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HISTÓRICO DE SALVADOR
RESUMO
Este artigo consiste em uma leitura sobre a habitação no contexto do centro histórico da cidade de
Salvador, com ênfase na habitação de interesse social e na busca de alternativas para o problema
habitacional da cidade e inclusão social da população de baixa renda nas políticas publicas para esta
área. Baseando-se no estudo das comunidades do MSTB – Movimento de Sem Teto da Bahia, que se
enquadram nas condições de ‘ocupantes’, conhecidas como IPAC 01, na Soledade , IPAC 02 e IPAC 03,
na Rua do Passo, pode-se observar que os moradores ao assumir seu papel de atores sociais da
comunidade, do bairro e da cidade, ganham importante dimensão no resgate e na requalificação do
ambiente em que vivem. Traz reflexões também sobre a importante questão da assistência técnica de
forma pública e gratuita para projetos, consultoria, acompanhamento e desenvolvimento de tais
comunidades. A partir do exemplo de experiências de projetos similares, desafia os gestores públicos a
experimentar novas iniciativas provenientes de universidades e de entidades civis, através da pesquisa e
extensão, em conjunto com movimentos pró-moradia, na condução democrática negociações, de forma a
trocar e reproduzir os conhecimentos, contribuindo para uma efetiva transformação social.
Palavras-Chaves: Habitação de Interesse Social, Centro Histórico, Patrimônio Histórico, Inclusão Social.
ABSTRACT
This article consists of a reading about the habitation in the context of the historical center of the city of
Salvador, with emphasis in the habitation of social interest and in the search of alternatives for the
habitacional problem of the city and social inclusion of the low income population in the public politics for
this area. Based on the study of the communities of the MSTB - Movement of Without Ceiling of the Bahia,
that if fits in the occupying conditions the historic houses named IPAC 01, in the Soledade street, IPAC 02
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and IPAC 03, in Passo street, one can observe that the inhabitants when assuming its paper of social
actors of the community, of the quarter and of the city, they gain important dimension in the rescue and the
requalification of the environment where they live. It also does reflections on the important question of the
assistance technique of public and gratuitous form for projects, consultoria, accompaniment and
development of such communities. From the example of experiences of similar projects, it defies the public
managers to try new initiatives proceeding from university and civil entities, through the research and
extension, in set with movements pro housing, the democratic conduction negotiations, of form to change
and to reproduce the knowledge, contributing for an effective social transformation.
1 INTRODUÇÃO
Não obstante, a topofiliai pelo lugar, Tuan (1980), sobretudo por parte pessoas
pertencentes a extratos populacionais de renda mais baixa, que nasceram ou
desenvolvem atividades ali, faz aflorar o interesse por Projetos que defendam sua
permanência e seu desenvolvimento social. Neste artigo, através do exemplo de
‘ocupantes irregulares’ de imóveis históricos, apoiados pelo MSTB – Movimento Sem
Teto da Bahia, se pretende demonstrar a viabilidade de soluções inovadoras que
permitam a redução do déficit habitacional, a inclusão social dos envolvidos, bem
como a conservação dos imóveis e a preservação ambiental e cultural deste
importante patrimônio público da humanidade.
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De acordo com o Centro de Estatística e Informação/ Fundação João Pinheiro (2008),
na Bahia 93,7% o do déficit habitacional concentra-se na faixa de 0 a 3 SM (superior a
média brasileira- 89,6%). Isto mostra a necessidade de novos enfoques criativos, para
solucionar a demanda habitacional por habitações de interesse social. O presente
artigo surge como uma contribuição provocativa, embasado em uma atividade de
extensão universitária, com objetivo de buscar alternativas para minimizar o problema,
enfocando a delicada questão da aparente dicotomia entre habitação de interesse
social e patrimônio histórico.
No século XIX, era ainda um bairro residêncial, ao qual a “elite” baiana tinha um
grande apreço e nele se concentravam as melhores moradias da cidade – tinha
portanto como precípua função social, a habitacional. Seu principal setor, conhecido
como Pelourinhoii, ao longo do seculo XX deixa de ser o local de residência da elite
baiana. O crescimento populacional urbano, de forma exponencial, a partir dos anos
1960, muda a configuração da cidade. As atividades econômicas são descentralizadas
para outros locais e regiões da capital baiana e os casarões passam a ser alugados
ou ocupados desordenadamente por extratos sociais de baixa renda, para lhes servir
de moradia e/ou local de trabalho. Isto alimentou, por anos, a existência e o caráter
peculiar do bairro, ao tempo que reforçava mazelas de diversas naturezas que
causavam constrangimento às autoridades.
