Documentos de Académico
Documentos de Profesional
Documentos de Cultura
MARINGÁ
2015
1
MARINGÁ
2015
2
Para Freud no luto o mundo fica vazio, pela ausência do objeto. E na melancolia o
objeto identificado/ internalizado, torna-se parte do ego, dessa forma o próprio ego fica vazio
e triste. Existe uma relação onde o sujeito é dependente do objeto, e este deve corresponder às
expectativas do sujeito, como em Romeo e Julieta, onde a morte é melhor do que a vida sem o
objeto de desejo. O melancólico possui uma pulsão pela morte, entra num processo de
autodepreciação ou autopunição e a única solução que encontra é a aniquilação do ego ou
objeto internalizado. Clemetine opta pela segunda opção. E Joel o faz por vingança da mesma.
amigos, lá descobre que ela passou por esse processo e procura o responsável pelo mesmo.
Joel fica bravo com Clementine e por vingança faz o mesmo que ela.
Ao passar pelo procedimento Joel, acaba danificando seu conjunto de memórias, pois
a partir do momento que se esquece de Clementine, esquece também as emoções, sensações,
percepções e representações verbais que estavam ligadas a ela. No meio do procedimento ele
se arrepende e tenta fazer algo, ao escondê-la fora do “mapa” traçado, em seu inconsciente,
isso foi sugerido por Clementine, esta desempenha o papel de mãe por guiá-lo e propor ideias
durante o desmoronamento das memórias. Joel a esconde junto à memória de sua mãe e
revive uma situação edípica, ele ficava em baixo da mesa e o que conseguia ver de sua mãe
era a virilha, é possível associar isso ao fato de Clementine mostrar a virilha e falar que ela
permanece da forma que ele lembrava.
Clementine não guardou memórias boas de seu relacionamento com Joel, por isso se
submete ao procedimento, nesse caso ela seria a melancólica que nega a perda. Ela faz
mudanças radicais em seu visual (cabelo), é insegura e é claramente impulsiva, pela forma
que utilizou para lidar com o fim do namoro com Joel. Segundo ela, “Sou uma vaca
4
vingativa”, “Não sou um conceito, sou só uma garota ferrada procurando paz de espírito...
Não sou perfeita”, (Joel se lembra dessa frase em seu sonho, durante o processo, e após ele, o
que seria um exemplo de condensação). Sua atitude impulsiva representa uma defesa frente à
dor da separação, uma vez que Joel e sua honestidade a magoaram, por falar coisas que
tocaram em suas inseguranças.
A relação de Joel com Clementine é ao mesmo tempo uma escolha baseada em sua
mãe, anaclítica (um exemplo disso é a cena em que ele aparece com Clementine dentro da pia
da cozinha e sua mãe está lavando louça, ela estava cantando a musica de Dom Pixote, o que
é um outro exemplo de condensação, pois a voz parecia a de Clementine), quanto narcisista,
por transformá-la num ideal, o qual substituiu o investimento erótico, gerando uma forte
fixação no objeto. Desta forma ele se amava por meio de Clementine, e ao perdê-la ele perde
parte de seu Ego, isso o leva a um estágio depressivo, preso à imagem do objeto, e é por isso
que fica bravo com Clementine, e ao tentar vingar-se dela (objeto mal), gera lacunas em sua
esfera psíquica. Mas na tentativa de elaborar o luto, ele deseja impedir o procedimento, isso
fica claro quando diz: “deixe-me guardar esta lembrança, só esta”, o que permite a
reconstrução do objeto desejado por meio de representações internalizadas, no caso ela o
ajuda a tentar preservar as memórias.
O filme começa com ele tendo um momento impulsivo (esse momento impulsivo é o
ID dominando um ego alterado), e correndo para o lugar onde se conheceram, e onde
Clementine fala para se encontrarem, na ultima memória a ser apagada. Nessa, ele conta pra
ela o que pensou dela, como gostou dela. Ele diz a ela que, foi impulsiva e agiu “com tanta
intimidade, foi como se já fossemos namorados”. Clementine fala pra ele “É isso, Joel. Daqui
a pouco vai acabar... O que faremos?” e ele responde: “Aproveitar”. No final da memória ela
sugere alterar o fim da mesma e fala: “Encontre-me em Montauk” e nesse momento ela deixa
de ser projetada. Após o fim do procedimento ele a encontra na praia, conversam no trem,
passam um noite perfeita juntos, descobrem sobre o procedimento, e decidem tentar um
relacionamento novamente.
Isso comprova que mesmo apagando um ao outro das lembranças, traços da outra
pessoa ficam mantidas no inconsciente, dessa forma para superar a perda é necessário a
passagem pelos processos de recordação e repetição, em busca o aprendizado emocional.
5
REFERÊNCIAS: