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Porto Alegre, 19 de outubro de 2016.

Orientação Técnica IGAM nº 24.830/2016.

I. O Poder Legislativo do Município de Júlio de Castilhos, através do


servidor Douglas Eidt, solicita orientação técnica quanto ao seguinte questionamento:

Sobre cedência de servidor público municipal:

É possível a cedência de Servidor Público Municipal do Poder


Legislativo a órgão de outro município (prefeitura)?

Se possível, quais os requisitos legais que deverão ser


cumpridos? Estaria entre eles a realização de um convênio?

Sendo necessária a realização de convênio, qual o tempo


máximo que este contrato poderia viger? Quais as motivações
possíveis para a realização de um convênio entre municípios?
Quais os limites legais para isso?

Pode o servidor cedido ocupar função gratificada dentro do


órgão cessionário?

II. Imperioso ressaltar que toda a legislação municipal utilizada para a


confecção desta orientação técnica é oriunda do Sistema de Processo Legislativo –
IGAMtec1, utilizado pelo Poder Legislativo.

Ademais, a matéria já foi objeto de elaboração de texto informativo


IGAM, intitulado “A cedência de servidores e a fiscalização pelo Tribunal de Contas do
Estado”, disponível no site www.igam.com.br, na pasta “servidores públicos”.

III. Ao dispor sobre a matéria, oportuno salientar que a cedência de


servidor é o ato pelo qual o servidor desempenhará atividades correlatas em outro
órgão ou entidade da Administração Pública direta ou indireta da União, Estados,
Distrito Federal ou Municípios. Desta feita, em Júlio de Castilhos, tem-se a
necessidade de verificar o disposto no Regime Jurídico dos Servidores2,
especialmente em seu art. 154 que assim discorre:

1
Disponível em http://www.camarajc.rs.gov.br/ acesso em 18 de Out. de 2016.
2
Disponível em http://www.camarajc.rs.gov.br/ acesso em 18 de Out. de 2016.
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Art. 154. O servidor ocupante de cargo efetivo e estável poderá ser
cedido para ter exercício em outro órgão ou entidade dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nas
seguintes hipóteses:
I - para exercício de função de confiança;
II - em casos previstos em leis específicas; e
III - para cumprimento de convênio.
Parágrafo único. Na hipótese do inciso I deste artigo, a cedência será
sem ônus para o Município e, nos demais casos, conforme dispuser a
lei ou o convênio.

Diante da premissa legal apresentada, existe a possibilidade de o


servidor efetivo e estável ser cedido, conforme lei ou convênio firmado entre as
entidades, dependendo da situação apresentada (incisos I e III através de convênio e
inciso II, mediante lei especifica). Neste sentido, atenta-se para o cumprimento do
dispositivo supracitado, eis que a fiscalização exercida pelo Tribunal de Contas do Rio
Grande do Sul, prima pela legalidade do ato entre os Municípios, conforme se verifica
em jurisprudência3:

1.1 – Falta de formalização de cedência de servidor do Estado ao


Município. Ausência de ato de cedência e de convênio entre as partes
(fl. 234 e 997). [...]Quanto aos demais apontamentos, 1.1 – Falta de
formalização de cedência de servidor do Estado ao Município; [...]bem
como as falhas já destacadas neste relatório e voto, caracterizam
infringência à normas de administração pública e fragilidades do
Sistema de Controle Interno do Município, que, entretanto, não chegam
a comprometer a globalidade das Contas, embora ensejem a
imposição de pena pecuniária ao Administrador e recomendação ao
atual Gestor para que evite a reincidência das falhas relatadas e
promova a correção daquelas passíveis de regularização. (Processo n.
001177-02.00/13-9 Pub. 16/09/2015. Rel. CONS. IRADIR PIETROSKI.
Origem EXECUTIVO MUNICIPAL)

Portanto, para que haja cedência de servidor entre os municípios,


deverá ser observada a legislação local, apresentando termo de convênio primando
pelo atendimento ao princípio da legalidade, disposto no caput do art. 37, da
Constituição Federal4. Ademais, cabe salientar que o servidor cedido não poderá
exercer atividade adversa do seu cargo de origem, conforme se verifica o
posicionamento do TCE-RS:

Item 2.2 – Cedência irregular de servidor. Servidora concursada do


Executivo de Lagoa Vermelha cedida ao Legislativo para ocupar o
cargo do quadro permanente de Oficial Legislativo. Inexistência de

3
CONTAS DE GESTÃO Número 008409-02.00/12-9 Exercício 2012 Anexos 000000- 00.00/00-0 Data
11/08/2015 Publicação 01/09/2015 Boletim 1158/2015 Órgão Julg. PRIMEIRA CÂMARA Relator CONS.
MARCO PEIXOTO Gabinete MARCO PEIXOTO.
4
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)
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convênio de cedência de servidores entre o Legislativo e o Executivo
Municipal, além disso, a cessão de servidor não pode servir como
forma de provimento de cargo efetivo. Burla do artigo 37, inciso II, da
Constituição Federal (fls. 159, 161 e 236). (Processo n. 001767-
02.00/13-6 Pub. 10/06/2015. Rel. CONS. ALGIR LORENZON. Origem
LEGISLATIVO MUNICIPAL)

Sendo assim, deverá haver análise das funções desempenhadas no


órgão cessionário, com o intuito de não caracterizar desvio de função e/ou burla a
concurso público.

IV. Apresentadas as considerações gerais, passa-se a analisar


pontualmente os questionamentos apresentados pelo consulente:

a) É possível a cedência de Servidor Público Municipal do Poder Legislativo a


órgão de outro município (prefeitura)?

Sim, existe a possibilidade de servidor público municipal do Poder


Legislativo, ser cedido a outro órgão de diferente município. Tal ato deverá ser
realizado através de termo de cedência ou mediante lei específica, observado o
disposto no art. 154 do Regime Jurídico dos Servidores.

b) Se possível, quais os requisitos legais que deverão ser cumpridos? Estaria


entre eles a realização de um convênio?

Os requisitos legais que devem ser cumpridos estão dispostos no art.


154 do RJU, estando presente, neste, a necessidade da realização de convênio entre
os órgãos envolvidos, no caso do inciso I do artigo supracitado. Nas demais
disposições, haverá termo de cedência ou lei específica autorizando tal ato.

c) Sendo necessária a realização de convênio, qual o tempo máximo que este


contrato poderia viger? Quais as motivações possíveis para a realização de um
convênio entre municípios? Quais os limites legais para isso?

Quando a realização do convênio entre órgãos, hipótese está prevista


no inciso III do art. 154, do RJU, não há limite pré-estabelecido, tão pouco motivações
passiveis, pois se trata de liberalidade dos gestores envolvidos, bem como anuência
do servidor. No entanto, frisa-se que o período deverá ser compatível com a
necessidade dos mesmos, eis que havendo disparidade, poderá ser objeto de
apontamento do TCE-RS, podendo caracterizar burla a concurso público ou desvio de
função.

d) Pode o servidor cedido ocupar função gratificada dentro do órgão cessionário?

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Conforme disposição do inciso I do art. 154, do Regime Jurídico dos
servidores, poderá o servidor efetivo e estável ser cedido para outro órgão para o
exercício de função de confiança.

V. Diante do exposto, conclui-se que o município de Júlio de Castilhos


possui previsão em seu Regime Jurídico referente a cedência de servidores, sendo
este o parâmetro legal a ser observado para tal situação. Ademais, reitera-se que a
cedência poderá ocorrer mediante convênio ou lei especifica, objetivando o período de
vigência bem como a anuência dos gestores dos órgãos envolvidos e do servidor. No
entanto, deverá a Administração Pública observar os termos de cedência, para que
não caracterize burla a concurso público bem como desvio de função.

O IGAM permanece a disposição.

ANDRÉ LEANDRO BARBI DE SOUZA


OAB/RS no 27.755
Sócio e Diretor do IGAM

FELIPE MARÇAL
Assistente de Pesquisa – IGAM

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