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Oturupon meji
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Òtúrúpîn Meji
Èjí Òtúrú vem ao Àiyé e vinga sua mãe Invocação aos Ancestrais
Òtúrúpîn vem ao àiyé
Òtúrúpîn casa-se com a mulher de Ògún
Òtúrúpîn auxilia a evolução humana
Òtúrú adquire uma grande bênção de filhos
O infortunado casamento de Èjí Òtúrú
O lado obscuro e proibido de Òtúrúpîn
Ìfá avisa sobre o nascimento de um àbìkú
Èñù é o líder entre os Òrìñà
Îrúnmìlà descobre quem era seu inimigo
Gato escapa de uma emboscada
Yáyá e Yaya procuram ire ibùjokò
Por que Ñàngó como cabrito
Casamento por chantagem
Os reis do àiyé representam os reis do îrun
Ninguém tem mais filhos que Ojodu
Pilão faz ëbö para se estabelecer firmemente
Ìfá auxilia a consertar nossas vidas
Nasce a menstruação
Ìkú e a casa abandonada
Ñàngó se acaba devido a uma notícia ruim
Pilão recusa-se a fazer ëbö por vida longa
O tigre não é feroz em casa
Os importantes títulos de Àkàlàmàgbò, Tûntûnrýn e Gùnnugún
As viagens abençoadas de Alákîlé Mûsín
A iniciação da filha de Ölïbàràmîjû
Îrúnmìlà viaja para Ilû Àánú
Ëpîn (os Testículos) vem ao àiyé
Ìfá Dûûrý escapa de uma conspiração
O sucesso de Làkúùsà e a inveja de Ládogo
Òtînpòrò e seu caráter difícil
Ìfá Dûûrû e sua maldade para com os caramujos
Isolamento não favorece ninguém
Ëyëlé Îwûwû, a que andava sempre na moda
A arrogância do Ajàpá
Îñï Orïkùn, o teimoso
Îrúnmìlà amedronta quem desejava lhe roubar
As mortes de Ìjálá e Ìyërë
Ìjí briga por sua herança
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Òtúrúpîn Meji
Essência
a) Nascem os testículos, o pilão, o ritual de arrastar os animais após o sacrifício, os sonhos, o útero e o estômago, os
fibromas e as hérnias, o ostracismo, a gordura, os elementos redondos da natureza, os anões, a mentira piedosa, o
fato das crianças nascerem pela cabeça, a evolução biológica das espécies
c) Òtúrúpîn Meji é conhecido por ser um Odù que fortemente veicula o àñë dos Ancestrais. Em mais de uma ocasião
seus ìtan retratam os Ancestrais como aqueles que nos apoiam e protegem. Num momento em especial, os Ancestrais
são invocados para abençoar os rituais que deverão ser realizados. Assim sendo, a pessoa para quem esse Odù se
manifesta deveria rapidamente prestar homenagens a seus Ancestrais, a fim de continuar recebendo o apoio dos
mesmos em todas as questões relevantes no àiyé.
d) É inegável a relação de Òtúrúpîn Meji com a saúde. Não são poucos os babalawo que ligam o sistema imunológico a
esse Odù. Assim sendo, de acordo com as técnicas utilizadas durante o processo divinatório, Òtúrúpîn pode representar
a presença de doenças (em especial, infecções), assim como os processos que podem levar à cura ou erradicação das
mesmas. Com o devido cuidado que a situação exige, as doenças representadas por esse Odù também poderão ter uma
conotação metafórica, ganhando assim um grande apelo psicológico.
Ire
a) Òtúrúpîn Meji teve a honra de ter como missão gerar a inspiração que conduziu as Divindades à sabedoria. Ìfá nos
diz que, ao seguirmos seus conselhos, certamente nos tornaremos pessoas importantes e influentes em nosso meio, e
que a posição de influência que atingiremos, certamente afetará abençoadamente todos os demais setores de nossa
vida.
b) Òtúrúpîn é um Odù que clama pelo reconhecimento do próprio valor. Aqui o próprio Òtúrúpîn quis que as Divindades
reconhecem nele o elemento de inspiração para o atingir da sabedoria; aqui Èñù quis que os Òrìñà o reconhece como
líder entre eles. Há outras situações em que desejos semelhantes se manifestam, mas o importante aqui é salientar
que, através de ëbö e da observação do comportamento sugerido por Ìfá, certamente aparecerão as oportunidades que,
sabiamente aproveitadas, nos conduzirão ao reconhecimento de nosso valor.
c) Através de Òtúrúpîn Meji, Ìfá nos revela que há alguém que deseja ocupar uma posição importante nesse mundo, e
desempenhar sua função de maneira honrosa e bem sucedida. Ìfá diz que essa pessoa alcançará seus objetivos, se
trabalhar arduamente e permitir que ëbö, paciência e devoção sejam seus alicerces.
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d) Viagens certamente estarão presentes quando Òtúrúpîn Meji se manifestar. Ìfá diz que sob a proteção oferecida pelo
ëbö, realizaremos nossas viagens com êxito; iremos e voltaremos em paz e segurança, trazendo conosco o fruto de
nossos esforços. As chances de sucesso serão ainda maiores, se Îrúnmìlà e Ñàngó forem adequadamente propiciados.
e) Òtúrúpîn Meji representa boa sorte em viagens ou empreendimentos em terras distantes. Aqui Îrúnmìlà foi viver
numa cidade chamada Àánú, e graças ao àñë do ëbö realizado e à observação do comportamento sugerido por Ìfá
(paciência, trabalho árduo e humildade), não demorou para que oportunidades de abundância e reconhecimento se
manifestassem em sua vida. Ìfá nos avisa que ao ouvir seus conselhos, criaremos nas pessoas que nos cercam o desejo
de retribuírem o bem que a elas fizermos; e esse processo de retribuição encherá nossa vida de realizações e alegrias.
f) Ìfá garante bênção de vitória à pessoa para quem esse Odù se manifesta. Aqui os Testículos vêm ao àiyé, e embora
demonstrassem grande preocupação por sua posição anatômica (entre as coxas), obtêm sucesso em cumprir seu
destino na vida, propiciar a continuidade da espécie. Similarmente, Ìfá nos avisa que em algum momento teremos que
conviver num ambiente hostil, mas ëbö, fé e paciência nos darão o necessário apoio para que, mesmo em situações
estressantes, possamos realizar tudo o que for necessário à nossa felicidade. Oferendas a Öbàtàlá aumentarão
consideravelmente as chances de sucesso nessas questões.
g) Infelizmente, Òtúrúpîn Meji muitas vezes falará sobre inimigos e conspirações; mas isso será visto mais à frente. O
importante aqui é destacar que apesar desse aspecto negativo do Odù, Ìfá assegura ire iñëgún àqueles que se refugiarem
em ëbö, ìwa pûlû e devoção a Olódúmarè.
h) A manifestação de Òtúrúpîn Meji representa sucesso a duas pessoas que são muito próximas. Ìfá diz que há aqui
duas pessoas experimentando pobreza ao mesmo tempo, mas ele também diz que em breve haverá sorrisos; que as
vicissitudes da vida não impedirão o considerável progresso de ambas, se elas ouvirem e seguirem os conselhos de Ìfá.
Apoiado pelo ëbö e ìwa pûlû (que especificamente nesse caso exige total lealdade entre os envolvidos), Ìfá garante a
manifestação de oportunidades que conduzirão a uma revolução na situação. Onde hoje há dificuldades, amanhã haverá
abundância.
i) Quando em Ibi, Òtúrúpîn Meji nos fala sobre a solidão e o isolamento que alguém pode ser obrigado a experimentar
devido seu mau comportamento.
j) Em mais de uma ocasião, nos caminhos de Òtúrúpîn Meji, Ìfá nos fala sobre os benefícios que chegarão a uma família
que se mantém unida na dificuldade, e que se esforça num determinado trabalho, de maneira a criar condições
favoráveis para uma vida confortável para todas as pessoas envolvidas. Aqui, o comprometimento familiar, apoiado por
ëbö, compreensão e amizade, certamente nos conduzirá a uma melhora significativa em nossa qualidade de vida.
k) À pessoa solitária, isolada, e que encontra diversas dificuldades por essa triste característica de sua vida, Ìfá diz que
tudo mudará se, juntamente com o ëbö adequado, ocorrerem as mudanças necessárias de comportamento para que
tal isolamento acabe. Aqui alguém se beneficiará consideravelmente ao encontrar outras pessoas para partilhar seus
pensamentos, tarefas e dificuldades. Sob a influência de Òtúrúpîn Meji em ire, certamente tal bênção se manifestará.
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l) Quando Òtúrúpîn Meji se manifesta, Ìfá revela que o consulente possui planos, e que se empolga a respeito da
realização dos mesmos. Ìfá diz que haverá sucesso, desde que as oferendas adequadas sejam realizadas, e que o
consulente reconheça a importância de ouvir (e provavelmente seguir) conselhos de outras pessoas.
m) Òtúrúpîn Meji é Odù de ire iñëgún (bênção de vitória). Embora seja certo que nossos caminhos se depararão com
inimigos, Ìfá diz que com o apoio de ëbö, suplantaremos todos eles. Ele diz que haverá quem queira nos intimidar,
impedir ou dificultar nossos planos ou viagens; mas tais pessoas estarão fadadas ao fracasso, pois com coragem e apoio
espiritual frustraremos todos seus planos.
n) Em um de seus ìtan, Òtúrúpîn Meji narra a trajetória de sucesso de Îrúnmìlà como sacerdote em Adó Èkìtí. Aqui
Îrúnmìlà é retratado como muito próspero e popular. Esses aspectos positivos de Òtúrúpîn certamente se manifestarão
àqueles que sabiamente seguirem os demais conselhos que Ìfá nos oferece através desse Odù.
o) Òtúrúpîn Meji narra um novo embate entre Ñàngó e o Carneiro. Nos versos narrados por Îkànràn Meji, a batalha
termina sem vencedor, mas aqui Ñàngó derrota o Carneiro, mesmo depois de sofrer uma grande traição. Assim sendo,
sob esse aspecto Òtúrúpîn Meji pode ser considerado um Odù de ire iñëgún.
p) Òtúrúpîn Meji narra a história de uma personagem chamada Ojodu. Diz o ìtan que ninguém no àiyé teve mais filhos
que essa personagem (talvez se trata de Ìyá Odù). O fato a ser salientado aqui é o bom presságio que tal situação
evidencia. Além da óbvia possibilidade de vasta prole, considerando-se o fato de que “filhos” muitas vezes são sinônimos
das mais diversas realizações, esse aspecto de Òtúrúpîn é sem dúvida um excelente augúrio.
q) Òtúrúpîn Meji pode indicar bênção de moradia para alguém que há tempos busca por tão importante realização.
Trata-se de uma possibilidade, que pode se tornar realidade, desde que as oferendas e o comportamento adequados
sejam observados.
r) Aqui o Pilão fez ëbö para sempre conseguir se fixar firmemente, onde quer que esteja. Sob a influência de Òtúrúpîn
Meji, encontraremos meios de encontrar estabilidade em momentos ou situações que a princípio, favoreçam a
instabilidade.
Ibi
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a) Òtúrúpîn nos fala sobre doenças de origem misteriosa, muito provavelmente oriundas de más vibrações, feitiços ou
maldições lançadas por alguém que se considera traído ou injustiçado. Ìfá nos orienta a mantermos um comportamento
que desencoraje ações desse tipo por parte de eventuais inimigos, adversários ou não simpatizantes.
b) Aqui Èñù não teve sua liderança reconhecida perante as demais Divindades. Ìfá nos avisa sobre forte oposição que
sofreremos, antes que nosso valor seja reconhecido; antes que nossos objetivos sejam alcançados.
c) Como já foi anteriormente citado, Òtúrúpîn Meji muitas vezes retrata traições e conspirações. Em mais de um de
seus caminhos, esse Odù fala sobre as dificuldades que teremos que encarar devido à maldade e inveja alheia,
especialmente quando conseguimos destaque numa atividade específica. Ìfá nos avisa que não raro, membros de nossa
família, ou pessoas que nos são muito próximas, farão parte das conspirações em questão. É imprescindível recorrer à
proteção do ëbö perante tais circunstâncias, sem jamais perder de foco que ëbö sem ìwa pûlû não é garantia de nada.
d) Sob certas circunstâncias, Òtúrúpîn Meji pode ser considerado um Odù de inveja. Aqui um amigo vê outro prosperar,
mas ao invés disso lhe trazer contentamento, gera raiva, inconformismo e inveja. Ìfá diz à pessoa que assim se comporta
que nada de bom advirá de tais ações. Ele pergunta, “Se um amigo prospera, como outro pode ter raiva disso?”. Ìfá diz
que ao invés de permitir que a inveja e o inconformismo nos dominem, devemos nos aproximar ainda mais de um
amigo (ou pessoa muito próxima); pois se assim o fizermos, apoiados pelo ëbö e ìwa pûlû certamente garantiremos um
futuro de abundância para todas as pessoas envolvidas na situação.
e) Ìfá fala sobre um grupo de pessoas que está passando por perdas e sofrimentos ultimamente. Ele diz que a razão
desse infortúnio é o hábito de dar ouvido a pessoas falsas, que na verdade não querem o bem do grupo em questão.
Ìfá orienta à realização do ëbö que gerará a devida proteção, mas também orienta as pessoas envolvidas que
identifiquem quem é que está enganando-os, mostrem que agora sabem que estão sendo enganadas e retirem essa
pessoa de seu meio, não voltando nunca mais a lhe dar atenção.
f) Esse Odù fala sobre as dificuldades e sofrimentos resultantes da decisão de isolamento. Aqui, ao optar por viver
sozinho, ou sem relacionar-se profundamente com outras pessoas, alguém atrai para sua vida consideráveis tormentos,
inquietações, pressões e sofrimentos. O dia se tornará curto, e a pessoa verá a si mesma escravizada num ciclo de
tarefas intermináveis e consideravelmente frustrantes.
g) Planos e projetos encontrarão o fracasso, se agirmos sem considerar a opinião ou sábios conselhos que nos forem
dados a respeito.
h) Òtúrúpîn Meji narra sequências de sofrimentos e intempéries para aqueles que, acreditando ser o conhecimento dos
antigos obsoleto, recusa-se a leva-los em consideração.
i) Em mais de uma ocasião, Òtúrúpîn Meji narra situações de espancamento. Será preciso fazer as oferendas adequadas
e observar o comportamento sugerido por Ìfá, para que esse considerável infortúnio não se manifeste em nossos
caminhos.
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j) Ìfá nos avisa que infelizmente nosso sucesso nos trará inimizades. Aqui algumas pessoas tramaram contra Îrúnmìlà,
pois o fato dele se extremamente bem sucedido começou a incomodar os invejosos. Ìfá diz que não devemos nos deixar
abater por essa situação. Ele diz que receberemos todo o apoio para intimidar e vencer nossos inimigos. Ele diz que
ninguém poderá impedir o sucesso de uma pessoa que se apoia em Ìfá. Embora seja certo que receberemos ameaças
por parte de inimigos quando Òtúrúpîn se manifestar em ibi, também é certo que, através das oferendas adequadas,
esses mesmos inimigos falharão em seu intento de nos prejudicar.
k) Um dos aspectos negativos de Òtúrúpîn Meji que merece destaque é a possibilidade de morte precoce, quer seja por
doenças e, principalmente, através de situações de desastre ou violência. Aqui os planos pessoais podem ser
violentamente interrompidos pela morte. Ìfá aconselha a realização de oferendas e cerimônias o quanto antes, para
evitar que esse mau augúrio de Òtúrúpîn se manifeste. Da forma que Ìfá aborda esse assunto, são maiores as chances
de tais infortúnios se abaterem sobre nossos filhos ou entes por demais queridos.
l) Òtúrúpîn nos alerta sobre problemas judicias, especialmente os relacionados a heranças. Nesse caso, Ìfá nos avisa
que haverá conspirações para nos prejudicar, evitando que tenhamos acesso ao que seria nosso por direito. Ìfá avisa
ao envolvido na questão que NÃO BRIGUE POR SUA HERANÇA, pois isso pode custar sua vida. Ele diz que a pessoa que
vive esse problema tem a tendência a acreditar que todos querem enganá-la, mas Ìfá é o único que a trata com
honestidade. Aqui, tentativas de sucesso judicial perante inimigos mais poderosos e organizados, certamente
redundarão em desgraças. Há mais ganho em se afastar de pessoas que nos desejam mal, do que importuná-las por
questões que podem nos levar à perdição.
m) Ìfá avisa ao homem para quem esse Odù se manifesta, que seus negócios podem ser consideravelmente prejudicados
por uma mulher, e que a mulher em questão, tem grandes chances de ser sua própria esposa. Da maneira que Ìfá
expõe essa questão, é possível que nem haja o desejo deliberado de causar danos, mas algo no comportamento da
mulher indicada por Ìfá certamente atrairá consideráveis percalços a seu companheiro. Essa situação poderá ser evitada
ou amenizada, se a oferenda prescrita for adequadamente realizada.
n) Aqui o Leopardo tornou-se inimigo de Îrúnmìlà, e se preparou para ataca-lo em tocaia. Òtúrúpîn Meji é Odù de
inimigos poderosos, perigosos e desconhecidos. Ìfá nos aconselha a fazermos as oferendas apropriadas não apenas
para sobrepujá-los, mas também para saber quem de fato eles são.
o) Nos caminhos desse Odù, Ñàngó foi traído por seu escudeiro, o Cabrito. Ìfá nos aconselha a sermos cuidadosos, pois
podemos ser passados para trás ou deixados na mão por alguém que, a princípio, deveria nos servir honradamente.
Oferendas a Ñàngó e Èñù diminuirão as chances de tal traição ocorrer, ou pelo menos, de reparar os estragos causados
pela mesma.
p) Notícias ruins costumam ter um impacto consideravelmente negativo quando Òtúrúpîn Meji se manifesta. Sob o
impacto de tais notícias, alguém poderá vir a desenvolver um comportamento autodestrutivo.
q) Teimosia e estagnação atrairão os mais pungentes e constantes sofrimentos (alusão à situação do pilão, que por ser
estável, ou imóvel, é constantemente surrado pela mão-de-pilão).
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r) Òtúrúpîn revela que a menstruação é consequência de um comportamento inapropriado da mulher. Ìfá nos orienta
sobre os perigos oriundos da bisbilhotice e da desconfiança sem sentido.
Comportamento
a) Como já foi visto, Òtúrúpîn Meji é o Odù que inspira o desenvolvimento da sabedoria. Comportamentos que não
busquem tal desenvolvimento estarão desalinhados com a essência desse Odù, por conseguinte, certamente atrairão
dificuldades e sofrimentos.
b) Ìfá nos avisa que um período de testes se imporá entre nós e nossos objetivos. Ele diz que nossas habilidades e
intenções serão testadas, mas que através de bom caráter, inteligência, persistência e trabalho árduo, suplantaremos
qualquer tipo de provação que nos seja imposta pela vida.
c) Nos caminhos desse Odù, Èñù quis que sua liderança fosse reconhecida pelos demais Òrìñà. Embora tenha conseguido
sucesso no final, inicialmente Èñù se deparou com considerável resistência por parte das demais Divindades. Ìfá nos
avisa que antes de atingirmos nossos objetivos, certamente nos depararemos com consideráveis obstáculos ou
provações. Esses contratempos servirão para testar nossa vontade, persistência e caráter, e certamente venceremos
quaisquer obstáculos, apoiados por ìwa pûlû e o àñë das oferendas realizadas.
d) Como já foi visto, sob a influência de Òtúrúpîn Meji haverá o desejo de ocupar um importante papel nesse mundo.
Além da necessidade de ëbö, é importante que Ìfá aconselha trabalhado árduo, consistência e paciência para aquele
que deseja alcançar tais bênçãos.
e) Ìfá nos avisa sobre a necessidade de fazermos esforços em nome da união familiar. Ele diz que nos depararemos
com situações em que, por não concordarmos com o comportamento de um parente, desejaremos nos afastar ou mantê-
lo afastado. Ìfá diz que nada de bom advirá de tal decisão. O esforço pela comunhão, em seu devido tempo, atrairá
alegria e regozijo a todas as pessoas de uma mesma família. As chances de harmonia serão consideravelmente
aumentadas se Îñun for adequadamente propiciada.
f) Ìfá nos instrui aqui a sermos pacientes, trabalhadores e humildes. Ele diz que sob sua orientação, contando com o
àñë do ëbö e observando o comportamento caracterizado pela humildade, despertaremos nas pessoas o desejo de nos
auxiliarem. Ele diz que a bondade das pessoas se manifestará em nossa vida, e que tal bondade se materializará em
forma de bênçãos e oportunidades de crescimento e prosperidade. É importantíssimo salientar que foi o comportamento
de Îrúnmìlà que gerou tal disposição de espírito das pessoas. Ou seja, só será sábio esperar pelas bênçãos aqui citadas,
se previamente fizermos por merecê-las, através do auxílio desinteressado, trabalho árduo, paciência e bondade para
todos que de nos se aproximarem.
g) Como já foi visto, aqui os testículos vêm ao àiyé. Certamente em algum ponto de nossa vida nos depararemos com
ambientes hostis. Ìfá nos inspira aqui a mantermos a calma e a fé, pois embora encontremos ameaças ou situações
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similarmente estressantes, certamente também encontraremos os meios necessários e a proteção espiritual para
desempenhar nosso papel nesse mundo. Autocontrole e fé perante hostilidades é um excelente modelo comportamental
quando Òtúrúpîn se manifesta. Oferendas a Öbàtàlá serão de suma ajuda nessa questão.
h) Esse é um dos Odù Ìfá que melhor explicam a relação entre o comportamento e a aceitação ou repulsa social. Aqui
Ìfá nos orienta a sermos gentis, amáveis, sinceros, pois agindo assim certamente estaremos cercados de pessoas que
desejarão nosso bem e nos favorecerão das mais diversas maneiras. Por outro lado, esse Odù também fala sobre
pessoas cujo comportamento é o oposto do aqui sugerido. Pessoas que infelizmente preferem agir de maneira bruta,
estúpida, maldosa e repulsiva. Ìfá afirma que ninguém desejará manter nenhum tipo de contato com alguém que se
permita agir dessa maneira, e que a solidão acabará sendo o triste resultado de tal comportamento. A quem assim se
comporta, quer seja o consulente ou alguém que lhe seja próximo, Ìfá lhe orienta a rapidamente mudar sua atitude,
antes que seja tarde demais.
i) Ìfá nos fala aqui sobre um comportamento que tende ao isolamento. Ele fala sobre uma pessoa que sofreu
consideráveis frustrações, traições ou desapontamentos, e que por isso resolveu viver por si só, sem manter contatos
constantes com parentes, amigos, amores, etc. Ìfá diz a essa pessoa que sua decisão, cedo ou tarde, atrairá
consideráveis complicações para sua vida. Tal pessoa deveria se conscientizar que tudo será mais fácil se ela se abrir,
e permitir que outras pessoas façam parte de sua vida. Dessa forma, Ìfá diz que oportunidades de crescimento e
felicidade se manifestarão, assim como uma óbvia melhoria na qualidade de vida.
j) Òtúrúpîn Meji é Odù de preocupação com a própria aparência. Um dos personagens desse Odù era conhecida por
andar sempre na moda, perfumada e maquiada. Certamente não há nada de errado em ter preocupações com a
aparência, mas Ìfá nos adverte aqui a evitarmos excessos, caso contrário podemos confundir nossas prioridades, pois
ser feliz é mais importante do que se apresentar na moda.
k) Como já foi visto, Òtúrúpîn é o Odù que inspira as mentes à Sabedoria. Mas quando em ibi, Ìfá nos avisa que a
Sabedoria que caracteriza esse Odù está em falta. Aqui podemos ver nossos sonhos, planos ou projetos ruírem, pelo
simples fato de sermos vaidosos demais para considerar a possibilidade de não conhecermos uma determinada questão
a fundo. Ìfá nos ensina que não há nesse mundo Sabedoria que dispense sábios conselhos. Aqui, Sabedoria sem
humildade converte-se em estúpida arrogância, que certamente gerará uma série desafortunada de eventos, que
poderia ser totalmente evitados através de ëbö e da humilde capacidade de considerar opiniões diferentes das nossas.
l) Ìfá adverte aos jovens ao evitarem acreditar que a sabedoria dos anciãos não se aplica aos dias de hoje. Aqui o jovem,
acreditando ser um sábio, toma suas decisões sem consultar os mais experientes, seja por arrogância ou absurda tolice.
Ìfá diz que toda uma série de sofrimentos se manifestará na vida daqueles que assim agirem. A sabedoria aqui consiste
em ao menos considerar a hipótese das experiências dos mais velhos serem aplicáveis às nossas questões cotidianas.
c) Como já foi visto, aqui o sucesso atingido também gerará inimizades e perseguições. Ìfá diz que devemos encarar
ameaças com energia e coragem. Devemos deixar claro a quem possa interessar que contamos com o apoio de Ìfá e
dos Òrìñà; e que qualquer um que trama contra nós certamente se arrependerá. Perante ameaças de inimigos, Òtúrúpîn
Meji nos inspira a sermos ousados e evidenciarmos que numa eventual batalha, certamente contaremos com os
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melhores guerreiros. Ìfá diz que perante tal postura, possíveis inimigos fugirão de um confronto aberto, e aqueles que
forem tolos demais para agirem assim, certamente se arrependerão.
o) Numa determinada circunstância desse Odù, um personagem acaba perdendo a vida, pois decidiu não observar o
ëwî revelado por Ìfá. Uma vez cônscios do que devemos ou não fazer, o bom senso manda optar pela prudência.
Ousadia sem sentido na verdade é estupidez, e o preço a ser pago pode ser consideravelmente alto.
p) Òtúrúpîn é Odù de gente desconfiada. Em mais de uma ocasião esse comportamento é retratado nos ìtan desse
Odù. Ìfá nos orienta a sermos prudentes com nossas desconfianças, pois elas devem nos servir como guia, e não se
tornar senhoras de nossas ações. Aqui a desconfiança em excesso gera alienação e estúpida mania de perseguição.
Esse perigoso extremo pode nos afastar de caminhos abençoados, e nos aproximar de consideráveis perigos.
q) Como já foi visto, o impacto negativo de certas notícias pode favorecer a manifestação de um comportamento
autodestrutivo. Ìfá nos orienta a sermos cuidadosos ao darmos más notícias, para que não favoreçamos um sofrimento
desnecessário a um irmão. Também é preciso considerar o fato de que, de caso pensado, Òñàlá manda a Ñàngó a notícia
de sua morte, levando-o ao desequilíbrio. Ou seja, testes como os realizado por Òñàlá são consideravelmente
desaconselháveis quando Òtúrúpîn Meji se manifesta.
r) Nos caminhos desse Odù, o Pilão recusa-se a fazer ëbö por vida longa. O resultado de sua escolha foi viver sempre
apanhando, até que viesse a morrer. Ìfá nos fala aqui sobre a necessidade de sermos extremamente cuidadosos em
nossas escolhas, para que não acabemos num caminho sem saída, onde o sofrimento nos acompanhará até o final de
nossos dias.
s) Como já foi visto, quando em ibi, Òtúrúpîn fala sobre a tendência em crer em conspirações e complôs, como se o
objetivo do Universo fosse nos causar sofrimentos e prejuízos. Quando tal quadro se estabelece, enfrentaremos a
tendência em fugir de quaisquer circunstâncias que consideremos insatisfatórias. Ìfá nos avisa que ao invés de assim
agir, deveríamos enfrentar os problemas e desafios que aparecerem, ao invés de nos acovardar e buscarmos desculpas
na fragilidade de nossa mente para justificar um comportamento covarde ou desprovido de atitude construtiva.
t) Òtúrúpîn Meji é o Odù Ìfá que ensina que os líderes do àiyé, são representes dos líderes do îrun. Da maneira que
Ìfá expõe tal questão, fica evidente que sob a influência desse Odù, é muito provável que ocorram atritos envolvendo
questões de hierarquia. Ìfá diz à pessoa hierarquicamente inferior que a existe uma razão para a existência da
hierarquia, e que o desrespeito a tal ordem social acarretará consideráveis problemas à pessoa impaciente ou
desrespeitosa.
u) Òtúrúpîn Meji, como já foi visto, pode ser um presságio de ire ibùjokò (bênção de moradia). O ponto a ser salientado
aqui é que a realização de tal bênção exige disciplina perante gastos, trabalho árduo e constante, obstinação e algumas
renúncias. De nada adiantará apenas realizar as oferendas adequadas, se as mesmas não forem apoiadas pelo
comportamento sábio que esse mesmo Odù sugere.
v) Como já foi citado, aqui o Pilão fez ëbö para sempre encontrar estabilidade, onde quer que esteja. O detalhe a ser
considerado é que no contexto em que Ìfá traz essa informação, é exatamente a estabilidade do pilão que o coloca na
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posição de ser constantemente surrado pela mão-de-pilão. Ou seja, é imprescindível que haja o devido discernimento,
para que estabilidade não seja confundida com teimosia ou estagnação, pois nesse caso, os sofrimentos serão
inevitáveis.
x) É nos caminhos de Òtúrúpîn Meji que aprendemos a magia adequada para dar a Ìfá oportunidade de reparar nossa
vida. É importantíssimo salientar que no ìtan que aborda tal questão, o personagem primeiramente reconhece que
estragou sua vida, ou que pelo menos enveredou por caminhos que o fizeram colidir com sofrimentos e dificuldades
desnecessárias. Essa humildade em reconhecer a própria ignorância é a base para o desenvolvimento da sabedoria; e
levando-se em consideração que aqui Ìfá nos ensina que “Usar inteligência para consertar a vida; é isso que chamamos
de Sabedoria”, fica ainda mais evidente a importância do reconhecimento dos próprios erros e equívocos. Sem tal
humildade, não haverá o campo adequado para a manifestação da Sabedoria, cuja finalidade é endireitar nossas vidas.
z) Ìfá nos orienta a sermos cuidadosos em nossos relacionamentos, para não permitirmos que a desconfiança excessiva
se converta num fator de atritos. Òtúrúpîn Meji ensina que foi a curiosidade da mulher que a sentenciou a menstruar
mensalmente. Similarmente, Ìfá avisa sobre as diferenças entre curiosidade e bisbilhotice.
Amores e relacionamentos
a) Òtúrúpîn aponta para a possibilidade de envolvimento sentimental com pessoas já comprometidas, se tendo ou não
consciência de tal fato. Ìfá nos alerta sobre as complicações inerentes a tal situação, e nos lembra que certamente
teremos que pagar algum preço se quisermos continuar com o casamento em si.
b) Òtúrúpîn Meji, sob certas circunstâncias, pode ser um prenúncio de chantagens emocionais. Aqui um personagem é
obrigado a se casar, caso contrário teria problemas sérios em sua vida. Ìfá nos fala sobre algum relacionamento que
sobrevive não por amor, mas por temor ou obrigação. Sob o àñë das devidas oferendas, certamente encontraremos
meios de sair de uma situação consideravelmente desconfortável. Caso o consulente seja a pessoa que encontra
subterfúgios para prender outra numa relação, Ìfá lhe aconselha a rapidamente parar com tal comportamento, sob o
risco de comprometer definitivamente a própria felicidade.
c) Ìfá nos ensina aqui que o primeiro casamento de Èjí Òtúrú foi um desastre. Aqui devemos considerar a hipótese de
nos apaixonarmos por alguém cuja complexa vida mental nos fuja à compreensão. Assim sendo, não há por que esperar
que um relacionamento com tais características seja bem sucedido. As devidas consultas a Ìfá determinarão quais
relacionamentos de nossa vida se encaixarão no contexto aqui exposto. A sabedoria aqui consiste em, uma vez alertado
por Ìfá sobre um relacionamento fadado ao insucesso, não permitir que paixão ou expectativas sem sentido determinem
nossas decisões.
d) Ìfá avisa a uma mulher que está prestes a se envolver seriamente num relacionamento, que realize mudanças em
seu comportamento, para que ele não leve dor e sofrimento à vida de seu futuro marido.
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e) Aqui alguém pode estar profundamente descontente com seu relacionamento, sem necessariamente demonstrá-lo.
Ìfá adverte à necessidade de prestar atenção aos detalhes comportamentais, pois eles sim poderão revelar a presença
de descontentamentos que, se não discutidos e resolvidos, certamente sentenciarão um relacionamento ao fracasso.
f) Quando Òtúrúpîn Meji se manifesta, Ìfá nos avisa que será tolice de nossa parte não perceber que, ao escolhermos
alguém para se casar, também estaremos escolhendo sua família como parte integrante de nossa vida. Esse Odù narra
uma circunstância em que uma jovem noiva, após se casar, negava-se peremptoriamente a manter qualquer tipo de
contato com a família do novo marido. É claro que tal situação só gerou desordem, brigas, angústia, sofrimento e
separação. Ìfá nos orienta aqui a sermos flexíveis no trato dos parentes de nosso cônjuge, caso contrário atrairemos
desnecessários sofrimentos para todas as pessoas envolvidas na questão.
g) Aqui Ìfá destaca o comportamento sexual dos tigres, onde antes do coito, a fêmea tem o hábito de morder o macho.
Da maneira que esse assunto é aqui exposto, chega-se à conclusão que Ìfá avisa a um homem sobre as tendências
dominantes de sua companheira. Isso não é necessariamente um ibi, mas certamente é uma situação que merece
observação cuidadosa, para que uma simples característica erótica não venha a se sobrepor ao dia a dia, tornando
assim o homem por demais submisso à vontade de sua mulher.
h) Mas nem tudo são dificuldades, quando Òtúrúpîn Meji aponta para casamentos. Em seus caminhos, Olófin se casou
com uma jovem, que lhe abençoou com dois filhos, que depois se tornariam pessoas influentes em seus meios.
Circunstâncias similares certamente se manifestarão, se Ìfá indicar o ìtan que aborda tal questão, e se as oferendas
adequadas forem realizadas a tempo.
i) Aqui, antes de chegar aos braços da mulher de sua vida, o homem passa por muitas outras. A uma mulher que
constantemente sofre com a infidelidade do marido, Ìfá recomenda paciência e ëbö, para que aos poucos tal homem vá
perdendo o interesse por relacionamentos extraconjugais.
j) A mulher, por se sentir ofendida ou desprezada pelo marido, recorre ao adultério. É preciso que ela saiba que ao
divorciar-se, sua vida piorará consideravelmente.
