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59 - 78, 2009
Rosangela do Amaral*
Jurandyr Luciano Sanches Ross**
RESUMO
O presente artigo apresenta um estudo de caso desenvolvido em Teodoro Sampaio/SP, no Pontal do
Paranapanema, para determinar a fragilidade ambiental a partir da proposta metodológica de ROSS
(1994) em “Análise Empírica da Fragilidade dos Ambientes Naturais e Antropizados”, utilizando o
conceito de Unidades Ecodinâmicas.
O objetivo do estudo da fragilidade ambiental foi avaliar as áreas suscetíveis à degradação para subsidiar
ações de planejamento que restrinjam e direcionem o uso e ocupação da terra, de forma a prevenir e
minimizar o surgimento de problemas relacionados à qualidade ambiental.
A área de estudo foi selecionada por conter diferentes tipos de uso da terra, com características
naturais e antrópicas. Foram levantados dados secundários e desenvolvidos ensaios de campo para a
caracterização de quatro fatores primordiais para a análise: uso da terra/cobertura vegetal, relevo,
solos e clima.
PALAVRAS-CHAVE
Fragilidade, Unidades Ecodinâmicas, análise integrada, planejamento ambiental, Parque Estadual do
Morro do Diabo
ABSTRACT
This paper is a case study in the municipality of Teodoro Sampaio, Pontal do Paranapanema, to determine
the environmental fragility, developed from the methodological proposal by ROSS (1994) in “Empirical
analysis of the fragility of natural and humanized environments” (Análise empírica da Fragilidade dos
Ambientes Naturais e Antropizados), using the Ecodynamical Units concept.
The objective of this environmental fragility study is to evaluate degradation susceptive areas to
subsidize planning actions that restrict and direct land use. These actions are planned to prevent and
minimize the appearance of problems related to environmental quality.
The study area was selected because it contains different forms of land use, with natural and anthropic
characteristics. Secondary data was obtained from previous studies and field surveys were carried out
to characterize four important factors for the final analysis: land use/vegetal cover, relief, soil and
climate.
KEY WORDS
Fragility, Ecodynamical Units, integrated analysis, environmental planning, Morro do Diabo State Park
/ São Paulo / Brazil
*
Pesquisadora Científica, Chefe da Seção de Geografia Aplicada do Instituto Geológico – Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e
Mestre em Geografia Física pelo Departamento de Geografia – FFLCH – USP. E-mail: rosangela.amaral@igeologico.sp.gov.br
**
Professor Titular do Departamento de Geografia – FFLCH – USP. E-mail: juraross@usp.br
60 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 26, 2009 AMARAL, R.; ROSS, J.L.S.
Introdução Objetivo
A proposta metodológica de ROSS (1994) O estudo da fragilidade ambiental teve
e m “Aná li se Em pí ri ca da Fra gi l id ad e dos como objetivo avaliar as áreas suscetíveis à
Amb ie nt es Na tura is e Antr op iza dos”, foi degradação para subsidiar ações de planejamento
desenvolvida com base nas concepções de que restrinjam e direcionem o uso e ocupação da
Ecodi nâ mi ca e Ecossi ste ma , de f inid as e m t er ra , de f or ma a p re ve ni r e mi ni mi za r o
trabalhos anteriores de TRICART (1977). Neste sur gi me nt o de pr ob le ma s r el aciona dos à
estudo de caso em Teodoro Sampaio/SP, no Pontal qualidade ambiental.
do Paranapanema, foi aplicado o conceito de
Para a aplicação do conceito de Unidades
Unid ade s Ecodi nâm ica s para det er minar a
Ecodinâmicas foram analisados integradamente
fragilidade ambiental.
dados de uso da terra (componente antrópica) e
Sob essa conce pção metodológica o d e re le vo, sol os e cl im a (comp onente s
ambiente é analisado segundo a Teoria dos ambientais), em escala 1:50.000. Foram definidas
Sistemas, que parte do pressuposto de que na as Unidades Ecodinâmicas de Instabilidade
natureza os fluxos de energia e matéria se Eme rg ente p ara á re as a nt r op izad as e d e
processam por meio de relações em equilíbrio Instabilidade Potencial para áreas naturais, com
dinâmico, ou se ja, a evolução na tural dos graus de fragilidade variando de muito baixo a
componentes do ambiente se dá em harmonia muito alto.
entre si.
