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FMU - CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES

METROPOLITANAS UNIDAS
HISTÓRIA, CULTURA E CONTEMPORANEIDADE.

DEISE FERREIRA
LÍVIA STEFANI ARANDA
RENATO SALES

A BRUXARIA E A IGREJA NA IDADE MÉDIA

SÃO PAULO – SP
2019
RESUMO

Este trabalho apresenta uma análise sobre a história da bruxaria na idade


média. A partir de pesquisas em documentos históricos sobre o período, com foco na
inquisição e no papel da igreja na caça às bruxas. Foi efetuada uma pesquisa sobre
as motivações, como preconceitos, procura por poder, manipulação de massas,
torturas e ignorância e a sua influência na atualidade.
A seguir você poderá conferir alguns detalhes sobre o surgimento do conceito
bruxaria e como foi modificado ao decorrer dos anos; de como a palavra bruxa tem
variadas conotações e de como a influência da mídia contribuiu para a mudança de
sentido e de como a igreja católica, fazendo uso do seu poder religioso, conseguiu ser
a responsável por um dos maiores casos de feminicídio do mundo; as bruxas de
Salem entraram para a história como o primeiro caso de perseguição em massa de
mulheres.
Acredita-se que após um estudo aprofundados sobre o assunto, o mesmo pode
servir como exemplo para que os horrores sofridos na idade média não sejam
repetidos.

Palavras-chave: Bruxaria; Igreja; Inquisição.


1. INTRODUÇÃO

Para conclusão do curso de História Cultura e Contemporaneidade, decidimos


analisar a bruxaria e a igreja na idade média. Alguns fatos que entraram para a história
da civilização, como a inquisição e a busca da igreja por um “mal” que em muitos
casos existia apenas dentro da sua própria ignorância. Em busca de poder e
dominação a igreja foi capaz de efetuar verdadeiras barbáries em prol de uma
ideologia e uma ânsia para manter hierarquicamente seu legado. Podemos afirmar
que dentro deste contexto a igreja não teve uma ascensão rápida, suas convicções e
ideologias foram implantadas gradativamente e pouco a pouco o poder da santa igreja
foi fincando seus alicerces. No início, a igreja era um espaço para discutir sobre
teologia, mostrando os caminhos do conhecimento que os cristãos deveriam seguir,
iniciando assim um debate sobre seu conhecimento do divino. Com o passar das
décadas a igreja percebeu que disseminar o conhecimento era perigoso, pois isso
poderia gerar rebeldes dentro da comunidade e questionamentos dos quais não
poderiam ser respondidos.
Partindo deste pressuposto, a igreja construiu seu próprio império, pregando a
ideologia de que ela seria a representante legal de Deus na terra. E para que se
pudesse alcançar uma proximidade do Deus vivo, somente através dela. Neste
parâmetro a igreja se consolidou como um poder supremo no mundo equiparado até
mesmo aos reis monárquicos que tinham dentro do clero, os conselhos para governar.
Eram da monarquia que também vinham os bens que tornaram a igreja umas das
instituições mais ricas do mundo. A tornando assim uma grande senhora feudal dos
séculos V ao XV.
Com todo este poder em mãos a igreja passou a impor o seu poder dentro da
sociedade e passaram a perseguir os excomungados e os opositores do poder da
igreja de Roma. Dentro deste cenário de terror, as pessoas que mais sofriam com
estas acusações infindáveis eram os judeus e as mulheres que eram acusadas de
bruxaria. Dos judeus se retiravam suas fortunas para aumentar sua riqueza e das
mulheres era tirada sua dignidade, pois quando uma mulher era condenada pela igreja
ela era humilhada e executada em meio a praça pública para que servisse de exemplo
as outras mulheres. Como principal foco da inquisição da igreja católica, as mulheres
eram reprimidas a qualquer tipo de prazer sexual, o fato da mulher ser geradora da

