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Universidade Federal do Ceará

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil: Estruturas e Construção Civil


Disciplina: Elementos Finitos – 2018/1
Prof: Evandro Parente Junior

Análise de Radier de Concreto Armado com o Método dos Elementos


Finitos.

Autor
Maurício Alves de Melo
mauricioam_@hotmail.com
Mestrando em Estruturas e Construção Civil
Av. Engenheiro Humberto Monte, Bloco 710, Campus do Pici, CEP - 60455-760. Fortaleza – CE –
Brasil.

Resumo: A análise de radiers de concreto armado envolve diferentes métodos, modelos e


técnicas de cálculo, desde as soluções dos problemas de placas através de ábacos até a modelagem
computacional por métodos numéricos, dentre eles o Método Elementos Finitos (MEF), largamente
utilizado atualmente. Devido à crescente utilização desta técnica, buscou-se apresentar neste
trabalho uma aplicação do MEF na análise de radiers de concreto armado. O trabalho foi realizado
com uso do software Abaqus, no qual foi modelado um radier quadrado cujos resultados são
encontrados na literatura recomendada pelo ACI. Utilizou-se elementos finitos de placa para a
modelagem do radier, e base elástica conforme hipótese de Winkler para a representação da reação
do solo. Os resultados foram qualitativamente satisfatórios, porém quantitativamente insuficientes
para afirmar que a solução converge para a solução analítica, pois mostrou requerer maiores
recursos computacionais para refinamento da malha. O estudo aqui realizado serve, então, como
ponto de partida para trabalhos futuros, uma vez que aborda com clareza aspectos relevantes sobre
geração de malha de elementos finitos para problemas de placas em meio elástico.

Palavras-chave: Radier, Elementos Finitos, Malha, Abaqus.


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1. INTRODUÇÃO

O Radier é um tipo de elemento de fundação superficial que consiste numa placa rígida
apoiada no solo, de forma que recebe as cargas da edificação e as transmite uniformemente ao solo.
A sua escolha é indicada quando um pré-dimensionamento de sapatas, considerando-se a
capacidade de suporte do solo, resulta em dimensões tais que os elementos ficam muito próximos
uns dos outros, ou mesmo se interceptam, ou ainda quando se deseja uniformizar os recalques. Uma
orientação prática bastante difundida é de que se deve optar pelo radier quando a área total das
sapatas pré-dimensionadas ultrapassaria metade da área de construção.

Apesar do uso crescente no Brasil da utilização do radier protendido, ainda não existe uma
norma brasileira específica para projeto e execução de radiers. Entretanto, existem literaturas
produzidas principalmente pelo American Concrete Institute (ACI) e pelo Post-Tensioning Institute
(PTI), que balizam os projetos e a execução deste tipo de fundação.

Os métodos de cálculo de radier abrangem os procedimentos de avaliação da estabilidade,


capacidade de suporte, distribuição de tensões e/ou esforços internos solicitantes, os quais são os
parâmetros necessários para a avaliação dos estados limites últimos (ELU) e de serviço (ELS).
Essencialmente, busca-se a solução da equação diferencial de equilíbrio de uma placa sobre base
elástica.

Segundo Velloso e Lopes (2010), os métodos de cálculo de fundação do tipo radier são:
Método Estático, Sistema de Vigas Sobre Base Elástica, Método da Placa Sobre Solo de Winkler,
Método do American Concrete Institute, Método das Diferenças Finitas e o Método dos Elementos
Finitos (MEF). O Método dos Elementos Finitos é normalmente utilizado por rneio de programas
comerciais. São utilizados programas para análise linear bi e tridimensional de estruturas,
preferencialmente com elementos de placa disponíveis e com possibilidade de apoio elástico.

Os resultados do MEF são influenciados pelo refinarnento da malha e pelo tipo de elemento
finito implantado no programa. Assim, é interessante que sejam analisados inicialmente casos que
têm solução por outros métodos, até que se adquira experiência no uso do software para poder obter
resultados confiáveis.