No entanto, a ação antrópica na natureza
Proposição Metodológica
afeta a funcionalidade do sistema e induz aos
processos degenerativos. Normalmente, busca- Para avaliar a área de estudo foi utilizada
se o retorno técnico e econômico imediato, sem a proposta metodológica de ROSS (1994), em que
prognosticar as consequências passíveis de se utiliza o conceito de Unidades Ecodinâmicas
ocorr er e m l ongo p razo de vi d o a essa s de Instabilidade Potencial e de Instabilidade
intervenções. Com base nesses fatos acredita-se Emergente, classificadas em graus de fragilidade.
que todo planejamento deva considerar as Essa proposta foi desenvolvida com base na
potencialidades dos recursos naturais, mas, concepção de Ecodinâmica definida por TRICART
sobretudo, as fragilidades diante das diferentes (1977) e ambas foram relacionadas conforme
intervenções antrópicas na natureza. Quadro 1.
O Pontal do Paranapanema, localizado no Ambas as metodologias têm como objetivo
Oeste do Estado, é uma área que foi vastamente procede r a análises i ntegradas dos dados,
modificada, hoje caracterizada por pastagens r esul ta dos de comb inaçõe s d inâm icas d e
e xt ensi va s e m re le vo de col ina s am pl as, elementos físicos, biológicos e antrópicos que
apresentando intensos processos erosivos.
f azem d a p ai sa ge m um conj unt o único e
A área de estudo (Figura 1) tem como indissociável, sempre em evolução (BERTRAND,
características relevantes a presença de uma 1971). Outras formas de análises integradas
Unidade de Conservação, o Parque Estadual do podem ser vistas, por exemplo, nas concepções
Morro do Diabo, e em seu entorno assentamentos de Geossistema, exploradas por diversos autores
rurais com cultivos diversificados, onde são ( BERT RAND, 19 71 , SOTCH AVA, 1 97 8 e
evidenciadas marcas de processos erosivos. MONTEIRO, 2000).
As Unidades Ecodinâmicas na análise da fragilidade ambiental do
Parque Estadual do Morro do Diabo e entorno, Teodoro Sampaio - SP, pp. 59 - 78 61
Cada um dos fatores analisados deve ser preponderante para determinar a classificação da
hierarquizado em graus de fragilidade, que variam Unidade Ecodinâmica.
entre muito baixo, baixo, médio, alto e muito alto. Deste mod o, a associação numér ica
A composição final do grau de fragilidade é a representa um dígito para o grau de proteção aos
associação dos quatro fatores analisados, em que solos pela vegetação (natural ou cultivada),
o f at or uso da t e rra/ cob er tura v e ge ta l é variando da mais protetora a menos protetora,
As Unidades Ecodinâmicas na análise da fragilidade ambiental do
Parque Estadual do Morro do Diabo e entorno, Teodoro Sampaio - SP, pp. 59 - 78 63
outro para a intensidade de dissecação do relevo 1) Uso e ocupação da terra e cobertura vegetal.
ou declividade, outro para a suscetibilidade à
O primeiro fator avaliado, preponderante
erosão dos tipos de solos, do menos suscetível
para a determinação da classificação da Unidade
ao mais suscetível, e, finalmente, o quarto dígito,
Ecodinâmica, é o uso e ocupação da terra, e se
r ef er ente a os ti pos de comp or ta me nt o
refere ao grau de proteção ao solo, de acordo
pluviométrico.
com a cobertura vegetal predominante.
A análise integrada dos fatores dará
O estudo foi feito a partir de interpretação
origem à carta-síntese (Carta das Unidades
da imagem de satélite Landsat TM5, órbita/ponto
Ecod inâm ica s de I nstab il id ad e Pot enci al e
222/75, 222/76, 223/75 e 223/76, composição
Emergente).
col or id a RG B, de 1 99 7 ( SM A, 1 99 9) ,
complementado com levantamentos de campo em
Discussão e Resultados locais específicos para subsidiar a elaboração da
Na área de estudo, para se obter a Carta de Uso da Terra.
cl assif ica ção da s uni dad es, f oi efe tuado o A imagem de satélite foi tratada no
levantamento e avaliação dos quatro fatores, em software Spring e classificada pelo método
escala 1:50.000, de acordo com os parâmetros sup er vi si onad o M ax ve r (m áx im a
determinados na proposta de ROSS (1994): Uso
verossimilhança).
da Terra/Cobertura Vegetal, Relevo, Solos e Clima.