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vida ajudou a construir o mito de que sentir prazer nas relações sexuais era
considerado demoníaco, sendo que a função da mulher era apenas gerar filhos e
servir ao seu marido.
A mulher também passou a ser questionada sobre o seu conhecimento diante
de ervas medicinais, como era possível um ser humano portando apenas uma raiz
fosse capaz de produzir um veneno capaz de matar um homem adulto. Dentro destes
questionamentos muitas mulheres foram perseguidas e mortas pois elas eram tidas
como senhoras do conhecimento da natureza. Ou seja, bruxas.
O que nos chama atenção dentro destes fatos e o que nos motivou a escrever
sobre o tema, é que traçando um paralelo entre a idade média e os dias atuais ainda
podemos perceber resquícios da inquisição na nossa sociedade contemporânea. No
caso da igreja católica, hoje ela segue um caminho inverso ao passado, para atrair
novos fieis a igreja se apresenta de forma mais ampla diante das diferenças. Mas
ainda é possível encontrar resquícios de intolerância religiosa, as mulheres e as
minorias.
A principal ameaça ao status quo da igreja, as mulheres acusadas de bruxaria
eram consideradas resistência a um poder que não podia sofrer qualquer derrota.
Ruivas, sardas, verrugas e olhos azuis pálidos eram consideradas marcas do demônio
e qualquer mulher que os portasse poderia cair na rede da inquisição. O que se viu
dentro deste contexto foi uma grande histeria generalizada, já que muitas das
mulheres tidas como bruxas, não passavam de mulheres comuns. O que realmente
acontecia na época, era um temor ao crescimento das mulheres diante do patriarcado.
Abordamos no texto a seguir os principais pontos da caça às bruxas durante a
idade média e qual foi o papel da igreja neste cenário que entrou para a história como
um dos piores momentos da humanidade assim como foi apontando por Levacke em
“A caça às bruxas: na Europa no limiar da Idade Moderna” de 1988, o imaginário da
bruxaria se espalhou e desenvolveu-se de distintas maneiras, ganhando reforço de
acontecimentos locais, do fanatismo, da paranoia, da histeria, da intolerância religiosa
relacionada a perseguição das seitas heréticas, da xenofobia entre outros.

2. O QUE SE ENTENDE POR BRUXARIA.

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Pelo ponto de vista histórico, bruxaria consistia em uma explicação para coisas
que os homens não conseguiam entender e diziam ser obra do diabo, normalmente
direcionada para pessoas do sexo feminino. Uma perseguição à mulher e a tudo que
ela representava. As Bruxas da idade média eram julgadas por qualquer ato, como a
utilização da natureza como ajuda medicinal, por ser muito bonita e atiçar o imaginário
dos padres, por não ceder às ordens do patriarcado, ou até por motivo algum e nesse
caso uma falsa confissão era dada a base de torturas.
As bruxas não utilizavam os meios comuns e as ferramentas conhecidas para
conseguir o que queriam; como eram intituladas adoradoras do diabo, elas usam
meios considerados sobrenaturais para levar o mal a quem desejassem, eram
chamadas de hereges e profanas, utilizando seu corpo para atrair homens “do bem”,
como padres, e fazer com que estes traíssem a igreja e cedessem aos prazeres
carnais. Utilizavam ervas para criar chás para curar doenças e machucados, e
também para criar venenos para destruir seus inimigos sem deixar rastros.
“Toda malícia é leve, comparada com a malícia de uma mulher.” (BÍBLIA, Eclo
25:26)
Com o passar dos anos e após o fim da inquisição, bruxas foram transformadas
em um tipo de anti-herói e lenda urbana. Vistas como mulheres com características
medonhas, deformadas, misteriosas, mentirosas e invejosas, que por onde passam
levam o mal. Que utilizam meios sobrenaturais para conseguir o que querem, sem o
mínimo pudor em matar, roubar e enfeitiçar. Nos contos de fadas sempre derrotadas
pela mocinha, normalmente uma princesa que deseja se casar e formar uma família
feliz, uma analogia ao patriarcado, sempre fazendo a mulher aspirar ao casamento
para ser feliz para sempre.
Nos dias atuais o estigma de bruxa feia já está desaparecendo e o sobrenatural
é visto como uma utilização da natureza que temos a nossa disposição. Considerada
uma religião, a Wicca, por exemplo, é bem vista pela a sociedade. Claro que ainda
existe o conceito de magia branca e magia negra e a palavra bruxa ainda possuí uma
conotação negativa, utilizada muitas vezes como xingamento, como podemos ver no
dicionário Michaelis1 “Mulher mal-humorada e rabugenta; rabuja, ranheta, ranzinza”.