12
Saúde e bem estar
a) Aqui a esposa de Ògún não conseguia engravidar, pois sua alimentação não favorecia a concepção. Ìfá nos fala aqui
sobre os infortúnios oriundos da alimentação inadequada.
b) Nos caminhos desse Odù, Ìfá nos fala sobre doenças misteriosas, cuja medicina moderna não consegue tratar
adequadamente. Essas doenças têm raiz espiritual, e a saúde só será recuperada se houver os rituais de ra’ri (iniciação
a Òrìñà). Da maneira que Ìfá expõe essa questão, entre todas as doenças merece destaque as questões de infertilidade.
c) Ìfá nos orienta a estarmos especialmente atentos à possibilidade de contaminação por agentes tóxicos. Circunstâncias
semelhantes são narradas nos caminhos de Òtúrúpîn, por isso devemos ser extremamente cautelosos a respeito.
d) Através de um ìtan cheio de simbologia, Ìfá nos explica que o homem sentencia a si mesmo à maioria das doenças
que existem. O mito evidencia que por sua incapacidade de dizer não a seus instintos, o homem envereda por caminhos,
toma decisões que afetam diretamente sua saúde e a qualidade de sua vida. Assim sendo, sob a influência de Òtúrúpîn,
será sábio desenvolver o autocontrole, a força de vontade, para dizer não aos impulsos que, uma vez saciados,
certamente encurtarão do dificultarão nossa passagem pelo àiyé.
e) Como já foi visto, nesse Odù o Pilão recusa-se a fazer ëbö por vida longa. Da maneira que Ìfá expõe a situação, é
razoável que consideremos a possibilidade de ocorrerem aqui as chamadas doenças ocupacionais.
Ìfá diz;
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- Òtúrúpîn rege tudo o que é redondo. Rege amadurecimento e queda dos frutos.
- É o Odù que trouxe o dilúvio a esse mundo. Representa a impermanência no àiyé.
- Esse Odù inspirou a evolução biológica da humanidade.
- Inspira o uso da inteligência, que conduz à sabedoria. Por isso é chamado Òlògbîn (o sábio).
- Também é chamado Ilerè (a terra firme).
- É o servo de Îràngún.
- Òtúrúpîn Meji invoca ancestralidade. Por esse Odù os Ancestrais abençoam e protegem seus descendentes.
- Em ire, Òtúrúpîn traz solução para os problemas. Quando em ibi representa apatia que impede a resolução dos
problemas.
- Há negatividades que acompanham a pessoa desde o îrun. É preciso ëbö com obì para deixá-las para trás.
- Òtúrúpîn é representado por um feto no útero, representando os mistérios do renascimento.
- Odù de àbìkú. Fala sobre gêmeos.
- A prática da bondade é essencial para que haja bênçãos.
- Îrúnmìlà conhece a miséria.
- Òtúrúpîn rege os ossos.
- A inteligência chega ao àiyé.
- Aqui é preciso fazer ëbö para conhecer os inimigos (que estão ocultos).
- Expressa as consequências da covardia.
- Constantes ataques das Àjý.
- Há um Egún de luz que acompanha e protege, embora haja outros que prejudicam e podem até matar.
- Aptidão para liderança, mas tendência a abusar da mesma.
- Por abusos fica-se sozinho.
- Relacionamentos com diferenças de idade.
- Incesto; estupro.
- Harmonize-se com seu padrinho.
- Doenças internas e perigosas.
- Há quem deseje prejudicar ou até matar.
- Armadilhas; tragédias.
- Receber Îrúnmìlà.
- Desrespeito a natureza causa atrasos de vida.
- Se gasta muito dinheiro por questões de saúde.
- Vive-se longe da mãe.
- Bruxarias.
- Gênio forte; personalidade difícil.
- Há uma guerra constante, que parece não acabar nunca.
- Infidelidade por descontentamento. Aqui a pessoa passa de mão em mão, até encontrar sua legítima parceira.
- Força, resistência, tenacidade.
- Neurose. Pensa que está sempre sob feitiço.
- Se houver erros espirituais, haverá fortes cobranças.
- Abundância de filhos
- Celibato.
- Em ire representa resolução de problemas. Em ibi, apatia para resolver os mesmos.
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- Nasce a hierarquia entre Òñàlá e Îrúnmìlà; a evolução biológica do homem; a sociedade Egúngún.
- Aqui o homem é dominado pela mulher, embora possa não parecer.
- Odù de guerras constantes.
- Há uma estreita relação entre a pessoa e sua mãe; embora possam viver separados.
- Doenças que “aparecem” e quase sempre são mortais.
- Contaminação alimentar. Evite comer em casa alheia ou em lugares “estranhos”.
- Diferença de idade em relacionamentos.
- Há inveja e traições.
- Um ara îrun deseja levar essa pessoa.
- Aqui se gasta muito dinheiro devido a uma doença.
15
1) Realizaremos oferendas às Divindades sugeridas por Ìfá para que:
2) Èñù deverá receber as devidas oferendas para nos auxiliar perante resistência à nossa pessoa, nossos pensamentos
ou projetos.
3) Îñun receberá as oferendas prescritas nesse Odù, para nos abençoar com oportunidades de alcançarmos posições
de destaque em nossas vidas.
4) Será necessária a cerimônia de ra’ri (iniciação em Òrìñà) para alguém cuja doença, não é adequadamente tratada
pela medicina moderna.
6) A combinação de oferendas a Èñù, Îrúnmìlà e Ìyàmi, tal qual exposto no Ìtan “Îrúnmìlà viaja para Ilé Àànú”,
favorecerá a manifestação da bondade alheia e o reconhecimento por nossos esforços. Como fruto de tal
reconhecimento, oportunidades de crescimento e prosperidade certamente se manifestarão.
7) Öbàtàlá deverá ser propiciado tal qual esse Odù ensina, para que possamos encontrar apoio e maneiras de cumprir
nosso papel nesse mundo, mesmo que seja perante ameaças ou ambientes hostis.
8) Para nossa própria segurança, será importantíssimo realizar o ëbö prescrito nesse Odù para ire iñëgún, no ìtan
referente a Ìfá Dûûrý.
9) Aqui dois amigos devem fazer ëbö juntos para prosperarem. Como complemento do ëbö, um deve propiciar o Orí do
outro. Agindo dessa maneira, Ìfá garante sucesso e abundância a essas duas pessoas.
10) Èñù deverá ser propiciado para dar suporte a uma pessoa que, consciente da necessidade de alteração
comportamental, deseje fazê-lo.
11) Propiciaremos Èñù com um cabrito e outra Divindade que receba como oferenda uma cabra madura, para que
possamos escapar do sofrimento imposto por uma pessoa falsa, que se diz nossa amiga, mas que na verdade procura
nos prejudicar de toda a maneira possível.
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12) Duas cabras serão oferecidas como ëbö, para que um jovem incauto consiga escapar de sérios apuros ou
sofrimentos, gerados por sua recusa em seguir os conselhos dos mais velhos.
14) Quatro cabras serão oferecidas como ëbö, sendo uma delas para Ìfá. Essa grande oferenda deve ser realizada para
que inimigos poderosos sejam desestimulados a entrarem em guerra conosco; e para que, caso algum tolo resolva
enfrentar o poder de Ìfá e dos Òrìñà, seja totalmente vencido.
15) Um ëbö composto por uma cabra, seis garrafas de azeite-de-dendê e cinquenta obì deve ser realizada o quanto
antes, a fim de evitar morte precoce e violenta. Essa mensagem ganha ainda mais destaque quando direcionada a
jovens, especialmente nossos filhos.
16) Uma cabra madura deverá ser oferecida como ëbö, para que possamos escapar de conspirações que visem nosso
prejuízo, ou até mesmo nossa morte.
18) Èñù receberá as oferendas apropriadas, para impedir que uma mulher (mesmo a do consulente) gere transtornos
ou atrasos nos negócios da pessoa para quem esse Odù se manifesta.
19) Uma cabra madura será oferecida à Divindade que Ìfá indicar. As carnes dessa cabra serão oferecidas a outras
Divindades, também indicadas por Ìfá. Quanto ao iyánlè, essa é a parte que devemos consumir, depois que os rituais
adequados forem realizados aos pés da Divindade em questão. Isso tudo nós faremos em nome de boa saúde; para
que Àrun não seja nossa constante companhia no àiyé.
22) Nos caminhos desse Odù, Ñàngó come cabrito. Essa oferenda lhe será realizada para que possamos atingir ire
iñëgún e ire ìlera. Èñù receberá da mesma oferenda, que além do cabrito (que deve ser branco e jovem) deverá ser
completada por dois galos.
21) Orí deverá ser propiciado, para que dê suporte a alguém que tende a sucumbir sob o impacto de más notícias.
22) Èñù, Ñàngó e Îrúnmìlà deverão receber suas devidas oferendas, para que possamos ser abençoados em viagens
que envolvam negócios ou missões.
23) Olófin receberá as oferendas indicadas por Ìfá, para que possamos ser abençoados com um casamento que nos
traga benefícios e bons filhos.
24) Um preparo a base de dendê e banha de òri deve ser usado, para favorecer ire àikú.
25) Os Ancestrais devem ser constantemente propiciados nos caminhos desse Odù, para que possamos receber apoio
em todas as questões que caracterizam nossa vida no àiyé.
26) Oferendas (ou até mesmo culto, se afim assim apontar) a Îsànyìn oferecerão apoio para as dificuldades encontradas
nesse Odù; em especial às relativas a doenças e inimigos.
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27) Quando possível, pode-se propiciar os Ancestrais em suas próprias sepulturas. Esse procedimento afastará a miséria.
28) Olófin receberá várias frutas redondas como ëbö. Com as sementes dessas frutas um àtin será preparado, e usado
em situações complexas e de difícil resolução.
29) Pinta-se os Meji sobre dezesseis conchas. Depois imola-se um galo sobre as mesmas, e ao final se prepara iyëfá
(ire owó).
30) Se faz saraiyëiyë em Ñàngó para uma pessoa que vai para a cirurgia.
31) Paraldo com cabrito e pano preto. O carrego vai à mata, onde um montículo representando Ìkú o aceitará.
33) Faremos oferendas à Divindade indicada por Ìfá, para que não venhamos a sofrer sobre nossas cabeças o peso
negativo da hierarquia.
34) Um ëbö será montado e realizado tal qual Ìfá orientar, para que possamos ser abençoados com vasta prole, ou com
consideráveis realizações pessoais.
35) Egún e Ìbejì devem ser propiciados adequadamente, para que sejamos abençoados com situações e oportunidades
que favoreçam ire ibùjokò (bênção de moradia).
36) Usaremos um pilão, e os demais elementos indicados por Ìfá, para a realização de um ëbö, cuja finalidade seja
encontrar estabilidade e força em momentos de crise.
37) Îrúnmìlà deve ser propiciado com generosidade e respeito, para que os estragos que tenhamos feito à nossa própria
vida encontrem reparos. A complexidade da situação aponta para a possibilidade de iniciação no Lûsû Ìfá.
38) As Anciãs da Noite devem ser constantemente apaziguadas, de preferência com ûjû, para que sejamos abençoados
em questões profissionais.
18
Òtúrúpîn prepara-se para vir ao àiyé
21
Ele seguiu o viu e chegou a Ejigbòmûkùn,
Onde exigiu explicações por parte dos Pàràkòyí.
Assim que viram um bebê falando,
Egúngún e Orò logo souberam que se trava de um fenômeno.
Eles disseram que, deliberadamente,
A mãe de Èjí Òtúrú tentara levar caos ao mercado,
Ao trazer consigo dois ökëtë.
Disseram que a surra que ela levou,
Foi simplesmente para que ela não repetisse isso no futuro.
Èjí Òtúrú disse, “Vocês conhecem as condições que a levaram a agir assim?”
Os Pàràkòyí disseram, “Não sabemos, nem estamos interessados em saber”.
Èjí Òtúrú disse, “Vocês estão me dizendo que não há circunstâncias”;
Ele disse, “Em que alguém possa fazer algo não quisto pela sociedade”,
Ele disse, “E ainda assim ser julgado com compaixão?”
Os Pàràkòyí disseram, “Até onde sabemos, não existe tal circunstância”.
Assim que ouviu essa afirmação,
Èjí Òtúrú pediu três barris de bebida;
Sendo um para Egúngún,
Um para Orò,
E o terceiro para ele mesmo.
Ele disse que eles deveriam disputar,
A fim de saber quem conseguiria esvaziar seu barril primeiro.
Quando Egúngún e Orò beberam seu primeiro copo,
Èjí Òtúrú já tinha bebido dois!
Os Pàràkòyí ficaram preocupados,
Pois seria uma vergonha perder para um bebê.
Logo, eles começaram a beber com mais vigor.
O que eles não sabiam é que Èjí Òtúrú,
Ele havia invocado os 401 Ìrúnmîlû para beberem com ele;
Ele também invocara mais 200 Ìrúnmîlû da direita,
E mais duzentos Ìrúnmîlû da esquerda.
Assim sendo, na verdade,
Os Pàràkòyí estavam disputando contra 802 Divindades!
Obviamente, eles logo ficaram bêbados.
Em seus passos vacilantes,
Tropeçaram e quebraram vários objetos no mercado,
Inclusive utensílios do Òrìñà do mercado,
Do qual eles eram os guardiães.
Eles também vomitaram em todo o canto,
Antes de caírem, desmaiados;
E só foram acordar no outro dia.
Então Èjí Òtúrú explicou tudo o que eles tinham aprontado,
22
E logo, deveriam ser punidos imediatamente.
Eles tentaram explicar que tudo se devia ao álcool,
Mas Èjí Òtúrú disse que,
Da mesma maneira que eles não ouviram sua mãe,
Ele também não os ouviria.
Então Èjí Òtúrú os amaldiçoou!
Ele disse que a partir daquele dia,
Egúngún não seria mais administrador do mercado;
Ele só poderia realizar seus assuntos em segredo,
Em ambientes fechados,
E não mais em ambientes abertos, como um mercado.
Ele disse que Orò jamais seria vista (!!) novamente,
Enquanto houvesse luz do dia;
Que seus assuntos deveriam ser tratados de madrugada,
E que ele (??) jamais faria parte da administração do mercado novamente.
Assim que Èjí Òtúrú disse essas palavras,
Os 801 Ìrúnmîlû o apoiaram,
Tornando a maldição ativa.
Èjí Òtúrú cantava e dançava;
23
Então Ìfá aconselhou Òtúrúpîn a fazer ëbö,
E ele assim o fez.
Com a magia do ëbö ,
Os corpos humanos foram se tornando mais complexos, menos robustos,
Mais aptos a expressar a beleza e a pureza de ìwìn,
A complexidade criativa da mente.
É assim que Ìfá nos explica,
Como Òtúrúpîn auxiliou a humanidade em sua jornada evolutiva.
25
As viagens abençoadas de Alákîlé Mûsín
Ìfá foi criado para Ölïbàràmîjû, no dia que sua filha ficou doente.
A filha de Ölïbàràmîjû era uma moça muito bonita;
Além de bela, ela era simpática, humilde e gentil;
Não havia quem não a admirasse.
Quando chegou o tempo, Ölïbàràmîjû a cedeu em casamento.
Assim que chegou à casa de seu marido, a moça adoeceu.
No princípio parecia algo simples,
Mas não demorou a se perceber que a doença era séria;
A ponto de influenciar na fertilidade da moça.
Então Ölïbàràmîjû disse a seu genro que trouxesse a moça para casa dele,
27
Que ali, juntamente com seus awo,
Eles tentariam entender o que de fato estava acontecendo.
Assim que viu Òtúrúpîn Meji,
O awo disse a Ölïbàràmîjû que sua filha se recuperaria;
A moça era filha de Îñun,
E precisava passar por ra’ri, os rituais de iniciação.
O awo assegurou que após a iniciação, a moça se recuperaria.
Imediatamente Ölïbàràmîjû determinou que seus servos,
Fossem atrás dos elementos necessários à iniciação.
As cerimônias de ra’ri começaram já no outro dia,
E Ölïbàràmîjû permaneceu ao lado da filha, no rio, por sete dias.
Nenhum dos parentes do genro apareceu,
Nem o próprio em questão.
Isso fez com que Ölïbàràmîjû determinasse que,
Uma vez recuperada, ele não permitiria que a filha retornasse à casa do marido.
Depois de sete dias, Îñun declarou que não deveria existir rixas ou mágoas;
Ela disse que chegara para regozijo, e não para brigas.
Quando a iniciação terminou,
A filha de Ölïbàràmîjû voltou para seu marido.
Não demorou muito e ela engravidou,
Trazendo alegria a todas as pessoas envolvidas na questão.
Ölïbàràmîjû dançava e regozijava,
Ele louvava os awo, que louvavam Ìfá,
Pois a palavra mostrara-se verdadeira.
28
Ia aspergindo água quente pelo caminho.
Foi aí que ele viu um arbusto,
E jogou água quente nele.
Ah! Lá era o esconderijo de Leopardo.
Ele era o inimigo de Îrúnmìlà!
Ele estava de tocaia,
Esperando Îrúnmìlà passar.
Îrúnmìlà dançava e regozijava.
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Îrúnmìlà dançava e regozijava; louvava os awo, que louvavam Ìfá,
Pois a palavra mostrara-se verdadeira.
Ölïgbïn ó ta kókó omi s’éti añö, O sábio não pode amarrar a água com um tecido;
Mîrànmîràn ò mö’ye iyûpû ilû, O conhecedor não sabe o número de grãos de areia no chão;
Arínnàká ò dé’bi ilû gbý pûkun, O viajante não pode continuar quando a estrada acaba;
Gun’gi gun’gi kò gun’gi ré köjá ewé. Não se pode subir na árvore para além das folhas.
Ire gbogbo wá ya dé tùtúru Todas as bênçãos chegarão em abundância
Ajé ló wù mi É de riquezas que sinto falta
Ë s’àánú mi o Por favor, tenham compaixão por mim
Ûyín èníyàn ë s’àánú mi o Companheiros, por favor, tenham compaixão por mim
Ömö lò wù mi É de filhos que sinto falta
Ë s’àánú mi o Por favor, tenham compaixão por mim
Ûyín èníyàn ë s’àánú mi o Companheiros, por favor, tenham compaixão por mim
Ilé ló wù mí É de uma casa que sinto falta
Ë s’àánú mi o Por favor, tenham compaixão por mim
Ûyín èníyàn ë s’àánú mi o Companheiros, por favor, tenham compaixão por mim
Ire gbogbo lo wu mi É de todas as bênçãos que sinto falta
Ë s’àánú mi o Por favor, tenham compaixão por mim
Ûyín èníyàn ë ñ’àánú mi o Companheiros, por favor, tenham compaixão por mim
32
Quando meu pensamento ficou “pesado”,
Desviei minha mente.
Essa foi a mensagem de Ìfá para Ojodu (Ìyá Odù?),
Aquela que teve muitos filhos,
Aquela que teve mais filhos do que qualquer pessoa no mundo.
São muitos os filhos de Ojodu;
Ninguém teve mais filhos que ela.
Rato Fedido, que usa sua boca para cavar buracos, eu o chamo!
Formigas Pretas, que usam suas bocas para procurar comida, eu as convoco!
Serpente, cujos olhos ficam na parte alta da cabeça, eu a chamo!
Esses foram os awo que criaram Ìfá para mim, Ìfá Dûûrý;
Quando o Elefante morre, Ìfá Dûûrý realiza os rituais fúnebres;
34
Quando o búfalo morre, Ìfá Dûûrý realiza os rituais fúnebres;
Agora estou aqui para os rituais de Ëkùn, o Leopardo;
Mas esses rituais são mais complicados;
É preciso espetar as costas com uma vara;
Quando cães fazem amor, um vira as costas para o outro.
35
Se eu chamo minha casa, ela tem que me responder;
Se a casa falhar em me responder, então eu devo dar as costas,
Se a casa falhar em me responder, devo voltar para o lugar de onde vim.
Îrúnmìlà, oh!
Se a casa falhar em me responder, então eu devo dar as costas.
36
Esse foi o awo que consultou Ìfá para Yaya e Yáyá,
No dia que ambos queriam construir uma casa.
Ìfá aconselhou-os a fazer ëbö,
Mas apenas Yáyá o fez.
A casa construída por Yaya ruiu;
A casa construída por Yáyá permaneceu em pé,
Pelo resto de sua longa vida;
Foi lá que Yáyá viveu confortavelmente.
Ìfá diz que essa pessoa procura ire ibùjokò;
E que deve oferecer àdìmù a Egún e Ìbejì,
Para encontrar um bom lugar.
38
Entretanto, alguém muito próximo não o será.
Ìfá diz que ninguém conseguirá deter tal progresso,
Se a pessoa ouvir e seguir todos os conselhos.
Ögbïn níí pý kó tóó ran’ni Leva tempo para alguém ser bafejado pela sabedoria;
Wèrè kíí gbèé ran ömö èníyàn É mais fácil e rápido ser dominado pela estupidez;
Díá fún Îtînpòrò Ìfá foi criado para Îtînpòrò
Tíí ñömö Ìyá Ère Filha da mesma mãe de Ère
Ëbö ni wïn ní kó wáá ñe Ele foi instruído a fazer ëbö
Ó fetí îtún gbýbö, ó fi tòsí daá nù Mas não deu ouvido aos conselhos
Îtînpòrò pà’wà dá Òtînpòrò, por favor, mude seu caráter
Kóo lè l’ýni l’ûyín bí Ère Para que você tenha seguidores, como Ère
Îtînpòrò Òtînpòrò
40
Ela perguntou, “O que posso fazer”;
Ela disse, “Para que meu marido não queira ficar com outras mulheres?”
Os awo prescreveram um complexo ëbö para essa finalidade.
Esposa não tinha recursos para fazer tal oferenda.
Então os awo instruíram-na a oferecer o que pudesse,
E ela assim o fez.
Graças à magia do ëbö,
Apesar de ainda ficar passando por outras mãos,
Seu marido finalmente voltou para ela.
42
Bem, os caramujos seguiram a orientação de seu babalawo,
E se reuniram para descobrirem quem os estava enganando.
Conforme foram expondo seus casos,
Verificando testemunhos e pensando a respeito,
Eles chegaram a conclusão de que Ìfá Dûûrû,
Aquele por quem tinham grande apreço,
Era a pessoa que deliberadamente estava tentando mata-los.
Os caramujos então decidiram que não mais ouviriam Ìfá Dûûrû,
E que agiriam de maneira a estimulá-lo a deixa-los em paz.
Bom, seguindo seu plano maldoso,
Ìfá Dûûrû viu um caramujo subindo numa árvore e quis matá-lo.
Ele chamou o caramujo pelo nome,
Mas o animal o ignorou, continuando sua subida.
Quando acabou a escalada,
O caramujo disse a Ìfá Dûûrû que jamais lhe dirigisse a palavra novamente.
Depois de uns dias, Ìfá Dûûrû viu um caramujo se alimentando.
Com o intuito de matá-lo, chamou o animal pelo nome,
Mas o caramujo continuou comendo, ignorando-o.
Ao término da refeição,
O caramujo disse a Ìfá Dûûrû que jamais lhe dirigisse a palavra novamente.
Não demorou para que Ìfá Dûûrû percebesse que os caramujos,
Eles estavam a para de suas verdadeiras intensões,
E que nunca mais eles lhe dariam ouvidos.
Cheio de vergonha,
Não havia nada que ele pudesse fazer além de ir embora dali.
43
A boca que uso para falar
É a mesma boca que uso para subir na árvore.
45
A mulher cuidava dos assuntos domésticos,
Enquanto ele poderia cuidar da lavoura com mais apreço.
Logo vieram os filhos,
Que com o tempo cuidaram de várias tarefas,
Fazendo tudo ficar mais fácil na vida de “Baba a gbó l’ýnu bi Akika”.
Então finalmente a prosperidade começou a lhe sorrir.
Ele tinha dinheiro, esposa, filhos e uma vida confortável;
Suas tensões e preocupações diminuíram drasticamente,
Ele finalmente percebeu que,
Estar cercado por pessoas que prestam assistência,
Torna desnecessário que alguém tenha braços muito fortes,
Para ter que fazer tudo sozinho.
46
O infortunado casamento de Èjí Òtúrú
Ká ñý’gi ní‘gbó
Ká rúú ní’dùbú wî’lu
Díá fún Èjí Òtúrú
Baba nlî ï ñ’ökö Ûrin.
48
Ëbö ní wïn ní kó wáá ñe
Ó kö’ti îgböhin ñ’ëbö
Èñù àírú, Èñù àitù
Ë ò rífá ijöhun ni bi tí nñë o!
50
E batendo a porta com força às suas costas.
Os parentes do marido trocaram olhares,
E começaram a cantar;
Ñé ká le mî pé Ëyëlé n ñ’oge Isso é para nós percebemos que Ëyëlé está na moda
Ñé ká le mî wípé Ëyëlé ñ’oge Isso é para deixar claro que ela sabe se vestir
Ëyëlé k’osùn ó wö’lé t’ökö Se maquiou com osùn e foi direto para a casa do marido
Ñé ká le mî wípé Ëyëlé ñ’oge Isso é para nós percebemos que Ëyëlé está na moda
51
A arrogância do Ajàpá
Ölïgbïn wïn ò ta kókó omi s’éti añö O sábio não pode amarrar a água com uma tira
Omöràn kan ò O conhecedor não tem como saber
Mo’ye èèpû ilû O número de grãos de areia na terra
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Arínnàká ko de’bi înà gbé pëkun O viajante não continua quando a estrada acaba
Díá fún Alábahun Ajàpá Ìfá foi criado para Alábahun Ajàpá
Níjö ti n k’ógbïn Quando ele reuniu a sabedoria
R’orí opë rèé kï sí E tentou coloca-a no alto de uma palmeira
Njý Ögbïn ti Ahun gbïn Apesar de toda a sabedoria de Ahun
Ûyín nii fi ntö Ìgbín Ele sempre precisara da sabedoria de Ìgbín
Ögbïn ò tán l’áyé A sabedoria não se extinguirá no mundo
Ögbïn kù l’ýyin A sabedoria está em toda a parte
55
Enquanto era carregado,
Îñï Orïkùn lembrou-se dos avisos de seus anciãos,
E viu-se cheio de arrependimento.
Ewé igbá níì se on iyî l’ófò A folha igbá não serve para enrolar sal
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Ewé ëmi níí se olóore táde A folha ëmi confunde quem tenta usá-la
Díá fun Îrúnmìlà Ìfá foi criado para Îrúnmìlà
Wïn ni ki Baba ó má rin’de òru mï Quando queriam lhe assustar sobre viajar à noite
Wïn ni Öká, Àgbádú, Erè, Paramïlû Disseram que Öká, Àgbádú, Erè, Paramïlû
Olè l’óru ni o Desejavam roubá-lo
Îrúnmìlà ni Ìfá ni Òmírán Îrúnmìlà disse que Ìfá é Òmírán (um tipo de leopardo)
Ó ni Ìkìn ni Ìkookò Ele disse que Ìkìn é Ìkookò (hiena)
Ëníkan ò lè pé ki Ninguém ousa deter
Olóri Ömö Olè ó má rin Os líderes dos ladrões quando desejam ir onde quiserem
59
Ìjan wiikí Ìjan wiikí
Díá fun Ìjálá Ìfá foi criado para Ìjálá
Tií ñömö Ödë Que era filho de Ödë
A bù fún Ìyërë E também para Ìyërë
Tií ñömö Îrúnmìlà Que era filho de Îrúnmìlà
Ëbö àikú ni wïn Foram instruídos a fazer ëbö por vida longa
Ni ki wïn wáà ñe Mas recusaram-se a fazer a oferenda
Wïn kötí îgbönyin sýbö Eles recusaram-se a ouvir os conselhos
Ìjálá Ödë wá kú Ìjálá, filho de Ödë, morreu
Ödë n sun Ìjálá Hoje, Ödë usa cantigas para lamentar Ìjálá
Ìyërë ló kú Ìyërë morreu
L’awo n sùn’ yërë Os awo usam cantigas para a passagem de Ìyërë
Ìyërë ëkún Olúfû Ìyërë, a lamentação de Olúfû;
L’awo nsun o É isso o que os estão cantando
61
Quando Ìjí se curvasse para pegá-lo,
Inalaria o veneno e morreria imediatamente.
Os irmãos também providenciaram várias testemunhas,
Para que todos soubessem que eles repartiram a herança.
Assim planejado, assim feito.
No dia marcado, Ìjí chegou para pegar sua herança.
Assim que viu o balaio arreado no chão,
Lembrou-se da palavra do babalawo,
Mas sua mente destorcida pensou que aquilo fazia parte do plano,
Que era a última tentativa de seus inimigos,
De fazer-lhe desistir do que lhe pertencia.
Assim sendo, Ìjí aproximou-se,
E curvou-se para pegar seu balaio.
Ah! Imediatamente o veneno fez efeito!
Ìjí cambaleou e caiu ao chão;
Pouco antes de morrer,
Como acontece com todos aqueles que optam por recusar conselhos;
Ìjí lembrou-se das orientações de Ìfá,
E morreu, cheio de arrependimento.
Quando as pessoas se perguntaram o que estava acontecendo,
Os irmãos falaram o ëwî revelado;
Que no dia que ele curva-se sua cabeça,
Esse seria o dia de sua morte.
Então as pessoas não tiveram compaixão por Ìjí;
E pensaram nele como alguém que,
Conscientemente,
Optou por trilhar o caminho da morte.
Òkú kú, ará îrun ò sunkún Quando alguém morre, o povo do îrun não chora
Òkùnrùn gídígbà ni nbá O enfermo que está para morrer
Íran tantan r’îrun Chega ao îrun cheio de arrependimentos
Díá fún Ìjí Ìfá foi criado para Ìjí
Tíí sömö olóhun gbogbo ígbà íwásû Filho daqueles que possuem todas as coisas do mundo
Ëbö àikú ni wïn ni kó wáà ñe O ëbö para vida longa não foi realizado
Ó kö’ti îgbönyin ñ’ëbö Ele ouviu, mas não fez o ëbö
Èrò Ìpo, Èrò Îfà Viajantes de Ìpo, viajantes de Îfà
Ényin ò mî wípé Vocês não sabiam
Öjï Ìjí bá f’ori ba’lû Que no dia que Ìjí tocasse a cabeça no solo
Öjï náà níí kú ni? Esse seria o dia de sua morte?
62
Òtúrúpîn casa-se com a mulher de Ògún
65
O lado obscuro e proibido de Òtúrúpîn
67
Èñù é o líder entre os Òrìñà
69
O Casamento por chantagem
71
Pilão faz ëbö para se estabelecer firmemente
72
Ìfá auxilia a consertar nossas vidas
73
Nasce a menstruação
“Carneiro Chifrudo”;
Esse foi o awo que consultou Ìfá para Òtúrú,
Que ia buscar bênçãos na casa do rei.
Aconselharam-no a faze ëbö,
Para que fosse grande sua bênção de filhos.
Òtúrú fez a oferenda,
E muitos filhos vieram para ele.
Ele louvava o awo;
Que louvava Ìfá;
Pois a palavra mostrou-se verdadeira.
75
O tigre não é feroz em casa
Kasàkàjá, Katètèsà;
Esses foram os awo que criaram Ìfá para Ogè;
No dia que ele foi instruído a ser cuidadoso,
Para que pudesse usufruir de vida longa.
Ogè ouviu, mas não seguiu os conselhos de Ìfá.
Se tivesse seguido,
Teriam lhe preparado medicina de Ìfá,
Usando epò e òri.
Teriam dito, “Ao meio-dia, epò está alerta”;
Teriam dito, “Ao meio-dia, òri está vigilante”;
Teriam dito, “Essa é a razão deles terem vida longa”;
Teriam dito, “Essa a razão deles terem habilidade para viver muito”.
Ogè é aquele a quem chamamos Pilão.
76
O porquê dos homens adoecerem
78
O casamento entre Olófin e Púpàyëmi
Elùlúsè dibèrè;
Esse foi o awo que criou Ìfá para Olófin,
No dia que ele foi se casar com Púpàyëmi,
Uma jovem garota do leste.
Ele foi orientado a oferecer duas cabras,
Para que o casamento trouxesse benefícios.
Olófin ouviu e fez o ëbö.
Então os awo lhe disseram que ele teria dois filhos;
E que as crianças deveriam ser bem cuidadas,
Por que se tornariam grandes pessoas nessa vida.
Por último, os awo disseram que elas deveriam se chamar Ogè Meji (?).
79
Òtúrúpîn Meji vai a Ìfû
80
Ñàngó se acaba devido a uma notícia ruim
81
“Um mal com o bem se paga”
“Um tigre faminto é mais perigoso que um cão alimentado”
“Dois carneiros não bebem na mesma fonte”
“A aranha jamais afrouxa sua teia”
82
“O bon-vivant diz: Amanhã eu cuido disso”
Oturupon Ogbe
Òtúrúpîn Ejìogbè (Benkowà)
83
- Odù que favorece transações comerciais.
- Oferendas a Ñàngó e Òrìñà Oko atrairão prosperidade no trabalho.
- Ìfá fala sobre a inspiração gerada por um Egún familiar.
- Nesse Odù a boa ação tem a ingratidão por recompensa.
- Ìfá adverte à necessidade de sabedoria em auxiliar, para que não se gaste energias ou recursos com um ingrato.
- Aqui as pessoas só tem valor enquanto jovens. Ao envelhecerem ninguém lhes presta atenção.
- Ìfá fala sobre pequenos furtos, que terão a vergonha como recompensa.
- A irresponsabilidade financeira pode levar alguém ao crime.
- Ìfá fala sobre alguém que escapou ileso de um crime, mas que será flagrado se tentar novamente.
- A vitória sobre dificuldades se encontra na coragem para vencer desafios e os próprios medos.
- Convivência com piratas, bandidos.
- Nesse Odù prosperidade é trazido por Yemöja.
- Aqui a pessoa pede bênçãos espirituais, mas esquece que pediu e quando elas chegam, não as percebe.
- Ìfá aconselha atenção aos sinais espirituais, para que uma fase difícil possa terminar.
- Há um ara îrun que atrapalha essa pessoa.
- Dívidas com Ñàngó. Cerimônias são feitas a ele aos pés de uma palmeira.
- Perdas por não ter uma noção adequada de tempo.
- Bruxarias.
- Problemas estomacais, pulmonares.
- Aqui a bebida destrava a língua.
- O caminho aqui é Òrìñà ou Ìfá. Tratos com espíritos ou prendas trarão consideráveis problemas.
- Desobediência para com o Òrìñà.
- Desconfiam do que lhe derem para comer ou beber.
- Ìfá aconselha fé, retidão, coragem e disposição para atrair bênçãos.
- Boas ações atrairão bênçãos. Ingratidão atrairá negatividades.
- Houve um roubo, e há o desejo de conhecer o ladrão.
- Cultua-se Òrìñà Oko para não ser preciso andar pelo mundo.
- Há “amigos” interesseiros.
- Ìfá fala sobre heranças, mas que serão acompanhados por desafios, perigos, ganância e tramóias.
- Ataque de animais.
- Será preciso provar o próprio valor, e isso não acontecerá sem considerável sofrimento.
- Ìfá fala sobre uma pessoa charmosa que atrai a atenção. Relações com essa pessoa podem gerar grandes e
perigosas confusões.
- Oposição entre irmãos.
