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Fortaleza, 18 de março de 2016

LUDICIDADE – UM ENCONTRO COMIGO MESMA

Há alguns semestres eu tento me matricular na disciplina de Ludopedagogia I,


tentada a ser parte dessa construção pelos relatos de amigos. Enfim, chego ao último
semestre da graduação e consigo a matrícula nessa tão esperada disciplina. Com grande
expectativa caminho pelo corredor até a nossa primeira aula. Ler o primeiro texto
proposto só me deixou mais curiosa pelo que viria.
Nosso encontro começou com uma dinâmica em que tínhamos que desenhar o
brinquedo que melhor pudesse nos representar. Se eu fosse um brinquedo, sem dúvida
eu seria um elástico. Primeiro, porque esse brinquedo foi o meu preferido durante a
infância e parte da adolescência. Segundo, porque brincar de elástico me proporcionou
construir amizades com diferentes grupos na escola e na rua, além da resistência física
garantida através de muito treino, e dos desafios que cada nova fase trazia. Quando eu
pulava elástico me sentia capaz de superar meus limites e de ajudar outros a fazerem o
mesmo. Lembro de quando minha melhor amiga na 6ª série torceu o pé pulando elástico
conosco, e nós paramos tudo para ajudá-la. Quando pulávamos em duplas havia muita
confiança mútua de que ninguém erraria o movimento. Também me decepcionei com
meninas que nos faziam errar, querendo apenas competir e ganhar. Pensando bem,
quantas coisas eu vivi nessa brincadeira! Enquanto desenhava o brinquedo, os flashes da
infância enchiam minha mente.
Depois tínhamos que encontrar pessoas na turma que haviam desenhado
brinquedos semelhantes aos que desenhamos. Fui encontrada pela Taís e juntas
encontramos Thauane. Taís e Thauane desenharam cordas. Sentamos, as três, e
discutimos o porquê da escolha dos nossos brinquedos e foi inevitável o compartilhar de
nossas histórias e memórias. Discutimos também os objetivos a metodologia e a
avaliação da disciplina e o que mais nos chamou atenção foi o caráter das aulas teórico-
vivenciais, pois no curso aprendemos muitas teorias, mas a vivência fica de lado muitas
vezes. Compartilhamos tudo isso nos apresentando ao grupo completo e ouvimos as
experiências dos demais colegas. Foi um momento descontraído de conhecimento do
outro e de autoconhecimento.
O próximo momento foi a exposição feita pela professora Bernadete sobre
Ludicidade. Descobri que esse conceito foi desenvolvido por Luckesi e significa um
regresso, um encontro consigo mesmo e é um universo de possibilidades, independente
de materiais físicos, mas baseado nas relações do ser humano com ele mesmo, o outro e
com o mundo. Ludicidade fala de inteireza, de plenitude do ser, é uma experiência que
integra pensar, sentir e agir. Então quando estava ficando mais interessante, a aula
acabou.
Voltei para casa pensando que esse conhecimento veio a calhar com o momento
que estou vivendo. O fim da graduação é só o começo de minha vida docente, e nesse
momento de incertezas e possibilidades eu posso me encontrar comigo mesma.