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Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=bruxa
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Por muitos anos a “Santa” inquisição assassinou a todos que consideravam
hereges e somente com o Papa João Paulo II que surgiu um pedido de desculpas por
parte da igreja por atos praticados de forma não evangélica.
Ao decorrer dos anos podemos notar uma mudança imagética da igreja
católica, sempre atrelada à perda de fiéis. Eles sempre tentam se adequar a época
para conseguir mais fiéis e ao mesmo tempo não perder os antigos. Nos dias atuais,
por exemplo, podemos ver uma igreja mais aberta ao povo, menos críticas aos
homossexuais e muito mais acolhedora a todos que já foram considerados hereges;
mas ao mesmo tempo à uma enxurrada de acusações e processos contra a igreja a
respeito de lavagem de dinheiro e pedofilia.
Podemos ver que muito do que foi utilizado na inquisição é reutilizado em pôr
ditaduras no mundo inteiro, como utilizar o poder e a força para criar cenários que
muitas vezes não existiam, levando a processos de tortura, condenações em provas
concretas e atos cruéis e preconceituosos.

3. A ASCENÇÃO DA IGREJA NA IDADE MÉDIA.

A igreja católica foi à instituição mais poderosa da Idade Média, em uma época
que a riqueza era medida por quantidade de terras.
Como no século IX, a Europa era ainda um continente pagão, tinha várias
práticas religiosas, levando séculos para que o cristianismo pudesse apresentar uma
hegemonia sobre as nações europeias. Mas à medida que os séculos foram passando
as pessoas foram virando cristãs, mas não significou que muitos deixaram suas
crenças de lado. Em vários locais do continente, as pessoas ainda prestavam cultos
aos antigos deuses, realizavam crenças, sacrifícios, realizavam cerimônias
relacionadas ás suas antigas crenças. (LE GOFF, 2007, p19-22; GINZBURG, 1991,
P.83-85).
Com toda essa manutenção de antigos costumes e crenças advindos dos
hábitos pagãos destes povos, a prática da magia foi um dos costumes que se
manteve. A Igreja já começou a solicitar para seus clérigos procurassem a combater
esses costumes, algo como Carlo Ginzburgo(1991, p 83) observou no século X, com
o De synodalibus causis et disciplinis ecclesisasticis libri duo, pedindo para os padres
e bispos não realizarem mais esses costumes, ainda assim, não significou que as

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pessoas tivessem abandonado, assim a igreja começou a estabelecer um combate,
no século XII a inquisição foi estabelecida para combater seitas heréticas.
Mas foi no século XXIII com o avanço do poder da Igreja Católica, que as seitas
heréticas começaram mesmo a ser combatidas, a magia e outros costumes pagãos
começaram a cair na mira dos inquisidores, os esforços foram enormes para acabar
com a heresia.
Embora as práticas mágicas fossem de costume do cotidiano do povo, para
tratar problemas de saúde, adivinhações, encantamento para fornecer sorte no amor,
no trabalho, proteção do lar, da família, proteção contra o "mau olhado", a inveja, os
inimigos, etc. Era algo comum, mas muitas pessoas começaram a achar que era
usado para algo maléfico. (PAGE, 2017, P.29)
Num primeiro momento a igreja começou a investigar esse uso continuo da
magia. Apesar de que a ideia de que a magia fosse algo ruim era bem antiga. Na
Bíblia, no Antigo Testamento há trechos que falam mal do uso da magia. Com isso
clérigos retornaram esse discurso como Santo Agostinho, São Isidoro de Sevilha, São
Jerônimo, e no século XIII, o Papa Gregório IX e São Tomás de Aquino.
O Papa Gregório no ano de 1232, expandi o decreto Vox in Roma, denunciando
práticas sinistras e diabólicas no Sacro Império, muitos outros da Igreja fizeram
denuncias por bruxarias, por exemplo, Santo Agostinho associa várias práticas
mágicas como sendo fruto da influencia malévola de Satanás (BAILEY, 2015, p. 365-
368).
Apesar destas denuncias a magia, continuava a ser tolerada desde que não
fosse praticada para intenções maléficas, mesmo que ainda não tinha uma associação
clara entre a feitiçaria e o Diabo. As coisas começaram a mudar no século seguinte.

Em 1326, o papa João XXII expediu a bula Super Illius Specula, na qual
decretava que a feitiçaria era oriunda da influência maléfica de Satanás, o qual
através de suas mentiras enganava as pessoas e fazia que outras
acreditassem nos poderes mágicos de feiticeiras e feiticeiros, os quais estavam
ao seu serviço. Na época que a bula de João XXII foi promulgada, parte da
Europa vivenciava um período de histeria, principalmente na França, devido ao
suposto complô dos leprosos com judeus e muçulmanos; ao mesmo tempo, a
inquisição episcopal desde o século XIII, já vinha perseguindo seitas heréticas
no sul da França e no norte da Itália, logo, todo esse cenário de desconfiança
já estava bem estabelecido. (VILAR, 2015).

