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Esta recessão parte da obra de João Manuel Duque “Dizer Deus na pós-modernidade”, mas

concretamente o capitulo IV- “Religião na pós-modernidade”, no qual debruçar-se-ão nos


seguintes pontos: “Dizer Deus na pós-modernidade”; “Religião na pós-modernidade”, “A
religião como “superação” da modernidade e da pós-modernidade”, “Fé cristã e religião”.

Dizer Deus na pós-modernidade

Antes de debruçarmo-nos sobre o tema de “como dizer Deus na pós-modernidade”, importar-


se reflectir sobre o conceito da pós-modernidade e o seu contexto histórico.

Além das diversas opiniões sobre quando e quais são as alterações que levaram a surgia a pós-
modernidade, Duque afirma que Ela surgiu nos EUA nos anos 50, ao lado dos fenómenos dos
da literatura marcada por uma faze de dormência, sem força inovadora. Mas existem
fenómenos originais, os quais provocaram de facto, alterações pertinentes na nossa cultura, de
forma a poder considerar-se o nosso presente como pós-modernidade. Pós-modernidade como
fim da modernidade ou de uma concepção racionalista, unitária e absoluta da razão; pós-
modernidade como radicalização da modernidade, sobretudo nos seus aspectos de pluralidade
e liberdade1; pós-modernidade como época das novas tecnologias; pós-modernidade como
uma reintegração da sociedade dispersa2.

Neste sentido Ela “é vista como superação da metafisica, enquanto superação da sua
manifestação última: a técnica. Ou seja, a destruição de tudo que é transcendental e da
dependência de qualquer outra entidade que não seja o homem e a sua razão3.

Tendo em conta este contexto, a partir da perspectiva do autor procura-se compreender qual é
a linguagem capaz de dizer Deus na pós-modernidade e como é possível um discurso sobre
Deus na pós-modernidade. É um desafio constante à Teologia em assumir criticamente a pós-
modernidade, no qual permite (re) pensar a fé cristã e mostrar a sua pertinência para os
homens de hoje.

Religião na pós-modernidade

Segundo Duque, actualmente, há um regresso do “religioso” ou do “sagrado”. Isso devido a


uma presença marcante do cristianismo, enquanto configuração histórico-cultural, na cultura
ocidental-europeia. Por outro lado poderíamos falar de uma progressiva morte dessa presença,

1
Cf : J.DUQUE, Dizer Deus na pós-modernidade, Lisboa : Alcalá, 2013, pág. 13.
2
Cf : Ibidem., pág. 14.
3
Cf:Ibidem., pág. 33.

1
sobretudo dos valores que dignificam a pessoa humana, no qual a pós-modernidade ignora.
Dessa morte resultaria, precisamente um mundo secularizado, ignorando tudo que é
transcendental4.

Para muitos, a pós-modernidade é, a época do tudo vale e do vazio. “Este vazio porque deixou
de lado as referências que orientam o ser humano, as suas referências histórica, a sua memória
e mesmo a sua fundamentação transcendental. Uma época centrada na afirmação absoluta da
liberdade, da emancipação, da autonomia, da politica e da tecnologia – surge agora a
desilusão total, provocada pela própria contradição dialéctica desses mesmos valores e dessas
mesmas realidades”5.

O ser humano que corresponde a essa era, é um homem desesperado perante tal falta de
orientação. O homem dessa era é um homem trágico do existencialismo, marcado pelo
absurdo da vida e em constante busca de uma razão que o livrasse do consequente suicídio. E
ainda é um “homem light”, conformado com a leveza da situação, que nunca estende raízes
mais profundo da vida e das situações concretas6.

Esta crise de valores e este vazio também influenciam as instituições religiosas, e levou a uma
profunda crise ou mesmo derrocada, nomeadamente as Igrejas cristãs. Na base esta a crise da
vivencia tradicional, que pode ser enquadrada nas suas linhas gerais, na mesma crise de
valores que afeta a própria modernidade. Estando numa sociedade em transformação, as
Igrejas sentem afectadas pelos mesmos problemas que atravessa a sociedade7.

