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HABITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL NO CENTRO

HISTÓRICO DE SALVADOR

Dra. Maria Lúcia Araújo Mendes de Carvalho


Universidade Federal da Bahia, UFBA
carmarialucia@gmail.com

Msc. Valdir Almeida Santos


UNEB - Plataforma Freire e Faculdade São Salvador. MSTB e Comunidades Tradicionais Quilombolas
(colaborador)
valdir1almeida@gmail.com

Ac. José Meira e Silva Neto


Universidade Federal da Bahia, UFBA
zezito_neto@hotmail.com

RESUMO
Este artigo consiste em uma leitura sobre a habitação no contexto do centro histórico da cidade de
Salvador, com ênfase na habitação de interesse social e na busca de alternativas para o problema
habitacional da cidade e inclusão social da população de baixa renda nas políticas publicas para esta
área. Baseando-se no estudo das comunidades do MSTB – Movimento de Sem Teto da Bahia, que se
enquadram nas condições de ‘ocupantes’, conhecidas como IPAC 01, na Soledade , IPAC 02 e IPAC 03,
na Rua do Passo, pode-se observar que os moradores ao assumir seu papel de atores sociais da
comunidade, do bairro e da cidade, ganham importante dimensão no resgate e na requalificação do
ambiente em que vivem. Traz reflexões também sobre a importante questão da assistência técnica de
forma pública e gratuita para projetos, consultoria, acompanhamento e desenvolvimento de tais
comunidades. A partir do exemplo de experiências de projetos similares, desafia os gestores públicos a
experimentar novas iniciativas provenientes de universidades e de entidades civis, através da pesquisa e
extensão, em conjunto com movimentos pró-moradia, na condução democrática negociações, de forma a
trocar e reproduzir os conhecimentos, contribuindo para uma efetiva transformação social.

Palavras-Chaves: Habitação de Interesse Social, Centro Histórico, Patrimônio Histórico, Inclusão Social.

ABSTRACT

This article consists of a reading about the habitation in the context of the historical center of the city of
Salvador, with emphasis in the habitation of social interest and in the search of alternatives for the
habitacional problem of the city and social inclusion of the low income population in the public politics for
this area. Based on the study of the communities of the MSTB - Movement of Without Ceiling of the Bahia,
that if fits in the occupying conditions the historic houses named IPAC 01, in the Soledade street, IPAC 02

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and IPAC 03, in Passo street, one can observe that the inhabitants when assuming its paper of social
actors of the community, of the quarter and of the city, they gain important dimension in the rescue and the
requalification of the environment where they live. It also does reflections on the important question of the
assistance technique of public and gratuitous form for projects, consultoria, accompaniment and
development of such communities. From the example of experiences of similar projects, it defies the public

managers to try new initiatives proceeding from university and civil entities, through the research and
extension, in set with movements pro housing, the democratic conduction negotiations, of form to change
and to reproduce the knowledge, contributing for an effective social transformation.

Keywords: Social Housing, Historic Centre, Historical Patrimony, Social Inclusion.

1 INTRODUÇÃO

O processo de restauração, decorrente do reconhecimento da região do Centro


Histórico de Salvador como “patrimônio cultural da humanidade”, afastou o contingente
populacional que ali residia para locais periféricos ao próprio Centro, com clara
intenção de oportunizar a sucessão social por extratos de renda mais elevados. Tal
processo de relocação dos moradores, bem como a falha nos projetos de intervenção
no Centro Histórico, com enfoque na mudança de uso - de habitacional, para
comercial e cultural, acabou por destruir a dinâmica e a vida habitacional do bairro,
provocando um esvaziamento e exigindo a continua injeção de recursos por parte dos
órgãos públicos, em subsídios às diversas atividades culturais ‘artificializadas’, para
manutenção de certa dinâmica no local.

A falência do modelo paternalista e excludente adotado, conquanto no período inicial


tenha aparentado determinado sucesso, criou ademais tal situação de insegurança na
área que vem afastando cada vez mais os clientes potenciais do Projeto: turistas,
visitantes e moradores pertencentes a extratos de renda mais elevados e entidades
publicas e particulares.

