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Teorias da Democracia e Instituições Políticas Brasileiras

Resenha 2 – AVRITZER, 2018

O artigo analisa sob a perspectiva institucional as estruturas democráticas e


antidemocráticas do país, observando o movimento pendular da democracia nacional –
as vias de acesso ao poder, eleitorais ou não-eleitorais. Destaca a inversão de condições
democráticas que se deram a partir de junho de 2013, seguida por uma série de crises
institucionais, intrainstitucionais e sociais – apontando forte momento de
desinstitucionalização do processo de resolução de conflitos políticos no país.
Defende a tese de que a democracia brasileira é caracterizada pela constância de
vias antidemocráticas de questionamento da soberania política de resultados eleitorais –
disponíveis aos atores que queiram utilizá-las. A existência de atores com esse interesse,
notadamente em momentos de fortes divisões políticas, crise econômico e profundo
desacordo em relação ao projeto de país, criam regressões democráticas. Estas
costumam acontecer de forma contrastante a momentos anteriores de partilha de
entusiasmo democrático entre massas e elites. Cita exemplo para ambos os momentos,
respectivamente: crises de 1954, com suicídio de Vargas, 1964, com o golpe militar,
2014, com questionamento da reeleição de Dilma; e eleições de 1946 e o período de
abertura gradual de 1985-1988, culminando na Constituinte.
Explica-se a existência de tais vias pela fragilidade das estruturas de defesa de
direitos no Brasil, que seriam vinculadas a arranjo intraelites baseado na “cordialidade”,
em contraponto a uma estrutura de direitos garantidos constitucionalmente. Para
reforçar o ponto de “cordialidade” como base da estrutura democrática brasileira, faz
referência a Sérgio Buarque de Holanda, que referencia tal elemento ao apontar a
ausência de elementos liberais na formação brasileira. Especialmente pelo caráter
oligárquico do Judiciário e de sua tradição, o autor deste artigo aponta o
desenvolvimento de um constitucionalismo liberal sem o pano de fundo de uma tradição
sólida de direitos e garantias individuais. Volta também a Holanda para listar o segundo
motivo da tradição pendular democrática brasileira, apontando a ausência de garantia de
direitos, entendidos como tolerância política privada.
O autor faz referência aos estudos de Acemoglu e Robinson ao apontar que elites
nacionais formadas por processos distintos resultam em cenários também distintos no
longo prazo. A origem dessas elites no extrativismo colonial e na coerção do trabalho
implicam em dificuldades na manutenção da democracia a longo prazo – assim como,
segundo o autor, a ideia de justiça e de garantias individuais dessas elites. Um Judiciário
centrado na figura da magistratura, tomada por contexto intraoligárquico das elites,
independe dos movimentos e demandas populares, e pode se tornar um instrumento para
as vias antidemocráticas suscetíveis a controle por grupos específicos.
A ausência de controle externo e a abertura democrática insuficiente de algumas
instituições do Estado brasileiro cria uma impermeabilidade democrática que
influenciam tanto as políticas públicas quanto as regras do jogo – regramento eleitoral,
disputas entre Poderes, influência militar no governo. De acordo com Avritzer, o
contexto impede a construção de contexto democrático de longo prazo, cujas
alternativas seriam duas: a manutenção da dinâmica pendular, sem mudanças estruturais
relevantes; ou ruptura democrática futura.

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