84
Obras de Òtúrúpîn Ejìogbè
Ìfá foi criado para Benkowà e seus irmãos, no dia que eles estavam em dificuldades.
Eles foram avisados que uma sorte lhes chegaria, mas nesse momento deveriam ouvir os conselhos de uma sábia
pessoa.
Eles fizeram o ëbö indicado e em pouco tempo Yemöja os convidou para tocar em suas festas.
Sim, Yemöja já havia contratado vários onilú, mas nenhum lhe agradara.
Mas quando Benkowà e seus irmãos começaram a tocar, Yemöja dançou e se divertiu como nunca.
Tão grande foi seu contentamento que ao final da festa ela deu uma bolsa com dinheiro a cada um deles.
Yemöja disse, “Peguem esse dinheiro, vão para casa e não parem em lugar nenhum”.
Eles pegaram o dinheiro e partiram. No meio do caminho encontraram uma plantação de inhame abandonada.
Como estavam famintos, colheram alguns inhames e começaram a prepará-los.
Para poder trabalhar deixaram as bolsas com dinheiro aos pés de uma árvore. Quando eles acabaram de comer, cadê
o dinheiro?
Eles procuraram e procuraram, mas não puderam encontrar. Èñù dançava e regozijava.
Isso é quando Ìfá nos aconselha fazer ëbö e agir sabiamente, para que uma bênção não seja perdida estupidamente.
Ìfá foi criado para Öba Alayàn, no dia que seu filho quis tomar seus segredos a força.
Sim, havia Öba Alayàn. Seus segredos eram formados por um ûdùn ara, uma espada, um pilão e um tambor consagrado.
Quando seu filho Odomulè tornou-se homem, Öba Alayàn viu maldade nele, e por isso não lhe passou seus segredos.
Então Odomulè uniu-se a guerreiros de outros locais, e juntos expulsaram seu pai de suas terras.
Öba Alayàn foi morar com seu outro filho, que era rei numa terra distante.
Quando Odomulè soube, reuniu novas forças para atacar seu pai e seu irmão.
Foi aí que Ìfá foi consultado, revelando que Odomulè passaria de rei a escravo.
A palavra de Ìfá se cumpriu. Odomulè não pôde derrotar o exército de seu irmão e teve que fugir.
Na fuga ela caiu nas mãos de mercadores de escravos, e assim permaneceu por um bom tempo.
Öba Alayàn não tinha paz em saber que seu primogênito era agora um escravo.
Rogou ao filho alguns homens e foi tentar libertar Odomulè. Öba Alayàn conseguiu, mas foi mortalmente ferido.
Depois que seu pai morreu Odomulè arrependeu-se de seu comportamento e humildemente foi pedir perdão a seu
irmão.
Juntos eles prestaram homenagem ao espírito de Öba Alayàn, e o caçula passou a seu mais velho os segredos tão
desejados.
Ìfá foi criado para Oluyorè, no dia que ele não quis mais viver com Îñun.
Sim, ele era amante de Îñun, mas depois que conheceu Yemöja não quis mais saber de Ìyalòdè.
Bem, Îñun tinha uma fruta que ela gostava muito (canistel), e ela sabia que Oluyorè também adorava.
Îñun fez um feitiço nessas frutas, e mandou-as para Oluyorè. Quando ele recebeu o presente, pensou consigo que tudo
estava bem.
Pensou que Îñun não estava brava com ele. Então Oluyorè comeu as frutas enfeitiçadas.
Depois de um tempo, seu conhecimento começou a desaparecer. Ele não lembrava dos ìtan; mal conseguia conversar.
Foi aí que ele sem lembrou de Ñàngó e Egún, seus protetores; a quem ele fazia oferendas todos os anos.
Oluyorè rogou por ajuda, pois já não aguentava aquela situação.
Em pouco tempo apareceu um homem barbudo, montado sobre um grande bode. Sim, esse homem era Èñù.
Ele trouxe um osso do peito da tartaruga, e encima disso fez böri em Oluyorè.
Aos poucos a memória de Oluyorè foi melhorando, assim como sua dislexia.
Èñù instruiu-lhe a não retaliar com Îñun, pois ele errara com ele primeiramente.
Depois daquele dia Oluyorè não comeu mais canistel, nem permitiu que essa fruta entrasse em sua casa.
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O mendigo e o segredo de Àyàn
Ìfá foi criado para um mendigo, no dia que não lhe deixaram participar das festividades de Àyàn.
Ele foi instruído a oferecer , um tambor, um galo, uma galinha, um ìrúkèrè, inhame e um saco.
Disseram que o saco seria preciso para carregar os animais até o local do ëbö. E onde era esse local? Aos pés de uma
palmeira.
Quando o mendigo lá chegou, ouviu uma voz que dizia “Benkowà!”. Essa voz vinha de um coco ali perto.
O mendigo pegou o coco, colocou dentro do saco e com os demais elementos deu voz a seu tambor.
Depois de consagrado, ele usou o tambor para louvar Ñàngó. Quando ouviu o som que saía do tambor, Ñàngó animou-
se.
Ele dançou e dançou, e ao final deu um bom dinheiro ao mendigo. Ñàngó disse, “Jamais lhe faltará dinheiro novamente!”.
Ìfá foi criado para Orunbotì, devoto de Ñàngó e Òrìñà Oko, no dia que seu povo passava por dificuldades.
Eles plantavam e produziam vários alimentos, mas como moravam longe de Îyï, tinham dificuldade para vender seus
produtos,
Pois seus animais só levavam aquilo que pudessem carregar, e isso mostrava-se insuficiente para suas necessidades.
Tendo essa preocupação em mente Orunbotì saiu pelo mundo para tentar encontrar uma solução para seu problema.
Quando chegou em Îyï ficou sabendo que ali vivia um awo que poderia lhe ajudar.
Orunbotì consultou com esse awo, que orientou-lhe a fazer oferendas a Ñàngó e Òrìñà Oko.
Assim o fez Orunbotì, e quando ele estava indo levar seu carrego viu que ali as pessoas usavam uma espécie de andor,
Através do qual carregavam várias coisas. Orunbotì pensou que ali estava a solução de seus problemas.
Seria preciso muitas pessoas para carregar o andor, mas pelo menos seria possível levar mais mercadoria ao mesmo
tempo.
Naquela noite, antes de voltar para sua terra Orunbotì teve um sonho.
Nesse sonho lhe aparecia Egún Àfûfû l’àiyé, e lhe mostrava quatro grandes rodas de pedra.
Aquilo ficou na cabeça de Orunbotì. Quando ele chegou em sua terra confeccionou as rodas como vira em seu sonho.
Sobre elas fez oferendas aos pés de Ñàngó, e então lhe veio a inspiração:
“Por que não unir essas rodas ao andor que vi em Îyï?” Foi exatamente isso que Orunbotì fez,
E assim foi criada a carroça, que por sua vez favoreceu a prosperidade de todo aquele povo.
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Macaco Tolo e o Leopardo
“Bondade é inimiga de minha raça”. Essa foi a mensagem de Ìfá para Macaco Tolo,
No dia em que ele tirou leopardo de uma armadilha. O que ele deveria fazer, para que pudesse ver bênçãos no àiyé?
Disseram que ele deveria oferecer um ëbö, para que a bondade não trouxesse tribulações a ele.
Disseram que ele deveria oferecer vinte e oito búzios; a roupa que estivesse vestindo; um galo; um pombo.
Macaco Tolo juntou e ofereceu o ëbö. Pouco tempo depois ele olhou para dentro de uma armadilha e viu o leopardo.
“Filho do rei, o que você está fazendo aí?. Acho que posso tirar você daí”.
Leopardo disse, “Você pode sim. Puxe-me!”.
“Como é que eu faço isso?”.
Leopardo disse, “Deixe sua cauda cair até aqui”.
Macaco Tolo disse, “Ah! Com a minha cauda não!”.
Leopardo disse, “Está pensando que eu não vou deixar você ir embora?”.
Macaco disse, “Eu estou com medo de você”.
Mas Macaco Tolo deixou sua cauda cair na armadilha e puxou Leopardo para fora.
Leopardo agarrou Macaco Tolo pela cintura. Não queria deixá-lo partir.
Macaco Tolo disse, “Não falei que você iria me prender?”.
Leopardo disse, “É que estou fraco. Espere até eu me recompor”.
Nessa hora, Èñù chegou. “O que está acontecendo aqui?”.
Leopardo contou sua versão da história. Èñù disse, “Tudo bem. Macaco Tolo, bata palmas para mim três vezes”.
E Macaco Tolo bateu palmas três vezes para Èñù (em sinal de respeito).
Èñù disse, “Leopardo, bata palmas para mim três vezes”. Leopardo disse, “E onde coloco o que estou segurando?”.
Èñù disse, “Coloque debaixo do braço”. Ele pôs Macaco Tolo embaixo do braço.
Èñù disse, “Estenda bem suas mãos”. Quando Leopardo foi bater palmas, Macaco Tolo escapou e pulou para cima de
uma árvore.
Macaco Tolo dançava e regozijava. Ele louvava os Babalawo; e os Babalawo louvavam Ìfá.
Ele disse, “Que a armadilha mate Leopardo! Que a armadilha mate Leopardo!”.
Isso é quando Ìfá diz que não permitirá que uma bondade cause aborrecimentos.
- Ìfá foi criado para Olófin, no dia que alguém lhe roubou dinheiro.
88
Sim, naquele tempo Ñàngó só queria saber de festas, por isso andava sempre sem dinheiro.
Por estar em difícil situação, Ñàngó foi visitar Olófin na esperança de conseguir algum.
Quando lá chegou viu que Baba estava muito atarefado nos preparos de uma festa;
Ñàngó também percebeu que em um dos quartos da casa havia vários saquinhos cheios de búzios.
Dizendo-se cansado Ñàngó entrou em um dos quartos pegou um dos sacos para si.
Depois de um tempo Olófin percebeu que faltava dinheiro, e mandou chamar Îrúnmìlà para descobrir o que estava
acontecendo.
Quando Îrúnmìlà viu Òtúrúpîn e Ejìogbè logo soube o que Ñàngó tinha feito.
Îrúnmìlà não quis denunciá-lo, por isso disse a Olófin que fizesse ëbö para descobrir o ladrão,
Que deixasse dinheiro num lugar visível e ficasse atento, pois o ladrão se safara da primeira vez, mas não conseguiria
novamente.
Baba segui o conselho de Ìfá, e já na festa, ao ver o comportamento de Ñàngó que já estava com outro saco de búzios
na mão,
Olófin disse, “Deixe aí esse dinheiro, e traga-me aquele que você já levou!”.
Ñàngó conheceu a vergonha. Olófin dançava e regozijava, pois Ìfá fez a verdade aparecer.
Ìfá foi criado para um certo povo, no dia que eles foram avisados que Yemöja lhes mandaria uma bênção.
Disseram que eles não deveriam se deixar amedrontar pelo o que encontrassem,
Disseram que se fossem corajosos e destemidos, uma considerável prosperidade chegaria até eles.
Eles foram instruídos a fazer ëbö, e o fizeram. Depois de um tempo, numa noite escura,
Eles ouviram barulhos estranhos que vinham da praia. Ah! Eles se lembraram da palavra de Ìfá!
Eles não cederam ao medo, se armaram e foram ver do que se tratava.
Quando chegaram à praia viram alguns homens carregando caixotes. Eles partiram para cima desses homens.
Por estar em menor número, os desconhecidos tiveram que fugir, deixando para trás os caixotes.
Quando o povo corajoso olhou o interior dos caixotes, viram que ali tinha várias riquezas. Eles dançavam e regozijavam.
Ìfá foi criado para Fogè, que era um caçador, no dia que sua família passava por grandes dificuldades.
Sim, Fogè já não sabia o que fazer, e em seu desespero rogou a todos os Òrìñà por misericórdia.
Tanto pediu que Olókun ouviu suas preces, e determinou que Yemöja socorresse àquela família.
Então Yemöja deixou um saco com búzios no caminho que Fogè costumava usar para ir à cidade.
A essa altura Fogè já estava mais do que desesperado. Ele esqueceu-se do que havia rogado aos Òrìñà,
E saiu à procura de algum trabalho, visto que não conseguia caçar nada.
Tendo tantas preocupações em mente Fogè pegou seu caminho, passou pelo saco de búzios e nem o notou.
Pelo caminho sentiu muita fome. Viu uma plantação de inhame e chamou pelo dono.
Por um longo tempo ninguém respondeu, então Fogè pensou que a plantação estava abandonada.
Então ele colheu um grande inhame e começou a prepará-lo. Foi nesse momento que o dono da plantação chegou,
89
E ao ver a cena acusou Fogè de ladrão. Além de suas dificuldades materiais, Fogè trouxe novas dores à sua vida.
O príncipe e o leopardo
Ìfá foi criado para um jovem príncipe, no dia que ele estava prestes a se tornar rei.
Naquele reino, quando o monarca morria, sua coroa passava para o filho que fosse escolhido num sorteio.
A coroa então coube ao mais jovem de três irmãos, que deveria passar por um teste para mostrar seu valor.
Esse teste consistia em ir à mata e caçar um leopardo, trazendo um pedaço da pele e uma garra como prova.
O jovem príncipe então partiu para a caçada, e depois de um tempo deparou-se com um leopardo.
Os dois brigaram violentamente, e o príncipe conseguiu matar o leopardo, mas também foi consideravelmente ferido.
Ele ficou dias desacordado na mata, e enquanto isso seus irmãos juntamente com os conselheiros, decidiram nomear
um novo rei.
Quando o irmão mais velho estava prestes a receber a coroa, o jovem príncipe apareceu ferido, mas vivo.
Ele reclamou seus direitos e apesar do contragosto dos seus irmãos, foi coroado rei.
Òtùrù, o Acrobata
Ìfá foi criado para as Aranhas, no dia que elas foram convidadas para uma festa.
Sim, as moscas convidaram as Aranhas para uma festa. As Aranhas pensaram, “Logo as moscas?”
Elas acharam que algo estava errado, e por isso foram ver Îrúnmìlà.
Elas ouviram que deveriam fazer ëbö, böri e que não deveriam ir a essa festa.
As Aranhas pensaram, “O que as moscas podem nos fazer?” Elas não seguiram o conselho dei Ìfá.
O que elas não sabiam é que as moscas tinham preparado uma armadilha com água quente.
Quando as Aranhas chegaram para a festa, começaram a preparar uma grande teia para prender as moscas.
Foi nessa hora que a água quente foi jogada. A teia que as aranhas prepararam impediram sua fuga.
As aranhas puseram o rosto para baixo para se defenderem, e é assim que seus rostos estão até hoje.
Isso é quando Ìfá nos aconselha desconfiar de certos convites.
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“Não espere a guerra para amolar suas armas”
“Duvidar de Ìfá é perda na certa”
“Não se merenda antes do desjejum”
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Nascem os cosméticos
Os agricultores que esqueceram de Ñàngó e Òrìñà Oko
Rei Arrogante fica paralisado e perde sua coroa
Homem rico é aconselhado a jogar ayö
Oturupon oyeku
Òtúrúpîn Îyûkú
- Nascem os cosméticos.
- Odù de àbìkú. São precisas oferendas para reter essa pessoa no àiyé.
- É desaconselhado o uso do preto e comer em casa alheia.
- Empáfia e estupidez podem levar a grandes perdas e situações vexatórias.
- Ìfá fala sobre uma mulher sem atrativos (feia), que precisa de magia para se encaminhar afetivamente.
- Odù de amarrações.
- Dificuldades profissionais. Desempregos ou prejuízos em negócios.
- Ìfá diz que falta divertimento e alegria à vida dessa pessoa.
- Intensos e constantes compromissos estressantes, acrescidos de melancolia trarão doenças e morte precoce.
- Fraqueza mental. Tromboses.
- É preciso mudar os móveis de lugar.
- Apegue-se a Ñàngó.
93
- Ressentimentos entre irmãos.
- Resista ao desejo de agredir alguém.
- Há um enfermo que precisa de ëbö para sobreviver.
- Dores no peito e abdome devido a gazes.
- Aqui as doenças passam de uma pessoa a outra, mesmo as não contagiosas.
- Mesmo em ire, esse Odù fala sobre Àrun.
- Îñun está ligado à espiritualidade dessa pessoa.
- Há desejo de ter filhos.
- Uma boa sorte se aproxima.
- A pessoa pensa em viajar ou mudar-se de onde vive.
- Há maldições e inimigos.
- A pessoa gosta de dizer o que pensa.
- O marido faz a mulher passar por privações.
- Alguém “paquera” essa pessoa.
- Se há infidelidade, é preciso cuidado para que não seja surpreendida.
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Obras de Òtúrúpîn Îyûkú
Nascem os cosméticos
Ìfá foi criado para uma das filhas de Öya, quando ela não conseguia casamento.
Sim, era a falta de predicados físicos que tornava as coisas mais difíceis para ela.
Os awo instruíram aos pais da moça a fazer cerimônias aos pés de Îsànyìn. Eles ouviram e fizeram a oferenda.
Quando chegaram à mata com os elementos do ëbö, Îsànyìn pegou um peixe fresco e passou pelo rosto da moça;
Esse peixe ele imolou dentro de uma cabaça, e nela também colocou os olhos e algumas escamas do peixe.
Îsànyìn disse a Öya, “Pegue esse segredo e leve para comer com Îrúnmìlà. Depois passe o preparo no rosto de sua
filha”.
Öya assim o fez, e depois retirou a pintura resultante com as folhas indicadas por Îsànyìn.
Depois de um tempo, por onde a moça andava chamava a atenção. Não demorou e um pretendente lhe pediu a mão.
A moça tinha sido orientada para levar seu pretendente ao segredo, para que ali a situação fosse reforçada.
Ela não agiu dessa forma, e com o passar do tempo o encanto foi se enfraquecendo,
Até que o pretendente voltou para a mulher que já era sua esposa antes dele se encantar.
- Ìfá foi criado para alguns agricultores, no dia que diversas calamidades se abatiam sobre suas lavouras.
Quando não chovia de mais, chovia de menos. Se não ventasse de mais, o granizo se apresentava.
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A cada dia aumentavam os prejuízos, até que eles começaram a passar por sérias dificuldades financeiras.
Eles perguntaram, “Por que essas calamidades estão acontecendo?” Os awo criaram Ìfá e viram Òtúrúpîn Îyûkú.
Eles disseram que o sofrimento devia-se ao fato deles terem esquecido de Ñàngó e Òrìñà Oko, patronos daquelas terras.
Disseram que enquanto esses dois não fossem propiciados, o sofrimento continuaria.
Então os agricultores se juntaram e fizeram diversas oferendas a Òrìñà Oko e Ñàngó.
Não houve mais calamidades. Eles puderam plantar em paz e naquele ano tiveram uma excelente colheita.
Ìfá foi criado para Rei Arrogante, no dia que ele foi instruído a fazer ëbö em nome da segurança de seu filho,
E para que não sofresse grandes e inesperadas perdas.
Rei Arrogante disse, “Que mal pode acontecer a um príncipe? Que perdas um rei pode sofrer?” Ele negou-se a fazer o
ëbö.
Então num certo dia o príncipe saiu para caçar, e sem prestar atenção adentrou às terras de um velho feiticeiro.
Imediatamente seus pés adormeceram, e o príncipe não tinha mais forças para escapar dali.
Com a demora do príncipe o rei mandou alguns homens atrás dele. Os homens do rei tiveram a mesma sorte do príncipe.
Extremamente preocupado Rei Arrogante saiu à procura de seu filho e de seus homens,
E também acabou adentrando à terra do velho feiticeiro. Seus pés também adormeceram e ela não podia caminhar.
Então o velho apareceu e disse, “Quem lhe deu permissão para adentrar em minhas terras?”
Rei Arrogante respondeu, “Eu sou o rei por essas bandas. Todas as terras me pertencem!”
Ah! O velho não gostou nada daquela resposta. Ele disse, “Então safe-se sozinho dessa situação”. O velho partiu
deixando o rei só.
Rei Arrogante tentou e tentou, mas não conseguiu sair dali.
Em seu desespero gritou pelo velho, que depois de muito tempo apareceu e disse, “O que queres?”
Rei Arrogante disse, “O que queres para libertar a mim, meu filho e meus homens?”
O velho disse, “Apenas sua coroa”. Èñù dançava e regozijava.
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97
“Em guerra de família alheia, não se entra”
“Veio a passeio e foi ficando...”
Oturupon iwori
Òtúrúpîn ìwòrì
Essência
a) Nasce o hábito de “lavar” Òrìñà antes da iniciação em Ìfá; e o movimento do îpûlû ao ser lançado; as oferendas de
cabras e guinés a Öya.
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b) Kafere fun Öya, Ñàngó, Egún, Îrúnmìlà
Comportamento
a) Òtúrúpîn ìwòrì é Odù de disputas, especialmente às que envolvem sacerdotes. São consideráveis as chances de em
nossa jornada pelo àiyé nos depararmos com sacerdotes que pregam diferentes doutrinas e métodos. Nesse caso, Ìfá
nos aconselha a optar pelo sacerdote mais coerente, pois o mesmo estará mais capacitado a nos auxiliar, visto que esse
Odù, entre outras coisas, fala sobre a ação de inimigos do îrun que atrasam nossa vida, nos prejudicam e podem até
favorecer a manifestação de doenças. Outro detalhe a ser considerado é que aqui o aprendiz deseja sobrepujar o mestre.
b) Como será visto, esse é um Odù de calamidades. Além das implicações óbvias a esse fato, considerar os aspectos
simbólicos dos mesmos também parece válido. A calamidade em questão são os furacões; dentro do contexto em que
tal elemento se manifesta, há a idéia de desobediência ao sagrado ou morosidade para fazer o que é necessário para
que haja justiça, harmonia e equilíbrio. Ou seja, o conceito de retaliação está presente e deve ser considerado, o que
leva à óbvia conclusão de que um comportamento que não justifique repreensão pode ser considerado uma defesa
natural aos elementos simbólicos representado por um furacão (destruição da ordem estabelecida, caos, instabilidade
e mudanças forçadas).
c) O grande problema referente a esse Odù é a relutância em realizar as oferendas prescritas. Originalmente Òtúrúpîn
ìwòrì fala sobre vitórias em “guerras”. Metaforicamente isso representa sucesso em questões complexas e conflitantes,
mas a tendência em não fazer ëbö representa a falta de empenho em realizar o que for necessário em nome da própria
felicidade. Nos dias de hoje esse detalhe pode ser compreendido como desleixo em relação a estudos, carreira e demais
assuntos que se encarados com sabedoria e boa vontade, podem representar vitórias em nossa vida. Em seus aspectos
mais negativos, a relutância em fazer ëbö pode colocar nossa integridade física em risco.
d) Òtúrúpîn ìwòrì é um Odù de desaforos. A princípio tais desaforos estão relacionados ao contexto “não dar o braço a
torcer”. Aqui se recebe sábios conselhos de pessoas próximas, embora a tendência muitas vezes seja em não segui-los.
Depois que as coisas fogem do controle e descambam para negatividades, busca-se todo tipo de artifício para escapar
dos famigerados “eu te disse”. Ìfá avisa que é mais sábio considerar a hipótese de ouvir bons conselhos, do que ter que
usar a inteligência para remediar posteriores situações vexatórias.
e) Quando em ire, esse Odù fala sobre tendências premonitórias. Há a capacidade de rapidamente analisar uma situação,
e através do uso de capacidades mentais superiores calcular seus eventuais desfechos. Muitas vezes essa capacidade
será usada para aconselhar ou avisar pessoas em relação a possíveis negatividades que estão em seus caminhos. Esse
é um Odù de intuições, e quando houver o conceito de Orí tútù estiver presente, ouvi-las pode ser a diferença entre o
bem estar e o sofrimento; a doença e a saúde; a vida e a morte.
f) Òtúrúpîn ìwòrì nos fala sobre enfraquecimento ou morte precoce de projetos. Ìfá nos aconselha a sermos
extremamente cuidadosos com tudo que nos propomos a realizar, e também a efetuarmos as oferendas necessárias
antes de empreendermos novos projetos ou aspirações, para que não vejamos nossos esforços frustrados pelas diversas
99
dificuldades que caracterizam a existência no àiyé. Será preciso força de vontade para iniciar e concluir um projeto, e a
força do ëbö deve ser considerada como um auxílio vital em todas essas questões.
g) Ìfá nos aconselha a estarmos especialmente atentos a presentes ou objetos que possamos ganhar de nossos pais ou
parentes próximos. Ele diz que no momento adequado tais objetos podem ser transformados em inñë ou àfîñû, cuja
finalidade seja proporcionar proteção pessoal e oportunidades de desenvolvimento e prosperidade.
a) Ìfá nos revela que Òtúrúpîn ìwòrì é Odù de calamidades e perigos. A questão a ser considerada é que tais
acontecimentos tendem quando conselhos são desconsiderados ou a espiritualidade é negligenciada. Ìfá nos aconselha
a propiciarmos Öya, Egún e Ñàngó para nos livrarmos de situações extremamente perigosas e inesperadas (o Ajogún
Fitibò).
b) Òtúrúpîn ìwòrì fala sobre a sorte jogada fora. Textualmente Ìfá nos fala sobre um objeto que desprezamos, e que
se esse mesmo objeto fosse transformado num talismã religioso poderia atrair consideráveis bênçãos para nossa vida.
Metaforicamente essa situação pode ser entendida como o ato de perder ou desprezar uma importante (e talvez única)
oportunidade de bem estar e felicidade.
c) Como já foi visto, esse Odù aponta para a perigosa relutância em realizar as oferendas prescritas por Ìfá. Essa
conduta nos conduzirá a repetidas perdas, desapontamentos e perigos. Ìfá fala sobre doenças, sofrimentos, acidentes
e até morte como resultados diretos da falta de sabedoria em fazer ëbö, e por extensão, de realizar também o que for
necessário em nome da própria felicidade e segurança pessoal.
d) Òtúrúpîn ìwòrì fala sobre toda uma linhagem que é perseguida por Ìkú. Membros de uma mesma família deveriam
devotar-se a Òrìñà ìdílé e realizar oferendas e obras necessárias para evitar doenças, acidentes, tragédias e morte
precoce.
e) Ìfá nos avisa que estamos sujeitos a abordagem de bandidos. Aqui um malfeitor pode acreditar que somos mais
prósperos do que aparentamos, e por isso mesmo procurar nos assaltar ou até mesmo seqüestrar. Ìfá nos aconselha a
propiciarmos Èñù em nome de nossa proteção pessoal. É importante salientar que Òtúrúpîn ìwòrì nos inspira a sermos
compassivos com os irmãos que se encontram espiritualmente atrasados, e por isso mesmo se deixam levar pela
violência e maldade. Aqui Îrúnmìlà perdoa os bandidos que tentaram roubá-lo e ainda os inspira à iniciação, por
acreditar que assim os mesmos abandonariam a vida que levavam.
Bênçãos e oportunidades
100
a) Òtúrúpîn ìwòrì nos fala sobre a decisiva importância da figura materna no crescimento, desenvolvimento e
prosperidade de uma pessoa. Aqui a mãe se sacrifica, procura por meios viáveis, tenta sensibilizar a compaixão do pai,
despende àñë e tempo no intuito de favorecer seu filho com o máximo possível de oportunidades, para que o mesmo
tenha chances de alcançar uma existência abençoada. Devido à complexidade dos assuntos abordados por Ìfá, tanto
mães físicas como espirituais podem se encaixar no conceito aqui exposto.
b) Esse Odù fala sobre elementos relacionados à realeza. Esse fato sugere um considerável potencial de realizações
materiais. Devemos manter em mente que ouvindo a palavra de Ìfá e se esforçando para ser um bom devoto,
conseguiremos atrair para nossas vidas os elementos ou situações que simbolicamente representam realeza, como
prosperidade, longevidade, realizações, etc.
c) Egún pode ser considerado um importante elemento de auxílio e prosperidade nesse Odù. Ìfá nos aconselha a sermos
especialmente devotados à nossa Ancestralidade, pois consideráveis bênçãos e proteções chegarão até nós pelos
caminhos de nossos Ancestrais.
a) Ìfá nos fala sobre problemas físicos ou doenças de origem espiritual ou religiosa, oriundas de desequilíbrios de
diversas ordens, mas ritualmente reversíveis. Uma característica de tais doenças é a manifestação precoce ou inusitada
de sintomas que a princípio só deveriam se manifestar em idade mais avançada. A organização espiritual/religiosa deve
ser considerada como o tratamento mais adequado para tais males.
Ìfá diz,
101
- Aqui o consulente sofre por sua desobediência a Ìfá, mas ainda assim tenta desacreditar o awo.
- Ìfá fala sobre um artefato religioso que foi desprezado, despachado ou esquecido.
- Esse Odù assinala que nem todos os awo sem iguais. A pessoa já sofreu decepções religiosas.
- Em ibi, esse Odù fala sobre roubos e seqüestros.
- Aqui um bandido pode se tornar sacerdote.
- Ìfá fala sobre um velho que ninguém conhece a história, mas que já foi muito importante.
- Ìfá diz que a proteção dos filhos merece mais atenção. É preciso evitar negligência.
- É preciso fazer cerimônias em Ìfá, rapidamente!
- Odù de vida curta. Morte na família.
- Ìfá fala sobre “presentes” perigosos.
- Esse Odù fala sobre os órgãos internos.
- Esse Ìfá rouba dez anos do padrinho. Será preciso fazer uma grande obra com Öya.
- Checar a possibilidade de ter que receber Òdùdúwà.
- Será preciso sair de onde vive ou trabalha.
- Aqui as baleias foram caçadas pela primeira vez.
- Pessoa “jurada”.
- Ìfá desaconselha viagens.
- Ìfá diz que uma sorte se aproxima. Quando ela chegar, será o momento de mudar-se de onde vive pela própria
segurança.
- Aqui há arrependimento na metade de um caminho.
- Briga de cônjuges devido a terceiros.
- Dificuldades financeiras, e pouca vontade de fazer ëbö.
- Ìfá fala sobre sonhos ruins que devem ser considerados.
- É preciso receber Ñàngó.
- Brigas familiares. Oferendas a Îrúnmìlà trarão um pouco de paz.
102
Obras de Òtúrúpîn ìwòrì
2) Ìfá nos orienta a propiciarmos Öya e a prepararmos um erè em seus caminhos para nos livrarmos de calamidades e
eventual morte precoce. Oferendas a Egún e Ñàngó completarão as cerimônias.
3) Uma prenda será preparada com um determinado objeto pessoal, a fim de nos proteger de inimigos do àiyé e do
îrun, e também para oferecer proteção contra doenças oriundas de desequilíbrios espirituais.
4) Uma ferramenta semelhante a uma foice deve ser ritualmente preparada e colocada atrás da porta principal da casa.
Tudo isso nós faremos para impedir que Ìkú visite uma família antes da hora determinada.
5) Prepararemos inñë ou àfòñû com um objeto presenteado por nossos pais ou parentes próximos. Tudo isso nós faremos
para recebermos proteção pessoal e oportunidades de desenvolvimento e prosperidade.
7) Para evitar perseguições de espíritos atrasados, realizaremos paraldo com uma galinha preta. Ìfá ensina que o carrego
desse ëbö deve ser posteriormente enterrado.
- Oferendas a Öya para vida longa. A cabaça da galinha vai na carga da foice de Ìkú.
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Öya traz Fitibò ao àiyé
Ìfá foi criado para o povo de Ìworò, no dia que eles foram aconselhados a fazer ëbö,
Pois a tragédia se aproximava de suas vidas. Eles disseram, “Que tipo de tragédia?”
Os awo responderam, “Do tipo que não dá tempo de fugir ou fazer qualquer outra coisa”.
O povo de Ìworò ouviu, mas não desejou fazer ëbö. Ah! Öya e Egún não gostaram nada daquilo.
Eles se juntaram e formaram um vento fortíssimo, que arrasou com a cidade de Ìworò, matando quase todos.
Quando Îrúnmìlà soube, perguntou a Öya qual a razão de tamanha violência.
Öya disse, “Isso é para fazer valer o nome e o valor de Ìfá”.
Desde então, a esse tipo de situação nós chamamos Fitibò.
Os poucos sobreviventes voltaram a consultar Ìfá. Eles disseram, “O que podemos fazer para acalmar Öya?”
Îrúnmìlà disse, “Apenas Olófin pode responder essa pergunta”. Eles foram até Olófin e Baba respondeu:
“Öya nunca comeu cabra; nunca comeu guiné. Isso e a presença de Ñàngó podem acalmá-la”.
Então as pessoas ofereceram cabra a guiné a Öya. Ela finalmente acalmou-se e a vida pôde continuar em Ìworò.
Ìfá foi criado para Öbanlá, uma das esposas de Olófin (?), no dia que ela queria ter um filho.
Sim, das dezesseis esposas de Olófin apenas ela não tinha concebido. Os awo aconselharam-na a fazer ëbö, ela o fez.
106
Depois de um tempo Öbanlá teve um filho de Olófin. Então aconteceu que Baba queria conhecer o àñë de seus filhos.
Ele disse que daria muito àñë ao filho que falasse e andasse num curto espaço de tempo.
Então Öbanlá voltou a consultar Ìfá, e foi aconselhada a fazer uma cerimônia com galinha preta no rio.
Essa cerimônia ela fez a seu filho, e guardou a cabeça da galinha para ser usada no futuro.
Depois de um tempo a criança começou a falar e andar antes que os demais filhos de Olófin.
Então Baba deu muito àñë ao filho de Öbanlá, mas ainda não estava satisfeito.
Olófin disse, “Quem me trouxer a ferramenta de Ìkú terá meu respeito eterno”.
Mas uma vez Öbanlá consultou Ìfá, e recebeu nove grãos de atàre das mãos dos awo.
Isso ela recebeu para que pudesse acalmar os guardiões da casa de Ìkú.
Quando Öbanlá pôs o primeiro grão na boca, fez um encantamento e o primeiro guardião dormiu.
Isso se repetiu várias vezes, e quando ela chegou à porta da casa de Ìkú e entrou,
Encontrou-o profundamente adormecido. A foice estava em sua mão, e suavemente Öbanlá a pegou.
Ela imediatamente voltou à casa de Olófin com a foice.
Baba disse, “Seu filho contará com meu eterno respeito, mas Ìkú perseguirá a ti e toda tua linhagem”.
Ah! Por isso ela não esperava! Mais uma vez ela foi a Ìfá. Os awo disseram, “A cabeça da galinha que guardastes”;
Eles disseram, “Com ela salvarás a ti e tua linhagem”;
Eles disseram, “Vá à mata e corte um galho forte que tenha sua altura; use esse galho como cabo para a foice”;
Eles disseram, “Faça oferendas à foice e amarre nela a cabeça da galinha”;
Eles disseram, “Coloque tudo isso atrás de sua porta e de vez em quando faça oferendas”;
Eles disseram, “Isso você fará para que Ìkú não entre em sua casa antes da hora”.