Fortaleza, 01 de abril de 2016

BRINCADEIRAS DE RODA

Nosso encontro de hoje foi muito especial, pois foi como voltar ao meu primeiro
ano escolar, brincando de roda com as outras crianças aos 4 anos. Aprendemos hoje o
conceito de Ludicidade de Luckesi que se diferencia do predominante, que é mais
voltado para o externo (elementos sócio-culturais). Luckesi defende a Ludicidade como
a vivência da inteireza do ser, sendo mais importante os aspectos internos do indivíduo
que vivencia a experiência.
Brincar de roda é um exercício bem complexo que nos permite vivenciar essa
plenitude, já que precisamos ter nosso corpo, mente e sentimentos voltados juntamente
para aquele momento: cantando a cantiga, obedecendo os comandos, nos divertindo e
observando nós mesmos e os outros. Música, movimento, risadas, contato físico, tudo
junto numa mesma experiência.
Bernadete falou sobre as cantigas de roda, sobre a resistência que elas
expressam. Lembro que minha cantiga preferida falava sobre jogar as crianças na lata de
lixo. Nós íamos entrando uma a um dentro da roda e quando as crianças de fora não
podiam mais fechar a roda, a lata se furava e essa era a hora mais esperada porque esse
era o momento em que estávamos livres. Naquela época, eu não entendia a música, mas
acredito que ela expressa que a união do povo é maior que a marginalização e a
opressão. A união pode gerar liberdade e transformação.
A aula de hoje foi muito significativa para mim, brincar de roda me fez perceber
a beleza da plenitude. Que a vida seja mais plena como uma brincadeira de roda!

Fortaleza, 08 de abril de 2016

UMA DATA ESPECIAL - O SENTIDO DE SER PARTE DO TODO

Hoje o dia amanheceu mais lindo, pois é o meu aniversário! Eu mal podia
esperar pela aula de hoje, que felicidade saber que eu passaria parte do meu dia numa
aula tão especial. Começamos pintando mandalas para presentear um amigo. Enquanto
pintávamos, ouvíamos música. Procurei pintar minha mandala de borboletas com cores
de minha preferência como tons de roxo, rosa e azul para que a pessoa que a recebesse
pudesse levar um pouco de mim consigo. Como eu cheguei um pouco depois do início
da atividade e os pares já haviam sido sorteados, combinei de presentear Amanda com
minha mandala e ela disse que me daria a dela. Na mensagem da mandala eu desejei
que Amanda aproveitasse a vida, pois ela é um presente. Enquanto eu pintava a
mandala, a professora Bernadete veio me parabenizar pelo meu aniversário. Foi muito
bom receber um abraço dela, me senti querida. No momento da troca das mandalas, eu
fiquei encantada com as mensagens que todos desejaram para todos, e quando chegou
minha vez e da Amanda, todos cantaram “Parabéns” para mim. Eu não esperava por
nada e naquele momento vivi um sentimento de pertencimento, de aceitação. Nós nos
encontramos na existência do outro, como o texto que lemos de Rubem Alves. A
amizade tem uma inutilidade útil para nos tornar humanos. A verdadeira amizade é
lúdica, tem um fim em si mesma.
No segundo momento, mergulhamos no texto de Huizinga. Discutimos sobre a
natureza e o significado do jogo. Aprendemos que o trabalho e a arte surgiram ao
mesmo tempo na história da humanidade. Ao adquirir a postura ereta, o homem tem as
mãos livres e ele começa a transformar seus pensamentos em representações,
instrumentos, signos e depois a linguagem. Huizinga afirma que o jogo é anterior à
cultura (mais antigo) e que ele tem três funções biológicas: a descarga de energia vital, a
satisfação do instinto de imitação e a preparação para a vida adulta. O jogo é uma
atividade voluntária, desinteressado (não utilitário), é a imaginação da realidade, mas a
criança que brinca sabe que está representando.
Começamos a compreender a diferença entre brinquedo, brincadeira e jogo, de
acordo com Tizuko. O brinquedo é o material para fazer fluir o imaginário infantil; a
brincadeira é a ação que a criança desempenha; e o jogo é a brincadeira com regras
explícitas. Podemos dividir os jogos em tradicionais, transmitidos oralmente e sem
autoria; de construção, em que ocorre a reelaboração do material; de faz-de-conta,
composto pelas dramatizações; e educativos, com finalidades pedagógicas e muito
utilizado nas escolas.
Iniciamos hoje a formação das equipes, eu faço parte da equipe Equilibrium
junto com Camilla, Taísa e Jésica. Nos inspiramos nos 4 elementos: ar, terra, água e
fogo e nos organizamos para a confecção do estandarte da nossa equipe.
Antes do fim da aula, nos organizamos em roda para jogarmos jogos de
imitação. Jogamos o jogo do Mestre, que eu nunca havia jogado, depois o “Tipitar” e
outro jogo que o Palavra Cantada trouxe de volta em um de seus cds. Todos esses jogos
são tradicionais, mesmo não sendo tão conhecidos para muitos de nós foi mutio
divertido participar desse momento.

