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Aula 17 - Planos Anteriores.

Economia p/ TCE-SC - Auditor Fiscal de Controle Externo - Cargo 4 - Economia

Professores: Heber Carvalho, Jetro Coutinho, Paulo Roberto Nunes Ferreira


Economia p/ TCE-SC
Teoria e exercícios comentados
Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho Aula 17
AULA 17 - Antecedentes. Plano de metas. Plano
Trienal. PAEG. Milagre.
SUMÁRIO RESUMIDO PÁGINA
Introdução e a Economia Colonial 03
Implementação do modelo de Subst. de importações 21
JK e o Plano de Metas 34
JQ, J. Goulart, Plano Trienal, Celso Furtado / Dantas 40
Antecedentes do Milagre 46
Milagre Econômico 52
Lista de questões apresentadas na aula 65
Gabarito 74

Introdução: a Economia Colonial brasileira

Ciclo da cana-de-açúcar

O segundo ciclo econômico brasileiro que ocorreu entre os séculos


XVI e XVIII, após a exploração do Pau-Brasil, foi o plantio de cana-de-
açúcar no litoral da região Nordeste do Brasil. A cana era exportada
principalmente para a Europa, onde era utilizada para a manufatura de
açúcar em substituição àquele tipo de açúcar obtido por meio da
beterraba.

A agricultura da cana introduziu o modo de produção escravista,


baseado na importação e escravização de africanos. Os escravos vinham
para trabalhar no engenho e utilizar sua força de trabalho para manipular
as moendas. Assim, além do comércio de cana-de-açúcar, havia também
o tráfico negreiro, que somente foi interrompido em 1850, com a Lei
Eusébio de Queiros.
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O plantio de cana adotou o caro e restritivo latifúndio como


estrutura fundiária e a monocultura como método agrícola. A parte
lucrativa do processamento, refino e comercialização foi terceirizada aos
holandeses. O período de maior crescimento de seu cultivo foi no século
XVII, mas já no século XVIII perdeu espaço para o cultivo de café, pois
este apresentava adaptação maior ao método de produção agrícola
brasileiro do que a da cana-de-açúcar.

A colonização no Brasil do Século XVI estava ligada


fundamentalmente à indústria açucareira. Em sua fase inicial de
colonização, Portugal encontrou na produção de cana-de-açúcar a fonte
de riqueza que garantia a manutenção de seus empreendimentos
coloniais. Neste contexto histórico, a metrópole, Portugal, não tinha

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interesse no povoamento da colônia e sim na exploração comercial de seu
reduto. Ou seja, a colônia era apenas uma extensão não contígua das
terras portuguesas de onde se extraíam os recursos que alimentavam as
benesses da Corte.

A guerra entre a Holanda e a Espanha no Século XVII, pelo domínio


da produção e comercialização do açúcar, gerou repercussões importantes
no Brasil. Nesse período, houve a ocupação pelos holandeses, durante um
quarto de século, de grande parte da região produtora de açúcar no
Brasil.

Durante sua permanência no Brasil, os holandeses adquiriram o


conhecimento de todos os aspectos técnicos e organizacionais da
indústria açucareira, o que mais tarde permitiu aos invasores constituírem
a base para a implantação e desenvolvimento de uma indústria
concorrente, de grande escala, na região do Caribe.

Com a saída dos holandeses do Brasil, Portugal retomou o controle


da produção açucareira, mas, rapidamente perdeu o monopólio que
exercia anteriormente em conjunto com os holandeses no mercado
mundial do açúcar para a indústria florescente das Antilhas Holandesas. O
preço do açúcar despencou e mergulhou a indústria açucareira brasileira,
fundamentalmente exportadora, em uma decadência sem possibilidade de
retorno.

A economia açucareira constituía um mercado de dimensões


relativamente grandes e que poderia ter contribuído para o
desenvolvimento de outras regiões do pais. Entretanto, a existência de
um mercado interno pouco expressivo direcionou quase que totalmente
sua produção ao exterior. Na mesma época, um segundo sistema
econômico, paralelo e dependente da economia açucareira, baseado na
criação de gado promovia a extensiva ocupação de terras ainda não
exploradas pelas culturas tropicais. Essa atividade econômica induzia a
uma permanente expansão, o que contribuiu muito para a penetração e
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ocupação do interior brasileiro.

Ciclo da Mineração do Ouro

Já no século XVIII, com a estagnação da produção açucareira no


Brasil e a economia portuguesa em crise em um contexto mundial
desfavorável, os governantes portugueses concluíram que a única opção
para a manutenção da colônia estava na descoberta de metais preciosos.

Assim, durante todo o século XVIII, expedições chamadas entradas


e bandeiras vasculharam o interior do território brasileiro em busca de
metais valiosos (ouro, prata, cobre) e pedras preciosas (diamantes,
esmeraldas), estimuladas pelas descobertas ocorridas entre 1709 e 1720

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no interior da Capitania de São Paulo, nas áreas que depois foram
desmembradas nos Estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.

A descoberta de ouro, diamante e esmeraldas nestas regiões


provocou um fluxo populacional vindo de Portugal e de outras áreas
povoadas da colônia, como São Paulo de Piratininga, São Vicente e o
litoral nordestino, motivados principalmente pela possibilidade de
ascensão econômica e social, uma vez que qualquer um que encontrasse
uma pepita poderia ter sua sorte mudada e o que, de fato, possibilitou a
alforria de muitos escravos. O conflito de interesses na exploração das
minas entre os paulistas e os migrantes não tardou em explodir na Guerra
dos Emboabas.

A atividade mineradora logo passou a impulsionar outras atividades,


como o comércio interno entre as diferentes vilas e cidades da colônia,
proporcionado pelos tropeiros. A economia mineira, que alcançou seu
apogeu entre 1750 e 1760, se constituiu um mercado de proporções
superiores ao que havia proporcionado a economia açucareira em sua
etapa de máxima prosperidade.

A economia brasileira no século XIX

Ao tornar-se independente em 1822, o Brasil possuía uma economia


voltada para a exportação de matérias-primas agrícolas. A agricultura no
Brasil detinha um papel extremante importante: 80% das pessoas em
atividade dedicavam-se ao setor agrícola, 13% ao de serviços e 7% ao
industrial. O mercado interno era pequeno, devido à falta de créditos e a
quase completa subsistência das cidades, vilas e fazendas do pais que se
dedicavam à produção de alimentos e à criação de animais.

A economia do Brasil era extremamente diversificada no período


pós-independência, mas foi necessário um grande esforço por parte do
governo monárquico para realizar a transmutação de sistema econômico
escravocrata e colonial para uma economia moderna e capitalista.
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Contudo, a monarquia fora capaz de manter até o fim de sua existência o


extremamente notável crescimento econômico iniciado com a vinda do
então príncipe-regente dom Joao ao Brasil. Isto foi possível, em parte,
graças ao liberalismo adotado pelo regime monárquico, que favorecia a
iniciativa privada.

Para um pais carente de capitais, seria necessário investir o tanto


quanto possível nas exportações, buscando alcançar uma balança
superavitária. Contudo, tal feito fora complicado pela completa falta de
produtos manufaturados no pais, que resultou num aumento considerável
das importações, criando um déficit continuo. A maior parte das
importações eram tecidos, vinhos, sabões, comestíveis, perfumarias,
dentre outros. Até a década de 1850, itens como carvão, maquinaria,

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cimento, ferro, ferramentas e artigos de ferro representavam 11% das
importações brasileiras em relação a Grã-Bretanha. Mas o processo de
industrialização constante do Brasil faria com que este percentual
alcançasse 28% em 1889. Com o passar das décadas, em que surgiram
novas tecnologias e com o aumento da produtividade interna, em
especial, do café, açúcar, couros e peles e algodão, as exportações
aumentariam consideravelmente, possibilitando alcançar o tão almejado
equilíbrio na balança comercial.

O sistema de transporte por navegação a vapor e por ferrovias


permitiu ao transporte de carga tornar-se bem menos oneroso e muito
mais rápido e, em 1850, o valor absoluto das exportações do Império era
o mais elevado da América Latina (o triplo da Argentina, que estava em
quarto lugar) e manteria esta posição (inclusive em termos econômicos
gerais) até o final da monarquia.

Expansão da Agricultura Cafeeira

O café foi o produto que impulsionou a economia brasileira desde o


início do século XX até a década de 1930. Concentrado a princípio no
Vale do Paraíba (entre Rio de Janeiro e São Paulo) e depois nas zonas de
terra roxa do interior de São Paulo e do Paraná, o grão foi o principal
produto de exportação do pais durante quase 100 anos.

Na região sudeste, a produção de café que no início do Brasil


independente respondia por apenas 3% nas exportações, ao longo das
décadas seguintes foi se tornando a cultura agrícola mais importante para
a economia brasileira e principal produto para exportação, principalmente
devido ao aumento extraordinário no mercado consumidor internacional.

No entanto, a extinção do tráfico negreiro e o encarecimento da


mão de obra escrava obrigaram os fazendeiros a pensarem em novas
formas de se conter a alta dos custos de produção. Uma das mudanças
mais importantes foi a troca dos escravos pela a mão de obra paga, com
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a absorção de milhares imigrantes estrangeiros, em especial os italianos,


e também de ex-escravos. Os benefícios eram muitos, mas o principal era
o barateamento do custo de produção, pois o sustento de escravos
revelara-se mais oneroso que o pagamento de salários a trabalhadores
livres.

Os fazendeiros, com ajuda do governo, também buscaram


modernizar a produção adotando inovações tecnológicas para se
manterem competitivos nos mercados internacionais. O governo imperial
além de facilitar o credito para a compra de equipamentos modernos ou a
vinda de imigrantes, também reduziu vários impostos para colaborar com
o esforço de modernização da produção agrícola do pais e assim a
produção cafeeira voltou a prosperar.

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A economia cafeeira foi a grande responsável pelo crescimento


expressivo da economia brasileira desde a segunda metade do século XIX
até a década de 1920. O Brasil controlava os preços do café nos
mercados internacionais, obtendo assim lucros elevados, uma vez que era
o detentor de grande parte da oferta mundial.

Segundo Celso Furtado, o maior problema deste sistema econômico


era que, sendo o Brasil um pais abundante em terras disponíveis para a
agricultura e em mão de obra mal remunerada, os lucros obtidos
incentivavam o reinvestimento no setor, elevando gradualmente a oferta
de café a ser exportado.

O crescente excesso de oferta, aparentemente, não parecia ser um


problema iminente, uma vez que a demanda mundial de café tinha a
característica de ser inelástica em relação ao preço e a renda dos
consumidores, e enquanto a população crescesse, o mercado se
expandiria. Mas, a história nos mostra que o crescimento da oferta de
café foi muito superior ao crescimento de sua demanda o que acabou por
consolidar uma tendência estrutural de baixa de preços no longo prazo e
gerou novo colapso no sistema.

Novamente foi preciso a intervenção do governo, instituindo


politicas de valorização do café através do Convênio de Taubaté, em
1906, proposto pelos produtores, que consistiam na compra, pelo
governo federal, dos estoques excedentes da produção de café, por meio
de empréstimos externos financiados por tributos cobrados sobre a
própria exportação de café. No curto prazo, a manobra conseguiu
sustentar os preços internacionais do café e mantendo a renda dos
exportadores.

Ao longo do tempo, a economia não tardou a apresentar problemas


resultantes do favorecimento do café sobre os demais produtos para
exportação. Nem tão pouco os produtores cafeeiros demoraram a
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perceber que se continuassem a aumentar a produção poderiam auferir


maiores lucros provindos da compra das safras pelo governo, o que só fez
aumentar a pressão da oferta no mercado nacional.

A quebra da Bolsa de Nova Iorque, em 1929, terminou com o ciclo


próspero cafeeiro, impactando-o profundamente uma vez que reduziu a
demanda internacional pelo produto brasileiro, fazendo os preços
despencarem e também inviabilizou a tomada de empréstimos pelo
governo brasileiro para comprar os estoques excedentes de café, devido
ao colapso do mercado financeiro internacional. Apesar das dificuldades, o
governo de Getúlio Vargas no início da década de 1930 passou a
desempenhar um papel bastante intervencionista na economia nacional.

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Transformações no final do período: abolição do escravismo, início
do desenvolvimento industrial.

Na segunda metade do século XIX, apesar da constante expansão


do setor da agricultura de subsistência, a escassez de mão-de-obra
passou a ser um problema relevante da economia brasileira após a
assinatura da lei Aurea de libertação dos escravos pela princesa Isabel,
em 13 de maio de 1888. Isso impactou diretamente a cultura cafeeira e
também algodoeira que estava em franca expansão no nordeste como
consequência da alta dos preços provocada pela Guerra de Secessão nos
Estados Unidos.

Além da imigração italiana para a produção do café, ocorreu outro


processo migratório interno do Nordeste para a região amazônica, atraído
pela produção da borracha que, no final do século XIX e início do século
XX, transformou-se na matéria-prima de procura em mais rápida
expansão no mercado mundial. Houve também movimentos migratórios
em direção a São Paulo bem antes da implantação da lavoura cafeeira e
as terras irrigadas do Triangulo Mineiro e ao Mato Grosso. Estes
deslocamentos populacionais determinaram o mapa econômico brasileiro
do final do século XIX, ficando assim distribuído:

• Economia do açúcar e do algodão no Nordeste além da economia de


subsistência ligada a este setor;
• Florescente economia da borracha na região amazônica;
• Economia de subsistência do sul do pais; e
• Economia cafeeira na região Sudeste.

O cenário econômico observado no Brasil nos últimos 25 anos do


século XIX apontava para o aumento da importância relativa do trabalho
assalariado, a maturação do mercado interno melhor estruturado e com
maior poder de consumo e o expressivo controle da oferta mundial do
café. No entanto, a prosperidade brasileira não era usufruída por todos e
acabou por gerar conflitos entre as regiões econômicas com pouca ação
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do governo imperial para minimizar as divergências, o que acabou por


levar o Pais ao movimento de reivindicação da autonomia regional que
culminaria com a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889.

Os novos governos estaduais desempenharam um importante papel


na política econômico-financeira nos primeiros 20 anos da vida
republicana. O governo provisório republicano, ao conceder o poder de
emissão de moeda aos bancos regionais, abriu caminho para uma grande
expansão do credito em todo o pais gerando uma pungente atividade
econômica que impulsionou, principalmente, a atividade industrial.

Até a década de 1840, a autossuficiência das regiões do pais, em


especial, das fazendas de café e cana-de-açúcar, que produziam

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praticamente quase tudo que consumiam, a falta de capitais e o alto
custo da produção devido ao elevado preço da matéria-prima importada,
limitaram a expansão da indústria no Brasil.

Este cenário só veio a mudar com a promulgação da tarifa Alves


Branco, ainda durante o governo imperial, cujo objetivo aumentar a
arrecadação do Estado e incentivar o crescimento da indústria nacional. A
farta oferta de credito que se seguiu foi aplicada em serviços urbanos,
transportes, comercio, bancos, industrias sendo, neste caso, a maior
parte do capital investido foi direcionada ao ramo têxtil. O mercado
interno explodiu com a produção local de todo tipo de manufatura:
fundição e maquinaria, sabão e velas, vidros, cerveja, vinagre, galões de
ouro e prata, calcados e cordoaria, couros, calcados e cordoaria, sabão e
velas, chapéus e tecidos de algodão.

Ao final da década de 1860, ocorre um novo ciclo de expansão


industrial provocado por dois conflitos armados: a Guerra Civil norte-
americana, como já vimos acima e a Guerra do Paraguai, que induziu a
emissão de moeda e o aumento de tarifas de importação para cobrir os
gastos do Brasil com o conflito.

O súbito aumento da oferta de moeda deu novo impulso a indústria


têxtil e a outros setores como tabaco, químico, vidro, papel e couro. Na
década de 1870, em função da decadência da região cafeeira do vale do
Paraíba e de algumas áreas de produção açucareira, muitos fazendeiros
direcionaram seus investimentos a indústria têxtil de algodão, entre
outros setores manufatureiros.

A implantação de uma malha ferroviária nacional estimulou o


surgimento de novas atividades industriais, principalmente em São Paulo.
A indústria naval apresentou um forte crescimento neste período com a
inauguração de importantes portos. O grande investimento em
infraestrutura e o responsável pela expansão do processo de
industrialização do Brasil que se seguiu desta época em diante.
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Durante o governo provisório (1889-1891), Deodoro da Fonseca


propõe uma série de medidas legislativas na área financeira a seu
ministro da Fazenda, Rui Barbosa, para desenvolver o mercado de
capitais brasileiro e, assim, estimular a industrialização do Brasil, em um
processo de substituição da antiga estrutura agraria baseada na
exportação de café. Para isso, pois em pratica uma política baseada em
créditos livres aos investimentos industriais garantidos pelas emissões
monetárias.

Abriram-se várias linhas de credito para investimentos produtivos e


em bolsas de valores e aumentaram muito os bancos emissores, fazendo
que crescesse em demasia a oferta monetária, sem que se preocupasse

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com o lastro-ouro, ocasionando, assim, inflação e o fenômeno conhecido
como moeda-podre (ou desvalorização monetária). Além da inflação alta,
o surto especulativo nas bolsas de valores culminou com o fechamento de
várias empresas e, por conseguinte, uma recessão na economia, além da
sonegação fiscal, isto e, aquisição de empréstimos para outros fins,
geralmente de interesse pessoal, e venda de ações das empresas-
fantasmas (que não foram abertas com o capital requisitado).

A especulação financeira desencadeada, a inflação e os boicotes


através de empresas-fantasmas e ações sem lastro desencadearam, em
1890, a Crise do Encilhamento. O ato de encilhar refere-se a atuação dos
especuladores na Bolsa de Valores com as empresas fantasmas. Esta
crise causou o aumento da inflação, crise na economia e aumento da
dívida externa.

Somente no governo de Campos Sales os efeitos da crise do


encilhamento foram amenizados, a começar pela resolução do problema
da dívida externa. Em Londres, o presidente e os ingleses estabeleceram
um acordo, que ficou conhecido como funding loan.

As bases deste acordo eram:


• Suspensão por 3 anos o pagamento dos juros da dívida;
• Suspensão por 13 anos o pagamento da dívida externa existente;
• O valor dos juros e das prestações não pagas se somaria a dívida já
existente;
• A dívida externa brasileira começaria a ser paga em 1911, pelo prazo de
63 anos e com juros de 5% ao ano;
• As rendas da alfandega do Rio de Janeiro e Santos ficariam hipotecadas
aos banqueiros ingleses, como garantia.

Após o acordo, Campos Sales deu seguimento à política de


saneamento econômico, combatendo a inflação, não emitindo mais
dinheiro e retirando de circulação uma parte do papel-moeda emitido
pelos governos anteriores. Em seguida, reduziu os déficits orçamentários,
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cortando despesas e aumentando as receitas com a majoração de todos


os impostos existentes e criação de outros.

BOLSA PRÊMIO VOCAÇÃO PARA A DIPLOMACIA – INSTITUTO RIO


BRANCO – CESPE 2009 - Acerca das características econômicas e
sociais da América Portuguesa Colonial, julgue os seguintes itens.

01. No período da economia açucareira, os portugueses lucravam


na produção do açúcar, no seu refino e em sua distribuição na
Europa.

Comentários:
Em meados do século XVI (15xx), ao perceber um imenso potencial na

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exploração da cultura da cana-de-açúcar no nordeste brasileiro, devido à
riqueza do solo, clima e proximidade da Europa, os portugueses
decidiram iniciar a ocupação e colonização efetiva do Brasil.

Entretanto, havia um “pequeno” detalhe a ser solucionado: eles não


tinham dinheiro para empreender o negócio. A solução encontrada foi
recorrer ao capital dos flamengos (povo que vivia na região de Flandres –
região dos países baixos: em especial a Holanda).