Não obstante, a topofiliai pelo lugar, Tuan (1980), sobretudo por parte pessoas
pertencentes a extratos populacionais de renda mais baixa, que nasceram ou
desenvolvem atividades ali, faz aflorar o interesse por Projetos que defendam sua
permanência e seu desenvolvimento social. Neste artigo, através do exemplo de
‘ocupantes irregulares’ de imóveis históricos, apoiados pelo MSTB – Movimento Sem
Teto da Bahia, se pretende demonstrar a viabilidade de soluções inovadoras que
permitam a redução do déficit habitacional, a inclusão social dos envolvidos, bem
como a conservação dos imóveis e a preservação ambiental e cultural deste
importante patrimônio público da humanidade.

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De acordo com o Centro de Estatística e Informação/ Fundação João Pinheiro (2008),
na Bahia 93,7% o do déficit habitacional concentra-se na faixa de 0 a 3 SM (superior a
média brasileira- 89,6%). Isto mostra a necessidade de novos enfoques criativos, para
solucionar a demanda habitacional por habitações de interesse social. O presente
artigo surge como uma contribuição provocativa, embasado em uma atividade de
extensão universitária, com objetivo de buscar alternativas para minimizar o problema,
enfocando a delicada questão da aparente dicotomia entre habitação de interesse
social e patrimônio histórico.

2 O CENTRO HISTÓRICO E O PROBLEMA HABITACIONAL DA CIDADE

O Centro Historico de Salvador, capital do Estado da Bahia (Brasil), possui um


conjunto arquitetônico colonial barroco português integrante do Patrimônio Histórico da
da Educação, da Ciência e da Cultura - UNESCO (1985). A história do Centro
soteropolitano está intriseca à história da cidade de Salvador e do Brasil, fundada em
1549 por Tomé de Sousa, primeiro Governador Geral do Brasil, que escolheu o lugar
por uma questão geográfica e estratégica, para suas pretenções de fortificações de
seus dominios portugueses.

No século XIX, era ainda um bairro residêncial, ao qual a “elite” baiana tinha um
grande apreço e nele se concentravam as melhores moradias da cidade – tinha
portanto como precípua função social, a habitacional. Seu principal setor, conhecido
como Pelourinhoii, ao longo do seculo XX deixa de ser o local de residência da elite
baiana. O crescimento populacional urbano, de forma exponencial, a partir dos anos
1960, muda a configuração da cidade. As atividades econômicas são descentralizadas
para outros locais e regiões da capital baiana e os casarões passam a ser alugados
ou ocupados desordenadamente por extratos sociais de baixa renda, para lhes servir
de moradia e/ou local de trabalho. Isto alimentou, por anos, a existência e o caráter
peculiar do bairro, ao tempo que reforçava mazelas de diversas naturezas que
causavam constrangimento às autoridades.

Após o reconhecimento do Centro Histórico de Salvador, como patrimônio da


humanidade, varias linhas de financiamento foram disponibilizadas aos governos
estadual e municipal para revitalização da região do Pelourinho. Apos a aplicação de
volumosos recursos, nesta primeira fase, o Centro Historico resgata, de certa forma,
sua vitallidade com a presença de visitantes, turistas e soteropolitanos, que voltam a

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frequentar o local, transformando-se no que de fato já fazia parte do imaginario, como
um centro cultural de Salvador, da Bahia e do Brasil.

Posteriormente, na década de 90 do século XX, por falta da continuidade de ações


concretas para preservação do Patrimonio Histórico, aliado a outras questões como o
déficit habitacional crescente e a debil atuação dos poderes publicos como gestores, o
Pelourinho retoma um forte processo de degradação.

No presente, o orgão responsável pelo Centro Histórico de Salvador continua sendo o


IPAC (Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia), fundado em 1967, que vem
desenvolvendo projetos para a restauração dos casarões com fins habitacionais desde
1989, mesmo que de forma tímida. As iniciativas desse órgão consistiram, até hoje, de
sete etapas, onde as duas últimas, e mais expressivas, se baseiam em ações de
restauração/ reforma, por parte de órgãos como IPAC e CONDER (Companhia de
Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia) e de serviços como manutenção de
vias, limpeza e iluminação por parte da Prefeitura, através de um convênio iniciado em
1999. Sendo que somente em 2000, na sétima etapa, através do Programa
MONUMENTA, e com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento se pôde
começar um trabalho social mais criterioso e de levantamentos mais precisosiii.

