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09/12/2018 Revista VEJA - O poder da inteligência.

A FORÇA DA INTELIGÊNCIA NA SUA VIDA (Revista Veja , Ano 34, No. 25, pp. 92-99, 2001)

Pesquisas revelam que as pessoas com QI elevado têm também inteligência emocional com
alto potencial e boas chances de realização pessoal e profissional. Sabe-se agora que o nível
de inteligência da humanidade tem aumentado muito. E, segundo os especialistas, existe um
arsenal de recursos para expandir a capacidade mental das pessoas sobretudo a inteligência
das crianças.

O Poder da Inteligência

As fotos que ilustram estas duas páginas são de sócios de uma organização peculiar: a
Mensa Brasil. Ela é o braço brasileiro de um clube internacional (com site na internet no
endereço www.mensa.org), nascido na Inglaterra em 1942, que reúne alguns dos donos
dos mais altos quocientes de inteligência (QIs) de todo o planeta. Conversar com essa
gente é uma experiência que comprova algumas das últimas descobertas feitas pelos
cientistas que pesquisam a inteligência e o comportamento humanos. Essas pessoas
tendem a ser mais curiosas, seus interesses abrangem um universo maior e a relação
delas com o mundo é mais rica. Há os gênios ranzinzas e os sábios ermitãos, mas tudo
indica que estes são exceção à regra. Pelo que a ciência vem reafirmando, o quociente
de inteligência medido pelos testes mais tradicionais (aqueles que detectam a
capacidade de raciocínio lingüístico, matemático e lógico) indica também o potencial da
pessoa para se relacionar com os outros e para enfrentar os problemas do dia-a-dia.

Nessa perspectiva, o QI seria um fator importantíssimo para o sucesso na busca da


felicidade. "As pesquisas têm demonstrado que as pessoas com menor quociente de
inteligência tendem a ter pior performance na escola, carreiras profissionais
problemáticas, laços familiares frágeis e, por tudo isso, a apresentar mais
freqüentemente quadros depressivos", diz a psicoterapeuta americana Cathi Cohen, que
trabalha com programas de treinamento de crianças em Washington e há quinze anos
pesquisa a relação entre inteligência e felicidade.

O roqueiro Roger Rocha Moreira, do grupo Ultraje a rigor, tem 44 anos e QI 172 -
altíssimo. O QI médio fica entre 90 e 110. Ele está em uma das fotos que ilustram a
abertura desta reportagem. Roger se alfabetizou sozinho aos 3 anos de idade, pulou a 4a
série primária porque já sabia tudo que estava sendo ensinado e chegou ao 2o ano do
curso de arquitetura antes de decidir seguir carreira musical. "Sempre consegui tudo que
quis", ele diz. Há outros exemplos de pessoas inteligentes, bem sucedidas e bem
conhecidas dos brasileiros nas páginas seguintes. Como se verá, quem tem alto
quociente de inteligência não precisa necessariamente ter um diploma em física
quântica. O QI de Jayne Mansfield, símbolo sexual produzido para fazer frente a Marilyn
Monroe, era 163. O ator James Woods estudou no Instituto de Tecnologia de
Massachusetts, o renomado MIT. No teste para entrar na escola acertou as 800
questões de conhecimentos gerais e 779 das 800 de matemática. Seu QI: 180. E a atriz
Sharon Stone, que sempre é lembrada pela cruzada sensacional de pernas que dá no
filme Instinto Selvagem, entrou na universidade aos 15 anos de idade e tem QI 154.

Não tão famoso, o médico e neurocirurgião paulista Joel Augusto Ribeiro Teixeira, 32
anos, é o presidente da Mensa Brasil. Sua mulher, Márcia Hartmann Teixeira,
neurologista e musicista nas horas vagas, também é sócia da Mensa. Convivendo com
computadores, filmes falados em inglês, videogames e com os amigos dos pais, os dois

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filhos, Felipe, de 1 ano e meio, e Marina, de 3 anos e meio, desenvolveram habilidades


precoces. Felipe canta várias músicas de cor e reconhece notas musicais. Marina
começou a falar aos 8 meses e aprendeu a ler sozinho aos 3 anos. E canta música em
inglês sem nunca ter aprendido a língua - apenas repetindo o som que escuta.

