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Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas – UNIFACISA

Centro de Ensino Superior e Desenvolvimento – CESED

BRUNO PACELLY MONTEIRO DA COSTA

EDUCAÇÃO INCLUSIVA COMO DIREITO FUNDAMENTAL: estudo da


(in)eficiência do Estatuto da Pessoa Com Deficiência na Rede Municipal de Ensino da
Cidade de Queimadas / PB, no ano de 2017.

CAMPINA GRANDE
2018
Sumário

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 2

2 ARCABOUÇO JURÍDICO DE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA


NOS ÂMBITOS INTERNACIONAL E NACIONAL. ................................................... 3

2.1 Direitos Humanos e Grandes Guerras Mundiais ................................................... 3

3 Direitos Humanos e Direitos da Pessoa Com Deficiência ........................................ 4

4 Estatuto da Pessoa com Deficiência: a internalização da Convenção Internacional


dos Direitos da Pessoa Com Deficiência. ......................................................................... 5

5 O CONCEITO DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA SOB A PERSPECTIVA DA LEI


9.394/1996 E DO ESTATUTO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA .......................... 7

6 Educação como elemento edificante e educação inclusiva como direito. ................. 7

7 Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 5.357 ......................................................... 9

8 METODOLOGIA ................................................................................................... 12

9 Tipo de Pesquisa ...................................................................................................... 12

10 Unidade de Estudo ............................................................................................... 12

11 População e Amostra ........................................................................................... 13

12 PROBLEMATIZAR A (IN)EFICIÊNCIA DA LEGISLAÇÃO REFERENTE À


EDUCAÇÃO INCLUSIVA, TOMANDO POR BASE A REALIDADE DA REDE
PÚBLICA MUNICIPAL DA CIDADE DE QUEIMADAS/PB..................................... 13

13 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 13

14 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 14
INTRODUÇÃO

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ARCABOUÇO JURÍDICO DE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA


NOS ÂMBITOS INTERNACIONAL E NACIONAL.

Direitos Humanos e Grandes Guerras Mundiais

É inevitável abordar a temática “Direitos Humanos” sem mencionar as


atrocidades vivenciadas e presenciadas pela humanidade. O terror espalhado pela
Grande Guerra Mundial (1914 a 1918) e Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945) deixou
como legado um alto número de mortos e de pessoas deficientes, fato este que tornou
emergente a necessidade de um sistema de cooperação internacional em prol da
recuperação - no sentido amplo da palavra - das nações e de seus povos devastados,
como Piovesan elucida ao citar Thomas Buergenthal:

“O moderno Direito Internacional dos Direitos Humanos é um fenômeno do


pós-guerra. Seu desenvolvimento pode ser atribuído às monstruosas
violações de direitos humanos da era Hitler e à crença de que parte dessas
violações poderiam ser prevenidas se um efetivo sistema de proteção
internacional de direitos humanos existisse.” i

É neste contexto pós-guerra que, em 1948, a Declaração Universal dos Direitos


Humanos surge como mecanismo que formaliza a igualdade em detrimento de
concepções de supremacia de um povo sobre outro, por razões de religião, raça ou
qualquer elemento que possa vir a servir como subterfúgio separatista. Passa,
precipuamente, a fomentar a colaboração internacional, uma vez que a comunidade
global, cada vez mais, preocupa-se com a forma como cada Estado relaciona-se com
seus governados e com as políticas estabelecidas em cada território, reforçando um
cenário onde “a legitimidade internacional de um Estado passa crescentemente a
depender do modo pelo qual as sociedades domésticas são politicamente ordenadas”
(Andrew Hurrel, 1999ii).
A Declaração constitui a base para que a partir dela se reforce no âmbito global a
busca pela redução da desigualdade e para que sistemas normativos regionais
promovam alterações efetivas em suas jurisdições, como aborda Piovesaniii:

Os sistemas global e regional não são dicotômicos, mas complementares.


Inspirados pelos valores e princípios da Declaração Universal, compõem o
universo instrumental de proteção dos direitos humanos, no plano
internacional. Dessa forma, os diversos sistemas de proteção de direitos
humanos interagem em benefício dos indivíduos protegidos.