1.1 Objetivos

O trabalho aqui desenvolvido tem como objetivo geral efetuar a análise estrutural de um
radier de concreto armado utilizando o MEF. Como objetivos específicos, buscou-se: apresentar
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aspectos importantes na geração de uma malha de elementos finitos para análise de radier; comparar
resultados de deslocamentos e esforços solicitantes obtidos pelo MEF com valores encontrados na
literatura.

1.2 Metodologia

O presente trabalho foi realizado através da modelagem de um radier de concreto armado já


estudado na literatura, utilizando o software de elementos finitos Abaqus/CAE Student Edition
2017. Os resultados foram comparados com valores obtidos por Shukla (1984) e Molla (1995).
Detalhes sobre o problema e sobre a modelagem estão apresentados nas seções seguintes deste
trabalho.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Dentre os métodos existentes para análise de radier, cabe destacar três principais: Método da
Placa Sobre Solo de Winkler, Método do American Concrete Institute e o Método dos Elementos
Finitos (MEF). Uma breve explicação desses métodos é dada a seguir.

2.1 Método da Placa Sobre Solo de Winkler

O problema da placa sobre solo de Winkler foi estudado por Schleicher (1926) e Hetenyi
(1946), que propuseram soluções para a equação diferencial dos deslocamentos de urna placa
delgada assente sobre um sistema de molas (hipótese de Winkler). Tal equação, considerando uma
região distante dos carregamentos, é dada por:

Onde D é a rigidez à flexão da placa (análogo a EI nas vigas), igual a:

Onde t é a espessura da placa; Ec é o Módulo de Young do material da placa; ν é o coeficiente de


Poisson do material da placa.
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Numa analogia com o problema da viga, pode-se definir um parâmetro característico β,


chamado de raio de rigidez efetiva, dado por:

Com isso, determina-se a solução dos deslocamentos pela seguinte expressão:

Portanto, os deslocamentos e, consequentemente, os esforços são expressos em termos da


carga aplicada e de funções Z, obtidas pelos ábacos de Hetenyi (1946), mostrados na Figura 1. As
constantes C1 até C4 são constantes de integração, que podem ser obtidas pelo estudo de casos
particulares.

Figura 1: Abácos de Hetenyi (1946)

Fonte: Hetenyi (1946)

2.2 Método do American Concrete Institute (ACI)

O método proposto pelo ACI (1966) se baseia na solução do problema de placa sobre o solo
de Winkler, e é aplicável a radiers lisos e flexíveis. Calculam-se os momentos fletores e os cortantes
em cada ponto da placa, produzidos por cada pilar. As ações de cada pilar são posteriormente
sornadas nos pontos em estudo, como mostrado esquematicamente na Figura 2.
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Figura 2: Método Aproximado do ACI (1966)

Fonte: ACI (1966)

Em sua versão mais atualizada, ACI (1988) apresenta as etapas recomendadas para projetos
de radier, em que são combinados diversos modelos de cálculo. Em uma das etapas, o autor
recomenda que seja feita uma análise aproximada para determinar os esforços e deslocamentos no
radier, por métodos computacionais ou pelo método de ACI (1966), através de ábacos. O autor
aponta, ainda, que esses ábacos para uso no método aproximado podem ser encontrados em Shukla
(1984), o qual demonstra a utilização do método com a análise de um exemplo em detalhes. A
Figura 3 apresenta o ábaco de Shukla (1984) para cálculo dos esforços e deslocamentos em radier
de maneira aproximada.

Figura 3: Ábacos de Shukla (1984)

Fonte: Shukla (1984)


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2.3 Método dos Elementos Finitos (MEF)

O Método dos Elementos Finitos, normalmente utilizado por rneio de programas comerciais
permitem realizar análises bidimensionais e tridimensionais de estruturas, utilizando, para
problemas de radiers, elementos de placa, preferencialmente.

