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ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA

“RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO


JURISDICIONAL. INEXISTÊNCIA. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA. BUSCA E
APREENSÃO. RITO DO DECRETO-LEI Nº 911/1969. LEGITIMIDADE ATIVA.
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS E SOCIEDADES EQUIPARADAS. ORGANIZAÇÃO DA
SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO - OSCIP. INSTITUIÇÃO DE
MICROCRÉDITO PRODUTIVO ORIENTADO. CLASSIFICAÇÃO OU EQUIPARAÇÃO
COM INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. IMPOSSIBILIDADE. CRIME EM TESE. ENVIO DE
PEÇAS AO MINISTÉRIO PÚBLICO. REVERSÃO. INVIABILIDADE. SÚMULAS Nº
284/STF E Nº 7/STJ. 1. Cinge-se a controvérsia dos autos a definir se as pessoas
jurídicas qualificadas como organizações da sociedade civil de interesse público -
OSCIP - podem utilizar a ação de busca e apreensão, pelo rito do Decreto-Lei nº
911/1969, para recuperar a posse de bens vinculados à alienação fiduciária acessória
do contrato de abertura de microcrédito, vinculado ao Programa Nacional de Microcrédito
Produtivo Orientado - PNMPO. 2. O procedimento judicial de busca e apreensão
previsto no Decreto-Lei nº 911/1969, nos termos da jurisprudência desta Corte, é
instrumento exclusivo das instituições financeiras lato sensu ou das pessoas jurídicas de
direito público titulares de créditos fiscais e previdenciários. 3. A organização da sociedade
civil de interesse público - OSCIP -, mesmo ligada ao Programa Nacional de
Microcrédito Produtivo Orientado - PNMPO, não pode ser classificada ou equiparada
à instituição financeira, carecendo, portanto, de legitimidade ativa para requerer busca e
apreensão de bens com fulcro no Decreto-Lei nº 911/1969. 4. [...]” (REsp 1311071/SC, Rel.
Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 21/03/2017,
DJe 24/03/2017)

A alienação fiduciária é um tema recorrente na jurisprudência do STJ, como se verifica, por


exemplo, no julgado cuja ementa foi transcrita acima. Leia o julgado clicando ​aqui​, estude a
matéria na doutrina e responda as seguintes questões:

1-)​​ Defina o contrato de alienação fiduciária em garantia.

O Código Civil define, no caput do Art. 1361 do “Capítulo IX: Da Propriedade


Fiduciária”, fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível que o devedor, com
escopo de garantia, transfere ao credor.
O doutrinador Carlos Roberto Gonçalves define o contrato de alienação fiduciária em
garantia como um negócio jurídico de disposição condicional. Para o autor, essa alienação se
baseia na ideia de que o devedor (fiduciante) transfere, por venda, bens ao seu credor
(fiduciário), com a ressalva de recuperá-los se dentro de certo tempo, ou sob dada condição,
efetuar o pagamento da dívida. (GONÇALVES, 2010).
Nesse sentido dá-se a transferência do domínio do bem móvel ao credor (instituição
financeira que integrem o Sistema Financeiro Nacional) em garantia do pagamento,
permanecendo o devedor com a posse direta da coisa. Gonçalves afirma que o domínio e a
posse indireta passam ao credor, em garantia. Não se dá a tradição real, mas sim ficta, pelo
constituto possessório.
O autor afirma ainda que domínio do credor é resolúvel, uma vez que se resolve
automaticamente em favor do devedor alienante, sem necessidade de outro ato contratual,
quando este paga a última parcela da dívida.

2-) Ele pode ter por objeto coisa móvel ou imóvel. Indique a legislação aplicável para cada
hipótese.

Na alienação fiduciária temos por objeto coisa móvel infungível, ou seja, aqueles que
não podem ser substituídos por outro da mesma espécie, quantidade e qualidade e também os
bens imóveis. Os objetos móveis são tratados no art. 1.361, que afirma ser fiduciária a
propriedade resolúvel de coisa móvel infungível. Além disso, no seus § 1° diz, ser necessário
o registro do instrumento, seja ele particular ou público, no Registro de Títulos e Documentos
e nos casos de veículos, na repartição competente para o licenciamento, realizando-se as
anotações no certificado de registros. Já os bens imóveis foram incluídos na alienação
fiduciária pela Lei n° 9.514/97, que trata do financiamento imobiliário. Nessa hipótese, o
fiduciantes possui a posse direta do bem, mas dá ao fiduciário a propriedade resolúvel e a
posse indireta da coisa imóvel.

3-)​​ No dec.-lei 911/69 há a previsão da busca e apreensão do bem. Explique a disciplina legal.

De acordo com as disposições do art. 8º-A1 do Decreto-Lei nº 911/69, o procedimento


judicial de Busca e Apreensão aplica-se somente às “operações do mercado financeiro e de
capitais e de garantia de débitos fiscais ou previdenciários.” Ou seja, apenas pode ser aplicada
por instituição financeiras ou por sociedades que a ela podem ser equiparadas.
Como exposto no Recurso Especial, instituições financeiras podem ser definidas como
pessoas jurídicas ou privadas que, por conta de autorização do BC, possuem como atividade
principal ou acessória “a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios
ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de
terceiros”.
Levando os pontos anteriores em consideração, estabeleceu-se que:
Art. 3: O proprietário fiduciário ou credor poderá, desde que comprovada a mora, na forma
estabelecida pelo § 2​o do art. 2​o​, ou o inadimplemento, requerer contra o devedor ou terceiro a
busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente, a qual será concedida liminarmente,
podendo ser apreciada em plantão judiciário.
4-) É possível a purgação da mora pelo devedor inadimplente. Explique a solução legal e o
entendimento adotado no STJ.

Pelo entendimento do Supremo Tribunal de Justiça, em casos de alienação fiduciária


em garantia, não se é configurado a purgação da mora pelo simples pagamento da prestação
em atraso, como estaria estabelecido no art. 401, I do Código Civil, que dita que: “Purga-se a
mora: por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a importância dos prejuízos
decorrentes do dia da oferta”. Sendo assim, para que seja possível se reverter a busca e
apreensão será necessário que o devedor realize o pagamento integral da dívida pendente em
conjunto com as prestações ainda não vencidas, de acordo com o decreto-lei nº 911/1996.
Todavia é necessário citar que o decreto-lei nº10932/2004 realizou algumas mudanças
significativas no decreto-lei nº 911/1996, passando a estabelecer que não se fala mais na
possibilidade de purgação da mora em ações de busca e apreensão surgidas de contrato de
mútuo que tenha sido garantido por alienação fiduciária.

5-) Distinguir a alienação fiduciária da compra e venda com reserva de domínio (arts. 521-528
do CC)

Na alienação fiduciária, a instituição possui interesse em realizar empréstimo a um


cliente, podendo gozar da cobrança de todos juros e encargos sobre o valor, possuindo o bem
como garantia para o recebimento do valor negociado. O interesse da instituição está no lucro
que receberá em função dos juros e encargos.
Já na reserva de condomínio, há um negócio de compra e venda em que não há
interesse em saber a origem do valor a ser pago, mas caso o pagamento não ocorra, o
vendedor pode propor ação contra o comprador e receber de volta o bem em questão. Em tese,
o devedor não deve nada além do bem negociado uma vez devolvido.

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