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COLÉGIO ESTADUAL MANUEL DANTAS

DISCIPLINA: FILOSOFIA
PROFESSORA: GLEIDE ALCÂNTARA

APOSTILA – OS SOFISTAS E SÓCRATES

1. O homem como centro do problema filosófico


O período em que vivem Sócrates e os sofistas – séculos V e IV a.C. – pode ser caracterizado
por duas mudanças que servem como referência para as suas reflexões. A primeira é a
mudança da Filosofia na perspectiva geográfico-política, em que ela se desloca da Ásia Menor
e da Magna Grécia, onde ficam as cidades de Cólofon, Éfeso, Mileto, Samos, entre outras – o
berço da filosofia pré-socrática –, para a Grécia Continental, a Ática, mais especificamente para
Atenas. A segunda mudança diz respeito à preocupação filosófica: enquanto os pré-socráticos
se preocupavam com a natureza e sua origem, nesse novo momento, a preocupação da Filosofia
se volta ao homem e à sociedade.
Historicamente, o poder concentrava-se nas mãos de poucos homens, que representavam a
aristocracia dominante desde os primórdios da civilização, quando os homens ainda viviam em
pequenas vilas e se organizavam em torno da agricultura e da posse de terras. Com a formação
das poleis, a partir do século VIII a.C., essas aristocracias ainda se impunham pela tradição e
pela
autoridade daqueles que representavam o poder, inclusive religioso. Porém, nesse novo cenário
de transformações e de desenvolvimento, a aristocracia começa a perder seus privilégios. Dessa
forma, ocorrem reformas políticas importantes, como a de Sólon, que, em 594 a.C., criou leis a
que todos, sem distinção entre famílias e pessoas, deveriam se submeter sem apelar às
tradições particulares patriarcais.
Outra reforma que merece destaque é a de Clístenes, que, a partir de 510 a.C., organizou a
política, principalmente as instituições, que representariam o lugar apropriado para as
manifestações dos cidadãos no governo e na tomada de decisões na cidade.
Com as reformas realizadas por Sólon e Péricles, um novo cenário social, político, econômico e
cultural se torna real em Atenas. Com a gradativa perda do poderio por parte da aristocracia
dominante, com o desenvolvimento de uma nova classe social, composta de artesãos e
comerciantes, e com o nascimento da democracia, os valores caros a essa nova classe, como
as técnicas, a habilidade pessoal e os méritos, passam a ser valorizados como características
importantes e superiores ao homem forte, belo e guerreiro, modelo de vida apregoado pela antiga
tradição aristocrática.
A polis democrática destaca sobremaneira os ofícios e os artesãos, ao valorizar as artes e as
técnicas. Estas, antes pensadas como dons especiais dados aos homens pelos deuses, perdem
seu ar mítico. Assim, acredita-se que se os homens podem construir e transformar a natureza
de acordo com suas necessidades, isso se deve não aos dons especiais concedidos pelas
divindades, mas ao hábito e à experiência necessários ao aprimoramento e ao aperfeiçoamento
do exercício. Observamos que, tal como na cosmologia criada pelos pré-socráticos, a vida
comum da cidade torna-se cada vez mais voltada para o homem real, capaz de dirigir sua vida
e de produzir aquilo que é necessário para o seu bem e o de sua cidade, como as leis e as artes.
Dessa forma, tornou-se necessário repensar a educação dos atenienses, principalmente dos
jovens. Nesse sentido, os gregos recebiam uma educação focada no aprimoramento, no
aperfeiçoamento do homem de forma que ele pudesse atingir a Areté, que, entendida dessa
forma, significa excelência, mérito, valor. Anteriormente, para a aristocracia de sangue e
linhagem, a Areté significava a formação do guerreiro belo e bom, que se resumia na figura do
jovem guerreiro, de corpo perfeito, forjado pelo exercício e pelo treinamento físico, possuidor de
uma coragem ímpar para a guerra e decidido, se fosse necessário, a morrer na frente de batalha,
coroado pela “bela morte”. No entanto, com a nova Areté, o modo ideal de vida do ateniense se
modifica.
A nova Areté passa a ser, assim, a formação do cidadão para o comando e direção da polis.
Dessa forma, a excelência, a perfeição buscada pelo homem agora é moral, política, refere-se à
ética, resume-se nas virtudes cívicas do cidadão que deve ser capaz de, correta e dignamente,
pensar no bem da polis. O ideal de excelência é agora o cidadão como bom orador, aquele que,
na Ágora, pronuncia seu discurso e faz política. A democracia, maior e mais importante
característica da polis, se faz pelo logos, pela palavra, pela discussão.