Posteriormente, esses fatores foram analisados A classificação final do fator uso da terra
integradamente. é representada no Quadro 3.
Quadro 3 - Graus de proteção do solo na área de estudo de acordo com o uso da terra
3) Solos.
Para avaliar o fator solos e elaborar a de perfis latossólicos. A ocorrência de Argissolos
caracterização pedológica, foi feita uma análise e st á pr ovav el me nt e condi ci onad a a
com base no Mapa Pedológico do Estado de São coluvionamentos subsuperficiais de areias e
Paulo (OLIVEIRA et al, 1999) e amostragens de a rg il as transp or t ad as p or ação d e chuva s
campo, por falta de dados secundários de detalhe torrenciais e movimentação por gravidade ao
da região. longo das vertentes mais inclinadas.
A influência do substrato rochoso no As características climáticas favoreceram
d esenvolv i me nt o pe dol óg ico é v er if icad a o desenvolvimento de processos de alteração
fundamentalmente por meio da composição ferralítica, bem desenvolvidos nos solos da região.
mineralógica e da permeabilidade. Essa influência A água também exerce papel de fundamental
é observada tanto nos processos de alteração importância, podendo acelerar o processo de
física e química dos constituintes minerais como migração de argila para os horizontes mais
nos processos de movimento da matéria no solo. profundos, causando a lixiviação dos sais solúveis.
As formas do relevo contribuem para a definição
No caso da área de estudo, o substrato
das intensidades destes processos (IPT, 1987).
pedogenético, produto da alteração de arenitos
não calcíferos apresenta-se relativamente pobre Em estudos de detalhe, mais importante
em cátions básicos, facilitando o desenvolvimento do que enquadrar o solo em tipos específicos, é
As Unidades Ecodinâmicas na análise da fragilidade ambiental do
Parque Estadual do Morro do Diabo e entorno, Teodoro Sampaio - SP, pp. 59 - 78 65
verificar o seu padrão textural e comportamento médio curso e jusante, e em alta, média e baixa
hídrico. Em locais antropizados é relevante vertentes. A análise granulométrica revelou a
a ve ri guar o comp or ta me nt o p erante a s predominância da fração areia, especialmente
intervenções que já foram feitas no local, como médias a finas.
por exemplo, o uso de maquinários para preparar
Os solos predominantemente arenosos
o solo para o plantio, que causa uma compactação
têm como principal característica uma rápida e
dos horizontes superficiais e, consequentemente,
profunda infiltração da água, que leva consigo os
muda os padrões de permeabilidade.
minerais e empobrece o solo superficial.
Para estimar essas diferenças, foram
Além da análise granulométrica, aplicou-
escolhidos pontos em locais limítrofes ao Parque
se mais algumas técnicas para constatar a
(com cobertura de vegetação densa) e em áreas
permeabilidade do solo em 6 pontos (alta, média
de assentamento rural (culturas diversas).
e baixa vertentes): testes com infiltrômetros de
No total foram efetuados 9 pontos de superfície e subsuperfície e com os penetrômetros
coleta de solos para análise granulométrica, de bolso e de percussão (impacto). O Quadro 5
distribuídos ao longo da principal bacia de apresenta uma síntese das características dos
drenagem da área de estudo, a bacia do Ribeirão pontos amostrados, e sua localização pode ser
Bonito. Foram amostrados pontos em montante, visualizada na Figura 2.
5) Análise Integrada.
A partir da avaliação detalhada de cada Uso da Terra/Cobertura Vegetal. Portanto, nas
um dos 4 fatores, realizou-se a análise integrada áreas cujo uso da terra foi classificado como 1,
dos dados, que foi o objetivo principal do estudo. ou se j a , c om t i p o d e cob e r t u ra v e g e t a l
Foi feita a classificação numérica dos predominantemente de floresta, matas naturais
polígonos, a partir das possíveis combinações ou florestas cultivadas com biodiversidade, com
entre os fatores analisados. O primeiro dígito é g r a u d e p r ot e çã o m ui t o a l t o, f or a m
refere nte ao fat or Uso da Terra/Cobe rtura automaticamente classificados como Unidades
Vegetal; o segundo dígito é referente ao fator Ecodinâmicas de Instabilidade Potencial. As
relevo, e o terceiro dígito, referente ao fator demais áreas, com outros tipos de cobertura
solos. Por fim acrescenta-se o dígito referente vegetal, foram classificadas como Unidades
ao clima. Ecodinâmicas de Instabilidade Emergente.