A condição imposta pelos holandeses foi o monopólio sobre o refino e


comercialização do produto em toda a Europa. Assim, os portugueses
usavam o dinheiro holandês para implantar a sistema produtivo do
açúcar no litoral brasileiro, após a produção e transporte do açúcar para
Lisboa, ele era recolhido, refinado e comercializado em toda a Europa
pelos holandeses/flamengos.

Gabarito: Errado

02. Na atividade açucareira, havia maior diversidade ocupacional


(administradores, artistas, artesãos etc.) do que na economia de
mineração, que era voltada para a extração de ouro.

Comentários:
A sociedade açucareira era estamental (pouca ou nenhuma mobilidade
social). Havia os senhores de engenho, os escravos e aqueles
trabalhadores abaixo dos senhores de engenho responsáveis por
fiscalizar o trabalho dos escravos. Não havia perspectivas de avanços ou
trocas de classe. A atividade açucareira também se originou de um vazio
econômico, no meio rural, e foi, a partir dela, que se iniciaram outras
atividades subsidiárias, como a pecuária e a agricultura de subsistência.
Desta forma, a sociedade de exploração da cana-de-açúcar era
caracterizada pela rigidez e isolamento.

Na mineração, havia a possibilidade de mobilidade social. Um trabalhador


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pobre podia se tornar dono de uma lavra (uma empresa mineradora).


Um escravo, eventualmente, podia encontrar ouro e comprar a sua
liberdade. Pela primeira vez, houve uma corrente migratória espontânea
no sentido Portugal-Brasil. Muitos portugueses vieram para o Brasil,
atraídos pela oportunidade de ganhar dinheiro e começar um negócio.
Isto não era possível na economia açucareira, pois os custos de ter o seu
próprio engenho eram altíssimos, enquanto, na mineração, bastava a
compra de um escravo e você já poderia iniciar a sua própria lavra, dada
a facilidade de extração do nosso ouro (ouro de aluvião – depositado no
fundo dos rios). A mineração também era uma atividade de alta
mobilidade, pois, à medida que o ouro ia acabando, as lavras iam se
mudando. Ao contrário da economia açucareira, a mineração se
desenvolveu perto de regiões onde já havia determinadas atividades

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econômicas, como a pecuária, por exemplo. Assim, concluímos que na
mineração a diversificação ocupacional era maior, devido a:

 Mobilidade da atividade mineratória,


 possibilidade de “subir” na vida, fato que trouxe muitos imigrantes
portugueses (a população colonial de origem européia decuplicou
(x10) no século da mineração),
 pré-existência de atividades econômicas próximas à região da
atividade mineradora, entre elas, a pecuária.

Gabarito: Errado

03. Os paulistas descobriram as minas de ouro e foram os


primeiros a explorá-las.

Comentários:
Os primeiros achados de importância na mineração ocorreram nos
últimos anos do século XVII (por volta de 1696). Tais descobertas
devem-se às bandeiras paulistas que andavam no interior à procura de
índios destinados ao cativeiro. As primeiras descobertas de ouro foram
no centro do que hoje constitui o estado de Minas Gerais (cidade de Ouro
Preto).

Gabarito: Certo

DIPLOMATA – INSTITUTO RIO BRANCO – CESPE 2004 - O estudo


da formação da economia brasileira é relevante para a
compreensão da situação econômica atual. A respeito desse
assunto, julgue o item a seguir.

04. Na visão de Celso Furtado, contrariamente ao que ocorreu no


setor açucareiro, cujas decisões de produção e comercialização
eram dissociadas, na economia cafeeira, os interesses da
produção e do comércio estiveram entrelaçados em razão de a
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vanguarda do café ser formada por empreendedores com


experiência comercial, situação que permitiu ao país tirar
proveito da expansão do comércio mundial.

Comentários
Ainda não é o momento de falarmos sobre a produção cafeeira, assunto
da próxima aula, mas, como foi feita uma comparação com a economia
açucareira, devemos tecer alguns comentários sobre esta última.

Ao decidir colonizar e ocupar o Brasil, o governo de Portugal enfrentou


um grave problema: ninguém queria vir para o “fim” de mundo, mesmo
os traficantes de madeira (pau-brasil) já começavam a abandonar um
empreendimento cujos rendimentos já declinavam. Ninguém se

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interessara seriamente por explorar nossas terras, menos ainda habitá-
las, fixar moradia.

Nessas condições, realizar o povoamento de uma costa imensa como a


do Brasil era tarefa difícil. Procurou-se compensar a dificuldade imposta
àqueles que fossem audazes o suficiente para colonizar o Brasil através
de vantagens consideráveis: largas porções de terra, poderes soberanos,
etc. Assim mesmo, eram poucos os pretendentes. Podemos, então,
inferir sobre a qualidade das pessoas que se apresentaram, entre as
quais não havia nenhum nome da nobreza ou do alto comércio do reino
português. A maioria eram indivíduos de pequena expressão social e
econômica, não detinham habilidades gerenciais, empreendedoras, ou
comerciais; de forma que, durante aproximadamente dois séculos de
produção açucareira, o modo de produção açucareiro continuou
rigorosamente o mesmo, sem avanços técnicos. Parte disto, devido à
baixa qualificação dos que aqui vieram para explorar a produção da
cana-de-açúcar.

Além do que foi exposto, ainda temos o fato de que os portugueses se


preocupavam somente em produzir, e não em comercializar, já que esta
parte era monopólio dos holandeses. Ou seja, a produção era dissociada
da comercialização.

O fato de os portugueses atuarem somente na produção do açúcar, e não


na comercialização, certamente diminuiu os lucros possíveis caso eles
fossem responsáveis pela produção, refino e comercialização. Somente a
título de exemplo, os holandeses, que realizavam o refino e comércio,
ficavam com cerca de 1/3 do valor bruto da produção na forma de lucros.

Gabarito: certo

DIPLOMATA – INSTITUTO RIO BRANCO – CESPE 2003 - A análise


do processo histórico de formação da economia brasileira é
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importante para o entendimento dos problemas econômicos do


Brasil. Com relação a esse assunto, julgue os seguintes itens.

05. Contrariamente aos EUA, onde a dificuldade de importar


manufaturas criou, desde cedo, a necessidade de fomentar a
produção interna, na economia açucareira no Brasil, o fluxo de
renda se estabelecia entre a unidade produtiva e o exterior,
restringindo o crescimento do setor industrial.

Comentários:
O caráter geral da colonização brasileira foi o de fornecer ao comércio
europeu gêneros tropicais de grande expressão econômica (o açúcar).
Foi para isso que se constituiu a colônia brasileira. A economia

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subordinava-se inteiramente a tal fim, isto é, se organizava e funcionava
para produzir e exportar o açúcar. Todo o resto que era produzido era
subsidiário e destinado unicamente a amparar e tornar possível a
realização daquele objetivo essencial.

Daí, podemos concluir que havia dois setores bem diferentes de


produção. Um era voltado para a exportação do açúcar, o outro,
acessório, voltado para a subsistência dos trabalhadores que
trabalhavam nas propriedades açucareiras.

Certamente o setor exportador era o que gerava grande parte da renda,


cuja maior parte fluía entre os engenhos e o exterior. Não havia
circulação interna de renda, o que era agravado pelo fato dos senhores
dos engenhos importarem as suas necessidades diretamente do exterior.
Desta forma, o fluxo de renda engenho-exterior tornava inviável o
desenvolvimento da economia interna, pois sem circulação de renda não
era possível o desenvolvimento de qualquer setor da Economia.

Gabarito: Certo

06. A redução do preço dos alimentos e dos animais de transporte


nas regiões vizinhas, decorrente da lucratividade elevada e da
mobilidade da empresa mineira, constituiu parte importante da
irradiação dos benefícios econômicos da mineração.

Comentários:
O tipo de mineração que ocorreu no Brasil era voltado para a extração do
ouro de aluvião, que é aquele ouro depositado no fundo dos rios e era de
fácil extração, ao contrário das minas de prata do México e do Peru, que
dependiam de profundas escavações. A extração do ouro de aluvião era,
portanto, mais simples, mas de esgotamento muito mais rápido. Por essa
razão, mesmo na organização das lavras (empresas que realizavam
operações coordenadas objetivando o aproveitamento econômico da
jazida), as empresas eram concebidas de modo a poderem se mobilizar
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constantemente, conferindo à atividade mineradora um caráter nômade.


Assim, o estilo de exploração da mineração não permitia uma ligação à
terra como havia na exploração açucareira.

Por outro lado, pelo menos inicialmente, a lucratividade da extração de


ouro era bastante elevada, o que induziu a concentração da maioria dos
esforços e recursos disponíveis na atividade mineradora. Esta excessiva
concentração de recursos nos trabalhos mineratórios conduziu a grandes
dificuldades de abastecimento. A teoria econômica (e o bom senso
também) nos diz que dificuldades de abastecimento certamente elevam
os preços dos alimentos.

Outra característica da economia mineira repousava em seu sistema de

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transporte. Localizada longe do litoral, dispersa, em região montanhosa,
e em constante mudança, a população mineira dependia para tudo de um
complexo sistema de transporte, no qual os animais de transporte
(mulas, cavalos, etc) tinham fundamental importância. A teoria
econômica, mais uma vez, nos diz que o aumento de demanda por
animais de carga certamente causa a elevação dos preços destes
animais. A partir desta demanda, foi criado um grande mercado para
animais de carga. Milhares de mulas vinham do Rio Grande do Sul e
eram comercializadas em feiras em São Paulo, o que, certamente, ajudou
na interdependência e integração entre as várias regiões do país.

Logo, concluímos que o AUMENTO dos preços dos alimentos e dos


animais de transporte nas regiões vizinhas constituiu o mecanismo de
irradiação dos benefícios econômicos da mineração. FALSA, portanto, a
assertiva.

Veja que o benefício econômico ocorreu nas regiões vizinhas, que


tiveram suas atividades econômicas desenvolvidas (pecuária, agricultura
de subsistência, venda de mulas, etc) em virtude do aumento de
demanda de bens provocado pela atividade mineradora.

Gabarito: Errado

DIPLOMATA – INSTITUTO RIO BRANCO – CESPE 2006 - Julgue (C


ou E) os itens seguintes.

07. Na colonização do Brasil, a atividade pecuária procurou


utilizar lugares que não eram atrativos para a plantação de
produtos tropicais.

Comentários:
Na questão 05 vimos que o modelo de colonização implantado no Brasil
tinha o objetivo único e exclusivo de fornecer produtos tropicais
(principalmente açúcar) ao mercado europeu. Daí, havia basicamente
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dois setores de produção: a produção exportadora de açúcar e a


produção de subsistência que visava apenas tornar possível a produção
para exportação.

Pois bem, a pecuária fazia parte deste setor de subsistência, destinava-


se a satisfazer as necessidades alimentares da população. Como parte
deste setor de subsistência, era uma atividade acessória, secundária. Seu
lugar era sempre de segundo plano, a começar pela sua localização.

A cultura da cana não permitiu que a pecuária se desenvolvesse nos


férteis terrenos da beira-mar, de tal maneira que foi necessário a
expansão da pecuária para o interior apesar das péssimas condições
climáticas do sertão nordestino. Perceba que, em virtude disto, a

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pecuária começou a desempenhar, ainda que timidamente na época,
certa importância no povoamento em direção ao interior.

Gabarito: Certo

08. O engenho não demandava altos investimentos, sendo, assim,


acessível a todos os segmentos envolvidos na colonização do
Brasil.

Comentários
Originariamente o termo “engenho” se referia apenas à fábrica
propriamente dita, onde havia as instalações para a manipulação da cana
e o preparo do açúcar. Posteriormente, o termo “engenho” estendeu-se
para o conjunto da propriedade com suas terras e culturas. Assim,
“engenho” virou sinônimo de “propriedade canavieira”. Aqui trataremos
engenho como sendo a fábrica, o lugar onde se moe a cana e a
transforma em açúcar.

Embora o proprietário explorasse, em regra, diretamente suas terras,


havia casos freqüentes em que parte de suas terras eram cedidas a
lavradores que se ocupavam com a cultura e produziam a cana por conta
própria, obrigando-se, contudo, a moerem sua produção no engenho do
proprietário. Havia também proprietários de terras que produziam a sua
cana, mas a faziam moer em determinado engenho que não fosse de sua
propriedade.

A razão por que nem todas as propriedades dispunham de engenho


próprio eram as proporções e o custo das instalações necessárias. O
engenho era um estabelecimento complexo, compreendia várias
construções e aparelhos: moenda (onde se espreme a cana), caldeira
(provê o calor necessário para a purificação do caldo), casa de purgar
(complemento da purificação). Já a propriedade canavieira possuía várias
outras instalações: senzala, casa-grande, pastagens para animais de
trabalho, matas para fornecimento de lenha e madeira de construção,
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etc. a grande propriedade açucareira era uma verdadeira cidade em


miniatura. Assim, era exigida a forma latifundiária (grandes
propriedades) como forma de reduzir os custos e tornar viável a
produção açucareira devido aos altos custos de manutenção e
implantação.

Gabarito: Errado

09. A colônia podia ser considerada um anexo do território


metropolitano e, portanto, um prolongamento não contíguo de
Portugal.

Comentários:

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O modo de colonização empregado no Brasil mostra que o objetivo
precípuo da colônia era servir aos objetivos do colonizador, mais
especificamente aos objetivos comerciais e econômicos.

Como forma de atingir tais objetivos, a colônia era tratada como se fosse
território do próprio reino de Portugal: leis eram expedidas,
governadores de terras eram, ora colocados, ora retirados, distritos eram
criados, costumes eram impostos; tudo como se a colônia fosse uma
extensão de Portugal.

Gabarito: Certo

10. A descoberta de ouro em Minas Gerais, no início do século


XVII, inibiu a expansão da economia açucareira.

Comentários:
As primeiras descobertas de jazidas de ouro no Brasil remontam ao
século XVIII, portanto, INCORRETA a assertiva.

No entanto, vamos supor que ao invés de século XVII estivesse escrito


século XVIII. E agora, estaria certo ou errado?

Existem duas importantes bibliografias que discordam a respeito da


resposta. Caio Prado Júnior, em “História Econômica do Brasil”, 1ª. Ed.
49ª. Reimpressão, página 64 afirma:

“A mineração teve na vida da colônia um grande papel.


Durante três quartos de séculos ocupou a maior parte das
atenções do país, e desenvolveu-se à custa da decadência
das demais atividades.”

Para Caio Prado, a mineração se desenvolveu através do uso de recursos


provenientes de outros setores produtivos da economia. Muitos escravos,
estrutura administrativa e produção subsidiária foram disponibilizados
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para o setor da mineração. Em outra parte do livro (página 56), ele faz
alusão ao fato de que o surgimento da mineração ocupou a maior parte
do cenário econômico por três quartos de século e, simultaneamente,
todas as demais atividades entraram em decadência. Assim, caso fosse
solicitada a resposta com base no livro “História Econômica do Brasil” de
Caio Prado Júnior, a resposta estaria correta (se estivesse escrito século
XVIII, é claro).

Outra importantíssima obra, “Formação Econômica do Brasil”, de Celso


Furtado, entretanto, apresenta outro entendimento que deve ser usado
como regra geral, salvo quando a questão fizer alusão específica à obra
de Caio Prado.

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Para Celso Furtado, a retração da economia açucareira se deu já na
segunda metade do século XVII (entre 1650 a 1700). Isto ocorreu
porque os holandeses, que antes só refinavam e comercializavam o
açúcar, passaram a produzi-lo na região do Caribe (Antilhas). Assim,
além do Brasil, maior produtor mundial de açúcar naquele momento,
acrescentaram-se outros produtores de larga escala.

A racionalidade econômica nos diz que quanto maior é a disponibilidade


de um produto no mercado, menor será o seu preço. Foi exatamente o
que ocorreu. No terceiro quarto do século XVII houve uma drástica
redução no preço internacional do açúcar, além da diminuição do volume
de exportações devido à concorrência. Isto aconteceu antes da fase da
mineração e foi o motivo do declínio da economia açucareira no final do
século XVII e início do século XVIII.

Como conclusão, ficamos assim:

 A causa da crise na economia açucareira no final do século XVII e


início do século XVIII foi a produção de açúcar nas Antilhas, que
causou reduções nos preços e no volume de exportações
brasileiras.

 Caso seja mencionado expressamente o livro “História Econômica


do Brasil” de Caio Prado Júnior, a causa da crise na economia
açucareira foi o surgimento da mineração.

De qualquer forma, a alternativa está incorreta, pois ela apresenta a


descoberta do ouro em Minas Gerais, como sendo no início do século
XVII, quando, na verdade, foi no início do século XVIII ou final do século
XVII.

Gabarito: Errado

11. (Provão de Economia-MEC/2000) – “O número de engenhos,


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60 em 1570, conheceu intensa expansão, passando para 346 (em


1629) e para 528 (por volta de 1710) (...) Ao iniciar-se o século
XVIII, a economia açucareira do Brasil achava-se em crise (...) ”
STEIN, S.J. e STEIN, B.H. A Herança Colonial da América Latina.
1977

Atuou como causa da crise na produção de açúcar no Brasil:

a) a expansão da produção de açúcar nas Antilhas, que provocou


a queda nos preços do produto na Europa.
b) o crescimento da atividade de mineração, que promoveu a
transferência de recursos produtivos para Minas Gerais.
c) o esgotamento da produtividade dos antigos engenhos, que

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exigiu o deslocamento do cultivo para o interior, aumentando os
custos de transporte.
d) o aumento do preço da mão-de-obra escrava, em função da
repressão ao tráfico negreiro comandado pela Inglaterra.
e) o boicote ao açúcar das colônias portuguesas realizado pela
Holanda, que controlava a distribuição do produto na Europa.

Comentários:
Conforme vimos nos comentários da questão 10, salvo se for mencionado
expressamente o livro de Caio Prado Júnior, a causa da crise na produção
de açúcar no Brasil no início do século XVIII foi a expansão da produção
de açúcar nas Antilhas, que provocou a queda nos preços do produto na
Europa.

Gabarito: A

12. (Provão de Economia-MEC/1999) - O império colonial


português estava “... fundado naquilo que se convencionou
chamar de o pacto colonial”. (Prado Junior)

O elemento marcante do pacto colonial foi o(a):

a) conjunto de políticas de estímulo à organização de base


produtiva diversificada voltada ao mercado externo.
b) exclusivismo do comércio entre as colônias e a metrópole.
c) estímulo à integração econômica interna a fim de aumentar a
produtividade média das colônias.
d) política tributária baseada na cobrança do "quinto".
e) utilização do trabalho escravo na produção de produtos para
exportação.

Comentários:
O Pacto Colonial foi a imposição por parte das metrópoles (países
colonizadores) de um conjunto de regras, leis e normas que tinham como
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objetivo fazer com que as colônias só comprassem e vendessem


produtos de sua metrópole. Através desta relação bilateral, deste
exclusivismo econômico, as metrópoles européias auferiam vantagens
nas relações de troca, pois compravam matérias-primas baratas e
vendiam produtos manufaturados a preços elevados.

O Pacto Colonial foi muito comum entre os séculos XVI a XVIII. As


metrópoles proibiam totalmente o comércio de suas colônias com outros
países ou criavam impostos tão altos que inviabilizavam o comércio fora
do pacto. Outro método, que inclusive foi utilizado na relação entre
Portugal e Brasil, foi a proibição de estabelecimento de manufaturas em
solo brasileiro. Desta forma, o Brasil ficou durante grande parte da fase
colonial totalmente dependente dos manufaturados portugueses.

