Documentos de Académico
Documentos de Profesional
Documentos de Cultura
1. FGV - OAB 2017 - XXII Exame. O Município Alfa realizou obras nas praças públicas
de determinado bairro, incluindo iluminação e arborização. Tais obras acarretaram a
valorização imobiliária de dezenas de residências daquela região. Em decorrência
disso, o município instituiu contribuição de melhoria. Sobre a contribuição em
questão, segundo o CTN, assinale a afirmativa correta.
a. É inválida, pois deveria ter sido instituída pelo Estado Beta, onde está
localizado o Município Alfa.
b. É válida, porque foi instituída para fazer face ao custo de obra pública da qual
decorre a valorização imobiliária.
1
BRASIL. Lei nº 5172, de 25 de out. 1966. Código Tributário Nacional (1966). Diário Oficial. Brasília,
25 de outubro de 1966. 145º da Independência e 78º da República.
1
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
DEPARTAMENTO DE DIREITO ECONÔMICO E FINANCEIRO
DIREITO TRIBUTÁRIO I
“Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições,
têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a
2
AgRg no AREsp 538.554/PR, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado
em 16/09/2014, DJe 23/09/2014.
2
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
DEPARTAMENTO DE DIREITO ECONÔMICO E FINANCEIRO
DIREITO TRIBUTÁRIO I
3
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
DEPARTAMENTO DE DIREITO ECONÔMICO E FINANCEIRO
DIREITO TRIBUTÁRIO I
4
ADI 1145, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Tribunal Pleno, julgado em 03/10/2002, DJ 08-11-
2002 PP-00020 EMENT VOL-02090-01 PP-00214 RTJ VOL-00191-02 PP-00421.
4
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
DEPARTAMENTO DE DIREITO ECONÔMICO E FINANCEIRO
DIREITO TRIBUTÁRIO I
5
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
DEPARTAMENTO DE DIREITO ECONÔMICO E FINANCEIRO
DIREITO TRIBUTÁRIO I
5
Capítulo II, 6 – O imposto como tributo não-vinculado à atuação do Estado, página 34 e 35, in
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 12 ed. São Paulo: Editora Saraiva: 1999.
6
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
DEPARTAMENTO DE DIREITO ECONÔMICO E FINANCEIRO
DIREITO TRIBUTÁRIO I
No meu ponto de vista, que diverge do adotado pela CTN e pela corrente
majoritária (teoria quinquipartida), defendo que a teoria sextapartida é a mais
abrangente e a que melhor explica o conceito de tributo ao classifica-los em seis
espécies: (i) impostos, (ii) taxas, (iii) contribuições de melhoria, (iv) empréstimos
compulsórios, (v) contribuições especiais e (vi) contribuição de iluminação pública.
Os critérios que utilizo para aderir a essa corrente são: (i) vinculabilidade ou não
vinculabilidade da hipótese de incidência; (ii) existência de destinação específica ou
ausência de destinação específica do produto da arrecadação e (iii) restituibilidade ou
não restituibilidade dos valores arrecadados.
Com base nesses três critérios, elenco as seguintes espécies tributárias: i)
impostos, que são tributos não vinculados, não destinados e não restituíveis; ii) taxas,
que são tributos vinculados, destinados e não restituíveis; iii) contribuições de
melhoria, que são tributos vinculados, destinados e não restituíveis; iv) empréstimos
compulsórios, que podem ser vinculados ou não vinculados, são destinados e são
restituíveis; v) contribuições especiais, que são tributos não vinculados, destinados e
não restituíveis; vi) contribuições de iluminação pública, que são tributos vinculados,
destinados e não restituíveis.
6
MACHADO, Hugo de Brito, Curso de Direito Tributário, São Paulo: Malheiros, 2005, p. 82.
7
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
DEPARTAMENTO DE DIREITO ECONÔMICO E FINANCEIRO
DIREITO TRIBUTÁRIO I
[…]
Art. 5º Os saldos dos depósitos à vista serão convertidos em cruzeiros, segundo a paridade
estabelecida no § 2º do art. 1º, obedecido o limite de NCz$ 50.000,00 (cinqüenta mil cruzados
novos).
