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DICIONÁRIO
DE
Q.,UESTÕES VERNÁCULAS

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fi11S75l Editora ncaminho Suave" Limitada
~ 01508- Rua Fagundes, 157- Liberdade
Tels.: 278-5840- 278-3537
SÃO PAULO- S P
CIP-Brasil. Catalogação-na-Fonte
Câmara Brasileira do Livro, SP

Almeida, Napoleão Mendes de, 1911 -


A449d .Dicionáno de questões vemáculas f Napoleão Men·
dcs de Almeida. - São Paulo : Caminho Sua,•e, 1981.

1. PorLugues - PalaV1aS e locuções - Dicioná rios


I . T itulo.

81-0439 CDD-469.31

tndices para catálogo sistemático:

1. Locuções : Dicionários : Português 469.31


2. Questões vernáculas : Dicionários : Português
469. 31
Se o estilo reO~ o homem,
o idioma reflete o povo.

11


O porquê do titulo Q.UESTÓ ES VERNÁCULAS
É do nosso saudoso Leo Vaza designação que encima esta colaboração. "O senhor é capaz
• de esa·ever toda a semana um artigo igual a estes dois que o senhor trouxe?" perguntou-nos
o erudito e inteligente redator-chefe d' O ESTAI)O numa noite de inverno de 1936, numa aca-
nhada sala da rua Boa Vista. "Sou sim, senhor", foi a pronta resposta do jovem que aguardava
o resultado da leitura silenciosa, ininterrupta, vagarosa, duas vezes acompanhada de um olhar
desconfiado c penetrante, por cima dos óculos, para o autor das quatrO laudas oferecidas co-
mo amostras de uma possível colaboração que viesse substituir a do falecido João Ribeiro.
"Q.ual o titulo que vamos dar à seção?" continuou.
Recomposto na cadeira, que quase afundou ao ouvir seu ocupante a segunda pergunta, re-
trucou o rapaz, recém-saído do Instituto Salesiano de Lavrinhas, SP, onde se graduara em fi-
losofia e em letras clássicas: "Não pensei nisso, e gostaria que o senhor mesmo lhe desse o
nome".
A uma tragada já de novo cigarro, que também pela segunda ve-t julgamos oportuno não
aceitar, seguiu-se esta consideração: "Existe num jornal de Paris, La Voix de Paris, uma seção
lingüística intitulada QJ.testions Vernaculaires. Q.ue diz do título Q.uestões Vernáculas para a sua co-
luna?". Umas tantas outras considerações sobre essa escolha, e a seção aqui perdura com a
benigna aceitação e colaboração dos lei rores, já antevendo o fim de uma jornada toda cami-
nhada com muita persistência num teiTeno de questões tanto mais numerosas e inesgotáveis
quanto mais ao sabor da ignorância e do desleixo, quanto mais à deriva dos invencioneíros de
modismos e dos deiTotistas do belo literário, dos acomodatícios da incúria oficial e do des-
mazelo didático, dos propagandistas de desordem lingüística e dos que não enfrentam a inca-
pacidade de educação.
Tem o adjetivo verrniculo origem no latim vernaculum, vocábulo proveniente de ve.rna; e era
qualificação dada em latim ao escravo nascido na casa do senhor, ou, como entre nós se diz, ao
crioulo. De "nascido em casa do senhor" passou a palavra a significar "nascido no país",
"próprio do país". Assim é que já os latinos diziam " vernaculae volucres" para designar as
aves próprias do seu país. Aí a justificação da corrente expressão "produtos vernáculos", isto é,.
produtos do próprio país.
Esci. claro que se é um inglês quem fala, "produtos vernáculos" são os da pátria dele, se um
francês os da França.
Dessa aplicação passou o adjetivo a especificar também o idioma do país. Se, falando em
latím, dizemos "vocabula vernacula", falando em português "vocábulos vernáculos" especifi-
cam os vocábulos de nosso idioma.
Em nossas aulas - a principio dadas em escolas - sempre demonstramos respeito aos alu-
nos, como nestas Q..uestõeJ Vemácula.! sempre revelamos consideração aos leitores d'O ESTA-
DO, com transmitir-lhes o falar de nossos clássicos, com provar-lhes que ao vernáculo votamos
o zelo que carateriza nações civilizadas, que não permitimos o endeusamento de poetas de te-
soura com desprezo de nossos vares, que não toleramos composições fúteis, de tendência
transformista, niilista, que desprezamos páginas inteiras de seções ou de suplementos de arte
de jornais que nos forçam a engolir o desprezo à tradição, a alimentar a contestação, a insuflar
a negação dos legítimos e tradicionais representantes das nossas letras. Oferecemos-lhes a to-
dos prova de zelo ao vernáculo com dizer-lhes que escritores de outros países, ainda. quando
redigem contos para crianças, não incorrem em deslizes de gramática, cientes de que rodos
devem emendar o seu falar, e não propagar infantilidades de expressão.
A (emprego galicistal - Acentua-se cada vez mais em nossa lín- A (em advérbios, preposições, locuções) - V. a dtsuras.
gua a tendência para colocar a preposiçio a em grande nú- A = Nào- V.11116nmw.
mero de expressões: "Está a (consoante) meu gosto"- "A A=para - V. ir a.
(segundo) meu modo de ver"- " Ele segue a (por) mandado A (prefixo expletivo) - V ..fixar.
do chefe". A assinatura paga-se adia.ntada - Não é de admirar a subslitui-
Q.uem a tono e a direito emprega a preposição a incorre c,ào do advérbio pelo adjetivo. Adi<miadamtnlt é advérbio,
em pt>rigo de pracicar galicismo; constituem francesismos formado mediante acréscimo de mentt - único sufixo ad-
os seguintes empregos de a : "Sopa a tomate", em vez de verbial que em porruguês possuímos- ao adjetivo, na for-
"sopa dt tomate"; "falar ao telefone", em vez de "falar IUl ma (eminina, aáuml4da.
telefone" ; "tocar ao piano", em vn de "tocar M piano" ; Vnes há, e não raras, em que, sem prejuízo para a clareza
"chocolate ao leite", em vez de " chocolate de leite". da oração, é esse sufixo dispensado. Quando tal acontece,
São igualmente gaulesas expressões como: "Nada tenho a o adjecivo, em nosso caso adiantado, fará as vezes do advér-
fazer" - "Há muitos pontos a esclarecer" - em vez de: bio; terá função idemica à de adiantadamtnit, sem conrudo
"Nada tenho que fazer" - "Nada tenho por fazer", "Nada perder a gcral propriedade do adjetivo, a flexão.
tenho para fazer" - "Há muitos pomos 'fiU esclarecer". Essa a razão por que, em vez de: "Ele molhou-se tol41mni-
"Há muitos pontos por esclarecer", "Há mu.itos pontos para te", podemos e dizemos, com igual aceno: '' Ele molhou-se
esclarecer". Por que deixar rrês variantes nossas, legi·timas, todo", como, ainda, rratando-se de mulher: "Ela molhou-~
para empregar a estrangeira? todo.".
Costuma-se dizer ''equação a duas incógnitas", mas não Totalmtnte, como verdadeiro advérbio que é, não poderá
podemos admitir que seja nossa essa construçio. O a da ex- \'1lri.ar. Todo, ao invés, ao me$nlO tempo que exerce função
pressão "equaçio a duas incógnitas" constitui verdadeiro de advérbio, conserva a propriedade de tOdo o adjetivo de
galicismo, que em porruguês de lei deve ser traduz.ido pela flexionar-se, fenõmeno a que se dá o nome flexão euf~nica
preposição de : "equação de duas incógnita.s". oujltxão pqr alracão.
De igual forma, barbarismo constirui a consrruçio "tele- Assim, tão certo é: "As mensalidades pagam-se adianta-
visào.a cores", pois em porruguês, enquanw o nosso· idioma damtnit", quanto: "As mensalidades pagam -se adi<mlad4s"
não se esbarronda de vez, é a preposição em que denota a (§ 537, n. 2).
cor "em" q ue se .apresenta um tecido, um desenho, uma fo- À baila - v . baila.
tografia, um filme. A banddras despregadas - Locução que significa "com toda
Oxalá fossem esses os únicos casos de inrromissão do a a expansão": Rir a ban.túiras despregailas.
francês em nosso idioma; é extensa sua infiltração em nossa A beça - Locução que significa "muito", "em grande quanti-
sinwce. Haja vista a expressão temporal "a 14 de julho", dade", "em grande cópia", "à bruta". Beça é substantivo
"a 18 e 25 de junho", tão do agrado dr quem se põe a rabis- de gíria e só se emprega nessa locução, que se encontra no
car colunas para revistas, ou avisos para o público. A pr~' vocabulário oficial de Portugal e no do Brasil. ·
r sição que aí deve aparecer é em: "Em 14 de julho"-' Em A capucba - Locução q\le significa "escondidameme", "sem
18 e 2.5 de junho". Acaso não dizemos- todos "em ·/·unho", alarde": Casamento a capucluz.
"em 1940"? Por que os claudicantrs não genera izam o A carga cerrada - Locução que significa "de um jato", "sem
n-ro dizendo "a setembro" . "a 1940"? exa.m e nem distinção", "por atacado'' : A cãmar~ votou on-
Acaso no formular a pergunta, não dizemos "Em que tem a carga cerrada todos os projetos que o governo quis fazer
dia ..."? - A respos.a só poderá conter a preposição em : passar.
"Em 14 de julho". A cualeiro (àJ cava/mas, a cavalinluu) - Locuções que signifi-
Seguindo o mesmo raciocínio, porvenrura alguém assim cam "em lugar superior": "Ele fala a cavaleiro"- "Os con-
formula a pergunta: "A quantas incógnitas é essa e~ua­ jurados reuniam-se em uma casa humilde, assentada enrre
ção"? t evidente que a pergunta sempre se conscrói: 'De colinas, a cavaleiro dt uma várzea".
quantas incógnitas é essa equac;ão ?" - A resposta só pode- A cerca de- V. actrca.
rá ser: "Esta equação é de duas incógnitas". A cbucba caladinba (a dtucluz catada) - Locuções que significam
Igualmente, para as perguntas"Em (dt) que cores quer "dissimuladameme": Os mais que folguem a ·seu sabor; nós
você os vestidos?", "Voct quer os aventais em (dt) cores d i- outros desfrutamos a drucha ca/adinluz a nossa conta.
fn-entes ou numa (dt uma) só ?", "Você vai filmar em preto e A cidade do Salvador - Santo, que vem do latim sanctu.m, do
branco ou em cores?" - só podtm corresponder respostas ver bo saruirt (da mesma raiz de saar, donde sagrado), signi -
com a mesma constrUção: "Q.uero os vestidos em (de) cores fica, etimologicamente, eleito, Mmtado, estabeúàdo. Adota a
diversas", "Q.uero os aventais todos em (mais geralmente igreja católica tal denomina~âo para designar os escolhidos
de, nunca a) cor cinza", "Vou filmar desta vez em branco e de Deus, que, depois de conveniente processo canônico, são
preto porque em cores não conseguiria a nitidn desejada". tidos como ta is.
V. em cure>; V. com; V. bandt de but'ro. Da etimologia. do sentido e do emprego, santos só po-

I
A colação A frente
derào st~r chamados os homens, as coisas, as criaturas 1.'0 - anreccd<-. prepo>i<,-ão indispensável e insubstituívd l'ffi mui-
flm. É v qu~ patente nos mosrra o vd ho adágio " Q..uando cas das nossa.' locuc;Ô(:s adverbiais; 100, por rxemplo, só
Deus não q u<'r , santo> não rogam". existe na locucão " a roa".
Ourro adágio l'Xiste t•m qut· a Deus :.c: arrii.Jui samidadt·, Dtsortll, como t(}(J, <'ncomra-S<' em qualqu<'c dicionário
mas o wrmo !anto <-ai empreg-ado compar ativamentt•: "Dei- mais o u menos bom , mas não poderemos formar com essas
xai fazer a Deus, que é· >Onlo velho". palavras a locu<;ão q"t' bem t•nt~ndemlOs. O s próprios di -
Expn•ssões St'mdhanu:s, romo Sanlo Dtus, Santo Cri.llo, São denários qut• as consignam aJwnem logo a Sl'guir: " ... em -
8um J•sus, <"XÍstem, mas igualmente: populare-s. Não 5<· diz, prega· •<' na locu\'ào ..."
rt>ferindo-se a Cri >to, São Rtdrolor. mas apen.iS Rtdmtor. Locucôes de,sa natureza não permitem mudanca ne'O\,
O São d1: Salvadqr ê popular , <' a esta origem se d(-ve sua menos, raciocínio> qu<· pretendam ,iu•tificá-las com desprezo
fone vida; mt'lhor agi ft'rnos dizendo, ro:-ferindo -nos à cida- das únicas formas existentes. Ensinar ta is fatos lingüísticos
de dt' Rui : o Salvador, a drladt tU> Salvador, ou , sem o artigo, nào (• S<'r "rc.'aci on~rio". co mo fu gir deles não t' trazer ex-
Salvador, a âdadt dt Salvador, sempre sem o popular e inú til pa ro,io ao idioma. O que ao idioma traz expansão são <'S·
Sào, que a t(• oficialmt'ntl' já foi abolido. cola s.
A própria designatão oficial de um país da América C<·n- A Deus e a ventura - Locutào q ui.' signilica " ao ll-u", "ao Deus
rral - E/ Salvadqr- não 11:m esse popular "são", não obs- dará" : Despediu-><' t ' saiu a Dtu>c a vrnlura.
cam<' o renha o nome de• sua capilal, San Salvador. V. .1ào, A duras penas - Locuc:iio que significa "com grande dificul-
santo. dade'' : Conseguiu formar-se a duras ptt'/4;.
A colação - Locudio que >ignifica a propó>tto : Isso vt·m o cola- A cito - Locu\"ào qu'-' significa "a fio". "sem imt·rruJ><-ão": O
rão. cavalo saltou quatro valados a rito - Grã jibóia q ut· engo l<'
A compita - Locut:ão que significa a pqrfia: Ami.Jos os perió- a tito uma família inteira.
dicos a compita lhe deram t 'SlCS regalados c ma,~osos nom..,. A d e- V .lfct.
"A co~" - É erro grosseiro dizer " televisão a cores", mas A esc:11la vista- Locução q ue se aplica;\ escalada a uma p rat:a t'
anunciantes c:omct·am a colaborar com locutores, da ndo à entrada nela apesar da deft'sa : Levar a fortaleza a tua/a VÍ$ta
prcposi<'ão mt a justa acol hida na t•xpressão ... , cort's". Car- (tomá-la dt• sobrtssalto, por m~io de escadas lanc;adas ou
tazes já se v~em nas estradas que, se não impõem dt· promo arrimadas aos m uros, vencendo a c·<'sist~ncia dos de-fensores).
a mercadoria, tornam mais fácil sua aproximacão ao frc- A c:seura - Locuc.;ão que significa " at<"nramt'nte" : Estacaram
gu<'s: "É só soltar a tecla dc receptão EM cort'S" - diz um os ouvidos a t>cu!a.
desses grandl•s anúncios que distraem a art·n<:ào dos ;IUcn- A esmo - Locução qu,. significa "ao acaso" , " irreOetidamen -
mobilista s. tt"': Atirava murros a t stM - Proa-ssos despachados a r>mo.
" Os anúncios ap rt>semam-Sl' ora EM branco e pr~to, ora A espora lira - Locudio q ue significa "a desfilada" , "a toda a
EM cort"s" - " Não consigo uma rt>C'\'pdo EM cores mais pr<'$53 '' : Pouco depois galopavam tJ tsf»ra fita para Braga.
nítidas" - "Os ônibus aprescruam-sc agora L 'vl novas co - A fal u re - Locu(-ào q ue significa Ndeslealmeme", "a traicào":
res" - " A fotografia foi tirada EM con·~" - " Os ar,art'lhos Atarou -o afalsa p.
são apresentados EM quatro con·s opciona is" - 'O tcle- A làrta- Locut;ão qut• signifi ca "com abundância": T udo ali
visioname nr o foi EM cort's deslumbrant<'s" - " ... com os lht· era serviJo dl' pronto e afaria.
dizeres E.M amarelo" - '' ... franja acrílica EM diversas co- A fim de - A locu ção a fim dt esu~ve-se com os elementos se-
n•s" -"Para Jedarar rendimentos ,·oct- dispõe do.> moddo parados. Não S<' confunda com afim, adjetivo q ue significa
EM cor amarela, de modelo EM cor verde e de moddo EM fn6ximo, odermtt, conex&.
cor azul" - são exemplos de maior cuidado com a> nossas O que nos faz estender sobre a locução preposi tiva é o seu
preposit'Õeo. d isparatado emprego sem nenh uma indica<,ào d<: finalidade
"Acredito que posso trac>smitir imag~:ns colorida>'' foi - em orações como esta de um rapazelho universitário, pro-
traduzida ao pé da !erra - a confidê-ncia que o escoc~s john ferid:o talvez por in Ouencia de alguma novela de televi são:
Logie llird, invento r da televisão. fez há mai s d<' cinqOenra "Eu l'Stou a fim dt ir a uma fesca".
anos. Sem dúvida, " imagens coloridas", 1V coúrrida", como É verdade que " a fim de" equivale a " para", mas a que
sempre se disse "film~ co/4rido", "cin l'ITia cokJrido", é ~riame " para" equivale ? Eq uivale a " para" com o significado de
correta, e mais tradicional que o próprio "em cores". V. "com o fim de": Saiu afim dt tomar ar". É evidente o <'nga-
(111 CoTt$. no do estudante!; não pode usar da sinoním ia na oração
" A demais" - V. odmzois. n·ferida. Porque "a fim de" sign ifica "para'' vamos dizer
A dmva - Não se encontra nos dicionários e há quem a acoi- " Dê isto o fim tÚ meu colega" enl vez de " D~ isto para meu
me de " exó rica", ma$~ c:xpressào mu ito usada para indicar colega"? Um b rasileiro não pode oometer rais erros; só um
o fato de uma embarcação estar ao sabor das águas. Se re- estrangeiro pode confundir-se com tais equivalências e dizer
mos derivn.r, por que não aceitarmos " a deriva"> Não é caso "uma pa lesrra ern d m<J diJ café" por "uma palestra sobre o
isolado este de formar lcxucão adverbial com a terccim pes- café". V. ajmidade.
soa Jo singular do indicativo presente ; compare- se com a A 6to - Locução g ut significa "atc:ncameme": A morgada
tscuta, afi nca, o dwcho wladlnluJ, oluja-lcifa, a mata rowúo. olhava paraele ajit;t.
A desoras - Não se pode redigir "battr um papo até desoras", A llux - I..Ocuc;ào que- significa "crn ab undância" : Esrar ajlux
"fiquei na rua até desoras". DooraJ ( o mediai sem valor pro - !ter todos os votos por sil - Levar rude aJlux (não deixar
sódico já niio se escreve em português), formado do substan- t'>capar nada) - Costumamos abrir o cora~-ão e despejar
tivo lwras e do prefixo tlt.•, indicativo aqu i dt' priva~:;io, só ajlu'X quanto há lá.
se emprega na locução a dtsoras, com o Significado resrdto de A folhas vinte e dua s - Significa "a vime e duas folhas do ini-
"fora de horas", " fora de rempo" : " Onde assim vás de teus cio do trabalho", como q uem diz " a vinte e d uas braças". O
fiéis cn-cado, e a taü dtsoras?'' - "E a taú dtsorll! fostes para mesmo se diga de "a páginasvinree duas".
casa r ' - ''~ilaT·se a dtiOfQJ". A locução adverbial " a folhas tan tas" significa " a certa
Aulete dá ainda a locução " por desor:os", mas não oferece altura", " ao chegar a certo pomo", "em dado mc)rnemo" :
CJ<ernplo. A fo/.has tantos ele se retirou sem nada dizer·.
De dtSi/TaJ vem a palavra de-adiJ. que signi fica "que vem "A fora" - V. mor t'11!fora: V .fora; V. pelo Brasilojtna.
ou se faz fora de hora", "infa usto", "que vem a mâs horas", A freme - "A fren~" é como Laudelino Freire nos apr=ra
"intem pestivo,, "que não s.a.be as horas que são". a locução: "Levaraf rroU a luta".
O significauvo de a dtJOras, decorrente da formaçào, não E tão freqüente: o emprego de " a" para a formação de lo -
permite o emprego da preposição ali. A palavra dtsoras não cuções adverbiais, 9ue chega às ''czes a juntar-se numa só
nasceu sozinha, senão com a preposição a, que semror<t a palavra : adianu, abarxo, acima, allm, ovante, ali, junção expli-
Afunapasso A olhos vistos 3

cada desde o lalim. A meoosde- V. acerca.


A fun:apasso - Locu~-ão que significa ' 'cautelosamente": andar A menos que - A propósito da divisão da Palestina, publicou
afurtaptwo ; sair afurtaptwo . um jor nal este despautério: "A menos que não cessem os
A funo - Locução que_significa "às ocultas", "sem ninguém conflitos, st>rão tOrnadas enérgicas medidas".
saber" : Posso ainda afurto vir aqui sozinha. A locução conjuntiva a mmos qut já encerra dt' per si uma
A granel - Locução que significa "em monte" , ''às solw", ressalva; signitica a n® ser q~M, sal110 se. O acrescentamento
"'sem St"r en..sa.cado nen1 encaixotado", ''em desordem'·, de um não virá dar à subordinada condicional sentido nega-
"abundantememe", " sem conta nem peS()": O navio traz tivo, de não realir.al'ào da condicão, de não rt>aliza~:ão de
fava a granel. hipótese, o que é contraditório. Comparando a locut;ào
A,bá-V.há, a. a mtnos qut com a sinônima a não .ser (/lU, ninguém errará: Ird
A la arma, a la fe. aJa mira, a la moda, a l'obra - São expres- a mmos que chova (Irei a não ser que chova - Irei caso não
sões em que entra a lorma arcaica do nosS() anigo. chova). Construir "Irei a menos que· não chovo~.'' é dizer o
A lanço- Locução que signillca "de propósito": Caiu-lhe ao contrário do pretendido. O noticiarista devt>ria t<'r redigi·
colo a lanco. do: "Enérgicas medidas serão tomadas, a menos que ces-
A látere - Locucão latina qut· significa "a seu lado": "Legado sem os connitos" (a não S('r qul' cesst'm), S('m o comraditó·
a wlnt", cardeal escolhido pdo papa, enrre os que o ro- rio não.
deiam, para desempenhar função diplomática junto a sobe- A mim me parece • V. pleonasmo.
ranos estrangeiros ou condi ios. A monte - Locução que significa "a granel", "a molhos" (pro·
A l'oeuvre on connail l'artisan • ~cu,<,:ão fr~ncesa ~ue signifi· nuncie mólhos): Solc.-dsmos e barbarismos a momt.
ca "pela obra se conhece o arnfice' ; equtvale a pdo fruto A nível de . V. modismo>.
se conhece a árvore", "o amor e a f(· nas obras se vt". A DO'fO - Locução latina qut' significa "de novo": Processo
A longo prazo - V. modismos. a novo <<J.ue comt'l·a de novo perame ourro tribunal).
A lufa-lu& . Locução que significa "a pressa". "rapidaznen- A olhos VJstos - Se argumento existe fone, que nos convence
te" : C<>mo a metamorfose se operar.l a /ufa-/ufa, de quando da lt'gitimidadc de uma exprt'ssão nossa, é encontrar npres-
em quando escorregava-lhe o pl- para as malhas constitu· sões sintaticamente análogas. Assim é que para justificat;ào
cionais. da locu<:ão a olhos vistos vamos buscar exemplos análogos ou,
a.m.. Abreviação de "ame m('ridiem", ames do meio-dia: O s na falta destes, inquirir em llnguas que da nossa se aproxi-
asrronautas pousaram às 4.32 a.m. mem expressão sintaticamt'nte semelhante. Esst' escrúpu lo
A mancheias - Locucão que significa "liberalmente": Fazer no explicar a locu('ào a olhos vistos encontramos em Gonçal-
a manc/o.rias caridade. ves Viana: "O caso, porém , não fica resolvido por esta con·
A mão tenente . Locução qu<' significa "de muito perto", sideracào (fazendo-se a concordância do panidpio viJto com
"com mão firme", "a queima roupa" : Feriu-o a mão leutnU. algum antecedente): olhos vistos pode significar olhos qut são
A mata cavalos - Locução que significa ''a toda a brida", figu- ou foram viltos, e mais sutilmentE', vistos com os olhos; porqu<·
radamcme " a roda a pressa": E põs·st· a mata cavalos a inves· é com os olhos qut se v~. e portanto este substantivo é redun ·
tigar o caso. dante, em nada aclara o sentido, é uma sutileza, um pleo-
Amedida que- V. rrn/J. nasmo''.
A meias - Aulete e outros bons dicionaristas nos dão isolada - Examinemos outro dicionário, o Contemporâneo, copio·
mente o vocábulo mtiru como substantivo plural, de signili- sissimo em fraseologia, c não escaSS() t·m abona ções. Diz·
ca( âo e <·mpn·go ...speciais. Ao co nrrário do que vt·mos ordi- nos ele: "A olho.• villos (loç. adv.), á ~d~nda. patentemente;
nariamente, nào devemos dizer pianJação a meia, trabalho a de modo que todos vêem: Ficava-lhe molesto o peito, e a
mtia, mas plantacàtl a m.tios ou lÚ nuiaJ. olhos vistos ia demudando (Fi!. Elísio) - Estt' t o modo mais
St'mpre que de~jarmos indicar despesas, perdas ou ga- usual de escrever esta \oc~t:ào; mas alguns julgam melhor
nhos iguais num negócio. num conrrato ou, hguradamente, concordar o particípio visto com o nome a que de ~ nofere,
num empreendimento qualquer, digamos: Planto algodão o que todavia parece menos confonne com a índole da Un-
a mriQ.S - Tenho uma junta de gado a meias - Entremos d~ gua: Ao mesmo t(>[llpo qu<' as minhas for~s medravam a
mt'ias (ou o meias) neste prazer. V. partdts mtúu. olhos vis/Q.S ... (Castilho). Prosperou a olhos vist<> o comércio
A melhor, o melhor • "Voce não sabe da melhor" é tão corl'eto de João Evang"lista !Castilho)".
quanto ··v~ não sabe do melltJ>r". Na primeira consu-ução Conquanto aquela "índole da língua" seja urna afirma-
há dipse da palavra coi.1a, elipse• t>sca que ~encontra em ou- ção equívoca, pois fora necessário apresentar o utras locu -
tras expressões (Essa é boa - Uma assim é que eu não cspe· ções de construção análoga, em que se desse a mesma fal ta
rava- Deu na mesma- fiquei na mesma). Na segunda d!' concordância lógica, que constituiria a sintaXe própria
remos o adjetivo substamivado na forma neutra. V. ma i da língua, crc.-io que o aucor quis dizer que a locução, na fala
boa! do povo, é tal qual a empregou Francisco Manuel do Nasci·
A Melhoramentos, as Centrais Elétricas - Há diferença de pro- mento, escritor de grandíssima vernaculidade, convém sa-
CE"dimt>ntO sintárico enrr<' "A Melhoramt·ntos publicou um ber, com o da está na primeira citação. a olhos vütos.
bom dicionário" c "As Centr.tis Elétricas inauguraram nova O Novo Dicionário inscreveu a locu<;ão do mesmo modo,
usina". Em " Centrais Elétricas" já existe uma designação definindo-a também "daramente", "evidentemente". Não
que obriga o emprego do artigo correspondente, e esse não dá abona4;ão.
é o caso de "Mdhol'amentos", qu<' não encerra espcdficação Até aqui, como vemos, o caso continua obscuro. Temos
de atividade. Se no s refc.-rimos a "Melhoramentos" como urna frase feita, a olhos vistos, cuja significação conhecemos,
"companhia" (a razão social é "Companhia Melhoramentos mas cuja análise é dificil, se não impossível, e urna correc;ão
de São Paulo Indústrias de Papel"), a expressão ~rá: "Esci· individual, tendente a dar-lhe interpreta<;ào lógica, nexo
ve M Mc.-lhoramento>" , "A Mt'lhoramentos editou o livro". gramatical, mas que a altera na forma. Este processo. po·
Se nos referimos a Melhoramentos como dicionário ("Di- ri:m, é defeituoso, p·o is equivale a torcer a linguagem para a
cionário Brasileiro Melhoramentos"), a indicação deve ser: ajustar a preceitos formulados a priori, em v~ dE" deduzir
"Consultei o Melhoramentos", "O Melhoramentos traz a dos fatos da língt!a os preceitos. Faz-se a linguagem para a
palavra". gramática, ou melhor dito, desfigurou-~ a linguagem, em
Há diferença, cremos, enrre os dois casos, pois no segundo lugar de fazer-~ a gramática conforme com os fatos da lín-
já existe, repetimos, uma especificação detenninantc de ati - gua, observados com rigor.
vidade da pessoa jurídica, especificação q ue nos obriga a Vejamos de relance agora, em outro idioma de perto apa.-
concordância em gênero e em número: "As Cmtraü Elitriáls rentado com o nosso, ~ a enigmática locu~.ào 'éx.tste nele e
de Sã.o Paulo inauguraram mais urna usina" . como é. Segundo o Dicionario de La Lengua Castellana, por
4 AouroeGo A rodo

la Rt-al Açademia Espaiiola, a locu~ão (• "a ojos vistas", s<-n· de ou em mc:redmcnto de, em adiantamento dt : " Esta arte.
do eSI:e parricípio, plural feminino , invariável, e não concor- meu amigo . é velha e nova ; há nela, tl par db imenso antigo,
dante com o substanrivo ~- A definic;io é: - " m(odismo) algo também moderno"; c) em ''iSta de, em comparação de,
adv{t"rbiall visible, clara, patente, palpablerneme". atendendo a: " Q.ue valem a saúde, a opulência c todo este
O signi ficado é poi> absolutamente idênríco ao que damos cortejo de ilustra çõts mundanas e transitórias 11 par dwes
à locução a ollws vi;tos. e a forma, igualmente reb~l<le à análi- foros imorta.is desta bem-aventuranc:a interminável?" ; d)
><'. divn-g<' a~nas em ser feminino o paniápio, sem concor· inteirado de: " Estar a par da ciência"· (conhecer c acompa ·
dància apart'tl re com ~os. i análoga a. csrourra locu~o - nhar os progressos da eiência) - "Estar a par de um assunto.
a OJOS cegarrita.1, que o mesmo dicionário define: "cerrando - 2. Ao ptlr i: locução adjetiva e se diz : a) de ações, de obri·
los casi, para dirigir la vista". gal'Ões ou de outros papéis de crMi to quando o prt co venal
Concluo do exposto o seguinte: 111- A forma w rnácula t igual ao capital que eles repr~ntam: "Titulo ao par" ;
í: a olhos vistos, inanalisável nos seus ekmemos. 29 - A cor- h) do câmbio, quando igual enrre diferentes p.,ises: "Cârn·
r<:(ào a o/h()j viuo, vista, visla;, concordando o parricipio com bio ao par".
um substantivo antt'S mencionado, é ~menda artificial, sub- A pé q~ . Locução que sign ifica "firme", "s=-~ se mover'':
j<'fiva, e portanto carece de auroridadc-, seja quem for que a Respondeu a pl q"ediJ.
adote o u p<•rftlht•. 31> - A frase a olho; v!SIOl constitui uma ~ pdo . Locut;ào que significa "a pro pósito" : A pelo m e
fórmula ass~nre , fixa. hoje inexplicávd, mas de sentido claro acode um cxcrnplo.
~· t•mprego conhecido, e que ninguém se dá ao trabalho dt· A pleno - Locucão que significa "cornplerameme" : Tu que
analisar ,inraricam t>tll(' nos seus demenros - o que se deno - a plmo gozaue.
mina idiotiSmo. uma expressão idiomática, parricularidade A posteriori · Locução la tina que significa "pelos efeitos":
vt'rnácula da língua, t• destas não~ parca a portuguesa ... ~la existênci a ou pela naturt'23 dos eftiros (q ue são poslt·
A senhora Carolina Michaelis de Vasconcelo s atribui ao riorrs) infere-se a ex.isri:ncia ou a natur<'Za da cau.sa: A t'Xis-
panicípio passivo daquela fra~e o valor de particípio ativo, r~ncia de Deus é comprovada a pojltriori (pela exisrencia do
equivalend o portamo a vidtnUJ, "que vêem", ~ lembra ou - mundo) - As leis do estado são feitas a post(riori (são resul-
tros muitos particípios passivos com valor igualmente de tantes das neCt'ssidades da sociedade).
~tivos, tais como tU{UtadiJ,lembradiJ,túiafTl.foulo. t ridículo o emprego da locução com a simples significa·
O afamado hispanista Rufino José Cu~rvo ex.plica da se- (ão de "feito depois", "posterior" , "posrcriormenre", corno
gu inte maneira a locucã<;> casrelhana (Apumacio ncs críti Clls neMes exlmplos: "A apresentação dos documentos foi feita
sobre d hmguaje bogotano, 2• ed., 1907, pág. 125, nota): a posreriori" - "Sempre que houver r etifica<,io a poste-
''Olvidada con el transcurso de riempo la ratón d~ algunas riori". V. a priori.
locuciones. y ai m ismo ti«:>mpo su verdadero semido, pa re- A pressa . Locu<ão que significa "deprt>Ssa", "apressadamen -
ct•n estraii.as t' irregulares, v ma l ó bien pretende l'nderezar- te": O hábito a /JTtSJa enfio wmando-\he a dianteira.
lu el instinro popular. A oJ<» viuas es hoy concordancía vii- A priori . Locução latina que significa ''pela causa"; pela exis-
cai na, ,. a~l mu<"hos dicen á ojo> vi.llO>, igualmmtt' incxplica- tênci_a ou pela natur<·z.a da ç-ausa (q~•c é primttin.a) infere~se
bk por lo que respeta a la gramáti ca". " Pidió don Q.uijorc a eXJstêncta ou a natureza dos t'feuos: Conclusão a pnort
ai diestro Li cenciado le dicse una guia, que le ('ncaminase (rirada st>m apoio nos f:uosl.
á ala cueva de Monlesinos, porque to:onia deseo de entr.rr en É de fouer rir o emprego desta locução latina com a si m-
cita, ~· ver á O)OJ vi..<toJ $i ttan vcrdaderas las mara,•illas q ue plt·s significa<:ào do no"u .,J\'t•rhio "antl·s" , dt• " ft-ito an ·
de ella deciam por todos los contornos" (Cervames, Do •' te's", uantc-riorm.ente;-''. v .(lpQJ/.triori.
Q.uijOte. Parte n. ca.p. 22)" . A própria. Loeut-ão que significa " propriamente", "com. pro-
O rexto do Don Q.u íjote de la Mancha '-ai aqui eirado pela priedade" : Comp re um bruxo , o u, mais a própria, um bode
t•dição de Barcelo na. fac-simile da de 1615. É sabido que os velho.
c:;panhóis denominam concorddl•cia biscainha a faha de con- A qual . Antecedido da preposi(ão a, quo/ adquire o mesmo
cordància ~mre o substantivo e o adj~rivo que o determina $("!\tido da locuçio p ronominal aula qual: "Os ouvintes SÕ·
ou qualifica, porqu~. na realidade, como no va sconço não fro:gos regressam, a qual mais prestes $e apresentem em Ro -
há disrin(ào de gêneros grama ticais, os vascongados, a qu~m ma . a qw:U nos ma1en1ais saudosos lábios, colhendo um bei·
falta a disciplina gramatical do castelhano, a miúdo come- j o. colhn-á o império" - "As horas desse dia foram conta·
rem esse erro, guiados ~lo SC"U idioma vernácu lo, ao qual das minuto a mi nuto, a qual mais pesado e lento de volver,
c:'S tào muiro mais habituados. q uanto mais se aproximava o derradeiro" - "Um sisr<"ma
Prossegut• o douto filólogo: ''Originariam(·nte hubo d<' de r't'gras, a qual mais oposta".
drcirse " un dúparalt a ojos villo. una COJa a ojor vi.!ta, pero des - "A que serve" · Calicismo fraseológico; a preposic;ão nossa ~
de épO<:a remota se usó el plural de substantivo s femcninos aí tk: Dr que servi' ramo luxo? Servir de esteio, 1Ü escudo, dt
t:n frases adverbialc:'S. como de oidas. á tscondidas, á harcajadas exemplo, de lição, clt pai.
(Cp . á :;alt()>, á •orbo;, á carre.t adal); emplearonse después adje- A quelquc: c:bose malbt!ur est bon . Locução francesa que quer
úvos femrninos: á citgas, á ntr/4J, á tJ(W'a.s; coo esto el as vi no dizer "para alguma coisa serve a desgraça" ; equivale ao
á " ·r mmo sufijo ad\'tThial, q ue ,... aplicó no solo á gerun- nosso ri fio " Há males que v!ot para bem".
dios, á ,abienrfa,, "' volanda.1. sino á complem<:mos, á ~o.1 A recado • A palavra " recado" está na locu~.ão pela divergen-
cegarrita>.. . á ojo; vistas". ~~ " recato", 9,ue significa segurança, cautela, gua.rda; ~·an·
E longa, sem d úvida. a átatão, mas não cremos que o lei- dar a reodo' significa " andar vigiado"; " a bom recado"
tor a julgue sup~rOua, e por isso cnt~ndemos convenit'lll<' ~uer dizer "em segurança", "bem guardado" ; " Entrei a
trasladá- la; com tanro maior razão, quando é cerro que: exis- desconfiar que tinha o dinheiro a bcrn ruado".
tem modismos adverbiais castel hanos que explicam os por- A regalada • Locuçã~e significa "rcgaladan1ente": " Eram
rugueses correspondentes. A olho; vistos l: um del.-s. comes e bebes a rtg ".
A ouro e fio . Locu~o que significa "em perfeito <-quilibrio": A r cio . Locução que significa "inimerruptamenr~": "Dois
As r.alavrds foram pesadas a ouro e fio. dias a reio se: bateram".
A página.s vinte e dua&· V. afolJvJs vmu t dWJs. A «..dia • Lo~o que: significa "sem conheó menro", " $CIIl
A par de • t preciso distinguir ; há em ponuguês duas locu- audiência da parte revel" !pronuncie revi{): Sentenciar a
ções: ua par de" e "ao par". rtveM. - Deixar correr um nt-gócio a rroeM. (descurá-lo, não
I. Jl par de é locução prepositiva e significa : a) ao lado de : se importar com ele). •
" A criada ia a pt11 da dama" - " As paredes abertas em par- A rnezes · Locução que significa "cada um por sua \'ei': " Vi-
tes conser\'avam ainda a par de largos pMaços das colgadu- nham a r~v~us canlliJldo". -
ras de couro altos c: grandes amlários"; bl igual ~m qualida· A rodo · Locuçio que signifi(J~ "a granel": Escr<.'VET artigos
A. rua Abaular 5

a rodo. aí implícito "da compra" (110 ato da c()ntpra), o que não se dá


..Àrua"- V. tr<J1Uinice de regmcia. com " a vista", onde não se consegue ver nenhuma determi-
A sabeodas- Locução !JUe significa "de propósito", "com co- rtação.
nhecimento e noúcia' :''O que a Jtlbmdas joga com <iuem sa- Note-se, a útulo de comparação, a expressão " a venda".
be não tem com que pagar, perde e não pode ganhar '. Se " a craseado" é sinônimo de "dois aa' , como põr o sinal
A sabor - Locução que significa "a bel-prazer", "a vontade": indicativo de eras~ na frase "títulos a venda"? Diz-se "títulos
"Tomo com ela inúmidade e a meu Jabor a domo". no mercado", "títulos na praça", mas o fato é que em "tí.
A KU talauu:, a m~ talante- Locuções que significam "a sua tu los a venda" não há nenhuma determinação; os títulos es-
vontadt", "a minha vontade": "Consrruiu um barco a seu tão em venda, e não na venda. Se os útulos não estão nesta ou
taúlnte". naqutla venda, o pagamento tampouco é feito nesta ou na-
A soapa- Locução que significa "disfarçadamente": "Riu-se quela vista, na vista disto ou daquilo. Confronte-se o espa·
a sccapa". nhol"en venta", sem artigo.
A solapa - Lo<:ução que significa o mesmo que "a socapa". A única tolerância para a crase existe em certos casos em
A soldada • Locução que significa "recebendo dinheiro pelos que pode ocorrer confusão de função sintática; a inda as·
seus serviços": Jamais respondia a consultas que não fossem sim ... (§ 118,2).
a solda4a. A Yoga arrancada · Locução que significa "rapidamente" , "a
A sorrelfa - Locução que significa "dissimuladameme", "com toda a força de remos": De principio a fim competiram a
ânimo de enganar" : Proceder a sorulja. voga arrancada (voga, ação de remar, movimento de: remos).
A :úbitas- Locução que significa "subitamente": Estes apenos A yozes - Locução que significa "em altos gritos": Bradando
deram a súbitas em larguezas liberalíssimas. a vou! que não deixaria em desamparo o seu coronel.
A surdina - Locução que significa "sem barulho": A surdina Ab - Prefixo que exige hífen antes de r: ab-rogar, ah-reptúw.
dali escapuliu. Ab absurdo - Locução latina que significa "por absurdo";
"A tempo" · V. há tempo. processo baseado em principio falso, usado em demonstra·
A toa • Na palavra toa os dicionários advertem: "Emprega-se ções de geomecria.
na locução a toa". É palavra irabe - tuha - que significa Ab aderno · Locução latina que significa "desde toda a eter-
pntu~; deriva do verbo tahn, andar errante, vagando: nidade": O mundo existe ab aettrtw?
"ir a toa", isto é, serri rumo, sem saber por onde se vai, ralvez Ab hoc et ab hac · Locução latina que significa "por este e por
~-onduzido por oucro; "aodu a toa", isto é, sem saber por esta" ; emprega-se para indicar sem ordem, ao acaso, a torto
onde anda, sem saber o que faz: levar o navio a toa, isto é, e a direito, confusamente: É fácil todavia discretear à toa,
pu:ú-lo com uma corda que não governa. ab hoc et ab hac, sobre os desvios e fraquezas inerentes à pobre
t a informação que nos dá frei João de Sousa, nos "Ves- natureza humana.
úgios da Língua Arábica em Ponugae'. Ab imo corde - Locução latina que significa "do fundo do co-
A todo o pano - Locução que significa "com toda a força", "a ração": Agradeço -lhe ab i1111l cortk.
todo o transe": Atirou-se a todo o pano à luta política. Ab imo péctoK - Locução latina que significa "do lundo do
A todo o pulso . Locução que significa ''com 10da a força": peito"; tem a mesma aplicação de ''ab imo corde".
Mandou forçar a voga a toM o pulso. Ab iniôo - Locução latina que significa ''desde o inicio": Rela-
A a-ecbeio - Locução que significa "em grande cópia" : Bebi tou tudo ab initio.
atrecMio. Ab imestato - Locução latirta que significa "sem testamento":
A trecho - Locução que significa "a passos". "a lanços", "de Heranca ab ini~Jtato.
quando em quando": Murmurava a trecho certas palavras. Ab irato ·• Locução latina que significa "por impulso de ira":
A tripa forra <.fôrra) - Locução que significa "!~em despender Agir ab irato é navegar na tem~de.
nada", ua larga.., umuito": Comerdlripaforra. Ab origine - Locução latina que significa "desde a origem"; a
A trowle-mouxe - Locução que significa "sem ordem", "de mesma aplicação de "ab initio".
qualquer maneira": Executar um trabalho a troux~-mouxe Ab ovo. Locução latina que significa "desde o ovo"; o mesmo
(pronuncie troucht-mouclzt). emprego de "ab initio'' e d(' "ah origine'·' .
À uma boca - Não tenhamos dúvida em cras<·ar o a qu(· antc.>ce- Ab uno disc:e omncs - Locução latina que significa " por um
de o uma da frase "à uma hora"; não se rrata do indefinido, conhece todos" .
mas do numeral uma, que admite determinação: "Por volta Ab urbe roodita - Locução laúoa que significa "desde a funda·
da uma da tarde" - "Ele estuda da uma às cinco" - "Sairei ção da cidade" (de Roma), que se deu em 753 a. C. Os roma-
pe/4 uma da madrugada". nos datavam os anos ab urbe condita ou urbis conditae.
As horas ~-O passíveis de determinação, e a primeira hora, Abade - t francesismo empregar na simples acepção depadrt.
ou seja, a uma hora, está no mesmo caso: "Isso aconteceu Em português, abade é o superior de uma ordem moniscica,
às diUI.S horas da tarde" - "Morreu à uma da madrugada". o superior de uma abadia. Tem, en tão, por feminino, aba-
A unhas (unha) de avalo - Locução que significa "com a dma. V. etie>(Jisa.
maior rapidez" : Foi necessirio escapar a unha (unhas) de Abajur - É inútil pretender arrancar do uso esta palavra quan-
cavalo. do empregada para indicar a pe<,-a que envolve uma lâmpa-
A vaincrc sar•s péril, on triompbc: sans gloirc: - Locução que da para não ferir a vista .
.significa "vencendo sem perigo, triunfa-se sem glória". Abalo sismioo • Não há dúvida que srismós significa em grego
A vau - Locu~ão que significa "sem prtcisar nadar": Passa-se abalo, terremoto, mas Jísmico não é usado em porruguês co-
esse rio a vau. mo substantivo. Em "abaJo sísmico" ninguém pensa em
A ftnda- V. a vista. "abalo do abalo", como ninguém pensa em "cadeira da ca-
A ventura . Locução que significa "a toa" , "ao acaso", "sem deira" quando diz "catedral da sé''. Se quiser alguém fugir
escolha": Os grandes foram ocupando seus lugares a ventura. de um possível pleonasmo, diga simplesmente sismo: Onze
A vista • Sem crase na expressão ' pagamento a vista", porque pessoas ficaram feridas no sisfrW de ontem.
não se diz "pagamento ao prazo"; não há nenhuma deter- "Abandonar o leito" - t expressão francesa, como francesismo
minação. Grafa-se porém "o resultado está à vi1ta de to· é ainda dizer "abandona•·se ao prazer". Deixar. no primeiro
dos" porque sediz"O resultado está ao aJcance de todos''. caso, entregar-5e empregue-se no sc:gundo.
Se no primeiro caso nenhum sentido teria "pagar na vis- Abastecimento - Abasltcimmül é que se diz, ou melhor, é que na
lll", ')?agamento diante da vista", no ~undo terá seu sen- maioria das vezes se deve dizer, e não 5uprimento; não haja
tido: 'O resultado está. na vista de todos", "O resultado está. confusão: iliprimmül é o que supre, isto é, o que completa,
diante d4 vista de IOdos", porque há agora determinação. inteira, preenche, auxilia, remedia.
Diz-se ''pagamentO no ato", mas não há quem não veja Abaular - V. amugar.
6 Abdabaalsar Ab~viaturas

Abdabaalsar - V. sar. Ábrego - V. djric().


Abdi(ar. "O xá pode abdicar o rrono" - ~a regenda, e nã o Abrenúutio - Expressão lati na '/.ue significa "renuncio", "lon-
"ao rrono". "Abdiçar a liberdade", "abdicar a soberba do ge de mim", " nuuça mais~. jamais"; encontra -se aportu-
triunfo", "abdicar o fasúgio das montanhas" é que se diz, gucsadaem abrmum:io. usada intcrjectivameme.
com objeto direto. O verbo pode ser transitivo indire10. Abrcviaroc;~s - No aho·eviar palavras em que após o ponto
mas com a preposição dt - abdicar de alguma coisa - ou, abrcviauvo não venham outras lerras, devemos ter o rradi·
ainda transitivo d ireto-indire10 - a bdicar de si alguma coiJa cional cuidado de F.ucr, sempre:- que possível, tenninar a
-ou pronominal: "Suposto que nunca os príncipes ;e abdi- abn'Viatura numa consoante e não numa vogal. Filosofia, por
cassem do st"u ex,ercído' . exemplo, tem por abr('Viatura fi /. ou fibJs .. ma~ não filo.,
Abdome- Não(· da índole do ponugu~s o rl final; do mesmo com o no fim. Se a palavra for cortada num gTUpo de co n
modo: catófolo. hiphbat.o, "fim•, gn>M. crrtamt, e.pldm,. soames, deverão as consoantes aparecer na abreviatura:
Abeirar-se - Cuidado em não t'TTar; diga " eu nw abêiro", geogr.. e não geog.
" que ele sea btire". V . I!.IJ!ijar. É de lei ortográfica: Se na abreviatura aparece a sila.L>a
Abelt~ · O normal abtlha proveio d e um diminut.ivo latino accruuada da palavra. o a cemo pennanece: pág. (página).
(apfculam. dim. de apfs). Coltt.iw: enxame, oorti<:o, co lmt-ia. E tradicio11al na língua o em prego dt diversas abreviaw·
Vot : azoinar, sussurrar, zinir, ziziar, zoar, zonzo ncar, wir, ras, que ora comist('rn na inicial seguida de ponto (D. -
wnzum, wrnbar, zumbir, zurnbrar, zunir, wruar, Junzilu - dom), ora nas primeiras letras t o ponto (Rev. - reverendo).
lar, ~unzunar. Ol"d em algumas letras (' o ponto (Rt>Vmo. · r~oerendissimo).
Abelhudo - V. awlhriro. ora numa leora seguida de barr.t: m / - meu(sl, minha(s).
Abespinhar-5(" - V. o carro patinha. O "Pequeno Vocabu lário O r tográtko da Língua Portu-
Ablativo - V. caws latino•. guesa" traz no REG ISTRO DE ABREVIATURAS uns OUS
Ablocar. v . locar. que precisamos consid~rar. Por que - en tre outrOs casos
Abolir · Cenos ver bos da 3' conjugaáo, oomo polir, colorir e semelhante> - para ab.-eviar " Departamento Administra·
outros, só ~e conjug-am nas formas em cuja desinência exisre rivo do Servko Públi co" estabelece "O.A.S. P. ou Dasp" ?
i. Nas fonnas t•m qu<' o paradigJY~a partir não tiver i (o que se Sugt're, com <'~se "ou", ser indifc:rcme a abreviatura; mas -
dá nas três p<'SSOas do singular e na ~' do plural do preseme p<'rgumamos - não temos por isso a lib~rdad~ de adotar
do indicativo, no singular do imperativo e no presente do uma terceira abreviarura - OA.SP - em ham1o nia com a
subjuntivo), tais verbos não poderão ser conjugadc•s: tendencia internacional de:- grafar com maiúsculas as lcu·as
pan-o in iciais d<- nomes dC' de~rtamemos de governo? E a ssim,
pan · es por que " O.I.P. ou Oip", e não tam bém "ou DI P'', " C.I.f.
pane ou cir', e não também "ou CIF.,? O PVOLP traz - e nisto
pan - imo) polimos não há inconveniência nenhuma - siglas e cont:ra(ÕCS no
parr - is polis ro l das abreviatur as, mas não KTá prejudicial à didática dis·
pa.rt . em ringuir inf (por infinitivo), onde remos a/rrrviolura, de /Imo.
(por ilustrí>$ifM), onde temos controcõo, de INRI (por l esus
NatArtnUJ Rtx Jud<Uoruml, ondr· tt'mossigla.
Lista desses veruos defectivos:
O uso, sem dúvida, deve 5(".T levado em conta; o uso, t
também o dccrero-h.•l 592, d<' 4 dC' agosto de 1938, cinco
abolir eombali r esl>aforir latir anos mai s vt" lho q ue o Formulári o Ortográfico; este o segue,
adir (acrl:'sct•nrar) ~-omedi r-sc espavor ir munir mas não lhe faz a menor rdu~ncia ; esse decreto é q ue de-
adir (receber, tomar condir exaur ir polir terminou umu tantaS ahreviaruras de u nidades de mf:'didas
posse) dclinquir exinanir pu ir com inicial minúscula. sem ponto final, c r:amb~m sem o J
aguerrir de li r explodir r~·rn ir indintth·o rk plural porqu<' e,ta let ra pocl<- md1car <rgwulo
banir demolir extorquir renhir em V<'Z dr• pluralizadio.
hrarnir d e,comedtr·sc falir I"('Ssequir Afora casos especiais de distim:ào obrigatória, ninguém
brandir desmf:'dir-se florir r<!Velir poderá ver c·rro numa segu nda forma, como lNRI, p~r tra -
brunhir discerni r fornir rui r zt'r o FO somente I.N.R.I.. com pontos, como erro nao ve-
brunir l·mbair frem ir sul>mergir mos em URSS, USA, como erro já não é <'m inglês - e o
buír emergir ganir urgir Webster também a consigna - a abreviatura M r , >em ponto,
carpir ~moi ir haurir vagir p or mister. A tendência atual é, em cenos casos que não apre-
n ·rnir empt>dernir imergir sentt:m ambiguidadt, o mirir o ponto. Seu não emprego eli-
colorir n.inaria em cenos casos o problema de sua localização,
p roblema de que foge o Pequeno Vocabulár io Onográlico
D<'s""s veruos. a lguns há qut tOleram as fl<'xôes r <' "'" : da L Portugue-sa com apresentá-las com as letras finais em
bant, lmmdf, carpt, comptlt, ducmrt. explodt.jrtml!. gant, haurt, tipos menorn acima do pomo (B. rl - Obr . .., I. o que é
ÚliL. mu.n.t. ou impratiaivo:l ou imolerá~l'l na$ máquinas dr escrevC'r
Q.uando necessário, recorre-se, para preencher as falhas (' n~s linotipos comuns.
da conjuga~·ão, ou a um vt'rbo si nôn imo ou ao auxílio de E o plura l? Q.uando- fora os casos incluídos no ci tado
outro verbo que, sem prcjuí2o para a significação, propor- decreto-lei - a abrevi atura é constituída de lecra ou letras
cione a flexão em i ; estou polindo, sei eoúlrir, não vou txl.orqwr, minúscu las, vemo-la em alguns ca~os oficialmente emprega-
não podes abolir, ele se põe a vagir. da sem mod ificação também pelo plural : ex. {por txtmpla.r
"Abordar" - Muito poucos e fracos os autOres q ue emprega- o u txfflljJiare!), esc. (por fscwio o u escud()J), e em outros com
ram este verbo oa acepçào francesa de aproximar-se de uma uma fonna para cada n úmero: p. o u J>ág. par.t o singular e
pessoa e a ela dirigir-se de surpresa, e na de discorrer sobr e páJ:S. para o plural. •
um tema. O uso não pode ser desprl"l:l.do; o bom senso e o consenso
Aborígine, indígena - A t<'rminaçào destas palavras não dt•vc tampouco. em língua aiguma, mormcnr~ em casos em que
ser con fundida, como o foi ~lo vocabulário oficia l de Por- as distincões 5(" impõem. como este bem elucidativo do in-
tugaL Ambas as palavras provem do latim, mas cada qu~ l glk: MS. (mail steamer), ms. (manuscripr), M .S. (Master of
de raiz diferente. Em n.b~rígine tcmos ab m ai s a raiz or (nascer), Sciencc:-l, M /S (motor ship ; rnomhs after sightl, m.s. (mano
seguida da u:rminacào em qut- entra i, vogal qu~ vemos <'m sinistra). O que a abreviatura, contração o u sigla deve objeti-
cognatOs: orienu, origmt, ariundo. Em indigtntt o prefiXo é indu var ta darna; alcam:ada esta, não cabem objecões.
c a raiz é gm, que vemos em genitilo, gtnt~iaco. homogtneo. 2:20:JO li . Como ctn outros ponros, o Formulár io Orrográfl -
Abrolhos Abusus non tollit usum 7
co é deficiente também em abreviatur.ts; a antt"ceder um vez foi revogado pelo dt· n• 81.621 , de 3-5-78.
acanhado rol delas declara: "As abreviaturas constituldas - Dl."vem. porém, ser muito poucos os que ad otam a
por substantivo, ou por substantivo e adjetivo, são dadas abreviação l i h ro min. que não vemos empregada nem pc::to
apenas no singular; e apenas no masculino, quando consti - próprio oficialismo. O erudito missivista deve concordar
ruidas por a.djetivo biforme. Do emprego de cada abreviatu- com a afirmativa de que a forma inglesa é a mais adotada no
ra se dcpree nderá se ela vale o singular ou o plural, o mascu- mundo, principa hncntc agora qut· e>tá cheio de relógios ele-
lino ou o feminino." rrõnicos. É de comprt-ensão mundial a redação de um jornal
Ora : Voc-abulário Ortográfico é para mostrar de prómo de língua inglesa : The watch said 1 ~ :58:03. Nem o 1r vem
o que st' faz ou não gral1camrote, e não para t'Xpor probic:'- eJ<prt'sso : bom sen so supre decre1os ~ portarias: the v.r.uch
mas o u apresentar testt'S de conhecimen to de teorias ou d e is nor going 10 say kilometTts.
definifõcs cécniças. Abrolhos . O "o" do substantivo i: aberto no plural.
Nem no erro é coerente o FO, pois em mui tas abreviaturas Abrupto . l.<'xicógrafos (•xisrem compktameme afastados da
traz um s en tre parêntcscs para indica r que elas se prestam ~alidade; vão eles copiando uns dos outros cerras barbari-
para o singular e para o plural; não o faz, porém, com a dades e morrem a.ntc:s que tenham tempo de corrigi-las.
abrn•iat ura de hora (h), grama {g l. quilograma (kgl, metro (ml e Veja· &e o que d iznn da pronúncia dt abrupto; i: inacreditável
de outras uuidades ou quantidades. Es.~e é um probkma. que todos tragam a pronúncia ab ·m•pto. (Dois rr para tornar
mas para chegar ao assunto vamos ac(•itar t tue h {sem ponto mais clara a aberração prosódica.)
nem sl se preste para abr<'viar hora e horo.s. Em palavras como mbreptú;io, abreptício. abre~c.tio, sublocar.
A segunda dificuldade, que ainda não conslicui nossa prin- ;ubtunar, as letras que concorrem par" a formacào dos gru-
cipal dúvida, é saber onde colocar o h quando além du ho- pos consonamais br e bl são pronunciadas separadamente
ras há minutos e segundos que indicar. porque se formaram dentro do português (de ab o u sub mats
A terceira dificuldad" - para nós a fundamental - é esta: a palavrd começada por r. que por ser inicial tem pronúncia
Venha onde vier a abrevi3tura, vírgula.. ponto ou doi! po,tol lort~) sem que até hoje nenhuma assimila<;ão se tivesse cft>-
onde in·mo> pór a sep~rar os minuto' da, horas. os >l'gun- ruado.
do, dos minut os? O utras, porém, como abrmunciar, oblr~ar, JubltvaçiiD, pro-
Quem d ispõe de tempo para charadi>mo pode verificar nunciam-se a-BRE-nundar, a-BLE-gar. JU·BLE· va(âo. po r
que exis1em. conforme essas in1errogac:ões, sete possibilida- tcrt'm vindo já forma<b.s do latim (popularmente não há
des de abreviar "onze horas e vime minutos": 11 .20h - consciência de composi,ão vocabular).
11h.20 - 11 :20h- 11h :20 - 11.20h - 11 h,20- 11h20'. Ora, neste segundo grupo está abrupto. Escrewr ab-rupto.
Qual delas usar' Disputam theologi, e dada a discussão ab ·rupção é "contraditório e escandaloso". Todos quantos
rodos t~m direito de opinar. . conhecl'm a locução adv.,rbiallatina ex abrupt" jamais a pro-
Ao dar o preco de algo, não escr('V(' o inglês como nós nundaram da forma arrepia me indicada até no vocabulário
(11,20), mas 11.20; o pomo~ que em inglt:s separa os déci- oficial brasileiro de 1943; a-BRE-núncio não é como sempre
mos. EsS<: proc!'dim(·nto o inglês tem também para milhas, ouvi mos na cerimónia do batismo quando em latim era a li -
quilogramas... rurgia romana praticada?
Vamos ao Webstl!r. ~sua primeirA preocupa~ão diu-r que Consideracões sobre a e-xisrrncia ou não d(• hifcu em tais
i! tendência moderna suprimir o pomo fi nal após letra! de compostos não percamos tempo em repetir, mas não e de-
abrevi;~rura, especialmente q uando a abreviatura se constitui mais dizer que a pronúncia é a·BRU pto.
de uma só terra, tendência essa qu<" o nosso Formulário Abside (nicho, ora tório, rdiniriol • Forrna e aonicidade intl.'i·
Ortográfico segue - embora silencie quanto à sua exist~n ­ ramente consagradas em portugul's e em espanh ol, con·
çia - ao dar g para grama, m para metro, h para hora. quanto ambas difrrcmes em lat ion.
Também o ser maiúscula ou minúscula a letra que abrl'Via Absimo • Forma usada em lugar da ('timológka ab;intio ; dda
é esclare-cido pelo "unabridged" Webst<T, e oculto pelo ''pe- os deri,•ados ablillloso. absinumia.
queno" Vocabulário Onográíico da Academia Brasileira de Absolutamente - Emprego t·rrónt'O \'Cill·Se notando. d!Kdt'
Letras. certo tempo, do advérbio ablolutamcn/L. Indicativo ora de
Isso quanto a palavra abreviada. Quanto à separa ção dJ.s quanúdade, ora d~ modo, rem ainda for~-a confirmativa; co-
partes da fórmula num(•rica de uma expressão de tempo em mo tal, significa completomenu. inttirammtr. mas - e aqui está
horas, minutos e segundos, o processo mais usado - con- o importante - pode confirmar tanto uma expressão ne-
tinua Webster - é o de <'mpregar d<>is pontos para indicá-la: gativa , quanto urna positiva. O o:-rro consiste, prc-cisamrot<',
2:31:20. Q uanto ao lugar do h nestl' processo abrevi ativo, no atribuir a esse ad,•erbio valor e-xclusivamente negativo.
sua posposi~'ào part-ct-nos rna1s CO<'T<'nte quando vemos es- A pergunta como esta: ~É el<' seu amigo?" comumente
se pro ceei irnento adotado na indicaâo numé-rica d(• omras sr: dá a resposta " Absolutamente", para indicar "de forma
rn~idas; nenhum leitor "stranhará o noticiar um jornal que nenhuma" . Assim não deve ser; sotinho, esse advérbio virá
determinado satélite dá uma volta em torno da terra em confirmar uma negação ou conllrmar a afirmação posi-
1 :W:O}h. ts_..a. abreviatur.t dispensa qu" I<! abreviem as divi· aiva, nunca porém indicar, por si só, urna nega~ão. Jamais
sões e subdivisões do tempo, ou melhor. não nos obriga a esse advérbio devemos em{lreg-.u, isoladamente, para indi-
discriminar por letras as fra~;ões: Ih IOmin OSseg- nem a car, de forma categórica, nao. Quando seu empt'Cgo isolado
empregar, de mistura com o processo {'special de geometria nào trouxer claro o sentido confirmativo, deveremos acres-
ou de fusos: lb 10'05" ( 10 1' 05"). centar qualquer palavra que, de acordo com a pergunta ou
f. por aqui ·fiquemos; no atrevim~nto, perdoem-nos os com o assumo, esclareça tratar-se de confirrna~ão de coisa
astrônomos e os cronometristas; no erro, corrijam-nos por positiva ou de coisa negativa: ab;olulanunte não, abJoluLammlt
favor. não o sou, absolulammlr não qu.ero, W. roi.la absolui4mfnte não cJi.ss,.
- E a corre~'ào vei o . Em <a na dirigida à sccão Dos Leito- Ainda mais falha de fundamento é a locução "em abso-
res, do ESTAD O, a l..nrada de delicadezas e de saber, um luto".
ilusLre le itor declarou ter realmen te constiruido falha do Pe- Absorver. Não se vá confundir este verho, em que entra.·r (em-
queno Vocabulário da Lingua Portuguesa não ter apres~n­ beber em si, consumir), com absolvrr (relevar de culpa).
tado uma nota esclarecedora das letras /1 , g. t, m.j e de outras "Abstração feita d~" • Assim se diz em francês. não c:m portu -
sem ponro final de abreviatura e sem os indicativo do plural. guês, onde a cxprt'ssào é prmdo-~ fÚ lado. ab!.lrairuiq-.se de.
Trata-se de um decreto- lt>i, dt" n9 5257, de 16 de junho de não u Jar.OIM «1.10 dt.
!939, que: regul::tmemou o uso do Sistema de Unidade de Abstrusivo . Não confundir com ob.Urutivo. V. obJtruuvo.
Medidas, decreto que m uitos anos após o da ortografia de Abusus noo tollit usum - Locu<;ão la ti na que significa "o abuso
43 foi revogado pelo de n9 63.233, de l2-9-68, q ue por sua não impede o uso"; nem por não se dever abusar de uma
8 Abyssus abyssum invocat Acento agudo
coisa, fica seu uso proibido.
L nos monossllabos nem nos oxitonos tt'rminados nas vo -
Abpsus ab yssum imoar - Locução latina qu<' sign ifica "o gais i, u, quando pu~. o u seja. quando orais e desacompa-
abismo chama o abismo"; trecho <k um salmo d<" Davi: uma nhadas de o urra vogal, seguidas ou não de s: mi, rami, Parati,
falia origina outra ; uma desgraça nunca vem só. quis, conugui, CJJqui, Mandaqui. lu, tam, Botucalu, mu, mus.
AcadeOl()(~) - Com acento paroxítono 1: como d<'VC'mos pro- Júndw, Car~~mu.ru, pu-lo. parti-lo, dtscoiJri-lo.
nunciar o nome do primitivo dono de um bosque, nas pro- (o u do aqui, caqui, quis, cmuegui etc. faz pane do q ou do g
ximidadt"s de Atenas, em que Platão reunia seus discípulos; que o amcccdc, ou seja. constirui digrafo; por outras pala-
d esse fato originou-se a palavra acadmria, primitivamente vras, o i forma com o qu. ou gu dessas palavras uma única sí·
denomimu;iio dessas reuniões. laba ; esta regra ncga1iva t'stá implícita na 43, La);
Açafrão - V. m<lcorca.
"Acaparar•· - Galicismo inútil ; temos CJÇamharcor. moTiopoliwr. 2. quando à palavra em qui' ele ocorra é acrescentado o
atroumar: Além disto, por mais descobrir a maldade de seu sufixo adverbial menu ou um sufixo que seja precedido da
peiro, mandou atravwar quanw arroz havia na terra - Mas consoante t: somt11le, amiglWelmmu. voluvelmentt. pa.únha,
que se pennira que nos tJiravwnn o pão. e que se fechem pezinho, JOunho, aTXr...mha. opuscufounho (decrero 5765. d e 18-
12- 197ll;
com ele os ricos avarentos.
Attite, ac:citado, attito - Y. enlugau. 3. no i c no u quando, precedidos de vogal que com eles
Acender - Não se confunda acmdcr (atear fogo), com OJCm- não forma d itongo, são seguidos de l, m, n. r ou t que não
dn (subir). iniciam síbbas e, ainda, nh: adail, amtribuink. demiurgo. jui:z..
Accnto (icto de voz) • Não confundir com aumto (banco). paul, rtlnbuirtks, ruim, tainha, vmtoinha (43, 4.a, obs. 1);
Acento agudo 4. no i e no u dos ditongos decres.:emes iu, ui. quand o pre-
cedidos de vogal: atraiu, contribuiu, pauis (43, 4.a, obs. 2);
A- USA-SE:
5. no i e no u tônico dos di.tongos crescentes finais, segui -
L no a, t , o, abertos, seguidos ou não de .1. dos monossíla- dos ou não de s, que não se enquadrem no n9 7 da letra A:
bos tõnic:os (43, La) e dos oxítonas (43 , 1.a): pó. pás, há, hás, argua, averigua, pua, p-ia , sue. SUIS, pies;
á.1 (caru de jogar; aviador noláveiJ, cajá, C4jás, pé, pis, café,
CJJjis. maringui, maringufs. só, sós. av6, avó.t; 6. na terrninação <JriloS do pretériw pt'rfeito do indicativo
2. nos oxitonos te·rminados em qualquer voga l, seguida dos verbos da 1• conjuga<;ão: amamos, cantamos ( 15.a, obs. ; a
ou não de l, semprt' que nela ft'caia a tônica e ames dela ve- pronúncia abtTta dessa tennina<;ão verbal ê injustificável no
nha OUI'ra vogal da qual se d istinga na .P.ronúncia, ou seja. Brasil : lição 42 do curso de porruguês);
com a qual não forme sílaba:)U<Í,Jzuí', /li, tiis, Macai, ai, CIJÍ, 7. nos prefixos pa ro.útonos terminados c:m r: inta"-ill/Jni-
cais, Tatui, =í. Cambui, camlntiJ, tfnllrilnd, foi. JM>, baú, bmú . aJ, .rupn-lumu m (43, S.a. obs.);

(OIÚTaf-14, distribuí-lo (43, 4.al; 8. nos pn'flxos paroxítonos terminados ern i : tJrqui-
~odar (43, 3.a,obs. 21;
3. nos ollitonos dt' mais de uma sílaba terminados em m1
ou ms: alpim. tambén, corwim, convins, paral>l m, detim, dtlim- 9. nos par o.útonos tetminados em ms: imngnu,jovtnJ, 711.1·
/o, ddim-no (43, 7.a); V<lm. hifms (43, 7.a, ob s. I );
1 . nas vogais a. t, quando, abenas e tônicas em formas 10. nos paroxítonos terminado~ em em: imagnn. IIUv tm,j(J·
vt>rbais, v~m seguidas de hífen: dá-lo. dá-lo-ia. trá-lo-á, qui-In vem. provem (do v. provar}, contem (do v. contar), somem (do v.
(43, l.a, obs.); rumir)- (por exdusão da S.a);
5. em paroxítonos terminados em: 11 . nos monossílabos em em: tem, quem, trem (por exclusão
a) J.• n, r, x: arnável,ltífm, O(Úcar. t6rax (43, 8.3); da 43, 7.a);
b) ditongo oral: fósseis, farúis. púnlu:ü, pwl.sseis. úUil. j~uti 12. nos oxítonos e nos monossílabos tenninados em I, r, x :
143.9.al: rroel, mnoler, Nobtl.jlor, mel, box.
c) i , u. is. us: lápü, írü, miosótis (43, 3.a); 13. nos paroxilonos em que as vogais cônicas a, t, ~ nio
d) 1un, wu. que: tenham por tônica a, t, o abertos ou i, u: formem ditongo com a vogal anterior:ftijoada. mOtda, tm-
liibum, álbuns 143,3.a, obs. 11: prrmdo, MO()(;a, ct)(Jr/J';
d â , à>. âo, âos: órfã, órfão, órfo, tirjãoJ, tfrgão. ac6rd4/J, origâo. 14. nas formas verbais oxÍtonas terminadas t'm i, u prt'Cl"-
g6/fão ( l l.a. obsl; didos de consoante, quer seguidas q uer não de hífen: tram-
6. no i e no u 1ónicos que não formem di1o n!lo com a vo- miti, lTanstnlti -fo, rtpu-10.
gal anterior: wúva. saúlk•. balaústre, ha-oína, cc!ft ína, cai, caú, C - ARTIMANHAS :
paú, SOÚJ, baia, contrai-la, distrib-.li-lo, faiu4, JUiw, viúV<J (43,
4.a); I. O Fonnulário Ortográfico tem dois di.positivos de fazer
queimar as pestanas:
7. no u tônico precedido de g ou q seguido de e du i: argúi,
argúis, avtriglk, avmgúes. obliqút. obliqúes (43, 5.a}; 5.~ regra: Assinala-s~ com o acento agudo ou tônico pre.
8. nos proparoxítonas, ainda q ue tcnninem em ditongo cedido de g o u q e seguido de e ou i: ... obliqúe, obliqúes;
cres.:cn:c (43, 2.a, obs.), que tt'nham por tônica as vogais l.a obs. rla 12• regJ·a: Não se- põe acento agudo na sílaba
abertas a. t, o, ou i, u: área, aireo, vácuo. lirio. iMcu11. oblfquo, tônica das formas verbais terminadas em 'f*: apronpirU{I1t,
m<igoa. imu11dícit , árabe, clilcuJo, cridito, gótico. G61gota, lfmpido, dtlinql'àm.
fouvariamiJs.jh i unnos, público. últimiJ (4 3, 2.a );
Regras diferentes para a mesma terminação? Note-se que
9. nos ditongo$ ii, l u, 6i, sempre que abenos e tóniços: a quinta regra fala em "u tônico" e a observação da 12' em
du, mói. a.uembliia. badw.riil, clu:lpiu. IMtllrlu, jbó<a, lóio, apóio.
anzóis (4~. 6.a ); " sílaba tônica", ai eslá o busilis; o relator sugere eltf>licit:a-
mente que um verbo terminado em qwrr pode ser conj ugado
10. nos S<'gui ntcs vocáb ulos 143. 15.a l:
com acento no u (que ele charm " u tõnico" e exc:mplifica:
pára (verbo), para diMinguir da pr('posicão para. obliqrM ou com acento noutra vogal amerior (c ele c:ntio
pila , pllaJ b ulm. fem. e Vt'rbol, para di stinguir df' pda. pdas chama "sílaba tônica" e excmpliflca: apropinqüt).
(prr ma is a, as):
pilo(vfrho ). para distinguir de pelo (per mais o); Isto de os vtTbos em gu111 (averiguar, minguar, apa~iguar) , em
pira (elem<.'nto do sulm . composto plra:frtal, para distinguir quar (obliquar, apropinqwrr), em gair (red4rgüir) e qilir (tklinqilir)
de ptra (q ut· se p ronuncia pera), pr('posicão antiquada. serem conjugados acentua ndo-se torucameme o u ou o não
pólo, prílo.• (sulm. masc.), para distinguir de polo (por mais o); acentuando é a~sunco de gramá rica: V . água; V . argüi;
1I. se na abreviatura aparece a sílaba acentuada da pala- 2. somos obrigados a escrever juiz sem acento (B, 3) ejuiw
vra, o acento p11rmanece: pág. (página). eomacemo(A, 6);
3. somos obrigados a acenruar hífen no singular (A, 5, a) e
B - NÃO SE USA: a não pôr acento no plural hiftm (B, 9).
Acento circuofkxo Acmtos 9
Aan [O ciramOcxo IJJJ. àl{uilo, àl{ueloulro, àqudnuJra, àquehlutros. àqtuhiulraJ (43,
A- USA-SE: !6.a).
I. ? OS oxltonos terminados em t ou o seguid(ls B- NAO SE USA :
ou nao de J (regTa 43, l.a do Formulário OnogTáfico de par:' marcar a sílaba p retõnica dos advb-bios em mente c dos
1943): lt. fls. av6, ~s. voei, marque.•. portuguls; · denvados em que fi~ram sufocos precedidos do infU<o
2. em formas verbais que perdem as letras finais r, s, ~e Sf' z: avozinha, cafeuiro, jaiscatinha, indelevelmente, opusrulounho.
seguem do p•·onorne lo (43, I.a obs.): fl -lo. pd-lil. mOlli-los, somente, sozinho. terrivelmente, voluntario~inho, volllvtltrn'fatr
rtvl-los; (deCreto 5765, de 18- 12- 197 1).
.!!: em lormas verbais com p ronomes enclíticos ou mcso· Acentos - INFAND UM, REGINA. JUBES RENOVARE DO -
chocos (43, l.a, obs.): dt-se-/M, rep6-lo-ei5. LO REM* - Tramformada há varias décadas em artigo de
'1. nos proparoxítonas em cuja sílaba tônica figura vogal comércio, a ortografta da língua portuguesa no Brasil pas-
fechada ou seguida de m ou n (43, 2.a): ldmÍ114,ftltg(), quil~nt­ sou por nova alteração ; este é o caput do deo-eto 5.765,
tro, m6nadaJ, plsugo, fkvlsstmos, espontdruo, tlntU, manicômio; de 18 de dezembro de 197 1 (os três restantes artigos são me-
5. nos paroxítonos terminados em i ou u, seguidos ou não ramente administ:rativos):
de s. em q ue ligura vogal tônica fechada o u seguida de m ou ArL 1:' - O~ ~onformidade com o parecer conjunto da
n (43, 3.a): bünus. Vlnus, dãndi. tlnü; Academsa Brastleara de Lc:tras e da Academia das Ciências
6. nos paroxítonos terminados em l, n. r ou x em qu~ de Lisboa, exarado a 22 de abril de 1971 segundo o disposto
no anigo 111 da convenção ortogrifica celebrada a 29 de
.• li~ura vogal tônica fecl:lada ou seguida de m ou 71 (48, 8.a):
aljõfar. dmbar,fluix, vúmrr, 1=1, ctlnon;
7. nos paroxítonos acabados em dirongo oral, em que
dezembro de 1943 cmre o Brasil e Portugal, fica abolido:
o trema nos hiatos áto nos.
figura vogaltónica fechada (43,9.a) : fômú. tscrroi.~MiJ; o acento circunflexo diferencial na letra r e na letra o da
8. no e da 3• pessoa do plural do presente do indicativo sílaba tônica das palaVTas homógrafas d e outras em que s.i o
dos verbos ttr, var e seus compostos (43, 7.a, obs. 2): elt's abertas a letra ta letra o, cxc~·(;ào feita da forma põck, que se
fim, eles ron/hn, eles t•hn, t:les amvlm; acentuará poroposi~ãoapodt.
9. no singular vi, lê. cri, til (43, 7.a , obs. 8), que é conser- o acento circunfit-xo e o gTave rom que se assinala a síla -
vado no plural : vitrn,lêem, crtem, dlem; ba subtõnica dos vocábulos derivados em que figura o su-
10. no penúltimo o fechado do hiato oo. seguido ou não fixo mmtt ou sufixos iniciados por z.
de s, de paroxítonos (43, !O.a): vôo, v6os. tnj~. mj6os. perdôo. - O decreto encerra simples alteração, alteração leviana,
abotç6o; leviana pela cssb\cia, leviana pelas conseqüências:
li. nos paroxítonos que tenham til na última sila.ba e a a) Limitou-se a abolir apenas três das inutili dades diacri-
vogal tônica fechada ou seguida de m ou n (4S, l i. a ol>s.): ticu a que ficamos su~itos nós, brasileiros., d urante 23 ar.o s;
blnc~. utngào; a primeira não consri tu!a regTa imperati\>a entre nós, uma
12. em algumas palavras tôn icas, de uma ou mai s vez que a obscrvac;-;jo 2 da lzt regra do capítulo XII do for-
sí labas, para disti nguir de palavras áto nas de igual grafia mulário ortográfico de 191-S dizia: "É licito o emprego
(43, 149, obs. 1): qld (substantivo, interjei ção, ou pronome do rrema quando se quer indicar que um enconu o de vogais
n? fim de frase). pua distinguir d e qr~ (pro no me quando não forma di tongo, mas hiato: saúdadt. uaidadt (com q ua tro
sílabas) etc."
nao v~m no fim da frase, ~dv~rbio, conjun ção ou partícula
expleuva), porqut (subs~anuvo ou no fim de frase), para dis- b) Das a-ts inutilidades diaoiticas somente a últi ma e•a
tinguir d(: /JOTI{Ilt (conjunção), pilo (sub st.) para distinguir obrigatória lá e aqui. pois em Portugal desde 1945 já se cm-
~e pelo (~er- lo), pera (subst.) para distinguir de pera (p repo- contrava oficialmc:mc c:liminado o ciramOexo dos homó -
Siçao anuquada), pólo, pób:Js (subst. ) para distinguir de polo. gTafos fechados. o que significa ter havido real parócipação
polos lpor-lo, por-los). pôr (verbo) para distil\guir de por de Portugal no presen te ajuste sornentt' na tt'rceira regra.
(prq>asiçào); c} Os mentores da alteração revelam nem ao menos ter
!S. em ptxú. s• pess. <.lo sing. do prt't. perfeito de poder lido com atenção as regras do formulário ortogTáfico na
(deo-eco5765,de 18-12-1971 ); pane rd'erente ao acento agudo ; tivessem-no feitO. teriam
14. se na abreviatura aparece a sílaba acentuada da pala- encontrado a gritante con tradição entre a observação 1 da
vra, o acento permanece: côn. (cdMgo). citada regra 12 do cap. XIJ e a regra 5 do mesm o capi tulo:
B - NAO SE USA: Observação I' - Não se põe a«nto agutúJ na sílaba tônica
I . na lcua e e na letra o da sílaba tànica de homógrafos das formas Vt'rbais terminadas em qút. ljilnrl.
fechados: tlr, aquek, toda, almoço, Rebelo, co/Mr, CIJ!Mres, lol!o 5~ regra - Assinala -se cum acmlo agudo ou tônico precedido
(decreto 576$, de 18-12-1971); de g o u q e seguido de t ou i.
2. quando à palavra em que ele ocorra é acrescen~ado Na ob~rvação da regra 12 prescreve-se a grafi~. oblitp:U.
o sufixo adverbial mtnlt o u um sufixo que seja pre<:edido da sem acento; na rcgt"a 5 prescreve-se a graf~a obliqút, com
consoante :.: co7TU}dlli7Untt, aJrt~smmtc, ovozito, V<lll~únho. prsM:- acento. C~nfron~e-se o vocabulário oficial de Portugal com
gotinJIO (decreto 5765, de 18-12-1 971): o do Bras•l e veJam-s.c- os descalabros a que chegamos no
3. nos prefU<os paroxítonos acabados em i: snni-hislórico. Brasil na co~juga c;ào de verbos t'm ~r e quar; procure-se
arqui-serulilr (43 . S.a , obs. 2); o verbo apropU~ijU-fJr no ofid al brasileiro e ver-se-á: " Pres.
4. nos oxito nos t.erminados e-m ronsoanre que não seja conj. apropinque etc:.''
s: tkift:.,)M1., 4/got., J flet; É mais fácil r<:solver um probltma de palavras auzada.s do
5. no o tônico fechado dos paroxítonos, que antecede que descobrir como realmente se deve ler esta forma ver-
vogal q ue não seja o: voa, roam, coe; b~l: Redigi?os inter~· os dois citados passos do formu-
6 . no primeiro o fechado e lÕniro do grupo aio : arroio, láno devenam ter arumado os corretores da amai rran.sa(ào
apoio (substantivo), tamoio; ort~gráfica a el_iminar de vez -_e isto mais de uma vetjá foi
7. nos paroxítonos que sejam plurais de oxitonos em i s: ofiaalmente feno - o tmna. smal mais estranho ao nosso
TNses (pl. de rnls), rem (pl. de ris), marqueses (p l. de marqtds), sistema ortogr-.í.fico do que as letras li, w e y. Além do mai s.
portti{WStJ (pl. de pOTtugub). que tem. de ver ortografia com bairrismos e pessoalismos
de gy-amaoca?
Att~~to grave
d) Ao determinar que se escreva p6de para distinguir de po-
A - USA -SE:
de cria uma exceção sem critério; ou se eliminasse de vez
para a §sinalar a contração da prepo; ição a com o artigo o u o circunOexo dos homógrafos fechados ou se incluissem entre
pronome a e oom os pronomes aqueh, llfUtloutro, aquilo, as exceções outras palavras em condições id~nticas : "Essa
os quais se escreverão assim: à, às, àl{ucle, àqudn, àqueles, tique- fonna não me agTada" - como leu o leitor? Tanto de for-
10 Acentos Acentuação
1714 quanto de pOlk c de outras palavras o contexto pode in- ou a, t , o seguida~ de m ou n: d~.:~SJnTIIJS. j61tgo, lâmiM, phl-
dicar a rronúncia, tal qual acontece em inglk com read du.ln. quilümetto. Ant6nio, ttnue.
(rid, leio c read (rt'<i, li), r= (rou, flleira) e row (ráu, barolhoJ, 6. O acen1o circunflexo continua (regra !l) em paroxí-
lead {ltd, ch11mbol e lrad (lid, guia), bow (bou, arco) e bow tonos finalizados em i ou .,,, S(-guidos ou não de s, quando na
(bau, reverência). livtl Oíves, mora) e lil!tl (laivz, vidas). Al- sílaba tõni<:a figuram e. o, ledlados ou a. ~. o seguidos de m
guma necessidade de acento nes.\3-\ e em mais umas oitenta ou n: ttniJ, b6nus.
palavras? Não, porque o inglês se lê por meio de assentos 7. O acento circunflexo continua (obs. 2 da regra 7) no
nas escolas e não por meio de acentos nas palavras; porque t da sílaba tôni<:a da 3' pessoa do plural do presente: do in -
as crianças de lí•tgua inglesa esr.udam o "spelling" cerca de dícalivo dos verbos ter, vir e seus composws: eles tlm, eles
sete horas por dia durante oito anos de "elcmemary school" vim. des rethtt, eles conl!bn !Na !I' do singular os composws
e não nas ntas ; porque as crianças de língua inglesa apren- têm acento agudo ; ele rdim, o assunto se manlim inalterado).
dem o idioma çom professores c não, como nossos lllhos, 8. Continua o -acento circunflexo (obs. 3 da regra 7)
com as nossas cotinheiras; porque as crianças de língua in- das formas cri, dl, lê, vl, cr/(lm, dlem, llem. vtrm e de iguais
glesa aprendem a língua pátria em gramática e não em " li- formas dos compostos d~sses verbos: descr~em, dtJdtem,
vros funcionais". rtllem, puvêtm .
Quando o comexw não pud(1" indiçar o nome ou a forma 9. Continua o acen to circunflexo (regra 8) no t , d fecha-
•·erbal, o autor saberá eliminar a dificuldade de leitura_ dos no a, ~. o, seguidos de m ou n, da penúltima silaba de
O erro só existe quando proveniente de causa p rivaria; paroxítonos t<:"rminados em l, n. r e x : 1tiAfar, cá11on. lxul.
fala -se em poluição de ar, mas rolos negros de fumaça saí- fllliX.
dos de hospitais o u empresas estatais consideram-se ino- 10. Continua o acento circunflexo (regra 9) na vogal da
fensivos; fala-se em perturbação de sossego. códigos e leis silaba tôoiça dos paroxítonos t.c rmioados ent ditongo oral:
a proíbem, mas os apitos dos guardas, por mais conúnuos, tUI/trris,Jõssris.
wlos c inúteis que sejam, não penurbam o ::rabalho nos I I. Continua o acento circunflexo (regra lO) no penúl-
escritórios, nas escolas, nos hospitais, nem os dos próprios timo o fechado do hiato oo, seguido ou não de s. de pa lavras
guardas-norumos que, para provar que velam pelo sono, paroxítonas: v6o, vtll/s, mJ6o, mj6os, abroçOo, pml~o.
empenham-se m1 acordar os a.\Sistidos_ Fala-~e em estacio - 12. O acento circunflexo continua (obs. da regra l l) em
namento proibido. mas caiTO oficial não ocupa t>Spa( O. sílabas tôniças fechadas de palavras terminadas em àu áto -
De igual maneira, fala-se em analfabetismo e, por isso, va- no : bhlçâc, g61Jão.
mos castigar os que pretendem alfabeútar· se com reduzir 13. O acento circunflexo cominua (obs. I da regra 14)
as horas de aula e com alterar a onografia. Fala-se em ba- em porque quando substamivo ou em fim dt" frase, para dis-
rateamen to de ensino, na não permissão de troca de textos linguir de porque, conjunção, e em qui quando substanlivo,
de aula; vamos, pois, obrigar 9 s alunos a tTOCar, de um mo- interjeição ou pronome em fim de frase, para disúnguir
mento para o outro, todos os livros, de toda~ as disciplinas, de que. advérbio , conjunção, pronome ou partícula expletiva.
a comprar novos dicionários, de todas as línguas, que não 14. Advérbios em menir ou derivados ern que figure o infU<o
rragam acento circunflexo nos homógrafos. ~ conúnuarão com acento (rt-gra 13) se este for til: irmãmmte,
Mas se pahes superdesenvolvidos vivem de ~sperança, irmàtilllla.
que dizer do nosso ? Enquanto não corrigirem as excres.c!n-
cias ortográficas relativas ao h, ao hífen. às maiúsculas, ao RESUMINDO: O decreto 5.165 de dezembro passado
rrema e a outras qut-stões, não haverá falar em "reforma" outra c.:oisa não ft>z, com rrlação à ortografia de 1943, senão
senão em arranjos, em leviandadt-s. abolir:
Deixemos de lado outras considerações desse teor e pro- 1. a observad o 2 da regra I 2 (Devemos escrever wuladr.
curemos indi<:ar alguns sinais diacríticos que podem ser con- vaidade);
fundidos com o~ eliminados pela transação ortográfica de 2. a regra 14 (Devemos escrever ele, aquele, t(){j,J,, este, tsst,
d etembro dt- 1971. fora, fosse, sobre);
I. O trema continua (regra 12 do n9 43 do formulário or - 3. a regra 13, no tocante ao acento circunflexo e ao gr-aw
tográfico de 1943) no u que se pronuncia depois de g ou q (~emos escrever sommtt, portugue=n~<. c()T/esmmlt, aL'O-
e seguido de t ou i: agün~Jár. argúicão, tlllq!ÚTIU. tranqüilo. tin/u), atmzinha, tnxDzinho, babatinJuz).
2. O acento circunflexo continua (obs. J da regra 14) pa- " Injandum, rrgina. jubes renovare dolomn (Virgílio, Eneida,
ra distinguir de certos homógrafos inaccntuados palavras livro fi, v. 3}: Ó rainha, tu mandas que eu renove indizivel
que têm e ou o fechados: dor. Palavras da narração que Et~éias com«a a fazer a Dido,
p6r - verbo, para não confundir com por, preposição; ritinha de Cartago, das suas desgraças e da destruição de
ptlo - substamivo, para distinguir de ptw (cõmbinação T róia. Conta La.rousse que o padre jesuít.a Amoud, estando
de per-o); a prega.r a Paixão na Notre Dame, viu entrar a. rainha Mar>a
ptra - substantivo, para distinguir de pera (preposi ção de Medici, e obrigado, pelo uso, a recomeçar o sermão,
antiquada); dirigiu à rainha o célebre verso de Virgílio. Segundo diz
pólo - substamivo, para distinguir de polo (combina~ào Fumagalli o me~mo fez o padre Faurc, capuchinho (que
depor-kl). depois foi bispo de Amiens), o qual, prt-gando a Paixão em
3. Incluem-se en tre os homógrafo-homófo nos tônicos St. Gcrmain-I'Auxerrois, inclinou-se ao entrar a rainha,
os que têm a ou t abertos; continua, portanto, existindo o recitou o verso de Virgílio e recomeçou o sermão.
acento agudo (regra 15) em: Desgraçadameme sabemos que para ourros retardatários
pára - verbo, para distinguir da preposição para (Conti - deverá S('T lembrado no Brasil esse verso de Virgílio. V.
nuam, pois, enfeit.ados de hífen e de ace.uo compostos como juú.: V. jundiaiense; V. amuo agt•do; V. acento á.rcunjlr.xo; V.
pára-brisa. pára-lama, pára-quedas); acento grave; V. ti/.
pila - subst.anúvo e verbo, para distinguir da combina-
ção per-a; Acc:ntuação - As palavras devem conservar em portugues o
pilo - verbo, para distinguir da combinação pn-o; a('ento da língua de qw mais proximamente derivam. Pois
pólo - substantivo, para distingu ir da combinação por-o. bem; sabemos, rratando-se de termos oriundos do grego,
4. O acento circunflexo conúnua (regra I) em vocábulos serem eles recebidos pelo português mediante o latim. Ora,
o"'ítonos e em monossílaoos tônicos que terminam em '· dada a divergênci a enr.re as regras de prosódia da lingua gre-
o fechados, seguidos ou não de l: vi. vis, 11, lls, póJ, ris, mJs. ga e as da latina, est.as modifiçam o acento de muitos tenuos
5. O acentO circunflexo continua (regra 2) em proparo- gregos. consoante pod(t"emos \'CI' destes poucos exemplos.
xítonas que têm na penúltima sílaba a.s voga is<, o fechadas Proparoxitonos no grego e paroxítonos no latim:
Attrca Aconselhar 11
de a etrca tú com o significado de mtre (" ... o qual nome de
GREGO LATIM PORTUGUts cafre é já a ctrca tk nós mui recebido").
ÁtirMIIls Admitus Admito !1. Há urw tk - com h : Também aqui a locução preposi-
Ádcnis Adõni.s Adónis óva é cerca dt, a mesma do caso anterior, com o si~ificado
Afj!)fJios Atgjptus Egíto de aproximadamente, perto de, mais m.< mmos - e o ha é o ver-
ainigma mígma tnigrM bo haver, impessoalmente empregado com o &en tido de
Aís~os Atsópu.s Es6po faur : 1/á cerca de vinte anos venho lecionando (f az mais ou
DiônJJiJJ Diuny'sus Dionúio (Baco) menos, desde mais ou menos) - Falei há cerca de um ano
sobre o assunto.
P..troxítono no grego e proparoxírono no lat,m: 1. l'ouco para di2cr resta sobre a disti ncão entre a mtno.1 de
e há nunos át. Aqui, o verbo haver, imp essoal, com o signifi-
GREGO LATI M PORTUGUts
cado defaur, em orações de tempo: Há menos de cinto anos
Ai.schy'lcs AischyhlJ Ésquilo (nome próprio) foi isso feito. Lá, a preposição a, exigida como no caso do
número 2: A f32Cllda fica a mmos dr uma légua - Falou
Oxítonas no grego c par-.uhonos no latim: a mm;)J de cem pessou.
GREGO LATIM PORTUCU~ Aa:tilcnc . V. haptena.
Addctne, incidente - Distinguem-se as palavras acidente e in-
Ad.elplui.• lldélphus Adllfo cidente em significar a segunda "o que sobrevém": fato in-
air áf!T ar cidente, ou seja, f.tto ac~sório, fato superveniente, fato que
a.tthltlis al.hlita aliita sobre.im ou se aprcsent:a no decurso de um faoo princi-
aith& oiler ltt!T pal : "Os inddentes da leitura".
Vemos em todas essas palavras (tiradas apenas das primei - Um fato incidente é acidenra I, sem dúvida, roas no senó-
ras páginas de um vOClbulário grego) que o acento JX>rtll· do de ser acessório, de menor importãncia que o fato prin-
guês obedece sempre ao latino. Tomando as palavras do cipal : "Cortar a histótia a miúdo com incidentes".
grego, o latim as enquadra nas suas regras e elas passam a Em acidente não há a idéia de superveniência, senão de
ser consideradas latinas para efeito de pronúncia e acemua- fato independente, geralmente infeliL Como o incidente,
c;ão. Por nossa vez, recebendo-as do latim, não lhes pode- pode o acidente advir fonuitamC!'te, mas sem relação com
mos alterar o acento; continuam para ml 11m a ser con~idt­ um fato principal. Uma trombada, longe de ser incidente,
radas latin.as e se o não forem será apena~ para IIns históricos é acidente; não consúrui tal ac;ão f.1 1o nenhum acessório, de
de grafia c significado. Não 1: aqui lugar para aulas de la· menor importância, senão 'fato independeme e. no caso.
úm, mas cremos poder di~r que o desrc~peito às suas nor- infeliz.
mas de acemuac;ão ;~.carreta, sempre, prejuízos. "Aódcu~s cm-olttodo õru'bus" - Por que essa galicisra redun-
O identificar-se, às vtzes. o acemo popular com o ~o dân cia? Já não se dit "desastres de: rrem"? Somos obrigados
constitui mcm coincidência; ponha-se a público o sub&t:an- a r<:digir " desastres envolvendo trens"? Já não se diz "caixa
tivo agora que o veremos logo deturpado, fazendo-se ouvi.r , de fósforos"? Somos obrigados a redigir "caixa comendo
como o advérbio, paroxitonameme; coincidisse por acaso fósforos"? V. Cr. Mtt. § 944, b .
tal erro com o acc.-mo grego e não faltaria quem dissesse es- Adnópode - V. ápt>dt.
tar baseada a prosódia popular no acento grego ... quando Acinte • Significa d~ propó)ilo, deli!Hrad4menú: "Atirou ele acin-
em grego é agorá e em JX>rtuguês ágqra (praça p ública, mer- te com wna pedra :! um galo". Acinl~ é também sul»tantivo
cado); por quê? Pelas mesmas razões que nos fazem dizer e indiGJ propósito de fazer alguma coisa, procedimento
lldmeto, Egito, migmo. etc. V. b6/idt ; Édipl>; gen6Lipo. consciente para oprimir uma pe.~oa: "O chefe assim proce-
Aw-ca - Como devemos esc:rtver : "11 cerca de cinco anos" ou deu somente por acintt''.
"Há cerca de d nco anos" - "A mt'nos" ou " Há menos de Aclimar, adimacu- - A primeira forma, aclimar, é lrancarneme
cinco anos"? popular, derivada, no próprio português, do subs&a.ntivo
Estendam<Js o assumo, para elucidação mais complct:a. clima; a segunda, adima.tar, de cunho mais erudito, tem
1. Acf!Tca de, com o a inicial Ligado, iremos escrever quan- por élim o remoto o radical ltli1lllll, tirado do genióvo grego
do significar s()/)re, a re!peitc dr: Falar am-cr• de algo - Dados de lt/ii'IU) : hlirMlo.!.
acm;a desse autor. Ambos os verbos são, pois, postnonoinais, isto 1:, criados
Aulete d1ega a disó~guir : "Acerca de um assumo", quando deJX>iS de formado, no vernáculo, o substanúvo, o nome,
dele se trata a fundo; "sobu um assunto", quando perfun- e não trazidos direramcme de verbos de outras lingua.s. Des-
tOriamc:me, em roda, sem entrar em dcsenvolvimemos. Po - sas formas inftnit:ivas, os derivados adimação e aclim41a+ão.
de, realmente, aprcsenrar-se essa diferenc;a, como neste ca- Há aind a, igualmente portuguesas, as fonnas c/ii'IU)tizar e
so: Falaram sobre voe~ (cimram-lhe o nome, você foi lem- aclit!Ullt;wr, mas aqui uma oporruna observac;ão : Nota-S<'
brado); Falaram acerca de voc:e (trataram de você). atualmente, enrre pessoas de certa cultura, a 11:nd~ocia à
z. A ctrca de, com os elementos separados: Neste caso, criação de formas verbais infundadas e inúteis. AS$Ím, exis-
urca de t que é a locu<:ào (que significa pmo de, próximo dt, tem legit:i mamentc no vernáculo o verbo acumular e o seu res-
junlo dt, aprOJ<imadammlt: Cerca de 40 canoali foram vi stas}, pectivo substanóvo acumulll(JÍO. Ondido de Figueired o, se-
e o a é preJX>sic;ão, que apare~.i quand o t:~eigida: demo de colocar no seu dicionário o maior número possí -
a) por alguma palavra : Distribuiu mo tores a cerro de 40 ca- vel de palavras não existentes em outros trabalhos sinúla·
noas (distribuir a alguém} - Dilia isso 11 cerca de duz:enw res, lá escreve, acompanhadas de um indispensável asteris-
pessoas (dizer a alguém}- O t:~eéràLO ficou reduzido a cerca co, as palavras acúrmúo e acumulammto, limitando-se a dizer
dt 600 homens {reduzir- se a ta mos homens); "o mesmo que acunrulação" o u "v. acumtda~lib".
bl pela natureza do comp lemento: A crrca de dois quilô- Demo-no> por conu~ntes com as duas formas acumui4r e
metros de casa encontrei uma perdiz (encontrar algo a tal acumulação; não devemos seguir nem apoiar scqorncias
distância) - Tendas armadas a cerca Mqutle mosteiro (nas como esta: de acumular, acuniu/ammlo; de acu~nto, tUU·
proximidades de) - Foi posto o seu corpo na capela dos mulmntnw; de acumulammtar, IICU'I1tllla~ntaçlio " et i ta prorsus
reis a cnca dei Rei Dom Afonso (junto de). usquc ad ..."
Haveria ainda para considerar o emprego arcaico de Adi~ - V. declivz.
.urrca com o significado de quau, caso em que o a é ~o Acoosdhar - Significações e regências:
acrescentamento metaplástico, verificado em várias p repo- -(dar conselho): a) Aconselhar alguém a alguma coisa:
sições e advérbios ("São t:rês q uilômetros aarca" - Em que " Aconselhou-o a que: fosse para casa". b} Acon selhar a al-
vão já monos o u acerca") e o emprego, também arcaico, guém alguma coisa : " Lourenço lhe acollselhou o daustro".
I 2 Acontecer Acusar o recebimento
c) Aconselhar alguém sobre alguma coisa: "Aconselharam- sangramento sangradouro
me sobre o modo de viver". su rgi.nl('n to surgidouro•
- (emrar em acordo}: a) "Depois nos aconselharemos
no que mais nos convier". bl " ... aconselharam -~ para me
tirarem a vida". Não se apresen tem alo}<rmntto, aco:mpatMnto, tJlllCioruuntn-
- !Iornar conselho): "Aconselhei-me com ele". to como justificação de acOJtammto para indicar lugar; tal em-
Acontctt.r - 1:: a pobr~a de vocabulário causa do invariável. prego é antes j ustificação de fato histórico: Se as legiões
monótono, enfadonho emprego de certas palavras. Para romanas desvirtuaram mais e mais o latim, t. a mescla de
vários infom~adores ntdo agora cansativamente se JM. elementos IJetei'Ogêneos da militaritação do trânsito fon1c
PLANTA, tudoenjoativaml.'nte ACONTECE. abundante de poluição do vernáculo.
Com implanlar - como :;er-.t longammtt' observado - o Parlammlo poderia constiluir outro engano: é palavra
caso 5<' agrava, pois usam o verbo com sentidos que nunca provinda do inglês, dada, por imita<;ào. às nossas duas câ-
tt'Vt' nem pode ter; um mínimo de crês dúzias de verbos dei- maras legislativas.
xaram de rxistir para uns tantos implanrado~s de nttcda- Este seria o correto emprego das duas palavras: "O cami-
des ~m nosso ''ocabulário. nhão não fc.>Z um aco>lamrnlo ~guro porqu..- não há acoJladou-
Qjlase o IDC$lllO descaso se vem dando com aamuca. ro na 'Escrada do Mar".
Enquanto com saudades nos lembramos da marchinha de Acre (estado brasileiro) Sigla oficial: AC.
camawl em que se cantava: ~Que DConttcn<? foi a c:amtlia - O superlativo si ntC:tico ckJ adjetivo éacbrimo.
que caiu do g<~lho, e depois morreu" - dtora.ntos agora: Acreditado- Diz-se do negociante, da pessoa que tem cr~díto.
Que aconteceu? É a nossa língua que passou de Oor a es- E_mbora já não usado: o verbo acrtdilar tem'também a acep-
cória, a borra do Lácio. c;ao de lanc;ar no crédtto, na coma do haver, ou seja, é sinô·
Pelo menos no Brasi\, ratos já não ocorrem ("Desastre acon- nimo do hoje usado e certo crtditar ("Cá te acrtilito SOO"l,
tecido omcm"), nem se verificam ("0 cerco acotútetu de sur- como tem a construção pronominal: "Acreditou-se muito".
presa"), nem se efttuam ("Operações actmttt:id.a.! na bolsa"), Esse o motivo por que, enquanto se .diz " quantia creditada",
nem se rtal1uzm !"Casamento que irá acontecer''), nem se di2-se "pessoa acreditada". v. credenciais.
cumprem ~:'--· para que aconteça o que foi prometido"), nem Acr6ba~ · Quanto .a? acento tônico de acróhata, vejamos o
suadmr ( Outras surpreSõls aconteceram"), nem se dão (''Os que d12 o vocabuláno oficial de Portugal: "Quando ... uma
motivos que aconUuram"), nem rtJultam ("Nenhum efeito prosódia não rigorosa só esteja absolutamente radicada num
aa~nltcett"), nem redundam ("Tudo isso tUOnúuu em seu fa- único composto, mantém-se neste, rl'las corrige-se nos de-
vor"), nem rrotrtem ("A discussão 11C011Ucn< em nada"),~ mais. Por ~emplo: sub siste acrobata, mas adota-se anóhaJa,
se opn-om r'A detençio aamlettU ontem"), nem se Jmúicam rufdílJata, nictóbaúz etc.; subsiste mí!>pt, mas adota-s<: hiperopt,
("Fa.ltas que aconúuram por descuido"). !tipmrutro/J' etc.
Percebe-se que as gramáticas e as antologias cederam A compararão t'nlrt' rniop~ e aaobaia é violenta, não cond i-
lugar ao derrotismo. zente com as categóricas palavras da regra: "absolutamente
radicada". Se a acemuat'ào de "míope" está "absolu tamente
Acórdão · Tem o acento tônico tia sílaba rur. t. a forma gráfi-
radicada", confesso só mui raramente ter ouvido "acrQbá-
ca da substantivação de "acordam", terceira pessoa do plu -
la". ~ão vale a comparação; ~(,Tóh<JJ_a é, pelo que alé hoje
ral do presente do indicativo do verbo acr;râar (=resolver me fo• dado observao', acentuaçao, alem de ceroa, muito mais
detetminar). '
usada que a paroxítona, e imposslvel não é que o próprio
Acordar - Devemos ter cuidado no emprego desce verbo; no
leitor venha P''Onunciar.do, com acerto, acrtíhata; é lal~o
sentido de despertar ele não é pronominal: "Ele acordou afirmar qu~ "acrobáta", paroxítono, i: "prosódia absolu-
sobre$salt:ado" (e não "acordou-se") - "Eu acordo semp~
tamente radicada"; longe e ao contrário disso. acr6baJa se
cedo" (c: não "eu me acordo"), ouve e está em vários dicionários.
Pode ser pronominal com o semido de pôr-se de acor· Aa'õoimo - J á ~ hora de introduzir na língua. e~1r composoo,
do, harmorú:zar-s<:, ~conciliar-se: "Quando a rotura deles
formado do elemento grego ácron (ponta) e do que entra nas
ch~ a tanto que.' se.' não possam arordar, de tal mant"ira
~•-ras por6nimo, sin61úmo, Mmónimo (ónyma, nome>. pa.r a
pode V. Alteza socorrer os •-encidos que fique s<:nhor dos des1gnar a p~vra formada das prúneiras letras ou silabas
vencedores". Pode s<:r ai pronominal, porque com esse sen- de oucras palavras: UNE.SCO (Unired Natitms Educational,
tido tem também a regência transiliva: "Acordar em man- Scientific, and Cultural O;ganization).
dar fazer exploracões" - "Acordou em evacuar dentro de
i!.c:ta est &bula - Locução latina que significa "está represen-
cinco mt•scs toda a colônia com seus fortt"s".
tada a pec;a" : com urúcava-se com tais palavras aos especta-
Acostadouro, acostamento - Assim como mco.llammlo é o ato
dores o fim da repre~enr:ação teatnl. Foram tambi:m as úl -
ou efeito de enwJtar, r:ambém DCOJta~nlO é o alO ou efeito timas palavras de Augusto ames de expirar.
~e acostar (em todos os sentidos do verbo), c não o lugar, a
laixa, a margem de acostar. "Acostamcnlc:> de um requeri- Açúc:ar - t argumemo bastante, em defesa da grafia anicar.
mento a um processo", "acostamento de uma lancha a um com c cedi lhado, saber que Gonçalves Viana assim se ex-
navio", "acostamento a um parecer" - são expressões li- pressou.: "Aetkar, e n~o a.sJucar, escreveram sempre os nos·
dimas1 mas "acostamento em obras", "não pare no acosr:a- sos: esta esta onograha em harmonia com o castelha.n o an-
mcmo" só em linguagem de quem pensa que dirigir U'ànsi- tigo OCUCár', modemamente escrito az.ucaT. O vocibu lo t: de
to é f.uer barulho com apito. origem imediata arábica. e não da remota latina ~acc.haron,
Acostadll'UTo é que deveria ter nascido a palavra, com o su- ou grega sanúw.ro:', como o prova o u, e para porntgues
fix~ que realmente indica ''lugar". Como ninguém vai usar e castelhano a adJunc;ào do an:igo árabe. Já se adYCTtiu que
jtrlllmmlo porfmJUlouro, de igual maneira rúnguém irá con- os n das palavras a.rábicas estão representados em porw-
fundir estas palavns: guês por ç em quase todos os vocibulos, mesmo moderna-
mente, e é inúril abrirem-se exceções, que põem l\ onogra-
ATO LUGAR fta usual em desacordo injustificável com a amiga , e são
achamenco acha douro francesismos de escri ta que convém ex.pungir".
aguamento aguado\u'O Arudir - Quanto~ conjugação, veja bulir.
ajuntamento ajunudouro A(Wilulação, acúmulo - V. aclimação.
curtimento curtidouro Acosar o n:a.>blmc.-nto - t.audelino Freire registra acusar tam-
nascimento na.<;Cedouro bém com o significado, usado e consagrado no estilo epis-
lavamento lavadouro to lar - e já usado por Camilo (0 Bem e o Mal, pág. 199) -
logramento logr.tdouro de declarar, comunicar: "Os sobrinhos não acusaram logo
ArusadYo AdjctiYO páuio composto 18
o ~bimento da carta". A bola tulm.trou o go l - Vamos agora dar-lhe um empurrão
o\auad90 • ~ C4SO>I4li'lfD>. e tulm.trti.Jt. 110 lelllpo da aernidade - A felicidade tiiÜrtiT4·
Ad. ..• PTWxo que exige hífen antes de r: ad-rogar. ra em casa de Antônio Alves.
Ad auguaaa pa- anguau . Loruc;ão latina que significa " a coi- Aderir - É paradigma de um grupo de verbos da s• conjuga-
sas altas por cam inhos estreitOs". <;io em que o t se transforma em i na I' P:Csso_a do singular
Ad gloriam • Locução latina que significa " para a glória": do indicativo presenre c em todas as do subjunovo :
Trabalhar ad gWrillffl (pela glória, sem proveito material). Adiro (aderes, adere. aderimos. aderis, aderem) - adira.
Ad boc • Locução latina que quer dizer ''para isso", " para adiras, adira, adiramos, adirais. adiram.
esse fim" : Sec~tário adIr« (escolhido especialmente para o Como adnir conjug~-lôC o~ _seguintes verbos:. ad~tir
ato). (advino, advertes), aspngrr (asp•')o. asperges), cnur (o1'7.o,
Ad bómioem - Locução latina que significa " ao homem" , cerzes), comiMiir (compilo, compeles), concernir (só é usado
" dirigido ao homem" : Argumento ad lllmli~~m~ (que atinge nas S's. pessoas), Clll'lwrgir (~n~itj~ . .con-:rgcs), c~~r
diretamente o adversário, mosuando a incoerência entre (compito, competes), dtspcr, dzgmr (dog.ro, do~res), dcver!! r
seus atos e suas palavra.s). (divirjo, di~rgcs), ~vn-tir, ~x.jNlir. J.ni~ (e ~ompostos: tkf' !"·
Ad libicum • Locução latina que significa "livremente", " a difnir, dtsfm r. afm r, confnrr. tJUjnrr. mfmr ele.). ~r (g.~,
gosto" ; interpretar um assunto, um trecho musical ad lihi- geres), imJNiir. innir. ingnir (ingiro. ingcrc-sl, Í11Stnr. mmJrr.
tum - Escolham os lugucs ad /ibiJvm. prturir (pretiro, preteres), pr~liT (propilo, pro peles), rt·
Ad liucnm . Locu<;io latina que signifir.~. " lletra": Transcre- jktir, rtptlir, rrjHI.r: g g_uir (~ compou~s), Wll~r (e e?mpos-
ver um rrecho ad líttrram (sem nada omitir). tos : l1SJ111/ir, cansmbr, dWtntrr eu:.), snvtr. SU«tnr (sugtro, SU·
Ad majo~m lki póriam - Locução latina que quer diuT geres), vtstir (e compostos: dtsvestir. investir, rewstir c trmu -
" para a maior glória de Deus''. Lema dos p:suítas, abrevia- vestir).
do com as iniciais A.M .D.G. Adhuc sub júclicc lit csl • (Loc. lat. =a causa airu/.a t súÍ sujtita
Ad oucum • Locução laàna que significa "à vonradc" : Pode aojuit). Expressão de Horácio; a sentença compltt.a ~ : Cram -
admitir e demitir ad nulum os funcionários não vitalícios. mátid ctr/anl ti adhuc .•ub júdiçe lü t.tl = os gramátjços discu -
Ad patn:s • (Loc. lat. ~ aos an.tepautJIÚJs): Mandar alguêm ad tem, c a decisã o ainda depende do juiz.
palTts - mandá-lo para o outro mu.n do. Ir ad palTes -mor- Adicto . Do particípio latino addittus, significa, como adjer.ivo,
nT. coruagrado, votado: adiao ao trato incessame do microscó-
Ad papétuam rà memóriam • (Loc. lat. = para a Jmpltw pio. Como substantivo, designa o escravo que continuava
lnrt/1rQMa do f ato). Iruai<;io usada em monumentos come- com o senhor por não conseguir este a importinóa ~ten·
morativos, medalhas etc. dida para a sua venda.
Ad rd"ereaclwa • (Loc. bt. =para rifnnulm, ou seja. para ser É palavra que não se confunde co~ ádilo (la~ tillditw), q ue
submetido à aprecia<;io dos interessados). O decreto será significa ligado, prtso. nem com ádilo (Lat. áJJ1tum), lugar
enviado ad riftrnuillllfl do congresso. mais secreto do templo, santuário, càmara secreta.
Ad rem . (Loc. lat. ~ à coisa, ou seja, sem rodeios, claramen- Com a significac;ão de ligado, preso, o acrmo errôneo no
te): Rcsponderad rt11t-com precisão. i deve-se ao vernáculo adido, partidpio de adir. c: lôC em~re­
Ad ún&Oem • (Loc. la1. = .à tmlta, com a unha). Exp~ssão de ga tambbn como substantivo, com a significação de ad.JUn·
Horácio alusiva ao polimento obtido sobre urna superllci~ to, sócio.
com o passar da unha. Versos ali. tmgr2tm são versos esmera- Adir . V. abolir.
dameme polidos. Saber od unguem = tim-tim por tim-tim, Adisooiano . V. basldoviano.
na ponta aa língua.. Adjttivo advcrbiado . V. pa.1Stei dnrw.sUuio.
Ad . . - Ddphini · (Loc. lat. = pattJ wo do Dll{zm). Edições Adjetivo (coloca<;io) - V. 1tmnem antigo.
ad usum Dtlplrini são as que Luís XIV mandou fazer para seu Adjeti'ro composto designativo de c~r : aJ Só vari~ ~ segundo
filho. delfim de Frarn;a. nas quais foram omitidas cert.as elemento quando realmente consotu1dos de adJeuvos: blu -
passagens equivocas. livro ad wum Iklphini é o livro c:xpur- sa amarelo-clara, fita verde-amarela, roupa a.marelo ·CS·
gado de escab rosidades ou censurado. cura, tonalidade amarelo-clara. vestidos verde-amarelos,
Ad .,aJorcm • (Loc. latina - segundo o valor). Diz-se dos d i- chapéus azul-claros, gravaras vennelho-roxas, blusa azul-
reitos de importação pagos na aiBndega na pro por<;io do marinha, ~dos azul-marinhos, gravatas a.zul-marinha.s ;
preço da mercadoria no mercado ex.p ortador. Significa, b) Nenhum elemcnt.o varia quando um deles for substan·
ainda, "deacordocomo~to». tivo: blusa rosa-claro, fitas violeta~ro. papéis verde-
Ad 'IIDID utft'OUII • (Loc. lat. ~ para a vida eterna): Todos montanha, blusas verde-pavão. coxim azul-ferrete, pedras
q ueremos vi~r em paz agora e od vitam atkmam = para todo azul-turquesa, fazt.'lldas branco-marfim, cor rosa-escuro,
o sempre. tonalidade rosa-claro, olhos verde-garrafa; ainda que venha
Adipo • Proveniente do latim, significa dito popular, scn- só o nome de coisa o u de animal, este permaneoc invariá-
c.c:nça moral. Proveniente do italiano, usa-se como termo vel: chapéus rosa. papfis marfim;
técnico de música, com o significado de: lentamente. Pode c) Não há variação nenhuma quando ocorre a preposic;ã.o
neste sentido ser usada a palavra como substa.ntivo, para de ou as locuções cor tÚ, da CI1T tk. tÚ cur: olhos de Verde-mar,
indicar o próprio uecho de música que tem andamento va- olhos cor de safi ra. olhos da cor do prado, fit.as de cor azul,
garoso. ramagens de cor verde de esperan<;a.
"Addreuosnpb" · V. mdtrtçõgrafo. d ) Deve-se dizer rliW• uhravioltta e não rtJiN ullravioltt&.
Ademais • Numa só palawa; i: a.dvi:rbio que significa "de- Diz-se raios ilifravermt/Jtos, roas vnTMlho é legitimo adjetivo ,
mais'', " altrn disso"; pode vir ou não no rosto da orac;ão: ao passo que no outro 1450 a cor é designada por nome de
" AdtmaiJ não quero melindrá-lo" o u "Não quero adnntJis planta e não por ad~tivo. .
melindrá -lo". AdjeliYo fraciooário • O fracionário de 11m não CXISU' por
Ádea • Fo rma rradiàonal de grafar também em Porcugues o impossivel. Se um 1: unidade, como expressar o ""' por meio
nome do porto do mar Vcrmdho. Pcnc:ncerue à Inglater- de fracionár io ? Ou t unidade ou não é .
ra, a pronúncia paroxítona generalizou-se; que se csaeva M tio é fracionário de doi>; só ex.iSicm mn<» onde há meta·
em português Adem, com m final, vai muito bem e assim há des; só há metades onde existem dwupartes(Gr. Met. S281).
quem faça, mas é estranhávcl escrever e acentuar Adim, Adjdi•o piaio composto • Em adjetivo pátrio composto .o
como faz o vocabulirio português de 40. primeiro ou p rimeiros elementos obedecem à forma de oro-
Adcuuar . Não há do que admirar-se; este verbo está em di- gero erudita, geralmente mais curta, e não a usual, popular;
cionàrios e em vocabulários ofiàais; t transitivo direto c de acordo com a regra de flexão, só o último varia: fronteira
também indire~o (prep. tm) na acepc;ão de "pt.~ em": argcnto-brasileira, sociedade batavo-brasileira, empresa
14 Adjetivo subSWJtivado Aeroclubc
belgo-mint'ira, cant;ões brasilo-urugu;oias, cidade celto-ro- bem. Sl' (! cansativo o ~.Studo contínuo e ex -professo do
mana, conf•·onta~ão fino -russa, relações franco-bdgas, civi - assunto, é mais ameno comu h.u o di cionário como por
lização hispano-portuguesa, negooac;ões indo-americanas, acaso.
u iàngulo ítalo -tcuto-nipônico, inspirarão luso-espanhola, "Admito-o em sua oua" - i: o que vemos em Aulete:
choqut' nipo-chin~s. descendência $ino-japonesa, acordos "Admitir fortunas no mundo dos fatos" - "No vestido,
temo-russos. como na cama, não admitia nenhum gênero de linho" -
Adjetivo substantivado na fonna feminina- V. errõma. "Não admitais em vosso lar pessoas de repurac;ào duvidosa"
Adjetivos indcfectheis - Substantivo5 existem que• não .abem - são outms exemplos oferecidos pelo Laudelino Freire.
andar sozinhos e a um tempo cx.igem sempre a mesma com- Mas - este mas causará su•·prcsa a muita Çé'nte - na acep-
panhia. É de Cami lo Castelo Branco uma crônica escrira em cão de "fazer participar dt" é o verbo admitlr transitivo dire-
1858 em que ele nos dá boa li sta de nomes que podemos to -indireto e se constrói com a: " ... e crendo que os p<Usa-
ch amar siamt'~S. Estrangeiros q ue tl'm no ponugues sua tempos do m undo não bastavam únicos a me ocuparem,
segunda língua ,. os q ue o falamo~ como língua nativa não me admiriu à adminisua~io de S<"us b<-ns" (fi limo Elísio) -
perderemos tempo em observar essa concorr~ncia de quali- "Swift acabou por capta• a predileção de TPmple, que, re-
ficação. Esta> s;io as quase-locu~ões nominais apontadas conhect ndo-lhe a supt>rioridade, o admitiu à sua privan-
porCamilo : ~a" (Rui) - "Interveio com um advogado célehre para que
"Prelado st'rá sempre virtuo.w, calltora será sempre mimo.•a: me admitisse à sua banca" (Machado de An is) - " ... pro-
j ornalL<la será sempre conscimcioso; jovem escritar será sempre pondo admitir a~ curso legal, com as nacio n~is, as moeda>
nptraTI{o•o; patriotll ser á sempre txíflllo; n~goaante ser.i sempre <'Strangrira•" (Rui ).
honrado; caluniador st'râ sempre nif~. As tnannraJ de quem Assim não será pesado a redacões de jornal adq uirir como
dá um baile serão sempre amáveiJ; o s crmvid<J<ilJJ serão sempre não serà molesto a redato res consultar na s d úvidas de re-
penharado!. O jolktini.ta sel'á sempre t spintuoso; o pMta será gência , que a todos nó> ~c•npre acodem, o ''Crande e No -
sempre inspirado. O s Írm<Íils teruiros serão sempre vmmivris. víssimo Dicionário da Língua Portuguesa" de Laudelino
Os ,•ócios d~ qualquer coisa mercanril serão sempre acrtdita- Freiró.', obra de real valor para os que dia riamente escreve-
dos, O s menin os recém-nascidos KTào sempre robustos. As mos.
viúV<IS serão semprt inctmJO!áveu. Deixemos de lado essas in utilidades de' acentos, de hí-
Se o ricaço der doze vintêns aos inválidos, este feito storá fens, de tremas e de outro s penduricalhos. e e<upemo- no>
sempre um raJgo jilontr6piro, e a farturuJ dele será sempre mais do período, da construção, da regência, que o idioma
a~a. Não haverá baile q ue não seja animado, nem Jan- terá mais p roveito, o escritor e o leitor maior gozo.
tar que não seja lauü>, nem Jtrviro que não seja abundante. Admitir - " Adm i1" é uma da~ d i,·t·rsas palavra> ingl.-sas qut•
ou profuso. para va riar. Ne,hum homem rico terà amigos andam trasvestidas em porruguês: " ... acordos secretos cuja
que não sejam IIWJUTosos. Todas as firmas da praça come•·cíal existencia jamais foi admililla" . Não~ a notícht f: o urra: '' ... a-
serão sempre mptiliivti.t. O voto de qualquer parvoinho cordos secrews cuja exist ~ncia jamais foi ti)TIU),tia pública".
será sempre iluJirado; c mais deprt'ssa morrerá o cronista Admil (: aí sinónimo dt· " admo"·ledgt>", <' t'Ste verbo, "a,
do que deixar.i de ser tloqütnte o duomo de qualquer Cícero here compared , impliC's the malting p ublic of one's know-
fanhoso. Todo o C4J<lmenlo será próspero. Ninguém po<krá ledge of something which has been, or might havc ticen,
morrer que não fique sendo bom adadão, bom pai, bom TMrido, kept bacl or concealed" . Se a fazê-lo por locução ("wrnar
t' ter a tudo bom''. público") o rradutor preferir wrbo, traduz:\ o inglês por
De ilustre cultor do verná culo e conhecedor de vários "confes~ar'': " ... acordos secretos cuja existC:ncia jamais foi
idiomas, Prol'. Ernst Muhr, recebemos cópia desta carta, conjwada".
com da ta de 5 de janeiro de 1970, escrita por provocação Adrede . Origina -se do latim áimtt e significa de caso pensa -
do que leu de Camilo: do, de propósito, para l'SK' fim : "Em cami nho, rezou opa-
Q.uero prtstar esta singela hommogmt e manter-me a seu dre sua missa numas pedra ' adretú preparadas".
inl~ro disp!JT, solici tando , contudo, crítica ronslrubva para esta Nnl!'·"-· qut· o ach-i•rhio odudt {pronúncia ";u.lri·dC'"i CO> -
coleção. •·eunida arravk dos anos e com ajuda de: muitos tuma an l!'et·rkr o w ri>o, qu<' gt·raftn<'lll<' t·~tá no particípio :
dos alunos do curso de pós-graduação da EAESP. Tenho ''Enviou tropas adrede exercitadas".
ct•rteza de q u<- a exímia datilógrafa, que por n(mia ge11tilu a "Esperando estão todos a rainha, que na càmara adrtdr
concordou em bater esta carta, tC:VC oportunidade, nos •Jiti- {dt> caso P.t>nsado) se detinha.
mos dias, de parricip.tr de algum lauJ.11 barupult, ou, pelo me- Adria - V. Árquia.
nos, de uma JU.CUirnla jtijoada, sem que algum ibJ.Jlrt facu/Ja - Ad~r - V. adnir.
boo ou, ta lve:t mtlhor dizendo, ltbafiuzdo clínico. precisasse Acquo m imo - Locut'ào latina que >ignifica " co m mimo fa-
assisti-la , em vi rrude de romtuai.J resull4doJ. vor.i.,,d ' ': O sábio mporta a advrrsidadl' atquo ânimo (com
A dtuúa torrt~ial. po uco rara I'Sit! :u\O, não impedirá que st-rmidadcl.
a lguma douUJ comüsã~. de que faça pan e um egrigio Julgador Acre pert nnius - Locução latina quC' significa "mais duradou -
e um emmmte causídico, submeta esta cana a um rigorow in- ro do que o bronze". Horácio, referindo -se aos próprios
quirito, declarando não ter· razão a clafll()rOJa vaia com qu .. versos, escreveu : Ext'(Í monumemum aere perennius
ela foi recebida. ~ autoridades afirmarão ser a situacào da !Concluí um monumento mais duradouro que o bronze).
mais abJOiuta calma. justificando-5t! pois o projUIIIÚJ sillncio, Aéreo, Aero - V. tJerodube.
subseqOente à leitura desta, Segundojonlel JrguraJ, nas quais At:ro... - Em compostos é seguido sem hífen: aerofll()ça. aerofo-
se pode depositar inttira conjianca. nem mesmo um violmto to, aerossol.
incêndio, conseqúência do pavoroso desastre que re5ulrou da At:róbata - V. acróbola.
desabalada carreira, por parte de quem ler esu.·s lugares comuns, Acroclubc - Atr é o primeiro t'lemento, o primt-iro radical do
impedirá que a prtdpuajinalidalk desta carta seja cumprida. composto; o 11 que vem rlepois do r é mero clcme_n~o entre-
- Camilo e Em st aqui apao·eccm jumos por mera coinci- posto, nu:dial. exigido pelas regras de ~o'!'pes~o;ao. ~ào
dtncia. confunda, portanto, c»a forma com o adj<'tiVO aereo; aereo
Admiração por - V. tJm()ra. é o que penence ao ar, da nacureza do ar, q ue se movimenta
Admirar - V . t.squtur-st. no ar - coisa impossívrl ao clube. Nem a fonna,, nem o
Admitido à ONU - f:: uma tcnta~ào, mormente a escrilores no - act'nto: an é dissílaho e a prosódia ponugu<•sa, conquanto
vos, emprega r a por outra preposição de uso tradicional. se trate de palavra grega. obedece à regra de acemuac;ào
Capítulo menosprezado no estudo da gramática portugue- latina : c.5 dissílabos são geralmeme graves (paroxítonos) :
sa, o da preposição deve ser pelo menos lido por quem áer (O assumo comporra outras considerações que não
por \'Ocat-ão ou por obrigação escreve e pretende fnc-lo vêm ao caso):
Aeródromo AgH 15
Esrranh.ável é que a terceira edição do Aulete tenha repe· ou seja, defensor da igualdade dos direitos da mulher aos
tido o CTTO das anteriores, indicando a pronuncia " a-f" dos homens. Q.ue seja cer to o procedimento do ftminiJto
em compostos desse elemento; os vocabulários ortográli- não nos com~tc julgar, mas com toda a certeza podemos
cos, que: de tanto acc:mo enchem nossos vocábulos, nada dizer andar em CTTO quem o confunde com o aftmiruul() ou
esclarecem; Ramiz Galvão, port-m, está certo quando põe ifemi.tuuto. ou >t'ja. rom o amulhert'ngado. com o adamado.
nesses co mpostos o sinal indicativo do acento secundário: çom o qu<· tt·m modos de mulher.
át•roscópio, áerofõnio, á<-robióS<·, áeroter<~pia, á<"rofobía Aferir • V. aderir.
el(. "Atiôonado" • Isto 1: espanhol, ~ não ponugucs, onde, con-
Aeroplano I> palavra de cinco sílabas, e não de quacro se- fortne o caso, a palavra é aftiçoado, freqüentador, tntusia.tta,
gundo a pronúncia comum; o e não forma ditongo com o admirador, dedicado.
a inicial: A6gur.ar - t fo m1a pro r(rica de figurar (Cr. Met. S94).
Escreva Mtoclubt. numa só palavra; nem para o hífen há Afim· V. afim de; V. afinidade.
motivos. A6nal - Oficialmente escrito numa só palavra, o advét'bío,
Mais uma advertência: Por que "Tangao'á A<'roclube"? que signilicafinalmmtr. entra na locucão .. afinal de concas·•.
Em portugu~s deve vir o substantivo fundamen tal <'ffi pr i- q ue tem a vari.a nte "afinal das concas", ambas usada s por
mciro lugar. e não o especificaúvo. Isto d e " Glória Hotel", grandes escritores como Camilo e João Ribeiro .
" Palacx liotd" só em colôni as inglesa s. Afinidade - Afim ~ adjetivo que significa par~ádo, próximo,
A~ódromo . V . mmua. semelhant~. r~lacionado, intimo, conexo: pes50as afim,
Attofobia . V. acoclulN. caracteres afins, coisas afins, problemas afins. Ode pro-
Acxólito · t bo·eve a penúltima sílaba; essa e outras palavras vém afinidade, que significa relação, conexão, par('Otcsco
terminadas ,.m lito (gr. pedra) devem s..-r proparoxítonas: adquirido pelo matrimônio com a família do cõnjuge, for-
mt/torólilo, uranólito, aJ/rólito, 5/Jf!rólito. ça en1 vinudc da qual moléculas de diferente narurez.~ ten -
Ac:rovia • Palavra composta que é, além da silaba tônica tem dem a combinar-se.
o que em gramática se chama sílaba subtônica, isto é, o ..Afixe" - A palavra po nuguesa é edital. É mmbém galicismo
actnto corrcspondt·nte ao primeiro d<·nwnto do <"ompos· com o sentido de <orlat, anúncio.
to. Este primeiro elemento é no composto em aprc~o cons- Afora . V .fora; V. pelq llraJil afora; V. mtiTtmfora.
tituído da palavra Mr, rujo acento tônico deve cair no a Aforismo . ~ de admirar a fàcilidade com que certas palavra~
inicial ; não pode, na composição, ser deslocado esse acen- de cunho erudito SI.' d ivulgam erradamente. Televisão, rá-
to. Se no vocábulo simples o a é que é acentuado, no com- dio e jornal si o veículos de ficil a.<:esso •o povo, ma..• nem
posto tambtm o a recebe o acento secundário, jamais o e. sempre de responsabilidade Lingüística; quando SC' dá por si.
Pronuncie, pois, túroVÚl, e não airo111tJ, cuidando em que o o catedrático q u<' introduziu um nrologismo pa)sa a 1~-lo ..-
e se sq>ara do a inicial: ti-e-ro (e não áiro). a ouvi- lo estrop iadamcnte. AforismlJ. C4ladúmo só podem li -
Igual cuidado deve o leitOr ter co•n out ros compostos gurar em nossos dicionários com a terminação o. A influrn-
desse elemento grego: ánonáutiw, áeroJcópoo. án"ódromo. árro- cia de outras p•lavras de origem grega, neutT<lS, t..-rrninadas
pl4no, áeroporlo k não oiroporto nem, o que é pior. airtoporto). em ma (crisma, sofismo. amurisma ...) é que é causa de igu al,
Errar no acemo secundário tem sua gravidade. Quem pro- mas no caso errô nea , terminação.
nuncia dntropologia em vez de anlriipoltJgia (esta é a pronún- Aforismo e cataclismo são filhos de substantivos gregos mas-
cia cena) denota não saber que se deve dizer fi lantropo, mi- CJ<Iinos terminados em mos, e nin"g uém deve pensar em erro
sanJ.rdpo. de revisão quando d"'ssa forma vir escritas essas palavrM.
Nota· SC: às vezes o erro em paJavra s d e cu nhn nitidamente África - Adjrtivo pátrio : africaM. Q.uando primeiro elemento
vt-rnáculo; ropitaliUI(ào, por exemplo, jamais deverá ter de adjeuvo pátrio çomposto. assume a forma afro: afro-asiá-
acento SC'cundár io na sílaba pi, por ser esta breve. tico.
Ac:s Tripln . Locução latina que signifi ca bronu triplict. Na · Afiicindtt - ~ origem holandesa. designa o branco nascido
wgador "a<'S triplex", isco é, com o peito revestido de bron - na África. t palavra já constante em dicionaríos c vocabulá-
le tri pl o, a lim dt' poder afrontar os perigos do mar. Expri- rios, com essa grafo.~ e prosódi.,, que nos obriga ao plural
me, além de inrrepidez, dureza de coracão. africdJ1dtm.
Afivd • SuP<"'Iacivo sintético: afllhilúimo. Ãfrico - Como adjt'livo, significa relativo à Africa. Como
Afazer. afazeres · Afazer cxi5re como verbo (acostumar, habi- substantivo, é usado poeticamente por ábrego. forma esoa
tuar, adimar-se). Afazeres. substantivo plural, é francesismo; mais comum para designar "sul" ou "vemo que sopra da
a palavra ponuguesa é otupa(Õej. África" , com a variante lusitana ávrtg().
Afear, Afiar. v. mumciaT. Afro - Estt• elemento exige hífen na formação d'c adjetivo pá·
A(egani~ão, Afegã, Afegaoe - A fortna originária do ropô· trio e antes de Mgro: nfro-a,iático. afro-negro. Em outros com·
nimo encontramos no Websrer e no Boui llet unifortne- postos, st•m hífC'n : l![rolalria.
mente grafada Afghatliston. Sua rransliterac;ão não oferece Afrouxar . Exigem cuidado na conjuga(ão os verbos que pos·
dúvida; ~ Afeg~tnütào, com e após o f e com a terminação suem o grupo ou na penúltima síla:ba; verbos como njrMJJUl1,
stàq, aportuguesamento do el<tmenco ~rsa stan, que sigo1ili - ~Jlourar, dourar, ~upar. cavoucar, roubar e outros conservam
ca "terra", en co nrrado em Beluchütão, Indostão. 7urqut$lào. fechado o o do grupo ou: eu afrõuxo. eu tJt~uro, cu dóuro.
Se uma ( a forma do topónimo, o etnõninlo apresenta- eu /ldll/11). cu cav6u€11, ~ rôubo (e não, desvirtuando-se a prosó-
se sob várias formas: aftgà (masc. c fem.; plural afegãs) e dia e a grafia: afróxo, dóro, pópo, cavóco, róbo, formas
afegan~. tanto com o adjetivos quanto como substantivos, estaS qu~ não ~xistem em português).
aftg® somente como substantivo, ajegâmco somente como Agamcmnio . V. Dtcamtrào.
adjetivo. Age quod agjs • Loru<:io latina que significa "Faze o que- es-
ê a conclu são a que chegamos do confronto de bons di - tás faz~ndo"; emprega-se para expressar " Não te di>traias"
cionários, já estrangeiros (Wdmer, Bouilletl, já nossos (Cal- - ''Presta toda a atenção ao que estàs faU'ndo" - " Uma
das Aulete, Laudelino, Melhoramentos). coisa ou se fu o u não se fu".
Afeíção por . V. amor a. ...agem- V.lútagnn.
Afeminado, Efeminado, Feminista - As duas primeiras pala· Agenésia • A d(·riva<;ão obriga -nos a. acentuar paroJ<itonamen-
vras podem usar-se uma pela outra, não porém pela ter- te o composto agemjia (ímpossibilidadé de gt>rar, esterilida -
ceira, confusão que se nota num filme em que um rica~o de), do grego a (nãol e gtnlsiJ (geração) mais o sufix.o verná -
deixa em resmmento uma mina de ouro para um grupo de culo ia, longo: agt>U!·>Í-a.
pobres mc~r:rizes de quem se apiedava, p rocedimento com - H Agfacolor" • Acentue-se na última sílaba. V. bicolor.

provanu: do que sempre foi érn vida: adepto do fem inismo, Ágil- Superlativo sintético: ogílimo, <ZgiliJJimo.
16 Agilitar Alá
As!litar - Se temos agi/il4r para dizer tornar ágil, lazer expedito. rar, trapejar.
apn:ssaT, desenvohoer e, u$ado pronominalmente, para signi- Aguardo · Não há argumento para condenar o empn:-go de
ficar tomar-se ágil, aligeirar-se, ganhar facilidade de movi- aguardo no sentido de esptra, txptctali1Pl. É da índole de nos-
mentos, de~nvolver-~ - por <1ue atirá-lo fora para em seu $() idioma utilizar-se de formas verb.,is para funções de subs-

lug-o~.r jogar sobre o leitor um inútil "agilizar" ? Redijamos, tantivo, para indicar o ato ou o resultado da açi.o expressa
como vemos em bons dicionários: "Começ~va a dar guin- pelo YC.Tbo.
chos c fazer mil diabruras. agilitando-u em corrcria.s ptlo Aauarris - Sem hífen, com dois rr, com s final. É feminino.
copiar'' - "Agilittm->e os a.lunos, de vários modos, nas rá- Agualá - V ao IJlá.
buas de multiplicar, att alcançar a destreza mental" - "A Apdcz - V. estupü:Uz.as.
desueza agi~I<J o corpo". Aguurir · V . abolir.
AJosriniano - V. basláovit~M. Aí- v. vi al.
Ap-adabilidadc- V. duulilidadt. Aic:ebergue - louváve.l aportuguesamento da palavra inglesa
Agr..daT ·Significações e reg~ncias: ictbtrg, inaceitável nesta forma em dicionário 1105$0 c, ao
- (parecer bem, ser visto ou considerado com ~tisfac;ão, mesmo u:mpo. necessária naquela para indicar, de acordo
gosto ou cornplactn<ia): "Este chapéu não lht agradará - com o étimo escandinavo, "mon1a11ha de gelo". lglaalmente
" Agrada à vista". louvável c justificável é, dando ro upa nossa, escrever aia-
- (comentar, 6atisfazer): " Procurei agradá-lo". blifii{Ut. aiuhloco, aiceb~t, aiujlov.
Com objeto diretO é hoje usado com o significado de Álda - É pr«iso rus1inguir ; noa ópera d e Vcrdi, ou melhor,
rtmlmlaT. salüjtJUT ou de mimaT, arariàar. afacar: agradar ID7ta em ilal.iano é " Aída" , com o icto de voz no i; a própria dis·
criança, agradar o gato . posição mu~cal, em várias passagens, obriga-nos a dessa
Agn.dbel - Superlativo sintl:'Ó co: agradabilissimo. forma acentuar o nome da escrava: confronte-se a panitu -
Agn.dea:r- Consa6i-se "agradecer a alguém alguma coi~": ro~., no inicio do primeiro ato:
"Agradeci-/k o pn:seme" (objeto direto da coisa agro~.deci · Celeste Ai da, fonna divina,
da e· indireto da ptssoa a que se agradece). Dizer "agradecer místico seno di luce e lior,
alguém por uma coisa" é incorrer em italianismo. dd mio pensíero tu sei rcgina,
Agredir - V. prevtnir. tu di mia vita sei lo splendor.
Agnpdo - Entre outros significados, tem o de lavrador que Em outro ato, encontramos uma rima eloqüente, a mos-
vive e planta em terra alheia em troca de parte nos lucros. rrar claramente a pronúncia. po is a rima seria impossível
~ - Sentimo- nos contrafeito em dar opinião qui" possa se o nome tivesse acento no a:
ft't'ir susceóbilidades e ofender costumes e tradições de pes- Pur ti riveggo, mia do lce Aida ...
soas aferradas a dcttnninadas preferênàas. São comuns Ti arresta, vanne... che speri ancor?
na linguagem popular as formas águo, deságua, enxágua e A te dappresso !'amo r mi guida.
outras semelltantes; há até quem considere serem essas as Te i ri ti auendono d' un altro amor.
pronúncias verdadei~as. Aindá mais (note-~ a métrica, a cadência e, outra vez, a
t opinião nossa, firmada na doutrina da maioria dos rima):
gr.omáúcos moderoos, devcrem esses verbos ~ conjugados Ti as.~!, gentilc- Aida ?
como o verbo 11W1i81Ulr , pouco importando pesquisar se o I ruoi segreti svclami
g da terminac;io gutU corrcsponde a um c ou a um q latino. Ali'amor mio ti affic:la ...
Será argumento bas:ante para justificar as pronúnà a.sagúo. I sso na ópera, isso em italiano . Em porruguês, porém, i:
iÚsllgÚIJ, rnxagúo saber q~ verbo nenhum existe proparoxí- " Áida", com acento no A inicial. O nome existe em PortU -
tono na primeira pessoa do singular do indicativo presente ; gal, e os po rrugueses não ~ivergem na pronúncia áida, con -
outra coisa não faremos, seguindo estas pronúncias, scnlo quanto se encontrem porrugueses, quando se trata da ópera.,
enquadrar e5$es verbos nas mesmas leis a q ue obedecem que, fiéi s ao 01igínal do trabalho de Venli, pronunciem à
todos os demais. Se ,n/dico é nome proparoxi(ono quando italiana "Aida".
fica ai a distinção: em italiano é "Aida, sem ditongo ini-
substantivo, quando verbo terá de ser pa•-oxitono : '11Udíto. cial. Em portugub poderá assim ser pronuncia<la a palavra
E. assim: o clinico, cu clinico; o datilógrajo. eu daJtlográfo; o quando se referir à ópera; deverá ser " Áida", com accmo
tellgrajo. eu ttltgrájo. no a inicial, quando nome próprio de pessoa, como fazemO$
Nos próyrios verbos em apreço, quase todos os que pro- em Záüla e, 5emelhantemente, em Zttraitk, Zmaitk, Adelaitk
nunciam llgllO, de~ empregam, para o imptrativo da ter- e em nomes própriO$ locativos dessa terminação: Btt.saida,
~ira pessoa, o aa:nro paroxítono: 4grie - o que denota Tebaida. Se nio podemos num ca50 fugir do italiano, não
admitirem igual acento para o subjuntivo presente, caso não devemos no outro afastar-nos do português.
constitua esse proceder mera contradição, própriã de qut'fll
age sem conhecimento pleno. Ainda que - V. ~pésar de.
Airi - V . rami.
Se ouuos verbos hâ ttTTDinados em tUJT precedido de g.
Ajudar - Consrrói-se: 1. ajudar algl•ém em alguma coh a :
como avmgu4r, mil!pM. apmigru.r, que se conjugam com o "Ajudou-o 110 serviço" (Se a coisa for um infinitivo a prepo -
a cento no unas fonn.u rizotônicas (foi'1Jla5 em que o acento
sição sc:ci a : " Ajudou -o a carregar com a cruz" ).
cai no radical do verbo e nio na desinência pessoal), na-
da mais justo que proceder de igual maneira com o verbo 2 . "Ajudar à nússa" (servir de acompanhante; neste caso
do '-rrbete: eu aguo. aquele rio tksagúiJ, de mxagúa. agút não se diz ajudei-111~. mas ajudei a eúd.
as planras, não mxagút esta roupa. 3. " Ajudou-u dos pés e d4s mãos para subir" (valcr•se,
aproveitar-se).
Q.uamo ao ter consi~ado o vocabulário da Academia,
de 1943, a acentuac;io apo para esse verbo, nada temos que AjWr.ar - V. tC01111mi:.ar.
dizer, quando o sabemos feito com expansões de ptssoalis- Al • Variante neutra, arcaica, do indefinido IJUJTo; encontrada
mos. Verifique-se tão só isto: O vocábulo acrobata ai se en- somente em prcwérbios antigos e em frases de linguagem
contra com dupla acenruac;io, a escolha do consulente; o forense, significa oul7a «!Úa, o mais, tudo o mais: "Como vires
verbo apar. entretamo, porq~ sobre sua conj ugação o au- o fava!, assim espera pelo ai" - "As mãos no pandeiro,
•or do vocabulirio tinha idéias próprias, ou melh or, atinha- e em ai o ptnsamento" - " ... solte-se o riu, se por aJ não
sc ao que de crianc;a ouvira nn sua terra, traz, taxativamente, estiver preso n.
a conjugação proparo.xí1ona (Gr. Met. S«0). ...ai - V .famir-; V. rtgimnatal;V. substtmli~àt>iÚ ad_?tivo.
Água - Barulho: borbulhar, cachoar, chapinhar, chiar, esca- Alá - As~im devemos transcrever a forma árabe de [)(:us; na
choar, munnurar, murmurinhar, mfar, rumorejar, sussur- oftOW'llfia atual nenhum sentido tem um h final.
Akgrc 17
AJaae - Proparoxitono porque é breve em latim a penúltima Stguir, o pakúio pequnw.
si!aba. A forma Al0c&, com acento na última silaba, só pode ex-
Alagoa - Forma protétíca. de iag«l. Da numcrosidade de ala- plicar-se por descuido ou inadvertencia de que~ assim f~.
g04l o nome de um dos nossos estados. (Gr. Met. S 11 2, A.) Existe esta palavr<~.,, assim.acentuada, .mas pro~,. ~r d•s-
AlagOots (estado brasileiro) - Si~la ofióal: AL, 5em nenhum similaçio, de aktJ«l (do arabe tJi-wl), e seu SlgrufiL<ldo é
ponto. outro: terreno em que se 5emeia aveia, cevada, centeio ou
A1a.mbca - " A-LA.'d-bra" é de fato a mellior pronúncia e as- outra forTagem para o gado.
sim deverão dizer todos os que se pr=un de puris~as. Com- Quanto ~ palavra A.lcáçooo, provém do espanhol, q ue a
põe-se de dois termo! árabes: ~ Al", .artigo, mais o adje- tomou do ârabe al-kasbt mediante anaptixe de wn o enrrc
tivo "hamri" (vermelho), isw é, o ~llw ou a lltrllfliJta, as con !IQaJltes J c: b, fenômeno &equente como ainda acima
subentendendo-se a palavra paMt:W ou C454, como dizemos, vimos (lta<;-a-r), nos derivados áralx.>s. Conquanto usada
refc.:rindo-nos ao antigo palácio presidencial, o catete, sem com a mesma significação de Alcáçar, palácio real, habitaçã_o
nenhum especificaávo. Assim denominavam os ánbes o principesca, e tenha com esta semelhan<;a de forma, seu éo-
palácio dos reis mouros de Granada. mo é diferente. . . . .
Vemos facilmente, pela etimologia, que aquele 11 pertence Alc:bdon, alcaodo«a - São pa.lavr.u d1sunw; a pn~ra,
à sílaba 114m, não se podendo j untar ao I do artigo árabe. proparoxltona, que tam~ existe na forma ~scuhna
Silabando. deveremos fazer llL-HAM-bra, enio tJ-UfA M-bra. ak4n1Ur. desigtQ o poleiro de falcão, de papag3.1o (donde
Não se pense que tal coisa constitua. esporadià dade para aWzntúJr11r-~ = pousar em alcãndora ; colocar-se alrol; a se-
o português. . . . gunda - que r.c pronuncia alctmd6ra - indica uma peça do
Examine-se a grafia jilharm6níco. F1-LAR-mt}-m-co é como vesruário mourisco, branca, semelh ante à ca.nusa.
se pronunáa, nio h-er dade? Por qué ? - A palavr.t. é com- ~caçarqucbir, Al~r - V. Alcáçar.
posla, pertencendo o l ao elemento jil e o h ao elemento Akaçava, Alcace-, AJ.caçova - V. AlcÕfar.
lla1'11Uinico, separando-M: assim as sílabas:jil-HAR-m6niro. Alcaide - Fe.minin.o: alcaidma ou akaidiM.
F.sr.ude agora o leitor a palavra genulhomem, c vt'ja por que Álcali - v. ákool.
é errada a pronúncia genü LHO-rrum, e como se devem M:pa- Alceol - Crafocamemc, a palavr... encontra-se já arrai)l;ada na
rar as si labas. sua torma etimológica álcot>/. É preciso não esquecer que de-
Vejamos o fenômeno que, a par do dígrafo Ih, ocorre com la há diversos co~posros, no.s q~t:~.is ;sempre <!ntram ~s dois
nlc. oo: ~Úal~JmeáO, tJlcoolico. É , p<>IS, ra.zoavd a conservaçao ~os
Todos sabem como se leetn as palavras /J'U11M, tmllo etc.; dois oo. Mantém, assim, a palavra um cunho esrrange1ro,
mas ~alvez nem todos saibam pronunciar ttnlu/4. Q.uanta mas não constituirá isso nenhum esporadismo na nossa lín-
geme boa não ~orrega ne$~ palavra qpa~o :mim a ~~
e:~crita. A-ne-w e que se deve d1zer. A palavr.t. e com posta Ja
gua. d . I .
Q.uamo à pronúncia, não há dúvida e que, eumo ogtca-
no latim dos elementos an e lullo (gr. oo, respirar), ele- mente conviria a acenmacão oxítona, alcoól, ou ainda. como
mento este que_ também t'fltra em ~- ~ que todos pro- observ~ Cin<lido de Fi~eiredo no seu d idonárío, a parox.í -
nunciam bem: •-M -Im. A decomposu;ao silabtca dessas duas tona, tJicóol: "Vá hoje - continua o m~mo autor- alguém
palavras devérá ser: arl-ht-14r e in-lut-lm, observ.~ndo-se o proclamar que a pronúncia exata é alcóol e nio álcool. Anis-
mesmo com os seus cogn;uos. ca-se a correrem-no à pedra ... ou às chufas".
Se o sisttiDil ortográfico vigente elitninou o h de tais com- Embora seja irregular esta deslocaçio de acento na ~<:'
postos, Alambra deveria ser a grafia coerente. nurnb"ica, generalizou -se e jusrifica-K o plural tJiaxíés, a
"~ambrado,. - Esta e outras palavr.t.s como tnrviro, nislica 5emelhan~a de inl(éis, amóis etc.
nio penencem ao nouo voe<~bulário; aparecem em regiões Um;a vtt defendida pelos intransigentes a nio usada fo~
vizinhas de países d e língua espanhola. Traduza-se "alam- singular tJicoól, por que vedar-lhe o usado plural tJico:!'·''
brad o" por tJrttmttdo, " rcmcil'o " por bezerro, "rú$1jca" por A palavra será, assim , no singular álcool, e, no p luul, alcoou.
brochtJ.ra: A fazenda é toda cercada de aramado - Nasceu ma.os Note-se q~>~e o nosso acento tónico no artigo de __pal~vra
um bez.nro- O autor ganha a comissão de 10% no preço de origem árabe encontra-se em outros exemplos: alctJii, ál·
de capa. seja o livro cano nado seja em brodlura. gebra. . •
Alio - (cio de fila) - PluraJ: alãos, alãcs, alões (Gr. ~coólatra - O que regula o acento de wn vocab~tlo e a quan -
M~t. , § 216). tidade da penúltim;a sílaba; é pena ver às soltas regras de
Alarma - Preferivel a "alarme'', ainda que se considere pl'ove- prosódia que ou pretendem libertar -se do latim ou dele
nieme do italiano a/U arrru. As vogais fmais têm em italiano demonsiJ'am ignorância. Dada a quantidade da sílaba la,
proccdjmemo diferente do que têm em português. akoilatra, proparoxirono, é como se deverá dizer, bem como
Alazão (co.- de canela, dizendo -se de cavalo)- Ph1ral: alttrões, idólttlra, tg6kura e ouiJ'os compostos.
alttuin!§ 2 16). Alrorão - Tern dois plurais: alrorãe.<, ttkorões (C r. Met. § 2 16).
Alb1n.ia . Adjetivo pátrio: albarltl, al/xmer!M. Qua ndo prim<!iro A forma corão deixou de·ser ~tsada ; o artigo árabe fa:t pane
elemento de adjetivo páoio composto, assume a forma dessa c de muitas outras palavras nossas de i~al provenitn-
lllbano: tJiba1w-esltwo. cia; considera-se como pane integrante da voz que comp&-,
Albo lapíllo notare diem - Locu<;ão latina que significa " mar- prefixa algum nome sllhs~antivo ou adjetivo e serve para
car o dia com uma pedr;a branca", ou seja, considcra.- feliz todos os gà1eros, números e casos. Tão largo é o seu empre-
certo día; entre os romanos o branco cra sinal de felicidade go que, esquecidos do seu significado, ajuntamos outro no-
e o preto era o signo da desgraça. vo artigo: "a" almofada, "o" a lruoaevc:, "as" alvíssaras,
AlbwD - V. microns. V. memor1111dvm. "o" alcorão, nome este que os maometanos dão ao livt·o da
Alcáçar - A meiÍlor forma, por mais correspondente ao árabe sua Lei (d erivado do verbo cará, ler, coligir escritos), aMirn
- al-4/llf - é Alcá(ar, com acento paroldtono. Não há vo- chamado por se terem ajuntado os diversos capítUlos que
gal, no étimo árabe, na última 'sílaba; essa a r;uào da diver- nele se contêm - os quais estiveram d ispersos por muito
g!náa de fonnas; quem, porém, adotar A.lctfçttr, com a, tempo- e pela freqüente leitura que dele lãzem.
seguirá com mais segurança a pronúncia árabe da palavra. Aldeão - Plural: o.ldttüu. aldttils. aldtões (C r. Met. \ 2 16).
Com ' na sí.laba final , a palavra constituirá uma forma Álujacta at - Locu<;ãolatina que significa "o dado está joga
divergente, mas, além de não ser a mais usada, afa.sCJ.-se tan- do , ou seja. a sorte está lançada. Palavras de César ao Te$01-
to do ;ln.be quanto, ainda, do espanhol, onde a p referên- ver .atravessar o Rllhicão contra as leis da pioia. Empreg-.o~­
cia é dada ã primeira. se a expres$ào no momento de tomar wna decisão impor·
Idêntica orienta(ão devem seguir os compo~ros Alaíçar- tante.
QJ•tbir - etimologicamentc o palácio grlltldt - c: Alctf(ar- AJeve • V. Ctn/O.
18 Aleijar Alocação
Aleijar • Uma da;;t• d(• v('!'bos há que dificilmente ap<art'ct-m entrado coisa alguma".
conjugados corr('tameme; são os que possuem o dirongo Aulete não duvida em dizer: " Antcpondo'-se- lhe parti ·
ti na penúltima sílaba. Aleijar, peneir!J1', abeirat-lt, inldrar. m - cuia negativa , significa "nenhum" e coloca-se depois do
ftiX<%1 são verbos que deturpadameme ouvimos pronuncia - substantivo: Não lhe aconteceu ma l algum".
dos e pt•ssimamentt' escritos: "al~jo", "penéro", de se "abé· Há d"' Bernardes esre exemplo em que esse brilhante au-
ra", eu "iméro", ele ''enféxa", quando a verdad.,ira pro- tor seisccntista brinca com as duas palavras: "Em nenhuma
núncia e grafia dt'Vt'rn ser: allijo, pmiiro. eu m e a/Jirro. eu flor podem os maiores sábios do mundo emendar co isa ai·
intliro, eu mftixo. guma» (Nenhuma flor = flor alguma; coisa alguma=nenhu·
Não nos dt•·•emo; d çixar contaminar pela pronúncia vul- ma coisa). v. qullÚjU~r.
gar t' viciosa. Algurn . t cognato de algum; significa "t.'m algum lugar".
Alcive · Usada como substantivo, tem a palavra o mi!Smo sen- ''em alguma pane": "Você o encontrará algur(J" . A.lgurtJ
tido d<· altivl>lia. ou ~ja, sign ifit-a calúnia, injúria. làlso comrapõe-se a nmhures, que siguifica "em nenhum lugar",
ll'sremunho; dada a origt'ln, pode ser usada também como havendo ainda outro advérbio de terminação semelhante,
adjt•livo : "pessoa altive", pérfida, tmidora. alhures (qu'" se prende ao franc~s aillrlm. do latim aliorsum),
Al~m · Elemen(Q que sempre exige hífen ante5, do ;egundo que sign ifica. "em ourro lugar" : "AihurtJ você terá saúde
componente: a/im-mar, a/Jm-túmulo. e conforto". V. em-9.
Akmanba · Atijrlivo1 pátrios: alemão, germânico, ted~:sco. ru- "Alhambra" · V. Alambra.
dt'seo, alemânico. Q..uando primeiro ('](-m('ntO de adjetivo Alheissimo . v .frumno.
pácrio composro, assume a forma gtm~NUJ: gmnano itálico. Alho . Colerivo. quando presos pelas hastes encrelaç1<las: rl:.-
Alemão · Plural:alemài!S. tin, mjiada. oombada.
Alentcjão · Feminino: alemejana. Alhures · V. o/glms,
Aleriiio . V. Dteammio. Ali . v. vi aí.
Alerta · Como advl-rbio, significa attnlamentr. Emprega -se tam. Aliás . Como advérbio, significa de mais a m<Jis, por outro lado.
bem como adjetivo (,..,.içilanre, atento): "Eles c:sravam aler- ou por outra: "Pedido a que, aliás, não pude deixar de aten -
ta.." -"Os editores. sempre alrrtas diante d<:" séries duvido- der'' -"Em fevereiro, aliá.1, e m janeiro , fui ao Rio".- CO·
sas ..." . m o conjunção, sigrúfica dt ouJ.ro modo: "Esruda, aliás não
Alertar- É verbo que apar<:"ce construído corn objl.'to direro passarás nos exames".
de p<"ssoa e indireto de coisa (para, sobu, quanto a): O g('neral Alibi • É advérbio latino, q ue significa nn outro lugar; empre-
alrrtou a tropa !Jma o ataqu<- (dar a lerta) - Alrrtou o folha ga-se em linguagem judicial para alegar q ue o réu, no mo·
sobrt o comporramemo sexual (chamar a atençio, avisar)- memo do crime, não se encontrava no local do crime; i:
O jornal alertou os leitores q•umto à venda de ingressos falsos palavra proparoxítOna, isto é, tem o acento no a inicial :
(d<·spertar a atenção, avisar) : álibi. Alibí i: pronúncia francesa, inadmissível em português.
Com o sentido de." alvororar, assustar, chamar a arenção De maneira engraçada diz o voc,1bulá rio oficial ser olibi
para um perigo, para um escândalo erc., pod.:> vir com obje· latim - e nenhum acenro põe - c S('J' gráh's adaptação do
to direro, quer constituído de pessoa quer d e coisa: A notí- latim, e coloca acemo agudo na sílaba inicial. Oa.s duas uma:
cia sobre discos voadores alertou a população - o discurso ou faz o mesmo com álibi, acenruando c dizendo ser adap'ra·
ain'tou a opinião do presidcntt. çào, ou di• ser gralislarim, sem mais enfeite.
Pode aparecer sem compl<.>memo nenhum, intransir;...oa. Alínea • Oo larim a linra, significa ''disanciado da linha", is-
m<·ntt·. <·o m o significado de "pór-se alerta' ': Alnlom ao 10 é. fon da margem em q ue: conlt'<:am as linhas do texto.
rt:ónir das charamelas - caso em que se poc:k u;ar também A palavr.L parágrafo, empregada no senrido lato de "linha
pronomi nalmeme: Alertam >• ao retinir... nova". ~erve- lhe de sinônimo.
Ale.anw . V. mradicar. Ali righ t (ól ráir) • Locução inglesa qu<' significa ''tudo direi -
Alexand ria - V. Antioquia. to''. "rudo em ordem".
Alfà privati•o • V. agrttua. Allah · V. oxaltí.
Algarve · Adjelivos pátrios: atgarvío. algaruimu. Alma rnater (ou alma parens} . Locu~'âo ladna que significa
.. Alger" - O certo é Argel. "màt' nutriente"; empregavam-na os romanos para de-
~ Algéria" • Fonna errada : a palavra é Argilia, donde argtlino. signilr a lguma deusa, como Cibc:lc, Cercs e oucras, dondc-
V. MagallrM>. a sua aplicação imemacional para indicar pátria. universi ·
Algo · É forma pronominal neutra de algum; significa alguma dade, col~gio, escola.
cot.oa: "A lgo lhe aconteceu". Admite ainda estas duas cons· Almaz~m . V. alugurl.
truc;óes: algo escranho aconteceu . algo de ('stranh6 aconte· Almeiria • V. Etiópia.
ceu. Almocadem · Esta palavra, cujo érimo árabe significa "capi-
l'odc funcionar como advérbio em frases como estas: Ele tão" e é empregada para designar " patrão de navio", "ca-
<'St:á algo doente (=algum tanto docme) - Foi esse um gesto pitão de infántaria da milícia antiga", Mve rimar com ol-
algo desairoso (=um pouco desairoso). muádnn (que indica o mouro que chama o povo à oração
A palavra fidalgo d eriva de filho d'algo, isto é, "filho de ai · do alto da almádena), pois ambas as palavras têm na ori-
guma coisa", em oposi~ão aos filhos de nada, aos filhos das gem ára~ a mesma ronicidade.
ervas, o po .. o: .. Todas as domel;u filluu d'algo se levavam à Alô . Transliteração já consagrada do ingles lullla, empregada
cone da rainha". como interjeição de apelo. Andam agora a empregar a pala·
Algoz - No singula.r e no plural com o fechado. vra com a significação de telefonema, ligação telefônica :
Algum · Pode-se, com toda a seguranç<~., empregar algum com "Dê- me um a/~ amanhã".
o sentido de ~~n~hum, quando algum vier posposr.o a substan· ..Alocação" · O inglês rem "allocate", como tem "allocation"
tivo em orações negativas: Não ui coisa alguma.. e " aUoC'.:Hor" , mas não vemos necessidade de pedir essas
Vasco Botelho de Amaral, em seu "Dicionário de Difin•l· formas de empréstimo; temos de sobra ourras qu<' a elas
dades da Língua Portuguesa", é incisivo: " Posposto ao subs- correspondem de acordo com o caso: aquinhoar, upartir.
tantivo com ••alar negativo , encontra-se em Vieira, Bemar- partilllar, distribuir. kcaliu;r, fixar, dttMrctJr, rnl•ar, de onde os
di!S, Camõe5 etc. E - acrcsc:ema esse auror - hoje pode nomes distribuição, partilha. diliiSÕll proparcianal, localiumio,
admirir-se tambêm quando pre-cede o •erbo e ocorre a su- iksi!"ação. dmwcaçôo, distribuidar, ratno.
pressão do advérbio negativo, ficando o sentido concel'ltra- O emprego de ahlcação pvr empmlro é que mais vem causan-
do no indefinido: Em caso algum co1Umtiui (=Em nenhum ca - do ITanstorno. Consulre-se o Portuguê$- lnglês do Novo Mi·
so consentirei). chaelis e veja-se a significação nY lO de empmlto: allocalion
Cunilo dá-nos este exemplo: "Em ra.l cabeça nunca tinha o f funds for budget irems.
Alóctone Aluguel 19
Ai está a possa tradicional palavra, que sempre apareceu saída, <Uo. ação, JliTtida. rtcurso e ourras são as palavras para
em "nor.ts de empmho"; por ignorância mais do q ue por a afi rmação do jarrt;~lista . Se não há - como ele está a afir-
desprezo do vernáculo cremos estar o barbarismo a apare- mar - outra possibilidade, como falar em alternativa ?
cer em lugar de ttnpmho. Redijamos com um pouco mais Alti (e cornposros) - V. alto{ala•llt .
de pejo: "As despesas correrão por con ta da verba "Reali- Alto - Superlativo sim~tico: sumo, suplrrimo. Jupumo, al.r.CuimQ.
zaçio de Obras'' at~ o valor de ... cruzeiros, tmpenhaáOJ pela Alto-falante - Se a princí_pio csrreviam a/Ji-folanle, com mais
nota de tmprohn nq ... (não há. graca em "locado pela nota d ... acer to fazem hoje allo-jalanu. Alt1, com i final, deve-~ usar
alocacão"). V. locar, ab!JJcar. em compostos c1ue guardam a fisionomia latina : altiloqiien-
Alóctone - V. au.t6ctont. tt. alticomfgero, altiplc.IW. altís>imo.
ÁJ«s - lkseia-se em Laudelino Freire esta observacão: Al- Em altojalanlt não ~ trata dr elemento latino, mas de
guns filó logos principalmeme lusitanos, preferem a prosódia vocibuJo nosso, que de oucro se acre~. como em allo-
alois, que julgam ser a antiga e boa pronúncia po rtuguesa. A minho/o, alto-btirào, a/lo-na varro etc.
forma aloés, porém, apenas enconcra justific.uiva no frances O plural ~ alto{aianJts, à semelhanra de alto{rrqiúntr>.
aloés. Provindo o termo do latim olor. rJ. a única pronúncia pois alto é aí advl'r·hio. Dit ->1.' allru{omo;, altoJ-rtlevo> porque
exata q ur sr lhe pode atribuir é a proparoxítona á~>. como alto~ agora adj('tivo.
em espanhol. A desino:'n cia J do vocábulo não indica forma Alude • Emprega -sr po r awlancha (do fran cb aoa/411CMJ, que
de plural empregado como singular, mas apenas a termi - significa "ma ssa de nt"\<-e, que rola do cume das altas mon-
nação dos do genitlvo latino de palavras ern t oriunda~ do tanhas, engrossa pelo caminho e derru ba quanto cncomr~".
grego (V. Gramática Latina, S 228). Na trasladação do latim A11alancha i· conckn<Hio como galicbmo, mas í· dificil ntina r
lignum a/ors, os ant.igos ~tores ronsideraram esse genitivo com a razão dcSie proceditnento: do franc~s não nos é dado
com o aposto e traduziram a frase em lenho tíloes, em vez de receber a palavra, mas é-nos dado fazil-lo do castelhano
lenho dt álm, mas existe a forma paralela álce para indicar a (rall· a origem de alude). Q..uc.- dizer, então, de palavras pro-
mui lO a rnargosa planta indiana . venientes do áraht, do russo. do alemão, do inglês e de
Alopatia - V. hornopalia. ourras línguas que nenhum ponto de CO!llato tem C'Om a
Alpargata, Alparcara, Alpercata - Conç..lves Viana consigna as nossa ?
rres formas; o próprio derivado "alperca<eiro" vem acom - O que deve havt>r é o necessário cuidad o d{· acomodaci.o
panhado das variantes alparcattiro e alparg<Umo. Nascentes do novo ten no à> dl>vidas confonnações do idioma em que
traz CM~as variante$: d iscorre sobre o assunto . sem conclu - passa a tomar parte. Isso fazem todas as línguas e nós igua l-
são convincente, na palavra alptrcala. Ame a dubiedade, mt- mente d<-vemos c: precisamos faze-lo. Assim é qut do ver-
lhor srrá adotar a forma já de uso maior, ao que parece náculo fritia> lizeram o s franceses ftticht. enquadrando a
alpargata. palavra nos moldes da prosódia e caraCterística do francô.
Alperce, Alperche - Formas parll lelas para designar o grande Uma vez cumprida essa exig~ncia e comprovada a neces -
e chei o·oso damasco. O italiano c o espanhol possuem fo r - sidade da palavra na Hngua, nada há que sr oponha á sua
mas idcncicas. E assi m alpnctiro c alperchliro. ac<'itat·ào e rnanus<>io corrente.
Alsácia - Adjetivo párrio: a/s4cimtO. Q..uando primeiro elemento Esse amoldamc:nto ao nosw idioma i: o que é preciso
dt< adj~tivo pácrio composto, assume a forma alsácio! al.uúio- fazer com rdacio ao érimo avalanche. A tenninação ~ das
lortrcemt. palavras francrsas de gt'nero feminino pa•sa em porrugu<?s
Alter - Na locu~ão latina· "alter ego" a palavra é paroxítona, para a: bobint, bnbino; cabínr. r.allina; .ficht . fieira; horde, horda:
mas é outra palavra, oxÍtona (altir). quando designa certa chnmpagnr. champanha.
raça ôe cavalos portugueses. ~dhamementt'. as terminadas em tem fran<is, mas d e
Álter ego - Locuçio laLina que significa "ourro eu"; empre- gêner o masculi no. mudam a dc:-sinência em o: carhonr. carbo-
ga-se para indicar " pessoa. q ue merece toda a confian~a": no; a:ote. aUJto. Essa a razão por .que, a par de o utros argu-
" Receba -o sem nenhuma desconfiança : é a/ter ego" (.. é: m~nto~. é mah portugu<'s d11er " o controlo" , pois provém
como se fosse eu mesmo). de palavra francc:.a terminadA em te de gênero masculino.
Alternativa -Já que a/ler no lalim signi llca ouJro falando-sr de Seguindo essa orientacão, só nos restaria fazer aoolan.clul.
dois, a/JrrnaLi:va em sentido restrito menciona duaJ coisas ou Ot'Xionando 4.'1n o a palavra que em fr ancts é feminina. Nada
duaJ pcssoa.s: em sentido lato, porém, pode haver várias al - há, depois de cumprida esta pequena m as importante t'Xi-
ttnUltivaJ. uma em relação a outra.. O dicionário rt'gistna: gê'ncia, que nos impeca manusear o term o. Q..ue se use alude.
altrmativa, sucessão de duas coisas q ue são mutuamente rx- mas que se não desr,reze avalancha, com a final.
d usivas ; opt.'ào entre duas idéias. Nada, por~m, impede que Alugar - V. palawas bífronús.
haja várias idéias encadeada s, con stituindo cada uma uma Aluguel - Tanta é a influência do lambdacismo que em certas
alternativa, e a escolha ou ofX;ào recaia sobre uma delas. palavras a per muta do r pelo I se an-aigou: alugwl. cujo
Daí $erem corretas expressões como "Uma das tres alterna- plural é alugrlií;, constiru i t'Xcmplo; a forma aluguer, ctimo·
Livas terá de ser apresentada pelo Governo Federal ao Con- logicancente explicável, cedeu-lhe lugar no Brasil; em Po rtu-
gresso" - "Minha preferência decidida é pela 'luana e úl- gal usa-se a forma aluguer. com r final, e seu plural é alugue-
tima dessas alternativas". rt>.
Assim como alltrriar significa "fazer suceder repetida c re- Para justificar o lambdacismo, existe o fm õ meno concrá-
gu larmente duas ou m;zü coisas ou pessoas" (Aulete), a a/ln- río, o rotacismo, pelo qual o I é viciosarne nt~ mudado para
naliw pode ocorrer com duas o u mais coisas ou pessoas, r, erro cn com radi(o em várias regiões do nosso Estado:
com tal que sucedam umas após outras, a hemadamenre : Migulr. papir, ja>rur são pronúncias caraterisLicas de certas
"Alternando orações, disciplinas, gemid<», dcspendia mui- localidades, em vez de Migud, paf1tl.}tlf11Ü.
tas horas". Também no rotacismo há formas em que a pennuta se
Juridicamente, aiJernaliva sígnifiGI "or,ção, escolha cmre consolidou; haja vista a palavra armazl.m, derivado árabe,
duas modalidades de prestação de dívida'. que crimologicamente sr deveria grafar almaúm. O adjetivo
Incapaz de indaga<:<)es, o novid.,deiro passa a usar às brando çonsrirui outro exemplo de rotacismo co nsagrado;
canhas palavras que em nenhum lugar am es viu nem em é sru étimo o lati m búmdum. forma esta que vemos em bkDI-
tempo algum pesquisou em dicionários. !1/u rnativa é urna díti;z, b/andífluo, blandfloquo.
delas: "O revigoramemo do sistecnil financeiro e do merca- Em outros vocábulos a verdadeira forma ainda não se fi.
do de capitais nacionais consti tui a única olumativa para a x.ou. Assim é que ora vemos flauta (esta ~ a melhor forma),
construc;io de uma $0Cicdade realmente aberta". O ele- oraftaUl4; uma vezjledta (forma preferida), ou erafrecha.
mento alln' que inicia a palavra supõe a existência de pelo A conclusão deve ser esta : Uma vez q ue o vicio contrário,
menos mai s ou tra idc:ia , de mai s oucra coisa. Proadimmto, o rotacismo, é fato universalmente acei ro para cenas pala-
20 Alumiar Ambos
vras, nada há que nos obrigue a rd"ucar o lambdacismo ge- Se a expressão "aleitamento materno" é clara quamo ao
neraJ ir,ado da palavra que eswnos aaminando ; digamos. leite, não o é quanto ao processo. Se diverso) 4ào 05 proces-
sem nt>nhum temor, aluguel, que estart'mos com o uso da. sos de aleitamen to, diversas são as expressões q ue o indicam
maioria e com o bom senso de todos. (aleitamento Miural, aleitamento artificial, aleitamento ao
Alumiar, Alumio - Defendemos a regularidade de todos os S<:"io , aleitamento por ma11111dtira), mas não nos parece possí-
verbos em iar como freio de fatal descalabro de conjuga~ão vel exigir que, solta, a palavra " amamentação" seja basr.~ntc.­
dos v.:rbos dessa terminação. A aceitar "agenceio", " reme- para indicar o aleitamento ao seio materno, ou admi tir
deio", "sentenceio", " penitenceio-rne", tão só porque exis- q ue q uem a leita amamenta; akita!"fflto tem sentido genéri-
te O<kio. prtferi mos conjugar odio, o que não(; novidade, pa- co, e amammtação c-xige o adjunto "malerna" quando- repe-
ra não cair logo a seguir em "incendeio", "comtrceio:·, timos - não i: suficiente p ara a dí scrirrllnaçào.
formas q ue denotam ou falta de escola ou relaxamento. Amamos - Não devemos 5eguir a infundada difcrencia<;ão
Cremos 5er mais acenado reprimir um erro do que regredir prosódica lusi tana entre a primeira pessoa do plural do in -
pa ra formas já corrigidas hoje, como alumio. qut· antigamm- d icativo preSt'nte e igual pessoa do pretérito perfeito. Dizer
te se conjugava alumeio: "O ignorante e a candeia a si~ q ue no p rimeiro caso devemos pronunciar "amãmos" e no
e a ourros alumeia". ( 0 erro. hoj e, de concordância está 5egundo "amámos", com o a tônico aberto, é querer inven-
de acordo com o de conjugação). tar uma regra infundada. tola e inútil. As regras ~m ser
A coertncia ~ mais Úál a quem diz "ele odia", "ele pre- coerentes e gerais, o q ue de maneira nenhuma se dá nesse
mia". "t.>le ansia" do q ue a quem faz " odeia", '' pn-meia''. caso. A invencionice deveria estender -se aos ver-bos da se-
"an~ia" ; O> que preferem a wrmínaçio rta não podem t•s- gunda conjugaçio: "véndemos" para o indicativo prcs~nt~.
tr-.tnhar a conjugação " remede-ia", "l>a$0feia", " o bSt'C!ueia" , " vendl!rnos" par.t o pretérito pmeito. E como se arr-.u~a­
·•a lu m~ia", "p('nit('nceia·se". rão os fàutores dessa esdrúxula inovação para a distinção d~
A tendencia para a regularização desses V('J'bos - não é r:ais formas verbais na terceira conjugação, o nde o acento
dema is rep etir - não constirui novidade. V. stnllnciar. cai no i: parti17UIJ (indicati•·o presente) e partimos (precétito
Alunar, Alunagem - São as formas portuguesas, c não "alu- perfeito)? V. j á falamos.
nissar'', "'alunissagem" . nem nalunisar" , ~' alunisagem'', Amapá (território brasileiro) - Sigla oficial: AP, sem nenhum
barbarismos c cacografias. ponto.
Habituemo -nos às formas corretas ames que cheguemos Aroarar, amaragem - São as formas portuguesas, e não "ame -
a Marte. a Júpiter e a outro s distantes deste p laneta. rissar'', "ameriss;'lgtmu, ntm uamerisar'·, ·'a~Jlerisagem''.
Alvadio - V. u tádio; V. molorneiro. V. atmar, atmagtm.
Áln rcs . Com J final. Diversos sobrenomes terminados em Amarelo-escuro - V. adjrtiw composto deúgnativo dt cor.
ts designavam, antigamente, filiação ; Rodnguts (filho de Ro- Amargo - Superlativos sintéticos: amt1TÍ.s5imo, tul'llUpíssimo
drigol, LDJNs (filho de Lopo ou Lobo), NW1t5 (fi lho de Nuno), (Gr- Mn. § 274).
Álvam (filho de Álvaro), Mendes (filho de Mero ou Mtndo), Amarugem - V. lamb~<gem.
Sanches (lilho de Sancho). Ta is substanóvos se denominam Amhd - Super lativo sintético : amabili.uimo.
patronímico~. A.mazona.s (estado brasileiro) · Sigla o ficial: AM , sem nenhum
Ourros id iomas há que também possuem sufixo para in- ponto.
dicar filiação; haja vista o russo, com as terminações vitch, Ambi... - Elemento que se junta ao segundo componente sem
para indicar filho, e vna, para designar jilluJ: Tvanot•ilch (fi . hífen: ambide.1tro, ambit.ll[urrdo.
lho de I vã), 1-uaruJVn.a (filha de I vã). Ambiente - 1::, antes de mais nada, adjeóvo, prov<:ni ,'TltC ela
i\)vcdrio - t forma que por derivação popular nos chegou do forma participial presente latina âmbi1.'71.1, t ntis. do verbo
la tim orbitrium (a/vidrio. com i na segunda síl aba , é forma an- âmbio (andar ao redor); significa, em latim e em português,
tiquada). "que rodeia", "que anda ao redor". " que cer ca".
Se arbítrio tem vár ias acep.;ões, alutdrio tem a restri t:a signi- Substantivamente é em português usada a palavra para
ficacão de "vontade sem con.strangimemo t:Xttrno", e essa indicar "o ar que nos ctrca", '(o meio em que es.tamo1i",
é tamb~m u ma das significações de arbíJrio: E quanto a se mas - repetimos - é em primeiro lugar, em ambas as lin-
buirÃlr, isso fica no alvtdrio de cada um - O ho mtrn nascw guas, usada como adjetivo (a substantivação é fato poste-
livre, e foi-lhe dado para anna defensiva e ofensiva o livre rior): meio ambtmtt, ar ambirole.
alt.~tdno. É p rocedimt."nto engano$o usar ambiental em vez de am-
Alveja - V. rnfltmja. bitrút ; não existe essa forma, nem dela precisamos: " as con-
AJvirn - Além do I originário, o utras leu-.ts deram I em por- dições ambienres", "a poluição amhitnu" é que devemos d i-
wguh , entre as quais o r : aRbítrium, aLuilrt. zer, como dilemos "água corrente" , e não •·água correo-
A.lvo de - V. pm a. tal", não obstante terrnos corrtrút também como subst<t ntivo.
Amálgama - Originária do grego, é masculina a palavra amál- Ambos- Em brrr go, em luim e em ponugu4)'s a palavra ambo;
gama < - liga M mercúrio com qualquer ou tro metal). Em tem significa<",ào dual, isto é, com uma só forma significa
sentido figurado, indica mistura ou conjunto de pessoas ou d()is, um e outro.
coisas de diversa natureza : "Est.,. hom<:"lfl f: um amálgama de Notemos qu~ as próprias construções "ambos os dois",
virtudes c 'ídos". "ambos de d ois", " ambos e dois", conquanto tivessem
AmaDII.'Iltaçi.o materna - Dentre as várias designações apon - sid o usadas pelos an tigos, não pa= hoje de expres5Õe~
tadas por um revisor, parece-nos "amamentação materna" vulgares que devt.'lll ser evitadas. A palavra, por si, ctim olo-
ser a m ais apropriada para evidenciar que o aleitamento é gicamente, ji significa dois, e deste significado não pode-
proporcionado pessoal e diretamente pela mãe, ou seja, a mos apartar-nos.
criança é alim entada aos peitos matemos. Será. acenado afinnar q ue "crianças de ambos os sexos"
As expr.:ssões "aleitamento ao seio", "a mamentação ao significa "crianças q ue têm os dois sexos ao mesmo tem-
seio" implicitamente indicam não ser o ato praticado por po'' ? Por outras palavras: é exigida a união para o trnprtgo
mamadeira, mas não especificam de quem é o leite, se da de amlxis? /1. união pode apresentar-se, mas rllio é requeri-
mãe, se de ourra mulher. Amamentação, por ourro lado, não da, pois ambos não significa intrinsecamente "dois j untos".
traz clareza. e não se diga que "arnamenr:at· ao seio" encerra Q..ue se apresenrem as idéías unidas na mente, muito brm ;
plt:Onasmo, pois amammJar já perdeu o sentido et imológi- que se apresentem as coisas objetiva e necessar iamente uni-
co, e se emprega por akitar e até por "dar calor", " agasa- das num só corpo, não é verdadeiro. DoiJ cem sentido dual,
lhar" (Domingos Vieira). A não 5er que o context·o dispense ou '~Cja, de doos, não de conjunção, de coordenac,ào, de
especificação, a palavra arnammtaç4o necessita de um a djun- conternporaneidade. A origem da erronia, o u melhor , da
to que u-aga a especificação desejada. lucubração, está no fato de só existirem dois sexos. m:ts na-
Ambrósia Am~sia 21

da deve isso influir no emprego de ambos. Dada a não exis- de que é descabido o emprego da forma nortR-americano pa-
tência do gênero neutro em português, quando dizemos ra fátos, coisas, PǧSOas dos Estados Unidos da América.
"palavras de ambos os gêneros" não queremos dizer "pala- Cidadãos, coisas e fatos dos Estados Unidos da América de-
vras que rêm os dois gêneros". Ademais, para o caso de nominam-se pura c simplesmente americanos por serem dos
coexistência de ambos .os sexos num sô coq>o existe pala- " United States of America" : "American G<>vernment",
vra apropriada: a.ndroginía, cujo adjetivo é andrógilw, e o "Amnican Army", ..Amnican Treasury" ...
androginismo opera -se assim em animais como ·e m vege- Não vale o argumentO de que gera confusão o emprego
tais. de apenas "americano"; o nome do pais é o acima citado,
Outro morivo da dúvida está na difereru;a de sentido que e não ·"Estados Unidos da América do Norte", que muitos
traz a presença do anigo antes de dois, distinção impossí- crêem ser.
vel com mnbcs, q1•e nunca é p recedido de artigo; uma é di · O México e o Canadá são também norte-americanos.
zer "gatos de duas cores". outra "gatos das duas cores''; ''North Amcrican Poems' ' 'é título de obra que contém pro-
na pri.meira expressão há idéia de junção, não na segunda. dução de autores canadenses, mexicanos e americano$. O
E com mnbc!? É impossível tal distinção; ambos significa cítulo 'd a obra está aí corréto: coneússimo.
doi.<, pura e simplesmente; a junção, o co.ntexto é que vai Documentos oficiais nossos fogem da dificuldade com o
indicar: "Ele foi na vida representante de ambas as câma- emprego de estadunidmu, mas a igrto·rãncia não deve cons-
ras"- " Ele é presidente de ambas as lojas". tituir obstáculo para a introdu~ào da verdade.
"Os professores de ambas as cadeiFas" não significa pro- Ameri.ndio. V. úuli~.
fessores que saibam lecionar n«essariamente as suu ·disci - "Amerissar''- V. amarar.
plinas, mas professores de qualquer das duas cadeiras ; e Amcsterdão - Aportuguesamento aconselhável - já consig-
assim: "países de ambos os regimes", "deputados de ambas nado no vocabulário oficial de Portugal - do nome da ça-
as casas'. pital da Holanda.
Tentemos mais um ~xemplo: Q.uando alguém diz "Sen- Amlros Plato, sed magis amica véritas - Locu~ão latina que
tei-me em ambas as cadeiras" quer necessariamente dizer significa : Platão é amigo; mais amiga. porém, é. a verdade.
que se sentou em duas cadeiras ao mesmo tempo? Amido • Constitui a palavra amido um dos muito ra,ros exem-
Atente-se para este exemplo de Virgílio, onde ambos tem plos de permuta de I latino em d (Outros exemplos temos
a tútida significação de doi!: Partes st via,.findit in amba.< (oca- em escada, scalam; dtixllT, de taxare): É seu étimo o latim
minho divide -se em dois). anrylum (com y c acento proparoxitonol, em português gra-
Não se diga "ambos os quais". O certo é: ·•... João e An- fado com i e pronunciado paroxironamerue: amido.
tônio. e ambos estão aptos para o cargo". Como em tais casos sói acontecer, os derivados eruditos
Ambró5ia - No verbete Etiópilz encontra-se explanado o que seguem a fonna etimológica: amílico, amilojimnt, amilóidt,
em português se passa com a traiçoeira temlinaçào ia. Dá- amila.se (com acento no i : a.rnílase).
se com ambrósi4 o me~mo que com estraJégia, autópsia, rapsó- Amigo - Coletivo, quando em assembléia: tertúlia. Aumenta-
dia, Mesopol<lmia e com outros substantivos que, paroxítonos tivo: amigaço, amigalhaço, amig.W. Superlativo sintético: ami-
em grego, passam a proparoxítonos em latim e, pois, tam- cissimo.
bém em portuguh. Amigo somos · "Os auxiliares de me1.1 estabelecimento dese-
Q.uer empregada como nome próprio, quer como nome jam, na correspondência, emr,regar a forma plural para os
comum, a palavra - diz-nos o inigualável filólogo Gom;al- verbos; ~ adm issivel dizer recebemos em vez de recrbi, rewtmws
ves Viana nas " Palestras Filológicas" - é proparoxítona, em vez de tem.eti ?"
ambr6sia, acentuação corretamente seguida pelo vocabulá- Ainda que estabelecido com firma individual, poderá
rio ortográfico oficial de Portugal ( 1940). consentir que assim redijam seus aUJ{iliares sua eorrespon·
A edição brasileira do Caldas Aulete deturpou - nesse d~nda.
e em outros passos - o que se encontrava na segunda edi- É comum essa construcão: acaso não damos o vós a uma
ção poru1guesa e confirmado na terceira : " Os melhores única pessoa, em lugar do tu? Pois o nós também se pode
lex.icólogos mandam pronunciar. ambróJia, dando como empregar em vez do eu; o verbo, conseqüentemente, teni
errônea a pronúncia ambrosía". suá flexão pluralizada.
Essa é a prosódia da p alavra desde Camões; não havia Um cuidado deve haver no caso: Não deixe seus auxiliares,
então sinais diacriticos como hoje, mas a métrica obr·iga.- no final da carta, escrever amigos. alrotos e obrigados, no pln-
nos a ler ambrrui.a (Os Lusiadas, X, 4) : ral; conquanto nesses casos no plural~ empreguem os ver-
Os vinhos odoríferos, que acima bos, devem no singular ficar os predicativos; se, quando a
Estão não Só do ltalico Falemo, uma única pessoa nos dirigimos, d ir.emos: "Vós sois lxml",
Mas da ambrosia que Jove tanto estima e não: " Vós sois b0111", devemos também, quando o ruís em-
Com todo o ajuntamento sempiterno. pregamos em vez do eu, dizer: "Amigo aJeTIUJ t obrigaiÜJ so-
Otoniel Mota, em edicão comentada d'Os Lusíadas, é mos", colOC'ando no singular os predic;ativos de nós, silcpti-
claro: "Camões acemua · il171brósia, pronúncia correta, d e "!~eme e~~regado por cu. • .
acordo com o latim". Amiude, armudo - Ambas as fonnas estao consrgnadas em vo-
Âmeo • É a forma latina, paroxítona, usada ao lado da por- cabuláriO's e em dicionários; se antigamente se grafavam
tuguesa e popular amém, oxítona. ·t advérbio de origem como locuções (a miúde, <1 miúdo), hoje aparecem numa só
hebraica, correspondente em português a " assim seja". É palavra! Onde te qu.erem muito rião vás amiúde.
empregado também substantivameme, em ambas as formas, Amizade a - V. amor a.
para significar aprovação, assentimento: "Não quero saber Amn.ão · V. DtfAITitrào.
dos seus ároens" - "Ele diz a'nim a tudo". Amnésia . Se a palavra jà nos veio formada - e assim a con·
Amercear- se . O verbo, derivado de merct, é amerceiJT-se, c sidera Bailly - o que impor-ta ver ê a quantidade da penúl-
não amerciar-se; conseguintememe. conjuga-se como {JIJJ- tima sílaba e não a tonicidade gr·ega. Temos tsttsia, parali-
se'ar, isto é, intercala-se, enu-e ·o e do radical e a desinência sia e outras, mas tais palaliras foram formadas em ponu-
pessoal, um i eufônico nas formas em que o acento cai no gi.t~s: nelas'emrou o sufixo vernáculo ia. donde a acentua·
e do radical : "Senhor Cristo, amerceia- re de nós" - "Q>le ção paroxítona.
Deus se am#cne de nós". Amnésia, porém, está no grupo das palavras já provindas
América • Q.uando primeiro elemento de adjetivo pátrio com- formadas do grego, onde· o sufixo ia indicativo de açà.o é
posto, assume a fonna amnicano ou amirico: amnicaM·Ín· breve.
glês, amirU.o-asiátiw. Rebelo G.>n~alvu, que' põe a unifonnidade prosódica
Lembramos os que não são afeitos a assuntos de história acima do prindpio etimológico - o que acam.•ta verdadei-
22 Amônia Análi5C
ros desasrres - dá, conrradiwriammte, no voca~ulá.rio de Amper - único aportuguesamento possível de Ampire. tirado
10, diJmnisía. proparoxítona, e ~a. paroxítono. Se o do nome do lisico francês, para indicar a unidad~ de inten·
princípio etimológico não é fon{(' segura para os Mrivados sidade da corrente elétrica. No singular~ no plural é abeno
gregos t-m U.. mmpouco o? sc.-guro esse compormmenro, o' tónico (arrtpir, ampirts). como no sub stantivo tollr.tr.
diante do qual só nos resta continuar a pronunciar amni1ia, Ampcrõmerro - forma acadêmica ao lado da corrente ampt-
tradicional e co•Tetamente. rirMtro, de uma palavra cujo primeiro çkmemo não é grego
Amnisio (diminukão considerável ou pe•·da tollll de me- e o segu ndo teve sua orig<m gr<:>ga obliterada (Or. Mtt. §
mória) já nos veio formado do g~go; esse o motivo _por 633, nora) .
que é proparoxítona em ponugu.:s. tmoora outra S<:Ja a "Ampersand" - Não temos em nosso idioma palavra que de-
ronicidadc grega; breve o "i" da lermina,·ào grega, bn·ve nomine o "e" comercial CJUC ainda hoj e se vê em nomes de
deve ser também em ponugu<'s. O anrónimo anamnisía (rr- firmas como '"Salvador&: filhos". Chama-o o inglês ampn-
miniscencia, recordação; outros significados 1t'1• prove- j(Jnd, com.aptela de and per .se and. i. e.,"&: so2inho é and''.
nientes dcssel conStTVará a to nicidadê' do vocibulo ,imples. Aparece de crês maneiras: ou a imitar o símbolo da clave
1\ terminacào é que pode ap•eS<>mar diferen(ll; a exemplo de sol, ou a representá -lo obliquamente, ou a reproduzir
de ILlt, frase. dost. dipst poderíamos ter 1ido amntlr. aMIItnl'- um e caligráfico maiúsculo com um corte na extremidade
>". mas o já t'Xistir em grego o dt•rivado amni.,ia lin-no> tk·sis- inferior para corrresponder ao t que termina a conjunc;iio
cir dessa variante;· ern '*es.e". latina ti (ET), donde proveio esse caráter tipográfico. Na
Amõnia, amóoío - Ba.s1e-nos adv~c1i r que são coi:;as distintas. falta de palavra para o çaso, só nos cabe denominá-lo "r
Químicas<' dicionários oft>recem a difr:rmca. ccmurciaJ". ·
Amor, amoKs - V. MWtiade>. Ampola - V. nnpola.
Amor a - Epilànio Dias na sua "Sintax<· H istórica Portugut-sa" An... (A)- Partícula privativ.l. V. a:Mnimo; V. agrtltSIO.
du textualmeme: ''Escritores modernos me-nos cuidado- Anacoluto - Do grego an (não) mais acólouthon (acompanhado),
sos da pureza da linguagem empregam por depois de subs- signifit'll não couseqüenr(', nào coercnrc; especifica a figur;~
tantivos e adjetivos que significam disposit:ôes de ànirno, de regência em que um t(•rmo da oração vem solto, soó-
em relação a um objeto (v. g. resp<'i to pela vida alheia). t nho, s;;•rn nenhuma r<'la~·ão sintática com os outros Lermo:.;
galicismo." vnn a ser. por o utra$ palavras, a murrupcào ou mudan(o de
Essa é a opinião da. flor dos gramáticos lusitanos <· brasi · consrrur·ão, já come(ada. por ourra de nexo diferente. .Em
leiros. g~ral essa inrerrupcão, não raras vezes c-legantíssima, traduz
Também condiz com esse juízo a sintaxe d e Herculano mais fielmente o pen,am~nto do que a coordc·nação lógica,
na " H istória da Inquisição" (por ('Xt'mplo, no \ 'OI. 11, págs. por si nlt'Sma despida de sentim<.'nro :
209, 2~9. 298, 802). Ent~tanto Rui, na famosa Réplica, Eu qut- cair não pudt' neste engano
mostra que os vocábulos prefcr~ncia, prcdilc<:ào aparecem (Q_uc é grande dos amantes a cegut'ira)
com a prcposi~'ào por, e cita passos de Adolfo Côelho <· ou- .Encheram-se com grandes abondant:as
tros. A esses l'Xt'mplos. se desejas...., incluir os tt'fffio~ grati- O peito de de>tjos e esperanças. - Cam ões.
dão, rtJ~rto. lmtlincia, poderia o grande escritor ter acres- Outros exemplos: " A I ma em que tu morreres. nessa mor-
centado o> de Herculano na obra citada (voL l, págs. 207, rnei" - " 05 tril rm orirntai>. que ~;eram adorar o Fillio d(·
228, 251, 252; vO L li, págs. 226, 28.>, ~52, 353; vol. Ill , págs. Deus recém-nascido nn .Belém, é tradit:ão da Igreja que um
17!>, 283 , 262). Mas casos há, (' mlvcz mais abundantt'S, em era pr(•ro" - "Eu me parc·ce que ..." - "Eu por bem farão
que as palavras que indicam inclina(:ão para um obje10 de mim rudo. e por mal. nada" -"Lá a mãttínha. tss.a. coi-
(simpatia, orrJtio, aiiWr, paixão, u/o, rt.lpeilo, vmnação, cr;lto, OTfÚ- tada, é que lht" custou muito t-u vir-me cmbom" - "Eu que
:.adr t·rd figur ~m mm a prt•po>kào por. (' i: CS>(' o caso in9ui - falo com olhos dos prestnres. n.io me é n«cssárío deter-me
nado dt• franc<·.,a . As~im <'>crn-•· Carn·t: "Compaixão ptlo.• em tão sabido assumo".
pohres homtns" ("Viagrn;", cap. VIl. Em Rebelo da Sika São igualmente exemplos de anacoluto muitos pmvér-
encontramo' "lndinaçào pt/a.l don.ara' da \'Ida. sobrr·rudo llios em que as orações não mamc'm entre si relaç3o grama-
ptlos prazer<'.< da me•:~" (H i". dt· l'ot rugai, pág. 5. vol. IJ, " O rica!: "Quem se bem e>tréia, bom ano lhe venha" - "Quem
"'u zt•lo prla n•ligião" (Idem. ii>idr·rni, "Zdos p~to.. progrt'»os I<' não roga , não lhe vás à voda'' - "Belerrinho que sói
da. agricultura" (Idem, vol. III , pág, 216), e em outros auto- ma rnar. prui-lhe o paladar". ·
res "Apaixonados pda ane do belo canto" (j. J. Nunes, Di - Anadia - V. Etiépia.
gressões, pág. lá9), "Afeição ptlru esrudos lingüísticos (João Anáfas~ - Por ser breve, o a do elemento fase não poderá ser
Ribeiro, Prefácio aos Estudos da Ungua Portuguesa), "O acentuado quando consúruir a penúltima sílaba de um
gosto ptku letraS amigas" (Júlio Diniz). Nas "Canas de In - composto; o correto ~ anrija.st, dipMja>t. haplófa.se, meti.Ja.sr,
glaterra" (rdicão de 1896) Ru i Sarbosa adora a mesma sin- prófast. ltlrija.lt.
taxe: págs. 8, 209, 214; 223, 225, 228, 236, 287 , 2!18) e o mes- Analisar - V. tconomiwr.
mo fazem ainda outros autores. Análise - A análise é fruto do estudo da gramática, e não fator
Podcríamos multiplicar tx(·mplos como esses. Nosso in - dt- conhecimentos gr<~ma1icais. A análise~ meio de averigua ·
temo é apenas mostrar que da. feia pecha de galicipalras cio da co rrec;ào de um texto, e como tal é sinônimo de dis-
não escapam os maiores literatos antigos e modernos e ISSO et•mimento, d<" verificação, de comprova~-ão, de aplicacào do
invalida o esforco, nesse sentido. vão, dos puristas. que seguramente se conhece. Corrigirá um 1ex1o não quem
Amoral, amoralli.an~ -V. nwral. "estudou análise" - l"mpregando-se aqui a expressão 03
... amos(lerminação verbal)- V. amamos. V .Jtifaiamos. acep~ão costumeira, quas~ ma1erializada - mas quem sou-
" Amostragemn - Temos sinal, demon•tração, prQva. aceno, l..oer as regras de gramática. Quem sabt' gramática sabe.> anali-
prenúncio; por que dizer agora amostragem? O neologismo sar , quem só estuda análise jamais saberá a co mento gramá-
rem um méri1o: evita o barbarismo "semplimg" para indi- tica.
car a tsco/ha da mnoslra. ou seja, o processo especifico de se- 1:: por não saber analis.1r que um indivíduo coloca mal um
lecão de amostra - fr<'qüenrememe baseado em cálculos o blíquo, flexiona mal um verbo. pratica um barbarismo?
esmtístico~ - mas não se pre~m. nem metaforicarneme, Nada disso : é tão somente por desconhea.T as leis do idio-
para ser empr<-gado pelas palavras 9ue iniciaram o verbete. ma pátrio.
Amoucado - Significa: um 1amo mouco (surdo); nilo deve Quando se d iz que a lguém n.io sabe analisar os termos
ser confundido com tnn(}(.ado (escondido). essenciais da ora~ão, deve -se entender que ele não :;abe na-
Amoucbar - Significa "retrair"; não se confunda com amou- da, absolutamente nada , de gramática, e não entender que
xar, estcsourar (cortar com tesoura). não fez um estudo especial, particula r, de uma parte inl'llis-
Ampd.idea- V. tTTúnia. tente da gramática.
,
Anchieta 23