DEMOCRACIA. A democracia ateniense apresenta diferenças essenciais em relação à


democracia atual. Primeiro, dela não participa todo o povo. Mulheres, crianças, estrangeiros e
escravos são excluídos, sendo considerados cidadãos somente os homens maiores de 21 anos,
livres, aturais de Atenas e que tinham posses, pelo menos uma casa e alguns escravos. Em
segundo lugar, é uma democracia direta ou participativa (diferente da representativa), em que os
cidadãos podem manifestar em praça pública (Ágora) suas opiniões e ideias, participando
diretamente do processo de tomada de decisão. O voto não exercia a função de eleger alguém
como representante do povo, mas servia de instrumento de manifestação da vontade particular
para a decisão em casos específicos. Ao contrário do que ocorria antes, na nova política
ateniense, não há espaço para que alguns se imponham, pelo poder ou prestígio, acima dos
outros, sendo agora todos os cidadãos iguais perante a cidade. Dessa forma, o conhecimento
de alguns sobre um assunto específico não os faz melhores do que os outros. Os atenienses
consideravam que um dos modos de tirania era a imposição do saber ou da força de indivíduos
sobre a opinião dos demais, postura não mais admitida. Na política ateniense, aquele que possui
mais técnica ou o que possui mais competência não pode ser considerado mais importante do
que os outros cidadãos que não as possuem.
Dois princípios fundamentais guiam a democracia grega:
• Isonomía: igualdade de todos os homens perante a lei.
• Isegoría: o direito de todo cidadão expor em público suas opiniões e ideias.

2. Os Sofistas
Com as mudanças ocorridas em Atenas na passagem de um poder aristocrático para a
democracia, surge uma nova Areté. Esse novo modo de vida é marcado profundamente pela
figura do cidadão, que deve cultivar os valores cívicos, principalmente a democracia, de forma
que os cidadãos possam governar a cidade discutindo e tomando decisões em conjunto na
Ágora. Para que essa discussão fosse possível, para que os homens pudessem efetivamente
participar dessa democracia, era essencial que os cidadãos tivessem as habilidades necessárias
para tal discussão.
Era essa
a função dos sofistas: ensinar o cidadão a falar. Os sofistas eram mestres na retórica e na
oratória, ambas entendidas como a arte de falar bem. Eram professores, muitas vezes
itinerantes, que, passando de cidade em cidade, ensinavam àqueles que podiam pagar por sua
arte e suas lições. Eram profissionais que ensinavam os jovens e davam mostras de sua
eloquência ao manipular as palavras no meio do povo, e só o faziam por meio de pagamento.
Quem soubesse falar melhor, quem soubesse levar o outro ao convencimento, quem tivesse
habilidade e astúcia nas palavras ganhava a discussão em praça pública.

Sofista vem de sophos, que significa sábio. A palavra tem a mesma raiz do termo filosofia, sendo
ambas procedentes de sophia (sabedoria).

2.1 Relativismo
Para os sofistas, o que importa não é o conteúdo da ideia, mas sim a maneira como ela é
argumentada, podendo ser convincentemente defendida como certa ou errada, dependendo das
intenções de quem as defende ou as contradiz.
Como, para os sofistas, é possível argumentar persuasivamente contra ou a favor de qualquer
ideia, isso significa que eles não acreditam na existência de verdades únicas e absolutas.

Será que realmente existe uma natureza, uma essência, uma verdade única e determinante que
é exclusiva para todos os homens? Ou será que as verdades não passam de convenções
humanas sobre temas variados que podem se alterar de acordo com o argumento?