Fortaleza, 15 de abril de 2016

EQUILIBRIUM - QUANDO OS QUATRO ELEMENTOS SE JUNTARAM EM


UM ESTANDARTE

Hoje foi o primeiro dia dos desafios das equipes. Minha equipe ficou com a
acolhida e eu confesso que estava nervosa, sem saber se conseguiríamos cumprir a
tarefa, porque eu não sabia ao certo como fazer a acolhida e minha equipe parecia não
ter compreendido também. Eu dei a ideia de confeccionarmos um catavento e a Camilla
tinha achado uma poesia sobre esse brinquedo. As meninas estavam um pouco atrasadas
e eu comecei a ficar nervosa, mas quando todos tinham concluído o catavento foi uma
diversão. Nos reunimos em círculo e ouvimos a poesia, então eu respirei mais tranquila.
O ambiente ficou por conta da equipe Amarelinha e a sala estava arrumada em
círculo e com um cheirinho, que para mim, era de limão. Depois da acolhida,
começamos a construir os estandartes. Posso dizer que na minha equipe todas
trabalhamos muito, a ideia era um escudo medieval, mas tivemos que entrar em
consenso para utilizar as ideias de todas sem que o estandarte perdesse o significado.
Então o resultado final foi um estandarte medieval, com os quatro símbolos, além de
gliter e babados, agradou a todas nós e ficamos muito orgulhosas com o trabalho. A
experiência de construção nos possibilitou também trocar ideias com as outras equipes,
trocar e compartilhar materiais, e se nos fosse permitido teríamos continuado com
aquela atividade por muito mais tempo
As equipes apresentaram seus estandartes com muita alegria. Os mágicos da
Pedagogia se apresentaram fazendo algumas mágicas, truques e surpresas! Depois a
Ciranda das Cores falou da escolha do seu nome, por causa da brincadeira de roda
“Ciranda”. A equipe Tamo Junto se formou com aqueles que não tinham equipe e eles
fizeram um estandarte lindo. A equipe Como é Bom fez um estandarte que parecia um
estandarte de Carnaval, cheia de fitas e seu nome vem da música “brincadeira de
criança, como é bom, como é bom”. A equipe Amarelinha se inspirou na brincadeira de
mesmo nome e construiu um estandarte móvel no formato de uma amarelinha. A equipe
Equilibrium nasceu da união de 4 pessoas diferentes representadas pelos 4 elementos,
de acordo com nossa personalidade: Camilla – água, Jésica – vento, Taísa – fogo e eu –
terra. O equilíbrio desses elementos faz tudo funcionar bem, então esse foi o nome
escolhido e com um toque de requinte, o escrevemos em latim.
Tivemos duas brincadeiras, a primeira foi um jogo da velha bem diferente. Um
tabuleiro no chão, duas equipes e 4 peões. Um membro de cada equipe colocava um
peão e em seguida, um membro de outra equipe fazia o mesmo. Ganhava a equipe que
fizesse uma linha, coluna ou diagonal. Os participantes tinham que fazer isso bem
rápido e foi muito divertido. A segunda brincadeira foi triângulo de bilas, eu logo quis
participar, pois essa brincadeira é muito tradicional na cidade em que nasci, Pentecoste.
Jogamos com algumas regras diferentes das que eu conhecia, mas o mais legal foi que
um dos guardinhas veio olhar a brincadeira e acabou por nos ajudar, dando dicas. A
Amanda venceu o jogo e a equipe dela ganhou uma literatura de cordel. O mais
importante foi que nos divertimos e interagimos, trocando experiências, negociando
regras em um momento único.