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frequentar o local, transformando-se no que de fato já fazia parte do imaginario, como
um centro cultural de Salvador, da Bahia e do Brasil.
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tanto com um enfoque de preservação sociocultural sustentável, quanto com as
políticas públicas ‘inclusivas’ de desenvolvimento social.
Não se pode esquecer que o Centro Histórico de Salvador é um ambiente com sua
cultura imortalizada por escritores em seus livros, como os de Jorge Amado, e mais
recentemente a cultura e a mística dessa região e de sua população tem tomado lugar
também na televisão e no cinema. Portanto, desenvolver projetos de qualquer
natureza, e principalmente os de caráter habitacional devem absorver e entender toda
a complexidade do local. Conforme afirma Jane Jacobs (2000), projetos como tais
características, deve possibilitar se pensar na diversidade de espaços complexos e
densos além de usos variados, para fortalecer a vida e a dinâmica do bairro. Pensar
formas que possibilitem e garantam a conservação do Centro Histórico de Salvador e
de suas características é verdadeiramente um desafio para as entidades
responsáveis, sendo sua manutenção atualmente extremamente onerosa e
problemática para os órgãos que administram e, insatisfatória para os parceiros,
mesmo os reconhecidos pelo IPAC, que há 20 anos passados aceitaram o desafio de
requalificar e soerguer o Pelourinho.
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devem ser pensadas, ouvindo os interessados, para garantir que o Centro possa
abrigar múltiplos usos, inclusive quando se trata da questão habitacional, seja de
extratos médios ou de baixa renda.
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investimento em melhoria dos próprios imóveis históricos, que poderiam ser usados
pelas famílias sob dispositivos jurídicos, tais como ‘cessão em comodato’, ou sob uma
nova formula de ‘aluguel social’.
3 ESTUDO DE CASO
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Figura 1. Comunidades IPAC 01 Soledade, IPAC 02 e IPAC 03 R. Passo
Para tanto, a divisão interna dos prédios, assim como acabamentos e revestimentos
passaram a ser feitos de variados modos, contando com a capacidade e potencial
construtor da população de baixa-renda, capaz de construir favelas inteiras. Nos
imóveis visitados podem-se observar manifestações artísticas e culturais dos
moradores que lá residem, criando desde soluções inteiramente funcionais e simples,
a verdadeiras obras de arte.
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Figura 4. Divisória composta por Figura 5. Divisória em alvenaria e cortina
compensado de madeira artesanal
Fotos: A autora, outubro de 2010 e junho de 2011 .
Apesar do discurso positivo sobre esse tipo de iniciativa, inúmeros são os obstáculos e
dificuldades que fazem parte de iniciativas como essa. As comunidades sofrem pelo
não reconhecimento por parte do IPAC, que não permite que os órgãos prestadores
de serviços básicos de luz, água, esgoto e lixo, atendam aos moradores destes
imóveis, criando muitas vezes situações de insalubridade ambiental e risco para o
patrimônio. Sofrem ainda a falta de iniciativas de ‘inclusão social’ e suporte a essa
população, de forma que as famílias só conseguem achar creches, escolas ou postos
de saúde fora do bairro.
4 CONCLUSÃO
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possibilitar a efetivação de projetos para a utilização de casarões, o desenvolvimento
de atividades de inclusão e desenvolvimento social são de fundamental importância
para a sustentabilidade do referido Centro.