Segundo Velloso e Lopes (2010), para análise de um radier, um modelo bastante simples
consiste no uso de elementos de placa para representar o radier, e de molas ou apoios elásticos para
representar o solo, conforme mostra a Figura 4.

Figura 4: Modelo de análise de radier por MEF com molas discretas

Fonte: Velloso e Lopes (2010)

Um segundo modelo de cálculo possível utiliza elementos de placa ou sólidos para


representar o radier, e elementos sólidos para representar o solo, como mostrado na Figura 5. Este
segundo modelo, bem mais complexo, permite levar em conta a heterogeneidade espacial do solo,
porém demanda um custo computacional muito mais elevado que o primeiro modelo.

Figura 5: Modelo de análise de radier por MEF de forma conjunta

Fonte: Velloso e Lopes (2010)


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3. METODOLOGIA

Como forma de apresentar uma aplicação do Método dos Elementos Finitos (MEF) a
problemas de fundação tipo radier de concreto armado, fez-se a modelagem de um exemplo
encontrado na literatura, através do software Abaqus/CAE Student Edition 2017, o qual possui uma
limitação de 1000 nós.

O exemplo estudado neste trabalho consiste no mesmo exemplo utilizado por Shukla (1984),
porém com as correções e adaptações apontadas por Molla (1995). A escolha deste exemplo foi
feita com a intenção de obter valores de referência para comparar com os resultados obtidos pela
modelagem por MEF realizada neste trabalho. Optou-se por manter as unidades no sistema inglês,
visto que o software utilizado não faz distinção de unidades, apenas requer que estejam
consistentes.

O problema consiste, portanto, em um radier de concreto armado, quadrado, de espessura


constante, suportando 16 pilares igualmente espaçados nas duas direções do plano X-Y, conforme
Figura 6. Os pilares estão espaçados de 15 pés nas duas direções, distantes de 3 pés das bordas,
possuem seção transversal constante e quadrada, de lado igual a 1,5 pés, e transmitem apenas cargas
verticais de 300 klb, 200 klb e 150 klb, conforme a Figura 6. O radier possui lado de 51,0 pés,
espessura t = 2,0 pés, módulo de elasticidade longitudinal E = 449.568,0 klb/pés², coeficiente de
Poisson ν = 0,15, resultando em um valor de rigidez da placa D = 306.610,0 klb.pés. Para o solo de
fundação, adotou-se areia fofa, com coeficiente de reação vertical ks = 341,28 klb/pés³, admitida
constante, resultando para o raio de rigidez efetiva L = 5,47 pés e raio de influência 4L = 21,9 pés.

Cabe observar que os valores de D e ks adotados correspondem aos valores de Molla (1995),
ou seja, iguais a 12 vezes os valores de D e ks obtidos por Shukla (1984). Logo, uma vez que Molla
(1995) não computou os valores de deslocamentos verticais w para este exemplo, tomaram-se como
valores de referência os valores de Shukla (1984) corrigidos, ou seja, também multiplicados por 12.
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Figura 6: Estudo de caso: radier quadrado.

Fonte: Shukla (1984)

Para a análise do radier pelo MEF, foram geradas duas malhas distintas. Em ambas, foram
utilizados elementos finitos de placa isoparamétricos quadrilaterais, representados
esquematicamente na Figura 7. Devido à configuração do problema, fez-se a modelagem apenas de
¼ do radier, utilizando de suas duas simetrias para estabelecer condições de contorno e espelhar
resultados. As cargas foram aplicadas de forma distribuída na área de contato dos pilares com o
radier.
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Figura 7: Representação esquemática de elementos finitos de placa

Fonte: Abaqus (2017)

Na primeira malha, os elementos utilizados foram os S8R, os quais são elementos


quadráticos de 8 nós com integração reduzida, cuja formulação é feita com base na Teoria de
Reissner-Mindlin, portanto adequados a problemas em que a deformação transversal de
cisalhamento não deve ser desprezada. A escolha deste elemento foi feita com base no estudo de
Molla (1995), que concluiu que o uso deste tipo de elemento produz bons resultados em análise de
radiers, assim como elementos do tipo “heterosis”. A malha obtida utilizou 953 nós, totalizando 294
elementos.

