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CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS E METABÓLICAS DA GESTANTE

Patrícia Paludo Rodrigues

As diversas modificações anatômicas, bioquímicas e fisiológicas no


corpo da gestante ocorrem para ofertar à criança que vai nascer, condições e
alimentos necessários para seu desenvolvimento. Todos os sistemas do
organismo feminino se adaptam à nova situação, bem como sua personalidade
está intimamente envolvida nesse processo (ROMEM, MASAKI e ARTAL,
1999).
As gestantes estão participando de uma transformação de comportamento
em relação ao condicionamento físico e procuram manter os mesmos níveis de
atividade quando do período anterior à gestação. Se previamente sedentárias,
podem querer começar a participar de exercícios vigorosos durante toda a
gestação e têm necessidade de informações relevantes a fim de direcionar seus
programas de exercícios. As necessidades especiais na gestação podem variar e,
em um extremo ser recomendado repouso no leito para algumas pacientes com
gestação de risco, como aquelas que têm doença infecciosa aguda, hemorragia
severa ou probabilidade de sofrer um aborto. No outro extremo, temos exemplos
de gestantes correndo a maratona um dia antes do parto (WISWELL, 1999).
Para WISWELL (1999), exercício físico durante a gravidez é
provavelmente benéfico para a maioria das mulheres, porém, de certa forma,
pode realmente ser prejudicial para gestante e feto, quando mal orientado e
executado. Portanto, a recomendação do exercício - como tal - deve ser
individualizada.
KATZ (1999) defende a importância do condicionamento melhorado,
pois é uma vantagem durante a gestação (porque ajuda a reduzir o cansaço que a
maioria das gestantes sente). Além disso, segundo a autora, é importante
fortalecer e tonificar os músculos que serão usados durante o trabalho de parto.
Assim com a gravidez em boas condições, a gestante estará melhor preparada
para as exigências físicas do nascimento.
É necessário enfatizar que as mesmas generalizações sobre a resposta
individual ao exercício também podem ser feitas sobre as atividades laboriais da
gestante. O trabalho, neste contexto, pode exigir tanta energia quanto a gasta
durante exercício moderado e ser considerado prejudicial ou benéfico,
dependendo do indivíduo ou da situação (WISWELL, 1999). Hatch e Stein apud
MATSUDO e MATSUDO (1994) constataram que o levantamento freqüente de
cargas pesadas incrementa em 20-30% o risco de parto prematuro. Considerando
o índice de fadiga a partir de valores de estresse postural, esforço físico, estresse
mental e outros, foi verificado também o incremento nas taxas de nascimento
prematuro na medida em que aumentava o índice ocupacional e o número de
horas trabalhadas por semana.
Em relação ao sistema neurológico, parece evidente que a gestante
apresenta alterações significativas nos sentidos de percepção. O tempo de reação
e força de membros superiores, especialmente quando são necessários
movimentos rápidos, de deslocamento e equilíbrio, podem ser afetados durante a
gestação. Isso tem implicações em segurança, tanto para as atividades laboriais
quanto para o exercício (ROMEM, MASAKI e ARTAL, 1999).
O metabolismo energético é amplamente modificado na gestação. O
custo energético adicional da gravidez é estimado em aproximadamente 300
kcal/dia (ROMEM, MASAKI e ARTAL, 1999). Esse gasto é preciso para cobrir
o crescimento e o desenvolvimento do feto, síntese de tecido materno como
útero, mamas, gordura; para compensar o metabolismo aumentado decorrente de
incremento da atividade dos sistemas cardiovascular, respiratório e urinário e
adição do metabolismo fetal.
Existem duas formas de atender a esse maior custo energético: por
ingestão dietética aumentada ou redução do gasto de energia durante o dia. As
duas maneiras são utilizadas durante a gestação, em parte pelo aumento de
apetite, em parte porque a gestante reduz seu nível de atividade física. Devido
não apenas às demandas impostas pelo feto em crescimento e a instabilidade
mecânica e afrouxamento das articulações, mas também pela sensação de
lassitude e sonolência provocada pelo aumento dos hormônios, principalmente a
progesterona (ROMEM, MASAKI e ARTAL, 1999). No entanto, se a ingestão
dietética for inadequada para atender às necessidades calóricas e de nutrientes da
gestante, haverá maior catabolismo protéico, ou seja, a proteína será utilizada
como forma de obtenção de energia.
