Documentos de Académico
Documentos de Profesional
Documentos de Cultura
ENUNCIADO CONCRETO
DO CÍRCULO BAKHTIN/VOLOCHINOV/ MEDVEDEV
USP – UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Reitor: Prof. Dr. Adolpho José Melfi
Vice-Reitor: Prof. Dr. Hélio Nogueira da Cruz
FFLCH/USP
CONSELHO EDITORIAL ASSESSOR DA HUMANITAS
Presidente: Prof. Dr. Milton Meira do Nascimento (Filosofia)
Membros: Profª. Drª. Lourdes Sola (Ciências Sociais)
Prof. Dr. Carlos Alberto Ribeiro de Moura (Filosofia)
Profª. Drª. Sueli Angelo Furlan (Geografia)
Prof. Dr. Elias Thomé Saliba (História)
Profª. Drª. Beth Brait (Letras)
DEPARTAMENTO DE LINGÜÍSTICA
Chefe: Profª. Drª. Diana Luz Pessoa de Barros
Suplente: Profª. Drª. Esmeralda Vailati Negrão
Vendas
LIVRARIA HUMANITAS-DISCURSO
Av. Prof. Luciano Gualberto, 315 – Cid. Universitária
05508-900 – São Paulo – SP – Brasil
Tel: 3091-3728 / 3091-3796
HUMANITAS – DISTRIBUIÇÃO
Rua do Lago, 717 – Cid. Universitária
05508-900 – São Paulo – SP – Brasil
Telefax: 3091-4589
e-mail: pubfflch@edu.usp. br
http://www.fflch.usp. br/humanitas
INTRODUÇÃO À TEORIA DO
ENUNCIADO CONCRETO
DO CÍRCULO BAKHTIN/VOLOCHINOV/ MEDVEDEV
2ª edição
2002
ISBN 85-7506-060-0
CDD 410
CDD 320.1
HUMANITAS FFLCH/USP
e-mail: editflch@edu.usp. br
Telefax.: 3091-4593
Editor Responsável
Prof. Dr. Milton Meira do Nascimento
Coordenação editorial e capa
Mª. Helena G. Rodrigues – MTb n. 28.840
Projeto Gráfico e Diagramação
Selma M. Consoli Jacintho – MTb n. 28.839
Revisão
do autor
A meus pais
A Vera
A Kim e ao Caíque
Agradecimentos
Prefácio ------------------------------------------------------------------- 11
Introdução -------------------------------------------------------- 13
II - A Linguagem -------------------------------------------------------- 55
Prefácio
Em meio às vozes que assediam Bakhtin, uma pes-
quisa teórica pertinente e original
Beth Brait
(USP/PUC-SP)
11
Geraldo Tadeu Souza
12
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
Introdução
13
Geraldo Tadeu Souza
14
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
15
Geraldo Tadeu Souza
16
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
17
Geraldo Tadeu Souza
18
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
19
I. O Círculo Bakhtin/Volochinov/
Medvedev
(23,329).
3
A cidade de São Petersburgo teve seu nome alterado durante a
Revolução Russa para Petrogrado, e posteriormente para Leningrado.
Hoje, ela voltou a ser chamada pelo nome anterior a revolução.
Geraldo Tadeu Souza
4
O problema do discurso citado – enunciado de outrem – é um dos
eixos fundamentais na articulação da Teoria do Enunciado Concreto
desenvolvida pelo Círculo.
20
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
5
No Prefácio de Marxismo e Filosofia da Linguagem, Jakobson inclui
o ensaio de 1930 – “A estrutura do enunciado” – entre as obras em
disputa (28, 9).
21
Geraldo Tadeu Souza
6
O ensaio sobre esse tema, com o mesmo nome, tinha sido escrito por
Bakhtin entre 1934 e 1935 (17).
7
Segundo a biografia de Holquist e Clark, esta conferência foi desdo-
brada em dois artigos: “Da Pré-história do discurso romanesco” (1940)
e “Epos e Romance (Sobre a metodologia do estudo do romance)”
(1941), que estão incluídos em Questões de Literatura e de Estética. A
teoria do Romance (1993) (20).
22
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
8
Uma versão revisada dessa dissertação foi publicada em 1965, com o
título A cultura popular na Idade Média e no Renascimento. O contexto
de François Rabelais (19)
23
Geraldo Tadeu Souza
1. Os textos disputados
Há um assunto que permanece obscuro na história das
obras do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev: a questão da
autoria de algumas das obras. Intricados caminhos, que mais
parecem uma empreitada para Sherlock Holmes, levam à ques-
tão do “inacabamento”, deixando o “diálogo inconcluso” pela
impossibilidade mesma da assinatura do autor para dar fim à
polêmica.