Fortaleza, 22 de abril de 2016

NA TRILHA DA ORIGEM HISTÓRICA DO JOGO PROTAGONIZADO

Hoje foi o nosso dia de fazer a ambientação e trabalhamos em conjunto com a


equipe Como é Bom. Foi uma parceria animada, planejamos também como
trabalharíamos o texto de Elkonin, sobre a origem histórica do jogo protagonizado.
Após longas conversas pelo Whatsapp, combinamos construir um jogo de tabuleiro,
uma trilha com perguntas, desafios e prendas. Para o ambiente, preparamos uma
surpresa para a turma. Colamos um post-it com a mensagem: “A vida é cheia de
surpresas – Dê uma olhada embaixo da mesa”, debaixo de cada mesa havia um pirulito
para adoçar a sexta-feira. Colocamos uma música ambiente, um instrumental de “João e
Maria”, de Chico Buarque para deixar o ambiente aconchegante. Foi muito bom ver
cada um chegando e procurando a surpresa embaixo da mesa.
A acolhida ficou por conta da equipe Aquarela que nos fez passear por muitos
lugares através de uma música animada com comandos para seguirmos. Depois, na
roda, sentados no chão, ouvimos uma história sobre a revolta dos órgãos do corpo
contra o estômago, por acharem que ele não trabalhava para o funcionamento do corpo,
só recebia o alimento. Todos decidiram parar seus trabalhos e o corpo foi
enfraquecendo, até que eles entenderam que todos têm sua importância no corpo que só
funciona quando todos trabalham em harmonia. A mensagem da história é que todos
precisamos de todos para funcionarmos bem.
A discussão do texto aconteceu com o jogo de tabuleiro. Uma dupla de cada
equipe participou. Foi interessante, mas as demais pessoas da equipe ficaram sentadas e
não ajudaram nas respostas das perguntas, então acredito que devíamos ter pensado em
uma atividade que integrasse todos na sala. No jogo, haviam casas em que a pessoa teria
que brincar com uma corda. Diversas brincadeiras surgiram nesse momento, desde pula-
corda à cabo de guerra, trenzinho e seu mestre mandou. As perguntas-relâmpago
causaram bastante discussão e isso foi muito interessante.
Elkonin (1995) nos mostra que em toda sociedade, o trabalho antecede o
jogo protagonizado. Entende-se o trabalho como toda a atividade de representação do
pensamento humano. O jogo aparece nas sociedades como atividade que demonstra para
as crianças as atividades de trabalho da sociedade em que ela está inserida. É
interessante ressaltar que nas comunidades primitivas a educação era severa no
conteúdo, mas suave na forma, pois havia um intenso processo de aprendizagem, mas
ele acontecia através do lúdico. O que nos faz refletir sobre a educação atual que é
muito rígida na forma, é certo que temos muito a aprender ao estudar a origem histórica
do jogo protagonizado.
Construímos dois brinquedos na aula de hoje, um vaivém e um bilboquê. O
material que utilizamos foi reciclado, garrafas pet e barbante. A equipe Tamo Junto
trouxe esses brinquedos e nos ajudou a construí-los. Na brincadeira, pulamos
amarelinha com a equipe Amarelinha. A equipe apresentou a amarelinha colombiana,
muito diferente da que conhecemos, pois tínhamos que empurrar a pedra com o pé por
todas as casas até chegar ao sol, e como foi difícil chegar ao sol, mas recompensador.

Fortaleza, 29 de abril de 2016

CONSULTA MÉDICA

Não pude comparecer ao encontro de hoje, pois tive consulta médica.


