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GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 26, pp.

59 - 78, 2009

AS UNIDADES ECODINÂMICAS NA ANÁLISE DA FRAGILIDADE


AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO MORRO DO DIABO E
ENTORNO, TEODORO SAMPAIO/SP

Rosangela do Amaral*
Jurandyr Luciano Sanches Ross**

RESUMO
O presente artigo apresenta um estudo de caso desenvolvido em Teodoro Sampaio/SP, no Pontal do
Paranapanema, para determinar a fragilidade ambiental a partir da proposta metodológica de ROSS
(1994) em “Análise Empírica da Fragilidade dos Ambientes Naturais e Antropizados”, utilizando o
conceito de Unidades Ecodinâmicas.
O objetivo do estudo da fragilidade ambiental foi avaliar as áreas suscetíveis à degradação para subsidiar
ações de planejamento que restrinjam e direcionem o uso e ocupação da terra, de forma a prevenir e
minimizar o surgimento de problemas relacionados à qualidade ambiental.
A área de estudo foi selecionada por conter diferentes tipos de uso da terra, com características
naturais e antrópicas. Foram levantados dados secundários e desenvolvidos ensaios de campo para a
caracterização de quatro fatores primordiais para a análise: uso da terra/cobertura vegetal, relevo,
solos e clima.

PALAVRAS-CHAVE
Fragilidade, Unidades Ecodinâmicas, análise integrada, planejamento ambiental, Parque Estadual do
Morro do Diabo

ABSTRACT
This paper is a case study in the municipality of Teodoro Sampaio, Pontal do Paranapanema, to determine
the environmental fragility, developed from the methodological proposal by ROSS (1994) in “Empirical
analysis of the fragility of natural and humanized environments” (Análise empírica da Fragilidade dos
Ambientes Naturais e Antropizados), using the Ecodynamical Units concept.
The objective of this environmental fragility study is to evaluate degradation susceptive areas to
subsidize planning actions that restrict and direct land use. These actions are planned to prevent and
minimize the appearance of problems related to environmental quality.
The study area was selected because it contains different forms of land use, with natural and anthropic
characteristics. Secondary data was obtained from previous studies and field surveys were carried out
to characterize four important factors for the final analysis: land use/vegetal cover, relief, soil and
climate.

KEY WORDS
Fragility, Ecodynamical Units, integrated analysis, environmental planning, Morro do Diabo State Park
/ São Paulo / Brazil

*
Pesquisadora Científica, Chefe da Seção de Geografia Aplicada do Instituto Geológico – Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e
Mestre em Geografia Física pelo Departamento de Geografia – FFLCH – USP. E-mail: rosangela.amaral@igeologico.sp.gov.br
**
Professor Titular do Departamento de Geografia – FFLCH – USP. E-mail: juraross@usp.br
60 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 26, 2009 AMARAL, R.; ROSS, J.L.S.

Introdução Objetivo
A proposta metodológica de ROSS (1994) O estudo da fragilidade ambiental teve
e m “Aná li se Em pí ri ca da Fra gi l id ad e dos como objetivo avaliar as áreas suscetíveis à
Amb ie nt es Na tura is e Antr op iza dos”, foi degradação para subsidiar ações de planejamento
desenvolvida com base nas concepções de que restrinjam e direcionem o uso e ocupação da
Ecodi nâ mi ca e Ecossi ste ma , de f inid as e m t er ra , de f or ma a p re ve ni r e mi ni mi za r o
trabalhos anteriores de TRICART (1977). Neste sur gi me nt o de pr ob le ma s r el aciona dos à
estudo de caso em Teodoro Sampaio/SP, no Pontal qualidade ambiental.
do Paranapanema, foi aplicado o conceito de
Para a aplicação do conceito de Unidades
Unid ade s Ecodi nâm ica s para det er minar a
Ecodinâmicas foram analisados integradamente
fragilidade ambiental.
dados de uso da terra (componente antrópica) e
Sob essa conce pção metodológica o d e re le vo, sol os e cl im a (comp onente s
ambiente é analisado segundo a Teoria dos ambientais), em escala 1:50.000. Foram definidas
Sistemas, que parte do pressuposto de que na as Unidades Ecodinâmicas de Instabilidade
natureza os fluxos de energia e matéria se Eme rg ente p ara á re as a nt r op izad as e d e
processam por meio de relações em equilíbrio Instabilidade Potencial para áreas naturais, com
dinâmico, ou se ja, a evolução na tural dos graus de fragilidade variando de muito baixo a
componentes do ambiente se dá em harmonia muito alto.
entre si.
No entanto, a ação antrópica na natureza
Proposição Metodológica
afeta a funcionalidade do sistema e induz aos
processos degenerativos. Normalmente, busca- Para avaliar a área de estudo foi utilizada
se o retorno técnico e econômico imediato, sem a proposta metodológica de ROSS (1994), em que
prognosticar as consequências passíveis de se utiliza o conceito de Unidades Ecodinâmicas
ocorr er e m l ongo p razo de vi d o a essa s de Instabilidade Potencial e de Instabilidade
intervenções. Com base nesses fatos acredita-se Emergente, classificadas em graus de fragilidade.
que todo planejamento deva considerar as Essa proposta foi desenvolvida com base na
potencialidades dos recursos naturais, mas, concepção de Ecodinâmica definida por TRICART
sobretudo, as fragilidades diante das diferentes (1977) e ambas foram relacionadas conforme
intervenções antrópicas na natureza. Quadro 1.
O Pontal do Paranapanema, localizado no Ambas as metodologias têm como objetivo
Oeste do Estado, é uma área que foi vastamente procede r a análises i ntegradas dos dados,
modificada, hoje caracterizada por pastagens r esul ta dos de comb inaçõe s d inâm icas d e
e xt ensi va s e m re le vo de col ina s am pl as, elementos físicos, biológicos e antrópicos que
apresentando intensos processos erosivos.
f azem d a p ai sa ge m um conj unt o único e
A área de estudo (Figura 1) tem como indissociável, sempre em evolução (BERTRAND,
características relevantes a presença de uma 1971). Outras formas de análises integradas
Unidade de Conservação, o Parque Estadual do podem ser vistas, por exemplo, nas concepções
Morro do Diabo, e em seu entorno assentamentos de Geossistema, exploradas por diversos autores
rurais com cultivos diversificados, onde são ( BERT RAND, 19 71 , SOTCH AVA, 1 97 8 e
evidenciadas marcas de processos erosivos. MONTEIRO, 2000).
As Unidades Ecodinâmicas na análise da fragilidade ambiental do
Parque Estadual do Morro do Diabo e entorno, Teodoro Sampaio - SP, pp. 59 - 78 61

Figura 1 – Localização da Área de Estudo na Imagem de Satélite Landsat de 1997


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Quadro 1 – Relação entre os conceitos relacionados aos ambientes naturais e


antropizados definidos por ROSS (1994) e TRICART (1977).

Autores Proposta Co nceitua çã o


metodológica Ambiente s naturais A mbientes antropizados
TRICART, 1977 Ecodinâ mica Unidades Estáveis Unida des Instáv eis
ROS S, 1994 Fragilidade Unidades Ecodinâmicas de Unida des Ecodinâmicas de
ambiental Instabilida de Po tencial Insta bilidade Eme rge nte

Org.: AMARAL (2008).

