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ESCOLA POLITÉCNICA
DEPTO RECURSOS HÍDRICOS E MEIO AMBIENTE
Ecologia
DISCIPLINA:
ÍNDICE
Página:
1. Introdução 3
2. Ecossistema 3
4. Fluxo de Energia 7
5. Ciclos Biogeoquímicos 12
6. Fatores Limitantes 15
7. Regulação Ecológica 17
8. Bibliografia 17
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Engenharia do Meio Ambiente - Ecologia
ECOLOGIA
1 Introdução
A palavra Ecologia foi criada em 1869 pelo Biólogo alemão Ernst Haeckel, a partir de oikos
(casa) e logos (ciência), sendo, portanto, etmologicamente a “ciência do ambiente" ou mais
precisamente, a "ciência das relações entre os organismos e o ambiente em que vivem". Os
ecólogos modernos preferem, entretanto, defini-la como a "ciência que estuda os ecossistemas",
ou como o “estudo da estrutura e função da Natureza".
Outra maneira de delimitar o campo da Ecologia é considerar o conceito de níveis de
organização ou níveis sucessivos: protoplasma - células - tecidos - órgãos - sistemas de órgãos
- organismos - populações - comunidades - ecossistemas - biosfera. A ecologia trata
principalmente dos quatro últimos níveis:
população: é o conjunto de indivíduos da mesma espécie que vive na mesma área e no
mesmo tempo.
comunidade: é o conjunto de populações de uma dada área, que vive no mesmo tempo.
ecossistema (ou sistema ecológico): é o conjunto da comunidade e o meio ambiente inerte.
biosfera: é a porção da Terra ocupada pelos seres vivos, isto é, o solo, o ar e a água
biologicamente habitados.
Obs.: A biosfera está dividida em: a) litosfera (camada superficial sólida da Terra); b) hidrosfera
(ambiente líquido: rios, lagos e oceanos,que representam 7/10 da superfície total do planeta); c)
atmosfera (camada gasosa que circunda a superfície da Terra). A espessura da biosfera não
chega aos 7km acima do nível do mar, e só excepcionalmente ultrapassa 6km abaixo deste. No
total, em seus pontos mais espessos, a biosfera não vai além de 15km de espessura, para um
planeta de quase 14.000km de diâmetro.
2. Ecossistema
Ecossistema é o conjunto formado por um ambiente inanimado (solo, ar, água) – meio abiótico -
e os seres vivos que o habitam – meio biótico.
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Substâncias
Água, Ar, Minerais, Rochas
Abióticas
Fotossintetizantes
Ecossistema Autotróficos Produtores Quimiossintetizantes
Componentes
Bióticos
Herbívoros
Consumidores Carnívoros
Onívoros
Heterotróficos
Decompositores
Substâncias abióticas (sem vida) são elementos básicos e compostos do meio: solo, ar, água,
compostos inorgânicos (C, N2, C02 etc.) e orgânicos essenciais (proteínas, carboidratos etc.).
Produtores fotossintetizantes são aqueles que sintetizam a matéria orgânica a partir de
compostos inorgânicos, na presença da luz. São os principais produtores (vegetais clorofilados).
Produtores quimiossintetizantes são os que obtêm a energia que necessitam a partir de
compostos inorgânicos, através de reações químicas (de oxi-redução), sem a presença de
clorofila. Exemplo: bactérias que "respiram" o gás sulfídrico (ou bactérias do enxofre),
ferrobactérias, etc.
Consumidores são organismos heterotróficos: animais, alguns grupos vegetais como fungos
(cogumelos, mofos, levedos) e muitas bactérias. Podem ser classificados em:
a) Primários: alimentam-se diretamente do produtor – são os herbívoros (boi, gafanhoto etc.)
b) Secundários: são carnívoros que se alimentam dos consumidores primários.
c) Tercíários: são carnívoros que se alimentam de outros carnívoros (consumidores
secundários)
d) Onívoros: alimentam-se tanto de produtores (vegetais) quanto de consumidores (animais).
Exemplo: o homem.
Decompositores (ou microconsumidores ou saprófitas) são organismos heterotróficos,
principalmente bactérias e fungos, que decompõem os componentes do protoplasma morto,
absorvem alguns produtos da decomposição e liberam substâncias simples utilizáveis pelos
produtores.
A quantidade de substância viva nos diferentes níveis trófícos ou uma população é conhecida
como "produto em pé" (standing crop), termo que se aplica tanto às plantas quanto aos animais.