Já na segunda malha, foram utilizados elementos finitos planos que se adequam tanto a
problemas de placas finas quanto a placas espessas, de acordo com as dimensões e a espessura da
placa, consideradas na modelagem. Ou seja, elementos para problemas gerais de placas consideram
as deformações transversais de cisalhamento à medida que estes se tornam significativos, podendo
utilizar tanto a Teoria Clássica quanto a Teoria de Reissner-Mindlin em função da espessura e das
dimensões da placa. Os elementos utilizados nesta segunda etapa foram os S4R, que são elementos
lineares quadrilaterais de 4 nós, com integração reduzida, “hourglass control” (estabilização para
controle do modo espúrio tipo ampulheta), e consideração de deformações finitas. Apesar de Molla
(1995) ter concluído que este tipo de elemento não produz bons resultados para análise de radiers,
procurou-se construir uma malha mais refinada nos pontos de interesse, o que somente foi possível
com a redução do grau do elemento, devido à limitação do número de nós. A malha obtida utilizou
832 nós, totalizando 775 elementos. As Figuras 8 e 9 apresentam de forma esquemática os
elementos S4R e S8R.
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Figura 8: Elemento S4R

Fonte: Abaqus (2017)

Figura 9: Elemento S8R

Fonte: Abaqus (2017)

Para a consideração do solo na análise do radier, considerou-se uma base elástica conforme
modelo hipotético de Winkler (1868), em que o efeito da reação vertical do solo é simulado por
molas discretas aplicadas em cada nó da malha de elementos finitos. Apesar de esta não ser uma
forma de modelagem tão realista quanto a modelagem conjunta do solo através de elementos finitos
sólidos, esta segunda abordagem requer bastante recurso computacional, indisponível no momento
desta pesquisa, levando a optar-se pela primeira abordagem, também bastante aceita para fins
práticos.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos pelas duas modelagens estão apresentados nas Figuras 10 a 17, e serão
discutidos a seguir. Cabe observar que se buscou refinar a malha nas áreas próximas aos pontos de
interesse, a saber: pontos 1 e 6 da Figura 6.
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4.1 Malha 1

A Figura 10 mostra a distribuição de tensões de Von Mises na primeira malha, ou seja, no


quadrante superior direito do radier. Percebe-se claramente a existência de concentrações de tensões
nas áreas de aplicação das cargas, e menores tensões nas áreas mais afastadas dos pilares. Como era
esperado, a maior concentração de tensões está localizada no ponto 6, onde se situa o pilar mais
carregado.

Figura 10: Tensões de Von Mises na Malha 1

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os deslocamentos verticais no quadrante superior direito estão mostrados na Figura 11,


sendo possível perceber valores maiores (em módulo) abaixo e nas proximidades das cargas,
enquanto nas áreas mais afastadas das cargas os deslocamentos foram menores. É importante notar,
entretanto, que os deslocamentos nas bordas direita e superior foram maiores do que os
deslocamentos abaixo dos pilares, o que não era esperado, visto que a reação do solo tenderia a
aliviar o deslocamento dessas bordas. Acredita-se que esta aparente contradição ocorreu devido ao
pouco refinamento que foi feito nestes locais, e devido a não ter sido considerado o solo em redor
do radier, que contribuiria para a reação do solo nestas bordas.
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Figura 11: Deslocamentos verticais na Malha 1

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os momentos fletores Mx estão apresentados na Figura 12, e os momentos fletores My estão


representados na Figura 13. Os valores positivos correspondem a momentos negativos, e vice-versa.

Figura 12: Momentos fletores Mx na Malha 1

Fonte: Elaborado pelo autor.