Contudo, a descontinuidade das ações e da utilização dos espaços, bem como a


resistência do IPAC às experiências inovadoras de gestão participativa, sobretudo
envolvendo ocupantes informais, fez com que os prédios que hoje já tem mais de 10
anos da restauração se encontrem novamente, na sua maioria, no estado de
arruinamento.

O Ministério da Cultura e Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Natural, no


Programa de Aceleração de Crescimento (PAC, 2009) de Cidades Históricas,
menciona como os maiores vilões no processo de degradação das mesmas:
 Subaproveitamento do potencial econômico e simbólico dos sítios históricos para a
geração de renda, novos empregos, agregação social e identitária.
 Crescimento urbano desordenado que favorece as ocupações irregulares e outras
ameaças de descaracterização do patrimônio protegido.
 Infraestrutura urbana precária com carência de saneamento ambiental, transporte,
mobilidade e habitação social, fatores que aceleram o processo de degradação do
patrimônio cultural.
 Risco de arruinamento dos imóveis protegidos.
 Grande parte dos bens de valor cultural está subutilizada ou sem condição de uso.
Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) Cidades Históricas (2009)

O Projeto de requalificação em curso no Centro Histórico de Salvador, não leva em


consideração importantes pontos colocados acima e, portanto, encontra-se defasado

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tanto com um enfoque de preservação sociocultural sustentável, quanto com as
políticas públicas ‘inclusivas’ de desenvolvimento social.

Quanto às iniciativas de ‘inclusão social’, por parte do estado e do município, quando


ocorrem, são episódicas e não vêm atendendo toda a população carente e/ou muitas
vezes não acontecem adequadamente, afastando a população para a periferia do
Centro e da cidade, ao invés de elevá-la socio-economicamente e criar condições para
sua permanência. Ainda outros problemas encontrados na área são a falta de
vinculação destes programas com a melhoria da qualificação da mão de obra para o
trabalho e com o próprio trabalho e o aumento das despesas com transporte, que
onera sobretudo os trabalhadores do Centro Histórico que habitam em outros bairros.

Não se pode esquecer que o Centro Histórico de Salvador é um ambiente com sua
cultura imortalizada por escritores em seus livros, como os de Jorge Amado, e mais
recentemente a cultura e a mística dessa região e de sua população tem tomado lugar
também na televisão e no cinema. Portanto, desenvolver projetos de qualquer
natureza, e principalmente os de caráter habitacional devem absorver e entender toda
a complexidade do local. Conforme afirma Jane Jacobs (2000), projetos como tais
características, deve possibilitar se pensar na diversidade de espaços complexos e
densos além de usos variados, para fortalecer a vida e a dinâmica do bairro. Pensar
formas que possibilitem e garantam a conservação do Centro Histórico de Salvador e
de suas características é verdadeiramente um desafio para as entidades
responsáveis, sendo sua manutenção atualmente extremamente onerosa e
problemática para os órgãos que administram e, insatisfatória para os parceiros,
mesmo os reconhecidos pelo IPAC, que há 20 anos passados aceitaram o desafio de
requalificar e soerguer o Pelourinho.

Um dos grandes problemas das áreas centrais é a desatualização da infraestrutura


urbana e suporte às facilidades que passam a não suportar os hábitos
contemporâneos da população de usuários e moradores de extratos sociais mais
exigentes. Tomando-se como exemplo a questão da acessibilidade: uma das
principais queixas dos moradores do bairro Santo Antonio, constatadas pela pesquisa,
prende-se ao fato da inexistência de um transporte publico viável, de qualidade, que
permita ligar as residências com restrições de acesso veicular, ao transportes
automotivos – particular ou publico. Este fator acaba por provocar o deslocamento dos
moradores de extratos mais elevados, para outros bairros e favorecem o processo de
empobrecimento, ruptura e desestruturação do Centro Histórico de Salvador. Portanto,
é mister não ignorar aspirações da população da área. Propostas inovadoras de ações

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devem ser pensadas, ouvindo os interessados, para garantir que o Centro possa
abrigar múltiplos usos, inclusive quando se trata da questão habitacional, seja de
extratos médios ou de baixa renda.

A transformação do espaço patrimonial, através de incentivo da habitação de interesse


social, com apoio aos projetos ligados às iniciativas dos próprios habitantes, é a
proposta que se apresenta, como um novo modelo capaz de alavancar a
requalificação e vivificação do local, ponto fundamental para superar todos vilões
citados pelo Ministério da Cultura e Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Natural.