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Com relação ao enunciado da questão, devemos especial atenção ao fato


de que ela quer o elemento marcante do Pacto Colonial. Assim, em que
pese as alternativas d) e e) serem elementos presentes no Pacto Colonial
Brasil-Portugal, o elemento marcante é aventado na assertiva b):
exclusivismo do comércio entre as colônias e a metrópole.

 Quinto: era o imposto que a Fazenda Real cobrava sobre o ouro


extraído (20%).

Gabarito: B

13. (Provão de Economia-MEC/2001) - Ao longo da história do


império colonial português, há eventos que revelam
fortalecimento do mercantilismo e da exploração portuguesa dos
negócios mercantis, e outros que revelam enfraquecimento da
burguesia portuguesa e favorecimento de interesses de outras
nações nesses negócios. Considere os eventos históricos listados
abaixo.

I - Fundação de companhias de comércio portuguesas nos séculos


XVII e XVIII
II - Tratado de Methuen
III - Ministério do Marquês de Pombal

É(São) fator(es) de enfraquecimento do mercantilismo ou da


exploração colonial portuguesa apenas:

a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.
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Comentários:
Antes de comentar as afirmativas I, II e III, é interessante relembrarmos
os pilares do mercantilismo:
 Metalismo - o capital é representado pelos metais preciosos que o
Estado possui, quanto mais metais, melhor.
 Incentivos às manufaturas - como o produto manufaturado era
mais caro do que as matérias-primas ou gêneros agrícolas, sua
exportação era certeza de bons lucros.
 Protecionismo - o governo de uma nação deve aplicar uma política
protecionista sobre a sua economia, favorecendo a exportação e
desfavorecendo a importação, sobretudo mediante a imposição de
tarifas alfandegárias. Incentiva-se, portanto, a balança comercial
positiva com outras nações. Eram criados impostos e taxas para

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evitar ao máximo a entrada de produtos vindos do exterior. Era
uma forma de estimular a indústria e manufaturas nacionais e
também evitar a saída de moedas ou metais preciosos para outros
países.
 Balança comercial favorável - esforço para exportar mais do que
importar, deixando o país em boa situação financeira.
 Pacto colonial - as colônias européias deveriam fazer comércio
apenas com suas metrópoles. Era uma garantia de vender caro e
comprar barato, obtendo ainda produtos não encontrados na
Europa. Dentro deste contexto histórico ocorreu o ciclo econômico
do açúcar no Brasil Colonial.
 Colônias de exploração - a riqueza de um país está diretamente
ligada à quantidade de colônias de exploração.

Agora analisemos cada uma das afirmativas:

I. As companhias de comércio eram companhias mercantis organizadas


pelos Estados colonialistas para aumentar a produção, enfrentar melhor a
concorrência estrangeira e tornar mais eficiente e lucrativo o comércio
entre a colônia e a metrópole. O Estado entrava com uma parte do
capital dessas companhias, mas elas tinham administração autônoma.
Entre os séculos XVII e XVIII, Portugal criou quatro destas companhias.

Por intermédio delas, o Estado português buscava garantir os impostos


da Coroa e os lucros da burguesia com o bom funcionamento dos
engenhos de açúcar, principalmente. Mesmo não sendo uma experiência
muito bem-sucedida - por falta de capital suficiente ou má administração
-, as companhias de comércio representavam uma tentativa do Estado de
dar maior eficiência à política mercantilista, orientando os investimentos
para determinadas áreas e estimulando-os pela concessão de privilégios
a comerciantes e acionistas.

II. O Tratado de Methuen foi um acordo assinado em 1703 entre


portugueses e ingleses, segundo o qual os portugueses se
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comprometiam a não embargar a importação dos tecidos ingleses, e os


ingleses concediam substanciais reduções nos impostos sobre os vinhos
portugueses em solo inglês. Por isto, o tratado também é chamado de
Tratado dos Panos e Vinhos.

O tratado foi prejudicial para Portugal, e é de certa forma evidente que


Portugal não podia pagar com vinhos os tecidos que consumia,
incorrendo em déficits comerciais com a Inglaterra. Logo, o Tratado de
Methuen foi um fator de enfraquecimento do mercantilismo português, já
que não seguiu o princípio da balança comercial superavitária.

III. Marquês de Pombal foi um poderoso político português. Em 1755 foi


nomeado primeiro-ministro e, a partir do ano seguinte, realizou um

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programa político de acordo com os princípios do Iluminismo. Introduziu
novos colonos nos domínios coloniais portugueses e fundou a Companhia
das Índias Orientais. Além de reorganizar o Exército e fortalecer a
Marinha portuguesa, desenvolveu a agricultura, o comércio e as finanças.

Em relação ao Brasil, Pombal reforçou os laços mercantilistas com a


colônia quando criou a Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e
Maranhão em 1755, dando a esta direitos exclusivos de navegação,
tráfico de escravos e compra e venda das drogas do sertão (produtos do
extrativismo vegetal na Amazônia) e da mesma forma, transferiu a
capital da colônia de Salvador para o Rio de Janeiro, tornando-se assim
mais próxima dos centros mineradores e mais dinâmicos da economia
colonial.

Gabarito: B

14. (Provão de Economia-MEC/2002) – O período do chamado


“ciclo do ouro”, no séc. XVIII, apresentou importantes
conseqüências na formação do Brasil Colônia, entre as quais pode
ser citada:

a) maior integração entre as diversas regiões da colônia.


b) ruína da economia açucareira.
c) reversão dos fluxos migratórios portugueses para o Brasil.
d) intensificação da busca das chamadas “drogas do sertão”.
e) queda da arrecadação de impostos.

Comentários:
Vamos à análise por alternativas:

a) Conforme explicado na questão 06, a mineração irradiou benefícios


econômicos a regiões vizinhas, desenvolvendo e interligando-as
simultaneamente. O próprio caráter nômade da mineração, por si só, é
um fator que certamente causou maior integração entre diversas regiões
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da colônia. CORRETA.

b) A economia açucareira entrou em crise pouco tempo antes do advento


do ciclo do ouro, por ocasião da produção de açúcar nas Antilhas, que
causou reduções no preço internacional do produto. INCORRETA.

c) INCORRETA. A mineração acelerou o fluxo migratório português para o


Brasil. Muitos portugueses vieram em busca de fortuna. Os imigrantes de
origem européia decuplicaram durante o século XVIII.

d) INCORRETA. A mineração fez diminuir todas as outras atividades


econômicas da colônia que não fossem no intuito de servir como subsídio
à extração do ouro. Entre estas atividades reduzidas, está a busca das

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chamadas “drogas do sertão” (extração de guaraná, cacau, ervas
medicinais, etc).

e) INCORRETA. Durante a mineração houve incremento na arrecadação


tributária em virtude da implantação do “quinto”, imposto de 20% sobre
o ouro extraído.

Gabarito: A

1. Transição do modelo agroexportador para a


industrialização e a implementação do modelo de
Substituição de importações.

Desde o descobrimento até a crise de 1930, a Economia do Brasil


adotou o modelo agroexportador. Isto é, grande parte da renda era
gerada pelas exportações de produtos agrícolas. Entre meados do século
XIX até as três primeiras décadas do século XX, o grande destaque foi o
Café.

Neste modelo de produção, cabia ao Brasil a exportação de


commodities agrícolas (em especial o Café) e, ao mesmo tempo, a
importação de produtos manufaturados da indústria de outros países, em
sua maior parte da Inglaterra.

No entanto, devido à crise de 1930, a economia agroexportadora,


fundada no café e atrelada a importações de produtos manufaturados
estrangeiros, entrou em colapso. Isto aconteceu porque os preços
internacionais do café caíram drasticamente, além da redução no volume
de exportações devido à queda na demanda do produto. Desta forma, a
Economia Brasileira, que era extremamente dependente das exportações
deste produto, necessitou mudar.
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O presidente Getúlio Vargas foi quem implementou a transição


definitiva de uma economia agroexportadora para uma economia urbano-
industrial moderna. Designado como industrialização por substituição de
importações (inicialmente o objetivo era produzir internamente produtos
industriais antes importados), esse período, ideologicamente, passou a
ser conhecido como nacional-desenvolvimentista.

Vejamos agora quais foram algumas das medidas adotadas por


Getúlio Vargas, a fim de tornar viável a transição de uma economia
agroexportadora para uma economia industrial:

 Política fiscal e monetária de fundo heterodoxo: a ortodoxia é uma


corrente econômica de pensamento clássico e defende, entre outras

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coisas, a não intervenção estatal na economia. A heterodoxia, por
sua vez, é uma corrente de cunho keynesiano e marxista que
defende, entre outras coisas, a intervenção estatal na economia.
Como Getúlio Vargas interveio intensamente na Economia Brasileira
no período nacional-desenvolvimentista (criou empresas estatais,
órgãos reguladores, manipulou a taxa de câmbio para desestimular
as importações, etc), sua política é considerada heterodoxa.

 Política agressiva e sistemática de substituição de importações:


Getúlio Vargas tentou implantar a autonomia da indústria nacional,
de forma que ela produzisse os produtos necessários ao mercado
interno. Assim, o incentivo era no sentido de suprir a demanda
interna de bens manufaturados. Por tal motivo, essa
industrialização substituidora de importações foi um processo de
industrialização fechada (volta para o abastecimento do mercado
interno; e dependente de medidas que protegessem a indústria
nacional dos concorrentes externos).

 Política industrial voltada para os setores de bens de consumo não


duráveis: como o objetivo da industrialização ora implementada
era o de substituir os produtos importados pelos nacionais, o foco
da produção nacional foi voltado para estes produtos, que eram de
consumo não duráveis (indústria têxtil, calçados, alimentos,
bebidas, etc).

 Captação e distribuição da poupança: para implantação da


industrialização, era necessário um sistema financeiro que
possibilitasse a utilização de recursos da poupança para o
financiamento da economia. Este financiamento foi realizado pelo
governo, através do BNDE – Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e do Banco do Brasil, através do sistema financeiro
público. Desta forma, o sistema financeiro não era
diversificado.
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 Planejamento econômico e criação de empresas estatais: conforme


vimos nos itens acima, é claramente notável que houve todo um
planejamento econômico de Getúlio Vargas a fim de desenvolver a
indústria nacional. Outro fator importante foi a criação de empresas
estatais que seriam responsáveis pelo desenvolvimento da indústria
de base, importantíssima para a geração da infraestrutura básica,
em especial, transportes e energia. Dentre as empresas estatais
criadas, podemos citar: Companhia Siderúrgica Nacional (CSN),
Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), Companhia Nacional de
Álcalis (CNA), Petrobrás, hidrelétricas, etc.

Caiu na prova:

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15. (FUNRIO - Economista – 2009) - As bases para o
desenvolvimento do capitalismo moderno no Brasil foram
criadas pelo Presidente Getúlio Vargas. Que instrumentos de
política econômica foram adotados a fim de criar essas
bases?
a) Política monetária e fiscal de fundo ortodoxo.
b) Política agressiva e sistemática de estímulos às exportações.
c) Política industrial executada pelo BNDE e voltada para os setores
de bens de consumo duráveis.
d) Desenvolvimento de um sistema financeiro sólido e diversificado.
e) Planejamento econômico e criação de empresas estatais.

GABARITO: E

Papel da agricultura no desenvolvimento e na industrialização

Há duas divergentes correntes sobre o papel desempenhado pela


agricultura no desenvolvimento econômico brasileiro durante o início
efetivo da industrialização. Para uma corrente, a agricultura atrapalhou a
industrialização, para outra, ajudou. As justificativas das duas correntes
seguem abaixo:

1. Agricultura não representou entrave ao desenvolvimento: para esta


corrente, o setor agrícola cumprira, na medida do possível, suas
funções, ainda que a política econômica de Getúlio Vargas não lhe
fosse favorável à época. Para esta corrente, o setor gerou mão-de-
obra, divisas, matéria-prima e alimentos para o setor industrial.
Inclusive houve uma diversificação e expansão do setor que serviu
como amplo apoio à atividade industrial.

2. Agricultura representou entrave ao desenvolvimento: o relativo


atraso do setor agrícola impediu que o crescimento da oferta de
produtos agrícolas acompanhasse o crescimento da demanda
urbana de alimentos. A teoria econômica nos diz que quando há
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aumentos de demanda não acompanhados por aumentos


proporcionais da oferta, há tendência a crescimento de preços, é a
nossa conhecida inflação. Esta visão de inflação (causada por
choque/redução de oferta) é conhecida como visão estruturalista
de inflação e é fundamentada na teoria dos choques adversos
(choques de oferta). Então, para estes autores, a ocorrência
deste tipo de inflação (estrutural), provocada pela ineficiência do
setor agrícola, prejudicou a industrialização. Além disto, este grupo
de autores considera que a ausência de uma reforma agrária, em
que a existência de grandes latifúndios levava a uma profunda
concentração de renda, impedia a criação de um mercado
consumidor mais amplo para a indústria.

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Caiu na prova:

16. (CESPE/Unb – Analista de Controle Externo – TCE/AC – CESPE


2009 - De acordo com a visão estruturalista da inflação, o setor
agrícola, por gerar mão-de-obra, matérias-primas e divisas,
desempenhou um papel fundamental no processo de crescimento
baseado na substituição de importações.

GABARITO:
ERRADO (Veja que a assertiva da questão, no intuito de confundir o
candidato, misturou os postulados da visão estruturalista de inflação (que
eram maléficos à industrialização), citados no item 2, com os efeitos
benéficos da agricultura, citados no item 1. Incorreta, portanto, a
afirmativa)

17. (CESPE/Unb – Especialista em Regulação – ANTAQ – 2009) -


O acúmulo de saldos positivos na balança comercial brasileira, no
início dos anos 40 do século passado, resultante da situação
criada pela Segunda Guerra Mundial, foi essencial para o processo
de industrialização brasileiro.

COMENTÁRIOS:
A eclosão da 2ª. Segunda guerra mundial resultou na perda dos
mercados da Europa. A perda de mercados de exportação não foi
integralmente compensada pelo aumento de exportações para os países
aliados e neutros antes de 1942, resultando em diminuição do saldo
comercial.
(trecho retirado do livro “Bancos Oficiais no Brasil: Origem e Aspectos de
seu Desenvolvimento”)

Incorreta, portanto, a assertiva.

Ainda assim, à parte da análise do enunciado da questão, não podemos,


de forma alguma, dizer que superávits foram essenciais à industrialização
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brasileira em qualquer período que seja. Apenas para exemplificar como


a industrialização brasileira ocorreu independentemente do pressuposto
da existência de superávits comerciais, relembremos o início efetivo da
industrialização no Brasil:

O início da industrialização brasileira se deu com o esgotamento do setor


cafeeiro. Naquele período (crise de 1929/30), o Brasil incorria em sérios
déficits comerciais, devido à redução dos preços e do volume de
exportações de café.

Como o valor das exportações havia reduzido sem que se alterasse o


valor das importações, uma das soluções encontradas para solucionar a
crise cambial (crise cambial=déficit no Balanço de Pagamentos) foi a

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industrialização como forma de substituir os produtos importados por
produtos fabricados em solo nacional.

Assim, concluímos que superávits comerciais não foram, em nenhum


momento, essenciais para o desenvolvimento da indústria brasileira. É
justamente o oposto. Pegue como exemplo a industrialização ocorrida na
década de 1930: a industrialização naquela década teve o condão de
amenizar os déficits comerciais incorridos na década de 20.

GABARITO: ERRADO

O processo de substituição de importações: industrialização


fechada e os estrangulamentos externos como motor dinâmico do
PSI

Após o declínio da economia cafeeira e a depressão de 1929/1930,


sentiu-se a necessidade, conforme já sabemos, de industrializar o Brasil.
O foco da produção seria voltado para aqueles produtos que eram
importados àquela época. Esse tipo de industrialização ficou conhecido
como substituição de importações. Sua principal característica era o fato
de ser uma industrialização fechada, que respondia a desequilíbrios
externos e era realizada por partes.

Esta industrialização podia ser considerada fechada por dois


motivos:

 Era voltada para dentro, isto é, visava ao atendimento do mercado


interno. Não tinha qualquer objetivo de exportar;

 Dependia em boa parte de medidas que a salvaguardassem da


concorrência externa (elevação de tarifas de importação,
desvalorização cambial, etc).

Ademais, o processo de industrialização por substituição de


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importações foi implantado por etapas. Segue abaixo a sequência destas


etapas:

I – tudo começa com um estrangulamento externo (déficit na balança


comercial, causando escassez de divisas internacionais);

II – para contrapor-se à crise cambial (déficits nas contas externas), o


governo toma medidas para controlar essa crise (entre elas podemos
destacar as desvalorizações cambiais e o aumento das tarifas de
importação). Tais medidas acabam por proteger e impulsionar a incipiente
indústria nacional preexistente, aumentando a competitividade e a
rentabilidade da produção doméstica;

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III – gera-se uma onda de investimentos nos setores substituidores de
importação. Esta onda de investimentos faz aumentar a produção da
indústria substituidora de importações, aumentando também a renda
nacional e a demanda agregada;

IV – em função do crescimento da demanda e da renda, a população


começa a importar outros produtos diferentes daqueles que foram
produzidos pela indústria substituidora. Em geral este ritmo do
crescimento das importações é mais rápido do que o crescimento das
exportações. Assim, surgem novos déficits e nova crise nas contas
externas (crises cambiais). Logo, o processo é retomado e retorna ao
item I. A diferença é que a nova indústria substituidora terá que se
desenvolver e produzir novos produtos, isto é, haverá mudança na pauta
de produção.

Fica evidente que este estrangulamento externo funciona como um


motor dinâmico do processo de substituição de importações. Assim,
conforme o investimento e a produção avançavam em determinado setor,
geravam-se pontos de estrangulamento em outros. A demanda pelos
bens desses outros setores era atendida por meio de importações. Estas
importações causavam estrangulamento, que devia ser combatido pela
indústria substituidora, e assim por diante.

Para tornar mais claro, veja o funcionamento no caso brasileiro:


inicialmente, a indústria se concentrou na produção de bens de consumo
não duráveis: roupas, calçados, tecidos, bebidas, etc. A produção
somente destes bens gerou estrangulamento, por exemplo, no setor de
produção de bens de capital. Assim, tais bens tinham que ser importados.
Com o passar do tempo, o aumento das importações destes bens de
capital gerava um novo estrangulamento nas contas externas. A partir
deste estrangulamento, a indústria substituidora deveria agora se voltar
para a produção destes bens de capital, realimentando o ciclo.

Dentro dessa lógica, caracteriza-se a industrialização por etapas.


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Isto é, o objetivo da industrialização por substituição de importações era


sempre o de acabar com os pontos de estrangulamento que existissem;
produzindo os bens que estavam sendo importados e que geravam este
estrangulamento. Assim, a pauta de importações ditaria a sequência dos
setores objeto dos investimentos industriais.

Por tudo dito acima, concluímos que a industrialização era fechada


(voltada para dentro) e o seu motor dinâmico era o estrangulamento
externo.

Governo Getúlio Vargas (1951-1954)

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Após 15 anos no poder (1930-1945) e após o governo de seu ex-
ministro da guerra, general Eurico Gaspar Dutra, Getúlio Vargas venceu
as eleições de 1950 e retornou à presidência da República em 31 de
Janeiro de 1951.

No campo interno, a situação econômica naquele período era


caracterizada pelo desequilíbrio financeiro do setor público e pela pressão
inflacionária que ora se iniciava.