As Unid a de s Ecodi nâ m icas de urbanização, portanto, denominados ambientes


Instabilidade Potencial (Estáveis) são as que estão antropizados.
em equilíbrio dinâmico em seu estado natural,
Para se obter a classificação das unidades
porém, há uma instabilidade potencial contida
e codi nâ mi ca s é necessá ri o p roce de r a
nelas diante da possibilidade da intervenção
levantamentos de dados sobre o uso da terra
antrópica.
(componente antrópica) e de relevo, solos e clima
As Unid a de s Ecodi nâ m icas de (componentes ambientais), que se constituirão
Instab ilidade Em ergente (I nstáveis) foram fatores determinantes dos graus de fragilidade
definidas como os ambientes naturais que foram ambiental. Os fatores e os respectivos elementos
modificados intensamente pelo homem com que os compõem, considerados nesta análise, são
desmatamentos, agriculturas, industrialização e dispostos no Quadro 2.

Quadro 2 – Fatores e elementos de análise para determinação da fragilidade ambiental.

Fatores de análise para Elementos


fragilidade ambiental
Uso da Terra/Cobertura vegetal Densidade da cobertura vegetal.
Presença de práticas conserv acionistas.
Relevo Tipos de vertentes.
Índices de decliv idade.
Solos Textura (análise granulométrica).
Profundidade / espessura dos horizontes superficiais e
subsuperf iciais.
Permeabilidade / Compactação.
Clima Distribuição anual e intensidade da pluviometria.

Org.: AMARAL (2008)

Cada um dos fatores analisados deve ser preponderante para determinar a classificação da
hierarquizado em graus de fragilidade, que variam Unidade Ecodinâmica.
entre muito baixo, baixo, médio, alto e muito alto. Deste mod o, a associação numér ica
A composição final do grau de fragilidade é a representa um dígito para o grau de proteção aos
associação dos quatro fatores analisados, em que solos pela vegetação (natural ou cultivada),
o f at or uso da t e rra/ cob er tura v e ge ta l é variando da mais protetora a menos protetora,
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outro para a intensidade de dissecação do relevo 1) Uso e ocupação da terra e cobertura vegetal.
ou declividade, outro para a suscetibilidade à
O primeiro fator avaliado, preponderante
erosão dos tipos de solos, do menos suscetível
para a determinação da classificação da Unidade
ao mais suscetível, e, finalmente, o quarto dígito,
Ecodinâmica, é o uso e ocupação da terra, e se
r ef er ente a os ti pos de comp or ta me nt o
refere ao grau de proteção ao solo, de acordo
pluviométrico.
com a cobertura vegetal predominante.
A análise integrada dos fatores dará
O estudo foi feito a partir de interpretação
origem à carta-síntese (Carta das Unidades
da imagem de satélite Landsat TM5, órbita/ponto
Ecod inâm ica s de I nstab il id ad e Pot enci al e
222/75, 222/76, 223/75 e 223/76, composição
Emergente).
col or id a RG B, de 1 99 7 ( SM A, 1 99 9) ,
complementado com levantamentos de campo em
Discussão e Resultados locais específicos para subsidiar a elaboração da
Na área de estudo, para se obter a Carta de Uso da Terra.
cl assif ica ção da s uni dad es, f oi efe tuado o A imagem de satélite foi tratada no
levantamento e avaliação dos quatro fatores, em software Spring e classificada pelo método
escala 1:50.000, de acordo com os parâmetros sup er vi si onad o M ax ve r (m áx im a
determinados na proposta de ROSS (1994): Uso
verossimilhança).
da Terra/Cobertura Vegetal, Relevo, Solos e Clima.
Posteriormente, esses fatores foram analisados A classificação final do fator uso da terra
integradamente. é representada no Quadro 3.

Quadro 3 - Graus de proteção do solo na área de estudo de acordo com o uso da terra

Graus de Proteção Tipos de Uso da Te rra / Cobertura vegetal


(Ocorrências na área de estudo)
1- Muito Alto F lorestas/Matas naturais
2- Alto Capoeira
3- Médio ( sem ocorrências)
4- Baixo Pastagem sem práticas conservacionistas
A griculturas diversas sem práticas conservacionistas
5- Muito baixo a nulo Á reas desmatadas e que imadas recentemente
S olo exposto por arado/gradeação
S olo exposto ao longo de caminhos e estradas
Fonte: AMARAL (2005).

2) Relevo. relevo, tipos de vertentes e formas de processos


atuais, de acordo com a escala adotada para o
Para avaliar o fator relevo e elaborar a
levantamento (1:50.000).
Carta Geomorfológica da área de estudo foi feita
uma compartimentação por tipos de vertentes, A d ecli vi da de f oi associ ad a à
utilizando-se a classificação taxonômica proposta compartimentação geomorfológica para auxiliar
por ROSS (1992), em que se detalhou a análise na hierarquização do grau de fragilidade. Com
das formas de relevo presentes entre o 4° e o 6° b ase nos d ad os d a i ma ge m de sa té li te ,
táxons, respectivamente, tipos de formas de levantamentos secundários e trabalhos de campo,
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foram representadas as formas de processos r e l e v o d e n ud a ci on a i s , co m m od e l a d o d e


erosivos atuais: erosão laminar, voçorocas, colinas amplas e baixas com topos convexos
ravinas e cabeceiras de drenagem com erosão e topos planos e tabulares (ROSS & MOROZ,
acelerada. 1997).
A caracterização regional da área de A classificação final do fator relevo é
estudo apresenta o predomínio de formas de representada no Quadro 4.

Quadro 4 - Classes de fragilidade de acordo com os tipos de vertentes e


declividades na área de estudo
Gra u s d e F rag ilid ad e T ip o s d e Verte n te s e de clivi d ad es
(O co rrê nc ias n a Área d e E s tu do )
1- Mu it o Bai xo Tp - T op os p la n os (0 a 3 % d e d ec livid ad e )
2- Baixo Tc - T op o s co nve xo s (0 a 1 2 % d e d ec livi d ad e)
Vc 1 - Verten te s co nv exa s (3 a 1 2 % d e d e clivid ad e)
Pt - P at am ares p la no s (3 a 1 2 % de de cliv id ad e)
3- Mé dio Vc c - Vert en te s cô nca vas (3 a 12 % de d ecliv id ad e)
Vc 2 – Ve rten tes c on ve xas co m de cli vid ad es m é di as
(1 2 a 3 0 %)
4- Alto Vr2 - Verte n te s re tilín ea s co m d e clivi d ade s m é di as
(1 2 a 3 0 % d e d e cl ivid ad e)
5- Mu it o Alt o Vr1 - Ve rte nt es re ti lí ne as co m a lt as de c liv id ad es
(m ai ores q ue 3 0% )
Plan íci e Fluv ia l (0 a 3% d e d ec livi da de )
Fonte: AMARAL (2005).

