico (PRNT 60%), visando
elevar a saturação de bases para 50%. Após o rebaixamento da vegetação, procedeu-se
o preparo do solo através de gradagem/aração/gradagem. A adubação constituiu-se, em
kg/ha de: 90 P2O5 (superfosfato triplo), 60 K2O (cloreto de potássio), 18 micronutrientes
(FTE-12) e 40 N (uréia, ½ no plantio e ½ em cobertura).
O arroz e as gramíneas foram plantadas simultaneamente, na primeira quinzena de
dezembro de cada ano, através de plantadeira/adubadeira manual, adotando-se o

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Produtividade com qualidade ambiental

espaçamento de 30 cm x 30 cm e densidade de 60 sementes / m linear para o arroz, e as


densidades de semeadura (expressas em kg de sementes puras viáveis/ha) de 3,5 para
B. brizantha e B. humidicola e de 3,0 para o P. atratum.
A colheita foi realizada quando da maturação fisiológica dos grãos, o que se deu
próximo aos 120 dias. O rendimento de grãos do arroz foi corrigido para 13% de umidade.
A biomassa vegetal foi amostrada através de corte em marco de 1m2, à 20 cm da
superfície do solo, sendo as amostras separadas nos componentes: gramínea, plantas
invasoras e resíduo cultural, com os resultados expressos em kg de MS/ha.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A interação entre o método de plantio e a espécie forrageira, apresentou efeito


significativo (P < 0,05) sobre o rendimento de MS das mesmas (Tabela 1). Nos consórcios
independentemente do método de plantio, a B. brizantha obteve maiores rendimentos que
o P. atratum, e este aos da B. humidicola. Já nos cultivos estreme a B. brizantha produziu
mais forragem que a B. humidicola, e ambas se equivaleram ao P. atratum. O efeito do
método de plantio sobre o rendimento forrageiro do P. atratum e B. humidicola foi
semelhante, ambas apresentaram maiores produções nos cultivos estremes do que
quando consorciadas com a cultura. Com a B. brizantha, maiores rendimentos foram
atingidos nos consórcios em que esta foi estabelecida nas linhas do arroz, em relação ao
plantio nas entrelinhas, ambos os métodos não diferiram ao plantio solteiro da gramínea.
Schultze-Kraft & Cardenes (1993) obtiveram bom estabelecimento de sete gramíneas
forrageiras semeadas simultaneamente com arroz, com produção média de 663 kg de
MS/ha, com destaque a Andropogon gayanus e B. brizantha. Vela et al. (1996) ao
avaliarem o estabelecimento da B. dictyoneura em associação com arroz, constataram
que os métodos de plantio (a lanço o em sulcos), bem como, os tipos de cultivos (estreme
e consorciado), não afetaram o rendimento de MS da graminea (380 kg/ha). Com B.
dictyoneura + Stylosanthes guianensisde semeadas com arroz, sob diferentes preparos
de solo e adubação nitrogenada, Choy-Sánchez & Alvrado (1996), obtiveram rendimento
médio de 703 kg de MS/ha, não sendo constado efeito do preparo de solo
(aração+gradagem ou gradagem) e adubação (50 ou 100 kg de N/ha). Veiga (1986)
consorciando o arroz com três gramíneas tropicais, sob diferentes métodos de plantio,
obteve rendimentos de 160, 1446 e 1766 kg de MS/ha para B. humidicola, Panicum
maximum e A. gayanus, respectivamente. Ao recuperarem pastagem de B. decumbens
consorciada com leguminosas, em plantio associado com culturas anuais, Carvalho et al.
(1990) constataram que o sorgo e arroz foram as culturas que menos competiram com as
forrageiras, com rendimentos de 4,98 e 3,63 t de MS/ha, enquanto que com o milho foram
colhidos apenas 1,85 t. Oliveira et al. (1996) empregando a tecnologia preconizada no
Sistema Barreirão, obtiveram produções que oscilavam entre 15,4 e 19,6 t de MV/ha com
B. brizantha, B. decumbens e A. gayanus , a B. brizantha reduziu em 46% a colheita de
arroz e a B. decumbens em 65%.
A incidência de plantas invasoras, expressa em kg de MS/ha, foi influenciada (P <
0,05) pelos métodos de plantio e gramíneas, bem como pela interação entre estes fatores.
A maior incidência ocorreu nas lavouras que tiveram a B. humidicola como gramínea
acompanhante, seguidas das com P. atratum e B. brizantha (Tabela 2). Os cultivos
consorciados, independentemente do método de plantio, tiveram menor participação de
plantas infestantes do que os estremes. Quando consorciou-se o arroz com a B.
humidicola, independentemente do método de plantio, teve-se menor participação de
invasoras, que nos cultivos estreme, enquanto que com o P atratum estabelecido nas
entrelinhas do arroz a ocorrência de invasoras foi maior do que quando plantado na

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Produtividade com qualidade ambiental

mesma linhas, não diferindo dos cultivo estreme. Com a B. brizantha não se detectou
diferença entre os métodos de cultivo sobre a ocorrência de invasoras. Segundo Serão &
Dias Filho (1991), o controle de plantas infestantes no processo de
estabelecimento/renovação de pastagens, via consorciação com culturas anuais, pode ser
um dos pontos limitantes a adoção da tecnologia.
Em média foram colhidos 1158 kg/ha de arroz em casca, sendo constatado efeito
significativo (P < 0,05) da gramínea acompanhante sobre a produção de grãos (Tabela 1),
os menores rendimentos foram obtidos nos consórcios com a B. brizantha, os cultivos
com B. humidicola e P. atratum atingiram produções semelhantes. Os consórcios
resultaram em decréscimos próximos a 23% no rendimento das lavouras. Carvalho et al.
(1990) colheram 322 kg de arroz/ha, quando em plantio simultâneo dom B. decumbens
consorciada com leguminosas. Schultze-Kraft & Cardenes (1993) não constaram efeito
depressivo no rendimento de grãos, quando cultivaram simultaneamente sete gramíneas
com arroz de sequeiro, que em cultivo estreme produziu 2512 kg/ha, e quando
consorciado rendeu em média, 2757 kg/ha, independente da gramínea acompanhante.
Vela et al. (1996) colheram 1500 e 1350 kg/ha, quando o arroz foi cultivado solteiro e em
associação com a gramínea, enquanto que VEIGA (1986) colheu 254 kg/ha. Ao
cultivarem simultaneamente, diferentes variedades de arroz e B. dictyoneura +
Stylosanthes guianensisde, Choy-Sánchez & Alvrado (1996), colheram em média 827
kg/ha de arroz, que representava cerca de 50% da colheita em condições favoráveis a
cultura. Serrão & Dias Filho (1991), relatam que nas condições da Amazônia, o
estabelecimento/renovação de pastagens, via consorciação com culturas anuais,
geralmente resultam em baixos rendimentos de grãos, com a produção de arroz oscilando
entre 400 a 800 kg/ha. Na região de Porto Velho, a produtividade média para cultura do
arroz, no período entre 1993 e 1995 foi de 1500 kg/ha (Anuário..., 1996). Oliveira et al.
(1996) no Centro Oeste do Brasil, com adoção sistemas agropastoris mais intensificados,
co o por exemplo o Sistema Barreirão, colheram aproximadamente 2000 kg/ha de arroz.
Por ocasião da colheita não foi constatado nenhum efeito significativo (P > 0,05)
dos fatores estudados sobre a altura de planta, com o arroz apresentando estatura média
de 83 cm. A quantidade de panículas colhidas, sofreu influencia da gramínea
acompanhante, independentemente do método de estabelecimento, colhendo-se em
média 44, 41 e 35 panículas/m linear quando se consorciou o arroz com P. atratum, B.
humidicola e B. brizantha, respectivamente. Observou-se redução no estande inicial de
plantas, quando se comparou o cultivo estreme com as consorciações, passando de 5
para 3 plantas/m linear.
Os resíduos culturais (restevas) da lavoura de arroz apresentaram resposta
semelhante ao rendimento de grãos. A resteva da cnsorciação com B. humidicola (478
kg/ha) foram superiores a com B. brizantha (194 kg/ha), mas ambas não diferiram as com
o P. atratum (368 kg/ha). Os resíduos culturais assumem papel importante na alteração e
dinâmica de nutrientes na camada superficial do solo, sua quantidade e qualidade,
provocam alterações na composição da comunidade microbiana, refletindo sobre sua taxa
de decomposição, sistemas de manejo que favorecem a manutenção de resíduos no solo
contribuem para maior sustentabilidade dos agroecossistemas (Mercante, 2001).

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Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

Tabela 1. Rendimentos de matéria seca e de grão em cultivos consorciados de gramíneas


tropicais com arroz de sequeiro. Porto Velho-RO, 1995/98.
Gramíneas Gramíneas em cultivos consorciados Rendimento de
em cultivos métodos de plantio arroz em casca
Gramíneas
Estreme Linha Entrelinha
....................kg de MS/ha...................... kg/ha

B. brizantha cv.Marandu A 2491 ab A 2940 a A 2277 b B 853

P. atratum cv. Pojuca AB 2315 a B 1666 b B 1569 b A 1247

B. humidicola B 1771 a C 864 b C 741 b A 1374

Médias seguidas de letras diferentes, minúsculas nas linhas e maiúsculas nas colunas, diferem entre si (Tukey, P
5%). C.V.: 19. DMS: 616 kg MS/ha; C.V. 16% DMS 251 kg de grãos/ha.

Tabela 2. Participação de plantas invasoras em cultivos consorciados de gramíneas tropicais


com arroz de sequeiro. Porto Velho-RO, 1995/98.
Gramíneas Gramíneas em cultivos consorciados
em cultivos métodos de plantio
Gramíneas
Estreme Linha Entrelinha
Participação de plantas invasoras em kg de MS/ha

Brachiaria brizantha cv.Marandu C 463 a B 339 a B 340 a

Paspalum atratum cv. Pojuca B 620 ab B 448 b A 691 a

Brachiaria humidicola A 958 a A 691 b A 709 b

Média 680 a 493 b 580 b

Médias seguidas de letras diferentes, minúsculas nas linhas e maiúsculas nas colunas, diferem entre si (Tukey, P
5%). C.V.: 18%.

CONCLUSÕES

Os resultados obtidos indicam a viabilidade técnica da renovação de pastagens


degradadas através de cultivos consorciados de gramíneas forrageiras com o arroz cv.
Progresso. A B. brizantha cv Marandu propiciou estabelecimento inicial mais efetivo, mas
teve maior interferência na produção de grãos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGÊNCIA DE DEFESA SANITÁRIA AGROSILVOPASTORIL DO ESTADO DE RONDÔNIA-
IDARON. Informe semestral de campo referente a 2º etapa de vacinação. Porto Velho, maio,
2000, não paginado.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO AGROPECUÁRIO. RONDÔNIA. Porto Velho: EMATER-RO/SEPLAN,
v.1, 1996.
CARVALHO, S.I.C. Recuperação de pastagens degradads de Brachiaria decumbens cv. Basilisk
na região dos cerrados. Pasturas Tropicales, v.12, n.2, p.24-28, 1990.
CHOY-SÁNCHEZ, J.S.; ALVRADO, J.W.V. Sistema de labranza, variedades de arroz y
fertilización nitrogenada em siembras silmultánes com espécies forrajeras en Pucallpa, Peru.
Pasturas Tropicales, v.18, n.1, p.19-23, 1996.

60
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

KITAMURA, P. C. A Amazônia e o desenvolvimento sustentável. Brasília: EMBRAPA, 1994.


182 p.
MERCANTE, F.M. Os microrganismos do solo e a dinâmica da matéria orgânica em
sistemas de produção de grãos e pastagem. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, 2001.
14p. (Embrapa Agropecuária Oeste. Coleção Sistema Plantio Direto, 5).
OLIVEIRA, I P. de; KLUTHCOUSKI, J.; YOKOYAMA, L. P.; DUTRA, L. G.; PORTES, T. de A.;
SILVA, A. E. da; PINHEIRO, B. da S.; FERREIRA, E.; CASTRO, E. da M. de. Sistema Barreirão:
recuperação/renovação de pastagens degradadas em consórcio com culturas anuais. Goiânia:
EMBRAPA-CNPAF-APA, 1996. 90p. (EMBRAPA-CNPAF. Documentos, 64)
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productores del trópico húmedo brasileño. In: LASCANO, C. E.; SPAIN, J. M. (Eds).
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VEIGA, J. B. Associação de culturas de subsistência com forrageiras na renovação de pastagens
degradadas em área de floresta. In: SIMPÓSIO DO TRÓPICO ÚMIDO, 1., Belém, 1984. Anais...
Belém, EMBRAPA-CPATU, 1986. v. 5. Pastagens e produção animal, p. 175-181.
VELA, J.W; VÁSQUES, R. del A.; CLAVO, M. Sistema y época de control de malezas en el
establecimiento de pasturas asociadas con arroz en Pucallpa, Perú. Pasturas Tropicales, v.18,
n.2, p.19-24, 1996.

61
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

AVALIAÇÃO AGRONÔMICA SOB PASTEJO DE Panicum maximum CV.


TANZÂNIA

NEWTON DE LUCENA COSTA1


CLAUDIO RAMALHO TOWNSEND2
JOÃO AVELAR MAGALHÃES3
RICARDO GOMES DE A. PEREIRA2

RESUMO

Avaliou-se o efeito da pressão de pastejo (PP) 6-8 e 10-12 kg MS/100 kg peso vivo, sobre
a produção de forragem e composição química de Panicum maximum cv. Tanzânia. O
sistema de pastejo foi rotativo com 7 dias de ocupação e 21 dias de descanso. O aumento
da PP promoveu decréscimos significativos na disponibilidade de forragem, matéria seca
de folhas e taxa de expansão foliar, contudo não afetou os teores de fósforo, cálcio,
magnésio e potássio. O nitrogênio e a matéria seca residual apresentaram efeito
significativo apenas para estação do ano, sendo os maiores valores registrados durante o
período chuvoso. Considerando-se a disponibilidade, a distribuição estacional e a
qualidade da forragem, recomenda-se a utilização de 2,0 e 1,0 UA/ha, respectivamente
para os períodos chuvoso e seco.

PALAVRAS-CHAVES: pressão de pastejo, expansão foliar, matéria seca, composição


química

AGRONOMIC EVALUATION UNDER GRAZING OF Panicum maximum CV.


TANZÂNIA

ABSTRACT

It was evaluated the effects of grazing pressure (GP) 6-8 and 10-12 kg dry matter/100 kg
live weight, on forage production and chemical composition of Panicum maximum cv.
Tanzânia. The grazing system was rotational with a grazing period of and a 21 days
resting. Forage availability, leave dry matter and leaf elongation were depressed with
increased GP. Phosphorus, calcium, magnesium and potassium contents were not
affected by GP. Nitrogen contents and residual dry matter had higher contents during the
rainy season. These data suggest that utilization of stocking rate ranged to 2.0 and 1.0
UA/ha, respectively for rainy and dry season, was adequate for grass management.

KEYWORDS: chemical composition, dry matter, grazing pressure, leaf elongation

____________
1
Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Amapá, Caixa Postal 10, CEP 68902-208, Macapá, Amapá
2
Zootec., M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, CEP 78900-970, Porto Velho, Rondônia
3
Med. Vet., M.Sc., Embrapa Meio Norte, Caixa Postal 01, CEP 64006-220, Teresina, Piauí

62
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

INTRODUÇÃO

Em Rondônia, a exploração pecuária tem nas pastagens cultivadas o principal


recurso para a alimentação dos rebanhos. Entre as espécies mais cultivadas destacam-se
as brachiarias (Brachiaria brizantha cv. Marandu, B. decumbens, B. humidicola) e o
capim-colonião (Panicum maximum). No entanto, a partir do lançamento de novas
cultivares de P. maximum (Tanzânia, Tobiatã, Mombaça, Vencedor e Centenário), que
apresentam melhor adaptação aos solos de média fertilidade natural e maior facilidade de
manejo, tem aumentado consideravelmente sua participação nos sistemas de produção
de carne e leite do estado. Em Rondônia, COSTA e OLIVEIRA (1994) e COSTA et al.
(1996) avaliando o desempenho agronômico, em ensaios sob corte, de diversos
genótipos de Panicum, selecionaram P. maximum cv. Tanzânia dentre aqueles mais
promissores para a formação e/ou recuperação de pastagens no estado, face suas
elevadas produções de forragem, boa palatabilidade, composição química e
digestibilidade satisfatórias e uma vigorosa rebrota após o corte e/ou pastejo.
Deste modo, neste trabalho avaliou-se o efeito da pressão de pastejo sobre a
produção de forragem e composição química de P. maximum cv. Tanzânia.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi conduzido no Campo Experimental da Embrapa Rondônia, localizado


no município de Presidente Médici, entre fevereiro de 1997 e setembro de 1998. O clima
da região é tropical úmido do tipo Am, com estação seca bem definida (junho a setembro),
precipitação anual entre 2.000 e 2.500 mm, temperatura média anual de 24,5ºC e
umidade relativa do ar de 89%. O solo da área experimental é um Podzólico Vermelho-
Amarelo, textura média, com as seguintes características químicas: pH = 5,8; P = 2
mg/kg; Ca + Mg = 4,6 cmol/dm3; K = 83,5 mg/kg e Matéria Orgânica = 4,65%.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com duas repetições. Os
tratamentos consistiram de duas pressões de pastejo: 6-8 e 10-12 kg de matéria seca/100
kg de peso vivo. O plantio foi realizado à lanço, utilizando-se 6,0 kg de sementes/ha
(Valor cultural = 80%). A adubação de estabelecimento constou da aplicação de 50 kg/ha
de P2O5 como superfosfato triplo. O sistema de pastejo foi rotativo com 7 dias de
ocupação por 21 dias de descanso. Com a finalidade de facilitar a imposição das cargas
animal, os piquetes foram divididos em duas áreas distintas (0,4 e 0,6 ha). Utilizaram-se
novilhos anelorados com 12 a 14 meses de idade e peso médio inicial entre 120 e 150 kg,
os quais eram pesados a intervalos de 56 dias, a fim de obter-se uma estimativa do
potencial de produção de carne da gramínea. Todos os animais receberam os tratos
sanitários de rotina, como vermifugação, mineralização e vacinação contra febre aftosa.
Os parâmetros avaliados foram disponibilidade de matéria seca verde (DMSV), matéria
seca de folhas (MSF) e da resteva (MSR), taxa de expansão foliar (TEF) e teores de
nitrogênio, fósforo, cálcio, magnésio e potássio.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As pressões de pastejo impostas resultaram na obtenção de cargas animal de 3,2 e


2,1 UA/ha, no período chuvoso e de 1,4 e 0,9 UA/ha, no período seco, respectivamente
para 6 a 8 e 10 a 12 kg de MS/100 kg peso vivo, as quais estão compatíveis com as taxas
de crescimento apresentadas pela gramínea - 97,6 e 31,2 kg/ha/dia de MS,
respectivamente para os períodos chuvoso e seco (BERETTA et al., 1999). A DMSV e a
MSF, nos dois períodos de avaliação, foram significativamente (P < 0,05) reduzidas com o

63
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

aumento da pressão de pastejo, sendo os decréscimos de 60 e 57%, respectivamente


(Tabela 1). Do mesmo modo, ALMEIDA et al. (1997a,b) e GOMIDE et al. (1997),
respectivamente com Pennisetum purpureum cv. Mott e Brachiaria decumbens,
verificaram uma correlação negativa e significativa entre pressão de pastejo,
disponibilidade de forragem e MSF. A MSR não foi afetada pela carga animal, no entanto,
foi significativamente (P < 0,05) reduzida durante o período seco (Tabela 1). As TEF
foram afetadas pela carga animal, apenas durante o período chuvoso, sendo o maior
valor registrado com a utilização da pressão de pastejo de 10 a 12 kg de MS/100 kg peso
vivo (6,19 mm/dia), inferior ao reportado por BERETTA et al. (1999) para P. maximum cv.
Tanzânia cultivado em solo sob cerrado (15,4 mm/dia).

