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“o prazo editalício de até dois anos, prorrogável uma única vez por igual período, já
corresponde a uma ponderação de razoabilidade que a própria Constituição diretamente
faz. E como se cuida de prazo nítida e imediatamente fortalecedor dos princípios da
eficiência, da economicidade e da acessibilidade aos cargos públicos efetivos, sua
drástica redução por via administrativa é de ser motivada. Motivação que se faz
necessária para demonstrar uma outra espécie de razoabilidade: aquela ditada por
imperativos de ordem empírico-administrativa. Implicando a não-motivação um dar as
costas à Constituição que passa a configurar, automaticamente, abuso de poder. Abuso
de poder administrativo, violação de direito alheio. Afinal, a razoabilidade é figura de
Direito Constitucional que, no caso, opera como limite à discricionariedade dos
aplicadores do Direito em geral (os administradores no meio). Ela corresponde à lógica
da equidade ou do justo material, que é o justo em concreto. O justo que se dá na vida
vivida, e não simplesmente na vida pensada. E que opera por oposição à lógicado
friamente racional, sabido que a pura racionalidade é diretriz ou base de inspiração
normativa que serve para todos os casos. Em abstrato, portanto. E é justamente pela
via ou pela ponte da razoabilidade (não da racionalidade) que se realiza, em concreto,
o princípio igualmente constitucional da“justiça”. Esse valor objetivo que o preâmbulo da
Constituição nomina por modo expresso como pilar de “uma sociedade fraterna,
pluralista e sem preconceitos”;
Volto a insistir que a Constituição não prevê prazo de validade mínima para
os concursos; só prevê o prazo máximo, que é de dois anos. Mas está implícito, é
razoável que esse prazo mínimo deva ser um prazo compatível com a situação. Esse
prazo mínimo não deve esvaziar a necessidade, a conveniência, de que o concurso
tenha prazo de validade razoável, seja para atender aos interesses dos candidatos que
se sacrificam para se submeter ao concurso, seja para atender ao próprio interesse
público, uma vez que a Administração não pode ficar despendendo recursos, gastando
com a realização de concursos e fixando prazo tão exíguo, para, logo em seguida, abrir
novo concurso. É o que se pode imaginar em uma situação dessas: fixação de prazo
tão exíguo para poder, passados os 45 dias, abrir outro concurso. Não é justificável.”
2000.01.00.045079-0
Deste modo, não subsiste dúvida de que o Poder Judiciário pode e deve se
manifestar para afastar tão sinóptico prazo, fazendo valer o prazo de validade de dois
anos, de acordo com a Constituição Federal.
Sem dúvida, esse prazo de validade do edital, assim previsto em ordem a alcançar o
dilatado tempo de até 48 meses (dois anos vezes dois) é intencionalmente favorecedor
do concurso. Aproveita-o como processo que demanda tempo, dinheiro e fosfato para a
sua realização. Propicia a concreção de princípios encartados na Constituição mesma,
como o citado princípio da eficiência e mais o da “economicidade” (cabeça do art. 70),
este último a significar obrigatória otimização de gastos com a gestão “contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial” (mesmo art. 70, caput) dos órgãos
e entidades da Administração Pública. Também o princípio, justamente, da
acessibilidade aos cargos públicos de provimento efetivo, inscrito no inciso Ido art. 37.
Princípio tanto mais passível de incidência quanto maior o prazo de validade do edital
de concurso, porquanto passa a incidir em duas marcantes ou estratégicas
oportunidades:
a) para viabilizar a nomeação dos candidatos aprovados no limite quantitativo das vagas
abertas pelo edital;
Explica ainda que “assim como assiste aos candidatos aprovados no limite
das vagas editalícias o direito à imediata nomeação para tais vagas..., também é de se
reconhecer o direito dos candidatos excedentes às vagas igualmente excedentes.”
“Com a presente ação, visa o Ministério Público Federal que a União elabore
planos específicos, com metas e cronogramas, para as efetivas fiscalizações do lago de
Itaipu, bem como do trecho compreendido entre a barragem da Itaipu Binacional e o
Marco das Três Fronteiras, passando necessariamente pelo incremento real de efetivo,
seja por lotação ou formação de forças tarefas com outros órgãos federais, da Receita
Federal, Força Nacional de Segurança, Delegacia da Policia Federal de Foz do Iguaçu
e DEPOM.
Ora, Excelência, com a devida vênia, não resta outra conclusão senão a de
que existe uma indústria para a realização de concursos públicos como narrado e
demonstrado na petição inicial, ignorando os aprovados no certame anterior para a
contratação de organizadora de certame despendendo milhões de reais para a
realização de novo processo seletivo para o provimento de vagas em cargos que já
existiam aprovados regulares anteriormente.
HTTP://youtu.be/cBRazzGX_wg
HTTP://youtu.be/2gmShW6tRF0
HTTP://youtu.be/W8WUcGn1fPw
Relata-se, por derradeiro, recente jurisprudência do C. STF que determinou
a nomeação de defensores públicos no Piauí, negando provimento ao recurso
extraordinário (RE 837311) interposto pelo Estado do Piauí.
OAB-DF 19.759