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Figura 13: Momentos fletores My na Malha 2

Fonte: Elaborado pelo autor.

A distribuição de esforços cortantes ao longo da direção Y no quadrante superior direito do


radier está mostrada na Figura 14, sendo bastante nítida a concentração desses esforços nas faces
dos pilares, gerada pelo efeito de puncionamento. A distribuição de esforços cortantes na direção X
está mostrada na Figura 15, onde se observa comportamento semelhante ao da direção Y.

Figura 14: Esforços cortantes Vy na Malha 1

Fonte: Elaborado pelo autor.


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Figura 15: Esforços cortantes Vx na Malha 1

Fonte: Elaborado pelo autor.

4.2 Malha 2

O comportamento observado na Malha 2 é qualitativamente o mesmo da Malha 1, e


quantitativamente bastante semelhante, com pequenas diferenças de valores. Buscou-se, na segunda
malha, representar um refinamento-h nas áreas próximas aos pontos de interesse (1 e 6), embora,
devido à limitação do número de nós, isso só foi possível reduzindo o grau do elemento. Portanto,
não foram comparados os resultados das malhas 1 e 2 entre si, apenas foram comparados seus
resultados com os resultados de Shukla (1984) e Molla (1995). Esta comparação está apresentada na
Tabela 1. A título de ilustração da malha utilizada, a Figura 16 mostra a distribuição completa das
tensões de Von Mises no radier, e a Figura 17 mostra a distribuição dos deslocamentos verticais no
quadrante superior direito do radier.
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Figura 16: Tensões de Von Mises na Malha 2

Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 17: Deslocamentos verticais na Malha 2

Fonte: Elaborado pelo autor.


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Tabela 1: Comparação dos resultados


Mét. Flexível
MEF -
Local Parâmetro Aprox. MEF - Malha 1 (S8R, placa espessa) MEF - Malha 2 (S4R, geral)
MOLLA
(SHUKLA*)
1 2 3 4 6 (6-3) (6-4) 7 (7-3) (7-4)
w 4,10E-03 - 3,29E-03 -19,8% - 3,26E-03 -20,6% -
Ponto 1 Mx -3,80 -8,50 -7,18 89,0% -15,5% -6,82 79,6% -19,7%
My -3,80 -8,50 -6,90 81,6% -18,8% -6,91 81,8% -18,7%
w 4,93E-03 - 4,54E-03 -8,0% - 4,50E-03 -8,8% -
Ponto 6 Mx 53,00 43,90 52,54 -0,9% 19,7% 53,86 1,6% 22,7%
My 53,00 43,90 55,52 4,8% 26,5% 53,83 1,6% 22,6%
w, LF - - 4,46E-03 - - 4,42E-03 - -
Faces do
w, RF - - 4,41E-03 - - 4,37E-03 - -
Pilar do
Mx, LF 32,80 33,50 44,93 37,0% 34,1% 38,51 17,4% 15,0%
Ponto 6
Mx, RF 32,80 37,20 45,47 38,6% 22,2% 38,65 17,8% 3,9%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Comparando os resultados das modelagens com os resultados de Shukla (1984), percebe-se


que os deslocamentos do ponto 6 tiveram melhor aproximação (diferenças de 8%) do que os do
ponto 1 (diferenças de 20%). Como esperado, a resposta por MEF foi mais rígida do que os
resultados de referência, ou seja, os deslocamentos foram menores e os esforços foram maiores.
Observa-se uma diferença bastante significativa (diferenças de 80% a 90%) quanto aos momentos
obtidos no ponto 1, enquanto os momentos no ponto 6 apresentaram boa aproximação (diferenças
de 1% a 5%). Molla (1995) recomenda que devam ser avaliados os momentos fletores nas faces dos
pilares, e admitidos constantes ao longo de sua seção transversal. Dessa forma, os momentos Mx
nas faces do pilar do ponto 6 passam a apresentar diferenças de 17% a 38%, sendo LF a face
esquerda do pilar e RF a face direita.