No campo externo, as perspectivas eram mais favoráveis e


decorriam da elevação dos preços da café (apesar da Economia Brasileira
não ser mais dependente do café, ele ainda exercia certa importância nas
contas públicas externas) e da disposição dos norte-americanos em
participar do desenvolvimento industrial brasileiro. Assim é que, em
dezembro de 1950, ainda antes da posse de Vargas, foi constituída a
Comissão Mista Brasil-Estados Unidos (CMBEU), que iniciou suas
atividades em julho de 1951, propondo-se a elaborar projetos concretos
que deveriam ser financiados por instituições como o Banco de
Importação e Exportação (ExImBank) e o Banco Mundial.

A CMBEU era importantíssima para as aspirações de Getúlio Vargas


acerca do desenvolvimento econômico do novo governo. Havia dois
motivos para isto:

 primeiro, ela asseguraria o financiamento de projetos nas áreas de


infraestrutura econômica do país (principalmente nos setores de
energia, portos e transportes);

 depois, superados os problemas de infraestrutura, haveria uma


ampliação dos fluxos de capital dirigidos ao Brasil, graças a
investimentos diretos ou a novos empréstimos concedidos por
aquelas duas instituições (Banco Mundial e Banco de Importação e
Exportação).
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Assim, o quadro externo era bastante animador: havia a nova


situação de relações com os EUA, assim como a situação das transações
comerciais externas era bastante favorável, graças à elevação do preço
internacional do café, iniciada em 1949.

O câmbio brasileiro, bem no início do governo Vargas, era fixo e


estava sobrevalorizado (o que incentivava as importações). Ademais,
ainda era adotado pelo governo o regime de concessão de licenças para
importar, como medida de controle das importações.

Este regime de concessão era também chamado de controle


seletivo ou controle cambial das importações, e sua função era limitar o
acesso dos importadores à moeda estrangeira (lembre que os

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importadores necessitam de moeda estrangeira para importar, caso
contrário, não é possível realizar qualquer operação de importação). A
ideia era esta: cada licença garantia ao importador o acesso a uma
quantidade de moeda estrangeira. Ao se conceder um reduzido número
de licenças, a tendência é de haver diminuição das importações; ao
mesmo tempo, se essas licenças são concedidas com base em critérios de
essencialidade ou de existência de similares nacionais, pode-se utilizar o
regime para proteger a indústria nacional.

O objetivo do sistema é claro e ele funciona assim: se o importador


de bens importa um bem considerado pelo governo como essencial ou
importante para o desenvolvimento nacional, ele terá acesso a mais
licenças, e estas, por sua vez, permiti-lo-ão comprar mais moeda
estrangeira a ser utilizada na importação. Se, por outro lado, um outro
importador importa bens considerados pelo governo como nocivos ao
desenvolvimento industrial nacional, ele terá menos destas licenças, ou
seja, importará menos que o importador de bens considerados essenciais
ao desenvolvimento industrial. Assim, estas licenças constituíam uma
forma de controlar e direcionar o que devia ser importado em maior ou
menor quantidade.

Pois bem, após apenas alguns meses de governo, este regime de


concessão de licenças foi bastante afrouxado. Esta liberalização da
concessão de licenças para importar aconteceu devido à melhoria das
contas externas, em virtude do aumento de preços do café, e tinha dois
objetivos principais:

(1) – prevenir-se quanto a uma possível escassez no abastecimento de


produtos essenciais que poderia acontecer em virtude da generalização da
guerra da Coréia (havia o medo de reviver a mesma escassez no
abastecimento de produtos essenciais enfrentada pelo país durante a
Segunda Guerra Mundial); e

(2) – combater a pressão inflacionária (a competição entre os produtos


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importados e os produtos nacionais acabaria reduzindo a inflação).

Como resultado dessa liberalização, o nível de importações quase


dobrou no período no período 1951-1952 em comparação com o período
1948-1950. Ao mesmo tempo, ao contrário do que era esperado, em
1952, as receitas das exportações caíram 20% em comparação com
1951. Com isto, o equilíbrio verificado no início do governo Vargas deu
lugar a um grande déficit na balança comercial e ao esgotamento das
reservas internacionais. Estava formada a crise cambial (crise
cambial=déficit no balanço de pagamentos).

Para piorar a situação, em 1952, o general Eisenhower venceu as


eleições norte-americanas e estabeleceu mudanças imediatas na política

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norte-americana para a América Latina, incluindo o Brasil. O governo
Eisenhower não manteria o financiamento aos projetos elaborados pela
CMBEU, de tal forma que esta, mais tarde, acabaria sendo extinta e os
financiamentos interrompidos, mesmo aos projetos já elaborados e
apresentados por ela.

Ademais, em virtude do acúmulo de vultosos atrasados comerciais,


o Banco Mundial e o Banco de Importações e Exportações adotaram
condições bastante duras para a concessão de empréstimos que visassem
regularizar a situação de atrasados comerciais do Brasil.

Em meio a esse mar de adversidades e, a fim de solucionar os


problemas cambiais e fiscais, Vargas baixou a Instrução 70 da SUMOC
(Superintendência da Moeda e do Crédito – espécie de embrião do Banco
Central). As principais mudanças implementadas foram:

 1 – extinção do sistema de controle das importações e


instituição do sistema de leilões de câmbio para
importações: nesse sistema, estabelecem-se vários mercados
cambiais, em alguns dos quais, é implantado o sistema de leilões.
Nestes mercados cambiais, o governo vendia a moeda estrangeira
aos importadores pela taxa de câmbio oficial acrescida de uma
sobretaxa variável. Funcionava assim: as importações eram
classificadas em cinco categorias, em ordem decrescente de
essencialidade (categoria I era mais essencial, e a V era a menos
essencial). A oferta disponível de moeda estrangeira (lembre que o
importador precisa de moeda estrangeira para importar qualquer
bem) era alocada pelas autoridades monetárias entre as diferentes
categorias, sendo que as categorias I, II e III absorviam,
geralmente, mais de 80% da oferta total de moeda estrangeira e a
categoria V, no máximo, 3%.

Veja que os importadores da categoria V, por possuírem menos


moeda estrangeira disponível, obviamente, pagavam sobretaxas
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mais caras pela mesma. Assim, os importadores da categoria V


tinham menos incentivos a importar este grupo de bens, enquanto
os importadores da categoria I, por pagarem menos pela moeda
estrangeira, tinham mais incentivos a importar este grupo de bens.

Isto era um meio de praticar uma política de importações seletiva,


só que, desta vez, através do uso de taxas múltiplas de câmbio
(o importador da categoria I, por comprar moeda estrangeira mais
barata, tinha uma taxa de câmbio mais favorável para importar que
aquele importador da categoria V).

 2 – taxas múltiplas de câmbio para as exportações, através


de um sistema de bonificações incidentes sobre a taxa

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oficial: as exportações, a exemplo das importações, foram
divididas em várias categorias. O exportador, ao vender seu
produto para o exterior, recebia o valor em moeda estrangeira. No
entanto, ele era obrigado a vender esta moeda estrangeira para o
governo para receber em troca a moeda nacional.

O governo lhe pagava a taxa de câmbio oficial acrescida de uma


bonificação, dependendo do produto que era exportado. Se o
produto exportado pertencesse a uma categoria que o governo
considerava importante como meio de exportação, a bonificação
paga sobre a taxa de câmbio oficial era maior. Se o produto
exportado pertencesse a uma categoria que o governo considerava
não recomendável para a exportação, a bonificação paga sobre a
taxa de câmbio era menor.

Desta forma, o governo conseguia direcionar as exportações


brasileiras para os produtos que ele quisesse. O objetivo de tal
política era diversificar a pauta de exportações, em detrimento do
café.

Uma importante conclusão que podemos tirar a respeito dos itens 1


e 2 acima é o fato de que, tanto nas importações, quanto nas
exportações, a taxa de câmbio paga pelos importadores e recebida
pelos exportadores era sempre maior que a taxa de câmbio oficial
(lembre que os importadores necessitavam comprar a moeda
estrangeira ao câmbio oficial acrescido da sobretaxa; os
exportadores, por outro lado, necessitavam vender a moeda
estrangeira ao câmbio oficial mais bonificação extra, a depender do
produto exportado). Como crescimento de taxa de câmbio significa
desvalorização da moeda (exemplo: se a taxa de câmbio do
real/dólar US$1,00=R$2,00 aumenta para US$1,00=R$3,00,
significa que o real foi desvalorizado), podemos concluir que a
implantação deste sistema de regimes múltiplos de câmbio causou
a desvalorização da moeda nacional e, por conseguinte, ajudou a
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reequilibrar as contas externas (desvalorização de moeda implica


maiores saldos na balança comercial, pois reduz importações e
estimula exportações).

Outra importante conclusão é a receita que foi gerada para a União.


Repare que o governo na compra de moeda estrangeira dos
exportadores pagava a taxa oficial acrescida da bonificação. Na
venda da divisa para os importadores, recebia, além da taxa oficial,
o ágio decorrente do leilão existente. A diferença entre o pago e o
recebido (o ágio dos leilões dos importadores) constituiu uma
importante fonte de receita que serviu para atenuar o déficit fiscal.

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 3 – restabelecimento do monopólio cambial do Banco do
Brasil: a fim de que fosse possível exercer o controle sobre os
leilões dos importadores e o engenhoso esquema de regimes
cambiais múltiplos, foi necessário adotar alguma medida que
facilitasse o controle sobre as operações. O monopólio cambial do
Banco do Brasil foi esta medida.

Como se vê, a instrução 70 da SUMOC, de certa forma, prestou-se


aos objetivos anteriormente pretendidos: diminuição dos déficits cambiais
e fiscais.

O processo de substituição de importações e a concentração


de renda

O processo de substituição de importações foi concentrador em


termos de renda por dois motivos:

 o êxodo rural provocado pelo declínio da agricultura provocou


excesso de mão-de-obra nas cidades, o que, consequentemente,
pressionava para baixo os salários dos trabalhadores.

 o caráter capital intensivo não permitia grande geração de emprego


no setor urbano. A industrialização tinha como alvo o mercado
interno que, por sua vez, não era muito grande e ainda tinha limites
provocados pela má distribuição de renda. Desse modo, o único
meio de desenvolver uma indústria competitiva, que possuísse
ganhos em termos de produtividade, era através da instalação de
poucas firmas que operassem com economias de escala (máxima
utilização dos insumos de produção, de forma a obter máxima
produção a baixos custos). Se a implantação da industrialização
fosse realizada com muitas empresas operando no mercado,
certamente as escalas de produção seriam insatisfatórias, bem
como a produtividade, ou seja, teríamos uma indústria pouco
competitiva. Desta forma, em que pese o uso do capital intensivo
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ter sido necessário para aumentar a competitividade e


produtividade da incipiente indústria nacional, ele também
contribuiu para a concentração de renda, tendo em vista haver
poucas empresas no mercado e uma grande massa salarial que
recebia baixos salários.

Caiu na prova:

18. (CESGRANRIO – Economista - PETROBRAS – 2008) - A


Instrução 70 da SUMOC, baixada em outubro de 1953 no
Governo Vargas,
a) restabeleceu o monopólio cambial do Banco do Brasil.
b) extinguiu o sistema de leilões cambiais vigente no país.

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c) limitou a expansão de meios de pagamento no Brasil a 10% aa.
d) congelou a taxa de câmbio cruzeiro/dólar americano.
e) criou o Banco Central do Brasil.

COMENTÁRIOS:
a) Correta.

b) Instituiu o sistema de leilões cambiais vigente no país.

c) Não aconteceu.

d) Houve desvalorização da moeda nacional (cruzeiro).

e) a SUMOC foi criada em 1945 e foi o embrião do Banco Central,


criado em 1964.

GABARITO: A

19. (CESPE/Unb - Analista de Controle Externo – TCE/AC -


2008) - Com respeito ao processo de industrialização da
economia brasileira, assinale a opção correta.
a) Ao longo do período de 1945 e 1955, a forte expansão da
indústria de transformação se deu na ausência de políticas
intervencionistas, representando, assim, uma vitória das teses
liberais sobre o "estatismo-nacional".
b) A concepção de acordo com a qual o crescimento industrial
coincidia com a expansão da economia cafeeira é defendida pelos
adeptos da teoria dos choques adversos.
c) Os investimentos realizados no âmbito do Plano de Metas
direcionaram-se, prioritariamente, para os setores de bens de
consumo não-duráveis.
d) Em virtude do caráter "capital-intensivo" do investimento
industrial, o processo de industrialização contribuiu para aumentar
as disparidades de renda da economia brasileira.
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e) A industrialização via substituição de importações apoiou-se na


elevação das tarifas aduaneiras para compensar a valorização real
do câmbio.

COMENTÁRIOS:
a) a indústria de transformação (também chamada de indústria de
base) é o tipo de indústria que transforma a matéria-prima bruta
em produtos a serem utilizados por outras indústrias (exemplos de
indústria de transformação: siderúrgicas, extração de combustíveis,
minérios, etc). A assertiva está 100% errada pois o
desenvolvimento deste tipo de indústria ocorrido no período
aconteceu graças à atuação de empresas estatais. Tais empresas
foram criadas para atuar em áreas cuja necessidade de capital e

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riscos envolvidos inviabilizassem a presença da atividade privada
naquele momento. Entre as empresas estatais criadas, podemos
citar: Companhia Vale do Rio Doce, Petrobrás, hidrelétricas,
Companhia Siderúrgica Nacional, etc.

b) os adeptos da teoria dos choques adversos (visão estruturalista


da inflação) sustentaram a hipótese de que o crescimento industrial
foi atrapalhado pela economia cafeeira. Ademais, o crescimento
industrial coincidiu com o declínio da economia cafeeira, e não com
a expansão da mesma. Incorreta.

c) O plano de metas será visto daqui a pouco, mas, apenas como


“aquecimento”, segue a síntese do que foi o Plano de Metas: o
Plano de Metas, implantado no governo Juscelino Kubitschek,
representou o apogeu do processo de industrialização por
substituição de importações. A meta era o desenvolvimento da
indústria de bens de consumo duráveis. Incorreta a assertiva.

d) o processo de substituição de importações foi concentrador em


termos de renda por dois motivos:

 o êxodo rural provocado pelo declínio da agricultura provocou


excesso de mão-de-obra nas cidades, o que,
consequentemente, pressionava para baixo os salários dos
trabalhadores.

 o caráter capital intensivo não permitia grande geração de


emprego no setor urbano. A industrialização tinha como alvo
o mercado interno que, por sua vez, não era muito grande e
ainda tinha limites provocados pela má distribuição de renda.
Desse modo, o único meio de desenvolver uma indústria
competitiva, que possuísse ganhos em termos de
produtividade, era através da instalação de poucas firmas que
operassem com economias de escala (máxima utilização dos
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insumos de produção, de forma a obter máxima produção a


baixos custos). Se a implantação da industrialização fosse
realizada com muitas empresas operando no mercado,
certamente as escalas de produção seriam insatisfatórias,
bem como a produtividade, ou seja, teríamos uma indústria
pouco competitiva. Desta forma, em que pese o uso do capital
intensivo ter sido necessário para aumentar a competitividade
e produtividade da incipiente indústria nacional, ele também
contribuiu para a concentração de renda, tendo em vista
haver poucas empresas no mercado e uma grande massa
salarial que recebia baixos salários.

Portanto, correta a assertiva “d”.

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e) a industrialização via substituição de importações apoiou-se


tanto na elevação das tarifas aduaneiras quanto na desvalorização
real do câmbio. Incorreta, portanto, a assertiva.

GABARITO: D

20. (CESPE/Unb - Analista Administrativo e Financeiro -


Ciências Econômicas – SEGER/ES – 2007) - A crise dos anos
30 do século XX, por fragilizar o modelo agroexportador,
evidenciou a necessidade de industrialização da economia
como forma de superar as restrições externas e o
subdesenvolvimento da economia brasileira.

GABARITO: CERTO

21. (CESPE/Unb - Analista Administrativo e Financeiro -


Ciências Econômicas – SEGER/ES – 2007) - No período
1929/33, o caráter principal do antigo padrão de acumulação
- o modelo primário-exportador - atingiu seu apogeu, com as
exportações determinando o nível e o ritmo da atividade
econômica do país.

COMENTÁRIOS:
O período de 1929/33, o caráter principal do antigo padrão de
acumulação – o modelo primário-exportador – atingiu seu declínio,
com o valor das exportações sendo reduzido consideravelmente, o
que incitou o desenvolvimento da industrialização como forma de
criar a autonomia da Economia Brasileira.

GABARITO: ERRADO

2. JUSCELINO KUBITSCHEK (JK) E O PLANO DE METAS


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Visão geral

O Plano de Metas adotado no governo JK é considerado o apogeu do


período da industrialização brasileira que começou na década de 30 com
Getúlio Vargas. A temática do processo de industrialização implantado por
Vargas foi o processo de substituição de importações.

O objetivo do Plano de Metas era ir além do processo de


substituição de importações. Ele visava à montagem de uma estrutura
industrial integrada e mais diversificada. Para tal, o novo foco da indústria
deveria ser a produção de bens de consumo duráveis, entre estes, os
automóveis.

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À época, foi identificada1 a existência de uma demanda reprimida


por parte da alta camada da sociedade que se beneficiou do modelo de
industrialização concentrador de renda implantado nos anos anteriores.
Este grupo de pessoas demandava produtos de consumo duráveis
(televisores, aparelhos eletrodomésticos, automóveis, etc), que até então
não eram produzidos internamente. Eram, portanto, importados.

Segundo o pensamento da época, o crescimento da indústria de


bens de consumo duráveis também teria o condão de causar o
crescimento de outros setores da economia como, por exemplo, a
indústria de bens intermediários2. A consequente geração de emprego
também ocasionaria, por fim, o incremento da indústria de bens de
consumo leves.

O Plano de Metas se concentrava em quatro áreas principais, a


saber:

 Investimentos em infraestrutura por parte do governo, com


destaque para os setores de transporte e energia elétrica. Na parte
dos transportes, cabe destacar o incremento da malha rodoviária
em detrimento da malha ferroviária. Isto se deve ao estímulo que
se queria dar à incipiente indústria automobilística.

 Incentivos ao aumento da produção de bens intermediários, como


o aço, carvão, cimento, zinco, etc.

 Incentivos à introdução dos setores de consumo de bens


duráveis e de capital3.

 Incentivos à produção de alimentos.

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1
Tal identificação deve-se aos estudos da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o
Caribe). A Cepal era uma organização que reunia grandes nomes do pensamento desenvolvimentista
latino-americano. Ela postulava que a industrialização era o principal caminho para superação do
subdesenvolvimento dos países da América Latina. Um de seus economistas, o brasileiro Celso
Furtado, coordenou ações da Cepal em conjunto com o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), para elaboração de um estudo, que ficou conhecido como "Esboço de
um programa de desenvolvimento para a economia brasileira no período de 1955 a 1960". Esse
estudo serviu de base para elaboração do Plano de Metas, que, entretanto, não considerou como
prioridade uma de suas principais recomendações: a reforma agrária.
2
Bens produzidos e utilizados na produção de outros bens, não disponíveis para o consumo final.
Exemplos: tecido, peças de aço usadas na fabricação de automóveis, etc.
3
Bens de capital são bens que servem para a produção de outros bens, especialmente os bens de
consumo. Ex: máquinas, equipamentos.

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O cumprimento destas metas, no que tange ao desenvolvimento da
industrialização, foi bastante satisfatório, chegando a inclusive superar as
expectativas em várias áreas. Apenas como ilustração do desempenho,
observe as taxas de crescimento da produção industrial entre 1955-1962,
para alguns setores:

 Materiais de transporte: +711%


 Materiais elétricos e de comunicações: +417%
 Têxtil: +34%
 Alimentos: +54%
 Bebidas: +15%

Veja que o crescimento da produção daqueles bens relacionados à


produção de bens de consumo duráveis foi absurdamente maior que o
crescimento de outros setores, indicando que realmente o foco foi na
industrialização de bens duráveis.