Dentro do perímetro do Centro Histórico, desenvolver a habitação de interesse social


nos parâmetros atuais de conjuntos habitacionais, quase não é possível, já que não
existem mais áreas livres a serem edificadas e as que existem nas encostas, devem
ser preservadas e cuidadas, devido ao risco de escorregamento das escarpas do
frontispício de Salvador, tombado pela UNESCO. A experiência da ZEIS - de Vila
Nova Esperança, no próprio Pelourinho (2007-2008), com apoio de inúmeros órgãos
governamentais envolvidos e até concurso publico de projeto (não implementado ate a
presente data) constatou isto, e mostra a dificuldade de se conciliar interesses.
Portanto, seria interessante alinhar realidades existentes - adequação da restauração
dos casarões a esta faixa de renda, ao invés de abjurá-la e desqualificá-la
aprioristicamente.

Para tanto, pode-se buscar exemplo de praticas parceiras, em projetos que


trabalharam a questão social dentro de comunidades em favelas, com apoio de
assessoria técnica e pouca interferência estatal. É o caso do projeto ‘Célula-Urbana’
no qual a escola de verão da BAUHAUS reconhece e qualifica a existência da
dinâmica produzida pela população que ocupa as favelas: “Uma cultura de cidade vital
e complexa e um mecanismo de cidade quase autônomo (...)”. Além de propor
mecanismos de inclusão social das comunidades o referido projeto, implementado no
Rio de Janeiro, nos idos de 2000, propõe e constrói de forma participativa um núcleo
de recreação e desenvolvimento de atividades de capacitação dos moradores, como
ponto prioritário.

Tomar como exemplo tais projetos e se apostar no aprimoramento de qualidades


latentes dessa população poderá garantir o desenvolvimento econômico social,
inserindo os participantes de tais experiências, de forma positiva na dinâmica da
cidade, além aproveitar todo o potencial econômico e simbólico do sítio histórico e da
população, gerando novos empregos, agregação social e identitária, e renda para

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investimento em melhoria dos próprios imóveis históricos, que poderiam ser usados
pelas famílias sob dispositivos jurídicos, tais como ‘cessão em comodato’, ou sob uma
nova formula de ‘aluguel social’.

3 ESTUDO DE CASO

Neste artigo, focaliza-se a ocupação com apoio de movimentos sociais organizados,


que se baseando no direito a moradia do Estatuto das Cidades (art 2º.) e na
Constituição (arts. 182 e 183), reconhecem o direito a ocupação de imóveis que
estejam vazios e sem cumprir sua função social, orientando os seus afiliados à
ocupação de imóveis nestas circunstancias. No caso dos imóveis em pauta, a
ocupação vem sendo tolerada pelas autoridades, mas devido a circunstancias
normativas e burocráticas, os ocupantes continuam não sendo reconhecidos pelos
gestores para negociação e/ou assistência técnica para conclusão dos mesmos.

Nos imóveis analisados foram encontradas algumas famílias, dado as histórias de


cada uma, que se sentindo ludibriadas por longas esperas pela reconstituição dos
imóveis de onde foram tirados, tomaram a iniciativa de ocupar alguns casarões
inacabados, retornando às áreas com que tem maior identificação e pertencimento,
assumindo custos, eles próprios com a finalização, pintura, janelas, divisórias e
instalações hidráulicas e elétricas, muitas vezes improvisadas e sem a devida
qualidade técnica, devido à falta de flexibilidade dos programas oficiais.

Com base no trabalho de levantamento e cadastro de comunidades ligadas ao


Movimento Sem-Teto da Bahia (MSTB), realizados pelo grupo da atividade de
extensão da graduação da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e coordenado pelos
autores, se teve a possibilidade de constatar a efetivação da teoria da reapropriação
do espaço do Centro Histórico pelos antigos moradores nas comunidades conhecidas
como IPAC 01, na Soledade, IPAC 02 e IPAC 03, na Rua do Passo, por cerca de 60
famílias. Instalados nos prédios que passaram pela reforma da CONDER e IPAC, e
que se encontravam inacabados, com estrutura e cobertura em bom estado, as
famílias da comunidade passaram, a ‘reassumir’ os imóveis e a ‘concluir’ a reforma
conforme seu interesse e recursos próprios.