Tabela 1. Disponibilidade de matéria seca verde seca (DMVS), matéria seca de folhas
(MSF), matéria seca da resteva (MSR) e taxa de expansão foliar (TEF) de
Panicum maximum cv. Tanzânia, em função da pressão de pastejo.

Estação Pressão de pastejo DMSV MSF MSR TEF


Kg MS/100 kg PV (t/ha) (t/ha) (t/ha) (mm/dia)
1
Chuvosa 6-8 4,92 a 2,75 a 8,80 a 6,19 a
10-12 2,96 b 1,72 b 7,08 a 4,17 b
2
Seca 6-8 2,06 c 0,49 c 2,97 b 1,24 c
10-12 1,18 d 0,31 d 2,38 b 1,11 c
- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Duncan
1 – Outubro a maio = 1.756 mm 2- Junho a setembro = 215 mm

Os teores de fósforo, cálcio, magnésio e potássio não foram afetados pelas pressões
de pastejo. Para os de nitrogênio observou-se efeito significativo apenas para estação do
ano, sendo os maiores valores registrados durante o período chuvoso (Tabela 2). Em
geral, as concentrações verificadas neste trabalho foram semelhantes ou superiores às
relatadas por COSTA e OLIVEIRA (1994) e COSTA et al. (1998), avaliando 20 genótipos
de Panicum em diversas localidades de Rondônia. Os teores de nitrogênio, apenas
durante o período chuvoso, ficaram acima das exigências mínimas requeridas por bovinos
de corte em pastejo (11,2 g/kg). Já, os teores de fósforo, independentemente das
pressões de pastejo e dos períodos de avaliação, foram superiores aos níveis críticos
internos estimados por COSTA et al. (1998) para P. maximum cv. Centenário (1,78 g/kg).

Tabela 2. Teores de nitrogênio, fósforo, cálcio, magnésio e potássio de Panicum maximum


cv. Tanzânia, em função da pressão de pastejo.

Estação Pressão de pastejo Nitrogênio Fósforo Cálcio Magnésio Potássio


Kg MS/100 kg PV ---------------------------------------- g/kg -------------------------------------------
Chuvosa 6-8 16,42 a 1,84 a 6,67 a 4,12 a 19,20 a
10-12 17,12 a 1,93 a 6,82 a 4,67 a 18,77 a
Seca 6-8 10,80 b 1,79 a 5,98 a 4,29 a 18,01 a
10-12 10,13 b 1,82 a 6,41 a 4,12 a 18,65 a
- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Duncan

Os ganhos de peso estimados foram de 0,494 e 0,359 kg/an/dia e 592,8 e 86,2


kg/ha, respectivamente para os períodos chuvoso e seco. Os valores obtidos durante o
período seco foram superiores aos relatados por EUCLIDES et al. (1999) para pastagens
de P. maximum cv. Tanzânia, fertilizadas com 50 ou 100 kg/ha de N, porém, inferiores
aos obtidos durante o período chuvoso.

64
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

CONCLUSÕES

O aumento da pressão de pastejo promoveu decréscimos significativos na disponibilidade


de forragem, matéria seca de folhas e taxa de expansão foliar, contudo não afetou os
teores de fósforo, cálcio, magnésio e potássio;

Os teores de nitrogênio e a matéria seca de resteva não foram afetados pelas pressões
de pastejo, contudo foram significativamente reduzidos durante o período seco;

Considerando-se a disponibilidade, distribuição estacional e a qualidade da forragem,


recomenda-se a utilização de 2,0 e 1,0 UA/ha, respectivamente para os períodos chuvoso
e seco.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, E.X. de; SETELICH, E.A.; MARASCHIN, G.E. Oferta de forragem e variáveis
morfogênicas em capim-elefante cv. Mott. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA
DE ZOOTECNIA, 34., 1997 Juiz de Fora. Anais... Juiz de Fora: SBZ, 1997, p.240-242.
BERETTA, L.G.R.; KANNO, T.; MACEDO, C.M.; SANTOS JÚNIOR, J.D.G.; CORREA, M.R.
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solo dos cerrados. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 36.,
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REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 35., 1998, Botucatu. Anais...
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COSTA, N. de L.; PEREIRA, R. G. de A.; TOWNSEND, C.R. Desempenho produtivo de
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maximum em pastejo. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 36.,
1999, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: SBZ, 1999, 3p. (CD-ROM).
GOMIDE, C.A. de M.; GOMIDE, J.A.; QUEIROZ, D.S.; PACIULLO, D.S.C. Fluxo de tecidos em
Brachiaria decumbens. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA,
34., 1997 Juiz de Fora. Anais... Juiz de Fora: SBZ, 1997a, p.117-119.

65
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

DESEMPENHO AGRONÔMICO DE GENÓTIPOS DE Paspalum EM RONDÔNIA

NEWTON DE LUCENA COSTA1


CLAUDIO RAMALHO TOWNSEND2
JOÃO AVELAR MAGALHÃES3
RICARDO GOMES DE A. PEREIRA2

RESUMO

Avaliou-se o desempenho agronômico de genótipos de Paspalum, visando selecionar


os mais promissores para a formação e/ou renovação de pastagens nas condições
edafoclimáticas de Porto Velho, Rondônia. Considerando-se os rendimentos de MS, vigor
de rebrota, composição química e distribuição estacional da forragem produzida, os
genótipos mais promissores para a formação e/ou renovação de pastagens nas condições
ecológicas de Porto Velho foram P. atratum BRA-009610, BRA-003916, P. guenoarum
BRA-010107 e P. plicatulum BRA-003913.

PALAVRAS-CHAVES: matéria seca, composição química, vigor de rebrota

AGRONOMIC PERFORMANCE OF Paspalum GENÓTYPES IN RONDÔNIA

ABSTRACT

The agronomic performance of nine Paspalum genotypes were assessed in a cutting trial
carried out at Porto Velho, Rondônia. During the rainy season, the genotypes P. atratum
BRA-009610, BRA-003916 and P. plicatulum BRA-003824 provided higher dry matter
yields and aftermath regrowth. During the dry season, the genotypes more productives
were P. atratum BRA-009610, followed by P. guenoarum BRA-010107. Phosphorus,
potassium and magnesium contents did not affected by genotypes. The highest crude
protein contents were obtained with genotypes P. guanoarum BRA-003824, P. regnelli
BRA-000159 and P. plicatulum BRA-009661, while the highest calcium contents was
provided by P. plicatulum BRA-001490 genotype. In order to obtain greater forage yields
with better quality, the genotypes more promising were P. atratum BRA-009610, BRA-
003916, P. guenoarum BRA-010107 e P. plicatulum BRA-003913.

KEY-WORDS: dry matter, chemical composition, regrowth

INTRODUÇÃO

Em Rondônia, a pecuária de carne e leite tem nas gramíneas forrageiras o principal


recurso para a alimentação dos rebanhos. Entre as espécies mais cultivadas destacam-se
as brachiarias (Brachiaria brizantha cv. Marandu, B. decumbens, B. humidicola) e o
capim-colonião (Panicum maximum).

____________
1
Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Amapá, Caixa Postal 10, CEP 68902-208, Macapá, Amapá
2
Zootec., M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, CEP 78900-970, Porto Velho, Rondônia
3
Med. Vet., M.Sc., Embrapa Meio Norte, Caixa Postal 01, CEP 64006-220, Teresina, Piauí

66
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

No entanto, a importância das espécies pertencentes ao gênero Paspalum vem sendo


evidenciada graças à sua adaptabilidade a diferentes ecossistemas. Isto é devido à
grande diversidade genética existente no sul do continente americano, sendo sugerido,
por vários pesquisadores, ser esse o centro de origem e de diversificação da maioria das
espécies do gênero Paspalum. Algumas espécies apresentam altas produções de
forragem e de sementes, o que as credencia como opção para utilização em pastagens
cultivadas (Valls, 1987). Trabalhos realizados na região amazônica comprovaram a
excelente adaptação deste gênero a solos ácidos e de baixa fertilidade, sua boa
palatabilidade, composição química e digestibilidade satisfatórias, resistência às
cigarrinhas-das-pastagens e uma vigorosa rebrota após o corte, fogo ou pastejo (Lima &
Gondim, 1982; Costa et al., 1989; Costa & Oliveira, 1994).
Neste trabalho avaliou-se o desempenho agronômico de genótipos de Paspalum,
visando selecionar os mais promissores para a formação e/ou renovação de pastagens
nas condições edafoclimáticas de Porto Velho, Rondônia.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi conduzido no Campo Experimental da Embrapa Rondônia, localizado


no município de Porto Velho, durante o período de outubro de 1995 a dezembro de 1997.
O clima da região é tropical do tipo Am, com temperatura média de 24,5ºC, precipitação
entre 2.000 e 2.500 mm, com estação seca bem definida (junho a setembro) e umidade
relativa do ar em torno de 89%. O solo da área experimental é um Latossolo Amarelo,
textura argilosa, fase floresta, com as seguintes características químicas: pH em água
(1:2,5) = 5,1; Al = 0,3 cmol/dm3; Ca + Mg = 3,2 cmol/dm3; P = 2 mg/kg; K = 63 mg/kg e
Matéria Orgânica = 2,59%.
O delineamento experimental foi em blocos casualizados com três repetições.
Foram avaliados nove genótipos de Paspalum (P. guenoarum BRA-003824, BRA-010707,
P. atratum BRA-003913, BRA-009610, P. plicatulum BRA-001490, BRA-003913, BRA-
008486, BRA-009661 e P. regnelli BRA-000159). A adubação de estabelecimento constou
da aplicação de 50 kg de P2O5/ha, sob a forma de superfosfato triplo. Os parâmetros
avaliados foram rendimentos de matéria seca (MS), vigor de rebrota aos 21 dias após o
corte, teores de proteína bruta, fósforo, cálcio, potássio e magnésio. As avaliações foram
realizadas a intervalos de 8 e 16 semanas, respectivamente para os períodos de máxima
e mínima precipitação, através de cortes mecânicos efetuados a uma altura de 20 cm
acima do solo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o período chuvoso, o maior rendimento de MS foi registrado com P. atratum


BRA-009610 (27.171 kg/ha), vindo a seguir P. atratum BRA-003916 (23.642 kg/ha) e P.
plicatulum BRA-003913 (22.486 kg/ha), enquanto que P. regnelli BRA-000159 (17.259
kg/ha) e P. plicatulum BRA-009661 (17.238 kg/ha) foram os genótipos menos produtivos.
Com relação ao vigor de rebrota, P. atratum BRA-009610 (2.438 kg/ha), BRA-003916
(2.231 kg/ha) e P. guenoarum BRA-003913 (2.375 kg/ha) apresentaram os maiores
rendimentos de forragem. Estes valores são superiores aos obtidos por Costa & Saibro
(1990) para pastagens de B. humidicola, B. brizantha e P. maximum cultivadas em
diversas localidades de Rondônia. No período seco, P. atratum BRA-009610 (8.284
kg/ha) forneceu a maior produção de MS, seguido de P. guenoarum BRA-010107 (7.442
kg/ha), P. atratum BRA-003916 (6.874 kg/ha) e P. plicatulum BRA-003913 (6.789 kg/ha).
Já, P. atratum BRA-009610, P. guenoarum BRA-003824 e BRA-010107, além de P.

67
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

plicatulum BRA-003913 foram os genótipos que proporcionaram maior vigor de rebrota


(Tabela 1). Em geral, os rendimentos de forragem fornecidos pelos genótipos mais
promissores são considerados satisfatórios, sendo superiores aos relatados por Costa et
al. (1989) e Costa & Oliveira (1994) avaliando diversas espécies de Paspalum em várias
localidades de Rondônia.

Tabela 1. Rendimento de matéria seca e vigor de rebrota de genótipos de Paspalum, durante


os períodos de máxima e mínima precipitação. Porto Velho, Rondônia. 1995/97.

Genótipos Máxima precipitação Mínima precipitação


1 2
Matéria seca Vigor de rebrota Matéria seca Vigor de rebrota
(kg/ha) (kg MS/ha/21 (kg/ha) (kg MS/ha/21
dias) dias)
P. atratum BRA-003916 23.642 b 2.231 ab 6.874bc 279 b
P. atratum BRA-009610 27.171 a 2.438 a 8.484 a 393 a
P. guenoarum BRA-003824 17.411 e 1.697 d 4.751 e 432 a
P. guenoarum BRA-010707 21.321 cd 1.931 bcd 7.442 b 413 a
P. plicatulum BRA-001490 20.244 d 1.702 d 6.032 d 261 b
P. plicatulum BRA-003913 22.486 bc 2.375 a 6.789 bcd 403 a
P. plicatulum BRA-008486 19.712 d 1.759 cd 6.419 cd 312 b
P. plicatulum BRA-009661 17.238 e 2.009 bc 6.580 cd 35 d
P. regnelli BRA-000159 17.259 e 380 e 6.555 cd 130 c
- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey
1 – Totais de oito cortes 2 - Totais de dois cortes

Comparando-se os rendimentos de forragem obtidos nos períodos chuvoso e seco,


observa-se que todos os genótipos apresentaram crescimento estacional, sendo esta
característica mais acentuada em P. guenoarum BRA-003824 e P. atratum BRA-003916,
os quais contribuíram, durante o período seco, com apenas 21,1 e 22,5 %,
respectivamente, do total da forragem produzida anualmente. Já, P. plicatulum BRA-
009661 e P. regnelli BRA-000159 forneceram a melhor distribuição estacional da
produção de forragem, contudo, tal fato foi consequência de seus baixos rendimentos de
MS durante o período chuvoso. Resultados semelhantes foram reportados por Batista et
al. (1995), avaliando 67 acessos de Paspalum, em São Carlos-SP, os quais concentraram
as maiores produções de MS (70%) durante o período chuvoso.

Tabela 2. Teores de proteína bruta, fósforo, cálcio, potássio e magnésio de genótipos de


Paspalum. Porto Velho, Rondônia. 1995/97.

Genótipos Proteína bruta Fósforo Cálcio Potássio Magnésio


(%) ------------------------------- g/kg ------------------------------
P. atratum BRA-003916 7,39 ef 0,68 a 7,35 bcd 11,13 a 4,82 a
P. atratum BRA-009610 7,86 de 0,72 a 7,89 b 11,84 a 4,95 a
P. guenoarum BRA-003824 9,96 a 0,85 a 6,58 de 13,56 a 5,02 a
P. guenoarum BRA-010707 8,27 cd 0,67 a 7,10 cd 12,21 a 4,88 a
P. plicatulum BRA-001490 7,15 f 0,62 a 9,77 a 10,98 a 5,32 a
P. plicatulum BRA-003913 8,93 bc 0,69 a 7,45 bc 10,50 a 4,61 a
P. plicatulum BRA-008486 7,30 ef 0,70 a 6,90 cde 12,45 a 5,20 a
P. plicatulum BRA-009661 9,46 ab 0,82 a 6,85 cde 13,67 a 4,12 a
P. regnelli BRA-000159 9,60 ab 0,85 a 6,50 e 12,86 a 4,71 a
- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey

Os teores de fósforo, potássio e magnésio não foram afetados (P > 0,05) pelos
genótipos avaliados (Tabela 2). O maior teor de PB foi registrado em P. guenoarum BRA-
003824 (9,96%), o qual não diferiu dos fornecidos por P. regnelli BRA-000159 (9,60%) e

68
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

P. plicatulum BRA-009661 (9,46%). Estes valores são superiores aos relatados por Costa
& Oliveira (1994) para diversos genótipos de Paspalum, submetidos a diferentes
intervalos entre cortes. Da mesma forma Lima & Gondim (1982) verificaram diferenças
significativas nos teores de PB, em função das diversas espécies de Paspalum avaliadas.
Com relação aos teores de cálcio, o maior valor foi obtido por P. plicatulum BRA-1490
(9,77 g/kg). Exceto para os teores de fósforo, os quais foram relativamente baixos, para
os demais nutrientes os valores registrados neste trabalho foram semelhantes aos
reportados por Costa et al. (1996) para diversas espécies de Paspalum.

CONCLUSÕES

Considerando-se os rendimentos de MS, vigor de rebrota, composição química e


distribuição estacional da forragem produzida, os genótipos mais promissores para a
formação e/ou renovação de pastagens nas condições ecológicas de Porto Velho foram
P. atratum BRA-009610, BRA-003916, P. guenoarum BRA-010107 e P. plicatulum BRA-
003913.

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MELHORAMENTO GENÉTICO DE PASPALUM, 1., 1987, Nova Odessa. Anais... Nova Odessa:
IZ, 1987, p.85-89.

