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Jurisdição Constitucional

Thiago Varela

Aula 1 | 02.08.11

O sistema de controle de constitucionalidade é um sistema de defesa da constituição. Por que a


constituição é suprema, está no ápice do ordenamento jurídico? A Constituição é um fenômeno
extremamente recente, a primeira escrita é a americana de 1787.

A ideia central do pensamento liberal é garantir a liberdade do indivíduo. Antes, o mundo se organizava
na base do absolutismo monárquico, com a formação dos estados nacionais. A ideia é que o rei manda
e ponto final. Era um sistema baseado em homens e não em leis. A vontade do rei era suficiente para
condenar uma pessoa, para mudar uma regra, uma lei.

O movimento do liberalismo começa com a ideia de abalar o trono. A ideia de que merecem ter um
governo de leis e não de homem. A ideia é limitar o poder estatal, através do seguinte raciocínio: o
individuo não é livre enquanto o poder do estado for absoluto. Um governo absoluto não é bom para o
individuo. Só há liberdade com o poder do estado limitado.

Quem percebeu isso foram os americanos. Em 1776, foi declarada a independência. Esse foi um marco
do liberalismo. O governo inglês era extremamente opressor, a taxação era muito forte. As colônias,
que eram 13, passaram a se organizar em conjunto e chegaram a concluso que apenas 1 colônia não
teria como enfrentar a Inglaterra, mas se as 13 juntas teriam chance, assinando a declaração de
independência e indo a guerra.

As 13 colônias tiveram a independência e se mantiveram juntas através de uma forma de estado


chamada confederação. A característica básica da confederação é que os entes são soberanos e
independentes, então formaram 13 estados independentes, como se fossem 13 países, mas que
estavam em harmonia.

O fato de ser uma confederação era ótimo, mas decisões unânimes não são fáceis. Havia uma discussão
muito forte nos EUA dizendo que deveria haver uma mudança, unindo os 13 estados em 1 país só. Os
defensores dessa ideia eram chamados de federalistas.
A Convenção de Filadélfia de 1787 tinha o objetivo de rediscutir os artigos da confederação americana.
Cada estado enviou delegados para essa convenção, menos Rhode Island. Nessa convenção, houve o
embate entre os federalistas e os anti-federalistas, e os federalistas venceram. Percebem que não tem
mais como manter 13 estados independentes, e decidem se unir em 1 só. Isso nada mais foi do que a
criação de um país. Para a criação de um país, elaboraram um documento que foi chamado de
Constituição, porque estavam constituindo um novo país.

Quando se cria um país, deve-se organizar o Estado. Por isso, a Constituição prevê a organização do
Estado, limitando o exercício do poder político. A Constituição foi criada para evitar que se tivesse
tirania, como havia no absolutismo. Eles inventaram a ideia do presidente, de uma pessoa que
governasse durante um determinado período de tempo. O presidente governa, tendo que respeitar a
constituição. Os americanos desenharam na constituição toda a organização do estado, com o sistema
de freios e contrapesos.

Só há democracia com poder limitado e só há poder limitado quando há uma lei acima de todos que
não pode ser desobedecida. O guardião da constituição é o guardião da ordem democrática. A
constituição americana foi assinada por todos os estados menos aquele que não participou. 2 anos
depois, a franca faz sua revolução e a ideia de constituição se espalha no mundo inteiro justamente
com a ideia de limitar o poder. Depois, começou a surgir a função de instituir direitos fundamentais.
Essas são as três principais funções da constituição: organizar o estado, limitar o poder e instituir
direitos fundamentais.

Aula 2 | 04.08.11

Quando pensando em uma confederação, a base jurídica tem que ser um tratado internacional, porque
são países independentes negociando. A ideia de serem 13 estados atuando em conjunto não era uma
ideia que dava certo porque em uma confederação as decisões têm que ser unânimes, e isso é muito
difícil. Foi elaborado um documento político-jurídico que organizou o novo país que estava sendo
criado.

Função da Constituição:
1 – Organizar o Estado
2 – Disciplinar e limitar o exercício do Poder Político
3 – Instituir os Direitos Fundamentais básicos dos cidadãos

é preciso organizar o Estado limitando-o. Se não for assim, em última analise, não há liberdade. Mas,
como limitá-lo? É o próprio poder que se limita, não há outra forma. Isso é feito através da famosa
divisão de funções do estado – legislativa, executiva e judiciária. O poder do estado é uno e indivisível,
não se fraciona poder. O que se fraciona são as funções do estado. Essas funções são importantes para
limitar o poder, mas não basta.

Pensaram nos representantes de governo, como o Presidente, que ficaria no poder por um tempo
determinado. Isso organiza o executivo e o legislativo, na medida em que a ideia é que os
representantes do povo controlassem o presidente da republica. O judiciário ganha uma projeção
enorme com base justamente no seu papel de guardião da constituição, mas isso não foi pensado
nesse momento ainda.

A ideia dos Direitos Fundamentais não surgiu ainda. As duas primeiras funções eram suficientes para
garantir a liberdade do individuo. Mas, após 2 anos, a França entra na revolução francesa e com isso se
começa a Era das declarações de direitos. Apenas com as gerações de direitos que passou-se a
perceber, no mundo, os direitos fundamentais. Com o tempo, passou-se a perceber que esses direitos
têm que ser garantidos na constituição porque são fundamentais para o povo e limitam o poder
político.
A Constituição Brasileira de 1824 foi a primeira que nasceu com suas três funções básicas. As normas
que disciplinam essas três funções são as normas materialmente constitucionais. As normas que não
tratam disso, mas que estão na Constituição, são as normas formalmente constitucionais.

O parâmetro para o controle de constitucionalidade é a constituição formal. Quando se fala em


controle de constitucionalidade, se pensa nas leis que são formalmente constitucionais. Ex: o código
eleitoral limita o poder político, mas isso não da a ele status constitucional. Essa lei não importa para o
controle de constitucionalidade, só importam as regras que estão na constituição. Por isso se fala que o
que importa são as normas formalmente constitucionais.

Democracia: governo da maioria. Essa definição não é suficiente. A democracia é o governo da maioria,
mas essa maioria não tem poderes absolutos. A ideia de democracia é justamente de que ninguém tem
poder absoluto. O governo da maioria deve garantir a minoria, isso significa que as minorias precisam
ser ouvidas e respeitadas. Minoria não é um conceito numérico e sim, político. As minorias são aqueles
que tem menor participação política. Os negros são considerados minorias, assim como as mulheres, e
tem vantagem numérica.

A constituição tem como função a garantir da ordem democrática. Por isso, proteger a constituição é
proteger a democracia. Todo sistema de guarda da constituição é nesse sentido.

O juiz tem legitimidade no exercício da jurisdição constitucional? A lei passa por diversos níveis de
democracia até ser promulgada. Após isso tudo, é possível um juiz dizer que não vai aplicar a lei por
considerar inconstitucional? O juiz tem legitimidade que advém da sua competência, competência essa
de guarda da constituição. Se o órgão judicial permite o descumprimento da constituição, ele dá ao
governo a possibilidade de fazer o que quiser, basta que com um bom motivo. Se é permitida a violação
da constituição em um tema especifico, permite-se a violação da constituição em qualquer tema. A
legitimidade dos órgãos judiciários é para garantir a democracia política.

Modalidades de controle

Quanto ao momento:
- Prévio: controle em cima de projetos de lei, antes da norma produzir seus efeitos.
- Repressivo: controle depois que a norma produz efeitos.

Quanto ao órgão controlador:


- Político: controle por órgão político. Pelo legislativo, através das comissões de constituição e justiça.
Esse controle não necessariamente é apenas prévio, pode ser repressivo, como no caso do art. 62, § 5º.
- Judicial: quando o órgão é integrante do poder judiciário. Pode ser difuso ou concentrado.

Aula 3 | 09.08.11

Quanto à forma:
- Formal: analisa a forma que a norma se apresenta, o respeito ao processo legislativo (art. 59 ao 69,
CF). Ex: norma aprovada sem o quórum adequado. Quando o projeto é aprovado na câmara e é
alterado pelo senado, se a alteração não for significativa, sem alterar o sentido do projeto de lei, ele
segue direto para sanção presidencial. Não é necessário, portanto, voltar a câmara dos deputados.
Então, não é toda alteração de projeto de lei feita pela casa revisora que faz o projeto voltar a casa
iniciadora – o STF aceita isso.
EC 19: não atingia as cláusulas pétreas do art. 60, § 4º nem as clausulas pétreas implícitas. Mas, uma
parte não respeitou o art. 60, § 2º. Então, foi movida uma ADI contra essa parte da EC.

Obs.: emenda a constituição não passa pelo veto do presidente da república.

- Material: analisa o conteúdo da norma com a constituição. Analisa se o conteúdo da norma é de


acordo com o texto constitucional. Isso só não se aplica a emenda a constituição porque a EC existe
justamente para alterar a constituição, então é evidente que ela é contraria a constituição. A EC terá
uma inconstitucionalidade quando ela violar uma das clausulas pétreas expressas ou implícitas.

Quanto ao sistema de controle


- Difuso: feito por todos os órgãos do poder judiciário.
- Concentrado: realizado apenas pelos órgãos de cúpula do poder judiciário.

O Brasil mistura esses dois modelos. Todo o juiz tem esse poder de reconhecer ou declarar a
inconstitucionalidade de uma norma e deixar de aplicar em um caso concreto. Mas, temos também o
controle concentrado feito pelos órgãos de cúpula do poder judiciário.

Nosso poder judiciário possui uma dicotomia em razão do principio federativo. Temos uma dualidade
de poderes judiciários – o da união e os dos estados. O órgão supremo do poder judiciário estadual é o
tribunal de justiça. Esse tribunal é o órgão de cúpula do poder judiciário estadual e ele é o órgão
competente para exercer o controle concentrado em relação à constituição estadual (art. 125, § 2º -
representação de inconstitucionalidade - também chamada de ADI estadual). Isso revela que o controle
concentrado não é aquele feito apenas pelo STF.

Quanto às vias de controle:


- Abstrato (via de ação): analisa se uma norma é inconstitucional em tese. A questão constitucional é
efetivamente o mérito da ação, é o pedido.
- Concreto (via de exceção): é feito em cima de uma lide, de uma demanda, de um caso concreto.
Chama-se de exceção porque o mérito do processo não é discutir uma questão constitucional, esse não
é o pedido e sim a causa de pedir, é o fundamento do pedido. Exceção – defesa indireta de mérito.
Mas, aqui, pode usada pelo autor e pelo réu e não apenas pelo réu.

O controle difuso admite a modalidade abstrata? Há quem diga que é possível fazer isso por ação civil
pública, mas a jurisprudência não vê isso com bons olhos na medida em que acha que se usa a ACP
como ADI. Tirando essa questão da ACP, o controle difuso segue a modalidade concreta.
O controle concentrado em regra é abstrato. É incompatível o controle concentrado concreto? Não é
incompatível e no direito brasileiro existe pelo menos um caso. É no caso da ação de representação
interventiva. Essa ação era de controle concentrado porque só cabia seu julgamento pelo STF e era
relativa a um caso concreto em que se verificava se um ente violou principio sensível do art. 34, VII.
Com a EC 45, foi colocada mais uma hipótese de ação de representação interventiva.

Aprofundando alguns tipos de controle...


- Controle político:
Há duas espécies de veto do presidente da republica: por inconstitucionalidade (veto jurídico) ou por
ser contra ao interesse público (veto político). O veto político não demonstra a participação do
presidente no controle de constitucionalidade porque ele analisa apenas os critérios de conveniência e
oportunidade; isso se dá apenas pelo veto jurídico.

Existe possibilidade de veto em MP porque uma vez editada ela ingressa no Congresso Nacional para
ser convertida em lei. Nesse caso, os parlamentares podem alterar o texto da MP, então é possível que
haja uma modificação enorme na MP, então o presidente pode vetar. Na realidade, o veto não é da MP
e sim do projeto de lei da MP.

- Controle prévio:
Em geral, é feito por órgão político – comissão de constituição e justiça e o veto jurídico do presidente.
Mas, é possível que esse controle seja feito pelo judiciário, apesar de isso ser exceção. O judiciário pode
fazer esse controle em caso de mandado de segurança impetrado por parlamentar. O STF que fará essa
analise, mas isso se dará apenas quando o MS for para garantir o direito líquido e certo do parlamentar
de participar de processo legislativo constitucionalmente estabelecido.

Só quem pode participar do processo legislativo é quem foi eleito deputado ou senador. Esse é um
direito líquido e certo. Líquido porque tem limitação quando a sua extensão e é certo porque não há
duvidas quanto a sua existência.

Art. 58, § 2º, I: nem todas as discussões precisam ir a plenário. Isso é valido quando falamos em lei
ordinária porque não há quorum especifico estabelecido, o quorum é o do art. 47 – maioria simples. A
maior parte das leis ordinárias não vai a plenário. Diferentemente das leis complementares e EC que
devem ir.

O STF não vai entrar uma inconstitucionalidade formal porque o projeto de lei ainda pode ser corrigido
até que seja provado. Mas, o STF admite esse controle prévio quando o parlamentar entra com MS
alegando que tem o direito liquido e certo de não discutir projeto de EC que viole clausula pétrea do
art. 60, § 4º. Isso é possível porque o § 4º diz que não será objeto de deliberação, então o congresso se
quer pode discutir aqueles temas.

Projeto de lei que não respeitou uma regra do regimento interno do tribunal da Bahia: esse projeto é
constitucional e não cabe apreciação do poder judiciário. Isso porque não desobedeceu à
constitucional e sim regimento interno.
- Controle repressivo:
É o campo próprio do poder judiciário, mas é possível ter esse controle de maneira política – art. 62, §
5º e 49, V.

Art. 62, § 5º: a MP deve ser convertida em lei e deve sempre ser uma exceção porque quem faz as leis
é o poder legislativo. Seus pressupostos são: urgência e relevância. O § 5º possibilita o controle de
constitucionalidade feito pelo congresso nacional no âmbito de uma MP. Se a câmara entende que a
MP não é relevante ou urgente, é possível que rejeite a MP. Às vezes o conteúdo da MP é
constitucional, mas por não haver os critérios de urgência ou relevância, a MP é inconstitucional. Isso é
um controle de constitucionalidade político e repressivo porque a MP produz efeitos assim que é
editada.