O financiamento e o problema inflacionário

O Plano de Metas foi um plano voltado para o incremento da


demanda agregada da economia e que utilizou para tal políticas fiscal e
monetária expansionistas.

Os principais problemas do Plano de Metas estavam na questão de


como os recursos seriam financiados. Como os vultosos investimentos
públicos não foram acompanhados por uma reforma fiscal que se
preocupasse com as metas e gastos estipulados, o governo recorreu ao
financiamento dos gastos via emissão monetária4, o que causou
aceleração inflacionária no período.

Outro diagnóstico das causas da aceleração inflacionária ocorrida no


período está ligado à insuficiência de oferta para o mercado interno de
massas. 00956346901

Boa parte dos lucros e rendas obtidos aqui no Brasil era enviada ao
exterior. Assim, havia uma parte do excedente econômico que não era
reinvestido internamente na forma de novas indústrias e firmas, causando
uma oferta de produção menor ou aquém da oferta potencial.

A rigidez na oferta de alimentos e matérias-primas também é


apontada como causa inflacionária no período. Veja os dados de

4
O aumento de moeda em circulação, segundo a Teoria Monetarista da Inflação, tende a causar
elevação de preços.

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crescimento na produção apresentados no item anterior e perceba por si
próprio que o crescimento da produção de alimentos foi bem menor que o
crescimento da produção no restante da economia. Ou seja, a oferta de
alimentos não acompanhou o crescimento da demanda, causando
inflação.

No entanto, é apontado como causa principal da aceleração


inflacionária o fato do governo financiar os excessivos gastos públicos
através de emissões monetárias.

Implementação do Plano de Metas

Os instrumentos através dos quais o governo implementou o Plano


de Metas foram:

 Investimentos das empresas estatais;

 Criação de uma série de comissões setoriais5 que


administravam e criavam os incentivos necessários para atingir as
metas setoriais.

 Créditos com juros baixos (ou até mesmo negativos6) e longos


prazos por meio do sistema financeiro público (Banco do Brasil e
BNDE);

 Política de reserva de mercado que visava à proteção da indústria


nacional através de instrumentos cambiais (o câmbio múltiplo
instituído no governo de Getúlio Vargas, através da Instrução 70 da
SUMOC, não foi abolido por JK). Este sistema de câmbio múltiplo
tinha a finalidade principal de proteger a indústria nacional, ao
mesmo tempo em que incentivava a importação de produtos
considerados importantes para o desenvolvimento industrial. Entre
estes produtos, estavam os bens de capital e os insumos utilizados
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na produção industrial;

 Concessão de avais para a obtenção de empréstimos externos;

 A instrução 113 da SUMOC, baixada em 1955, permitia o


investimento direto7 sem cobertura cambial por parte de empresas

5
Um exemplo desse tipo de atuação foi o Grupo Executivo da Indústria Automobilística (Geia),
responsável pelas metas industriais do setor automobilístico.
6
Juros negativos ocorrem quando a taxa de juros é menor que a inflação do período.
7
Investimento estrangeiro direto (IED) é o investimento feito para adquirir um interesse duradouro
em empresas que operem fora da economia do investidor. A relação de IED compreende uma
empresa matriz e uma filial estrangeira, as quais, em conjunto, formam uma empresa multinacional.

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estrangeiras. Ou seja, elas podiam, desde que fosse investimento
direto, aportar seu capital no Brasil a taxas cambiais mais
favoráveis;

 A fim de atrair o capital externo, foram utilizadas isenções fiscais e


garantias de mercado8 para as multinacionais que aqui aportassem
seu capital.

Semelhança entre o Plano de Metas e o processo de


substituição de importações

O Plano de Metas, a exemplo do que ocorreu nas décadas de 30 e


40, visava atacar os pontos de estrangulamento existentes (áreas de
demanda insatisfeita em função das características desequilibradas do
desenvolvimento econômico, desenvolvimento feito por partes).

A diferença, em relação à industrialização das décadas de 30, 40 e


início de 50, ocorreu no fato de que o Plano de Metas visava não só atacar
os pontos de estrangulamento, mas também impedir o aparecimento de
novos, na oferta de infraestrutura e de bens intermediários para os novos
setores.

Assim, ao mesmo tempo em que se incentivava, por exemplo, o


desenvolvimento da indústria automobilística, a malha rodoviária também
era desenvolvida. Ao mesmo tempo em que a indústria de
eletrodomésticos era incentivada, a de materiais elétricos e de
comunicações também era, e assim por diante.

Desta forma, concluímos que o Plano de Metas não tinha como


objetivo promover as exportações, mas sim atacar os vários pontos de
demanda interna insatisfeita (pontos de estrangulamento).

Caiu na prova: 00956346901

22. (VUNESP – Economista – IBGE – 1999) – O Plano de Metas foi


implementado recorrendo-se:
(A) à criação de vários grupos executivos setoriais;
(B) à centralização em uma única comissão;
(C) à criação de uma comissão específica em cada estado;
(D) a técnicos da CEPAL que se responsabilizaram integralmente pelas
ações;

8
Garantias de Mercado: o governo garantia que seriam adotadas medidas de proteção para os
novos setores.

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(E) à comissão mista Brasil - Estados Unidos.

Comentários:
Dentre todas as opções, a única que se encaixa na relação de
instrumentos de implementação do Plano de Metas é a letra A.

Gabarito: A

23. (FCC - Especialista em Políticas Públicas – SEP/SP – 2009) - O


principal objetivo do Plano de Metas foi promover o aumento do
nível de emprego por meio da construção de moradias populares.

COMENTÁRIOS:
Conforme vimos, o objetivo principal foi promover a industrialização
voltada para a produção de bens de consumo duráveis. Desta forma,
incorreta, a assertiva.
GABARITO: ERRADO

24. (CESPE/Unb - Economista DFTRANS – 2008) - O Plano de


Metas proposto pelo presidente Juscelino Kubitschek é
considerado um ambicioso conjunto de medidas setoriais para o
controle inflacionário da época.

COMENTÁRIOS:
Tudo o que o Plano de Metas não objetivava era o controle inflacionário.
Foi um plano voltado para o incremento da demanda agregada da
economia e que utilizou para tal políticas fiscal e monetária
expansionistas.

Os principais problemas do Plano de Metas estavam na questão de como


os recursos seriam financiados. Como os vultosos investimentos públicos
não foram acompanhados por uma reforma fiscal que se preocupasse
com as metas e gastos estipulados, o governo recorreu ao
financiamento dos gastos via emissão monetária, o que causou
00956346901

aceleração inflacionária no período.

Outro diagnóstico das causas da aceleração inflacionária ocorrida no


período está ligado à insuficiência de oferta para o mercado interno de
massas.

Boa parte dos lucros e rendas obtidos aqui no Brasil era enviada ao
exterior. Assim, havia uma parte do excedente econômico que não era
reinvestido internamente na forma de novas indústrias e firmas,
causando uma oferta de produção menor ou aquém da oferta potencial.

A rigidez na oferta de alimentos e matérias-primas também é apontada


como causa inflacionária no período. Por meio dos dados de crescimento

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na produção apresentados no tópico do Plano de Metas, podemos
perceber que o crescimento da produção de alimentos foi bem menor que
o crescimento da produção no restante da economia. Ou seja, a oferta de
alimentos não acompanhou o crescimento da demanda, causando
inflação.

Para fins de concursos, no entanto, a causa principal da aceleração


inflacionária foi o fato de o governo financiar os excessivos gastos
públicos através de emissões monetárias.

Por tudo dito acima, a afirmativa é escandalosamente errada, pois não


houve objetivo de controlar a inflação na implantação do Plano de Metas.

GABARITO: ERRADO

25. (CESPE/Unb - Economia - Pref Vila Velha/ES – 2008) - O


Plano de Metas (1956-1960) do governo JK é considerado um
caso bem-sucedido de formulação e implementação de
planejamento através de amplos projetos de infraestrutura e
forte controle inflacionário.

COMENTÁRIOS:
A questão está certa até o momento em que fala do forte controle
inflacionário. No entanto, já sabemos que no Plano de Metas não houve
forte controle inflacionário.

GABARITO: ERRADO

3. Jânio Quadros (JQ), João Goulart (JG), Plano Trienal,


Celso Furtado / Dantas
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Durante o governo JK, nas eleições de 1960, saem vitoriosos à


presidência Jânio Quadros (JQ) e João Goulart (JG). Presidente e vice
eram eleitos separadamente, naquela época. Em Janeiro de 1961, JK
passa a faixa a Jânio em um cenário de instabilidade econômica e alta
polarização política.

No início do seu governo, Jânio tentou recuperar a estabilidade. Fez


uma reforma cambial (que desvalorizou a moeda), acabou com os
subsídios à importação dos bens considerados estratégicos na gestão
anterior. Ele também renegociou as obrigações da dívida externa e
conseguiu um empréstimo junto ao FMI (Fundo Monetário Internacional).

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No entanto, sua renúncia, com apenas 08 meses de governo,
impediu a concretização de qualquer política econômica mais séria e
consistente. Para piorar o cenário de polarização política e instabilidade
econômica, o vice-presidente, João Goulart, era visto com desconfiança
por alguns setores da sociedade civil. Ele tinha posições esquerdistas
radicais.

Com o intuito de acalmar os ânimos e ganhar credibilidade, no início


de 1963, João Goulart tentou implementar um programa de governo: o
Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social, produzido por
uma equipe liderada pelo economista Celso Furtado, ministro
extraordinário para o desenvolvimento econômico.

O Plano Trienal pretendia retomar o processo de substituição de


importações gradualmente (a fim de diminuir o desequilíbrio externo),
promover o aumento de impostos e tarifas (controle das contas públicas),
reduzir o desperdício público, aumentar a captação de dinheiro através do
mercado de capitais e iniciar um programa de distribuição de renda. No
entanto, havia algumas contradições:

 O aumento de impostos e tarifas aumentou ainda mais a inflação;

 Ao mesmo tempo em que se queria reduzir o desperdício público, os


salários dos servidores foram aumentados;

 Ao mesmo tempo em que se queria aumentar a captação de


recursos no mercado de capitais, o marco regulatório, que era
deficiente, não foi desenvolvido.

A decisão de lançá-lo foi precipitada diante da queda da taxa de


crescimento em 1962 (para 6,6% contra 8,6% em 1961), além do
agravamento do processo inflacionário. Lançado em 30 de dezembro de
1962, o objetivo era conciliar crescimento econômico com reformas
sociais e combate à inflação. Segundo Celso Furtado, o Plano Trienal era
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um desafio que pretendia demonstrar "contra a ortodoxia dos


monetaristas, esposada e imposta pelo FMI, que era possível conduzir a
economia com relativa credibilidade sem impor-lhe a purga recessiva."

Já como ministro de Planejamento do novo ministério


presidencialista, após o plebiscito, Furtado considerava a inflação como o
resultado do excesso de demanda causado pelo déficit público. Para
conter a alta de preços propunha um conjunto de medidas presentes em
planos de estabilização de cunho ortodoxo: a correção de preços públicos

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defasados, o realismo cambial9, corte de despesas, controle da expansão
do crédito ao setor privado e aumento do compulsório sobre depósitos à
vista.

A estratégia de desenvolvimento dava ênfase ao processo de


industrialização pela substituição de importações como forma de enfrentar
pontos de estrangulamento da economia brasileira. Furtado via a crise
econômica como decorrente do modelo de desenvolvimento que só
poderia ser superado com o aprofundamento do próprio modelo, ou seja,
com ampliação do mercado interno através da reforma agrária e outras
políticas voltadas à redistribuição de renda.

Em busca de solução para a balança de pagamentos o outro


ministro da área econômica, San Tiago Dantas, liderou uma missão aos
Estados Unidos, tentando negociar o reescalonamento da dívida externa e
tentar uma ajuda adicional.

O clima político para atender essas reivindicações pelo governo


americano não era o melhor, diante do novo cenário político brasileiro,
mais à esquerda, refletida pela aprovação da Lei de Remessa de Lucros. E
também à política externa seguida pelo governo brasileiro à época. O
fracasso da missão de San Tiago Dantas, aliado às críticas às medidas
previstas no Plano Trienal levaram ao abandono da ortodoxia econômica.
Durou pouco o projeto de Celso Furtado/San Tiago Dantas.

A mudança ficou clara com as medidas que o governo passou a


adotar: restituir os subsídios ao trigo e ao petróleo, aumento de 60% ao
funcionalismo e um reajuste ao salário mínimo em 56%. A taxa de
inflação mensal que, em abril, quando plano fora lançado, estava em
1,6%, subiu para 4,0%, mantendo-se elevada até o final de 1963.

Em seguida, Celso Furtado e Dantas deixavam o governo. O


primeiro porque o ministério foi extinto e o segundo por doença. A
consequência foi o descontrole das contas públicas, déficit na balança de
00956346901

pagamentos e forte desaceleração da atividade econômica.

O Plano Trienal falhou na execução de uma política anti-


inflacionária, como também nas políticas de promoção do crescimento e
desenvolvimento econômico, no entanto, não se deve menosprezar a sua
contribuição para a Economia Brasileira.

9
É uma política de eliminar os efeitos das inflações interna e externa sobre a taxa de câmbio, para
que a taxa real de câmbio fique constante. Por exemplo, se a inflação interna é muita alta, para que
o governo elimine o efeito da diferença entre as inflações interna e externa, ele deverá desvalorizar
a moeda nacional (aumentar o valor da taxa de câmbio nominal). Lembrando que E=e.(Pext/Pint),
onde E é a taxa real de câmbio

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O tempo relativamente curto, a resistência política, a escassez de


dados estatísticos adequados, a inexistência de instrumentos adequados
de ação, assim como o desconhecimento de todos os efeitos na utilização
do instrumental existente, tudo isso impedia um planejamento adequado
no país. O próprio Plano Trienal era lúcido acerca das limitações da
implementação do planejamento. Em seu texto dizia que: “A planificação
econômica não é objetivo que possa ser alcançado de uma vez. Constitui,
em última instância, uma técnica de governar e administrar, e como tal
deve ser introduzida progressivamente, à medida que o quadro político,
institucional e administrativo o comportem” (Plano Trienal, p. 16). Logo
em seguida este afirma que “a experiência de outros países tem indicado
que são necessários alguns anos para alcançar uma eficácia na execução
de um plano bem concebido” (Ibidem, p.16)

Assim, a principal contribuição do Plano Trienal foi o seu caráter


embrionário sobre a efetiva implementação do planejamento econômico
no país. O Plano frisava que certos objetivos deveriam ser buscados tais
como, a hierarquização de problemas e a obtenção de um maior
conhecimento da realidade brasileira, para assim criar pré-condições para
uma ação de planejamento bem sucedida no futuro.

Nos planos econômicos posteriores, o conhecimento que se tinha da


Economia Brasileira e dos instrumentos de política econômica só foi
adquirido mediante experiências como a do Plano Trienal, que ordenou
problemas, suscitou debates e pesquisas. Com o “aprendizado”
proporcionado pelo Plano Trienal, pôde-se, mais tarde, compreender os
impactos da inflação corretiva, da inflação de custos, da importância da
política salarial nas políticas de estabilização, entre outros. Desta forma,
sua importância, em vez de aparecer no cumprimento de suas metas,
será observada no sucesso dos planos futuros.

4. Antecedentes do Milagre: crise no início da década de


00956346901

1960 e o PAEG

Falemos agora (um pouquinho mais, de forma mais pontual) da


crise do início da década de 1960, seus motivos, consequências, e
reformas implementadas pelos militares para enfrentá-la.

No início da década de 1960, a Economia Brasileira perdera seu


dinamismo atingido durante o governo Juscelino Kubistchek (1956 –
1960). Depois que a taxa de crescimento do PIB real atingiu o pico de
10,3% em 1961, ela declinou para 5,3%, 1,5% e 2,4% em 1962, 1963 e
1964, respectivamente (dados retirados de “Economia Brasileira”, Werner
Baer).

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Muitas são as explicações para a crise enfrentada, a saber:

 Instabilidade política: o período foi marcado por muitas pressões


sobre o governo. Depois de oito meses, o presidente eleito – Jânio
Quadros – renunciou. O vice assumiu apenas algum tempo depois,
sob outro regime: o parlamentarismo. Depois, houve um plebiscito,
o presidencialismo voltou. Houve muitas trocas de ministros e
gabinetes. Enfim, diante de todo esse quadro de “bagunça” e
constante mudança, certamente a visão de longo prazo e o
planejamento econômico foram prejudicados. Outro fator que
incrementou a instabilidade política foi o populismo. No intuito de
atrair o apoio político das massas urbanas, foram prometidas
exageradas concessões à massa, que certamente eram inviáveis e,
por isso, não foram cumpridas, aumentando a pressão e
instabilidade.

 Aceleração inflacionária: uma das principais heranças, além da


industrialização e crescimento econômico, foi a aceleração
inflacionária. Juscelino deixara para seus sucessores a parte ruim
dos “50 anos em 5”: inflação alta, déficit público elevado e
deterioração das contas externas10. A inflação atingiu 33%, 44%,
72% e 92% em 1961, 1962, 1963 e 1964, respectivamente. Para
combater esta aceleração inflacionária, adotou-se uma política
econômica restritiva, o que impôs controle dos gastos públicos e
retração do crédito, causando diminuição do crescimento
econômico.

 Esgotamento do dinamismo do processo de substituição de


importações: à medida que se ia atacando os pontos de
estrangulamento, a amplitude da substituição diminuía e exigia
cada vez mais vultosos recursos financeiros e tecnológicos com
retornos cada vez menores11. Pelo lado da demanda, os novos
setores a serem substituídos exigem uma demanda cada vez maior
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10
No governo JK, durante o plano de metas, as importações de bens de capital e determinados
insumos necessários à industrialização foram incentivadas. Ao mesmo tempo, as exportações não
cresceram no período. Em outras palavras, tivemos aumento nas importações e redução das
exportações, isto é, déficits na balança comercial. Ao mesmo tempo, em virtude de empréstimos
tomados e do aporte de capital estrangeiro no país, a dívida externa cresceu bastante período. Tais
fatores causaram a deterioração das contas externas.
11
Exemplo: à medida que se estabelece a indústria automobilística, fecha-se um ponto de
estrangulamento (a produção de automóveis), mas surge outro (a indústria de autopeças). Este
outro setor exige muitos recursos financeiros e retorno financeiro menor. Da mesma maneira, este
novo setor que surge possui elevados ganhos de escala (a produção deve ser elevada para que o
investimento valha a pena e o mesmo traga alguma lucratividade relevante, tendo em vista os
grandes custos de implantação, ou a elevada relação capital/produto). Por possuir elevados ganhos
de escala, tal setor exige uma demanda cada vez maior por parte do mercado consumidor.

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do público. Em geral estes novos setores dependem da demanda de
outros setores (demanda derivada), que, por sua vez, dependem da
demanda primária – aquela demanda diretamente ligada à
população consumidora. Como o processo de substituição de
importações era concentrador de renda, o crescimento do mercado
consumidor não se faz a taxas suficientes para realimentar o
processo e continuar o crescimento, diminuindo, assim, o
dinamismo do processo.

 Crise cíclica endógena: outra visão afirmava que a crise


enfrentada era típica da economia industrial ou capitalista. O Plano
de Metas representou um grande volume de investimentos
direcionados à aquisição de bens de capital12. Esta grande
quantidade de bens de capital gerou excesso de capacidade
produtiva, ocasionando o surgimento de capacidade ociosa. A
consequência é bastante clara: se há capacidade ociosa, não haverá
novos investimentos (é melhor usar a capacidade ociosa a realizar
novos investimentos) e se não há novos investimentos, a economia
para de girar, ocasionando diminuição da atividade econômica como
um todo.