69
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

MANEJO DE PASTAGENS DE Paspalum atratum BRA-009610

Newton de Lucena Costa1


Claudio R. Townsend2,
João Avelar Magalhães2
Ricardo Gomes de A. Pereira2

INTRODUÇÃO

Em Rondônia, a pecuária de carne e leite tem nas pastagens cultivadas o principal


recurso para a alimentação dos rebanhos. Entre as espécies mais cultivadas destacam-se
as brachiarias (Brachiaria brizantha cv. Marandu, B. decumbens, B. humidicola) e o
capim-colonião (Panicum maximum). No entanto, a importância das espécies
pertencentes ao gênero Paspalum vem sendo evidenciada face à sua adaptabilidade a
diferentes ecossistemas. Trabalhos realizados na região amazônica comprovaram a
excelente adaptação deste gênero a solos ácidos e de baixa fertilidade, resistência às
cigarrinhas-das-pastagens e ao fogo (Lima e Gondim, 1982; Costa e Paulino, 1997). Em
Rondônia, Costa et al. (1997) avaliando o desempenho agronômico de diversos genótipos
de Paspalum, selecionaram P. atratum BRA-009610 como um dos mais promissores para
a formação e/ou recuperação de pastagens no estado, face suas elevadas produções de
forragem, boa palatabilidade, composição química e digestibilidade satisfatórias e uma
vigorosa rebrota após o corte e/ou pastejo.
Neste trabalho avaliou-se o efeito da carga animal sobre o crescimento, produção
de forragem e composição química de P. atratum BRA-009610.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi conduzido no Campo Experimental da Embrapa Rondônia, localizado


no município de Porto Velho, durante o período de dezembro de 1995 a março de 1998. O
clima da região é tropical úmido do tipo Am, com estação seca bem definida (junho a
setembro), precipitação anual entre 2.000 e 2.500 mm, temperatura média anual de
24,5ºC e umidade relativa do ar de 89%. O solo da área experimental é um Latossolo
Amarelo, textura argilosa, com as seguintes características químicas: pH = 4,9; P = 2
mg/kg; Al = 1,15 cmol/dm3; Ca + Mg = 1,98 cmol/dm3; K = 19,5 mg/kg e Matéria Orgânica
= 4,43%.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com duas repetições. Os
tratamentos consistiram de duas cargas animal: 2,0 e 3,0 UA/ha. O plantio foi realizado à
lanço, utilizando-se 6,0 kg de sementes/ha (Valor cultural = 80%). A adubação de
estabelecimento constou da aplicação de 50 kg de P2O5/ha (superfosfato triplo) e 60 kg de
K2O/ha (cloreto de potássio). O sistema de pastejo foi rotativo com 7 dias de ocupação
por 21 dias de descanso. Com a finalidade de facilitar a imposição das cargas animal, os
piquetes foram divididos em duas áreas distintas (0,4 e 0,6 ha). Utilizaram-se garrotes
anelorados com 12 a 14 meses de idade e peso médio inicial entre 120 e 150 kg, os quais
eram pesados a intervalos de 56 dias, a fim de obter-se uma estimativa do potencial de
produção de carne da gramínea. Todos os animais receberam os tratos sanitários de
rotina, como vermifugação, mineralização e vacinação contra febre aftosa.
_______
1. Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Amapá, Caixa Postal 10, 68902-280, Macapá, Amapá. e-mail:
newton@cpafap.embrapa.br
2. Zootec., M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, 78900.970, Porto Velho, Rondônia

70
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

Os parâmetros avaliados foram disponibilidade de matéria seca (DMS), matéria seca


residual de folhas (MSRF), matéria seca da resteva (MSR), índice de área foliar (IAF) por
ocasião da entrada dos animais nos piquetes, índice de área foliar residual (IAFR), taxa
de expansão foliar (TEF) e teores de nitrogênio, fósforo, cálcio, magnésio e potássio.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A utilização de cargas animal de 2,0 e 3,0 UA/ha resultou na obtenção de pressões


de pastejo médias de 9,5 e 3,9 e, 8,0 e 5,0 kg de MS/100kg de peso vivo/dia,
respectivamente para os períodos chuvoso e seco, as quais podem ser consideradas
como moderadas considerando-se as altas taxas de crescimento da gramínea - 60,6 e
37,9 kg de MS/dia, respectivamente para os períodos chuvoso e seco (Costa e Paulino,
1998). A DMS e a MSRF, nos dois períodos de avaliação, foram significativamente (P <
0,05) reduzidas com o aumento da carga animal, sendo os decréscimos de 63 e 30%,
respectivamente (Quadro 1). Do mesmo modo, Almeida et al. (1997a,b) e Gomide et al.
(1997), respectivamente com Pennisetum purpureum cv. Mott e Brachiaria decumbens,
verificaram uma correlação negativa e significativa entre pressão de pastejo,
disponibilidade de forragem e MSRF. A MSR não foi afetada pela carga animal, no
entanto, foi significativamente (P < 0,05) reduzida durante o período seco. Os maiores IAF
e IAFR foram obtidos com a carga baixa e durante o período chuvoso (Tabela 1). Os
valores obtidos neste trabalho foram inferiores aos estimados por Gomide et al. (1997)
para pastagens de B. decumbens, submetidas a diferentes níveis de oferta de forragem.
As TEF foram afetadas pela carga animal, apenas durante o período chuvoso, sendo o
maior valor registrado com a utilização de 2,0 UA/ha (5,58 mm/dia), o qual foi superior aos
reportados por Almeida et al. (1997b) e Corsi et al. (1994) para P. purpureum e B.
humidicola, respectivamente.
Os teores de fósforo, cálcio, magnésio e potássio não foram afetados pelas cargas
animal. Para os de nitrogênio observou-se efeito significativo apenas para estação do
ano, sendo os maiores valores registrados durante o período chuvoso (Tabela 2). Em
geral, as concentrações verificadas neste trabalho foram semelhantes ou superiores às
relatadas por Costa e Paulino (1998) e Costa et al. (1997), avaliando 12 genótipos de
Paspalum. Os teores de nitrogênio, apenas durante o período chuvoso, ficaram acima das
exigências mínimas requeridas por bovinos de corte em pastejo (1,12 g/kg). Já, os teores
de fósforo e de potássio, independentemente das cargas animal e dos períodos de
avaliação, foram superiores aos níveis críticos internos estimados por Costa et al. (1996)
para P. atratum BRA-009610, os quais foram de 1,15 g/kg para o fósforo e 17,20 g/kg
para o potássio.
Os ganhos de peso foram de 0,398 e 0,242 kg/an/dia e 146,4 e 18,8 kg/ha,
respectivamente para os períodos chuvoso e seco. Os ganhos por animal podem ser
considerados moderados, comparativamente aos obtidos com outras gramíneas
forrageiras tropicais, no entanto, a alta disponibilidade de forragem de P. atratum pode
compensar suas possíveis deficiências nutritivas, em função de sua maior capacidade de
suporte.

CONCLUSÕES

1. O aumento da carga animal promoveu decréscimos significativos na


disponibilidade de forragem, matéria seca residual de folhas, índice de área foliar e taxa
de expansão foliar, contudo não afetou os teores de fósforo, cálcio, magnésio e potássio;

71
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

2. O desempenho animal verificado com a gramínea pode ser considerado


moderado, o qual pode ser compensado por sua maior capacidade de suporte;
3. Considerando-se a disponibilidade, distribuição estacional e a qualidade da
forragem, recomenda-se a utilização de 3,0 e 2,0 UA/ha, respectivamente para os
períodos chuvoso e seco.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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morfogênicas em capim-elefante cv. Mott. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 34., 1997 Juiz de Fora. Anais... Juiz de Fora: SBZ, 1997a,
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ALMEIDA, E.X. de; MARASCHIN, G.E.; HARTHMANN, O.E.L. Dinâmica da pastagem de capim-
elefante cv. Mott e sua relação com o rendimento animal. In: REUNIÃO ANUAL DA
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 34., 1997 Juiz de Fora. Anais... Juiz de Fora:
SBZ, 1997b, p.271-273.
CORSI, M.; BALSALOBRE, M.A.; SANTOS, P.M.; SILVA, S.C. da. Bases para o estabelecimento
do manejo de pastagens de braquiária. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM,
11., 1994. Piracicaba. Anais... Piracicaba: FEALQ, 1994, p.249-266.
COSTA, N. de L.; PAULINO, V.T. Produção de forragem e composição química de Paspalum
atratum BRA-009610 em diferentes idades de corte. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 1998, Botucatu. Anais... Botucatu: SBZ, 1998, p.336-338.
COSTA, N. de L.; PAULINO, V.T.; RODRIGUES, A.N.A. Nutrientes limitantes ao crescimento de
paspalum atratum. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO
DE PLANTAS, 22., 1996, Manaus. Anais... Manaus. SBCS, 1996, p.498-499.
COSTA, N. de L.; PEREIRA, R.G. de A.; MAGALHÃES, J.A. Avaliação agronômica de gramíneas
forrageiras do gênero Paspalum em Rondônia. In: ENCONTRO DE PESQUISADORES DE
RONDÔNIA, 3., 1997, Porto Velho. Resumos... Porto Velho: UNIR/CNPq, 1997, p.34.
GOMIDE, C.A. de M.; GOMIDE, J.A.; QUEIROZ, D.S.; PACIULLO, D.S.C. Fluxo de tecidos em
Brachiaria decumbens. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE
ZOOTECNIA, 34., 1997 Juiz de Fora. Anais... Juiz de Fora: SBZ, 1997a, p.117-119.
LIMA, R.R.; GONDIM, A.G. Avaliação de forrageiras nativas especialmente do gênero
Paspalum. Belém: FCAP, 1982, 41p. (FCAP. Informe Técnico, 9).

Tabela 1. Disponibilidade de matéria seca (DMS), matéria seca residual de folhas (MSRF),
matéria seca da resteva (MSR), índice de área foliar (IAF), índice de área foliar residual (IAFR) e
taxa de expansão foliar (TEF) de Paspalum atratum BRA-009610, em função da carga animal.

Estação Carga animal DMS MSRF MSR IAF IAFR TEF


(UA/ha) (t/ha) (t/ha) (t/ha) (mm/dia)
1
Chuvosa 2,0 3,58 a 1,30 a 2,84 a 2,78 a 0,69 a 5,58 a
3,0 2,74 b 0,91 b 2,65 a 1,95 b 0,52 b 4,72 b
2
Seca 2,0 2,03 c 0,41 c 1,74 b 1,76 b 0,32 c 2,17 c
3,0 1,41 d 0,28 d 1,65 b 0,80 c 0,27 c 1,84 c
- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Duncan
1 - Outubro a maio = 1.897 mm
2 - Junho a setembro = 278 mm

72
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

Tabela 2. Teores de nitrogênio, fósforo, cálcio, magnésio e potássio de Paspalum atratum BRA-
009610, em função da carga animal.

Estação Carga animal Nitrogênio Fósforo Cálcio Magnésio Potássio


(UA/ha) ----------------------------------------- g/kg ---------------------------------------------
Chuvosa 2,0 13,51 a 1,56 a 5,12 a 3,06 a 18,43 a
3,0 13,75 a 1,69 a 5,33 a 3,28 a 19,22 a

Seca 2,0 10,22 b 1,59 a 4,89 a 3,11 a 18,30 a


3,0 10,44 b 1,63 a 5,01 a 2,98 a 17,23 a
- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Duncan

ABSTRACT

It was evaluated the effects of stocking rate (2,0 and 3,0 UA/ha) on growth, forage
production and chemical composition of Paspalum atratum BRA-9610. The grazing system
was rotational with a grazing period of and a rest of 21 days. The availability forage,
residual leaf dry matter, leaf area index and leaf elongation were depressed with increased
stocking rate. Phosphorus, calcium, magnesium and potassium contents did not affected
by stocking rate, while for nitrogen, the higher contents were obtained during the rainy
season. The animal performance obtained with the grass was moderate, which can be
improved by your higher carrying capacity. These data suggest that utilization of stocking
rate ranged to 3,0 and 2,0 UA/ha, respectively for rainy and dry season, was adequate for
grass management.

73
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DO SOLO SOB PASTAGENS


DEGRADADAS

Newton de Lucena Costa1


Michael Thung2
Claudio R. Townsend3
Paulo Moreira2
Francisco das C. Leônidas3

INTRODUÇÃO

Na Amazônia Ocidental, cerca de oito milhões de hectares de florestas estão,


atualmente, ocupados por pastagens cultivadas. Estima-se que quase 40% desta área
apresenta pastagens em algum estágio de degradação. O declínio de produtividade, com
o decorrer dos anos, deve-se a vários fatores, notadamente a baixa fertilidade natural dos
solos, utilização de germoplasma forrageiro inadequado, manejo deficiente das pastagens
(altas cargas animal e pastejo contínuo) e as altas pressões bióticas (pragas e doenças),
o que culmina com a dominância total da área por plantas invasoras mais adaptadas às
condições ecológicas predominantes na região (Veiga e Serrão, 1987). Ademais, as
alterações que ocorrem nas propriedades físicas e químicas dos solos sob pastagem,
decorrentes da utilização de elevadas pressões de pastejo, durante longos períodos de
tempo, contribuem de forma significativa para acelerar os processos de degradação das
pastagens (Pinzón e Amézquita, 1991). A compactação originada pelo pastejo afeta
negativamente as propriedade físicas do solo, reduzindo os espaços porosos e a aeração,
as taxas de infiltração e de retenção de umidade e, por conseguinte aumenta a densidade
do solo (Alegre e Lara, 1991). Estas características estão intimamente relacionadas com
os principais fenômenos que regulam o crescimento das plantas forrageiras, ocasionando
uma drástica redução na produtividade e persistência das pastagens.
Neste trabalho foi caracterizada as alterações físicas e químicas do solo provocadas
pela utilização das pastagens, ao longo dos anos.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em uma propriedade particular, localizada no município


de Porto Acre, Acre, cujo solo predominante foi classificado como Podzólico Vermelho-
Amarelo, textura média. O clima da região é tropical úmido do tipo Aw, com precipitação
média anual de 2.100 mm; estação seca bem definida (junho a setembro), temperatura
média de 24,5ºC e umidade relativa do ar de 86%.
As áreas experimentais foram constituídas por pastagens de Brachiaria brizantha cv.
Marandu. O sistema básico de manejo consistia de pastejo rotativo, com períodos
variáveis de descanso, queimas esporádicas (espaçadas de três a cinco anos) e
utilização de uma carga animal média de 2,0 e 1,5 UA/ha, respectivamente para os
períodos chuvoso e seco.

________
1. Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Amapá, Caixa Postal 10, CEP 68902-280, Macapá, Amapá. e-mail:
newton@cpafap.embrapa.br
2. Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Acre, Rio Branco, Acre
3 . Zootec., M.Sc., Embrapa Rondônia

74
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com seis repetições. Os


tratamentos consistiram de pastagens com diferentes períodos de utilização (1, 4 e 8
anos) e as repetições pelos pontos de amostragem (seis). Os parâmetros avaliados foram
disponibilidade e composição química da forragem (teores de nitrogênio, fósforo, cálcio,
magnésio e potássio), rendimento de matéria seca (MS) das plantas invasoras,
características químicas do solo (pH, teores de fósforo, cálcio, magnésio, potássio,
alumínio e matéria orgânica) e densidade aparente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A disponibilidade de MS da gramínea, tanto da parte aérea quanto das raízes, foi


inversamente proporcional ao tempo de utilização das pastagens, ocorrendo o inverso
com relação à produção de MS das plantas invasoras. As pastagens com 4 e 8 anos
proporcionaram rendimentos de forragem e de raízes equivalentes a 68 e 46% e, 68 e
40%, respectivamente, comparativamente aos fornecidos pela pastagem com 1 ano de
utilização (Tabela 1). Da mesma forma, Correa e Reichardt (1995) verificaram reduções
na produtividade de pastagens de Brachiaria humidicola, de 76 e 95%, respectivamente
para 6 e 10 anos de utilização, em relação àquelas com 4 anos de pastejo. Os teores de
nitrogênio e fósforo da gramínea não foram afetados, enquanto que os de cálcio foram
reduzidos e os de potássio e magnésio incrementados com o tempo de utilização das
pastagens (Tabela 2). Tendências semelhantes foram relatadas por Teixeira Neto (1987)
para pastagens de B. humidicola em diferentes períodos de utilização. Os teores de
fósforo e potássio, independentemente do tempo de utilização das pastagens, foram
superiores aos níveis críticos internos reportados pelo Centro Internacional de Agricultura
Tropical (1981) para B. brizantha. Com relação às características químicas do solo, os
teores de potássio não foram afetados (P > 0,05), enquanto que os de fósforo, cálcio,
magnésio e matéria orgânica foram reduzidos (P < 0,05), em função do tempo de
utilização das pastagens, ocorrendo o inverso quanto aos teores de alumínio e o pH
(Tabela 3). Resultados semelhantes foram relatados por Correa e Reichardt (1995) para
pastagens de B. humidicola, estabelecidas no Amazonas. Independentemente do tempo
de utilização das pastagens, os teores de fósforo, potássio e cálcio + magnésio
registrados neste trabalho foram superiores ou semelhantes aos níveis críticos externos
estimados por Dias Filho e Serrão (1982) para pastagens cultivadas na região Amazônica
(5 g/kg para fósforo; 0,15 cmol/dm3 para potássio e 2,0 cmol/dm3 para cálcio + magnésio).
A densidade aparente foi significativamente afetada pela interação idade das
pastagens x profundidade do solo. Nas pastagens com 1 e 4 anos de utilização, os
maiores valores foram obtidos nas profundidades de 20-25 e 15-20 cm, enquanto que
para 8 anos, já a partir de 10 cm de profundidade foram registradas maiores densidades
aparentes, as quais foram semelhantes entre si (P > 0,05). Para todas as profundidades
do solo, as maiores densidades foram verificadas nas pastagens com 8 anos de
utilização, exceto, para a camada de 20-25 cm, onde não se observou efeito significativo
(P > 0,05) de idade das pastagens (Tabela 4). Em geral, os valores registrados neste
trabalho foram inferiores aos relatados por Alegre e Lara (1991) e Pinzón e Amézquita
(1991), respectivamente para pastagens de B. humidicola consorciada com Desmodium
ovalifolium e B. decumbens, no entanto, estavam submetidas a pressões de pastejo
superiores as utilizadas no presente trabalho, o que contribuiu para aumentar a densidade
do solo.

75
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

CONCLUSÕES

1. A disponibilidade de MS (parte aérea e raízes), teores de cálcio da gramínea e os


teores de fósforo, cálcio, magnésio e matéria orgânica do solo foram inversamente
proporcionais ao tempo de utilização das pastagens, ocorrendo o inverso com relação à
produção de MS das plantas invasoras, teores de potássio e magnésio da gramínea e
teores de alumínio e o pH do solo;
2. Os teores de nitrogênio e fósforo da gramínea não foram afetados pelo tempo de
utilização das pastagens;
3. A densidade aparente foi incrementada com o tempo de utilização das pastagens
e com a profundidade do solo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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brasileña. Pasturas Tropicales, v.9, n.3, p.40-43, 1987.

Tabela 1. Disponibilidade de matéria seca de B. brizantha cv. Marandu e de plantas invasoras


(kg/ha), em função do tempo de utilização das pastagens. Porto Acre, AC. 1996.
Idade das pastagens B. brizantha Plantas invasoras Total
(anos) Parte aérea Raízes
1 2.532 a 1.928 a 322 b (11,5)* 2.854 a
4 1.735 b 1.321 b 514 b (22,8) 2.249 a
8 1.164 c 772 c 1.736 a (59,8) 2.900 a
- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey
* Percentual em relação à produção total de matéria seca

76
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

Tabela 2. Composição química (g/kg) da forragem de B. brizantha cv. Marandu, em função do


tempo de utilização das pastagens.
Idade das pastagens Nitrogênio Fósforo Cálcio Potássio Magnésio
(anos)
1 1,35 a 2,19 a 2,98 a 12,03 b 1,60 b
4 1,20 a 2,27 a 2,66 b 12,88 b 1,75 b
8 1,11 a 2,38 a 2,70 b 14,65 a 2,22 a
- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey

Tabela 3. Características químicas do solo, em função do tempo de utilização das pastagens.