Para KATZ (1999), uma dieta apropriada durante a gestação é muito
importante, tanto para proteger a saúde como para assegurar um desenvolvimento
pré-natal apropriado. Como a gestação é essencialmente um estado anabólico -
com equilíbrio nitrogenado positivo todo o tempo - o aumento na quebra de
proteínas para combater o suprimento energético inadequado reduzirá a
disponibilidade de aminoácidos para a síntese materna e crescimento fetal, com
resultados adversos. Efeitos semelhantes sobre o feto mais provavelmente
ocorrerão com uma dieta restrita em proteínas apesar de uma ingestão calórica
adequada.
O ganho de peso na gestação, segundo ROMEM, MASAKI e ARTAL
(1999), é o indicador mais prático de ingestão calórica. Para os autores, o ganho
de peso materno médio é de 15,3 Kg até o final da gestação. Entretanto,
Thompson e Billewicz apud ROMEM, MASAKI e ARTAL (1999), fizeram uma
estimativa que serviu como referência para a compilação das Necessidades
Dietéticas Diárias Recomendadas (RDAs) para a gestante. Os autores estimam
que, uma primigesta saudável, comendo sem restrição, ganhará em média 12,5
Kg. Já para KATZ (1999), uma gestante ganha de 10 a 15 Kg em uma gravidez
normal.
A avaliação da composição corporal durante o período gestacional é
considerada uma valiosa informação à assistência clínica e avaliação da paciente
durante a gestação. A mulher, comparada com o sexo oposto, já possui uma
tendência natural em acumular gordura sobre os quadris, as coxas e o abdome (o
avental da gordura ventral), assim como os seios. Em geral, a mulher comum
possui cerca de 3,5 Kg a mais de tecido adiposo subcutâneo que o homem
(KLAFS e LYON, 1981). Sabe-se dos riscos da obesidade para a saúde, tais
como diminuição da aptidão física, desenvolvimento de aterosclerose e
hiperlipidemia.
Para gestantes obesas ainda há o risco do diabetes gestacional. O ganho
de peso de 12,5 Kg significa um aumento em cerca de 20% do peso corporal
(para uma mulher de 60 Kg). A maior parte desse ganho de peso ocorre durante
as últimas vinte semanas da gestação. Aproximadamente 40% do ganho total são
representados pelo feto, placenta e líquido amniótico. Os 60% restantes são
alterações de peso corporal da mãe (GIRANDOLA et al, 1999).
A principal alteração na função do trato gastrintestinal na gestação é a
redução na sua atividade. À medida que a gestação progride, o útero em
crescimento desloca o estômago e os intestinos. Todas as alterações do sistema
gastrintestinal decorrentes da gestação favorecem o refluxo gastroesofágico e
resultam em indigestão e regurgitação freqüentes. Existe uma redução no tônus e
na motilidade do trato gastrintestinal que resulta em prolongamento do tempo de
esvaziamento gástrico e retardo do trânsito intestinal (ROMEM, MASAKI e
ARTAL, 1999).
O sistema endócrino também se relaciona com o exercício físico na
gestação. Dentro das alterações hormonais que acontecem com o exercício na
gestante, sem dúvida alguma a de maior preocupação é o comportamento dos
níveis de glicose (MATSUDO e MATSUDO, 1994). As mudanças nos níveis de
glicose são muito sensíveis ao tipo, intensidade e duração do exercício, assim
como a condição física do indivíduo. Os níveis de glicose são mantidos a níveis
mais estáveis durante o exercício leve e moderado na gestação. Porém, o
exercício extenuante e prolongado pode induzir a hipoglicemia (baixo nível de
glicose no sangue) mais rapidamente na gestação (Gorski apud MATSUDO e
MATSUDO, 1994). Essa resposta hipoglicêmica observada principalmente no
terceiro trimestre pode ter potencialmente efeitos adversos sobre o feto (Clapp et
al apud MATSUDO e MATSUDO, 1994). No entanto, de acordo com Artal
apud MATSUDO e MATSUDO (1994), o exercício pode se mostrar benéfico
nas gestantes diabéticas tipo II (não insulínico-dependentes), já que níveis leves
de exercício são de suficiente intensidade para induzir um efeito de treinamento
físico, sensibilizar os receptores de insulina e aumentar a utilização de glicose
nessas gestantes.
