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Introdução
Desenvolvimento
preventiva, resta saber se o sujeito de seu trabalho se reconhece como uma individualidade
num contexto sócio-histórico.
Nessa experiência, perpassa-a um conjunto de relações, atingidas pela lógica e
pela ideologia das instituições, definindo papéis sociais, normas, valores e objetivos a serem
atingidos. O psicólogo volta-se para o desenvolvimento pleno da subjetividade constituída
pelas categorias fundamentais do psiquismo humano e das funções psicológicas superiores,
como memória, imaginação e criatividade, que são essenciais para a liberdade do ser humano.
Ao passar para as comunidades e para as instituições, formaram-se dois grupos com essas
balizas fundamentais: uma para a área comunitária, outra para as análises institucionais, mas
ambas preocupadas em analisarem as relações sociais e as intervenções possíveis.
De qualquer modo, cabe à Psicologia Social contribuir para o avanço da
consciência dos futuros profissionais, pois é ela a que se torna consciente da realidade sócio-
histórica na qual estão inseridos, desenvolvendo, portanto, atividades transformadoras. Sua
viabilidade está na troca constante de entre uma Universidade crítica, um profissional
questionador e a própria comunidade e instituições com suas questões prementes, levando a
sistematizações teóricas e a práticas revolucionárias. Envolve igualmente uma pesquisa do
cotidiano, tornando os sujeitos coparticipantes do saber desenvolvido, com consequências
práticas e irreversíveis. É necessário saber comunicar o conhecimento para as diversas esferas
que compõem a dimensão do trabalho e das organizações.
Para Guareshi (2008), a Psicologia Social vem tentando superar impasses,
produzir novas sínteses, ligar teoria à prática e mostrar a importância de levar em conta a
história e as ações dos seres humanos. Nas últimas décadas do século passado, por exemplo,
discutiram a ética das relações sociais, a prática da Psicologia Social, num retorno crítico
sobre si mesma, e, finalmente, a Psicologia e a questão social e política, indagando o que a
área de conhecimento tem a ver com a cidadania e a política. No início do século XXI voltam
as discussões para novas caminhos e novas práticas, tendo em mente as novas implicações
que traz a Psicologia Social. O que existia no seu começo era uma Psicologia afastada do
social e que começou a ser questionada ainda nos anos 1970. O que havia era uma soma de
indivíduos e de singularidades.
No Brasil, as discussões apontam para algo novo. O primeiro deles é a superação
da dicotomia entre teoria e prática, entre o falar e o fazer. Existe certa burocratização da
palavra, uma ênfase no retórico, em que é dada uma suma importância ao falar, tornando-o
preponderante a despeito da prática. Neste caso, inicia-se a separação entre o falar e o fazer. A
experiência é um conhecimento diferente, diferente de quem só fala e não pratica. O sujeito
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conhece diferenciadamente a partir da divisão entre conhecer e pratica, saber e fazer. Deve-se
evitar que a realidade se transforme em vultos e fluxos apenas. As palavras não podem ser
roubadas e esvaziadas, transformando-se em meras virtualidades. Sem a prática, as
instituições, o trabalho, as organizações, tudo isso se transforma em centrais burocratizadoras
que se distanciam de ações concretas e do mundo da vida.
Uma segunda contribuição da Psicologia Social às estruturas organizacionais e ao
trabalho é a questão da ética. O mundo havia abandonado a ética, trocando-a pela razão
instrumental, em que a ciência tornou-se neutra, sem um determinado valor. Não se pode
pensar em uma ação sem que ela tenha uma dimensão ética. Agir é causar ou impedir
intencionalmente uma mudança no mundo. Segundo essa definição, permitir ou omitir-se é
uma ação, podendo-se deixar algo como está ou permitir que algo aconteça. Não se discutia a
ética, mas somente a dimensão ontológica, a metafísica, e a dimensão epistemológica, a teoria
do conhecimento. Como nunca pode ficar de fora em qualquer situação, o que permaneceu foi
uma ética da razão instrumental. Nos trabalhos de hoje, porém, busca-se a incorporação da
ética nas investigações e na prática conforme os conhecimentos adquiridos.
Uma terceira contribuição é a redescoberta da comunidade, ligada intimamente à
questão do cotidiano, da ação comunicativa e da racionalidade comunicativa. Volta-se
especialmente para a vivência plena do cotidiano como possibilidade de resolução de
inúmeras irracionalidades. O cotidiano é tudo aquilo que não pensamos, mas está lá para que
nós nos comuniquemos e para que solucionemos o que é prático, como a luz, o transporte, a
comunicação. Não só no nível material, mas também no convívio social. Finalmente, uma
quarta contribuição, o respeito aos diferentes saberes, do que é ciência, e uma reabilitação do
saber popular, do saber do senso comum.
Segundo Jaques (2008), essas contribuições não podem ser entendidas sem uma
solução de crise que se abateu sobre a Psicologia Social em sua formação histórica. A
fragmentação das Ciências Humanas e Sociais em diversas disciplinas e a dicotomia
indivíduo-sociedade alicerçam o reconhecimento da Psicologia Social como ciência
independente no final do século XIX. Toma das ciências físicas e naturais os métodos de
investigação, renunciando a seu passado filosófico e a seus princípios epistemológicos. Reduz
o complexo ao simples, o global ao elementar, a qualidade à quantidade. O modelo
experimental consolida a inclusão da Psicologia no campo científico, com os objetivos de
prever, controlar e manipular o comportamento humano. Com este comportamento é chamada
a intervir no espaço industrial, nascendo assim uma das suas áreas de aplicação.
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recursos, similares a recursos financeiros e materiais. A gestão de pessoas, por outro lado,
vem sendo percebida como uma função gerencial, visando à cooperação dos trabalhadores
para se alcançarem objetivos organizacionais e individuais, organizando e gerenciando o
comportamento humano no ambiente do trabalho.
Hoje, no século XXI, novas características, como a intuição e a criatividade, vem
sendo relacionadas como importantes no desempenho humano no trabalho. Elas confirmam a
ênfase das empresas aos conhecimentos, habilidades, inteligência e emoções das pessoas com
as quais trabalha, tendo em vista sua subjetividade. Com esse modelo de gestão de pessoas, é
necessário conhecer o que é valorizado pelas pessoas integrantes das organizações.
Em contraste, o acirramento da concorrência entre as empresas, dentre outros
fatores, tem contribuído para a piora das condições de saúde física e psicológica do
trabalhador, o que resulta em prejuízos à produtividade e à satisfação no trabalho. Outras
ameaça à condição produtiva e laboral nas organizações são a competitividade intra e
interequipes, mecanismos de controle e a própria sobrecarga de trabalho. São formas
contemporâneas de gestão do trabalho que comportam ameaças à produtividade e à satisfação
dos trabalhadores.
Em virtude dessa complexidade e diversidade de fatores, a gestão de pessoas se
constitui como elemento essencial para a busca de bem-estar, justiça organizacional e
qualidade de vida. É nesse quesito que se aproveita a intervenção de profissionais preparados
que reconheçam o entrelaçamento de todas essas dimensões. Para tanto, entra em cena a
Psicologia Social. Historicamente tem atendido demandas clássicas circunscritas ao
recrutamento, seleção, treinamento. Contudo, outras práticas vêm sendo incorporadas à
atuação dos psicólogos sociais, como busca de qualidade de vida, saúde e bem-estar no
trabalho, que expressa uma atitude bem estratégica, alinhada a políticas e práticas
organizacionais.
Conclusão
REFERÊNCIAS