Características químicas Idade das pastagens (anos)
1 4 8
pH 5,43 c 5,64 b 5,78 a
P (mg/kg) 8,23 a 7,61 b 7,20 b
K (cmol/dm3) 0,15 a 0,16 a 0,14 a
Ca + Mg (cmol/dm3) 4,05 a 3,59 b 3,98 ab
Al (cmol/dm3) 2,62 b 2,74 b 3,17 a
Matéria orgânica (%) 1,76 a 1,67 b 1,62 b
- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey

Tabela 4. Densidade aparente (g/cm3) do solo em diferentes profundidades, em função do tempo


de utilização das pastagens.
Idade das pastagens Profundidade do solo (cm)
(anos) 0-5 5-10 10-15 15-20 20-25
1 C 1,10 d B 1,21 c B 1,30 b B 1,34 ab A 1,39 a
4 B 1,16 d B 1,25 c B 1,32 b AB 1,38 a A 1,41 a
8 A 1,25 c A 1,33 b A 1,39 a A 1,43 a A 1,42 a
- Médias seguidas de mesma letra, maiúsculas na coluna e minúsculas na linha, não diferem entre si (P >
0,05) pelo teste de Tukey

ABSTRACT

It was evaluated the effects of pasture age on the forage yield and chemical composition
of Brachiaria brizantha cv. Marandu and soil chemical and physical properties. The grass
forage availability (shoots and roots) decreased by pasture age, while weed dry matter
yields were improved. The grass N and P contents were did not affected, while Ca content
was reduced and K and Mg contents were increased by time pasture utilization. The soil K
level did not affected , while P, Ca, Mg and organic matter were depressed by pasture
age, however Al level and pH were increased. Soil apparent density was increased by
pasture age and soil depth.

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Produtividade com qualidade ambiental

ADUBAÇÃO FOSFATADA EM Desmodium ovalifolium CIAT-350

Newton de Lucena Costa1


Valdinei Tadeu Paulino2
João Avelar Magalhães3
José Ribamar da Cruz Oliveira1

INTRODUÇÃO

Em Rondônia, a maioria dos solos apresenta baixa fertilidade natural,


caracterizados por elevada acidez, baixa capacidade de troca catiônica e altos teores de
alumínio trocável, limitando a produtividade e persistência das pastagens cultivadas,
implicando num fraco desempenho zootécnico dos rebanhos.
O conhecimento dos fatores nutricionais limitantes ao crescimento de leguminosas
forrageiras é de grande importância para a formação, manejo e recuperação de
pastagens cultivadas. Em ensaios exploratórios de fertilidade de solo realizados em
Rondônia, constatou-se que o fósforo foi o nutriente mais limitante ao crescimento de
diversas leguminosas forrageiras tropicais, reduzindo significativamente os rendimentos
de matéria seca, a nodulação e, consequentemente, os teores e quantidades acumuladas
de nitrogênio (Costa et al., 1988, 1989, 1992). No entanto, considerando-se o alto custo
unitário dos fertilizantes fosfatados, torna-se necessário assegurar sua máxima eficiência,
através da determinação das doses mais adequadas para o estabelecimento e
manutenção das pastagens das pastagens cultivadas na região Amazônica.
Neste trabalho avaliaram-se os efeitos da fertilização fosfatada sobre a produção
de forragem e composição química de Desmodium ovalifolium CIAT-350.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensao foi conduzido em casa-de-vegetação, utilizando-se um Latossolo Amarelo,


textura argilosa, o qual apresentava as seguintes características químicas: pH = 4,8; Al =
2,2 cmolC/dm3; Ca + Mg = 1,5 cmolC/dm3; P =2 mg/kg e K = 68 mg/kg. O solo foi coletado
na camada arável (0 a 20 cm), destorroado e passado em peneira com malha de 6 mm e
posto para secar ao ar.
O delineamento experimental foi em blocos casualizados com quatro repetições.
Os tratamentos consistiram de seis níveis de fósforo (0, 30, 60, 90, 120 e 150 mg/dm3 de
P), aplicados sob a forma de superfosfato triplo, quando do plantio e uniformemente
misturados com o solo. A adubação de estabelecimento constou da aplicação de 30
mg/kg de K (cloreto de potássio). Cada unidade experimental constou de um vaso com
capacidade para 3 dm3 de solo seco. Doze dias após a emergência das plantas,
executou-se o desbaste, deixando-se duas plantas/vaso. O controle hídrico foi realizado
diariamente, mantendo-se o solo em 80% de sua capacidade de campo. Durante o
período experimental foram realizados três cortes a intervalos de 35 dias e a 10 cm acima
do solo. Os parâmetros avaliados foram rendimento de matéria seca (MS) e teores de
proteína bruta (PB), fósforo, cálcio, magnésio e potássio.

_______________
1
Eng. Agrôn., M.Sc., Embrapa Amapá, Caixa Postal 10, CEP 68900-970, Macapá, Amapá
2
Eng. Agrôn., Ph.D., Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, São Paulo
3
Med. Vet., M.Sc., Embrapa Meio Norte, Caixa Postal 341, CEP 64200-000, Parnaíba, Piauí

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Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

Foram ajustadas as equações de regressão para rendimento de MS (variável


dependente) e níveis de fósforo (variável independente)(equação 1) e para teor de fósforo
como variável dependente dos níveis de fósforo aplicados (equação 2). Através da
equação 1 calculou-se a dose de fósforo aplicada de fósforo relativa a 90% do rendimento
máximo de MS, sendo este valor substituído na equação 2 para determinação do nível
crítico interno de fósforo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A adubação fosfatada proporcionou incrementos significativamente (P < 0,05) nos


rendimentos de MS da leguminosa, sendo os maiores valores obtidos com a aplicação de
150 (19,15 g/vaso), 120 (18,35 g/vaso) e 90 mg/dm3 de P (17,55 g/vaso). No entanto, a
aplicação de 30 mg/dm3 de P já proporcionou um incremento de 59%, em relação ao
tratamento testemunha (Tabela 1). Os rendimentos de forragem ajustaram-se ao modelo
quadrático de regressão (y = 9,76 + 0,1753008 P – 0,00069246 P2; R2 = 0,99). A dose de
máxima eficiência técnica foi estimada em 127 mg/dm3 de P, a qual foi inferior às
relatadas por Paulino & Costa (1996) para Pueraria phaseoloides (141 mg/dm3 de P) e
Centrosema acutifolium (131 mg/dm3 de P). A eficiência de utilização de fósforo foi
afetada pelas doses aplicadas, sendo diretamente proporcional (Tabela 1). Resultados
semelhantes foram obtidos por Costa et al. (1989) para o guandu (Cajanus cajan)
fertilizado com diferentes níveis de fósforo.

Tabela 1. Rendimento de matéria seca (MS), eficiência de utilização do fósforo (EUP), teores de proteína
bruta (PB), fósforo, cálcio, magnésio e potássio de D. ovalifolium CIAT-350, em função da fertilização
fosfatada.

Níveis de P MS EUP PB Fósforo Cálcio Magnésio Potássio


3
mg/dm (g/vaso) g MS/mg P ----------------------------------------- % ----------------------------------------
0 8,33 f 7,43 c 14,70 c 0,112 e 0,88 a 0,40 a 1,88 a
30 13,26 e 9,33 b 17,57 b 0,142 b 0,81 a 0,43 a 1,81 a
60 16,48 d 10,56 a 19,39 a 0,156 ab 0,79 a 0,38 a 1,90 a
90 17,55 c 10,76 a 17,84 b 0,163 a 0,75 a 0,44 a 1,79 a
120 18,35 b 11,39 a 15,77 c 0,161 ab 0,77 a 0,35 a 1,80 a
150 19,15 a 11,26 a 15,09 c 0,170 a 0,80 a 0,38 a 1,84 a
- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey

Os teores de cálcio, magnésio e potássio não foram afetados (P > 0,05) pela
adubação fosfatada. No entanto, considerando-se que não houve diluições com o
aumento dos rendimentos de MS, observa-se um efeito positivo da adubação fosfatada na
manutenção dos teores destes nutrientes. Os teores de PB (Y = 15,34 + 0,078584 P -
0,0006388 P2 (R2 = 0,94**) e fósforo (Y = 0,116 + 0,0008355 P - 0,00000333 P2 (R2 =
0,98**) ajustaram-se a uma curva quadrática, como conseqüência do efeito de diluição de
suas concentrações, em função do maior acúmulo de MS. Os maiores teores foram
obtidos com a aplicação de 61,8 e 67,3 mg/dm3 de P. Em geral, os percentuais
registrados neste trabalho são semelhantes ou superiores aos reportados por Costa et al.
(1992) e Paulino & Costa (1996) para diversas leguminosas forrageiras tropicais,
cultivadas em diferentes localidades da região amazônica.
O nível crítico interno de fósforo, determinado através da equação que relacionou a
dose de fósforo necessária para a obtenção de 90% do rendimento máximo de MS, foi
estimado em 0,169%, o qual correspondeu à aplicação de 67,3 mg/dm3 de P. Este valor é
inferior aos reportados por Paulino & Costa (1996) para P. phaseoloides (0,141%), e por
Leônidas et al. (1996) para Arachis pintoi cv. Amarillo (0,200%).

79
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

CONCLUSÕES

1 – A adubação fosfatada incrementou significativamente os rendimentos de MS e teores


de fósforo, contudo não afetou os de cálcio, magnésio e potássio;

2 – A dose de máxima eficiência técnica foi estimada em 127 mg/dm3 de P e o nível


crítico interno de fósforo relacionado com 90% do rendimento máximo de MS de 0,169%;

3 – A eficiência de utilização de fósforo foi inversamente proporcional ás doses aplicadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, N. de L. Adubação fosfatada na recuperação de pastagens degradadas da região


amazônica. Lavoura Arrozeira, v.49, n.425, p.16-19, 1996.

COSTA, N. de L.; GONÇALVES, C.A.; OLIVEIRA, J.R. da C. Nutrientes limitantes ao


crescimento de Brachiaria humidicola consorciada com leguminosas em Porto Velho-RO.
Porto Velho: EMBRAPA-UEPAE Porto Velho, 1988. 4p. (Embrapa. UEPAE Porto Velho.
Comunicado Técnico, 70)

COSTA, N. de L.; PAULINO, V.T.; SCHAMMAS, E.A. Produção de forragem, composição mineral
e nodulação do guandu afetadas pela calagem e adubação fosfatada. Revista Brasileira de
Ciência do Solo, v.13, n.1, p.51-58, 1989.

COSTA, N. de L.; PAULINO, V.T.; VEASEY, E.A. Phosphorus fertilization affects Cajanus cajan
growth, mineral composition, and nodulation. Nitrogen Fixing Tree Research Reports, v.11,
p.127-128, 1992.

LEÔNIDAS, F. das C.; COSTA, N. de L.; TOWNSEND, C.R. Resposta de Arachis pintoi à
fertilização fosfatada. Porto Velho: EMBRAPA-CPAF Rondônia, 1996. 4p. (Embrapa.CPAF
Rondônia. Comunicado Técnico, 118).

PAULINO, V.T.; COSTA, N. de L. Níveis críticos internos de fósforo em leguminosas forrageiras


tropicais. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS,
22., 1996, Manaus. Anais... Manaus: SBCS, 1996. p.492-493.

80
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

PRODUÇÃO DE FORRAGEM E COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE Paspalum secans


EM DIFERENTES IDADES E CORTE

Newton de Lucena Costa1


Valdinei Tadeu Paulino2
João Avelar Magalhães3
Claudio R. Townsend4
Ricardo Gomes de A. Pereira4

INTRODUÇÃO

Em Rondônia, as pastagens cultivadas representam a fonte mais econômica para


alimentação dos rebanhos. No entanto, face às oscilações climáticas, a produção de
forragem durante o ano apresenta flutuações estacionais, ou seja abundância no período
chuvoso (outubro a maio) e déficit no período seco (junho a setembro), o que afeta
negativamente os índices de produtividade animal (Costa et al., 1988).
A utilização de práticas de manejo adequadas é uma das alternativas para reduzir
os efeitos da estacionalidade da produção de forragem. O estádio de crescimento em que
a planta é colhida afeta diretamente o rendimento, composição química, capacidade de
rebrota e persistência. Em geral, cortes ou pastejos menos freqüentes fornecem maiores
produções de forragem, porém, concomitantemente, ocorrem decréscimos acentuados
em sua composição química (Costa e Oliveira, 1994; Costa et al. 1997). Logo, deve-se
procurar o ponto de equilíbrio entre produção e qualidade da forragem, visando assegurar
os requerimentos nutricionais dos animais e garantindo, simultaneamente, a persistência
e a produtividade das pastagens.
Neste trabalho avaliaram-se os efeitos da idade das plantas sobre a produção de
forragem, composição química e vigor rebrota de Paspalum secans.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi conduzido em casa-de-vegetação, utilizando-se um Latossolo


Amarelo, textura argilosa, o qual apresentava as seguintes características químicas: pH =
5,1; Al = 1,1 cmol/dm3; Ca + Mg = 1,8 cmol/dm3; P = 3 mg/kg e K = 65 mg/kg. O solo foi
coletado na camada arável (0 a 20 cm), destorroado e passado em peneira com malha de
6 mm e posto para secar ao ar. O delineamento experimental foi em blocos casualizados
com três repetições. Os tratamentos consistiram de seis idades de corte (14, 21, 28, 35,
42 e 49 dias). A adubação de estabelecimento constou da aplicação de 22 mg/dm3 de P,
sob a forma de superfosfato triplo. Cada unidade experimental constou de um vaso com
capacidade para 3,0 dm3 de solo seco. Dez dias após a emergência das plantas
executou-se o desbaste, deixando-se três plantas/vaso. O controle hídrico foi realizado
diariamente através da pesagem dos vasos, mantendo-se o solo em 80% de sua
capacidade de campo.

_______________
1
Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Amapá, Caixa Postal 10, CEP 68902-208, Macapá, Amapá
2
Eng. Agrôn., Ph.D., Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, São Paulo
3
Med. Vet., M.Sc., Embrapa Meio Norte, Caixa Postal 341, CEP 64200-000, Parnaíba, Piauí
4
Zootec., M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, CEP 78900-970, Porto Velho, Rondônia

81
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

Os cortes foram realizados manualmente a uma altura de 15 cm acima do solo. Os


parâmetros avaliados foram rendimento de matéria seca (MS), teores de proteína bruta
(PB), fósforo, cálcio, magnésio e potássio, taxa absoluta de crescimento (TAC), taxa
relativa de crescimento (TRC), área foliar (AF), razão de área foliar (RAF) e taxa de
assimilação aparente (TAA). O vigor de rebrota foi avaliado através da produção de MS
aos 21 dias após o corte à idade do primeiro corte.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os rendimentos de MS foram significativamente (P < 0,05) incrementados com a


idade das plantas, sendo o maior valor obtido com cortes aos 49 dias (12,24 g/vaso),
vindo a seguir cortes aos 42 (10,12 g/vaso) e 35 dias (9,98 g/vaso). Resultados
semelhantes foram relatados por Mota (1980) para Paspalum guenoarum e Costa et al.
(1997) para Panicum maximum cv. Tanzânia. A eliminação de meristemas apicais foi
diretamente proporcional à idade das plantas. Até os 28 dias de idade não houve remoção
de meristemas, no entanto, a partir dos 35 dias, observou-se uma moderada percentagem
de decapitação (7,9 a 18,1%), comparativamente à comumente verificada em outras
gramíneas forrageiras tropicais, como Andropogon gayanus, Brachiaria brizantha e
Panicum maximum (Costa et al. 1997). O vigor de rebrota foi significativamente (P < 0,05)
afetado pela idade da planta e negativamente correlacionado com a percentagem de
remoção de meristemas apicais. As maiores produções de MS foram obtidas com cortes
aos 28, 35 e 42 dias, as quais não diferiram entre si (P > 0,05).

Tabela 1. Rendimento de matéria seca (MS), vigor de rebrota, remoção de meristemas apicais, teores de
proteína bruta (PB), fósforo, cálcio, magnésio e potássio de Paspalum secans, em função da idade das
plantas.

Idade MS Vigor de rebrota Remoção de PB P Ca Mg K


(dias) (g/vaso) (g MS/21 dias) Meristemas (%) % --------------------- g/kg ---------------------
14 4,35 d 2,02 c 0,0 13,7 a 1,57 a 8,85 a 4,32 a 12,79 a
21 7,89 c 4,33 b 0,0 12,4 a 1,51 ab 8,12 ab 4,09 ab 12,07 ab
28 8,77 c 6,10 a 0,0 9,0 b 1,44 bc 7,51 bc 3,96 bc 11,75 b
35 9,98 b 5,87 a 7,9 8,6 b 1,35 c 7,32 c 3,73 c 10,66 c
42 10,12 b 6,23 a 15,6 8,0 bc 1,17 d 6,06 d 3,38 d 10,20 c
49 12,24 a 4,64 b 18,1 7,9 c 1,09 d 6,33 d 3,19 d 8,80 d

- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0.05) pelo teste de Tukey

Os teores de PB, fósforo, cálcio, magnésio e potássio decresceram com o avanço


do estádio de crescimento da gramínea. Em geral, as maiores concentrações foram
registradas com cortes entre 14 e 28 dias (Tabela 1). Os teores obtidos neste trabalho são
semelhantes ou superiores aos relatados por Costa et al. (1996a,b,c) para P. atratum
BRA-9610. Considerando-se que teores de PB inferiores a 7% são limitantes à produção
animal, por implicarem em menor consumo voluntário, redução na digestibilidade e
balanço nitrogenado negativo, observa-se que a gramínea atenderia, satisfatoriamente,
aos requerimentos mínimos dos ruminantes em cortes com plantas com até 49 dias de
idade. Para o fósforo, os teores verificados nas plantas com até 21 dias de idade foram
superiores ao nível crítico interno deste nutriente estimado por Costa et al. (1996c) para a
gramínea (1,5 g/kg). Já, para o potássio, em todas as idades de corte, os percentuais
ficaram abaixo do nível crítico interno reportado por Costa et al. (1996b) para P. atratum
BRA-9610 (17,20 g/kg).
A maior TAC foi verificada com cortes entre 14 e 21 dias, enquanto que para a TRC
e a TAA, os maiores valores foram obtidos no período compreendido entre o corte e 14

82
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

dias de rebrota (Tabela 2). Da mesma forma, Mota (1980) verificou um crescimento inicial
lento para P. guenoarum, o qual, até os 92 dias de idade, acumulou apenas 30% do
rendimento máximo de MS, comparativamente ao observado aos 134 dias de idade.
Ademais, a TAC registrada com a gramínea foi inferior a obtida no presente trabalho,
independentemente da idade das plantas. Como a TAA representa a diferença entre a
fotossíntese e a respiração, ou seja, é uma estimativa da fotossíntese líquida, devido ao
auto-sombreamento das folhas, esta normalmente diminui com o aumento da área foliar.