Art. 49, V: o art. 68 fala em lei delegada – quando o presidente pede ao congresso nacional autorização
para legislar sobre uma matéria. Na pratica, isso é pouquíssimo usado porque os presidentes acabam
editando MP. É possível que o congresso edite um decreto legislativo sustando uma parte da lei
delegada por ter exorbitado da competência delegada. É repressivo esse controle porque a lei delegada
produz efeitos uma vez editada. A outra hipótese desse artigo é quando o presidente exorbita de seu
poder regulamentar. As leis são elaboradas pelo congresso nacional e cabe ao poder executivo
regulamentá-las. Essa regulamentação não pode dizer mais do que a lei disse nem dizer nada contrário
a lei. Se fizer, terá um controle de constitucionalidade político repressivo, porque o decreto já produz
efeitos.

Obs.: decreto legislativo não esta sujeito a veto por ser de competência exclusiva.

Aula 4 | 11.08.11

O parlamento inglês se divide na câmara dos lordes e dos comuns. A Inglaterra não tem uma
constituição escrita, mas tem um tribunal constitucional. Para o Inglês, a segurança é a soberania do
parlamento, ou seja, o parlamento pode tudo. O conflito que existia era entre o parlamento e o Rei,
então o que daria segurança era o parlamento (representantes do povo) poderem tomar todas as
decisões. Nós nos sentimos mais seguros com a ideia de separação de poderes, mas a Inglaterra tem
outro sistema jurídico, por isso eles pensam de uma maneira diferente.

O nosso sistema é o romano germânico (civil law) enquanto que o sistema inglês é o da common law.
Hoje temos cinco sistemas: socialista, common law, sistema oriental, sistema mulçumano e sistema
romano germânico. A civil law tem como fonte principal a lei, porque se baseia no direito escrito. A
common law, por sua vez, tem como fonte principal o costume. Esses sistemas não foram escolhidos
por acaso, o direito é fenômeno cultural.

A Inglaterra tem esse sistema por que se foi dominada pelos romanos? O domínio não foi tão forte e
tão efetivo como na Europa Ocidental. Eles deixaram os ingleses viverem como viviam, apenas
cobravam tributos e etc. O mundo vinha em um desenvolvimento do direito consuetudinário. Quando
chega Roma, tem-se um corte enorme com o direito romano. Mas, na Inglaterra o direito
consuetudinário permaneceu porque Roma de certa forma permitiu isso. Nesse direito, o costume, a
tradição, a jurisprudência tem uma força muito grande, então deve-se conjugar a doutrina da soberania
do parlamento com essa cultura do inglês. Lei muda do dia para a noite, mas costume não; não se
muda uma tradição do dia para noite, então isso dá uma estabilidade ao sistema.

Ao mesmo tempo em que o parlamento pode tudo, ele não pode tanto assim porque ele está dentro
da common law, que supervaloriza o costume. Por isso, pode-se argumentar perante os tribunais a
invalidade de uma norma por ter violado o direito natural; pode-se invalidar uma decisão judicial por
ter descumprido um precedente. Isso revela que há na Inglaterra uma limitação do poder.

Marbury x Madison – texto do Polet


Nos EUA, o presidente John Adams tinha como secretário de estado o John Marshall. O presidente é
eleito (com seu vice-presidente) e forma seu governo com secretários, que são nossos ministros. Eles
podem ser demitidos a qualquer tempo pelo presidente e são nomeados por ele.

Um dos principais opositores de Adams foi Thomas Jefferson, que foi presidente em seguida. Então, o
governo de John Adams nomeou diversos integrantes de seu governo como integrantes do judiciário
porque uma vez nomeados, não podem ser demitidos pelo próximo presidente. O próprio John
Marshall foi nomeado presidente da suprema corte, cumulando com a função de secretario de estado.
Uma das nomeações foi de William Marbury para o cargo de juiz de paz para o condado de Columbia.
Essa carta de nomeação foi aprovada pelo senado americano e assinada pelo presidente. O secretario
de estado colocou o selo e estava pronta a nomeação. Ocorre que não deu tempo de entregar as cartas
de nomeação e o presidente seguinte nomeou James Madison.

Marbury entrou com uma ação contra o Madison pediu que ele lhe entregasse sua carta de nomeação
e pudesse exercer o cargo. Esse caso chegou a suprema corte sem que Madison tenha contestado,
então ocorreu revelia, que tem como efeito a confissão ficta dos fatos. Mas, a corte não está isenta de
julgar porque o réu pode ter o direito. Isso chega na suprema corte em um momento de tensão
enorme entre o executivo e a suprema corte.

O presidente Thomas Jefferson disse que não importava a decisão da suprema corte, porque ele não ia
cumprir. Ele disse que não ia entregar a carta de nomeação. Então, ou a suprema corte dava uma
sentença condenando o secretario de estado a dar a carta, decisão essa que seria cumprida, ou daria
uma sentença contrária ao que deveria ser dado, abaixando a cabeça para o presidente.

O presidente da suprema corte, John Marshall, para evitar a desmoralização, começou a julgar o mérito
primeiro para depois julgar questões prejudiciais. Isso não adiantaria nada, mas nesse caso adiantou.
Primeiro ele diz o que é a nomeação, que nada mais é do que o mérito da questão. Ele diz que ser
nomeado é um ato perfeito e acabado com assinatura do presidente, portanto a entrega não é ato
constitutivo da nomeação, é apenas um ato obrigatório da administração pública. Em segundo lugar,
ele diz se o autor tinha direito de ação e determina que todo cidadão tem o direito de buscar judiciário
para defender seus direitos. Aqui, ele submete os governos a constituição e coloca o poder judiciário
com o papel de guardião da constituição. Em terceiro, ele inventa uma preliminar dizendo que a
suprema corte não pode dar a providência requerida.
Com essa decisão, ele disse que Marbury tem o direito a nomeação, que cabe ao judiciário zelar pela
constituição e que todos têm que se submeter a ela, e no fim diz que não pode dar a providência
requerida. Dessa forma, se a nomeação for dada, ele cumpre a decisão e se ele não der, ele também
cumpre a decisão. Isso significa que a decisão não tinha como ser descumprida.

Aula 5 | 16.08.11

O controle de constitucionalidade no direito estrangeiro

- Modelo Francês
A França possui uma forte ênfase no controle preventivo de constitucionalidade.

Conselho constitucional: mandatos longos, mas há uma necessidade de renovação. O modelo de


constitucionalidade deles parte de uma corte constitucional, mas não há mandato fixo porque essas
cortes constitucionais fazem analises eminentemente políticas então isso pode gerar um problema
muito grande se os cargos fossem vitalícios. Apenas os ex presidentes que tem vitaliciedade. Esse
conselho sai do poder executivo e do legislativo, não sabem do poder judiciário uma vez que esse
poder não indica ninguém.

Competência: é semelhante a nossa justiça eleitoral, o que não deixa de ser uma jurisdição
constitucional na medida em que é relativo a formação dos poderes.

Uma vez suscitado o controle prévio perante o conselho, a promulgação da lei é adiada e a lei não
existe enquanto não tiver o pronunciamento definitivo do conselho constitucional.

- Modelo Italiano
Corte constitucional: composição de 15 juízes, com participação dos três poderes. Uma vez que a corte
decide, ela tem eficácia erga omnes, como é na maior parte das jurisdições constitucionais.

Um juiz italiano quando se depara com uma alegação de inconstitucionalidade de lei deve submetê-la
ao tribunal constitucional italiano. Ele não tem essa possibilidade de analisar.

- Modelo Alemão
O modelo de controle de constitucionalidade alemão é muito bom, por isso foi o modelo que
influenciou nossa lei 9.868 e 9.882.

O tribunal é órgão jurisdicional. Isso varia em cada constituição, e no modelo alemão ele é um órgão do
poder judiciário, só que regulamentado por lei ordinária. Ele é composto por dois senados
(câmaras/turmas). O conselho federal é nosso senado e o parlamento federal é nossa câmara dos
deputados – são eles que escolhem os membros do tribunal, mas pelo menos 3 membros tem que ser
do judiciário.
Os eleitos pelo conselho federal são mediante eleição direta com votos unitários de cada Estado. Mas,
os eleitos pelo parlamento federal são mediante eleição indireta, com eleição proporcional.

Nosso STF, para escolherem seu presidente, os ministros escolhem o ministro mais antigo, mas como o
regimento interno exige que haja eleição, todos votam no ministro mais antigo, a não ser o próprio que
vota no segundo mais antigo. Aqui, o quorum de deliberação é 8. Mas, para decidir uma ADI, o quorum
é de maioria absoluta, porque o art. 97, CF prevê assim. Isso significa que é a maioria entre presentes e
ausentes, então como o STF tem 11 membros, a maioria absoluta são 6 membros.

E se um ministro se der por impedido e o presidente negar seu voto de minerva? A natureza da ADI é
dúplice. Ela é uma ação de constitucionalidade que não pode ser julgada procedente por falta de
quorum, então se proclama a constitucionalidade da norma. Mas, para ter essa natureza dúplice com
eficácia erga omnes e efeito vinculante, também é preciso do quorum, então o STF apenas reconheceu
a presunção de constitucionalidade das leis.

O tribunal alemão não as decisões das instancias ordinárias, diferente do STF. Não há via processual
para acesso ao tribunal constitucional alemão, não há recurso.

Recurso Constitucional: se assemelha a nossa ADPF. A ADPF é uma ação de controle abstrato e não de
controle concreto.

O controle concreto segue a mesma lógica da corte italiana, eles suspendem os processos e enviam a
questão ao tribunal constitucional.

Aula 6 | 23.08.11

Controle de constitucionalidade no Brasil

- Constituição de 1824
Não trabalha com a ideia de um controle de constitucionalidade, isso não existia ainda. A guarda da
constituição cabia ao poder legislativo – art. 15, IX – então não tinha um sistema de controle de
constitucionalidade das leis. O poder judiciário é o único que pode realizar, de fato, o controle. O
legislativo nunca vai dizer que a lei que ele próprio criou é inconstitucional. Esse modelo de controle
feito pelo legislativo é utilizado nas constituições socialistas porque a premissa é que todo poder
emana do povo e somente o povo pode declarar a inconstitucionalidade de uma lei por ele editada. É
muito lindo, mas na pratica é completamente ineficaz.

- Constituição de 1891
Sofre forte influência da constituição norte-americana. Há tripartição de poderes, a ideia do presidente
da republica, responsabilidade do presidente e etc. A ideia do controle de constitucionalidade também
é copiado do modelo americano. Essa constituição dava instrumentos do controle, mas esses
instrumentos só foram exercidos por Rui Barbosa. Instrumentos esses para o controle difuso incidental.
O controle incidental surge no Brasil com essa constituição de 1891 e acaba sendo desenvolvido na
pratica.

- Constituição de 1934
Tem uma dupla paternidade: filha da revolução de 1930 (movimento tenentista liderado pelo Getulio
contra uma republica velha e monárquica) e da revolução constitucionalista de 1932. Apresenta
algumas inovações em termos de controle de constitucionalidade. Partimos de um momento em que
não havia nenhum controle para outro em que há o controle incidental e, em 1934, aparecem algumas
inovações. Art. 91, IV: o papel do senado surge porque não existia a regra de que “o que está decidido
não se mexe”, como no americano. O sistema americano se baseia no sistema do precedente, então
não se mexe no que se está decidido. Quando implementamos a ideia do controle de
constitucionalidade em 1891 e imitamos o modelo americano, colocamos o modelo sem essa regra.
mas, era necessário dar uma organizada no sistema para evitar a repetição. Por isso, adotamos o
modelo de participação política do senado no controle de constitucionalidade – o STF declara a
inconstitucionalidade e encaminha ao senado para que esse determine se a lei deve ser suspensa ou
não.

- Constituição de 1937
Em 1937, Getulio inaugura o Estado Novo. Ele da um golpe nele mesmo, saindo de um modelo
democrático para um modelo ditatorial. Para isso, é essencial que a constituição seja refeita. Art. 96,
caput: presunção de constitucionalidade das leis. § único: o tribunal declararia a inconstitucionalidade
de uma lei e se Vargas não gostasse, ele submeteria a questão ao congresso e se o congresso ratificasse
a lei por 2/3, a decisão do tribunal não teria efeito algum.

- Constituição de 1946
Brasil estava saindo de uma ditadura e há 1 ano acabara a 2ªGM. Constituição liberal, democrática que
visa romper com os vícios da tirania do governo autoritário de Vargas. Art. 64: remota o que a
constituição de 1937 tinha abolido da constituição de 1934. Tem aqui algo próprio para organizar, mas
privilegia o controle de constitucionalidade difuso na medida em que a causa será discutida em todas
as instancias até chegar ao supremo. Quando o supremo decidir que o senado poderá suspender o
efeito da lei. Tem-se, portanto, um mecanismo que substitui a regra de “não se mexe no que está
decidido” e privilegia o controle difuso.

- Constituição de 1967
Brasil passa a se utilizar de modelo hibrido de controle de constitucionalidade na medida em que se
passa a usar o modelo difuso e o concentrado. Art. 45: manteve a estrutura de controle difuso. Mas, no
art. 114, I, l, está prevista a criação da ação direta de inconstitucionalidade. Temos o controle de
constitucionalidade misto com prevalência do controle difuso já que só o Procurador Geral da
República poderia mover a ADIN.

- Constituição de 1969
Na essência, não há modificações.
A ADC foi criada em 1993 com a EC3. Mas, isso já foi tentado muito antes. Quando havia interesse do
poder executivo em ação declaratória de constitucionalidade, o Procurador Geral da República entrava
com uma ADI e, no momento do parecer dele mesmo (que tem que ser dado), ele dava um parecer
contrario ao próprio pedido dele dizendo que era constitucional.

- Constituição de 1988
Radicalmente diferente de todos. O Procurador Geral da República passa a ter uma estabilidade no
cargo, só podendo ser destituído do cargo com a aprovação da maioria absoluta do senado, o que
permitiu que em um ano, um Procurador Geral da República entrasse com uma ação penal contra o
Presidente Collor. O controle de constitucionalidade, especialmente a ação direta, passa a cuidar de
quase todos os setores da sociedade, uma vez que diversos setores podem mover a ação, como por
exemplo o presidente, os órgãos do governo, o Procurador Geral da República, partido político,
sociedade civil representada por confederações sindicais e etc – art. 103.