De a co r d o com a p r op osi ç ã o O s g ra us d e fra g i l i d ad e a ssoci a d os
metodológica de ROSS (1994), o que diferencia dependeram da análise dos demais fatores: a
as Unidades Ecodinâmicas de Instabilidade combinação entre relevo, solos e clima. Como
Potencial (Estáveis) das Unidades Ecodinâmicas o fator clima só teve uma ocorrência na área de
de Instabilidade Emergente (Instáveis) é o fator estudo, neste caso, não terá alterações.
68 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 26, 2009 AMARAL, R.; ROSS, J.L.S.
Quadro 8 – Matriz de correlação entre relevo e solos para classificação das Unidades
Ecodinâmicas de Instabilidade Potencial
Para classificar as Unidades Ecodinâmicas fat or Uso da Te rra/Cobertura Veg etal t erá
de Instabilidade Emergente foi elaborada uma variações. O Quadro 9 apresenta a matriz de
matriz de correlações entre os fatores uso da correlação para as Unidades Ecodinâmicas de
terra e relevo/solos (combinados), visto que o Instabilidade Potencial.
As Unidades Ecodinâmicas na análise da fragilidade ambiental do
Parque Estadual do Morro do Diabo e entorno, Teodoro Sampaio - SP, pp. 59 - 78 69
Quadro 9 – Matriz de correlação entre uso da terra, relevo e solos para classificação das
Unidades Ecodinâmicas de Instabilidade Emergente
M a t r iz d e Co r r e l a ç ã o U s o d a T e rr a x R e l e v o x S o l o s
U n i d a d e s E c o d i nâ m i c a s d e In s t a b il i d a d e E m e rg e n t e ( I ns t á v e i s )
C O N S T A NT E - Fa t o r C lim a = g ra u d e f ra g ili d a d e ( 3 )
G ra u d e Fr a g ilid a d e d o U s o d a Te r ra / C ob e r tu ra V e g e ta l
M u i to B a i x o ( 2) M é d io A lt o ( 4) M uit o
G ra u d e Fr ag i lid a d e d os s o lo s + t ip o s d e b aixo C ap o e ira (3) P a s ta g e m A l to (5 )
v e rt en te s e d e c liv id a d e (1 ) (-) A g ric u l tu ra S ol o
( -) e xp o s to
M u i t o B a i x o (1 ) - - - - -
( -)
B a i x o (2 ) - - - - -
( -)
M é di o ( 3 ) - -
T p + L V A 4 (1 3 ) 213 41 3 513
T c + L V A 4 (2 3 ) 223 42 3 523
V c 1 + LV A 4 ( 2 3 ) 223 42 3 523
P t + L V A 4 (2 3 ) 223 42 3 523
V c c + LV A 4 ( 3 3 ) 233 43 3 533
V c 2 + LV A 4 ( 3 3 ) 233 43 3 533
A l t o (4 ) - -
T p + P V A1 3 ( 1 4 ) 214 41 4 514
T c + P V A1 3 ( 2 4 ) 224 42 4 524
V c 1 + P V A 1 3 (2 4 ) 224 42 4 524
P t + P V A1 3 ( 2 4 ) 224 42 4 524
V c c + P V A 1 3 (3 4 ) 234 43 4 534
V c 2 + P V A 1 3 (3 4 ) 234 43 4 534
V r2 + L V A 4 (4 3 ) 243 44 3 543
V r2 + P V A 1 3 ( 4 4 ) 244 44 4 544
M u i t o A l to ( 5 ) - -
T p + R L8 ( 1 5 ) 215 41 5 515
T p + R L9 ( 1 5 ) 215 41 5 515
T p + G X9 ( 1 5 ) 215 41 5 515
T c + R L8 ( 2 5 ) 225 42 5 525
T c + R L9 ( 2 5 ) 225 42 5 525
T c + G X9 ( 2 5 ) 225 42 5 525
V c 1 + R L8 (2 5 ) 225 42 5 525
V c 1 + R L9 (2 5 ) 225 42 5 525
V c 1 + G X 9 (2 5 ) 225 42 5 525
P t + R L8 ( 2 5 ) 225 42 5 525
P t + R L9 ( 2 5 ) 225 42 5 525
P t + G X9 ( 2 5 ) 225 42 5 525
V c c + R L8 (3 5 ) 235 43 5 535
V c c + R L9 (3 5 ) 235 43 5 535
V c c + G X 9 (3 5 ) 235 43 5 535
V c 2 + R L8 (3 5 ) 235 43 5 535
V c 2 + R L9 (3 5 ) 235 43 5 535