Tabela 2. Taxa Absoluta de Crescimento (TAC), Taxa Relativa de Crescimento (TRC), Área Foliar (AF),
Razão de Área Foliar (RAF) e Taxa de Assimilação Aparente (TAA) de Paspalum secans, em função da
idade das plantas.
2 2 2
Idade (dias) TAC (mg/dia) TRC (mg/g/dia) Área Foliar (cm ) RAF (cm /g) TAA (mg/cm /dia)
14 310,7 b 105,0 a 129,1 e 29,7 7,19 a
21 505,7 a 85,7 b 234,0 d 29,6 1,28 b
28 125,7 d 14,3 c 298,1 cd 34,0 0,74 c
35 172,8 c 18,6 d 334,5 c 33,5 0,11 d
42 20,0 e 2,9 e 421,2 b 41,6 0,10 d
49 302,8 b 5,7 e 509,1 a 41,6 0,42 c

- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0.05) pelo teste de Tukey

A área foliar e a razão de área foliar foram diretamente proporcionais à idade das
plantas, sendo os maiores valores verificados aos 42 e 49 dias. Resultados semelhantes
foram reportados por Costa et al. (1997) para P. maximum cv. Tanzânia. A rapidez na
restituição da área foliar está ligada à quantidade de meristemas apicais sobreviventes
após o corte. Neste trabalho a correlação entre área foliar e remoção de meristemas foi
positiva e muito significativa (r = 0,92**).

CONCLUSÕES

1. O aumento da idade das plantas resultou em maiores rendimentos de forragem, área


foliar e razão de área foliar, contudo implicou em decréscimos significativos dos teores de
PB, fósforo, cálcio, magnésio e potássio, taxas relativas de crescimento e taxas de
assimilação aparente;

2. A eliminação de meristemas apicais foi diretamente proporcional à idade das plantas,


ocorrendo o oposto quanto ao vigor de rebrota;

3. A idade de corte mais adequada para pastagens de P. secans, visando conciliar


produção, vigor de rebrota e qualidade da forragem, situa-se entre 28 e 42 dias.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, N. de L.; OLIVEIRA, J.R. da C. Evaluación agronómica de accesiones de Panicum


maximum en Rondônia. Pasturas Tropicales, v.16, n.2, p.44-46, 1994.

COSTA, N. de L.; GONÇALVES, C.A.; OLIVEIRA, M.A.S.; OLIVEIRA, J.R. da C. Rendimento de


gramíneas forrageiras em Ariquemes-RO. Porto Velho: EMBRAPA-UEPAE Porto Velho, 1988.
4p. (Comunicado Técnico, 63).

83
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Produtividade com qualidade ambiental

COSTA, N. de L.; PAULINO, V.T.; RODRIGUES, A.N.A. Nutrientes limitantes ao crescimento


de Paspalum atratum. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DE SOLO E NUTRIÇÃO
DE PLANTAS, 22., 1996, Manaus. Anais... Manaus: EDUA, 1996a, p.498-499.

COSTA, N. de L.; PAULINO, V.T.; RODRIGUES, A.N.A. Efeito da adubação potássica na


produção de forragem e composição química de Paspalum atratum. In: REUNIÃO BRASILEIRA
DE FERTILIDADE DE SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS, 22., 1996, Manaus. Anais... Manaus:
EDUA, 1996b, p.692-693.

COSTA, N. de L.; PAULINO, V.T.; TOWNSEND, C.R. Produção de forragem e composição


química de Panicum maximum cv. Tanzânia em diferentes idades de corte. In: ENCONTRO DE
PESQUISADORES DE RONDÔNIA, 3., 1997, Porto Velho. Anais... Porto Velho: UNIR, 1997,
p.51.

COSTA, N. de L.; RODRIGUES, A.N.A.; PAULINO, V.T. Resposta de Paspalum atratum à


fertilização fosfatada. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DE SOLO E NUTRIÇÃO DE
PLANTAS, 22., 1996, Manaus. Anais... Manaus: EDUA, 1996c, p.502-503.

MOTA, J.F.A.S. da. Caracterização morfológica e fisiológica de Paspalum guenoarum Arech.


Porto Alegre: UFRGS/Faculdade de Agronomia, 1980, 94p. Dissertação de Mestrado.

84
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

ADUBAÇÃO FOSFATADA EM Paspalum atratum CV. POJUCA

Newton de Lucena Costa1


Valdinei Tadeu Paulino2
João Avelar Magalhães3
Claudio R. Townsend4
Ricardo Gomes de A. Pereira4

INTRODUÇÃO

Em Rondônia, a maioria dos solos apresentam baixa fertilidade natural,


caracterizados por elevada acidez, baixa capacidade de troca catiônica e altos teores de
alumínio trocável, limitando a produtividade e persistência das pastagens cultivadas, o
que implica num fraco desempenho zootécnico dos rebanhos.
O conhecimento dos fatores nutricionais limitantes ao crescimento de gramíneas
forrageiras é de grande importância para a formação e manejo de pastagens cultivadas.
Em ensaios exploratórios de fertilidade do solo realizados no Estado, constatou-se que o
fósforo foi o nutriente mais limitante ao crescimento de Brachiaria decumbens, B.
humidicola, B. brizantha cv. Marandu e Panicum maximum, reduzindo significativamente
seus rendimentos de forragem, teores e quantidades absorvidas de fósforo e nitrogênio
(Costa et al. 1988, 1997). No entanto, considerando-se o alto custo unitário dos
fertilizantes fosfatados, torna-se necessário assegurar sua máxima eficiência, através da
determinação das doses mais adequadas para o estabelecimento e manutenção das
pastagens.
Neste trabalho avaliaram-se os efeitos da fertilização fosfatada sobre a produção
de forragem e composição química de Paspalum atratum cv. Pojuca.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi conduzido em casa-de-vegetação, utilizando-se um Latossolo


Amarelo, textura argilosa, o qual apresentava as seguintes características químicas: pH =
5,7; Al = 1,5 cmolC/dm3; Ca + Mg = 1,4 cmolC/dm3; P =2 mg/kg e K = 62 mg/kg. O solo foi
coletado na camada arável (0 a 20 cm), destorroado e passado em peneira com malha de
6 mm e posto para secar ao ar.
O delineamento experimental foi em blocos casualizados com quatro repetições.
Os tratamentos consistiram de cinco níveis de fósforo (0, 30, 60, 90 e 120 mg/dm3 de P),
aplicados sob a forma de superfosfato triplo, quando do plantio e uniformemente
misturados com o solo. A adubação de estabelecimento constou da aplicação de 40
mg/kg de N (uréia) e 30 mg/kg de K (cloreto de potássio). Cada unidade experimental
constou de um vaso com capacidade para 3 dm3 de solo seco. Dez dias após a
emergência das plantas, executou-se o desbaste, deixando-se três plantas/vaso. O
controle hídrico foi realizado diariamente, mantendo-se o solo em 80% de sua capacidade
de campo. Durante o período experimental foram realizados três cortes a intervalos de 35
dias e a 10 cm acima do solo. Os parâmetros avaliados foram rendimento de matéria seca
(MS) e teores de proteína bruta (PB), fósforo, cálcio, magnésio e potássio.

_______________
1
Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Amapá, Caixa Postal 10, CEP 68902-208, Macapá, Amapá
2
Eng. Agrôn., Ph.D., Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, São Paulo
3
Med. Vet., M.Sc., Embrapa Meio Norte, Caixa Postal 341, CEP 64200-000, Parnaíba, Piauí
4
Zootec., M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, CEP 78900-970, Porto Velho, Rondônia

85
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

Foram ajustadas as equações de regressão para rendimento de MS (variável


dependente) e níveis de fósforo (variável independente) (equação 1) e para teor de
fósforo como variável dependente dos níveis de fósforo aplicados (equação 2). Através da
equação 1 calculou-se a dose de fósforo aplicada de fósforo relativa a 90% do rendimento
máximo de MS, sendo este valor substituído na equação 2 para determinação do nível
crítico interno de fósforo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A adubação fosfatada incrementou significativamente (P < 0,05) os rendimentos de


MS da gramínea, sendo os maiores valores obtidos com a aplicação de 120 (9,19 g/vaso)
ou 90 mg/dm3 de P (8,77 g/vaso). No entanto, a aplicação de 30 mg/dm3 de P já
proporcionou um incremento de 145%, em relação ao tratamento testemunha (Tabela 1).
Os rendimentos de forragem ajustaram-se ao modelo quadrático de regressão (y = 2,94 +
0,116069 P – 0,0005439 P2 ; R2 = 0,98). A dose de máxima eficiência técnica foi estimada
em 106,6 mg/dm3 de P, a qual foi inferior às relatadas por Paulino et al. (1994) para
Brachiaria brizantha cv. Marandu (108 mg/dm3 de P) e por Costa et al. (1998) para
Panicum maximum cv. Centenário (118,7 mg/dm3 de P). A eficiência de utilização de
fósforo foi diretamente proporcional às doses aplicadas (Tabela 1). Resultados
semelhantes foram obtidos por Costa et al. (1998) e Dias Filho (1995) para diversas
cultivares de P. maximum fertilizadas com diferentes níveis de fósforo.

Tabela 1. Rendimento de matéria seca (MS), eficiência de utilização de fósforo (EUP), teores de
nitrogênio, fósforo, cálcio, magnésio e potássio de Paspalum atratum cv. Pojuca, em função da
adubação fosfatada.

Níveis de P MS EUP* PB Fósforo Cálcio Magnésio Potássio


3
mg/dm (g/vaso) --------------------------------------------- % ------------------------------------------

0 2,67 d 0,24 c 11,82 a 0,109 c 0,61 a 0,47 a 1,64 a


30 6,56 c 0,51 b 9,25 b 0,129 b 0,59 a 0,41 a 1,52 a
60 7,63 b 0,50 b 9,15 b 0,151 a 0,65 a 0,44 a 1,57 a
90 8,77 a 0,57 a 8,80 b 0,153 a 0,67 a 0,40 a 1,62 a
120 9,19 a 0,64 a 8,46 b 0,142 ab 0,63 a 0,42 a 1,59 a

- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey
* EUP = g MS/mg P

Os teores de cálcio, magnésio e potássio não foram afetados (P > 0,05) pela
adubação fosfatada. No entanto, considerando-se que não houveram diluições com o
aumento dos rendimentos de MS, observa-se um efeito positivo da adubação fosfatada na
manutenção dos teores destes nutrientes. Os teores de PB e fósforo ajustaram-se a uma
curva quadrática, como consequência do efeito de diluição de suas concentrações, em
função do maior acúmulo de MS. Os maiores teores foram obtidos com a aplicação de 87,3
e 82,9 mg/dm3 de P (Tabela 2). Em geral, os percentuais registrados neste trabalho são
semelhantes ou superiores aos reportados por Costa e Paulino (1998) e Costa et al. (1998)
para diversos genótipos de Paspalum, cultivados em diferentes localidades da região
amazônica.

86
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

Tabela 2. Modelos ajustados pela análise de regressão para rendimento de MS, teores de
proteína bruta e de fósforo de Paspalum atratum cv. Pojuca, em função da adubação fosfatada.

Variáveis Equação de Regressão Ajustada


2 2
Matéria Seca Y = 2,94 + 0,116069 P – 0,0005439 P (R = 0,98**)
2 2
Teor de Proteína Bruta Y = 11,61 – 0,072724 P + 0,0004164 P (R = 0,93**)
2 2
Teor de Fósforo Y = 0,107 + 0,001095 P – 0,0000066 P (R = 0,97**)

** Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F

O nível crítico interno de fósforo, determinado através da equação que relacionou


a dose de fósforo necessária para a obtenção de 90% do rendimento máximo de MS, foi
estimado em 0,15%, o qual correspondeu à aplicação de 54,8 mg/dm3 de P. Este valor é
inferior aos reportados por Paulino et al. (1994) para B. brizantha cv. Marandu (0,162%) e
por Costa et al. (1998) para P. maximum cv. Centenário (0,178%).

CONCLUSÕES

1. A adubação fosfatada incrementou significativamente os rendimentos de MS e teores


de fósforo, contudo não afetou os de cálcio, magnésio e potássio;
2. A dose de máxima eficiência técnica foi estimada em 106,6 mg/dm3 de P e o nível
crítico interno de fósforo relacionado com 90% do rendimento máximo de MS de 0,15%;
3. A eficiência de utilização de fósforo foi diretamente proporcional às doses aplicadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, N. de L.; GONÇALVES, C.A.; OLIVEIRA, J.R. da C. Nutrientes limitantes ao


crescimento de Brachiaria humidicola consorciada com leguminosas em Porto Velho-RO.
Porto Velho: EMBRAPA-UEPAE Porto Velho, 1988. 4p. (Comunicado Técnico, 70)

COSTA, N. de L.; PAULINO, V.T.; RODRIGUES, A.N.A. Efeito da adubação fosfatada sobre o
rendimento e composição química da forragem de Panicum maximum cv. Centenário. In:
REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 35., Botucatu, 1998. Anais...
Botucatu: SBZ, 1998. p.611-613.

COSTA, N. de L.; GONÇALVES, C.A.; RODRIGUES, A.N.A. Nutrientes limitantes ao crescimento


de Brachiaria decumbens em Rondônia. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO,
27., Rio de Janeiro, 1997. Anais... Rio de Janeiro: SBCS, 1997. p.328-330.

COSTA, N. de L.; TOWNSEND, C.R.; MAGALHÃES, J.A.; PEREIRA, R.G. de A. Avaliação


agronômica de genótipos de Paspalum em Rondônia. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 35., Botucatu, 1998. Anais... Botucatu: SBZ, 1998. p.33-335.

COSTA, N. de L.; PAULINO, V.T. Produção de forragem e composição mineral de Paspalum


atratum BRA-009610 em diferentes idades de corte. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 35., Botucatu, 1998. Anais... Botucatu: SBZ, 1998. p.336-338.

DIAS FILHO, M.B. Níveis críticos internos de fósforo de três acessos de Panicum maximum.
Pasturas Tropicales, v.17, n.2, p.9-11, 1994.

PAULINO, V.T.; COSTA, N. de L.; LUCENA, M.A.C.; SCHAMMAS, E.A.; FERRARI JÚNIOR, E.
Resposta de Brachiaria brizantha cv. Marandu a calagem e a fertilização fosfatada em um solo
ácido. Pasturas Tropicales, v.16, n.2, p.34-41, 1994.

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Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

RENDIMENTO DE FORRAGEM E COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE SORGO


FORRAGEIRO AFETADAS PELA INOCULAÇÃO DE MICORRIZAS
ARBUSCULARES

Newton de Lucena Costa1


Valdinei Tadeu Paulino2

INTRODUÇÃO

A maioria das pastagens estabelecidas em Rondônia encontram-se em solos de


baixa fertilidade natural, sendo o fósforo (P) um dos nutrientes em menor disponibilidade,
pois além do fator intensidade, o fator intensidade é afetado pelo elevado poder de
adsorção de P nos colóides do solo desta região (Costa et al., 1997a,b). Estas
características fazem com que sejam necessários grandes aportes de fertilizantes
fosfatados para atender satisfatoriamente os requerimentos nutricionais das plantas
forrageiras. Entretanto, deve ser considerado nesta prática a possibilidade de utilização
de métodos alternativos, uma vez que os custos com a adubação são elevados,
considerando-se o fato da limitada capacidade das reservas minerais de P.
Deste modo, deve-se buscar um manejo econômico e racional do meio, a partir dos
recursos existentes, como é o caso dos benefícios decorrentes das associações
micorrízicas que é uma alternativa de grande relevância para aumentar a disponibilidade
de P e sua absorção pelas plantas.
As micorrizas arbusculares (MA) são associações simbióticas mutualísticas entre
as raízes da maioria das espécies vegetais superiores e certos fungos do solo e são
caracterizadas pelo íntimo contacto entre os simbiontes, pela perfeita integração
funcional, além da troca simultânea de metabólitos e nutrientes. Além de aumentar a
absorção de P a níveis adequados (Bayls, 1975), a colonização micorrízica comumente
resulta em maior crescimento da planta hospedeira e na diminuição nas relações de peso
seco da raiz e parte aérea (Sanders, 1975; Smith e Daft, 1978). Do ponto de vista do
aproveitamento das forrageiras é interessante que a parte aérea seja a mais desenvolvida
possível (Paulino et al., 1986).
Os efeitos positivos da micorrização sobre o crescimento e absorção de fósforo em
gramíneas forrageiras dos gêneros Brachiaria, Andropogon, Panicum e Sorghum foram
relatados em diversos trabalhos (Miranda, 1982; Saif 1987; Salinas e Saif, 1989; Costa et
al., 1995; Miranda e Miranda, 1996; Ibijbijen et al., 1996).
Desta forma, procurou-se no presente trabalho avaliar o efeito da inoculação de MA
sobre a produção de forragem e composição química do sorgo forrageiro.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em casa-de-vegetação, utilizando-se amostras de um


solo Latossolo Amarelo, textura argilosa, coletado da camada arável (0 a 20 cm),
destorroado e peneirado em malha de 6 mm, sendo a seguir esterilizado em autoclave à
110°C, por uma hora, a vapor fluente e pressão de 1,5 atm. Posteriormente, a acidez do
solo foi corrigido através da aplicação de 2,0 t/ha de calcário dolomítico (PRNT = 100%),
apresentando as seguintes características químicas: pH = 5,3; P = 2 mg/dm3; Ca + Mg =
1,9 cmol/dm3; Al = 0,3 cmol/dm3 e K = 76 mg/ dm3.
_______________
1
Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Amapá, Caixa Postal 10, CEP 68902-208, Macapá, Amapá
2
Eng. Agrôn., Ph.D., Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, São Paulo

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Produtividade com qualidade ambiental