Os sofistas acreditavam que os valores e as ideias são muitos e variam de acordo com cada
povo e de lugar para lugar, assim, defendiam não existirem normas, ideias e valores únicos e
absolutos para todas as pessoas. Por isso, os sofistas são considerados relativistas.
Para eles, as verdades morais, políticas, religiosas, a natureza dos homens – divididos como
melhores ou piores –, a origem dos estados e das cidades, tudo isso é pura convenção, não é
natureza, não é physis, mas tão somente manifestações da vontade humana em algum tempo
anterior. Desse modo, se tudo é convenção, se tudo é opinião criada e não determinada pela
natureza, tudo pode sofrer alterações. Para isso, basta que se argumente, que se convença, que
se apresentem as razões. É este, aliás, o significado de retórica: a arte de oferecer argumentos
que possam persuadir os homens daquilo que é melhor e útil para eles e para a cidade. A arte
da retórica fundamenta-se, então, na dialética, que é a arte de discutir e confrontar ideias.
Dentre os mais importantes sofistas, temos Protágoras de Abdera e Górgias de Leontini,
conhecidos como os primeiros pensadores da sofística. Falemos destes dois expoentes da arte
da argumentação.

2.2 Protágoras de Abdera (481-411 a.C.)


Sua mais importante frase, que resume seu pensamento e em grande medida toda a sofística,
é:
O homem é a medida de todas as coisas; das que são por aquilo que são e das que não são por
aquilo que não são.
Dessa frase, infere-se o princípio do homo mensura, ou seja, do homem como medida das ideias
e das verdades. Dessa forma, o homem é aquele que mede, que julga, que avalia todas as
coisas, como as experiências, as normas e os fatos em geral. Com esse pensamento, Protágoras
quer negar que exista um critério absoluto de verdade que determine o falso e o verdadeiro.
Assim, o único critério de avaliação das coisas é o próprio homem individual. Se o homem
individual é o critério para tudo, cada um pensa e julga da maneira que mais lhe convier ou que
se adequar
às suas necessidades e invenções. Portanto, ninguém está errado, mas cada um possui a sua
própria verdade.
Para Protágoras, a virtude seria a capacidade de levar o interlocutor a se convencer de que o
ponto de vista daquele que diz é melhor e merece ser aceito, mesmo que seja contrário ao seu.
Dessa forma, podemos também afirmar o caráter utilitarista da teoria de Protágoras: como não
existem valores únicos ou absolutos, existe o que é útil àquele que defende uma ideia, sendo
mais oportuno que a defenda de acordo com seus interesses pessoais.

2.3 Górgias de Leontini (483/84-375 a.C.)


Em Sobre a Natureza ou sobre o não-ser, Górgias defende a ideia niilista1, que pode ser
entendida em três momentos ou teses:
1º. Não existe o ser, ou seja, nada existe. Para Górgias, se as diversas posições filosóficas
acerca
do ser são contrárias, logo, elas se anulam reciprocamente. Dessa forma, o próprio ser não
existe, pois não pode ser nem um, nem muitos, nem criado nem incriado, sendo, portanto,
absolutamente nada.
2º. Mesmo se o ser existisse (pela primeira tese, ele acredita que não existe), este não poderia
ser compreendido. Górgias defende que podemos pensar em coisas que não existem, como
sereias ou cavalo alado, mas que isso não faz com que essas coisas sejam criadas. Desse modo,
há uma ruptura entre o ser e o pensamento.
3º. Mesmo se existisse o ser e ele pudesse ser pensado, este não poderia ser descrito ou
explicado pelas palavras. Segundo Górgias, as palavras não podem ser fiéis ao exprimir aquilo
que o homem está vendo ou pensando. Por exemplo, é impossível ao homem expressar pelas
palavras as cores que está vendo ou as sensações internas de alegria ou tristeza.
Para Górgias, a palavra tem autonomia e pode ser utilizada de qualquer forma, pois não está
vinculada ao ser ou à tentativa de traduzi-lo como uma verdade. Segundo esse sofista, deve-se
utilizar a palavra ou o discurso como meio de sugestão e persuasão com fins próprios.