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Figura 1. Comunidades IPAC 01 Soledade, IPAC 02 e IPAC 03 R. Passo

Fotos: A autora, outubro de 2010 e junho de 2011

Para tanto, a divisão interna dos prédios, assim como acabamentos e revestimentos
passaram a ser feitos de variados modos, contando com a capacidade e potencial
construtor da população de baixa-renda, capaz de construir favelas inteiras. Nos
imóveis visitados podem-se observar manifestações artísticas e culturais dos
moradores que lá residem, criando desde soluções inteiramente funcionais e simples,
a verdadeiras obras de arte.

Figura 2. Vedação para passagem de luz Figura 3. Revestimento de sanitário


feita com garrafas de vidro realizado pelo morador

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Figura 4. Divisória composta por Figura 5. Divisória em alvenaria e cortina
compensado de madeira artesanal
Fotos: A autora, outubro de 2010 e junho de 2011 .

Apesar do discurso positivo sobre esse tipo de iniciativa, inúmeros são os obstáculos e
dificuldades que fazem parte de iniciativas como essa. As comunidades sofrem pelo
não reconhecimento por parte do IPAC, que não permite que os órgãos prestadores
de serviços básicos de luz, água, esgoto e lixo, atendam aos moradores destes
imóveis, criando muitas vezes situações de insalubridade ambiental e risco para o
patrimônio. Sofrem ainda a falta de iniciativas de ‘inclusão social’ e suporte a essa
população, de forma que as famílias só conseguem achar creches, escolas ou postos
de saúde fora do bairro.

Tabela 2. Serviços e Equipamentos Urbanos ofertados à comunidade


Serviços e/ou IPAC 01 IPAC 02 IPAC 03
Equipamentos Urbanos
Creche Sim Não Não
Escola de 1º Grau Sim Sim Sim
Escola de 2º Grau Sim Não Sim
Centros de Saúde Sim Sim Sim
Abastecimento de água Gato Gato Gato
Esgoto Não Não Não
Energia Gato Gato Gato
Coleta de Lixo Sim Sim Sim
Fonte: Levantamento realizado pela ACC-A73 em entrevista à moradores (2010)

4 CONCLUSÃO

Continuar apostando em modelos retrógrados de ocupação e uso da cidade, não tem


demonstrado grandes resultados para o Centro Histórico de Salvador e principalmente
a região conhecida como Pelourinho, tem se tornado um fardo pesado para os cofres
públicos, além de ser uma área com um crescimento da criminalidade e diminuição da
dinâmica da região. Portanto além de práticas de cunho habitacional, para garantir e

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possibilitar a efetivação de projetos para a utilização de casarões, o desenvolvimento
de atividades de inclusão e desenvolvimento social são de fundamental importância
para a sustentabilidade do referido Centro.

Recomenda-se, portanto, um processo de intervenções integradas e sustentaveis,


onde se pense o social, habitacional, econômico e ambiental, através de produção de
áreas de convívio, de produção e exploração cultural, artístico e econômico. Destaca-
se também a necessidade do desenvolvimento da infraestrutura do Centro Histórico,
visando-se inclusive a qualificação da população de baixa-renda, já detentora de uma
identificação com a área, acreditando-se na sua capacidade produtora e de
desenvolvimento autônomo. Portanto, outro fator de fundamental importância é passar
a reconhecer, por parte do governo, dos órgãos prestadores de serviço, os esforços
das comunidades e dos grupos pró-moradia, como meio e fim do processo de
habitações de interesse social no Centro Histórico de Salvador.

Objetivamente se poderia dizer que este texto vem recomendar que o IPAC crie uma
linha de trabalho experimental, baseada na lei de assistência técnica (2008), buscando
através da mesma, recursos para restauração dos casarões para uso de habitações
de interesse social. Através de grupos de trabalho participativos, que reúnam
lideranças dos movimentos sociais e o apoio de escritórios públicos ou residências das
universidadesiv ou ainda organizações não governamentais de assistência técnica, os
ocupantes poderiam vir a se capacitar a fazer investimentos planejados e regularizar
seus imóveis, de modo a adequá-los aos padrões exigidos pelas concessionárias de
serviços públicos. Isto certamente, desoneraria o órgão e reverteria os recursos do
‘aluguel social’ para a manutenção do patrimônio público do Centro Histórico.