O delineamento experimental foi em blocos casualizados com três repectições,


sendo os tratamentos constituídos por oito espécies de MA (Glomus mosseae, G.
fasciculatum, G. etunicatum, G. macrocarpum, Gigaspora margarita, Scutellospora
heterogama, Acaulospora laevis e A. muricata). As unidades experimentais constaram de
um vaso com capacidade para 3,0 kg de solo seco e a inoculação das MA foi feita
adicionando-se 10 g de inóculo/vaso (solo + esporos + raízes), contendo proximadamente
300 esporos/50g de solo, o qual foi colocado numa camada uniforme cerca de 5 cm
abaixo do nível de plantio. Após o desbaste, deixou-se três plantas/vaso. O controle
hídrico foi realizado diariamente através da pesagem dos vasos, mantendo-se o solo em
80% de sua capacidade de campo. Após oito semanas de cultivo, as plantas foram
cortadas rente ao solo, postas para secar em estufa a 65°C, por 72 horas, sendo a seguir
pesadas e moídas em peneira de 2,0 mm. As concentrações de fósforo, nitrogênio, cálcio,
magnésio e potássio foram determinadas segundo a metodologia descrita por Tedesco
(1982). A taxa de colonização radicular foi avaliada através da observação, ao
microscópio, de 20 fragmentos de raízes com 2,0 cm de comprimento, clarificados com
KOH e tingidos por azul de tripano em lactofenol, segundo o método de Phillips e Hayman
(1970).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise estatística detectou significância (P < 0,05) para o efeito da micorrização


sobre os rendimentos de matéria seca do sorgo forrageiro (Tabela 1). Entre os fungos
avaliados, os mais eficientes foram G. margarita, A. muricata e S. heterogama, os quais
proporcionaram incrementos de 213; 199 e 178%, respectivamente, em relação ao
tratamento testemunha. Krishna e Dart (1984) constataram diferenças significativas de
seis espécies de MA sobre o rendimento de forragem de milheto (Pennisetum
americanum), sendo os maiores valores registrados com a inoculação de Gigaspora
calospora, G. margarita e Glomus fasciculatum. Do mesmo modo, Sano e Souza (1986)
verificaram que plantas de sorgo inoculadas com G. margarita ou G. gigantea forneciam
produções de matéria seca significativamente superiores às não micorrizadas ou aquelas
inoculadas com Glomus clarum. Costa et al. (1995), com Paspalum coryphaeum,
observaram maior efetividade de A. muricata e S. heterogama, comparativamente a G.
macrocarpum, G. etunicatum e G. margarita. Segundo Kruckelmann (1975) as plantas
apresentam grande variabilidade na resposta à inoculação de MA, a qual parece ser
controlada geneticamente, através das variações fisiológicas dos endófitos e dos
mecanismos de infecção, podendo ocorrer especificidade até mesmo ao nível de
variedades. Em geral, as espécies de Gigaspora, Acaulospora e Scutellospora ocorrem
em uma faixa maior de pH, apresentando melhor adaptação e maior efetividade em solos
ácidos que as de Glomus (Green et al., 1976; Siqueira e Hubbell, 1985).
As maiores concentrações de fósforo foram obtidos com a inoculação de A. laevis e
G. macrocarpum, enquanto que as plantas inoculadas com A. muricata, G. margarita e S.
heterogama apresentaram as maiores quantidades absorvidas de fósforo (Tabela 1).
Zambolim e Siqueira (1985) observam que as plantas micorrizadas tornam-se mais
eficientes na absorção e utilização de nutrientes, notadamente o fósforo, por
apresentarem menores valores de Km, maior influxo de entrada de fósforo e absorção
foram da zona de esgotamento. Rhodes e Gerdemann (1975) verificaram que plantas
colonizadas absorviam P32 colocados até 8,0 cm de distância da superfície da raiz, pois
as hifas do fungo funcionam como extensão do sistema radicular, podendo absorver
nutrientes além da zona dos pelos radiculares e fora da zona de depleção (1 a 2 mm). A
micorrização, geralmente, implica em aumento na taxa fotossintética, respiração e

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Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

transpiração, o que pode afetar positivamente a absorção de nutrientes da solução do


solo (Siqueira, 1983). Em plantas de trigo (Triticum aestivum L.), Bryla e Duniway (1997)
verificaram que as raízes infectadas por MA apresentavam maior volume de água
absorvida que as não micorrizadas, como consequência da maior demanda transpiratória
das plantas e a maior condutividade hidraúlica das raízes micorrizadas.

Tabela 1. Rendimento de matéria seca, teores e quantidades absorvidas de fósforo e taxas de


colonização radicular do sorgo forrageiro, em função da inoculação de micorrizas arbusculares

Tratamentos Matéria Seca Fósforo Colonização


1
(g/vaso) g/kg mg/vaso radicular (%)

Testemunha 4,12 e 1,23 e 5,06 d ----


G. mosseae 5,71 d 1,51 bcd 8,62 c 50,7 b
G. fasciculatum 6,24 cd 1,62 b 10,11 c 48,2 bc
G. etunicatum 7,38 bc 1,41 d 10,40 c 43,9 cd
G. macrocarpum 8,04 b 1,86 a 14,95 b 51,8 b
G. margarita 12,93 a 1,50 bcd 19,40 a 40,8 d
S. heterogama 11,46 a 1,47 cd 16,84 ab 59,6 a
A. laevis 7,55 bc 1,93 a 14,57 b 43,1 d
A. muricata 12,32 a 1,58 bc 19,46 a 63,5 a
- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey
1 - Valores analisados após transformação em arc seno √ %

As taxas de colonização radicular foram significativamente afetadas (P < 0,05)


pelas diferentes espécies de MA (Tabela 1). Os maiores valores foram registrados com a
inoculação de A. muricata e S. heterogama. O mecanismo que regula a relação entre a
infecção das raízes por MA não é ainda bem conhecido, porém deve estar associado ao
nível crítico interno de fósforo da planta hospedeira (Rajapakse et al., 1989). Neste
trabalho observou-se esta tendência, pois maiores taxas de colonização radicular não
refletiram, necessariamente, em maiores teores de fósforo no tecido das plantas.
Resultados semelhantes foram relatados por Ibijbijen et al. (1996) para plantas de sorgo
forrageiro inoculadas com Glomus clarum. No entanto, a possibilidade do fósforo do solo
de agir diretamente no crescimento do fungo e, consequentemente na colonização
micorrízica, também deve ser considerada, tendo sido observados resultados que
confirmam esta hipótese. Miranda et al. (1989) demonstraram que existe um balanço
entre fósforo do solo e do tecido que controla esta relação simbiótica. O efeito do fósforo
do solo seria provavelmente mais evidente na fase inicial de colonização radicular,
quando o fungo está se desenvolvendo no solo, seja na germinação dos esporos ou no
desenvolvimento micelial anterior à penetração na raiz.
Os maiores teores de nitrogênio foram observados com a inoculação de A.
muricata e G. margarita, os quais não diferiram (P > 0,05) do fornecido por G.
fasciculatum. Plantas micorrizadas por G. mosseae, G. fasciculatum e G. etunicatum
apresentaram os maiores teores de cálcio e magnésio, enquanto que a inoculação de G.
fasciculatum e G. mosseae proporcionou os maiores teores de potássio (Tabela 2). Em
geral, para todos os nutrientes avaliados, observou-se um efeito de diluição de suas
concentrações, em função do maior acúmulo de matéria seca. Do mesmo modo, Salinas
e Saif (1989), com Andropogon gayanus, verificaram que a inoculação de G. fasciculatum
resultava em maiores teores de nitrogênio e potássio, comparativamente aos fornecidos
por oito espécies de MA pertencentes aos gêneros Gigaspora, Acaulospora e
Entrophospora. Resultados semelhantes foram reportados por Miranda (1982) com sorgo
forrageiro e por Costa et al. (1997) com Brachiaria brizantha.

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Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

Tabela 2. Teores de nitrogênio, cálcio, magnésio e potássio (g/kg) do sorgo forrageiro, em função da
inoculação de micorrizas arbusculares

Tratamentos Nitrogênio Cálcio Magnésio Potássio

Testemunha 13,11 d 6,35 bc 4,39 c 15,29 c


G. mosseae 14,77 c 7,87 a 5,22 a 16,84 ab
G. fasciculatum 16,80 ab 7,64 a 5,43 a 17,38 a
G. etunicatum 15,94 b 7,55 a 5,39 a 16,33 b
G. macrocarpum 14,43 c 6,90 ab 4,71 b 14,45 d
G. margarita 17,15 a 6,74 ab 4,11 d 13,97 de
S. heterogama 13,97 cd 6,10 bc 4,06 d 13,81 de
A. laevis 14,82 c 5,95 bc 4,25 cd 14,08 de
A. muricata 17,64 a 5,45 c 4,80 b 13,34 e
- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey

As maiores quantidades absorvidas de cálcio e potássio foram verificadas com a


inoculação de G. margarita, enquanto que para o nitrogênio e o magnésio, plantas
micorrizadas por A. muricata e G. margarita apresentaram os maiores valores, os quais
não diferiram entre si (P > 0,05) (Tabela 3). Tendências semelhantes foram relatadas por
Costa et al. (1995) para plantas de P. coryphaeum inoculadas com diversas espécies de
MA.
Tabela 3. Quantidades absorvidas de nitrogênio, cálcio, magnésio e potássio (mg/vaso) do sorgo
forrageiro, em função da inoculação de micorrizas arbusculares

Tratamentos Nitrogênio Cálcio Magnésio Potássio

Testemunha 54,06 d 26,16 d 18,08 g 62,99 f


G. mosseae 84,32 cd 44,94 c 29,80 f 96,16 e
G. fasciculatum 104,83 c 47,67 c 33,88 def 108,45 d
G. etunicatum 117,64 c 55,72 c 39,78 cd 120,52 c
G. macrocarpum 116,02 c 55,47 c 37,87 de 116,18 cd
G. margarita 221,75 a 87,15 a 53,14 ab 180,63 a
S. heterogama 160,09 b 69,91 b 46,53 bc 158,26 b
A. laevis 111,89 c 44,92 c 32,09 def 106,30 de
A. muricata 217,32 a 72,59 b 59,14 a 164,35 b
- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey

CONCLUSÕES

1 - A inoculação de MA incrementou significativamente os rendimentos de MS, teores e


quantidades absorvidas de P, N, Ca, Mg e K do sorgo forrageiro;
2 - Os fungos mais efetivos, em termos de rendimento de MS, foram G. margarita, A.
muricata e S. heterogama;
3 - Os maiores teores de P foram obtidos com a inoculação de A. laevis e G.
macrocarpum, enquanto que as plantas inoculadas com A. muricata, G. margarita e S.
heterogama foram mais eficientes na absorção de P;
4 - A inoculação de G. margarita e A. muricata resultou em maiores teores de N e
quantidades absorvidas de Ca, Mg, K e N;
5 - As espécies do gênero Glomus proporcionaram as maiores concentrações de Ca, Mg
e K;
6 - As plantas inoculadas com A. muricata e S. heterogama apresentaram as maiores
taxas de colonização radicular.

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Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAYLIS, G.T.S. The magnolioid mycorrhiza and mycotrophy in roots systems derived from it. In:
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Produtividade com qualidade ambiental

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93
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

ADUBAÇÃO POTÁSSICA EM Arachis pintoi CV. AMARILLO

Newton de Lucena Costa1


Valdinei Tadeu Paulino2

INTRODUÇÃO

Os solos de Rondônia apresentam, originalmente, teores médios ou altos de


potássio trocável, sendo raras as respostas de leguminosas forrageiras à adubação
potássica. No entanto, face ao uso de práticas de manejo inadequadas (elevadas cargas
animais, sistema de pastejo contínuo e ausência de fertilizações de estabelecimento e/ou
manutenção), as quais afetam consideravelmente a eficiência dos processos de
reciclagem de nutrientes, nos últimos anos, o aparecimento de deficiências de potássio
nas pastagens cultivadas tem sido bastante frequente.
Ensaios exploratórios de fertilidade do solo realizados na região amazônica,
demonstraram que o potássio, depois do fósforo, foi o nutriente mais limitante ao
crescimento de Pueraria phaseoloides, Centrosema pubescens e Stylosanthes
guianensis, reduzindo significativamente seus rendimentos de forragem, número e peso
seco de nódulos, teores de nitrogênio e potássio (Costa et al., 1989; Teixeira Neto et al.,
1991). Em pastagens de Cajanus cajan, estabelecidas em um Latossolo Amarelo, textura
argilosa, com baixa disponibilidade de potássio (58 mg/kg), Costa et al. (1992), com a
aplicação de 60 kg
de K2O/ha, obtiveram incrementos de 98; 30 e 109%, respectivamente para os
rendimentos de forragem e quantidades acumuladas de potássio e nitrogênio. Já, Teixeira
Neto et al. (1991) verificaram que o potássio foi o nutriente mais limitante à persistência
de leguminosas em pastagens de Brachiaria humidicola.
Neste trabalho avaliaram-se os efeitos da fertilização potássica sobre a
produção de forragem e composição química de A. pintoi cv. Amarillo.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi conduzido em casa-de-vegetação, utilizando-se um Latossolo


Amarelo, textura argilosa, o qual apresentava as seguintes características químicas: pH =
5,1; Al = 1,3 cmol/dm3; Ca + Mg = 1,7 cmol/dm3; P = 2 mg/kg e K = 33 mg/kg. O solo foi
coletado na camada arável (0 a 20 cm), destorroado e passado em peneira com malha de
6 mm e posto para secar ao ar.
O delineamento experimental foi em blocos casualizados com quatro repetições.
os tratamentos consistiram de cinco doses de potássio (0, 15, 30, 45 e 60 mg/kg de solo),
aplicadas sob a forma de cloreto de potássio, quando do plantio e uniformemente
misturadas com o solo. A adubação de estabelecimento constou da aplicação de 22
mg/dm3 de P, sob a forma de superfosfato triplo. Cada unidade experimental constou de
um vaso com capacidade para 3,0 dm3 de solo seco. Dez dias após a emergência das
plantas executou-se o desbaste, deixando-se três plantas/vaso. O controle hídrico foi
realizado diariamente através da pesagem dos vasos, mantendo-se o solo em 80% de
sua capacidade de campo.

_______________
1
Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Amapá, Caixa Postal 10, CEP 68902-208, Macapá, Amapá
2
Eng. Agrôn., Ph.D., Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, São Paulo

94
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

Durante o período experimental foram realizados três cortes a intervalos de 45 dias e a 15


cm acima do solo. Os parâmetros avaliados foram rendimento de matéria seca (MS),
teores de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio. Foram ajustadas as equações
de regressão para rendimento de MS (variável dependente) e teor de potássio (variável
independente) (equação 1) e para teor de potássio como variável dependente dos níveis
de potássio aplicados (equação 2). Através da equação 1 calculou-se a dose de potássio
aplicada relativa a 90% do rendimento máximo de MS, sendo este valor substituído na
equação 2 para determinação do nível crítico interno de potássio.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A adubação potássica afetou significativamente (P < 0,05) os rendimentos de MS


da leguminosa, sendo os maiores valores obtidos com a aplicação de 60 (8,47 g/vaso) e
45 mg/dm3 de K (8,18 g/vaso). No entanto, a aplicação de 15 mg/dm3 de K já
proporcionou um incremento de 103,3% em relação à testemunha (Tabela 1). Os
rendimentos de forragem ajustaram-se ao modelo quadrático de regressão (y = 3,25 +
0,1895 x - 0,00173122 x2; R2 = 0,98). A dose de máxima eficiência técnica foi estimada
em 54,72 mg/dm3 de K, a qual foi inferior às relatadas por Gutteridge (1978) para
Centrosema pubescens (150 mg/dm3) e Costa e Paulino (1992) para Cajanus cajan (60
mg/dm3), porém foi inferior a estimada para Acacia angustissima (53,8 mg/dm3) por Costa
e Paulino (1997). A eficiência de utilização de potássio não foi afetada (P > 0,05) pelas
doses aplicadas (Tabela 1). Resultados semelhantes foram obtidos por Costa e Paulino
(1992) para C. cajanus e por Paulino et al. (1995) para Leucaena leucocephala.

Tabela 1. Rendimento de matéria seca (MS), eficiência de utilização do potássio (EUK), teores de
nitrogênio, fósforo, cálcio, magnésio e potássio de Arachis pintoi cv. Amarillo, em função da fertilização
potássica.
Níveis de K MS EUK Nitrogênio Fósforo Cálcio Magnésio Potássio
3
mg/dm (g/vaso) mg K/g MS ----------------------------------------- % ----------------------------------------
0 3,05 d 56,18 a 3,66 a 0,191 ab 0,87 a 0,42 a 1,78 b
15 6,20 c 52,08 a 3,69 a 0,197 a 0,79 a 0,46 a 1,92 a
30 7,06 b 51,28 a 3,44 b 0,184 ab 0,82 a 0,40 a 1,95 a
45 8,19 a 55,87 a 3,20 c 0,180 b 0,86 a 0,39 a 1,79 b
60 8,48 a 60,97 a 3,09 c 0,177 b 0,77 a 0,47 a 1,64 c
- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey

Os teores de fósforo e potássio não apresentaram uma tendência definida, em


função dos níveis de potássio aplicados, a qual pudesse ser explicada pelo efeito de
diluição ou concentração. No entanto, os teores de potássio ajustaram-se a uma curva
quadrática, sendo o máximo teor obtido com a aplicação de 24,43 mg/dm3 de K (Tabela
2). Os teores de cálcio e magnésio não foram influenciados (P > 0,05) pela adubação
potássica (Tabela 1). Contudo, considerando-se que não houve diluições com o aumento
dos rendimentos de MS, observa-se um efeito positivo da adubação potássica na
manutenção dos teores destes nutrientes. Os efeitos da adubação potássica sobre os
teores de fósforo e nitrogênio foram descritos pelo modelo quadrático de regressão,
sendo os maiores valores obtidos com a aplicação de 22,56 e 42,32 mg/dm3 de K. Em
geral, as concentrações de macronutrientes registradas neste trabalho são semelhantes
às reportadas por Rao e Kerridge (1994) e Vasconcelos et al. (1996), ambos com A. pintoi
cv. Amarillo.

95
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

Tabela 2. Equações de regressão ajustadas entre as variáveis matéria seca, teores de nitrogênio,
potássio e fósforo (y), como variáveis dependentes de doses de potássio.
2
Variáveis Equações R
2
Matéria seca y = 3,25 + 0,1895 x - 0,00173122 x 0,98**
2
Teor de nitrogênio y = 3,71 - 0,0058 x - 0,00008360 x 0,94**
2
Teor de potássio y = 1,78 + 0,0119 x - 0,00024339 x 0,95**
2
Teor de fósforo y = 0,19 - 0,0002 x - 0,00000286 x 0,82*

* Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F


** Significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F

O nível crítico interno de potásssio, determinado através da equação que


relacionou a dose de potássio necessária para a obtenção de 90% do rendimento máximo
de MS, foi estimado em 1,91%. Este valor é superior aos relatados por Grof (1985) e Rao
e Kerridge (1994) para A. pintoi cv. Amarillo (1,3 e 1,8%, respectivamente), no entanto foi
inferior aos estimados por Costa e Paulino (1992) para C. cajan (2,13%) e Paulino et al.
(1995) para L. leucocephala (1,96%).

CONCLUSÕES

1. A adubação potássica incrementou significativamente os rendimentos de MS e os


teores de potássio, ocorrendo o inverso quanto aos teores de nitrogênio e fósforo;
2. A dose de máxima eficiência técnica foi estimada em 54,72 mg de K/dm3 e o nível
crítico interno de potássio relacionado com 90% do rendimento máximo de MS em 1,91%;
3. A eficiência de utilização de potássio e os teores de cálcio e magnésio não foram
afetados pelos níveis de potássio utilizados.

