Está en la página 1de 4

RESPONSÁVEIS NA CARIDADE

– As crianças e os que são como elas pela sua simplicidade e inocência. O escândalo.

– Temos sempre que influir nos outros para bem deles. Dar bom exemplo.

– Obrigação de reparar e dever de desagravar as ofensas a Deus.

I. ENCONTRAMOS poucas expressões tão fortes como as que o Senhor


pronuncia no Evangelho da Missa de hoje. Jesus diz: É inevitável que haja
escândalos; mas ai daquele por quem vierem! Seria melhor para ele que lhe
atassem ao pescoço uma pedra de moinho e o atirassem ao mar, do que ser
causa de escândalo para um destes pequeninos. E termina com esta
advertência: Andai com cuidado1.

São Mateus2 situa a ocasião em que se pronunciaram estas palavras. Os


Apóstolos vinham falando entre si sobre qual deles seria o primeiro no Reino
dos Céus. E Jesus, para que a lição lhes ficasse bem gravada, chamou uma
criança (talvez estivesse rodeado por várias delas), trouxe-a para o meio de
todos e fez-lhes ver que, se não a imitassem na sua simplicidade e inocência,
não poderiam entrar no Reino.

Foi então que, tendo a criança diante de si, ficou com certeza pensativo e
sério; contemplou naquela figura frágil, mas de imenso valor, muitas outras que
perderiam a inocência em virtude dos escândalos. Foi como se, de repente,
desse rédea solta a uma preocupação que trazia dentro de si e que desejava
comunicar aos seus discípulos. Assim se explica melhor essa advertência
dirigida em primeiro lugar aos que o seguem mais de perto: Andai com
cuidado.

Escandalizar é fazer cair, ser causa de tropeço, de ruína espiritual para outra
pessoa, por meio de palavras, actos ou omissões3. E para Jesus,
os pequeninos são as crianças em cuja inocência se reflecte de um modo
muito particular a imagem de Deus. Mas são também essa imensa multidão de
pessoas que nos rodeiam, simples, menos instruídas e, portanto, mais
propensas a tropeçar na pedra interposta no seu caminho. Poucos pecados há
tão grandes como este, pois “tende a destruir a maior obra de Deus, que é a
Redenção, pela perda das almas: mata a alma do nosso próximo retirando-lhe
a vida da graça, que é mais preciosa do que a vida do corpo, e é causa de uma
multidão de pecados”4.

“Que grande valor deve ter o homem aos olhos do Criador, se mereceu ter
tal e tão grande Redentor (Hino Exsultet da Vigília Pascal), se Deus deu o seu
Filho, a fim de que o homem não morra, mas tenha a vida eterna! (cfr. Jo 3,
16)”5. Jamais podemos perder de vista o imenso valor de cada criatura: um
valor que se deduz do preço – a morte de Cristo – pago por ela. “Cada alma é
um tesouro maravilhoso; cada homem é único, insubstituível. Cada um vale
todo o sangue de Cristo”6.

II. SÃO PAULO, seguindo o exemplo do mestre, pede aos cristãos que se
precavejam de todo o possível escândalo para as consciências débeis e pouco
formadas: Vede que esta liberdade que tendes não se torne ocasião de queda
para os fracos7. Influímos muito nos outros, e essa influência deve ser sempre
para o bem de quem nos vê e escuta, em qualquer situação em que nos
encontremos.

O Senhor pregou a sua doutrina mesmo quando alguns fariseus se


escandalizavam8. Tratava-se então, como também hoje acontece com
frequência, de um falso escândalo, que consistia em buscar contradições ou
critérios puramente humanos para não aceitar a verdade. Quantas vezes
encontramos pessoas que se “escandalizam” porque um casal foi generoso no
número de filhos, aceitando com alegria todos os que Deus lhes deu, e porque
assim vivem com finura as exigências da vocação cristã!...

Em não poucas ocasiões, a conduta de um cristão que deseje viver


integralmente a doutrina do Senhor chocará com um ambiente pagão ou frívolo
e “escandalizará” muitos. São Pedro, recordando umas palavras de Isaías,
afirma que Jesus é para muitos uma pedra de tropeço e uma rocha de
escândalo9, como tinha profetizado Simeão à Santíssima Virgem10. Não
devemos surpreender-nos se na nossa vida acontece algumas vezes algo de
parecido.

No entanto, devemos evitar por caridade todas essas ocasiões, de per si


indiferentes, que podem causar estranheza e até verdadeiro escândalo em
outras pessoas menos bem formadas ou que têm uma peculiar maneira de
pensar. O Senhor deu-nos exemplo disso quando mandou Pedro pagar o
tributo do Templo, a que Ele não estava obrigado, para não desconcertar os
cobradores11, pois sabiam que Jesus era um israelita exemplar em todas as
coisas. Não nos faltarão ocasiões de imitar o Mestre. “Não duvido da tua
rectidão. – Sei que ages na presença de Deus. Mas... (há um “mas”!) as tuas
acções são presenciadas ou podem ser presenciadas por homens que julguem
humanamente... E é preciso dar-lhes bom exemplo”12.