Öbanlá seguiu os conselhos dos awo, e Ìkú não pode matar sua família. Ela dançava e regozijava;
Ìfá lhe ajudara a conseguir honra, fama e vida longa.
Agbèrùpîn apareceu para Milho, no dia que ele foi aconselhado a fazer ëbö,
Para que pudesse ter seus filhos em segurança.
O ëbö era composto por um pombo, um cinto, folhas e algum dinheiro.
Milho ouviu, mas negou-se a fazer o ëbö.
Ìfá diz que essa pessoa deve ser cuidadosa em qualquer coisa que venha a fazer ou empreender.
107
A diferença entre Îrúnmìlà e Adakinò
Ìfá foi criado para uma jovem princesa, no dia que várias dificuldades se abatiam sobre sua vida.
Adakinò era o nome do awo que consultou para a princesa.
Ele disse que ela havia herdado uma prenda de seu falecido pai,
E que seria preciso se desfazer dessa prenda para acabar com seu mau momento.
A princesa seguiu o conselho de Adakinò, mas as coisas continuaram difíceis e ela também adoeceu.
Em seu desespero a princesa voltou a consultar Ìfá, mas dessa vez com Îrúnmìlà.
Sim, havia uma disputa entre Adakinò e Îrúnmìlà;
O primeiro, embora aprendiz do segundo e queria sempre desacreditá-lo.
Îrúnmìlà viu Òtúrúpîn ìwòrì e disse, “Se desfizeste de algo que era sua sorte”;
Ele disse, “É preciso ir buscar essa coisa, dar-lhe de comer, enfeitá-la com fitas coloridas”;
Ele disse, “É preciso preparar um îpá, fincá-lo à entrada de seu povo e sobre ele colocar essa sorte”;
Ele disse, “Tudo isso você fará para não ser importunada pelos seres que querem de destruir”.
A princesa ficou impressionada com a diferença entre Îrúnmìlà e Adakinò.
Ela seguiu os conselhos e sua vida logo melhorou.
Ìfá foi criado para três guerreiros, no dia que eles foram aconselhados a fazer ëbö,
Para que pudessem voltar ilesos da guerra para onde iam.
Eles ouviram os conselhos de Îrúnmìlà, mas não quiseram fazer ëbö.
Como Ìfá dissera, um deles não conseguiu voltar com vida. Mas eles não queriam dar crédito a Îrúnmìlà.
Então eles amarraram o companheiro morto à cela, e retornaram para casa.
Quando eles se aproximaram, todos disseram, “Eles saíram em três, e voltaram em três!”.
Îrúnmìlà os viu e disse, “Desmontem, para honrar os que os esperam”.
Apenas dois guerreiros puderam desmontar.
Ìfá foi criado para um homem velho e sábio, que vivia apartado da cidade,
No dia que ele foi aconselhado a fazer ëbö, pois poderia ser visitado por malfeitores. O velho ouviu e fez o ëbö.
Bem, depois de um tempo alguns bandidos se uniram para seqüestrar o velho, pois acreditavam que ele fosse rico.
Quando eles quiseram entrar na casa do ancião, Èñù não permitiu que eles entrassem!
Lá de dentro eles ouviam a voz do velho, “Se vocês forem awo, podem entrar!”
Ah! Eles então souberam que o velho era o famoso Îrúnmìlà! Os bandidos quiseram se tornar awo,
Quiseram ser discípulos de Îrúnmìlà; então Èñù deixou-os entrar.
108
“O leão ruge para que não seja preciso brigar”
“Uma mãe não chama seu filho para sofrer”
“Òrìñà só é visto em lugares agradáveis”
“O îrun é o lar da beleza”
“A saúde é o maior dos tesouros”
“O que é preto não fica branco”
“A palavra de Ìfá não cai ao chão”
109
Òdùdúwà convida os araiyé para viverem com ele
Àjý e Òñó não devem brigar
Èñù ajuda Homem Pobre a prosperar
Para salvar seu nome, o awo casou-se com a consulente.
A morte do caçador ousado
Fazendeiro Rico e o monopólio
Oturupon odi
Òtúrúpîn Òdí
110
- Ìfá desaconselha o uso de armas. Se elas já existem devem ser oferecidas a Ògún.
- Há uma cabeça que precisa ser refrescada.
- Por avareza se perde a vida ou a liberdade.
- Evita-se comer milho.
- Não revele seus segredos.
- Kafere fun Ñàngó, Òñàlá, Òrìñà Oko, Îrúnmìlà.
- Há mágoas em relação a um familiar ou amigo.
- Em ìbi, dificuldades generalizadas.
- Kànbùrùkù.
- A pessoa acredita estar gravemente enfermo, mas não é bem assim.
- Doenças relacionadas ao reto.
- Aqui a pessoa não crê em Òrìñà ou tem outra crença qualquer.
- Atraso de vida após separação matrimonial.
- Há alguém que te deseja morto.
- Há dinheiro guardado, e egoísmo a respeito.
- Essa pessoa pensa em pedir algum favor.
- Òñà pàribò.
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- Uma panela de barro, um boneco, mel, água e uma roupa (ire àikú).
- Recebe-se Òrìñà Oko e se faz oferendas à Onilû (para afastar a miséria).
- À terra se oferece um pombo com o nome de três grandes sacerdotes. O ìyànlè é oferecido a Egún atrás da porta.
- ëbö com milho (prosperidade).
- Oferendas a Èñù para que se consiga crédito ou se conheça alguém próspero que possa nos ajudar.
- Se prepara uma prenda colhendo folhas às cegas (literalmente) na mata. Come com Îrúnmìlà (para o que for
preciso).
Ìfá foi criado para Fazendeiro Rico, no dia que Àrun a visitou.
Sim, Fazendeiro Rico tinha o monopólio do milho em uma determinada região.
Quando ele vendia seu milho, primeiro torrava os grãos, para que eles não germinassem mais.
Quando ele adoeceu, os awo aconselharam-no a oferecer um galo, uma galinha, dois sacos de dinheiro e quatro sacos
de milho.
Fazendeiro Rico disse que não faria o ëbö. Disse que preferia dar oito sacos de dinheiro do que quatro de milho.
Logo depois sua doença piorou. Sem que ele soubesse seus familiares se uniram e fizeram o ëbö.
Ah! O milho do ëbö não estava torrado. Os awo distribuíram os grãos. O povo plantou e acabou com o monopólio.
Ìfá foi criado para um caçador, no dia que Îrúnmìlà aconselhou a fazer ëbö,
Para que pudesse continuar caçando com sucesso. O caçador, que não era muito devoto, não só negou-se a fazer a
oferenda,
Como disse que Îrúnmìlà estava equivocado. Ele saiu da casa de Îrúnmìlà decidido a provar que tratava-se de um
charlatão.
Então o caçador entrou à mata e caçou um porco-espinho. Antes que ele pudesse pegar o animal,
Èñù quebrou a flecha que estava pregada à caraça. Quando o caçador voltou para sua casa,
Anunciou que faria um banquete, e provocantemente convidou Îrúnmìlà para o repasto.
Îrúnmìlà mandou avisar que não iria, e que ninguém comeria daquela carne.
Ao receber a resposta o caçador sorriu, e ao mastigar o primeiro pedaço do porco-espinho.
Ah! A flecha que Èñù quebrou; a ponta ainda estava no animal! Foi com ela que o caçador se engasgou.
A ponta afiada rasgou-lhe a garganta, e sangrando aos borbotões ele morreu.
112
Ninguém teve mais apetite. Ninguém comeu daquela carne. A palavra de Ìfá não cai ao solo.
Ìfá foi criado para Kintoñè, filha do rei Manduley, no dia que ela queria um filho.
O awo lhe disse que ela certamente teria um filho se fizesse um ëbö. Kintoñè ouviu e fez a oferenda,
Mas o tempo passou e ela não engravidou. Então um dia o awo voltou à casa do rei,
E com seu Îpûlû perguntou a Ìfá se ele confirmava a palavra dita anteriormente. Òtúrúpîn Òdí confirmou que sim.
Então o awo disse que queria se casar com Kintoñè. Ela aceitou, o rei abençoou e em pouco tempo uma menina nasceu.
O awo dançava e regozijava. Seu nome não caiu por terra.
Ìfá foi criado para Homem Pobre, no dia que ele foi instruído a fazer ëbö para mudar sua situação.
Depois de muito sofrimento ele conseguiu juntar as coisas do ëbö. Ah! Èñù gostou dele.
Quando Homem Pobre estava na praça, passou um rico mercador.
Então Èñù lhe disse, “Se há pobreza no mundo, é por causa de homens como aquele”.
Então Homem Pobre passou a esbravejar e insultar o rico mercador.
Foi aí que Èñù disse ao abonado, “Mostre que ele está errado. Cale-o com sua generosidade”.
Então o mercador pegou Homem Pobre pelo braço e o apresentou no mercado.
As pessoas pensaram que Homem Pobre também fosse um mercador, e deram-lhe crédito para negociar.
Homem Pobre fez vários negócios, e depois de um tempo já estava próspero.
113
Òdùdúwà convida os araiyé para viverem com ele
114
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“Família sem problemas não é família”
“Respeite e será respeitado”
“Não faça aos outros o que não quiser para si”
“Dois ìgbín nunca brigarão entre si”
“Com a vara que medes serás medido”
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Òtúrúpîn casa-se com Ìròsùn e tem muitos filhos
Delumî faz ëbö para que seu marido não lhe tire a paz
Chicano deixa sua família
Princesa passa por dias difíceis
Ñàngó não atende Yemöja
O homem que “parecia ser”
Tartarugas-marinhas vivem sozinhas
O filho de Òñàlá apedreja um velho
Os pescadores do oceano
Ñàngó e Egún perseguem as filhas de Yemöja
Oturupon irosun
Òtúrúpîn Ìròsùn
- Relações familiares são prioritárias. Experiências familiares serão vitais para o crescimento.
- Relacionamentos atribulados. Faz-se ëbö para que as brigas de um casal se transformem em harmonia e felicidade.
- Aqui se deixa a família muito cedo. É preciso ëbö para ser bem aceito em todos os lugares para onde se for.
- Òtúrúpîn-Ìròsùn fala de uma pessoa mimada, que poderá sofrer na vida quando não tiver mais seus pais.
- O gosto exagerado por prazeres poderá levar à perda de consideráveis oportunidades positivas. Evita-se vida
“noturna”.
- Sexualidade contestada.
- Relacionamentos que nascem sob circunstâncias incomuns.
- Esse Odù fala sobre uma bela mulher, que adoece devido a maldade humana.
- Compromissos quebrados gerarão consideráveis tormentos.
- Nesse Odù a mãe recorre aos Òrìñà para proteger seus filhos.
- Aqui busca-se a prosperidade longe de casa. É preciso ëbö para conseguir trazê-la para casa.
- Esse Odù fala sobre viagens, sobre o conviver com pessoas e circunstâncias de diferentes culturas.
- Inimigos. Aqui a pessoa poderá ter que se mudar para evitar atritos. Fala sobre o refúgio em um local distante.
- É preciso ëbö e alteração de mentalidade para evitar solidão.
- Pressões internas levam a conflitos familiares. É preciso desenvolver equilíbrio e desenvolver comunicação.
- Convívio com pseudointelectuais. É preciso procurar o convívio com verdadeiros sábios, pois a carência de
direcionamento.
- Propensão a fugir de problemas, à ingratidão, à fraudes, ao mau direcionamento de energias, a insensibilidade, a
não fazer ëbö.
- Desnorteamento por ignorância ou inexperiência.
- Há aqui um círculo vicioso.
- Acerte-se com Ñàngó e faça oferendas a Ìbejì . Îrúnmìlà dá boa sorte. Cheque se há mensagens de Ògún.
- Mentalidade positiva atrairá bênçãos.
- É preciso ëbö para irè àikú.
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- Vícios podem levar à perdição.
- Aqui nascem os pólos terrestres. Instabilidade emocional, constante mudança de humor.
- Dê de comer a seus pés (Èñù trará bênçãos).
- Apenas recebendo òñù pode-se adquirir estabilidade, sabedoria e paz.
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1 - Òtúrúpîn casa-se com Ìròsùn e tem muitos filhos
“Èsùrù”, o awo da bondade, consultou Ìfá para Òtúrúpîn, no dia que ele casou-se com Ìròsùn.
Disseram que esse casamento lhe traria muitos e grandiosos filhos.
Aconselharam-no a oferecer muitos obì, uma galinha e algum dinheiro. Òtúrúpîn ouviu e fez o ëbö.
2 - Delumî faz ëbö para que seu marido não lhe tire a paz
Ìfá foi criado para “Chicano”, no dia que ele quis deixar sua família.
Ele foi orientado a fazer ëbö e manter um comportamento amistoso, para que pudesse ser aceito em outros meios.
Sabiamente ele aceitou os conselhos de Ìfá.
Quando esse Odù se apresenta, Ìfá nos aconselha a nos preparar para dias difíceis.
Você vê por que Ìfá nos fala assim? Havia uma jovem princesa, cuja mãe lhe fazia todos os gostos.
Quando a rainha faleceu, a princesa, pela primeira vez, começou a passar por dificuldades.
Com o que sobrou do seu dinheiro ela consultou Ìfá, e recebeu o conselho de oferecer um galo,
Vários òrògbò, àmàlà, um pano branco, um pano vermelho e algum dinheiro.
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A princesa ouviu e fez o ëbö. Depois disso, gradativamente, as coisas foram melhorando para ela.
Quando Òtúrúpîn e Ìròsùn se apresentam, Ìfá nos aconselha a fazer ëbö para que nossas tendências não nos
prejudiquem.
Você vê por que Ìfá nos diz isso? Havia Yemöja, que estava com muito dinheiro e saiu para visitar Ñàngó.
Quando ela chegou, não o encontrou em casa. Îbá disse, “Ñàngó agora só vive em festas. Ele quase não volta mais
para casa”.
Yemöja disse, “Vá chamá-lo, mas não diga que eu estou rica”. Então Îbá foi até Ñàngó e avisou-o que Yemöja o
chamava.
Ñàngó saiu da festa só para atender Yemöja, mas no caminho ele ouviu novamente o som do bata,
E deparou-se com uma festa ainda mais animada, repleta de seus pratos preferidos. Ah! Ñàngó parou por lá, e Îbá
voltou sozinha.
É assim que Ìfá nos explica como Ñàngó não recebeu os presentes que Yemöja lhe daria.
Ìfá foi criado para uma mulher bela e simpática, que sofria devido a inveja das outras mulheres.
Tamanha era a inveja que sentiam, que a bela mulher acabou adoecendo, e tudo começou a dar errado em sua vida.
Então ela levou as mãos à cabeça e foi a Ìfá. No caminho ela encontrou um rapaz alto, que alguns pensavam ser àdodì.
Eles conversaram, e o rapaz revelou que passava por problemas semelhantes. Quando eles chegaram aos awo, ouviram,
“Receber òñù é o que vocês devem fazer, para que haja saúde, tranqüilidade e prosperidade”.
Eles seguiram o conselho de Ìfá, e juntos tiveram uma vida sem nenhum grande problema.
Ìfá foi criado para Tartaruga-Marinha, no dia que ela foi instruída a fazer ëbö,
Para que não ficasse vagando pelo mundo, sozinha. Tartaruga ouviu, mas não fez o ëbö.
É por isso que Tartaruga-Marinha raramente encontra um parente.
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8 - Os pescadores do oceano
Ìfá foi criado para dois pescadores, no dia que eles passavam por dificuldades.
Não havia peixes perto da praia, e eles precisavam ir mar adentro para buscá-los.
Eles pegavam muitos peixes, mas quando voltavam para a terra, os peixes já estavam estragados.
Eles foram instruídos a fazer oferendas a Olófin e Olókun, e assim o fizeram.
Quando eles saíram para pescar, novamente só encontraram peixes mar adentro. Novamente eles encheram o barco
de peixes,
Mas quando eles estavam voltando, um vento frio começou a soprar, e as águas do mar se agitaram, adentrando ao
barco.
Eles passaram todo o caminho de volta tirando água do barco. Quando eles chegaram na praia, o que?!
Os peixes ainda estavam frescos! A água fria não os deixou apodrecer. Kaferefùn Olófin e Olókun.
Quando esse Odù se apresenta, Ìfá nos revela que Yemöja possuía um gênio forte, e por isso fez vários inimigos.
Ela os combateu o quanto pôde, mas quando já não era possível, Yemöja fugiu para as distantes terras do norte.
Quando lá chegou, ela começou a sofrer com um frio que lhe era desconhecido.
Bem, todos procuraram por Yemöja, mas Ògún foi o único que achou sua trilha e a seguiu até o norte.
Quando Ògún chegou nas terras frias, encontrou Yemöja enrijecida pelo frio.
Ela a levou para uma caverna e com seu corpo quente a aqueceu.
Quando Yemöja recobrou os sentidos, voltou com Ògún para o sul, e com ele viveu por um bom tempo.
Ìfá foi criado para Yemöja no dia que suas filhas, Mayefun e Mayefarà, foram perseguidas por Ñàngó.
Essas duas estavam prometidas para Ñàngó, mas ambas se deitaram com seus respectivos Babalawo.
Ah! Quando Ñàngó descobriu começou a persegui-las. Aonde elas estivessem, Ñàngó queimava tudo.
Os awo disseram que Yemöja deveria oferecer um gudupû, e enterrar os intestinos em sua terra.
Disseram que Egún estava ajudando Ñàngó. Yemöja ouviu e ofereceu o ëbö; ela fez paraldo para suas filhas.
Quando Ñàngó chegou, o feitiço que Yemöja preparou, Ñàngó não pode queimar sua casa!
Quando Egún chegou, o paraldo que Yemöja fez, Egún não pode mais perseguir suas filhas! Yemöja dançava e
regozijava.
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122
“Te deram gato por lebre”
“A sobra do rei é um manjar para o pobre”
“Olófin é amor, mas no mundo há muita maldade”
Oturupon owonrin
Òtúrúpîn îwïnrín (lefùn)
Essência
a) Quando em ire, esse Odù anuncia “Boa saúde (mental e física) nos protegerá contra mudanças inesperadas”. Quando
em ibi, a mensagem é a seguinte “Doença (mental ou física) gerará o caos”
b) Kafere fun Òrìñà Oko, Èñù, Ìmîlû, Îrúnmìlà, Îbá, Ñàngó, Egún, Òñàlá.
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c) Nasce a desfiguração gerada pela fome; a piscicultura; a materialização do espírito através de magia.
d) Òtúrúpîn îwïnrín é um Odù de espíritos Ancestrais e Elementares. Ìfá diz que a correta relação com tais espíritos
atrairá consideráveis bênçãos para essa pessoa. É importante salientar que Èñù está relacionado com a situação, talvez
fazendo um intercâmbio entre o indivíduo e esses espíritos que estão tão arraigados em sua realidade espiritual. Quando
em seu aspecto negativo, Òtúrúpîn îwïnrín revela que um espírito Elemental atrapalha a concepção, o progresso e o
bem estar de uma pessoa.
e) Os ësë desse Odù apontam para a possibilidade de sermos passados para trás (enganados); de nos depararmos com
a crueldade do mundo, e de passarmos consideráveis dificuldades materiais.
Comportamento
a) Ìfá nos avisa que nos caminhos desse Odù, dinheiro e honra devem andar de mãos dadas. Ele nos alerta para um
dinheiro que pode chegar até nós, mas que pode gerar danos à nossa honra. Da maneira que Ìfá aborda esse assunto
fica claro que o ideal é unir o útil ao agradável, mas se isso não for possível, deveremos optar pela manutenção de
nossa honra. Zelar pela própria reputação é o grande desafio de Îwïnrín òtúrúpîn; Ìfá revela que haverá grande
pressão atrativa para o ilegal e o imoral, e somente uma cabeça equilibrada poderá lidar com essa situação da forma
correta.
b) Aqui haverá situações em que a pessoa não demonstrará empatia ou compaixão pelo sofrimento alheio. Ìfá diz que
esse tipo de comportamento abrirá as portas para que sofrimentos semelhantes ocorram em nossa própria vida.
c) Ìfá fala sobre a incapacidade de perceber o quão delicada nossa situação possa estar ou ficar. Aqui a pessoa pode
estar prestes a naufragar, sem se preocupar com o perigo eminente. Ìfá aconselha oferendas a Orí, Ûlûdà e Ancestrais
para que nossa atual situação seja muito clara em nossa mente; para que tenhamos a correta percepção de nossas
dificuldades, assim como dos caminhos que devem ser seguidas para resolvê-las.
d) Dificuldades materiais talvez constituam o grande desafio desse Odù. Ìfá evidencia que passaremos por tais
dificuldades e muitas vezes nos sentiremos angustiados ou desesperançados. Essa será a oportunidade para mostrarmos
às Divindades nosso valor, nos esforçando para manter uma mentalidade positiva e não ceder às pressões da pobreza,
que muitas vezes geram a ilusão de que tudo é permitido para sobreviver. Àqueles que não sucumbirem ao desespero
e manterem viva sua fé, as Divindades e os Ancestrais prestarão o auxílio necessário para reverter tão triste situação.
e) Òtúrúpîn îwïnrín fala sobre uma considerável dificuldade em reconhecer o valor de um bom conselho. Ìfá revela a
tendência que possuímos de seguir apenas nossa própria cabeça. Muitas vezes esse comportamento será prenúncio de
consideráveis dificuldades futuras.
f) Òtúrúpîn îwïnrín revela a grande chance de termos problemas com inimizades. As pessoas podem simplesmente
não nos apreciar, ou seremos nós que devido nosso comportamento não conquistaremos a apreciação alheia. Em casos
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extremos uma pessoa pode até ser “jurada”. Aqui Ìfá salienta a importância de cultuar Òrìñà, para que possamos receber
proteção contra aqueles que deliberadamente desejem nos prejudicar.
g) Ìfá nos avisa sobre a importância de nos conscientizarmos de que nossos filhos terão maiores chances de sucesso na
vida, se nós estivermos espiritualmente bem. Aqui há a tendência de só nos preocuparmos com o socorro a nossos
filhos, negligenciando que precisamos de cuidados tão ou mais urgentes que eles. Se um pai ou uma mãe estiverem
bem, seus filhos também poderão ficar; se regarmos a raiz de uma planta, trocos, galos e folhas se beneficiarão.
h) Òtúrúpîn îwïnrín é o Odù da pessoa que não é nenhuma flor que se cheire, mas também não merece tudo o que
dizem sobre ela. Ñàngó sabe disso, e afirma que na hora certa punirá quem merece ser punido, e abençoará quem
merece ser abençoado. A sabedoria aqui consiste em merecer as bênçãos, e não as punições de Ñàngó. O importante
é salientar que alguém poderá ser difamado, e que apesar de seus defeitos, Ñàngó tomará suas dores.
i) Òtúrúpîn îwïnrín é um Odù de desequilíbrio sentimental. Quando pressionada uma pessoa pode responder de forma
agressiva, evasiva ou simplesmente desaparecer. Ìfá revela tato ao lidar com a pessoa para quem esse Odù se
manifesta.
j) Ìfá nos revela que a presença desse Odù aponta para a existência de algum complexo ou considerável
descontentamento em relação a aparência física. Òtúrúpîn Meji, um dos Meji que formam o Odù Òtúrúpîn îwïnrín, é
um Odù de sabedoria. Isso significa que a manifestação da sabedoria há de criar as condições mentais necessárias para
lidar com a situação. Oferendas às Divindades consideradas sábias ( Îrúnmìlà, Olófin, etc.) também favorecerão a
resolução dessa questão.
l) Ìfá nos revela que aqui há o medo de envelhecer. Pode ser que na verdade esse medo apenas “esconda” outros mais
sérios, como a solidão; o chegar à velhice na pobreza; a não realização dos sonhos, etc. Oferendas a Orí e às Divindades
sábias favorecerão o conhecimento da complexidade desse medo, e também a melhor forma de lidar com a situação.
m) Ìfá revela que esse é um Odù de desobediência. Ele diz que Òrìñà quer acompanhar e abençoar essa pessoa, e só
não faz mais por que a conduta da mesma não a ajuda. Será sábio tentar ver e entender o que está errado em nossa
conduta, para que possamos remover essas mazelas, e assim abrir o caminho para as bênçãos que chegarão do îrun.
n) Ìfá revela um certo prazer oculto que sentimos quando o caos se estabelece, embora não saibamos que o caos
continuará a crescer até nos envolver. Ìfá diz que aí perceberemos que a situação é trágica, e não emocionante.
Oportunidades e prosperidade
a) Esse Odù fala sobre uma situação positiva e inesperada que se aproxima. Algo de grande potencial positivo, que foge
totalmente às nossas expectativas. Ìfá aconselha a realização de oferendas apropriadas, para que esse acontecimento
de fato ocorra, e para que sua positividade possa fazer uma considerável diferença abençoada em nossa vida. As
características do ìtan que sugere esse fato sugerem que tais situações possuem um caráter material ou econômico.
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b) Ìfá revela que bênçãos materiais estão nas mãos de uma Divindade que recebe ovelhas como oferendas. É preciso
descobrir qual é essa Divindade e se já é hora de fazer a dita oferenda, para reverter o quadro de consideráveis
dificuldades materiais que caracterizam esse Odù.
c) Ìfá nos aconselha a fazermos tudo o que estiver a nosso alcance para prosperar, desde que seja por caminhos lícitos.
Essa urgência deve-se ao fato de a pessoa para quem aparece esse Odù é aquela que o îrun encarregou de tirar da
pobreza toda a sua linhagem.
Prosperidade
a) O afilhado desse Odù deve se conscientizar de que a dificuldade material é algo inerente à sua linhagem, mas que
ele terá um papel decisivo para mudar essa situação. Ao buscar soluções para os problemas familiares essa pessoa
receberá ajuda espiritual de seus Ancestrais, que a colocará nos caminhos adequados para reorganizar sua vida, e
consequentemente auxiliar seu povo.
b) Como já foi visto, Òtúrúpîn îwïnrín é um Odù de grande influência ancestral. Ìfá revela que um Ancestral ou um
espírito elemental acompanha essa pessoa, e que um culto cuidadoso a tal Entidade atrairá proteção pessoal e
oportunidade de reversão de um quadro de consideráveis dificuldades financeiras. Quando em ibi, Ìfá diz que um espírito
elemental causa tormentos e prejuízos.
c) Ìfá revela que Îrúnmìlà é aquele que pode trazer prosperidade quando Òtúrúpîn îwïnrín se manifesta. Oferendas a
essa Divindade (além da correta conduta moral que caracteriza seus devotos) favorecerão para que um quadro de
consideráveis sofrimentos sejam minimizados ou até revertidos.
d) Ìfá nos revela que Òrìñà Oko é uma das divindades que abençoam esse Odù com sua presença. Ele diz que em
momentos de considerável crise financeira, oferendas devem ser feitas a essa Divindade, para que os recursos
necessários para a alimentação de um indivíduo e sua família possam aparecer através de novas oportunidades.
e) Nesse Odù nasce a piscicultura, numa situação que envolvia a subsistência de um povo. Ìfá nos fala aqui sobre a
necessidade de encontrarmos os meios necessários para garantir a subsistência de nossa família. Ele revela que
situações comercialmente inexploradas ou inovações de mercado ou produção terão maiores chances de sucesso.
Perigos e negatividades
a) Ìfá nos avisa que Èñù deve receber dobrada atenção quando esse Odù se apresenta. Ele tem o poder de abrir os
caminhos para as bênçãos, mas também para os infortúnios. Ìfá diz que sem conquistarmos a boa vontade de Èñù, ele
não só evitará a chegada de benefícios em nossa vida, como poderá permitir que o que já é bom estrague. Essa
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característica de Òtúrúpîn îwïnrín evidencia que Èñù é um dos principais (senão o principal) responsável pelo nosso
crescimento pessoal, e ele permitirá que o mundo nos puna severamente sempre que nossas atitudes não favorecerem
o crescimento em questão.
b) Ìfá adverte a contratempos ou dificuldades que podem acontecer durante uma viagem. Sempre que as mesmas
forem necessárias será prudente realizar oferendas às divindades relacionadas às estradas.
c) Ìfá adverte a situações consideravelmente perigosas, em que o indivíduo se deparará com espíritos elementais ou
humanos, e pensará estar lidando com pessoas normais. Ìfá diz que essa será uma forma dos inimigos abaterem e
prejudicarem essa pessoa, quer tais inimigos estejam no àiyé ou no îrun. Ìfá aconselha oferendas a Èñù e Îrúnmìlà,
para que tais espíritos não possam agir dessa forma, e se puderem, que sua verdadeira realidade revelada.
d) Ìfá diz que essa pessoa terá que lidar com situações em que as pessoas a verão com maus olhos, formando uma
opinião negativa a seu respeito. O agravamento desse caso levará à compaixão de Ñàngó, que aqui toma as dores de
seus devotos que são injustamente acusados ou perseguidos.
e) Òtúrúpîn îwïnrín fala sobre membros de uma linhagem que carecem de ire àikú. Esse fato abre a possibilidade da
presença de àbìkú, o que exigirá os rituais necessários para lidar com a situação. O importante é salientar que Ìkú está
sempre muito próximo de uma determinada família, mas é exatamente a pessoa para quem esse Odù se apresenta que
poderá fazer algo a respeito, favorecendo a mudança da sina de toda uma linhagem, que há muito tempo vem sofrendo
graças às dificuldades que esse mundo oferece.
f) Ìfá adverte quanto a perigos inerentes a festividades. Multidões, bebidas e nervos exaltados se unem, formando uma
combinação cujo resultado pode ser trágico. Ìfá aconselha se abster de ambientes com essa descrição, e sempre
consultar e propiciar Èñù antes de sair para se divertir.
g) Òtúrúpîn îwïnrín é um Odù de grandes bruxarias. Ìfá revela que infelizmente haverá quem queira nos prejudicar
através da invocação de espíritos malignos. A força de nosso Orí, respaldado pelo auxílio de Òrìñà, nos ajudará a sairmos
ilesos desses grandes perigos.
h) Ìfá nos revela aqui que nem sempre saberemos de onde vem o perigo, que pode estar camuflado de diversas
maneiras. Mas ele também diz que Èñù nos auxiliará, revelando a verdadeira natureza dos perigos que teremos que
enfrentar.
i) Ìfá nos revela que membros da família para quem esse Odù se manifesta já cultuou Òrìñà de alguma forma. Por um
ou vários motivos esse culto foi interrompido, o que causou atrasos consideráveis para o indivíduo e sua família. Por
outro lado, o retorno ao culto dessa Divindade há de amenizar um período de consideráveis perdas que já se estende
há algum tempo.
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j) Ìfá revela que não passaremos por essa vida sem nos deparamos com alguma espécie de Ìbáwijï (problemas
judiciais). Se formos o inocente nessa questão, oferendas a Ñàngó nos ajudarão; mas se não o formos, talvez oferendas
a Èñù ou Egún possam surtir algum efeito.
l) A presença de Òtúrúpîn îwïnrín em ibi revela a presença de Ìfìbú. Quando em ire essa negatividade é uma
possibilidade a ser checada. O importante é salientar a necessidade de fazer as oferendas necessárias para lidar com
essa questão tão complexa.
m) Òtúrúpîn îwïnrín é um Odù que sugere um comportamento às vezes arrebatado. Em função dessa característica,
Ìfá nos revela que alguma espécie de escândalo envolvendo nossa vida espiritual acontecerá.
n) Ìfá fala sobre pessoas separadas pela vida, mas que um dia poderão se reencontrar. Da maneira que Ìfá essa situação,
a causa da separação é a extrema falta de sabedoria de todas as pessoas envolvidas. É muito provável que Ñàngó (o
rei de Îyï) seja a força que reunirá tais pessoas.
o) Ìfá revela que se todos os seus conselhos não forem ouvidos, consideráveis negatividades nos esperarão. No pior
dos casos, prisão e suicídio devem ser considerados.
a) Òtúrúpîn îwïnrín é o Odù através do qual Ìfá nos fala sobre doenças na tenra idade, relacionadas direta ou
indiretamente a questões alimentares. Oferendas a Òrìñà Oko e ao Ìpînrí hão de favorecer que crianças recebam toda
a assistência necessária para não adoecerem por motivos tão vis.
b) A complexidade desse Odù abre a possibilidade do desenvolvimento de doenças neurológicas ou psiquiátricas, que
retiram de uma pessoa a capacidade de entender a realidade que a cerca. Oferendas às Divindades Criadoras ( Òrìñà
funfun) diminuirão consideravelmente as chances de tal calamidade acontecer.
c) Ìfá nos avisa aqui sobre a existência de fenômenos físicos de difícil explicação. Tais fenômenos se caracterizarão por
calafrios, calores, dores, tremores e até mesmo desmaios sem nenhuma causa aparente. Ìfá revela que tais fenômenos
estarão relacionados a ação de algum ara îrun, que como já foi visto, tem nesse Odù um caminho aberto para agir no
àiyé.
d) Doenças podem se manifestar por vários caminhos quando esse Odù se manifesta. Ìfá desaconselha o comportamento
que favorece a manifestação de tais doenças, como tabagismo, etilismo e atividade sexual sem a devida proteção. A
não observância desse conselho favorecerá a manifestação de doenças consideravelmente sérias, que poderão inclusive
encurtar o tempo de permanência no àiyé.
e) Òtúrúpîn îwïnrín é um Odù “carregado”. O sacerdote que for cuidar de alguém que seja desse Odù deverá prestar
muita atenção aos detalhes e fazer oferendas para sua própria proteção, para que as questões complexas e perigosas
desse Odù não lhe acompanhem.
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f) Ìfá nos fala sobre uma doença misteriosa, que retira de nós a vitalidade para o trabalho e as atividades do dia a dia.
É provável que essa doença tenha alguma relação com o aparelho reprodutor.
Relacionamentos
a) Îbá está presente nesse Odù. Esse fato sugere a importância da coragem para resolver quaisquer problemas que se
apresentem. Também deve ser considerada a presença da ancestralidade feminina, além é claro de eventuais
problemas, distúrbios ou dificuldades nos aspectos sentimentais da vida.
b) Òtúrúpîn îwïnrín revela tendências a infidelidade conjugal. Como já foi visto, zelar pela própria reputação é a
principal ênfase desse Odù. Ìfá nos adverte sobre os sérios problemas que enfrentaremos se nos permitirmos sermos
infiéis em nossos relacionamentos. Quando em ire, a presença desse Odù pode significar que a infidelidade não é nossa,
mas sim contra nós.
c) Ìfá nos fala aqui sobre nossos relacionamentos familiares. Ele revela que há algo a nosso respeito que não
conhecemos; segredos relacionados a nossa origem ou a imagem que fazemos de nós mesmos, sem termos total
conhecimento de fatos relativos a nosso passado.
d) Òtúrúpîn îwïnrín é um Odù de relacionamentos instáveis. Ìfá nos fala sobre separações, divórcios ou situações
semelhantes. Ele também revela que um indivíduo homossexual ou alguma outra questão envolvendo
homossexualidade favorecerá para que um determinado relacionamento acabe.
e) Como já foi visto, Òtúrúpîn îwïnrín é um Odù de feitiços. Considerando as negatividades inerentes à vida amorosa
nesse Odù, há de se considerar a hipótese de amarrações estarem presentes. Oferendas a Îbá e o saraiyëiyë prescrito
por Ìfá trarão alívio a essa situação.
f) Se os conselhos de Ìfá forem seguidos, em especial os que se referem a conduta, haverá consideráveis chances de
casamentos. Mas Ìfá aconselha ao cônjuge da pessoa que é acompanha por esse Odù que se inicie rapidamente, pois
há uma considerável chance de morte precoce se esse aviso for negligenciado.