Analisar é examinar, é ver pata que serve uma coisa. O o que é nominativo, o que é acusativo, é o professor de
médico faz a análise do doente, o mecil.nico faz a análise do alemão, língua que q:>meçamos a esrudar agora.
aparelho que monta ou conserta, todos fazem a análise do Esse o vergonhoso ponto a que chegou o ensino no Bra-
que consrroem, do que plantam, do que estu<jam. Pois sil : ai unos do quarto ano da seção especializada de letras
bem, n(nguém pode estudar línguas, seja· ela qual for , sem de uma faculdade não sabem o que era ensinado nas primei·
,.oalisar, isto é, sem conhecer a função de todas as partes ras séries do amigo ginásio, curso que não objeti••ava conhe-
que entram na ora~ão. Q.~em aprende a falar uma língua cimento especial nem de português, nem de latim, nem de
como criança, que não sabe por q11e (ala. aquela língua e inglês. Ex-alunos nossos estão prontos a testemunhar que
não outra, nunca irá saber escrever uma c;u:ta, n,e m mestno nossas p1~meiras aulas de português na pdmeira sêrie gina-
um bilhete. se não aprender a função, isto é, o motiv.o de ca - sial versavam sobr e a complementação dos verbos. Como
da palavra, ou seja, o que <ada palavra está fazendo na ora- ensinar crase a um pirralho q ue não sabe o que é objeto in-
cão. direto,.o que é adjunto adverbial de lugar para onde?
Se uma pessoa não consegue escrever a própria língua, o pior hoje nao é a falta de programação oficial de ensi-
nunca saberá escrever uma língua esrrangeira, porque a no; é a relutância de muitos professores de português em
análise, isto é, a fun~ão das palavras numa ora(;àO é a mesma ensinar gramática, a pomo de meninos ouvirem em classe
em rodas as línguas do mu ndo. O que é sujeito em portu - esta nefanda confissão de niilismo: "O que interessa é a co-
guês é sujeito " m inglês, em árabe, em chinês, em qualquer municação, o resto é gramatiquict", afirmação por nós ou-
outra língua, e a mesma coisa acomere com todas ·as partes vida também em ptogra:.ma~-ão cultural de rádio.
da oração. A gramáti ca passou a ser objeto de escárnio, passou a ser
Análise sintátjça é a demonstração de que conhecemos o resto . O dia em que o inglês for falado no Brasil, a gramá-
papel, a função das panes da oração, i: a demonstra~ão de tica inglesa também passará a ser resto se 'de igual pensar
que sabemos por que escrevemos de um modo e não: de forem .os professores brasileiros que venham a ensinar in-
outro, i: a demonstra~-ão de que sabemos por que. escreve- glês em faculdades como a de que tivemos conhecimento;
mos ceno e por que outros escrevem errado. resto será a gramática inglesa. exatamente como pa.ra eles
Quem sabe gramática sabe amlisar, e é o livro de leitura é hoje resto a portuguesa.
que vai prestar-se para isso comprovar, não deixando de la- Cremos ajustar-se aqui esre final de carta qu·e acompa-
do o professor nenhuma passagem do autor que tenha reJa- nhoü a ·pri.m eira lição de a luno de nosso curso de portu-
cão com o já ensinado ou. que sugira a mínima questão já guês por correspondência. " ... recuperar o tempo perdido
aprendida num 'Compêndio completo e uno. no ginásio e no curso secundário, onde nossa língua era
Num compêndio completo e uno não ... É mais fácil en - dada por uma professora como 'matéria dificil', escusa que
con trar sólidos conhecimentos de gramática num estrangei- ela dava para j ustificar a própria incapacidade de ensinar''.
ro de nível universi!ário do que num brasileiro de igual ní- Ananás- V. anhmrbi.
vel; aquele que sabe que a gramática é o cam inho mais cur- Anão - Plural: anões, anães, anJos lGr. Met. § 2161.
to e ellci«.>nre, este foi ensinado por editoras e pelos seus Anápolis . V. Jndio:rrájwlü.
agentes; aquele rem formação completa, este em prestações Anap~xe -V. Calvário.
de livros seriados e apostilas rcndilhada,s que mal acompa- ...ança, ...ãncia • V. parecen<a.
nham o estudante até o fim do ano lerivo. Ancarã- Tem o acento tônico na sílaba ca.
O que é necessário é evitar o exagero, o supérfluo, o inú- Ancestral - Aulete, Vasco Botelho de Amaral e outros dizem
til. A análise sintática de palavra por palavra das que con- ser evitável este anglicismo. embora confessem ter sido per-
correm numa oração ou num período só deve .ser feita ou petrado por Camilo e outros escritores. Na verdade, sempre
exigida quando realmente necessária a um objetivo didáti- tivemos avito e avomgo. como, no plural, anlepassadt:>s, as-
co geral; estar a emina1· em aulas ou a exigir em concursos cendente~, avós.
ou em provas esColares a função sintática de todos o; ele- Anchieta - A dificuldade na pronúncia desta ·palavra parte da
mentos de uma expressão surrada por rodos e encontradi - diversidade de som do grupd consonàntal d• emre o italia-
ça em qualquer bom escritor constitui exagero e inurilida(le. no e o espanhol; st> naquele, esse grupo tem o som de k,
Qpando necessária ou para o ensino de casos gerais ou pa- nes1e tem o de lxt; bastará, para a devida solu<,-ão do caso,
ra confirmar uma discutida construção ou para esclarecer saber a proveniência da palavra; para tanto, sirvam-nos
um erro c evitar a reincidência, é que a análise se impõe. os utilíssimos dados do padre Luís Gonzaga Jaeger, numa
Procedemos comp o médico, que só examina o doente car ta endereçada a Mário Barreto, publicada na revista
quando em curá-lo cuida. , "O Eco" do colégio Anchieta, de Porto Alegre.
Visitávamos em São Paulo um amigo, professor de di- " ... não recordo ter jamais ouvido de boca ·de legítimo
reito, quando chega a sua casa uma segunda visita, moça ponugu(';s pronúncia diferente da qye eu patrocino ( Anxiê-
estudante, do quarto ano da seção de letras (inglês, portu- ta). Além <lisso achei há anos uma eana de um dos nossos
guês e alemão) de importante faculdade da Capital. Após cabos de guerra, publicada, ~ará uns oito anos, num dos
discorr~ncia sobre umas tantas semelhanças morfológicas primeiros volumes da _"Revista do Instituto Histórico e
entre o inglês e o português, passamos a observar semelhan- Geográfico do Rio Grande do Sul", onde aparece a palavra
(as também na pane sintática; agora. ela se sentiu daudi - Anchieta não com k mas com x. Ora bem, o autor que es-
came, mas não demonstrou nenh·um acanhamento em con- a·eveu ha cemo e tantos anos, quer elaborasse o escrito do
fessar sua fraqueza no assumo ramo em inglês quanto no seu próprio punho, quer se utilizasse dum arilanuense; não
próprio português. Um esclarecimento rodavia tentamos pooe ter pronunciado At1kieta."
dela obter: "Estes dois argumentos costumo corroborar com a eti -
Diga-me por que o inglês constrói "He wants me to go" mologia e o e~emplo vasconço, que pronuncia à castelhana
e o ponuguês "Ele.rnanda-me ir'. Por ~ue não diz o in.g!~s anxieta, sabendo-se que essa palavra vem do singular vasco
"H.:- wams I to go ' nem o porrugues ' Ele manda eu 1r ? AndUa (Anxia), que dá no plural Anchirta. isto é, lugar de
O silêncio foi interrompido pela chegada de mais três cole- pântanos. O senhor se lembrará talvez da história pátria
gas do mesmo ano da mesma lao.aldade, às quais, após apre- que o pai de J osé de Anc,h ieta er:a natural da província vas-
sentação e cumprimencos, endereçamos a mesma pergun- congada de Guipúzscoa, ao none da Espanha, onde .se mos-
ta. Novo silêncio, acompanhado de sorrisos c da confis- tra ainda hoje em dia a casa solar dos Anchieias. Verdade
são: "hso nós não estamos esrudando". é que isto pouco prova - por não podermos tirar argumen-
A que primeiro havia chegado !oi sincera: "Profe;sor, tos concludentes para nés do que dizem outros povos.''
para dizer a vt>rdade, quem nos çstá en sinando a função dos ' 'Muito papel e tinta já se tem gastado aqui no Sul acerca
termos da oração, a subordinação das orações num período, de urna o u outr·a versão. Ainda há bem pouco tempo um que
.,
24 Ancho An? Bissexto
se dizia professor de ponuguê5, para escudar a sua pronún· rigorosamente o preceito do domingo".
da lAnl:.ieta) foi procurar a sua origem na Gr~cia!" Anglico é adjetivo pátrio, sinônimo de inglts, que não deve
A esta cana Mário Barrem assim respondeu: ser confundido com anglica110.
" ... envio-lhO! a minha resposta. Isto faço não porque ti!· Angtidsmos · Se a lagarta rosada é cau sa da broca do algodão,
nha a pretensão de tirar dúvidas a um t'Spírito culto como a dublagem de filmes de língua inglesa é a fonte já não dit~­
o do reverendo padre jaeger, mas tio somente para lhe mos- mos dos anglicismos mas dos d isparates de rradu<;ão. Q.ue
trar a minha gratidão e estima. Pdo que li em Cândido de patente é essa que agora inventaram na televisão de " major
Figueiredo sobr~ Anchieta ("O qui! não se deve dizer", H, sarg~nto"? Pirulas! Não percebe nem tradutor nem reviso r
68) já eu pronunciava Arl· ><i· I·Ul. Os argumentos que me a falta de sentido da expressão? "Scrgeant major" é em
oferece na sua cana e o· testemunho de que, durante todo o português " primeiro sargentO".
tempo que viveu em Ponugal (Durante d ois anos - Nota A pra1,ra nesse mesmo fi lme vai além : " ...um oficial não
da reda~i.o do "O Eco"), nunca ouviu a ponuguf's legitimo comissionado". Cebolório! "Non comrnissioned offieer"
a pronúncia A.n.4kta, confirmam -me na mesma li(ào." é o nosso "suboficial".
Ancho . V. caramanchão. Mais uma taturana escapou de um inseticida eficu no fil-
...àocia. V. partetn<a. me: " O s oficiais que se enconuavam na embaixada". Bolas!
Ancião. Plural: maciàos, anââe>, andtlt.l (§ 2 16). "Offtcial" traduz-se nest.1 língua infestada de curuquerês
Ancilose. Andlóttomo • Dessa fonna se escrev~m. porque que se fala no Brasil por "autoridade"; o "ofocial" não rem
é incorreta a tramliteração, por vetts encontrada na lingua- pa tcntr militar; um funcionário público é em inglês "ofli-
gem cienúlica, com capa grego por qu vernáculo . O fato de cial", como "official" é um ministro, um embaixador.
a letn grega ter articulacào oclusiva e ser por .4 cranscrita " Offieer" - outra palavra perigosa - d e grafia e pronún·
em la~m não nos di spensa de escri!Ver ánnmz, ctkuma. cirro· cia diferentes da aml"1'ior, é que t o militar, seja general,
>e, cilindro, ci!titt. No verbete quisto- grafia que se explica st:ia guarda de trânsito (que em país nenhum de Ungua in -
por intromissào do frances - ficou explicada a diferença, glesa anda pelas r uas ou se posta junto a semáforos de chu-
ou melhor, a courusão que se opera, na deriva<;ào, entre as peta so nora na boc~). Q..uando necessário chamar um solda -
letras gregas qui ( lúli) e capa. Cisto, que os dicioná rios não do (policial), chama-se um "offtcer", e não um "officia.l".
trazem (nem o de Ramiz Galvio; trá-lo o vocabulário ofi- Amanhã vai aparecer um escritor gaiato, a imitar qutm
cial de Portugal, que chega a acrescentar : "melhor que invtntou H estória'', a c~r -•oficiar'*.
quüto") ~sem dúvida a forma correta ; e com c d~ prevale- Mais uma para termin;a.r : Q..ue congresso é esse '\ue se rea -
cer em análoJt, 't111ciúiJtomo. l~ou nos EE.UU. de "empacotadores de carne ' ? " Mc:at
Aodadoria . V. Jtll41oria. pacl:.ers" 53.o os "donos de frigoríficos".
Aodaluda . O acento tônico no i . Adjo:tivo pátrio; or•dalux. Angori • É quase inacreditável continuar a dizer que se de-
Aodeja - V. mourrja. ve acentuar angóra o nome da cidade turc:t, donde a designa-
Andorinha - Vo~; chilido, chilidar, gazear, grinfar. tri nfar, ção de gatos, coelhos e cabras dai provenientes. É haldar
trissar, zinzi lula r. energias e tempo querer restabelecer o act>mo tônico do éti-
Androc:eu • V .pbiku. mo turco Angur. nome da antiga Ant]l'a dos romanos.
Anedota . Colttivo; anedotirio. repertório. Ãngulo • Q.uando primeiro elemento de um comJ:>OOto, jun-
Anelar • ( = alm~jar.' an~ia~; asp~!"'r) ·.Várias regc'nc:as: ·:~1 - ta-se ao segundo sem hífen: ângulofacial.
guns anelam o dtnheero - ... nao anela elegtr' - ... Anhembi • Assim designavam os índios o nosso Tietê na parte
aqueles que andam pela segurança de uma r elac;ào ím i- que banha Piratininga . Tal qual se d á com o Amazonas,
ma" - "Anelar ao legado". q ue, conforme os paises por q ue passa tem nomes diferentes,
Andídeo . V. ídio. o Tietê r a ma ior Í11 dos grandes rios recebiam denomina~-ões
Aomooa . Fo rma e acentuação consagradas. conquanto segundo os acidentes o u as tribos q ue os margeavam.
contrárias às nonnas de derivação e d e prosódia. O i final corresponde a J, designativo de /(quido. água. rio;
Aotxo. Ao contrário de )unJo. exerc~ só função de adjetivo; com o especificativo nhNI!bu, nome do conhecido pássaro
deve, pois. concordar çom o substantivo a que se 1'efere: namb-u - são suas variames nhamlnt e inambu- vem a signi -
"Escolas arltxa; às normais", " A carta está araexo aos autos", llcar rio 1.4J, inambus, para indicar, naturalmente, a existênôa
"Envio a cana mttxa", "Ant xas vos envio duas •·elações". de gr.u>de número desses pássaros no t recho da nossa capi •
"Diz a cana all<'xo", " Pecados que trazem DMxa a restirui- tal.
<.;ão" (e não: que trazem anexo a restituição), "Sem estar E o a inicial ? Deu-se nrssa palavra o mesmo que em azul·
obr igada<' an,xa a muito ri:.o" . nás, o nde, no dizer de Segóvia, o arúgo a passou a viver com
f ôssemos ad mitir a fun( ãO adverbial de ano:o, teria.mos o substantivo nanás.
de admiti-la tambél}'l com ptgado. grudado, gramptado e... Aohuma • Vot: cantar, grita r.
lá se iria tudo quanto Marta fiou. Nada de an~Jogia, que Animal - Aumentativo: anima/aço. animalào.
aqui não rem cabida, nem de recursos exrravagailtes c inad- Coletivo, em geral ; piara, pandilha (brasi leirismo do Sul);
missíveis, como o de dizer "em anexo"; diz-se "em S<..·para- - todos, de uma região ;fauna;
do". mas, ;ainda aqui, nada de analogia. - de carga, de cavalgadura; récua, ricova;
Analogia tampoUCO <:>Úst~ entre j unto a e tm'XO a;}unJo U e - de raca, para reprodu<;ão ; plarrúl;
locu(ào invaríâvel, mas em aruxo a a preposiçio a ~ mero - fero~ ou selvagens: akaliia {de lobos, de panteras.,
elem~nto de ligat;ào entre o adjetivo e o complemento no- de hienas ... );
minal, como em pegado a, grampeado a. grwtado a. Diz-se - criados geralmente no campo para sl!rvic:os de lavoura
"duas ígrejas;rmto at1 rio", mas ninguém irá dizer "duas fa- ou para consumo doméstico ou para IIns industriai s ou co-
turas an("X·o à Q U 1ta". m tTciais; gtUÚJ (g-..do bovino, ovino ... de cria, de engorda).
Longe, pois, as confusões: Anexo é, {àO só, adjetivo; deve V. pmoa~ e animai..
concordar com o substantivo a que se refere: "..i nexos encon- Animus mc:mioisse borrc:t • Loruci.o latina qu<' significa : "Mi-
trarão dois cheques". " Anat1.1 vos envio duas relações", nha alma fica espavorida. ao lembrar-se", palavras com
"Duas farur.u antxas à cana". V.ju11to. qu~ Enéias exprime o hoiTor que lhO! invade a a.lma q uando
Anfibologia (am bigüidade) . Não confundir com arifibiologia se lembra da destruicão dl! T róia.
(pane da Zoologia que trata dos anflbios). Aniõnio . V. iônio.
Anlittião - É seu feminino anfitrioa. A1úsópcxk · V. ápodt.
Anglicano, ioglico - Angliw1o é adjetivo que deve de prcferen· Anjo . Col~tivo ; teoria.
cia empregar-se tão só para indicar o adepto do a nglica- Anju (fr. Anjou} ·adjetivo pácrio; angwi110.
nismo, religião da Inglalerra : "Os anglicanos observam Ano Bincsto . V. bi.Jwcto.
,
Antropologia 25
A.odo- É palavra proparoxítona. V. ~e. a palavra com o gênero masculino. Dicionaristas há que
.A.óklc: - t palavra mas.:ulina. Q..uamo a forma vt;ja- se dia- lhe atribuem o gênero feminino, ma s, se divergências exis-
Wtt. tem quamo ao gênero, todos estão acordes em declarar a
Aaooi.mia- v . impaatoria. dificuldade de identificar o étimo dessa palavt-a. Se a origem
ADôoimo- Origina-se o vernáculo anônimo do vocábulo gre- é des.:onhecida, por que estar a variar o gênero? Se antílo -
go "onyma", que significa nonu (donde psrudónimo=nome pes existem machos e anúlopes existem fêmeos, o vocábulo
falso; homónimo=nome igual; sirlôilimo=nome equivalente, deixe-se ficar com o gênero masculino ; será um nome epi-
con:espondeme; anlônimo=norne oposto), antecedido da par- ceno,. como ~amos ourros que possuímos: um antílope
tícula negativa "a", sob a fonna ''an'', usada ames de pala- macho, um antílope lemeo .
vras começadas por vogal. Antioquia - De todas as dúvidas de acentuação, grandíssima se
Nosso vocábulo nome não deve-entrar em cogital;ào, pois não a maior parte diz respeito a palavras cermínadas em
seu élimo é latino, "nornt>n". aférese de "gnomen", do ver- ia. teste um pomo que jamais será convenientemente com-
ho "gnósct'l'e", qul' significa conhecrr. preendido pelos que não tiveram noções de grego e de la-
Ansiar- V. sentenciar. tim, mormente da d iferen<;a das regras de prosódia entre
Ansioso - V . em- 1 1. essas línguas existente. Ou isto se aprende, ou a balbúrdia
Anca- Voz; aJsobiar. das palavras terminadas em ia continua, a menos se decore,
Antanádast - !!. palavra proparoxítona por ser breve o a da um a um, o acento dos vocábulos assim terminados.
penúltima sílaba. Em nossas mãos, o grego e o latim são amassados e ras-
Ante ... Anti... - Na composkão, ambos ('xigem hífen antes gados a ponto de se tornarem irreconheciveis. Idêntica
de h, r, s. São prefixos que não devem ser confundidos. dificuldade têm o italiano e o espanhol para justificar o
Enquanto antf indica prioridade temporal ou local [antessa- acento de derivados gregos. O francês, com eliminar da pa-
/4, anlebraco. anteddar. ant~diluviaM. mtltlóquio. a:nttrnanhii.) . lavra o "ietus", aplainou a q uesrão.
anti indica oposi<;ão, contrariedade (antiácido. anticanênico. O que mais contrista é ver que é tão heróica quanto r idí-
anticorpo. antünjlacionáriO}. cula a vontade de da língua expurgar erros; contradições,
Não se devem confundir, ponanr.o, anteco'!fu.gal e anticon- impcrfei<;ões. No entanto, o mal de muitos consolo é. Não
jugal, anudtissico e antid.ássiw, ante-histórico e anli-histórico. fora isso, triste figura faríamos ante as línguas irmãs nossas
Seja qual for o número de sílabas do composto, o acento pela maneira por que tratamos o grego.
secundário cai na prim~ira (an) de ambos os prefixos; ántt, A terminação ia quando derivada do grego eia deve ser
dnli. tônica em português: " Ante6cheia"- Antioquía. Seja em gre-
Vejamos mais adiante o que acontece com antecipar. go açentuada ou não, essa termi na~ão dá em latim ia com i
Ant~ ~eridie~ - Locu~io latina que significa "antes do meio - longo; em tais condições, esta vogal, por constituir ·da pa-
d•a . Abrevta-sc a.m. lavra a pentiltima sílaba, deve ser acentuada. Exemplos:
Antc:ripar - É realmente de provocar admiração, nos escritos
antigos, a grafia antícipar. Se todos escreviam antedatar, anle- GREGO LATIM PORTUCUes
diur, antefnJir. an.Jepor, antever, por que em antecipar faziam
temlinar o prefixo em i em ve-( de faze-lo em e. Epiphánc:ia Epiphanía Epifania
A admira<;ão cresce quando vemos o próprio latim grafar Ortoépeía Orthoepia Ortoepia
antit:ipare no que foi seguido por idiomas neolatinos; antici- Samáreia Samaria Samaria
par (espanhol), a:nticipn (franc.e s), o.nticipare (italiano) . Onhopaideía Onhopedía Ortopedia
Torrinha, no "Dicionário português-latino", dá antecipa- Alexándreia Alexandria Alexandria
re, não sei por que influencia, se dele próprio se do tipógra-
fo. Saraiva, que apresenta o verbo com i, dá-lhe por élimo Por essa razão, rmdcwpedia (do gr. mcyclopaidiia) deveria ser
ante e cápio. o que mais uma vez provoca admiração. pronunciado com acento n.o i, como laz o italiano; em por-
Omros, teimando em escrever anlicipar, aduziram étimo . iuguês, porém, o acento tônico no e respeita o uso geral.
d itereme: anti-caput, o que n.à o se pode aceitar, porque os Ánôpas, Antípatros- V. Cliofa.•.
compostos de capm não apresentam o radical simpUficado Antipoda.- v. ápodt.
em cip, é ainda porque nenhuma explícacão traria para o Anôtanques - A frase "dois remédios contra tosse" termina pe-
prefixo. la frase "contra tosse" , da. qual a primeira palavra é prepo-
Desde que os nossos dicionários e vocabulári.o s consignam sição e a segunda o seu regime; em antilanque, porém, não
hoje a forma com "e", fiquemos com da sem nenhum receio vemos frase; anti é aí prefixo, que está a forqJar um nome,
de erro, nem, menos ainda, de conrradi~ão. nome que irá submeter-se a regras de flexão.
Carlos Góis, no "Dicionário de Raizes e Cognatos", Comparemos antitanq~ com contrabaixo (cantor que tem
dá-no> a lonna antecipar. ofi:rl·ccndo-nos esta nota de Bré-al: voz de baixo profundo); a flexão numérica é normal: "Não
Não seja confundida a raiz hebraica cap (palma da mão) temos contrabaixos" - como normal ~ dizer ' 'operános con-
com a latina cap (cabe<;a, pane superior. ponra); os cognaws tramestrt$" (feminino: operárias conttamestro.s ).
deste último t~m o gen.iuvo em ápitis, ao passo que os da- Inexistente a forma adjetiva antitãntp.tico, o próprio subs-
quele o têm em cipis. tantivo assume função atributiva ; " Dois medicamentos atl-
Ântero - Elemento que exige hífen quando de um composto tichoques" não é como se diz em farmácia? Antichoqut não se
começa com vogal ou s: ânUro-iriferior, ánttTo-supffliW. encontra t-m dicionário como adjetivo? Em qualquer hipó-.
Antes de. Antes que- São locu<ôes que divergem de função; tese, adjetivo ou substantivo, o segundo nome fiexiona-se:
se antes cú rege palavras, anle5 qr.u figa orações: "Um cinco mísseis antila111[Ui!s.
antes de dois zeros vale quinhentos" "Antes de morrer" - Antolhar - O sentido clássico deste verbo, que se vê emprega-
"Tome as providências necessárias antes I[IU! tal aconte<;a". do na forma rdlexiva, é o de " llgurar-st•'', "represt•mar-se
Trocar a palavra antes por primeiro só é f?ssível na locução à imagina<;ão", "fazer-se representar à fantasia": "Das á.guas
coojumiva: "Fiz isso primeiro que ele"- 'Isso deve ser feito se lhe anlo/ha que saiam dois homens que mui velhos pare-
primeiro qut rudo". Não se vêem em portugui's frases como ciam" - "Numa arena que se me antoU!àvn nobre e úlil
"primeiro de tudo ele não disse isso" ou "primeiro que tudo acima de todas"- "As frases dispõem-se tais quais natural
ele não disse isso" (Gr. Mer. ~ 526, n. 3; = 588). e espontaneamente se apreS('ntam e antolh4m ao espírito".
Anti ... . V. ante. · Antonimia - V. imperatória.
"Ántlfas"' - V. Cliofas. Antônimo - V. anônimo.
Antigo -V. homem antigo. I' Antracena • V. haptena.
Antílope - Gonçalves Viana e o vocabulário de Portugal trazem Antropologia- V. aerovia.
r
26 " Aovers"
• Apcsard~

"Am•cn" - Em português é Antufrpia; o que al nasce é anhur- Diante da afirmação inicial e da final desse trecho do
pitrue. Vocabulário Jul'idico de Plácido e Silva, só nos resta acolher
"Ao aguardo da"- V. na aguarda de. apmar para indicar a acào de o juiz impor pena, e aptnamrn-
Ao alá - Expressão provinda do tupi; signific.a "~ direção w para o ato de impõ -la; o condenado passa a seraptnado.
nem desLino" . desoriemaàamente". Não deve ser confun- Apmm e derivados são hoje palavras costumeiramente
dida com "a roa", que signi~lca irrtjktidammte, imptn.ada- usadas no sentido da Ordenaciio Afonsina.
melltt. lUl acltlo. Jtm pr~ocupação : Os caranguejos, por ocasião Apenas - Apmasmmte não é português; o sufixo '!'trllt - o úni -
da desova, ficam ao atá, isto é, saem das tocas, errantes. co sufixo adverbial que em ponuguês existe - só se acres-
Existe a variante gráfica. numa só palavra, aguatá. V. awa. centa, para forma<;âo de advérbios, aos adjetivos nexionados
Ao a tar das rendas - Locução que significa "com precipitação", na forma feminina: bondoJ(o)a -mentt. caprichos(o)a-mmlt
" na óh ima hora", "tarde", "fora de tempo" : Não deixe pa- (Gr. Mel . § Ml7, obs.l. llpmaJ, por ser advérbio, nll.o (: passí-
ra fazer o testamento ao alar das ftridas . vel de açréscimo desse sufixo adverbial.
Ao «no - V. urtc. Dizer apenasmt>nte é o mesmo que dizer der~pentemente,
Ao dro.a.aj s- V . demais. ou seja, é diLer tudo menos po rtuguês.
Ao desbarato - Locudio que significa " desbaratadameme". Apbldice - V. cálice.
''por vil preco' ', " com grande prejuízo" : Valentim saiu ao Apendicectomia - Q_ua.ndo quisermos indicar. numa $Ó pa -
delbarato pela soalheira - Vendeu o trcrn do conde ao des- lavra, a ablação. a '"<tração do apênd ice, devemos dizer
boroJo. apmdictclomia, escrevendo ~ pronunci;mdo o c antes do I. Ao
Ao !X'Us dará - Locuç-ão que signitka " irrefletidamente" : vernáculo oplndict acrescenta-se o elemento grego eltlomia
Agir ao DtUJ dará. · que, por sua ve•. compõe-se de elt (fora) tumé (corte, ampu-
Ao encontro, dos desejos - O perigo está no confundir essa ex- tação) e o sufixo ia.
pressão com ''de encontro aos dts<:jos". "Ir de encontro" Apenhar - O verbo t~penhar, embora anriquado e desconheci-
signillca opor-se. estar tm contradição. e ao substamivo se liga do na fala comum e na literária, conserva na linguagem
mediante a preposição a: Fui de entomro à sua vontade (agi bancária e na tabelioa to<lo o vigor de sua signi ficação, como
de maneira contrária á vontade uele). nos tempos da Ordenação Manuelina.
"Ir ao encor\tto'' é a tnesrna expre-ssão "~ir ao encontro"; Aulete registra o termo como antiquado e di-lhe a forma-
pn•nde-se ao substantivo pela pr<"posiçào dt, c sign.ilica en- cão mais provável: a-p;gro us-ar. É verdade que os amigus
contrar -se com, sair ao caminho, ir ter com quem vem, sair diziam e escreviam" ... c assim se algumas pessoas vendessem
à frtnt~ dl' : As principais pessoas da terra foram ao encontro ou comprassem ou apmha.ilnn algumas coisas ... ~ (Ordena-
do novo governador. A expressào "ir ao encontro de" tem ti o Manudina. Livro I, tit. 44i , e em cenos documentos de
ainda o ~n tido figurado de "captar o agrado ou a befl('Vo- hoje se I~ ' 'Vender os bens apenhatúJs", " Substiru ir po r ou -
l~ncia". "corresponder ao desejo": " Solicitavam-lhe o be- tros os l>en5 apmhados". mas é fino incontestável que na ex-
m>plácito. indo ao t<ncomro da sua vontade.> com merc~ e pressão corrente e geral o que se ouve é dar tm pmltor. prnho-
pompa~ de maiort-s galardões". rar. nnpmluu. l'rnpnrhado, tmpmhador. 1?mprnho. emp~nhommlo.
"Fui ao encontro dos seus desejos" significa "saí à frente", Apeninos - ''Alpino" c " alpense" possuímos como adjerivos
"agi ant('S de você", "adiantei-me à sua vonmde". Oeclarar que indicam o que é pertencente ou relativo aos Alpes. "-1~< ­
isso m<'dian te a constr ução " Fui de encontro aos seus dese- ninoj é omra palavra; é nome existente em vários idiomá$
jos" (• dizer "não" em vez de "sim". "Ir de encomro a" in- (esp. Apenirws, fr. Apr.nnin.l. it. Appennirli, ingl. AJ>PmiTie~. ai.
dica choqut·; " Ir ao t·ncontro de". concordância. Apenninm), proveniente de substantiva(ào do adjetivo plul'al
Isto ocorreu numa reparti<;ão públi ca : "Eu pensava vir "apeninos" que entra na expressão completa "Momes Ape-
dr encnnrro aos seus desejos quando requt•ri que ... " - ninos", que d~signa a principal cordilheira da Itália. O Sa-
disse um subalterno, admirado com a n~gativa do dt·spacho. raiva consigna " Apenninus" no singular, como substantivo
- '' 0 senhor veio realmente de encontro aos mc:us desejos, e com o semi do de " cordilheira de serras que divide a llá·
tanto assim q ue indefni o seu rt·querimcnto". - foi a res- lia em duas partes. de none a sul" -
poSta. A forma plura l do substantivo, a seguir o qu<' sugere
Ao inv~s de - É necessário distinguir: Em vn dt significa, Websti.'T, provt-ln da genl·ralizacão, par.. os montes d(' toda a
~impl~en ae, tm lugar lU: "Em 'IK"- tk ll sica, estude química" - cadeia, do antigo nome Apmninut MIIIU, monte de Curnt',
Ao invb tk significa cw contrário dt, e soment<: com tal do celta pmn, cume, cabeca.
aca:-pt:ão deve ser usada essa locução prepositiva: "Ao invis O riginariamente adjedvo, como adjetivo pode ser o vocá -
dt ficar quieto, começou a rt'spondcr-lhe". bulo usado, 1.' temos em São Paulo a "Vila Apenina" .
A primeira locuç~o - em veJ. de- pode ser usa4a nos dois Derivados de Apmino•. temos apminígma, qu~ significa
c-.tsos; a segunda, que se prende ao étimo in11tr.<é (inversa- "natural dos Momcs Apcninos, e apeninícola - forma já exis-
mente), denota sempre conrrastc, oposição; não pode ser tente no la tim para indicar o que ai habi ta.
empregada como simples sinônima da primeira. Não 1em Apenso - V.junlo.
sentido di1.t'r "Paguei vinte cruLeiros ao invlJ de quinze" , Apercebido - V . percebido.
como sentido não u·rn dizer"Ao imJi; dt sentar -se na cadei - Apttto libro · Locuç;i.o latina que sign.ifiea "de livro aberto" :
ra sentou-se no banco". A tradu~'ào foi feita apf!'tto libro, sem auxílio de d icionário.
Ao n-w:1m o tempo que - V. 110 umpo qv.r. Apesar de - Não parece acertada a doutrina, encontrada em
Ao par - V. a pqr lU. ceno autor, de que esta locução "deveria ser usada som ente
Ao revés - l ocução que significa " ãs av(')l3s'': Fl-z tudo aD para significar sen ti mmto de pesar, pois que esse I! o seu
rrols. genuíno semido".
Ao viés - locucão q ue significa " obliquamente" : A linha Em nossos mestres enconrramos, é verdade, exemplos
c:quinox.ial corta a ilha M vib. apoiadores dessa doutrina: "Apesar da hora avançada,
Ao vivo - locução que significa rtal: "Transmissão ao viw", não deixou d~ part ir'' - "Casou, apesa.r da opo~ic;ào dos
trallsmi>sào direta e contemporànea de um fato. pais" - '' O corpo esbeho, apesar de magro" . Importa,
Aond e - V. qnde. porém, considerar: Se um mesmo vo cábulo pode, confom1e
A~nar - "Originariamente, consoam e sentido que lhe dava as diversas épocas d<: uma língua, oferecer sentidos diferen-
a Ordenação Afonsina, apenar significava impor proa, condenar. tes e, ainda, na mesma época, variar de significação, com o
Modernarnente, tem o sentido de embargar, 11olfficar, í111imar falar do "genuíno sentido" de palavra que passa a partici-
;oba cuminaçào dt pena. No mterdito proibitório, o juiz expe- par de locuções? A significaç~o insulada dos elementos se
de o mandato para aptnar o réu, no caso ern que tfansgrida perde, para. se considerar o«!>ignificado e a função do com-
o preceito." posto.
Apiedar-se Aprazer 27
Quem dos que a palavra vmtura sabem significar sorte, à me!a), em (Como todas as autocracias democráticas, a .de
felicidade, cem dúvida quando constrói: "Se porventura eu Rosas sentiu necessidade de apoiar-se no povo), sobre {Tem
morrer. .."? - No composto embora vemos um elemento força efetiva sobre que apoiar o governo).
rujo "significado. genuíno" não necessita de explica.~ões: "Apor veto,.- É tolice em português. V. opor veto.
em-boa-hora. Onde esse significado na frase "Embora a des- Após,.após de - Existem as duas formas: "Após isto veio are-
graça o alcance"? Annas dos homens, as palavras com eles novação" - "Receio que a minha classe vá após desses fan-
se transformam. Nem com saber que em apenas exisce o subs- tasmas com que a iludem" - "Após eles" -"Após de nós" .
cunivo pena(= dificuldade, sofrimento) deixará uma pessoa Aposição - V. aposto.
esclarecida de dizer: "Saio de casa, apenas nasce o sol". Apostila, apowlba -V. postila.
Ape= de significa a despeito de, não obstante. e com tais signi- Aposto- Além do adjetivo propriamente dito, pode funcionar
ficaç~es pode ser empregado: "Apesar de eu ter aconselha- como adjunto atributivo uma palavra ou grupo de pala -
do .... vras em aposi~ão: essa palavra ou grupo de palavras em apo -
O mesmo se diga da locução conjuntiva apesar de que, sição chama-se aposto. Exemplo: "Sócrates, fil6sofo grego,
de significado identico ao de "ainda que": ",-!.pesar de que foi condenado à mone".
eu tivesse insistido ..." - A idéia impressa à subordinada é Podemos definir o aposto: Palavra ou frase que explica um
de ·concessão, pura e simples. Sentido bom ou mau, a ora- ou '•árias termos expressos na oração: " Rio de janeiro e São
cão inteira é que irá indicar, e não a wnjun~'ào em si, mera- Paulo, cidaJ..es de carattTÍltico; muito divmos. sào grandes cen -
mente concessiva. tros de atração". •
Não nos esqueçamos deste ex.e mplo de Carnilo: "Apesar O aposto coloca-se entre v.írgulas: "João. meu aluno, ficou
da prima, do baronato, dos meninos, do dinheiro e da saú - doente" - "Carlos de Almeida, profe~r do terceiro ano, não
de" - onde vemos o " apesar da saúde" a desfazer a falsa compareceu".
doutrina. Observe-se que o aposw pode às vezes vir lig-.tdo ao fun-
Apiedar-se - Deriva este verbo de piedade, palavra que nossos damental pela preposicão de: "Rua da Consolação", " Duque
caboclos pronunciam piadade. Se esse "a" constiru.i erro no de Caxias", ''Praca dos Gusmões". Note-se que ta ruo é cena
substantivo, d eve aparecer no verbo apiedar-sf todas as veze-s dizer "rua da Consolação" como "rua Consola~ão".
em que o acento recai no tema do verbo, ou seja, nas for- O aposto pode ter como fundamental uma frase: "O ge-
mas rízotõnicas: Eu me apíado, tu t.e apilldm, ele se apiada, neral não tc:-m um braço, índice de esj<ffço bilieo".
eles se apiadam; que eu me apiade, que tu te apiadts, que ele Outras vezes, o aposto é que é comtituído de frase ou
se apiade, que eles se apiadem; apíada-te tu. oração: "Esse aluno, inteligente como i, deve saber a li<;ào" .
Nas demais formas o verbo deverá trazer t, visto cair o "A vida, sor.ho IJ"U precede a morte. é-nos muito preciosa".
acento na desinência; nós nos apiedamos, vós vos apiedais; O substantivo aposto, que equivale a um adjetivo, concor-
que nós nos apitdemos, que vós vos api~dtis; eu me apiedei da com seu fundamemal em gênero e número sempre que
etc.; eu me apíedarti eu:. possível: "O ó.dio,jitlto do orgu lho" - "A esperanc,a,jilha
O verbo apiedar-se, que si·gnifica "ter piedade", pode da fé"-" Estes instrumentos, produtos de nossa fábrica".
construir-se de tn~s maneiras: al com a preposição a: "Apie- Se em latim o aposto concorda em caso com o fundamen-
dou-se à fraqueza do pobre"; b) com a. preposição com: tal, em porruguês a preposição não se apresenta repetida:
"Só a criada se apiedava com o estado do pobrezinho"; "Chegaram ao extremo do que mais prezavam, as próprias
c) com a preposição de: "Senhor, apiedai-vos de minha ce- vidas" (e não "das próprias vidas" ) - " A p.a lavra teoria é
gueira". originária dt um único termo, o grego teoria~· (e não "do
Apito- Barulho: assobiar, silvo, silvar, trilo, trilar. grego teoria") - " Nascido numa bela cidade, Campinas"
Aplaudidor - Colrii!JQ, quando pago~: ctaqu(. (e não "em Campinas"). "Proveniente da mais bela das ca-
Apo... - Prelixo grego, correspondente ao latino de (distância, p icais, Rio dejaneiro" (e não "do Rio de Janeiro").
atàstamemo), que se junta sem hífen: aposüia, aplfl'retina, Aposição também encerram expressões como superm~rca­
apossepsia. dosjumbo, armaúns São Paulo. cakadqs Scatarnachia, escolas Ara-
Apode - Sobre este adjetivo (sem pés) encontramos em Ramiz guaia. cursos Uliütas, hotéis Hilton. listas Telifónicas Norde.<te S.A.,
Galviio·: "Apodo, como ocorre em alguns dicionários, não listas Telifônico.s Paulista S.A . (da Paulista. região do Estado
deve prevalecer nem para este nem para nenhum dos outros de São Paulo). Quer conscicuam razões comerciais, quer
derivados de p6us, pod6s." simplesmente citações, crazem das um subst:antivo em apo -
De maneira menos enfática e a um tempo mais completa sição para indicar marca, classe, tipo, grupo, para explicar,
e convincente, que aqui resumimos,Jo~ Ines Louro explica- enfim, o fundamental.
nos o caso. Não há pensar no caso em concordância; esta se imporia
Que os compostos em que emra como semantema final se, em vez de substantivo em aposição, um adjetivo é que
0 grego póus. pod6s devem passar para o português com a expli<:asse o nome: listas Tel.tfõnicas Nordestinas, A1111aúm
forma "pode" parece ser questão definiúvamente assentada. Paulistas.
Isto, é ceno, stm prejuízo de algum vocábulo acrescido do Caso em que não t'Xiste aposição (e a concordância se im·
sufixo io (licopódio, polipódio, querwpódio) ou de algum Já muico põe) é o de designar grupos silvícolas como indioJ guaranis,
consagrado na língua com a forma mutilada po (Édipo. pólipo tribos tupis. É inaceitável construir "índios guarani" , "ín·
e poluo), a que podemos juntara rorrna antipoó.a, mais consa- dios 1upi1Ulmhá". Quem assim escreve, sob a alegação de
grada do que anlfpodt. que esses designativos são nomes próprios, deve também
· Assim é que estas sào as fonnas aconselháveis: acin6pode, redigir "dois BraJil", "as três Amirica".
arctópod~. arlrópodt, ilfaquiópod(, ufalópodt. gD.llrópodf. masti- Nomes ecnológicos - em qualquer d icionário podemos
gópodt, megalópode, ocípode, odontópode, olütópode, paquilópod<' verificar isto - pluralizam-se normalmente: guarani - lín-
(ou antes, paquípode ), urópotk. gua dos guarani1; tupi - indígena dos tupis; cupari - per-
E pelos mesmos motivos: anisópode, astacópode. mtgápode. tencente ou relativo aos tuparis; tuparuru - pertencente ou
peiawpodt. ptmipode, tisanópode, trípode. · rdativo aos tuparu;ru$, indígena dos tuparurus.
Apoiar - A pronúncia oficial e seguida no sul é apóio; o sinal ApósU'Ofo -V. minh'alma.
diacritico é obrigatório nas fonnas rizotônicas. Apotegma, apóteroa - Não façamos confusão; ambas nos vie -
Quanto à regência, é transitivo direto : "A opinião públi- ram do grego, mas a p rimeira, paroxítona, significa dito
ca os apóia sempre". Muito usado pronominalmente ("Reu- breve e sentencioso, máxima; a segunda, proparoxítona.
niu .duas garan tias que se apoiavam e fortaleciam m uruarrien- é palavra de geometria: perpendicular do cemro dum ·polí-
te"), faz-se freqüentemente seguir de um adjunto adverbial, gono regular a qualquer dos lados.
que pode trazer a preposição a (apoiat-se ao muro, apoiar-se Apraz.er - Os compostos apraur (agradar) e tksprazer {ou desa-
Aritmética
pratff têm conjugação comple~a : apraw, apr:u~s. apraz, G~<aratinguetá, pássaros b rancos; uirá c kuirá: uirara, manei-
aprazemos, aprueis, aprnem ; aprazia, aprazias, aprnia, ra com 9ue os oo550s caboclos, ainda hoje. denominam
apraziamos, aprazieis, apraziam; aprouve, aprouvescc, a arara; omí, otTá, orá, /rirá, podendo-se dizer indiferentemen-
aprouve, aprouvc:mos, aprouvesleS, aprouvcram ; a prouve- te oiraponga, oeraponga. biraponga, oraprmga; virá: uirajuba.
ra, a prouveras... ; apruerci. aprazerás, apnuerá, aprnere- espécie de papagaio amarelo; urá: uroi, rio dos pássaros;
mos, aprazereis, aprazerão; apraze ria, apra.zerias ... ; aprna, urubu, pássaro negro.
aprazas, apraza, apraumos, ap ra2ais, aprazam; aprouv~se. O ~egundo elemento, ponga, deriva-se de po, que designa
aprouvcsses ... ; aprouver, aprouveres, aprouver, aprouver· toda a espécie de baru lho, ruído, golpe, tinido, martelada;
mos, aprouverdes. aprouverem ; aprazer, aprazeres, apra· a terminação nga é uma das muitas maneiras de formar o
ttf' ... ; apr.uendo, aprazido .. parricipio presente do tupi-guarani; ponga quer dizer, ~:ntão.
Apreciar - V. estimar. gol pea.nte, tininte. martelante, e !TI'aponga significará pássa-
Aprender • Aprender dt nó.s uma coüa é tão ceno q uamo apren· ro f1W! golptia, tine. marúla, pQ=ro utndtnk.
der co~ fnna coisa. como apmder rm nós algum<J coisa. Q.uamo ao gmero, araponga. na acepção que lhe t própria,
Apnndi.t . O feminino é aprmdiw. é, em português, feminino, embora no tupi -guarani não
Aprendiz<>do, aprendizagem . Conq uanto igualmente usada possuam as palavras caso, mímero nem gênero; este último
e registrada em dicionários, a segunda forma é acoimada será dado em p ortuguês sem aitb-io nenhum, podendo
de francesismo. os mesmos elementos dar uma palavra ora masculina , ora
AJIC'~S m oi le déluge . Locução françesa que significa " depois femini na; o uso é que o det<"rrninará.
de m im o dilúvio" . Com estas palavras Luíl XV, rei da Fran - Voz:golpe, golpLar, gritar.111llfúlar. tinir, retinir, JnTar.
ça, pn•,·ia co:n o rgulho t>xagerado a derror.:tda da mooar· Arara · Vot: palrar, grasnar. V. Maponga.
quia após seu reinado . Arboriádio • V. mariticida.
Ap~tar . Há verbos que u~m d uas, três e a ré q ualto regên· Arcabuzev . V. jmJtiUiar.
cias diferentes. Uma s vat'S a diferença de regência não im· Árcades a mbo • Locu<;ão latina que significa "ambos são ár-
plica muda-nça de sen tido: ptgar a pena, na pena o u da pena; çades". Expressão de Virgílio, referente a dois .Pastores
outras, já não st' dá o mesmo, cendo cada regência sua signi- naturais da Arcádia, portanto mui to hábti s no canto. Usa·
ficação especial : Q.uero-o (desej o, ambiciono, exijo) e quero- se com alusão a dois indivíduos que possuem as mesmas
lhe <tenho afel(), amo). qualidades ou defeitos. Em vez de "os dois s.'io da mesma
Uma mercador ia não se apresmr.a à vitrina, mas na vttnna , laia, dit- se .,árcadcs ambo".
como não se apresnrta no povo, mas ao povo. "Aprc~entar-se Arctópode • V. ápodt.
em", para designar lugar onde, é a consrrução q u.- vemos Área (superflcid · Não co nfundir com ária (cantiga).
em Camões : " Este depois em cam po se apresenta". Arcão · Assim mesmo, sem i, vogal esta que ap arece em areia
Apressar (dar pressa a) - Não confundir com aprt(ar (dar apenas como elemento eufônico, porque o acento cai no t
preço dE") : A.presslmoJ a partida - Aprewu mal o trabalho. do vocábulo. Idêntico é o fenômeno operado enrre idéia
Apro•ar - Q.uando dizemos ''droga ainda não apareceu" di- t' idtalhar e com enorme número de pa lavras.
zt-ntós certo; ninguém " aparece uma cois:l" ; o ver·bo é in· Ari:d o (it. Arw:o). Adjetivo pátrio: arttino.
tra nsi ti vo. Areja · V. mrw.uja.
Mas... " droga não aprovou" ~ português chulo; apr()f)(11 Argel, Argélia . Adjetivo pátrio : argtlmo. V. Magnlh.üs.
(: verbo transitivo : alguém aprova a droga ; a droga é apro- Argili . Perfei to d e arguir, com trema no u e sem sinal diacrl·
vada, a d roga logra aprovação. tico no i tõnico; a cerçeira pessoa do sing. do ind. presente
Ápside. V. ábside. grafa-St' argúi, com acento agudo no u. São piruetas ono•
Apud . Preposição latina, usada em vários idiomas antes de gráficas a que os poucos alfabetizados do Brasil estão obr i-
nome de obra ou autor de que se apresenta uma opinião ; gados. Aprecie-S<' mais ~m : argiúdo (trema no u. nenhum
pronuncia -se acentuando- se a primcira sílaba. açenro no i ), argüiutl (crema e mais o acento agudo).
Aquabol - V.jutebol. Cotejem-se estas duas regras do nosso sisu:ma ortográfico
Aqueles que . V. o> que. oficial: 5• regra - " Assinala-se com o acento agudo o
Aqueloutro . EsU, tm, aqueh e respectivos femin.i nos podem u tônico precedido de g ou 9 e seguido de t ou •". 12• regra,
vir com binados com a palavra ot4tro: tstou.Jro. estqulra, tsscutro, obs. I - ''Não se põe a~-ento agudo na silaba tônica das
WI/Utra, aqudoutro, aqu-eloutra. formas vubais tt'nninadas em qüe, qüem" . Se pelo menos
Aquém . Prefixo que exige hífen ames de qualq uer leu-a: na exgurgitaçào de uma, no redigi r qual dessas duas regras
aquim· Atldnt.WJ, f.II/Uim-111llf. Pode aparecer sozinho q uando , estava o autor lúcido? V. bulir.
em lugar de um composto inteiro, vem seguido de um com - Argumento . Coletivo: camuüs .
posto em que en tra o prefixo ali m: O s povos de aquém E' Argume.owm ad crumf:ruun . Locuç.ào latina que signiftca
além-mar. " argumento dE' bolsa". Q.uando falham as palavras. abre-
Áquila noo capit muscas • Locução latina que significa " a St' a bolsa para conseguir o que se dt'seja.
águia não apanha moscas". Emprega-se para denotar que Argumentum baculinnm • Locução latina que significa " ar·
um espírito superior não se ocupa com mesquinharias. gumento de cacete". Rtcorrer ao argummtum baculinum (:
Aqüisra - Aqüista. substantivo comum de dois, é a palavra dar pancadas no adversário .
com q ue devemos dE-signa r a pessoa q ue freqilenca estân- Ária (cantiga) · Não confundi r com árto (superflcíd.
cias de águas medicinais. Ariar (mondar, carpir) • Não confundir com arear (esfregar
... Ar . V .jamiiW.r; V. ugimmtal. com areia, cobrir com areia).
... Ar, árlo . V. biliar. biliário. Ariecc . É lamentável que ainda haja gence, e muito uoa, que
Aracnídeo . V. ídiq. pronuncie de forma errada; quer signifique "máq uina de
Aragão . Adjetivo pátrio: aragonij. guerra, usada antigamente, pard romp er m ura lhas" , quer
Aranha . Aumt'nllltivo: trranhuço, aranhão. "bomba hidráulica", quer, poeticamentE', "cameird'. a pa·
Araponga . Compõe-se d os demeruos ará e ponga. do tupi· lavra tem o acento cônico no 1: a · TÍ·t·lt.
guarani ; o primeiro é variante de guirá, designativo de pás· Aritmkica - Deve-se escr!'Ver e pronunciar o t da segunda si'·
saro; ençonrramo- lo em outras palavra s como Araguaia, os !aba. Trazer, em defesa da grafia a pronúncia 111imltica. sem
papagaios ma nsos ; arapuca, armad ilha de pássaro ; arara. I na segunda sí laba, os vocábulos turna (gr. áJtluM), rima
papagaio grande. (pelo lat. r/tyúrmw), declarando que o t, entre vogal e m.
So b a forma guirá, entre o utras entra na palavra guiratinga. rende a C3Ír, não ~ a rgumento bastante, porquanto palavras
p!issaro branco, a garça. possuímos em q ue o t, ern idênticas condições, é sempre
Esse elemento corrompe-se em diversas formas : guará: pronunciado : ritmo, ahnos{rra. logaritmo.
.Arrear 29

Q.uando. tramndo-se de pronúncia, fala-se em "tend~n­ áípkmll.l, com acento na primeira sílaba? Nenhuma impor-
õa~. é pr~>ciso distinguir a ~ndência dos analfabetos da lâ.ncia empr esta o latim a q ue o ~go pronuncie Wírfflll.l.
rndmcia dos alfabetizados. A tendência do povo inculco idia. (.;gíptos. Ésopos, .fiwWjia. Mtsopoú:mía. A$sirla. Armmio.
é uma, a do instruido outra. A justificação de Botelho de Adrí4. O latim vai indagar, de acordo com o que se passa
Amaral (" ... o 1. entre vogal em, tend~ a cair") é perigosa. com os seus vocábulos, qual a quamidade da penúhima sí-
porquanto precisamos admitir o progresso de nossa insma- laba, isto é, se a pemíhima silaba é breve ou longa. ~ for
ão e a expan~o de nossa cu ltura. longa, nela cairá o acçnco; se breve, o acento recuará, quei-
Cumpre ademais notar que o artificialismo e o pedantis- ram ou não quein.rn os gregos, cujas lamúrias nada influen -
mo não sio aceitos em qut"stões de prosódia. Ora, ninguém ciarão na orientado do latim.
poderá negar ser artificial, pedantl" e for<;ada a pronúncia De nada valerá aos gregos dizer q ue seus vocibulos andam
.ro..itica. Considerem-se, além do ma.is, os derivados arit- estropiadamente pdo Lácio. O "graeca per Ausoniae fines
aif;rafo. aritmologia e outros. sine lcge vagantur" só terá validade de reclama~io quando
&_ia como for, por ser erud ição coisa que devemos pre- se tratar da língua grega, de período grego, de frase grega;
zar, não podemos barbarizar nossos vo<:ábulos, mutilando - se ~ vocibuJo, porém. esriv('r na língua latina, isto ~. num
os em sua primitiva fisionomia prosódica. período latino, numa frase latina, deverá enq uadrar-se,
Observe-se, porém, q ue essas r.u~s se transformam em para todos os efeito>. nas exigências la.tinas.
palavrório inútil para os que admitem a língua brasileira , Q..ue partido tomaremos? O latino, sem nenhuma dúvida.
o dialeto brasi leiro, ou coasa equivalente; na língua l.lrasi- Se em la1im é Tróia, em portuguh é Tróia também . E o gre-
lrira não se aceita erudi(ão; nela só se considera e acata e go Troía. com acento no i? Iremos pronunciar Trl){o. com
elogia e propaga a barbari2ação. acento no i, quando falarmos gr~go, da mesma maneira
AnDa- CQletivo, quando tomada do inimigo : trafru. que somente quando falannos grego é que iremos pronun-
Âllllalém - Annazim, •mpório. mrraaria. ltehoria, q ual o termo ciar áíploma,le6mna, proparoxitonamente.
mais apropriado para depósito de comestíveis, secos e mo- Q.uamo à palavra em epígrafe. que se passa? O mesmo
lhados? Dt/J6lito seria também cerco ? Edtlpensa? que se dá çom Tróia. Em grego o acento cai no i. mas. por
- Comecemos pelo fim : DtspmJo é um compartimento ser breve este i no la rim, o acemo recua para a vogal imedia-
da residência, quando não um simples armário, em que se tarnenrt: anrerior: Tróia, Árqtãa.
guardam g~nt'ros alimentício s para consumo doméstico. Há, infelizmente, qu<"m em latim pronunàe Archía. com
Dtpósllo ~palavra de sentido genérico: onde há coisa, qual- acento no i, mas não é de acreditar que os adeptos dessa
quer seja ela, deposi tada, ai há depósitO; o mesmo armazém promíncia sejam cC>C:"rt"ntes na teimosia; 1: de crer que eles
pode ter um ou mais depósitos. em latim pronunciem Tróio • .lidio., Lício, Síria, Gália, Bilínia.
Ucharia (' a mesma despensa, mas d~ casa real, de casa Calábria, Capadócia, ídea. áipldma. te!>rlma etc.; do contrário,
abastada; tra2 implícita a idéia de far tura, de abastança: negarão validez às regras latinas de acentuação.
«par~ci.a- m~ conveniente que os criados o u criadas de maior Arquia. com acento proparoxítona, deveremos pronun-
confian<;a c:ncr~ssem todas as semanas a nota do que se óar não somente ~'111 português, tnas, se não q uisermos
gasta na ucharia, no av;ário e na cavalariça" . errar, no próprio latim.
Mercearia. que signifi~êl primeiramente comércio de pou- Arraigar - Os verbos qu~ possuem na última sílaba do radical
co valor, indica o lugar onde se faz esse comércio, a loja os ditongos crescentes ou hiatos au (saudar, abau lar), ai
onde se vendem apenas certos generos alimenticios. (arraigar, enraizar, judaizar, embainhar ), ui (arruinar) e iu
Empório, além de significar " cidade, pono, praca comer- (enviuvar), devem ser conjugados de maneira tal que, nas
cial de elevada impor!ância", é o estabelecimento ondt se formas r iwtônicas, o acenro caia na ~nda dessas vogais,
vendem objetos de muitas espé<ies, é o bowr. porquamo tais grupos constituem ditongos cr-esç<·nres ou
Armaz.lm é a palavra para o caso; dcnora o lugar, a casa hiatos e não ditongos dccrescent<'s: oba-ú-lo, arra-í-go. arru-
em que se vendem gên<-ros alimentício~. Neste- sentido, de- í-no. envi-ú-vo.
nenhum espccificativo n«essi m; se dizemos "armazém de Observe-se, com roda a atencão, o seguinte: Nos verbos
secos e molhado s", fazemo-lo para distinguir do "armazém em que há o grupo ou ou ai, é necessário ver a proeedt'n-
de bebidas", onde somentt" alimemos liquidas se ''endem. cia ; e-m pautar. pausar. saraivw e outros. o acento cai no a.
Entra ainda esta palavra tus expresscks "armazém de re- visto provirem esses verbos de nomes em que há ditongo de-
tfrn" e " armazéns gerais": aquela denota o depósito d e gê- crescente (pauta, pau..sa. Jaraiua); quando provindos de nomes
neros para reserva, que se guardam para serem lançados em que há ditongo crescente ou hiaro (ba-ú, sa-ú~ár. ra-á.,
no mercado quando se apresentarem probabilidades de ju-h. vi-ú-oo) é que os verbos se conjugam como ficou indi-
venda com luao: esta, q ue se usa no plural, para especifi- ~do : O mal se arra-f-ga mais facilmente que o bem.
car os depósitos autorizados pelo governo a receber e a Arranha-céu - Conquamo em franc~s e em espanhol o segun-
guardar mercadorias mediante emi ssão de conhecimento do elem('nto do composto apareça pluralizado, em porru -
de depósito e pagamento das taxas fix:~da$ nas respeçtivas guês, como em italiano, usa-se no si ngular: gratlodelo. orro-
tarifas. r
nha-clu. Em portugu<'s a palavra ~nfeitada com hífen, na
Supemtncado ~ o a rmuém. q ue, além de vender outros presun(ào de que não saibamos distinguir verbo de su bstan-
artigos de çonsumo caseiro que não os simples secos ~ mo- tivo.
lhados, põe-nos a todo~ ao alcance do frt'gU~s. que livre- O plural é que i: arranJw-cius.
mente os examina e escolhe- c pessoalment~ leva à caixa. Arrr:ar - Uma só forma gráfica devt>mos preferir para 1!55{" ver-
Arqui ... - Prefixo que nos substantivos dá idéia de "princi- bo, quer o empreguemos na accp~ào de "colocar arreios"
pal", nos adjttivos a no<;ão dt' superlativo absoluto. E.xig~ (adornar, guarnecer). quer na de "descer o que estava sus -
hífen ames dt' Ir. r, s: arqui-ltitrllrca. arquí-rabino. arrui-:ot- penso", "deixar cair" ele.; tanto se arrtiom pessoas e cava-
cutar. los quanto se arrnam bandeiras, vidracas. energias.
Arquia - De tal forma silabamos na pronúncia de vocábulos Oic;amos J oão Ribeiro: "Os dicionát'ios divt'rgem na gra-
derivados do E,'Tt>go e do latim que- as palavras provindas fia de arriar e arrear, mas a prosódia de arriar f a mesma de
desses idi om<os se tornam às vezes irreconheóveis. ldcnti - arrear; o que d iverge é o semido. I~ - Arrear é compor, ata-
ca é a ditlculdade que o espa nhol e o italiano experimentam viar, ajaezar. Seus derivados ~o orrâo, arruiro. 2• - Arriar
no acentuar derivados gregos e latinos. é abaixar, e, em sua origem, termo náutico: Arriar a vela
H á disparidades entre a• regras g«gas de prosódia r as (ad-retTO, ad-retrare ; cf. franres, cognato, omt'Ttl. No por-
regras latinas. Pouco importa ao latim o ieto de um vocibu- tugu~$. arredar; para a compilação dl" Meyer-Lübke st in-
lo grego ; imeressa-lhe, somente, a quantidade da penúhi - clui numa forma hipotética arreámt c nela se acham as duas
ma sílaba. Q..ue importa ao la rim que a pronúncia grega seja formas ( I~ e 2~) como afins e aparentadas. o·que se dcpreen-
30 Arrendar Aspas
de é que visivelmeme os étimos de uma e outra não eslào Às apalpadtlaa · Locução q ue significa '"pelo tato", " apal ·
d c.-vidamemt esdar~cidos. ~ l'ntr~to tivtl"('m a m..-sma pando" : Perco rreu o quano escuro às apalpadelas.
origem, ro mar-se-á capciosa a d istincão gráflea tmear t> Às caladas - Locução que significa ''encobert.amento" : O
arriar. como fazt'lll os espanhóis". resto era devorado àl caÚldll.! pela malversação.
Acertadamente traz a no"a edição de Aukre a grafia única Às cegas - Locu(,'â.o que signiftca "cegamente", "sem conhl'ci -
untar, confinnando o que já estava no vocabulário da Aca- mento": Meteu-se n o empreendimento à.s aga.s.
demia da s Ciências de Lisboa, e, ainda há mais rempo, no Às claras - Lot-u<;ào q ue significa "à vista de todos": senti·
"Voeabulário Ortográfico" d<' Gonçalves Viana, que con- rncnro nutrido às claros.
>igna arrear (abaixar) e arrwr (enfeitar), semp re co m r: deve, Às escuras - Locuç~o que signiftca "sem luz", ''na escuridão" :
pois, t'm ambos os rasos s('r o wrho conjugado <'Omo Pll.!· Alguns elos salões ficavam com pletamente à.s e.scuraJ.
star: arrtit o animal, nrr~ie as velas ; arrtit a mulher, arreie a Às fincas - Locução que signilica "com empenho" , "com
bandeim. a finco'': Sempre se dedicou à.s firlcas à proftssào.
Arnnda.- V. palavras bifronlts. Às furtadas . Locu ção que significa "às furtadd a s", "furtiva-
Arn.•tu:gar - V. t7!Tadicado. mente", " às e5eond idas": O apartamento dos se us, que r3 ·
"Arrivisroo, "arrivista" - Quem só pensa e-m ganhar di nheiro ras vezes, t' só àJjurlad&. o podiam ver.
ou posi('Õcs a qualquer custo, o u 5Cja, quem se lança em As mais das yezes . V. o maü das veus.
aventuras é llVtnturtiro. Deixe ttarrivismo.,, "arrivista"' para Às mãos ambas - Locução que significa "com as d ua) mãos",
quando estiver conversando com france5Cs qur não saibam "com impeto'': Não queiras à.s m<icJ ambas ferindo o peiro
o que é avmtura. aventureiro em portugu('s. crédulo exclamar delirante.
Ás mãos lavadas Locu(.ãO que significa ''gr;uuit<~rneme" ,
Arrolo · V. controlo.
Arruinar - V. arraigar. "sem rra balho": Isso eu consegui às mãos lavada!.
Ars long-.a, vira brtvis - Um d os aforismos de Hipócrates, tra· Às rebadnhas - Locução que significa "a porfia", "em dispu-
duzido por Sêneca; significa "a a rte é longa, a vida é bre- ta": Vinham a mim às rebalinlllls.
ve' '; expressa que a vida, por mais longa s<'ja ela, não dá Às to ntas - Locução c1ue sign itlca "atarantadameme", ''sem
pua que fa~amos o que pretendemos. atenção": Procurava as coisas à.stonta.s.
Artério • Elrmemo que se junta sem hlfcn : arttriorrafia, artr- Ás ve<es (por vezes; a ve~es) - Locuções que significam " de
rio.sclerose. V. atrro.sdtro.st. quando em quando" : Á.s ~u.s ficava a cismar.
Anc:são • Plural : arlt!ào.s, artt.sões. quer signifique a palavra Asa • Barulho: rujlar.
" artífice", quer "lavor, adorno arquitetõnico". A..cendcr (subir) • Não confundir com aundtr <atear fogo).
Art~sia (fr. ArtoiJ). Adj~tivo párrio: aru.siano. V. gtnlÍiicru. A5calsào, assunção · fílológica e, conforme a aplicac;ão. d o g -
Artigo - Não 5C tratando de expressões de trar:amemo ne m de mática é a diferenca entre as duas palavras. A.u:tiiJào, do la -
individualizac;ão especial, f! indiferente o emprego d o artigo tim =siontm. é o mesmo q ue rubid4. t~ào. drrt(ào o u
antes dos possessivos: meu cadenw. o 71UU cad=o: l~u lápu. o movimento para cima. a(àb dt a.scmdtr: ascensão ao Cor<:ovado.
uu 1.áp1.); a casa do meu tio (ou dt rnru tio). l'm fmrlf tk minha Em li nguagem eclesiástica denota a elevação de Jesus ao
casa [ou de minha co..sa.), o tJUU filho Sauk! (ou meu filho Saulo ), Céu quat·ema dias depois de ressuscitado.
confirmacáo do nos.so pedido (ou dt rnmo pedido), duabonar .SIUI As5Uil{àO d eriva, como a palavra anterior, de forma latiM
rtflulqção (ou o. ma rtpulactio). (a.sswnptionem): alêm de " ação o u r esultado d.: assumir''',
Quan to ao artigo em expressões como " Palácio da J usti- indka " elevação a alguma dignidade" : o..ssunçàb de Pedro 11
ça", importa d izer q ue nelas não há nenhuma c:spccifica~ào ao trono do Brasil. Teologicamente tomada, a pala.vra indi-
ou det.ermiMçào de signific-. .do que o exija. Enrre "Palácio ca o ato pelo qual a divindad e encarnou em si a nal~lrC'ca
da justiça" c "Palácio de Justiça" não há nenhuma diferen- humana (Cristo ~ fet semelhante a nós pela alsuncào de
ça de semido. como diferença não existe entre " H ospital nossa natureza) c, ainda, a elevação ou rapto da Sa nrlssima
das Clínicas" e " H ospital dl' Clinicas". Por q ue então o ar- Virgem ao Céu.
tigo? Por abuso, por intromissão, muito freqOe nui em tais A distinção teológica prende-se ao fato de asswnptionmr
casos no nosso idioma e inexistente em o u tros, como no pro,~r do verbo composto ad.sumo (de aJ. para, mais sumo.
ingl~s - o nde o artigo traz uma função dctenninati"a - lomaT; por a»imila~ào, a.... umoi, que significa to mar para si .
que consrrói "H o use o f Charicy", " Palace o f Justice" (n unca receber pa.ra si (asswnert uxot"tm, receber por mulher); Deus
" H ouse o f the Cha riry" , "Palace of rhe Justice''J, com signi- lOmou para si, fez chegar. fez subir ao Céu a Mãe de J esu s.
ftcação inteiramente identica à de nossas expressões sem o AJcmsâo rem outro crimo. q ue signifta srmplesmenrc-
artigo o u com a sua inr:ro missão. Dizemos "Palácio da Jus· 5ubir (e não " fater subir a si", "fazer chegar a sí": a.sctndtrr
rica", sem com isso panicularilar a significação do subs· in conciollt"TTI. ~ubir à tribunal; a Ascensão encerra força pró·
tamivo j11~tiça, que consava, na frase, a ~igniftcação ampla p ria, procedimemo voluntário próprio, espontaneidade de
e genérica, a despeito do abusivo artigo. ação, porque Jesus é o próprio Deus.
Ainda que amanhã o uso implacável venha a diter "Santa Cuidado exige a gra fia: s na sílaba final de a.swuão; c CC·
Casa d11 Miseticórd ia", "Instituto da Ed ucação", não per- dilhado na d e assunção.
derão tais substantivos (misericórdia, educação) a sua signili - As«tico (mlstico) · Não confundir com a.sslptíco (isento dc
c:a~ão ampla e genérica ; serão novos abusos do anigo , isto germes) nern com acitico (relativo ao vinagre).
sim. como no caso de "Palácio d4 Justiça". Asinus ásinum fs.;cat · Loc;uc;ão latina que signiHca "um burro
'"Palácio d4 justiça" é mero e rípico abuso do arugo em coça o o utro" . E.xpressão alusiva a pessoas que se elog iam
portugui:s. Co m r egimes concretos outro seria o pr ocedi- rec}procam~te, qur .5C trocam exagerados cum primentos .
men to (C4>1l do PtnJO. Abrigo do v~lho Dnamparado), mas com Asneu-a . Coleuvo: cltt1TTIIJUJ, acervo, monu .
aqueles, absr.ralOs, não conseguimos j u sti ficar o artigo. V. Aspargo . t csr.ranhável trazerem os vocabulário s a forma
in ardeu/o mM'tis; V. o~~~ CD:IJlÚo b1'01ICII (artigo anres de posses- "aspargo" somcnrc como variante de " espargo" e de "es-
sivo) ; V. nom~ próprio wponfmico. párago". A q uem não desejasse empregar a fonna legiti ma
Artista (de teatro, de cinema) • Coletivo, qua ndo trabalham desse derivado grego, sl'ria mais aceitável a variante aspargo.
em conjunto: companltuJ. elenco. de largo e justificado uso no Brasil.
Anrópooe • V. fip(I(Ú. Aspas . Quando dentro do trecho já entre aspas houver neces-
Ánore . Coletivo, e m geral e quando em linha: a/amtda, carrú· sidade de novas aspas, estas são simples: O mestre avisou:
ra, rua, .sou/o; - quando constituem maci~-o: j lomta, mata, "O aluno q ue responder 'Não estudei' deverá justificar a
mato, amorado, bosqUL; quando altas, de rroncos retos a apa· resposta". Em casos tais, as aspas encerram qualquer outro
:remar parque arti ficial : malhada. sinal de pomua.~ão de uma passagem citada dentro delas:
Barulho: farfalhar, munnulbar, ramalhar. sussurrar. "Dc.-via o meu companJ1eiro ter r~ondido ' Não ~tudei'?"
• r ogir Atender 3 1
prrgumou o aluno. No IIm d(.> uma citação o sinal de.- pon - do, seia como for: " Eu, assim como assim, não na sei para
macão ficará dcnrro das aspas ~ pertencer ã citacào; se for sábio'f).
do autor, dq>ois: Ele pergumou: "Voce vai?"- Por que Assisteote . Coleüvo: aSlislincia.
'I'Od não disse "Eu vou" ? - " O s alunos <.>xclamaram: Assistir • Muitos verbos possu em duas ou mais reg~ncias e
'"Muito b em!". Em certos idiomas as aspas s.'io ordinaria· conservam em qualq uer delas o m~smo sentido e corre~ão:
mrme si rropl~s; passam a s<•r dob radas só quando demro Puxar a espada, da espa da, pela espada. Outros, conforme
há ourras. Enconrram -se asp;u em forma de cunhas. a regência. têm signifocado especial. Esrá neste caso o verbo
~ -V. adnir. amUir.
~- Superlativo sintético: tJJplrrimo. Q.uando seu significado for de pmlar assi;thuia, J()COrrrr,
Alpirar . P~e objeto direto guando srgnifica sorver, absorver, ajudar, favorecer. cuidar. tratar. o verbo se construirâ com
chupar: " Aspira.r o pó"-' Aspiramo s saudável ar". obj~to d it-eto: "O médico assiste o enfermo" - " O advoga·
Pa.ssará a ser transi tivo indir eto. ou seja, passará a (.'xigir do o a>sisli u com todas as caut('las"' .
objao indireto kom a preposição ai q uando significar d~­ Q.uaodo, porém, significa pmenciar, rompartcrr. tstar prt·
jar, pretender rítulos, honrarias, postos etc.: Aspiro ao triun- smlt. consrrói·se com objeto indireto, com a preposiçào
fo ((' não ''o rriunfo") - Aspir"O à glória (e não "a glória"). a: "ASsisti Cl4 jogo" - " Assisram à inauguração do está-
Assa - Ê adj<"tivo unilormt·, dt· procedencia intliana; significa d io" - "Assisti ao desfecho da q uestão" - " Assisti a uma
o mesmo que albirw: negro a11a. O uso esrá inrroduzindo a m issa".
forma aj.!o para o masculinv. Notemos: Este e alguns outros verbos, como presidi-r e
• Assassinatc·· • A palavra portuguesa i: assaJJinio; nosso sufrxo a1pirar. não admitem a forma pronomi nal lhr. As-sim corno,
IIIJJ é a forma erudita de ado e se anc.-see a temas Latinos para referi ndo-nos a glória, não dizc.-mos " nós u., aspiramos"
indicar func:ão. d ignidade : baTonaltJ, uudinnl.ato, triunvrrato, mas "nós aspira.."lllS a tia", da mesma forma, com rcte-
uico.riato. rência a miJSa, dir e!mos "nós assistimos a tia" (e não ''nós
Se morticínic já nos veio formado do lalim, do vernáculo lht assistimos").
415assino m ais i o obtemos OJsassínio. Assoalho • V. mradicado.
O sufixo ata é no caso ('Spúri o. Latrocínio. ltnocinio, glllicí- Assuada (dcsord(.'ID, vottaria, vaia) · Não confundir com
ruo. rxttrmínio é q ue são formas ponugucsas; quem boje diz a.s.s.oada (ato de asJO<tr).
<WaSJinato pode amanhã dizer " monicinato". ASsuar (vaiar) . Não confundir com IWOM (limpar do muc;o
Aausino . Coletivo: choldra. choldraboldra. nasal).
A.aaz · É advérbio que significa bas/.afr(,t, lujicienttmmtt: "Ele é " Assumir" • "Aj.!umindo q ue V. Sas. ena·egarão a encomenda
os.sa:< ins(ruído" - "Amu. tem quem se come nte com o que no tem po ajustado ..." - Pon u guê:i de que colônia será
tem" - " As>m. f. pobre e delgado quem conta seu gado". esse? Talvez de alguma q ue tenha ames pertencido à Ingla-
Pode-se empregar substanrivamente, seguido de dr, par:~. terra, pois (.>m inglês é que "assume" significa "supor", "to-
significar "o q uanto é preciso", "o sulicil"nte": "O que ele mar por ceno". " Traduza-se" o verbo da oração por '"ad·
m uito de ordinário fazia , C' com OJJa% de liberalidade". mitir'\ uromar por ce:rto". usupor".
Assecla · V. qr•anttdade. A$1acó podc. V. ápodt.
Assediar, ass«lio . v. Jedtar. Asta:i&co É. forma diminu tiva que já nos veio formada d o
Asseitar (enganar) • Não co,,fuudir <.om auitar (receber): "E grego, pelo latim OJttriscum. A c.-strelinha (esse o significado
sempre mais o a>lt Íla para lhe roubar tOdo o fruto da alma". de aJúruco) empr egada para chamar a arençio para alguma
Auanelhar-sc - Na conjugacào. fechar S('mp•·e o "e" da pc· nota ao p~ da página pode ter quarro, seis ou ma is pontas,
oúltima sílaba nas formas ritotônicas: ele se asstmi/Jra, que mas o nome aJterisoo não pode rer ma is de qua tro sllabas.
ele se assemJIM (§ 446, b). Asttacà • Q.uer nome próprio d e lugar, q uer comum para d e-
~nhoceac, a sscnhorac - De longa data existem as duas lor- signa~· a pek de carneiro morto à nascença, preparada na
mas quan do pronomi nal o verbo: " Q.uando o apetito sensi· cidad(.' desse nome, escreve·S(' com til e não com n final.
vel se aumhura da ratão" (Dicionário da Academ ia de Lis- Am o • Coletivo, quando reunidos a outros do mesmo grupo:
boaj - "Q.uando o cataclismo desabou sobre o pais? e o wruúl.arã~. Elem ento q ue se junta a outro sem híf(.'n : aJtro-
pessim ismo se I)J$(nhortava de todos" (Rui). flsica. astrosofia.
Q.uando transi ti,·o direto, a forma que se. encontra é a em Astrólito • V. arrólito.
ror: " Estes homens não faxem guerra por cobiça de rique· Ataque · Q1,1em ataca, ataca alguma co isa, ou seja, o vcroo é
zas, nem menos de aj.!enltortar províncias" (Oic. Acad. Lisb.). rransotivo direto; pois bem, antes do complemento nominal
Ê ainda o vc.-rbo transitivo indireto {prep. tm), c mais uma de substantivos cognaros de verbos rransicivos diretos r<.>·
vez a prefertncia é pela forma em ear: "O bc.-maveorurado corre-se em muitos casos à preposiçào a: assalto ao banco,
estado em que essa geme da ilha .estava, subven era m pri- revista àJ rropas, aj uda no' pobres, auxilio aos inválidos.
meiro tiranO$, que nela amnhorearam" (Dic. Acad. Lisb.). São legítimas as conm uções ar<&que ao inim igo, ataque
"Assente". asl!entado. V. entregue. às posições estratégicas.
Assentir - V. adtrir. Até a • Nossos clássicos não 5t' 5t'rviam dessa redundincia.
Ass~nto (banco) • Não conf\tndir com aanto (icto da voz) • V. Conquanto exemplos se encontrc.-rn dessa locucio preposi·
ctnTtlO. ti,•a ames do artigo (.'ffi t"SCrir:ores posterio res ("Dar um pas·
Assq>sia . V. eclllmp.Jia. so até ao ourro mundo" - Alexandre Herculano), não sc.-
As~o (ilfo rma<;ãol - Não confundir com acerto (ato de a.c er- pode d izer que esta maneira seja rnaís (.'u fônica; ofender-
tar). se-ia o gosto dos nossos patronos quinh entistas e sciscen.
Assessor - Sesswn é supino do verbo latino Jideo, que significa tistas: "V~ndo ora o mar ali o inferno aberto" (Camõesl.
smtar-Je; o prefuc.o ad. cujo d se assimilou, signifocajunto rú. Ai:1da ma.is lc.-vian o é afinnar que há diferença de significa-
Era as~ssor o que se assemava junto do j uiz para julgar com do (.>ntre uma construc;ào c.- outra.
ele algum a coisa; hoje e sinônimo de amstmte, coad;utor, Morais, no "Epíoome da Gramática Portuguesa", pu·
adjunto. blicado com o Dicionário, considera ('fro juntar a a al i. O s
que redig~m "até a" corr(.>m o riseo de ter de aceitar "até
Assessório (rela tivo às funçõc.-s de OJJes.sor) • Não confu nd ir àq uele", o que pmduz arrepios.
com awJ6rio (que se acrt'scenta; nã o essencial). Atf.há . v.rúM.
Assim como a ssim . Aj.!jm é advc'rbio que enrra em várias e:><· Ateliê • Aportuguesamento do franc~s aulirr, para indicar ofi.
pressões: A>>Ím t assim (nem m uir:o nem pouco, nem bem nem cina de trabalho d(.' pi ntor, de escultor, de fotógrafo, de
m al), como ().j.jim ' (locução adverbial interrogativa que de- d çscnhist.a.
nota espanto, admiração), OJlim como assim (de q ualquer m o - Atender • Consrró i-.se, indiferentemente, com ac:usativo ou
32 "Ateotivo" Através de
com dativo: " Não o at .. nd ..ram os criados" - " ... até vos confundido com a locução adverbial "a toa", ainda que
merccert'm, um d ia, a bên(ão de lhes atc.>nderd...s" - "Aten- não haja diferença fonética encre as duas formas.
der àl súplicas" - " Não sei como atender-lhe oq pedi- AtQa é adjetivo invariável; quer dizer irrtfotido, inútil, ;em
do"- " O Senhor não lhe atendeu a ora(ão". valor, qut não ttm. objtto oufim.fácil: homem aloa, coisa aloa.
" Atcntlvo», "Atentivameme'' - Não obstante "atcmivamen- A toa é locução adverbial; emprega-se também t'm lingua-
te" ter sido empr<-gado po•· Camilo, esse advl'rbio e o adje- gem náutica , para significar com goverrw próprio. a sirga, are-
tivo "atcntivo" são franC<'sismos; em ponuguts diz-se at.-n- lx!qut {Sirga é o nom<" do cabo de corda q ue serve para puxar
lo, altnlammlr. uma embar ca<;ào ).
Atft'-~ - Este verbo, que significõl arrimar-~. aderir (figu rada - O sistema o rtográfico de 43 t>mprega em ambos os caso~
mente, acoslar-~. pôr a etn{ra11çal, exigt' o mesmo cuidado a t'llft"itada forma à-toa.
de conjugat:ào de- outro> co mpostos dc- ttr: Atrot-st à part'- Átonos - Álcnws, at6nico> o u jracoJ. isto é, sem acento próprio .
de - Se cu me ativer só à lembrança da sensa~ào ... - Em existem vários monossílabos, como os pronomes oblíquos
tais momemos alinha-u sempr t> ao seu tio. § 43 I , obs. TIUI, tt. st etc., e outras palavras como que, de. e. .sobre as quais
Atet·osclero~ - Não confu,,dir com arttrioscltrolt, t•mbora a voz passa sem apoia r-se com força.
desta doença seja uma variedade. O primeiro elemento A existência de palavras átonas não constitui idiotismo
provém do grego athir (espiga, cabelo de cereal) e o com - nosso nem se limita a certos monossílabos; dissilabos tam -
po~to d<"signa o t'ngrossamcnto fibroso da ímima acompa- bé-m t'xistem sobre os quais a vo2 não se apóia, proferido•
nhado de degrnera~io au:romatosa. sempre em companhia de outra s palavras, nunca., em sua
At.(TTar, atrrragem - Aterrar i: o vt'rbo que se dev<•rá empre- verdadf'ira função morfo lógica, isoladamente. Pe/4, por
gar para indicar o ato de descer à terra um aero plano: " O exemplo, comll inação da pr<'posic;ão JNr com o ár rigo o,
avião aterrou nonnalment<"". O substantivo correspondrn- i: pa lavra á tona, jamais p roferida sozinha, sendo sempr(·
tt" i: attrragtm; "aterri s~.gem" e " att'rrisagem" são barba- atada a o utra, em que pr osodiça.mence SOe" apóia: Pelo ca-
rismos. Outros ba rbarismos são " amc:-rissa r" em vez de minho mais cu n o.
c.mar(}r, "alunissar" em ve"t d<" aiunar. t d issilal>o, sem düvida; o icco da voz r~cai na silaba ini-
" Aterrhsa.gem" . V. attrrar. cial, no p~. mas a palavra - isto f que precisamos conside-
Acimia • A palavra • que significa abatimenco, prostração - rar - f árona, não se profer<· sozinha: prosodicameme ela
dc:-ve ser proparoxítona por ter sido já formada no gr<'go, é dependente. O mesmo se dá com sobrt. para e com outras
o nde a termin ação ia é bre\fl'. ESSt' é o acento do voa.buhí rio p('("posi<'Ô~ e conjun~ões qlU', sem to nicidade própria, são
dl' 40. no que p roced<" muito bem. ou t'ncliticas ou p rodíticas. Uma refon na o rtográfica houve
Ati omtc: - Não encontra fundamento a redação : "Atinenü à q ue chegou a taxativamente incluir o fKrr~ t'llrre as pala-
sua carta, notificamos quc a ordem foi paga". vras áro nas; fê-lo com o intuito d<· simplificar o assunto.
Atinntlt não i· preposic;ão q ue t·quivalha á locuc:.lo "quan- uma vn que essa palavra ora é átona. ora o não é.
co a"; é.· adjt'tivo; dev<' referir-se a nome ou a pronome: Aror . Coletivo: tleru;o.
"Apresentaram-lhe vários alvitres atinenltJ a rodearem dt· Atrabiliário - Cuidado com a significa~'ào deste adjetivo; <·
maiort's resguardos a investida'' . termo médico que significa "relativo à atrabile" (palavra
''No tocanre à sua cana", "no respeica nce à praJ<e", "no paroxítonai, "que tem ;urabile", nom(' este do humores-
rc:ferenre ao seu pedido", "no conC<'rnt'nt<' à situa~io'' - pesso, nt·gro e acre da bile, a gual se supunha a causa da
nào i: assim que- todo s diu-rnos ? mdancolia. da neurastenia. Dai o just<> significado de iras-
"No atinente à sua carta" , "quanto ao arin<'nrc à sua óvl'l, co léri co, O<'tlrasrrnko.
ca na". <·om o prono m<· •·o·• como antecedl'nll' da forma É <no empregar com a significa~'ào de de!ordtnado. Tal -
participial, é que se pod e dizer. vt'l Ct"rta paronimia com ataballtJJado desse margem à co n-
Atingir - Na passagem d e Rui : "quando a ta l fast ati nge um fusão, o qu e faz lembrar o t'mprcgo por vários anos, na im -
projeto" - a p reposi ~ào a c:stá para clanu da ora<,'ào prensa <' no rádio, de alcaliia em vc:z dt" atalaia. Este erm está
{§ 683, I). Não se tratando tk casos como esse, a rçgitncia corrigido: corrijamos r:ambém aquek.
l· a transitiva: é o conselho de fr.tncisco Fernandes: "O ver- Atrás, atrasar · O i:cimo Jari no (ad+tram) obriga-nos a <'Scn:-
bo atingir é transitivo d ireto. Alguns auton•s mod~:rnos, vc-rcom •·
t•ntrrtanto, cosrumam dar-Uw regime indireto; rm que Atraudo, ~trasado- É a expressão "semana retrasada" muito
!"-'*· porém, à autoridade do s q ue prt-conizam cal regrn- usada C' nada há que se lhe opor. O próprio v<'Tbo alrll.kll'
cia, a mt>lhor ronstrucão é aquda em que se dá ao v~rbo em foi censurado no início de sua forma (ào c t'mprt'go na lín -
aprec;o objdo diu to". gua, co nforme se deprcmde do dicionário de Domingos
Atirar • Muito certa t'Stá a construção " Não atirt•s papéis à Vieira, onde encontramos esr:a aprccia<io de Blureau : "Al-
rua". guns cultos. zd osos do decoro das palavras, não quer<•m
Muitos significados tem o verbo atirar e variada ~ sua re- que se diga at1a.sadfJ. nC'm atrasar, rnas são palavras tão co-
gt'ncia. m':'nsque difici lmem e se poderá impedir o uso delas".
Na acepcio de arrojar. arrmutmr, lar1car. é [ransirivo direto- E rttriiJado vocábulo tão bem formado quanto atra.!(ldo.
indireto, isto é, exigt' do is obj etos, um direto (sem prcposi- Mt•rec~ <'sclarccimento a significação da expressão wnana
(ào), outro indireto (com preposição), podendo a prepo- retraJa.da; é tal semana anrerior à atra sada, e esr:a anre-rior à
skào ser a - como no Clll'm plo dado - tm - qut é mais passada.
frtc.qüeme - e rolllra : "Ati rar ~ras ®telhado do vizinho" Arra'fés de • Através - que se d~ <·screver com .s - aige
(Cândido de Figueiredo), "Mandou ontem o condt nado depois de si a preposicào dt ; co nstitui hor ripilante galicismo
ar ira r aoJ juízes lama emrelinhada (Rujj, " Rasgou-a t'm dois a omissão da p rt'posição. Devc·st' dizer "atravÉ-s do rádio".
movimt>ntos e atirou -a em um lamac:al" (Júlio Ribeiro). jamais "através o rádio".
'' Mas o ca\-alo e'pan tou-St··l ht•, atirando-o contra uma es- O s que não usam a preposição de em seguida à palavra
quina" (Stringari). aJravi.1 lembrem-se de que no próprio francês é erro omiti-
Na aceJX:ào de " disparar arma dt' fogo", os bons escrito- la com "au travers".
rts dão -lhe sempre rcgt'ncia transitiva indirt"ta : "Atirei a Não menos horripilante é o <·mprego de aJravfl de no
perdizes e galinholas" , " ...contra o q ual atiraram" , "St' l1tt agente da passiva. Este, em ponuguê; , expressa-se pela prt'-
não atirava, mordia a snptntt' o menino e matava-o". posição por C' à.s Vl'Zt'S dt: o livTo e estudado por todos - Ele
Outros casos particulares há, de significado, d o verbo é est imado dt todos.
olirar. que parece não nt'Ct'ssita~ por ora t'Xpostos. E assim: O gol foi marcado fKrr 1al jogador - A falia foi
Atoa • Este brasileirismo, que- de tão usado passou a figurar cobrada ptlo jogador Tal - O telegrama foi enviado pr/a
em todos o s dicionários da língua portuguesa, não deveo ser ag~ncia X - O cheque foi t'm.iado por tal banco- O assu n-
Am"buir Autódromo 88
to foi r<!501vido por decreto. Audio - Elem ento que se jun ta a ou tro comp onente sem hífen :
Nem " atravrs ck" nem ''por intcrmédio d~" no agente auditJforu. audiovilual.
da passiva (C r. Met. § 390). Aul~ • É o tocador de Oaura dos gregos; o feminino é auli-
~ ronstitui erro empregar atra.vb til par.o indicar o agente trida. Há a variante o:oótona auúter. cuj o feminino é aulttriz.
<h passiva lO gol foi feito atravil do jogador Tal), não se de- Aumentar - Q.uando estC' verbo vem seguido de objeto dire-
ve por outro lado cair no exagtTo oposto de julgar que a to (aumentar o capital, aumentar ovafor, aumentar o patri -
locuc;ào só é possível quando significa " de um lado para o mônio) e do quanto ho uve de aumemo, este quanto vem ex-
outro", "de lado a lado" (Pas50u através da multidão - Pas- presso de vária.s fomtas: Aummtou a r esistência com mai s um
sou a espada atravlJ do corpo). Não vemos erro em : "A pala- batalhão - ... os qu<:< aununtem dt novos cabedais o pat.rnnõ-
vra veio-nos do latim atravls do francês", como nii.o vemos nio comum - Aumentar em um cen tímetro o comprimento.
na passagem de Herculano : "Através desses lábios inocen- As mesmas variantes de construção podem aparerer em for-
t('S murmuram durante alguns instantes as orações submis- mas passivas: A q ual ficou aumentada com rnais de dois mil
sas". Há ai metáfora, metáfora que: não conseguimos ver em indios - Tevl' nova edição em 1794, aumentada dt m il
"advertmcia feita atravi> do bispo", "d<'saparecirnemo nota· frases.
d o atravis til sua aus~ncia". Aura popularis • Locu(ão latina que significa "a aura popu-
Vezes há em que a sjmples preposição por ou a preposi- lar". Exprime a inromistcncia da popularidade; o vento.
c;ão dt e>J>r<!ssam suficiente e com pletamente a idéia sem o o favor popular esvai-se como fumaça.
pelintra através d~" : : " rkdUJ.-se dcJMIS considcracões ..." Aurea medióaitas · Locução latina que significa " áurea me-
- "Por dois processos podemos conseguir o qu~ dese- diocridade". Expressão usualmente empregada em sentido
jamos" - " Provou por testemunhas" - além de outras irônico.
preposições ou locuções prepositivas: mtdiallle ou tros recur- Auces babcnt et uoo áudient . Locução latina que: significa
sos, durontt dois anos de luta, por meio dt arú11cios. "têm ouvi dos mas não ouvi rão" . Palavras com que o Saltni5·
Aaibuir • Está num recorte de jornal, a c:ncabeç:~r em duas ta se dirige aos inveterados no erro. A pa ixão abafa a ''OZ
colunas uma noticia: SÓ DELEGACIAS ATRIBUEM Al)LA. da razão.
E a st'guir, no corpo da notícia : " ... nenhuma vaga será atri- Auri sacra lames • Locu~ão latina que significa "a ex~crável
buida diretamente pelos diretores" . fome de ouro'' .
Passou pela cabeça do foca que, se "delqpcias atribuem Auriga - V . piloto.
aulas", pod~ d e na passiva construir "aulas são atribuídas Aurir (fugir alucinadameme, aluànar-se) - Não confundir
pelos direrores" . Mas em que dicionário encontro u d~ com ltaurir (õlSpirar : lirar para fora de lugar profundo i.
alnbuir com o sentido de auloriUJr! Tt-ria o T'lpaulho ('Qnfun - Auroque . Voz : btrrar.
dido atribuir com distribuir? Ausente . Como a~mntado. constrói-se com a p rt"posíção tk :
Trazem diáonários bons (Aulete, Laudelin ol o verbo com ausente dt São Paulo. a usente tÚJ. reunião.
a signiftcaçào de umudtr. do.r, umfmr. mas t$~ts stntidos não ÁuRria - Adjetivo párrio: awtri4ro, com acento no i. Q.uando
cabem no cabecalho da notícia. Uma consti ruicão atribui primeiro elemento de: adjetivo pátrio compo5lo, assume a
fà.culdades, a lei. pode atribuir prerrogativas, mas um dir<'· forma austro: o.UJJ:ro-húngaro.
tor elo: <'scola não pode "atribuir aulas". Porque num passo Aut Caesar aut njhil · Locu.-ão larina que significa "ou César
atribuir signi fica áar. conferir. ammier. vamos em qualquer ou nada". Lema de César Borgia, que pode ser a tribu ído
outro trocar t$ses vtrbos por atribuir? a todos os ambiciosos.
Ao sair da redação, não vá o herói "atribuir ~smolas" Autentla.r - Esse ~ o verbo que existe ern português, e não
nem "atribuir beijos" às tontas. Estamos no Brasil, e não " autentificar". Será acaso a existência de "identificar" a cau -
em pais de lingua espar~hola. sa da inútil ería~ào?
Atribuir-s.:. V. t lt trarou para Ji. Auto • Prefixo que exige hif~n antt$ d~ vogal, h, r. J: aulo·admi-
Atroz . Su p<:rlati\'O simi-tko: atrod>..iJno. Ta{ào, auto-hemotnapia. auto-retrato. aulo-sugest4o. V. "auto-
fal.tmte".
AtUário, aruá.ria • Atuário é palavra provir~da do ingl~s "actua-
r(', e dtsigna "pessoa q ue faz os cálculos rtspcitantes a se- " Autobus" · Isto ('10 porrugu~s a nada se aplica. Em nosso
guros ; calculista das companhias de seguros". Dai o nome idioma ou se diz auto-ónibuJ ou simplesmente ónibw, forma
attuíria, para indicar a discip lina , o estudo d e tais cálculos. simplificada do dativo p lural omnibuJ (;para todo si.
Não M r.uão para acoimar o vocábulo dt' anglicismo, indi- t. muito expressiva, e freqOente em certos lugares, a dc-
cando p:tra substiruí-lo os vocábulos calculi~la. jmar1criro ou signac;ão "coletivo".
a loc:-u~-ão calculista-financeiro. Precisamos convi r nisto: No nordest<' brasikiro ninguc'm esrranbe que se diga:
Não é de bom sen so apegar-nos a palavras nossas que não "Para ir à catedral é necessário tomar uma wpa", romo es-
expres~am com precisão o que se pretende; se idiomas mais tranheza não deve causar-nos que em certas cidades do sul
ri cos do que o nosso não procedem dessa forma, como li- nos infonm:rn: "Há umajardi~ira de manhã e outra a no i-
teu.
m itar-nos fCTrt"nhamt'nt~ a um estrito vocabulário? Aceite-
mos atudrio, e dele formemos sem r ereio o derivado atuária. "Autobus" (ócobasl dito inglês para distinguir de "trolei-
que: bc:m. somente, haverá nisso. bus". V . tróltlruJ .
Q.uanto mais idéias mais nomes; por falta destes t' que não Autócrata, autoaatriz · Tão somente por analogia com outros
d~emos sacrificar aquelas. deri,-ados de lar go uso (dnnocrata, ariJtocrata, plutocrata) é
Au ralmti · Expressão franc~sa muito usada em avia(·ào, para que a acentuação paroxítona é sugerida pelo "Vocabulário"
significar "com o motor em marcha lema": Desci com o de Lisboa e por Ramiz Calvão. A não ser por esse motivo,
motor au rale71Ji. Substitua-se por ra/cnttJdo: Mantenha o a pr onúncia ~timologicamente correta á aultkrata. Autoaa-
avião o mais t~mpo que puder ralentado. V. ralnl14r. lri~ encontr.a·)t' como feminino do substantivo, ao lado da
Audaces fortuna juvat - Locução latina que significa "a son<" forma única lllll6crata tanto como sub stantivo quanto romo
ajuda os audaus". A audácia faculta o triunfo. adjetivo.
..Audaâoio", "Audadosamcnte" • Não são as palavrns real- Autoctont: - Com "o" na penúltima sílaba e "e" na última; é
mente nossas se não audaz, audaz.menct. vocábulo proparoxítona, O"rudito, provenienle dos elemen-
Audax Jápctl gcnus - Locu~-ão latina q ue significa "a prole tos gregos aulÓ>. que significa mesmo. e chlMn. chlhonó~. que
audaz de Jápcto", ou seja, Prometeu, que roubou o logo significa terra, pátria : de~igna o c<Ymposto o aborígine, o
dos cl:us e o deu aos homens. indígena, o na tivo, o que é natural do pais em que habita,
Audi áJter-am panem • Locução latina que significa "ouve a e descende de pessoas que nele sempre habitaram .
outra parte". As duas partes devem ser ouvidas para que É seu antônim o aJóctonc.
haja justiça. Autódromo · A orit'lltaçào que devemos seguir no a centuar
84 ..Autofalant~" Avisar
palavras or iundu do grc:go é a seguinte: a quantidade: latina Para que lht• possa )t'r atribuído o nomt• de pássaro, con-
é que prevalece:, mesmo quando diferente a acemuaçào lÕ· tudo. é prt't:iso qu~ apn·semc- C3 ractt'rt"s que pl:'rmitam colo·
nica na origtm grrga ; muito mais, ponanto, quando a pro- cá -lo na ordc:m Passerifonncs. Tais caracteres são, entre o u-
sódia í: idêmica nas duas llnguas, como acomece com hi- tros, os sc:guimes: posse de um bico, de forma muito variá·
pódromo. Da n:iscencia cksce composto no latim, podc:mos vel, lll3S descituido de 11'1('mbrana na base ; l3rsos nus, ou
formular a prosódia de ourros compostos nossos c:m q ue seja, desprovi dos <k P"nu, prcsenc;a de rrts droos dirigidos
emre o ekm<'nto gr..go dr111110. Assim é que, embora não t"XÍS- para a freme e Uf!l para trás: e. unha do dedo posterior mais
tml<' no latim. nó~ concluímos quc: se deve pmnunáar vc· fon<' que as am<'nores.
WJromq, e assim o fazemos. Pela mesma razão llUlódromq é Pelos caraterísticos expostos, não pertencem i ord<'m
que~ lkve dittr. Passaiformcs e, portanto, não podc:m ser chamados pás-
O mal já foi core!.do; sejamo s coerentes e compenetremo - saros: ema, inhambus, galifonnc:s ljacus, urus etc.) rapiMi-
nos todos de que língua alguma existiu mais ~eil3 e coesa ros diurnos (gaviões) e nocumos <corujas), aves aquáticas em
que o grego. Sólido como o mármore: de Arúndd, o alfabe- gt-ral, anu), manins- pe)cado~. surucuás. cucanos. pica-
to grego nos patemeia a lógica de uma civiliza<:acào imegra- paus, papagaios c afins, llc:ija-Oorc:s etc.
da c:m p rincípios os mais robus cos. Esrivtssemos discorrendo Para lt'Stc:munhar q ue o tamanho não tem grande impor-
sobre fllosof~a, arquitetura , matemática ou política, o mes- tância, aí estão os minúseulos beija-Oores c os pequ<'nos
mo tmamQs dt· dizer sobre cada uma dessas atividades hu- ruins, filiados a ordens difrremes de Passeriformes que não
manas; foi a Grécia o berço q ue t•mbalou Ariscóteles, Fidias, dev<'m ser referidos como pásS<tros, no sentido exaco do vo-
Arquimedes e Sólon. Limitemo-nos. para o nosso fi m, a cábulo."
aprt-ciá -la apenas nas terras t- já teremos rc:ali1.ado bastante. Diferenças ma is existem. já quanto à nidifica~-ão, já quan-
Apresenta-se- nos uma dúvida quamo à gralla. prosódia to ao t<'mpo de cuidado pelos pais, mas para advenência
ou signilka~'ào de um termo? Pe(amos explicaqi o ao nosso de não confusão crem os ter basUtdo a transcrição dessa par-
intermediário, o lacim; M: esse não nos responder ou não te.
nos sacisfizer, rt·corramo$ às límpidas águas da copiosa Ave, Caesar, morituri te wutant Locução latina <,l,UC sign ifi -
o

H ipocrf"ne, qur nos sentiremos saciados. ca "Salve, César, os que vão morrer ce saúdam' . Palavras
"Autolàlanu:" - Não existe; nossa palavra tem "I" após o qu<', segundo Suctõnio, proferiam os gladiadores ao desfi -
"a" inicial, e pela ortografia oficial se escreve ailo-ftJúurk lar, antes do combact', diante da tribuna de César.
AutógrafO . Coletivo. quando em lista cspecial dt- coleção : ...ávd • V. iruolúv~l.
álbum. Avelheiro • p,·ovavelmt·ntc, "avclleiro" seria maneira aGiste-
Autópsia . V. EtiópitJ. lhanada de grafar o nosso antiquado llvtlhtiro, pois em es-
Autorizar • " Autorizar urna coisa a alguém" i: a construção panhol os dois 11 correspondem ao nosso d ígrafo molhado
que pare« mais comum : " Esce município nio l<'ln, ainda. /h : "ti1>Ltll.tmtJ". ca..u/Jumo.
poderes que /lar auroritcm a cobrança do imposto ... " Em Viterbo o leitor encontraria "bezerro avelheiro"; cal
Não st" poderá, no enl3ntO, incriminar a rcg~ncia "autori - era o que nio estava sujeito ao jugo, mas já não mamava;
zar alguim 11 (JNlrc ou dt ) alguma coisa", uma V'l'l q ue na no\ilho. Ainda hoje se d it dbtlhudo o que não d<'5earua,
passh'3 i! corrt'ntt' a construção : "Fulano <'Stá aurorizado apressado c não tem sossego. E que o urra coisa é o bl>zerro
tJ {parll ou dt ) alguma coisa". Dessa forma, é também correto o u novilho? Corre, l>rinca. sall3, m usea, urra, e, seg>Jndo
dizer: "Em· munidpio não tl.'ffi, ainda, poderes que o auto- o poeta, "pede jam spargit arenam".
' izt"lll à cohram-a do impoMo". AYt'riguar . V. ágrul.
Avalancha - V . aludt. Al't'llroZ • Com muito acerto, a rradi~-ão dá à palavra o g~ne­
" Avançar" . Constitui seu emprego galicismo quando empre- ro feminino, p orqut' o início é a nossa própria palavra dW.
gado por odianto.T em orat oes como esta: " O prefeito não feminina ; modificada pelo adjunto lati no strutJUo (do grt-go
llliclii(Ott informacocs sobre: o p rojeto... llnrlhíon ), continua sendo do ~nero fem inino. Ainda quan -
É l'rro que havia muito não víamos; concinuemos a refu- do um adjunto é constituído de substantivo dr gênero dife-
gá-lo ".a empn.·~r verbos nossos: ·:~osso .?ciianttJr-lhl· quc rente, prevalece por regra e-m portugu~s o gklero da palavra
amotnhà rccd1era a sua nomeal·ao - Fonuctu-lbe os fundamental: a lllTo:nja-crtlw, o llrroz-agulhd. a moeda -papel,
dados nt·e<·s~rios" - "Ek· afimi(J•; qu<' ir ia" - "...sem o:nu-
o pojKI·moedo. Dar a tJwllru: o gt'nero mascu lino i- incorrt·r
cipnr ao~ jornalísUis as dimmsõt·s do l'mpr<•t·ndinwmo".
t•m italianismo: t•m italiano a palavra não traz o elemento
Avamesma • V. Érico. tJvt: constitui-st• somt'ml' do el<-mt•nco provt'nit'ml' do grego.
Avaria - É palavra parox.iwna. do árabe tlwar e o sufixo ia (V. .• lmuo, masculino. Nada rrmos nós com isso.
llrmiTI(l(ão ia). Ariado (conclu!do : despachado) • Não confundir com avtado
Ave . Coletivo, em gt•ral, quando em grande quotntidade: (adoidado I.
bando, nuvem.
Arir-se, haver-se - E.stc) dois vcrhos pronominais. amhos de
Ave, pássaro . O lugar não parece di.'Vido, mas deve ter já
largo uso, não podem, como induz Auktc. sc·r ('mprcgados
ocorrido ao lei cor vontade de distinguir llVt de p/Í$jllro. Fa-
indiferl'ntemt•nte como sinónimos; essa confu são, antes
zemo - lo com a ajuda de Luis Gom.aga E. Lordello, redator
pt'rpecrada por Mora is l' por Conscàncio, lo i já explicada e
do Suplemento Agrlcola dcsle jornal, que inicia sua expo-
proOigada por Júlio Ríbtiro . HtJvtr..st significa portar-s<',
sição com esta adven~ncia : " A língua portuguesa é real - procl:'d!'r, comporrar-se (" Houv<>-se muito hem no ext•rcí-
mente muito c:omplexa ; adquirir conh~-cimenlOS para ma-
cio dl· seu cargo" - "Eles se houveram dignamenrc nessa
nejá-la semp re com acerto constitui tarefa das mais
l'mpresa"l, ao pa sso que llvir-.Jt qut•r dizer arranjar-se, en-
dificeis."
tender-se, acomodar -se: " Costava de ver como se avinha
E continua: " A fim de designar os seres que os cientistas
para isso com o pastorinho" (Camilo), "Com meu gado rM
colocam na grande classe das aves conta a língua com dou;
a\'t'nho r l'Stou co mcmt•" (Camocsl. "Então se falam, ca -
vocábulos: aw c p!WtJro. Pode:, frc:qaemememe, verificar-se
lo-11'1(' cu. e lá se avenhvn" (Castilho).
que esses termos são usados como se tives~m o mesmo Esta dt'Ve srr a re-dação dos seguintes períodos: " Aquele
Significado. No enl3ntO, todos os pássaros são avc:s t nem
qut: sohre ti lancar vista) de amor ou de cobit;a, comigo se
todas u aves podem ser referidas como pássaros. Não st"
a\irá" - " ...ourro motivo tinham os paulistas para se avi -
trata de q uestão de tamanho. pois ~ errado definir os pás-
rem com os jesuítas das rc-duçõe~ paraguaias" .
saros como aves pequenas. Avisar - Verbos há qur podem dr mais dc: uma fom~a St'T cons·
A defin ição da classe das aves pode ser simplesmeme feita rruidos. t' avwr é um deles. Tanto é certa a construcão " A,.;.
P"la posS<' ele P"nas; :a posse dessas produções do t..gummto S<i o chefe do. chegad;a do gercm t·" quanto : " Avisei IUI cheft·
garante ao vcnebrado um lugar na classe em apr~. 11 chrgadot do g<'rentt'".
F

Azimute 35
Se no primeiro exemplo "o chefe" constitui objeto direro "golpe de azar"; comete verdadeiro barbarismo quem as-
do verbo avi;ar, t'Sta di!'Ve ser a substituição pronominal: sim fu em vez de ''acidente imprevisto"; e assim "au ha·
''Avisei-c da ch~gada do gerente'' . sard" (que se deve tl'aduzir por "ao acaso"), "par hasard"
No segundo, "ao ch<'fe" conslitui objeto indireto do verbo (que se traduz por "por acaso" ).
tnJÜar: ponamo: "Avisei -lkt a chegada do grrenu.•". Com a signillcação que sempre tem no franct's e no inglt's
Idêntico p rocedimento exigem os verhos informar e cimti- e nem sempre em po rtugues de "acontcci~cmo" é que a
jicar: tamo i: ceno dizer "infonnar a alguém alguma coisa'', palavra nos d eu o Vffbo IJUir. que significa "vir a jeito ou a
quanto "info rmar a lgum de alguma coisa": Informei-lhe propósito", "ocasionar", "acont('a-r": Não S(' azou o ensejo
o advento do novo regímr - Informei -o do advrnto do de envidar o aprumo do seu caráter.
n0\'0 n-gime.
Aztite - "Q.ual o termo correto da língua portuguesa para de-
E. asstm: "Ci~mificar algucrn de alguma coisa" (Cientifi- signar o produto do caroco da ucitona, do algodão, do
quei-o de uma derrota) e "cientificar a alguém alguma co i- amendoim. do gergelirn etc.? Suponho ser "azeite"; pelo
sa" (Cientifiquei-lhe a nossa derrora). men.o s os ponugue;es sempre disseram "ateite de oliveira".
Avoar - Forma protérica., popular, de voar. donde os brasilei- No entanto, aqui em São Paulo, só se ouve e se lê "óleo de
rismos avoado. avoodor. avoadtira, aVOOitlt, 1111oa(<tr (Cr. Met. algodão", "óleo de amendoim" etc. É essa expressão corre-
\112, A). ra ou simples influência do italiano ob'o!"
A~os- É subsr:anrivo fictício, tirado da terminação de aitavo. A palavra ltttite. nessas expressões, {: sinônimo de óuo e
Ávrego- V. áfricu. pode ser usada, indiferenrernoc-me, em lugar desta. A única
Axi - V. rami. diferença está em ser auitt de origem árabe e 6uo de origem
A2ado (cómodo: oportuno) - Não confundir com a•ad" (que la tina . Tão só o ponuguc.'s e o espanhol possuem, respecti-
tc;orn asas). vamtnt<', as formas árabes atei/e e actilt; outros idiomas fa-
Azálea - Nome de planta que se supõe dar-se melhor em terTe- zem uso da forma latina olw.m ou do esperanto ouo: italiano,
no seco; vem do adjetivo grego auíltos. a. or~ (=seco); é pro- q/iq ; francês, !rui/e; inglês, oíl: alemão, o/ c catalão, oli.
paroxhono. Esrá claro que a palavra nuit< deveria especificar o óleo
Azar - É palavra nem sempr·c cmendida; além do significado
extraído da auiiOM, pa lavra esta dr mesma origem que
próprio e idiomático de "inlelicidllde" (Esqueci-me por aquela, mas é hoje usada. por extensão, para designar tam-
azar de fechar a torneira - Fulano é azarado - Estava com bém o óleo extraído de outras frutas ou da gordura de cer-
tal awr que não ganhou uma só partida), tem também o d~ tos animais.
mero "acontecimento inesperado", de "acaso": Devemos Enfim: Óleo, ne55as exprt:s.sões, é corretiss imo e auitt
esrar atentos aos ~ttam da vida. também o é. V. oliveira.
Considerada a palavra neste segundo sentido é que se en-
tende a expressão provinda do franc~ "jogos de azar", ou " Azens"- V. Magi'~J.
seja. jogos em que não entra o raciocínio, jogos cujo resul - Aziago - Aziago: que anuncia ou faz recear azar, infortúnio,
tado fuvorâvel ou contrário é completamente fortuito, e ou - calamidade; qut" influi para mal, de mau agouro, infausto.
tras como "sujeitar-se aos azares da profi55ão". Diz-se de certos dias ou horas a q ue a superstição popular
A tradução do franc:i:> e do inglês ha1ará l'X.Ígt> cuidado, atribui essa propriedade: A sn:ta-feira é dia m.iago. O acento
pois a palavra, da mesma origem áralx que a nossa, tem tônico é na penúltima sílaba: au-á-go.
sempre nesses idiomas o significado de aconrecirnemo. Arimute - Como ruordr. aponugue:oou-S4c' com o acréscimo
ocasião. oportunidade, risco, C'Ontingéncia. Não tem senti- de e e com a fixac::ão da tôttica na penúltima sílaba. O
do, por ex.emplo, traduzir o &anc~s "coup de hasard", por mesmo se diga de vmnulL.
Babador, babadouro- V. coradmtro. cemes e endossados p01 Botelho de Amaral, aceitam o étimo
Bacineta - V. cola. latino palitium, dequeo "ti" seguido de vogal dá L.
Bácoro (leitão)- Aum~ntacivo: bacoroU. Feminino: óáoora. Outro possível é ti mo seria o vdho latim paliceam, origem,
Bacteridio - V. idio. segundo Webster, do francês palusade. Ainda aqui o étimo-
Barurau - Vo:t: gemer. piar. onde existe um c entre vogais - justifica a grafia com z:
Bafio • Com acento tônico no i, por ser longo o sufixo verná- balha.
culo io. Não confundamos o sufixo io com a simples tenni- Bambino Venoso. V . pr()groitor.
nação io, como em e.!ládw. Bambo - Forma reforçativa, aumentativa do adjetivo, quando
Bago - Aumentativo, além de bagão: baga/hão, baganllã(). empregado substantivamente ou como pred•cacivo: bamba-
"Baguete" - O n·no é l!aqu~la (tJ; do italiano baccheta, donde lluio (fem.: óamboihorw.).
o pr·óprio francês bagu,llle. tanto para designar a vara peque- Banal - Na classe de palavras condenadas por uns e aceiras por
na e delgada de pau, ordinariamente mais grossa numa das outros podemos incluir, como bem prova o professor Craco
extremidades, com a qual se coca tambor, quanto -forma Silveira, o malsinado banal; encontramo-lo, entre outros
usada em Portugal - o couro de be2erro para calçado, cor- autores, em : Garren (Bosquejo da Hist. da Lit. e da Língua
respondtmc à palavra mais usada no Brasil vaqueta. Da pri- Port.), Mário Barreto (Novíssimos Estudos, VI e 269), João
meira palavra os derivados baquetar, baqueuar, /laquetoda. Ribeiro (0 Fabor.dão, 21 ; Curiosidades Verbais, 229 e 23 I ;
O mesmo se diga de outras acepções: o.r namento lateral Colmeia. 218), Said Ali (Dificuldades, 24) e, para honrar tão
das meias; sarrafinho empregado em moldu ras baratas; ilustre plêiade, em Carolina Mkhadis (A Saudade Portu -
ornamento arquitetônico. guesa, 64).
Baixeza, Baixezas- V. saud<uk. Banco "para"- "Banco X da América do Sul", e não "Banco X
"Bahia" - Grafia espúria de um estado brasileiro, ao lado do para a América do Sul". É sem dúvida a constru<;âo compara
adjetivo baian() e do nome comum baía, origem do nome iraduçào da forma italiana, que não acompanha a usual
do estado de Rui. O h é bastardo à luz da ortogralõa de 43 portuguesa. É sempre aconselhável ler o Aulete quando se
e da de ·~5, e só um decreto de l931 do estado baiano e a pretende verificar as muitas relações que essa e outras im-
p essoal i njun<;ão do chefe da delegação brasileira do sistema portantes preposições podem expressar.
de 45, natural desse estado. é q ue ainda nos impingem .essa "Do Brasil' e não ' para o Brasil" é que se acrescenta -
vileza gráfica; tivesse ele nascido no Piauí, estaríamos a té embora haja também neste proccdimemo algo chocame sob
agora sujeiws a "Piauhy". em Jaú a "Jahu"? E não digam outro aspecto- à ra:tàq social de uma empresa para otãcial-
que a tradição é que nos obriga a esse aviltamemo; que mentc especificar sua origem estrangeira: General Moton
fizeram de "Christo"? Aqui o h er a menos tradicional que do Brasil, Toddy do JSrasil.
lá? -Sigla.oficial: BA, sem nenhum pomo. Bandeira - Barulho: lrapear.
B~Ja - O mesmo que baile, bailado, mas só usado nas frases fa- Bangalô - Enquanto em Portugal é pronunciado com o "o"
miliarc:s "andar sempre na baila" (estar sempre a ser cha- final aberto (bangalo'), entre nós a palavra é pronunciada e
mado ou citado), "vir à baila" (vir a propósito; ser chamado escrita bangaló; é de origem indiana.
ou citado), "trazer à baila" (alegar ou.citar a propósi.to). Banbo-maria - No plurar, bonhos-marU!s (Gr. Met. §227).
É a forma mais usada, mas é corrupttla de balha, designa- Banir - V. abolir.
t:ào d;l. divisão de rnadeir·a, de uns cinco palmos de altura, Banqueta - Entre os limites confromantes ou objetos confi-
que r~amente se <:r.tv·a no chão, no centro da liça, e que nantes de terrenos citados no. S2 do art. 588 do Código Civil
sen~a para impedir que os combatentes fossem de encontro Brasileiro de 19 I 7 encontram -se as l>anquetas: "Por tapu-
um do outro e para làcultar-lhes que se ferissem unicamente mes emendem -se <~.s sebes vivas, as cercas de arame ou de
com as armas. O mamenedor (cavaleiro que combatia com madeira, as valas ou banquetas, ou quaisqueT outros meios
lança) "vinha à balha" ou pará quebrar nova.s lanças com o de separa<;âo dos terrenos ...".
mesmo aventureiro ou para acud ir ao desafio de outro. Tirando-a dessa passagem é que Carlos Tt•sc:hauer. em seu
B~oncta - Barulho: tinir. NOVO DICIONÁRIO NACIONAL - 2~ edicào, 1928 -
Baixo - Superlativo sintético: ínfirnc, baixíssinw. dá-nos a palavra, definindo-a como "espécie. de vala ou
Bala • Aumentativo: óaúi~io, bo.toçi/. Barulho: assobiiiT, esfuuar, meio de separação de terrenos" .
.sibilar, ~u.móir. zunir. É sabido que esse dicionário traz palavras ou a.cepçõe~ não
Bálcãs - É inútil precender impor a acentua~:ão oxítona, como encontradas em outros dicionários. Obra de mécito, sempr·e
está no vocabulário de Ponugal. No Brasil e também em exigiu do autor, edição a edição, uma descrição e caracteri-
Porrugal a palavra é pronunciada paroxitonameme. :ta~ào mais circunstanciada "para que os vocábulos fossem
Baldaquim - V. gentílicos. bem discriminados e evitadas dúvidas e equívocos". São
"Bale" - A forma correta é Basiléia. v. Magalhíús. pala vra" essas do autor, na "Advenência da terceira série",
Balha - V. baila. de julho de 1922, reproduzidas na edição de 1928.
Baliza - Cortesão, Lübke, Stappers, Scheler, citados por Nas- t perfeitamente aceitável a adoção de banqueta como
58 Barba
" m eio de separação de tCTTeno" c, mais cspecificadamente, comuns (cimtíjico. wridico, bwc6bco, nmJHili((), aausídico) ou em
como saliência que frcqümtcrt:K'nte é vista a margear rios, nomes referentes a lugar : bra,ilico. iUílico. romdnico.
terra nn que lateralmente ~ apóia o rio para fluir. Tanto Em nomes referentes a p.-ssoa, 01111 ê o de maior emprego:
assim é que a língua inglesa, que prima em con~t"Var no seu lul"ano, agOJliniano. crociarw. cartmJiano. vichiano, matoniano.
vocabulário as raizes de origem latina. tem a palavra banA: 8aM®viano, para t'sp..cilicar o que sofre da doença de
para denotar margem. Não só: uma das maneiras por que o Bastdow, não ficará ~ companheiros (adüoniano. ha11.1171iano.
inglês traduz a nossa palavra ~14 no MI CHAELIS é brigltliano) q ue. como aqude, especifica o paciente de doenc;a
"si~llt", ou 5Cja. pas~io, passagtm. calc;ada. A idna <k- descoberta por Addison, por Han~n. por Brigbt. V. "halt-
" lado''. e, pois, de limitação, esd. imp ressa na palavra bllll- st7Ú4Jt""'.
qtUia; a 11\aJ'g('fTl dl" um rio é uma banqul."ta. como ~ucta Baálica - V .lur,am dt cullo.
i:. segundo o Aulete, " pane lateral, mais elevada, dos arrua- Basófilo - t a forma do substan tivo t' também do adjetivo:
mrntos ou ruas". planta~ ba16jilm. O a djetivo é qur pode ainda 5t'r basojiluo.
"Lu eral'' aí esi.Í a confirmar a idéia de margem. Banqueta Bastante - Não devemos emprega r adjetivamenre com a ~igni ­
é a salit'ncia após uma superficie plana. como banqueta dO> licaçào de " em grande quantidadC'"; fra5t'scomo "Encontrei
ahar é o degrau qu<'. logo a seguir a mesa, presra-~ para. ba5tantes conhecidos na cidade" não são correras.
apoio de velas. t forma diminutiva de banco, c banco não é Exemplos do ~u legitimo ~mprego : " Procura~'Ões bastan-
o monr.., a d..vacão. a salimcia de terra que se eleva à.s mar- lts" (=procura~-ões em q ue se conferem pod~res juridica-
gms de um lago, d.- um rio, do mar. ou 5t' forma à beira de mente necessários para determinado fim) - " Argumento
um con e. de uma cavidade? b<utaiiU" (-suficicnt~l - ''Somos baslanus para levar a cabo
Para refornr t arrematar ~sa justificac;io, ltiamos o qu.. a rmprrsa" (-t<'1110S rl'<UJ'SO~ ~ulicimtes para... ).
está no DICI ONÁRIO C EOLOC ICO-CEO MO RFOLÓ- Q..uando ;advérbio, ou seja, quando modifica adjetivo,
C ICO de Antônio 'Teix.cira Guerra. 3' edicão: verbo ou outro adv~rbio, permanece invariável : " Estamos
Banqueta - O mesmo que ltíto maiar ou td-ra(() inferior. baJtantt satisfeitos".
úito m4ior - Banqueta de forma plana, inclinada levememe Basw11c ck noites - V. um pouco dágua.
na dire\iO jusante e situada acima do nível das BaQr . V .jalttJr.
água.s, na esta<,io 5t'ta. O Jeito maior dos rios é Ba!dio - Plural: hiJJli&s. bllJtiàts (C r. Mct. ~2161.
ocupado, anualmem... durante a época das Batátia - Adjetivo pátrio: IHatavo, designacão antiga do holan-
chuvas. ou ..mão, por ocasião das maiores d~s. com acento no ta desde o latim.
cheias. Esta banque1a lateral. acima do lâ14 Baur (horas) - V. dar horas.
mmor, é tambi:m chamada de tma((). Batizar, Batizar- K • V. CtlJal'.
TtrTaco- Superfici.. horizontal o u Jcwmente inclinada, Batologia - V. pkoruutno.
constituída por depósitos sedimentares. o u super- BaYia'a - Adjetivo pátrio: bávaro.
lide topográfica moddada pela erosão fluvial, llaxá - É a mtsma palavra nos~ poxá, com a letra inicial de
marinha ou lacustre e limi12da por dois dcclivcs acordo com a verdadeira pronúncia do árabt', ondt' não há
do mesmo sentido. t por con~guinu~ uma ban- nem o som rwm a lt'cra p. V. pllXIÍ.
q ueta ou patamar int~rrompendo um decliv~ kad páupcres spiritu - Locução latina qut' significa "b~m­
contínuo. O s ttrrac;os aparecem com mais fre- avemurados os pobres de espírito". Do Sermão da Monta·
q üt'ncia ao longo dos rios, ou ainda na borda dos nha. " Pobres de espírito" são os desprendidos dos bens
lagos e rt:K'Smo ao longo do li roral. Podemos clas- tnT~wn. mas hi quem u~ essa cx.pressão com ironia para
sificar os tt'!Taços em: fluviais, marinhos, lacus- designar os ignorantes favorecidos pela sone.
tr~. estTururais etc. Bcati pcmldcrues - Locução latina que signiftca " felizes os qu<'
Barba - Aumentativo: bor~lt(a, barbarrão. estão de posse". Para reivi ndicar o direiro de- urna coisa é
Barbárie, Barbaria - T('m acentos di stintos; a forma terminada mt'lhor já t'Star de posse dela - ou - quem já está com a
t'1TI i1 provém do latim (barbáritl ), ao passo qu~ a o utra se coisa em 5t'U poder. mai s facilmt'nte dcola se toma dono.
fonnou do portuguh bdrharo mais o suftxo v~rnáculo ia, Mbedo - De preferencia com t na sílaba m ediai. Temos c6vado
sempre longo; dai a difcrcnc;a de acentos : barb4rit (acento no dt• "cúhirum". i• vc•rtlade. mas por quc· não prdê:rirmo'
segundo a) e harbaria (acento no i), blbtdo, com t, forma legitima, qua ndo com t escrevemos
&ubaria significa ac.io própria de bárbaros, barbaridade. ~btTagmc. HIHdtira.IHbtdo"ro. IHbmão!
multidão d~ bárbaros, selvageria; Mrbárit desi~ o estado Coletivo: corjo, sriàa, Jartlndw/4. Aumm1arivo: IHIHrrão.
ou condicio de bárbaro; t usado ta~m com a significac;io IHbmtu.
de crueldade. selvageria. Bebedor, kbedouro - V. coradouro.
Ambas as palavras prendem-~ ao grego bárbaro,, que sig- "Bebulorhmo" - V. bitiviorümo.
niftca "estrangdro", ou ~ja, "não grego": guerra bárbara, Bdço - Aumentativo: btiçorra. bei(arrão. bri(O(a, M(()/4.
em grego, é a guerra com estrangdros. Bd.Ja-Oor · Voz: tri.uar.
Batbatlo - t regionalismo do norre; indica o gado bravio, Bdjo - Barulho: 11ta/ar, tstaltjM.
nascido no mato ou fugido das estàncias: "Sucedera o mes- Bdra - Adjetivo pátrio: limão (fem. IHiroa,IHira1.
mo nos pampas do sul : as raças se tomaram silvestrCs, e ma- Jld canto - Expr~ssào italiana que drsi~ o canto puro, a arre
nadas d~ gado amontado (desgarrado, erradio) que ainda decantar.
hoje na p rovíncia se chama barllat4a, vagavam pelos campos e Também em português a forma apocopada de IH/o é usada
~nchiam os matos" (Aknrar. O Sertanejo. I, H ). em ~ia e em certas locuc;óes, antes de palavra iniciada por
Barbearia - v. barbáru. consoante: " Ouvirás um brl cantar". " Dirigia o espírito de
Batbfta - V. carlo/4. el-rei a 5t'U bel-prazer".
Bara - Aumentativo : barcaça, barcão. Bdém - Adjetivo pátrio: IH/emita. bel~.
Barc:o - Coletivo: V. navio. Bélgica - Adjetivo pátrio: btl&a. Q..uando primeiro elemento de
Barirono . t adjetivo que em gramática desi~ as palavras adj etivo pátrio composto, assumc a forma IH/gtl-. b1/go-suic;o.
que não tem a última silaba acentuada. Bdla mirribus detutata . Locução latina que significa "a
" Buobe" - A forma porroguesa t 8arou. guerra dett'SQ.da pelas mães". Ninguém mais do que a.s mães
Bana fon - V. ~ mejMa. sofrt com a guerra: é pensamento de Horácio.
Banepo - Feminino: IHarr~gã. Bdo - V. rtdo(ào.
Banip - Aumentativo: barrigtmlla. barrigão. BciYedcr (érl, lldredtte (~ - Br/JJtdn, com a sílaba final
llaJedo-riano . t melhor que haMd6viro. Ambos os sufix.os indi- tônica aberta, é nome próprio de lugar. 8tivtdtTt, com o
cam u/acão, mas ico de prefermcia 5t' emprega em no mes acento tônico, fechado, na sílaba de, proveio do italiano e
Bicolôr 39
lL'ffi uso internacional; indi~ proemmencia q ue ofcrec~ brntficmse. Toda.• as palavras que em latim termintm em
'isu panoràmica; é seu sinônimo o legitimo português mi- dicw, volm eficus, assumem a ronna dicent., vol.mt e fiam para
radouro: lugar elevado donde se mira. V. co.adouro. a derivacào. Atresddas estas tcrminacões temáticas de sufi-
llon - Elemento que exige hífen ames de palavra de vida autô· xo , dào-~os dt"rivados em t 11li.a e não ém ientia, adjetivos em
noma ou quando a pronúncia o exige : b(m-casado, bnn-aven· ttiS c não em irns, advérb ios em enUr ou em ~e não em intllr
turado. nem em it: 1114Údicmtio, maled"ms; bmrvolenlia, btniooltm;
t o hífen um dos si nais mais anlipáricos da nossa escrí ra ; magni.fiantia, magnificenter; mwufict'nlia. munífice.
enquanro o espanhol procurou eliminá-lo (chegou a tirá-lo Enquanto hm'.ftcincia e benefiu7Ue vbn direramente do la-
na êndise: pa7Wrif. origiMm, m(ranos, senti m.or10s. pruibalo. !itn brotficentio e btnéficrns (por· sua ve2 provenientes de btni-
díjtll. Jíguele). nossos malfadados acordos ortográficos puse- ficw}, deficiincia, if<Cirncia, sufiútnáa e as correspondenrt"S
ram- se a c: laborar regras e mais regra;. rebarbativas, compli- formas participiaís deficimú. tjiátnt.t. suficimt~ p rovo?m de
cadas, enervantes; tão rebarbativas que os mesmos vocabu- palavras latinas formadas por prefixa<;ào; não derivam,
lários o ficiais ou fogem da dificuldade que os próprios autO· corno as do verbete, de adjetivos em ficu s, senão de particí-
res criaram (Os aur.ores dos vocabulários oCiciais são os mes· pios presente~ do; composros de facio (dejioo. efftcio, sufftcio).
mos relarores dos acordos acadêmicos) ou se chocam (Os Digamos e escrevemos sempn.• "chá btruficmte", " Bmrfi-
vocabulários são poSteriores às reuniões acadbnicas, às clnCUl Porruguesa", para que erro nio cometamos. V. JNln·
viagem, aos ... acordos). Veja-se o que se passa com o elc- un(a.
mc:mobem. Btntlico - Superla!ivo sintético: benejicentÍJsimo.
A tomar aqui espaço com maü linhas de <:ritica, é preferí- Benévolo . Superlarivo sintéüco: benevole11Liisimo.
vel pedir ao leitor que abra os vocabulários oficiais dos dois Btngali. Bengalim - São variantes - oxítonas. de bmgalh.
sisu:mas - do de 48 e do de 45, do Brasil e de Ponugal - Bwq~. Bmquerer- V. mal4star. V . btm.
e neles veja estas incongruências e dificuldades: bnn-dittr. Bento . Bmdttlo, Benito, Btnrdictr~>, Bmoit devem ser traduzidos
bmdiur; btndito, bem-ditoso; btm·qUL'rer, btnquiJlo (benqutrtn(O por !Jmlo : São B~nt.o, Btnl.o XV. DoJtl Bento. Benediúi é nome
nenhum deles traz). popu lar, brasileiro. com o seu santo homôni mo "São Bene -
Para t'Vitar que alguém diga br-ma-vmJurado e para qu~ diw".
não apareça o condenado grupo 11111 - cond~nado pdos B~a - Adjeüvo párrio: bttkio. V. gmtilico>.
rela.t orcs, entenda-se - é que somos obrigados a enfeirar Berbtte, Berbma - Acenrua·se btrbére o nome designarivo do
praticameme todas as palavras que conle<am com bnn? natural da Berbcria e da sua língua. Btrbtria tem o acento
CoMsco t: pronunciado cõ-nosco c se escreve como se a pro - tônico no i. V. Etiópia.
núncia fosse cô-nosco; o mesmo argumento que nos obriga a Berc:-bc« - É a dcsignacào d<" cena doen~-a encomrada em
grafia btm-nado deveria obrigar- nos a grafia com-tWJco. A alguns pontos da Índia oriental e do Brasi l, caracterizada por
..exi gência de pronúncia" f morivada pela deficiencia de es- paralisia , hidropisia ou convulsões. Nào é do português o i
colas, c a defici~ncia de eseolas não é com enfeites nas pala - final átono, r.ree«<ido de consoame. Foi-se o tempo em que
vras qut• se elimina. V. mai> btm; V. vão mtlhor. se escrevia ' in conrinemi" e dia haverá em que todos irão
Bem, lkns . O fato de trazer o seu dicionário, no verbete brm, escrever ponuguesmemejurt (como ji o faz Laudel ino Frei-
que a palavra no plural significa "o que é propriedade d~ re), ltJXL, lilburt, btrt-btrt. a não ser qu~ sempre renhamos de
algut·rn ou lhe pcnence; pos~ssão; domínio" não deve enfeitar essas palavras com accnros: bin-btri.júri. t;ixi.
fazê-la pensar qu~ só no plu ral deva ser usada com tal acep· lkrgantim. V. brigut.
cão. Se vários forem os prédios, " bens de raiz" >e chamam ; Berna - Com a final, é a forma correta e já an tiga de grafar o
se somente um, o prédio será "bt•m d<:> rait". Se a penhora nome da çapit:al da Suíça e de um seu cantão.
recai L'Tll um único bem, "bem penhorado" será a única ma· " Berne" · 11. forma porruguesa ~ BtrM.
neira dt" referir-se a de. Besta • Aumentativo do adjetivo subst:anrivado: btJial.hão. b~s­
Bem-avcnrurado, B~m-aveotura.nça - Jamaõs pronuncie " be- larrÕ.IJ, bestamn..
mavcncurança", "bc- maventurado". Muitas das letras de Bes~ (arma amiga, que se pronuncia béJta) • Não confundir
no~o alfabero afastam-se, na composição de sílaba$ e de com beJLa (quadrúpede).
vocil>ulos, do som que possuem isoladas no alfabeto . M>irn Bestei ro . Tem "c" abeno a pi~lavra htJia na acepção de "arma
é q ue o m , quando posposto à vogal que ele modifica. trans- antiga de arremesso, consisrcncc t'm um arco de ac;o ou de
forma-se em mero sinal de nasalização; em com, b=. o m madeira, cuja cordaS<" rete,...va por meio de uma mola, e que
pode pcrfei1amente ser subsritoido por til, símbolo do som disparava pelouros o u se~a", mas o derivado besteira cem o
nasal : cõ, bõ; embora e tempo rcrão o mesmo som se grafados "e" fechado por ser átono. Se pronunciamos lévt, não pro-
iiJOra. tipo. <' assim já M' t·scrt·vt.T".uu em ten•po>idos. nunciamos livitino, se pronunciamo s ÚTJJJ, não pronuncia-
Bem como · " Bem como". "'assim como" $à O locu~ões con- moslinúra.
jumivas subordinativas: "Filho és e pai serás, asrim cVIM fi - llet:ânia . V. Etiópta.
z<·res, a;sim acharái>"- "Bem como (ht·nzeu l aJos<·. henza-mc Betsaida · V. Aída.
a rn inlu. Bi - Prefixo que se j uma sem hífen: birrtjriJ(Õ.o, busttrit.
É de imponància obsen •ar o seguime ; Quando dois sujei- Bibdô . V. tkrivados franustS.
tos de um mesmo verbo vêm ligados por essas locuções con- Biberão . ta transliteração do fra nces bibtro11, que outra coisa
juntivas, o verbo fica no singular: " Pedro bem como Paulo não é senão a nossa mamadeira.
JOube a lic;ào" - " O sol assim como a cari<.lade pr()(;Ura ..." - Bicho · Aumemativo; bichaco. bichõ.o, bicMroCIJ. bic/w.trâo.
Se, nest ~ ('xernplo, a o rdem foss~ esr:a: "A.!Sim o sol como a Biddcta • Btcicl.tta muiro bem tlcaria t>ntrt' camta. multto , hi>·
caridade" - o verbo iria para o plural: " Assim o sol como a toritta. go.jttJJ, c:anttJJ, m<mtla, makta - ma s a i não a colocou
caridade procuram com o a tivo dos seus inOuxos unir e con- o povo, e gr.unáticos é que não terão forc;as para. fazt-lo.
greganodas as coisas" (C r. Mer. §5 71, n. 5). Consagrou-se a pronúncia biciclila.
"Bem-fazer . V. mal-tslar. V . bem. Bico - Aumentativo: bicall{o, além do usual bicão.
Bem mal . V . mtúlo pquco. Bioolõr, Tricolõc, Tccnioolõr, " Agfàcolõr", "Tupicolõr" - As
Bem-querença, Bem-querer. V. btm. V. TIUJI-tslar. cores estão-~ prestando para anúru:ios e para erros, já em
Benedito - V. Bmlo. locu~ões já em compostos. Color, com o acento tônico na
Bendid ncia, Bcoc:fia:me . Se palavras há terminadas em sílaba final - colõr- é palavra que existe hã séculos na lín-
citnâa. citnle (tjici.lncia, eficiente; Slljiciincia, lujiaentt; comcilncia, S'-'a portuguesa <" dela são muicos os derivados ; se tm tem-
comcitnú), outras existem q ue não podem trazer a vogal i pos idos era usada por "cor", continua a existir na mesma
nes~s u•rminacões. Não vale dizer que o i da sílaba final ôa forma gráfica e com a mesma ron icidade na acepção de
palavra b~ficio justifica seu aparecimento em bmtfictncia, omaro, adorno, e na locução "sob color de" (a preu:xto de,
40 Bid~ Bitínia
sob a apartnda de). doze:- ztros em vez de:- nove: J .000.000.000.000.
U$ada ou não em nossos dias na forma simples, não se Biliar, Billúio - "Se se diz "vesícula biliar", por que se dit
justifica a mudan.ça da sílaba tõnica em compostos. Em v~r­ "cálculos biliários"? "Qual o certo, qual o errado ?"
dade, sem~re dissemos, c locutor nenhum deixou dt· assim - Cerras a mbas as expressões; a coexistência de adjetivos
acentuar, ' lápis birolôr", "camisa tricQ/ór". O domínio <.la terminados em ar e ário não ~limita ::1 esse caso; outros há
técnica estrangeira. a riqueza de criações industriais de ou - que em nosso idioma perduram com essa dupla forma : lws·
tros países, a superioridade de recursos para a introdução de pita/ar e llospitalário; centmar•.cmltnário; mi/mar, miltnário;fomi-
comodidades sempre vt'm acompanhados de nomes em for- liar.jamiliário- além de outras palavras de valor caxronõmi -
ma gráfica e prosódica da língua dos países de origt'ln. Não co diverso: tiLlllicuko (adj.l, clauiCilláriO {subsr:.); lunar {adj .l,
pas~m t'SSes nomes por nenhum cadinho, por nenhuma lunário {su bst.l; Mvrcular !adj .l, nauicul<irio (subst.).
joeira; sem crivo nenhum. passam el~, sim i~ c descarada - 8ílis - V. bilt.
mente, dos folhetOs, dos pros~tos de propaganda em língua Bi~ - Fc:-minino: biltra.
~soranha, para os microfones das t'missoras e para as colunas Bimensal. Bimntral - V. mmJal.
dos jornais sem nenhum respeito ao nosso idioma, sem o Biop5ia - O acento deve ser no i da terminação. A palavra foi
m~nor cuidado de adapr.a.ção ao que é nosso, c::om desprezo criada dentro do português. dos elc:-mentos gregos "bios"
compkto ao que deveria wr base e expoente d e ci vilização de (vida) c ''ópsis" (vistal e do sufixo vernáculo "ia", sufixo
cuhura : o vernáculo. este longo.
A menor desculpa seria distruào. Não nos distraiamos, O segundo elemento grego i: o mesmo qui' entra no vocá-
pois; se o locutor pronuncia ~etidas vezes lrirol6r, por que bulo ruc:ropJia, de igual acento, de significação contrária :
~.- sai de cambulhada com "tupicólor"? Um pouco mais de necropsitJ = ab lacão de tecidos monos para exam<"; bwpli!J =
att"ndo, <" o hábito da pronünó a cena se fixará: ~coldr, tri- idêntica operação de tecidos vivos. V. Etiópia.
colôr. incolor. multicoldr, tu:nicoldr, agfacolôr, tupicolür. Biótipo - Por se:-r breve o y (i na onografoa oficial) do elemento
Bid~ - ·Fo rma aportuguesada do franct's bidel. V. dfrivado.' typo, todos os compostos que _por ele t~rminarem serão pro-
frant'·"·' · paroxilo nos: biólipo, genólípu,jen6lipo. jn'(){Óiipo.
Bieiviorismo - Como do ingl~s "lunch" tivemos lanche, de Biraponga . V. araponga.
"l~ad~r" líder. de "football" futebo l, o u seja, como devemos Birigüi - Nome de cidade, com trema e sem act'mo no i tônico ;
vestir com roupa nossa as pa lavras estrangeiras que entram ou faz parte do digrafo gu .
em nosso vocabulário, lnriviori.mw é o apor tuguesamento Bis - Advérbio la ri no{= duas veres; ('111 dobro), u sado em por-
aconselhável para designar a dourrina que consiste ('111 julgar tugu~ como substantivo, com o significado de " repetição"
que a psicologia deve ba~ar-se somente nas ob~cões e {"A platéia pc:-diu bu") o u como imerjeicio, com a significa-
nos conceitos relativos ao comportamemo e exduir todas as <;ào de H outra vez.,.
refer~ncias às sensacõts, semimenros e imagens e ainda ao Bis dat qui cito dat - Locução latina qui' significa "duas vezes
próprio pensamemo quando não constitua im plicitamente dá quem dá depressa". É mais reconhecido o beneficio re-
um comportamento. cebido na hora do que o tsperado.
Em V('2 de grafarmos l~tras nossas para ,;erern pronuncia- Bisão - Voz: berrar.
das à inglesa, de estamtoS a mett'T emre vogais um h inexis- Bisavô - V. lri;au6.
tcntt em nosso sistema onográllco <" de estarmos a cri mino- Bisc:uí -Transliteração do francês biscuit. Corrtsponde-ao ita -
-..Jnwnt<· asp irar· ('sst· h. fac·amo> a transliterado do inglt's liano biMotto e ao nosso biscoilo (lar. bis, duas vezes, mais cod UJ,
" hc:ha,·iourism" (0 • am..ricanos ('Scrt'\'l'lll "b<'haviorism"l cozido!, ma,S a forma francesa conq uistou terreno no tcato
da mt·srna forma qm· a ftzt"mos para as que acima llca.r am da porcelana.
dada, por (·xemplo~. Bisneto - v . lriS4võ.
~ a palavra estivesse sendo escrit:a com as mesmas lt'lras 8 ispidda - v. marilicida..
da originária inglesa e pronu nciada à portuguesa , o utro Bispo - Coletivo, quando reunidos para decidir pontos de
r,rocé'dimemo deveria S<'r aconselhado; escrever porém doutrina : roncílio. O co11cf/io diz-se ccumtnico quando com-
'bc haviorismo" - já c:xistern dicionários que trazem a pala- posto dos bispos de toda a cristandade e presidido pelo
vra - e pronunciar "bihciviorismo" à inglesa, como fazem papa. V. dum.
o s proft'SSOres de psicologia, conhecedores que são todos Bissexto - Os la tinos não contavam os dias dos meses como
eles de inglês, não condi1 nem co m o nosso tradicional com- nós, numa série con tínua, desde o primeiro dia até o fim;
portamento, nem' com o comporl3JTl('Dto do p róprio inglk tinham t'l~ rre~ datas ftxas nos meses, das quais se St'rviam.
(Passaram a escrever "Sumatra", com u , para que ..( obri - como ponros de referência para a conta dos demais d ias.
gassem a ler a palavra de acordo com a pronúncia ponuguc· As datas fiXas t-ramas calendaJ, as IUIIUU e os idas.
sa Samatrll, com a, como sempre se escreveu c como se devi' Para o nosso caso, basta saber que as calendas indicam o
esc:rc::vt-r em nosso idioma a palavra) e de outras línguas primeiro dia de cada mês ; " Kalendis Martiis" vem a ser
quando têm de importar p<l lavras nossas. Complicar-se-ia o "dia 19 dt' mar~o". Partindo dessas datas ftxas, os latinos
C3$0 se a pala•Ta se prendesse a nome próprio, mas t'sse não contavam os dias regrtssivamtrtlt ; pelo que, tratando-se do
é o prescmc, que só nos o briga a que sejamos coerentes: ultimo dia de fevereiro, diziam eles "o segundo dia a contar
bititJiOrilT!UJ, hitivi(JTiJla. regressivamente das calenda.s de março.. , o u seja, "o dia q uc:-
Bife - Bar ulho: rtehin(JT. a ntecede as cal~ndas de marco": " Pridie Xalendas Manias".
Bilboquê - É o nome correto do brinq uedo con~istcmc em O penülúmo dia de f~eiro era, para os latinos, o ltTuiro
uma bola de madeira com um furo, presa por um cordel a a co ntar das ca.lt'ndas de marc;o ("ten ius dies ante Kalendas
um cabo pontudo em que da deve encaixar. Manias"), c assim por diante, sempre regrtssivarnente, atê
Bile, Bílis - Con~uamo a forma usual de designar o liquido se- chegar aos "idos", outra data fixa do ml's.
gregado pelo h gado seja bí/i,, é de elogiar quem escreve bilt Acontece, po rem, que os latinos, no ano bissexto. não
- e hã até dicionários que o fazem -com a mesma tcrmi - inseriam o dia, que se deve acrescentar, depois do dia 28 de
nac:ão em ponuguês de outros dissílabos parissílabos la tinos ft"Vereiro, como faxemos nós, mas depois da. dia 24 desse
t('TTTlinados em is: cúw.e. n<rll<', mie. glandt, aw. mes~. jtbrt. mês, e corno o dia 24 era o " sexto" ames das calendas de
torrt, losw. vidt, crise. mar~o. o dia acrescentado (sempre na ordem inversa) era
Bilhio - Enquamo em português bilhão equivale a mil mi/JrMs chamado o "St"gundo dia s<"Xto", ou SC'ja. "bis uxlus diesantt'
{1.000.000.()()()), quem traduz alemão, espanhol e inglh da Xalendas Manias'' .
I nglatttra precisa estar acento, porque nos países desses Dessa maneira de contar os latinos os dias do ano dt' 366
idiomas o bilhão com=spondc: a um miJJuio dt mi1hiits, ou seja, dias é que adveio o vernáculo " ano ~ssexto".
a duas vezes um milhão. <' o númt'ro se escreverá enrão com Bitini.a- V. Árqu1<2 .
lúaque Bonomia 41
llittque, Bivaar - Su bstantivo e \'ttbo muito ~pl'('gados na esra for idt-m ica, idhuico deverá str o acento, qualquer seja
linguagem militar, aponuguesamento correto de corTespon- o sentido : A botmúz t uma região esrrati-gia. - Passamos as
dentes formas francesas; uma forca em marcha faz /Tivaque férias numa indizível hlllmi4. V .jlbridc•.flbridc.
(ou hiV<~CJJ, verbo intransitivo) num lugar, isto i:, pára e acam- Boi - Coletivo: armenli~. llrmmlo, mantida, marMt~ba (quando em
pa ao ar livre para passar a noite: " Ficamos /Tioocados num manadas), pcnta (de gadol,junw ou àngel (quando são dois
campo de futebol". no mesmo jugo). Voz: arruar, btrror, bramar, mugir.
Bizarro, Bizarria, Bizarricc - Age com biumia quem o fu com Boicotagem, boicotar - Provertien re do nome próprio irlandês
gmtto>idade, com gaUUJrdía. Biumia é ainda sinônim o de bra- "Boycou", boicolagmr é mai s usado que baicote (ó) para indicar
vura. tanto o empl'('go q uanto .o próprio ato de boicolir.r, forma
Bh t!TTice yarccc ser a palavra preferida para indk.ar osten- verbal esta também mais usada que baicotear.
tação. bauijia. Biwrro, adjetivo, indica bem apmoado. garb0$11 c, Bol.bo - V. bulbo.
ainda , gmtroj(), libtral. Bólide - O fato de uma palavra grega ser paroxítona não signi -
Blague - De cxtirpac;ão impossível do idioma. nele entrou com fica que igual acentuação deva ter em portugues ; graves são
significado não condizente com o de palavras nossas (chala - as conseqOências desse modo de pensar. O acento, em por-
ça, bazófia, balda ... ), principalmcme na txpressào consagra- tuguês, segue as regras do larim, que se ba.seia na qua núdadc
da "fazer blague". da penúlúma sílaba ; quando esta sílaba é breve, o attmo
Bbsonar - Grafia correta tanto para ind icar ornar rom hra.siío, recua, ou seja, a palavra é proparoxítona.
quanto rulmltlr, alartkar. É seu érimo, ~ndo We-bstcr, a É o que se dá com b61ilÚ. Não obstante ser em gr~o bolí-
rorma teutõnica blruon, de que proveio o am igo inglês c o dcs, com acento no i, é em laóm bófidis, com acemo na sílaba
antigo frnnc~s bkuon, hoje em inglês escrito com:. que tem o inicial, por :oer bi'('Ve a penúltima. Importante é observar o
COITCJato b/au. gênero dtssa pala,n: i: feminino ; quando designar o "corpo
Blefe - Forma que precisamos aceitar (o " e" tô nico 1: abeno) celeste que cai sobre a terra com grande velocidade e com tal
como aportuguesamento do ing-lês bllljf. A pronúncia do temperatura que o faz luminoso", diga: a bólide foi vista. caiu
it•glcs (: ou1ra , mas a rranslitera~-ão já se consagrou e dela umo b6Jide. V. acmluação.
temos o usado verbo bkfar e o derivado blifadol'. Botivar - Q.uer próprio, quer comum para indicar a moeda
Boa vontade, bom gosto, bom humor - Bom humor, mau /tumor, venezuelana, o nome tem o ac~lto tônico no i, onde perma-
bom go11o, mau go$10, boa uontade, má wnladt, boafl são em por- nece também no plura I: bolivar, bolívarts.
tugues ~prcs~ que se consideram substantivos compos- Bom - Superlativo sintético: ótimo, bonúsimo. A segunda fo rma
tos {burm-hurnor. bom-gosto ...); quer isso dizer qut, em frases assume a significac;ão de "de boa índole", "delicado", "ca -
comparativas, o maiJ não poderá fundir-se com os adjeti\'OS ridoso".
bom, boa, mau, má, que antecedem esses nomes; diz-se. então ; Bom sucesso - v . suet1!0 ou bom suaJS()?
lllllÍl mau /tumor, moiJ má vonlatÚ. maü boa ft. 171(/Mr boa fi, pwr Bomba- Barulho: arrtbmlar, ts/Quro, tsLOUTar. rstranda, tstrundm.
má vonllldt, mL/Mr bom grulo. Erro cometeremos se di~os: tslrOTIIÜor.
"Tenho me/Mr vonladt" - "Tem de rM/Mr gosto que eu" - Bõmbix. Bômbict - Como aconteceu com etíiL~. apin.dix c
porque o que se pl'('tende considerar ( a boa vonJade, o bom ourros nomes terminados em ix e em tx, a tendência é passá -
gosto, e não simplesmente, a vonladt. o gosto. v. muito. los a graf.u com ict átono final : ,áf,·u, aplndic•. índice, síbct,
lloblna - V. carto14; V . alwit; V. vitrina. bõm/Tiu.
llobona - V. poltrão. Bombo - Conl "o" na primeira sílaba (do lat. bombum, ruído,
Boca - Aumentmívo : bocaça, bocarra, boqueirão, bociio. barulho) é a forma que devemos usar em lugar da popular
~ecbar - V. vlxo. com u.
Bodas (ó) - Palavra que também s<- t'!llprega no singular Bombocado - Por que hílcn, se temos bombordo sem esse c:nfri-
("A boda e a hatizado não vás sem ser convidado" ), geral- te? Por que h itt-n rm hMt~-paur;r (nome de planta) se rt·rnos
men tl' ( cncon rrada no plural (" Boda> de Can;í") para indi- sem ele outra planta com o nome de bonduqt~~? Só porque
car festa ou cdcbra(ào de aniversário de ouam<'ntO, dt· or- veio do francês? Bom-- (outra planta}, com hífen, para
denacão sacerdoral, de sagração episcopal. obrigar-nos a nasalar o "o" de bam? Mas a grafta oficial
o ''o" tem som fechado: bõda. /lõd4s. não é conosco, sem q ue ninguém p ronuncie co-nosco ? É
Conforme a q uantidade de cada 'ó nco anos que se come- patente a incoerência da ortografia oficial. O hiftn, como o
moram, as bodas r~m dcsigJJac:ão espeóal: circunflexo nos homógrafos fechados, constitui manifesta-
5 - de madeira ção oficialmeme obrigatória de nossa dificuldad(' de ... lei-
lO- de estanho tura. A làJta de esco las e, conseqüen(emente, dc livros q ue
15 - de cristal ensinem a ler é que t culpada desses enfeites q ue dificultam e
20 - de porcelana ridicularizam a escr·ita dos poucos brasileiros que "sabemos"
25 - de prata escrever- ·
80 - de p~rola Se o plural f: bom/JI)(ados (um prato de bomhl)(ados), como
85 - decorai escrever· a palavra com hífen no singular e c~uecer a flexão
40- de esmeralda do primeiro clemtnto no plural? Ttmos o plural "bons-
45 - de rubi dias" (nome de várias plantas), é verdade, mas ai o substan -
50 - dcouro tivo já tem essa fonna única, pluralizada, e era realmcnre
75 - de briUJante "bons dias" que em ou rros tempos em pon.ugu~> de lei se
~ - Voz.: berrar. bodtjor, g~J.{,!Ujar. dizia.
~ia - Nome de uma das panes da Checoslováquia, passou, Bombom - Grafia normal; o plura I é bombons.
por analogia à vida errante dos ó ganos (gente de vida livre, Booa fide - Locução latina que significa " de boa fé": Ele agiu
descompromissada da sociedade oficial, q ue vinha do cenrro bonafide.
europeu, da Boêmia, tomada como p onto de partida das Booacbc:irão, bouacbc:irona - V. poltrão.
migrações zlngaras), a denominar a vida despreocupada dos Bonde de bUITO - Por q ue a c:xrravagànóa de "bondt a bur-
literatos c artista s parisienses (bohlmims). ro"? São Paulo teve o seu tempo de "bondes de burTo'
Nenh uma razão poderá justificar a mudanÇ:~ de acem o. (bondes pUXlldos por burro) como teve o de "carros de boi" .
Se, por exemplo , tornamos da pa.lavra bohi/6nia não para Não v(nha, senhor redator, dizer-nos amanhã que São Pau-
especificar a cidade da Cald~ia mas para determinar a confu- lo tinha "catTOS a boi".
são reinan te num re(_;nto, nem por isso o acento inl. deslo- Bondoso - V. smúnimo.
car-se para o segundo i. Não i: a mudança de sentido que Boué - V. derivadru.fronctse$.
ckttnnina a mudança de acento, mas a etimologia; quando Bonomia - Não confundir com bohnia, que erradamente ainda
42 Boodontia Brasileiro
se ouve "boemia" . Bonomia, de origem francj:'sa, d eno ta o :Bouba (doenca) - Não confundir com boba, tola.
modo de agir que indica bondade, ex~ma credulidade. "Boudoir'' . t toucador em português.
Bobnia significa estroinice. "Bouquct" - Seu largo uso obriga-nos a aporruguc:sar a pala-
Boodontia - t a forma aconselháv(l para indicar a moderna vra: bwpJt.
atividade veterinària. Do grego botü. boós (boi) é que devemos Box, Bo•c • Laudelino dá a fonna box para todas as acepções:
tirar o radical para não incorrcr em hibridismo. lim ita-se ele e-m "boxe'' a dizer: " O mesmo que box". Ou -
Borooleta. Coletivo: panap.uuí. tros bons dicionários, como Aulete e Melhoramentos, con-
Rocdalesa . V. tarliJ!JJ. signam somente boxe.
" Bordeaux" - O nome portugues desta cidade francesa é Bor- Conqua nro pouco adotada, essa fom1a com e final traria
diu$ . a vantagem de facilitar o plural: boxes. Para a forma box, o
.. Bordereaux" - Palavra francesa que deve ser traduzi da, con- plural, a semelhança de tórax, é invariável.
fomle o caso, por ~. rtlaJórw. rrgiJtro, conta. boktim. rol. Bracelete · Não obSQ.Ote em e<panhol ser e$0Íta com a na se-
=/M- gunda sílaba, a palavra nossa, talvez por influência do fran-
Bocdo (ó ), borda (ól, bordo (ó ) • Exist<"m as rres palavras. Com c~s "bracele~"., é escrita com <: bracelet<.>, com o "e" cônico
''o" aberto e masculina, temo- la em "bordo dum navio", fechado.
expres~o de marinha, internacional, pois bor.do existe em Braga . Acljerivo pátrio : brawrenst. V. brasilmse.
espanhol e em italiano, bord no franct<, bort no- alemão par.t Bragança • Adjetivo páu·io: bragancão. bragancano. brigantiTUI.
indicar o lado de: um navio; " o bordo do vento" (bordo que- bragt.111tirao.
eslá do lado de que o vento sopra). "virar de bordo" (mudar Brandir - V. abolir.
dç rota}. "navio de a liO bordo" (na,·io de longo curso, por Brando . V. alugtUI.
oposit:io aos pequenos navios, que se chamavam de baixo Braquia • O vocabulário da Academia de Li~boa , cuja elabora-
bordo), "ficar a bordo" (demro do navio), "fazer bordo" cão foi dirigida por um hf!lt•nista, traz llraquia. paroxítono,
(abordar), "fa~er-se em OUlro /JI;rdo" (figuradamente, mudar no que foi seguido por Vasco Botelho de Amaral, que modi-
d<' conselho, de pa recerl. ficou, no rever o Aulete, a amiga acentuação IJráquia, encon-
Borda, com "o" 1.1mbém abeno mas feminina, é palavra trada em c:diçôes anteriores e adotada por Ramiz Galvão,
que significa h•ira, orla, limiw duma superflàt> qualquer: Saraiva e Laudelino Freire. O acento paroxítono !braquial.
"a bordo. da mt'sa", ''as bordtU duma chaga", " ... um rio de justificivel pela forma adjetiva femini na do grego, parece
tanta água, e tão clara que, quem p<'la bordo. caminhava po- que ir.i fixar-se.
dia bem contar o s se-ixos alvo~ que no fundo pareciam". Braquiópode · V. ápod<.
"a casa fica à borda do caminho", "o copo esrá cheio a ré as Brãs - Com s em português, em esp:lnhol (Blas). em francês
/)(Jrdal". (8/.aiJe), porque com J é o étimo latino BU.u'nus.
Bordo, com "o" fechado, dicionários e vocabulário$ dizem Brasil . Po r motivo de fidelidade à tradição ou, talvez melhor,
ser "árvore da familia das aceráceas, e ainda - agora em de fuga a novidades, o inglh escreve o nome de nossa terra
Trás-os-Momes - o mi.'Smo qul' bordado. como fazia ames mesmo d(' nos conhecer c como durante
Borgooha . Adjetivo pátrio : bargonhão, borgonhh séculos fizemos também nós, com <.. Parece coerente no pro-
lloróro- O sinal diacrítico sobre o segundo "o" nio é exigido ceder, porquanto com J escreve brasiltlt c: braJilttto (Any of
pelas nossas regras de acentuação; aí o:-srá para indicar que various tree-s of the genus Car>alpina. esp. C. vtncaria), uma
nessa sílaba é qut> cai o acento tônico do nome da sempre vez que com s recebeu essas palavras, a primeira do <.>spa-
mansa cribo de índios trazidos à civiliza~-ão pelos missioná - nhol, a se-gunda do italiano. t o que se dedu~ do Webster,
rios salesianos, que com os próprios índios apr<.>nderam a q ue mostra ser a palavra já anterior ao ollcial descobrimento
sempre pronuncia r bo-ró-ro. bo -ró-roJ. d e Pedro Á h-ares Cabral.
Nada tem a palavra que ver com ltororó nem com o homó- Se o Brasil fosse habitado só por baianos, talve-z e-stiYéssc>-
gr.tfo q uc- dc-)igna um cipo dl' ' '• :ado tamUém chamado ca- mos ainda hoje e~cn:vt·ndo o nome de no»a tcrra com <
mo<ica. (Q._uem nio quis tirar do nome do seu estado um esqu istm-
Borro (õi- O...signa~io de- carneiro de um a dois anos de idad<': sornático h condenado por lei geral não iria concordar com
tem o feminino b6rra. troca <k !cera no nome de sua pátriai, como fazem ingleses,
Bossa, Roça • Com dois ss, a palavra tem vários signifk.1clos, celta) e irlandeses, que não estão nem para trocar nem para
re-lacionados com salilncia: incha~·o. galo. corcunda, d«:va· dcsprc~r ktra nenhum a de palavras recebidas do latim, do
~'ào, cubo de héli ce, cubo de roda. protuberânci a de ossos grego e do ... ponugu~s.
do crânio. Do último significado decorre indicar a palavra Se em atenc.:ào ao élimo já corrigimos para Brasil, não co-
aptidão, dupo11(Õo. propnt>ão: E~w homem não !('In a bos.I(J m<'tamos o erro de com t escre-ver os cognalOS bral4. braseiro.
do nl'gócio. abrasar. braJido.
Com c cedilhado, Í' nome que se dá a mui!Os ca.l>os. c ao Adj~tivo pátrio: brasiú.iro (brasilense, brasl lio, brasilico).
pedaco de corda a que se dá um nó para conservar uma Brasileiro . Pergunta que freqUentemente se faz e dúvida que
amarra na mesn);l posi ção. É muito u~da então a pa.lavra no não menos raro se padece é esta : Como preencher, numa
pl ura l. pois frcqOe-mememe indica conjunto de cabos para ficha ou documento em que se discriminam os dados identi-
dc:terminado IIm : bO(a> tia àn mra, hoc:a.r uo turco. boca> da ficadores de uma pessoa. o que pede a nacionalidade? Se
\ffga. home~ como e~ver na frenH' da palavra " nacionalida-
Bocão - Coleú~o, para indicar conjunto de botões para qual- d<.>": brtud•iro ou branklra ?
quer peça do veHu:írio, abotoadura : quando em fileira : tllTTti- Co•tstitui o caso presente legítimo exemplo de silepse, pa-
ra. lavra que designa a concordância não com o termo expres-
Botar . No 5('ntido de lancar fora. atirar. txptlir. põr-lt a. i: lí- so. mas com outro latente, isto é, oculto, mentalmente su-
dimo português; nessa acepção tem o italiano o verbo butta- bentendido. Po r outros nomes é tal concordância chamada:
rr: /rullort aterro, lançar por terra . semiórica, lógica, latente, anormal, mental - nomes que
O homônimo botar (tomar boto) nada que ver tem com o denotam operar-se a concordància não com a lerra, m as com
caso: "Botar a t-spada" (tomar a espada romba , sem gum<'). o ~írito, com a idéia da frase. Etimologicamente: silepse é
Com a significação de pôr. colocar. "é de uso menns poli- sinônimo de compreensão, c essa si nonímia ('Xplica, por si,
do", na expressão de Aulete. Frases como estas: Vá botar o a particularidade- sinlát ica.
café no fogo - O menino botou o dedo na boça - 1\-(aria Se de homem se trata, brtUiltiro, no masculino, i: que se
b.;Lou a mesa para o jantar - somente em família se pt'I1lli· deve consignar. Brasikira, no feminino, tão só quando de
tem. mulher forem os dados.
Boci,Po - " Bo tijão" de gás é q ue se deve diur. V. "bujão". Não haja nisso admirado nem se veja rebeldia. À pergun-
Buenos Aires 43
ta " Q_ual o estado civil?" ningu<'m se aventuraria, pelo me- no francês {brigantin), e no italiano (hrigmllino), sempre com lrr
nos é o que pensamos, a declarar casad11 (çom "o" final), inicial. Se na prática existe h~je cerra distinção entre brigue
quando de mulher se tratasse. Estado eslá na. tlcha, mas ca.sa- e "brigantine'-', a lorma gráfica é que nos interessa observar,
dd, no feminino, se põe. porque não o estado mas a mulher porquanto a portuguesa discrepa daquelólS, por iniciar-se
é q ue se qualifica. com btT: herganlim.
Os que escrevem. ao preencher llcha de homem, "Nacio- Será a metátese provt"rúente da influência do espanhol
nalidade: /rrasileira" devem também ler a fkha desta manei- btrgante, tomado do francês bn'gan e do italiano brigante? Po-
ra : "A.lcibiades de Tal, cosado, .J I arws. advogod11. lrrasileira". derL,mos assegurar que erra quem em português escr<:ve
"Nacionalidade" esrá numa ficha da mesmól forma que briganlim? O que podemos o.bservar é que rambém o espa -
em rol de roupa ou de artigos aparece o nome da peça ou da nhol tem a forma mcratérica igual à nossa: btrganJin .
mt>rcadoria , ll("utramence, sem especificar nem exigir nenhu - Monolau, no Dicio nário Etimológico de la T.engua Cas-
ma cont'Ordància: udlana, faz-nos esta oponuna observação :
Toalhas de rosro- I De rodos modos lo que parece evidente es que en la com-
Gramática Metódica- 2 posición de bergonlt entra cl radi cal bar, radi ca l peyoracivo, el
Dificuldades Lingüísticas - I cual pasa a b", brt, bri etc., mediame metátesis de lerras y
O " I" de "toalhas de rosto" cremos que todos Icem commuraciones ran usuaks como las de la a en e y de la t en
"uma", mas o "2" de "Cramálica Metódica" poderão ler i . V lo que también parece ('Videmc es que en los vocablos
"duas" (gramáticas) como "dois" (e><emplares); e o "I" de bergar~lo, BERGANTIN, brega, /rrtg~rr, brigado etc., domina,
" Dificul dades liugüi sricas"? Não se vai exigir que se diga como idea fundamenta l, la d<." acrividad inq uieta y pertur-
" uma" nem que se diga "umas" ; talvez "um" seja a forma badora.
que primeiro ocorra (por causa de "ext>mplar"?), mas, de-se :Bromo - Do grego br6mos (mau cheiro) não seria inadmissível
a inrerpretaçào que se queira, não se poderá afirmar qut> a variante brúmio, mas a primeira forma já se fixou e tem tam-
exisrt>m no caso orações complelas. com rermos definidos; bém s11as razões, das quais a principal é a de assim ter Cn·
há apenas, em fichas, em rótulos, em listas, a indicação, a rrado em compostos : brrm~odermia, brrm~opnlia.
enumeração da coisa. e não a afirmação de seu gênero, do Bronco - Prefixo que se junta sem hífen: bro11rorrogia, brorutJ•-
seu número. O a»unro, parece, não mereC<' nem decrcro, c6pio.
nem ato institucional nenhum . V. tslado civil: casada. Brunhir - V. ahlllir.
Brasilense - Entre os diversos processos tcmarológicos de que Brunir - V. abolir.
se sc:tVe o por ruguês para a forma ção dos seus vocábulos, um Brusco - f.mbora de origem incerta, esre adjetivo é aceito como
há muito imeressamc, o proce»> da dtrivo.{ào própria, que legitimo na acepção de áspero, arrebarado, incivil (ho mem
consiste em aglutinar ao tema ou ao radical da palavra uma btusro), nublado (tempo brusco) e considerado galicismo na
partícula que chamamos ~ufixo. Consliruem os s1.1fixos ver- de rápido, ligeiro (movimento "brusco").
dadeiras e inúmera~ famílias , agrupadas de acordo com a Derivada: hrú.squidão.
significaçlio que trazem à palavra a que se agregam. Temos, Buc:ho (estômago) - Não confundir com buxo (plama).
assim, para designar os habitantes de um pa is ou cidade, Rumos Aira - Não só o da grafra senão wnbém o problema
cmre outros, os sufaxos ts em~. formas divergcntt"s de ensem, da pronúncia de ropõnimos esrrangeiros é de solução incon-
do larim , que constirui a principal fome dos nossos sufixos. gruente. Deixamos a forma original NEW YORK para es-
A primeira Forma é popular, corruptela da segunda, erudita Crt'Ver NOVA IORQ_UE, e apegamo-no> a Bu<"nos Aires
e preferid• pelos vernaculistas. Assim, para d esignar os ha - sem nem de longe pensar em BONS ARES. Escrevemos
hitames da China, usamos o adjetivo pátrio c/Un(a )és; do Ja- aberrantememe AKA:BA enio aceiramos TOKIO , quando o
pão, Japont> ou japonm~. tomando-se por radicaljopon (do 1t do nome do porto do mar Vermelho é mais dlocante que
dlin~Jipon); da França, franç(a)is; de ]ava,java11ts !por in- o da capiral japonesa.
Ouência do radical jrwona); de Braga, lrracllrtnst (do latim Redatores e lcxutores não têm tempo para vasculhar bi -
Brócora). de Coimbra. conimbricmst (do larim Confmbrical. blioreca.s ; nem a isso esrào obrigados para descobrir o por -
E como se explica o ''i" em atminut e parisiense? Não se qu~ do díspar procedimemo. mas uma coisa é aceirar o s
mgane o leitor: Pari>i~ vem de Parisi (radic2.! de PariJi.i. fàtos, outra vir com irritantes, rebarbativas novidades como
Parisiorum) e mais o sufixo discuúdo; e em atrnimst o sufi>to esta que esramos suportando em ·nossas casas quando do
foi agregado ao radi cal latino ~tuni (por inOuencia do grego canal da tdevisào um lonuor despeja "bucnoçaires", desli -
Atenai), o qual radical. ainda no latim, possui a forma diver- gando o "s" do "o" a que perrence e pronunciando-o à
gente Altnot, q ue dá Attmui. orum. gringa, como consoante fricativa áspera. Se em ·Nova lorif~U
Concluindo: Acrescentando-se ao radical Bralil o sufixo fugimos da grafia e da pronúncia de origem, em Buenos Aires
mse ou ts, só poderemos ter hra~iltrut ou /rrcuills. "graruito e conservamos a grafia, mas da pronúncia original fugimos há
desneC<'ssário o "i" como liame do sufixo. Considere-se, séculos, dando ao "s" que termina o primeiro elememo do
adt:rnais. qut> BraJi/nt$f, como pátrio de Brcuil. licará distinto topõnimo o som do nosso "s" imervoc:álico. Porque Buenos
de Brosilitnu, párrio de Brasília. Aires ~srá hoje mais perto de nós e podemos com mais fàci-
8rasilíndio - Se tem os o.nurindi.o para indicar "pcnencem~ ou lidade ouvir os bonaerenses pronunciar o nome de sua ci-
relativo aos indígcu as da América", por que: não aceitarmos dade, não vamos sair dos rrilhos que até aqui nos conduzi-
hrasilindio para especificar o pertencenre ou. relativo aos de ram . Porque Pari s está dentro de nossas casas vamos passar
nossa terra ? a dizer "parrl"? Porque fomos conhecer a Sereia da Dina-
Brasllo -argemino - Bra$ilo-argentill(), brosilo-tmJguaio. com o pri- marca iremos de agora em diante pronunciar "copen -
meiro elemento na forma erudita, geralmente mais curta hague", aspirando o " h" do segundo elemcnro e separando-
que a do adjetivo pátrio normal. Enr:ra em o utros compos- o do primeiro? Porque nos ensinaram a origem do nome do
tos : /rrasilójilo.IJrasilogrojia... V. adjetivo pátrio compolUI. r,ono de Quebeque vamos deixar a secular pronúncia
Bretão - Feminino: brrtã. 'monrreal" para adotar "mõrreal" ou "momerr~l"?
Brevê - Aporn•guesamento - hoje necessário - do ffands Conhecidas que n<» são ranw Sofias vamos agora ditcr qu e
brroel para indicar a cana de habilitação de aviador. Do ori- a c:api!al da Bulgária é " Sófia"? Como passaremos a invocar
ginal frane~ os derivados portugueses brroetar, /rrtr~ti<UÚ!. Santa Sofia? Porque passamos a compreender mais os
Rrighúsmo - V. basedoviano. americanos e os londrinos vamos dizer "uóxintan", "lan-
Brigue, bergaotim - Tem os a palavra lrrigu~. adaptacào -verná- dan" ? (Washington Luiz. é ainda gráfica e soni~te lem-
cula do inglês brig, que por sua vez é forma abreviada e gene- brado. )
ralizada de briganliru. dt"Signação esra, a principio, de: certa Não cabem explicações erimológicas ao aso, nem quanto
embarcação de pirataria. A palavra perdura e cxisre também ao comportamento gráfiço nem quanto ao prosódico. A .-x-
44 Búfalo Buzina
plicação cabe à hist6r ia e ao bom senSQ, mas viwnina de fxmuir. instruir, obstruir, Cf)nJ/ituir, são regulares, merecedores
bom senso as boticas não vendem; at~nhamo- nos à tradição de cuidados apenas na grafia : possuo, possuis, possui, possuímos,
de século s ~ qu~ nos deixemos profissionalmente cq:ar poJJuú. possuem. Perfeito: possr•í, possuisk , possuiu, possuím&,
pela ar dentia da televisão. poJSUÍJitJ, po=iram.
Adjeti\"OS pátrios: partroho, bonatrm.~. ôumair~. Saibamos portanto distingui r: corulilui (presente, com
Búlàlo · Voz: lrramar. ônrar. mugir. Feminino: búfa/i:i (leite de acento tónico no u), ctmJtituí (perfeito, com acento no i fina().
bújala). Arguir exige aten<;ão no tocante aos sinais diacríticos:
Bugia- V. gentílicos. argúo, argúis. argúi. argrlimos, argaiJ, argtkm; argüi. argüi, argt'Ji-
Bugio - Coletivo: capela . Voz: berrar. ra, art~lirti, argüiria. argúa, argüillt (Assim o composto retiar-
Buir - V. ab~ir. gtlir).
" Bujão.. ele gás • Corrija-se para botijão de gás. Semclhan~-a de Q..uando o 'V' não é pro nunciado : Gr. Met. ~ 453, o.2.
forma faz com que donas de casa c empregadas usem "bu- Buq~ - Aportuguesamento do fr. bouqwt.
jão~, pab.vn imprópria para o caSQ, pois outro ê o seu Burlio . Para indicar a mulher burladora, trapaceira, a forma
significado: rolha d~ madeira ou metálica; cunha, tampão, é burtona.
taco com que se fecha o u tapa qualquer abertura. Burra - É sabido que os nomes de animai s são a miúdo trans-
Bulbo · Em francês, em italiano e em espanhol a palavra se rerídos para objetos nos quais se supõe haver deles aparên-
escreve com "u" na primeira sílaba e cs.~ deve ser a vogal de cia; tais são, entre ou tr os:
nossa palavra e derivados, provenientes de formas corres- cadlJJrro (escora grossa de madeira que sustenta o navio na
pond~mes latinas tO<Ias com u : btdbU111. búlbulum, bulhosum, calha d o estaleiro; pec;a de madeira ou de pedra que su.-
búlbinmt, bulMctum. tt'nta ou finge sustentar o peso de uma arcada). = o (pilar
Bulir · Mui(os vcrbos há da 3 * conjugação com " u" na penú l- de dois tijolos por camada ; talão de vara de vid~ira ; máqui-
tíma sílaba que passam a ter essa vogal altcrada para "o" na d~ levantar peso), bugio (bate-estacas; máquina de levan-
aooto na 2' e na s~ pessoa do singular e na 3' do plura l do tar peso), cegoillUJ (engenho de tirar água de poço ou de rio),
pt·eseme do ind icativo c na 2~ do singular do imperativo cÍÚ! (peça que na espingarda bate contra a cápsula), cavalo
presente: (tronco crn ClUC se c:-nxena uma planta), burra. de vários sígni·
Bui<J. holn . holr. l.ulimos. hulis, úolrm ; boi.-. bu li . ficados: cofre grande; cavalete para suportar madeira que
No mais, é esse verbo normal. Srguem a conjugação de ~i 5er serrada ; cabo de mezma ; bloco grande, rochoSQ ou
bulir os seguintes verbos: tJ.CUdi>', cu.lf'ir, t.!Cilpulir,fogir, sacudir, d e terra, nas lavras ou desmontes.
mbir, sumir, consumir (assumir. reaJJUmir. rwl71fir, presumir são Burrldda, burricídio - v. morüicúia.
regulares). Burro · Coletivo: . tropa, mtlllaaa, riCUJl; quando carregados:
Eniupir, por f.tlsa analogia. ~gue o verbo bulir; cra esse combwo. Voz: aturrar. omear. ornLjar, reiJusnar. tOmar, tunar,
verbo ímeirarncme rc:-gular, como regulares erd.ltt os verbos turra r. Feminino; burra , besta.
Clm!lruir e destruir (como ainda hoje são regularts instruir e
ohJlruir), mas o u so t no caso tão for·t e que só nos resta segui- " Bunátil" ·Temos palaVT2 nossa, legitimamente corada, para
lo. a expressão "mercado bolmla". Não precisamos do franà•
ÔOUT~ nem de nenhum derivado para o caso. Uma é o expan-
Canstruir e tústruir têm conjugac;-.lo própria oo presente do
indicativo e no imperati' 'O da 2t pess. do sing.: construo, sionismo bolsista, outra a atrofia do vernáculo.
constróis, con.llrói, conso·uímos, construis, conslroem. Imperati - B11sto - Coletivo (quando em cole(ào): galeria.
vo: ctmstrói, construi. Buxo (planta)· Não confundir com bucho (estômago).
Com exceção de construir e dutruir, os verbos tm uir, como Buzina - Barulho :fonjóm,fonfonO'T.
C = Q.U - V. quiJto. coisas escreveu que jamais julgou ter esçrito. V. como outras
Ca~ - Aumentativo : cab<(On'll. ciJ/I(çào. V. tmX4. Jào. V. h dora. V . na Mv' cmlrai.
Cabeça de gado - Entre as muitaS acepções da palavra cabe(a Cada - Aos o uvidos de quem no Brasil nasc<'u, conq uanto ile-
existe, de emprego comum e consignado ~ diàonários - trado ou analfabeto, csrranham frases. por estrangeiros pro-
o mesmo fC'nô ml'no se opera em outros idiomas - a de ferida s, como estas: Vou cada dia à casa dek - E1lud.o portuguiJ
"homem, mulher ou anima l considerados numericameme": cada di11.
" O jantar saiu a tanto por cabeça" - "Possui duzentaS ca- É consrru~-ão corrente em eruditos imigrantes e de corre-
beças de gado" . ção dilicil para muitos. To do o estn.ngeiro CjUe estuda o
Nem é necessária, por evidente dart""la em certos casos, a id ioma da terra acolhedora quase sem pre se guia ~lo dicio-
.espeó ficação ' ' de gado": "Comprei uma fal.t'nda de ponci - nário, para recorrer à gramática tão s6 nas dúvidas de fle-
ra fechada com mil e ttm cabeças". .xào: vendo no dicioruirio '' todo" e "cada " como sinô nimos
Cabelo - Coletivo: madeixa, guedelha; confo rme a separação: e ouvindo em construções com uns a expressão cada dia, j ul-
mt11Taflr, lral!fO. ga-a apropriada par..a roda e qualquer fra~. desconhecedor
Cabn- - " Cumpre-lhe ~uir a recomenda~ào da nossa úl tima da diferenca fundamental entre esses dois indefinidos.
carta, ob~das, no que couber, as normas da legislação Cada t certamt'nte sinônimo de wdo, ma.s é distributi\-o, e
vigeme". - No singular o verbo caber, que aí significa "vir nisw reside a d iferença de emprego. Q.uando se diz " Cada
a propósilo", conforme dá l.a udelino, ''vir por turno",~­ dia fa<;o uma coisa", disrribuem-se as coisas ~los d ias, e a
gundo a expressão de Domingos Vieira. co nstrução é ponuguesa. Q.uando, porém, diz um alieníge-
"Observei as regras no que coube" - não é assim que to- na "Vou à casa dele cada dia" - "Joàço a barba cada dia",
dos dizemos? " Observei -a> naquilo, naquda coisa quo.- cou- nenhuma distribuição faz, <' a oonnrucio, errada como es-
M": o sujc:-ito é o qut. <"Ujo antecedt'ntC i: o demonstrativo tá. corrigida <kvc ser para "Vou à casa dde todo o dia" -
"o''. " Faço a barba rodo o dia".
Cabina - V. altdt; V. vitrina. Todo f coletivo : univ..-rsaliza, iguala, engloba . Coda i dis-
Caboré- Voz: piar, rir. tributivo: parti"culariT.a , diferencia, especifica. Dis~sse o es-
Cabotino - Do francês wholin, é palavra hoje m uito usada trangeiro: "Fa~-o a barba cada dia com uma lâmina"
como sinônimo das legilima s porruguesas draTialiÍIJ, parla- - " Vou cada d ia à casa de um parence''. estaria disrribuin-
paliÍIJ, impostqr. do, dift"r<'nciando e. porumo, an-rtando.
Cabra - Coletivo: fato. Voz: bad<Jlar, !lati@, berrar. berregtrr. Diferente é o signilicado entre: " Vou todo o dia à casa de
Cacari:w, Cacarecos - São criac;ões equivalentes; a ".-.<caréu", um parente" e "Vou cada dia à casa de um parente". Na pri-
proveniente de c<Uo mais o ~uli.xo indicativo de ajuntamento. meira oração, o parente visitado é um só, ao passo que na
de aumento, uiu (fog-.tréu, fr.o.mar~u. povartu, luma.réu , segunda, como ficou di ro , há a distribui ção: hoje visito um,
mastaréu), aaesceu-s~ o sufiXo eco, suftxo diminutivo pejo- amanhã outro parem..-.
rativo (livreco. chaveco). Não cabendo a significação distributiva, deve-sc nnpr..-gar
Cachopo (ô)- O "o" é aberto no plural. todo.
Cachorro - Colcrivo c voz: V. ciio. Não vindo ao caso outros significados"e empregos da pala-
Cacófàto - Não é da indole do português o n. final; do mesmo vra cada, mais ttemplos vejamos, para maior evidên cia da
significação distributiva desse indefinid o: "Cada macaco no
modo: hiplrbato, nbdmn,, rtgimt, tspici"", fMli Híndtto, a$Jin- seu galho" (um, num galho; outro, noutro) - ''Oida coi sa
1Úto, poliptoto. em seu lugar'' (isto, aqui ; aqu ilo, ali) - "O pão nosso de
Cacofàtomania - É inútil e infundado o eso-ú)>ulo <k quem diz cada dia" (hoje, um; amanhã, outro) - constru~õcs todas
haver cacôtàto em Upor cada", \(ela tinha' "só linha'', f(al-
1 cerwts, dada a distribuição nelas comida.
ma minha" etc. CacófatO haverá somente quando a palavra Cadá•er - É palavra latina, derivada no próprio latim do ver-
produzida for to~. obSCC'na . bo cátkrt. cair. Se c/ÚÚrt em latim também significa morrer,
Vejamos a propósito os dizeres de Ru i Barbosa (Réplica, aui4wr especifica a co i &a morta.
n. 89): - "~ a idéia de porta, susótada em ptTr ld, irrita a "Ca~". " Q.uedt", "Q.uéde" - São l,arhari>mO> ou, <-sp('cili-
=fo.ltmllmia desses críticos... outras locuções vcrnáculas cando melhor, sol«ismos; deve--S(' dizer "que t de": " Q_uc é
r.êm de ser, com essa, refugadas". dele ?" - " Q..ue- é do sorriso?"
É lastimável a hodierna pr·e ocupação do cacófato, erro Cadeira - C.oletivo (quando d ispostas em linha): r.arrrira, fila,
que antigamente, sem d~nominação especial. ou se revelava jikiro,linlrn. rurqt«.
ao escritor , imediatamente, pela própria. evidência, ou era Caderno - V. CbTt.ola. V. catoru.
sem mais rclcv.a.do ~lo bom senso do leitor. A verdade é " Cãd.i" - t forma. 11-ancesa: em portuguh esse derivado árabe
que ao indivíduo, quanto ma.is ~·ersado em assuntos porno- é alalitú, que designava os alvatis, o u seja., os juizes, os prin-
gráficos, tanto mais lhe ocort'cm cacófatos, c o pobre do es- cipais magistrados de um município.
critor, .depois de pronto o rrabalho, vê-se na contingência Cádls - Adjetivo pátrio: gadittJtlo, auxiúlno (ks).
de ler as palavras. truncando-as ao meio, para ver <:juais caa (no plural)- v. caixa dtfósforos.
46 Cafeteira Calomniez
Caf~rira • V. motorneiro. se do sentido de abaixar. O sentido de peru:lrar é secundário e
Cafaal • V. motorneiro. des.envolveu-se do de a/}rir.
Cafraria · V. Etiópia. Das várias acep<;ôes, numerosos são os exemp.l os apresen-
Ca&e ·Feminino: cafra. tados, e do emprego desse verbo na acepção que de per~o
Cágliari - Esta ddade italiana tem o nome com o acento tônico nos interessa temos: Calar a terra com a enxada (abri r a
na sílaba inicial e de há muito tem a forma corre-s pondente terra). Calar o ar com Oecha.s (rasgá-lo, oorlá-Jo). Calar um
portuguesa Cálhtr. usada por Bernardes e consignada no melão, uma melancia, um queijo (fazer neles uma abertura
vocabulário de Portugal. . ou corte para examinar a sua qualidade). Calar as pipas (fa-
Cairo · Adjetivo pátrio : cairota. zer nas pipas uma abertura para ver que quantidade de li-
Cáiser -já é hora de aponugucsar a designa~ão al'emã de irn- quido elas contêm).
p<.•rador, dtri\'ada do latim carsar; são seus dt>rivados caise- Calasam- t assunto ingrato ("St<' dt> nomt>s próprios personati-
rismo. caüerisla. O feminino é cai>erina. v0s.• mormente quando de procedência esn·angeira. Calasam,
Caixa - Vários substantivos existem que têm gênero próprio, por exemplo, vemos escrim ora Calawns, ora Cala$ans, mas a
lho, quando designam coisas, objetos, mas são "comuns de forma que se encontra no túmulo do santo desse nome é
dois", ou seja, de dois gêneros quando passam a especificar Calasant.
oficios e, pois, a aplicar- se a pessoas. É o que se dá com lmtt, Caludouro- V. coradwro.
lír~gua, guia, trombeta, guarda. cabeça, e.<pia, bandtira e outros "Calddofõruo"- V. calidoscópio.
que passam a ter dois generos quando 1rdicativos de profis- "Caleidoscópio" • V. calidowipio.
são, conforme a homem ou a mulher se refiram: Ele é um: Calendas - V. bisse"to.
guarda muito bom. - Ele é o espia da turma - Cristo é o cabe- Calc:pino . Fala-se em Cakpino quando se menciona o "dicio-
ça da Igreja. nário septem linguarum"; calepino, no caso, quer dizer pre-
.t o caso de caixa. feminino quando designativo de reci- cisamente dicionário; não é nome próprio; o calepino (dicio-
piente, cofre, máquina registradora de dinhei ro e ainda de nário) é de Jacó Facciolati, e data de 1778.
outras coisas, mas comum de dois quando referente à pessoa: Em 1502 apareceu um dicionário de lalim que passou a
que guarda ou recebe dinheiro: "E.\e é o caixa da loja" - ser de tal forma usado -era considerado o resumo da ciên-
"Ela éacaixadaescola". cia universal da época - que o sobrenome do seu autor,
Caixa doe fósfocos -"Caixa dcfóiffiTos", "pa.r de safHUos". "rria- Ambrósio Calepino, monge beneditino i'taliano, passou a
significar dicicmário.
de de fogadfJTd', "grupo de facinoras', "coleção de selos'',
"pequena quantidade de homens". Há nas palavras par. cai"a, Calhandra - Voz: chilido, chilid.ar, gauar, grir~far, lrinfar, lrissar,
zimi/ular.
tríade, grup~, co/t(àO, quanlidadt idéia coletiva de diversos elt··
memos; nada mais claro que o substantivo que designa esses Cálice - Palavras que 1erminavam ou ainda te•·minarn em e"
elementos venha no plural. ou i" ti-m hoje o plural l.'m ts acrésddo ao radical latino:
Se se diz "uma quarta de ftijâo", "grande quantidade de fnde" {índcs). índim: cálix, cáliw; apêndix, aprodim.
milho" é porque neste caso os produtos. se éonsidc:ram maté- Tais nomes, mesmo no singular, já se grafam, de preferên-
ria COntÍnua. um tOdO, e não si11gularmente feijão por rei- cia, com u final: índice, cáliet, aprodi.ct; sUict; bômbiu.
jão, grão por grão de milho. Tais nomes admirem plur.tl Çole1ivo: baixela.
quando design<~.m diferentes tipos do produto ou quando Calidofônio - · v. caJidosr:6pio.
empregados em sentido figurado : .. Nenhum destes caft-s é Calidoscópio - O di10ngo grego ei. que em francês se mantém
bom" (nenhum des1es tipo> de café) - "Tomei dois cqjés" com a forma originária, em ponuguês passa a i: quirópteros.
(xúaras de cale)- "Há vários cafés na cidade" (casas de café). clidomxia, calidiifOIIio; e, assim. calidoscópio (e não "caleidoscó-
Caixa pequeno · Q.uaruo ao gênero nada há ~ue obje~ar; é pio" ) deve ser grafado O · nome do inmumcmo formado de
masculina a palavra quando designa um dos hvros de e$CI'i- pequenos espelhos inclinados demro dum óculo, e que a
turação ou o caixeiro encarregado do movimento da caixa. cada movimento apresenta combinaç&s variada.s e agradá-
Existem, porém, subdivisões; nos bancos, cai"a pequmo é veis, como devemos grafar "mudanças calidosc6picas". V.
o controlo de caixa de um pagador, e também assim se de- Euclides.
nomina o livro caixa parcial, livro de um caixa pagador. Caligrafia Péssima - Não há na expressão erro; não obstante
Caixa grande é o controlo total, o u seja, o verdadeiro caixa. formado de elemento grego que significa "belo" - calóJ - o
Essa discriminação é particular, de uso interno numa em - composto perdeu sua significa<;ão de origem; deixa, por
presa, é - digamos - familiar. Em contabilidade não existe conseguinte, praticamente, de haver repetição de idéia em
essa subdivisão. "bela caligrafia" e de haver contradição em "caligrafia
O plural deve ser cai"as pequenos. péssima,.
Cá.lamo díscimus • Locução latina que significa "aprendemos
com o lápi.s ". É com o lápis, é escrevendo, é tomando no1as Calistenia- Esra palavra, que significa "complexo de processos
que aprendemos. ginásti<;os para dar vigor e beleza flsica", é paroxítona (acen-
to no i da termina<,ào}.
Cálamus·et saipu fecerunt me doctorem - Locução latina que
significa " O lápis e os escritos tornaram-me douto". Pala- Q.uando a termina~ão ia de um derivado grego pertence
vras de um dos maiores luminares do catolicismo, Santo ao próprio grego, isto é, quando a palavra já possuí no pr.ó·
Agosúnho. É um dos muitos argumemos da eficiência do prio grego essa terminação, o i não é acentuado. Q..uando,
ensino por escrüo. É escrevendo que se aprende. porém, a um derivado grego acrescentarmos, denn·o do por-
tuguês, essa terminação, o i'será acentuado. É o que se dá
Calar - Muitos são os significados do verbo calar, e não parece com ca/#tenia, vocábulo a cujos componentes gre.gos foi
errado empregá-lo na expressão "calar um saco''; é a con- a crescido o sufixo vernáculo ia.
clusão a que nos leva.Domingos Vieira: A palavra "calar"- Existem excec;&s para palavras de acento errado já consa-
é o que está no Tesouro da Língua Portuguesa - em todas grado, mas as de uso erudito devem prender-se a essa nor-
as suas acepções, tem uma e mesma origem, isto é, ·não há ma.
tr~s vt'rbos calm, como consideram Morais e outros. lexicó- CaUsto • É com s; não há justifica<;ão etimológica para " • pois
logos. O grego explica-nos todas aquelas diversas acepç<ks: provém do adjetivo grego cJ/istos (muito belo), através do la-
1. afrouxar, relaxar, estender; 2. entreabrir um pouco; tim Ca/lislum.
abrir; !1. relaxar, desli.ur, desprender, tomar livre; 4. deixa.r Ca.lom • É palavra de gíria, indicativa de cigano, e tem a va-
escoar, d.eixar cair, f~er descer; 5. ceder. Os dois sentidos riante .calo; o feminino, também dt gíria, é calim.
principais do verbo (abrir, abaixar) lá os temos já no verbo Calomnlez, il en reste toujoun qudcjue dlose - Lowci-> lt-an-
grego; o sentido de comer a voz, não soltar a voz, detivóu - cesa que significa "caluniai, da calúnia fica sempre alguma
Calvário Canja 47
coisa". Embora se patenteie ao depois a inocência, a dúvida, não porém de facto; as taculdadc:s que as constituem conti-
ou pelo menos a peçonha permanece. nuam nos m<"smos lugares em que se encon rravam há dêca-
Calvário - Provém do latim caloáriam. Em Nascenres encontra- da.s. Uma univmidad<", porém, que se complete ou que real-
mos: " ... rradução da palavra semítica "Gólgota", que signi- mente se construa terá enrrt as diversas fawldades e prédios
fica lugar do crdnio, por alusão seja à forma arredondada do que a constituam um "pátio'', mas pátio especial, entre pré-
rochedo, sej a aos numerosos crttúos das vítimas que aí fi- dios, e não simples pário interno de um colégio, de um quar-
caV"am expostas". tel, de um convento. I:: precisam..nte esse em ingles o signifi -
À mesma rail. pertence a palavra caveira, mediante interca- cado da palavra latina "campus'' ; sr em latim tem ela os
lação, em calvário, da voga l a - calat11Íriil- donde caa11tira e, significa dos de planície, campo, território, com a s mesmas
depois, c~ira. com a significacão de " cràn io" . letras latinas é em inglês eserita para especificar o campo
Essa derivação é perfeitamente justiticãvel, pois "m our:ras especial. como acima ficou objetivado, dt> uma universidade;
palavras se enconU"a semelhante interligação vocálica. recur- para especificar, sim, porque a palavra latina campus nas
so empregado, na deriV'a(ão popular, para facilitar a pro- acepções citadas rem a correspondente ou CO!Tespondentes
núncia. ao qual se dá o nome "anaptixe" ou "suarabácti". trad ucões em inglês. O i ngl~. que jamais re-fugou palavras
"Dificulidade", com i eniJ<: o I f' o d, comtitui exemplo d,.. de outros idiomas quando n('cessárias e quando já tradi -
anap tixc; " cara vão", por carvã<>. citado por Do 1.elho de Ama- cional ou internacionalmente empregadas - até cidadC'S
ral, constitui o utro exemplo de anap ti xe, c outros existem, cons<·rvam, na Inglaterra e pr incipalmente nos Estados
que partem ou d e pessoas muito atrasadas ou de oianças. Unidos, a designação e a própria forma gráfica de outros
Camarlcngo- V. ramrrlengo. idiomas - apanhou o latinismo com o S<'ntido çspecial
Cama~iro, Clllllaroar - Q.ua ndo a palavra nossa tem étimo que já todosconhecem .
de radical terminado em n, a exemplo de tmuio. do latim São poucas as palavras nossas tennina.das em iJ e em w
temonnn, pode coincidir a cxis!Cncia de derivados d uplos, átonos; ~ntre elas, porém, não temo s a laú na. " ônus", que se
um a s~ir a terminação ào (temoeiro), ouu'O a terminação traduz por " peso'', mas é inrradw:ivcl e gr-aficamerm: i nalte -
do radical etimológico (temonriro). rável quando empregada para designar o "peso" dc:corrent~
Tal não se dá com (Q171C;'ào, q ue não tem étimo com n no de uma obrigacio ? Aceita a palavra- di(undida já está -
radical. Prendendo- se ao latim cammarus temos o derivado basta acrescentar-lhe um enfeite ortográ fico obrigatório, o
camaroriro . .de camarão mais tiro, sufixo ind icativo, na forma- circunflexo sobre a p rimei ra vogal- campus- e empregá-
ção de substantivos, de agente, oficio, profissão (pedreiro, la com igual termina.cào para o plural - o comporta me ruo
barbeiro), lugar co ntineme (tinteiro, licoreiro, ttrreiro), e do inglb é outro, não seguido em porrugub nem nessa nem
indica tivo de mero atribu to na format:ào de adjetivos (cos- em nenhuma ou tra palavra semelhante - exatamente como
teiro, dianteiro, guerr~il o). acon tece com Onibus, 6nw, cúmulus. nimbus: Sem cámpus não
"Camaroneiro" não encomra j ustifi(:'.. çào etimo lógica pode haver ed uca<;ào universitária - O s cdmpw são uma
nem dentro nem fora do idioma. A forma nominal deve ser n~sidade para a educação socia l - São Paulo, um dos
camarotiro; a verbal, carnaroar. maiores compus univer-si tários do mundo - Um campu5;
Cambi . V. TieU. dois campu.s. .
Cambiais - V. "inveslir". É desconcertante ler "os campi" e, no mesmo jornal ,
Cambiante - Q.uando substantivo, i- ma>culino: Os cambiol'llts " ... dnxemos de lado os vários distingo do Conselho Federal
se fa~em de muitos modos. de Educação".
Camelo - Coletivo (quando, em comboio, co nduzem merca- Sempre campus, sem necessidade nem ao menos de grifo.
doria): cáfila. Voz: blate-rar. Feminino: canvla. V. plural tstriJnM.
Camt.Tlcngo, c::anurleogo - As duas formas perduram parale- Canaã - É a grafia correta do nome da Terra Prometida.
lamente no idioma para designar o cardeal que preside a Canapé - Proveio do grego, através do latim c do franck ; é
càmara apostólica e exerce a autoridade C'Spiritual e tempo- nome de um tipo de banco com prido, de encosto c: bracm,
ral na falra do papa. De origem germànica (kJumturling, ca- com o assento estofado ou de palhinha.
marista), a palavra se encontra sob dupla fonna também Por influência do ingl~s . denota ainda um antc:pasto cons-
em outros idiomas; o ingles tem camarltngo, camarlingo e ca- tiwido de uma f.nia dt" pão, frita o u assada, coberta de caviar
=rlillgo. ou de qualquer outro acepipe e uma guamic:;io.
Campainha - Barulho:_, , tiúmar, louu. Canárias - Adjetivo pátrio: canário.
Campânia - V. Eti6pil1.. Canção - Coletivo (quando reunidas em livro): canciontiro.
Campinas, campioeiro - O adjetivo párrio da nossa ddade vi - Q.uando populares, de uma época ou região :foldtJrt.
zinha ~ campituiro: justifica-o o uso e a h istória. Como brasi- CAodia - Adjetivo pátrio : candlola. .
ki.To era o que comerciava com pau-br.uil, 11liMiro o que Candidato - " Candidato" porque vestido de branco se apre-
trabalhava em minas, compintiTO tTa o que vivia nas campi- sentava quem entre os romanos aspirava a um cargo eletivo,
nas. Com· a fixação de Brasil, Minas e Campinas como n o- e no andar assim vestido havia duplo intrresse ou vantagem :
mes próp rios. passaram aqueles substantivos, imocavelmtt- era um meio de propaganda direta, porque era visto, falado.
te, à elas~ de adjetivos pátrios, C' o uso l.hes toma a forma comentado ; demonsrrava virtude, idoneidade, probidade
incontestável. para o cargo.
De o utra cidade é o pátrio campinmst: Campina Crarule. Hoje, os que pretendem cargos eletivos aparecem aos elei-
da Paraíba. Outras ódades vbn ao caso ; de Campina V"de. tores cercados de suas obras, de sua atividade intelectual,
nom~ d e cidade mineira, o pátrio é campinactrdtrue; de Cam- social e política .
pina do Sul, campi11assulenst- sem necessidade de hífen . Canhão - Coletivo: bateria. Barulho: atroar, estrondear, tstrugir.
Tratando-se de adjetivos pá«"ios, o uso , geralmente firma- retumbttT, ribcwtt/lar. lroar.
do em fatores históricos, indica-no' a forma preferível; ao Canicidlo - V . mariticida.
nativo da cidade é que cabe dizer-no s qual o adjetivo párrio, Cartia • O "canja" da expressão popular "l$"so é canja" não
não ao gramático. tem apro:ximac:;io com o vocábulo cancha, em Aulete e em Fi-
Cimpus • Por que não aceitarmos palavras que tragam para o gueiredo registrado com a si.g nificação de comod idade,
idioma o sentido de coisas novas? Se de um lado a novidadr situação fa\"Oràvel. A palavra do provérbio é mesmo ta11ja.
já vem de outras plagas com o nome q ue a designa, se de índice de coisa mole, c, liguradameme, de fácil execução ;
outro o notióá.rio a propala rápida e insistentemente com o testemunha essa significa~o e aplicação de canja a expressão
nome originário, que fazennos senão limitar-nos a dar à sinônima " Isso(:, sopa".
roupa que a vc:s[(' o feitio da terra? Até há pouco não tinha- "Canja de galinha'' não é cxpres>iio redundante ; há esta
mos ~Aniversidades; criaram-s" de jure, burocraricamente, passagem de Gonçalves Viana: " Este termo indiano (canja!,
48 Cinooe Cartter
que em todo o Ponugal se dilundiu para designilr o aldo anrropofagismo, barbaridade, ferocidade, sclvajaria.
de ii.ITOZ, princi~te feito com plinha e pre>UnlO, mas Q..uanto a carmõa não será inoponuno achenir que a vogal
que também se empr~ quando ourra carnt se utiliza ... pro- acentuada i: o i: raro-í-ba. "Rua do~ Caraibas" (c· não " do,
cedente do tarnul "Unxi", "coisa fervida, cozida em água". caráibas"), pelo rm:1mo motivo por que ningué:m dizparáiba,
Cànone - Tanto pan indicar regra, medida, quanto pari!. indi· parnáiba . V. cariOt:a.
car artigos dt' lei eclesiá~tica, decisões da lgnja ou ainda fór- Caramànchão -O vocâbulo é cara771a11chão, com um só r. A pa-
mula d..- orações da missa..- com qualquer oull'O significado, lavra é composta do substantivo afmara e de ancha, feminino
l"Sta palavra de origem gregil já se encontra há muito, de do adjetivo tmdw, que significa amplo, largo, espaçoso. No
acordo com o gênio da língua, na fonna cllnonL, com o plural composro, houve mttátese totrt as sílabas mediais e mudan-
C(/nonl!. V. /iqlun. ça de gênero. Tal mudança de gênero com os aumentativos
Canossa · Do latim Canúsium. é nome de uma cidade italiana de· substanti\'os fc·mininos í.• curiosa l' ao m<"smo tempo co-
(hoje Canosa), fundada ptlos gTegos; dc:-signa etoil ou lugar mum: um cahc•c·ã o (quando o normal C, o cabe~-a), wn lrgurào
de humilhação (donde a rxprenão "ir a Canosa"), por a ela la figur.1l, o casarão (a casal, o maquinão (a máquina), um
ter ido o impcri!.dor Henrique IV, em 1077, pedir perdão mulhc·rão (a mu lher)
ao papa Gregório Vll . Como os príncipes alemã~ lhe recu- Da locuç.ão "ci.m ara ancha" tivemos o aummtativo "ca-
sassem obediência ao ve-lo excomungado, o imperador foi maranchào" e, depois, ''caramanchão".
ao castelo de Canossa, onde o papa se <"nt-onrrava, para, após Há quem diga ter vindo o vocábulo do ~panhol"carama ­
longa espera, de ~. descalço, na neve, ajoelhar-se diante cho", mas S<."m jus~ificar o 11 c o significado da palavra.
dde e sup licar que levantasse a excomunhão. Carcuoda - Não ob5tante ser a mais usada, corcunda. com
Caoo'fiano - V. b=doviano. "o", não" a forma cena. segundo o que nos ad ianta Gon -
Cantauiz - V.fox.õ.o gniirica. çalves Viana: "O prefrxo ca é diminutivo em quimbundo
" Canterbury" - Cantuári" é que tem ponuguês o nome da ci· (língua banta de Angola), e a palavra, muito usual, carimbo ~
dade inglt"sa, simplesmente o dimi nutivo de "quirimbu" (~ marca), como
Cão - Coktivo: 1114tiiM. canlJ>4/ÚJ, chusma. Voz: aciUir, aulido, carcuniÚJ é o q uimbundo caricunda 1- costinhas, o das costas),
babar. caiMar. cuincar, tsKanicar, ganir, gani'Z.Ilt, ladrar, ladrido, e significa "quem tem as costa5 def«:ituosas" e o próprio de-
latir, matiC4r, roncar, ronronar, r0S11QI, uivar, ulular. Aumentati- feito".
vo: C411in, Ca11ZIJ1Tâo. CardaJ - Coletivo (quando reunidos para. a eleic;ào do papal:
Capela - V . luuam tú cuflo. conclaue. Q..uando reunidos sob a direc;ào do papa : consisl6rio.
Capelão - Plural: capt/ãn Note-se que o vocabulário de Po rtugal uniformiza a grafia
Capim- Coletivo :ftixe, braçada, braçado, pautia. para as diversas acep~'Õl"s da palavra quando empregada
Capitànea - V. llliJl c.apiláNa. romo substantivo: I. prelado do col~gio pomilicio: 2. plan-
Capilào - Enquanto em latim o plural é az/1f1An0!, em ponu- ta: S. pássaro.
guês, por influência do espanhol, é capilân Quando adjetivo t que i: preciso di stinguir. Continua com
Capiwara - No Rio Grande do Sul chamam capineM o macho "e" na ace~o de "principal", e tal é a da palavra em pontos
ou o filhote de capivar.1. Voz: ambiar. cardtais, que indica os quatro principais pontos do horizonte
Caraari - Voz: gra.mar, gramir. (norte. sl4l,le!lt, otJlt) para distingui -los dos intermediácios.
Caraas · Adj~tivo pátrio : caroqurnho. Com i será escrito o adjetivo quando emprc:-gado emana-
Caractere~ - Tem o act'nto tônico na sllaba "te": caraclbtJ . tomia pan significar "relativo ou pertencente à cirdia"
Aparece no plural de cartiln um c que, não 5mdo pronuncia- (abt"rtura superior do estômago, onde t....-mina o esôfago).
do no singular, é-o no plur.tl. Se não cuidannos, ponamo, de medicina, poderemos sem
Par.t t"Xplicar cenos casos de prosódia, como este do c mt'do de erro empregar a palavra sempre com "c".
antes do 1. o do qu ou gu em palavras como equih11rio, tquita- Caramelo - V. cagumtlo.
livtJ, liquidação, lõnguido, e o utros scmelhantl'S, pod~remos. CaraYào - V. calvário.
no máximo, dizer que as pronúncias para cuja prolac;ào pn- Cardioais - V. 11Jlt1VraiJ cardinais.
siste uma dificuldade ou exig~ncia qualquer (no nos.\0 caso a Cinlio . Este adjt'tivo , quer indique rt'lac;ào com a cârdia, quer
pronúncia do c antes do t) têm fundo erudi to. A pronúncia com o corac;ão. escreve- se co::l "i"; quando primeiro de-
.do plur;~l opera-se segundo a prosódia latina, sem que:- se roemo de um composto, junta-se sem h ífen : cardiorrt!piraló·
apóie na pronúncia popular do singular. t necessário con- rio. cardiosfH:JnW. cardio>.•ínja!t.
~r. porem, que a explicação i: dirlál de aplicar em casos Caftclr:r - O verdadeiro signiticado do verbo cartw é "estar
como o do qu e gu. O mais ceno, neste ponto, é dizer que o faho", "não ter". Prova-nos esse significado o seu é:timo
q. quando seguido de u. deve ficar sossegado e por ningué:m cdTIJCnt, forma incoativa do verbo carne, gue significa "es-
incomodado. Se normas se fizerem, serão d;u, quando não tar privado", "ter faha de alguma coisa";' Carrrt hoc signi-
enône;~s, gratuilas e infundadas. O papel que mais convém ficat egere eo quod habere veli5" (Carm significa ltr falia
ao gramático em tais casos é aceitar os fatos como se dão, daqu ilo que quiséramos ter). Assim i: que no latim mcontra-
sem rentan·sclarectr·lhcs a razão dt• ser. V. in{rlar. mos frases como estas: "Carere consuctúdioe amicorum"
Caraíba - De =W, palavra que, ainda hoje ck oosso lb<ico, é (Estar privado da convivtncia dos amigos); ..carere ~nsu"
a mesma palavra caraí'ba, tirou Cristóvão Colombo o deriva- (ser privado de sentir).
do "carfbale". A translirerac;ào vemácula deste derivado seria Saindo do latim, vejamos estes exemplos de li<limo portu-
caribal, mas os nossos dicionários só consignam canibal. oxi- gu~s :
tono e com n ..-m vez de r , dado o cruzamento com a palavra Também movem da guerra as fúrias otgTas
espanhola Cllll, cruzamento perpetrado ptlo próprio Colom- A gente biscainha. que mrta
bo que, ao referir-se aos caribes, selvagens que habitavam e De p olidas razões, e que as injúrias
dominavam cena pane das Antilhas, chamava-os ora "cari- Muito mal das estranhas compadet:t.
bale~". ora "caníbales". (Cam., Lus., cant. IV, cst. 11)
Os derivados canibalúmo e autibaúuo estão a confirmar o
vitorioso emprego da fonna cruzada do primitivo, designan - A terra toda inculta, inabitada,
do hoje esce, em espanhol como em português, tanto o ver- De todo o total remédio dependia,
dadeiro habitante das Antilha.s, quanto, por exrensào, qual- A naturen mal exercitad<~
quer tribo antropófaga ou, ainda, qualquer indivíduo bár- Ainda de instrumentos cartcio.
baro e cruel; o significado analógico chegou a preponderar (Rolim de Moura, Noviss. do Homem)
sobre o primitivo, o que muito bem se comprova do empre- "Ves que se te condcmnas, has de arder no Inferno, em
go de autibalimro, que significa, simples e genericamente, quanto Deos for Deos. e que has de carecn do mesmo Deos
c.bJda Carro-COIT'do 49