De um lado pesquisadores como Michael Holquist e Katerina
Clark, que em sua biografia de Bakhtin – Mikhail Bakhtin (1984)
– assumem que todas os textos disputados são de Bakhtin. Eles
apresentam “provas” que confirmam essa hipótese, chegando a
dizer que não podem revelar certas fontes. Por outro lado pesqui-
sadores como I. R. Titunik, Gary S. Morson e Caryl Emerson, que
questionam todas as argumentações de Holquist e Clark, referin-
do-se à biografia deles como uma espécie de “hagiografia” e não
uma simples “biografia”, considerando que as obras “disputa-
das” são de Volochinov e Medvedev, conforme publicadas na pri-
meira edição das obras e artigos em disputa.
Assim, por exemplo, Marxismo e Filosofia da Linguagem é
atribuída apenas a Volochinov no original russo (8) e na versão
inglesa (11), e nas edições francesa (9) e brasileira (10) apare-
cem com as duas assinaturas – Bakhtin (Volochinov). No prefá-
cio dessa obra, Roman Jakobson diz: “Acabou-se descobrindo
que o livro em questão e várias outras obras publicadas no final
dos anos vinte e começo dos anos trinta com o nome de
Volochinov – como, por exemplo, um volume sobre a doutrina
do freudismo (1927)9 e alguns ensaios sobre a linguagem na
vida e na poesia, assim como sobre a estrutura do enunciado10
9
Ver Volosinov, V. N. (1927) Freudianism. A Critical Sketch (6).
10
Estes ensaios estão publicados em Todorov, T. Mikhaïl Bakhtine. Le
principe dialogique. Suivi de écrits du cercle de Bakhtine: “Le discours
dans la vie e le discours dans la poésie” (5, 181-215); e “La structure
de l’énoncé” (16, 287-316) com a assinatura de Volochinov.
24
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
11
Jakobson não faz referência a obra The Formal Method in Literary
Scholarship que também é alvo de disputa. A edição americana a
atribui a Bakhtin e Medvedev (7).
12
Os dados constantes da biografia revelam o contrário, Bakhtin sempre,
apesar das condições políticas desfavoráveis, conseguiu continuar o
seu trabalho.
25
Geraldo Tadeu Souza
13
Bakhtin foi preso, em 1929, por motivos religiosos, acusado de cons-
pirar contra a revolução (34, 141).
14
O pesquisador se orienta pela edição alemã – Marxismus und
Sprachphilosophie – que, assim como a edição inglesa – atribui esse
livro apenas a Volochinov (27,19)
26
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
27
Geraldo Tadeu Souza
2. O percurso teórico
O projeto do Círculo encontra suas primeiras formulações
em Toward a Philosophy of the Act (1919-1921). Nesse ensaio,
Bakhtin investiga a natureza do ato ou da ação em sua realização
efetiva, concreta e apreciativa, por um ato consciente, na realida-
de única, concreta e irrepetível, ou seja, a compreensão do ato no
seu sentido completo. Essa perspectiva, ética e histórico-
fenomenológica, se opõe à divisão entre duas correntes de pensa-
mento: a primeira – pensamento abstrato – que propõe uma in-
vestigação do sentido objetivo, e a segunda – pensamento idealis-
ta – que investiga o processo subjetivo que engendra um ato con-
creto.
A interação orgânica entre essas duas correntes de pensa-
mento vai encontrar eco no que Bakhtin chama de Arquitetônica.
Para ele, o mundo é dividido em uma arquitetônica apreciativa
entre o “eu” – o contemplador, que se situa fora da arquitetônica
e – e os outros – fundados por esse “eu”, e que se encontram no
interior da arquitetônica. Nesse sentido, Bakhtin define o seu
projeto, que mais tarde será incorporado pelo Círculo, da seguin-
te maneira:
28
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
29
Geraldo Tadeu Souza
30
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
31
Geraldo Tadeu Souza
15
Como já informamos anteriormente, P. N. Sakulin fazia parte do
grupo de Plekhanov.
32
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
33
Geraldo Tadeu Souza
16
Essas mesmas características estarão presentes na articulação dos
conceitos Gêneros do Discurso, Tema, Expressividade, Estilos e
34
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
35
Geraldo Tadeu Souza
17
Eles se referem aqui ao processos fisiológicos no sistema nervoso e
nos órgãos de fala e de percepção que compõem, no interior da
psicologia, as reações verbais. (6, 21).
36
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
37
Geraldo Tadeu Souza
18
Essas tarefas são devenvolvidas, posteriormente, nas duas obras de
aplicação da poética sociológica: Problemas da Poética de Dostoiévski
e A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de
François Rabelais.