A família de Joel é um exemplo de outra conclusão a que os pesquisadores da mente


humana estão chegando: de que o QI médio da população mundial tem se elevado. E
não pouca coisa. Na Inglaterra, o salto foi de 27 pontos desde 1942. Nos Estados
Unidos, foram 12 pontos desde 1932. Na Holanda, em dez anos se registrou um salto de
20 pontos, e, na Argentina, 22 pontos a mais desde 1964. Em 25 países onde as
medições acontecem de forma regular, verificou-se um progresso notável no nível
intelectual da população, e os pesquisadores acreditam que a descoberta pode ser
generalizada para o planeta. "as transformações são dramática", diz Oliver Sacks,
neurologista inglês, professor no Albert Einstein College of Medicine, de Nova York.
"Devem estar ocorrendo mudanças e reorganizações fisiológicas e anatômicas na
microtextura do cérebro que ainda não podemos entender plenamente." A inferência que
se pode fazer é a seguinte: com uma cabeça melhor, o quociente de felicidade da
humanidade, por assim dizer, também deve estar mais alto.

No Brasil a prática da medição do QI não é muito difundida. Normalmente os testes são


aplicados em crianças que apresentam comportamento destoante na escola, no clube ou
em casa. São crianças que têm deficiências de aprendizagem ou de relacionamento
social. Portanto o Brasil não contribui com informações para os trabalhos feitos por
neurologistas e psicólogos. A instituição que aplica provas regulares e formais no país - e
isso há apenas um ano - é a Mensa Brasil.

Outro exemplo da evolução generacional da inteligência é do da família de Carlos Leite,


engenheiro. Leite tem QI 164. É um expoente na faculdade, adora matemática, toca
guitarra, lê tudo que lhe cai nas mãos. Um de seus sobrinhos, no entanto, conseguiu
superar o índice já alto do tio no teste de QI. Pedro Moreira Graça, de 15 anos, tem QI
168 e seu irmão, André, de 16 anos, chega aos 152. Quando criança, André observava a
irmã mais velha aprendendo a ler. Aos 4 anos, numa pizzaria, leu o cardápio e escolheu
o sabor de sua preferência. A máxima de André: "Ser inteligente não é saber muita
coisa. É saber o que é necessário". Pedro quer estudar filosofia e psicologia. André
prefere composição musical. Os irmãos são diferentes em várias coisas. Em comum,
possuem uma inteligência excepcional, maior que a do tio-cabeça.

As explicações mais razoáveis para elevação do nível médio de inteligência da população


têm a ver com alguns dos processos do mundo moderno. São as seguintes:

As pessoas estão mais expostas a informações, estímulos visuais e desafios .


As famílias são menores, o que permite aos pais dar mais atenção aos filhos, responder a suas
perguntas com maior paciência.
O trabalho, de forma geral, exige maior esforço mental e faz com que as pessoas aprimorem
seus conhecimentos lendo ou viajando.
Até as atividades de lazer demandam maior conhecimento hoje que no passado.
Computadores, videogames e holografias formam cérebros acostumados a lidar com várias
dimensões e aumentam o poder de concentração.
O novo modelo de escola permite que as crianças mostrem e desenvolvam seus interesses.
Aulas monótonas estão cada vez mais em baixa. Os alunos estão mais interessados em
entender processos que em decorar dados.
A globalização amplia a universo individual e familiar, põe o indivíduo em contato com culturas,
línguas e costumes diferentes.
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Há um efeito multiplicador na inteligência. Pessoas inteligentes e competentes são