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A bula Super Illius Specula não teve efeito imediato, mas os fundamentos da
perseguição a "magia negra" estavam lançados. Nas décadas seguintes,
começaram a surgir termos para se referir aos praticantes de magia; as
feiticeiras passaram a serem chamadas de strige, stix, stria, striga, termos
depreciativos que aludiam as mulheres que participavam da "caçadas noturnas
de Diana", ou participavam de "atividades misteriosas e ilícitas durante a noite",
em ambos os casos, essas histórias já comentadas anteriormente seriam
usadas para originar o sabá ou"missa negra", algo que trataremos adiante. Por
sua vez, a palavra magus foi corrompida pelos clérigos e tornou-se maleficus,
termo pelo qual passou-se a se referir a feiticeiros e feiticeiras em alguns
documentos ainda no século XIV e começo do XV. (HUNCIAU, 2009, p. 78).

4. AS HERESIAS E O CONTRAPONTO.

No período em que a igreja e o Cristianismo no ocidente europeu conquistaram


seus lugares nas mais altas categorias de poder, de maneira que conseguiram
influenciar o pensamento e impor suas ideologias a toda uma sociedade, as minorias
que não aceitavam o que lhes era imposto sofriam ataques, e somente tinham as
opções de serem dizimados ou convertidos.
No início do século XIV como forma de se sobressair e assim mostrar todo o
poder da igreja, foi desenvolvido em 1376, por Nicolau Eymerich, teólogo e nomeado
inquisidor geral de Aragão por Inocêncio VI, o Directorum Inquisitorum (Diretório dos
Inquisidores), desenvolvido para mostrar toda a superioridade do cristianismo em
relação as outras crenças existentes. Desta forma transformando tudo e todos que se
opunham as regras da fé cristã em representantes do diabo. Os hereges, como eram
chamados, além de infiéis, bruxos e dissidentes, eram identificados e julgados de
acordo com os manuais; que eram utilizados como uma forma de legitimar o
preconceito e forçar as minorias a aceitar as regras que a igreja impunha. Muitos
casos eram iniciados a partir de boatos e muitos coagidos a confessar algo que não
era verdade, por meio de torturas físicas e psicológicas. Esses mesmos manuais
condenaram milhares de almas à fogueira.
Mas, devemos ressaltar que a igreja não impôs suas ideologias e seus planos
de uma forma rápida, todo processo foi feito gradativamente. A princípio a igreja
pregava apenas discussões sobre teologia, abrindo caminhos e iniciando uma
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formação de opiniões sobre o assunto. Após a iniciação, os discursos foram ficando
mais inflamados, criando dogmas e impondo uma ideologia que reforçava a
legitimação da igreja como poder absoluto.
A igreja pregava que para ser digno perante a Deus você deveria seguir as
regras impostas, seguir passivo e obediente. E desta forma, grupos de pessoas que
não aceitavam o que lhes era imposto eram excluídos sendo considerados inferiores,
hereges, infiéis, pagãos, e/ou acusados de bruxaria.
Devido aos problemas que estavam ocorrendo na época, como a escassez de
alimento em diversas regiões, conflitos armados nos espaços rurais e urbanos,
guerras e disseminação da peste bubônica, outras manifestações de categorias
sociais começaram a contestar a ordem vigente imposta pelo cristianismo, fazendo
com que a Igreja buscasse formas de se reinventar, criando discursos mais inflamados
contra as heresias e tentando buscar novamente a superioridade, adotando um
discurso que consistia em mostrar que tudo aquilo que está identificado com o padrão
normativo é bom, é sagrado, provém de Deus, enquanto tudo aquilo que foge a esse
caráter (hereges, bruxas, judeus) é identificado como seu oposto, o mau, o profano,
que provém do diabo. Desta forma colocando alvos nas cabeças dos que fugiam da
normal social imposta, forçando-os as viver reclusos e com medo.
De acordo com o Directorium Inquisitorum, havia três tipos de hereges:

 Impenitentes: Eram aqueles que interpelados pelos juízes, convencidos de erro


contra a fé, intimados a confessar e abjurar, mesmo assim não querem aceitar e
preferem se agarrar obstinadamente aos seus erros. Estes devem ser entregues
ao braço secular para serem executados.
 Penitentes: Que depois de aderirem intelectual e efetivamente à heresia, caíram
em si, tiveram piedade de si próprios, ouviram a voz da sabedoria e abjurando dos
seus erros e procedimento, aceitaram as penas aplicadas pelo bispo ou pelo
inquisidor.
 Relapsos: Eram os que, abjurando da heresia e tornando-se por isso penitente,
reincidem na heresia. Estes, a partir do momento em que a recaída fica plena e
claramente estabelecida, são entregues ao braço secular para serem executados,
sem novo julgamento. Entretanto, se se arrependem e confessam a fé católica, a
Igreja lhes concede os sacramentos da penitência e da Eucaristia. (EYMERICH,
NICOLAU, 1376)