O "produto em pé" pode ser expresso em termos de número por unidade de área ou em termos
de biomassa, isto é, massa orgânica.
A biomassa pode ser expressa como peso fresco, peso seco, peso seco livre de minerais, peso
em carbono, calorias, etc.
3.1.1 Fotossíntese
É o principal processo de produção de matéria orgâníca (cerca de cem bilhões de toneladas
anuais). A fotossíntese consiste numa série de reações químicas, resumidas através da
seguinte equação simplifícada:
A glicose, se não for consumida pelo próprio vegetal na produção de energia (através da
respiração), passa a ser transformada em inúmeros outros compostos que compõem a estrutura
vegetal e permitem o seu crescimento (celulose, proteínas), ou é acumulada, na forma de
amido, glicogênio, óleos e outras substânciais de reserva para posterior utilização na respiração.
3.1.2 Quimíossíntese
A quantidade de matéria orgânica produzida pela quimiossíntese é muito pequena,
relativamente à produzida pela fotossíntese. Exemplo: bactérias do enxofre.
3.2 Decomposição
A decomposição da matéria orgânica produzida pelos seres autotróficos pode ocorrer pela
respiração (animal ou vegetal) ou pela biodegradação da matéria orgânica morta.
3.2.1 Respiração
O consumo (decomposição) de compostos orgânicos para a produção de energia, tanto nos
vegetais quanto nos animais, é realizado através do processo de respiração. É uma reação de
oxidação que se processa no nível celular (com o consumo de O2 do ar ou dissolvido na água),
que pode ser representada pela seguinte equação simplificada:
A "combustão" dos compostos orgânicos nas células é completa, produzindo apenas CO2 e H2O
(que voltam à atmosfera) e sais minerais (que são eliminados pelos órgãos excretores).
3.2.2 Biodegradação
a) Oxidação (decomposição) aeróbica.
novas células
(Matéria orgânica) + bactérias + O2 -3
C, H, O ,P ,N ... CO2 + H2O + NH3 + PO4
Novas
células I
(matéria orgânica)
+
Novas células II
bactérias
Álcoois
e + bactérias II
Ácidos CH4 + H2S + CO2 + H2O + NH3 + PO4-3
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Engenharia do Meio Ambiente - Ecologia
Observações:
a) a oxidação anaeróbica é realizada em duas etapas distintas, com bactérias de famílias
diferentes atuando em cada etapa.
b) a oxidação anaeróbica é mais lenta que a aeróbica, e a energia liberada durante a
decomposição é menor que a liberada pela decomposição aeróbica.
c) o gás metano proveniente da decomposição anaeróbica do lixo do Aterro do Caju está
sendo recolhido e misturado ao gás canalizado da cidade do Rio de Janeiro.
4. Fluxo de Energia
4.1 Introdução
Materiais não energéticos (água, C, N etc.) circulam, porém, a energia não. Qualquer átomo de
matéria pode ser usado e reusado, mas a energia, uma vez usada por um determinado
organismo é convertida em calor, e é logo perdida pelo ecossistema.
Se em um determinado ecossistema estão presentes organismos adaptados, o número de
indivíduos e a intensidade de vida que o ecossistema mantém, depende, em última análise, da
intensidade com que a energia flui através da parte biológica do sistema e da intensidade com
que os materiais circulam no interior do sistema e/ou são trocados com os sistemas adjacentes.
O fluxo de energia unidirecional constitui um fenômeno universal da Natureza, sendo resultado
das leis da termodinâmica:
1a. Lei: "A energia pode ser transformada de um tipo em outro, mas jamais é criada ou
destruída".
2a. Lei: "Nenhum processo de transformação de energia ocorrerá se não houver uma
concomitante degradação de energia de uma forma concentrada para uma forma
dispersa".
Como uma certa porção de energia é sempre dispersada sob a forma de energia calorífica não
aproveitável, nenhuma transformação espontânea (ex: luz em alimentos) pode ser 100%
eficiente.
O fluxo unidirecional da energia e a circulação dos materiais constituem os dois grandes
princípios ou "leis" da Ecologia Geral, já que são aplicáveis a todos os ambientes e organismos,
inclusive ao homem.
