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CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA SOCIAL ÁS ORGANIZAÇÕES DO

TRABALHO E GESTÃO DE PESSOAS


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Introdução

No princípio, a partir de seu nascimento, a Psicologia, como um todo, tinha como


parâmetros, a clínica e a educação, sendo dada maior importância ao primeiro, em virtude do
status que o acompanhava. Ao longo das décadas, novas condições foram surgindo,
principalmente em relação ao trabalho e ao cenário industrial do começo do século XX,
exigindo a intervenção de novos profissionais nas relações entre os trabalhadores e as
organizações do trabalho. Surgiu assim a Psicologia Social.
Dentre as suas contribuições às organizações do trabalho e à gestão de pessoas,
está a superação do tripé recrutamento, seleção e treinamento de pessoa. A ocupação do
psicólogo era escolher a melhor função do trabalhador, sua satisfação e a produtividade da
empresa. A partir das últimas décadas do século passado, buscam-se dimensões mais
complexas, como valorização do cotidiano, a ética e a redescoberta da comunidade. Além
disso, contribui essencialmente para as novas dimensões das relações pessoais no interior das
organizações do trabalho, muito mais complexas, e relacionadas com o bem-estar dos
trabalhadores.

Desenvolvimento

A Psicologia nasceu sob a proteção de dois sustentáculos, a medicina e a


educação, mas foi a relação com o primeiro que a deixou mais visível. O psicólogo clínico
ganhou uma prática curativa dos distúrbios mentais, do que uma prática preventiva,
característica da Psicologia Educacional. O currículo dos cursos em 1962, quando a disciplina
foi regulamentada por lei, preocupava-se com uma formação polivalente: clínica, trabalho e
educação, afirma Lane (2008), mas os cursos acabavam priorizando a formação clínica mais
do que a educacional, mais por exigência dos alunos do que por princípio, principalmente
devido ao status de doutor concedido aos psicólogos clínicos.
Na verdade, há uma enorme porcentagem de psicólogos no mercado de trabalho.
Resta saber o que está fazendo esse grande número, já que estudos dos Conselhos Regionais e
Federal de Psicologia revelam que os profissionais dedicam pouco tempo à profissão, não o
suficiente para viverem dela. Deve-se procurar uma crítica às teorias e às práticas da
psicologia no cenário nacional a fim de saber se estão atingindo os objetivos propostos,
especialmente na área de trabalho e das estruturas organizacionais. Se a prática é curativa ou
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preventiva, resta saber se o sujeito de seu trabalho se reconhece como uma individualidade
num contexto sócio-histórico.
Nessa experiência, perpassa-a um conjunto de relações, atingidas pela lógica e
pela ideologia das instituições, definindo papéis sociais, normas, valores e objetivos a serem
atingidos. O psicólogo volta-se para o desenvolvimento pleno da subjetividade constituída
pelas categorias fundamentais do psiquismo humano e das funções psicológicas superiores,
como memória, imaginação e criatividade, que são essenciais para a liberdade do ser humano.
Ao passar para as comunidades e para as instituições, formaram-se dois grupos com essas
balizas fundamentais: uma para a área comunitária, outra para as análises institucionais, mas
ambas preocupadas em analisarem as relações sociais e as intervenções possíveis.
De qualquer modo, cabe à Psicologia Social contribuir para o avanço da
consciência dos futuros profissionais, pois é ela a que se torna consciente da realidade sócio-
histórica na qual estão inseridos, desenvolvendo, portanto, atividades transformadoras. Sua
viabilidade está na troca constante de entre uma Universidade crítica, um profissional
questionador e a própria comunidade e instituições com suas questões prementes, levando a
sistematizações teóricas e a práticas revolucionárias. Envolve igualmente uma pesquisa do
cotidiano, tornando os sujeitos coparticipantes do saber desenvolvido, com consequências
práticas e irreversíveis. É necessário saber comunicar o conhecimento para as diversas esferas
que compõem a dimensão do trabalho e das organizações.
Para Guareshi (2008), a Psicologia Social vem tentando superar impasses,
produzir novas sínteses, ligar teoria à prática e mostrar a importância de levar em conta a
história e as ações dos seres humanos. Nas últimas décadas do século passado, por exemplo,
discutiram a ética das relações sociais, a prática da Psicologia Social, num retorno crítico
sobre si mesma, e, finalmente, a Psicologia e a questão social e política, indagando o que a
área de conhecimento tem a ver com a cidadania e a política. No início do século XXI voltam
as discussões para novas caminhos e novas práticas, tendo em mente as novas implicações
que traz a Psicologia Social. O que existia no seu começo era uma Psicologia afastada do
social e que começou a ser questionada ainda nos anos 1970. O que havia era uma soma de
indivíduos e de singularidades.
No Brasil, as discussões apontam para algo novo. O primeiro deles é a superação
da dicotomia entre teoria e prática, entre o falar e o fazer. Existe certa burocratização da
palavra, uma ênfase no retórico, em que é dada uma suma importância ao falar, tornando-o
preponderante a despeito da prática. Neste caso, inicia-se a separação entre o falar e o fazer. A
experiência é um conhecimento diferente, diferente de quem só fala e não pratica. O sujeito
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conhece diferenciadamente a partir da divisão entre conhecer e pratica, saber e fazer. Deve-se
evitar que a realidade se transforme em vultos e fluxos apenas. As palavras não podem ser
roubadas e esvaziadas, transformando-se em meras virtualidades. Sem a prática, as
instituições, o trabalho, as organizações, tudo isso se transforma em centrais burocratizadoras
que se distanciam de ações concretas e do mundo da vida.
Uma segunda contribuição da Psicologia Social às estruturas organizacionais e ao
trabalho é a questão da ética. O mundo havia abandonado a ética, trocando-a pela razão
instrumental, em que a ciência tornou-se neutra, sem um determinado valor. Não se pode
pensar em uma ação sem que ela tenha uma dimensão ética. Agir é causar ou impedir
intencionalmente uma mudança no mundo. Segundo essa definição, permitir ou omitir-se é
uma ação, podendo-se deixar algo como está ou permitir que algo aconteça. Não se discutia a
ética, mas somente a dimensão ontológica, a metafísica, e a dimensão epistemológica, a teoria
do conhecimento. Como nunca pode ficar de fora em qualquer situação, o que permaneceu foi
uma ética da razão instrumental. Nos trabalhos de hoje, porém, busca-se a incorporação da
ética nas investigações e na prática conforme os conhecimentos adquiridos.
Uma terceira contribuição é a redescoberta da comunidade, ligada intimamente à
questão do cotidiano, da ação comunicativa e da racionalidade comunicativa. Volta-se
especialmente para a vivência plena do cotidiano como possibilidade de resolução de
inúmeras irracionalidades. O cotidiano é tudo aquilo que não pensamos, mas está lá para que
nós nos comuniquemos e para que solucionemos o que é prático, como a luz, o transporte, a
comunicação. Não só no nível material, mas também no convívio social. Finalmente, uma
quarta contribuição, o respeito aos diferentes saberes, do que é ciência, e uma reabilitação do
saber popular, do saber do senso comum.
Segundo Jaques (2008), essas contribuições não podem ser entendidas sem uma
solução de crise que se abateu sobre a Psicologia Social em sua formação histórica. A
fragmentação das Ciências Humanas e Sociais em diversas disciplinas e a dicotomia
indivíduo-sociedade alicerçam o reconhecimento da Psicologia Social como ciência
independente no final do século XIX. Toma das ciências físicas e naturais os métodos de
investigação, renunciando a seu passado filosófico e a seus princípios epistemológicos. Reduz
o complexo ao simples, o global ao elementar, a qualidade à quantidade. O modelo
experimental consolida a inclusão da Psicologia no campo científico, com os objetivos de
prever, controlar e manipular o comportamento humano. Com este comportamento é chamada
a intervir no espaço industrial, nascendo assim uma das suas áreas de aplicação.
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É neste momento, no princípio do século XX, quando se acham em pleno