Este discurso contra a bruxaria foi construído aos poucos como um contraponto
de alteridade à identidade cristã enquanto grupo majoritário de poder.
As mulheres eram as mais atacadas nestes manuais, sendo consideradas
agenciadoras do diabo em um plano maligno, principalmente aquelas que não eram
controladas por um homem, como viúvas e solteiras. As mulheres sempre foram vistas
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como ameaça ao poder da igreja e ao patriarcado, pois os homens tinham receio
devido ao fato da mulher ter o poder da criação da vida e encontravam maneiras de
impor o controle pelo corpo das mesmas; e não compreendiam o fato da utilização do
poder da natureza para a cura, além da produção de venenos, poções e filtros,
mulheres eram vistas como criadoras da vida e da morte. Ou seja, queimar bruxas na
fogueira era uma forma de impor controle no que não se entendia, e baseando-se no
medo de que a mulher um dia pudesse ser soberana aos homens.
5. BRUXARIA E MÁGIA: PERSEGUIÇÃO E PRECONCEITO

Apresentaremos a seguir fatos históricos de como a igreja católica perseguiu


e matou mulheres de diferentes etnias, as acusando de praticarem bruxaria. E como
este mito da bruxa atual que conhecemos foi construído e explorado de diversas
maneiras pela cultura Pop.
Usando da ignorância do povo e da própria igreja se construiu um mito de que
o diferente deveria ser exterminado, principalmente vindo de mulheres que
demonstravam um conhecimento e uma ligação maior com a natureza. Uma
perseguição sem precedentes na história da humanidade que impactou diretamente
no desenvolvimento social da mulher.
Após conferir alguns fatores pelos quais a caça às bruxas pôde ter início e se
desenvolveu, passamos para adentrar a parte processual dessa história. Como
ocorriam as denúncias que levavam a abertura de inquéritos criminais de modo que
as autoridades eclesiásticas e seculares pudessem investigar as acusações? Por
volta do ano de 1486, com as caça às bruxas chegando ao seu ápice, os inquisidores
passaram a seguir a regras do livro Malleus Maleficarum (Martelo dos feiticeiros) em
tradução literal. Publicado pelos dominicanos Heirinch Kraemer e James Spranger,
seguindo a linha editorial da bula papal Summis Desiderantis Affectibus, do papa
Inocêncio VIII, O guia servia como uma cartilha que explicava o passo a passo de
como de combater os praticantes de heresia. O que mais chama atenção neste
cenário é que inicialmente a própria igreja católica colocou o guia na lista de livros
proibidos. No entanto, depois de alguns anos passou a usar a obra como o principal
manual dos inquisidores. E entrou para a história como o livro mais cruel e perverso
desta época, pois dava ensinamentos de ódio e tortura.

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Com a ascensão do livro se instaurou na Europa, principalmente em países
como Escócia, Inglaterra, Suíça e Alemanha. Um verdadeiro reino de horror para as
mulheres. As acusações eram as mais descabidas do mundo ia de pacto com o
demônio, feitiçaria chegando até ao sumiço de crianças que supostamente eram
devoradas pelas bruxas para sugar sua juventude e energia.
É importante ressaltar que o nome “Bruxa” era designado somente às
mulheres, para a igreja não existiam homens feiticeiros ou bruxos e este conceito foi
levado quase que até o fim da caça ás bruxas. Para os inquisidores a mulher estava
muito mais propensa a cair nas ciladas do demônio por sua fragilidade em corpo e
alma. A questão de existirem homens bruxos, sempre foi amenizada pela igreja. Isso
devido a crença de que para se tornar uma bruxa a mulher deveria selar o seu pacto
com o demônio através de uma relação sexual em uma noite de lua. E o demônio não
aceitava a oferta de sexo vinda de homens.
Muitas mulheres padeceram diante da inquisição, vítimas em sua grande
maioria. Sendo expostas das maneiras mais cruéis que possam existir, sendo
interrogadas e torturadas até chegarem ao ponto de confessarem crimes que jamais
pensariam em cometer e serem queimadas em praça pública para que servisse de
exemplo a outras mulheres.
Mesmo com todo o esforço da igreja em condenar mulheres a fogueira, jamais
foi provada a existência real de uma bruxa. Tudo não passou de suposições e medo
do desconhecido, medo este que levou centenas de mulheres a morte.
Vejamos a seguir alguns exemplos reais de mulheres que foram acusadas de
bruxaria.