A partir disso, o STF cria a “pertinência temática”, um requisito de modo a restringir algo que o
constituinte de 88 não quis restringir.

A CF88 cria outras ações, como a ação direta de inconstitucionalidade por omissão e o mandado de
injunção, não para atacar ato inconstitucional, mas para atacar a própria omissão do poder público.
Ação de inconstitucionalidade dos estados, ação de representação interventiva (já existia em 34) e a
ADPF.

Hoje, temos a prevalência do modelo concreto.

Controle difuso de constitucionalidade

Feito no caso concreto. A questão constitucional é a causa de pedir e não o pedido.

Art. 468 e 472, CPC: a sentença faz coisa julgada às partes – sentença tem efeito interpartis.

Constitucionalidade é matéria de ordem publica na medida em que ninguém deve aplicar uma norma
que entender ser inconstitucional, por isso o juiz pode declarar a inconstitucionalidade no caso
concreto sem que tenha sido argüida pelas partes.

O objetivo é o mérito, mas ele não consegue decidir o mérito se não julgar a constitucionalidade antes,
é questão prejudicial. Por isso, é controle incidental. Se o juiz pode resolver o mérito sem entrar na
questão de constitucionalidade, ele deve fazer isso.

Aula 7 | 25.08.11

Pegar aula! Anotei mal!


O juiz não tem como resolver se um tributo é devido ou não sem analisar a constitucionalidade da lei.
Por isso, ele verifica a legislação, percebe que o caso está de acordo com as hipóteses de incidência,
então o tributo só não poderia ser cobrado se a lei fosse declarada inconstitucional. Se o caso não
estivesse em uma das hipóteses de incidência, ele não precisaria analisar a constitucionalidade da lei.

O que faz coisa julgada é apenas a parte dispositiva da sentença. Mas, a analise da questão prejudicial é
feita na parte de fundamentação, então não faz coisa julgada - art. 469, III, CPC. A questão
constitucional é questão prejudicial porque influi no mérito.

Art. 470: requisitos da ação declaratória incidental:


- requerimento da parte interessada
- competência do juiz em razão da matéria
- constituir pressuposto necessário para o julgamento da lide: ex – saber se o réu é pai do autor é
essencial para que esse seja condenado em alimentos. Se ficar provado que não é o pai, isso estará na
fundamentação da sentença. No dispositivo, só estará exposto que os pedidos foram improcedentes.
Mas, tem como a paternidade fazer coisa julgada? Sim, se a parte fizer uma ação declaratória incidental
logo após o exame de DNA, pedindo que seja feita coisa julgada quanto a isso.

A ação declaratória incidental pode ser usada no controle difuso? Não, não faz o menor sentido porque
o juiz não pode reconhecer a norma inconstitucional com força de coisa julgada, impedindo a
rediscussão da constitucionalidade da lei em outros juízos. Ele não tem competência para isso. Nem o
STF, ao julgar RE, faz com que a questão constitucional tenha efeito erga omnes, ele só poderá fazer
isso se oficiar o senado. Então, se nem o STF pode fazer isso, muito menos a 1ª instância.

- Controle difuso nos tribunais


Art. 480, CPC: a câmara ou turma pode rejeitar a alegação de inconstitucionalidade, podem acolher a
alegação ou podem reconhecer que a matéria não é nova, dizendo que isso já foi resolvido antes.

a. Alegação rejeitada: art. 481, 1ª parte, CPC. Processo continua normalmente, seguindo ao
julgamento do mérito da ação. Em razão da presunção de constitucionalidade, se a câmara rejeita, ela
entende que a norma é constitucional, então aplica-se a lei normalmente. Dessa forma, apenas a
câmara que decidirá sobre a constitucionalidade e não o pleno; isso se dá porque a CF prevê que o
pleno deve decidir nas declarações de inconstitucionalidade e não nos casos de constitucionalidade.

b. Alegação acolhida: art. 481, 2ª parte, CPC. A matéria será enviada ao tribunal pleno (cláusula de
reserva de plenário ou cisão funcional de competência).

Órgão especial é uma criação constitucional para organizar os tribunais maiores – art. 93, XI, CF. o que
deveria ir para o tribunal pleno, vai para o órgão especial.

Declaração de constitucional declarada por um juiz é menos grave do que declaração por tribunais. A
declaração por tribunais da um sinal de alerta para todo o judiciário do estado.
A decisão do pleno vincula as demais turmas do tribunal? Obviamente vincula a turma que suscitou a
duvida, mas e as outras turmas e os juízes de 1º grau? A maior parte entende que sim, mas o ideal é
que não. Art. 103 do Regimento Interno do TJ/RJ prevê exatamente que vincula todo mundo. Esse
artigo se baseia em uma ideia de economia processual e pela ideia de que o controle é objetivo, a
analise de constitucionalidade é objetivo, embora o processo seja subjetivo.

Por isso que se diz que o controle de constitucionalidade difuso está sendo esvaziado porque diversos
mecanismos estão fazendo com que o STF não seja o único a guardar pela CF.

Art. 481, § único, CPC: “quando já houver pronunciamento destes” está de acordo com o regimento
interno, como vimos acima. Mas quando a decisão for “do plenário do STF sobre a questão”, fica
complicado.

Exercício: segundo o professor, há necessidade de se realizar a cisão. Mas, o entendimento é que não
porque a decisão do STF vincula todos os tribunais do Brasil, uma vez que o STF é o guardião da
constituição. É o que está previsto claramente no § único acima. O pensamento é que não adianta
remeter isso ao órgão especial porque isso chegará ao plenário do STF e esse já tem entendimento
consolidado.

Art. 482, § 3º, CPC: amicus curie – existe no controle difuso de constitucionalidade.

Aula 8 | 30.08.11

Para ser possível interpor Resp, a decisão tem que vir de TJ ou TRF. Mas, para interpor RE não; é
possível RE de decisão de primeira instância, desde que essa decisão seja final (de única instância) –
art. 102, III, CF. Essa hipótese é rara, mas não é impossível.

A atribuição da alínea d era uma atribuição do STJ, mas a emenda 45 jogou isso para competência do
STF porque são questões que envolvem sempre um conflito federativo. Está se falando de repartição de
competência entre os entes federativos. A competência legislativa dos arts. 22 e 24 que estão em
questão. Esse conflito entre lei local e federal não é um mero conflito de legalidade, ele assume um
caráter de constitucionalidade, por isso é um conflito constitucional e é de atribuição do STF.

Houve um entendimento inicial de que nem sempre esse conflito espelharia um conflito federativo,
que seria apenas questão de legalidade. Nesses casos, quando tivesse aspecto de constitucionalidade,
seria de competência do STF. Isso levaria ao caos porque no momento da interposição do recurso não
se saberia a quem se deveria encaminhar. Hoje em dia esse entendimento já está superado e quando
houver o conflito, a competência é do STF.

Art. 97, CF: o STF é um tribunal e o artigo fala em “tribunal”, então ele se sujeita a clausula de reserva
de plenário, obviamente.
Em regra, a decisão de um RE tem eficácia interpartis – art. 468 e 472, CPC. Desde 1934 se pensou em
uma forma de que ampliar essa eficácia porque não tínhamos a ideia de “no que se está decidido não
se mexe mais”. Por isso, a constituição de 1934 criou a ideia de participação do Senado no controle de
constitucionalidade.

A lógica da participação do Senado é que o STF, uma vez reconhecida a constitucionalidade, o STF
comunicaria a ele sua posição e o Senado editaria uma resolução suspendendo a eficácia da lei – art.
52, X, CF.

Obs.: revogação é algo que só pode ser feito por lei de hierarquia superior. Resolução do Senado
Federal não revoga lei, resolução é ato normativo inferior a lei. lei não é feita apenas pelo Senado,
então ele não pode revogar lei nenhuma, ele apenas pode aditar uma resolução suspendendo a
eficácia de uma lei.

A ideia é de racionalizar as decisões judiciais. Se o STF já entendeu que a norma é inconstitucional,


imagina-se que não vai mudar de ideia. A analise é objetiva, então deve-se fazer com que essa decisão
valha para todos – não é possível a lei ser inconstitucional apenas para as partes; ela é inconstitucional
para todos.

Teorias sobre o art. 52, X, CF:


a.Obrigatoriedade: o senado é obrigado a suspender a eficácia da lei porque se o STF, que é o
guardião, já reconhecer que a norma é incosntitucional, o senado é obrigado a baixar uma resolução
suspendendo a eficácia da norma. É uma posição muito antiga que não existe mais.

b. Obrigatoriedade mitigada: o senado é obrigado apenas nas hipóteses do STF ter declarado a
inconstitucionalidade pelo voto da maioria absoluta dos seus membros. Na pratica, não há como o STF
reconhecer a inconstitucionalidade sem ser pela maioria absoluta de seus membros, então isso
significa que sempre que a inconstitucionalidade for reconhecida, o Senado tem que baixar uma
resolução.

c.Facultatividade: é a que prevalece. Quando o constituinte pensou nesse inciso, ele pensou em
uma analise política, se não ele poderia simplesmente ter colocado que as decisões do STF tenham
eficácia erga omnes. É um juízo político do senado, por isso ele edita a resolução se quiser, é uma
faculdade.

O acesso a justiça não envolve apenas a discussão de poder bater as portas do judiciário, mas envolve
também a saída da justiça, ou seja, os processos têm que acabar. A forma com que o processo é
desenvolvido no Brasil faz com que haja injustiça porque o réu, mesmo sem razão, por vezes é
beneficiado por ter diversos instrumentos que ajudam a retardar o processo. RE e Resp não podem ser
vistos como terceira instancia, eles não foram criados para rediscutir o caso. Tanto que o resp analisa
apenas a lei federal e o RE apenas a aplicação da CF, por isso esses tribunais apenas analisam o direito;
não analisam fatos.
Art. 543-A, § 1º e 2º, CPC: repercussão geral é clausula geral na medida em que é um conceito aberto.
Repercussão geral: transbordar os limites subjetivos da causa.

§ 3º: o legislador da uma força muito grande para o precedente do Supremo. Se o tribunal local não
seguiu a jurisprudência dominante do STF, há uma presunção de repercussão geral.

§ 5º: o STF admite a obrigatoriedade da repercussão geral desde a alteração de seu regimento interno.
Como essa alteração já foi feita, o STF não aceita nenhum RE que na tenha repercussão geral, nem em
matéria criminal.

Art. 543-B, § 1º: essa escolha, é claro que também há uma escolha política, não é só técnica. Só subirá
aqueles que o tribunal de justiça escolher. Se o recurso escolhido não tiver repercussão geral, os
recursos que ficaram sobrestados também não serão admitidos. Se o STF entender que há repercussão
geral, os recursos que estavam sobrestados continuam sobrestados até que o escolhido seja julgado.
Isso é complicado porque cada um tem seu argumento e às vezes você perde o recurso porque a
argumentação do recurso escolhido não foi tão boa. Esse é o ponto fraco da ideia de repercussão geral.

O RE está, na pratica, tendo eficácia erga omnes.

Final – Mit

- Mutação constitucional do art. 52, X

- HC 82.959 e Lei 11.464/07

Essa lei muda os requisitos para progressão de regime em caso de crimes hediondos. Condenados por
crimes hediondos antes da lei 11464 tem direito a progressão de regime nos termos do CP. Condenados
por crimes hediondos após a lei 11464 tem direito a progressão nos termos da lei. O legislador fez uma
lei dizendo que já que o STF entende que condenado por crime hediondo tem direito a progressão de
regime (HC 82959), então vamos criar uma lei para tornar mais rigorosa a progressão de regime. O
Congresso Nacional admitiu que a decisão do STF teve eficácia erga omnes.

- Transcendência dos motivos determinantes da decisão (Gilmar Mendes): mudança de interpretação


sem mudança do texto. Os motivos daquela decisão do STF transcendem os motivos subjetivos da lide.
No caso desses HC, foi mantida a inconstitucionalidade da lei de crimes hediondos e essa decisão
transcendeu àquele processo. Essa tese surgiu de uma Reclamação Constitucional (4.335).

Aula 9 | 01.09.2011

Reclamação Constitucional – art. 102, I, l, CF


Cabe em duas hipóteses:
(i) Preservação da competência do STF: as competências do STF estão previstas no art. 102, I, II e
III. Se algum tribunal invadir sua competência, cabe reclamação ao STF.
(ii) Garantia da autoridade de suas decisões: essa hipótese vinha sendo entendida como a
preservação de decisões do STF tomadas naquele processo. Ou seja, nos casos em que o STF já tomou
uma decisão no processo e ela não foi respeitada por outros tribunais. O STF nunca admitia reclamação
alegando que a posição do STF era X e o juiz aplicou Y porque considerava supressão de instancia, uma
vez que deveria ser interposta apelação.

Mas, houve um caso criminal específico, do Acre, que o STF recebeu a reclamação interposta pelo réu,
sem que esse tenha interposto apelação antes. O relator marco Aurélio disse que quando o STF decide
a inconstitucionalidade em um processo, ele não deixa de fazer uma analise objetiva, ou seja, qualquer
processo igual aquele terá a mesma decisão, então os efeitos são erga omnes. Ele introduz aqui a ideia
da transcendência dos motivos determinante. Dessa forma, o juiz foi contra a autoridade da decisão do
STF, então cabe reclamação direto ao STF.

Mas, e o artigo 52, X, CF? Segundo o relator, houve mutação constitucional, ou seja, o STF mudou a
interpretação dada ao dispositivo sem que o texto tenha sido alteração.

Exercício RT/Precatório:
Para se admitir que essa lei do Município B é inconstitucional, tem-se que admitir que a decisão que
declarou outra lei municipal inconstitucional tem transcendência dos motivos determinantes. Nessa
ADI, o STF começou a dizer que não cabe a transcendência dos motivos determinantes da decisão.

Reclamação 3014: município B entrou com reclamação alegando que a lei não poderia ser aplicada
porque uma lei similar do município A foi declarada inconstitucional. Por maioria, o STF afastou a tese
da teoria da transcendência dos motivos determinantes.

