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2- Bandeiras
A capitania de São Vicente se notabilizou por apresentar uma estrutura econômica de
subsistência e por possuir um quadro social marcado por intensa miscigenação, com
considerável presença de mamelucos, que seguiam os hábitos indígenas no cotidiano
das vilas fundadas na região. No decorrer do Período Colonial, a precariedade
socioeconômica exigiu a busca de alternativas para a sobrevivência dos habitantes
dessa região.
2.1 Bandeiras de apresamento
Na primeira metade do século XVII, a região de São Vicente se destacou pela realização
de expedições para o interior do Brasil no intuito de capturar indígenas para serem
escravizados. Essa possibilidade de enriquecimento ocorreu em virtude da agressiva
política externa holandesa, que resultou na invasão das praças fornecedoras de
escravos na costa africana. Uma vez que os flamengos garantiam apenas o
abastecimento das regiões controladas por suas companhias de comércio, por exemplo,
o Nordeste brasileiro, algumas áreas ficaram carentes de mão de obra, como é o caso
das cidades de Salvador e Rio de Janeiro. Assim, os paulistas partiram em expedições
pelo interior da colônia na intenção de aprisionar os gentios e vendê-los para essas
regiões. Eram as chamadas bandeiras de apresamento, responsáveis pela destruição
de inúmeras missões jesuíticas, principalmente na província de Guairá, território do atual
estado do Paraná.
Muitos missionários optaram por avançar ainda mais para o Sul, com o intuito de fugir
das ações abusivas dos bandeirantes. Foi nesse contexto que ocorreu a fundação da
redução jesuítica de Sete Povos das Missões, a partir de 1687.
2.3 Moncões
A expansão para o interior do Brasil Colonial também contou com a colaboração das
monções, ou seja, expedições que utilizavam as vias fl uviais para o processo de
deslocamento para as regiões longínquas da América Portuguesa.
O nome monções se origina dos ventos que colaboravam para trazer as caravelas
portuguesas para a costa da colônia americana. Curioso notar que as embarcações que
iam para o interior partiam no mesmo período em que os barcos europeus se
deslocavam para a América, ou seja, entre os meses de março e abril. Porém, cabe
ressaltar que as pequenas embarcações que buscavam o interior não utilizavam a
energia eólica, sendo movidas apenas pela força dos remos.
A opção pelos comboios era fundamental para se evitar os ataques indígenas e outras
adversidades que o interior colonial poderia apresentar.
Bandeirantes: a construção
do mito
A historiografia acerca dos bandeirantes mostra-se intensamente controversa. Os
primeiros compêndios da história brasileira, produzidos no século XIX, construíram a
imagem dos bandeirantes como pioneiros no processo de desenvolvimento do Brasil.
A ideia de coragem, de espírito civilizador e missionário soma-se ao desejo de vincular
a figura do bandeirante à presença portuguesa no interior da colônia.
Seria a contribuição lusa para a formação territorial de nossa nação. Com o avançar do
século XX, a historiografia buscou aproximar o bandeirante de uma concepção mais
realista para o cenário colonial português dos séculos XVII e XVIII. Em primeiro lugar,
cabe ressaltar a presença de poucos portugueses nessas expedições. As bandeiras
eram compostas, em sua maioria, de miscigenados. Com hábitos tipicamente indígenas,
esses mamelucos não foram responsáveis por estender a civilização portuguesa para o
interior, já que sequer compartilhavam desse conceito civilizatório. Destaca-se, portanto,
que as bandeiras foram movidas pelo desejo de enriquecimento pessoal, e que as ações
dos “paulistas” no interior do Brasil se distanciaram, em virtude da ganância e da
violência, especialmente contra comunidades indígenas, das idealizadas ações
referendadas pelos historiadores do século XIX.
* Importante Saber
Fernão Dias Pais, nascido provavelmente em Piratininga, em 1608, é um dos mais
famosos bandeirantes. Descendente dos primeiros povoadores de São Vicente, tomou
parte de várias expedições de apresamento indígena no Sul do Brasil, na primeira
metade do século XVII [...]
Exercícios
01- (FUVEST) No século XVII, contribuíram para a penetração do interior brasileiro:
a) o desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar e a cultura de algodão;
b) o apresamento de indígenas e a procura de riquezas minerais;
c) a necessidade de defesa e o controle aos franceses;
d) o fim do domínio espanhol e a restauração da monarquia portuguesa;
e) a Guerra dos Emboabas e a transferência da capital da colônia para o Rio de
Janeiro.
Resposta Correta: B
02- (FUVEST) Em 1694, uma expedição chefiada pelo bandeirante Domingos Jorge
Velho foi encarregada pelo governo metropolitano de destruir o quilombo de
Palmares. Isto se deu porque:
a) os paulistas, excluídos do circuito da produção colonial centrada no Nordeste,
queriam aí estabelecer pontos de comércio, sendo impedidos pelos quilombos.
b) os paulistas tinham prática na perseguição de índios, os quais aliados aos
negros de Palmares ameaçavam o governo com movimentos milenaristas.
c) o quilombo desestabilizava o grande contingente escravo existente no
Nordeste, ameaçando a continuidade da produção açucareira e da dominação
colonial.
d) os senhores de engenho temiam que os quilombolas, que haviam atraído
brancos e mestiços pobres, organizassem um movimento de independência da
colônia.
e) os aldeamentos de escravos rebeldes incitavam os colonos à revolta contra
a metrópole visando trazer novamente o Nordeste para o domínio holandês.
Resposta Correta: C
Referências:
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/bandeirantes-herois-ou-viloes-a-
construcao-do-mito.htm
https://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20080423123053AAXMGi3
Coleção Pré Vestibular, Editora Bernoulli, 6V ( Composta por 6 Volumes), página 49, 50
e 51 do Volume 3.
Coleção Pré Vestibular, COC Sistema de Ensino, Livro História do Brasil 1 (Colonia),
página 28, 29 e 30.