O desenvolvimento de estratégias para restituir a população aos bairros que vem


morrendo, principalmente ao Centro Histórico, que teve sua população original
deslocada pelos processos de restauração/reforma, certamente, pode passar a
exercer um fator importante para o estabelecimento de uma dinâmica sustentável,
tanto no que trata do econômico quanto do social do bairro.

AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem as comunidades envolvidas e a todas as pessoas que
trabalharam durante o processo de Cadastro e Diagnóstico das atividades de extensão
ACC- ARQ32 e ACC-ARQ73v, que cadastraram vinte e uma comunidades ligadas ao
MSTB, das quais três foram utilizadas para ilustrar o presente artigo.

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REFERÊNCIAS
ACC- ARQ073 - Relatórios do Cadastro Diagnóstico. Salvador: FAUFBA/ 2009 - 2011.
BAUHAUS DESSAU FOUNDATION, Celula Urbana: Favela do Jacarecino, Rio de Janeiro,
2000-2004. Disponível em: <http://www.bauhaus-dessau.de/index.php>. Acesso: 20/07/12,
11:58.
BRASIL, Governo Federal. Lei nº 11.888, de24 de dezembro de 2008. Assegura às famílias
de baixa renda assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação
de interesse social e altera a Lei no 11.124, de 16 de junho de 2005.
CARVALHO, MLAM. Habitação de Baixa Renda e Patrimônio Histórico. In: Anais do XII Cidade
Revelada. Restauração do Patrimônio Edificado. Itajaí, nov. 2010.
JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
BRASIL. Ministério da Cultura; IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC): Cidades Históricas.[S.l.], 2009.
TEIXEIRA, A.N.; ESPIRITO SANTO, M.T.G. A ZEIS de Vila Nova Esperança: habitação de
interesse social no C.Histórico de Salvador (Pelourinho/BA). Revista VeraCidade, Salvador,
v. 5 , n. 4, mar. 2009.

IBGE. PNAD, 2008. [Rio de Janeiro]: Centro de Estatística e Informação/ Fundação João
Pinheiro, [2008?].

Notas
i
Topofilia é um neologismo, criado por TUAN (1980), que se refere aos laços afetivos entre os seres humanos e o
ambiente onde vivem.

ii
A palavra pelourinho se refere dentre outras conotações a uma coluna de pedra, localizada normalmente ao centro de
uma praça, onde no passado, escravos eram expostos e castigados. No processo histórico (Brasil Colônia), era usado
de forma exemplar para coibir os demais e demostrar o poder exercido pelos senhores de escravos e autoridades.

iii
Entrevista com o Gerente de Patrimônio Imobiliário do IPAC. Arqto. Raul Chagas, dia 09/11/2010. Convênio (003/99) -
Governo do Estado, PMS, CONDER e IPAC.

iv
Pode-se tomar como exemplo de atuação universitária solidária, a Escola Oficina da FAUFBA que ajudou por mais
de 10 anos a restauração da Faculdade de Medicina da Bahia e outros prédios patrimoniais da própria UFBA.

v
Grupo da ACCa32 e ACCa73:
COORDENADORA – Prof. Dra Maria Lúcia A.M. de Carvalho.
APOIO COMUNITARIO – Prof. MSc. Valdir Almeida Santos .
MONITOR 2009.2 – Fabio Luis Brito dos Santos .
MONITOR 2010.1 e 2010.2 - Rami Valente Soares.
MONITOR 2011.1 – José Meira e Silva Neto.
Alunos:
Alane Amorim Santos Carla Souza de Oliveira Daniel Augusto Frediani
Caroliny Santos Batista Sergio Silva Borges Humberto Araujo de Jesus
Fabio Góes de Aragão Luiz Rogerio R. Santos Jr Laila Queiroz de Souza
Gláucia Huana C. de Souza Rosilene Xavier da Silva Julliano Falcão Ribeiro
Marcelo Leite Caíres Souza Glaucia C. do Nascimento Ana Carolina S. R. Lima
Gildasio de C. Daltro Filho Priscylla de Almeida Jordan Andre D. de Ávila Ribeiro
Luana Pereira dos Santos Marcela de A. S. Magalhães Gerson de Oliveira Neto
Carina Carvalho de Araújo Laís de Menezes Farias Tairony Oliveira de Sousa

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