 Inadequação institucional: o arcabouço legal e institucional não


favorecia a situação. Havia problemas no sistema financeiro, que
não permitia o acesso do “povo” ao financiamento. A legislação
vigente à época fora idealizada para uma situação de inflação ZERO,
o que estava bem longe de acontecer. Ou seja, o combate a
inflação era bastante dificultado pois não havia instrumentos legais
de política monetária e fiscal. A estrutura fundiária e o acesso à
educação também são consideradas causas da crise.

Neste contexto de desordem econômica e instabilidade, assumem o


governo os militares em 1964, tendo o Marechal Castelo Branco na
presidência da república. O governo Castelo Branco lançou o Plano de
Ação Econômica do Governo, o PAEG. 00956346901

Eram objetivos do PAEG:

o Acelerar o ritmo de desenvolvimento econômico;


o Conter o processo inflacionário;
o Atenuar os desequilíbrios setoriais e regionais;
o Aumentar o investimento e o emprego;
o Corrigir o desequilíbrio externo provocado no governo JK e não
solucionado no governo Jânio-João Goulart.

12
Bens de capital são aqueles bens usados na fabricação de outros bens. São importantes no
processo produtivo e não servem para serem comercializados visando ao consumo final.

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Para alcançar tais objetivos, foram tomados dois tipos de


medidas: 1) medidas de combate à inflação e 2) reformas
institucionais ou estruturais.

1) Medidas de combate à inflação

Foram tomadas três medidas:

o Para controlar a inflação, os militares reduziram o déficit


público13 mediante a redução dos gastos e ampliação das receitas
via reforma tributária (o déficit público reduziu-se de 4,2% do PIB,
em 1963, para 1,1% do PIB, em 1966).

o Houve restrição do crédito e aperto monetário. Uma das


medidas foi o aumento das taxas de juros. Como as dívidas de
muitas empresas eram baseadas nestas taxas de juros, houve
aumento do passivo dessas firmas, gerando uma onda de falências,
concordatas, fusões e incorporações, processo este que atingiu
principalmente as pequenas e médias empresas dos setores de
vestuário, alimentos e construção civil. Segundo Amaury Gremaud,
essa “limpeza de terreno” e o consequente aumento da
capacidade ociosa foram importantes fatores para a futura
retomada do crescimento.

o Arrocho salarial (houve grande redução do salário real dos


trabalhadores).

É importante ressaltar que os militares procuraram evitar


tratamentos de choque para acabar com a inflação. Prevaleceu a ideia de
que a inflação era um mal inevitável e a saída foi encontrar formas de
conviver com a inflação sem prejudicar o desenvolvimento econômico.
Assim, o combate se deu através de uma atitude gradualista,
contentando-se em controlar a aceleração inflacionária e obter ganhos
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paulatinos, baixando pouco a pouco o patamar inflacionário. Com essas


medidas e devido à própria retração econômica sentida até meados da
década de 1960, a inflação reduziu-se da casa dos 90% para os 20%
anuais entre 1964 e 1968.

2) Reformas institucionais ou estruturais

13
Segundo a teoria macroeconômica, há uma estreita relação entre déficits públicos e inflação. Isto
ocorre porque o governo é um grande agente da Economia. Se ele tem alta propensão a gastar
indiscriminadamente, haverá alta de preços em virtude do aumento da demanda agregada da
Economia (já que o governo é um grande demandante de bens e serviços).

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Foram instituídas três reformas institucionais, a saber:

2.1 Reforma tributária

o Realizada a partir do Código Tributário Nacional de 1966 e sua


consolidação pela constituição de 1967, introduziu a correção
monetária no sistema tributário14.

o Houve a alteração do formato do sistema tributário,


transformando-se os impostos do tipo cascata (que incidem a cada
transação sobre o valor total) em impostos do tipo valor
adicionado15.

o Quanto à questão da arrecadação, foram criados alguns fundos


parafiscais16 (como o FGTS e o PIS) que se constituíram em
importantes fontes de poupança compulsória, direcionadas ao setor
público. Ainda sobre a arrecadação, foi aplicada a política de
realismo tarifário (também chamada inflação corretiva17) que
tornou as empresas estatais geradoras de excedentes líquidos de
recursos.

o As principais consequências da reforma tributária foram o aumento


da arrecadação e a centralização das decisões de política
tributária.

2.2 Reforma monetário-financeira

As principais medidas tomadas foram:

00956346901

14
A ausência da correção monetária provocava desordem tributária, pois estimulava o atraso de
pagamentos no caso dos débitos fiscais e, no caso dos ativos e patrimônio das empresas, levava à
tributação de lucros que já não valiam o seu real valor da época do fato gerador.
15
A importância desta alteração foi romper o estímulo até então existente à integração vertical da
produção e facilitar a utilização dos impostos como instrumento de política de desenvolvimento e de
redução de distorções. Foi permitido o instituto da seletividade, adotando a diferenciação de
alíquotas de modo a facilitar a concessão de isenções e incentivos fiscais a atividades específicas.
16
Tributo parafiscal é aquele cujo objetivo é a arrecadação de recursos para custeio de atividades
que, em princípio, não integram funções próprias do estado.
17
A inflação corretiva (ou política de realismo tarifário) foi o aumento das tarifas dos serviços
públicos prestados pelas empresas estatais.

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o Instituição da correção monetária e criação da ORTN18.

o Criação do CMN (Conselho Monetário Nacional) e do BACEN


(Banco Central) com o objetivo de estruturar e regular um sistema
financeiro adequado, assim como garantir que a política monetária
fosse conduzida de forma independente.

o Criação do SFH (Sistema Financeiro da Habitação) e do BNH


(Banco Nacional da Habitação) com o objetivo de eliminar o déficit
habitacional existente, que era atribuído à falta de financiamento
para o setor. Uma das consequências indiretas de tal medida
também seria o aumento na oferta de emprego, devido ao
incremento da atividade da construção civil.

o Reforma do mercado de capitais pautada na estruturação de um


sistema caracterizado pela especialização/segmentação do
mercado, existindo instituições especializadas que atenderiam a
segmentos específicos do mercado (Bancos comercias  crédito de
curto prazo; financeiras  crédito ao consumidor; bancos de
investimento  crédito de médio e longo prazos; bancos de
desenvolvimento  operações especiais de fomento; etc).

2.3 Reforma da política externa

O principal objetivo da reforma da política externa era evitar as


pressões sobre o Balanço de Pagamentos. Para o atingimento desta meta,
foram adotadas duas linhas de ação: melhorar o saldo da balança
comercial e atrair capital estrangeiro.

o A melhora no saldo da balança comercial seria alcançada


mediante o estímulo e diversificação das exportações através de
uma série de incentivos fiscais e da modernização e dinamização
dos órgãos públicos ligados ao comércio internacional. O regime
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cambial vigente para o comércio externo foi unificado e simplificado.


Também foi adotado um sistema de minidesvalorizações cambiais a
partir de 1968 que objetivava manter os estímulos às exportações.

o Em relação à atração do capital estrangeiro, foi buscada uma


aproximação com a política externa norte-americana, renegociou-se
a dívida externa e firmou-se um acordo de garantias para o capital

18
As ORTN (Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional) eram uma espécie de título público e
tinham por objetivo dar credibilidade e viabilizar o desenvolvimento de um mercado de títulos
públicos que fornecesse instrumentos de financiamento não inflacionários do déficit público, bem
como possibilitasse as operações de mercado aberto, visando ao controle monetário.

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estrangeiro. Além disto, dois instrumentos legais foram
importantes: a lei 4.131, que dava acesso direto das empresas ao
sistema financeiro internacional, e a Resolução 63, que
possibilitava a captação de recursos externos pelos bancos
comerciais e de investimento para repasse e distribuição interna.
Esta resolução significou a colagem do sistema financeiro nacional
ao internacional e o início do processo de internacionalização
financeira no Brasil.

Conclusões acerca do PAEG: as reformas do PAEG provocaram


alterações profundas no quadro institucional da Economia Brasileira,
adaptando-a às necessidades de uma economia industrial. Assim,
podemos concluir que a política adotada no PAEG obteve sucesso na
redução das taxas inflacionárias e preparou o terreno para o
crescimento ocorrido no período do “milagre econômico”.

Questões de prova:

26. (FUNRIO – Economista – 2009) - Na história econômica


brasileira destaca-se o período conhecido por "Milagre
Econômico", quando as taxas de crescimento do PIB superaram
seus parâmetros de comportamento. Muitos analistas entendem
que os resultados econômicos obtidos nesse período têm sua
origem nas reformas e políticas econômicas implementadas pelo
Regime Militar instaurado em 1964. Assinale a opção que NÃO
relaciona reformas e políticas adotadas neste período:
a) Reforma Tributária consolidada pela Constituição de 1967.
b) Reforma do Sistema Financeiro e Monetário, incluindo a criação do
Banco Central.
c) Política de incentivo às exportações, aproveitando a capacidade ociosa
derivada da crise econômica.
d) Política de melhoria da distribuição de renda das classes menos
favorecidas, objetivando ampliar o mercado de bens de consumo não
duráveis. 00956346901

e) Criação de segmento específico para financiamento habitacional com


vistas a aumentar a oferta de emprego na indústria de construção civil.

COMENTÁRIOS:
a) Correta. Criação do CTN (Código Tributário Nacional em 1966 e
consolidação da nova estrutura tributária em 1967, com a nova
Constituição).

b) Correta. Foram criados o BACEN e CMN.

c) Correta.

d) Incorreta. Não era objetivo do PAEG a melhoria da distribuição da

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renda. Na verdade, uma das medidas de combate à inflação adotada foi
justamente o arrocho salarial, o que não em nada contribui para a
melhoria de distribuição da renda.

e) Correta. Foram criados o SFH e o BNH.

GABARITO: D

27. (CESGRANRIO - Economista - Petrobras – 2008) - O Plano de


Ação Econômica do Governo (PAEG), de 1964, NÃO incluía entre
as medidas que o compunham um programa de:
a) ajuste fiscal com base em aumentos da arrecadação tributária e das
tarifas públicas.
b) limitação e controle dos reajustes salariais.
c) limitação e controle do crédito ao setor privado.
d) redução paulatina da expansão dos meios de pagamentos.
e) redução das tarifas públicas para combater a inflação.

COMENTÁRIOS:
a) Correto. A reforma tributária provocou aumentos da arrecadação
tributária e das tarifas públicas (inflação corretiva ou política de realismo
tarifário).

b) Correto. Foi uma das medidas para controlar a aceleração


inflacionária.

c) Correto. Uma das medidas para controlar a aceleração inflacionária foi


a restrição de crédito e o aperto monetário.

d) Correto. Idem item c.

e) Incorreto. A reforma tributária provocou o aumento da arrecadação


tributária através, entre outros motivos, da inflação corretiva ou política
de realismo tarifário. Tal política consistiu no aumento das tarifas
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públicas provenientes dos serviços públicos prestados pelas empresas


estatais.

GABARITO: E

28. (CESPE/Unb - Economista DFTRANS – 2008) - O sucesso do


Plano PAEG (1964-67) está mais associado ao conjunto de
transformações institucionais impostas ao país do que ao controle
inflacionário.

COMENTÁRIOS:
O sucesso do PAEG, assim como as altas taxas de crescimento
verificadas no período do “milagre econômico”, foram possíveis graças às

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transformações institucionais que possibilitaram o desenvolvimento do
modelo econômico industrial brasileiro.

GABARITO: CERTO

29. (CESPE/Unb - Economia - Pref. Vila Velha/ES – 2008) - O


Plano PAEG (1964-1967) foi uma coordenação de medidas para
estabilização inflacionária e de fortes mudanças institucionais.

COMENTÁRIOS:
A assertiva simplesmente sintetiza o que o foi o PAEG. Correta, portanto.

GABARITO: CERTO

30. (CESGRANRIO - Profissional Básico – ECONOMIA BNDES –


2008) - O PAEG (Plano de Ação Econômica do Governo) e as
reformas implementadas em 1964 e nos anos imediatamente
subsequentes, no Brasil,
a) aumentaram substancialmente os salários.
b) aumentaram as restrições à entrada de capitais externos.
c) diminuíram a carga fiscal dos contribuintes.
d) criaram o Banco Central do Brasil.
e) eliminaram a correção monetária no país.

COMENTÁRIOS:
a) Incorreta. O arrocho salarial foi uma das medidas para conter a
aceleração inflacionária.

b) Incorreta. O incentivo à entrada de capital externo foi uma das


reformas da política externa, visando reduzir as pressões sobre o Balanço
de Pagamentos.

c) Incorreta. A reforma tributária implementada aumentou a arrecadação


tributária. Foram criados fundos parafiscais e as tarifas públicas foram
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aumentadas (inflação corretiva – ou política de realismo tarifário).

d) Correta.

e) Incorreta. A correção monetária foi uma medida adotada na reforma


monetário-financeira e tinha, entre outros, o objetivo de acabar com a
desordem no sistema tributário.

GABARITO D

31. (CESPE/Unb - Analista de Meio Ambiente e de Recursos


Hídricos - IEMA/SEAMA – CESPE 2007) - Para combater a
inflação, o Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG) recorreu

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a políticas fiscais e monetárias restritivas. Porém, esse plano não
continha nenhuma forma de controle salarial.

COMENTÁRIOS:
A assertiva vai bem até o momento em que fala que não houve controle
salarial. Conforme já sabemos, houve arrocho salarial. Incorreta,
portanto, a assertiva.

Quanto às políticas fiscal e monetária, ambas foram


restritivas/recessivas/anti-inflacionárias. A política fiscal restritiva se
materializou na forma de redução do déficit público e a política monetária
restritiva se materializou na restrição do crédito, aumento das taxas de
juros e aperto monetário.

GABARITO: ERRADO

32. (CESGRANRIO - Economista JR – PETROBRÁS – 2007) - O


programa econômico implementado a partir de 1964, conhecido
como PAEG, NÃO listava entre seus objetivos:
a) conter progressivamente o processo inflacionário.
b) corrigir os déficits descontrolados do balanço de pagamentos.
c) acelerar o ritmo de desenvolvimento econômico.
d) promover aumentos salariais para a população.
e) assegurar, pela política de investimentos, oportunidades de emprego
produtivo.

COMENTÁRIOS:
Conforme sabemos, não era objetivo da PAEG promover aumentos
salariais, mas, sim, o controle salarial como forma de conter a aceleração
inflacionária.

GABARITO: D

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5. MILAGRE ECONÔMICO

As reformas implantadas pelo PAEG obtiveram sucesso e preparam


terreno para o período da história brasileira de maior crescimento
econômico, com relativa estabilidade de preços. A taxa média de
crescimento do produto esteve acima dos 10% anuais enquanto a inflação
permaneceu entre 15 a 20% anuais (apenas com exceção de 1968). Veja
a tabela abaixo:

Crescimento do PIB e taxa de inflação


ANO PIB INFLAÇÃO
1968 9,8% 25,5%

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1969 9,5% 19,3%
1970 10,4% 19,3%
1971 11,3% 19,5%
1972 12,1% 15,7%
1973 14,0% 15,6%
Fonte: IBGE (retirado de “Economia Brasileira Contemporânea”, Giambiagi e Cia)

Essa performance foi possível graças às reformas institucionais do


PAEG e à recessão do período anterior, que geraram uma capacidade
ociosa no setor industrial e as condições necessárias para a retomada da
demanda. Além disso, o crescimento da economia mundial também
ajudou ao crescimento brasileiro.

Os militares buscaram o crescimento que gerou o “milagre” através


das seguintes fontes:

o Retomada do investimento público em infraestrutura,


possibilitada pela recuperação financeira do setor público com a
reforma fiscal (política fiscal expansionista);
o Aumento dos investimentos das empresas estatais (política
fiscal expansionista);
o Aumento da produção de bens duráveis que tiveram sua
demanda aumentada em virtude da expansão do crédito (política
monetária expansionista) ao consumidor pós-reforma financeira.
Assim, a ampliação do mercado consumidor ocorreu pelo
endividamento familiar;
o Construção civil que teve expressivo crescimento derivado do
aumento dos investimentos públicos e a maior demanda por
habitação proporcionada pela expansão de crédito do SFH
(política monetária expansionista);
o Crescimento das exportações ocasionado pela expansão do
comércio mundial, originado pela política cambial
(minidesvalorizações cambiais) e incentivos fiscais aos
exportadores (política fiscal expansionista).
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 É importante não confundir algumas políticas adotadas no Milagre


Econômico com aquelas adotadas no PAEG, que possibilitaram o
crescimento visto no Milagre Econômico. As reformas e medidas
implantadas no PAEG (1964-1968) precederam as medidas
implantadas no Milagre Econômico. Assim, aquele precedeu este.
Apenas para exemplificar: no PAEG foram utilizadas políticas fiscal e
monetária restritivas para controlar a inflação. Já no Milagre
Econômico, tivemos políticas expansionistas, isto é, não se deve
confundir as medidas tomadas nos distintos períodos.

Apesar do alto crescimento econômico verificado, durante o Milagre


Econômico, houve piora da distribuição de renda no Brasil. Além disso,

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alguns importantes indicadores de bem-estar social declinaram, apenas
para citar alguns:

o Parcela da força de trabalho que trabalhava acima de 50 horas


semanais cresceu;
o Aumento do uso mão-de-obra feminina e infanto-juvenil, não como
forma de promover a emancipação feminina, mas como um
mecanismo de superexploração do trabalho, tendo em vista a
grande diferença salarial entre homens e mulheres;
o Número de jovens com menos de 18 anos que ganhavam salários
inferiores ao mínimo era alto (quase 70%).

Questões de prova:

33. (ESAF – Analista de Políticas Sociais – MPOG – 2012) - No


“Milagre Econômico Brasileiro”, período da história recente da
economia brasileira caracterizado por altas taxas de crescimento
econômico, pode-se observar:
a) um aumento na demanda de bens de consumo não duráveis, em
detrimento do consumo de bens não duráveis.
b) redução do investimento das empresas estatais.
c) recuperação do investimento público em infraestrutura.
d) redução das exportações devido à deterioração dos termos de troca.
e) déficits contínuos na balança comercial brasileira.

Comentários:
A única correta é a letra C.

Seguem os erros das demais alternativas:

a) um aumento na demanda de bens de consumo duráveis, em


detrimento do consumo de bens não duráveis.

b) aumento do investimento das empresas estatais.


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d) crescimento das exportações.

e) superávits contínuos na balança comercial brasileira.

Gabarito: C

34. (CESPE/Unb - Especialista em Regulação – ANTAQ 2009) - O


período compreendido entre 1968 e 1973, ficou conhecido como o
do "milagre brasileiro" por causa das altas taxas de crescimento
econômico combinadas com índices de inflação relativamente
baixos, que vigoravam à época.

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COMENTÁRIOS:
A taxa de inflação variou entre 15 a 25%, com estabilidade (sem
tendência aceleracionista). A banca considerou que tais índices são
relativamente baixos.

GABARITO: CERTO

35. (CESPE - Analista Administrativo e Financeiro – SEGER/ES -


2009) - O forte crescimento da economia brasileira durante o
período conhecido como "milagre brasileiro" caracterizou-se
pelas fortes pressões inflacionárias decorrente da plena utilização
da capacidade produtiva durante esse período.

COMENTÁRIOS:
Conforme visto na questão passada, o crescimento econômico foi
acompanhado de certa estabilidade na inflação. Incorreta, portanto, a
assertiva.