38
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
19
Estamos levando em consideração o fato de cada um desses discursos
científicos serem o tema central de um determinado ensaio ou livro.
Mas não podemos esquecer que em todos eles há uma interação
orgânica no que se refere ao Enunciado concreto. Assim sendo, ao
falar da Filosofia da Linguagem são abordadas também, dessa
perspectiva, os outros discursos científicos como a Estética, a
Psicologia, o Formalismo, a Sociologia, o Marxismo, etc.
39
Geraldo Tadeu Souza
20
Em entrevistas publicadas no jornal Chelovek (1993) datadas de 1973-
74, Bakhtin rememora sua juventude, na descrição de Caryl Emerson:
“Bakhtin claims he had always wanted to be a moral philosopher, a
“myslitel” (thinker); literary scholarship was for him a safe refuge from
politics during those years when others were being harassed,
“organized,” recruited. He insists that as a young college student in
Petrograd he had been “absolutely apolitical.” He lamented not only
the October Revolution but the prior February abdication as well; he
predicted that it would end badly and “extremely”; he went to no
meetings, profoundly distrusted Kerensky, and continued to sit in
40
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
41
Geraldo Tadeu Souza
3. O problema da tradução
Um problema que se coloca para quem estuda as obras
dos teóricos russos em português é o da tradução e da falta de
uniformidade terminológica. Se estudamos a obra do interior dela
mesma, percebemos o sentido que aí adquire um determinado
conceito. Mas é na relação com as outras obras do círculo que
alguns conceitos ficam comprometidos, visto que em uma obra
21
Para Bakhtin, o cronotopo (tempo-espaço), termo emprestado das
ciências matemáticas, é “a interligação entre as relações espaciais e
as relações temporais” (19, 211).
22
A busca de uma investigação científica do enunciado, ou num sentido
largo, de um determinado domínio da cultura, já era prenunciada em
Toward a Philosophy of the Act, quando Bakhtin dizia que uma “filosofia
científica só pode ser uma filosofia particular, isto é, uma filosofia
dos vários domínios da cultura e de sua unidade na forma de uma
transcrição teórica de dentro dos objetos da criação cultural e da lei
imanente de seu desenvolvimento” (2, 19).
42
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
43
Geraldo Tadeu Souza
44
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
23
As traduções do russo constantes no livro de Todorov foram feitas
por Georges Philippenko com a coloboração de Monique Canto. (31,
177)
24
Essa relação é apresentada no Prefácio de Estética da Criação Verbal:
“é nos mesmos anos que Bakhtin se empenha em lançar as bases de
uma nova lingüística, ou, como dirá mais tarde, “translingüística” (o
termo em uso hoje seria antes “pragmática”), cujo objeto já não é
mais o enunciado, mas a enunciação, ou seja, a interação verbal”
(39, 15)
45
Geraldo Tadeu Souza
46
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
47
Geraldo Tadeu Souza
25
Foi Julia Kristeva que, em 1966, introduziu a obra de Bakhtin na
França, como demonstra François Dosse em seu História do
Estruturalismo vol. 2 (42, 74-76).
26
Todorov chega a promover uma relação dialógica entre o ensaio “Se-
miologia da Língua” (1969), de Benveniste, e os “Apontamentos 1970-
1971” (24), de Bakhtin, sugerindo que esse possa ter emprestado a
Benveniste a noção de interpretante. (30, 81).
48
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
27
“The full-fledged question, exclamation, command, request – these are
the most typical forms of wholes in behavioral utterances. All of them
(especially the command and request) require an extraverbal
complement and, indeed, an extraverbal commencement. The very type
of structure these little behavioral genres will achieve is determined
by the effect of its coming up against the extraverbal milieu and against
another word (i.e., the words of other people)” (11, 96).
49
Geraldo Tadeu Souza
(2) Ainsi, la façon dont est formule un ordre est déterminée par les
éléments qui peuvent faire obstacle à la réalisation de celui-ci,
par le degré de soumission qu’il peut rencontrer, etc. Le genre
prend donc sa forme achevée dans les traits particuliers,
contingents et uniques, qui définissent chaque situation vécue
(16, 290-291).
(2a) Assim, a forma da ordem é determinada pelos obstáculos que
ela pode encontrar, o grau de submissão do receptor, etc. A
modelagem das enunciações responde aqui a particularida-
des fortuitas e não reiteráveis das situações da vida corrente”
(10, 125)28
28
“Thus, the form of a command will take is determined by the obstacles
it may encounter, the degree of submissiveness expected, and so on.
The structure of the genre in these instances will be in accord with the
accidental and unique features of behavioral situations” (11, 96).
