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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES


DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

MARIA JÚLIA DIAS (89696)

ANÁLISE PSICANALÍTICA DO FILME:


“O BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS”

MARINGÁ
2015
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MARIA JÚLIA DIAS

ANÁLISE PSICANALÍTICA DO FILME:


“O BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS”

Trabalho de Psicanálise, análise do filme


“O Brilho eterno de uma mente sem
lembranças”
Professora: Eliane Domingues

MARINGÁ

2015
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O BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS

O filme se passa em grande parte na mente do personagem principal, Joel, um homem


magoado que decide por vingança, se submeter a um procedimento para esquecer sua ex
namorada, Clementine, responsável por dor e melancolia sentida por ele, porém esse fracassa.

No filme são abordados os processos de luto, melancolia, afetividade, sonho, emoção,


sentimento, percepção, esquecimento e subjetividade, relacionados à perda o objeto de desejo,
do objeto libidinal que foi negado. O luto consiste num processo que tenha começo, meio e
fim, e na melancolia o sujeito repete o processo de luto indefinidamente.

No luto há uma perda do objeto e não existe uma perturbação na auto-estima, na


melancolia o objeto é confundido com o ego e sua perda, portanto consiste num ferimento
Édipo narcisítico, como uma parte de si mesmo, o que gera por conseqüência uma revolta e
culpa por não conseguir evitar o fim. Essa identificação possui uma ambivalência: ao mesmo
tempo que amamos algo podemos odiar também, o ódio nesse caso é sentido quando o
superego constata a perda de uma parte do ego, como se ele mesmo fosse responsável por essa
perda, sente-se culpado e se critica pelo o objeto perdido. Na melancolia o sujeito sente-se
como incapaz, sem valor, desprezível, digno de repreensão e espera ser punido, além de
sentir-se mal por seus parentes por estarem ligados a ele.

Para Freud no luto o mundo fica vazio, pela ausência do objeto. E na melancolia o
objeto identificado/ internalizado, torna-se parte do ego, dessa forma o próprio ego fica vazio
e triste. Existe uma relação onde o sujeito é dependente do objeto, e este deve corresponder às
expectativas do sujeito, como em Romeo e Julieta, onde a morte é melhor do que a vida sem o
objeto de desejo. O melancólico possui uma pulsão pela morte, entra num processo de
autodepreciação ou autopunição e a única solução que encontra é a aniquilação do ego ou
objeto internalizado. Clemetine opta pela segunda opção. E Joel o faz por vingança da mesma.

O personagem principal encontra- se num processo de melancolia nos primeiros


momentos do filme, pois ele sente-se culpado por ter sido “honesto” demais com Clementine,
após a ultima briga dos dois, que gerou o término do relacionamento. Depois dessa briga, ela
se submete a um processo de esquecimento para apagá-lo de sua vida, Joel compra um
presente de dia dos namorados e vai até o trabalho dela para entregar, lá ela o trata como se
não o conhecesse e estava com outro rapaz, Patrick. Joel fica frustado, vai até a casa de
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amigos, lá descobre que ela passou por esse processo e procura o responsável pelo mesmo.
Joel fica bravo com Clementine e por vingança faz o mesmo que ela.

Segundo o Dr. Mierzwiack, responsável pelo procedimento, ao identificar as


memórias associadas é possível chegar ao centro emocional de cada memória, e desta forma
seria possível erradicá-lo para dissolver a mesma, o que supostamente ocorreria na realidade
porque essa ideia está de acordo com a construção real da memória, proposto por Freud, por
conta do conjunto de traços mnêmicos com atividade inconsciente e representações pré-
conscientes, os traços mnêmicos e as representações formadas entram em contato uns com os
outros através de uma rede associativa imensurável, que justifica o método de associação livre
e a interpretação dos sonhos. A consciência do Ego seria prejudicada, porque parte de seus
conteúdos pré-conscientes ficariam dissociados, e o sujeito entra num estado confusional
inexplicável, por não ter consciência do dano produzido em sua estrutura mental. É o que
ocorre no filme, Joel sente algo estranho ao reparar que há as folhas arrancadas de seu diário,
sem lembrar-se de ter feito isso.

O procedimento apaga primeiro as memórias mais recentes e ocorre enquanto o cliente


dorme, como um sonho, no caso de Joel começa com a reprodução da cena vivenciada mais
cedo, nessa cena é possível perceber a ausência da noção de tempo-espaço e a condensação.
Ele se lembra do dia dos namorados e o cenário muda, passa para a casa de amigos onde fala
que faltam três dias para o dia dos namorados.