~roda a etn-nodade" (Vieira, Sermões, tomo I, pág. 690) bem rriste quando havia a lgum velório; eram chamadas
- "Carece do absolutamente necessário pa1·a viver" - "Carece carpideiras".
de vícios" - " Avya tempo que durava este aposemamemo Essa que aJ ficou é a reda<;ão limpa de senões gramaticais.
sempre acerca huum do outro , tttndo bom ge-ito t! conversa- Vejamo s o que foi corrig;do: L '' Havia o costume de convi-
cão com seu marido, por carecer de toda sospeita" (Fn-nào dar mulheres", e não, como estava no jomal "havia o costu-
Lopes, Chronica de O. Pedro 1). me de st convidarem". Q.ue estava ai fazendo o st f A idéia é
Igualmente, o particípio =ecido quer dizer falto : "cart!cido de atividade, e não de passividade; se eles tinham o costume
de ben.s " - "aret.ido de dinhriro" - "cora~ões carecidos de convidar mulhcres, "havia entre eles o costume de convi-
ckvimode-". dar mulheres", e não " havia entre eles o costume de serem
Não se justifica, pois, o emprego de careur no significado convidada s mulheres". Tírc-sc o se e risque-se a desinência
dt! "necessitar", " precisar'' , emprego este encontradiço en- do plural do infinitivo, exatameme como logo d epois o au-
tre pessoas de pouca cultura : "Vo~ não carece ir" - " Eu tor red igiu "para clwrar" k não "para dlorartm" ); nenhuma
car~o viajar''. necessidade há, nem de beleza nem de clareza, de pessoali -
Resumindo: Devemos empregar o verbo caruer na sua le- zar o infinióvo.
gir,ima significação de "nii.o ter", "estar falto" : "A lâmpada 2. "Chamavam-se carpideiras", e não chamavam-se 11.1
<:an:ce de azeite" (~soá sem :ueite) - "A sala carece de urrta carpideiras". Tr:a ta- se de simples predicativo, sem nenhuma
poltrona" (não tem urna poltrona). det~rmina<;io, c não de sujeito passivo; o anigo está sobe-
Enrre os verbos carecer e neuuita:r pode haver, conforme o jando; o que se propôs o professor foi expli<:ar que essas
caso, a mesma diferença que há as vezes entre cari!ncia e ne- mulheres se chamam carpideiras, c não declarar que "a•
Wlidadt. Carlncia pode indicar simplesmente "não existên- carpideiras eram chamadas"; não ficou antes di to que "ha-
cia", ao passo que nrawdatú tem sempre sentido mais forte; via o costume de convidar (chamar) algumas mulheres"?
implica , com a idéia de "não existência" , a de (mci!ào : Ccm- O medo que certos professores t~ de em conrurso sub-
ctmos de tempcJ (não temos tempo); necmitamo.r de tempo m eter -se a p rova de l'edac;ào não é motivado tanto pelo
(precisamos de tcmpoi. desconhecimento da no>sa sinraxe senão pelo receio df de-
Carb>cia - V . pareclntia. monstrar a impossibilidade lingüística de relatar um fato e a
Cariátide - V. grnlfliCQS. incapacidade mesma de pensar.
Cariba - V. caraiba; V. cari()C(l. Carpins - Se no Rio Grande do Sul pedirmos a um caixeiro
Cariboca . V. carioca. que nos mostre un s pucs de "meias", ele nos trará m eias
Caridade . V. •audadt. para senhoras ou meias compridas de jogador de futebol,
Caridoso · V. wnínino4. nunc-.a meias para homens. Estas aí se dt"Signarn pela paJavra
Carimbo - v. carcunda. carf!iru.
Carinho por - V. amor a. Não sei se em ourros eslados d o Brasil é conhecida a pala-
Carioca - Este apelativo vem dos nossos índios; em bora mui- vra. mas em São Paulo só empregamos mriaJ.
tos dos nossos dicionários lhe atribuam por étimos os tle- Em Ponugal - os dicionários ai estão - exine a palavra
mcnto s Cdri, branco, e 0(4, casa, este último ~ aí apenas um carpiru, com a variante crepins, para designar "meias curtas".
sull:xo designalivo de procedência, e a palavra passará a sig- "peúgas", e, ainda, "sapatos de lig-.t" (provincianismo du -
nillca r, então. dtscnuknle de branco. como poderemos ver em riense), e o derivado corpinuira, que indica a mulher que faz
Teodoro Sampaio, " O Tupi na Geografia Nacional". carpins ou o entrançado para sapato s de liga o u ourclo.
" Também com os sufiXos bCJC, oc. ac, ua indicavam a proce- Ainda uma observacào: Não é raro, no Rio Grande do
dência do indivíduo. Depoi s da invasão dos europeus e du- Sul. ouvir de italianos. eJCarpiru em vez de carpins. É que já
rante a catequese e colon í•.açào, muiros nomes se forma- tivemos em português, proveniente do italiano "scarpino ',
ram. traduzindo relações novas e t"Xprimindo a mescla das o vocábulo tuarpim, que designava "f* de meia que se calça-
raç-.ts ~--m prcst"nca. va por baixo das meias" ou "esp~cic de chinc:la, sapato que
Ao homem branco. quando tratado em boa pane, deno- deixava o calctnhar descoberto". Nota -.se ili nda o cognaro
minavam caray, e, segundo os dialetos. carióa ou ca:rmôo.. cujo t>carpes. sub>tantivo plural q ue designava "calçado de ferro.
significado é supmor, fo rte. astuto, >li.bio, santo. pois que arri- com q ue se torturavam o s acusados em antigos tribunais" ,
bu~m aos europeus faculdad<:s cxt.raord inárias. <Temos em vocábulo este também proveniente do italiano (" scarpa").
São Paulo a rua dos Caraíha• : o acento deve estar sobre o i.) PO<Iemo s auibuir, creio, o regionalismo sulriograndense
Ao descendente do branco denominavam cariboc, que quer carpins ao italiano "scarpino" , como forma estropiada d o
di zer tirado ou dtscmdentt do •uroptu, de onde se origina, por antiquado português marpiru. V .jalores- ambirnltJ.
coJTUptela, o nome caribOC4, tão usado no norre do Brasil pa- Carpir - V. abolir. .
ra designar o mestiço que traz nas veias o sangue do branco. Carregar - Além da regência rransiciva direta (" arregar o
O nomc orioca, com que ain~a hoje se designam os na- peso"), este verbo pode ser construído com a preposi t;ão
tut·.ús da cidade do Rio de Janeiro , tem a m esma. origem e com : "Carr('ji:OU com o ca dáver" - "Carrclf,Uei com ele" -
significado". "Garn:gar com o jugo dos respeitas humanos' .
Carmdlca -V. gent(lictJs. Canícula - v. piwto.
Cannelo - V. coguuudo. Carro - Coletivo, quando unidos par:1 o mesmo destino: C(}m-
Carneiro . Voz: badalar, balar, balir, berrar, brrregar, balido. Cole- boio, composição. Q.uando em desfil e: cors~.
tivo : rebanho, grri. chafardel, malhada., oviário. " Carroçávd" - Traruitável ~ que se diz : V. pratiaívtl.
Caro - V.ji4do. Carro-corrdo - Não ~ com posto bem formado; que o seja,
Caroço - O "o" é abeno no plural. não encerra o segundo elemento idéia de fi nalidade. O plu-
Cál]'atos - Nome de uma cordilheira da Europa central; é ral é carros-wrrtios, a semelhanca de comboios-corrrios, pomboJ
proparoxüono. corrrios. Essa acadêmica. mani a de intrometer hifen em toda a
Carpe diem - Locu<;io latina que significa "aproveita o dia" . sorte de expressões só transtorno vem trazendo ao idioma.
Carr~-wrrrio é o mesmo que carro tU correw, como se dil carro
Epicurista, Horácio aconselha um amigo a não se preocu-
par com o futuro. dt carga, carro dt passeio, carro d~ inspttàl!, sem necessidade de
hífen nem de outras considerações para a flexão numaia..
Carpcuttua poota nepotes - Locução latina que significa "teus Isto de encerrar o segundo elemento dc um substantivo
netos colherão teus frutos". Sublime exorrac;ão de Virgílio compos[O idéia de finalidade é assumo mais ou menos deli-
conr:ra o ego!smo e o exclusivismo. cado, e quase sempre in seguro. Por que o plural de meslrt-
Carpidei ra • " Em outras terras e em tempos 1dos havia o cos· Sdla é mulres-salas, e o de nat!W-tuola, navios-escola? Muito
rum~ de convidar algumas mulheres para chorar um choro bem chama Vasco Botelho de Amaral cais compostos de
50 Carta Catéter
"espúrios", e, a meu ver, o plural deveria IJ"aZer os dois ele- lo, em t - caso vocaúvo: H oc ~de, Petre {Veja isro, Pedro);
mentos flexionados: tSCOÚls-TTUHÚws, C4jiJ- eonartJJs. nauios- se adjunto adverbial, tam~m em o - caso ahlaJivo: Cum Pe-
tsCOÚJ.I, pombos-oorrtioJ, carros-ccnTtios, caMtas-trnúiros, vagões- tro ambulávimus (Passeamo, com Pdro}.
Ui/os. Tal tipo de flexão desapareceu em nOS$il lin,gua , o nde,
Carta - Aumentativo: cartapácio. Coletivo: corres/Hindfnt:Ül ; qualquer que seja a funçãn sintácica q ue na ora<iiO exer~-a
quando manuscritas e em forma de livro: cartapácio; quando o substantivo, este conserva sempre a mesma terminação.
gt-ográflcas: ol/as. Na própria língua port\.lgu<-sa, quando se diz que detenl)ina-
Cana protocolar · Enquanto o oficio, que pode panir de uma da palavra exerce j unção ik acusativo, entende-se q_ue ela exer·
aurorid:~de ou de uma asssociac;ão, é endereçado em objeto ce jw1ciio tk objtto dirfto; de igual maneira, por ;ur1çào dativa
de serviço, a carta protowlar é a simples carta formalista, di- emende-se fun~iio de objeto indireto.
tada pela obrigação social. Além de oun·os remrsos, as línguas neolatinas usam as
Canola - ti. preferível ao termo "bordalesa", proveniente do preposições e o artigo para substituir os casos; e~sa a razão
franc~s "l>orda lai~" (de " Bordeaux". Bordéus) e n-gisrra- por que se dit que o latim é língua sintática. e as neolatinas,
do no dicionário de Tesçhauer. q ue o tirou do "Diário de a110liticas. Libn Prtri (duas pala\ns) - O livro dr Pedro (4 pa-
Per nambuco" : " Bordalt>Sa" - ~.f. ( Pt'm.) barril para '~­ lavras).
nho com capacidade de 225 litros: " O s rótulos serão escri- O alemão , o grego, o russo e outns são também lingt.as
t:OS em llngua nacional, e .serão aplicados a únta i ndel~vel , sintéticas, porquanto a função sintátiça dos nomes da frase
ou a fogo, nas pipas bm-daksw. cartolas, barris, unas, e ou- é indicada nesses id iomas por casos.
tros cascos". De todos os casos latinos acima ~scos, o mais importante
Embora devidamente aponuguesado, pois a desinência fe- para nós é o caso acwativo, porquanto dele vieram, com ra-
m ini na "e'' das palavras francesas passa em ponuguês para ras exceções, todos os nossos vocábulos, motivo por que o
"a" ("bobinc", bobina; "barbeue' ', barbeta) , é desn,.cessá- acusativo é pa ra n<is considerado o caso úoxicogmico. isto é,
rio e, pois, galicismo esse tem1o. o caso que deu origem aos nossos vocábulos; assim, corpo
Cartela. não obstante variar de capacidade de pais para veio do latim rorf>u.J, acusativo neuo·o da terceira declina-
país (Itália , 180 lirros; Espanha , 190; França, 225 ; Brasil, ção; á:rvorr de drbortm, acusativo feminino da mesma decli-
200), é o termo português para o caso. nação.
Q..uamo à grafia, é preferível cartola a quarto/a, por mais Q.uern desejar conhecer melhor a função desses casos -
fiel à p ronúncia da maioria e por analogia com cadrrno (e com ~ra nde proveito no que diz respeito à análise dos ter-
derivados) em vez de quademo. m os da oracão em português - estude as oito primeiras
Cartu"o (frade da Cartuxa) - Não confundir com cartucho (in- lições dt> nosso livro GRAMÁTICA LAT INA.
vólucro). Cassa (tecidoi. Não confundir com caca (d o v. caf(lt).
Carvalho· Coletivo, quando já crescidos, mas ainda não adul- Cassar (anulari - Não confundir com caf(lt (apanhar).
tos : mafhadJt. Cassilda - Com dois n é a forma que apresen~a o vocabulário
Casa • Coletivo, quando reunidas quase sempre em forma de Ponugal. Leite de Vasconcelos e outros j unifiam essa
dt' quadrad o: qu.arteirão. quadra. Aumentativo: casarão, casão, grafia.
casona. "Cassi.mira" • V. casrmiro.
Cas11l, Par, Pa~lha - Ca$al aplica-se ao ajunramc:nro do macho Ca55ir10 - Palavra ir:aliana, vinda a nós acravés do espanhol.
e da f~mea (casal de canários, casal de baleias); par refere-se João Ribeiro, no dicionário de Simões da Fonseca, já apon -
a dois objetos que costumam andar juntos /par de luvas, par tava a variante gráfica uwino. com dois ss; outros dicioná-
de ócu!os) e também a duas pessoas: um par de namorados, rios vêm aceitando com aceno e-ssa grafia. Se todos pro nun·
um par de amigos. úiste ainda a palavra pnrtlha, para indi - ciamos cassino, por que assim não iremos escrever?
car par de animais, especialmente cavalos e muares: uma Casta • f:: estranhávcl não trazerem dicionários modernos a
bonita pcrrtlha de burros. palavra =ta com o significado de grupo, camada social.
Casar · Urna coisa i: rttirar e, ou tra. utirar-se e. as.'>im, ucolhtr t' E mais do que con,~nccme a sim ples citação de Domi ngos
rtcolhu-se, bati'tJtr e batizar-se, casar e casar·st: " O pad re casou Vieira (Tesouro da Língua Porruguesa}: "Casta. s.f. !Este
hoje vários pares" - " Ca.Yi um galo mglês com urna gali· vocábulo niio é indico, como tem por ignorânci a p retendido
nba caipira". Mas se o padre casa, o padre não se casa : é os nossos etimologistas, nem do latim "gesto", como ou-
evidente a difer<"nc;a de significado. tros absurdamente querem. A palavra é portugut>Sa, e não
Outros exemplos: "Rea;/hi o pássaro", " Rteofhi.mt às DO· é mais qut o adjetivo casta <."mpregado substa ntivamente,
vc horas (reflexivo) - "&tiui uma crian<;.a", Batiui-me" por " coisa casta", isto é, pura, não misturada. Daí se desen-
(passivo) - "A criada sumiu o dinheiro (fct desaparecer), volveu a signillcac;f•o atual. Nas línguas asiáticas tal palavra
"A criada Jumiu-$t" (desapar eceu; reflexivo). · não tem a sombra de uma explicação. Do ponuguh e espa-
Casimlro, Casimira - Assim devem escrever-se esses nomes nhol é q ue ela passou para as outras línguas européi~s)".
- próprio o primeiro, comum o segundo - com "i" na se- - E continua Domingos Vieira: "Cada uma das lribos
gunda sílaba. em que se divide a sociedade da lndia. Há quatro castas:
Caxlmira é o mesm o que casimira; o "x" (o som é o alfabé- os s;u:trdores, o s guerreiros, os negociantes e agricu ltores,
tico) é justificado pela grafia do nom~ da cidade indiana a gente de condição sem i. Por extensão, Linhagem : Pessoa
de q ue proveio o tecido (l(ajlrmir). Talvez por influência da de antiga casta ; pessoa de casta nobre. Homem de rná auta:
variante inglesa cassimtrt ouve-se às vezes caJsimirtl. homem de mau carârer. - Raça: Um cão de casta pequena.
C;uo lexioogmico -V. caso; wtinoJ. - Gênero, espécie, qualidade".
Casos la.tioos - Havia no laúm, além da nummca e da gené- CaMdbano . V . t Jpanlull.
rica, mais um úpo de flexão, a casual. De acordo com a fun- Cutigat Ridendo Mores • Locução latina que signirtca "rindo,
cão. sintáúca (sujeito, objeto direto, objetO indireto etc.i censura os costumes". Por meio de representações que pro-
que a palavra e>:eráa na oração, tinha ela uma terminação, vocam o riso corrigem -se os defeitos dos ho mens.
uma dc~inência, ou seja, um caso especial; assim, se Prdro Casus Bdli - Locução larjna que significa "ca:.o dé guerra'.
<"ra o sujeito de uma oração, este nome terminava em w - Expressa n ato qur: pode p,·ovocar guerra entre duas nações
caso nominativo: Pttrus est bonus (Pedro é bom);~ era adjun- ou briga entre indivíduos: "O desrespeito ao sossego dos
to adnorninal restritivo, terminava em i - caso gmitivo: li- moradores foi <' casus bclli".
bcr Pctri (livro de Pedro); se 9bjeto indireto, em o - caso Cataclismo • V. afBrilmo.
dativo: Librum dedi Petro (Dei o livro a Pedro); se objeto Catalunha . Adjetivo pátrio : calolão.
direto, em um - caso acUJalivo: Vidi Ptlrum (Vi Pedro); se Catéter • A palavra c grega, mas o latim obriga-nos a dizer
empregado em orações imperativas, exdam.ativas ou de ape- caiiltr no si ngular e catetér('s no plural.
"=

c.iôoio Cento, ttnto por cento 51


Caliõuio- V. i6nío. virado para rrás que se sotopôe ao c, que então se denomina
Cátodo- V. iinodo. cl udültluU! (não se <kve dizer "c~ -cedilha"i.
Caaone - "Se pronunciamos CU4tro, cuarmta, cuatrocmto•, e Ceará (estado brasileiro)- Sigla oficial: CE. (sem ponto fina lJ.
os italianos cuattQrdici, cuattordiuJiriW, por que se há de dizer, Cebola - Coletivo, quando presas pelas hastes entre~c;adas:
como querem alguns, catoru 1" - "O i tal i~ no diz questione, ristia, nifiada, c<~mhad4.
o inglês qu.eMian e o espanhol t:~UJlion, f.uendo todos soar o Cedaot arma t.c>gae - Locução larina q ue significa " Q.ue as
u; há motivos para pronunciarmos keltâo!" armas cedam à roga". Com essas pala\Tas Cícero recomenda
- "É certo dizer t -cu-i-tativa e não t-Ai-tativa!" aos militares que cedam o poder aos magistrados óvis.
Pouco hâ que dizer e menos que esclarecer quando se ou- Cedilha - V. cl cedilhado.
vem tais perguntas. Regra alguma <.-xisre sobre o assunto Cediroento (ato d e ceder, cessão) - Não confundir com stdim.en-
e falhará quem lhes proponha cs1a ou aquela como a melhor lo (depósito que se forma num líquido).
pronúncia. Somente por algumas nonnas pode~mos guiar- CMula - Coletivo: bol4da. boi<J(o. Não confundir este substanti-
nos, nonnas que s6 logram mostrar que o verdadeiro vo (nota, bilhete) com o adjetivo sldu/.a (cuidadosa).
legislador sobre o C.!SO é o uso, tão descricionário e falho CHalo - Elemento que a ou tro se junta num composto sem
quão soberano. hífen : cifa/()(Jurúular, ufai=Cll/uiJJno.
Nisso nos baseando é que, não oUS(ante as comparações Cdàlópode - v. ápode.
rod:\S, aconselhamos que se diga cator.e c, ainda mais, que Cegooha - Voz: gl.ottrar. V. burro.
assim mesmo se escreva, pois assim se escrevia no português Ceibwb - Enconrra-se no Esp:ua a forma uiltmls. Càndido de
anligo, tal qua l pro nunciamos e escrevemos cotkrno, e não, Figueiredo traz a palavra cnlonls - com "c" - mas empre-
como c.-rimologicamcme e pelas comparações apresentadas, ga o radical ceifar~, com "a'' , no dar a palavra ctilanita (subs-
qUildtmo, com q e fazendo-se ouvir ou. tànd a negra e pedregosa de Ceilão!. Não há ra7.ào desse pro-
Se incorrl·mos em conrradit;ào, dizendo r~<\o se poderem cedimento e tudo nos leva a aceitar e a aconselhar a forma
fazer comparações, para, logo a SCI,,'Uir, fattr uma, disso crilanfs, ao lado de cingalfs. para designar o natural da ilha d<·
nào remos culpa. Ceilão, a TaP.robana de Camõcs.
O leitor já dc.-verá ter tirado sua conclusão . Como costuma Cdtil - V. gtnhlicm.
ouvir: t-lci-tali'L'<l1 Pois diga ~ambC:m a ssim, que não dirá Cela {cubículo) - Não confundi r com sela (arreio).
mal. Não vá, para a pronúncia, comparar essa palavra com
eqilidade senão alguém lhe apontará equiparar. Cel.ebe5 - Não oferece dúvidas; com "e" nas três sílabas e é
O q e o g seguidos dou querem ficar li~Tes e independen - paroxítono: Ctlibts.
Célebre - Superlativo sinrét ico: ctkblrrim.o.
tes c por ninguém incomodados.
Escreve-se hoje catoru ptlo mesmo motivo por que já Cékl:e - Superlativo sintético: ul~rníimo, ctllrrimo.
ninguém escreve '{114dtmo, nem lfii4Tlola, não obstante terem Cdeuma- Não se jusólica o gênero feminino. Ctl~uma e outros
tarnbêm estas palavras relação com quatro. Tendo de$apare- substantivos neutros da tercei ra declinação gTega conservam,
cido da pr·onúncia, o u p erdeu a razão de figurar na escrita. na passagem para o latim , o g~nero, além da forma d o no-
t o que ex.plica ainda as grafias cota, cociente, cotidiano, em lu- minativo e do rema; na passagem para o português, mamem
gar das anúgas quota. quociente, quolidiantJ. a mesma fonna (porque o acusativo é igual a~ nominativo} e
Cauchu - Deve-se aceitar, sem l ames do ch, a palavra; encon - nos cheg;~m com o g.:nero ma sculino. Dessa regra gera l não
tra-se ela em Gonça lves Viana, e além do mais, temos já são poucos os exemplos: idiom4, ttsqutmil, ltma, programa. eJ-
em pleno uso ru.aucllUitzgtm, rtcauchlltar. V. CIIJicofivváquia. . tigma C'tc. e, por coerência, ceieutM: celeuma rmprroula, o
Caudal - Originariamente adjetivo (=ocaudalosol, substantt- celeuma foi rcfr'Cado.
vou-se - c csre procedimenro, de poucas mas explicáveis Etimologicamentc:, ctleum<J significa chamada. ordnn, coman-
ex.ceções, é norma geral - no gênero masculino, ~ra indi - do, e denota tamb6-n o canto dos remadores, de onde a sig-
car "o gTOSSO das águas", "gr,mdc wrreme": 'de cujos nificação de tiOttaria, gritari.a, algawrra. V. coma.
cérebros tnanava o caudal das idéias novas". Cem, mil - Cem e mil sào cardinais q ue em portugu~s não admi-
Com o significado de "relativo à cauda", operou-se o mes- tem o um a ntes: um casos fatais, no ano mil novecentos e
mo 9.ue em " a letra vogal". a "vogal"; vogal, substantivo oitenla, cem carneiros, mil bois. ·
feminino, por vir sempre acompa nhando o subst.3ntivo Certos bancos, ou pelo menos cxrtos caixas, exigem em
feminino lttra. "A nadadeira caudal", a "caudal" e dai: a cheques, ao declarar a importância por .-xtenso, que o erni-
C4Udiú difu:trca. a caudal klbad4. a caudal Wbada heteroarca, a tent~ escreva "um mil cruzciros". ~·um mil e t;tntos crtuei-
caudallooada lwmoGerct>. ros", o que não tem fundamento nem na língua nem na pte-
Cavaleiro (pessoa a cavaloj - Coleóvo: cavalgada. tropel, piqut- sun~ão de que a lguém- que só poderá ser o próprio banco
lt (d e cavalaria). Feminino : cave/rira. amm:ona. - venha a alrer-ar o tora!. De forma ain<b mais rid ícula e
Ca•algadura - Coletivo: piara, ricua. deprimente, escrevem ou exigem alguns " hum mil". Primei-
Ca•alo - Colet ivo: ml.ln/Jda. Voz: bufar, bufido, nitrido. nilrir. ro inventam o "um" ; depois, com receio de que o alterem
rtlindulr, rifal', rinchar. V. burro. para " cem" , metem-lhe um "h": q~ furta não desconfia
Cavanhaque - V. nom.e3 próprúu ~Jirangnr~s. só urn a vez. V. ~'um" mll.
Cave ne cadas - Locução latina que significa "cuidado em não Cem anos - A fonna coletiva é slculo.
cair". Na anóga Ro ma, atrás do triunfador caminhava um Cementar (modificar a propriedade de um m~tall - Não con-
escravo que lhe fazia essa advertência. Aplica-se aos que ocu- fundir com c:immtar (ligar com dmentoi.
pam postos elevados ou cargos honoríficos. Cenáculo -v. Jtnáculo.
Caveant Cômules - Locução latina que-signi fica "Tomem cu i- Cmsório (adjetivo; relativo ao censor ou à censura ) - Não con-
dado os cônsules". Er.1. a fórmula com que o senado romano fundir com Jtruóri.o (adj. e sul.ost. ; relativo à sc:nsibilidade).
invescia os cônsuks, nas crises de governo, de poder ditato- Centcnar, Centenário - V. bil.iar.
ri;tl : CávtWII cõnJules ne quid d4trimenti wfnib/ica cápiat: Tomem Cento, cento poc cento - Observa-se que amo é usado ern lu -
cuidado os cónsules para que a república não sofra nenhum gar de um:
<bno. 1. quando, realmente substantivo, é antecedido de card i-
Caveira - V. calt~ário. nal: um ·cerno. vime centos;
Cavoucar - Cui<bd o devemos ter em não engolir letras no 2. quando após ele vem "e" seguido de cardi nal ou inde-
conjugar este verbo: devemos dizer cavôual. cav6uca, cavôu- finido: cento e um, cnr./o t noventa, crnto ~ tantos, em to t al-
tpa. V. afrowcar. guns;
C~ cedilhado - Cedilha é a forma diminutiva vemácula do es- 3. na expressão unto fim cento (melhor que "cem por cen-
panhol uda, a qual é bo,ie representada por um pequeno c to"): Ele é unJa por cmto correto. A expressão tem a variante
52 Centro Cetim
clássica "cemo e cento": pequenos animais do mar, cobertos t importame observar ~ue não ~ da língua portuguesa
unto t unto. colocar o indefinido " um ' antes de ctrto quando usado
Não ~uido de "e'', emprega-se hoj(' o cardinal (rm, que como indefinido: " Disseram-me cert.a coi>a ontem" (e não:
em ponuguês não p<'rrnire o um antes nem se dev(' confundir wna certa coisa) - "Com crr/a serenidade" (t' não: com uma
com stm: cem mil cruzE-iros, um sem núm«o de reprovauos. certa serenidade). V. paJuei demasiado.
Couro - Q.uando primeiro elemento de um composto, une-se Cervo - Diz um amigo que, ao procurar uma palavra no voca-
S<'rn híft'n: untroavanl~. untrosfrra. cmlrossoma. bulário de Goncalves Viana. viu casua lmente o voclbulo
Ceratioa - O fato de uma palavra grt-ga comecar com capa não urw. (\·eadol e qu<", com muita admira~'ào sua, registrava o
nos deve levar a e~oê-la em compostos nossos rom qu. vocabulário a prosódia cirvo, co m ' aberto . Tendo aprendi-
Com capa se e!,CfeVe em grego cinema, como igual letra ini- do a pronunciar essa palavra ('Om t fechado, para distin -
cial tem o grego em crratina . O errôneo qu como translirera- guir do mvo (criado) , comuhou o utros dicionarista> -
(ào do capa gr~o deve-se ao a ntigo emprego do Ir, mor- Morais, Càndido de Figueiredo, Scguicr e outros mais - en-
mente~ quando j á cxistcme a pa la.vra em fr·tmci's. O que hoje contrando st=m im.: a mesma pro>ódia d<· Gon(alves Viana.
temos é-: ci=na, unJlo, uras/a, CiT'alile. cisto. O qu é correto em Tambtm a nós nos ensinaram dessa forma , mas muito
derivados gregos quando correspondente ao clli. Se já não é contra o nosso gosto, pois. na scido morna pequena vila do
possível corrigir querosme, não nos deix<.>mos enganar por imerior pau l is~a , num meio ondt· muito se fala de caças l'
outras palavras: A água , quando em contato prolongado, cac:adas, tal palavra é sempre pro nunciada com o ~ aberto.
pode promover a desrruicão da camada protetora de cera/ino. Consultamos, para nossa seguranca. não dicionários, mas
Ceratose - Palan as que em grego com('(.'am por "capa" vão lavradores C' agricultores de.- outras regiões e a resposta fo i
ao nosso idioma com c inicial e não, na atual ortografia, com idêntica: cirvo.
qu. Escrever " qut'ratose" não é escrever português; a escrita O que podemos dizer sobre o assunto é isto: uma coisa é
francesa, importa me veiculo de termos técnicos da medicina doutrtnar, outra procurar no povo de uma região ou na
provenientes do grego, ( que é culpada dessa translitera(õio totalidade de uma gente as rt>gras para um caso como l'St('.
dc[cituosa. Se, tratando -se de acen tuarão, sobre o que já se pod e dou
Qyerosme 1: de origem grega; formou-se de urÓJ (cl.'ra, ver- n·inar mediantl! a etimologia, dt'vemos ter em considera-
niz. gordurai; crroJmr seria a grafia correta, como corretas. <:ào o u so (Q_uem hoje vai prl!tender que se diga, de acordo
siio as grafias cinmra, ánit.D, cidon~. danoginio, com c e não com com o grego e com o latim, Orano?i, muito mais ainda o uso
qu. Para cornpensarc:-sx erro, há o inverso: escr~<:rc inicial, deverá ser tido em conta em qut>stcks de prolac;ão aberta ou
quando escrito dev..,ria ser q~<, como se passa com arurgia fechada de uma vogal, coisa sobre a qual nada ou q uaS<·
(c- com outras palavras), que etimologicarncme d~era ser nada a <·timologia nos pode esclarecer. Assim, todos nós
quirurgia. dilemos allgr~. abrindo o' da segunda sílaba, porque assim
As formas qufrosmt e cirurgia estão, no entantO, mais do todos o fuem muito naturalmente, sem nenhuma inOut'ncia
CJ.ue consagradas, tornando -s.. irrisórias as grafias e pronún- etimológi ca. que nada esclareçl' sobrC' isso; e rodo, também
coas etimológicas ctr~snot c quimrgia. pronunciam l'Ste termo com ac•.·nto paroxilono. quando
Palavras de origem grega somente :;c ncrt·vcm com qu pela etimologia (latim álaC'I'tm, qu<' dá em português o div~r­
inicial quando a letra inicial grega i: chi (pronuncie ki) ; não (· gentc álacrt) deveria ser proparoxicono, ákgrt, mas seria
o caso de uralo~. cujo elemento grego por capa (• q ue se irriwr ia, hoj e, tal pronú ncia.
ini,ia. Esta ~ a grafia cornta, com c inicial, como corretas O uso consagrado do povo é q ue se 1<-va em consid« aciio
someme são as grafia~ ctra>ta. crralocek, ttTtJiilt, walotkrmitJ., em questõt>S dessa natureza; os fi lólogos procuram remediar
crratólito, crrot.oma, ura!Ójito ou de· qualquer outro \'Ocáhulo e acomodar quanto possível a sirua<io. mas isto deve :.<'r
que se forme do grego "ceraJ, tirllloJ" (comoi. V. qui.tlo . fc:ito no K U devido tempo.
Ca-ca de - V. aurca. Cenir - Dl'Vt'mos preferir a gra fia cm.ir, o ficial tm Portugalt•
Cér«a - V. mônia. no Brasil. A conjugacão segui' a dt· ad(rir, ou seja, o ' st·
Ct:n :bro - Quando primeiro ckmemo de um composoo, junta- transforona em i na l a. pessoa do singular do indicativo pr~­
><' sem híÍen: ctrtltroeJpinhal (o vocabulário de Portugal con - S<'nte e t'm todas as do subjuntivo presente: cirto (cerzes, Cl!r·
signa uubroJpintJl), mtllrorraquidiiJ1W. ze. ceo'lirnos, ct>rzis, cerzemJ, rin.a, ciruiJ, âna, cinamos, cirtoü,
Cemir - V. aba/ir. cinam. V. aderir.
Cerrar (ftcha ri - Não confundir com serr111'(cortari . Cc:sárea, Cc$3rlaoa -V. ÚITW.
Cc:Malll(!- V.lrntmnt. Cenào (ato de c<:der)- Não confundir com ~cão {divisão), com
Ceno - Não é portuguê> o emprego da locução "na certa" ~ccão (cone) nem com Jt$sOO (r~união). V. vrào.
pelo advérbio eNio, crrtamenü. Corrijamos "Seria um desas- Cestobol · V.j..ttbo/.
rre na certa" para "S(•ria um desastre certo". Lembremo-nos Ce$Ura - V. ciJão.
de C1mões: " Coisa ctr/.o de alto espanto", "Ctrtq me t<'m ma- Cetim - Laudcli no Freire, não obstan te consignar a palavra
ravilhado". com c inicial, insurge-:;c contra essa grafia; alega, primeiro.
Ctrt.o é indefinido quando antecede substantivo: Certa que " há certa dificuldade para explicar a conversão foné(ica
pessoa, etrto dia, em ctrtos tempos. do árabe wituni no portugu~s ctlorn" ; diz, depois, q ue "em
Q.uando posposto a sub~tanrivo, certo é adjetivo c indica espanhol o vocábulo aaituni não designa o pano aveludado
que é t'tTdadtiro. infalível: "Cálculo cerl4l", "Sinal enio de chu - de seda"; dit, ainda. que" no francb e no italiano a palavra
va". Com esta, acep<;ào, pode substantivar-se: "Deilrnr o urto i: com J inicial.,.
pelo duvidoso", ··o cnto i.• que assim aconteceu ". Através do Webster, no entanto, pode-se justificar a grafia
Funciona corno advérbio. tom a significação de cntamt:nlr. cetim, hoje encontrada em todos os nossos dicionãrios. O in-
torn t(r'itw: "Não podia certo haver suspeita", "São duras de gles, que não se presta para transformarões de ortografia. dá
ouvir, ttrlon. todavia a proveniência da palavra árab<• zaytuni, forma esta
CRrto l.'ntra nas seguintes locu<:ões adve rt.iai•: I) Ao certo que e-xplica a conversão fonética do étim o árabe. Ademais
(com certeu, com exatidão): "Não sei ao certo se virá a São a forma francesa do antigo nomf.' da cidade chine6a em que
Paulo" - "Era um alqueirt' de 1rigo M ttrliJ" . 2) Dt cert.o o tecido era originariamente fabricado i: Twting. Isto de
(certamente): "Era o paraíso dt ctrto". 3) Por tnto (certamen- certos idiomas rrazerern J inicial d~e- S<' ao fato de não pro-
te, seguramenrei: "Alegria mui grande foi por ttrlo achannos cederem eles como nós, q ue muitas vezes somos levianos
já pessoas que sabiam navegar''. mais do que lõlólogos no procedimento ortográfico de nos-
Na linguagem familiar, as locuções dt certo, com cnln.tJ são sos vocábulos.
empregadas com sentido dubitaúvo: ''De urto ele vem" A grafia com c está generalizada e entra em deri,'3.dos:
(= talvez ck venha). acttinar. aceti711ldo.
Cheque 5S
Céu - V.jubiku. tuguesada ; a palav1-a nossa é xmtJjobia. do grego xênoJ, cs-
Ch (origem) - V. ;nnõntica. rrangciro, e phóóos, horTor, mc:do; o que nutre xmofobia (sen-
Ch =X- V. Ancliirta. timento ridículo de patriotismoj é xeMfobo (o x tem som
Cbac:al - Voz : rtgougar. alfabético).
Chácara - Pelo que 5C' pode apurar, chácara (palavra desconhe- Chave - Coletivo, quando num mesmo cordel o u argola : nw-
cida em Portugal, onde, para o caso, empregam o vocábulo lho. penea . .Barulho: trincar.
quintai deriva-se do quíchua chacra, onde tem a mesma signi - Chávena - Palavra de origem chinesa (chavanj, pouco usada no
ficação com que é t>m português empregada. Brasil, onde na conversa<,-ão ord inária ~ sub stituída p or xí-
Ourras palavras ainda há derivadas do quíchua (a grafia cara, quer ~ja de tamanho pequeno para o cafe>inho, quer
quúhua é mais fiel ao érimo), língua americana, ainda hoje grande para chá, choco lace, média.
falada no Peru: cqm/qr {ave), pampa (plan[cie),guano (esterco), Chaves - Adjetivo pátrio :.flavimJt.
pum.tl (leão-marinho) etc. Checo - Com ''c:" inicial, i: fonna preferível para indicar o na-
.E.xiste ao lado de chácara, de sentido conhecido, o vocábu- tural ou o idioma eslavo da Boêmia, Morávia, Silt•sia . ou,
lo xácara, de origem árab..-, com x inicial, que designa narra- com o adjetivo. o qu<· a eks se rC!'htciona.
tiva popular. em verso. Checoslo?áqo.ia - Graficamente, n("IU na origem exi ste "t"
Chaooal bar - V. chocalJrar. inicial. C(chJ, com uma sigla sobre o c, é como indi cam os
Chaleira - V. molorneio. indígenas da Coroa de São Venceslau a terra de Ctch . S<."gun-
Chamei -o sábio - V.jiumo-lo prtJtdmtt. do a lenda innão de Lech e Russ, fundadores, resJXclÍva-
Champanha . Barulho : tlpocor. tJiourar. V. aludr. mentc, da Polônia e da Rússia, no século Vlll da E. C.
..Chance" - Palavra francesa; conquamo de largo uso em in· O grupo tcht terá sua razão de ser em línguas que possuam
glês, é comple~ameme desnecessária e-m português, onde tal fonação; entre nós só dos caboclos 5C' ou\"e a pronúncia
tt'mos oportunidadt. "Não tive oportu.nid(UÚ", ''Vou clar-lhe tchu1JQ, por chuva, lchtrano, por Cheirando etc.
mais uma oportunidadr" são expressões por si falantes, ex- Grafemos C/Uicosluváquia e não Tchtcosl~váquia.
pressivas, claras. Cândido de Figueír<'do aconselha a forma Chtc~-E.Jio!Hi­
Chanceler - De o rigem latina (cnnallánurn), cht>gou-nos pelo qwa, mas o " e" protc't ico de Eslov:i.quia só seria necessário se
frands clunutlli.r ; pronuncia-se " xan-sse-lér"; são seus deri- os dois elementos vigo rassem na língua separados por hífen;
vados charn:eillria. chanttlar e daqui chanceill, o sinete, sdo ou ninguém assim o faz ; todos j ustapõem os dois elementos
gravura que evidencia a or igem ou o cunho oficial de um como na pa lavra jugrulávia.; nem Ondido dt> Figueiredo
documento. escr~i a]ugo-&/ávia e jugo-Eslavo (eslavos do su I : yug, su I).
Chanceler, nome de funt:ào antiga, é hoje r('servado quase Se o insign(' mestre aconselha a esc•·ita Checo -Eslováquia
exclusivamente para indicar o primeiro-minisrro da repúbli- é po r ter panido de um princípio e principalmente de uma
ca alemã e da Áustria. informação falsa, pois se os jornais que ele leu em Lisboa
Chão- Como adjetivo (plano, liso: mar chão : >ingelo: lingua- (Combates sem Sangue, XIII, 51) grafavam Tcheco-S/(JI)áquia,
gem dui) cem por su)X"rlativo sintético chaníssimo. V. estadia. assim não o fazia o co nsulado de lá nem de lugar algum de
~peldro - v . motomeiro. Portugal e do Brasil. Portugueses ou brasileir os. escr~em os
Charivari . Não obsl3nte João Ribeiro acoimá-la de galicismo consulados a palavra sem hífen, como se escreve ]ugosW.via
inútil, a palavra está no vocabulário de· Portugal, em Cítndi- e nàojugo-Slávia.
do de Figueiredo e ~m ourros dicionário~. O fato é que ela Escrevamos Chrcoslováquia, como nome próprio, e chtcos-
ex.i$te no francês - e tem vá rios derivados - para indicar lovaco. chrchosiovaca como pátrios. V. sar.
chocalhada , bulha com choca lhos; é formada por anomaco- Chefe - A seguir os femininos giganúz , ltó•f,((/a, m()T!Ja. parenta. o
péia, o que acontece em todas as línguas co m várias palavras feminino de dtrfe seria chtfa, mas tanto o vocabulário oficial
indicativas de barulho. português quanto o brasileiro dão chtjt com o substantivo de
Por c.-xtensão, é empregada em francês e em português, dois gêneros.
com a significação dt> algazarra, assuada c ai11da com a de "Chefe de obra" - Os romancis tas portugueses, conhecedores
música discordante, pandorga, confusão, motim, tumulto, de vários idiomas, sã o culpados de muitos esu-angei rismos;
barafunda. este t' um deles, inteiramente inútil; em portugucs temos e
Dados os muitOs t·mprcgos, acabamos corcondando com todos usamos ..obra~prirna" . v. ue-mchife,.
João Ribeiro: "Vê-St' que é galicismo inútil" , mas ... também Chegar, Chcg.ada - úcapam os advérbios aqw. ali, cá. tUolá,
Aulete a consigna, c em ..pandorga'" a oferece como palavra tm/xUJ«J. abaixo e out ros da regra que!' nos obriga a construir
sinônima. os verbos de movimf ntO com a preposição a ou para ; tanto
Charlatão- Plural: char/atàrs. drorlt!l&s. feminino: dtar/atà. poderá o·Jeitor dizer "estive aqui", empregando o advérbio
" Chaner" - .E palavra empregada em náutica mas na língua aqui com um verbo de p..-rrnan~ncia. que normalmen te exige
inglesa, não na portuguesa ; é substantivo que signiftca.fre- a preposi..;ão em, quanto poderá construir " venha aqui", sem
úzmm/o; usado arributivamenre, de acordo com a estrutura a preposição para. exigi da por verbos de movimento.
do inglês (" chartcr llight"i, passa a ~r rra.d~ttido em portu- Afora isso, a regra acima lembrada impera: " Cheguri a
gu~s por forma que lhe de fun~-ão de a djunto: vôo áe .fr•ta- ca.sa"- enio "cheguei em casa"'.
menln, vôo JrrüJdil. Freta-se um avião, lreta-sc um barco, É curioso observar que o verbo chtgar indica. ctimologica-
frt>ta-se um ô nibus; o veicu lo torna-se frttado , torna-se rr- mente, lugar o nde e não lugar para onde; ao contrário de
'nvado. movimento, a origem desse verbo imp lica idéia de quieta-
A continuar o emprego do barbari~mo, irt·mos daqui a ':ào; chegar vem de plicare, que signiftca dobrar (pl=ch: p/úvia,
pouco ver: "A escola fez um 'chaner-pany' com a compa- chuva ; plorau, chorar). "Plicava", isto ~. dobrava as velas
nhia". Por favor, ~nhor redator , não se esqu('(.-a de qu<' isso quem aportas..se, quem ... dttgtUst. Nem com St"r, porém, esse
se traduz por " conrrato de fretamenro". Faça as paz..-s com o o étimo e o significado , essa é a regência. Q..uem chega, chega
seu dicionário. "a" um lugar, e não "em" ~ Cheguei ao Rio - Chegaremos
Cbowc:> le nawrd, il n:vient au galop - Locução francesa que ao campo- Cht>garei a casa.
significa "Expulsai a natureza, e ela voltará a galope". O lo- Id~ntica é a regência de chrgada: Por ocasião de sua che·
bo perde o pêlo mas não perde o hábito. gada a~ Rio - Minha chegad a a casa foi inesperada. v. tm-4.
Chassi - Transli tera çã o de palavra francesa, já constante do ChelftDC - V. chulipa .
nosso falar comum, que indica o arcabouço, a armação bá- Cheque (expressão verbal da importância) - A propósito da
sica em que se firmam as demais partes de uma estrutura. de maneira de ClCpressar a importância por extenso quando
um veiculo, de uma janela etc. entre mil e mil novecentos e noventa. e nove cruzeiros, rece-
"Chauviniscno" - t palavra errada e inoportunamente apor- bemos do Dr. Geraldo Magela Leite, advogado do Sindicato
54 Cbevrolé Ci &a
dos Bancos do Estado de São Paulo, amável corresponden- JiTIII:J<I~nts. V. JITIII-j(lf>onh
cia com seu oportuno Parecer. que vem corroborar ? que Chin~s - V. itkograma.
nes~.as Q.uc.-srões Vernáculas foi dito mais d<- um;~ Vt'z. A per- Chipre . Adjetivo pátrio : chipriot.a, àpri!lla.
gunta: "É crrónea a expressão mil c:rnuiros nos chtques de Choca.lhar, Chacoalhar - De choco. (campainha), do l>aixo latim
CrS 1.000,00?" o ilusrre advogado respondeu em 4 de cl«o, e o sufixo aumentativo allw, temos chocalho (cincerro;
dezembro de 1975: brinquedo, instrumcnlo, coisa que faz barulho serndhantel,
"Segundo o artigo I~ da Lei Uniforme de Gen!!"l>ra, adota- chocoJhar. clwculh4iro, chqcalhicr e outros derivados.
da no Brasil, o cheque deve conter ordem " de p:~gar quantia Com o se01ido de vascolejar, ou seja, de agitar vaso que
dec:enninatht''. Es5a "quantia determinada" deve ser indica- contenha líquido, c, figuradamente, de sacudir, criou-se o
da M~gundo a expressão da língua t'm que o chtqut for escri- brasileirismo, já registrado no vocabulário da Acad~mia das
tO e a expressão desse valor em nossa língua f: mil cruuiro1, Ciências de Lisboa. chacoalhar (0 rrem chacoalhou a viagem
não sendo corrente dizer um mil cruuiro.•. Dessa forma não há inteira- A comida chacoolltava no estõmago - O avião deu
vicio ('m se determinar no cheque o p agamen•o de mil cru- u ma cluuoalMda que de1Tubou quase tudo) - donde o subs-
uiro;. ou de mil t duuntos cruuiTos. Por cautela, há os que tantivo cha(J)(l/h/1 : Estava lendo quando semi um chacoolho c
pref~m a expressão um mil cruuiros, ou hum mil cruui:ru: um estouro.
mas isso é preferencia pessoal, que, na vt'Tdadc, consn(UJ Choc:alho - Barulho: raJCar. tinlinar, tlinlar. V. clwcolhar.
excetio â maneira normal do falar e do ~er. Prt'"cauc:OO Choco - O "o" é aberto no plural.
rdativamcn1c ao preenchimento das fórmulas do cheque Chofer - Aportuguesamento do frances " chauffcur''. A tt'nni -
pod('ffi ser tomadas com outras providencias, como iniciar nação da forma portuguesa rem normalmente a p•onúncia
a indicado dt' valor imediatamente em seguida ao tl-rmino fecha.w - choflr - c t id~nrica para o feminino ; são unifor ·
dos dizeres impressos, sem deixar espaco vazio, escrever o m~ em port.~g~.ês o s adjetivos. substantivados ou não, rer-
valor em algarismos imediatam<-nte no início do quadro a mmados em er : esm~trr, chancd~.
isso dcs<inadr>, lig-ar as palavras da <:xprcssão de quantil' Chorão, Chorona - V. ~ltriül.
(mileduzemoscruzciros; doismilcrutciros), cancelar todos os Choromândel - Pronuncia-s<:' xo -ro-mdn-de/, paroxítono <cos1a
espa~o> v..zios depois de escrita a importànda por algaris- oriental da lndia).
mos f! por ex1enso. Chulipa - t palavra feminina; dt>signa em Portuga l e no norte
As cautelas relativas ao preenchimento do cheque são en- do Brasil o nosso dormtntt (rravessa. geralmente de madeira,
cargos do emitente, pelo que o Banco, segundo entendo, em que se as;entam os 1rilhos de estrada de ferro). Dt ouvir
não pode recusar o pagamento do cheque por nele estar ingleses falar sletf>tT, trabalhadores modestos passaram a di-
escrito ""' cruuiroJ, pois essa é a maneira norrnal de ex.pres- ter sulipa (nordeste brasileiro) e chu.iipa.
>ào o ral r <'scrila e, existindo os demais reljuisitos prtvistos Fenômeno semelhante ocorreu com chtlenu, do ingl~s slam
no anigo JO da Lei Uniforme, com o temperamt'nro do arti- (aro d~ ganhar todas as vaus de uma dada de cartas).
go 20, o documento será cheque e como tal deverá ser tra- Chumbar, Chumbcar - Exisrem os dois verbos ; drumbtar. com
tado" . a significação d<' espingardear; chumbar. com os demais signi -
Acolhcmdo o Parecer, esta recomenda~"âo, datada de 22 de ficados e o da giria escolar de reprovar, ou licar reprovado,
novembro de 1979 (Circular P-104/79i, ~mitida pdo Sindi- em exame: chumbar um dente, chumbar uma rt'de, chumbar
cato dos Bancos dos Estados de São Paulo, Paraná, Mato um docum~nto, cflumbar um gancho rta parede, chumbar os
Grosso ~·Mato Grosso do Sul: pés de um banco no chão, esse professor rne chumbou, fiquei
" A Comissão de Compensação Integrada, on1em reunida chumba.M (ou "chumbei") em matemática.
com a panicipa<âo do Banco do Brasil, S.A., resolveu ~ue Chuva - Barulho: /later, tambtYtilar.
se reco mendasse aos Bancos que novamente expecam •ns- Cianogenio - V. ceratou.
trucões a St'u pessoal que examina o prt-enchimemo de che- Ciar - V. smtmciar.
ques (e as facam constar, de maneira pcrmancnrc, no Ma- Cibemhic:a - Derivado do grego, tem por étimo a mesma pa -
nual de lnsmKõesl, a respeito da maneir.l de l.'scrcver a im - lavra que nos deu govtrno (gr. qlumó, governar). Indica o
portância, por extenso, pois voltou a haver act'ntuada devo- conrrolo electromagnrtico de máquinas de calcular. d~ autô-
lução indevida por falta da palavra "um·· e, at~, por falta da matos, de movimt'nlos, d,. aparelhos teleguiados e até das
da k u-a "h" ("hum"i nos cheques de importância de mil a conexões nervosas dos organismos vivos: ··os problemas dt>
dois mil cruzeiros, com sobr~carga. sem morivo, dos serviços trânsito são nas cidades civilizadas equacionados e resolvidos
de compensacào. Ant>xo st> encomra l'arecer, já anterior- pela cibtrniltça" .
mente divu lgado, que demonstra que não se pod<' rt'cusar Cicatrizar - V. ttonomhar.
cheque, com fundamento de sua t>xpressão Õl' valor por ex- Ci«rone - Após tt'r entrado no nosso vocabulário, esta pala-
tt>nso ser mil cruuiros, mil e duumtos cru:uiros, ou análoga". vra italiana está ~ndo subsriw ída pela portuguesa gr.~ia ou
Do inglês chtck, é termo ba"cirio. Não co"tiutdi_r com guia de turúmo .
.•eqw:. termo, de origem árabe, do jogo de xadrc~ (em hngua- Cid one - V. ctrlllnU.
ge•n flgu•·ada significa per igo, situação de evidencia: põr um Ciclope - Vinda através do larim, esta palavra grt'ga, que signi -
assumo <'m xeque, estar um individuo em xeque): também fica "de o ll• o redondo", indica os gigantes d e um só olho,
indica "chefe de rribo árabe" , donde o substamivo xecado. no meio da resta, aos quais se atribuem certa> obras ingentes
para indicar t'sse cargo, a sua duraçio ou a :área dt' jurisdicão que ainda existem na Gr~a. É palavra paroxitona.
de um xeque. Cidocrôoio - V. tMio
Cbc:nol~ - V. dtrivad~sfrana~s. Cid - V. Daui.
Cbl -.a piano, -.a sano - Loru<;ão italiana que significa " quem --cida (sulixoi - V. tMritiad<t.
vai devagar, vai com ~ranca" . Também se d~ "Chi va Cidadania - U.se-.se St'm temor o substanlÍ\'0 cidadania em vez
piano. v a lo nlano". devagar se vai ao longe. ela locução "direito de cidadão". É palavra bem formada e
Chicana - Provinda do francês, a palavra í: já. de uso correme não deixa de ter correspondenres em outras Jlnguas: ita lia -
entre nós e tem seus derivados: chiCJJ1t4r, chiC411tar, r.hicaMiro. no, àltadinaru.a; franc~s. ri.tadinagt; catalão, ciutadani4 ; espa-
chicanice. dticanisto. É seu legilimo significado "sofisma". nhol, cittdadanw.
" argumento de má ft", ''embuste". Cidadão - O plura l é cidadàoJ. Muita geme boa daudica no
"Chícar.t'' - V. xícara. flexionar esta palavra.
Chicote - Barulho: estalo, estalar, ellalido, esta/idar. ...adio - v. mariticida.
Chllc: - Adjetivo pátrio: cllilmo. Cientificar - V. avisar.
China - Adjetivo pátrio: chines. chim. chino. Q.uando primeiro Cifra - Cifra e ItTD são etimologicamenr:e uma única e mesma
elemento de adjetivo pátrio composw, assume a forma sin11: palavra; ambas provêm do árabe cift, que significa vazio,
Cigano Cível. Civil 55
oco. Se a forma ~rro mamem essa significação, j á o mesmo Circuito - A pronúncia é cir-cúi-to, com o acento tônico no
não aconrece com a divergemc; esta pode significar: nu".
uro: "Adverti que já n"'ste 5(1)tido, de que nenhum dos Circum - É procedimenw co ntraditório, pois ofende as pró-
caraaeres da arianética ttm valor p~óprio, a uns chamam prias regras do acordo de 4 S, ma s o vocabulário oficial faz
figuras e a outros àjras" - "Não vale uma cifra!' (•não vale acompanhar esr.c prefixo de hífen quando seguido de vogal.
nada); ârcum•ambimte.
sigil1 ( letra~ inicia is enla~adas. metidas em tarjas, sinetes <:ircunsúocia temporal - "Estt mês não houve modificações''
etc. i: cifra de nome; ou ·:~f!ste~ mês não houv~, mod~fica çõts" ~ H~ta s('IJla·
símbolo (figuras de coisas ou de animais que representam o na.. . o u Nesta S('mana... - sao consrruçoes rgualmen t~
>ignificado do nome próprio, como um lo bo para indicar os corretas.
Lobatos, um pinheiro para indicar os Pinheiros): cifra de São frases correntes: "Temos tido sol todos os dias",
apelidos. "Saio de São Paulo rodos os anos" - sem a preposição
Por extensão, indica os caracteres convencionais para uma em, que, nessas t'Xpr<'ssôes, se subentende. Muito erronea-
correspondência secreta - e daí o derivado decifrar (chave do: ment<' proredem os que sel'llpre exigem a preposi ção nesse6
cifra==allàbe to para t·screver f'~.sas cifra s, ou seja. para ler o adjuntos adverbiais.
que está ('SCrÜo em cifra, em símbolo) - e, ainda, epílogo, <:irorgia V. uratosr; V . qui.Jio.
resumo : "Seja isto uma cifra do que S<' pode diter dos seu s Cirurgião - Plural: cirurgiõrs, arurgiMs.
poderes". ucisa" .. v. lÜa..
É também em_ercga da em ontí sica para indicar escala. Cisão, Cissão - Por mais estranho parec.t, anda errado o por -
Con clusão : Cifra tem vária s significações, mas não significa tuguê-s fm grafar com um ~ó s o voclbulo ruão (separação,
"algarismo"' nem "total,. divisão, d ilaceração: cisão de um partido político); prove-
Cigano - Coletivo: bant.W, a:bilda. niente de scis~icmnn, do supino de scindo, a palavra deveria
Cigarra - Voz: wn.tar, canto, chiar, chichiar, chiQ, ntridular•.fretenir, muer dois ss em português: cissão. Corrigi -la não será fácil,
rechiar, rechinar, rttinir. Unir, tiliar, wnir. nem talvez útil, m as dicionários já t'Xistc:rn que trazem a se-
Cilha (barrigueira, correia, fail<a) - Não confundir com si/M gunda forma como vari.a nte gráfica da primeira.
(pedra em que se a~senra o corúço das abelhas). N;tsecm~ manda, ao dar em seu dicionário c:timológico a
form a cisiio, que se proçure ciJSão; fá- lo acertadamente, mas
Címbalos - Geralmt•me usado no plura l, como pratos, ca'slanho- nenhuma consideração nem comparação apresenta. Já em
la•. c prt'ferível a "cembalo" por mais fiel ao étimo grego, (: rutióri.o, com um tínico s, declara, após o étirno rtJt:iHOJ'ium
nome q ue designa ramo um amigo instrumento dr cordas (com dois ssi, que a fom1a de um só ' é influência dt recisum,
(e n~rt caso aparere no singulari, quanto os discos de metal do verbo reríáo (cortar). Cabe realmente aqui a confusão,
que em música se chamam prato>. quanto ainda outro instru - porgue vemos no composto latino recído o mesmo i do ver-
mento constituído de dois mtios globos que se percutiam. bo Jando, mas a coincidência não deve enganar os conhece-
Cinco anos - Coletivo: qüinqilhlio. luuro. dores d<' composição. Se o supino d<' rtcúfo é rtciJum, o de
Cinco vorcs ou instrumentos - Coletivo: qumlt/Q. re.!lindo é mcissum. Se tem os ttmra (cortei, do verbo caedc.
Cinema - V. ctralost. remós nssura (divis:io, separa ção), do v<"rbo scindo.
Cínico - V . tinódromo. Cândido de Figueiredo traz um asterisco antes de cisão
Cinocéfalo - V. cinódromo. (sinal indicativo de não encontrar-se a palavra em outros
C'modomes -V. cin6dromo. dicionários), dando a seguir a significação técnica de "corte
Cinódromo - Enrre as muitas palavras do nosso léxico recebem numa pan e In sulada de urn projeto arquitetônico; com o
sigoi fi~:ado de "ato o u efeito de cindir, cisma, desarmonia" ,
algumas o nome de híbridas; co nsiste.' o hibridismo na forma-
cio de um composto com elemento~ de línguas diversas. só oferece a forma com dois kl : cmào.
Temos mui tos exemp los de híbridos. consagrados pelos fi . Se em cissiparidade ninguém se esquece: dos doi> ss nem na
lólogos c regisL,·ados nos dicionários; ral acontece ou por escri ta nem na pronúncia, ~m ci>,áo, palavra de igual proc~·
s<"Tem os componentt>s muito usados separadamente.' no vt·r- dência, colocamos erradamente um só.
náculo, ou porque a isso obriga a nece$Sídade. Um exemplo E a palavra àrauio! Está certa, porque se prende ao latim
do primeiro caso: a/c0011Utro, o nd._. temos o elemtnto árabe au:do. lnCI.UÚI, incisivo. indM~. conciw (cortadoi, j>rtciso k orrado
áloool, mais o grego mttro, muito usados separadamente. Em por diante, donde a idéia. de " falta'', de " necessidade"j -
galvanotipia, dó italiano galvarw, mais lipsa. grego, temos um com um só s - vêm de compostos d~ caedo; usura, com u m
exemplo do segundo caso, onde nada se pode fazer sem só s, porq ue vem igualm~nle de cardo. Pro~nienr~. por ém,
desvinuar o sentido da palavr a. de scindo (fender, rachar, d~unir, dilacerar, rasgar). temo5.
Se queremos indicar a pi sta para corrida de cães empre- com dois ss: cimua, duíparo. cüsiparidadt, e deveríamos ter,
gando para lugar <lc corrida o elem("'HO grego dromo, tam - também com dois ss. recissão e cis!ião.
bém grego deve ser o primeiro elemento, e teremos a pala- C i me - Voz: artmar (verbo~ substantivo).
vra cinódrtmUJ iegi rimamente formada. Nenhuma novidad._. Cissíparo, Cissiparidade - V. asào.
poderá isso causar-nos, pois tal el('mento (do grego CJTIÓs, Cisrura - V. ci!ião.
genióvo de ryot!, cão) já possuímos em ourras palavro~.s: tino· Ci~u · Ox.itono é o nome português d a aldeia fra ncesa ern
cifalo (cyn6s mais cepl10ll. cabeça), macaco d a África c;om que teve origem a o rdem dos cistercienses. A origem é latina,
"cabeça" de '' cão": cinotÚJ11Lts (€7'1ÓJ e odontos, genióvo de CiJIIrcium : os monges de Cisrer, a ordem de Cister.
oâ4ús, dente), povo fabuloso com " dentes" de "cio"' e, fora Cisto - V. quúto.
ourros, a pa lavra dni((), forma delicada quando não de rodo Cível, Ch•il - Q.ual a razão da diferença gráfica des5aS formas?
inoçente de chama r "cão" o nosso amigo. Cfutl é palavra mal formada. O latim civilem ~ paroxítono,
Nou:rnos a natura l preferência ás palavras corretamente uma vez que é longa a vogal da penúltima sílaba c a quanti-
formadas de elementos grt'gos; o grego muito se presta para dade das silabas latinas em regra não se altera nos deriva-
indicar coisas e invenções modernas; a questão está. apenas, dos porrugu~s. Se em dócilnn, dúr.tilis a penúltima sílaba é
em s<tbermos manusear suas pa lavras, que obterão imediala breve, nem em la rim nem em ponugu~s nela pod('fá recair o
aceita<;iio e fortt' prestigio: "Er nova lictaque nuper habe- acento, e teremos entáo os vernáculos d6cil e dr4:lü. Mas se
bu nt verba fidem si gr..eco fonte, cadent, parce detorra" e m virikm, smüem e outros a penúltima silaba é lo nga em
(Horácio, Arte Poética). latim, nela cairá o acento também em português c teremos
Cinqüenta - É a grafia oficializada. com ''qu" e trema . viril, senil.
"Cimra" - Assim não se escreve, senão Sintra o nome da cidade Em filologia os fatos se impõem. Cr iou-se e generalizou-
ponuguc~. se no foro , por j uristas - ou por m eirinhos quc:m ~be - a
56 Cizmia ""Clergyman", Cabeção
pu de civil, oxi!ona, a forma cí'"/, paroxítona, à semelhança CJeópatra - Magistral lição dá -nos Rebelo Gonçalves: Ckóp4-
de m6vrl (lar. móhilnn), ltrrivel (lar. tmíllilnnl, com acemo pa- tra representa uma palavra grega cuja penúltima sílaba ~
roxítono. breve de natuTC'r.a. Com efeito, o grego Kkopát:r• assenta no
!kvemos não esquecer-nos de que é da índole da nossa nome masculino K((ópatros, formado de- 4/éos (glória) e patér
língua rejeitar palavras divergentes com significadio idênti - (pai ). E a respeito da quantidade breve do ''a" de patér não
ca; do que deduziremos: Se existem em vigor palavras diver- há dú,·ídas (cf. o latim paür, com "a" breve).
gentes é porque rem cada uma sua significa~ão especial. Passando ao latim, Kleopátre dava normalmente Cltópalra,
Esse é o caso presente. Cívtl é rermoJ·uridico, que sen•e acentuado na anrepemíltima sílaba. Mas é justamente a for-
para indicar tudo o que diz respeito ao ireiro civil, à juris- ma latina, na qual se deve basear a representação portugue-
di<:ão dos tribuna.is em que se julg-.nn causas segundo as leis sa. que dá origem a controvérsia. Alega-se a favor de uma
civis, de acordo com a jurisprudência do direito civi l (causa acentuacão "Cleopárra" o ser "deopárra" - diz-se - com
dvtl, o juiz do cível), donde se (irou o advérbio civt~nte. a longo, a correta prosódia latina, ensinada en., dicionários.
Crvrl (dir<'iro civil) emprega-se em oposi~ão a crimiMI (pro- Que se passa, afinal, em latim? Isto, muito simplesmente,
cesso civil. ação civil), para distinguir de- militar ou .-cl<'~iis­ que bons dicio nari5fas, como Benoist e Goelzer, não deixam
tico <' para índio r o que diz respeito ao cicbdio, considera- de consignar : há duas prosódias, Clt6patra e Cúopálra . Cada
do no se-u caráter, condição e relações parricularcs (guerra uma de-ve ter, portanto, o seu ~-alor especial.
civil, guerra entre cidadãos; exirciw civil, exército de cida- A prosódia Cltópatra será a narural, porque assim o exige o
dãos); prt sta-se ainda para outras significações figuradas: élimo grego e porque não compreenderíamos condic;õts
emprt'go a vil (tm oposição a oflCÍal, público), casamento civil. prosódicas difcTC'ntes em nomes de idêntica e5trurura. Teria-
registro civil (em oposição a telig;osoi, homem muito civil mos, de urn lado, Cltopácra proveniente de K.úopátrr.; de outro
(com op<:~sição a IÜJcMtlsi. lado, por e..ernplo, AnJípater, Antípatri (cf. o portuguts Antí-
Cizânia - V. Etiópia. patroj proveniente de- Antípatro$. A prosódia Ckopátra, ao con-
Clã - Confonne wdos os nossos dicionários, esta palavra d{' rrário', S('fá artificial, poética, e o seu regisrro só deverá
orige-m tscocesa é do gênero masculino : o cw, 11:111 dâ. tradU"tir a possibilidade de emprego na poesia. Na verdade,
O vocábulo clã - diz-nos Gonçalves Viana - correspon - o que convém ter presente neste caso é uma liberdade muito
de ao gens latino e designa na Alta- Escócia, cnu·e as popula- aproveitada pelo verso romano. Dispondo do recurso de fa-
cões que falam gael, uma "parentda inteira", um ajunra.- zer longa, se a mêtrio o exigia, uma vogal breve seguida de
memo de famílias q ue obedecem à autoridade de um ún ico oclusiva mais "r'', os po('tas latinos faziam isso mesmo a
chefe-, e usam apelido comum a todas das, presumindo-~e Clrópat:ra, tanto mais que, pE-la sua esrrurura quantitativa !to-
dc:sccndcrt'm de um só avoengo. Anim, em MacDooald, o das as vogai s b reves), e5sa palavra não era i~rívd, sem "a"
avoengo chama-se D01Ulld. e Mac significa.filhos. Jlroglnu. longo artificial na penúltima sllaba, em várias ~ies métri -
O vocábulo clã é em inglês aplicado a grupos de- famílias cas, nomeadamente na principal. o hexâmetro dactílico. E é
M consriruiçio análoga em outros povos; adotaram-no os curioso q u(' os e-mpregos poéticos conheódos coruistcm to-
franceses, e da Fran(:a foi trazido a Porrugal por intermédio dos na prosódia C{i6patra, o que deve ter contribuído para se
da liLC'ratura. fazer fé só pela poesia, sem atenção ã liberdade ou anificio
Corrc,pond<'. pois, o neologi~mo, já act•i to M linguagem prosódico.
sociológica, aos nossos vocábulos grei, parmltla. mas o gêne- A propósito de Cl.eópatra há quem cite um verso d~ Carnões
ro não é o destes sinônimos, mas o mascu lino: o clã, um dã. (111, 141, 6), o nde se e-mprega a forma Ckopatra (rrissilábicai.
Clâmidc - V. m6rwtk. Para estar neste emprego a correta acenruaçào, como pensou
Claque · É como se es<:reve a palavra que designa o conjunto Gon~-alves Viana (Ortografia Nacional , pág. 153), era preci-
d<' indivíduos ajustados para aplaudir. so que Ckopátrn TC'presentasse, e não representa, a prosooia
Cluicular - V. biliar. latina naturaL Mas também não deve ver-se no exemplo
Cleão - E não "Cleome". Xnwfon~ justifica-se por correspon - camortiano, como vêem alguns fi lólogos, mera reprodução
der ao gt'tlitivo grego XmopMnll>s, mas a palavra do verbete da prosódia p~tica latina. Praticante, como foi, da diistol<'
rem por genitivo "Cioonos", a q ue corrtsponde- a forma C'm tantos nomes próprios clássicos. não precisava Camócs,
vemácula Ckào. para usar C/J!optÚra por Ckópatra. de cingir-se apenas ao ver-
CJMfas • Sobr.- esta palavra assim discorre J oão Ribeiro: "O so romano: ainda que- dele se lembrasse, r.-guiaria aquela
nome Clitift ou Cliofa aparece no Novo Testamtmo t> é o forma por uma licen~-.a consagrada.
rtll'Smo que o grego CltopalTa. Depois de Alc:xandre, a Síria Por tudo isso. <'m suma: Cúópatra, com rigoroso acento
e a Palestina foram helenizadas c adotaram vários nomes agudo na antepenúltima sílaba, como cérebro, que o latim na
gregos". poesia podia razer crribro. lhttbra, que se encontra em verso
Tememos acrescentar mais algumas luzes ou, ralvn, ma õs latino tmibra, mas só em verso; na prosa: dub<o, linebra.
outras confusões à ques~J.o. _ Cleópatra .
Como Anllpatros se abrevia em Ántipas e não em Antif~ .. Ciergyman". Calx:c;iio - Empregar "batina" em vez de "pa-
nem Ántija, "Cleópatra" não é, filologicamentc, o m~smo dre" , "burcl" em ve2: de "frade" é admissivd, corTC'tO e usa-
que- Cllofa o u Cliofas. lkmais, tratando-se de testemunhos do, não porém dizer " padre" para indicar "batina" (Fulano
cv.~.ngélicos, os próprios exegetas se vi'em em dificuldade-s apresentou -s.- vestindo um padre), "frade" para indicar
em personificar esse nome, pois aparece em lugares e com "burel" (Assim que entrou no convento passou a vestir fra-
TC'fertncias diferentes. No evangelho de S. Lucas encontra- de).
se Cliopas para designar um "dos discípulos de Emaús ao Não há o que justifique tal emprego; figura de retórica t
qual Jesus apareceu após sua ressurreição. Em S. João VC'mos figura e não tranY'ormação definitiva de significado. Não
ourro nome, Clopas. como apelido do marido de Mana, há rropo que confira legitimidade ao barbarismo "dergy-
irmã da mãe de J esus, a qual, segundo ourro c-vangelisra, man" para indicar em porruguk ~temo de padTC'" ; é um
S. Marcos, era mà<: de Tiago, o M<:-nor. Esta última forma, violentam<'nto de id~ias inconcebível em quem pensa e, a
porém. pode-se considerar, filologkamente, o mesmo que um tempo, prC7..a o nosso idioma; não há metáfora, não há
Cllopw, pois é comum em grego o a longamento do grupo sinédoque, não há metonímia que explique esse proceder;
eo (epsi lo, omicro) em "o"longo (õmegai. as figuras, quer de palavras quer de pensamento. são trans-
Já que o nome atende â forma gteg'd p•·imitiva, deverá ser formações de sentido operadas dentro de um cont.ext.o, nã o
pronunciado com acento proparoxítona, escrito com s no perrnancmtcmcntc, na palavra isolada. Posso empregar
fim c, pela ortografia oficial, com f A pron úncia Cleofás <é " fogão" em vez de "casa", de "família" (Ele linha trinta fo-
espanhola. gões na fazenda), mas dai para dizer "Construi um fogão
Cléopas - V. Cliofas. com duas portaS c- quatro janelas" vai grande distância. dis-
Ctich~ Cocimte 57
lância que não estão percebendo os que estão usando "cler- "Clips" · Gramp é a palavra que devemos empregar em lugar
gyman" por "cabeção", como se pudéssemos dizer " Mandei de "clips". Não há perigo de confusão; se, faU'ndo Um<l
fazer um frade sem gola", "Comprei um padre b<:m com- cerca, alguém pede grampos, não se refere, é claro, aos do
prido", " Regulamento do uso do clérigo". cabelo. Grampo de papel, grampo de arame, grampo de
Que dizer, além d isso, do emprego de palavra completa- cabelo, grampo de espingarda, especificadamente, quando
mente estrangeira? "Vou continuar a vestir priu", "Não ho uver disso necessidade, especificacio que não será incô-
sou frade para vestir moi.ne". A troca de substantivos verná- moda. a q uem quer que seja.
culos por nomes de o utros idiomas não esconde nessas fra- Clitoris - A palavr.1 é greg-• e com "o" breve se escreve; é, ·pois,
ses a leviandade de procedimemo; não será com indicarem proparoxítona em português. Talvez por inOuência do ita·
uma indumentária com palavra que não é nossa que seu dis- liano, ditoridt, com o acento tõnico no "o", é que se ouve
paratado emprego ficará disfarçado a quem conhece seu le- por vezes com acentuação errada em português.
gítimo sentid o na lingua a que ela pertence. Um anista veste- Clopu - V. Cliofas.
se de padre, de frade. de soldado, mas não veste um padre, Clube - Fato semelhante: ao ocorrido com a palavra 711<J{orca
não enverga um monge, não usa um soldado - nem na deu-se com a palavra d,.bt, provinda do inglk, onde signifi-
língua párria ntm em nenhuma estrangeira. ca cat-e«-, porrete, pau de dar t"rn gente. Numa das muitas
H á muitas décadas (-xiste cahtção na llngua que falamos, guerras intemas da Grã- Bretanha, o ~po que pretendia
pois não é d e hoje que é vedado também aos sacerdotes ca- derrubar a siru.ação adotou por emblema o acet~; a disse-
tólicos romanos o uso da batina t>m PortugaL Abram suas minação desse grupo alastrou o emprego da palavra de tal
excelências os bispos da CNBB os nossos dicionários, assim forma que ou1ros ajuntamentos associativo~ passaram a ter
portugueses como brasiltiros (Aulete, Figueiredo, Laudeli- o nome de clubes, hoje adotado imemacionalmenu:, e em
no, Melhoramentos e outros); consultem depois o Wcbster e português escrito com "e" final: cluht.
vejam bem o que signifia a palavra que estão violentamente Co... - Em· prt'lixo constitui mais uma de-monstração da co-
deturpando para ind icar roupa; não se deixem ridicularizar média ortográfica que, elaborada e imp ingida ao tempo de
pelos que nasceram em terra de lingua inglesa e conhecem a uma ditadura, foi-nos depois oficialmente imposta através
nossa. de um veto parlamentar provocado por interesses econômi-
Clichê - Aponuguesamcnto do francês clichi, já arraigado no cos de editores que não quiseram ter seus estércos perdidos.
idioma; derivado: clichtM. Abra-se o voabulário da academia e veja-se "co-obrigação"
É tspúria a palavra, c constitui então anglicismo, com a (com hifeni, seguido de "coordenação" (sem hifen), "coope-
significação de cluw® : "Esse orador tem sempre os mesmos rador" seguido de ~co-opositor", "co-participante" antece-
cüchll'. dido de "conOtativo", "co-réu" seguido de "correligioná-
Clidorrexia - V. co.lidoscópio. rio".
Client~, Paàent~. Fregu~s - Cliente é palavra desd~ o latim usa- Não ~ o la1im que nos faz falta, é o bom senso ; este, po-
da para indicar o patrodnado, o individuo que na Rof!la ao- rém, não pode existir ern quem repudia aquele.
liga estava soh a prote\iO dt' um cidadão poderoso. E hoje Coação, Coerção - São palavras distintas; a pr imeira sugere
usada para designar o que confia a sua saúde a um mc'dico. a violencia, constrangimento, imposição, ameaça: "As dma-
um dentista, ou o que confia seu~ interesses a um advogado. ras aprovaram a medida sob coação". Daqui o derivado
A palavra.frtguls ~ntre outros significados pode ern sentido coactivo: poder awu;tivo.
lato aplicar-st' a "cliente", mas sua significação, para a com- A segunda - couçâo- sugere capacidade de agir, poder
paraç~o pre'('nte, é de "pessoa que hab itualmente compra de agir, vigor; ê termo jurídi co; dela o derivado eotrcitiuo:
da mesma pessoa ou a ela vende". " Lei penal q ue não estabelece pena não tem força de coer-
Paciente é, no caso, outra coisa; um doente pode ser dien.t~ ção" - "O idioma é elemento Clltrátivo do homem na socie-
ou não de um médico, mas é sempre paciente, ou seja, é dade".
padecentt, é sofrtnú; ele suporta, ele rtctbt um trabalho, uma Coador, escoadouro - Se algumas existem com duas formas,
assistlnáa. uma para indicar o agenu.· (hellt:dor. logrador, sangradM, 71!41a-
Provém paczentt elo verbo depoente pátior (pronuncie dl!r, Clmltdor, ma/Jw.áor, tmbarcador.. J, outra para indicar o
pááor), que no C{ISO significa sofrer, e dele é particípio presen- lugar em que: a ação é praticada (btbtdcuro, lograduu.ro, ;an-
te, ou seja, equivale precisamente i expressão adjetiva " que grad<!UTo, 111(ÚtJdouro. comcdouro, tl1lllJuu:Wuro, tmbarcadttUro...;,
sofre". 1:. seu cognato "passivo" bujeito pamvo, o que sajrt ã outrU pala\TaS, por não comportarem distinção de signifi-
a~ão verbaU, como cognato seu é "paixào" (paixiio de Cristo, cação, aceitam ou só o sufixo or, que passa a indicar serventia
sofrimento de Cristo). (tsptm4dor, txtintor, coador... ) ou só o sufiXo designativo de lu-
T~nha ou não paáincia (virtude que consiste em lU/JOrtllT os gar (tu:OiULnn'o, sumidouro, .turgidouTo, rrSilllialkuro ... ).
males, em .10jrer as doenças, em palkar os incômodos sem Não há estranhar a inexisténcia das duas formas para tais
queixume), o doente, seja o u não cliente de um mêdico, de palavras; existe coador. mas não existe coodouro; existe tSCIIO-
um hospital, t sempre dele um pacimle. Na acepção em que douro, mas não existe t$COOdor; só aceitam elas o sufixo cuja
estamos considerando, todo o cliente é paciente, nem todo o significação se ajuste à do radicaL
paciente é cliente. " Coaliüo" - Fr,mcesisrno inútil. Par1 iclos. forças coligam-se;
Coletivo: clienltlo.,jregrmia . o aLO ou resultado de coligar é coligação. São sinôni mos liga,
Climatizar - V. aclimar. aliança; a coligll(ão das monarquias árabes, a cclig~ <:leito-
Clímax - D<: significação ou1rora resTrita à retórica (Figura ral. t também barbarismo a variante "coalição".
consistente em repeti r palavras em gradação, como nes1e Coblença - É a forma vernácula do nome da cidade pru~-sian.a
exemplo: "Na cidade nasce o luxo, do luxo resulta a avareza, "COblentz".
da avareza rompe a audááa, da audácia geram-se os crimes Cobca - Coletivo (~uando instaladas em lugar especial): .oer-
e maldades"i, passou a palavra a ser usada em mediàna pent.ário. Voz: a.ssobli!T, chocalhar, sibildr, silvar. V. soprll1lo.
(p onto culminante de uma doença, de um processo), em Coche, Coche · A primeira é palavra de origem húngara; vin-
astronomia !culm inação), em firogeogralia (o pomo máxi - da iltravés do al~o e do francês, fiXou-se ~ forma,
mo de desenvolvimento de "egetaçào de uma região) e - o com o "o" tônico fechado; designa ceno tipo d~ carrua-
que não ~ d~ admirar - em sentido figurado, sempre que gem: viajar de cow.
implicasse a idéia de pconto culminante, auge, apogeu, cul- A segunda, com· ''o" aberto, tem o utras acep ções: tabulei-
minância, elevação máxima, acme, ápice, vértice, zênite: "O ro com rebordos para conduzi r cal amassilda; caixa do rebo-
movimento alcançou seu clímax'·. Muitos são os sinônimos, lo de marceneiros c carpinteiros; vasilha de b.ta, com q ue se
o que evita seu abusivo emprego. O "x" tem na palavra som elÍ.trai água.
de"cs". Coàeote - V. cutor:u.
58 ..Codioome" Cola
''Codinome" - Assim não se diz em portugues, e sim cognomr. pratos, de: erros), batelada (de arro~. de madeira), bloco (d<'
para indicar o nome de guerra, o pseudônimo de um anis- papel), chusma (de livros), data (de sal, de pancadas), dispa -
ta. rate (de dinheiro), fartadela (fartiio), fanura (de cereais),
Por que apassivar- se a idiomas estrangeiros de forma tão grupo, meda (de uigo, de palha), mo nte, montão, muh.i dão
servil? Cogn(ITI'U' tem o significado de apdido, de aicunlla, de (de argumentos), mundo {de toliccsi, pinha (de flores), por-
epíltto, correspondentes ao ingles codiname, nidmame, tpithet... ção, reunião, união.
Não nos admiremos de ver a manhã escrito : " ... animador de - antigas e em colecào ordenada : museu;
telev1são de b\'1\affie Santos Silva". Nem esses anglicismos - bem unidas <' em q uantidade: bastida {d e paus, dt> taqua-
nem o galicismo !Obriqutl: fiquemos com o que é nosso, que ras, de ripas);
l: prata de lei. - comerciávt'is: son imemo (de fazcnda.s, de lou<:asi;
Coelho - Voz: a>lobiar, chiar, g~t~nchar. - em fila: carreira (de botões, de lãmpadas, d«.> cadeiras),
Coelo tonamem credídimus Jon m regnare - Locudio latina linha, renque (de árvores);
que significa "Acreditamos que Júpiter reina quando o ou- - em lista metódica: catálogo {de livros, de p lantas);
vimos trovejar no cêu". Expressão com qut> Horácio reco- em lista de anotação : rol, relação ;
nhece a força p«.>las suas manifes ta~-ões. em quantidade com que se ~mchc o regaço: arregaçada
Cógito, ergo sum - Locu ~-ão latina qut> significa "Penso, logo {de flores, de saudad~s);
existo". Prinápio em que.- Descartes baseou sua filosofia em quantidade que se p ode abrangCT com os bra~-o.:
{Discurso do Método). braçada ;
Cogumelo, Caramdo · Pronunciamos cogumilo, com "e'' aber- em quantidade q ue pode carregar um carro: carrada (de
to, e de igual man<.'ira proc«<amos com caramelo (caramilo. tijolos, de terra, de razões, de argumentos);
iguaria), palavra esta qu<' tem a variante carmelo, que todos em SC:·ric: seqücncia, série, ~eqoela, coleção;
pronunciam com "e" aberto. em sue<.'ssiio in interrompida e rápida: c.horri lho (de sor-
Coice - V. ouço. V. coua. te, de d isparates);
Coimbra - Adjetivo pátrio: cotmbrãc, coimlrrh c1mimbrietnM. enfiadas em linha, em seqOência : enfiada (de pérolas, de
Coisa · Não menos que o ridículo aos retardados, exerce gran- mentiras, de asneiras) , fieira (enfiada), renque, ramal
de fascínio aos espíritos fracos a novidade. No terreno da. {de conw, de pérolasj ;
linguagem , ora no que di1 respeito ao léxico, ora à constru - - hetCTog~ntas: congérie (de misérias, de angústias), m i-
(à o, pode-se verificar essa V(>fdade; solec:ismos que hoje- xórdia (de assuntos, de artigos). choldra (de brinquedo~).
aparecem num escritor modernista ou barbarismos num lo- cho ldraboldra, salgalhada (de livros), salsada (de canti-
cutOr de futebol ecoom amanhã em profissionais da impren- lenas, cfe assuntos);
sa ou em irradiadores de rompeticões eqüiru\5. Erros, na. - mal ordenadas: farragcm (dt' roupas);
moda ontem, cederam lugar a ourros hoje para serem subs- - para determinado fim: aparelho !de chá, respiratório,
dtuidos amanhã por outros novos. Consti tui reallascinação digestivo);
r engodo a novidade. CoisM oú Animais {Coletivo) - quando enfiados ou dependu -
Não percebendo o ridículo desse proceder leviano c as rados no mesmo gancho, cordel: cambada (de cebolas, de
in co ngruências em que incidem, andam alguns novidadt>i- peixes), enfiada, réstia (de cebolas), molho (de chaves).
ros escrevendo rou.sa, com u, com urna graça que provoca Coi~ Animais ou Pessoas (Coletivo) • em geral: ajuntamen -
pasmo, como se escrever em bom português fosse adotar to, chusma, coleçà.o, concentração, concurso, conglobacio,
formas gráficas em desuso ou endossar extravagâncias de re- conglomeração, cópia, enftada.
fonnas acadt'micas. Se as leis se elaboram para serem cum- - quando caem do ar, em por(,âo: saraiva, granizo (de
pri das, as reformas que at~ agora tivemos, ao contrário de pelouros, de flechas, de balas), chuva (de rosas), chuveiro
terem constituído lei s, não passaram de arranjos dt' caixa d~ (de luz, de raios);
academias e pretexto~ para viagens, banquetes, discursos e quando, em coleção ou série. fom1am um todo : jogo
outras figurações; isso que vimos em 43 d <.' "pequeno" vo- (de pratos. de instrumentos) ;
cabulário e, em 45, de vocabulário "resumido" atesta, nos quando, pesadas, caem repentinamente: avalancha,
adjetivos des,ses úrulos. o leviano. o apressado do p roceder alude;
fúlil c do interesse escond ido nessas refonnas: angariar re- reu nidas e sobrepostas: monte, montão, cúmulo, pi lha
cursos. {dt> livros, de sacos), resma (de papel), rima (de roupas,
Q.uc:-m tiver uns instantes dt' folga, procun.- no " pequeno" de pratasi:
d e 13 a palavra cou>a; não a c:-ncontra, porqu~ aí está coüa. - reunidas e colecionadas pela ttaturez.a, uso: coleção.
com 1, forma esta qu<' Lrat a seguir a varianu.' de Ponugal çlasse;
cousa, com u; abra depois o "resumido" de 45 e procurt' ou- "Coisíssima" • Só os adjetivos são suscetíveis de grau, pois só
tra vez a palavra coila, com i; não a encontra, porque só traz eles encerr.1m idéia de qualidade, que pode ser elevada 'l:m
"cousa", com u, não seguida de nossa variante com i. varian- sua significação. Daí a razão po r qut' sito errados s.uperlati·
te esta que o próprio vocabulârío de Portugal de 19~0 acei- vos como muitíJJimo, tanJ:ÍJsimo. O pronome não comporta
tou como generalizada e mais usada: " Q.uando, porém, se variaçào gradual. Pelo mesmo motivo, condenada é a ex-
d~ o caso de a varia~'ào ser "mais usual" q ue a forma básica, pressão "coinsJima nenhuma", tOlerada apt>nas em lit~gua­
como é , por exemplo, coiw em relação a COUJQ ... " - c, no gem cas<.'ira, porquanto, se nem o pronome adjetivo é susce-
registrar essa forma de Po rtugal, criteriosamente acrescen- tivel de grau, muitO menos se poderão empregar no superla-
tou o r<.'lator português: "Variamc: coi.~a, forma mais usual" . tivo os substantivos.
Tendo mais algun> momentos de tempo, fa~a o nwsmo Cola · De distinto professor, desta capital, ilustre a um tempo
com a palavra (uiet, oue vcrâ extirpada do "resumido" a pela sua erudição e modéstia, tivemos o prazer de r~"Ccber
variat~te com i, adotada no "pequeno". Veja, ainda, outra~. não uma consulta, mas a explanaçào cri teriosa de uma ques-
palavras semelhames, corno couu, /()Ucinho. COUJO, se quiser tão que havia tempo nos vinha preocupando - a origem
aquilatar o ridículo a que se expõe quem pretende seguir da palavr.1 colo. de nossos estudantes conhecida em seu signi-
reformas ortográficas d<: acadêmicos desocupado s. ficado <', para vários del<.'s, em suas desastrosas conseqOên-
Tudo isso por que> Q.ue fouct encontraram em 45 nossos cias.
acadêmicos em Porrugal para dar-nos essas fo~! Q.ue Constituirá um brasileirismo - pergunta o nosso missivi.s-
toucinlto comeram em Ponugal para dar tanto coutt no Bra- Ll - como quer o dicionário de Colnd ido de Figueiredo?
~il ? Q.ue rou.sa! Q.ue CQ!Liarada pândega andaram fazendo es- Este dit: "Cola - Bras. Cópia clandestina de um pomo de
ses COWOJ! V. OUÇO. exame, a que um esrudante tem de respond<.'r".
Coisas (Coletivo) - em gera l: acervo, acumulação, barda (de O l'ctil Larousse, porém, explica: "Colk. Fig. ct fam.
c I·- Colômbia 59
Difficulté, prolll{'mc à resoudre:lpostr;unc colle à un candi- bem" gr.1u; o grau é que é conferido e não o estudante.
.._ 5nnce ou lcs <'leves s'habituC'nr à rcsoudre ses difficul- Por isso ~ que vemos em textos de ponugu~ de lei, com a
lá: pa= une colle". (Não queremos melindrar a erudição significa~o de conferir cargo. emprego: ''Foi ele quem o
do lcimr, com tomar a liberdade de oferecer-lhe a uadução : colou na. reitoria" - "Colou vários amigos" - "Colava
-CJ. - em sentido figurado c familiar: Dificuldade, pro- seus eleitores" - "Este pároco foi colado há muito oa sua
blema por rC'solver : apre"Sentar cola a um candidato. Reu- freguesia".
lllião em que os alunos costumam rC'solver suas dificuldades; Coldxte - Forma que prtvaleceu sobre "corchete" (do fr.
passar cola"). croclut) <: dai colclutar, acolchttar (prender com colchetesi.
Tudo nos leva a aceitar o francês coJ/e como étimo do "bra- É também termo de gramática; designa os sinais que indi -
silcirismo" ct~/4 : I ) A geminac;ão do I da última sHaba. átona, cam um parêntese que tem outro dentro ·de si (Gr.Met.
cb~ em português um só I, tal qual se o perava com os dois §976,2).
u em identicas condições: boándu, bacineta: b<ridk, ba~­ Rie«Nú também vt'm d o francês. mas é o utra palavra (sal-
ta; IHNu~. luneta. 2) O e final itomo, francês, quando dl-si - to de qualquer corpo depois de bater noutro), donde o ver-
nêncía de palavras femi ninas, di em português a. 3i As ex- bo rie«Ntar ou ricodrLtLar.
~ssões em que no frances entra a palavra co/k são em por- Cólera - t palavra sempre feminina, quer designe ira, irrita-
tuguês as mesmas. ção, feroci<hde, ~uer nomeie uma das várias doenças do
Não pára ai o missivista; prosseguindo em sua escrupulosa homem e dos animais d omésticos, carateriza.das por graves
pesquisa, adianta-nos ele: O "Diccionnaire bistorique sintomas gastrointesúnais: o cólna qndtmico. a cólera esporádi-
d'argot", edição de 1888, de autoria d e Lop!dan urcbcy. ca. a cólna nullmic4, a cólna asiiiic4; também o composto
traz: "Colk: SimulaCrC' d'examen, examen préparatoire á cólna-mqrbo é feminino.
examen vtritable, il est appelé ainsi parce qu'on cherche á .. Colibri" - V. dnivadoJjra"IIUm.
y coller (embarrasseri l'étudia.n t. - 11 n'y a pas á Paris d'ins- Coligaçio - ta verdadeira palavra, e não "coaliüo". V. "coali-
titution sérieuse qui n'ait son colltur" - e o dicionário pros- :4o".
segue dando-nos de La Bédolli~re e de A. Marx exemplos de "Colimar", "Co~"- V . colintar.
emprego da palavra co/1~. Colineac, Colineaçio- Na verdade, muito emb ora seja a usual.
Q.uem era o "colleur", o cOÚJ/Jor? Muito ao contrário d o é errônea a forma colimar. Em Domingos Vieira, confumado
que se pàssa em nossa época. o coliJdM~, segundo o mesmo por aumrTs ck nomeada, encontramos o seguinte: Colimaçoo
Loredan Larchey: "Co/JeUT: R~etireur chargé d'oaminer". é en-o ridículo, fundado sobrT uma falsa lição de Auto Cé-
- Ai está a diferenca: O coúuior era o repetidor que a.ntes lio; devia ser coliJuo(âo, pois a palavra que nesse autor se tem
dos exames se encan·egava de "preparar" os examinandos, lido colimart é, como os melhores manuscritos o mostram,
esclarecendo-os sobre' pontos que, o u pela sua importância colliruart.
ou pelo atraso dos alunos, mereciam mais t'SCiarecídos. Mas, Colinlacoo e termo de astro nomia e significa "ação de visar,
mudaram -se os tempos e o esrudant~ a si próprio reclamou a d irigir a vista". donde a exprC'ssào " linha de colineac;ão",
tarefa de " pre'parar-~" para os exames, resolvendo arcar para especificar a linha que passa pelo eixo do óculo, e o
ele mesmo com as " dificuldades" e com as conseqüências verbo, que deve ser coliruor, significa ''pôr a mira em algum
da cola, nio na véspera do exame, como procedia o co/4JIIIf", astro", donde o dixer "astro colineado", isto~. astro posto
mas no momrnto cfe faze-lo. t'm mira, astro visado.
É essa - salvo melhor juízo- a justificativa etimológica O étimo lati no confirma inteiramente essa forma e essa
da palavra. significa~ão; composto de" cum" e " linc:-a", collineart signifi-
Colabs. - Baseando-nos no Vocabulário Onográflco, que dá ca aponJor, p6r tm mira, dirigir aponJando: coJlineart sagiltam.
para prtift$SOm a abreviação proft., para t.n~lwm m. , julgamos apontar a flecha, pôr a flecha na mesma linha que pane da
acertado coJab. para abreviar CQ/Qborodqr, colobs. para coliJbo- vista ao alvo. No próprio la rim, o verbo, quando usado in-
ra.dcrts. transitivamente, significa "dar' no alvo".
Colação de grau - Nada tem de comum a expressão "colar Tem o verbo, ao lado da significação técnica, a acepção
grau" com o a to d~ "colar" de nossos estudantes. Tal seria figurada de "ter em mira" : As minhas notas só colineiam ex-
que "colar grau" se relacionasse com "colar", copiar os plicar algumas obscuridades.
pomos do exame! Muito embora não falte quem diga: " No Em filmes vemos comumente navios e avi.Xs, no ato da
Brasil tudo se cola, inclusive o grau" - a rd'ert'ncia jocosa pontaria, cOÜrulllUÚJ o alvo, isto~. ajustando u linhas de uma
nio tem fuoda.mentO ... etimológico. espécie de escantilhã.o , de acordo com a distância e com a
A explicação do érimo <h palavra será bastante para mos- direcào d o objem visado. Vemos aí, com prC'cisào, o signifi-
trar a exatidão do "colar grau". É cOÚir verbo postnominal , cado de colincar.
isto ~. derivado em ponugues, de nome laúno - r:olúUion<>n Colo, Cólon · V . úntanu; V. liqutn. ·
- que significa col4ção. Designa esre substantivo o ato de Colocaçio - Pode-se dizer: "O juiz autorila-nos 11, imediata -
"conf~rre", ou seja, de confmr, tal qual se dá com rtl4çã~, que." mente,~ sem perda de tempo, trorufmr o p reso" - colocan -
designa o ato de rtferir, com a única diferença do prefixo, do adjuntos ou locuções mrrc a preposicão e o infinitivo por
ctm para o primeiro eu para o segundo vocábulo. ela rC'gido ? Nada há que o impe;;a. São j ustas, narurais e
De co/4c® fonnaram - derivando mal a palavra, não há Freqüemes oracões como estas: "Isso se fez para, de acordo
dúvida - o verbo colar; mal derivado porque ''colacionar", com as leis, aJnuúr ao intffesse de todos", " ... com a dife-
tal qual reltuioMT, e nio rtÚJ:r, ~ qu" seria a forma vemácula, rença de, nestes dias, ltr outra a situação".
assim mesmo inútil, pois, eruditamente ao menos, bastaria o Ê preciso levar em conta a colocação do adverbio ou lo -
verbo confmr: "Supôs-se que co/4çà~ assentava sobre um tema cuções adverbiais. Assim redigida a oração: "O juiz autori -
co/4, e, confundindo-se este com a palavra cola, d~rivou -se -at-nos, imtdimammJt, a transferir o prC'so" o adverbio "ime-
daí colar" - são palavras do "Tesouro da Língua Portugue- diatamente" passa a modificar o verbo " au torinr" e não
sa". de Domingos Vieira. "transferir " . o que mud;~ o significad o da <'Xpressão. V. o d'
Conseguintemente, " colacão dt' grau" é o ato de conferir F·
grau, ou sep., de dar titulo universi tário, de licenciado, de Colômbia - Como de Amirico, Amirica, de Colomlxl veio Col6m-
doutor. bia; não há razão para que se escreva com u a palavra, a me-
Agora, perguntamos, quc.-m "cola o grau", isto é, qul'fll nos que se trate ck frase inglesa: n<:stt' idioma, o próprio
contere o ótUlo ? O bacharelando o u o estabelecimc.-nto de nome do descobr idor da América :se grafa alatinadameme
ensino? Está claro que é este. Daí a não razão de ser da epí- Columbw, e, com o radical columb, formam os ingleses os
grafe: " Novas professoras colaram grau ~stc ano": quem deri~dos.
cola, quem confere o úndo é a escola: os estUdantes " rece- Colúmbi4 denomina-se urna cidade dos Estados Unidos,
60 Cóloo ..Cornttcial",
mas por isso não nos devemos deixar innuenciar. árvore, feixe de brácteas no ci mo de certas inflorescências;
Cólon - V. tm.tame. V. líqurn. o utra, também feminina . erneregada em músia. (pausa de
Color- V. birolor. colcheia; d istância entre o semitom maio r to menor) e c:m
Colorir - V. olx>lir. gramá tiQ (vírgulas dobradas, aspas); a terceira, agora mas-
"ColúmWa" - V. Colnmhia. culina, empregada em medicina para indicar o estado de es-
Coluna - Colc:tivo: colu:Mia. rmqut. tupor profundo; a última , também masculina, para indicar a
Com - A preposição cqm é que deve figurar em expressões co- baCtéria que: causa a cólera asiática.
mo "atentado com bomba", "atentado com foguete", "aten- O perigo de erro está no terceiro emprego, pois nem todos
tado com explosivos de alto poder". lhe dão o correto grnero, masculino. De certa forma jocosa
O zelo profissional, o hábito do trabalho e o vczo de corri- poderemos dizer que os médicos devem empregar a palavra
gir levam o técnico a notar componamemos curiosos de com gênero masculino (coma prolnngado, sobreveio o cornaJ,
pessoas avessas ao assttnto. Por que artes redigimos " ... foi os individuos de (mtras profissões o feminino, mas os jorna-
este o resull'ado dos numerosos atentados A bomba" e logo listas... que pensem. V. akuma .
a seguir" ... informou que houve rrczc atentados COM bom - Combalir - V. aholú.
bas incendiárias"? Q).le treta usamos para mudar a preposi - Combinação impossível - "O seu interesse vigilante pela poma
ção do regime 9u.ando seguido de adjetivo? Incongruência, de Dacar e pelos arquipélagos portugueses do Adànrico seria
capricho ou erro explica o p rocedimento? menos ptlos conside.-arern, exageradamente, possíveis bases
Enrre outras funcões, tem com a de indicar instrumento o u d um assalto do que ..."
meio: ataque com tanques, espionagem com satHit.-s. Devemos considerar impura a constru~ão "pelos conside-
O instrumento ou meio de que nos valemos para um aro rarem" . t norma de gramática: Quando a preposi~'ào rege
i: em nosso idioma expresso com o au!<ilio da preposição um infinitivo, ela não se contrai nem com o sujeito nem com
com ; a primeira const rução da notíóa - atentado a bomba o objeto anteposto ("Invoca o tempo át os pagar co'as som-
- faz-nos lembrar da ddici~ncia frsica do trôpego, ~ue é bras"i. nem com os advéroios aí. oqui, ali ou outro começado
apanhado Jogo adiante; um atentado não se comece "a' um por vog3l: " É tempo de af trr chegado".
instrumento mas "com" um instrumemo. Se o boi ataca com Nesses exemplos, a preposição atá regendo os in ftniti,•os
os chifres, se o cão atema com os dentes. se: um individuo pagar e ur t.hegatÚJ, razão por que não se contrai com as pala-
mme com garfo, se uma laranja é descascada com canivetes, o vras postas entre a preposi<;ào e o .seu verdadeiro regime::
terrori sta. pratica o aten tad o com bomba, seja ou não ince-n - " ... seria meno s por os considtrarem possíveis bases dum assal-
diária. Em que língua deste planeta um adjunto se constrói to". V. i hora tú estar prtrnlo o almO{o ; V. havtml)s dt aquelt M-
com determinada preposi~ão se despido de atributo, com mtmprmtkr.
outra quando acornpanhado de adjetivo? Começar - Arcaizou-se a regen cia "começar faxer"; "come.;ar
Com opõe-se asma, e quem pensar nesta antonimia dificil- de fazer" é muito pouco usado. Fax -se atualmertte preceder
mente errará, como tamb~m verificará que o c~o seria o infinitivo de a, regência também usada pelos clássicos:
("seria", porque a corre<;iio é hoje diflci)) redigir "escrever " ... um rouxinol: com('(;ou a cantar uio docemente que de
com máqu ina", "escrever cmn lápis", da mesma forma que se todo m e levou após si o meu sentido d'ouvi r (lkrriardim
diz ''escrever com máquina muito vdha", "escrever com lápis Ribeiro).
S('fJ1 ponta". A innuencia do "a" fran~s dilacerou expres- Comedido - t da rei teria da universida.de de Brasília uma nota
sões no~sas, e sua aceitação obriga-nos a contradiçõe~ de em que o ministro da Educação era apresentado corno "ho-
rt•dação, comradi~-ôcs e dilaccracões que se encontram em mem sempre ligado à cultura c ao fu ttbol, homem de boa
ou tros casos, como: "reator alimentado a urânio". Por que formação h umanista, tido pelos amigos como pessoa acomt-
não com ou tk? Não é " ele s<" alimenta dt verdura", "el..- ~ dtdo".
alimenta com produtos naturais" que se diz? Porlanro: "ali- Partido de algurn acomodado amigo do futebo l, o elogio é
mentado C(Jfll urânio, alirnc nr.ado com (df) verdur!l, com pro- explicável; de algum amigo ligado à cu ltura não é possível,
dutos naturais, alimen tado com a esperança de aprovação pois deve ele saber que o "a" de acomO<Úldo não entra em
paterna", " fogo alimentado cqm lenha seca", "como verme comtdido. ainda que não se saiba em que tem o ministro co-
vive a afuroar na terra, a alimentar-se do pó da terra", "cria- medimemo.
do entre- incrédulos e alimentado c11m o mau leite de U(n ~­ Com~ir-sc: - V. abolir.
cu lo", "alimentado com os du.ames da lei divina", "alimen- Comvnotação de - O prurid o da novidade é a ~licat,'ào de
tado com átOmos de bidrog~nio pesado". certas extrav~gãncias de regencia; se todo' nó> d tzemos " na
E assim, em vez de a : cozido no leite, assado em fogo sem comc:-mo ra~ão da fundaáo de Brasília", "quando houve a co-
hlbaredas, assado na brasa, fe•i do c(Jm espada, escrito com mc.-mora(àO dc.s bodas de prala", " por ocasião da comtmo-
máquina , cortado CI1Tit foice, aberto ann chave, morto com ração do centenário". por que se rebela um redator e obriga
tiros, ferido com bala. o assinante do jornal a verifiQr seu inconformismo com a
Se quem ataca. ataca com, q uem é aracado é também ataea- r·<·gl·ncia de um nome com 3 constru<;ào "desfil<· militar em
do com, e não atacado o. É uma incongrut'ncia d e regência a comemorarão aru vinte e cinco sk-ulos da fundacào do impé-
mudança àe preposição quando diferente é a forma verbal; rio persa" ?
não nps esque~amos, porém, de que :Jccrtará no com quem Que raciocí nio lez ele para aí escrever um escranho a em
pensar no sem. lugar do dt da fala comum ? E pouco depois vo lta o herói
Para quem não entt'nde, as coisas se complicam quando SC' com o :seu impeninemc: a em lugar de tk: " ... submarino
ttplicam; para os que compreendem, o pot't:l se encarrega adquirido pela marinha brasileira ao governo dos Estados
de justilicar· a diversidade declarando rneronimi camente ser Unidos". E uma aquisição um tanto estranha esta e, por
o nosso idioma "a última flor do Lácio". Talvez resida nessa ou tro lado, não será por ter sido destruído o império persa
declara~'ào o motivo por que certos professora de fanfarra, que se deve restabelecer uma regência ambígua e arcaica.
transformados em professores de português, não ensinam V. mania do A.
gramática... e aborrecem os que o faxcm. "Comeráal". Anúndo, Propaganda - A noócia, o aviso da
Com vistas em - É portugues o emprego de vistOJ no plural existência de alguma coi$it feito ao público de viva voz ou
para significar intmlo, int:tti.w, mira; a locução do verbete deve: por escrito ou por imagem , é anÚC'tu>. Q..uando extenso ou
de preferência terminar em "em" e não em "a" : cqm viJta~ no acomp anhado de música ou de alguma representação, de
prêmio, com vüta> no aumento, com vistaJ mr. aumentar a pro- ~ncenação, é propaganda. Assim foi sempre em nosso idioma.
d ução. " Comercial" é invt-ncionke de brasileiro que foi passear nos
Coma - Q_ualro palavras existem assim grafadas: uma, femini- Estados Unidos; nunca o Livemos nem dele jamais precisa-
na, para indicar cabeleira , juba, crina, folhagem, copa de mos, nem para indic:tr o simples anúndo, nem para ressaltar
Comerciante Concordância às avessas 61
o programa de p ropaganda : "O jogo foi televisionado com Compt.iir - V. aderir.
uma quantidade nunca vista de amíncios" - " Foi muito intc- Compensar - Certo i: dizer "madeira compensada", "tábua
ligem~ a propaganda da For d : Nem um anúncio ~m todo o compensada" . CcmtjJãoodo está aí por wrllTabalarifado, equili-
televisionamento do recitar. brado, mprido. Assim como a simpatia e a bondade comprnstJ.f11
Nesse andar vamos o uvir amanhã c(murcial para indicar a falta de bele-a , a aplicação de làmina de urna madeira so-
substantivamente, como em inglês se faz, o caixeiro viajante, bre outra, de forma que os fios fiquem cruzados, compensa
o viajante comercial: "Seu marido é comn'tittl de importante a resistência da primeira com a beleza da segunda, ou com.
finna". pensa, sup re a fraqueza de ambas. As lâminas são comrapla-
Disfarçemos um pouco o simiesco p rocedimento lingüís- cadas, são conrrafol h~adas, e daí a t:11mpnuação, o comraba-
tk o: Temos um id ioma que zelar. lanÇ~mento de resistC:ncia e, quando for o caso, também de
Coma-riantr - Coletivo, quan do em reunião para natar de aparencia.
inttTcsse da corpora~ào; cdmara. Segundo a lei das compensa<;Ões, o bem e o mal dão equi·
Comerciar- V. alumiar; V. ntgotiar. JJbrio, e for~-ados somos a deduzir que é igualrn<:nte certo
..Comitr''- Palavra inútil; ternos t:rmW1ão,junJa, grupo. Confor· falar de uma "humanidade (omptrtJtUÚJ" .
me o caso, a palavn. nossa q ue traduz esse estran~irismo Competir- V. admr.
pode ainda ser reunião, conselho, dtlegacão. Compoa sui - Locução latina que significa " sen hor de si" :
Como outras são- É ou não correto empregar o pronome "o" Tanto na bonança quanto na tempestade o homem bem fo r-
em orações como esta "Tu és uma celebr idade pela beleza, mado mantém-se compos sui.
com o ourras o são pelo talento e pela posi~io"? - Não há Comprar - V. C07111!71JOTafào dt.
aí cacófato? Comprimento - Já se enconrra assentada a distinção enrre essa
- De tais perguntas são responsáveis os que-, possu idores palavra, com "o" , e cumprimtnJo, com " u". Enquanto esta,
de excepcional delicadeza de ou,~ do e sensibilidade à menor com "u", indica o ato de cumprir, de executar (0 cumpri-
coiAA que lhes possa sombrear o recato e pudor, pretendem mtlllo do dever), de saudar (Devemos responder aos cumpri-
transportar para a língua um estT upuloso puritanismo, ven- mtntosj, a primeira, com "o", significa <.-xtensão: O compri-
do, em toda a passagem, palavras que aten tam contra a su a mento da sala.
melindrosa e insegura candura. Se o dever é cumpndo, a sala é compnda.
Combinações como a apresentada (Q.ucm a Mil (.Onhec:e? "Compromisso" - " Por outro lado, eles não aceitam compro-
- Foi-1e na vo ha do mar - Uma mão lava a outra- No no;so mÜ$0." - Não; compromisso já havia; e, que não bouves5e,
ca so - ... pqr cada homem- .. .JÓ ~ele queira} são pronta- o que as panes conflimntes não aceitam (: acordo, é "an a -
mcnrc substituídas, para que se evite escandalizar ou melin - grcement to refer matcen in dispute to arbitralOrs" (em in -
drar a sã moral alheia... glês pa.ra que o amante deesrrangeirismosentenda melhor),
Ven ladeira mania. em c~tos professores, esta questão d(• ou seja, cllnciliarão, coisa esta difet·eme de ctmtpromiJso. O re-
cacófato; e como os alunos, ansiosos de tais coisi nhas, dão- dator não está conciliando o pom1guês com os fatos; nà pró-
lhes imediatamente ouvidos, vrem nisso contentamento os xim.1 vez redija : " Por: outro lado, eles não aceitam acordo".
mestres. Computar · Na verdade, forma verbal rizotônica alguma existe
O interessante é n otar q ue ttrtos prosadores, levados por proparox.ítona. Ouvimos entretanto umas vezes, e .outra~
~ tolos ensinamentos. escre--em, numa página, "u'a vemos infelizmenre escrito que o verbo computar assim se
mão•' , uem O nosso casou, para na outra, ~air COIYJ parenteS conjuga: cOrnpulo, c:6mpttto.1, cíimputa.
e verdadeiros palavrões que só raramen te nos é dado ouvir. Tal do~trina faz !.cmbra_r aquele 9ue jamai~ dizia picadtla
Cacófato existirá quando a palavra formada for de sentido por arreptar- lhe o conceuo moral em que e uda a fêmea
torpe ou ridlrulo. V. cawfalomama. do cachorro. O substantivo é que é cómput~ (o cíimpulo
Como que . t expressão idiomática, d e há muito introduzida mensal}. mas o verbo (; ctmtpúto, compútaJ, c111npúla, sem perigo
em nossa língua: Estava Cl)flU) que pesaroso- Ouviu cqmo qUI! de melindrar instintos alheios.
urna voz de mulher - C()m() ~media co m o s olhos. Compu lista • V. ttmto.hi/idadl.
Morais a consigna e a dá por equiva lente de "como se" Comum - Superlativo sintéóco : comUIIÍJ1imo.
{como se estivesse pesaroso, corno se ouvisse, como se medis· Con«ito. Aumentativo: conuito.rraz. conuitorrão.
se). Ainda hoje a expressão i: o uvida de nossos caipiras: Concelho (município, distrito) - Não confundir com ttmstlho
"Ctmto qtJL eu fosse rico". Extraído do " Imperador Clari - (opiniio, aviso; corpo de pessoas).
mundo", de João de Barros, Morais cita o txemplo " como Con«ntra~o • Errada não se pode dizer a construcà.o "con ·
que elle não passára" (como se ele não tivesse passado). centrados no ctntro do campo". Cilncmtrarâo deriva de cen-
"Como sendo" · Ê construção de evidente fraqueza de lingua- tro, mas não indica posição, não determina lugar. Poderá
gem e de confessado desconhecimento de nossa sintaxe em ser a concentração no sul, no norte, no canto ... no cen tro;
orações como esta ; " Considcrnm-na como sendo a melhor saibamos distinguir.
cidade do país". " A melhor cidade do pais" é aí predicativo Coocenúr - V. aderir.
do obj eto; elimine- se o "como sendo" e construa-se: Consi- Conc:cno (harmonia. simetria ; sessão musical) - Não confun -
deram -na a melhor cidade do pais - J ulgaram-na apta para dir com coruerto. (remendo).
o serviço - Reconheço-o o meu orientador- Cre•o-o ho - Condllo (assembléia de prelados, de r eligiososj - Não confun-
mem capaz. dir com "consilio", forma antiquada de wnse/ho {r~uniào,
O "como", q uando muito, cabe en tre o objeto e o seu assembléiai.
r,redicativo com outros verbo s que não os "verba sentiendi" ; Coodso- v. ci.WJ.
'Nomearam- no como (para) mestre de cerimônias". Conmrdãnáa às avessas - Escritores há que empregam e gra-
Companhia - Infelizmente, errados andamos na pronúncia do máticos exi stem que apóiam a construção "o p rimeiro e o
vocábulo wmpanlú.a.. O nlt dessa palavra é digrafo idéntico ao segundo batalhões".
que entra em mnlw, grunltir, renltiâo. cunltado, lenlto e no cogna- Dois motivos levam-nos a não aceitar esse procedimento .
to companháro; a ratão que n os faz pronunciar molhadaroen - I. Se o próprio adjetivo, que por natureza léxica deve em
te o grupo nlt em cumpanlteiro é a mesma que nos deve levar a português adaptar-se ao nome, fica no singular quando ;m-
es:.a pronúncia em a1mpQJI/tüz (compa-iciro, com pa-iiai, pala - teposto a dois substantivos ("notando o ESTRANGEIRO
vra esta derivada de cumpanha mais o sulillO ia. Pelo fato de à modo e uso" - "CHEGADA a hora e a o casião" - " decla-
palavra acrescentar-se um sufixo, não se irá alterar a pro · rou CRIMl NOSAa ré e o réu"i e no singular é vistO em bons
núncia do radical. autores ainda q uando posposto ("o retrato de Maria com
No norte não inco!Telll na contradição em que no sul túnica e escapulário BRANCO" - "coragem e disciplina
andamos. DJ GNA de granadeiros" - " rudeza e pusilanimidade
62 Concordlnda verbal Congratulo-me
ALHEIA"). como admitir a pluralização "supl~tivo de espanholas, de onde provavelmente nos vieram, terminadas
primeiro~ segundo G RAUS" ? em cia tônico - connia (sinônimo de cáMIIicalo) tem, por
2. Se o adjetivo é que por regra concorda com o subs~an­ analogia de formação, igual grafia e também igual acento.
tivo, como pretend~ impor a redpro<a? O mm da1UT vici.lJim ConfecÇio - V. im/Nrbe.
dos latinos impck-~ no caso; pfffmmos ficar com Grivet. Conf'cnr . V. admr.
com Jo~ Ponugal. com Júlio Ribeiro, com Carlos Peffira. Confonne - A palavra cMjormt:, proveniente do adjetivo latino
com Augusto Freire, e com escritores da altura de um Vieira " conformis", emprega-se, também em português, como
("Dá - m~ grande exemplo o ~meador, porque depois de adjcrivo. com a significa~'iio de confonnado, concorde, uni-
perder a primeira, a segunda e a terceira PARTE do rrigo, do, semelhante, condigno: Os dóis ficaram coriforws nas
aproveitou a quar ta e última" - "O filho do primeiro c montanhas- É necessário estarem unidos e cotiformes.
terceiro MATRIMONIO"), d<' um Ca.stilho ("A luta do bom Como adjetivo, pode ~r complemento nominal, ao qual
e do mau PRINCIPIO" - " ... de um e de outro SISTE- se liga com as preposi~'Õcs com. tm ou a: Estar conforme wm
MA" i, e redigir "na ÁREA política e empresarial" - " no sua sorte - Conformes já as formosas ninfas com seus ama-
primeiro e no segundo ANDAR" - " na ESFERA munici- dos navegames - Como pode a desordem na natureza fazer
pal, estadual e federal'' - "no enconcro entre O LIDER tão diferentes na vontade aos que fez tão conformes na v<'n-
socialista e o comunista" - "vê ·se com mais nitidez que tura ? - Fazer discursos conf01mes IM estado das pessoas-
SEU ASPECTO militar e mesmo político PASSOU a plano Agir de modo conforme aw usos da terra - Suceder-lhe-á
secundário" - "nO RAMO indusrrial e come.·cial" - ali Casrro. que o estandarte ponuguês terá sempre levanta-
"nas escolas dA REDE municipal e estadual" - "de profes- do, conforme sucessor ao sucedido - Aquelas são declara -
sores da 5a. à 8a. SÉRI E" - "arb itrariedades cometidas das conformes à verdade.
pda POLÍCJA civil'e militar" - "reo.'t'ladores de EDUCA- Com a significação de "de acordo", '\egundo", exerce
ÇÃO cien tifica e artística". função prepositiva, e aparece ora ligado d ifftamente ao re-
Preferimos seguir essa construção a acompanhar inocentes gime, ora acrescido da pr'('posi<;ào "a": conforme o modc;lo,
criaturas q ue se deixam impressionar pelo erro precisamente confom1c ao modelo; conforme o original, conforme ao
por desconhccimenro de gramática e de autores que se im- original : Viver conforme aos ditanles do <'Vangelho- Co-
ponham, e chegam a este am:vimenro de concordância: m<'çara a conhecer a si mesmo, conforme a divina semenca
" ... d<' toda a mão . CUJOS DEDOS índice <' polegar..." - - Vestia-se conforme a seu estado - julgou conforme as
"tirando-se AS primeira, segunda ~ quinta LETRAS" - leis.
"tomando UÍSQ.UE.S estrangeiro e nacional". Pode ainda ex<'TC<'r função de conjunção: Obrci conforme
De tal fom1a o erro se introduz no redator ignon.me do me mandaram - Procedi conforme as leis dispõem- Fa~a
idioma, CfUt' não perceb<' o desalino da. construção "de al- conforme eu mandar - Procedeu o aluno confmme foi
guns anos a esta pane os subúrbios carioca e pau lista da aconselhado pelo m~me.
antiga Central do Brasil", como se os subúrbios do Rio fos- Mais um emprego tem a palavra ton.J?rnv, quando, em fra-
sem ..subúrbios carioca" e os de São Paulo "subúrbios pauliJ- se elíúca, queremos d ilCr " depende". A pergunta "Vais hoje
úl'. Não nos ocorre nome que caracterize essa monscruosi- a minha casa?", poderemos responder : "Conforme". Outro
dade jornalística, essa brutalidade de informação, pois exemplo: ''Você é monarquista ? - CMjormr: sou e nio
solecismo ~ designa(ão fraca para o caso. sou·'.
Concocdâocia verbal • V. ntwenta pqr ctnlo de.! homens viajaram. A quem consultar nossos dicionários será dado notar a
Concordar- Significa~Õ<'S e regências: pn:ocupação, as dificuldades e até as incongruencias que
- (c.onciliar, concerta ri: " ... cuja profissão t:>ra concordar essa palavra ocasiona. Morais parece querer brigar q ua ndo
as leis e seitas mais repugnantes entre si" - " O projeto e a nega incisivamem<' ao vocábulo a função prepositiva. Se
obra não concor dam". com ele não concordam os demais didonarisras nesse parti-
- (estar de acor<;~oJ: "~oncordar com alguém-:- ·:c?.ncor- cular, com ele devemos eslllr de pleno ajuste quando lhe não
dar com uma co1sa ' - Concordar em uma co1sa : Con- atribui função especial de advérbio. Uma é função; outrJ.,
corda conosco?" - " O quadro não concorda com o ambien- significa ção. sinonímia.
u~" - "Todos concordam 11ess~ ponro" - " Concordo desde eonfrade, Confrtira - Como deftadt o feminino é fieira, de
já IW que resolverdes" - ''Concordo tm qu<' esta é uma si- conjra.dt t.e-lo-á de ser corifreiro.: Ela é minha uwifreira na União
tua<;ào angustiosa''. Cultural. Se não soa bem ao ouvido, it por não escannos com
Condm.a.r . Significacões e regencias: essa forma acostumados; como várias vez~s já ficou dito,
- (fixar o caStigo): " Os juí~ condenaram os hereges ao eufonia t: questão de hábito.
ühimo suplício" - "COndroar à morte, às galés, a degredo" Congo - Adjetivo pátrio: CQilgoUJ. cong&<lJ.
- "A natureza condenou o homem ao trabalho". · Congratulo-me - Compot'tamemo ditado pela educação cívica
- (fixar a duração da ptna): "Condenou-o em seis m(•ses americana, Ford fdicir.o u Carter por telegrama pela vitórja
de pr isão" - "COndenado em quinz.c anos d<' degredo para n a eleição presidencial; trazia este uma pa.ssagem que assim
Cabo Verde" - "Condenar no grau máximo". foi traduzida por um a agência de noúcias: "Congratulo-o
- (indicar o motivo do castigo) -"Condenar alguém dr por ~al vitória".
blasfemo. per blasfemo". Essa ffg~ncia, e est<a outra: "Todos lhe congratulavam a
CondeStável • feminino: CQTUÜ$/ablma, CQndrst.ab-rtsa.. vitória" - há já tempos crderam lugar ao emprego prono-
Condicional - v .foturo do pretirito. minal do verbo. Q.uando manifestamos regozijo com o
Condir- V. abolir. bem -estar ou companilha na alegria de o urrem, construí-
Condolências - V. plsames. mos: Aqui está por qu<' rtputamos feliz e gr.mde a data de
Condor - Voz: crocitar. V. chácara. hoje, e lUis cortgratulamru de nascer sob o seu signo (Rui, Que-
Conduzir-~ - Não CSCT<'VC portugu~s senão francês quem f<'· da do lmp~rio, I, 19) - Oxalá q ue não tt'llhamos senão
dige " Nós nos conduzimos conforme desejam nossos pais" át que FWJ wngratular (Rui, Cartas politicas, 169) - E eu-
- "El<:1> se conduziram bem no jogo". amgratulo M esperança dos meus bons amigos (Camilo, Ro-
Muitos são os sign ificados e várias as regências do verbo mance, 4. JJ - Devo congratuJar-mt peliJ incontestável triunfo
conduzir, mas empregá-lo com o de "proceder" - e cons- (Stringari, apud Francisco Fernandes) - Congralulo-me con-
troem-no então reflexivamente - é cometer barbarismo. tigo pelo triunfo q.u e alcan<;a ste (Aulete).
Agir, atuar, proctdi!T, comportar-se, govrmar-se e o ucros s.io os Proceder da maneira encontrada na tradução da agência
verbos que substi l uem o galicismo. noticiosa é rnosuar não saber traduzir " I congratulate yov
Cônego. Coletivo: cabido. on your victory". é confessar não ter ao alcance um dicioná-
COM:Zia - Como Jlrelm.ia. primM.UJ - corttspondentes a formas rio que dê a regência dos verbos, é ameacar vir amanhã com
Coobaque Consistir 6S
a. regt~.cia "alegro-o pela sua vitória" , "regozijo-o com essa. inocen tes tipógrafos. Nunca sou~ declinar pronomes. Ele
v1tóna . dedicou as " Alvoradas" a seu pai - o Ilmo. Sr. (escreveu
Podendo dispensar o "com você", em portugu~s teri a di to ele) Bernardino Simões ela Coocei<;ào; e, dirigindo-se ao
o candidato vencido: "Congratulo-nu por tal vitória". mesmo limo. Sr. seu pai, com tanto desprezo da democ:racia
Conhaque- V. noTMs próprios e.llrangtiros. V . gentílicos. republicana como da gramática nacional , diz-lhe: "Eu pois
Conbecu - "Procuramo- lo para conhecei" daJ suas impres- que vejo em si a imagem refletida d~ Deus, sol da rninh'alma,
sões" - ótima consrrução. O verbo ronheur ~guido da a flor d'abna lhe dou'' . Dirigin do-se ao limo. pai , não devia
preposição tk significa " tomar conh«imento". dizer em si; devia dizer em t '!Wa senhoria. Pode-se asnear nos
Conídlo - V. ú/io. tratam~tos, mas oa gramática lavra mai s fino. Um pai per-
Cooquilifero, Conquilióforo - São adjetivos de igual significa- doa todas as baboseiras que lhe oferta um fi lho, mas a lín ·
ção: que produz ou tem corn:has. São formas paralelas que gua-mãe é tão venerável como o pró prio pai".
se aplicam a determinado ca lcário que apresenta o aspecto Laudelino F't'eirc assim discorre sobre essa passagem de
de co nct)ll; a diversidade de forma deve-se à dupla prove- Camilo:
niência, uma do·latim condw (ch. = ki, ourra do grego /tQgAyl- "Aiexandrc- da Conceição, que assim é tão asperameute
/iurr (donde conqullio, conquiliologia), ambas as palavras de reproc:hado, poderia responder a Camilo com o " quanto a
id~ntica significação; conquiliófuro (com o na penúltima sílaba mim ... ": Per me uc stc:rras licet. São fragilímo~ os argumen-
em virtude do verbo grego) tnn a variante alatinada ~­ tos dos que hoje pretendem j ustificar tais conscruc;ões. Si e
líftro (agora, em virtude do ~rbo latino, com • na penúlti- roruigo são formas de significação reflexa, e não podem ser
ma). usadas com refcr.;ncia à pessoa com que se fala. Admiti-las
Cooqulle • É subsrantivo que ranto pode significar "petrifica- no diálogo ou conversação, como qurs Epilànio Dias, seria
ção semelhame a urna <.'Oncha; concha fóssil"', quanto " in - abrir enU'a da às maiores corruptelas sintáticas e, logicamen-
flarrutção da concha do ouvido". No primeiro caso temos o te, aceitiu' e defender quaisquer solecismos, posto os mais
elemento ite a denotar em mineralogia e química cor, f(mna, grosseiros, uma vez fossem eles do uso familiar ou conversa-
base (malaquite, esialagmitc, pirile); no segundo a indi car em ção dialogada. Se eJTOS desse quila te fossem tolerados e abo-
medicina inflamação (apendicite, otite). nados por mestres, seriam estes sem dúvida os primeiros em
Conqoítiro • É adjetivo que significa "composto de conchas; produzir na llngua a anarq uia, o arbítrio, de que .só atenta·
que com~ muitas conchas" e também se aplica a cerras dos resultariam contra a verdadeira conscrucào vet"nãcula.
roc:has. Até aonde chegaríamos? Deve notar-se que o próprio Epi·
Coosóenóraçio - Nome não consignado nos dicionários, ttrá lànio, para abonar o emprego do SI e consigo na conversacào
sua justificação desde que admitido o verbo ct»t.S<ilncizar, e sem significação reflexa, representando a pessoa com quem
este verbo está no Aulete, edição de 1948, registrado como falamos c a quem tratamos na tnceira pessoa (Sintaxe Histó-
neologi smo, com a significação de "dar a consciência dt": rica. 1918 , pág. 661, só nos m inistra um ex~mplo, e esse de
"Esse c;-quivoco define-se cla ra mente, e até convém defini-lo, Eça de Q.utirós. Mas Eça de Q.ueirós não é modelo de verna -
para consciencizá-lo". culidade, que, só por si, ampare uma consu·ução sintática.
Não nos ocorre nenhum verbo em "i2.ar" que haja provin- ou abone uma frase. Admira-se nele o romancista, o escri-
do de nome em "m eia"; o que temos é agenciar. (.(ldenciar. tor de id~ias, a originalidade, a. graça, a critica e, se quise-
roitúnaar, influenciar, Írn>anlat. rem , a elegância do estilo; mas. para modelo de pureza, não
Divergindo na sufixação, o dicionário da Melhoramentos deve ser údo por exemplo de correção.
trou corucúnJizar \'tomar consciência", " ter conheciment.o Tenha-se, portanto, t'm atenção que é erro injustificável
de": "ConscitnliUJU a gravidade da si tuação''). usar das formas pronominais reflexivas com referência à
Q,uer dizer dessas invenções, mormente da !>tgunda? A pessoa com que falamos ou a que e~crcvemos".
dt"Vcr aceitar uma delas, iriamos preferir a primeira, e o Não será demais transcrevermos esta passagem de J úlio
substantivo verbal, para indicar "tomada de consdêlncia", Nogueir.> sobre o assumo: "Até os erros de sintaXe que nas·
seria COIUf:iem:iz.açã4J. ceram em Porh•gal vêm aclimar-se no Brasil, como o empre·
Cooselho (opinião, parecer , juí.o; corpo de pessoas) · Não go de si e conJigo sem rdlexividade, contra o que já se insur-
confun dir com CtRUtlho (circunscrição administraliva. m uni- gia o nosso Castro Lopes".
cípio, distritoj. Sobre C$le pomo, figurou o velho professor o seguinte
Coosensus ómnium - Locu( ào la tina que significa "assenti- caso : "Um indivíduo, que não sabia usar os pronomes .ti e
mento de rodos": " Provar uma tese com base no oonsensus consigo. conversa.n do çom urna senhor .., d i2:
omnium". - Felicito a senhora. O seu mar ido comprou um lindo
Consentir . V. atkrir. chapéu para si. .
Canserto (remendo) · Não confundir com co11ctrlo (harmonia, - Q.ue desperdício ' exclama a senhora. Ele ainda tem um
simetria). chapéu tão novo!
Considerandum- V. memurandum. - Mas o d1apéu é para si.
Consigo - Consigo e si são variantes reflexivas do pronom e st; -Isso mesmo, insiste a senhora" .
essas variames devem, com inteira razão, referir-se ao sujeito Não querendo passar pela senhora do caso, dizendo tã o
do ~rbo: " Pedro fala consigo"- " Pedro e Polulo discutiram só "isso mesmo", tam pouco desejamos que se tenha a in-
o caso en~re si:'. com preensão do infeliz galanteado r ~m conhecimento de
Muito mal procedem os que dizem, dirigindo-~~ ao inter· gramática. Compreendamos bem: Referindo-nos a pessoa
lo,~utor: " O chefe quer fa lar consigo" - "Não me referi a que não o sujeito da oração, ou seja, especificando, a uma
) I • interlocuLora, diremos: "Seu marido comprou um chapt'u
Tal consr.rucão é muito comum entre recém-apre~ntados. para a sen hora". Vice-versa, dizendo "Seu marido comprou
Temendo exagerar intimidade, não querem dar-se o voei; um chapéu para si" {É o caso de Castro Lopes), o si irá re-
julgando, ao mesmo tempo, demasiado o tratamento senhor, ferir-se ao marido, jamais à senhora com que falamos.
atiram como r~curso o Ji e o coruigv, e é quando caem ~m Aí fica o caso para os que dizem, desa stradamente, "Que-
erro. Não devemos diz~r : "Q.uero falar consigo" - "Eu vou ro fàlar consigo' - " Não me refiro a si' ' .
con.~igo" - " Não me refiro a si" - " Desejo de si um fa- Coosi&tir - Só se constrói com a pn:posic;ão em: " A amabilida-
vor . de de Jõnatas consulia no amor, ROJ afetos, nllJ saudades" -
Sobre o assumo, esta passagem de Camilo: " Cujo plano consúu em criar, na tnglucrra , uma base de
"Ajwlar coruigo. Em pronomes pessoais está nesta misé- ou~::>' -:- :·A heranç~ '?~siste em prédios, dinheiro e jóias"
ria o filósofo. CUT!Jigo! O ignorante provavelmente engranza - A b1bhoteca constsctna nuru 1rezemos volumes".
mais esta asneira nos rosários q ue lan~am ao pescoço dos O que à.s vt<zcs se dá, cremos, f, influência do inglês, que
64 Consõlo Coosumição
conwó i t!Ste verbo ta.rubém, e freqüentemente, com of exemplos nao tra.ttm o reflexivo, mas locu1ores e j ornalis-
(exemplos do Webstcrl: Greek rdigion doe> not consist in tas de uns meses para cá encontram-se impossibilitados de
myth - Coke consists mainly ofcarbon. oferecê-los. Vamos; porém, da r -lhes este: c:xemplo: "Agitai
Con solo (móvel) - A tendência no Brasil ~ aportuguesar o esse Ou ido estagnado, e o menor conjunto de partículas sãs
francês "console" em consolo, com o " o" tônico abeno. pode subitamente COtUliluir-~ tm centrO de movimento, e
ConstantÍil!>pla - Adjetivo pátrio: constantinop<;litano. compelir o sistema a voltear-lhe derredor" - em q ue Rui
Constar de - Constar é verbo de várias regências e signifi cados: nos dá o verbo com a legitima significação de transformar-u ,
Consta dos autos que ... - Consta nos autos que ... -A casa signillca<;ào que não cabe nos exemplos que iniciaram o ver-
consta dt quatro cômod os - Não nos con sta qut .. . ~te. Para os descuidados profissionais da l nformaçJ.o, este
t interessamo: ob~rvar que nenhum dicionário dá a es~ exemplo de Camilo cons1itu i lição: "V~jamos como a Ingla -
verbo o significado de ''correr o boato de", " dizer ser possí terra se conllitui r.. inha do Universo". O predicativo do obje-
vel". Como verbo de declaração, constar significa precisa- to ai t~tá sem ~>enhuma turvadora preposic;.'io.
ment~ o contrário, o u seja , "ser 1ido por certo", " chegar ao Outros exemplos, para que nos esqueçamos dos do jor-
conhecimento", " inferir-se": "... exonerando o chefe do nal:" ... de sorte que uma posra de carne, à mesa, em dias
distrito sanitário e dois comissários de higiene, por lhe cons- grandes constitui ballquete" - "Essas palavras constitunrt a
tar que são candidatos ao congrt!Sso federal nas eleições des- melhor ' 'ersão q ue eu poderia da r ao •neu sentimento" -
te mês" - '' Era já conheddo em Roma, quando a Paulo 11 " A vitória oficial do dia l i há de constilwr marco na hislória
conswu a existência de dt'?. mi ssio nários, ~uc de longe lhe da corrupção eleitoral" - " Reacendeu o antigo inferno, e
pediam faculdade de receber ordens sacras' - " E da mesma conJlituiu-se o natural dragão da sua obra" - "Constituiu-st
árvore de geração conslav4 que seu terceiro avô matem o fora o pr otetor da viação férrea no Oriente".
abade de Miragaia". Na dúvida, «"corramos ao verbo ser ou ao verbo JOffli(J.r:
"Constatar" - Não existe em nosso idioma o verbo "consta- "Os ve1eranos eram CfoNMvom) a forca do exército romano"
tar"; ga licismo inteiramente inútil, é substituível, conforme (em vez da cxctnrrica constru~ão "Os veteranos se consti-
o caso, por comprooo-r. awriguar, d<m(fTIS/Tar, notllr, urtificaT, tuíam na força do exército r omano"). Não só em ponugu~.
vcrijica'f. senão também em lati m: Exercituum romanorum robur
Constipação - O latim con>tipaLio, onis indica r~união, concen - trant veterani.
tração, contração, e a inda multidão, cortejo, acompanha- Construir - Regulares seriam as formas comtmo. construis, cons-
mento, significados decorrentes do verbo C(lfiStipo. que quer trui, comtruirno>, construís. construem, re~uh:antes da junção do
diler apc:rcar, estreitar, ajun~ar. radical con.stru às terminações pessoais da terceir a conj uga-
Enquanto em Ponugal ê usualmeme empregada com o ção; dt!SSa man<:ira, a conj ugação de construir seria id~ntica
significado de "prisão de ventre:", no Brasil a palavra é gt.-ral- à de influir (influo, influis, influi ...}, rtlribuir (retribuo, retri·
mcntc empregada com o sentido de "estado mórbido ordi- buis, re1ribui ... J.
nariamt·me p rodutido por resfriamento". Acontece, porém, que o uso aherou foneticamente a tcr-
É desconcenam~ essa diferença, principalrneme a um por- min~c;ão da segunda e da ter ceira ~ssoa do singular e da
tuguês q ue no Brasil a oiça com a naturalidade com que a terceira do plural para constr6i.J, constrói. cOJulrom~.
empregamos, mas a verdade é q ue ela exine com esses dois Essa altcra<;ào é de tal maneira universalmeme seguida,
significados e são ambos j ustificados pelo étimo. aqui e em Port ugal, que ~rro constituiria, hoje, o emprego
Constituir - "A liberdade de escolha de livros didáticos coriSti- das formas regulares (G r. Met. § 168, n . J).
tui base de ensino" - " ... a redundànàa, que ha•ia de cons- Coosulesa - Não devemos aceitar embaixador, cdn.!u1, vntadm.
1~ o pleonasmo'' - " ... cmulitutm as fonnas nominais do dtf1ulad(), priftiki. minislro c: ouuos que tais nomes como
verbo" - desse modo se constrói o verbo constiJuir, e não unifonnes. Q.uando mulher d~m~nha tais funções, a for-
"conSiiluir-se ern", quando constituir significa formar. comjmr: ma femi nina se impõe: embaixatri%, wn.suusa. vereadora, d4pu-
"Constituíam o núcleo do continente futu ro" - "A farda Uida. prifeita, minutra, mgtnlv.ira, ciruTgiã: Os Estados Unidos
militar constitui a sua ambição' ' - é que se diz. vão enviar urna consultsa para São Paulo - O Brasil tem duas
Existe a construção pronominal com a preposição nn. mas cCJnJuitsas nos Estados Unidos.
com outro significado. Na alirma~ão de Herculano: "E os se a língua portuguesa costuma chamar de embaJxatriz.
homt'ns da rua con.llitrdrom-u em sociedade civil", C(fTIStiluir- q uem na realidade embaixatriz não é mas apenas mulher de
se signillca organhar-sr. Releiam-se as primeiras semen<;as do embaixador, como não areilar a fonna feminina para d esig-
verbete e verifiqu e-se q ue esse scmido nelas não ca~. O cer- nar a mulher que realmen te exerce uma embaixatura, um
to é, «"pc:timos: "Esses jogadores constitllmt a defesa e a ga- consulado, urna prefeitura, urna deputação, uma vereação?
ramia do quadro" . Não aceitar a forma feminina é d izer que a língua n:io pos-
" ... e portanto os dois fatos conslilunn-st tm casõs de polí- sui flexão genérica, uma vet que t: impossivel afirmar que os
cia" í:. construção que merece advertência. Existe a regên cia que explicam tais atividades não possuem sexo.
" constituir-se em", mas com significacão especial, e o que t estranho , esquisito ? O fato ~ que não tem consistência
não padece dúvida ~ que andam a empregá-la de bara1o, a o argumento "Se o adjetivo é unifonne, uniforme deve con-
•rês por dois, tenha o \ll'rno COOJtiluir a signillcação que tiver, tinuar a ser quando substancivado". "Superior" f. adje1ivo
como SI' a forma pronominal fosse a única possível, a única uniforme ("Ela é supmqr a mim"i, mas quem irá dizer "Ela
verdadeira. Castiga -llos a construção: " A língua se ClmSiilui é a Juptrior da congregação" ? t também tino que existe lei
no conjunto de palavras de um povo" - " Oracão tonJtitui-Jt federal (2. 749, de 2/4/56) e lei estadual (27.407, de 8/2/57),
na reunião de termos" - " ... sociedade que st constitui M que têm por fim dar paradeiro à real esquisitice de fonnas
agremiação de gTandes indústrias" - " ... alunos que Sl cons- mascu linas para c-11rgos ocupados por mulheres: dtife, e/ufa;
littutn nn exemplos de aplicação". contímul, contínua; pllrleiro, PIYI'leira ...
Em vez de prossegui•· na tra nscrição de exemplos da mo- Q.ue leis não ho uvesse, o bom senso se imporia dian1e-dos
nótOna regência, colhidos de jornais e de rádios, vamos rc- fatos de nossa gramática ; não se estranhe cqnstdtsa. como de
trt!Scar a memória com o utros de autores de mente liberta estr.~nheza não devem ser os femininos d~pultuÚl, prtjril4,
dos grilhões da dúvida ou dos erros da moda: "A liberdade wrtado'fa. coront/4, grnerala. o.ficiala,juíw. ·minísl'fa e outros. V.
de reunião, que, com a liberdade de im prensa, rorutitui a deputada.
fonte de todo o direito popular" - "... para que todos cons- ConsunYtum e~'t - Locução latina que significa " Tudo está
li!uümn um só exército" - " Q.uem conJtilui a sua esperança terminado". Palavras d~ J~sus ao expirar na cruz. Usa-se
em bens eternos'' - " Erro seria consliltá-ID em exclusivo pa- pua indicar o fim de um empreendimento, de urna obra, ou
trim ônio da literarura brasileira". para designar as çonseqüências de uma catástrofe.
Redigidos por verdadeiros cuh:o res de nossas letras, esses Consumlção - Consumição, com i, f. que é certo na expressão
c amtr Contenção, Coottnsão 65
·amsumição obrigatória". Muito ~ngano vai no emprego fira os o lnos: conlln.cr; esta forma possibilita-nos, como u-
dr QIII.JIU1IafÕo nesse sentido. São palavras de signifieado e de v61ver - adaptação de palavra também inglesa, c•~o plural
CJrignn dife~ntes. normal é rtuólvtr.s- a flexão COI!lhteres, e ainda os derivados
Ctlrufl11'lição. subsrantivo postverbal, indica o ato de consumir contmniuzr. conúntriulçãP.
(bL Ctii15Úmne. oom um só m), verbo que $ignifica d4r cabo tú Pedimos todavia ao leitOr licen<:.a senão para uma suges-
(Qo!Jumiu o dinheiro), g.utar (c~msumiu riquezas), áutruir (o tão, pelo menos para duas considerações sobre o caso.
qo rornumiu o prtdio), absorver, ub/itcrar (o tempo cu11romiu I. Ao que parece, cofre é a palavra que principia a ser em-
;as iruaiçõesi, comu:ngar, tratando-se do padre durame a mis- pregada em lugar da inglesa, quase sempre seguida do
sa. São cognar.o~ de: con.rumir os vocábulos consumidor. conru- adjumo "de embarque", o que a põe em desvantagem com
IIIÍlltl, CONSUMIÇÀO, deriv.1do este que não df'Ve ser con- a original estrangeira mas nos dá os derivados nrcofrar, nrco-
fundido com coruumpr®. tirado diretamente do larj m con- frammto: O embarque será eferuado em cofres - Precisamos
wmptiontm, que significa tústro.icão, defiuhamento, emprrgo. wo. providenciar um caminhão especial que apanhe os cofres de
Já outra palavra é coruum~o. de étimo e signilieado dife- tmbarquL na alfànd~ - A mercadoria seguirá mcofrada -
rentes. Palavr.. derivada diretamem~ do latim, especifiea Nà.o tivemos tempo para o tncoframrnlo de roda a merçado-
"ato de comumar" (lat. consummare, com dois mm), verbo que ria.
sigrufica terminar (consw'llllr a vida), concluir (cornumar a derro- 2. Se em países de língua inglesa o lllhinho rasga avida-
ca), compltlar (constmltlT o martírio), prolicm (connnnar um deli · mente o "container" para ver que brin~uedo ganhou. o pai
roi. São oognatos deste verbo o s vocábulos consumaáO'r, co11SU- abre com todo o cuidado o "container' de sua geléia prefe-
1Nldo, CONSUMAÇÃO. rida, a mãe guarda os "containc'l's" dos presentes de aniver-
Não se admire ninguém de ver em bilh~ de ingresso de sário, se o dono do restaurante põe no lixo os "containers"
lugares de divcrtimenro a expressão, com i. "con.sumição de cereais, os "containers" das verduras. os "contain...-s"
obrigatória". É essa, e somente essa, a palavra certa. das frutas, se por "container" traduz o inglês o nosso invó-
Diante de considera~s - merecedoras de toda a aten- Lucro, o nosso mipitnle, o nosso reupt4culo, o nosso rovoLló-
c'io - de leiwr freqaentador de cafés, restaur.1mes ~ caba- rio, seja qual for o tamanho e o material, se "comainer" é a
rés de luxo de Par·is, onde sempre se dit"consommation" - nossa lata. o no5SO vidro, .. nossa capa, a nossa Cdixa. o nosso
Lirrré e Larousse aí estão para confirmar- aqui vimos rra- caiJGOte, a nossa «Jtll ou qualquer ouO'a coisa que sirva para
Z(r mais uma V<'Z nosso pensar. envolver, guardar, proteger ou resguardar, por que impor-
A existencia do frances "consommation" - nosso distinto tar a palavra inglesa e5tropiadamente resrrita em sua signifi-
leitor não mencionou o italiano "consumazione" nem o es- cac;ão, com desprezo de palavras nossas, com demonstra<;ào
panhol "r.onsurnación" -não justifica a confusão em por- de incapacidade de formar uma apropriada à finalid.1de?
tugues, onde temos consumar, coiuurNUlo. consumável, consZU114- Não poderiamos de nosso vocáb ulo canastra tirar a palavr~
ção com um S('tltido, consumir. consumitlo, consumível, C1171.1W71i(;ào para o çaso, criando caJ'IIl.!trão? Tem ela outros signifiçados,
com outro. O la rim aí está a anteceder esses idiomas na du- alguns pejorativos, mas ê sua p rimeira função indicar o au-
plicidade de formas e a dizer-nos que andamos certos em mentativo de can4.!1Ta, e não deixa de poder adquirir signifi-
distinguir c.oruumtJ(<io !consumo. are; consummario, onisi de cação normal, da. mesma forma que ninguém confunde
cornumição ou constl111Pftjo (consumo, ere: consumptio, on is). porta com portão. Portáo ~ aumentativo só quanto à forma,
Oauzat adverte-nos da confusão: após dar o ~time latino e a po is não signifiça "porta grande" (port.cna) , senão outro tipo
signifiçac,ão, acrescrota: " ...souvent confondu, jusqu'au de peça de fechar. E, assim, a.berão (várias coisas indica),
XVlle siécle, avec consumJ?I', d'apres l'o rthographe com- caixãu, cal(ào (na realidade diminutivo d e calça), cartão, cascão.
mune constl11111Ur et la parenté de S('OS en latin". colchão. pinhõ.o, pontão e outros nomes que se n;io identificam
Certa analogia de sentido, sem dúvida, é culpada da con- rta linguagem comum como formas gramatieai ~ a umcnuti -
fusão, mas "após a conwmição da hósria e algumas orações vas mas como ·nomes notmais, passíveis de nova modificação
dá -se a coo.•u1T!II(ÔO do sacriflcio da missa". - "Haec con- de gnu.
sumptio" d izia em latim o padre na missa e não "haec con- Cana.llrào dá-nos os derivados canastroniz.ar, canastronhaçào:
summatio". A bebida, o manjar consome-se, nâó se consu- Mandaram construir um navio especial para só transportar
ma. caMStrões - Tambem as ourras máquinas çabem no canas-
Haverá possibilidade de corrigir ? trão - O embarque em =trõe.• é mais rá pido e mais efici-
Consumir . V. verbos de exprwões de tempo. ente- O Japão é país Udcr em Clltlastrorúwção- A mercado-
COII$WD~O • V. consumic;io. ria seguirá tanastroniUJ.da .
CoorábiJ, Contável · Enquanto contávtL é o que se pode contar, A outros patricios ciosos do vernáculo a incumbência d<'
ctmta'bil é o que se relaciona com a contabilidade: as normas enroupar ou substituir o anglicismo. V. contentur.
cuntáhtil. Contar com alguém - Tacha Carlos Góis de galicismo regcncial
Cootabilidade - " Há em italiano o substantivo " computiste- a construção conlar com na acepção de corifiar em. Pa~ce-nos
ria" para designar os cálculos e cômputos relativos ao co- que não é possível confiar nessa afirmação, principalmente
mércio. É um renno, na expressão téeniça, de designação quando. de inicio, afirma e$5e estudioso autor que ((f1Ú(JT
complexa. aplicado na sua "ragioneria". Pergunto se posso c<m~ ê tradução literal de "comprer sur". Litera lidade haveria
adaptá-lo à nossa terminologia contável, escrevendo-o na se em português se construísse ccmlar siX/rt, como se encontra
sua forma italiana ou, derivando do vernáculo computista, em italiano "contare wpra una persona" , "contare JIJ/J'O una
coorpurütario". cosa".
-De nem um nem outro modo. Temos em português a Como a maledicência "iio deve afugentar-nos das pessoas
palavra contabilidade que, em tudo e por tudo, exprime, com amigas, não é louvável abandonar uma construção porque
precisão, a an" que, atra\'és de suas caligráficas linhas, dit alguém nela viu uma "literalidade" inexistente. Em bons
compkxa. Se já o é, não a complique ainda mais. dicionários iremos encontrar exemplos de au tores insus-
Sabe. de resto, o que significa o vernáculo comfrutista? - peitos: " Posso contar com voeis?" (Camilo , A doida do
CalmdariJta é que é. Candal, 49) - "Contar em tudo com o bom ânimo de cl -rei"
..Containcr" · Iremos dessa forma sempr·e escrt'Ver a palavra (Herculano , Cister, 11, 18) - "Os maiores protetores com
inglesa se nos for realmente impossível encontrar ou criar quem ela na véspera ainda poderia contar" (Rebelo da Silva)
ou tra que a substitua? Iremos recair no humilhante erro de - " Contar com o amor do povo" (Garrett) - " Não contava
põr em nossos dicionários, desavergonhadameme despido com ele" < - não o esperava ~ Domingos Vieira).
de roupas nossas. ouO'O estrangeirismo a semelhança de C001teoção , Cootcn.aào • São palavras diferentes; a primeira
ímbroglúl1 Se de todo houver impossibilidade de substituição, tem origem em contenlicmtm, que se prende ao verbo tendo,
procuremos pelo menos dar-lhe fisionomia que não nos de cuj o supino (tentum) vem a fonna lenlio; "t" seguido de
66 Contentar Contra a cidade
"i" mais vogal deu-nos "c". A segunda, com s, prende-se- pre St' escreveu? Contra-.lm.lo, com hífen, ao lado de comra -
ao mesmo verbo latino, mas tem origt'm na variam<' do su- gosf;(), numa só palavra? Contra-apoJiçio, com hífen, ao lado
pino, ltmum: de Jobrttxàttl{ào sem nenhum enfeite? Se em IWrmlar as vo-
CIJII(m(âo- ato de comer; estado de um membro fraturado gais ~m juntas, por que juntas não podem vir em contra-ala
ou desiocado, que se mantém coap tado ou reduzido. car.'
Conrrn.,ão ·aplic-ado, <·slorc;o p.1ra adquirir ronhecimc·nro, Não é possivel haver quem afirme ter sido a ortografia
para rt'mowr dificuldade: conrensão de espírito. de 43 redigida com calma e com estudo prévio das palavras
/ntenrão. ttnrão e retmção são o utros vocábulos que apresen- do nosso vocabulário.
tam a variante gr.l.fica com >e distinç.io d~ semido. Comete ga licismo qu<:-m diz " pagar contm rt>embolso",
Contentar - No sentido de agradar. Jaliifau!r 1: transitivo direto : "saldar dívida contra chcqut'". Quem se der ao trabalho de
" ... que não saibam contentá-los". No sentido de ficar tonlen- consultar um bom dicionário nosso, nmará não caber a
Jt é pronominal e se constrói com com, dt o u tm: "Contento· contra nenhum sentido que justifique tais exp ressões; a pre-
me com isso''- "Contentar-sede salvara band('ira" - "Con - posição que ai deve aparecer é com. p11r. tMdiantc: Envie-me o
tentou-se tmlevantar os ombros". livro. pelo ··eembo lso - Pague-se com reembolso postal -
Contentar · A moderna <écnica de tra.nsport.. fa surgir os Contas pagas por cheque - Saldei meu débito com o cht"que
'' cofres de carga", caixas metálicas que, cheias de mercado- número t:al - A mercadoria será en a-egu(' mtthanlt paga-
ria, são lacradas no estabelecimento remttent.... assim trans- mento a vista.
portadas, p.1ra só ser~m abertaS no estabelecimento do des- Contra a cida«k - Em bom ponugu~ se diz; '' O inimigo ma.r -
<ina<ário. Con!rnlm é palavra já cons<ame de dicionários por· chou contra a cidade" .. não "marchou soou".
tugut"St·s em lugar do barbarismo" containt'r" . Se há trabalho provei toso é a kitura do dicionário; tomt'·
Contestar - Cas relhanismo que de quando em quando tema mos o Aulete e leiamos com vagar as cemo e dezessete linhas
intrO(Oeter-se rm nosso id ioma ~ o emprt'go dt' conUJlar na de significados e de l'xemplos da preposição ;ofn'e. Há aí um
acep~;ão lura e simples de responder. Na com:-spond~ncia exemplo de Con<;alvcs Dias que não devemos imitar: "Che.
comercia - na bancária prindpalmeme - usam esse ver - gou enfim o tempo em qut> d-rei de Calecut meditava vir
bo, já em início de canas, já na pane final, com sen ti do que sobre nós com muitíssimas tropas"; esse JObrt é rell~o exato
só tem em esp.,nhol: " Recebemos sua c-.ana, que passamos a do "sur" fra.ncfs. ao passo qu(' o nosso co11tra o subscirui
conl#star" - " ... esta, que pedimos conleJl4r urgt't11emt'nte". com mais orgulho de verna culidade.
Qut" S<' teria ve.-ificado com o vcmáculo rtlpqndt'f, para ser Vários :são os autores que nos recomendam cuidado no
proscri to da correspondência comercial, prele.-ido para dar emprego de JObrt. t de Carlos Góis: " Jmi taci.o da índole
lugar a um barbarismo? Dificuldadl.' de regência ? francesa, S411ll paridade no português, i: o emprego da pre-
Se es-a dificuldade justifica a preferência de palavra es- posici.o sobre em lugar de:
trangeira, até onde irá o desrt'speito ao nosso idtoma, a ne- aj conformt: roupa feira ffsobre" o modelo - em vez d e
gligencia do estudo da lingua portuguesa, o mrnosprez.o "feita conjol"'lle o modelo" ;
aos fatos de nossa linguagem, a incúria de urna das mais b) mlrt : "sobre" vinte homens da se achavam feridos-
imponames partt'S de nossa gramática, a regência. vt'rbal? em vez de "tn!rrvinte homens";
Temos o verbo conUJlar em nosso vocabulário, não porém c) junto, pntc (com idéia de lugar) : cidade edificada " so-
com o signi ficado de diur, escrever tm wpoJl4. C&nltSt()r. em bre" o Scna - em vet de "edificada às margeru do Sena" ;
ll'gitimo português, significa: a) p,rovar com o testemunho di para: janela que dá "sobre" o jardim - '-rn vez de
de outrem, asst'Verar, confimaar: 'Assim o (Ontt .lltl31l os livros ''janela que dá po:ra o jardim"; ergueu a mão "$obre" mim
sagrados" -"Não faltam ('Xt'mplos que conlt.tttm esta verda- - em vez de "ergueu a mão para mim"; chamo a atcnc;iio
dt'" . b) contrariar. contradizer : "O professor Carneiro está " sobre" estl' li11o - em vez de ''chamo a atenção para este
por isso. Pois bem: qul'rem ver quantos litnCI.'S de literatura fato'"'.
clássica o conlcJlam! Na acepção de amca dt. v.g., " Reflexões sobrt a lingua por-
Afora o utro s empregos <écnico·jurídicos (conltuar a lide- tuguesa" (título de not.ávt'l obra de Francisco José Freire),
co11ltJlm por negação) - nos quais o verbo aparece com o aduz Rui, contrapondo-se a Cãndido de Figueiredo, que ~
sentido de n.tgaT. impugnar. mio auilar - os dois acima dis- de "Yf.'ftU.culidade clássica", e arrola exemplos de grand('
<Tím inados exigem cuidado, em virtude da significação in- peso.
u:i ramerltC contrária entre um e outro. Tão someml.' a ora- Na acepção de pt'tto <com idéia de tempo) é igualmente
d o intt'ira o u o período irá mos~rar-nos se o ver•b o significa vemárulo, embora comum ao francês: ffwhre a madrugada"
"confirmar" ou "contrariar". (peno da madrugada), "JObrt o meio-dia" (por voha do
É errado o emprego de tOTilt.slar com a in~istemr signifi- meio-dia).
cacão de diur ou escrtveT em wpo~la. Nada, portanto, de Ck Bou~lho de Amaral temos o seguinte: "V"jamos alguns
"conri.'Siar cartas" nem de "pedir contestação urgente de te- gali cismos: I) " Remett'rnos amostras JObrt pedido" (francês
legramas" - Canas "respondem-se", de telegramas "pede-se J'Ul' derMrtdr). Emenda: a pedido. 11) "Fato soore medida" (fr.
resposta" . Jur mtsure). Corrija -se : por medida (Acrescente-se que "sob
Lauddino Freire, depois de esgotar as signific., ções, çomo medida" é também certo, como certo é "sob jurarnemo",
última traz a de "responder", e cita um exemplo de Latino "sob palavra"). UI) "Sobrt o modelo". Emende-se: coriforrnt
Coelh o, mas não devemo~ esquecer-nos de que este escritor o modelo, stgundo o modelo, à mantira do modelo, ao modo do
é amigo de espanholismos, que aparecem em algumas de modelo. IVl " Os nacionalistas ganham terreno sobre os ini-
suas obras e nunca foram registrados nos léxicos portugue- migos". Em português: ganham terreno aos inimigos. VI "O
ses. comboio ia JObrt nova York". Quer dizer: ia para Nova York.
Por minha parte, são pab.VTas de Otoniel Motll, não em- VIl Fra.ses como ''as janelas dão 500rt o lago" melhor se tra-
p i'('Ç'ar ci um tt'rrno ambíguo quando existi.' um claro, princi- duzem por: "dõo para o lago" ( Em francês: Les fei\W'es
palmente quando esse termo i: um cravo alienígena fincado donnent sur Ie Iael.
no corpo ao idioma, que os bárbaros naturais vão trans- No sentido de "além dt", " afora", é correto: ''S()/)re não
formando num São Sebastião ensangüentado. cr iá-los o sítio, nada reluz na pousada que os atraia ..." - é
Corltra ... • Prefixo que pela ortografia dt' 43 ~ige hífen antes redação do mesrre Castilho. - " Sobre incapa.ze$, :são corrup-
d e vogal, h, r, s, (XIV, 46, 59, ai: contra -almira,ltc. contra- har- tos" - "E 'obre ser Deus rão amável em si ... e ainda assim
mórlico. contra-rea(ào. COIIIra-sen.J&. não o amarmos !" - "Sobre escassos, os desastres não ti-
Se em contrarrtstar (contra + arrestarl houve apócope do veram conseqoência avi ltante" - "Sobrt honesto, é ele cari -
primt'iro element.o, por que não escrevennos çoruralmiran!e, d oso" - "So6re queda coice".
comrarrracào. e ainda mais facilmente, contr~ruo como sem- Por último devemos lembrar-nos de uma bela expressão
Cootrabandista Convolar 67
dássk.1., subsl:lmtivada, injustamente o lvidada: sobretart:ú. o contorno eu contorno
Significa "o5 últimos momentos da tarde" : "Era sobretar- o rolo eu rolo
de• '. o estorvo eu estorvo
Conm.b andista - Coletivo, quando annados: partidQ..
Combinação pronominal · V. pror~ume eombinado.
Coomditac, Cootradiza- - V. inttrdiúlr; V. inlmliUT. Pronunciemos com toda segurança e correção, conb~/o.
Cootra.lto · O soprano, a sopra.no; o contralto, a contralto; o .É a fomia que se encontra no L1udelino Freire, que louva-
meio- soprano, a meio-soprano; são substantivos de dois velmente assim veste o francesismo que Aulete e outros di-
generos, ou se)a. comuns de dois, que virào antecedidos cionar istas de responsabilidade não consignam de nenhu-
de "o" ou de' a" confonne vierem seguidos de nome mas- ma fo nna.
culino ou feminino: r; soprano João da Silva (supõe-se garo - Coovenieodas - Originário do francês e já de uso generalizado
to), ll soprano Maria Angélica. V. soprano. em portugui!s, este plural é empregado com a significação de
Contramão - V. mão dt direção. dtchuia, td!IQJ{tio, ajuslt, convencão: "Uma gargalhada q ue
Contra~ - v. M d~ diuçàr;.
destruísse o cncamo do decretalista fazia -lhe perder uma so-
Cootr'.uia comrarii.s curanror - Locução latina que significa ma avultada, ao passo que feria todas as convmitndas políti-
"as cois;IS curam-se com coisas contrária~" . Máxima da me- cas'' (H erculano) - "A austeridade de sua índole:. inflex.a
dicina clássica, a que se opôs Samuel Hahnemann, médico às chamadas er;111.1mibu:il)j partidárias" (Camilo).
alemão que criou a escola homopáóca, fundamentada no Coo•ergir - V. adtrir.
principio "Simília similibus curamur", as coisas curam-se
com coisas semelhantes. Cornersá-lo - Estranheza nenhurrta deve causar a construção
Contributo - t termo bem fonnado, com raiz no laàm, e não de Machado de Assis : " ... e eno rme é o desejo de vé -lo e
significa simples contribwçtio. Relaciona-se mais com tribulo, conversá -lo" . Tem ai o verbo convm.ar o significado de tratar
imposto, portm dá idéia de por~-ão que ~e achega a outras, intimamente, com familiaridade, çom ami1.ade: "Esse modo
ou rnaterialmenu~ (Paguei meu e<mi..Wulo no clube), ou mo- de f.1 miliarizar-se com a Natureza, de corwtrsá-la" - "Con-
ralmente (Este foi seu contribuw na redenção daqueles iofe- verlllndo e praticando tio amiúde os clássicos" - "Cortesão,
lizesi. que conllt'Tsava arquiduques, cardeais".
O laiim oferece-nos dois verbos, tribikrt e contribú.ere, cada Conversão - O latim convuJio, o11is obriga-nos a um reparo ;
qual com ~u significado: O primeiro significa dar, conudtr; significa movimento circular, volta períodica, viragem ; é do
o segundo, ajzmlllr. reunir. O particípio passado neutro dt' verbo crmvlrure, que significa volrar, virar , fazer voltar ; signi-
tribú.ere - trihulllm - significa dlldo. conctdido, e o particípio fica ainda mudar, alterar. mas no sentido figurado de dar
passado neutro de contrihútrr - contribulum- significa ajuntado. ourra forma, outra natureza, outra opinião, não n<} de dar
rtunido. outra direcão.
O fato de já termos rontribuicão. do laóm tonlributiontm, não Conv~nào é palavra antiga em nosso léx.i co com o signifi-
determina que devamos repudiar o cognato conlributo. por- cado de volta completa ("fazer um q uarto de conversão",
que, como já vimos, nem sempre um pode -ser usado IX!lO descrever um ângulo de 90°- ''Meia convi!Tsõ.o" - "Cenrro
outro. de- oo11vnm", pomo em torno do qual gira um corpo). Po-
O Aulete (m oderno, s• edição atualizada) consigna o seguin- derá hoje indicar mer".t mudança, simples tomada de dire-
te : Contri!Julo. s. m. (neol.i aquilo com que se contribuiu: ~'ào, como vemos em placas dt' serviço de trânsito que proí-
contribuição : era ele que recolhia o saque na quase totali- bem o desvio de um veiculo par2 a esquerda ou para a direi-
dade e pagava proporcionalmeme ao conlribuw (Aq. Ribeiro, ta? Cremos que não.
Volf,..~mio, c. 5, p. 159, 4• ed. ). t de advertir ao leitor que ern Por tugal, assim como di -
Au:nre-se também para a diferença de sentido emre contri- zem "virar à direita", "virar à esquerda" (c não "converter
buinlr (= que contribui i~ contribuuirio (=que é tributário j un· à direita", "converter à esquerda"), sempre dizem, com
ramente com ourros). aa:rto e coerência, viragem, como substanóvo indicativo da
A simples omissão do termo por pane da maioria dos acão verbal. O Ault"te é claro: "Viragem - a~ão ou efeitO
dicionários não justifica sua indusào emre os neologismos; de virar. Mudanca na direo:;ão dos automóveis" - no que ê
além disso, é vocábulo de origem c significação baseadas no copiado por dicionaristas nossos.
latim, digno de figura r entre outros da mesma enirpe e de Corw,.rsão - a dar crédito aos dicionários - é o atO de rt'-
ser usado P.or todos nós. rornar em direção ao ponto de partida, de voltar para trás,
Controlo (ôi - Declarar que "controle" é forma que várias tal qual usam em Portugal, não o de meramente mudar de
j)('ssoas empregam ainda passa. mas afirmar q ue c.ssa grafia direção. O dicionário Melhoramentos dá onze significados
e a pronúncia ''contróle" são cotTetas é imperdoável. para ''conv(t'$ào", não o de "niudar de direção". Evidente-
Palavras nossas que provêm de vocá.bulos· franceses d<: mente, a litcrarura de: trànsito de nossa terra está, como sói
terminação "e" e d e genero masculino mudam a desinência acontecer, a causar acidentes.
"e'' em "o": C4Tbone, =bono; al.Ole, azo/o; creoJOII, cre-w; CooftiCOtt - Neologismo criado no Brasil e já de largo uso no
ejlnr, tslfrto. A forma gráfica portuguesa é controlo, com "o" Rio de janeiro e em S.'io Paulo !?ara designar "refeição cam-
final. ' pestre", corrcsponde à palavra onglesa "pick-nicl:." , aponu -
A pronúncia é questÃo nossa, q ue se resolve com latos guc.>sada oficialmente em Portugal e no Brasil em "pique·
nossos. Das pab.•TaS paroxitonas terminadas em olo remo-las nique", sem hífen.
com "o" aberto Cpólo, solo. suh)o/o, colo, tirtU:olo, Apolr;) e temo- Convidar - "Venho convidá-lo ..." é a regência. A distinção
las com "o" fechado (ctmsolo. rolo, tijolo. a1rolo, dtKonsolo, wlo). dos oblíquos "o" e "lhe'' deveria ser pedida em todos os
Devemos inserir o vocibulo em estudo no segundo grupo, o exames cfo curso seçundário. do primeiro ao último ano,
que nos dá a distinção entre rorllrolo, substantivo, e controlo, d urante uma geração intdra. A explicação desse único ponto
verbo. O certo só pode ser: o roniTIJio (subsramivo. com o revelaria, ano a ano, ou a completa oecedade ou o grau de
"o" fechado), eu conlrolo (Vet-bo, com o "o" tônico aberto ). conhecimento de 005sa gramática.
Exemplos n.io talram que justifiquem esse p rocedimento: Coo.-olar - O ~-erbo cortvolllr, que não é rdlexi-.-o, consrrói-se
com a. preposição para ou com a preposiç.io a; vejamos-lhe
os significados, seguidos de exemplos consignados no "Di-
SUBSTANTIVO VERBO cionário de Verbose Regimes" de Francisco Fernandes:
PaSSilr, mudar (de estado ou de foro ): "convolar para no-
o almoco eu almoço vas núpcias, para ourro foro" (Aulete) - "Desde que a r e·
o esgoto euesgoro p ública. adúltera no regime legal, convolara às mípcias da
68 Co'o, Co'um Craque
forca, em busca de: salvacào" (Rui Barbosa, Conferências, bém, quando for o ca50, em gtnero: "Nas corridas de ontem
363Í. . houve dois cabe<:.a a cabeça"- "Um final c1beça a cabe(a".
Mudar (de partido, de sentimentos, de idéias) : "Convolar Corpus deficti - Locuc,ão latina que significa "corpo de deli -
para novos amores" (Aulete) - " O teatro, convolando da to" ; emprega-se para denotar o instrumento, a coisa que
musa de coturno para outra mais faceira" (Rui Barbosa, prova o crime.
Discurso~ ar.ulrmicos. I I, 59). Correia (d~ carro , de arado, de qualquer insrrumento agricola
Co'o, Co'um - Ectlipse usada só na conversação comum e na par.t jungi-lo a.o animali - Coletivo: apnragtm. Em geral :
poesia. corretJmt.
Copaiba - V. carmôa. Cocrcto - Correto e cqrrigi.do são formas participiais que não
Copo · Aumentativo : wptizw, c"fHJTTÜo. copâJJ. Coletivo: bai>ula. seguem a regra dos parricipios duplos, porquanto tem cada
Barulho : rebni.r, tilinlar, tinir. uma delas significação espedal; não se pode dizer "Estas
Copo d'água - Correto é o empn:go da preposição "de" em lições já foram corretas"; esta forma signiftca ctrto, isento de
expressões como "uma xícara d<: café", "um copo d'água". erros, apurado, perfeito: trabalho correto, lição correta, pessoa
"uma g;.rrafa de cerveja". Não há motivos que exijam a correta; corrigido guarda a significac;ão do verbo corrigir, usan-
construção •tum saco ann acúcar". "urna caixa cr1m fósforos'\ do- 51: na voz ativa como na passiva: tenho corril!f.do, está
"um copo com água", " uma garrafa com ccrveja" , ··uma comgido.
barrica com pinga", " Q.uantas carrolas com vinho o senhor Engana-se o prof~r que escreve "corretas" numa pasta
quer?", " A senhora deseja um cálice Cl/111 licor ou um copo d e lições, quando é sua intenção dizer que as lições já foram
com água mineral ?" corrigidas. Entre as corrigio.las pode haver lições corrl'taS,
Dessas bizantinic~ são culpados os que aos flltos do idio- como lições corretas podem o:islir q ue ainda não tenham
ma preferem os eflúvio< da própria cachola. sido corrigidas.
Coqueta (êl - Assim como já existem muitos que dizem corrc- Várias formas parricipiais irregulares há em condi r,ões
tarnenle raquita. maquilA, com um pouco de vontade CO<(ulla idt nticas: rapto. as.1enio, cm1crtlo, crucifixo, txtu11U1, librrto. ma -
poderia empregar·se como legítimo aponuguesamento do nijtU~. txctto e ou tras já não guardam intata a significaÇ"l o do
francês ooqtUUe. verbo de que provieram; são hoje usadas umas como adjeti-
Coq~el - Transliteração já aceita, terminada em tl tônico vos, o utras como pn·posicÔ('>.
aberto, do inglês "coàtail". O "o" da sílaba inicial por Corrimão - Plural: cwrimãos.
ser átono tem no m l do Brasil som fedlado . Córsega · Adjetivo pátrio: wno.
Coração - Barulho: baJrr, palpitar, puLsar, arquejar. latlrjar. Corso - Substantivo provindo do italiano, de largo uso no
Col'adouro - "Q.uarador'' ('\:uarador"j e "quarar" ("cuarar"l Brasil, já para indicar a gra.n de quanridad~ de carros a pas-
são palavras inexistentes em porrugu~s; o que existe é cora- sear em marcha lenta um após outro, já o cortejo carnava-
douro e Cf11'4T, palavras provindas de rnr, denotando curar o ato lesco de pessoas fantasiadas.
de dar cor, de firmar a cor ou, ainda, de branquear, expon- Conesâo - Plural: cortesãos, curteiks.
do ao sol o tecido, a cc::ra etc .• e corodauro denota o lugar em Cõctcx . Provém a pala\Ta d o latim, onde existe com essas
que se cora. A idéia de lugar é, neste substantivo. indicada mesma.' letras, com a mesma pronúncia e com o mesmo gê-
pelo sufixo auro, etlOOntrável em outros vocábulos: babadou- nero, masculino. Em ambos os idiomas significa casca (de
ro, luga r em que se baba; beb~douro, lugar em que se bebe; árvore) e do érimo latino obtivemos cortiça. O que não existe
caJcadouro, lugar em que se calca, trilha e debulha o n·igo e é o enfeite diacrítico de prosódia, mas nosso Formulário
outros cereais; /ogradcuro, etimologicamente lugar em que se Ortográfico oficial obriga-nos o acento agudo na sí laba
logra, isto é, lugar de reunião para negócios, conversas; inicial, como em tórax, látex, sikx, xirox.
maúJdouro; mirod<luro, lugar elc:vado donde se mira: sangra- "Conir" - A ortografta hodierna é curtiT, o que exclui o verbo
douro, lugar do corpo próprio para sangria. dos irregulares. V. curtir.
O sufixo ouro confunde-se po pularmente com o sufixo or, Coruja - Voz: chirr/1(11". corujar, cr()l;itar, piar, rir.
que denota agente de ação, mas limitemos a extensão do Corvtla - Prestaçãtl de crabalho gratuito ao governo, ou im-
erro dizendo sempre babodouro, coradouro. IHbtdouro. As for- posto, a que ninguém está ob rigado - é o que significa a
mas babador, coratÚK, bebedor empregam-se para indicar o palavra coroéia, a nós vinda do baixo latim "corvada." (cor-
agente (a pessoa que baba, que cora, que bebe), mas não o ruptela de "corogata" - trabalho prescrito), acravés do
lugar em q ue a ação é praticada. francês ''corvée".
Concluindo: Digamos coradtntro, 'war, e não "quarador", Conro (ô) - No plural o "o" é aberto. Voz : corvejar, crás-cráJ,
"'lquarar". crociJar, gramar, chmt-ckm, cra.rnar. V. soprano.
Cónm Pópulo - Locução latina que significa "diante do Co.cr (costurar) - Não confund ir com cour (cotinhar).
povo", "em público": "Falar, agi r coram pópulo", isto é, Coscumc - É galicismo na. acep~ão de traje, roupa, vesticUJ.fato.
abertamente, sem receio, sem respeito humano. Cota • V. catarz.e.
Corar, Corar-se- V. rir. Cotidi.a no- V. calaru; V. "streaAmg".
Con:uoda . V. carcunda. Coólédooe- V. dicolik~Ün~o.
Corda . Coletivo, em gaal: CIJrdoalha ; quando no mesmo lia- Codlóideo - v .periwnro.
me: maço; de navio: enx.áraa (pron. tndtárda), cordame, CIJrda- Couce - V. coi.sa.
gem, massame. Couraçado - Encouraj"ar é Vt'fbo muito b em formado, mas a
Cordeiro - Voz: btrrtgar, balar, balir. indicação do navio de guerra parece ter-se fiXado on coura·
Cordovào . V. gmtilian. çado em \-'tt de enantraçado, como coii.Taçado é também o nome
Corneta - Barulho: lourr, utrugir. de certo peixe semelhante ao cascudo. V. mradicado.
Corno - O "o" é aberto no plural. Cousa, Couso- V. c~sa.
Coco - O" o" é abertO no plural. Cozer, Cozinha · Com t, transliteração do qu do étimo latino
"Coromaodel,. - A palavra certa ê Chor1N1141ukl, que se pronun- aiqutre. coquf111J171. Coser, que significa costurar, traz o "s" do
cia uxoromãndeJ' '. b ti m consútrr.
C«po - O "o" é aberto no plural. Aumentativo: <M/Jafo, cor- Cozimento - Barulho: rscadwar, a<eu.'war. grugulejar. grugrulltar
pamil, corpõo. (br.uilcirismo).
Cocpo a corpo - Corpo a corpo é locução adverbial, usual e in- Craiio - Aportuguesamento d o f r. crayon; indica uma substân-
substituivd: "Lutava-se wrpo a corpo". Nas expressões " lu- cia especial para d~o. apresentada em forma de lápis.
tu corpo a corpo", " tremendos cr~rpo a corpo' a invariabilidade Crioio - Q.uando primeiro efemcmo de um composto, junta-
continua, conquanto se possa considerar agora a locução se sem hífen: craniografia, crani6JJacral.
como >ubstanrivo ; a invariabilidad~ se dá ~m número e tam- Craq~ - Aportuguesa~ento do inglês cra.ck (perito, entendido)
Crase Crase 69

e do fr. crac (bancarrotai. t também inte':jeic::ão e substantivo acompanhada do artigo "a" ; assim, craseia-se o "a" em
(ruído, barulho de quebrai. " Dei isso d Casa de Misericórdia", porque se pode di.ter
Cra"' - É a fusão escrita e oral d e duas vogais idênticas. Nesse "Dei isso pq;ra a ea.~ de Misericórdia". " Estou às portas da
sentido, a palavra crase pode ser aplicada .U grafias Um (em morre", com crase no "as", porque se poderia dittr "Estou
vl"l. de tum, 3a. pessoa pl. do ind. pres. do verbo In), •thn = portas da morte". "As aês hora s", porque se pode dizer
"Pefa.s (per + a.sj trts ho ras" (A pequena mudan<;a de sentido
(em lugar de vttm, 3a. pcss. pl. do ind. pres. do v. vir), mas
essa denominação~;,.. a especificar princõ:;>almente a conrra- nessas substituições não impede a aplicação da regra).
ção ou fusão da prepo$ic;ão "a" com: J'1) o artigo definido Observe-se que a la. condição essencial (D e nc.:nhum mo-
ou pronome substantivo feminino átono a, aJ; 29) os de- do poderemos usar crase ames de nomes masculinos) diz
monstrativos IJIIIUle, a~l.a, lli{Wfts, IJIIIUW e tll/uilo· F.S$<1 con- respeito à conrraçio da preposição "a" com o artigo ou pro-
tração expressa-se, na grafia, mediante o acento grave: à, às. nome "a", "as". Tratando-se de aquele, aquela, aqueles. aque-
ài{Uele, <kjuela, d~les, difUeku e-àquifo. w, tll/uUo, basta que haja a preposiçio "a." ames dessas pala-
Dessa expanac;ão dcprttm.lem-se as regras para o perfeito vras para que ocofTa a crase. Se na expressão "para aquele
uso da crase: menino" substituirmos o "para" por "a", teremos dois
la. regra - E condi~ão essencial, "sine qua non" , que a "aa" seguidos, q ue dcverio comrair-se: a aquele = <k{uefe.
crase \1:nha ames M palavra feminina. Dessa maneira, de Não importa, nos casos em que ap,arece esse demonstrativo,
nenhum modo poderemos usar crase ames de nomes mas- o gênem grarnati c.al. Exemplos: ' Dei um lápis àquela me-
culinos. Erros gravíssirnos consriruem formas como estas: n ina" - " Recorri àquele homem" - "Refrro-me àquilo".
Ele foi à pé - Isto penence à seu irmão - Compras d prazo Os verbos desses e-><I;'Tllplos e-xigem a preposição "a", a
- porquanto pl, irmão e praw são palavras de gênero mas- qual. vindo encomrar..st com o "a" que inicia o demonstra-
culino. Sendo a crase a contração da preposição "a" com o tivo, com ele se funde.
artigo feminino "a'', como cra5ear o "a" antes de nomes Coru:lus6ts do rstudo da cr~t: l a. - Será livre o <•mprego da
masculinos, se o artigo desres nomes ê •· o"? Nessas locuções crase quando livre for o emprego do artigo fe minino. Em
o "a" é simplesmente preposição. "Dei isto a minha irmã" fica à vo ntade do autor o emprego
Pela mesma razão, não se pode cra.sear o "a" antes dos da crase, porque untO, nesse caso, empregamos o artigo
verbos, porque são consideraaos do genero masculi no: Ele feminino ("A minha irmã não está" ), como o d eixamos de
está a morrer - Ele se pôs a gemer - e nunca: Ele está à fazer ("Minha irmã não escá"l. Se o possessivo .-stivesse no
morrer - Ele se pôs à gemer. plural, como na oração " Dei isto às min has irmãs", deveria-
2a~ rtgrn - t necessário que a palavra dependa de o utra mos sem d•ívida crasear o "as", o que evidentemente de-
que Otija a preposição "a". Erro seria na frase "A rosa mur- monstra a la. regra prática: "Dei isro aos meus irmãos".
chou" crasear o "a". porquanto ''rosa" é sujeito e o "a" que 2a.. - Unicamente quando ficar comprometida a ela~
o antecede é simples artigo. da frase é que poderemos fugir das regras acima; é diftcil
) a. rtgra - t necessário que a palavra admita o artigo fe- atinar com o significado da sentença "Fique a vontade em
minino "a". Na frase " Ele foi a Roma" não podemos cra- seu lugar", onde niio sabemos se "a vontade" é sujeito ou
sear o "a" que antecede " Roma" porque ela não admite IOCI.lção adverbial. Se qu,Temos dizer "Fique você a voou-
antes de si o artigo feminino "a". Diz-se: "Roma é cidade de", isto é, "a gosto", podemos crasear o " a", embora de
linda", e não "A Roma..." - Prova isto que o "a" da oração encontro a todas as regras adma exposras: "l'ique à wntade
"Ele foi a Roma" é simples p reposição, e não pode, conse- em seu lugar".
guintemcme, ser craseado. )a. - Nas expressões "Vestir-se d Luís XV" - "Móveis
Todavia, quando queremos parúculari2a.r, empregamos a à Luís XrV" o "a" aparece craseado por modificar a palavra
crase. Exs.: Refiro-me d Rrnna de César - Reporto-me à l.i.l· feminina "moda", ocu lta nessas frases: Vestir-se à (moda de,
bootú Camões - porque se di, "A Roma de César foi opulen- pela moda de) Luis XV.
ra"- " A Lisboa. de Camões aiou fama" . Esse fenômeno se dá todas as vezes em que no mes próprios
Regra~ prálicas para o emprego da crase: Ia. rtgra prtilica - masculinos constituem denominações de coisa do gênero
Existe urna regra prática que é, na maioria das vezes, óúma feminino: " Dirigi-me à Gustavo Barroso" (à jragaJa Gu5Dvo
norma para o emprego da crase: Emprega-se a crase sempre Barroso i - "Vou à Melhoramentos" (à Companlúa Melhora-
que, substituindo-se o vocábulo feminino por um mas- mc:mos).
culino, aparece "ao" a ntes do nome masculino. Suponha- Nos exemplos desta 3a. conclusão estão realrneme suben-
mos haver d úvida em crasear o "a" na oração "Eu vou a tendidos os nomes femininos ei rados ifragata, companiliai,
cidade". Urna vez q ue se diz "Eu vou llll teau·o", na oração porque eles realmente existem nessas denominações; trata-
"Eu vou a cidade" deve ser cra~ado o "a". se de elipse real e não de elipse for~da. É preà so esclarecer
Para q ue se possa aplicar CS$a regra prári01 , ê neo-ssário istO porque há quem ponha crase em "Vou a Sa ntos", ale-
o cump rimento de todas as regras anteriores; assim, em gando estar subentendida a palavra "c;idade" - o que é
"Eu vou a Roma" de nada valerá aplicar a regra prática, totalmente falso.
uma vtt que "Roma" não admite antes de si o artigo femini - 4a. - O a, quando seguido de nome plural, é mera pre-
no. posição; n.'io pode, por isso, levar crase : " Q.uantoa ref~n­
Da mesma maneira, não se emprega a crase quando, subs- o:os..." -;:- "Chegou a vias de fato" - '' Daremos a pessoas
tituindo-se na l~o o nome feminino por outro maseu- dtgnas ....
Jino, não aparece a fonna "ao"; por isso é que não se craseia
o "a" da expressão " Ele foi ferido a bala" ; não se diz "Foi
,a. - Possulmos duas palavras femininas que, ordinaria-
mente, não admitem o anígo : ca.sa, n.a acep<;ão M morada.
ferido ao cacete", mas sim " ferido a cacete", o que vem de- residência: "Vim de casa" - " Estive em casa" - "ó dt casa"
monstrar que o " a" nessa frase ê apenas preposição. Assim, - são expressões que mostram d arameme a não existência
não se pode grafar "Escrever urna cura à máquina, à mão, do artigo ames do vocábulo "casa", pois do contrário as
ti tinta, porque não se diz " F.scr-t-...:r uma carta ao lápis". expressões seriam "Vim da Gl$1." - " Estive na casa" -
Não se grafa " pagamento à vista" mas "pagamento n. vista" "0 da casa". Daqui facilmente concluiremos ser erro crasear
(Não se diz "pagamento ao prazo"; não há determinação); o "a'' an tc:s dessa palavra, quando empregada com o sentido
grafa.-se, porém, "O resultado está ti vista de todos", porque de lar, residência, domicilio: " Eu vou a casa", e não: "Eu
se d iz " O resultado está ao alcance de rodos" (na vista de vou d casa".
todos"; há detenninaçãol. Se, porém, o vocábulo caJ<Z vier seguido de wna especifica-
2a. regra prática - Craseia-se o "a'' de unu ~quando ção qualquer, como "A Casa X'', "A casa de Pedro", é
pode 5er substituído por "para a", ...tat'• upela'\ ''com a , , admissível ~ nec('ssária a crase (quando. naturalmente, es$a
ou, de conformidade com o caso, por qualquer preposição palavra estiver em relac;ão compla:nentar). " Fui d Casa
70 Crase Criar
Anglo -Brasileira" - "Dirigi-me à casa de Pedro" - "Irei antes de zuna, de ~isa, de esta etc. não se usa crase? Essa e
d Casa da Moeda" - pois, aplicando-se a segunda regTa ouuas questões estão englobadas na regra prática da substi-
prática. diremos: "Estive 714 Casa da Moeda" - "Vim da tuição ; é impossível dizer "ao um", "ao esse", logo não é
casa de Pedro"_ possível crasear o "a" nas expressões "Dei a uma velhi-
6a. - Outro caso de supressão do artigo se dá com a pa- nha. ..." - " Mandei a essa cidade...".
lavra "cerra" na acepção de "chão firme", empregada para Q.uanto ao uma, há o caso da expressão de tempo "à urna
conrrasar com o elemento movediço do mar ou liquido dos hora", na qual entra o numC1'al e não o indefinido, e o nu-
rios: .. Estive t111 terra"- ui remos por rerra" . Portanlo, da~ meral admite determinação; se as horas são passírtis de de-
da s a s mesmas razões do caso anterior, devemos escrever terminação, a primeira hora, ou seja. a uma hora está no
" Levamo-la a terra". {c não à) - "Chegamos ainda hoje a mesmo caso: " Isso aconteceu às duas da tarde" - "Estudo
terTa" (e não d). da wna às cinco" - "Faltavam vinte minutOs para a uma
7a. - O emprego da crOLse anr.es de nomes próprios fcmi · hora da tarde" - "Morreu à utna da madrugada".
ninos obedece à possibilidade ou não do artigo: se antes de Obsnvaçãojinal: A crase é fenõmeno gráfico; "'' leitura não
nomes próprios femininos de pessoas intimas por relac;ão se deve fuer ou ~Fi r os dois ao da crase.
de parentesco, amizade ou política empregamos o artigo Cnc:he (é) - Palavra já do nosso vocabulirio, provinda do
(n Maria. a Lara, a Noemi, a Chiquinha), é claro que esses francês C'ficlrt.
nomes, quando em relac:io complementar, devem vir pre- Cndcndai3, Aaeditar - Conquanto um embaixador apresente
cedidos de "a" cra.seado: "Vou levar isro à Maria" - " Darei aedmCÜIÜ, ele é acmlitado, e não "credenciado". As attún-
o dinheiro à Laura" -"Direi isso à Noemi" - "Entregue o t:úús - ~ubstantivo aqui usado no plura l - são dadas pela
documento à Chiquinha". Se, por~m. costumamos referir- "cana que um miniuro ou um embaixador enU'Cga ao chefe
nos a essas pessoas conhecidas sem empregar artigo (Laura ?e um es~do, ao qual f: enviado, para se fazn ACREDITAR
está doente - Maria não veio), é também claro que esses JUntodde .
nomes, quando em rela~;io complementar, não devem vir "Credenciar" é verbo que não exi$te em dicionário ne-
precxdidos de "a" craseado: "Escrevi a Laura" (e não à nhum; só aparece em alguma rede de arrastão que se orgu·
Laura). lha de apresentar a porquidão rnal)Jada nas profundezas do
Tnuando-se de pessoas célebres ou a nós não íntimas, nii.o oceano da ignorância.
empregamos o artigo : Maria Cristina, Maria Sruan, Ana Credoc - Coletivo :junin, tWállbliia.
Bolena,joana d'Arc(e não: a Maria Cristina, a Maria Stuan, Cttpão - Aportuguesamento do francb aépon, nome de certo
a Ana Bolena, a Joana d'Arc). Q.uando !ais nomes estiverem tecido.
em relaçio complementar, não poderão vir precedidos de Cretino • Do frances "crérin" (aquele que por deformidade
crase: " Impuseram condições a Maria Stuan" (e não à). cerebral ou orgânica tem absoluta incapacidade intelectual
8a. - Nomes próprios locativo$ existem que outrora não e moral) é hoje usado como substantivo e corno adjetivo,
kvavam artigo ; dai o dizer " Met.e r lan~s em África". Esseli par"'"' denotar o qlie tem essas caracteristicas.
nome~ <:emo Espanh4, França, Inglatro-a, Holanda, Europa, Criança - Colcrivo: V. pmtJaS em geral. V. Joprllnll.
Ásia, Africa, não exigem obrigatoriamente o artigo quando Criar • De acordo com o uso clássi<:e, d<:vc-sc adotar exdusi-
regidos de: preposiçio: vir dL Fran~. Leão dt França, es1ar vameme a forma criar, ainda quando se rrata do sentido
ma Holanda. Pois bem, o emprego da crase ames de: tais filosófico de " produccrc ex nihilo".
nomes ( livre, tal qua l aco ntece com a crase antes de posses- Em Ponugal existe unicamente a fonna criM; é o que ve-
sivos. mos em Said Ali !Gramatica Secundária), Cândido de Fi -
9a. - Uma vez que os p ronomes de uatamento com~­ gueiredo (Dicionârioi e Otelo Reis (Verbos). Este úlômo
dos por possessivos (sua senhoria, VO.!Ja majestade, sua santi- muito bem nos ~õe o caso dizendo: "Modemarnenre,
dade) não admitem o artigo antes de si, jamais poderão vir estal>deco:u·:K" a disrin(ào das formas conforme o sentido.
p recedidos de "a" cra~tdo : "Dei isso a vossa senhoria" Distinção cerebtina, empírica, injuHiflcável, não autorizada,
(e oão: à vossa senhorial. na opinião de uns; tolerável, razoável, n~--cessária ou justifi-
IOa. - Chamamos a9ui a atenção para o seguinte. As cad a, segundo outros".
expr~ss~s "devido a' .. 'relativo a',, t referente a", "com Diremos, com os primeiros, que tal disôn(ào é CCTebrina,
respeitO a" , "quamo a", obediência a" e outras devem ter o empírica, injustificável, não auto rizada e desnecessária. A
"a' craseado quando ~'êm antes de nomes femininos deter- forma crim, na acepção de tirar do nada., altm de crrta está
minados pelo artigo: dtvido à morte do pai, d.evido àr difi- arraigada no povo; querer arrancá-la para, em seu lugar,
culdades, obediência à1 leis, referente à prisão, com respeito criar outra, é a(ào inútil e até prejudidal.
à situação, quanto à natureza. Em alguns li\TOs, vemos sobre o caso ocpressões c9mo
A apl icação da la. regra p,rática obriga-nos evidemementc esta: " No Brasil faz-se distinçio ... ". No nosso modo de ver,
a ess.a •crase: se o certo é 'devido ao falecimento", é claro essa disti nção só é feita por a lguns docenres de nossas esco-
que, se em vez defalLcimnuo pusemlos uma palavra femini- las, que, sem procurar saber o que há de verdade sobre a
na, o "a" deverá ser craseado. questão , assim ensinam seus discípulos, os quais com igual
t também claro que se disséssemos "devido a dificuldades leviandade vão espalhando o mal criad o "crear". Inovações
imprevistas", "obediência o leis injustas" não estaríamos como essa s6 logram dois efeitos: Um, emaranhar cada vez
empregando o artigo e, como at:rá5 ficou observado, o "a" mais o nosso tão complicado idioma ; omro. mostrar o san-
é somente preposicão, pelo que não pode ser craseado. gue frio de quem as lança no mera.do após verificar a le-
lia. -Suponhamos e~Qs duas oraQ)es: "--- nação o que viandade com que acadêmicos endossam regras prefabrica-
voe~ se refere" e: "---nação à qual vocé se refere". Por que das de ortOgrafia. Veja-se o que dit. João Ribeiro no dicio-
razão o "a" não deve ser craseado na primeira sencenÇl e nário de Fonseca: "A distinçio que querem estabelecer
deve ser craseado na segunda? A aplicação da Ia. regra prá- entre '\:rear" (rirar do nada) e "criar" (amamentar) não se
tica prova- nos que o primeiro ··a" é somente prcposic;ão e funda em ratão alguma, a não ser em onografia, aqui arbi-
que o segundo é con tração da p reposiçio "a" com o artigo trárja''.
(enúnino "a": "O pais o que voe~ se refere" e "O país no Sendo "criar" a forma mais usada, e dada a inutilidade da
qual vocé se refere". distinci.o Hlosófica entre ela e "crear", nada mais claro que
12a. - Com essas consi derações, finalizamos o estudo da eliminar a stgunda grafta, embon sacrificando o nosso
crase; muitos exemplos c muiros outros casos poderíamos amor aos clássicos e Línguas irmãs. Po r que grafannos "As
ter ao-escentado, mas seria isso desnecessário a quem bastam escolas qoc o governo atou têm criado muitOs homens há-
a s regras práticas para resolver qualquer díficuld:ldc. Q.ue beis"? j á é tão dificil, não digo acred itar, mas provar a ori-
necessidade haverá de ensinar, com regras especiais, que gem do mundo do nada (Santo Tomás afirma não ser absur-
Criwuemo Cumprir 71
do admi ti-lo existente ab aetemo), por qU<: agora ess;<s arti- coma, lipoma, aloma, axioma, aroma, sintoma.
manha• a impregnar a grafia da.s palavras de princípios filo- Com a duplicação do "s", pela nossa onognf~a exigida
sóficos, teológicos? AconseU1ando a grafia uniforme criar, em compostos cujo segundo elemento se inióa por "s" fone,
não alc:gamos o uso próprio, tm boa ou má companhia, mas ternos crom416JSQtflll, e assim fica a palavra a làzer companhia
o que existe de fato, hodiemamente, na língua. com tripanossoma, 4$pol/JilJSJaflU/., acantos.!OflU/., todas de gênero
Criaãntano - Repetita juvam: Pelo menos enquamo não se masçulino.
tornam enfadonhas, as rq>etições ttazem beneflàós. "Croquis", "Croqui" - Galicismo. Temos eshoco, além de,
Menos debatido que provado, explicado e daro, o acento conl'onne o caso, divers.~s outras pala~-ras: diagtant(), óoJI(u.ejo.
desta palavra deve a.ir no "a". Penúltima sllab a breve, ern traçuk, delineammlo.
latim, o a cento recua. Trazida para o português, ain<aquan - Cru - Superlativo sintético: auissimt~.
do grega mas com vida no latim, como .no caso presente, a Cruel - Superlativo sintético: crudelíJsimo.
palavra deve conservar o acento deste último, a menos que, CT - v. injetar.
generalizada., fone e arraigadamente não se lhe op onha o Cubagem - V. "'llrogem.
uso. Cuco- V ol:: t:UCUlar, cuar. Feminino: crió.
Em criJ<inlnn6 o p róprio ~rimo grego é p roparoxítona; CWquc "'um - Locução latina que significa "a cada qual o
nada explica o acento no "e''. seu". Princípio de direito romano: a cada um o que Ute per-
Idêntico é o acento de sawintemo, nome de ou= compos- tence.
ta. Cujo - É erro, e dos grandes, diter "Comprei uma casa, cuja
Criac - V. hip6r.rila. casa ..." . Assim não se pode d izer em porruguês. Cujo indica
Crisma - ~ feminino quand o designa o sacramentO: "Recebi posse; corresponde ao genitivo latino; deve sempre equiva-
a crisma já adulto". É ma.SOJiino q uando designa o óleo ler a "do qual" e não simplesmente a "o quaF', " a qual" e,
usado nessa e em outros sacramentOs e ecrimõnias religio- porque: indica posse, deve ter antecedente e conseqüente di -
sas: " Para não correr o santo crisma pelo dedo". ferentes: " ... porta cuja clrdvt se perdeu" - " ... quadro cuja
Cristão - Plural: crÜIM.I. Superlativo sintético: crutianiSJimo. moldura troquei"-" ... !IU:trdole t-ujas v iTiu<Ús admiramos". ·
Crlsrio-àeoô~tas - Em "publicações àentistas cristãs" nin - Um segundo cuidado devemos ter: O rujo, como tOdo o
guém atinará com o significado de publicações de determi - relativo, abre orac;ào, isto é, inicia nO\'ll oração ; se o ""rbo
nada religião ; rodos pensarão tratar-se de p ub licacões sobre desta oração que ele abre exigir preposição, esta preposi -
assuntO áenúfico, public.ações essas de fundo ou esoopo ção é indispensa-.-elmeme empregada antes do cujo: " ... mo-
religioso, cris<ão; se, no entanto, o que se r.ret:e.nde é estx-ci- r;a.. .~' cuja ~ .l4Í ta~de"- ·•... e~r,regado, a cuja casajut''
ficar publiçações de uma religião espeàa, diz-se "publica- - ... médtco , com CUJ il filha me castt .
ções cristào-cicnúficas", de acordo com a regra de flexão Por último, jaloois iremos colocar o artigo definido após
numérica de adjetivos compostOs. o relativo cujo: " ... trem cujo horirio..." (e não " cuj o o ho-
Critica - V. lfipécrita. rário"). (Gr. MeL 376).
Cri\lei - Superlativo sintético: cretfibilfssimt~. A atenção nem sempr~ comparece para substituir o vezo
Crochê - Aport uguesamentO já arraigado do Francês "cro- do erro. Da mesma forma, J>Qrém, que a quem jamais teve
chet"- co nheci mento de um objeto não há a possibilidade de dese-
Crodaoo - V. basedouiano. já- lo, a quem jatnais estudou gramática não desperta.rn dú -
Crocoditiódio - V. mariticida. vida nem estranheza construções de remendões e de cozi-
Crorodilo - Voz: bramir , rug~7. nhei ras . Isto está num jornal: "A maioria das vitimas já foi
Cromato.-na - ~enorme a divt't'gência de procedimento na identificada, mas há ainda I I corpos que a policia não con-
derivação de nomes gregos neutros terminados em " m" no seguiu estabelecer a identidade devido às mutilações que
nominativo e de genitivo em " rnat" . Enquanto em certos sofreram''.
compostos o primeiro elemento traz o radical do genitivo, Q.ue idéia, que significação, que fun(,ito tem o qut que
em outros vemos a simples agregação do segund o elemento antecede "a polícia"? Nenhuma. Q.ue é que a polió a não
à forma nominati..-a do primeiro. conseguiu estabelecer? A identidade. Identidade DO
O que se dá com a no= palavra demons~n a insegurança Q.U~? DOS corpos. Ora! Em ponugu~s cabe à fottna geni -
de comporta mento; a estes seis autores, seis formas diferen- tiva C~f O expressar a idéia de pom: : "A mala CUj(J chave se
tes: perdeu", c não " A mala que se perdeu a chave". Como a
Ramiz Galvào: cr0100sdnr4/. chave é DA mala, a identidade ~ DO corpo. Isto ~ por tu·
Rebelo Gonçalves: cromoSJifmio. gu~s: "A maioria das viti:m:t.s já foi identificada, mas há
Academia Brasileira: cromossomo. ainda I I corpos CUJA identidade a polícia não conseguiu
Nascemes: aOtllllJômio, mas acrescenta: " Devia ser aoma- estabelecer devido is...". .
to.Wmio", sem dizer o porquê. O vernáculo é hoje objeto de desprezo, e esse de~pr~zo é
Pedro A. Pinto: t-r011Wsomo. coerente em quem julga o escrever correu mente mera gra-
Afrlnio do Amaral: cromosJ<mta, e a seguir diz que fot·ma matiqui ce.
ainda mcU1or seria cr1J171tllosscma . Culco a - V. amor a.
A verdade ~ que no próprio grego a composü;ào é feita Culto, Cultl•ado - Cullo é sinônimo de cultivado, na acepção de
com o tema do gditivo: r:J.rtmllllopqiia (fabricação de cores, ó vilizado, ilustrado. O próprio verbo a.útivaT possui, entre
preparação de tintura), ~101TJ4loyrgós (arústa de palavras, do outros, o significado de aperfeiçoor·.~, aplicar-st a, jJ,._,ITar-se
bom dizer ). Q.uando em grego se acrese<: um sufixo é que se em: "Todos os grandes pensadores da Jônia cultivam as ciên-
usa o nominacivo: stomadrüós (do estômago), o que equivale cias matemáticas c a asti'Onomia". ·
a dizer : em deri\-ados o nominati\lo, em compostos o tema Se numa acepção se diz "cultivar o campo", em sencido
do grniúvo no p rimeiro elementO. figura.do se diz " cultivar o espirito", "cultivar a memória".
A conclusão será: Não nos admiremos, por conseguinte, da sinonímia entre
O primeiro elemento é cr1J171tll, tema do genitivo, como as formas participiais cullo e cultivado.
acontece com outros compostos (cromatócilo, cromo.rofago, cro- Cultuo10 - V. in.su/tuo$0.
mn.ro.filo, cr()171lltiiforo, cromaJ<igmo) e na pr ópria composiç\o Cumprimento - V. comprimeruo.
grega, com o "o" de ligacio entre os componentes: tlrroma - Cumprir - Si.o corretaS as duas regênóas, a transitiva d ireta e
topuiía. a tnuuitiva indireta com a preposic;3o " com": "Cumpre o
O segundo dememo é simplesmente Joma (0 "o" longo teu dever, alcaide do castelo de Faria" - "Um de~r com
raz com que o composto ~ja paroxítono), com a tt:tminação que eu não podia deixar de cumprir" - "Cumprir uma or-
" a", que existe em vocábulos nossos derivados do grego: d em" - " O padre p rior, depois de cumprir ann o seu dever,
72 Cupão, Cupões "Czar"
volrava ao presbitério uanqailament~". so - como neste engraçado exemplo, "t curial que a rodo-
Cu pio, Cupões - Paf~iramente exata a grafia cupi;ts, fonna via não passe pelas cidades"- é falar "incuriahncnte".
portuguesa qu~ mais convém ao francês c()Uporu (retalhos); e, Curiango . Voz: gemer.
mesmo não seja vernácula, "é o aportuguesamento de um Curiup (carta de jogar ) - Não confundir com Cúringa (vela
es1rangeirismo, se não indispensável, pelo menos difici lmen- triangular de canoa; moço de barcaça ; pessoa feia c raqul-
te substiruivd" (C. Figueiredo, Falar ~ EscrCYer). tica).
No singular grafar-se-á cupijiJ. Parecerá esquisito, mas será Cuna1tc cálamo - Locuo;ão latina que significa "ao correr da
isso apenas questão de hábito. pena": Fazer versos a.rrrm/L c4ilamo.
Cu~ · Aportuguesamento do fr. "coupé" ; indica cerro tipo de Cunicuhuu mac - Ou simplesmente cuniculum, é o relato d~
carruagem, de automóvd. uma Clpacidade especial de uma pessoa e de suas bases c
Cupido - É grafia de duas p.tlavras diferentes, cada qual com comprovações.
o seu acento. Q.uando significa ávido, cobiçoso, desejoso, Curtir, eunume · O verbo curtir, de conjugação regular, tem a
ambicioso, é adJetivo e se pronuncia com o acento na pri - grafia gt'Jlcralizada e oficializada com " u" , no Brasil e em
meira sílaba: cu-pi-do: ']uiz i:úpido'' Uuiz ganancioso, par - Portugal; com "u", pois, os derivados, entre os quais curtu-
da I); "cúpido de dinheiro" (ávido d e dinheiro). mt, que significa: ação de curtir couros; processo de o s cur-
Q_uando designa o deus do amor, é substantivo: ~screve­ tir ; substância empregada no aartimenta; lugar em que se
se com le1ra maiúscula e o acento recai na sílaba pi - Cu - faz o cur timento de peles.
pi-do: "As lágrimu lhe limpa, e acendido na face a i)(ija e Também com "u" o verbo IITJir, em português e em espa-
abraça o colo puro; de modo que dal i se só achara, oull'O nhol, dond~ o derivado UTtiumL.
novo Cupido se gerara" (Qunões). Cuspir - V. b>•lir.
Cupim- Fenünino(~mca alada): arará. Cu5tar • Na acepção de ser diflcil, trabalhoso, moroso, não
Cura - Não há fundamt'Jlto na incriminacão de "cura" como rem objeto direto; a própria coisa difiàl é qu~ é sujeito :
francesismo na acepção de "traramemÓ", como em "cura "Custa muito emendar um erro". Q.uando vem expressa, a
de águas"; o próprio la tim l'em a palavra com esse sentido e pessoa a que é di fiei I a coisa funciona como objeto indireto:
a emprega para traduzir o grego "therapeía". Custou-me con seguir isto" (E não: "Custei para conseguir
Cura (ecle!iástico d~ urna dioc~) - Colclivo: sínodo (as- isto"). V. vtrbM qut mtram ma exprtss~s dt tmtpo.
semb léia religiosa). Cuôa · Vo1:: gargallw, bufar.
Curial · Só em sentido figurado se admite o adjetivo curial por Cutioola (parasitoi - Não confundir com cutú:ula (epiderme das
próprio, t:tmveni.mJt. Se a significação estríca ~ "pertencente plantas novas ; pelkula; flor da pele).
ou relativo à cliria" (comício curúúl, "próprio do foro" (ter - "Cútis,. · t possível que um dia venham a escr-ever cuu, da
mos curiaiJ), em sentido transla!O pode ser empregado em mesma forma q ue há muito já fazem bilt. Até lá ... V. bile, bíl~.
fr.tses como "falou em termos que não são curiais". Fora dis- "Czaru - V . .\Or.
"Da falmda" - Consti tui latinismo sintático o emprego da nação passou a indicar o lugar, dia, mês e ano que seguiam
preposicão tk para cncab~ar capitulos de tr;u:ados, de CÓ · a palavra data ou dada.
di,gos, de leis: "In fal~nóa", " Dos contratos''. Em ·porw· Poder-se-ia. dizer contraditória a expressão "Da""'s nn
guê$ diz-se simplesrneme " Falência", "Conrratos". nosso poder sua carta datada (dada) de 4 de julho" - mas
Dacac - É palavra oxltona: da-cár. não é aqui o ca..a de tal objeção, uma va ter perdido a pa-
Dada - V. /JQfll()s em nos.ro pode-r. lavra dN.a a-significação etimológica.
Dado o veoto - Q.uando particíp io de tÚlr, na acepção de admi- Danç:u - Palavra de provável origem teutôn ica (d(DIJ01l, tirar,
tir, vnifoM, deve concordar com o substantivo ou locução puxar; espalha r-se. est=der-sei, era no antigo inglês e no
com quê constitui oração parricipial: Dad4 a chuva, não pu- antigo fTallcés escri ta de: dupla maneira : diZilsen, daucrn;
demos sair. danJer, dancier. Hoje, com exceção do lrancês (dlJnse), os
Q.uando masculino o substantivo, não se invente uma lo · idiomas que têm a palavra ~cr·evem-na com c ou com letra
cuçào prerosi tiva ; devemos construir "tkdo o desarranjo que a el~ corresponde: alemão Iam, inglb IÚ17la, italiano
do motor', e não "IÚuÜJ ao desarranjo". E assim: túulaJ as dama, espanhol danut..
circunstància.s, dada a morte de um parente, dadlJ ter apa - Dar coota- V. tÚJiliCtlmbir-st.
recido o ur:ro serviço, dado devermos partir, dados 0) concra· Dar horas - Com os vt:rbos dar, joar. bater, referindo-se a horas.
tempos, dtulo o vento. a concordância se opera regularmeme: Deram duas horas
"Enconr:radas as formas", "examinadas as condições", - Soavam onze bons quando cheguei - Sairei assim que
"admitidas as emendas" -acaso não é assim que dizemos ? baterem s6s horas.
Porq~a tola consrru<;ão "dado ao venro"? Dar-~ - V. tlt trQÇJu para si.
Dagão- V. DetA17m'ào. Dario - Com o acento tõnico no " i" - longo em latim - ~
Dalmácia - Adjet.ivo pátrio: dálmata. que é em portug!Ks. ·
Dáhuata · Não nos parece bom procedimento prcrender subs- Dat vénbm corvis, veul censura rolumbas · Locucão latina
ruir a forma "dálmata" por ouua qualquer na denorrúnação que significa "a censura poupa os corvos e persegu~ a$ pom-
" cão dálm:ua" . Dálmata é aqui adjetivo ; tem ele ~sa forma bas". t ,-erso de Juvenal, sempre arual, como sempre arua is
para os dois gêneros: "c.ào dálmnta", "cadela dá.Jmota" . Não são os provérbios gregos c latinos sobre comportamcnro
só como adjetivo pode funcionar a palavra, senão também humano.
como substantivo , e, ainda agora, de uma só forma para os Data, datada · V. damos em nouo pod".
dois gêneros: "os dálmatas" , "as dálmatas", "o dálmata" Datilograf:u- - v. agtia; v. «Ua mobiliada.
(idioma). Dativo - V. caJOs latinos.
Abra -se o "Vocabulário Ortográfico da Líng·ua Porwgue- Dari • Q.uando final de palavras estrangeiras, o "d" ora r
sa" da Academia das Ciências de Lisboa, abra-se o "Grande pro nunciado, como em Gad. Ntnrod, Cid. ora não, como
e Novissimo Dicionário da Língua Ponuguesa" de Laude- em Dauid, Madrid. Uma ver que nestas duas últimas o "d"
lino Freire. abra-se o "Vocabulário Onográtlco e Onoé:pi· não t pronunciado, tampouco deve ser eKrito; grafemos
co" de Gonçalves Viana: em todos esses monumentos do Davi, Madri.
nosso idioma está o que acima se afirmou. lk (prefixo)- V. dupendtr; V. ptTIIiumr.
Dama - V . dom. lk (preposição) - V. per.
Oamào (cidade da fndia Portuguesa) - Adjetivo pátrio: dama- De afopdilbo - Ulo.u;ão que significa " precipitadamente":
nnt.$4!. Agiu de njogadi.lho.
"DamaJ" . V. Magol.hiies. , •'De ane a" - V. dt mantim que.
Damasco · Adjetivo pá mo: damasetn~. damaY!ui7W. De as.,mto - Locuc;ão que significa "com sossego" , " pausa-
Damos em nosao poder · " Damos em nosso poder sua preza- damenre", "de espa~o", "dev-.1gar": As deliberações foram
da carta, datada de ..." - Tantas são as significac;oo do ronu.das de as.sento.
verbo dar e algunw delas tão próximas de tkcwar que não " Dusé" - V.frttposirãomais frreposiçM.
vemos o que impeça de assim dizer. Consrruções como "da- De audltu - Locução latina que significa "de ouvido", "de oi-
mos por enrregue a sua encomenda" equivalem fC"eita · tiva" , "por assim di ter": Coisas sabidas de auditu não de-
mente a "dizemos enrrcgue", "dcda.r amos entTq~Ue' . vem ir para o jornal a não ser por intrig-a.
Desper ta a q uestão um aso curioso. A palavra ponuguesa De baixo · V. em baixo.
"data", particípio latino do verbo dare. aparecia no latim De bc:ijado (de mio beijada) - l.o(uções q ue significam "gra·
assim escrita ant~ do dia que determinava a publicação ruitamente", "por favor": Recebeu tudo de m44> beijada.
ou r edação de um oficio ou carta: "D4l4 ('-Píllola !Últa, carta De cabo a rabo (de: cabo a cabo) • Locuções que significam " de
dada, entreguei di e quarto ante nonas júlias" (em 4 de julho) princíp io a fim" : Li o liwo dt cabo a rabll . ,
O mais das vezrs abreviavam, escrevendo ou simplesmente De caiO peoSMio - Locuc;io que significa "propositadamen·
um á ., que significa daúz, ou dali., que significa áaham ( Da- te": Agiu tk caso pnuatk.
bam tp(swlam /Wma) . Com o andar dos tempos, tal denomi- De c:eno - Não sabemos com que intuito uma acadtmia
o e