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Obras de Òtúrúpîn îwïnrín
1) Constantes oferendas a Egún Ìpînrí gerará oportunidades de findar um longo ciclo de dificuldades financeiras para
toda uma linhagem.
3) Rituais referentes a àbìkú devem ser realizados para afastar a morte precoce que assola uma determinada família.
4) Consultas e oferendas devem ser realizadas a Èñù sempre que desejamos sair para nos divertir. Isso evitará
contratempos ou até mesmo tragédias.
5) Constantes oferendas a Orí nos deixarão mais perceptivos aos bons conselhos que receberemos ao longo de nossa
vida.
7) Um oparaldo deve ser realizado para retirar de nosso convívio um ara îrun que nos atrapalha.
8) Oferendas devem ser postas atrás de nossa porta para um ara îrun que nos auxilia.
9) Os pais devem se “completar” espiritualmente, antes que possam prestar o auxílio devido a seus filhos.
10) Oferendas a Èñù revelarão a verdadeira face dos perigos que encontraremos ao longo da vida.
11) É preciso voltar a cultuar a Divindade que um membro da família já cultuou e que por algum motivo já não o faz.
13) Oferendas serão realizadas a Òrìñà Oko e ao Ìpînrí para que crianças recebam toda a assistência necessária para
evitar doenças relacionadas à alimentação ou ao ambiente.
12) Erinlû e os Òrìñà funfun receberão oferendas para livrar alguém de problemas neurológicos ou psiquiátricos.
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13) A adoção de uma conduta ilibada, acompanhada de constantes oferendas a Îrúnmìlà, favorecerão a chegada da
prosperidade numa vida consideravelmente sofrida.
14) É preciso realizar os saraiyëiyë indicados por Ìfá para tratar fenômenos físicos inexplicáveis, causados por algum
ara îrun.
15) Oferendas serão realizadas a Orí e às Divindades sábias para favorecer a compreensão de nosso comportamento,
de nossos medos, de nossas atitudes e o principal, dos caminhos existentes para resolver todas essas questões.
16) Oferendas a Òrìñà Oko gerarão as oportunidades para que recursos de subsistência sejam criados.
17) Antes e depois de lidar com esse Odù, Ìfá aconselha ao sacerdote fazer o saraiyëiyë que for necessário para que
negatividades não lhe acompanhem.
18) Olókun receberá oferendas para nos ajudar a lidar com questões de Ìfìbú.
19) Oferendas a Orí criarão condições de se resistir ao fascínio do dinheiro fácil, que estará emaranhado no ilegal ou no
imoral.
20) Îbá receberá oferendas diretamente no rio para nos dar filhos ou ajudar a conseguir grandes realizações. Elementais
da água que convivem com Îbá também farão parte do ritual.
21) Saraiyëiyë com tecido vermelho e coberto de osùn deve ser feito para uma pessoa doente. Se a pessoa chegar a
ficar acamada, uma faixa de tecido vermelho será amarrada em seu pulso para que Ìkú veja nisso um sinal para não
levá-la precocemente.
22) Um cabrito coberto de osùn será imolado a Ìkú, para que em troca dessa oferenda ele poupe a vida de um indivíduo
e de sua linhagem.
22) Constantes oferendas a Egún diminuirão consideravelmente as dificuldades de nossa vida. Sob certas circunstâncias
(principalmente quanto a conduta pessoal favorece) essas oferendas podem inclusive atrair abundância.
23) Dezesseis lamparinas serão preparadas nos caminhos de Òñàlá, que depois deve ser louvado com um agogô
prateado. Isso tudo nós faremos para que possamos encontrar bons caminhos na vida.
24) Um ötá será recolhido de uma lixeira, e sobre ele faremos oferendas a Èñù, que comerá junto com ara îrun que nos
acompanha. Depois esse ötá poderá ficar numa cabaça ao lado de Barà ou será enterrado, se Ìfá assim determinar.
Isso tudo nós faremos para que possamos trazer um pouco de organização à nossa vida.
25) Ofereceremos uma ovelha à Divindade que Ìfá determinar para que bênçãos inusitadas se manifestem em nossas
vidas.
26) Oferendas são feitas a Alè, para que haja harmonia entre nós e os espíritos que nos acompanham.
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27) Oferendas a Èñù afastarão Àkóba (um acidente ou infelicidade imerecida).
28) Se faz oferendas a Orí, Ûlûdà e Ancestrais para evitar ilusões e para que sempre saibamos qual nossa real situação
na vida.
29) Oferendas serão realizadas a Èñù e Îrúnmìlà, para que um espírito desencarnado não passe como um encarnado e
nos prejudique.
30) Oferendas serão feitas a Ñàngó para que pessoas separadas pela vida possam enfim se reunirem.
31) Será preciso fazer ëbö para evitar que uma doença retire nossa vitalidade para o trabalho.
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Algo de bom se aproximava de Îyï
Ìfá foi criado para Mölàlà, no dia que tanto ela quanto seu povo viam Ìkú constantemente.
Sim, o povo de Mölàlà se alimentava precariamente. Sempre que Ìkú chegava carregava apenas um deles,
Pois sabia que não demoraria para outro morrer. Quando Òtúrúpîn îwïnrín apareceu para Mölàlà,
Disseram que ela deveria fazer oferendas a Òrìñà Oko. Disseram que dessa forma e com o auxílio de Èñù,
Esta triste situação poderia ser resolvida. Então Mölàlà juntou suas coisas e partiu para a terra de Òrìñà Oko;
Mas antes preparou dezesseis lamparinas para Òñàlá. Assim que as lamparinas começaram a arder,
Èñù apareceu para acompanhá-la em sua viagem. Ele disse, “Não percamos tempo”;
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Ele disse,”Seu povo já pensa em se matar”. Então eles finalmente partiram e assim que chegaram ao destino,
Òrìñà Oko os recebeu. Mölàlà expôs as dificuldades de seu povo. Òrìñà Oko pegou algumas sementes,
Ele pegou alguns peixes do rio e partiu para a terra de Mölàlà. Quando lá chegaram,
Òrìñà Oko ensinou àquele povo os segredos da agricultura.
Os peixes que ele trouxera consigo, soltou-os nas águas daquele lugar.
Em poucos tempos os rios e lagoas estavam povoados.
O alimento não faltou mais entre aquelas pessoas, e o aspecto cadavérico deles desapareceu.
No meio de tanta alegria Òrìñà Oko disse que já estava na hora dele partir.
Mölàlà rogou para que ele ficasse, pois temia que Ìkú voltasse a aparecer assim que Òrìñà Oko partisse.
Eles voltaram a consultar Ìfá, e foi-lhes aconselhado oferecer um cabrito coberto com osùn.
Quando Òrìñà Oko partiu e Ìkú quis novamente levar pessoas daquele lugar, já não encontrou nenhum moribundo.
As pessoas estavam fortes e saudáveis. Mölàlà ofereceu o cabrito com osùn a Ìkú, e ali um pacto foi firmado:
As pessoas alimentariam Ìkú através de oferendas, e em troca poderiam envelhecer em paz.
É assim que Ìfá nos conta como Mölàlà trouxe nutrição e abundância a seu povo,
Garantindo assim uma bênção de vida longa.
Òtúrúpîn é muito escasso; um aprendiz de Ìfá não pode encontrar um verso para recitar;
Pois poucos são os versos que saem das bocas dos babalawo mais velhos e hábeis.
Ìfá foi criado para Èsín, filho da cidade de Ìda;
Ìfá foi criado para Òkò, filho da cidade de Lìkì;
Ìfá foi criado para Abóóda, filho da cidade de Îyï.
A esses três foi aconselhado fazer ëbö, para que a vida não os separasse.
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Eles ouviram, mas não fizeram o ëbö. Esses três, eles eram generais de Îyï.
Eles saíram em campanha e foram aprisionados pelos inimigos de Îyï.
Eles não foram mortos, mas ficaram aprisionados e perderam contato.
Cada um ficou prisioneiro numa cidade diferente. Eles nem tiveram tempo de avisar Îyï.
Quando o rei percebeu que notícias não chegavam há tempos,
Mandou seus batedores atrás dos generais. Os batedores disseram que eles estavam presos, em cidades diferentes.
Então o rei de Îyï preparou três exércitos e lhes deu a missão de resgatar seus três generais.
Os exércitos cumpriram a missão, e os três foram resgatados.
Depois de muito tempo eles se encontraram em Îyï.
Ìfá foi criado para Îrúnmìlà, no dia que feiticeiros tentaram destruí-lo.
Îrúnmìlà vivia em guerra com esses feiticeiros, que em vão dentavam vencê-lo.
Cansados de tantas derrotas, os feiticeiros se uniram para acabar com Îrúnmìlà.
Quando descobriram que ele pretendia dar uma festa em sua casa,
Através de bruxaria os feiticeiros evocaram três espíritos;
Deram a eles a forma humana e os mandaram para a festa de Îrúnmìlà.
Quando lá chegassem eles o matariam.
Mas Îrúnmìlà já tinha consultado Ìfá e feito o ëbö prescrito.
Quando os espíritos materializados chegaram, Èñù rapidamente os reconheceu e avisou Îrúnmìlà.
A princípio Îrúnmìlà não acreditou em Èñù, pois nada indicava que aqueles homens pudessem ser espíritos.
Mas Èñù resolveu provar que estava certo. Num movimento rápido tocou o rosto dos três homens;
As máscaras encantadas pelos feiticeiros desapareceram,
E os espíritos puderam ser vistos como realmente eram.
Uma vez desmascarados eles abortaram a tentativa de homicídio,
E fugiram da casa de Îrúnmìlà. Kafere fun Èlègbà.
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Ìfá foi criado para Îbá, no dia que ela já estava casada com Ñàngó, mas não conseguia gerar filhos.
Disseram que a causa de sua esterilidade era sobrenatural; disseram que um espírito impedia sua concepção.
Disseram que esse espírito vivia nas águas de um rio,
E que seria preciso fazer oferendas para resolver esse problema.
Então Îbá ofereceu uma cabra ao rio, e ao espírito citado pelos awo,
Cujo nome era Konibirè, Îbá ofereceu um pato.
Os awo colheram ewé àfòmîn e ewé tûtû, lavaram um ûdùn ara com elas;
O sumo desse preparo eles ofereceram para Oba tomar e banhar-se por nove dias.
Depois que esses cuidados foram tomados, Konibirè não pode mais impedir a concepção de Îbá.
Foi aí que Îbá começou a gerar filhos para Ñàngó.
Ìfá foi criado para Maritaca Zombeteira, no dia que ela foi aconselhada a não viajar num barco.
Ela ouviu o conselho de Ìfá, mas não o seguiu. Depois de um tempo ele fez uma viagem de barco.
No meio da viagem o barco começou a afundar, e no meio do caos Maritaca Zombeteira subiu no alto do mastro,
E de lá ria da desgraça dos que fatalmente pereceriam.
Como se o mastro fosse ficar para fora do mar...
Ìfá foi criado para Ñàngó, no dia que um de seus filhos estava sofrendo com uma perseguição.
Sim, ele soube que seu filho estava sozinho, abandonado.
As pessoas lhe faziam incriminações, acusavam-no injustamente.
Todos queriam guerrear com o filho de Ñàngó, que sozinho não suportaria.
Ah! Ñàngó decidiu que as coisas não ficariam assim. Ele disse que tomaria as dores de seu filho;
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Que se alguém quisesse lhe fazer algum mal, teria em Ñàngó um grande inimigo.
Ìtá Orí
Odù
Òtúrúpîn îwïnrín
Ësë
Ûlûdà
Îñîïsì
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Ribeirão Pires, 7 de dezembro de 2010
Òtúrúpîn îwïnrín (lefùn)
Essência
a) Quando em ire, esse Odù anuncia “Boa saúde (mental e física) nos protegerá contra mudanças inesperadas”. Quando
em ibi, a mensagem é a seguinte “Doença (mental ou física) gerará o caos”
b) Kafere fun Òrìñà Oko, Èñù, Ìmîlû, Îrúnmìlà, Îbá, Ñàngó, Egún, Òñàlá.
c) Nasce a desfiguração gerada pela fome; a piscicultura; a materialização do espírito através de magia.
d) Òtúrúpîn îwïnrín é um Odù de espíritos Ancestrais e Elementares. Ìfá diz que a correta relação com tais espíritos
atrairá consideráveis bênçãos para essa pessoa. É importante salientar que Èñù está relacionado com a situação, talvez
fazendo um intercâmbio entre o indivíduo e esses espíritos que estão tão arraigados em sua realidade espiritual. Quando
em seu aspecto negativo, Òtúrúpîn îwïnrín revela que um espírito Elemental atrapalha a concepção, o progresso e o
bem estar de uma pessoa.
e) Os ësë desse Odù apontam para a possibilidade de sermos passados para trás (enganados); de nos depararmos com
a crueldade do mundo, e de passarmos consideráveis dificuldades materiais.
Comportamento
a) Ìfá nos avisa que nos caminhos desse Odù, dinheiro e honra devem andar de mãos dadas. Ele nos alerta para um
dinheiro que pode chegar até nós, mas que pode gerar danos à nossa honra. Da maneira que Ìfá aborda esse assunto
fica claro que o ideal é unir o útil ao agradável, mas se isso não for possível, deveremos optar pela manutenção de
nossa honra. Zelar pela própria reputação é o grande desafio de Îwïnrín òtúrúpîn; Ìfá revela que haverá grande
pressão atrativa para o ilegal e o imoral, e somente uma cabeça equilibrada poderá lidar com essa situação da forma
correta.
b) Aqui haverá situações em que a pessoa não demonstrará empatia ou compaixão pelo sofrimento alheio. Ìfá diz que
esse tipo de comportamento abrirá as portas para que sofrimentos semelhantes ocorram em nossa própria vida.
c) Ìfá fala sobre a incapacidade de perceber o quão delicada nossa situação possa estar ou ficar. Aqui a pessoa pode
estar prestes a naufragar, sem se preocupar com o perigo eminente. Ìfá aconselha oferendas a Orí, Ûlûdà e Ancestrais
para que nossa atual situação seja muito clara em nossa mente; para que tenhamos a correta percepção de nossas
dificuldades, assim como dos caminhos que devem ser seguidas para resolvê-las.
140
d) Dificuldades materiais talvez constituam o grande desafio desse Odù. Ìfá evidencia que passaremos por tais
dificuldades e muitas vezes nos sentiremos angustiados ou desesperançados. Essa será a oportunidade para mostrarmos
às Divindades nosso valor, nos esforçando para manter uma mentalidade positiva e não ceder às pressões da pobreza,
que muitas vezes geram a ilusão de que tudo é permitido para sobreviver. Àqueles que não sucumbirem ao desespero
e manterem viva sua fé, as Divindades e os Ancestrais prestarão o auxílio necessário para reverter tão triste situação.
e) Òtúrúpîn îwïnrín fala sobre uma considerável dificuldade em reconhecer o valor de um bom conselho. Ìfá revela a
tendência que possuímos de seguir apenas nossa própria cabeça. Muitas vezes esse comportamento será prenúncio de
consideráveis dificuldades futuras.
f) Òtúrúpîn îwïnrín revela a grande chance de termos problemas com inimizades. As pessoas podem simplesmente
não nos apreciar, ou seremos nós que devido nosso comportamento não conquistaremos a apreciação alheia. Em casos
extremos uma pessoa pode até ser “jurada”. Aqui Ìfá salienta a importância de cultuar Òrìñà, para que possamos receber
proteção contra aqueles que deliberadamente desejem nos prejudicar.
g) Ìfá nos avisa sobre a importância de nos conscientizarmos de que nossos filhos terão maiores chances de sucesso na
vida, se nós estivermos espiritualmente bem. Aqui há a tendência de só nos preocuparmos com o socorro a nossos
filhos, negligenciando que precisamos de cuidados tão ou mais urgentes que eles. Se um pai ou uma mãe estiverem
bem, seus filhos também poderão ficar; se regarmos a raiz de uma planta, trocos, galos e folhas se beneficiarão.
h) Òtúrúpîn îwïnrín é o Odù da pessoa que não é nenhuma flor que se cheire, mas também não merece tudo o que
dizem sobre ela. Ñàngó sabe disso, e afirma que na hora certa punirá quem merece ser punido, e abençoará quem
merece ser abençoado. A sabedoria aqui consiste em merecer as bênçãos, e não as punições de Ñàngó. O importante
é salientar que alguém poderá ser difamado, e que apesar de seus defeitos, Ñàngó tomará suas dores.
i) Òtúrúpîn îwïnrín é um Odù de desequilíbrio sentimental. Quando pressionada uma pessoa pode responder de forma
agressiva, evasiva ou simplesmente desaparecer. Ìfá revela tato ao lidar com a pessoa para quem esse Odù se
manifesta.
j) Ìfá nos revela que a presença desse Odù aponta para a existência de algum complexo ou considerável
descontentamento em relação a aparência física. Òtúrúpîn Meji, um dos Meji que formam o Odù Òtúrúpîn îwïnrín, é
um Odù de sabedoria. Isso significa que a manifestação da sabedoria há de criar as condições mentais necessárias para
lidar com a situação. Oferendas às Divindades consideradas sábias ( Îrúnmìlà, Olófin, etc.) também favorecerão a
resolução dessa questão.
l) Ìfá nos revela que aqui há o medo de envelhecer. Pode ser que na verdade esse medo apenas “esconda” outros mais
sérios, como a solidão; o chegar à velhice na pobreza; a não realização dos sonhos, etc. Oferendas a Orí e às Divindades
sábias favorecerão o conhecimento da complexidade desse medo, e também a melhor forma de lidar com a situação.
m) Ìfá revela que esse é um Odù de desobediência. Ele diz que Òrìñà quer acompanhar e abençoar essa pessoa, e só
não faz mais por que a conduta da mesma não a ajuda. Será sábio tentar ver e entender o que está errado em nossa
conduta, para que possamos remover essas mazelas, e assim abrir o caminho para as bênçãos que chegarão do îrun.
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n) Ìfá revela um certo prazer oculto que sentimos quando o caos se estabelece, embora não saibamos que o caos
continuará a crescer até nos envolver. Ìfá diz que aí perceberemos que a situação é trágica, e não emocionante.
Oportunidades e prosperidade
a) Esse Odù fala sobre uma situação positiva e inesperada que se aproxima. Algo de grande potencial positivo, que foge
totalmente às nossas expectativas. Ìfá aconselha a realização de oferendas apropriadas, para que esse acontecimento
de fato ocorra, e para que sua positividade possa fazer uma considerável diferença abençoada em nossa vida. As
características do ìtan que sugere esse fato sugerem que tais situações possuem um caráter material ou econômico.
b) Ìfá revela que bênçãos materiais estão nas mãos de uma Divindade que recebe ovelhas como oferendas. É preciso
descobrir qual é essa Divindade e se já é hora de fazer a dita oferenda, para reverter o quadro de consideráveis
dificuldades materiais que caracterizam esse Odù.
c) Ìfá nos aconselha a fazermos tudo o que estiver a nosso alcance para prosperar, desde que seja por caminhos lícitos.
Essa urgência deve-se ao fato de a pessoa para quem aparece esse Odù é aquela que o îrun encarregou de tirar da
pobreza toda a sua linhagem.
Prosperidade
a) O afilhado desse Odù deve se conscientizar de que a dificuldade material é algo inerente à sua linhagem, mas que
ele terá um papel decisivo para mudar essa situação. Ao buscar soluções para os problemas familiares essa pessoa
receberá ajuda espiritual de seus Ancestrais, que a colocará nos caminhos adequados para reorganizar sua vida, e
consequentemente auxiliar seu povo.
b) Como já foi visto, Òtúrúpîn îwïnrín é um Odù de grande influência ancestral. Ìfá revela que um Ancestral ou um
espírito elemental acompanha essa pessoa, e que um culto cuidadoso a tal Entidade atrairá proteção pessoal e
oportunidade de reversão de um quadro de consideráveis dificuldades financeiras. Quando em ibi, Ìfá diz que um espírito
elemental causa tormentos e prejuízos.
c) Ìfá revela que Îrúnmìlà é aquele que pode trazer prosperidade quando Òtúrúpîn îwïnrín se manifesta. Oferendas a
essa Divindade (além da correta conduta moral que caracteriza seus devotos) favorecerão para que um quadro de
consideráveis sofrimentos sejam minimizados ou até revertidos.
d) Ìfá nos revela que Òrìñà Oko é uma das divindades que abençoam esse Odù com sua presença. Ele diz que em
momentos de considerável crise financeira, oferendas devem ser feitas a essa Divindade, para que os recursos
necessários para a alimentação de um indivíduo e sua família possam aparecer através de novas oportunidades.
142
e) Nesse Odù nasce a piscicultura, numa situação que envolvia a subsistência de um povo. Ìfá nos fala aqui sobre a
necessidade de encontrarmos os meios necessários para garantir a subsistência de nossa família. Ele revela que
situações comercialmente inexploradas ou inovações de mercado ou produção terão maiores chances de sucesso.
Perigos e negatividades
a) Ìfá nos avisa que Èñù deve receber dobrada atenção quando esse Odù se apresenta. Ele tem o poder de abrir os
caminhos para as bênçãos, mas também para os infortúnios. Ìfá diz que sem conquistarmos a boa vontade de Èñù, ele
não só evitará a chegada de benefícios em nossa vida, como poderá permitir que o que já é bom estrague. Essa
característica de Òtúrúpîn îwïnrín evidencia que Èñù é um dos principais (senão o principal) responsável pelo nosso
crescimento pessoal, e ele permitirá que o mundo nos puna severamente sempre que nossas atitudes não favorecerem
o crescimento em questão.
b) Ìfá adverte a contratempos ou dificuldades que podem acontecer durante uma viagem. Sempre que as mesmas
forem necessárias será prudente realizar oferendas às divindades relacionadas às estradas.
c) Ìfá adverte a situações consideravelmente perigosas, em que o indivíduo se deparará com espíritos elementais ou
humanos, e pensará estar lidando com pessoas normais. Ìfá diz que essa será uma forma dos inimigos abaterem e
prejudicarem essa pessoa, quer tais inimigos estejam no àiyé ou no îrun. Ìfá aconselha oferendas a Èñù e Îrúnmìlà,
para que tais espíritos não possam agir dessa forma, e se puderem, que sua verdadeira realidade revelada.
d) Ìfá diz que essa pessoa terá que lidar com situações em que as pessoas a verão com maus olhos, formando uma
opinião negativa a seu respeito. O agravamento desse caso levará à compaixão de Ñàngó, que aqui toma as dores de
seus devotos que são injustamente acusados ou perseguidos.
e) Òtúrúpîn îwïnrín fala sobre membros de uma linhagem que carecem de ire àikú. Esse fato abre a possibilidade da
presença de àbìkú, o que exigirá os rituais necessários para lidar com a situação. O importante é salientar que Ìkú está
sempre muito próximo de uma determinada família, mas é exatamente a pessoa para quem esse Odù se apresenta que
poderá fazer algo a respeito, favorecendo a mudança da sina de toda uma linhagem, que há muito tempo vem sofrendo
graças às dificuldades que esse mundo oferece.
f) Ìfá adverte quanto a perigos inerentes a festividades. Multidões, bebidas e nervos exaltados se unem, formando uma
combinação cujo resultado pode ser trágico. Ìfá aconselha se abster de ambientes com essa descrição, e sempre
consultar e propiciar Èñù antes de sair para se divertir.
g) Òtúrúpîn îwïnrín é um Odù de grandes bruxarias. Ìfá revela que infelizmente haverá quem queira nos prejudicar
através da invocação de espíritos malignos. A força de nosso Orí, respaldado pelo auxílio de Òrìñà, nos ajudará a sairmos
ilesos desses grandes perigos.
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h) Ìfá nos revela aqui que nem sempre saberemos de onde vem o perigo, que pode estar camuflado de diversas
maneiras. Mas ele também diz que Èñù nos auxiliará, revelando a verdadeira natureza dos perigos que teremos que
enfrentar.
i) Ìfá nos revela que membros da família para quem esse Odù se manifesta já cultuou Òrìñà de alguma forma. Por um
ou vários motivos esse culto foi interrompido, o que causou atrasos consideráveis para o indivíduo e sua família. Por
outro lado, o retorno ao culto dessa Divindade há de amenizar um período de consideráveis perdas que já se estende
há algum tempo.
j) Ìfá revela que não passaremos por essa vida sem nos deparamos com alguma espécie de Ìbáwijï (problemas
judiciais). Se formos o inocente nessa questão, oferendas a Ñàngó nos ajudarão; mas se não o formos, talvez oferendas
a Èñù ou Egún possam surtir algum efeito.
l) A presença de Òtúrúpîn îwïnrín em ibi revela a presença de Ìfìbú. Quando em ire essa negatividade é uma
possibilidade a ser checada. O importante é salientar a necessidade de fazer as oferendas necessárias para lidar com
essa questão tão complexa.
m) Òtúrúpîn îwïnrín é um Odù que sugere um comportamento às vezes arrebatado. Em função dessa característica,
Ìfá nos revela que alguma espécie de escândalo envolvendo nossa vida espiritual acontecerá.
n) Ìfá fala sobre pessoas separadas pela vida, mas que um dia poderão se reencontrar. Da maneira que Ìfá essa situação,
a causa da separação é a extrema falta de sabedoria de todas as pessoas envolvidas. É muito provável que Ñàngó (o
rei de Îyï) seja a força que reunirá tais pessoas.
o) Ìfá revela que se todos os seus conselhos não forem ouvidos, consideráveis negatividades nos esperarão. No pior
dos casos, prisão e suicídio devem ser considerados.
a) Òtúrúpîn îwïnrín é o Odù através do qual Ìfá nos fala sobre doenças na tenra idade, relacionadas direta ou
indiretamente a questões alimentares. Oferendas a Òrìñà Oko e ao Ìpînrí hão de favorecer que crianças recebam toda
a assistência necessária para não adoecerem por motivos tão vis.
b) A complexidade desse Odù abre a possibilidade do desenvolvimento de doenças neurológicas ou psiquiátricas, que
retiram de uma pessoa a capacidade de entender a realidade que a cerca. Oferendas às Divindades Criadoras ( Òrìñà
funfun) diminuirão consideravelmente as chances de tal calamidade acontecer.
c) Ìfá nos avisa aqui sobre a existência de fenômenos físicos de difícil explicação. Tais fenômenos se caracterizarão por
calafrios, calores, dores, tremores e até mesmo desmaios sem nenhuma causa aparente. Ìfá revela que tais fenômenos
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estarão relacionados a ação de algum ara îrun, que como já foi visto, tem nesse Odù um caminho aberto para agir no
àiyé.
d) Doenças podem se manifestar por vários caminhos quando esse Odù se manifesta. Ìfá desaconselha o comportamento
que favorece a manifestação de tais doenças, como tabagismo, etilismo e atividade sexual sem a devida proteção. A
não observância desse conselho favorecerá a manifestação de doenças consideravelmente sérias, que poderão inclusive
encurtar o tempo de permanência no àiyé.
e) Òtúrúpîn îwïnrín é um Odù “carregado”. O sacerdote que for cuidar de alguém que seja desse Odù deverá prestar
muita atenção aos detalhes e fazer oferendas para sua própria proteção, para que as questões complexas e perigosas
desse Odù não lhe acompanhem.
f) Ìfá nos fala sobre uma doença misteriosa, que retira de nós a vitalidade para o trabalho e as atividades do dia a dia.
É provável que essa doença tenha alguma relação com o aparelho reprodutor.
Relacionamentos
a) Îbá está presente nesse Odù. Esse fato sugere a importância da coragem para resolver quaisquer problemas que se
apresentem. Também deve ser considerada a presença da ancestralidade feminina, além é claro de eventuais
problemas, distúrbios ou dificuldades nos aspectos sentimentais da vida.
b) Òtúrúpîn îwïnrín revela tendências a infidelidade conjugal. Como já foi visto, zelar pela própria reputação é a
principal ênfase desse Odù. Ìfá nos adverte sobre os sérios problemas que enfrentaremos se nos permitirmos sermos
infiéis em nossos relacionamentos. Quando em ire, a presença desse Odù pode significar que a infidelidade não é nossa,
mas sim contra nós.
c) Ìfá nos fala aqui sobre nossos relacionamentos familiares. Ele revela que há algo a nosso respeito que não
conhecemos; segredos relacionados a nossa origem ou a imagem que fazemos de nós mesmos, sem termos total
conhecimento de fatos relativos a nosso passado.
d) Òtúrúpîn îwïnrín é um Odù de relacionamentos instáveis. Ìfá nos fala sobre separações, divórcios ou situações
semelhantes. Ele também revela que um indivíduo homossexual ou alguma outra questão envolvendo
homossexualidade favorecerá para que um determinado relacionamento acabe.
e) Como já foi visto, Òtúrúpîn îwïnrín é um Odù de feitiços. Considerando as negatividades inerentes à vida amorosa
nesse Odù, há de se considerar a hipótese de amarrações estarem presentes. Oferendas a Îbá e o saraiyëiyë prescrito
por Ìfá trarão alívio a essa situação.
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f) Se os conselhos de Ìfá forem seguidos, em especial os que se referem a conduta, haverá consideráveis chances de
casamentos. Mas Ìfá aconselha ao cônjuge da pessoa que é acompanha por esse Odù que se inicie rapidamente, pois
há uma considerável chance de morte precoce se esse aviso for negligenciado.
1) Constantes oferendas a Egún Ìpînrí gerará oportunidades de findar um longo ciclo de dificuldades financeiras para
toda uma linhagem.
3) Rituais referentes a àbìkú devem ser realizados para afastar a morte precoce que assola uma determinada família.
4) Consultas e oferendas devem ser realizadas a Èñù sempre que desejamos sair para nos divertir. Isso evitará
contratempos ou até mesmo tragédias.
5) Constantes oferendas a Orí nos deixarão mais perceptivos aos bons conselhos que receberemos ao longo de nossa
vida.
7) Um oparaldo deve ser realizado para retirar de nosso convívio um ara îrun que nos atrapalha.
8) Oferendas devem ser postas atrás de nossa porta para um ara îrun que nos auxilia.
9) Os pais devem se “completar” espiritualmente, antes que possam prestar o auxílio devido a seus filhos.
10) Oferendas a Èñù revelarão a verdadeira face dos perigos que encontraremos ao longo da vida.
11) É preciso voltar a cultuar a Divindade que um membro da família já cultuou e que por algum motivo já não o faz.
13) Oferendas serão realizadas a Òrìñà Oko e ao Ìpînrí para que crianças recebam toda a assistência necessária para
evitar doenças relacionadas à alimentação ou ao ambiente.
12) Erinlû e os Òrìñà funfun receberão oferendas para livrar alguém de problemas neurológicos ou psiquiátricos.
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13) A adoção de uma conduta ilibada, acompanhada de constantes oferendas a Îrúnmìlà, favorecerão a chegada da
prosperidade numa vida consideravelmente sofrida.
14) É preciso realizar os saraiyëiyë indicados por Ìfá para tratar fenômenos físicos inexplicáveis, causados por algum
ara îrun.
15) Oferendas serão realizadas a Orí e às Divindades sábias para favorecer a compreensão de nosso comportamento,
de nossos medos, de nossas atitudes e o principal, dos caminhos existentes para resolver todas essas questões.
16) Oferendas a Òrìñà Oko gerarão as oportunidades para que recursos de subsistência sejam criados.
17) Antes e depois de lidar com esse Odù, Ìfá aconselha ao sacerdote fazer o saraiyëiyë que for necessário para que
negatividades não lhe acompanhem.
18) Olókun receberá oferendas para nos ajudar a lidar com questões de Ìfìbú.
19) Oferendas a Orí criarão condições de se resistir ao fascínio do dinheiro fácil, que estará emaranhado no ilegal ou no
imoral.
20) Îbá receberá oferendas diretamente no rio para nos dar filhos ou ajudar a conseguir grandes realizações. Elementais
da água que convivem com Îbá também farão parte do ritual.
21) Saraiyëiyë com tecido vermelho e coberto de osùn deve ser feito para uma pessoa doente. Se a pessoa chegar a
ficar acamada, uma faixa de tecido vermelho será amarrada em seu pulso para que Ìkú veja nisso um sinal para não
levá-la precocemente.
22) Um cabrito coberto de osùn será imolado a Ìkú, para que em troca dessa oferenda ele poupe a vida de um indivíduo
e de sua linhagem.
22) Constantes oferendas a Egún diminuirão consideravelmente as dificuldades de nossa vida. Sob certas circunstâncias
(principalmente quanto a conduta pessoal favorece) essas oferendas podem inclusive atrair abundância.
23) Dezesseis lamparinas serão preparadas nos caminhos de Òñàlá, que depois deve ser louvado com um agogô
prateado. Isso tudo nós faremos para que possamos encontrar bons caminhos na vida.
24) Um ötá será recolhido de uma lixeira, e sobre ele faremos oferendas a Èñù, que comerá junto com ara îrun que nos
acompanha. Depois esse ötá poderá ficar numa cabaça ao lado de Barà ou será enterrado, se Ìfá assim determinar.
Isso tudo nós faremos para que possamos trazer um pouco de organização à nossa vida.
25) Ofereceremos uma ovelha à Divindade que Ìfá determinar para que bênçãos inusitadas se manifestem em nossas
vidas.
26) Oferendas são feitas a Alè, para que haja harmonia entre nós e os espíritos que nos acompanham.
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27) Oferendas a Èñù afastarão Àkóba (um acidente ou infelicidade imerecida).
28) Se faz oferendas a Orí, Ûlûdà e Ancestrais para evitar ilusões e para que sempre saibamos qual nossa real situação
na vida.
29) Oferendas serão realizadas a Èñù e Îrúnmìlà, para que um espírito desencarnado não passe como um encarnado e
nos prejudique.
30) Oferendas serão feitas a Ñàngó para que pessoas separadas pela vida possam enfim se reunirem.
31) Será preciso fazer ëbö para evitar que uma doença retire nossa vitalidade para o trabalho.
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Ìtan
Ìfá foi criado para Mölàlà, no dia que tanto ela quanto seu povo viam Ìkú constantemente.