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Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

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Produtividade com qualidade ambiental

ADUBAÇÃO FOSFATADA EM Panicum maximum CV. CENTENÁRIO

Newton de Lucena Costa1


Valdinei Tadeu Paulino2
INTRODUÇÃO

Em Rondônia, a maioria dos solos apresenta baixa fertilidade natural,


caracterizados por elevada acidez, baixa capacidade de troca catiônica e altos teores de
alumínio trocável, limitando a produtividade e persistência das pastagens cultivadas, o
que implica num fraco desempenho zootécnico dos rebanhos.
O conhecimento dos fatores nutricionais limitantes ao crescimento de gramíneas
forrageiras é de grande importância para a formação e manejo de pastagens cultivadas.
Em ensaios exploratórios de fertilidade do solo realizados no estado, constatou-se que o
fósforo foi o nutriente mais limitante ao crescimento de Brachiaria decumbens, B.
humidicola, B. brizantha cv. Marandu e Panicum maximum, reduzindo significativamente
seus rendimentos de forragem, teores e quantidades absorvidas de fósforo e nitrogênio
(Costa et al. 1988, 1997). No entanto, considerando-se o alto custo unitário dos
fertilizantes fosfatados, torna-se necessário assegurar sua máxima eficiência, através da
determinação das doses mais adequadas para o estabelecimento e manutenção das
pastagens.
Neste trabalho avaliaram-se os efeitos da fertilização fosfatada sobre a produção
de forragem e composição química de Panicum maximum cv. Centenário.

Material e Métodos

O ensaio foi conduzido em casa-de-vegetação, utilizando-se um Latossolo


Amarelo, textura argilosa, o qual apresentava as seguintes características químicas: pH =
5,3; Al*** = 1,2 cmol/dm3; Ca** + Mg** = 1,0 cmol/dm3; P = 2 mg/kg e K* = 73 mg/kg. O solo
foi coletado na camada arável (0 a 20 cm), destorroado, peneirado em malha com 6mm
de diâmetro e posto para secar ao ar.
O delineamento experimental foi em blocos casualizados com quatro repetições.
Os tratamentos consistiram de cinco níveis de fósforo (0, 30, 60, 90 e 120 mg/dm3 de P),
aplicados sob a forma de superfosfato triplo, quando do plantio e uniformemente
misturados com o solo. A adubação básica constou da aplicação de 40 mg/kg de N
(uréia) e 30 mg/kg de K (cloreto de potássio). Cada unidade experimental constou de um
vaso com capacidade para 3 dm3 de solo seco. Dez dias após a emergência das plantas
executou-se o desbaste, deixando-se três plantas/vaso. O controle hídrico foi realizado
diariamente através da pesagem dos vasos, mantendo-se o solo em 80% de sua
capacidade de campo.
Durante o período experimental foram realizados três cortes, a intervalos de 45
dias e a 10 cm acima do solo. Os parâmetros avaliados foram rendimento de matéria
seca (MS), teores de nitrogênio, fósforo, cálcio, potássio e magnésio. Foram ajustadas as
equações de regressão para rendimento de MS (variável dependente) e níveis de fósforo
(variável independente) (equação 1) e para teor de fósforo como variável dependente dos
níveis de fósforo aplicados (equação 2). Através da equação 1 calculou-se a dose de
fósforo aplicada relativa a 90% do rendimento máximo de MS, sendo este valor
substituído na equação 2 para determinação do nível crítico interno de fósforo.

_______________
1
Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Amapá, Caixa Postal 10, CEP 68902-208, Macapá, Amapá
2
Eng. Agrôn., Ph.D., Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, São Paulo

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Produtividade com qualidade ambiental

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A adubação fosfatada afetou significativamente ( P < 0,05) os rendimentos de MS


da gramínea, sendo os maiores valores obtidos com a aplicação de 120 (13,04 g/vaso) ou
90 mg/dm3 de P (12,57 g/vaso). No entanto, a aplicação de 30 mg/dm3 de P já
proporcionou um incremento de 102% em relação à testemunha (Tabela 1). Os
rendimentos de forragem ajustaram-se ao modelo quadrático de regressão (y = 4,217 +
0,14853 x - 0,0006256 x2 ; R2 = 0,99). A dose de máxima eficiência técnica foi estimada
em 118,7 mg/dm3 de P, a qual foi superior às relatadas por Dias Filho (1995) para P.
maximum cv. Tanzânia-1 (62,8 mg/dm3 de P) e por Costa e Paulino (1994) para P.
maximum cv. Tobiatã (102,3 mg/dm3 de P). A eficiência de utilização de fósforo foi
diretamente proporcional às doses aplicadas (Tabela 1). Resultados semelhantes foram
relatados por Costa e Paulino (1994) e Dias Filho (1994) para diversas cultivares de P.
maximum fertilizadas com diferentes níveis de fósforo.

Tabela 1. Rendimentos de matéria seca (MS), eficiência de utilização de fósforo (EUP), teores de
nitrogênio, fósforo, cálcio, magnésio e potássio de Panicum maximum cv. Centenário, em função da
fertilização fosfatada.

Níveis de P MS EUP* Nitrogênio Fósforo Cálcio Magnésio Potássio


3
mg/dm (g/vaso) -------------------------------------- g/kg------------------------------------

0 4,13 d 0,34 d 1,73 b 1,192 d 7,31 c 5,12 bc 15,62 bc


30 8,35 c 0,55 c 1,87 a 1,533 bc 8,32 b 6,78 a 17,20 a
60 10,66 b 0,57 c 1,89 a 1,855 a 9,19 a 5,77 b 16,55 ab
90 12,57 a 0,74 b 1,62 b 1,690 ab 7,24 c 5,92 b 15,12 cd
120 13,04 a 0,86 a 1,40 c 1,510 c 5,67 d 4,89 c 14,27 d

- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey
*EUP = g MS / mg P

Os teores de nitrogênio, fósforo, cálcio, magnésio e potássio foram


significativamente incrementados (P < 0,05) com a aplicação de níveis crescentes de
fósforo, os quais ajustaram-se a uma curva quadrática, como consequência do efeito de
diluição de suas concentrações, em função dos maiores rendimentos de MS. Os maiores
teores foram obtidos com a aplicação de 41,46; 70,79; 48,54; 53,33 e 42,17 mg/dm3 de P,
respectivamente para nitrogênio, fósforo, cálcio, magnésio e potássio (Tabela 2). Em
geral, os percentuais registrados neste trabalho são semelhantes ou superiores aos
relatados por Vallejos et al. (1989), Costa e Paulino (1994) e Costa e Oliveira (1997) para
diversos genótipos de P. maximum, cultivados em diferentes localidades da região
amazônica.

Tabela 2. Equações de regressão ajustadas entre as variáveis matéria seca, teores de fósforo, nitrogênio,
cálcio, potássio e magnésio (y), como variáveis dependentes de doses de fósforo (x).

Variáveis Equações R2
Matéria seca y = 4,217 + 0,148529 x - 0,0006256 x2 0,99**
Teor de fósforo y = 1,179 + 0,017220 x - 0,0001216 x2 0,95**
Teor de nitrogênio y = 1,740 + 0,006729 x - 0,0000811 x2 0,96**
Teor de cálcio y = 7,276 + 0,061483 x - 0,0006333 x2 0,92*
Teor de potássio y = 1,591 + 0,003766 x - 0,0000446 x2 0,88*
Teor de magnésio y = 5,361 + 0,035708 x - 0,0003347 x2 0,89*
* Significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F
** Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F

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Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

O nível crítico interno de fósforo, determinado através da equação que relacionou a


dose de fósforo necessária para a obtenção de 90% do rendimento máximo de MS, foi
estimado em 1,784 g/kg de P, o qual correspondeu à aplicação de 73,90 mg/dm3 de P.
Este valor é inferior aos relatados por Dias Filho (1995) para P. maximum cvs. Colonião
(1,98 g/kg), Tanzânia-1 (2,14 g/kg) e Tobiatã (2,24 g/kg), no entanto foi superior ao
estimado por Costa e Paulino (1994) para P. maximum cv. Tobiatã (1,58 g/kg).

CONCLUSÕES

1. A adubação fosfatada incrementou significativamente os rendimentos de MS e teores


de nitrogênio, fósforo, cálcio, magnésio e potássio da gramínea;

2. A dose de máxima eficiência técnica foi estimada em 118,75 mg/dm3 de P e o nível


crítico interno de fósforo relacionado com 90% do rendimento máximo de MS de 1,784
g/kg;

3. A eficiência de utilização de fósforo foi diretamente proporcional às doses aplicadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, N. de L.; OLIVEIRA, J.R. da C. Produção de forragem e composição química de Panicum


maximum cv. Tobiatã em diferentes idades de corte. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 34., Juiz de Fora, 1997. Anais... Juiz de Fora: SBZ, 1997. p.222-
224.

COSTA, N. de L.; PAULINO, V.T. Efeito da adubação fosfatada sobre a produção de forragem e
composição química de Panicum maximum cv. Tobiatã. In: SIMPÓSIO AGROPECUÁRIO E
FLORESTAL DO MEIO-NORTE, 1., 1994, Teresina. Anais... Teresina: EMBRAPA-CPAMN, 1994,
p.32. (EMBRAPA.CPAMN, Documentos, 20).

COSTA, N. de L.; GONÇALVES, C.A.; OLIVEIRA, J.R. da C. Nutrientes limitantes ao crescimento


de Brachiaria humidicola consorciada com leguminosas em Porto Velho-RO. Porto Velho:
EMBRAPA-UEPAE Porto Velho, 1988. 4p. (Comunicado Técnico, 70)

COSTA, N. de L.; GONÇALVES, C.A.; RODRIGUES, A.N.A. Nutrientes limitantes ao crescimento


de Brachiaria decumbens em Rondônia. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO,
27., 1997, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: SBCS, 1997. p.328-330.
DIAS FILHO, M.B. Níveis críticos internos de fósforo de três acessos de Panicum maximum.
Pasturas Tropicales, v.17, n.2, p.9-11, 1995.

VALLEJOS, A.; PIZARRO, E.A.; CHÁVES, C.; PEZO, D.; FERREIRA, P. Evaluación agronómica
de gramíneas en Gualipes, Costa Rica. 2. Ecotipos de Panicum. Pasturas Tropicales, v.11, n.2,
p.2-9, 1989.

100
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

FONTES E DOSES DE FÓSFORO EM Brachiaria humidicola


Newton de Lucena Costa1
Valdinei Tadeu Paulino2

INTRODUÇÃO

Em Rondônia, os baixos níveis de fósforo disponível é um dos principais fatores


limitantes ao estabelecimento, manejo e persistência das pastagens cultivadas, o que
implica num baixo desempenho da pecuária de corte ou leite (Costa et al. 1992; Serrão et
al. 1978). Ademais, face á alta capacidade de fixação de fósforo, quantidades
consideráveis devem ser adicionadas ao solo para satisfazer os requerimentos internos e
externos das plantas forrageiras. No entanto, considerando-se o alto custo dos adubos
fosfatados, fontes alternativas de fertilização são desejáveis e devem ser buscadas,
visando um manejo mais racional e econômico das pastagens. Deste modo, os fosfatos
naturais surgem como uma alternativa bastante atrativa, já que apresentam menor custo
de produção e menor fixação que os solúveis, por serem liberados lentamente para a
solução do solo. A utilização de fosfatos naturais, dependendo de sua eficiência
agronômica, vem sendo recomendada para pastagens perenes, possibilitando o
aproveitamento de seu efeito residual, o qual, geralmente, aumenta com o passar do
tempo (Couto et al. 1989; Costa et al. 1992; Almeida et al. 1996).
Neste trabalho avaliou-se o efeito de fontes e doses de fósforo sobre a produção e
composição química da forragem de Brachiaria humidicola, nas condições
edafoclimáticas dos cerrados de Rondônia.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi conduzido no Campo Experimental da Embrapa Rondônia, localizado


em Vilhena, durante o período de outubro de 1993 a novembro de 1995. O clima da
região é tropical úmido do tipo Aw, com precipitação anual de 2.000 mm; temperatura
média anual de 23,7ºC e umidade relativa do ar de 73%.
O solo da área experimental é um Latossolo Vermelho-Amarelo, textura argilosa, o
qual após a aplicação de 500 kg/ha de calcário dolomítico (PRNT = 100%), incorporado
dois meses antes do plantio, apresentou as seguintes características químicas: pH = 4,9;
Al*** = 0,4 cmol/dm3; Ca** + Mg** = 1,1 cmol/dm3; P = 2 mg/kg e K = 52 mg/kg.
O delineamento experimental foi em blocos casualizados com e três repetições. Os
tratamentos foram dispostos num fatorial 5 x 2 e consistiram de cinco fontes de fósforo
(superfosfato triplo (SFT), termofosfato Yoorin (TFY) e três fosfatos naturais - Patos de
Minas (FNPM), Olinda (FNO) e Araxá (FNA) e duas doses de fósforo (100 e 200 kg/ha de
P2O5). As doses foram aplicadas, por ocasião da semeadura, na linha de plantio. A
adubação de estabelecimento constou da aplicação de 40 kg/ha de K2O, sob a forma de
cloreto de potássio. Durante o período experimental foram realizados oito cortes a 15 cm
acima do solo, sempre que as plantas atingiam entre 40 e 60 cm de altura. Os parâmetros
avaliados foram rendimento de matéria seca (MS), teores e quantidades absorvidas de
fósforo. Os índices de eficiência agronômica (IEA) foram determinados utilizando a
seguinte relação: IEA = Y2 - Y1 / Y3 - Y1 x 100, onde Y1 = produção da testemunha; Y2 =
produção da fonte testada na dose a e, Y3 = produção da fonte referência (superfosfato
triplo) na dose a.
_______________
1
Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Amapá, Caixa Postal 10, CEP 68902-208, Macapá, Amapá
2
Eng. Agrôn., Ph.D., Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, São Paulo

101
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise da variância revelou efeito significativo (P < 0,05) para a interação fontes
x doses de fósforo sobre os rendimentos de MS da gramínea. Com a aplicação de FNPM,
FNO ou FNA não se observou efeito significativo (P > 0,05) de doses, enquanto que para
o SFT e TFY, a aplicação de 200 kg/ha de P2O5), resultou nas maiores produções de
forragem. Já, a aplicação de 100 kg/ha de P2O5), sob a forma de FNPM, FNO ou FNA
proporcionou os menores rendimentos de MS, os quais não diferiram (P > 0,05) do
verificado com o tratamento testemunha (Tabela 1). Da mesma forma, Costa et al.
(1993), em pastagens de Andropogon gayanus cv. Planaltina, verificaram maior eficiência
do SFT e TFY, comparativamente aos fosfatos naturais de Araxá e Olinda. Em geral, os
rendimentos de MS registrados neste trabalho foram bastante satisfatórios, sendo
superiores aos relatados por Cruz et al. (1982) e Costa (1989), para pastagens de B.
humidicola, estabelecidas em diferentes localidades do trópico úmido. Apesar de
apresentar menor eficiência agronômica que o SFT e TFY, a utilização do FNA,
dependendo do seu custo de aquisição, pode ser considerada tecnicamente viável, pois
proporcionou incrementos de 32 e 68%, respectivamente para a aplicação de 100 e 200
kg/ha de P2O5) nos rendimentos de forragem da gramínea, em comparação com a
testemunha.

Tabela 1. Rendimento de matéria seca (MS), teores e quantidades absorvidas de fósforo de


Brachiaria humidicola, em função da aplicação de fontes e doses de fósforo.

Fontes de Fósforo Doses MS Fósforo IEA2


(t/ha)1 (%)
(kg P2O5/ha) % kg/ha
Testemunha 0 6,13 e 0,110 a 6,74 g --
Superfosfato triplo 100 11,08 b 0,134 a 14,85 bc 100
200 15,29 a 0,130 a 19,88 a 100
Termofosfato Yoorin 100 10,22 bc 0,125 a 12,78 cd 82
200 13,88 a 0,117 a 16,24 b 85
Fosfato Natural Patos de Minas 100 7,44 de 0,125 a 9,30 fg 26
200 8,75 bcd 0,121 a 10,59 def 29
Fosfato Natural de Olinda 100 7,50 de 0,133 a 9,98 def 30
200 9,21 bcd 0,128 a 11,79 def 34
Fosfato Natural de Araxá 100 8,10 cde 0,119 a 9,64 efg 43
200 10,28 bc 0,122 a 12,54 cd 45
- Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey
1 – Totais de oito cortes 2 - IEA = Índice de Eficiência Agronômica

Com relação aos teores de fósforo, não se detectou efeito significativo (P > 0,05)
para as fontes e doses avaliadas. Normalmente, este fato ocorre como consequência de
um efeito de diluição da concentração de fósforo, em função do maior acúmulo de MS
com a aplicação de doses crescentes do fertilizante, independentemente da fonte
utilizada. No entanto, a absorção de fósforo foi significtivamente afetada ( P < 0,05) pela
interação fontes x doses de fósforo. A aplicação de 200 kg/ha de P2O5 sob a forma de
SFT proporcionou a maior quantidade absorvida de fósforo.
Entre os fosfatos naturais, o FNPM e FNA foram as fontes menos eficientes,
apresentando acúmulo de fósforo semelhante (P > 0,05) ao registrado com o tratamento
testemunha (tabela 1). Respostas semelhantes foram relatadas por Gomide et al. (1986),
Costa et al. (1993) e Couto et al. (1989), para diversas gramíneas forrageiras tropicais,
fertilizadas com diferentes fontes e doses de fósforo. Para todas as fontes avaliadas, o

102
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

IEA foi diretamente relacionado com a dose aplicada, sendo os maiores valores obtidos
com 200 kg/ha de P2O5). O TFY foi a fonte que apresentou IEA mais próximo ao do SFT,
enquanto que entre os fosfatos naturais, FNA e FNO foram os mais eficientes, ficando o
FNPM com o menor IEA (Tabela 1).

CONCLUSÕES

1. A fertilização fosfatada, independentemente da fonte utilizada, incrementou


significativamente os rendimentos de forragem da gramínea, contudo não afetou os
teores de fósforo;

2. O superfosfato triplo e o termofosfato Yoorin foram as fontes mais eficientes, seguindo-


se os fosfatos naturais de Araxá e Olinda, ficando o fosfato natural Patos de Minas com a
menor eficiência agronômica;

3. A aplicação de 200 kg/ha de P2O5 sob a forma de superfosfato triplo ou termofosfato


Yoorin, resultou nos maiores rendimentos de forragem e quantidades absorvidas de
fósforo, enquanto que para os fosfatos naturais não se observou efeito significativo de
doses de fósforo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, J.C.R. de; MACEDO, M.C.M.; VALLE, C.B. do. Eficiência de diferentes fontes e doses
de fósforo na produção de Brachiaria decumbens cv. Basilisk em areia quartzosa. In: SIMPÓSIO
SOBRE O CERRADO, 8., 1996. Brasília. Anais... Brasília: Embrapa-CPAC, 1996. p.350-353.