O ser humano diante dessas realidades: as incertezas, a perda de identidade e de segurança, o


vazio lhe habita, suscitou nele, uma forte inquietação interior (podemos dizer a dor na
consciência), a qual provoca uma desesperada procura de um lar ou pátria. Nessa procura,
ressurge o interesse pela religião, ou desesperada necessidade dela, que conduz a uma não
menos desesperada procura8.

Esse interesse pela religião, é marcada também pela “religião “soft”, particularmente pela
pluralidade das formas de manifestação do religioso. Ela surge como compensação da
angustia criada pelo vazio da pós-modernidade. Nesse sentido a religião é assumida como
salvação individual, aqui e agora, causadora do bem estar psíquico, na medida em que confere

4
Cf : J.DUQUE, Dizer Deus na pós-modernidade, Lisboa : Alcalá, 2013, pág. 164.
5
Ib., pág. 169.
6
Cf:Ibidem., pág. 170.
7
Cf :Ibidem., pág. 171
8
Cf: Ibidem., pág. 172.

2
uma segurança”9. Este tipo de religião perde-se a referência à transcendência e passa a estar
orientada para a satisfação de necessidades e experiências imediatas, individuais ou grupais.
A consequência é um autêntico clientelismo religioso, à maneira consumista, como alias passa
na globalidade dos âmbitos da cultura e da vida contemporâneas10. Esse clientelismos
religioso se nota nas nossas Igrejas, principalmente na administração dos sacramentos, em que
muitos dos fiéis só participam na comunidade cristã nessas ocasiões.

A religião como “superação” da modernidade e da pós-modernidade

Diante desse contexto da pós-modernidade, a nossa atitude como cristão, é evitar qualquer
forma de extremismo ou radicalismo de moda a não deturpar a própria identidade cristã. É
necessário ter uma atitude de escuta e diálogo. Isso significa também ter uma certa reflexão
racional sobre determina questão da verdade da religião, para poder distinguir manifestações
autênticas e deturpações da mesma11.

Uma outra atitude a ter é a afirmação da referência transcendental, como algo que nos precede
e nos excede (referência universal) e a configuração imanente, portanto articulação cultural
concreta (referencia particular). Afirmar a referência ao transcendente, quer como origem
quer como fim comum a tudo e a todos, abre a nossa realidade para além de si, evitando que
ela se torne escravizadora de si mesma ou, o que é o mesmo, escrava de si própria. “De facto,
a referência ao transcendente não se dá por abstracção do imanente, mais por um maior
aprofundamento do mesmo, nas suas próprias raízes, no seu próprio ser”12. É nesta situação
tensional, na medida em que um elimina o exclusivismo do outro que o fenómeno
autenticamente religioso terá de viver. Esta tensão é vista como superação da pós-
modernidade e supera o abstracto e idealista ou seja supera qualquer forma de
“fundamentalismo racionalista”13.

Neste sentido a religião vivida na sua verdade tensional, acaba por superar o vazio existencial
e consequentemente, constitui também uma possível superação da dissolução pós-moderna14.

Uma outra atitude de superação é a continua luta por parte da religião (na herança do próprio
cristianismo), em manter a referência à inviolável dignidade do ser humano como critério

9
J.DUQUE, Dizer Deus na pós-modernidade, Lisboa : Alcalá, 2013, pág. 172.
10
Cf: Ibidem., pág.173.
11
Cf:Ibidem., pág. 197.
12
Ibidem., pág. 198.
13
Cf: Ibidem., pág. 199.
14
Cf: Ibidem., pág. 200.

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fundamental. Não que a religião se reduza à antropologia, mas não possa deixar de lado a
referência ao próprio ser humano, enquanto ser dado por Deus e, por isso mesmo (e só por
isso), lugar de dignidade intocável, sagrada, indisponível a qualquer sujeito ou qualquer
sistema15.

Por outro lado, é a superação de determinado monolitismo racional moderno conduzir-nos-ia


à procura e, quem sabe ao encontro de uma nova sabedoria, mais simbólica e menos
racionalista. Sabedoria que se revela importante, sobretudo, em contexto de religião e,
mesmo, de teologia 16. Ou seja Deus como referência e fonte de toda a sabedoria. “Por isso, a
nova sabedoria religiosa não poderá ser gnóstica, mas sim simbólico-prático”17.

