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reformadoseculo16.blogspot.com
Ao reverendo e ótimo
Johannes Staupitz, mestre na
sagrada teologia, agostiniano
ermitão, do seu progênito no
Senhor.
Mas a situação está séria. Vemos que Cristo está sofrendo. Se antes
foi preciso silenciar, agora quando o próprio boníssimo Salvador que se
entregou por nós padece de escárnio por todo o mundo, não lutaremos
por ele, não arriscaremos o nosso pescoço? Meu pai, que é muito mais
grave o perigo do que muitos pensam. Começa a entrar em vigor a
declaração do evangelho: “ao que me confessar diante dos homens, eu
o confessarei diante de meu pai, mas me envergonharei de quem se
envergonhar de mim.”[3]
Wittenberg.
Dia de santa Apolônia, 1521. O seu filho Martinus Lutherus.
NOTAS:
[1] 1Co 9.27.
[2] Leão X, por meio do arcebispo de Salzburg, Mateus Lang, urgiu a
Staupitz que declarasse como heréticas as doutrinas de seu súdito, Frei
Martinho Lutero. Veja a reação de Lutero ao informar-se de que
Staupitz se submetia a sua causa da decisão do pontífice.
[3] Mt 10.32; Lv 9.26.
[4] Sl 142.5.
[5] Mt 10.34.
[6] Dito recolhido de Erasmo, Adagia I.1.40.
[7] 2Ts 2.3 e 8.
[8] É interessante para notar o jogo de opinião pública nesta fase da
Reforma.
[9] Assertio omnium articulorum M. Lutheri per bullam Leonis X
novissimam damnatorum. WA 7, pp. 94-151.
[10] Felipe Melanchthon.
[11] Ele chama equivocadamente Ludovico, o médico do arcebispo de
Salzburg, cujo verdadeiro nome era Leonardo Schmaus.
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Acerca da ordem do culto público [1523]
Agora para corrigir estes abusos, primeiro deve-se saber que uma
congregação cristã nunca deve se reunir sem a pregação da Palavra de
Deus e a oração, ainda que seja breve, como diz o Salmo 102.21-22:
"Para que publique em Sião o nome de Jehová, e seu louvor em
Jerusalém, quando os povos e os reinos se congregarem para servir a
Jehová". E Paulo em 1 Coríntios 14 diz que quando se reunirem deverá
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haver profecia, ensino e admoestação. Assim, quando não há pregação
da Palavra de Deus, melhor que nem se cante, nem leiam, nem sequer
se reúnam.
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Desse modo, reúnam-se às cinco ou seis da tarde. A esta hora
realmente se deve ler outra vez o Antigo Testamento, livro por livro, ou
seja, os profetas, assim como Moisés e os livros históricos se
consideram na manhã. Mas sendo que também o Novo Testamento é
um livro, permito a leitura do Antigo Testamento na manhã e do Novo
Testamento à tarde, ou vice e versa, e a leitura, interpretação, louvor,
cânticos e oração pela manhã, também por uma hora. Porque a única
coisa importante é que se permita trabalhar a Palavra de Deus para
elevar e vivificar as almas para que não se cansem. Se desejarem
celebrar outro culto similar durante o dia, após o almoço, é um assunto
de livre escolha. E ainda que toda a congregação não participe destes
cultos diários, os sacerdotes e alunos, e especialmente aqueles de
quem se espera, que serão bons pregadores e pastores, devem estar
presentes. E deve-se admoestá-los a fazer isto voluntariamente, não
por constrangimento ou forçados, ou para obter um prêmio temporal ou
eterno, mas somente para a glória de Deus e o bem-estar do próximo.
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19 de Outubro de 1516.
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A justiça da lei ou das obras não se encontra somente nas práticas,
mas também, e mais exatamente, nas obras de todo o decálogo;
porque se observam fora da fé em Cristo, ainda que sejam capazes de
fabricar Fabrícios, Régulos e homens integérrimos, saberão tanto de
justiça como um arbusto sabe de figos. Como opina Aristóteles, não é
realizando coisas justas como que nos justificamos, a não ser que se
trate de uma simulação, mas que nos justificamos (por assim dizer),
sendo justos é como realizaremos na justiça. É necessário que
transforme primeiro a pessoa e depois se transformarão as obras.
Agrada-se de Abel, antes que a sua oferta. Mas deixemos isto para
outra ocasião.