Ao passar pelo procedimento Joel, acaba danificando seu conjunto de memórias, pois
a partir do momento que se esquece de Clementine, esquece também as emoções, sensações,
percepções e representações verbais que estavam ligadas a ela. No meio do procedimento ele
se arrepende e tenta fazer algo, ao escondê-la fora do “mapa” traçado, em seu inconsciente,
isso foi sugerido por Clementine, esta desempenha o papel de mãe por guiá-lo e propor ideias
durante o desmoronamento das memórias. Joel a esconde junto à memória de sua mãe e
revive uma situação edípica, ele ficava em baixo da mesa e o que conseguia ver de sua mãe
era a virilha, é possível associar isso ao fato de Clementine mostrar a virilha e falar que ela
permanece da forma que ele lembrava.

Clementine não guardou memórias boas de seu relacionamento com Joel, por isso se
submete ao procedimento, nesse caso ela seria a melancólica que nega a perda. Ela faz
mudanças radicais em seu visual (cabelo), é insegura e é claramente impulsiva, pela forma
que utilizou para lidar com o fim do namoro com Joel. Segundo ela, “Sou uma vaca
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vingativa”, “Não sou um conceito, sou só uma garota ferrada procurando paz de espírito...
Não sou perfeita”, (Joel se lembra dessa frase em seu sonho, durante o processo, e após ele, o
que seria um exemplo de condensação). Sua atitude impulsiva representa uma defesa frente à
dor da separação, uma vez que Joel e sua honestidade a magoaram, por falar coisas que
tocaram em suas inseguranças.

A relação de Joel com Clementine é ao mesmo tempo uma escolha baseada em sua
mãe, anaclítica (um exemplo disso é a cena em que ele aparece com Clementine dentro da pia
da cozinha e sua mãe está lavando louça, ela estava cantando a musica de Dom Pixote, o que
é um outro exemplo de condensação, pois a voz parecia a de Clementine), quanto narcisista,
por transformá-la num ideal, o qual substituiu o investimento erótico, gerando uma forte
fixação no objeto. Desta forma ele se amava por meio de Clementine, e ao perdê-la ele perde
parte de seu Ego, isso o leva a um estágio depressivo, preso à imagem do objeto, e é por isso
que fica bravo com Clementine, e ao tentar vingar-se dela (objeto mal), gera lacunas em sua
esfera psíquica. Mas na tentativa de elaborar o luto, ele deseja impedir o procedimento, isso
fica claro quando diz: “deixe-me guardar esta lembrança, só esta”, o que permite a
reconstrução do objeto desejado por meio de representações internalizadas, no caso ela o
ajuda a tentar preservar as memórias.

O filme começa com ele tendo um momento impulsivo (esse momento impulsivo é o
ID dominando um ego alterado), e correndo para o lugar onde se conheceram, e onde
Clementine fala para se encontrarem, na ultima memória a ser apagada. Nessa, ele conta pra
ela o que pensou dela, como gostou dela. Ele diz a ela que, foi impulsiva e agiu “com tanta
intimidade, foi como se já fossemos namorados”. Clementine fala pra ele “É isso, Joel. Daqui
a pouco vai acabar... O que faremos?” e ele responde: “Aproveitar”. No final da memória ela
sugere alterar o fim da mesma e fala: “Encontre-me em Montauk” e nesse momento ela deixa
de ser projetada. Após o fim do procedimento ele a encontra na praia, conversam no trem,
passam um noite perfeita juntos, descobrem sobre o procedimento, e decidem tentar um
relacionamento novamente.

Isso comprova que mesmo apagando um ao outro das lembranças, traços da outra
pessoa ficam mantidas no inconsciente, dessa forma para superar a perda é necessário a
passagem pelos processos de recordação e repetição, em busca o aprendizado emocional.
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REFERÊNCIAS:

FREUD, S. (1900-1901)- A interpretação dos sonhos, capítulo VII

Ferrarini e Magalhães – O conceito de memória na obra Freudiana: Breves explanações. Em:


Estudos Interdisciplinares em Psicologia, Londrina, v. 5, n. 1, p. 109-118, jun. 2014

CITAÇÕES DO FILME, DISPONÍVEM EM <http://kdfrases.com/filme/brilho-eterno-de-


uma-mente-sem-lembran%C3%A7as/2>

ANÁLISE PSICOLÓGICA DO FILME, DISPONÍVEL EM


<http://neuropsicofilo.blogspot.com.br/2009/08/brilho-eterno-de-uma-mente-sem.html>

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