3. Sócrates

1
Niilismo: Termo usado, na maioria das vezes, com intuito polêmico, para designar doutrinas que se
recusam a reconhecer realidades ou valores cuja admissão é considerada importante. Teoria filosófica
que se fundamenta na ideia de que não existe o ser. Sendo assim, alcançar a verdade sobre alguma coisa
é impossível. Niilista é aquele que não acredita nas verdades e que rejeita a possibilidade de alcançá-las.
Sócrates é considerado o fundador da chamada filosofia clássica. Sócrates não possui nenhuma
obra escrita. Tudo o que sabemos a seu respeito provém de fontes indiretas, principalmente das
obras de Xenofonte, Aristófanes, Platão e Aristóteles.
A filosofia socrática se baseia, fundamentalmente, nas ideias do “Conhece-te a ti mesmo” e do
“Só sei que nada sei”. A preocupação central de Sócrates, e o que é mais importante de toda a
sua filosofia, foi pensar o homem tal como os sofistas já faziam. Sócrates não se interessa pelo
conhecimento da origem do Universo, como era típico do pensamento pré-socrático, nem mesmo
pelas técnicas do bom discurso, o que irá criticar nos sofistas, mas a intenção do pensamento
socrático é encontrar a verdade que irá servir como critério das ações dos homens que vivem
em sociedade.
Perguntando sempre “o que é ...?”, Sócrates se põe a serviço da verdade em busca de definições
claras e únicas sobre aquilo que determina a moral humana.
Sócrates sabia que não sabia nada, ou seja, percebeu que os outros acreditavam saber sobre
todas as coisas e por isso se fechavam ao conhecimento, enquanto ele admitia que aquilo que
conhecia era muito pouco ou insignificante em relação a tudo o que se pode conhecer. Sócrates
reconhece que, a cada conhecimento obtido, uma nova ignorância surge. Dessa forma, Sócrates
resume o próprio espírito da Filosofia, que se constitui na busca incessante pela verdade por
meio da investigação, da crítica, do questionamento. Em Sócrates, a Filosofia é vista mais como
atitude do que como um conjunto de conhecimentos e saberes prontos e acabados sobre o
homem e o mundo.

3.1 O método de análise conceitual


Quando Sócrates se põe a dialogar com seus interlocutores, ele busca deliberadamente não as
opiniões variadas de cada um sobre aquilo que está sendo discutido, mas sim o conceito em si.
Para Sócrates, não importa o que cada pessoa pensa sobre o assunto ou os exemplos de uma
ação que tenha tal característica, como ações corajosas de um determinado homem, a Sócrates
interessa o que é a própria coragem, o conceito de coragem, de justiça, de verdade etc.
O objetivo do método de análise conceitual: buscar a essência e não as características que
diferenciam, por exemplo, a virtude do homem da virtude da mulher ou da criança.
É muito importante esclarecer que o objetivo de Sócrates ao buscar a verdade sobre todas as
coisas refere-se diretamente à vida dos homens na cidade. Chamado de “pai da ética”, Sócrates
acredita que as ações humanas devem seguir os mesmos valores, sendo estes racionalmente
atingidos por todos. Um dos maiores problemas socráticos está no campo da ação: como os
homens devem agir? O que é correto fazer? Como devemos nos portar como cidadãos? Quais
devem ser os caminhos para governar a cidade? Dessa forma, ao buscar as ideias ou conceitos
únicos, Sócrates acredita que tais conceitos são os fundamentos das ações humanas. Tais ideias
determinariam então o certo e o errado, o bom e o mau, o justo e o injusto etc. A finalidade da
vida ética é a autonomia, que consiste na capacidade do homem de se guiar, criando para si,
por meio da razão, suas próprias leis e normas morais.

