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Religiões oferecem certa comunidade. Elas preenchem o vazio do coração humano com
a presença mística do grupo, e se elas de fato não fornecerem esse benefício, elas
murcharão e morrerão, como as religiões do mundo antigo durante o período
helenístico. Portanto, é da natureza de uma religião proteger-se de grupos rivais e das
heresias que os promovem.
Os estudantes universitários de hoje têm pouco tempo para religião e tempo algum
para grupos exclusivos. Eles são particularmente insistentes nessas
distinções associadas à sua cultura herdada – entre sexo, classes, e raças; entre gêneros
e orientações; entre religiões e estilos de vida – tudo deve ser rejeitado, em prol de uma
igualdade que compreenda e permita que cada um seja quem realmente é. A “não
discriminação” é a ortodoxia dos nossos dias. No entanto, essa aparente abertura da
mente é tão determinada a silenciar o herege quanto qualquer religião estabelecida.
Pode não haver conhecimento prévio de como novas heresias podem ser cometidas, ou
o que exatamente elas são, já que a ética da não-discriminação está constantemente
evoluindo para desfazer as distinções que eram apenas ontem parte do tecido da
realidade. Quando Germaine Greer fez a passageira observação de que, em sua opinião,
as mulheres que se consideravam homens não eram, na ausência de um pênis, reais
membros do sexo masculino, isso foi considerado tão ofensivo que uma campanha foi
membros do sexo masculino, isso foi considerado tão ofensivo que uma campanha foi
montada para impedi-la de falar na Universidade de Cardi . A campanha não teve
sucesso, em parte porque Germaine Greer não é qualquer pessoa. Mas o fato de ela ter
cometido uma heresia era desconhecido para ela na época e, provavelmente, isso só
ocorreu aos ouvidos de seus acusadores durante a prática do “ódio de dois minutos”
daquela manhã.
Mais bem-sucedida foi a campanha para punir Sir Tim Hunt, o biólogo vencedor do
Prêmio Nobel, por fazer uma observação indelicada sobre a diferença entre homens e
mulheres no laboratório. Uma caça às bruxas em toda a mídia levou Sir Tim a se demitir
do seu cargo de professor na University College London; a Royal Society (da qual ele é
um membro) quando a denúncia se tornou pública, e por conta disto foi isolado pela
comunidade científica. Uma vida de distinto trabalho criativo terminou arruinada.
A ética da não discriminação nos diz que as mulheres são tão adaptadas a uma carreira
cientí ca quanto os homens. Não sei se isso é verdade, mas duvido que seja, e o
comentário indelicado de Sir Tim sugeriu que ele também não acredita. Como eu
descobriria quem está certo? Certamente, pesando as opiniões concorrentes no balanço
de uma discussão ponderada. A verdade surge por uma mão invisível sob nossa
variedade de erros, e tanto o erro como a verdade devem ser permitidos para que o
processo funcione. A heresia surge, no entanto, quando alguém questiona uma crença
que não deve ser questionada dentro do território favorecido de um grupo. O território
favorecido do feminismo radical é o mundo acadêmico, o lugar onde carreiras podem
ser feitas e alianças formadas através do ataque ao privilégio masculino. Um dissidente
dentro da comunidade acadêmica deve, portanto, ser exposto, assim como Sir Tim, à
intimidação pública e ao abuso; e na era da Internet essa punição pode ser ampliada
sem custo para aqueles que a infligem.
Este processo de intimidação deve lançar dúvidas, na mente de pessoas razoáveis, sobre
a doutrina que a inspira. Por que proteger uma crença que está em seus próprios pés? A
fragilidade intelectual da ortodoxia feminista está aí para todos verem, no destino de Sir
Tim. De fato, a University College London e a Royal Society demonstraram, em sua
recusa em proteger Sir Tim da chocante nuvem de idiotas, o triste estado do mundo
acadêmico que hoje está perdendo todo o sentido e o papel como guardião da vida
intelectual. Como Jonathan Haidt argumentou com louvor, no exato momento em que
as universidades defendem a diversidade como um valor acadêmico fundamental –
signi cando por “diversidade” tudo o que incluí sob o termo “não discriminação” – a
verdadeira diversidade pela qual uma universidade deveria ter uma posição, ou seja, a
diversidade de opinião que tem sido constantemente corroída, e, em muitos lugares,
completamente destruída.
A educação tradicional tinha muito a dizer sobre a arte de não ofender. A educação
moderna tem muito mais a dizer sobre a arte de se ofender. Isso, em minha
experiência, tem sido uma das conquistas dos estudos de gênero, que mostra aos
experiência, tem sido uma das conquistas dos estudos de gênero, que mostra aos
alunos como se ofender com o comportamento, com as palavras, os pronomes, as
instituições, os costumes, e até os fatos, sempre que a “identidade de gênero” é
questionada. Não foi preciso muita educação para que as mulheres antiquadas se
ofendessem com a presença de um homem no banheiro feminino. Mas é preciso muita
educação para ensinar uma mulher a ver como ofensivo um banheiro feminino onde os
homens que se “identificam” como mulheres são excluídos.
Acredito que uma instituição na qual a verdade possa ser procurada imparcialmente,
sem censura, e sem quaisquer penalidades impostas a quem discordar da ortodoxia
vigente, é um benefício social além de qualquer um que possa ser alcançado por meio
do controle sobre opiniões alheias. Se a universidade renunciar a seu chamado quanto
aos argumentos direcionados à verdade, corre o risco de se tornar um centro de
doutrinação sem doutrina, um modo de fechar as mentes sem o grande benefício
conferido pelas religiões, que embora também fechem a mente, o fazem em torno de
uma comunidade moral e real.
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Rodolfo diz:
15 de março de 2019 às 18:13
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