§ 1º As quantias que excederem o limite fixado no caput deste artigo serão convertidas, a partir
de 16 de setembro de 1991, em doze parcelas mensais iguais e sucessivas.
7
STF. RECURSO EXTRAORDINÁRIO: RE 566.007 RS. Relatora: Ministra Carmem Lúcia. DJ:
13/11/2014
8
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
DEPARTAMENTO DE DIREITO ECONÔMICO E FINANCEIRO
DIREITO TRIBUTÁRIO I
3º As reservas compulsórias em espécie sobre depósitos à vista, mantidas pelo sistema bancário
junto ao Banco Central do Brasil, serão convertidas e ajustadas conforme regulamentação a ser
baixada pelo Banco Central do Brasil.
Art. 6º Os saldos das cadernetas de poupança serão convertidos em cruzeiros na data do próximo
crédito de rendimento, segundo a paridade estabelecida no § 2º do art. 1º, observado o limite de
NCz$ 50.000,00 (cinqüenta mil cruzados novos).
§ 1º As quantias que excederem o limite fixado no caput deste artigo, serão convertidas, a partir
de 16 de setembro de 1991, em doze parcelas mensais iguais e sucessivas.
Art. 7º Os depósitos a prazo fixo, com ou sem emissão de certificado, as letras de câmbio, os
depósitos interfinanceiros, as debêntures e os demais ativos financeiros, bem como os recursos
captados pelas instituições financeiras por meio de operações compromissadas, serão
convertidos em cruzeiros, segundo a paridade estabelecida no § 2º do art. 1º, observado o
seguinte:
§ 1º As quantias que excederem os limites fixados nos itens I e II deste artigo serão convertidas,
a partir de 16 de setembro de 1991, em doze parcelas mensais iguais e sucessivas.
9
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
DEPARTAMENTO DE DIREITO ECONÔMICO E FINANCEIRO
DIREITO TRIBUTÁRIO I
3º Os títulos mencionados no caput deste artigo, cujas datas de vencimento sejam posteriores ao
dia 16 de setembro de 1991, serão convertidos em cruzeiros, integralmente na data de seus
vencimentos.
[…]
Art. 9º Serão transferidos ao Banco Central do Brasil os saldos em cruzados novos não
convertidos na forma dos arts. 5º, 6º e 7º, que serão mantidos em contas individualizadas em
nome da instituição financeira depositante.
[…]
[…]
Art. 17. O Banco Central do Brasil utilizará os recursos em cruzados novos nele depositados
para fornecer empréstimos para financiamento das operações ativas das instituições financeiras
contratadas em cruzados novos, registradas no balanço patrimonial referido no artigo anterior.
Parágrafo único. As taxas de juros e os prazos dos empréstimos por parte do Banco Central do
Brasil serão compatíveis com aqueles constantes das operações ativas mencionadas neste artigo.
Art. 18. O Ministro da Economia, Fazenda e Planejamento poderá alterar os prazos e limites
estabelecidos nos arts. 5º, 6º e 7º ou autorizar leilões de conversão antecipada de direitos em
cruzados novos detidos por parte do público, em função dos objetivos da política monetária e da
necessidade de liquidez da economia.
[…]
10
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
DEPARTAMENTO DE DIREITO ECONÔMICO E FINANCEIRO
DIREITO TRIBUTÁRIO I
7. A cobrança pela manutenção da rede de água e esgoto, bem como pelo transporte
público urbano pode ser considerada tributo? E se a atividade for prestada por pessoas
jurídicas de direito privado, mediante contrato de concessão de serviços públicos?
Qual a diferença entre tributo e tarifa (preços públicos)? Justificar. E o pedágio? É
taxa, preço público ou espécie tributária diversa? Explicar.
Resposta: A cobrança pela manutenção da rede de água e esgoto, bem como pelo
transporte público urbano não pode ser considerado como um tributo, uma vez que o
serviço é prestado por empresas privadas ou sociedades de economia mista. Ainda
que fossem prestados diretamente pelo Estado sem concessão à terceiros não seria
considerada tributo pois não tem as características inerentes a essa classificação, tais
como a compulsoriedade, pois o cidadão pode captar água de um poço artesanal,
descartar seu esgoto em uma fossa e utilizar diversos meios de transporte para sua
locomoção, portanto não há de se falar em tributo nesses casos.