Objetivamente se poderia dizer que este texto vem recomendar que o IPAC crie uma
linha de trabalho experimental, baseada na lei de assistência técnica (2008), buscando
através da mesma, recursos para restauração dos casarões para uso de habitações
de interesse social. Através de grupos de trabalho participativos, que reúnam
lideranças dos movimentos sociais e o apoio de escritórios públicos ou residências das
universidadesiv ou ainda organizações não governamentais de assistência técnica, os
ocupantes poderiam vir a se capacitar a fazer investimentos planejados e regularizar
seus imóveis, de modo a adequá-los aos padrões exigidos pelas concessionárias de
serviços públicos. Isto certamente, desoneraria o órgão e reverteria os recursos do
‘aluguel social’ para a manutenção do patrimônio público do Centro Histórico.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem as comunidades envolvidas e a todas as pessoas que
trabalharam durante o processo de Cadastro e Diagnóstico das atividades de extensão
ACC- ARQ32 e ACC-ARQ73v, que cadastraram vinte e uma comunidades ligadas ao
MSTB, das quais três foram utilizadas para ilustrar o presente artigo.
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REFERÊNCIAS
ACC- ARQ073 - Relatórios do Cadastro Diagnóstico. Salvador: FAUFBA/ 2009 - 2011.
BAUHAUS DESSAU FOUNDATION, Celula Urbana: Favela do Jacarecino, Rio de Janeiro,
2000-2004. Disponível em: <http://www.bauhaus-dessau.de/index.php>. Acesso: 20/07/12,
11:58.
BRASIL, Governo Federal. Lei nº 11.888, de24 de dezembro de 2008. Assegura às famílias
de baixa renda assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação
de interesse social e altera a Lei no 11.124, de 16 de junho de 2005.
CARVALHO, MLAM. Habitação de Baixa Renda e Patrimônio Histórico. In: Anais do XII Cidade
Revelada. Restauração do Patrimônio Edificado. Itajaí, nov. 2010.
JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
BRASIL. Ministério da Cultura; IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC): Cidades Históricas.[S.l.], 2009.
TEIXEIRA, A.N.; ESPIRITO SANTO, M.T.G. A ZEIS de Vila Nova Esperança: habitação de
interesse social no C.Histórico de Salvador (Pelourinho/BA). Revista VeraCidade, Salvador,
v. 5 , n. 4, mar. 2009.
IBGE. PNAD, 2008. [Rio de Janeiro]: Centro de Estatística e Informação/ Fundação João
Pinheiro, [2008?].
Notas
i
Topofilia é um neologismo, criado por TUAN (1980), que se refere aos laços afetivos entre os seres humanos e o
ambiente onde vivem.
ii
A palavra pelourinho se refere dentre outras conotações a uma coluna de pedra, localizada normalmente ao centro de
uma praça, onde no passado, escravos eram expostos e castigados. No processo histórico (Brasil Colônia), era usado
de forma exemplar para coibir os demais e demostrar o poder exercido pelos senhores de escravos e autoridades.
iii
Entrevista com o Gerente de Patrimônio Imobiliário do IPAC. Arqto. Raul Chagas, dia 09/11/2010. Convênio (003/99) -
Governo do Estado, PMS, CONDER e IPAC.
iv
Pode-se tomar como exemplo de atuação universitária solidária, a Escola Oficina da FAUFBA que ajudou por mais
de 10 anos a restauração da Faculdade de Medicina da Bahia e outros prédios patrimoniais da própria UFBA.
v
Grupo da ACCa32 e ACCa73:
COORDENADORA – Prof. Dra Maria Lúcia A.M. de Carvalho.
APOIO COMUNITARIO – Prof. MSc. Valdir Almeida Santos .
MONITOR 2009.2 – Fabio Luis Brito dos Santos .
MONITOR 2010.1 e 2010.2 - Rami Valente Soares.
MONITOR 2011.1 – José Meira e Silva Neto.
Alunos:
Alane Amorim Santos Carla Souza de Oliveira Daniel Augusto Frediani
Caroliny Santos Batista Sergio Silva Borges Humberto Araujo de Jesus
Fabio Góes de Aragão Luiz Rogerio R. Santos Jr Laila Queiroz de Souza
Gláucia Huana C. de Souza Rosilene Xavier da Silva Julliano Falcão Ribeiro
Marcelo Leite Caíres Souza Glaucia C. do Nascimento Ana Carolina S. R. Lima
Gildasio de C. Daltro Filho Priscylla de Almeida Jordan Andre D. de Ávila Ribeiro
Luana Pereira dos Santos Marcela de A. S. Magalhães Gerson de Oliveira Neto
Carina Carvalho de Araújo Laís de Menezes Farias Tairony Oliveira de Sousa
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