Com relação ao sistema respiratório, as alterações são extensas,
incluindo alterações anatômicas e funcionais. As referidas mudanças ocorrem
muito precocemente em virtude da influência hormonal, principalmente da
progesterona. A capacidade pulmonar total mostra relativamente pouca alteração,
apesar do espaço ocupado pelo útero. Na verdade, a elevação do diafragma em
aproximadamente 4 cm provocada por alargamento das costelas inferiores é
compensada pelo diâmetro transversal crescente do tórax. Portanto, a cavidade
torácica não é reduzida (ROMEM, MASAKI e ARTAL, 1999). Para
COSSENZA e CARVALHO (1999), a circunferência total do tórax na gestação
aumenta de 5 a 7 cm e nem sempre retorna ao tamanho anterior.
A respiração entre as mulheres, em comparação aos homens, apresenta-
se essencialmente torácica ou costal; ao contrário, os homens apresentam uma
respiração predominantemente abdominal ou diafragmática, que é considerada
mais eficiente (KLAFS e LYON, 1981). Também ocorrem alterações funcionais
respiratórias significativas na gestação. O aumento da capacidade inspiratória é
de 300 ml, ou seja, a inspiração pode ser aumentada em 300 ml (ARTAL,
GREENSPOON, WISWELL e ROMEM, 1999). O aumento de ventilação é
atingido pela respiração mais profunda e não mais freqüente (ROMEM,
MASAKI e ARTAL, 1999).
Relacionado à ventilação aumentada, há um aumento gradual de até 40%
no volume corrente (VC), de 500 ml no estado não-gravídico para 700 ml no
final da gestação. Porém, o volume expiratório de reserva (VER) e o volume
residual (VR) diminuem. O VER diminui 200 ml aproximadamente e o VR
diminui 300 ml aproximadamente. Isto significa que ao expirar, a gestante terá
uma menor reserva de oxigênio no pulmão. Conseqüentemente, reduz-se a
capacidade para suportar períodos de apnéia, um fator que deve ser sempre
levado em conta ao considerar a participação em esportes como mergulho ou
corridas curtas (ROMEM, MASAKI e ARTAL, 1999).
A gestação se caracteriza por um aumento de 10 a 20 % no consumo de
oxigênio. A combinação da capacidade residual reduzida e aumento no consumo
de oxigênio resulta em uma reserva de oxigênio mais baixa (ARTAL,
GREENSPOON, WISWELL e ROMEM, 1999).
Segundo ROMEM, MASAKI e ARTAL (1999), a elevação de
aproximadamente 20% no consumo de oxigênio é facilitada pelo aumento de 40 a
50% na ventilação. Esse aumento na ventilação pode ser a causa da sensação
subjetiva comum de dispnéia (restrição mecânica ou resistência de vias aéreas)
na gestação, apesar da elevação do suprimento de oxigênio.
O esforço adicional que é provocado pelo exercício é facilmente
compensado dentro do sistema respiratório com a capacidade de aumentar em
dez vezes. Ou seja, o sistema respiratório aumenta a ventilação para suprir as
necessidades de oxigênio do exercício (ROMEM, MASAKI e ARTAL, 1999).
As gestantes respondem ao exercício com aumento da ventilação durante o
exercício leve (WISWELL, 1999). Conseqüentemente, a adaptação do sistema
cardiovascular ocorre porque ele precisa fornecer maiores quantidades de
oxigênio e combustível para todos os órgãos com atividade aumentada. O
desempenho cardiovascular aumenta mais do que o fisiologicamente necessário,
o que se reflete pela elevação do consumo de oxigênio.
Com relação aos parâmetros hemodinâmicos, o volume sangüíneo
aumentado é representado por 50% de elevação no volume plasmático e 20% do
volume de eritrócitos (hemáceas) (ROMEM, MASAKI e ARTAL, 1999). Isso
significa que ocorre redução do valor do hematócrito (quantidade relativa de
plasma e glóbulos) de 40% no estado não-gravídico para aproximadamente 35%.
O aumento do plasma é maior que o das células vermelhas do sangue, levando a
uma “anemia fisiológica” da gravidez (anemia falsa que representa aumento
maior do volume plasmático). Porém, a redução relativa na massa de hemáceas
não interfere na distribuição de oxigênio nos vários órgãos. O exercício físico,
por sua vez, produz alterações na composição do sangue, particularmente nas
hemáceas (KLAFS e LYON, 1981). Mesmo depois de um esforço breve (e
intenso), observa-se um aumento no número de hemáceas. Este aumento
dependerá de fatores como carga de trabalho e duração do exercício.