Sim, o povo de Mölàlà se alimentava precariamente. Sempre que Ìkú chegava carregava apenas um deles,
Pois sabia que não demoraria para outro morrer. Quando Òtúrúpîn îwïnrín apareceu para Mölàlà,
Disseram que ela deveria fazer oferendas a Òrìñà Oko. Disseram que dessa forma e com o auxílio de Èñù,
Esta triste situação poderia ser resolvida. Então Mölàlà juntou suas coisas e partiu para a terra de Òrìñà Oko;
Mas antes preparou dezesseis lamparinas para Òñàlá. Assim que as lamparinas começaram a arder,
Èñù apareceu para acompanhá-la em sua viagem. Ele disse, “Não percamos tempo”;
Ele disse,”Seu povo já pensa em se matar”. Então eles finalmente partiram e assim que chegaram ao destino,
Òrìñà Oko os recebeu. Mölàlà expôs as dificuldades de seu povo. Òrìñà Oko pegou algumas sementes,
Ele pegou alguns peixes do rio e partiu para a terra de Mölàlà. Quando lá chegaram,
Òrìñà Oko ensinou àquele povo os segredos da agricultura.
Os peixes que ele trouxera consigo, soltou-os nas águas daquele lugar.
Em poucos tempos os rios e lagoas estavam povoados.
O alimento não faltou mais entre aquelas pessoas, e o aspecto cadavérico deles desapareceu.
No meio de tanta alegria Òrìñà Oko disse que já estava na hora dele partir.
Mölàlà rogou para que ele ficasse, pois temia que Ìkú voltasse a aparecer assim que Òrìñà Oko partisse.
Eles voltaram a consultar Ìfá, e foi-lhes aconselhado oferecer um cabrito coberto com osùn.
Quando Òrìñà Oko partiu e Ìkú quis novamente levar pessoas daquele lugar, já não encontrou nenhum moribundo.
As pessoas estavam fortes e saudáveis. Mölàlà ofereceu o cabrito com osùn a Ìkú, e ali um pacto foi firmado:
As pessoas alimentariam Ìkú através de oferendas, e em troca poderiam envelhecer em paz.
É assim que Ìfá nos conta como Mölàlà trouxe nutrição e abundância a seu povo,
Garantindo assim uma bênção de vida longa.
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Um certo dia Kólokólo foi até uma casa de Òrìñà, e do lado de fora gritava, “Aí não tem zelador!”
De dentro da casa de Òrìñà responderam, “Sim, aqui tem zelador e Babalawo”.
Kólokólo retrucou, “Então por que não me alimentam?”.
A partir daquele dia as pessoas passaram a por comida atrás da porta, para Èñù e Kólokólo,
Um pouco da comida de seus pratos. Desde então as coisas foram mais fáceis naquela casa de Òrìñà.
Ìfá foi criado para Maritaca Zombeteira, no dia que ela foi aconselhada a não viajar num barco.
Ela ouviu o conselho de Ìfá, mas não o seguiu. Depois de um tempo ele fez uma viagem de barco.
No meio da viagem o barco começou a afundar, e no meio do caos Maritaca Zombeteira subiu no alto do mastro,
E de lá ria da desgraça dos que fatalmente pereceriam.
Como se o mastro fosse ficar para fora do mar...
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“Por fazer favores, o cabrito se danou”
“O lixo o salvou”
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O cabrito se sacrificou pela humanidade
Os desejos de gravidez da esposa de Îrúnmìlà
Îrúnmìlà escapa da prisão
Îrúnmìlà teve que pedir esmola
Os filhos de Ìyá Mokè não querem viver com ela
Oturupon obara
Òtúrúpîn Îbàrà
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- Ìfá fala sobre uma viagem ou um projeto mal planejado.
- Um amor precisará de grandes sacrifícios para sobreviver.
-- Dificuldades de relacionamentos entre sogros e genros.
- Ìfá fala sobre uma pessoa falsa, que esconde suas verdadeiras intenções atrás de um sorriso.
- Há interferência dos pais na vida religiosa dos filhos.
- Filhos não querem viver com os pais; que devem fazer ëbö para que seus filhos não saiam pelo mundo.
- Prejuízos ou sofrimentos por fazer favores.
- Soberba, arrogância, orgulho. Ìfá aconselha alteração comportamental.
- Inimigos ocultos; pós soprados.
- Problemas nos pés ou pernas.
- Ìfá aconselha receber Îsànyìn, Îbá e Olu popo.
- Maldade atrairá atrasos.
- Há alguém que deseja tirar-lhe a tranqüilidade.
- Acidentes.
- Ìfá diz que o filho do consulente precisa de iniciação (checar Ñàngó).
- É preciso obedecer ao Òrìñà para não se perder na vida.
- Evite opinar em questões alheias.
- Kafere fun Èñù, Ñàngó e Òñàlá.
- Aqui há o hábito de resolver os problemas pela força. Ìfá fala sobre violência.
- Ìfá fala sobre uma menina que não é mais virgem, e que possivelmente tenha problemas neurológicos.
- Faz-se ëbö para evitar a ação de Òfo.
- A pessoa já pensou em suicídio.
- Há um compromisso apalavrado.
- Ire Mïtari.
- Boas notícias, mas será preciso ëbö quando elas chegarem.
- Há curiosidade sobre essa pessoa; desejam saber particularidades de sua vida.
- Uma mulher pode levar o homem ao crime. Ìfá aconselha afastar-se da mesma.
- Evite sair de casa por alguns dias.
- Acidentes ao carregar peso.
- Ganhos se aproximam, mas Ìfá adverte quanto a avareza.
- Há dívidas com Îñun.
- Faça ëbö para não perder suas bênçãos.
- Separação entre mãe e filhos.
- Ìfá aconselha zelar de um Egún familiar que te acompanha.
- Ceticismo.
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Obras de Òtúrúpîn Îbàrà
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Os desejos de gravidez da esposa de Îrúnmìlà
Ìfá nos fala aqui sobre a esposa de Îrúnmìlà, que estava grávida e desejosa de comer milho.
A única lavoura de milho que havia por ali pertencia a Olófin, e tinha um cabrito por vigia.
Antes que pudesse falar com Olófin, a mulher de Îrúnmìlà começou a colher os milhos.
Ah! O cabrito viu aquilo e os acusou de ladrões. Foi aí que Îrúnmìlà explicou toda a situação,
E convenceu o cabrito a não delatá-los, em troca de recompensas futuras.
Então aconteceu que a filha de Olófin adoeceu, e não havia quem pudesse ajudá-la.
Foi Èñù que disse a Olófin que um velho (Îrúnmìlà) poderia curá-la.
Olófin mandou chamar Îrúnmìlà, que curou a moça e assim pagou a dívida feita por sua esposa.
Ìfá foi criado para Îrúnmìlà, no dia que ele foi preso graças a caprichos de Öya.
Sim, esses dois viviam juntos, e precisaram fazer uma viagem numa certa ocasião.
Durante a viagem a comida acabou, e Öya começou a reclamar de fome.
Îrúnmìlà disse, “Tenha paciência. Estamos quase chegando”.
Mas Öya não quis ser razoável. Sentou-se no chão e disse que só sairia dali se Îrúnmìlà lhe arrumasse comida.
Foi aí que Îrúnmìlà saiu atrás de comida, e encontrou uma lavoura de inhames.
Quando ele quis colher alguns inhames, foi surpreendido e preso. Já no cárcere Îrúnmìlà dizia que não queria mais
saber de Öya.
Quando lhe levaram comida, Îrúnmìlà fez ëbö com a mesma; usou um osso como ìrîfá e pó da parede como ìyèfá.
Então Èñù ficou sabendo que Îrúnmìlà estava preso. Ele apareceu na cela e com seu àñë escondeu Îrúnmìlà na lata do
lixo.
Quando os guardas levaram o lixo para fora, Îrúnmìlà conseguiu escapar.
Ìfá foi criado para Îrúnmìlà, no dia que ele quis casar-se com a filha de um rei orgulhoso.
Esse rei costumava humilhar todos os pretendentes de sua filha, exigindo-lhes um dote impraticável naquelas terras.
Quando Îrúnmìlà viu a moça, ambos se apaixonaram. Ele expôs ao rei seus desejos, e o rei exigiu-lhe um grande dote.
Îrúnmìlà juntou todo o seu dinheiro e conseguiu pagar o dote exigido.
Não satisfeito o rei exigiu nova prova: que Îrúnmìlà se alimentasse de esmolas durante um período.
O que o rei desejava era a desistência de Îrúnmìlà, pois sabia que o povo queria-lhe bem e não queria se desgastar.
Então Îrúnmìlà, sempre que fazia algum ëbö, pedia alimentos à sua clientela.
Ele não só manteve-se durante o período exigido, mas recuperou todo o dinheiro pago como dote.
Quando ele foi exigir a mão da princesa, o rei não teve o que fazer e hipocritamente mostrou-se feliz por seu sucesso.
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Os filhos de Ìyá Mokè não querem viver com ela
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“Por mais que se pesque, os peixes não acabam no oceano”
“Uma guerra não se vence apenas com dinheiro”
“Depois que melhoras, esquece do Babalawo”
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A princesa triste e esquecida
Os filhos de Ògún tentam destruir a casa de Îrúnmìlà
Àgànjú se livra dos corruptos
Guiné passa a ser uma ave silvestre
Òtúrúpîn îkànràn, o caçador de leões
Ogbelemù, o segredo de Ògún
Os filhos de Ûfunbunmi tornam-se criminosos
Oturupon okanran
Òtúrúpîn îkànràn
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- Esse Odù alude à necessidade de coragem para enfrentar grandes e perigosos desafios.
- Ataque de animais.
- Ìfá aconselha ëbö para que o valor de uma pessoa seja regiamente reconhecido.
- Ìfá diz que essa pessoa precisa de novas forças para vencer suas batalhas, e só as conseguirá através de ëbö e
inteligência.
- Ìfá adverte à necessidade de tato para lidar com pessoas agressivas ou de difícil trato.
- Há uma pessoa que vive sem paradeiro.
- Atrasos em negócios.
- Tendências suicidas.
- Aqui a pessoa se esconde quando encontra um amigo nas ruas.
- Aborrecimentos, raiva, violência.
- Ògún perseguirá os inimigos dessa pessoa.
- Desejam te substituir em seu trabalho.
- Perdas em questões judiciais.
- Uma sorte se aproxima.
- Os fuxicos feitos serão desmascarados (o consulente pode falar mal do awo).
- Ire mötari.
- É preciso fazer ëbö pela proteção dos filhos (para que não se tornem criminosos).
- Uma guerra se aproxima.
- Essa pessoa pode estar ruim por ter falado mal de um sacerdote.
- Doenças geradas por feitiços.
- Os pais recusam-se a acreditar nos defeitos dos filhos.
160
- Se faz ëbö soltando uma guiné (boa sorte).
- Galos e fígados a Ògún (ire ìñegún ötá).
- Prepara-se ogbelemù com contas brancas e negras. Come bicho preto com Ògún e vive com Èñù.
- Böri (irritação, raiva)
- Se faz ëbö soltando um galo (ire ìñegún ötá).
- Se faz que vai dar um galo a Îsànyìn, mas o solta no momento da imolação (evitar uma guerra).
- Se limpa os pés num fígado de boi para tirar o negativo desse Odù.
- Fifetu (Kànbùrùkù).
- Lava-se as crianças com as folhas ojusajù e èsò, para que não se tornem criminosas.
Îrúnmìlà criou Ìfá para uma jovem princesa, no dia que inimigos do îrun lhe incomodavam.
Îrúnmìlà disse que apesar de ter uma vida próspera e equilibrada, a princesa não conseguia se sentir feliz.
Então Îrúnmìlà preparou-lhe uma pequena cabaça, deu de comer à mesma, acrescentou outros elementos,
E orientou a princesa a aspergir o conteúdo por toda sua casa.
Mas antes que ela partisse Îrúnmìlà lhe disse, “Melhorarás, mas esquecerás de mim”.
Quando voltou para casa a princesa seguiu o conselho de Îrúnmìlà, e de fato seu estado de espírito mudou.
Ela já não se sentia triste sem razão, a angústia já não lhe acompanhava.
Então um dia Îrúnmìlà bateu à porta da princesa, e pediu à criada que avisasse sobre sua chegada.
A criada foi anunciá-lo, e depois voltou dizendo que a princesa não sabia de quem se tratava.
Îrúnmìlà virou as costas e partiu. Nesse momento a princesa lembrou-se do que lhe fora profetizado,
Mandou que chamassem Îrúnmìlà e lhe tratou com toda a pompa possível.
Ìfá foi criado para Îrúnmìlà, no dia que Ògún quis destruir sua casa.
Sim, Ògún tinha inveja de Îrúnmìlà, e sabia que ele mantinha um galo amarrado em seu quintal.
Então Ògún disse a seus filhos, “Achem uma casa onde há um galo amarrado, e destrua-a!”
Os filhos de Ògún eram brutos e tagarelas. Logo Îrúnmìlà ouviu rumores sobre suas intenções.
Então ele consultou Ìfá e viu esse Odù. Ìfá aconselhou-o fazer ëbö e depois soltar o galo. Îrúnmìlà ouviu e fez o ëbö.
Quando os filhos de Ògún saíram para procurar a casa em cujo quintal havia um galo, não encontraram.
O galo havia saído do quintal de Îrúnmìlà e se empoleirara no telhado da casa de Ògún.
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Quando os filhos de Ògún voltaram para casa e lá viram o galo, ah! A guerra instalou-se naquela casa.
Ìfá foi criado para Àgànjú, no dia que ele estava sendo roubado.
Sim, Àgànjú era o senhor das terras , e os reinos por ele dominados mandava-lhe tributos através de alimentos.
Esses alimentos chegavam por barcos, Èñù era o encarregado de recebê-los e organizá-los.
Essas remessas de alimentos garantiam fartura e prosperidade para as terras de Àgànjú, e despertou a cobiça de Ñàngó.
Ele era um homem de confiança nos negócios de Àgànjú, e sabia que para tentar roubar alguma coisa,
Primeiro era preciso dar cabo de Èñù. Para isso ele recorreu a Îsànyìn, que preparou um feitiço a Èñù que o deixou
acamado.
Sem a supervisão de Èñù, e contando com a ajuda de Ògàn, um homem de sua confiança,
Ñàngó começou a desviar os víveres que chegavam pelo rio.
Depois de um tempo Àgànjú sentiu falta da fartura que era comum em suas terras, e resolveu consultar Ìfá.
Os awo disseram que ele estava sendo roubado, e que o ladrão era conhecido seu.
Também disseram que se Èñù se recuperasse esse problema seria resolvido.
Àgànjú foi aconselhado a fazer saraiyëiyë em Èñù com uma guiné (fifetu), e Èñù recuperou suas forças.
Ah! Ñàngó não sabia disso, e juntamente com Ògàn continuou com seus roubos.
Mas Èñù juntara alguns homens seus, e se esconderam numa das curvas do rio.
Quando Ògàn apareceu para roubar o barco que chegava, Èñù e seus companheiros o surpreenderam e o surraram.
Quando Èñù levou Ògàn e seus comparsas a Àgànjú, aconteceu que Òñàlá estava presente.
Ao ver Ògàn todo quebrado Òñàlá pediu a Àgànjú que não o punisse mais.
Àgànjú disse, “Que assim seja; mas então leve-o consigo, senão o mato”.
Desde então Ògàn vive junto a Òñàlá, que salvou-lhe a vida.
Ìfá foi criado para Ödë, no dia que havia dificuldades em sua vida.
Ele foi instruído a parar de caçar guinés, pois essa era a razão de seu atraso. Ödë ouviu mas não seguiu o conselho de
Ìfá.
A vida dele continuou difícil. Nessa mesma ocasião Guiné consultou Ìfá.
O que ela poderia fazer para que as pessoas não dizimassem sua espécie. Ele foi instruída a fazer ëbö, e o fez.
Bem, naquele tempo Guiné era uma ave doméstica. Disseram que ela deveria colocar seu carrego no âmago da floresta.
Quando Guiné estava lá para arrear seu carrego, não conseguiu mais encontrar o caminho de volta.
Sim, Guiné e sua esposa, eles passaram a viver na mata, nas savanas. Desde então sua prole aumentou
consideravelmente.
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Òtúrúpîn îkànràn, o caçador de leões
Ìfá foi criado para Òtúrúpîn îkànràn, no dia que ele precisava repartir seus ganhos com quem não merecia.
Sim, Òtúrúpîn îkànràn era um caçador de leões, e sempre saía com dois outros amigos para caçá-los,
Pois os leões atormentavam a vida de um pequeno vilarejo.
O que as pessoas não sabiam é que os amigos de Òtúrúpîn îkànràn na verdade eram covardes.
Só usavam suas lanças se encontrassem filhotes muito pequenos de leões.
Quando as feras realmente perigosas apareciam, era Òtúrúpîn îkànràn que resolvia a questão.
Ele consultou Ìfá pois não queria que aquela situação continuasse, mas também não desejava delatar seus covardes
amigos.
Ele fez o ëbö prescrito, e pouco tempo depois apareceram dois grandes leões no meio da vila.
Quando os amigos de Òtúrúpîn îkànràn viram o perigo, correram desesperadamente.
Òtúrúpîn îkànràn armou-se com sua lança e afugentou os leões invasores.
Foi aí que as pessoas perceberam que sempre houvera apenas um caçador de leões, os outros eram impostores.
Como recompensa cobriram Òtúrúpîn îkànràn de riquezas e reconhecimento.
Ìfá foi criado para Èñù, no dia que ele quis saber como Ògún vencia todas as suas guerras.
Disseram que Ògún possuía um segredo, uma prenda, que o tornava invencível em assuntos bélicos.
Èñù disse que queria conhecer esse segredo. Os awo disseram que isso poderia ser muito perigoso,
Pois Ògún matava impiedosamente qualquer um que se aproximasse do local onde ele guardava seu segredo.
Então eles instruíram Èñù a oferecer a Ògún uma iguaria que ele adorava, fígados.
Disseram também que ele deveria fazer ëbö e ter um galo à mão, pois seria preciso em dado momento.
Èñù seguiu os conselhos de Ìfá.e partiu atrás de seu objetivo.
Quando ele aproximou-se do local onde Ògún guardava seu segredo,
Todo animal que encontrava em seu caminho ele abatia e guardava o fígado.
O segredo de Ògún era uma cabaça forrada de contas, chamada ogbelemù.
Assim que Èñù aproximou-se dela, Ògún apareceu, pronto a atacá-lo.
Foi aí que Èñù ofereceu-lhe o galo e os fígados recolhidos ao longo do caminho.
Ògún aceitou a oferenda, apaziguou-se e permitiu que Èñù tivesse acesso a ogbelemù.
Até hoje precisamos fazer oferendas a Ògún se quisermos vencer nossas guerras.
Isso é quando Ìfá ensina que uma guerra não é vencida apenas com dinheiro, e sim com inteligência.
163
Os filhos de Ûfunbunmi tornam-se criminosos
164
165
“É melhor prevenir que remediar”
Oturupon ogunda
Òtúrúpîn ògúndá
c) Quando em ire, Ìfá diz que se proteger contra doenças evitará a manifestação de obstáculos. Esse Odù fala sobre a
necessidade de assegurar a fertilidade e a saúde dos órgãos reprodutores.
166
Comportamento e generalidades
a) A presença desse Odù sugere que filhos podem aparecer em nossa vida num momento inoportuno. Da maneira que
Ìfá aborda esse assunto, é prudente supor que uma gestação não programada atrapalhará nossos projetos de
desenvolvimento pessoal. Não se trata aqui de deliberadamente evitar filhos, e sim de tê-los numa fase de nossa vida
que não nos impeça ou atrapalhe de desenvolver todo nosso potencial.
b) É importante salientar que muitas vezes por “filhos” pode-se entender projetos pessoais de grande valor. Se Ìfá
confirmar essa possibilidade interpretativa então poderá se entender que oferendas e cuidados serão necessários para
que um projeto não ganhe vida antes de estar suficiente maduro para tal, e indo mais além, também poderá se entender
que um projeto há tempos amadurecido não encontra meios adequados de se manifestar no àiyé. A complexidade de
todas essas interpretações lança sobre um awo uma grande responsabilidade
c) Ìfá nos aconselha a organizamos nossa vida, de modo a não precisarmos do auxílio de parentes para lidar com nossos
problemas. O problema não está em receber ajuda, e sim no fato de que após prestar auxílio, os parentes podem se
sentir no direito de opinarem ou até mesmo intervirem em nossos assuntos pessoais.
d) Nos caminhos desse Odù, Îrúnmìlà faz ëbö para que seu filho nasça na hora correta. Além das óbvias interpretações
físicas e médicas que tal assunto aborda, uma outra possibilidade interpretativa é a possibilidade de algum
acontecimento de considerável importância não acontecer na hora adequada. Se Ìfá abençoar essa interpretação, há de
se considerar situações que aconteceram prematuramente na vida da pessoa para quem esse Odù aparece, ou que já
deveriam ter acontecido, e por isso mesmo estariam “atrasadas”. As oferendas adequadas certamente trarão equilíbrio
a essa complexa situação.
e) Por narrar o mito que dá origem ao Olubajë, Òtúrúpîn ògúndá traz uma mensagem clara sobre as conseqüências
negativas do desrespeito a uma pessoa poderosa. A sabedoria aqui consiste em não motejar, criticar ou humilhar a
ninguém, pois as represálias serão duras e imprevisíveis.
Bênçãos e oportunidades
a) Aqui Îrúnmìlà salva Îñun de se afogar emaranhada nas raízes de òñìbàtá. Ìfá diz que a prosperidade se manifestará
de maneira inusitada. As dificuldades de outrem e nossa disposição em ajudar criarão os meios necessários para que
novas oportunidades de ganhos e prosperidade se manifestem. Ìfá nos aconselha a realizarmos as oferendas apropriadas
e também a estarmos atento, para que as oportunidades citadas não passem por nós sem que a percebamos.
b) Aqui o cego volta a enxergar, e o coxo volta a andar normalmente. Ìfá fala sob a restauração da saúde, mas também
sobre a resolução de problemas sérios (físicos ou não) que nos acompanham há muito tempo. Mas no mesmo ìtan que
aborda esse assunto, antes do cego enxergar, veneno de sapo cai em seus olhos; antes do coxo andar, ela apanha com
um cajado. É preciso salientar que antes das coisas melhorarem, é possível que elas piorem. Não devemos nos
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desesperar perante dificuldades, pois as mesmas serão passageiras e representarão pouco diante das bênçãos que
certamente se manifestarão se os conselhos de Ìfá forem corretamente seguidos.
Infortúnios e negatividades
a) Ìfá revela que a pessoa para quem aparece esse Odù infelizmente tem grandes chances de ter um filho cujas
tendências podem descambar para um lado ruim. Ìfá revela que essa criança deve ser criada com austeridade desde
cedo, para que seus defeitos possam ser corrigidos e para que ela desenvolva o hábito de obedecer. Felizmente Ìfá
também nos revela a magia que nos ajudará a lidar com tão delicada situação.
b) Afogamentos são textualmente citados nos caminhos desse Odù. Ìfá adverte a evitarmos situações que possam
favorecer esse grande perigo.
c) O estado espiritual de àbìkú está presente quando esse Odù se manifesta. À mulheres grávidas ou pessoas que de
uma maneira ou de outra se encaixem nesse conceito, Ìfá aconselha a realização imediata dos preceitos necessários,
para que um àbìkú não abandone esse mundo antes da hora prevista.
d) Aqui Ìkú estava com dificuldade de encontrar carne humana para comer. Ìfá aconselhou-o a fazer ëbö e “esperar o
fruto amadurecer”. Ìfá nos diz que situações benéficas estão “amadurecendo”, e que quando esse processo terminar
poderemos desfrutar de situações positivas que há tempos esperamos. Ëbö e paciência são necessários quando
Òtúrúpîn ògúndá se manifesta.
e) Aqui um amigo ofereceu um sapo ao outro que era cego, deixando-o acreditar que era um pedaço de carne. Ìfá nos
aconselha a fazermos ëbö e sermos prudentes, para que um “amigo” não nos prejudique de forma deliberada. Sob
outras circunstâncias, a manifestação de Òtúrúpîn ògúndá pode ser vista como um prenúncio de que enfim
conseguiremos ver as pessoas como elas são, principalmente no que diz respeito a seus defeitos.
f) Aqui motejaram de Ömölu; acontecimento que posteriormente deu origem ao Olubajë. Ìfá fala sobre alguém que está
sendo injustamente ridicularizado. Além do desrespeito que tal situação envolve, há de se considerar as represálias
impostas por Ömölu àqueles que o humilharam. Dessa maneira Òtúrúpîn ògúndá ganha ares de forra, o que dá a esse
Odù uma aura de considerável periculosidade.
Amor e relacionamentos
168
Saúde e bem estar
a) Como já foi visto, esse Odù fala sobre a recuperação da visão ou a cura de membros doentes. Numa perspectiva
mais ampla, Òtúrúpîn ògúndá fala sobre a recuperação da saúde, embora mostre que o processo necessário para tal
recuperação pode ser inusitado, doloroso ou traumático.
b) Ìfá fala sobre uma criança que pode nascer na hora errada. Situações envolvendo prematuros ou pós-termos.
c) Esse é o Odù Ìfá que fala sobre o nascimento do Olubajë. A relação dessa festa com a saúde é mais uma confirmação
de que esse tema é muito intenso e deve ser tratado com atenção quando esse Odù se manifesta.
Ìfá diz,
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- Aqui a bruxaria chega através de terceiros.
- Inimigos ardilosos.
- Apegue-se a Èñù para que sua vida não entorte.
- Hemorróidas.
- Calúnias, Ìbáwijï.
- É prudente evitar festas, por que numa delas correrá sangue.
- Aqui a pessoa tem problemas por roubar a mulher alheia.
- Alimente a quem tem fome.
- Ìfá diz que há sociedades, e um dos sócios é desonesto.
- Não esqueça de quem já te ajudou.
- Àrun está chegando.
- Apesar das dificuldades, havendo sabedoria e cumprindo com Òrìñà a estabilidade chegará.
- Òñà pàribò.
- A pessoa trabalha com òñó.
- Sonhos com falecidos.
- Problemas de digestão geram insônia.
170
Obras de Òtúrúpîn Ògúndá
- Nossos frutos “amadureçam” e possamos usufruir dos mesmos num futuro próximo;
- Situações primeiramente ruins ou desconfortáveis se transformem em bênçãos significativas e duradouras;
- Um “amigo” não nos passe a perna ou prejudique deliberadamente;
- As coisas aconteçam na hora correta em nossa vida; para que não haja acontecimentos prematuros ou atrasados.
2) Para alcançarmos prosperidade, faremos oferendas a Îñun às margens de uma lagoa com òñìbàtá.
3) Îrúnmìlà receberá oferendas para auxiliar uma pessoa que se encontra em perigo.
4) Todas as cerimônias referentes a àbìkú devem ser realizadas para a pessoa que Ìfá identificar nesse contexto.
5) Èñù Ònìbodè receberá oferendas para não permitir que um àbìkú entre no îrun antes de sua hora natural.
6) Aqui nasce o Olubajë. Ömölu receberá oferendas para favorecer a saúde de alguém que esteja precisando.
7) Oferendas e determinados alimentos serão ritualmente preparados para ajudar uma criança a desenvolver boa índole.
- Se dá de comer a Îñun e Îrúnmìlà à beira da lagoa, usando uma corrente para colher òñìbàtá pela raiz (proteção,
îla) e o ìrîfá para empurrar o carrego lagoa adentro.
- Oparaldo completo, inclusive com roupas (ire àikú).
- Oferendas a Òñàlá ou Îñun para que um àbìkú não morra, ou para que uma criança nasça na hora certa.
- Olubajë.
- Böri com pombos a cada três luas (evitar situações adversas).
171
Onibodè protege uma criança de Ìkú
Ìfá foi criado para Ìkú, no dia que ele não encontrava carne para comer.
Îrúnmìlà aconselhou-o a fazer ëbö e esperar a fruta amadurecer, antes de comê-la.
172
Ìkú e seguiu o conselho de Ìfá. Depois de um tempo ele chegou a uma cidade onde as pessoas estavam doentes;
Ah! Ìkú fartou-se de carne humana. Foi aí que uma mulher grávida decidiu consultar Ìfá.
Ela disse, “O que posso fazer para que Ìkú não leve minha criança?”
Instruíram-na a fazer ëbö, mas não tinha dinheiro para tal.
Então ela fez uma coleta entre seus parentes, mas não disse para quê queria o dinheiro.
Quando já tinha o valor necessário em mãos, fez o ëbö prescrito. Os awo disseram que o carrego ia ao cemitério.
Îrúnmìlà mostrou preocupação com a criança que já nascera, e pediu a Onibodè que a acompanhasse.
Sim, Îrúnmìlà vira que a menina era àbìkú, e certamente seria levada por Ìkú se as coisas não fossem bem feitas.
Quando a mãe deixou o carrego no cemitério, seus familiares souberam para quê servira o dinheiro.
Eles interferiram no ritual, o que desagradou Onibodè, a ponto de ele afastar-se e deixar de cuidar da criança.
A mão da menina, chamada Èmùrè (prometida à Ìkú), chorava desconsolada; “O que acontecerá com minha criança?”
Tanto chorou que Onibodè ouviu seu pranto, e resolveu proteger a criança apesar de seus parentes.
Quando Ìkú chegou naquela cidade, ele não pode levar Èmùrè; Onibodè não o permitiu.
Îrúnmìlà faz ëbö para que seu filho nasça no tempo certo
Òtúrúpîn e Ògúndá apareceram para Îrúnmìlà, no dia que ele quis ter um filho.
Disseram que sua mulher engravidaria e traria uma criança à luz,
Mas também instruíram-no a fazer ëbö para que a criança nascesse no tempo certo.
O ëbö era uma galinha grande, uma cabra e um bom dinheiro. Îrúnmìlà ouviu e fez o ëbö.
Nasce o Olubajë
Ìfá foi criado para os Ìrúnmîlû, no dia que seus devotos estavam doentes.
Os awo revelaram que aquele infortúnio devia-se ao descontentamento de um poderoso.
Então os Ìrúnmîlû lembraram que ao ver Olu Popo dançando, motejaram dele.
Eles foram instruídos a juntar muita comida e bebida e oferecer a Olu Popo em sinal de arrependimento.
Eles assim o fizeram e Ömölu aceitou a oferenda.
Em pouco tempo a saúde voltou para os devotos dos Ìrúnmîlû.
Ìfá foi criado para Îrúnmìlà, no dia que ele precisou fazer ëbö à beira da lagoa.
Sim, esse ëbö ele faria para prosperar e para ser útil às pessoas.
Quando ele debruçou-se sobre a lagoa para deixar ali o carrego, percebeu que o òñìbàtá estava se agitando.
Ele ficou intrigado com aquilo, e começou a puxar o òñìbàtá para si com o seu ìrîfá.
Îrúnmìlà puxou e puxou, e para sua surpresa alguém estava preso às raízes do òñìbàtá.
Quando Îrúnmìlà conseguiu salvar a pessoa, tratava-se de Îñun! Îrúnmìlà a salvara!
Îñun demonstrou sua gratidão através de consideráveis riquezas.
Ìfá nos conta aqui que havia dois amigos, um cego e outro manco.
Ambos consultaram Ìfá para saber o que poderia ser feito para acabar com sua miséria.
Ìfá aconselhou-os fazer ëbö e depois se mudarem de onde viviam, pois ali as coisas não dariam certo para eles.
Bem, como estavam passando fome na cidade, resolveram voltar para o campo.
Pelo caminho o coxo viu um elefante morto, “De fome não morreremos!”
Quando ele começou a preparar a carne do elefante, apareceu por ali um sapo.
O coxo apanhou-o e preparou-o, oferecendo-o depois ao cego como se fosse a carne do elefante.
Quando o cego mordeu o sapo, o leite esguichou sobre seus olhos, restaurando sua visão.
Então o cego percebeu o que o coxo fizera. Com sua bengala começou a golpeá-lo repetidas vezes.
Até que, para não morrer, o coxo conseguiu se por de pé e correr como nunca dantes.
Dessa forma os problemas de ambos estavam definitivamente resolvidos.
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“Entre o céu e a terra não há nada oculto”
“Negar um cumprimento depõe contra a educação”
“O que se despreza hoje, poderá ser útil amanhã”
175
A mulher deprimida
A mãe “perua”
A baleia denuncia a si mesma
O caminho dos barcos negreiros
A separação entre Yemöja e Òrìñà Oko
Nascem as pinturas tribais
A luta entre Ògún e Îbá
Os problemas gerados pelo caçula da rã Kònkò
As mulheres de Ìlarà recusam-se a fazer ëbö para evitar a guerra
Erinlû salva a vida de Îrúnmìlà com um böri
Ûlûgbà faz ëbö para salvar seu devoto
A missão de Îrúnmìlà, os invejosos e a politicagem
Oturupon osa
Òtúrúpîn Îsá
- Aqui nascem as pinturas rituais de cada Òrìñà e de cada etnia; o transporte de escravos através do mar; as
separações conjugais devido a agressões físicas.
- Odù de ingratidão. Os esforços feitos por alguém são recompensados pela politicagem, intrigas e inveja.
- É preciso saber a hora de partir, antes que nos expulsem.
- Ìfá fala aqui sobre um ambiente em que já não é possível viver em harmonia.
176
- É preciso consultar Ìfá antes de viajar, devido a perigos inesperados. Desvios de rota são aconselháveis.
- Fadiga, insolação.
- Odù de calamidades sociais.
- Aqui as mães devem fazer ëbö pela segurança dos filhos.
- A negligência espiritual pode trazer sofrimento a inocentes.
- Problemas com o caçula. Aqui os filhos podem tirar a paz dos pais.
- O sucesso profissional atrairá problemas familiares.
- Aqui Ìfá ensina que uma ideia, por melhor que seja, poderá trazer problemas se não houver consultas a respeito.
- Ire nisideni.
- Esse Odù fala sobre “a terra dos homossexuais”.
- Ìfá aconselha extrema discrição e tato. Será preciso “pisar em ovos” para não atrair algum perigo para si mesmo.
- Ìfá aconselha fazer Santo e também zelar pelo Òrìñà ìdílé.
- Ìfá fala sobre um comportamento indômito.
- Ao viajar será preciso ëbö, pois Ìkú pode estar esperando no caminho.
- Olu Popo está muito próximo dessa pessoa.
- Em caso de pessoa feita, é possível que o Ûlûdà esteja trocado.
- Há uma moçoila que pode ficar falada.
- É preciso pensar antes de agir, pois a vergonha será certa.
- O esnobe de hoje será o necessitado de amanhã.
- Pessoa não está em sua terra natal, e tem pretensão de voltar para lá.
- Acidentes com objetos pesados. Olhe por onde anda.
- Èñù já livrou essa pessoa de grandes perigos.
- Aqui os pais agem como se fossem novos, e os filhos têm que agir como se fossem velhos.
- Aqui a pessoa retêm urina voluntariamente, e por isso pode ficar doente.