Podemos apresentar a diferença entre taxa (tributo) e tarifa (preço público) com uma
tabela que aponta suas similaridades e sobretudo suas diferenças:
8
Capítulo I, 5 – Empréstimo Compulsório, página 33 e 34, in CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de
Direito Tributário. 12 ed. São Paulo: Editora Saraiva: 1999.
11
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
DEPARTAMENTO DE DIREITO ECONÔMICO E FINANCEIRO
DIREITO TRIBUTÁRIO I
SIMILARIDADES
Taxa / Tributo Tarifa / Preço Público
Prestação pecuniária Prestação pecuniária
Fato lícito Fato lícito
DIVERGÊNCIAS
Taxa / Tributo Tarifa / Preço Público
Compulsória Não- Compulsória
É tributo Não é tributo
Obrigação assumida por imposição da lei Obrigação assumida voluntariamente
Instituída em lei (Art. 5º II e 150, I da CF/88) Instituída por contrato (Art. 175, I)
Só se desfaz com a revogação da lei Pode ser objeto de desfazimento do contrato
Administração direita e indireta Parestatais e, em alguns casos, administração
(O Estado atua investido de sua soberania) indireta (O Estado age como se fosse o
particular)
O Ente Público visa cumprir com as funções
públicas, cobrindo os custos do serviço prestado. É O Ente privado visa lucro
atividade sem fins lucrativos
Regime jurídico administrativo e Regime
jurídico de direito privado
Regime jurídico tributário
(Regime jurídico tarifário decorrente de uma
concessão de serviço público; política tarifária)
Serviços públicos compulsórios (Art. 145 da Serviços públicos genéricos (Art. 175, §3º)
CF/88)
Remuneração: Política Orçamentária Remuneração : Política tarifária (Art. 175, III)
Sujeito prestador é sujeito competente para institui Sujeito prestador é sujeito concessionário
o tributo (delegação) ou empresa pública em regime de
direito privado
Competência surge desde já do Texto da Competência surge só após o Processo
Constituição de Licitação (Art. 175, caput)
Comporta atuação extrafiscal pelo Estado Não admite extrafiscalidade.
Condicionado à necessária e prévia autorização
orçamentária em relação à lei que o instituiu (Sum Não condicionada à Lei orçamentária
545 STF)
Fiscalização pelo Judiciário Fiscalização pelo Executivo
Responsabilidade objetiva do Estado (Art. 37, § 6º Prestam em nome próprio e por conta e risco
da CF/88) (Art. 173, §1º da CF/88)
Por prazo indeterminado Por prazo determinado entre as partes
12
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
DEPARTAMENTO DE DIREITO ECONÔMICO E FINANCEIRO
DIREITO TRIBUTÁRIO I
O pedágio foi criado pela Lei 7.712, de 1988 e Revogada pela Lei nº 8.075, de 1990,
que, em julgamento de 04.05.99, foi declarado pelo Min. Carlos Velloso nos autos do
RREE 181.475-RS e 194.862-RS modalidade de taxa. Também conhecido por “selo-
pedágio”, cobrado pelo Departamento Nacional de Estradas e Rodagem DNER nas
rodovias federais, o referido tributo foi julgado como taxa tendo em vista (i) sua
previsão legal (Lei 7.712/88); (ii) sua compulsoriedade de uso e de cobrança (Lei de
Execução Fiscal); e, por isso mesmo, pertence ao âmbito do (iii) regime de direito
público. Vejamos ementa:
9
STF, 2ª Turma, RE 181475/RS, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Julg.: 04/05/1999, DJ 25-06-
1999 p. 28.
10
STF, 2ª Turma, RE 181475/RS, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Julg.: 04/05/1999, DJ 25-06-
1999 p. 28.
13
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
DEPARTAMENTO DE DIREITO ECONÔMICO E FINANCEIRO
DIREITO TRIBUTÁRIO I
Há que se firmar, em conclusão, que a despeito de neste caso ser o pedágio uma taxa,
nada impede situações em que a cobrança seja a título de preço público, apresentando-
se todos os fatores compositivos do regime de direito próprios desses tipos
exonerativos.
14