3) Solos.
Para avaliar o fator solos e elaborar a de perfis latossólicos. A ocorrência de Argissolos
caracterização pedológica, foi feita uma análise e st á pr ovav el me nt e condi ci onad a a
com base no Mapa Pedológico do Estado de São coluvionamentos subsuperficiais de areias e
Paulo (OLIVEIRA et al, 1999) e amostragens de a rg il as transp or t ad as p or ação d e chuva s
campo, por falta de dados secundários de detalhe torrenciais e movimentação por gravidade ao
da região. longo das vertentes mais inclinadas.
A influência do substrato rochoso no As características climáticas favoreceram
d esenvolv i me nt o pe dol óg ico é v er if icad a o desenvolvimento de processos de alteração
fundamentalmente por meio da composição ferralítica, bem desenvolvidos nos solos da região.
mineralógica e da permeabilidade. Essa influência A água também exerce papel de fundamental
é observada tanto nos processos de alteração importância, podendo acelerar o processo de
física e química dos constituintes minerais como migração de argila para os horizontes mais
nos processos de movimento da matéria no solo. profundos, causando a lixiviação dos sais solúveis.
As formas do relevo contribuem para a definição
No caso da área de estudo, o substrato
das intensidades destes processos (IPT, 1987).
pedogenético, produto da alteração de arenitos
não calcíferos apresenta-se relativamente pobre Em estudos de detalhe, mais importante
em cátions básicos, facilitando o desenvolvimento do que enquadrar o solo em tipos específicos, é
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verificar o seu padrão textural e comportamento médio curso e jusante, e em alta, média e baixa
hídrico. Em locais antropizados é relevante vertentes. A análise granulométrica revelou a
a ve ri guar o comp or ta me nt o p erante a s predominância da fração areia, especialmente
intervenções que já foram feitas no local, como médias a finas.
por exemplo, o uso de maquinários para preparar
Os solos predominantemente arenosos
o solo para o plantio, que causa uma compactação
têm como principal característica uma rápida e
dos horizontes superficiais e, consequentemente,
profunda infiltração da água, que leva consigo os
muda os padrões de permeabilidade.
minerais e empobrece o solo superficial.
Para estimar essas diferenças, foram
Além da análise granulométrica, aplicou-
escolhidos pontos em locais limítrofes ao Parque
se mais algumas técnicas para constatar a
(com cobertura de vegetação densa) e em áreas
permeabilidade do solo em 6 pontos (alta, média
de assentamento rural (culturas diversas).
e baixa vertentes): testes com infiltrômetros de
No total foram efetuados 9 pontos de superfície e subsuperfície e com os penetrômetros
coleta de solos para análise granulométrica, de bolso e de percussão (impacto). O Quadro 5
distribuídos ao longo da principal bacia de apresenta uma síntese das características dos
drenagem da área de estudo, a bacia do Ribeirão pontos amostrados, e sua localização pode ser
Bonito. Foram amostrados pontos em montante, visualizada na Figura 2.

Quadro 5 – Características dos pontos amostrados em campo e resultados da aplicação dos


testes com infiltrômetro de subsuperfície e com o penetrômetro de percussão (impacto).
Pontos Posição no relevo Cobertura Granulo- Penetrômetro Infiltrômetro
amostra- / Tipo de ve rtente vegetal / metria de percussão) de
dos uso da terra (kgf/cm²) subsupe rfície
(ml/s)
Perío do Período Período Período
chuvoso se co chuvo so seco
P-1 Alta verte nte / Floresta 86% areia 12,49 22,73 248 592
verte nte convexa 4% silte
de baixa declividade 10% argila
P-2 Média vertente / Floresta 82% areia 18,72 26,93 39 191
verte nte convexa 6% silte
de baixa declividade 12% argila
P-3 Baix a vertente / Floresta 82% areia 12,16 16,76 9 161
planície aluvial 4% silte
14% argila
A-1 Alta vertente / topo Pastagem / 62% areia 18,39 35,78 0, 7 16
conv exo de baixa A gricultura 4% silte
declividade 34% argila
A-2 Média vertente / Pastagem / 78% areia 18,73 34,15 2 18
verte nte côncava A gricultura 2% silte
de baixa declividade 20% argila
A-3 Baix a vertente / Pastagem 74% areia 25,29 53,83 2 9
verte nte convexa 4% silte
de baixa declividade 22% argila
Org: AMARAL (2008).
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O s t e s t e s com i nf i l t r ôm e t r o f or a m seco, demonstrando o ressecamento dos solos


r e a l i z a d os co m a f i na l i d a d e d e m e d i r a arenosos, que não retêm água, mostrando-se
quantidade e a velocidade de infiltração da água extremamente permeáveis, o que diminui a
no solo. Um dos testes foi feito com infiltrômetro p ossi b i l i d a d e d e oco r r ê nci a d e p r oce ssos
de superfície, considerando a influência da erosivos laminares e lineares, como ravinas e
vegetação e raízes presentes em cada local e voçorocas.
as características dos horizontes A e O. O outro
O penetrômetro de bolso foi utilizado
teste foi executado com o infiltrômetro de
para medir a resistência de compressão do solo
subsuperfície, a 70 cm de profundidade, para
em superfície. O penetrômetro de percussão,
averiguar o comportamento da permeabilidade
com uma haste de 70 cm e peso de impacto de
no horizonte B. 4 kg, foi utilizado nos mesmos pontos, para
Nos pontos amostrados na área interna d e t e r m i na r a va r i a çã o d e r e si s t ê n ci a d e
do Parque (P1, P2 e P3), de textura arenosa superfície e subsuperfície.
( c e r ca d e 8 0 % a r e i a ) os t e st e s com os O s t e s t e s com os p e n e t r ô m e t r os
infiltrômetros demonstraram uma infiltração revelaram que a resistência do solo ou índice
rápida e não houve saturação do solo. Nos locais de cone é maior nos pontos que apresentam
amostrados nos assentamentos (A1, A2 e A3), text ura mé dio-ar enosa e em um pont o de
de textura média-arenosa (cerca de 70% areia), textura arenosa. Outro fator importante é que
a infiltração foi mais lenta e apenas em 2 dos 6 a resistência do solo (nº de impactos) aumentou
pontos houve saturação. Em todos os pontos co nsi d e ra v e l m e nt e e m t o d os os p ont os
am ostrados, as t axa s d e infil tra ção foram comparando-se a medição realizada no período
maiores em superfície, demonstrando não haver de seca (agosto) em relação à medição realizada
ca m a d a a r g i l osa si g ni f i ca t i va no t op o d o no período chuvoso (março), em função do
horizonte B. maior atrito decorrente da pouca umidade dos
solos.
Também verificou-se que as taxas de
i nf i l t ra çã o e m sub su p e r f í ci e a um e nt a ra m A classificação final do fator solos é
consideravelmente do período chuvoso para o representada no Quadro 6.

Quadro 6 - Classes de fragilidade na área de estudo de acordo com os tipos de solos

Graus de Fragilidade Tipos de Solos (Ocorrências na Área de Estudo)


1- Muito Baixo (sem ocorrências)
2- Baixo (sem ocorrências)
3- Médio LVA4 - Latossolo Vermelho-Amarelo (textura média)
4- Alto PVA13 - Argissolos Vermelho-Amarelo (textura arenosa/média)
5- Muito Alto RL8 - Neossolos Litólicos com afloramento de rochas (relevo
escarpado)
RL9 - Neossolos Litólicos com afloramento de rochas (relevo
forte ondulado)
GX9 - Gleissolos Háplicos

Fonte: AMARAL (2005).