Fé cristã e religião

Para não correr o risco típico de todos os idealismo e de todas a gnoses, a fé cristã não pode
limitar-se a uma atitude de uma simples adesão espiritual, do foro interior ou mesmo
individual, mas sim uma adesão a uma Palavra ou conteúdo, que é espiritualizado e por vezes,
mesmo racionalizado. A fé cristã, é chamada se articular de forma concreta, culturalmente,
socialmente, sacramentalmente e institucionalmente, ao contrario torna-se numa realidade
vaga, indefinível e, em ultima instancia, inexperimentável. Pois quando falta esta articulação
corre o risco de tornar demasiado vulnerável ao constante perigo de projecção idolátrica dos
desejos e necessidades de cada sujeito particular18.

Duque afirma que é importante viver a oportunidade que determinada tendência da pós-
modernidade nos oferece para recuperar a dimensão cultural-simbólica da própria fé cristã,
para superar a redução espiritualizante e, de certo modo, gnóstica da mesma19.

Umas das saídas para a superação das ideias do pós-modernidade é aprofundar a referência da
fé cristã ao seu texto fundador e na sua historia. Referência essa que não pode ser assumida
como leitura positivista e fundamentalista. E também a tomada de consciência da mediação
linguística da fé, e no seu interior a mediação textual. Por outro lado, a constante consciência

15
Cf: J.DUQUE, Dizer Deus na pós-modernidade, Lisboa : Alcalá, 2013, pág. 201.
16
Cf: Ibidem., pág. 202.
17
Ibidem., pág. 202.
18
Cf:Ibidem., pág. 203.
19
Cf:Ibidem., pág. 203.

4
de que nem tudo se reduz ao texto e, em última instância, de que o principal “referente” da fé
cristã não pode ser abarcado por nenhum texto20.

A Fé cristã perante a pós-modernidade que afirma o obsoletismo de tudo, Ela procura


defender a dignidade do ser humano e a sua dimensão relacional e ontológica. Deus é visto
como no contexto da pós-modernidade como um obstáculo ao progresso à liberdade humana,
assim tem que combater esta ideia para confirmar o homem, o antropocentrismo. Esquecendo
deste modo, a relação teologal que homem estabelece com o transcendente.

O ser humano é um ser de resposta e de relação, e na medida em que responde, assume aquilo
que é. Daí resulta o seu ser como ser livre e responsável. Ou seja, “a sua dimensão ética se
realiza na resposta concreta à interpelação que nos é dirigida no outro concreto, é
originariamente constitutiva da sua própria ontologia. Como tal a dimensão ética da fé,
enquanto resposta concreta e prática, marca-a originariamente, não constituindo mera
consequência posterior a uma prévia atitude espiritual ou intelectual”21. É esta noção da
liberdade que a pós-modernidade ignora. Essa liberdade que se dá na relação de confiança,
não na absolutização dos deveres e satisfação da vontade.

A fé cristã tem, como ponto de referência central, a própria pessoa de Jesus Cristo, ou seja, o
“evento escatológico” que Ele significa. E esse evento escatológico é, precisamente, a mais
perfeita e máxima conjugação do absoluto com o histórico, do universal com o particular, de
Deus com o ser humano. Assumindo esse evento e essa pessoa como manifestação máxima da
verdade, simultaneamente transcendente e concreta, o cerne da fé cristã obriga esta a viver da
constante tensão, que é a tensão da própria religião, entre referência transcendente e
articulação histórico-concreto22.

Frente à situação real do mundo e do ser humano, marcada pela crise de valores, pela
afirmação da autonomia do homem e da razão, marcada pela falta do sentido da vida, é
necessário dar uma resposta do fundamento da nossa esperança que é precisamente o
conteúdo central da nossa fé: o acontecimento escatológico da pessoa de Jesus Cristo. É ali
que consiste a tarefa da teologia, responder as inquietações do ser humano à luz da fé e da
revelação. Dizer Deus na pós-modernidade pressupõe a analise atenta da cultura e do
pensamento pós-moderno.

20
Cf: J.DUQUE, Dizer Deus na pós-modernidade, Lisboa : Alcalá, 2013, pág. 203.
21
Cf: Ibidem., pág. 206.
22
Cf: Ibidem., pág. 206.

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