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Inconstitucionalidade da Cobranga do FINSOCIAL ABNOLDO Wap Advogada, Professor catedratico de Direito Civil da Universidade do Estado do Rio de Janeiro SUMARIO I — Da evolucdo do FINSOCIAL aié a Constituicdo de 1988, II — Os efeitos da Constituigdo de 1988. III — Do descabimento da sobrevivéncia do FINSOCIAL como con- tribuigdo apds 0 advento da Constitwicdo de 1988. 1V — Da inconstitueionalidade do FINSOCIAL concebido como imposto. V — Conclusdes, 1 — Da evolucdo do FINSOCIAL até a Constituigio de 1988 1 O Deereto-Lei n° 1.940, de 25-5-1982. instituiu a contribuicho social ¢ criou o Fundo de Investimento Social (FINSOCIAL). A contribuigio se destinava a custear investimentos de curdter assistencial, em alimentag: habitagio popular. satide, cducagéo ¢ amparo ao pequeno agriculter. inci dindo sobre a receita bruta das empresas publicas ¢ privadas, vendedores de mercadorias, das instituigdes financeiras e das seguradoras (art. 1." $12) © sobre o valor do imposto de renda pago pelas empresas que realizam exclusivamente venda de servigo (§ 2.°), com aliquotas diferenciadas (dv 0,5% no primeiro caso e de 5% no segundo) 2. © Fundo de Investimento Social (FINSOCIAL) foi criado para dar apoio financeiro aos projetos de cardter assistencial j@ referidos (art. 3.°), sendo administrado pelo BNDES (art. 5°) ¢ arrecadadas as contribuigdes pelo Banco do Brasil $.A, © pela Caixa Econémica Federal pelos seus agentes (art. 2). 3. Posteriormente, houve varias alteragdes legislativas. Assim, 0 Decreto n° 91.236, de 8-5-1985, determinou que os valores arrecadados pela Unido Federal referentes ao FINSOCIAL fossem transferidos, conforme 0 caso, R. Inf. legisl. Brasilia a. 29 n. 115 jul/set. 1992 231 aos Ministérios ou ao BNDES, de acordo com as normas complementares a serem baixadas pelo Ministério da Fazenda e pela Seplan. Houve, tam- bém, modificagdes redacionais, em virtude da Lei n.° 7.611, de 8-7-1987, © 0 Decteto-Lei n.° 2.397, de 21-12-1987, tratou do FINSOCIAL e das sociedades civis de prestago de servigos profissionais. 4. Entre 1982 e 1988, surgiram numerosas discussdes € pleitos judiciais em relagao & contribuigio social do FUNDO DE INVESTIMENTO SOCIAI. (doravante simplesmente denominada FINSOCIAL), seja em relagio & sua natureza de tributo, seja quanto & aplicagdo do principio basico da anterioridade e da anualidade do tributo, scja, finalmente, quanto & sua criagéo por decreto-lei. 5. Nao obstante as divergéncias doutrinérias, pacificou-se, na jurispru- déncia, o entendimento em relagdo a validade da contribuigio criada por decretolei, desde que respeitado o principio da anualidade, considerando, ainda, os tribunais que se caracterizava como verdadeiro imposto inomi- nado por ter como fato gerador “situagao independente de qualquer at vidade estatal especifica relativa ao contribuinte” 6. Tanto 0 Supremo Tribunal Federal, como o antigo Tribunal Federal de Recursos fixaram a sua orientagéo, de modo pacifico, na matéria, como se verifica pelas decisées proferidas respectivamente pelo primeiro nos RE's n.