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Mariana Hugo
Uniritter Laureate International Universities
mariana.hugo@gmail.com
Heloisa Moura
Uniritter Laureate International Universities
moura@id.iit.edu
1 Introdução
pensamento social.
Para um processo de inovação social é necessário diagnosticar um problema social
relevante e suas causas, além de gerar ideias de como solucioná-lo de maneira viável
economicamente, promovendo, simultaneamente, uma mudança sistêmica. Normalmente,
os problemas sociais são complexos e sua solução envolve diversos setores que devem
trabalhar juntos, e é isso que torna este processo complicado.
O design vem contribuindo há algum tempo na elaboração de projetos de sistemas
que resultam em soluções inovadoras para problemas usuais. Muitos desses projetos visam
solucionar problemas sociais complexos. Ainda dentro desse contexto, vem utilizando
diversas metodologias específicas.
O objetivo deste trabalho, por conseguinte, é discutir o papel do design na inovação
social sustentável, buscando compreender como sua abordagem projetual pode facilitar as
inovações sociais e quais metodologias, métodos e técnicas podem ser empregadas.
Nesse intuito, o artigo se desenvolve através de revisão bibliográfica, levantando
diferentes conceitos de inovação social e metodologias para inovação social, com base no
processo projetual do design. Também são observados casos de inovação social e como
esses apóiam uma mudança sistêmica.
2 Desenvolvimento
Para compreender a questão como um todo, é necessário fazer uma reflexão sobre o
que é sustentabilidade e inovação social, além de como o design pode contribuir para que
iniciativas deste tipo se concretizem..
bem estar. Para Manzini, a sociedade precisa passar por esse processo de aprendizagem,
utilizando-se de criatividade, conhecimento e capacidades organizacionais. Tal processo
terá muitas “idas e vindas; será um jogo de erros e acertos. Para que essa fluidez ocorra, o
modelo deve ser aberto e flexível. Nele, todos os hábitos relacionados com os modos de ser
e de fazer podem e devem ser questionados.
Uma forma de proporcionar e experimentar o processo de aprendizagem social rumo
à sustentabilidade é através das inovações sociais. Manzini define inovação social como
mudanças no modo como indivíduos ou comunidades agem para resolver seus problemas
ou criar novas oportunidades.
Inovações sociais são novas idéias (produtos, serviços e modelos) que atendem
simultaneamente às necessidades sociais e criam novas relações sociais ou
colaborações. Em outras palavras, elas são inovações que são boas para a sociedade e
aumentam a capacidade da sociedade de agir.” (MURRAY; GRICE; MULGAN, 2010, p.3,
tradução própria)
"Podemos definir valor social como a criação de benefícios ou a redução de custos para a
sociedade através de esforços que encaminhem necessidades e problemas sociais,
independentemente de ganhos privados e outros benefícios de mercado." (PHILLS,
DEIGLMEIER e MILLER, 2008, p.39, tradução própria)
sustentáveis. Isso é viável por terem estruturas de baixo custo e canais de entrega
eficientes – freqüentemente juntando visões de mercado e não de mercado.
Para a viabilização e o florescimento das organizações colaborativas, é necessária a
transição dos atuais instrumentos de governança (rígidos e hierárquicos), rumo a outros
(flexíveis, abertos e horizontais). Para Manzini (2008), os modelos das redes sociais podem
ser a tecnologia habilitante capaz de promover esse processo.Na visão de Murray (2010),
alianças e redes cada vez mais transformam-se como chave para a mudança bem
sucedida. No campo social, a aliança deverá ser uma rede ampla, ligando o setor público,
fornecedores e empreendedores. Por essa razão é que a inovação social se torna diferente
da inovação nos demais campos. Somente agora, as implicações de colaborações desse
tipo começaram a ser exploradas, e será necessário saber se, e como, tais sistemas de
inovação altamente distribuídos e de apoio mútuo podem ser encorajados.
