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A economia institucional de Thorstein Veblen* Luciano ZAJDSZNAJDER** 1, Introdugdo; 2. Orientagdes bdsicas de Veblen; 3. O real e o imaginério na economia; 4. Observagoes fina 1. Introdugao A maior parte dos economistas admite, de bom grado, que hé determinados fatores, denominados institucionais, que atuam sobre as varidveis econémi- cas. Em geral, nfo hé livro-texto que ndo reserve algumas paginas para con- siderag6es institucionais; todavia, fatores institucionais resumem-se a des- crigdes de organizagdes governamentais e a certos elementos do quadro juri- dico vigente. Na verdade, a teoria econémica convencional nao leva em conta tais instituigdes sendo como realidade que em nada afeta o comportamento dos agentes econémicos. A teoria econémica torna-se efetivamente institucional quando integra, nos seus conceitos e nas suas proposiges, enfim, na descrigdo que faz dos movimentos do sistema econémico e do comportamento dos seus agentes, 0 quadro institucional, isto é, 0 conjunto de padres culturais e formas orga- nizacionais relevantes. Reconhecemos que existe uma grande dificuldade em realizar essa integragéo, porque obriga a uma atengao redobrada aos casos especiais e as mudangas comportamentais. O presente trabalho busca aprender como se efetua a integracao de fatores institucionais na explicagéo econémica, na obra de um economista conside- rado precursor da economia institucional, Thorstein Veblen. Veblen é, sem divida, bastante conhecido, devendo-se a ele um conjunto de obras que obtiveram, na sua época, marcante repercusso. Duas de suas expressdes — “classe ociosa” e “consumo conspicuo” — tornaram-se cor- * Documento apresentado ao Semindrio de Economia Institucional, realizado pela Escola Brasileira de Administragio Publica nos dias 16 ¢ 17 de abril de 1979. ** Professor da Escola Brasileira de Administragio Piblica; chefe do Deparia- mento de Estudos Organizacionais e Coordenador do Seminario de Economia Insti- tucional. R. Adm. publ, ‘Rio de Janeiro, 74(1):79-101, jan-[mar. 1980 rentes. Foi, também, precursor de idéias a respeito da tecnocracia, com tantas repercussdes no presente século, e sobre a separacao entre diregdo e proprie- dade nas grandes organizagdes privadas. Ha, ainda, sugestoes de que sua obra contém idéias precursoras da psicandlise de Freud. A extensao reduzida e o cardter preliminar deste trabalho fizeram com que resumissemos 0 exame do pensamento de Veblen aos seus dois primeiros livros: Theory of leisure class e Theory of business enterprise.’ E certo que uma apreciagdo mais justa teria de levar em conta o conjunto de sua obra. O trabalho divide-se em trés partes. Na primeira, descrevemos ¢ analisa- mos as orientagées tematicas principais das duas obras. Na segunda, exami- namos o posicionamento de Veblen quanto & funcdo de fatores expressivos ou simbélicos na determinagao da direcao do sistema econdmico. A escolha desta questao prende-se ao fato de que a explicagao do funcionamento da economia pela acdo de fatores expressivos ou simbélicos constituiria uma orientagdo realmente original no pensamento econémico. Na terceira parte apresentamos algumas idéias sugeridas pela leitura de Veblen, acerca da natureza, dos limites e aplicagdes da abordagem institucional em economia. 2. Orientagdes basicas de Veblen Pretendemos, nesta parte do trabalho, apresentar sumariamente as orienta- gGes basicas da Teoria da classe ociosa* e da Teoria da empresa industrial.* Nao ser nosso objetivo oferecer um resumo de suas principais proposigGes, mas apresentar e examinar determinados temas e questdes que melhor sirvam para expor o pensamento institucional de Veblen. Examinaremos inicialmente 0 seu conceito de instituigéo. Trataremos, a seguir, de suas idéias sobre comportamento predatério, classe ociosa e con- sumo conspicuo. O sistema industrial e suas relagdes com 0 direito de pro- priedade constituirio o préximo tépico. Finalmente, apresentaremos suas idéias sobre as provaveis transformagées da sociedade industrial capitalista. 