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4) Clima. Em referência à classificação de Köppen,


a definição é Cwa - Mesotérmico de Inverno Seco,
O quarto fator considerado foi a análise
caracterizado por temperaturas médias anuais
do comportamento pluviométrico regional, a
ligeiramente inferiores a 22° C, com chuvas típicas
partir de dados do posto pluviométrico D9-
de clima tropical de maior ocorrência no verão.
014 – Fazenda Rosanela, disponibilizados pelo
DAEE (2003), referentes ao período de 1973 Não foi possível apurar diferenças de
a 1992. comportamento pluviométrico na área de estudo,
e, portanto, foram determinadas as características
Ne sta áre a, segundo dad os da SMA
predominantes na região.
(1999), o clima é predominantemente tropical-
continental, dada à participação dos sistemas A classificação final do fator clima é
atmosféricos do Centro-Oeste. representada no Quadro 7.

Quadro 7 - Níveis de comportamento pluviométrico na área de estudo

Graus de Fragilidade Características pluviométricas (Ocorrências na área de estudo)


1 – Muito baixo (sem ocorrências)
2 - Baixo (sem ocorrências)
3 – Médio Situação pluviométrica com distribuição anual desigual, com
períodos secos entre 2 e 3 meses no inverno, e no verão com
maiores intensidades de dezembro a março. Média anual em torno
de 1500 mm/a
4 – Alto (sem ocorrências)
5 – Muito Alto (sem ocorrências)

Fonte: AMARAL (2005).

5) Análise Integrada.
A partir da avaliação detalhada de cada Uso da Terra/Cobertura Vegetal. Portanto, nas
um dos 4 fatores, realizou-se a análise integrada áreas cujo uso da terra foi classificado como 1,
dos dados, que foi o objetivo principal do estudo. ou se j a , c om t i p o d e cob e r t u ra v e g e t a l
Foi feita a classificação numérica dos predominantemente de floresta, matas naturais
polígonos, a partir das possíveis combinações ou florestas cultivadas com biodiversidade, com
entre os fatores analisados. O primeiro dígito é g r a u d e p r ot e çã o m ui t o a l t o, f or a m
refere nte ao fat or Uso da Terra/Cobe rtura automaticamente classificados como Unidades
Vegetal; o segundo dígito é referente ao fator Ecodinâmicas de Instabilidade Potencial. As
relevo, e o terceiro dígito, referente ao fator demais áreas, com outros tipos de cobertura
solos. Por fim acrescenta-se o dígito referente vegetal, foram classificadas como Unidades
ao clima. Ecodinâmicas de Instabilidade Emergente.
De a co r d o com a p r op osi ç ã o O s g ra us d e fra g i l i d ad e a ssoci a d os
metodológica de ROSS (1994), o que diferencia dependeram da análise dos demais fatores: a
as Unidades Ecodinâmicas de Instabilidade combinação entre relevo, solos e clima. Como
Potencial (Estáveis) das Unidades Ecodinâmicas o fator clima só teve uma ocorrência na área de
de Instabilidade Emergente (Instáveis) é o fator estudo, neste caso, não terá alterações.
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Pa ra c l a s si f i ca r as Unidad es as combinações: Florestas/matas naturais, com


Ecodinâmicas de Instabilidade Potencial foi grau de proteção muito alto (1). O Quadro 8
elaborada uma matriz de correlações entre os ap re se nta a m at riz d e cor re la çã o p ara as
fatores relevo e solos, visto que o fator Uso da U n i d a d e s E cod i nâ m i ca s d e I ns t a b i l i d a d e
terra/Cobertura Vegetal será único para todas Potencial.

Quadro 8 – Matriz de correlação entre relevo e solos para classificação das Unidades
Ecodinâmicas de Instabilidade Potencial

Matriz de Correlação Relevo x Solos


Unidades Ecodinâmicas de Instabilidade Potencial (Estáveis)

CONSTANTES- Fator Uso da Terra / Cobertura vegetal = grau de proteção (1 )


Fator Clima = grau de fragilidade (3)
Grau de Fragilidade dos Solos
Muito Baixo Médio A lto Muito
Grau de Fragilidade dos tipos de relevo baixo (2) (3) (4) Alto (5)
e declividade (1) (-) LVA4 PVA 13 RL8
( -) RL9
GX9
Muito Baixo (1) - - 13 14 15
Tp - Topos planos (0 a 12% decl.)
Baixo (2) - - 23 24 25
Tc - Topos convexos (0 a 12% decl.)
Vc1 - Vertentes convexas (3 a 12% decl.)
Pt - Patamares planos (3 a 12 % decl.)
Médio (3) - - 33 34 35
Vcc – Vertentes côncavas (3 a 12% decl.)
Vc2 – Vertentes convexas (12 a 30% decl.)
Alto (4) - - 43 44 45
Vr2 – Vertentes retilíneas (12 a 30% decl.)
Muito Alto (5) - - 53 54 55
Vr1 – Vertentes retilíneas (decl. > 30%)
Planície Fluvial (0 a 3% decl.)
LEGENDA
(-) Sem ocorrênci a na ár ea de estudo.
LVA4 – Latossolo Vermel ho-Amarelo de textura média
PVA13 – Argissolos Vermelho-Amarel o de textur a média/arenosa
RL8 e RL9 - Neosso los Litólicos com afl oramento de rochas
GX9 - Gleissolos Háplicos

Org.: AMARAL (2008).