29
“Only when social custom and circumstances have fixed and stabilized
certain forms in behavioral interchange to some appreciable degree,
can one speak of specific types of structure in genres of behavioral
speech” (11, 96-97).
50
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
30
“So, for instance, an entirely special type of structure has been worked
out for the genre of the light and casual causerie of the drawing room
where everyone “feels at home” and where the basic differentiation
within the gathering (the audience) is that between men and women.
Here we find devised special forms of insinuation, half-saying, allu-
sions to little tales of an intentionally nonserious character, and so on.”
(11,97).
31
“A different type of structure is worked out in the case of conversation
between husband and wife, brother and sister, etc. In the case where
a random assortment of people gathers – while waiting in a line or
51
Geraldo Tadeu Souza
52
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
53
II. A linguagem
34
Esse enunciado já havia aparecido em MFL (1929), quando da crítica
ao objetivismo abstrato e ao subjetivismo idealista: “A verdadeira
substância da língua [linguagem] não é constituída por um sistema
abstrato de formas lingüísticas nem pela enunciação [enunciado]
monológica isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção,
mas pelo fenômeno social da interação verbal, realizada através da
enunciação [enunciado] ou das enunciações [enunciados]” (10, 123).
Geraldo Tadeu Souza
56
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
35
Ver Cap. 7 “Anthropologie Philosophique” em Todorov, T. Mikhaïl
Bakhtine. Le principe dialogique. suivi de écrits du cercle de Bakhtine.
(31, 145-172), e Faraco, C. A. “O dialogismo como chave de uma
antropologia filosófica” (47, 113-126).
57
Geraldo Tadeu Souza
58
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
36
Algumas palavras ou grupos de palavras de Toward a Philosophy of
the Act estavam ilegíveis no manuscrito original, o qual segundo
Bocharov, seu editor russo, encontra-se em condições precárias (2,
XVII).
59
Geraldo Tadeu Souza
60
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
61
Geraldo Tadeu Souza
62
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
63
Geraldo Tadeu Souza
64
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
37
Um trecho desse enunciado aparece em Todorov, T. Mikhaïl Bakhtin.
Le principe dialogique: “… Mais le subjectivisme individualiste a tort
en ce qu’il ignore et ne comprend pas la nature sociale de l’énoncé, et
65
Geraldo Tadeu Souza
66
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
67
Geraldo Tadeu Souza
68
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
69
Geraldo Tadeu Souza
70
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
71
Geraldo Tadeu Souza
72
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
73
Geraldo Tadeu Souza
74
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
75
Geraldo Tadeu Souza
76
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
77
Geraldo Tadeu Souza
a) a comunicação artística;
b) as relações de produção (nas usinas, nos ateliers, nos
kolkhoses, etc.);
c) as relações de negócios (nas administrações, nos orga-
nismos públicos, etc.);
d) as relações cotidianas (os encontros e conversas na rua,
nas cantinas, consigo mesmo, etc.); e
e) as relações ideológicas strictu sensu: propaganda, es-
cola, ciência, a atividade filosófica sobre todas as suas
formas. (16, 289).
78
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
79
Geraldo Tadeu Souza
80
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
81
Geraldo Tadeu Souza
82
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
39
Em francês, não há a ocorrência enunciação: Un énoncé vivant,
significativement surgi à un moment historique et dans un milieu social
déterminés, ne peut manquer de toucher à des milliers de fils dialogiques
vivants, tissés par la conscience socio-ideologique autour de l’objet de
tel énonce et de participer activement au dialogue social. Du reste,
c’est de lui que l’énoncé est issu: il est comme sa continuation, sa
réplique, il n’aborde pas l’objet en arrivant d’on ne sait où…. (18, 100).
83
Geraldo Tadeu Souza
84
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
85
Geraldo Tadeu Souza
40
Esses aspectos do todo da palavra vão encontrar, posteriormente,
um lugar dentre as caractéristicas do enunciado concreto.
86
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
87
Geraldo Tadeu Souza
41
Ou o tema, como aparece em Marxismo e Filosofia da Linguagem.
(10, 128-136)
88
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
89
Geraldo Tadeu Souza
42
Bakhtin/Medvedev critica a distinção, feita pelos formalistas, entre
linguagem prática e linguagem poética: “nós sabemos que a construção
prática não existe, e que os enunciados da vida, a realidade que subjaz
a natureza das funções comunicativas da linguagem, se formam em
várias direções, dependendo das diferentes esferas e propósitos da
comunicação social” (7, 93).
