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– As crianças e os que são como elas pela sua simplicidade e inocência. O escândalo.
– Temos sempre que influir nos outros para bem deles. Dar bom exemplo.
Foi então que, tendo a criança diante de si, ficou com certeza pensativo e
sério; contemplou naquela figura frágil, mas de imenso valor, muitas outras que
perderiam a inocência em virtude dos escândalos. Foi como se, de repente,
desse rédea solta a uma preocupação que trazia dentro de si e que desejava
comunicar aos seus discípulos. Assim se explica melhor essa advertência
dirigida em primeiro lugar aos que o seguem mais de perto: Andai com
cuidado.
Escandalizar é fazer cair, ser causa de tropeço, de ruína espiritual para outra
pessoa, por meio de palavras, actos ou omissões3. E para Jesus,
os pequeninos são as crianças em cuja inocência se reflecte de um modo
muito particular a imagem de Deus. Mas são também essa imensa multidão de
pessoas que nos rodeiam, simples, menos instruídas e, portanto, mais
propensas a tropeçar na pedra interposta no seu caminho. Poucos pecados há
tão grandes como este, pois “tende a destruir a maior obra de Deus, que é a
Redenção, pela perda das almas: mata a alma do nosso próximo retirando-lhe
a vida da graça, que é mais preciosa do que a vida do corpo, e é causa de uma
multidão de pecados”4.
“Que grande valor deve ter o homem aos olhos do Criador, se mereceu ter
tal e tão grande Redentor (Hino Exsultet da Vigília Pascal), se Deus deu o seu
Filho, a fim de que o homem não morra, mas tenha a vida eterna! (cfr. Jo 3,
16)”5. Jamais podemos perder de vista o imenso valor de cada criatura: um
valor que se deduz do preço – a morte de Cristo – pago por ela. “Cada alma é
um tesouro maravilhoso; cada homem é único, insubstituível. Cada um vale
todo o sangue de Cristo”6.
II. SÃO PAULO, seguindo o exemplo do mestre, pede aos cristãos que se
precavejam de todo o possível escândalo para as consciências débeis e pouco
formadas: Vede que esta liberdade que tendes não se torne ocasião de queda
para os fracos7. Influímos muito nos outros, e essa influência deve ser sempre
para o bem de quem nos vê e escuta, em qualquer situação em que nos
encontremos.
“– Também não sabes o prejuízo que podes causar, às vezes grave, quando
lanças frases de murmuração, que te parecem levíssimas por teres os olhos
vendados pela inconsciência ou pela exaltação”14.
Não deixemos de pedir ao Senhor pelos que são causa de que outros se
afastem do bem, e pelas almas que podem ser afectadas por essas palavras,
por esse artigo, por esse programa de televisão... Santa Maria alcançar-nos-á
graças especiais e o Senhor ouvirá a nossa oração. Quando no fim da vida nos
apresentarmos diante d’Ele, esses actos de reparação e de desagravo
constituirão uma boa parte do tesouro que teremos ganho aqui na terra.
(1) Lc 17, 1-3; (2) cfr. Mt 18, 1-6; (3) São Tomás de Aquino, Suma teológica, II-II, q. 43, a. 1;
(4) Catecismo de São Pio X, n. 418; (5) João Paulo II, Carta Encíclica Redemptor hominis,
4.03.79, 10; (6) São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 80; (7) 1 Cor 8, 9; (8) cfr. Mt 15,
12-14; (9) cfr. 1 Pe 2, 8; (10) cfr. Lc 2, 34; (11) cfr. Mt 17, 21; (12) São Josemaría Escrivá,
Caminho, n. 275; (13) São João de Ávila, Sermão 55 para a Infra-oitava de Corpus; (14) São
Josemaría Escrivá, Caminho, n. 455; (15) Act 10, 38; (16) cfr. Jo 13, 35; (17) Salvador Canals,
Reflexões espirituais, pág. 49; (18) Santa Teresa, Fundações, 1, 7.