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CADERNOS DE TEATRO Publicagéo de “O Tablado” sob o patrocinio do Instituto Brasileiro de Educacdo, Ciéncia e Cultura (1B) ECC) Av. Lineu de Paula Machado, 795 J. Botanico Distrito Federal Diretor responsavel: Maria Clara Machado Redatores: Julia Pena da Rocha Rubens Corréa Sénia Cavalcanti Vera Pedrosa Secretaria: Maria Tereza Vargas Tesoureira: Eddy Rezende Ccmposi¢éo: Anna Letycia PROBLEMAS CASAS Teatro Profissional: — Um dos maiores problemas com que luta o teatro brasileiro no momento é 0 de casas de espetaculos. Uma companhia profissional que nado possua casa propria, gasta grande parte de suas rendas no aluguel. O dono da casa é 0 que mais ganha e o que menos trabalha. E 0 capitalista. Nao ha grupo profissional que nao conheca 0 pesadelo dos 30%. £ preciso ter o dinheiro ou acabar com o grupo; para nao acabar com o grupo, ter o dinheiro de qualquer maneira; para ter o dinheiro de qualquer mancira, agradar ao piiblico de qualquer maneira. E 0 grosso do publico geralmente se agrada de pecas que nada lhe acrescentam em cultura. E o cireulo vicioso comeca em detrimento do bom teatro. Uma companhia assoberbada de compromissos materiais acabara por certo mais preocupada com os meios do que com o fim, e passa a funcionar a base do fazer teatro para arranjar dinheiro, em vez de arranjar dinheiro para fazer teatro. E quando 0 comércio torna-se mais importante que a arte, em pouco tempo a arte passara ao segundo plano. Para bem criar um espetdculo é necessario um minimo de liberdade, de tempo, e de paz de espirito. As solicitagoes do dinheiro tiram a liberdade, 0 tempo e a paz de espirito. i So havera bom teatro brasileiro quando o govérno fér o patrocinador des espetaculos, o dono das casas. Teatro Amador: - Como 0 teatro profissional, 0 teatro amador também precisa de uma casa propria para existir. Uma casa onde 0 grupo possa formar ambiente de trabalho, com paz de espirito, tempo e liberdade. O amador precisa de condi- cées adequadas & formacdo do espirito de equipe. Antes de constituir uma realizacdo artistica 0 teatro amador deve ser uma realidade social. O escritor precisa de papel e lapis para criar, o pintor de pincéis, tinta e papel: um teatro precisa de um grupo e de um espaco. O espaco especifico da arte cénica € a casa de espetaculo. Acontece que enquanto os profisionais lutam pelas poucas casas de espetaculos (poucas e caras) que existem no pais, 0 teatro amador possui muito mais facilidade em encontrar locais. Existem milhargs de cuditérios em escolas, clubs, igrejas, sindicatos, que seriam cedidos aos amadores se éstes auisessem realmente ‘fazer’ um trabalho sério © que acontece, muitas vézes, 6 que os novos grupos nao se contentam com os ambientes humildes onde se formaram, e, depois do primeiro sucessozinho local, desejam se passar de armas e bagagens ou para 0 profissionalismo ou para um teatro maior. Ora, para um grupo em formacgo, lutando com falta de técnica e de cxperiéncia artistica, quanto mais humilde e silencioso 0 local de trabalho. melhor. Ciquenta por cento do sucesso e da existéncia do “TA- BLADO” sao devidos ao fato de o grupo possuir casa prépria, isto é, um auditério pertencente’ao Patronato’ Operario da Gavea, cedido ha cinco anos pela diretoria do mesmo, com o apoio das dirigentes e onde durante quase dois anos o grupo trabalhou sem o conhecimento do piblico.

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