90
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
91
Geraldo Tadeu Souza
92
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
43
Na edição francesa enunciação aparece como énoncé: “Le veritable
milieu de l’énoncé, là ou il vit et se forme, c’est la polylinguisme
dialogisé, anonyme et social comme le langage, mais concret, mais
sature de contenu, et accentué comme un énoncé individuel” (18, 96).
93
Geraldo Tadeu Souza
94
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
95
Geraldo Tadeu Souza
96
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
1. Gêneros do Discurso
O conceito Gêneros de Discurso aparece, pela primeira vez,
na obra de Bakhtin/Medvedev The Formal Method In Literary
Scholarship (1928)44 , como crítica à definição mecânica desse
conceito pelos formalistas.
Como acontece com os outros conceitos do Círculo,
Bakhtin/Medvedev procura entender o sentido desse conceito,
que representa, no interior da obra dos formalistas, uma expres-
são do pensamento abstrato, em sua relação com o enunciado
concreto. Para os teóricos russos, o problema da investigação do
gênero no pensamento formalista é que ele só é abordado “quan-
do todos os outros elementos básicos da construção já estão es-
tudados e definidos, e a poética formalista está terminada” (7,
129), ou seja, o gênero só é investigado no fim da análise, meca-
nicamente, como um composto de esquemas.
A proposta do Círculo é que a análise do todo da obra poé-
tica, do todo desse enunciado artístico concreto, deve ser iniciada
pelo gênero, pois ele representa a forma típica dessa construção
poética. Mais uma vez, a crítica se dirige a uma análise da cons-
trução poética cujo percurso se orienta pelos elementos abstra-
tos da língua, propondo, por outro lado, uma definição para esse
conceito no interior do enunciado concreto. Bakhtin/Medvedev
44
Morson e Emerson em seu Creation of a Prosaics, fazem a seguinte
observação: “Perhaps still more surprising, the Bakhtin group’s first
serious discussion of genre belongs not to Bakhtin himself, but to
Medvedev. The Formal Method in Literary Scholarship devotes a
chapter to demonstrating that any good sociological approach to
literature must be grounded in genres, which, Medvedev argued, carry
and shape social experience for individual people. Although it is
presently impossible to determine priority of discovery, Bakhtin seems
to have been impressed and influenced by Medvedev’s argument,
enough so to have refined, extended, and recast it. Over the next few
decades and with varying degrees of success, Bakhtin was to pass all
his favorite concepts and concerns through the prism of genre and the
novel” (38, 272).
97
Geraldo Tadeu Souza
98
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
99
Geraldo Tadeu Souza
integra dentro de sua própria unidade” (1, 1). Para ele, “a arte e a
vida não são uma unidade, mas elas devem se unir em mim – na
unidade de minha responsabilidade” (1, 3). Nesse sentido, o con-
ceito Gêneros do Discurso vai ser construído no interior de cada
um desses domínios, sendo que a vida cotidiana será constituída
pelos Gêneros Primários e a vida da ciência e a vida da arte, pelos
Gêneros Secundários.
Essa noção de domínio cultural vai estar presente, tam-
bém, no ensaio de 1926, “Le discours dans la vie et le discours
dans la poésie”, onde Volochinov busca a compreensão de um
gênero primário – o discurso na vida – como fundamento para
uma explicação do funcionamento do gênero secundário – a poe-
sia, no interior do todo da sociedade e de sua vida econômica.
Referindo-se ao primeiro – o discurso na vida – como enunciado
da vida cotidiana, encontramos aqui uma primeira referência a
gênero: “todas as avaliações desse gênero, qualquer que seja o
critério – ético, gnoseológico, político ou outro – que lhes oriente,
englobam muito mais que o conteúdo no aspecto propriamente
verbal, lingüístico do enunciado: elas englobam, ao mesmo tem-
po, a palavra e a situação extra-verbal do enunciado” (5, 189)45
O estudo da problema dos Gêneros do Discurso deve ser
analisado em interação orgânica com o problema da língua e o
problema da Comunicação Social. Nesse sentido, Bakhtin/
Volochinov propõe que “uma análise fecunda das formas do con-
junto de enunciações [enunciados] como unidades reais na ca-
deia verbal só é possível de uma perspectiva que encare a enuncia-
ção [enunciado] individual como um fenômeno puramente socio-
lógico” (10, 126).
45
Na edição inglesa desse ensaio não há referência a gênero nessa
citação: “All these and similar evaluations, whatever the criteria that
govern them (ethical, cognitive, political, or other), take in a good deal
more than what is enclosed within the strictly verbal (linguistic) factors
of the utterance. Together with the verbal factors, they also take
in the extraverbal situation of the utterance” (6, 98). Talvez por
isso, Morson e Emerson não considerem referência a esse conceito
nesse ensaio.