GABARITO: ERRADO

36. (CESGRANRIO - Economista Petrobras – 2008) - Na fase


chamada de "milagre" na economia brasileira, de 1968 a 1973,
a) o PIB real cresceu muito às custas de um grande aumento da inflação.
b) a política monetária foi mais expansiva do que no triênio 1964-1967.
c) as importações do país se reduziram devido ao esforço de substituição
de importações.
d) houve uma redução substancial do déficit em conta corrente do
balanço de pagamentos.
e) houve extensa redistribuição de renda para as classes sociais mais
pobres.

COMENTÁRIOS:
a) Incorreta. Idem comentário das questões anteriores.
00956346901

b) Correta. O triênio 1964-1967 foi marcado pelo PAEG, o qual efetivou


políticas monetária e fiscal restritivas a fim de controlar a inflação. A
partir de 1968, quando a inflação finalmente atingiu patamares estáveis,
a política monetária se tornou menos restritiva. Vale destacar o aumento
do endividamento externo surgido em virtude da possibilidade à
contratação de crédito externo (lei 4.131 e resolução 63) e captação de
recursos no exterior a juros mais baixos que aqueles praticados
internamente.

c) Incorreta. A expansão econômica vivida no período gerou uma


demanda maior de bens de capital e bens intermediários, causada pela
insuficiência de oferta interna. Essa demanda gerava pressão por
importações, que foi ainda mais estimulada pela política do Conselho de

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Desenvolvimento Industrial – CDI, que concedeu incentivos à importação
destes bens de forma indiscriminada e foi bastante liberal nas
importações. Desta forma, as importações cresceram bastante no
período, de US$ 1.855 milhões em 1968 para US$ 6.192 milhões em
1973.

Apenas aproveitando o assunto importações, ressalto igualmente que o


valor das exportações também cresceu consideravelmente e acompanhou
o crescimento das importações, de forma que a balança comercial esteve
equilibrada no período (veja que estou falando apenas da balança
comercial – exportações MENOS importações - e não do balanço de
pagamentos como um todo). O aumento das exportações ocorreu devido
às reformas na política externa implantadas no PAEG, principalmente a
política cambial (minidesvalorizações no período) e comercial (incentivos
fiscais aos exportadores). Além disso, o concomitante crescimento do
comércio mundial decorrente do excesso de liquidez internacional19
ajudou bastante.

d) Incorreta. Apesar do equilíbrio na balança comercial, não podemos


falar o mesmo do balanço de transações correntes, que apresentou
déficits crescentes no período20. Isto ocorreu devido ao crescimento da
dívida externa e a penetração do capital estrangeiro em nossa economia.
O pagamento de juros e envio de lucros ao exterior são contabilizados no
balanço de serviços e rendas (antiga metodologia do balanço de
pagamentos), que era altamente deficitário, provocando déficit no
balanço de transações correntes21. Desta forma, a alternativa está
incorreta, pois houve aumento substancial do déficit em conta corrente.
Apenas a título de ilustração, veja a tabela abaixo:

Balança comercial e transações correntes (em US$ milhões)


ANO Balança Comercial Transações correntes
1968 +26 -508
1969 +378 -281
1970 +232 -562
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1971 -341 -1.037


1972 -244 -1.489

19
Àquela época, os EUA incorreram em elevados déficits públicos financiados com expansão
monetária. Esta expansão monetária aumentou a quantidade de meios de pagamento no sistema
financeiro internacional, aumentando a liquidez e facilitando o comércio mundial. Além do capital
norte-americano, havia também os petrodólares provenientes dos superávits dos países produtores
de petróleo que, sem oportunidades de aplicação interna, disponibilizavam ou aplicavam junto ao
sistema financeiro internacional.
20
Em 1968, o déficit em transações correntes foi de US$ 508 milhões. Em 1973, US$ 1688 milhões.
21
Saldo do balanço de transações correntes = saldo da balança comercial + saldo do balanço de
serviços e rendas +/- transferências. Como o balanço de serviços e rendas era bastante deficitário, o
saldo em transações correntes também era, influenciado em grande parte por aquele.

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1973 +7 -1.688
Fonte: Conjuntura Econômica (“Economia Brasileira Contemporânea”, Gremaud e
Cia).

e) Incorreta. A principal crítica ao milagre econômico foi a intensificação


da concentração de renda. Muitos críticos afirmavam que primeiro era
preciso crescer, para depois dividir. Esta ficou sendo conhecida como a
teoria do bolo, segundo a qual o bolo primeiro deveria crescer para
depois ser dividido. Outra corrente afirmava que a concentração de renda
era nada mais que uma tendência natural de um país que se desenvolvia
e que demandava crescentemente mão-de-obra qualificada. Dada a
escassez deste tipo de mão-de-obra, quem era qualificado (tinha, por
exemplo, um diploma universitário) experimentou aumentos de renda
maiores que aqueles da população não qualificada.

GABARITO: B

37. (CESPE/Unb - Analista de Controle Externo – TCE/AC – 2008)


- No período de crescimento acelerado (1968-1972), a expansão
da demanda agregada foi viabilizada pelo aumento do
investimento público, pela adoção de políticas fiscais e
monetárias expansionistas, bem como pela utilização de um
sistema de incentivos à exportação de produtos manufaturados.

COMENTÁRIOS;
Após as medidas de sucesso implantadas pelo PAEG, os militares
buscaram o crescimento que gerou o “milagre” através das seguintes
fontes:

 Retomada do investimento público em infraestrutura,


possibilitada pela recuperação financeira do setor público com a
reforma fiscal (política fiscal expansionista);
 Aumento dos investimentos das empresas estatais (política
fiscal expansionista); 00956346901

 Aumento da produção de bens duráveis que tiveram sua


demanda aumentada em virtude da expansão do crédito
(política monetária expansionista) ao consumidor pós-reforma
financeira. Assim, a ampliação do mercado consumidor ocorreu
pelo endividamento familiar;
 Construção civil que teve expressivo crescimento derivado do
aumento dos investimentos públicos e a maior demanda por
habitação proporcionada pela expansão de crédito do SFH
(política monetária expansionista);
 Crescimento das exportações ocasionado pela expansão do
comércio mundial, originado pela política cambial
(minidesvalorizações cambiais) e incentivos fiscais aos
exportadores (política fiscal expansionista).

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GABARITO: CERTO

38. (CONESUL - Economista Jr. CORREIOS – 2008) - As taxas de


crescimento anual do PIB na economia brasileira, durante o
período 1968-1973, estiveram entre
a) 18% e 25%.
b) 13% e 20%.
c) 8% e 15%.
d) 3% e 10%.
e) 0% e 5%.

COMENTÁRIOS:
Questão covarde esta, não? Conforme tabela apresentada no
tópico, o ano de 1969, em que se registrou o menor crescimento,
apresentou aumento do PIB da ordem de 9,5%; enquanto o ano de
1973, quando se viu o maior crescimento, apresentou aumento do PIB na
casa dos 14%. Isto é, o crescimento ocorreu na faixa entre 9,5 e 14%.
Portanto, correta a letra c.

GABARITO: C

39. (CONESUL - Economista Jr. CORREIOS 2008) - Dentre as


principais fontes de crescimento no período conhecido como
"Milagre Econômico", não está o(a)
a) retomada do investimento público em infraestrutura.
b) aumento de investimentos das empresas estatais.
c) crescimento da demanda por bens de consumo durável.
d) crescimento da construção civil.
e) aumento da distribuição de renda.

COMENTÁRIOS:
O aumento da distribuição de renda não esteve relacionado ao
crescimento observado no Milagre Econômico. A renda aumentou como
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um todo, mas a distribuição dela piorou.

GABARITO: E

40. (CONESUL - Economista Jr. CORREIOS – 2008) - O rápido


crescimento econômico ao longo do Milagre Econômico
I. Caracterizou-se pela ocupação de toda capacidade ociosa.
II. Levou ao aparecimento de alguns desequilíbrios que gerariam
pressões inflacionárias.
III. Criou condições de maior independência em relação à
situação externa.
IV. Levou ao aparecimento de alguns desequilíbrios que gerariam
problemas na balança comercial.

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Estão corretas apenas:

a) a I e a III.
b) a I e a IV.
c) a II e a III.
d) a I, a II e a III.
e) a I, a II e a IV.

COMENTÁRIOS:

I. Correta. A performance da Economia Brasileira durante o Milagre


Econômico é atribuída às reformas institucionais do PAEG e à recessão do
período anterior, que geraram uma capacidade ociosa22 no setor
industrial. Assim, no início do Milagre Econômico, já havia uma certa
estrutura de produção pronta que, no entanto, estava ociosa. Com a
retomada do crescimento, o uso desta estrutura ociosa contribuiu para as
altas taxas de crescimento verificadas.

II. Correta. A expansão da economia e o uso de políticas fiscal e


monetária expansionistas causaram pressões inflacionárias. Apenas para
enriquecer o comentário: a visão da época era de que a inflação deveria
ser combatida através do controle de preços e não mais através da
redução da demanda agregada da economia. Assim, foi criado em 1968 o
Conselho Interministerial de Preços – CIP. Ele deveria controlar os
reajustes de preços, os quais deveriam ter aprovação prévia do governo,
com base nas variações de custos23.

III. Incorreta. O Milagre Econômico criou condições de maior


dependência externa, tendo em vista o crescimento dos déficits no
balanço de transações correntes, aumento da dívida externa e a
dependência do capital externo para o financiamento das atividades
produtivas24.
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IV. Correta. O Milagre Econômico resultou em desequilíbrios no balanço


de transações correntes e NÃO na balança comercial. Desta forma,

22
P
PAEG
23
No início do milagre, as autoridades passaram a enxergar a inflação, que antes era vista como
inflação de demanda, como sendo uma inflação de custos. Com isso, afrouxaram-se as políticas de
contenção da demanda (fiscal e monetária) exceção feita à política salarial, considerada como
elemento de custos. Assim, só eram admitidos aumentos de preços se restasse comprovado pelo
setor produtivo que houve aumento de custos, caso contrário, o reajuste de preços não era
autorizado.
24
Neste ponto, a lei 4.131 e a resolução 63 foram essenciais para a captação de recursos no exterior.
Estes recursos serviram para o financiamento das atividades produtivas.

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creio que a banca se equivocou ao considerar a assertiva correta, já que
a balança comercial apresentou equilíbrio no período. Segue abaixo
extrato do livro “Economia Brasileira Contemporânea” de Amaury
Greamaud, Marco A. S. Vasconcelos e Rudinei Toneto:

“...A conjugação destes fatores levou tanto ao


crescimento da quantidade exportada como à melhora
dos termos de troca25, redundando numa balança
comercial equilibrada no período.” (Grifo nosso)

GABARITO: E

41. (CESPE/Unb - Economista DFTRANS – 2008) - O milagre


econômico brasileiro (1968-1973), apesar de proporcionar um
crescimento econômico significativo, levou ao agravamento da
concentração de renda e à deterioração de importantes
indicadores de bem-estar social.

COMENTÁRIOS:
Conforme já aventado anteriormente, o Milagre Econômico piorou a
distribuição de renda no Brasil. Além disso, alguns importantes
indicadores de bem-estar social declinaram, apenas para citar alguns:

 Parcela da força de trabalho que trabalhava acima de 50 horas


semanais cresceu;
 Aumento do uso mão-de-obra feminina e infanto-juvenil, não como
forma de promover a emancipação feminina, mas como um
mecanismo de superexploração do trabalho, tendo em vista a
grande diferença salarial entre homens e mulheres;
 Número de jovens com menos de 18 anos que ganhavam salários
inferiores ao mínimo era alto (quase 70%).

GABARITO: CERTO
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42. (CESPE/Unb - Economia - Pref. Vila velha/ES – 2008) - No


período do milagre econômico brasileiro (1968-1973), houve
grande crescimento do comércio mundial e dos fluxos financeiros
internacionais e teve como uma das consequências a melhora de
todo o quadro social no país.

COMENTÁRIOS:
Conforme já sabemos, não houve melhora de TODO o quadro social

25
A melhoria dos termos de troca aconteceu devido às minidesvalorizações cambiais que
aumentaram o valor monetário recebido pelos exportadores decorrente das suas vendas ao
exterior.

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no país. Alguns indicadores de bem-estar social declinaram além do fato
da distribuição de renda haver piorado.

GABARITO: ERRADO

43. (CESGRANRIO - Profissional Básico - BNDES – 2008) - O PIB


real do Brasil cresceu muito rapidamente durante o período de
"Milagre Econômico" (1968-1973). Tal crescimento:
a) ocorreu acompanhado de grande aceleração da taxa de inflação.
b) ocorreu acompanhado de substancial redistribuição de renda para as
classes mais pobres.
c) foi ajudado pelo aumento do preço de petróleo na década de 1970.
d) foi acompanhado de piora nas contas externas do país.
e) arrefeceu, a partir de 1974, devido à insuficiência da capacidade de
produção doméstica de petróleo e de bens de capital.

COMENTÁRIOS:
a) Incorreta. A inflação variou entre 15 e 20% anuais, com exceção
apenas do ano de 1968.

b) Incorreta. Não houve melhoria na distribuição da renda.

c) Incorreta. Na verdade, foi atrapalhado pela primeira crise internacional


do petróleo. Mas, este assunto veremos daqui a pouco.

d) Incorreta. Nós vimos que houve grandes déficits em transações


correntes, no entanto, devido ao aumento da dívida externa e captação
de capital estrangeiro, a conta de capitais do balanço de pagamentos
sempre esteve positiva e mais que compensou o déficit em transações
correntes. Desta forma, o balanço de pagamentos como um todo
apresentou saldos superavitários entre 1968 e 1973. Assim, não houve
piora nas contas externas.

 Nota: Quando é falado em “contas externas”, quer se falar, na


00956346901

verdade, do saldo do balanço de pagamentos como um todo. Como


este foi positivo no período, não houve piora nas contas externas.
Não confunda contas externas (saldo do BP) com dívida externa. É
perfeitamente viável haver aumento da dívida externa (aumento da
dependência externa) e saldos positivos no balanço de
pagamentos. Por exemplo: ao se tomar empréstimos no exterior,
cria-se um passivo na conta externa do país, mas, ao mesmo
tempo, entram divisas estrangeiras que aumentam imediatamente
o volume das reservas internacionais (portanto, aumenta o saldo
do BP). Mas veja que este empréstimo causou aumento da dívida
externa (portanto, aumento de dependência externa), mas não
causou piora das contas externas (saldo do BP) no momento da
tomada do empréstimo.

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e) Correta. A primeira crise do petróleo foi uma das causas do


arrefecimento do crescimento econômico. Veremos sobre isso daqui a
pouco.

GABARITO: E

44. (NCE/UFRJ - Analista Administrativo – ANAC – 2007) - Pode-


se afirmar que o período conhecido como o do "Milagre
Econômico":
a) ocorreu nos primeiros anos da década de 1970 e foi viabilizado pela
grande liquidez de recursos no mercado internacional, em particular, de
"petrodólares";
b) ocorreu na segunda metade da década de 1970 e foi possível devido
aos grandes investimentos feitos, no âmbito do 2º Plano Nacional de
Desenvolvimento (II PND), sobretudo em infraestrutura;
c) ocorreu na segunda metade da década de 1970 e foi possível devido à
maturação de investimentos feitos em indústrias intensivas em mão-de-
obra e voltadas ao consumo doméstico;
d) ocorreu nos primeiros anos da década de 1980, tendo sido viabilizado
pela entrada de recursos externos, especialmente, de "petrodólares";
e) ocorreu na segunda metade da década de 1980 e foi possível devido
ao forte crescimento da demanda interna propiciado pelo lançamento do
Plano Cruzado.

COMENTÁRIOS:
Questão fácil! Exigiu o mero conhecimento do período histórico em
que ocorreu o Milagre Econômico: de 1968 a 1973. Desta forma, a única
alternativa viável como resposta é a letra a.

GABARITO: A

45. (ESAF - Analista de Controle Externo – TCU – 2002) - Sobre a


época do milagre econômico (1968 - 1973) considere as três
00956346901

afirmações a seguir:

I. Foi um período marcado por elevadas taxas de crescimento


econômico sendo que os setores de bens de consumo duráveis e
da construção civil estão entre os mais importantes em termos de
crescimento econômico do período.
II. Foi marcado pela redução do número de empresas estatais,
iniciando-se ali o processo de privatização.
III. Houve expansão do crédito doméstico destinado ao
consumidor além da ampliação do endividamento externo do país.

Considerando tais afirmações é correto dizer que:


a) apenas I e III estão corretas

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b) apenas I e II estão corretas
c) apenas II e III estão corretas
d) apenas I está correta
e) todas estão corretas

COMENTÁRIOS:

I. Correta. A ampliação do crédito ao mercado consumidor aumentou a


demanda por bens duráveis e a criação do Sistema Financeiro da
Habitação (SFH) acabou por impulsionar o setor da construção civil.

II. Incorreta. O Milagre Econômico foi um período marcado pela elevada


participação e intervenção do setor público na economia, o qual
respondia por boa parte dos investimentos através das empresas
estatais.

III. Correta. O desenvolvimento do sistema financeiro nacional expandiu


o crédito à população de uma forma geral. Ao mesmo tempo, a lei 4.131
e a resolução 63 geraram estímulos à captação de recursos no exterior,
gerando aumento da dívida externa.

GABARITO: A

46. (ESAF - Analista de Controle Externo – TCU – 2000) - O


chamado "milagre brasileiro", período que vai de 1968 a 1973,
não pode ser caracterizado por:
a) altas taxas de crescimento econômico sustentadas por setores como o
de bens de consumo duráveis e construção civil.
b) um crescimento elevado apesar da manutenção do controle de
demanda agregada por parte do governo como forma de combater a
inflação.
c) aproveitar-se inicialmente de capacidade ociosa existente na economia
brasileira.
d) um crescimento do endividamento brasileiro feito principalmente por
00956346901

empresas privadas.
e) uma diversificação da pauta de exportações brasileiras.

COMENTÁRIOS:
a) Correta.

b) Incorreta. Durante o Milagre Econômico, não houve preocupação com


o controle da demanda agregada. Foi adotada a teoria da inflação de
custos, segundo a qual, a principal causa da inflação não é o aumento da
demanda, mas, sim, o aumento dos custos. Desta forma, ocorreu o
afrouxamento sobre o controle da demanda.

c) Correta.

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d) Correta. A possibilidade de as empresas realizarem empréstimos junto


ao sistema financeiro internacional (lei 4.131 do PAEG) e, ao mesmo
tempo, a autorização para que os bancos captassem recursos no exterior
(resolução 63) e os repassassem ao mercado interno fizeram com que
grandes empresas (geralmente multinacionais) e bancos fossem os
maiores tomadores de empréstimos externos. Ou seja, o crescimento do
endividamento externo brasileiro na época do Milagre Econômico, em sua
maior parte, foi causado pelo setor privado.

e) Correta. A política de isenções fiscais aos exportadores aliada à


expansão do comércio mundial diversificaram a pauta de exportações
brasileiras.

GABARITO: B

...

Bem pessoal, nesta parte da aula, é só!

Agora, segue a lista das questões sem os comentários, caso vocês


queiram tentar resolvê-las sem ver o gabarito.

Abraços e até a próxima!

Heber Carvalho e Jetro Coutinho

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LISTA DAS QUESTÕES APRESENTADAS

BOLSA PRÊMIO VOCAÇÃO PARA A DIPLOMACIA – INSTITUTO RIO


BRANCO – CESPE 2009 - Acerca das características econômicas e
sociais da América Portuguesa Colonial, julgue os seguintes itens.

01. No período da economia açucareira, os portugueses lucravam


na produção do açúcar, no seu refino e em sua distribuição na
Europa.

02. Na atividade açucareira, havia maior diversidade ocupacional


(administradores, artistas, artesãos etc.) do que na economia de
mineração, que era voltada para a extração de ouro.