Especialmente grave é o escândalo causado por pessoas que gozam de


algum género de autoridade ou renome: pais, educadores, governantes,
escritores, artistas... e os que têm a seu cargo a formação de outros. “Se as
pessoas simples vivem na tibieza – comenta São João de Ávila –, fazem mal;
mas o seu mal tem remédio, e só se prejudicam a si próprias; mas se os
educadores são tíbios, então cumpre-se o ai! do Senhor [...], pois contagiam a
sua tibieza a outros e até lhes apagam o fervor”13.

As palavras do Senhor recordam-nos que devemos estar atentos às


consequências das nossas palavras e acções, sem nos deixarmos levar pela
inconsciência ou pela frivolidade.
“Sabes o mal que podes ocasionar jogando para longe uma pedra com os
olhos vendados?

“– Também não sabes o prejuízo que podes causar, às vezes grave, quando
lanças frases de murmuração, que te parecem levíssimas por teres os olhos
vendados pela inconsciência ou pela exaltação”14.

Quem é motivo de escândalo tem a obrigação, por caridade, e às vezes por


justiça, de reparar o dano espiritual ou material que ocasionou. O escândalo
público exige reparação pública. E mesmo nos casos em que seja impossível
fazê-lo adequadamente, persiste a obrigação, sempre possível, de compensar
esse mal com oração e penitência. A caridade, movida pela contrição, encontra
sempre o modo adequado de reparar o mal que se causou.

Esta passagem do Evangelho pode servir-nos para dizer ao Senhor:


“Perdão, Senhor, se de alguma maneira, mesmo sem o perceber, fui ocasião
de tropeço para alguém!” São os pecados ocultos, dos quais também podemos
pedir perdão na Confissão. Oxalá as palavras do Senhor: Andai com cuidado,
nos ajudem a estar vigilantes e a ser prudentes.

III. DEVERIA PODER-SE DIZER de nós o mesmo que os contemporâneos


disseram de Jesus: Passou fazendo o bem...15 A nossa vida deve estar cheia
de obras de caridade e de misericórdia, às vezes tão pequenas que não farão
muito ruído: sorrir, animar, prestar com alegria pequenos serviços, desculpar
prontamente os erros do próximo... Trata-se de um sinal para o mundo, pois
pela caridade nos conhecerão como discípulos de Cristo16. É também uma
referência para nós mesmos, porque, se examinarmos a nossa atitude diante
dos outros, poderemos avaliar instantaneamente o nosso grau de união com
Deus.

Se é próprio do escândalo quebrar e destruir, é próprio da caridade compor,


unir e curar. O bom exemplo será sempre uma forma eficaz de contrabalançar
o mal que, talvez sem o perceberem, muitos vão semeando pela vida. Ao
mesmo tempo, prepara o terreno para um apostolado fecundo. “Não devemos
esquecer nunca que somos homens que tratam com outros homens, mesmo
quando queremos fazer bem às almas. Não somos anjos. E por isso a nossa
fisionomia, o nosso sorriso, os nossos modos são elementos que condicionam
a eficácia do nosso apostolado”17.

Se o escândalo tende a separar as almas de Deus, a caridade mais fina há


de animar-nos a levá-las a Ele, a procurar que muitos encontrem a porta do
Céu. Santa Teresa dizia: “Parece-me que mais preza Deus uma alma que
pelas nossas indústrias e orações lhe ganhamos mediante a sua misericórdia,
do que todos os serviços que lhe possamos prestar”18.

Nunca fiquemos de braços cruzados diante do mal. Perante essa doença


moral, devemos aumentar os nossos desejos de reparação e desagravo ao
Senhor, e reafirmar as nossas ânsias de apostolado. Quanto maior for o mal,
maior deve ser a nossa vontade de semear o bem.

Não deixemos de pedir ao Senhor pelos que são causa de que outros se
afastem do bem, e pelas almas que podem ser afectadas por essas palavras,
por esse artigo, por esse programa de televisão... Santa Maria alcançar-nos-á
graças especiais e o Senhor ouvirá a nossa oração. Quando no fim da vida nos
apresentarmos diante d’Ele, esses actos de reparação e de desagravo
constituirão uma boa parte do tesouro que teremos ganho aqui na terra.

(1) Lc 17, 1-3; (2) cfr. Mt 18, 1-6; (3) São Tomás de Aquino, Suma teológica, II-II, q. 43, a. 1;
(4) Catecismo de São Pio X, n. 418; (5) João Paulo II, Carta Encíclica Redemptor hominis,
4.03.79, 10; (6) São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 80; (7) 1 Cor 8, 9; (8) cfr. Mt 15,
12-14; (9) cfr. 1 Pe 2, 8; (10) cfr. Lc 2, 34; (11) cfr. Mt 17, 21; (12) São Josemaría Escrivá,
Caminho, n. 275; (13) São João de Ávila, Sermão 55 para a Infra-oitava de Corpus; (14) São
Josemaría Escrivá, Caminho, n. 455; (15) Act 10, 38; (16) cfr. Jo 13, 35; (17) Salvador Canals,
Reflexões espirituais, pág. 49; (18) Santa Teresa, Fundações, 1, 7.

(Fonte: Website de Francisco Fernández Carvajal AQUI)

También podría gustarte