Obs.: reclamação 4335

Prova: opinião sobre a transcendência dos motivos determinantes.

- Controle concentrado
Feito pelos órgãos de cúpula do poder judiciário. Se é abstrato, concreto, incidental, direto é outra
pergunta.

Ações de controle concentrado:


ADI
ADC
ADI por omissão
Representação de Inconstitucionalidade
Ação de Representação Interventiva
ADPF
Normalmente, o controle concentrado é abstrato, ele analisa a inconstitucionalidade de uma norma em
tese, sua eficácia é erga omnes e o mérito é a questão constitucional (no difuso, a questão
constitucional é causa de pedir e não o pedido).

O controle concentrado é abstrato em todas as ações acima, menos na ação de representação


Interventiva. É de controle concentrado porque só o STF julga e é de matéria constitucional porque
trata de questões previstas expressamente na CF. Mas, não é abstrata porque o STF analisa se naquele
caso em concreto houve ou não violação da CF. O pedido é a intervenção federal e a causa de pedir é o
descumprimento de algum mandamento constitucional (a inconstitucionalidade não é o pedido e sim a
causa de pedir).

O controle concentrado não é feito exclusivamente do STF, ele é feito pelos órgãos de cúpula do
judiciário. Só o STF julga todas as ações acima, mas a Ação de Representação de Interventiva é julgada
pelo Tribunal de Justiça, que é o maior órgão da justiça estadual.

Controles:
- Difuso: é feito perante qualquer órgão do poder judiciário, seja de cúpula ou não.

- Concreto: feito no julgamento de um caso concreto, em que a questão constitucional seja causa de
pedir da ação.

- Abstrato: feito em tese, analisa abstratamente, sem nenhum caso concreto, sem lide, se a norma está
em harmonia com a CF. A questão constitucional é o pedido e as decisões terão eficácia erga omnes.

Aula 10 | 06.09.11

Aula Ana

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE – ADI

Art. 102, I, a CF

Órgão julgador é o STF. Objeto é lei ou ato normativo federal ou estadual. Não cabe com relação a lei
ou ato normativo municipal! No entanto, existe controle abstrato de lei municipal: pode ser feito
perante o STF o controle abstrato e concentrado de lei municipal perante a CF com a ADPF; controle
abstrato no TJ por violação da constituição estadual, com a representação de inconstitucionalidade.

Lei e ato normativo – norma genérica abstrata emanada pelo poder legislativo.

Atos normativos primários – capazes de criar direitos e obrigações. Resoluções e decretos legislativos
são primários, apesar de nem sempre serem genéricos e abstratos. Tudo o que está no art. 59 é ato
normativo primário.
Art. 48 – congresso tem funções que necessitam da sanção do presidente da republica. Há outras que
ele faz sem a sanção, competências exclusivas e privativas do legislativo (art. 49, 51 e 52). Essas funções
são realizadas mediante decreto legislativo ou resoluções. Nas constituições de 67/69 – decreto é para
atos de efeito externo e resoluções para atos de efeito interno. Isso não se sustenta na CF/88, basta
que se verifique o art. 52, X – essa resolução do Senado não tem efeito interno, mas externo (está
suspendendo eficácia de uma lei). Então a diferença se dá da seguinte forma: competência privativa da
Câmara e do Senado são feitos por resolução sempre (art. 51 e 52). Mas o art. 49 trata da competência
exclusiva do congresso. Nesse dispositivo, quando o ato tem efeito interno, é resolução do congresso e
quando teme feito externo é decreto legislativo. Mas isso não é sempre. A CF excepciona isso, isso é em
relação ao art. 49. Ex: art. 68 – lei delegada (presidente solicita ao congresso delegação para legislar
sobre determinada matéria). Essa delegação terá forma de resolução do congresso e é ato de efeito
externo. A diferença entre decreto legislativo e resolução hoje vem se esvaziando. O importante é
saber que a distinção de efeito interno ou externo caiu.a CF/88 não é tão clara quanto a essa distinção.

Decreto legislativo está sujeito ao controle de constitucionalidade por via de ADIn? Sim, é ato
normativo primário. Há decretos que não possuem generalidade e abstração, estando fora do controle
de constitucionalidade. Estes estariam sujeitos apenas ao controle concreto. Ex: resolução do
congresso que permite ao presidente se ausentar do pais por mais de 15 dias. Isso não é genérico nem
abstrato, não gera efeitos para a coletividade.

Ato normativo secundário – complementam os atos normativos primários.

É possível ajuizar ADIn contra norma originaria da CF? Ex: art. 143, par. 2 o por afronta ao art. 5o, I. Não
cabe ADIn. Não existe contrariedade entre os dispositivos citados, porque a igualdade é nos termos da
CF. O precedente é ADIn 815 – representação na Câmara, sistema proporcional. Estados muito
populosos ficam sub-representados e estados não tão populosos fica super-representados. O piso e o
teto faz com que a representação proporcional da população não se efetive. Tese de Otto Bachof – se
os princípios informam todo o ordenamento, a própria constituição deve estar de acordo com eles.
Então a norma que violar principio fundamental (principio de democracia representativa), ela deve ser
tida como inconstitucional. Otto aceita, portanto, inconstitucionalidade de normas constitucionais
originarias. Ninguém adota essa tese na prática. Na ADIn 815, o STF não conheceu da ação, foi
considerada manifestamente improcedente. Não se admite conflitos entre normas constitucionais, por
causa do principio da unidade da CF. Norma constitucional derivada (emendas) pode ser objeto de
controle, com standard diferente de leis e atos normativos.

Admite-se ADIn contra EC. EC é inconstitucional quando violar a CF? Quando falo violar a CF de maneira
genérica, admito que haverá confronto entre texto constitucional e a emenda. Nesse sentido, não há
controle de constitucionalidade, porque a emenda tem a função de alterar a constituição, esse é seu
fim, então seu propósito é ser contraria à CF, não apenas acrescentar. Ela pode dar nova redação,
alterar competência. Assim, ela vai entrar em conflito com texto constitucional. A emenda pode ser
inconstitucional se violar o art. 60. A EC não pode afrontar os limites ao poder constituinte
derivado/poder reformador (Ayres Britto não aceita a nomenclatura poder constituinte derivado, pois
acha que poder constituinte é um só, os outros são poderes constituídos, porque sua competência se
extrai da CF), não só as clausulas pétreas.
EC tendente a abolir republica e presidencialismo – republica não é clausula pétrea implícita, como diz
a Prof. Frana Melo. Na monarquia também tenho votação, só não pro cargo de rei. Nela, há também
separação de poderes, só não são os 3 poderes. Isso é o entendimento da CESP. Presidencialismo
também não é cláusula pétrea implícita. Quem diz isso admite EC para criar monarquia e
parlamentarismo, mas isso só pode ser feito por meio de plebiscito, já que houve manifestação do povo
em plebiscito anterior.

Aula 11 | 08.09.11

Correção do teste valendo ponto extra:


a.Não, porque é caso de revogação. A constituição revoga lei contraria a ela, não existe
inconstitucionalidade superveniente. Só existe ADI a partir da CF, mas não apenas a partir da CF, e sim
de norma constitucional, que engloba as emendas constitucionais. No caso, temos uma lei anterior a
uma emenda constitucional, então essa emenda revogou a lei. Se o STF reconheceu a
incompatibilidade, ele reconhece que a emenda revogou a lei anterior. Dessa forma, não há
necessidade de suspender eficácia de uma lei revogada.
b. Sim, mas não por causa do art. 481, § único. Não se trata de inconstitucionalidade, então não
há que se levar a órgão especial ou que se considerar o art. 97, CF.

Cabe ADIN contra emenda, isso é claro. Mas, muitos lembram apenas das limitações materiais,
esquecendo-se das formais. Cabe ADI contra emenda, quando essa ferir qualquer limitação ao poder
de reforma de seu texto; não é totalmente certo falar que cabe apenas quando ferir o artigo 60, § 4º.

A emenda pode ter diversos vícios formais. São eles:


(i) Iniciativa – art. 60, caput. Inciso III: em toda federação você tem que garantir que os estados
possam participar da vontade nacional. Não cabe proposta popular de emenda a CF. O povo é o titular
do poder constituinte originário, ele tem poder de deflagrar uma revolução, de romper com a
constituição vigente e não tem o poder de apresentar emenda? Segundo o professor, deve-se fazer
uma analogia com o artigo 61, mas essa resposta é arriscada porque se o povo está no art. 61, se o
constituinte quisesse ele colocava no artigo 60.

(ii) Circunstancial – art. 60, § 1º. O objetivo é evitar que o governante utilize as propostas de
emenda para aumentar seu poder em momentos de instabilidade institucional.

(iii) Procedimental – art. 60, § 2º, § 3º, § 5º. Existe a casa iniciadora e a casa revisora. A iniciadora
será a câmara quando a proposta for apresentada por 1/3 da câmara deputados. Se for apresentada
pelo presidente, será a câmara também (art. 64). O presidente é eleito pelo povo então é mais lógico
que seu projeto seja apresentado na casa que representa o povo e não na casa que representa os
estados. A lógica é a mesma para o presidente da câmara ser o 2º na linha substitutiva do presidente da
república. Muitos acham que quem assume é o presidente do congresso, que é o presidente do
senado, mas na realidade é o presidente da câmara.
Quando a proposta é apresentada por 1/3 dos senadores, a casa iniciadora é o senado. Quando for
apresentada por mais da metade das assembléias legislativas dos estados, a casa iniciadora será o
senado porque os estados são representados pelo senado, então faz sentido que essa casa seja a
iniciadora.

O quorum de 3/5 é necessário para cada aprovação. O excesso de um turno não aprova para o outro
turno.

(iv) Temporal: Proposta rejeitada pode ser reapresentada? Sim, art. 60, § 5º. Pode ser idêntica,
mas não pode ser apresentada na mesma seção legislativa. Seção legislativa é o período de
funcionamento do parlamento – art. 57. A seção legislativa vai de 2 de fevereiro a 22 de dezembro, o
período do meio é de recesso. Pode haver seção legislativa extraordinária, durante o período de
recesso. Mas, isso não é a abertura de uma nova seção legislativa e sim a prorrogação da anterior.

Na pratica, quando a proposta é rejeitada, muda-se um pouco o texto do projeto para reapresentar na
mesma seção. Cabe ADI desse projeto alegando que houve uma roupagem do projeto para não se
respeitar o prazo do § 5º.

Obs.: legislatura do parlamentar - dura 4 anos, inclusive no senado. O mandato no senado é de 8 anos,
mas o senador é eleito por duas legislaturas.

Depois da votação, o projeto vira emenda à constituição. A emenda será promulgada pela casa, não há
sanção/voto de projeto de EC. Feita a proposta de emenda e votada, ela vira emenda.

Limitações materiais:
(i) Explícitas: art. 60, § 4º. “Tendente a abolir” é aquilo que pode levar a abolir, pode fazer
alteração e etc., não pode abolir. Ex: um imposto só da União que será repassado aos estados. Isso é
inconstitucional porque tende a abolir a federação. Quanto um ente não tem dinheiro ele não tem
autonomia.

Ex: imposto criado que prevê que não vai respeitar a noventena ou a anterioridade. Vai contra o direito
fundamental do planejamento financeiro.

“Não será objeto de deliberação” significa que não será objeto de conversa. Nesse caso, qualquer
parlamentar poderá entrar com mandado de segurança dizendo que tem direito liquido e certo de não
deliberar sobre o tema. Em regra, o controle judicial é repressivo, mas nesse caso é controle de
constitucionalidade prévio. Esse direito só pode ser assegurado ao parlamentar porque projetos não
geram direitos e obrigações, então um cidadão não pode entrar com MS, assim como não é possível
que os legitimados entrem com ADI também.

Obs.: voto secreto é clausula pétrea, mas voto obrigatório não.

Há quem diga que só os direitos individuais seriam clausula pétrea, enquanto outros ampliam para
sociais, políticos e etc. O posicionamento que prevalece é que são clausulas pétreas não só os direitos
individuais, mas os direitos fundamentais com expressão individual. Nesse sentido, é possível enxergar
uma clausula pétrea em várias disposições trabalhistas, como por exemplo, férias. O direito do trabalho
é direito social, mas o direito às férias tem uma expressão individualizada, na medida em que cada
individuo tira sua férias e etc.

Aula 12 | 13.09.11

(ii) Implícitas:
- Relativas ao titular de poder constituinte originário: é obvio que o poder constituinte originário é o
povo. Não pode uma emenda constitucional falar que o congresso nacional é o poder constituinte
originário.

- Relativas ao titular do poder reformador: somente quem pode alterar a CF é o congresso nacional, ele
que é o titular do poder reformador – art. 60, § 2º e 3º. O congresso não pode abrir mão de essa
atribuição para outro nem mesmo incluir o veto presidencial. A ideia da CF é limitar o poder do estado,
portanto não se pode perguntar ao chefe de estado/governo se ele concorda com a constituição. O
máximo que o presidente pode fazer é entrar com uma ADI.

- Relativas ao processo de emenda: alguns dizem que o art. 60 em si é uma cláusula pétrea. Não é
possível alterar o processo de emenda porque isso seria tornar a CF flexível, ao invés de rígida. Não
seria possível torná-la mais rígida? Na verdade, nossa CF já é rígida, se torná-la mais rígida, corre o risco
de torná-la imutável, o que seria inconstitucional.

Isso é aceito na doutrina sem maiores reservas, mas não há jurisprudência no STF sobre qualquer
limitação implícita. Isso porque nunca o congresso tentou apresentar uma emenda que afrontasse
essas cláusulas implícitas, mas é obvio que essas cláusulas existem, mesmo não estando escritas,
porque simplesmente não precisam estar escritas.

Há uma proposta de EC que esta avançando no congresso que viola essa ultima limitação implícita, o
que mostra que essas limitações não estão muito pacificas. Essa proposta deseja criar uma constituinte
específica para votar duas modificações na CF: sistema tributário nacional e reforma política. Essa
constituinte poderia fazer essas reformas de uma maneira mais fácil, com maioria absoluta e não 3/5,
sendo os membros da constituinte os integrantes do senado e da câmara (assembléia unicameral). Isso
é evidentemente inconstitucional porque não é possível criar uma constituinte exclusiva.

