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Resumo:
O presente artigo pretende explicitar os aspectos relacionados à prática pedagógica em
Ciências Sociais. Considerando o importante momento histórico, político e social que se
constitui com a aprovação do caráter de obrigatoriedade do ensino de Sociologia e Filosofia
na Educação Básica. Sendo assim, problematizamos acerca da importância da pesquisa social
no ensino de Sociologia, aprofundando acerca das perspectivas teóricas/práticas que
potencializam a indissociabilidade entre pesquisa sociológica e ensino de Sociologia. O que
nos remete a problematização do modo como as atividades pedagógicas do professor de
Sociologia podem ser vetor de investigação dos elementos que condiciona o seu fazer, em
locus.
formativos e da prática profissional desta disciplina. Pois, por um lado, ainda há uma ausência
investigação acerca da relação das práticas curriculares e as concepções educacionais que
permeiam os cursos de formação acadêmica que, conforme Tomas Tadeu “sabemos muito a
respeito daquilo que se passa nas salas de aula dos níveis primário e secundário, mas quase
nada daquilo que ocorre nos espaços pedagógicos universitários” (1994, p.85). Por outro, não
nos limitamos à compreensão de profissão como sendo “a forma de denominar o trabalho
valorizado pela titulação superior” (Bonelli, 1993, p.111).
Sendo assim, compreendemos a relevância de não se restringir a concepção de
formação acadêmica a um processo que visa, unicamente, o desenvolvimento de
competências específicas, habilidades particulares, o trato material e conceitual de coisas úteis
e indispensáveis à vida do homem em sociedade e da sociedade em seu conjunto; mas
sobretudo, como um processo que requer um exercício constante de conciliação das
exigências da especialização com a de formação humana mais geral ou total ou, pelo menos,
suficientemente equilibrada.
Ainda, não podemos esquecer que no âmbito dos cursos de formação acadêmica se
desenvolve um tipo de educação compreendida como um dispositivo de poder, que cumpre o
objetivo, além da transmissão de certos conhecimentos, de produção de determinados
comportamentos e condutas mediante a disciplinarização dos indivíduos neste caso, quase que
exclusivamente, para o exercício profissional. Com isso, pensamos que essas duas questões
estão intimamente relacionadas: a formação do componente comportamental e a formação do
componente estritamente profissional.
A partir disso, revela-se a importância do papel representado pela prática pedagógica
do docente, e, tendemos a concordar com Perrenoud (1993, p.93), que a “formação de
professores só pode influenciar as suas práticas em determinadas condições e dentro de
determinados limites”. Quer dizer, a formação de professores é um meio privilegiado de ação
e, assim, uma maneira eficaz de mudar a escola, o homem e a própria sociedade.
diretamente implicados, não pode haver relação de poder sem que se constitua,
correlativamente, um campo de saber, assim como não pode haver saber que não suponha e
constitua relações de poder.
Desta forma, é necessário constituirmos enquanto professores um saber acerca da
disciplina de Ciências Sociais e seu ensino para podermos respaldar a sua relevância no
currículo da educação básica e na formação de cidadãos. A sua presença nos processos
educativos deve poder representar o que constituem os tensionamentos inerentes à atividade
do professor de Ciências Sociais e as exigências do seu ensino.
Mesmo sendo vital a análise da compreensão acerca da disciplina de Ciências
Sociais, suas expectativas e sua interatividade com a mesma, cabe ao professor um papel
decisivo no êxito da disciplina, o qual se refere à determinação do que consiste a sua prática
pedagógica que se quer efetivar em sala de aula. Segundo Durkheim, “cada profissão constitui
um meio sui generis, que reclama aptidões particulares e conhecimentos especiais, meio que é
regido por certas idéias, certos usos, certas maneiras de ver as coisas” (1978, p.39). Ou seja,
os contornos que a disciplina pode assumir dependem dos conhecimentos do professor e,
especialmente, dos questionamentos sobre o sentido que ela pode adquirir enquanto formação
educacional e social.
O professor de Ciências Sociais a partir da sua prática pedagógica poderá representar
para os educandos um aprimoramento acerca dos conhecimentos que dizem das dimensões
sociais, negando qualquer prática que venha representar um amontoado de conhecimentos ou
referências culturais sem qualquer significado. Reduzida a uma disciplina amorfa, ela apenas
será memorizada a contra gosto ou quando não esquecida. Mesmo que se possam tecer
algumas críticas ao positivismo de Durkheim, parece razoável considerar que: “todas as
práticas educativas, quaisquer que possam ser e qualquer que seja a diferença que entre si
demonstrem, apresentam um caráter comum e essencial: resultam todas da ação exercida por
uma geração sobre a geração seguinte, com o fim de adaptá-la ao meio social em que esta
última está chamada a viver!” (1978, p.60).
A relação intrínseca entre o que constitui a especificidade da disciplina de Ciências
Sociais e o que justifica o seu exercício na educação básica, permite dizer que é a atitude
sociológica do professor que torna possível as condições do ensino da disciplina à medida que
identificá-las é, em última instância, determinar a própria contribuição do seu ensino. Sendo
assim, acredita-se que a prática cotidiana de ensinar Ciências Sociais deva proporcionar as
condições para que os educandos possam ser capazes de pensar a realidade social e que esse
pensar lhes sirva para estar em melhores condições de decidir sua relação com o mundo.