Infelizmente, descobri que tenho uma doença inflamatória no intestino e que preciso
fazer mais exames para chegar a um tratamento específico para o meu caso. As notícias
hoje não foram muito boas, mas a esperança não morre.
Fortaleza, 06 de maio de 2016

UMA FESTA DE TODAS AS CORES

Nesse dia, a equipe Tamo Junto fez uma ambientação bem diferente com
incenso. O engraçado foi que Taisa quando chegou achava que o ar-condicionado estava
pegando fogo, soltando fumaça ou algo assim, até ela descobrir que era só o incenso.
Também ganhamos um incenso, com uma mensagem sobre valorizar mais a sabedoria
que as riquezas. A acolhida também foi muito especial, a equipe Ciranda das Cores
preparou um espaço bem bonito com balões e fitas, parecia uma festa de aniversário!
Cada balão estava endereçado a uma pessoa da sala, tínhamos que encontrar nosso
balão, depois teríamos que interagir uns com os outros de acordo com a leitura de um
texto em que as palavras amor, amizade, alegria e paz representavam comandos como
aperto de mão, abraço e gargalhada. Foi muito divertido!
A discussão do texto ficou por conta da equipe Amarelinha. Eles fizeram um
“Show do Milhão”, com roleta e tudo! Quando acertávamos, ganhávamos dólares da
Disney e pontos para equipe. O texto trabalhado foi “Uma pirueta, duas piruetas…
Bravo! Bravo! A importância do brinquedo na educação das crianças e de seus
professores”, de Bernadete Porto e Sílvia Helena Vieira Cruz. O brincar é um direito
assegurado por lei, e isso se deve à sua relevância para o desenvolvimento integral do
ser. A teoria do brinquedo vem para respaldar essa conquista, mas ela precisa ser
vivenciada. Muitos autores, alguns já conhecidos por nós como Huizinga, Elkonin,
Kishimomoto, Luckesi, Piaget e Vygotsky, são citados na discussão sobre a importância
de se garantir a validação desse direito para todas as crianças. A ênfase do brincar pelo
brincar, não apenas com objetivos pedagógicos, é ressaltada, pois enquanto a criança
brinca ela se desenvolve, compreende o mundo, estabelece relações e vive um momento
de plenitude, em que sentimentos, ações e aprendizados não se encontram setorizados,
mas interligados. Por isso é importante que professores em formação e em atuação
compreendam a importância do brincar na vida das crianças, pelo caminho da
Ludicidade poderemos construir um mundo melhor, com pessoas vivendo plenamente.
Depois dessa discussão, fomos vivenciar a teoria do brinquedo, construindo
brinquedos e brincando! Construímos um balangandã com papel crepom. Cortamos os
papéis em tiras e compartilhamos as cores que trouxemos, o que foi muito mais
interessante, e todo mundo saiu com seu brinquedo bem colorido. Fomos para a frente
da FACED brincar com os balangandãs e enchemos a paisagem de cores flutuantes e
rodopiantes. Eu que estava no meio das cores, tentava imaginar como seria a visão
daquilo do lado de fora!
Voltamos para a sala e houve a premiação da equipe ganhadora da gincana na
aula passada e alguns tiveram que pagar uma prenda, dançando a música do quadrado,
que todo mundo acabou dançando ou cantando junto! Paiva nos trouxe sua memória em
forma de cordel, seus versos ricos me deixam feliz por conhecer alguém com alma de
poeta. A brincadeira foi apresentada pelos Mágicos da Pedagogia, que nos ensinaram
um truque muito legal de mentalismo com números. Já fiz esse truque com diversas
pessoas depois que aprendi e o resultado é sempre muito suspense, gargalhadas e
espanto.
Por fim, nossa equipe Equilibrium apresentou a memória. Passamos a aula
fazendo um vídeo dos melhores momentos, mas a tecnologia não estava disposta a nos
ajudar nesse dia. Ainda bem que tínhamos um plano B, inspiradas pelo Paiva e seus
cordéis, fizemos um cordel de cada momento da aula. Ficou engraçado e expressava o
que vivemos nesse dia de encontros e descobertas!

