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algum tipo de subversão das regras no Há como um tremor no nosso imagi- rância, este arquivo que nos coloca no parafernália de obras deduzindo impres-
espaço público”. Se há “uma certa ino- nário. Perante estas imagens, não temos meio delas, como se passeássemos por sões drásticas sobre a cidade contem-
cência” neste gesto de fuga ao quotidia- como não conjeturar sobre um sem fim aquele recreio, faz-nos pensar na vida porânea. O que nos oferece o olhar de
no, “o que é interessante é elas ocupa- de cenários possíveis. A revolta está den- de organismos complexos, como a col- Maçãs de Carvalho, nesta exposição
rem aquele distrito, a zona mais rica da tro da imensa carga de sugestão que nos meia. Se cada abelha faz o que pode, jun- com curadoria de Ana Rito, é a expe-
cidade”. Portanto, aquele que mais natu- inspiram. Se há uma inocência de cada tas elas revelam algo mais próximo de riência de “deambulação autónoma e
ralmente as rejeitará. uma destas empregadas domésticas, uma consciência, e há um efeito de rebel- solitária” no meio desta multidão que
Nos outros seis dias da semana, quan- libertas da farda, maquilhadas e com dia controlada, uma espécie de orgulho ostenta magníficos traços de união, e
do está em atividade, não há nada ali que um toque ainda assim subtil de exube- e uma afirmação dentro de limites bas- que se rebela sem provocar distúrbios,
lhes diga respeito, que procure atraí-las. tante negativos. colocando-nos dúvidas e incertezas
Nas fotografias e filmes, elas estão vivas, “A minha preocupação como artista é sobre que espaço público é aquele que
fazem piqueniques, trazem os rádios, desde sempre o real”, diz-nos o fotógra- nos resta nas nossas cidades.
dançam frente à fachada espelhada e à fo, “mais do que efabulações que nos “Não há um olhar piedoso da minha
montra das grandes lojas, retocam a transportam para um mundo imaginá- parte sobre esta realidade”, sublinha o
maquilhagem, riem, põem um sorriso rio. Não quer dizer que eu não trabalhe fotógrafo, “o que eu gostava era que estes
largo, abandonam o recato. Ao i, o fotó- próximo da imaginação. O que sinto nal- filmes tivessem a expressividade do tem-
grafo chamou a atenção para o facto de guns destes filmes é que testemunha- po, pudessem ser uma experiência de
as imagens captarem sempre estes luga- mos momentos intersticiais, entre a ima- tempo para o espetador. Porque a pró-
res intersticiais, gestos perdidos e encan-
"JOEBRVFFTQPOUÆOFB ginação e a realidade”. As pessoas que pria montagem, a forma como é filma-
tadores contra o fundo onde as grandes FTFNVNEFDMBSBEPGJN vemos quase não dão pela câmera, vêmo- do não obedece aos protocolos cinema-
marcam sinalizam os seus domínios. QPMÐUJDP IÅBMHPEF las como se roçássemos nelas, captásse- tográficos, está muito mais perto do pro-
Um contraponto que “cria imagens crí- mos a sua intimidade a frio, e Maçãs de tocolo fotográfico – temos tempo para
ticas”, refere Maçãs de Carvalho, acres-
JORVJFUBOUFOFTUFSFDSFJP Carvalho explica que esta exposição foi as ver, vivenciar aquilo”. O artista frisa
centando: “Temos ali a classe mais baixa, EBTJNJHSBOUFTGJMJQJOBT pensada para que as fotografias funcio- ainda como há uma liberdade absoluta
e percebe-se isto pela forma como ves- nem como contraponto aos filmes, uma nesta manifestação, “quase um excesso
tem, pelo facto de serem mulheres tam- vez que estão “feitas de forma distancia- democrático”, com esta ocupação de um
bém, um grande agrupamento de mulhe-
i/ÊPIÅVNPMIBS da”, através delas vemos a cidade ao lon- espaço que,“nestes países de matriz capi-
res aponta também para um potencial QJFEPTPEBNJOIBQBSUF ge, “a cidade como imagem”. talista liberal”, se tornou efectivamente
subversivo... Mesmo que seja ingénuo TPCSFFTUBSFBMJEBEFw  Ao contrário da exposição nos pisos um espaço privatizado. “Esse espaço só
cria-se ali uma potência. E isso, enquan- superiores, esta corta a luz para que é tornado público no dia em que elas o
to artista é o que me interessa. Não é dar
TVCMJOIB+PTÌ.BËÊT toda a iluminação seja a das janelas ocupam. A sua ocupação ativa-o enquan-
respostas mas colocar questões.” EF$BSWBMIP das fotografias e filmes, não existe uma to espaço público e democrático.”

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