Há também um aumento de 40%, aproximadamente, do débito cardíaco
(DC) nas gestantes (ROMEM, MASAKI e ARTAL, 1999). O DC é definido,
segundo KLAFS e LYON (1981), como o volume de sangue ejetado pelo
coração numa determinada unidade de tempo, expressado geralmente em litros
por minuto. Parece que o DC é mais eficiente no homem, quando comparado à
mulher, o que pode ser explicado pelo maior conteúdo de hemoglobina em seu
sangue e o maior tamanho do seu coração. Entretanto, com as alterações
decorrentes da gestação, observa-se o aumento do DC em gestantes. O principal
aumento no débito cardíaco ocorre no início da gravidez, no final do primeiro
trimestre, período durante o qual o consumo de oxigênio apenas começa a
aumentar (ROMEM, MASAKI e ARTAL, 1999). O DC pode ser aumentado em
no máximo três vezes. No entanto, a função pulmonar pode ser aumentada em
dez vezes, o que representa um fator limitante na capacidade de trabalho
cardíaco.
Percebe-se que a contribuição do volume de ejeção para o aumento do
DC ocorre mais entre 15 a 25 semanas de gestação (até 30%), diminuindo depois
até o fim do período gestativo (ROMEM, MASAKI e ARTAL, 1999). O DC
aumentado também é atingido à custa do crescimento do coração. Para
COSSENZA e CARVALHO (1999), embora o DC aumente, a pressão sangüínea
diminui, devido à distensibilidade venosa. O volume diastólico final médio do
coração aumenta entre 70 e 80 ml durante a gestação em virtude da elevação do
enchimento diastólico e pela hipertrofia muscular. Com o DC aumentado e a
pressão arterial média (PAM) diminuída, o resultado é uma pressão de pulso
aumentada, ou seja, pulso latejante.
Uma conseqüência inevitável, decorrente do DC crescente com a redução
da PAM, é a resistência periférica da circulação da gestante ser reduzida.
Observa-se então que aspectos como pulso latejante, aumento do débito cardíaco
e do consumo de oxigênio e redução da resistência periférica são os de um estado
hipercinético, semelhante ao hipertireoidismo (ROMEM, MASAKI e ARTAL,
1999). O aumento do DC é mais significativo quando se deita em decúbito lateral
esquerdo. Nessa posição, o útero coloca menor pressão sobre a aorta
(COSSENZA e CARVALHO, 1999), o que sugere a posição adequada para a
gestante dormir.
A frequência cardíaca (FC), outro componente do débito cardíaco,
contribui mais no início da gravidez. A FC de repouso começa a aumentar a
partir de oito semanas de gestação, atingindo um platô em torno de 32 semanas,
aproximadamente 20 bpm acima do estado não-gravídico (ROMEM, MASAKI e
ARTAL, 1999). A excitabilidade aumentada do coração leva a extra-sístoles
atriais e ventriculares mais freqüentes. Essas pessoas necessitam ser
acompanhadas com cuidado durante o exercício (ROMEM, MASAKI e ARTAL,
1999).
Klaus e Noack apud KLAFS e LYON (1981) encaram a gestação como
um período de treinamento para o organismo materno, pois os aumentos no
volume sangüíneo e no metabolismo acarretam intensas demandas sobre os
sistemas fisiológicos. Portanto, para os estudiosos, a gestação pode ser encarada
como um período de condicionamento intensivo ou de treinamento, em que o
corpo é capaz de preencher corretamente essas demandas.
Um fator importante que precisa ser levado em conta ao orientar
exercício físico para a gestante é a alteração no débito cardíaco e na pressão
arterial que ocorrem com alterações na postura. Devido à mobilidade uterina, a
mudança na postura altera seu eixo. Na posição ereta, a o útero cai para a frente,
enquanto ao deitar cai para trás e repousa sobre a coluna vertebral,
freqüentemente comprimindo a veia cava e a aorta abdominal. O resultado é a
redução do débito cardíaco e a hipotensão na posição deitada (ROMEM,
MASAKI e ARTAL, 1999).