Sendo assim, a mudança de comportamento e o modo de pensar são muito
necessários para o desenvolvimento sustentável da sociedade. Uma maneira de atingir
essa mudança é através de inovações sociais. Contudo, as inovações sociais são
processos lentos e complexos, que envolvem muitos atores de diversas áreas, com um
interesse em comum. A organização de um grupo de pessoas dessa natureza não é uma
tarefa fácil e é ai que entra o papel do design, como uma ferramenta para auxiliar e
favorecer o desenvolvimento de processos desse tipo.
não é relevante criar uma inovação que não seja sustentável no longo prazo e que não
tenha grande abrangência.
para o público alvo e serviços voltados para este público, existentes na cidade. A partir dos
dados gerados pela pesquisa de campo e através de processos criativos e demais
ferramentas do design, foram concebidos e desenvolvidos serviços que permitem a maior
autonomia das pessoas idosas, possibilitando que permaneçam em suas residências e
comunidades locais.
Outro exemplo divulgado pela DESIS Network foi desenvolvido no Japão: o projeto
Nishiwaki. Esse projeto surgiu para regenerar uma área da cidade antiga. A indústria têxtil
que ocupava a localidade, já não existia mais. Com o declínio da indústria local, as casas e
galpões estavam ficando vazios. A revitalização de uma área central da cidade abandonada
foi vista como uma necessidade. O projeto constituiu na renovação de dois edifícios. Assim,
uma casa antiga foi transformada em uma loja, e um antigo pavilhão industrial, em um local
para exibição de artesanatos locais. O papel do design foi o de promover novas atividades e
revitalizar a indústria local através da interação entre produtores, investidores e a vizinhança
local. Essas atividades foram promovidas através do resgate da cultura local.
Em outro caso de inovação social divulgado, o problema a ser solucionado estava
relacionado à crise na segurança da qualidade dos alimentos, devido à industrialização e
urbanização muito desenvolvidas, em cidades dos Estados Unidos. Poucos alimentos
produzidos por pequenos produtores chegavam às cidades grandes, que eram somente
abastecidas por produtos industrializados. Essa situação prejudicava não somente os
consumidores, que não tinham acesso a produtos de qualidade, como os produtores, que
tinham dificuldades em distribuir seus produtos a custos competitivos. Em resposta, criou-
se, em Nova Iorque, a Just Food, uma organização sem fins lucrativos, ONG, que conecta
as comunidades aos produtores locais. A instituiçâo criou mais de um programa para
organizar a distribuição dos alimentos em rede. Um desses programas é nomeado
comunidade de apoio à agricultura (Community Support Agriculture, CSA). Nesse sistema, é
criado uma espécie de clube, onde os sócios contribuem mensalmente. O dinheiro é, então,
usado pelos produtores, e, mais tarde, os investidores recebem os produtos orgânicos
frescos.
Os três casos apresentados resolvem problemas sociais específicos. Os processos
utilizados para apoiar a inovação social iniciam-se com a detecção e compreensão das
causas dos problemas em questão. A partir disso, buscam-se e desenvolvem-se soluções,
considerando a viabilidade financeira para sua execução. Todos os casos resultm em
situações de mudança sistêmica, onde a solução proposta tem viabilidade de longo termo,
podendo, inclusive, ser replicada em outros contextos, uma vez adaptadas.
Os referidos processos de inovação, com visto, são extremamente complexos e
envolvem muitas pessoas. Portanto, uma metodologia organizada é necessária para que se
consiga diagnosticar corretamente o problema e desenvolver a solução de maneira
sustentável. É ai que o design pode contribuir, organizando o processo projetual e
desenvolvendo sistemas que contemplem as três polaridades da sustentabilidade.
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XI Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq
Centro Universitário Ritter dos Reis
3 Conclusão
Referências
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.
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XI Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq
Centro Universitário Ritter dos Reis
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KRIPPENDORFF, Klaus. The semantic turn: a new foundation for design. New York:
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