desenvolvimento os preceitos tayloristas, que os psicólogos são chamados a contribuir com os
propósitos de desenvolver testes para selecionar o melhor trabalhador para cada função, a
máxima eficiência e os efeitos dos aborrecimentos e dos trabalhos repetitivos sobre o
comportamento. Iniciam-se os primeiros estudos sobre seleção de pessoal. Com a intervenção
dessa disciplina, os princípios da Administração Científica são questionados. São
determinantes os fatores psicológicos sobre a produtividade. A ênfase no modelo de gestão de
pessoal aos aspectos psicológicos individuais sobre o desempenho no trabalho, faz-se presente
uma produção teórica em Psicologia Social. Fornece, assim, os pressupostos teóricos sobre
atitudes, motivações, processos grupais, entre outros temas, indispensáveis para as práticas da
chamada Psicologia Industrial.
É desse modo que a Psicologia Social faz sua melhor contribuição ao espaço
laboral, na gestão de pessoas e nas estruturas organizacionais. Ela desempenha sua melhor
disposição ao propor que o indivíduo realiza tanto mais quanto melhor estiver adaptado a sua
função. Adaptação, equilíbrio e cooperação são os pressupostos que relacionam as diversas
atividades propostas, e ainda a seleção, acompanhamento de pessoal e os treinamentos em
relações humanas. A partir desse modelo, a expressão organização se divulga e se consolida
no campo da administração e da gestão de pessoas. É inspirada principalmente no
comportamento e funcionamento dos órgãos dos seres vivos, no estudo da Biologia. A
organização passa a ser uma expressão abrangente que visa dar conta dos diversos setores
econômicos, um sistema em mudança constante que só sobrevive e cresce através da
adaptação ao ambiente.
Essas transformações podem ser percebidas desde as últimas décadas do século
passado, conforme afirmam Schmidt, Krawulski e Marcondes (2013). São significativas as
transformações nos contextos produtivos, por causa dos avanços tecnológicos, modificações
na estrutura e na cultura organizacional e um desses elementos que mais se destacam é o
reconhecimento da interdependência entre desempenho organizacional e as pessoas de seu
contexto. Para prosperar todas as organizações dependem do desempenho humano. As
pessoas constituem fontes de vantagens competitivas, tendo em vista seu valor,
potencialidades e qualidades. Portanto, o aspecto crucial da competitividade organizacional
está relacionado a gestão das pessoas no trabalho.
É uma tendência sem volta o reconhecimento da importância do fator humano nas
organizações. A expressão gestão de pessoas surgiu no final do século XX para substituir o
termo administração de recursos humanos, que se restringia a considerar pessoas como
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recursos, similares a recursos financeiros e materiais. A gestão de pessoas, por outro lado,
vem sendo percebida como uma função gerencial, visando à cooperação dos trabalhadores
para se alcançarem objetivos organizacionais e individuais, organizando e gerenciando o
comportamento humano no ambiente do trabalho.
Hoje, no século XXI, novas características, como a intuição e a criatividade, vem
sendo relacionadas como importantes no desempenho humano no trabalho. Elas confirmam a
ênfase das empresas aos conhecimentos, habilidades, inteligência e emoções das pessoas com
as quais trabalha, tendo em vista sua subjetividade. Com esse modelo de gestão de pessoas, é
necessário conhecer o que é valorizado pelas pessoas integrantes das organizações.
Em contraste, o acirramento da concorrência entre as empresas, dentre outros
fatores, tem contribuído para a piora das condições de saúde física e psicológica do
trabalhador, o que resulta em prejuízos à produtividade e à satisfação no trabalho. Outras
ameaça à condição produtiva e laboral nas organizações são a competitividade intra e
interequipes, mecanismos de controle e a própria sobrecarga de trabalho. São formas
contemporâneas de gestão do trabalho que comportam ameaças à produtividade e à satisfação
dos trabalhadores.
Em virtude dessa complexidade e diversidade de fatores, a gestão de pessoas se
constitui como elemento essencial para a busca de bem-estar, justiça organizacional e
qualidade de vida. É nesse quesito que se aproveita a intervenção de profissionais preparados
que reconheçam o entrelaçamento de todas essas dimensões. Para tanto, entra em cena a
Psicologia Social. Historicamente tem atendido demandas clássicas circunscritas ao
recrutamento, seleção, treinamento. Contudo, outras práticas vêm sendo incorporadas à
atuação dos psicólogos sociais, como busca de qualidade de vida, saúde e bem-estar no
trabalho, que expressa uma atitude bem estratégica, alinhada a políticas e práticas
organizacionais.

