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A partir de 2 de abril de 2017, tive que sair do país, porque as autoridades e especialistas
em segurança consideram que minha vida corre risco, pela cobertura que dei à Serra
Tarahumara, em especial sobre a narcopolítica que mantém a impunidade, as expulsões e
impulsiona o deslocamento da população na serra.
O risco para o jornalismo, durante o governo local de César Duarte Jáquez em Chihuahua,
era dar cobertura às vítimas. O deslocamento forçado não era visível na entidade e cada
vez mais pessoas tiveram que fugir porque os grupos criminosos se apoderavam de seus
rebanhos, de suas colheitas e de suas terras para plantar drogas. O maior número de
vítimas é de comunidades indígenas.
Fazer jornalismo naquela época e cobrir direitos humanos era um trabalho quase solitário.
O sindicato viveu um de seus piores momentos, com repórteres silenciados em seus
próprios veículos, que, pouco a pouco, foram censurando-os por causa dos contratos de
publicidade.
Quando chegou o governo Javier Corral Jurado, que baseava sua campanha política na
promessa de investigar e combater a corrupção de Duarte e a narcopolítica, o ambiente
ficou muito mais difícil desde a transição do governo estadual.
O governador Javier Corral afirmou, sem rodeios, desde o dia do assassinato que não
havia dúvidas sobre o motivo do crime: seu trabalho que expôs a narcopolítica. Com o
passar do tempo e sabendo que existiam políticos do seu partido envolvidos nas
gravações telefônicas, cujos áudios apareceram no laptop de um narcotraficante, durante
a busca em uma das casas dos investigados e que pertencem ao grupo que controla
Chínipas.