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A equivocada caracterizagao da insalubridade por frio Paul Joseph Goebbels (1897-1945) afirmava que "De tanto se repetir uma mentira, ela acaba se transformando em verdade’ Recentemente aqui no Brasil, apés a publicagio da NR-36 (Norma Regulamentadora de Seguranca e Satide no Trabalho em Empresas de Abates e Processamento de Cames e Derivados), mais especificamente em rela¢ao ao item 36.13.1, onde a norma trata do critério de concesséo de pausas térmicas, parte de profissionais das éreas de Seguranca & Satide do Trabalho (SST), advogados, peritos e magistrados, passaram a interpretar erroneamente, que tal normativo também seria o critério quantitati- vo para fins de apuracdo de insalubridade para o agente fisico “frio’ nestes ambientes ~ Lamentavel equivoco técnico e juridico, eis que: a) O texto original da NR-15 (Atividades e Operacées Insalubres), no anexo n° 09 que trata da insalubrida de para o agente isico “frio’, ndo foialterado;, b) O critério previsto preliminarmente no texto legal (Anexo n° 09 da NR-15), para fins de apuracdo de eventual condicio insalubre, éde ordem qualitativa; “As atividades ou operacées executadas no interior de cémaras frigorificas, ou em locais que apresentem condicdes similares, que exponham os trabalhadores ao frio, sem a protecdo adequada, serdo consideradas insalubres em decorréncia de laudo de inspecao realizadano local de trabalho" ©) Diversos ambientes de trabalho dos frigorificos, como por exemplo, salas de desossa/cortes, embalagens, entre outros, ndo s8o configurados tecnicamente como cimaras frigorificas ou similares, ‘mas sim, em ambientes climatizados artifcialmente, 4d) A carta climatolégica, citada no item 36.13.1 da NR-36,integrante do mapa oficial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE) prevista no Art. 253 da CLT, nao é parte do arcabouco juridico das normas de Seguranca e Satide do Trabalho (Titulo IiCapitulo V da CLT), mas sim, do capitulo das disposig6es especiais sobre a duracao e condicdes de trabalho (Titulo Il, Capitulo Ida CLD), foi citada na 'NR-36, apenas para definico da duragio dajornada de trabalho, Nao obstante as raz6es pelas quais néo se devem utilizar os critétios do Artigo 253 da CLT para fins de apuragio de riscos ambientais - insalubridade, e consequentemente desmitificar uma no verdade (talvez uma mentira) em curso, também tems que levar em consideragao: ) ARTIGO CIENTII 8 ie] g = Ea a) O Art. 253 da CLT nao possui aplicabilidade, para fins de insalubridade, em ambientes artificialmente climatizados, pois, estes ambientes iferem amplamente do conceito de cimaras frigorificas previsto no anexo n° 09 da NR-15. Equiparé-los, € ignorar suas concepgbes construtivas, ‘operacionais ede eventual isco ocupacional; b) O anexo IV do Decreto 3.048,/99, regulamentador da Lei n® 8.213/91 da Previdéncia Social, sequer prevéo agente fisico"frio’ como fator de isco satide do trabalhador; ©) ANR-09 (PPRA), que ¢ integrante do mesmo arcabouco juridico das normas de Seguranca e Satide do Trabalho (Capitulo V da CLT), assim se expressa: NR-09- PPRA~ Programa de Prevencdo de Riscos Ambientais: 9.3.5 Das medidas de controle. 93.5.1 Deverdo ser adotadas as medidas necessdrias suficientes para a eliminacdo, a Iminimizacdo ou 0 controle dos riscos ambientais sempre que forem verificadas urna ou ‘mais das seguintes situacdes: a) identificacao, na fase de antecipacio, de risco potenciald sate; ) constatacéo, na fase de reconhecimento derisco evidente d satide; ) quando os resultados das avaliagées quantitativas da exposicdo dos trabalhadores excederem os valores dos limites previstos na NR-15 ou, na auséncia destes os valores limites de exposicdo ocupacional adotados pela ACGIH - American Conference of Governmental Industrial Higyenists, ou aqueles que venham a ser estabelecidos em negociacdo coletiva de trabalho, desde que mais rigorosos do que os critérios técnico- legais estabelecidos; ) quando, através do controle médico da satide, ficar caracterizado 0 nexo causal entre danos observados na saide os trabalhadores e a situagdo de trabalho o que eles ficam expostos. dd) ANR-29 (Norma Regulamentadora de Seguranca e Satide no Trabalho Portuério), que também disciplina a exposicao de trabalhadores “portuérios” com o agente fsico “fio’, ea exemplo das demais IRs, é integrante do mesmo arcabouco juridico das normas de Seguranca e Satide do Trabalho (Capitulo Vda CLT), em seu manual de aplicacSo técnica, elaborado pelo Ministério