Fortaleza, 13 de maio de 2016

COMPREENDENDO A ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL – UMA


QUESTÃO DE COLOCAR O CONHECIMENTO EM PRÁTICA

Hoje nosso ambiente foi o mais natural possível, pois estávamos sem energia
elétrica, então abrimos as janelas e fomos nos adaptando àquela situação. Nas mesas
encontramos um cartaz com uma poesia de Vinicius de Moraes, na nossa mesa havia a
poesia “O elefantinho”. Camilla e eu começamos a desenhar no cartaz e completamos a
poesia com versos sobre amizade, porque na minha opinião, o elefantinho tinha que
encarar o seu medo e fazer amizade com aquele passarinho. A acolhida aconteceu lá
fora. A dinâmica consistia em dar as mãos, memorizar a pessoa que estava a sua
esquerda e direita, depois andar se distanciando dessas pessoas até o comando de parar,
então tínhamos que dar as mãos às pessoas que memorizamos. Ficamos todos
embolados e tínhamos que voltar à roda inicial sem soltar as mãos, foi um verdadeiro
trabalho em conjunto! Foi muito legal saber que juntos conseguimos resolver melhor os
problemas do que quando estamos separados.
A discussão do texto aconteceu por meio de uma gincana. Como minha equipe
estava desfalcada, criamos uma equipe mista com Jonas e Rainara. Disputamos a
gincana, não ganhamos, mas valeu a participação. O texto trabalhado levanta uma
questão muito relevante sobre a teoria de Vygotsky. Uma teoria não pode ser mero
discurso, mas deve motivar a vida e a atuação do que a defende. Então, não basta falar
sobre o interacionismo, dizer ser interacionista quando sua prática não é coerente com a
teoria. Para ser interacionista é necessário compreender a teoria de Vygotsky e vivenciá-
la, então a prática falará mais alto que apenas um discurso.
Ser interacionista é compreender que a aprendizagem é ativa e fundamental para
o desenvolvimento do indivíduo, o conhecimento é constituído pelas atividades e
através das relações sociais, o indivíduo é capaz, competente, ativo e criativo. Além de
sentir o incômodo com o fracasso do aluno, defender o papel político da educação,
entender que o ensino está sempre condicionado à aprendizagem, acreditar na
capacidade criadora, ativa, reflexiva e construtora da cultura que a criança possui, mas
acima de tudo, interacionista deve ter esperança e acreditar na transformação do mundo
através da relações sociais, da plenitude, da beleza, da alegria e do amor.
Sobre a Zona de Desenvolvimento Proximal, é necessário que compreendamos
como o brinquedo é importante para o desenvolvimento da criança. Quando ela brinca,
ela sempre age acima de sua idade, além do que já desenvolveu e isso faz com que ela
alcance níveis de desenvolvimento maiores a cada nova brincadeira. Retirar a
brincadeira da criança ou menosprezá-la representa a perda de oportunidades de
desenvolvimento através de vivências plenas.
Depois da discussão do texto, Paiva nos trouxe mais uma de suas memórias em
cordel. E então fomos construir o brinquedo do dia, o periquito baiano. Depois fomos
para fora fazer o periquito voar. No início ele não voava, e o guarda veio nos avisar que
o motivo era porque o rabo estava muito grande e deixava a pipa pesada. Quando
diminuímos o rabo do periquito, ele voou. Não tão alto quanto gostaríamos, mas o
suficiente para fazer aquele momento ser cheio de vida.
Fortaleza, 27 de maio de 2016