estimuladas por ambientes mais ricos em informação, mais livres para a criatividade.
Vivendo nesses ambientes, elas provocam mudanças, oferecem novos estímulos e
ensejam o crescimento daqueles com quem convivem. Assim, a média da inteligência da
população sobe. "O QI das pessoas é afetado pelo ambiente e pelos genes e o ambiente
em que vivem é determinado pelo seu QI", diz Willian Dickens, pesquisador da Brookings
Institution , dos Estados Unidos, autor de um artigo sobre o tema na edição de abril da
Psychological Review, revista publicada pela Associação Americana de Psicologia. Está
aí algo a que se deve prestar muita atenção. "É visível que as crianças são mais
inteligentes hoje que no passado . Elas são capazes de dominar um universo muito
grande de informações e instrumentos e se adaptam com facilidade a situações novas",
diz Ricardo Costa Mesquita, diretor pedagógico da escola Oswald de Andrade, em São
Paulo.

"Nem todos os educadores estão preparados para lidar com esse novo público e por isso
os pais devem ter um cuidado especial com seus filhos no momento atual."

Hector Montenegro Terceros tem 9 anos de idade e mora em São Paulo. O pai é
engenheiro eletricista e a mãe, historiadora. Quando estava na pré-escola, Hector
aprendeu a ler e escrever em apenas duas semanas. A professora, percebendo a
precocidade do garoto, aplicou-lhe uma avaliação de nível de raciocínio e descobriu que
ele era mais rápido que os colegas. Hector estudava numa escola particular bem
conceituada, mas com um método de ensino que tende a ignorar as diferenças
intelectuais entre os alunos. Baseava-se fortemente na memorização. O menino tirava
notas altas, mas estava sempre infeliz. Não tinha muitos amigos. Não podia aprofundar
os assuntos para não alterar o ritmo da classe. "Ele estava sempre deprimido", lembra o
pai, Carlos Juvenal Terceros Siles. Há dois anos os pais do menino concluíram que, sem
ajuda profissional, o filho se despedaçaria emocionalmente.

100 pontos 112 pontos

Em 1932, nos Usando a mesma


Estados Unidos, este é o escala, o QI dos americanos,
QI médio das crianças hoje, é 12 pontos maior
Os traços comuns da inteligência na infância

Dez sinais que indicam atividade cerebral intensa e produtiva, segundo o


psicólogo e pedagogo americano Frederick Tuttle, autor do best-seller
Características e Identificação sem tradução para o português

Curiosidade
Persistência e empenho na satisfação de interesses
Capacidade de autocrítica e de criticar os outros
Bom humor
Facilidade de propor idéias diante de um estímulo novo
Liderança
Capacidade de se indignar diante de injustiças
Facilidade de adaptação a desafios novos
Imaginação e fantasia sob controle
Facilidade de relacionar informações aparentemente diversas e distantes

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Levaram-no para fazer uma avaliação psicológica que incluía um teste de QI.
Descobriram que Hector tinha inteligência acima da média, 135. Mudaram o garoto de
escola. Hoje ele estuda no Colégio Objetivo, que tem um programa de incentivo aos
supertalentos. Faz cursos extracurriculares, entre eles um de tecnologia e outro de
literatura. "Antes me sentia muito abafado. Agora tenho colegas da minha e de outras
classes. Estou muito mais feliz", diz Hector.

O menino Raphael Ramos, de 4 anos de idade, deu um susto na mãe quando, num fim
de semana no sítio, foi brincar com um jogo de conhecimentos gerais e, de setenta
perguntas, errou apenas dez. No mês passado, Raphael estava fazendo uma bateria de
testes para avaliar sua inteligência. O QI: 139. O psicólogo descobriu que o menino tem
capacidade de abstração, de compreensão de conceitos, de manutenção e memória
visual verbal muito grande. Seu problema mais grave: como não quer que os coleguinhas
do jardim-de-infância achem que ele é diferente, finge que não sabe ler nem escrever.
"Raphael precisa ter atividades de grupo, estar sempre entre crianças. Se seu
relacionamento social não for bem trabalhado, ele acabará se isolando". Explica Daniel
Fuentes, neuropsicólogo do Hospital das Clínicas de São Paulo. A moral dessa história é
a seguinte: é preciso estar atento aos desafios que cercam até mesmo os mais
inteligentes.