- Odù de depressão e maus tratos ao próprio corpo.
- Será preciso mudar-se devido a inimigos.
- Pessoa incrédula, que só faz o que lhe dá na cabeça.
- Sonho com Ancestrais.
- A pessoa amanheceu sem um centavo; passou por cima do dinheiro e não viu.
- Há um complô para derrubar essa pessoa, mas um conhecido poderá salvá-la.
- É preciso dar valor ao que se tem, ao invés de só desejar mais.
- Filhos de diferentes pais.
- Ìfá fala sobre uma mulher (ou homem) destruidora de lares.
- O irmão do consulente precisa fazer ëbö ire àikú.
- Babalawo nato, protegido de Îrúnmìlà.
- Confusão entre mulheres.
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- Se oferece flores a Egún.
- Se oferece carneiro a Ñàngó.
- Se oferece cão a Ògún, e após o sacrifício deixa-se o facão sobre esse o iyëfá (ire ìñegún ötá).
- Oferendas a Ûlûgbà (ire ìñegún ötá).
- Böri com peixe fresco (saúde).
Ìfá foi criado para Îrúnmìlà, no dia que um determinado povo precisou de seus serviços.
Esse povo foi atrás de Îrúnmìlà por que precisavam de alguém sábio e valoroso para guiá-los.
Îrúnmìlà ficou algum tempo entre eles, ensinando-os segredos espirituais e organizando suas vidas.
Mas como é típico da humanidade, em pouco tempo apareceram murmúrios alimentados pela inveja e desejo de poder.
Foi nessas circunstâncias que Îrúnmìlà consultou Ìfá, recebendo a orientação de que já era hora de partir,
Antes que a inveja e a politicagem lhe causassem problemas.
Então Îrúnmìlà reuniu aquele povo e disse, “Minha missão é espalhar conhecimento pelo mundo”;
Ele disse, “Não posso ficar a vida toda com vocês. Usem o que eu já ensinei, nomeiem um líder e sigam suas vidas”;
Ele disse, “Certamente há entre vocês alguém já apto a liderá-los”.
178
Depois disso Îrúnmìlà partiu, para distribuir seu àñë pelo mundo.
(Em algumas versões, esse ìtan corresponde à Maçonaria, sendo os maçons aqueles que quiseram derrubar Îrúnmìlà).
Ìfá foi criado para Ûlûgbà, no dia que queriam prejudicar um devoto seu.
Sim, as pessoas tinham preparado uma armadilha para o devoto de Ûlûgbà.
Quando ele soube, fez o ëbö indicado e imediatamente um forte desejo de urinar foi sentido pelo seu devoto.
O rapaz teve que sair da estrada para urinar, e era justamente na estrada que estava a armadilha.
Quando o rapaz acabou de urinar, percebeu que tinha encontrado um atalho, e resolveu continuar por ali.
Dessa forma ele frustrou os planos de seus inimigos. Ûlûgbà dançava e regozijava.
Quando Òtúrúpîn e Îsá se apresentam, Ìfá nos fala sobre a viagem feita por Îrúnmìlà,
Viagem essa que quase lhe custou a vida, pois Îrúnmìlà adoeceu durante a mesma.
Sem poder parar para recuperar as forças ele continuou sua jornada, até que encontrou um reino, onde Erinlû era o
senhor.
Assim que ali chegou Îrúnmìlà caiu desfalecido, devido a doença e a fadiga.
Bem, Erinlû o reconheceu imediatamente, e ordenou que lhe trouxessem um peixe fresco.
Com esse peixe Erinlû fez böri para Îrúnmìlà e o deixou descansando.
Aos poucos Îrúnmìlà recuperou suas forças, e agradeceu a Erinlû ficando por ali algum tempo.
Ìfá nos fala aqui sobre Mayelè, esposa de Alerè, que trabalhava numa lavoura junto com pessoas de outras etnias.
Quando chegava a hora de recolher as ferramentas, sempre havia confusão, pois um pegava a ferramenta do outro.
Então Mayelè teve a ideia de pintar com marcas distintas as ferramentas de cada uma das etnias.
Na hora de recolher as ferramentas, cada um sabia qual lhe pertencia ou não.
179
Mayelè tornou-se muito popular, até o dia que seu marido chamou-a para trabalhar com ele.
Mayelè disse, “Eu não posso. As pessoas precisam de mim”.
Ele disse, “Você não quer dividir comigo o seu sucesso!”. Eles brigaram e se separaram.
Foi aí que Mayelè se perguntou, “Se ajudei as pessoas, por que tive esses problemas”.
Öbàtálá ouviu o suplício de Mayelè e lhe respondeu, “Isso aconteceu por você não ter consultado Ìfá”.
Então ela foi aos awo, que lhe aconselharam fazer oferenda à entrada de uma mata.
Quando Mayelè estava fazendo seu ëbö, Òrìñà Oko a viu e por ela apaixonou-se.
Òrìñà Oko tornou-se o novo marido de Mayelè.
“Sobe e desce”; esse foi o awo que criou Ìfá para Kònkò, a rã;
No dia que seus filhos lhe traziam problemas e não permitiam que ela tivesse paz.
Disseram que ela deveria fazer ëbö para que o mais novo não levasse desassossego aos mais velhos.
O ëbö era composto por um pilão de madeira, um ìgbín, muito dendê, ewé jîkîjû e algum dinheiro.
Mas infelizmente Kònkò recusou-se a fazer o ëbö.
Ìfá foi criado para Ògún, no dia que ele quis derrotar Îbá numa batalha.
Îbá era uma exímia guerreira; não havia quem ela não vencesse.
Então Ògún a desafiou, e Îbá aceitou. Ògún foi aos awo,
Que lhe aconselharam oferecer um pilão de madeira, milho, quiabo, folhas e algum dinheiro. Ògún ouviu e fez o ëbö.
Disseram que ele deveria colocar esse preparo onde haveria o embate.
Então a luta começou, e Ògún conseguiu levar Îbá até o canto onde estava a Baba.
Ah! Îbá escorregou. Ògún a venceu e a possuiu ali mesmo. Ele foi o primeiro homem de Îbá.
Quando Òtúrúpîn e Îsá se apresentam, Ìfá nos fala sobre Yemöja e Òrìñà Oko;
Sim, esses dois eram casados. Num dia, quando Yemöja estava preparando farinha,
A galinha que Òrìñà Oko mantinha em sua casa para fazer seus trabalhos,
180
Essa galinha espalhou toda a farinha que Yemöja já preparara. Ah! Majeleò cansou-se daquilo e matou a galinha de
Òrìñà Oko.
Quando ele chegou em casa e procurou por sua galinha, Yemöja disse-lhe o que aconteceu.
Òrìñà Oko enfureceu-se! Ele levantou a mão e esbofeteou Yemöja.
Ele disse, “Não serei mais seu esposo”. Yemöja respondeu, “E eu tão pouco sua mulher!”
Esse foi o dia em que esses dois se separaram.
Òtúrúpîn Îsá é o Odù em que Ìfá nos fala sobre os barcos negreiros.
Sim. Um desses barcos certa vez foi surpreendido por uma forte tempestade.
E nos seus porões os escravos temiam por suas vidas. Esses mesmos escravos eram obrigados a jogar seus dejetos ao
mar.
A trilha de sujeira chamou a atenção de Yemöja, que ao ver do que se tratava rogou a Olófin que findasse a tempestade.
Baba atendeu ao pedido de Yemöja, e os escravos daquele navio não pereceram.
Ìfá foi criado para Baleia, no dia que ela foi avisada a fazer ëbö e ser discreta,
Por que um grande perigo poderia se abater sobre ela. Baleia ouviu, mas não fez o ëbö.
Bem, depois de um tempo uns pescadores saíram ao mar para pescar.
Mas eles disseram que dessa vez gostariam de pegar algo diferente.
Eles viram pequenos peixes, mas os desprezaram. Então de repente o mar se agitou, e um grande esguicho surgiu.
Ah! Baleia denunciara sua própria posição! Os pescadores usaram seus arpões a mataram.
A mãe “perua”
Ìfá foi criado para uma jovem moça, no dia que ela não podia viver sua vida,
Pois sua mãe não a deixava sair nem namorar. Sim, era a mãe que gostava de ficar pela rua!
Parecia que ela era a jovem, enquanto a filha era a velha.
A moça foi aconselhada a fazer ëbö, para acabar com essa inconveniente situação.
181
A mulher deprimida
Ìfá foi criado para uma certa mulher, no dia que uma grande tristeza se abateu sobre ela.
Sim. Essa mulher tinha o hábito de se trancar em casa sozinha, sempre que algo a deixava aborrecida.
Os awo disseram que esse comportamento não a ajudava em nada;
Disseram que ela poderia passar um grande susto por causa dessa atitude.
Ela foi instruída a fazer ëbö para vencer aquela depressão, mas negou-se a fazê-lo.
Então um certo dia ele voltou a ficar deprimida. Trancou-se em casa, não atendia ninguém.
Ela esqueceu de comer por um longo período, e acabou desmaiando.
Quando ela acordou, no limite de suas forças lembrou-se da palavra de Ìfá. Ele percebeu o quão perto da morte esteve.
Então ela alimentou-se e procurou os awo para fazer o ëbö outrora negligenciado.
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183
“Os filhos deveriam seguir os conselhos dos pais”
“És tão afiado que cortas a si mesmo”
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Diplomacia salva o pescoço de Îrúnmìlà
Teimosos morrem cedo
Ògún cria o machado
Dejugbû cura seu braço ferido
As folhas da cabaceira
Awodì carrega a morte para longe
Oturupon ika
Òtúrúpîn Ìká
185
Obras de Òtúrúpîn Ìká
186
Ògún cria o machado
Ìfá foi criado para as árvores da floresta, no dia que Îrúnmìlà as aconselhou a não fazer favores,
Pois isso poderia lhes custar muito caro. Apenas a árvore Ìrókò fez a oferenda e seguiu a orientação de Ìfá.
Bem, naquela ocasião Òñàlá estava descontente, pois seus filhos não tinham onde morar.
Ele pediu a Èñù que descobrisse como Îrúnmìlà resolvera esse problema,
Mas Èñù sempre arrumava alguma desculpa e não se empenhava em descobrir o segredo de Îrúnmìlà.
Então, sob constante pressão de Òñàlá, Èñù fez um pacto com o Vento, que soprou forte por alguns dias,
Derrubando várias folhas de palmeira ao chão. Èñù disse a Òñàlá, “Eis o que é necessário para construir as casas de
seus filhos”.
Então as pessoas usaram as folhas de palmeira como moradia, mas Òñàlá achou-as precárias.
Dessa forma ele chamou Ògún e pediu que ele inventasse algo que tornaria possível construir casas mais robustas.
Dessa foram Ògún criou o machado; mas sem um cabo apropriado ele era Inútil.
Então Ògún foi perguntando às árvores da floresta se podiam lhe fornecer um galho.
As árvores esqueceram-se da palavra de Ìfá e deram a Ògún vários galhos, até que ele achou um que se encaixou em
seu machado.
Ah! Ògún começou a derrubar todas as árvores. Quando ele se deparou com a árvore Ìrókò,
Ògún disse, “Você eu não cortarei; e para sempre será poupada por sua obediência”. É por isso que o machado não
toca o Ìrókò.
A madeira que Ògún recolheu, e a mesma que usamos até hoje para construir nossas casas.
Quanto a Èñù, devido sua falta de empenho na questão,
Olófin sentenciou-o a morar fora das casas, mesmo que viesse a possuir alguma.
Ìfá foi criado para Dejugbû, no dia que ele quis curar seu braço ferido.
Disseram que para isso ele deveria oferecer dois pombos, folhas e algum dinheiro.
Moamos a folha ìtápará; misturemos com sopa e azeite.
Depois esfregaremos essa mistura em nosso corpo.
Dejugbû ouviu e fez o ëbö.
As folhas da cabaceira
187
Nós acordamos majestosamente, como a belíssima primavera;
Nós andamos majestosamente, como uma pessoa muito bem sucedida;
Nós acordamos e cobrimos nosso corpo com o glorioso tecido igbOsù.
Essa foi a mensagem de Ìfá para Asiyambi, filho de uma pessoa notadamente próspera;
Ele foi aconselhado a fazer ëbö, e o fez.
Quando a cabaceira acorda, espalha seus ramos pela lavoura;
Os presentes de hoje não se compararão aos presentes de amanhã;
Quando ewé gbOrò acorda, descansa suas folhas sobre a lavoura.
Que ewé elùùlù continue a cantar; e os bons presentes continuarão a entrar em minha casa.
188
Îrúnmìlà disse, “Saudações Ògún. Nada sei sobre Olófin ou sobre ti. Estou apenas de visita”.
Olófin viu toda a cena, e admirou o tato de Îrúnmìlà. Desde então Olófin o chama de Senhor do Mundo.
189
“Uma vez revelado, o segredo deixa de sê-lo”
“Rico agora, pobre daqui a pouco”
“Faça o bem sem olhar a quem”
190
Îrúnmìlà adquire o conhecimento sobre os dias da semana
Ire (as bênçãos) sai para passear pelo àiyé
Îrúnmìlà não recebe a gratidão das Divindades
O devoto muquirana de Ñàngó
Ìbejì ajuda Îrúnmìlà a acabar com uma seca
O incauto que morreu de hérnia eviscerada
Os Ajogún se apegam aos resmungões
Îrúnmìlà salva seu filho de Ìkú
Os três príncipes perdidos
Îrúnmìlà encontra uma mulher mal-educada
As bênçãos trazidas por Ìtá e Irelè
Îrúnmìlà e Èñù fazem as pazes.
O desentendimento entre Èñù e Îrúnmìlà
Oturupon otura
Òtúrúpîn Òtúrá
- Nascemos dias da semana; a noção de tempo; as dores de parto; os albinos; o uso de velas nos rituais.
- Aqui Ìfá aconselha o uso sábio do conceito de tempo para atingir objetivos (fazer a coisa certa na hora certa).
- Ìfá fala sobre pessoas perdidas (literalmente ou não).
- Fazer o bem sem olhar a quem pode atrair consideráveis bênçãos.
- Esse Odù ensina que matar para Ìkú não é uma questão pessoal.
191
- Os filhos correm perigo. Ìfá aconselha oferendas para que Ìkú não os leve.
- Nesse Odù a pessoa pode ficar rico num dia, morrer ou ficar pobre no outro.
- Ìfá fala que há uma seca na vida dessa pessoa, que só acabará com o culto a Òrìñà.
- Aqui a pessoa não gosta de gastar dinheiro com Îrìñà. Essa é a causa das dificuldades em sua vida.
- A ingratidão estará presente. Os esforços feitos não terão o devido reconhecimento.
- Ìfá diz que bênçãos e infortúnios estão no ar. É preciso ëbö para aproveitar as bênçãos, e evitar os infortúnios.
- Sob esse Odù pode-se consultar à noite.
- Crescimento através de doenças. O doente pensa que morrerá, mas apenas está crescendo espiritualmente.
- Ìfá fala sobre um comportamento pessimista, que só atrai negatividades. ëbö e mudança de atitude gerarão
bênçãos.
- Uma doença possibilitará conhecer as pessoas como elas realmente são.
- É preciso evitar carregar pesos.
- Brigas, intrigas ou agressões afastarão bênçãos.
- Añelú.
- Preocupações devido a situações que se prefere deixar em segredo. Uma vez revelado, o segredo deixa de sê-lo.
- É o momento de se colher o que plantou (de acordo com o ire ou ibi demonstrado por Ìfá).
- Odù de maldições. Ao amaldiçoar, se condena.
- A pessoa ouve ruídos no quintal de sua casa.
- Choro de falsidade.
- Essa pessoa pode vir a conhecer o mundo.
- Possibilidade de prisão.
- Ìfá fala sobre um inimigo que é mais ágil do que o consulente.
- Analfabetismo.
- Promoções. Ascensão profissional.
- Mantenha limpa a sua casa.
- O gênio da mulher pode trazer consideráveis problemas.
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Obras de Òtúrúpîn Òtúrá
Ìfá foi criado para Îrúnmìlà. no dia que ele pediu a Olódúmarè o poder sobre o Sol.
Com esse propósito ele ofereceu dezesseis ìgbín, dezesseis cabras e um bom dinheiro.
Olódúmarè aceitou o ëbö, mas não pode dar a Îrúnmìlà um poder que já cabia a Ölïrun.
Então Olódúmarè deu a Îrúnmìlà o conhecimento sobre os nomes dos dias da semana. Sim, pois conhecimento é poder.
Disseram que assim ele não oporia resistência às leis de Olódúmarè, mas agiria em harmonia com as mesmas.
Assim Îrúnmìlà obteve sabedoria para saber quais os melhores dias para resolver cada um de seus problemas.
193
Ìfá foi criado para Îrúnmìlà, no dia que ele quis se estabelecer numa mata, ao lado de uma cidade.
Disseram que para ter sucesso ali, ele deveria oferecer duas galinhas e manter sempre uma chama acesa em sua casa.
Ah! Îrúnmìlà só possuía duas galinhas, e estava se alimentando com os ovos que elas botavam. Mesmo assim ele as
oferece.
Quando ele ascendeu a lamparina em sua casa, essa foi a luz que três rapazes viram ao longe.
Sim, esses rapazes eram filhos de um rei, e estavam perdidos na mata.
Antes que a noite chegasse eles encontraram um Îrúnmìlà no meio da floresta, e contou a ele o ocorrido.
Îrúnmìlà os levou para sua cabana, os alimentou e permitiu que eles ali pernoitassem.
No outro dia ele os levou até a saída da mata e apontou o caminho para fora.
Isso tudo ele fez sem saber que aqueles rapazes eram príncipes. Quando eles chegaram em casa,
O rei perguntou-lhes sobre o acontecido, e os príncipes narraram a história do ancião.
O rei sentiu que deveria demonstrar sua gratidão, e determinou que seus homens encontrassem o ancião na floresta.
Quando os homens do rei o encontraram, o ancião era Îrúnmìlà. Sim, o rei o encheu de presentes e fez dele o awo de
seu reino.
Ìfá foi criado para uma pessoa, no dia que ela disse “Se é para viver assim, prefiro morrer”.
Ah! Ìkú se apegou a essa pessoa.
Ìfá foi criado para uma segunda pessoa, no dia que ela disse “Se é para viver assim, prefiro morrer”.
Ah! Àrun se apegou a essa pessoa.
Ìfá foi criado para uma terceira pessoa, no dia que ela disse “Se é para viver assim, prefiro morrer”.
Ah! Òfo se apegou a essa pessoa.
Ìfá aconselhou às três pessoas que fizessem ëbö e mudassem suas atitudes. Elas resolveram ouvir e seguir os conselhos.
Então aos poucos as coisas mudaram, e as três pessoas perceberam que bênçãos chegaram em suas vidas.
Òtúrúpîn e Òtúrá apareceram para um homem, cuja vida se caracterizava por resolver um problema e logo outro
aparecia.
Îrúnmìlà lhe disse, “Você é um homem de sorte, pois uma riqueza chegará a ti”;
Ele disse, “Mas junto com essa riqueza virá sofrimento. Faça ëbö para que apenas a bênção te acompanhe”.
Quando o homem chegou em casa, ficou pensando nas palavras de Îrúnmìlà.
Ele disse, “Se tenho tanta sorte, certamente não preciso fazer ëbö”. Com esse pensamento em mente ele não fez a
oferenda.
Depois de um tempo ele foi avisado que receberia uma grande riqueza.
O homem pegou uma cabaça para carregar suas riquezas, mas disseram que ali elas não caberiam.
Então ele improvisou um saco e foi buscar suas riquezas. Ah! O saco ficou cheio e extremamente pesado.
Com dificuldade o homem levou para casa suas riquezas. O que ele não sabia é que seu peritônio era frágil,
194
Que uma grande hérnia estava prestes a romper. Quando ele fez o esforço para carregar suas riquezas,
Sua parede abdominal rompeu; seu intestino eviscerou e ele morreu em dor e agonia.
Isso é quando Ìfá nos aconselha a fazer ëbö, para que possamos desfrutar de uma sorte que certamente virá.
Ìfá foi criado para Îrúnmìlà, no dia que Ìkú quis levar seu filho.
Ele foi instruído a fazer ëbö e preparou a oferenda conforme a orientação dos awo.
Quando Ìkú chegou, Îrúnmìlà finalmente lhe perguntou, “Por que queres causar-me tanta dor?”
Ìkú respondeu, “Tudo o que eu quero é comer”. Então Îrúnmìlà ofereceu o amplo ëbö a Ìkú,
Que partiu sem levar consigo o filho de Îrúnmìlà. Isso é quando Ìfá nos ensina que os negócios de Ìkú não são pessoais.
- Ìfá foi criado para Îrúnmìlà, no dia que ele participaria de um concílio de awo,
Cujo objetivo era descobrir o que fazer para acabar com a seca de uma determinada região.
Ìfá aconselhou Îrúnmìlà a fazer oferendas a Ìbejì e ser bondoso com as crianças. Îrúnmìlà ouviu e seguiu o conselho
de Ìfá.
Bem, quando o concílio começou, os awo não chegavam a uma conclusão sobre o problema.
Quando Îrúnmìlà estava chegando viu algumas crianças brincando à entrada do local onde o concílio estava
acontecendo.
Algumas crianças pediram dinheiro a Îrúnmìlà, e ele prontamente as atendeu.
Então Ìbejì apareceu e disse, “O concílio para onde estás indo”;
Ele disse, “Ninguém percebeu que o problema é o descontentamento de Òñàòlùfîn”,
Ele disse, “Enquanto não derem o que ele quer, enquanto não descobrirem a razão de seu descontentamento”;
Ele disse, “O problema da seca não se resolverá”.
Quando Îrúnmìlà adentrou ao concílio o convidaram a bater seus ìkìn.
Òtúrúpîn e Òtúrá foi o que ele viu. Então tudo o que Ìbejì lhe disseram à porta, Îrúnmìlà repetiu aos awo.
Eles propiciaram Òñàòlùfîn e em pouco tempo a chuva caiu. Kafere fun Ìbejì.
195
“Nenhum vento pode soprar poeira ao algo do Ìrókò; não há vento que possa cavar um buraco e enchê-lo com
folhas já caídas”;
Essa foi a mensagem de Ìfá para Îrúnmìlà, no dia que ele quis saber como as divindades o recompensariam,
Por todos os trabalhos e sacrifícios feitos por elas perante Olódúmarè.
Todas as divindades responderam que não havia nada a ser dado a ele;
E também disseram que elas recorreriam a ele para saber o que fazer para serem beneficiadas.
Sim. Essa é uma história triste. Ìfá diz que aqui há uma pessoa que já prestou grandes serviços a outrem,
Mas não receberá nada em troca. Talvez, quem sabe, algumas palavras de agradecimento.
Ire e Ibi (as bênçãos e os infortúnios) saem para passear pelo àiyé
Ìfá foi criado para Ire e Ibi (as bênçãos e os infortúnios), no dia que elas quiseram passear pelo mundo.
Sim; nesse mesmo dia Ìfá foi criado para Homem Sábio, e ele foi avisado sobre o passeio de Ire.
Que conselho os awo deram a Homem Sábio? Que fizesse ëbö, para que Ire não apenas passasse por sua vida,
Mas deixasse algum benefício firme e duradouro; para que o bem prevalecesse sobre o mal. Homem Sábio ouviu e fez
o ëbö.
Ìfá foi criado para Îrúnmìlà, no dia que ele saiu para divinar em terras distantes, para além das grandes colinas.
Quando Îrúnmìlà estava no meio do caminho, resolveu parar para descansar na casa de um pupilo.
Quando lá chegou, o mesmo não estava. Então Îrúnmìlà encontrou uma mulher cozinhando, e perguntou sobre seu
pupilo.
Arrogantemente a mulher disse, “Não está aqui. Se continuar andando talvez o encontre por aí”.
Îrúnmìlà não disse nada e partiu. Depois de um tempo encontrou seu pupilo que vinha a seu encontro.
O pupilo saudou-o afetivamente, e Îrúnmìlà perguntou, “Quem era a mulher que cozinhava em sua casa?”
O pupilo disse, “É minha esposa”. Então Îrúnmìlà disse, “Aconselho-te a fazer ëbö, pois em breve Ajogún visitará sua
casa”.
Sim, a mulher do pupilo atraiu para si uma maldição quando destratou Îrúnmìlà.
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O desentendimento entre Èñù e Îrúnmìlà
Quando Òtúrúpîn e Òtúrá se apresentam, Ìfá nos fala sobre Îrúnmìlà e Èñù,
Pois houve um tempo em que esses dois estavam brigados.
Devido a essa briga, todos saíam prejudicados, pois as questões litúrgicas estavam comprometidas.
Olódúmarè determinou que as coisas não continuariam assim.
Ambos foram chamados, a situação foi exposta e a harmonia foi estabelecida.
Ìfá foi criado para um filho de Ñàngó, no dia que as coisas estavam difíceis para ele.
Embora tivesse ainda alguns recursos, ele se negava a fazer o que era preciso para seu próprio bem.
Quando Ñàngó soube das dificuldades de seu filho, pediu para que Èñù o avisasse que seria preciso oferecer alguns
òrògbò.
Èñù deu o recado, e o homem respondeu, “Pergunte a Ñàngó de onde tirarei esses òrògbò”.
Èñù transmitiu o recado, e Ñàngó disse que agora seria preciso alguns galos.
Mais uma vez o homem disse que não poderia fazer o ëbö.
Então Ñàngó determinou que ele oferecesse um carneiro. O homem disse, “Se não posso oferecer um òrògbò ou um
galo”;
Ele disse, “Como oferecerei um carneiro”. Embora ainda lhe restasse alguma condição, ele negava-se a fazer ëbö.
Então Ñàngó cansou-se da situação e determinou que Èñù trouxesse seu devoto até ele. Èñù assim o fez.
Quando o devoto chegou a sua presença, Ñàngó o levou a um quarto onde havia muitas riquezas.
Ele disse, “Tudo isso seria seu se você tivesse me mandado o que eu pedi, para que eu pudesse fazer cerimônia a
Olófin”.
O devoto então disse, “Meu pai, farei tudo o que me mandar”.
Ñàngó disse, “O que os seus olhos viram, eu não posso mais te oferecer. Dar–te-ei o que está no quarto ao lado”.
O que havia no quarto ao lado? Pouco, se comparado com o primeiro quarto.
Essas foram as bênçãos que Ñàngó pode dar a seu devoto.
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198
“Por onde se sobe, também se desce”
“Não se deixa o certo pelo duvidoso”
“As ondas do mar limpam a praia”
“Se é para viver assim, melhor morrer”
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O lavrador “enrolado”
As ondas limpam a praia
As águas de Yemöja superam as águas de Îñun
Ìbejì termina com uma seca
Os filhos de Adèpîn adoecem
Oturupon irete
Òtúrúpîn Ìrëtû
200
- Oferendas a Ìbejì podem terminar com um período de “seca”.
- Consideráveis preocupações.
- A negligência espiritual trará doenças para essa família.
201
- Böri
- Se oferece morangas a Èñù
- Se dá de comer à porta e à esquina (para não ser desalojado de onde se vive)
O lavrador “enrolado”
Ìfá foi criado para o lavrador de morangas, no dia que ele estava preocupado com sua prosperidade.
Disseram-lhe que as coisas melhorariam se ele oferecesse um cabrito a Èñù.
O lavrador ouviu mas não fez o ëbö; não por que não desejasse, mas simplesmente por que era moroso para cumprir
com Òrìñà.
Bem, a casa desse lavrador tinha o telhado suspenso por um poste principal.
Certo dia esse poste ameaçou romper, e o lavrador em desespero ficou segurando-o.
Depois de um tempo Èñù apareceu e perguntou por seu cabrito que nunca chegava.
O lavrador respondeu que se Èñù o ajudasse naquela ocasião, receberia uma moranga como ëbö,
E que assim que sua lavoura fosse vendida, ele faria lhe faria oferendas. Èñù estava com fome e resolveu ajudar o
lavrador.
Èñù ficou segurando o mastro, enquanto o lavrador foi atrás da moranga prometida.
As morangas que ele estava plantando eram belíssimas, mas o lavrador não quis colher de sua lavoura para propiciar
Èñù.
Ele saiu pela vizinhança para buscar outra moranga a ser oferecida. Mas ele demorou, e demorou,
Até que Èñù cansou-se de esperar, largou o mastro que estava segurando e foi embora. A casa do lavrador caiu.
Isso é quando Ìfá nos aconselha a sermos rápidos para fazer o que precisa ser feito em nome de nossa própria felicidade.
Ìfá foi criado para Mar, no dia que havia muita sujeira em suas praias.
Ele foi aos awo; “O que eu posso fazer para que esse me livrar desse incômodo”.
O aconselharam a fazer ëbö. “Que ëbö devo oferecer?”.
Instruíram-no a propiciar o Vento e a Lua. Mar ouviu e fez o ëbö.
Depois de um tempo o Vento e a Lua começara a agir em harmonia, fazendo a superfície de Mar se agitar.
As ondas então surgiram e iam até a praia. Lá as ondas continuavam a agir e traziam para dentro as sujeiras da praia.
Depois de um tempo a imensidão de Mar engolia tudo. Mar dançava e regozijava.
202
As águas de Yemöja superam as águas de Îñun
Ìfá foi criado para Yemöja, no dia que ela disputou um oyè com Îñun.
Sim, havia um oyè a ser conquistado. Yemöja o queria; Îñun também o queria.
Dessas duas, foi Yemöja que recorreu a Ìfá. Aconselharam-na a fazer ëbö, e Yemöja assim o fez.
Depois de um tempo as pessoas diziam; “Vejam como são importantes as águas de Îñun!”
Outras pessoas respondiam, “Vejam como são vastas as águas de Yemöja!”
Quando o rio chega ao mar, é engolido! Yemöja dançava e regozija, pois conquistou o oyè que tanto queria.
Quando Òtúrúpîn e Ìrëtû se apresentam, Ìfá nos aconselha fazer oferendas a Ìbejì . Você vê o porquê disso?
Bem, houve uma grande seca, que levou as pessoas ao desespero. Mas Ìbejì só ficava brincando no quintal.
As pessoas diziam, “Ah! O àiyé está secando, e esses dois ficam brincando o tempo todo?”
Ìbejì cavava o solo com uma cuia. Depois de um tempo, a água minou! Todos encheram seus potes e agradeceram a
Ìbejì .
Isso é quando Ìfá nos aconselha fazer ëbö para que nosso valor seja reconhecido.
Esse Odù apareceu para a mãe de Adèpîn, no dia que ela estava preocupada com seus filhos.
Uma galinha preta, um galo preto e algumas folhas. Esse foi o ëbö negligenciado.
Então as crianças adoeceram.
203
“Sempre que chove, as coisas melhoraram”
204
Pimenteira nega-se a fazer ëbö
Olófin faz uma “vaquinha” para Îrúnmìlà
Um pólen quase gera uma guerra
A curiosidade de Öya custou-lhe o casamento
Oturupon ose
Òtúrúpîn Îñý
205
- Há um projeto que não deve ser realizado agora.
- Há um desejo de vingança.
- Ìbáwijï (provavelmente devido a documentos).
- Houve erros cometidos com pessoas mais velhas.
- Não amaldiçoe.
- A pessoa come algo que lhe faz mal. Doenças gastrintestinais.
- Autoridade excessiva afasta os filhos.
- Uma mulher grávida deve fazer ëbö por sua gravidez.
- O dinheiro lhe persegue, mas é preciso limpar-se de negatividades para que ele chegue.
- Cuidado com um roubo.
- Siga o conselho dado por sua mãe ou algum mais velho.
- Não atropele sua sorte.
- Um filho pode passar um grande perigo.
- Sonhos “estranhos”. Trata-se de um Ancestral que precisa de cuidados.
- Há dívidas com Îñun, Èñù e Îrúnmìlà.
- Cuidado para que não lhe roubem a sorte.
206
- Paraldo com guiné jovem (provavelmente Ògún receberá a oferenda).
- Oferendas a Olófin para reorganização financeira. Se lava a frente da casa com água de Olófin, ûfun e orì.
- Se oferece dois galos brancos a Ñàngó no primeiro dia de primavera (ire gbogbo).
- Se faz ëbö com um machado ou cutelo que tenha em casa (para acabar com o desejo de vingança).
Ìfá foi criado para o povo de Ìjeñà, no dia que eles estavam em guerra com a terra Mejìogbè.
O povo de Ìjeñà acusava seus vizinhos de contaminarem suas águas com pós de feitiço.
O povo de Mejìogbè negava tal acusação.
Então finalmente uma pessoa de Ìjeñà resolveu consultar Ìfá,
E Îrúnmìlà disse que tudo era um mal-entendido;
Pois a causa da contaminação das águas era o pólen de uma determinada planta,
Que nascia nos campos de Mejìogbè.
Eles foram instruídos a fazer ëbö e arrancar as plantas que soltavam o pólen venenoso.
Eles assim procederam e a paz se instalou entre os povos Ìjeñà e Mejìogbè.
207
Olófin faz uma “vaquinha” para Îrúnmìlà
Ìfá nos fala aqui de quando Îrúnmìlà, por ser exageradamente generoso,
Deparou-se com grandes dificuldades financeiras.
Preocupado com essa situação, Olófin determinou que os Ìrúnmîlû deveriam se apresentar para uma reunião.
Assim que os Ìrúnmîlû chegaram à casa de Olófin, começou a chover copiosamente.
A chuva continuou por vários dias, impedindo a partida dos Ìrúnmîlû.
Preocupados com a situação eles recorreram a Olófin.
Baba disse, “Se querem que a chuva parem, ofereçam algum dinheiro e coloquem nessa urna”.
Um a um os Ìrúnmîlû foram pondo doações na urna, até que uma quantia considerável foi arrecadada.
Imediatamente o tempo limpou, o sol saiu e eles puderam partir.
Quando Îrúnmìlà já estava saindo, Olófin o chamou e disse,
“Esse dinheiro é para você, mas agora use-o com sabedoria”.
A partir de então Îrúnmìlà soube usar melhor o seu dinheiro.
Esse Odù apareceu para “Pequena Árvore”, no dia que ela deu à luz um bebê.
Os awo disseram que mãe e filho seriam pobres, e se eles não quisessem viver assim,
Deveriam oferecer seis pombos, seis galinhas, folhas e algum dinheiro.
Árvore Pequena é o nome que damos à Pimenteira. Ela negou-se a fazer ëbö e seus filhos lhe foram arrancados.
Quando Òtúrúpîn e Îñý se apresentam, Ìfá nos fala sobre Ògún e de sua chegada a Ire.
208
Sim. Ògún estava ausente há um bom tempo, e quando chegou em Ire pediu água e bebida às pessoas.
Ninguém falava com ele. Ògún continuou pedindo, e as pessoas pareciam não ouvir.
Ah! Ògún enfureceu-se. Ele pegou sua espada e matou todos que viu pela frente.