100
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
46
Na edição brasileira, o conceito gêneros do discurso é substituído
por “categorias de atos de fala”, e a ordem metodológica do estudo da
língua é a seguinte:
1. As formas e os tipos de interação verbal em ligação com as condições
concretas em que se realiza.
2. As formas das distintas enunciações, dos atos de fala isolados, em
ligação estreita com a interação de que constituem os elementos,
isto é, as categorias de atos de fala na vida e na criação ideológica
que se prestam a uma determinação pela interação verbal.
3. A partir daí, exame das formas da língua na sua interpretação
lingüística habitual (10, 124).
101
Geraldo Tadeu Souza
102
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
103
Geraldo Tadeu Souza
47
O enunciado concreto encontra seu lugar nas relação com enunciados
anteriores do mesmo tipo. Nesse sentido, o conjunto de enunciado
típicos, ou seja, que pertence a uma determinada esfera de sentido, é
o que o Círculo chama de gêneros do discurso.
48
Essa relação entre o enunciado real e o enunciado representado é
discutida, também, nas obras de Bakhtin Problemas da Poética de
104
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
105
Geraldo Tadeu Souza
106
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
50
Essa distinção entre língua e fala já foi tratada no capítulo anterior,
quando tratamos do “objetivismo abstrato”.
107
Geraldo Tadeu Souza
2. Tema
O tratamento exaustivo do tema é, como vimos anterior-
mente, um dos fatores do acabamento específico de um enun-
ciado concreto enquanto unidade da comunicação verbal. Mas
como esse conceito foi tratado no percurso teórico do Círculo
Bakhtin/Volochinov/Medvedev? Quais são as características que
ele apresenta na relação com outros conceitos como gêneros do
discurso, situação, significação, relações dialógicas? Como inse-
rir o tema na engrenagem dinâmica que move o todo do enun-
ciado concreto?
Se o princípio monístico que caracteriza o pensamento do
Círculo permanecer válido para esse conceito, encontraremos
nele todas as características já mencionadas em relação ao enun-
108
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
51
O problema da tradução aparece mais uma vez aqui. Em Marxismo e
Filosofia da Linguagem não existe a ocorrência enunciado, e sim
enunciação completa, enunciação como um todo. Decidimos manter o
conceito enunciado por dois motivos: 1) é o tema de nossa dissertação
e 2) encontramos argumentos favoráveis nas citações dessa obra que
109
Geraldo Tadeu Souza
110
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
52
Entenda-se obra aqui como uma obra-enunciado, ou seja, a obra
como uma unidade da comunicação verbal de um gênero secundário,
nesse caso, da literatura.
53
Essa relação do centro de valores com os temas de um gênero de
discurso específico – a literatura (gênero secundário) pode também
ser derivada para os gêneros primários (vida cotidiana), bem como
para outros gêneros secundários. Ver os objetivos de Bakhtin
explicitados anteriormente neste trabalho no que se refere à Arquite-
tônica Apreciativa e ao centro de valores.
111
Geraldo Tadeu Souza
54
Essas forças sociais e a organização econômica da sociedade são
fundamentais para a compreensão ativa de qualquer conceito do
Círculo. Elas aparecem no todo da obra com as seguintes
designações: horizonte social, apreciação social, expressividade
e outras.
112
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
55
Pode ser feita um analogia entre essa inter-relação entre tema e
significação e a que foi feita no capítulo anterior entre enunciado e
frase (e oração), visto que o tema corresponde a uma forma do
enunciado e a significação à forma da língua.
113
Geraldo Tadeu Souza
56
Na edição francesa aparece enunciado e não enunciação: “Le sens
linguistique d’un énoncé donné se conçoit sur le fond du langage, son
sens réel, sur le fond d’autres énoncés concrets sur le même thème,
d’autres opinions, points de vue et appréciations en langages divers…”
(18, 104).
114
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
57
No ensaio “O problema do Texto”, Bakhtin fornece uma outra dimen-
são do princípio dialógico que orienta o tema, no interior da grande
temporalidade: “dois enunciados distintos confrontados um com o
outro, ignorando tudo um do outro, apenas ao tratar superficialmen-
te um único e mesmo tema entabulam, inevitavelmente, uma relação
dialógica entre si. Ficam em contato, no território do tema comum,
de um pensamento comum” (22, 342).
115
Geraldo Tadeu Souza
3. Expressividade
Para compreender o enunciado concreto na cadeia da co-
municação verbal é necessário perseguir o conceito que organiza
essa comunicação, e esse conceito aparece com vários nomes no
todo da obra do Círculo, preenchendo as concepções ética, histó-
rico-fenomenológica, sociológica, ideológica e dialógica por ele
desenvolvida: avaliação social, apreciação social, orientação so-
cial, horizonte social, expressividade, enfim, uma série de termos
para recobrir um elemento comum – a noção de valor que preen-
che a relação do autor com o seu enunciado concreto.