2.1 Instituigdes, economia e mudanga social O subtitulo da Teoria da classe ociosa é Um estudo econémico das institui- gGes, 0 que significa que nao esta dirigido ao estudo de instituigdes econd- micas, mas a determinadas instituigdes ¢ suas implicagdes econémicas. Para Veblen, as instituigdes constituem: “(.,.) habitos mentais prevalecentes no tocante a relagGes e fungGes parti- 1 Veja Veblen, Thorstein. Theory of leisure class. 1899. 2 Veja Veblen, Thorstein. Theory of business enterprise. 1904. 3 Veblen, Thorstein. Teoria da classe ociosa — um estudo econdmico das institul ¢6es, trad. Olivia Krahenbul, Livraria Pioneira Editora, S40 Paulo, 1965. Do origi- nal em inglés Theory of leisure class. 4 Veblen, Thorstein. Teoria da empresa industrial, trad. Edgar Magalhies, Globo, Porto Alegre, 1966. Do original em inglés Theory of business enterprise. 80 : RAP. 1/80 culares do individuo e da comunidade; e o esquema da vida, feito de um agregado de instituigdes em vigor em determinada época ou em um determi- nado ponto do desenvolvimento de qualquer sociedade, podem, do lado psi- colégico, ser largamente caracterizados como uma atitude espiritual prevale- cente, ou uma teoria prevalecente da vida. No que toca a tragos genéricos, essa atitude espiritual ou teoria de vida é, em dltima andlise, redutivel a termos de um tipo prevalecente de carater”® Neste conjunto de hdbitos mentais e de fungdes particulares do individuo e da comunidade, Veblen inclui padrdes de comportamento e de atitudes mentais, tipos de organizacdo, instituigdes juridicas e grupamentos huma- nos. As principais instituigdes estudadas nessas obras sao: a) 0 comporta- mento de desperdicio; b) 0 comportamento pecuniério; c) a empresa de ne- gécios; d) o direito de propriedade; e) a classe ociosa. Deve-se observar que o autor vincula instituigdes a tipos de cardter, ou seja, a tipos humanos, e entre eles estabelece uma relagio, j4 que as institui- des selecionam os tipos humanos que mais se Ihes adequam:* “A situacdo, inclusive das instituigdes em vigor em qualquer época deter- minada, favoreceré a sobrevivéncia e o dominio de um tipo de cardter de preferéncia a outro”. Os individuos, entretanto, selecionados para continuar, moldarao as ins- tituigdes herdadas do passado @ sua imagem e semelhanga.” A selegao de individuos refere-se a tipos étnicos, havendo determinadas ragas mais com- pativeis com certas instituigdes. Nao apenas os individuos sao selecionados a luz das instituigdes. A es- trutura social encontra-se submetida a um processo de evolugao, no qual se dé uma selegdo natural de instituigdes. Prevalece no pensamento de Veblen um esquema bioldgico, sendo o termo seleco de origem darwiniana. De fato, a explanacdo geral das alteragdes parte das relacdes entre o ser vivo e seu meio ambiente, numa forma que muito se aproxima a contemporanea teoria dos sistemas:* “As forgas que modelaram o desenvolvimento da vida humana e da estrutura social sao, sem divida, ulteriormente redutiveis a termos de tecido vivo € ambiente material; mais aproximadamente para o objetivo em vista, essas forgas podem melhor ser definidas em termos de meio ambiente, em parte humano, e em parte nao-humano, e num elemento humano dotado de uma constituigao fisica ¢ intelectual mais ou menos varidvel, principalmente, sem divida, se submetido a uma regra de conservagao seletiva de variagdes fa- voraveis”. Embora Veblen assinale que existe entre a instituigdo e a necessidade que a fez surgir uma determinada relagao, o fato mais freqiiente é uma defasagem das instituigdes. Este é, em nosso entender, 0 ponto marcante do pensamento 5 Veblen, Thorstein. Teoria da classe ociosa. cit 8 Veblen, Thorstein. Teoria da classe ociosa. cit. 7 Thorstein. Teoria da classe ociosa. cit. 8 Thorstein. Teoria da classe ociosa cit. p. 179. p. 178. Economia institucional ar

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