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Sou Patricia Mayorga, jornalista do estado de Chihuahua, México.

A partir de 2 de abril de 2017, tive que sair do país, porque as autoridades e especialistas
em segurança consideram que minha vida corre risco, pela cobertura que dei à Serra
Tarahumara, em especial sobre a narcopolítica que mantém a impunidade, as expulsões e
impulsiona o deslocamento da população na serra.

O risco para o jornalismo, durante o governo local de César Duarte Jáquez em Chihuahua,
era dar cobertura às vítimas. O deslocamento forçado não era visível na entidade e cada
vez mais pessoas tiveram que fugir porque os grupos criminosos se apoderavam de seus
rebanhos, de suas colheitas e de suas terras para plantar drogas. O maior número de
vítimas é de comunidades indígenas.

Fazer jornalismo naquela época e cobrir direitos humanos era um trabalho quase solitário.
O sindicato viveu um de seus piores momentos, com repórteres silenciados em seus
próprios veículos, que, pouco a pouco, foram censurando-os por causa dos contratos de
publicidade.

Quando chegou o governo Javier Corral Jurado, que baseava sua campanha política na
promessa de investigar e combater a corrupção de Duarte e a narcopolítica, o ambiente
ficou muito mais difícil desde a transição do governo estadual.

Miroslava Breach e eu unimos nossos esforços jornalísticos a partir de 2015, quando se


intensificou o deslocamento forçado de comunidades indígenas. Em março de 2016,
publicamos, cada uma em seu veículo, um relatório sobre pré-candidatos do Partido
Revolucionário Institucional, que fazem parte de grupos criminosos. Os pré-candidatos
foram substituídos por outros e a resposta foi ameaças do grupo que controlava um dos
municípios do Tarahumara, Chínipas. Nós não as dimensionamos bem.

Em junho daquele ano, ambas recebemos telefonemas do porta-voz do Comitê Diretor do


Partido da Ação Nacional, Alfredo Piñera, nos pedindo as fontes da reportagem sobre os
narcocandidatos. Esse partido governava Chínipas nessa época. As chamadas foram
gravadas.

Em 23 de março de 2017, as ameaças foram cumpridas. Eles assassinaram Miroslava


Breach com oito tiros em frente à sua casa e me pediram para deixar o país, com minha
filha.

O governador Javier Corral afirmou, sem rodeios, desde o dia do assassinato que não
havia dúvidas sobre o motivo do crime: seu trabalho que expôs a narcopolítica. Com o
passar do tempo e sabendo que existiam políticos do seu partido envolvidos nas
gravações telefônicas, cujos áudios apareceram no laptop de um narcotraficante, durante
a busca em uma das casas dos investigados e que pertencem ao grupo que controla
Chínipas.

O deslocamento forçado continua na Serra Tarahumara. O impacto no sindicato de


jornalistas de Chihuahua pelo assassinato de Miroslava e pela minha saída é muito forte. A
cobertura dessa região não foi reforçada, apenas transcendem os casos que as
organizações não-governamentais conseguem levar a público, mas há centenas ou
milhares de indígenas e mestiços que vivem em situação de risco, que precisam fugir de
suas terras porque são despojados de las ou que escolhem se juntar às fileiras do crime
organizado para sobreviver.

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