Para classificar as Unidades Ecodinâmicas fat or Uso da Te rra/Cobertura Veg etal t erá
de Instabilidade Emergente foi elaborada uma variações. O Quadro 9 apresenta a matriz de
matriz de correlações entre os fatores uso da correlação para as Unidades Ecodinâmicas de
terra e relevo/solos (combinados), visto que o Instabilidade Potencial.
As Unidades Ecodinâmicas na análise da fragilidade ambiental do
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Quadro 9 – Matriz de correlação entre uso da terra, relevo e solos para classificação das
Unidades Ecodinâmicas de Instabilidade Emergente
M a t r iz d e Co r r e l a ç ã o U s o d a T e rr a x R e l e v o x S o l o s
U n i d a d e s E c o d i nâ m i c a s d e In s t a b il i d a d e E m e rg e n t e ( I ns t á v e i s )
C O N S T A NT E - Fa t o r C lim a = g ra u d e f ra g ili d a d e ( 3 )
G ra u d e Fr a g ilid a d e d o U s o d a Te r ra / C ob e r tu ra V e g e ta l
M u i to B a i x o ( 2) M é d io A lt o ( 4) M uit o
G ra u d e Fr ag i lid a d e d os s o lo s + t ip o s d e b aixo C ap o e ira (3) P a s ta g e m A l to (5 )
v e rt en te s e d e c liv id a d e (1 ) (-) A g ric u l tu ra S ol o
( -) e xp o s to
M u i t o B a i x o (1 ) - - - - -
( -)
B a i x o (2 ) - - - - -
( -)
M é di o ( 3 ) - -
T p + L V A 4 (1 3 ) 213 41 3 513
T c + L V A 4 (2 3 ) 223 42 3 523
V c 1 + LV A 4 ( 2 3 ) 223 42 3 523
P t + L V A 4 (2 3 ) 223 42 3 523
V c c + LV A 4 ( 3 3 ) 233 43 3 533
V c 2 + LV A 4 ( 3 3 ) 233 43 3 533
A l t o (4 ) - -
T p + P V A1 3 ( 1 4 ) 214 41 4 514
T c + P V A1 3 ( 2 4 ) 224 42 4 524
V c 1 + P V A 1 3 (2 4 ) 224 42 4 524
P t + P V A1 3 ( 2 4 ) 224 42 4 524
V c c + P V A 1 3 (3 4 ) 234 43 4 534
V c 2 + P V A 1 3 (3 4 ) 234 43 4 534
V r2 + L V A 4 (4 3 ) 243 44 3 543
V r2 + P V A 1 3 ( 4 4 ) 244 44 4 544
M u i t o A l to ( 5 ) - -
T p + R L8 ( 1 5 ) 215 41 5 515
T p + R L9 ( 1 5 ) 215 41 5 515
T p + G X9 ( 1 5 ) 215 41 5 515
T c + R L8 ( 2 5 ) 225 42 5 525
T c + R L9 ( 2 5 ) 225 42 5 525
T c + G X9 ( 2 5 ) 225 42 5 525
V c 1 + R L8 (2 5 ) 225 42 5 525
V c 1 + R L9 (2 5 ) 225 42 5 525
V c 1 + G X 9 (2 5 ) 225 42 5 525
P t + R L8 ( 2 5 ) 225 42 5 525
P t + R L9 ( 2 5 ) 225 42 5 525
P t + G X9 ( 2 5 ) 225 42 5 525
V c c + R L8 (3 5 ) 235 43 5 535
V c c + R L9 (3 5 ) 235 43 5 535
V c c + G X 9 (3 5 ) 235 43 5 535
V c 2 + R L8 (3 5 ) 235 43 5 535
V c 2 + R L9 (3 5 ) 235 43 5 535
V c 2 + G X 9 (3 5 ) 235 43 5 535
V r2 + R L8 ( 4 5 ) 245 44 5 545
V r2 + R L9 ( 4 5 ) 245 44 5 545
V r2 + G X 9 ( 4 5 ) 245 44 5 545
V r1 + L V A 4 (5 3 ) 253 45 3 553
P la n . F lu v ia l + L V A 4 ( 5 3 ) 253 45 3 553
V r1 + P V A 1 3 ( 5 4 ) 254 45 4 554
P la n . F lu v ia l + PV A 1 3 ( 5 4 ) 254 45 4 554
V r1 + R L8 ( 5 5 ) 255 45 5 555
P la n . F lu v ia l + R L8 ( 5 5 ) 255 45 5 555
V r1 + R L9 ( 5 5 ) 255 45 5 555
P la n . F lu v ia l + R L9 ( 5 5 ) 255 45 5 555
V r1 + G X 9 ( 5 5 ) 255 45 5 555
P la n . F lu v ia l + G X 9 ( 5 5 ) 255 45 5 555
L EG EN D A : V r 2 – V e r t e n te s r e t ilíne a s (1 2 a 3 0% d e cl .)
(-) S e m o c o r r ê n ci a n a á r e a d e e s t ud o . V r 1 – V e r t e n te s r e t ilíne a s (d e cl . > 30 % )
T p – T o p o s p la n o s (0 a 3 % d e c l. ) P la n . F l uv ia l – P la n íc ie fluv ia l ( 0 a 3% d e c l. )
T c – T o p o s c o n v e x o s ( 0 a 12% d e cl .) L V A4 – L a t o s so lo V e r m e lh o -A m a r e lo d e te x tu r a m é d ia
V c 1 – V e r t e n te s c o n v e x a s (3 a 12 % d e cl .) P V A 13 – A r g is so lo s V e r m e lho - A m a r e lo de te x t u r a
P t – P a t a m a r e s p l a no s (3 a 1 2 % d e c l . ) m é d ia /a r e n o s a
V c c – V e r te n te s cô nc a v a s ( 3 a 1 2 % d e c l. ) R L 8 e R L 9 - N e o s so lo s L it ó lico s co m a flo r a m e nt o d e r o ch a s
V c 2 – V e r t e n te s c o n v e x a s (3 a 12 % d e cl .) G X 9 - G le is so lo s H á p li c o s

Org.: AMARAL (2008)


70 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 26, 2009 AMARAL, R.; ROSS, J.L.S.

As matrizes descritas anteriormente necessariamente. O Quadro 10 apresenta a


representam as combinações que podem ocorrer síntese das possíveis combinações numéricas de
entre os diferentes tipos de relevo, solos e uso definição dos polígonos da área de estudo. Ao
da terra/cobertura vegetal. Deve-se esclarecer final de cada grau de fragilidade identificado foi
q ue não ocorr e rã o toda s a s comb inaçõe s acrescido o dígito 3, referente ao clima.

Quadro 10 – Classificação numérica por grau de fragilidade das Unidades Ecodinâmicas


de Instabilidade Potencial e Emergente (possíveis combinações).

Graus de Fragilidade: Classificação numéri ca dos polígonos


(possíveis combinações):
Unidades Ecodinâmicas de Instabilidade Unidades Ecodinâmicas de
Potencial Instabilidade Emergente
Médio Alto Muito Alto Médio Alto Muito Alto
1133, 1233, 1143, 1243, 1153, 1253, 2133, 2233, 2143, 2243, 2153, 2253,
1333 1343, 1433, 1353, 1453, 2333 2343, 2433, 2353, 2453,
1443 1533, 1543, 2443, 4133, 2533, 2543,
1553 4233, 4333, 2553, 4153,
4143, 4243, 4253, 4353,
4343, 4433, 4453, 4543,
4443 4553, 5143,
5243, 5343,
5433, 5443,
5153, 5253,
5353, 5453,
5533, 5543,
5553

Org.: AMARAL (2008)

Para ob te r a s corr el ações e nt re os A) Unidades Ecodinâmicas de Instabilidade


polígonos definidos nas cartas de Uso da Terra, Potencial.
Geomorfológica e Pedológica, foi elaborado um
Correspondem às áreas cuja cobertura
algoritmo no módulo Legal do Software Spring
vegetal é de floresta/matas naturais, e, portanto,
para alcançar como produto final a carta síntese,
o grau de proteção é muito alto, proporcionado
a C ar ta d as Unid ad es Ecod inâm icas d e
pela densidade da vegetação e presença de
I nsta bi li da de Pote ncia l e Eme rg ente . A
serrapilheira. A presença da vegetação densa
classificação das Unidades Ecodinâmicas e seus
impede que o solo seja atingido diretamente pelas
respectivos graus de fragilidade podem ser
águas pluviais, evitando a ação do salpicamento.
visualizados na Figura 2.
A presença da serrapilheira, assim como as
Em análise ao resultado obtido pela Carta próprias raízes presentes no solo, impedem a
Síntese, tanto as Unidades Ecodinâmicas de erosão laminar e line ar. Nos testes com o
Instabilidade Potencial como as de Instabilidade infiltrômetro verificou-se rápida infiltração e
Eme rg ente a p re se nt aram t r ês g ra us d e ausência de saturação, tanto em superfície como
fragilidade: médio, alto e muito alto, descritos em subsup er f ície , de monst ra nd o boa
detalhadamente a seguir. permeabilidade e porosidade dos solos, o que
As Unidades Ecodinâmicas na análise da fragilidade ambiental do
Parque Estadual do Morro do Diabo e entorno, Teodoro Sampaio - SP, pp. 59 - 78 71