No período gestacional, o volume sangüíneo aumenta, exigindo que as
artérias e veias suportem maior volume de sangue. Além disso, as válvulas nas
veias das pernas têm que suportar maior pressão, devido ao peso adicional no
abdômen. Sob essa tensão, as válvulas podem se tornar menos eficientes no
retorno do sangue para o coração e pulmões; então, as veias ficam dilatadas,
visíveis e, às vezes, bem incômodas (KATZ, 1999).
No sistema urinário, os rins crescem cerca de 1 cm de comprimento. Os
ureteres penetram na bexiga em um ângulo perpendicular. Isso pode resultar em
refluxo de urina para fora da bexiga de volta para o ureter. Assim, existe uma
maior probabilidade de desenvolvimento de infecções urinárias devido à
estagnação urinária. No terceiro trimestre do período gestativo, a freqüência da
micção aumenta (COSSENZA e CARVALHO, 1999).

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DA GESTANTE

O útero em constante crescimento é a principal causa das alterações que


ocorrem na estática e na dinâmica do esqueleto da gestante. Aspectos bem
familiares da gestação são o abdômen protuso, a marcha gingada e a hiperlordose
lombar. Após 12 semanas de gestação o útero se torna um órgão abdominal,
deslocando os intestinos e entrando em contato direto com a parede abdominal.
As dimensões do útero aumentam cento e cinqüenta vezes durante o período. Sua
capacidade aumenta mais de mil vezes e o peso, em até vinte vezes (ROMEM,
MASAKI e ARTAL, 1999).
Devido às alterações do útero, tanto em tamanho como em forma, é
necessário que outros músculos o mantenham na posição apropriada. Os
músculos abdominais reto e transversos do abdômen mantêm o útero suspenso
com segurança no centro da pelve. Próximos ao útero se encontram os músculos
abdominais e os do assoalho pélvico, que também oferecem suporte e participam
no trabalho de parto e nascimento.
O assoalho pélvico é uma lâmina muscular composta de múltiplas
camadas que se estendem entre a púbis e o cóccix, formando o suporte inferior da
cavidade abdomino-pélvica. Esta lâmina muscular é perfurada pela uretra, vagina
e reto; seu principal músculo é o pubococcígeo. O assoalho pélvico dá suporte
aos órgãos pélvicos e seus conteúdos, suportando o aumento da pressão intra-
abdominal na gestação, e provendo controle esfincteriano às aberturas do períneo
(região situada entre a porção mais inferior dos grandes lábios e ânus). A
disfunção do assoalho pélvico causa frouxidão dos músculos e tecidos moles. Os
órgãos pélvicos caem de seu alinhamento normal devido ao aumento da pressão
sobre a musculatura desse assoalho e pode ocorrer prolapso, ou seja, queda ou
deslocamento de um órgão de seu local normal, em extensão variável - por
insuficiência de seus meios de sustentação (COSSENZA e CARVALHO, 1999).
Os músculos do assoalho pélvico precisam suportar o peso do útero;
então o assoalho pélvico desce até 2,5 cm devido ao aumento da pressão intra-
abdominal e ao peso aumentado do útero. Durante o processo de nascimento, o
assoalho pode ser distendido, rompido, ou ambos. O bom tônus muscular
melhora o apoio e o suporte do peso e também ajuda a manter as funções dos
intestinos e de outros órgãos, já que eles ficam dispostos de forma diferente por
causa do crescimento do útero (KATZ, 1999). Portanto, devem ser prescritos à
gestante exercícios que aumentem o tônus da musculatura do assoalho pélvico,
para manter o alinhamento normal e evitar o prolapso (saída anormal dos órgãos
de seu lugar). Por outro lado, deve ser dada ênfase aos exercícios de relaxamento
da região pélvica, necessários no momento do parto para facilitar a passagem do
bebê (COSSENZA e CARVALHO, 1999).
Os músculos abdominais - principalmente o reto do abdômen - chegam a
se separar até quinze centímetros ao final da gestação, segundo Período pós-parto
(2002). Para COSSENZA e CARVALHO (1999), uma separação maior que 2 cm
do músculo reto abdominal, da linha média na linha alba é considerada uma
patologia denominada diástase do reto. A diástase do reto possivelmente ocorre
na gestação como resultado de efeitos hormonais sobre o tecido conectivo e das
alterações biomecânicas da gravidez, muito comuns no terceiro trimestre. Esta
patologia parece menos comum em mulheres com bom tônus muscular
abdominal antes da gestação. Os exercícios abdominais são importantes não só
na fase de expulsão no momento do parto; mas também para evitar a diástase e
uma possível herniação das vísceras abdominais.
