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MECANISMO DE TUTELA JURISDICIONAL DA PARTICIPAÇÃO

DEMOCRÁTICA DO CIDADÃO EM MOÇAMBIQUE

Em primeiro lugar importa, referirmo-nos a definição do que seja a Tutela Jurisdicional, este
conceito defendido pelo Gomes Canotilho, como sendo mais do que abertura da via judiciária,
para além de assegurar a eficácia da protecção jurisdicional, deve garantir que a protecção
jurisdicional não fique aniquilada em virtude de inexistência de uma determinação legal da
via judicial adequada1.

Alguns aspectos negativos apontam para o processo de Participação Democrática do Cidadão,


por exemplo a Constituição da República de Moçambique remete para lei ordinária do
funcionamento, organização e composição da CNE, a questão do comparecimento dos
cidadãos a pleitos, na medida em que grande número de pessoas não tem exercido o seu
direito de voto, ademais evidência as queixas dos cidadãos em relação a votação2.

A participação do cidadão na vida Política, impõe o conteúdo processual de legitimidade


decisória, na sociedade desde que apresente procedimentos onde deve ser incutido o cidadão
no sistema representativo de legislador político ordinário legitimado ao devido processo legal,
a legitimação que a Constituição da República impõe indissociável aos procedimentos como
meio de proporcionalizar ao cidadão acerca das leis que os disciplina.

Desde logo o direito de acesso dos cidadãos aos tribunais estatuído no artigo 62 n.º 1 da
Constituição da República de Moçambique (2004)3 da Lei Revisão Pontual da Constituição da

1 GOMES, Canotilho, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, Cit, p. 497. O autor refere que a
imposição de clareza não significa a necessidade da adopção da forma processual mais simples, nem numa via
que traduza, na prática, num jogo formal reconduzivel à existência de formalidades e pressupostos cuja
desatenção pelos particulares implica a perda automática das causas pelo que deveria haver um dever funcional
dos juízes convidarem as partes à regularização do processo.

2 ALMEIDA, Andrea Alves de, Processualidade Jurídica e Legitimidade normativa, Forúm, 2005, p. 56.
3 Constituição da República de Moçambique de 2004, BR n.º 44, I Série, Suplemento, de 2 de Novembro de
1990.

1
Republica mantem –se o artigo4, que significa a possibilidade de dirimir pela via jurisdicional
todas as leis de pretensão insatisfeitas.

Porém, outro aspecto sobre os mecanismos de participação democrática, o artigo 81 da


Constituição da República (2004) enuncia, entre os direitos liberdades e garantia de
participação política, o direito de acção popular onde todos os cidadãos, pessoalmente ou
através das associações de defesa de interesses em causa enunciado na alínea b) do n.º 2 do
mesmo artigo, o fim desta acção popular não é sempre o da defesa de legalidade objectiva,
mas sim o da tutela de interesses meta individuais materialmente delimitados.

Por isso, impõe se a ideia do contraditório como direito de participação, como oportunidade
de opinar sobre os assuntos políticos que assente na sociedade Moçambicana revestido de
especial protecção Constitucional, existe neste sentido um processo de democratização que se
submete a vontade popular dados os fins propostos pelo cidadão, nos dizeres de Gomes
Canotilho, num Estado Democrático de Direito onde o poder democrático é o poder de povo5.

DUE PROCESS OF LAW6 que visa agasalhar o cidadão a partir do instante em que ele tem
acesso jurisdicional, permitido a ampla defesa bem como os meios a esta inerente, por isso
primeiro lugar a garantia fundamental é a “condicio sine qua non” para a concretização do
direito da participação do cidadão na vida política.

Sendo um dever do Estado para criação e implementação de direito de participação do


cidadão, estar dependente do sistema Constitucional do Estado de Direito Democrático é de
salientar que este direito tem efeitos imediatos, das garantias fundamentais, pois não se
manifesta directamente na maioria dos direitos sociais.

4 Lei da Revisão Pontual da Constituição da República de Moçambique, Lei n.º 1/2018, Br n.º 115, I Série,
Suplemento, de 12 de Junho de 2018, Terça- Feira.
5 CANOTILHO, J.J Gomes, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, 6. Edição Coimbra, Almedina,
2002, p 231.
6 Due process of Law, conceito originário da jurisprudência anglo- soxόnica, foi cunhada no Statute of
Westminster of the Libertes of London, em 1354, e consistia num sistema de limitação de poderes contra
arbitrariedades da privação do direito à vida, à liberdade e à propriedade, traduzindo- se, pois num processo legal
de garantia de protecção ao direito substantivo.

2
Mas esta questão inibi a vinculação imediata em relação ao legislador, que deverá proceder à
regulamentação do direito, e também em relação aos tribunais que deverá obrigar o legislador
a implementar este direito social como forma dos cidadãos reclamarem sobre o direito.

Apesar de algumas balizas que colocam o processo democrático em Moçambique, o que


dificulta o direito do cidadão na participação democrática na governação, embora existam
algumas políticas introduzidas, podíamos ver em alguns diálogos parlamentares sem
questionar sobre a existência de mecanismo que levem o cidadão tente ver que seus interesses
e os direitos que são defendidos pelo governo.

Tendo em vista o contexto da democratização em Moçambique teve a influência nos conflitos


políticos, onde desencadeou uma séria de desproporcionalidade representativa de
desigualdades sociais resultando de uma fraca participação do cidadão na vida Política, isto
devido ao acontecimento de retornos da violência armada e dificuldade do diálogo
institucional entre os vários partidos e o Governo.

Partindo do pressuposto de que em Moçambique temos vários tipos de democracia, sendo em


concreto a democracia deliberativa constitui-se em modelo político decisório pautando na
participação do cidadão na política, trazendo a sua implementação contribuindo para a
efectivação do ideal da participação política tida como cerne da democracia.