EC 52: alterou o art. 17 da CF, liberando as coligações partidárias. Antes da emenda, um partido
político levou uma consulta ao TSE perguntando se as coligações que se fazem no âmbito federal têm
que ser repetidas nos âmbitos estaduais e federais, como estava previsto em uma lei. O TSE disse que
sim, o que gerou uma confusão enorme porque os partidos não faziam isso. Os partidos começaram a
pensar o que fariam. Cabe ADI contra consulta ao TSE? Não, o TSE, em pareceres, apenas da
interpretação a lei. É possível mudar a lei de partido político? Sim, mas teria que esperar 1 ano em
respeito ao princípio da anualidade. Então, fizeram uma EC liberando as coligações partidárias, mas
ainda assim teria que esperar 1 ano. Para fugir dessa regra da anualidade (direito individual que o
eleitor tem de não ser surpreendido com regras – art. 16), eles previram que a lei estaria regulando as
eleições de 2002, mesmo a emenda tendo sido promulgada em 2006. O STF obviamente não aceitou
isso e reconheceu a inconstitucionalidade desse artigo da EC.

ADI contra Tratado


Não cabe contra tratados porque tratado tem jurisdição internacional. Mas cabe ADI contra o decreto
legislativo que incorporou o tratado a ordem interna. Os tratados internacionais de direitos humanos
que podem trazer algum problema. Isso porque temos os tratados que foram incorporados antes da
EC45 e os que foram incorporados depois.

Antes da EC45: desde a época em que a CF surgiu, parte da doutrina vem dizendo que os tratados
internacionais de direito humanos ou os relativos a direitos fundamentais entram no ordenamento
brasileiro com status superior ao de lei ordinária. Até a EC, o STF adotou o entendimento de que os
tratados de direitos humanos teriam status de supralegalidade – entre a CF e a legislação ordinária.

Depois da EC45: essa emenda vem em razão da confusão da doutrina e da jurisprudência, que admitia
tratados de direitos humanos sem o status de norma constitucional. Essa emenda criou o § 3º e 4º do
art. 5º. § 3º: se o tratado internacional de direitos humanos for votado da mesma forma como o art.
60, § 2º, ele será equivalente a EC. Isso já aconteceu no Brasil, no tratado internacional dos direitos das
pessoas com deficiência. Não é que o tratado será emenda, ele será equivalente a emenda. Não terá
numeração de emenda.

Se é equivalente a emenda, admite controle de constitucionalidade? Sim, da mesma forma que as


emendas. Ou seja, deve-se analisar se houve violação às limitações formais ou materiais das emendas.
Outro tratado será analisado a luz do texto constitucional em si, mas esse é equivalente a emenda.

Entre lei e tratado, qual prevalece? Depende. Lei posterior revoga anterior. O que acontece é que o
tratado geralmente é adotado no Brasil como lei ordinária, então lei posterior revoga tratado e vice-
versa.

Mas, e se tiver um tratado internacional de direitos humanos aprovado com status de emenda em 2008
e em 2011 é editada uma lei contra esse tratado? Cabe ADI contra essa lei? A natureza jurídica da
emenda é norma constitucional, então se uma lei viola essa norma, ela é inconstitucional. O parâmetro
de controle para essa lei não será a CF e sim um tratado internacional de direitos humanos.

No Brasil, durante muitos anos, se dizia que o parâmetro de controle de constitucionalidade no Brasil é
a constituição formal, ou seja, o texto constitucional. Mas, em razão do art. 5º, § 3º, não podemos
afirmar que a constituição de 1988 é formal – esse § ampliou o bloco de constitucionalidade, uma vez
que o parâmetro de controle de constitucionalidade não é apenas o texto constitucional, mas também
tratados internacionais de direitos humanos aprovados na forma do art. 5º, § 3º e de uma seria de
princípios (ex: razoabilidade, proporcionalidade). O STF já adota a noção de bloco de
constitucionalidade.

ADI contra Medida Provisória


Sim, MP tem força de lei, então é caso de controle repressivo.
Presidente pode vetar conversar em lei de MP? Sim, apesar de ser surreal. Ele edita a MP, que tem
eficácia imediata, mas quando chega ao Congresso ele altera a MP, fazendo o projeto de conversão em
lei. Então, quando chega ao presidente, ele pode vetar as alterações.

ADI contra Lei Distrital


Sim. O Distrito não pode ser dividido em Municípios, em razão disso, tem atribuições de estados e
municípios. Distrito federal é ente federativo autônomo – art. 18 – e não é apenas Brasília. Ele é
composto por diversas cidades satélites, além de Brasília. É errado dizer que essas cidades são
municípios; nem toda cidade é município – município é ente federativo autônomo. Essas cidades não
têm prefeitura, não tem câmaras municipais, porque não são municípios. Por isso, quem vai cuidar de
iluminação pública em Planaltina é o Distrito Federal.

Se o DF tem atribuições de estado e de município, a lei distrital ou trata de matéria estadual ou trata de
matéria municipal. Então, cabe ADI apenas quando a lei for de material estadual. Não caberá ADI
quando a matéria da lei for municipal. A mesma lei distrital pode ter matérias de estado e de
município, então a ADI só poderá ser proposta quando a parte de lei estadual.

No DF, como não há câmara dos vereadores (município) nem assembléia legislativa (estado), há uma
Câmara Legislativa que fará as leis distritais.

Existe poder judiciário do DF – Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. O mesmo acontece
com o MP (MPDFT).

Aula 13 | 15.09.11

ADI contra lei de efeitos concretos


Antes, não se admitia esse controle de constitucionalidade por ADI, porque esses atos normativos não
são puros, ou seja, não tem conteúdo de generalidade e abstração. Agora, o STF entende que é possível
sim ADI contra lei orçamentária.

Havia um problema político sobre Medida Provisória. Créditos extraordinários, pela CF, só podem ser
abertos em situações muito especificas, como calamidade publica e guerra. Mas o governo vinha se
utilizando da MP para abertura de créditos extraordinários. Houve questionamento da oposição de que
isso não poderia ser feito mediante MP, que isso seria inconstitucional porque não havia as situações
previstas em lei, como guerra. Foi argumentado pela defesa do governo que essa MP era de efeitos
concretos e, portanto, como seria norma de efeito concreto, pela jurisprudência tradicional, não se
admitia o controle de constitucionalidade dela por meio de ADI. O problema foi o excesso de MP sobre
abertura de créditos extraordinários. Isso que pesou contra a MP, por isso, nesse ponto, o STF mudou
um pouco sua jurisprudência.

Seria possível reconhecer a inconstitucionalidade do ato, sem pronuncia de nulidade (???). Seria
firmada uma jurisprudência com eficácia erga omnes. Essas questões voltaram ao STF porque voltaram
a ser editadas MP com abertura de créditos extraordinários, então a questão ainda está aberta ainda.
ADI contra súmula/súmula vinculante
Não cabe porque a súmula é apenas o espelho de uma jurisprudência reiterada do tribunal. No caso da
súmula vinculante, os legitimados do art. 103 podem provocar o próprio STF, quando mudar a
composição, ao invés de entrar com a ADI porque já é pacifico que não pode ADI nem contra súmula
vinculante.

ADI contra consultas do TSE


O TSE apenas da uma interpretação do que a lei e não cabe ADI de interpretação de lei pelo judiciário,
então não cabe ADI contra interpretação de lei feita pelo TSE. Das consultas, não cabe recurso nenhum
porque não há processo, mas das decisões do TSE em casos concretos, cabe RE. Com relação a lei da
ficha limpa, o que o STF analisou foram recursos contra decisões do TSE, ou seja, o STF só se
manifestou porque foi provocado.

- Legitimados do art. 103, CF


A jurisprudência do STF sempre admitiu governador do DF e mesa da câmara de vereadores como
legitimados. A omissão do artigo nunca foi um problema, mas acharam por bem colocar isso na EC45.

Após as ADI 127 e 96, foram adicionados novos legitimados com capacidade postulatória. Esses
legitimados não precisam assinar a petição com outros legitimados, eles podem assinar sozinhos.
Outros foram incluídos como legitimados, mas sem capacidade postulatória (precisam estar em juízo
representados por advogados.). São eles:
(i) Partido político com representação no Congresso Nacional: basta que o partido tenha um
deputado federal ou um senador. Não é necessário que haja representação nas duas casas. O
legitimado não é o deputado/senador, e sim o partido. Quem entra com a ação é o diretório nacional
do partido.

Mas, e se o partido político perder representação antes do julgamento da ADI ou ela é prejudicada (ex:
senador morreu e o suplente não ser do mesmo partido)? Até 2004, o STF arquivava alegando que o
partido perdeu representação. Mas, depois de duas ADI, o STF passou a entender que a aferição de
legitimidade não pode ser feita novamente no momento do julgamento, mas apenas no momento da
propositura da ação.

(ii) Confederação Sindical: entidades que reúnem ao menos três federações (reúnem ao menos 5
sindicatos) – art. 534 e 535, CLT.

(iii) Entidade de Classe de Âmbito Nacional: conceito impreciso na jurisprudência. O STF não sabe
definir. O que é classe? O que é âmbito nacional? A ideia do constituinte quando fez a lista dos
legitimados foi de ampliar o controle abstrato, uma vez que originalmente só havia um legitimado
(procurador-geral da república). A introdução desses três legitimados acima foi para colocar a
participação popular.

Segundo o STF, classe é categoria profissional ou econômica. Mas esse conceito é muito abstrato, por
isso gera muita confusão. A UNE é? Não, porque não é classe, embora seja de âmbito nacional. Âmbito
nacional, por sua vez, não há discussão. O STF aplicou a lei orgânica dos partidos políticos, que diz que
para o partido ser de âmbito nacional ele tem que existir em 9 estados. Então, para a entidade ser de
âmbito nacional, ela tem que existir em 9 estados.

Obs.: procurador do estado não tem legitimidade, muito menos capacidade postulatória, então para
ele apresentar ADI, deve ser conjuntamente com a assinatura do governador, que tem legitimidade e
capacidade. O STF não aceita quando apenas o procurador assina a ADI.

Aula 14 | 20.09.11

Pertinência temática
É requisito criado pelo próprio STF para inviabilizar o acesso ao STF. É ilegal e inconstitucional criar
requisitos para a propositura de ADI que não estejam previstos em lei porque vai contra a constituição.
Esse requisito diz que deve haver uma especial relação entre o legitimado e a norma objeto da ADI. Isso
não é interesse de agir, segundo o STF, porque o interesse de agir existe apenas em processos
subjetivos, ou seja, deve-se ver se a parte tem interesse naquela demanda.

Mas, isso não faz sentido em processos objetivos, o que é o caso da ADI (é pacifico que ADI é processo
objetivo), uma vez que não há parte. Não se fala em autor e réu em ADI. No processo subjetivo não se
sabe como termina, pode terminar de diversas maneiras quando há partes envolvidas. O processo
objetivo deve conduzir necessariamente a uma decisão fim, e para essa decisão não tem importância
quem ajuizou a ADI. Dessa forma, não faz sentido a criação da pertinência temática.

- Governador e mesa da assembléia: devem demonstrar que aquela norma que se quer declarar
inconstitucional afeta os interesses do estado que representam. É claro que o governador pode mover
ADI contra lei federal que afete seu estado, assim como pode mover contra ADI do estado dele (em
casos, por exemplo, em que seu veto foi derrubado). Mas, e contra lei de outro estado? Também pode,
desde que provada a pertinência temática, ou seja, que seja provado que essa lei afeta os interesses do
estado dele. Ex: ICMS. Ex2: RS mover ação contra lei do Paraná que proíbe a passagem pelo estado de
caminhão transportando soja.

- Confederações sindicais e entidades de classe: deve haver relação entre a norma objeto da ADI e
seus fins estatutários. Confederações e entidades são pessoas jurídicas, então tem estatuto e fins
estatutários.

A jurisprudência do STF é firme no sentido de que OAB não tem que obedecer pertinência temática
porque não está inserido na ideia de entidade de classe, apesar de claramente ser uma entidade de
classe. O constituinte deu destaque para a OAB, colocando seu conselho federal como legitimado
autônomo, então não tem que respeitar a pertinência temática prevista para os legitimados especiais.
De qualquer forma, a OAB atua no interesse do estado democrático de direito, segundo seu estatuto,
então ela sempre teria pertinência temática, mesmo que fosse prevista como legitimada especial.
A OAB/DF não é legitimada porque não é conselho federal da OAB. A OAB é dividida em seccionais, por
isso existe OAB/RJ, OAB/SP e etc. A OAB/DF é a OAB do DF, só isso, o que não faz dela o conselho
federal. O conselho federal é OAB/Nacional.

Papel do AGU na ADI:


A Advocacia Geral da União, segundo o art. 131, CF, é justamente, por mais redundante que pareça, o
advogado da União. A união é pessoa jurídica de direito publico? Sim, então pode ser demandada
judicialmente. Sendo assim, precisa de advogado. Mas, nos casos de ADI, o advogado da união atua
como defensor do ato/norma questionado. Então o advogado da união tem pelo menos duas funções:
defender a união e defender a norma questionada nas ADIs.

Advocacia-Geral da União é composta por:


- Advogado da União: representa a administração direta
- Procurador Federal: representa a administração indireta – autarquia e fundação. Ex: CEF. Não se
confunde com procurador de justiça federal, que é integrante do MPF.
- Procurador da Fazenda Nacional: representa a Fazenda Pública – só com relação ao erário.

Final – Mit

Art. 131, §1º: advogado Geral da União:


- É o chefe da Advocacia-Geral da União
- Livre nomeação e livre exoneração. É cargo de confiança do presidente da república

O Papel da AGU no Controle Abstrato


Se o AGU é o curador da norma questionada ele pode deixar de fazer a defesa da norma se assim
desejar seu superior (Presidente da República)? É complicado, porque é cargo de confiança do
presidente.

E nos casos em que a petição da ADIn é assinada pelo Presidente e pelo AGU, estará este dispensado
de fazer a defesa da norma?

A primeira posição do STF era que não, porque a constituição é clara quanto ao seu papel. Também
porque a ADIn se dá em processo objetivo (sem partes), sem necessidade de contraditório e ampla
defesa. Admite-se defesa genérica.