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sentido de constituir um mapa no qual sua ação se efetiva, mas que também saiba constituir
em sua prática sociológica uma dimensão que acolha tais diferenças e diversidades as quais
fazem parte da condição real de cada indivíduo. Por outro lado, há uma dimensão que diz de
cada estudante, qual seja, a sua singularidade, sendo que a mesma deve ser considerada
enquanto um uma peculiaridade que torna cada um distinto dos demais, pois a escola
enquanto instituição disciplinar geralmente nos processos de individuação apresenta a
tendência em aniquilar qualquer traço singular que o estudante apresente, partindo de uma
noção equivocada de coletivo, deixando de considerar a possibilidade de respeito aos aspectos
que dizem da singularidade dos jovens (cf. Tomas Tadeu; Corazza; Zordan, 2004, 61-63).
Traçar um mapa da realidade dos alunos e suas respectivas escolas constitui-se num
grau de complexidade, sem esquecer que precisamos enquanto pesquisadores da própria
prática compreender que não há como homogeneizar o que por si apresenta-se enquanto uma
multiplicidade, pois cada escola é peculiar a uma outra (seja por seu projeto arquitetônico,
seu projeto político pedagógico, e assim por diante), principalmente se consideramos outro
fator importantíssimo: a sua relação com a comunidade que se destina sua ação educativa. E
neste caso, mesmo se considerarmos duas escolas do sistema de ensino público, mas
independente de todo este grau de complexidade e por que não dizer de dificuldade que
possam surgir é de extrema necessidade que se faça cada vez mais pesquisas que visem dar
conta do universo socioeconômico dos estudantes e o espaço escolar o qual está inserido.
São várias as perguntas necessárias a serem respondidas pelas particularidades de
cada escola: faixa etária; situação ocupacional; renda familiar; taxa de reprovação; acesso a
meios de comunicação, informação, entretenimento, lazer; conhecimento sobre a disciplina de
Sociologia; etc. E é, unicamente, através da posse de dados desta natureza que se conhece
minimamente a realidade dos alunos. Aliás, a coleta deste material não caracteriza
inconformidade com a formação geral de cientistas sociais e pode, já aí, constituir-se num
exemplo da aplicabilidade/realização de pesquisas (conjuntamente) com os alunos.
Sendo objetivo desenvolver a compreensão crítica dos alunos acerca do que significa
a vida social de uma dada sociedade, é preciso que os professores criem e elaborem as
condições que propiciem um contato com diversos tipos de fontes (documentos, filmes,
músicas, charges, depoimentos, fotos, etc.), e dos vários enfoques da problemática (social,
econômica, política, cultural, moral, etc.). É evidente a necessidade de lançar mão das mais
diversas alternativas de trabalho (jogos, exercícios, esquetes, simulações teatrais, dança,
música,...), pois é desta forma que além de potencializarmos um ensino e uma aprendizagem
mais críticos, com certeza, estaremos descobrindo novas facetas de interpretação e sentido
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para o que representa a presença da disciplina de Ciências Sociais na sala de aula do Ensino
Médio.
Neste sentido, a permanente busca de alternativas de atividades e recursos didáticos
para o ensino representam para a Educação, enquanto espaço de transformação social, uma
garantia de que mesmo com toda a especificidade e, muitas vezes, a abstração dos temas é
possível que a escola apresente práticas pedagógicas que superem o ensino tradicional, não se
omitindo de tratar questões de extrema relevância social, o que representaria um sério
prejuízo na formação dos jovens estudantes.
Temos que reconhecer que a simplista prática da ‘decoreba’ dos conceitos
sociológicos não atinge um objetivo muito preciso e condizente com a contribuição da
Sociologia. Portanto, a busca por práticas pedagógicas mais críticas e criativas possibilita em
muito a ambientação e contextualização dos esforços que nos leve enquanto professores a
uma Sociologia do Ensino de Ciências Sociais.
Ainda, a introdução gradual da realização de pesquisas sociais em sala de aula, a
qual, enquanto um exercício recorrente ao longo do ano, constitui-se numa prática importante
e indispensável no ensino da Sociologia. Por quê? Ora, esta é uma das principais
contribuições desta ciência, ao oferecer métodos científicos acessíveis aos alunos, com isso,
instrumentalizando-os a observar de forma sistemática, a comparar, construir e coletar os
dados de estudos ligados a temas desenvolvidos na disciplina. Inclusive, a realização de
pesquisas junto a sua realidade escolar e social, capacita o aluno, constantemente, a refletir,
indagar e opinar sobre o que paira no senso comum, realizando um filtro da gama de
informações que estão acessíveis, de forma crítica. Indo de encontro com o que Giddens nos
diz: “pesquisa social não está, tampouco pode se permitir estar, dissociada do mundo social
que descreve” (2001, p.15).
Pensar acerca da disciplina de Ciências Sociais e seu ensino representaram uma
possibilidade única no processo da constituição de um mapa que pudesse dar conta de
dimensionar as futuras práticas pedagógicas. Possibilita o reconhecimento do caráter
indiscernível entre a pesquisa e o ensino também na escola.
Deste modo a perspectiva de aprofundar algumas das questões entorno da prática
pedagógica pode ser um instrumento de crítica e reflexão à atuação docente, possibilitando o
exercício de uma prática pedagógica, que experimenta e dá sentido as mais diversas
dimensões que envolvem a prática de ensinar e aprender na escola, o que nos remete a
afirmação sempre oportuna de Paulo Freire:
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Referências bibliográficas