3.2 O método socrático do conhecimento


Sócrates utiliza o diálogo para encontrar o conceito ou a verdade única. Acredita que esse
conceito esteja dentro do homem, bastando ser despertado. A isso chamamos maiêutica ou parto
das ideias. Para ele, a verdade e a ciência são inatas no homem porque este é racional. Pela
razão, o homem busca em si e por si a verdade racional, que são os conceitos sobre as coisas.
Conhecer é encontrar o caminho para o despertar da verdade. Desse modo, o pensamento pode
encontrar em si e por si mesmo o conhecimento da verdade.
O diálogo socrático quer despertar no interlocutor a consciência de que ele não sabe aquilo que
até então achava que sabia. O princípio para o conhecimento seria o reconhecimento de que
não se sabe. A busca pela verdade parte do conhecimento empírico, sem exatidão, para a
perfeição do conhecimento verdadeiro, mais completo e perfeito. Para Sócrates, o conceito é a
ideia do que a coisa é em si mesma, em sua essência, que é universal, assim como universal é
a razão que a encontra. Ao dizer que a verdade está no homem, Sócrates está afirmando que a
razão humana, ao se movimentar na direção da verdade, encontraria em si mesma tal verdade.
Se a racionalidade é a mesma para todos e opera pelos mesmos caminhos em todos, deve-se
então alcançar os mesmos resultados pelo seu exercício. Assim, o conhecimento é manifestado
no diálogo que leva à verdade única.
O caminho que leva ao conhecimento verdadeiro se dá na forma de diálogo e pode ser dividido
em duas partes. A primeira é chamada de exortação, em que Sócrates chama o interlocutor para
a conversa, para a discussão, para o exercício da filosofia, de forma a buscar a verdade
juntamente com ele. A segunda parte é a indagação, em que Sócrates faz perguntas, comenta
as respostas e refaz outras perguntas com o objetivo de colocar seu interlocutor cada vez mais
próximo de encontrar a verdade, que é fundamentalmente tarefa dele mesmo. Na busca da
verdade, o processo só pode ter como protagonista o próprio indivíduo. Tal processo acompanha
graus diferentes e mais aprofundados de abstração, em que o homem, se colocando
a investigar, vai se aproximando por suas próprias forças e conclusões daquilo que procura, ou
seja, da verdade em si.
O método socrático do conhecimento pode ser dividido em dois momentos: o primeiro é a ironia
e o segundo, a maiêutica. Por ironia, não se entende uma atitude debochada e desrespeitosa
com seus interlocutores, mas uma atitude de refutação dos argumentos com o objetivo de
enfraquecer os preconceitos e opiniões de caráter sensorial e sem fundamentação. O segundo
momento do método é a maiêutica ou parto das ideias. Uma vez que o interlocutor percebeu as
contradições de seus próprios argumentos e opiniões, percebeu que não passam de “achismo”,
que não são verdades, mas tão somente ideias superficiais, os homens podem alcançar a
verdade em si, ou seja, os conceitos únicos e universais.

4. As diferenças entre Sócrates e os sofistas


A partir do que foi dito, podemos compreender as diferenças fundamentais que distinguem a
filosofia de Sócrates da atividade dos sofistas. O sofista é um professor de política, de oratória,
de retórica, de virtude. Ele ensina aos homens as técnicas para poderem defender suas ideias
de modo a levar seu interlocutor ao convencimento. Não estão preocupados com a verdade, até
porque não acreditam que exista uma só verdade sobre as coisas. Os sofistas se julgavam
conhecedores, sábios, detentores de um conhecimento que seria transmitido a quem pagasse
por ele. Falam em forma de monólogos, não discutem, afinal, eles transmitem um saber pronto
e acabado. Sendo céticos, os sofistas não acreditavam em verdades únicas para todos, mas a
“verdade” que se sobressairia às demais seria a daquele que melhor argumentasse. Não
importava o conteúdo da ideia, mas sim como ela seria exposta. Ao contrário dos sofistas,
Sócrates não ensina, ele pergunta. Não expõe, induz à reflexão. O conhecimento já está dentro
do homem e deve somente ser despertado com a ajuda do filósofo, por isso achava errado cobrar
para ensinar, por isso chamava os sofistas de “prostitutos do saber”. Sócrates busca a verdade
e não a aparência mutável das coisas ou a beleza e as técnicas do argumento. Sócrates sai da
multiplicidade das opiniões contrárias para a unidade do conceito, da verdade única. Sai da
imagem das coisas, da simples opinião, para alcançar a coisa em si, o conhecimento verdadeiro
e único.

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