°s 103.778 € 105.340, além de numerosos outros, ¢ pelo segundo nos MS 97.775-DF ¢ 99.552-DF, e na AC 99.024-R] 7. No julgamento do MS 97.775-DF, pelo TFR, o Ministro SEBASTIAO REIS teve 0 ensejo de salientar em seu voto que: “© nosso Estatuto Maior ao lado das figuras tributérias tradicionais do imposto, da taxa, da contribuigio de melhoria, no inc. 1, § 2° do seu art. 21, no capitulo do sistema tributério, alude a contribuicées, tendo em vista a interven¢o no dominio econdmico ou o interesse de categorias profissionais e para aten- der diretamente & parte da Unido, no custeio dos encargos da previdéncia social e no seu art, 43, X, no capitulo seguinte, refere-se a contribuigdes sociais para custear os encargos previstos nos arts. 165, II, V, XII, XVI e XIX, 166, § 12, 175 ¢ § 4° € 178, preceito esse em que se insinua a tese da parafiscalidade. Na espécie, pretende o legislador do Dec.-Lei n2 1.940/82 instituir “contribuigao social” destinada a custear investimentos de cardter assistencial em alimentacdo, habitacdo popular, satide. educaco ¢ amparo ao pequens agricultor (art. 1."). Nesse particular, mesmo que se admita a tese de que, apés a EC 8/77, as contribuigées sociais ali referidas, passaram a cate- gorias estritamente financeiras ou paratributarias, o certo é que, @. 29 nm. 11S jul/set. 1992 232 R. Inf. legisl. Brasil como © demonsiram oy yotos dos Min. Torreio Bras ¢ Carlos Mitio Velloso, a contribuicdo sob exame nio se identifica com qualquer das figuras ali clencadas ‘Tenho que a enumeragio respectiva constitui smmerus ctau- sus, taxativo, quer a consideremos exaco tributdria ow nao-tribue taria, © certo & que representa prestagdes coativas, limitadoras da propriedade, e, por isso, devem ser catalogadas em quadre fechado ¢ nao aberio a demasias, de outro, porque se pretendess: dar-lhe alcance exemplificativo teria adotado 0 eritério do creto-Lei n? 27/66 gue. apds enumerar viirias modalidades de contribuigées, completa o rol adotando a ekiusula aberta *e outras atribuigdes sociais criadas por lei’. A toda sorte, pretendesse o constituinie brasileire dar ao conceite de contribuigio um clastério aberto & sua inyentiva © as necessidades crescentes do Tesouro, terse-it valido, autorizada- mente, do ensinamenta origindrio de RUBENS GOMES DE SOU- ZA, quando definiu as contribuigdes por exclusio, concelttiando-se como a exacéo que nao sv identifica nem com taxa, nent com imposto. Acrescente-se que mesmo icenicamente. & doutrina de- minante € no sentido de que a hipdtese de incidéneia dt eontn buigdo particulariza-se por uma atuagho estotal inditeta © -me- diatamente referida ao obrigado.” 8. No mesmo acérdio. concluiu o Ministro CARLOS MADEIRA, nv seu voto, que: “No meérito, bastam & reicigto do argument de jtegalidade da contribuicio ao FINSOCIAL. as reiteradas decisoes do Fs Supremo Tribunal Federal, reconhecenda a Ticiedade da cria ‘ou majoracio de tributes por decreto-lei. Entre os mais recentes. vale citar os acérdaos nos RE's 99.702, 99.714, 99.853, Rel. © Min, SOARES MUNOZ (DJ 244-83) © 99.709. Rel. o Min DIAC] FALCAO (D7 65-831. Ta seguimte a ements dos 19 primeiros acérdaos citados — TOF criucio por deereto-lei: “Em nosso sistema constitucional, observados os reqtti sitos estabelecidos no art, 35, 11, da Carta Magna, decreto-lei pode eriar ow majorar tributo. Recurso extraordingrio de que nfo se conheee (9. Com respeito & inconstitucionalidade da cobranca, reprodu- zo a conclusio do voto que proferi ve julgamento do MS 97.77% em 2-12-82: “Tenho, assim, que a contribuigdo para wm tundo cria- do por Iei, a ser administrado por um drgio designado no lei, n3o & inconstitucional.” ‘R. Inf, legish, Brasilia, 29 nm. 115° 233

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