74 Dc:chapa De mau grado


nacio~l de terras se a.r roga o direito de impor o sistema lã de cabra", emprt'gada por Horácio para indicar "assumo
onográllco ao país quando ela publicalll(me se mostra pa- irrelevante" : O rnomenro não é para çonsider.~.etks tk IaM
ra isso incompetente com indicar um "office boy" para a ta- capriM.
refa I' dtpois endossar-lhe todas as to tires e conuadif;ô<-s. IH largo - Locu<io que significa "a distância": Passei dt largo
Entrl' ourras rolia-s e contradições existe esta de o nosso por ele.
vocabulário ollcial impor que se grafe demto e fHJT wto. IH longe t:m longe (ou de lo11ge a loogei - Locucão que signi-
Não cons<"guirnos aí ver nem u.niftmrúwção de procedet', fica "a espaças", " raramente": Só nos vemos de longt em
nem corrtção de forma, nem simp!ifiu>{ÕO de grafia. Só existe longe.
ai , pllra usarmos palavra eufcmística, ltviandadt. Lá junta, De mais - V. demaiJ.
aqui separa; hl diz que é advérbio, aqui esclarece que é lo - Dt: maneira que - Nenhum a luno, no estudo de nossas ron·
cução advt'Tbial e, ainda mais engraçad o, adverte que não junções, nem leitor algum, no manusear lídimos es<:rirores
se devt: confundir tkctrto com a forma diSJ"to do verbo nossos, terá visto, p lurali:mdas, locuçõ~ conjuntiva) como
.. dissertar"". estas: dt 7MIIt1Ta qw, áe fonna f(IU. dt sortt que. tk moldt que,
A quem diz : " É absolutamente necessário acatar a auto- dt jeito que. Assim foi sempre, e não, como algumas vttes
ridade da Academia Brasileira de Letr.u nas questões de desavisadamcnte procedem os que falam ponugu~s. "de
linguagem" é necessário rc:-sponder logo: " A língua porru- mawa> que'', "deformaJ que", "de modos que" ; o substan ·
gu~ ~. como todas as ourras, instrumcnw de uaballio e tivo que em semelham~ locu çõei conjuntivas entra deve
não llnalidadc. É absurdo pretender que, acima de interes- ficar no singular.
ses coletivos de uniformização, pairam caprichos individuais Acontece, portm. que tais locuçõ~ aparecem barl>ara·
e esquisitices de alguns pedantes". mente transformadas em dt maneira a. dt forma a, dt rnodo a,
Tão "individuais'! e tão "de alguns" a pomo de os pró- torcendo a construção portuguesa para um modo de di2.er
prios academicos não seguirem nem saberl-nl seguir a refor- qu~ não t nosso. Pessoas de culrura, ledor.~.s de uabalho~
ma do sacro recinto. Não devemos igualmente e$<!uecer- científicos franceses, deixam-se influenciar pela constru -
nos de que acadêmicos existiram que foram aprender por- ção desse idioma, empregando-a em português; se~ enco" -
tugu~s e j ustar seus professores particulares dep ois de ini - trado até em Castilho (0 Bem e o Mal, pág. 44 - 4' edição),
ciada a s<-rie de obras que llies deu nome e facilitou o ingres- não pt:t"de por isso a nota afrancesada.
so na Academia. Isto m~mo porque houv~ quem lhes abris- Disfarçando a con srrução francesa, misturam-na outros
se OS olh os diz<>Jldo: " Acho bom que voce, não obstante ter com a portuguesa e então nos oferecem este hibridismo
vendido q uiiUe mi l exemplares do seu romance, estude sintático: dr modo o que, de fo1"1M a que, de mantira a que. Ti-
um pouco mais de português". rando da frase o disfarce da francesia, ou seja. o "a", tere-
Dos hífens o coruuleme ainda e.sri livre, pois não cogirou mos vc:-rnácula a construção.
da forma tÚ-arto. T ire do mC"Ío o tmpc.'Cilho c continue, Elucidemos o assumo com exemplos da consrruc;ào fran-
seguro, o caminho: de mto, PM" wto. tk cima, por áma. mt cima, cesa acompilllhados da correspondente portuguesa: Voltou
dt uperur, áe pmSIJ. fHJTftJTa, pqr boi><o etc. V. nn bai><o. o ro~to "de modo a" não ser visto de frente - Voltou o
De chapa - Locução q ue significa "em cheio" : O sol dava-llie rosto tk modo qut não fosse visto de frente. Procede ele "de
lU chapa. forma a" não saber eu se é b em ou mal intencionado - Pro-
De d>Oire - Locução que significa ''de repenw": fl'z-me a per- cede ele dt forma f{1U não sei ... (Há, na frase, evidente elipse
gunta dt ch~frt. de tal, sendo o que conjun~:ão consecu tiva: tk tal forma qtu).
De cima . V. d~ ctrto. O trabalho deve ser "de maneira a" conseguir ... - O tra·
De corio - Locu~-ão que significa "de uso cotidiano": Trazer balho deve se•· de maneira que consiga. O procedimento é
o faro th 'olio (do advér bio latino " q uotídie). "de natw·eza a" ... - O procedimento é dt naturtw qut (Con-
De cujus - Lo~:ução latina que significa "aquele ou aquela fonne o conrexto, um simples pOTa torna portuguesa a cons-
~bre et~o ou sobre cuja ..." - A locução jurídica é "de trução: O procedirnemo é pq:ra envergonhar.. .i.
cujus successione ágilUr ' , aq uek ou aquela de cuja succ:-s- Fujamos, pois. com real provei to para o vernáwlo c, mui -
sào se trata: As der radeiras declarações do dt rojuJ. taS vezes, para maior compr eensão c beleza do pensamen-
De coc:onii"O a - V. iUI mcontro dos tUSLjos. to, das locuções IÚ jttn'Nl a, tÜ .frito a. tk tfliJdo a, dt molde a, tk
De espaço • Locução que significa ''espat<~.damcmc", "deva- naturnJJ a. dt sortt a. dt aru a. Em nenhum caso, como a prin-
gar" : Conversemos df eJ/J<Iç>. cipio foi dito. iremos pluralizar o substantivo dessas t'xpr-es·
De estudo - Locução que significa "de propósito", "de inten- sões. Construamos, romo o próprio Camilo fn: "Tem ela
to": De est.udo evito remover aqui memórias desagradáveis. os ollios dt.frito r moldr qut ...".
De facto - Locução latina que significa "de fato" . Opõe-se a De:- mau grado · T~s palavras gradtJ possuímos ern portugués:
"de j ure", isto é, " de direito": Era rei de f(l(;to (re~ l e vcrda- uma, adjetiva, do L~rim granatus (abundante em grão), qu<'
deiraml'nre). Era rei de jure (por direito, por suc(•ssão). significa gr.ttido, grosso, perfeito: trigo grado, espigas gra-
De 6o a pavio - Locução que significa o mesmo que "de cabo daJ, em letra grada (dii"tit:a e gan·afal), pessoas gradaJ, a gC'}·
a rabo' : Estude esta lição tk fw a pavio. te grada da cidade.
"()(" fonna a" , M fonna que:- - V. dt maneira que. Outra, substantiva, do latim gradus. com vários significa-
lk foz em fora- V. mar em fora. dos: graduação, d ivisão. titulo, espaço, imensidade, passo,
IH golpt • Locução que significa "repentina.rucnte'.': Assumiu andadura, cada uma das panes em que se divide a rosa -dos-
dt goljH a responsabilidade. vemos.
De gústibus ct colón'bw DOD ~se: dispuWidWD · Locução lati- A terceira. também substantiva. do latim gralw, significa
na que signi fica "Gostos e cores não !it" discutem". Axioma vontade.
dos esrolástiros, qu~ os artistas infelizes tomam para con- .Esta última , a que nos interessa. De início, porem, note-
solo próprio. mos que•.se ela é substantivo em portugués, é em latim adje·
Dt: há, d~sdc há. até há - V. hó, a. tivo, aonde, muito provavelmente, a dupla forma tn4lgrado
De hoje a ai:s dias - V. M, a. e mau grado. Abra-se o Fonseca, ·q ue aí se encontrará "mau
D~ im.pro-ri110 - Locuc:ão que signillca "!iern arranjo prévio" grado ou tk mau. grad<J", seguido da significac;ào "conrra
(Discursou tk improviso), ''de súbito" (Morreu dt impr6viJo). vontade, constrangidamenrc", e logo depois a conhecida
De indústria - Locução que significa "de caso pensado": Ela mãozinha indicativa de acréscimo feito por João Ribeiro:
dt indú$lria caiu. " Também com a forma tn4l grtu/(): a meu mal grado, a mal
"IH jeiw a", de jeito que- V. df1nantira que. de meu grado (contra a minha vontade).
IH jurt - Locução latina que significa "de d ireito". V. dt facro. Q..u al a fonna pt·eferível? É necessário distinguir; na ex-
()(" lana caprina - Locução latina que signifiat "a respeito de pre~são indic.~da por João Ribeiro, tn41 grtlikJ é locuc;ào subs-
De meia cara "De vez que" 15
amiva, ou melhor, é substantivo composw, a ntiquado, só De raiz - Locução adverb ial que significa "solidamente": Sa-
encontrad o em expressões como a aponada por ele, subs- ~ uma ooisa dt raiz. t também locução adjetiva, que signi-
tantivo que se escrevia sem hífen e deu ainda o adjetivo fica "pr~dios rúsdcos ou urbanos", "qualquer coisa a.rrai-
rruúgrado (contrafeito, contral'iado). gada na terra": Recebeu de herança mais em espécie do que
Fora desse caso, empreg-a-~c mau grado ou dr mau grado, em bens dt raiz.
sempre com ."u", porque se tr<tta do adjetivo "mau" c não De rtlanc:o: - Lo<:u~'ào que significa "rapidamente": Deu-lhe
do ad,;érbio "mal' , em frases como estas: "Mau grado m~. um empurrão de rtlanct.
crer não posso" (em que me pese, contra minha vontade) De ttpdào - Locução que significa "a pressa", "velmmente",
- "Agi de mau grado" (consrrangidamente, contra von- "com \iol~ncia": Entrou de rtptlão.
tade). De repaue - V. de certo.
Um segundo emprego há ainda de mau grado: Tem o sig- De resto. - Locução que significa "quanto ao mai~". "ai~
nificado de apeJar de, a dtJprito de, como facilmente se vc disso", "aliás". De uso generalizado, é endossada por vá-
neste exemplo de Xavier Margues: "Senti ganas de ir of~e­ rios escritores (Camilo, Herculano, Sena Freiras) e tstJÍ con-
cer os seus servicos... aos corsarios, mau grado a proibição de signada em bons dkionários. entre os quais Aulete e Laudc-
el-rei''. lino fn:irc : De rtSÚJ, tudo muito bem - De re>l.o, podiam fa-
A expressão ''de bom ou de mau grado" significa "quer lar com quem lhes cumpria.
queira quer não". De revé• - Locucão que significa "obliquamente", "de lado":
De meia cara - Para que se evitasse o imposto, grande parte O Iha dt rtvli.
dos escravos conrrabandcados para São Paulo procedia de De rojo - Locução que significa "de rastos'', "tocando o
Sio Sebastião. onde enrrava pelo pono do Sombrio. Con - chão" : E o amor ora cai dt rojo n o monturo, ora ascende
duzidos prudentemente em pequenos lotes, arrav~s de ma- aos páramos etéreos.
tas crrradas e de precipícios, iam os escravos sendo v~ndi­ De roldão - Locução que significa "de golpe". "de sobres-
dos por pre~'Os apetedveis, po is os comprado res descon.ta - salto": A gente entrou de roldão.
vam os impostos e, com isso, pagavam só "meia cara", ou De rota batida - Locução que significa "sem parar": Ir dt ro-
seja. metade do valor. ttJbatida.
Daí, d izem, a expressão "de meia cara", para significar De salto - Locução q ue significa "de rcpcnre": Chegou de Jal-
~*de graç.a". "d~ carona". lo à. chefia da fábrica. " Põr-se de salto" significa põr-sc dC'
Expressão de igual significação têm os rrasmontanos: "de emboscada para matar ou roubar.
meia jota", pois para des "jota", emre outros, tem o signi- De sobrçavi110 - Locução que significa "de atalaia", "de pre-
ficado de "de pouco valor". venção", "alerta": Diante da informação, ficou dt >obrtavÚil.
De mrias - V. a TMia.l . De sob~lda (ó) - Locução que significa " a espreita", "d"
De mínimb non curat practor - Locução latina que significa sentinela": Andava sempre dt solrrerroldtJ avisando os obrei-
"O pretor não cuida de co isas insignificantes". Prutur ros.
(pronuncie pritor) significa pretor, mas ai esrá por pessoa De sobressalto - Locução que significa " repentinamente",
que ocupa ca rgo elevado, soberano ou magnata que não é "de surpresa": Alcançou dt sobrrssalto o ladrão.
atingido por questiúnculas ou insignificãncias. De sommos valia - Formada do prefl}(o so (latim sub, sob, de-
"De modo a" - V. dt maneira q.u. baixei e do adjetivo mnl<lJ, a palavra SOmntQs é adjetivo uni-
De molde - Locução que significa "a p ropósiw". "na oca- forme, que significa baixo, dt qualidadt infnior, dt ualor infe-
sião": Dt mddt Lhe vai a esta alriveza na rural o gênio so- rior. e deve vir acompanhada de substantivo para que tenha
branceiro. V. de maneira qut. sentido: Um silógrafo de tão somenos valia.
De oitin - Loçu<;ão que signifi r,'\ "de ouvido": Falar dt oitivil Ou tros significados tem, mas é sempre adjetivo. Costuma-
(falar pelo que ouviu dizer, sem averiguar a V~'t'dade). se ver aqui e ali "d~ somenos" com função adverbial, mas
In omni re sábili, ct quibuodam álüs - Lcol(;ão latina que dióoruí.t io nenhum consigna essa locu~o. É lle(;essário o
significa "de todas as coisas sabíveis {que podem ser conf,e- acréscimo do substaAt.ivo " importância", "valia" o u de
cidasl e a ind3 de mais alguma s". De omni.., saõili era drulo outro semelhante: " Por questão de Jome>IO> impurtdnciiJ...''.
de obra e divisa do célebre Pico de M irândola, que podia De sorte, de sortr que - V. tk TTIIJnrira qur.
discutir sobre tudo o que a humana mente pudesse com · De $0Sialo - Locução que significa "de esguelha": O sol ati-
precnder, mas acrescentaram tl de quilw.Jdam áJiiJ para os que rava dt roJ/àio seus últimos raios.
ttll\ a pretensão de saber o possi"el e o impossivcl. De st&mrc: tnnii - Locu~o latina que significa "do esterco
De oode em onde - Locução que significa "aqui e ali", "de de &.io", com a qual Virgílio confessa t~ usac,io na f.neida
espaço a espaço" : Acariciava-o de ornlt em onde. certos versos de titio; emprega-se pa,ra significar que às ve-
De ouvida - Locução que significa o mesmo que ''d e oitiva": zes de coisas ruins ~e tiram coisas boas.
Do passado falamos de ouvida. De suoito - Locução que significa "repentinamente": O s olhos
De palanque - Locução que signi fica ''sem perig·o": Assistir pasmaram como se a paralisia os ferisse dt súbito.
a uma briga dt ptJianque. De te tãbula narran. - Expressão de Horácio que significa
De plaoo - Locução latina que significa .. sem d ificutd..de" . "a fábula versa sobre ri"; emprega -se para dizer : Não te
Em linguagem jurídica significa "sem inquérito", "sem rias porque o caso pode ser a ti aplicado.
formalidade" : Separação processada dt plano (imediatamt-n- ~través (m.lravés)- Locução que significa "obliquamente",
te, sem burocracia). "de lado": O c.arro parou dt través.
De pomo em branco - Locução que signilica "com todo o De tropel - Locu(.ào que significa "confusamente", " tumul-
·ap uro": Vesúdo dt ponto tm bro.nco. tuariameme": Todos recuaram dt troptl.
De pn:sc:na: - Locução que significa "atualmente", " no tempo ~um tiro - Locução que significa "de vez.", "de jato": Dt
presente": De Jlrtsmle ocupa mais um vale de maior capaci- um tiro d e resolveu o intrincado problema.
dade. De vereda - Locução que significa "sem parar", "apressada-
Significa também "de graça": Recebeu uma coleção de mente", "de carreira": Ele passou pela cidade de vereda.
clássicos d. pmmu. "'De ve.z que" · FreqOcntcmeme se encontram con struções
De pressa - V. dt ctrto. como ena : "A ação deve ser julgada im p rocedente, de vn
De presto - Locução que significa "brevemente", "de pron - qu.t não ficaram pmv:ldos os direitos do autor".
to": Os olhos que tinha vendado de pmlo se desc~raram. Nem castica nem téotica é a locuçio "de vez que" . Há na
De primeiro · Locução que: significa "ames de tudo", " antes língua a locução adve rbial "de ve-t'' (Estar alguém de vtt
de todos": De pri1114irQ, Vasco Fernandes a puras bom bar· = estar em disposição acomodada; estar em ocasião pró-
das impedia que o aborcbssem. pria- Estar uma fru ta de vn = estar boa paras~ colhicb.;
76 Devisu Ddluxo
es!llr no t~mpo oporrono}, como há também a locuc;ào mente, as palavras francesas, e é quando se ouvem formas
conjunriva causal "uma vez q ut" , mas oào pode uma com como estas:
ou1ra cnm'Ssachar-se. No período acima dado, o extrava- Aierion em vez de Altrião. termo heráldico (á.guia de asas
game "de v~ que" d~e ser substituído por ''urna vez qu~" abertas, sem bico nem pk }.
ou por o urra locução causal equivalenrc: (visto q~. já que. Amnon por Amnão. r io d a Arábia Feli1..
poú qtlt) ou ainda por conjunção propriamenre dítit (por- Dagon, q ue em português dew ser Dagão (ídolo dos filis-
que. pm-qu~~nto). V. eis que. teus), embora indeclinável em latim.
De visu - Locução latina que significa "de vista", "como (este- Solor~, com acentO oxíwno, em vez de Solíio, ou e n tão, dl.'
munha ocular": &i isso de visu. acordo com o grego e o larim, Sólon, paroxíto no.
Dealbar - Não significa alvorecer, raiar, romper. Do latim Harwn, em vez de Haniio, famoso navegador cartagin~s.
dtalbart, tem em português o S<:"ntido d<" tornar branco, Manflon por Mant /Õo (ou Màm·roi sannlott· tk Hdiópok.
branquear c, figuradamcnte, limpar, purificar. n o Egito; escrev<'u em grego a história do Egito, da qual a
Deão . Plural : drãrs. deãos, de~s. Feminino: dtà. maior pa rte se perd eu.
"Dcbade" • Várias palavras temos que não toleram ~te in- Mnnn001 por Mt mnào, fil ho d<· Tirào <' d<• Aurora . Nom<·
trUSO galicismo: derrocada. dnrota. ctJI.áJtrofr. rroirat'OIIa . da estitua de Tebas, no Egito, que ao romper d'alva emitia
" Deboche:", " Debochar" · ln~romeceram-sc na üngua esces sons articulados.
ITancesismos (" débauche''. " débaucher'') S("m nenhuma Pilm em vez de Pitào, serpente monstruosa. mo r ta por
necessidade, nem no sentid o originário de dro4~)idão. tk- Apolo a tiros de Oecha.
prauoção. libtrliMgtm, orgia, nem no abrasileirado de 2omba- Panieon, quando em português é Panttão (ou P6nlto, do
1UI.trora. manga(ào. Jat. Panlheumi, templo de Roma consagrado a Júpiter , hoje
O mesmo se. diga do adjerivo participial "debochado". igreja de Santa Ma.ria Rotunda.
c:m vet de diJsoluto. libtrtino. devasso, tkprav().(Ú). Odeon em ve.z d o português Odt íili {do grego odiion, pelo
lat. Odlum), lugar para cantos; nome hoje dado a tC'.tU'OS e
Dt:brc:ar, Desembrear - São formas paraldas, das quais é me-
cinemas.
lhor que sobreviva a primeira, por faci litar a substantiva ·
Partmon por Partmiio, templo de Minerva, em Atenas.
ção debreagem <' principalmente a cor~ugac;âo debreio, com ~­
AgtJ1IImlnOn, em vez d e Aglll1le17lnào o u Agomenmo, g~neral
t~m•in;wão fechada, como em ~io, arreio: e-u dtbrtio, dt·
grego n o cerco d e T róia.
brlit até o fim do pedal, na mudança das marchas este mo-
Decano • t palavra paroxítona : tk-c6-tw; tkào é sua fonna
tor s.- dtbrlia automaricamente.
sincopada.
O conrrário de dtbrtar é embrtar. que significa ajustar a
Dt:rigrama - V . grama.
mtbrra&tm, encaixar as e ngrenagens.
Uma vez q ue para mudar a marclu de carro j á em movi- Deó.pimur 5péc:ic: rtai - Locução lati.n a que significa "somos
mento :..· necessário primeiro debrear para d epo is embrear, enganados pda aparâlcia do bem". É de Horácio a scnttn·
há q uem use os dois verbos indif~rentemente. o que não é ça. Q.u:~.mo lobo com pele de ovelha!
aceitável. Dedi•e, Aclive - Não nos ~queçamos de que pod~m ser us.~­
das também como adjetivos estas palavras:
Debutante, debutar - Conquanto dibuur tenha em francés tkcliVII - que forma ladeira (no senúdo da descida), in-
significai:ÕC'S diversas, em português adc1uiriu um sentido clinado: terTeno declive ;
especial que Ih<" torna difícil a extirpaçào do nosso vocabu - acliv• - íngreme.• (considerando a inclinac;ào de baixo pa·
lário. Enquanto na simples acep~;ão de tJtrtar a palavra deva ra cima; disposto em subida}: monte aclive.
5tr desprtLlda (Romancistas houve que a usaram com esse Deaímano, Undcc:úmaDo • O latim acusa ''u" c também "i''
sentido, mas eles foram os maiores introdu10res de galicis- na 2' sllaba ; com " u" ou com "i" (tkcfmanD, undtdmano)
mos no idioma), já o mesmo não podrm os dizer quando escrevamos, d~os pronunciar proparoxitonamente.
empregada com senrido especial de "introduzir-se uma mo- IktthMno (adj.l - o décimo de uma série; por meconi -
cinha na vida social", donde a forma ~ubstamivada dtbu · mia, grande: a o oda tkaimana. Como subS(arltivo: um dos
tanlt, para indicar a "mocinha que f- introdu~ida na vida eixos de orienca.ção de um templo, acampamento o u cid a-
social". de romana ; por extenSão, uma das principais ruils de uma
Debuxar • Se o ~úmo de tkbuxo ~ duvidoso, duvidoso não ~o cidade o u acampamento romano. Como adjetivo, significa
uso d o verbo tkbuxar; usaram-no Carrttt ("e em suas telas ainda " da.do em dízimo", "sujeito a dizimo" .
com rristes, negras cores ddnaaram a injúria, o crime, a in- UndeCÚ11ttJIW (subst. l - soldado da 11 ~ legião. Também o
gr-.uidão" ), Canilho ("Se o pincel foi hábil. tkbuxou talvel composto latiJJO quadrúmanus tem ·a variante quadrimorrus,
nda uma c<" na par.. atrair e deter os o lhos'') e ourros ("Ele mas outros só existem com a vogal i: unimmws (que tem u ma
de!>uXI!u mais n itidamente que ninguém o contraste enrre o só mão), cmtC1111mu.l (que tem cem mãos), angufmanus (ele·
d emagogo e o democrata"). fante: mão corno cobra).
De!Juxo significa delineamento, esboco, bosquejo, risco. Em rodos elt's. o acento condizente com o é rimo r o pro-
O dicionário da Real Academia EspaJ\hola prend e dtbujo paro~ti tono. po r ser b reve o a de manus. V. M il6mano.
ao á rabe dibadla. adornar com figuras. Dedo - Barulho: estalar, estrinarr. dtJtrincar.
Oecamcrio • Provindo do grego (dtka - tkt, e hemira - dia), Defasagem · A palavra cheira a francês, mas agtm é sufiXO que
d esigna a relação d e fatos a contecidos num período de 10 em nos$0 idioma se junra a tema verbal para indicar, CnlrC
dias ; esp«ificad:tmente, en~tanto , assim ~ chamado o tra- o utraS coisas, "a ro de": úzvagem, rodagem. passagem. Dlj(Jj/l-
balho d o grande poeta italiano que, publicamt:mc, inter· gtm é o a.to de "defasar", e drfa= signifKa "intTOduzir d ife-
pretava a "Divina Comédia" e que: divrrsas de suas obras rença de faS<:"". Em duas coisas, em d ois fcnõmc:nos em que
escreveu c:m latim, Boccaccio. Consta essa obra de uma co- não haja sincronismo. proporcão, existe tk]4S11f;mr: A difa-
leção de 100 novelas, que se supõem contadas em 10 dias. JtJgnn cnlrt' )alário ~ custo de ,;da sempre aparece n a luta
t seu no me o riginal, em italiano, DtwmnoM. Mas, o que antiinflacionária.
ra ramente deixa de acontec~, as criações e conhecimentos Deferimento, Deferir - V. diftrimmltJ, diferir.
literários estrangeiros chegam-nos por intermt-dio do fran- Defeso • Elira forma parricipíal irregular de tkfendrr, basea-
cês. Esr.e, no que faz muito bem, adapta a s pa la vt'as de outras da na forma panidpial larina "defensus", do vc:rl:,o ''de-
origens ao novo m eio, dando-lhes a forma conscntãnea têndere", só é u~Ntda em nosso idioma no sentido d e ''proi -
com os característicos do idioma. O portugut:s, no entanto, bido": "A pesca po r meio de explosivos foi defeS4".
po r inco)ria d e alguns e falta de competrncia de mui ros, vai, Ddldt - V. mlrrons.
com repugnante exotismo e d esprew it p rofusão de recur- Detluxo • Com ")", e assim endtjlwctu1<J. O "x" pronuncia -se
sos nossos, copiando, S<:"màntica, simátie<\ e morfologica- como dois sJ.
..Degladiar" Dc:oigrir 77
"Degladiar" -v. digladiat. d~ mais. Nas locu~ões: ao demais, demais di>s!l. pelo demais.
"Dégringolar" - Diz João Ribeiro que este galic~sino é "fre- PM demau etc."
qüente em escritores modernos pela expressividade do vocá- Vocabulários meramente ortográficos nada que ver rêm,
bulo". Talvez não seja mais expressivo que esbarnmdar, dtr- na verdade. com divergências etimológicas quando a fonna
rear. Os substantivos designalivos de ação serão esharrorula- gráfica, simpl~ficada ou não, redunda numa única; é des-
mento (ou·esharron4i e deruamento (ou derreio). necessária a repetil;ào.
Deicida, Deicidio - V. rnariticida. Somem-se as. cioções do léxico português, confronte-se o
Deb.pidar - Há justificação para a grafia delapid.ar. Não obs- resultado com ó brasileiro e tire-se a conclusão: uniformi-
tante encontrarmos a palavra com "i" em italiano ( dilapi- dade entre ambos existe tão só quando mencionam o vo-
d4re), em franc~s (dilapider), em espanhol (dilapidar), em cábulo como a~jetivo. O brasileiro diz: dtmaü. adv. - t:k
inglês (dilapidate), o latim uaz as duas formas; uma com "i" mtlis. locu(:ão advnhial - Belo esdar<·cimento! Adv<' rhio dt•
para indicar atirar· pedra, apedrejar, outra com "e" para in- qui'? Locu(ào adverbial d<' quP &·ma dift·rmt;a d<' signifi-
dicar tirar as pedras, desempedrar. carão, d<' que vai<• a dif<•n•nça de forma para ef<·ito ortográ-
A distin<;ão gráfica tem seu motivo na forma<;ão; com fico? É. ensinar nadar aos peixes declarar que a diferen(a
"i" em virtude do prefixo di (variante de dis), prefixo deno- entre de mais e demais está tão somente em consciruir a pri .
tativo de divisão, distribui(ào (dispersare. dilúere); com "c'', meira fbrma locu<:ão adverbial e, a segunda, advérbio.
em virtude do prefixo de, denotativo, no caso, de privaciio, O que saber se pretende é quando escrever sinceúcamen-
fàlta (deco/at'are, defortn4re, dearmare, dtlwmMare). te, quando analiticamente. Quando conjun(ào (nisco foi
Exemplo nosso, muito oportuno, temos em demoor, onde omisso o· vocabulário português) e quando adjetivo ou pro-
em vez de iapis (pedra) temos rrwlt$, que também significa nome, todos escrevemos uniformemente, com os elementos
"pedra" e está a fonnar um composto de igual signifi<:ado lígados:·"Não lhe obedecemos; demais esta ordem é ilídta"
ao de "delapidar". Tratar-se-ia de engano de algum copis- (conjunl;ào) - "Os demaü homens fugiram" (adj. = restan-
ta de outras eras? tes) - "Os demais", "'Quanto ao dmwú" (pronome = res-
Out:ros exemplos temos em depenar, dejcamar, depilar, de- tante). Mas, com fimcão adverbial como escrever? Rebelo
plumar. Gonçalves, relator do vocabulário português, especifica:
Carlos Góis em seu '' Dicionário de Raizes e CogriatOs" Em forma de locu<;ão, quando advérbio de quantidade;
nem de longe toca no assunto, quando no verbete "lap" num só vocábulo, quando advérbio de modo. Quando ní-
diz simplesmente: '' É seu cognato de-lap-id-ar (originaria- tida. for a discriminação de significado, fácil será a discri-
mente retirar pedra por pedra, isto é, arrasar até os funda- mina<;ão gráfica: "Comprei camisas tÚ mais" (quantidade)
mentos, sem deixar sequer os alicerces)". - "É demais nocivo ao país" (modo, ou, pela nomenclatura
Só a "vantagem prática sem desvantagem científica", co- brasíleirn, intensidade).
mo diz Rebelo Gon~alves no vocabulário oficial português DernográJico-sanitàrio - "Estatistica demagr4fuo-sani!ária" e
ao tratar de "diminuir" (página LXXIII), ·procedimento não "dem6grafo-sanitária". Dem6grafo é substantivo; indiéa
censurável c contraditório desse eminente professor, jus- o 'que se ocúpa de demografta.
tifica a uniforme grafia com "i", dilapid4r. Muito ben• d iz Democrático, democrata - Deve-se dizer parlid~ derrwcrático, e
Calepino no "Scptem Linguarum", no dar a variante com não partido dem()I;Tata; um partido é democrático, como dem~­
"i", com o Setuido de dissipar, conswnir ~ "sed castigaliora cráticn. é uma reunião, dtmt;míJica urna lei.
exernplaria habent delapidat()". Democrata é subsranrivo, e não adjetivo; o praticante da
Para tenninar, estaS perguntaS: I. Por que o vocabulário democracia, o que a ela pertence é ser, é pessoa, c não qua·
oficial de Portugal dá as duas formas e o do Brasil só con- lidade, atributo: "Na América o Partido Repu?licano cem
signa a com "i"? 2. Em que se baseia o Pequeno Dicioná- mais dtrrwcratas que o próprio Partido DEMOCRATICO" .
rio Brasileiro da Lingua Portuguesa par.1. dizer "a forma Demolir - V. abolir.
dtlapidar, de largo US(l, não é boa"? Apenas no Aulete? Demorar - V . verbo$ qut entram em exprwiies tú tempo.
Delenda Carthago - Locução latina que significa "Cartago Denegar-· "Não há derugar" equivale a dizer "não há recusar" ,
deve ser destruída". Palavras com que Catão, o Antigo, ante ou seja. não é possível recusar, não é possível indeferir, não
o reflorescimento, após a segunda gue-rra púnipa,. de Çana- é possível negar. O prefixo de que enll'3 em denegar é latino:
go, cidade africana rival de Roma, concluía todos os seus o verbo já nos veio formado (lat. denegare) e o prefixo de.
discursos. Daí o passar a significar "idéia fixa": "Moscou e entt'e outras, tem a signjficação de ••aumento", como em
Londres constimíram o delenda Canhago de Napoleão e deODUJre, que significa " amar muito".
deHider". Muita geme há CjUe erra no emprego desse verbo, por
desconhecer-lhe o perfeito significad(!, dando à expressão
Ddgado, Delicado - V. t$tadia. sçntido contrário ao desejado.
DtH - Forma, de uso tendente a generalizar-se, do nome de Denegrectr - v. dmigrir.
importante cidade indiana. Denigrir - Dicionários e vocabulários oferecem as duas gra-
DtlinqOir - V. aoolir. f.as: denegrir, dmigrir (tornar negto, escuro; manchar, macu-
Ddir - V. ab,/ir. lar: dmigrir a reputação de alguém). O próprio Gonçalves
Danais, De m;ois - O vocabulário ortográfico de Portugal Viana apresenta em seu vocabulário as duas formas, escla -
uaz, repetindo os verbetes: . . . recendo, na forma com e, que a conjugal;ào deve seguir a
demau I - adv. mod.: alem dtsso. cf. de maiS, loc. adv. de prtvenir, ou seja, o"~·· passa a "i'' nas formas rizotônicas
quant. e nas derivadas: denigro, denigres, denigre, denegrimo$, denegris,
demais 2 - adj. 2 gên. e 2 núm.: restantds). Cf. de maiJ, loc. denigrem.
adv. quam. J á -porque o étimo acusa "i" Oat. dertigrarti, já porque na
Citando duas vezes a palavra, como vocábulos distintos, própria forma com "e" esta vogal se transforma em "i"
indica-nos ·O autor serem diferentes quanto ao étimo; tal nas flexões rizotônicas, já porque dicionários e vocabulá-
foi sempre a orientação dos autores de dicionários. rios trazem as· duas gral'ias. a preferência, caso desejemos
São realmente palavras de étimo diverso? Não nos parece; lixar urna delas, deve ser dada à forma com "i... , dmigrir,
a existência de um advérbio arcaico latino " demagis" não tornando-se regular o verbo: denigro, denigres. dtnigrirrwJ
pode levar-nos a responder afirmat.ivameme, pois, con- etc.
quanto numa só palavra escrito, é também ele composto. Importa acr:csc:entar, para justificar essa prefermria, que
O vocabulário ortográfico do Brasil traz uma só vez a pa- denigrt!fiiD e denigraliV(), derivados do verbo em apre<;o {a~uc­
lavra: lc para indicar o ato, este o agente), só exi'Stem com 'i",
"demaü, adv., pron. e adj. 2 gên. e 2 núm. Cf. a loc. ad.v. de acordo com o étimo latino (nigrum) e não com o portu-
78 Denis ~ ... Dis...

guê~ (111gro). lkixaremos o "e" para denegrt«r, variante po- Proveniente de forma a djetiva (Jrriftilo, a semelhança de
pular do verbo dnúgrir. riftito, pn-ftito, cúsftiw e de outros oompostos), o nome: se
Denis - Com "e" na primeira silaba, oom "s" no fim, é como substantivou, mas não perdeu a flexibilidade genhica. Se
está escrito o nome do sexto rei de Portugal (126 1- 1325i e joào é pre.feiw, Joana será pre.ftita. "A prefeita de Rio dos
fundador da universidade de Coimbra, nos mais antigos Peixes" dever-se-á dizer; se o nome dela vier expresso, sem
documemos do idioma. Também em francês eessa a grafia. dúvida se continuará a dizer " A prefeita Joana ...".
Dc:mc: - Barulho: eJúlksr, t$/4Jejar. rangtr, ringir, roçar. E assim: "fui eldta dt'PutadA" -"Fui dentre todos os
Dultc: lupus, comu tauros petit - Locução latina 9ue significa depucados A mais votadA" - " Foi elA A deputadA que
"o lobo ataca com o dente, o touro com o chifr·e". Expres- mais di5eursos proferiu" - "A assembléia desta vt:l .n ão
são de que se serve Horácio ·para dar a entender que cada tem nenJ1umA deputadA".
quallanc;a mão de suas próprias armas. Q.ue língua falamos para dizer "A assembléia desta vez nio
Dcnac: - v. dtrúTo. tem nenhum deputado mulher"?
~oau:rilicio" - t solecismo; o cc:n o l dmiijrfao; palavra exis- Dizer "O prefeito Joana" - "O deputado Maria" corres-
tente desde os romanos, designava " pós para esfregar, a.r ear ponde a dizer " O deslocado Maria", " O delegado j osefina".
os dentes''. Tajs nomes são imeirameme suscetíveis de flex-ão, da da a
~dentre - "DmLro de bre-.-e tempo", "dtnlro em breve", procedência c caráter morfológicos. Imaginemo>, em o utros
e não "dtrúTt de". Dmlro tk, dmtriJ em são locuçOO preposi- tempos. o despautério "Foi processado o sujeito Maria das
tiva> em que <"nrra o advérbio <Únlro, formado de dr +intro, Dores". V. vntador. V. ptutmiirja. V. nnbaixalriz. V. comulua .
sem nada ter que ver com a preposição mire, proveniente do Deputado - Coletivo, quando oficialmente reunidos: cdmara,
latim inttr. Denlre existe, mas é combina~o da preposi~o assnnbllia. V. depwnda. V . vmfJIÚn'.
dt com a P,rq>Osição mire; só aparece: quando as duas são Deriva - V. a deriva.
exigidas: ' Dtnlrt r.o dos os alunos saiu vencedor o mais no - Deriyados &ana:aes ~ Manda Carlos Góis que se diga. semicúpio
vo". ($tmi, meio; cupa, cuba) em lugar de bidê (bidet), mas (: subs-
Dco grátias - Locuç-ão latina (pronuncia-se "déo grácias") tirui~ào, parece-nos, dificil e inútil, como inútil é procurar
que significa "graças a Deus". Empr~-se p.na agradecer substitutos r.ara criH:Iú (crodtet). tnbeltl (bibelot), attlil (atelicr).
a consecução de um objetivo. cM.ftr (chauJJtur), poloi.1W..l (poulaines), boné (bonnet), gawcha.1
Dco jova.nt<: - Locução latina que significa "ajudando Deus", (ga/IH:Iu). CQ71(lp/ (c1.Ut4pi). clidtl (cliclli).
"c~m a ajuda de Deus": "Dto juvanJt venceremos a cmpre- Os idiomas, com todas as atividades e produções humanas,
'" .
Dcpanr - Significa " fazer aclur", "fazer c:ncomnr", "apre-
possuem intercâmbio; se d evemos rejeitar o inútil, o pew-ni-
cioso, devemos aceitar o insubst:iruivel, o de que neccMi ta -
sentar inesperadamente": "Pediu ao padre Santo Antônio mos, o que não temos. As palavras acima só os eruditos sa-
que lhe dtparaJU a cabra perdida" (Camilo) - " Q.ual é no bem que nio são genuinamente nossas; o povo com elas
mundo o samo que t:kpara as coisas perdidas?" (Vi~ira). já se familiarizou. O que se deve evitar é o desn<:Ce$sário, o
Constrói-se também oom a preposição corn na acepção intrometido, como "colibri" em vez de /Jtija-flm. "comtatar"
de "achar por acaso.,, uencontrar de rc-ptnte" : " Deparei em vez de apurar, "feérico" em vez de mágúo, tdlnic~. mara-
com um pobre homem" (Garren)- "A seis estádios do mar ;Ji/Mso.
depararás com Feres" (Filinto Elísio). Uma observa~o: A verdadeira pronúncia deveria sl!r bidi,
t o verbo deparar também empregado pronominalmente, com "e" final aberto; o "o" e o "e" fechados do francês dão
sempre no sentido de •· aparecer inesperadamente", '' ofe- "o" e "e" abertos no ponuguês; raramente é esse fenóml'no
recer-se": "Dtparou-st-me oportuna ocasião" - " ... a quem falível; bidl constit ui um desses casos raros, e outras exa:ções
se deparar forruna tamanha" - " ... st nos IÚfXITaJst melhor encontramos em paletó (paletotl, boné (bonneti, trioli (trio-
~onc" (Rui). lei}, dlroro// (chc:vroled.
Dependurar - V. pendurar. Derin?_os Bft!OS - V. ttnDiipo; V. cromalossoma; V. acmtlltl(lio;
Dqlois - t também empregado como conjunção explicativa: V. bólúú; V . Edipo.
"Não o <"mpurrei": dtpois, não esta,.. perto dele no momen- Dai•ados ingleaes . V. tslilirJtru; V . esprti.
to da queda. Derrapu. dara.p ada - Pmveniente do fran~s. o verbo já
nq,óslto . V. amrtn.im. se arraigou na linguagem "utomobilistica em lugar de tscor·
" Dc:pnssa" - V. dt~rw. regar. O substantivo indicativo do ato de derrapar parece
Deputada - Causa dó a acrapalha~o que o el~mento femini- estar-se fUWldo em dtrropada: O carro deu urna dtrrapada
no traz para as próprias mulheres. DeputadAl é a legitima fle- para a direita .
xão fc.'fllinina de "deputado'', forma substantivada do parti - Dc:s... Dis. .. - São prefixos que não devem ser confundidos.
cípio passado de "deputar"; dizer que "dc.'Putado" não tem Dada, em nosso idioma, a natural tendência de abrdnda-
forma feminina ~ o mesmo que dizer que feminino não têm menro dos sons, escrevemos certo quando o prefixo é real-
uddcgado", ucnviado" etc mente dts, ve.-náculo. mas erramos quando o confundimos
Cosu.una -se, para ressalvar erros gn•údos, a legar influên- com dis, que com " i" deve ser escrito por ser latino, o u seja,
c.ia deste ou daquele idioma estrangeiro, oomo se eles j usti- por entrar em palavras de cunho nitidamente latino: dispm-
fic..ssem disparates nossos; mal qual! O culpado, o mais :sm, iÜJstminar.
das vac:s. não saiu de casa para aprender o ponugues sequer. Por oucras palavras: Enquanto dts se junta a vocábulos
No inglh, onde com aca-to se diz (tradu~o ad !iteram) já nossos, quer simp les quer exiscemes em composição com
"Virgínia Hamill, notál'el duorfJIÚn'", justificar-se-ia a con- outros prefixos, dis se junta dentro do latim, fica invariável
cordàJicia, ou melhor, a falta de concordância, mas nio ames de p. q, l , s seguido de vogal, algumas vc:tts antes de r
em português, onde se d irá ''ViTgi.nia Hamill. Miáutltúrnra- e de j . e perde o s (:1.5 vezes por assimilaçãoi antes de ouiJ'as
dora" . consoante~. Vejamo-los em alguns compostos, agrupados
'"A vereadora", "a prefeita''· "' a paraninfa", "a ministra'". segundo a idéia que lhes trazem:
"a deputada" é que devemos dizer quando a mulher nos re- I. separac;io, aFastamento, divisão, distribuic;io, seria~o:
ferimos. Não flexionar essas palavras é contrariar regras desabocar dispersar
çome-linhas de flexão; dizer "o vereador Fulana" é o mesmo desabeírar distrair
que dizer "o professor Maria". O fato de o dicioná1io tra- dcsabclbar distribuir
zer "m" depois de· um substantivo não quer dizer que ele descontar disparar
seja inflexível; compreende o dicionário e dele tira provciJo dcsformar discriminar
quem é possuidor de algum conhecimemo gr...matical e, ain- desviar difundir
da, de certo bom senso c crirhio d e invenigação. dessubjugar difração
Des... , In... De~mpenhar-se 79
dessulfonar difluir - " ... o s sangoemos vesrigios de passadas dissnaçõrs''.
dessumir dimanar Desoobrimcnto · Assim se diz para indk.ar o ato de descobrir:
desolar dispor o dtscobrimmlo do caminho marítimo para. a lndia. l nvenro
2. privação, negação, oposição: é que se designa por dtStohnta: as á~.ICObm4s dos últimos
anos. Para o ilescobrimento da energia atômica concorreram
desleal d istratar
vários cientistas (a energia atôm ica não foi inventada) -
desagradável dlspar A -energia atômic« ocasionou a descoberta da bomba atõmi -
desculpa disforme (var. dtjrmne, com a - Realizou-se o d~sco/n'immlo da lápide comemorativa.
desordem o pref. dtj No dizer de Aulete, "é galiósmo charro o emprego de dn-
a desoras dissimilirude coberla no sentido de ato de descobrir, que em português
despavorido discordar se diz MsaJbrirne11to ".
desraúo d issuadir ~srobrir - V. touir.
dessemelha.nça difamar ~swmcdir-se - V . /lÓo/ir.
descriminar dificil ~rúoio" . Assim não se di;r, senão descortino. como se d i1.
dutino, dtsaJino, para expressar o ato de deWJrtinar.
3. aumento, intensidade: Descri:dllo • V. digladiar.
desbaratar dissolver Deanver - V. dtsinquitto.
dcsfeu d issimular Dnaiçio - Não co nfundir esta palavra , que indir.a o ato de
desinquil:c:o distenso dt.scrtver, çom dücrição, que significa discernimento, sema-
desnudar dilucida~-ão tc:z. Desta última, o composto indiscrição.
desinsofrido dilúvio Daaiminar · Significa absolver; não confundir com discri-
desinfeliz (pop.l minar, que signifia d istinguir. Lá o prefiXo vernáculo des,
a indic-d r privação, nega,ão; aqui o pr('fixo latino dis, a in -
Nesta última acepção, tkJ perde o "s" em aJgun~ vocábu- dicar separação, distribui~o.
los (dejúrio, dtjrauáar, dlmwra, dearticular), em ouo-os (: indi -
DeKulpar, escusar • Ambos os verbos significam perdoar,
fereotemem e usado com ou sem "s": tÚcair, descair; desnudar.
tolerar, admitir desculp•u ou escusas, dispensar. Também
dmuli4r; diflorar. degwrar; dtsltix4r. delti1<ar. quando pronominalmente empregados, esses verbos s.'io
Casos há em que, pr<"ccdendo o prefixo dt.< palavra co·
sinônimos, apresentando a forma pronomina l tscusar-u ou-
mecàda por "a", este dc:-saparece : de.pnucer. dtspego. dtl·
tros l,ignilitado' ~<'Ximir -se, desobrigar-se), significados es-
trtlo.r, túspinJadammte, variantes das re~-peçtivas formas com ses que cont[nua aprew mando a mais quando C'ffipregado
"a": desapartur, desapego, desatrelo.r. túsapitdadammlt. Este
corno transitivo indireto: A questão c·" ·usa dt- mais prova>
paralelismo expliet o fenõmeno contrário "desusossego",
- Q.uem manda escusa de pedir.
em que o p refixo se junta a um "a" inexistente.
Regências de dtJCUipar: a) (= perdoarl: Não o desculpei
Uma observação final: Não confundamos dis latino com
- O brio e a mocidade desculparam a tcmcridadt- do gene-
diJ grego, que pode indicar dualidade (\-ariante di: dístico, ral - Queira desculpar-me ter troa.do as chaves - Descul-
d®lo.bo, diwrao) o u mau êxiro (et:imologicamente dys):
pei -lhe os excessos - Tu i: que me não de~ulparias a
áispnlta, dispraxio (pron. dispracsia)_, di.!qu~sia.
mútil crueza de te dar um espetáculo de angústias - Descul-
Des ..., Jn ... -V. Üttp'ronunciar. pe-me a d emor"<l - Desculpei-lhe a demora.
Dcs que: • Locuçio conjuntiva asuiquada , equi,'alente a "desde b) < - pedir escusai: Dc5CUipou-se da dmtora - Descul-
que", que também escreviam com os elemento~ juntos: pou-se de só chega r àquela hora por ter ido a um chamado.
Sobre mim desque vos vi c) (• justificar) : Não soube o pai desculpar a falta do filho
nam me ficou mais poder. - Todo o ingra ro é ladino para se desculpar.
Desacato A • É regência preferível: Bastava então qualqut>r d) (= dispensa ri: Pediu-me que o desculpasse de iT à aula
dos outros desaaros às coisas sagradas. V. amor a. por encontrar-se doenle.
" Desacorçoar" • t forma popular , por dtscoroç()(Jr, provenien- DeseJe bá . V. de M.
te de' dtJ+coraçào +ar. com assimila~ão do ''a" CO espanhol Dn«jabilida.de . v. deswilidadt.
tem deWJra1.1J11QT, com igual significação de tirar o coração, Dexmbarg;ador - F~minino : dtsembargadora.
a coragem, o ânimo). Desemhcstar - Nada que ver tem com besttl (ê), animaJ de
O "a" da segunda sílaba explica-se pelo fenômeno co· carga, senão com bt>ta (é), arma de uremesso; desembestar
mum de acrescentá-lo a nomes para forrnas verbos: aJrelar, é, originariamente, o ato de arremessar a flecha, de despe -
assolugar, aio.gM'. acamar... acoroçoar. e daqui de>atrtlo.r, desas- dir do ar co; daí o sentido figurado de correr descnfrea.da -
so.urgar... desacoroçoar. menre, partir como uma scra, soltar. arremessar: Dcsbraga·
Firm<"mos a forma descoro<Mr . va a pena e tkstmbtStava asselvajadamente o insulto.
Insaguar • V. água. Desembreio - A quem se põe a aprender a guiar automóvel,
Desaputtbido • V. túspercebido. grande estranheza causa um vocábulo, nece~rio sem dúvi-
Desanr • Consti tuem gro-iros erros flexões como "Eles se da, mas barbaramente formado e variadamente eíi}j·rr o iado
desouvcram " em ve~ de " Eles se túsauieram". O verbo é com- pelos instrutores das autocscolas. Para indka r o ai da
posLo de vir, e como este deve ser conjugado : eu me desavim, engrenagem das marchas, substantivam o verbo tJtmbrear
tu Le desavieste. ele se desavrio, nós nos desavim~~~s. vós vos dizendo "dcsembréio", com "e" tônico abeno, terminação
dtJ~J.vitstes. eles se desavuram; "Ninguém acreditava que eles inexisrente em porrugu~s. O erro toma vulto qW~ndo o ins·
se IÚS4'11Ít.!Jn1J tão logo". t:rutor diz "d~mbraio'', rimando com balo.io, o que i: evi -
Considere-se, a lém disso, a não existênàa do composto dente disparate.
" des-a-ver-se" nem de " des-h aver-se". Como de pautar o substantivo é passeio (O emprego da
Detbatatar • v. túsi11quiLto. primeira pessoa do sing. do indic. prn . é um dos processos
Descurilar · Esta forma, que hoje vemos com satisfa<;ão na de substantivac;ão de nossos verbos), de dewnbwtr, verbo
imprensa e com admiração ouvimos corretamente pronunc- exisrente c corretasnente formado, o substantivo deverá ser
ciadil no rádio, andava, não havia m uito, deturpada em tksem/n'eio, com o "e" tônico fechado.
" descarrilhar", como se o " Ih" dos trilhos devesse ser carre - Estamos ainda a tempo de corrigir o barbarismo, mor-
gado pelo trem que deles salssc fora. In cmril mais ar só mente se tivermos igual cuidado na conjugação do verbo;
podemos ter dtscarrilo.r. e.u dtsemln:rio; tkumbuie mais devagar; voce não desembreia
Desc:rm.ão (descida, d eclive) - Não confundir com diss~ão como eu- sempre com o •· e" fechado. V. dtl!rtar.
(divtrgêncial: " ... nota-se lenta desctns4o geral para o norte" Daempcobu-ae - V. dtsinrumbir-st.
80 Desfnr Despender, dispmdio
Desfear - V. digladi4r; V. desi"'{{liero. não areitar o verbo tksobrigar-se na acepc;ão de " dar conta
Desfechar- V. Vt"O· de uma obrigação".
Desferir- V. aderir. Vejamos o >'efbo pronomial desemptn}tm-u; acaso não di -
Dcsformar - t faur sair da forma (ô); não confundir com zemos "Fulano dt~-se desse aabalbo" ? A constru-
diifurtNJr (tomar disforme). ção pronominal do verbo d.i-lhe força de "livrar-se", de
Desiom> (ôl. Dafoml (ói - Existem esas duasfortna$ substan- "necutar'', ou seja, de privação, como em túsadpar-st (pri -
tivas de <ksforrar, uma por influ~ncia do si.mplesfôrro, outra var-se de culpa, ficar so-n culpai.
por analogia com o brasileirismoforra (ói. Se deumpmhar-se de significa dar conto de um tmpmlto {"Ve-
No Rio Grande do Sul ouve-se desftrrra; a tendênda para jamos distintamente quão bem se desempenhou Santo Antônio
"ô" é a.i grande em virtude de influência alemã. da obrigado de verdadeiro português" - Vieira) e se dt-
Deasonos - Em regra geral, as palavru não devem sofrer al- illlrrifar-se de significa dar canta de uma olmf• ("Perpétua
teração prosó<ÜC3 na passagem do singular para o plural. Rosa, que devotamente ia descabe<;ando a pcni~ncia, en-
Se gosto, com o "o" tônico fechado, pronunciamos no sin- quanto a filha Jt desobrigava" - Alexandre Herrulano),
gular, com o "o" igualmente fechado devemos fazê-lo no com que argumentos in!mos negar a legitimidade de dt-
plural; o plural do composto desgos/4, que nem sempre ou- sincumbír-u de na acepção de dar ctmla de uma ~~~!
vimos corretamente pronunciado, deve também com o "o" ~~ in pisa:m - Locução latina que sigr•ifica "remata em
fechado ser pronunciado: tksgúsros. peixe". EJCpressão de Hor.l.cio em que ele compara uma obra
Certas palavras, no entanto, existem, que fogem dessa. de arte sem unidade a um b elo busto de mulher q~ termine
nonna, rtaS <).u3.ÍS o "o" da sílaba tônica, fechado no singu- em ~ixe. Aplica-se a coisas cujo ftm não corresponde ao
IM, passa a o" aberto no plural: aqui está a lisa de tais co~, ou a pessoas qu . e prometem muito e fazem pouco.
exceções: Desioqui«o - Se deJkal sjgnifica " não leal" , se dtJtmkm signi-
fica "fora de ordem" e desagradar. "não agradar", por que
abrolho jogo deJi111(1litlo não significa "não inquieto"?
cachopo miolo
Nem sempre o des significa privação, negação. Em certas
caro;;o olho
palavras aparece para indicar intensidade, reforço ; desm-
choco osso
quitlo é uma delas, e significa muito inquieto, sempre inquie-
como ovo
to. Outros exemplos em que esse prefixo traZ idéia de inten-
coro pn<;O sidade: desnudar, <ksfear, desbaralar, desperdirar, deM:rtutt, des-
corpo porco pt-r, desptrtm, desposar. V. Des, dis_
corvo pono Desluar (afrouxar ) - Não confundir com <kJaçar (desfazer
despojo posto
a laçada, desenlaçar).
destroço povo Dc:tmMir-~ - V . aht>lir.
escolho renovo
Daoudar - V. desírupáeto.
esforço rogo
fogo socorro Desobripr - É reabnente curioso; o verbo desobrigar possui
fom o tijolo dois significados praticamente contrários: um de "isentar
foro tojo da obrigação", " tirar de alguém o encargo de fazer qualquer
forro tomo coisa"; outro de "desernpenhar a obrigação", "cumprir
fosso rremoc;o com o dever", "dar conta de qualquer empresa".
globo troco É de notar, porém, o seguinte: C..om a significação de isen-
imposto troço tar da ~brigação, de tirar o encargo de fazer qualquer coisa,
o >'efbo é l:tansitiw: Desobrigar alguém de alguma coisa -
Note-se que em Portugal os substantivos aimoçJJ e ~U/XO "Desobrigar o soldado do so:rviço" (M orail). Quando, po-
fazem no p lural abR6ços e ~os. rém, empregado na ;oc;q>c;ào de desempenhar certa obriga-
Deoilkrarum - V. mú:rom. ção, de dar conta de qualquer empre~. o verbo é pruno-
Desídia, dnidío, dissídio - Dtsídia (pronuncie dt-zf-dill) é mínal: "Desobrigar-se da execução da palavra" (Morais)
pal.a.vra proveniente do latim dtsfdíum (do verbo dtsúúo) - " Perpétua Rosa, que devotamente ia descabeçando a pe-
e significa indol~nda, ociosidade, preguiça; dal. o adjetivo nitência, l>nquanto a filha se desobrigava" (Herculano).
desíàioso {pron. de-:.i-diosoj, que tem desídia, indolente. Os latinistas devem t'Onhca.>r o verbo vaçart, que, muta -
O latim dtsídto, verbo de que provém desídia, compõe-se ds mutandis, assemelha-s.: ao nosso desobrigar. "Vacare mi-
do prefixo de, que aqui significa "em", "sobre", e sldto, litiae" significa "atender ao serviço militar", ao paS50 que
que sõgnifica "sentar-se"; da.i o espeáficar o-substantivo "vacare militia" indica " i3etlta.r-se do servi <;o militar". A
iÚJídia o ato de estar sentado, desocupado, ocioso, indolen- mudança de regência traz a eMe >'efbo latino significaçio
te. contrária.
Acontece haver ao lado de desídia a forma tkJidi() (con - Desoras - V. a deJoras.
signada em Aulete e em mais algum outro dicionáde>), mas Despaut~rio - Com "e" na primeira sílaba; provém do francês
t."SSa. variante não deve ser confundida com diJJidio; airt<b Despautirt, por sua vez proveniente de " van Paureren", au-
aqui o verbo latino ~ sldto (sentar -se), roas o preftxo é diJ, lOr dos CommmJarü G1-ammatici, trabalho repleto de excen-
que significa separação, afutamcnto, retirada, donde de- lricidade$.
signar diJJidio desinteligência, dissenção. É seu cognato Despedir - V. impedir.
du~d~, deigualacepção. ~010. dc!ip(jadouro - t desJNjommlo o ato de despe-
Não confundamos, pois: jar ou o si mples despejo ; é <ÜJjNjadouro o lugar de despejo.
desídio, varian te de desfdía, significa indolência; pronuncia- Idêntico procedimento devemos ler com a<:ostamcnto (ato
se <k-ú-dia e tern "c'' na primeira sílaba; de acostar: o IWistartltnlo é proibido naquele trecho) e acosta-
diJJidto significa desinteligência; pronuncia-se di-ádio dOUTo (0 acostatkuro está em conserto). Urna é duer "acoJta-
e tem " i" na p rimeira síl.a.ba. tJitJtlo pcnnitido'", outr3 "aroscadouro nu conseno'"', ~.,cs~
Essa a diferenciação gráfica, etimológica c prosódica dos trada sem acostadouros". N;io há dificuldade para entender
vocábulos desidío (dezidio) e diJsídio (diddioi. e põr em prática essa disciuçio; a dificuldade está em encon-
Desimpedir - V. ímptdír. trar no Trânsito quem faça respeitar nosso idioma c a lei
Delioc:umbir-ac - Não encontramos razões que condenem do sossego. Erros do vernáculo estão c:m correspondên-
o t.'IIIprego do verbo desincumbir-st na acepção de "dar con- cia com os silvos de api.to do tráfego brasileiro.
ta". O prefiXo dts é aí privativo; a condenar a fonnação Despcuda-, dispàldio - Se displ'lrdW é escrito com "i", por que
e emprego de dtsiMumbir-Je \ler-nos-ía.mos obrigados a o verbo correspondente ac há de: escrever com "e"? Á pri-
Desútil, desulilidade 81
l"l'lr.ira vista pat'C'« uatar-se lk errada troca dr lnns, mas ponden~ prdixo vernáculo des; os dicionários se contradi -
um rápido ClWDr lkssas palavras irá escluecer a dúvida. zem, quando não o próprio autor ; o uso puea: revigorar a
O prefixo de apuea: em muitas palavras da língua portu· distinção apontada de grafia e lk sígnifkaçào.
guesa r não deve srr confundido com tks, qur também mua Dc:uai - Com o acento tônico no ditongo final (de-SJái), este
na formaçio de muil.o s vocábulos e já foi aqui rstudado. adjetivo, que drs.i.gna o que é relativo ao Concio (distrito
IH exprime id6 a lk: indiano, onlk rstá ~uase todo o território portugués de Goa)
I. origem: d~rivar, defluir, decorrer, deduzir; rem por feminino d•scaln4, com acento cônico no "i".
2. movimento para baixo: dejrçio, drlluxo, drscmdcr, Dalec:ar (secar completamente) - Não confundir com disse-
d~,d«live; car (comr, dividir em putes). Ambas as palawas nos vieram
S. movimento dum lugar para outro: deponar, lk- do latim já formadas de prriixos e lk verbos difcrentes.
duzir, deferir, declinar; J)oesenwiban~r - Superlativo sintético: disJimilimo.
4. ~osiçio : deprrciar, derrogar, demitir, depor; Dalaar, dctcaque - Palavras portuguesa.~ qu_ando relaciona-
5. pnvaçio: defunro, drmmte, deformar; das com o ato de mviaT (.O,JtQcou-se uma forc;a de 10 homens
6. falha, malogro: denunciar, drlinqOir ; para ir ler com os índios), deslitar, stparar (Dtsl~~q~Ui uma fo-
7. aummto, i.n trn$idade: denegar, denigrir, detonar, lha do caderno - Em piUSO moroso desituw-sc da. compa-
lkclamar, demonsaar, deplorar. nhia).
DisplntlW lkve grafar-se com " i" porql.W! vem do latim diJ- Taclwn de galicismo seu emprego com a signifKac;ão lk
J-di-t; tks/Jn~Mr rscmoe-se com "r" porque se originou tli.stUttuir-sc, Jtlbrekoar-Jt, mas, como em tantos outros casos,
dt deptntkrt, verbo da terceira conjugac;ào latina qut expres- cab~. e muito bem, esse sentido figundo ao prrsente: "Ca-
sa a idéia de pagar, dar em pagamrnto, empregar, pesar, da indívidualidade, cada peripécia. cada. movimenro tkJJa-
pesar menos, ter menos peso (0 comércio era feito de balan- Cil·$e carateristicamente na sua realidade e na sua cor" (Rui).
ças <!"e pesavam as barras do metal dado em pagamento); Aceito o vrrbo, forçoso é que se aceite o sub-ntivo: pes-
este Verbo não deve em latim srr confundido com o seu ho- soadrtk~.
mógrafo da ~nda conjugação d~t, que significa es- É possível fugir ela inaepac;ão: pessoa múnn!U, autor P--
tar suspmso, penlkr, e do qual nos veio~- 1'1finn1U, professor 11D14txl.
Não é de ntranhar o "s" dr dtsptnder . porquanto possuí- Dattalar - v. dislralaT.
mos casos análogos na língua portuguesa. Assim, trmos Dalrinçar - Por inlluéncia de lri1u:lttzr pode atgu&n esaever
túsawticaçio do latim decorficatWnnn, desnudar de drnwúrrt, "drstrinchar", o que é errado. Trint:luu é que significa "cor-
deslocar de túlocart, desferir de difJtrrt, dtsvaricado, dr divarica- tar em pedaços, repartir rm fatias as cam rs ou viandas que
tum, dtsj>orhl do italiano dipqrto, IÚsmtDIÔIIJT do francts di- se servem à mesa: O capitão trindtou a perna assada e passou
~. tkSI'ItiDIJtlm de dlmanúkT, dtspopulariUJr de cUp~a­ para o seu prato uma alentada porção.
rútr. Dalril&far, além de significar explicar, esc~. deslin-
De deJ/Jnllirr é derivado tkspnttkdttr; de displnlljo temos os dar, é também empregado com a signilica.c;ão de esmiuçar.
deriY11ios disprndioSII, dispmdiosid4dt. separar: Roberto tira um cigarro do bolso, desfá-lo e põe-se
Detpensa, dispmaa - Conquanto provenien~s do mesmo éti- a tk~r o fumo na palma da mão.
mo, assumiram ~ignificações diferen tes; dtsptns4 é um com- "Dao:iodlar" - É errado empregar esta fonna nn vez de lrin-
partimento da resid~ncia, quando não um simples annirio, claar e de tkJtrinçu. V. tkslfinrar.
rm que se guardam génttos alímenócios para uso domés- Dcttto, dt:atra - A segui-.. o comportamento em casos seme-
tico. Dispnua significa desobrigac;ào, ato de dispensar . lhantes e a grneralidadr dr dicionaristas e estudiosos do as-
~. dcsapac:dlido - São palavras difcrenta; des- sunto, é melhor q_ue se gnfe com "sh (a exemplo de justo,
pnctbido é o que nio é notado, o que n~o é observado : Pas- WIÍsJ{) ete.) - com 's" é em frauds e em italiano, e no pró-
sou-me despnct/ndo esse caso. JHSiljlnmido significa não pro- prio latim já aparecia com "s" - e que se pronuncie dhlro,
vido, não municiado, desprevenido : Estou duaptrerlndo dlltra.
de dinheiro. V. p"c•hidB. Destroço (6) • No plural o "o" é aberto.
~ - v. desi"'{Ui~tll. Dnttulr - v. óulir.
oapuur - v. desmquítto. Doultório - A nova roição do Aulett procede com , muita
Dapir - v. adnir. coerência com trazer consignada com um único "s" a pala-
Dapojo (õ ) - no ptunl o "o" é abrrto. vra dtsull6rio (que salta de um lado para outro, nio persis-
De1porto (õ), Dapo1tt - Na acepçio de divertimento, recrea- tmte, que não se futal. obrig;ando-nos à pronúncia ndeml-
c;io, exerócio ou jogo (ao ar livre gmilinente), a palavra tório". Formado já no próprio latim, o .vocábulo deve em
foi suplantada por tsprnu, proveniente do francés através portugms ser pronunciado como vocábulo simples e não
d o inglà, donde os derivados uf!vrtivo, tspqrtisla, esporli»M. como se tive~ sido criado em nosso idioma, onde não te-
DelpOur - v. deànquilttJ . mos o adjetivo " sultório" nem o substantivo "sultor". V.
Detprazer (desaprazerl - V. apraur. vmJJJimíl.
Detpnrátd, dapoaitd - Existem os dois adjeti-ros. Em des- Daútil, dnutilidadr - Conquanto pouco usado, desde Cândi -
prn.tfuel apareoe o verbo tksprnm mais no sentido de "não do de Figueiredo já se mconua em dicionários o adjetivo
fazer caso de:"; é IÜJfWeuí<NI o que não é es5encial, o que não desWil, mas em ciênóa econômica deJidj}jdade não exprime
se leva rm conta, o que não altrra, o que não influi. inutilid4dt. Por não ter sc.'de um individuo, não se dirá. que a
já despreúwl evidencia abjeção, vileza; é despreúwl o que água é imltil, mas dlnitii, e o fato se especifica por tksutilid4-
por si é merecedor de desprezo. V. rmdlbilidade. dedaâgua.
Despre-ro - v. fJ1MT (J. Há o radical, N o afixo c, o qur mais é lk importância,
Deuabor (falta lk sabor) - Não confut\di.r com dissabor (desgos- necrssidalk, que se forme o vocábulo e que sua vida, se não
to). Lá a simples ausblcia de sabor, a insipidtz; aqui a má- entre o povo, propague-se mtrr os rrcnicos que IÔD dde
goa. o conuatnnpo, o desgosto, o despruer: O túuabor preciÃo. Isso prova rrudic;ão, e papel preápuo é da língua
da fruta - Sua teimosia trm-me dado mil disSilbMts. atender, dentro de suas normas, às necessidades dos que a
São seus derivados: dtssaborido (insulso, insípido; o mesmo falam.
que tkssaborOSII) c diU4boriáo (Diste, lksgostoso): Convida - O ma mo se diga de palavras como rmwtividade (do pra-
mo-los com iguarias que nos sabem bem r para eks sio z~r), dolorosidad~ (de um saaiflcio), D(Tad~Jhilidade (de um
deJJ<Iborida.s - Dw dWtib«idOJ rntâo vivi. objeto), de~ (de uma coisa), brtlSÜid4dt (de uma ini-
Do estudo da etimologia dessas duas palavras cbeg2-se ciativa).
à conclusão de _CJI.W! a forma deveria !>eT uma única, consti- Não se polk de um dicionário exigir o regiwo lk todas
ruida da forma já aponuguesada JIIHr, antecrdida do corres- as palavras possíveis ou um dia necessárias.
82 Desvairar, desvario Dias da semana
Desvairar, dcnario - Desvllirw é hipéne~ de duvariar; <kt'iva- O verbo ur, na forma infinitiva, não poderá flexionar-se
dos: deswirado, tksvoiramnJto. nes~s casos. Drotr srr é locução verbal, c nas locuções ver-
De duvariar (endoid«er, delirar) o substantivo é tksvarUI. bais cabe a flexio ao primeiro verbo e não ao segundo.
com iltCnto cônico no "i". Conjuguemos, por exemplo, a locução verbal "poder eso-e-
Desvalido - Tem o acento tônico no "i", quer como paniópio ver" no indicativo pre~nt~; teremos: posso escrever, podes
ou adjetivo parlicipial de dewaler : "Q.ul' s<>rá de mim, só, escrever, pode tScrtvtr, podtmos escrever erc., com o infinitivo
drsvalúlo, c CI,J!pado num crime?"(= desamparado), quer co- sempre inflexív~l; no gerúndio a forma será jHJdtr1do tscrt-
mo substantivo: "En1.r e o tropel dos dtsv<ilidos" <- desgra- V(T. O gerúndio (terminologia gramatical brasileira) não
<;ados, pobres). tem plural em nosso idioma; devendo, quer se refira a su-
Valíáo c válido não devem ser confundidos; valúlo é forma jeito singular, quer a plural, será sempre as:sim o::~crito, c ao
participial nossa, de valn; pode ser adjetivo: "--- bandeiras infinitivo sn não cabe flexão nenhuma, seja qual for a or -
dessas avt& dt Júpiter valídas (= favorecida.s, esrimadas); dem dos termos da oração, a menos que se pretenda in-
pode ser sub stantivo : "Os rxtlú1úJ de el-rci" (=favorito, pri- correr em grave erTO de conju&acão.
vado). "Duer' - Se o leitor di55er "deveres escolares" como q uem
Ya'b® t forma adjetiva latina: "Uma figura se mostra no diz "d~eres profissionais", "deveres conjugais", para ind i-
ar robusta e uálúúJ (= potente, vigorosa), "contratos váli- car conjumo de obrigações, procederá bem. EmP,regar,
dos (= legais, com validade), "válidos conselho~" 1- proveito- no entanto, essa palavra com o significado de" rard'a ', "tra-
sos). balho" (Este aluno não trouxe seu dever - Vocês devem
Jnuálido. proparoxhono, é o antônimo de válido; ê a djeti - fazer ~us deveres com o ensinei - Meus filhos fazem sem-
vo ou adjcuvo substamivado que nunca se irá confundir com pre os deveres que os professores passam) é cometer erro, é
a primeira prssoa do indic. pres. c.Jc:> ir~valtdar, "eu invalí- falar franc~ c não porruguês.
do", paroxitona. Devir, Duenir - Dtvir, quer verbo (tornar-se, vir a ser), quer
Dcsvestir . V. lllitrir. substantivo (mudan~a ou ~ie de mudanc;as por que passa
Dctai.M, dw.lhar - Já João Ribeiro a afin nar: " É 1;alicismo um ser), é fomta justificável quando considerada formada
muiLO usado ...", já Vasco BoteU•o de Amaral a dizer: "A. em portugu~s (tU + vir) t- não derivada do laúm dtvmire
b~m da v~dade-, detalM. dttalhar tem fei<,ão portuguesa" - como procedeu o espanhol, o francês e o itali;,no.
que mais acrescentar? t realmente dificil impor a substirui- Dez - Coletivo (gr upo ou total compoHo de dez unidades):
çio em "O fato foi tktLJ!JwdammJr reprodwido" - "Não dtuna. Dn. ll1Uls : dlcad4, dtcbuo.
hi dtta/Jit que não r~ck o pintor" - como dificil i: rejeitar Dezesseis, Dettssete - Escrevamos tÚuJstÍJ, dntsStlt, dn.oito,
a palavra quando temos talk. nllalht. Se de "tailler" o fran- deurww; deixemos as formas "deusscis", "deussete", "de-
cês fez "dérniller". por que do nosso "talhar" não podemos zaoito", " dezanove" para os amanres de quinquilhariu.
fà.zer dtiLJIMr e os correspondentes derivados? Dia primeiro - O primeiro dia do mês é sempre indicado pelo
"Dcuaqué" - France$\smo intrOmetido; corresponde a adoi- ordinal; não se deve dir.er "no dia um de maio", mas " no dia
d<J.d4, u/Jwdo, lunálico. primáro de maio", "fnimtiro de abril", "antes de primeiro
Deus a madúoa (pron. máquina )- Locu<;ão latina que signi- de janeiro".
lica "um deus (que desce, que se apresenta) por meio de Diabete - O que justificaria a grafia diabetes seria cer a palavra
uma máquina. Denota a intervenção - a que alude Horá- sido já empregada nessa forma em latim (diaht/ts, tU, masc.),
cio na Arte Poética - de um deus, ac.raví:s de um raio ou mas o latim assim procedia com muiras outras que termi-
de a lgum de~stre e por meio de algum mecanismo que va i nassem em es, is, w. os (Sócratl!s, f'Í"ami.J, comtles, Orphms,
produ~ir ' 'barulho da intervenção - g~ralmente para matar Ar.lws, Neápolis, anáJysis. phasiJ, phrasiJ), palavr.u quoe tiv~ram
uma personagem da qual o autor quer livr.u·-se para faci- formas diversas em portugu~. sem uniformidade de com -
litar a ~qoência da peça. p<>rtamento. O fato de em grego uma palavra tl'I'ITiinar em
Deus oobis haK ótia feát - Locu<;ão latina que signifia "foi rs não significa que essa deva ser ou necessariamente seja a
um deu s que nos proporcionou e~ descanso''- Palavras de terminação portuguesa. Terminam em rs em grego, mas
Virgílio IEclogas), que podem aplicar- se a um recamo pito- em nos:so idioma estas palavras são : h4llert. lujitmimert,
resco ou a uma situação cômoda. Jrióitk. A. verdade é que não é da índole do porrugub ter-
Deuterônio - v . i6nio. minarem as palavras em s no singular. Se ora a índole da
"Dnaluac;ão" · Barbarismo revoltante consumo o emprego língua nos serve de guia ortográfico, outras vezes o uso mais
dessa palavra ("deva /U4Ç<Ül dos produtos nordestinos") por geral, praticameme inrorrigível, deve servir-nos de critério.
dtsvaloriUJ~Mi. Por existir a forma em inglês ou em francês Enquanto no vocábulo MfHntes o Vocabulário de Lisboa
vamos atropelar a nossa? _ di~ "ta forma que se deve émpregar em vet de Mptnla ou
Dcve.m-sc intCIJII'dar - A concordância verbal de orações pas- 11CfJtnte, no vocábulo cac()tte, de igual terminação e gC:nero
sivas em que entr"- "se" exige _cuidado quando além do ver- em grego que a anterior, nada. vem expresso.
bo po·incipal há um infinitivo; o sujeito é ora o subsl-ilntivo, Do estudo d os muitos nomes comuns que nos vieram de
com o qual o verbo principal concordará, ora o próprio formas gregas c:rn s parece que a terminação "e" é que deve-
infinitivo, c neste caso o verbo principal ficará no $\ngular. ria ser adorada. Se a palavra do nosso verbete já exinia no
De um meio prático podemos valer-no s: ap3-'sivar a mesma latim, é por is~ palavra popular? Não chega ela ao povo
oração com o verbo ur; se o verbo for para o plural. para o atrav~s dos médicos? Não podem estes enquadrá-la na
plural ir.i. o v~bo principal <b. oração apa.ssivada com o st; classe das muitas outras que usam sem os final?
no singular ficará, se tal não se verificar. O gênn-o não oferece dúvida; é a palavra masculina em
·• As insrruQ)es tÚvtm ~r interpretadas" - n.' io i: assim que grego, masculina em brim; masculina, pois, deve ser em
dizemos, com ckvnn no plural ? Logo: "Dtwm-se imerpre- português: o diabeu.
t<o.r as instnu;ões", com o verbo principal no plur-.U. Diacho - v. que duwo.
Um exemplo em qu<: não se pode !~ar o verbo para o Diagrama- V. digrama.
plural : ''Procura-se anular as nomeac:;oo". porque jamais Dialeto brasileiro • V. língua bTasileira.
diremos "As nomeações prfJCIJ.Tam s" anuladas". Neste ca- Diálogo - O preftxo qu~ ~.ntra nesra palavra é dUi, que indica
so, o sujeito é o infinitivo anular e não o substantivo plural, "movimento ac.raws". c não di (variam.e de dis), que indica
p<>is esre é incapaz de praticar a ação de procurar. "dualidade". 'Ess( o motivo por que o diálogo pode efe-
Dcrc:ndo ser - De outra forma não poderão ser redigidos estes tuar-~ entre várias pessoas ou grupos e não exclusivamente
textos: "Droendo, por isso, ;n- postas em pr:i rica todas as entre dois im1ivíduos.
medidas" "Dtvmdo ur remetido o q uestionário e a car- Dias atrá1 - V. loá dias.
teira". Dias da - - Á onomástica da igreja católica é que se de-
Diástasc: Digladiar 83
ve o não ~guir o português a ~signa<;ào dos dias da semana o que tor11a difiól e s.u~ita qualquer doutrinação tendente
de outros idiomas. O s babilônios, os primeiros a observar a ftX.ar esta ou aquela desinência para uma forma infinitiva.
o céu e a atribuir aos planetas o d e:ll:ino d o homem, dividi- Por que: e como diu.'f' qut dijertnciar, com "i", é erro?
ram a semana em sete dias e os consagraram ao sol. à lua e Acaso a ausência do "i" no ~ubstantivo deve obrigar-nos à
aos planetils. Desse p rocedimento ê que partiram, tra.zidos exclusão dessa vogal no verbo ? De presmça não tivemos
da mit.o logia latina mas baseados diversos deles em formas prtsmciar, com .. i", e licmciar não vem~ licmça ?
escandinavas, o s nomes ingleses S1DIII411liaeg (day of the Sun, Se incef'Leza existiu e persiste na sufixação dos próprios
d ia do sol), SIUUÜiy; Mrmanddtg !day of the M oon, dia da lua), substantivos (scjrença e sofrimento; ainda possu(mos ttuSr.mca
MundaJ; Tysdlug (dia do deus da guerra), Twesday; Wodnes- c nascimento), in certeza que ao uso ~ extinguir mais do
dtug (Othinsdagr, dia d e Mercúrio), Wednesday; Th11Tsdagr, que à dourrina<;io impensada ou ~ imposição de vocabulá-
Thunresdaeg (day of Thunor, deus do trOvão), Tltursday; rios oficiais, não podemos leviana mente preterir uma forma
FriaJag, Frigedaeg (dia de frigg, deusa, mulher de Othio\ ou para preferir outra.
Wodan), Friday; SaeúTdaeg (dia de Sarumol, SaJurday; cor- Vejam -se, ainda , as terminações lnci4 c tnça; ~gnativas
rtspondentes aos nomes alemães Scmntag, Montag, Dimslag, ambas de ação, ora aquela (falhlcia, exi.stbuia, pottncia) o ra
Mitwoch, Donnerstag. Fuitag e Samstag. esta (j)(Jrtctn{a, ma~m~) se pospõe para a formação de
Tirando da denominação da Igreja apenas DifMnclt.t substantivos.
(Dominica dies), os fran~ seguiram o procedi~nro ba- O perigo de incoerência manifesta-se e logo se patenteia
bilônico em Lu71di (Lunae dies), Mordi (Màrtis dicsl, Mer- nos próprios derivados do verbo em a pr eco; relegar diftrm-
crtdi (Mercurii dies), jwdi (jovis dies), Jftndredi (Vêneris túJr é não aceitar difereriDaJ, diftrnu:iaçi.o, querer ressuscitar
diesi, Samedi (Sarurni d ies). ..diferenr,ar'' é teimar contra fatos que se justificam à plena
Procedimento equivalente encontramos em italiano e em lw do idioma. V. vnboJit rmi1ttuUls tm EAR tem lAR.
espanhol: Luntdi, Lunes; Marudi, Marlts; M~tol~di. MiiTcoles; Difcrimeuto, Dift:rlr - Não confundir com ckferimtnw, rúferir.
Giovedi, j!UVtl ; Ymtrdi, Viernes; Saboto. Sábado; Dorntnica, Diferir é adiar, protelar ; deferir é atender, ceder, conceder,
Domingo. condescender, aprovar, outorgar. Difere-se um encontro,
Portugal ado tou a designação da Igreja e daí a palavra difere-se a sa.ída; defere-se um requerimento, defere-se
f •ira nos dias de trabalho ; &e no latim clássico ..feriae, uma regalia, defere-se um prêmio. Q..uamo à conjugação,
arum" eram os dias de festa (" ferias custodire" , observar veja aderir.
as festa's) ou os de descanso (" feriae forenses" , fáias dos tri- DHiiciles ougu- Lorução latina q ue significa " n ugas diflcei~".
bunais), a palavra passou a indicar os dias de u-abalho ou sqa, ninharia.s que exigem esforço e tempo: Ocupar-se
porque o comércio exercido nesses dias desnaturou as fei- com dijfíciles nugtu - com b agatelas que demandam sacrift-
ras, e o IábadG (do hebrai.co shahbatll) é que passou, através cio.
do laúm w.bbo.tum e de acordo com a significação do he- DiOuir (dil\mdir-sc) - Não confundir com ckftujr (manar). Lá
braico, a indi01.r o d ia de descanso. DMningo (do lat. "domi - o prefixo di (variante de dis, que vimos em "des, dis"), aq ui
nica dics.. l passou a ser o dia em q ue o Senhor descansou, o prefuc:o rú, tratado em " despender".
segundo o G~cse, cap. li, 2. . Digerir- V. digúzdiar. Q..uan lo à conjugação, veja aderir.
Na impossibilidade de considerar festivas todas as "feiras" Disito - De letras constiluc:m-~ as palavras, de algarismos os
a humanidade parece querer preservu o sentido c:úmoló- . númt:l'oS, de letras, algarismos e ainda de o utros sinais pode
gico de sábado c de domingo, descanSàndo a.q uele por coma constituir-se uma infonnacão .
própria, este por inspiração do Senhor. A ver-dade é que em O número que expressa ·a licença de um carro é hoje entre
todos esses nomes vemos a persiscencia histórica a vencer nó~ constiruído de letras e algarismos; assim sempre disse-
teimosamente a falta de sentido \las palavras... e da vida. mos: " letras e algarismos". Por q ue agora, numa demons-
Oiástasc - Proparoxírono, feminino. tracão d e falta de perw nalidade lingú istica, passarmos a
Dlcotiledôoco - É adjetivo ; o feijão é dicotilc:dôneo, porque di~er "!erras e dígitos" ? Nas placas dos vcirulos, nos mos-
tem dois cotilêdones (Este nome é que é substantivo; o gê- trador es dos computadores, algarismos é que ocorrem. e
nero, para seguir a maioria dos dicionários e o vocabulário não dígilOs; de: igual fottlla, um relógio não expressa as ho -
de Portugal, é o maS<:ulíno). ras por " dígito{' arábico~. por .. dígitos" romano s, senão
Dicotileddn~as. no plural, é a forma substantivada, plural, por algarimws arábicos, por algarisrMs romanos.
para indif:ar o grupo de plantas que apreS<."'ltam dois coti - Temos a palavra d!giw em nosso vocabulário , não porém
lédonc:s, do mesmo modo que: compoJ~as, roJáctas, ltltaginOJtJJ com esse emprego. Q uando dizemos "número digiro" em-
etc. são formas substantivadas femininas, plurais, que indi - pregamos a palavra como adjetivo, para indicar "número
cam todas as plantas dessas famílias. Estão subsrantivadas de um até dez": "7 é um número tJiiilo". Temo-la também
no plural, mas pO<kmos empregá-las no singular para ipdi- co mo subSCI.Iltivo no uso poéócó por ckdo; e ainda em astro ·
car uma planta da làmília, do grupo: O girassol é uma com- nomia, para indicar uma das doze partes iguais em que se di -
posta, o bambu é uma gramínea. o feijão é uma dicotiledô- vide o di~rnetro a.parentc: do sol ou da lua nos dlculo s dos
nea (ou : o feijão é d icotiledõneo}. c:dipses. O que não temos é a palavra com a significação
Muuuis mutandis, o mesmo se pasl>a com mrmocQ(iltdõnto . pura e simples de algan.Jmo. Com scguran<;a, clare>a e perso-
Diem pénlicll - Locução latina que significa "perdi o dia". ualidade digamos: "Preciso de um computador de mais
Assim dizia Ti to , imperador romano, quando p~va o dia ai,gariJmOJ" .
sem ter praúçado uma boa ação. DigJadiar - Da oonfusão entre "i" e "e" queixam-se r:odos os
Dit.-s irae - Locução latina que signifka " dia da ira". É o dia que se esmetam em bem escrt'Ver o português. Cremos a
do juiz.o universal: Crimes q~ só no ditJ irat serão julga- mui~os eS<:ritores assentar bem esta reclama<;ão de João Ri-
dos. beiro: "Devo lembrar que freqOentemente na imprensa apa-
Difamar - V. digio.diar. recem eo1·os tipográficos que nio deixam perceber se o autor
Di!Uaaàar - Porque ninguém diz diftr~ nem diftrm((IJioo emprega correwneme um ou outrO prefixo da mesma na-
nem diftrm{.{Jl e siro diferenciação, difemu:i()iivo, difmnci4l tureza.
(cálculo difemu:ial), não há discutir sobre a prefe~ncia da Eu sempre empregueí digúuiiar - continua João Ribeiro
fo ttlla generali12da difmnàar. - t: com desprater vejo que impr imem " deglad iar".
Se a língua se pre~ta com a maior facilidade à formação Outros erros oomuns são frt.'qüentes : " discr{'Ciioo'' (erra -
de novos verbos, não menos é verdade nela existirem desi· do) por dtscrldiw, e, assim, "dessimular" (errado) por dis-
nência.s e ttrmi.nações variacbs e parecidas para a fonn:.~.ção simular. São pequenas nuga.s que pouco valem e não afetilm
dessa classe de pala~-ras. Nascida do enxurro do latim, não o sentido dos vocábulos.
tem nossa. língua tenninaf;C)c:s e processos fixos para o caso, Claro está que só me.-ece reparos o erro grosseiro como o
84 Digrama DispHdocia
de difmr (adiar, protelar) por difmr (conceder, aprovar), logo um dipllmto. de inocencia".
que aparett nos r~uerimwtos. n Dípsadc - V. m6Mde.
V e o lcitor quão largas Cra(Jl as mangas do saudoso pro- Diniw - Em "sente-se direito, menina", diTriW é advérbio;
fessor nesse assuntO de purismo ortogrifico: "nug;u que nio varia: PenK direiw, minha ftlha (corretamente, acertada-
pouco valem". Valem tão pouco que o pr6prio latim às ve- mentei - Elas não agiram direito.
zes oonf undia, escrevendo àimimkrt em vez de dtminútTt. Ainda como advérbio. significa "em linha reta", "sem des-
O descuido, entrctamo, em português, pode levar-nos a vio" : Esta avenida leva-a direito ã cidade - Elas fora_m tÜ·
erros, se ruio em palavras começadas por CMCS prefixos ("de- reito ao assunto.
rimir", quando o certo é dirimir), em outras em que, às vezes Dirtito não ~ nesses casos predicativo senão advérbio, in-
invariavelmente, vemos um "e" quando ao "i" cabia estar: dicativo de modo ; advérbio que é, ruio pode flexionar-se.
prroillgio, prtmitiuo, dücreção, discrecWnário, lttígio (erradas), Diretiva . Existe como ad~tivo (=que dirige ou pode dirigir :
em vct de privillgio. primitiv11, discrição. diJrricitmiÍrio, litígio. Pouco importará a força diretrua se a não acompanhar a
Outras vezes, o comrârio se opera : lig(timo, prouinimu, coativa), não pori'nl como subSQJltivo. Usam-no por in-
imptalho (formas erradas), em vez de úgílimo, provtnitnle. fluência do frands ; é melhor que a traduzamos por """""·
emptrilho. tÜretri1., linha: " Tem ainda caráter, corresponde a uma linha
S... no estudo de línguas estrangeiras sempre temos na (norma, diretriz} da consci~ncia católica".
frente 0 5 seus dióonário s, com maior r.uào devemos wê- Diretor, Dintrh - V. impiradma.
lo quanto ao porruguê.s. Evitar-se-iam não simples nugas Dirimir - V. tEgladim.
on ogrific:as, mas verdadeiras cacogr~as. Ois-moi ce que tu manges, je te dirai qui tu es - Locução fran-
Digrama - Não se confunda com diagrama; em ambos os vocá- cesa que significa "diz-me o q ue comes, dir-tc-ei quem
bulos entra o nome grego grama, que significa letra, mas no és". As possibili.dades emnômicas, de inteligência c de ca-
primeiro o prd1xo é di, que significa dois, c no segundo ráter de uma pessoa podem ser evidenciadas pelo que come.
diá. que quer dizer através, por meio de. Digrama é o conjunto Disceruir - V. abolir.
de dua1 letraJ para representar um único fonema - é sinô- Disco (gravação)- Coletivo: diJcotu.a.
niJTlO de dígrafo- ao passo que diagramn, palavra que subs- ..DiSO'éditO" • Corrija-se para descrédito.
titui peofeitamente o galicismo croquis, indica traçado, ~sboço, DisauiYo (que distingue; próprio para discernir) - Não
bosquejo. dt/íneammtQ, representação de um objew lfUill~r por .;onfundir com dtsaitivo (que descreve).
1111io tk liroloaJ. Discrição (di scernimento, sensate2i - Derivado: disaicionáno
"Dilapidar" • v. d~fapidar. (arbicrário, caprichoso), com " i" na sílaba inicial e "i" na
Diletante - De origem italiana, ~ seu primeiro significado segunda. Não confundir com tksaifào (ato de descrever;
" amador de ~las ancs, especialmente de música". Secun- exposição).
dariamente é que indica "pt"ssoa que ~erce uma ane ou Discriminar (distinguir) - Não confundi r com descriminar (ti -
ocupação exclusivamente por goSto". O plural é di/etanus. rar a culpa, absolver).
t seu dc.-ivado diktanlismo. Disfc:rir (dilat:ar). Não confundir com desferir {wer vibrar).
Dilúculo . "Hora dilucular" é expressão que tem sentido: Disformu (tornar disforme; deformar) - Não confundir com
hora do dilúculo, ou seja. do crepúsculo matutino, do pri- des[oT1/IQ.r (fazer sair de forma, da linha de formatura).
meiro alvor do dia; dizer, porém. "guerra dilucular" não Disfunção . A palavra, que significa alteração da função. difi-
no> parece acertado. culdade de funçào, é com " i", visto trata•·-se <lo prefixo
Dinbdro • Colcc.ivo: oolada, ho/afo. dis, que em muitos vocábu los entra para indiçar a/uração.
Dinossauro - Dino»auro. ictiossauro, com dois SJ pela ortogra- dificuldade, resultantt' de qualquer anomalia: di.ifagia, disfJ·
fia oficial. Esses c outros compostos semelhantes criaram- nii(l. O composto i: híbrido, mas a necessidade o justifica.
se no vernáculo. Como de "soar" temos ressoar, com dois Disj«ti membra poctae - Locução latina que signitica "os
JJ, para q ue, de acordo com as leis ortOgráficas vigentes, membros di~rsos do poeta". Assim se expressa Horácio
se indique o som fone do primitivo, assim também de "sau- quando diz que os versos ficam estropiados ao serem tradu -
ro" (que cxi )te ind\Opendem<"mrnre em sáurio = lagarto, de- zidos em prosa.
signacào da subordem dos répteis saurofidios) rc:mos di- Disjungir • DiJjtmçtio. disjuntioo. disjunto escrevem-se com "f';
nolJ<J uro ("dei nós" = terrível), iai4ssoruo ("ichtys" = peixe), com "i" devemos escrever o verbo disjungir. Não há motivo
oom dois ss. para fuê-lo com "c" na silaba inicial, ou seja, no prefixo. A
Dio - Com "o" final, é a forma do nome de uma cidade da palaVra. já nos veio formada do latim; só a confusão com
lndia Portuguesa e de outra da província grega da Eubéia. desumr, dtlligar ou com alguma outra palavra nossa formada
Diodoro • A forma grega Dwtkros e a correspondente latina do prefixo dts poderá explicar o comportamento de dicio-
Diod6rUJ é que justificam e reromeoldam a forma portugue- nários traZerem a s duas lorrnas, praticamente com a mesma
sa com "i", provinda de Dios. que entra em Diomedes, Dió- significac;iio: desp rcndu do jugo, tirar do jugo, solrar c'.a
gmes, Diojan/11 e em outros nomes próprios. O ser DeodiYTil a canga. desatrelar, desunir, separar.
fo rma generalizada deve-se à confusão com Ttodorn. En- O s que lidam com cang-o~. são geralmente analfabetos; n.\o
quanto nesta o primeiro elemento é o grego TMós, naquela é de admirar que tenham corrompido diyungir. Se o mesm o
forma é o grego Dios, genitivo de Zeus. não frzerem com as fomtas deles desconhecidas di;junção,
DiplófaK • V. anáf=· diJjuntiw, disjunto, ruio nos deixemos levar pelo eSLropia ·
Di.p 1o.m - Não implica existência de prêmio; haja ou não mento da palavra cognata.
premio , o diploma é um certificado: o u certificado de que a A incongruencia se confirma quando verificamos q ue al-
pessoa ganhou determinado premio, o u, simplesmente, de guns dos dicionários que trazem "dcsjungir'' não trattm
que participou de competição. "desjuncar", mas só disjunúu. no que agem com correção.
Fugiu a palavra - e isto não é novidade lingüística - do Disjuntar - V. dúWigir.
>ignific:ado etimológico de "duplicado" (do gr. tEplóos. du- Di~a - V. amnbia.
plo), ou seja, "além do prêmio um cenifiCõldo"; não somen- Dispar - É puoxítono; o plural édúpam.
te pode prestar-se para referl:ncia a prêmio ou competição, Disparat~. Coletivo: aponwado.
senão para comprovação de mera habilitação, de simples Dispêndio • V. dtlptntkr.
contrato, de conferência de cargo, de o utorga de dignidade, Di&pensa - V. desptn.111.
merc~ ou privilégio: dipwma de sócio. diploma de professor, Displidnda • Tem como legítimo c primeiro sigJlificado o de
diplbma de cidadania, diplumo. de deputado, tEplomu. de dou- "desprazer", "desagrado", "aborrecimento", proveniente
tor. Pode, até, por extensão, indicar simples reconhecimen- que é de diJ mais plactrt: "A$ letras são mui ocasionadas à
to d e uma SÍ[uação: " ... cirrunstânàa que lhe valeu para estimação própria e, portanto. convém pendurar-lhes o
Displícuit nasus meus Do, Ré, Mi... 85
~so rle alguns vexames e di!plit-inrias, bem como a abelha, c) conversar, dialogar, ter entrevista (ind. com com): Vou
levando 0 5 SI'U5 cabedais para o favo, toma nos ~suma pe- falar com meu pai - Não fale com o mot orisca.
drinha que a assegun~ comra o vento" (B~rnardes). d) dirigir a palllvra (ind. com a): Falei a todos com a mer
O espanhol parecx ser o culpado da inrromissão do senti- ma franquea.- Falar ao povo - Para mim ele é um estra-
do de " pouco c.uo". nho, pois nunca me falou - Não me fale nisso - Isso fala
Di$f11icult oasuJ meus - Locução latina que significa " o meu ao meu coracão.
nari~ desagradou" . Emprega -se quando alguém é vitima de e) combinar, ajustar (trans. dir.-ind.): Foi isto o que falei
um capricho ou arbitrariedade. com ele.
DisKDIÍr - V. aderir. Q..uando, porém, o sentido é de DECL.ARAR, ENUN-
Dlsúdio - v. dtJidio. CIAR, o verbo diur é que deve apai'C«r: Diga-me õ~.qui umõl
Dissimilaçào - V. in ... ; V. regimtnUIJ. coisa: - Chega-te à sombra do meu corpo, dis~-lhe opa-
Dislr.ltar, Distrato - Caso semelhante ao de disjungir esr.1 ocor- triarca - Não diga nada a ele - Ele disse urnas tantas coisas
rendo com distrotar na acepção de "anular o u desfazer um incompreenslveis - A testemunha diJst que vira o riu no
contrato, um pacto". O verbo já existe no latim e do latim lugar do crime - Eles diswam qu~ eu os estava remedando
nos vcio acompanhado de distrlllo. - Em verdade vos digo gue para esse já não há perdão - Es-
DtSlrotar, com "e'', é brasileirismo que tem sua justifica- creveu aos par~mes e dwe a $Ua opinião - Dium os histo-
t;ão etimológica quando empregado no sentido de "insul- riadores que ... - Coisas mais csrranhas ainda das q ue digo,
tar'', "maltr.&tar com palavras". No der ivado J.aõno temos nesta terra vcreis - Dig~me o que ele disst - Diga a seus
o verbo latino tTOho, cujo supino é lraáunt, antecedido do pais que você me aborrece.
prefixo também latino áis, que aparece em distrair, ao passo Outros sentidos tem o verbo diur:
que em destra/ar temos o nosso prefiXo negativo des a antece - celebrar: O padre ainda não til~ missa hoj~.
der o verbo também no~ ITaJm. Uma coisa é dizer distraio aplicar: Q.uer diur- me o que é isso >
(ato de anular um pacto), outra é dizer destraJo (ato de ofen- pedir, mandar: DigtVII a minha criada que vá dtamac o
der). médico.
Disuibumo - Temos aqui mais uma palavra a exigir cuidado, pensar: Eu já não á~ isso.
duplo ruidado: um de a grafarmos ~re com "i" na pri- Outros mais significados tem, o que d~nota qu~ diur é
meira sílaba, outro de não colocarmos "i" após a sílaba que deve aparecer mais freqüentemente na fala, mas em
"bu". A.tributiw, comtitutivo, construtivo, deurutivo. diminutivo. São 1'3" lo o contrário é que se verifica, ~ de tal forma. que
tJtatutivo, in.sJitulivo, <JbJLrljtivo, Ttlrilndivo, suJ>1ti1Klivo ~S<n­ o paulista ê no Rio racilmentc: idenõftcado pelo constante
v~m-s~ sem " i" ames d~ " õvo" por inexistente no radical. emprego errado defator em "ez M dizer.
Limitemos o erro a "r.omribuitivo", que surgiu para viver Q.ucm, ao falar, dil "falar" no grupo de exemplos que
ao lado do legitimo contributivo. ilustraram o emprego de " dizer" falo. errado. Não dc..'elllos
Distrito Federal - Sigla oficial: DF, sem ponto finaL jaúzr à mo~ dos paulistaS para que ninguém ~o que fala-
Dln.-rgir - V . aderir. mos errado. O certo éfa/4i como ouvi o ntem : " Faki com
Divenos, Difen:ntes, Vários - No plural, são palavras sinôni- ele mas não disu. nada".
mas, mas se antepostas a sub$(;1Jlúvo são apenas ind~finidos, Não pensemos ser isso problema ou capricho; precisa-
sinônimos de mui.Ws; se pospostas, são realmente adjetivos, mos desses dois vabos, como os outros idiomas os têm
sinõnimos d~ diJtintos. por necessidade c como ainda os outros idiomas e o nosso
É fácil ver a diferença de significação destas expressões: tem ouvir e tscutar, l!fr e oJJ.ar: Escutei a voz, mas não ouvi o
que diziam - 0/Mi bem mas não ui nada.
INDEFJNlDOS ADJETIVOS Altm des5es verbos precisamos é d~ escolas ou, se estas
diferml.es hom~ns bomens diftrentts existem, de mais aulas do idioma falado nesta terra, tnas
várioJ bebidas beuidas várias aulas de gramática e não de lingüística, de história do idio-
divtrsos casos casos divtrsos ma, de literatura. V .falar.
Dieer que - V. J>tdir que.
Diva~ir - V. aderir. Dizqu~-cl.izque - Do que se deduz do dicionário do Fonseca,
Dí•id~ et impera - Locução latina que significa "Divid~ par" com um 5Ó hífen escrevia Joà.o Ribeiro a palavra. T'cvesseD"l
reinar". Preceito estab~lecido por Machiavel, ~ra SC!mpre tirado também esse hif~n. e ninguém duvidaria do plural
repetido por Lu is XI, de França, seu contemporàneo: Diviser ditquedi%/{IU'•·
pounegner. t.a máxima favoric; dos que governam. iDó - É palavra do gênero masculino: Tenho 17tllÍto dó - O dó
Dmdendo -V. para esdartm. que você sente. .
Dlnoápolis - V. lndi.atujpolis. Dó, llé, Mi... - As nocas musicais provieram das primei ras sí -
Divisão silábica - V. parliçíitJ dos vocaôuloJ. labas desta estrofe:
Dínsas - V. invtstir. uT queandaxis
Dixi - Forma verbal latina que significa " disse", "tenho di - aES<mare fibr is
to" ; com c:la se di por terminado um discurso. JIU:ra gestorum
Diz, Dizc: -V. trattr. fÁmuli ruorum,
püer, Falar - É desanimador o que se passa em São Paulo com solve polluti
a língua portuguesa. Dentre outros, erro que se vem cadõl t.Abii rearum.
va mais firmando é o de empregar a todo o instante o verbo SAActe toannes.
falar em va de diur: Q.ue é que você " falou" para de? - Eu Tradu<;âo : Para que teus servos possam cantar em plena
não " falei" iMo. voz o maravilhoso dos tc:us feitos, purifica-lhes os lábios
Não, isso nã.o é português. Como tramit:ivo,Jalar significa: poluídos, ó São João.
a) articular palavras, exprimir por meio de palavras (tran - Encontra-se o texto la ti no no Missal Cotidiano dos Fiéis,
sitivo direto): Ele fala a linguagem do povo - Não fala - dia 24 de junho, natividade de Silo João Batista. Na época
mos a mesma língua. N~ste sentido pod~ ser empreg3-do de Cuido de AréOo, monge beneditino italiano. ~stava em
inuansitivameme: Essa criança não làla - Ele já não [alava vigor o sistema dos hexacordos (escalas de seis sons, cons-
quando o m édico chegou. tantes de dois mnos, um semito no e dois r.onos, como dó,
b) disrursar, discorrer (indi reto, com dt, em): Ele falou de ré, mi. fá. sol e lá), abandonado em seguida quando se vol-
você - Não fale nessas coisas - Ele falou em partir. No tou ao sisocma das oitavas ou escaLu de oito sons.
sentido d~ discursar pode ser Últransitivo: O orador falou O Hino de São João apresentava a seguinte particularida-
muito bem - Esse deputado não fala; só lê. de: a primeira sílaba do primeiro verso - ut- era cantada
86 Do ut des Domicilio, Residmáa
na emoac;ão da primeira nma do hexacordo; a segunda- latim dominum (senhor ), que, por- sua vez, provém, no pró-
rt - afinava-~ pela segunda, e assim por diante, at~ a sex- prio latim, de domum (casa).
ta. Desucadas as sílabas iniciais e cantadas sucessivamente Além do divergente dano (o feminino dOfUJ, a diferença do
na entoação adequada, reproduziam o hexacordo. Cuido masculino, pr~&la-~ tanto para indicar proprietária, ~uanto,
de Aréào aproveitou-se dessa particularidade com o fim de honorilioonente, matrona, ®ma, senhora de boa HJetedatk ),
fixar na memória dos meninos a emoaçii.o daqueles sons possui o título honorifico dom o cogmto donul (lat. domi-
para que servis~m de ponto de referência no canto dos de- cellum), cujo feminino donula designa hoje mulltn virgem,
mais O'Cchos litúrgicos. A série de silabas iniciais funciona- mas no velho ponuguês designava moça nolrre, de linhagem,
va, portamo, c.omo se fosse um diapasão. Com o andar do bem assim a& dam.tlS dt lumor, dama• do porQ, e nesta acepção
tempo, ~ais sílabas passaram a denominar os sons do hexa- foi o termo usado por Camões ao referir-se a Inês de Cas-
cordo, substi1uindo a denominação alfabética. tro : "Tal está morta a pálida donzela".
A denominação da sétima nOla - Ji - apareceu mais É dom, entre nós, titulo de nobreza, dado na Igreja aos
tarde quando se voltou ao sistema das oitavas, possivelmen- que recebem a ~<;ào episcopal e, historicamente, aos
te como reuniio das inióais de Sancte loannes. Posterior- descendentrs da casa imperial porruguesa e da brasileira.
men te, por motivos vocais, a sílaba &ú foi subscituída pela Os monges beneditinos dele fuem uso desde o século XI
sl laba ®, de uso universal. exa:to na França, onde permane- para contrastar com fui. ü culo es.e reservado aos professas
ce a denominação antiga. Do pro-.im provavelmente da de ordens mendicames. Usam -no ainda os italianos, na
primeira Sílaba de Doni (João Batista Doni), nome do autor simples acepção de padrr, motivo por que D. Bosco, hoje
da substituição, operada alguns séçulos 1nais tarde. SIÜI João Bosco, com mais aceno deverá em português cha-
Do ui des - Locução lacina que significa "dou para que dês". mar -se Padre Bosco.
Equivale a "toma lá, dáci", "uma mão lava outra". No espanho l é o título correspondente ao nosso srnhor, e
Dobre, dôbro - ~bre cr,ronuncie d&rrt) usa-se como adjetivo assim deve ser traduzido em porruguês, a menos que tradi -
na ace1x;ão de duplo(' Dobre morte ao cavalo e 30 c,ava leiro"). cionalmente conhecido. como no caso do "libertino galã"
de finf!jdo, que iludr as duas partes (Ánimo dobre, espia do- de Zo1Tilla, Don}um1.
ln-t); como substantivo para indkar o dobrar dos sinos por Na portugue$o-. designação edesiáilica, enquanto dizemos
finados: "Cuidou escutar o dOOre fúnebre dos sinos de Santa Dom Duarte (DullTte é nome ou, na linguagem jurídica, pre-
Cruz". nome), dizemos Dom Mourão (M ourão é sobrenome; na lin-
Do<:e - Tem dois superlativos sintéticos; na ac.epc;ão de "que guagem jurídica nome), na linguagem tradicional da lgn:ja
tem sabor como o do acúcar", ~mo: leite dccúsimo. Na Dam precede o p~nome.
acepçii.o de suave, benigno, feliz, que agrada aos ouvidos, Aqui uma corrccio de muitos jornais: Certas nodcias,
ao cspi rito, emprega-se geralmente dulássallliJ: vo~ dulcíssima, sempre 9ue constituem traduÇio de telegramas vindos dire-
duúissimas ternuras, o dulámmo nome de Maria , dulcúsimas ta ou onginanameme da llilia, vem .. presemando um erro
l~vranV~S- gritante, que podemos verificar neste despacho telegráfico:
Dódl - Superlativo sintético: docílimo, á<Ja/{ssimo. t estranhá- "Gênova ; M~nsmhM Jdílio, bispo da cidade de Santos..."
vel e de raro emprego. e somente alguns dicionários trazem ora! "Mon.senho r" em português não corresponde ao
docillssimo; o latim, no entanto, tem a forma em fJJimw. "monsignore" do italiano; o italiano não vai dizer "don"
Doctua rum Hbro - Locução latina que significa "douto com Idílio, porque, já vimo~. "don" é o simples padre; quando
o livro" .A,plica-se a quem não tem idéias próprias. neste idioma se diz "monsignore" Jdílio, dir-se-á ern por-
Duesto (é) - Os dicionários são acordes em indicar que o "e" tugu<?s "don1" Idilio, porque em ·português ao "dom" é
t aberto. Também o significado está a exigir cuidado; de que cabe designar o bispo, o cardeal. É necessário mais cui -
d< mais lum~slart tivemos ®estar (depreciar a honestidade, dado c.om o vcmárulo, mais freqüente con sulta ao dicio-
vituperar), e dôlqui d~sto. subsranliva~ão da primeir3 pessoa nário , para não vennos tão levianamente estropiado o idio-
do indicativo presente, para significar injúria, 3CU$ilçàO ma.
desonrosa. Mais do que descuido, existe inconsciência em trechos
Dose - Talvez em virtude do pouco wo , tr~s formas disputam como este, encomrado em ~speitávd jornal de São Paulo:
o feminino: dogartsa. dogartua, dogrsa. " Monscnhor Alberto Gaudêncio Ramos'.
Doido - Aument3tivo: além da forma comum IUWMo, temos A seguir a confusão dos nossos redatores de jornal, O.
doidarrtJz., á<Jiá<Jrrão. Rossi. ex-cardeal de São Paulo, foi rebaixado a trwnsmJror
Dois - Coletivo: - animais ou pessoas de sexo diferente: para poder ir trabaU1ar junto ao papa. Esse pr<>Gedo:r faz-nos
(454/.· lembrar da exdamac;ão, proferida no final de um improvi -
- · animais ou pessoas do mesmo ou de sexo diferente, so inter poço la : "Viva o marechal general Dutra".
ou duas cois;~s: par Domicilio. Residência - Comecemos pela segunda palavra,
- animais (principalmente muares): parelha, junta (de rtsidincia: Morada habitual ou eventual de uma pessoa, com
bois); ou sc:m o ânimo de ai permanecer (José Náutel - !'~{ovo
- anos: bilrno; Dicionário Jurídico Brasileiro). Não confundir com domid-
-meses: bimtstrr (período de d ois meses; quando adje- lio; este t o lugar em que a pessoa natural esubelecc a sua
tivo, significa "que durn dois meses" ); residência com ânimo ddlnitivo.
-vozes - d~J~to. Q..ue acontecerá se a pessoa natural civer diversas rcsidtn-
- V. digramt1; V. amhos; V . álQnas; V. M<KOmtbu. óas onde alternativameme viva? Será o mesmo que dizer
DoisAA - V.pingoMsii. que essa pessoa não tem domiólio fixo, o u seja. qut' se con-
Dois únicos - Não deve causar-nos estranheza a frase "dois siderará domicilio ~u qualquer das residé'ncias, isto é, a
únicos"; não ditemos "Unicamente dois se salvaram"? residência ou ainda o lugar em que se encontrar: "Tenho
Se consultarmos o Aulete encontraremos aí este exemplo trés resid~ncias, uma no Rio, uma em Los Angeles, uma ter-
de Rebelo da Silva: "Compostos com os olhos na eterrudade ceira em Nova Iorque, mas no momento estou domiciliado
e os ~s dentro do sq>ulcro, c:-sses sonetos ficaram únicos c no Hotrljaraguâ, aqui em São Paulo" - é afirmação com -
sem riva.l". prcensivel c explicável à luz do que vigora em nosso direito
Doia far nierue - LocUI;ão italiana que signific<t "doce fdZer (Cód. Civil. 81 e 32). Assim não se diz na conversação costu-
nada", "agradável ociosidade": Viver no dolcefar niente. meira ("Estou domià.liadil em tal lugar" - "Ondo: é o seu
Dólmi - V.tmlame. domúílio ?"); a distin<;ào se exige somente no ttrreno do di·
Dólmeu - O plural é ~/meru. V. tentame. rei to; na fala comum, resitlincia é que se emprega.
Dolorosidade - V.túsutitidadt. O aS-Wnto se complica quando se trata de pessoa juridic-.t
Dom - Esta palavra, ruja pronúncia é dõ (e nio rJ®), deriva do ou quando se discriminam as espécies de domicilio (civil,
.!

Domínico Durante 87
comeráal, de origem, especial, necessário, polh.ico, de es- Douro - Adjetivo pátrio: duriom.
colha, fiscal), mas cal complicação escapa da normal neces- DoutorandO . V. para tsciMtcer.
sidade de distinguir residência de domicílio. Doze (coisas, animais) - Coletivo: dti:Wl.
Domínico - t palavra proparoxítona, que indica o religioso Dwuda • Com "a" final, é a forma portuguesa do nome da
da ordem de São Dom ingos. capital alemã da Saxônja.
Doncc cris fdix, muitos oumerabis amioos - Locução latina Dromedário - Voz: bl4lerar.
que significa "enquanto fores feliz, terás muitos amigos". Drúida - De origem céltica, a nós f.rovinda pelo latim, deve
Verso de Ovidio. E ('Ontinua: Thnpora .1i júrrim nriilila. lOlt<~ a palavra ter o a C(.'f\10 tôn.ico no 'u". O vo<abulãrio oficial
<Tis, se o céu se cobrir de nuvens, ficarás só. lr.U aet'llro agudo .sobre essa vogal.
Dono, dona - V. dom; V. stnltora. Duas nq;alir.u- V. ~gali110s.
Domd, domda -V. dom; V. JCnhura. Dubilando ad nrica1em pcncnimus - Frase de Cícero que
...dor - V. inspiradura. significa "duvidando chegamos à verdade''.
Oonnimdbus ossa - Expressão latina que significa "aos que Dublar - !'a lavra nova, mas já de inteira aceitação e empreço
dormem, ossos"; aos que chegam carde, o resto. pela imprensa, pela televisão, pelo povo. Cognaca de duplo,
Dormir - V. tOJSir. veio -nos por inRrm«fjo do inglês dqub/t, nome técnico de
Dono - Elemento que nos compostos se junta sem hlfen: cinema para indicar a própria pe•soa que substirui o anis-
dorsolaleral. ta em ocasiões em que lhe é ·impossível a representação,
Dourado - Devemos ter o necessário cuidado com a pronún- e, agora, o que permanentemente emite a vo1., num fllme,
cia de ttrtos grupos vocálicos de palavras no533s. Em doUTa- em luga.r do verdadeiro anisca; dal, dublar, dubilldo, dublagmt.
do, quer ad),eôvo q uer substantivo, existe e deve ser pronun- Dúctil - Superlativo simttico: ductíjjmo, duáiJisJimo. V. civil.
ciado o "u' que entra na sílaba inicial: dOUTado (e não "do- Dultt et dc:corum cst pro páuia mori - Sen1enc;a de Horácio;
rado"). signifir.a "é doce c honroso morrer pela pátria". Com ela
Coro verbos em que eotr(' o grupo "ou" cuidado devemos exortava o poeta os jovens romanos a sacrificar a pr·ópria
ter ainda maior, porque mais grave será o erro da pron ún- vida em defesa da mãc-páoia.
cia ou da grafia sem o "u"': ele tkmra, ele rouba, a bomba Dwo 1a0m1, daman1 - Expressão latina que significa "qwmdo
eswura, ele a.fr(JIJX(J - com ''ou" fechado. Jamais "d6ra", silenc;iam, clamam", ou seja, o silencio fala aloo.
" róba", ''estóra", "afróxa", pronúndas freqü<."ntes que por Dura la, sc:d lo: · Expressão latina que significa "a lei é dura,
si denotjlm o descuido em que anda o estudo de nosso idio- mas é lei''.
ma (44!>). V. t.ifrfJWIO.r. DtJraJJte - V. tirante.
E (terminação) . V. rtU{Ut; V. diabete; V. rágade. Podem e devem aparecer as duas palavras; cada qual
I. (aberto, francesl, t (f~chado, português) - V. rapé. tem sua funcão.
c.g. (com l~s minúsculas) - Abreviacão inrcmadonal de: Juntas já ' não devem apar~er quando ambas fonTJCm
e>cempli gratia (pronuncie ''grácia"), locução latina que cor- uma espécie de: locução conjuntiva; não se deve dizer: "Não
responde ao nosso "por exemplo". · faço e nem quero". "Nilo se estuda e 11tm se trabalha" . Ou
E coc:neróal - Nome do símbolo &. V. ~ampmand". dizemos "e não" ou simplesmente " nem", porque o "e
É h ora de estar pronto o almoço - É norma de gramática e a nem" encerraria duas vetes a mesma conjunção: t t não.
lógica exige q ue assim seja: O sujeito não pode d~pendtt de Vejamos estes belos exl!'mplos do correto ~prego do 11tm
nenhum termo da oração. conjuntivo, sem esse inútil e afeante "e": "E niogubn lho
ê evidente a justi~a de tal principio. Pdo próprio faw de disse, 111m dirá" (Garreu) - " Nunro o viu , 11tm ver-á" (Aule-
ser sujeito, e, por conseguinte, constituir aquilo de que se te) - "Nem eu lhe pcrdôo, nnn Deus se amen:eará dele"
declara alguma propriedade, o sujeito poderá ter outros (Herculllno) - " Dirão que tais trivialidades, sedi~s e corri -
complementos, não poréut ser complemento. A cou)trUção qu6ras. não são para contem pladas num discurso acad~i ·
" t hora IÚJ almoço estar pronto" violaria esse princípio, co. nem para escutadas entre doutores, teores e sábios" (Rui)
pois subordinaria o sujeito do verbo estar ao substantivo - "Hoje, ninguém relata estas humanas r elíquias nem as
hora. aponta à mocidade ~fega ..." (Fernando Magalhães). V.
Outra e>cplicaçào existe, e ainda mais compreendida pelos 111711.
que conhecem latim. Nesta língua o sujeito é representado t pocque - Con~truções como "Se vou ao teano, i potque gos-
pelo nominativo ; o sujeito português. pelo fato de corres· oo", "Se cheguei tarde, /ri. porque o trem se arrasou", "Se
ponder a esse caso re10, não poderá conseqiiememente vir lia muito, era p11rqw tinha tempo" co nstituem períodos for-
regido de preposição, classe esta que só aparece com caSt)S mados de uma coodióonal de hipótese real e uma principal
oblíquos. em qu~ o verbo ser tem o significado de suceder, aa>ntuer:
Nessas razões se b aseiam os bons escritores, quando evi - Se vou ao teatro, (isso) é (sucede) porque gosto -Se cheguei
tam contrair a preposição com o sujeito do infinitivo ou com tarde, (isso) foi (sucedeu) porque o trem se arrasou - Se lia
~ualqutT palavra que pertença ao sujeitO. Assim, não se dirá muito, (isso) era (acontecia) porque tinha tempo.
• é tempo d<J menino estudar a lição". A preposição, em O verbo ser tem rt"almente, entre muioos outrOs, o sentido
exemplos como esse, reg~. na rea.lidade, o infinitivo, e não d e suceder. acontecer: " E se isto sucedeu no par.>lso, cá fora
o sujeito deste: É Mrtl de qu.l!- Dt estudar. que será senão o mesmo?" (Vieira).
Dal um conselho muito justo, cuja prática evitará erros A análise só poderá ser feita diante dessa equivalmcia.
nessas C?~truç.Xs : Coloçar o sujeit? de ~~s orações depois t preciso alma - Q,uanto ao tTnprego masculino de prtá.!(l a
do infiruuvo: E tempo dn5lu.dor 0111(!mno a I!ÇM. anteceder fonnas femininas - isto recomenda Vasco Bote-
Exemplos típicos, que evidenciam esta questão, obtêm-se lho de Amaral - veja-se o que diz a-"Sintaxe H istórica", 24,
dando ao infinitivo um sujeito composto; em tais casos a de Epifllnio Dia.\: Nas locuções ''ser nec<:3sário", " ser preci-
preposição só aparece uma vez: Bn~.eamo-nos 110 fato "de tste" so" , empregadas como predicados antepostOs ao sujeito, os
rapaz. e o StU irm<Ül não tstaTml insaitOJ. adjeà~'OS neasJárúl e pruúo podem tTnpregar-se substanti-
O utrOs exemplos: O fa/.D dL pomárem os lromms tsrnnad<J vamente. E Epifànio cita Barros e Herculano.
educação (ou ; O Jato de os }l0111(!11s poHt.lium ... jamais: O faw ~-se a explicação que se queira, a de "empregar-se subs-
"dos" htwtmJ Jxmuírtm ) - Dada a impos5ibilidadt "de o" rim tli- tantivamente~ ou a de se subcntendtT o verbo faur ou ter (É
minar fosfalos. - Sem qUL hollvtSJt tempo "tk on rondutor brecar preciso cer paci~ncia - É n c:<:essário fazer justiça), o empre-
o carro - Não Jlá ructssid()de de ~.e irtm ellts embora (ou: dt elts se go desses dois adjetivos na forma masculina, quando prece-
irnn, nunca: deles ~.e irem) - A.}Hsm át elJarem CMllltÍtu I1J liga: dem nomes femininos,, é encontrado tTn Vieira, em Castilho,
fi;ts (ou: ajHJar "de as" ligarões estarem cortndm; jamais: apesar em Camilo (Veja "joio na Seara", de Augusoo Moreno).
"das" lig~s estarem cortad<Js ) - Não há vantagtnJ tm ganhamn Em melhor companhia parece-nos dificil and..r quem es-
ties a cottsa (ou: tm tlts ganllarem; jamais : neles ganharem). creve com a preocupação de acenar ou, pelo menos, de não
O leitor faólmente saberá tirar a conclusão: É umpo de es- errar: o uso ai está a conlinnar a corutru(ã.o, rotura! em
tar pronlo o almo<O (ou: ".U o" a/nw(o estar pro11W; nunca: "do" todos nós: "É necessário calma!" - " É preciso prudência
alrncx;o ...). V. combinação impossível. V . ltavtTTU)! dt aqt<Lit lum!.em nesse caso" - "É necessário paciCncia !" - "É preciso mais
prender. areia'' - "Não é preciso margem".
E, I - V. Manuel; V. airJtdrio. Este exemplo de Camilo, citado por Stringari no seu livro
E oem • Poderão estas duas palavras apar~er juntas e seguidas ''Regimes de Veti>os", não pode ser esquecido: "Não foi
num texto quando distintas forem as funcões morfológicas, preciso rodeios".
ou seja, quando o "e" for conjunção e o "nem" tiver função Não só com puciso e nem~ário se opera esse comportamen-
adverbial: "É o que sempre promete e nem sempre realiza". to: não decerrninado o sujeito, não assume ele com o verbo
90 É proibido enttada Edil
ti<· lig;u.-:io d<'l<·rmina«io g<mi-ric-.t : " Ce"l'j a i:- hom para a saú- sada": corrija-:iC o galicismo "inútil e mal lom udo" (em
dr" -"É proibido rmrada" - "Éftio hlu~a em mant·a". V. francês o verbo ê idore) para " a greve estalada. "a greve sur-
pr-ri•ar. ta", "a greve rompida''.
ê proibido entrada - V. f prui •o (o/ma. Écloga . Forma erud ita (gr. icloge, pelo lat. ic/.Qga) para designar
E ~ar si muovel - Expressão i~aliana q ut' )Íg11ifica "e contudo a poesia pastoril dialogada.
ela se move". Palavras arribuídas a Galilcu quando foi obri- ('Edosão~ .. V. "<clodir".
gado a <~bjurar a pre1endida heresia de que a terra gira sobre "Eclusa" - É galicismo; deve-se dizer "as comporta$ do Reno",
si mesma no espaço. "as cumporll.u do Panamá", "O Tietê terá suas comporta$''.
E que - V. r71/lj que Em outros casos a palavra é traduzívd por açude, represa, di-
É que - Em frases como "Ele é qut faz o :;ervi.:;o", "Ele i qut é que, adufa. Por q ue não usar a rorma portuguesa escmsa?
estudioso", " Leis i qut eles f atem" - devemos, para efeito Economizar- Tratemos de dois sufixos que nos d..'lo ocasião a
de análise, considerar o "é que" locução explctiva, quer di- muitos erros, se não a muitas dúvidas ; são eles ar c: iwr.
zn-, de ench imento, de redundância, que à frase vt'm dar Iz.o.r. do grego i.w, quer diznjaur. tornar. eJiaiHúetr, colocar,
maior força ou evidenciar u m tem1o d a orac;ão. t esse um e se acresce ao radical de um substantivo para Ih(' dar tal
modismo do ponuguês, mui1o intere)s;ance e com t'quiva- significaçio: assim, do substantivo real teremos o verbo
lemes em outros idiomas, mas que nenhuma d ificuldade ua/i;;.ar !tornar rt·a h : d<' colõrna. (o/on(iaJh ar (t·stahckcC'r co-
d~~ trazer à análi se da expressão, porquamo função simá- lônia); de trono, rnlron(o)iUJT (pôr no trono); de.foaJl.Ji=li-
tica r~nhuma lhe cabe. wr; de ecorwmia, u~mom(ia)iz.o.r.
Em casos, ainda, como este: "Só depois da chegada/oi que O utro sufixo, com a mesma significação, é .n. que fre-
o assumo mcr«eu atenção" - o "foi q uco" nã<> constitui qüentemente confu ndimos com itar. Do substantivo llVÍJo,
ora~ào ; ~ a mesma locução expletiva "é q ue", e poderia por acrescido de ar. só poderemos obter avü(~)ar e nunca auitar.
esta ser substituída nesse exemplo. A flexão do ve•'bo é obr i- pois que o ''s" p~rttnc" ao radical da palavra, o q ual é consi-
gatória q uando há inversão e, ao mesmo 1.empo, de~loca­ derado inviolável na fonnac,ão dos seus cognatos. O sLtfixo
mento do "que" . Ou se diz: " Ele é qut fe2 isso" o u Foi ele qur dessa pa lavra é simplesmente ar. Exemplos idênticos obtere·
ftt isso". Tanto o "é que'' do primeiro exemplo , quanto o mos com os subst.anlivo< análist, que nos dá aMIÜ(t)ar; t /4-
"foi q ue" do segundo constituem a mesma locução expleti- tróliu. tktroliJ(e)ar; fmci.w, fruci.(o)ar; Dru$. rncltu$ar. Exami-
va. Ou se dirá: "Foram eles que fizcr.un isso" ou " Eles é qut ne, agora, o leitor a palavra mraitar e verá que, ~amb~m nes·
fizeram isso". te verbo, o sufixo continua sendo simplesmente ar, pois que
Ea, la · V . nrônia. o "z" pertence ao rad ical rah. Idêntico fenômeno opera-se
tadem per éadcm • Expressão latina qu e significa •· elas p or com ajuiUIT. de a-juiz(o)-m e cicatriuu, de cicalrit.
elas" , pagar na mesma moeda . Questão >impl"s mas merecedora da arenc;io dos qu<' pre-
...ear . V . alumiar; V . $oruio; v. ~bos urminadostm EAR. zam o nosso idioma.
''Eça" . v. ma. "Écran" . Não ê pa.lavra nossa. Em ponuguês dit-S<' .fiUro
Ecce homo - l ocução latina que significa "eis o homc:m". (para fi ltrar a eor em fotografia), rmttparo, gunrda-Jogo (tela
Palavras dt' Pila 1os aos j udeus, quando lhes apresentou o que resguarda_ do fogo da lareira), cartat, ltÚl.
Cristo coroado de espinhos. Pode servir para anunciar qual- Edeologia (tratado dos órgãos da geração) - Não confundir
quer pt'ssoa por qualquer motivo. com UhqlogúJ (ciência das idtias; maneira de pensa r).
Ecce ituum Crispínus - Locu<,:ão latina que signifit-a "<'is o utra Edição prim:eps - O latim prír1ceps. com acemo tônico na pri -
Vt'l Cl'ispim", eis de novo o importuno. meira sílaba, está na expressão por "primeira". Indica a pri-
Eclamp!ia . Q.uando fom\ada no próprio português, a palavra meira ediçJo o u CXt'mplar da primeira edição de- uma obra
será paroxítOna, por ser longo o sufixo ponugu~s ia: tdamp- quando clrla st tmham tir11do vári4s outra$. Pôr "ed ição prin-
JÍO (gr. eclampsü. mais sufiXo ponugui's ia). A verdade, po- ceps" no frontispício de um livro que pela primeiro~ vrt se
rém, é que os fatos se impõem: " Graec.a per Au soniae fines imprime é caipirismo dos mais redondos.
sine lege vagamur" é lamúria velha como a gramática, mas é Edicto • V. edite, idilo.
a fon;a da lingu a : "Tu. Ca<"»ar, civitatcom dare potes hom ini- Edil - Será sobejo diter q ue atdí/ij (de aedes, c;ua) d~>Signa em
bus, verbo non potes": Sujeitam-se os homcons às leis, mas latim o magistrado romano, cujo oficio era dirigir as crn-
não às palavr.ts. mõnia~ públicas, inspecionar os edificios. cuidar do abas-
Edcsiástioo · Coletivo (quando em assembléia religiosa): sino- tecimento, da higiene:, de rudo, enfim, que fosse do bem co-
do. mum da cidade. Q.uando o exigisse, vários edis tinba urna ci-
"Eclodir", " Eclosão" - Por que estes estrangt'irismos? Temos dade; era o caso de Roma, com um edil para cada ramo da
estalar ("Foi nesse dia que estalou a revo lta"), rebenJqr ou arrt- administração, c às vezes com mais de um edil para o mesmo
henttu (" ... comprou- se a guarda mourisca do a lcáçar e are- serviço público, como no caso dos "aediles cereale~", encar-
volução rebmtolt"l, na1cer ("Nas repúblkas rrascem di ssensões regados da provisão de víveres.
que as inquietam c consomem"), estourar (" A revolução Dessa explanac;ào cremos possível e clara a conclusão:
t.Jiourou de madrugada", " Quando a coisa rslourar, isso vai Tanto é ed il o p refei to (um edil chefe, diga mo~ : prtUfechu,
ser uma reinado", "Com tanta garridice isto afinal tJtoura"), colocado na chefia, à testa: este o· significado etimológico
$Urgir ("Apenas serenou a luta, surgiram logo outras d~sav~n ­ dessa palavra, empregada nos múltiplos casos em que hou-
ças"), irromprr (" As lágrimas, então, lhe irrompnn, subitã- vesse dirccào , comando, chefia: prefeito de rebanho, pre-
n~"), rornp.-r (" Aqui, ali rompnn protes1os indignados contra ff.'ito de palácio lmordomol, prefeito de ginásio, prefeitO de
o arrocho"). barco, prefeito de tesouro. de cidade, d e p roví nci a, de quar -
Como termo de botânica, traduza-se por tUJ<tbrodulr, dtsa- tel, de frota ctcJ - ta mo ê edil o p refeito, repetimos, quanto
bro&r, su.rdir, Mscrr. cada um dos componentes da câmara legislativa de uma
t gali cismo iqútil e mal foml3do, assevt>ra Vasco Botelho municipalidadt-. Eslt'S legislam, aquele executa- ma s rodos
de Amaral. são edis, istO (·, tOdos descuidam dos intert'sses da munici-
"Eclosão", corno nome para indicar o ato de esta lar, reben- palidade.
tar, estourar, não pode ser aceito. Esse galicismo correspon- Pretender '1"" edil seja só o prefeito é o mesmo que afir-
de ao português nteuro, surte, irrupção, esuúada, aparmrMnlo. mar que mag1s1rado é só o presidente. Presidente é o magis-
nl.lScimmto, dr.stnoolvimmto, drsaiJrochammto, dtsaiJroc/w, dtsabro- trado supremo, corPo prefeito é o supremo edil.
dtar. de$abroUlo, ato dt sair à lut, ou ainda ao vocábulo técnico Como d efensor dos inter·esses da comunid ade municipal
mllest (com acento ern te), que denota o conjunto de fenôme- que o elegeu, o vereador é, em bom vernáculo, "um etlil da
nos qut' acompanham o desabrochar das 11orcs. mun icip<~li tlade";como dirigentesupremo do municíp io, o
Não é de: imitar a redação "a grev~ eclodidd na semana pas- prefeito é chamado, em vernáculo não menos bom , "o"
,
tdipo Ele é doente, Ele está doente 91
edil, isto é, aq uele sobre que.m recai a maior pane da re~­ trita conceit1,1ar,ão de alguma classe, devem cbu ificar -sc me-
ponsabilidade e autoridade na direção m uni cipal. Todo o ram ente como " palavras que denotam determinada idéia",
prefrito é edil, mas nem todo o edi l é prefeito. e cita eiJ como " palavra que denota designação".
td:ipo • O "i" breve da penú ltima sílaba faz recuar para a vo · É sua origem o latim t ece, que implica fn:qoememente
gal imediatamente a nteposta o a~mo tônico: étlipo. Assim idéia de instamaneidade, de presteu ou de imprevisi o . Co-
em latim, assim em ponuguês a pronúncia do nome do de · mo no latim da decadência vinha seguido do objeto do ver-
cifrador do segredo da Esfinge. V. ápotl.e. bo (Eccillum video - tú que o vejo), acabou por craur em
Editar . É inútil pretender substitui r por editorar, forma esta portugu~s após si a forma acusativa ; por essa razão é que
usada po r Camilo. se diz ti-lo, eis-rr.os, com pronome oblíquo. Consid~re-sc a in ·
Edho. Édito - Não devem ser confundida> esta> palavras. da que, já no latim clássico, além do nom inativo, tca se fazia
Edito, que também s.- grafa tdicto. é a lei, o decreto, ou pane seguir também do acusativo: "Ecct dutl$ tibi" (Virgílio: "eis
da lei, em que alguma coisa se preceirua: o tdúo de Nantcs. aqui dois - altares - para ri ") - "Ecce me. qui id faóam
O edito pode ser revogado. vobis" (Te~cio: "eis-me aqui para vos faz~r isto").
Édito é o edital, a simples publicação de um aviso, de uma Eis que · Expressão que com certa freqüência se encontra na
ordem dimanada de câmara municipal, é o r.raslado de or- linguagem dos que mo urejam no foro é " eis que", com sig-
dem ofidal desti nado ao conhecimento de todos e afixado nificado causal: •·Não deve a cone conhecer do agravo, eis
em lugares públicos ou anunó ado na imprensa periódica. qut subiu fora d o praz.o". Trara -se, evidentemen te, de con s-
Editor . Arrisca-seguem traduz o inglês "editor" sem ~nsar; trução por algu m jurista criada e posteriormente por outros
pode significar ediw. mas seu significado uma! não j; esse, e im itada. Todos conhecemos o legítimo emprego da locução
sim red4lor, jomalisl4, autor de artigos de fundo ou, ainda conjuntiva "eis q ue" em casos como eSte: "Seguia o santo
diáonari>t.a, rompiloeúJr. cranqüilameme o seu caminho, imerso em profunda medi-
O nosso "editor" é tm inglês "publishcr''. tação, ti> qtu lhe surge pela frente o óemõnio em forma de
t e . Q.uarro verbos ex.isrem que na 8' pessoa do plur.ll têm mulher ... ", mas aqui o sentido da locução é diverso, claro e
dois " ee" e, além disso, um órcu nA~o: vltm (do v. Cltf), jvstificado.
lltm (do v. ler}, crltm (do v. crer) e dltm (subj. pres. de dar). t::sdruxularias na linguagem forense e na tabelioa exisrem
Isso porque a 3~ pcss. do sing . d~sses u~mpos já tem um "c" como arcaísmos tecnicamente consagrados. A tra dição pro-
com circunfl~x.o : fissional lhes dá vida perene e não ltcarâ por isso prejudicada
a pureza do vernáculo. J~ o mesmo não se dá quando a esta
SINGULA R PL U RAL ou àq uela expressão, léxica ou fraseológica, falta a justifica-
v c vi'em ção etimo lógica e o cu nho da tradição.
lé.' - ind. p res. leem Q.ue se lucrará com esse modernismo ? pcrgu(ltll O toniél
crê crêem Mota, que responde: Nad a. A mim me soa como um pruri -
dê - subj. pres. dêem do de srmp les novidade por novidade, cheirando a infam ili-
dade ou pedantismo.
Efcméridc . O g~nero é feminino ; q uanto á for;na veja-~ "Eis que'' por " .,.; sto que" - continua o citado professor
diobtú. - é locu<;ào disparatada que gera ambigüidade quase fatal-
Efetuar, Efetivar . " ... intimando-se as panes para o s fins do mente. Sempre que a encontro, tenho de voltar rasto a rrás
art. 44 7 do C. P. C., ~ftliva7UÚJ-st as demais diligências necCS · e reler o que vinha lendo, para cot~catenar as idéias. E o mais
oárias." - Não é o que aprendemos M São Francisco. "Cui- lamentável é que, seguru:fo se diz e parece, nasceu ela nos
dado! U~m sempre palavras c expressões técnicas" - era meios forenses, exatamente os que mais dt-viam, por amor à
a assídua advertência do Prof. Siqueira Ferreira . precisão de linguagem, evitar quanto possível novidades
Realmente, diligencias tjtbliPII·Y , e não "efet ivam -se". dessa nanrre:za . Q.uem a criou pode limpar as mãos à parede .
Efc:roa-se o que se realiza ("O s maus, se d eixam de tft1U4r v. tÚ vtt qru.
seus corruptos desejos, é com medo das leis"), efetiva-se o Ejwdem farinae · Locução latina que significa "da mesma fa-
que: se toma real, vercla.deiro: efetivar um empregado. ri nha" : Os dois são ejuJdmtfanntU (da mesma laia).
Uma vez realizada conforme as fórmulas, e convinco:me, Eldorado · El é forma arcaica do artigo defi nido, usada no
di1.-se " prova tfttivo.", mas a distinc;ào de sentido é dara ; período em que o português se estava formando; é hoje em-
"cfeliva" é ai antónimo de "falsa". Se tjtti.Ulr é "levar a efei- pr~ado apenas em el-rcí (o rri) e em Eúiuruáo, nome de re-
to" , tjttivtrr é "daref..-iro". gião fanwtica do Amazonas.
Ainda mais: tjttutrr tem uma variante, tjtiluar. que se en- Ek ~ doente, Ele está doente - Emprega-se o verbo ser qu ando
contra em Camilo: Quantas desordens, exílios e até mortes a qualidade atribuída ao sujeito lhe é inerente:, natural, ha-
se não tjtituaram por intrigas daquela mulher ! bitual; emprega-se o verbo t>lar no caso contrário. Assim,
Por falar em m ulher , casamentos ef~lUam-se e efelivotm : quando um hom em não gm.a de saúde, quando está quase
casamento tjttu.ad<l no Uruguai e tjetivad9 no Bra.sl l. sempre do<:nte, dizemos que "ele i doente" ; se a doença o
Mais do que o juit, a mulher saberá distinguir. ataca uma ou outra vez, diurnos, referindo-nos a essa oca-
Efiau - Superlativo sintético: ejicocíwmo. sião, que" ele tJtá doente".
Egeu - Feminino: tglta . A própria etimologia desses verbos esclarece a diferença
tgide - V . T1lÚtUJIÚ. de significado e de emprego: do latim "stare", que significa
Egito - Adjetivo pá trio: egípoo (presta -se para pessoas e para " estar de pé", o verbo estar implica idéia de transitoriedade.
c'Oisas e pode ser tmprcgado substantivamente): os egípcios. de exislência momen tânea, de estado acidental. }, á o verbo
Para coisas: egipcíaco, egipciano, egiptmw. ur vem de "scdere", que significa "estar sen tado', donde a
Ego sum qui wm · Locução latina que significa " eu sou q uem idéia de permancncia, de existência continuada, d e estado
sou". Palavras de Deus a Moisés, são usadas alegoricamente inerente.
no sentido d~ igual, oorut.anú, ~wwrante. O verbo ser como verbo de ligacio é ~ua5e vazio de senú-
Egól.atra - V. alaJólalra. do, razão por que é chamado verbo abstnto", I! como
t gua . Coletivo:piara. inocistente na oração; realmente, quase t~ào há diferença
Ehcu! fugacca l.abuon.rr aoni . Locu(ào larina q ue significa entre "este homem doente" e "este homem é doente", por-
"ai de nós! Q s anos logem rápido~"· Expres.são de H orácio q ue o verho !otT indica aJ estado pennanente. Confronte
sobre a fugacida de da vida. estas orações: Ele (pálido (estado permanente} - Ele está
El (grego. transformado em i)- V. calidw:ópio. pálido (estado r.ransitório).
Eis - Preceitua a. nomenclatura gramaó cal brasileira que certas Estrangeiros, ainda os mais cultos. escorregam neste pon-
palavras, por não se poderem claramente enqua drar na res- to, q ttando o não estudam convenientemente ; dizem eles
92 Ele traçou para si Em
com a maior ladlidade: "Eu ~stou engenheiro". Aqui é oca- Eletrõnio . V. ~io.
so do verbo ser, visto espec.ifkar uma profissão, t', conseguin· "Eletru·ô nibus". V. ônibus tlitrico.
tem<'nte, um estado ptm<allmlt . Elísio, Ellscu • No singular como no p lural, próprio persona·
Ele U'açou para si - Nos casos de reflexibilidade, legítima fun- tivo ou mitológito, este nome t escrito com a termina<;ão io.
ção portuguesa exerce o st quando a reflexibilidade i: pro- Assim t no êtirno grego e no latim : o Eltsio, os Elísios.
nunciada, evidente, ou seja. quando o sujeito é ao mesmo Exi ste o nomC' E/isro, como substantivo próprio, como
tempo agente e paciente da ação verbal; 4:'Xt'rce en!ão o "' substantivo comum e como adjetivo (feminino tlisiia), m as 3
funcão acusativa, isto i:, de objeto direto: " Ele se feriu". primeira destas formas termina em io c não em to.
Quando, porém, o u s.- rc:·ferir ao sujeiw não t'lll funcào Elite - Esta palavra, empregada quando se quer indicar o que
acusativa ma~ em função dariva, isto é, de objeto indi rt'to, o há de mais fino na sociedade ou em qualquer cla sse, é consi·
caso outro se toma, ..- a rellcxibili<hd<· deixa de ser a do der.tda por João Ribeiro (V. o dicionário do Fonseca) "ga·
caso anterior. onde o .•t t'Xt'rcia limc:ão d..- objt'to dirt'to. lio:ismo inútil, pois temos t!col". tela entretanto tão usada c
Difcren~a bastante grande ('Xiste entre a reflc-xiiJilidade do tão "aceitn por quase todas as línguas modernas" (Espasa),
u destas duas ora<'Õ< • : "Ele .se feriu" c " Ele se arroga o d i- que podemos considerá- la palavra récnica. da ciência, dan -
reitO". Em '' Ele w feriu" o Jt é objeto direto, n:,dpit:nte da do- lhe, nesse sen tido, acolhida no ponugu~s: "Nesse senti·
ação vtcrbal; ..m "Eit' Jt arroga o direito", dirrito é que cons- do", dissemos, porque em fr.tn'*s é empregada também pa·
titui objeto direto, St:ndo u objeto indireto, equivalente a ra especificar o que há de melhor em qualquer gênero : ':J'ai
~-a .siu {ou "para .si"). eu I' éli te de scs Iivrn, de sa bibliothi:que" (Diaionnaire de:
A ação verbal ttm caráter reOC'Xo apreciável, é verdaO::·:, I'A.cadémie Francaise, 1884).
ma s nem por isso poderemos dizer: " Ele se comprou uma O acento agudo q ue às vezes se vê sobre o •· e" inicial deve·
casa", " Ele 1t abriu uma coma no banco", "Eu mt construi se ao escrever· francês; uma. vez aceita a palavra no nosso
uma casa", ''Nós r1o1 arranjamos um lugar", "Vós deveis idioma, esse sinal já não se juHiflca, como também inúteb
reservar-vos uma t-adeir-.1. no teatro" , "Tu I~ trac;aste boas se tornam as aspas. A palav"' é paroxiwna.
normas de vida". Elirista - A. A., São Paulo - Não vemos o que cstmnhar em
Não são portuguesas tais construções; são estranhas ao elitista. Várias s.io as idéias que o nosso sufixo ista pode dar a
nos.so idioma. A possibilidade de emprego do "se" dativo uma palavra (Gramática Metódic-", ~ 630, l), en rre as quais
(l.xm como de me, lt, nos. vos. com igual fun<;ãol fica limita· a de partidário, de teárico. O usar alguém a palavra com certa
da a ct'Ttos veTbos e, ainda assim, a certos casos já usuais ou pitada de depreciação não lhe impede a formação e uso.
consagrados: ustrvar-se o dirril<~. d<!r-se prtsSil, d11r· 1t impqr- Existente uma palavra, e existente o sufixo que emprl'$t.e ao
tánda, dar-se 11m dt lmf>lll'ldncia, atribuir-se tmpr;rtdncia, propqr- drrivado a idtia desejada, não t4:'nha dúvida em aceitá -lo.
srjaur, propcr-se nclarectr, prop~r-u contar, impor-se o dtvrr. Dicionário português nenhum at.é hoje apareceu que trou ·
Fora esses pouco~ casos ou outros semdhant<.-S, devemos xessc todos os derivados de nossos nomes.
evit:ar e reconhecer erradas construções como: "Ele res.-r- El-rei - O artigo e/ era comum a Portugal e ã E.spanha ; asso·
vou-sc uma cadeira no 1eau·o". "Ele tral'Ou -se normas de cio u-se de tal maneira ao nosso rei qut, enquanto o la passa·
vida", "Ele se abriu uma conta no banco". va para a, o /IJ.I para os etc., não houve forças que os separaS·
As construcões portuguesas são: Ele traçou para si normas sem. Hoje é apenas empregado em tl-rti (o rei) e Eldorado
de vida", "Ele reservou para Ji uma cadeira", "Ele abtiu pqra (região fantãstica do Amazonas).
>i uma conta", ''Nós arranjamos um lugar ptua nó>'. "Deveis Elurubração, Lucubração • Em ponuguês, como em latim,
r<·servar para vó.t o melhor lugar",'lu rra\4stl' hoa~ nor- existem as d uas pala,ns. Lucubrar é obrar com luz, ou seja,
mas de vida para li". trabalhar oom luz artificial, donde "produzir lucubrações"
Elefante • Feminino: elefanta. Gonçalves Viana, por informa- (compor com esforco laborioso, executar trabalho C'Xcessivo
ção que lhe prestou certo amigo - é o que está nas ApostilaJ ou artifi cial).
- cita Frei Gaspar d~ Santo Agostinho, que no capitulo XV Em tlucllbracão temos o prdlxo r., denota tivo de procedên·
do "Itinerário da lndia'' d:\ o feminino "aliás''. Já no seu cia, de meio, equivalente a "de'', "fora dt'", "com"; em la·
"Vocabulário Ortográfico", G. Viana dá a variante "aliá". tim, tfucubratio é a vigília decorrente de rrabalho intenso,
Com ou sem "s", a forma se- presta para curiosidades de assíduo, como elllcubratu; é o que é preparado com esmero
programas de rádio ou para passatempo de professores que o u o que passou vigílias traballu.ndo.
v«m nessas bizantinices tt'ma mais útil que conjugação de Não há escolha entre wna e outra palavra.
nossos verbos. O divertimento aumenta quando acrescen· " Eludir" · t forma paralela. de~nccessária e arcaica, de iludir.
tam o feminino "ek:foa", foi')'T\3 esporádica e há muito dei - Os dicionários latinos trazem dudo {de ludus, jogo) e iUr.tdo
xada de ex.istir. (também de ludw) com o mesmo significado de iludir, enga·
Vot: barrir. nar, cada qual com seu particípio passado (elusus, illulus).
Elegia - Nome de poeme10 con~grado ao luto e à tristeza, tem O Sousa traz elúdere icLU.\ e traduz por " fugir com o corpo aos
o acento no "i", longo por corresponder ao ditongo grego golp<"~''. •• (•vitar con1 cl(•srr<'za": rna~ ft('\·i ra r con1 c.kstr<'7.a '' (•
ri. o me~mo que "iludir" '? inimigo ou adversário, sem neces-
Eleiçodro, Eldro«iro - Proven ientes de temas diferentes (de sidade dt' dois v~rbos. E conhecida a passagen1 da primC'ira
rlticão a primeira, de tlriJor a segunda), ambas as palavras catilinária "Q.uamdiu etiam furor iste tuus nos rludd7"
t~m o mnmo sentido; dit-se de procedimento que tem por (Por quanto tempo ainda este teu rancor nos enganará?).
único fim captar votos - S(;'ntido pejorativo, portanto; a Acrescente·St" ainda que se temos só iiU><io e não ''elusào", o
primeira é a mais usada. p róprio latim só tem illwio t não tem "~lusio''.
Eletro · Este elementO componem.e, que a outro se junta num O verbo "eludir" é invenção, ou melhor, leviana tentativa
composto sem h ífen, já não deve trazer o c etimológico antes de ressurreição. Se Domingos Vieira o consigna (di cionário
de Ir. Não há coerência em que s~ escreva sem c elltrico, eletri- de 18 7 J), não dá ele nenhum cxtrnplo e fá-lo seguir de iludir,
ci.tta, tlttróli>e. tfetrocular. eltlriMr, eletromolor, eletropositivo, para ou seja, considera os dois verbos um só, dando preferência à
que depois se escro/a túelrfnlica. túctroscópio, electroímã, tltctro- grafia iludir, do latim ilbidrre.
magnltico, tkctrodinlbnieo, electroquimica. Enu:e os nossos grandes dicionários que trazem só a forma
Quando um dia a ortografia de nossas palavras irá ser com "i" podemos citaT Aulete, FigueircOo, Laudelino.
estudada a sério? Até lá, pohrcs das nossas crianca.s, pobres f.m - Casos em que não cabe em bom porruguls o emprego da
dos estrangeiros que pretendem aprender nosso idioma, preposição tm:
pobres de nós que fomos alfabetizados. I. É francês o emprego da preposição em para indicar a
.Eiétrooo - v. ánodo. matéria de que uma coisa é feita; não devemos d izer ""'stá-
Eletrolisar - V. ecorwmiurr. tua t'm bronze"; o certo é: estátua dt bronze, anel tú platina,
Em Em baixo, Em dma 9S
bala ~!$(Ta da tú mármore, vestido dt tafetá, a casa é roda dt dac;ão iÚJ Livro Didático" (e não " Fundação para o Livro
material dt primeira. uma blusa dt retim, comrru~ão de ci- Didático").
mento, rdógio de ouro, carteira de jacarandá, móvei s de pau· 7. Não devemos empregar "em" em lu;;ar da preposição
marfim. "por" no agente da passiva: "rt'prcsentados por estáruas"
2. 1;: também do franch formar locucões adverbws com (e não "representados nn está ruas''}.
a preposição em seguida de adjetivo; são espúrias locu~ões S. Não se emprega "em" antes de predicativo do objeto:
como ""em absoluto'\ '~em definiti...·o", ••em suspenso", "fulano pronunciou-se fil6sofo" (t não "pronunciou-se tm
"em anéXo". Em portugu~s de lei deverá em lugar delas filósofo"), e, assim, "fonnou-se dentista", "tomou-se pa-
aparettr ou um advérbio em menU ou o ad),etivo com forca lhaço 1ristt''', "constiruiu~se C('nsor" .
adverbial: "Absolutamente não quero ·• - ' Estou difmitiva- 9. Antes de algures (em algum lugar), alJourts (em outro
mtntt decidido a ir'' - "Deixei tudo rwpmJO". lugar), nmhurts (em nenhum lugar). Preposiciio nenhuma
Temos "em c;heio", mas<: caso explicado pela semànti<A, cabe antes desses advérbios nem com verbos de permanência
pois "cheio" é também substantivo. V. em compkmtnto de. nem com verbos de movim~'Ilto. Não há justificação léxica
3. Não é ponuguês formar locuções adjetivas com "em" para constl'\IÇÕCS como "Em nenhures será encontrado".
a anteceder adjetivo designativo de cor; devemos d izer "lu- "Esrá por ai on algures" . Tais advérbios já têm implícita na
vas pretas" e não " luvas tm preto" . E, assim, "ve•·sos bran· significa~ão a pr eposição "em".
cos", não obs~ame dizermos "espaços em b ranco", porqut- 10. Constitui erro o emprego de "em" com o verbo tingir ;
aqui ''t'ffi branco" não designa cor; o mt"Smo se diga de tinge-se um vestido "de" verde e não "em" verde.
"passou a noite em claro". 11. É errado seu empttgo no complemcmo nominal de
4. Não devemos usar a preposição em com verbos de mo· aruioso; diz-se ansioso por", uansioso de". não porém uan-
H

vimento, porque tm indica permanência, lugar onde; o ceno sioso etn".