Comparando os resultados com aqueles obtidos por Molla (1995), observam-se diferenças
menores (15% a 20%) dos momentos no ponto 1, porém diferenças maiores (20% a 27%) dos
momentos no ponto 6. Para os momentos na face do pilar do ponto 6, as diferenças variam de 22%
a 35% com a malha 1, e 4% a 15% com a malha 2.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

De uma maneira geral, os resultados obtidos foram qualitativamente satisfatórios, uma vez
que representaram comportamentos esperados para o tipo de problema em questão, principalmente
com relação às distribuições de tensões e esforços. Apenas no caso dos deslocamentos, observou-se
um comportamento inesperado nas bordas, com deslocamentos maiores do que abaixo dos pilares,
quando na verdade se esperava um alívio dos deslocamentos devido à reação do solo. Conforme
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mencionado na discussão dos resultados, tal fato provavelmente ocorreu devido à não consideração
do solo em redor do radier e pelo pouco refinamento da malha nestas áreas.

Quantitativamente, não foi possível obter resultados satisfatórios com as malhas adotadas,
uma vez que grandes diferenças foram observadas na comparação com os valores de referência.
Recomenda-se a utilização de uma versão do software com recursos menos limitados, de forma que
seja possível proceder com um maior refinamento da malha, especialmente nas áreas dos pilares e
nas bordas do radier. Dessa forma, não foi possível concluir a respeito do tipo de elemento mais
adequado para a modelagem do problema. Na falta de uma conclusão a esse respeito, sugere-se
manter as recomendações de Molla (1995) para trabalhos futuros, ou seja, utilização de elementos
quadráticos de 8 nós ou do tipo “heterosis”, com integração reduzida.

Apesar das diferenças dos resultados, vale ressaltar que Molla (1995) considera que o
método aproximado de Shukla (1984) não produz bons resultados quando o solo possui rigidez
muito baixa comparada à rigidez do radier, portanto, no exemplo estudado, devem ser tomados
como valores de referência, preferencialmente, os resultados numéricos de Molla (1995).

Além do refinamento da malha, recomenda-se, para trabalhos futuros, a modelagem do solo


por MEF utilizando elementos sólidos, em substituição à hipótese de Winkler. Dessa forma, a
interação solo-estrutura poderá ser simulada de maneira mais realista, com consideração mais
precisa das propriedades dos solos, que geralmente apresentam variações ao longo de suas camadas,
influenciando no comportamento da fundação.

6. REFERÊNCIAS

ABAQUS. SIMULIA User Assistance 2017. 2017.

AMERICAN CONCRETE INSTITUTE (ACI). Suggested Design Procedures for Combined


Footings and Mats. Report by ACI Committee 336. Detroit, 1966.
AMERICAN CONCRETE INSTITUTE (ACI). Suggested analysis and design procedures for
combined footings and mats. Report by ACI Committee 336. Detroit, 1988.
HETENYI, M. Beams on elastic foundation. Ann Arbour: University of Michigan Press, 1946.
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MOLLA, M. A. S. Finite Element Analysis of Footings and Mat Foundations. Thesis (MSc. in
Civil Engineering). Department of Civil Engineering - Bangladesh University of Engineering and
Technology. Dhaka, 1995.
SCHLEICHER, F. Kreisplatten auf Elastischer Unterlage. Berlim: Julius Springer, 1926.
SHUKLA, S. N. A Simplified Method for Design of Mats on Elastic Foundations. ACI Journal,
Proceedings V. 81. No. 5, pp. 469-475. 1984.
VELLOSO, D. A; LOPES, F. R. Fundações: critérios de projeto, investigação do subsolo,
fundações superficiais, fundações profundas. São Paulo: Oficina de Textos, 2010.
WINKLER, E. Die lehre von der Elasticitaet und Festigkeit. Praga: Dominicus, 1868.

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