TEREZINHA DE JESUS, UMA REPRESENTAÇÃO DA MULHER NA


SOCIEDADE

Das tristes coincidências da vida, na semana em que estamos lendo, refletindo e


trabalhando com o texto “Terezinha de Jesus e as cantigas de roda – onde brincam os
cavaleiros” sabemos da notícia de uma jovem que foi estuprada por mais de 30 homens.
Ao ler esse texto que ressalta a importância das mulheres para as danças de roda e
cantigas, somos bombardeadas com um discurso social que sempre culpa a vítima, a
mulher. Contudo, essa também foi uma semana de manifestação feminina, de luta por
direitos. Não podemos nos calar, nos conformar com a desvalorização da mulher.
Mulheres e homens devem sonhar e lutar por uma sociedade justa.
Fomos recebidos em um ambiente bem arrumado em grupos e com um
chocolate BIS em cada mesa e ainda um bilhetinho com uma mensagem carinhosa da
Equipe Aquarela. Bernadete nos trouxe uma poesia de Florbela Espanca sobre manter os
olhos abertos, buscar a luz, persistir apesar das circunstâncias.
O Texto foi trabalhado pela equipe Como é bom, que trouxe uma atividade em
que tínhamos que montar uma citação do texto com as palavras soltas. Minha equipe
ainda não havia chegado, então eu fiz a atividade junto com as meninas da equipe
Amarelinha. Nossa frase falava sobre a forma como o “politicamente correto” tem
trazido mudanças para as cantigas de roda. Como é o caso da cantiga “Atirei o pau no
gato”, reformulada para “Não atire o pau no gato”. O que acontece é que muitos acham
a cantiga original agressiva, e não só ela, mas muitas que fizeram parte de nossa
infância.
Precisamos compreender que a criança pequena tem prazer na linguagem, pois
ela está aprendendo e descobrindo. Os sons, as rimas são mais importantes que o sentido
da letra da cantiga. Os adultos conseguem fazer uma interpretação da canção que as
crianças não se dão conta, porque para elas conta mais a brincadeira, o movimento, a
interação com o outro, o ritmo, a melodia. As crianças veem a brincadeira de roda como
um todo, pois elas plenamente usufruem daquele momento. Contudo, as cantigas trazem
muitos elementos de nossa cultura e de nossos antepassados, não podemos
simplesmente trocá-las, mas cada versão tem seu encanto.
Hoje foi um dia especial e tivemos dois brinquedos. Minha equipe ainda não
havia construído o brinquedo, então era nossa vez. Senti bastante dificuldade em pensar
um brinquedo para a aula, minha equipe parecia um pouco distante nas conversas no
grupo, acabei dando a ideia do origami, mas gostaria que as meninas tivessem
cooperado com outras sugestões. Eu gosto de origamis e os faço desde criança, meus
alunos também adoram, então eu ensinei para a turma o origami preferido das crianças
da escola que trabalho, o vai e volta. Esse brinquedo de papel tem diversas respostas
escritas e responde às perguntas feitas a ele, algumas respostas se encaixam tão bem
com as perguntas que o jogo fica ainda mais interessante! Romilson se candidatou como
cobaia e fez uma pergunta sobre o semestre, se ele passaria em todas as disciplinas, a
resposta do vai e volta foi: “Só depende de você”, a turma inteira sorriu. Então
começamos a montagem e algumas pessoas tiveram dificuldade com a dobradura, com a
armação do brinquedo, mas Taísa, Jésica e eu auxiliamos aqueles que estavam com mais
dificuldades. O maior desafio era a armação, porque temos que desdobrar o papel e
encaixar nos dedos, mas é preciso fazer sem medo de ser feliz!
O segundo brinquedo foi uma alegria só, fizemos bolhas de sabão! Começamos
com a receita, trabalhando em dois grupos, depois fomos para fora nos divertir com as
bolhas gigantes. Fomos desenvolvendo técnicas de soltar as bolhas e foi uma cena linda
de se ver. Ainda lá fora, a brincadeira foi carimba com a equipe Tamo Junto. Eu preferi
não participar, porque não tenho muita afinidade com esportes com bola. Eu sei que
deveria ter me desafiado, mas me sinto muito desajeitada de verdade nesse jogo.
Os Mágicos da Pedagogia transformaram os momentos de nossa aula em uma
cantiga de roda e terminamos esse encontro com todos cantando “Skindô lê lê”.