é "ir ao colégio" e não "ir no colégio", "chegar a um lugar" 12. Não se antepõe ao segllndo elemento dt um composto
e não "chega.r num lugar", "ele veio ao cscrirório" e· não de subs~an tivos com a fina lidade de atribuir qualidade ao
"veio no escritório". Digamos com acerto : chegamos ao Rio, pr imeiro : "redator-chefe", "direwr-secrerário", e não
cheguei à casa dele. cheguei tard~ a casa., o avião chegou ao "redator c:m chefe'' . "diretor em secretário".
campo. O mesmo se diga do subsrantivo chtgnda o u de qual- 13. Não dL'VC intrometer-se na loCI.u;ào conjuntiva propor·
quer our.ro que indique ação de movimentar-se de um para cional "a medida que"; é erro "a medida em que": " A me·
ou tro lugar: por ocasião de sua dtcgada a Recife. dida que se aproximavam da lua, os austronauw mais tran·
Constituem cxcec,.ão desta regra alguns verbos, como in· qOilos ficavam".
grmar: " ingressar no seminário" 14. Comeca a aparecer outro errado emprego da prt-posi -
5. É errado o emprego da preposição tm em expressões ção em. consistente em colocá-la ames de simples adjetivos:
como "énrnos em seis,\ ''íamos em cinco", ..avançamos tm "letra em maiúscula", '' dicionário em inglês". Onde terão
rr~s". Não o simples fato de serem construções de algum ido buscar tal exrravagânr'a?
outro idioma nos leva a profligá -las. mas o de sem.P.re ter· Em ... - V. mradiccu/.o.
mos ódo a nossa consrrucão, legitima e correta. Em· éramos "Em absoluto"· Consrrução errônea. V. tm-2.
s~is" o vérbo concorda com o sujeito oculto M5, c o J<is é
p•-edicativo, não pode vi r anrece<hdo de preposição. Se dis- "Ew anexo" . Construção errônea. V. tm-2.
5(-ssemos "éramos valentes" , ninguém d e nós pensaria em Em baixo, Em d ma . Já vimos, no verbete "de certo". a incon -
construir " éramos ~m valentes"; o acréscimo d~ um cardi- gruência do sistema de 43 no grafar tais formas. consideran-
nal, porém, levaria alguns a claudicar, juntando um "em" do-as ora advérbios compostos, or~ locuções adverbiais.
esrunho ao nosso idioma: ''éramos em cinco valentes". Di- Estamos diante de mais uma., pois cnsuaJIIO consigna "em
gamos, com acerto, "éramos cinco valentes", "éramos qua· cima", em duas, oferece-nos "embaixo' numa só_palavra.
tro colegas". Qual o <:ritkio para essa dualidade gráfica? Nenhum, é a
Existe em muitas dessas orações uma fígurd sintática deno· resposta, e confinnacào disso obtém quem consultar o voca-
minada >iltpt.e d~ peJJoa, con!.istemc: em oJXrar-se a concor· bulário oficial da academia ; no verbete "cima", o ttla tor dá
dància do verbo com o sujeito oculto e não com o termo as locuções formadas com essa palavra (de cima, rm cima. em
expre-sso; uma coisa é dizer "tlcaram três", outra " ficamos cima tú, pora cima, por cima. por cima tú etc. - Este "eu:." é do
tr~s". Na primei r" oração, o sujei to t "três"; na segunda há a vocabulário); no verbete "baixo" o silencio<: completo. Co·
silepse de pessoa: o "três" é mero predicativo do verdadeiro mo doutras feiras, o auror sr. esconde para não se ver apa-
sujeito, que é nó>. Quem diz "ficamos crês" inclui-se emre nhado em sua kviandade.
os três que ficaram, e o sujeito passa então a ser nóJ. O urros Se temos "por cima" e " por baix.q ". por que n.io tt'mos
l"xemplos: " Dizem que os carioca> 1011101 jovia.is" (0 " somos" " em baL'tO" ao lado de "em cima"? E assim: Se ternos "de
denota que o autor da afirmação é também carioca), " Os repente" , por que não temos "de baixo"?
outros salla11Uis"• .. Ali jioomos alguns, "EsoopfJTTios quatro",
O Aulc:tt- não dá a forma sintética ""'~• mas no verbete
·• Ficamf)l oito".' ' Avmuamo-' cinco''. baixo traz "tm baixo Cl<X- adv.l" ~dá o exemplo: "Este homem
Amepor a preposição "em" a tais predicativos é cometer esti muito tnn baix11". Do mesmo proceder é o Laudclino,
ha.rbao-ismo. que só traz a locuc;ão t'l1l baixo = na pane inferior. Compa·
6. 1!: erro empreg-..r a preposido "em" em lugar da pre- rem-se. por esses aurores, estas orações:
posicão "de" em adjuntos adnominais correspondentes ao - "DeP,ois, senti lá em baixo, na raiz da montanha , um rir
gcnit·ivo la•ino: "Houve aumento de 20%" (e não "aumento diabólico '.
em"; a pergunta é "aumento tú quanto?" e não "aumento - "Depois. senti lá nn á111ll, na crista da montanha, um rir
tm quanto?")- "T~e a intenção tú quebrar" (e não "in - diabólico".
tcnc;ào em quebrar"; a )Xfgunta é "intenção de quê?" c não Não há falar em unidade fon ética na grafia "embaixo"; o
"imen<;io m1 quP"). Assim devemos dizer: tentativa d, des- verbo encimar al está para provar qu<> o motivo do bifromis·
rruir, desejo át ficar, direito de observar, professor dt balé. mo ortográfico é outro. Também na locuc;ão "em p<:" cxis·
colégio estadual de Campinas, diploma de fi losofia. tem consoantes homorgãnicas e ninguém ainda pensou em
Isto de fazer pergunta para verilicar que preposição em· grafá.Ja "empé".
pregar tem :sua justificação : Se a pergunta se conscrói com São graçolas da ortografia d e 43 : "Ele saiu tkbai'XQ da me-
determinada prer,osição, como empregar o utra na resposta? sa, você ouviu bem ? Eu disse dt baixo". Lá juntos oselemen·
Se perguntamos 'ginásio estadual tú o nde ?" (c não "ginásio tos por ser locução prepositiva, aqui separados por ser lo·
estadual m1 onde, tm que cidade ?"), a rtspo.sta ir.i trazer a cuçio adverbial: t ou não engrac;ada a nossa ortografia
mesma preposição: "ginásio es~adual tk Campinas", "Fun· oficial? - V. tú certo.
94 Em barda Em cores
Em bania - Locuçio que significa "em grand~ quantidade": a decretos, leis eu:. V. amfO!'"I'M.
Peix~ fm barda. Em oora - Em horas, a agressividade dos atuais meios sônicos
Em branco - V. au1714nt.ar. de comunicação transformam erros de linguagem em pa-
Em 14 de julho- Assim~ d~ o u "a 14 de julho"? Das duas. é drões de vernaculidade. Não preparado s para cirandar vo-
mais usual a primeira consrrudio: '"' 14 tk juilto. Corrobora cábulos e expressões, locutores de rádio e de tdevis.'io os
essa maneira <k di~r o apar«imento da p~posição "em" passam para os ouvintes como os v~m num precipitado
em loruc:ões semdhames:tm 1640; tm janeiro de 1972. comunicado escrito e dão ao erro foros de uso, de populari-
É uma das muitas funções da preposição "em" indicar o dade, de aceno. As carradas, como a doen~-a. o erro aparece
tempo em que ou duram~ o qual alguma ooisa se faz: "Em e se alastra, mas não sai como as doenças, às polegadas: fica.
tempo de guerra não se limpam armas". Não há esoolas em quantidade capaz de erradicar erros do
Acontece. porém, que se acentua, cada vez mais, na nossa idiom3 plantados por tais meios de comunicação \'CTbal ; só
língua. a tendt'ncia para colocar a preposição "a" em lugar as mesmas c-stacões emissoras e os me-smos locutores pode-
de quase todas as outras. Assim i: que encontramos no Dicio - rão corri gi-los, mas como inteirarem-se eles do engano?
nário da Acad emia Portuguesa este exemplo: "Ch egou ao "Televisão a cores" faz par te d3 ganga impura que não
dia de Nossa Senhora". Mas é preàso notar. com<J ob~rva cnconcrou bateia nem garimpeiro que a ~pata.SSI'm da pe-
Aulete: Quando se d iz que uma preposiçio é sinônima de dra rutilante. Coberu da lama da leviandade, dos cascalho~
v urra , deve-se entender sempre que é parcialmente, que: não da precipitação, dos estorvos da pressa, da rapa da incons-
S(' pode substituir em 10das as hipóte~s. Em muitas fr~~;s, ci~ncia, a expressão aí está, u$:!.da e já surrada nas noticias,
o uso tem prevalecido ci gramática. empregando tl/4 preposição em nos anúncios. no linguajar comum ... mas é impure-u.
c~<'; da própria, pel~ sua radical significação: Afonso I veio a Em nosso idioma a com unicacào não é fc:iD. nem a br:~.nco
falc:ccr a 6 de dnembro de 1185 (Herculano). nem a preto nem a branco e preto, nem a detenninacb. nem
v~. pois, o leito•·. que não faltam exemplos para a ~nda a diversas oores mas EM branco e preto , EM cores: "O pre-
conmuçào: a 11 de julho. Para Sl" atinar, em ocasjões seme- sid~nre falará EM preto e branco" Uamais " O presidente
lhante~. com a maneira m ais comum e própria, faz-se, em falará A branco e preto"), "O pronunciamento do prcsiden -
tais casos, uma pergunta que nos force o emprego d e uma t<- foi comunicado EM branco t preto" (Nunca " O pronun -
preposição . .É-nos mais natura.! perguntu: " Em que dia 5(' ciam~mo foi comunicado A branco e preto"), e assim:
deu isso ?" - o que indica ser justificável, próprio d3 indole "Anunciou-$(' EM cores que ..." - "A fala do papa será
da lingua, construir: " Isto se deu tm 14 de julho". V . A (em- ~ransmitida EM cores" - "O satéli te tr.msmidu a cerimônia
prtgo golicista). EM cores nítida s" - "O aparelho opera EM todos o s canais
" f.m chefe" - A nó s chegada através do francês. a palavra chljt c EM cores" - "Após o programa EM branoo e preto veio o
não deve aparecer na expressão inteiramente francesa "em EM cores" - " As lutas EM branco e preto são mais nítidas
chefe" como locuciio adjetiva; em português ou se dit rtda- do qtse as EM cores" - "EM cores somente dez minutos, o
lor-ch•fr. comandarl/t-chtjt, reuis~~r-chefe, ou chift de rtdação. restante EM branco e r,reto"'- "É possível que EM cores os
chiff dt comando, chtft de rwisão, ou dirtlor dt redaçán ... - V. programas melhorem' - "O desenho foi reproduzido EM
ffll- /2. rores mais vivas" .
Em cima - V. NTI. baixo. Isso quando não fo.- o caso do nosso legitimo colorido, pois
Em complemento de - f:: de um colega de Sanros esta pergunta não cabe a obje<;ào de que ''televisão colorida" confunde-
- Como consrruir: " Em complemento à fatura ral" ou "Em se com "televisor" , "aparelho" colorido; esta já é outra con-
complemento da fatura tal"? versa, ourra confusão; é embaralhar "televisão" com "tele-
Procuremos primeiro justificar o "em'' que indica a locu - visionamento" e com t't:televlsor.,.
<ào. Entra essa preposic;ão em locuções ad~rbiais de modo Acaso não foi sempre assim que se perguntou: "Voei so-
que >Ubstituem advérbios em mtnlt: em brttlt, em particukl.r, nha CO LORIDO o u EM branco e preto ?"
em vndadt, em Jiltncio. s. . nos casos exemplificados i: fáci l "O cinema i: falado" (e não "'O cinema é A fala"), "A fita
vc•rillcar a poss ibilidadt· de troca da locu<·ao pelo advérbio é culoritla" (e não "A fir.a é A cor"'), e assim "O filme é EM
simples (brroemmú, parlicularmntJt, vtrdadtiram.t11le, Jilnteiosa- ttCTticolor" - "f: Médici quem decide Sl" vai falar EM cores"
mtntt), rm ouiTos a impossibilidade de substiruiçào impede - " Notas de 500 cruzeiros oom desenhos modernos NAS
wrilkat· d<' pronto a <~~uival<'ncia com um advfrhio; 3 wr- cores verde, amarela, azul e cinza come~-arão a circular em
d<t<l<' <· q u<' tais locurÕ<'s são ticl;b como k gítimas ~omt•nt<" setembro" - "Uma passagem do jornal com impressão EM
quaudo nelas c·ntr:l , uhstanti"o: rm rtprrJália. ••m rf.>polla. mr vermelho" - "Os jornais continuam a ser publicados EM
·tomp<ri'>II(ào. rm aditammto, rm wrdadt . nn .>illncro.· branco e preto"- " Aquilo EM preto ... - disse o lusitano
Se. no entanto , em .....-z de lcxucõcs adv~rbiais, p~cisamos ao ver passar urna loira" - " ... delil')('ado EM ro~s vi\'as"
empregar locuções pr<:positivas. completando o significado - "A trammissão foi feita E.M cores" - "TV EM. cores'' -
dos substantivos que nelas entram, o regime virá antecedido ':Jogos de futebol EM branco e preto são mais empolgantes"
da prc-poskão dt, a mc.>nos cenha o substantivo significac:.'io - " ... figuras EM cores carregadas" - " Prefiro assisti r a
semp~ incompleta c, pois, complemento nominal de cons- uma lura de boxe EM cores a EM branco e preto" - "Tanto
trucào já ftxa, como no caso de obtdibtcia, altllfM, rifulncia as fotografias CO LORIDAS quanto as EM branco e preto
etc. : t'ln atenção ao pedido, em obediência à lei ... sairam esplêndidas" - "Urn cenário rico c EM cores vivas".
Ac;onu:ce, porém, que se acentua cada ver. mais em nossa Dizemos "rransmissão a.o vivo" , mas "ao vivo" i: locução
língua a tendência de colocar a preposição a em grande nü- adverbial formada de maneira diferente da que estamos
mero de expressões que oucrora sempre trouxeram outras considerando (nda entra o artigo); tem sentido próprio,
p rer.osicões que não essa: "a (segundo) meu modo de "er" como se fosse advérl>io de modo que significasse ' sem fic-
- 'a (por) mandado do ch~fc:" -"a (consoamd meu gos- ção" , " com aparência de realidade" ; é formada corno ou-
to.,. tras locuções invariáveis (ao revés, ao meio, ao par, ao léu,
Essa a única j ustificacão que enconrramos para o a da ex- ao largo, ao certo), sem possibilidade nem de especificação
pressão " em oomplemento à palavra tal" . Não se admire o nem de acréscimo de mais palavras.
colega ~vir amanhã consrruc;ões como estas: em auxilio a O s acident<-s, os atributos ind icativos de cor podem vir
vtx:ês, em socorro aos feridos, em favor aos necessitados, em expressos oom a preposição dL. (homem dt cor, azulejos dt
beneficio ao.1 pobres, em recompensa aos serviços: É a fuga cor), não porém com a preposi(.ão a. Não saiamos, no caso
dos bons escritores a aproximar -nos do erro. V. em-2. do verbete, da preposicào 1111: recrimina(ào EM vo1 alta,
Em confonnidade com - "Em conformidade com", "na con - respondeu f.,\1 termos violemos, transmitiu F.M co~s varia-
formidade de", ~de acordo com" , "conforme", " nos tennos das, celevisiooarnenro EM cores, TV EM oores. V. in colour,
de" - são as expressões certaS, que se ~quivalem, refe•·erues tn couieurs.
"Em definitivo" "Em rústica" 95
.. Em definitivo" - Construcão errônea. V. tm-2. meme), vou a palácio (vou para rer audiên cia, vou para en -
Em duplic;ado- Quem teria introduzido "em duplicata" para tender-me com o governo).
indicar "em dois exemplares do mesmo teor"? Nt'1Il o Lau- Em palpos de aranha - V. palpo.
delino Freire, que traz as locuções separadamente, como "Em pàvOI'Osa" - É erro. V. em polvorosa.
simples verbetes, nem o Caldas Aulete ou o Melhoramentos, Em pleno - V. púmo.
que dão as loct..i~ões na palavra de que são formadas, trazem Em poh'orosa - Polvoroso veio-nos do espanhol, onde é sinôni -
a locu~o "em duplicata''. mo de "polvoriento", cheio de pó, e do espanhol nos veio
O que realmente existe em português é "em duplicado", a expressão "em polvorosa" e conseqüente substantiva~o
exatamente como temos "cm separado". Não obstantt haver do adjetivo na forma feminina, para indicar tn.ájama. rebuliço.
o substantivo separaia, a locuqd.o é fonnada com o panidpio de$11rdtm. Tem relação próxima com pé e não com pólvora.
de separar: tm separado. De igual maneira, conquanto exista Enrra o substamivo polvorosa na exp~essão "em polvoro -
duplicaia, a locução deve ser formada. com o partidpio de sa", para indicar "em grande azáfama", "em rehuliço",
duplicar: tm dufrlicado. Não há fugir do paralelismo. "em desordem"; desta .significa~ão fundamental, o seu com-
Em fora - V. mar em fura; V. peli> Brasil ajm-a. preensível emprego em sentencas como "pôr os pés em pol-
Em frente de - É erro dizer em português "Os paulistas frente' vorosa'' (fugir).
ao> cariocas", " Morreu frrnt.t ao portão da Santa Ca~ki". Ne- Em que pesem - Na fr.tse «Em que pesem os argumentos da
nhuma das nossas locuções prepositivas em que entra o douta sentença..." o plural se impõe ao verbo, de que é su-
substantivo feminino jrmt.t permite essas consrru~ões, que jeito argumenkls, plural. Afirmar que o verbo pe.IIJr, na acep-
só podem encontrar justificativa no espanhol, pelo que di- ção com que ai é empregado, só se constrói no singular, é
remos constituírem castelhanismo. não saber identificar o sujeito e, pois, não compreender o
Dizemos em português "fazer frente ao frio", "fazer frente significado de toda a ora~o. Q;.uando se diz "Em que pese a
a alguém", mas não há aí locuções prepositivas, senão que fulano, farei o negócio", emprega-se o verbo pesar como
frente conserva todo o seu valor de substantivo, podendo, verbo pessoal, tem sujeito, que é a própria ora~o "farei o
dentre o u tras maneiras. assim inverter-se a oração·: uao frio negócio" , substituível por iJto ou por outra palavra ou ex-
fazer·frente". pressão e~uivalente, como tal coisa, como se assim fosse
Certo será ('Os paulis·tas ante os cariocas" , "Morreu em redigida: ' Em que isto pese a fulano, farei o negócio".
frtnt~ do ponão" ~~ "Morreu emf~tn~t a.o portão", mas nun- Tal equivalência, é claro, obriga-nos a que deLxcmos o
ca, s•mplesmeme, ...Jrent~ ao portao . V .face a. verbo no singular, uma vez que seu sujeito é o ato de fazer o
Em o (escrúpulo tolo ou impossibilidade de combinar) - V. na negócio, é uma coisa, uma ora~o. Concluir, porém, daí que
naw central. o verbo fJI!$ar fica sempre no singular é raciocinar c.-rronea-
"Em o J::stado de São Paulo" - É extravagància ortográfica do mente. Substituamos o verbo pesar pelo ve.r bo doer (não para
sistema de 43 . Se não se diz " Essa noúda está em o Estado de efeito de sinonímia, senão de verificação do acerto do que
ontem", por que obrigar a que assim se escreva?·Com a, ex- acima ficou exposto): " Em que doa a fulano, farei o negó-
clusão do latim do currículo ginasial e com a percentagem cio" - " Em que doam os a rgumentos a fulano, farei o ne-
de analfabeti~mo do nosso pais, já quase ninguém sabe o gócio". Qual o sujei to no primeiro caso? É. o ato de fazer o
que é per; a onografia de 43, no entanto, obriga a que engra- negócio; singular, portanto (Ainda que "isro" doa a fula-
çadameme se escreva "Isso foi dh•ulgado per A Noite". no... Isto o quê? "Fazer o negócio"). Qual o do segundo?
Não ~~ escapa desta dualidade gráfica: ou se escreve Evidente)'neme, argumentos, plural. E o "a fulano" ? /;. objeto
"pei'A Noite'', com apóstrofo, o u "pela Noite", sem o ani- indireto, é dativo de interesse, nunca sujeitQ nem omra coisa
go. Não concordar com isto é querer que se escreva o que que algo tenha que influir no número do verbo.
não existe. Consultar dicionários de regencia verbal sem o necessário
Não interessa saber se existe artigo ou outra palavra na conhecim.e nto de gramática é proceder que pode acarretar
razão social do jornal ou no úrulo de uma obra, como não enganos.e erros, mormente quando o dicionarista tem urna
nos interessa sabê-lo quando dizemos ''Estive na Melhora- terminologia e um proceder alheios ao assunto. O engano a
mentos" , "Conheço os Lusíadas", "Vim das Folhas", "A que se arrisca quem vai procurar o sinônimo de uma palavra
corrida parte da Gazeta", ''anigo publicado pelo Globo". no dicionário que não oferece exemplo do verdadeiro em-
Vai ser em português e vai ser no .Brasil que se deverá escre- prego.é equivalente àquele em que fatalmente incorre quem
ver de maneira difereme da que se fala? do dicionário pretende deduzir regras que só a gramática
Em ordr.m a - Esta é a passagem de Bernardes (Nova Floresta, ensina.
11, p. 6) c.-m que aparece a locu~o: " ... o nome si h i la vem a Dizer, como faz Laudelino, que "em que pese a" é lo cu~ o
ser o mesmo que consultadora de Deus, ou perguntada prepositiva é provocar erros de concordância.
acerca dos conselhos e propósitos de sua providência em Em questão - Locu<;âo justificável. Jose Joaquim Nunes, nas
IITdtm aoJ futuros." Não conseguimos relacionar a locu~o suas "Digressões Lexicológicas" (pág. 4 7) escreve: "Há
d<'ssa passagem com a locu<;âo inglesa "in order to", pois dias... dei à página ... com um pequeno artigo sobre o termo
ou.tr·o é o significado. Para evitar a repeti<:ào de ' 'acer<:a de'', em quesl.ão". Não se trata de simples inadvertência -diz
Bemardes empregou a locuç.ào sinônima "em o rdem a", Graco da Silveira - porque no mesmo galicismo, se o é,
equivalente aí a " quanto a", "com rela<;âo a", "sobre". incorreram Júlio Diniz (A Morgadinha, H , 104}, João Ribei-
Tem realmente "em ordem a" .ambém o significado de ro (l,'refádo da primeira obra de M. Barreto). Sousa da Sil-
"in order to", mas a locuc;ào deixará de ser prepositiva para veira (Lições dt> Port., 90.7), Said Ali (Dificuldades, 13 e !8} e
ser conjuntiva, e equivalerá a "de forma que", "a fim de o próprio Mário Barreto (Novos Estudos, I 7: Através do
que", consoante vemos destes dois exemplos que nos ofere- Dic., 315). V. ;ucesso.
ce Domingos Vieira: "A dísposic;ào dos fatos em ordem a co- Em revés - Locu~o que significa "inclinado", "meio deita-
nhec~em-se os acenos para os aperfeiçoar. e os erros para do": "A má disposição da carga fazia-o navegar em revi$" .
os emendar" - "E com efeito mandei encadernar alguns Em riste - Locu~o adverbial que significa "retesado", " hino" ,
livros em ordem a instruir com algumas espécies mais raras as como fica a lan~ quando apoiada no riste (ferro em que o
viagens que fizer". cavaleiro fi rma o conto da lança quando investe). É tão certo
Em palááo - Q.uando indicar o prédio, o simples local, dirá o "com o dedo em ri$/e" quamo é certo "com a cabeça a pru-
leitor: CO•lheço o palácio, invadiram o palácio, houve incên- mo" . Ristr é uma peca, como o é pr~~mo; nem tem a cabet;a
dio no palácio - com artigo. Q.uando, porém, ao substan- nno" prumo nem o dedo nno" riste quem uem." riste ttm o
tivo estiver implícita a signiflca<;ào de ex.pediente oficial; de dedo e "a" prumo a cabeça. Um substantivo pode perder
despacho governamental, não deverá aparecer o artigo: sua real significação numa locução adverbial.
estive em palácio (estive em conferência, conversei oficial- "Em nisciu" - v. niJticl!..
96 Em seguida Empola, Empolar
Em JqUida · " Em seguida" 5igniftca "logo'', "em ato comi· Fonseca, revi~to por João Ribt'iro, dá uma variante em.er-
nuo", "sem tardança", mas í: expressão que relaciona dois ger. sem nenhum comentário. Essa variante é arcaica, como
tempos: agora isto, em seguida aquilo. Condenada é essa lo· arcaica é a fonna submergtr (Otelo Reis), imergtr (Domir•gos
cução adverbial quando, à castelhana, é empregada com o Vieira). Estas variantes arcaicas do infinitivo atestam que a
significado de "neste momento" . "já" - sem nenhuma conjugação não deve ser a que às vezes se vê, mtirgt, imirgt.
refcr~ncia a outrO tempo ou ação: Já que você tem pressa, submirjo. Aulete é contraditório, pois, enquanto em nrurgir
vou em seguidd - Não me matriculo em seguida por causa das dá aholir como paradigma, em imergir e em submergir dá ade-
férias - Q..uero que você fac;a isro em ;eguida- oracões i•1 · rir, conrradi<:ão de fácil verífir.ação ao leitor, pois os do is
justificáveis em nosso idioma. paradigmas já fo ram aqui expostos.
Muito usual no Rio Grande do Sul, dada a vizinhanca com O mai< seguro é continuarmos a pro~der como a maioria
países de língua espanhola, esse emprego da locução "em dos d icionaristas e gramáticos: considerar nntrgir. imtrgr.r e
seguida'' deve ser profligado ames q ue a doença se alastre. ndlmngir defectivos à semelhança de iJIJplir, com a ressalva,
" ....sua carta, a que passo a responder em S(.-guida" é cons- já existente para outros verbos defectivos, dt que to leram ilS
trução que não tem sentido em português. flexões "e" e "en1" : imerg•. n nerge, sultm4rgt (489, 10).
Em $Oill de ~ - Lorução que significa " hostilmente": tmidc - v. mima.tk.
EntrOu ~m wm d~ gunra pela província da Beir:.. Emigrar (sair do país) - Não confundir com imigrar (encrar no
" Em swpco50" · Cons1T1.1ção errô nea. V. em -2. pais).
Em tomando a go~mança - A forma verbal da frase é gerún- Emissão - V. imi.ssâo.
dio, que invade, nesse caso, a esfera do particípio presen te Emitente:, Emissor . Embora mod ificado por decretos poste-
latino. No período "T!ldo, em me vendo chegar. me pergun· riores, nosso Código Comercial data de 1850 e aí encontr.L·
tava por ela" (Castilho), vnuk, não obsrame a sua função mos tmi.ln!U . Tratadistas div<-r>OS, entre os quais Paulo La-
atributiva (como aposto do sujeito), é gerúndio, dado o valor crrda (A Cambial, 1912), Margarina Torres (Nota Promis-
substantivo, denundado pel.a preposição em, que em 1-igor sória, 1917), repetem a palavra. Confront~-se o art. 54 do
não rege adjetivo. Outros exemplos: "Dessem-me uma capa decreto 2044 de 31 - 12 -1908.
de tal condão, que, em me emboscando nela, me visse por s~ cmilml.t, digamos, é a palavra emp~da para atos ju-
encanto em lo ngas terras" (Castilho) - "O sol logo em ridicos de iniciativa particular, emissor introduziu-se ~m atos
nascendo vê primei ro" (Camõ.-s) - "Pedro, em tomando de cará ter público ou material; enquanto um cidadão {:
do R~ino a governanc;a, a tomou dos fugi dos homicidas" "emitente de urna letra", um banco, um governo é "tmiJJor
(Camõcsl. de papel -moeda", co mo também um aparelho é "etni~r de
Não se vá julgar necessária a preposição .., em tal caso; ondas", uma estação é "tmüsara de rádio".
limita-se seu uso à língua cula. 943, 5, obs. L Esquecendo-se da palavra "emitente", 'o Código Civil
Em Yenàde • Locução qu~ significa "verdadeiramente'': Em Brasileiro (art. 1505 e ss.) fala em "subS<.Titor ou emissor'';
vtrdadc vos digo. V .falar a verdade. por que assim procede? "Substritor" é influ~ncia do frances.
Em vez de - V. ao invts de. Emitir - V. imitir.
Ema - Voz: suspirar. Emolir . V. abolir.
Embaioha.r . V. arraigar. Empeólho - v . digladiar.
Embair . V.iJIJolir. Empedernir- V. abolir.
Embaixatriz · Se a simples senhora do embaixador o portu· Empequenecer, Empequenitar - São forma s bem criadas (lc)r-
guês, como ourros idiomas, costuma designar com a forma nar pt-q ueno, encurtar): Por que não haverá um q u<· rmpt -
feminina . como explicar estej un alguns jamais a redigir queniu esra almanjarra poética?
''A senhora Luce foi nomeada nnbaixador na !l21ia"? Empertigar - É fo•·ma condi teme com a derivação lati na; de
Constituindo esse erro uma das manifesuçõcs do desca - pn tif/.lm (varal tivemos a forma erudita phti ca (vara com que
labro ff11 que and a a gramática. revela ao mesmo tempo a sc mediam as terras disrribuldas aos soldados romanos) e as
falta de um pouquinho que seja de raciocín io em quem re- divergemes pritica, prítiga, pírtiga e pértiga (vara do carro que
digé ou re\•ê noticias de jornal. Ademais, a q uem falta gra· do recavtm vai dar no cabecalho).
mátia e raciocínio, o dicionário é complttivo quase perfei- Atualmente temos só prn•ga para o substantivo e empertigar,
to; abra-se o Aulete: Embaixatrit - "Mulher do embaixa - mais comumente usado com p•·onon}(:' reflexivo (empertigar-
dor" - " A que desempenha funções iguais ou semelhantes se) para o verbo !endireitar o u endireitar-se como u.rna vara;
às dt' <·ml>ai xador" ("embaixadora", para a segunda acep- ench er-se de vaidade): E olha como o pobre homem t mptr-
<·ào, í: lorma popular). tiga a cabeça - Aprumei-me, m.ptrtigrui-m,, fum ei o pê. c
Onde iriio parar as rainhas, as imperat.rius, ~s _jui:JAJ, as proferi o esconjuro com vot clara e rija .
atrizt> para quem rt'dige com tamo descuido? Já não bastam Empola, Empolar • Derivados do latim arnpul/am <pequena re-
"as dl'putados", "as prefeitos", "as parani nfos", "as minis - doma ou gatnfinha onde se guardava o óleo para o banho;
tros" c o utros que tais atentados à gramática? V. irupiradura. vaso de perfumes; vidrinho, frasquinho ), ampolo. e tmpola
V. dlputad.a. são dois vocábulos que d icionirios dão como sinônimos em
Embarcar - Hoje não somente em barco se embarca, scniio diversas significações:
tamlX>tTI em trem, em ônibus, em qualquer veiculo e, ainda, Ampola - L Reservatório pequeno, de vidro, fechado, em
em sentido figurado, numa iniciativa, num projeto. Compa· que se guardam remédios para injetar o u outros medi ca-
re-se com emboscar e a jusúllcac;iio de tais empregos se alu- mentos. 2. Reservatório de ,•idro, emrregado na produção
mia. dos raios X. 8. Vaso de vidro o u meta com bojo largo e re-
"Embigo" . v. umbigo. dondo; ãmbula. 4. Bolha ou vesícula subep idénnica, d 1eia
Embora . V. apt!4r dt. de serosidade, que se manifesta em geral nas partes do corpo
Embriaguo · Com 1't"; é o mesmo sufixo d e mutÜ:t, mat'ltt, submetidas a repetidas friccões; empola.
morlJidtt {84 , n. 1l. Empola - 1. Bolha formada por derramamento dt ><·ro,i -
Embu • A palavra indígena MbiJ} (e não M'Boy, como às vezes dade entre a derme e a epiderme. 2. Corpúu:ulo globuloso ('
se vê), q ue se craduz por " rio das cobras". lê-se Embu, e oco, que se observa na rah de certas plantas. 3. (Anal.) Dila-
assim foi aporruguesada pelos próprios esoivàes antigos, tação de um conduto. 4. Pequeno recipiente de vidro , termi-
os quais desse modo a grafaram vá rias vezes, ao lado de uma nado em ponta, por onde se imroduz um líquido e q ue se
outra forma , hmbou. fecha, 50idando-sc a ponta por meio do calor.
Emergir (vir à tona) · Não confundir com inurgir (mergulhar). Fica por esse confronto parecendo que: ampola significa em
Q..uamo à conjugac:;ào e qU3nto à pró pria grafia do infini- primeiro lugar "reservatório de vidro em que se guardam
tivo há umas curiosidades que anotar. liquidas para injeções" c empola indica primeiramente. se-
Empório Enden:çógrafo 97
gundo o u:so mais generalindo, "bolha". porque os di cion:irios a não consignam? Não nos a \-entura-
Con$ultando-se, porm, outrOs dicionários, nota-se que mos a tanto q uando arf hoje jamais ouvimos nem vimos
ora apresemam empola e am,fiola como formas sincrhicas crcapUUJr. Encapu(ar é forma que tem sua justificaçio quando
(gra.fia diversa com significado iguall, ora como divergentes considerada à hu da analogia ; se antra;_ com "z" 5C escreve,
(grafia e significado diversos). não é com "c" que se e~ve antraciu. anlrádco? Não se dá o
O ceno é que ambas são uma só palavra e, ambas, sinõni· mesmo com wpa:. e capaatar? A analogia é mais pronunciada
mas. t interf:ssar~te esdarecer que Gonçalves Viana aprcsen· quando r~os lembramos de lamhuwr e lamb!içar e quando
ta em seu vocabulário somente a forma com ''e" inicial: verificamos que possuímos acarapuçar. t71Carapuçar.
tmpola. Parece ser realmente esta a fonna que mais se vulga- Jamais, a nií o ser ~m dicionários, vimos encapu~o.r; viu-o
rizou ,. não no~ admirtmos S(• vier a sup lanrar in •t·irarrwnH' acaso o lciwr? "Os assaltantes estavam mcapuçados" - "Na
a p• imc·ira , uma,.,.~ qut' a mudam:a tk un para nt já apart·ct• cerimônia os chefes se apresentaram encapuçados" - não é
<'m ourro> caso'; alltmatum : ant~ado <', dt·poi :>, mt, arlo ; angui- assem que sempre rem visto?
lam: anguia c, depois, enguia. Se temos mOTdQ1. e amordaçar, por que não podemos ter
Se dúvidas de emprego há quamo à forma do substantivo, caput. e tnC4/fu{ar? Acaso não há relação etimológica entre o
o verbo que~ usa é com "e" inicial: nnpolaT, quer signifique ''z" e o "c ctdilh4do" dessas palavras? Pw.ar exi.ste ao lado de
"cria_r empolas". 9uer •cromar . . se ostentoso" . ap,..çar e oã.o de "aprezar''; o étim o latino é o mesmo. Em
Empório - V. arm4Ulll. espanhol ex.iste caftuurr, mas todos sabemos que o t desse
Emprestar, Empt'ésómo - "EmplSlirtw, tmpre.!lor. onp.esladOT idioma corresponde gráfica ~ foneticamente ao nosso c cedi-
são U.'l11lOs relativos ao ato de ceder temporariamenre a lhado.
alguém alguma coisa. E para designar o alO de receber a coi- Se nos exemp los dados ac~itamos a rela~ão gráfica e foné-
sa cedida nrssa.s cond ições? Não poderíamos usar rmprijtirno, tica, por que não aceitarmos mcapuçar, q ue, além de analo-
impmtar, impmtad.or, por analogia com os antônimos mti- gicameme justifir.ável, rem a seu crédito o uso?
granlt e imigrante, emigração e imigração?" Encíclicas - As encíclicas - canas oficiais que o papa escreve a
- Não. Em emigranJe o prefoco é "c'' (igual a "ex"; este todo o m undo católico romano - coslUmam ser denomina-
~ emprega ames de nomes começados por vogal e aquele das pelas palavr3S que as iniciam; constitui-se. ponanr-o, o
antes de começados por consoan te}, ao passo que em tmpri<- nome de uma encíclica de parte de uma oracão; nenh~.oma
timo e cognatos o prefixo já é o próprio in latino vernaculi - admira cáo deve causar-nos seu nome com rra.zer suustanti-
zado na forma em. vos em casos que não o nominativo (caso do sujeito) ou com
Acrescente-se a essa observação que in tem várias significa- apresentar aparente discordància .
<'ÕCS (629). wdas empregadas em avultado número de com- A tradução literal de "rerum novarum" é ''de coisa s no
postos porrugue~. vas" , mas essas duas palavras apenas iniciam o pr imeiro fX·
Para o caso, baste-nos explicar o seguinte: Empisti1N1 é riodo da encid ica, sem constituírem sós orac;ào completa.
alteração de tmfrriJiit.o, forma arcaica mas correta, oriunda E, assim, " Pacem in Tcrris" são as primeiras palavras do
da junção do prefixo in a patstitum, parti ópio passado do primeiro período de célebre enódica de João XXII I C"Ter-
verbo prat Jiart. ErnpistúJo ainda enconrramos no Morais. rae, anun", no p lura l em latim, tem o mesmo significado do
O prefixo in, nessa palavra empregado, tem o significado singular: rnu:ndo. U11ivmo. lma); de igual forma. "lmmonalr
de corM. tle, e o composto in-préstito interpreta -S( por: "como Dei", desigTlar;-ito de urna encíclica de Leão XIII, não deve
pr·estado". Ora, uma coisa tanto pode ser dada quanto re- causar esrranheu a quem sabe que "immortale" é neur·r o e
cebida como prestada. "Dei" é masculino e estão as duas palavras em casos dife -
Empi<tímo não somente o ato de " dar emprestado" signi- rentes.
fica, senão também o de "receber emprestado". O sentido Eocidopéd.ia - V. Antioquia.
da oração é que irá determinar em 9ual das acqx;õcs é o Encobrir . V. IOS$ir.
vocábulo empregado. Nenhuma conJusão oferecerão estas Encontrar · Pode construir-se: a) ''Encontrei mui ta gente".
duas semen<;a.s: " O tmprbtimo q ue o Brasi l fet a um de seus b) "Encontrei com muita geme" cJ " Enconrrei -mc com
es~<~dos" - c "O empriltimo que o Brasil conseguiu da Ingla- muita ~n te".
terra". Na primeira, o Brasil deu tmfrrt•tndo e, na segunda, Encruar - Com "c" no iníóo da palavra; rrata-se do prf:ftXo
uetbm. vernáculo "em" a imprimir ao verbo o sentido de "tornar":
Q.ue necessidade haverá de criar novo vocáb ulo ? São co- mvelhecer (tornar velho), empobrecer (torna r pobrf:), tncnuJr
(tornar cru), t ntriJltUT, t nCtJmpridar...
muns, c este cmpr~?o pa~emei~ Q q~e di,~sc~os! diálogos
como o que segue: Esse livro e seu?' - Nao; e trnf>rtM4- A geme in cu Ita di.: "A bata~<~ encrõa". Os verbos em "uar"
áo". são regulares; seu radical não sofre alteração e, graficamen-
Ourras palavras há que neste caso se enquadram: Tanto te, as formas ri.~otõnicas trazem o "u" acentuado: JIÚi, JtÍal.
aluga uma casa o seu dono como o que nela vai mor.ar. FYt- $1/a .•. mcrúo. mcrú~. mcrúa: ''A batata encrli!l".
gutJ, da mesma maneira, tanto é o que compra q uanto o que EndeOuxado - V. d'!ftu:xQ.
vende certa coisa. E, assim, credor c devedor, ambos empres- Enden:çógrafo - S~ ternos já consignada em vocabulários a
tam. palavra Tnimeógrafo, não sabemos que dúvida ou dificuldade
Para confirmar o acima explicado está, antes de tudo, o se apresente para que não atTolemos também mdtrecdgrofo e
uso, e, depois, a autoridade de João Ribeiro. No dicionário muitf.grafo. Por que são composros híbridos? Como, pol'irn,
de Fonseca, quando define o substantivo (fllptslab, faz ver corrigir multfgrafo e o mesmo rndtrttégrujQ. helenizando am-
esse filólogo que tanto o é·o que á4 q uanto o que lamtt em- bos os ell"mt'nto s, se polígrafo já t>Xiste como substantivo de
pulado, e aerf:sttnta: ··Ambos 05 sccont:idos ramb6n se acepção diferente r· o '3ue escreve sobre matérias diversas" )
vi'Tificam no verbo nnpmf.o;T''. V. polarJraJ bifrunm. e se multígrafo e mdtrtcografo são compostos de uso interna-
...CIJ9i (cru a ), màa - V.pm'tct71f4; V. dijtrtnciar. cional ? Ao nosso idioma, cabe, somente. adaptar os elemen-
Eoapuçar - De cq,ppa mais o sufixo uccio, o italiano C4f'PU(;ao tos e corrigir a acentuação, sem se preocupar com eliminar
deu· nos cq,pu:.. Se o substantivo nos veio pacificamente, já o o hibridi~mo, desde que já passou o tempo de fazer C!ta
mesmo não se deu com o verbo dele derivado; os dicioná- correção. E por muiro cont~ntes nos demos se conseguir-
rios só tratem nuapw.ar e mcapudrar. mos ver amanhã, impressos num anúncio ou p ronunciados
Encap!ichar ~ verbo bem fonnado, pois provém de capu.cho, por um vendedor , os vocábulos ende-reçóg'rafo para desigtlar
mais próximo do italiano, existente ao lado de capucha, don - a máquina de imprimir endereços, e mulúgrafo para denotar
de tçmos cafruchinho (frades cafrudtinlw.l). Também o francês a máquina que imprime com o mesmo aspeto de uma sim -
tem ao I;~ do dt capuce a variante capuche. ples máquina de escrever. Se palavras de fonnar;ào correta,
Q.ue dizer, porem, de encafruçar? Relegar de vez esta forma como mon6tipo, ~ se ouvem pronunciadas à esrrangeira (ora
98 Endeusar Ensinei-lhe a viver
à francesa : " monotipo"; ora à inglesa: "monotaipe"), que Engolir - V . to.ssir .
pretensão a nossa de eliminar o hibridismo dos compostos Enodoar . V . mágoa.
em esn.ado? Conijamos o ponível e demo-nos por muito Enquanto - O variado e correco emprego das conjunções d is-
satisfeitos~ o conseguirmos. tingue o escritoa·, pois a extensão e a darc:za do p tTfodo só
Endeusar - V. uonotniUlr. são possiveis ttn quem as conhece: a gagueira de estilo -
E:ndez - V. uuk1.. periodos sempre cunos - tem explicação no desconheci-
Enlànt gaté - V. progmilor. mento do seu tra.to.
Enfane - Idiomas há que escrevem a palavra de acord o com o É tnl{Uanlo uma das várias conjun~ões nossas que vemos
ér:i mo latino (injarcJw, por irifartw, do verbo infárcUi, tre), com empregadas sempre com a mesma significac;-.lo, quando não
" i" inicial: espanhol infarto, inglês injtud, alemão irifarltl e o de fonna léxica errada . Todos sabt-m que: enquanto significa
francês o f.'\z à latina, infarctv.s. "no tempo em qJ.It'", ''durante o tempo que", "quando" :
O dicionário da Melhoramentos aaz as uês formas <infar- " Os reis estão sempre bem pagos do bem que praticam, com
to, infarú, enfarte}, para definir a palaVTa na fonna enfarte; de o bem que recebem da nação, mqv.anto bem servem" - " O
gênero rnasçulino, é esta a forma COMignada no vocabulátio pontífice mantê-la-ia ~uanto o excetuado procedesse bem ,
da Academia das Ciências de Lisboa; denota o ato de enfartar e o excetuado procederia bem ~uanlo el-rei não represen-
(encher, enrulliar, ingurgitar, obstruir} e razão não falta para tasse ao papa que procedia mal".
que a usemos. Primeiro, com a terminação " e" ~ e la já de O que nem todos sabem é que mquanto também significa
l.~rgo uso, pois den01a o ato de mjarl.iJr corno descarte denota "<~o passo que" , ou seja, pode ser empregado com sentido
o de IÚsctJrtm, enCI!.rU o de t7LCIJT/ar, corlt o de corl.iJr, porte o de adversativo : "João é estudioso, mqua.n.ro Antônio não ~" -
portar. Po r último, a forma inicial "en" é a existente em cog- " Você se saiu bem, enquanto cu me sai muito mal".
natos (mjartamm.w, enfartação), principalmente no verbo O que nos leva a tratar d esta conjunção é pr ecisamente o
enfarl.iJr. emprego dela com este segundo significado, pois ;rndam por
tnfeixar - Cuidado em não eliminarmos o "i" do grupo vocá- aí, talvez por causa do "que" da locução sinônima "ao passo
lico "ei"; digamos " enfêixo", "en~ixas" ... V. tJkijar. que", a escrever "enquamo que". Nada disto: joguem fora
Eofenna~m - "Q,ual o verdadeiro significado da palavra en- este "que" e passem a escrever como ficou exemplilicado:
fcrmagem 1 Função de enfermeiro, corpo de enfermeiro s, tra- "Voe~ se saiu bem, enquanto eu me sai muito mal".
tamento de enfermeiros, conforme emprego corrente, ou Ainda esra observação: Conjunção temporal que é, poderá
tornar-se enfermo, como quer Pedro Pinto?" levar o verb o par.t o subjuntivo quando a idêia implicar
- Nào há querer em ;u sunco de significações de palavras. suposi<;ào. CVt'ntualidade, futuridadc; uma coisa é : " ErllfWUI
Ao uso devemos atender c erra quem dessa norma se afasta. lo ele estuda eu descanso", outra é: "Enquanto ele estudar de
EnfeMar (dobcar o pano ao meio em todo o comprimento e rnadrugada , não dormirei no mesmo quarto". Lá o indicati-
Clll'Oiá-lo assim na peça; furtar no jogo marcando maio r vo a denorar fatos reais, a.ceiros, aqui o subjuntivo a indicar
número de pontos do q ue o devido ; enfastiar) - Não confun- uma possibilidade, uma ação talvez cont rafeita , e sua conse-
dir com inftstar (assolar). qüência (5!18, n . 4).
tufisema - A primeira síla ba do composto grego é rn, corres- " Enquete.. - Não ~ ponuguês; nossa palavra é PW/uiJa. além
pondente ao in latino; o n assimila-se em m antes de outr.t de inqv.iril.o. indagacrio.
labial: tmbriáll, mrplastro. tnradicado - " Constitui erro o emprego de enrtUiiciJIÚ! em vez
Corresponde a palavra exatamente a in-suflação, mas o de mraiwdo? Não ttm mradicadt> a mesma significação de
verdadeiro sentido cabe aos médicos dar. radicado1"
Enfoque - " A militariza~o da policia, mediante imposição do - O em, como ou tros p refixos, nem sempre trat modifi -
governo federal, dt.-ve-se a um enfoqut defeituoso ila aprecia- cação de sentido ; vários verbos há em q ue seu aparccimtmo
ção dos p roblemas de ~gurança." - " ... c ex pender suas constitui mero caso metaplásr:ico. Como deve o leitor saber,
opiniões não apenas sob o aspeto exdusivamemc técnico, os metaplasmos (grego "metaplasmós", transformaç;i.o), ou
mas aliando este tnfoqv.e à nossa realidade." - " ... para o figur().j tÚ dicção, são alterações, modificações que sofrem
caso, as eleições dão o utro mjoqtJL." certos vocábulos sem que seu sentido se altere: é o que se dá
- Q ue será isso, que nenhum d icionário rraz? Dicionários com tlÚvaJIÜJr (lcv:uu ar), ouol~Yw (soalho), arrrn~ar (renegar),
de q ue llngua não trazem ? Os do nosso idioma, mas abram- t slrtJlar (estalar), Mawrt• (Mane), inda (ainda), mor (maior) c
se ilicionários espanhóis c lâ encontraremos: enfoqut outraS palavras que ora recebem aumento ora sofrem su-
acción y cfecro de enfocar. pressão de let::n. ou sílaba .
Podemos passar a empregar a palavra em ponuguês? Pa - Com outros verbos passa-se fenômeno idêntico ao de en-
rece não haver dúvida. Se tt'mos loque para indis:ar o ato de radicado: tmba/ançar (balançar), embtJralhar (baralhar), em -
tocar; mcarnt para indiCilr o ato de encarntJT; IÚrramt, de túrra- barrar (barrar), ~mbetumar (betwnarl, mchapuçar {chapu c;ar),
mnr; ·~· de uctJpar etc., por que não poderemos ter enfo- endoutrinar (doutrinar), ronnas pcafeiramente equivalentes.
que para indicar o ato ou efeito de enfocar (pôr em foco), ver- Essa e9uivalência já não ~ dá quando o p refixo em (prefi-
bo este existente em nosso idioma, empregado no caso no xo vern.acu lo) imprime ao verbo novo ..:mido, como em
sentido figurado de "dt5cobrir, compreender os pontos nrvtlkcer, t mpobrtar, tnerlliV, entnsterrr, tnçompridar, em que
essenciais de um assunto para resolvê-lo acnu.damente"? o em significa tomar: tornar velho, tornu pobre, tornar
Se, po•'ém, o cspanholismo tem apoio em análogo proce- cru, tomar tristt etc.
dimento nosso, não podemos, por ourro lado, deixar de Pode ainda esse prefixo trazer a idoa de rroestir, guanu:cn,
co nsiderá-lo em çenos casos abusivo e desnecessário quando p(lr em: r.nrouraçar, t ncanar, tnctJixar, empotirar, empalhtJr, rnca-
nos lembramos de n ossas legítimas palavras tf1Riprems4o, dear, tmpantJT, emjHJ/eirar, enj01'«ll' etc.
inttrprtltJção, exptiaJtão, vmão: " ... para o caso, as eleições dão Finalmente, pode e~ preftxo emprestar a significa<;ào de
o utra versão". tomar-se CCTITI(), p oceder à maneira de: emburrar, empavontJr, enca-
Considere-~ ainda o perigo de denuo em pouco estarem brilar, empepinar, trtcaclweirar; em~ar etc.
a usar a palavra com o ~nrido errado, e inexistente em es- Desnecessário se toma dizer que mradicado nào se enqua-
panhol. de "foco"; seri dcsconcename vermos tolices como dra nestes casos; é forma de purer.a c significa<;ão iguais a
esta: " O assunto em enjotpU..." . rodicfLIÜJ.
Engenheira- V. consulesa. Ionizar - V. arrtJil41'.
Engcrir-se (verbo pronomi nal e!.Sel\cial; encolher-se de frio ou ...cosa - V. parecnt(LL
doença) - Não confundir com ingerir (introduzir, engolir). Eruinri-lhe a river - Regência verbal é problema que~ não
Os particípios são engerido (engelhado de frio ou doença) e r esolve com regras predeterminadas. Não é assunto que
ingtTÚÚJ (engolido, introd uzido). possibilite, do estudo de cada caso partiallar, inferir uma ou
-
Ensioo do vernáado Ensino do vernáculo 99
algumas rcgn.s gerais que englobem todos os verbos. mente uma casa de ensino, com professores de personalida-
Não se 'pod~ diztt que detenninada regrncia, previamente de e responsabilidade didáticas, de competmcia comprova-
existente, impõe-se necrssaria~te a um verbo; o verbo é da pelo índice de aprovações conseguido pelos alunos pe-
que vai indicar-nos a regênóa, não por si, mas pelo u&O, o u rante bancas oficiais c es1ranhas, como tivemos até a rcvo-
seja, pelo emprego de bons escritores. lu<;ão de !10; uma vet oficializados, transformaram-se muitos
Os próprios nomes adotados pelos dicionaristas para ba- deles em barrac:as de feira, em casas de com~cio, (.'Qffi cai-
tizar os verbos segundo a maneira de serem construidos são xeiros em vez de professores.
em grande parte falhos, fictícios, inexpressivos, quando não S. Deverá o estudo da literacura ser fei oo quas.: totalmcnt<:
errados, pois há. quem confunda complemento acidental, à mão dos escritos literários ou contenta.r-se com eNsino
circunstancial, com complemento essential. mais teórico ?
O que ímpona t, mediante consulta a um bom didonário -Como V(.'III sendo feito e exigido, o estudo da literatur a ,
do idioma, ver como é o verbo construido pelos bons escri· tanto portUguesa quanto brasileira, é meramente hi stórico,
torcs, e obede~r, passivamente, à regênoa, à consU'u<;ào memorarivo. De nada interessa ao idioma saber que em tal
apontada. Não podemos dizer·que "ensino-o a viver'' é que época existiu tal indivíduo , desta ou daquela cor, com esca
se deve dizer, sern recorrer aos exemplos. Vejamos o que diz ou aquela proGSlão, que vestia esta ou aquela roupa, que
Srrin~ri, ou melhor, lci<unos os exemplos que ele nos tinha ou não dois olhos, que era ou não político ou de al-
apresenta, para verificar o erro de uma regra dessa narureza : gum aglomerado associativo . Dispersivo e inútil para a for -
" Q.uando a coisa o-os.inada é expressa por infinitivo regido ma<;ão gramatical, este estudo 1ra2 efeico contrário; ao invés
da preposição "a", o nome da criatura, a q uem se ensina. de apreciar a produção, no seu t~r e forma, vai o aluno
põr-se-á. indiferentemente, no dativo o u no acusativo": considerar o indivíd uo , o que só interessa à hinõria, ou o
Ensinando ao Sultão a conhecer suas mesmas forças (A. Rã-· assunto de suas obras, o que não imeressa ao idioma. A his-
gio Nóbrega) - O Espírioo Santo o ensinava a recr~r os cória da literatura setia matéria para os anos de faculdade,
ou1.ros religiosos (Srringari}- Sparta ensinava ao adolescen· quando então se estudariam as escolas, os rept·escntantes e
te a morrer pela glória (Latino Coelho) - Tu lhe ensinaste as obras por eles produzidas.
a erguer altares (Maximino Maóel) - Nunca lhes ensinei a A verdade é que estudar li teratura não é estudar porruguh
ser despeja das (Morais) - Ensinar um cào a lazer habilida- nem língua nenhuma ; pode alguém conhecer a literatura
des (Morais). chinesa sem conhecer uma palavra de chinês. Pode alguém
A conclusão é clara: Tanto é certo dizer "en sinei-o a viver" conhecer muito bem a literatur a portuguesa sem conhecer a
quanto " ensinei- lhe a viver". V. ughu:ia vnbtJJ. gramática portuguesa, o que não raro acontece.
Iosioo do YemicuJo - Dos reverendíssimos frndc:s frnnóscanos 4. Q.u al a significação que o senhor professor di aos cxer -
do seminário de Agudos, SP, em véspcras de importante cíóos escritos?
congre~so de todos os professores das ma~rias leóonadas - A fixação das regras de gramáóca, a independ~ncia c a
nas casas de formação da Ordem, tivemos a honra de rece- personalidade de esiUdo só pelos exercícios escritos $ào tra-
ber uma consulta sobre assunto que está a exigir cada vez zidas, com tal que o professor lhes explore rodos os erros
mais a atenção de todos os que amam nossa grande pátria; juntameni.C co.m o aluno. Trabalhos escritos sem corr<.'Ção,
aqui as perguntas c as respostas: correções sem explicação de nada adiantam.
I. E5tá o senhor professor sathfeito com o número de 5. Além dos 1rabalhos escolares, que aconselharia o senhor
aul;u exigido por lei para o ensino de portUguês? profosor como ativid:~de e•urd-escolar para o português ?
- Q.ualquer brasileiro bem formado sabe que deve ser - Tratando-se de alunos externos, o cuidado maior é de
diário o c:n3ino da gramática da nossa Hngua , não somente abstenção mais do que de ação. Fazer com que o aluno, fora
desde o s primeiros anos de alfàbetização senão até o fim do da classe, fuja da furilidade mundana, da Infon~ação (im-
curso médio, onde muitos professores c;onfundt'lll ensino prensa, rádio, televisão) frívola quando não malévola, deve
de idioma com ensino de litenrura, ensino de língua com ser a preOf:upac;ão do verdadeiro mesue, principalmemc do
ensino de lingüística; sabe, ou rrossim, q ue í: dilicil conseguir de porrugu~s. Nem livros, nem revistas, nem folhetos, nem
e6ciencia de en.\ino em tunnas de trinta, de quarenta , quan· publica.;-:io nttiliuma, deve o aluno ler- a não ser nas férias
do não de cinqüenta alunos. - que não digam respeito aos C$1Udos. Ao aluno que "-studa
Jamais nos esqueçamos de que muitos países há com sete e tem bons professores não sobra tempo para 1.rabal.hos c
horas diárias de curso primário - de duração de s;ctc ou pr~cupações além dos escolares.
oito anos - e de O ITO horas por semana de C RAMATICA 6. Terá o senhor professor alguma experi~ncia toda espe-
no secundário, de duração de quatro ou cinco anos. O ensi- cial do ensino do porrugues que nos possa comunicar?
no da gramática exige muita assistência didática c, princi- - Q.uem se der ao trabalho de confrontar os diversos p r'O·
palmente, a ju~tificac;ão da correção dos erros dos a1unos; gramas oficiais, de alçada já municipai,J. á estadual, já fede-
•sto dc(Tl;lnda muito tempo do professor em casa e dos alu- ral, notará a disparidade de orientação idática, peda.gógica
nos em aula, mas ensino de idioma não ~'Xisu: sem reda<;ão, e psicológica dos seus organizadores.
correção dos erros c justificação das correções. Ao lado desse desconcerto didático, encontramos este
2. Na opinião do senhor professor, é realmente satisfatória estarrecedor prind pio, exarado em portaria oficial de um
a seriação dos pomos da matéria? diretor estadual de ensino: " O estudo da gramáóca s6 deve
- Durante os anos em que lecionamos português em es- in iciar-se na 1.ercei ra s~ie ginasial" (Na reforma, 7' série
tabdecimenms de ensino nunca nos prendemos a p rogra- do J9àclo).
mas ; esta, embora oficiais, são sempre pessoais e estão sem- É verdade que é difidl saber o que é eletn('Otar, o que é
pre a mudar. O verdadeiro p rograma é o q ue supre as neces- m Mio, o que é superior. mas dizer que a gramática só em tal
sidades dos al unos, cujo nível cuhur.U c ,;apacidade de série se ensina é defendtt o analfabetismo, é nq;ar o pro-
aprcndU:ado variam de classe para classe, de turm.a para rur- gresso de no$$a gente, é menosprezar nossos alunos e seus
ma, de região para região . Sempre julgamos dCI?erem os pais, é fazer a apologia da educa<;ão flSica e dos trabalhos
alunos presta r exames finais da mati:r ia e não exames manuais, quando não do hipismo . O qut> realmente sabe-
anU<Lis nem, muico menos, provas m ensais que só logram mos é que, mesmo com programa de gramática desde a
diminuir a.inda mais o tempo de ensino. primeira série, há muito aluno da última série do sepndo
Em geral, em coda e qualquer disciplina, a dccadtncia do grau que não sabe o que é objeto direto, que não sabe sequer
ensino com eçou no dia em que os ginásios particulares fo- consultar um dicion.irio. A linguagem se desenvolve no rmal-
ram oficializados. Ginásios e colégios deveria h<tvcr oficiais mente no ser humano, e não será um doulrinador quem virá
e também particulares, livres e não oficializados; um esta· estatuir que o estudo da gramática tem o quilômetro zero em
belecimento de ensino, enquanto particular c livre, é real- determinada 3érie c que antes desse marco o indivíduo deve
I 00 Ensino do vernáculo Entoação, Entonação
errar e vagabundear a vontade. Não existe na vida de um países civilizados é tradição d e séculos - o ensino diário do
indivíduo um dia fixo em que deva passar de assistente a idioma pátrio em todo o curso ruédio, m as estudo do idiom a
ator, nem outro em qu<:' deva passar de ator a cricioo; se não e não leitura, ou melhor, imposição de idéias de autort.>s
temos co nfiança na capacidade nossa, tenhamo -la mo cl.,- suspeitos e deseonhecedores de nossa gramática.
nossos alunos. O ''Não mo: amole, vá brincar" de muitos E realmemc vergonhoso o exerdcio deletC:rio da profissão.
pai s é intoiPrável em quem se diz professor. o explicar a cáted ra para extirpar d o aluno um possível amor
Ave~so. para fins didáticos, à ferren ha divisão da gramá- à d isciplina que leciona, o tirar do estudante todo e qualqu er
rica em lexeologia e sintaxe - divisão justificável e necessá - incentivo que o distinga dos colegas relapsos, dos patricios
ria em rratados completos - sempre iniciamos cursos orais ociosos, dos concidadãos inúteis para a cultura.
para principiantes com a fundamental nocão de prtdíctJ<iüJ É o que- t'Stâ acomecendo. Proft-sso r~ de portugu~s. cada
otrba/, procurando, lição a licào, preparar o aluno para a vez em maior n oimero, estão aparecendo que não lecionam
seguinte, fugindo sempre de dar-lhe matéria sem que ele português: confundem história coon gramática, misturam
saiha o porquê, o akanc~ do qu<' está a estudar. As lições linguagem com língua, empastelam língilistica com idioma.
dt>vem seguir-se num en to·osarnento que possibilite e, prin· Não somente isso; se não declaram formalmente aos seus
cipa lrnence, p rovoque a atenção para a li(ào seguinte. Nossa alunos "gramática é bobagem", ditem -no com o 5<'~' pro-
"Gramática Elementar" faz eco ao que ficou exposro. Como cedimento. Se não. vejamos o ~ue no prefácio de um livro
ensinar "crase" a quem não sabe o que é complemento, o diz um pr ofessor de "português' , conhecido em todo o Sra·
que ~artigo, o que é p reposição e o que e objeto ind ireto? si l, pois é ele um dos traficantes de regras de acentuação e
O t<'XW deve rnu.er cxcrócios altm de q uestionários, e as engendrador de nomes técnicos de gnmãrica: " ...considera·
aulas dt-vcm ser dadas arravés do texto . Professor qu<' dá ções ainda presas ao fonnalismo gramatical, hojt em francu
aula de gramática ·sem texto não é professor, por mais rcs- <kdínio. A colocação dos pronomes j)('Ssoais oblíquos per-
peillivcis e reconhecidos sejam os seus conhecimentos lin- deu aquele rigorismo q ue a ligava à sintaxe lusitana. pois o
gilisticos. O professor que Jlzer com que uma classe, <ol uno problema i: de fonética e não de sinta.xe. O brasileiro coloca
por aluno, leia e demonstre ter compreendido parágrafo por o pro nome de acordo com a cad~ncia da língua por ele fala·
par~grafo, exemplo por exemplo de uma licão , terá mais da e esta cad~ncia não é igual à dos lusitanos. Os escritorc.'s
prazer do que traba lho em dar aula; dela sairão sl'us pupilos de vanguarda há muito tC'fllpo coloauam a questão nos de -
já sabendo a lição e já podendo fazer a inteiro comemo os vidos termos" .
exercidos, muitos dos q uais poderão ser corrigidos na pró- Continua o iconoclasta, que c;hegou a candidatar-~ a urna
pria sala de aula. Por outro lado, o aluno diligente poderá cadeira na Academi;o Brasileira dt Letras: '"Ter por lt4va tem
atravtl das perguntas do questionário tomar em casa a licão a consagração de um dos nossos maiorc:s poetas, ... -"Ti·
de si próprio ao terminar de estudá -la. nha uma pedra no meio do caminho" (A s reticências estão
Não nos esqueçamos, porém, de que o professor~ guia do em lugar do nome de um dos escritores julgados "de van ·
a luno; aí está o seu tt-abalho supletivo do texto ; como guia, a guarda" . por explicável coincidência um dos mais encontra -
ação diverge de aluno para alullo, de dassc para classe, de dos em modernos livros de leitura que se intitularn "livros
série para série, de período para período, de região para de portugu~s", "português através dos textos", "português
região. dirigido" ).
7. Como t'minar o aluno a \Cr jornalista, escri10r ou pes- Vai mais além o destruidor de nossa gramática: " A pre-
quisa dor mais tarde? posição "em" com verbos de movimento concorda com o
- Para nós, j ornalista é o repórter, o apreciador de fa tos dinamismo da nossa época. O avião a jato acaoou com as
do momento, o relator - como a palavra está a indicar - distâncias. Q.uem chega já se julga no lugar. Troca a circuns·
do dia -a-dia; deve ele, antes de mais nada, conhecer o fato tància de lugar para onde pela de lugar onde".
que pretende <:omunic<tr ao leitor; quando o assumo for Trinta anos ames dos jatos já assim pemava o <.'mpreitado
técnico, especializado c gerd.l (político, social, artístico, reli- prefaciador, mas isso ele não diz à auro ra do livro, a quem
gioso, agrícola, turísti co etc.), escrever, simplesm<:nte, para dá a seguir esta amorfa orientac;iio sinr;itica: "A concordân-
j ornal, não é ser jornalista, mas sim colaborador, que pode cia com o sujeito coletivo é uma silcpse de caráter indivi·
redigir c publicar os or.tbalhos onde lhe aprouver. dual".
Escritor é o que oem forma e conteúdo; aquela terá quem Mal d os tempos? Cansaco? Nada disso ; mera leviandade,
conhecer o idioma; «'Stc\ quem tiver erudição e, principal- que sempre encontrou e encontrará apoio entre os relapsos,
mente, cultura. Se' somente a fo,-ma, tC'mos o frívolo; se SO· enrre os comodistaS, entrt os folguões do magistério do
rnentt' o conteúdo, temos o t~cnico; se as duas coisas, temo~ idioma pálrio. E o professor de português q ue chegou ato!
o C$CTi tor; se nenho.tma delas, teremos o ... modernista. aqu.i não é nem folgazão, nem comodista, nem r elapso, pois
O desânimo com o que se pas~ hoje nos cursos secundá- tais professores não lêem quem quer que julgue ser a língujl
rios (os vestibulares e os concursos aí estão a provar a con- a mais viva e~ pressáo da nacionalidade, q uem quer que
tinua decadência do ensino) niio constitui novidade a nt·· esteja convencido de que saber escrever a própria língua fat
nhum b rasíltiro, nem aos próprios professores; do desca · parte dos deveres ch-icos.
!abro é oínico culpado o oficialismo, ou melhor, a oficializa· Tão descrente estávamos de nossos ministros de educação
dio d os estabelecimentos particulares. Essa é qu<' foi a se- - um houve que suprimiu uma das quatro minguadas aulas
mente da er.-a daninha que vimos crescer; o comercialismo semanais de português de uma série para substituí -la por
e a conseqümte degradacão do rn.sino t<•ve nes>a oficializa. ourra de desenho - e de nossos deputados e senadores, que
dio suas únicas raú.es; o professor, redwido ao papel de sempre nos pareceu utopia vir um aluno do curso médio a
balconista, \re-se ob rigado a vender a mercadoria de acordo ter aulas diárias de gramática ponuguesa. Tentaremos, po-
com a vontade do patrão... e o freguês sai sempre sacisfeito. rém, com certo csfor~o, ter espcr.mças. Se existe urna Pro -
Dedicado exclusivamente ao ensino particular, não parti- vidência no mundo, esta deve fazer sentir-se também no
cipante de nenhum movimento nem oficial nem po lítico, Brasil.
muito admirávamos a cegueira de nossos homens públicos Eososso . t forma paralela de iruubc e ;,..osjo. Todas existem
no tocan te à instrução; grande é o alento que agora sentimos nos dicionários. mas msal5o é a mais usada (A sopa está en-
com ver qut homen s dedicados ao ensino aüvo, ao rnagisté· lol5a) ( dela há o verbo msaJ50T (tomar ensosso, lirar o sal).
rio consciente, resolveram abanar a citUa q ue vinha abafan- A fonna "insonso" é errada, como errada é a forma "men-
do a inteligência de nossos alunos, sufocando-a desde os dingo" , na) quais a nasalização da segunda vogal explica·st'
primeiros anos dt estudo com matérias impertinentes à pela nasalização da primeira. A nasalização progressiva ~
inscrução e impedindo-lhe o verdadeiro caminho da cultura. Fenômeno popular. V. M e N íntmmetidos.
É poS5ivel que vejamos re-<~lizado no Brasil o que em todos os Entoaçãc:~. Entonaç-:ío . V. intrmação.
Entrada proibida Equação de duas incógnitas 101
Entrada proibida- V. vcpreuammú pruibido ammau M Jna•a . vendo já aceito e aceitado, fixo (adjetivo) e fow.Jo (paniópio),
Entrar - L Na acepção de JlenLlrar era antigamente consuuido : tnCiliTtgiUÜ/ e aJJmtado.
a) com obj. direto: " O vapor entrou a barra", " ...mães Enlrementes - Significa "en tretanto", "durante esse tempo",
que entra,•am o templo". -Com essa regência tc~mos este "enquanto isso succ.-de ou sucedia": "Com-enavam todos
exemplo de Bilac: "O exército encrou as portas de Cartago". na sala; entrtmmtts Ccn9uanro isso se dava), joàounho pera I·
11) com a preposição a: ''Venceslau entrou ao pátio do pa· teava no quintal" - • Voltavam os caçadores; um cão, m-
lacctc", "Enrrar aos nossos lares". trementt! (nesse meio tempo), dá com o rasto do animal".
2. Hoje, nessa acep.;ão, constrói-se com em: Enrrou na Entretanto- Hoje ou se diz"no entanto" ou "entretanto"; cai
sa la. em dcsu,<> a forma "no <'IHn·ramo".
J. Na acepção de "vir a participar" constrói-se com em ou Entretela · Com o prelixo mire é que se escreve a palavra que
para: Entrar na vida diplomática - Entrando para a nova d esigna "estofo encorpado e consistente, entre: a fazenda do
Igreja. faw e o forro" e "contraforte de muralha".
4. Entre as muitas acepcôes e construcões deste verbo no- En~rttenimento - Assim se cosruma indicar o ato de tnlrettr; i!
te-se esta: cncrar dt guarda, entrar dt serviço, entrar dt can - forma antiga c, talvez por influência d o espanhol, a que se
tor no coro do tearro. emprega em lus-r de entretimenliJ.
Entte . "Entre uma coisa E. o utra" se diz em nossa língua: Entupir . V. bulir.
Q.ue diferença havia entre os sábios E os ignorantes? Envelo~ . Já não há que pensar em galicismo no uso deSta
Parece sobejo ensinar coisa tão general izada , mas isto vi- pala,..-a c.-, pois. nos subsrcrutivos 50brecarta. jobrtJcrito. i.nwM·
mos est.t~ dias: "O valor dessas mercadorias oscila enrre rio, env61uCTO. Como nos arranjaria mos depois para substituir
70 a 80 milhões de cruzeiros". Onde foi o hom<:rn de negó- envelopar 1 "Dobr(· c: envek>pe as canas só depois de assinadas"
cios buocar o "a" que está entre os seus 70 t 80 milhões? - " As circulares devem ser enve/qpadQJ hoje e postadas ama -
Entre a cnu c a caldeirinha - Locucão que significa "estar em nhã" - são construções naturais de qualquer p essoa que
artigo de morte" (caldúrinha, vaso de água benta), "es1ar trabalhE> em escritó rio.
liqüidado" (na cabeceira do caixão do cadáver a crur., nos Emiuv:u . V. arraigar.
pés a c:aldeirinha). Envolvido, Envolto - O particípio regular é também usado na
Entte lusco e fusco - Locucio que significa "sern instruções", passiva: '"Ele está muolmdo num escândalo" - " A criança
"sem normas precisas": Caminhar tntrl' lusco c fusco. foi envolvida em trapos" - "U ma elas dentistas tnuolvid.o.s no
Entre mim e ti - Deve-se de preferência dizer : "entre mim e ri", processo é br,1Sileira''.
cc~ntrt ti e mi ..n", nenrre ele e minJ". e não : "entre mim e Enxágua - V. água.
tu'', " encre ri e eu, , Henrre ele c eu". E.t uirno, Ernímico O í·timo ohl'iga -no> a a~'im t '!>I'Tl'\'t'r n
Não i: pequena a estranhtza de um leitor de jornal que, adjetivo : pão tn:umo (o contrário de pãtJ átimo) e de igual for-
cioso da correção de seu idioma e acostumado com a leitu- ma o substantivo, designativo de "fennemo solúvel' ': Os
ra de bons autores, verifica a inseguranc;a de redação de um bttimos aparecem em todos os tecidos.
nouciarist:a. Assim que eleito, Carter declarou num de seus Dar ao substantivo a rerminacio " ma" é confundir a ori-
primeiros pronunciamemos: "Não existem incompa tib ili- gem da palavra com a de outras-como enigma, confusão cul-
dades entre mim e Kissinger". pada do der ivado "emimádco", que· deve ser corrigido para
Essa não roi, porém, a redação da notícia do jornal, senão emímiC{). Nessa con fusão não incon·em ou1ros idiomas: lran .
outra, copiada servilmente do original: " Não há incompa- ('CS, mtyme (m .). tn~ymique; inglê•, m<ymr (m.), erlt)711ÍC. O.-·m-
tib ilidac.le entre Kissinger e eu". Nào! Dois pesos há para a pt'('go de a mtirna é de largo uso.
nota da tradução: 1. o inglc"s cita a p rópria pessoa em último ... eo, ... io - V. e~Jio; V. unicórmo.
lugar; 2 . ainda que colocado em último lugar, o pronome Epifania - V. An.cioqvia.
regido pela preposicão entre deve ern porrugucs aparecer na Epígrafe - H á livros que rrazem todos os capítulos epigrafados.
forma oblíqua; mais obrigatória se torna essa forma se, Etimologicameme, corrcsponde a palavra a "sobrescrito",
como i: habitual em nossa língua, vier ci1ado em primeiro " coisa que se escreve em cima", e denota a inscrição coloca·
lugar. Se as circunstân cias se rtpttírcm, t.r aduza, senhor re- da no ponto mais visível de um edifido"; exterl$iv;uneme
dator : "Não existem incompatibilidades entre mim e Kissin- passou a signilicar a "sentença ou d ivisa posta no princípio
ger". de um discur so ou de uma composição poética"; emprega-
Entre: Rios · Adjetivo pátrio: mtrnriano. se com sentido ainda mais lato, para significar o próprio ti-
" Entregas a d omio1io" . Expressão espúria. conquanto ~ne­ ruJo de um anjgo ou capitulo.
ralitada; emende-se para "emregas em domicilio", pois a Epíteto . Com o acento no i t que se pronuncia ; signi fica
emrega é "em" um lugar e não "a" um lugar. Tomando a "qualificaljvo que se junta a substanúvo, para orna1o ou
c:xprc:ssão duplamente errada, o "a" apar~e muitas vezes para tornar mais definida a idéia C!u para modificar a acep-
com o sin~ l de crase. <·ào desta", ''qualificação": O epíteto foi fone demais, mas
Entregue, Entregado - O particípio entregu-e, proverrieme de merecido.
um adjetivo latino (íntegrt - com metátcse), é a única forma Epsilo - 1:: do: falo C>lranh;ivd , mas não dt've constiurir surpre-
participial em "e" cujo emprego remonta <i rase mais antiga sa para os que procuram basear o acento na legítima quanti ·
da língua ponuguesa. da de grega : epJilo, com acento tônico no i, é o verdadeiro
Quanto ao emprego, observe-se que, não obslante ter acento da palavra, c não "épsilo" nem "épsilon". A palavra
muitas excecões, a regra dos particípios duplos obriga-nos, é composta de t, no gênero neurro, e plilún. forma neutra do
no presente caso, a usar a forma cnmgado com o s verbos ter adjetivo grego "psilós" , que signilica de~ado, nu , vazio,
e Mvtr, e a reservar o particípio irregular, tnlregut. para ora - liso, Ugeiro. breve.
c;óes passivas, ism é, com os verbos str e eJl4t. c, de um lado, O i desse adjetivo é longo e, por constituir a penúltima sí-
dizemos " foi 'ntrtgue", "está entregue", devemos, por ou !To, laba do composto, deve ser aceotuado.
di:ter "len ho mtrtgado", "ha~;a mtregado". Q.uanto à tcnnina<;ào, importa observar que não é da ín-
Por analogia com tnlrtgue, criou-se modemamcmc a par dole do português conservar o n final da desinência neutra
de~ o supérfluo anenle, termo de qut' se serviu Filin- de tais adjetivos gregos, razão por que também 6micro, nome
to El!sio, mas q ue foi refugado por outros escritores, coetà · de outra lett-.. grega, deve em português terminar em o c não
neos c poSLcriores. Se entregue é forma aceitável, ctimologica - cmon.
meme justificada em português, o mesmo já não se pode . Observe-se que a palavra é nome de uma letra grega, pa -
dizer de tJctitt, fixe, m(arregue e a$Jnllt, formas panicipiais recida com o nosso ..e", e não do nosso hipJilão, nome este
que, não obstame usadas em Portugal, devem ser postas de proveniente da designação de outra letra grega (y).
lado, por constituírem criações plebéias d e todo inúteis, ha· F.q~ção de dua J incógniw ·V. a (emprego galicistal.
102 Equador t s, Ez - Esa, Eza
Equador . Adjetivo pátrio: equatoriano. deuses". A s~rpeote tentou Eva di tendo que da c Adão S("·
Equiparar . V. C4Jqru; V. caracúm. riam iguais a Deus se comessem o fruto proibido.
Iqultativa. Equitativo . V. c~aderes; V. caltm.t. Ermida - V. lugam dt cu.lto.
Ira (época) - Não confundir co m hera (pla nta) . Ermitão . Plural: trmitão.s, ermitães, mnitõts. Feminino: trmiloa,
~rmitã.
En, Foi . Q.ual a diferença entre f oi e "" nas orações "Rio
Branco fai um grande estadista" , " Rio Branco era um grande Errando dí~,tur - Locução latina que significa "co m errar
estadista"? aprende-se .
- Nada mais falu, às vezes, que adstringir-se à est rutura Eman: bumauum • Locução b tina que significa "errar é h u-
de um acidente vocabular; flexões há, de nomes e de verbos, rna.non.
que devem ser consideradas não em si, ou seja, absoluta- Errata - Enquanto em ingli:s dizem erratum para indicar " um.
rneme, mas em conj unto com os demais termos da oração, erro" c resecvarn errata somente para " lista de erros" ou para
do periodo, ou seja, relativamente, c, ainda mais, em conso- o plural "erros", obliterou-se em po rtuguês a forma plural
nância com a idéia, com a intenção, com o espírito e não d o étimo latino, ~ue entre nós se usa também com o signifi..
com a form a. o~ tempos verbais de nosso e de ouu·os idio- cado de ." um erro ', donde o nosso plural <rralaJ.
mas não podem ser con siderados de maneira absoluta; se Erro · Coletivo : barda .
os tempos fundam,•ntais (presente:, passado e fururol usam · Errõnia - Quem ao cuidado ~der de compulsar dicionários e
se uns pelos outros - fenômeno denominado enálage (vou vocabulários verificará haver engano r'la pronúncia erronia.
amanhã: serão dez horas agora; enquanto César constrói, Abrindo o Morais, vemos: mónea ou trrrínia.• s. f. = opinião
Na poleão destrói) - com maior naturalidade o imperfeito ernda: v. g. as t mineas do vulgo. E outros exemplos dá,
do pretérito se usa pelo perfeito quando à idéia de passado grafando a palavra sempre com a termina<;ão ta em vez de ia.
vem juntar-se qualquer relação de simultaneidade, de relati · Domingos Vieira, dicionari sta de grand e mér ito, confirma a s
vidade co m outra acão ou circuns~ncia. Só mesmo o con - citações de Morais. grafando com ta final o vocáb ulo, e
texto poderá dizer q~e tempo se emprega : se este, se aquele, acrescenta mais est.f exemplo: sair da mõnra "' perder a ilu·
se qualquer deles. Se, recl'irninando o proceder de um pai , são em que andava.
já là leci <lo. allr·mamo.: " fulano não tinh.1 a o lu·ig:u ào <k Não será esse o único exemplo de adjetivo substantivado
ensinar o filho, d e não "a professor" - o "a aparece em na forma feminina ("0 encontro entre a policia c os mole-
virtude da relação com ouu-a idéia, com ouua circunstãncia ques corredores sempr·e foi urna constanu"), e casos desses há
expressa. . ope rados com os próprios adjetivos terminados em t o á tono .
A diferença entre o pretérito perfeito e o imperfeito f di - O adjetivo rirao (cortado pela raiz, pela base) substantivou -
tada pela contextura do período, do discurso; o emprego se no feminino circta. Ampdidto (relativo à vinha) deu-nos o
será determinado pela correlação co m outras circunstâncias substa ntivo amptlídt a. Em ctsárta (forma preferível a usaria -
e não pela distinção absoluta, predeterminada enrre ess3$ na) temos um substantivo, de uso mais generalizado que o s
variantes do passado. anteriores, proveniente de adjetivo (cesáuo); na linguagem
Ainda que o pretérito perfeito se possa chamar pretérito matemática existe o. substantivo Jimultánea, não consignado
a bsoluto, porque se refere a qualquer tempo amerior ao nos dicionários, tirado do adjetivo limulltlnto.
momento de falar. sem especificar época nenhuma - nesse Não nos perdçndo em considerações o nográficas, aceite•
sentido, são também absolutos o presente e o futuro imper- mos o sincretismo verificado em Mo rais, e m Domingos Viei -
feito do indicativo -já o pretérito imperfeito é relativo, é ra e no vocabulário ponuguk de 1940. O que não podemos
um pretérito simultâneo, indica ato contemporâneo. Q.uan· aceilar é o deslocamento da tônica. com um em livros mo-
do declara alguém : "Fui professor de fulano", indica ação dernos. E:$crita com "i", a palavra continua.l'á proparoxíto-
passad;1 c absoluta; quem diz: "Era professor de fulano" im - na, como fazem o s três autores há pouco citados. G onçalves
plica relatividade (nessa ocasião, quando certa coisa aconte- Viana também proparoxítona dá o vocábulo e o mesmo faz
ceu). Suponhamos que certo individuo, médico notório, Cândido de Figueiredo, mas este se perturba no dar- lhe o
tivesse e111 vida feito um discurso; poderiamos dizer· q ue ele significado, atendo-se a um provincianismo que não vem ao
f alava muito bem ? Não ; a ação, iso lada corno se vê, não im- caso citar.
plica simultaneidade nem com inuidade. Como o s substantivos midia e privia, que proparoltítonos
O imperfeito poderá aparece•· numa oração isolada ou são~ de adjetivos provêm, o titulo desta quest:ào, uma vez de
independente, e, outras vezes, <Un advérbio, uma drcunstãn- lado posta a forma com ta, deve ser lido m ónia, proparoxi-
cia qualquer poderá ensejar-nos o perfeito; a esta pergunta: tonamente .
"Fulano era poeta?" - poderíamos responder : " Não, ele .. Ersatz~ - A pabvra nossa é nutddnto: "A química tem criado
foi somente orador". vários s-uetàÓ11J!os" - " Procura-se um suaddneo para a reli·
L-amcn sd&· V . tm-}. gião".
trcbo - Nome de um ~'Ulcào do o ceano glacial Antártico, é Erva - ~ com h em francês (Mrbt), é com h em inglês (Jterb), ·~
proparoxítona por ser breve o "e" da penúltima sílaba. com h em espanho l (hierba). O étii'IIO latino traz h ; no dizer
trico - A quantidade do "y'' do vocábulo Ery>c, Erycis t breve. de Ernot et Meillet, deve ser sobrevivência de palavra rural
No próprio latim esse nome próprio, designativo de um fi . prelatina.
lho de Vtnus, que mono por Hércules foi emerrado num Se em português erva é mais usado que herva, também em
monte d a Sicília que dele tomou o nome, tinha a variante inglês, embora seja rom h, este só raramente se ouve nos Es-
Erycu.s, i, de " y'' igualmente breve. Não se justifica , pois, a tados Unidos; na pró pria I ngl.aterra o h passou a ser aspira·
não ser por influi:ncia d e algum idioma estrangeiro, o acento do apenas de 1800 em diante; ê o que nos adian ta Wdmer.
noH"i". Ainda q ut escrevamos trua, o radical lati no 1: manlido nos
"Erigir m~" · t regência consignada em Laudelino, mas vitu- derivados: hrrbiÚto, hnbanário, htrbálico, herbíf"o, h"bíwro
perada p or Aulet~ como " galicismo condenado", por Vasco etc. ; hrrbo5C tem a variante tn~a!o.
o: por outro.~ dicionaristas co mo " moda d~ dizer afrancesado Ís, b - Esa, Iza · O sufiXo t t . que denota qualidade ou estado.
c errôneo" . Nestas orações aparece o legítimo verbo nosso sempre se escreve com :., porque tem origem na termina<ão
em lugar da expre.sào francesa: '' foi raptado na flor da ju· latina ilia, onde encon!J'3.mos o grupo ti seguido de vogal:
venrude, por Vênus, que o constit11iu guarda noturno de seu pt!pJ.tTW + et = pequtTU:.; Jurdo + n. = surdt: .
santuário" - "Att os juízes pedâneos, que constituíam o úl - Duas observações se impõem: a) esse sufoco tende a con·
timo anel da cadeia na jerarquia judicial, S<' arwraram de mo· fundir-se com o sufixo t UJ : duro + fUJ = durna; belo + eza =
tu-próprio comissários da Inquisição" - "E senhor se btleta; maloodo + na = 111/JivfldtUJ;
arroga do sumo alcá~r". b) não devemos confundir esse sufixo com a terrninacão
Ériôs Síeut Díi - Locução latina qut significa "sereis como ls ou com a tenninacão tsa, provenientes de outras o rigens:
-
Esbaforido, Espavorido Esgoto 103
portuguts, presa, dejrsa. dtspeS(l, cmpma, reprtsa. - V. estupidtta>. que escreve os autos do magistrado, tribuna l, delegacia.
Esbaforido, Espnorido - Certos parônimos são realmente pe- Todas essas palavras são, pois, cognatos, isto é, nascidas d e
rigoSQs: eséajórido e tspawrido aí andam guase sempre troca- uma raiz com um, scrib (e-scrib-a, e-scriv-ão), nas diversas
dos. Se o prim~iro se relaciona com bt.!fo (Não vem ao caso variantes: script (e-scr:ip t·o, c-script·ura, e-script-urar etc.),
fazer considerac;õcs etimológicas), o St"gUndo se refere a /)4· JCrip (dc-scrip-ção, in-scrip-cão) e JCTro {e-screv-er, de(s)-
uor. Fica eséaforid.o quem m uito corre, quem perde o alento, screv-er etc.).
quem tem a respiração dificultosa ~entrecortada por efeito Escrito - Coletivo, quando em prosa e em verso, em homena-
de cansaço : Tão rapidamente subiu a escada que ficou ~~ba­ gem a homem ilustre: polimúlio.
forido - Encontraram-no csbaforido após aqueles pesados tra - Esaivão · Plural: t scrivàe5; femi nino: m:rivã - 216, obs. 3.
balhos. Escusar - V. expectativa; V. dw:uJpar.
EsfMvarido fica o que se espanta, o apavorado, o assusta- Escútari • to aportuguesamento de "Scutari", nome decida-
do : O moço frade f'i tou os olhos t>fJ4uqrÚ/tH naqueles olhos de do Bósforo.
que já o não viam - Os bruto,s javalis fogem-te eJfJuwridos Ema, Esfura - Se a língua pot ruguesa é essencialmente com-
do enxurdeiro » lvestrc. posta d~ línguas, seus vocábulos só raram~nre conservam
Esbaforir - V. abclir. roda a fisionomia dos élimos.
EKapulir - V. bulir. Palavras árabes temos <:m nmso vocabulário, desde o ro-
Esarrapachar (abrir muito as pernas), Escarr.~picbar-se· (pro- man~o. im~i rameme amoldadas e confundidas entre as ori-
ferir as palavras com meticulosida de) , F.scorropicbar (beber ginárias do latim e do grego: Tot pura.e Mabüu voeis in Hüf14-
aré a última gota)- São fonnas que não d evem ser confundi- nia rtpniuntur, ut tx ülü jwtum /Lxicon corifici /'Qssit.
das. Assim foi, assim continuará a ser fatalmente: Se novas
"Esda~su.., " Esdavagista", " Esclavag!smo" - Não são pala- coisas aparecem, aparecem com elas nomes novos; se de
vras do nosSQ vocabulário; em português temos tscravi'sta outras terras for a novidade, com ela muito provavelmente
(adjetivo : reluivo ~ escravos; subst.: que defende a escrava- virá a palavra, que entrará no vernáculo tanto mais facilmen-
tura) , co mo temos esC'favismo {sistema dos escravistas). te quanto ntais desp ida de parüculal'ida.des com ele não
Tra~;~ndo-se de estTavos negros, o traficante é negreiro. condizentes.
Esooador, Escoadouro , - V. corado!lro. Esse trabalho de adaptação deve constituir preocup ação
Escola (de otdem elevada, cujo ensino abrange todos os ramos de todo o autor que, embora não muito desejoso de sacrifi-
da inst:rução superior ) - Coletivo: universidade. car o nome original em toda a ~pureza pro~ódica, tenha a
Escolas-modelo s - Isto de encerrar o St"gUndo elemento de um necessária inteligência de concordar com o sacri fiào de le-
substantivo composto idéia de fina lidade é assunto mais o u tras ou com a introdução de outras, de forma que os nomes
menos delicado e quase sempre inseguro. Por que o p lural se tometn mais aceitáveis c - quem sabe - um dia possam
de mtstre-escola é mestres-escolas e o de navio-escola é navios- figurd.r no vocabulário português, ao lado de outros partidos
tJCo/.a) Muito lx-rn chama Vasco Botelho de Amaral tais com - antes d a mesma terra.
postos d.c "espúrios"; a nosso ver, o plural deveria trazer os Um exemplo explicará e justificará o dito: tsjta . Pretender
dois elementos flexionados: Mvio;-t$colaJ, pomhos-corrtio>, ;~. palavra se introduza na forma "csfiha" é pretender dois
azjls-conarws, «Jrros-coruios, C4ntl4s-tmtdros, tscolaJ-modelos. impossiveis, ou melhor, dois am'lgonismos, duas extrava-
Escolho (ôj - No plural, o subsramivo tem o "o" aberto. gâncias, duas o fensas idiomátic..~s: um, gráfico; ouu·o, pro-
Esoonso - Forma panicipial do verbo e.~eonder, usa-st' como sódico. Se ~ssoas de língua árabe recém-vindas ao Brasil a
substantivo e sign ifica compartimento aproveitado nos des- pronunciam com ;. aspiray'io ~ ntes do "a" 1/.nal, eles conti-
vios inclinados do teto do telhado. Como adjetivo (na signi- nuarão a dessa forma pronunciá-la na nova pátria, q uer
ficação de tuundido, otullo) é hoje desusado, mas aparece na permaneça quer não o "h"; pretender, porém, que filhos
locucão adverbial ··a esconsa", que significa ocullammlt. nossos, dcsconhecedores dos característicos proSQdicos da
"Escore" - A dedutir dos OOS$0S diàonários de ri~. eslQrt - língua árabe, e os próprios filhos e demais brasileiros de
aportuguesamento do francês "store" - é o único substan- várias gerações introduzam uma aspiração inteiramente
!ivo de nosso idioma com essa terminação; tem seu sentido estranha ao vernáculo é, se não o impossível, p retender o
próprio, e não únbamos o utro para o caso. Já o mesmo não ridiculo, é afugen~1r do vocábulo os brasileiros e impedir
acontece com "escore", q ue, não obstante estar no vocabu - d ele a introdução no povo e nos d icionários . Se, agora, a
lário oficial de 43. é palavra desneces$ária, pois remos. den- aspiradio não rem fundamento, por inexistente em pottu·
'~ ourra.s, contagnn, rtruhado. além de Sl:r apor tuguesamento gues, que irá fazer aí o "h", d~saparecido, quando mediai e
estropia do, uma vez rermos nomel terminados em ur aberto sem valor prosódíco, das próprias palavras portuguesas?
{anedor, major. redor, ruqr... l; sua inrromissào no vernáculo Escrevamos e pronunci~=os tifia - simpl<'~mente tsjia -
deve-se a ter vindo de cambulhada com ourras do futebol. q ue veremos amanhã o engraxate:zinho pedir com a maior
Escocreito- Apesar de João Ribeiro e outras gramá ti<:as dartrn naturalidade ao botiquineiro de modesto suboÃI'bio o petis-
escorrei/o corno forma participial irregular d~ tJcorrt r, parece co q ue os brasileiros tanto apreciamos. Bieiviori5mo, lanche,
de mais acerto considerá-lo filiado ao baixo latim <xcorrec- /ida-.jut.ebol e outros são nomes n;1 devida vestimenta revela-
tum, particípio passado de nwnfgm, que significa corrigir, dora de personalidade e apuro.
~ndo o ex preflXO aumentativo, r~forc;ativo. Compreende- Q..ue se aportuguese em tifirra. como já se vi! em botequi-
se mais, assim, a ratão de frases como "rapax tJaJTTe!Lo" (bem neiros de esquina, mas que não se escreva o q ue nem na
apessoado), "linguagem tlCDJ'Triia" (apurada, correra). grafia nem na prosódia nossa existe.
" Esaavagismo" · E inaceitável a redac;ão : " concitando as mas- Eslincter - t palavra grega, mas o latim obriga-nos a dizer
sas a rebelar-se contra o regime de tira nia, ignorância . tra i· tsfiru;t~ no singular e es.fou:tim no plural.
ç.'io e tscravagiww". Por que não esC'favidâo? Q..u e significação Esforçar-se · Q uando assim usado, pr o nomioalmeme (pôr
especial encerra o barbarismo para que se refugue o verná- todo o csforc;o, empenhar se), várias preposições podem
cu lo? Nenhuma. anteceder o complemento:
ES<n1'0 - Coletivo, quando na mesma morada: semala; quan- ""' - Esforçava-se tm desviar os olho s.
d o a caminho para um mesmo destino: comboio; quando a- Se és cristão no nome csforc:a-te a sê- lo nas obras.
aglomerados: tropa, ba.ruki. por - O apóstolo ~força-se por ir abSQlver o ca tecúmeno.
ESO'CYCfltC, Escriturário, Escrivão - Esr.rt11cn.r.e é o amanuense, para - A senhora Mar ia das Dores esforçl,\la-se para res-
aquele que tem por pro fissão copiar o que outros escrevem p irar.
ou ditam: é um simples rranslador. O esc-riturário é, também, de- Não se esforça dt tais coisas.
um escrevente, com a diferenca de fazer tão só escritas co- Esf«ço • No plw·al, o substantivo rem o ..o" alx-no.
merciais, prooocolares ou semelhantes. Escriv4o chama-se o Esg010 - Com s ~a ortografra oficial.
104 Esmerilhar Espiga
Esmerilhar - Se em d~scani/ar não dt'Ve aparecer h porque pro- Geral da Espanha.
vém de caml mais o sufiXO ar, em umtri/Jrar o h tem justifica- En la terminologia lingüísc íca universal se llama hoy es-
~ão etimológica, porque não dniva de tsmtril rnas do vcrlx> pano! a la lengua o lenguajc que empezó siendo "castdla·
já formado em italiano "smcrigliare". Os d icionários con- no". El castellano, con sus sonidos peculiarmente enérgicos
signam as duas formas, tsmtrilhar e es11141Íiar - mas a lo•ma de las "jot.as" y las "encs'', fue la cu•ia cenrral que irrumpia
com lt tem , a lém da justificação do uso mais generalizado. a en la evolución histórica y fonérica de las lenguas fl('()rromá-
do élimo italiano. Ê muito pro";ivel que esmerilar, sem h. se nicas, SltCcsoras dd lacin dt' Roma. Q.uedal>an a um lado el
dt'Va :o livro~ técnicos escritos em t"spanhol, idioma -:m qu<· gallego y el porrugués, ai otro lado el cat.alán, valendano y
só existe essa grafia. V. o 'tmo p;umha. mallorquin, enlatados con e! provenzal. El gallego y el eata-
Esmolar - v. pa.úntrru b!frontn lán son dos lenguas fonéricamente más sua\'es que e1 caste-
Esoobe - Com um "e" no início e com outro no fim, devemos llano, pero no menos espatiolas que él ; como no m enos
rranso·ever a palavra "snob", corrente tom inglcs e mais ou espano la es su producción !iteraria.
menos anúga. Exterior d la rorri<-nte hi,<órica tk los idiomas <"Stá ocro: t'l
Os estudantes ck- Cambridge chamavam, com desprew, va~o. o vascu<·nse. o ''<'usk<·ra". Dt' muv dillcil clasitic.uíón
de "snobs" os que não pertenciam à universidade. T ão cor- y orígt•n, ('sta lc-ngua ,ingular y amiqúisima, 4ut' algunos
rem e e antiga é a palavra que um escritor inglês deix.ou uma pímsam habt•r ~ido primití va onl:'ntt' la dt: toda la Pt·nín>ula
obra çom o título "O livro dos Snobs", isto há mais de: cem Jhériça. "'-' hah la ho,· en la> comunidade'> norale~ dl'l rincón
anos, e o livro vulgarizou o vocábulo, que pa~ou a viver rantábrico a lo> do," lados dd Bidasoa, anual fronlt'rd cmm·
com sentido um tanto metamorfoseado; denota hoje o indi - E>pai\a t' Francia. Como d t'ata lá.n sigut' hah lándOS<' a lo,
víduo que prNende ser mais do que é, ou materialmente ou dos lados de! orro extremo de la fromera pirenáica, en el
intele<:tualmeme. Çhama-se ainda tsmbt a pessoa que se faz Mediterráneo.
admiradora de rudo quanto é novidade, o "metido a sebo" . El espaiiol lo emplea.n en 197 I unos trcscientos millones
Esopo - V. 1Ír9t1ia. de personas, y es e! idioma oficial de más de veime repúbli·
Etotá:ico - Com "s" o nome que designa a doutrina secreta cas libres, independientes y soberanas, que constituyen en
que ccnos filósofo s só comunicavam a pequ~:no número de lo cultural y ~spirirual una verdadcra Comunidad Hispân ica
discípulos. V. tJQJ/iriço. de Naciones.
Espada - AumtnLaliv11: espadagão, t>spadào. BaTulllo: entrecho- Espargo - V. aspargo.
car, tinir. Esparzir - Corruptela de espargir, usada desde Cam<Xs (li. S6l,
Espanha - Vejamos, antes, como graf...m algumas línguas: na sei da com o espanhol {esparcir).
ingles, Spain; alemão, Spanien; italiano. Spagna : castelhano, Espavorido . V. ~sbaforido. rJpavorido.
E1paiia; franco's, Bpagru. Espavorir - V. ai~Dii r.
E em porrugués? !.rraremos tanto, t"screvendo Htlpanjul. ESJ)(c;ar (trJrnar mais comprido) · Não confundir com espmar
quanto grafando Mscova (do lat. uopam só poderemos obter (tornar espesso).
tlCOVa), Espeçq.r emprega -se em marcenaria, quando se fala de jun-
A dúvida quanto à melhor grafia do título da questão vem tar longitudinalmente uma peca a outra.
desde o latim; a par de Spania e Spanul, formas usadas por Espécime- Escreve-se sem n linal. O plural é tspidme;, também
Vegécio, Célio Aureliano e pelo gramático lsidoro, havia proparoxítona.
Hi.spania e HispanuJ, formas usadas por Justino, historiador Há palavras, é verdade, que se escrevem com "en" fi nal
do segundo século. por Plínio e por Cícero. mas tal se dá com as de cunho e uso t'nlditos, cujo n fina
E não nos cause admiração tal dubiedade do~ dicionários conserva o valor alfabético. Quando tais palavras pass.:~m <
c autores latinos. Ainda ua Espanha, há a cidade d ... Sevilha ser de uso generalizado, geralmente perdem o n llnal, e <
que antigamente se chanla\'a Hispai. quando tlll palavra vem plural se forma regularmente. V. tmtame; V.líqurn.
do hebraico, onde havia o grupo JfJ inicial; Spalis, no lacim, e Espectador· Coútivo: assístênçia.
Espal, em porruguês, seriam a.s formas mais corretas. Espdhar - Cuidadu no conj ugar; como todo o verlx> tennina
Vc:jamos por q uí'. do em ''elhar" , tt'm o "e" )o:-mpre fechado : e~pl/Jtl), espilha>.
Há em latim palavras come~<1das por "s" seguido de con- - "e o teu futuro espillta essa grandeza". Na grafia não h
wante: spirihts, scabrosw, >cimlia etc. Há, porém, diferença> necessidade do acento circunflexo.
enrre o grupo se de scitruia e o ; c de scalrrosw: lá, temos um Espermatidio . V. ídi~.
grupo comorrdnticc. i. é, pronunciado numa única prolação, o Espermatooto - Por ser brt'Ve o y (í na ortografia oficial) d
que sempre acontece quando o grupo Sl é seguido de i ou~; ~lemento CJio, todos os compostos que por ele terminam
aqui, os tem valor prosódico independente do t, visto já não serão proparoxiwnos.
se tratar de grupo consonântico, dando -se o mesmo q uando Espeno, Experto . Do que se infert do <">tudo do étimo d
ao "s" se ~e ourra con50a.nte qualqu...r: SmTM, JijUalidus, duas palavras, os dicionàrios e vocabulários oficiais traw
Jlalli/iJ. A tendência do português é tirar o J no primeiro caso, a dupla grafia someme crn virtude de possibilitar a difere•
por não ter nenhum valor fonétiço : ciincia. cena: e, no segun- ca de sentido, diferença apoiada na distinção gráfica já cot
do, acrescentar um t protético para nos facili tar a pronúncia ; savada de cogna10s. Enquanto dão a esperto os sentidos d.
teremos então: c-sp(riw, c-scabr~so. /i:-sminw e E-spanha. Não 1. desperto, acordado, ligeiro (Cumpre aos litigantes so
há no vernáculo palavra. legiti mamente portuguesa, comt'· t SpnúlJ);
cada por s de valor prosódico independente. 2. ativo, inteligente, sagat(Fcz isso de esptrl~);
Em oíiti"<IS línguas, corno no italiano, já não se dá o mes- ~- vivo Ou me esperto) ;
mo ; ('Xiste o s inicial tanto em JCWIUl como em scabroso e em 4. q uase quente (água eJperl<l);
SfJagM. dando -se aos do segundo caso o nome "s impura", e a experto o sentido de experimentado, experiente, perit
"impura" porque as letras em italiano são do gC:nero femini- (Soldados expertos nos p assos das montanhas) - os que !
no. aven turam a dar o ttimo das duas mostram d..-sde logo a in
Não nos esqueçamos, porém, de que, quando primeiro t'o<·r~ncia tk dí stíncão gráfica. Inteligentt'lll<"nt~. Carlos Gói
elemento de adjetivo pátrio composto, assume a forma hiJ- nn S<:u Dicionário tk Raizes e Cognatos dá ts como uma da
pano, com h inicial : lúspano-sui(o. "ariante> do prefixo rx t' apr<·senta entrt' ourros t-x<·mplos ;
E1panhol, Castelhano - All nnação falsa é esta: " Rde•·indo - p:t la\'ra e.•f!trlo. a qual faz ;,;:guir da txplaMção "porexprrll)"
nos ao idioma falado na Espanha devemos di2.er caJitlhano, e f.s~to, com a signilicacão de sagaz. atilado, tem por au
não tspanholn. mentativo esper!A/Jtâc, ilptr'lai/1aço.
Para elucidação, rra.nscrevt"mos esta pas~agem de um tspiga - Coletivo: amarrilho, arregaçada, atado, atilho, braca
boletim que nos foi gentilmente enviado pelo Consul.ado da, bra<;ado, gavela, lio, molho, paveia; de m ilho, quandt

-
-
Espingarda Esta gent~ que morre 105
prcsu pela própria palha: atilho. convenções antenupciais: "contrair -sptmsais".
Espingarda- Barulho : tJpoucar. Aplicava-se antigamente de modo especial às promessas
E~pinhal - É curioso notar que o vocabuláoio oficial de Portu- d<' c<~samento (noivado) P. se tomava ora por simples pro-
gal (Academia das Ciênàas de Lisboa. 19~0) dá duas fonnas. u!CS$3 que não lig:wa as pa rtes, ora como sinônimo da pa-
espinhal e espinal, cada qual na sua posic;ão alfabêtica, com lavra noifl<UÚ> ou feJltJ dt noivado; mais tarde tornou-se sinô-
uma ~pecificac;ão em lspinhal ("relativo a espinha"), mas nimo de casamento. Não nos esqueçamo~ de que noivo pode
sem espccifica~ào nenhuma em •spina/. indicar o que está próximo a casar-se e também o recêm-ca-
Nesse procedimento come.;a a no•sa dúvida quamo ao sado.
acerto da ~unda fonna. Uma consulta ao Oicionário de Eopontioeo - V. tspllndido.
Termos Médicos de Pedro A . Pinto revela·nos, no verbete Esporas - Barulho: retinir, tinir.
espinha, as palavras: " rspit<hal ou espinaf', e logo a seguir: "A Esp'rança - O apón rofo está pelo "e", como pode esrar por
primeira, sem razão. dada corno ruim". outra vogal, para indicar sincope: jltr'/4 (pérola). IS7.
A estranheza de procedimento d o relator do vocabulário E~er - V.J - x.
oficial português e a categórica afirmac;ão de Pedro A. Pinto EsqucCCI'-st - "É ceno dizer: Nada lhe c:squeceu?''
de que não têm razão os que profiigam t$pinhtJt, levam-nos a - O que há no caso é apenas esquecimento de uma re-
indagar que d istinc;ão de significado podem apres<'ntar. as gência muito usada entre no~sos clássicos. Hoje emprega -
d uas formas se em oucros idiomas só encontramos uma- E o mos rdlo:i~'3.meme, quando, antigamente, eram os verbos
caso do inglês, que nos apres<:nta eSLa rcda<;âo: "Susan Foss lembrar, w puetr. admirar e ru,(jrdar usados com sign ificac;ão
has been paralyzcd from lhe ncck do"" with a Jf>inal tumor" ativa . Se hoje. comumenu:, dizemos: ' ' Lembro-me de um
(TIME) - e mais esta, também do TIM E: "David Bod ian of fato" - " E~ueó -me de uma coisa" - " Recordo -me de
j ohns llopkins School of Medicine examines a brain and ter visto" - 'Admirei-me daquilo" - primjtivameme .e
spinal cord ". dizia: "Lembra-me um fato" - " Esqueceu-me uma coi-
Nas dua s passagens, que são de diferentes núm~rO$ do se~ sa" - " Recorda-me ter vis10" - "Admira-me aquilo".
manár·io americano, só vemos uma forma, e a conclusão São construções ponuguesíssimas, não merecedoras do
nossa i: e$ta: Tão somente por influência do inglês apareceu esquecimento em que se enronrram. Esses verbos admitem,
a variante em português, "ariame q ue não se introm~te no ainda hoje, três construcões:
compO~lO m-ebrorspinhal: sisoema nervoso cm/rroespinhtJI. ·a) Lembro ter ouvido.
fluido ctrebroejp.·nhlll, meningite cerebroespmhtJl, eoclerose ce· b ) Lembro-me de ter ouvido.
rtb~otspinhal '- nem do compostO cnebroespinhanlt: agente c) Lembra-me ter ouvido \a pessoa (: obj. ind. ; a coisa
cmbroespinhanie. kmbrada é sujeito).
Por não existir em inglês dígrafo palatal correspondente tsquilo, Esquilo - É propa.o•ox.íwno quando nome próprio;
ao nosso n/1 é que :1 forma inglesa é un~a só, spiMI; podemos veio-nos do grego pelo latim ; o y da penúltima sílaba é
dizer, :><·m receoo de erra~, qu r esptnal .~ Slmpl~mente a.ngh- breve: A.Eschylum- ÉSijllilo.
cismo. Traduzamos "spmal column por coltma espinhal, í também grego. mas oull'o o érimo, o nome do r oedor,
"spinal marrow" por ~dula, espinhal, "spinal oord'' por que tem a penúltima sílaba acen tuada : t!'lUJ1o.
t ordão espinhal, q ue estaremos falando português. Caso con· Esquimó - Em ponugues diz-se e esrreve-se esquimó. E.~<Juimau
trário, demre pouco iremos excluir do nosso vocabulário é grafia francesa .
tam bém espinhaço. para substituir por " <'spinalaço". e com A palavra é uma só para os dois gêneros: wn tSijllimé, uma
isso ao vocabulá rio ponugui!s se apli cará mais um ~para­ esqoum6.
drapo. Essa - Correta gTltlia do substantivo proveniente do latim
Por que cedennos terreno ao csrrangei rismo? Acaso irão ersa, forma participial do verbo bigo•. erguer: A tumba é
outros paises estudar medicina em português? Ou nos en- erguida (A tumba é" ersa" ).
contramos incapaátados de compreender, de tradw;ir ou- t hoje sinõni mo de calojoJco (estrado alto em que se colo-
nos idiomas? ca o eaixio mortuário) e designa ainda o atwtijio (espécie
"Espiquer•• - V. locutor. de túmulo vazio, erguido numa igreja, quando se sufraga a
Espirar, ElCJlirar - Espirar, com s, significa, simplesmente, so- alma de um defumo).
prar; seu érimo é o latim spiro ("bruma sflirtmlt", soprando Essa é boa! - O nsa da ex:pr~são "essa t boa" a que classe de
o vento in..,em.al): "Zefiro •spirante". Desse os demais signi- palavras pertence?
ficados de u spirar, tstar ciml ·vida, soll/Jr e outros ("Uma das - É pronome, e na frase está substituindo coi.sa. palavra
coisas q ue ainda espiram para mim poesia ...'') ; a esse verbo que também costuma omiti r-se na t-xpressão "uma assim é
prende-se upírito (!.Opro, ar, r espiração, aspir<~cio}, e dele que eu não esperava" (783, 7).
temos compostos por p refo<a<;âo : aspirar (ad + spiro), cotiS- Esse:- V. tllt.
pirar (cum + spiro), rtspi•ar (rc + spiro) c, para o nosso caso, Essoutro - Este, em. aquelt e respectivos femininos podem vir
exspir/11' (ex + spiro). combinados com a palavra outro: tslt outro, esiii'Utro; esta ou-
Que foi feito do s do encontro xs? O mesmo que se fez tra, •Jioulra etc.; no plural, ejl{)u/ros, euoulros, OIJUrlouJros.
com o s de txsjltcJotioo. Eu modu' in rcbus - Locu<;ào latina que significa "há uma
Se a grafia eúmológiGl de txpirar é estropiada, o verbo medida nas coisas", fonna com qut Horácio a<:on~lha a
existe; ~u. significado é a ele emprescado pelo prellxo ex modera~-ão, a sobriedade.
(para fora), de "expelir o ar dos pulmões" e, daí , "exalar", Esú ao pintar - "Estar ao pimar", ou "licar ao pintar", sign i-
"morrtr'', "extinguir-se", " revelar" e ourros, além dom~­ fica ajustar ou dizer bem. ser conforme, convir, acertar com
mo significado de " respirar", pois tanto respira quem es- toda a. exatidão: "Ajeitando {o tabardo) à fei<;âo do corpo,
pira quanto quem (.-xpira. V. s.x, V. expecl<~liva. fica -lhe ao pintar" - "Tinha visto urna parelha soberba,..
EjJ>irito Santo (estado bra sileiro) . Sigla aliciai: ES (sem nl'- que estava mesmo ao pintar".
nhum ponto). Há ainda a expressão "v; r ao pintar", que significa ''vir
Esplêndido - Esta palavn e a palavra es~nlán<o devem seres- na oca sião própria".
critas com s, pois não existe nelas o prefixo ex mas sim os ter- Esta geme que morre - Vetdadeira extr avagãnda sintática ou,
mos simples splhrdido e spon/jjnro, acrescidos do "I' proté- o mais provável, extravagante pilh6-ia didática constitui
tico" como natural apoio e j usta representação gráfica da pretendt'T que se diga h oje "o povo apkmdiram'', "o bando
nossa_ prosódia ( 112, A, obs. 2). desapareceram". Niio é posslvel abonar em aul;u arcaísmos
Eaplmdor - V. s - x. sintá!icos que, se de rodo não pereceram, vogam tão só nos
Esponsais (ou esponsólitu) - Do latim sponstf.lia, bodas; promes- meios sem cultura, entre pessoas que não pud eram estudar
sa ou contrato de casamento; escriruras, cerimônias o u um pouco de gramática nem apalpar-lhe o progresso da
106 Esta vida Estaul
sintaXe. Para completar, a pilhéria dev.,ria continua r: Sujt>iw esl4dt:- dt'S\oatio . alvadio, sadio, baldio;
composto deixa o verbo no singular. cokçào - mulherio, ra p:uio.
Se não, vejamos esta límpida ob serva<;ào de Leite de Vas- Q.uando mera terminação vocabular, poderá ou não ser
co n<-elos : A concordãncia do verbo com o sujeito obedece acentuado, de acordo com a quantidade que lhe couber
atualmente a leis muito variadas e complexas, tendo sido o por origem: índio, sírio. murmúrio e bem assim os voc-.ibulos
resultado do 1rabalho evolutivo da língua . No antigo por- terminados pelos sufi xos lÍrio (sacrário, voc:abulário, dicio-
tugu~s passava -se rudo muito mais simplesmente. Sendo o nário) c 6rio (relê itór io. oratório, escri tó rio) têm o io breve.
sujeito composto ou múltiplo, o verbo co ncordava geral- lo é agora mera terminação e não sufixo, e no caso est:á
rneme com o mais pdximo; sendo um coletivo, empregava- incluído e.ttádio (lat. stadium), que deve proparoxiconarncn -
se o vcrho ordinar iamente no plural, contordando com a te ser acentuado.
idéia que era plural e não com o vocábulo que era singular: Estado . Colt'tivo, quando unidos em na ção : ft'derac;ão, con-
"O~ ct•us e o mar e a terra oprtgoa a glória dl' Dl'us" - fed eração, república. V. estaJal.
" Compade.:ei-vos de toda esta gente que morrtm de fome". [$lados Urüdos (OS) • Não obstante ter t'm ingl~ forma plu-
Nos velh os adágios de nossa Ungua encontramos fre- ral ma.s valor singular (Th ~ United States is...), este substan-
q üentes co nfirmaç.Xs d.,ssc: fato ateStado pelo ilustre gramá- tivo tem em ponugu<!s fonna e valor plural: "Os Estados
tico português: " Amor e senhoria não IJU4' companhia" Unidosf ormam, corutilunn, J<ÜJ •••" .
- "O amor e a fé nas obras se vi" - "Amo r. dinheiro e Adfoliws ptihio.: norte-americano, estadunidense.
cuidado não tsM dissimulado" - " O ignorante e a candeia Estadual • O faro de o adjetivo utaduot ser neologismo deri -
a si queima e a outros alumno". vado de t ltado (cria.c;ào republicana) não prova coisa alguma
Não devc:-mos confundir gramátia com "ficha de leitu- a favor da grafia t>tadoal, com G. O s que estão familiarizados
ra... ·
com os fatos da mo rfologia sabem que temos verbos em
Esca •ida - V. tempo maürial. uar (acmwar. continuor. luwituor, insintuJr) que p rocederam de
Estaca • Coletivo, quando fincada s umas ao lado das outras formas latinas em que existe u " não o (conceituar de COIIai-
em forma de cerca: paiifado. to. preceituar de pucâto, pontu.ar de ponto) , formado~ à scmc-
E3cada, Eatadi:. - O sufixo vernáculo ia e a correspondente lhan~-a dos prinu:iros corno se tivessem vindo de nomes la-
variante mascu lina io - ambos tônicos - t~n. dencre ourras tinos em que existe aquela vogal: conceplum, pratctptum.
funções, a de dar ao radical a que se acrescentam a signifi - puru:tum.
cação d e ação ou re51Jitado ; são exemplos: cMjia (ato de Assim tam~m e1to.dual com u. da mesma maneira que
chefiar), plantio (ato de plantar). Jw.bitual, ca.s1Uil. atual. V. tslaJa/.
Acontece que idêntica signiliac;ão traz à palavra o sufiXo Estafilo<oeemia • Co mpôe-SC! a palavra de t lto.ph,ItXtXcol . mais
ada. procedente da terminação " atus, ata, a tu m" dos ver- o elemento h4ima. sangue. sc:guido do sufixo ia. t 51J3 signi-
bos da primeira conjugação latina ; pinetlada (ato de pince- ficação: infecção, no sangue, de estafilococos (de staplryli.
lar), unltat/4, cltutXada, risada. uva , ma i~ kOÜIJJ. coco, especifica os bacilos que se aprrsen-
Em certos vocábulos, além do sufixo ad4 juntou-se o su- cam em forma de cacho).
fixo i4; disso s.'io exemplos as variantes lamalÚJ e tomodio, mo· Aulete traz e~to.ftlocoda. que está igualmente certo, com a
rada c tMradia. mtlhora e me/Jwri4, eJloda e t.lladia. É inteira- diferença de no composto não ter enttado o elemento
mente inútil essa pleonástica aglomeração de sufixos, mas o lw.ima. Talv(.~ fosse esta a palavra que Figuei redo q uisesse
fatO é qur tais formas divergen tes surgiram , e a sone das grafar em vez de " estafllocomia" (passivamente copiada.
palavras divcrgçmes é a seguinte: ou cada qua l assume sig- sem a etimologia, por Laudelino e pelo Melhoramentos),
nificação especial ou o uso se encarrega de preferir uma e para a qual nào nos foi possível encontrar justi ficativas.
rejeitar o ucra. E&Uiar - V. ouo estalado.
Da veracidade desse di lema há prova s diverMs: vigiar ftEstambul" . V. 11/a-mbu/.
((sp iar) e vigúar (estar acordado) são palavras derivadas de Estampa • Coktivo , quando selecionadas: icl)ltl)/tca; q ua ndo
um único vocábulo latino (vifjlarr) ; se ambas !lm vida, é explicativas: a/Ja1.
por ter cada uma assumido significac;ão especial. Outros Estampilha . Enq uanto no Brasil esta palavra denota o selo
exemplos: dt lgadc (de pouca espessura) e átlicado (macio , do tesouro, em POttugal tllam/Jilht:l ê a d" signação popular
brando, sua•~). ambos do latim " dclicatum"; lmro (fraco) r,ara o nosso selo do correio. Para os porruguescs, a nossa
e lnno (afetuoso), do latim "tênc:rum"; ~lo (estampilha) c 'estampilha" i: que é "SC!Io".
!il}lo (segredo!, do latim "sigiUum"; pl(}.JtO (raso) e dràtJ (ter- Cootradiroriamenre dizem eles "coleção de selos"; a ver-
ra), de plamun; solkiro (não casado) e S4lit4rio (só); dt "soli- dade ê <JUC a signiliação brasileira de "selo" já se fu sen-
tarium" ; miúdo (pequeno) e minuto (a sexagésima pane da tir em Portugal.
hora), d() larim "minutum", e assim olho e ócrJq (latim "ocu- Estandar . V. smuncrar.
lum").jogo efoco (latim "focum"). Escandardizac;io . V. padroniwr.
Dada a diversidade de signillcaçào, os divergemes acima Estão ~lhores - V. vão fTUI/Jwr.
citados perduram. Já o mesmo não aconu~ce quando ambas Estar (sign ificac;ãol . V. (/e está domtr.
as formas especificam uma só coisa: "rotondo" cedeu lugar "Estar ao fiuo" • t galicismo fraseológico; o certo í:: estar a
a redondo; t lt;purgar sobrepujou st'u divergente " esburgar" c par de tudo, estar ciente, estar inteirado, estar ao cabo de
amplo superou "ancho". tudo.
Po is bem; tJto.dt: e tstadi6 já procuram acomodar-se ao Estar bom, Estar bem Voct eJlá bom? - Voei t slá btm? Ambas
dilema a que estão sujeitas as palavras divergentes, assumin- as co.n.sttuções ex.istem e se j ustificam. Com adj etivo, o VCTbo
do cada palavra sua especial significa<;ão: t stadia diz-SC! da tJlaT declara a qualidade expressa pelo adjetivo, é verbo
parada for<;ada q ue fazem os navios no porto (Aulete e C. abstrato, dt' ligacào: tsliJu d(JITI/.t, eW>u alegre, t Jll>u bem. Com
de Figueiredo) e estado aplica-SC! à parada de outras coisas e a significa.c;ào concreta de vivtr, é seguido d" a.dvérbio: t i ·
de pessoas. Parect", todavia, demais forçada essa discrimina - t<>u bem, estou mal. tJlamos me/lwr, estartml)j piar.
ção de sen tido ; pelo m enos no Brasil ela não parece vigorar. O que não se dit é "estar mau" na acepção de "estar mal
Dos outros t>llemplos. 1'111!~4 e rulhoria perduram com de saúde". B""' ccrn o sentido "elástico' de "bom de saú-
força quase igual, moradia parece ir perdendo terreno para de", mas mau to.'lo adquiriu essa correspondente d asticidade.
mqrada, e t~nnadia rarissimamentc vemos por tomada. Estar de vez - V. IÚ vet.
Estádio - Q.uando sufixo vernáculo, io é acentuado c pode Estar em xeque . V. Keqtut.
ttazer A palavra estas significa(<ks: Eotal - Vamos trasladar aqui uma cana ender~ada a João
aptidão, tmdtncia- escorregadio, arredio, fugidio ; Ribeiro.
llf<ÜJ - plantio, rodop io; "Em nossos estudos de Política e de Direito Constitucio-
-
Estáter Este. Esse. Aquele 107
nal, agora mais em voga que nunca, deler.r eando autores sence). Idiotismo ou temeridade?
franceses, espanhóis e iralianos, temos enconrrado o adj e- Assunto ingrato de cenos programas constitui a correla-
tivo ita.tiqlu, francês, e t!llllol, stalale, cespectivamenrc espa- ção dos rempos verbais; ingrato porque nosso id ioma não
nhol e italiano, pertinentes a "estado". se presta para regras que gener·ic-amente englobem os múl-
A primeira forma, itot1que. parece-nos que não pode nem tiplos CólSOS e satisfaroriarnemc resolvam o emaranhado
deve ser aportuguesada, pois pode originar confusões com do problema; ingrato porque os tempos verbais nem em si
t!.I.Óliro, o oposto de dindmico. A segunda forma, eJiatal, já são oonvtnientemcnte estudados; ingrato ainda porque a
nos parece mais digna de acolhida, poi s não enconrramos colocação e o sentido do verbo de tal forma infl uem no
em nosso idioma vo~bulo algum derivado de estado. que tempo e no modo que esres vão iu vezes depender de outros
signifique rão claramemc o que lhe d iz respeiro ou o que rermos, de outras palavras e não de outro verbo. Preàpi-
lhe seja próprio. rado seríamos se disséssemos: Se estar está no imperfeito,
Os nossos modernos tratadist.1S da maréria já empregam também no imperfeito deve ser posto o verbo haver. Deve-
o adj~tivo estalai, como Pontes de Miranda, que tanra ques- se realmente dizer: " ... estava l:í havia muiros dias ...", mas
lio faz da forma quanto da essência, e que, até, não poucas não por esse motivo. Neste exemplo: " H:í um ano aqui se
vezes, exagera o uso das expressões clássicas. emerazavam os seu s confrades" - tmprawr->< est.á no im-
Nos dicionários - ah! os dicionários! - não cncoo - p erreito e haVtT no presente, e en·o não existe.
a-.tmos o adjetivo estatal. Não rem ele, pois, ainda foros de Q..ual o motivo do acerto aqui e do erro lá? Procuremos
àdad~ em nosso idioma. Disse-me um professor de portu- entender o q ue vem a ser " pretéri ro imperfeiro", que a di-
guh que estatal não é vocábulo bem formado, e que, para ficu Idade desaparece; esse tempo é passado com relaciio
substitui-lo, tínhamos, derivados de estado, estaâual, ou ao ato da palavra, mas é presenre com relação a outro tem -
ainda, tslatual. po passad o; quando você chegou, isco é, no instante pre-
Não parece ao colendo mt"Srre que tal conselho seja con- sente ao de sua chegada, lulviiJ muilos dias que eu estava
tradirório ou que, ao IYI("nos, não atenda à realidade das lá. Naquela oeólsiãofazia (nunca: naquela oca.siãojaJ.).
coisas? Estatal deflui, em linha reta, parece-nos. de statalt. No segundo exemplo, é claro que M. no present(, esrá
italiaoo, <k Jl41o (estado). que encontra a origem em staJUJ, certo, porque ai o ato da palavra e a idéia CJ<pressa pelo ver-
em latim. bo são presentes; M um ano,ja1. agora um ano que aqui se
O ra, se o italiano conserva .:rn statalt a forma stato, em emprazavam os seus confrades.
sua pureza 1-.tina, e o português impôs-lhe modificação para Não é o assunro, pois, para ser fu<ado friamente em re-
tl~Ado, teríamos, ac~ntando o suftxo ai, efetivamente, gras rigidas como a "consecuóo t<'mporum" do latim. V. há,
havia.
estadual. Até aqui, nada que opor.
Mas acontece que a palavra cem de se ajustar às coisas, Este,I.-. ~uclc - Q..uc ra is demonstrativos localizam é fácil
ver; quando diz.emos "Eu vi tslt ho mem" , mostramos clara-
aos fenômenos, e não estes às palavras. Assim, na interpreta-
cão das palavras é preciso atender, antes que tudo, ao seu mente que no s referimos a um homem que está peno de
uso generalizado. nós; dizendo "Eu vi esse homem". determinamos um ho-
Estadual, nos países de regime tederativo, em que ao lado mem que está afasrado de nós, mas pere o da pessoa com
do tstado. poder redtral central, existem estados. membros, que falamos; por último, dizendo: "Eu vi tzq~Ult homem" ,
autônomos, significa o que é pertinente a esses estado~ mem- referimo-- nos a um homem afastado de nós e, ao mesmo
bros. EsttJf.lwt contrapõe-se, portamo, a fldtral. e é com tempo, afastado da pessoa a que nos dirigimos.
essa signifiCõl~ão que todos o conhecem. Não é essa a única função de rais demonsuativos; outras
justamente para se fazer uma referência ao poder do esra- há, importances:
do, como organismo wcal de que são membros os outros 1. Os demonstrativos este e aquele localizam não somenre
estados, o s que na monarquia se denominavam províncias. com relação às pessoas, mas ainda com relação aos ter-
é que se la nçou mão, entre nós, do italianismo tstat6l atra - mos de um pcrlodo; t stt, n uma oração, refere--se ao termo
vés de sua forma espanhola. mais próximo, o u seja, ao enunciado em segundo lugar, e
Assim, " poder estatal" é aquele que per"tence ao estado- aquel• refere-se ao mais afastado, ao enunciado em primeiro
nação, ao passo que "poder eslad1J6f' é o que pertence ao es· lugar: Duas nações existem que dominavam o mundo: a
cado-membro ." Inglaterra e a Fran<;a; t lta (a Fran(a. termo que esli mais
A essa missiva respondeu J oio Ribeiro: "Acho lógica e próximo) pela ciência. III{Utla (a lnglderra. r.ermo mais afas-
perfeita a argumentação do Sr. Sarragalo. Estalai não é pa- tado) pelo denodo".
lavra eufônieól, mas se é necessária adotemo-la esperando 2. Os demonstrativos esu e ,...,., têm também a seguinte
que o uso geral a <:onsagre e só o uso terJ. auroridade, uma propriedade de indicação: t slt apreSfnta coisa que se pre-
vez que os dicionários naturalmente são omi ssos." tende mostrar, coisa desconhecida ou coisa que se tem na
Corno em outras ~Q..uestões" esrá afirmado, <: eufônico frente de quem fala ou mais peno do que outras já citadas
aquilo a que nosso ouvido está acostumado; hoj e, algumas ou tratadas; ts.Je indica coisa já apresenrada, conhecida; o
décldas já decorrid;u dessa cana, uttJúJ aí esrá inteiramente mesmo se di§a de i * e isso: " Prestem acenc;ào nisto" (que
<·ulo ni co. V. nttulual. vou dizer) - ' Não foiisso que mandei comprar".
Enátt.T • A pabvra é greg<t, mas o latim obriga- nos a dizer "E. o sol da Liberdade, em raios fúlgidos, brilhou no céu
t.JtiÍI.lT no singular e tslalim no pluraL da Pátria nr>Jt ins.tante" - Por que MS$t e não ntJll ? Refe-
t:si2Jico - V. tstaJal. rindo-se o demonstrativo a faro já relatado nos dois pri-
ES~at.isrA, ES~aáslico - E~IIJJilta já assim encontramos no dkio- meiros versos, tsu é que deve ser, e não eJJt.
ná rio de Fig·ueiredo para especificar a pessoa que organiza S. Outras vezes, em lugar de tsse emprega-se este para re-
estaústic.as, à semelhan<;a de estadiJia, jornalista. é.JtaJísJico ferir-se, em confronto com ourra~. a coisa mais presente,
devemos deixar como adjetivo, para indicar o q ue se rela- mais do momento, mais à mão, embora já apresenrada,
ciona com esratísticas. já conhecida : " Não foi eslt o livm que rnandei comprar"
t:s~Atuto (s) - Na acep<,ão de regulamento que determina oor- - '' bto é ourra coisa!" - "E.stt assunto não me agradou".
mas, regras que devem ser seguidas, é mais usado no plu- Igualmente, emprega-se tstt para distinguir a última ooisa
ral : os tslaluJ.oJ da confraria, os tstatulo>da universidade de das diversas outras já indicadas, já aconrecidas, já referidas.
Coimbra. Se vários são os trechos mencionados, ~de-se dizer " este
Es«átua - Coletivo, quando selecionadas: galtria. trecho" com relação a rrecho já exposto mas colocado em
Estava havia dias - Ouvem-se e l&.:m -se frases como esta: " Eu úhirno lugar.
já estava lá há muitos dias, quando vooc chegou". Obser- 4. t elegante a inrerposição da conjunção como entrt' os
vem-se os tempos dos verbos: t.1tava (imperfeito) c M (pre- demonstrativos esl.e, e~e, fll{utle c o substantivo por eles mo-
108 Este Esriquio
dificado: "Este com~ brado de revolta repercutiu em todos introduzida em nosso voc.1.bulário, é o ;tto de virar so-
os peitos"- "Esse como soln- u A~uda como deusa" - em bre o "sterzo".
vez de: "Esta coisa que parece br.tdo '-"Essa coisa que pa- A raiz desse vocibulo italiano encontra-se em outros
rece sol" - "Aquela coisa que parece deusa". idiomas; vemo-la no polon~s. idioma em que siLT é o leme,
Note-se que em tais casos o demonstrativo toma o g~ne­ o timão, donde o Yerbo sterowac, dirigir um navio. No ale-
ro e o número do termo de comparacão : EsttJ (masc. pl.) mão. st<IU1Tad é o substantivo, e st<utm o verbo: e assim no
como /nuJ.oJ (rnasc. pl.l - Est.a.J (fem. pl.J como ninfas (fern. ingl~s, sluringhwhttl e to Uttr.
pl.l. V. isto, im. V. vt af. Estéreo . V. controlo.
E5te (emprego indevido) - Não é do nosso idioma. dizer "Vou Estereótipo · V. prolÓlipo.
nesre domingo ao Rio". Por que essa especificação? Ainda Estenao (os.so dianteiro do peitO) - Não confundir com txUmo
que algum idioma houvesse com tal demonstrarivo, em (do exterior; alun.o que não mora no col~gio).
portugues jamais foi ele admitido nesse adjunto adverbial; EKilinguc . Q.ual a origem da palav-ra tJlilingau, r.i o usada pe-
não admitido por desnecessário, pois a imelea;ào é per- los nossos garows? Encontramos em Teschauer esta refe-
feita. O simples fam de não ser costumeira a maneira de rência: "Estiüngue: s. m. arma de a~esso, destinada a ma·
dizer devia ter lt>vado o locutor a pôr de remissa a oon5rru- tar passarinhos" (A. Taunayl.
çào. A pergunta "Q.!undo é o jogo?" sempre se deu respos- Procurando no inglêo:, averiguamos sc:r sli,lg a palavra
ta sem "este" netn une.ste,. HQ..u:!trta·fcira,. - ~'Domingo" correspondente à nossa funda. c o verbo to .<ling o ato de
- "Hoje a noite" - "Amanhã". Só resta dizer, para maior atirar com funda. É muito provávd, e esta nossa suposição
estranheza ou gáudio do ouvinte: "Vai chover nesta tarde" foi seguida pelo dicionário da Melhoramentos - que a pa·
- "Vou ao . clube nesta noite" - "Neste hoje termino o lavra se tenha aduiLerado. mormente em 5(: tratando de
serviço"- "Nesre amanhã seguirei para Br.uilia". objeto usado por meninos. Não se vá sugerir ser a palavra
Será a grande familiaridade com o inglês (He is coming composta de elementos ingleses {sliclt + sling); nem nós adul-
thü afternoon) ou o lugar de nascimento do locutor o cul- tos nem os garotos vamos pt'ocurar no inglês elementos para
pado da inova~ão? Ou será confusão entre "next" e ''nes- formar o nome de um brinquedo de molecagem. A explica-
ta "He is coming rttxt Mondayl ? ção é a mesma de chulipa; deterioração pop ular de vocábulo
~ja qual for a causa, a consciencia da extravagància é estrangeiro de dificil pronúncia. Não obstante tslilinguz
grande meio de evitar o erro. não ser funda, constitui seu aperfeiçoamentO, e o nome, o
'Ette, N<!Ste - V. circwrJtd7UÍ4lnnjJMal. mesm o em inglês, passou para nós a designa.r, na forma es-
Estear, Estiar • V. ~nlm(iar. tilingue, a funda já modemi1.ada.
Estender, Extensão - Grafia oficial, contraditória. O ~timo dt: Estilo gótico - Tal denominat;ão é considerada imprópria,
ambas as pa.lavr.ts tem x. Se mi!to. não obstante o étimo ser porquamo o estilo assim denominado não provém dos go·
com x, com s se cscr<.>ve em virtude: da costumeira grafia dos; gótico aqui significa bárbrm, nome, segundo Reinach ,
misturar corn s, por que a diferença de procedimento com dado por Rafael, para contrastar com ronuuw, num relaçõ-
relação a txlnrsào c tstmder? Por que não trocar de wna vez rio apresentado ao papa Leão X.
o grupo inicial t x por ts e deix.a.r a. sua distinção para paiS(:s Estimar • " Eu tstunmia uma opinião sua sobre ..." -assim se
de escolas e sem analfabetos? V. t xfuct;ujva. diz, e não "eu aprtciaTUJ uma opinião sua...", construtào
Estepe • É feminin.a a palavra que designa "planície inculta e ~ue tresanda a inglês. Altm da significação t;le "ter estima",
vasta da Ásia". {;; masculina (inglC:s sttp) quando designa ' ter afeto", " ter amitade", "ter amor" (E.!limo este quadro
"pneu sobressalc:nce". por ser uma recordação de família - Um príncipe que
b ter, Estéres- V. iltr, iteres. tJiima e cultiva as letra~) t~m o verbo tstitllm' a de "detenni-
EstecÇ31' - Alunos e amigos vimos sempre advertindo do peri· nar o preço, o valor de" (Não quero deixar de dar novas
go que oferecem as enciclopédias, tanto mais enganosas m inhas porque sei as estimará) e a de " rego1jjar-se por"
quanto mais pomposas de encadernação, ricas de gravuras (Esll'M vê-lo com saúde}, que é a do caso qui' ~tamos ..,
e abundantes de volumes. Longe estávamos de prever que aprtciando. Agora tem sentido o verbo apreciar, com a signifi-
iriamos nós mesmos esquecer-nos dessa advertência quan- cação de corui.derar,julgar.
do fomos p•·ocurar na formosa mais do que famosa enci- Constitui anglicismo empregar aprtám em lugar de esti-
clopédia Tr~ccani, de quase quarenta alentados volumes, mtJr; ern português o con·cto é: Estimo vê-lo entre nós - Sua
a palavra Jitr:are; se aí não se encontra, em italiano não explicação, que muito estimei.
existe a palavra - foi a precipitada conclusão, de que a.qui O que 1'\·almt'ntc.' c.'Stimariamos os que tdamo~ pelo \'IT-
nos pmitenà amos. Não só essa, mas ouuas palavras, co- náculo seria incutissem os ingleses no Brasil o respeim que
muns e de uso corrente, como sligrllil, que outro dia pro- devotam à gramá tia .
curamos, não encontramos ne~sa obra, o que nos causa Estiquio • ConquantO não existente na métrica portuguesa c
estranheza, talvez por não admitirmos a dist1nçào entre ainda não se encontre registrada em nossos dicionários,
"enciclopédia" (Tmccmi, Spasa) e " dicionário cnciclop(:- torna-se a palavra estiquio uma necessidade em ponuguês
dico" (Webster, Meni, larousse). para que possamos explicar a formação do verso hebraico,
O substantivo italiano Jinzo - encontra-se em Mcsrica onde predomina o paralelismo. ou seja, a con stituição d o
- é o disposi tivo mecânico que possibilita a mudança de veno não de unu única li nha mas de duas. repeti ndo, refor-
d ireção dos veículos: "Congegno metallico che serve a far çando ou concluindo a segunda o pensamento expresso oa
murare la dire.tione a.i veicoli; donde il verbo stnuJ.rt, far primei ra; são os dois membros do verso hebraico, os dois
girare le due ruore da.vanti d'una carroua su lo steno, per elliquios.
voltare o evitare qualche ostacolo: Jterol troppo, e la carro- Nem por o italiano possuir sti,·o, o inglês stich, e o pró-
zza corse rischio di capovolgc:rsi - Nel correre, a causa dei prio pormguês o com posto dlstico, deverá agora adotar o
desliveUi della strada si ruppe lo steno. e d ovrnmo fennar- nosso idioma a fonna t.!lico, oferecendo-nos esta disparidade
ci". de fonn3s: a terminação üo no vocábulo simples, e o final
Esse d ispositivo, originariamente encontrá,"el em carro- íquio (hmlistíquio) no composto.
ções de quatro rodas. fica no meio do eixo da frente; viran- Se há em grego e em ponuguês o subsrantivo hemi.slíquitJ
do-se o carroção para a direita ou para a esquerda, gira pri- (0 significado é outro: "mer.1d<! de um verso, especialmen1e
meiro o eixo di.a nreiro, para depois ser acompanhado pelo indicado pela cesura) e não há o substantivo disdquio (O gre-
corpo do veículo. É o que se pas.~1. com os bondes, cujos go s6 possui o adjetivo dMco, de onde p r·oveio o vernáculo
eixos giram quase diagonalmente em torno de dispositivo dislico), não vamos deixar de criar estiquw por culpa q ue não
S(:melbanre. nos cabe.
Sün.are - que nos deu tslnfllT - palavra que deve ser Digamos, referindo- nos à composição poéúca hebra.ica,
.......

Estocolmo Etiópia 109


o prim~i ro t~, o segundo tJliquio. n. ou vigoram j untamente com as formas em na, o u des-
EstOcolmo - O nome "Stockholm" dá- nos a forma portUgue- sas formas são corruptelas. O plural então se faz. em euu,
sa E514colmo para indicar a capital do reino da Suécia. V. por influência da outra ou da antiga forma ; é o que aconte-
tJioque. ce com agruúz, nudet, Mdiondtt, rtdondn e com malvadn,
Enofa. Estofo - São fonnas paralelas tanto para indicar pano, que no plural fatem aguáaa.s, nudtlA.l, hedirmdews, redonde-
tecido que se mete enLft o forro e a pane eu.ema de uma uzs e ma./otJIÚUJJ .
p~ca de uso ou vestuário, quanto para indicar metaforica- Por o utro lado, muitos dos substantivos assim tennina-
mente formação, qualidade, condição, jaet. Com este se- dos não acdta.m o plural; tal se dá com avitk~. lucidet, langui-
gundo sent.ido, a forma masculina parece ser a mais fre- dez, pacalt%, placidn. viuvez, .10/idn c muitos o utros. V. es, n.
qüente. Et al. - f:: abreviação de et alii, locução latina que se pronuncia
Estoma - Esta é que é a fonna correta para indicar " pox:o m i- "ét áli-i" e significa "e ourros" , e de et alihi, que se pro nun-
croscópico dos tecidos herbáceos; a forma e$Umlllo. tirada cia "ét álibi" e significa "e em outra pane". "e alhures".
do genitivo, justifica-se como primeiro termo de um com- El tJ/ii não pode ser t'mpregado no sentido de "e outras
posto, e lemento que enrão significa "boca": estomalologia, coisas", expressão esta que tem a correta abreviação ele.
eJl!J1111Jlopla11.i.a. Em t Jiq;n(Jiomia (forma haplológica de eJ/q;n(J- O b!><.·•w-se que ti a/. é tamhém ahrt'\·iacão dt• ti aúat Cér
1011)1nia ) o significado d,. "boca" é figurad o. á-li-e), feminino de tl olii; emprega-se por " e outras" :
[~toque - Esta palavra deriva do ingl~s >todr.. termo comercial, " ... como a s lituanas, as estonianas et al."
que siguifica certa porção armatenada dt' uma rnercadoria. Q.uem vier a escrt'Ver "e et al. " cometerá o mesmo erro
Deverá t.cr no comec;o o "e" protético, para concordar com de quem escreve "e etc.", ou seja, de quem não sabe que o
a pronúncia portuguesa, pois não dizemos S$-tocA . Isso quan - "et" de "etc." si,g:nifica "e", de forma que o que ele está
to ao come(O da p alavra ; e quanto ao fim? realm(ntt escrev~ndo é "-e ~ outras coisas», "e t oua-os.. ,
Hti!OUtrU" .
Não temos vocibulo genuinamente nosso terminado em
ck nem c:rn da nem em k nem em c; nem servirá objetar que Et réliqua catena - Ou simplesmente "et caterva", é exprt-s-
a/maMÁ é registrado por Morais com tal terminac;ão. são latina (= e o bando restante) que se emprega para
Como o inicial "s impuro", é igualmente avessa essa trr- sign ificar "e os demais da mesma laia".
minacio à índole da nossa l:·1gua. Em porrugu~ é alman4- ... ~ (terminac;ão) - V. gtimtto .
qut. tsloqut, caíqut, chique. ~ttagn-e" - Por que este peregrinismo, q uando temos apa-
Estorço . V, exlor$0. rad!ff', cantoneira, prn1elri.ra, cOTI$()/0 (ron$6/q, em Ponuga ll ,
"Estória" - V. JtiJMria. milula , escaparalt?
F:storninho - Voz: pülilar. Etapa - Palavra de origem germânica, veio-nos por inter-
Estorno - A grafia com s está consagrada, talvez em virtude do médio do frands l14pe. Trtcho tk um pncurso, diária, /ast
"stomo" dos italianos, mestres inrernadonais de contabi- são as significações com qu~ comumente é empregada
lidade. essa palavra.
E&eourar - Devemos f.1zer ouvir o "u" do grupo "ou"; assim Etc. - Abr~>viac;ão da locução latina et céttra. que etimologi -
como d izemos "o tsl6uro da boiada" devt>mos dizer "eu es- cameme quer dizer "e outras coisas", pro nuncia-se td ci-
touro", "ele t$/bura n, "oornptt rojões que r~ll!urem". v. ofrou ltra. Empr~-se com o sentido de "'e outros" (da mesma
xar. espécie), "e assim por diante", " e o r esto", ou seja. para
Estralar - V. ovo t5lalado. indicar que ouc.ras coisas - extensiva e hodiernarncnte,
E1trangdrismos - V. tifw; V. imbrolho. também outros animais, outras pessoas - que podiam ~r
Esll'angoro - I;: a grafia usual e oficial. Tínhamos casti<;a men- mencionadas devem ser subentendidas.
tc no porruguês antigo a forma tslronhtiro, mas as letras Assim como antes da conjunção "c" só em raros casos
francesas se fiZeram sentir (itrarrgtr) . e se adotou erradamen- se emprega vírgula, da mesma maneira só rara.s vezes se
le a grafia com g. Se renegaram o tslranheiro. derivado de emprega vírgula antes do ele., pois essa locu~:ào· encerr3 a
estranho, rlt'Veriam ler feito derivar a nova palavTa de estran- conjunção " e", rmo esta que condena, ainda, o emprego
ja. forma antiga mas legitima. que, acres<ida do sufixo firo. dessa conjunção ames do tle., sendo errado diwr " ... peras,
vem a dar-nos correcarneme eJlranjnro, como de laranja, la- maçis e etc.". v. et a/.
ranjeira, de lisorlja, foonJriro, comj e não com g. ttcr, ~5 - Éúer, palavra usada em química, não deve ser
Estrattgia - Com acento tônico no lt. O vocábulo nos veio já confundida com tln'; provêm ambas do grego, tendo esta
formado do grego, onde a terminação ia é breve. V. Etró- por étimo ailhtr (ar) e aquela aisttr (que incendia). Além
pill. da diferenciação gráfica d o singular, há a diferendaçio
I!Jtrc:ar, J.suiar - V . Jmlmaor. pmsódica para o plural; iur fat no p lural item, ao pa.sso
Estttia - Strnuz, seu élimo, nio tem i; caiu o n intervocálico e o que i~ttr no plural deve ser estirtl; em iltrtS, a penúltima
i apareceu não par.t substituir gráfica e etimologicameme silaba é breve, rt:presemada em grego por epsilo; em
o n, mas pa ra efeito eufônico. V. recear. tltém, a penúltim<~ sílaba é longa, dado o eta, vogal longa,
F:strda - Coletivo, quando àentific:lmeme agrupadas: con.s- que nessa s!laba aparece. V. acentullçâQ.
u/ação; quando em quantidade: actTVo; quando em grande Eóàuui omnes, qo oon - Locuçio latina que sign ifica "Ainda
quantidade: miríade. que todos, eu não". Palavras de São Pedro a J esus: "Ain-
Estrem.adura - Adjetivo pá trio: eSlrtmmho. da que todos te negassem, cu não negaria" .
EsttogenillllT - H()f11(Jgmeiwr, com "ci" na penúl tima sílabil, Etilcua - V . lw.plena.
por vir de hhmogbu:o; tJirogtnir.ar, com "i", por vir de eslr6- Etimologia popular - V. umdnli1a.
gmo, que termina em vogal simples. Não há incoerência de biópi:a - Q.uando corresponder ao grego ia (o u ion), o verná-
composição. culo io será breve; assim, riuinio, do grego ziuínion, é pro-
Esnulantr - Coletivo, quando em grupo cantam ou tacam : paroxitono.
tsludo.nt.ina; quando vagueiam, dando concertos: tuna; quan- Eti6pia, embora paroxítono em grego, t em latim pro-
do vivem na mesma casa: repu'blica. paroxlt.ono, por ser breve o i dessa terminação, e este deve
Estupida.as - Ewpidn. faz. no p lural tJtupideus? Malvadez trnl ser o acento em português. A.uJópsia, do grego olllttpsio.
por plu ral mal.vade'UlJ? segue a mesma oríttnaçio : é proparoxíton~:>.
Diz-nos a regra que o plural das palavras temlinadas em P~:>r idêntica raz.'io, QIWm(l/ia, que em latim tem acento
~ se faz mediante acréscimo de es: narit. norius; not, TUJus; na silaba ma, deveria ser também proparo.xitono em por-
wt, wus; capálaz.. ~apataus. Ba5eado nisso, o plur al de estu- '.'Jgttês, mas... uma coisa a regra, outra o uso. A.catkmill.
p idez seria, sem dúvida, estupidnes. Acontece, porém, que, ecmwtrlia, lroria, moMTquia são palavras em latim proparoxi-
por um lado, muiros subs'tantivos abstratos terminados em tonas ; o italiano diz, acompanhando o étimo, acadlmia,
110 Etiopis.a Excáthedra
m:u vá alguém impor nessas quatro, e rol boa quanti dade uso generalizado, como sinônimo de rótulo, para indicar
de ourras palavra9, o verdadeiro acento em português. Os a qualidade, nome, preço, cl;usificação etc. de um produ-
fatos se impõem c ao gramático só n-sta respeitá-los. to, dt> uma unidade. Os dicionários já rt>gistram os deri-
vados ttiqruf4gtm, tliqruw. tti.quttnro; este último tanto
GRECO LAT IM PORTUCU2s significa "que ê muito dado a cerimônias", quanto "q ue
cola etiquetas".
AMBROSfA AMBRÓSIA AMBRÓSIA
ttnioos (adjetivos)- V. gtnJ(Iicos.
ESTRATEC1A ESTRATÉGIA tudlar:i& amazônic-a - Nome da estrela-do-norte, amari-
ESTRATÉGIA
AUTOPStA AUTÓPSIA lidácca que sob a mesma designação latina se torna cada
AUTÓPSIA
RHAPSODiA RHAPSÓDIA vez mais conhecida no Brasil e t'm outras terras; exige
RAPSÓDIA
cuidado na pronúncia: é proparoxíwno - iucariJ.
MESOPOTAMIA MESOPOTÂMIA MESOPOTÁMIA Euclides - Do grego Eucúides n-cebeu o latim a forma Eu-
dUúJ, mediante condensação d o ditongo grego ti mt. i;
Seria inominávcl pretender hoje absoluto cumprimento dt"Ve com i ser esse nome grafado em português também
dessa regra; por que exigir, como faz Cândido de Figuei- na ortografia mista.
redo, que Sofia. nome da capital da Bulgária, seja propa- -eufemismo • V. Wll<lntica.
roxíwno, "Sófia"? Vai muito entre mostrar, por mero di- íureka - V. Murtca.
ktamismo. o an·mo ~timológim c ir de encontro ao qut· ...nel - v. in.wlúvel.
~cuJos e gerações soli dificaram. EvcntWllmente • É outra palavra que para meUto r efeito de·
O descalabro é ainda maior quando lemos: " ... pronun- verá aparecer na própria forma inglesa em noticias dt>
cie Alrxãndri4 por amor· à uniformidade, à semelhança de certos redatores; St'rá mais compreen<hda na forma ori-
/lá/ia, Arábia. Sulcia" - " ... deix.e Etiopfa e Ouania para ginal do que na estropiada forma vernácula; se não, que se
quem disser, ltalw e Ru1Jia." traduza, e não simplesmente se translitere.
Pobre da Turquia, da Hungria, da $t1'11J(:ria e de Pa11ia pa- t redação inglesa esta : "Q..uero evcnh.ul!mtnte comprar
ra quem obteve essas respostas. Em filologia, as compa- um carro". julgando-nos dispensado de dizer o que signi-
rações e os exemplos quando não fundamentados provam fica o advb-bio inglês, limitamo-nos a pedir ao redator
coisa muito diferente de erudição. Q..uando não possuidor faltoso que faça do seu Aulete, ou do seu laudtlino, ou
de conhecimentos de grego e de latim, comente-se o pro - do Melhoramentos um amigo mais chegado. "Evennal"
fessor de portugub com ensinu regras de concordância, sempre implicou idjia de inceneza em nossa língua, e não
de colocação, de flcxào de infinitivo, conjugação de nossos é isso o que você quer dizer. "Evt>nrualmente" significa
verbos, que fará muito. •(casualmenteu, .. fortuitamente'•, Yariavelmente,,
11
t(<ie
Dos nomes próprios geográficos tenninados em ia a forma dependente de acontecimento incerto''. Traduza o
maior parte são proparoxítonos, principalmente quando barbarisrn.o por "com o correr do tempo", "posteriormen -
de formação recente : Arábia, Bu.Jgtíri4, Suitia, Áwtria , Ama- te": Q..ucro com o correr do rempo comprar um dicioná-
uima, ~Uinia. Alguns no entan to existem paroxítonos: rio.
Andaúa.ia, Lombardia, Norm4ndia, Anadia, &rbma, Almeina. Desejamos que a compra não seja eventual.
Cafraria, l..tirúJ, IIU11gria. Picardia, Turquia etc. "Emena:" • "Vou apresentar novas evidhtcias para o caso".
Q..uando tt'mtinados em ânúl, os nomes geográficos são A palavra grifada deve ser substituída por prOIXls.
todos propal'Oxítonos: Aqu.itánia, Btllln.ia, Campd.nia. Gtr- Palavras inglesas ck orig~m latina exigem cuidado de
rnilnia, Litudnia, Pmsilvdnia, Ucrdnia. Esta a razão por que o craduçio porque nem sempre se correspondem li teral-
acento comumente dado a "Occania" não se justifi ca. mente. " Internai evidencc" l: "prova intrínseca", " prova
Ocednia, proparoxítona, é como se deverá corretamente inerente''. jamais"evidência interna".
dizer, e assim já se diz por mui1a geme. Coices vem diariamente recebendo o vemác:ulo dados
Adjtlioos ptítrios: etiqpe, •tiépko, tliópio; fem. tliopisa. ~or tradutores gue to~m uinjur!e~',' por injririaJ: "''!suai-
Etiopisa - t o feminino de tti"f'e; é o que dizml dicionários Ut>s" por t:aSIIaiidadtJ, cornmerctal por comeTCJal, edu-
feitos de certos anos para cá; é forma dto que já não se pode cared' por tducadc, " liq_uor'' por liror, " parem" por pa-
fugir. Onde, porém, foram buSC~r a desinência üa, se a rente, "relarives" por relahws, "rub" por tubo, "balance" por
palavra é em latirn flhiopi>sa, com do is ss? Só há uma res- balan(ar, " penali2e" por pmalhar. "pan('l" po·r pain,l.
posta: iniluência da grafia espanhola. " luxury" por lwcúria... "best scller" por vmdetkr cú besl41.
Nascida do fastel ibérico, a última " flor" do Lácio "Evoluir" • Verbo lll41 formado, por inHuência do fnnces
("flor", aceitá~ metáfora de poetal resst>me-se 'até hoje da "holu('r"; é mais recomendável evolvtr. Se rnoluçào é o
falta de independência e de consistência idiomática. O s ato de revolvtr, rtsolufíW o de r.wlver, d.et~olução o de deval11tT,
intervocálico do t;melhano rem som fone; tão carau:ris- <volução é o ato de roclver-st. As coisas revolvem-se, de~n­
tica é essa pronúncia do espanhol, que dificilmeme escon- volvem-se, resolvem-se, dt'Y'olvem-se, evolvtm-st.
de o sotaque da llngua pátria um espanhol quando fala Evolucionar é ourra fonna p.ua substiluir o francesismo e
qualquer língua em que haja o som sibilantt' brando. A tem ainda a significação especial de "realizar t>voluções".
nossa palavra "missa" não é "rnísa" que os espanhóis EYol.a'-te . Forma preferível a "evolu.i r''. V. "rooluir".
t'SCrt'YC111? Como, porém, a pronunciam? Ex•uameme tYora - Adjetivo pãrrio: tl!ortnM.
como nós: mi-ça. E a nossa " rosa" como a chamam eles ? Ex - Q.uando anteposto a substantivo para designar cargo.
Ro-ça. S<! "missa" c outras palavras de largo ernpn-go no profissão ou estado que uma pessoa já não tem, liga-se
romanço escrevemos certo, já o mesmo não acontece com por hlfen: ex-pmidmlt, ex-proprietário, ex-pátria. Nos demais
ourras de uso não popular. Se em latim é prophetiJsa, abba- caSO$ - c outros signifi(:ados trol rx - liga -se sem hlfen:
tiua (francês prophllmt, abhw~). o espanhol com um só txpalriar, explo;ntação, expropriar. V. expectativa.
1 grafa as palavn.s, mas a pronúncia é a etimológica, como Ex abrupto - Locução latina que significa rqxntinameote,
se por nós fossem escritas com dois .s.s. E a palavra pafriJa! inopinadam~nte, arrt>batadamente: Não devemos proce-
Domingos .Vieira não dá essa forma, senão papesa e papiJsa, der ex abrupto - Levaram- na á abrupto. lrrompeu ex
esta com dois ss. Q..ue dizer do fr.an<:Cs pytlwnisse, que Valdez abrupto um incêndio.
traduz por pitonüsa, também com dois ss? Pois assim não Ex aequo - Locução latina que significa "com igualdade",
~que se escreve em latim ? com igual rnl:rito, com igual título: Os doi s obtiveram o
Q_ue fazer senão conformarmo- nos com o engano grâ· primeil'o lugar ex aequo.
fico já atTaigado ? Ex cáthedra - Locução latina que significa "da cadeira".
Etiqueta - Além de significar " cerimonial", é palavra já de Trata-se da cadeira do papa; "falar ex cathedra" é lidar
Excômmodo "Executivo", diretoria! 111

como chefe da Igreja. Qpando refuenre a oradores, a A adoção desse procedimento pode levar-nos à extrava-
professores, "falar ex calhedra" significa "falar un tom gância ou ao grotesco, já no que diz respeito à própria ma-
dogmático". neira de escrever, já no que se r efere à aótude, ao compor-
Ex cõmmodo - Locução latina que significa "a seu cõmodo": tamento, à posição de quem escreve; considere-se, por
Faça o trabalho a commodo. exemplo , um individuo que, tendo estrito em la tim um
E:l corde- Locução lacina que signifi ca "do coração": Amigo tratado de teologi a, venha a traduzi-lo em português; ou,
ex corde. Usa-se especialmente no fecho de cartas. então, um sacerdotr que, logo após a leitura de seu brCl--iá-
Ex expósids - Locução latina que significa "do que ficou rio, o nde nem ws. nun maiúsculas aparecem, vá cliscorrer,
exposto" : Conclui-se, ex exposit:is, que... numa aula de porruguts, sobre os " tratamentos"; como ba-
Ex librls - Locução latina q ue denota dentre q ue livros de· sear-se no "respeito" a Deus para doucrinar que Deus por
terminado livro foi tirado, uma vez acrescido de "de Fu- ws se trata e com inicial maiúscula se escrevem o s pronomes
lano de Tal" ou simplesmente do nome do possu idor, e os adjetivos a ele refcremes, se no a-ahalho em latim, se
geralmente acompanhado de desenho que ainda mais no breviário que acabou de rezar nem vós nem mai•ísculas
identifica o possuidor ; equivale a dizer '' Da biblioteca de". encontrou?
O hífen só se justifica quando a expressão é usada subs- Apan:mememe digressiva, a dissertacão que aí ficou tem
tantivamente - c este é o seu maior emprego: O meu cx- o fim especial de mostrar ser o aitério dos tratamentos de
libris foi feioo por um verdadeiro artista. reverência muito desultório, instável. O hodierno, modesto
Ex nihilo uihil - Locução latina que significa"do nada, nada". e a.mig-.í.vel v()Çl tem origem no pomposo tmsa rMrá; senllor
Aforismo que resume a filosofia de Lucrécio e de Epicuro: quase perde a impo!Uncia ante tantos superlativos que hoje
nada pode ser tirado do nada ; tudo o que existe :K"mpre o acompanham, deurre os quais exalmlisJimo uma s vezes,
existiu. ilustrúsimD outraS, quando não j unros os dois. Afirmar, po-
Ex offi<io - Locução latina que significa " rm virtude do pró- rém, que em dadas circunst:âncias deva vir o txcelmtúsirno, e
prio cargo" , "por lei" : O advogado do réu foi nomeado ilustriuimo em outras, t cooperar para uma doenca no trata·
ex officio (por lei) pelo juiz - Ser eleitor ex officio (em mento cerimonioso e rcspei toso; a nós o simples stnllor já
virtude do cargo que ocupa). ' denotaria admirac;;io e respeito, e assi m procedíamos com
Elt ore panulorum vbitas - Locução latina que significa "o senhor imperador D. Pedro U " , sem tantos úsimoJ que
"da boca das crianças (sai) a verdade'". demonstram muitas vezes sabuji« mais do que defer~n­
Ex pósitis - Locução latina que significa "do que ficou assrn· cia ou acatamento. V. /Taltlmtnto.
tado". Excutido - Na execução de penhor o credor é txctdente, o deve-
F.x profeS$o - Locução latina que significa "com toda a pe•·· dor é e><CUtido. Não é isto novidade; veja-se o parágrafo úni-
feição", magit.t.ralmenu:, como professor: Discorreu sobre co do artigo 788 do código civil: "Vencida a pro n·ogaçio,
o assunto ex professo. o penhor será excutido, quando não seja reconslituido".
Ex roro corck - Lo c. lat. que significa "de rodo o coração", Exe.a :h-d - V. expedativa.
muito usada em fecho de car~as. "Executivo", diretorial - "Um avião e:ucutivo incendiou-se ao
Ex únglle leo - Locução latina que significa " pela garra (se pou$ar em Congonh3 s" - Que é isso? Português?
conhece) o leão", as obras n :velam o homem. Se nem pessoa é "executiva" na llngua que falamos, como
Exabundar - V . t><flectativa. pode ser "executivo" um avião ? Urna secretária é diu{J}ria/,
Exacerbar - V. txJitclativa. um avião é pa:rlioúar; se rste for da diremria de alguma em-
Exangue (0 u não é pro nunciado) - Q uer d izer sem sangue, presa, será tamb<ml "avião dirttJJriaf', "avião ú dirtún'Ul".
esvaído em sangue. Claro está que uma pessoa exangue fica Uma secretária pode ser diretori«l (de diretoria) ou fMrticula.r
exausta, isto é, sem forças, mas uma pessoa pode ficar exaus- (de simples gerente, de qualquer elemento de um grupo co-
ta por outros motivos, sem nada ter perdido de sangue. V. mo, por exemplo, de um deputado); "executiv-o~" é que ela
t xpeua!iva. não pode ser, pelo menos erKJuanto se falar português neste
Exarar - V . t xfJtctaliV<L país.
Exaurir · V. abolir. Tentemos explicar o que acomea:. Em inglês um substan-
Exceção, exoecional, exttáonalmente - Se já tirou o p etim oló- tivo antecede outrO como seu atributo, ou seja, com ntnção
gico da pl'imeira, o uso tende a tirá-lo tambtm das outr as adjetiva; enquanto dilem as "rorça de um cavalo", o inglês
palavras; esse procedimento está confirmado no vocabulá· diz "um c:~ valo força"; e assim: "trabalho dia" (dia de tra-
rio oficial. balho), "segurança medidas" (medidas de segurança), " ser-
" Exceção feita de" - Não~ constrUção portuguesa; ainda q ue vi~o chefe" (chefe de serviço), "traba lho campo" (campo
houvesse ai artigo, a fonna nominal d o YUbo devcria vir de trabalho), "mundo noticias", "mes;o toalha" etc.
antes do substantivo; no caso presente, subsli t1,1a-se a expres- A mal rraduzida expressão é em ir;tglês "execulive secre-
são por "a exceção de", ''com exceção de" (943, 5, obs. 2). tary"; que é aí "cxecutive"? É- substantivo. Que significa?
Exalentissimo, ilusaissimo · Quando devemos empreg-.u· Qualquer dicionário inglês (ingl~s. não inglês-ponuguts)
"excelenússimo", quando " ilu~trlssimo" ? indica claramente quc: em expressões de comércio esse subs-
Não é possível ftxar o assunto em limhes certOs e discri- tantivo corresponde ao nosso " diretor" de sociedade comer-
m inados. O s tratamentos de reverência constituem em lín- cial (Em inglês "director '' tem outros sentidos). A palavra
guas neolatinas uma abtrração da língua. mãe, uma fuga à executivt só pode: ser rnduzida por diretor na frase " Harry
sobriedade e seriedade do latim; q ttando neste idioma to· J. Gray. a senior <xtc:utive vice presidem o f Litton lndus-
dos eram tTatados por tu, tosse amigo ou inimigo. empre- uies"; de igual forma, " e:u,utive rt.--cruiter" é o que sonda
gado ou patrão, escravo ou rei, vemos em português d e· um indivíduo para o cargo de direção, é o "recrutador de
monstTações de cerimônia que não sabunos serem afetuosas diretor"; ele, o I'(Crutador, niio ex«u~a nem d irigi!' co isa
o u respeitadoru, frias ou em :rrotipadas, StrVis ou roúneiras. nenhuma , como não executa nun dirigi!' coisa alguma a
Quando nesse idioma, entre os próprios <.~rores católi- "secretária d iretoria!"; nun lá posso, pelo menos em porru-
cos, Deus ua tratado por um simples tu, escrito com os mes- gu~s. dizer "recrutador executivo", nem aqui "sccrttária
mos tipos do roao, sem grifo nem maiúsculas, encont.ra - executiva".
mos no pon uguês, até em liYTos de ensino, a imperativa Tão fone e nítido é o significado de ''diretor" da pala vra
nonna de tratarmos Deu s por vós e ... com letra maiúscula; inglesa que, rscrita sotinha e com inicia l maiúscula, significa
devemos- doutrina-se ainda - escrever pronomes e adjc:· " Presidente dos E.U.A." , como "~ve Ma nsion" é
tivos a ele: referentes também com maiúscula: " ... benéficio traduzido, em ponuguts consciente, " residência do presi-
de Seu povo" - " ... para O adorarmos" - " ... obede· dente dos E.U.A.", jamais "ma.n são executiva", o que causa
cer-Lhe' . arrepios.
112 Exemplar Explodir
Em soóe!cbdes comeróais brasileiras temos o "diretor tro, em :~. tsoforitl). Dessa romposi<;ão os significados
presidente", o " tlirctor \Íce-pre!side!nte", o "diretor s«retá- antônimos:
rio", o "diretor tesoureiro" etc., não o "executivo presiden- owtiriaJ - relativo a doutrina exposta ao público;
te" , o " executivo vice-presidente"... nem o "presidente tJiJ!bUo - relativo a doutrina reservada aos iniciados, aos
executivo", o ute$0ureiro executivo" ... que estão dentro: " A doutrina católica de inferno como lu-
A expressão "ext'CUtive secretary" tem por tradução literal gar de penas é exoctrictl; a doutrina e1otérica é outra" .
"secretária d<· diretoria"; um joma l tem uma seção de anún- Não confundamo~. pois, exolerimw (cxposi.ção ao público
cios de ''empregos de amtiliares de diretoria", não de "em- de doutrina filosófica) com lsoteri:mw (comunicação de dou-
prrgob de auxiliares executivos". Se quisennos, u·oquernos trina secreta que alguns filósofos fa:tiam apenas a alguns
o "de diretoria" ou "de diretor" por dirttorial, mas não discípulos).
dcix<-mos passivamente enganar-nos pela palavra inglesa; Expectativa - Existe em latim spectlllivarn e existe iguah:nente o
nesse andar iremos daqui a pouco escrever: "motor de 50 prefixo ex. O vernáculo virá cão só da forma simples spulll-
cavalos poderosos" (por "cavalos de força"), "campo tra - tivam ou provirá de sua junção com o prefixo?
balhoS<>" (por "omp<l de trabalho"), " chefe serviçal" Comecemos por este. Ex pode trazer duas idéias à palavra
(por "chefe de scrvico"), "sinal cauteloso" (por "sinal de a que se agrega: a) exclusão: r.c~mnar - tirar o ônus (la L.
cautela" ) e ourras muitas aberrações. onw, peso); ••orbiúJr - sair da órbita (lal. orbilam, roda, cir-
Exemplar - E.xnnp14r é cada uma das cópia~ impressas de cer- culo); expalriar- pór fora da pátria; b ) aumento: exabundlll'
ta obra. Se esta é de tal forma grande que exija a impressão - abundar muito ; ~xacnbar- agravar, irritar (aumentativo
em volumes, cada um desses volumes terá o seu número de aarbar, angustiar); t><Mnr - gravar (aurnentarivo de arar.
de exemplares, geralmente igual, exemplares das panes em sulcar, lavrar).
que foi dividida. podendo-se adnútir a hipótese de se esgo- Encaminhemo-nos para o nosso caso.
tarem, de se es estragarem exemplares de um só dos volu- E.xisr.- em latim o verbo spectare para significar olhar, cor•-
mes. O s volumes, em tal caso, irão constituir uma coleção: templar. Intensificando a significação do verbo, medianrc o
"Os volumes que con stituem esta coleção" (e não "os volu- prefixo aumentativo '"· formou o latim o verbo exspe<:tare,
mes que constituem este exemp14r")- "As obras de tal au tor que passou a ter sigt•tificac;ão n1ais forte: esperar.
fom1am uma coleção de 18 volumes; 10 mil cokrõtJ já foram Se o tem10 de que es tamos tratando significass<' o ato de
vendidas, sem contar os txnnplartJ de volumes já impr.-ssos olhar, contempklr, reparar, teríamos, fora de dúvida, especllltiva.
separadamente"- "O dicionário de Aulete era, em tempo com "e" protético, mas sua significação portuguesa é rtjor-
de seriedade editorial, impresso em dois volumes, cujos çatÚ!, pois é empregada para indicar o ato de tsptrar. Assim
txtrnplartl eram vendidos sempre muito bem encadernados." como de eJ/imar fizemos em português o substantivo post-
Tratando-s.:, porém, de uma única obra - um dicioná- \'Crbal eJlimtlliva, igualmente, do aumentativo de tsptrttlr
r io é ainda o exemplo - pode-se ampliar o semi do de,_,_ poderemos obter •xsptetllliva.
piar para a obra t<'da, una e seguida: "Q.uantos tl<t1'11plares Mas examine bem o leitor, e aqui vem o ponto capita l
foram vendidos da 3~ edicào do Aulete?" da questão, qual deveria ser conseqüentemente a grafia ver-
Não nos esqueçamos .d e que tam!Xm de medalhas, de dadeiramente etimológica da nossa palavra: e-xs-pteJtltioo,
gravuras e de ourros objetos se tiram exemplares. No caso com xs.
M scrt'm dez as gravur'às, ô lêitor pedirá uma colc<;ão delas Vejamos agora a comradicão do português no grafar al-
e não um exemplar. gumas palaVTas em que entra o prefixo ex: de tX-JtCTobiimt
Exc:mpli gratia - Locução latina que si~:nifica "por exemplo"; fizemos txtCTáwl c de tx·CUJare fizemos escusar; lá conserva-
e.g. l· sua abrcvia~ão, "eczcmpli grácia" sua pronúncia à mos o x e aqui alteramos para >. De ex-tindtre fizeram tSim-
portuguesa. dtr, deixando fir.ar inraro o x em extrair (lat. extníhere). De
Exem.p to - v .pew.r. ex-co.dicer<, tsquterr.
Exento, isento - São formas correspondentes às divergentes Como esta, muitas outras coisinhas encon tramos na ano-
txmlar c iKnlar. Extnto presta-se também p:lra particípio ir- grafia do nosso idioma. O próprio latim já tirubcava, es-
regular de tJ<Ímir. crevendo ora com xs, ora simplesmente com x as palavras
Enrcilar, exercer - Andam rapaz~ de jornais a confundir es- exJ/irpart, txsóltnrt, exspertau, exJtJnguis, exsequiae, txsilium
ses verbos. Podem ser sinônimos na acepc;ão de prtllicar, e outras.
mas um direito txnur-1t; não é o direito turcil.tufo, mas O próprio inglês apresenta duplià dade de formas, 1.-omo,
txm:ido. Q.uando se trata de obrigação por cumprir, de por exemplo. n<I'Tl e txu:rt, duplicidade causada pelo pró-
dever por preencher, rxercer é o verbo: " A policia rxm:t uma prio lalim, que tem as formas paralelas t><l!ftuJ e txserlw.
vig-ilãncia exu·aordinária". De igual forma, quando se trata Consulte o leitOr alguns dicionários como Domin~os Viei-
de "fazer vida por uma profissão o u o llcio"; txtrctr a medi· ra, Morais, Cindido de Fígueiredo, Aulete e notará, sobre _o
cina, turcer o magistério, exerctr o ofiào, lxerctr o papado, nosso caso, a defióência em uns, a coorradição em outrO$.
"pescadores que daí saem em batéis a exerctr nas costas do Em vários dos nossos léxicos enconrrar.í. o leitor duas pala-
oceano a avcnrurosa indústria de que vivem". vras: espectador, com a signillc;t~ão simples (que observa, a~­
Outros empregos, outras significações tem ainda exerce.- siste), expectadur (sem o>), com a significação reforçada (que
- c nesses casos ninguém o troca por exercitar - mas obri- espera).
gtlriks e direitos são objetos de ex.ercilo{ão (ato de txerctr), e A forrna eúmologicameme correta de-Veria ser e-xs-pectador
não de turdtammto {ato de exercitaT). e, pois, e->o-pulllliva, mas a ortografi il oficial, daqui o: da lém -
Exinaoir- V. abolir. mar, ftxou a forma de significação refor çada em expectador.
lxito - V. sucem, bttm JUaSJO. txpedaliva, sem o " s" etimológico.
Expedir- V. impedir.
hodo - Ainda que acentuado, há qurm pronuncie est<t pala- Expelir - V. adnir.
vra erradameme; o acentO tônico deve cair no "e" inicial Expm:o - v. esperto.
e 0 *t.Xu (( m SOm de uz": i~t:.O·do.
Espiar, npiar - Diferentes de origem e de significado são es-
Ex<Xérico, ei<Xmco - ExotirUo é de uso mais freqüente que tes verbos; expiar, compo!ll.o latino, é remir faltas por meio
t!o()tlrico, mas as duas palavras existem, cada qual com a sua de penitência, de ~umprimcnto de pena ou de ação repara-
justificação et.imológica a dar-lhes significações contrárias. dora.
Ambas provêm do grego " héceros" (outJ-o), que assume a Espiar é espreitar c, ainda, segurar o navio por meio de
forma "ótet·os" (com ômega iniciaJ, Te$ultan!C de era~ gre- espias ou cabos. É tamb(m empregado em fiação, onde tem
ga), mas os prefixos são diferentes: tXI) (fora, de fora, para o sentido de acabar.
fora: e1«Jcarpo, t1«Jcard{aco, tJWga.strite), t!o() (dentro, para den- Explodir - V. aix>ür.
Expressamente proibido animais na praia Extrovertido 11 3
Exp<-asa.mc:ote proibido animais na praia • Está correra a pia· ção substantiva, como redução de extranumerário: rrabalhos
ca do Balneário de Camboriú; os animais não são proibidos; exlrllJ, horas extras, chapéus extras, os exlrllJ nunca estão sa-
o que é proibido é levá-los à praia . "Proibido armas a tira- tisfeitos.
rolo": as armas não são proib idas, senão por ei-las ostensi- Q.ua.ndo prefixo, o nosso vocabulário oficial apresema
vamente. incoerências; enquanto grnfa extra-e>eolar, txlra-ofiáal com
Passa -se com proibido o que ficou explicado em "é preciso bifen, apresenla exlroordinário sem hifen. Só uns poucos sabe-
calma"; Proibido entrada - É proibido entrada. !xrcrminado mos a que atribuir lais incongruência s ortográllcas. A hif.-.
o nome ou modificada a or dem, a concord;lncia se ni2ação é um dos transromos que tornam antipatizado nosso
impõe: É proibid4 a entrada - Entrada fnoibid4. idioma.
Exprobraçio • V. opróbrio. Extrovertido · Como do prefiXo intra tl!mos a variante irnro
Expulsor • É seu feminino, baseado em forma latina, lxftuUrU.. para significar "para o interior" (inuom~ur, inlroduur, inlro
Exsangue - V. exfHdaliva. vnl®), do p refixo txtra remos a variante extro para signi
Extmsão . V. tJimdn. ficar "para o exterior" : txtro•fHçào, txlrouewic, donde extra·
Extorquir • V. aboUr. uerlido, antônimo de inlrl)tftrtido. Intro c extro são formas la.
Extorso (ato de extorquir) - Não confundi r com estorço (aro de tinas, aquela proveniente de in, esta dt! ex. Se temos inlros-
tslfJTUT, torcer com foro;a). peçiio ao lado de txti'OJ/Je(Õ.O, a fonna t xlrwmào nasceu com
Extra • Forma usada - e já consignada no vocabulário da toda a natura lidade ao lado de inlroueruio. Ourros idiomas
Academia das Ciéncias de Lisboa- ranro com função adje- há de igual procedimento.
üva, para significar extraordinário, extrafirliJ, quamo com fun- ...ez . V .... iJ.
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F.T.D. - Nome siglado de Frêre Tlréopham Durand, superior português. Dcmats, que argumento é esse, se em outr.u con-
geral dos irmãos maristas. Autor de vários livros didáticos, juga~oo laônas o fenômeno é idrotico ? Aplique-se, então,
cem até hoje seu nome perpetuado em obras de outrOs ir- o recurso em porrugu~ a todas as conjugac;ões...
mãos de congregação. A invencionice deveria estender-se aos verbos da segunda
FaOllhão - Nada poderá comestar o aceno do vocibulojaca- eonjugac;ào: "vendêmos" (indi::ativo p~me) e "vendé-
/MI). A ex.istência de JaciúJ é que não irá impedir a criação mos" (pretérito perfeito). Como se arranjarão os fautores
daquele aumenr:arivo. Concordemos nisto : Possuímos o ra- dessa esdrúxula inovac;io par.t .a distinção de ~ais formas
dical, possuímos o sufixo, criernos sem receio a nova pala- verbais na terceira conjugação, onde o acento cai no i: "par-
vra. Devemos dar elasticidade ao nosso léxico, que não de- timos" (indicativo prl'sentel e "partimos" (pretérito p erfeito).
ve limi tar-se aos vocáb ulos ai consignados. Não i:. por ile- Se nestas conjugações não há perigo ae conl'u sào enue essas
gitirnidade de uma palavra, q ue o dicionarisra deixa de re- formas, por' que o haverá na primeira? O que há é mero
gisLrá-la; em grande pane das vezes, é o esquecimento ou peda ntismo. V.j4faiamos.
desconhecimento. Por ourro lado, é impossível enumerar falar - É sem dúvida esrranhável a regência do verbojal4r em-
todos os derindos de um radical, e ninguém poderá isso pregada nos avisos dos ônibus: É proibido faiaT "ao" mo/mis-
exigir; o que deve haver é conheci mento dos nossos sufutos, ta.
com suas respectivas significações. Isso muito facilitará o Falar o qu/1 - é pergunta. que desde logo nos ocorre.
desenvolvimento de nosso léxico, libertando-nos das Aventura não será afirmar que, alUabnente, o verbo jaúJr
peias de um vocabulário ferrenho , inflexível e mirrado. rege dativo de pessoa quando ~ressa vem a coisa que se
Facão - Aumentativo: facalhaz, facalhão. V. faca/hão. fala: " Q.uero falar-lhe dli4S coisas' - " Não lhe falou nem
Face - Aumentativo (familiar):ja~oila (face gra•1de e grosseira). uma JÓ pai11.vra".
" Face A", ~frmtc A" - São invencioniccs; ou se diz "em fa. Existe a regência "falar a alguém", sem que venha expres-
ce de', "em frente de" ou simplesmem.c m1U, preposição sa a coisa, ma.s o sentido é de diMunar (Falo u ao povo), ter
esta que não vem seguida de ouua preposição: "linte o im- entrevista (Falou aos jornalistas), rtil1.tar (Falou ao chefe).
previsto da conclusão ... " - " A11te a falta de d isciplina ...". v. Na acepção de "dirigir-se a", o verbo faiaT é emp regado
rot jrmte de. com a p.-eposi~o com : "Com quem dem falar ?" - " Falarei
Fac-símile - Locuc;io laúna que significa "faze coisa 5t:melhan- {()fll a mãe da noiva" - " FaJei wm ele" - "É proibido falar
te"; emprega-se como substantivo para indicar rcprodu<ão com o motorista".
exata , cópia fiel de um desenho, gravura, estampa, a.ssina- Sempre que trouxer objeto, ou seja, sempre que vier com
rura. complemento, ou, por ouuas palavras, sempre q ue vier ex-
" Facto" - V.ja/Q. presso o que se profere, o verbo deve ser DIZER: Ele diJse
facundo (eloqüente) - Não confundir com fecundo (fértil). uma tolice (toüct é o objc:to direto, é a cols.' que foi di~a.) -
O substantivo dejacundo i jacúndill, o defu:undojecundidadt. Não diga nada (nada é o objeto direto: nio diga nenhuma
OradorjacuniÚJ, estilo jacumio, paísjteundo, tarafmmda. coisa) - Só di.ut o que você mandou dizer (o objet.o ~"o":
fagócito - v. leucócito. só disse a coisa que você mandou dizer) - !zye disse de? (que
Fa.ianç.a • V. gMtíliccJ. é o objeto: qtU! coisa disse ele ?) - .Estude um pouco d e por-
" Fa.isandéc" - Diga -sejt<usada: carne p/JJSQ.da. tugu~. disse d e ("estude um pouco de português" é o obje-
Fa.i$ão - O próprio l.atim rinha dua s fo1ma s, uma feminina to, é a coisa que de disse, é o complemento do verbo di~)
(pluuiana), ourra masculina, de acordo com o éúmo grego - Falei com de e diut-lhe tudo o que sabia {por vi r sem
(phaJiar•us). Não é, pois, de admirar a variedade de formas objeto, o primeiro verbo éfai11.r; por rrazer o objeto o- to-
flexionais portuguesas : da aquela coúa - o segundo é <Úzn) -Se é verdade o que
plural - j aisôts. ma i> usado, não obstante não correspon- vod esci diundo (Se é verdade aquela coiJIJ, a qual voce csci
der ao acusativo plural lati no. efoisãu, por influência does- diund<J ) - O que o padre dim no sermão não entendi , mas
panho l, que tirou a palavra da forma lati na feminina (jaüdn. que ele fala, fala (que é o objeto de di.ut; no fim da <Xpressào
faisantl); o verbojaiaT porque vem sem objeto).
jnninino - fai!ii, forma justificada pela luina, e jaÚIJa. Q.uando se diz " ele fala inglês", ingliJ é objeto direto de
forma registrada no vocabulário oficial de Portugal. V. falar e assim se diz com aceno, masjo.lllr não está ai com a
gmlílicos. signifieac;ào do caso que estamos comentando, de declarar.
falamos 011tem - Q.uem di>. base.r-se no laórn para a diferen - A tal pomo chega o erro em Sio Paulo que o paulis.rano
ciac;io de pronúncia en tre "falamos" (presente) e "falamos" é facilmente identificado no Rio: " Ele é paulista; você não
(passado), ou o faz por apego a doutrina s graruitas, o u pro- noto u que ele só dizfai4r e nunca diz dittr ?"- V. dhrt.
cura iludir a boa fé de seus alunos. FaJar a •erdade, Falar nT<bdc - Enquamo nem todos dil.cm
Q.uamo atreVimento : Buscar em diferença de fonnas de " FaJe a verd ade", dizem todos "Não diga menóra". lá o
temas verbais latinos estribo para distinc;ào, não de forma an igo, aqui não. Capridlo? Exigência do verbo? Já houve
gráfica nem de acentuac;ào, ma~ de mera vocalização em muira discussão por causa disso.
116 Falaz "Fazer a alegria"
Para a t'Xprcssão " dizer a verdade" o inglês tem "to reli iftJ110.r a saia do vestido). t francesismo na acepção de mur-
the tru th", também com artigo, c nada que nos auxili e quan- char.
to a "dizer mentira". O mesmo ~ di com o francês; en- Faringe . Como eifmge, i<Jringt, meninge e o utros, nomes pro-
quanto nesre idioma existe "s'il faut d iu la verité", a palavra vindos de fonnas grcg:as terminadas em m.., ingoJ são femi-
" mensonge" não nos oferece pé para eset conversa. ninos.
Não pretendendo descobrir um "ovo de Colombo", diria Fa!làsmo, Fascista - Palavras já do nosso idioma, devem ser
que mentira é indeterminado - isto e aquilo pode ser menti - r,ronu ndadas à portuguesa e não à italiana: "facismo",
ra - ao passo que vertktk é geralmente empregado determi- 'facista".
nadamente. Gerahnente - é cen o - porque em "isto é Fato - Se na conversa não há confusão entrefaw (acontecimen-
verdade", a palaV1'a vndade esci. por "verdadeiro"; tanto to) e fato (roupa), não vemos a razão de um c na grafia do
assim é que em francês e em inglês es.~ indetermina~o nos primeiro vocábul9. Por que exigir na escrita o que é des-
obriga a diferentes palavras: C'est vrai - This is tTUe. necessár io oa fala? Não são os sinais diacríticos nC""l as le-
Diante dessa maneira de ver e principalmente diante de tras mudas que virão distinguir-nos as palavras.
exemplos de bons autores, a conclusão que tiramos é esta: ~atores-ambientes • NcnhuJl'la dú,-ida deve oferecer-nos o
enquanto de um lado dizemos "dizer mentira" sem artigo, plural de "l:~tor-ambiente", substancivo que se enquadra
podemos de ouao lado indiferentemen te dizer ''falar a ver- perfeitamente na segunda regra do plural dos substantivos
dade" ou "fà.lar verdade". V.""' VtTdadt. compostos: Vão os dois elementos para o plural quando
Falu. Superlativo sinrético:jcúaáJJimo. ambos são variáveis e separados {'Qr hífen : ohTa-pmna,
f;alir - V. ohlilir. obraJ-prima.l; mtJlrt· JiJW, -l/rtJ-saiaJ; talmlt·C11rOnLI, lmmln-
Faltar - Da pní:tica da maioria dos ponrliices da língua colhe- CMOnii.J;fator-ambimlt,jatortJ·ambimiN.
se que a concordância no p lural, ~mpre que no plural esó- Ambos os elementos se flexionam, tal qual se dá com
ver o sujeito, é a que deve ser observada com os verbos que chás-danf4nlts, varaJ-tiranU!!, ofiáaiJ-aspiran/eJ, rodllJ-volanlts,
significam carlncia, falta, ohaJIIln(a, .•ufici1ncia: "Falca-lhcs médícos-as.istentts, supNjlcitJ-amhunuJ. Acresco: dizer que no
pincel,Jaltam- Lhcs cores" (Camões) - " Amanhã em Lisboa caso presente esse ''ambiente" nem substanMvo é, senão me-
não fai/Jlroo negócios ( Gan·ett) - "Para falar ao vemo baJ- ro adjetivo (V. Aulete), o que nenhuma dúvida ofere<e ao
Iam palavras" (Vieira) - "Não baJtam alívios do mundo" plura!jatqrtJ -amiJit11UJ.
(Camilo) - " ... Jllhravam ainda seis dinheiros" (Bernarde~) "l'auteuiJ" - Galicismo. Nossa palavra é poltrvna .
- ''&stavam apena s quinze mil homens" (Hen:ulano) - :t'autor - Feminino:fauln.t.
" Faltavam vime minutos". Faz dois anos - Em orações como essa o verbo faz.er é impes-
Falto - Não confundir com farto : farto de comida (cheio de soal, isro é, não tem sujei LO; mantém-se por isso na terceira
comida),jallo de comida (de~provido de comida). pessoa do singular: "Hoje.fo~ quinze dias que me enviaste
Fama vólat- Locução latina que significa "a fama voa" . a tua poesia" - "Vinte e sete diasf<n" -"Faz dois meses
famigerado - Do adjetivo participiallatinofamigtratum, 5igni- que nos vimos".
fica "que leva fa.ma", " famoso". Não é palavra de semido Ou t:ro verbo também impessoal nas expressões de tempo
pejorativo; o contexto ou o acréscimo de algum adjetivo é ir, quando segujdo de par, an ou para: ~ V<li por dois meses
é que indicará tratar-se de boa ou de má fama : " Ele se tem que morreu seu innio" - " Ia para doi) anos que dali tinha
pelo mais Jami~t,mldo médico, persuadindo-nos que quem sa ído" - " ... vai. em trinta anos que pou'o ou nada obteve
sabe curar a benas, quc não fuJam, com melhor sucesso para se melhorar" - "Eis aqui o que tu, vai já em oito
saberá assistir a homens, que nos infonnam". anos, solicitara a bem da mo<.idade".
Família • Coletivo, quando sob a autoridade de um chefe vi- Sem diras preposições, ir st flexionará regularmente: "J á
vem na mesma região e provêm de um tronco comum : lá vão doze an.o s que ele desapare«u" - " Lá v& q u;J.tro
tribo; quando subordinadas a um ch<'f<' hereditário enae os meses que o vi".
antigos gaultS("S, ~:>coceses e irlande~ : c/4; de selvagens: t de imp<)rt.ância saber que qualquer verbo que na ora-
tribo, caiJilda. V. prognutqr. ção venha acompanhando verbo impessoal, quer para a for-
familiar - Digamos "dados familiares" , e não " ... Jami6niJ". mação de t1m tempo composto, quer de uma locução ver-
Dantes - a lição ê de Gonçalves Viana - todos os autores bal, deve cambém impessoaliza r -se. Não p odemos dizer
se contentavam com a primeira dessas formas (jirrniliar), a "Drotm haver homens na sala" - Se haver é impessoal quan-
única venla.d<:ira, do latim familiau. Moder~n te, os do significa existir, o verbo túver, que no ~o concorre para
franceses, que já tinhamfamilín-, da mesma origem, porque a formação de urna loeuçio verbal, cam~m se impessoali-
este adjetivo aâquiriu a acepção de trivúú, e cambém a de za: "Dtvr haver homens na sala".
amfiadt>, " que não usa deferência ou cortesia", inventaram Igualmente: "Pf11Ú ruer trts anos que nos mudamos"-
ourro adjetivo tncorreússimo, familial, impossível em la- " Vai faur cinco anos que ele morreu".
tim, visto haver já I no vocábulo radka l {cf. "regulare", de Faunda . O vocábulo italiano a::itnda vem do latim.fo&n~am,
"r~gula", com "mora.le", de "mores"), e deram-Lhe o sen- pela mesma razão por que o vernáculo hldiondo vem de
tido de "relativo à família". Como era uma incorreção, um jodibundum. O f inicial laúno deu h, mas, eom não ser eSt~
barbarismo, foi logo sofregamente adotado em portuguh, wado em italiano, o vocibulo ficou rcdwido a azitnda,
por cópia - " Pondo em presenQl vasos de igual o ndula- que corresponde etimologicameme ao nosso fazenda.
cão linear e ornamentação com o mesmo ar familial". Deve- Nad.~ há de estranho nessa equivalenàa; é a mesma expli-
ria ter-se d ito familiar, ou dt familia, porque não é for<,-a que cação do paralelismo en rre eSLes exemplos espanhóis (o es-
para cada sub5cantivo haja um adjecivo correspondente, panhol conservou o h inicial) e as correspondentes forma.~
como é uso moderníssimo e dcsnarural. Com maior corre- portugu<•sas: haba, Java; hah!Jlr, fai<Jr; hac<r, jaur; harienda,
ção vemos Jami6ar empregado no seguinte trecho no mes- fazenda; hada, fade.; hado, fado; halcon. falcão; hamJm, joml!;
mo sentido: "Como se vê claramente, não saio da corrente hmo.jmo; hijo, filho; huir,fugir.
geral das idéias dos publicistas sobre a sociedade familiar". Furr . Também em outros idiomas é o verbojaztr empregado
A relação oq>reua ~a mesma. como verbo smônimo ou verbo vicário, ou seja, substitui o
Se exa.uarmos dos dois trechos adlll.idos os adjetivos for- verbo da oração anterior para evitar a re~tiçio: "Levanta-
mados com o sufixo llr, ou ai, veremos a constância da regra, se, como sempre ft<, às seis horas" - 'Q.uis o marquês
que é : o sufixo legitímo é ai; o I muda-se em r, se o vocábu- de Pombal nobilitri-lo, como flura a outros comerciantes"
lo radical contém/: 6near,familiar. V. bi6ar. - "Os ídolos antigos adorava, como inda agorafaz a geme
familiário - V. bi6ar. inica_...
Fanar - Embora pouco usado, é {'Qrtuguês no sentido de ampu- "Jazc:r a akgJia" - Frases como essa, em quefa:ur tem o senti-
tar. aparar ifanar as orelhas a um animal}, mcurl4r, diminuir do de "proporcionar'', são franc<'53.S; a consrru~o ponu-
-
Fazer anos Ftado 117
guesa deve ser: "A criança é a alegria da casa" (e não "faz a. flexionar -se em 1MCha: a pulga fii<Uha (nunca o pulga machb e
alegria") - "Ele comti11du o prazer da festa" (e não "fez o muitO mcno& o pulga).
praz~r"). V. l(Uichar. !llarÂtJ, aqui, porque pulga t: d o gênero femiiúno; ftmto,
Fazu anos • V .fu:z. dciJ ano>. lá, porque)Ovali é masculino:
fazer caridack . Scrill um nunca aOlbar se accitissemos novi - jlffftS moclras, cortiÇIJ mo.cha, figura macho. (Aulete), pa/mrira ma-
dades como es.:a de Cll1iJar para significar "fazer caridade". cJut (Morais). silva macho. (Aulete);
Teriamos então >olar (fazer sol), calora1' (fazer calor), 5opdar arr6fago jlmeo (Castilho, 127), gado ftmeo (Tradução, n. 7,
(fazer sapato) e ourra~ que tais bizantinices. A clareza de apud C. Figueiredo).
expressão não exige leviandades; a idéia não é obj eto de Diferenu~ será o caso se considerarmo~ as formas substan-
moda para estar a mudar de roupa ao sabor de necedad es. tivadas "o macho", " a fêm ea", com o artigo a provar a
" Fazer erro", "Fa.aer falta'' - Não é português o emprego do substantivação; no caso, porém, que estamos apreciando,
verbojaur com o sentido de comder, praliror; em nosso idio- por que não abrirmos os bons dicionários? Lá está : fi.
ma diz-se ~'com~ter erro", como se d iz t•cometer falta", MEO : tulfrlivo; significa feminino; que não(: macho; per-
"cometer enga:no", "cometer distração". Consrirui france- tencenle ou relativo à fêmea; relativo a mulberc:s ou ao se-
sismo o emprego de "fazer'' nessas expressões. V. landrar. xo feminino; cngenhoftmeo.
Fazer que, Fazer com que - Com a significação de "fingir", Porque "fêmeo" indica o que se refere a mulh~ o adje-
só pode ser Jaur qut: "Ejn que não enrendia" (Camilo} · - tivo é inflexível quanto ao gêoero? Porque ''macho" indica
"Eil:. que anda., mas desanda" (Cândido de Figueiredo). - o q ue se rc:fere a homem o :.djetivo não tem feminino? Q.ue
Com a significação de "esforçar-se por alguma coisa" cons- raciocínio é esse? Madio efltMo sã.o adjetivos variáveis - e
trói-se indiferentemente "fazer com que" ou "fazer que" : não adjetivos uniformes - como variável é o adjetivo ferni-
" Por vezesjtni.lJ com que Lenita se frisasse, se esparrilhassc" neo. Abram-se mais uma. vct os dicionários. V. pacativa. V.
(Júlio Ribeiro) - "Fiura cwo que l}lc ctdessem voluntaria- 50/Jfano.
menre o mando supremo" (Herculano) - "Marcelino de Feminino (na formação de locuções adverbiais} • V. a olhos
Matos venceu muito;ftt q~M ]o si do Telhado fosse j ulgado vistos.
como réu de uma única morte" (Stringari) - "FoUJ, entre- Fàlix. Fblice • Fênix, pa.r a indicar·a ave f .bulosa que, segundo
ta mo, qu~ ntstl:'s lugares reine profundo silencio (Hercula - a mitologia, vivia m uitos séculos e, depois de queimada.,
no). renascia das próprias ànzas;.flni~. com acento tônico na sí-
fecbo • Q.uer subnanrivo, q uer verbo, o " e" é fechado. Esse laba inicial, para indicar o natural da Fenícia (é mais usado
o motivo por que em dicionário) que seguem a ortografia fenício).
de 13, a qual preceituava o circunflexo nos homógrafos fe- Feno - Coletivo: brtl{tui.a, braça do.
chados, esse acento não aparece no substantivo. Não ser á Ft:nódpo • Por ser breve o J (i na ortografia o ficial) do ele-
demais repetir: Q..ucr substantivo, quer verbo a p ronúncia é mento typo, todos os compostos que por el e terminarem se-
com ...,.. fechado: o ftcho da porta; eu Jtcho a porta. Essa a rão proparoxltonos.
pro núncia, mas em nenhum caso o circunflexo. Féretro - Q_ue des.;arameoto é est<" de apresentar aos leitores de
Fcdóra • Fedóra, acenruando-se o "o" da penúltima sílaba., é seu jornal nosso idioma desta forma estomemado : " O presi-
a pronúncia correta. t nome russo, de acento igual a Ht· dente não pôde comparecer à reunião porque teve de ir ao
/iodorlJ, Teodoro., embora, amora. féretro de um dos mais antigos sócios" ? Q..ucm estava no fé-
Não se tema incorrer em cacófato. Esta questão de cacó- retro? Uma única pessoa : o defunro.
fato não deve ir ao rigor, infundado e condertado por Rui uAs exéquias" se dirá, ou uaos funerais", ou "ao enter-
Bar bosa, que leva muita geme a v~r portal, JMrco, porca, Jt· ro", a menos qu~ se aceite dizer "fulano foi ao andor de São
dfff. fttú a todo o ins~ame, em qualquer trecho. Se o cacó- Benedito", l'm vez de d prociMi.o. O féretro é acompanhado,
fato é erro, a cacofatomania constitui escrúpulo ridículo. é seguido, não porém compartilhado.
Nesse andar, teríamos de expurgar de nosso vocabulário ferir- v. admr.
lcgírünas palavras uossas; picaiúla ser ia uma, fadada à mor- fcruaud.o Noronha (território brasileiro) - Sigla oficial : FN,
te por esses mal interpretadores de vícios de linguagc:m. sem nenhum ponto.
E se lhe dissermos de uma senhora que não dizia mara.cujá. Fcrrugnu • V. lam~JUgem.
por temor de escandalizar o próximo? "fen:y-boat" • A tradução é exatamente balsa: Q.uantos car-
''l'eiriro., • Galicismo; temos tdbtico, maravilJuulJ, mágico, ths- ros CLbem na balJa? - Q_uantas balsas estão trabal}lando?
1Ufflbrtmú, fo11lÓJlico. - A balsa não está funcionando - O uroiço dL balsas não
Fcíssimo - De frio o superlativo é jeísJimo, com um só i ames está satisfazendo.
dos dois n. Os adjetivos terminados em e, o e ic deixam cair fénido, l'cnido . V. pravido.
çssas vogais: leve, /ev(ui.mo; belc, btlíssimo; frio, Jeí~simo; cMio, Festa - Aumen~ativo :Jestança,ftstão.
cheiJsimo; lJ!hrio, Q/Nf55imo.
feRina lente • Locução laúna que significa, literalmente, " an -
Aumentativo :Jeião,Jeiarriio.Jeianchiio.
de depres_q devagar"; tem a mesma a cepção do nosso " de-
Feiticeiro • Coletivo: caru:iliaôulo. vagar se vai ao longe".
Fdá - Proveniente do árabe, esta designacio de lavrador do "l'éome", "Fc:dcbi&mo'', "Fetidú-" • As palavras portugue-
Egito e da Arábia tem por femininofelabu!.. sas são {eihro, ftitiÇIJrilJ, ftitiuiro. t curioso notar que o vo-
Felicidades - V. suemo. cábulo franc~sfitiche foi tirado do ponuguêsftilico.
Felicitar - Regência.s: a) Felicitar alguém de alguma coisa: F'tado • Na expressão "Não vendemosfiado",j.ado é advérbio.
" ... felicitando Guilherme da rapidez da sua cura". O adjetivo assumiu função adverbial; nem a ele nada se
b) Felicitar alguém por alguma coisa: " ... ldicitando o acrescenta, nem flexão nele se opera.
primo pela ventura de .. ."" Compare-se com haralJJ, empregado adverbialmente, sem
" Jdipe" . v. Ftlipe. flexão portamo: Essa fruta compra-se baralo. Ourro exem-
Feliz • Superlativo :jtfú:furmo. Aumen.:ativo: ftliUJTdo. plo de i.gual função: V(ndeu UITO as propriedades_
Fêrneo - Deverá concordar em gênero e número com a. pala - Não e~rranhcmos, p orém, con5truções como estas: " Tra-
vra a que se refere. javali (do árabe )aba/i, montês) é mas- zer <b loja fazenda .fiada" - "Comprei duas mmisas caras".
culino; portanto, o javali, o javali gord(), o javali alto... OJ6Vali Fwdo e caro são aqui adjetivo~; sem nenhuma r.ircunstãncia
flmi!O. acresc~ntar ao verbo, tão só indicam uma qualidade dos
E não nos admiremos disso. Como qualquer outro adje- subsuntivos por eles modjficados.
tivo, flexiona -se genericamente, tal qual se opera com o Digamos, sem acrescentar nenhuma preposiçi.o nem fle-
adjetivo mocho, qu e, referindo-se a nomes feminino~. deverá. xionar, " Ele vende baraco essas meias" - "Vais pagar CllTO
118 Fiat lux 1-i.zemo-lo presidftlt~
esses desaforos" - " Vendi jinM dois automóveis". V. PaJ· foiogmia,.ftsioterapi4.
$4et dnnaJiado. f1siot~ - É fom \3 perfeirameme aceitável. Gomo tera-
F"w Lwr - Locução latina da bíblia, que significa "làça-se a frtula designa a pessoa que exerce a terapia - forma que
luz". existe ao lado de teraplulúo. - foioterapewa é muito aceitá-
Fiat Voluotas Tua • Frase latina , do Pai -Nos!~<>, que significa vel para designar o que exerce a.ftsiottrapi4, que também po-
"faca-se a r.ua vontade". dia ter a forma sinônima.fi1ilJurapêutica..
"JidaÍal'' - Erro vulgar; o adjetivo, provenieme de fígado , é Fito - Elemento de composicào que não se fa2 seguir de hí-
figadal: ódio.figadtJl. fen : jil4parQjili).
F"Jdalgo · V. algo. F"axar, AG:rar - Grande parte das vt><es ocorre mera prdi.x.ac;ào
Fid · Supttlativo sintético:fuil/illimo. expletiva em formas v('Tbais e em nominais iniciadas por um
Filanttopo · Esra palavra, designativa d<' " pessoa que benefi- a cararcris[icamente vernáculo e popular ; perduram ambas
cia a humanidade", deve, como misantropo, ter o acento rô· se alguma distinção de significado ocorre (abaixar, baixar;
n ico na sílaba lro. ajWJr,ji.xar). ou uma cede lugar a outra se com o andar dos
filatmõoko - V. Aú:mhra. ;mos a unicidade da significa<ào deixa de justificar a dupli-
Filho - V .Júnior. cidade de formas: avoar arcaizou -se, alroanlar já quase não
Filbott - Coletivo: ninluJda. se usa, alagoa cedeu lugar a lagoo. A.maJho é exemplo de for-
Filicida . v. m(lnticida. ma que ainda perdura ao lado <la primitiva sem a pro 1ético.
F"ilipe, Filipa, Filipinas - Com i na primeira sílaba, justificado Mais curioso é o fenômeno inverso: queda de um legitimo
pelo étimo philoj, amigo , e hippru, cavalo. a, parte imegr.mte do éúmo; como calhau que se ovala ao
Fi -lo voar - v. mli1UÚi-o vir. rodar com as água s, agumt, do Jaúm acumm, além de ter des-
...61o - V. mooo.filo. · prezado o n final laóno perdeu também o a inicial; essa eli-
Filme. Coletivo :}ilmottca, cittm~nuca. minação de arestas 1: causada pelo povo, q ue despreza !erras
Filólogo - Não confundamos " filólogo" com "gramático". e sílabas- iniciais, finais ou mediais - quando delas não
É gramático o que não somt'Tlte conhece, acompanha e ex- necessita para a compreensão da idéia; dai o cha mar-se
p& (isto é ser professor), mas o que ordena, impessoa lm ente "formação popular", "derivaciio popular'' de wn idioma
pesquisa, conscienci osamen re inquire os faros de um idioma. esse procedimento narural de quando escola$ não acom-
Ser fi lólogo é algo rru.is; se o gramático conhece a língua panham a penetração de conquistadores ou o aumenoo de
em si, o filólogo a con.hece com relac;ão a ourras línguas uma nação. Caju. bodega. botica são outros exemplos de que-
afins ou correlatas. Dizt'l' que fulano <: filólogo porque es- da do a etimológico.
creveu uma monogra-fia sobre pronomes oblíquos é depri · Com força ainda maior que as fluviais e a s marítimas, as
mir a filologia . Filólogo é um Fr~erico Oie-l, um Ayer, um ondas herrzianas podem deformar vocabulário e sinta.xe
Gonçalves Viana, um Rebelo Gonçalves, homens conhece- do idioma que não lenha lida dores cuidadosos.
dores e dominadores de idiomas diversos, em si e em seu ÍlXO, Fixado- V. rotu~, mlregado.
engranzamemo vocabular e sintático; é o que julga, é o que Fn, TtnOO feito- Há diferença encrefi~ e tmhojeili); yara con·
conclui, e não o que passivamente memori1,a vocábulos ou eretilá-la suponhamos esras duas orações: "TmllO.ftito minha
passagens gramaticais. Ser filólogo é conhecer O$ idiotis- obriga<;ào", "Fiz minha obriga~ão" . Na primeira temos a
mos, os fatos patúculares d e Jin,guas diversas, a forma~ão idéia de continuidõtde de ação, como se dissera "fa(o todo s
e a derivação dos vocábulos. O que o gramático expõe, o os dias, faço sempre o q ue de--v fazer'' . Na segunda orac;ão,
filólogo persaura ; mui ta coisa q ue o filólogo perscrua.. ao o sentido é de ação completamen te aetbada ; a ação era uma
gramático nio interessa expor. sõ, e esta se fez complerameme, como se dissera "o q ue eu
Saber falar vários idiomas nio é ser filó logo, como não d evia fazer j á fit" .
é ser filólogo conhecer a própria língua; aquilo é erudição, Q.uando tal diferen~-a não existe, ou seja. quando a forma
isto é sim plc:"smeme cumprimento de um dever civico. o:-ompos1a esteja pela simpll's, há erro. Será italianismo, fran-
F"mis ~oronal opus · Locução b.óna q ue significa "o fim CO· cesismo, angliósmo, o que for, não porém porruguês.
roa a obra", o remare consagra um tr:lbalho. F"ucmo·lo presidente - " Fizemos presidenre do grtmio oo se-
~inlandb, Finls, F"tno . Se em francês existem duas formas nhor Faria" ou "fizemos presidente do grêmio o senhor
(/innui~. finlandaiJ), se duas em alemão (Fír111ish, Finliinder), Faria"?
se o mesmo se dá ern sueco (fimJc,.finliindslt.), não é de admi- Ambas as formas são cen as; qut'T numa quer noutra, "se-
rar que tenhamos .ftnls ao lado de .finl4r~diJ. Não só essas nhor faria" é sempre objeto direw. embora n o primeiro
duas, senão rambém.fino, como o suec:ojinM. o inglês.Jirt(n), exemplo venha a.ntccedido da preposição a; "presideme do
o alemão firrm; usa-se de forma especiaJ em compostos: grlmio" t: o predicativo do objeto direw doverbofaur.
fuw-hwlgaro,fWJ·russo. Ainda que, gramaticalmente, nada nos impeça de dizer
Fio m~ic:o - Coletivo, quando reunidos em feixe: cabo. " Fizemos presidente do grêmio o senho r Faria", cosluma-
F1rmar . Pode-se dizer "fontlO-me nestr principio" ou "firmo- se, em exemplos semelhantes, fazer anteceder o objeto ao
me $obre este pri ncipio". No didonário de Aulete encontra- seu predicativo : "Fizemos o senho r Faria presidente do
mos estas duas passagens de Herculano: "Escuta\13 Fernan- gremio", " Acho seu filho muito inteligente", "julgo o alu-
do Peres que firmando a mão no braço da cadeira..." - no esrudioso".
"Trepara, manso e manso, firmando-se nos Javores da pe· A primeira maneira - Fizemos presidente do grêmio ao
dra" - e esta de Gon~alves Dias: "O pálido semblante senhor Faria - com o objeto preposicionado depois de seu
medi tabundo sobre as mãos firmava". predicativo, é mai s erudita, mas nem por isso mais correta.
Sandoval nos oferece: esra de Cami lo : "O princípio da Urna ob servação: Se na oração " Fizemos o senhor Faria
autoridade lirm;a-se j(/bre estaS bases". presidenrt" substi tuirmos o objeto direto pelo pronome
Se o leitOr quer ter prefmncia a uma única regência e~ oblíquo correspondente, teremos: Fiumt)-lo prni.dmu. Ou -
quer uma regrazinha para ver qual deva preferir na genera- rros exemplos: Aclw·o interessante. julgo-o bom. Vi-o rtJjgado.
lidade de ca~os semelhantes, use este recurso: fa<;a um.a ~r­ Sempre colocamos o po·onorne o, complemento natural dos
gunr.a, fazendo anteceder o objeto ao verbo, e te-rá o mo dn verbos transitivos dir·eros; não cogir.~mos da forma lhe, usa-
mais natural e portanto o mais geralmcme usado. No ca - da para os verbos transitivos indiretos. Não vemos, pois, ra·
so presente, não lhe é mais fáàl, mais narural, não lhe vem zào para que se con struam orações como "Chamei-lhe sá-
pri meiro à mente a pergunta "em que me firmo?" Diga, b io", " Fiz./Joe ciente" e ourras; melhor diremos : cluvnri-o
então: " Firmo -me neJlts princípios". sáhili,ji-lo ciente, achei-o inttrt1sante.
fiscalizar - V. economiwr. Q.uem redige chamei-lhe uibW procura justificar a constru-
Fisio - Elemento que na composição não se faz seguir de hífen: 4o na e-xpressão com o nome, "Chamei sãbio /UI senhor
"ljord" Fluído, flúido 119

