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freireano
RESUMO
Este artigo propõe a análise de políticas públicas de fomento à educação indígena
no Brasil à luz da pedagogia freireana. Tendo em vista todo o processo de
aculturação ao qual os povos originários foram submetidos, faz-se adequada uma
revisão histórica com enfoque no âmbito educacional, para uma melhor
compreensão de como a educação foi utilizada pelos colonizadores e pelo estado
brasileiro como ferramenta de subjugar os povos indígenas. Para o desenvolvimento
deste estudo, entende-se que o legado de Paulo Freire pode ser utilizado como um
referencial teórico capaz de nortear a práxis adequada na educação escolar
indígena, visto que a imposição de um modelo de escola tradicional representa um
atentado à identidade e à cultura dos povos originários. Após revisão de literatura e
de legislação, pretende-se concluir uma análise de políticas públicas atuais, com
enfoque nos territórios etnoeducacionais, instituídos em 2009 pelo decreto no 6.861.
Palavras-chave: educação; políticas públicas; povos indígenas; educação indígena.
ABSTRACT
This paper proposes a review of public policies for promoting indigenous education in
Brazil in the light of freirean pedagogy. Considering the acculturation process to
which the native peoples were subjected, a historical revision with a focus on the
educational scope is appropriate, in order to better understand how education was
used by the colonizers and by the brazilian state as a tool to subjugate the
indigenous peoples. Paulo Freire’s legacy can be used in this study as a theoretical
frame capable of guiding the adequate praxis for the indigenous education, once the
imposition of a traditional school model represents an assault on native peoples’
identity and culture. After a critical review, the intention with this study is to complete
an analysis of recent public policies, focussing on ethnoeducational territories,
created by decree n. 6.861.
Key words: education; public policies; indigenous peoples; indigenous education.
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Aluna da disciplina Produção Textual Acadêmica, ministrada pelo Prof. Dr. Eduardo Soares na
Graduação em Letras e Literatura Vernáculas da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC.
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1. INTRODUÇÃO
As diferenças culturais que se estabelecem entre a sociedade convencional e
os povos originários do Brasil trazem à tona uma questão essencial: no que tange à
educação escolar, de que maneira o Estado deve amparar as comunidades
indígenas e contemplá-las com o direito fundamental à educação? Este artigo busca,
primeiramente, estabelecer um referencial histórico acerca da questão, fazendo uma
breve retomada de como se deu a educação dos povos indígenas desde a chegada
dos europeus ao território brasileiro até os dias atuais.
Tendo em vista a demanda dos indígenas por uma educação que seja capaz
de preservar e respeitar suas tradições e crenças, faz-se pertinente, em um segundo
momento, a exposição das ideias de Paulo Freire, um dos mais importantes
educadores do século XX, e a análise de sua proposta pedagógica como ferramenta
norteadora às medidas estatais relacionadas à educação dos povos autóctones. O
pensamento freireano que prevê a autonomia educacional e suas críticas ao que
denomina “educação bancária”, por exemplo, se fazem bastante pertinentes na
abordagem analítica das políticas públicas implementadas que visam resguardar e
fomentar a educação escolar indígena no Brasil.
No âmbito das políticas públicas, sabe-se que a atual Constituição Federal, ao
prever a “utilização de suas línguas maternas e processos próprios de
aprendizagem”, representa um marco legal em favor da educação indígena com a
superação oficial do viés integracionista que outrora vigorou no país. Entretanto,
tratando-se de uma norma essencialmente programática, a Constituição, por si só,
não cumpre o papel de conferir autonomia à educação indígena. O Plano Nacional
de Educação (1993) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996)
consolidaram mais avanços em favor da educação escolar indígena e, em 1999,
com as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Escolar Indígena, a categoria
“escola indígena” revestiu-se de caráter oficial. Em 2001, com o Plano Nacional de
Educação, assegurou-se juridicamente a autonomia ao prever que os processos
pedagógicos da escola, inclusive quanto ao uso dos recursos financeiros, seriam
feitos com a participação da respectiva comunidade indígena (BERGAMASCHI &
SOUSA, 2015).
Numa terceira etapa, este artigo busca analisar o decreto presidencial no
6.861, que oficializa o instituto dos territórios etnoeducacionais. A análise do decreto
será feita à luz de demandas atuais dos povos indígenas, tendo como ponto de
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5. CONCLUSÃO
Após revisitar a trajetória histórica dos povos originários do Brasil, foi possível
constatar que projetos de dominação podem revestir-se sob o véu de uma suposta
educação que, na prática, ao ser imposta, cumpre o papel de verdadeira opressão
de um grupo sobre outro, como foi o caso do modelo catequético que perdurou por
séculos no Brasil.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 23a ed.
São Paulo: Cortez, 1989.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 33a ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.