Depois o STF criou exceção para essa regra, ou seja, o AGU não é obrigado a realizar a defesa da norma
questionada quando esta viola claramente jurisprudência pacifica do STF quanto à sua
inconstitucionalidade.

- ADIn 1.616 e 2.687

Obs. Decreto Legislativo: é ato legislativo primário (art. 59), por isso cabe ADIn contra.

Aula 15 | 22.09.11
A AGU tem a obrigatoriedade de defender a norma questionada, não é uma faculdade. Isso, algumas
vezes, pode conflitar com a atribuição de advogado da união da AGU. A jurisprudência do STF entende
que ele deve fazer a defesa da norma impugnada mesmo se for contra o interesse da União. Mas,
quando houver jurisprudência pacífica do STF quanto a inconstitucionalidade da norma, o AGU não é
obrigado a realizar a defesa da norma questionada - isso se aplica só no âmbito do controle concreto
(porque no abstrato tem efeito erga omnes, então não é possível entrar com ADI de novo).

O STF entende que cabe a AGU fazer a defesa da norma questionada, seja qual for a natureza da norma
– federal, estadual ou municipal. Ou seja, não é a PGE ou PGM e sim a AGU porque o art. 103, § 3º é
muito claro. (?).

O AGU tem que fazer a defesa da norma impugnada. E se ele não fizer? Não há sanção prevista. Além
disso, o AGU pode fazer uma defesa genérica porque o processo é objetivo.

Art. 103, § 3º: direito de manifestação. Mas, o que é isso? É o direito de defender a norma impugnada
ou engloba também o direito de não se manifestar? Dependendo, a própria União pode ter interesse
na declaração de inconstitucionalidade da norma, como nos casos em que há uma lei estadual que
viola a competência legislativa da União. Nesse caso, ele pode exercer seu direito de não manifestação?
Ou melhor, pode-se enxergar o direito de manifestação como o direito dele se manifestar como quiser,
inclusive defendendo a inconstitucionalidade da lei?

Na pratica, deve-se sempre defender o texto normativo. Então, a AGU teria obrigação de defender o
interesse da União, conjugando os arts. 103, § 3º e 131. Mas, há provas que se baseiam na
jurisprudência do STF, que não tem decisão firmada sobre isso.

ADI – Procedimento - Lei.9.868.


Art. 2º: cabe a CF definir os legitimados para a propositura da ADI, então a lei não pode ampliar o rol,
apenas deve reproduzi-lo.

Art. 4º: o relator não pode analisar a petição e, se achar que não viola a CF, a indeferir liminarmente.
Isso é questão de mérito, que só pode ser analisado pelo pleno do STF. Esse artigo se aplica aos casos
em que a petição for inepta (sem um dos requisitos legais, como assinatura do legitimado, por
exemplo), não fundamentada ou quando a ADI é inútil porque não é uma das hipóteses de ADI. Ou
seja, para quando o STF jamais possa declarar a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo. Ex: lei
que está fora do controle de constitucionalidade – lei municipal, lei de efeito concreto, norma anterior
a norma constitucional.

Art. 5º: qualquer processo subjetivo admite desistência. A ADI é objetivo, então admite. O legitimado
provoca o judiciário e não pode desistir.

Art. 6º: possibilidade dos criadores da norma se manifestarem, obviamente em defesa da norma. Esse
pedido de informações envolve também a possibilidade de controle formal.
Art. 7º: é vedada a intervenção de terceiros. A possibilidade do § 2º é a figura do amicus curiae. É uma
entidade que tem grande representatividade social e que pode auxiliar adequadamente o STF a chegar
a solução da ADI. Pode ser um dos legitimados, mas não é obrigado que seja um dos legitimados. O
PGE nunca será porque ele sempre da parecer, nem o AGU porque tem atribuição diversa.

Aula 16 | 27.09.11

Perícia e audiências públicas


Art. 9, § 2: a possibilidade de perícia não existia antes da lei 9868. O STF não aceitava por entender que
pericia é típico de processo subjetivo, e a ADI é processo objetivo. Hoje, após a lei, isso é permitido.

Cautelar em ADI
A decisão de cautelar ganha uma importância enorme por conta da pauta do STF que vive lotada de
processos e uma decisão cautelar, por vezes, vai perdurar por anos. Cautelar é uma decisão provisória
enquanto o mérito ainda vai ser analisado.

102, CF: a cautelar já é a própria petição de ADI, não é uma ação preparatória. Funciona mais como
uma liminar. A CF não está preocupada com essa terminologia.

É uma decisão antecipatória, que vai antecipar o mérito, então o STF tem alguns requisitos para
analisar a cautelar – fumus boni iuris e periculum in mora.

A fumaça de bom direito tem a ver com as alegações que se apresenta de inconstitucionalidade. O
periculum in mora tem a ver com o tempo que a lei está em vigor. Uma coisa é uma lei que acabou de
ser editada e tem uma inconstitucionalidade latente, outra é uma lei que está em vigor há 10 anos e
não foi requerida sua inconstitucionalidade antes. É claro que pode ser requerida agora, mas fica difícil
provar o periculum para que seja deferida a cautelar.

Contudo, deve-se analisar também a conveniência de se suspender os efeitos da lei. A suspensão não
pode ser uma medida subjetiva. Por vezes, a lei já pode estar em vigor há algum tempo, mas dada certa
circunstancia fática, a suspensão de sua aplicabilidade pode ser uma medida necessária e conveniente.

Portanto, o STF não analisa apenas o fumus e o periculum; ele usa também o critério da conveniência
nos casos de cautelar em ADI. Suspender os efeitos da lei deve ser uma exceção e não uma regra.

Art. 11 da lei 9868: a regra é que o efeito da cautelar é ex nunc, isso porque a decisão é transitória (não
é definitiva); pode ser ex tunc quando o STF entender que a decisão deve ser retroativa. A decisão é
transitória no sentido de que é possível que o STF, no julgamento de mérito, entenda que a norma é
constitucional ou pode acontecer do STF não ter decidido ainda o mérito, mas ter suspendido a
cautelar (a cautelar pode ser revogada).

§ 2º: no caso em que uma lei foi revogada por outra, se essa nova lei for declarada inconstitucional em
medida cautelar, a lei anterior volta a vigorar. É como se fosse uma repristinação.
Efeito repristinatório: é aquele em que a lei revogada se restaura quando a lei revogadora perde a
validade. A LINDB (Lei de Introdução ao Direito Brasileiro – antiga LICC) prevê em seu art. 2º, § 3º, que
é proibido esse efeito, mas há a exceção da cautelar em ADI.

AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE – ADC

Criada pela EC 3/1993. Não existe em nenhum outro país. Serve para declarar uma norma
constitucional, mas quando a norma nasce ela já não tem o pressuposto de constitucionalidade? O
processo legislativo não depende de manifestação do STF para que a norma tenha validade, até devido
a separação de poderes. A presunção tem como função justamente a garantia da autoexecutoriedade
da lei.

Há quem diga, portanto, que isso tira a força do controle difuso. Quando o STF declara a
constitucionalidade da lei em ação declaratória, a presunção de constitucionalidade da lei passa a ser
uma presunção absoluta, uma vez que nenhum juiz pode ir contra ela. A parte que trabalha com a
argüição no caso concreto, não poderá interferir no julgamento da ADC, não poderá produzir provas do
motivo pelo qual considera a norma inconstitucional. E se o STF conceder a ADC, isso afetará a todos.

ADC 1º: foi para declarar que a ADC é constitucional, por incrível que pareça.

Art. 102, I, a, CF: porque só a lei ou ato normativo federal? Porque excluir os estaduais? O objetivo é
atender aos interesses do governo federal, isso pode ser percebido pelo legitimados à propositura da
ADC. Se tem uma ação em que basicamente o governo federal pode manejar, a oposição não pode,
nem os governos estaduais.

Não há previsão constitucional de ADC contra lei estadual, então a constituição estadual pode criar
isso? O Barroso entende que pode. Ele admite ainda uma emenda a constituição estadual prevendo
ADC contra lei municipal.

ADC e ADI são ações iguais, mas inversas. Portanto, todos os argumentos para a inconstitucionalidade
da ADC caem, principalmente os relativos à ampla defesa. A improcedência da ADI também tem efeito
vinculante, então nada mais é do que a declaração, com eficácia erga omnes, de que a norma é
constitucional, declaração essa que os juízes são obrigados a seguir, sob pena de reclamação no STF.

Art. 14 da lei 9868: o inciso III não tem na ADI, ele é preciso apenas na ADC. Tem que ter uma
controvérsia judicial relevante sobre o tema, uma vez que há a presunção de constitucionalidade da lei.
Não é suficiente controvérsia doutrinaria, deve haver diversos órgãos do poder judiciário, no controle
difuso, argüindo a inconstitucionalidade.

Objeto: lei ou ato normativo federal. Tem que ser posterior a norma federal, pode declarar de EC, de
MP, de decreto legislativo e etc. Toda a discussão de objeto de emenda com relação a ADI cabe aqui
também, apenas com a ressalva de que a lei ou ato normativo tem que ser federal.

A ideia é que ADI e ADC são idênticas, não se pode esquecer isso.
Aula 17 | 29.09.11

Cautelar em ADC
A cautelar na ADIN serve para suspender os efeitos da lei, mas no caso de ADC, você vai pedir para a
norma ser aplicada, sendo que a norma está em vigor? É difícil isso. Se a lei estivesse sendo aplicada
normalmente pelos juízes, não faria sentido a ADC. A ADC só faz sentido porque os juízes estão
declarando as normas inconstitucionais no controle difuso sistematicamente. Como forma de remediar
isso, o art. 21 prevê que a cautelar pode ser deferida pelo STF para suspender os processos que
envolvam a aplicação da lei ou ato normativo objeto da ação até o julgamento definitivo da ADC.

O problema de suspender os processos que envolvam a aplicação da lei é que os processos são
diferentes, as partes são diferentes. Um idoso, por exemplo, não pode ficar esperando o julgamento
definitivo do STF. Por isso, há o § único que prevê o prazo de 180 dias entre o julgamento da cautelar e
o julgamento definitivo da causa, sob pena da cautelar perder sua eficácia. Há casos em que o STF
prorrogou esse prazo, prorrogando a eficácia da cautelar, mas isso não pode ser a regra porque o
objetivo é justamente que o julgamento seja rápido para os processos não ficarem parados muito
tempo.

Mérito da ADI e ADC


Para a doutrina majoritária, quase unânime, e pela posição pacifica do STF, a ADI e ADC são ações
idênticas com o “sinal trocado”.

No projeto original da EC 3, os legitimados para promover a ADC eram os mesmo da ADI. Mas, a
redação foi alterada, prevendo apenas quatro legitimados para a ADC, sem qualquer motivo lógico ou
jurídico. A EC 45 consertou isso, colocando os mesmos legitimados para ambas as ações, o que é lógico
uma vez que as ações são iguais, apenas invertidas.

A análise do mérito é a mesma.

Quórum para a decisão


Art. 22 e 23: deve ser atingido o quórum de 6 ministros. Se não tiver esse quorum atingido porque há
ministros ausentes ou cargos vagos, o julgamento deve ser suspenso até que haja o comparecimento
dos ministros ausentes.

Há casos, em que os 11 ministros estão presentes, mas não se chega a 6 votos, porque um está
impedido, por exemplo. Nesse caso, se for ADI e ficou 5 a 5 a votação, deve-se entender que
permanece a constitucionalidade, mas não tem como essa decisão ter efeito erga omnes e vinculante
porque não tiveram 6 votos a favor da constitucionalidade. Então, na pratica, não adiantou nada o
julgamento do STF porque esses efeitos que tornam a ADI útil. A questão poderia ser levada novamente
ao STF pelo controle concreto, através de RE, de forma que fosse possível ter um novo julgamento
sobre a questão, com uma nova composição do STF.

Impossibilidade de recurso
Art. 26: não tem como recorrer de uma decisão do plenário do STF. Cabe apenas ED.

STF deu provimento a ADC, declarando a norma constitucional. Depois, é possível entrar com ADI em
face da mesma norma? Sim, mas para isso, a petição tem que estar muito bem fundamentada; deve-se
mostrar alguma mudança na situação fática ou mudança legislativa que justifique a mudança de
posicionamento do STF. No caso inverso (primeiro ADI e depois ADC), isso não é possível porque no
momento em que a norma é declarada inconstitucional, se tira a validade da norma (não se tira a
existência, porque isso só é feito quando a norma é revogada). Não se pode pedir a declaração de
constitucionalidade de norma que não tem validade.

Planos da norma: (i) existência: norma promulgada e publicada, após o processo legislativo. (ii)
validade: norma está de acordo com a CF, que é o fundamento das leis. (iii) eficácia: capacidade de
produzir efeito.

Quando o STF declara a inconstitucionalidade, ele faz isso com força de coisa julgada. Quando o STF
declara a norma constitucional, ele não faz isso com força de coisa julgada, e sim com força vinculante,
ou seja, todos os juízes vão ter que aplicar aquela lei, mas isso não vincula o próprio STF. Por isso, após,
o STF pode declarar a mesma lei inconstitucional.

Efeitos da decisão
Art. 27: o STF já declarou esse artigo constitucional. 2/3 = 8 votos. A regra, em termos de ADI, são os
efeitos ex tunc, em razão da supremacia da norma constitucional – os efeitos retroagem para o passado
porque não se pode admitir que uma norma inconstitucional tenha produzido qualquer tipo de efeito.

No entanto, por segurança jurídica ou excepcional interesse social, o STF pode alterar a regra, fixando
os efeitos da decisão em ex nunc, ou outro momento, desde que com o quórum de 8 votos. Sem esse
quórum, aplica-se a regra geral dos efeitos ex tunc.

Eficácia da decisão
Art. 28: o poder legislativo não está vinculado a decisão de constitucionalidade/ inconstitucionalidade.
O judiciário está todo vinculado, menos o STF.