Figura 2 – Carta das Unidades Ecodinâmicas de Instabilidade Potencial e Emergente

evita o escoamento superficial. Entretanto, a) Grau de Fragilidade Médio (1133, 1233 e


essas áreas estão restritas ao Parque Estadual 1333): são áreas de vertentes côncavas e
d o M or r o d o D i a b o e out r os p e q ue n os convexas, topos e pata mares pla nos, com
fragmentos ainda preservados, principalmente declividades baixas e médias, associadas aos
a oeste do Parque. Latossolos Vermelho-Amarelos. Ocorrem em
72 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 26, 2009 AMARAL, R.; ROSS, J.L.S.

praticamente toda a extensão do Parque, exceto acordo com a cobertura veg etal presente,
no Morro do Diabo, nas planícies fluviais e nas conforme os graus de fragilidade descritos a
áreas antropizadas. Ocupam 27,60% da área de seguir.
estudo (318 km²).

a) Grau de Fragilidade Médio (2133, 2233, 2333):


b) Grau de Fragilidade Alto (1143, 1243, 1343, são áreas vertentes côncavas e convexas, topos
1433, 1443): são áreas de vertentes côncavas e e patamares planos, com declividades baixas e
convexas, topos e pata mares pla nos, com médias, associadas aos Latossolos Vermelho-
declividades baixas e médias, associadas aos Amarelos, onde a vegetação predominante é a
Argissolos Vermelho-Amarelos e de vertentes capoeira ou vegetação de mata em regeneração.
retilíneas de declividade média associadas aos Ocorrem esparsas em pequenos fragmentos por
Latossolos Vermelho-Amarelos e aos Argissolos toda a área de estudo e ao longo das margens
Vermelho-Amarelos. Ocorrem restritamente no dos corpos d’água. Este tipo de vegetação,
Morro do Diabo. Ocupam 0,09% da área de estudo menos densa do que as áreas de floresta/mata
(1 km²). natural, oferece certo grau de proteção aos
solos. Observou-se que as bordas do Parque
apresentam vegetação de capoeira ou vegetação
c) Grau de Fragilidade Muito Alto (1153, 1253, de mata alterada, assim como algumas áreas no
1353, 1453, 1533, 1543, 1553): ocorrem em interior do Parque como ao longo da rodovia e da
todos os tipos de vertentes e declividades, antiga ferrovia que cruzam o Parque (áreas
i ncluindo a s p la ní ci es f luvi a is, de sd e que alteradas) e próximo à margem do Reservatório
associados aos Neossolos Litólicos e aos Gleissolos de Rosana (vegetação de brejo – alterada pelo
Háplicos e, no caso das vertentes retilíneas de nível d’água mais alto devido ao enchimento do
alta declividade, podem estar associados também reservatório). Ocupam 8,73% da área de estudo
a os L at ossolos Ver me lho-Ama re los e aos (101 km²).
Argissolos Vermelho-Amarelos. As áreas de
p la ní ci es fl uv ia is, q ue , em b ora se ja m
consideradas estáveis pela cobertura florestal, são b) Grau de Fragilidade Alto (2143, 2243, 2343,
classificadas como grau de fragilidade potencial 2433, 2443, 4133, 4233, 4333, 4143, 4243, 4343,
muito forte por se tratar de áreas inundáveis. As 4433, 4443): são áreas de vertentes côncavas
frequentes cheias nessas áreas promovem o e convexas, topos e patamares planos, com
carreamento dos sedimentos finos presentes nas declividades baixas e médias, associadas aos
margens dos corpos d’água, que podem provocar Argissolos Vermelho-Amarelos e de vertentes
a ssor ea me nt o. N a á r e a d e e st u d o, e st e s retilíneas de declividade média associadas aos
sedimentos são carreados para o Reservatório Latossolos Vermelho-Amarelos e aos Argissolos
de Rosana, no Rio Paranapanema. Em longo Vermelho-Amarelos, onde a cobertura vegetal
p r a zo e st e s s e d i m e nt o s d e p os i t a d os n os pode ser capoeira, pastagem ou agricultura.
r eser va tór ios pode m com pr ome te r sua Ocorrem em grande parte da área de estudo, nos
capacidade. Ocupam 1,75% da área de estudo assentamentos e fazendas. As áreas destinadas
(20 km²). à pastagem sofrem diversos tipos de impactos:
podem estar relacionados à erosão de sulcos entre
as braquiárias plantadas ou ao pisoteio do gado
B) Unidades Ecodinâmicas de Instabilidade
em linhas preferenciais, responsável pela erosão
Emergente.
linear encontrada nestes trechos. As áreas de
Correspondem às áreas cuja cobertura a gr icul tura s d iv er sa s, que ocor re m
vegetal é de capoeira, pastagem, agricultura predominantemente nos assentamentos, também
ou solo exposto. O grau de proteção varia de desencadeiam impactos: é rara a aplicação de
As Unidades Ecodinâmicas na análise da fragilidade ambiental do
Parque Estadual do Morro do Diabo e entorno, Teodoro Sampaio - SP, pp. 59 - 78 73

práticas conservacionistas no manejo dos solos, infiltração da água no solo e favorece a erosão
o que faz com que a superfície seja exposta em laminar e linear. Além de propiciar a erosão,
a l g uns p e r í od os d o a no ( e nt r e ss a f ra ) , estes i m p a ct o s também ca usa m o
favorecendo a erosão laminar e linear, e o uso empobrecimento dos solos, exigindo outras
de maquinário pesado causa compactação dos medidas corretivas para mantê-los férteis. Essas
horizontes superficiais do solo, o que dificulta a características ocorreram em todos os pontos

Figura 3 – Distribuição das Unidades Ecodinâmicas de Instabilidade Potencial e


Emergente, por grau de fragilidade, área ocupada em km² e porcentagem.
74 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 26, 2009 AMARAL, R.; ROSS, J.L.S.

amostrados na área de assentamento. Ocupam analisados integradamente dados de uso da terra