Essa fase pós-guerra dos direitos humanos apresenta um discurso genérico e


abstrato, estabelecendo o pressuposto de igualdade formal e de não discriminação como
itens necessários e suficientes para uma vida digna, preconizado já no art. 1º da
Declaração Internacional dos Direitos Humanos “Todos os seres humanos nascem
livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem
agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.iv”

Direitos Humanos e Direitos da Pessoa Com Deficiência

A persecução para que fossem conferidas liberdade e direitos humanos


universais fez com que a Organização Internacional das Nações Unidas empenhasse
energia às dificuldades enfrentadas pelos grupos de semelhantes tidos como minorias,
essencialmente para que houvesse efetividade nas ações desenhadas em cada nação. A
partir disso, judeus, homoafetivos, etnias vulneráveis, migrantes e outros grupos tiveram
suas causas pautadas em eventos diversos.
Logo as discussões alcançaram as questões inerentes às pessoas com deficiência,
como retrata Fonsecav: 800 representantes participaram da Assembléia de setembro de
2006, [...] A convenção não inovou o sistema de direitos humanos; aperfeiçoou-o, tão
somente. A contribuição precípua da convenção foi a possibilidade de aplacar o caráter
assistencialista. Para Fonseca a principal reivindicação das pessoas com deficiência na
elaboração do texto da Convenção da ONU consistiu na adoção do conceito social de
pessoa com deficiência.
Não se pode confundir essa busca por emancipação com algo que desmotive a
assistência necessária à vida digna, pois na verdade o que se pretende é que se amplie a
proteção promovida pelo estado por meio de políticas públicas, as quais sejam conexas
às ações assistenciais para que efetivamente possibilitem que o deficiente se torne
protagonista de sua história de vida. A Convenção da ONU sobre Pessoas com
Deficiência corporificou o direito, constituindo a peça exordial para que os países
incorporassem para si os preceitos basilares que guiariam as mudanças em benefício dos
deficientes.

Estatuto da Pessoa com Deficiência: a internalização da Convenção Internacional


dos Direitos da Pessoa Com Deficiência.

A história da humanidade delata os abusos cometidos contra os deficientes a


partir de concepções errôneas baseadas em crenças religiosas que alastraram a prática de
isolamento dos indivíduos e esse entendimento é apresentado por Fonsecavi, em uma de
suas falas:

“É sabido que povos como os bárbaros, nômades, espartanos e outros


eliminavam as crianças com deficiência em rituais religiosos ou com apoio
legal, conforme a própria lei romana das XII Tábuas. Na Idade Média,
estabelecera-se a crença de que a deficiência era fruto do pecado tanto dos
pais que geravam filhos com essas condições quanto da pessoa que adquiria
deficiências ao longo da vida.”

Aqui merece destaque o fato de que a lei - que deveria criar direitos, protegendo
os indivíduos em sua vida íntima e no convívio em sociedade – surge para endossar uma
prática de supremacia de um ser em detrimento de outro, pela capacidade do ser
humano de se julgar superior a outro em virtude de diferenças de origem étnica,
anatômica ou qualquer qualificação que lhe conferisse vantagem ou possibilitasse
subentendê-la, por mais escassos que fossem os argumentos.
No cerne das pessoas com deficiência, o entendimento hodierno é de que as
limitações por elas enfrentadas não são inerentes à sua condição, mas, na verdade,
impostas pelas barreiras construídas à sua voltam que rarefazem ou até mesmo
eliminam a acessibilidade. Esta é a concepção aludida por Araujovii, quando explica o
modelo médico e o modelo social: “a questão da deficiência deixou de ser relacionada
com uma patologia, e passou a ser considerada questão ambiental, de interação com a
sociedade e com o ambiente.”
Para a efetivação de um modelo social da abordagem da deficiência faz-se
necessário que o Estado promova ações garantidoras de equidade e é nesse sentir que
Galindoviii cunha o termo Direito Antidiscriminatório como sendo a “cultura jurídica e
constitucional humanística e democrática, onde um Estado tenta, pelas vias legislativa,
administrativa e jurisprudencial, minimizar vulnerabilidades de grupos sociais com
condições específicas.”
A Lei nº 13.146, a que daremos o tratamento “Estatuto da Pessoa Com
Deficiência”, surge no ano de 2015, após os Decretos nº 186/2008, do Congresso
Nacional e nº 6.949/2009, da Presidência da República os quais ratificam a “Convenção
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência”, da qual o Brasil foi signatário. Merece
destaque o fato de esse é o primeiro, e até o momento desse estudo continua sendo o
único, tratado internacional sobre direitos humanos a ser aprovado e incorporado na
forma do §3º do art. 5º da Constituição Federal, que confere o caráter de Emenda
Constitucional aos tratados que sejam aprovados no Congresso Nacional pelos mesmos
procedimentos e quóruns das Emendas propriamente ditas.
A relevância do fato está justificada pelo seu nexo com os primeiros parágrafos
do presente estudo, os quais nos elucidam que a cooperação internacional e as
convenções surgem para instigar os Estados a produzirem, em seus ordenamentos
jurídicos internos, os mecanismos necessários para dar efetividade àquilo que foi,
observando os princípios do Direito Internacional Público, sugerido pelo texto
convencionado.
Como reflexos da internalização da Convenção Dos Direitos das Pessoas Com
Deficiência podemos citar as alterações promovidas na Lei 10.098 com a vigência do
Estatuto da Pessoa com Deficiência e até mesmo no Direito Penal com causas de
aumento de pena caso a vítima seja pessoa com deficiência nos crimes de homicídio,
violência doméstica, injúria, calúnia, difamação, tráfico de pessoas, frustração de direito
assegurado por lei trabalhista.