 Ana Gómez foi processada pela inquisição galega em 1582, acusada de ter
feito um pacto com o diabo. (SOUZA, 1986).
 Elizabeth Clark na Inglaterra, foi acusada na década de 1640, de se reunir
regularmente à noite com outras mulheres numa casa velha, onde
supostamente praticavam o sabá. (LEVACK, 1988).
 Em 1655, Rachel Dewsall amaldiçoou os próprios filhos. (THOMAS, 1991).
 Em Salém, na Colônia de Massachusetts, entre 1692 e 1693 algumas pessoas
começaram a adoecer de repente, e outras exibiam características de
possessão demoníaca. Bruxas foram acusadas por tais atos. (LEVACK, 1988).

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 A portuguesa Antonia Maria foi acusada pelo Santo Ofício em 1713, de praticar
adivinhação e outras feitiçarias. (SOUZA, 1986).

O ano de 1962, foi tumultuado para grande parte das mulheres nos EUA, o mês
de agosto, mais precisamente no dia 19, acontecia na cidade de Massachusetts o
julgamento que ganhou fama internacional. O tribunal acusou cerca de 200 pessoas
em sua grande maioria mulheres de praticarem bruxaria ou de realizar pacto com
forças ocultas. O caso ficou conhecido como o julgamento das bruxas de Salem.
Salem era uma comunidade britânica puritana, onde a igreja comandava
absolutamente tudo. Da produção de alimentos a criação de animais, tudo teria que
passar pelo crivo da igreja, que tentava a todo custo livrar aquela comunidade das
forças do demônio que rondavam o resto do planeta. Isso fez com que aquelas
pessoas vivessem em volta a superstição, o que acabou os tornando um povoado
ignorante guiado pelas mãos de ferro da igreja.
O caso teve início com a doença da filha do reverendo Samuel Parris, uma
garota de 12 ano de idade, que após presenciar o sermão do pai foi dormir e acordou
na madrugada aos gritos. Os sintomas da doença da garota eram estranhos e muito
incomuns. Ela se contorcia de dor, gritava e alegava está sentindo que centenas de
insetos a estavam picando. Ao sair para buscar ajuda o reverendo encontrou dentro
do povoado mais 3 garotas com os mesmos sintomas dentre elas sua própria sobrinha
de 11 anos.
As crianças afetadas tinham crises constantes e os líderes religiosos
acreditando que aqueles sintomas se tratavam na verdade se possessão demoníaca,
pressionou as garotas a darem explicações sobre aqueles estranhos acontecimentos.
Sem saída, as meninas acusaram 3 mulheres pela sua doença, chama atenção que
as mulheres acusadas faziam parte do ciclo mais pobre do vilarejo. A primeira acusada
foi uma senhora muito pobre que vivia sozinha Sarah Osborne, a segunda era uma
mendiga que pedia por alimentos nas ruas Sarah Good, e a terceira acusada foi a
escrava Tituba.
O medo da bruxaria teve início quando a escrava Tituba, durante um dos
eventos do vilarejo contou para algumas crianças sobre historias vodus, religião
pertencente a África ocidental, historias estas que explodiram durante sua prisão.
Durante o julgamento acreditando que ao assumir que realmente era uma bruxa
Tibuta, seria liberta da forca, ela assumiu que realmente tinha feito pacto com o diabo
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e acusou mais algumas mulheres pelos feitos. Todas estas mulheres mesmo se
declarando inocentes foram presas.
As declarações de Tibuta, foram o suficiente para uma grande histeria coletiva
que se alastrou por todo o povoado, a paranoia foi enorme, e vários relatos e
acusações foram surgindo. Mulheres acusavam mulheres sem qualquer prova ou
indicio de bruxaria. Até mesmo uma criança de 4 anos foi detida pelo tribunal. O caso
que mais chocou os habitantes foi a acusação do ministro da igreja, que foi acusado
de ser o líder das bruxas e condenado a forca.
No ápice da histeria no dia 19 de agosto de 1962, 200 mulheres foram presas,
acusadas de serem curandeiras ou terem transado com o diabo. Destas 200 mulheres
neste mesmo dia 20 delas foram condenadas à morte. 5 mulheres foram executadas
no mesmo dia, pois segundo o tribunal aquelas mulheres precisavam ser purificadas
pelo fogo para terem suas almas libertas das garras do demônio. E assim foi feito.
O caos só teve um fim, quando o então governador Willian Phipps, decidiu
atender à solicitação do presidente da universidade de Harvard, que denunciou o caso
como absurdo. Alegando que não podia mais admitir que mulheres inocentes fossem
condenadas a forca. Pressionado por órgãos que começaram a saber as atrocidades
que ocorriam no vilarejo e pelo fato de ter a própria esposa presa acusada de bruxaria.
Willian, decidiu encerrar o julgamento no dia 29 de outubro.
Após 3 meses do fim do julgamento diversas pessoas assumiram publicamente
que acusaram inocentes sem provas. No ano de 1702, as autoridades locais
consideraram os julgamentos ilegais. E somente no ano de 1712, o vilarejo de Salem
determinou que os nomes de todos envolvidos fossem “limpos”, pagando uma
recompensa aos herdeiros pelo dano causado.
O estado de Massachutts, assumiu o erro e fez uma declaração formal pedindo
desculpas no ano de 1957, alegando que fatos como este deveriam ser estudados
para que não se cometesse os mesmos erros no futuro.
A psicólogo americana Linda Carporael, estudou o caso e fez uma tese
alegando que a histeria de Salem, ocorreu devido a um fungo encontrado no centeio
do pão. Que pode causar espasmos e alucinações.

