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Marshall Sahlins OHNO new UCen ror Editora UFRJ 5 LA PENSEE BOURGEOISE: a sociedade ocidental como cultura* O campo da economia politica, construido exclusivamente sobre dois valores, o de troca eo de uso, ¢ feito em pedagos e tem de ser intei- ramente reanalisado sob a forma de uma ECONOMIA POLITICA GENERA- LzapA, que implicard a produgio do valor de troca simbélico (valeur déchangelsigne) como a mesma coisa e no mesmo movimento que a producéo de bens materiais e do valor de troca econémico. A andlise da produgio dos simbolos e da cultura, portanto, nao é apresentada como externa, posterior ou “superestrutural” em relacio & produgio material; ela & exposta como uma revolucio da prépria economia politica, generalizada pela intervengio teérica e pritica do valor de toca simbdlico. BavpRiiaRo, 1972, p. 130 O materialismo histérico é, verdadeiramente, uma autoconsciéncia da sociedade burguesa — mas uma consciéncia, ao que parece, nos termos dessa sociedade. Ao tratar a produgao como um processo natural-pragmitico de satisfagao das necessidades, ele se arrisca a uma alianga com a economia bur- guesa em sua tarefa de elevar a alienaco de pessoas e coisas a um poder cogni- tivo superior, Os dois se uniriam para ocultar o sistema significativo na praxis, * Originalmente publicado em Culture and Practical Reason, Chicago: University of Chicago Press, 1976. © CULTURA NA PRATICA por meio da explicagéo pratica do sistema. Sendo essa ocultagao per- mitida, ou clandestinamente introduzida como premissa, tudo se passaria numa antropologia marxista como se passa na economia ortodoxa, como se © analista fosse iludido pelo mesmo fetichismo de mercadoria que fascina os participantes do processo. Ao se conceber a criagio ¢ o movimento dos bens exclusivamente a partir de suas quantidades pecunisirias (valor de troca), igno- ra-se 0 cédigo cultural de propriedades concretas que rege a “utilidade” e, com isso, continua-se incapaz de explicar o que é de fato produzido. A ex- plicagao satisfaz-se em recriar a auto-ilusio da sociedade a que se dirige, na qual o sistema Iégico dos objetos e relagées sociais funciona num plano inconsciente, que s6 se manifesta através das decises de mercado basea- das no prego, deixando a impressao de que a producao é meramente 0 pre pitado de uma racionalidade esclarecida. A estrutura da economia aparece como a conseqiiéncia objetivada do comportamento pratico, ¢ nao como uma organizacao social de coisas, através dos meios institucionais do mer- cado, mas de acordo com um projeto cultural de pessoas e bens. O utilitarismo, entretanto, ¢€ 0 modo como a economia ocidental — de fato, a sociedade inteira — é vivenciada: 0 modo como é vivida pelo sujeito participante e pensada pelo economista. De todos os pontos de vista, 0 pro- cesso parece ser de maximizaco material: a conhecida necessidade de es- colher um entre diversos fins, quando se trata de alocar recursos escassos para obter a méxima satisfagao possivel — ou, como disse Veblen, conseguir alguma coisa por nada A custa daqueles a quem possa interessar. Do lado produtivo, a vantagem material assume a forma de um valor pecuniério adicionado. Para o consumidor, ela é mais vagamente entendida como 0 retorno em “utilidade” dos desembolsos monetétios; mesmo nesse caso, po- rém, 0 atrativo do produto consiste em sua pretensa superioridade funcio- nal em relagao a todas as alternativas dispontveis (cf. Baudrillard, 1968). O automével tiltimo tipo — ou a geladeira, o estilo do vestudtio, ou a marca do dentifricio — ¢ mais conveniente em virtude desta ou daquela nova carac- terfstica, mais adaptado a “vida moderna”, mais confortavel, mais saud4vel, mais sexy, mais durdvel, ou de melhor sabor do que qualquer produto con- corrente.' Na concepeio nativa, a economia é um campo de ago pragmitica. © 180 9°

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