O CONCEITO DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA SOB A PERSPECTIVA DA LEI


9.394/1996 E DO ESTATUTO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Educação como elemento edificante e educação inclusiva como direito.

Uma vez compreendidos os conceitos e diferenciações de Direitos Humanos e


Direitos Fundamentais, aqueles sendo os apresentados à comunidade internacional por
convenções e tratados e estes últimos sendo os direitos absorvidos nos ordenamentos
jurídicos internos dos Estados, pode-se ter uma interpretação mais profunda do direito à
educação a partir de dois preceitos: o de que não haverá discriminação por nenhuma
razão e o de que a todos é assegurado o direito à educação, pelo entendimento
conciliatório dessas duas premissas que compõem a legislação logicamente não parece
razoável o sistema educacional não recebesse em sua estrutura pessoas com deficiência,
mais uma vez contribuindo para a discriminação de um grupo especial de pessoas.
A educação básica tem como objetivo o desenvolvimento integral das crianças
em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social e dentro desse processo
podemos dar ênfase ao domínio da leitura e da escrita pela importância que possuem,
pois serão os meios pelos quais o indivíduo poderá compreender o mundo e se
expressar. Tamanha é a relevância que a terminologia “educação” que esta aparece 58
vezes no texto da Constituição Federal, sendo o assunto do Capítulo III, dos artigos 205
a 214 integralmente dedicados à tutela da Educação como direito Fundamental, a
educação possui, ainda, seu conceito estabelecido no art. 1º da Lei nº 9.394/1996 (Lei
de Diretrizes e Bases da Educação nacional):

“Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na


vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino
e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais.”
É possível, ainda, perceber uma ampliação do espectro de direitos, pois a
iniciativa de promover educação inclusiva além de requerer, sobremaneira, adaptações
estruturais e de processos para a efetivação da política pública, como acessibilidade
arquitetônica, oferta de tecnologias assistivas, capacitação dos profissionais, a inclusão
de professores com deficiências para atuação nessa frente e todas as medidas de apoio
que operacionalizem a educação inclusiva.
Em que pese já existir embasamento jurídico suficiente para uma cultura de não
discriminação e de educação para todos, a Convenção de Nova York constitui-se o
nascedouro para uma base legal sólida que apresenta conceitos e diretrizes objetivas e
claras aos Estados signatários, para que a igualdade se dê de forma material. Vejamos o
que diz o art. 24 da referida Convenção:

Artigo 24. Educação. 1.Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas
com deficiência à educação. Para efetivar esse direito sem discriminação e
com base na igualdade de oportunidades, os Estados Partes assegurarão
sistema educacional inclusivo em todos os níveis, bem como o aprendizado
ao longo de toda a vida, com os seguintes objetivos: a) O pleno
desenvolvimento do potencial humano e do senso de dignidade e auto-estima,
além do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos, pelas liberdades
fundamentais e pela diversidade humana; b) O máximo desenvolvimento
possível da personalidade e dos talentos e da criatividade das pessoas com
deficiência, assim como de suas habilidades físicas e intelectuais; c) A
participação efetiva das pessoas com deficiência em uma sociedade livre.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu art. 26 aborda, ainda, a


educação com a seguinte inteligência:

Artigo 26° 1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser
gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O
ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional dever ser
generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em
plena igualdade, em função do seu mérito. 2.A educação deve visar à plena
expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do Homem e das
liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a
amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem
como o desenvolvimento das atividades das Nações Unidas para a
manutenção da paz.
Nesse sentir, já no ano de 1996, a Lei 9.394, que estabelece as diretrizes e bases
da educação nacional, em seu art. 58, conceitua a educação especial como sendo a
“modalidade de educação escolar oferecida para educandos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento, altas habilidades e superdotação.” Em seguida, no art. 59,
a Lei de Diretrizes e Bases, assim comumente chamada, elenca medidas necessárias
para adequações de currículos, métodos, técnicas, recursos e demais esforços que se
façam necessários a uma recepção igualitária e inclusiva das pessoas com deficiência no
meio escolar.
Com o advento do Estatuto das Pessoas com Deficiência, especialmente do art.
28, e de seus incisos e parágrafos, impôs-se aos estabelecimentos privados a
obrigatoriedade de também adequarem estruturas, métodos e recursos para promover
educação inclusiva, imposição esta que foi abruptamente rebatida por meio de
ajuizamento da ADI nº 5.357, antes mesmo que a lei iniciasse seus efeitos.

Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 5.357: setor privado de ensino e direito


discriminatório.

A Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino – CONFENEN


ajuizou a Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI de nº 5.357 questionando a
validade constitucional da Lei 13.146/2015, com vistas a extirpar do ordenamento
jurídico os dispositivos §1º do art. 28 e o caput do art. 30 da referida lei.
Fundamentando-se, precipuamente, nos argumentos de que: a) a educação é de
obrigação do Estado, o qual, uma vez sendo ele próprio ineficiente na execução das
políticas públicas, estaria obrigando, de forma geral, a rede privada de ensino regular a
ofertar a educação especial; b) as providências a serem tomadas, apresentadas pela
norma cogente, são de execução extremamente onerosa e aliado a isso existe grande
margem de incerteza sobre quantos, quais e “se” haverá demanda de clientela para tal
serviço especializado; c) a presença de desrespeito aos direitos humanos dos alunos sem
necessidades especiais e dos profissionais envolvidos.
Na tribuna do STF, a advogada-geral da União, Grace Maria Fernandes
Mendonçaix, na condição de amicus curiae, em sua sustentação oral, defendeu a
percepção de que, conforme preconiza o art. 209 da Carta Magna, “O ensino é livre à
iniciativa privada, atendidas as seguintes condições: I - cumprimento das normas gerais
da educação nacional; II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público.”
Destacou, então, que a livre iniciativa não é plena, estando condicionada ao art. 24 do
Decreto 5.296 apresenta condições claras e objetivas, as quais se impõem à toda livre
iniciativa:

“Art. 24. Os estabelecimentos de ensino de qualquer nível, etapa ou


modalidade, públicos ou privados, proporcionarão condições de acesso e
utilização de todos os seus ambientes ou compartimentos para pessoas
portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, inclusive salas de
aula, bibliotecas, auditórios, ginásios e instalações desportivas, laboratórios,
áreas de lazer e sanitários. § 1o Para a concessão de autorização de
funcionamento, de abertura ou renovação de curso pelo Poder Público, o
estabelecimento de ensino deverá comprovar que: I - está cumprindo as
regras de acessibilidade arquitetônica, urbanística e na comunicação e
informação previstas nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT, na
legislação específica ou neste Decreto; II - coloca à disposição de
professores, alunos, servidores e empregados portadores de deficiência ou
com mobilidade reduzida ajudas técnicas que permitam o acesso às
atividades escolares e administrativas em igualdade de condições com as
demais pessoas; (...)” (Decreto Lei nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004)

A Dra. Grace Mendonça, manifestou seu espanto com relação a um dos


fundamentos que embasam o pedido da ADI 5.357, que trazemos o recorte:

“47 - A garantia dos direitos humanos dos portadores de necessidades


especiais, como está sendo realizada, compromete de outro lado os direitos
humanos não só dos usuários que não possuem qualquer necessidade
especial, como também os direitos humanos dos envolvidos (professores e
auxiliares) na prestação do serviço regular, obrigados a realizar uma
educação para que não estão preparados (sofrimento psíquico do
profissional).” (ADI 5.357, Petição Inicial, CONFENEN, p. 27, 3 de
agosto de 2015)

Posicionou-se, ainda, quanto à cobrança de mensalidades com idênticos valores


para todos, haja vista que sendo autorizada a cobrança de taxas adicionais sobre as
mensalidades de pessoas com deficiência, estas estariam remunerando o sistema de
ensino para a estruturação e adequação em detrimento da obrigação de cada
empreendimento de assumir os riscos econômicos inerentes ao mercado.
Participou, também, dos embates no pleno do STF a Dra. Rosângela Wolff Moro
na condição de amicus curiae, representando a Federação Nacional das “Associações de
Pais e Amigos dos Excepcionais” (APAE’s), apresentando dados estatísticos que dão
conta de que no último CENSO – IBGE 2010, existiam 47 milhões de pessoas com
algum tipo de deficiência no Brasil. É sabido que a sociedade tem tendência a segregar
as pessoas com deficiências, e que tal segregação implica em uma não igualdade de
condições de uso dos serviços e de seus custos.
A advogada destacou que a existência de instituições especializadas não pode ser
uma escolha determinada por dispositivo legal, e que deve ser garantida à pessoa com
deficiência a possibilidade de escolha de como conduzir a própria vida, pois “obrigá-las
ao isolamento apenas reafirmaria a concepção de que as pessoas com deficiência não
são capazes ou não são merecedores da vida comunitária.”
Em sua fala, a Dra. Rosângela destacou a importância da Convenção de Nova
York, por romper com o conceito médico de deficiência e por adotar o modelo social, o
qual já fora abordado nesse estudo em tópicos anteriores, onde a deficiência é
decorrente de barreiras que as pessoas com deficiência enfrentam para agir, interagir e
se integrar e é tarefa da sociedade adequar-se para receber essas pessoas.
Para refutar a argumentação, presente na Petição Inicial da ADI, de que os
estabelecimentos privados não obrigam-se ao cumprimento de normas gerais, tendo
livre iniciativa, a ilustre advogada apresentou a ementa da decisão da ADI de nº 1.266,
que trazemos a seguir:

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI N.


6.584/94 DO ESTADO DA BAHIA. ADOÇÃO DE MATERIAL ESCOLAR
E LIVROS DIDÁTICOS PELOS ESTABELECIMENTOS
PARTICULARES DE ENSINO. SERVIÇO PÚBLICO. VÍCIO FORMAL.
INEXISTÊNCIA. 1. Os serviços de educação, seja os prestados pelo Estado,
seja os prestados por particulares, configuram serviço público não privativo,
podendo ser prestados pelo setor privado independentemente de concessão,
permissão ou autorização. 2. Tratando-se de serviço público, incumbe às
entidades educacionais particulares, na sua prestação, rigorosamente
acatar as normas gerais de educação nacional e as dispostas pelo Estado-
membro, no exercício de competência legislativa suplementar (§2º do ar. 24
da Constituição do Brasil). 3. Pedido de declaração de inconstitucionalidade
julgado improcedente. (ADI 1266, Relator(a): Min. EROS GRAU, Tribunal
Pleno, julgado em 06/04/2005, DJ 23-09-2005 PP-00006 EMENT VOL-
02206-1 PP-00095 LEXSTF v. 27, n. 322, 2005, p. 27-36)

Rede hoteleira, frotas de táxi e serviço de locação de automóveis devem reservar cotas
de acessibilidade
Poderemos conceber uma educação capaz de evitar os conflitos, ou de
resolver de maneira pacífica, desenvolvendo o conhecimento dos outros,das
culturas, da espiritualidade? (...) A tarefa é árdua porque, muito naturalmente,
os seres humanos têm tendência a supervalorizar as suas qualidades e as do
grupo a que pertencem, e alimentar preconceitos desfavoráveis em relação
aos outros. (...) A educação tem por missão, por um lado, transmitir
conhecimento sobre a diversidade da espécie humana e, por outro lado, levar
as pessoas a tomar consciência das semelhanças e da interdependência entre
todos os seres humanos do planeta. (DELORS, 2005, p. 96-98.).x