Nesse sentido, decidimos levantar alguns aspectos do per-
curso do conceito apreciação social no interior do todo da obra do
Círculo, reservando para última parte as observações em torno
116
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
117
Geraldo Tadeu Souza
58
Bakhtin considera que “na composição de quase todo enunciado do
homem social – desde a curta réplica do diálogo familiar até as grandes
obras verbal-ideológicas (literárias, científicas e outras) existe, numa
forma aberta ou velada, uma parte considerável de palavras
significativas de outrem, transmitidas por um ou outro processo”
(17, 153).
118
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
119
Geraldo Tadeu Souza
59
Essa relação de neutralidade da palavra já foi desenvolvida anterior-
mente por Bakhtin/Volochinov em Marxismo e Filosofia da Lingua-
gem, quando da distinção entre o signo ideológico – aquele que tem
expressividade – e a palavra. Para os teóricos russos, o signo “é cria-
do por uma função ideológica precisa e permanece inseparável dela.
A palavra, ao contrário, é neutra em relação a qualquer função ideo-
lógica específica. Pode preencher qualquer espécie de função ideoló-
gica: estética, científica, moral, religiosa” (10, 37).
120
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
121
Geraldo Tadeu Souza
60
A experiência verbal do homem pode ser definida, segundo Bakhtin,
“como um processo de assimilação, mais ou menos criativo, das
palavras do outro (e não das palavras da língua)” (21, 314).
61
Para Bakhtin, “a resposta transparecerá nas tonalidades do sentido,
da expressividade, do estilo, nos mais ínfimos matizes da composição”
(21, 317).
122
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
4. Estilos
O que nos interessa discutir neste tópico são as carac-
terísticas que o conceito estilo adquire no todo da obra do Círcu-
lo, no interior de uma Teoria do Enunciado Concreto, e sua rela-
ção com os outros conceitos que articulam essa teoria como gê-
nero do discurso, tema, expressividade e entonação, bem como a
relação do estilo com o fenômeno do discurso de outrem.
Com esse intuito, vamos buscar no todo da obra do Circulo
uma definição de estilo. Em 1926, no ensaio “Le discours dans la
vie et dans la poésie”, Volochinov nos dá a seguinte definição de
estilo: “ ‘O estilo é o homem’; mas podemos dizer que o estilo é,
pelo menos, dois homens, ou mais exatamente, um homem e um
grupo social representado pelo ouvinte que participa permanen-
temente no discurso interior e exterior do homem e encarna a
autoridade que o grupo social exerce sobre ele” (5, 212), ou seja,
o estilo, como todos os outros conceitos do Círculo se define pela
interação dialógica entre duas ou mais pessoas. O estilo é, da
mesma maneira que o enunciado concreto, uma construção dia-
lógica, sociológica e ideológica, ou seja, sempre que nos referimos
ao enunciado concreto e seus elementos estamos no domínio do
criado.
No interior de um gênero do discurso secundário – a obra
literária –, Volochinov define dois aspectos da relação entre o
autor e o herói que definem o estilo:
123
Geraldo Tadeu Souza
62
Essas características vão ser utilizadas posteriormente para a distinção
entre estilo familiar, estilo íntimo e estilo objetivo.
124
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
125
Geraldo Tadeu Souza
126
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
64
Segundo Bakhtin, “o discurso íntimo é empregnado de uma confiança
profunda no destinatário, na sua simpatia, na sensibilidade e na boa
127
Geraldo Tadeu Souza
128
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
5. Entonações
Onde há gênero há estilo, onde há estilo, há entonação,
onde há entonação há gênero. É esse o motivo que leva o pensa-
mento do Círculo a propor uma Sociologia do Gênero, uma
Estilística Sociológica, e também a perceber a entonação na sua
interação orgânica com os outros dois – gênero e estilo – em sua
orientação social: “a entonação é social par excellence” (5, 194).
No todo da obra do Círculo, esse conceito aparece com as
seguintes acepções: entonação, entoação, tom, acento, tonalida-
de, sempre em correlação com o conceito de valor – horizonte
social, apreciação social, expressividade –, que anima a Arquite-
tônica apreciativa da teoria. A entonação é a forma sonora da
expressão axiológica, ou seja, a forma de representação do ele-
mento ético no enunciado concreto.