FIM DA G1

INÍCIO DA G2

Aula 18 | 13.10.11

Ha ambivalência entre ADI e ADC. A procedência de uma ADI equivale a improcedência de uma ADC.
São ações idênticas com o sinal trocado – é a posição majoritária da doutrina, é assim que o STF
entende e é assim que os tribunais tendem a receber o tema.
Fábio Leite - questionamento quanto a ambivalência: não é verdade que a improcedência de uma
acarretaria na procedência da outra. Temos algumas diferenças básicas entre ADI e ADC. A ADC pode
ser proposta apenas quanto à lei federal, enquanto que a ADI pode ser em face de lei federal ou
estadual. Então, a improcedência de uma ADI de âmbito estadual, não pode significar a procedência de
uma ADC. Outra diferença é que na ADI tem manifestação do AGU e na ADC não tem. Na ADI, a liminar
não suspende os processos, enquanto que na ADC suspende.

A improcedência de uma tem um efeito de procedência de outra. a pessoa pode não querer falar de
ambivalência das ações, mas quando se diz que uma ADI é improcedente, se está declarando a norma
constitucional, com eficácia erga omnes e efeito vinculante. Quando a economia processual, se o STF já
diz que a norma é constitucional ao julgar a improcedência de uma ADI, de que adianta um juiz de
direito julgar a norma inconstitucional? As circunstancias do caso pode ser diferentes, mas a analise
feita pelo STF em ADI e ADC é objetiva, então não tem como alterar isso.

Considerando também o principio da duração razoável do processo, vale a pena pensar em não
equivalência? Na pratica, existe a equivalência com base na econômica processual, na razoável duração
do processo e na própria razoabilidade. Há questionamentos doutrinários, mas a doutrina vai dizer que
no final o resultado das duas ações é idêntico, mesmo que elas não sejam ambivalentes.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO

- Classificação do Rui Barbosa: as normas constitucionais podem ser autoaplicáveis ou não. Uma norma
constitucional autoaplicável é aquela em que, uma vez promulgada a CF, pode produzir todos os seus
efeitos. Ela não precisa ser regulamentada para produzir efeitos. A não autoaplicável é aquela que não
está apta a produzir seus efeitos, ela precisa de norma regulamentadora.

- Classificação do José Afonso: as normas constitucionais podem ser de eficácia plena, contida e
limitada.
(i) plena é que tem aplicabilidade direta e imediata, além de não pode ser restrita por norma
infraconstitucional. Sendo assim, não cabe ação direta de inconstitucionalidade por omissão, nem
mandado de injunção, em face de norma constitucional de eficácia plena. Ex: 226, § 5º.

(ii) contida é aquela em que uma vez promulgada a CF, está apta a produzir todos seus efeitos, então é
autoexecutável uma vez que não precisa de norma regulamentadora para produzir seus efeitos. A
questão é que essa norma admite que uma norma infraconstitucional venha restringir seu alcance – ela
pode ter seus efeitos contidos. Então, a norma nasce com uma eficácia que pode ser restrita por lei. Ex:
art. 5º, XIII. Essa norma não pode ser objeto de ação direta de inconstitucionalidade por omissão, nem
mandado de injunção, porque ela é autoaplicável.

(iii) limitada é aquela que precisa de norma regulamentadora para produção de seus efeitos. Essa é a
norma que será objeto de ação direta de inconstitucionalidade por omissão. Ex: art. 32, § 4º.

O art. 5º, II é o que? Plena. A lei que sobrevier não pode restringir o princípio da legalidade. A pessoa
só pode ser privada de fazer alguma coisa em virtude de lei e esse princípio não pode ser restringido.
A norma de eficácia limitada por ser institutiva ou programática. A programática estabelece uma meta
de ação do estado. Ex: normas que falam de saúde, educação. Há uma discussão se o art. 196, que
trata de saúde, é norma de eficácia limitada ou plena. Quem defende ser limitada, pode defender que é
programática então o estado tem obrigação de seguir o artigo. Institutiva é quando não estabelece
meta do estado, ela cria institutos que serão regulados por lei. Ex: art. 37, VII.

A norma institutiva pode ser: impositiva e facultativa, com relação a norma reguladora. Quando é
impositiva, a criação da norma reguladora é obrigatória e isso é identificado na constituição quando o
verbo estiver no impositivo (ex: lei regulará). A facultativa é quando a criação da norma reguladora é
uma faculdade, então estará prevista precedida de um “poderá”. Ex: art. 125, § 3º. Se não é obrigatória
a criacao da lei, não se pode falar em ação direta de inconstitucionalidade por omissão nem em
mandado de injunção.

Sendo assim, o objeto da ação direta de inconstitucionalidade por omissão é: norma de eficácia
limitada, programática ou institutiva impositiva.

Aula 19 | 18.10.11

- ADI por omissão e o mandado de injunção


A criação da ADIO e do mandado de injunção foi por medo do constituinte de que os direitos
assegurados pela CF pendentes de regulação não fossem regulados. Não adiantava só consagrar os
direitos, eles precisavam ser efetivos.

O mandado de injunção também foi criado com o objetivo de municiar o cidadão para que exerça
direitos constitucionais consagrados pela CF e ainda não regulamentados.

Semelhanças: legitimado passivo - os mesmos responsáveis pela edição da norma regulamentadora.


Obs.: é possível liminar em ADIO, só que é uma situação muito específica que veremos depois.

Diferenças:
Legitimados ativos: ADIO – art. 103. MI – quem está interessado.
Objeto: o MI só cabe contra norma que tratar de direitos fundamentais ainda não regulamentados ( art.
5º, LXXI). Não é para qualquer espécie de norma constitucional de eficácia limitada. A ADIO cabe
Efeitos da decisão: ADIO – erga omnes. MI – inter partis.

MI 107: não havia fixação de prazo específico para que se fizesse a norma regulamentadora. Nesse MI,
o STF fixou uma jurisprudência conservadora quanto ao MI porque o STF passou a entender que o MI
não servia para garantir o direito fundamental, mesmo na ausência de norma regulamentadora. Ou
seja, o cidadão não pode entrar com MI para que o judiciário diga como ele pode exercer seu direito
fundamental não regulamentado. O STF disse que ele não vai determinar como o direito fundamental
vai ser exercido porque o STF não pode legislar; o MI tem natureza declaratória. Ele é julgado
procedente para que seja declarada a omissão do poder legislativo, notificando o congresso nacional
para que faça a norma regulamentadora, mas sem fixar prazo. O STF entendeu que não pode fixar
prazo porque em razão da separação de poderes, o STF não pode obrigar o poder legislativo a legislar.
Dessa forma, na pratica, o MI não serve pra nada.

MI 708: professores alegando direito de greve constitucionalmente garantido, mas não regulado. O STF
considerou excessivo o tempo de não regulamentação do direito, então o STF concedeu efeitos
constitutivos ao MI, e não mais declaratório, na medida em que supriu a lacuna da lei e determinou a
aplicação da lei geral de greve (lei 7783) no que coubesse. Essa lei regula apenas a greve na iniciativa
privada. Dessa forma, o efeito, na pratica, foi erga omnes porque o STF determinou que sua decisão
não valia apenas para aquele sindicato, e sim para todas as categorias do funcionalismo publico.

No MI 712, o STF volta ao tema e entende que certas categorias não podem fazer greve. Ex: juízes – são
agentes políticos.

O STF continua recebendo muitos MI com relação ao aviso prévio proporcional ao tempo de serviço
(art. 7º, XXI), julgando procedente e notificando o congresso, que nada fazia. Nesse semestre, o STF
julgou mais um MI, mas dessa vez decidiu regulamentar. No MI 708, ele aplicou por analogia uma lei,
não legislou efetivamente, então se manteve fiel a separação dos poderes. Só que com relação ao aviso
prévio, não há legislação nenhuma. Então, deu efeito constitutivo a esse MI, de modo a suprir a
omissão. Mas, como fazer isso? Fux trouxe leis internacionais sobre o tema para serem usadas como
parâmetro. Marco Aurélio optou por outras hipóteses que ele criou. O Lewandovsky afirmou que havia
um projeto de lei no congresso sobre o tema, então sugeriu que aplicasse o projeto. O Congresso,
então correu com o projeto de lei para aprovar rapidamente, por medo de que prevalecesse a posição
do Marco Aurélio. Não há posição concreta do STF, mas é certo que o STF, nesse MI, por unanimidade,
admitiu que ele pode suprir a omissão, mesmo na ausência de uma normatização analógica. Ele pode
suprir a omissão por ele. O que não sabemos ainda é como eles vão fazer isso porque como a lei foi
aprovada pelo Congresso, o MI restou prejudicado.

Lei 9868: regula a ADIO.

Qual o papel do AGU? Não tem como ele defender a norma porque não há norma constitucional
expressa.

- Cautelar em ADIO
Art. 12-F: tradicionalmente não se admitia cautelar em ADIO porque é muito semelhante ao mérito.
Terá que ver se há omissão ou não e isso é praticamente o mérito. Não tem como aparentemente dizer
se está omisso – ou está ou não. A lei previu que cabe cautelar não para suprir a omissão, mas sim para
suspender os efeitos da lei que regulamentou parcialmente a matéria ou então para suspender os
processos que envolvam aquela discussão. Isso beneficia as pessoas quando a lei que regula
parcialmente não é benéfica ao cidadão, ou seja, quando a lei regulamenta de maneira equivocada. Ex:
lei que prevê que o aviso prévio é de 30 dias.

Aula 20 | 20.10.11

REPRESENTAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE (ADI ESTADUAL)


Art. 125, § 2º: é uma ação baseada no principio federativo. Temos 4 entes federativos: união, estados,
municípios e DF – art. 18.

Os entes federativos têm três características:


- Auto-administração: autonomia de cada gente gerir seus recursos sem interferência dos outros entes.

- Autogoverno: temos a formação de governo em cada ente federativo com autonomia. A união e os
estados têm os três poderes, mas no município não temos poder judiciário. O DF tem poder judiciário,
mas é competência da união manter o tribunal de justiça do DFT. “Território” é uma descentralização
administrativa da união, é uma autarquia da união, que não tem autonomia por isso não tem
governador. O membro do MPDFT é membro do MP da União porque aquele MP faz parte do MPF.

- Auto-organização: cada ente federativo possui autonomia para se auto-organizar, ou seja, para dizer
como vai se organizar. A união se organiza por meio da CF e das leis federais. Cada estado tem
autonomia para organizar sua própria constituição estadual – art. 25. Isso não existe para municípios e
DF, que se organizam por meio de leis orgânicas (lei de organização).

Em toda federação existe o principio constitucional da simetria. Por esse principio, as organizações
estaduais e municipais devem ser simétricas ao modelo federal, ou seja, se a CF prevê o
presidencialismo, não é possível que um estado federado adote o parlamentarismo estadual. Aqui no
Brasil, esse princípio tem um peso muito grande. Nossa federação é extremamente centralizadora, em
que se depende muito da união, por isso nosso principio da simetria é muito forte. A federação
americana, por exemplo, é formada por agregação – os estados eram soberanos e se uniram.

Norma de reprodução obrigatória: a norma federal tem que ser repetida pelos estados e municípios.
Ex: art. 81, § 1º. Não vale a pena fazer uma eleição para quem vai ficar menos de 2 anos no cargo. Até
pouco tempo atrás a jurisprudência pacífica era de que esse artigo era norma de reprodução
obrigatória nas constituições estaduais e nas leis orgânicas municipais. Se a constituição estadual ou a
lei orgânica dispusessem de forma distinta, seriam inconstitucionais com base no principio da simetria.
Em decisão recente, o STF entendeu que o município pode legislar de maneira diversa, então a norma
não seria de reprodução obrigatória. O TSE acolheu esse entendimento do STF ao entender que o
município pode fazer eleições para prefeito faltando menos de 2 anos.

Se o estado tem autonomia para ter uma constituição, ele tem que ter autonomia para defender essa
constituição também; isso é absolutamente necessário. Portanto, legislação estadual e municipal tem
que estar de acordo com o estado; assim como ambas tem que estar de acordo com a CF.

E no caso de conflito entre lei federal e constituição estadual? Na elaboração da lei federal, o congresso
está preocupado apenas com a CF; é inviável que se preocupe também com todas as constituições
estaduais. Então, se houver conflito entre lei federal e constituição estadual, isso será resolvido com
base na CF, porque se essas duas leis são conflitantes, houve um conflito de competência porque se a
lei federal falou sobre um tema, a constituição estadual não poderia falar porque a matéria seria de
competência federal e vice-versa. Dessa forma, se a lei federal esta tratando de uma competência
estadual, ela é inconstitucional porque violou competência prevista na CF. Ou o choque é perante a CF
ou não há choque. Não há como comparar lei federal com constituição estadual.

Quem julga essa ação é o tribunal de justiça, por analogia. Quem defende a CF é o maior órgão do
judiciário federal – STF. Então, quem defende a CE é o maior órgão do poder judiciário do estado – TJ.

Legitimados: art. 125, § 2º - a única coisa que a CF diz sobre legitimação da representação de
inconstitucionalidade é que não pode deixar a cargo de um único órgão. Dito isso, a doutrina conflita
sobre quem é legitimado - cabe aos estados prever quem são os legitimados ou o art. 103 é de
reprodução obrigatória, de maneira adaptada?

Na CE do RJ, os legitimados estão previstos no art. 162.

Se tiver uma lei estadual conflitante com artigo da CE, é evidente que o TJ será competente. Mas, há
uma discussão quando a norma da CE for de reprodução obrigatória da CF. Nesse caso, não seria de
competência estadual e sim de competência do STF. Por essa lógica, quase nada seria de competência
do TJ porque quase todas as normas são de reprodução obrigatória. Há um bom tempo prevalece o
entendimento de que o TJ tem sim competência e essa decisão poderá ser submetida ao STF por meio
do RE.

Aqui, temos uma exceção a regra de que não cabe recurso de controle concentrado. Essa é a única ação
de controle concentrado que cabe recurso, até porque todas as outras são julgadas pelo STF. Mas, se a
norma da CE não for de reprodução obrigatória, não cabe recurso ao STF porque feriria a autonomia do
estado de criar sua norma da CE e entender que a norma questionada viola/não viola a CE.

Aula 21 | 25.10.11

A CE pode ser objeto de ADI. A do RJ já foi objeto sob a alegação de que dava mais legitimados para
representação de inconstitucionalidade do que a CF para a ADI, o que desrespeita a assimetria.