NOTAS:
[1] WA Br1, pp. 70-71. Spalatino (Georg Burckardt, de Spalt), da mesma
geração que Lutero, ele viveu entre 1484-1545, exerceu um papel
decisivo nos começos da Reforma, dada a sua posição na corte de
Frederico, o Sábio, da Saxônia, de quem era chanceler e pregador. Foi o
mediador entre o príncipe e Lutero, humanista, e quem soube frear
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certas destemperanças do reformador que lhe escreveu um numeroso
corpo de cartas. Cf. 1. Hüss, Georg Spalatin, Weimar 1956; Id., Georg
Spalatins Verháltnis zu Luther und der Reformation: Luther 31 (1960), pp.
67-80.
[2] Refere-se à edição das obras de Agostinho publicadas em Basiléia
no ano de 1506.
[3] Sobre o apreço de Erasmo por Jerônimo, em coincidência com as
predileções de todos os humanistas, cf. sua própria confissão a Leão X,
em 1515 (Opus epistolarum D. Erasmi 11, ed. P.S. Allen, Oxford 1906, p.
80 e 220).
[4] Spalatino também era um mediador entre os humanistas e Lutero,
cumpriu fielmente o encargo e na carta que escreveu a Erasmo lhe
repete estes conceitos (cf. Opus epistolarum, 417).
[5] Refere-se a Nicolás de Lira (1270-1340) que no início do século XIV
escreveu Postillae perpetue in vetus et novum testamentum com grande
aceitação e impresso em 1471-1472.
[6] Lefévre d’Etaples (m. em 1536), patriarca do círculo humanista e
reformista de Meaux, com algumas ideias próximas de Lutero.
Continuou fiel à Igreja de Roma, mas alguns de seu intimidade (Farel,
por exemplo) se tornaram em líderes fervorosos da Reforma
protestante. Cf. F. Hahn. Faher Stapulensis und Luther: Zeitschrift für
Kirchengeschitchte 57 (1938), pp. 356-432.
[7] Aristarco de Samotracia, gramático do século III a.C., que para
Lutero, Erasmo e os humanistas era o símbolo das atitudes críticas.
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Para Alberto de Maguncia
31 de outubro de 1517
Ao Reverendíssimo Padre em
Cristo, Senhor Alberto,
Arcebispo de Magdeburg e
Maguncia, Senhor de
Brandeburg, seu estimado
senhor e pastor em Cristo. A
graça de Deus seja com ele.
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almas confiadas a ele, o que nem sempre é assegurado através da
graça de Deus, o apóstolo admoestando-nos a "trabalhar a vossa
própria salvação com temor e tremor"; e que o caminho que leva à vida
é tão estreito, que o Senhor, por meio dos profetas Amós e Zacarias,
assemelha aqueles que alcançam a vida eterna a um tição tirado do
fogo; e, acima de tudo, o Senhor aponta para a dificuldade da redenção.
Portanto, eu não poderia mais permanecer em silêncio.
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possa graciosamente se dignar a aceitar o fiel serviço que o seu
insignificante servo, com verdadeira devoção, renderia a você. Que o
Senhor guarde você para toda a eternidade. Amém.
Martinho Lutero
Agostiniano, separado como Doutor de Sagrada Teologia.
No presente momento, eu
estou lendo o nosso Erasmo,
mas meu coração recua dele
mais e mais. No entanto, uma
coisa que eu admiro é que ele
constantemente e sabiamente
acusa não somente os
monges, mas também os
padres, de uma ignorância
preguiçosa e profundamente
arraigada.
Todavia, sou temeroso, pois ele não propaga com amplitude suficiente
a graça de Cristo e de Deus, da qual ele conhece muito pouco. O
humano é para ele de maior importância do que o divino.
Embora eu não queira julgar Erasmo, eu lhe advirto para que você não
leia cegamente o que ele escreve. Pois nós vivemos em tempos
perigosos e todos os que são bons estudiosos do hebraico e do grego
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não são verdadeiros cristãos; mesmo Dr. Jerônimo, com as suas cinco
línguas, não conseguiu se aproximar de Agostinho, com sua única
língua -- embora Erasmo veja tudo isso de um ponto de vista diferente.
Aqueles que atribuem algo ao livre-arbítrio do homem consideram
estas coisas diferentemente daqueles que conhecem a livre graça de
Deus.
Para isso, Lutero respondeu: "É preciso fazer o melhor dos vícios que
são peculiares a cada terra. Os boêmios empanturram-se, os Wendes
[colonos eslavos na Saxônia] roubam e os alemães bebem avidamente
sem parar. Como você superaria um alemão, querido Cordatus, exceto
deixando-o bêbado - especialmente um alemão que não ama música e
mulheres?"
Sobre a predestinação
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Por João Calvino
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