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Capitulo 5 Annales versus marxismos: 0s paradigras icos do século XX Daw clos. : O Dea kro Lretonca ores - IE gitoms C6. 1010 . 1607. Modernidade iluminista versus pés-modernidade estruturalista consigo mesmo, © projeto moderno iluminista é profunda- i mente otimista: cré na razdo e em seu poder de sempre ver claro € dé construir um mundo real segundo os seus parame- ma construgio e realizagao da hhip6tese fundamental do iluminismo & hegeliana: a historia \ no pode nio ter ve sem diregiio s6 pode produ- Posing sash SeNRTEREROCOME SIE ch FOV de Bolso zit a moralidade, a liberdade, a justiga, a igualdade e jamais a violencia, A histéria 6 movida pela busca de sentido e nao pela vontade de poténcia, Os iluministas abordam a historia com confianga, espe- tanga, otimismo, “fé na razio”. Se futuro s6 pode trazer a vit6ria da razdo, ou seja, uma sociedade justa, moral, livre, igualitaria, saturada de sentido, os iluministas acreditam que a tarefa do presente é autodestruir-se para que se implante em seu lugar imediatamente 0 futuro, Diluindo-se, no resis tindo & forca ractonal da historia, o passado-presente (0 que 6) da lugar ao futuro (0 que deve ser). Na modernidade, sob © governo critico da razio, a histo ‘A historia tornou-se sujeito de si, buscando nela propria a sua legiti- magao. Os iluministas acreditam ter decifrado o "segredo da historia” e recomendam a produgao vertiginosa de eventos que 0 concretizem, Eles consideram que, finalmente, pude- ram formular ¢ articular o até entio desconhecido e indizive © sentido profundo da vida dos homens. Se o real é racion: les sio 0s formuladores do racional. Bles se apresentam como a “consciéncia de si” da historia. A sua consciéneia da hist6- tia ea hist6rla efetiva coincidiriam: “fazer a histor histéria’” se recobrem. O conhecimento histérico fiel do vivido", & 0 ¥ivido que retorna a si e torna-se para- si. A narrativa histética e 0 curso dos processos histéricos coincidem. A histéria conhecimento e a histéria efetiva estio ambas dominadas pelos conceltos de sujeite e de eonsciéncia A historia é “rellexto"; exteriorizagio e retorno a si, objeti- vaca0 ¢ interiorizago de uma consciéncla sempre superior de si (Koselleck, 1990; Cardoso, 1997), © projeto da modernidade teve como base essa visio ilu- minista da historia, que é uma construgao especulativa de franceses e alemaes na passagem dos séculos XVIII ao XIX, 0 desafio historiogrifco 7 Esse “projeto moderno” propunha a produgio acelerada de eventos, que se acreditava’ ContiOlax, pois Supumha-se que‘o ‘seit sentido era conhecido antecipadamente. O iluminismo le- vou a uma revolugao permanente do vivido, a subordinagao do passado-presente a uma teleologia. Bm nome da realiza~ ‘gio final da razao absoluta, da utopia, da liberdade racional, legitimou-se toda violencia contra passado-presente. A critica racional tornou-se impiedosa ¢ intransigente em re- lagio aos irracionalismos e privilégios da tradigao ¢ do vivi- indo-se vertiginosamente ao futuro, os “portadores "08 sujeitos historicos dominados pelas convicgdes ‘luministas, encaravam o passado ¢ o presente como entraves, tes & civilizagao e a liberdade, eontra os quais co seriam legitimas. A razdo critica interroga e julga e nada pode resistir a sua critica racional. No tribunal da razao, 0 passado-presente 6 condenado e a sua “execugio” prescrita, Acredita-se que o homem, ele préprio, vai se resgatar, vai se salvar e nesse mundo mesmo, em plena historia e em pleno tempo. A historia é concebida como um provesso coerente, unificado ¢ acelerado da humanidade, wim sujeito singular coletivo, em diregio a perfectibilidade, a mo- ralidade, a racionalidade futuras (Habermas, 1985). Os termos novos que conduzem a implantacao do futuro no presente sio: “ “emancipagio”, “crise”, “evolugio", “revolugao”. O “espago da experiéncia”, 0 presente que contém o passado, éabreviado e interrompido para que 0 “horizonte de expectativa” seja entio ¢ ja "es- pago da experigncia”. O presente perde a possibilidade de ser vivido como presente ¢ escapa para dentro do futuro, © futuro destréi racionalmente o presente, pois mais perfeito e livre: A revolugio era vista como um evento inocente, pois a sua violencia seria legitima, moral, contra a violéncia pura do 108 FGV de Holso Estado e da religido. A “grande narral a legitimidade da intervengao radii toda critica moral esconde interesses pol dessa dissimulagdo: 0 terror, a soberania indiscutivel da pia, a desconsideragio e diluigio do “espago da experiencia’ (Koselleck, 1979 e 1990), lante da violéncia que tal visio da histéria produziu, as cléneias sociais vieram elaborar uma visio ant a” velo suspeitar desse sujeito conse: stdade. A conviegao de que a i posta em diivida. As ideias a inquietagio do que de confianga. Lévi-Strauss nao acreditava mais no evolucionismo, no progresso, no eurocentrismo, na utopia racionalista, e retirou-se para o mundo estavel, sem pressa, das sociedades dita pelas, no modernas, ni ai agora, e ironicamente, em Lévi-s aceleragao da historia,” As ciéncias sociais passaram a duvidar do conhecimento histérico baseado em uma especulagao filos6fica sobre o futu- ro. Blas consideram que o homem nao é s6 sujeito, mas tam- bém resultado, objeto. Flas opdem um conhecimento teérico empirico da sociedade, um “conhecimento de campo”, a0 ‘conhecimento especul losofia. Hm sua visto do ho- sncla nao predomina: o homem ree a sociedade nao € domina- isto é ndo euro- nspira a recusa da do € inteiramente sujeito e Ea RSS RHR IOS BR ETRE LE SIRES OEE RSNA CNT CN O desafio historiogrsico » da por uma teleologia. Portanto, se o homem ea histéria nao so transparentes, a “reflexdo total” ndo é possiv. propdem dentro de margens est . A agio deve io de uma planificagao limitada no tempo, pesquisas localizadas, de previsdes Geterminadas e quantificadas, O objetivo dessa limitagao teo- rica da agio é o seu controle (Lévi-Strauss, 1983). ‘As cigncins sociais produzem uma desaceleragao cautelosa contra a acéléragao revohiciondria da modernidade, Para elas, 0 temiparhistorico nao é iforme, homo- teressar mais ‘onhecer a realidade empi- ‘conhecimento abordar € c s orientem € I ‘uma agio global e descontrolada. A inovagdo em histéria, 0 evento, deve ser estruturado para deixar de ser ameagador. As ciéncias sociais produzem uma desaleragdo prudente da historia moderna iluminista (Reis, 2008). Bis af esbogado brevemente 0 quadro das macroteorias que orientaram a reflexio e a agdo histéricas do século XVII ao XX. De um lado, jet moderno”, iluminista, que produzia metanarrativas filoséficas que ofereciam 0 conheci~

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