Faria", confundindo objeto direto preposicionando com " Mais moderna" , porque nomes havia, no português
objeto direto. Entre essa forma, porém, ape$ar de mais antigo, terminados em or, que não se flotionavam no femi-
comum entre os clássicos, e a outra - Chamei-o sábio - nino; ela é IWlm'; temos uma deft7UtJr; uma JlaMor, m inha
opinar!amos, no caso de escolha, pela úlúma, mais de acor· smltor - como ainda hoje se conservam invariáveis os com-
do com a reg<'ncia característica do verbo, regência que se parativos em or: inferior, melhor, pior etc.; neste panicular
toma patente na fom1a passiva: Ele foi chomodo Jábio. é interessante observar o que se passa com supniqr, que,
«f"".J<ml" • Já se encontra aportuguesado em fiorde, com i, para permanecendo invariável quando adjetivo - t d a superior
designar o s estreitos longos, rendilhados c de margens ge· a mim - varia quando substantivamente etnpreg-.tdo - A
r.~.lmentc escarpadas do liroral noru~uês. superiora do convento - flexão que também se observ.._ em
Jbgdnda, Ft:agnnte • Flogrdncia indica a manilesta~io d e um menora, forma t'llcomrada em Aragão, especificando a mu -
fato no mesmo momento em gue se dá. - Nào confundir lher de menor idade (Meneses Pidal. Gram. 117, apud João
cornjragrdncia, que significap~ agradável. Ribeiro).
Flogranlç quer dizer ardenle, inflo:tMiio e também mo.rrifmo, O fato é q ue regra náo exine para o emprego desta ou
tvidnalt : Jl4r;rimU dtlito, o que é surpreendido n o momento daqueL'I terminac;ào, sendo, tão só, o uso generalizado o
de ser comcúdo. - Não confundir comjrar;rantt, que signi- juiz da questão. No nosso caso, se trabalhadora o u trtJbaJM.
fica odllrifno, /HifutMdo. V . oprób~. deiTa, cabe-nos di%er que é llWs gcn.l e popularmente usada
"'lamboyam" . O •Jirciro que nos cabe de ser ciosos de nosso a forma trabaJMdtira; a ourra ~ empregada com sen údo já
idioma faz com que esuanhemos essa palavra de penneio diferente, como feminino de trabaiNukir no sentido de ~­
com ourras nos!Ml.S sem que rroque a roupa de outraS cerras r&rio e n.áo de DJHroJb.
pela q ue '~ste as -.izinhas. Um y q ue soa a, um t que não se Quer parecer -nos que, em geral, a terminação tira é de
pronuncia são enfei tes exrravagantes para mencionarmos preferência usada para qualifi<:ar ocupações modestas (lova-
numa só palavra o nosso "pau-rosa", a nossa " flor -do-pa· ârira, amml!ldtir<~, engrmui<Uira, e, pois, também trabaLJuuúii'O),
raíso''. reservando-Sl: IJTIJ para profissões mais nobres: cobradora,
Na fo rma gráfica originária francesa tem-na o ingles, mas wmpralÚlra, cvniddOf"a, curadora, domadora, moldadOf"a, lt'sladiJTa.
este, a quem a roupa não é estranha, obriga a palavra a tro- V. in.spiradora.
car a forma sônica alienígena pela da no va terra, pronun· flesio por atração - V. a mnualidade paga-Jt adi(l11tada.
ciando-a "flambóiam", quer substantiva quer adjetivam em~ MJiirt" • Numqru é a exam palavra nossa. correspondente a
cmpn:gada. esse anglicismo inteiramente inútil. O mesmo se diga de
Q.uem fo r a Corumbá ficará deslumbrado com as pcin· "flertar" por Mmo-rm. cMitjar.
oonaJ rt&iaJ (é o nome áentíftco, pelo grego, em virtude da flor • Coletivo: anro logia. an-egaçada, b raçada, fascículo,
longa unha das pétalas de flores dessa leguminosa originá- feixe, festão, capela. grina.lda, ramalhete, buquê (aportu
ria de Macbgáscar) que arborizam o centro da ordeira cidade guesamento do fr. ~) ; q uando ligada5 ao mesmo
matogro ssense, e notará que, sem exrec;ão, rodos se referem pedúnculo: cacho.
à flor -do-paraíso com o harmônico nome jlamhoititJ. Seus flórida - Q.uando subsrantivo, designativo de península dos
derivados apresentam-se sem nenhuma dificuldade: .foun· Estados Unidos, com o acentO no "o", prosódia generaliza.
boiantt (adjet. "em romu de chama" , " resplcndeme"l,.flam· da no Brasil por influencia da americana.
boi6ncia, jlaml>cidntiJmo. florido, Oórido • Florido, paroxlt:ono, empregará o leitor
Professores de português que aí moram há lo ngos anos quando falar de urna tfrucrt JWrida, de campos na estação
não encontraram dificuldade de dar fonna portuguesa à primaveril, campoJ jloridaJ, quando, em suma, tiver t m rnenre
árvore que simholi1.a uma cidade em que não aiste gar- a floresdlncia na sua natural compreensão; dessa forma,
çor~, mas garçtitJ. jlllrido será panidpio do vernáculo jtorir, que significajlom-
Flâmine • Flaminia, fozmínica são as formas femininas para de- ctr, cobrir-u dt .flom, pelo que também acertará dizendo
signar a sacerdotisa, mulher do j/4mint, antigo sacerdote ro- meJa forida, jàntar florido, !oala florida, ltmplo jlllrido, uma vez
mano, devotado ao servico de detenninado deus. realmente cobertos de flore s.
"Jo1anar" • Adaptação in útil da palavra francx:M " flaner", des- O acento mudará quando ourra for a significação q ue não
necessária para nós que ~os C<JbtJor, banzar, kzrtar, mtdar a a da expressão botàrúca do termo. Pori3.IIto os discursos,
tuM, vagahundtar, uoganrwuüar, vagruar. as palavras, os estilos, as inteligenóas são sempre }Wrúic1,
Flaodn:s . Adjeúvo pátrio:.Jlamtngo. isto é, brilhantes, elegantes, aprimorados.
Flau1a • V. a/ugud. Aqui, urna observac;ão: o acento não muda pelo simples
Flecha • Barulho: aJJobiar, Jibilar, silvar, tunir. V. a/ugutl. fato de mudar a significação: muito erra quem, tratando-se
Fkuma . O g do écimo grego plútgma vo<:alizou -se em u. Pre- de palavras de mesma etimologia, defende, ou melhor, afir-
valece esta forma às varianr~:sJltima, frtima e j/t1'1VJ. O fato é ma inconscientemente a diferenciação de acento quando
que ou :>e cS<.n:ve, de acordo com o élimo, jkgt'II(J, sem u, diferentes são as significações. Assim, para qualquer sentido,
ou, vocalizando-se o g por u, fl~uma, sem g, e assim d~'VC ser deverão, em Udimo português, ter um único acento os subs-
jleu111áJico. tantivos teoria, horóJcofJo, rubriCa, boêmia, p1iqut.
Ainda esta curiosidade: Enquanto a fonna erud ita conser- F/Mido c jlórido coexistem legitimamente com essa d iver-
va o genero do étimo grego - ojkgm4 - a variante popu· sidade de acento por serem diver!Ml.S as etimologias. O pri·
lar é mais empregada no feminino: " A sua fisionomia t-ra a meiro, formado no próprio português, vem de florir. e~ se-
da própria serra, tendo a alegre ~ descuido5a Jltuma da gundo já assim rcet'bcmos do latimjlóridum: "Fwridum dis-
água perd ida pelos cbuvascais" . cendi genus" (Q.uinúliano, apud dic. port. lat. Fonseca);
Jlnio n.fõoiCl • V. a mm.JIJiidaJú paga·>~ adiantada. " Flóridi colores" (Plínio, apud Sar.úva).
Flexão genérica . " Deve-se dizer tTahallwdma o u trahaLJtadrira? Remataremos esta expl.icac;ào com as palavras de Bemar-
De um lado temos ~adora, devedora, ltdora, traidMa, 111'/VJdf/f'a; des: "Em português não diremos bem do estilo do pregador
diz-se, de outro, arrumatkira. Por que essa dualidade de fe- que é florido, carrega ndo no i, nem do ramo de uma árvore
mininos?" que estijlórido. carregando no o; senão às avessas". V. fluído;
- A diferença está em ser a terminac;ão ora, conquamo V. válido.
popular, mais moderna que eira; obedece aquela, analogi· Dorir · V. abolir.
camenrc, à regra geral de fonnação do femin ino. Fluído, flúido • Q.uando parti ópio do verbo jluir (correr em
"Conquanto popular" - llcou dito - por conrrastar estado líqüido; em linguagem figurada: manar, escoar, de -
com a terminação trh, de cunho e rudito : imJMratri~ (impera- correr!, tem o acento, próprio da conjugação, no i: fluido:
dora), diretrix (diretora), geratriz (geradora), canJotrit (canra- Havia jáfluido o prazo.
deira). Fora dessa função participial, terá o acento tônico no u
120 Fluminense Fooômetro, fooomctria
- jlúido - quer S(ja adjetivo (llueme: estilo flúido; dotado folbo • V. rifolho.
de fluidez. de pouca adesão entre as moléculas: corpo fl&lulo; f - e lelr'al · Muito lutou João Ribeiro para que a Aca-
CJ.me foiida, estado flúido de um corpo), quer substantivo: demia Brasileira e a de Lisboa concordassem ern adotar
substância hipotética a que se aaibui o calor, a eletricidade, o .t como única figuração do som sibilante brando. Peno
o magnetismo ljlriido elétrico, flúido gaM.nicol, nome ge- de outras contradições e deficiências de nosso alfabeto, seria
~co de qualquer líqüido ou gis. Com o acemo se(;Wldário podar um galho para deixar outros i mercê das pragas e
no ué que se deve ler o componojluidoscópio <Oúidoscópio). ervas daninhas.
O motivo da distinc;ão rõnica é o mesmo acima apontado Q.ue o nosso alfabtto contém incongruências é coisa de
cmflorido ejlúriáo, ou seja, enquanto}lufdo é fonna partici- fácil averiguação; a rigor, rantas letras deveria possuir o al-
pial de verbo nosso,flúido é fonna proveniente diretao'lente fabeto de uma língua quantos fossem os fonemas nela em-
do latim. V. válído. pregados; isso esta reciproca nos cr:u: As lc:tr.U de um al-
flwnin~ - É o nascido no "estado" do Rio de Janeiro ; fabeto deveriam ter sempre o mesmo som. Tal é em grego,
o nascido oa "cidade" do Rio de janeiro di1.-se ctJTÍ«<J, do tal já não é em latim, bastante diverso é em português.
tupi-guar·ani carióoca, descendente de branco. Das letras que possui nosso alfabeto, mesmo o estropiado
fluorar - V.}lumtlo. e mutilado pelos refonnadores, continua havendo as que
flu()ft) brancos - V. fluoreto. representam o mesmo som : o ' e o c; outras que têm sons
fluORto - Assim se deve dizer, c não " Ouororeto" nem " fluo· diversos: ca, ct; outra que nenhum valor fonétioo tem, o
ruro"; ~to é que é o suftxo nosso; a desinência francesa h; ~ de um lado o " tem diversos sons, por outro o som
"ure" é a cufpada do erro desse e de outros derivados. chiame pode ser representado por diversas consonãncias:
Como já d~os iodtt.o, clortto, em v.:z das fonnas afrancesa- gt.jo; eM, xü . A isso se acrescente a imperfeição de se usarem
das " iodureto", "clorureto". deveríamos também dizer dua s letras para a represeotac;ão de um único fonema : lho,
carb<Jrut.o, t:itmet.o em vez de ' 'C!Tbureto", "cianureto". nlto.
O assunto provoca outras advertências: Reformas ortográficas só trarão confusões enquanto não
1. O aro de trat:ar a água comjlúor éflw;rar, donde "água aparecer quem saiba f.-uer distinção entre deficiência e ne-
fluorada", ''jluora{áo da água". O que se tem em mente é cessidade. q,pe de eficiente encerra a eliminac;ão de k. w e
indicar que cnrra n~ água o clememo flúor c não, especifi- 1 de nosso alfabeto se precisamos conhecer essas letras para a
camente, um composto seu. grafia de certos nomes próprios e de seus derivados, de abre-
2. O aparelho que na esr:açào de rratameruo da água se viaturas, de símbolos de rna.rNnática e de outras ciências?
instala para permilir a apliGic;àO do fluossilicato de sódio é Que imporu lira r aqui o h para deixá-lo acolá? Se nosso al-
ojlut;rador (e não "fluorctador" .nem "fluorinador"). fabeto foi varcjado por reformas acadêm icas, a grafia de
S. Quando existe teor muitO elevado de Aúor na água po· nossas palaVI'U continua diflcil quando não inoompn:cnsí-
livel, ela provoca uma doença da den ric;ào chamada fluo· vel.
ro.e; mesroo que seja um compos1.o q ue entre na água. fluo· liooômelro, fooometria • Os decibéis estão dando o que fazer;
rost é a doença e fluorada é a água. d<:S(ntendidos os técnicos na sua própria definição, ne-
4. O elemento qulmico, que se escrevejlrÚJr, tem um ho- nhum deles teve até agora a lembrança de ir ao di cionário
mógrafo, jluor, que se pronuncia com o acemo tônico na para ,mficar qual o nome do aparelho que os mede. A
última sílaba: flu-6r. Esta palavra tem relac;ão imediata com não ser que a> palavras tenham por fim esconder o pensa-
]Wir, flulneúl, jluidl:. (do latim jlúm, escorrer) e não corn o mento, o "innrumemo pr·óprio para medir a intensidade
corpc> químico. Dela se fonna o compo~to fluores -branco.l dos sons ou da voi' chama-se em portuguêsfonõmtlro. to
Cnotemos bem: flu·d-res bran -cos), que o povo, por falsa ana- que esli no Aulete. Com ligeiras modificaç~ outros dicio-
logia. corrompeu em "flores brancas". Nada há que ver o nários dão a mesma definição.
fluxo anormal com}lllr senão comflu4r, Ouxio. Assim como a balança mede peso e não gramas (ela não é
Fogo · No plural o "o" é aberto. Aumentativo:fogariu. Ba- gramflmliY<>), o metro extensão c não milímetros, o fotõmerro
rulho: crepilar, tsiaÚJr. luz c não raios luminosos, o higrõrllt:tro umidade e não
Fogue1t · Coletivo, quando agrupados em roda ou num tra- gotículas de água, o termômetro calor e não graus, awm
vessão : girándola. Barulho: c/Uar. udriar, eifuuar, tJf'o«n, es- como não se diz " medir os gramas". nem "medir o s mili-
tourar, utrondlar, pipocar. meaos.,., oem "'mt'dir os r• ios", nem "tnedir as gocas··. nem
Foi. - V. era, foi. "medir os graus", de igual forma não se irá dizer "medir
Foi ~ue - V. i porqut. os decibéis'' (e vir depois com um horripilante "dccibelí-
Foi que . V. i que. metro''), senão " medir o som", e ofon6t1wtro é o instrumen-
Foitt - V. c~ to dessa medição, medição que tem por nomeforumollria.
Foldor-t • Aporruguesamenro do inglês "folk" (po..-ol "!ore" Se não mert>c-erem crédito os nossos dicionários, isto é
(conhecimenro). Uma vez numa só palavra. não se justifica, o que o Wcbst.c r nos oferece. An insrrume,nt for measuring
como às veres à inglesa se ouve, que o "c" seja pronunciado sounds, as to imcnsity, oras ro frequency o i vibraúons.
qtU; não devemos aceitar a popular anapúxe. Ai está bem claro; não dt'VC ser preocupação dos nossos
Fok - Barulho: ar~jar. ojtgar, rtsjoúgar. técnicos distinguir som de barulho, som de ruído ; no som.
folha · 8arulho:jarja1Jtar,111aT1J/har, SUSS IU'TQT. como no barulho, como no ruído, há vibrações, e o f0111J-
f~lho, folbcto • Em Aulete vemos folhtlho como especifi· metro as acusa, quer quamo à imensidade, quer quanto ao
cativo de "película que envolve os legumes, as uvas etc: - número.
Pele fina que reveSte a espiga do milho, camisa do milho' ' Seja qual for o nome que se venha a dar-lhe, não será
("camisa'' pot "ca.sca" ; em Porru~l d Qem "desa.mi ~r o necessário o instrumento pan indicar - veja-se o editOrial
milho"l. doJORNA.L DA TARDE de 5-5·15 "O novo diretor do DSV
Folhetos, no entantO, não espedfica tão-somente imptssos. e o flagelo do apito" - q1.1e a maior fonte de infcrnizac;ão
No mesmo dicionaris.-a vemos o vocábulo também com a dos que trabalham, dos que estudam e dos que sofr·trn esli
signilicac;ão de "ldmintu que formam as panes inferiores do na chupeta que os guardas de tr.insiro de São Paulo não
chapéu dos agárioo~" (cogumdos). Desta acepção, talvn, tiram da boca. índice de atraso, de indisciplina, de falta de
o fato de empregada a palavra para designar lâminas do educac;ão social, de desr~speito a leis.
tecido conjuntivo que envolve as vesículas seminais. O fonômetr'O apr esenta esta curiosi<lade: Por maos m-
Cuidado, portanto, na escolha. Nos dicionários, a não fcmizante seja o som dos sobejos e estúpidos silvos de guar-
~r nos espet:ializados, não se enooncrarn vocábulos ou a<Xp· das de trânsito e de guardas norumos, nada acusa clt. Por-
ções técnicas. Estes devem ser procurados nos autorc=s, nos que a lei de silêncio foi caprichosamente feita panos outros,
pl'ofissionais. e não para gente de farda, de uniforme, e talvez por ter sido
-
font~ foto 121
elaborada lftTl que se conhect'Sselll todas as dill'lelUÕn c quando for wbiiWltivo - este ê o nosao cuo- essa poui-
caraaerlsticos do probkma ou porque sua finalidade tenha bilidade dciurá de existir; o~ masa&lino se impõe:
sido menmc:nte a de dar jetM$ aos seu> au~ o fooô- - vermicida, ""' fungicida, - inseócida, UM fORMICI-
metro engenhosamente COITC'SpOnde à cegueira dos SieUS DA. O s dicioná.rjos são unànimes em ambuir ao composto
manuseadores, principabcme quando os guardas esdo o ~nero masculino.
peno de hospitais, de faculdades, de escrh6rios, dejorna.is, fOI'IIIidhd . v. Jwogmilqr.
d e bibliottt:as. fonrir - v. ab<Jir.
Foatr - Barulho: b.rbtúltor, c4dt«tr, t4alM, ~u. llni1!M· Familun - Acrescido a tana. verbal b tino ou vcrnácu1o, a
riMar, nwurrcrr, tt4/'lju. adjetivo oú a sub$1anrivo, o sufixo wr<1 indica ação (cn.naa,
"Foociag' (fútim) - S6 em linguagem familiar se pennite esse ftJT711lJlJna), resultado de ação lfralvra, ru~tt), estado lfartwTo,
anglicismo por " passeio a ~". "Fazer o footing'' nio ~ loucura), cxercicio de: cargo (magisúollrfa, judicalvro) e também
dizer português; "passear'', "dar voltas" ~ que é o nosso lugar em que uma ação é exercida.
dizer. O último é o si~fi<2do que o sufixo L'11CC1'Ta em " clwfttJv-
Fora (6) - Emprega-se como sinônimo de .Jara quando a fun - ra de polícia", pois além de dtt.flllk, ou seja, de o.crócio de
ção é prepositiva: afura ele, ninguém mais - fwa ele, nin- chefaa ("Durante minha clwfatwra nada de gra"-e ocorreu"),
guém mais. Q.uando a função r adverbial C jop.rfora, dormir d~igna a palavra tambl.m a "~· o lugtJT onde o chefe
fora) não aceita a substiwi<;âo por aj~Wa. V. julo BTaJil afqra; dá exf.!:dientt; e assim : " Onde Sa a 111Diá.att4ra?" - ou
V. mar mt fwa. seja: ' Onde fia o tdijkí~ em que funciona o uibunal ecle-
Fora (ô) - Não deve o leitor invariavdmente~egar fora siistioo sujeito ao núncio?"
if6Ya, do verbo .~n) em va deflli. O mais-que- cito ê lml· Não corutante de d icionários, a palavra/omitlaa esli di-
po rdarivo, isto é, índia ação passada antes e outra passa- fundida, e tem na explicação dada a justificação. FOT'Ifilwa
da.. Compare f111'a com tinll4 lide, forma composta, que istO não ~ fornecimento, mas lugar em que fo~oem. lugar em
Ih~ facilitará um tanto o emprego da forma simples; a que se encontram peças, ur:ensílios parll\detenninado apare·
C';Omposta traz mais nítida a noção do tempo, razão por que lho, máquina, atividade. ·
geralmente: é preferida. forno - No plural o "o" é abeno.
Fica ao crithio de ada wn. uma vez ~ue não háyan is- JcXo, Jc1ro - Não se confundajÔÍ'o (0 acento é aqui menmenc:e
so nenhwna regra , o emprego do mau-que-pcneito do indicativo de pronúncia), que também se pode escrever, i
indicativo pelo imperfeito do subjuntivo; tant.o e certo diztt latina,jorum, sempre com "o" aberto, com a pahvrafoo, de
"se eufoJJL rei" quanto "se eu.fqro rei". mesma procedência mas de sentido modifÍcado. Firo ou
A mesma liberdade bá na substituição oo mais-que-perfd - farvm é o lugar em que funciona a juS(;ça, o prédio em que
to do indiauivo pelo futuro do pretérito : "Mais snvira se..." a.s cauAa.s são julgadas, entre os romanos a pnça públia em
ou "Mais Jtr'IIÍI'Ía se..." - Note-se là.o-somt.'Dic: que tais sub$- 3ue se dicavam as k is e proferiam as sentenças. Fke, com
tituições não se fuem no linguajar comum, familiar, mu o" fechado, rem vários signifiados, mas no c:aso presente
em trabalhos poéticos ou em trabotlhos prosaicos de alto importa evidenciar o do próprio poder, da jurisdição, do
estilo: âmbito, da alçada;f6ro é o uibunal, o juízo em que se exe-
"Mais seroira se niofora cutll a lei, é a jurisdição, o poder de Julgar. Uma é dim':
Pera tam loDJO amor, wn curta a vida" "Esta au2 é do ftrro de São Paulo" - outra é declarar:
Fon pane (ou pork jartJ ou tú fqro parte ; pronuncie "fóra") - "O firo (ou forum de S1o Paulo fica na praça Clóvis Bc:vili-
Locução que signifia " exdusive", "exceto ": Todos, tú.fora qua", "Os.foroJ das cidades do intc:rior são geralmente no
park as crianças, tiveram entrada no castelo. mesmo prédio da cadeia".
Fonaa de trat&IDCIMO - V. tralamnato. O plural de .f6ro Lem o "o" aberco: Ele adquiriu fóros de
Fórdpe - É forma prefcrívc:l a "forceps" ; em português diz. se cidadania.
primipe, e não prinaps. A fonna das nossaJ palavras, já para Fôrro, F6rro1 .- Em toda c qualquer a.~o.jtmo, quer subs-
o singular, já para o plural, baseia-se na do acusativo c: não tantivo qllfl' adjetivo, tem no Brasil fechado o "o" <Jo plural:
na do nominativo latino. Ftmo (subst.)- guarnição interna., enchimento ou rd'oCGO
Formas & ckllaldcla - Além do mero emprego de verbos e de interior, estofo, revestimento, cobertura; em Portugal o
locuções que por si já expressam delicadeza de quem os plural é "fórros", com o "o" tônico aberto.
profere ("0 ~nhor 'p ode fazer-me o favor de ... ?" -"É-lhe Fl'mo (adjetivo) - <JUe alcançou carta de alforria, liberto
possível infonnar-me por favor se... ?") temos o emprego do da escravidão, que: nio paga fôro ou pensão, livre, descm-
fururo do pretérito para suavizar uma ,Ptt8"nta ou um bar.tçado, desobripdo, isenw; o plural ê "fõrros", como o
pedido: " Poderia dar-me o seu endereço ?' feminino " fõrra", que vemos na expressão "comer à aipa
O emprego do futuro do pretérito em tal ca50 não deve 5Ct' fôrra" (comer sem despender nada).
exagerado; há um momento em que ele se toma impraticã- F6rro (adjet.)- abonado, que tem de seu, rico; o plural é
vel, sem sentido, como nesca pergunta : "Q.ual Jlria o seu tamb~rn fechado, como o feminino :fma,forros.
nome?" Não nos esqueçamos de que no Brasil existe popularmente
" Q.ual seria" indica dúvida, e a pergunta implica um o subiiWltivo "f6rra", asmn pronunciado <m virtude do
assunto certo, que exige o indicativo presente: "Q.ual i o verdadeiro túsj111'Ta. V. túsforro.
seu nome, por fotvor?" Fortuito - A pronúncia éfortúito, com acento tônico no ~u" e
Formas divergentes - V. plilnt~. nãono " i".
Formldda - Nem com sen.m muitos os látos estranháveis de foctuDa - V.~.
nos50 idioma devemos deixar de estudá-los e, quanto possí- Fonam - V .firo, ._
vel, aviventá-los. Cttmos que a muita gente será choca.me fô.cU, fóaàs - Ambas .u palavras com sinal diaairico; a.
ouvir "o formicida", ao referir-se alguhn à preparação qui- primcira (2• p. pL do pru. imp. do subj .) com circunflexo
mica para matar formigas; o certo, no entanto, ~ o g~o (a vogal~ fechada) po~ue é paroxiwna acabada~ ditongo
masculino: "Esle formicida não é IHlm" - "Comprei um oral (FOT'IIIfÚ4rio Ortogrlfjico, 48, 9'). a segunda (plural dcfól.li/),
formicida noQO". com acento agudo (a vogal é aberta) também por ser paroxí-
Não dizemos todos "um ~~Crrnicida"? Q.uando compostos tona terminada em ditongo oral (FO, 9': Mara-sc: com o
de "cida" puderem referir-se a mulher (t:la é fratricida, ela competente acento, agudo ou circunflexo, a vogal da sílaba
é homicida, ela é matricida), dever-se-á dizer, é claro, "WM tônica dos voca'bulos paroxítonos acabados em ditongo oral,
fratricida", "111110 homicida", mas aqui a palavra é IDll adje· ágeis, devtr~iJ...Jófuei, phlseis... ).
tivo subswativado a concordar com o nome a que se refere; fOMO (6) • No plural o "o" é aben.o.
quando, porún, o composto designar çoisa, ou melhor, Foto - Q.uando primeiro elemento de um composto, junta-se
122 Foto Franco -atirado.-

ao segundo sem hífcn :fot~Kart<J,foUJctluJa,fotocronémetro. de d>n<:n tos e poucos professores universitários para ela-
Como, porém, grafar o composto quando o segundo ele- borar um dicionário ? - "Vamos nomear um relator e de-
mento começa com vogal? ConS<:rva-se ou se elimina o "o" pois impingir um vocabulário do idioma mediante um
final de foto? Fotll41itrir:o ouJottlitriUJ? decreto, uma portaria que seja" - é a conclusão da acade-
A pergunta não é sobeja. A revelar conhecimento do gre· mia do Brasil e da de Portugal. V. hidroelitrico.
go, mas a demonstrar verdadeira psiconeurose helenística focogra& . Coletivo, quando em livro de coleções: álbum. V.
mais do que desrespeito a lei fundamental da formação dos he/iografia.
idiomas, o relator do Vocabulário O rtográfico da Língua Fouce, fouçada - V. coiJa .
Porruguesa da Academia das Cimcias de Lisboa atirou pesa- " J oycr" . Foaii poderia ser o aportuguesamento dcna pala-
da pedra que perturbou ainda mais a superficie do grande vra francesa. dado o seu uso generalizado em linguagem
lago constituído em nosso idioma pelos compostos de el e- de teatro; denora· o salio destinado aos espectadores nos
mentos gregos. Ao comunicar as "inovações, expondo e inrervalos; cadeiras do foait são as que ficam no andar
comentando a s bases onográficas da obra e todas as parti - desse S<~lào.
cularidades do seu método" (sic), afirma ele na página XXV, Fração, fracionar · V. uçõo.
sob o tírulo "Estruturas": fracas.so, &acas.sar · Muitas são as maneiras de dizer que
''Segundo o modelo dos compostOs que o português, dire- substituem o substanrivofra<:<UJO e o verbo fr=ar.
ta ou indiretamente, recebeu do grego já formados, não se De Bo telho de Amaral é o seguinte passo: O substantivo
adnúte que o "o" llnaJ de um elemento de composição de é usado há mui to no sentido de ruído, baqtU e também
origem grega penuaneça diame de uma vogal q ue imediata· ntina. ·dt~e. triJte suceSJO. Mas o verbo jracaum, que em -
mente se lhe siga: elide- se regularmente esse "o". Assim : 11- prtgávamos somente ou quase na acep<;ào de quebrar, dts·
camos tendo tltctnman, indarterial, gaJtrtnterite, m~mat6mico, ptdaçar com t!trépito, entrou agora «.>m uso demasiado.
do mesmo modo que já tinhamos, recebidos do grego, tú- acaso por influência castelhana.
IMgogo, filantropo, m<>71<mdria, e, formados modcmamente, Não o proscrevendo, podemos variar o verbo com
meuncijalo. neuralgia, quiralgia." malograr-SI, gwar-st, frustrar -se, baldar, falir, falhar, ir-st llbai ·
" Abre-se exceçio - continua o Relator, como se o idioma X/J, não tn lxiUJ, ter mau ixilo. não ir par díanJt. não ír avante etc.
fosse propriedade particular, embols:í.vel e desfrut:ável a von· O substantivo frat:OJo>O ganharia em ser, de ve-r_ em quando,
ta de - apenas para alguma forma que esteja em circunstân- substi tuído por malogro, rulna, mau l xito, sucesso lastimoso etc.
cias especiais, mas, rnesmo assim, indicando a fom1.1 melhor. Fraco · Aumentativo :frtWJ/hiio.
Exemplos: não se deixa de regisaar lúdroavukl, porque, além Frade, frri · Estas palavras estão a necessitar de esclarecimen-
de muitO freqüente, tem a rcducio ltidro, mas eira-se como to; cor1quanto designativas ambas de " ho mem que faz
melhor a forma ltidraviJo; não se deixa de registrar o com· parte de uma ordem religiosa cujos membros seguem cer-
posto tmnotletricidatú, em vinude de sua grande divulgacã.o c ta regra e vi-.oem separados do m undo social". não podem
da correspondência de esrrurura que rem noutras línguas, ser usadas indistintamente. Enquanto frade é nome, }rtl
mas aponta-se como preferível a forma ltrmtlelricidade." é abreviatura.
A demonstrar ainda mai s acintosamente um procrdimento O nome tem valor de substantivo; designa por si só o
todo pessoal mais do que a confirmar uma condusào pre· homem de vida monástica: "A C$sc mosteiro se recolheu
ci pitada, nem ao menos dá no corpo do vocabulário as pro- o arcebispo como simplcsfradeH- ".Frades e padres parti ·
metidas variantes com os grupos vocálicos oa, ot, oi, oo; apa · ciparam do retiro" - "Ele é.frade".
recem então, com despre'lO a rodos os dicionários existentes A abreviarura -frei - só se usa precedendo o nome do
até 1940- data do citado vocabulário- formas chocantes frade: "C:ntre os frades estava frei Ângelo" - "Frei Basílio
f'QMQ Hel('tfimãU, Uhidraviào", "JY'Iacranto" • e frei Agostinho são franciscanos" - "Frti Roberto é um
Há nesse proceder confusão cntrt composi<;ào opera· frade eloqOeme".
da no próprio grego e composição realizada dentro do " Foram condenados os freis dominicanos" não é redação
nosso ou de outro idioma. A Real Açddemia E$panhola do nosso idioma. - Coletivo, quanto ao local em q ue
não incorTeu nessa leviandade; não elaborado por um moram: convtnUJ; quanto ao fundador ou quanto às regras
"relator'', seu ''Diccionario de la Lengua Espaitola'' traz a que estão sujeicos: OTdem (dos franciscanos, dos
sempre os_ agrupamentos vocálicos. Pro~imento igual - beneditinos ... ).
mente sensato encontramos no Webster, nos dicionários Fndidda . v. ma.ritiada.
franceses e nos italianos com relação a palavras como Frágil- Superlativo sintérico :frat;íJimo,.fragilissimo.
acroartitt, bioaltronáutica, bioelitrico, cacoete, ~Jaloauricular, Fntgrànda • Significa perfu~ agradável: a fragrância da rosa.
carboidrato, dú11J1JIIIflétrico. detruímti, gtJ.Jirotnct/àlife. g(l.ltrotn· Não confí1ndir com jln.grdncia. que indica a manifestado
ltroct)/ilt, ltidroavião. Jridroelitrico, Jridrotmia, /tidroef>41ou, de um ato no momento em que é praticado. V. oprólmo.
idioelélrito, iJoaltl, i>Ot!litrico, macroestesia, microacústico, mi· fragrante • Significa odonftro, pnjurMdo: Q.pe fragrar;te brisa,
crtluonomia, microewiu(iic, microorgtmimw, trrmtJ.I!Iilrico. Se o embalsamada pelas exalações da campina.
francês cr;ou "hidrohémic", por que vamos nó&, além de Não confundir com jlagranú, que significa ardmte, in·
eliminar o " b" mediai, escrC\•er a palavra sem "o"? A pre · jlamado e, também, marri/tsUJ, roidmlt, q~ i surprtmdido no
sem~ observação é relatim a compostos for mados em por- mOTMnlo rm que é praticado. V. opróbrio.
tuguês e não a compostos já formados no própri o grego Fr.ígua, fraguar . V. mágoa.
nem a derivados (nome + sufixo). Mais exemplos podíamos frands • Q..uando primeiro elemento de adjetivo pátrio
oferecer desse contraditório procedimento de lexicógra- composto, assume a formafranco:franco-belga.
fos (Como iríamos escrever Jridroaireo?); consciente ou in· 'Franco-atirador · Fugindo da dificuldade - o que nlio admi-
consçientemente, baseiam-se o mais das veze; em voca· ra a quem os conhtce - o YOCllbulário ofocial brasileiro c
buJários oficiais, mas ~ai proceder não nos esconde nem o oficial português não trazem o plural de nenhum com-
dirime a incongruência, que se evidencia na própria pala· posto dejrariCIJ nem de livre. O plural de gwtrtfa-JI)/ e o de
vra do verbete: Enquanto vemos elidido o "o" de foloe/f. pára-st)/, que qualquer indivíduo conhece e qua lquer gi oa·
trico, vemo-lo conservado cmfoklactin6metro. >ia no explica, aí estão bem nícidos: "' Pl. : guarda-sóis" -
Essa leviandade filológica é de conseqüências mais de- "PI.: pma-sóis". O plural de jraJICO·rnação, defranco-atirad()r.
sastrosas do que a de afirmar no próprio prefácio da obra de liwt-ptruadw que vão procurar onde quisc:.Tem. ..
que devemos escrever "tejolo" e não tijolo porque " ...a eú · Se enervante é o proceder de relatores de vocabulários
mologia não consente: sabe-se que a palavra veio do oficiais, dt"Sallimaclor ê o de bem intencionados dicionaris·
espanhol "tejuclo", diminutivo de ú.JO." tas que a um tempo silenciam completamente nos com-
Por que agir como Webster, que arrebanhou um elenco pOSI()S de franco (quer com significado de fran.r:ts, quer de
Fr.m.co de pagamento Fui eu quem fez 123
liiiTel e se conrradizem nos compostos de 6urt, oferecendo "Fra~e" :-; Jo~e-se fora; em portugub é notável, admirá-
6tJTe-culti.mws, livre-cultist<U, livre-cambiJitJ.I, 6vrt·t-5, vtl~ vivo, vtvu.Jo, julgurante.
com o prilneiro elemenro inflexível, ao lado de li-vm-pm- fraqueje, naje - Nos verbos terminados ernjar, oj se conser-
MJ~iom, livm-permul<U, com o primeiro elemento flexionado. va em todas as formas da conjugação: viajei, viajaste .•. que
"Bem intencionados diciona•ütas", ficou dito; sê-lo-ào eu viaje, que tu viajts ... -fraquejei, que eu fraiJUeje ... que
realmente? Por que omitem o plural de liure-IÚJCn&U? viceje (P•·onuncie fraquejt, vídjt, com o "e" tônico fechado
Na rçalidade, se do uso podemos tirar regras da flexão - 446,b).
numérica de substamivos compostos de substantivos (mldi- Pensando no substantivo viagem, escrevem muitos a 3J
crrcíTUTgiáo, midico5-cirurgiQ/5: ambos os elementos vari~) pessoa do plural do presente do subjuntivo com g. quando
e de substamh•os compostos de adjetivos (médico-cirúrgico, é isso crTo; vUgro-1 é a forma citada de viajar; viagem é o subs-
m(dico-cirtirgicrH: só o S(-gundo varia), já :s<> toma um tanto tantivo.
delicado deduzir a regra do plural de compostos de adje- Frase - Coletivo, quando, mal ordenadas, formam um dis-
tivo e substantivo. curso chocho ou dispar.uado: apomoa~W.
Q..uando o elemento franco é sinônimo de francês (povo), o Fraseologia - V. taxeonomia.
cornp!>sto é ;~djeti•·o, e dificuldade nenhuma ofer~ o Fratricida - V. formicida.
plural, pois (a única exceção é surdo-muiW) a norma de nos- "Fraulll" . V. aluguel.
so idioma é clara: só o últjmo elemento varia: ''sa<ieda- ..,ruba" - V. aluguel.
de luso-brasileira", "influências poético-musicais", "elementos Fregub- Coletivo:freguesia, climtela. V. climte.
anglo-normancúu", "tratados jrtmco-alemãts". Q.uando, po- frei- V.frade.
rém, significa livre, ele vem seguido de substantivo: fran- Fremir- V. abolir.
co-atirador,fraru:o-rMção; qual, agora, o plural? ..Frente A"· V. emftente de. V. 'Jaaa".
livre, por sua vez, é adjetivo, e a substantivo se une na Ftevo - A palavra frevo, peculiar de Pernamb uco, designa cer-
fortnil.ção de substantivos compostos: livre-doct71U, liure- ta dança, muito movimentada. Tcschauer tira-a do "Jor-
pernador. nal de Recife", n9 52, de 1915 : "Q..ueiram ou não, a verda-
Não receamos aco.nselhar a flexão -de ambos os elementos, de é esta, e somente os amantes do frevo é que têm dado a
do adjetivo e do substantivo: livres-docmies, livm-J1nl$4dc- nota grotesca nas ruas da cidade, Saracoteando funam-
res, /ivrel-cuUülas, livres-pensamentos, livres-cr•llism{JJ, livre.•- bulescameme".
permulúmos e francos-atiradores.jrarrco.l-l>UJ(ões. Seu étimo é o vernáculo jerwr, de que proveio mtdiante
Acaso o plural de quinta-feira não é quinla5jeiras? - V. metátese :fervor-frev~- frevo .
"livre-cdmbioM. Frigir - Vulgannente é conjugado como aderir.• mas é corrupte-
Franco de pagamento - "Os titulos deverão ser entregues la; digamos com os puristas"defrige".
ao sacado francos de pagamento''. -francos no plural por- Frio- Superlativo sintético:.friwi:mo,.frigidÍ.J.limo.
que, como predicativo do sujeito deve com ele concor- Fritura - Barulho: chiar, redtiar (O grosso lombo recfda sobre
dar. a brasa viva), uchinar (A carne rechinava sob o ferro can-
Outros exemplos: "Todos os soldados devem seguir dente).
livres de embaraço"; jamais poderíamos deixar no singular ftom ... to - Parece-nos já m ..-tis fácil a um noticiarista olosso
o adjetivo livre. - "Os tírulos devem ser cobrados isintos redigir em perfeito inglês do que em português que preste.
de <:Omissão"; iseruos, no plural, a concordar com a pala- Se é para oferecer-nos esta construção: "O Xl9 Salão do
vra a que se refere. Automóvel abrirá dia 19, oo seu horário normal tk /6 a
A distância não deswlpará a falta de concordância: 24 ltor<U" - melhor é que termine o comunicado com
" Os útulos deverão set' entregues ao sacado, sem mais avi- "from 16 to 24 hours".
so,francos de pagamento". Q..uando em nosso desvalido idioma se pergunta : "A que
..,rançoia"- V . nomes próprios estrrmgriros. horas ele chega?" - a resposta a_presenta-Se com a mesma
FriDgão- Provincianismo lusitano porfrango. preposição da pergunta. combonada com o artigo: às
franqueza, &anqurus- V. saudade. (a + as) 16 horas; ninguém iri redigir: "a 16 horas". Se
Franquiar - Escritores não nos servem de base para casos co- a pergunta for "de que hord.s a que horas?" - a resposta
mo este; confiam nos dicionários; a estes, pois, vanlos re. continuará a trazer as preposições da pergunta (de ..• a... )
correr. mais o artigo detemlinativo das horas: das (de + as) 16
Enquanto Aulete, Laudelino e Mellloramemos só ofe- às (a + as) 24 horas.
recemfranquear para toda e qualquer acepção, Rebelo Gon- "Ele tem febre tk 16 a 24 horas por dia" é construção
çalves (no que é seguido pelo vocabulário oficial brasilei· corretissisna, mas - compreenda isto, por favor, senhor
(O) traz dois verbos, franquear e ftanquiar, sem nenhuma redator- o sentido agora é outro. Não é verdade?
discriminação de significado, Cândido de Figueiredo - Fnuuar- Com tr na última sllaba, desde o làúm.
que só dá franquear - diz em frllTilftlia que este "ocábulo é Fruta - Coletivo, quando ligadas ao mesmo pedúoculo: ca·
de fronquiar, e Vasco Botelho de Amaral afirma que a for- cito, penca; quanto à totalidade das colhidas num ano:
ma em iar "só se emprega no sentido de selar a correspon· cc~Mita, safra.
dência postal". Fruto, fruta - Semelhante ao caso de pombo, pomba - tratado
Tem o espanhol só a fonna em ear, ma.~ no caso nao adiante - é o de fruto.Jruta . A forma masculina tem senti-
se presta nossa língua irmã para comparação, pois o nome do genérico;.pode também ser empregada metaforicamente:
é ai franqueo, quando em nosso idioma é franquia . Se de folia Aqui tem ofrut() desse primeiro marrimõnio.
temos foliar (ele folia); de maquia, maiJiiÍM (ele maquia), A feminina especifica os frotos comestíveis, especial-
de porfia, porfiar (ele PM}ia); de vigia, VIgiar (ele vigia); de mente os que são mais para regalo do que para sustento:
agqnia, agoniar {ele agonia); de atrofia, atroftn.r (ele atrofia); Uma variada coleção de ftutas geladas.
de avaria, avariar( ele avaria); de vistoria, vistoriar( ele vistoria); Fuão - Usa -se esta palavra, forma sincopada de "fulano",
de anesusia, anestesiar (ele aneste$ía); de apostasia, aposta5iar para indicar o prenome quando eSte é desconhecido:
(ele apo•tasia), não vemos nenhum arrevimento em afir· "FIJM de Abreu". Plur.ll:Juãos, fi~&•; fem. :.fo4..
mar que de fran'{llia devamos ter franqui(lr (ele franquia) Fugir - Tem estas regências: a} " ... e todos a fugiam" -
para toda e qualquer acepção, e daí fra:nquiamenlo . fra:nquió. - "E sem o conher;er fugiste o mundo". b) "Mas Simão
vel, comi. ttme-o e foge-lltt" - "t preciso, pois, fugir./M" - "Vão
Se Rebelo, o vocabulário oficial brasileiro e Vasco nos fugindo ao doce laço". cl " ...não fugiffi tkla". Q..uanto à
animam a aceitar ftanquiar, a coerência de comportamento conjugação, veja bulir.
vocabular forca-nos a só empregar essa forma. Fui eu quem fez - V. que, quem.
124 Função Futuro do pretérito
Funçio • V. 1rl4leTÚII. Note-se a diferença de grafia: Jwivel, }iisil com s; for.il
Fuoçioac:osativa . V. casoJ ÚlliTWs. com L
fuu9io daôn. . V. casos lalinos. Fukbol • Digno de encômios é o trabalho de vemaculizar
Função dos ouos latioos • V . Cll$0S /alinos. termos e expressões téalicas de origem estrangeira . Fácil
Fuoçio .-nioaôn . V. casos latinos. será a trasladação c adaptação de uns, mas dificuldade
JWIÕonalidack • E não "funcionabilidade". Q.uando cui- haverá para a aceitação de o utros. Gum-diM, utgtairo, ,,.
damos de declarar que os móveis ~ presw·n, sem mais trt711Q, JN!nl4, nseia etc. ai estão com justos foros de cidadania,
preocupações ou complicações, ao fim colineado, di1:cmos mas foubol, palavra que os garotos aprendem a proferir
''m6veisfuncitmaiJ", e não •'móveisfont.itJ,uiveis''. Assim. "os ames, is vetes, de pronunciar com correção o nome dos
u:su:s devem comprovar a funcUma/ido.de da f<.TTa.lllCma", pais, ji encontrou definitiva guarida.
"afonciUMiidiule dos novos postes de iluminação" . Nesse uabalbo de substituição de nomes esrranhos ao
Fundac;ão do liwo diclátioo · Assim !.e deve construir e não idioma. muito jmpona consi derar a tonícidade; fottbol é
"fundação para o Livro Didático". É tão en-ado exigir que palavra oxiro na, e conhecida é a preferência do povo a
se de~ig:ne um departamcmo "Fundação fJMo. o Livro Di· vocábulos assim acenruados. Deve-se ainda considerar que
dârico" quanto exigir que se intitulc um l'stabelecimento outros jogos existem com a terminação boi; pensar em "ba·
de ensino "Ginásio do Estado nn Campinas". Em ambos os lipodo", "ludopédio" é considerá-los ramos da medicina
casos a preposição de tem emprego correto e signillcação o u da engt'Jlhari.a ; são nomes que mai~ parecem indicar
perfeita. Para compreensão dosa função da pr<:posição dt remédios ou doençu. Nenhum mal existe em deixaT a
é ne~o saber o q ue é complemento nominal, geniti· terminação boi; não seria igualmente fácil ditcrmos manu-
vo o~jetivo, gcnitivo subjetivo. Tít ulos de instiruições de bol, cestobol, aqu$ol ... ?
ensino que são. estão a indicar a Caha dt conhecimento do Juwro do pretérito • " Nós endossamos (pret. pcrf.) na ccr-
nosso idioma (Curso de Português por Correspondên- tcla de que V. Sa. ejtltt.as1t" ou : " Nós c:ndossamo5 (pret.
cia, licio 69). perf.) na cene2a de que V. Sa. efetuaria.,?
Fuocral . t erro dizer que esta palavra só se usa no plural, São com:r;u ambas as construções. Por ser criac;ão ro-
erro conseqOcnte, talvez, de s<:r sinõnima de alquiaJ (232). mânica, o futuro do pretéri to é umas vaes subsriruído
João Ribeiro chega a afirmar o contrário: ••Ftmn-o.iJ por pdos tempos que o oríginar-.tm, outras pelos corresponden-
julltral é galicismo int'uil e reprovado". tes latinos.
fllll8icida - V.jt~m~icida. Por outras palavras: l - Pelo fato de ter nascido do in-
Fusi•d . É como se tlcve chama•· a peça que numa chave dé- dicativo, o futuro do pretérito é com freqüência substitui-
trica se funde quando há excesso de corrent.e. É subsanri- do por tem.pos do indicativo: " Não Oll.j(lra (= owaria) en-
vo proveniente de adjetivo; a terminação wl (ávtl, Evcl. trar, se não fosses bom" - " Quem vos hilvia <~ hilvtria) de
ível. óvel, úvd) ~ própria de adjetivo;, que denotam aptidão , enganar?" - "Tivna <- teria) isso eu feito, se ele mere-
possibilidade de praticar ou d<- receber uma ar) o: amável. cesse'~.

iTiddivd. flexível. móvtl. lobíuel. Fulível ~ que pode fundir-se. 2 - Pelo fato de corresponder. no latim, ao subjunóvo,
Não confun di r nem com foti/ .(carabina; parte achatada é por vezes substituído por ocmpos do subjuntivo, estando
da haste do anzo]) nem com o adjetivo paroxítono fúsil (lat. neste caso o exemplo da pergunta: "Nós endossamos ata
júJilil), que significa dcrrttido, fundido , fei to de me~al fun- d uplicata na ccrte:%3 de que V. Sa. ifetwm (= efetuaria) o
dido. seu pagamento" (4 19,3).
--

G- Aportuguesamento: V. pingue-pongue. formando o idioma português em um São Sebastião en-


Gabarito - Para ser admitida, a figura deve concordar com o sangüentado. Flechadas continuam a dar na pobre vítima.,
real significado da palavra; se em sentido figurado diz-se vítima. de desleixados mais do que de bárbaros. Sem d úvida,
- e ninguém estranha o dizer - "clu da boca", clu ai escl. se o esti lo reflete o homem, o idioma reflete o povo.
com significação rranslata, figurada, não porém violentada. Gafanhoto- Vol: z.i~-ri~.
Tem a boca ciu, como pode ter pentes. ..Gafe" - Conquanto tenhamos palavras muito expressivas,
Palavra técnica de engenharia, tem gabarito emprego como anca, rata, ratiu, jMa.. este francesismo já consta em
nestas passagens: "O código de obras faxa em dez andares dicionários nossos. ''Cometer uma rata", "D<:i uma t:in-
o limite de altura dos prMios... ; nos bairros o gabarito é cada", HDizer isso foi uma 'flltice minha", t'Q..ue /&ra!"
livre para até catone andares" - " O ex -prefeito disse que o São fonnas mais nossas e muito expressivas, em vez de
gabarito dos edificios na Guanabara está atingindo rúveis "cometer uma gafe".
que atentam contra a estética" - "Os problemas deçorrem Gaio - Voz:gra/Jaar, grasnar.
da quantidade de ruas asfaltadas e de cdifl.cios de gabarito Gai~ota- Voz: pipi/ar, grasnar.
elevado" - " ... revoga o decreto que limitava o gabarito Galã - Provinda do espanhol galán, a palavra já é do nosso
de consrruções nos bairros do Leme, Copacabana, Ipanema vocabulário, quer para indicar o ator principal de um filme
eLeblon". de amor, quer, simplesmente, namorado; é seu derivado
De origem provençal, a palavra proveio-nos pelo fran- galanitt.
cês gabarit. Gabarito siçn;tlca modelo, limite, padrão de conSII'U- Galanu, galantear, galantaria prendem-se ao italiano "ga-
ç.ão. Emprega-se em consiJ'u<;ào nava.l (modelo de navio), lante".
em estrada de ferro (arco de tamanho real para -vttificação Gales - Adjetivo pátrio: galts.
da altura e da largura de veículos; baste de ferro que serve Gália - Adjetivo pátrio: gaulls, gal(). Q..uando primeiro elemen-
para regular a distância entre os trilhos), em indústria eJé.. to de adjetivo pátrio composto, emprega-se a forma
nica (forma sobre qut se enrola. um condutor); em ourr..s galo: galo-uúa.
manufaturas (o molde do que se forja, do que se r<."Produzl. Gali~a - Adjetivo pánio: galileu.
Como outros substantivos, pode gabarito ser empregado Galinha - Voz: cacarejar, cacarejo, carcarejar. cacarecar, carcarear.
em sentido figurado, mas cum gtano salis, não a a testar Galinha-de-angola- Voz:fra~jar, estoujraco.
miséria de vocabulário e, outras vezes, desconhecimento Galiza - Adjetivo pá1rio: ga/eg().
do real significado da palavra. Como se vê das passagens Galo- Voz: cantar, darinar, cocoriar, coct>ricar, =icar, cucuritar,
no início citadas, g<lbarito não significa "grande alrura", galicanto, galicfnio.
"grande largura", "grande padrão", senão simplesmente Galochas - Palavra corretamente pro,~nda do francês galoche,
"ahurn", "largura", "padrão". Onde foram buscar para a que uns filiam ao grego lulkipous e ao baixo latim calopum
palavra a idéia de "imponência"? Tal é o abuso do seu (sapato de madeira) e Cortesão a gallicuJum (sapato dos
emprego que muita gente já se esqueceu àa palavra que gauleses).
indica "solução de problemas", "parte do mestre", "bur- Galr.woüpia - V. cinódr<ml().
ro"; em outros tempos, "cJw.uL de questionário"; hoje, ''ga- Gimeta - Com exceção de al~ns nomes que trazem o sufixo
barito de cruzinhas"; à fuga do são processo de exame está iles. indicativo de mineral ou fóssil, normalmente os nomes
a corresponder a de sua tradicional designação: chave. comuru gtegos, masculinos ou femininos, da primeira de-
E outras .palavras estão ficando de lado: qualid4dt (" ... clinação dão-nos formas terminadas em a, conservando o
assim por suas cãs, como pela. qualidade de sua pessoa"), gênero de origem.
habilidade ("Ninguém duvida de sua. hahilidaá~ para esse Se exceções dessa norma geral existem, firmadas no erro
fim"), destreza ("Lutador de comprovada destm.a" ), d~U­ de nascença e de sua popular e rápida divulgação, procure-
ri44de ("Pessoa de alta dexttridadt de espírito"), talento mos fugir da dubiedade de dicionários que trazem variantes
("Apresentaram -se par-.. o emprego candidatos de talento"), e mais variantes, ora de forma, ora de acentO, ora de gênero,
caliln-e (palavra de uso em francês, em italiano e em inglês de nomes que podem ainda fixar-se, dado o emprego erudi-
com o sentido de modeltJ e. figuradamente, de conjunto de to, na terminação, na prosódia e no gênero devidos. É o ca:so
qualidades: ·• gente do mais variado wlibre"), nivtl ("comis- de gdmeta, que vemos nos dicionários de ànco formas dife-
são de alto nível"), colurrw ("pesS03$ de alto e de baixo rentes.
CtJJurtJI) na sociedade"), padrão ("auxiliares do mais elevado Como temos planeta, (hrMta, atleta, dispcta, patriota, exegeta,
padrão profissional"), e.stal& ("Comia por si e por dois eremita, JCjüta, acróbata e outros nomes corretamente grafados
iguais a ele, cotados pelo mesmo esta/iio"), escantilhiiti ("Ele e acentuados, gdlneta é a forma que devemos usar em porru-
não se enquadra no eWJnti/Mo dos professores dessa escola"), guês, com a tenninação a, com o gênero masculino e com o
estofo ("Homem sem tllofo para o cargo"), bito/lJ ("Não são acento tônico na primeira sílaba por ser breve a vogal -d a
da mesma bitola esses dois empregados"). penúltima..
Já um amigo há anos dizia que no Brasil estavam trans- Seguindo o usual critério apontado no irúcio do verbete,
126 Gametóàto Gazua., Gázua
ainda ourras palavras podem ser corTetameme empregadas: literatura. Lembrando -nos ter visto, duran~ nossos tstudos
o amódila, o aoognOJia, ollarmoJUJ., o hiliaJla, o parafrruta, o zigóba- secundários, certos versos que elucidavam o caso, diS5emOs
14, o ginasta, o hierofanta, o tsciJÜrula, substantivos que passarão de tais versos a distinto colega, a de também não estranhos;
a ter dois gêneros quando puderem ser empregados adjer.i- urna busca c eis <1ue os enconrramos em Eça de Q_ueirós, nas
vamente: um homem acróbata, uma mulher acróbtJJa. " Notas Contemporâneas", oo trecho intitulado " Antero de
Gamc:tódro - Por ser breve o J {i na onognfla oficial) do ele- Q_uen.tal" :
mento gr-ego CJIO, rodos os composros que por ele termina · " ... os rranscend~otes recantos
rem serão proparoxítonas: ltuafcito,Jagócito. Aonde o lx>m Deus se mt'te,
Gangue • Se em inglês tem mais de um sentido (1. grupo de S<;m fazer casos dos Smtas,
pessoas; 2. grupo de malfeirores, quadrilha ; 3. grupo de roi- A conversar com Garrett!"
quinas ou de ferramentas que rrabalham em conjunto), em Propositadamente, o poeta e profundo pensador portu-
português a palavra é usada para indicar "grupo de pessoas guês Antero Tarqílínio de Q_uerual- dele sào esses versos -
que agem em conjunto para algum fim cri minoso ou, pelo fez rimar Carreu com rN!lt, Seria dM coisas a ntais esrranhável
menos, ruim ou desrespeitoso". que Antero de Q_uental, contemporâneo que foi de Garrett,
Nã.o podendo fugir do seu emprego, precisamos aporru- não lhe soubesse a '-erdadeira pronúncia do nome, como
guesar a pala~Ta. e forma que prometa vingar partce-nos estranhivel é que hoje haja quem gntuitamente dcsvirrue
ser gangut. " Ganga", conform<: o dicioruíl'iO que venhamos essa pronúncia.
a co nsultar, tem de2 diferentes procedências e significados, Um parêntese muito oportuno aparece em João RJbciro,
mas não compor ta mais o que acima consignamos p or não nos "Autores Contemporãneos", na p~na 202: ':João Sa-
afinar-se com a pr onúncia. que usualmente damos ao angli- tisra de Almeida Garrett (pronuncie garrétt) nasceu no Por -
cismo. Aceitemo-lo. e na forma gangue; afinal, gangtujferiww to ..."
não é um fato ? Por aqui oos deixarí.unos ficar não fosse a rica argumen-
Ganhar - " Ganhei de da" o u "ganhei por dez''; ambas u tação de Estêvão Cru:t, na Antologia da Língua Portuguesa :
consrruc;ões sào cerw e denotam o mesmo. A preposi<;ào " O apelido inglês do maior poeta nacional depois de Luís
" por" substitui muitas das nossas preposições e há casos em de Camões, j oào Batista de Almeida Gan·cu - escreve C .
q ue o ~u emprego em lugar de "de" é completarnenre indi - Viana - está recentemente a ser pronunciado de um modo
fcrenre: ··charutos de \o'irném'\ ucharutos por vintbn'''; ftin· pretensioso c que nenhum fundamento racional pode abo -
comodado de amlar a p é", " incomodado por andar a pé". nar. Diz-se para aí entre geme que p resume de insr:ruída, c
O que é errado é d izer "ganhar contra"; na acepção de muitaS vezes o ~ na realidade, garri. O q ue lhes seria difrcil
sa.ir triunfante, a construção é: ganhei tku, o clube âos sol - fora dilerem em que se Cstl'ibam e com que se escudam para
teiros ganhou do dos casados, o flamengo ganhou dr todos tã.o anômala pronuncial;ào. O apelido é ingles, e se à risca
na primeira rodada, ganhamos dt nosso competidor de (por) se quisesse proferi -lo como ntsta língua, haveria de pronun-
dois pontos, sempre ganho Ih minha mulher no "crapaud", ciar-se gáret, com acento na primeira sílaba , e com um l pro ·
ganhei todas as partidas dela (ou: ganhei dela todas as parti- f~·rido na segunda. Se o nome fosse francês, que não é, ne-
das). nhum frances, ao vê-lo escrito com dois tt finais, deixaria de
Ganho . Canlttuio ê forma hoje desusada ; ganho, forma partici- pronunciar gà:Tttt. A extnvagante pronu nc.iação garri é que
p ial irregular, é q ue se emprega, tamo na voz passiva quanto não pertence a língua nenhuma conhecida, c só prima pelo
na ativa : O vintém foi ganlro - línha ganho um vint('tll. Exis· ridlculo que é. . . .
te na. gramática wn capitulo , denominado ''verbos abundan- O fa.to, porém, t que o propno poeta sempre pronunoou
tes", q ue im porta tsrudar; 4~. o seu apelido corno ~ em porruguês se escrevesse garrite,
Ganir - V. abolir. com a surdo na p rimeira silaba, acento tônico na segunda, e
Ganja, Gu~to - O brasileirismo ganja (prcsun<;ào .. vaidadd t perfeitamente pronunciado... Nio é de admirar esle apor-
tem já consagrado em dicionários o derivado ganjtnlo (pre- tuguesamento de nomes estranhos ... "
>unçoso, vaidoso); se de tWji temos Mjmto. o derivado ga11· Garrote . Com o signilicatlo de luurro cem por feminino
Jmfo não deve causar-nos admiradto. garrota(ó).
Ga.oso ·Voz: grilar, grasnar. Gá:r., Gasollna - Com s; assim procedem ingleses, alemães, ita -
Garap> - Folhagnn.linguagem, pmonagem em português se for· lianos e espanhóis. A palavra gás nos veio do flamengo gw,
maram mediante a~Téscimo do sufuc.o agtm, que denota ação, cujo sentido primitivo é de rsfr{rilo, como é o sentido próprio
dura<;ào, continuação, reunião: lavagem, rod4gtm, Pllli4&nn. q ue tem nos idiomas germã.nicos; rspúilo era a palavra a guc
equ.ipagnn. noMos maiores recorriam quando se referiam a gá.<; " espirilo
Garagnn foi o·azido do fran~s. o nde crimoJogicamente de vinagre" , por exemplo, era como chamavam o ácido
significa alo Ih "garf:'f", isto é, de colocar na "gare"; dai a a cético, q ue é, como se s;~,be, um líqOido volátil.
trasladação de sentido para alpendre, armazém em que sc Ao lado de gás (fl uido ) remos, registrada em dicionários
recolhem automóveis. particulares e oficiais, a palavra gaz, medida de extensão usa·
f. indispensável o m no fim dessa palavra, com o verdadeira da na i.nd.ia, vocábuJo de procedência persa corno no-lo
e verruícula adaprac;ão da forma francesa. É assunro que não ensina Cândido de Figueiredo.
comporta d iscussão.
Garça . Voz: gauM. Ga!ICODha - Adjetivo pátrio : gascão.
G~o. Garc;oa - Garçiio é pala\Ta antiga e deve ser também a Ga!UI' . V. vf:'fix!s qru tnlram nn ncprtssõts tk úmJxl.
forma de transliteração do francês " garçon", para indicar Gasto, Gascado - A rendência - antiga e raros sào os exem-
empregado que serve em bar, café, restaurante. Garçoa, for- plos em contrário - é empregar só o particípio irregular,
roa também antiga. é seu,l('gitirno feminino. q ue pode ainda assim na passiv-d. como na ativa: tenho 1a.sUl , estã.gruto.
vi ngar de prefcr~ncia a "garçoneu~". Ga.urópodc - v. áprxú.
"Gan" - Galicismo inútil. Se é com o significado de esta<;ào, Gaticídio - V. 1'114ritúida.
estação se diga; se com o de cais, diga-se cais. O curioso é que Gato - Co lelivo: camb<ut4, gatarrlllÚl, gataria. Aumentativo: ga -
torceram a pahwra para usá-la a indicar a plataforma da es- tarrão, ·gatarro, gatc.JJW>, gatalhaço, gataço, galão. Voz : miar. T011·
tação, q uando os franceses a chamam quai th la. gart; digamos rmn. ronrmw, roncar. res:nwruar, clwrar, churadeira.
pliltajorrna que seremos muito lx.m entendidos. Gatutamo - Voz: gm>LT.
Garoto - Coletivo : cambada, bando, cltwma. Garião - Voz: guinclr.ar.
Guna. - Com muita esuanhez:a ouvimos de professor de res- Gazua. Gárua · São palavras diferentes; a primeira, paroxíto -
ponsabilidade no ensino dt' nosso idioma a pronúncia "gar- na, significa chave falsa. A segunda, proparoxítona, de ori -
ré" do sobrenome do introduto.- do romantismo em nossa g~m árabe, significa expedição, i.n vasio: Já não ousam os
~tílicos 127
muçulmanO$ cursar, em novas algvcs e gáziUlS, a~ porru- como distinguir, praticamente, as sílabas longas da s breves.
gucsa. Tomando de um bom dicionário latino, vê-se em todas as
Ceia - O verbo gear é peloyovo contraditoriamente conjuga- p alavras, por cima de cada vogal, ou um tracinho horizontal
do ; "contraditoriamente porque cerws verbos em iar ~­ ou uma IJ>Cia-lua inver tida. O primeiro sinal indica que i:
mos como se fo~ em ear; este, que realmente é em tar, o longa , c o segundo breve.
p ovo faz 8'1l, git. O cen o é: "Esta noite geia" - "Se hoje Nada mais simpl~s: trazendo a penúltima o rraço horiwn-
getnt, não importa que ama nhã t•un~m geie". tal, sabemos que o acento ai deverá cair; se o sinal de breve,
O verbo, derivado de gtada (e n ão de giada), tennina em recuar para a antepenúltima .
t ar, c dl'VC, para a conjugação, seguir a regra dos verbos E quando não houver em latim o com posto procurado,
assim te1111inados, a exemplo de jxwear: passeia (geia), passeie bastará ver a quantidade do último compon~nte, é o que se
(geie) etc. (460). dá no caso presente. Não exisre ern latim o composto grego
Galltt, Gtisercs - Esse é o singular e o plural da palavra islan - genótipo, mas vemos que o elemento lJPus traz sobre a sílaba
dcsa (Fonte de á.g ua quente, que sai em jatos intermitentes). t1 o sinal breve; toda a vez, pois, que em porruguh o ele-
Enquanto grafia c pronúncia têm variações em inglês, em mento ti~ vier a ser o último de um composto qualq u,T, o
ponugu~s glütr já se arraigou na pronúnàa e na grafia . acento nio poderá cair sobre a silaba ti, por, sendo -breve,
"Côsb a.. - V. gueix<J. constituir a penúltima do vocábulo.
Gm!eo - V. trlsglmtos. ru palavras de origem grega que, sem vida no latim, foram
Caiebra - Recebemos o nome desr:a bebida do francêsgroüvre a nós trazidas diretamente, obedecerão ao mesmo pro cesso.
e este do latim junípmun. f! fonna divergente umbro, nome Pronunàemos gm61ipo. linótipa, protótipo etc. se não quiser-
da árvore "cujos bagos se aplicam na composição da gme- m os errar.
lrra", e que em espanhol é enelrro, em italiano gir~e/no e em Gc:-nro - Femin ino: nora.
frands igual ao nome próprio, gtnievre. GO"Ote - Aumentativo depreciativq: gentafQ, gtnta/ha.
Q.uando esre não fosse o acemo etimológico, o que no GalôJ-bomem - l: seu plural gentis-lwmtnJ.
caso não se dá, mais que bastante para jusrificá-lo seria o
testemunho do uso. Todos d izemos genibra e contra o uso Cend lk o& - Na classe dos adjetivos estão incluídos o s nomes
comum, geral, não admitem razões senão os pcdant~s. que incl.icam a nacionalidade, a pátria, o lugar, a proce-
Gm trala - É gmerala o feminino de genual, mas é preciso es- dênàa de uma coisa. Esses adjetivos derivam do próprio
clarecer: Esse c outros mais femininos assumem sentido de- nome da nação ou do lu~:ar, e daí a razão de se chamarem
prcóaúvo quando empregados para indicar a mulher do que pátn~>. Tais adjetivos podem também denominar-scgrolüiooJ
tem realmente a dignidade, o cargo. (ou ilnic4J) 9uando designativos da raça ou região de origem:
GcniàTO - V. auos lmino1. tljri.cono. lllililico, .l4lCâo (pronuncie~).
Ceoitoc - São seus femininos: genilora, gnútriz. O nome do nuural é o mesmo da língua: o pma (natural),
Q.u~m se dá ao trabalho de con5uhar dicionários para o JNrS4 (idioma), o eira~, o portuguiJ. Latim constitui excec;ão,
di minar dúvidas de grafaa fica devcra.s atabalhoado em cer- pois só indica o idioma; para o natural do Lácio (antiga re-
los casos; o do feminino genilri: é wn deles. Resumindo a gião da Itália central; Roma era sua capital), o adjetivo é
lalino.
dificuldade, queremos dizer que nos~a pmer~ncia à grafia
genilrh com i na segunda sílaba deve-se em p rimeiro lugar ao Vários adjetivos p;hrios são apresentados neste L>ICIO-
fa1o de o próprio latim - a da1mos credito no Saraiva - NÁRIO após os nomes do lugar a que se referem; gen tílicos
ter as duas grafias; em segundo, ao fato de cnoontrannos n o entanto ex.is1em que niio ind icam nem o idioma nem o
em lar.im progenilrix (Saraiva, Meilletl St."TTT a variante com t; natural do lugar, mas coisa dai procedente; eml'e o utros,
por último, à vantagem de uniformização com gtnítora. estão em tal caso:
Genocídio- Criou a O.N.U. o nome gt1wc:íáio par-.t designar o arttsiaruJ - nome de tipo de poço que pela pr imeira vez
crime consiStente no extermínio ou na desi.ntegração de gru- foi aberto em Artlsi4 (fr. Arl6iJ).
pos humanos. É vocábulo híbrido, ou seja, compõe-se de baldaquim - nome de tcódo originário de Bagdá, vindo
elementos prm-enimtes de Línguas diversas, o primeiro gre- através do italiano bal.dtuchiM (Baidacro era seu anôgo nome).
go, o segundo latino, mas um hibridismo é justificável btócio - adjetivo que. além de pátrio, qualifica o bronco,
quando um dos elementos, por ser muitO usado em outros o ignorante, por terem disto fama os habiWltes da Btócia,
compostOs, tiver perdido o caráter estrangei ro. Pensar na região grega.
troca do o da segunda sílaba por i é forçar a filiação do pri- bugia - sinônimo de vela de cera, proveniente de Bugi.a,
meiro elemento ao latim gms, grntil ou grous. gtnms , com cidade da Argélia, grande produtora de cera.
desprezo do radical d a palavra. O o entra em outros híbridos cariátiát - nome de coluna em forma de mulher, arquite-
de primeiro elemento latino: socU>Iogia, pluvitmutro, e até em tada para perpetuai' as donzelas de Cárias, da Lacõnia, Gré-
compostos de ambos os elementos latinos: linguoámta/. Ade- cia, escravi•.a.das pelos persas.
rnais, temos a forma gern~, abreviação de gmeo, em fenígeno, carme/ita - designação de religioso, flrovenicnte de Car-
oxigtnomorjoJe. genótipo. Como, mais ainda, indispor-nos mL/, monte da Pa lestina no qual a o rdem foi instituída.
com outros idiomas? A palavra nasceu universal; tivesse casimira - proveniente do nome da cidade indiana de que
nascido nas mãos de médico, talvez tivesse vindo a nós a proveio o tecido (" K.ashmir'', Gax.enúra). V. clllimiro.
cri::ança ~em deformação fisionômica, mas o tribunal de uili/ - nome de m~a portuguesa de pouco valor, pro-
Nurcnbt-rgue, onde surgiu a palavra, constirula-sc de polí- veniente de Cthla, atra\'és do árabe Cebti. designação de CruJa.
ticos, não de filólogos. conlraqut - de Cognoc, nome da àdade francesa em que se
Galóôpo - Crnóli~.jmótipo, lmótipo, estmótipo, fmJl6lipo, pro- fabricava esta aguardente.
parox.itonamc:nte, é corno se acentuará qualquer composto cordtwão - dcsignac;.ão do couro de cabra preparado para
que traga por tíltimo o elemento tipo. calçado fab ricado em Cúráova.
As palavras de origem grega podem vir-nos ou por inter- faiança - designação de certa louça fabricada na cidade
médio do latim, ou, o que é raro, diretamente. No primeiro italiana de Farnw; a modificação gráfica do nome deve-se à
como no ~ndo caso, obedecerão elas, para efeito de pro - influ<:-ncia do francês.
sódia porruguC$1, às nonnas da língua latina. faisão - por rcr sido d o rio Fasi.s (hoje Riom), da Ásia Me-
Toda a paJavra de mais de dua s sílabas, de qualquer ori- nor, que a ave foi trazida para o ocidente.
gem, segue, sempre, em latim, sem uma única ~cec;ão, esta farol - Foi Faros, ilha pt·óx.ima d e Alexandria, que teve o
regra : Penúltima sílaba breve, o acento recua; penúltima primeir o farol, uma torre de mármore de 135 metros cons-
longa, o acento cai sobre ela. truída por Tolomeu li, a qual veio a desabarem IS02.
Pondo a pane a explicação teórica de tal assumo, vejamos gravata - do frands cravate, por ter-se originado n;a terra
128 Gcodésia Guúndio-partió.pio
doo croatas (kroval ) o uso do ornato que~ p<X it roda do Gmr . V. aderir.
p escoço. G«rme • v. tml4mt.
licru - nome dado a cstabelccimenro de ensino, por tft"·SC: Ceróglifo- V .jtrarquia.
assim chamado o antigo lugar de Atenas, junto do templo de Gcronte · Do Dr. Tomás, penonagern d o livro PARTIDAS
Apolo Uóo, nas margens do Ilisso, em que Aristóteles ensi - DOBRADAS, de Mário Donato (pág. $7), recebemos consul-
nava passeand o com seus discípulos. ta sobre a legit:imidade de gmm/L. É palavra já hi tempos
marroquirn - design2tivo de pele de cabra, preparada para consignada em bons dióonários ponugu~ e brasileiros;
artefatos confonne processo de M«rTocos. geronles eram os componentj:S, em número de trinta, da ge-
mercniUlçoo - tratamento de teddo que o torna mais fone r úsia. conselho dos anciiios d e Espana. A palavra, que signi-
e receptivo de colorames, inventado por um ing!Cs, J ohn fica ve/M (do grego gmm, gtronloJ), assume a forma gtTtlfllo
MtrUT. ~uando primeiro elemento de com posição: ger(11llQ(Qgia
mamolina - nome de rcód o fino e a-an~ente, veio-nos ( 'Sentindo que a velhice chegara, tinha instituído um regi-
através do italiano mussolino, adjetivo proveniente de Mossul, me, estudanao os m elhores processos de se conservar, feito
nome de cidade da Ásia Menor. um verdadeiro curso de t;tronlologia" - J úlio Dantas, Am
111lnqUim - no me de tinta originária da cidade chinesa de dt Amar). geronlocracia (""QJ.le são, fundamemalmenre, quase
Nat"!llim. todos os Estados europeus, monárquicos o u republicanos?
pamusâ6 - nome de certo tipo de queijo , a prinápio fa- ldrontocracias." -Júlio Dantas, F.J~ t Rosas), gtronl«õmi4
bricado na provináa italiana de Pa:rrna. (asilo de velhos). geriatria, 8triálrico são cognaros.
pequinis - além de usada como adjetivo pátrio de Ptquim, Gerwn, Genão . O frances Gerson poderia dar e deu realmen-
é empregada a palavra como substantivo para dc~ignar uma te Gmão, que se encontra no Vocabulário Ortográtlco da
raça de cãc:s dai originária. L . Pot'tllguesa da Academia das Cimcias de Lisboa. O caso,
ptrgaminho - do laaim pirgamm, de PhgtJJM, cidade da pon.'m. ao que nos pa.rtte, não está em apenas procurannos
Ásia Mc:no r onde se iniciou o p reparo de pele de carneiro de saber como ~ traduz nem como se vCJ"naculiza a fonna
fonna que n ela se pudesse escrever de maneira duradoura. esa-angcira, pois dc:vemos ter ma.is um cuidado: é tio errô -
plssego - pelo latim pénicum. nome de fruta originária da neo conservar o prenome estrangeiro quando temos.o nosso
Pirria. quanto, embora tenhamos forma próp ria, modificar o nome
romaria - por ter ~ido Roma o primeiro e mais importante de família; somos obrigad o, em virrude do uso, a. lazer con-
cen tro de peregrinação; o sentido generali2ou-se obliteran - cc:ssões pard o primeiro caso, não porém para o ~gundo.
do o prim.it:ivo. Exemplifiq uemos com ANATOLE FRAN CE; pode-se dizer
sanfori~~ - proa:sso de encolh er tecido antes de corta- Analllú, e assim se diz, em vC2 d.e Anatólio (pelo m enos nunca
do, inventado por um americano, Sanford L. Cluett. nos foi dado ver ninguém empregar esta formal, mas não
sardônico (risol - por ser originária da Sardenluz a planta se diz "Anatole FRANÇA~. Ghson (a origem~ bíblíca: I Ch.
cuj o contatO com os lábios fazia a pessoa morrerem convul- 6, 2), é a fom11 usual no Brasil. mas pa,..,. prenome. Se sobtt-
sões que pareciam f:ue:r o paciente: rir de modo constrangi - nome, não dc:veremos alterar, nem quanto à grafia, nem
do. quanto à p ronúncia. Assim, Poirin' se conserva em "João
sibarila - d.-signação de pessoa que leva vida volupruosa Poirirr"; nio se d~e dizer "]tan Poirier", nem iremos obri-
ou lfeminada como os habirantt.>s de Síb<JriJ, cidade da baixa gá-lo a chamar -se "J oio Ptráran; "J oão Poirier'", cremos,
Itália. A palavra é também usada como adjetivo pátrio. concor dariam todos em dizer ; de igual forma, }IHio de IA
:U'Te-t. (pron. xrrls) - designação de certo vinho, em virrude Futúaine, Luís Ponce de l.ton. }OOM d'Arc, Ajo71Sli Daud.tt, Alfredo
do nome da ódadc andaluza de q ue proveio. lkMwut.
- A lista de tais nomes. a.i nda que fosse completa, não Gerúndio • particípio • Ninguém deixa de compreender nem
poderia fixar-~: a generalização e, muitas vezes, a mudança objeções fu quando ouve: "O gerúndio porruguê$ invadiu
ou a adaptação de senüdo das palavras ê própria da lingua- o terreno do part:icípio presente latino' . Em todos est~s
gem. 249. exemplos- "Ouvi a lsaúsfoiJmdo co m a mesma república
CcocXsia · Seria palavra paroxítona se formada em porruguês. de J erusalém" - "Vi-o voando" - "Fazemos o milagre de
T endo provindo já fonnada d o grego - é o que todos os Anfi5o arrastando as pedras" - "Com os o lhos vagando por
etimólogos atestam - deve prevalecer a regra latina de pro- este q uadro imenso' - " Reinando Tarqüínio, veio Pitágoras
sódia. e. em tal caso, é correta. a pronúncia, comum no Bra· para a Itália" - "Diun® e.le isto, a m ultidio explodiu em
sil, gtodisio.. aplausos" - "Fervendo a água, você despeja o cereal den1r0
Gerador, Ger.tdora. Geratriz - Er1<1uanto dora t flexão, o u seja, da panela" - as formas gerundiais correspondem ao parÜ·
forma feminina de dl)t', o sufixo triz. é elemento formador de cipio presente latino, o u seja, são adjetivos, uma vez que
substant:ivos femininos de significação própria, geralmente estão a modificar sub>tantivo ou palavra substanrivada, e em
eruditos ou técnicos; diretriz., por exemplo, é nome feminino, latim se tradu.zcm como se estivessem escritos:
de significado próprio, c não forma femini na de diretor. O "Ouvi a lsaia'S faianu ...:', ''Vi-o voantt.,, " ... de Anfião
mesmo se diga de gtradora. feminino d e gerad()T, e de gmLlrit. mTaJltlnlt as ~as", "Com os olhos w.gantts..." . " Reinmtlt
subsantivo feminino, de significação própria. V. itup;rndrx. Tarqilinio, .. . ', " Diun.le de isto ...'\ "FtTVmlt a ã,gua..."
Gen.l • Superlativo sintético: gtiU!rali.uimo. Q,ue dizer, porém, do nosso gerúndio a substituir o par -
Gc:rl(n)gonça - Veio-nos a palavra do espanholjerigortUl, pro- ticípio passado latino, o u, por oua-as pa lavras, a equivaler
veniente por sua vez de )erga, da raiz onornatopaica garg, que ao particípio da nomenclarun gramatical brasilein? Se nos
tem em latim o derivado garrirt (tagarelar, conversar). exemplos dados acima só empregamos o gerúndio, podem os
Note-se de~e logo a inexist~ncia de n na segunda sílaba agora indiferentemente dizer "Chegando ao fim do caminho,
da pa lavra espanhola e, além disso, a grafia comj inióal em eles caíram monos" e "Chegadoj ao fim do caminho, ele~
ve:t de g. A palavra foi mutilada em nos11a língua, na grafia e éalram monos"?
na significação: na significação porque, embord indique A resposta, ao q ue no~ pa.rece, é esta: Será indiferente em-
~ambém gíria, tem por primeiro significado "coi sa mal feita , pregar o gcníndio o u o particípio quando a fomaa nominal
sujeita a. !lei I destruição'" ; na grafia, porque dicionários e porruguesa nio corresponder ao partiápio presente latino
vocabulários acusam a variante 8~. mas a fonna com o o u, praticamente, quaudo puder vir ex.pre!\Sa a orac;ão su-
intTometido n e com 8 inicial ê a consignada como a usada. bordinada po r "uma vC7." seguido de particípio : "C/ugo.tuio
H á contradição nesse procedimento ortográfico dos voca- a casa, você deve d escansar" o u "C/ugado a casa (Uma vez
bulários ofióais, o que não é de admirar, principalmente che~do a .casal, vo« <k;,e ~escansar" - "!trminarulo a f~~
q uando consideramos que a palavra por !.i já indica "coisa (ou Ttrrm'flalÚJ a fc:sra... . Uma vez renn•nada a festa... ),
mal engendrada que ameaça rnlna". os meninos saíram" - " Pondo-se o sol, os pássaros deixam

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Gctsêmane Graça 129
de cantar'" (ou "POSlo o soL.", " Uma vez poSlo o sol")- mostram o que se dc:Ye fa.zr.-.
"Civgll11dtJ ao fim do caminho, eles cairam monns" (ou Glaamu - Dada a origem (glaJ C«d, floresta \'CTde), o nome da
"Chtgados ao IIm do caminho...". "Uma vez chegados ao fim cidade escocesa Glasgow é Qmbêm pronunciado "gla5COU",
do caminho...") - "Ch;.gtl1UÚJ a r.asa, tomei um café" (!)U pronúncia tio gencralizad;a entre nós que nos aconselha a
"Chegado a casa...", "Uma vez chegado a casa...") - "Tn- que dessa mesma forma aportuguelCtnos a palavra.
minmldo o baile, voc:t1 deverão aguardar o ônibus no pátio" GlicOiideo - V. ídio.
(ou " Ttrminddo o baile...", "Uma vez terminado o baik.. .'1. Globo - No plural o o é abeno.
Uma observação se impõe: se empregannos o particípio, "Giuc:oK" - Assim não é, senão glicoJe. t erro tio grave 9uilnto
este d~-vc concordar com o nome, ou seja, dl'Ve variar como "lunfoma" em vez de /inj&m4. E, assim, glico.U111.1, g/i(J)smutro é
se viesse acom panhado do auxiliar ur ou ni4T (450): "PIJJJil- que devemos escrever.
dtJs três dias, partimos''- "CivgadtJ• a casa, eles ruidar.un de Glutão - Do latim g/IÚD, O>W, da terceira declínação, é seu legi-
descansar" - "TOffl4litU todas as providências, pusaram a timo plural glu/Õtj; o feminino é glutCWI4. São seus derivados
agir". glutmsio !qualidade ou vicio de glutio), glu16nico (rtlarivo a
Finalmente uma advertência: A forma em "ndo" poderá glu tão).
trazer sentido difes·cnte da forma partiópial: "ReJporuimdo ~ Gode - São palavras dí ferentes em ponuguês, provin-
por escrito à lição, o aluno aprendeu mah" e " RtJpondida das de diferenteS pala\'RS fra.nccsas; a primeira - godl -
por escrito a lição, ele aprendeu mais" - !oiio períodos de que significa "tecido cortldo enviesadamenre na execução
formas verbais e de sentido diferentes: no primeiro, temo! de urna peça de vestuário''), tem por étirno godé (pronuncie
um gerúndio português a indicar meio ("Com mponder por godl), parridpio passado do verbo godrr (arrugar-$<:, fuer
escrito..."), com o mesmo sujeito da pr incipal; no segundo rugas, pregas, papos); a segunda - godi - rem por éúmo
temm um particípio, com a idéia clara de tempo passado, o substantivo go<kt (pronuncie godi; signílla. copinho, ti-
com sujeito próprio ("TendD Jido mpmuiid4 a lição por escri- gelinha) e denota em português "tigelinha ou vaso pouco
to ..."). Esta dare-a de sentido deve ser levada em coma em fundo em que se desfazem tintas usadas na aquarela, nas
tais construções, uma vez que o gerúndio não tem idéia aguadas.
exata de tempo. Ambas consenrd.r am a prosódia francesa :
A confusão da construção portuguesa ~'COrre da fuga d:a godl, a semelhança de jriUJJJt (de jriumi. pan. pass. do
conscrução latina e, por outro lado, a dificuldade de explicar verbo fricasser, guísar, frirar), p!Wl (de plissé, p. p. de plirser,
o problesna numa gramática portuguesa ê causada em gran - franzir, preguear):
de pane JICia chamada ''nomenclatura gramatical portugue- godi, a semelhança de filé, de file! (é); bati, de IHI/et (é);
sa", que fugiu da latina e da de outros idiomas e~tudados trio/i, de lrio/11 (é).
em nosso pais. Aqui fica a remissão para dois longos pará- Goiioia - v. EJiópio.
grafos (283 e 2M) Ih nossa Gramática LAliM, que ajudam a Goiás - Goití é corruptela de guaiá, nome de uma tribo de in-
adar.ar o assunto. díos, donde "os ~oiás" (É t>rrõneo dittr "os goiásd'). Do
Getshna~W - Não sabemos a que atribuir a pronúncia errada plural goi!Í$ o nome do estado brasileiro; sigla oficial : CO.
que ;ls vezes se verifica deste nome próprio, se a influência sem nenhum pomo.
de alguma língua estrangeira, se a mero cksconhecimento Goiud - "A tribo é dos goilll(áJ", "Os goil4l<is formam uma
da quantidade da penúltima sllaba - ma ; es1a é breve, c, lribo": é fáàl deduzir q~ goit<uáJ já é pluul de g()[lacti; um
conseqnemementc, nela não pode cair o acento tônico, o goiuu:tí, como se diz " um tupi.namba", "um gouí''. De jguaJ
qual deverá retroced<.T para a vogal imedi;atamenre antepos · fonna, como se diz "os tupinamháJ", "os goitíJ", devemos
ta: gtlsi1Nme (Corrupç.io n;tlingua vulgar dos judeus - se- diter "os goitacás" , c não ''os goitacases", como não se diz
gundo Saraiva - do hcbrako "gbe-chimanim", vaJc de "os tupinamb;a~es", "os goiases".
fecundidades, o vale lenil, designação biblica de ceno lugar Gol - O anglicismo "goal" encontra-se ji substituído ora por
do mome das Oliveiras em Jerusa)('m). meto, rtdt, rttã,guw, balilA, ora por ~o. ttnlo, bola, mas seu
Gdulo - Com o acento tônko em lu é que se pronuncia o no- uso perdura elltre as nossas traduções. Tornou-se inútil,
me que designa o nascido na Getúlia, pais da África antiga, como nos adianta Botelho de Amaral, em "goal-ück", que
hoje Ubia. se substitui por "pontapé de saída" ou , símplesment.e, por
"Gbir" . Duas formas ex.istem em porwgub para designar "salda", e em "goal-line", que se traduz p,or "linlu. de ca-
este cabo marroquino: Guer e Agtur, não se falando de uma beceira", "linha de fundo", " linha de m~ta '.
antiquada Q.ué. Uma vez, porém, aceita a adaptação vernácula gol (gôll,
Gibnllar - Pri.miriva.m ente denominado ColunlJJ dt Hfrcuú•. o plural será â inglesa: gols - 2.'14 ,5.
devido às duas montanhas rochosas sitas na entrada do Me- GõUão - Q.uer como sinônimo de golfo, quer como indicativo
diterrâneo, Calpe na Espanha, Abila na África, passou o de certa planta, é nome paroxltono. ·
estreito a denominar-se Gebnn Tarik, desde que na Espanha Golfe - Forma já generaliza tia no Brasil para substituir o in-
desembarcaram os mouros, em 7 10, sob a cl1efla de Tarik, gMs "golf', designação de cerco jogo de bola. A palavra
por ter sido nesse monte ijabál) que o general formou seu origiruíria é holandesa (lolfl c designa a cabeça, de forma
exército. v-.triávcl, do bastão que deu o nome ao jogo.
Caiu a última sllaba deste nome. e a palavra passou a G~ - Popular, diz Caldas Aulete, é o emprego de graÇ4 com
gtblaltár; esra última forma, com i na primeira ~ílaba, moti- a significação de "o nome de pessoa", c dá desse emprego
vou-a a pronúncia inglesa, c à mesma causa d<.'Ve-se o acenro o cx~nplo: "Como é sua graça?"
gibrál/or, que às vezes se ouve. Gibralúir, oxitono, é pronúncia Essa maneira de indagar de uma pessoa o seu nome tem
portuguesa legítima. a variante "Q.owl t a sua.griiÇa ?",e sempre foi aceita.
Acrescente-se que o italiano se afastou do étimo, alterando Por "popular", na exprcsdo de Caldas Aulete, no que
o último elemento para terra: Gibilterra. é S<.-guido por outros lexicógrafos - não se entenda "erra -
Gigaoteu - Assim se escreve, rimando com europeu, hebreu, do", mas "que é usado ou comum entre o povo".
plebeu, oad~tivo de gigante, e não "gigâmeo". Se a palavra "graça" não é hoje tio usada com essa signi-
GillCftU - v.~. ficação. não deixa de seT correta a expressão na indagação
Giz - O rúmo latino gyjm~m (do grego gjpsos) c: o castelhano gú feira oralmente, de pessoa para pessoa. do seu non1e pró-
justificam a grafia cnm s, mas os vocabulários oficiais truem prio, do seu nome de batismo. E pelo menos mais con ·e ro
a palavra com J.. assím indagar de alguém o nome, do que perguntar-lhe:
.B arulho: ranger. " Q.ual snio o seu nome?" - extravag;incia q ue já tivemos
Glacliáwr in arma eoasilium caP,it - !O gbdiador ddibeo'a na oporrutúdade de ouvir. Não a.be na pergunta coodicionà-
arena); expressão laóna que signífica: O tempo e a ocasião lidade nenhuma, quer se use Mme quer seu"' graça.
130 Golpe Grifo
Também o espanhol tem gracia por " nombre de cada errada no fem irtino, o genero correto se observa nos com -
uno''. Pergunta r : "Qual é a sua graça ?" é o mesmo que in- postos: ffum decigrama", "lÜ!ís miligramas". Acresceme-
dagar: "Que ou tro arralivo o distingue além d e seus carac- se que não se deve escrever gramtJ, cmtigramtJ com uma termi-
teríwcos fisionômicos ?" nação q ue a palavra não tem.
Golpe - É palavra que não tem o ~ntido comum do vernácu- Gramádc:a (regras) - V. o meu cavalo branco; V. projes.sqr de por-
lo golpe (corte, pancada) em expressões de índole francesa, tugulJ; v. vemácuw.
como "golfu de vista", "golpe de estado". Q uem , porém, Granada - Adjetivo pátrio: graruulino.
irá pretender t'Xtirpar a locu<;ão francesa "golpe de vista" Gnode - Superlativo sintético: md.ximo, grandíssimo. Aumenta-
da expressão "Esse goleiro tem um golpe de vista como ne- tivo : grandllLhào, gra:ndão. A antcposít;ão o u posposição pode
nhum outro" ? Nem dessa nem de nenh uma·ourra. acarretar m udança de sentido : grmtde homem (eminente).
Gonçalves - Grafia há séculos comagrada em português e em homem gramit (alto).
espanhol, onde o~ corrc~ndc ao nosso c cedilhado . Grande Número - Qllando possível a tribuir a ação do verbo,
Gongo - Barulho : T4118tr, vilwUT, soar. separadamente, aos ind ividuas q ue o coletivo engloba, po-
Gon:lo - Aumentativo: Gord6ço, gorda/Mço, gord<dlrão, gorda/Jtu- de ir o verbo para o plural (concordância siléptica o u lógi-
do, gordalhujo, gMdanclw.túi, gordmlro. ca): '' A maior parte: aos seus companheiros haviam trazido
Gótico - V. estilo gótico. os pais decrépitos". Fica no •i ngular quar~do concorda com
G ovenu.nte, "Govenaant<a" - Temos as duas palavras, mas a o próprio nome coletivo (concordância gramatical): " A
primeira é adjetivo, a segunda substan tivo, adaptação de maior pane dos homens não quer salvar-se".
palavra ftantt)a inútil para nosso idioma. O adjetivo pres- Deve-se preferir o singular quando a at;ào do vabo só
ta-se para os dqis generos, e pode substantivar-se para in- puder referir-se ao nome coletivo e não a cada individuo,
dicar tanto a mulher que governa, q uamo a q ue se emprega ou t-ois.a, separadameme: " Um grande número de chefes
como admininradora de casa de outrem ou preceptor-o~ dos prejudica a disciplina". O scnódo do verbo ou da expressão
filhos. é q ue irá indicar-nos a concortlância. V . novmta por cmlo.
O su bsuuuivo ''governanta" lo i trazido sem nenhuma "Grandeuíssimo" - Fonna superlativa jocosa e p opu lar d e
necessidade do francês "gouvernanrc"; sem nenhuma neces- grandt , encontrada em autores romente quando a persona-
sidade porque temos o nosso aia, feminino de aio: gem permite o uso.
aio - encarr.-gado da educac;ão dos fil hos de famllias no, Grão - Coletivo: manfpuw (-o q ue a mão pode abranger),
br~ ou ricas: criado grave; camareiro; escudeiro; maneio, mnnlwço, manejo, manoll1o, mauncu. mão, fitmltado.
aia - p~tora que cuida ela educação de crianças, em Grassar - Este verbo, que significa de>mvolvtT-se, espa/Mr-se,
casa de famíltas nobres ou ricas; dama de companhia ; cama- só é usado nas terceiras pessoas: "GriU.!avam doenças de to -
reira, criada de quarto. da a esptcie" - " Muito antes do dia marcado, grassaw a
Gôzo, Coso - Com t ou com s conforme a significat;ào; espe- noúcia da rebelião".
cificando satiifaçM, pra~. com t se escreverá o vocábulo , Grátis, Alibi - É reahn enr.e de causar esrran hCl.'l aparecerem
bem como os s<:u s derivados: g6:w, goUJT, gouao, regozijo. palavras latinas no corpo do Vocabulário Ortogrilico com
Outra será a palavra se grafada com s ; gruo se denomina orientação diversa no oocante aos sinais diaaiticos q ue lhes
o cio de raça ordinária e não apurada, ~o pequçno e co- indiq uem a promincia correta.
mum, vira-lata; sua origem é incxrta, mas entre as prová- Nesse vocabuláiío, grátú vem acentuado c seguido da ex-
veis nenh uma exiSte que j ustifique o t. plica~ão "adapt. do lat. gratil'. É como se d issesse: " a pa -
são ambas pronunciad as de igual maneira no singular: lavra jol é de uso geral e deve enquadrar-se na regra de a cen-
gów, góso; no plural, porém, aquela f:u gi'iws (prazeres), com tuação (Fon nulário OrtOgráfico, 4!1, s•: O s vocábulos paro-
o fechado, esta g6sos(cães), com o o aberto. l<.Ítonos finalizados em i seguido ou não de s marcam- se com
Grã, Grão -Fonnas apocopadas do feminino e do masculino acento agudo quando na silaba tõnica figura a aberto").
de grande: Grá-Bmanha, grà-CTll~.grão- tMstre, gráo-dfii/Ut. Ora! por que alibi sem acento agudo no a inicial se a pa·
Observe-se que grã e gràl> (quando apócope de grlliUÚ) não lavra, também latina, é de uso geral (q ualquer vigarista a
~e- pluraliz.am: osgrão-mestm. asgrã-duqtu!.tt.!. conhece) c o FO só não considera oxítona a palavra termi-
Grã-mu - l!: palavr:\ feminina quando designa insignia, grau : nada c:rn i e u seguido o u não de s e precedid o de consoante,
passa a ser masculina quando ind ic" o dignitário que tem a qu ando não rraga acento nas sílabas anteriotes, como dân-
grã-cruz: Um grã·cnl!, do;, grã-cruu> . di, júri (FO, 43, 3•): Sejuriti,juquni assim estão no vocabu-
Grácil · Superlativo sintético : gracílimo. lári o oficia l e o acento tõrtico cai no i final , por q~ obrigar
Cu idado dt'Vcmos observar quanto ao scnndo; ~ errô- o coitado do brasileiro - que ou desconhece a palavra o u
neo o emprego de gráál com o significado de [!;Tacioso. elrgan- ignora as arómanhas do reluor - a ler alibi com a correta
te, que tmr gra{XJ. Nem por começarem dots adjetivos pelas acentuaç.ão proparoxitotta? É incongruencia imperdoável
mesmas !erras poderão ser empregados indife_rentemente: num vocabulário oficial, ainda que se confesse no frontis-
grácil é o que é fram, tenro, débil, frági l, fino, delgado, de- pício "Pequeno Vocabulário Ortográfi co":
licado, sutil - qualificativos d iferentes. muito diferentes Gr:uuito - A pronúncia é grai1iit().
às vezes, do que pretende o autor desavisado expre:.sar. Graúdo - V. de mau grado .
Grado - V. de mau grado. Gnnta - V. grnlfliau.
Gneca P« Ausôoias f'mes Sine Lcge Vagantur - Ver$0 laóno, Gravun. - Coletivo, quando seh:cionadas: iconouw.
de origem escol:htia, que significa "as palavras gregas va- Graxo - Tem o x aqui o som alfabético, chiante, como em
gam pelo tcrri tütio da Ausõnia - Itália - sem nenhuma baixo.
lei"; indica que na Itália os nomes provindos do grego não Grécia - Adjetivo párrio: grego; quando primeiro elemento
t~m· regra segura de pronúncia, o que con tin ua a dar-se em de adj etivo pátrio com pos1.0, assume a forma greco: gr{co-
outras naçõ..-s de lingua romànica. turco.
Grafia de nodlf:s próprios - V. n0t111s próf1riru. "Grenoble"- Esta cidade francesa é em português Grarwbra.
Gral.ha -Voz: crootar. gralltar, gralltear. grasMr. Grifo - Uma pa lavra apresenta-se grifada num teXto quando
Grama - São neull'liS em grego as palavras terminadas em ma vem impressa de maneira diferente das demais. Grifa-se
c ao neutro grego correspondc o masculino portugues; uma palavra ou para chamar a atenção do leitor ou para
masculinos devem ser os vocábulos q ue derivaram dessa dar ênfa~ ao vocábulo ou para indicar ser ela estranha ao
forma grega: o dipwma. o idi0111a, o ttorema, o drama, o panma- idioma.
ma, o probktM, o sisteJM, o tstigma, o par~, o sint~mta, o O grifo se expressa ou por um traço sob a palavra o u pe-
uugma, o grii11W. lo empr.-go de tipo d iferente, que pode ser ntgrilo ou nor-
Muito embora grama geralmente ~ empregu~ de forma mandJi !letras de corpo mais cheio), iUílico (letras inclinadas),
.....

Gtilo ..Guaqla~ o leito" 131


cíaro (letras de corpo maior e grosso~, versa/ (todas as leu-as singular, trazem o segundo elemento pluralizado; tanto no
maiúscula$), versakte (pronuncie versalitt: rodas maiúsculas, singular como no plural, as fonnas dos seguintes nomes são:
mas a inicial maior). guarda-cadeiras, guarda-calka.s, guarda-chaves (o que abre e
Também as aspas podem ser empregadas com essa fina- fecha as portas da cadeia; carcereiro), guarda-costas, gumda-
lidade: Pedro vive num verdadeiro "dolce far nientc" - damas (escudeiro que acompanhava damas), guarda-Jecltos
A palavra "mandar" nem sempre significa "enviar''. (peça de espingarda), guarda-fi()$ (que no singu lar também se
Grilo - Vttt: chirrear, chirreado, cricrilar, cri-cri, estridular, diz guarda-fio}, guarda-jóias, guarda-6-!ffos (e não guarda-livro),
guizalhar, trilar: O apito do guarda trilava a avisar aos la- gr=da-móveis, gr=da-pratas, guarda-se/os (chanceler-mor),
drões sua passagem. guarda-vasstYUTas, gumda-ve.sJidos.
.. Grimaça., - Galicismo afrontoso: remos careta, caranltmha, Guarda-marinhas - O plural de guarda-marinlla rem originado
esgam, canança, momos, mimUu, trejeitos, caramunha e, figurada- dúvidas e divergências entre gramáticos. Nesse composto, o
menu:, diifarce, fingimntto, dissimuitl(IÚJ. elemento marinlla não é adjetivo, mas substantivo, e guarda é
Gris- Somos obriga.d os a aceitar esta palavra francesa (os deve do verbo guardar; conseguinternente, o plural obedece à
ser pronunciado) por inexistente a nossa correspondente, na mesma regra a que está sujeiro guarda-portão. ou seja, deve
acepção de "peliça parda, própria para agasalho ou ornato ser guarda-mariiiMs.
procedente de um esquilo do norte da Europa". O mesmo Há gramáticos que preferem o plural guardas-marinha,
já não se· pode dizer quando empregada como indicativo de dir.endo que houve supressão da preposi<;ão dt: guardas de
cor, pois então temos cinttiiÚI, pardo: vert-de-griJ, verdeie, marirlha; esse radodnio é, porém, falho, porquanto viria
azinhavre; gris de Jer, pardo escuro; t:Mval gris, rordilho; loup justificar plurais como guardas-purtào (=guardas de portão).
gris, lobo ruivo; tnnps gris, tempo encoberto. o que evidentemente constirui erro; seja como for, se o de
Griséu - A aceitar o étimo dado por Domingos Vieira e con- caiu, "é mais lógico au-ibuir-lhe plural de acordo com a
firmado por Figueiredo e Nascentes (latim griseus: cinzemo). estrutura de hoje: t>s gtJaTda-marinAas" (Vasco Botelho de
o feminino desta palavra. quando adjetivo, é grisiia, a.seme- Amaral).
lbança'de incréu, incréia. O vocabulário da Academia, de 1943, cujo relator se
Grosso modo - Locução latina ("de modo grosseiro"), que sl§- preocupou em impingir ensinamentos pessoais sobre assun-
nifica "por alto", "resumidamente"; "de modo geral': !OS que nada que ver têm com ortografia, oferece o plural
' julgando o caso wosso modo, digo que eu teria agido de guardas-marinhas, com ambos os elementos flexionados, o
igual maneira". que não podemos aceitar: guarda é aí verbo e não substanti-
Devemos ter o ruidado de não fazer anteceder a locução vo. Fosse substantivo, o composto seria guarda-marinJw, com
da preposi~.ão a; seria erro dizer "Julgando o caso "a" gros- o final, mas isto equivaleria a criar nova palavra que não a
so modo ... que se discute. Compare-se com o composto guarda-barreira,
Grotesco, Gruresco - Apresentam alguns dicionários a forma cujo plural é guarda-btm'tiras, que o assunto se tomará claro.
substantiva gruJtscos para designar "ornamentes artísticos, Aulete incide no mesmo erro no dar a palavra em apre<;o,
esquisitos, encontrados em cavernas". Não há razão para mas acerta no oferecer-nos o plural de guarda-barreira. O vo-
essa grafia; esse substantivo deve ser escrito com o na primei- cabulário de 1943 fugiu da contradição não dando o com-
ra silaha : os gTQleseos. postO que citamos para confronto.
Existe - e justifica-se- a forma grutesco, <:om u, quando Esse incongruente proceder do citado vocabulário não é
a palavra é adjetiva e indica "relativo a gruta, próprio de de admirar a quem sabe ter seu relator fugido de muitos e
gruta". Para indicar, porém, os desenhos esquisitos encon- muitos casos sobre que j amais emitira opinião própria.
trados nas grutas, por que nos afastarmos da forma provinda Tivesse-a um dia emitido, aí a encontraríamos, imposta sob
do italiano e adotada pelo espanhol, pelo francês, pelo in- o rótulo do oficialísmo.
glês? Por serem esquisitos os desenhos o nome gTottsco pas- Guarda-noturno, Guardas-noturnos- Certos compostos cujo
sou a significar, com função adjetiva,uquisito, exchltrico. primeiro elemento é a palavra guarda vão para o plural c.om
Nossa conclusão é a de que os wote.scos são obra de arte a flexão de ambos os elementos. Tal se dá quando a palavra
grutesca. Un•a é dizer "Os trogloditas eram grute>eru", outra guarda é substantivo e o segundo elemento adjetivo: guardas-
"Muitos modernistas não passam de gTotescos" . campestres, guardas-civis, guardas-fiscais, guardas-jloreslais,
Grou - É palavra masculina: "grou cinunto"- "grou C()Toado" guardas-maiQTes (senhoras que gua.r davam as damas do paço),
- "A aproximar-se o outono aparecem os grous" - "Os guardas-menores (empregados inferiores dos tribunais da Re-
grous elevam seu vôo a grandes alturas" . lação), guardas-mQTtS, guardas-municipais, guardas-nacionais,
É substantivo t>piceno: um grouj~o. "Grua" não é seu guardas-7UJbrts, guardas-noturnos, guardas-uais, guardas-republi-
feminino; é outra palavra, de origem diversa, com outros canas.
significados. Guarda-portão, Guarda-ponões- Aqufenxenamos urna pas-
Voz: grasnar, grnir. sagem de Cândido de Figueiredo, autor porruguês que dou-
Grupo de - V. caixa de Jõiforos. trinava com dados práticos e pessoais, rornando-se autori -
Guada.lupt! - "Guadelupe" é disparate. Q..uem assim escreve tário mas interessante em certos ensinamentos. Escreveu-lhe
demonstra conhecer francês mas não português. Note- se certa pessoa, estranhando o plural guardo.-portiies; dizia ela:
que o próprio francês respeita a forma originária Guadalupt - "Guardo., pessoa que guarda, tem plural (o guardo., os
- de igual forma procede o inglês - quando denominação guarda!}; por que o não bá de ter nesse compostO?"
da serra, da cidade e da padroeira dos espanhóis: Notu Dome -Principalmente, responde C. de F., porque ali não entra
de Guadalupe. Apenas em nomes sem relação com a geografia o substantivo guarda, mas sim o verbo guardar, como em
ou história espanhola escrevem os fraoceses "Guadeloupe", perto-machado, purto-wt não entra o substantivo p()Tta, mas o
como se verifica de diversas obras rrance~as, como a de verbo portar.
Budam, Boiunais e Pardon. -"Mas se forem vários gt44rdas de um só portão?"
Guano- V. chácara. - Sempre guarda-p()Ttõts (homens que guardam portão ou
Cua.ratingu~ - V. araptmga. portões).
Guarda - É nome de dois gi'neros: feminino - a guarda - - "E se forem guardas de vários portões?"
quando designa o serviço de vigilância (A guarda do palácio - Jdem: sempre guarda-pfJTtiies, como os guarda-Jatos, os
é constituída de vinte homens), masculino ou feminino - guarda-fiOS, os guarda:Jóiw, os porta·machados, os pinta-monos, os
o guarda, a guarda - quando indica a pessoa, homem ou troca-lintas.
mulher, encarregada de vigiar: Falei com um guarda - Co- ..Guardar o leito.. - Galicismo fraseológico; em porruguês o
nheço wna guarda do Juizado de Menores. doente pode guardar alguma coisa ern seu poder, pode
Guarda-li'tTos - Há certos compostos de guarda que, ainda no guardar os seus sentimentos, pode guardar silêncio, pode
IS2 Guardião, Guri
guarchr prc~itos r~ligiosos, mas "guardar o leito" nio; rouga: não há motivo para escrt.'VefJDOS a palavra nem com
algubn fo4 de camtl, alguém ,w; de c.ama, alguém fitará 4C411111· "sh na última sílaba nem co m "g~' na inicial.
tk, alguém conlínU<l tkil4dc - r como~ diz em nosso idioma. Guic::bl - Galicismo d~ tão largo uso q ue obliterou o nosso
Guardião - Plural: guardiõts, gutJrdUies. Feminino: gu4rdiã (216). legítimo poJiigo, palavra esta paroxí tona com as mesmas
V.fuirllol. significações ch fr.u>eesa.
Guatemala - Adjctim párrio: ~mtalnut, gwunnaUtco. Guimarin - Adjetivo pá trio: VÚOim'an<!'I'IU.
Guiné - Adjetivo pàtrio: guiniu.
Gueime - Legitimo aponugursamento do inglês ''game", Guiratinga - V. araptmga.
designação de esporte dos pontOs de uma fase de uma pani- Guisar (preparar), Guiaado (piadinho de carne, refogado) ·
da. O étimo latino o briga-nos a grafia com s. Ou tra palavra r
Guei:u - ~ o aponuguesamento legítimo d~ "gt:ish", forma gt•i.to (chocalho).
representativa em inglh do som da palavra japone~. Cada Guizo - V. gui.sar.
língua veste os sons esuangeiros de acordo com a própria Guri - Feminino: guria.
-

Há, A - Não confundamos o há de renas expressões de tempo verso, somente a liberdade poética explica fazê-lo tenninar
com a preposiçã.o a de outras: "Daqui a dois anos" (e não em "há de" ou <111 "hei de", em "hão de" ; que façam o que
" Daqui há dois anos"). "Os bombeiros chegaram a tempo" quiserem os poetas, mas que não nos perturbemos com suas
( = Os bombeiros chegaram em remp<>. com tempo) é orayio liberdades, com seus r~eursos, com suas b~lezas. Adernais,
que não se deve confundir com " Os bombeiros chegaram palavras não são contas de rosário para (ltu~ venham neces-
M tempo" (=/at tempo). sariamente ligadas. V. mistir quem ha dt.
Não existe o verbo havtr quando a expressão i! de tempo "Há dias arrá&" - Há realrnemc redundância. no acréscimo de
futuro. Júlio Nogueira, com o agrado de sempre, rel.at:1-nos aJráJ, de pasS<UUJs, à expreuão "há dias"; a simples presença.
as correções sofrida&por um poeta que havia escrilo, num do ~-erbo ltawr dispensa essas ou qualquer outra palavra que
papel da repanição em que trabalhava, mais o u menos isto: venha denotar tempo deco rrido: Fulano fak-ceu há dois
" De hoje há três di<\s correrá o prazo ..." - O chefe corwu anos - ·Há cinco meses está doeme - Há um ano pensava
o h, com,enérgico traço de lápis vermelho. Tempos depois, diferentemente - Há duns semanas vem-se sentindo doente
escrevia ainda o homem de letras: A multa foi imposta a três - Conhecemo-nos há anos - Tivemos há dias desagradável
dias. O chefe, com o mesmo lápis farjdico, escreveu u.m tr e- surpres.1.
mendo h antes do a. Há, Haria - Subordina-se o verbo htnln, quando impessoal-
t preciso convir em que na llngua - conclui o professor mente empregado em exrreuõcs de tempo(= passar-se, ter
- há certos rigores a que muitos não obedecem porque os decorrido, ser decorrido às regras de correlac;io ou COI"l"C$-
desconhecem. pondenáa temporal; 5C:r.i simples veri.ficar o aceno ou o
Na acepção de parsar-se, ter dt'orrido, ser dt~. o verbo erro do tempo do verbo, se subsúruirmos haver por Jaur:
haver entra na fonn.a<;ão de frases adverbiais: vi-o 1t4 pouco; "Em conseqüência de uma seca que já durava havid meses"
uma lei de M rres séculos; desde há cinco anos assim proce- (-que já duravaftuia meses - e não: que j:i duravafttt me-
do; até há três anos isso não se dava. ses). O imperfeito aí se impõe, não se podendo dizer: " ... que
Nessas expressões temporais o M não é percebido como já dur.tva há meses". Outro exemplo: "Havia poucos dias
verbo mas antes como preposic;io, c daí o amepor-se-ll1es qu~ era chcgadon.
dt, dt!odt, aiL por analogia com exprt'ssões como de miM, Muito bem diz Vasco Botelho de Amaral: "Moderna.men-
dtsdt ontem, atfhllft. te, contra a índole da llngua dos melhores escritores, com
Há c;erca de - v. Qet'TC4. freqü~ncia se perde de vista o paralelismo das formas vel'-
Há M - O próprio principio ortográfico regulador do empre- bais, e redige-se: "Há dias que se trabalha11a". Evite-se esta
go do hífen - n~ 45 do acordo de 4!1 - impossibilita, im- construção". V. ~stava h<luia dias.
plicitamente, o emprego do hlfcn em "há de", "hei de": Há m(005 de - V. aarca.
"Só se ligam r,or hifen os elementos das palavras compos- Há muito, Há pouo>. Há ccmpo - São loeuf&s adwrbiaiJ de tnn.
as ..." - tin 'hei de vencer" não há palavra composta M · po (prova-o virem modificaodo verbo), em forma oracional,
nhuma, como nenhuma composição de vocabulo decorre do intercalada na oração.
emprego de um verbo seguido da preposição que ele eltige. O verbo haver, entre as diversàs acepções e classificações
Esse principio vem confirmado na observação 4 do primeiro verbais, é imfMssoaJ. Assim vemos em Aulete: "Nesta acepc;io
inciso do § 46: "Escreve-se "a fim de", "contamo que", (/JaJ>ar-sr, ter deamido, St'r dlcmido), formam -se com o verbo
porque essas com binações vocabu.lares não são verdadeiros haver "jrtJJ,s adverbiaiJ" como esas: Vi-o lt4 pouco. Uma ki
compostos, não formam unidades semãnúcas". de /ui U'h iéculos... Tambbn se diz: pouco hi, pouco ha\~a".
O hífen após o verbo havtr ~ invenção lusa. Para evitar o v . lt4, havia.
grosseiro erro de dizer íuuks -erro wlgar no sul de Portu - Como regra prática. costuma-se dizer que se grafa lt4 sem-
gal -em vez de hás dt, lançaram mão os portugueses res- pre que possível a substiruic;ão por jaL: H ti (Fat) muitos
ponsáveis pela ortografia do artiflcio de introdu.tir um hífen anos. /lá ( Fat) di;l$.
entre o verbo haver e a preposição dt, par:t obrigar - ou Em alguns casos essa nonna é deficiente, como facilmente
pensando obrigar- o homem do povo a conjugar o verbo poderá averiguar o leitor. Outro processo, então, aparece,
e não a expressão toda. É verdade que o hífen e ou tras par- com va.ntagcns, dada a sua generalidade. Para amo sirvam-
ticularidades do sistema de 43 liâo para d.il'icuh.a.r os poucos nos esu~s dois períodos: "Os bombeiros subiram a tempo de
que apre.n deram a CSO"Cver; enq_uanro uns enfeitam essa salvar as crianÇLs" e " O s bombeiros subiram lt4 tempo".
locução, no sul de Porruga.l cononuam a dizeT "hades", e No primeiro, ond~ ternos uma simples preposição- pro·
chegam a dizer ''hadem" em v~ de " hão de", mas o sistema va isso o podennos substitui-la por «>m, igualmente prepo·
ortográfico brasileiro de forma nenhuma o permite, nem sição - o a é pronunciado sem nenhuma acentuação, ao
expllcíta nem irnpliciramente. passo que no segundo a acentuação se iàz ouvir pronuncia·
A nada, portanto, vem aí o hífen ; nem em Porrugal nem damente.
no Brasil; nem em "há de", nem em "hão de", nem em "hei Habaruc · V. ISIUU.
de", nem em " haverá de"; Mm oa prosa nem no verso. No Hábeas Oll'JIUS- Expressão latina que signilic;o "que tenhas teu
1M Habitante "Hanscníase", "Hansenose"
corpo", subentendendo-se "ad subjiciendum", para ser tar à su.a doutrina aquelas proposições. Viu-IIC forçado a se-
apresentado ao tribunal. São as prirndras palavns de céle- parar na aludida expressão os seus do is elementos - Haja
bre lei inglesa q ue dá ao arusado o direito de aguardar seu a vista - absolutamente inseparáveis, decompondo haja viJ-
jul~ento em liberdade, sob fl:mça. O instiruro do ho/Na.r ta, que ~ uma frase feira, ex pressão una e definida, com sig-
Cflr/JUS foi adotado por muitos países, que lhe deram grande nificação determinada, em dois danemos que passaram a
ela.s ticidade. ter funções sintáticas diversas da que realmeru.e exerce aque-
Habitante - Coletivo: povo. pcpul4(iio; o-atando-se de a ldeia, de la expressão. Haja vista t uma expressão verbal perifrást.ica,
lugarejo: f'OTJoação. q ue equivale a veja. Na sintaxe, porém, do mestre lusitano
Habitat - Conquanto provinda através do francês, deve manter perde este caráter, deixa de ser o que é, para se u-ansfonnar
o acenro tônico j á consagrado na primeira sílaba (luíbilatl em verbo c substantivo, a que é dado exercer a função de
esta fonna ve:rballatina, em ponugu!s usada como substan- objeto direto. Tudo art.ificio. e artificio de evidente inutili-
tivo para designar a rona, o meio em que vive um animal dade, que só tem a vantagem de mosu-ar que é inaceitável o
o u uma planta sem intcrfermcia humana. processo de análise engendrado pelo eminente gramático".
"Jfabiru~,. - Q.ue necessidade remos disso quando pos.•u ímos Finalmente, baseando -nos em e~templos de Rui Barbosa
freqi~nlador? Em o u1ros casos traduz-se porjrtguls, viciado. (Hr1}á vi.1ta minhas cartas de ln.g laterra - Haja TJÍ.lta os exem-
Hachuras, Hachuru - Provindo do franci\s, o substantivo plu- plos disso), citados pelo próprio Carneiro Ribeiro, a opinião
ral Juzclwra.r é de emprego técnico, necessário ao vernárulo; mais de acordo com o linguajar do povo:
significa "rracos eq o idistanres e paralelos ~ue p roduzem em Haja vista é uma loc~o invariável, forma perifrástica
desenhos e gravuras o efeito d o sombreado '. As carou •opo- transitiva, equivalente a W.J4, que 1em por objeto direto a pa-
gráficas indicam o relevo d o terreno por hachurQJ. o verbo é lavn>. o u palavras q ue se lhe seguem. Assim diremos : Haja
hachurr1r, tra<;ar hach uras, produzir n uma pe<;a fundida ca- uisla os exemplos dos an tigos - Haja vista as medidas toma-
madas que se assemelhem a hachuras. Círrulo hoch1.rado, das pelo presidente.
circulo dividido por li nhas paralelas e eqüidistanres. Foi sempre essa a construção de Rui e essa a r.orrcspon-
Haja vista - Há para o caso não menos de três interpretal;<)es, dcntc inu:rpretação sintática a muitos exemplos seus.
a cada uma das quais corresponde uma sinraxe e, poi s, um;t "Hall" - Palavra inglesa usada, com certa erudição (pronu nn -
diferente maneira de dizer; dessa diferen<;a de interpretação, ciada à portuguesa ól), ao lad o da nossa, generalittda, enh-a·
a divergência dos a Uiores no manusear essa expressão. do (ou sala, sala de t'llb'IUÚl, saguâol: Encontrei-o na mirada dos
O que de iníáo precisamos dizer é qu~ em locuções, mor- elevadores - Q.uadros cxposms na sala de mtrada d o teatro
m~nte quando elípticas, as imerpretal;<5es são muitas vezes - Dei com ele no saguiio do palácio - Após o .111g-..uio da fa.
rebuscadas, e o caso a inda mais se agrava quando elas pre· culdadc vinham os pórticos.
tendem justificar maneiras de dizer contrárias à comum, HaJtere - Palavra paroxítona, de gênero masculino; quanto~
geral e natural do povo. forma veja-se diabete.
Ouçamos o professor Carneiro Ribeiro : " A nós parece- Hanão - V. Dttbmtriio.
nos que a sintaxe usada por Cutilho (Haja visla às tão gra- " Handicap, Hmdicape - É <1 difertnça que se leva em conside-
ciosas e admiráveis fábulas de La Fontaine), filinto Wt9a rao;ão, que se desconta entre u~ coiS3 c outra, para igualar
vista a Plutarco) e Cami lo .(Haja viJla dos ~los que eles repre- as opor1unidades de ganho. F..ssa d iferença pode ser a fàvor
sentam na cadeia da críao;ãol, e em que figura de objeto in- de um e contra o outro; daí a dupla significação de "vanta-
dir·eto o vocábulo que vem depois da aludida expressão haja gem" (que é dada ao inli:rio r ou supostamente inferi or; é a
vista, é preferivcl, atemo o sentido que se liga a esse conhe- nossa lambujem) ou de "desvantagem" (que é imposta ao su-
cido modo de di~ c a explicação natural da elipse que o perior o u supostamente superior) desse anglicismo q ue,
r esum e. dado o largo uso, já está na hora de aponuguesar-se em
Com efeito - continua C. Ribeiro - na frase " lto.jo vista hmdicapt, sem a asprração, é claro, do h inicial e com a troca
às rio graáosas e ad miráveis fáb ulas de La f{mtaine" segue- do 11 da prim eira sílaba .por t para fidelidade à pronúncia
se uma sintaxe elíptica, que se desenvolve na seguinte: " o que da mos à palavra inglesa..
leitor ou quem qu~r que seja haja (isto é, lenha) a vista lançada Hangar - Esta palavra, nesta forma, foi divulgada pelo francês ;
ou dada às tão graciosas fábulas", - noutros termos, "vtja iiS é u sada em português, ern espanhol, em italiano c ainda em
graciOJa.lJáhuias". outras llnguas, sempre r.om o mesmo acento, OJÚtono, han-
Prossegue o mesrre baiano : "A frase "lto.ja visla a Plutarco gár.
e a Xenofon te'', de f ilinto Elísio, tanto monta como a se- Designativo de abngo ou de armaúm abtr/Q pl11'a mncadoria,
guinte: " O leitor ou quem quer que haja (iSto é, tmha ) a vúla e de goragt1n dt aviões e aparelhos aJreos, hangar tan um corres-
/tmf/llÚl ou dada a Plurarco ~a Xenofonre", a saber, "veja P/u - pondaue lat.ino, angárium (= lugar onde se ferram cavalos).
larco t Xerwfont<". A frase de Camilo "lto.ja vi.sla dos elos etc." Este, por sua vez, vem de angária (= estação para os correios
assim s~ explica: " O leit.o r ou quem quer que seja hl9a (isro que faziam este serviço no império romano). Isso diz-nos
é, tenha ) a vista dos elos". noutros tem10s, "veja os clos". Ducange, historiador e íiló logo francês (1610 -1688), e, na
Ve o leitor a confusão no confrontar a forma "haja vista verdade, acres~ta Litré, hargárái:um e lttlngárium se encon-
a" com a "haja vista de". s~ d~ fato a expressão equivale a tram em textos do século XV.
ltaja a viJla ~.a frase de Carnilo poderia ser: flap uisla Hanôftl' - É a graHa usual, regisu-J.da em diáonários, do nome
lançada nos elos, sobre os elos. ~. entretanto, deve ser inter - de cidade e de região alemã s.
pretada como "haja. vista de" a consu-ução de Castilho e de Hanseniano - V. baJ~douiOIW.
Filinto não pode•·ia ser a poiada. lnterprerações diferen(es, "HanKDiase", "Hansenosc" . " Q.uerendo fugir da palavra
numa expressão de um único significado. lepr a, poderei di.ter hmumfast ou deverei dizer hame11(1u ?"
Vejamos agorJ. como Cândido de Figueiredo procura elu- - O sufixo OSE junta-se ao nome d e uma substância
cidar o caso : "Ha)d vi.ta oo tmfm!ho" pode ser erro de im- (note bem: substância) para designar :
prensa; mas, como em m uitos casos por mim ob servados, é a) um carboidrato: e~/u/{)st,jru/Qse, l.tvuiQse;
erro de sintaxe, e nada se perderá em consignar a boa dou- bl aJterac;ão primária ou bidrólise, produto de uma pro-
trina. O sujeiro daquela Ofil.ção é nnpenho e não uisla . O lto.ja tdna : proJto>t, rlaslojt, alburrw~:
tetn ali a significação de tmha, e a orac;ã.o. corretamcnu: es- c) co ndição, estado, processo : hipnose, psicoY, osmose;
crita, 1: assim : Haja vi.sla a folha oficial - Hajam vista os dl em patologia, condição anotmal o u de doença: mela-
acontecimentos da África" . nost, estenost, Vllricose;
A propó ~ito dessa interpretação, ouc;amos Laudelino Frei- e) em patologia vegetal, doenc;a de que ~ agente um fun -
re: go : miccm, quilridio:~e;
É m mifesto o anifláo de q ue se vale o filólogo para adap- Oaum~mo o u formação fisiológica: qu•rost, ltucocilau.
-
Haplófase Hei deixar 135
O próprio nome lefrroM, que em medicina é: corretamente áspero sobre o alfa que inicia o verbo - inexistl'1lte no adje-
dado à lepra como molé$tia específica, indica uma. condi(ào tivo - e o 1t irúcial do deri..'a.do acusam-nos desde logo o
anormal de CSGUllosidade (do gr. kjWó1, escamoso). éúmo. Ainda que qua.lquer dos étimos fos'se posslvel, a me-
la.se (do gr. sü, sufixo feminino. de ac:;ào, após o elementO o lhor forma não seria em ío (como oxightio, de r»rys, agudo,
e o elemeuto eufõnico i ) entra na derivação com o significa- ácido + gmas, nascimentO, gerac;ão + suf. ium; ar5lnia, de
do de: áw:n, 1710$. macho, forte + su f. iu.m; irídío, de iris, ios ou idos
+ suf. ium), porque este sufiXo científico latino serve, princi-
a) processo ou acào em andamento: odontítJJe (nascenc;a
palmente, para sufoc.ar nomes de substâncias simples ou dos
dos dentes, dentição, desenvolvimento dos germes denlá- respectivos átOmos; é sufixo emp regado em quimica mine-
rios), pogtmíase (desenvolvimento da barba em mulher, cres- ral, não em química orgãrúca.
cimento excessivo da barba);
Em qui mica orgânica o sufiXo é mo. Hatim cientifico mum)
b) em medicina, uma condi<;ào mórbida ou doentia: e só a influência da terminação franet~sa cx.plica certas for -
hipoamdria.u (aspeto patológico da hipocondria, estado men - mas como acetilnu! ou acetileno, quando a melhor forma se-
tal carater izado por depressão e preocupac;ão mórbida com ria acttiltna, com a f mal, à sernelhanca de antracmo . dilma.
o funcionamento dos órgãos; depressão da mente; preoro- A dcrivac:;ào não foi feita em português; dai a forma estro-
paçào mórbida com doenc;as), midrí4se (aumentO continua- piada. É possível corrigir para haptmo.? Seja-o ou não, não
do ou di lara<;ão excessiva da pupila) e outras palavras, sem- podemos dar-lhe a terminação Ui. Não se trata de química
pre formadas do sufixo c do elemento diretamente afetado mineral, não se trata de apten, enos, não se trata do sufixo
em sua significação, como helmintía.se, liliase, psotfaJe, lriquú:J.se. w. O sufi xo é ma (laúm enum), acrescido ao radical do verbo
Tanto um quamo outro elemento afecam a significac;ão gregolrap(().
do vocábulo a que são acrescentados; H1111Snt não é nome de Han.quiri . É geral no Brasil a pronúncia ox.itona, o que ror-
corpo nem de órgão suscepúvel de doença ou de qualquer na impraticável outra grafia da palavra.
outra ah.era<;ão. Temos ekfanti.au, mas o sufixo se w.cga a Haurir · V. <Ú/Q/ir.
elifanu para indicar semelhanc;a, o que não se dá no forç.t do Havemos de aquele bomc:m Jli'CIIdc:r • Outro caso, não menos
harnt11ÚI.se. interessante, de impossibilidade de combinação: Não haverá
Conso-angido a dizer qual das duas fonnas é preferível, combinação quando entre a preposição e o infinitivo pof
opinaremos por ... la~. O que está errado não é nem o ela regido estiver o objero deste: "Cansei-me tú Ol \aj udar''
OSt nem o ÚlJ.t: O "mal" está no nHansenu ; ainda a.ssim, co~ -"Esforço-me por os fazer feli~es" - " Havemos de aqutle
mo eufemismo sua vida seria curta. Criou-se "mal de Han- homem prender".
scn", dcp9is mqrfiia, depoi s u;wose, agora querem criar o A semelhança do que ficou explanado no verbete "~ hora
quê? E para quê? de estar pronto o almoço", costuma -se, em tais casos, colo-
PeJo visto, o problema da lepra no Brasil começa co~ o car o objeto depois do infinitivo: " Esforço-me por fazê-lcJ
próprio nome da doenc;a. "O rmprego da palavr.t haru~ felizes" - " Cansei-me dt ajudá-/os" - ''Havemos de pren-
- muito bem disse o diretor da Divisão Nacional da Lepra der IJI[Utl.t homem".
- não rrmove o consttangimemo provocado pela idemifi· Não se combinará a preposi<;ão ainda quando en(re ela e
cação da moléstia, e muito menos facilita o seu combate; o infinitivo se interpuser um advél'bio: " Nós nos absteremos
necessitamos é criar uma nova mentalidade, mostrando a tú aqui ficar mais dwu horas" (e não : ... daqui ficar), V. combi-
realidade, sem eufemi5mos, sem preconceitos". nação impomwl; V. l/tora tú es.tar ;womo o a~.
Tal preocupacão com eufemismos só ~ explich-el em pai· HaftmOS ver· V.lrei daxar.
ses em que se j ulga vergonhoso nas notícias de falecim<.nto Haver · "Haja tolos" é que se deve dir.er; tolas, ne5$a oração, é
dizer a idade com que c a docnc;a de que a pes.~a mon·e. objeto direto de haja, impessoal, e uão sujeitO, tanto que se
O argumento de que o eufemismo "diminui o estigma poderá dizer, tratando-se de tolos, "há-os às dúzias", onde o
que pesa sobre o doente e seus fumíliares". de que tr'd.Z por o5, pronome oblíquo da terceira pessoa plural, corresponde
resuftado "reabilitação psicológica e social do doente" é ao acusativo latino, regime dos verbos a-ansiúvos direros. V.
impertinente ao vernáculo c inexistente em outros idioma5; não M wgas; V. haja uiJta; V .já os não M; V. avir-.se; V. hei dti-
se impertinente ao venúculo é ainda falar em "aviltante ter· :cor; V. estava havia dias; V. Irá dias; V. Irá tempo; V. não há rts-
mo", em "esti gmatização social", passa a ser contra qual- poruabiliwr; V. Irá de; V. dt há, de5dt M, até Irá; V . .sohiam haiJÍ<l
~uer idioma aduzir que lepra é ''pejorativo", que lepra é tempos.
~ sensacionalista" . HaYCI'· se · V. avir-.se.
Haplófase . V. aM{ast. Hu:ise · Grafia já consagrada do nome que designa certo ve-
Haplologia • V. punÚJiummrmle; V. 5eminim4. gelll.l de efeito narcótico. Do árabe lttulâslt, assim mesmo se
Hapteoa • Este vocábulo foi introduzido em imunologU. por escreve em ingl~s. c tanto eru inglês quanr.o em porruguês
l..andsteiner, para significar o fenômeno alérgico abaix.o de- se escrevem com dois 55 assauin, a.s;assino, proven ientes da
lirúdo. Não se encontra registrado nos dicionários da língua. mesma palavra árabe, cujos dois ss correspondem aos mes-
Pedro Pinto, em seu "Dicionário de termos médicos" - 3' mos grupos árabes - haW/rashin - nome dado aos penen-
edição - adota a grafia haptmio, quando o " Dicionário Ter- cenr.cs a uma ordem secreta de individuas que cometiam cri-
minológico de Cirncia.s Médicas" de L. Cardenal e E. me sob a inDumcia do haxixe. A coerência grifica é hoje im-
Capdevil.a. Casas - 3• edição - assim registra e define o pos.•ível: a.s duas pal.a.vras vieram por vias diferentes.
termo: Hapteno (cogerl. m . A. e In., Haptm, Haptent; F., Hediondez - V. estupith:.as.
haptme; l t., aptmo; P., hapun(J, Antígeno parcial o incomple- Hediondo · V.jazerula.
to, que puede rcaccionar in vitro com su anticuerpo, pcro Hefteml.mere · O gênero é feminino ; quanto à forma veja-se
que in vivo es incapaz de produlir anúcuetpos, si no se com· diabete.
bina oon alguna otra substancia". - Q.ual a forma cena? H~ Hé;Pra · A primeira fonna é mais usada em porrugues,
- A16n dum ou outro verbo, dalgumas interjeições (se- a segunda é a grafia castelhana e variante da inglesa, e ingle-
melhantes em quase todas "'" linguas), são parricula nneme sa é a pronúnc•a paroxitona (Era dos ma.omctanos corres-
os substantivos e os adjetivos que fornecem pala~Tas par" a pondente ao ano 622 da nossa - Em linguagem figurada :
linguagem cienúfica. ES!ll. lic;ào é dada por Inês I..Quro, no fui?, emigração).
seu "O g.·ego apJjcado à linguagem científica". A lição(: im- Hôde -V. Mcú.
portante, ma s no presente caso temos um exem plo de pala - Hô deixa.r · É de Rágio Nóbrega c~lll. passagem: Nas páginas
vra derivada de verbo - hap&J, que significa prender, aderir, dos mais hábeis escritores ocorrem com lí-eqüencia formas
ligar, atar, alll.car, pegar - e não do adjetivo grego aptt_n, ou "vm.es compostaS" sem preposiÇio em casos em que é
hwl (que não pode voar, sem asas, implume). O esplmo hoje usual o emprego de partículas.
156 Hélade Hnnalia
Articula Rui : "Por que, ~~ uma palavn genuinamente gênero masculino a estt vocábulo , quando ele ê lrmlO náu-
porru~ e uma pabvra de vemacul.idade oon.tesci.vcl, tico; além de que o \ISO popular o condma, não hi para isso
Mvia prtfnir cu a de cunho lalva espúrio à de gmuino razão etimológica".
runho?" (Réplic., pág. 5H). Somenre em Henrique Brunswid. vimos ore lexicógrafo
Aí está "havia pr:eferir", hoje " havia IÚ preferir" na boca atribuir a lrl/ic( simplesmeme o gtncro masculino. Haverá
dt toda a g~re. l ru:n:pada de "incorret;ào por Ernesto Car- po~tura r.u.ão em 'Brunswid para la! ensinamento? Não,
neiro Jli.b ciro, eis traça o me1tre dos mc:sues., o grande filó- porque a razão, e razão insofismável, oti em que outras lín-
logo da Répl.ic., a defesa mais complçca e cabal, em fubni- guas novilatinas, recrbendo-o do latim, adotaram o ~nero
nante revide. Desse arrawado este rápido transunto: feminino. porque foi esu: o que nos transmiúu aquela l.in-
" Alista o professor Cimeiro - exclama o egrégio e~:ri­ gua.
tor - no seu rol de solecísmos as locuções "havemos ver". Càndido de Figueiredo assim o em ende, quando d iz:
"havemos vir'', isto é, todas as vozes oomposcas em que en- Q.uanto a /ti/ice é wn terr0o feminino no francês, no ícaliano
tre o awtiliar e o verbo não mediar o rk. Mas dc:st'arte ele e no cutclhano; on português é igualmente feminino, mas
põe de solecistas os nossos melhores díssicos, tah'C:l a todos os marinheiros e maquinistas menos letrados começaram a
eles, antigos e modernos. Vão em prova alguns textos''. dizer " d hélice" e é o que se ouve boje mais geralmente . Não
E. em ~ida, apona, triunfante, infinitos passos, "ad é pecado ir oom o uso geral; mas quem for "reaa-pronún-
litteram", indigicando as ()bras, com minúcias de edições, cia" 56 dirá "a h élice".
de volumes, de páginas, de linhas, con soanr.e o processo que Sandoval de Figueiredo corrobora o nosso modo de opi-
adoca: " Ca dos synaaes e vcnruiras os boõs homeês ruun nar na seguinte lic;ão: Em Porrugal dão o gênero ma5Clllino,
1tam Jaur conta" ([! . Duarte. Leal Conselheiro, pág. 86) - mas o gb>er-o exato é o que lhe dio no Brasil: a/titia.
"A UlllaS senhoras que /tavimrs ser terceiras" (Camõc:s, Obr. v. A.ntennr Nascentes é igualmente do mesmo parecer:
V. pág. 137) - " Cassandra disse de Troya que havia ur "Sempre do gênero feminino, quer no sentido de curva,
destruída" (Jb., pág. 165) - " HaveiJ rkixar entrar tOdos'' (ib. quer no de propulsor de veículos".
v. VI, pág. 170) - " Para que entcndessernos que no obrar Modesto de Abreu, trarando dos "vícios e erronias quanto
em serviço de Deus, não ltav mi(IJ só aUnuln a obrar a.ssim a às desinb\cias nominais", nas "flexões de gênero" diz que,
vulto, e de por junto" (Bema,rdes, Luz e Calor, n. 115, pág. em vez de "o hélice", diga -se "a hélice".
92) - " Mais considerei o que .ltavi4 dnn ao vosso Christo" Ollmpio de Mag;llhàes conclui o assunto apr e5Cntando-
(lb. n. 124-, pág. 103) - "Aquella noite, em que haviam an- nos de vários autOres, entre os quais Alexandre Hc:roolano e
corar sobre a cidade" (D. Nunes, D. João I, c. 42, pág. 487 ) Rui Barbosa, exemplos em que o vocábulo apar<.>Ce sempre,
- "A que elle chamava madre piedosa, havia já achar ma- em qualquer acepção, com o grncro fcrri ini no : a ltlli«.
drasta injuSI.:a" (ld. D. Affomo V, c. 21, pag. 199) - "Feito Heliodor.a - V. Ftdor4.
pois diligente eJWDe, luit>-se mt{tssar'' (Vieira, Serm. v. 111, H~, Hdiopal'UD - Não obstante híbrida a segunda
pág. 180) - " Mas /ta-lho sucader como aos outros" (lb. pala>-ra, seu ~ndo elemento não pode ser trocado por ele-
pág. U5). mento grego porque ela assumiu sentido especial, diferente
Tivesse dilo o prof. Cameiro Ribeiro que essa consrruc;ão de heliografia. O m esmo aconteceu comjotogravura;jotlJgravu-
consúrui hoje arcaísmo siJllático, pensamos teria sido mais ra e luliogr=a implicam "gravação", ao passo que fotogra-
feliz. fo e luliografia rctracam, deserevem "sem gravar''. V. cinó-
H&dc - V. m6Mdt. drOtM.
Hétioe - A quem mora on cidade portuária não deve consti- Hel.iópolis - V. l rniitmájwlis.
ruir novidade um aviso que à s vt:IXS se v~ afixado em ambos Heloísa - V. S~~taa.
os lados d.'l popa de a lguns navios, monnemc esrrangeiros: Helsíoquia - É o aporruguesamento do nome da capital da
"Cuidado c"'m os hélices". Esse erro de tradução, consist~,l­ Finlândia, m1 fines HelsinAi. A fonna errônea "Helsinsk:i"
re em atribuírem o gênero masculino ao vocábulo que desig· deve: ter nascido por analogia com nomes de língua~ eslavas,
na o elemento propulsor do navio, eximme também em faladas nas proximidades (Starlevski, Kutchinsk.i). O nome
outras máquinas, passou para certos dicionários. oficial sueco é Htlsi"Kfon (cachocir.a de Helsinge), onde
Temos noticia -adianta-nos o professor Olimpio Maga- He~ing é genitivo; é o fines' língua siméúca, com mais de
lhães ("Casos c coisas de linguagem") - de que se diz "o qui nu: casos; desconhece o artigo e o gtnero grama•ical.
hélice" en tre aqueles que se dedicam à marinhagem, em luta Hc:Jvéàa - A forma Htlwlia, com I (vemo-la em São Paulo em
contínua com vapo~s, navios, e "ruui quanti", onde os ma- prédios, em estabelecimentos comeráais e numa rua), cons-
quinistas e marinheiros ditam~ gramaticais com a mes- útui cópia fiel do laúm. Tal processo, porém , ~ e screYer
ma conscimcia com que poderíamos nós doutrinar a respei - palavras estrangeiras na sua fonna de origem, quando, oom
to de pilotagem. Em Porrugal, em tal meio é quase g(:raJ o vancagens, poderiam apresentar-se' sob roupagens tio nossas
uso maKulino daquele substantivo. Enrre nó~, porém, desde quanco lindas, constitui. quase, um desafio aos nossos fracos
a casa das máquinas, através da marinhagcm, até os senhores conhecimentos de idiomas estranhos. obrigando-nos, quan-
conússários c comandantes, salvo rarissirnas exceções de do não a di~. a ouvir freqüentemente verdadeiros dispara-
alguns afetados " l.inguas", dizem geralmente "a bélice" , e o tes.
dizem muitO bem. e com eles quem conhece um poúcachi- S<:rr• pretender dar uma lic;ão de laüm, discorrendo sobre
nh.o do riscado. pormenores e acusando exceções, expliquemos o que se pas-
Não há dth~da - continua o citado autor - que alguns sa com a palaVJ·a .
dicionaristas c vocabularistas dos mais modernos, en tre estes O I, em latim, quando seguido de i l!rtvt, mais unta voga~
João de Deus, Caldas Aulete, Gonçalves Viana, Silva Bastos, soa c (ou Js) : amicilía,jwlitid ... Htl11dia.
Jaime de Séguier, Cãnd ido de Figueiredo, Agusto Moreno e Escrcv<.>ndo, entretanto, em português Helvicia, alia.mos à
Vasco Botelho de Amaral, dão-lhe ambos os gêneros: mas- no•~ pronúnáa do laóm a legitima forma portuguesa.
culino e feminino, o que se poderia, sob reserva ou à purida- (GTCim<Íiica Mtrodita, ~ 63, 3 - Cramálica LIJtina, §H, 2.)
dc como dizem os nossos velhos mestres, classificar de gêne- Hemat;a - Quando a u:nninac;ão ia d e um derivado grego~­
ro hennafrodito; entretanto, outros, de grande peso, entre rence ao próprio grego, isro é, quando a palavra já possui
os q uai s o s mais anúgos, detemllnam-lhe exclusivamenre o no próprio grego essa terminação. o i não é acenruado.
~nero feminino: Morais Silva. Fr. Domingos Vieira, Solano Q.uando, porém (este é o caso de " hernatia"), a um deriva-
Constáncio, Eduardo de faria, J osé de Fonseca, F. Adolfo do grego acrescentannos, dentro do porruguês, essa tenni .
Coelho, João Ribeiro e-, principalmente, o barão Ramiz Gal- nação, o i será acen tuado.
vão, que critica Aulete pc>r dar o gênero masculino quando Muito embora Ramiz Calvão consigne em seu vocabulário
se refere à acepção náutica do voc:ibulo: "Aulete atribui o acento proparoxítOna, o acento verdadeiro é o paroxítono
-
Hemorróidas Hífm 187
- 1lemalía - uma vez que o sufiXo ia é nos80, pois a palavra Híada - Pelo grego c pelo latim, termina em es o nome que
foi foimada dc!ntro do ponugub. R.e~lo Gonçalves de - designa o grupo de cinco estrelas da constelação do Touro ;
monstra mais conhecimento ou, pelo menru, mais atenc;ào o a é bn:vc, razio por que o acento deve recuar para o i.
no "Vocabulário Ortográfico da Língu<~ Portuguesa", aa-i- H!~ - Q)lando os elementos de um compostO pro~
buindo ao vocábulo o acento aqui defendido, ou ,qa, no i de idioma.s difererutS, a palavra 1e diz láJ!rida. O ~
do sufixo Ymlá:culo ia. de.e ter evitado sempre que pos..tvd; é erro fo.r mar C411Ídro-
"Hemácia"~ palavra que não existe em ponugu~s. Ovo- - (lat. c grego) rm vez de ciMdromo (pista para c2.es; ambos
<:2bulo é Mmalia, de origem gteg3., formado do radicallt.mtlll os elementos gregos), como é erro fonnar ov~JBhtese (lat. e
(grego ltoima, sangue), rnais o sufixo vernáculo ia, sufiXO gr.) en1 vez de OOf,htese (gr. o6n, ovo. e gr. gituJis, nascimento,
longo em compostos semelhantes. cria<;âo).
O 1 dessa palavr~ con5C1Va em ponugub seu legítimo 80m Só é aceitá~! uma palavra híbrida:
alfab~co. coisa operada com todos Oli vocábulos derivados a) quando os elemc:otos já existirem, isoladamente, e fo-
em idmticas condições do grego. A forma correta é '-oti4, rem de largo uso no "Knliculo: a~tTo (árabe e grego);
com acento tônico no i. mitln-ahlgia llat. e gr. J: omomóvtl lgr. e lat. ); alcalóúü lar. e gr.);
Hemorróidas - É indiscutível que cabe melhor a tennina<;âo b) quando um dos elementos, por 5C1" muito usado em ou-
ts, justificada pela forma plural latina de palavra da teruira tros compostos, tiver perdido o car.lter escrangciro: socWlo-
dt'Clina<;âo. Q.uem. porém, se atreve a modifiar a forma em gia (lat. e gr.), colmJMtro (lat. e ~.), piuvi6nwtro (lat. e gr.),
41, usada por Saraiva, por Gonçalves Viana, por Laudc:lino, tekviJOO (gr. r pon.), mdmçógrajo <pon. e gr.l;
por j. lnb Louro (embora dip 5C1" ~J " melhor" c) quando um dos elementos nii.o puder de foryna oe:nh'!-
que 11tmoniút41) c:, principalmente. cnconcrada no uso geral ma ser I:I'Oado por ter sentido especial: golvaMtipw lO pn-
do povo? meiro demento é tirado do nome de célebre fisico it:aliano);
Hcndito - Engano dos pais c inexistmáa de quem o corri- burocrlltia (já nos veio tormado do francês : buretJu.• fr. es-
gisse; a tempo, fez com que um escritor nosso tiveue esse critório, CYada, gr. governo);
nome erradamente acenruado. Vocabulário nenhum há que d) quando de todo consagrada, já com direitOs de cidade
o craga com o acento no a, nem pode haver, porque: a penúl- em nossa llngua: bígamD (lat. e gr.), 11KiiUÍC1ÚO (gr. e lat.l, .!ocio-
tima sílaba é c:timologicamcnte longa e nela é que sempre, logia (lat. e gd, cmtÍINtro (lat. c gr.).
em latim c em ponu~. recaiu o acento tônico: H~Ta-cl{Jo. llidn:lehico - O o não de.;._pa~ce: ltidrOtWiâo, hidrM:xlrator,
t o caso inverso do pobre do Lirico, brasileiro- que por aí llidrooftKia, como ~er~~totmestesuz. ~nmotlitrico, ttrtrWtsusi<J. >Mg-
anda com o nome dado pelo pai que, além de acentuar erra- net«/Jtrito.
damente, confundiu adjetivo com nome próprio ao ver na O porque dessas formas ficou explanado no verbetefoto.
folhinha que se comemorava no dia do nascimento do filho As palavras nasceram, nascent c nascerão como os seres hu-
o nascimento do poeta "lirico" Casimiro de Abreu. manos, sem consulta prévia, sem procura de pareccnça, sem
Haqrc: - Nascentes lrAZ a gnfta lwrejt com j. mas é curioso preocupação com deformidades.. Q.uando provindos de ou-
observar que a própria etimologia por de apresentada leva- a-os domínios, seres humanos e palavras surpreendem já pc-
nos a escrever o vocábulo com to porquanto o I latino, segui - la beleu já pela esquisitice. Palavras originárias do grego
do da tennina<;âo breve icvM, dá g no vernáculo. Exemplos deixam-nos de1alemados nio obstante todas as faculdades
deua transformação temos em v~ (de vialicum), Mlvoe- de letras que .-m nossos dias se criam. O "~raeca per Auso-
(de .<ifuaticum), mm>agnn (de mi<S(L(irum). A forma arcaica era niae fines $ine lege vaganrur" terá vigênoa sempre que o
TMJsagem, nasali,~ndo-se depois o t por causa do 111 inicial gosto a ínovaçôes estiver na proporção da falta d<' solidez
(como em mm.sagriro). de conhecimmros. Nem por serem da mesma rennina<;âo,
Nenhuma dúvida deve haver na graf~a lumge, comg. nem por terem o mesmo ~ero, palavras grçgas chepm até
Hcnaes, lfcnDe - O gmero é masculino; quanto à terminação nós de forma coerente. Em que deverá, pois, basear-se o
veja-se ditJbde. 110580 proceder senio no bom sen80? Porque prc:tendennos
Herói - Coletivo:ja/M". mudar tennina<;âo e gênero de palavras já de todo incor-
Hape - O gênero é masculino; quanto à forma ttja-se diaJme. poradas no falar comum c geral de todos os dias?
Herbia&o. lu:teaiaoo - São pahvras distinta.S: a primeira diz HidrOtlitriro nasceu como n.uc~u hidroauião sem raciocinio,
respeito a Hera, flsico almlão (ondas lwrtl.Úl114J); a segunda como Jtidroário, hibooforia, corn o o que entra em compostos
provém de "artcsit'll", que se prende a "Artois", nome de nossos a ligar dois nomes gregos, com MiiOtlitrito. tleltoenet-
região da Fnnça (poços anesianQs). V . I(UilMrtt. ftllograma . Estão inglês, fran<:ts c oucros idiomas errados em
Hena - V. ~TVa. continuar a escr~n como também nós SCillpn: escrevemos?
Het.e n - Nii.o nos deixemos enganar nem pela tonalidade do Por que aglutinar tais compostos em vez de conservá-los
elemento grego hitnos nem pela forma francesa da palavra justapostos? Acaso não escrevemos com a maior narurali-
nem ainda pela forma grega, que pode motinr enganos. A dade hidro-aéreo (e não hidrtJirto), iJJero-italiaoo (e não il>eri.-
palavra grega, designativa de cortesã, é ~·m português htltra, tali6r~)? E assim: rtldioi5ótopo. mitroisqueiro,jotoactiMtrletro, hi-
paroxítona, de acordo com regras de grafia e de acentuac;ào droaJno, lt.tri>«litrico, tletroektr611ico, lliot>tatístii:Q, sem engolir
de: dc:t-i~-ados gregos. o "o" final do primeir o elemento.
Hétcro - I.lemento grego, anwnimo de homo; na composição IUeoa - Vox: garpl)tar. taTgaJiteat. targa/JuuJtar. Coletivo: al-
j unta -se sem hifen : hrlerogmeo, hrttr6nimo. catiia. V. G1fimd:
Heteróside - V. idio. Hiawqu&a. Hinicico- V .frrarlfUÍ4.
Hcttu. Hílita - São formas paralelas; baseia-se a primeira no Hierodnm.a - V.jtrllT~.
latim, baseia-se a segunda no hebraico. Enquanto lttuu tem Hier6dulo - V .jtrarl(llia.
o feminino ltttJia, hitita é uniforme, quer substantivo, quer ltici'OaiiDica - V.jtrar~.
adjetivo. Hífen - Como pod emos facilmenre observar, em alguns dos
De ltitita temos o derivado lritiJoúgâa: ciência da filologia, substantivos compostos o uso separa os elementos mediante
da arqueologia e da história do povo hitita. o hífen, deiJc.ando de colocá-lo em oua-os. Cumpre acres-
Hàtreca: - Grafia menos usada de "éureca", mas justificável centar que o emprego de tal si nal consórui atualmente ver-
pelo étimo grego, que craz espírito áspero. Usad:. como in- dadeiro abuso na formação dos compostos, mormente em
terjeição rm português, provém dc forma verbal que signi - palavr.&s novas c de cunho erudito. De acordo com a cradi -
fica "achei" ; atribui-se a Arquimedes, q ue a pronwtciou ao çào da língua, é esse sinal, em grande parte de casos, inteira-
descobrir, durante o banho, o porq~ da flutuação dos na- mente inútil, tornando-se-nos mais acertado eliminá-lo.
vio~, ou seja, a lei do dffiocamento da água com relação ao Pela. on ografia arual, "separar-se-ào com hifen os vocá-
corpo nela colocado e, dai, o peso especifico dos corpos. bulos compruros cujos elementos cooserv.un a sua indepen-
138 Himeneu Hipocorutico
dência fonética: porta-vo;., guarda-p6, contra-almirante". - discriminação de raça ou região mas de religião, se religião
Acontece, por~m. que logo a seguir o dispositivo ortográ- pudermos chamar o polimórftco teísmo indiano de mistura
fico traz a seguúue nota: "Não raro o uso reúne, sem o hí· com prinópios filosóllcos e siSlemas sociais.
fi:-n, os demc.>mos dos composto>: clarabóia, par~ilo. mal- Pode ser hindu o brâmane erudito que professa a filosofia
TMqurt. malf~rido" . védic.a. o moderno teista que comunga as id~ias ocidentais.
Vê-se que o empr~ do hífen nos compostos continua o habitante das montanhas que come sem escrúpulo toda a
inceno, porquanto a " nota" desfaz o imperativo da regra, espécie de manjares, o que se prostra diante dt' uma pedra e,
baseando-se no "uso". que neste ponto é falho e contraditó- finalmemc, o va.g abunclo ou membro de castas ínfimas e o
rio. pária do sul .
O que podemos assegurar é qu"' o hífen não devi.' aparecer Nesse sentido é que se devem tomar as palavras de Delga -
quand o o vocábu lo é composto por prefixação, isto é, quan- do quando afirma que o termo sânscrito sindu, que indica
do se antepõe a uma palavra já o.istente uma preposição ou 111dr ou rio gro.ruh e em especial o rio Indo, foi pelos persas

partícula para forma.r outra palavra de q ue necessitamos. transformado em hindu para significar já o rio, ji os habir:an-
Q.ucm cscrCV(" sub-prefeito deveria, para maior gáudio do tes das suas margens.
leitor, escrever w~-pre-ftito, pois tanto é prefixo sub quanto lgua.lmeme a palavra lndos/Jc indica não o lugar em que
pre. Este se une e aquele não, por q uê? Nào será pelo fato de corre o rio Indo mas a <ei,'Íào em que não existem maometa-
coexislirem dois pr efixos, pois que ~ tomariam impe•·iosas nos e sim hindus. Comparando: Como no Brasil há católi -
formas como i11 ·Jrrocetknle, re-produ(ào. cos e protestantes, há -os igualmente na lndia c mais os
~ imcrc!>Sarm: ver, num memto período, o composto hindus. Se quase ~pre o hindu é indiano nem sempre o
supra.-unJivtl, com os elementos ~parados por hifcn. e, logo indiano é h indu.
a seguir, inMnsivtl. modestâmente, sem nenhum enfeite. Wcbs1er ~ claro em dar o primeiro significado de hindu :
Se em ar1UcedmU, antrmuro, anUjou não há hífen, tampouco In lndian and English usage, an adherent or Hinduism.
deverá havê- lo em nnte-prtijt/.Q. ante-m;paal, ante-ontem. Gra- Não conlundamos, pois, ili11du com indiano.
femos anuprojtlo. antmupcial. anttortum, que o faremos mais Hióide . O gênero é masculino; quanto à forma veja-se diabeu.
ponuguesmentC?. Subproduto, luprrprodução, pryuridtco, Jrro· Hiper . Prefixo que se junta sem bífen; faz perder o h e dupli-
pigmm/afào, Jupra"roat, poJtopera1Mio são fonnas q ue somente car o 1 de palavras assim começadas : hiptridrose, hiperepatUJ.,
:a.ssim se poderio escrever, coerente e vemaculamente, ao hiptrrilmico.
lado de Juhmeler, superfiàe, aulonomia, prtkçdo. su.prassenso, Hipérbole · V. semâJUica. . _
sempre sem h1fen, uma vez que são composros por p relixa- Hipinose, H ipoose . Não confundir estas pa lavras; h1pmost
cão. (deficiência· de fibrina no sangue) é formada de hypo, abaixo,
· É tal a embaralhada das regras oliciais do emprego do mais is. ir1ós, fibra, m ais o sufixo ose; hipnose, de hjpnos, wno.
hífen (23 ao todo) que se torna necessário decorar - duvida- mais o sufiJCo.
mos que alguém o consiga - o comportamento de cada Hipoopedia - De todos o s bo ns conhecedores do idioma é
prefixo nosso na composição de vocábulos ou consultar um sabido q ue a terminação grega tia translitera-se em ia com o
dicionário \-et por vez que dermos com um composto. Triste acento tônico no i em latim e em português. Não obstante a
s.i na de quem neste país consegue alfabetizar-se e é obrigado pronúncia grega ser ortlwipeta, a latina- e conseqüentemen -
a grafar oficialmem c as palavras. te a por tuguesa - é 1Jrt011pía.
Como se já não bastassem os malabari smos a que cst~ Por exceção a palavra tndclopldia passou a viver entre nós
sujeito quem p retende seguir as regras do acordo de 1943, corn acento tônico errado, rnas Mtopedia, ortodontopedia, for-
aparecem ainda inovações, confusõe8 ; é o que se pa~ com mados, como a palavra do verbete, do sufixo longo ia, estão
o hífen quando, no fim da linha, separa uma fonna verbal a confirmar a verdadeira toniódade de hipnopedia. Do erro
que na linha segUinte vem seguida de pronome, ou q uando que andamos vendo em anúncios que ~em " hipnoF,dia"
separa elementos de compostos em que nonnalmente entra é culpado o inglês, onde encontramOs "pneumõnia'. " hy·
es~e sinal; anda m por ai a repetir o h ífen na linha seguinte, drophôbia", "neurálgia", " phamasmagõria" ... Ensine-se a
como se fora sin~l de matemática que devesse ser repetido. bela lingua inglesa, não se maltrate porém a nossa: hipno-
Tal extr:wagáncia não ex.iste no sistema de 1943, que ê o que pe-at-a.
está em vigor no Brasil. Enquanto o espanhol não usa hífen Hipo . Prefixo que se junta sem hífen: hipocrisia, hifJ<>tpalia.
nem para separar pronome enclitico de verbo na mesma hipomtmo.
linha ("que podr ia onginaru", "aiiadiéndole", "como puede HipocoriJcico • No tratO doméstico, os nomes próprios têm
ver~". "cáese", " d iósclo"!, há qu~ use dois hífens no desiné!ncias ou formas e~pt-ciais diminutivas; recebem o no-
Brasil, um para pa.nir a palavra, outro para indicar que a me de iapocorísticoJ tais formas familiares ou infantis, sobretu·
ignorância do leitor poderá não deixá-lo ver que a nova do auando nelas há duplicação de sílaba, como em papá,
linha se inicia por pronome ou por clt:memo de um com- Li/i, Zttl. O adjetivo grego hypocoristicós significa acariciad<Jr,
posto. Se alguém nos perguntasse " A ortografia do Brasil carinltu~o, c dele se serve em gramática grega para indicar
roi feita para ;~nalfabctos ?" seríamos obr igado a responder forma diminutiva. Eis alguns:
que sim. Alncandrt: Xandu.
A título de provocação •-eja o leitor esta curiosidade do Ana: Aninha, Anazinba, Naninha, Anita. Anico ta, Nicota ,
vocabulário oftóa.l brasileiro : Se em mumano não aparece Anic.a. AnOGt, Aniquita, Nanoca, Nanazin.ha, Naná, Ná .
nem h nem hífen, hífen e h aparecem em wbrt-humarto; se, Apartdda: Cida, Cidinha.
por outro lado, não se escreve $obrtumaM (ligando-se as duas Carlos: Carlito, Caiu, Calão.
vogais). escreve-se todavia S()/)reírritar, com as duas vogais Cartola: Carlotinha, Lo ta, Lotinha, Lo ló, Lolota.
ligadas, sem nenh um temor de en·o de pro núncia. ~ um la.- Domil•go.: Uominguinhos, Minguinho. Mingo.
birimo de almanaqu'c para gente grande e muitO desocupa· Evangttina: Vanja.
da. E d igam que não: se oficialmente $0breimlm n5o traz Funwrdo: Nanoo .
hífen, wm-inltrnD é q ue oficialmente ~e deve escrever! V. bem; Gertrudts:Tuda, Tudinha. Genr es, Gertrinha.
V. ia-~; V. má-mação; v. nruro ; V. pos; V. PJtu®; V. paraflri· ]oJi: Zé, Zezinho, Zaito, Zaé, Zezeca, Zt'ca, Zequinha, Zc-
to; V. vão-se irulo. quita, juca, Zuza, Zuzu, C3zuza .
- Quanto ao acento do singular hifen e sua não existência l.uJj : Luisito, Luisinho, Lu lu, Lula.
no plural hi.foru, veja o verbete líqum. Manuel: Mandu, Manduca, Maneco, Manequinho.
H immru, Himb>eo · V. peritôruo, peritonru. Maria: Ma riazinha, Marieta, Mariquinha, Mariquita, Ma-
Hindu - O indiano que professa o hinduísmo é chamado rica, Maricas, Maricota, Ma roca, Cota, Cotinha.
hindu, designação dada aos habitantes da lndia não para Ptdro: Pedrinho, Pedr ito, Ped roc.a. Pedrora.
Hipócrita Hodif: mihi 139
Hipócrita - Téspis, inventor da rragédia, in1r0duziu no teatro bulos de formas diferentes em inglês, como curtos de inteli -
grego várias inova"ções, entre as quais a de um ator que fi- gência são todos os de outros idiomas que têm palavras com
zesse parte distinta do coro. Esse ator D'ocava frequentemen- mais de uma significação.
te de papel ; ora fazia a pane de rei, ora a de mensageiro, ora "Estória" já existiu no idioma, ao ~do de "istória", na
a de chefe, ora a de escravo, a ele cabendo responder às época medieval, quando ainda não havia grafia uniformiza-
perguntas do coro. da para os nossos vocábulos, não como inúteis inveo~ões
Pelo fato de poder o hipócrita desempenhar papé.is variáveis distintivas de significados, senão como formas originais de
e até contrários, passou esse nome a significar pem>ajaiJa, grafia da nossa palavra história, que teve ainda a forma inter-
fingida, e nessa acepção recebeu -a o português. mediária "bestoria".
Provém a palªvra do verbo grego hypocrinomai, que quer Estoria (hestoria - ambas as formas sem acento, por~ue
dizer interpretar. São seus cognatos os vernáculos crise, que "inda não era obrigatório), egual, egrtja, Efignua com ' e"
etimologicamente significa mu-dança, separação, e critiaz, arte inicial, é como se escreviam ~ssas e outras palavras que hoje
de apurar a verdade. trazem i por primeira letra. Abra-se o GRANDE DICJONA-
Hipódromo - V. autódromo. RJO PORTUGUts (tamb-ém chamado THESOURO DA
Hipômane - O gênero é masculino; quanto à fonna. veja-se LINGUA PORTUGUESA) de Domingos Vieira, de 1872, e
diabete. leia-se na pagina 4.'12: "ESTORI -·As palavras que come-
Hiroxima - V. x. <;am por ESlori busquem•se com Histori".
Hissopo (ô) - Ternos já este paroxítono em portugu6, a nós Ai está. Unicamente distinção gráfica havia em ourros
provi ndo do grego através do latim hyssopum, para indicar tempos, distinção que o sistema de 1943 eliminou, e não
certa planta. Motivo nenhum existe para acolhermos a mes- distin~-ão semântica, levianamente sugerida por João Ribeiro
ma palavra grega sob outra forma para indicar instrumento no refundir o dicionário de Simões da Fonseca ( 1926), como
de aspersão . Simples varia~ào de significado não é motivo de levianamente sugeriu que não houvesse dístio~o entre ver-
variação de gra11a. bos term inados em iz.ar e isar, como levianamente sugeriu
História - Mais do que exrravag-.d.ncia, existe incompreensão que o s entre vogais passasse a ser escrito sempre t.
nos que escrevem "estória", incompreensão que há já vários Estorea por estaria introduziu-se ainda para evitar a pro-
anos apontamos. Repassando agora nosso arquivo, demos núncia estorja, resulrame do valor ambíguo do antigo i, que
com uma carta de teor que julgamos oponuno revelar, .carta se escrevia de forma semelhante a.j. É isso, e nada mais, e
provocada por uma de nossas Q.UESTOES VERNÀCULAS. não urna palavra diferente.
Com data de onze de maio de 1973, enviou-nos Ezio Pimo A fonna da palavra encontrava-se j~ fixada, com qualquer
Momeiro, do Rio de Janeiro, linhas em que relata a "severa sentido, ao tempo de Camões (É au-evimento falar em Ca-
critica" que Francisco l nácio Peixoto lhe fizera por ter em- mões e em Rui Barbosa a peralvilhos do idioma.); bastem-
pregado "estória" no titulo de uma tradução de livro inglês; nos estes dois passos, o primeiro oom a palavra a correspon-
a essas linhas o missivista carioca anexou um recorte de jor- der a "narração de acontecimentos sociais, científicos, artís-
nal de Belo Horizonte, em que o professor Aires da Mata ticos", o segundo a "conto" (edi~o revista por Carolina Mi-
Machado Filho rranscreve carta do mesmo eseritor. Não chaelis de Vasconcelos):
vamos aqui recopiá -la na íntegra, mas esia passagem julga-
Pelos portais da cerca a sutileza
mos imerecedora de dormir para sempre num arquivo:
Se enxerga da dedalea faculdade,
"ESTÓRIA me causa engulhos. A segunda edição facsimi-
Em figuras mostrando por nobreza,
lada de Antonio de Morais e Silva ( 1813, quando ele ainda
Da lndia a mais remota antiguidade .
vivia) nada 1ra2 de "estória". Nas Lições de Português, em
que faz mais de vinte comentários sobre arcaísmos morfoló- Afilguradas vão com tal viveza
gicos, Sousa da Silveira nada diz a respeito de histúria. Est6ria As hütorias d'aquela antiga idade,
Que quem d'eflas tiver noticia inteira,
é um verdadeiro desatino gráfico; r eleia-se q_ualquer glos:' Pela sombra conhece a verdade. - VII, 51.
sário de arcaísmos: ornem, orne; eimigo, inuigo, inimiigo ...
Acho a coisa de uma excentricidade irritante, sem utilidade Os olhos contra seu querer abertos,
alguma. Em nenhuma língua de origem romànica você Mas esfregando, os membros escimvam:
encontrará a distinção; o italiano só tem storia; no francês Remedios contra o sono buscar querem,
medieval havia também estcire, mas em que dicionário, em Historias contam, casos mil referem. - Vl, 59.
que livro voe~ encontrará ressuscitada a palavra?"
Essa macaquice - perguntamos agora nós, é privativa de Se não podemos ultrapassar os horizontes de um idioma
brasileiros? estranho, como procedermos de maneira contrária dentro
É falso - e impossível - que uma reforma ortográfica do nosso? Cada idioma é o que é, com seus caracteres_pró-
tenha inrroduzido distinção entre hüt6tia e estória; o acordo prios, específicos, com suas aptidóe~ e com a sua história a
ortográfico vigente no Brasil é o de 1943, e o " Pequeno liga•·-nos aos nossos pais e aos .n ossos ... dicionãrios.
Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa'' não traz a Escritores que não sabem impor-se a não ser no -pórtico
inov.1.ção; nem esse, que é brasileiro, nem o de Portugal. que do Templo, onde mercanciam idé-ias e b;1rganham a pátria.
é completo. acatam e espalham, quando eles mesmos não inventam,
Se no inglês existem duas palavras, o problema da sua dis- qualquer novidade léxica tão logo apareçt num vespertino
tinção pertence aos que falam esse idioma. Em inglês tam- ou numa revista de poste de rua, sem receio do ridículo, sem
bém existem dois verbos para a ação de "poder", e que falta temor de monices. levianos, inconseqOentcs. Onde irão
nos fazem eles para distinguir o poder :fisico do poder legal, parar - e que outras inventarão pam o caso - as palavras
social, moral? "Você pode, mas não pode'' é expressão que que indicam historiada. hist~riagem, q verlx> que entra na
não cnseja confusão nem pruridos de novidades para os que expressão de arquitetura "historiar portas e janelas"? O
nasceram no Brasil e falam o idioma de seus pais, expressão cavalo passa a ser uestorieiro", as crianças f'esrorientas",
que em inglês exige dois verbos diferentes para que tenha dejxamos de' ter (~hiStorietas" para. ter Hestorietas", "es.to·
se-ntido: You can but you maJ not. rolas" e "estoriúnculas". Desaparece a analogia para dar
"Deixe de histórias" - "Q.ue história é essa?'*- onde a lugar à realidade da leviandade, quando não da inconsciên-
dificuldade de compreensão? Se curtos de inteligência. foram cia. A di~pidação do vernáculo faz parte do programa do
nossos pais em não terem deseoberto essa história de "estó- mercadejamento da pátria.
ria'', curtos de inteligência continuamos todos nós em não Histrião - 'Feminino: histrià (farsista, charlatão, hipócrita, pa-
forjarmos distinção gráfica e fonética para "poder". para lhacol.
"educação'', para "raion. pa•a oficia]" e pa.ra outros vocá-
H Hódie mibi, aas dbi - Locução latina (hoje a mim, amanhã a
140 Hodômetro Hungria
ti) cquivalenre ao nosso "um dia da caça, outro do caçador''. Homo hómioi lupus - Provérbio latino que significa "O
HodôiDCb"O - V. od6mltro. homem é lobo para outro homem". O pensamento é de
Ho~ ~ quinze: - Na consuuçio "Hoje ~ quinze" o cardiml cslá Plauco, poeta cômico latino que nasceu no terceiro século
p~lo ordinal (Hoje t o décimo quinto dia) ; é conslr\lção antes de CristO, alusivo à ferocidade que um homem muiw
<rru, sem dúvida, mas antecedc:ntes da língua pen:ni tem for- vezes manifesta ao outrO.
mular a perguma c a resp,osta no plural: "Q.uancos são HOIJI08imeto - Devem ser proparoxítonos os vocábulos cujo
hoje?" - " Hoje são quinze'. último elemenro sqa constiruldo de g"'*lo, por ser breve o e
Ho~ em dia - Muito vemácula é a expressão "hoje em dia", da sílaba TN.
que significa "na época a.t ual", "no tempo presente": "Mas Homopat:ia · Humtopalia é palavra mal derivada. Alguém, tra-
não há muitos des.~ lwje tm dia cá pela cidadc" (Castilho). zendo por testemunho o dicionário de Cãndido de Figueire-
"Holdiog" - Parece-nos que é boa tradução do inglês "bold- do, poderá objetar: homtOj)(Jlia justifica-se porque vem de
ing", quando empregado por "bolding company", a loru- I!Õmoir1> e não de Mmos. Responderemos: Por que não fizeram
ção J«Utkuie-le/4, rujo plural será soaedtuk•-tetiJs. Como, total derivar aloJMiio. deaUóio>. dando-nos altapalU.? Por que, igual-
ou parcialmente, o Ttolding "engloba" as ações das socit"dades mente, não fi:r:eram hame"./tmi.a, hotn<ost, hotMOgniÚJ, home6ni-
subsidiárias, talvtt englo/Jadora, numa só p;tlavra, mais cuna mo, homeotropia? É por~ue, continuan:rnos respondendo,
~de plural indiscutlvcl, pegas.sc:·para traduzir o anglicismo: alt.íios tem forca relativa, 'difcrcn re de", e állos é que é a ver-
"O governo criará uma mgwba®ra de telecomunicações". dadeir.l. forma adjetiva, "outro", dando-se o mesmo com
Não dizemos h oje "financiadora" de mancira compreensível Mmoi()S , "igual a", e hómoJ, tfmesmo". Po r i.sso t qu.e se diz
e aceitávd por todos? Empreguemos ou tngÜJIJ4di)ra, ou horttiJfoma (mesmo som), le&m~~logia (mesma palavra), /tomou
J()ciedade-teto, ou mtpre44-úlo, ou alguma oucra forma que (mesma açio) etc.
revele mais respeitO ao idioma que falamos. Hqmopa.tia é o processo médico que, consiste em empregar
Hombridade - Nada que ver tem com ombro; .se: aqui não se para a cura os "mesmos" agenres que detemainam a doença,
justifica um h inicial, lá é de rigor - e sempre se escreveu- segundo o "simília simílibus curamur'' de Par;•celso; o con-
por t" provindo do espanhol lttmtbridad, de lttmtbre (homem). trário constitui a akpatia, filiada ao "contrária contráriis
Homem- Aumentativo: lwmmUJ.rrão. curantur".
Homem aoligo - Os adjetivos colocam -se em português ora Q.uando já formadas no próprio grego, as palavras nos
antes, ora depois do substantivo que modificam; tm tingua- vêm de fonna correta : Mmódr(lffl(), Jaomór......,, loofnMimo. Por
gem descritiva usual cabe geralment~ o segundo lugar ao qu~ não procedermos tarnh6n corre~amtnte quando forma-
vocábulo que ?<'la novidade ou maior imporláncia se acen- das emre nós, como corretam~me se fonn<Lram outras ?
tua com mais for(.a. Assim. por exemplo, ninguém diz "ser- Vejam-se ho1Mltlia, hrmwcatalexia, hotnomlrol~. hOffi(JfoML~.
vir-se de af)Í(ar doce'', que seria pleonasmo, e, por ouuo la- lttmJogtni4, MmOS!otXIUJÜ$11tiJ,
do, não há inconveniente em dizt"r "servir-se de dou açúcar", HOIDOtC - V.~-
const:ru<;ão esta em que o adjetivo decorativo vem a~s
HODDi soit qui mal y paue - "Maldito seja quem nisso põe
recordar ao ouvinte a qualidade eMeneial do acúcar.
malícia", dl'ilisa da ordem da jarreteira.
Para alguns adjetivos requer o uso a colocação sempre em
Hooocú cauta - Exp~ssào latina que significa "a título de
segundo lugar, embora tal não suceda com outros análogos
honr.a".
c empregados nas mesmas condições; dizemos: o clu m.ul
Honrar-se - Constrói -se: a) com m~: " H onr.1.-mc em estar pre-
(c não o azul clu), a safira a~td, o tr1fHilio amarelo, a par de: a
sente".
vnd~ esnwralda, a branro neve.
b) com til: " ...a sintaXe do ingr.tnzéu em que se honra de
Q.uer isso dizer que a colocação dos adjetivos obedece, em
a.primir''.
porruguês, à tradicão e não a regras; não havendo tradi<;io,
cl com com : "Muito se honrava oomlheficar ao lado".
há liberdade de coiocaçio. Horas - V. abrtuialurltl.
Q.uanto ao adjç'jvo amigo deve-se observar que ~ ele
várias acepções; quando equivalr.nre a antiquado, opondo-se H«óscopo - Em qualquer sentido deve ser lturóscopo, pois
a modmw, de costume vem posposto ao substantivo: sujeito assim nos mostra o étirno. O significado de um termo não
amigo, lttmtnn antigo, mul.htr antiga. F.nt tal acepção, o ac!jetivo é conseqOência do acento tônico nem este daquele; a origem
amigo cspecillca a pessoa aferr.tda a idéias e costumes dou- é que determina um e out:ro. V .jWritk,.florido.
tros tempos. Horrim - Superlativo sintético: ltorribilissimo.
Q.uando equivalente a velhtJ (que (: ou existe desde muito ~-lipr" - /topar, imomparáwl, inwJgar são adjetivos que
tempo), ~'t'm ordinariamente pospo!~o: tinki:ro l111li&o, rua t:raduttm essa intromeôda exp~ssão francesa.
llnliga, livro antigo. Hondào, Horteloa - De ltortelão o plural é horteltios, com sim-
Vem anteposto quando exprime qualidade que deixou de ples a<..Téscimo de s, e o feminino hortek>a.
existir, equivalendo a ex: antigo deputado, antigo_pmidtmú da Hótpede - feminino: hóspeda.
cãmara, anligo comercidnte. Observe -se que lanto é hóspedt o que recebe hospedagem
Q.uando equivalente a rttiU/to !que foi ou existiu), tem I.'Oio- quanto o que hospeda. A dupla acepção é conseql1~ncia de
cação indiferente: na Roma ll11/iga, na anliga Trõ14, eos~umes lwsptdar ter ambos os sentidos, ativo e passivo, de "dar hos-
antigos, anligos costumes. pedagem" e de ··ins!alar-sc como bóspedt" . t fato análogo
Note-se .Unda que entra na denominação Antigo Ttslamen- ao que se dá com freguJ;, q ue tanto indica quem hal>irual-
lo; sua colocação é agora invariável, pois a expressão adqui - mente compra da mes<na pesso.. quanto q uem a ela vende.
riu caráter de locu(ào. V. pa14vras hifnmus.
Homeopata, Homeopatia - V. h~>mopatia. Hospitalar, Hotpitalá.rio - V. biliar.
Homesaa - f orma comrata de "homem essa", usada inteljeti- Hum.Ude - Superlativo sintético: humili1M (erudito, pouco usa-
vamente com a significação d~: "ora essa!", "Essa agora!!": do), humilisszmo, humildiSJimc (mais usado).
"Homessa! Um valentão como tu, que não tem medo de H1ilmu. HUII)() - "Terra" é o que significa a palavra latina,
nada, assim assara.panrado !" paroxítOna, humw, mas foi em portuguà intrOduzida com a
Homiàda, Homiódio - V.ftwmicida; V. mariticida. significação espeáal de "matéria orgãnia. em d<:oomposic;ão
Homilia- Muito embora haja quO'YI indique para esse vocábu- que empresta fertilidade à t:Cml". A forma aportuguesada
lo o acento J:>aroxlrono, o aremo ceno deve ser o proparo- humo comec;a a aparecer em dicionários.
xítono- homfli11 - e assim é em italiano, assim é em Portu - Hungria • Com h e com a'-emo no i: hun-gri-a. Adjetivos pá-
gal. aios: h1ÍIIgaro, magiar.
.....