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6. SALEM E AS BRUXAS NA CULTURA POP.

“Eu não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem!”


(Dito popular castelhano.).
A histeria de Salem se tornou uma grande inspiração para o cinema e televisão.
Os produtores de Hollywood ganharam fortunas explorando os fatos de um ponto de
vista artístico sem compromisso com a realidade dos mesmos.
Filmes, séries de TV, peças de teatro e uma infinidade de produtos foram
comercializados com a marca das bruxas de Salem.
Em meados da década de 2000, com a disseminação da wicca, uma religião
neopagã, que deixaram as bruxas mais leves e ligadas a natureza construíram uma
nova figura de bruxa. Uma bruxa moderna e cosmopolita.
Em 2013, o aclamado roteirista vencedor de dois Emmy’s, e criador da série de TV
American Horror Story, Ryan Murphy, abordou na terceira temporada da série um clã
de bruxas que tentam a todo custo sobreviver da extinção nos dias atuais. A história
se passa na cidade de nova Orleans na Louisiana, nos EUA. E aborda temas como a
escravidão e seu reflexo nos dias atuais e os descendentes das bruxas de Salem.
Nos anos 80 um festival de filmes de terror e suspense ajudaram a construir
uma verdadeira legião de fãs de bruxas. As bruxas eram abordadas das mais diversas
formas possíveis e imaginais. Bruxas que faziam o bem, bruxas más que queria comer
o coração de moças virgens e até mesmo bruxas angelicais. Tudo era permitido dentro
a fantasia do cinema e dos filmes de baixo orçamento. Nesta década algumas
películas se destacam por ter uma grande repercussão na cultura pop. Dentre estas
obras estão.
A série de televisão a Feiticeira, produzida pelo canal ABC, um sucesso
estrondoso e internacional produzido na década de 70, ajudou a construir esta figura
da bruxa boa e meiga que ajuda os humanos em seus problemas diários. As bruxas
de Salem, também são abordadas em alguns episódios.
Elvira a rainha das trevas, produzido em 1988, ajudou a atriz Cassandra
Peterson a se tornar figurinha carimbada em eventos de cinema e bruxas pelos EUA.
Elvira, após a morte de sua tia bruxa vai receber sua herança em uma cidadezinha do
interior totalmente puritana. Suas roupas e seu estilo gótico choca os moradores e