COSTA, N. de L. Avaliação agronômica de gramíneas forrageiras sob três níveis de adubação


fosfatada. Porto Velho: Embrapa-UEPAE Porto Velho, 4p. 1989. (Embrapa.UEPAE Porto Velho.
Comunicado Técnico, 80).
COSTA, N. de L.; PAULINO, V.T.; CARDELLI, M.A.; RODRIGUES, A.N.A.; OLIVEIRA, J.R. da C.
Efeito de fontes e doses de fósforo sobre a produção de forragem de Andropogon gayanus cv.
Planaltina. Revista de Agricultura, v.68, n.3, p.287-294, 1993.
COSTA, N. de L.; PAULINO, V.T.; RODRIGUES, A.N.A.; OLIVEIRA, J.R. da C. Resposta de
Brachiaria brizantha cv. Marandu à fontes e doses de fósforo. In: REUNIÃO ANUAL DA
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 26., 1992, Lavras. Anais... Lavras: SBZ, 1992.
p.56.
COUTO, W.; LEITE, G.G.; SANZONOWICZ, C. The effectiveness of three phosphorus sources
for pasture fertilization in a cerrado soil. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.24, n.4, p.423-430,
1989.
CRUZ, E. de S.; COUTO, W.S.; OLIVEIRA, R.F. de; DUTRA, S. Adubação fosfatada na região
Norte. In: OLIVEIRA, A.J. de., ed. Adubação fosfatada no Brasil. Brasília, Embrapa-DID, 1982.
p.297-326. (Embrapa.DID. Documentos, 21).
GOMIDE, J.A.; ZAGO, C.P.; BRAGA, J.M.; MARTINS, O. Calagem, fontes e níveis de fósforo no
estabelecimento e produção de capim-colonão (Panicum maxium Jacq.) no cerrado. Revista da
Sociedade Brasileira de Zootecnia, v.15, n.3, p.241-246, 1986.
SERRÃO, E.A.S.; FALESI, I.C.; VEIGA, J.B. da; TEIXEIRA NETO, J.F. Produtividade de
pastagens cultivadas em solos de baixa fertilidade das áreas de floresta do trópico úmido
brasileiro. Belém: Embrapa-CPATU, 1978. 73p. (Embrapa.CPATU. Documentos, 22).

103
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

RESPOSTA DE Pueraria phaseoloides À NÍVEIS DE FÓSFORO

Newton de Lucena Costa1


Valdinei Tadeu Paulino2
INTRODUÇÃO

Em Rondônia, a maioria dos solos apresenta baixa fertilidade natural,


caracterizados por elevada acidez, baixa capacidade de troca catiônica e altos teores de
alumínio trocável, limitando a produtividade e persistência das pastagens cultivadas,
implicando num fraco desempenho zootécnico dos rebanhos.
O conhecimento dos fatores nutricionais limitantes ao crescimento de leguminosas
forrageiras é de grande importância para a formação e manejo de pastagens cultivadas.
Em ensaios exploratórios de fertilidade de solo realizados no estado, constatou-se que o
fósforo foi o nutriente mais limitante ao crescimento de diversas leguminosas forrageiras
tropicais, reduzindo significativamente os rendimentos de matéria seca, a nodulação e,
consequentemente, os teores e quantidades acumuladas de nitrogênio (Costa et al.,
1988, 1989, 1992). No entanto, considerando-se o alto custo unitário dos fertilizantes
fosfatados, torna-se necessário assegurar sua máxima eficiência, através da
determinação das doses mais adequadas para o estabelecimento e manutenção das
pastagens das pastagens cultivadas na região Amazônica.
Neste trabalho avaliaram-se os efeitos da fertilização fosfatada sobre a produção
de forragem e composição química de Pueraria phaseoloides.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi conduzido em casa-de-vegetação, utilizando-se um Latossolo


Amarelo, textura argilosa, o qual apresentava as seguintes características químicas: pH =
5,7; Al = 1,5 cmolC/dm3; Ca + Mg = 1,4 cmolC/dm3; P =2 mg/kg e K = 62 mg/kg. O solo foi
coletado na camada arável (0 a 20 cm), destorroado e passado em peneira com malha de
6 mm e posto para secar ao ar.
O delineamento experimental foi em blocos casualizados com quatro repetições.
Os tratamentos consistiram de cinco níveis de fósforo (0, 30, 60, 90, 120 e 150 mg/dm3 de
P), aplicados sob a forma de superfosfato triplo, quando do plantio e uniformemente
misturados com o solo. A adubação de estabelecimento constou da aplicação de 30
mg/kg de K (cloreto de potássio). Cada unidade experimental constou de um vaso com
capacidade para 3 dm3 de solo seco. Dez dias após a emergência das plantas, executou-
se o desbaste, deixando-se três plantas/vaso. O controle hídrico foi realizado diariamente,
mantendo-se o solo em 80% de sua capacidade de campo.
Durante o período experimental foram realizados três cortes a intervalos de 35 dias
e a 10 cm acima do solo. Os parâmetros avaliados foram rendimento de matéria seca
(MS) e teores de proteína bruta (PB), fósforo, cálcio, magnésio e potássio. Foram
ajustadas as equações de regressão para rendimento de MS (variável dependente) e
níveis de fósforo (variável independente)(equação 1) e para teor de fósforo como variável
dependente dos níveis de fósforo aplicados (equação 2). Através da equação 1 calculou-
se a dose de fósforo aplicada de fósforo relativa a 90% do rendimento máximo de MS,
sendo este valor substituído na equação 2 para determinação do nível crítico interno de
fósforo.

_______________
1
Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Amapá, Caixa Postal 10, CEP 68902-208, Macapá, Amapá
2
Eng. Agrôn., Ph.D., Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, São Paulo

104
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A adubação fosfatada incrementou significativamente (P < 0,05) os rendimentos de


MS da leguminosa, sendo os maiores valores obtidos com a aplicação de 150 (16,60
g/vaso) ou 120 mg/dm3 de P (16,54 g/vaso). No entanto, a aplicação de 30 mg/dm3 de P
já proporcionou um incremento de 56%, em relação ao tratamento testemunha (Tabela 1).
Os rendimentos de forragem ajustaram-se ao modelo quadrático de regressão (y = 6,28 +
0,1481139 P – 0,00052312 P2 ; R2 = 0,99). A dose de máxima eficiência técnica foi
estimada em 141 mg/dm3 de P, a qual foi superior às relatadas por Paulino e Costa
(1996) para Desmodium ovalifolium (124 mg/dm3 de P) e Centrosema acutifolium (125
mg/dm3 de P). A eficiência de utilização de fósforo foi afetada pelas doses aplicadas,
sendo diretamente proporcional (Tabela 1). Resultados semelhantes foram obtidos por
Costa et al. (1989) para o guandu (Cajanus cajan) fertilizado com diferentes níveis de
fósforo.

Tabela 1. Rendimento de matéria seca (MS), eficiência de utilização do fósforo (EUP), teores de proteína
bruta (PB), fósforo, cálcio, magnésio e potássio de P. phaseoloides, em função da fertilização fosfatada.

Níveis de P MS EUP PB Fósforo Cálcio Magnésio Potássio


3
mg/dm (g/vaso) g MS/mg P ----------------------------------------- % ----------------------------------------
0 6,45 d 5,24 c 18,78 c 0,123 d 0,81 a 0,44 a 1,83 a
30 10,08 c 7,00 b 20,76 b 0,144 c 0,85 a 0,47 a 1,90 a
60 12,88 b 7,85 b 22,34 a 0,164 b 0,80 a 0,43 a 1,91 a
90 15,87 a 8,97 a 20,83 b 0,177 a 0,78 a 0,42 a 1,87 a
120 16,54 a 9,45 a 18,89 c 0,175 ab 0,84 a 0,45 a 1,82 a
150 16,60 a 9,17 a 18,02 c 0,181 a 0,82 a 0,46 a 1,85 a
- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey
- EUP = g MS/ mg P

Os teores de cálcio, magnésio e potássio não foram afetados (P > 0,05) pela
adubação fosfatada. No entanto, considerando-se que não houve diluições com o
aumento dos rendimentos de MS, observa-se um efeito positivo da adubação fosfatada na
manutenção dos teores destes nutrientes. Os teores de PB (Y = 17,969 + 0,07964 P -
0,0006293 P2 (R2 = 0,96**) e fósforo (Y = 0,136 + 0,00088 P - 0,0000041 P2 (R2 = 0,97**)
ajustaram-se a uma curva quadrática, como conseqüência do efeito de diluição de suas
concentrações, em função do maior acúmulo de MS. Os maiores teores foram obtidos
com a aplicação de 61,3 e 77,6 mg/dm3 de P. Em geral, os percentuais registrados neste
trabalho são semelhantes ou superiores aos reportados por Costa et al. (1992) e Paulino
e Costa (1996) para diversas leguminosas forrageiras tropicais, cultivadas em diferentes
localidades da região amazônica.
O nível crítico interno de fósforo, determinado através da equação que relacionou a
dose de fósforo necessária para a obtenção de 90% do rendimento máximo de MS, foi
estimado em 0,171%, o qual correspondeu à aplicação de 74 mg/dm3 de P. Este valor é
superior ao reportado por Paulino e Costa (1996) para D. ovalifolium (0,169%), porém
inferior ao encontrado por Leônidas et al. (1996) para Arachis pintoi cv. Amarillo (0,200%).

CONCLUSÕES

1 – A adubação fosfatada incrementou significativamente os rendimentos de MS e teores


de fósforo, contudo não afetou os de cálcio, magnésio e potássio;

105
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

2 – A dose de máxima eficiência técnica foi estimada em 141 mg/dm3 de P e o nível


crítico interno de fósforo relacionado com 90% do rendimento máximo de MS de 0,171%;

3 – A eficiência de utilização de fósforo foi inversamente proporcional ás doses aplicadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, N. de L. Adubação fosfatada na recuperação de pastagens degradadas da região


amazônica. Lavoura Arrozeira, v.49, n.425, p.16-19, 1996.

COSTA, N. de L.; GONÇALVES, C.A.; OLIVEIRA, J.R. da C. Nutrientes limitantes ao


crescimento de Brachiaria humidicola consorciada com leguminosas em Porto Velho-RO.
Porto Velho: EMBRAPA-UEPAE Porto Velho, 1988. 4p. (Embrapa. UEPAE Porto Velho.
Comunicado Técnico, 70)

COSTA, N. de L.; PAULINO, V.T.; SCHAMMAS, E.A. Produção de forragem, composição mineral
e nodulação do guandu afetadas pela calagem e adubação fosfatada. Revista Brasileira de
Ciência do Solo, v.13, n.1, p.51-58, 1989.

COSTA, N. de L.; PAULINO, V.T.; VEASEY, E.A. Phosphorus fertilization affects Cajanus cajan
growth, mineral composition, and nodulation. Nitrogen Fixing Tree Research Reports, v.11,
p.127-128, 1992.

LEÔNIDAS, F. das C.; COSTA, N. de L.; TOWNSEND, C.R. Resposta de Arachis pintoi à
fertilização fosfatada. Porto Velho: EMBRAPA-CPAF Rondônia, 1996. 4p. (Embrapa.CPAF
Rondônia. Comunicado Técnico, 118).

PAULINO, V.T.; COSTA, N. de L. Níveis críticos internos de fósforo em leguminosas forrageiras


tropicais. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS,
22., 1996, Manaus. Anais... Manaus: SBCS, 1996. p.492-493.

106
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

ALTURA E FREQUÊNCIA DE CORTE EM Cajanus cajan


Newton de Lucena Costa1
Claudio R. Townsend2,
João Avelar Magalhães2
Ricardo Gomes de A. Pereira2

INTRODUÇÃO

O guandu (Cajanus cajan) é uma leguminosa arbustiva, perene de vida curta, que
apresenta raízes profundas, característica que lhe confere excelente tolerância à seca.
Altamente palatável, produz elevadas quantidades de forragem com altos teores de
proteína e minerais, notadamente em solos de alta fertilidade natural, sendo portanto,
uma alternativa de baixo custo para a substituição parcial dos produtos comerciais
comumente utilizados na suplementação animal (Costa, 1996, 1999).
No manejo de leguminosas arbustivas diversos parâmetros relacionados com a
resposta morfo-fisiológica e a sobrevivência das plantas devem ser considerados,
destacando-se o estádio de crescimento e a altura de corte em que são colhidas, as quais
afetam marcadamente o rendimento e a qualidade da forragem (Costa et al., 1992a,b).
Em geral, o aumento do intervalo entre cortes resulta em incrementos significativos na
produção de forragem, contudo, paralelamente, ocorre decréscimo em seu valor nutritivo.
Já, a altura de corte é importante na rebrota pela eliminação ou não dos pontos de
crescimento, pela área foliar remanescente e pela diminuição ou não das reservas
orgânicas acumuladas durante os períodos favoráveis de crescimento (Costa & Saibro,
1985).
O presente trabalho teve por objetivo determinar a freqüência e a altura de corte
mais adequadas para o manejo do guandu, nas condições ecológicas de Porto Velho,
Rondônia.

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi conduzido no Campo Experimental da Embrapa Rondônia, localizado


no município de Porto Velho, durante o período de abril de 1996 a novembro de 1997. O
clima da região é tropical úmido do tipo Am, com precipitação anual de 2.200 mm,
estação seca bem definida (junho a setembro); temperatura média anual de 24,9oC e
umidade relativa do ar de 89%.
O solo da área experimental é um Latossolo Amarelo, textura argilosa, com as
seguintes características químicas: pH = 5,2; Al = 2,2 cmol/dm3; Ca + Mg = 1,6 cmol/dm3;
P = 3 mg/kg e K = 69 mg/kg. O delineamento experimental foi em blocos casualizados
com parcelas divididas e três repetições. As freqüências de corte (40, 60 e 80 dias)
representaram as parcelas principais e as alturas de corte (60 e 90 cm), as subparcelas,
as quais foram constituídas por quatro linhas de 5,0 m de comprimento, espaçadas de 1,0
m entre si. A cultivar de guandu utilizada foi a Preta. A adubação de estabelecimento
constou da aplicação de 20 t/ha de esterco bovino e 50 kg de P2O5/ha, sob a forma de
superfosfato triplo.

_____
1
Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Amapá, Caixa Postal 10, CEP 68902-208, Macapá, Amapá
2
Zootec., M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, CEP 78900-970, Porto Velho, Rondônia
3
Med. Vet., M.Sc., Embrapa Meio Norte, Caixa Postal 01, CEP 6478900-970, Teresina, Piauí

107
Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

Durante o período experimental foram realizados 10, 7 e 5 cortes, respectivamente


para as freqüências de 40, 60 e 80 dias. Após o corte da área útil, procedia-se a
separação da fração utilizável (folhas, flores, vagens e ramos com até 6,0 mm de
espessura) da fração grosseira (caules e ramos com diâmetro superior a 6,0 mm),
baseando-se no fato de que ramos mais espessos e fibrosos não seriam consumidos
pelos animais. As amostras referentes à fração utilizável como forragem foram colocadas
em estufa à 65ºC, por 72 horas, para determinação dos rendimentos de matéria seca
comestível (MSC). Posteriormente, as amostras foram moídas através de malha de 1,0
mm e preparadas para a quantificação dos teores de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e
magnésio.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise da variância revelou significância (P < 0,05) para a interação freqüência x


altura de corte. Para as freqüências de corte de 40 e 60 dias, os maiores rendimentos de
MS foram obtidos com cortes a 90 cm acima do solo, enquanto que para cortes a cada 80
dias não se detectou efeito significativo da altura de corte. Independentemente da
intensidade de utilização, cortes menos freqüentes foram os mais produtivos, sendo os
maiores rendimentos de MS registrados com o intervalo entre cortes de 80 dias.
Com cortes mais freqüentes e intensos, o desenvolvimento do guandu foi
severamente prejudicado, o que implicou na obtenção dos menores rendimentos de
forragem (Tabela 1). Na região dos cerrados de Rondônia, Costa & Oliveira (1992b)
obtiveram um incremento de 89% no rendimento de forragem do guandu, efetuando
cortes a cada 120 dias, em comparação com cortes a cada 30 dias. Resultados
semelhantes foram reportados por Souza et al. (1991) e Costa & Oliveira (1992a), que
constataram que o melhor manejo para o guandu consistia em cortes a cada 120 dias e a
60 cm acima do solo.

Tabela 1. Rendimento de matéria seca comestível (MSC), teores de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e
magnésio do guandu, em função da freqüência e altura de corte.

Freqüência Altura de MSC Nitrogênio Fósforo Potássio Cálcio Magnésio


de corte (dias) corte (cm) (kg/ha) ------------------------------------ g/kg ------------------------------------

40 60 1.231 e 35,22 a 1,99 a 18,90 b 4,02 c 3,22 a


90 1.758 d 38,08 a 2,12 a 17,93 b 4,22 c 2,64 a

60 60 2.123 c 37,50 a 2,36 a 21,46 a 5,65 b 3,57 a


90 2.798 b 38,54 a 2,21 a 20,14 a 5,77 b 3,60 a

80 60 3.976 a 36,97 a 2,02 a 15,29 c 7,21 a 3,29 a


90 4.435 a 37,21 a 1,97 a 14,87 c 7,54 a 2,98 a
- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey

Os teores de nitrogênio, fósforo e magnésio não foram afetados (P > 0,05) pelos
diferentes regimes de corte. Para os teores de cálcio, os maiores valores foram obtidos
com cortes a cada 80 dias, independentemente da altura de corte, enquanto que para os
de potássio, a maior concentração foi verificada com cortes a cada 60 dias,
independentemente da altura de corte (Tabela 1). Em geral, as concentrações registradas
neste trabalho são semelhantes ou superiores às relatadas por Xavier et al. (1991), Costa
& Oliveira (1992b) e Costa et al. (1995) para diversas cultivares de guandu. Já, os teores
de fósforo, independentemente dos regimes de cortes adotados, foram superiores ou

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Seminário Internacional para o Desenvolvimento Sustentável da Pecuária na Amazônia
Produtividade com qualidade ambiental

semelhantes ao nível crítico interno estimado por Costa (1996, 1999) para o guandu (1,97
mg/kg).

CONCLUSÕES

Cortes a cada 80 dias, a 60 ou 90 cm acima do solo, proporcionaram os maiores


rendimentos de MS e teores de cálcio, além de assegurarem maior vigor de rebrota e
persistência das plantas; Os teores de N, P e Mg não foram afetados pelos diferentes
regimes de cortes; Cortes frequentes e a baixa altura mostraram-se inviáveis para o
manejo do guandu, proporcionando baixos rendimentos de MS.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Rondônia, 1996. 24p. (Embrapa Rondônia. Documentos, 32).

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do guandu (Cajanus cajan) no noroeste do RS. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE
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