Então chegou Onire, o filho de Ògún. Ele viu os corpos espalhados pelo chão e apavorou-se.
Ele disse, “Baba, o que fizeste”. Ògún disse, “Esse povo me afrontou com seu silêncio”.
Onire disse, “Eles não podiam. Estavam em preceito de silêncio”.
Essa revelação deixou Ògún profundamente consternado,
A ponto de ele achar que já tinha vivido demais; que já era hora de retornar ai îrun.
Então Ògún pegou sua espada, bateu com ela no chão e aos poucos foi adentrando à terra.
Ògún voltou ao îrun; Ògún tornou-se Òrìñà.
209
“Ìkú não reconhece oyè”
“Se não chover hoje, choverá amanhã”
“Aprendiz de tudo; mestre de nada”
“O sorriso da viúva é sempre forçado”
“Os filhos deveriam seguir os conselhos dos pais”
“És tão cortante, que cortas a ti mesmo”
210
Aranha, devota de Òrìñà
Òtúrúpîn òfún é proteção contra pestilências
As oferendas de Irò não eram aceitas
Búfala roga por proteção a seus filhos
A generosidade da árvore Òsan
Marceneiro cortou o próprio nariz
Epè perde a voz após um trauma
O terreno “bichado” de Îrúnmìlà
Roupas sujas são ewî para Erinlû
Os hóspedes trazem prosperidade a Senhorio
A guerra entre Îsànyìn e Ömölu
O descendente sonha com seus Ancestrais
Òtúrúpîn Òfún salva a filha do rei
Machado roga para ser amaldiçoado
Öya amaldiçoa a planta salta perico
Os inquilinos de Yemöja
O homem que pensava em se suicidar
Oturupon ofun
Òtúrúpîn òfún
a) Nasce o fio do machado; a guerra bacteriológica; o círculo; a majestade de Ìkú; o atrito entre médicos e sacerdotes;
as doenças geradas por insetos; a supremacia da doença sobre a saúde; as queimadas para fins de agricultura; a
aversão de Erinlû por roupas sujas; a afasia pós-traumática.
b) Kafere fun Erinlû, Îsànyìn, Ömölu, Olófin, Ñàngó, Yemöja, Ògún, Olïrun,
c) Ìfá diz que harmonia e boa saúde nos conduzirão a realização de milagres. Esse Odù fala que as necessidades básicas
nos serão providas.
d) Ìfá avisa que desarmonia e doenças nos conduzirão a desequilíbrios generalizados. Esse Odù fala sobre as
conseqüências negativas da tristeza excessiva.
Comportamento
a) Ìfá nos ensina que o àñë desse Odù está relacionado à brancura. Esse fato evidencia a força e importância que dos
Òrìñà Funfun. Atitudes devocionais a essas atividades certamente atrairão as bênçãos inerentes a esse Odù.
211
b) Ìfá revela que a espiritualidade da pessoa para quem esse Odù se apresenta está associada a Òrìñà. As características
dessa informação evidenciam que trata-se de alguém com espiritualidade para missão espiritual ou para exercer uma
função importante e específica no mundo de Òrìñà. Ìfá fala sobre proteção que vem das Divindades, além de àñë para
realizar obras importantes de forma mágica ou misteriosa. O importante é salientar que a sincera devoção a Òrìñà
atrairá as bênçãos inerentes a esse Odù, assim como nos dará força para vencer as dificuldades do mesmo.
c) Ìfá nos avisa que chegará o momento de nossa vida em que teremos que optar por um caminho ruim e outro
consideravelmente pior. A opção pelo primeiro caminho nos conduzirá a um caminho de trabalho, sofrimentos e
ingratidão, além da possibilidade de sermos usados pelas pessoas à exaustão. Se optarmos pelo outro caminho, não
nos depararemos com tamanhos sofrimentos, mas o sentido de nossa existência não estará presente, e mesmo sem
sofrer consideravelmente não seremos pessoas felizes. Ìfá também nos avisa que no segundo caminho nos depararemos
com doenças incapacitantes, que impedirão o correto cumprimento de nossas responsabilidades profissionais. É por isso
que nesse Odù a pessoa opta pelo caminho mais dolorido, que a princípio enche sua vida de tormentos diversos, mas
por fim oferece um sentido à existência e uma sensação de dever cumprido. Optar pelo caminho menos sofrido talvez
nos conduza a uma vida mais tranqüila, mas certamente o crescimento espiritual e o cumprimento do destino pessoal
estarão definitivamente comprometidos. Quando essa situação não é bem compreendida, a pessoa acaba assumindo
um comportamento pessimista e passa a se ver como uma vítima constante, o que em nada favorecerá sua felicidade
no àiyé. Desenvolver o hábito de pensar positivamente constitui sem dúvida o grande desafio desse Odù, pois as
situações que a vida imporá nos impelirá ao contrário.
d) Em Òtúrúpîn òfún, Ìkú é considerado um importante instrutor, pois ensina que tudo morre, independente da origem
que teve ou da vida que levou. Ìkú aqui põe todos os seres no mesmo patamar, e esse fato quando bem compreendido
despertará a consciência da efemeridade dos fenômenos físicos, mentais e psicológicos, além de uma óbvia
compreensão sobre o significado da humildade. Em termos gerais, Ìfá ensina aqui que Ìkú tem sua majestade.
e) É nos caminhos de Òtúrúpîn òfún que recebemos de Ìfá o ensinamento de que aqueles que vivem em abundância
devem ser generosos com os que não vivem. Esse Odù afirma a ligação entre o dar e receber, entre o desfrutar e o
favorecer o desfrute alheio. Ìfá nos diz que enquanto formos generosos com todos que nos cercam, não nos faltará
recursos materiais para continuarmos com tal generosidade. A correta compreensão dessa lei espiritual favorecerá para
que não passemos por privações materiais desnecessárias enquanto estivermos no àiyé.
f) A ancestralidade é sem dúvida um fator de destaque em Òtúrúpîn òfún. Ìfá revela que a pessoa esse Odù se apresenta
tem como missão a continuidade de uma obra iniciada no passado por um Ancestral, que por vários motivos não pode
completá-la. Oferendas que visem estreitar os laços entre descendência e ancestralidade certamente favorecerão para
que recebamos de nossos Ancestrais todo apoio necessário para a realização da missão que deve ser cumprida.
g) O uso de roupas sujas constitui ewî nesse Odù. De uma maneira ou de outra, a inobservância dessa orientação nos
trará dissabores e perdas de oportunidades.
l) Òtúrúpîn òfún fala sobre a falta de energia para lidar com situações de coação ou chantagem. Quer seja por medo,
por culpa ou qualquer outro sentimento, nos sujeitamos a situações de sofrimento e estresse, e isso acabará tornando
nossa vida muito mais difícil do que deveria ser. Ìfá nos aconselha a propiciarmos Orí e Ûlûdà para que encontremos
212
meios de romper com um comportamento pusilânime que nos causa considerável sofrimento. Ìfá também nos aconselha
a pararmos de prestar auxílio ou fazer favores a pessoas ingratas, até que nosso valor seja finalmente reconhecido.
m) Ìfá nos avisa que chegará o dia em que nos depararemos com uma verdade estarrecedora, que chocará nossas
bases e redirecionará nossa vida. Resistir ao impacto dessa verdade não nos trará nenhum benefício. De uma maneira
ou de outra, essa mesma verdade mudará o pensamento que temos a nosso próprio respeito e derrubará por terra
alguns aspectos de nossa vaidade.
n) Òtúrúpîn òfún é o Odù que desmascara a injustiça social, pois revela que os ricos dependem dos pobres para manter
seu poder. É possível que o afilhado desse Odù seja tanto o rico que oprime e explora, como o pobre que é oprimido e
explorado.
a) Ìfá nos avisa que no caminho desse Odù a prosperidade se manifesta de forma lenta, mas constante. Se seguirmos
suas orientações, Ìfá afirma que poderemos perceber como a cada dia nossa situação melhorará, até que a prosperidade
se transforme numa realidade óbvia de nossa existência. Não devemos ter pressa para prosperar nem nos abater
perante as negatividades que certaremos encontrarmos. Fé em Olódúmarè e naqueles que em Seu nome agem, além
da realização das oferendas prescritas; esse é o caminho que inexoravelmente nos conduzirá à vitória e consequente
felicidade.
b) Como já foi visto, ciências médicas constituem a melhor opção profissional para os afilhados desse Odù. Ìfá nos avisa
que nesse caminho encontraremos boas opções de desenvolvimento e crescimento profissional. Mas Ìfá também nos
fala sobre conflitos ou inimigos que infelizmente estarão presentes em nosso caminho. Ele diz que a melhor opção seria
uma associação harmoniosa, mas que serão pequenas as chances de conseguirmos tal sorte. Infelizmente será prudente
esperar pela ação consideravelmente injusta e maldosa por parte de inimigos que conheceremos nos caminhos
profissionais de nossa existência.
c) Esse Odù tem a virtude de transformar prejuízos em futuros lucros, mas antes teremos que fazer as oferendas
necessárias e duplicar nossa força de trabalho. Será uma completa estupidez interpretar essa característica de Òtúrúpîn
òfún como uma licença para agir sem a prudência necessária em questões envolvendo dinheiro. Ìfá ensina que melhor
que fazer ëbö para proteção, é ter um exército para nos proteger. Ou seja, melhor que precisar da virtude desse Odù
para transformar prejuízos em lucros é não entrar em situações fadadas ao insucesso.
d) Alguns ìtan de Òtúrúpîn òfún sugerem que possuir imóveis para alugar é um caminho abençoado para a prosperidade.
No entanto Ìfá aconselha a realização de oferendas específicas, para que os futuros inquilinos sejam pessoas que tragam
positividades à nossa vida. Sem tais cuidados, nos abrimos aos aspectos negativos desse Odù, o que especificamente
nesse caso poderá ser a presença de inquilinos ruins ou mau pagadores. De uma forma ou de outra, a aquisição de
imóveis é um caminho sugerido por Ìfá aos afilhados desse Odù.
213
e) Ìfá nos avisa que muitas pessoas “entrarão” em nossas vidas. A maneira de isso ocorrer poderá variar de caso para
caso, mas é importante salientar que Ìfá nos orienta a fazermos oferendas específicas sempre que nossos caminhos se
cruzarem com pessoas de considerável relevância. A finalidade de tais oferendas é favorecer o relacionamento com as
pessoas em questão, para que o mesmo seja benéfico e profícuo para todas as pessoas envolvidas. Em nenhum
momento há alguma citação sobre a natureza sentimental de tais relacionamentos, e graças a esse fato seria prudente
considerar essas orientações para qualquer relacionamento que se caracterize pela idéia do “novo”.
f) A manifestação desse Odù pode ser entendida como um aviso de que sonhos premonitórios se manifestarão. Através
desses sonhos receberemos orientações específicas, principalmente no que diz respeito aos aspectos financeiros de
nossa vida. Ìfá nos aconselha a seguirmos a risca tais orientações e não esquecermos de Èñù em nenhum momento,
pois ele certamente estará associado às soluções de nossos problemas. Desde já Ìfá avisa que negligenciar Èñù e não
cumprir pactos pré estabelecidos atrairá consideráveis e desnecessários sofrimentos.
g) Felizmente Ìfá nos avisa que chegará o dia em que tudo estará em ordem em nossa vida; mas em nós a tendência
de deixarmos de nos esforçar quando tal dia chegar. Uma das características desse perigoso relaxamento será a
inobservâncias das oferendas prescritas. Aqui é importante fazer todo o ëbö que for necessário para atingir nossos
objetivos e organizar nossos caminhos; mas após a manifestação de tal organização devemos continuar a fazer as
oferendas prescritas, para que a estabilidade se torne uma das características de nossa existência. Ìfá também nos
avisa que quando nossa vida finalmente se equilibrar, aí começarão nossas grandes responsabilidades.
Negatividades, conflitos e perigos
a) Ìfá nos avisa que não passaremos por esse mundo sem conhecer dificuldades materiais e todo desespero que as
acompanha. Enfrentaremos situações de considerável escassez de recursos e infelizmente o desespero poderá se
apossar de nossa mente. Nesse estado estaremos abertos a todo tipo de negatividades, inclusive a pensamentos
suicidas. Ìfá nos aconselha a fazer ëbö com os instrumentos que poderíamos usar para atentar contra a própria vida,
além do pouquíssimo dinheiro que na ocasião tivermos. Ele insiste que se assim agirmos veremos nossa situação
melhorar gradativamente, até que finalmente nos estabeleçamos na realidade próspera que é inerente à nossa
realidade. Todo o sofrimento que experimentarmos nessas ocasiões hão de nos preparar para o crescimento espiritual
que esse Odù sugere, e certamente chegará o dia em que olharemos para trás e veremos como estivermos perto de
por tudo a perder devido a momentos de considerável desespero.
b) Uma das características de Òtúrúpîn òfún é a possibilidade de não vermos nossas oferendas surtirem o efeito
desejado. A razão desse considerável problema não está totalmente clara nos ìtan, mas é possível perceber que a
ritualística das oferendas deve ser observada com rigor, sob pena de termos nossas intenções frustradas. Por isso é
imprescindível um profundo conhecimento ritual para realizar as obras e oferendas inerentes a esse Odù. Ìfá ensina que
Olïrun, Orí e Îrúnmìlà são os fatores que mais positivamente podem influenciar o afilhado desse Odù. Como último
detalhe, Ìfá nos revela a importância de efetuar rituais durante o dia quando esse Odù se manifesta, além do constante
uso de banhos purificatórios.
c) Nesse Odù nascem as diferenças de opiniões entre médicos e sacerdotes. É muito provável que o afilhado desse Odù
tenha sua vida ligada a um desses fatores; mas o importante aqui é salientar que nos depararemos com críticas às
nossas atividades, sejam elas místicas ou científicas. Ìfá nos ensina que se formos devotados às nossas práticas e
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sempre procurarmos maneiras de realizá-la da melhor maneira possível, não só minimizaremos tais críticas como no
futuro conquistaremos o respeito daqueles que a princípio nos criticavam. Ìfá também nos ensina que esse Odù fala
sobre atritos entre poderes estabelecidos.
d) Como já foi visto, uma parte considerável dos inimigos que possamos ter estará relacionada aos aspectos profissionais
de nossa vida. Aqui sociedades se rompem ou nem chegam a nascer devido a ganância de uma das partes. Aqui também
os inimigos fazem o que estiver em seu alcance para eliminar possíveis concorrentes. Ìfá nos avisa que todo cuidado
será pouco, pois nosso crescimento profissional não será interessante para alguns e não faltará quem deliberadamente
tente nos prejudicar.
e) Ìfá nos fala aqui sobre consideráveis prejuízos que possamos sofrer por fazer negócios sem consultá-lo previamente.
Ele diz que nos depararemos com “negócios da China”, mas que escondem consideráveis sofrimentos em suas
entranhas. Se infelizmente já tivermos cometido a insensatez de fazer negócios sem consultas prévias, Ìfá nos aconselha
a realizarmos as oferendas por ele indicadas para minimizarmos prejuízos ou até mesmo convertê-los em futuros lucros.
Esse Odù também fala sobre as inimizades que nascem devido negócios malsucedidos.
f) Òtúrúpîn òfún é caracterizado pelos maus presságios a respeito de filhos. Ìfá avisa à pessoa para quem esse Odù se
manifesta que seus filhos representarão constante aflição em sua vida; quer seja pelos caminhos que optarem ou pelo
fato de sempre estarem abertos a consideráveis perigos. Oferendas a Îrúnmìlà e Òrìñà ìdìlé hão de gerar proteção a
nossos filhos, e se Olódúmarè assim permitir, até mesmo um reencaminhamento na vida, caso os mesmos tenham
seguidos caminhos estranhos ao seu próprio destino.
g) Ìfá nos fala aqui sobre toda a angústia e sofrimentos que experimentaremos por não conseguirmos receber um
dinheiro que nos é justo. Esse Odù aborda tal situação, e ainda afirma que o desespero pode chegar a ponto de nos
desequilibrar, fazendo-nos questionar nossa fé ou até mesmo o sentido da existência. Ìfá afirma que tais sofrimentos
oferecerão uma oportunidade única de desenvolvimento da fé no poder das Divindades, por isso não devemos permitir
que os mesmos nos derrotem. Oferendas a Orí nos ajudarão a afastar de nossas mentes pensamentos desprovidos de
sabedoria, como tendências depressivas ou suicidas. Oferendas e magias realizadas nos caminhos de Yemöja hão de
nos ajudar a receber o dinheiro que é nosso por direito. Uma particularidade do Odù é a dificuldade de um locador
receber de seu locatário, embora outras formas de calotes não devam ser desconsideradas.
h) Quando esse Odù se manifesta em ibi, Ìfá diz que saímos de casa e a deixamos de um jeito, e quanto voltamos
encontramos bagunça e desorganização. O fato a ser destacado é que para reorganizar nosso ambiente familiar nos
envolveremos com situações que para nós representam verdadeiro tabu, o que nos deixará consideravelmente
desconfortáveis. Ìfá nos aconselha a realizar periódicas oferendas, para que nossa vida familiar e doméstica não seja
caracterizada por desorganização, estresse e sofrimento.
i) Nesse Odù nasce a afasia pós-traumática. Ìfá nos avisa que infelizmente notícias consideravelmente ruins chegarão
até nós, e a afasia se manifestará. Ele prescreve uma série de rituais caso esse mal persista e não passe após a absorção
do impacto inicial, mas talvez o mais importante aqui seja a realização de oferendas e a observância de um
comportamento devocional, a fim de evitar que as circunstâncias que desencadeariam a afasia possam acontecer.
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j) Um dos rituais sugeridos quando Òtúrúpîn òfún se manifesta em ibi é o òkúnbö. Esse ritual é realizado nas águas do
mar e tem por principal objetivo nos purificar de eventuais maldições que possam ter nos rogado. Esse fato infelizmente
sugere que o afilhado desse Odù precisará de tal ritual, pois em algum momento fibú (a maldição) estará presente em
sua vida.
l) A maledicência é um dos principais fatores de sofrimento nesse Odù. Aqui alguém perderá seu bom nome e
credibilidade devido a esse horrendo defeito. As técnicas oraculares revelarão se essa característica de caráter é algo
inerente ao consulente, ou se o mesmo será vitimado por tão covarde atitude.
m) Esse Odù narra a ocasião em que o caminho para a casa de Erinlû ficou tomado pela mata nativa, o que o impedia
de retornar para casa. Trata-se entre outras coisas a uma alusão a caminhos fechados. Ìfá nos aconselha a realizar
todas as oferendas e cerimônias que forem necessárias para que os caminhos de oportunidade não se fechem para nós.
n) Situações inusitadas e negativas se manifestarão em nossa vida profissional. Ìfá nos aconselha a realizarmos as
oferendas necessárias, a fim de evitarmos tal situação e minimizar os efeitos da mesma. Entre todas as possibilidades
de acontecimentos inusitados, acidentes de trabalho merecem destaque.
o) Òtúrúpîn òfún é um Odù de atentados. Devemos rapidamente realizar as oferendas prescritas e seguir os conselhos
de Ìfá, para que não estejamos no lugar errado na hora errada.
p) A manifestação desse Odù em ibi infelizmente aponta para injustiças que podem se manifestar das mais diversas
maneiras, inclusive questões jurídicas. Felizmente Ìfá avisa que Ñàngó está ciente de nosso sofrimento e tomará nossas
dores. Seguir os conselhos de Ìfá e realizar as oferendas necessárias atrairá a justiça reparadora desse Òrìñà.
Relacionamentos
a) Como já foi visto, Òtúrúpîn òfún é um Odù onde a pessoa impõe a si mesmo sofrimentos desnecessários ( ìtan do
machado que pediu para ser amaldiçoado). Esse comportamento acabará por atingir os aspectos sentimentais de nossa
vida, levando-nos a não prestar atenção aos mesmos e colocá-los no final de nossa lista de prioridades.
b) Apesar da observação já feita a respeito de relacionamentos, é importante salientar que Ìfá aconselha o casamento
quando esse Odù se manifesta. Isso significa que os aspectos negativos desse Odù seriam minimizados se pudéssemos
contar com a presença de uma companhia em nossa vida. O importante é ter em mente que a solidão não deveria
caracterizar a vida do afilhado desse Odù.
c) Como já foi visto, esse Odù fala sobre consideráveis preocupações que só são resolvidas após exaustivos esforços.
Essa situação favorece a manifestação de insônia. Oferendas a Orí, Yemöja, Îrúnmìlà e Ûlûdà constituem tratamento
para essa situação.
216
Saúde e bem estar
a) Esse é um Odù que exige constantes cuidados em relação a saúde, principalmente no que diz respeito aos perigos
de infecções, infestações ou pestilências em geral. Oferendas às Divindades da medicina atrairão proteção e saúde. Ìfá
também nos aconselha a instalarmos um pèpéle. A extrema proximidade de um Òrìñà específico há de gerar a proteção
necessária contras os consideráveis perigos de Òtúrúpîn òfún.
b) Ìfá nos avisa que doenças estarão nos caminhos de nossos filhos ou crianças que nos sejam próximas. As
características de tais doenças evidenciarão que as mesmas possuirão cunho espiritual, portanto não será apenas
através da medicina convencional que tais doenças deverão ser tratadas. É preciso lembrar que uma das virtudes de
Òtúrúpîn òfún é a salvação dos doentes desenganados pela medicina.
c) Através desse Odù recebemos de Ìfá a orientação de que a capacidade da natureza de gerar doenças é maior do que
a do homem de curá-las. Por isso todo o cuidado será pouco no que diz respeito a nossa saúde. Será prudente evitar
situações potencialmente perigosas, sempre que for possível evitá-las.
d) Ìfá nos aconselha a seguirmos os conselhos da medicina moderna e também cultuar os Òrìñà relacionados a saúde.
Tudo isso nós observaremos para evitar, tratar ou curar males relacionados ao ciclo menstrual. Oferendas e um culto
organizado a Îñun certamente aumentarão as chances positivas de qualquer tratamento.
Sempre encontremos que nos inspire ou ajude a encontrar saída ou esperança para nossas dificuldades;
Possamos proteger nossos filhos de doenças e perigos;
Tenhamos sempre condições de ser generosos com aqueles que nos cercam;
Não passemos por desnecessárias dificuldades materiais enquanto estivermos no àiyé;
As pessoas que venhamos a encontrar em nossa vida representem positividades e bênçãos;
Nossa vida doméstica e familiar não seja caracterizada por bagunça, desorganização, estresse e sofrimento;
Surpresas desagradáveis não atrapalhem nosso crescimento profissional;
Escapemos ilesos de situações que se encaixem no termo “atentado”;
Possamos tratar e curar casos de insônia gerados por consideráveis preocupações.
2) Oferendas às divindades da medicina e aos Òrìñà funfun atrairão a proteção desse Odù, especialmente no que diz
respeito a questões de saúde.
3) Um carrego será montado com objetos perigosos de casa (facas, cordas, etc.). A finalidade desse ëbö é desmotivar
alguém que está pensando em suicídio.
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4) Ìfá ensina que as oferendas desse Odù devem contar com a presença e a bênção de Olïrun; por isso devem ser
realizadas durante o dia.
5) Îrúnmìlà receberá constantes oferendas de obì para nos ajudar a adquirir as bênçãos necessárias para nossa
felicidade.
6) Oferendas a Olófin nos inspirarão a encontrar soluções para nossos complexos problemas.
8) Ìfá avisa que as crianças devem ser iniciadas para evitar ou curar doenças consideravelmente perigosas.
9) Oferendas realizadas às Divindades da cura manterão nosso àñë e nos darão condições de ajudar pessoas doentes
que de uma forma ou de outra entrarão em nossa vida.
10) O àñë de Ìkú é muito ativo em Òtúrúpîn òfún; por isso devemos fazer todas as oferendas e rituais sugeridos por
Ìfá conseguirmos saúde e vida longa. Oferendas a Orí, Ûlûdà, Îsànyìn, Ömölu, Erinlû, Egún e Ìyàmi devem ser
consideradas.
11) Os Ancestrais receberão oferendas (tal qual expostas no ìtan) para nos auxiliar no cumprimento de uma importante
obra que caracteriza nossa missão no àiyé.
12) Îrúnmìlà e Òrìñà ìdìlé receberão oferendas para protegerem nossos filhos dos perigos do àiyé, e também para
reencaminhá-los, casos os mesmos tenham se afastado de seus caminhos originais.
13) Oferendas a Orí nos ajudarão a passar pelo sofrimento gerado por calotes.
14) Oferendas e magias realizadas nos caminhos de Yemöja nos ajudarão a receber o dinheiro que nos devem.
Colocaremos ao lado do assento de Yemöja uma cabaça com água do mar e aro. Nessa cabaça faremos as oferendas
que Ìfá indicar, para que finalmente possamos receber de quem nos deve.
15) Oferendas e rituais serão direcionados aos Ancestrais, a fim de tratar a afasia pós-traumática ou evitar as
circunstâncias que desencadeariam esse mal.
17) Com os ossos de uma guiné oferecida a Öya, se prepara um inñý contra maldições.
18) O ritual de òkúnbö deverá ser realizado para nos livrar de maldições.
19) Ògún e Erinlû receberão oferendas para abrir nossos caminhos e gerarem novas oportunidades.
218
20) O assento de Ñàngó será posto no quintal e ali receberá oferendas durante quatro dias consecutivos. Isso será feito
para que ele interceda em nosso favor numa situação de considerável injustiça.
21) Uma das obras desse Odù constitui em sempre deixar dinheiro corrente nos assentos de Òrìñà. Esse ato será seguido
por àdìmù e mentalizações que visem favorecer os aspectos financeiros de nossa vida.
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Òtúrúpîn òfún é proteção contra pestilências
Ìfá foi criado para certo homem, no dia Ofò se estabeleceu em sua vida,
E ele não possuía mais do que três búzios.
Tamanho era seu desespero, que o homem começou a pensar em suicídio.
Mas sua mulher conseguiu convencê-lo a consultar Îrúnmìlà, e o homem assim o fez.
Ele foi instruído a fazer ëbö com a navalha e a corda que possuía em casa; e com seus últimos três búzios.
Îrúnmìlà disse que ele deveria voltar em três dias. Ao terceiro dia ele voltou, e já possuía cinco búzios.
Îrúnmìlà aconselhou-o fazer ëbö e voltar em três dias. Quando o homem voltou, já possuía sete búzios.
Isso foi se repetindo, e repetindo; até que a prosperidade enfim se estabeleceu naquela vida.
Quando Îrúnmìlà voltou a encontrá-lo, perguntou se ainda queria sua navalha e a corda. O homem recusou a oferta.
221
As oferendas de Irò não eram aceitas
Ìfá foi criado para Machado, no dia que ele desejou ser amaldiçoado.
Como isso seria possível, “Foi o que perguntou um surpreso Olófin”.
Bem, naquele tempo Ògún ainda não havia criado o fio do Machado.
Para derrubar uma árvore ele usava a primeira ferramenta que encontrasse; e ao final a mesma ficava imprestável.
Quando Machado soube que Ògún queria usá-lo, ele foi até a Olófin e pediu,
“Amaldiçoe-me a ser constantemente usado, sem receber nenhuma gratificação”.
Isso ele pediu para que não ficasse imprestável como as demais ferramentas que Ògún usava.
Tanto pediu que Olófin inspirou Ògún a amolar sua extremidade antes de usá-lo; e Ògún assim o fez.
Quando ele usou Machado para derrubar uma árvore, Machado sobreviveu à provação.
Ògún estava feliz, mas também exausto. Em seu cansaço ele se curvou perante Machado.
Sim, até hoje as pessoas se curvam quando acabam de usar um machado.
222
Òtúrúpîn Òfún salva a filha do rei
Ìfá foi criado para um rei, no dia que uma de suas filhas caiu doente.
Esse rei tentou de tudo; fez o que podia para que sua filha se recuperasse, mas nada deu resultado.
Foi então que ele soube que um novo awo estava na cidade; tratava-se de Òtúrúpîn Òfún.
Ele criou Ìfá para a princesa, e apesar da incredulidade dos médicos do rei e dos sacerdotes, a menina se curou.
O rei dançava e regozijava. Louvava o awo, que louvava Ìfá. O rei fez de Òtúrúpîn Òfún o awo oficial de seu reino.
A majestade de Ìkú
Quando Òtúrúpîn e Òfún se apresentam, Ìfá nos fala sobre Îsànyìn e Ömölu.
Certa vez Îsànyìn sugeriu a Ömölu que ambos criassem uma espécie de estufa para cultivar plantas medicinais.
223
Na verdade Îsànyìn visava o grande número de clientes que Ömölu já possuía.
Ömölu disse que só aceitaria se continuasse com a supremacia sobre seus clientes.
Îsànyìn não aceitou e o negócio não vingou.
Mas eis que Îsànyìn não se deu por vencido. Ele começou a mandar feitiços para Ömölu,
A fim de, tirando-o do caminho, ficar com a clientela do mesmo. Ah! Olu Popo contra-atacou.
Ele enviou seus insetos para a terra de Îsànyìn. Enquanto não choveu não houve problemas,
Mas assim que a chuva caiu e as poças se formaram,
Enxames de insetos nasceram e atacaram as terras de Îsànyìn.
Por mais que Îsànyìn trabalhasse para curar as pessoas,
Não conseguia vencer o número de doentes que aparecia.
Então ele percebeu que o poder de Ömölu em causar doenças, era maior de que seu poder em curá-las.
Dessa forma Îsànyìn procurou por Ömölu e reconheceu sua derrota, cessando assim a agressão entre ambos.
Ele chegou a aceitar os termos outrora propostos no acordo, mas Ömölu disse que não faria negócios com ele.
Òtúrúpîn òfún;
Esse foi o Odù que apareceu para a árvore Òsan,
224
No dia que ela foi instruída a fazer ëbö e dar de comer e beber a quem precisasse,
Para que ela nunca passasse privações em sua vida.
O ëbö era composto por um pacote de sal, um saco de camarões, um tecido branco e dinheiro.
A árvore Òsan ouviu e fez a oferenda.
Òtúrúpîn òfún disse, “Qualquer um que possua abundância deve ser generoso com quem está em dificuldades!”
Ele disse, “Fonte Eterna! Você nunca passará por dificuldades!”
Ìfá foi criado para o descendente de um rei, no dia que ele teve um sonho estranho.
No sonho ele via seu Ancestral sentado numa esteira, rodeado por velas e frutas.
Na mão do rei falecido havia uma píton de chifres; e o rei entregava essa píton ao seu descendente.
Ìfá revelou que o sonho significava que o rei estava passando um cetro de poder a seu descendente,
E que esse poder ele deveria utilizar para terminar uma obra iniciada pelo seu Ancestral.
O rapaz foi aconselhado a fazer oferendas para honrar a memória do rei,
E também para receber o poder que tornaria possível a execução da obra em questão. Ele ouviu e fez o ëbö.
Os inquilinos de Yemöja
- Ìfá foi criado para Yemöja, no dia eu que seus inquilinos não queriam lhe pagar.
Sim, Yemöja possuía algumas casas de aluguel,
E quando seus inquilinos pararam de lhe pagar, ela se viu em grandes dificuldades.
Tamanho foi seu desespero que ela pensou em suicidar-se. Foi aí que seu Orí aconselhou-a consultar Ìfá.
Os awo disseram que não era para tanto. Ela foi instruída a fazer ëbö e o fez.
Depois de um tempo; como um jogo, como uma brincadeira; os inquilinos de Yemöja começaram a lhe pagar.
Ela dançava e regozijava. Louvava os awo, que louvavam Ìfá, pois a palavra mostrara-se verdadeira.
Ìfá foi criado para Öya, no dia que um filho seu estava gravemente enfermo.
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Ela foi aconselhada a fazer ëbö rapidamente, mas antes que conseguisse algo ruim aconteceu.
Do lado de fora do quarto da criança crescia uma planta (salta perico),
Cujas vagens faziam um barulho alto ao sabor do vento.
Tamanho era o barulho produzido pela planta, que assustou a criança a ponto de seu coração disparar, e ela falecer.
Quando Öya soube do acontecido, amaldiçoou a planta dizendo, “Onde estiveres só haverá fome e sofrimento”.
Ìfá foi criado para Senhorio. Disseram que em breve ele receberia novos hóspedes,
Que seria uma mulher e uma criança. Ele foi instruído a fazer ëbö;
Para que eles entrassem em sua casa dom “pés de sorte”.
O ëbö era composto por dois pombos e algum dinheiro. Senhorio ouviu e ofereceu o ëbö.
E quando a mulher chegou, realmente trouxe prosperidade para sua casa.
Ìfá foi criado para Erinlû, no dia que ele foi aconselhado fazer ëbö,
Para que não tivesse problemas em sua propriedade.
Erinlû ouviu, mas disse que não precisava de ëbö para isso.
Então aconteceu que uma seca se instalou naquelas terras,
E os habitantes fizeram ëbö para acabar com a mesma.
Como resultado do ëbö, não demorou muito e a chuva começou a cair.
Choveu por tanto tempo que as plantas germinaram com rapidez assombrosa.
Erinlû tinha saído da cidade para resolver uns problemas,
E quanto voltou suas terras estavam cobertas por uma densa floresta,
O que impedia o cultivo de suas lavouras. Pela primeira vez Erinlû teve que provocar queimadas em sua terra,
E suas roupas ficavam constantemente sujas devido à cinza e ao carvão.
Você não sabe que roupas sujas são ewî para Erinlû?
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Ìfá foi criado para Epè, que após presenciar a morte de um amigo, deixou de sonhar e falar.
Îrúnmìlà disse que um ëbö deveria ser feito. Disse que atabaques deveriam ser especialmente preparados,
E que depois deveriam ser tocados em homenagem aos ancestrais de Epè.
Uma procissão deveria ser feita até o túmulo deles. As pessoas ouviram e seguiram as orientações de Ìfá.
Depois de um tempo Epè voltou a falar.
Ìfá foi criado para Marceneiro, no dia que ele aspirou por prosperidade.
Disseram que ele teria um sonho, que lhe revelaria a natureza de seu ëbö.
Naquela noite Marceneiro teve um sonho em que um menino aparecia,
E dizia que ele teria muitos clientes se não se esquecesse de Èñù.
Já pela manhã apareceu um cliente para Marceneiro; e logo depois vieram muitos outros.
Ele prosperou, mas não se lembrou de Èñù. Um dia Ûlûgbà lhe apareceu, mas o homem não o reconheceu.
Então Èñù disse, “Não seria horrível se você arrancasse seu nariz com uma ferramenta?”
Marceneiro disse, “Seria horrível, se não fosse impossível”.
Então quando ele foi fazer um movimento com sua enxó, para mostrar como aquilo seria impossível,
Ah! Ele decepou seu próprio nariz! Isso é quando Ìfá nos aconselha a lembrarmos de nossos compromissos,
Quando as coisas melhoram para nós.
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