Num primeiro momento, no ensaio “Sobre a Filosofia do
Ato” (1919-1921), a definição de entonação está relacionada com
a palavra viva expressa num acontecimento único da existência,
portanto, numa perspectiva fenomenológica: “o tom emotivo-volitivo
circunfundi o todo de conteúdo/sentido de um pensamento no ato
realmente realizado e o relaciona à ocorrência única do ser como
acontecimento” (2, 34) . Portanto, a entonação ocupa, no todo da
palavra, o aspecto emotivo-volitivo, em interação orgânica com o
aspecto de conteúdo/sentido (a palavra como conceito) e o aspec-
to palpável-expressivo (a palavra como imagem).
129
Geraldo Tadeu Souza
a) a natureza social;
b) a orientação ao ouvinte (o segundo participante);
c) a orientação ao objeto do enunciado (o tema).
66
Como já falamos essa é uma das particularidades constitutivas do
enunciado concreto.
130
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
131
Geraldo Tadeu Souza
132
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
67
Volochinov dá a seguinte ordem para a organização da forma do
enunciado: “os elementos fundamentais que organizam a forma do
enunciado são em primeiro lugar a entonação (o timbre expressivo de
uma palavra), depois a escolha das palavras, enfim, sua disposição
no interior de um enunciado completo” (16, 304).
68
Em francês: “Cette vie double est également celle de la réplique de tout
dialogue réel: elle se construit et se conçoit dans le contexte d’un dialogue
entier, composé d’éléments << à soi >> (du point de vue du locuteur), et
<<à l’autre>> (du point de vue de son “partenaire”). De ce contexte
mixte des discours <<siens>> et <<étrangers>>, on ne peut ôter une
seule réplique sans perdre son sens et son ton. Elle est partie organique
d’un tout plurivoque” (18, 106).
133
Geraldo Tadeu Souza
134
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
135
Considerações Finais
138
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
69
Como diz o prof. Boris Schnaiderman em seus estudos literários
referindo-se à obra de Bakhtin sobre Dostoiévski: “Em minha tese,
pus em discussão diversas afirmações suas [de Bakhtin] no livro sobre
Dostoievski, mas é preciso discutir mais ainda, pôr tudo em dúvida,
balançar de uma vez o coreto. De outro modo, a literatura se estanca
nas certezas acadêmicas e didáticas. Mobilidade, contradição dialética,
construção/desconstrução, eis os elementos com que temos de
trabalhar. O resto é acomodação e rotina” (33, 88).
139
Geraldo Tadeu Souza
140
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
141
Geraldo Tadeu Souza
142
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
70
Para uma bibliografia completa das obras do Círculo ver Todorov, T.
Mikhaïl Bakhtine. Le principe dialogique (31, 173-176) e Faraco, C. A.;
Tezza, C. e Castro, G. de (orgs) Diálogos com Bakhtin. (49, 15-20).
143
Geraldo Tadeu Souza
144
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
ção. p. 211-362.
(20) Bakhtin, M. (1940; 1965) A cultura popular na Idade Média e no
Renascimento: o contexto de François Rabelais. trad. do francês
de Yara Frateschi Vieira. São Paulo, HUCITEC; Brasília, Editora
da Universidade de Brasília, 1993.
(21) Bakhtin, M. (1952-1953) “Os gêneros do discurso” In: Bakhtin,
M. Estética da Criação Verbal. trad. do francês de Maria
Ermantina G. Gomes. São Paulo, Martins Fontes, 1992. p. 277-
326.
(22) Bakhtine, M. (1952-1953) “Les genres du discours” In: Bakhti-
ne, M. Esthétique de la Creátion Verbale. Trad. A. Aucouturier.
Paris, 1979.
(23) Bakhtin, M. (1959-1961) “O problema do texto” In: Bakhtin, M.
Estética da Criação Verbal. trad. do francês de Maria Ermantina
G. Gomes. São Paulo, Martins Fontes, 1992. p. 327-358.
(24) Bakhtin, M. (1961) “Para una reelaboración del livro sobre
Dostoievski” In: Estética de la creación verbal. Cidade do México,
Siglo Veintiuno Editores, 1982. p. 324-345.
(25) Bakhtin, M. (1970-1971) “Apontamentos 1970-1971” In: Bakhtin,
M. Estética da Criação Verbal. trad. do francês de Maria
Ermantina G. Gomes. São Paulo, Martins Fontes, 1992. p. 369-
397.
(26) Bakhtin, M. (1974) “Observações sobre a epistemologia das ciên-
cias humanas” In: Bakhtin, M. Estética da Criação Verbal. trad.
do francês de Maria Ermantina G. Gomes. São Paulo, Martins
Fontes, 1992. p. 399-414.
145
Bibliografia Geral
148
Introdução à teoria do Enunciado Concreto do Círculo Bakhtin/Volochinov/Medvedev
Ficha técnica
149