50,82% da área de estudo (587 km²). (componente antrópica) e de relevo, solos e clima
(componentes ambientais), em escala 1:50.000,
pa ra de fi ni r a s Uni da des Ecod inâm ica s de
c) Grau de Fragilidade Muito Alto (2153, Instabilidade Emergente para áreas antropizadas
2253, 2353, 2453, 2533, 2543, 2553, 4153, 4253, e de Instabilidade Potencial para áreas naturais,
4353, 4453, 4543, 4553, 5143, 5243, 5343, 5433, com graus de fragilidade variando de muito baixo
5443, 5153, 5253, 5353, 5453, 5533, 5543, a muito alto.
5553): ocorrem em todos os tipos de vertentes e
Para subsidiar o estudo foram coletados
declividades, incluindo as planícies fluviais, desde
dados secundários e de campo, de forma a
que associados aos Neossolos Litólicos e aos
classificar hierarquicamente cada um dos fatores
Gleissolos Háplicos e, no caso das vertentes
analisados (uso da terra/cobertura vegetal,
retilíneas de alta declividade, podem estar
associados também aos Latossolos Vermelho- relevo, solos e clima).
Amarelos e aos Argissolos Vermelho-Amarelos. Para caracterizar o fator uso da terra/
Nestas áreas o uso da terra pode ser de capoeira, cobertura vegetal foram considerados dados de
pastagem, agricultura ou solo exposto. Incluem- densidade da cobertura vegetal e a presença de
se aqui as áreas de p lanícies fluvi ais sem práticas conservacionistas; para caracterizar o
cobertura florestal densa, por se tratar de áreas fator relevo, foram considerados dados sobre os
inundáveis, que têm as mesmas implicações das tipos de vertentes e índices de declividade; para
planícies fluviais das Unidades Ecodinâmicas de o fator solos foram considerados dados sobre
Instabilidade Potencial. As áreas de uso da terra textura, profundidade e espessura dos horizontes
destinadas à capoeira, pastagem e agriculturas superficiais e subsuperficiais, permeabilidade e
têm as mesmas implicações escritas para as com pa ct açã o; p ara o f at or cl im a fora m
U ni da de s Ecod i nâ mi ca s de Inst ab il id ad e considerados dados sobre a distribuição anual e
Emergente de grau de fragilidade alta, acrescidas intensidade da pluviometria.
do fato de estarem localizadas em solo raso e
com m ás cond içõe s d e pe rm ea b il id ad e e Para avaliar o fator uso da terra/cobertura
porosidade. Correspondem também às áreas de vegetal foi feita uma interpretação da imagem
solo exposto, que em alguns locais da área de de satélite Landsat TM5, com averiguações de
estudo coincidem como áreas destinadas ao campo. Os tipos de uso da terra identificados
plantio da cana-de-açúcar em seu período de f oram f lore sta s/ ma ta s nat urai s, ca poei ra ,
queima. O solo exposto, sem nenhum tipo de pastagem e agriculturas diversas sem práticas
cobertura vegetal, associado aos solos de textura conse rvaci onista s, ár ea s de sma ta da s e
média e arenosa, é muito erodível, de forma que queimadas, solo exposto por arado/gradeação e
podem ocorrer processos de erosão laminar e solo exposto ao longo de caminhos e estradas.
linear. Ocupam 5,31% da área de estudo (61 Para avaliar o fator relevo e elaborar a
km²). Carta Geomorfológica da área de estudo foi feita
A distribuição dos graus de fragilidade por uma compartimentação por tipos de vertentes,
área ocupada pode ser visualizada na Figura 3. uti li za nd o- se a cl assif icação t a xonômi ca ,
associando-se os índices de declividade. Os tipos
de formas de relevo encontrados na área de
Considerações Finais estudo foram: as Colinas amplas e baixas, cujos
Com o obj eti vo de a val iar as áre as tipos de vertentes são predominantemente
suscetíveis à degradação no Parque Estadual do convexas de baixas declividades (3 a 12%),
Morro do Diabo e entorno (Teodoro Sampaio/SP) algumas ocorrências de vertentes côncavas, de
foi desenvolvido um estudo com a aplicação do mesma declividade e alguns topos convexos, com
conceito de Unidades Ecodinâmicas. Foram declividades entre 0 a 12%. Outro tipo de forma
As Unidades Ecodinâmicas na análise da fragilidade ambiental do
Parque Estadual do Morro do Diabo e entorno, Teodoro Sampaio - SP, pp. 59 - 78 75

de relevo encontrado foi o morro com topo A partir da análise integrada pôde-se notar
aplanado ou tabular, correspondente ao Morro do que não se verificam diferenças representativas
Diabo, única grande elevação da Bacia. Os tipos de degradação e graus de fragilidade entre as
de vertentes encontrados no morro correspondem posições dos pontos amostrados no relevo (alta,
às vertentes convexas de médias declividades (12 média e baixa vertente), mas sim em relação à
a 30%), vertentes retilíneas de médias e altas presença ou não de cobertura vegetal florestal
d ecli vi da de s (d e 1 2 a 30 % e >3 0% , ( Unid ad es Ecod inâm ica s de I nst ab il id ad e
respectivamente), topos planos, com declividades Potencial (Estáveis) e de Instabilidade Emergente
de 0 a 3% , p ata mare s p lanos, de mesma (Instáveis)).
declividade e topos convexos, com declividades
de 0 a 12%. Por fim, as planícies fluviais às Ver if icou- se q ue as a lt a s ta xa s
margens do Ribeirão Bonito e seus afluentes, com pluviométricas concentram-se nos meses de
declividades de 0 a 3%. verão, quando as chuvas torrenciais favorecem o
escoamento superficial e abrem cicatrizes erosivas
Para avaliar o fator solos foram feitos que rapidamente podem evoluir de ravinas para
levantamentos secundários (Carta Pedológica do v oçor ocas, p ri ncip al m ente e m f unçã o da s
Estado de São Paulo) e levantamentos de campo, condições físicas dos solos, que são arenosos, do
com análises granulométricas e testes para que o relevo, que apresenta em geral vertentes
averiguar a permeabilidade/compactação. Foram com baixos gradientes topográficos, vertentes
a most ra dos p ontos em di fe r ente s longas e baixas declividades. Dessa forma, o fator
compartimentos de relevo e uso da terra. primordial de estabilidade ambiental é a presença
Nas áreas onde a declividade está próxima de cobertura vegetal florestal densa e solo
de 12%, foram identificados solos Argissolos recoberto de serrapilheira.
Vermelho-Amarelos (PVA13) e nas áreas de Na área restrita ao Parque Estadual do
menores declividades Latossolos Vermelho- Morro do Diabo, classificada como Unidade
Amarelos (LVA4). Às margens dos rios afluentes Ecodinâmica de Instabilidade Potencial, não se
e do Rio Paranapanema (Reservatório de Rosana), encontram marcas erosivas evidentes, frente ao
foram identificados solos Gleissolos Háplicos alto grau de proteção do solo contra a erosão
(GX9). No Morro do Diabo identificaram-se proporcionado pela cobertura florestal natural. No
Neossolos Litólicos (RL8 e RL9). Os solos são Morro do Diabo há um forte potencial de erosão
predominantemente arenosos, influenciados devido às altas declividades das vertentes ali
diretamente pela composição do subsolo, o que encontradas. Entretanto não se observou nenhum
causa uma rápida e profunda infiltração da água p onto com m ar cas d e pr oce ssos e rosi vos
que leva consigo os minerais e empobrece o solo agressivos, em função da proteção do solo pela
superficial. Como os arenitos da área são finos, o floresta.
impacto da chuva desagrega o solo com facilidade
e estes são carreados, causando erosão em área No restante das áreas, classificadas como
sem vegetação ou com cultivos sem práticas U ni da de s Ecod i nâ mi ca s de Inst ab il id ad e
conservacionistas e a sedimentação dessas Emergente, há a influência do fator uso da terra,
partículas em rios ou reservatórios. que torna o ambiente bastante frágil, pois em
muitos locais sequer existe alguma cobertura
Pa ra a va lia r o fa tor cli ma , f oi f ei to vegetal, encontrando-se solo totalmente exposto.
l evanta me nt o d e da dos junto a o post o Há ainda as plantações de cana-de-açúcar, que
pluviométrico instalado na área de estudo. A têm queimas periódicas, deixando o solo exposto
situação pluviométrica característica dessa área à ação das águas por determinado período de
é de distribuição pluviométrica anual desigual, tempo ao longo do ano.
com períodos secos entre 2 e 3 meses no inverno,
e no verão com maiores intensidades de dezembro O pisoteio do gado e a implantação das
a março. A média anual é de 1500 mm/a. culturas diversificadas fazem com que o solo fique
76 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 26, 2009 AMARAL, R.; ROSS, J.L.S.