I - Elc:mmto de ligação de compostos latinos. V. (lf'quidea. co: Q.ue se cefen: à Ibéria ou à Península Hispânica; partidá-
te. - Abreviação de "id est", em porruguês e em outros idio- rio da união política entre Ponugal e Espanha.
mas usada para significar "isto é", "ou sc:ja", "por outras Q.uando primeiro elemento de adjetivo pátrio composto,
palavra.s". assume a forma ibero (paroxítona): if>no-u/Jo (=ee/li.berti),
l, E - V. Manuel. ibno-americ~J~W.
l. H . S. - Monograma. reprer.entatívo do grego lHS, fonna lbidtm - Advérbio latino de largo uso em português; é paroxl -
abreviada de IHSOYS (Jesus). Aparece às vezes escrira / , H. C. tono e sigJtifica "ai mesmo", "no mesmo lugar"; é geral-
ou). fi . S., variante gráfiQ grega a primeira, latina a segun- mente empregado para identiftear o livro ou pane de uma
da . Por desconhecimento é que lhe aoibuem com certa &e- obra em que se encon tra uma ótação.
qiltncia como origem a abreviação de le>W Hóminwn SalvaU>r lbirapu«a - V. iptuira .
ou de In Hoc Signo. •••ica - V. inf(lf'tun/stica.
la (lerminação) - V. Etiópia; V. I:IUdnia; V. mal.túia; V. ltemalia; Içá - Além de duas diferentes ooisas (macaco, índio), a forma
V. hifmofKdia. içá existe para designar uma terceira: !Ctm.>a alada da formiga
lama - V. s1UÍsi.Íca• saúva por cx:a.,ião da formação de novo sauveiro. Aqui nasce
...iano - É suftXo acrescentado c:spccialmeme a nomes pró- uma complicação: qual o gênero?
prios; nele entra um i meramente conectivo, já cx.istente no Teschauer, o primeiro dos dicionaristas a dar a palavra,
latim, antes do verdadeiro sufixo anw. consigna-a oom o g~nero masculino, e dá uma passagem de
O sufixo ano tem o ~tido ger.U de ''pertencente a" , " re- Valdomiro Silvein: " Não houve mais as corridas barulbc:n-
lativo a"; forma adjetivos, dos quais muitos se usam subs- ras pelo va»nural, nem a apanha ®s irds''. É esrraohável que
tantivamente: mitlropo/ita11(), cuial>aR6, espartano, galiC4JtO, itw- Aulete lhe t.enha dado o gtnero feminino. Fosse o gênero de
IW, j>nnllmbue4M. :anajura, como em MilUS cbanwn o içá, dúvida não haveria,
Se em ita/i4no, juliarw o i é temático, emjrqjdúmo, Aanliano, pois é sempre usado no feminino, mas içá, proveniente do
jifmrmiano. Jctptmano, bosUmiano, iraniano, cesariano é aperlllS tupi-guarani, é palavra realmente usada no masculino.
conectivo. ..1~ - V.liicebtrgue.
Ainda que o nome próprio traga na rermina<;ão um t que lctiOfSaWO • V. <IÍIIIISSQill'O.
não seja realmente remái:J<.'O, <.-omo em E-uclides, li{ortS, Cha- ...ícuo, ...iquo - Se temos inócuo, por que oio temo5 "obliruo"
ves, Paimmes, a grafia do derivado em que entre o ~ufixo asw com c? Por que ob/iqilidade com qu, ao la.do de inocuUJade?
deve trazer o i conectivo, e não e: euclidiano, a{Of'ÚlM, cllavia- Nossa não é a culpa dessa duplici dadc de grafia para um
no, palmrriano. Terminando o nome pcóprio em'· o sufiXO mesmo som. senão iJp latim. Em obllfuo há o pcdixo oh e o
não trará o i conectivo : acuano.• cahD-verdeiDUI, la_jiiZIUl, irDftA111· tema em qu de liqvi>; em iltcia4o, ~. há um prefixo (iR,
M - ou perde o e fmal para. dar lugar ;~.o sufiXo lDI4J : li/!etmuJ, prol e um tema em c, como em liOciw, iltoce>iú, flrificitrút.
sergipann, 1110famhicano, mdiruümo. O sufrxo ljG é de origem la.tina e signifiQ "de" ou "da na·
Iuquc: - Aportuguesamento de: "yankee", nome que na pró· turez;a de". como em~. estrtfluo; é o mesmo uosus lati-
pria América do Norte é empregado com o fim c:spccw de no, que nos deu virtuolo, impttuoJI).
mdic:ar o que nasceu oa Nova Inglaterra, ou seja, num dos Motivada pela etimologia, a distinção gráfica ícuo, ft[uo
18 estados que por primeiro consrirulram os EsL~dos Uni- perdura em linguas neolatinas e no inglês até que se respeite
dos. Por cxten~o ~ empregad o em outros idiomas com a a tradição, até que haja escolas que a apliquem e uma su-
sig1'1ificação de: nortt~M . perioridad~ e alegria de aceitar os fatos informativos do es-
Iào - V. i41tio. p~to human_? .•
Iaque . Voz: hnr11r. ...idão - V. JIJI!e;uliio.
...iar - V. alumiar; V.~~ tmnmados- EA.R, lAR. Idem · Toli~ das gordas passamos a suportar ao ouvir um
Ia-se • " la-se levantando", " esti-me arra~illhaodo", "eslio- pouco de rádio. Não ~hemos se r ir ou compadecer-nos
me vendo", "esrava-:.c: aproximando", ' estive-me queinn- devemos do locutor que diz "idem ao anterior".
do", "estiveste-a csp,reit:ando", "estive-te obS<.TVartdo", Q.ue mixórdia d e idiomas é essa? Originária do latim, a
"está-lhe fazendo mal', "está-se fazendo tarde" , "estivera-se palavra é pronome, e não adjetivo; signifiCa "o mesmo",
cogitando", "estando-se verificando" -sempre com hifen ua mCS1l'la COÍ53u.
a ligar o oblíquo ao primeiro verbo da locução. V . vJo. , O despn::wnido locutor julga significar "igual"; é o que
indo. pensamos para explicar lio griwue anarquizaÇão léxica.
late - Aportuguesamen to de Jtldlt (=barco de n:acio); daí Se dizer que a letra d contém o mesmo que a letra c é o que
Í4Údubt, numa só palavra por não ser da n~ língua ante- você p retende, diga, meu caro, idmt - e nada mais; e todos
por com função adjetiva um subsranti"o a outro. irão seguramente entend~-lo.
Ibério, lbc:ro - l'resca.m-se ambas a s formas pan indicar "in- fdeo - V. úlio.
dividuo dos iberos, antigos povoadores da Espanha". Além Jdeosnrma - to sinal que exprime diretamente a idéia; é um
deuas, existem ainda, com apoio no latim, íbernxo c ióiri- desenho, e não um conjunto de letras; é assim que escreve-
142 ...ídio Dhó
mos os algarismos t! é assim que tudo se escreve em chines, pauco clW llo ignore d1e prescnce of a person), niio rectmlrecer,
desenhando. Saber "escrever" em chints significa saber "de- desprezar (to ignore a friend) .
senhar" uma figura para cada idéia. Não possuidores de "O DER ignora estraruu"- .. 0 partido igMra a realidade"
alfabeto, os ch ineses preàsam normalmmte conhecer rrh - "Grupos exaltados ignoram a lei". Q.ue baralhada de idio-
mil idt!Ogramas para ler. Milênios de história acumularam mas é essa? já não estão lembrados os chocalhadores da
cinqüema mil ideogramas. Xuo Mo-jo, presidente da Aca- nossa lingua do significado de ignorar? É a ignorância do
demia de Ciências da China, é considerado o maior conhece- nosso vocabulário que os faz passar por rripudiadores do
dor de caracteres chineses, pois ele domina dez mil deles; é que é legitimamente nosso? Será necessário lembrar-lhes
o cidadão chinês que mais sabe ler, que mais sabe "escre- que "ignorância" em porlUgués é "là.lra de saber", c não
~t". "falta de considera cão"?
Com o inlUi to M aumentar a cultura, advoga-se hojc na Vê-se nesse proceder mais soma de ignorância da nossa
China a ad~ão da escrita latina, com terras, com símbolos do qu~ revelação de conhecimento da língua inglesa, se ~
que ~presemem forlemas; placas comerciais e indicações que istO querem os defraudadores de no55a língua demons·
urbanas jil se encontram "desenhadas" em chinês e "escri- rrar, e não leviana propensão de desrrocar o que é nosso por
tas" em caracteres latinos. O povo csrá aderindo esponta- herança e estima. O revelar um jurisconsulto rgnorar a juds·
neamente à reforma. Q.ue seja d~finitiva são os voros dc prudência não é mais ignomi nioso do que mostrar um re-
quem tem uma grafia ainda vacilante e sempre sujeita a ex- dator ignorar o significado de um verl>o tão comum . Se ele
plorações m.·\is do que a reformas. ignora o q ue faz com dcss:• maneira redigir, nós não ignora-
...idio - Se em ofídio, em t~pmnoiúiio e em outras palavras dessa mos o q ue fazemos com chamá-lo aos brios d e ci dadão res-
termi nação o~ vocabulários ortográficos são uniformes, em pcitador do que é beredit:ariamente nosso. Esperamos que
ouo-as são ou inseguros ou contraditórios, quando não dc- quern emprega 1gru>rar por desprnar demonstre antes ignorar
sultórios ou, o 3.uc é pior, arbirrários. Inseguro é o vocabu- o idioma original do que dt>sprezar o que aprclldeu na socie-
lário quando d.1 ttmfdío ao lado de amídia; contraditório, dade t'ITI que vive, n.a na~ão a qu~ pertence.
quando rraz gücosido, com a terminação ÍM, ao lado de soca- Despreznr, desresprilar. dcswruid<TaT, rlào ouvir, púoltar, dar de
ndeo, com e ; desuhório, quando oferece ojrúúo, com t , ao ombros com, jultar os olhoJ a e mais v~rbos e '>J<prcssões devem
lado de bactmdio. com i; arbitrário, quando inventa lipidt. ocorrer a quem escreve com a mente liberta de peias impor·
glitítU, pótítU. A insegurança ou desconhecimento do assun- r:adas.
to comprova-se, ainda, quando apresenta glidritkl em vez de Ignorando a disposic:;ão em que se encontra o faltoso re-
gli.urídio. Ainda mais longe vai o despautério, quando se dator ao ler nossas considt"Taçôes, acabamos pedindo, sem
verifica pa.•·a glú-.id.e o gênero masculino, para heinósidt o fe- malícia nem logração, qu~ não continue a pisorear nosso
minino. idioma, pois que o coMideramos todos os que somos nas-
Trata-se do sufixo grego ídion, de significação diminutiva, cidos nesta rerra.
que entra na fonnacão de palavras nossas como elemento "Em Dallas, Ford ignora ;u ameaças" : Em que lingua
sub stantivante, e não como índice modificador de signi- ~tar.i redigida essa comunicação? "Ford dn. dt omhrru com
ficado. Como, para essa tenninac:;ão, a forma plural grega as ameaç u", ~Ford dtsprn.ou as ameaças" é que se dirá em
seria em a, algumas das palavras que trazem esse sufrxo ti- nosso idioma. Declarar em jornais que "comunistas ignoram
rubeiam em ponuguês enrre a rerminação ídia c a termina- as resoluções de Helsinque '. que "o embaixador ignorou as
ç.ão ídio: bacterídio, conidiq. O melhor é enquadrá-las no geral, regras de segurança" é confundir os leitores. O embaixador
quanto à termina(.ão - ídio - e quanto ao gênero - mas- niio seguiu as regras de segurança - comunistas de-smptiúrm
culino: bact.erídio. conidio. as resoluções de Helsinque - Ford voltou a cumprimentar
Não faltam palavras terminadas em ídto, desígnaúvas de populares na rua tm dtsobedihu:i<~ das normas de segurança
familia s de animais. de grupos de minerais, de substãncias (não nn igrumvuia de, com ignqrdncia de).
orgânicas, ou d e funcão meramente adjetiva: araoúdeo, anelí- Por qui' dt' forma tão acinrosa castigar nosso idioma? Será
deo, raquúko (V. 1fU/la, raqueQlW). met-o desconhecimento do inglês o que leva o redator a
Salvo o caso da rerminacão temática id acrescida do sufixo assim [ransmitir notícias? Não há nesse proceder rebeldia
eo, como em parotúieo (de. parolís, idos mais eo), notar-se-á, ao bom senso, manifestação de revolta ao linguajar comum?
caso se vasculhe nosso vocabulário, que tão só confusão é o Redações como essa parecem revelar que o jornalista, mais
que existe, confusão em que incidem os vocabulários orto- do q ue ignorar a língua estrangeira , dtspm.a, dtsmpriia, tks-
gráficos, preocupados somente com acentos, com hífens e CtJnsitkra, piJo/.eÍ4, mrrwsJIUZA, dtsdmlt.a a próp ria, d4 de ombrru
outraS quinquilharias. com o seu vocabulário.
O assunto exige modifiCações, que nos apre~ntem ama- Ignoô nulla cupido - Frase latina que significa " ao que desco-
nhã um vocabulário coerente; então teriamos: fJrotídio, ojfdio, nhece, nt'nhum desejo". Não se pode desejar o que se desco-
espernudíd.io. con(dio, glicídio, glicosidio, glicuídio, sacarfdio. ofrí- nhece. A indiferença provém do não conhecimento.
dúJ, bacterídio, lipídio, protídio, psiJacídifJ etc. Igreja - Nomes comuns tomados individualmente, com senti-
Idos - V. his$tXto. do especial, escrevem -se com inicial maiúscula: a Igreja
lgnifugo - De> ígnis (fogo) e fúgtrt (afugentar}, é adj~tivo propa- (a entidade católica, e não o lugar, o templo), a CapiJal (refe-
roxítona e significa "que evi ~a ioctndio, que afugenta o rindo-se a determinada capital), o E_<J.adq (a organização polí-
fogo". tica). Q.uando empregados em sentido geral c indeterminado
.. Ignorar" - É enganosa a invariável tradução do ingt~s "igno- iniciam-se com m inúscula : Desapropriaram a igreJa - O
re" por ignorar. Q.uem ganha o pão com informar deve faze- Acre é um estado novo. A capital de São Pa.ulo tem o mesmo
lo com a preocupação de clareza; dizer "Td-Aviv ignora as n ome do e$1.tJL/o. V .lugares de culto.
advertências" é mosuar incapacidade de cransmitir noticia Igual, Igualha - Igw;alha é substantivo, e igual, na expressão
de uma para outra llngua. "não sou seu iguaf', é adjetivo suhstant1vado. Ou se diz
O verbo cognato da língua ingteu deve ser, em m uitos "Não sou seu igu.al' ou "Não sou de sua igua/M" - " Cada
casos, craduzido por "não considerar''. "não acatar" , " não qual com seu igual" ou "Cada qual com os da sua igualha".
aceitar~, "não levar a sério", e, em oucros, pela npressão No te-se que igualha encerra certo sentido depreciativo:
ainda mais fone "refutar como infundado". e este é o caso "Vá lá ser ferrabrás entre os da sua igualha" - "Q.ue as diga
da infonna<;ão qui! o jornalista t ransmitiu sem que a tivesse às da sua igualha".
compreendido ; corrija, em outra O~rlUnidade, que sempre Ilha . Coletivo: (l1'tpJiplfngo.
haverá, por: "Tcl-Aviv refuta como •nfuntiatkls as advertências Ilhéu - Feminino: ilhoa (õl.
dos países árabe$". Uh.ó - Pda terminação c pela origem, a pa lavra é do gênero
E assim: fodrtlr os olhos aos Jatos (to ignore tbe faa), Jaur masculino: o iJJW, ~n illuú.
Ilidir lmpio 143
IJidir (d~IJ'Uir refuWldol - Não confundir com tlidir (eliminar, gimos; a.s do imperativo positivo, ou s<:j"" a.s que mandam
fazet" elisão): ilidir os fundiUDeotos da petição; ilidir sofismas. praticar uma ação ou rrurntc:r uma posic;ão, são as mesmas
Elidir uma letn; Camoo elide por aférese o i de i~ção. do subjunávo, com excxção da 2• do singular e da 2• do
Jlusttíasimo - V. exceknllssimo. plura~ formas eStas derivadas das correspondentes pessoas
lmberbe - lmiHr/Jt vem de btJTba. É fenômeno operado já no do indicativo presente mediante supressão dos final:
latim : o a, seguido de duas consoantes, permuta -se por t:
Imperativo POSITIVO de ir
cAptAr - rc-cEpc;ão
L• pess. s. V A(do subj, pres.)
fActo - con-fEcção
2~ pess. s. VAI (do ind. pres., sem os final)
bArba - im-bErbe
3• pess. s. VA(do sub"j. pres.)
lmbrolbo - t um concra-senso onográfico apresentar um di- I' pcss. pl. VAMOS(do subj. pres.)
cionário "imbroglio", à italiana, encre palavras ponugue- .2f pess. pl. IDE (do ind. pres. sem os fina.il
sas, como conua-senso ~ escrever "esfiha". Ou fuemos 3•pess. pl. VÁO (do subj. pres.}
apoiar o c.-strangeirismo em aspas para andar de permeio
com as noss;u palavras, ou , o que é melhor eara o idioma, O imperativo NEGAT IVO ~ maU licil, pois a s formas
damos roupa nova pan acolhê-lo: imbroUID, tgia. são exawneme as mesmas do subjunri""O presente: não Vá,
lmeruuri"fd - V. iiUOIIttiUuráueL não VÁS, não VÁ, não VAMOS, Nao VADES, nio VÁO .
Imergir - V. tmtrgir. Se era intenção do redator do folheto rrar:ar o interlocu -
Imigrar (entrar no pa.is) · Não confundir com magrar (sair do tor por você (3' pessoa gramaricall o texto de\"eria rer sido :
país). "VA. e nio PEQU"E mais" (vá, imperativo positivo, ti.r ado
lmioência (estar por sobrevir) - Não confundir com tminlncio. de igual pessoa elo subj ; não PEQ.UE, da 3' do subj.). Se a
(altura; e"celêntia). E assim: imi"llente (que ameac;a realizar-se intenção era tratá-lo por tu (2• péssoa gramatical), esta de-
num futuro próximo}, eminente (alto, excdent.e). veria ter sido a rcxb <;.io: "VAI. e não PEQ.UES mais" (vai.
Imiscuir - É verbo curiosamente formado por a.lg\Jfn conhece- imperativo pmitivo, tirado da 2' pess. do ind. pres. sem
dor de italiano e de latim. Se em italiano existe "immischia- os final; não peques. negativo, copiado da 2t do subj.).
•·e", em latim não elliste a forma infinitiva correspondente, Nossa "Gramática Metódica da Língua Portuguesa" (2'~
pois o infinitivo é uimmíscere". edição) ensina no parágrafo -l 13, 8 como se processa o impe-
Imissão, lmilir - São palavras que não devem ser confundidas rativo, qual o empFcgo c quais as formas do positivo e do
com as parónimas ernüsão e emitir. üw significam, literal- negativo.
mente, tMn/JoT para .fora, e aqudas, 11Wilinr pua tÚnlro, faur De modo geral, emprega-se o imperativo para expressar
entrar, introd..Ur. Se o criado vinha comunicar uma visi~a ~o mando, o rdem, mas pode também indicar txt)TI{IfM (" Ouve
chefe da casa, este dizia: lmmitu, isto é, "manda encrar", este conselho" - "Segui o caminho da honra") e uiplicn:
" faze-o entrar". Com esta significac;ão ~ que o verbo imitir "Dá-me uma esmola"- " Faui-me esse favor".
e seu correspondente substantivo imissão se empregam na tec- As gramáticas costumam oferecer, no imperativo, só as
nologia jurldica: ''Tu in mea bona immittes... " ~ exp~o segundas pessoas do positivo, porque somente estas são
latina que se tradu>.: ''Tu meterás de posse de meus bens ...". especiais, diferentes ; é grave engano deduzir daí que só
Imonl, lmoulimnte - V. morai. existem essas duas pessoas no imperaúvo.
lmpagbel - O existir· impngriuel com o significado de "não pa- Outras fonnas verbais téhn, às vezes, forca de imperativo
gável" não implica a existência de um verbo "impag-ar". mais suave:
Uma duplicata "não paga" diremos, e não " uma duplicata - o prestnte do indicativo:" Levas estas cartas c u.ues estam-
impaga". pilhas" (= leva, crar.c);
Presta-se o in como prefiXo de negação, não há dúvida, - o infinitivo impw DOI, tanto para o positivo quanto para
mas não podemos pô-lo onde n unca teve cabida. Adjetivos o negativo: "Anda lá. Pablo, na garue, e deixJi-lo, rir'' <= dei-
remos em sitUac;ão análoga, ~ que exista nem nos seja xa-os), "PasJ(IT 6nn" (apa~se bem), 'Não maúlr" (=nio ma-
permitido inventar um verbo correspondente. Po rque ternos reis), "A direita voltJn" (=volveu.
impaipáwl poderemos dizer "macãs impal~'? Nesse Em latim emprega-se o futuro do imperativo (inexistente
andar passaríamos a ter crabalhos imjxcad.os, f:uuras incobra- em ponuguês), nos textos das leis e das ordens que hão de
das, erros insanadas, situações imuttufáj, casas iloazd4s, ares ser cumpridas mais tarde; em português, só por influ~n­
irrespirados. Nem para calembur tais formas iriam prestar-se, cia do hebraico se emprega o futuro com forc;a imperativa:
pois calembures se fazem com palavras reahnentc existentes, Não fortarás, não tMlarás.
não com invencionices. Imperatória - Como substantivo, existe tão só para designar
"Impasse" - Não é palavra nossa. Designativa em frands de certa umbelífcra, como se diz "uma composta", ''uma saxi -
"beco sem saída", puseram -se a empregá-la com o sentido fragácea" , substantivando-se o adjetivo. O desempenho, a
alterado, t'Ifl lugar das nossas legitimas c expressivas: emluva- dignidade do cargo é impirio; niio tem o que ver com o caso.
Ç(), obstácu/(1, dificuldade, conlrovirsia.
MM4t6ri4 é o própdo adj etivo empregado substantivamen-
..lmped!bo" - O certo~ nnfMcilAo, com e inicial; não vem de te; como se diz ml)l"4t6ri4, poder-se-ia dizer dilaJtfria, sem di-
impedir, mas de nnpecer (embaraçar, estorvar); coisa ou pes- ficuldades nem raciocínios: também não vem ao caso. E
soa que nnpece torna-se mtpeciJJIO. assim trnjetiri.tt., rogaltfria, precalw e oucras palavras, meros
lm~r - Conquanto nada de comum tenha etimologic-.tmen- adjetivos substantivados<, que não indicam cargos, que não
te com pedir, e não obSWlte fosse antigameme conjugado especificam dignidades.
pelo verbo adtrir (impido, impetks... que eu impida etc.), o ver- Não será a simpl~ termina~o. a simples rima que irá
bo impedir, fonnado no próprio latim de in-pedtm, é hoje indicar-nos o acento «'>nico da palavra. Para exemplo, con -
conjugado por pedir:impe~, imjxtks, imptça etc. - 465, 1. frontem-$<! o s vocábulos mtiOJfUitÚJ (proparoxitono) c sino
Obsovação análoga deve ser feita quanto aos verbos des- nímia (paroxítono) ; aquele nos veio já foonado do grego,
pedir, n<ptdir e desimpedir. ao passo que este em ponugues é que se compôs, como
Jmpc:lir - V . adtrir. em porruguk se compuseram an;mimia, anlonimia. Não nos
Imperativo - Por grave erro de redação assim estava escrito escranhe, no consultar dicionários, enconcrar essas duas pa-
num folheto dominical: "Vá, e não peques mai s", coTo que lavras com idêncica tonicidadc; a confusão é grande, e leis
se ei\COntrava no útulo do follleto e mais uma vez no corpo ortográficas não faltam que a agravem. Vale a fonnac;ào,
do texto. a procedência etimológica da palavra, ao lado do significa-
As fornw imperativas, quer positivas, quer negativas, do, da finalidade de emprego do sufixo.
devem concordar com o cratamento dado a quem nos diri- l mpio - Não ~ defensável a distinção de pronúncia deste adje-
144 ~tação"
àvo para corresponder a distinções de signilicado. Tanto um prindpio para injimdir, para insliluir, uma idéia para
a indicar "que cumpre o dc.ver, virtuoso, honesro", "que irupi-rar.
res~ira e ama os seus pais, afetuoso", "bom, amigo, ama- Q.ue car+.ncia é essa de vocabulário para que tudo entre
do , quanto o indicar "9uc presta o culto d~ido aos deu- nós agora se "implante"? Uso corre1:0 de imptantar em senti-
ses, religioso, devoto", 'santo, sagrado", o adjetivo latino do flgundo vê-se em: "Para que oucros mais fdiles implan-
é um só: pius. Antecedido do prefixo negativo m, não sofre tassnn naqueLl terra singular m primeiros rudimentos da ci-
alteração da quantidade do i da terminação, c o composro vili:zaçào ocidental" - "A paz. somos nós que a vamos
tem em latim a aantuaçào proparoxítona pua todas as impkmtti-14", mas escolas, cadeias, igrejas nem em sentido
acepções: imJiiw. figurado se "implantam": jwull'llll-st, criam-u, anutronn. u ,
Talvez o faro dejosé Agostinho de Macedo ter feito o adje- tdi.Jic4m-u,lnxtnlilm-Je, erige-m-u.
tivo, na forma feminillõl., rimar com espia e com di4 e, numa Com pouco mais de meia dlizia de palavras estereotipadas
ou era estância do Orinlh, com dizia e lroantarúJ, u~nha levado na cachola, jornalistas há que sempre transformam suas
J oão Ribei-ro a citar (Note-se: "citar", e não "propugnar") apreciações num café-com-leite aguado, quer ao atacar
a distinção prosódica na edição do "Fonseca' por ele re- esta sinw;ào, quer ao defender aqueloutra. Aborrecedora
vista: " Usam-se duas pronúncias: impío (sem fé), impio (sem a redação e prejudicado torna-se o tema com a fraqueza
piedade). do vocabulário, fraqueza quc nos leva a diminuir a serieda-
t inconsistente tal diferenciação prosódica e todos sabe- de da tese apresentada. "Conjuntura", "inclu.sive", " gaba -
m os - leitores, João Ribeiro e nós que por ele fomos eu- rito", "i1TI!Versívef'. num ca.ldo insonso com solecismos
minados no CJQIIlC final da segunda série gina)Ía( - que o corno "não vi qualquer coisa f.;arecida", " temos que mor-
próprio Camões fez acentuar Nai.átks, Semirámis, tti~. Dário, rer", e com barbarismos como 'o presidente ignorou a lei",
AniMI, idolálra (subst.). "acomeceu uma reunião", çertas noúrias transformam-se
A prosódia espanhola é que não deve turbar-nos, a menos em loc.laç.a.l pegajoso em que ao desprezo da escrutura do
que desejemos mudar a prosódia nossa. etimológica c cor- período vemos somado o do nosso vocabulário; o desça.so
rente, de outras palavras de terminação idéntica. da nossa sinraxe manifesta-se corroborado pelo do d icioná-
Rebelo Gonçalves não se avencurou a seguir tal distinção rio; o não procurar no índice analltico de uma gramática a
de pronúncia no vocabulário oficial de Portugal. Aulete, solução par.t a dú•ida correspondc ao mesmo motivo por
Cândido de Figueiredo, Vasco Botelho de Amaral não co- que não consulta o redator um bom ll:xico que o faça variar
gitam da distinção, como não cogi tam autores nossos sérios o vocabulário, que o ajude a dar vida à exposição do tema:
como Carlos Góis. descoohedmenro da ordem alfabética.
Ademais, impúdoso é sinônimo de ímpio em toda.s as acep- Se jornaliSta, locutor e escritor ttrrl a vida enterrada nas
çõe~ e ninguém semiu necessidade de aplicar-lhe o mesmo letras, por quc nio se banham ou rt'frigeram eles en1 água.s
como. novas do dicionário e num chuveiro tranqüilizante de nor -
A •ínica tolerância para o caso é dizer, como fez Gonçal- mas sintáticas? Discordâncias, c:stropiarnemos de rcgen-
ves Viana no seu voc.abulário, que a acentuação paroxítona da, desnorteamentos de colocação, violências de flexão
é mera liberdade p<X'tica. afloram de permeio com o sargaço da distorção de vocabu ·
-Superlativo sintético: impiiSJimtJ. lário. Não se trata. de estilo, que: se forja no estudo, na obser-
"lmpJao~o de projetos dciudos,. - Evidentemente já não vação, na at.en<;ào, mas de epidemia, conseqüência de rela -
se escreve porto~ no Brasil. Implantam-se dentes, fios xamento rc:dacional, ddi-ouxidio lingüística.
de cabelo, raízes (implancaçlo do musgo na rocha - o c:ar- É realmente de chamar ··da moda'' cerras palavras quc
valho implantara as suas ralzC1 entre os rochedos- os den- passam deste para aquele roomenro a aparecer em q~
tes implantam-se nas maxil•lS) como, em sentido figurado, todas ;u çolunas de jornal e em todos os meios de comuni-
implanta-se um sistema, uma doutrina, uma civilização, cação. Tudo hoje se "implanta", at~ a própria lei. Ora !
uma <ituac;ão: paz únpll.mt.ado. e imposta - rudimentos de Q.uem passou por qualquer faculdade de direito sabe que
ci vilização implantados naquela 1:erra. "Implantaram uma es- uma lei t sanciolWÚJ, é promulgatla, é dtcrttada, é estaiJtililcitúJ, I:
cola na cidade" é que não é possível dizer; donde a o-ouxe- eii.Wurada, é urdmatúJ, é instiJuída. Agora não; ela só se "im-
ram ? como se introduziu ? planta", esteja em que fase estiver.
PrD_jlttJJ traduza-se por obras, tdificaçõn Dnxados traduza- De febre violenta, a epidemia do implantar chega a cegar
se por iniáados ou por" que restaram". redatores que não percebem o verbo t:rts vtles em apenas
A noúcia. se tomará entio clara a quem nio fala inglk: quinze linhas de coluna. Q.ue quer ele dizer com o título
" Além do atraso na EXECUÇÁO de OBRAS Q.UE RESTA- "Síria impltJnt.a invasão"? Q.u e a Síria dtcitk, que eJtalxlilct,
RAM DA (inicUldas na) administração anterior ..." . Em cons- que inicia, que tn-mina, que tÚtmni7UI, que curului, que consu-
trução- para quem fala portugués- projt:to é o plano da ma, que i!fttsta, que asstnla a invasão? Por favor, senhor •·e-
obra e não a obra. É português caçanje, é barbarismo redi- dator, enxugue o suor do rosto, tome um cafezinho, limpe
gir: " A Funa i vai implantar projetos no Maranhão". os óculos, refresque afinal as idéias e areje o vocabulário
A Funai vai rtalrz.ar obras, vai conslnnr no Maranhão - é de forma que os leitores possam entender-lhe o comunica'do.
como se deve noticiar em S. Luís e em qualquer pane deste Outros exemplos em que aparece a frase murcha do voca-
pais. bulário, a.l qual encontrada em j ornal, seguida de pelo
t a metonímia uma das figuras de retórica (consisreme menos um verbo que trag;a. neCCS$ário colorido:
no emprego de uma palavra em lugar de outra que a sugira, "lmplanlar uma infra-estrutura,. Ctslabtkctr, r;ompor, formar,
ou seja. com a qual tenha dependência de idéia) que pro- ®ISlruir, llOnJlituirl.
porciona enriquecimento do vocabulário. Vai por('l.ll dis- "Peça b;bica do mecanismo novo que o pre~idenre quer
dncia enrre metonlmia e desprezo a todas as palavras nossas implantar" (peça bá~ica q ue ele quer inJroduur, inllalar).
para ~ubstituí-las por uma unica estrangeira. Porque o in- "O DSV começou a implantar uma nova sinaliução".
gles emprega assiduan1eme "implant" com o sentido de (jogando fora o suinizante "uma" e também o "çom~ou",
planlw e, figuradamente, no sentido de úuti/ar, iMCUbtr, in- podia ter r edigido: O DSV inicia, apresent.a, introdw., põe em
smuar, vamos agora deixar às moscas estes verbos nossos? prátüa nova sinalização).
Vamos estender o repúdio ao nosso idioma desprc1.3ndo os "Enquanto a prefeitura não u.•rmina os estudos para a
verbos criar, fimdar? Facu.ldades já nio se cri4m nem se fim- imp/an~Jkão de um sistema". (jogue-$( fora " implantação";
liam : "implantam-se", como se faculdade fosse dente, cabe- enquanto a prefeirura não termina os ~>studos de um siste-
lo, raiz que se pudesse implantar, ou, flguradamente, urrta ma.)
idéia que se pudesse inculau, uma novidade que se intentas- " Destinada a desmantelar o partido comunisra que estava
se inJrod14z.ir, incutir, uma conclusão que se tentasse iruinuar, se implanJondo no Paraná". Uogando-se fora o mal colocado
ftJmplantação" Importar 145
"se", redija-se "que ~rava critllldo c~ no Paraná.) No pl'in dpio Deus implallluu o cá! e a terra. A terra, po·
" O mea·ô esruda i"'pltmt4çálJ d e linha de trem riccul:u-". rém, estava informe e vazia ... E Deus disse: Impúmlt-~ a
(Mais uma ver d~ ser atirado fora o wrmo doentio: O me- luz. E a luz se i111plant11U. Disse também Deus: I#t/JÚI1tU·~ o
trô esruda linha circu~r de trem.) ftnnamento ... E assim se ~- Disse tambán Deus:
" Profundas altero~.çõcs dcveri.o ser impla111J:ufd' (introduti- As águ..s, q ue estão debaixo do céu, imJHa7ttem·se num só
da;, estab&tidtul. lugar. E assim se implantav.
"O governo iMpkmla abrir estradas" (determina, pretmdt, lmpkmmto • O ignorante nã.o duvida porque desconhece
Jm!jtta; o melhor é mandar o redator-chefe risear do voc.'l- que ignora: axio ma de que semp~ nos lembramos qu~ndo
bulário o verbo implantar, com o seu legítimo significado vemos emprc:gados vocábulo~ fora da acepção que lhes
e também com os figurados, para obrigar o foca a d<~r in- cabe pela etimologia ou pelo uso. O que, porém, con-
formação precisa). trista e quase desanima é verificar que o erro -se alurra, a
" Fórmuhs e sugestões para a imf!ltJ:11~ <k uma nova comprovar também em outrOS o mesmo desconh«imenro,
polióca de crédito" (Atire-se fora o " uma" e diga-se jixoçãiJ a mesma falta de interesse, a provar estoutra verdade: É
de nova política.) próprio do ignorante a predileção a novidades.
"Goiânia impúmta zona azul" (inlroduz, adota). A aceitac;ão passiva de formas desusadas, oorno a fuga
" Faz parte de nova indústria produrora de cimento, que às tradicionais, podemos todos os que lidamos com alunos
implantará métodos próprios e exclusivos de disoibuic;ão". já adultos verificar em inreligC:ncias mal cultivadas, quando
(0 ''nova" aí aparece sem o intrometido "uma", mas int.r o· convencidas de que sabem.
metido aí se encontra o verbo, que também deve ser des- A meia ómcia, a supcrlicialidade, o vnniz do saber não
prezado: ... ind.Utria produtora de cimento, com métodos tem desculpa quando ~ obrigação de todos os que escre·
exclusivos de distribuição.) vemos procurar no diàonário o sentido da palavra que
"A firma estã implantando seus artigos no mercado" (in· pela primeira vez vamos empregar e, principalmente, quan-·
trodutindo). "Implantou-se a convicção de que ..." (fii"'MtHt, do os dicionários ai estão ao alcance de todos nós.
consolidou-se). Parece ter d,>saparecido, ma& é posslvel escar ainda na
" Influiu na i"'piant~ão de decisão" (na tomtllia de d ecisão). lembrança do lei tor, a expressão "Fulano ficou de alcatéia",
"Com a imjJJa.nltJ(ão de uma nova recnologia". (Outra tantas vezes csaita em diversos j ornaís há uns anos, em va
vã o "uma" a confirmar a infestação: com a criaçio, com a de " Fulano ficou de atalaia". Pular de ataúzia (vigia, senti-
introd~, ou com a oplicação de nova tecnologia.) nela) para alcatiia -(coletivo de lobo, de ladrão, de malfei-
"Implantaram urna abec;a-de-ponte'' (t stabelecerom, CWIS· tor)~ abusar demasiado da ignortncia.
trulram). Anda agora em voga a palavr.t impkmenlo; os dicionários
"Depende d o hito de seus herdeiros a impkmlaçào da po- a consignam na acepção de ''aquilo que completa ou
lítica de Mao". (Pelo contexto, a palavra está porfowcão.) perfaz uma coisa", "aquilo que serve para cumprir ou
··Pensa-se na imp/4nlaftÜJ de u m horel de classe interna- executar", "ap~os", "petr«hos", ou seja, utensílio,
cional" (jund~) . "lmpkmlarmft novas prateleiras" (instala· instrumento para estudo e exercicio de artes, de profissão:
ram). "A 5uerda uma banca e sobre ela os implemcnros de es-
" Para a impkmloçà.o de calçamento na cidade" (~); crever (Gvrerd.
a Prefeitura começou a pôr em placa$ a palavra imp~ Corn que scnúdo, pon'In, a estão empregando? Com a
por obra.s: receio de ser rnal compreendida? de "acessório": " Vende-se urn automóvel com todos os
"Como exemplo basta lembrar um projeto de irrigac;ão seus implememos".
impiJJntado em uma regiãe sem mercado". (Estará aí "pro- Não condnuemos a redigir isso, que estaremos a indicar
jeto" por obraJ, "'"'tru(âo, nnprunáimmlo7 Em nossa língua, preàsarnenu: o contrário de implemtnto. Do latim impleu
··projea" não pode ser assim traduzido ; o que se preten· (endter, cxccuw-), mais a tenninação mtnlo, que indica
deu irúormar, cremos, foi: ... basta lembrar o sistenllL de "meio", implnnmlo ê o q ue é essencial para executar, para
irrigação adotado em uma região sem mercado.) cumprir uma coisa; tesoura, dedal, agulha são impkmenlos
" Ao anunciar a implantaç.W, para breve. do Programa de de costura.
Assistência". (Mais uma vez a evidênda de que o redator t o inglts em boa parte - o inglês mal interpretado ou
tinha ••implantação" na. cabeça já anlcs de pôr-se a traba· mal empregado em anúncios - o culpado do erro. A
lhar: Ao anunciar, para breve, o Programa de Assistência.) invariável tradução de "implemcnt" por implemtnlo não ~
" Vão implantar uma sala especial pa.r a o chefe" (WIMJDr, correu : falando-se d e peças não essenciais, ••implem~ms"
Dprontar, reservar. destinar). traduz-se, na lingu.. que ainda falamos, por IIUu«io: "Ven-
" Nova fórmulil de tributação será impkmlada" (aplicada, de-se um carro com lodos os seus acessórios". O arado é um
introdurid.a). implemtnto da agriculrura, ma.s farol manual jamais foi
" Para tornar tn(:didas adequadas para a implantaçã4 do implemmto de automóvel.
acordo". (0 conrexto da noticia. impunha a palavra "tfe· Releiamos o exemplo de Garrett e sejamos mais antigos,
tiva{ão».) em circunst<incias semelhantes, do " pai dos burros", im-
" ... que impl.anla à frase o sentido d e ..." (que tmprcsta, plemento de quem lemos e escrevtmos.
que dO., que lrtn o sentido de). Implicar · "Q.u<~lquer contratO <\ue impliqur cessão de direi-
" Dificuldades para a impkmla{áo do primeiro cido de tos ..." - com objeto direto e a regência de implic.ar na
estudos" (introdUfijo, tstabtltcimtnlo}. acepção de "produzir'\ ·~ser causa de", 'originarn. Ou-
1

" As Centrais Elétricas vão impl.anJ.ar uma fábrica de fer- tros cxempiM: "Sem que a investidura do novo chefe
tilizantes" (construir). implicasse a menor quebra no movimento político e social"
"Um esquema foi implantado" (mo~) . - "A queda daquele governo implica grandes rranstomos"
"Vão impltmlar nov-oi.S forças para ..." (aplicar, mvidar, - " ... cuja decisâo implica graves conseqüências".
v.i.o empm!tar-se por ...). Ainda transitiva direta ê a regtncia na acepção de "fazer
"Solução impÚlnlada pela força bruta" (imposta) . supor", ••dar a entender" : "Os precedentes daquele j uiz
Por último este tÍiulo de noúcia de uts colunas: " implicom grande honestidade" - e na de " tornar necessá-
quer que fábricas de pneus implantem serinsais". Pelo que rio": "O esrudo profundo das ciências implica a prévia aqui-
se vê, logo mais irá aparecer a palavra impiantio para caso sição de múltiplos conhecimentos".
análogo: para intensificação do implanlic de seringais... Importar - Significações e regências :
- e iremos, sem muita demora, "Implantar baratas". - (: rra rer, acarretar, ter co mo conseqüência): "A
Só nos resta, diante de tanta "implantação", corrigir a guerra importa grande calamidade" - "As icléias liberais
Bíblia para: importam a felicidadt- do povo".
146 l,mposto Imprimido
- (=atingir o total de): "As despesas importam em tanto". não a imprensa. Diz-se "jornal falado" , mas "jornal" ai
- (= representar): "Não apostilei erros ortográficos, está metaforicamente por "noticiário"; não tem rela~o
senão quando importavam em erros gramaticais" - " Uma com tipo, com caráter, com máquina imprensora; nem
larga incisão na rraquéia, impOI'tando M supressão dessa na acep<;ão original (jornal é o que se dá durante o dia)
via". nem no étimo (é proveniente de adjetivo, em latim diurna-
- (= dizer respeito, interessar): " ... ensinamentos que im- tis, diário, do dia, por dia).
portam à put:eza e correção da língua" - " ... missão que Seja qual for o processo de imprimir um jornal, o que
importava às classes privilegiadas". aparece impresso é letra, é representação gráfica do som,
.O verbo importar consrrói -se ainda: é tipo. No papel, ou em oucro possível recipiente, a letra
a) com com:" Não me importO com isso" . é gravada, é vista, é lida, e não ouvida. Nisso está· o valor
b) com de: "Qual dos leitores se importa dessas péquenas da invcn<;ào do tipo, do caráter tipográfico, da máquina
coisas?" capaz de imprimi-lo, de reproduzi-lo para a vista, para
c) dando-se-lhe comp sujeito a coisa, ficando a pessoa leitura. A etimológia c a história não permitem destrato,
como obje10 indireto: "Isso não me importa" - " Impor- mutilação, profana~o da palavra impri!TIJ(I.
ta-vos adv<.Ttir que..." - "Pouco me importa já. muito A fala é meio de informação, ma.~ a fala processa-se so-
sofrer''- " Não me importa que ele venha". nicarnente, não tipograficamente; fala não é arranjo de
Conjuga-se normalmente na ar.epcão de "trazer para tipos, como imprensa não é arranjo de sons. "Sônico"
dentro do pais": "ImfOrtamos petróleo". É defectivo pes- não é adjetivo que possa qualificar" caráter tipográfico".
soa l no semido de 'ser convenien1e" ("A Deus importa Cinética ou estática, a imagem é cransmilida por infor-
~ue não haja distin~ão entre irmãos no pátrio abrigo"), mação; quer leiamos, quer oiçamos, que.- assistamos a
'perfazer a quantia de" : "Importam os gastos em trinta projeções, quer vejamos sinalizações de bandeiras, de luzes,
cnueiros". estamos sendo informados; é a informa~o a processar-se
Imposto - No plural o substantivo tem o "o" aberto. de formas diferentes; e se um dia ela se processasse por
Imprensa falada? - Vamos chamar "imprensa codificada" simples atividade mental, jamais estenderíamos o rid ículo
a linguagem expressa por arranjos? "imprensa mímica" com chamá-la "imprensa telepática" ; se se exercesse
a expressa por ges10s? "imprensa sernafórica" a expressa por comurrica~-ão mediúnica, não iríamos chamá-la "im-
por bandeiras? prensa espirirualística". Não se pode falar em "drama da
Não podem os diferentes processos de transmissão de imprensa independente" q uando se tém em mente abran-
idéia ficar subordinados à palavra "imprensa", especifica - ger rádio, televisão, relefone ; "dr.una da informação in-
tiva de apenas um desses processos. .O que faculta ao ho- dependente" é que é a expressão congruente.
mem comunicar suas idéias é a linguagem, e não a impren- Informação é que é o cermo genérico, jamais imprensa;
sa, e a palavra linguagem é que pode vir qualificada para jornais, televisões, rádios são veículos de informação. O
distinguir-lhe os meios de comunicação. Para os analfa- parágrafo 8 do artigo 153 da Constituição reza: "Livre é
betos não existe imprensa, como para os surdos não exis- a manifesta<;ào de pensamento, de convicção polilica ou
te rádio, nem para os mudos fala ou para os cegos mímica, filosófica, bem como a prestação de INFORMAÇÃO, in-
mas para todos eles pode existir uma linguagem. A lingua- dependentemente de censura".
gem de infantes não é imprensa, como imprensa não é a Sem dúvi da: " A INFORMAÇÃO corresponde à educação
de animais. Não há imprensa telefônica, imprensa musi - de um povo" - ''Na liberdade da INFORMAÇÃO repou-
cada, como não há imprensa cinematográfica. É inaceitável sa um dos esteios da democracia" - "Os que querem
"imprensa falada", "impre.nsa oral", como inaceitável é empalmar a INFORMAÇÃO não podem lamentar a ausên-
" rádio impresso". São idéias díspares. A atual sociedade cia de uma imprensa simpática" .
industrial não pode destruir o significado das palavras que Impresso, inserto - V . Jmprimidll. impresso.
indicam inventos do passado para discriminar modifica- lmprimarur - Forma verbal latina (= imprima-se), empregada
ções, inovações, invenções do prtsente. A ri.que~ de meios para indicar que um escrito nada tem, dentro da doutrina
de informação não deve revelar pobreza de palavras nem católica, que lhe impec;a a publicação ; é geralmenie seguida
muito menos carência de idéia, ou melhor, ausência de da assinatura de urna autoridade eclesiásLica.
compreensão do significado dos vocábulos. Não se afoguem Imprimido, imptUSO - Talvez a pressa tenha culpa do errado
os que labutam na imprensa no mar de inventos de pro- emprego destas duas formas panicipiais; se nem pressa nem
cessos de informacão. esquecimento são culpados, o repórter deve estudar o que é
É a palavra "li.n guagem" demasiadameme vaga, e "co- particípio duplo (494) c ler a lista dos verbos que se enqua-
municação" é também por demais genérica, pois compreen- dram nesse capítulo da gramática.
de ligacão ma~erial de um lugar para outro, trânsito, dis- .Em nosso idioma existem muitos verbos com dois parti·
tância (a estrada, o rio, o avião, o carro são meios de comu - cipios, um regular, sempre terminado em do (ado para a 1'
nicação). A palavra INFORMAÇÃO é apropriada para os conjugação, i.do para a 2~ e 3i), outro irregular, sempre I}Uis
desajusrados do vocabulário. A informação, como imagem curto que o regular e de terminação variável. Assim é que,
da realidade ao .inteiro alcance da nossa compreensão, é por exemplo, há para o verbo suspender dois parti ópios: su.s-
o resultado da soma dos meios e processos d e comunica- pmdido, fomtado regularmente, e suspenso, de forma mais
ção da idéia. É falha a expressão "Dia das Comunicações" cuna que o regular.
com o sentido com que a vemos empregada; o dia é da In- Em regra geral (uma boa gramática oferece e justifica a s
formação (no singular), o dia é dos que tra.n ;mitem mensa- exc~ões) usa-se o participio regular com os verbos tt'T e ha-
gens, e não dos que dirigem carros, rrens, aviões, barcos. ver, ou seja, na voz ativa; o particípio irregular é usado com
Chofer não é profissional de inforrnacão. Por "Ministério os verbos ser e est/17, isto é, na voz passiva, ou em função pre-
de Comunicações" devc.se obrigatoriamente entender dicativa ou meramente atributiva: "O diretor tem (ou ha/
também Transporte; uma é "comunicação entre governo e suspendido muitos alunos" - "Muitos alunos foram suspensos
povo", outra "informação do governo ao povo". pelo diretor" (est®,jicarom suspensos).
A iruormaçào processa-se pelo som, por escrito, por Um particípio pode estar exercendo função predic:ativa
gestos, por arranjos, por luzes, por vibrações; todos esses sem que venha expresso no período o verbo de ligação, o
meios de comunicação de idéia inteiram-nos, infor- que se dá com o predicativo do sujeito e com o predicativo
mam-nos, e não exclusivamente a imprensa, que não pode do objetO, desigrtaçôes sintáticas estas que esperamos sejam
relaxar-se em "imprensa falada", como relaxar-se não conhecidas do repórter desavisado (665 e ss.): "Suspenw pelo
pode em uímprensa sônica", uimprensa mímica", Himpren- diretor, ek pediu transferência" (predicativo do sujeito) -
sa semafórica" . A informação é que é dada pela fala, e " Encontrei-o nupenso numa árvore" (predicativo do objete).
Impronunciar lo sólidum 147
Cremos poder, com essa ligrira explicação, dar passagens é/JO"I, mommlo, inJJante: articuli lunae, as fases da lua: artia.di
de noticias com as formas participiais já corrigidas: "Não anni, as divisões do ano; in ipso artículo t~mporis, no mesmo
tinham imprimido o número necessário de exemplares" - instante, imediatamente; articultls sào, sei escolher as oca-
"Haviam imprimido só o primeiro caderno do jornal" - siõc:s.
"Riono de renovac;io imprtsMJ pelo concílio à Igreja" - " O s In bocxa daiuSA non entró mai mosca - Provérbio italiano que
afagos fkam-Ua• impressru e fixos, por mais distraídos que signifiea "em boca fechada nunca emrou mosca", ou seja.
sejam" - " ... para diminuir a velocidade impressa pelos mo- que o silêncio não acaneta inconveniências-
toristas" - " ... ignorando a rota imjn'em pelos ameriorcs lo cauda ftDftlum - Loc- lat. que significa ''na cauda, o vene-
governos revolucionários às declinaQ)cs políticas" - "Em no"; no fim de uma carta, de um disrurso, a malícia do au -
virtude de nova orientação imprma ao jornal". V. p(l'fticípios wr; mu.itas vezes, "no etc. está o veneno".
dup/QJ. In colour, en couleun - Em emprega o inglês (in colour), em
Impronunciar, <k&pronunciar - Conquanro de ordinário os emprega o francês (en couleurs); vem o rapaz do jornal ou
prefiXOS in c <ks sejam pelos lexicógrafos considerados sinô- da televisão brasileira e empurra-nos "a cores".
nimos, parece-nos - afinna C.arlos Góis - haver de um Nunca assim se disse em nosso idioma; a ~pressão é " em
para outro leve e ligeira discrepância: o prefiXo in supõe a cores": "Em que cores qu<.'l' você a ilustração?"- Jamais
inexistência absoluta de deu~nninado fato ou a tributo, ao se perguntou: "A que cores quer você a ilwnraçâo?" -
passo que o prefixo <ÚJ pressupõe a a:ssa.cão de detoenninado " Q.,uero tm cores variadas", .. Não quero em cores, mas nn
fato ou atributo que existia anteriormente. Tomemos para branco e preto" - são respo Stas corretas.
exemplo os vocábulos improntmciar e despronumiar, ambos de Das cozinheiras e dos anunciantes é que é diflcil tirar esse
largo emprego na processual.istica forense. "Imflrt»lunciar o o; diflcil e desalentador, porque o seu linguajar acaba pre-
réu" i: retonheeer desde logo a ioexütencia de base ou fun- dominando nas r.idios, nas televisões, com a água benta dos
damenro para a sua pronúncia; "<kspronrmàllr o réu" é alte- propugnadores da lingüística. Plagiando Camilo, podemo s
rar um julgamento anterior, em que o mesmo réu fora pro- afirmar: Na literatura o que predomina é o verde, nos anún -
nunciado, é inocentá-lo após haver sido inculpado. cios é o podre.
Impudico - Palavra paroxítona: impu-dúo. Consegue-se hoj<: a rcproducão tm cort$ (Tb.is pennittcd
lrnwado - T:l!vez mais de ruriosidade qu~ de utilidade seja a reproduction in co/4ur). Na capa do Diction.na.ir-e Usuel d e
explanação da origem desta palavra, explanação encontrada Q..uillet está: Dictionnaire u suel m cot•Lwrs, não por ser em
no "Dictionnairc trymologique de la Langue Latine" de A. inglts f .'W cor, não por ser em francts EM cores é que se deve
Emout ~ A. Meillct. dizer ~rn porrugu~ EM corts; o em da expressão é justificado
MunduJ existe em laQm como adjetivo e como substantivo. pelo próprio vernáculo. V . nn cort5.
" Homo mundus" é hom<:m limpo, são, elegante. Daqui a In atremis - Loc. la.t. que significa "no fim", "nos extremos",
substantivação da palavra para indicar adorno, adereço, unos últimos monacntos".
conjunto de obj<:tos de adorno. In 6oc - Loc. lat. que signifi ca "no fim" ; emp rega-se para in -
Seguindo o proa:dimento do grego, onde .trumo.l significa dicar fim de página, de parágrafo, de capítulo, de livro, de
ordem, o rnamemo (dondt o vernáculo cosmi!ico) e também vo-bete: "Veja a observação que se encontra no ! SOO, in
universo (donde co.1mograjlll, co>mogonia... ), o latim passou .a fi'M''.
indicar o universo, a ordem dos corpos celestes com o adje- lo globo - Loc. lat. que significa "englobadamente", "em con-
tivo correspondente ao grego, donde mundu$, i com a signi- junto": "Em vez de limitar-se a definir i11 gklx! a grande tpo·
ficac;ão de céu, univo-so, globo terrestre, a terra, as na<;Ões. ca, mostra-nos seus diversos períodos".
Tivemos em outros tempos mundo como adjetivo, a signifi - lo hoc •igoo Yin«s - Loc. lar. que significa "com este sinal
car limpo, mas somente na forma oornposta "in-mundo" vence ris", de uma inscri ção que circundava a crur. de fogo
(não limpo) chegou até nós. Cabe aos ecólogos dizer que vista no céu por Constantino quando marchava contra Ma-
significac;io poderá um dia chegar a ter o primitivo adjetivo xêncio, em 312. Constantino colooou o sinal em. seu estan-
mundo. darte:, nos escudos, capacetes e armas de seus soldados. Al-
In ... - Não se pense que este prefixo latino sempre r.orrespon- gumas de· nossas moedas amigas trazem C$53 inS<."Ticão para
dt a "não"; como explicaríamos o significado de infomar, significar "com dinheiro tudo alcançarás''.
imuul4r? Vários ~tidos pode in emprestar a uma palavra: lo illo tãnparc - Loc. lat. ~uc significa "naquele tempo", hoje
I. movimento para dentro : ingressar, incamerar, inscre- empregada para indicar' em tempos que já se foram": "Isso
ver, inserir, imigrar (in+ migrar). era u5ado in illo umport".
2. nc:gac;ào, privaçào: injusto, independência, inimigo lo limínc lilis (ou simplesmeme in lfmim) - Loc. lar. que signi -
(in + amigo). fica ''no limiar do processo" : "Apresentar um requerimen-
S. superposic;ào, apl.icação em cima: impor, instruir, inun- to ou peric;ào in limim litiJ" - " As ruões foram rejeitadas
dar, incorrer, indigitar, inflamar, insolar. in /imine".
4. repouso, permanência: insldia, insigne, ínsito. In loco - Loc. lat. que significa "no lugar'', empr<:·gada para
5. direção, propensão, tend~ncia: inferir, indicio. indica•· reforçuivamente a permantncia num lugar, o tes-
6. reforço, aumento, intensidade: infnçào, implorar, irra- temunho visual de um fato: "Afirmo não por ouvir dizer,
diar, irromper. mas porque estive in ltla/'.
O n assimila-se ( 119 e ss. ): in-llcito, illicito, i/feito; in-real, In médio 'rirtus - Loc. lat. que s.ignifica "a virrude está no
irreal; in-material, immaterial, irMterial. Transforma-se em meio", é prC(:iso fugir dos extremos, nem tanto nem tio
m antes d e b e p: imbnbt, im/'Qtnlú. Reduz-se a i por dissimila- pouco, nem oito nem oitenta e oito.
c;ão, em virrude de existência de outrO n na silaba segu.ime: In perpétuam rd mcmoriam - Loc. lat. que significa "para
in + gnorame, ignorant~; in + gnornínia, ignomínia. V. negati- lembrança perpérua do fato".
vas. V. impronu.ra;;ar, dtsjmmunciar. In perpétuum - toe. lat. que .significa ''para sempre'': "Uni-
ln aetcmum - Locução latina que significa "para sempre", dos in J>trfHtuum",
"paro~ a eternidade": "Sua memória permanecerá in Mttr- In petto- Loc. italiana que significa ''no pcito", no íntimo, se-
num.•• cretamente: "sentimento guardado m petto", "resoluc;ào
lo arúrulo mortis - Loc. lat. que significa "em artigo de mor· mantida in petw", "cardeal in fHUo'' (ca rdea.l de nomeac;io
te": "Tinha dos Sumos Pondflces muitas graças, para na r~lvi.da pelo papa, mas ainda não publicada).
mesma sua capela se batiur, confessar e dar a comunhão e a ln póculü - O mesmo que inlrr p6aila, loc. lat. que significa
santa unção, e que todo que o servisse sete anos, morrendo "entre ta.Çls", enquanto bebe, no festim : "A deds.'io foi to-
em sua casa, fosse absolw de culpa e pena, ao artigo lk marte." mada inter poculo." - "O acordo foi firmado in poculis".
A.r!i~ tem na tradução de Vieira o significado latino de lo sólidwo - Loc. lar_ que significa "por intriro", "no todo",
148 lo totwo
"solidariamente". :E geralmente emprcg;1da para expressar Alguns exemplos:
a responsabilidade rolal de um fiador. Errado: ... o veUto escritor ficou revoltado e ameaçou
lo t:oiWD • Loc. lat. que significa " totalmente'', "no todo": indu».w fisicam ente. (Certo: ... e ameaçou até fisicunl"'lte).
Eks concordaram in trltUm. Errado: ... únha muito dinheiro; pede-se apenas a pasta
In -rioo -réritas · Loc la t. que significa " no vinho a verdade''; com a documc:ntac;ào. Gratifica-se indwivt. (Não se sabe o
à loquacidade do embriagado junta-se a veracidade. que o dono da pasta pretende fazer antes de gratificar).
lo vitro • Loc. lat. que significa "no vidro", empregada para Errado: ...eslá usando cb. màxima liberalidade para oom o
indicar " fora do organismo", isto é, em vidros, tubos, pro- Senador, inclusivt dando a S. Exa. a palavra. (Certo : ... para
veucs: "Experii.'nda feita in vitro". com o Senador, tlttgando a ponto tk dar -lhe...),
In vivo • Loc. lat. que significa "no vivo", ou seja, no ser vivo, Errado: ... no resguardo das detcrnúnações maiores da
no organismo. população brasilcir..1, inchl.Sive com relação à receita . (Certo:
Não confundir com a locução vemácula (l() vivo, que sig- ... da população brasileira, até memw com relação à receita).
nifica rtol: ''Transmissão (l() uivo", lr.lnsmissão direta, con- Errado: ... declarou que precisava saber qu:Utto rempo
tempor.inea de um fam. estava f..bndo, inclusive pôs em dúvida a palavra do Presi-
"'oaústirtl" - Q..~ dizer de extravagâncias como esta de "ina- dente:. (Ccno: ...t ali pôs em dúvida, e dup a pôr etn dú-
fastá\-el", quando tctnQs adjet.ivo que: isso designa, iTremoví- vicb.).
vel? Não é inovação que enriquCQl o id ioma. V. lanchar; V. Errado: ... tendo indwiw alguns deputados boje, no Palá-
Jaurcaridadt. cio Tirademe~. criticado... (Ccno: ... ao jxmw dt alguns depu-
lm1lar - V. Altmtbra. tados terem hoje... ).
Ioambu - V. Anhembi. Errado: ...m ostrou seu desagrado a respeito do mau esta-
Inapto-inepto · Pode alguem ser inapto sem que seja intpto. do da escr.t.da, inclusivt de seu constrangimento ... (Certo :
Diz-se inapto o simplesmeme inábil, aquele a quem falta al- ...além dt seu constrangimento... ).
guma aptidão. lmplo é o incapaz, o estúpido, o sem inteli- Errado : ...atenderá ao esco.t.memo da produc;..i o não só
gência. · dessas cidades, imlwive de extensa região da Zona da Mata.
" l nac.ar" • Nenhum ~ncido cabe a esta novidade; não é de (Certo: ... deSM$ cidades, mastambim ...).
admirar que nenhum dicionário a traga. Se o ser inato con- Errado: -~-mas valerá no seu resultado para o pais, ofere-
siste precisamente em não ser naJCido, c:m Jn incriado, como cendo inclwivt dernon$tração ... (Certo : ... oferecendo 4ll nuJ-
fazer i nalar? Apenas um grande esgotamento nervoso ou mtl U:mpo, oferecendo afim tkJ mais, oferecendo ali... ).
um concentrado mau gosto j ustifica criações como essa, que Errado: H á d ezoito passageiros a bordo, mclwiut quacro
ser.! com vantagem subscituícb. por faz·M nasur, crúl-Jt,
cito-M.
=- criança~. (CertO: Há dcroito passageiros a bordo induin®
quatro crianças).
Jncmdi.ar. í~o - Aceitamos - não será demais repetir - Errado: Todos os alunos, inclusive o diretor, tentaram
a regularidade de todos os verbos em i4r como freio a um acertar o alvo. (Cerro : Todos os alunos e o próprio diretor
fatal descalabro para a conjugac;ào dos vtTbos dessa renni- - e cambán o diretor - tentaram acenar o a.lvo - sem ne-
nação. A aceitar "incendeio" tio só porqul.' existe odno ,pre- cessidade da vfrgula nem n,..ste nem no exemplo anterior).
ferimos conjugar odío, o que não é novidad~, para não cair A wntin11ar esse linguajar crioulo, longe não estaremos do
logo a seguir em ucomerceio" , "agenceio", ''rernedcio'\ dia em que teremos de a ssim cantar nosso hino nacional:
"senrenceio", " penitenceio-me". formas q ue denotam falta " Desa.lia o nosso peito inclusive a morte" - " Gigante in-
de escola ou relaxamento. Cremos ser mais acertado reprimir clusive pela nature1.a" - "Nem teme, quem te ad ora , in-
um erro do que regredir para forntas já corrigidas h oje, clusive a monc' '.
como alumio, que antigamente se conjugava "alumeio" : "O Q.ue pretende di2er o jornalista quando redige " Lcrn brc-
ignorantt ta candeia a si qurima e a outros ai ii'IMia (0 erro, mo-nos incluJivt de que,.. "? Q..uet ele incluir uma lembrança
hoje, de concor dância está de acord o com o de conjugação ). ~entro de oulra~: ou quer dizer, com ~m semo c:,er:: legí-
A coertncia é mais fácil a quem diz "ele odia", "ele prt- umo portugues Lembremo-no s aub'OSSlm de que ... , Lem-
mia", "ele OnJÜl" do que a quem faz "odeia,. upremeia", bremo-nos ainda (a/1m di no, IUinnai.!) de que..."?
"ameia"; os que preferem a tetminac;ão ria nio podem es- A legítima significado de indu.áw vem de longa data, pois
a a.nhar a CORJugaçào "remedeia.. , .. basofeia.,, " o bseq ueia", j á se encontra nas Ordenações Afonsinas: " Acomec:c: algu-
•talurncia'", """penitenccia·se". mas vez<.>s, que hc assignado termo ao Reo, que ata etTrO dia
A rendencia para a regularizac;ào dos Vl'f'bos cn1 "iar" nio aja de aparecer em juizo, ou fazer algum outro au to Judi.
consci rui novicb.de. cial, e bem assi a ho Autor , e recresce duvida ao J ulgador , se:
lnddcntt . V. acidente. aquelle dia, l'lll que se acaba o ditO termo, se entenderá
lndpimtc - Não confundir c.om inJipimte. V. inJipientt. incluJivt, ou exclusive, que quer tanto dizer como se se com-
Iodsão, ind&ivo, inciso - V. cixio. prenderá ern o dito renno, ou não, em ral guisa , que esse,
ln duahoc: - Empregar mclu.tiv~ com o signilkado de até, atl mes- a que tal tenno for assignado, não seja theudo a aparecer
m() ou com func;ào preposith:a ~erro que revela ser o redator
em ju i1.o crn o dito dia."- Liv. 3, cit. 19.
mero c:screvinhador falto de recursos sintático~ e esquivo de O signi ficado de ct>mpremder, de roiocOT dmtro não se encon-
di cionári os. 111CiuJivt é advérbio latino correspondente à for- tra em consr.r u çõc:s levianas e estropiadas como estas : " Rea-
ma adverbial portuguesa incluJivammle; é antônimo de exc/u- lizar-se-á a reunião inclusive se chover" (em vez de aintkJ que
súJt: " Q..uero que vocc': tiM! copie este crecho até as paavras chova) - "Chegaram a constituir inclusive uma caixinha pa-
..ma snão \"ti o*' inclusive. ra conseguir seus dc:slgnios" (c:rn vez de dugaram atl, oti I'IIIJ·
Só d~c empregar-se com func;ão adverbial. "Cheguei ao mo a ...) - " Ele assim agiu indusi~-e e principalmente no sen-
c<oplrulo dct incluJive". Seu condenável emprego por ali en- tido de ..." (Nio se tral<l aqui de mau português, mas de falta
contra-se sempre de cambulhada com ou!Tos erros de gra- de senso em quem nio sabe o que quer dizer, coisa romum
mática e com mais indícios de que o autor da noóc:ia, do em Cj\letn emprega ÍTICiusivt sem conhecer-lhe o significado)
editOrial, do relatório, do artigo nio sabe expor o que pen- - ''Não lhes foi possivel falar com ninguém, inclusive com
sa. Nosso rico idioma possui termos e locuções que expres- os jorrcalistas" (ern vez de ntm ® menos, nnn :.tqwr ) - " O
sam com fidelidade a intenção do escritor ine.xpaiemc: o u doeme mostra inclu~ive ~inais de recuperação" (em ve-l de já
desavisado, sem que o obriguem a mosrrar que desconhece 11Ulslra, chega a mostrar, mostra até) - "Falei com o cbefe inclu-
o significado do advérbio latino, termos e loçuções que tor- sive" (em vez de cmn o próprio chefe} - "E lhe digo inclusive:
nam a linguagem mais expressi.-a e harmoniosa e evitam a Isso deixou de me interessar" (em ve-t de digo-lhe maü. e lhe
desagradável, a enfadonha repetição dessa palavra, que já digo até, chego ali a dizn-IM)- "A medida é benéfi ca inclusi -
~e torna antipática. ve para os p rofes50res" (em vez de tambim para os professo-
Ioduso Indígena 149
res, para os próprios professores). Indenizar - O significado deste •·erbo é reparar, ressarcir, com-
Frases como essas estiol;un o que é genuína e belamente pnwr, conforme se enconua em nosso código mil (an. 772),
nosso, para dar guarida ao que auofia c deforma noua lín· " Pode ret!-la (a COÍ$1.), porém, até que o indntir.em das des-
gua. O conhccimentn do idioma páuio é carlio de visita, é pesas ..." e no de processo (art. 4 7S, 'ún.): "Ser·lhe-ão, po-
carta de referênáa de todo c qualquer profissional. rém, indenizadas as despesas úteis ou necessárias ...".
loduso -V. junto. lndex, mditt - Por inllu~ncia da Igreja. é empregada a forma
lncomemuriftl, imQ)RJJivd - Sio palavras distin tas. A pri - do nominativo laúno, que se pronuncia íntÚIIs, para indicar
meira - téol ica de matemática - designa o que não tem a relac;io de livt'OS proibidos pela n:ligi3o católica; por ec-
medida comum com o u.tra grandeza. pois comnuurável sig- tensão, indica o rol de coisas ou pessoas rlio aceitáveis, ve-
nifica " que t~ ou admite medida comum" e commnlTIJT é dadas ern qualquer meio.
"medir com a mesma unidade tluas ou mais quantidades". É seu plural índices.
hnensurá·tHI designa o que não se pode medir de nenhum O singular índice, com ice final, a semelhança de cálicr, apm-
modo; não u ax agora a palavra o prefiXo com. dice, é que deve ser usado nas demaiJ acepções: fndiet d e um
No linguajar comum, portm. vão-se etn{'regando os dois livr o; o fndiu da mão d ireita; o apito dos guardas de trinsito
adjetivos como sinônimos no semido de tmnuo, IÚ:.tntdido, é fndia de ignodnáa; o iN/Jct de uma raiz quadrada.
qw não prxl.e st mtdido. Q.ue iremos fazer? IDdo, melo, ende$ - São mais usadas no Brasil as duas pri-
lnconteste, incoruestá'l'el - Andam a empregar inconttsU por meiras formas (que se aceo\tuam indl>., nuih), justifkáveis na
incontestável, si nonímia que jamais houve no idioma. Por grafia e n a acentuac;'.lo oxícona se l.hes dermos por étimo o
serem tennos de uso especial.mtnte forense, pode a confusão latim indiàum (ovum i11dicii , ovo de sinal), uma ve1 Kr fre-
r:r.uer sérias conseqaências. lncMúste {ou i:wJnttstado) signi- qi;cnte a trOca do i inicial por e na deri,-al;io popular. E"Mks,
fica simplesmente "o que não é contestado"; inconúsláwl parolÕto no, ~ no entanto a forma que se encontra no Lau-
significa "que não pode ser contestado", indiscutível. delino, mais U5ada em PortugaL
o erro equivale a confundir intxauslo com inexaurivel, inex- lndia - Adjetivos pátrios: indiano, índio. Q.uando primeiro ele-
píado com inexpiávtl. im.fJ'U114 com impunível, inaudito com inau- mento de adjetivo pátrio, assume a forma indo: ind.o-eur,ptu,
díve{ inconjrsso com inconjmávtl. indivi.to com indiuisívtl. indo-/Jal{uisJanls.
ln~te - Com e na silaba final. V. bere·bt-rt. lndia P~ -Adjetivos pátrios: canará, - l s , wzari. co-
lDauar, inc:reçio - É derivadio perfei ta. Precedida de ex, a narim, ctmarinD.
forma participiallaóna creturn deu-nos excretar, excreção; pre- todiao:í.polis - Não é nosso intuito provocar ressenómemos de
cedida de in, dá-nos - como tleu em latim - inlTeção, incre- quem não conhece nosso idioma. nem talhar caro~.puças aos
tar. É incrtlo o que não é peneirado. Se txcrelar é separar. se- responsáveis pela reda~'ào de placas ou pela denominação
gregar, joeirar, cirandar, inqt/Q.r é o antônimo; se na acrt- de ruas desta ou daquela cidade, de distri tos deste ou daque-
(ÕU o objeto considerado pas5a, na incrtção de fica dentro, va i le estado; uma é reaiminar, outra coisa ensinar. Q.uem se
para denuo. Não somente o latim, senão também o italiano sente melindrado pelo que aqui aparece escrito, saiba que
aí está para apoiar-nos; é composto enconu-ado em p ub lica.- não somos r~onsável pelos calos alheios: se neles pisamos,
c;ões médic.u. e na Itália o vernáculo e o lacim são muito não o fazemos pata magoá -los, mas para mostrar a existên-
mais bem çuidados do que entre nós. Não tenhamos reGeio cia de urna enfermidade, de uma fraqueza que necessita re-
de redigir: "A insulina é incretad4 pelo pàna-eas" - ''A hi- mediada. Ademais, todos salxmos que o orgulho é o ntaior
perglicemia determina maiorincreçao insulinica". inim igo do saber, e. ao mesmo tempo, o maior indicio de
I nc:úu - Feminino : incriia. ignorância .
lnaivd . Superlativo sintético: incredibílíssímo. Houve engano na denonúnação lndiar.6polú dada a um
" I ncruar" - V. ençn1.4r. bairro de nossa capital. Mirandiipr>lü comtirui outro exemplo
Jnda, ioda que: - V. enradicodo. do descuido t'lll pro curar a correta forma de um neologis-
IDdagar - Se no uso \•igentc buscamos a rq:encia ou as reg~n­ mo. li:. sabido que os compostos gregos tmt. na maioria,
cias de determinado verbo, impõe-se um critério de pesqui - um o de ligação entre os componentes; mas este não ~ caso
sa ; pr«isamos ver a peS$0a, o lugar e a época para não in- para aplicação dessa norma; uata-se de um nome blbrido,
correr em pedantismo~ ou esqu isitices nem nos arriscannos cujo primeiro elemen to, vernáculo, n<."Cessita ser con:~CrVado
a erro. em sua fonna para que não se desvirtue o sentido do com-
Indagar tt'fll duas regências: transitiva direlo. - indagar al- posto. Se queremos dizer "cidade de Pena", digamos - co-
guiiUI coüa: "No mesmo dia saiu a indagt~r a residência de mo corrf'tameme fazemos - PertJÍ/XIlu . Se a cidade é de A11<1,
Caelallo" e lratu iliva ÍtUÚrda- indagar IÚ ou aurw de: "vol- Anápo/íJ :seri o corretO; se d e Marúl, Mari~liJ; se de Mirio.
re~o.~ atrás para indagar um pouco das manhas e feitos do MariipoliJ.
h~•go . Pretendendo-se designar a "cidade de Miranda", Miran-
Q.uando se expressa também a pessoa de que se indaga dápolú ~ que deveria ser o nome. Não é por haver Parais6polis,
(indagar de algulm aJgurna coósa), diz-se: " Indagaram de mim os NilipoliJ, Cosmépolis, Altinhp6lis, Heli6polís que devemos acei-
a.contecimentos" - "Impuseram-lhe que sofresse a narural tar Mirandópolis, Divin~lis, Teresópolis. A semelha.nc;a. de Aná-
curiosidade em indogar da Jrr6pria dama OJ motivos da sua re- polis, Pmápolis. as formas de.uiam ~r DívúláfJcli.s (cidade
clusão". divina, e não cidade do Divi no), Temápolol (cidade de Tere-
lodd"erir - V. aJÚrir. sa), Mirandtipolis, cidade de Miranda, Indianápolis. para recor-
Jn«klt!.so, iodefl'sso - São parõnimos traiçoeiros. Existem as dar a ci dade de Indiana, c:los Estados Unidos.
duas palavras, cada qual com seu étimo e significado: inde- Sabemos que vigoram em certos paises multas para os que
feso é o indcfemo, o sem d efesa (prende-se ao verbo ikjm- expõem ao público placas, anúncios c avisos com erros de
der); indifem -- com dois u - é o que não se c:ama ou não vernáculo, e a mu lta varia com a gravidade do erro; uma
está cansado : ínikfts.so operário - cultiv-dr com inlkjma pre- concordânáa mal feita. uma flexão errada, um estrangei-
dileção as ciências (lacimftJsul, cansado). rismo - o que houver será proporáonalmente castigado
Indefessamente (aqui eslio os dois~) temos recomendado por um ct-nsor inflex.lvel.
a leitura do dicionário de Aulete, a qual tru, além do enr i- t. is..'IO tudo muito lindo, mas muito dificil entre nós, que
quecimento de vocabulário, o aprimoramento d e estilo e o confundimos aula de porruguês com aula de literatura. Para
conhecimentO de regras e recursos gramaticais; redatores e que de ourrem exijamos algo, é mister que da coi:sa tenha-
até professores não há q ue confundem vulloso com vuituiiSII? mos conhecimentO.
Leiamos, mais leiamos rudo : palavras como mesa, ü , pi, Iodígroa - Do latim indu {igual a mdo, de in) mais gígnert, nas-
coisa; as preposições, os verbos, por mais conhecidos nos cer, nada tem que ver com fndw. Especillca essa palavra o
sejam, e veremos quanta n ovidade ele nos apresenta. que é nascido no país, quer se trdte de homens quer de ani-
I

~
150 Indignar-se In6nirivo pessoal
mais ou vcgcrais: Planta indígena, isto é, natural do pais de Em nossa terra, onde "aumento de escolaridade" passou
que se fala, dando-se ao adjerivo o signillcado <k Mtural a ser sinôn imo de "diminuic;ão de ensino•·, onde "criar va·
tÚli, nasàdo ai mesmo (tndo, indu são fonna.s rcforc;ativas de gas" é o mesmo que "reduzir horas de escola", a gramática,
in, das quais a li=arura latina conser.'Ou traços em outras anna<;ào do edilicio da língua de um povo, tinha de ser
I palaVTas), pdo que, se um nosso vizinho inglês não é indí- minada nos seus aliccrees. Os ex-alunos do a ntigo ginásio da
gena do Brasil, ele o é de alguma parte da. Grã-Breanha ; de Várzea do Canno aprendem de seus netos q ue no Brasil não
igual forma, é tão indígena, rcfermdo-nos ao Brasil, o caci- existe üngua senão lingüística, que nossa lingua não deve ter
que dos bororos como a criança que em qualquer parte de gramátka senão livros de leitura, qu~ nosso idioma não se
nossa páuia acaba de nascer. p.-opaga por regras senão por fichas, que seu conhecimento
bxli~-K • Tem as fonnas rizotônicas deste verbo acento e não se revela por redação senão por testes. Gramática é para
pronúncia id~nricos aos do adjetivo digno: eu me ilulígno, tu inglês, é para francês. é para italiano, é para espanhol; para
te indigna; etc. Constitui barbarismo dos graves a pronún- portugut!s, não.
cia "eu me indiguín4", "ele se indiguína": não existe um ter- Com eue derrotismo niio é de admirar a pusilanimidade
ceiro i nessas formas verbais; após o g vem logo o n, o que de enfi·entar certos prob lemas da nossa língua, monnente
toma impossfvd a criticada acentuação (4.4 2). quando peculiares a ela, como o da pessoaliução do infi-
O verbo pode consrruir-se transitivamente: " Indigna-nos nitivo, o u seja. da conjuga(,io do inllni tivo de acordo com a
o seu procedimento". pessoa do sujeito. Por que dizer "A tendênci;). dos modernos
(ndio- A denominação provém de um equívoco de Colombo estudiosos da lingua é reconhecer que não há regras fixas c
que, ao tocar a ilha de Guanaami, pensou ter cheg-.tdo às definitivas a propósito do as.wnto"? Ora! ~jamos mais sin-
fndias. Cinro dias dq>ais do descobrimento da América o ceros c digamos: A conjugação do infinitivo é a maior prova
grande almirante Consignou em seu d iário o Kguinte treCho de puD"efação do nosso idioma ou, para maior sua,~dade, é
que nos foi transmitido por las Casas: Pedro Marlim A/tm.k) conseqllência de confusão com o futuro do subjuntivo ou,
Pinufn, w.pitán de la Pin/4, a '"J0 bordo hahüz yo rnviad11 tm dt ainda mais deli<:ada.menle, é resultante necessária da falta
<llox "índios", viM a IJt'T'fiU .•• Apesar de ainda em vida de Co- de escolas. Se em nenhum outro idioma provindo do latim o
lombo se ter desfeito o seu engano, o nome ficou e foi con- infinitivo é conjugado, como dizer que precisamos conju -
servado a té hoje para designar os primitivos habitantes do gar o infinitiv.o no nosso?
Novo Mundo. Clissicos nossos houve qu e, e,;creve.ndo em espanhol, fle-
Essa é a razão por que se propôs, outrora. sc;m resultado, xio naram o infinitivo, mas o espanhol cortou o mal a tem·
a palavra ameríndio para melhor designar os índios da Amé- po, sem dar atenção a argumentos insustentáveis de "eufo-
r ica. V. hindu. n ia", de "eslilística", de "ênfase". Q.ue p roccdimemo é este
Coletivo, quando fofJrulm bando: maloca; quando em na- de não ver eufonia em nossa lingua nos mesmos passos exis-
c;ão: tribo. tentes em línguas irmãs? Se com a maior naturalidade lemos
lndhc:rição • V. dtsaição, dücrição. uma passagem como " Voltemos atrás para INDAGAR um
lodo, Jodonão - V. hindu. pouco das manhas e feitos do leigo", por que não a ceitar
Inepto . v. inapto. como certo ~Preferimos odúi para não CAIR·Iogo a seguir
l oerir - V. adtrir. em comeruio, remLdtW" ? Por que não aceitar como certo "A
Infanticida. inlàntiódio - V. mmiticida. linguagem é o meio de que dispomos para, anavés das pala-
Infarto . V. enjartt. vras, EXPR IMIR o nosso pensamento"?
Inferir- V. aderir. Se compreendermos o "só" que inicia a regra d e Frede-
Infiel . Superlativo sintético: infidtliJsimo. rico Dia, chegaremos à conclusão de que foi um alemão
Jofinid-ro (precedido de a) - V. truinei-lhe a viVff. quem mais soube até agora notar o prob lema: "Só se lle-
Iaflnitiyo pessoal - De certo tempo para cá a ~última flor do xiona o inftnitivo q uando é possível ser subsúrul.do por
Lácio" vem-se uansfonnando no Brasil em " última escória uma fonna verbal, sendo indiferente q ue ~se infinitivo
do latim". Oa borra lingúinica resultame da expansão mais tenha sujeira próprio o u não". O '"só" que inicia a regra
do que da decad~ncia do império romano, borra que se de Oiel é justificativa da flexão e não imperativo que nos
depositou no fu ndo do tacho da penimula ibérica, duas lín- obrigl•e a flexionar o infinitivo sempre que seja conversí-
guas ainda se formaram e chegaram com os séculos a 1er suas vel numa fonna verbal; é como uma "desculpa" da dis-
gramáticas. Não tiveram, porém, os dois úl timos rebentos o tração, uma "escusa" da confusão com o fururo do subjun·
mesmo tralaffiento: enquanto noMa. irmã gêmea se cuh ivava tivo.
e preservava da praga do analfabetismo, nossa pobre língua Não flexionemos o infi nitivo quando nenhuma necessi-
encon trava terreno sáfaro e desprotegido; nossa gramática dade virmos de o conjugu: "Curvam-se para BEIJAR a
se formou, mas cheia de excec;ões..repleta de equivalências, flm bria da sua estringe" - "Preparavam-se para MOR-
ou melho r, de d ivergências sintáticas, de criações e , a un\ RER" - "Precisávamos cavar o chão par'.t OBTER água" -
tempo, de reduç&s, de esquecimemos, de confusões. Se as "Cometeram tais atrocidades para AGRADAR aos chefes"
espanbas se reproduziram, uma gramática se ftxou para dar· - "Grandes razões para CONVENCER-nos têm VV. SS:"
lhes cidadania, enquanto a língua portuguesa no Brasil - "Já tivemos oponunidade de 'REFERIR-nos" - " Obri·
vem, desde o passarnemo de Jlui Barbosa, sendo tratada g:ai-nos a CONFESSAR que sois amigos dos brasileiros"
com incúria cada vez maior e, dessa incúria, o fatal despres- - "Obrigando-os por via de tonncnto a RESTITUI R
tigio de sua gramática. aqui lo que tinham ocupado" - "Convidam os homens a
Se na América do Sul o mais adiantado dos pequenos paí- PERS EVERAR na colllinuação do pecado" - ''Forçou os
ses de língua espa•lhola teve um Sarmiemo a fundar mais de in imigos a F1JGIR" - "Pela capacidade em que ficam para
mil escoJastm seis anos de presid~ncia (1868- 1874), o único VlVF.R fora da prisão -"Não temos tempo nem papel
país de língua porruguesa tinha, sessenta anos depois, den- para TRATAR do assunto" - ''A língtagem é o meio de
tro da mais adiantada de suas províncias, somente três esco- que d ispomos para, a través d e palavra~. EXPRIMIR o
las de nível mMio (o ginásio estadual da Vánea do Carmo, nosso pensamento".
na capital, e dois outros ginásios estaduais em cidades do É igualmente desprezível o argumento de que " o flexio-
interior ); só em 1936 foi criado o quarto ginásio estadual, namemo serve de insistir na pessoa do sujeiw"; como in-
em Piraju, para agradar o chefe p olitico da região. ~ naque- sistir na pessoa do sujeito se a primeira e a rerceira do sin -
le país o analf.1betismo era d e 18 por cento ao tempo em gular têm a mesma forma d o infinitivo impessoal? A in-
que o nosso supt.Tava 50, hoje, com toda a "mobralizac;ão" consistência do argumento faz lembrar a dos que diziam
que nos preocupa. and amos, ao que dizem, na casa dos 20 que: a pronúncia "amámos" distingue o passado do pre-
quando aquele país tem apena~ 2. sente "amimos"; que distinção é essa se na segunda con-
In&nitivo pessoal In6oitiYo pessoal 15 1
juga~o não é netts5ária e na terceir.l é de todo impraticá- citados na rereeira do sing. do ind. pres.). É tão caraterizado
vel? o húngaro pelas desin&!cias, que o possessivo do subSian-
Uma co.isa é gramática, que aceita os fatos e procura tivo é indicado por flexão:
agrupá-los para maior e mais fácil divulgação, oucra é uirom - fechadura minha
faz~r considerações fugidias, como essas de "estilistica", uirod fechadura tua
de "ênfase", de "subjetivismo", de "seleção", de "insis- uira fechadura dele
tência na pessoa do sujeito", considerações que nada en - uirunA - fechadura nossa
sinam, que nenhuma orientação oferecem a esttangeiros uíroUJit fech adura. vo$sa
ou a filhos nossos que se põem a estudar a nossa língua. z.áru4 • fechadura deles
li} Sempre f,zcmos e<:o á afirmação de nossos mestres
dr que a flwo do infinitivo é fato exclusivo do ponuguês: Se a forma verbal 2<1r é "objetiva", iSto é, referen te ao
"Gttado na língua esse maravilhoso lusitanismo, um dos sujeito e ao objeto, tem ela uma flexão (ind . pres.):
privilégios mais invejáveis do nosso idioma" (Rui Barbosa) uirom
-mas essa alinna~o esrá a merecer reparos; continuamos z.árod
a sustentar que a pessoaliução do infiniti~ em ponugu~s é 7Ãrja
a milis convmcente prova de deu:nonzaçao do nosso tdto· zátjuk
ma; sustentamo-lo e vemo-lo cada dia mais reforçado z.áljdtok:
diante das inn.'irameme infundadas, levianas, inconscientes z.árjáA
flaões do nosso infinitivo. De jornais lidos estes dias temos Se a conjugac;;lo é "subjetiva", isto é, referente ao sujeito
estas inconveniências de flexão: " ...quando viram os bra- como em ou tras Unguas, o presente do indicativo tem estas
sileiros chegarem em suas caravelas" - "Cabe aos psiquia- flexões:
tras julgarem" - " Acusados de prepararem boletins consi- tároA
derados subversivos" - " ... dando às minorias o pleno uim.
direito de se 01ganíun-em e de manifestar seus pomos de visia" uir
(fechando os olhos para os "pontos de vista". olhemos zárunA
para o organiwrtm, Oex.ionado, e Jogo a seguir para o ma- z.ártok
nifestar, não flexionado). uirrw.4
Esta incongruência como aquelas flexões são prova5 en- E o infinü:ivo, quando seguido de adjetivo que indique
contráveio diariamente em crechos de redatores aprc5sados, "é preciso". "é botn", "I! aconselhá'\"E'l". "ê perigoso"
de prosadores descuidados. Nesse s exemplo l não cabe etc., será:
justificativa nem de clare2a nem d e narmonia, nem de uimom
precisão nem. muito menos, de economia de expressão, uimod
como se dá no húngaro, onde o infinitivo se flexiona de l.IÍr7IUl
forma obrigatória, precisa e condsa, com um objffivo :uimunA
gramaticalmente determinado de que não se pode fugir. .uirnotok
Se não, vejamos esta lição de Dom Gabriel lrossy, grande ~ámíult
lingüista húngaro. Cren>os ter transmitido ao leitOr, com fidelidade e clareza,
Opera-se em húngaro a flexão do infinit ivo com certos a explicação do mestre húngaro do quanto são c:rn sua
verbos. que chamaremos impessoais, formados de adjeti- língua carateristicas as desinências pessoais- Temos em por-
vo, como "é p•·eciso"J "é bom", ué aconselháver', ..é tuguês, é verdade, a pessoalização d o infinitivo, mas ocorre
r,c~rigoso" etc. Tomemos por aemplo lull, que significa em o utras circunstllncias que tentaremos expor a seguir.
'é preciso" ; ele é impessoal; corresponde á terceira pessoa R) É verdadeiramente dcsconcertante para o professor
do singula r dos verbos impessoais portugueses; ele vai de português o problema da flexão do infinitivo p~~soal;
funcionar numa locu~o verbal - suponhamos"~ preciso tropeços enormes encontram-se para a própria exposição
ir" - como auxiliar, e a forma da idéia principal - em e explanação do assunto. e maiores ainda para a f001~0,
nosso exemplo o infinitivo "ir" - é que irá flexionar-se não dizemos de regras, mas de no rmas que possam gujar
para indicar a pessoa do sujeito. O verbo ÍT é em hún- o leitor. Tal a barafunda de certaS gramáticas, que o leitor
garo mmni. onde temos o radical mm acrescido da desintn- chega a conclusões desesperadoras e, muitas vezes, falsas
cia do infmióvo ni. Mrnni /uU significa. portanto, "é preciso e nocivas, como esta: " Observadas tão somente as exigtn-
iru. cias da clareu e da eufonia , o emprego do infinitivo é
Pois bem; aqui vem a flexão do jnfinitivo húngaro: Para facultativo".
dizer "é predso eu ir", "é preciso tu ires", "é pre.ciso ele Por mais escabrosa, no e ntanto, iremos expHcar, procu-
ir" etc.• a desi nência ni do infinitivo é mudada por desinên - rando ser o mais possivel claro e sintético, esta árida e ár-
cias correspondentes aos sujeitos, e temos, para cada uma dua questão.
das pessoas gramatkais: mmnem ktll (ir eu é preciso), mrmwd Há duas espécies de infinitivos: o impessoal e o pm()(J/.
lteU (ires ru é preciso), mmnit /ull (ir ele é preciso), mtnnünA O impessoal é o infini tivo puro, é a forma nominal essen -
AtU (innos nós é preciso), mermetek kell (irdes vós é preciso), cialmente substantiva do verbo; é inflexlvel. O PESSOAL ~
mmnüA /u/1 (irem eles é preciso). o infinitivo empregado com referéncia a wn sujeito e -
Ú)e comporwnento da lingua húngara não permite gu~ aqui nasce a dificuldade - em portuguê5 ora ~ tlexiooado
continuemos a afirmar constituir a Oexào do infmitivo fàto de acordo com a pessoa do sujeito, ora não é flexionado e
exclusivo da língua pol'{\lguesa. A d istinção, r~petimos, estí se confunde com o impessoal. Q.uando llexionado, assim
em ela ser fato real, obrigatório, com significação c finali- · se conjuga:
dade precisas na língua húngara, e procedimemo muitaS
vezes leviano e sem a necessária determinação flexionai por ter eu por termos nós
do sujeito em português; tanto assim é que a forma da pri- por leres tu por terdu vós
meira pessoa é em nossa língua id~ntica à do infinitivo im- por ter ele por lerem eles
pessoal e, ainda mais, a terceira do singular é idl:ntica Fizemos anteceder as diferentes flexões do infinitivo da
à pri meira. prcposí~o pur para evirar oonfi•são com o fururo do subjun-
Açornpanhcmos mais um pouco o padre Gabriel l rossy. tivo, confusão de que, às vez.es, nem todos sabem furtar-se:
Como em outras llnguas, fonnas há em húngaro que se quando ti·ver, quando tiveres, quando tiVff, quando tivtrr1léls,
prcstan:t para indicar o substantivo e o verbo. ZUJ' é "fecha- quando livmks, quando tívtrtm. Todos sabemos que somen-
dura" c também "ele fecha" (os verbos em húngaro são te nos verbos regulares as flexões do infini tivo pessoal são
152 Jofio.ilivo pessoal

.idlntias h do futuro do subjuntivo IS 459, n9 I, ao pé da longe, para a banda das sen-ania.s, rtsp/aNJecrrm as rumiadas
página!. das montanhas.
A flexão do infitútivo é notada nos mais antigos documen- Exemplos em que o infinitivo faz pane do predicado :
tos da lit~r-•tur.t lu5a. Gil Vicent~ coitK"teu o erro de escre- Nada mais rurprt>cndeme do que t'trem-na desaparear -
ver em e~nhol: " Tcneis gran razon de IIMIITdts vuestro Os trab01lhadores quC' acomcciapa.uartm por ali .
mal" (Obras, 11, 71). Alguns ~ms do Cancioneiro Geral Exemplos em que o infinitivo é complemento de alguma
c;~Jram no mesmo engano. Cam6es, que muito escreveu preposição ou lol-uc;ão prepositiva: Os maus, com se lOil·
em espanhol, foi sernpre corretO. varem, não deixam de o ser- Em vinude de eSl4rrm entr.u-
Três vantagens temos na correta Oex.ã.o do infmitivo: do os despa1:ho~ de setembro - A maneira de os alunos
clareza na. expressão do pensamento, pois a flexão sempre tSlt.uidrtm as lições - Eles, os homens, para se deJcuiparmo
evidencia o suj<!ito; beleza, uma vez que a pessoalização - As flores, além de çarutituimn matéria-prima - t tempo
do infinitivo oferca ao escritor mais largo ensejo para va- deparlim.
riar e colorir o estilo, dando mais ensa ncha.s à linguagenr; C) Ob~-se que: !. Nos ex.emplos da segunda regra
concisão. que sempre ~ encontra t"1ll subordinadas rcdu- de Soares Barbosa os infinitivos pessoalu.tdos determinam,
~idasi S 904 ). concreÚ2am o verbo com relação ao sujeito , o que não
Fo i Soares Barbosa o primeiro gramático que tentou re- aconteceria se viessem não flexionados: Fácil é W1l«r - LM.-
gular o probl=>a da flexão do infinitivo, fonuulando os tar é o nosso dever.
dois seguintes principias (Gramática Filosófica, 1808): 2. Corolário evidente desta segunda regra é o principio:
I. Flexiona· se o infinitivo quando tt:m de sujeito pró- Não se flexiona o infinitivo quando. empregado como
prio, diverso do. su~ito do verbo r~nte; não se flexiona sujeito ou predic.tdo ou complemento de alguma prq>osi-
quando os sujeitos são idênticos. <;ão, é 1.0mado em st:ntido vago ou não nc.:e»ita, para
Em resumo: clareza, de flcx.'io indicativa do sujeilo: Imaginavam que
Sujeit.O próprio - flexiona·se uguir metáforas ~ de.cabeçar adágios - Pede-se aos senho-
Sujeito idêntico - não se flexiona res passageiros a fi!W'Za de, ao tntrar ou MJ;,., jt•ladr as portas
Exemplos: Declaramos (nós) B>l.(mrm (eles) prontos - do elevador.
Ouvi (cu) clwno.rtm-m e os amigos - Julgo (eu) podnrs 8. Pode-se seguramente afirmar: Tambcl:m quando objeto
(lu) com iS$0 - Assinei (eu) o "Estado ' para pr()pordtJMJf" o infinitivo se flcx.iona, quando empregado em sentido de·
(eu) a meus filhos oporrunidade de ltrem (eles) anigos in- terminado e quando necessária a flcx.ã.o para determinação
tcressamcs - Solicitamos (nós) não dmtarmr V. Sas. de do sujeim: Perdoe-te o céu o havtm-me enganado.
ctmtprM (V. Sas.) - Envio-lhe esm cana, que peço (eu) D) Ótima.s seriam as duas regras de Soares Barbosa, se
tJJSirJamn e dt l)()/wrmr {eles) - Solicitamos (nós) o obséquio eMeS som.:nre fo~sem os casos de emprego do infinitivo;
d e m viartm (V. Sas.l ... tanto não são elas completas que Cam&s, corno todos os
Ourros exemplos: Peço a.os meus amigos o obséquio de clássicos e modernos representantes de nossas letras, apre-
não mirarmo - t louvável o desejo de aprmderem - Ani- senta exemplos que a elas não se adaptam. Camões CS·
ma-nos a esperança de triu11f(lfflll)• - Refe•i -me à intenção creveu: .. F'olgaris de vntl" -construção que contraria a
de partirtm - Só me cabe aplaudir a resolução de amparm'- primeira regr.1 de Soares Barbosa, pois os sujeitOs são idênri·
deJ o s pobres. cos (Folgarás - tu - de veres - tu). Bemardcs e~cveu :
Em mdos esses exemplos da primeira pane da regra de "Q.ue traça dariam para todavia comn-em até fartar-se?"
Soares Barbosa há sujeitos de infinitivos diferentes dos su- - onde, não obstante serem idênticos os sujeitos, o infi-
jeitOs dos verbos ou expressões de que dept.'!ldem esses infi- nitivo está fb.ionado. Castilho redigiu : "Assa.t mostraste
nitivos. 1eres cabal..." - flexionando o infinitivo, quando o sujeito
Vejamos agora exemplos da ~gunda parte da regra, em ~ o mesmo do verbo mollTas/.t: tu.
ljUC os infinitivos não são flaionados por rerem sujeito E) Aparece emio ourra regra, trinta e três anos dq>ois
id~ntico ao do verbo de que esses infinitivos dq>endem : da de Soares Bar bosa , formulada por Frederico Diet (pro-
Declaramos (nós) t i lm (nós) prontos - Declararam (eles) nuncie dit:. ), em sua " Grammatik der Romanischen Spra-
eJiirr (rles) prontos - Julgas (ru) poder (ru) com isso - Julgo chen- (Gramática da.s Unguas Rominicas- 1836- J$«),
{cu) po.kr {cu) com isso - Temos (nÕ$) o prazer de lb~ p rocurando j usrificar exemplos e mais ClCemplos:
participar - Tivemos (nós) a honra de i11f()'f'tltM - Eles tinham " Só se flcx.iona o infinitivo quando é possível ser substi·
a certeza de triunfM - Tinham necessidade d e tud o dtclo- tuído por uma forma modal, sendo indifereme que esse
rar - •icam com liberdade de TIJ()IIÍmtnlar·se. infinitivo tenha sujeito próprio ou não": Alegram-se por
2. Continua Soares Ba.rbosa: Flex.iona-se ainda o infini· úrem visto o pai (alegram-se pm-que viram) - Afinno /.trtm
tivo quando empreg-.tdo como sujeito, predkado, ou com- chegado os navios ('fU" chegaram) - Q.ue mal te fiz eu, ó
plemento dr. alguma preposição, em sentido não já abs- meu Deus, para não me drixam (para qw não me dtixl•l ·-
tratO, vago. rnas concreto, determinado - isto é, quando Deviam persegui-lo sem descanso nem rréguas até o caJívarem
o infinitivo é empregado não em significa(.ão geral, uni- (até '{U" o tali1H1S.!tm) - Ficaram feridos até coostguirem
versal, mas em referência a determinado, a especificado reaver (att que consegwissm~ reaver) - Q.ue traça da.r iam para
sujeito. todavia crmvrmo até fartar-se? (para que comm em) - Que
Exemplos em que o infrnirivo é sujeito: O louvares-me também esses se crgatL para pcújarem batalhas tremendas
ru me cau5a novidade - Lularmos é o nosso dever (pan qur pekjmol - Guarda-o para o mrJrugMe& melhor
- Não ~ nect"Mário pedires-me ru isso - Sanlijicares-te e (para que o empregwsl -Trabalha, meu filho, para agr<JdD·
fat.trts o bem deve ser lCU lema - O f alam dessa maneira rem tuas obras a Jkus (para 'fU" agradem) - Leis que se
prej udicará o n~ócio - Sirva-nos de lenitivo à derrota o fazem para se não cumprirem !para que não ~ Cfllflpram ) - A
ltmt()J resistido com coragem - Era de crer que o $tgtJi1'mo5, cidade d e Co.~ tllio queria largar seus ossos para se lrtJJ·
os rntntbro s do segundo, a lição... - Bem custoso seria ladamn à de Lisboa (para que SI aasltulassem ) - Grandes ra-
m i.rtirnn os inimigos a Tarilr. - Não é possível IDJaltarem zões para nos convrncn-nn têm V. Sas.. (para que nol cvn-
esses perversos o arraial - Cumpre aviSilrts Ruderico - wnçam) - Sem q_ue tal circunstância obrigue o s amigos a
É pouco provável mútirtm os jovens à prova - Nem é ifetwJrem (a que !ftt!U!111) - O governo obrigou as fábricas
menos de ver no meio do mar Sllfrem as águas ~ o logo jun- a produlirem (a qUI: produ~issem} - Temíamos por Stml<is
tartl(."lltc das nuvens - É a:no terem partido os navios - Não homens (porqut /rtJI7t()s homens) -Já tivemos oportunidade
é de prudência diUTnn-se tais coisas public:unerue - Não de noHiferirm()s (de qut rws rrfninttn()J).
compete a vocês qudxarmo-se de nós - Como nos havia Para terminar a série de exemplos: Acreditando ru não
d e ser defeso rram-n-mos para a mesma serventia - Viu-se ao me tms ofendido (que não me o/endeslt). A rt-daçio "Aac-
1
lofinitiyo pessoal 153

ditando tu não me tn ofendido" traria sentido reflexivo uma locução verbal ( § 5 13), isto é, quando o infinitivo vier
ao vtrl><;> ofentúr, liuendo supor seu sujeite;> a primeira pes- intimam ente subordinado ao verbo de que depende.
soa: " ... não me ter (eu) ofendido" - quando não é esse Construções como: Desejamos compro~T~Ws livros - Dese-
o sentido que o autor quer dar à frase. A flexão aí se impõe, jan do V. Sas. comprarem livros - Lamen tamos não podermos
já por ser conversivel a fonna n ominal em forma modal, - Estão merecendo serem - Acham-se em mau estado,
já por a exigir a ela~. Vejamos estoutro exemplo de Her- devendo sntm substituídas - Espa-ando smnos atendidos
culano : "Os dois dias que me pediste para churaus o teu - são construções inteiramente obtusa.s; nelas os infini-
cativeiro" (fxua qut chora.sm); a não llt'Xào do infinitivo não tivos tornam-~ como panes essenciais do verbo de que
evidenciaria com precisão o sujeito. dependem, oomo, mutatis mutandis, os termos que concor-
F) Uma l)bscrvação se im~ à regra do filólogo alemão, rem para a fonnaçào de uma locução adverbial: t tudo um
pois precisamos compreender o "só" que a inicia: A rt'gra só verbo c, por conseguinte, só o primeiro se flexiona.
é justificativa da flexão e não imperativo que nos obrigue a Os infinitivos comprar (para os dois primei~os exemplos),
flexionar o infini tivo sempre que seja conversível numa for- poder (para o terceiro) e ser (para os três oíltimos) dependem,
ma moda I. Achando um autor que o infinitivo, embora con- intrinsecameme, das formas verbais túsejamos, dmJando,
versível numa forma modal , nenhuma necessidade sofre de lamentamos, estão mertundo, túwndo, e5/J<Italldo.
flexionar-se, pode deixá-lo não flexionado: "Curvam-se pa - 2. Entram no rol das locuções verbais exemplos como
ra bti)M a fimbria da sua t>Slringt"' - "Pteparavam-se r,ara estes: "Tinham muito com que se akgrar" - " T iveram
murTn" - ''Precisáw.mos cavar o chão para obtn água'- bastante com que se ocupar". - Há nesses exemplos elip se
\ "Cometeram tais atrocidades para agradar aos chefes" - do verbo podn, que forma com o infinitivo da oração a
" Grandes razões para conwnctr-nos tõn V. Sas." - "Já tive- locução vtrbal: "T inham muito com q ue se (Jnul.mnn)
mos oponunidade de rtjmr-nos"- " Obrigai -nos a confinar akgrar" - "Tiveram bastante com que se ( pudeSJ#n) ocupar".
que sois amigos dos br asileiros"- "Obrigando-os por via Q.uando tem o mesmo sujeito do verbo subordinante, o
de tormento a mtiluir aquilo que tinham ocupado'' - infini tivo não necessita flexionar-se si! nenhuma exigência
"Convidam os homens a fHrseverar na continuação do peca- houver para a clareza. Se é lãci l, pelD menos por ora, notar
do" - "Forçou o.~ inimigos afugir". que são obtusas construções como "desejamos comprar-
Confrontando as regras de Soares Barbosa oom a de Oiez, mos", "lamentamos não podennos", " devem serem aten-
pode o leitor fazer estas con~ideraçoo: didos", "deveriam compreend~rtm" , "irão logo serem
G) I. É interessante notar que Diez encarou o problema atendidos", pode escapar-nos a ioconveni~ncia da flexão
por facxs inteiramente difcrcn LC$. do infmitivo em passagens como estoutras: "gastam ccrea
2. A nova regra vem justificar grande número de legíti- de quat ro horas para FAZEREM o perwrso", "tinham
m os exemplos que não se amoldavam às regras de Soa- muito com que se OCUPAREM". Ntm naquele nem nes-
r es lbrbosa : ''Folgarás de vereJ" (de que vejas) - "Mos- te passo o infinitivo - ainda que conversível em modo
traste .ttm cabal" (que és e.aball - " Q.ue trac;a dariam finito (justific:niva de Frederico Diez) - necessita flexio-
para roda via comerem... ?" (para q·u e comessem). nar-se, dada a existência de um único sujeito.
Q.uer isso dizer que, ao mC$mo tempo que esclare(;e o Outros exemplos- todos tirados de jornais - aqui !JlnS-
assumo, vem chocu-se com a regra de Soares Barbosa. oitos sem a injustificável pessoalizaçào do infinitivo: " ...
pois juotifiC3 a possibilidade da flexão do inftnitivo em casos mas estio totalmente equivocados ao PENSAR que podem
em que os sujeitos são idàltioos. criar problemas" - " ...médicos que são imprecisos ao
S. Mesmo chocando-se numa pane, escluccc, por outra, EXPRESSAR os diagnósticos" - " ... e Vd O mais longe ao
o problema, servindo ambas de "fio cond utor no labirinto AFIRMAR que ..." - "Bons governadores e diretores q ue
do uso clássico do infinitivo flexionado" . se prezam de o SER devem..." - "Encontram-se eles em
H) Fie3m ainda essas duas nonnas aquém dos fatos, condições de EQ.U IPAR os veículos corn rádios transmis-
os quais, em grande variedade e incerteza, não se subordi- sores e de MONTAR uma cenrral de comunicação" - "Fi-
nam à disciplina g>.unaúçal. Contra a teoria de Soares Bar- caram impedidos de ATRAVESSAA a rua" - " ... pelas
bosa insurgem a cada pas:.o fatos de inconteStável vema- empresas estatais impedidas de REALIZAR aumento de
culidadc clássica, muitos dos quais ,-a.o igualmente fuer capital por subscrição pública" - " ... missionários proi -
rosto ao eminente gramático alemão. Por exemplo: "Não bidos de ASSISTI R índios" - " ...nnpresas interessadas em
nos deixeis cair em tentação" - " Deixai vir a mim os El'>I PR.EITAR serviços de transporte por ônibus" .
pequeninos" - "Fazei-os ~ntar'' - slo constrUCOO em
que os infinitivos CllÍT, vir, Jmlar tbn sujeito próprio (vão, O abuso da flexão chega a parecxr-nos que o redator
pois, contra a regra de Soues Barbosa), e podem :ser subs- julga cometer tTrO de concordância se não pluralizar 0 in-
finitivo; nada disso; o erro est;\ em não saber ele o q ue é
tituídos por formas modais (contrariando, dessa forma,
ao mesmo tempo, a regra de Diez). infinitivo c em não conhecer a·s poucas regrinhas a que se
subordi na sua flexão.
Notemos, ainda, exemplos como estes: "Alguns mance-
}) ORAÇÃO INFlNITJVO-LATINA - Q.uando o
bos mais desu·os fingiam acomettr-s.e, ptkiarem, vmcerem,
Jtrmt vencidos" {Herculano) - "Assaz mostraste uru ca- infinitivo j untamente com o seu sujeito (quer realmente
bal para diur verdades" (Castilho). Os infrnitivos acometer expresso , quer substituído pelo correspondente pronome
e diur tinham os mesmos motivos que os outrOs (JHUja- oblíquo) consrituem oração infinitivo-latina. o infinitivo ~
rtm. vencermt, StTtm - pua o primeiro exemplo - e snt.s, empregado na forma não flexionada, nio obstante as regras
para o segundo) para se flexionarem. De semelhante li - dos dois mesu-es: " Não nos deixeiscmr em tentação".
berdade encontramos freqüentes exemplos nos clássicos. V~ o lei ror que essa construção não se enquadra nas nor -
Vê, pois, o leitor a insufici~ncia das duas regr.ts a·adicio- mas de Soares Barbosa (são diferentes os sujeitos) nem na
nais sobre o assumo; daí a necessidade de outras normas de Fredco·ico Diet (o infinitivo é conversível numa forma
que expliquem e conveni~mernente justifiquem exemp los moda!: Não deixeis que cllia1116s); não obstante, é tal oons-
que oona·ariam os dois dtados mestres. trução legítima e usual: Fazei-os parar - Os raios matuti-
I) LOCUÇÃO VERBAL - I. Deve o leitor aceitar que nos fuiam alwjar os rurbanres - Viram d'Sltfxlreur os go -
as regras dos eminemcs mestres são, anteS de regras, jus- dos - Vendo (ele) voltear ante si as imagens risonhas do
tificativas da pessoalização do infiniti,•o. No caJO dt snnn opróbrio - Mandou-os o Senhor prtgar pelo mundo -
idhllicos o.s sujeitos, tlrvetM.s reet~rrer à forma .flccUmad4 lcmtnlú Q.ue nem no fundo os deixa ntar seguros - Deixai :Jir a
qutmdo o u:igir a clarn.a. mim os pequeninos - Napoleão viu seus batalhões cair
Inútil e, con~guintememc, errada será a flexão toda a - Vi os navios que partiam IÚsaparuer no :1orizonte- Ve-
vez que o infinitivo formar com o verbo subordiname jamos do ar cair as nuvens e as neves.
154 Ioflnitivo pcsoal Ioflnitivo pessoal
Rara e exçeciona.lmeme aparece a forma flexionada, objetos, outros verbos no infinitivo: "O médico fê-LA an-
como nestaS passagens do Poeta : "E verão mais os dois dar" - '~Mandei-O ~nlrar'•- ''Deixaram... ME senta r,.
amames míseros ficar~rn na férvida e implacábil espessura" Não é intenção de quem díz " Vi um homem morrtt"
- "Q.ue eu vos prometo, filha, que vejais Wfuecerem-st declarar que "viu um homem" mas, sim e unicamente, que
gregos e romanos pelos ilustres feitos". Mas todos nós "viu 1IUITTn''; morn:t' é que é o objetO de viu.
sabemos o que está na Ane Poécica (9, 10): Aos poetas cudo " Mandei o menino assobiar, cantar e, finalmente, .llliT" -
é permitido. é onção em que se atribuem ao verbo manáar diversos ob -
"Não dc:ixe· os outros ENTRAR" -assim se diz, e não: jetos, constituídos pelos infinitivos assobiar, ctullor e .lair,
"Não deixe os outros entrarem". Q.uando se apresenta um dando-w -lh<'S um mesmo 'ujeito: m.mirto.
infinitivo (mirar) com sujeito próprio (os outros), dependeme Subsótuindo-se, em qualquer construção semelhante à
de um verbo (deixe) que tem outro sujeitO (voe'), o infinilivo dos exemplos acima, o sujeito do infinitivo pelo correspon-
não se flexiona. Outros exemplos: Mandei os meninos dente pronome pessoal, este irá aparecer na forma oblíqua:
SAIR - Ouvi a·s cornetas TOCAR - Semi duas pedras vi-o morrer. mandei-o assobiar.
BATER em mim - Vi os homens DESCARREGAR o ma - Outro exemplo de sujeito acusativo temos em orações
terial - Fa.úa os alunos COPIAR as perguntas - Deixe- como "Maria deixou->t ficar". Aqui o .1t é realmente sujei-
mos os garotos BRINCAR. to, mas sujt•ito awsativo, ou seja , sujeito de um infinitivo;
A ordem dos termos de orações assim construídas (a tem funciio ctimologic:amcnte certa. q ue não pode S<"r con-
~onstruçào tem o nome de >ttjeito acwativo e opera-se com fundida com a profligada "fim(;ào francesa do,.,. 406. /
os verbos deixar, faur, mand<1r, ouvir, smtir, vtr) não impede Pelo fato de nessas oracões aparect>r na forma oblíqua
~ue sigamos esse cuidado de não pessoalizar o infinitivo : acusativa o pronome, não nos devemos deixar enganar na
' Deixai VIR a mim os pequeninos'' {o sujeito - ptq!Uni- sua an;ilís<'; o "o", " .. la", o ··ul('", o ''>e" do> exemplos
nos - está-~sposto ~o infinitivo) - '_'Não nos deixeis CAIR dados não são objetos diretos; objeto direto do verbo prin-
em tentaçao (o sujeito - nos - esta ameposco ao pnme•- cipal é toda a oraçiio infinitiva, juntamente com o respeCti-
ro verbo). vo sujeito no Gtso acusati,·o ..Tais ~enten~as nossas consti-
Tampouco impede sigamos a correu impessoalizaçào tuem l<'gítimos exemplos de oraçÕ<'J irifinitivo-lalmas.
do infinitivo o vir o sujeito expresso p or pronome oblíquo Não somente sc"ntenças nossas poderemos apresentardes-
acusativo, como ac:abamos de ver na Oração do Senhor; sa constru<:ào latina, mas - hoje facilmente compreensíveis
outros exemplos: Fi -los ESCREVER - Mandaram-nos pam muitos - sentenc·a s inglesas, e em número maior por-
SAIR - Semi-o~ ADORMECER - Vejamo-los PARTIR - que o inglês a emprega com mais verbos que o ponuguês.
Não os ouvimos CANTAR. Fugir desse procedimento em A difen:'n\:a es1á no S<'guintC': Enquanto a> crianças de língua
orações de sujeito acusativo (também chamadas orações inglesa aprendem C' fixam desde os mais tenros anos a cons-
infinitivo-latioos) é demonstrar falta de estudo de gramática trução "He wams mt to tcll vou that. .. " ("Ele manda-me
ou, pelo menos, de leitura de quem sabe escrever. dizer-lhe que... ), nós ~om deSanimadora freqOência ouvi-
Num jornal encontramos: "Os policiais destacados para mos " ele manda t>tl dizer. ..", "mandei da sair". Se falta
o primeiro posto pau.lista da Fernão Dias ficam apenas de escolas é reaJidade entre nós, desprezo de gramática é
observando os caminhões PASSAREM com excesso de pe- realidade da "língua brasileira".
so, sem PODER fazer nada". "Forçam os jovens a pensar antes de promover desordens"
Q.uando errou o noticiarista? Ao flexionar passar ou ao - a ssim estava no jornal, e o red;uor merece elogios por
não flexionar porkr? não ter flexionado nenhum dos doi.s infinitivos. De fato:
Sempre que na ocorrência de dúvida de flexão do infini· a) nã.o pessoalizou o primeiro lperum-J porque forrar é dos
tivo notarmos que nenhwna necessidade há para clareza de dos verbos portugueses que exigem 4 an1.es do infinitivo
pessoaliza(:ào, dei xemo-lo inva•iável. Com a naturalidade (GR. METÓDICA, ~ 683, 4, e) e, pois, jovens continua sen-
com que não flexionou podtr; podia t' devia ter o jornalista do sujeite acusativo (~ 9261 ; bl oào pessoalizou o S<"gundo
redigido "observando os caminhões passar" , por ser oração /.promover) porque tem sujeito claro, é o mesmo do ve•·bo
infinitivo-latina, ou por outra, oração com sujeito acusativo; anterior (METÔDrCA, § 921, obs.): Obriguei-os a esluclar
o infinitivo permanece invariável: " mandei-os sair", "fi-los antes de partir para as férias - Convidamo-los a vir até
trabalhar", "vi os meninos correr e desaparecer" e "deixai os nosso escritório ames de tomar qualquer decisão.
pe<i,ueninos vir até mim'', "não nos deixtís cair em tenta· OutJ'O deve ter· sidu o redator que no mesmo jornal, e
çào ', "observando os caminhões passar". com a mesma naturalidade, atirou-nos este solecismo: " Co-
Q.uando nas oraç<ks infinitivo-latinas em que o sujeito mo. poderão o congresso e o presidente trabalharem jun-
é expresso por um obliquo o infinitivo for constituido de tos?" Sim, senhor; a que atrocidades estamos sujeitos: eles
verbo pronominal, manda a eufonia (a eufonia é decorrên- poderão trabalharem, nós vamos cuidarmils, devemos prosarmos...
cia do uso) que não se empregue o oblíquo do pronominal. E dizc:r que houve quem reclamasse de nossa conclusão pu-
Assim é que não dizemos: "Fazendo-nos scnrar-no.1 junto blicada anos atrás: "A conjuga~ão do infinitivo é a maior
d~ si" nem, "Fazendo-nos smtanno-nol'' !construção arrepian- prova da putrefação do nosso idioma ou, para maior suavi-
te), mas, simplesmente: " Fazendo -1ws smtar". dade, é conseqüência de confusão com o luturo do subjun-
Ouçamos para o caso o professor Alvaro Guerra: "De civo ou, ainda mais delicadamente, é resultante necessária
boa sintaxe, pois, são os seguintes to rneios de elocuçào : da falta de esrolas".
"F.u-me recoráar do passado" - " Fez-te arrepender dos teus K) t. PREPOSIÇÃO E INFINITIVO - I) Q.uando o in-
crimes" - " Faúa-nos curvar ante a sua majestade" - em fini(ivo, juntamente com a preposição a. equivale ou a um
vez de : "Faz-17U' recordar-me do passado" - "Fez-te arrepen- particípio frrt>t1# latino (Flores .a recmder cheiros - flores
der-te etc. A duplicação do pronome âtono, em tais expres- recendentes) ou a um gerúndio (Andavam a entrar-lhe por casa
sões, evita-se simplesmente por eufonia. A mesma sintaxe, - andavam entrando), usa-se a forma não flexionada: Se-
aliás, se nos oferece com os verbos mandar, deixar, vtr, ouvir culares a tksfrutar cinco ou seis abadias - Flores a recender
etc., quando, conjugados ou não, regem um infinitivo em ch~iros vários - E tu a reprovar - Os santos a pregar pobre -
idênticas condic<ks: " Mandou-no; sentar" - "Deixou- za, a persuadir-lhe humildade - Todos trabalhavam, mas
nos levantar" _: "Viu-nos deilar" - " Ouviu-11os queixar uns a construir, outros a destruir - Nós a esclarecer o assunto,
da sorte" - "Ele não nos deixará enganar". vós a simplesmente negar - ... um epic<.•-rmo de criS<" insti-
Embora somente o pronome reto deva funcionar como tucional, com ondas a se propagar pelo resto do país.
sujeico, há esse caso em que o oblíquo desempenha essa fun- 2. Mesmo que o infinitivo regido da preposição a consti-
ção. TaJ se dá em orações em que entram os verbos tkixar, tua complemento de substantivo ou de adjetivo, emprega-
faur,17Ul11dar, ouvir, sentir e wr quando esses verbos têm. como se, de preferência, a forma não flexionada : Destinados a
lofinitivo pnsoa1 Infinitivo pnsoa.l 155
coiiJlpir grandes coisas - fadados a prusar- Tendentes a " Q uando, na redação da frast:, grande número de palavras
udlmtlcr - Condenados a pagar pesada multa. mediam entre a primeira e a segunda forma infinitiva, nem
A mesma preferência tem o infinitivo não OC'xionado quan- sempre fere o ouvido o supérfluo c inconveniente da flexão
do constitui complememo de substantivo ou de adjetivo, a esta desne<:essariarnente impressa" (Rui ). - Ao mesmo
qualquer que seja a p•·eposição: Estàncias de propósitO tempo que pttmitc, acha Rui desnecessária a flexão; o ou-
jalmcadas para hosptiÚlr os peregrinos- Penas para escrn1tr car- vido se esquece c.la subordinação, e dai provém a su~rflua
tas - fnJlT"ummlru para lavrar a terra - DtsejoJOJ dt aka1tfar e inconveniente llexão do infinitivo.
vitória - Olhos GaiiJIJdOJ rk a chorar - O diuito q ue nos cabe Vejamos mais este exemplo em que.-. como em outros
tk sn ciosos de.- nosso idioma. dados logo acima, o primeiro infinitivo, por vir próximo
PrtpartUkJ para SOFRER- Assim devemos dizc.-r, sem fle- do verbo subordiname, encontra-se na forma não flexiona-
xionar, por completamente desnecessário, o infinitivo : " Avi - da, e estão flexionados os outros infinitivos por se distancia -
sados para partir de madrugada. cuidaram de dormir cedo". rem do verbo subordinante: Praza a Deus que Boliva.r, San
Nem bdeza nem clareza existem na pessoalizac;ão de infini- Marún, Nabuco e tantos outros continutm a imitar os servos
tivos dependentes de panidpios já pluralizados: cans.1dos de deste Novo Mundo, a pt~mtguirtm na sua marcha e a manJe-
sojrtr, ansiosos por chegar, destinados a conJeguir grandes coi- um vivo o fogo... - Releiamos o c:-xemplo sem flexionar os
sas, fadados a não passar, inclinados a desmhdr, pn:ocupados dois últimos infinitivos e veremos que ê realmente "sup(r-
com drixar rud o em ord~1n, penalizados por rNr" tanta des- Oua e inconveniente" a flexão.
graça , empenhados em S0((11Tn as vitimas. Repi5Ctllos o a.uumo: "Dq>ois r:k SERRAREM as grades
Acwados dt ESTAR - t o utro t>xemplo de.- completa des- e FAZER uma "ter<:sa" (corda com lencóis e canúsas), oito
nccnsidade de Onionar o mfiniti\'0. Qualqur:r qu!' sc.-ja a presos fugiram omem de madrugada da cad<:ia de ltapttc-
p rcposicão, o infinitivo não deve vir flexionado quando rica da Serra".
complt'TTil'nw de substamivo, dt> <t<Ijc:-tivo, de parudpio : fa- Não conhecemos o delegado da cidade paulista nem sa·
dados a MORRER - enviados para IM PEDIR o alastra- bemos se ele ou outrem redigiu a notícia. Conquanto encon -
roemo da doença- desejosos dt ALCANÇAR - cansado> trávcl a incoerência em autores de maior aut~ridade lingOis-
de PEDIR - Cabe-nos o di•·dto de RECLAM AR - duros tica do que policial, o exemplo evidencia a inseguran<;a e
de ROER- can:as por ESCR EV ER. a um tempo a desnecessariedadc.- da concordância do pri -
A pessoalizac;ão do infini tivo dos nossos verbos, fenôme- meiro infinirivo. ~ tam~m.faur se refere ao sujeito "prc.--
no gramatical de procedc'ncia duvidosa, deve limitar-se aos sos" e nenhuma dificuldade de compr<.-ensão tr.12 na forma
casos de real necessidad .. d.- widc.-nciar, de identificar, d~ in- impessoalitada, por que flexionar o primeiro infinitivo?
dicar o sujeitO, e não >ubm•dtnar-se a c:apricho5 de esülo. Nesta segunda notícia - pelo menos o delegado é outro
"Os jovens viciados em vl"r tl"levisão aprendem desde cedo - vemos agora dois infinitivos abusivamente flexionados :
a cartilha da violência. tornam-se incapazes de RACIOCI- "Q..uirue presos fugiram ontem de madrugada depois de
NAR, de REDIGIR a Ira><' mais simples" - é a consrrut;ão DOMI NAREM os dois carcereiros e ENGANAREM a equ i-
pormguesa, limpa da extravag-ante e tola Oc:-xào dos inllni- pe de seguran~<l exte111a do prédio''. Não cabe agora basear
tivos. a concordância do infinitivo no distanciamento do sujt'ito .
"Tt'lllOS liberdade de CONSERVAR o processo seletivo" Dêem à llexão o nome de distração, de esquecimento, até
- "Temos capacidade de EXERCER nosso mister"- "So- mesmo de erro; não tentem po.-ffn justiflci-la com o afasta-
mos capazes de ENFRENTAR a siruação": Onde a necessi- mento do agente.- da ação verbal: infinitivo não é bola que
dade d., Oex.iona.r o infinitivo? Ame a falta de escolas. ou se chute dr acordo com a distância.
melhor, de professores que se d~em ao trabalho de preser- M ) PARECER - Tanto podemos di~:tr "'Eles par~cem es-
var a última flor do Lácio. longe não estamos da consau- tar doemes" como "Eles parecttscarem doentes".
c;.âo "nós vamos l"sforcarmo -nos" , "devemos fazermos", No primeiro caso (Eles parecem estar doemes) o verbo pa-
"V"".lo wdos plantarem ba tata s''. recer está empregado como verbo de ligação, sendo seu pre-
EJiradiJ.f di.fic~ü de PASSAR - T;~mbém não se llexion.a o infi- dicativo "estar d~ntes": Eks (sujeito) partctm (v. de ligação)
nitivo que, complemt'ntO dt• suhstamivo ou de adjetivo, estar domtts (predicativo}.
tem sentido passivo: Ü>>Os durm de ROER - Cartas por No segundo caso (Eles pareu tllarnn doentes) o verbo pa-
ESCREVER. Nem Soares Barbosa nem Frederico Diez nem rectr está emp~gado imransitivamcnte, isto é, com sentido
ningué-m encontraria ju~tífk;llàO para a pluralização do in- completo, e é seu sujeito "estarem doentes" - ~uivalcn­
finitivo nes.~ caso. do a orac;ào a "Estarem elt"s d~ntes parece" o u •• Q.ue eles
L) POSIÇÃO - DISTÀN CIA - Quando um infmitivo estão doentes par<"ce".
preposicionado precede ao v,.,.bo regente ou quando, quer O verbo partcrr, pois, quando o sujeito da oração ~lá
preposicionado quer não, vem disranciado do verbo rcgen- no plural. faculta esras duas construçaes: I. Eles parecem
t~, a clareza per-mite a flexão mesmo no caso de serem idên - estar doentes- 2. Eles parece estarem doentes. Nada. por-
ticos O$ sujeitos. tanto, dcvt:rá csrranhar-nos a Oexiio do infinitivo quando
Exemplos de infinitivo preposicionado ames do verbo o verbo pareetr estiver no singular, nem a não flexão do in-
regente: Para $C consolarem, os infelizes dormiam tranq ai - fmitivo quando o verbo parun vier no plural: Escudos que
los - Na expectativa de snmos atendidos. muito lhe agrade- 05 compridos saios de malha pareciam llmllll" inúteis - Que:
cemos. pareciam desprr.Ar as tribos bt:rberC's - Que parece t71loa-
Exemplos de infinitivo distanciado: PoJ..~tU tu, dcscendc.-nte rtm-1Ms já o hino da morte- LarM;as que JNirtcia mcammha-
maldiro de uma rribo de nobres guerreiros, implorando rtm-se - Os quais lhes partuu dirigirnn-se para os lados do
cruéis forasteiros JtrtJ presa de vis aimorés - .Dtviam-no célebre mosteiro- Tais condiçcks me parecia rttuúrnn-se.
lrour todos vocês nas palmas. IÚlr mil graças aos céus. e N) EXCLAMAÇÕES E INTERROCAÇOES - Nas ex-
acab4rem de crer - Foram dois amigos à casa de outro a l.m clamações e nas interrogações o uso do infinitivo flexionado
de f!OJJaum as hor.IS da sesta - Viam- se lampejar as armas mostra que se quet· referir a ac;ào c.-m especial a certo sujei-
nos visos dos dois tíltimos ou teir~s que por aquela parte to: Tu, l-l ermcngarda. recordares-te? - AssaJ.Iinares uma fra-
rod~vam o campo, c agiúlrtm-se onda.s de vultos humanos ca mulher!
e sumimn-se. onda após onda - As aves aquáticas redemoi- 0) ADVERTtN ClA - Niio conFundamos o írifinitiuo
nhavam nos a.res ou pousavam sobre as águas, e pareciam, pmool com ojutuTo do subjurtllw; em "Ganharemos se mne-
nos vôos incertos. ora vagarosos. ora rápidos, folgarmt com umtOJ" não existe infinitivo mas futuro do subjun tivo. A
os primeiros dias da estação. confusão diminui, ou melhor, desaparece quando o verbo
Vê o leitor que.- a imcrcalac;ão de palavras ou frases entre é dos irrcgula~s que trazem essas formas verbais diferen-
o verbo subordinante e o infinitivo pode causar a flexão : tes; prestam-se, por isso, para a verificac;ão do real tempo
156 Infinitivo seguido de dois objetos Infonunistica
empregado: " Ganharemos sejiumws (jamaisjaurmoJ) dois .oeu imuio. (segundo objeto de con~-idar).
pomos" - o que demonstra ~-r futuro do subjuntivo ( não 2' ftm~ta: "Para convidá-lo e co>lvidar (repetição do infini-
infinitivo o merecermos do primeiro período. tivo) seu irmão".
Se confrontaro1os o infinilivo pes.soal com o futuro do J' ftmn11.: "Para convidá-lo e a seu irmdb" (segundo objeto
subjuntivo dos verbos regularts e de muitos irregulares, direto preposicionado para clareza).
notaremos haver igualdade de Oexão. Infinitivo pessoal: [nflambel - V. i11.
amar. IJIMrtJ, ll1710T, amarmos, amq,rtÚs, amarrm . Futuro do ;,ub- lulligir, lnfringir - Não confundamos estes dois verbos. De
juntivo: (J!TfiM, amq,res, amar, arMrmos, amartks, IJm(lrem. Não infligir o étimo é o latim jligo, bater, ferir, donde o nosso
sr dá o mesmo com uns tantos verbos irregulares;fazer, p. signilicado de aplirAr (castigo, pena, repr~nsão): "Não me
ex., conjuga-se no infinitivo pessoal: fa:ur, faum, Jazer, Ja- era fáól ~or as penas que me inflifju a sorte" - " ··: p~nas
umuu, {aurtks, fauum, mas no fururo do subjuntivo as for- que lhe i'!f6ge urn iuiz justo" - ••... os jej uns que ~ •rijü&n11
mas são: quando eu jiur, .fiurt s, fiur, ji'UmiiJS, fiurdts, fi- por mortificação" - " ... flagelos que as nações se •7ifli.gern"-
urem, porque esrc tempo se origina da terceira pessoa do São seus cognatos a-Jiig-ir, pro-{lig-ar, a-flit-o, con-flit-o.
plural do p retérito perfeito, rnediame supressão doam futal: De irifringir o ~tirno é frango. que sigJ'Iifica quebrar, donde
fiur(am) . O futuro do subjuntivo do verbo vtr, à difercnc;a o significado de violar, mi" obmvar : " E as focas, iiifringindo
do infinitivo pessoal (L-n-, 11t1cs, lltr, vermos, verdes, vtrtm), o natural costumt", subiram rio acima" - " O que •nfrínge
é : quando eu vir, quando tu vire>, quando ele vir, quando os preceitos da boa moral deve ser tido corno capaz de gran-
nós virmo.<, quando vós virdes, quando elo!s virem. Provém de des crimes". São seus cognaros frang-fvtl, Jra11g-aVto, frat -ura,
t~r(am). (4.'>9, n. I, ao pé da pág.). Jraç-oo.Jrag-or, M!l-jrág-io, in-frt•ç-oo. in-fring-lnciJJ.
Se a confusão l; difiàl em tais poucos verbos irregulares, Inlluir - V. C111IJII'IIir.
toma-se ela fácil nos demais verbos. Somente essa confu- Informar - Perguntado certa vez se se deve dizer "informá-lo"
são explica o erro desw d uas conslrUções, enconrrada a ou "informar-Ih~" demos esta resposta : Q..uando dtívidas
primeira em útulo de artigo de jornal, a segunda em prefá- nos assaltarem no atribuir a determi nado verbo transíúvo
cio de livro de latim:"... renda de quem reoo!Jti-la na fome" a rtgencia direta ou a indireta, de um procrsso podert-mos
- " ... se a gera cão de agora limitar-se ao estritamente essen- lvo<:ar mão: Ê sabido que o s verbos itansitivos diretos podem
cial". Em ambas o pronom~ está mal colocado; o futuro ser empregados na voz passiva. Se é possivd dizer, passiva-
do subjuntivo, como o do indicativo, não permite a pospo- mente, "ele foi roubado" , é sinal de que "roubei-o". ad·
sição do oblíquo ; i: erro igual a dizer "de quem fué-las" , ,.31n cnte, é const.ru~ào segura. Transportado esse processo
"quando pusê-las de lado", "se disser-te outra vt:J.". para o nosso caso, ~ doi.~ segun_dos se d~sfará a dúvi~~­
Se a primeira das construções mais acima citadas foi redi - Não dizemos. na passtva, Ele foo mformado de que... ?
gida por quem fez curso de jornalismo, e a segunda por Essa consttucão (!bastante para mostrar a regência do verbo
quem se laureou em !erras clássicas, como aceitar a "inutili- infonnar. Se "dejt>i informado dt que ..." dizemos, éporqut" "eu
dade da gramática"? A andar n(:sse pa sso, a cal de "li rl - inform<'i-o de que" é sã const,.uçào. Ext-mplos não faltam
güística" que certos professo-res se puseram agora a propa - que essa regência. confirmem: " ... informando-o d~ que a
gar rm nossas escolas irá reduzir a língua ponuguesa no Bra- frota dos cristãos se compunha ..." - " Q..uem podeda in-
sil, daqui a umas duas ou rrts gerações, ao nivel do lingua- fonrui-lo tkJ destino de Albertina?" - " ... para ~ informar
jar das cozinheiras de hoje. tWtutlt tal objeto".
P) - CONCLUSÃO -Devemos limitar a Oexão do infini- Em vez de de, encontra-se ainda a pre~si<;ão solrre : "Mon-
tiv~ aos casos de real ne<essídadc de identificação do seu çaíde informou o prudente Gama sobre as armadas q ue to-
sujeito. Não verificada essa neC('SSidade, deixemos intacto o dos os ano s vinham" - " ... informar o leitor solrrt o que o
infinitivo: O ministro exona os bancos a corrrr nscos compa- mundo tem de vir a saber a respeito do tendeiro".
tíveis com a sua envergadllra - Esforçam- se por faUT o Não podemos, no entanto, deixar de aceitar a regência
máximo - Convidamo-los a IJl>Útir ao casamento - Pre- "informar a alguém uma coisa", da qual não faltam exem-
parados para e4'ferltar a siruação - Fac:;a -os.ficar quietos. plos de bons autOres: ~Apenas IN informaram IJIP: os bens
Menos erra quem não flex.iona um infinitivo do que quem de Domingos Leite haviam sido confiscados" - " ... posso
na dúvida se arremete a fazê-lo. " Distância", ''esquecimen- informar ao Mendes que... "
to" são desculpa.s para constr~<;<ks como -~ de um edito- Com o significado, pois. de avisaT, partiapar. i: o verbo
rial: " ... os desabngados, muotos dos quats trveram de dor- informar sempre duplamente transitivo ; se a pessoa for obje-
mir <oo relento depois de HAVEREM perdido um dia de to direto. a coisa será indireto; vice-v..rsa, se a pessoa for
trabalho". O sujeito e um só e foi já cnunóado; não x po- objetO indireto, será direto a toisa : "informei-o de que" ou
de aceitar o pretexto de "clareza" para a flexão< é por o urro " informei-lhe que" - ''informei-o disso, sobn- isso" ou
lado incom•ersivel o infinitivo em modo finito. Redijamos "informei-lhe isso". V. avúar. V. ol>edew.
sem medo: "Tivemos de engolir a peta depois de OUVIR Infonuní!tica - "Há em Medidna Legal um capitulo que 1·r a-
a resposta". ta dos Aódcnu:s do Trabalho e das Moléstias Profi~ionais.
O abuso cada vt:J. maior da pcssoalização do infinitivo é Deu -lhe conheódo autor italiano o nome de INFORTUNIS-
uma da1 várias provas da continua deteriorização do no:>SO TICA e o termo granjeou entre nós verdadeira consagra-
idioma e da inseguranc:;a de sua ~íotaxe para a expressão do ção. Flamínio Fávero, L=nld io Ribeiro e Afrànio Peixoto
pensammto. intirularam "Noções de INFORTIJN!STJCA" um livro de
O próprio Soares Barbosa abri u a comporta para o chor- sua au toria. !NFO RTUNfSTTCA é o termo que consr.a do
r ilho dt' pessoalizações ao incluir na segunda pane d e sua Prognma de Medicina Legal da Faruldade ae Direito de
regra o infinitivo posposto a uma PCCJ>?sição como pretex- Sio Paulo. Como se formou a palavra ? De INFORTUNIS-
to para a flexão; o OCt'Ttlplo do editorial passa a rer sua jus- TA não foi; !ai vocábulo não existe em port:uguês; de IN -
tificação, mas a ninguém deve então causar estranheza este FORTÚ NIO seria impo~lvel."
aviso de porteiro de prédio: "Pede-se aos senhores passa- - Não há que pensar no vernáculo para a explicação eti-
geiros a fineza de, ao ENTRAREM ou SAÍREM, FECHA- mológica do termo . Já assim formada e nessa acc:pcào rece-
REM as portas do elevador". bemos a palavra do italiano, onde vive: e líogüisticamemc:
l nfinitiYo Rgllido d e dois objetos, um con stituído de oblíquo, se explica. Só nos resta aoolhê-la, urna vez não existir em
outro de nome ou pronome - A construção será wna destas português e possuí-la uma llngua irmã. Desne<essárlo será,
três : ou se repete o primeiro pronome p recedido de a, ou poi s. recorrer ao grego para o caso, conquanto a língua
se repete o inf"wiúvo o u se preposiciona o segundo obj eto: grega - " sans laquelle, no d izer de Rabelais, c'cst hon.t e
1• forma: "Pan coovidá.-lo (primeiro objeto de COftvidar) qu'une personne se dise savame" - se preste admiravel-
a voei (repetição do lo, sob a forma reta, prt-cedido de a) e mente, sobrttudo em assuntos técnicos c científicos, para
ln&a Inspiradora 157
a formação d~ novos termos; raJ direito, entr~tanto, de ba- INJU - Iniciais da fom1a latina da inscrição escrita em três
tizar as oossas coisas não deve pertencer exclusivamente a línguas por cima da cabeça de J esus crucificado, para indi -
ela; a italiana, a. inglesa., a francesa, conforme os cuos, d~­ car a causa da sua monc- (São Ma(eus, 27-37 ): ltJus Na'LIJJ't-
vem, para fms derivativos, ser considera.das no mesmo pla- nu.s Rn Jtukonun (Jesus nazareno, rei dos ju~s ; os ü corres-
ne que a laôna c a grega. 630.1, " ica". pondema_ú).
Joh - Advérbio latino, de uso em portuguk; significa "abai- lnsãuia - Q..uando realmente latina, a tenninac;ào ia é átona;
xo", "no lugar inferior": Os infra-assinados. Na escrita insânia, palavra criada no próprio latim de insanw mais o
corrente não há necessidade de grifar a palavra quando sufrxo la(ino ia, é proparoxítona: insânia. Mais alguns exem-
empregada como advérbio, o q~ ocorre raramente; quando plos de palavras fomtadas dentro do próprio latim: inbpia
empregada como prefixo exige hífen antes de vogal e antes (de inops, desprovido), wsdnia (de vesanw, louco), ignomínia
de lt, r, s: infra-oilaw, infra-lupático, infra-rma/, infra-lCIII. (de ignomm, não reconhecimento), lttilia (d o hebraico lttJúiA,
lo&aYcnndbo - De di5tinto e erudito mMico recebemos ob- alto}.
jeçlo quanto ao plural "raio s infravermelhos". Inserir - V . tUhrir.
Somente a abusiva hifenização do Formulário Ortográ- Inserto, Inserido - "Essa regra encontra-se inserta ... está iruertll
fico de 1943 pode levar- nos a considerar infra preposição ... ~rmanece inserta ... continua inserta ... ficará inJtrta ... " -
em vez de prefiXo. lr~fra, quer preaeda ;;ubscamivo (i'!fra-scm), Assim se diz, porque corri função predicativa o participio
quer adjetivo (irifra-rmafJ, é prefix.o, i: elemento fonnarivo irregular é que se emprega.. O verbo inmir tem dois particí-
de vocábulos, c não vocábulo de vida independente. no pios, instrido e instrlo, e não foge da regra, ou seja, emprega-
cuo preposição ~ue se acompanha de regime: as infra -tJUJ- se inJnido na vol ativa, instrlo com os verbos óe ligação ou
VIlfÕCS, os infra-a.w;riOilos. em f\tncào atributiva. 0Í7;er "A regra está i ~erida no códi-
Se admionno~ "raios infrat'nTTUIMl' para o plural porque go" é tão errado quanto dizer "lírademes foi suspendido na
se trata de raios "abaixo do vermelho", cabe-nos aceicar forca".
o plural "guardas-portão" quando v.l.rios forem os guar- Redija : " Esse proceder viola norma imtrltl no código de
das de um único portão. ética profissional" - " ... a fim de ser üutrlo nos cstarutos"
Se de hióidt u:mos o adjetivo lúoítko pua o composto in- - "São acionados por pilha s imerta.s no organismo" -
jra-hióideo, de wr-tNIAo (o vermelho) q ue adjeôvo iremos ter "Seu anúncio instrtAJ no jontal".
senão tamOOn vmtttiJw! o único rulpado do engano. rer~­ " ... sob a forma de oras diárias insniddJ em jornais". Não,
rimos, é o hífen, hífen acadêmico e conu:aditório. caro redaror; se o senhor não tem unta gramática que lhe
lofringir - V. infligir. explique o que é partú:ipio duplo, deve ter pelo menos um di-
Ingerir - V. aderir. cionário; consulte-o e verá que o que temos para o caso é
lnsJatern - Adjetivo pátrio: inglh Q.uando primeiro elemento inurto: ... sob a forma de tiras diárias inserta.s em jornais.
de adjetivo pátrio composto, assume a forma anglo: anglo- Q.ue andará a motivar a imprema, de certo tempo para
anuricano. Não confundir o adjetivo pátrio, que tem a va- cá, o errado emprego do particípio desse verbo? Escreva-se
riante de pouco emprego 6nglia>, com anglitano. que signifi- sem receio de confusão com incrrw (que nio é certo): " Esta
ca " relativo ao anglicanismo. q ue segue o anglicanismo'', observac;ão ~stà instrks na página ..." - " ... o compromisso
ramo católico oficial da Inglaterra não subordinado a Roma. iruert~J no contexto histórico"- " A célebre frase de Joaquim
ln(Vllto - Formas aument:uivas: m,ra~.ão, ingrtita/Juio, ingrala- Gonc;a.lves Ledo, in.strla no Manifesto dos Brasileiros, de
tão, cujos femininos são ingratona, ingrlllalhoM, ir.grattllOTitl. agosto de 1822". V. it{lprimido, impresso; V . porticfpios dupúH.
logreme - O vocábulo íngrrlne "apresenta grandes dificuldades Cr. M . ~ ~9~ -
não só na etimologia mas também na significação e até lo:ieto - Coletivo, quando nocivos: praga; quando etn grande
na prosódia. Apesar de tantas indagações - continua Na5- quantidade: mirí.tuk, nuw.n; quando se dtslocam em suces-
ccmes, depois de ver mais de uma dezena de opiniões - a são: 'orrtição.
questão parece coutinuar sem solução". Voz: cJritrr, cJriruar, tJlridular, sibilar, siiiNJT, rinir, tiz.útr. zoar,
O certo, entretanto, é que a prosódia íngrtme é boje pra- z.um.bir, t unir, zunitaT.
ticamente a única ''-"'da. lnsipiente - Significa não sapiente. ignorante. falto dt siso. imm-
lnhambu - V. AnMmbi. stllo. Não confundir com i"cipimte, que significa "que está
Inimigo - Superlativo sintético: inimicWimo. no princípio", "principiame": poeta incipitrút.
Um cuidado está a exigir a palavra quando substantivo; Insolúvel - Dois vocábulos possuímos: insofúvrl. pa.-a indicar
não devemos empregá -la em ca50S como este: ''Q.uais são o que não e S(l)úvel, o qut se não dissolve (contrato iruolti-
os inimig~ do dube X na p•;meira rodada?" Inimigo não tem vt{) e inMJ/víwl_ que denota o que não se pode pagar : dívida
sentido de mero a dversário, de oponente, de concorrente, imoivível. "h\S(llvável" é galicismo desnecessário.
de emulo. de rival. Inimigo tem sentido mais fone : é o que Aaesce dizer que também no sentido empregado no Có-
tem ódio, inimi~de a alguém, aversão a certas coisas, é o que digo Penal ("Os devedores ... rcputar-se-ão i"solváveiJ, mas
está em guerra; a guerra poderá ser de brinquedo, podet·á não falidos") continua a palavra cou.sôtuindo galicismo,
ser figurada, mas será guerra e não simples competição pois, para o o:aso temos o vernáculo inwlventt'.
dentro de regr.u de um jogo. Stmelhames adj~tivo$ «1rminam em át•d quando provin-
"11100~" - Q.uanto mais ignorante, ranto mais propenso dos de verbos da primeira conjugação: condnuil)l!l, tsiáw:l,
a aceitar novidades é o indivíduo. Somente falca de amadu- louváwl; tenninam em íw/ quando dcrivados de verbos de
recimento explica a aia<;ão de certos vocábulos ou locuções outras conjugações: cabírJtl, oonduúvtl, seduúvtl, ~ofrivel, trans-
ou a introdução de significação nova para palavra~ comuns. piTIIÍwl.
Uma é p ilheriar, é conversar famiharmente, ouo·a é ser "Insol•ável", lnso)Yente, Josolrivel - V. insolúvel.
preten~ioso, fútil, inovador de especiosidades, criador de "lnsonS(l" - V . msosso.
gafasem veículos de Comunicação: "1110bStatiÚ haver assu - Inspiradora - Como outros, o sufix:o dor (ador, tdor, idor) é
mido o cargo há pouco mais <k um mês ... n - A a.rtalogia ativo, produtivo, serve constantemente para criar derivados
f:u lembrar o "aliazmcnte" de velho amigo. novos, é, como chama Carolina Micbaetis, um sufoco vivo:
Inquerir, Inquirir - Inquirir, do latim i"'fiJÍrtrt, significa proru- "A diferença entre os mortos e os vivos consiste em que os
rar, investigar, interrogar; é verbo que não deve ser confun- primeiros eram átonos e de pouco corpo, não servindo por
dido com inqutrir, que significa apertar, usado na expressão isso mesttl(l na língua mãe, sobretudo no latim vulgar, para
"corda de inquerir" (ou inqu.ffldeira, corda com que se aperta formações novas; ao passo que os do segundo grupo são
a carga das b estas); parece ter vindo do grego endttirtin (pôr tônicos, sonoros, encorpados, e entraram nas línguas ro-
a mão em, :~garrar); tem a variante mqumr, usada no Bra- mânicas etn nwneroSOll exemplares".
sil e em PorrugaJ; segue a conjugação de odfflr. Isso em regra. geral; exceções há diversas, quer de sufiXOs
158 Instituto Intervi-vos
tônicos que perderam a atividade produtiva, quer de sufi - é o esp<:lho da cultura de urn povo. As palavras são o suor
xos átonos que adquiriram produtividade na boca do vulgo. da atividade humana; quanto mais operoso um povo, tan ·
Em geral - isto para resumir - o sufixo de forma popu· to maior o vocabulário; quanto mais fecundo um aglomera -
lar correspond~ a um tema popular; o de forma erudita, d o, já de cientistas, já de guerreiros, já de: comerciantes,
a um rema erudito, literário, técnico. O sufiXo dor é vivo, já do que quer que seja, tantO mais premente a necessidade
produtivo e dt> cunho popular; e>te t' que entra na forma- de enriquecimento de expressões e de palavras adequadas
ção, na derivado comum e normal. Trh, ao contrário, sufi . aos inventos, às táticas bélicas, às modalidades de c;omér·
xo erudito, pl'l'deu vida; existe ou como forma feminina cio. Se possuímos dois adj etivos - fnugro e integral - com
erudita de sub>tantivos ern d"r ou em lor (em/;aixalriz., impe- variantes de significado, de admirar não é que formemos
ratrh. alrit, fautrit. ;roatrit) ou como ~ulixo dt> suiJstamivos e usemos integrar e inttgralítar. para que correspondam à
femininos de significação própria, geralmente eruditos ou respectiva diferenca de sentido dos adjetivos.
tc'cnicos: perfuratriz., dirttri7., gtratrn. E.rn "ações inúgraliuula.s'' a relação é com o ad1'tivo inu-
Não se dirá " Fulana c' a diretriz. do grupo escolar'', porque gral e não co~ íntegro. Em matemática diz-se inJtgrar, para
dirtlm é nome feminino, de significado próprio, erudito, indicar o ato de determinar a integral, mas tnltgral é aí subs-
técnico, e não forma feminina do substantivo ou adjetivo tantivo e niio adjetivo.
dirrtor. Tt-nha um ou mais signillcados, próprio< ou u ans- Para o emprego discriminado dcsse"s verbos devemos
laws, terá essa fonna emprego próprio. técnico, erud ito. pensar na disctiminat:ão de sentido entre ínltgro e integral:
O mesmo se aplique a perfuratril. (máquina que serve para "Fulano inttgrou-se na ideologia do partido" (Ele está i me·
perfur.,r); é substantivo feminino, c não forma feminina. grado, Integro, e não inttgral, que teria outro .entido).
Ou se diz .. Comprei urna pe-rfo.ratriz." ou " COmprei uma má- Por mais completo, não consegue um d icionário acompa-
quina pe-rfuradora" , porque o · feminino de ptrfurtliÚlr é pnju- nhar a vida de um povo. Se temos o radical, se temos o sufi-
rodora. como de d!frlor f diutora. xo. por que ti tubear ? Sem sair desses adjetivos, veremos
Conclusão: A forma erudita i11J{Jiratri1, se um dia entrar em dicionários dois advérbios: inügrammlt c int•gralmmtc .
em nosso vocabulário (No vocabulário da língua, não nesses Pol' qu~ ? A cada adjetivo - uma vez diferentes de significa.
ambntoados d e páginas borradamcnte impressas pela fá- do - a correspondente ronna adverbial. Pot' que, pois, não
brica de acentos " Academia Brasileira de Letr.,s", chama· admitir dois verbos, integrar e inúgra/iz.ar1 Nada de manco
dos vocabulários ortográficos), será substantivo feminino, existe q uÍI.ndo o vocabulário baila à música da necessidade
de signifieação restrita, prépria - nunca. porém, forma combinada com a gramática.
adjetiva feminina de in,pirador. integro · Superlativo sintc'tico: inügirrimo.
lnsôruto de Educação - V. artigo. lntrirar-se . Cuidado com a conjugação: o certo é " eu me
lnsuuir. V. bulir. i11Uirc", "é necessário que ele se inteire da si tua~ão". V. alei-
l mtrumeoto - Coletivo, quando cirú.rgico: aparelho; de artes jar. Gr. M. § 444 .
c ofkios:jtrranunla; de trabalho modesto, grosseiro: traUta . lntemet"ato, Intimorato - É grosseira a confusão entre estes
l nsub>isteute. V. subJiJlir. dois adjetivos ; inlitMTaJo diz-se de quem é intTépido, deno-
l nsulso - V. msos.sq. dado. destemido: guerreiro irllimora/4.
losulruoso . É ow um dos sufiXos de mais largo emprt-go. já lnlerntralo di~-se do que é inviolável, sem mancha, puro,
em la lim já em português. Parece, para quem recorre a uma incorrupto: virgem inlrmrrala; verdade e fé intnneralas. V.
analogia falsa (verttoso, gostoso, ditmo, viltoJo), que dcvt'l'á timorato.
st-r ''i nsultoso", ma.s assim não é. Os nomes em latim per· loteoçio, lntcnsão . São palavras distintas, como distintas' são
tenccntes à. quarta ded inacão fonnam esses adjetivos em tenção, tt mão; retmç4o. rettmào: co11tt11çào. conlrnsão; Com ç,
''uosus". t o ca so de tumulluoJo (e não tumul(l)so), visto ser as for mas coJTespondem à> latinas em que aparece I seguido
" IUmuh us" vocibulo da citada declinarão la tina. de i ou t mais urna vogal; as com J, às formas latinas q ue
De inJultw, nome da quarta, o adjetivo vernáculo ê inJuJ. trazem essa letra:
t"oso, ou por ter txibtido já no lat im ou por segura e erudita ltn{ào - desígnio, propósiw; assunto ; divc:rg~ncia, mal·
analogia com outros adjetivos derivados de nomes da quar- querença ;
ta declinação latina: atuoso. cultuoso, defeituoso, estuoso,fru.tuo· tensão - estado do que é tenso ; tensão dt' urna corda;
jO, lutuo.<o. 5ilwol(), tmtuo.fO, vuU~<oJo (nào confundir com w i- rtltnf<Ío - atodereter; posse; delonga, det e n~;ão;
IO.Io) e t C. rtterlJijo - tensão muito fone; nova tensão ;
Imumo - É neologismo, criado, quanto à forma, por inOuên· in/rof4o - imemo, propósito;
cia de coruWIUI; provém do verbo latino iruumo - que signi· inúnsão - ato de imen.sar, inll'nsidadt>. V. CQntençào.
fica tkspm.dn, g4$lar - e é empregado como substantivo lntcndcr (superintender) - Não confundir corn tnttndn !com-
pat-a indicar mat~ria - prima. o que w consome na là.bri<-a· preender).
ção clt· algo, o que é básico para uma decisão: "A redução lnteosio . V. intmçâo.
dos inJUmos info rmativos e dos inmmo.l críticos reduz a cria - Inter . O vocabulário português de 1940 l:scla.rcce que este
tividade individual". prefiXO Í' acompanhado de hifen quando seguido de 't fone-
" lnsurmontáver• • Estrangeirismo inrolcrável; temos inexct· ricamente independente, ou seja, de r que se p ro nuncia di s-
diwl. afora outras palavras igualmente expressivas, como tint:arnente do r final de inttr: mltr·rlia«'W. in.tn-reJi.sUnte.
iruupe-rávtl. inwnáwl. indOI'IUÍl-~1. Se inter-rti tem os elementos separados, inurrtgno ~ão tem
Integrado - "A comissão foi integrada de pais c mestres" - porque agora a pronúncia dos dois rr é conjunta; e, assim:
não tem sentido. E tolice igual à de escrever "A comissão interruptor, interromper.
foi inteirada dt- pais e mestres". Urna comissão pode ser Íll· O vocabulário brasileiro d e 43 não apresenta, mas segue
ttgrada ou inteirada quando for completada de um ou alguns essa norma ; nenhum deles, porém, làla em independên-
elementos faltantes: "A comissão foi iTIItgrada por um ope- cia fonética em casos como comigo, que ningu~m pronuncia
rário que se apresentou espontaneamente" - " Tenho já erradamcmt' "co-migo" não ol>sla ntf' nã o haver ai do i>
dC2 jogadores inscri tos; quem se apresenta para inttgra,r o · mm separados po r hífen : com-migo. São gra<;olas da nossa
quac:Jro?" ortografia.
Nenhum desse& verbos é sinônimo de comliluir, forrnar; lotcr-pócula - Locução la tina que significa "entre copos",
em português, ou melhor, em linguagem dt quem pensa, no ato de beber no festim: Discursar inter pócula - Tornar
" uma comissão é corulituída de pais e mestres" - "o con· uma dt>cisão inter pócula - Agir inter pócula (agir como
K'lho éjorrli(Jdo de industriais"- "a representação era corn- bêbedo).
pruta somente de a.lunos". Inter vivos . Locucio latina que significa "entre vivos", entre
Integralizar, lntqvar · Se o esólo reflete o homem, o idioma p<:ssoas que estavam ou estio vivas: Doação inter vivos.
Interditar lpueira 159
lntcrdii:U", lntft'dittr • l merditar, ' 'erbo poSUIOminal transiti- lottovertido . V. txlrovtTiido.
vo direto, formado de Í1tlndiúJ, significa j:lrOnUIICiar interdiUJ Intuito- A pro núncia éin-híi-hJ. S50, n. I , a .
conlTa: " A Prefeitura interdiwu o prédio" - "O juiz interdi- lo•és. A grafia é com s <S78). V. oo invés de.
tuu o marido". Intndiur significa meramente pro ibir, vedar, lon:stir • " Investir capitais" é anglicismo já arraigado em
('se conjuga como o simple-s diur: /nttrdil»t. portugub; o verbo inglês invtst, além das significações de
O me~mo se passa com contraditar (apre~mar <:Ontradita a, wstir, OI"IUir, çobrir c outras, rem a de tmprtga-r (capitais), apli-
impugnar a razão alegada pela parte contrária) e ctmtradiur car (dinheiro). Em legiúmo ponuguês deveríamos dizer
(afirmar o comrário), conjugando-se aqut:le verbo regular- emprtgllr dinheiro, aplicar capitaü, tmprego, aplicação de recursos,
mente, este de acordo com dizer. mas a expressão inglesa predominou c tem o derivado inws-
lntcr(:ssar . Significações, regências, p ronúncia: timento já consagrado. 0 $ rermos técnicos e cienúficos dwe-
- (dar interesse material, prender a atenção, a curiosida- riam viver i.n terna cionalmente somente quando sem cor-
de): 1meressei -o nesta empresa - Procure o mestre i meres- respondemes nos v-J.rios idiomas.
sar ru meninos em repararem na cor dos cavalos. - Q.uanto à conjuga!'. io, veja aderir.
- (ser proveitoso, dizer respeito): Isto imeressa a todos Invicto (sempre vi torioso) · Não confundir com i111JÍto (i nvo-
- ...falar de objeto que imercsSJ. á fdicidadt' de ambos - luntário).
Meus doteS não 11tt interes~ - Isto não lltt interessa - ...io . V. b<ifro; V. tsládao; V. unitórnio.
Interessa -lltt conhc«r o diretor? Iõoio . H á, att o moml"nto, hesitacào no dar a ~$ta e a ouuas
- (tomar imeres54.'l pronominal: Como de passagem nos palavras provindas de palavras gregas terminadas em on no
interessamos por uma flor. nominativo a forma conveniente e, principalmente, unifor-
Na conjugac;ào, as fonnas rizotônicas() 439) u:m o' aber- me em português. Para que o leitor se inteire dessa hesi ta-
tO: que eu me iniLrisse. ção, aqui estio dois exemplos. Enquanto Laudelino Freire
lnterim . É palavra proparoxítona: Nesse f11terim ouviu-se dá quat•·o fonnas 11ernáculas para o grego anién ( 1111iâo, anio -
trinc.ar uma chave. 1lt, anio1w. <mioute), Càndido de Figueiredo dá uma úni<;a
Interior • Emprega-se subscandvamente para contra·scar com (aniono), Aulete duas (anião. d11ionl e Rebelo Gonçalves uma,
capital (José mora no murior tt st>u innào em São Paulo) e diferente de todas as anteriores (enion), para dizer que é
para contrastar com liloral (Pet·corremos o litoTill e o intmur melhor que aniào.
do Bra)il) . Enquanto Liluddino Freire mu uma só fonna para o gre-
loterKcçào V. ução. go eleclTon (tlttrdnio). Cândido de Figueiredo e Aulete tra·
" lntcrtda" . Com o prefixo mlrr- mlrtlrla - é que se escreve 2em duas (tlictron, tlutrônio) e Rebelo Gonçalves trc'!s: tlec-
a palavra que designa ''e:stofo encorpado e consistente, en- tráo, t lidron, tuctr6nio.
tre a fazenda do fato e o forro" e ·• contraforte de muralha.". Não foi citado ln~s Louro, que defende a terminac;ào
lnteniodo • "Outros motivos mais sérios devem ter inttTVi~" onJt pan tais palavras.
- com n na penúltima sílaba: inler-vin-do. É erro grave de Inclinamo-nos a dar a todas essas palavras uma única
conj ugacão supri mir esse n, uma vez que o verbo é compos- forma terminada em 011io. jusáficando a preferência com a.~
to de VIT: cu tinha vindo, eu tinha reconvindo. eu me tinha seguintes razões: em primeiro lugar corresponderemos à
desavindo, eu tinha inltTVindo. tendência já existente para que se adote essa terminaç.~o;
Os compostos de vir exigem esse cuidado: o particípio em ~gundo lugar eliminaremos roda e qualquer dificulda-
e o gerúndio são iguais; ambos terminam em mdo, pois de para a tonicidadc desses vocábulos; por último, con:;e-
vim/o é o panicípio, e vindo e o gerúndio: "Intervindo com guiremos uniformidade, o que já não é pouca coisa. l>c:s$<1
prontidão, o policial conseguiu impt:dir a fug-a" - "Se ele forma, assim passaremos a escrever coerentemente: onió-
tiv<"sse intervindo com mais presteza, teria evitado o desastre" "io, ca1ií!1cio, cillolr6nio. droterfmio. tktrlmio, idnio, negatr6nio,
- " Responsabilizaram o governo de Cuba por ter intmJindo poJit1'tmio, pr~nio.
nos a.ssumos do pai s" ( ~ 464, 3, obs. 2 , 3 ). ln•óJuao . V. f/U411/idade.
lo timorato • V. inltmtrato. lperoígue . iptrotg. nome indígena de lugar histórico da capi -
lntonaçio • Forma preferível quando empregada como sinô- tania de São Vicente, célebre pelo armistiào aí tratado pelo
nima de mloa{<ia. A palana (erudita; de radical latino. la- padre Anchieta entre portugueses e índios, e pelo P«mo d
tino é o prefixo !lat. fnlono, Qrt). ltirgtm, que And aieta compôs na areia da praia que ainda
Entonação existe, mas fornudo t'rtl ponuS'J~S e de ourro hoje conSCTVa o nom~ que estamos considerando (A cidade
significado (ato de levantar com altivez, ostentar): " O gigan- é UbatWa, porto <:m o utros tempos importante e hoje impra-
te do cabo Tormentoso tntana a fronte ao vê-los" - "E.ntonan· ticável, no extremo none do Estado dco São Paulo)~ t<-m o
dQ o colo erguido aos gritos da razão e da vimade''. acento prosódico no i e seu aportuguesamento é lpeTOfgJU.
lntra • Exige hífen quando rege, como se fosse preposição, " ipsilon" - V. ep$ilo; V.y.
o segundo elemento do composto (lntra-muros) e qualldo lpsis li.ttcrls • Locuç.io latina que significa "çom as mesmas
se liga a adjetivo que começa por lt, r, s ou vogal: lnlra-Ju- letras":· Repl'()duziu o trecho ipsis litlms (sem mudar nenhu ·
pcitico, inJra·raquidiano. inJra-stgmmlar, inJra·auricula-r. ma letra).
lntricar, l n«rincar • A forma legitima, condizente com o latim Ipsis •crbis . Locução latina que significa "com as mesmas
íntrico, arr (embaraçar) é inlricar. O própri o latim tem illlri- palavras", "sem tirar nem pôr'': Vou citá- lo ipsis vnbis.
catura (embara~ol e nossos dicionários definem o verbo, lpso facto . Locuçã.o latina q ue significa " em virtud~ dc:15e
~m como os cognatos (intricado, i11lricamtnto, inlrico, intrita- fato": Ele não pagou; ipso facto não concorreu ao sorteio.
damtntt). na forma sem n, para, no á tar as ouuas, indicá- Ipueira • Do tupi-guarani, compõe-se dos elementos J, água,
las apenas como variantes. mais puma, <:Ornq>tela de poirtJ; este último, com ;u ou tras
Em intricado Aulctt> a firma qu..- "o vulgo d it tnlrincado". formas similares coba. quéra. especifica o fjt't já foi; é Sllfll<o
para afirmar depois, em inl.rincado: " t mais usada esca forma que indica o passado dos substanti,-os, donde a significa-
que int11cado. nasalando-se a segunda silal>a por influencia ção de rfJUtira; curso dágua extinto, br aço de rio que já
da primeira, fenômeno vulgar da fonética". não corre, charco etc.
Scja .por esse motivo, seja por influência de trinca, o fato Um exemplo que clucida o caso temos em cap,_ira, de ptJti-
~ tlut as formas com n ganharam terreno, embora <:01\tinue- ra, outra corruptela de poira, mais aui, mato; vem a sign ifi -
mos a dizer, cona muito aceno, lrica.> (Jat. tricaJ, dificuldades, car o que já fot matO, mato que cresce depois de derrubada
embaraço): "E$tava longe de imaginar as triC4.1 e os ardis a mata virgem .
de 9uc wstumam lançar os litiganrcs para defender ou acu- Mais corretas se.-iam as formas ipuna e C4Jiotra, sem i, equi -
sar' . · vocamente enxertado nessas duilS palavras. Haja vista, cma·e
lntro . Prefi.J(o que se í unta sem hífen : intr~illfmttro. mu itos exemplos, ibirapotra (lbirapue-ra), floresta. velha.
160 Ir "Irrevcnívd"
Ir - t imf>C$5001 nas expressões de tempo, qua_ndo seguido rador de um dos mi\is formosos sonetos de Humberto de
de por, tm ou para: "Vai por dois meses q ue morreu seu ir- Campos. .
mão" - " l a para dois anos que d;\lí tinha saído" - " ... vai Embalsamado o u seco, é vendido no Amazonas como. ,., .
em trinta anos que pouco ou nada obteve para se melhorar" lismã, acreditando piamentt o povo que a posse de um •ra-
- "Eis aqui o q ue eu, uai já em oi to anos, solicitara. a bem da p uru dá sorte e felió dade.
mocidade''. A respeito da voz desse passarinho relata o padre Manuel
~m ditas preposições, ir se flexionará regulanneme: "Já Albuquerque, de Santarém, Pará, o que lhe contou um
lá '!lâo dor.e .anos <Jue ele desapareceu". amigo, antigo comp.tnheiro de infància, aco stumado a per-
Jr a, lr para - Enquanto a empresta a verbos de movimento correr as matas do município dt Tefé. em bu~a de castanha:
idéia de transitoriedade, para empresta idéia de demora, Voltando um dia com o jamaxi (ceStO de .VJme) carregado,
de permanência ou de destirtação. Há diferença entre " Pre- procurei descansa~r um pouco; nu.l me havoa senta~o. come-
tendo rr para casa mais cedo hoje" (vou e ftco) e " Vou a casa çei a ouvir um passarinho cantar, com vol argenona e sua-
apanhar um telegrama" (vou e volto). Outras exemplos: víssima; era o irapuru, e só a delícia daquela voz ~<' fa
" Meu irmão foi. para o seminário", " Meu paifoi M seminário desaparecer o cansaço. Logo que os o~uros pas:;aronhos
visitar meu innão" - "Nestas férias vou para a praia", " Vou ouviram essa vm , aoercaram-se do maravalho so sohsta. Ou ·
à praia veT" como está o mar'' - " Ele deixou de morar no tros mai s foram chegando, c todos, religiosamente, puse-
hotel ; foi para a c;asa de um amigo", "Ele deixou o botei ram -se a escutar o irapuru, no mais completo silêncio, como
mas voh,a logo;joi d casa de um am igo levar uma encomen- se tudo aquilo obedecesse a um rigoroso r ilua!. Eu, com a
da" - "Vá para o infcn10", " Dante foi. ao inferno ames de resolução de sair dali somente quando o passarmho acaba~­
escrever a. Divirta Comédia" - " Este a.v iio vai a Tóquio em se de falar demor ei-me :sentado d uas hor.IS!... e o passan·
20 horas". "Esre a.viio vai paro Tóquio, aquele para Londres". nho não e;._.ouquettu... Nem fn(:smo. no1ei d iminuir o tim-
lr a cavalo - Diz-se " vo u tk automóvel", "vou de •rem", "vo u bre argentino áa sua voz ... Só depots parou o canto, e os
tú avião'', mas se diz nvou a cavalon. outros passarinhos se d ispersaram ou se p~seram, alguns!
As preposições não têm sentido intrínseco em porrugues, a canear. Mas que d iferença de voz! Perd o duas hora.s, e
senão dependente do verbo ou do próprio complememo verdack. !Tia.\ tivt um p~ que me compensou esse tem po,
em que se acham ; não comportam ana~ogias nem '?mp.a~ ­ e ainda hoje não me esqueço daquela voz tão su~ve.. •
c;ões. Cada complemento, tenha ou nao certa eqUJvalênCia Irmãmentr - Não há erro nenhum no adv('rbto 1rmamenle;
com o utros, <'.Onstitui fa 1.o natural e independente da língua. mtnlt é sufixo adverbial que se acrescenta à forma feminina
Ob~e -se, ademais, que, se se acrescentar urn qualifica- de adjeti vo, e irmão p roveio d e adj erivo latino. C~ns ulte:se
tivo aos substantivos dessas expressões, dtrurá dt apa- o Atolett : " Irmãmftlte- fraternalmente, a mane•ra de Ir-
recer a prcposic;ào dt : Vou t111 caJTO fechado, vo u num cava- mão s. Semelhamemenre, de modo análo go. lgualmeme,
lo tordilho. - Po r que essa mudança? Po rque assim são em partes iguais: Dividiram irmàfllnllt a hcranc;a".
os fatos; as regras de gramática são a eles posteriores; não " Irreproc:hivd", "Irreptová•eJ" · ?aliciSinos grosseiros ;
havendo coincidência de fatos não haverá regras gramaticais dig-.t-se irrt prmufutl. im:orrupto, pu~o. sao etc. , . .
que o s subordinem. " Jrrever aívc:l" - Rico de vocab uláno , de esrrurura laoca fáco l,
lr a Caoossa - V. Can<ma. de normas sintáticas rígidas. estudadas e seguidas. acompa-
" lr com o trem" . ~-:se dizer "Vou pelo trem das da", nho u ;ué ontem o inglês a expansão inglesa c, hoje. com a
" Voltamos pelo avião das oito" - "Chegou ptlo rápido" c americana, esttnde-se triunfante pelo m und o. Uma ooisa,
não, como làz o italiano, Voltamos com o avião, chegou com porém, é inrrodwir-se num pais como línwa auxiliar, _como
o rápido, vou com o trem. língua estrangeira ("as :second language ), ? utra é t!'trO·
Ir ja.mar em casa - 1><:\.-er.i haver engano ou d istrac;ào da parte meter-se na língua dt outras terras por desan~madora ogno:
de quem ensinou d<'Vt'Y construir-se "ir jantar a casa". rância ou por passiva sujeição de seus habuantes. ~ ate
"Vou jantar em casa" é como, sem nenhuma dúvida, de- algt•mas dé<adas o francês é que se punha a embaralhar
verá ser redigido ; em ca.sa não é complemento de ir, senão a língua portugue5a com palavras e dizeres dos muitos ro-
de jant4r; este infinitivo é que é complemento de ir, com o mances que então se liam no origina l - e o• nossos rom~n­
qual está a fonnar locu ção verbal, cuja regência é determina- cislas. muito dos quais moraram na Franca, foram os maoo-
da pelo segundo ~bo. res introdutorc:s OoJ fomentadores de galicismos em nosso
É assunto esse que n.io merett~·ia maiores considerações, idioma - hoje, com os meios de comunicação cada vez mais
mas tão gr ave é, dada a procedência do erro, que propomos facilit:1dos, com escolas espalhadas por todos os cantos do
esus refl exões: Con sideremos as seguintes orações: I. "Vou globo, é o inglês q ue apanha ?esyreven!d.os os red~tores
à redação escrever" - 2. "Vou escrever à redação" - 8. de jo rnal, os tra.ducores de it;ad aaçoes nooCiosas e?~ hvros,
"Vou t serever na n-dação". Em todas elas o infinitivo es- os escritores distraídos ou onseguros do voaobulan o e da
crroer se subordina ao verbo ir, mas r~da>~o é adjum'? adver- sintaXe do próprio idioma. Nii.o longe estamos, à semelhan·.
bial de lugar para onde de vou na prune•r.t, objeto mdorcto ca dos que tivemos com rela.ção ao francês, de livros d~ ~­
de t JCTtutr na segunda , adjunto adverbial de lugar onde de aulas como esres: " Dicioná.rio de anglicismos", "Anghcos·
-.crn:tr na terceira. Não fora a.ssim, teríamos dt dizer " Vo u mo~ da língua pormguesa" .
cantar ao teatro .,. uvou d~scansar à ca.rna". "Vou mexer ao Assim qut aparecer o primeiro de tais livros, nele deverá
relógio", ·•vou nadar ao rio" e o utros despautérios. encontrar-se "in·eversivel''. Enquanto o inglés tem e .usa ?
Irã . Não obstante o vocabulário oficial de Portugal, no que é vocábu lo " reversib le" (The polluúon of cbc H udson Rover os
segu ido por d_icion~rios noV(Js p onugues~s. trazer Ispaão: rnwrsihk ), do qu;tl tem e usa com igual freqüência o antõ-
Irão. o final a. esta consagrado no Bms1l, e sempre foo nimo e o advérbio correspondentes (Thc damage may be
ele usado também em Portugal. Irã, !Jpã ( lspa4, bpalui) es- i rrewniblt - The seas may soon become ITTtvmibly polluttd),
tão em romancistas e em dicionários portugu~ses de edições nós, pobres de escolas e impossibilitado> de aprender nos.so
anteriores a 19 40. idioona nas poucas que CXJ.stem, estamos agora a ler, .a ouvu-,
Irapuru - Chamado também " rouxinol de Manaus" é o ira- e também a empregar, errônea e enfadonhaz~lC~uc, ITTt1Jm{-
puru um passari nho castanho, do tamanho de uma patati - vel em vez de legitimas e diversificados adJetivos nossos,
va ; vive nas mais altas árvores do interior e tão dificilmente como impossível (confissão de impossível melhoria de aprend i-
se deixa apanhar que sua làma é quase lendária. De canto zado do nosso vodbulo e de nossa sinraxe), incqrotu táwl
extremamente delicioso, sua vol, flauteada , ar gentirta e do- (incontt stáw/ proceno de erradicação do a nalfabetismo; can -
ce, verdadeiro m ilagre do som, estende-se móduilt pela flo- did.a lo inconústável), irrmoeduiwt (ferrugem irmnediáve/ de
resta, subjugando os outros passarinhos que, acorrend.o p~ ­ nossos cafezais), imf'rocwáwl (improaSJáve/ meio de banir a
ra j~nto dde, quedam-se mudos enquanto c;uu;a esse mspo· a onendicància), incontrolá1Jel (decadência incontro/4wD, inaba-
..•lsa ...bar 161
lável (dedsão inabald:rH{), injofrsmáwl (insojiJmável aceitação de escala s amiudadas. pa.ca pr-<~tiar com o gentio dela, retira-
independi':neia), impartirHl (perdairup.uável; mal imparáwl). va- se para oucns paragens, convcnddo de que, no. pa.ís,
inalleTávtl (lei i111literáw{), 1Wco {opommidade única de de- não h.avia mineral algum. Depois da invasão dos europeus
senvolvinwmo), insanável (imaruivel detcriorizac:;ão), it~euitávtl o gem ia começou. então, a distinguir os metais e a deno-
• (inaitávtl poluição das águas), iiTtwptrável (i~Tecuperá.,tl miná ·los, ainda que imperfeitamente.
perda de oportunidade), incorriglvel (ü~eqrrjgível processo de Assim é que a palavra Itatinga, que significa pt<1ta, também
propaganda), imvogówi(A Loteria- Esportiva é iTrroogávt l}. se ôlplica ao calcário branco, ao mármore, às rodas areno-
Se em direito, em fisica, em quimia sempre se disse, e sas, ao gesso e até à cal. O nome /tairibt1, OIITo, cujo acento
com sentido técnico e prec:Uo, '1x:m revmitltf', "reação tônico é na penúlti ma sílaba e não na última. como geral-
rtwníwl'', " transfornução rroenívef', rodo em no$Sil terra mente se diz, querendo alguns que o nome lllJjubá da cida-
[erá agora de ser enfadonhamente "irrcvcrslvel"? de mineira proceda. do ouro que ali se minerou t'm outro
... ha . V. etiopiSIJ. tempo, tambbn sig.nifica moeda, dinheiro. A palavra itaiu-
haac • Nomes amm terminados ji se enconrram grafados barana aplica-se 13.1'1!0 ao cobr e como ao latão ou alquime.
mais portuguesmente: Jsa (a)qut , Hahacuque. Aparecer;un. então, no vocabulário bra.sllico os nomes:
... lsar. V. tc:llliomiwr. illJjca, para designar o estanho; iUutl, o aço; i~ca, o
hogã.mdo • De.oem ser proparoxhonos os vocábulos cujo úl- chumbo; ilahtraha o u itameraba, o cristal; il4btraba-etl, o dia-
timo elemento seja consúruido de gáw.to, por breve S<.T o mame; itaim, a pedr<~-ume; ilao/Jim ou illJo/Ji, a esmeralda;
t da penúltima sílaba. i tahubuf, a pedra pomcs.
bolar . Forma popu~r e corrente ao lado da erudita insular. A palavra ilii passou a representar os objetos metálicos
Jjofmnn~lo, isolador e ouo·os derivados são formas de pleno de procedência estrangeira. Assim é que se denominava
e insofismá,~l uso. itamarauí o sino, por eles equ iparado ao chocalho de pedra
Isóscele . Q.uamo à forma deste adjetivo veja-se dUJbete. ou de ferro. Chamavam o campanário itai ou italri e ainda
Jspai. V. Irã. italry que também significa rio pedttgos~, r io com leito de
Israel - Adjetivo picrio : isratlrrue. pedra.
... hta . SuTixo formador de substantivo; dá idéia de atividade, A crw: de ferro denominavam, comumente, ilacuruçó, que
de dedicação, de agente. de praticallle, de partidário, de tambtm se: pode entender por cruz de pedra.
teórico: artjs/4., avaJisla, ,<opú14, diciunariU<J, ~spiritista, jurista, As construções de pedra davam o nome itaoca, que tam·
lingúiJla, maquinista, mcnarquista, pia:nüllJ, ta,bagúla, filologista, bém S<.TVia para designar as cavernas, do mesmo modo que
(ao lado dt filólogo, que é o versado ou perito), fltdagogislil, ita,ari indicava os sumidouros ou solapas feitas pela água
wologisla. acravés das rochas, como designava o cano ou conduto
Istambul . A maneira dos ro manos, qut: ditiam simplesrneme de ferro.
urbs (cidade) quando se: referiam a Roma, os bizantinos di_- O vocábulo it4 é um dos d~ mais fre_qüente emprego na
ziam apenas pilis para indicar a capital turca. Da frase m denominação dos lugart>S do Brasil. t comunissimo en-
tm póJin (para a cidade), ét,imo aceito _por virios dicionaris- contrarem-se:, pelo interior, nomes como: Jtamo,ontim, al-
tas, proveio a forma unificada islampólin, uma vez que ei era terado às vezes para /tai'TIIJTati, ped'a alva; ltamirindiba, pedre-
pronunci ado i no grego b i2antino, e essa fonna redundou gal miúdo; JW:uruba, cascalho; lllJipavá, recife ou travessão;
depois em l sllJmlnJ. Itacotra ( Itaquna ou ainda Itká) , as pedras, lajeado; 114.-
Tamb(m com i inicial o ingli':s (Istanbul) e o francrs (ls- pcU1ÍUI., laje escorregadia, ou penedo, como soem apresen-
tamhquJ) escrevc:m o nome. tar -se os cabeções graníticos de nossas encostas lisas; Jlabe-
bto, Isso • I sto apresenra coisa que se pretende mostrar, coisa raha, pedra reluzente; llapuà, pedra empinada; IIIJI:04/iara,
desconhedda ou coisa. qut se tem na frente de quem fal:~ ou pedra pintada ou escrita ; IIIU(Ui (ou ltaky), pedra de amolar;
mais perto do que ouu-.ts já citadas ou tratadas ; ÍJ.So indica ltlU(UiCI, faca (lamina, instrumento cortante) de ped ra ou de
m~tal ; 114pttininga, lajeado seco; ltapo-ranga, pedra bonita;
coisa já apresentada, conl1ecida : "Prestem atenção nisto"
(que vou dizer) - "Não foi ÍJSIJ que mandei comprar" (ou e ta mos o urros. V. mLI~orita.
ÕJJC, se: estiVff peno de quc.'ttl fala ou maü perto, mais presen- Tão grande é a tcndmcia para as denominações de luga -
te, mais 1 mão embora Já apRsentada, já conhecida). res com o tema il:á, que, não raro, acontece darem esse ra-
d ical a vocábulos que, na verdade, o não têm, provindo daí
há.... 114 dc:signava, primdramente, a pedra, no rupi-guarani, gran de r~úmero de corruptelas, assim eomo 1ttup.UJ(/Uialuba,
e, depois, também o metal. O leitor conhecerá a significa· por TalfUGI{Uiaruba, taquaral da es~cie 14qUa·quid; !tapá
c;ão de muitos nomes começados por ilii, se ler o que aqui por Taguai, rio do tauá . Já nos jamais mineiros se lê ltapa-
tr.mscre.oemos d"'O rupi -guarani na lingua nacional", de lliltJManga por Tapuin.acanga, cab~ de negro.
Trodoro 5-l.rnpaio. Itaberaba · V. Itaquid. ·
No tupi , representava-se pela pa~vra itá, pedra, todo e Itália • O adjetivo pátrio é ilaliono, mas assume a forma ítalo
qualquer mineral o u metal apenas diferenciado ou quali- qua11do primeiro elemento de adjetivo pitrio composto:
ficado pelo seu aspecto flsico mais aparente - o da cor. pacto íta/o-gmnánicc.
Assim é que denominavam o ferro ii<Júna, mineral ou pedra Itálico • V. grifo.
preta; a pr.tta, irtJii"f,4, m ineral branco; o ouro, il4iúba, m i- ...Ire · V. coquiü.
neral amarelo; o cobre, ilaiuharana, mineral amarelado, ... lto - v. TNileorita.
ou ouro falso. Cerro tais denominações não traduzem co- luatã · Aportuguesamento (à semclhanca de Irã, Tvü e outros)
nhecimento positivo dos metais; antes, pelo contrário, con de Yucalán, região do Méx.ieo. Adjetivos pátrio$: iucattgo.
firmam o que sempre di~ram os primeiro s exploradore· íucattCIJ, iucateque, iucalaM.
do Novo Continente : que, nesta parte do Atlântico, os na- lugoslá,.ia . V.jugo.s/áttia.
turais dela ignoravam o uso dos metais e os desconheciam. ...l•d . v . in.solúwl.
Américo Vespúcio, tendo corrido a. costa em 1501, com .••bar - V . t COIII11lli<ar.
J á (r<?lorc:ativo) - V . nunca Já. o verbo haver não tem ;ujeito: emprega-se ent.ào no singu-
Já falâmos - A inOu~ncia fisiológica exercida pela nasal m , da lar e a coisa que existt· funciona sintati came-nte como obje-
fkxão moJ. sobre o a do prest:nt<' louvámos (' a mesma exer- to direto do verbo havrr; esse o motivo por que o pronome
cida sobre o a do p<'rfeito louvtlmOJ; p;1ra ddend<'r a pronún- que substitui a cois" é o. pois o obj eto direto deve ser Cl<pn.•s-
cia ''amámo~" do perl!-i to, n;io pode ninguém tampouco so por esse prononw: Não o M - Já d5 nã.o M - Desde
aduúr formas latinas, pois nem t rYl a-mUJ nem em á-vi·mUJ o mui10 não as há.
latim lazia distin~ão. uma vez que nesse id ioma não havia Isso se dá c<1m o verbo IIIJ.vtt: caso se empregue o verbo
o som nas.1l ; o a tinha o m~smo som<· a mesma quantidade txi.1tir, tudo correrá normalmcnt(': .Eiu já não exi.lttm.
nessas lonna> w rbai>. Jabuti - jabota é o IC.minino do nosso nome da tartaruga ter·-
t a inda maltratar o latim alirrnar que "nos verbos da se- resu·e.
gunda e da terceira conjugação não S<' deram os mesmos J aguaretê - / aw:nt/1 é o mesmo que jagtttJrtlt, mas nesta fonna
fatos acima t-xplicado.~" . Não só maltrato, mas Jeviandad<? os componentes se aproximam m ~i s da origern:jt•guar, on-
quando se acrc>scema: "e por esta ca usa o timbre da vogal ça: tU, verdadeira.
t <? da vogal i não se alt~rou nem no pr<'Seme, nem no pre- J ânina • É proparoxíto na o nome desta cidade albanesa.
térito P"rfeito" . Or.t, nem o mel hor dos hipnocizadores J apão - Adjetivos pátrios: japonll. 11ip6nico. Q.uando primeiro
seria cap;u d~ fa~rr-nos o u, ir um i fechado. elcmcmo de adjetivo pátrio composto, assum<' a fonna
Dizer, ademais, q ut.> Camõcs cscr<"v<'u amámol, falámru, ·nipo: mpt>-clrmls.
conlanuu é afirmar q ut fie pertenceu à Acad~'TTiia Brasileira J au - V.}aVIJ.
de Lerras e que lhe seguia os acon:los. Não confundamos Jargões profissio nais · Enjoa tivo torna -se o café-com-le-ite
Camões com upógtõlfo ou revisor q ue por ímposic;ão de da manhã quando o ito vezes vC'mos o ve-rbo impitJnlhr numa
edi tores st'gUC figurino~ de- wda a espécie de enfeites nas única noticia de matutino nosso: o campo profissional do
palavras; quando quisennos ler Camões, procuremos uma jornalista está -se endlendo de erva da ninha, e herbicidas
edic;ão boa, por exC'mplo a dt· Emílio Biel {Leipzig - 1880). não têm nele entrada.
baseada na 2• edic;ão de 1572. t nt'<'t'Ssário disti nguir: os Variado é o j oio, mas de fácil crradrcacão seria para quem
poetas gozam de liberdad~s; Camões rima o perfeito amos- conhecesse on:lem a.lfa.~tica. Dão-nos cenos artigos impres-
tramos com o subjuntivo umnmos (VIII, 36), mas jamais cita- são de qut a rcda.cio do jornal não tem dicionário e de que
mos Camões ao afirmar que a I~ pcs.wa do plural do indica- os trabalhos não são relidos apó) pingado o último pomo-
tivo presentt deve tfr a mtsma pronúncia de igual pessoa final da última lauda; ~m uma única leiturá de e-xpurgo,
do pretérito perfeito ; Camões rima dlmos com o perfe,to vai o tro-lo-ló para as o ficinas c:, ainda que passe por ou-
metemo> ; vamos por Í55o defender a pronúncia metémaJ! tro profissio!l;ll, agora da revisão, chega horas depois ao
Nenhuma disciplina tra.t bom senso para lecionar a quem assinante para que seja engolido sem nenhuma variedade
o não tem para estudar. de paladar: é a aceitação mórbida da ignorâllcia de nossos
Resumindo : Não dcvt'mos pretender justificar uma distin- vocábulos, sem nenhuma variedade de gusração. Inculcar.
ção prosódica lusitana para impingi-la no Brasil fazendo-a instituir. imprimir, insinUtJr, incutir, instilar, infundir, dmnvolver.
apoiar-se em bas~s infi.md3das. V. amar11o.<. Íntrodur.ir, instaurar, fundar, comtrwr. <TitJr. trguer. frigir. lmrçar,
Já não respirava - Condenado (· () t' mprcgo de 11uw em orações edificar, estabtltctr, compor, orgllllitar, pr&f>agar,fimdar, corrnLmar,
tempo ra is quando substituivcl por já: " O doeme já não res- assentar, ajrtJtar. compor. impor, adotilr, instalar, montar, apron-
pirava quando o médico chegou" (c não:" ... não respirava lhr, apücar ... Ora! Não percamos rcmpo: i5so é poluição d<·
mais") - "Já não há lei que os refreie" (e não: "Não há vocab ulário, é intlação de idéias. Nosso vocabulário já é
mais lei que os refreie"). rico: por que mais essas palavras ?
É galicismo- diz Vasco Botelho de Amaral- o emprego Cansado do d ia, tl'ntamos após o jant.u percorrer ou tro
de mail em frases como " Não vou lá mail'. corn.-spondeme campo ~~ informação,.~ ~amos ag<?ra ~or.~l outra gra.mín~
ao franc~s "Je n'y vais plus'': o gali cismo é evitado construin - noova: nesta segunda , 'nesta quont<o , n<-stc domrngo .
do-se "já lá não vou" . Parece que no Brasi l - continua o Q.ue será isso? O próprio anúncio tra; bem clara a inscri-
proft-ssor Vasco - ocorre com freqOên cia o modo de d izer : ção: ''SECUNDA, às 21 h", e o locutor implicitamt'nte de-
" Não tem maiJ" por "já não há" . Corno é óbvio não pode- clara errado o escrito, pois em vez de "segunda" ele lê "nes-
mos imitar st'mt'iha me con\lrucão d<' re5saibo afrancesado. ta segunda-feira". Q.ual dos leitores que até aqui nos rolerou
Em "Não maü verei minha pátria" o não equivale a mmro, di~: " Não posso ir a sua cua nLJlu sexta-feira: só poderei ir
e o mais significa um dio; confrontem-se. neste exemplo de ntsú sábado"? Ou ent.ào: " Disse que iria a sua casa " nes-
Camões, o correro t'mprego do já e o não menos correto ta" segunda, mas só poderei ir " nesta" quarta. pois nem
emprego do mail: "5(' já não pões a tanta insãnia frcio, "~ta" terça poderei sair". Logo mais passaremos a ouvir
não esperes de mim daq ui em diante que possa mais amar- "neste dia" em vez de " hoje' ', " neste dia ~guinte" tm \tt
te. mas tefTlt!'r·t~". de"ama nhã".
Já os aio há - Q..uando empregado para indicar existência. A fumaça do cigaiTO do anúncio - propaganda proibida
164 Ja~a Judiar
em o~ttros países - não espalha cheiro, mas o fraseado do Jering~a - V. geri(n)gonça.
loauor impregna até as paredes, e nossas crianças e os ami- Jcróglifo - V .Jtrari(Uia.
gos desst:s países que pela primeira vez nos visirarn pensam Jnõolmo - V.jerarquia.
que o cheiro é narural e indispensável. Q.uanra tolice nos jtnlSalém - Adjetivos pátrios: lrieroS()/imiJano. hil'f'osolimila;
im pinge a celevisão, de objeto e de sujeito. têm a varianre com j inicial em vez de hi; assumem a forma
ja..a - O nome geográfico}aua foi sempre ~:scrito pelos nossos kW"osólimo em adjetivos pátrios compostos de que constituam
cronisl.ls com o, }aoa, e com isto quiseram repre~entar a o primeiro elemento: hierosótimo-belmrita.
p.-onúncia }áua, que é a malaia e javanesa; confronte-se o "Jeton" - Palavra franct-sa, dela não ttatariamos não losst:
nome ~mico j<ru. dantes esaito jM. Da escrira jml.(l, com u, o emprego freqUente nos jornais. Com um só I no idioma
proveio ao depoi~, por má interpretação do valor dcs.~ u, a que ~rtence, provft11 de jet (lanço, jogada); indica "peça
a· formajava, errônea mas generalizada. de meral, de rnarflm, de nácar ou de qualquer outra matéria,
Adjetivo pátrio:JtllHlTiés,jtJu. chata e o ntais das vezes redonda. que serve como ficha,
javali - Vol: arnulT, cuindlar, cuinloar, grunhir, r<mcar, ro.ln4r. para marcar e pagar no jogo ou para calcular quantias".
feminino :java/ú~a, girtmda. É francesismo que pode signillcar foJw. de puJmf4, ficha
jaYé - Em regra, o atf.abeto hebraico é constituído exdusiva- que se dá em certas sociedades o u companhias, notadamente
menrc de consoantes. Os sons vocálicos s.'lo indicados por nas academias ou conselhos de adminisaaçio, a cada mem-
pontos e por rraços que, introduzidos no SC:'CUio Vl DC pelos bro prest:nte a uma sessão; essas fichas, que são geralmente
rabinos massoretas ame o temor de corrup(ào do texto bí- de prata, tbn valor real e trocam-~ por dinheiro, mas n:a
blico, são colocados em cima ou em baixo das consoantes. maior parte são hoje substituídas pela simples comprovação
O nome que segu'\dO a bíblia Deus revelou a Moisés foi, do comparecimento da pessoa em livro de chamada o u de
sem as vog2is - que nio existiam - o teu·a grama inelavel presença. Deveria a palavra· ser aportuguesada em jet.ão
YHWH . Por de tal forma reverenciarem os judeus o nome (um Jetâo. dois jet~s), para nio ensejar que usemos também
de Deus que jamais o liam, a palavra era na leiumo $ubstituí- jt/(lnnier, que ern franc~s indica "acadêmico ou •-epresen-
da por ouu-a, E/oá, o u por AdontJy, que tem a mesma. vcxali- rante do povo, que vai às sessões só para ganhar o jetão".
zação. Jia - Voz: coaxár.
Q.uando, no trabalho de acrescer os sinais vocálicos ao JNRJ - V. /NR!.
texto bíblico, os doutores do massorá deram com a palavra Joaninas- V:juninas.
YHWH, resolveram intercalar nela as vogais de ADONAY João, Joãa - O plural de João é joàeJ, com t , por pertencer o
com a finalidade de evitar a leitura do verdadeiro nome. nome à terceira declinação latina :jtJannL).
que é YAITWEH , e desse procedimento resultou a palavra Jogo - No plural tem o o aberto.
inexistente }touá, que a ssim com~çou a ser lida, e também ..j ogos de esplrito" - É expressão francesa; em porruguts
esaita séculos depois por quem nà.o tinha consciãlcia do dil-se chisús.flJCitiaJ.
disfarce da transliteração do texto primitivo. Incidiram no Jóquei -Aportuguesamento do ingles jock.ty.
erro principalmente os cristãos: l (E) HlO )V{AJli. Jornal (~ o utras publicações periódicas) - Coletivo: hmu·
Tenta·st: hoje substituir a forma enganosa pela verdadei- roúca.
ra JAVÉ (ou IAVÉ), que assim era lida uma única vez por Jomal, jornaleiro - N;io nos atrapalhemos com o significado
ano, no Yom Q.uipur. fes1.1 da Ex.piação, pelo gTào -sacerdo- de iomaúiro na oração "Os jonuúeiros da.Centt-al foram au -
te. As Testemunhas de Jcová concordarão cont isso? Cientes mentados". jomautro é ai o que ganha o jomal (paga de um
de que a bíblia não foi escriu em ponuguCs nem em latim, dia de tr.ab.. lho).
l.llvez o faç.un . Joyem - Superlativo sintético :juuenís>imo.
)eira - Escreve-se com), dado o étimo latino didrii!, para cor- Jorial - SejovítJJ é adjetivo, como dar "espírito jovem" como
responde•· ao di seguido de vogal, como com j se escreve seu sinonimo ? Os sinônimos devem ser da mesma classe:
.JO""'li (dium31em), 1ooft (hódie). T inha e tem v.irios significa- é principio de lógica mais do que de gramática.
do~. mas de maneira especial indicava o servico de lavoura N_em em sentido amplo Puial poderá ~ empreg;ado n.t
de um trabalhador a quem se pagava por dia., ou seja, a acepção de jowm, juvenil. ./ovial quer dilcr illegre, aprazível,
quem se pagava o _}()mJJL, a diária, ou o terreno lavrado em urn engraçado, prucnteiro, folgazão; tenha a idade que tiver,
dia por uma junta de bois. pode um ho mem st:r jovial, como jovial pode ser o seu
Jcito - Do latim .JilCIUm. deve ser escrito com j, como com J se gênio. o estjlo: " Disputas joviaü e outros singelos passa-
esacvem os cognatOs jeiúno, rejeitar, sujeilo. Parece estar já tempos de a legre confiança". Por extensão, é jovial o que
fixada a grafia correta; quando, porém, vemos que universi- é espirituoso. chisro~o. não porém o que é jovem, o que cn-
tários ex•stem que escrevem "sugeito", lernbr:tt}lo-nos da- çerra juvcnilidadc.
quele quarranista de direito que nos escreveu : ''A única Ê jovial, diz Morais, o que é "amigo de rir c fazer rir" :
coisa que realmente sei fuer é a minha assirtatura". homem jovial, gênio jovial, estilo jovial.
Dispensados de exame de redação e obrigados a aplicar ·É o contrário de trisú (c não de tJ<?IJw), como jww6dadt
nos testes a experiência da Loteria Esportiva, nossos univer- o e de triJteza (e não de ve/lriet): "A triJJeuJ sucedeu à jorJiali -
sitár ios rbn hoje. já no vestibular. quase gar.rntido o diplo- dMt impetuosa''.
ma de grau, dada a despreocupação com a grafia e com a O latim nà.o se presta para confronto; jovia/ís é o que se
sinrue do idioma de sua pátria. relaciona com Júpiter, e mais nada.
"Jcová"- V .jtJlJI. ..Jucati" - V. IUC41à.
Jerarquia - Hítrarquia é forma mais leal ao étimo grego Judaitar - Q.uan:o à conjug. V . o.mligar.
lourós, 5.agrado, e ardtí, govemo, e de ltUrós temos outros jud~ia - A?jcci_vo párrio ~e Jlt'$soa: judtu; de coisa ~re~me
derivados: ltUrodrlliM, ltUródulo, e o próprio adjetivo hihá- a. JUdeu: judaw.]Udtn~,;utlio.
tico. Acont~. porem, que a aspiração gr~ga. nos caraae- judiar, judiação - Pretender extirpar o verbo judiar do nosso
res latinos rcpresenrada pelo h inicial, palatirou -s~. isto é, léxico é interessar-se pela criação de problema se não ine-
abrandou-se em j na palavra húrarquia; daí a ralào da forma xistente pelo menos infundado em nosso idioma. o~ 1~­
sincrética jerarquia. Outro exemplo dessa palatitac;ão temos xicos de países em que ex:iste liberdade não subordinam
em}trdnimo, qu~ hoje já ninguém du Hil'f'Onimo. muito em· n.e m o número nem o sentido dos vocábulos a imposições
bora haj<t o cognato hieronimiltJ, palavra que designa os políticas ou rel igiosas. Webster, de cuja idoneidade ningu<":m
professos da co ngregação religiosa de São Jerônimo. pode duvidar, consigna o verbo Judiar (to jtw) çom mais
Em.ftr6gti.fo tem o leitor outro exemplo dessa palatização. precisão morfológica com relação a judeu, pois - de todos
jertJrquia é-, pois, lorma justificável e de uso já quast: geral. é sabido - um mesn1o vocábulo presta-se nessa língua
~<~I qual se operou comjl'f'dnímc ejeróglifo. para substantivo e para verbo: "jtw -v. Fraudar por trapaça,
Jugoslána JusriniaocuJosriniano 165
embuste ou artificio: pr.Lticar imposição ou nrorçào. o ~ue é relaávo a Santo Antônio ou aos Amoninos, impen-
Originariamente empregado de maneira infamante em dores romanos.
alusão a práticas imputadas aos judeus por q uem não gos- Júnior, 11Lbo • $4: filho ~ palavra de ac<:pçào conhecida, jú·
ta deld'. Não $(); dá até o verbo deJju.diar (to jtrJJ d()wn): niQr nc:m sempre o é. Significa esta palavra, etimologica-
"forçar a reduzir o preço medianre pechincha". Essa igual- mcnte, mmJ moço; é, em latim, comparativo de júwniJ e
dade morfológica enU'e substan ávo e verbo nio se d á nos nomes próprios de pessoa de vários idiomas se emprega
em porruguês; nosso5 filhos e os que jamais foram alertados para distinguir de senior, isto é, maiJ vtU.o.
por maliciosos nunca fazem ligação entre "não judie do Filho tem acepção mais tescrita, ao passo q ue Júnior, não
cachorro" e ''o judeu não aceita Cristo". obstante servir-lhe de sinônimo, tem significação mais la-
Por que tal preocupação em nosso idioma? Nio traz o ta; pode designar não só filho, mas qualquer parente q ue,
dicionário da Real Academia E~anhola "judiado - lig. y de igual nome, seja de nascimento mais recente; um sobri-
fam. Acción inh umana; lucro cxcesivo y e:;candaloso"? nho, um netO pode ter júni&r após seu nome, igual ao de
Que eficil:ncia, que proveito a,o português e à comunidade um tio, ao de um avô.
judaica rraz a iniciativa de algJJn~ j udeus de pela imprensa Tratando-se de filha de Francisca de Oliveira, ela será
virem a profligar os dicionários nossos que tr.ozem o verbo Francisca de Oliwira Fi/M, ·no feminino ; se sobrinha, Frtm·
judiar! ciJca dt Oliveira Sobrinha; se neta. Francisea dt Oliwira Neta,
Além do profligado sentido de malrratar (com o regime sempre a concordar. Chamar-se, porém, Francisaz lk Oli-
amccedido de de: juditu de calouro), tem o de escarnecrr. veira Fi/M quem é filha de "Francisco", e não de "Francisca"
mofar. lombar, com o regime anrecedido de com: " Acha é dislate.
voct muito bonito que meia dúzia de patifes estejam ju- Quanto ao plural, V. Shlior.
diando wm as pessoas que querem enrrar na igreja ?" (A. J unto • Os dicionários - repertório dos faros do idioma -
Herculano) - "E crês ou qu;uro rapazes judiaram com o lrazcn•, claras, as funções de junlO, tanto os aMigos, elabo-
pobre Grossi" (João Ribeiro) - ''Os quais o tinham leva- rados com vagar e consciência, q uamo os modernos, que
do,judiando com ele c matando-o a fome" (João Ribeiro) - os copiaram.
" ... tu que a ssim judias comigo" (Garrctt). junto é paniápio irregular de jU11tar. e pode ser adjetivo:
Além do mais - perguntamos - não cabe a hipót~ "Ali se ad1ara.rn j urtlOJ num momento'', "Remeto a folha jun-
de que judiar signillcuse primiti\oamente "maltratar a ai· ta" (Note-se bem este exemplo, em que junlo se flexionou
gu('fll como em outros tempos se malcratava a judeus"? em gênero e número dada a funcão e significação nítidas
Por que então temer o seu emprego? de adjetivo), "Atirei duas pedras JWII4•"· " Diz a cana
J ugosláv-ia ·Forma em.~ nós mais usada, comj iniàal; numa junta", " Enconcrei as innãs jiUilaJ" (unidas), "junto.J as cn·
só palavra e sem e depois de jugo (...suU, como sem e se es- concrei" (função e significação idênticas; mera inversão
creve CJuco$lr>vdquia. dos tenuosl.
Juiz • Sem acento. Feminino: juiw, mas agora l: necess.irio Q.uando dizemos •· Crescem juntm com o Brasil", estamos
o acento, como neccs5ário é em juiw. juítaj, jufto: coisas a empregar juntos no plural ~r ser adjetivo; não forma
das complicadas regras de acentuação que tanto m.1.lrratam locução pn:positiva com a preposição tom; é como se fo -
nosso idioma (Formulário Ortográfico, 43, 4•, obs. 1). ra "]unlol crescemos com o Brasil"; a flexão se impõe :
Filhos nossos de seis ano5 escrevem palavras inglesas, de "Dizem mais os profetas que no tempo do Messias vive·
gnfia c pronúncia diversificadas. sem necessidade de en - riam o5lobosjullloj com os cordeiros".
feites diuriticos; nossas palavras - coitados - não sabem jtmlo pode scr também advérbio; é, como tal. inflexivel:
nem jamais saberão escrever em virrude das regras de acen- "juntQ remeto a folha de pagamento" (A ~lavra está
tuac;ão: obras de Santa Engrácia. modificando o verbo, e, por isso, não varia). 'A:lça-5C em
~. com de o Gama junto", "ju•uo vos envio dois relató-
Juiz de fora · Adjetivo pátrio: juiiforeme. rio5" (A função de a dvérbio é dara : modifica o verbo, e
Jumento - Vot: azurrar, orn<~ar. ornejar, rebusnar, zornar, significa junl(lllltnU, ao •tu•mo lem/XJ), "E:nvio junto a carta"
zurrar. (A palavra está modificando o verbo e não o substantivo),
j undiaiemc . Aqui, mais uma curiosidade das malfadadas ''junll> dás as graça.< e os castigos".
regras de acentuação: não tt:Tn este adjetivo pátrio acento Ainda invariável se tom;o junto quando a formar locução
nenhum, embora Jvndi<Jf o tenha no i final. As>im: il uari, prep<»itiva: "Duas igrejas junto oo rio", "Tinham certeza
avaru~; &ji, ooju-tue; SnitM, lnidonou; Batwiti, baturium- de que junto àqutu médico não havia desolação", "A rum-
.e; Jbirá, ibiraerut; jaú, )4~; PuJjú, putiuerut; Nitmíi, ni- ba juntQ 114 cova aberta esperava por um cadáver", "Ehu
ttrflitrue. velaram junto do corpo da desgraçada i•mâ". V. 41UXO.
Como escrever o pátrio de lbiporã, Aóunã, ilrabuJti1 Oe- Junto a • Significa "adido a"; é ·o que dizem rodos os nossos
saparccc também agora o sinal diacrítico? Pennanecc? dicioná•·ios: embaixador junto ao Vaticano. Providências,
Em que pará.grafo, regr-a, observação, nota ou exceção pedidos tomam-se, solicitam-se "em" um lugar, e nã o
do Acordo Ortográfico basear a resposta? Nenhuma par- "junto a" um lugar, "de" alguém , "com" alguém, e não
ticularidade de acenruaçlo nos socorre no caso; só o bom "jumo a" alguém: Procuramos obter "na" Caixa Econõ·
senso poderá salvu-nos, principabneme q uando verifi - mica os nect:»ários fundos - Conseguimos "do" Banco
camos existirem duas cidades no Brasil, uma lporá, o ucra do Brasil o aval - Acenaram-se " oom" o prefeito as ino-
lporà. Dizer que o pácrio em tal caso deva antecrder-sc de vações necessárias.
n é inven~ar regra. Não ttmos carnatpUrm. pácrio de Ca- "Junto a" pode também significar "perto de", e por
maquã1 E que farlamos com parOJI<ierue, pátrio de Paranâ, essa locução é usada: "Estávamos;uniQ ao rio" - "Fabri-
cidade de Goiás? cou ou era fortaleza ;umo à nossa" - "Deixarei para pedir
Junloo, Joanioo - Quando quisermos referir-nos ao mês de minha rcnl<JC;ão quando estiverjunto a ele".
junho e especialmen.te às fenas que nele se realizam -
de Santo Antônio, São João e São Pedro - empreguemos Jurado - Coletivo :jure, conse/Jto de stnltnÇa, UJrpn de jurados.
o primeiro adjetivo: festa sjuni114l. jV« • V. bm-bm.
O segundo adjetivo só iremos empregar quando nos re- Juciti · Voz: Mliuror.
ferirmos especilicadamente a João ou a Joana, sejam ou
não santos (festa JOONM, festaS, fc:sávidadcs, celebrações j usóniaoaa. Juscioiaoo · Já em latim existiam as duas fonnas,
_}OIUIÍruu), aos reis D. João l e D. J oão UI de Portugal ou ao conquanlO a primeira se acentuasse "justiniâneus". Não
tempo deles: arquiterurajoaniM. é de admirar. pois, darem bons dicionários nossos essas
De igual forma temos arltlmino o u antonill1ID para espe(ificar duas formas adjeôvas.
K . Enquanto a ,;,uaxe tia no'"' língu" n·)!ridt· a h ll!,üi.cka Transcriws nn letras larinas, 1<1i< vocábulos devem Ira -
do MOBRAL. ' " a grafid h'mle J .<poiar·'t' "·' do, diJ- ter as qut· corrnpon<km ao idioma portugut's de hoje;
Ietu> do> no>o<l~ índio~ r no latliun. t·,panhol mn:,C\·.rl o ~rn !{lltUr.tl fone· ~ em nossa língua repn'5t-mado por
falado pt·lo' sc-korclin>: ''f <Ta mu~ •·rmoL<). l< t· >li<~ kat~t , q uando >l'l(uitlo de u. o. " · por '/" q uando ~•·gu iclo ti<·
a lumlHada komo la I:. la • idad dd >ido k<" <IV má, a11i ua ' · i. ts1o í· prim:írio. mas w mos o <Tro t>scrofulosam<'n t<"
de ],,. ;,iett• 'ido~, i as.•mt:jaba a la klaridad d;· la lw gran ··om<"lido nm cndhor<·< jornais tlt• nossa terra . Q.ue está
dt· la· ". kreó \'11 <"i prinwr dia. k<" S<' anr'l.tba cJ,. "" k..l,. • <i f aí a lazt-r u lt ...:·não a IIIU>Irar dt· lunna ohj.:liva o quanto
rn u nclt.> al orro". cl.:)pu·~uJ u>loo o c1uc- n1(•i-. t·ant<·u~rita ..i pt'J wnalidac.k de·
E':.<' rnt'>mo A. •k tanto> 'étulo ' p:t>'ddo;,, ··nt·•Hura ·,<· um po"' ' o wu cu id ado com a n1l1tu·a . o itlío ma? A mt·-
no;, jornai > d<· ho j<'. não no' espa n h,;;~ ><'não '"'' br .." - no> q ut: ~ pmcrd im•:oiO s.ja dt• propósic~ :•busivo, os
ldro~. não t>n l non1(-"S de produro, < cuu ctTialuu-uu- n J!'' r c,pon.an·" pda rc-v1sao dt• nossas folhas noUCiúsas devem
tu dv> ><>h fonna~ grãfit.t~ KI'IJI!'M'll~. m a.> ''"' ....,,.,., " ' •·xigu· que os rraduron:~ sejam oào somt'nl<" liéis ao ex -
n1u n~. t'1T\ u.·xu>s rc.-fen·ntt'!\ .:1 cicJ::Hlt''· ons.a!'l <· 1a on t'· u ~ pr.:~>O 11v t<•xw or iginal mas igualmt:me fiéis à simax(' e.
d as do Orirntr Mt-di(), ;,nvilnwmt• r opi.ul"' d,· 11111 itl.n . pdo mt·llo >. à )ll'alia do idioma do texto novo .
ma t•strang<•iro ,. de tramlitt,acàu t;ici l. ''""'" krumka~ k (tramfortllado t•m c) - V. uraloM; V. qui>lo.
(pilow <JU<· murr<· <"m vóo dr prova ], ,tAt~ba l pouto do m.rr "Kõln" · O nomr desta l'idacle alemã i- em nossa língua
Vcrm..lhol. Colômu.
"La R<KhcDe" - Em português Arroclula é que é o nome do gaç-.io de conhecer tal mediàna e o papel de ministrá -la;
porto francês. infelizmente, at~ profe~res há que tomam talidomida ~
Li Yio dois anO$ - V.fiJ?.. doiJ anos. ou~ros mmqOilizantes, pouco se importando com a defor-
Labor ómnia li.nci.t - Locução latina que significa " o traba- mac;ão fisica do nascituro, e o defeito lisico perdura por
lho vence tudo" . Máxim.~ de Virgílio, verdadeiro hino ao irremediável.