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após uma histeria coletiva que remete as bruxas de Salem, ela descobre seus poderes
e enfrenta o seu tio bruxo malvado Alek.
“As bruxas de Eastwick”. A comédia do diretor George Miller, aborda a história
de três mulheres, que se reúnem toda quinta feira para beber e falar de seus
problemas e do seu homem ideal. A vida delas se transforma com a chegada do
milionário Daryl Van Horne, que transforma a vida de todas elas de um jeito muito
inusitado. Recentemente o filme ganhou uma releitura na Broadway.
Uma parceria entre os britânicos e os americanos trouxe as telas do cinema o
filme de humor negro. Convenção das Bruxas, um clássico que está prestes a ganhar
um remake em 2020. No filme bruxas se reúnem em um hotel, para organizar o plano
de transformar todas as crianças em ratos com um poção colocada em doces.
Com a popularização do serviço de streaming a Netflix, decidiu fazer o remake
de uma das series mais populares dos anos 90. Sabrina, aprendiz de feiticeira. A série
de TV, que fazia um enorme sucesso da década de 90, ganhou uma nova releitura
tornando Sabrina, uma adolescente que precisa decidir entre ser uma adolescente
normal ou servir aos desígnios do senhor das trevas. A versão atual ganhou contornos
mais sombrios o que atraiu também atenção de uma plateia mais adulta. A série está
indo para o seu segundo ano, mas já tem a terceira e quarta temporada garantida pela
Netflix.
Mesmo ainda existindo pessoas que tem medo de bruxas, podemos falar com
prioridade que elas com o passar dos séculos se tornaram mais atraentes e divertidas
principalmente dentro da cultura pop. Que ajuda a construir a figura da bruxa sempre
de uma forma a agradar o seu público e claro, encher seus bolsos de dinheiro.

7. CONCLUSÃO

O trabalho apresentado nos proporciona uma análise crítica sobre o papel que
a igreja católica desempenhou durante o período conhecido popularmente como caça
às bruxas. E podemos concluir que a igreja tinha interesses ocultos em disseminar
está pratica contra o que eles não conheciam ou não tinham entendimento, a
ignorância foi a principal semente que a igreja fez questão de semear tendo como
resultado uma grande histeria coletiva. Resultando na morte de centenas de pessoas
inocentes.

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Chama atenção também neste cenário, como o tema se transformou com o
passar das décadas, o que antes era visto como um terrível mal que se alastrava pela
terra, a indústria midiática transformou em fonte de renda levando para o
entretenimento e o transformando em filmes, series, desenhos animados, histórias em
quadrinhos e outra infinidade de produtos que levam direta ou indiretamente a marca
das bruxas.
Na sua ânsia de conter o conhecimento, a igreja por sua vez criou normas de
espalhar o medo e ao mesmo tempo mostrar o seu poder diante de uma sociedade
regida pelas regras impostas pelo clero. Acreditamos que pelo fato das mulheres se
mostrarem frágeis diante desta sociedade e ao mesmo tempo serem donas, mesmo
que inconsciente, de um conhecimento sobre a natureza e suas ervas, poderes de
cura e de morte. Tenham sido as escolhidas para sofrer as consequências, por terem
um poder que nem mesmo a igreja possuía.
Lembrar do suplicio destas mulheres e da caça às bruxas, nunca foi tão
pertinente diante da atual situação em nosso país. O feminicídio é um dos males da
nossa geração. Choca perceber que mesmo diante de nossa evolução a vida humana
ainda custa tão pouco, principalmente vidas de mulheres, negros, e moradores de
periferias. As chamadas minorias passam por situações que precisam de atenção e
de uma solução urgente.
Outro ponto é perceber como a religião ainda é usada como justificativa para
cometer crimes cada vez mais bárbaros, matar em nome de Deus se tornou o escudo
de fanáticos extremistas.
O mundo está sendo dominado por uma onda de conservadorismo e
intolerância; líderes políticos e religiosos que deveriam ver a população como um todo,
sem distinção na verdade excluí todos que vão contra a norma social arcaica. O
estranhamento com os direitos conquistados pelas mulheres, negros e homossexuais
ainda é visto por uma ala dita cristã, como um sacrilégio.
O que estas pessoas esquecem é que está é a realidade do mundo moderno,
famílias constituídas por dois pais ou duas mães, mulheres cada vez mais
empoderadas, negros alcançando cada vez mais direitos iguais; lutar contra está
nova sociedade que está cansada de viver nas sombras, apenas fomenta o ódio
encubado de fanáticos e extremistas.

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O fanatismo político e religioso pelo ponto de vista antropológico é um caminho
padrão, onde um ser humano com uma visão levemente intolerante, encontra
semelhantes com os mesmos pensamentos, formando um grupo e fortalecendo a
intolerância e desta forma enfraquecendo o livre pensamento e agora utilizando
apenas do pensamento coletivo, sendo assim uma presa fácil para manipuladores.
Que assim como a igreja fez no passado, usa da ignorância social para construir seu
próprio reino de terror.
Concluímos que a inquisição deve sempre ser lembrada como foi, um genocídio
causado pela procura ao poder, causando sofrimento a milhares. Deve sempre ser
lembrado para que não seja repetido no presente.

8. BIBLIOGRÁFIA

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