V c 2 + G X 9 (3 5 ) 235 43 5 535
V r2 + R L8 ( 4 5 ) 245 44 5 545
V r2 + R L9 ( 4 5 ) 245 44 5 545
V r2 + G X 9 ( 4 5 ) 245 44 5 545
V r1 + L V A 4 (5 3 ) 253 45 3 553
P la n . F lu v ia l + L V A 4 ( 5 3 ) 253 45 3 553
V r1 + P V A 1 3 ( 5 4 ) 254 45 4 554
P la n . F lu v ia l + PV A 1 3 ( 5 4 ) 254 45 4 554
V r1 + R L8 ( 5 5 ) 255 45 5 555
P la n . F lu v ia l + R L8 ( 5 5 ) 255 45 5 555
V r1 + R L9 ( 5 5 ) 255 45 5 555
P la n . F lu v ia l + R L9 ( 5 5 ) 255 45 5 555
V r1 + G X 9 ( 5 5 ) 255 45 5 555
P la n . F lu v ia l + G X 9 ( 5 5 ) 255 45 5 555
L EG EN D A : V r 2 – V e r t e n te s r e t ilíne a s (1 2 a 3 0% d e cl .)
(-) S e m o c o r r ê n ci a n a á r e a d e e s t ud o . V r 1 – V e r t e n te s r e t ilíne a s (d e cl . > 30 % )
T p – T o p o s p la n o s (0 a 3 % d e c l. ) P la n . F l uv ia l – P la n íc ie fluv ia l ( 0 a 3% d e c l. )
T c – T o p o s c o n v e x o s ( 0 a 12% d e cl .) L V A4 – L a t o s so lo V e r m e lh o -A m a r e lo d e te x tu r a m é d ia
V c 1 – V e r t e n te s c o n v e x a s (3 a 12 % d e cl .) P V A 13 – A r g is so lo s V e r m e lho - A m a r e lo de te x t u r a
P t – P a t a m a r e s p l a no s (3 a 1 2 % d e c l . ) m é d ia /a r e n o s a
V c c – V e r te n te s cô nc a v a s ( 3 a 1 2 % d e c l. ) R L 8 e R L 9 - N e o s so lo s L it ó lico s co m a flo r a m e nt o d e r o ch a s
V c 2 – V e r t e n te s c o n v e x a s (3 a 12 % d e cl .) G X 9 - G le is so lo s H á p li c o s
praticamente toda a extensão do Parque, exceto acordo com a cobertura veg etal presente,
no Morro do Diabo, nas planícies fluviais e nas conforme os graus de fragilidade descritos a
áreas antropizadas. Ocupam 27,60% da área de seguir.
estudo (318 km²).
práticas conservacionistas no manejo dos solos, infiltração da água no solo e favorece a erosão
o que faz com que a superfície seja exposta em laminar e linear. Além de propiciar a erosão,
a l g uns p e r í od os d o a no ( e nt r e ss a f ra ) , estes i m p a ct o s também ca usa m o
favorecendo a erosão laminar e linear, e o uso empobrecimento dos solos, exigindo outras
de maquinário pesado causa compactação dos medidas corretivas para mantê-los férteis. Essas
horizontes superficiais do solo, o que dificulta a características ocorreram em todos os pontos
de relevo encontrado foi o morro com topo A partir da análise integrada pôde-se notar
aplanado ou tabular, correspondente ao Morro do que não se verificam diferenças representativas
Diabo, única grande elevação da Bacia. Os tipos de degradação e graus de fragilidade entre as
de vertentes encontrados no morro correspondem posições dos pontos amostrados no relevo (alta,
às vertentes convexas de médias declividades (12 média e baixa vertente), mas sim em relação à
a 30%), vertentes retilíneas de médias e altas presença ou não de cobertura vegetal florestal
d ecli vi da de s (d e 1 2 a 30 % e >3 0% , ( Unid ad es Ecod inâm ica s de I nst ab il id ad e
respectivamente), topos planos, com declividades Potencial (Estáveis) e de Instabilidade Emergente
de 0 a 3% , p ata mare s p lanos, de mesma (Instáveis)).