Hoje é consensual a idéia de que o cérebro é um órgão com enorme capacidade de


adaptação e expansão. Mais trabalho, ele desenvolve mais ligações entre neurônios, as
chamadas sinapses. Pessoas cujo cérebro tem mais sinapses raciocinam mais rápido e
resolvem problemas de modo mais eficaz. Para desenvolver uma teia mais complexa não
basta o trabalho exaustivo sobre livros e computadores. Estão recomendadas também
conversas, passeios, viagens. Cultivar amizades e promover brincadeiras são práticas
importantes. Então, mãos à obra. O trabalho que se exige para o desenvolvimento da
inteligência não é assim tão enfadonho.

Talentos Famosos
QI 180 - James Woods - QI 163 - Jayne Mansfield - QI 154 - Sharon Stone -
ator atriz atriz
Por que as crianças ficam mais inteligentes a cada geração

Uma pesquisa feita no início do ano pela Faculdade de Psicologia da


Universidade Cornell, nos Estados Unidos, descobriu que a média do QI
das crianças, em uma dezena de países, subiu mais de 20 pontos nos
últimos cinqüenta anos. As razões, segundo os pesquisadores, são as
seguintes:

As famílias são menores, o que permite aos pais dar mais atenção a cada um
dos filhos;
Os empregos demandam mais atividade intelectual, o que obriga as pessoas a
se atualizarem permanentemente. Pais intelectualmente ativos estimulam seus
filhos a ser da mesma forma;
Nos momentos de lazer, até mesmo para manterem uma conversa com amigos,
as pessoas têm de estar atualizadas e bem informadas. O ambiente induz a
uma atividade intelectual mais intensa;
Os equipamentos eletroeletrônicos e de comunicação domésticos ajudam a
formar crianças com habilidades múltiplas. Mexendo no computador, mudando o
canal da televisão e ouvindo música, a criança exercita a memória e treina a
capacidade de manter a atenção mesmo tempo;

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Ensinando a pensar Um método para estimular a inteligência das crianças

Há 25 anos Myrna Shure, professora na Universidade de Ciências da


Saúde da Filadélfia, vem aplicando em grupos experimentais, nos
Estados Unidos, um método que desenvolveu para que pais e professores
ensinem as crianças a pensar. Neste ano Myrna lançou um livro, Raising
a Thinking Child, que é uma espécie de manual para pais que queiram
estimular a inteligência de seus filhos e está entre os mais vendidos no
país. É um roteiro de jogos de conversa. Pais e professores devem
trabalhar algumas palavras e expressões até que elas tenham significado
para a criança e seu raciocínio vá se tornando mais complexo. Algumas
das palavras-chave e sugestões de perguntas para diálogos a serem
explorados desde que a criança começa a balbuciar são as seguintes:

É/NÃO É - "Você é um menino. O que você não é ?"


E/OU - "Devo comprar laranjas ou maçãs? Ou devo comprar laranjas e maçãs?
"POR QUE - "Por que você acha que é importante usar cinto de segurança?"
IGUAL/DIFERENTE - "O que estas duas bolas têm de igual e o que têm de
diferente?" Você consegue fazer coisas diferentes, como sentar e pular, ao
mesmo tempo?"
TRISTE/FELIZ - "O que sente uma pessoa que está chorando? Como você
sabe?" "Como você está se sentido agora?"
AGORA/DEPOIS - "À tarde a mamãe tem de trabalhar. Você quer assistir à
televisão agora ou prefere brincar com a mamãe e deixar a TV para depois?"
ALGUNS/TODOS - "Neste jardim todas as flores são vermelhas ou há algumas
amarelas?"
ANTES/DEPOIS - "Eu mexo o leite com a colher antes ou depois de ter posto o
chocolate em pó?" "Você bateu no menino antes ou depois dele ter lhe
xingado?"
BOA HORA/MÁ HORA - "Como você acha que eu me sinto quando estou
conversando e você me interrompe? Esta é uma boa hora para você falar
comigo?"

