Está en la página 1de 2

Abajur Lilás,

Plínio Marcos

(DILMA entra começa a se arrumar. Depois de um tempo, vai até a cama e sacode
Célia)

DILMA : Acorda, Célia. Já é tarde paca. Acorda, Célia. Tá na hora acorda.

CÉLIA (acordando) : Que horas são?

DILMA : Quase três.

CÉLIA : Porra!

DILMA : Porra mesmo.

CÉLIA : Três horas! E a bichona velha não piou por aqui?

DILMA : Botou a fuça, te viu apagada e saiu no pinote. Acho que tá a fim de te

aprontar uma.

CÉLIA : Filho da puta!

DILMA : (se arrumando) Anda, Célia. Não dá sopa pra sorte.

CÉLIA : Que ressaca!

DILMA : Quem manda beber?

CÉLIA : Só de caco cheio agüento essa zorra. Parece que levei uma surra do

cacete.

DILMA : Você nem lembra que tomou umas biabas da bichona? Beber assim é pra

se acabar.

CÉLIA : Só me lembro que a bichona estava azeda.

DILMA : Você se pegou com ele pra valer.

CÉLIA : Que bosta! O veadão deve ter me acertado bem. Mas tem troco. Você vai

ver.

DILMA : Só se você der o troco com o rabo.

CÉLIA : Você duvida?


DILMA : Ele tem as armas na mão. O mocó é dele. Se você acerta ele, já viu. Ele te

manda andar. E daí?

CÉLIA : Me viro.

DILMA : Como?

CÉLIA : Sei lá, porra! Eu não sou nenhuma jogada fora. Me arranjo fácil.

DILMA : Falar é fácil.

CÉLIA : Você não tem bronca da bichona?

DILMA : É só o que eu tenho. Mas também tenho meu filho pra criar.

CÉLIA : Por ele. Pelo teu filho. Vamos meter a cara. Se a gente ferra o puto, de

arma na frente, isso fica nosso.

DILMA : Você pensa que é tudo no “toma lá, dá cá”. E o resto? E a cana? E os

cupinchas da bicha?

CÉLIA : Cupincha é cupincha. Eles estão com quem está no mando. Se a gente fica

em cima, eles se bandeiam pro nosso lado.

DILMA : É melhor você se vestir e se mandar pra rua. Eu já estou pronta e vou

firme. Sei o que faço. Estou na putaria há mais tempo que você.

CÉLIA : Malandra como você é, e tá na merda.

DILMA : Estou criando meu nenê. Depois tudo muda. Até mais. (sai)

También podría gustarte