declividade e topos convexos, com declividades
de 0 a 12%. Por fim, as planícies fluviais às Ver if icou- se q ue as a lt a s ta xa s
margens do Ribeirão Bonito e seus afluentes, com pluviométricas concentram-se nos meses de
declividades de 0 a 3%. verão, quando as chuvas torrenciais favorecem o
escoamento superficial e abrem cicatrizes erosivas
Para avaliar o fator solos foram feitos que rapidamente podem evoluir de ravinas para
levantamentos secundários (Carta Pedológica do v oçor ocas, p ri ncip al m ente e m f unçã o da s
Estado de São Paulo) e levantamentos de campo, condições físicas dos solos, que são arenosos, do
com análises granulométricas e testes para que o relevo, que apresenta em geral vertentes
averiguar a permeabilidade/compactação. Foram com baixos gradientes topográficos, vertentes
a most ra dos p ontos em di fe r ente s longas e baixas declividades. Dessa forma, o fator
compartimentos de relevo e uso da terra. primordial de estabilidade ambiental é a presença
Nas áreas onde a declividade está próxima de cobertura vegetal florestal densa e solo
de 12%, foram identificados solos Argissolos recoberto de serrapilheira.
Vermelho-Amarelos (PVA13) e nas áreas de Na área restrita ao Parque Estadual do
menores declividades Latossolos Vermelho- Morro do Diabo, classificada como Unidade
Amarelos (LVA4). Às margens dos rios afluentes Ecodinâmica de Instabilidade Potencial, não se
e do Rio Paranapanema (Reservatório de Rosana), encontram marcas erosivas evidentes, frente ao
foram identificados solos Gleissolos Háplicos alto grau de proteção do solo contra a erosão
(GX9). No Morro do Diabo identificaram-se proporcionado pela cobertura florestal natural. No
Neossolos Litólicos (RL8 e RL9). Os solos são Morro do Diabo há um forte potencial de erosão
predominantemente arenosos, influenciados devido às altas declividades das vertentes ali
diretamente pela composição do subsolo, o que encontradas. Entretanto não se observou nenhum
causa uma rápida e profunda infiltração da água p onto com m ar cas d e pr oce ssos e rosi vos
que leva consigo os minerais e empobrece o solo agressivos, em função da proteção do solo pela
superficial. Como os arenitos da área são finos, o floresta.
impacto da chuva desagrega o solo com facilidade
e estes são carreados, causando erosão em área No restante das áreas, classificadas como
sem vegetação ou com cultivos sem práticas U ni da de s Ecod i nâ mi ca s de Inst ab il id ad e
conservacionistas e a sedimentação dessas Emergente, há a influência do fator uso da terra,
partículas em rios ou reservatórios. que torna o ambiente bastante frágil, pois em
muitos locais sequer existe alguma cobertura
Pa ra a va lia r o fa tor cli ma , f oi f ei to vegetal, encontrando-se solo totalmente exposto.
l evanta me nt o d e da dos junto a o post o Há ainda as plantações de cana-de-açúcar, que
pluviométrico instalado na área de estudo. A têm queimas periódicas, deixando o solo exposto
situação pluviométrica característica dessa área à ação das águas por determinado período de
é de distribuição pluviométrica anual desigual, tempo ao longo do ano.
com períodos secos entre 2 e 3 meses no inverno,
e no verão com maiores intensidades de dezembro O pisoteio do gado e a implantação das
a março. A média anual é de 1500 mm/a. culturas diversificadas fazem com que o solo fique
76 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 26, 2009 AMARAL, R.; ROSS, J.L.S.
Referências Bibliográficas