A convivência entre alunos com e sem deficiência é enriquecedora para ambos,


fato basilar para uma formação cidadã para além da escola, pois permite ao alunato o
exercício da compreensão do “diferente” e das particularidades de cada ser, como
explicou a Ministra Rosa Weber em seu voto.
Destoante dos demais, o Ministro Marco Aurélio, foi o único cujo voto foi
favorável ao pleito da CONFENEN, onde argüiu que o Brasil estaria cedendo a pressões
externas de modo que a Lei nº 13.146 dava esperança vã à sociedade, pois as
providências enunciadas de forma cogente na citada lei seriam de execução inviável por
questões econômico-financeiras; assentiu ainda que em épocas de livre iniciativa –
fundamento da ordem sócio-econômica - a intervenção estatal no mercado deve ser
minimalista, haja vista a Educação ser atividade do poder Público, sendo executada pela
iniciativa privada de modo subsidiário.
Por sugestão do Relator e por acolhimento dos demais Ministros do Pleno, a
ADI foi analisada não apenas em seu Pedido Liminar, mas também, em seu mérito. A
decisão, quase unânime, desfavorável ao pleito da CONFENEN constituição numa
afirmação de destaque na linha do tempo dos julgados da Suprema Corte, por não
permitir a involução dos direitos humanos e do caráter de inclusão social que a
República busca em seu ordenamento.

METODOLOGIA

Tipo de Pesquisa

Unidade de Estudo
População e Amostra

PROBLEMATIZAR A (IN)EFICIÊNCIA DA LEGISLAÇÃO REFERENTE À


EDUCAÇÃO INCLUSIVA, TOMANDO POR BASE A REALIDADE DA REDE
PÚBLICA MUNICIPAL DA CIDADE DE QUEIMADAS/PB.

CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
i
BUERGENTHAL, Thomas. International Human Rights. Minnesota, West Publishing, 1988.
Mas é do Texto de Flávia Piovesan. (Texto 2, Cap I doManual dos Direitos da Pessoa Com
Deficiência)
ii
HURRELL, Andrew. Power, principles and prudence: protecting human rights in a deeply divided
world. In: DUNNE, Tim; WHEELER, Nicholas J. Human rights in global politics. Cambridge,
Cambridge University Press,
1999
iii
PIOVESAN, Flávia. Convenção da ONU Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência: inovações,
calcane e impacto.
iv
ONU. Declaração Internacional dos Direitos Humanos. 1948
v
FONSECA, Ricardo Tadeu Marques da. O Novo Conceito Constitucional da Pessoa com Deficiência:
um ato de Coragem. Manual dos Direitos das Pessoas Com Deficiência.
vi
_____, Ricardo Tadeu Marques da. O Novo Conceito Constitucional da Pessoa com Deficiência: um ato
de Coragem. Manual dos Direitos das Pessoas Com Deficiência.
vii
Luiz Alberto David Araujo, A Convenção das Pessoas Com Deficiência e seus Reflexos na Ordem
Jurídica Interna no Brasil. Manual dos Direitos das Pessoas Com Deficiência
viii
A INCLUSÃO VEIO PARA FICAR: O DIREITO ANTIDISCRIMINATÓRIO PÓSADI 5357 E A
EDUCAÇÃO INCLUSIVA COMO DIREITO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA, Bruno Galindo.
ix
Grace Maria Fernandes Mendonça é a primeira mulher a assumir oficialmente o cargo de advogada-geral da
União. Nascida em 17 de outubro de 1968, é natural de Januária (MG), casada e tem três filhas. É bacharel em Direito
pela Associação de Ensino Unificado do Distrito Federal, especialista em Direito Processual Civil e mestranda em
Direito Constitucional. Foi professora titular de Direito Constitucional, Processual Civil e Direito Administrativo na
Universidade Católica de Brasília entre os anos de 2002 e 2015.

x
A Educação para o Séulo XXI Questões e Perspectivas. Jacques Delors (org.)
Ano: 2005 Editora: Artmed.

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