Fortaleza, 24 de junho de 2016

ARRAIÁ DA LUDOPEDAGOGIA: MUITO AMOR NO CORAÇÃO

Hoje foi dia de Arraiá! Foi muito bom chegar na sala e ver as bandeirinhas e os
balões. Havia também uma mesa de guloseimas juninas. Agora que estamos no
finalzinho da disciplina, o clima de despedida é inevitável, mas as lembranças que já são
tantas sempre me farão lembrar da nossa turma e dos nossos encontros. Começamos
com uma dinâmica para formar novos grupos. Cada um recebeu uma frase
acompanhada de um desenho de um animal, o meu era um gato. Depois teríamos que
fechar os olhos e encontrar nosso grupo, nossos pares, através dos sons de cada animal.
Eu fui encontrada pela Taís e encontramos a Letícia e o Willian, o João chegou e
completou nosso grupo. Que dinâmica divertida, gargalhadas não faltaram.
Conversamos em grupo sobre o que gostamos e o que não gostamos na disciplina em
todos os aspectos. Foi difícil dizer o que gostamos mais, mas chegamos ao consenso de
que fomos bastante desafiados e isso nos ajudou a descobrir novas possibilidades. Sobre
o que não gostamos, discutimos sobre o fato de uma disciplina sobre Ludicidade, com
tantas vivências como essa, não ser obrigatória.
Discutimos em roda sobre o que todos escrevam no quadro. Acabamos
discutindo sobre currículo, sobre as relações de poder e as lutas travadas para favorecer
o poder de alguns. Depois, escrevemos as qualidades de um colega sorteado em um
certificado, eu sorteei a Letícia, mas eu não lembrava o nome dela. Eu tenho muita
dificuldade em aprender nomes de pessoas, de ruas, etc. Minha memória fotográfica é
bem melhor.
Vimos um vídeo do Palavra Cantada que nos ensinou a música Pipoca. Depois
tentamos brincar ao som da música, foi mais difícil do que parecia no vídeo. Me
lembrou as músicas que eu brincava na infância, mas o ritmo da música Pipoca é bem
diferente e acabava por me atrapalhar em alguns momentos. Depois nos grupos
menores, tínhamos que criar nossa própria coreografia da música, tivemos dificuldades
para construí-la, porque alguém sempre discordava de alguma parte. Quando nos
apresentamos, acabamos embolando a coreografia, mas valeu a diversão.
Depois do lanche junino, discutimos sobre o texto Estrelas. A exposição do texto
nos fez discutir sobre a criação da escola e as poucas mudanças ocorridas nela ao longo
do tempo não foram muito expressivas. Entendemos melhor a Pedagogia Tradicional e
concordamos que uma nova ordenação da escola voltada para a heterogeneidade,
acolhimento integral e protagonismo seria um bom caminho a seguir para uma educação
mais condizente com nosso tempo. Para isto, precisamos nos abrir ao uso de outras
linguagens como a arte, a estética e o cinema. A arte também é uma forma de
sistematização do conhecimento que toca muito além de nossa razão, chegando aos
nossos sentidos.
No último momento fizemos algumas atividades para exercitar nossas
expressões e nossa confiança no outro. O ponto alto foi voltar a brincar de “durin-
durin”, eu não sabia que tinha tanta saudade dessa brincadeira. Um momento de confiar,
de sentir-se livre, mas tão dependente do outro. Depois ficamos juntinhos sentindo o
ritmo da música, nos sentindo como grupo, nos olhando nos olhos, depois
descarregando toda a emoção do encontro em abraços. Depois tudo explodiu em dança,
em alegria, cantigas de roda e quadrilha. Uma mistura de emoções, sentimentos. Um
lugar de acolhimento, uma sensação de pertencimento é o que pode definir nosso
encontro de hoje. Ainda não acabou, mas já estou com saudade dos nossos encontros!

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