Conclusão

A Psicologia Social nasceu sob a égide da clínica e da educação preventiva. Com


o passar do tempo, vieram aas críticas sobre a prática desses profissionais no cenário do
cotidiano e do trabalho. Nessa experiência, um conjunto de relações surge, perpassadas por
critérios, normas, regras, valores e objetivos a serem atingidos. O psicólogo se volta para a o
desenvolvimento pleno da subjetividade do indivíduo e as funções superiores como memória,
imaginação e criatividade.
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Dentre as contribuições da Psicologia Social para as organizações do trabalho e


gestão de pessoas estão a superação da dicotomia entre teoria e prática, a inserção da ética nas
relações sociais das organizações do trabalho, a redescoberta da comunidade e, sobretudo,
contemporaneamente, a inserção na gestão de pessoas de novas características que vão além
do recrutamento, seleção e treinamento de trabalhadores, que são a intuição, o equilíbrio, a
inteligência, a saúde e o bem-estar.

REFERÊNCIAS

GUARESHI, Pedrinho A. Psicologia Social: estratégias, políticas e implicações. In: RIVERO,


Nelson Eduardo E. (Org.). Psicologia Social: estratégias, políticas e implicações. Rio de
Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008. p. 5-12. Disponível em:
<http://books.scielo.org/id/gbqz7/pdf/rivero-9788599662861.pdf> Acesso em: 22/09/2018.
JACQUES, Maria da Graça Corrêa. Contribuições da psicologia social para o trabalho e as
organizações. In: SILVEIRA, A. F et al. Cidadania e Participação social [online]. Rio de
Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008, p. 77-83. Disponível em
<http://books.scielo.org/id/hn3q6/pdf/silveira-9788599662885-08.pdf> Acesso em:
22/09/2018.
LANE, Sílvia T. Maurer. Psicologia Social: teoria e prática. In: RIVERO, Nelson Eduardo E.
(Org.). Psicologia Social: estratégias, políticas e implicações. Rio de Janeiro: Centro
Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008. p. 13-30. Disponível em:
<http://books.scielo.org/id/gbqz7/pdf/rivero-9788599662861.pdf> Acesso em: 22/09/2018.
SCHMIDT, Beatriz; KRAWULSKI, Edite; MARCONDES, Renatto Cesar. Psicologia e
gestão em organizações do trabalho: investigando a perspectiva estratégica de atuação.
Revista de Ciências Humanas, v. 47, n. 2, p. 344-361, out. 2013. Disponível em:
<https://periodicos.ufsc.br/index.php/revistacfh/article/.../27313> Acesso em: 22/09/2018.

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