Inteligência é conhecer a si mesmo

Professor da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, o neurologista português


Antônio Damásio divide com o inglês Oliver Sacks o título de grande estudioso da mente
humana, com uma vantagem para o público leigo: os dois são capazes de traduzir o que
descobrem em linguagem coloquial. Damásio especializou-se na consciência, a função
mental que dá às pessoas a sensação de serem únicas no mundo e, portanto, permite o
reconhecimento da existência do outro. Para Damásio, a fronteira final do estudo da
inteligência será alcançada quando se desvendar a maneira pela qual a mente aprende a
aprender. Abaixo, a entrevista concedida a Denise Ramiro, de VEJA. (O estudioso dos
mecanismos da consciência fala sobre a evolução da capacidade mental. ANTÔNIO
DAMÁSIO - neurologista português é dos maiores pesquisadores da mente humana)

Veja - Considerando que o computador disponibiliza uma enorme riqueza de imagens e


informações, comparando as pessoas de hoje com as de vinte anos atrás pode-se dizer
que hoje há mais inteligência?

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Damásio - O meio muito rico em que vivemos atualmente, com televisão, cinema e
computador, leva nosso cérebro a ter uma agilidade maior. Mas isso não é tudo. Ao
mesmo tempo que a tecnologia permite que as pessoas tenham acesso a maior volume
de informações, pode inibir a capacidade de decisão e de imaginação. É preciso,
portanto, aprender a lidar com as novidades para que elas sejam bem aproveitadas.

Veja - Por que os testes de QI estão voltando?

Damásio - O teste tradicional de medida do quociente de inteligência, o QI, é expressão


de uma capacidade geral de inteligência. Ele é especialmente útil se considerar que a
maior parte das pessoas que sobressaem num tipo específico de inteligência (emocional,
artística ou motora, por exemplo) tem também um QI elevado. Isso porque toda a
atividade humana é resultado de uma combinação de fatores intelectuais e emocionais.
Ou seja, a sensibilidade é muito importante, mas a capacidade de raciocínio, que está
ligada à inteligência, também tem um enorme papel a desempenhar.

Veja - Existe uma fórmula para garantir que os filhos sejam inteligentes e bem-
sucedidos?

Damásio - Não há uma fórmula, mas existem algumas regrinhas básicas. Garantir que a
criança tenha boa saúde, desde a gestação, é fundamental. Depois, é importante
oferecer um ambiente de carinho e que seja rico e estimulante, do ponto de vista
intelectual e emocional. Com isso, a criança poderá desenvolver sua inteligência e terá
mais chances de ser feliz.

Veja - Estão no cérebro as razões do sucesso ou insucesso das pessoas?

Damásio - As características físicas do cérebro ajudam a determinar o destino das


pessoas, sua possibilidade de ser feliz ou infeliz. Mas não é só isso. O destino também
é resultado do meio social e cultural em que nos desenvolvemos. A maneira como as
pessoas enfrentam a vida e os resultados que obtêm é conseqüência de uma
combinação de fatores biológicos, que vêm de nossa estrutura física cerebral, e culturais,
que têm a ver com a forma como cada um de nós se desenvolveu na estrutura familiar,
escolar e social no sentido mais amplo. Sou totalmente contra as idéia de que tudo
aquilo que somos é determinado pela carga genética que carregamos e pela nossa
estrutura física.

Veja - O que ocorre em nosso cérebro que nos faz tomar conhecimento do que acontece
no mundo?

Damásio - São os mecanismos da consciência de que trato no meu livro O Mistério da


Consciência. Nosso cérebro elabora uma construção não só das imagens do que
acontece no mundo, mas também da nossa própria imagem. É através dessa imagem,
que relaciona corpo e objeto, que vamos construir o sentido da consciência, o sentido do
próprio e a capacidade que temos de conhecer aquilo que acontece à nossa volta.

Veja - As pessoas costumam achar que decidem e pensam melhor quando estão de
cabeça fria, livres de emoções. Esta é uma impressão correta?

Damásio - É uma impressão totalmente errada. As emoções são extraordinariamente


importantes no processo de decisão. A emoção faz parte do mecanismo neurológico da
decisão.

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