O centro de gravidade é considerado como sendo o ponto do corpo no
qual o peso total do organismo fica centralizado. Para HALL (2000), o centro de
gravidade ou massa de um corpo é o ponto ao redor do qual o peso e a massa de
um corpo estão equilibrados igualmente em todas as direções. Nas análises dos
movimentos, o deslocamento do centro de gravidade funciona como índice do
movimento corporal. É um conceito extremamente importante, pois o centro de
gravidade determina o equilíbrio corporal. As pernas mais curtas e a pelve mais
ampla da mulher (em comparação com o homem), estabelecem um centro de
gravidade mais baixo e conseqüentemente lhe proporcionam um melhor
equilíbrio que o homem (KLAFS e LYON, 1981). Porém, nas gestantes, observa-
se o centro de gravidade alto, instável e em ascensão (ROMEM, MASAKI e
ARTAL, 1999). A orientação anterior do útero no período gravídico desloca o
centro de gravidade da mulher, resultando em lordose lombar progressiva e
rotação da pélvis sobre o fêmur. Isso desloca o centro de gravidade de volta sobre
a pélvis, evitando queda para frente (ROMEM, MASAKI e ARTAL, 1999). As
mamas em crescimento (em torno de 500g ao fim da gestação), também
contribuem para alterar o centro de gravidade. De acordo com KATZ (1999),
exercícios corretos fortalecerão os músculos do peito, ajudando no apoio dos
seios.
A estabilidade da gestante é obtida a partir de uma sobrecarga aumentada
sobre os músculos e ligamentos da coluna vertebral. Por isso, a dor lombar tão
característica. Para manter a linha de visão e compensar a lordose lombar, a
gestante aumenta a flexão anterior da coluna cervical, além de andar curvada
com abdução de ombros. O exagero desta posição pode levar a um aumento de
parestesias (sensações anormais e alucinações sensoriais) sobre a distribuição do
nervo ulnar, com aumento da fraqueza motora (a síndrome da mão na gravidez)
(ROMEM, MASAKI e ARTAL, 1999). Conforme ilustra KATZ (1999),
músculos dorsais e abdominais fortes podem reduzir tensões nas costas, quadris e
pernas.
A cintura pélvica se altera profundamente, além de seu conteúdo. Os
ossos que fazem parte da pélvis são mantidos juntos pela fibrocartilagem com
pequenas cavidades articulares sinoviais e reforçada pelos ligamentos pélvicos: o
púbico e o sacroisquiático. O enfraquecimento da cartilagem e o aumento do
fluido da sinóvia e do espaço sinovial ampliam as articulações pélvicas. O que se
observa é uma mobilidade articular aumentada e uma pélvis instável refletida em
marcha gingada. Conforme ilustram KLAFS e LYON (1981), durante a gestação
os ligamentos se afrouxam e relaxam, em conseqüência da ação de certos
hormônios, permitindo um certo grau de movimento ao nível da sínfise pubiana
e, conseqüentemente, uma certa expansão da pelve. Este fenômeno também é
observado, porém em menor grau, nas mulheres não gestantes durante o período
menstrual.
De acordo com ROMEM, MASAKI e ARTAL (1999), essas alterações
também acontecem em outras articulações e músculos, devido aos hormônios
estrógenos e a relaxina. Porém, a partir do terceiro trimestre da gestação, a
gestante apresenta mobilidade reduzida de articulações de tornozelos e punhos,
devido à retenção de água. Isso torna visível o edema no tornozelo da maioria das
gestantes e parestesias nas mãos, fraqueza muscular e síndrome do túnel do
carpo. O espaço no túnel do carpo é limitado; e com um edema significativo da
partes moles ocorrido na gestação, o nervo mediano (muito importante porque
supre a mão e enerva os músculos do polegar que permitem a oposição do
polegar com os dedos) pode ser comprimido. Há queixas de dormência e
formigamento do polegar, do indicador e dos dedos médios; falta de destreza ao
utilizar a mão secundariamente à perda da função do polegar; e dores à noite
(KARZEL e FRIEDMAN, 1999). Para ROMEM, MASAKI e ARTAL (1999),
alguns esportes como esquiar, andar a cavalo, ginástica e tênis podem provocar
mais lesões em gestantes, pois exigem agilidade, equilíbrio e força,
principalmente das mãos.

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