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1 criança
Exemplo teórico: uma criança de 12 anos
consome durante um ano, 4,5 bezerros, 4,5 bezerros
que por sua vez consomem 2 x 107 pés
de alfafa durante um ano. 2 X 107 pés de alfafa
b) Pirâmide de biomassa: indica a massa dos organismos que participam da cadeia alimentar,
nos vários níveis tróficos.
48kg/criança
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Carnívoros maiores:
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2. Pirâmide de energia em Silver Springs, 6 kcal/m /ano
Flórida: mostra a quantidade de energia Carnívoros:
disponível para outros organismos 67 kcal/m2/ano
durante o período de um ano. Uma
Herbívoros:
quantidade maior de energia foi 1478kcal/m2/ano
produzida, mas parte foi consumida
pelos próprios organismos nos vários Produtores: 8.833 kcal/m2/ano
níveis da pirâmide.
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Obs:
a) Poderíamos alimentar um número maior de homens com os produtos de uma área
qualquer (10ha, por exemplo), se eles funcionarem como consumidores primários
(herbívoros) em vez de secundários.
b) Geralmente, a biomassa vegetal corresponde a ± 4 kcal/g de peso seco de matéria
orgânica desmineralizada, e a animal, ± 5 kcal/g. Entretanto, nas sementes ou nos
corpos de animais migradores ou hibernadores, a energia é armazenada até valores
próximos de 7 ou 8 kcal/g.
desertos
< 0,5g de matéria orgânica seca/m /dia
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oceanos profundos
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5. Ciclos Biogeoquímicos
5.1 Introdução
Geoquímica e uma ciência física interessada na composição química da Terra e a troca de
elementos entre as diferentes partes da crosta terrestre com seus rios, oceanos, etc.
A biogeoquímica estuda as trocas de materiais entre os componentes vivos e os componentes
inanimados da biosfera.
A biosfera caracterizasse por um fluxo contínuo e cíclico de elementos que, retirados do solo, do
ar e da água pelos seres autótrofos, entram na composição dos compostos orgânicos,
circulando pelas cadeias alimentares e são, posteriormente, devolvidos ao meio físico através
dos processos de decomposição.
Os ciclos dos elementos são realizados graças à presença de energia solar, através
principalmente, do processo da fotossíntese.
A existência dos ciclos biogeoquímicos confere à biosfera um poder considerável de auto-
regulação ou homeostase, a qual assegura a perenidade dos ecossistemas e se traduz numa
notável constância da proporção dos diversos elementos em cada meio.
5.2 Nutrientes
São os elementos e os sais dissolvidos essenciais para a vida. Podem ser divi didos em dois
grupos:
a) macronutrientes: que incluem elementos e seus compostos, que exercem papéis
fundamentais no protoplasma e que são necessários em quantidades relativa mente
grandes: C, H, 0, N, K, Ca, Mg, S, P.
b) micronutrientes: incluem aqueles elementos e seus compostos que são necessários,
também, para o funcionamento dos seres vivos, porém solicitados em quantidades muito
pequenas: Fe, Mn, Cu, Zn, Bo, Na, Mo, Cl, Va e Co.
Obs:
1. A presença de um certo nutriente no ambiente, em quantidade inferior à necessária para o
desenvolvimento de um organismo, limita a produtividade do ecossistema. (Exemplo do Mar
dos Sargaços).
2. A presença de micronutrientes, em quantidades excessivas, pode ser tóxica para os
organismos. Ex: Cu, Zn, etc.
Obs.:
1. O tempo médio que o carbono gasta para perfazer um ciclo completo é estimado em 300
anos, enquanto os tempos médios do oxigênio e da água são estimados em 2 mil e 2
milhões de anos, respectivamente.
2. O metabolismo dos seres vivos divide-se em anabolismo, que é o metabolismo assimilativo,
e catabolismo, que é o metabolismo desassimilativo.
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O nitrogênio e um elemento de importância fundamental para os seres vivos, pela formação dos
aminoácidos e das proteínas. O corpo humano tem aproximadamente 16% de proteínas e 14%
de gorduras.
As reservas de nitrogênio mineral no solo, em forma utilizável pelas plantas (nitratos), são
geralmente baixas. O nitrogênio constitui, assim, ao lado de outros elementos como fósforo e
potássio, um dos mais importantes fatores para determinar a fertilidade da terra.