Há duas espécies de normas no âmbito estadual:


- Norma de reprodução obrigatória é aquela que a CE deve espelhar a CF, pelo principio da assimetria.
A CE deve dizer exatamente o que a CF disse.
- Normas de imitação: a CE copiou da CF porque quis; ele poderia ter dito de forma diversa, mas não
disse.

Em termos de jurisprudência do STF, quando se tem a norma de reprodução obrigatória sendo objeto
de representação de inconstitucionalidade, admite-se RE. Mas, quando a norma é de imitação, não há
necessidade porque é uma norma exclusivamente estadual. Então da decisão do TJ não cabe recurso
ao STF porque a norma é de competência estadual.

Quando a norma é de reprodução obrigatória, o TJ é obrigado a interpretá-la da maneira que o STF


entendeu. Então, quando temos uma representação de inconstitucionalidade em face de uma norma
de reprodução obrigatória e uma ADI em face da mesma norma tramitando ao mesmo tempo, o STF
suspende a tramitação no TJ até sua decisão. Quando o STF entende que a ação é improcedente,
declarando a constitucionalidade da norma, o TJ continua o julgamento podendo, inclusive, julgar
inconstitucional, mas por outro fundamento diverso. Se o STF entender que é inconstitucional, o TJ está
vinculado a essa decisão.

Se o TJ decide que a norma de reprodução obrigatória é inconstitucional, cabe RE ao STF. Supondo que
o STF confirma a decisão do TJ. Qual o efeito dessa decisão? É erga omnes ou por ser RE o STF tem que
comunicar o Senado? Todo recurso tem efeito substitutivo, então substitui a ação originária que já
tinha eficácia erga omnes estadual, portanto o RE também tem eficácia erga omnes estadual, sem a
necessidade de comunicação ao Senado. Na pratica, como todos os estados tem aquela norma, terá um
efeito cascata, mas o efeito erga omnes será apenas para o estado.

Obs: se o STF entende que uma norma municipal é inconstitucional no controle difuso, ele pode aplicar
o art. 52, X, notificando o senado para que o efeito seja erga omnes municipal. O fato de norma
municipal não ser objeto de ADI não significa que o art. 52, X se aplica.

Prequestionamento: entra com RE alegando que a norma é contra a norma da CE de reprodução


obrigatória, então a matéria é federal. Mas, o estado, quando julga ação de representação, ele não é
competente para analisar compatibilidade de lei estadual com a CF e sim com a CE. No julgamento da
ação de representação, o TJ tem que silenciar quanto a CF, ele pode se manifestar apenas quanto a
compatibilidade com a CE.

Então, como você vai prequestionar a norma federal, para se chegar ao STF, se o CE não pode entrar
nesse mérito? Por meios de ED, alegando omissão do TJ que não analisou a norma estadual em face da
CF. o TJ vai dizer que não teve omissão porque o TJ não pode fazer isso por não ter competência. É
preciso fazer isso para que o STF aceite que houve prequestionamento, embora seja ridículo.

AÇÃO DE REPRESENTAÇÃO INTERVENTIVA (ARI)

Tem a ver com intervenção federal. Art. 18, CF: 4 entes federativos autônomos.

O DF não pode ser dividido em municípios. Sua auto-organização se da por meio de lei orgânica e leis
distritais. As competências estaduais e municipais são exercidas pelo DF. O SF tem autonomia, Brasília é
uma cidade dentro do DF, assim como as outras cidades satélites, mas não tem autonomia como
município. Há o governo do distrito federal, a câmara legislativa legisla para todo o DF e há o judiciário
especifico que é mantido pela União.

Território – autarquia territorial, organizado e mantido pela União. Não é ente federativo autônomo,
não possui autonomia, portanto não existe eleição para governador de território.

A intervenção federal é exceção a autonomia federativa. A regra na federal é que todos os entes
federativos exerçam plenamente sua autonomia (auto-organização, auto-administração e
autogoverno), mas excepcionalmente pode haver intervenção de um ente no outro.
A representação interventiva existe para garantir a autonomia dos entes federativo, para resolver uma
situação de crise em um determinado ente federativo e, resolvida a questão, cessa a intervenção.
Então, acaba sendo medida de defesa da própria federação.

Obs.: a União não tem soberania, quem tem é a República Federativa do Brasil.

Art. 34: “a união não intervirá, exceto para”. Isso revela que a regra é a não intervenção e que o rol do
artigo é taxativo. O mesmo está previsto no art. 35.

Sempre o ente maior intervém no menor: a união intervém nos estados membros e no DF. O estado
intervém em seus municípios. Ou seja, a união não pode intervir diretamente no município
(intervenção per salto).

Tem uma hipótese em que a união intervém em município – município de território ( art. 35). A união
intervém em município localizado em território porque o território pertence a união. Não é obrigatório
que o território seja dividido em municípios, mas se for, a união pode intervir porque o território é uma
descentralização administrativa da união, então se é dela, ela pode intervir.

Aula 22 | 01.11.11

Aula Ana

União não intervém em município senão viola autonomia de estado; só pode intervir em município de
território, que é descentralização administrativa da União e pertence a ela.

Hipóteses de intervenção federal (art. 34): rol taxativo, assim como o do art. 35.

I. Se um dos estados resolve sair da União, não pode, a União pode intervir.

III. cabe intervenção no RJ se houver diversos arrastões, desordem pública? Não poderia intervir no
município do RJ, teria que ser no estado. A intervenção no estado exige que o comprometimento da
ordem publica seja efetivamente grave, não é qualquer grau de violência.

V.b – estado deixa de repassar receita de tributos aos municípios

VI. o estado deve cumprir lei federal, ordem ou decisão judicial. O que dá mais problema aqui é a
questão dos precatórios (art. 100 CF). A AP tem o principio da orçamentariedade, só pode gastar o que
está no orçamento. Isso é muito diferente do particular. STF cristalizou jurisprudência no sentido de que
não cabe intervenção federal no caso do não pagamento de precatórios, porque não adianta haver. O
governador não criou aquela divida, ele herdou de governos anteriores e não adianta nomear um
interventor federal: sai o governador pois diz que não há verba para pagar os precatórios acumulados,
e entra o interventor com o mesmo problema, não conseguindo quitar essas dividas. Dessa forma, não
adianta passar pela medida traumática da intervenção federal. Os críticos disso dizem que pode ser que
adiantaria, os interventores não usariam tanto dinheiro para propaganda e poderiam se organizar para
pagar os precatórios.
Intervenção estadual: art. 35

As constituições estaduais podem ter princípios constitucionais sensíveis (III)

Art. 36 – procedimento de intervenção estadual e federal (Art. 84, X CF – competência privativa do


presidente decretar e executar intervenção federal)

I. coação ao Executivo, governador do estado, ou ao Legislativo, assembléia legislativa, ou ao Judiciário.


A coação ao executivo ou legislativo enseja solicitação de intervenção ao presidente. Quando a coação
é contra o judiciário estadual (TJ/juiz de direito), o STF deve realizar uma requisição de intervenção
federal. A doutrina é tranqüila nessa diferenciação. Na solicitação, o presidente analisa
discricionariamente se intervém ou não, ele decide se intervém ou não. Quando se tem requisição, isso
significa que isso passou antes por uma etapa judicial e o STF entende que é caso de intervenção, não
solicitando, mas requerendo. A atuação do presidente é vinculada à atuação do STF. Em uma hipótese a
intervenção é obrigatória e em outra não.

II. também há uma fase judicial prévia do art. 34, VI, parte referente a ordem e decisão judicial. Essa
fase judicial previa pode ser feita pelo STF, STJ ou TSE, dependendo da competência. Nesse caos
também há requisição e o presidente é obrigado a decretar intervenção.

III. ação de representação interventiva

Art. 34, VI e VII levam à ação de representação interventiva. Nas outras hipóteses há intervenção
direta, o juízo é exclusivo do presidente da republica.

Par. 1o – o presidente/governador não escolhe, vai pro CN se for intervenção federal e vai pra
assembléia legislativa se for intervenção estadual. “se couber nomeará interventor” – existe um
controle a posteriori, e o decreto se couber nomeará interventor. Pode haver intervenção sem
interventor, a CF admite isso.

Par. 3o – dispensa controle político do legislativo pois já houve fase judicial prévia. Às vezes o decreto
de intervenção basta para restabelecer a normalidade. Então isso prova que pode haver intervenção
sem nomeação de interventor.

Par. 4o – a intervenção é temporária, quando ela acabar voltam as pessoas eleitas.

A ação de representação interventiva é uma ação de controle concentrado, julgada com exclusividade
pelo STF. É também controle concreto, pois analisa se O estado de fato violou principio sensível,
descumpriu ordem judicial.

Se o procurador geral da republica não mover a ação, ela não ocorrerá. Essa ação é de legitimação
exclusiva dele.

Antes da EC45, essa ação só cabia na violação de principio sensível (art. 34, VII). Se o estado violar
principio sensível de forma comissiva, claro que cabe essa ação. Mas e se isso foi feito de forma
omissiva? Cabe essa ação na hipótese de omissão? Barroso admite que sim, e o STF também, pois é
fácil violarmos direitos da pessoa humana, por exemplo, de forma omissiva, assim como autonomia
municipal, prestação de contas. A omissão também possibilita essa ação, no sentido de que principio
sensível pode ser descumprido por ato comissivo e omissivo. Tudo vai ter uma razoabilidade.

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL (ADPF)

Art. 102, par. 1o CF e lei 9882/1999

Pode ser preventiva ou repressiva, assim como o MS e HC.

Serve para defender preceito fundamental de atuação do poder publico (não particular). É bem
semelhante a MS, que não cabe contra ato de particular, somente se o particular tiver agido com
delegação do poder publico (não em atos de gestão). Aqui é a mesma coisa.

Preceito fundamental – a lei fica omissa, cabendo à doutrina definir.

Aula 23 | 08.11.11

Não tinha relevância até a norma regulamentadora. Sua norma criadora era claramente de eficácia
limitada.

Pode ser ajuizada para evitar ou reparar lesão a preceito fundamental – pode ser repressiva ou
preventiva. Mas, deve ser contra ato de poder publico, assim como o mandado de segurança. Cabe
contra ato de particular se for ato delegado por poder público.

- Preceitos fundamentais:
Direitos fundamentais: não são aqueles que estão apenas no titulo II, tem a ver com a proteção do
individuo com relação ao estado. Isso se encontra espalhado na CF. Não é só o artigo 5º que prevê os
direitos individuais, por exemplo. Os direitos fundamentais abrangem direitos individuais, coletivos,
sociais, nacionalidade, direitos políticos...
Princípios constitucionais sensíveis: art. 34, VII
Cláusulas pétreas
?

- Modalidades: lei 9882.


1. Direta: art. 1º, caput.
2. Via incidental: art. 1º, § único. Essa via ficou desfigurada, quase não é usada. A ideia da ADPF é
a possibilidade do cidadão reclamar perante o STF a violação de um preceito fundamental no curso do
processo (???).

A ADPF, mesmo na modalidade incidental, é vista como controle abstrato e concentrado, sempre.
Portanto, tem eficácia erga omnes.

Inciso I: cabe para lei ou ato normativo municipal e para norma anterior a constituição. Não existe ADI
de lei municipal, mas há controle abstrato e concentrado de lei municipal, pela ADPF.
- Legitimados
Art. 2º. São os legitimados do art. 103, CF. O inciso II previa o cidadão, por causa do controle pela via
incidental, mas esse inciso foi vetado porque o STF tava assoberbado de processos.

- Subsidiariedade
Art. 4º, § 1º. Não será admitida a ADPF quando houver qualquer outro meio eficaz de sanar a
lesividade.

- Liminar
Art. 5º. Cabe liminar em ADPF. O § 1º prevê a possibilidade do relator conceder a liminar em casos de
urgência ou perigo de lesão grave, mas ad referendum do tribunal pleno. Isso significa que deve-se
levar a liminar ao tribunal pleno para ser referendada ou não.

§ 3º: esse dispositivo foi objeto de ADI, mas não foi julgada até hoje e as liminares continuam sendo
deferidas pelo STF.

Amicus curiae - art. 6º, § 1º. Cabe amicus curiae em ADPF.

Quórum - art. 8º.

Decisão e efeitos da decisão


Art. 10, 11, 12 e 13. Comparando o art. 11 com o art. 27 da Lei 9868, o conteúdo é igual. O único
detalhe é que o art. 27 se aplica apenas para ADI, ADC e ADIO e o art. 11 se aplica para ADPF. Apesar de
obvio, quando for fundamentar a possibilidade de efeitos da decisão, deve-se citar o art. 11 e não o
artigo 27.

Aula 24 | 10.11.11

Ativismo judicial e judicialização da política

Poder judiciário é poder independente. Na ideia de separação de poderes de Montesquieu, o judiciário


tem uma função muito menor do que os outros. Há uma proeminência do legislativo. Mas, quando se
estuda o judiciário, Montesquieu da uma função quase que exclusivamente técnica, ao dizer que o
judiciário é a boca que pronuncia as palavras da lei. Segundo ele, a decisão judicial é simplesmente
uma interpretação restrita da lei.

Aos poucos, com as mudanças no mundo, o judiciário vai assumindo papel político. Contudo, não pode
deixar de ter uma feição técnica, na medida em que as decisões dos juízes têm que ser técnicas.

Judicialização da política: na medida em que o estado democrático de direito está se assentando e que
a democracia é o governo da maioria, respeitando a minoria e garantindo os direitos fundamentais, é
claro que a suprema corte fica em evidencia. A constituição é aquilo que a suprema corte diz que ela é.
A judicialização é natural, é próprio do estado democrático do direito, sendo comum, inclusive, a
própria política bater as portas do judiciário.

Existem instrumentos judiciais que permitem a participação do judiciário na política, como é o caso do
mandado de injunção e da ação direita de inconstitucionalidade por omissão.

Ponderação de princípios e valores por vezes é feita por meio da razoabilidade. Mas, a razoabilidade é
subjetiva, porque quando o juiz decide alegando razoabilidade, ele o faz de acordo com a sua opinião
pessoal, de acordo com o que ele considera mais razoável. No entanto, a razoabilidade deve obeceder a
três subprincípios: necessidade (necessidade de escolher um direito fundamental em detrimento de
outro), adequação e proporcionalidade em sentido estrito (própria razoabilidade em si).

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