do Trabalho em conjunto coma Fundacentro, asim se expressa: MANUAL TECNICO DA NR-29 3.17.3 Controle de Exposi¢tio Ocupacional ao Frio A\NR-29 nao item 29,3.16 estabelece limites mdximos de exposicdo ao frio para pessoas vestidas com roupas adequadas ds baixas temperaturas. ‘As faixas de temperaturas, como se pode verificar no quadro, variam somente nas faixas de temperaturas mais quentes, de 10 a 15°C, de acordo com a média da temperatura ambiente local importante nesta tabela é« adocto de limite de exposigio e tempo de descanso térmico fora dos locaisfrigorificados. Estas faias e 0 tempo de descanso foram baseados no artigo 253, da CLT e nao esto fundadas em bases cientificas, devendo caso seja necessdrio laudos as avaliacdes ambientais sequirem as recomendacGes da ACGIH. 3.17.4 Avaliagao ambiental A avaliagéo da exposicdo ocupacional ao fio deve levar em consideragdo a temperatura doar, velocidade do vento e a atividade fisica realizada. A velocidade do ar proporciona um agravamento significative na exposi¢ao a baixas temperaturas. A combinacao entre a velocidade do ar e a temperatura de bulbo seco é denominada de “Temperatura Equivalente". Quanto maior for a velocidade do vento e menor a temperatura do local de trabatho, maior deveré ser o isolamento da roupa protetora e menor 0 tempo que 0 trabathador pode ficar exposto. €) Por fim, temos a NR-36 também integrante do mesmo arcabouco juridico das normas de Seguranca e Satide do Trabalho (Capitulo V da CLT), que em seu item 36.10.2, prevé apenas o uso de vestimentas do trabalho, e nao necessariamente de EPls, para ambientes frios climatizados, o que nos faz crer categoricamente, que estamos diante apenas de um simples fator de desconforto, jamais de umriscoambiental ouinsalubre ‘Assim, a avaliacio técnica do ambiente de trabalho com a presenca do agente fisicofrio tem requerido do profissional de Seguranca e Satide, sejaele perito oundo, além do conhecimento técnico, © conhecimento das normas e da legisiacdo vigente pertinente ao caso, bem como, dos principios que norteiam a interpretacdo de tais dispositivos legais. ‘Ao aveliarmos 0 agente fisico ‘fio’ para fins de dimensicnamento da jomada de trabalho, ea consequente concessio e pausas, ndo restam duvidas que devemos recorrer a0 que preconiza 0 Art. 253 da CLT. J8, para avaliarmos 0 mesmo agente fisico “fri, na condigdo de risco ocupacional, devemos nos amparar no niicleo legislativo pertinente, que neste caso é o capitulo V da CLT, onde o ‘Art. 253 nao faz parte, nem é citado. Portanto, de forma muito clarae simples, sem a necessidade de novas verdades, a avaliacéo do agente fisicoftio, quando impossivel de ser estabelecida pela redacdo original do anexo n° 09 da NR- 15, que é qualitativa, deve ser feita levando em consideracao a combina¢ao entre: (ia velocidade do ar; (i) temperatura real doar, onde se obterd a “Temperatura Equivalente”. Desta forma, o fator de risco ambiental - ambiente insalubre, somente devera ser caracteriza- do quando a Temperatura Equivalente forinferior 8 4°C (quatro graus centrigrados), conforme previsto na tabelana ACGIH (em anexo), para riscoleve. *Encontramos noite 36.102, a necessidade do empregadar fornecervestimentas de trabalho (que nao sdo EPI), aos trabathadores, para que estes possam utilizar de maneira sobrepost, a seu critério, em fungdo da atividade e da temperatura dolocal,atendendo ds caracteristicas hgiénico-sanitérias legais ecoconfortotérmico, © uso de uma protecdo suplementar deve ser encarado como uma simples medida de conforto, tal como nos protegemos quando a estacio do ano au horério do dia so menos confartantes sob o ponto de vista térmico. Nao hé ‘razéo técnica para tratarmos esta candicéo, como sede iscofosse(CERIGUELI Edtora LT; 2013). “O desconforto térmico, nem sempre percebido por todos os trabalhadores expostos, pode ser comparado ao nivel de _acdo definidos para certos agentes fisicose quimicos das NRs 09 e 15, embora ndo haja previo legal para assim ser ‘onsiderado nos programas de SST. A Temperatura Equivalente éconhecida por "Sensagéo Térmica’ A sensacdo térmica representa a temperatura que sentimos quando estamos expostos a determinadas condicées de temperatura do ar e velocidade do vento. A sensagGo térmica também é conhecida como efeito de Wind Chill ortanto, no podemas confundir com a temperatura real do ar presente nos ambientes frigorifces, que normaimen- te éutillzada para compard-lacom 0 mapa oficial o/8GE.

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