Alguns organismos são capazes de fixar diretamente o nitrogênio atmosférico:
a) bactérias: Azotobacter (aeróbica), Clostridium (anaeróbica), Rhizobium (vivem em
nódulos nas raízes de plantas leguminosas), Rhodospirillum (fotossintática), variedades
de Pseudomona (do solo) etc.
b) certas algas azuis (cianofíceas): Anabaena, Nostoc, e outras.
As plantas leguminosas (feijão, soja, ervilhas, árvores como a Araucária e a Casuarina), graças
à simbiose com as bactérias Rhizobium, contribuem para a fertilização dos solos (exemplo da
rotação de culturas).
Uma grande diferença do ciclo do nitrogênio em relação ao ciclo do carbono é que algumas
partes do ciclo do nitrogênio são executadas por organismos específicos. Além da fixação do
nitrogênio do ar pelos organismos citados anteriormente, a conversão de amônia em nitritos, e a
de nitritos em nitratos e executada, respectivamente, pelas bactérias Nitrosomonas e
Nitrobacter.
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Grande parte dos fosfatos levados dos continentes para os oceanos perdem-se sedimentando-
se à grandes profundidades não atingidas pela luz, e onde, portanto, não há fotossíntese. Outra
parte entra nas cadeias alimentares marinhas e uma parte dela é devolvida aos continentes na
forma de guano produzido pelas aves aquáticas, e pelo consumo de produtos do mar pelo
homem.
6. Fatores Limitantes
6.1 Introdução
Fator limitante é qualquer fator que tenda a baixar o crescimento potencial em um ecossistema.
Quando este fator é importante na sobrevivência, usa-se chamar de fator regulador.
O fluxo de energia e a circulação de materiais limitam e regulam a comunidade biológica, assim
como fatores ambientas (ex.: temperatura) e as interações de organismos com organismos (ex.:
predação).
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7. Regulação Ecológica
7.1 Introdução
Trata da interação de organismos com organismos, na manutenção da estrutura e função da
comunidade.
As comunidades não são dirigidas pelo ambiente físico somente, mas modificam, alteram e
regulam seu ambiente físico, dentro de certos limites (como a construção de recifes por equipes
de corais e algas).
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7.3 Competição
Ao nível ecológico, a competição torna-se importante quando dois organismos lutam por algo
que não existe em quantidade adequada para ambos. Ocorre quando organismos que ocupam
o mesmo nicho ecológico estão presentes no mesmo ambiente. Ex.: plantas, pela luz e pelos
nutrientes numa floresta: animais, por alimento e abrigo (quando são relativamente escassos).
A competição pode ser:
a) intra-específica: ocorre entre indivíduos da mesma espécie;
b) ínter-específica: entre indivíduos de espécies diferentes.
Um interessante exemplo de competição intra-específica por espaço, que exerce um controle
realmente efetivo sobre o tamanho da população é a territorialidade (reserva de uma
determinada área pelo macho para a criação da família), exercida, por exemplo, por certos
pássaros (pelo canto), micos (feromônios, secretados por glândulas peitorais, que "marcam" os
galhos das árvores), etc.
Colônias + +
Intra-específica
Sociedade + +
Harmônicas
Mutualismo + +
Inter-específica
comensalismo + 0
Intra-específica Canibalismo + -
Desarmônicas Predação + -
Inter-específica
Parasitismo + -
Convenções: (+): tira proveito. (-): é prejudicial; (0): não é afetado
Exemplos:
a) mutualismo: plantas leguminosas e bactérias Rhizobium
b) comensalismo: leão e hiena
c) predação: leão e zebra
d) parasitismo: boi e carrapato; homem e vermes intestinais
Obs.:O predador age rápida e violentamente, destruindo total ou parcial mente a presa. O
parasita, normalmente, age lentamente, procurando não destruir o hospedeiro.
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7.5 População
É o conjunto de indivíduos da mesma espécie que habitam a mesma área, num mesmo instante.
Características populacionais importantes, como atributos de grupo:
a) densidade: no. de indivíduos
D= espaço ocupado
b) taxa de natalidade:
no. de indivíduos nascidos
vivos durante 1 ano
TN = X 100
total de indivíduos
da população
c) taxa de mortalidade:
TM = no .de mortes em 1 ano X 100
total da população
migração
imigração emigração
População A População B População C
Pt = Pto + (N - M) + (I - E)
Pt - Po
TC = x 100
Po
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8. Bibliografia
1. Branco, Samuel Murgel, "Ecologia para o 20 Grau", CETESB, São Paulo, 1978.
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