03. Os paulistas descobriram as minas de ouro e foram os


primeiros a explorá-las.

DIPLOMATA – INSTITUTO RIO BRANCO – CESPE 2004 - O estudo


da formação da economia brasileira é relevante para a
compreensão da situação econômica atual. A respeito desse
assunto, julgue o item a seguir.

04. Na visão de Celso Furtado, contrariamente ao que ocorreu no


setor açucareiro, cujas decisões de produção e comercialização
eram dissociadas, na economia cafeeira, os interesses da
produção e do comércio estiveram entrelaçados em razão de a
vanguarda do café ser formada por empreendedores com
experiência comercial, situação que permitiu ao país tirar proveito
da expansão do comércio mundial.

DIPLOMATA – INSTITUTO RIO BRANCO – CESPE 2003 - A análise


do processo histórico de formação da economia brasileira é
00956346901

importante para o entendimento dos problemas econômicos do


Brasil. Com relação a esse assunto, julgue os seguintes itens.

05. Contrariamente aos EUA, onde a dificuldade de importar


manufaturas criou, desde cedo, a necessidade de fomentar a
produção interna, na economia açucareira no Brasil, o fluxo de
renda se estabelecia entre a unidade produtiva e o exterior,
restringindo o crescimento do setor industrial.

06. A redução do preço dos alimentos e dos animais de transporte


nas regiões vizinhas, decorrente da lucratividade elevada e da
mobilidade da empresa mineira, constituiu parte importante da
irradiação dos benefícios econômicos da mineração.

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DIPLOMATA – INSTITUTO RIO BRANCO – CESPE 2006 - Julgue (C
ou E) os itens seguintes.

07. Na colonização do Brasil, a atividade pecuária procurou


utilizar lugares que não eram atrativos para a plantação de
produtos tropicais.

08. O engenho não demandava altos investimentos, sendo, assim,


acessível a todos os segmentos envolvidos na colonização do
Brasil.

09. A colônia podia ser considerada um anexo do território


metropolitano e, portanto, um prolongamento não contíguo de
Portugal. CERTO

10. A descoberta de ouro em Minas Gerais, no início do século


XVII, inibiu a expansão da economia açucareira.

11. (Provão de Economia-MEC/2000) – “O número de engenhos,


60 em 1570, conheceu intensa expansão, passando para 346 (em
1629) e para 528 (por volta de 1710) (...) Ao iniciar-se o século
XVIII, a economia açucareira do Brasil achava-se em crise (...) ”
STEIN, S.J. e STEIN, B.H. A Herança Colonial da América Latina.
1977
Atuou como causa da crise na produção de açúcar no Brasil:
a) a expansão da produção de açúcar nas Antilhas, que provocou a queda
nos preços do produto na Europa.
b) o crescimento da atividade de mineração, que promoveu a
transferência de recursos produtivos para Minas Gerais.
c) o esgotamento da produtividade dos antigos engenhos, que exigiu o
deslocamento do cultivo para o interior, aumentando os custos de
transporte.
d) o aumento do preço da mão-de-obra escrava, em função da repressão
ao tráfico negreiro comandado pela Inglaterra.
00956346901

e) o boicote ao açúcar das colônias portuguesas realizado pela Holanda,


que controlava a distribuição do produto na Europa.

12. (Provão de Economia-MEC/1999) - O império colonial


português estava “... fundado naquilo que se convencionou
chamar de o pacto colonial”. (Prado Junior)
O elemento marcante do pacto colonial foi o(a):
a) conjunto de políticas de estímulo à organização de base produtiva
diversificada voltada ao mercado externo.
b) exclusivismo do comércio entre as colônias e a metrópole.
c) estímulo à integração econômica interna a fim de aumentar a
produtividade média das colônias.
d) política tributária baseada na cobrança do "quinto".

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e) utilização do trabalho escravo na produção de produtos para
exportação.

13. (Provão de Economia-MEC/2001) - Ao longo da história do


império colonial português, há eventos que revelam
fortalecimento do mercantilismo e da exploração portuguesa dos
negócios mercantis, e outros que revelam enfraquecimento da
burguesia portuguesa e favorecimento de interesses de outras
nações nesses negócios. Considere os eventos históricos listados
abaixo.
I - Fundação de companhias de comércio portuguesas nos séculos
XVII e XVIII
II - Tratado de Methuen
III - Ministério do Marquês de Pombal

É(São) fator(es) de enfraquecimento do mercantilismo ou da


exploração colonial portuguesa apenas:
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.

14. (Provão de Economia-MEC/2002) – O período do chamado


“ciclo do ouro”, no séc. XVIII, apresentou importantes
conseqüências na formação do Brasil Colônia, entre as quais pode
ser citada:
a) maior integração entre as diversas regiões da colônia.
b) ruína da economia açucareira.
c) reversão dos fluxos migratórios portugueses para o Brasil.
d) intensificação da busca das chamadas “drogas do sertão”.
e) queda da arrecadação de impostos.

15. (FUNRIO - Economista – 2009) - As bases para o


00956346901

desenvolvimento do capitalismo moderno no Brasil foram criadas


pelo Presidente Getúlio Vargas. Que instrumentos de política
econômica foram adotados a fim de criar essas bases?
a) Política monetária e fiscal de fundo ortodoxo.
b) Política agressiva e sistemática de estímulos às exportações.
c) Política industrial executada pelo BNDE e voltada para os setores de
bens de consumo duráveis.
d) Desenvolvimento de um sistema financeiro sólido e diversificado.
e) Planejamento econômico e criação de empresas estatais.

16. (CESPE/Unb – Analista de Controle Externo – TCE/AC – CESPE


2009 - De acordo com a visão estruturalista da inflação, o setor
agrícola, por gerar mão-de-obra, matérias-primas e divisas,

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desempenhou um papel fundamental no processo de crescimento
baseado na substituição de importações.

17. (CESPE/Unb – Especialista em Regulação – ANTAQ – 2009) - O


acúmulo de saldos positivos na balança comercial brasileira, no
início dos anos 40 do século passado, resultante da situação
criada pela Segunda Guerra Mundial, foi essencial para o processo
de industrialização brasileiro.

18. (CESGRANRIO – Economista - PETROBRAS – 2008) - A


Instrução 70 da SUMOC, baixada em outubro de 1953 no Governo
Vargas,
a) restabeleceu o monopólio cambial do Banco do Brasil.
b) extinguiu o sistema de leilões cambiais vigente no país.
c) limitou a expansão de meios de pagamento no Brasil a 10% aa.
d) congelou a taxa de câmbio cruzeiro/dólar americano.
e) criou o Banco Central do Brasil.

19. (CESPE/Unb - Analista de Controle Externo – TCE/AC - 2008) -


Com respeito ao processo de industrialização da economia
brasileira, assinale a opção correta.
a) Ao longo do período de 1945 e 1955, a forte expansão da indústria de
transformação se deu na ausência de políticas intervencionistas,
representando, assim, uma vitória das teses liberais sobre o "estatismo-
nacional".
b) A concepção de acordo com a qual o crescimento industrial coincidia
com a expansão da economia cafeeira é defendida pelos adeptos da teoria
dos choques adversos.
c) Os investimentos realizados no âmbito do Plano de Metas
direcionaram-se, prioritariamente, para os setores de bens de consumo
não-duráveis.
d) Em virtude do caráter "capital-intensivo" do investimento industrial, o
processo de industrialização contribuiu para aumentar as disparidades de
renda da economia brasileira. 00956346901

e) A industrialização via substituição de importações apoiou-se na


elevação das tarifas aduaneiras para compensar a valorização real do
câmbio.

20. (CESPE/Unb - Analista Administrativo e Financeiro - Ciências


Econômicas – SEGER/ES – 2007) - A crise dos anos 30 do século
XX, por fragilizar o modelo agroexportador, evidenciou a
necessidade de industrialização da economia como forma de
superar as restrições externas e o subdesenvolvimento da
economia brasileira.

21. (CESPE/Unb - Analista Administrativo e Financeiro - Ciências


Econômicas – SEGER/ES – 2007) - No período 1929/33, o caráter

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principal do antigo padrão de acumulação - o modelo primário-
exportador - atingiu seu apogeu, com as exportações
determinando o nível e o ritmo da atividade econômica do país.

22. (VUNESP – Economista – IBGE – 1999) – O Plano de Metas foi


implementado recorrendo-se:
(A) à criação de vários grupos executivos setoriais;
(B) à centralização em uma única comissão;
(C) à criação de uma comissão específica em cada estado;
(D) a técnicos da CEPAL que se responsabilizaram integralmente pelas
ações;
(E) à comissão mista Brasil - Estados Unidos.

23. (FCC - Especialista em Políticas Públicas – SEP/SP – 2009) - O


principal objetivo do Plano de Metas foi promover o aumento do
nível de emprego por meio da construção de moradias populares.

24. (CESPE/Unb - Economista DFTRANS – 2008) - O Plano de


Metas proposto pelo presidente Juscelino Kubitschek é
considerado um ambicioso conjunto de medidas setoriais para o
controle inflacionário da época.

25. (CESPE/Unb - Economia - Pref Vila Velha/ES – 2008) - O Plano


de Metas (1956-1960) do governo JK é considerado um caso bem-
sucedido de formulação e implementação de planejamento
através de amplos projetos de infraestrutura e forte controle
inflacionário.

26. (FUNRIO – Economista – 2009) - Na história econômica


brasileira destaca-se o período conhecido por "Milagre
Econômico", quando as taxas de crescimento do PIB superaram
seus parâmetros de comportamento. Muitos analistas entendem
que os resultados econômicos obtidos nesse período têm sua
origem nas reformas e políticas econômicas implementadas pelo
00956346901

Regime Militar instaurado em 1964. Assinale a opção que NÃO


relaciona reformas e políticas adotadas neste período:
a) Reforma Tributária consolidada pela Constituição de 1967.
b) Reforma do Sistema Financeiro e Monetário, incluindo a criação do
Banco Central.
c) Política de incentivo às exportações, aproveitando a capacidade ociosa
derivada da crise econômica.
d) Política de melhoria da distribuição de renda das classes menos
favorecidas, objetivando ampliar o mercado de bens de consumo não
duráveis.
e) Criação de segmento específico para financiamento habitacional com
vistas a aumentar a oferta de emprego na indústria de construção civil.

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27. (CESGRANRIO - Economista - Petrobras – 2008) - O Plano de
Ação Econômica do Governo (PAEG), de 1964, NÃO incluía entre
as medidas que o compunham um programa de:
a) ajuste fiscal com base em aumentos da arrecadação tributária e das
tarifas públicas.
b) limitação e controle dos reajustes salariais.
c) limitação e controle do crédito ao setor privado.
d) redução paulatina da expansão dos meios de pagamentos.
e) redução das tarifas públicas para combater a inflação.

28. (CESPE/Unb - Economista DFTRANS – 2008) - O sucesso do


Plano PAEG (1964-67) está mais associado ao conjunto de
transformações institucionais impostas ao país do que ao controle
inflacionário.

29. (CESPE/Unb - Economia - Pref. Vila Velha/ES – 2008) - O


Plano PAEG (1964-1967) foi uma coordenação de medidas para
estabilização inflacionária e de fortes mudanças institucionais.

30. (CESGRANRIO - Profissional Básico – ECONOMIA BNDES –


2008) - O PAEG (Plano de Ação Econômica do Governo) e as
reformas implementadas em 1964 e nos anos imediatamente
subsequentes, no Brasil,
a) aumentaram substancialmente os salários.
b) aumentaram as restrições à entrada de capitais externos.
c) diminuíram a carga fiscal dos contribuintes.
d) criaram o Banco Central do Brasil.
e) eliminaram a correção monetária no país.

31. (CESPE/Unb - Analista de Meio Ambiente e de Recursos


Hídricos - IEMA/SEAMA – CESPE 2007) - Para combater a inflação,
o Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG) recorreu a
políticas fiscais e monetárias restritivas. Porém, esse plano não
continha nenhuma forma de controle salarial.
00956346901

32. (CESGRANRIO - Economista JR – PETROBRÁS – 2007) - O


programa econômico implementado a partir de 1964, conhecido
como PAEG, NÃO listava entre seus objetivos:
a) conter progressivamente o processo inflacionário.
b) corrigir os déficits descontrolados do balanço de pagamentos.
c) acelerar o ritmo de desenvolvimento econômico.
d) promover aumentos salariais para a população.
e) assegurar, pela política de investimentos, oportunidades de emprego
produtivo.

33. (ESAF – Analista de Políticas Sociais – MPOG – 2012) - No


“Milagre Econômico Brasileiro”, período da história recente da

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economia brasileira caracterizado por altas taxas de crescimento
econômico, pode-se observar:
a) um aumento na demanda de bens de consumo não duráveis, em
detrimento do consumo de bens não duráveis.
b) redução do investimento das empresas estatais.
c) recuperação do investimento público em infraestrutura.
d) redução das exportações devido à deterioração dos termos de troca.
e) déficits contínuos na balança comercial brasileira.

34. (CESPE/Unb - Especialista em Regulação – ANTAQ 2009) - O


período compreendido entre 1968 e 1973, ficou conhecido como o
do "milagre brasileiro" por causa das altas taxas de crescimento
econômico combinadas com índices de inflação relativamente
baixos, que vigoravam à época.

35. (CESPE - Analista Administrativo e Financeiro – SEGER/ES -


2009) - O forte crescimento da economia brasileira durante o
período conhecido como "milagre brasileiro" caracterizou-se pelas
fortes pressões inflacionárias decorrente da plena utilização da
capacidade produtiva durante esse período.

36. (CESGRANRIO - Economista Petrobras – 2008) - Na fase


chamada de "milagre" na economia brasileira, de 1968 a 1973,
a) o PIB real cresceu muito às custas de um grande aumento da inflação.
b) a política monetária foi mais expansiva do que no triênio 1964-1967.
c) as importações do país se reduziram devido ao esforço de substituição
de importações.
d) houve uma redução substancial do déficit em conta corrente do
balanço de pagamentos.
e) houve extensa redistribuição de renda para as classes sociais mais
pobres.

37. (CESPE/Unb - Analista de Controle Externo – TCE/AC – 2008)


- No período de crescimento acelerado (1968-1972), a expansão
00956346901

da demanda agregada foi viabilizada pelo aumento do


investimento público, pela adoção de políticas fiscais e monetárias
expansionistas, bem como pela utilização de um sistema de
incentivos à exportação de produtos manufaturados.

38. (CONESUL - Economista Jr. CORREIOS – 2008) - As taxas de


crescimento anual do PIB na economia brasileira, durante o
período 1968-1973, estiveram entre
a) 18% e 25%.
b) 13% e 20%.
c) 8% e 15%.
d) 3% e 10%.
e) 0% e 5%.

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39. (CONESUL - Economista Jr. CORREIOS 2008) - Dentre as


principais fontes de crescimento no período conhecido como
"Milagre Econômico", não está o(a)
a) retomada do investimento público em infraestrutura.
b) aumento de investimentos das empresas estatais.
c) crescimento da demanda por bens de consumo durável.
d) crescimento da construção civil.
e) aumento da distribuição de renda.

40. (CONESUL - Economista Jr. CORREIOS – 2008) - O rápido


crescimento econômico ao longo do Milagre Econômico
I. Caracterizou-se pela ocupação de toda capacidade ociosa.
II. Levou ao aparecimento de alguns desequilíbrios que gerariam
pressões inflacionárias.
III. Criou condições de maior independência em relação à situação
externa.
IV. Levou ao aparecimento de alguns desequilíbrios que gerariam
problemas na balança comercial.

Estão corretas apenas:

a) a I e a III.
b) a I e a IV.
c) a II e a III.
d) a I, a II e a III.
e) a I, a II e a IV.

41. (CESPE/Unb - Economista DFTRANS – 2008) - O milagre


econômico brasileiro (1968-1973), apesar de proporcionar um
crescimento econômico significativo, levou ao agravamento da
concentração de renda e à deterioração de importantes
indicadores de bem-estar social.
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42. (CESPE/Unb - Economia - Pref. Vila velha/ES – 2008) - No


período do milagre econômico brasileiro (1968-1973), houve
grande crescimento do comércio mundial e dos fluxos financeiros
internacionais e teve como uma das consequências a melhora de
todo o quadro social no país.

43. (CESGRANRIO - Profissional Básico - BNDES – 2008) - O PIB


real do Brasil cresceu muito rapidamente durante o período de
"Milagre Econômico" (1968-1973). Tal crescimento:
a) ocorreu acompanhado de grande aceleração da taxa de inflação.
b) ocorreu acompanhado de substancial redistribuição de renda para as
classes mais pobres.
c) foi ajudado pelo aumento do preço de petróleo na década de 1970.

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d) foi acompanhado de piora nas contas externas do país.
e) arrefeceu, a partir de 1974, devido à insuficiência da capacidade de
produção doméstica de petróleo e de bens de capital.

44. (NCE/UFRJ - Analista Administrativo – ANAC – 2007) - Pode-


se afirmar que o período conhecido como o do "Milagre
Econômico":
a) ocorreu nos primeiros anos da década de 1970 e foi viabilizado pela
grande liquidez de recursos no mercado internacional, em particular, de
"petrodólares";
b) ocorreu na segunda metade da década de 1970 e foi possível devido
aos grandes investimentos feitos, no âmbito do 2º Plano Nacional de
Desenvolvimento (II PND), sobretudo em infraestrutura;
c) ocorreu na segunda metade da década de 1970 e foi possível devido à
maturação de investimentos feitos em indústrias intensivas em mão-de-
obra e voltadas ao consumo doméstico;
d) ocorreu nos primeiros anos da década de 1980, tendo sido viabilizado
pela entrada de recursos externos, especialmente, de "petrodólares";
e) ocorreu na segunda metade da década de 1980 e foi possível devido ao
forte crescimento da demanda interna propiciado pelo lançamento do
Plano Cruzado.

45. (ESAF - Analista de Controle Externo – TCU – 2002) - Sobre a


época do milagre econômico (1968 - 1973) considere as três
afirmações a seguir:

I. Foi um período marcado por elevadas taxas de crescimento


econômico sendo que os setores de bens de consumo duráveis e
da construção civil estão entre os mais importantes em termos de
crescimento econômico do período.
II. Foi marcado pela redução do número de empresas estatais,
iniciando-se ali o processo de privatização.
III. Houve expansão do crédito doméstico destinado ao
consumidor além da ampliação do endividamento externo do país.
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Considerando tais afirmações é correto dizer que:


a) apenas I e III estão corretas
b) apenas I e II estão corretas
c) apenas II e III estão corretas
d) apenas I está correta
e) todas estão corretas

46. (ESAF - Analista de Controle Externo – TCU – 2000) - O


chamado "milagre brasileiro", período que vai de 1968 a 1973,
não pode ser caracterizado por:
a) altas taxas de crescimento econômico sustentadas por setores como o
de bens de consumo duráveis e construção civil.

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b) um crescimento elevado apesar da manutenção do controle de
demanda agregada por parte do governo como forma de combater a
inflação.
c) aproveitar-se inicialmente de capacidade ociosa existente na economia
brasileira.
d) um crescimento do endividamento brasileiro feito principalmente por
empresas privadas.
e) uma diversificação da pauta de exportações brasileiras.

GABARITO
01 E 02 E 03 V 04 V 05 V 06 E 07 E
08 E 09 E 10 E 11 A 12 B 13 B 14 A
15 E 16 E 17 E 18 A 19 D 20 V 21 F
22 A 23 F 24 F 25 F 26 D 27 E 28 V
29 V 30 D 31 F 32 D 33 C 34 C 35 F
36 B 37 V 38 C 39 E 40 E 41 V 42 F
43 E 44 A 45 A 46 B

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