exposto às intempéries, e qualquer chuva pode A compactação do solo e a exposição da


carrear grande quantidade de partículas, o que superfície por meio da diminuição do grau de
acaba causando o assoreamento nos rios e proteção, comparado à proteção que havia com
reservatórios. O tipo de pastagem cultivada com a vegetação natural fazem com que ocorra o
ca p i m b ra q ui á r i a t a m b é m p r op or c i ona o e scoam e nto sup er f ici a l, que p or sua v ez,
ap are ci mento de sul cos e ntr e os t uf os da proporciona a erosão laminar e linear.
vegetação. Em estradas ou próximo às cercas
Um dos fatores de desgaste que mais
das propriedades são encontradas cicatrizes de
se r i a m e nt e tem co nt r i b uí d o p a ra a
erosão e até mesmo voçorocas.
improdutividade dos solos é a erosão hídrica
Desta forma, pode-se considerar que a a c e l e r a d a p e l o h om e m co m a s p r á t i c a s
intervenção humana, verificada pela alteração inadequadas de ocupação e agricultura perante
no uso da terra, é o fator preponderante nos os tipos de solos e clima.
casos de processos erosivos observados na
Por meio dos resultados desta análise,
área. Este uso expõe o solo à alterações muitas
fica confirmada a influência da cobertura vegetal
v e ze s i r r e v e r sí v e i s, ca so nã o ha j a u m a
florestal, onde a mudança de uso (do estado
i n t e r v e nç ã o r á p i d a e p r á t i c a , com o a
natural – estável – para o antrópico – instável)
re cupe ra çã o de á re as m ui to susce tí ve is à
é o que desencadeia os processos erosivos.
erosão. Processos como o voçorocamento têm
custo muito alto para serem revertidos e, às C o nst a t a d o o p r i nci p a l p r o b l e m a ,
vezes, são até ineficazes. Deste modo, percebe- procura-se fazer breves sugestões em relação
se ser melhor prevenir, do que no futuro ter às diretrizes que devem caber ao planejamento
que recuperar estas áreas. A textura média- ambiental.
arenosa e arenosa favorece a desagregação do
A degradação ambiental no local ocorre
solo, tornando difícil a interrupção dos processos
desde que a vegetação original foi derrubada
erosivos instalados. Verifica-se também que se
para dar lugar às monoculturas extensivas.
implantou o sistema de curvas de nível em
Observando os dados de cobertura florestal do
algumas propriedades agrícolas para conter a
Estado de São Paulo verificou-se o avanço do
erosão.
desmatamento e a consequente ocupação do
As p l a ní ci e s f l uv i a i s a p e sa r d e se território, de forma que somente restou Mata
localizarem em áreas de baixa declividade (0 a Atlântica nas Unidades de Conservação e em
3%), foram classificadas como sendo de grau pequenos fragmentos de vegetação em áreas
de fragilidade muito alto de acordo com o índice particulares. Tratando-se aqui de uma área onde
d e r e l e v o, p or q u e e st a s á r e a s e st ã o se encontra o principal fragmento de Mata
condi cionad as às inunda çõe s constantes e Atlântica do interior do Estado de São Paulo, o
e l e va ç ã o d o n í v e l d o l e n çol f r e á t i c o, planejamento deve objetivar sua preservação
proporcionando o carreamento de sedimentos e manutenção.
para os cursos d’água.
Verificou-se que na área do Parque não
Na área em estudo, assim como em todo ocorrem processos erosivos severos, exceto nas
o Pontal do Paranapanema, as terras são pouco áre as com interve nção huma na, como por
férteis, o que restringe o plantio, sobretudo nos exemplo, onde a antiga ferrovia cruzava as
a sse nt a m e nt o s a g r á r i os, on d e o g ra u d e matas. Nesses locais, agora abandonados com
mecanização e práticas conservacionistas quase a desativação da ferrovia, ocorrem processos
nã o ocor r em . As cul t uras, a l ém d o ba i x o d e er osão e m e st ág io a va nça do, como a s
aproveitamento potencial, fazem com que o solo voçorocas. É importante fazer a contenção do
seja exposto frequentemente, o que diminui fluxo d’água das vertentes com canaletas e
cada vez mais sua capacidade de uso agrícola. caixas de retenção temporária, desviando a
As Unidades Ecodinâmicas na análise da fragilidade ambiental do
Parque Estadual do Morro do Diabo e entorno, Teodoro Sampaio - SP, pp. 59 - 78 77

á g ua p a ra q ue nã o con t i nu e a t i ng i nd o a outros enfoques, como por exemplo, o agrário


voçoroca e consequentemente aumentando sua e o socioeconômico, aos quais esta análise pode
proporção. Deve ser feito o reflorestamento das servir de subsídio.
áreas atingidas, pois o solo exposto é carreado
Ressalta-se que a metodologia, como
facilmente, o que causa assoreamento dos
qualquer modelo que possa ser aplicado, é uma
cursos d’água e do Reservatório de Rosana, no
representação da realidade, de acordo com a
Rio Paranapanema.
perspectiva de enfoque. Portanto, em algumas
Para melhorar as condições ambientais área s o resultado da fra gilidad e pode não
da área, é importante não só a preservação do condizer com a realidade atual, mas representa
Parque, mas também do entorno, melhorando o seu potencial.
inclusive a qualidade de vida dos moradores.
O u t r o f a t or a se r d e st a ca d o é a
N a á r e a d os a sse nt a m e n t os e n a s necessidade de adequar a escala de trabalho à
fazendas devem ser incentivados o sistema de áre a que se p retende a nalisar. Embora os
curvas de nível e as redes de terraços para estudos em escala 1:50.000 sejam considerados
contenção de escoamento superficial e indução com o um a ab or da g e m r e gi onal , os d ad os
da infiltração, pois controlam a erosão laminar disponí veis, pri ncipa lment e re lacionados a
e o assoreamento. É necessário ainda impedir geomorfologia e aos solos, não eram adequados
que o solo fique exposto, já que além da erosão p a ra r e p r e se nt a r a á r e a d e e st ud o. Pa ra
laminar, causa o emp obrecimento d o solo, v i a b i l i za r e s t e e st u d o f oi n e ce ssá r i o
adotando-se técnicas de cultivo adequadas, com p l em e nt a r os d ad os d e l e va nt a m e nt o
como o plantio na palha (plantio direto). secundário com as amostragens e análises de
campo.
A d i v e r si f i c a çã o d a p r od uç ã o, o
re fl or esta me nto d e ár ea s e a cap acit ação D e qua lq ue r f or m a, a ut i li za ção d e
técnica dos assentados devem ser algumas das modelos é útil ao planejamento ambiental e
prioridades para que seja obtido sucesso na urbano, visto que é a forma de avaliar áreas
produtividade, melhoria na qualidade ambiental extensas de uma forma rápida. Para os locais
e de vida da população. onde são verificados intensos processos de
desequilíbrio ambiental, se deve proceder a um
Esses são apenas alguns dos problemas
diagnóstico mais específico, em escala maior.
identificados aos quais se propõem formas de
tentar minimizar seus impactos. Muitos outros A análise das fragilidades proporciona
poderão ser diagnosticados em estudos em diretrizes ao planejamento de uso e ocupação,
escalas de maior detalhe e em estudos com de forma a preservar o equilíbrio ambiental.

Referências Bibliográficas

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Trabalho enviado em Agosto de 2008

Trabalho aceito em Setembro de 2009

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