Onde alguns aspectos apontam que na participação democrática como um direito


fundamental, que podemos definir como prescrições que espelham a ideia de dignidade da
pessoa humana, seja porque resguardam valores mínimos indispensáveis, esta deve ser
elencada no sentido que permite o cidadão participar na vida política colectivamente e não só
por mecanismo de defesa real do homem em face da tutela do Direito pelo Estado, na medida
em que permite resguardar os interesse público e ao bem-estar dos cidadãos.

Embora em Moçambique, a democracia deliberativa represente maior importância, onde


temos representante eleito pelo povo e legitimado por um processo eleitoral integro, na qual o
cidadão ciente das suas obrigações e a par das propostas que cada um exerce o sufrágio, ou
direito ao voto, elegendo o seu representante.

3
Ademais o povo exerça directamente o seu direito fundamental como instrumento de consulta
convocado previamente na criação de um acto legislativo7.

No ordenamento jurídico moçambicano, a Constituição reconhece ao cidadão o direito de


impugnar os actos que violam os seus direitos que nela são estabelecidos e os previstos nas
demais leis de acordo com o artigo 69, embora esta disposição não distingue a natureza de
acto violador, é uma norma constitucional abrange qualquer acto emanado do poder público e
judicial,

Também importa assinalar que a Constituição confere aos cidadãos legitimidade processual
activa no processo de fiscalização sucessiva abstrata da Constitucionalidade onde exige o
número mínimo de dois mil cidadãos que podem solicitar ao Conselho Constitucional a
declaração nos termos do artigo 245, n.º 1 e 2 alínea g). Estes são exemplos concretos de
mecanismos que o cidadão tem ao seu dispor em caso de violação.

Contudo dizer que existem vários mecanismos de tutela jurisdicional de participação


democrática do cidadão em Moçambique, como desde o princípio da presente dissertação de
trabalho de fim de curso, apresentamos alguns pontos de vista sobre esta questão neste
capítulo. Assim a Constituição da República de Moçambique (2004) elenca estes mecanismos
que estão a dispor do cidadão como elemento integrante desta sociedade civil.

A Lei n.º 8/2013, de 27 de fevereiro que estabelece o quadro jurídico para eleição do
Presidente da Republica e para eleição dos deputados da Assembleia da Republica revoga a
Lei n.º 7/2007, de 26 de Fevereiro faz referência ao mecanismo de tutela jurisdicional.

Artigo 88

(Tutela jurisdicional)
7 CANOTILHO, J.J, Gomes, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, 3ª Ed. Coimbra, Almedina 1990.
A pessoa que tem o direito de votar e de ser eleito nas eleições onde temos o destinatário, ou seja o Estado tem
que assegurar a realizações de eleições, é um direito propriamente dito, neste caso de participar nas eleições
justas e livres e periódicas.
8 Lei n.º8/2014, de 12 de Março, que altera e republica a Lei n.º 5/2013, de 22 de Fevereiro, que estabelece o
quadro jurídico do recenseamento eleitoral sistemático para a realização de eleições, publicada no Boletim da
República n.˚21; I Série, de 23 de Março de 2014.

4
Compete ao Conselho constitucional a apreciação, em última instância, das reclamações,
protestos e recursos eleitorais.

Assim apresenta- se outro exemplo da Lei n.º 7/2013, de 22 de Fevereiro que também faz
referência ao meio de tutela jurisdicional que o cidadão pode dispor para fazer valer o seu
direito, esta lei estabelece o quadro jurídico para eleição do Presidente do Conselho Municipal
para eleição dos Membros da Assembleia Municipal ou de Povoação e revoga a Lei n.º
18/2007, de 18 de Julho, relativa à órgãos das Autarquias Locais.

Artigo 89

(Tutela jurisdicional)

Compete ao Conselho Constitucional a apreciação, em última instância, das reclamações,


protestos e recursos eleitorais.

Artigo 13810

(Validação e proclamação dos resultados eleitorais)

O Conselho Constitucional, após deliberar sobre as reclamações ou recursos, procede à


apreciação da acta e do edital do apuramento geral dos resultados das eleições para o

9 Lei n.º 10/2014, de 23 de Abril que altera e república a Lei n.º 7/2013, de 22 de Fevereiro, que estabelece o
quadro jurídico para a Eleição do Presidente do Conselho Municipal e para a Eleição dos Membros da
Assembleia Municipal ou da Povoação, publicada no Boletim da República n.˚16; I Série, de 22 de Fevereiro de
2013.

10 Idem

5
Presidente do Conselho Municipal, da acta e do edital do apuramento das eleições dos
membros da Assembleia Municipal ou de povoação para efeito de validação e proclamação.

Dado o fim do presente capítulo sobre os mecanismos de tutela jurisdicional, que estão a
dispor de todos os cidadãos, enquanto elemento integrante da sociedade civil em geral, a
Constituição reserva para o cidadão, como são os casos dos artigos 69, 70, 79, 80, 8111 e os
que constam da parte referente a administração pública, de acordo com acima mencionadas
apresentou- se os mecanismos ordinários das leis eleitorais n.˚ 4 e 7/2013, de 22 de Fevereiro
e 8/2013, de 27 de Fevereiro, alterados e republicados pelas leis números 10, 11 e 12/2014, de
23 de Abril. Face a situação actual do país implica dizer que existem vários mecanismos, o
que necessita são meio efectivo para a sua real concretização, devidos aos factores sociais,
económicos e financeiros.

11 Constituição da República de Moçambique de 2004, BR n.º 44, I Série, Suplemento, de 2 de Novembro.

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