.um
trabalho, ao esforco.
Laço (!açula} - Não confundir com lauo. Da primeira palavra
é éúmo o latim (nó corrediol, da segunda o laúm
laJJum (fatigado, lânguido), que nos deu ainda as signifi-
cações de bambo, gasto, enervado, dissoluto, devas$0: o
Fala-se em idioma "vivo", em Ungua que acompanha o
"progrCS$0" ; ceno, sem dúvida, quanto a '·ocábulos, quan-
to a locuções que acompanham cr'i ações, invenções, não
porém quanto à regência, quanto à contordãnàa, quanto
à coloca ção, quanto à sintaXe, quanto ao que é nosso ~
úwo caminhante - ter 05 membro~ lasws- a /assa boca. não do fran<b; ainda que se trate de vocábulos. a roupa-
Lactante, Lactentc - Lactanü designa a mãe, a pessoa que dá gem nossa )(! impõe em rroca da estrangeira. A mortt é
leite, que cria no peito; deriva de lactanUm, particípio que então deve ser lembrada; os farrapos é que devem ser
presente de lacto, /aclare, amamentar. vistos; em atraso de ensino, em defiàênàa de escolas é
Se quisermos designar a criança, deveremos di2er /(}C· que c.-ntão se deve haver por bem falar.
tmlt, proveniente de laclerllnn, particípio presente de lac- t inútil qu~rtt consertar o " motor a ó leo", o "barco
l.l!o. loctru. que quer dizer m11mar. a vela", mas tratemos de fabricar inteligcntctntme e com
Ládoga - Com acento na primeira sí laba, é a prosódia rc- recursos caseiros ttcan·os de ener·gja atômica'\ Hautomó~
comentlada por Cãndido de Figu eiredo e registrada em vo- veis dt bateria", acompanhando o progresso dos "moto-
cabulários. res tk anéis", dos "-motores dt curto árcuiw", dos "aviõe~
Ladr:io - Colttif.IO: bando, c.áfila, rnaha, quadrilha, tropa. de rurbina", dos "aviões... " - estávamos para diz.er "dt
pandilha (brasileirismo do Sul). Aummlativo: ladravat, jato" mas já é t.arde para medicar.
ladroaco, ladronaco, ladravão. Fmrinino: ladra. A forma Laochar - "Q.ual o reno.jaur lanciiL' ou tomarltlTicht ?"
ladrtmo é bumorisóca. burlesca. - t o vcrbo Jour largamente usado na. forrna<;ão de
• Lama - Barulho, quando batida de chapa com as mãos,
com 05 pés ou com o corpo: chapinhar.
expressões verbais: joter si/lnào, Jaur guerra, faur p~sia,
Jaur rwolução.
Lambugem - Prende-se a palavra ao verbo lambn, a cujo ra - O emprego do verbo ja1.1r como elemento de fonnac;ão
dical se ao-eset:mou ugem, sufiXo formador d~ nomes femi- de locu~ões verbais deve-se, de um lado, à falta de formas
ninos, correspondente à terminac;ão latiDa ugo, úginiJ, com cognatas simples; de o utro, ao exemplo que o latim nos
os mesmos significados de.ogem: da.va em expressões semelhantes: Jácert vtrba, falar; jáctre
1. acrescido a tema nominal, indica conjunto: urinam, urinar; Jócere cÚlmcrn, clamar; Jácere i ter, caminhar.
babugem, de baba Ao lado de algumas de tais expressões verbais apar«e-
S4lsugtm, de u l<O, ~ este de sal ram as formas simples: four Ji/lnQo, silnlàor; jour &~•erro.
penugem, de pena gumear; fater viagem, viajar. Nem sempre, no entanto, é
lanugem, do lat. ltma possível essa substiruição:
Jmugem, do lat.jerru111 a) por não haver a respectiva forma simples:fa= amiw-
2. acrescido a tema nominal ou verbal. indica a prática tk (amiwr-.st não e-xiste);
sugerida ~lo t('tna: b) por ter o correspondente simples .acepção diversa da
lombugem, de lamber (1. glutonaria. 2. pequeno lucro com forma composta :jaz.er juu iça (ju.l/.içar significa smtmdor);
que se engoda alguem) c) por encc:rrar a forma simples significa(.ào pejorativa:
omorugem, de amarqar (de amoro) jazer politiul (poüticar tem sentido depreciativo).
rolmgem, do lat. ráhi~s. raiva Q.uando possh·el a fonna simples, sem sacrifício de sen-
Palavras com essa terminação aparecem vulgarmente tido, não deveremos temer usá- la, porquamo esta ~ a ten-
e até oficialmente deturpadas: lamóuge, lambuje, lam/mja. dência do português: borbtor-.st, por faur a borba; escame-
lambujmr. "'· porJaur escárnio; curttjor, porJour o corte.
Lâmpada- Col.ttivo. quando em fileira : ctmmo; quando pen- O abusivo emprego do verboJour em locuções semelhan-
dentes ou dispostas numa espécie de lustre: lampadário. tes implica, não poucas vezes, verdadeiros estrangeirismos:
Lampião de querosene - De um lado, "lampião de quero- Jater faltiJ, franco galicismo (foirt cús joutes) : " O jogador
sene", "brinquedo de cortla", "reló~o tú pilha", "moinho jn falta", em ve2 de cOffl#tçU falta; far.er l0111to, italianismo
de vtnto": doutro~ "máquina a: vapor", barco a vda". grosseiro, em "ez de l011/tar; Jaur erro, em vez de rometer
" motor a óleo". erro; m a airgrio, e não jtJUT a alegria ("Ela l a alegria dos
O cicnústa e o romanci sta podem ser férteis de idéias, pais").
mas devem tomar umas pílulas que lhes tragam mais vi - O leitor já prevê a conclusão: Tr1171t11' lanche é forma pre-
são do idioma. Aos professores de porwgub cabe a obri- ferivel, e iandl4r será igualmente louvável.
l 70 Lauguidcz
l.anpdez - V. estupidezm. de questione num Dairnon deberet monn in tempt'state
Laougan - V .lamhU&tm· _ modo herois. Discipuli arguerum Oaimoncm dignum
l.ap$0$ cáJami - Locução latina que significa "erro do lá- eS$t' ut viveJ'et."
pis" ou da pma: ''Tnta-se de lapsus cálami", isto é, de des- Ubi Ca~ librum (X LI pa.pnael exbibuit classi suac dis-
cuido de redação. cipuli librum amavcrunt. Ve~. alii magistri hoc cogno-
Lapsus líoguu . Locução lalina que significa "erro da lín- verunt, et sex aliae sdlolac intendunt eo lil:>ro uti in classi·
gua", erro que por discração se comete ao fala L bus Latinis hoc autumno. Unus discipulus dixit: " Discis
Laringe - Como faringe, esfinge, mmingt e outros nomes pro- copia verborum dum lt-gis atque in fabulam intras. For-
vindos de fonnas gregas tenninadas em iW<, ingos, é ft.'11li- tasse ego ipse novos cvemus de Daimon scr ibam. Tamen
nino: a laringe. nescio t'lum quidquarn practerC'a sit quod Daimon facere
Luciate ogni •pc:ranza, voi d:a'aurate - Expressão italW\3 debeat."
que significa "deixai toda a ~nnca, vós que entrais". Deixamos ao leitor inferir o porquê dessa diferença de
lnscricão que se lt na pona do inferno (Dante, In ferno, procedimento ent~ um e ouD"O pais.
111, 9). Lalinism.os- V . mt'IOOTaru.lum; V. dajallru:úJ..
Lassar (tomar !asso) - Não confundir c.om laf(lr. V./aço. Ladr - V. abolir.
(.asso · V. /Ofo. Lato 5CIIJU - Locução latina que significa "em sentido la-
Latim - Asas de um pássaro, o latim c o português voaram to"; o conuário é strictu .emu, que significa "em sentido res-
j untos por muito te-mpo no Br.uil, m;u é de todo fal~ tritO".
pensar que a pri~ir.t finalida de do seu estudo emva no Laus in on próprio Yilucit - Locução latina que significa
beneficio q ue rr.a.zia ao aprendi>.Ado do português. "louvor na própria boca perde o ~-alor".
Chegados ao Brasil, conrratados para lecionar na re- Lavrador · En9uat'ltO /Q.vradora é o feminino de /Q.vradqr na
cém -fundada faculdade de lilosolia de São Paulo, crês acepção de 'agricultor", de "o que trabalha em lavou-
eminentes matemáticos, de renome internacional, Gleb ra", liJvradtíra é forma sinônima de lavradora mas tem tam-
Wataghin, Giac.:orno Albane~ e Luigi Famapiê (0 pro- bém a acepção de "rnulhc:r que f.u lavo~s de agulha".
fessor Wataghin ~ considerado, no mundo inteir o, um dos e é ainda nome de uma formiga.
maiort>s pesquisadores de raio> cô, mico>), cuidanm, logo "Lazão" - A/Q.:.à<l é preferivd, de acordo com o êúmo árabe.
após o s primeiros meses de aula, de C'nviar um oficio ao Monis dá só a forma compleca; Domingos Vicira consigna
et'lcio m inistro da educado, que na época cogitava de re- a forma afertrica, mas remete para ak:uio, o nde explica:
formar o ensino secu ndár io, para declarar, com certo de- Caractcrisrico do cavalo de cor de canela; assim há alouio
sànimo: aceso, baio, diJro, ruào e tostado, cambiantes desu cor: "En.
"Chegados ao Orasil, !içamos admirados com o cabedal trou por oucra parte dentro da paliçada em cima de um po·
de fónnulas decoradas de matemática com que os estudan- deroso t~liJzão tostado" - " Cavalo alauio, muitos o que-
tes brasileiros deixam o curso secundário, fónnulas que na rem e poucos o hão" . Femi.n ino: alaui.
Itália (Os trts professores eram catedráticos de dife.-emes Lauriase · V. "hanseníase".
faculdades italianas) são ensinadas só no segundo ano de Lú.aro . Por afêrese, o nome hebraico E/Uur, que em latim
faculdade; ficamos, porém, chocados com a pobrtu de se transfonnou em Eleawr e Eleáuutis, deu-nos lÁZilt'o,
racioónio, com a falta de ilação dos estudantes brasileiros; com l-
pt'dimos a voss<t excel~nàa que rta reforma que se proj eta Leão ... Vo~: brmnar, hramir,Jrttmir, rugir, urrar.
se dê menos matemática e mais latim no curso secundário, "uasing", Arrendamento · " With $5,000 borrowed from
para que possamos ensinar matemática no curso superior". ill1 unde, they leaJCd an ltcl. platernai.er". t o verbo grifa-
O professor Albanese cosmmava dizer - e muitas pes- do usado em inglês para indicar armu:lm, e a sua forma
soas são dino prova - "Dêtm-me um bom aluno de la- gerundial anda pelas colunas de nossos jornais sem a de-
rim, que farei dele um grande matemático". vida tradução, e vemos já. em lecras de tamanho propor-
Infelizmente, o latim encontra-se cspetinhado cada vez cional à imporcincia do bem, móvel ou imóvel, que se ofe-
mais em nossa terra, espezinhado por homet'IS que mio <a- rece, ou dõl empresa que nessa modalidade de comércio
bem o que é educação. espezinhado pelos mesmos homens explica sua atividade, expressões como "a uto leasing",
que não querem permitir o Exa.m(' de Ordem, espezinha - "mercado ltalint;", "operação de leasing", "empresa de
do pelos mesmos "educadores" que daqui a pouco irão /,(Jjini' ·
incroduzir o jogo de xadrez tiaS nossas escolas. ARRENDAMENTO é que se diz em porruguts, arren-
Na vanguuda do progresso, os Esrados Unidos ensi- damento tanto de bens imóv-eis quanto de bens móveis
nam o latim; quem conh«e o TIME sabe trazer .,,,e semaná- quanto, ainda, de serviços. Arrenda um fazendeiro suas
rio quase invariavelmente palavras, locuções e scnren~;as tC'rras, como pode receber em arrendamC'ntO um trator,
latinas, ~ não dam de muito tempo t>sta passagem (TIME, como arrenda urna empresa de limpeza, de rrabalho de
28 de agosto de- 1972): Daimon omnia vincit. Olim erat manutenção, de marcenaria etc. seus empregados, sem
magistcr linguae Latinae nominc Richard Case, LVIII , qui ônus de obrigações trabalhistas para os quC' usufruem o
docebat in Middlesex Sdlola Concordjae, Massachu- serviço.
SCIIS. Tri sus erat quod multi suorum di scipulorum puta· Se lei existe: sobr~ tal atividade comt:l'(ial não \'t'm ao
bant linguam !.atinam aridam em•. et nolebam gramma- caso saber; o que impona é usar a palavra adequada, k-
ticam studerc. gitimamente sigr.ilicativa para o caso: arrtniÚUIInlto. Car-
!taque Case eoepit scribcre fabulam heroicam quam dis- ros, caminhões, tratores, máqui nas, equipamentos, com ou
cipuli legere amar-em. Appellabawr Daimon, et incipic:bat sem operadores, arrendam -se, como se arrendam pedrei-
sirnp licissime: "Oiim erat in insula Heradeia puer nomine ros. encanadores, pintores e ourros oficiais pertencentes ao
Daimon..." Case p• imas paucas paginas exbibuit qua rmor quadro de empregados de uma empresa de arrendamento.
ex suis discipulis et hi constituerum iUi aux.ilium ren-e ad N4o importa tampouco saber SC' o arrendamento é m~­
fabubm scribcndam. CasC' dixit: " Ab evento ad evenrum ramente operacional, temporário, transitório, em troca
procedebamus, JOttlltxi, si put"ri ipsi labulam inv(·n•rem. de uma importância correspondente à locação, ou se é
cerre exdtawram esse". financeiro, para que no 11m de certo pc1íodo o titulo de
Magister atque sui quanuor disdf.uli narraverunc fabu- prop•·iedade, de aquisição obrigatória, passe para o con-
lam de Daimone, fil io regis He.-ac eiae, qui peregrinatus tratante locatário. l::m ambos os casos a t'larureza cot'ltr.t·
est per marc Ac:geum. Contra p1racas ac serpentes maríti- rua] é de arrendamento, ~ de arrenddmmlo devemos chamar
mos yugnavit. et implicams est cum deis, et centauris, et assim a operação como a empresa: "contrato de arrmda-
equis alatis. Case dixit: ''Posuuno erat magna disputario mmlo". "Auto arrnuiamnlto S.A.", "Arrendamento de Ser-
Lebre Lnar a efeito J71
viços Caseiros Lula.", " Máquinas Agrlcolas Arrendamento Um.'\ cidade é legendária quando realment;<: existente e
S. A.". depositária, fonte de lendas. Uma cidade é lendária quando
Lebr-e - Jlot: assobiar, guinchar, chi.u. ou já não existe e nio deixou provas reais de existência
Lei - Coletivo, qu:.ndo reunidas cienúficameme: código, am· ou quando tem os caraCicrlst.icos de pura lenda, ou seja,
JOiida{ão, rorpo; quando colhidu aqui e ali : compi/4pio. quando é produco de \'erdadcira invencionice.
..Lclpüg" · A forma ponuguesa é lip:,ta. Uma observação final cremos poder fazer : Assim como
Lciria - V. EâQpia. há ltgtndório corno substa.nlivo para indicar coi<"Cão, reu-
Leitão- Voz: bocortj(Jr. cuinchar, cui11/u:;r. nião de legendas, por que não admitir também lmdáriQ
Leitor.ulo - t pa laVTa antiga do idioma; designa já o o lkio com uma segun& função, substantiva, para indicár reu -
do leitor ou do professor, jâ o prazo de tempo que dura nião, colcçio. livro de lendas?
esse oficio. "Curso m.iniscrado por úittmuJo", isto ~. por Lenha • Coletivo: Jeüt~. wwllto (o que se pode abarcar), talha
umas tantas prelec:ões, por umas tantas conferências, por {50 molhos), =rad<J (.4 talhas).
umas tantas killirOJ. Eso.. ltibua. é a palavra originária, Lenima>10 - V. linitrtmlo.
e quem conhece ingles sabe o que é um "lea:urer". Lenin - É. a forma correta, e não Lmine, que é francês; da
Leitor é, no caso, a designação certa para o professor, fonna correta, Ltningrado.
para o lente que, geralmente por método próprio, dá um Upade - V. rnbrwdt.
curso; é a palavra ponuguesa exatamente corrcspondenrt- Lepra - V. "hamtnÍ<lse".
à inglesa, sem que possamos falar em anglicismo; é o con- Lcs uoms des fous se rrouvmt panour - Provérbio francês
ferencista. Não someme i: a designação cer<a; era esse o que significa "os nomn dos loucos :sio enconrrados em
signifiado da palavra em outro~ tempos: Morais que o todo o lugar". Critica aos que rêm o bábico de esa~r o
diga. próprio nnm<' nas parcd(·,, n.ts ~rvor!"s etc.
Lembr.u-se - "No dia 8 de dezembro de 19~4. lnnbra·"" Letônia • Adje[ivo pátrio : Ülão: quando primeiro elane!nro
como se fora hojl" ..." . de adjetivo pátrio rom.posro, assume a lonna /elo: ltto-ts-
O verbo lnnbrar-jt estâ aí muito bem consrruído. Habi- loniano.
rualmentt' f de hoje empregado pronominalmentl" - Letra eustõmica · V. moltJnlltiro.
"lembrar-~ th alguma coisa" - ao pa~so que sua consrru- Letra, Leaas • O Pequeno Di cionário Brasileiro da Língua
cão clássica era "lembrar uma coisa a alguem". Portuguesa tr~a o \'CI'bO [,trar. mas não p unha acento
:Na constru(.ào usual ~ sinônimo de recardar-st !Recordo- circunflexo no SJJbstamivo letra ao tempo em que este h u -
me de uma coisa), ter /embr411ft1 (Tenho lembrança de al- milhante: si nal diacrítico tinha vi& oficial. Q.ua ndo perce-
gum fato/ ; funl'iona a pessoa como sujeito do verbo. No beram a incongruência, seu~ autores omitiram na lO' edi-
scj,rundo caso, porém, a coisa é que passa a ser sujeito do ção o verbo /etrar, que significa invtJiigar >Oktr111tdo. O di-
verbo, que en tão toquivalerá a vir à lnnbrllll(fl (0 fato vem- cionário de Laudelino Freire o consigna, as~im como lt-
me à lembrança), tornar-se recuuúuio 10 fato toma-se-me trear e delttrt/J1.
rf'Cordadol. Coletivo, quando c:m o rdem sisttm;~.úzada: tJifabtto,
" Não lembro o dia" - " Não me lembro do dia" - ahtwúitio, abc.
"Não me lembra o dia" - são consu·uc;ões todas certas. Leu-as poc 'r'CDCCI'- SC - É de rodos sabido que "lcu·as a ven-
Por evidente confusão com outras construções seme- cer-se" é que se emprega na escrituração comercial , mas ne-
lhantes e corretas, como, por cxt'mplo, "avisamo-los ele nhuma pessoa que o português conheça ignora não dever
qu<'...", "Informamo-los de que...', enomws tabuletas ser <'553 a construç.ào. Com "· assume a frase aspeto fran-
lad~iam estradas de rodagem de nosso estado com um tro - cês ; se vcrnãcula fosse. outro seria o sentido, pois uma é
lo ló, mais do que aviso, em que ~ vc es1e disparate dc re- d izer em nossa língua "crens t1 partir", outra "trens por
gência:" ... lembramo-los de que .. .''. partir''. A primeíra conscrução equivale a trtnJ partindo;
Cada verbo com su.. regência. se podemos construi• denota começo de ação {trens que estão panindol ; a sc:-
"avisar alguém de algo", "informar alguém de ou sobre gun& indica proximidade de: ação (rrens que estão para
algo", jâ o mesmo não aconrece com " lembrar alguém panir) e este é o nosso caso; as letras não se est.'io vencen-
de algo", regênçia inexistente em português. O que remos do, mas por vencer-se.
na língua que ainda falamos no Brasil i:: "lembrar a a lgu~m Uvros de escrituracào comercial não são obras de lite ·
algo", que nou cra forma., com o oblíquo, fica ''lembrar· rarura , m;u, escritos ~m ponuguês, portuguesas deveriam
lhe algo". Logo, o corretO é "lembramos-lhes que ..." trazer as conwuc;ões (546, I , b).
Comparemos o erro acima com oucro parecido - "co - Leucócito - A acenruilçào proparoxítona é a que, etimolo-
municamo-los de 9ue"; assim não se diz, 'lt'nào " comuni- gica.meme, convbn às palavras 1-ucócito Cgr. /rucós. branco,
camos -lhes que". Ja se foi o tempo em que um governador e CJIO>, in\'ólucro, célula, glóbulo: denom ina<;ào dos gló-
de São Paulo mandava fazer bustos a si próprio com a b ulos br.m cos do sani{Uc), linfóàto {j,•r. l'!'"/JÍUI, água. e C]·
cras<'ado am..-s de seu nome. V. t$qutttr-u . lho.<· nome d<~> glóbulos da linfa) (' jagóàto {gr. phagdn.
Lendário, Legm(Ürio - A principal dif<;>rença entre estas com er, e qtos: denominacão dach aos leucócicos pelo pa ·
duas fonnas paralelas estâ em a popular - lendário - S<:T pel fisiológico que d esernpenham de absorver, nas molés-
apenas adjetivo: ~ lendário o que tem caráter de lench, o tias microbianas, as baaérias patógenas). e médicos não
que é relativo a lmda, e, ainda, figuradameme, o que i: faltam que assim as pronunciem.
rantâstico: as façanhas do lmdório F'uas Roupinho. Lnar · V. utrbOJ que tniTtJm nn txfrmsiles de tempo.
Legmdário é prec:ipuameme substantivo; denota: au tor Lnar a efeito · É expressão encontrada a cada passo, mas
de legendas (narraçõt>s maravilhosas c populares de a.conte- nem sempre com o devido sentido; isto, e mais nada, sig·
cimenoos da Idade Média. inscriç(i<'s em monumemos, nifica úvar a tjei!o: reali7,ar ou executar um projeto, um
em moedas o u med:tlhas; listaS explicativas de letras, de pensamento, um desejo.
sinais, de cores que especificam partes de um mapa); li- Tà.o w com tal significado podermtol substituir tfttvm,
vro com leituras especiais para cada d ia do ano ; col~o rtolitar, t><LcuJar pela frase /roar a tjrill>. Caso assim nio pm-
de legendas (à semelhança de ohilluino. registro de óbitos). ~os, i_ncid.iremos em ~o. Se não_ pode wn padre
É. também adjetivo, já para indicar que uma coisa diz kvar a ifi:•to um casamento , wna ~ nao estar executao·
respei to às legerHJa, ou tem o caráter das legendas (" epopéia do um plano, realizando um projeto, nem efetuando um
legendária"), já para caracterizar o que encerra inverossi- pensamenro, muito menos poderá um canhão levar a
milhanças imaginosas próprias de lenda, tomando ltrrda tftito um disparo, um bombardeio.
no sentido de narra(ão de ações extraordinárias - geral- Compreendida a expressão, poderemos empregá-la
meme fanta.siosas - ou rransmi tidas por mera trad~o. em seu legítimo sentido e, ~inda, variá -la, como f~ Camõcs:
172 Lcve,L~ Língua brasileira
" PM, ó Musa, em efeito meu desejo" . Lição · Coletivo, quando sobre um assunto: amo.
u~. Wiaoo · Se IC\-iano tinha, no portugu~s antigo, 01 sig- Ucmça,-prtmlo . Nada há que subentender entre os e-lemen-
nificação de pquco fUsado, tal acqx;ão ê hoje aceita e comu· tos variáveis e separados por hífen de um subStantivo
mente usada apenas no Brasil e, ain.da ;usim, em algumas composro para dOto de flexão numérica. É fa.lho supor
regiões. e em São Paulo só na classe menos cul ta: "Esta existir de permeio a preposição de para justificar o plural
mala parece pesada, mas está bem lroiana" (Taunay, "L~­ Hlicenças-prêmio", raciodnio que viria justificar outros
xico de lacunas"), erros como " porcos-espinho", "couves-flor". V. e.sco/4s-
É da índole da nossa língua rejeitar palavras divergentes modeloj .
com signifi cação id~ntica; se temos em por tuguês os di- Liceu · V. gmtflicos.
vergentes Cícrro c cicmme é por ter cada palavra sua signifi- Uáa . V. Arquia.
cação especial. Licopódio • v. ~·
Leviano, não obstante deri...ar d o vernáculo lrvt, tende a Lida, Lide • É observac;io filológica: Fonnas paralelas perdu-
afastar-se, quanto ao sentido, do seu étimo. Em latim só ram somente quando assumem significações d iferentes:
exiSte o adjetivo leviJ para ambos os significados: terra kvis m4c&lla, mandla {ambas do latim máadam). Q.uando a dis-
(de pouco peso), pópulw levis (sem caráter). tinção de significado não ocorre no andar dos anos, uma
úve teve e continua tendo muitas significações: delas perece: limite,lintú (ambas do latim Jimitem).
I. de pouco fmo: "Outras com úvts remos branda~nte, lida e lide não definiram completamente a sorte da SO·
as crisr:alinas águas apartando"; brevivência, pois ainda vemos litú por lida. Nosso verbo
2./igriro, ágil: cão ltw; leve de pé. lidar t~'Dt csres dois sentidos distintos: 1. trabalhar afanosa-
3. brando: vento froe; " ... que D<:us me toque com a vara mente. esforçar-se; 2. batalhar, combater, pelejar.
úw de suas admoestações"; O substantivo posverbal lida parece estar ficando com o
4. snn imparta"ria: " ... pois a Tcodorioo o condenavam à primeiro significado : lida~ o ll"abalho, a faina, o esforço:
morte por casos tão leves"; "Tanta/ida para tão pouca vida".
5.fácil: "E, porque o caso ltvt se lhe faça ..."; A forma ãtk, firmada no latim lü, liti>, guarda o segundo
6. frágil: " ... num leve pinho foi correr'' (navegar em frâ- significado de lidar: luta, contenda, duelo. li tígio, ques -
gil embarcação); tão: ''O advogado fez sua a liik" - "Lük.s amorosas"
7. não profundo: sono 1~; (desavenças-de amores).
8. de frúil digestão: comidas ÚV<>; Lidtt - O inglês "leadcr" já se eocomra a.portUguesado na
9. p111'co: refei~ào úw; forma comum de dois ii/Jer, sem nenhuma necessidade de
10. volúvtl: caráter /roe. aspas; Udms é seu plural; são seus derivados /Ukrar, lidt-
Na acepção de irrefletido, snn juíw, não encontramos ,.a,lça.
exemplos nem no ponuguh antigo. A ten~nàa, cada vez Lilás • Não obscame "lilá" corTesponder io pronúncia da
mais acentuada, é dar a leve sentido material, a leviano sen - palavra originária, dois motivos levam -nos a preferir
tido moral: peso leve; modo de agir lruiarw. liJáJ para aporruguesar o frands "lilas"; um, o uso já lar-
l.b~ . É o mesmo que úwdura; massa levantada, enru - go da forma com .1 final - muitos escreviam e ainda erro-
mescida; produto ou matéria fermentada, que se utiliza neamente escrevem com L - outro a fu:ilidade que traz
para novas ferTnemações; fennento. Q.uer substantivo, para o plural, tam~ de largo uso, lilases (um camejro de
quer adjetivo (tornar lêvedo, massa llvtda), é palavra sempre lilases viçosos) e para o derivado lila.star (dar cor arroxea-
proparoxítona. da a).
Lneologia . V. taxt01Wmia. O apelativo dessa flor pode ser já substantivo, para in-
Lha • Nesta forma pronominal, resultante da combinação dicar tanto a flor CJ.uamo a cor, já adjetivo uniforme: cor
d os pronom<!$ oblíquos fM e a, lhe figura em lugar do lilás, sedas liltm.s (ou 'da cor de lilás"), vtu lilás.
objeto indireto, a em lugar do objeto direto ; só é possí- Q.w.nto ao gênero not.e -se que todos os dicionários e
vel, pois, quando nenhum dos dois objetos está explícitO. vocabulários atribuem-lhe o masculino: o lilás.
Suponhamos t;rat:~r-se de uma chave; podemos di.zer a O éri mo árabe lilalr, de o nde tirou o francês, dâ-nos o
alguém "Já /lia entreguei", mas se mencionarmos o objc· radical dos derivados lil4cto, semelhante ou relativo ao li-
to entregue, tomar-se-á impossível c errada a fonna Ota. lás, liláeta>, família de plantas que têm por tipo o lilás,
e o certo só poderá ser "Já lltL entreguei a cba...e". Tomar- lilaciM, substância extra! da da casca d o lilis.
se -á igualmente impossível o lha se mencionannos o obje- Lima . Adjetivo pátrio: limm/w.
to indireto, ou seja, a pessoa a quem entregamos a chave: Linfóáto • V.lnuócito.
"Já a entreguei a vod" . ·321. ..Lingerie" · Francesismo inúril; entre nós já é traduzido por
Lhano . Provindo do espanhol, é usado ao lado do adjetivo roupa branca: fábrica de roupas brancaJ. Em Pormgal diz-se
cM.o, ambos do latim planw: palavras cltã.s; lhanos agrade- Lm<aria, Jancaria, para indicar toda a espécie de panos d e
cimentos. De (114M o derivado lhar~«ta (simplicidade, amabi- linho ou d e algodào considerados coletivamente ("Os
lidade). armários mal se podiam fechar com a qw.ntidadc de lm-
Lh e = A de . Alguns _.bos temos que não admitem a forma raria) e também roupa branca. Em francts, llngt i: roupa braiua;
lk para objeto indireto: língdil indica o conjunto, a variedade, o u seja, roupos br=.
ajudar: ajudei a tia (à missa); Língua . Barulho: ~stalor. .
aspirar: aspiro a tle (ao cargo); Língua brasilõra? · Afirmar q ue a língua qu~ falamos no
ossistir: assisti a eles (aos jogos); Brasil é outra que não a portuguesa é o mesmo que afinnar
presidir: presidiu tz d e (ao congrt:<So); que os norteamericanos nào falam a inglesa. Com excec;io
recorrrr: re(;()rri a tlt s (aos meios). dos índios c dos que virnm no caminho do rnani<:õmio o
Lbo · V . lha. mais seguro para a suaJornada, todos os brasileiros falam
Ubenas quae aén timen • (A libe.r dade, ainda que w-dia). a Ungua portuguesa. Lingua brasileira" não existe no
Lema dos lnconfidenres, tirado mu tiladamente de um ver- Brasil, mas portuguesa, porquanto uma é a lexeologia,
so de Virgílio (Écloga. I, 25): "Libertas quae, scra, tamen um o processo de fonnação vocabular, as mesmas as fie.
respexit inenem" • A liberdade, a qual, tardia, contudo xõcs verbais, como as mesmas as graduai s, as numéricas
olhou para m im inerte. e as genéricas, como idl:ncicos os prefi)(OS e os sufiXos.
Ubmiáda . V. marilicida. Um povo pode muda.l' st'U lbáco e até a própria sintaxe;
Libido • Usual e etimologicamente o acento tônico de libido mas se guardar seus processos morfológicos, isto é, de
(energia psíquica: instinto vital) é na penúltima sílaba, flexão, de conjugação, de composiçio, de prefixação etc.,
longa em latim: fi.b[. ,U,. sua llngua não terâ mudado.
Ungua brasilrira. Língua naciooal 173

~ existe "Ungu;a brasileira", sua gramática deve cSClr ficas o.óticas para designar produtos de indústria ou para
há muito esgotada e desaparecidos todos os cxemplarcs. indicar tribos de índios, sem deformações sintáticas intro-
Não é verdade tenha tido Rui Barbosa simpatia à deno - d~.qidas, sob o pretexto de cadencia musical, por levianos ou
minação " língua brasikira", simpatia impossível em quem ignorantes; continuemos a fingir que, a diferença de outros
é ínteleaualmentc bem formado e mentalmente equili- povos, nós não pensamos só na p romoção de bem e em no-
brado. Mw to ao contrário, abominava o nosso grande vidades materiais senão no prazer do conhecimento, da cul-
luminar a simples denominação de língua bra.sileira para o tura e na beleza lingüisr:ica de exposição de suas conquistaS;
nosso idioma, como poderio mostrar estas poucas passa- continuemos a fingir que concordamos com Rui quando
gens: afirma liCr a língu;a portuguesa "idioma em que se contecnpla
"Respeito ao idioma, saiu escrita a resposta no que ele a comunhão das duas nacionalidades e que, igualmente pró-
me~mo dewanecidamente chama "o dialeto brasileiro". prio de ambas, tem a sua unidade não destruída., nem subs-
sun-.:io amplo, onde cabem à larga, desde que o inventa - útuida, mas opulenta pelas variantes de além e aquém -mar".
ram para !iOSS<:go dos que não sabem a sua língu;a, totlas ünp oaciooal - Falc:cido há mais de vinte anos, o professor
as escórias da preguiça, da ignorància e d o mau gosto, Álvaro Guerra, conheudor como poucos dos oossos clás-
rótulo americano daquilo que o grande escritor lusita.n o sicos, era o fiscal do vernárulo da cimara murúcipal de São
Alexandre Herrulano tratara por um nome angolês: "lín Paulo; os projetos de .lei passavam pelas suas mãos para
guabunda". que fic;uscm limpos de dis.trações e deslizes que comprome-
Depois, enfio, que se inventou, apadrinhado com o nome tessem o asseio lingQisúcõ d os vereadores. Não há muito
insigne de Alencar e outros menores, o "dialetO brasileiro", tempo ( 10-10- 1975) foi assinada uma lei que impede sejam
todas as mazelas e corruptelas do idioma que nosSos pais regisuados nos oficios públicos nomes, documentas ou con-
nos herdaram cabem na indulg('!lcia plenária dessa fonna de tratOs com palavras ou siglas escritaS de maneira que infrin-
relaxação c do desprezo da gramática e.do gosto". ja a ortografia oficial.
O de que pr-ecisamos, pais e professores, é estudar nós Ainda que um pais lei nenhuma tenha que proiba erros de
mesmos a gramática portuguesa, para depois estimular c lexeologia, de sintaxe ou de ortografta, tem ele gerabnente
melhorar a cultura lingüística de noS!iOS filhos e alwtos; um artigo, às \-etts na própria const.ityiçi.o poUtica, em qu e
oiçamos outra vez Rui : " Entre nós, bem ao contrário do que determina a língua ou línguas em qu~ seus cidadãos deft'm
se passa na França, os melhores alunos tro~.nspõem os CW'SOS oficialmente comunicar-se. Por constituição, no Brasil nin-
secundários e superiores S<:m o menor germe de estímulo guém sabe qual é a llngua nacional, não obstante conter ela
do idiorqa pátrio. Sendo a língua o veículo das idéias, quan- (a de 17 de outubro de 1969) duas p;u~gens que coc-o~.m no
do não for bebida na veia mais limpa, !"llis <-Tistalina, mais assomo:
estreme, não verterá estreme, crisralino , límpido o pensa- art. 14 7. § 39, b - Não poderão alisrar-se eleitores os que
menta de quem a utíli.z;a". não saib=l o.primir-se na língua naàonal ;
Muita válida é a afirmação de Rui "bem ao contrário art. 176, § 39, I - O ensino primário somente será minis-
do que se passa na França". Cinqüenta. e pouco~ anos após trado na língua nacional.
essa afinnação, lemos no TIME de 12 de rnar<;o de 1973: Deix:ando de mostrar estranheza .à colocacão do advérbio
" Q.uamo aos franceses, ensina -se-llies cio jacranciosamen- "somente" (traz ela ao texto ambigOidade, que.seria evitada
tc nas escolas que des devem vangloriar-se da cultura e da st! o advérbio viesse após "ministrado"), não ocultamos

Juperioridadt li'llgllútiw {é nosso o grifo) que joio Cocteau admiração ao fato de uma constituição, tida por todos como
chegou a confessar: " Quando menino, eu pensava que só os carta magna, rer de ficar suberdipad.:a a um código p;ara a
franceses 5abiam falar e que os estrangeiros apenas fingiam generalização de propósitos legislativos. Uma vez aceita a
que sabiam'', necessidade de saber· o individuo exprimir-se em determi -
E assim realmente é em todo o país em que o :z.clo do idio- nada língua e de nessa língua ser ministrado o ensino primá-
ma faça parte da educação óvica. Com que humilhação e rio, por que não dizer desde logo que língua é essa? Língu;a
desànimo ouvimos no Brasil de criança> aqui nascidas de nacional tOdos os paises têm - uma, duas ou mais - mas
seis anos conSIJ'UÇÕCS em ingles que fielmente traduzidas re- suas constituições, se nccc:ssãrio - como julgaram nossos
latam sobre urna coleguinha : "Não a vi na escola hoje''. legisladores nas duas passagens referidas - ditem de ime-
Digam elas em português o que cscio a afirmar em ingl~s e diato qual ou quilis as oficiais.
~vem: "Não vi ela na escola hoje". E para confinnaro mis- f:. o que faz a constituição indiana; no artigo 343 tstá
to de ignorância e desconhecimento de civilização de pai~s expresso: I) O idioma oficial será o h indi em alfabeto deva-
de vida escolar obrigatória, muitos pais entre nós o bjetam : nagari. (A continuação do n9 I é sobre a forma dos algaris-
" Mas fica esquisito falar assim". mos}. 2) Não obstante o que consta na dá.urula I, durante
"Os meios de comunicação coletiva" - é um dos consi- um período de quirue anos a partir da vigênda desta. consti-
derandos de recente dccrero peruano - lêm influência tuição o idioma inglês cominuará a ser usado para todos os
importante no processo educativo do individuo, da famma fins oficiais da União nos quais vinha sendo usado imedia-
e da comunidade e, portanto, devem oferecer a todas as pcs- tamen te antes da vigência da Constituição. 3) Não obstante
!iOaS a infonnação, a educação, a cultura c a ~o de o que consta neste anigo, o ParlamentO pode por ki dispor
fonna que reafirmem sempre os valor~ do ser humano, sobre o uso, depois de decorridos quirue anos, de a) língua
usando linguagem correra e evitando deformar estrUturas in!desa, ou bl forma devanaga.ri de algarismos ...
idiomáticas..." " No artigo 351 diz que comp~tirá à União providenciar a
Enquanto não adquire foros de lei, a ignorância do nosso d isseminação do idioma hindi, apcrleiçoá- lo, assegurar seu
idioma conquista defensores nos lares, nos meios de comu - enriquecimento - e a seguir cita os carone idiomas impor-
nicação e nas próprias cátedras. Direta ou indin:laiilente, tantes da lndia .
explicitamente o u não, o cultivo do idioma pátrio está lgu;al procedimento tem a constituição de Cuba d e: )Q de
sendo dia a dia mais despn.,za.do entre nós; a língua por- julho de 1940, cujo artigo 13 declara: Son cub.lnos por na-
tuguesa irá poluir-se primeiro no Brasil, para depois cons- tur~li1.ación: a) .Los excra njeros q~e d espués de ci_nco ai\ os de
tituir-se motivo de poluição no concerto geral das nações. rcstdenaa conunua c:n el rerntono de [a Rcpublica y no me-
" O Bras.il é pais de idioma sem gramática" - será afinnação nos de uno despub de haber dc:d&rado su imención de
válida para daqui a poucas décadas. Até que esse dia chegue adquirir la naciona.lidad cubana, obtengan la carta de ó uda-
continuemos a fmgir que falamos uma lírigua culta, sem in- danla con arreglo a la Ley. siempre que conozcan cl idioma
fluência de promiscuidades regionais nem tribaís, arúscicas espaiiol.
nem raciais, sem a pemicio~~a inteaferência de professores Procede rambém de: maneira clara a constituição do Pana-
relapsos nem de acadêmicos derrotistas, sem criações grá- má d e 2 de janeiro de 1941 , no artigo 10: El castellano es el
174 Língua oaciooal
idioma ofiàal d~ la Republica. Es función dd Estado velar Por que, pois, o pejo de programas de ensino mencionar
por su pureza, conS(c-rvaáón y ensei\anz.a. cn tOdo ti país. PORTUGU!S corno disciplina de estudo? Por que o furtivo
Outros países deixam pan os códigos a deu:rminação do nome d~ idioma nacional ~m boleúns escolares. em p rovas
idioma ou idiomas v<.-máculos; é o que fa:t. Portug-dl. Se na de exame, em horários de esta.belecimemos de ensino? Un-
consti tuição política d~ 2S d~ a~sto de 1971 não achamos g\Q nacional, realmente nacional, é o tupi-guarani; nem a
refertnàa ao assumo, vamos enconb'á-la, de forma precila, denominação de língua nacional nl'!m a de língua brasileira
~m dois código s: I) no artigo 164 do Código do Direito do devem presta.r-se pan 1ra2er sossego aos que não sabem a
Autor (decreto-lei 46.930, de 27-4- 1966): I. Q.~ndo, passa- lingua de sua terra, para esconder escórias da preguiça. da
dos set~ anos sobre a publicação de urna obra eKTita em lín- ignorànàa e do mau gosto, para ocultar as mazelas dt! um
gua esuangein., o titular do direito de tradução ou ou trem idioma corrompido pela relaxação do ensino, pelo despreto
com autorização deste não a tiver publicado em PORltJ- do seu c:srudo, pela leviandade dt! p rofessores sem formação
GU!S, _Poderá <JualqutT pt."SS~ obter ~o tribunal urna li- cívica, sem consciência da profissão q ue exercem.
u nc;a nao exdus1va pard trdduztr e pubhçar a obra. - 2) no Líogua s.l ntttiea - V. ca.sos latino$.
artigo 189 do Código do Notariado (dea~to-lei 47.619, d e LiuBtJ&gem dos jo1'eos? - A linguagem é do homem, sem dis-
3 1 dt! março de 1967 ): I. A tradução de documentos escritos únc;ões etá1icas; é ela, a um tempo, fru to da gramática, da
em língua estrangeira consiste na versão para a língua POR- retórica e da lógica. Cada uma dessas discip linas apresenta ·
TUG UESA do seu oontt'Údo into:gra.l. nos as normas para a utilização desse dom; cada qU41 traz-
As constituições nossas d~ 1824 e 1891 nada dizem a res- nos um padrão de excelência. e de corri'!Çào para fornecer-
peitO; a de 1934 perde oponunidad~ de pronunciar-se sobr~ nos, para apresencar-nos um todo, um instrlliOC!lto de pen-
o assunto quando d t!clara no artigo 150, i único, d : O plano samt"nto ou de comunicação. A relação entre elas é a existen-
naàonal de educação con!tante de lei federal, nos II'!Tmos te entre o nosso comportamento social (a gr:amática), o inte-
dos artigos 5~, n9 XIV, e 39, n9 8, letras a e e, só se poderá lectual (a lógica) e o emocional (a retórica). Q.uanto mai~
renovar em prazos detl'!rminados, e obedecerá às seguintes pobre a lógica c a retórica, tanto m ais pobre a gramática,
normas: ... dl ensino, nos estabeleàmentos particulares, quer quando considen os vocábulos isoladamente, quer
ministrados no idioma pá trio. salvo o de línguas estrangei- quando os considera concatl'!nados no período.
ns. fala-se em "linguagem dos jovens" porque os jovm s é
A de 1987 nada diz. A d .. 1946 rra2 d uas passagens, que .são que mais ~ fazem ou•'Ír já nas rua s já em meios de comuni-
repetidas nas de 67 e 69 : Art. IS2- Não podem alistar-se cacio onl, nw quantos pais não falam de igual forma?
eleitores: ... 11- os que não saibam exprinúr-se na língua O aumento da população. a produção em massa de filhos
nacional. An. 168 - A legislação do ensino adotará os se- ocasiona, enrre ou1ros males, a deficiencia de educação;
guintes prinópios: I - o ensino primário é obrigatório e só enquanto em países de seriedade de instrução o curso ele-
será dado na língua nacional. mt!ntar 1cm sete horas por dia, em nosso estado tivemos não
Ainda a de 194-6 IJ'az nas Disposic;ões T ransitórias, an. S5: há muito um governador que o reduziu de quatro para duas
O Governo nomeará comissão de professores, eKTitores e horas diárias, para alardear, dois anos após sua posse, que
jornalistas, que op ine sobre a denominação do idioma na- havia duplicado o número d~ vagas; nem em jo rnais nem em
cional. càmans apontou alguém a real significac;ão.da afirmação.
A de 1964 r epete o que foi citado da de 1934. Como pr etender qu e pais de on1em e filhos de hoje te-
Nosso código de processo civil de 1989 não se senüu obri- nham melhorado, tenham diversificado, tenham enriqueci-
gado a esp«i6car o idioma que ofiáa:lmente falamos, quan- do o voeabulirio se aqueles se formaram por decreto e com
do no arógo 228 estatuiu: "Não serão admitidos em juízo a incx.isttncia para ~tes de aula.s de redação, com a liroita-
documentos escritos em Ungua estrangeira, salvo se acom- c;ão de aulas de leitura a um padrio !nfimo de representação
panhados de tradução oficial", o que nos obrigava a indagar litt!rária, com a supressão da gramática do OJrri.culo funda -
que outra lei declarava qual a língua oficial de nossa terra . mental? A ausência de gramática deno ta a inexistência de
Porque em Brasília t'Xine um Hotel Naàonal, em que se retórica c a carência de lógica. Não se trata de "linguagem
hospedam os enviados de Portuga l que aqui vêm cuidar de de jovens" senão de " língua cac;anje"; d<" tal forma se dete-
ortografia. a Ungua tem de chamar-se oadooal? Ta.lvez um riorou o idioma nesta terra que as próprias autoridades
cidadão não saiba o que signifique 1'emáculo, mas deve educacionais passaram a chamá-lo "língua naáonal", que
saber que língua l'ft'Diwla e tiagua nacional rodos os países indivíduos scdizcntes professores de ponuguk arrotam em
tffll; não só países, mas tribos, nações, ou seja, toda a comu- salas de aula " gramática já en". Em vez de gramá ticas de
nidad.., de indivíduos unidos por identidade de leis, LIN- língua portuguesa, começam a aparec.er e a ser adotados
GUA. cosrumes, religião. A língua nacional da nação hebrêia "manuais funcionais de linguagem", "cadernos de comuni-
l'>tistl'! independentemente da ex:isttnàa de um país chamado cação" e quejandos que muito bem arestarn a degradação a
Israel. j á poucos sabem o nome oficial do Brasil; já ninguém que em nossa terra chegou o idioma de Rui. de Nabuco.
sabe, pela constituição, qual a l.íngua que nele sH'ala. Como o fabricante que para chamar a atenção do consu -
Vamos então ao código civil: Art. 1632, ~ único - As m idor muda o rótulo do produto cambiando-lhe dizeres e
d.eclarações do testAdor serão feitas na língua nacional. cores, o escritor nosso é hoje roda de uma máquina editotial
Outra vez " lingu;a nacional". Cilminhemos mais um pou- q ue inventa palavras e altera normas do idioma.
co: An. 1640 - O testamento pode ser escrito, em Ungua As cozinheiras ou~-em rádio e elas é que influem na com-
nacional ou estrangeira. pelo próprio testador o u por ou· pra de uma massa de tomate, de u m dt!tergeme, de urn des-
tTem, a seu rogo. cascador de batatas? Pois vamos falar como elas. As cozi -
E' ficamos ainda na m esma . Será o làto histórico que faz nheiras é que compram discos? Pois vamos cantar "vi ele",
lei? Mais uma tentativa, e verificamos que o abre -•e sésamo "estou na minha" . Irresponsáveis é que compram motos t:
para a dificuldade está no artigo 40: Os escritos de obriga- alterado•·es de escapamento e de bwinas? façamo- lhes pois
ções redigidos em llngua rs11angeira serão, para ter efeitos anúncios com termos sugestivos, criados e usados nas sarjc·
legais no país, verúdos em PORTUGUE:S. liiS, nos lugares em que eles vivem c ... procriam.
Por falar em d'eitos, o d'eito desse artigo é comparável ao Se a fala é fruto de recursos glóúcos, se a linguagem i: dom
do banho de imersão em ág~.Q fria do siSlema Kneipp. E o decorrente do da imeligêngia, a lingua. o idioma é conse-
código de proas-so civil que l'!ntto u em vigor em 19 de janei- qilência de educação, educação no sentido de ínstruc;io, de
ro de 1974 diz no a rtigo 151: " O Juiz nomará intérprete civill'OO, de vergonha. O que importa não é apenas sermos
tOda a vez que o repute necessário para: ... verter em POR- enrendidos, senão mostrarmos q ue esramos além do triba-
TUGUE:s as declarações das panes e das testl·rnunhas que lismo.
não conhecem o idioma nacional." A formulação cienófica e a rna.nifestac;ão literária não po-
Littimcnto "Line-dmbio" 175
dcm cindir-se da CMrurur.a do idioma, oem na lin~gcm de O singular llfwl& deve trazer acento agudo no i, de acordo
livro, de jornal, de rádio, de tdevisio, nem na ~uagcm de com a regra 8 do § 4S do Formulário OrtográfiCO ("Sobre·
rua, de cua., de ~la. de assembléia. nem na lin~ de põe-se o acento agudo ao 4 , e, o abertos e ao i ou" da penúl-
velhos, de jo~s. tima sílaba dos vocábulos paroxítonos que acabam em I, n.,
A língua expor12-se pela televisão, pelos discos, pela im- r e .~e''), mas o plural não o tt1lZ, de acordo com a observac;ào
prensa., e pot" elas nos ~ulg;am no exterior; "tá neua?", "e5· 1 da~ 7 do mesmo parágrafo: "Não se acentuam grafi-
tou a fim d e'\ ubicho t• "cara", "jóia". "bat.an.a'\ "bárba- camente os vocábulo~ paroxltonos finalizados por ms: ima-
ro" são decorr~ncia natural num país em que ocorre a re- gens, jovens, nuvens".
provaQlo de noventa por cento em provas de r~'Cia<;ào feitas No mesmo caso estão lúftt~, cówn, pólen, no singular com
por professores de portugues. A prova deve ser feita não de acento agudo, no plural ~m acento nenhum: hífens, colons,
ponugu~s. ma& de "linguagem de jovem", de "llngua nacio - polem: comicidades onogt-.i.ficas a que t!SI2mos oficialmenle
nal'', por professores que, como há pouco tivemos oportu· sujeitos desde 1945.
nidade de verillcar, nio sabem nem ao menos distinguir um LiqOidar, Liquidar • Conforme . a r egião do Brasil, ou de tiqwi·
objeto no periodo, que nunca ouviram falar em sujeüo tk, lit[WJar. liqui~ão. li.qvidalárib. liquidávtl, liquidi..Jkatior
acusativo, que nio sabem por que é toli~ redonda dizer faz-se ouvir ou não. Da pronúncia dependerá a sinalizac;ào
"fac;a eles entr.~r<'m", " dt'vnn fazerem". gráfica, com ou sem rn-ma.
O s jovens "estio na sua" em assim proa:der em rc:rra em O mesmo se dá com /ú{lujtJur, liqutfato, liqtuftilo,liquejari!J,
que professores c dicionarisas vivem de alardear ignodnàa. que no Sul, em vinude da pronúncia. são grafados com
Religião, ane, idioma, nada tem signilicaçio pa"" quem, trema. V. cotoru.
mais do que desprezar, objetiva extinguir a educação, a Líquido - Ba.rullio: gluglu, gorgoltjar.
quem deseja rnotlificar o procedimento, a tradição de um Lisboa - Adjetivos pátrios: lúboela, lisbon.rosr, lislwnino, li>bonls,
povo. lisl;oano, oü.sipontnst, !lliHiponmsr, aJfacinhc.:
Afinal, que é o jovem senão produto do meio? Q.ue a.r Liso, Lisura, Lizo • J.iso c liJurtJ são fomw gr.i.ficas j á oficializa·
pode ele respirar senão o da aunosfera ~m que vive?- O de- das em Portugal ~ no Brasil.
senvolvimento dos meios de comun icação põe a mostra ro- O verbo liliiT (voltar, num banho de tin12, qualquer tec:ido
das as variações patológicas da educa~-ão. O belo quotidia- ou meada) dá-nos liw no indicativo presente, mas é. incon-
no, a estética tradicionalisla irritam os que não conseguem fundível com o adjeóvo.
superar ou pelo menos acompanhar os que se fazem notar. " Listagem", "Vendagem", "Amosttagem" • Parece-nos fal.h o
Não importa o tempo de luta qu~ precedeu a vitória; a velo- a.finnar que·"/istagtm ~ o ato de imprimir wna lis12, o que
cidad~ eom que a populac;ão e as suas necessidades aumen- constinü um dos atos mais comuns no processamento ele-
tam cega os pais, oblirera-lhes o conttito de educação. A trônico d~dados".
escultur.~ , a pintura, a música embaralham-se, e a p romis- Q.u er impressos, quer datilografados, quer eleaonicamen·
cuidade vem a renetir-se na linguagem e passa a ser definida te fornecidos, o s dados resultam numa lista, e "fattr a lista"
pelos que esquecem p;llavras e criam novas pa.ra substitui· (e não "fazer a listagem") ~ o seu procesSilmentO. Lisa é
las, pefos q ue desprezam formas, pelos que escondem ver- sempre li5ta, como venda é sempre venda, como amostra. é
dades. As tolices de fraseados, as invencioniees de modismos sempre amost:r<A, quer seja fei1a a referência ao vo lume mé·
suplantam-se umas às outras. Se na música voltam para o dio quer ao volume total do que é posto em lista, do que é
ri ano tribal, se na pintura para o simulacro e para o caramo· vendido, do que é colhido para amostra.
no, nas ktras pais e mestres enveredam-se para o dlUlo, fo- As amostras oferec:cm prova, o " sarnpfing material" (; o
mentam e acompanham cles na linguagem não a alegria, material de prova, como os "sarnpling of drill cutúngs"
mas a molecagern de rua dos filho~. dos alunos. O barbaris- constiruem "(UII()ItrOJ de perfuração"; o ato de verificar, de
mo passa. a ser da çonservac;ão. ta leviandade a identificar- examinar as amostra\, de tirar conclusão de um todo me-
se com a transitoriedade humana. diante exame dos componentes desse todo chama-se ~IIIHJ.
Lioi.mmto, Lcuimmto • E.x.isrem as duas palavras, a.da qual "Sampler" é o tirador de amosttas, é o provador, o u o iru-
com o seu sentido determinado. I.inimmto prende-se ao ver- trumento, o papel, o conjunto de amostta.S.
bo lirú.rt, un12r, esfregar com: lirú.re coeiÚ, tingir-se ck sangue. Se nossos engenheiros fossem aprender lécnica no Japão ,
Oessoe significado, o senrido especifico de linimnr~o : prepara- que formas injetariam em nosso vocabulário em substinüc;ào
do que se esfrega nos músculos para aliviar a dor. O latim das já existentes? Essa mjeràl) iriam chamar "i~l<Jgtm de
tem ainda liniatura, para indicar a ação de aplicar linimen· est:rangôrismos"? E.uirltl iria tranSformar-se em msi~
to; poderia existir tambm entre nós, a semelhança de Wllu- para indicar a prátia., o processamento?
ra, ação de untar. Feliz é o ingli:s em ter a forma gerundial ing para expressar
Lmimnllo prende-se ao adjetivo latino bmi>, t, brando (ao o ato verbal, e feli~cs somos nós em não precisar forc;ar a
tacto), macio (opõe-se a áspero); em sentido figurado signifi. troca dessa tennina.çio por agem e acrescentá-la a três por
ca doce, suave, agradável, donde o sentido vl'flláculo de dois·em todos os r.~dicais de nossos verbos.
bmimento: aquilo que suaviza, abranda, acalma, mitiga; Litigio . V. digladiar.
donde, amda, o cognato ltniliw, remédio para acalmar dores Liftl - V - niwl.
em geral, sedativo, emolieme. PTende· 5e ao verbo latino Une · Superlativo $intétíco: liJJ""-.
lntirt, abrandar, acalmar : bmiu ánimumjtroum, acalmar um "Une-câmbio" . Ninguém pode negar terem os substantivos
carálcr feroz. livre-c4mbio, tiwe-rodtJ, livr<· tStraáa, livre-cidade cunbo estran-
Não i privativa do porru~s a mstência das dUM pala- geiro, de língua em q ue é de regra a anteposição do adjetivo
vras. Um passatempo pode ser lmimmlo, não lmimmlo. ao substantivo. Ternos livre-atbílrió, livre-d«<nci4, livrt-penso.·
Linótipo • v. &ntólipo. mento já. consagrados, rnu não deixam de ser cópias de com-
l.iomc . t a forma ponuguesa correspondente 1 italiana li- postos fonnados de ma.n~ira diferente da nossa. Mnrtllio-
vonul, cid~de industrial da Tosc:ana. rugrc, e nio " negro-mercado" é que se diz em nosso idioma,
Lipidlo • v . ídio. colocando-se em primeiro lugltr o subSiantivo.
l.ipsia • t ~ correta forma porruguesa correspondente à alemã Nesse andar, teremos logo "livre-estrada" (frccway), " li-
úij>tig, cidade da Saxônia, célebre por numt!rosas indústrias, vre-livraria" (tTce library, b ibliotcQ. pública), " livre· ho ·
pela universidade, terra de Wagner c de Leibnitz. mem" (freeman , escravo emancipado) e outros barbarismos.
Líquen . Nomes tenninados na nasal n fazem o p lural, no Bra- A extravagância d a lorma singular confirma -se na titu-
sil, de acordo com a regra geral: liqucu. CâiWTut, gmne, espia· beante formação do plural. Enquanto vemos "livrc-cambis-
me já são formas preferidas a cdncn, g1rmm e tspicimm, e o tasn. "llvrt..cambismos". ulivre-cultistas" , "livrc·cultis-
mem10 já vem acontecendo com abdome, aiiDN. moS', 'tlivre....exa.mes''. ulivre·petJSadeirismos", a sanelhan-
176 livro Lugares de rulto
ça d~ livre-41'bítrio.s, encontramos os plurais livres-d«tnnas, construção, eixo de uma estrada), tem a de oblocar (também
livrts-pmsttt/t>m, livm-j>n'MilltJJ, liwts-~s. este verbo provenienre do latim), ou seja, de arrmdar, lllugar.
Q.ue procedime:ruo é~? Viessem correameme coloca- Os dicionários não trazem o emprego de locar com uma
dos os elementos desses compostos, não teríamos dúvida em terceira significação, mas é ela justificável; se há em direito
aceitá-los a ambos plurallzados: perlkJdorts-livm, docerrús- wcaçoo (contrato pelo qual uma das partes, mediante remu-
livres, mações-livres, rodas-livres, rodares-livres. A duplicidade ncrac;ào, que a outra paga, se compromete a fornecer-lhe,
de procedimento na pluralizac;ào d e tais compostos é coeren- durante ceno lap50 de tempo, o uso e gozo de uma coisa
te com a leviandade d~ aceitação do singular estrangeiro. fungivd - locaçoo d e coisa - a prestação de um SCTViço -
Lnro - Goktivo. quando rcu.n idos para co~UUlta: bihliottca.; ~ de senico - ou a execução de algum trabalho deter-
quando reunidos para venda: livrarúJ. Aumentativo: liwoo; minado - empreitada), nada mais certo que empregar locar
livr6rio (pejorativo). oom a significac;ào de rca.lizar esse tipo de coou-ato. O que t
.. Uvro de teXto" - Como substantivo composto, " livro de wx- demais é criar um terceiro verbo (alocar) 50b o pretexto de
to" é expressão sem mu'iro sentido: "A bíblia consdrui o sua existência em outta lingua. Digamos sem receio: IOWT
tcxro de várias religiões" c nio: "A bíblia constirui o livro de scrvic;os, locar recursos, itJcm crtdito, /OUJT despesas.
texto" (nem " livro-texto"). TtJt/1), por si só, já significa reu- Se nio se: tratar de direito, que se empreguem nossos ver-
nião de palavras, de proposições, de do utrinas sobre este ou bos trddicionais : profJor€ÚJnor, ralear, distribuir. V . "aloc;ação".
aquele as.,umo, sem necessidade da palavra " livro". Loromodn- &m.U,_o: apitar, resfolegar, silvar.
~f: o caso de o leitor pretender indicar urn livro que con- Locução ad'!'erbial (formação) - V. a. olltoj WJoj; V. a dtsor()j.
tenha tcxros, isto é, temas, orações, scnrcnças, dirá "livro de l...oaJção paposiriva - V. re~liçdo dtJJ loCU(õts prtfioJitivas.
texms", mas nio hi aí nenhum substantivo composto. Se é o Locuçio 1'Ubal - V. podem subsistir desconjiafl{(lj.
caso de indicar " livro' adotado como guia de ensino" bastará Lcx:utor - É a palavra 'l,!'-e vem sendo usada para substituir
a palavra trxto, sem nenhum rresa.ndamemo do inglês "text- "speak.rr". '"'announcer .
book": Q.ue ltxto adota o ~u professor de porrugu~s para Lódào - Este nome de pla nta i: masculino e tem a mesma r:o ni-
ensinar gramática ? A palavra C1)111phrdio presta-se ao caso cidade de gõljâtJ, ~~rlgão.
mais aind.l do que úx/1), pois tem o significado especia I de Lombardia - Adjetivo pátrio: /~ardo.
"livro que serve de texto": um c~ de quimiaJ. Londres- Adjetivo pátrio: londrilUI, londrh
L{), La - Quando junto d os pronomes oblíquos o, a, o•. <1l. Looge, Loog~s - Alnn da função adverbial de lugar, para indi-
(o pronome obliquo rw• provoca o emprego das formas lo. car " a grande distància no espaço ou no tempo" - e é n este
la, los, las, maneira arcaica de grafar o artigo, da qual temos caso invariável (Eles foram longe - O negócio deita para
prova nas expressões a la fi, a la mira, a la amtll (que deu alar- longe) - tem lmrge a de adjetivo, com significac;ào de distante,
ma). Da junc;ào 1WS-lo, nos-la etc. conscqOmcia narural foi a afasCI.do, e é então geralmente usado no plur.tl (Andou por
assimilac;ào do s em /: no/ID, passando então para a forma langts cidades - Lembrou-se dos longes tempos da infància),
no-lo. O mesmo se diga das combinac;õcs vos-o, ooJ-a erc., e ainda a de substantivo, para indicar a parte que forma o
que re~ultaram em w -/o. vo-la, vo-lbs, vo-/as. fundo de uma pinrura, paisagem (Os ltmges do quadro), a
Substituindo o objtto direto pelo correspondeme pro- pane distante de uma região (Nos longes dq Brasil) e, figura-
nome: oblíquo na ora~o "Devemos amar o próximo" . obtr· damcmc, vislumbres (Deu-me uns longes dos seus negóáos),
mos: "Devemos amQ.r-o". Como no caso anterior, também pressentimento $, sem~lhança : Tem uns tongrs disso.
aqui apare~ a fonna arcaica /o: ama.r-ID; desta junção, a con - "Loopiog", Lúpim - St o " looping thc: loops" já se abrevia. e
seqüente assimilação amai-lo, e desta, a forma tmtti-lo. muito se usa, na primeira palavra, por que não a aporrugue-
Este mesmo fenõmeno se observa em fi-lo (fu.-o), di-lo sarmos em lripim (pl. lripins), com lucro para o nosso idioma?
(diz.-o), amemo-la (amemos-a.), ei-lti (tis-o) . Loquu - Superlativo sintético: IIJI!uacfssimo.
A for-mn amá-lo, quando resuhanre da junc;ào 4111<!r-o, deve L9f'ttla - Adjetivo pátrio; lorenenst, quando referente à cidade
rrazer acento: amá-lo. mas ... aqui um cuidado : de São Paulo; formo, quando referemc: à região francesa.
Ao lado W. forma arNi-lo, resultante do infinitivo amar Lon:lhão - É a forma porruguesa do francês "lorgnon" (lunera
mais lo. existe outra forma semelhante, ama-lo, provenicnt~ de cabo, usada espccialmeme por senhoras).
de mnas, segunda pessoa do singular do indicativo presente Loto, Loteria - Loteria ~ palavra proveniente do italiano
(amas), rnai• o pronome lo. com supressão do s: ama(s) -lo. "loucria", donde o francês " loterie" e o espanhol"lotería''.
Esta segunda forma não deve ser confundida com a anterior lAto (à) designa "jogo de azar c:m que se empregam carrões
e se distingue na acentuação. Aquela se pronuncia amá-lo, com números que os jogadores vão marcando à medida que
com aetnro no segundo a, ao pas50 que a segunda se pro- os ditos números são tirados de um saco" : no Brasil é mais
nuncia tJ11>a-lo, com aetnto no primeiro a. A ortografia oficial conhecido por vispvra.
obrigou-nos a colocar aetmo na forma proveniente do infi- Louro, Loiro -v. oUÇ!).
nitivo (amá-lti) e não obrig-.t nenhum acento nafonna rcsul- "Louvaio" - Lovaina é que se chama em pon uguês a cidade
tame de amas-lo, mas a pronúncia neste segundo caso deve belga.
ser sempre com o acemo no primeiro a.. l.otnávcl- O superlativo ~ntético d e adjetivos tenninados-em
O mesmo se deve observar quanto aos vef'bos da segunda wl é formado mediante acréscimo da terrninac;ào ÚJimtl ao
conjugac;io : radical latino, que termina em bil: amáwl, amobilúsimo; m6utl,
vmdl-lti (l.llradtr mais lo): acemua-sc o segundo e c: ooloca- ~~Wbilissimo.
se acento circunflexo sobre ele; Aoontece, às vezes. não bastar a simples troca do oel por
vmdt-lu (vmdes mais /11l: o acento çai no primeiro e, rnas bil para que se tenha o perfeito ndical latino ; de louvável, a
não há neetssidade de co locar acento sobre ele. forma superlativa sintética não ~ lbuvabilúsimo rnas /audabi-
Exemplos: " Nunca o sentiste, e julga-lo tirânico?" - lí.uimo, por ~ o radical la tino desJC adjetivo laudtibiJ ~ não
" Q.uamo à fala, pode-la adelgaçar quanto quiSCTes". louvábil. É o mesmo radical que entra em la.u:lobi/idade, pala-
Lobo - Colrtivo: a lcatéia, carcrva. YOl : ladrar, uivar, u.lular. vra que não pode ser substituída por louvobi/idade, tão ine-
Au11l01ÚIIivo: lobão, lobaz. ltisrcnre ~ errada quanto louvabilusim~. E, assim: provável,
Com o primeiro o ab«to (lóbo), diz-se de qualquer porc,.ão probabilfssit1W; ri.siuel, ridibi/imriJ(); rcdm.iwt, redutibilissi17UJ.
arredondada e saliente de um órgão: o lobo da orc1ba. Luddu - V. ewpidn.as.
Lobuno - É palavra de origem espanhola (pcncncenoc ou rela- Lucubn~ - V. t/uoWrll(oo.
tivo ao lobo), de largo uso no Rio Crande do Sul, para indi- Luprn de wJto - De acordo com a EncidopMia Católica e
car animal (cavalo, boi, cio... ) que ~ pêlo tirante a acin- com o Espasa, estes são os sentidos arualizados:
zentado: corcel/oormo. TEMPLO - Recinr.o sacro. t palavra de sentido genérico;
Loc::ar, Ablocar - Lotar, além da aetpção de marciJ7' (sítio d e uma especifica o espaço resenado à divindade, separado do de
Luís Lur 177
uso profano . Cenos recintos sagrados tOmara.rn-St' cél~br<:s a alma; a-i-aula em vez de a aula; a-i-áp4 em vet de a ápls.
com o nome de lnnfÚII: Tm~pw dt Sal11111M, Ttmplo dtjmm/Jm . Na Beira observa-se: o vicio de transformar o ou em oi, di-
IG REJA - I. t a comunicade de todo~ os fiéis, unidos zendo os beirões: coivt, oivir esn vez de couve, ouuiT.
pela profissão de uma mesma fé, participan~s dos mesmos O s habitantes da própria capital portuguesa nio se is.:n-
sacra.memos e subordinados à mesma autoridade. tam de provincianismo, pronunciando merua. manjor, em vez
2. Indica c:arnbém o cdiflcio em que 5t' reúnem os fiéis para de mt.IIJ, mo.jor; tQdó dia, lod6 tempo, em vez de todo o dio., todo o
exercício público do culto divino. Esse uso público distingue tempo.
a igreja do oral6rio. Fo i tentada no Brasil , por profes501"es portugueses. a in-
ORATÓRIO - Lugar de devoção não destinado ao uso de trodução de dois lu.~>itanismos prosódicos: um, o do a ficha-
todos os fiéis mas de um colégio, de um instituto, de uma fa- do - à - en1 palavras como maJ, f>Ma, cada; outro, o do ll
rnilia ou de um panicular. Com sentido mais restrito, pode aberto para a primeira pessoa do plura l do pretéri to perfeito
indicar " nicho ou armário de madeira, com santos e qua is - da primeira conjugação - ant<Ímo.l, cantámos, procurámos -
q uer imagens, que os devotos ttrn em casa e diante do qual para distinguir da fonna homográfica do presente do indica-
rezam"4 tivo, amdmos, aml4moJ, prot:urd1110J, e nonnalistas saiam da es-
SANTUÁRIO -Templo, geralmente concorrido, em que cola Caetano de Campos, de São Paulo, a pronunciar 111<i$,
se venera a imagem ou a rdiquia de um sanr.o de especial pãra, aiáa. nó> jáfa/ámos sobre i=.
devoção. O primeiro desSt's a rremedos de erudição lingülstica pra-
CAPELA - Enquanto nos simples oratórios não se reali- ticamente já desapare«u, mas o St'gundo ainda tem propug-
zam oficios divinos, na capela eles se celebram; é, pois, um nadoras em ex-alunas de tais professores, as quais o teimam
pequeno templo, muitas ve-zes levantado nas terras de um em ensina.r ou pelo menos em u$1r , o que fazem incongruen-
St'nhor, dentro de um e$0.belecimemo, cárcere. edifieio ou temente, po•s desc:a di stinção não ··eem tais p rofessores a
mesmo igreja. desnecessidade na segunda conjugac;ão(vmdtmos no ind icati -
ERMIDA - Capela situada geralmente fora de povoado: vo c também vendimos no pretérito perfeito) nem a impossi-
tem às vezes uma habitação anexa para o ermitão ou pcsS03 bilidade na terceira, po.rlirnos. partimos. (V. amamos).
q ue cuida dela. "Luques" - V. Mo.gallt.àL>.
BASILICA - &u.1ica, que pode ser m.uor ou mmor, é titulo Luso-br-asileiro - Descendente de pais portugueses e aqui nas-
honorifico, com een os direitos, concedidos a igrejas insignes cido, ou naturalizado brasileiro, o cidadão é luso·lmuikiro,
de Roma, de estilo arquitetõnico especial; o dtulo pode ser como pode um cidadão ser teuto-lrraJiltiro, íta/o-bra.sileiro,
extensivo a igrejas importantes de ouo·os lugares, mas com anglo·frr(uik iro. Outra será a composição do adjetivo quando
filiação a uma de Roma. referente a cida dão porruguês de$cendeme de brasileiros :
Luís - Com J é a graf'..a correta deste nome de origon aletnã ; brasilico· #wilano (ou brasilio-lusilano); o m~smo x diga d e
veio-nos pelo frands ~­ bra5ilriro naturalizado português.
Lwnt - Aumentativo: lumariu. O bservação precisamos fazer quanto à interpretação que
hist-oriadores dão à função do hífen de luso-brasileiro; está
Lunar, Luuário - V. biliar. ele ai, dizem. a exp•·e$sar origem de duas nações e, conse-
Lunemoto - V. fllarmwlo. guintemcme, as~eram, só é aplicável a pessoas, a coisas, a
Lusitanismos prosódic:os - Engana -se quem j ulga ser fáàl imi- nomes a pós 1822. A seguir essa interpretação, o hífen não
ur de mandra fiel e coerente a pronúncia lusitana, p ois di - entra. no adjetivo composto quando referente a coisas, a
ferenças prosódicas existem nn Portugal de acordo com a s pessoas, a fátos anteriores ã nossa indepeodéncia: làuória
regiões do país. já do cominente, já das possessões de além- lusobrasi/eira. Passa a figurar quando referente o adjetivo aos
mar. dois países de forma distinta: literatura luso-lrrasileira.
No Minho é notável a tendência para transformar o o fe - Lutulento - Significa lodoso, lamacento: praia de fundo h.Uu-
chado, longo, e o u longo em ô. ü. nasalados, sendo muito lmlo. Diz-se também h.Uoso, palavra esta que nà.o deve ser
comum entre os habitantes dessa prO\IÍncia ouvir dizer: bõ<l. confundida com lutuoso. l.uJUIJso significa coberto de luto.
üa. lüa em vez de boa, uma, lrUJ. fúnebre, ois[e, lúgubre: fatos luJ.uoso! (e nunca lulultnlos. nem
Fazem aínda os m inho tos as permutas do b e v, dizendo lulosos).
hi11/ro por vinho.jr.vrt por ftbre, berdc por vr.rdt. /6uo, uraço, São "'Luuen" - Esta cidade a lcmã é em português Lucena.
Vento por lobo, brtl((), São &nlo; bi.Jcondt p<>r vilconde, barão por "Luxúria" - É palavra enganosamente apresentada aos leitores
YHJTIÜJ. de jornais qw.ndo ;adjetivamente emp regada em lug..~r de
No AI~ os vocábulos ptdir, pedaço, a peira são pronun- " de luxo" ou " lux.u osa" . " A lux.ury hotef' não é " wn hotel
ciados como 5t' se figurassem piáir, pid~Jço, cigutirll; outras de luxúria", senão " h otel de luxo" ou " hotel luxuoso".
vezes rrocam o i pelo e; em vez de fi=. fiura, áiur, dizem Outras vaes o adjetivo nosso deve ~ txubtronte, áispendiruc,
fr.u:r.Jeura, !Úur. esquiJito (alimentos esquililos), muito sabor= (fruc:as muito .lllbo-
Nos coimbrcses nota -se· lhes o defeito da intercalação de rosa!), dt praur (horas dt pra:ur).
um i para evi tar o lúato. Assim dizem: a-i -al"lll em va d e Luz - Aummlativo: luzerna.
Me N intro metidos - " Mendingo", "mon.andela", "pimpinei- se.>: "Pois bem: essa " mazorca" de Rosas, cujo nome apavo-
ra", "insonso", muito são extmplos de contaminado, quan- ra, era simplesmente a Sociedade Restauradora das Leis.
do não de simples imromis5ào de som nasal em palavras O seu emb lema, programático de união e fraternidade, era
portuguesas que não rêm o COtTespondente som no éti mo. uma espiga de milho, "maiz". de onde a sua alcunha, calu -
Mendig!l, mort(ldel<a. pepirv.ira. m~oJJO (mais usado do que niada na etimologia e nos i ntuito~ pela má !'f das declama·
inso;w) é q ue devemos eS(rever, mas muito ficará in aeternum cões lil><•rais".
escrito desta forma est ranha, embora pronunciado "múin- Em no t.a . o insign~ autor da "R~plica" cita Ptliza, pâg.
to". Houve nesta palavra prolongamento, delonga do som 137: " ... la Sociedad Popular Restauradora de las Leyes, cuya
nasal inicial. prola.dio qu<' ,._. flrrnou na forma abreviada unión svmbolizal>a una ~xpiga d~' maiz, dt- on dt- wmó el
mui (mui, múim: " ...e em todO$ es tes tempos foi muim prospe- nombre 'de ma10rca ...".
ro" - " ... e muitos cavalleiros mui destl'os") e na completa: Nos "Discursos e Conferências" (pág. 446), refer indo· se à
" ... trazendo consigo 111uinloJ e bons ca valeiros"). É muito caso Sociedade Popular Restauradora das Lei s, dil: "Sob o seu
único em nosso idioma de ditongo nasal sem sinal nem letra emb lema, a espiga de milho, símbolo de união e fraternida-
que indique nasalaçào. V . m!4JJO. de, ela ch~gou a ap unhalar o presidente da representação
~amcde - V. Maomi. pop ular na sua cadeira, em ses$ào aberta da assembléia''.
Mac - V. clã. NatUralmente as tropelias praticadas pela tal sociedade
Macabíada (competição esportiva judaica) - Por analogia com levaram o povo a da r à alcunha "mazorca" sentido pejora-
olimpioda, é palavra proparoxíto na , como também proparo· tivo.
xirona é univmúuúz. formada por igual a nalogia. A essas consideracões acreseemaremos estas: São o espa-
Macaco . CoktilXI: ca~la. Vot: assobio. assobiar, guincho, nhol 1114Zm'C4 e o vern.âculo IM(aTOCtl palavras dto identica
guinchar, cui nchar. origem: do árabe 171t1Cor-rocca, especificam etimologicatneme
Maçada, ~ça.ntt · V. ntaSJiro. "fuso de fiar"; desta acepção para "epiga de milho", ou.
Macadamt 7 Forma que vingou para designar o pnxesso de ainda, conjunto de fios ou filamentos da espiga. foi fácil a
construcão de ~trada~ iniciado pelo engenheiro escocês Me passagem, e com tal significacào encontramos rnt~çarOC<I em
Adam ou para designar a própria pedra britada nele empre- diversos dos no>sos bons dicioná.r ios (Morais, Domingos
gada. Vieira, Aulete, Figueiredo, Melhoramentos). O próprio ma-
Mação, Maçonaria - Marão ~ a forma portuguesa correspon· caroaz português é em espanhol f/UJ1.0TCO .
dente à francesa macon. O plural é maçõeJ e o derivado é ma· Não serà esrranhável aconselhar que a palavra macurca e
coruuia. seu derivado mt~t;Orquáro também com ç se escrevam corno o
Maçapão - V. mauit;O. cognato ma{aroca, morm~nte se considerarmos que e~sa é a
Maçaroca - V. ma.uico. sua pronúncia na língua de que nos veio, c que nesse idioma
Macau - Adjetivos pátrios: macoi.tta, mac(lm.lt. o 2, :tlém de prosodicamente corTesponde graficamente ao
Macho (subst.) - Aumentativo : machão, machanâo. Adjetivo: nosso ç: rt~w, raça; pún.a, praça; mozo, moço; mdtrtzo, ende-
V.ftmto. rf:~o ; pow, pü(;o; carow, caroço; lllajran, ac;afrão.
Macho-femeo, Macho -femta - Os adjcti,·os compostos só rr:- As grafias 'ITUUorca. TfUlJorca, masllurca são arbitrárias.
cebem flexão genérica no último elcrnc:-mo: guerra greco- Má -aiação - A palavra é má-maç®, q ue poderia escrever-se
turca, união Jli.•ptmiJ-amcricano., jamais guen-a grua-turca, sem hífen não fosse o Fonnulário Onográlico (obs. I do § I
união llilpar~a-americana. da regra 45). E assim: má-adap1Ação. má-fl, porque a subs-
A regra é a mesma que regula a Oexão nunléric.. : bancos tantivo deve precedt"r " forma adjeliva, e não a adverbial.
h15o-brasikim!o e não lusoJ-bra;i/eiroJ. O primeiro elemento não Mal, com I, emp rega-se quando prettde adjetivo ou forma
varia nem em número ntm em gênero. verbal: 11U1lcriado, maJ-humorado, mtJI-agradecido, maldiunte
A corrupção para tábua mtldtaf4mea explica -se pela in- (com hífen antes de vogal ou h ). Tnnos maldicào, ,11(1./jeitrn,
Ouência do g~nero de táb-ua, mas não nos devemos deixar mas aqui não houve composição dentro do idioma, senão
levar por isso: t3bua 171t1cho-ftmea, tábuas111()c/w-fmuas. apócope do primeiro elemento de maledictiurum. malifacwrtm.
Mo.clwfmua ~xistc também como substantivo ; indica "ins- Confronte-se 1111Ju-olhado. t'm que olhado é substantivo
rrumemo de carpinteiro para abrir sulcos ou sa lic'ncias em ( A planta sofreu mau-olhado de alguém), com mal-olhado, em
meio do bordo, já aplainado, da tábua". O plural será o de que olluJdo é adjetivo: Ele é o 1114.1-olluJdo da numa.
substantivos compostos cujos elementos são variáveis e se- O caso provoca dois outros reparos: o da aceitação de
parados por hífen (227): comprei dois 1114CMJ-flmeru. outros compostos, o da an teposição do advêrbio 1lll2ir ames
"~ciço" - V. mtwiço. dos começados por 1MU, bom.
Macio- Superlativo sintético: m<~CÚJnm& (27S, 4). Btml humor, mtJu lrumor, bom goJlo, mau gosto, b~>a tHNilMÚ. má
Maçor~ - Deste vocábulo encontra-se em Rui Barbosa, nas wnJ.atk, bO<J fi, máfi $à o em português expressões que se con-
"Cartas de lnglatem~ ", edição prefaciada por Batista Pt'rci - sideram substantivos compostos (bom-llumor, bmn-goJJo. má-
ra, na página 361, u.ma expl ica<;ão não destituída de imeres- wntack... ). É disso confinnação o fato de, em frases compa-
180 Macro Mais bem
r.uiva$, o mais não poder fundir-se com os adjetivos bom, boa, "Bale", que não é senão BllJiliia; e chega-se à perfeição de
mau, má, que antecedem esses nomes; diz-se: mau mau lrumor, chamar "Damas" à ddade de Damasco! Da Itália se tem im -
mais má vontade, mais boa fl, melhor b<la fl, pior má vontade, melhor portado o "Livomo", cidade cujo nome ponuguês é lionu".
bom gosto. Erro cometeremos se dissermos : "Tenho melhor Maganão - t forma paralela de magano, e não seu aumentativo.
vrmtade" - "Tem ele flllllircr gosto que eu" - " Ele tem melhor .Esse o motivo de o feminino ser um só: magana.
ft' - porque o que se pretende considerar é a boa vootade, o "Magestade" - É cacografia: o étimo obriga-nos a eSO'ever
b<lm gosto, a .boa.fé. e não simplesmente a vonladt, o gosto: agiu com}: majestade.
com despudorada má:fé, agiu com mais má:fi agora do que Magister dixit - Loruçâo latina que sign.ifica "o mestre disse" .
antes, agiu mm a pi.ormáji possível. Assim se expressavam os escolásticos da Jdade Média quan-
Por que não aceitar taís·compostos? " Ele tem um bom-gosto do apoiavam sua argumentação nos ensinamen tos de Aris-
melhor do que eu" é lào comum Jàlar quanto "Ele demons- tóteles. Emprega -se ironicamente em alusão a qualquer
tra sempre bom-tom na conversa". Quem não aceita tais com - chefe de escola.
postos deve procurar uma palavra que substitua bom-suemo. Magneto -Junta-se sem hífen quando pr imeiro elemento de
V. muito. com~sto : rNJgnetoterapia, magnetoelitrico. V. hidroelétrico.
Macro - Elemento grego que se junta sem hifc:n na composi- Magnilidncia., MagniG«nte - V. bnuificêruia.
~;âo: macr<mino, 11Ulcrossépaw. .MagniGco - Superlativo sintético: magni.ficentíssimo. V. bmefi-
Macrócito - Por ser breve o y (i na ortografia oficial) do ele- chuia.
mento cyto, todos o s compostOs que por ele terminarem se- MJ!goa - A disparidade gráfica entre tábua com u e mágoa com o
rão proparox.itonos. r,rovém da existência do verbo magoar, que se conjuga magõa:
Maaogàmcto - Devem ser proparoxítonas os vocábulos rujo 'Em mágoa é de necessidade preferir o o ao u, por causa do
último elemento seja constituído de gtlmeto, por ser breve o t verbo magoar, em cujo presente ninguém pronuncia magúa,
da penúltima sílaba. magúe. É o m esmo que sucede em nódoa {lat. nótula), de que
Maçuá - É a grafia oficial do nome da cidade da Abissínia. deriva o verbo enodoar, que nas formas rizotônicas é entJdóa,
Maruco - Voz: piar, dwrorourr. enod6e, e não roodúa, roodúe'' (Gon<;alves Viana).
Madagáscar - Com acento na sílaba gás (: a forma oficial de Embora ambas a.s palavras tenham igual termínaçâo em
designar a ilha afri cana. Adjetivos pátrios : madagascarense, latim (tábula, máÇt<la), diferente foi a vida que adquiriram em
malgaJre, malgaxo. português. Tanto é esse o mocivo da grafia mágoa com o, que
Madama - Do franc~ "madame" a única ll'ansliteracào é todos tambét-(1 com o escrevemos sem titubear nivoa, quando
1114dama, que ainda assiJtl não deveria prevalece•· sobre ~}w­ também essa palavra termina de igual maneira em latim
ra. (rti/1ula); é que existe no vernáculo o verbo nevoar com essa
Madtira- Barulho: estourar, estalar, cref!Uar (sob ação do fo go), vogal.
ringir, ranger. No citar as formas diver gentes de f!Uliha, Con<;alves Viana
"Madcmoiselle" - V. senhora. volta ao assunto: " Mágoo, que se deve escrever com go, e não
Madri - O nome da capital da Espanha é em espanhol pronun- gu, atenta a cirrunstã.ncia de o verbo magoar se conjugar ma-
ciado madri, mas em Pormgal faz-se ouvir o d final do espa - gõa c: não rmJgúa".
nhol, "madride". Dizia uma das sandices resultantes da der- Idêntica é a razão por que se escrevejrágua, com 11, uma vez
rogada reforma tUrí stico-ortográfica de- 1945: " Integram-se que o verbo é jraguar, com essa vogal, e pela qual se escr;:ve
nesta norma (ou seja, escrevem-se com d final) os topônimos nédoa, dada a existência de nodoar.
Madrid e Valluulolid, em que o d ora i: pronunciado, ora A justificativa da diversidade gráfica de tais substantivos
não". Isso queria d izer que, quando os poucos milhões de apóia-se, pois, na existência ou não de formas verbais que a
portugueses pronunciassem uma letra, todos os brasileiro s justifiquem; é questão. de coerência, coisa importante num
deveriam escrevê-la. idioma, e não de eúmologia - (624).
Adjttioo~trioJ: madrileno, madrilense, madrilês, matri - Magro - Aumentativo: magrictln, magriz, magriço, magrela. Su-
tense. perlativo sintético : maclrriml), magrissimo- (274).
Maestro - Palavra italiana já introduzida em nosso idioma para "Maiença" - Mogúncia é que é em n·o sso idioma o nome da
indicar o regente de grupo de músicos. Feminino: 11Uleslra. cidade de Gutemberg.
Não confundir com rruustrino ( fem. maestrina), que significa Maionese- Adapta~âo generalizada do Francês "mayonnai$e".
"compositor de música ligeira". Maiorca - Adjetivo pátrio: maiorquina.
Mãezinha - Nem sempre o diminutivo implica diminuição de Mais - V .já não respirava; V. o mais possfvel.
tamanho; seu emprego pode denotar simples carinho: paizi- Mais - V. milho.
nho, m ãezinha, amiguinha. Mais = Algo mais - Não é segura construc;âo, em períodos
É um dos fenômenos de linguagem afetiva, no qual as pala - como "Tenho mais que fazer". '·' Há mais que declarar?",
vras deixam de ser empregadas com significa~ão real, natU- pór um o depois de mais. Q.ue func;ão sintática caberia a esse
ral, e passaJtl a ser empregadas sob a imervençâo do senti- intrometido Q? Nenhuma.
mento. Em " Tenho mais que fazer" o mais é p ronome su bstantiv6
Mafoma. Mafomede, Mafamede - V. Maomi. que signific.a "algo mais", "alguma outra coisa" , "outras
Magalbães - É a forma que deve ser mantida, visto ter sido coisas", equivalente ao neutro plural latino, rorrna esta que
português o gJ'ande navegador que levou seu nome ao estrei- substantiva adjetivos e pronomes.
to por ele descoberto. Magellan, MagtUano, MagaUarus são Em "Há ffl(lis que declarar" mais é objeto direw do verbo
adaptações da forma ponuguesa, feitas por outros idiomas, impessoal, como é objeto dire[(l o neutro rnuilo em ''Tenho
a primeira pelo francês e pelo inglês, a segunda pelo italia- muito que fazer"; o que é objeto direto do infini tivo que vem
no, a terceira pelo espanhol. O j aponês foi ainda mais além , a seguir. E assim : "Tenho hoje m enos que dizer", "Amanhã
adulterando a forma para Mazeran, com r, por lhe serem terei menos que fazer", sem o antes do que; o periodo está
estranhos os sons la, k, li etc. sintaticamente completo.
Fariam pena muitos outros nomes geográficos assim de- Mais bom- V. 7114Ü pequmo.
tUrpados. Cabe aqui um trecho do apenso geográflco do Mais bem. Mais mal, Mm.m bctn, Meoos mal - Melhor e piur
dicionário de Cândido de Figueiredo: servem de comparativos dos adjetivos bom e =u e dos advér-
"É vulgaríssimo o lermos Algiria em livros e jornais, quan- bios htm e mal. Há quem sempre escreva melhor injor'T1UllÚ!.
do é certo que, em portugu(s, só se diz Argélia. Se até há melhor acahado, mas razões não há que fundamentem esse
quem escreva algerian.o (fr. algérien), em vez do porruguesíssí- proceder; pode-se perfeitamente dizer f!Ulis bem informado,
mo argelino! Por causa do lrancês escreve-se às vezes, a res- ffl(lis bem acahada, como de igual maneira se diz mais malfeito
peito da cidade de "Luques", que afinal é Luca; cita-se - mais mal escrito - Estes móveis são mais bem acahados do
Mais de um Maiúsrulas 181
que aqueles - ls10 ficou maiJ bnn feitr>. O que aconteceu fo i simplesmente um capricho do uso,
Ani5GJ -SC ao ridlrulo quem in"'3riavelmeme empregam~­ qu~ a estas últimas preferiu as pritneira.s formas. Gramati -
lht1T em lugar de mais btm. •• Ele é o moi.s bem vestido da turma" calmente nada houve que justificasse tal prefertnàa. Mai.J
(e não: Ele:: é omelht1T vestido). pequeno, entretanto, escapou, ao menos até agora, da $0n e
Raras são a~ distrações de melhor em lugar de mais lmn em dos companheiros, podendo-se perreitamente dizl't' "O ho-
bons escritores. Da consulra a bons dicionários ve-se que é mem era mais peque110 que a mulher'' .
perfeita a doutrina dos "C:inones gramaticais e cstilisticos" Obse"'e-se, ainda, que no ca!Q de comparação de duas
de Ari Maurell Lobo: Embora o advérbio 11llihi1T subsúrua qualidades empregam-se os comparativos analíticos e nio os
normalmen te a locucào maiJ btm (Pense tMIItor sobre o caso sintéticos: "Ele é maL. bom do que mau" - "Ela é mais gran-
- Ele cantOu hoje melhor), não se dá a substituicào sempre de do que pequena" - " Ele é maü bom do que rico" -
que o advérbio antecede adjetivo. Assim , o advérbio pior, em "Ele é mais mau do que bom".
vez de maiJ mal. Maiúsculas - Humilhame mais do que enervante é o trabalho
Seguindo C:S.'Ia norma segura, construiremos como Cândi - de quem, diante dl' uma dificuldade de emprego de maiús-
do de Figueiredo (0 estudante maiJ brrn cJQ.jjijiciUÚ> - Esta- cula, teme resolv~-la consultando o rormulário ortográfico
vam mais bnn injomtaii.JJ - As mulheres mau bnn comportadas ofióal. Fugindo de apontar já disacpãncias com o de 45 e
- A obra mais btm Jeilal, como Herculano : Alavanca mais com o português de 40, já incongruências denn-o do próprio
bem ltmpnada. formulá.rio de 43, limitamo-nos aqui a mostrar duas l3cunas
Justifi ca-se perfeitamente a for·rna simética em ora~õcs neste último, oficial em nossa terra.
como estas: As suas ações são f'lllli vi 5tas c pior imitadas (Viei- I . Como proeé<ler com o segundo elemento de nome
ra) - Outros maü confiados e m~lht1T aconselhados {Luis de comP?sto c?m hífen quan?~ ? fri~.ro, por qualquer mo-
Sousa). Em orações que conrenham tais c;ompara(ões, a fo~­ uvo, e escnto com letra tructa mamsrula? Também com
ma simética tem sua razão de ser. Fora diSso. a forma analt- maiú$CU la deve ele ser escrito?
rica, além de ma is segura, evita este horripilante erro, que Diante do silêncio de todos os fom1ulários consultados,
por si só demonstra a inconsci~ncia de quem emprega 11wlhor encontramos, após paciente pesquisa. que o de 43 traz escri -
em lugar de mais btm: "Tais homens são melhores indicados to Vigário-Geral. no exemplificar a sétima regra do capitulo
para o noS$0 intento". Constr u ções tm:donhas como e~sa.­ XVI, LuJO-Brasileiro ~m exemplo da décima. e !Hcrtto-lei ao
em que aparece o advérbio flexionado como se fosse adJetivo dar nomc.-s compostos na observação da regra 12 do mesmo
- não são dificeis de encon trar, e rão inconscientes se reve- capítulo sobre o emprego das iniciais maiúsculas.
lam certos redatOres que chegam a oferecer-nos espetacula- Não podemos falar de contradição porque nenhuma nor-
res constru(,ôes como esta : " ... haveriam .meios melhores ma existe sobre o assunto, mas a incongruencia de p•-ocedi-
pensados" ...:_ onde o crime do lun:mam no plural se ajusta mento ~ evidente: nos dois primeiros compostos, maitl.srula
perfeit:amentc à tolice e, a um .rc:mpo. erro do -llto~~.s. . em ambos os elementos; no terceiro. minúscula no segundo.
Condu~o : Ames de pa.roopto, a forma analmca : dtas A incoer~ncia não é notada por quem não tem interesse di.re-
mais bem vividiiS, trabalho mais bem Jtito, maiJ btm vestido, mais to no caso, mas não pode passar despercebida por relator,
mal tratado, você é muito mais mal visto do que eu, este quarto diretor, secretário, ou coisa equivalente. de comissão signa -
está 11~roos bem tmcnado, esta sala está um pouco menos mal tárra de formulário ortográfico.
IJTTUmada do que a ourra.. seu comportamento foi JM1WS btm Como o formulário fala jocosa e extravasantemente em
visto desu vez. V . 1114/hor; V . pior. " defertncia, consideração c re5peito" ao impOt' inicial
Mais de um - Q.uando o wjeitoémail ck um, o verbo: ma iúscula na regra 15 do citado capirulo, temos liberdade
A - Fica no singular, se não houver reciprocidade de de perguntar se, grafando Vice-presid~lt, Ex-rei, ~mml~·co­
ação: "Mais de um coração trria de bater apressado" - rorntl nlio incorremos em falta de respc11o, de consaderacao e
" Mais de um fato confuso será esclarecido" - "Sobre esta d e deferência ao presidente, ao rei, ao coronel, ao mesmo
fronte mais de uma verdade me transluz.ia" - " Mais de um tempo que importância estamos dando somente ao vict, ao
rtu ohtrot a libâdade" - " ...que mais de uma espada sa!w ex, ao lntrrlk. Dando corda na cachola , chegamo5 à pergun-
da bainha". ta : Devemos basear- nos em "defcrencia, considcracào e
B -Vai para o plural. se indicar reciprocidade: "Mais de respeito" para grafar cirurgião-dntl.ilta ou couve-for no inicio
um político dtrtPII-se as m ãos" - " Mais ele um se esbofttta- de perlodo?
ram"- ' 'Mais d e um ,,eJbo se logram reciprocamente". 2. Dentro de parêntese, inicial maitiscula ou minúscula?
Note-se que mais de, seguido: a) de nome no plural ou de Diante desta segunda lacuna do nosso formulário o ficial,
nome coletivo acompanhado de complemento plurdl leva o novo e paciente trabalho de pesqtli.sa levou-nos à página 4 7,
verbo para o pl~ral: "Mais de sete séculos SÇW ~sad~,s" -:- onde encontramos, sem nada falar sobre maiúsculas senão
" Mais de um mtlhào de cruzados foram desvtados - Ma1s sobre ponntacão, estes aemplos: ·
da metade de suas obras a;:wam nomes de autores"- " Mais a ) " Não, filhos meus {deixai-me experimentar, uma vez
de um de nós ou1ros poderúunos dizer... ". que seja. convosco, este suavíssimo nome); não: o coração
b) de complemento no singular, deixa o verbo no singular : não ~ tão frívolo, tão exterior, rão amai, quanto se ruiria."
" Mais de um lhe ruia na consci~ncia" - " Mais de um co ra- b) " A imprensa (quem o contes!ll?) é o mais poderoso
ção tma de barer apressado"- " Mais de um mês se P~" m~io que se tem in"entado para a divulgação do pensamen-
- como nos aemplos da !erra A. 10." - "{Carta inserta nos Anais da Biblioteca Nacional,
Mais grande: - V . mais fH:'f'U1W . vol. 1.)"
Mais ~Já - Y.já não respirava. Nos dois exemplos temos parêntese in iciado com minús-
" Mais... mais" - Não se deve dizer "Mais leio, mais sei", " Mais cula; no segundo da letra b, outro iniciado com maiúscula.
penso, mais ~ convenço" p orque é construção ft7.1lccsa ; Q.ual foi o cri tério desse procedimento ?
em portugues se diz: "Q.uanto mais leio, tanto mais sei", Se no ca50 ames cuidado dos nomes compostos havia
" Q.uanto mais penso, mais (tanto mais) me convenço". omissão e incongruência, neste há apenas omissão. A norma
Mais mau - V. maiSpti[U4no; V. pim. poderá agora ser assim exposra:
Mais ~ueoo . Existem, é ver dade, os comparativos sintéticos O par~ntese inici;1-se com maiús<:ula somente quando
ou orgânicos mtlhur, pior, maior e men~~T, mas essas formas consmui oração a pane, completa, com uma con sideraçio
alatinada.5 (la1. milúw, pip, májor, m(nor) não foram as que ou pemameruo independente, caso em q ue vem de ordi nário
primeir o se usaram em po rtuguCs, senão as analíticas o u precedido de pomo final.
perifrásticas mail bom, maiJ mau. mais grtmtie e mazs fH:tpUno. O assunto tem o seu qu~ de subjetivo, como de subjetivo
como ainda hoje usa o fr-.&ncês plus grand, plus mauvm.s c plu.s tetn o problema da pontuação, mas requer cocr~ncia de
prtit. pnxedimemo. Não estamos pedindo patente de uwetlção
182 Majestade ) Malentendido
para essa norma, mas é apoiada (nem poderia deixar de ser) Mal de Chagas.7'lmprecisos são os vocabulários oficiais na gra-
em fatos e (salvo melhor juúol em raciocínio ; seja como for, fia de nonfés como o do verbete; prest:a,se o assumo para
é provocação e (quem sabt>?) uma achega para os estud iosos cansativas divagat'Õe5 sobrt- o emprego do hífen, sohn• o
do idioma. (Quem deSt>jar um dia formular regras de empre- plural de compostos. sobre o emprego das iniciais maiús-
go de ma iúscu la , não deixe de consultar o Webster, onde culas, partes essas c:hd as de imprecisões nos sistemas orlo·
encomrará, sob 'o v..-rb<·tc " cap ita l", vime e rantas regras, gráficos até hoje elaborados, já em Portugal, já no Brasil.
com especifical·ões que não existem em nossos fonnulários.) Não vamos fugir da pergunta, a qual nos foi formulada
3. O iormulário onográllco oficial i! incongruente no to- por um redator respon!>ável, mas iremos lim itar-nos a uma
cante ao emprego de mailhculas nas formas, expressões, consideração que nos mostre a di ficuldade da resposta.
pronom<'s d,.. traLaffiento. A regra 14 do capÍtulo XVI deter- Por gue nenhum dos vocabulários oficiais traz composto
m ina inicial maiúscula em " nomes, adjetivos, pronome5 e em que entre a palavra m4l seguida da preposição de? T erá
t'xpressões de tratamento ou rt>verência" , mas uma coisa é sido por wr um dia verberado Cândido de Figueiredo o
dizer: "Peco à Senhora o làvor de .. .'~. outra é relatar : "Pedi emprego de 11Uli por dMilfa? Por que Laudelino Freire não
à senhora Marina o là vor de .. .''. Na segunda ora<;ão, smhora põe hífen em nenhum dc.-sses compostos? Por que o Melho-
é substantivo em função atributiva <pedi a uma senhora de ramcmQS traz na palavra mal o composto mal de Brigltl, sem
nome Marina, como st• d iz ''pedi ao rei Gustavo", e não hífen e com b ma.iúsculo, e a seguir mal-cú -láza:ro, todo enfei -
"pedi ao Rei Gustavo"). S<· quando nos referimos ao impe- !ado de hifens e com I minúsculo? A edição nova d o Aulete
rador O. Pedro não escrevemos irnperad&r com inicial maiús- foge da dificuldade, o u melhor, não nos serve de consulta
cula, por q ue maiú scula em (•a senhora Marina", Hsua ma- por trazer os '•erbetes com versais (em linguagem de jornal,
je-stade o r ei da Dinamarca"? Se abreviada vier a expressão, "caixa alta").
o caso poderá cornar-S(· di ferenH'. mas aí a regra seria outra, Com híf.-n ou sem hift'n, como fugir o Melhoramentos da
referente a abreviarura>; ainda as~im, como explicar o v. maiúscula em mal de Bright? Com hífen ou sem hífen, como
com letra minúscula, para abreviar vod, que se encomra no iremos evitar que o leitor confunda o nome do ilustre médi-
Registro de Abreviaturas da pane final do Vocabulário, e co brasileiro ccrm o sinônimo de dilacera~ão, tumor, mal
também com minúscula card. kardeal), côn. {cõnc.-go), se com de Chagas? Com hífen ou sem hífen, como distinguir Koch
maiúsçula nos impõe P. (ou Pt.l e Paro. para abreviar padrt, de coque em 11Ull de Koch se não se mantiver a maiúscula e a
pároco? grafia original do último nome ? Que dizer do m4l de Pou.1
A regra 14 traz esta observarão : " As formas que se acham Vamos grafar mal de pott! Vamos em grafia jacobíniea escre-
ligadas a essas expressões de rra1amemo devem ser também ver o nome da doenca mal de pote? Gomo desprezar as mai ús-
escritas com iniciais maiúsculas" . O ra! Em ''O doutor J oa- culas no grafar bacilo Calmeue-Guirinl Vamos ensinar que
quim morreu". "doutor" não vem ligado a expressão ne- com inicial maiúscula se escrevem nomes estrangeiros, com
nhuma de tratamento; Joaquim é nome próprio; não t-abe minúscula portugueses? Escrevemos macadamt, coTihaque,
ao caso aplicar a observa<;ào, quer venha doutor escriw por uznduiche porque temos aí nomes realmente comuns, sem
<'xumso quer abreviadanwnu.• : o dr. Joaquim, o sr. Alceu, o menção senão histórica, conhecida someme por estudiosos
alm. Barroso, o cõn . St:-raflm, o/"· J oão, o pro[ Albino, o card. de-etimologia, ao fundador do processo de uma manufatura,
At·coverde. de um produto ; os nomes são ai comuns, com o anigo- e
O Formulário Ortográfico ollcial não satisfaz os que ten- nada mais- a precedê-los : a maiúscula perdeu rat.ão de ser
tam padronizar um procedimento nesse sentido. 1!. o que se porque o St>ntido original foi obliterado . Desprezar, porém,
dá com o taquígrafo revisor da càmar.t dos deputados fede- a maiúscula em nome próprio que conrinua a ser próprio,
rais, o qua l, após confessar: "não foi com surpresa que a empregado num adjunto adnominal e não independen-
melhor orientação que obtive está na 28~ edícào da sua Gra- temente como nome comum, é desfigurar o elemenw funda-
mática Metódiça da Língua Portuguesa.• da qual sempre nos mental do adjunto. Corno iremos obrigar a que sejamos
valemos q uando nos o correm d•ívidas" , d«lara-se não ter entendidos ao escrever bacilo de coque, mal de poü?
fiçado, ainda assim. de todo satisfeito e faz seguir a dedara- &jamos coeremes: mal de Brighl. mal de Poli, mal de Cha-
<:ão de uma lista de dez páginas repletas de nómes indicativos ga> ... sem hífen a ligar os elementos da locucào, com inicial
de cargos, de acidentes geogr.iflcos, de tatos históri.cos, dt· maiúscula o nome do pesq~lisador.
pro<:('dimemo, atos e encargos oficiais t' dt• pessoas jurídicas. Mala . Aum~ma1ivo : ma/IÍJl. maltma , malotiÍD.
Após a leiwra dos tre~entos t· novt• itens apresentados nessas Malaca, Málaga · São nomes toponímicos diferentes. De Mala -
páginas, chegamos à condus.;\o de que nada nos resta para co (paroxí{Qno; península ou cidade ou estreitO ao sul da
acrescentar ao que foi diw no§ 144, no§ IH e na nota Z do Ch ina), os adjetivos pátrios são~ malai[Utiro, rnalai[Ui..la, mala·
§ f.i6 do nosso trabalho citado pdo missivista. t:. ai nda mais, quis. De Málaga (cidade da Espanh.a), os pátrios são: mala-
ao que ficou exposto numa dc:"slas Q.uestões sob o título gumho, malaguts. malacitano.
abreviatura. Malácia, malada · A pr imeira destas palavras. proparoxítona
Majestade . A grafia latina majestalem deu-nos a palavra com j. (designativa de perversà() d<" apetite ; debilidade; calma-
Major, Majora - " A majora Fnd ina nda Azt·vt·do" (no Exc>rcito ria). provém de forma já existente no grego. A segunda (de-
da Salva~<io é assim que dizem) é reda~-ão que não deve signativa de certo gênero de insetos) foi formada em portu-
causar-nos estranheza devasiada ; o feminino tem aí forma guês, razão po r que o ia é aí tõnico. Ambos os substantivos
própria pos>ivel e justificávd . como ainda possívt•l (• a temli- são femininos. (No verbete Etiópia ficou explicado o procedi-
na<;ão aberta. ora , éncontrada em canora, inodora, Jsidora, mt>nto prosódico do presente caso).
smltora. Malditente ·Superlativo sintético: makdicmtúsimo, com o mes-
Ma.l, mau· Mal escrevt·-se com/, quando : mo tema latino do vernáculo malidico.
a) advérbio : dormi mal, md feito; Malédieo · Adjt'tivos como magnífr.co. malidico. benévolo, maii-
bJ equivalt>r aapmas: mal ch(·guei, ele saiu; voUJ. pacífico, lmifico, que correspondem a adjetivos la tinos
d substantivo: devemos evitar o ma/. O p lural é então ma . tenninados em Jicu>, dicu> e voluJ, tomam, para a formação
In do superlativo sintético, o radical latino terminado em fi·
Mau, com u, quando adjetivo masculino: mau alu no, bicho crnl. dicent. volenl: benéfico, beneficentisJimo; magrúfico, magnifi-
mau, mau hábito . Tem então plural, maus; femini no, m<Í. cmliHimo; ma/idico, maúdicenlissimo; maléfico, maúficentíssimo;
más; comparativo, pior; superlativo siméúco, pi.<sirM. V. má- btnévolo, bentwltntfssimo.
criação; V. mal-uwr; V. mai.</,om;V. mau ll.IO. Malwco- Superlativo sintético: maleficmtúúmo V. malidico.
"Mal a propósito" · É galiósmo fraseológico, cradu<ào d.- Malentrndido · Com l na primeira sílaba, po is se trata do
"mal à propos"; em português a expressão deve ser " fora de advérbio mal a preceder a forma participial enundido. Não
propósito", " sem propósito", "qut' n.'io vem a propósito" . M· junta na pronúncia t>Sse J ao e q ur o segue: md-enundido
Mal-estar Mutdou-as suspender 18S
- c assim mesmo. com hífen. obriga-nos a escrever o For- sitiva ou pronooúnalnu::me empregado; nenhum, como
mulário Ortográfico (regra 45, 5, O. verbo intransitivo. Se é errado dizer "A empresa fra cassou"
Mal-estar . Enttam neste compos10 o advérbio mal (que não não é seguro construir " A empresa malogrou". (Not.e· se de
deve ser confundido com o adjetivo mau: este modifica subs· passageon <i''e fracassar é porrugu~s no sentido de qu~brar
tantivos; aquele, adjetivos, verbos e advérbios) e o verbo es- com estrépi to , desbaratar, a rr uinar : ''O pinheiro magnata
14r. rui frq,cassando em tomo as ârvOt"es" - " Matar drag~s.
A não ser mero capricho ortográfico (em gra ndt• parte, desbaratar exercitos•.fracaJJar armadas").
o sistema de 1948 foi elaborado para quem não aprendeu a Da regtncia transitiva direta oferece-nos Francisco f cr.
ler) não há razões que nos obriguem a escrever separados nandes exemplos: "Para que as u nha s militares nio malq.
os dois elementos, como não escrcvt'mos separadamente grtm O> milhões de ouro" - ·• ...malogr/J1tdo Penélope o tn·
malllaratm. makor1tente, rnaifadm, malfour. O mesmo se digá bal.bo do dia". Exemplos em que o verbo é empregado
do arf\ônimo hem·tj/ar. qut- omi'dos poderia ter seus compo· pronominalmente: "Malogram-se as pe!~quisas de D. Duarte
nentes como unidos os tem benfater, benqueretaç;r. (Camilo) - "E se alguma empresa St malogra ... (Arte de Fur·
É desconcerta me para um professor ter de ouvir de csrran- ta r).
geiros pergunras como estas: Por que bem-vintbJ com hífen e Aí está a autoridade dos exempl os a obrigar-nos a empre·
o nome próprio Btnvindo sem nenhum enfeite? Por que com gar rdlexivamente o verbo quando significa gorar, não
m e hífen hem-fei/4, lmn:faur, bem-ditoJ(), e com n t Jtm hífen vingar. não ir adiante: malograram· st ..s pesquisas, malogrou·st
~nfeitor, bendizer? (0 vocabulário ortográfico oficial de o esfor ço bélico, mq,Jogrou-se o nosso projeto .. Sem o pro no ·
Porrugal ~- à ext.r.. vagiincia - o d o Bras.i l silencio u a me reflexivo, o verbo deixa de ter essa ace~ão, para signifi.
respeito - de afirmar que bem-diur significa " dizer bem" ; car perder, inutilizar, esperdicar: " Oh! não lhe tTUJÚJgremos
bmdiur. abençoar. O mesm o ~xtravagame proredinwmo de esta espera nça".
uon e o mesmo silencio de outro em mal-diw, di1.er mal, t Mahrapilbo • Coletivo :farândola. grupo.
maldiur, amaldi war). Malvada • V. estupidttas.
No capítulo XIV, regra 46, § 5, letra g do formulário ofi - Mamão • Plural: mamões.
cial brasileiro lemos que bem exige hífen "quando a palavra Mancha (provlncia espanhola) - Adjetivo pátrio: manclwgo.
que lhe segue tem vida autônoma na üngua ou quando a Manchrias, mãos cbei.as • Ao lado das correspondentes singu·
pronúncia o requer : btm·ditoso. bnn-awnturan(a... " lares, exi stem estas duas formas pluralizadas, usadas quase
Na letra anterior, o formulário dá mal de cambulhada com sempre nas locucões a manwia.J. a mãoJ dtdaJ : fazer a man-
pan entre os elementos que exigem hífen "quando .se lhes clteias caridade (liberalmente). fazer uma caridade de miio
segue palavra co ml'çada por vogal ou h: ... mal educado, cheia. ê anisra de miio cluia (excelente). Substantivamente
mQ./·hUtniiTatbJ ... ". diz-se "Lirar uma màa-cheia de bombons para o menino".
Dessa diferen<;a de critério tsras exrravagãl'loas: mal- "Manchete" - St assim é em francês. se htad/ine é em ingl~s.
criado, bem-criatbJ; maifaur. bm-faur (ao lado, para agrava r em português é t(tuw, cabeçalho.
ainda mais a esquisitice, de benfeiJtrr ); bmdher ao lado de bm- Mandtúria · Adjeuvo párrio: manchu, mnnc/ruriano. Mancilúria.
diloso, mQ.{jeilo ao lado de IJem-ftito. e não Mmuichúria. pela mesma razão por que deve ser Cht·
O l não tem sempre o mesmo valor ; conserva o som I al- cos/ováquia e não Tchuruún•áquia; não temos em nosso id ioma
fàbttico quando modiftc:~ a vo~al a ele pospo!ra : lado, Ieda, o som tch nem dclt.
lido. kldo. lu®. Outro será o seu som quando vier modifi - Mandado, mandato - Uns sentidos tem mbti<ÚuÚJ, o utros man·
cando a vogal a ele antepo>ta : coral. cordel. canil. caracol. curul. doto, ma> o mais importante t distinguir 1111l11tÚltÚJ, direito,
Ne!ite caso·, o l penence, na divisão silábica, ;l vogal que o de mandato. ínstrumenoo: Requereu mandado de seguranca
amccede, e se, nestas condições, for agregado a outro elc.-- - O mandato de seguranca foi-lhe emrl"gue a seguidoú sim·
memo come.:;ado por vogal, para a obtenção de um c:ompos- plesmeme "o mandato") - Era chegada... ordem e mandato
lO, em nada poderá alterar-se nem seu som, l'lem sua divisão de Sua Santidade - É preciso requerer mandado executivo
silábica. (execu~~o d e scntcnc.a judiciária) - O oHcial levou o man-
Nada mais fácil para compreen~er o que com ma/estar se dato executivo.
passa do que compard.r esta palavra com seu amônimo Mandei-o vir • E não "mandei vi- lo". Trara-se de locução
hernrstar: acaso pr onuncia o leitor lu-mu-tarJ Por que não? verbal em que o último ~rbo é intran sitivo; não lhe cabr .
Porque ra.mbbn aqui o m fere a vogal que o antecene c não pois, nenhum o bjeto. Não se dirá..fiz morri-lo, fiz vaá-lo, 111tJ11-
a posposta. dei corri-lo. pedi ir-lht, JJi taJstá-la, mas fi -lo morrer, Ji·la voar.
Mas ... receando não saberem ler /rmlavmlur®ca e maüst.a:r, mondti-o correr, vi-o pa;sear, quer se refira o pronome a pessoa
quem elaborou o nosso formulário onográfico passou a fa . quer a coisa.
zer com que os que sabiam ler não mais soubes.~em escre- No c-..so p resente, porém, mais .ímponante do que a colo-
ver. Oxalá pudéssemos desejar que as vinte e rrês regras de cação é a função do oblíquo de sujeito acusativo. Erro grave,
hifcnir.ação alguém as cao·regasse por nós. revclador de desconhecimento de português e de ouo-os
Malévolo · Superlativo sin tético: TMkvolmtíHii'IW V. mall dico. idiomas em que existe essa construção latina, é dher "man-
Malfeitor - Coletivo: bando. canalha, choldra, corja, haste, dei ele vir'', dizer este tão generalizado quanto gcneralilada
joldra. malta, matilha, matula, pandílha; quando urgartizados: é a no5sa gramática, hoje oficialmente despr~da. V. ora(àa
quadrilha., seqüela, súcia, rropa. infinitiw .kJJjna.
Malferido • Ao contrário do q ue parece, malferilk significa "fe· Ma.odinp - Mandi!lga é nome próprio . geográfico. de voura
rido mui gravemente, mortalmente", e não " ligeiramente região da costa ocidental africana. Camões refere-se a essa
ferido": " E apesar de ma{ferido. e com o arnes despcdac,ado, região, cujos habitantes eram grandes feiticeiros, adivinhos,
montou no cavalo". por meio dos quais os portugueses conseguiram descobrir
Malgrado, mau grado V . de TMil grado. ouro:
Maio - Forma arcaica do adjetivo mau; sobrevive na expressão
"Pedro das malas artes" <: d ela temos ail'lda, ao lado de piJ- A mui grande Mandinga, por cuja arte
simo, o superlativo ma/fs.simo. Logram os o mera! rico e lu~encl",
Malognr-se - Dicionário nenhum consigna exemplos em que Que de cun-o Gamboa as águas bebe,
este verbo venha empregado intransitivam~en te o que signi- Asquaiso largo Atlântico recebi";
fica não ser abonada a co nstrucio "O projet logrou".
É de elogiar o cuidado que muitos tbn e empregá- lo em Mandou-as su~ - Q.ue porwgues é este que há pouco
lugar do Jrnca!s<r dos franceses, mas é qfnotar que os mes- vimos a encabeçar noticia: 'IRE mandou as televisões sus·
mos dicionários especializados de regen'\a o truem o u rran· penderem lilme arenista"? Acaso redator e revisor dizl"m "ele
184 Maneja Maquia
mandou-nos saírmol', "ele mandou-nos planú:m•os batata"? está man.sfJJimo - O man.n.tetínimojesus. 2 74.
"Mandei os homens cavm fundo" - "Mandou-os o Se- Manu:r - Não será demais lembrar que o s compostos de: tn
nhor pregar pelo mundo" - "Não nos deixeis azir em tenta- devem como este n 'l'bo ser conjugados: tkliTiha, ddiwrattt,
ção" é que se diz em português. Procurem redator e revisor detivts~. se deti.vnmcs (jamais tkttram, detme ete.).
uma gramática portuguesa que explique o que é "oração Mand menro - Coletivo: sorlimmlo, pr()IJiJt'id; quando em saco,
infinitivo-latina' e qual o compor tamento do verbo das em alforje: ·matula, Jamel; quando em cômodo especial :
corrt:spondemes orações no vernáculo. V. infiniliuo peuoal. tkspmsa.
Maneja - Pronuncie 'IMTIIjo.. Com exceção de invejar, os verbos Maotõ - t inútil relutar com esiA palavra, aportuguesamento
terrnimdos em ejar têm fechado o e nas formas rizotônius: do francês manteau, a uma porque está já generalizada, a ou-
viclja. ptlêja, 11U1Urljl, vmJja ... manija. tra p orque a argumentação para r efugá-la é fraca. Man/6 nio
Maocquim - Oriundo do antigo alemão m<l1rMkn, diminutivo significa o me~mo que manJo. Ainda menos co nvincente é
de man, homem, significa etimologicamente lunnmr.i1lho, falar em mantiu, cap11, capou.
pigmeu, mas usualmente~ emprega p;u·a especificar o bom:- Manu miütari - Locuc;ão latina que significa "com mão mili -
co que serve para assentar crabalhos de costura. É ~ tar": " Expulsar alguém mQ7IU milililri" "" pela força armada.
o nome de "figura em vulto que ~imula com muita perfeição Manuel - Esaeve-sc com u. A o11ografia oficial é que não tem
o conjunto dos órgãos de um corpo humano, e que nas au - culpa disso, rnas a própria história e indole da lingua, CO·
las de amuomia serve para se fazerem as demonstrações, mo se pode <".Omprovar da lcirura da "Onografl.a Nacional"
quando não há cadáveres". Figuradamente, significa ''pes- de Gonc;alves Viana: " ...Outro expediente foi tmpregar o
soa incapat de ação própria, pessoa que anda sempre cmbo- depois de consoante e antes de vogal, t.'\Jllbém à imitação
necada". t por i na m<:sma situação. É o que vemos na antiga ortogra -

Mineto, maneüo- V. Dtcamerão. fia dé Manotl, agoo, por MtmJUL, água, ~mpregando-se o o,
Mania do ..A" - Paciente leitor deu-se ao trabalho de enviar- para que o primeiro vocábulo não pudesse ser lido manvtl;
nos trinta recones de jomal, todos em muiw boa ordem sendo o segundo exemplo a~ a conseq!lência do expe-
classificados, anotados e criticados, pedindo-nos pôr em pú- diente àdotado para o primeiro. É por isw que, mesmo ree-
blico a sua aversão à "rurma de irresponsáveis que tomou dirando aurore.s antigos, é inútil usar essa escrita arcaica,
a ptito alterar nossa lingua e rcspetiva gramática para jwti- todas as v~s que nessas novas edições S<' diferenciem u c v,
ficar o absurdo da língua brasileira; querem para o Brasil o como é prática geral, às vezes porém arriscada, do que dare-
destino da lodia, onde religiões e dialews proíbem aos po- mos um exemplo. O nome geográfico]aua foi sempre escri-
vos a compreensão ; enrre as idéias fixas dessa turma está a tO pelos n0S50s cronista.s com o, ]aoa, e com isto quiseram
mania da preposição n. depois de verbos transitivos diretos". representar a pronunciac;ão jáua, que é a malaia c javanesa :
Não escondendo a repugnância de ler cenos jornais e cer- confrome-sc o nome émicoJOU, dantes csniro jao. Oa escrita
tos livros da atualidade, tal o desprezo neles revdado a prin- jaw., com u , proveio ao depois, por mâ interpretação do Y'ol-
cípios fundamentais de nossa si ntaXe, nosso missivista faz lor desse u, a forma ]avtJ, hoje em dia generalir.ada, mas
seguir seu desabafo de iluscrac;ões çonscituídas de cons- errônea,_
truções horripilant~s. casos existem, é verdade, em que o Mamu manuro lavat - Expressão latina que significa "uma
objeto direto pode vir preposicionado, mas são subordina- rnão lava a outra' r. Corresponde a "Ásinus ásinwn fric:<~t",
dos a no1'11\3s que os justificam t são encontrado s em gramâ- um burro esfrega o ouuo.
ticas; porque um clássico eset'C'\'eu "amava o outro que não Mão - Aumentativo: manápuia, man:wrra, mão:orra.
a ti", não irá um redator colocar num jornal "vendeu esse Mão cbeia- V. fTI<UIChr~a.
para comprar a outro". Se Vieira redigiu "tJOJ outros peixes Mão de direção - Expressão indicativa do srntido de flwc:o
do alro, mata -os o anzol ou a fisga", não poderá um "foca" de qualquer coisa em movimenro: O trânsito, tanto de
escrevinhar "tirou o ensejo de interpelar a outro deputado". veículos quanto de pedestres, dcv<! manter a mão dt direção.
Não é a gramâtica arena de avenrureiros nem são os clás- Daí nmtramão, para indicar o movimento em sentido con-
sicos pista de correrias; clássicos e gramática não a quem tem trário à mão de direc;ào; emprega-se substantiva, adjetiva e
somente oU1os para ler, senão também critério para com - adverbialmente: O carro en!Tou na crmtramão - Essa rua é
preender, tornam-se bases de referência, guia e apoio segu- contramão - Ruas corltramãos -- Ele entrou c<mJramão (de con-
ros. De nada vale a forma de urn mxho clássico para quem tramão).
desconhece princípios infonnativos do id ioma. Se a muiro Em crmt.rapi, que os dicionários consignam juntamente
professor de portugvh pouco importa conhecer a sintaJ<.c com outros composcos, temos emprego análogo: joguei no
latina, muito pouco a muiros esnitores, redatores e locuto - contrapi - Eu era conJrq,pi - Jogadores contrapis - j oguei
res se dá investigar o que no idioma da nossa pátria se deve contrapi (de conrrapé).
ou não diz.cr. Maoma- v. Mtwml.
Manicura - É a forma feminina do substantivo; ê profissão Maomé - Forma consag-rada para r\omear o profeta árabe,
de mulher, mas existe o masculino manicuro. O que não deve fundador da religião que tr.u o seu nome. A própria origetn,
existi r é a fonna francesa com e final, como não deve haver entretanto, justifica as formas divergenteS MaarMdt, Mt>411V-
"pedi cure" mas pedicuro, com o feminino ptdicu:rQ. de, Mualll4de, Muan~etk, Mooma. Mafoma, Maf(tl'Mdt , Mafomt!dt,
Manietar - Conquanto nos dicionários a definição venha em variantes que multiplicam os derivados, dos quais as formas
maniatar, seguida de : "variante: rnar!UI4r" , conqua.nro tl!nha ITI3is usuais são maornelano e TIIOiml2tll1lism().
sido com a a forma usada por Carnilo e por Castilho e a re- Mapa- Coletivo, qua ndo ordenados num volume: atlas; quan-
gistrada por Morais e, ainda, a espanhola. jamais nos foi do sdecionados: mapoteca.
dado ouvir a palavra com a anu~s do I, vogal justificada pela Mapa-múodi - Plural: mapas-múndi . .
composição (man mais atar, com um i entre os dois elemen - Maqueta (el - to aportuguesamento recomen dável da pala-
tos, ligação usual de compostos latinos). Extensivamente. vra ; embora de: origtm italiana, sofn:u influencia do fran-
diz-~ do ato de amarrar um animal pelos pés: "A onc;a cês IMIJ'U!Il«, fonna esr:a ainda em tempo de corrigi.-.
era carregada viva, rflllnietada e presa a um pau que os dois Maquia - Proveniente do árabe makila (vasilha para medir) e
homens levavam nos o mbros". existente no baixo latim (Q.u6modo pértinet perdat maqui-
Obser"e-se que em italiano é - t m e . O ~ da varianre las - Leges, pg. 808, A, 1188-1230), é a palavra maqui4
nossa será influência dos derivados mantyrr, maneta, manear? (pron. maquíal usada ainda hoje na lingua portUguesa. O
Manlla - Sem h é a grafia da capital das Filipinas: A baía de próprio Espasa oftTece-nos o vocibulo: "Medida de capa -
Manila foi t~rro de violentos combates aerooavais encrc cidad, para árick>s, usada en Ponugal y en el Brasil, equiva-
americanos e japoneses em 1944. lente á 862 milésimos de litro" .
ManJO- Superlativo sint~tico : m;msíssimo, mmuWirnjimo: O mar f!.Ssa equivalência, no entanto, não vem ao çaso, pois é

j
Maquilar Manirológio 185
a palavra em geral emp~da para designar o ~ue o molei- botuc.os, apresen~al;ão d cjantiXNj.
ro ou o lagareiro anecada. do cereal ou da aze.rona, como Maritidda. mariôcídio - O homem quoe ma~a a esposa cha-
remuneração do trabalho de moer. t sabido que um litro ma-se uJalricido; à mulher que maca o marido que nome se
de milho dá mais de um litro de fubá; esta diferença é a dá?
maquia , a paga recebida JXIo moleiro. Cocn a azeitona., a - O dicionário de Cà.ndido de Figueiredo registra, para
maquia é tirada do r(sul~ado fmal, dada a variação de fato - o nosso caso, a palavra mariJicido, e mais rnoriliádio para in -
res q_ue influem na relação azeitona-azeite. Morais traz: "A dicar o ..ato da mulher que assassina seu marido".
porçao que os moleiros tiTam da farinha e os lagarciros do A facilidade com que os elementos lat:inos cida e cidio se
azeite, que fazem para outrem". presram para a composição de vocábulos nossos é ampla -
Tão de moê o subs~antivo que até o verbo existe: mtJflliar mente tra~ada por Mári.o Barrero na sua obra "Através do
(cobrar a maquia nos moinhos ou lagares) e o subs~antivo Dicionário e da Gramática": " Acerca de tzariddio (assassinio
tem ainda, em Portugal, além do estrito, o significado lato dum t111rl devo dizer que os elementos cido (criminoso) e ddio
de lucro. (crime), do latim clltdere (cortar, matar), se prescam facilmen-
Maquilar, maquilagem - M. da Glória, Americana, SP - As te à formação de oompostos disaicionais, tais como tzari-
formas maquilhar e INJ.I{uilhagtm; consignadas no Fonseca (l-e- cídiQ, galiddio e outros que se fazem livremente à semelhança
visto por João Ribeiro) e no Laudelino, pcrdenm terreno de suicídio, deiddio, /rmrrúídio, infanti.ádio, porricúíw, rtgicidio.
para maquilar e maquilagem, como transliteração do primiti'- uxmiddio."
vo franci!s INJ.I{uilkr, e já se v6em no Melhoramemos sem h, Certo que i! permitido u5ar oompostos e derivados que
como traz o vocabuhbio oficial brasileiro. não constem nos dicionários; mas [Orna-se necessário que
Máquina - Coletivo: maquil'lllria (com a tônica no segundo i), sejam cnrretaJDenle fonna.dos, c com analogia dos que exis-
mtJfllinislfl(). tem da sua espécie. Castilho (e toda a gcn~ sabe com que
Maquinaria, tnaqUÍJJÍ51DO - Para indicar o conjunto de máqui- escrúpulo rigoroso e por \'e7,CS excessivo o egrégio poeta
nas, devemos usar rnoquinaria ou maquinismo. e um do~ primeiros mestres do nosso idioma observava a
Não ê plausível a c:riaç.ão de um vocibulo para substituir pureza da linguagem) diz numa tias 5\las notas ao célebre
outros de uso consagrado e corretamente fonnados; é ver- Dicionirio de Morais:
dade que se diz tiOCIIbulário, rtlicário, ltostiário, pala\Ta.S que à "Cido, subst. m. ou f. O que ou 11 qw 1~'/~~Ja. Da raiz latina
primeira vis~a indicam co!e.;ão, mas aí é função do sufixo Clli!dtrt (ma~ar). t palavra que só se pode encontrar em com-
ári.o indiq~r lugar onde se encontram vocábulos, relíquias, posil;ão com alguma outra que designe o objeto em que
hóstias; acidentalmente passa o sufixo, .da idéia de lugar, essa mone se executa: vide deicida, rtgicida, libnticida, parri-
a indiror a de coleção dos objetos, mas ainda eSia ressalva cida, malricida, homicida, filiáda, infanticida ttc. Como estes
não cabe para um intrUSO m6lJilintirio. se poderão analogicamente fonnar outros vocábulos com o
Mar- &rulho: bramor,/mzmir,1111111l1Juzr, mvgir, rdlramar, roncar. ekmenro rerminaóvo cida.
Mar em fon - Dt jot tm fora, barra jrJra, mar em fora são expres- Cídio deriva-se do latim caed.es, que significa 71IIJ1Ú violenta
sões já fixas, consagradas, de igual significado: ptlo mor lm- ou asSIIJ.Iinammio: hornicidio, rtgiádio, d.eiddio, parricídio, m4lri-
go. V.fora. ddio, i"fanliádio, arboriádio, canicidio. >Uicídio. Com este cle-
Marajó · Adjetivo páaio: marajoaro. menro cídio, no sentido da sua etimologia, se ~o ana-
Maranbio - MA é a 5igla ofiáa.l. logica.m~te formar muitos outros composros.'
Marca reg!Mrada- V. odol. O mesmo Casr:ilho empregou mulhericídio, assassínio de
.. Marcda" - Por influência do nome próprio Marctlo.ouve-se mulher, no cap. XXVI, pg. 56, vol. 11 dos Mil e um miJlhio.!,
o nome da planta medicinal com um r que não lhe perten- e nas obras do escritor mais fecundo de Portugal, Camilo
ce. O certo e 11111U/a: moa/a ~lega ; cbá d~ moctÚI. t seu deri- Castelo Branco. encontram-se os vocábulos aganiádío (O Ju-
vado maatoo, o tnc:mlO que amannto. deu, vol. 11, part. 111, cap. IV, p. 38), burriculo {Mtmúrias d6
Mare magnum- Expressão latina que significa "grande mar'', cárcere, vol. I, cap. IX, pág. 123), crrxodilicídio {&êmill does-
geralmt'J'te usada em nosso idioma para indicar algo de plrito, 2• ed. pág. 246), sui>ticida (Vuk~s ck /amo, cap. 11, pág.
grande amplitude~ um tanto confuso: Ele está metido num 56), .fradiada (CIII!I1r nn TUÚIIIJ, pág. 83), bispiciáo ( Vinte /toras
11t4Tt mapwm de transações imobiliárias. dt liúira, cap. Xlll , pág. 136), ralidd4 (Noélts dt lAmtgo, pãg.
Mare<:baJ - Ftmínino: martcllala. 236).
Marcmoco - Só a analogia explica a fonnação desa. palavra; Leiamos agora esta noticia de jornal:" ... o processo de
enquanto em lerrtmoto o primeiro elemento corresponde ao Amélia Rabilloud, que no dia I~ de dezembro de 1949 ma-
gen.itivo latino (tlfTill motus, movimento de tem.), em lllllrt- tou o marido, re~alhando o cadáver em sessenta e sete JX>
moto não há genitivo nenhum, como nenhum gen.itivo, Knio daços".
mera coincidência, existe em ltmnruJI:o; a analogia ~. porém, O que há de horripilao~ para todos na noócia, há de es-
fenômeno de influência na formação das línguas CS616). pantoso aos que conhecem um pouco de porruguê~ ou um
Mal'graTe - Feminino: tnargravi1w. pouquinho de latim no título que tncabec;ou a tradução do
Maria - V. hipccoris/Uos. tdegrama.: "Condt'l'lada a cinco anos a W«<ricúúz de Ver-
Marimboodo, maribondo - A!. duas formas encontramos em salhcs''.
Aulete, que dá a definição na forma sem m. Não; se o que mata fonniga é formicida e o que mala uma
Em " Influências Africanas no Ponugub do Brasil", de criança é infanticido, a mulher que maca o marido é MARI -
Rena.tO Mendonça, encontra-se a eúmologia: do quimbun- TICIDA. O el.emrnto que precede ciclo (do lat. catdo, maw)
do má, prefixo designativo de pluralidade, mais rintlxmdo de.1o1a a vitima e não o autor. UXO.RICJDA (wror. oris, mu-
(com m, note-se) que significa vtsp4. A seguir. diz o autor lher rosada, esposa! reserve-se para o caso comri.rio.
que maribtmdo (sem ml é " alteração rulta", mas nenhuma ..Mui~ -V. mnmdologio.
justificativa apresen1a dessa afirmação. .Marqulla - Ou empr<.'gliDlOS nos.10 legítimo aJpendrt ou apor-
Jacques Raimundo dá-nos também a fonna com m - ruguesamos o francesismo "rnarquise" em marfUisa; "mar-
marimbondo. Sabemos que d o assunto traia Fernando Orúz quesa" é injustificável.
em seu "Glossário de Afronegrismo", mas não nos toi tia- Marroclos - Adjetivo pátrio: marroquiliiJ.
do obter nem enoontrar esse trabalho. O que fi~s- e o Marroquim- V. gmtílic()J.
mesmo cremo~ qu>e o leitor já vem fazendo - foi adotar a "\farklo- Barulho: malhar.
forma com m: morimoondo. Mardrolósio - O nome da lista de mártires comnnorados
Marinheiro - Colttioo : maruja, marinhagcrn, companha, equi- JXIos dias do ano compõe-se de mártir e não de fMrt(rül. A
pagem, aifulal;ão, dmsma. esse primeiro elemento, acrescido do o de ligação de com-
"Marionctte - Nossa palawa. é boneco ou fantoChe: teatro de postos gregos, segue-se o segundo, pr<M:nienre de io«os
186 Mas
{relação). A palavra não dt\'e traz"'" i antes desse o de ligação. . "c" está sem função; a subordinação é indicada pelo relati-
Mu - Não temos no Brasil o a fechado. A pronúncia md.l, pâm, vo: "de uma ld que, embora... , visa ...". com duas virgulas
cdda é de Ponugal. Professores lusitanos é que são culpados a sepa rar a subordinada} - "Os últimos 150 índios da tribo
de terem pretendido introduzir cnrre nós esse som, es~ranho xoc6 continuam ocupando a ilha de São Pedro, oo baixo
à nossa pronunciaçlo. São Francisco, em Sergipe, e1ue poderá ser rransformada em
Mas tambim, mas ainda e o próprio mas empregado substan- r eserva indígena pela Funai' {Ouu-a \tt um " e" para jogar
tivamente (Tudo tem o seu ma.sl parecem ter ficado livres des- fora; a s«tD~ncia do período é : "o<upando a ilha que pode-
se impertinente som. rá ser transfo rmada' ou : " orupando a ilha... a qual po-
Lecionan do em :Por tugal, professor brasi leiro algum pre- derá" ).
tenderia ai introdu.zir a pronúncia aberta do a; o conrrãrio Todos sab emos q ue conserrar é mais di ficil do que fut>r
não devemos igualmente aceitar. bem feito. Por que não levar a sério o esrudo de nossa gra-
"Mas que", "e que" - Vejam os a falta de função, e portanto mática, desde as suas primeiras no rmas? A quem cabe pro-
de M:ntido, do ma> destes períodos, lidos recenremcme <:m porcionar seriedade de esmdo do nosso idioma? O culto
jornais: " A advenência foi feita pelo delegado regional, do vernáculo fa.z pane do brio cívico.
ao ser informado de que aqueles r ecenseadores pretendiam Masdebmo - V. Zaratustra.
promover uma assembléia no último domingo para debater " Masocca" - V. maçor&a.
o movimento rei~~ndicatório, mas que não se re-dlizou por- Massa<re - Já não cabe refugar a palavra mtWaae; se fMSSMI'ar
que o número dos que compareceram foi considerado in- é palavra conhecida de qualquer pessoa, como impedir o
sufi<:icnte" (Elimine-se o maJ; troque-se o que por a qual; uso do sub stantivo?
o que, quando relativo, deve ser su bstituído para d a reza por Massagem - Palavra de inteiro uso c de aceitação justificável
,.0 qual", "a quãl", ''os quais", nas quais", confOmlC O também na forma gráfica, proveniente que é de um remo-
g(!nero e o número do antecedente.) - "Ela é odontopedia- to étimo grego (massrin, amassar), através do latim tllll.IJIWI
tr.t do INPS há 22 anos, mas que está de licença" (Não é o e do francês ma»age. Não nos cabe refugar a palavra com
roesmo que noticiar: " Ela comprou uma gr.1vaca, mas que a significac:;ão figurada de "castigo positivo", de "ação de
não agradou ao marido"? Q._uc está aí a fazer o mas? Q._ue j udiar duramente", de "vencer termi nan~ente", de " do-
neces.~idade há de expressar adversidade? Uma das duas minar de maneira completa, clara, definida, em pugna es-
palavras está de mais, ou o 1114! ou o que. Tcm acaso senti- portiva'•.
do a afirmação: " ... compro u-me uma gravara, mas a qual "Ma5Slua" - É forma italiana; Mt português es1a cidade da
não me agradou"? Não nos venha o noticiarista diz"'" que Abissínia é M açuá.
o "que" da consrruçlo não é relativo.) Mauitc=r • t palavra grega; o comportamento do latim com
Não sabemos de quem rer mais dó, se dos leitores, se do palavras de prosódia igual obrig-.1-nos a pronunciar mas-
próprio noticiarista; não sabe ele que a substiruiçào do r e- siii!T no sit1gular, rruwttires no plur.~l (§ 224).
l;uivo por uma das locuções equivalem~ toma claro o an te- Mau iço, Massicn - Nasce a dubiedade de grafia da não cor-
cedente? respond~ncia da palavra a um éúmo direto latino; pren-
A mesma estonteante redação está aparecendo ultima- dem-na uns ao castelhano macito, ourros ao vernáculo maJJU,
mente, por falta de um mlnimo de conhecimento dc nossas acrescido dos sufixos iço, n .
conjunções, com "e que", em períodos em que ou sobeja o .É de notar que a própria Academia I.spanhola a tribui
"e" o u sobeja o " que". Limitam o-nos a apr esen1ar esta vi- para o castelhano m<Uizo o latim massa, e que, por outro la-
tri na de barbaridades, na esperança de ter ficado clara a ex- do, a significa~o da palavra, coisa que muito impona em
plicac:;ão acima: " ... jusramente pelo comércio que rrasccu assuntos de etimologia, aconselha a grafta ma.súcn, com
em função da ponte t qw agora atende a rcgião" - " No- dois ss; na verdade, é massi.ço o que não é oco, o que é com-
ticia Correio de São Car-los que nos arredores dessa cidade pacto, o que, enfim, é todo massa.
acamparam tr~s famHia s de índios guaranis, procedentes Cândido de Figueiredo observa em seu dkjonário que
de Mato Grosso t que há o::rca de dez anos vêm peregrinando "maciço ~ talvn. preferível; os que preferem mtmiço, relacio -
pelo país e pelo contíneme" - "Foi identificado o corpo d o
homem; é o advogado c: consultor F.F., de 56 anos t qu•. se-
nam o termo com ma.ua".
Incluímo-nos no segundo grupo, acompanhando o fran .
'
gundo a polícia, estava sendo scqaesrrado". (Se a ootlcia não ~ fll4Júj. o italiano mamccio, o ingl~ e o alemão mas.sivt.
é agradável, o português revelado em " e q ue" e "estava sen- Eng-.tnados andamos nós quJtndo seguimos a ortografia
do" é horripilante.) - " ... contanto que o significado do ri- oficial maà~ quanto anda o espanhol quando a cscrn-e com
to cristão seja conservado t F o aspecto universal e católi- o; é o que afirma Corominas no Dicioná.r io Histórico-Eti-
co da lgr<ja apareça d.uamente" - "Aconteçe que o autor mológico de la Lengua Castellana.
do telefonema era realmente o r ei J uan Carlos, que está Mordis e Domingos Víeira corrigem a antiga grafia numi-
pa ss., ndo fér ias na ilha de Mallorca t que -pretende ..." ço, com n na primeira sílaba, para massiço; atribuem ambos à
- "Num livro que escreveu depois d a explosão, t que se tor- palavra o éomo maua, advenindo -nos que é en-ôneo o o
nou um clássico..." - "... é uma empresa particular, de um na palavra e nos derivados. -
parente do governador t que tt'Ve pr oblemas econômicos... " O qur t preciso é não confundir massa com maça, " pau
- "t um tipo d e fic:xiio desaparecido de nossa Ungua, ' bastante pesado com uma das extremidades mais grossa,
que consiste no ..." - " 'Etc., abreviação da locução latina ct que aoúg2mente servia de arma". Daquele o deri\-ado do ca-
cetera. e que significa..." - "Q..uando eles chegaram ã ~­ so ven ence, mtwiço; deste, 171Qfada, que I'Slfitamente significa
taçio e qut se dirigirdlfl ..." (Q.ue função exerce ai o qw ?l " golpe com a ma+a", " pancada com pau" (Dou-lhe tamanha
- "Pele Thou lembrou -se de um amigo brasileiro que co- 171Qfada que o ponho em mãos do doutor ), e que em sentido
nhecera nos Estados Unidos, F. F., e que lhe falou sobre o lato se empl'ega por engano, atrapalba~o. ronversaçio pro-
crescimento econômico brasileiro" (Q._ue fat ai o "e" i' In-ve longada e enfadonha, e 111(1fanlt, imporruno.
a parecer só o relativo após a vírgula) - " ... a morte do ex- Outras palavras existem de sílabas iniciais de igual som
presidente F. F., assaMinado há dez anos, t que deu inicio à mas que se escrevem com ç por nada terem que ver com as
o nda de terrorismo" (Troque-se "e que" por "a qual") - anter iores: maçap&J (bolo de amendoas com farinha e ovos,
"É o caso de uma estudante que pretendia ser flautista a que de orditúrio se dá a forma de um pão pequeno e re-
profissional, e F em cerca manbà do ano passado transfor- dondo). que em ita liano é man.D/>ON e em castelhano 171D1Ul-
mou-se em..." (Q..ue faz ai o '{tU! Deixe-se a virgula, e após párt.. ond~ o t equivale ao ç português; ~la (puxador
ela fac;a-se seguir a coordenada sem esse intruso que) - " A com a forma de maça), maçaroca ~ maçorca.
decisão faz pane: de uma lei recemememe aprovada t qut ~&lllah" - É grafta francesa; em português o nome desta
embora não contenha nenhuma cláusula referente a ..." (0 cidade da Abisslnia é M(lfUá.
Mastigópode Mdhor 187
Muligópode - V. ápode. substantivo ji é demasiado abuso dos leitores.
Mastóideo - V. pnitimeo, perilimnl. Mau-bumOI', Mal-bUIDOr.lllo - Lá u por ser adjetivo, aqui I
Mastro · Coletivo, quando na mesma embarcação : mtJ.StrellÇiio; por ser advérbio. V. nui-rrill(ão.
quando considerados juntamente com as vergas, remos Máxima debetur puero rrvermtia - Locução latina que signi-
eLe.: pal.ammJa. fica" deve-se à crianc;a o máximo respeito".
Matado - V. rrwrt~. Máxime - Advétbio latino, de largo uso em ponuguês, o nde é
Mater árdum nedsátas - Expressão latina que significa "a normalmente pronunciado "má.ssime"; significa princiflal-
~ssidade i: a mãe das artes". mente, mormente: A todos obedeç1mos,1MXime aos pais.
Material de construção - Por que plural nas placas e nos anún- "Maycoce" - Mogúncia é que se diz em português.
cios de casas que vendem TTI4tmal de construção? Matmal "Maxcran" - V. Magolhiítj.
é por si palavra indicativa de· pluralidade: Ainda não com- M:.11oniano - V. basedovi(mo.
prei todo o matmal necessário para a construção - Preciso "Mazorca" - V. mtlçorca.
de tnatmal para esta biografia- O incendio destrUiu LOdo o Mboy - V. Emb1t.
rico malmal que escava exposto - Compraram-se grandes Me (dativo) - "Pa.rou-se-me o relógio", "Acabou-se-me a pa-
partidas do mais variado matmal. ci~ncia" - eonStrUÇÕC! eorreus. O ""' que ai entro~ co~·
A palavra existe como adjetivo {de matéria, corpórco; ponde ao "dativo de intcf'CSse". 685.
Tude de entendimento, bronco) e como substantivo, com o "Me dá ..•" - Constirui verdadeiro' sofisma ;afinna.r que a ex-
sentido de "con~unto de tudo o que entra na composição pressão ''Me dá um lápis" é mais afetuosa, incute mais ca-
de alguma obra' ; é, no singular, sinônima- como b<:m dá rinho, expressa maior delicadeza do que a conStrUção "Dá-
o d icionário da Melhoramentos - de pttrecho). V. ''perfuma- me um lápis".
rias',. No Brasil, salvo exceções muito raras, ninguém trata o
F.m c.:ornentário da palavrajimç<io, diz João Ribeiro no di-- interlocutor por tu; conseguintememe importa, ames de
cionário do Fonseca : "É uma irregularidade usar a palavra discutir a colocação do o blíquo, corrigir a frase para " Me dC
no plural sem razão plausível", ou seja, (; irregular dizer um lápis". Feit1 essa correcão, venhatn então dner-nos que
"exercer as su.H funções". a construção "Dê-me um lápis" denota imposi~'ào, bruta-
Aplique-se o conto a matniat; TTI4trri6t elétrico, 7Mleridl de lidade ... Acaso é bruto o miserável que na rua nos di1: "De-
guerro~, malrrial bélico, matmal· tipográfico: não é assim que me uma esmola" ? Acaso os que estudamos nosso idioma
l todos n<js dittmos? Por que, no caso de construção, basear- não sabemos que o imperativo expressa, também, rogo, pe-
nos em pla cas de rua ? V. "perfumarias". dido, súplica?
"Matinéc" - Vt!J-al é que se usa no Brasil em lugar da. derro- O q ue há é desleixo, menosprezo à correção de lingua-
tada pab.vra francesa: vesjHral dançante - vão passar o fil. gem; digamos todos " Dê-me um lápis", deixando aos re-
me em vtsjHral para a s crianças- tHsfKral musical. calátrames e fanálicos da "lí~a brasil.e ira" a expressão
Mato Grosso (~tado brasileiro) - Sigla oficial: MT, sem pon- duplamente errada.
to abreviativo. Mear, Miar - Não confundir o primeiro verbo, que significa
Mato Grosso do Sul - O AmatOMS, o Pi<luí, o Ceará, o Maranhãb dividir pelo meio, com mim', dar mios.
e outros esr.~dos nossos existem usados com arúgo, ao lado Média - O adjetivo pátrio desta antiga região da Ásia é med~
dos de Pmutmbuco, Sn-gipe, Alagoo.s e outros, sem ele. Sempre (é), cujo feminino é tru:dn. (~):"O império doslnudoJ foi des-
se disse Mato Grouo, e não será o acréscimo de ''do Sul" cruído por Ciro, que o reuniu ao reino dos pcrsa.s"..
que irá obrigar-nos o artigo antes do nome do novo estado Médice, cura te ipsum - Locução latina, tirada do evangelista
brasileiro. S. Lucas (IV, 23), q ue significa "Médico. cura -te a ti pró-
Nas enumernções, nem os do primeiro grupo são usados prio". Aplica-se aos que dão conselhos a outrem sem que
com artigo: Os utad()J brasileiros são: AmatonaJ, Pará, Ma - no entanto eles mesmos os sigam.
ranhão ... Vem ainda ao caso a aftrmac;ào de Said Ali: O nú- Médico - Coletivo, quando em conferência, e um é assistente
mero de nomes de terras usados com artigo é diminuto em do enfermo :jun/4. Aumentativo (pejorativo.): mtdictJJlro.
comparação da imensidade de nomes de países, províncias, Medo (él - V. Midúl.
dq>arumentos, estado~. condado s etc., que povoam os ma- MedulosJM-1 - t engano dizer que caiu a primeira vogal do
pas e sempre se mencionam sem artigo. segundo elemento. SfJinal é forma erudita, latina., sem t ini-
- Sigla oficial: MS, sem ponto abre\'iaúvo. cial, e eruditO ê o composto. Acaso não se diz rttrospecli.oo?
Matrlódío, Matricida -V. mariticida. O motivo é o mesmo: Palavr-as eruditas por via erudita se
Mau - Superlativo sintético : pluiJTl(), ma/Jssimo. § 2 74. fonnam.
Mau grado - V. dt mau grado. Meio adoet:~tada - V. JMÚl-dia e mew.
l .Mau uso, Mau aprotdrameoto - Mal que parece sem cum - Meio-dia e mcia - É verdade que se diz comumente meio-dia e
no di~r do missivista que nos eoviou diversos recortes de meio, mas não se pode negar que a forma correta é mrio-dia
diversos jornais - é o do emprego de mal corno adjetivo. e meia, pois a palavra a que o adjetivo se refere é lwra: meio-
É desanimador verificar o deslei:Ko de revisores aliado à dia e meia hQfa . Não tem cabida afirmar tratar-se de flexão
ignorância de redatores que revelam nunca r.er aprendido por atração.
distinções elementares de função de palavra$ como a destas M tÍll é n umeral quando significa " metade de um"; como
duas, rnal e mau. A encabeçar noticia de jornal, o atrevimen- numeral, concorda com o substantivo: 25 mtias gan'afas,
to de redigir: "P rodutores de leite fazem mo./ uso das pas- mria vida pa ssei, obra mtia acabada (obra feita pela metade).
tagens"; em outro jornal, também em título, a confirmacio Q.uando, porém , significar " mais ou menos'', " um tanto",
do alastramemo da confusão: " Mal aprovcirnmcnto de " um pouco", deixará de ser numeral para ser advérbio,
á_reas". e vi.r:i modificando um adjet:i.·o; como advérb io, não pode-
Por favor, senhores diplomados por escolas de j ornalis- rá flexionar-se: Maria está meio adoentada - Ela ficou t'Mio
mo, não nos venham amanhã ferir o zelo de higiene lin- perplexa - Ana foi rMio precipitada.
güística com oferecer-nos "mal cheiro". O uso das pasta- Saibamos, pois, distinguir "porta mrio aberta" (pona
gens, o aproveitamento das áreas, o cheiro de adubo é mau, aberta pela metade, no caso de ser dividida. em pan~s, como
e não mal. E nU~u por ser adjetivo; é adjetivo por estar atri- acontece com as janeL~~ = Todas as janew estavam meiaJ alx.'l'-
buindo qualificação ao substantivo, qualificação na acep- tas) de " porta meio aberta" (porta um tanto, um pouco aber-
. ção gr<~.matical de modificação de sentido, tk apreciação, ta), mas digamos "meio -dia e 11lllia (meio-dia mais metade de
de arribuição de título a alguma coisa. Aprendam a distin- uma hora, c não meio-dia mais metade de meio-d ia).
guir adjetivo de advérbio. Q.uando a modificar substantivo, Melhor (mais bem), Melhor (" mais bom") • DiStrai-se dupla-
mau se escreve, com u. Ter de esclarecer a redatores o que é mente quem redige "cartas tru:litOT<> e!O"itas".
188 Melhora Mercadologia
I~ díscracão : t fal.so pensar que se deva sempre usar a for- Bimnual é sinônimo de ~>lral, como trimnual é: de tri-
ma si ntética do comparativo de hem. Sempre que "mais me.stral. Poderá vingar alguma futura disti.ncão de sentido
bem" preceder adjetivo (maú bem feito, mau bnn pensado, entre essas formas, mas sem nenhwn f11ndamemo etimoló-
mais bem vestido), essa forma analllica é que deve aparecer, gico. Ademais, " q uin,.enal" é forma que não foi entt>rrada.
e não a sintéúat. ....mente - V. portugumntnte.
2' distração: Ainda que da índole do idioma fosse em tal Mente, Entendimento • A palavra mente é a que com maior
caso o emprego da fonna sintética, jamais poderia ela apa- propriedade designa. em português, o espírito supremo,
recer lleJ<iona.da ; mellrur seria aí advérbio ; pluralizá-lo cons- criador, princípio potencial por excelência . E ela de acepção
tituiria dis0'3ção lâo grave quanto redigir "cartas bens es- mais geral que entmdirnento, muito embora s~ja às ve-tes
critas": o advérbio não se: flexiona em número. O assunto empregada como seu sinônimo.
já foi aqui tratado (V. m<1ü btm), mas vamos esclarecer um "Mem, em laúm , c nous, em grego, servem en1 Clcero, ('ffi
pouco mais. Aristóteles e em Tomás de Aquino para significar tanto a
Mtlhttm. no plural, é correto somcme quando com função alma como a sua fáculdade imelec.rual" (Espa~l. Entendi-
de adjetivo: " Estudamos para tornar-nos mt/Jwm". A ma- mento j á não tem essa generalidade de acepcão, não pode
neira prática de verificar ~ me/Jtur funciona como ad~io signülcar a p rópria alma. o esp írito.
ou como adjetivo é trocá-lo pelo normal ; que aparece, Uma vez q ue o que se pretende é designar o espírito supre-
lmn ou /N/m? "Estudamos para tomar-nos /J(f(IJ" d iríamos, mo, Dt>us, ou seja, a mente por excelência, nada mais razoá -
e não " ... para tornar-nos bem"; isto OQS mosrra com clare- vel q ut" se a.dot.e a palavra Mente. Se mtmdimLnlo não c~­
za que mtlhur é aí adjetivo e, pois, deve ir para o plural. V. cifica nem a alma humana, muito menos o espírito $Upremo.
a mtlhor, o melhor. . A dúvida nasce de o francts traduzir o "Mind" ingMs por
Melhora, Melhoria - V. t"Stada, estadw. "Emendemem", e de aqui passar para Ent.mdímmto em por -
Mcnocnto, bo mo, quia pulvis es et in púlvcrc:m revertc:ris - tuguês. Disso ~ causa a falt:a, no francês, de vocábulo que
Exprt-~ão latin~. da liturgia católica (quarta -fe ira de cin- corresponda ao " m.ind" inglh, deficiência que já não eJ<isr.e
zas), que significa: Lembra-te, homem, de que és pó e pó no português, onde temos o nosso mtnle, que no caso traduz
voltarás a ser. com precisão o vocábulo inglês.
Memio - V. Decamerão. Considere-se ainda que TMnl~ especifica potência ou prin -
Memor-.mdo · t o aportuguesamento, legitimo e cada vez mais cipio intelectual, pen sador, ao passo q ue entendirneuto e ter-
generaliudo, da forma latina memorandum, com a vantagem mo d e designação já cspccifiatda, que indica uma fàculdadc
de eliminar possível dificu ldade de p luralização: um mLmo- da mente. :Entendimento é determinado movimento de uma
rando, doiJ mnnorandos. V. plural tshanho. força, mente é essa mt>Sma fon;a.
Meocb.d nc vcrum quidem diceoti aédirur - Epígrafe da dé- Mentir- V. adni1.
cima fábula do primeiro livro de Fedro: Ao mentiroso não " Menu" . Cardápio vem afasLUldo cada vez mais esse introme-
se dá crédi to nem ainda quando diz a verdade. tido galicismo.
Mcndu - Su1>crlarivo sintético: mendiUÍ.ui111<1. Mercadologia, Mc:rcadir.ação - A gentileza do dir-etor e de pro-
Mend igo - V. M t N intrometidos. fessores da Funda~ão Getúlio Vargas animoú-nos a redigir
Menino - Coletivo: gruJ!II, bmuúJ; depreciativo: clrwrna. cambad-11. este verbete, desp ido de sugestões outras que não logra-
Menos • Esta nossa palavra tem várias funções mas é sempre riam uma definitiva tradução portuguesa de " markeling".
invariável, o que significa que não podemos flexioná-la nem Já o respeito às palavras téc;nícas portuguesas, já a impo-
quando advérbio (Julgas que fui ttiJ!TtoJ desgraçada ?) nem nência de t-nsino dessa faculdade convencer-..m -nos de que
quando preposição (Todos mmos ela) nem ainda q uando dcviamos acei~.ar, apoiar c propagar a palavra vernácula
adjetivo : Mais amo r e 1IICI(JJ conflllll<;a. para o caso: MERCADOLOGIA.
McnJ ágltat molem - Com esta el<pressio, que significa "o es- Estranhávam os ler palavras nossas em colunas de jornal e
pírito move a matéria", Virgllio (Eneida, VI, 72 71, ao mes- um "markeci ng" de penneio, com um k mediai e um ing
mo tempo que atribui ao espírito superioridade, distingue-o final que não usamos, e, ainda mais, a acotovelar-se muitas
da matéria. Ainda que essa "matéria" sc:ja um aglomt>ra- vezes entre as nouas palavras ~ o sentido exato do vocá-
do burrtano. há um espírito geral que o domina: mtnJ ágí- b ulo originário t~raico, a forma gerundial inglesa .
1.41 moltm. Sempre que desejarmos indicar o estudo do fluxo de bens
Meus sana In córpore sano · Expressão latina qut- significa e serviços de um fabricante até um consumidor fi nal o u
"mt>nte sã em corpo são". É a única coisa que se pode pedir industrial, empreguemos MERCADOLOGIA, hibridismo
aos deuses. dizjuvenal nas Sátiras (X, 3561. que virá englobar todo o estudo de providências que att-n-
Mensagem - V. htrrge. dam às necessidades de consumidores potencia is.
Mensal, lii mensal, Bimestral, Trimensal, Tlimesu-al - Merual Teremos então: "A mercadologia bancária estuda tr~s pon-
significa relativo ao mês, que o<:orre uma vez durante o tos princiP,ais: segura nça, rendibílidade e liqüidez de em-
mi!s, que acontece de mês em mês. De igual forma, bimnual, préstimos' - " O grupo Bompreço aperfeiçoa mercado/o;
trirrumsal é o que se relaciona a dois, a três meses, que ocor- gi<t" - "Associaç.io Americana de Mercadologi<1" (Ameri can
re uma vez cada do is, cada três meses. É assim em lacim (Sa- Marketing Association) - " Merc:adização é o ato lh ico , ~
raiva : mmslfUlZiis, himmslruus. trimtnJtruus); é assim em inglês a atividade de aplicar, de pôr em frárica o concc:iro. o con -
(Webster: mtnsual, bimnud, trimtnsuall. teúdo da mtrc<Jdologia" - ' O Edse foi wn erro de mtrcadolo-
Se mn!S41 rem uma só fonna, himnual e trimnual t~m nes- gi<l" - " Escola de MtrtiUÚJibgia" - " Ele é formado em
$<U línguas uma segunda, d e significac;ào inteiramente idên - wrcadoWgia" - "Enquanto mncadq/cgi<l é estudo, mercadi-
tica: latim : bimeJtris, trimestris; inglês: bi1Mstrial, tnmulrial zaç.io é atividade. ~ proce$samemo, é execucão"- "A mn-
Co inglês tem uma ttrccira, normal e comum, decorrente cOJÜJlogia mudou mui to a vida das empresas".
do acréscimo dto ly ao subscanúvo). Não se esqueçam flQSSOs mcrcadólogos de que, nio mui-
E em nosso idioma? Do que decorre de nossos tradicio- tos anos faz. dizíamos beque, alfo, cmle'ralfo, come. Um bri-
nais e bons dicionários, do que decorre de estudos de com- lhame jornalista conseguiu vencer um meio hostil ao idio -
posi<;ão, o procedimento deve ser o mesmo; veja-se Carlos ma - o dos esportes, principalmente o futebollstico - e
· Góis (meru rcvesrc a forma tmJ no morfema mtstre), Aulete hoje, com mui ta r31,'1o, ele se vangloria de ter visro aquelas
e Cândido de Figueirt-do (bimtJlral, adj., o mesmo que bi- palavr.u, conquamo já gra ficamente aportuguesadas, cedtr
mei!Jili; triWJhal. o mesmo que trimeruall. lugar a equivalen tes portuguesas, boje de todos nós conhe-
Sem o testemunho de outros dicionários, é válida esta afir- cidas. O exemplo se impc5t> aos que têm a vida em tTato com
mação: Se bifTUJI signifiat " de dois em dois anos", não é t>S· estudos e não com bolas, e bom trato está realmente o idio-
u-anhável que bimoual signifique "de dois em do is meses". ma a merecer.
Meraadoria Metade 189
Mnadoria - Coleúvo: 1011immú!, pruvúDl>. nific:ados, funções e empregos do demonstrativo mtJIIW) -
Merceruaçio - V.gmtiliau. já por desnecessário, já por quaJquer gramática C?C.p or o as-
Mcrd ele - Esta locução, que significa "graças a". "por causa sunto - limitamo-nos a aconselhar-lhe a fuga de constru-
de", não pode vir sem a preposição final : Mml rú Deus, ções como as apresentadas e redigi-las com mais colorido e
nessa pane tenho sido muito feliz. sabor lingüísticos. Despojados do mtS11W, reproduzamos os
O que nela t:xis1e - e pode existir - f: c:lipsc da preposi- exemplos: I - " ...nova ortagrajia, vi.slo pur esliJ lÚvtTtm ostra-
ção p/IT: •• Meru ik céu" em vez de "pqr meru do céu ... ". balhos ser corrigido;"; 2 - "Dtvmws estudar partuguts e <ss mali-
Me$ada temanal - Os dicionários aí estão, todos eles, a dizer rias com ele reloà.onada.t " (c as matérias correlatas com esse
que m4sada ~ "quantia que se recebe ou paga em cada mês estudo; ... c as matérias que têm com essa disciplina rcla-
ou de mês a mês para as despesas ordinária!; mensalida- ~ão); "A Socitdadt Tal é conslitufda dos smJwm F. e F. qUt a ela
d es: contribuiçào men:sal". dedicam todas aJ erurgi41 (que lhe dedicam ...); 4 - "Vou à ca-
Acaso quartnttM não significa "período de l(U4ttnl4 dias"? sa de minha miit, ctmt qunn falarei sohrt o a.u unto» (e com ela fa-
Conúnua esse o significado da palavra? Sem nenhuma limi- larei ... ); 5 - "Rtalitou-se oolrot a tsptrada jtJJa, d qual cqmpa -
~~ão de tempo. indica boje "período" a que se sujei~m na- rtetriJ:Itt ..• '·.
vios, pessoas ou coisas para obsen-ac;ão, seja de: de quaren- Que d ificuldade haverá par.a assim rediginnos, sem o in -
ta o u de apenas um dia. trUSO e monótono mtsmo? Nada reriamos que dizer se se tra-
Não vemos o que faculte dizer que "mesada semanal" tasse do "o mesmo'' que encerra um post-scriptum ou de
seja expres.\ào errada. Não dizemos "cavalgar um burro", um mtsmo realmc:nte identificador, mas a palavra mesmo,
"caiÚTM de vinte folhas", "trêsglmLos", "chumbar um taco na que tem muitas c muitas funções(§ 342), não tem a de subs-
parede"? A semântica é fenômeno lingoistico geral e co- tituir o pronome ele.
mum, que no caso recebe o nome de catacrtu, do grego Vejamos majs estas amostras de verdadeira infantilidade
cotá (co ntra) e cllrtslái (usar): o sentido real da palavra(; mo- estilística e gramatical: "Terminadas as provas, foram as
dilicado por esquecimento, e a palavra nova conc.:m idéia mesmas envi adas para a con~ão das mesmas" (exemplo
absurda se comparada com o sentido etimológico da pri- tirado de relatório de rcparti~o pública(- No mesmo re-
mitiw. latório havia esta construl;ão, verdadeiro número d e ginás-
Mesa redonda - Não digamos à inglesa "paind", que temos tica " mesmltica": "Com base no total de candidatos ins-
prata de casa, e não pensemos que também o inglê! não te- critos, foram emitido~ os respectivos cartões de identidade,
nha "mesa çcdonda" ; lemos no Time:" ... from a rnanagea- dos quais con~~va, obrigatoriamente, a fotografia dos mes·
ble round tobk of 5 I nation~". Logo adlante o redator nos dá mos, sendo as mesmas diwibuídas quinze dias antes da
a li<;ão de que tem o inglês também em uso para o caso o data".
que Lemos em esquecimento: a palavr.~. arrna. Fíguradameme Mais uma amostra da desastrosa consequmcia a que che-
indica "qualquer lugar de disputa, contenda ou julgunen - garemos, aceitando essa função: " Mandei publicar as noti-
10": " ... from a round tabu of 5 1 nations, with Western de- cias referentes ao concurso no órgão oficial e num vesper-
mocracies in 1he majoricy, to a somelimes br.twlin,g arma tino de grande tiragem, lendo as mesmas despertado geral
of 14-l delegations". interesse ao mesmo".
Se é para importar somente o que a língua inglesa tem a Isso r tomar mai s clara a redação? Imagine-se Camões
mais, importe-se o zelo que ela tem à gramática. V. "painel". a redigir:
Mesinha. McxinJ.a- Os étimos são diferentes; r~WJinha 1: dimi- Mas não servia ao pai, servia à rntlTII(I
nutivo de m~~s..; m~zinha provém de 11111diàMm: o c imervocá- Que à mesma só por prhnio pretendia.
lieo dá L, c não s, em ponuguês: " ...foy muyto bem curado Mestte-sala - V. carro-corrno.
por Fisic:os Mouros da terra, que os ha nella muyto bons, e Meta ... - Preruto de origem grega; junta-se sem hifcn e signi -
assim ervas, mn.inluu como em H espanha, e de outras ma- fica transjOrrM(M, transpasi(ão, transundlncia, posltrioridade
neyras diversas' ·. e suussão: mtlll11W'fjOJI:, metacronia, me4lgtOTIII!tritJ, mtlajuridico,
Mamo - Erro muito freqüente é o emprego do demonstra- meta.ptDM.
tivo r7WJ1IIO com função pronominal em conwuc~ como Metade - Não vemos si lcpse em "metade do terreno é meu"
estas: I - " ...nDVQ ortografia, vi.!to que os trobo/Jws smiD CO'I'Tigi- senão simplt>s lapso de concordância. " Metade do terreno
dos ptla mesma"; 2 - "DronnoJ tw.dm pqrtugrds e as 1TIIJliriaJ meu está cullivadtJ" - "O terreno inteiro é da familia e me-
que rtm relação com o mtsmo". Esse disparate se evidencia em tade dele é minha" : não é assim qut> dizemos normalmen-
trechos de confirrnante pobreza. sintática como este: 3 - te? Comparemos com "parte do ar expelido pelos pulmões
"A Sot:itd4de Tal i constituída dos stnlwres F. t F., t os memtbs é rúsviada para as fossas nasais". onde e"ptlido é masculino
dedicam à memw tod<ss as erurgi4s". por ser adjunto adnominal de ar, mas desviada é feminino
~sse erro t~m grande culpa os "aí ricos de cacófatos". por ser predicativo de parte. O ar todo é expelido pelos pul-
Sem conhecimento seguro de gramática, tão só cacófatos mões e só porte dele é dtsvin.do.. E assim: Quando mtlade do
vêem num trabalho muitos de nossos homens de critica ar é rúsviada ... - Quando metade do terreno estiver cultiva·
literária: cegos a erros graves de sintaxe, quando não dr: do...
morfologia, surpreendem o leitor com tais descobertas, Silepse poder.!. haver quando o adju.n to adnominal do
como se escrever em bom português oonsisússe em ter malí- sujeito estiver no plural e a idéia de coletividade do nome
cia, em ter espírito mesquinho. Preocupados com vocábu - for evidente: Mttodt dos passageiros saiu incólume (ou sa(-
los de grande erudição pornográfica, :~entc:m - se felires esses ram incólum~s). Há al coletividade, o que não vemos em "me-
crlticos quando num trecho encontram desse teor palavras tade de um terreno". Qwnd o há coletividade, vemos poder
que possam mostrar ao leitor, maduro mas sem preocupa- ser normal a silcpse: Metade dos meninos .ficQTam nu.s. Ver-
ções tolas, ou ao aluno, estudioso mas :.em malíóa. bo e adjeLivo deixam aqui de concordar com o sujeito me-
Receosos de tais críticos, muitos, desconhecedores de tadr para concordar com o adjun!o por ser evidenLC no ver-
nosso idioma, passaram a fugir do pronome ela, eliminan- bo a panicipação dos clememos ~ue constituem o coletivo.
do-o em texla a àrcunslànàa, para substituí-lo por a mes- " Metade dos alunos está atrasada' é exemplo em que verbo
rna. Viciados com tal substituição, o mesmo lh~ram com o e predicativo podem referir-se ao sujeito metade como um
masculino tle, que para todos os efeitos se U'ansformou em todo; "metade dos alunos estão atrasados". Já em: Um ba-
o mesmo, donde os tr~ exemplos acima apresentados. aos talhão de granadeiros enchia o pátio do quartel - Um gran -
quais somaremos maís estes: 4 - "Vou d casa de minha miit; de número de d1efes prejudica a disciplina - Metade das
falarei Ctif1l a mesma wbrt o llJsunto»; 5 - "Realizou-u ontem a ts- laranjas é minha - não conseguimos distribuir a a<;ão,
pnadajesta; à mLJ1TIIl comj>artaram ... ". a significação do verbo.
Não querendo cansar o leitor com a exposição dos sig- Como não vemos nestes úlómos exemplos possibilidade
190 Metade "Metrô"
de concordãncia por silepse, wnpouco a vemos em " Mc - Metralhadora - Barulho: pipocor, pipoqu~ar. 1MI.r~ar. matra-
cade do terreno é minha", onde nem col~tivo nem adjunto qutjar.
plural existem. " Meaô" - O designart>m os franceses " metro" (abr<'Via~o d~
Não nos parece errado afirmar que há diferença entre " metropolitain") o serviço de tráfego sub terrâneo decorre
"tnf!tadc- dos lote-s foi ven dida a um único comprador" (,.,.. de esse adjetivo tstar no nome da empresa que explora esse
tade é aqui um Lodo) e "metade dos lotes foram vendidos a serviço em Paris.
preços diversos" (há agora disrrihuição dá a~ão verbal). Extemporâneo - c cremos até antipático - será aqui
Sem o parr.itivo pluralizado e sem a idéia de co letivo, a con - hoje dizer q ue t:.~.l procedimento não era de imitar por nós,
cordância se impõe. I.sso de ouvir no campo "mecade é mas a realidade é que entre nós se criou a "Companhia do
meu'' não é de admirar, pois os nossos caipiras dizem, tam- Metropolitano de São Paulo", dando- se a "metropolitano"
bém com naluo-alidadc, " m uié meu". função substantiva e sentido que jamais a palavra teve em
Não ~ " Metà dcl t.erreno é mia" que usualmente se diz em português.
italiano. e "Mitad dcltern·no es mia" que indiscutivelmente Chamarmos o tráfego subterrâneo "metropo litano" é
se diz em espanh ol? Não nos venha alguém acobertar a tão incompreensível quanto chamarmos "luminoso" (abre-
aberração da construcão errada porrugu..-sa com o mamo viadamenre lumí, por "luminewc") o serviço de iluminação:
da silcpse ou com a máscara da lingnlsóca. Estou sem "lumi" em casa - Em cal bairro não há " lumí".
Metade ... metade - Não se deve eon legitimo português dizer: Pior ainda: " lumi" pdo menos tem relação com " lu1."; e
"Metadt da população vive a expensas do governo e a outra "metrô"? Nada tem de " tráfego subterrâ neo", nern de
metade a pagar impostos" - pela mesma razão por que não "trem subterr'.uleo". "Subterrâneo" , assim mesmo como
se diz: "Parú dos alunos queria f~rias e a oulra parte não q ue- eslá escritO, i: como designam os argentinos o servi~ q ue
ria". há vários de~nios ex.ir.te em Buenos Aires.
O certo é: "Pm'U queria férias, parte não queria" - ''Mt - Os ingle~s têrn o serviço de tráfego subterrâneo, mas a
tade vive do governo, me/4de para o governo". palavra com que o designam é " underground", correspon-
Funcionam os vocábulos 1Ntade... mrtadt , parte... parlt dente ao "untergrund" {subsolo) d os alemães, que tôo
à semelhança d<- conjunccks alternaóvas. também o "oberbahn" para o o-áfego aéreo. suspenso.
Diferenre romar-se-á o caso se fizermos anteceder de ar-
tigo, definido ou ind~finido. a palavra mcuuit ou a palavra
Os noneamericanos é que, ao lado do " clevated" (abre-
viadamente .chamam " el"), que indica o aéreo (sobre via- ..
parte. Dar-nos-ào então, em português como em espanhol, dutos, como em Chicago; nii.o confu ndir com "elevado"
passageM como esta do adágio " A metade do ano com arte de São Paulo, que não indica serviço nenhum, mas simples
e engano, e a outra parte com engano e arte'' (La mitad del viaduto}, os noneamericanos é que têm, para indicar o
ano, con arte v engano, y la o tra pane con engano y arte), subterrâneo, o "subway' ', palavra com que nomeiam tanto
refrão que repreende o modo de viver de alguns qur sem a linha e processo de viação subterrânea quamo o carro em-
ter nada de seu, gastam e sobressaem por habilidade e ma- pregado nessas linhas, à semelhan~ d e "trd.mway" (trà-
oba. muei), com que designam já o p rocesso dr viacão sourt' tri-
Metifau ·V. antif09. lhos, já a composicào, o trem, já o simples carro, seja ele
Mttáfora - V. Jmtântica. movimentado por vapor, por for~ elérriC\ ou men mente
Metal - Coletivo, quando, não precioso, entra na construção animal.
de uma obra ou arrefato :ferragem. Barulho : tirtir. Vemos na tradução literal SUBVIA a palavra indic:ada pa -
Mtteorita, Meteorite, Meteorito - As duas primeiras palavras ra o caso . Se já temos Jtrrovia, se já se arraigou rodllvic., se j á
são formas paralelas, do gên.:ro feminino, que designam vigora anovia, por que não havermos adotado subvu:? Pa-
uma li~ de metai s; a termina~o it~ (i/4) entra na designa - rece-nos, todavia, que é mais dificil criar e aceitar agora a
ç.ão de minérios: bari/4, linhita, ôauxita, margarita, agafita (a.ga - palavra do que consrruir o sist.ema que o neologismo indica -
fite), alabaJtrite, lat11Üte ( ln:w/iltt). malaquill (malaquita), pirita ria com pureza, precisã(>e p•·atiádade. Acaso não se toma -
(pírite). riam possíveis e fáceis derivados como Jum1111o, JubviárUJ ?
A existrncia em porruguês de tais formas paralelas deve-se Evitariam estes derivados esquisitices ou dificuldades de
à I.'XistCncia já no grego dos dois sufixos. itts "ita. redação como "os carros componente-s dos trem do me-
Em metrtnito não entra o sufixo ill (ita) , designativo de mi - trô". "o metrô descarrilou", "o tráfego pelo metrô", "'pre-
nério, mas o sufixo diminutivo ito: meteorito, meteoro pe- firo ir de metrô a ir de ônibus", "os dirigentes de metrôs
queno. Não confundir com mtlttwólito, o nde entra outro querem aumento", frases em que a p alavra "metrô" não
sufixo, bre.--e (V./UTÓ/olll).
!to é ainda sufixo que designa principalmente sais: mpo-
mantém o mesmo sentido.
Os sinais diacríticos tem por fim primordial em nosso ..
Josfito, Jripossu!fito. idioma indicar a r.oniàdadt da palavra., e não a signilicac;âo.
Meteoeólito - V. aer61ito. São como os botões: prendem antes de enfeitar; podem
Mctonlmia - V. JmtànJi«J. sobejar, não po~rn faltar. Em discrepância com esse prin-
cípio, carcates e anúncios de autoria da própria empresa
Metragem - É n.-ologismo já introduzido no idioma, con - concessionária do serviço começaram a indicar que São
q uanto sem precisão de significado ; ora está por compri- Paulo tinha mflro, que devíamos tomar o metro, que o me-
mento (filme de longa metragem - tnLiragem de uma peça de tro ia ter outro preço.
fazenda), ora por lo.rgura e c~m~primento (a ""lragem de um lo - ~ proceder ortográfico injustificável o de obriga.r a que
te de terreno), ora por área (a mttragem de uma casa). leiamos oxitonamente uma palavra que não traz o sinal
1:: o caso de perguntarmos qual é a merragem de uma co- diacrilico correspondente, exigido por determinação orto-
bra, qual a merragcm de uma ~stante, qua l a metragem da gráfica oficial. A menos que um dia venha a ser revogada,
estrada, em vez de compr imento da cobra, dimensões da a primeira das dezesseis regras de ac;entuaçào do Formulá -
estante, extensão da estrada. rio· Ortográfico determina q ue se assinalem com acento
Esse t outros neologismos análogos dev~m ter sua imro- circunflexo os oxitonos q ue acabam em o fechado.
dução no vocabulário baseada em necessidade de empre- Não cabe o argumento d e que, por não trazer a palavra
go, em disón~o de significado; do contrário iremos fogo metropolitano acento, lilmpouco deve trazê-lo a fomra que a '!
fa lar em alqueiragtm, quartagem, gTII1TUJittm, quilo.gem, grada- abl'evia, Tal racioánio é a•é hoje culpado de silabadas como
gem, cmtigratiagrm, cavaútgm: em lugar de ,,..dida, I{2Ullllidade. a d~ pigadc. em vez de ptgada (pe-gá-da), c do acento grave,
peso, temperatura, Jorra. Daí passaremos para anJJgtm, nwUl- muito tardiilllM'!n te abolido, de compostos como sommle,
gem, stmanagem, diagem em lug-c1r de idade, dura{ào, e para peti7lho, amavelnunU: compostos e palavras si ncopadas ou
outras bobagens. apocopadas submetem-se sem mais considerações às regras
M~xilhão Minh'alma 191
de ~ccntual;lo como sot fo~ pala\Tal primitivas; ora, não raro especial atendimento educacional; mi/M() é subsrantivo,
deiu de ser palavra a abreriac;ão que não é m~ sigla ~o e como tal tem gblero próprio, é masculino: " um milhão",
um bissilabo, bissilabo que além de pelo povo nio ser re- "o milhão" se diz, s.e~ do que for, de bois ou dC' vacas, de
conhecido como abrn'iac;ão enconiTa um homônimo que dólares ou de libras: ' En tre os quinze milhões de crianças ..."
não é ho mófo no. O solecismo do agen te de Brasília permite que s.e diga: Per -
Sem q ue atendamos à regra ortográfica não saberemos deram-se dli4S milhões de libras - Comprou Wll4 milhão
ler passagens como estas: " O metro vai deixar de ser muni - de liras.
cipal para ser estadual" - "Encontrei-me com ele no me- Q,uando s.e diz " as primeiras mil páginas", emp rega-se
tro" (numa avenida de São Pau lo há um cinema chamado mil. que é tão adj etivo quanto a.s e primmOJ: é uniforme e em-
Melro, sem acento porque é paroxítono)- ''A avenida São prega-sot sem artigo. Q.uando porém se diz "os primeiros
J oão tem Metro mas não tem metro". milhões", passa-se a cm prepr um substantivo, de genero
Laud elino Freire tr:u a palavra abreviada 5ol!m acento, _próprio, mascu lino. Lembre-se o infeliz redator de com pa-
mas é dicionário elaborado e impresso antes do formulá - rar o substantivo milhão com millteiTo e evitará escandalizar os
rio onográJ1co de 1943; a nova edição do Aulete e o con- leitores do seu jornal : os primeiros milheiros de laranjas ;
ceituado dicionário a que ch.a.m am Melho ramentos assina- e assim, "os quuue milhões de cria ocas", sem deixar-se le-
lam diacriticameme a vogal final fechada, procedimento var pelo genero gra.matical do partitivo.
seguido no Rio de J aneiro pelcrs responsáveis por igual ser- Milhar - V. os milhartJ.
viço público: metrd. Não cabe por outro lado argumentar Milhardirio - Q.ut'rn d i>. " Não sou milionário" confessa não
com o castelhano, onde nem a pronúncia da palavra nem as ter um milhão. Não vindo ao caso saber se a moeda é fone
regras ortográficas são as nossas ; o que ao caso realmente ou fraca, quem diz "Não sou rlfilhardário" dedara tulO ter
\'em i dizer q ue metrd é mera cópia st-rvil da pronüncia mil milhões, ou seja, não ter um bilhão. Ambas as palavras
francesa do nome do maravilho:;o transporte subterrâneo podem ser empregadas metaforicamente,. mas, airKia assim.
de Paris. · mantêm elas distin.;ão de significado, basotada na d ifert•nça
Se metro é medida de largura, mdr6 é índice de adianta· aritmética origir~<iria. Se em fra ncês há diferença, por qut-
rnento, e acemo circunflexo é sinal diacrítico obrigatório de nào poderá havê-la em português ?
ton.icidade de oxítonas terminados em o fechado. MiJhrira - Voz. : tirtir.
Mnilhão - Por que preter~der alterar para mixilltão1 Se é incer- Milho. mais - Provém o vernáculo milho do latim milium (con -
tO o ttimo, não há moúvo para mexer na grafia. fronte o espanhol mijo. mi/UJ, o italiano miglio c o fran~s mil).
Mia o ... - Elemento que na composicào se: junta sem hífen: Uma das fomes do llt portugués, Sol!nào a maior, é o / latino
microbiolcgia, microrradiogrojia. mU:rossúmico. seguido de i breve, mais uma vogal: mu&rtm, mulher ; fó-
Como sub stantivo, encontra-~e já há de~ios em dicio- 6um, folha ; mi6or. melhor.
nários nossos sem o n grego final, e justo é q ue assim conti- M ob {ma -b) é nome de variedade de mi lho grande. já
nuemos a escrever a palavra desde que aceitemos que de- existente na Am.érica Central, quando os espanhóis ai che-
vem os proceder à 'oernac:ul:izac;ão de termos provindos de garam. Vt'ja a "História Natural e General de las India.s",
outros tdiomas; não será por sotr erudito que um vocábulo livro VH, cap. !~,tomo I, 267-8.
possa vi.r enroupado de fazendas estrangeiras q uando adap- Miligrama - V. grama.
tável à nossa língua. Ademais. micro wit:ará o <oxrravagame Minas Ccr.ais (estado hrasildrol- Sigla oficial: MC - Adje-
plu•-al que às vezes se no~a: micra, plural este grego ma s não tivo pátrio: mineiro.
juscificávcltYn nosso idioma; neste andar, impor-se-iam o u- Mlnaz ·Superlativo sintético: rninacúsimo.
tros pl urais g•·egos inteiramente esdrúxulos e desconhecidos Minero - Raiz celta, emra em máw, mineiro, miii4T, minirio ... e
em p ortuguês. V. pbuaJ tslranho. em compostos: miri.<Tografia, minercmudicinaJ, mineralurgia.
Miaócito - Por ser breve o y (i na ortografia oficial) do elemen- Onde o acento secundário dt-stes compostos?
to gre-go 910, todos os compostos que por ele tenninarem se- Se Adolfo CoeUto tira a palavra mi71n'al de um $upoMo la -
rão proparoxítonas. tim minnalt, sot Cândido de fígueiredo fala num b<Pxo latim
Miaogàmeto - Devem ser proparoxítonas os vocábulos cujo minn'ak, Calepino nada consigna que corrobo re essa hipoté-
último elemento ~a constituído por gãmtto, por ser br.-...e rica etimologia.
o t da sllaba mt. A vogal t <k mirltfo ~ia breve, dada a analogia com pala -
Miaosfer.a - Longa ~ a vogal da penúltima sílaba; nela dC\oe vras terminadas em tris, tcnninac;ão esta átona em latim:
cair o acento cônico. munus, mtirvris; foedus~ foideri.J; onus, ônnú; i ter, itíruris;
Micro$SOIDO, micros.somos - Tenha a primeira palavra fun- genus, gtnnis... Basotando-nos na quantidade dessa termina-
ção adjetiva (equiva.lenre a microJ•omático) o u substantiva, ção latina é que poderíamos aconselhar a prosódia míruro,
tenha a sotgunda forrna subscantiY..t sempre pluralirada, é proparoxitona, quer .nos substani ivos .compostos acima ci-
melhor que Sol! escrevam com dois 11, dígrafo que aparece em tados, quer (;m adj etivos compostos que tivessem por pri -
outros compostos cujo primeiro elemento é o grego micró.1 mt'iro elemento es..'la fo nna nonúnal: minero-o/toso.
e o segundo, também grego, se inicia por s: microuism6grafo, Mlogúa - O sinal diacrlticio não é obrigatório. mas o acento
mU:ro.uirnbionte, rnicrfJJM100. tô nico é no u. À semelhança d e iwtrigúa, de apaxigúa, minpa
Mil - Coletivo: miillli·ro (grupo composto de m il unidades in - é que segue a orien tação vernácula de conjugação (4-89) :
dividualizadas: um tnilhmo de mudas de café), mi/Jrar (gr.mde Compare-se essa última obra ao sol quando se põe, qu«',
número, sem determ inação rigorosa; de preferencia no não desfalcado na grandel3, mingtúl no ardor, mingti4 na
plural: milltam de eStrelas). Mil anos: mi/hlio. forca - O que nos sobra em glória de ousados e vC'n rurosos
Milão - Adjetivo pátrio: milartiJ. navegantes, mingú<l-nos em fama de enérgicos e providemes
Milmar, miknárlo · V.l!iliar, lti&íric. colonizadores.
Milhão - Arca com o prejuízo qu(m confunde miU\ào de au- A prosódia popular agõa, tkso.gõa está a provar o q ue já
zeiros com mil cntteiros, mas prejudica o idioma qu~m não ficou dito no verbete agtia. Como água é o substantivo c agúa
vê em milhão urn substantivo, e em mil um adjetivo. Se nào, o verbo, assim o substantivo é míngua ( ... para acudir à min-
Idamos C5ta estupefaciente notícia de Brasília: "Entre as 15 gua dos nossos teatros) e o verbo é mingúa.
milhões d~ crianças brasileiras de dois a seis anos, apenas Minb'alma - Com apôstrofo, caso queiramos ou precisemos
570 mil recebem algum atendimento educacional especia- empregar a sinalefa. A ortografia oficial limir.o u-sc à eli -
lizado ". Não o teor da notícia nos espanu - est<t mos can- minação do apóstrOfo nas combinações das preposições
sados de saber a quantas andamos em matéria de educação dt e mr com artigos, pronomes pessoais, demonstrativos,
- mas o "entre AS 15 milhões" que a inicia. Também o indefinidos e com alguns advérbios: túJ, dum, no, num, dalgum,
redator não está incluído nos 3,8% dos brasi leiros que tive- Mlgurn, dele, mlll, dalgum ...
192 Minho Mitômaoo
Ainda assim {Formulário Onogrifko, 44 - 39) ~rma ­ Da fonna errada com a é culpado ou o francês o u o pró-
ne~ para indicar a supressão da vogal, já consagrada pelo prio ponuguê$, que se deixou enganar por miríade, miriâ-
uso, em cenas palavras compostas ligadas pela preJ!osi- 11U!lro, miriágono.
ção de: copo·d'águ11 (planta, lanche), galinha -d águtl. O primeiro elememo da palavra que estamos vendo cor-
m;ü-d'água ... par.-d'alho, pau-d'arco... - O Formulário não responde ao adjetivo grego m)"Íos (muito numeroso, inume-
ruída dos casos de sinalefa. rável), e não ao adjetivo tr1Jri4s, que se subStantiva 'i significa,
Minho - Adjetivo pátrio: minhoto (fem . minlwlo. - õ). principalmente, dez mil; só por extensão tem a a~
Mini ... - ·t indubitável a existência de uma raiz céltica min pa- grande quantidade.
ra indicar mnws, mmor, corn:spondemc ao amigo escandi - Miriópode não determina a quantidade; indica, simples-
navo minni. Vemo-la em mínimo, minúJculo, minÚJ,IUTa, minu- mente, quer adjetivo quer substantivo, que tem grande
dlncia; 5ab a forma mm, em mmor. mt11Útrii, riiLriÚW; temo-la oúrner"o de patas, como a centopéia.
apocopada em miúrkl, tSmiuçar, miuÇlÚJia. Misantropo - Esta palavra dc-ve ser pronunciada mi>pUr6po,
Dessas fonna~ões podemos passar para minissaia, miniu - com acentO paroxírono. O o da penúltima sílaba é longo,
sina, mínigãncias? Não vemos impedimento ; já não temos representado ~"'n grego por õmega (rni•os, ódio; anthrofHJ,
consignado em vocabulário o composto minifiindw para homem}.
cootrasrar com latifúndio? Não vemos snn o:srranheza a mes- Nada de dizer que " mis.\ntropo" é mai5 eufônico. A eufo-
ma raiz em mininrltro l nia t conseqüê•lcia do hábitO, como a educação o é do meio.
Para midi e maxi não vemos jusrificaçd.o nem no espanhol, Como defesa de uma acentua~.ão errada, constitui a eufonia
nem no francês, nem no italiano. Uma, porrm, é ver justi- desculpa de pecador renitente. Neste caso, ou os latinos
ficado ; outra, freios. A analogia é fator criador da língua· não tinham ouvido, wna vez que a palavra miJIJnlrOfHJ era
gem. paroxítona para ele~ ou eufonia e erro são sinônimos. Re-
Minisaa - Se já se foi o tempo em que certas responsabilidades pitamos muitas vezes misanfr6po e veremos que nosso o uvido
eram atribuídas somente a homens, ficando às mulheres se sentirá bem. V. atrovia .
apenas a possibilidade de cortar os cabelos de maridos des- MiseráYd - Superlativo sintético: miserabilú5imo-
mandados, percamos, agora em boa sazào, o reccio de da r Milei"O - Superlativo sintético : mishrimo.
aos nomes a flexão condizente com o sexo de possuidora de Mistft' - Com a aceruuacào tônica na última sí.l aba. Vários
mando comum a varão. Se unicamemr ministros havia em são seus significados e entra em expressões diversas:
ourru eras republk.anas. também miniscras hoje existem. E ocupação: Triste mister de rei - Achou, enfim, um mist~r em
que mi•\istras! De uma primeira ministra chegou a dizer o que os empregar;
presidente de pab muito novo: "Ela é o melhor homem do Jw.ver mis.Ur si gnifica ser preciso: Não Jw.via mister torcido
meu gabinete". senão encaminhado - Há mister fon es ombros para a sus"
Se há nessa afirmação jo<:osidade para expressar reali- terem. Significa ainda neces~itar, precisar: Muitos dos en-
dade, em "Ela é o melhor miniscro do meu gabinete" há fermos bem hlll/Íam mister um hospital. Esta expressão transi -
erro para dar desencorajamento a quem encontra no estudo tiva tem as variantes haver mister tÚ e h4vtr de mister: Seu amor
do idioma morivo5 bastantes para dizer puf•ita, /"tmWlora, da ciência não havia misler de outros incentivos - Hri tÚ mis-
c1111Sl4ltsa, juí%4. .. mini1tr11. erro que poderá l'aculra.r a conmu - úr o seu conselho.;
ção " Ela é o melhor professor do meu colégio". ser mister (sn dt mister) t:crn igual signific-.tç-Ão: Para escolher
Ntm despautério nem inovação será a flexão; veja-se na i milter examinar - Mister i de passarmos por Tavira;
"Orac;ão da Coroa" de Latino Coelho: "De todas as artes Jaur-st mister timbém significa ser preciso, haver necessi -
a mai s bela. a mais expressiva, a mais diflcil é sem dúvida a dade de; en tr.t em oraç&s passivas, de que miJJn funciona
arte da pala,Ta. De todas as mais se entrercce e se comp&. como predicativo do sujcito, com a significação de newsi-
São as outraS como ancilas e m inistras: ela soberana univer- dadt: Os documento> seguem para as providênci~ que
sal". St fiu:rtm misttr.
Se a.ssim se di1ja no século passado, não passemos agora Misto - Visand o à coerência(: que devemos c5crcver misll> com
a considerar minislro palavr.l "Picena, pois este compor- 1; se millura e misturar sempre se escrevem com s, nada mais
tamento irá obrigar-nos a dizer "um ministro mulher". natural e justo que escrever amb6n com s a forma irregu-
"1:41 pais rem dois ministros mulheres'', e conseqüentemente lar do paniópio.
leva•·-nos a llexion;or oucros nomes de forma que aberra dos Misto -quente - Mi!to é subs!llnLivo quando indica mistura de
fatos do vernáculo, de forma que só se presta para anedotas. algo: "Há dois mi$/os por dia" (trens que conduzem carga
O riginariamente, ministro, me1tu e outros que tais nomes c passageiros), " Peça dois miJtos" (sanduiches de queijo e
não são uniformes; desde o latim tem desinênàa feminina; presunto).
se em outros tempos era natural que assim fosse, por que Substantivada a palavra, o plural mistos-quenús se impõe;
nessa flexão encontrar hoje estorvo? Q.ue a. fcmna da pes- unicamente a palavra "quente" é aqui adjetivo.
soa não nos deixe iludir e enganar com a da palavra. Mistura - Não consignada em dicionário, uma acepção de
Ministro - C&ietivo, quando de um mesmo govemo: minuli- largo uso tem esta palavra, a de alimento que numa rtfei-
rio; quando reunidos pan tratar de um assumo: conselho. ção acompanha. o feijão. o arroz, a verdura. ou o macarrão,
Minuóar - V. senundar. substâncias estaS vulgarmente consideradas fuodarnemais,
Minu<ioso - Superlarivo sintético: minutissimo. minuciosissimo. ou de alimento que acompanha o caf~ com leite c pão da
Miolo - No plural o "o" é aberto. manhã.
Míope - V. acrób41a. Essa expli cação toma compreensíveis expressões como
Miosote - Com t fmal, e não com is, tal qual acontece com ou- estas: Hoje não comi feijão com arroz, comi só m istura -
tras palavras nossas pro,i.ndas de formas gregas em is da Faca alguma m iStura para acompanhar o macarrão - Não
terceira declinação, na maioria femininas: glMe, use, metró- há mistura ?
fHJk,fto.u. sintaxt, elipst, parlnttse. o gênero de miosoü é lemi- Por outras palavras: feijão, arroz, macarrão, verd.\Jra (ge-
nino. ralmente abobrinha ou pepino) são considerados alimentos
comuns das refeições básicas do dia, como são considerados
Miradouro- V. coradouro; V. bdwdtrt.
"Miraod6po6s" - V. Indianápolis.
Miri6oo - Superlativo sintético: mir!fi.ctnl:íssimo.
comuns de manhã o café com leite e pão; o que sair disso
é mistura..
,
Miriópode - Duas observa<;tks: a primeira com relação à ter- Mitõmaoo - A ttnnina<;ão desta palavra prende-se ao grego
minação, já expo sta no verbete ápotú: d~ ser t; a. segunda manúz (loucura) cujo a inicial é br~. Como m.tgalllmono (o
com relação à vogal final do primeiro elemento: deve ser que tem nu.nia de grandezas), rm/6mano (o que rem paixão
o. pois o çompo$to já existia no grego. excessiva a música). Wxic6marlll (o que padece de gosto mór-
Mitório Modus facieodi 193
bido de tóxicos), a palavra mit6m4no (o que tem tendência e5panhola e passou a ser substituído por t, sempre porem
impulsiva para inventar coisas, fatOs extraordinários, falsos) com som correspondente ao do nosso c cedilhado. "Em
é proparoxhona. V. dtcalmano. casos semelhantes" ficou dito, porque outros há que nos
Mitório - Embora se escreva micção (palavra que não é popu- levam a djfereme procedimento. No caso presente, porém,
lar) e os dois cc sejam pronunciados, a tendência é pronun- a tranSliterac;ào do irabc obriga-nos a grafia e pronúncia
ciar e, pois, escrever mitório, fonna já popular. t fenômeno moçárabt quando preàsannos referir-nos ao aistão que vivia
semelhante ao operado oom outros cognatos, emre os quais antigamente entre os mouros da Espanha e com eles se mes-
Egiw e tgipdlJco: na palavra de uso popular a forma simpli- clava.
ficada, na de uso erudito a etimológica. Mocho - Vcn: chiruar, corujar, croátar, piar. rir.
Miúdo - Superlativo )inti:tico: mrnulíuimo, miwliJJimo. M~- Aumentativo: mouli4, moção.
Mo - Forma pronominal resultante da combinacão de me MOOOCUibu - Em tupi-gu:uani quer dizer dois c6rugos. Ao ele-
oom o, combinaçào que se opera quando na orac;ào não vem mento mowi, que indica doi.J, acrescentOu- se mbú, que quer
expresso nem o objeto direto nem o indireto: Pedi pelo dizer córrego. Este segundo elemento enconrra-sc numa
reembolso postal um liwo; até agora não mo enviaram. palavra muito conhecida na cidade de São 1'-.&ulo: Pacannbu
~ 321. (paca.-mhu) , córrego da paca.
...mo-O()S . "A desinência verbal pes..oalmos perde os sempre Módico - Enquanro maluco, caduco, rico. uco mudam o c em qu
que sc lhe siga uma forma pronominal enclírica" - ~ão no superlativo sintético (malUI(uís.simo, ctldUI(UÍ.Uimo ... ), módico.
pala~~! de Vasco Bou:lho de Amaral. .:'Ponanto", conti- parco, pu'blico, pudico, simpático seguem a regra geral, ou seja.
nua, sao erros:JattrnoJ·IAes, dt"'4s-w.t erc.. ao radical é acrescentada a terminação íJJirno: '1Mdicíssi"'4,
Enqttanto a maioria dos autores falam em supressão do parcíssi"'4, pubacíssimo, pudieíJ.!inw, simpaâduirno.
.s de mos antes dos oblíquos o. a, o>, as, Laudelino Freire ensi- Modismos . Tivemos já oportunidade de estender-nos sobre
na que só há supressão desse > antes de rltH, Vasco Botelho o emprego de para em lugar do tradicional dt; ~jemo-nos
de Amaral e Eduardo C3rlos Pcrdra generalizam; este diz: um pouco destas bobi<:es de redação: simpósio para" pro·
" Na 1• e na. 2' pessoa do p lural seguida de pronome oblí- fessores - seminário "par·a" export:'ldores- reunião "pa-
quo, elimina-se, por eufonia, os final". ra" os sócios - jamar " para" dC$pcdida dos aposentados -
Gramaticalmente não se pode dizer errada a forma queixa- reúro espiritual "pat-a" os empregados - ministério "para"
mos-rws; se outro, no entanto, é o uso g~ral, ~xplica-o a fa- segurança - delega cia " para" vadiagem - horário "para"
cilidade, ou melhor, o hábito da pronúncia, o qttal regula os exames.
a omissão ou não do s final nos diferentes casos. Pode- se Peçamos emprestado de algum amigo o Aulere - ficou
operar a supressão do s tanto com a primeira quanto com a então dito - c leiamos o que 3.1 se encontra sobre as pre-
segunda pessoa do plural e tanto com nos e oos como com posições de, para, a, que passaremos a redigir e a traduzir
qualquer outro pronome oblíquo : W..vamo(•)-nos, ÚJU'IHJmo(•) com menos dificuldade c com mais personalidade dvíca.
·WJ, bJuvtlm()s-/J&e ou louva=(s)-LM o llf"fojo, /ouvamo(s)-los, Os modismos surgem como verrugas; ora aparecem em
louvmu>(s)-u, ó Dew. Vfls rtt:rimiM5lt(s)-rws, rtt:rimiM5le(l)-lo, documentos oficiais, em pronunciamentOS da justiça para
ret:riminaste(-s)- lht vós a imprudhuia. alastrar-se na correspondência comum, ora aparecem
Moamcdc: - V. Maomi. numa coluna de jornal e sobenl até as dmaras legislativas;
Mobiliar - Não é da índole do portugués a acentuação propa - apu«ern c peg-.-m. t o que hoje se passa com "a longo
roxítona de formas verbais rizotônicas. Assim, se clínUo, prazo"; os \"erbos IÚmt/rar, álo:J.ar, rt14Td4r, esperar, tardar,
midico, tÚJJilógrafo c ourros vocábulos quando substantivos as expressões "para mais tarde', "com vagar", "oom de-
são proparoxítonas, passam quando verbos a paroxítonos: mora", "oom o tempo", "levar tempo" dciuram de empre-
eu clinlco, m mLdico, tu daâlográfo. 1:: isso regra, istO é, obser- gar-se para ceder lugar ao " a longo prazo".
vando os fatos não encontr.unos no linguajar de pessoas É o que se passa com nível, palavra introduzida em várias
letradas, no decu:rso da conjug;u:ão dos nossos verbos, for- expressões por vários tradutores do inglês que não ~ em-er-
mas rizotônicas proparoxitonas. gonharn de redigir ''reuniio a TIÍvel de ministro" (por "reu-
Examinemos outros casos: o princífM, substan livo, ru fn'ÚI- nião de ministros", "reunião ministerial"), "ele procedeu
cipío, verbo; igualmente, o awdlúJ, eu auxilfo, o amcflio, m ao nivel dos nossos desejos" (por "de acordo com", "segun -
ccmcilío. do"), "o assunto nio saiu do nlvtl dos S('(.Tetários" (por ''da
Outros exemplos, mais próx.imos ainda do nosso caso: orla dos"), " urna convei'Sól ao nível de advog-.r.dos" (por "de
uma dtlfcia, ele se deli,ia; a vartglória, ele se vangwf'Úl; a calúnia, cunho juridico", "de nivel advocadcio" ), ''oonselho a nivtl
ele calunia, e, muito clara a conclusiio, a mllhilia, ele mobilia. de pai" (por "conselho paternal").
A conjugação deverá, com rodo o acerto, ser: eu mobüío, Longo é o prazo de cura de todas as fraquezas lingüísticas
tu mobi/IOJ, ele m!lbilía ... eles mobi/Wm; que eu mobilít, mobilús depois que rígidas aulas de poi'tugu~s foram substituídas
etc.; roobilfa ru ; o infinitivo será "'4biliar e o partidpio, mcbi- por balofas aulas de "comunicação".
liado. Modus faclendl - Seguida de genitivo de gerúndio, a palaVJ"a
Não fos:;e o descuido, seriam ess:u as verdadeiras formas latina TMtius prcsta-se para diversas expressões já consa-
do verbo mcbi/i4r. gradas c para outr.u de que u:nharnos nc:cessidadc no escre-
Or.&, tal não sendo a pronúncía do povo, propenso a fle- ver português:
xionar erradamentl' o verbo, tornou -se necessário extirpar TMtiw faatmdi: t o seu modus fadtmdi (É o seu modo de
da lingua semelhante csporadismo de acc:ntuação; para tan- agir);
to chegaram certa vtz a criar as fonnas mcbilar (mobile. rnoln- modw vivnrdi: Cada animal tem M'U TMdw vivmdi - Ado-
las ... mcbilado) e mcbilhar (mcbiJJIIJ, mobi/Juu ... mobi/Mdo) . Am- tar um modw vivendi (acordo entre partes litigantes ou co-
bas as maneiras corutiruc:m um recurso de fuga de formas mercialmente competidoras, interessadas em esrabelecer en-
verbais rizotônicas proparoxítonas, mas o certo é passarmos, tre si uma si tuação suportável);
ao lado de eu au.xiiio, tlt se g(qrla, tu JnincipÍIJ, a dizer eu mobi- owdw condtulmdi, modo de concluir. (Gramática Laúna.
lío. Andaremos assim melhor e em muito boa companhia. ~ 249).
Moçárabc: - Seria para d~sejar que todos soubéssemos e$- _t
seu primciro significado TNdida, dimensão, e com essa
panhol para que não tivéssemos dúvida s em representar o acepção temO-la em : "E>t modus in rebus", da passagem
· som em ca.sos semelhantl's ao d esta palavra. Procede ai o de Plauto ''modos omnibus in rebus" (em tudo deve havtr
espanhol com t, o que nos evidencia devermos escrever medida);
com c cedilhado esse derivado árabe: MoUJ,tmUÚmUl, corauin, sine modo, dema.siadamcntc;
caz.a em espanhol? M~o. mudfJ11(a, coraç®, Cllfa em por- brmo "'4do, oomedidamente.
ruguh. Por qu~? Porque o c ~ilhado foi ocduldo da grafia Vemo-la ainda em:
194 Mojl Mooca
mLO modo, segundo me apraz; gera lmente atk e itk fmais, átonos, ~ham ou não arravés
suo mtlllc, a seu gosto. do laàm: iipatk (mdhor que kpas, como dá o vo~bulário
Moji, Mogi - "Um jornal da capiral registra Moji. quando a ci- de Portugal, ou llpado, como faz Laudelino Freire), rwreido-
dade tod:t, tra.d icionalmeme, escreve Mogi. Q..ual o cerro e léptJdt, lríade, Páúule, n.Cmade, dlpstJdt, n4íatk, Hélade, imitk,
porquê?" cldmide, igide, pllítJde.
- O que vemos em Teodoro Sampaio~ iStO: " Da l:1k$JJ'l3 A confirmar ~ terminação, ao lado da quali.s ~s se
e dificil vocaliução do 1• cuja gama, como dissemo~ está vê incoerentemente ada, está o acusativo lanno adtm: lepa-
entt·e i e u. resultOu a desin~ncia em u ou hu, que se nota em dem , Palladnn, tn"adtm, Nomadtm, dipJadem, formas todas elas
certas denominações do norte e do sul do Brasil, como em proparoxítona·s .
Mojri ou "Mcryú, rio das cobras." Mooçoeiro - R.C., São Paulo - É a forma adjetiva usada por
Isto agora é o q ue vemos em um m.anlaco de reformas Taunay: "época ~a". O plural m~s poderia sugerir
onográficas: " O tl do tupi (y pronunciado como o u fran- um radical 1!1411ÇOOI, e tería.mos então mqnçonLiro, mas deixe-
cês) desdobra-se muitas vezes dando uma semiconsoame mo-nos ficar com Taunay.
que produzumj." No Maranhão, como em Portugal, existe cidade de nome
Por q_uej! perguntamos. Pelo fato dej ser semiconsoamc Monção; os habirames de ambas proclamam-se motlfontnus.
eg o nao ser? Acaso a grafia antecede o som? S<e o som é O nome 1110fl{ào. quer comum, quer próprio, prende-se ao
de g c sempre com g se escreveu a palavra., por que foram árabe mawim; se passou a indicar época ou vemo favorável
com essa e com ourras palavras mexer, como gib6ia, giló1 à navegação, designa de modo pan:icula.r a "temporada em
Q..uc indio terá ditQ que o j é mais fiel à sua promíncia? que os peregrinos se enconuam em Meca, e a feira que ai
Deixamos de ver no caso wn assumo de ortOgrafia para nele eles mantêm. É indicativa, afinal, de tempo, época, esta-
ver uma revelação de capricho, como é irritantemente capri- çio, oportunidade, ocasião favorável : "Agora a ninguém
choso não 9uerer que baia se escreva quando nome próprio falo, escolha ourra m~, e volte, se quiser, daqui a meia
da mesma fom\a que quando comum, ou melhor- e ainda hora" (Castilho).
mais irri tantemente- com. h quando referente a estado bra- Moogólia. Adjetivo pârrio: mongol, quando referente a pessoa
sileiro, sem h quando designativo de BaítJ dt Ttlllcs os San- habitante ou rtatural da Mongólia; mongólico, vwmgolino,
tos, o mesmo nome que Cristóvão Jaques deu à esp;>çosa quando referent-e a coisa.
enseada em primeiro de novembro de 1526. S<e do nome Mooocotiledônco - V- dUotiled6ruo.
"Bahia" não se extirpa um intrometido h. por q ue obrigar Monofilo - Q..tter proveniemc do grego phyUon (folha), quer do
a e1<airpação ou a ro·oca de leuas em outros ? & a incoe~n­ latim.ftlum {fio), o i do composto é longo e, pois, tônico:
cia i! incompatível com a ciência, muito mais o é o estreito TTWnojílo.
regionalismo, para não dizer o pcssoalismo doentio. Q_uando proveniente do grego phfk11 (amante) ê qu~ é
s.e "ChriSto" perdeu o h, que cem " Bahia" de mais tradi - átOno: onglófilo.
cional l)ara não perder essa letra? Q..u e linham "Mogi", Monótipo- V. erukrecógrafo.
"Paíssandu" de menos usado para sofrerem transplante do M011tenhor - No verbete dom ficou esclarecido que o italiano
que "Bahia" para não sofrer exdrpação? 11W11SignMt se tradlU por dom, e don por /ladre em porruguês.
Alteraram o g para j tanto no meio quanto no início de O erro continua. Leiamos esta notícia, de há uns tantos me-
palavras; alteraram o dt para ,. (Xapecó,_Xtlvanfes}; só faltOu ses:
a alteração do s para c cedilhado tambem o\O onKtO das pa- " Mon.sçnhor Raffaele Macario havia-me prometido uma
laVl·as: çnhiá, çucuri, çuÇIUlTana, çam/JD, Çaputai, ao lado de linda paróquia, que me permitisse manter (o tempo do
Paiçondu, paçoca. verbo permitir estava traduzido de maneira errada) um pa-
Decorrente de decreto estadual (7.660, de primeiro de drão de vida elevado. Passaram-se 7 anos e aqui atou: um
outubro de 1951), o capricho é nacional (em Portugal o de- pobre padre diabético e sem um centavo".
creto não tem vigência). Munícipalmeme, em se tra"':ndo .de "A denúncia" - continua agora o jomal- foi apresenta-
nomes de cidades, bastará seguir o exemplo de jau, CUJ<?S da à justiça italiana por D11111 Antonio Mercato, pároco d~
edis mantiveram, por decisão apro\'ada em càruara, a tradi- Vdlerri, contra o seu bispo, do qual exige 10 milhões de
cional grafia com lt e sem acento :jtJlru. _ .. liras de indenizac;.io por perdas e danos. Dom Anton io funda-
É esquisito, nio é? Ddcs não é a_culpa. 1:: ambern esqu•s•- menta as suas exigblcias ao bi<~ nos ~eguintes cálculos'' ...
to esct'c-ver Bahia, e a culpa todos nos sabemos ~ quem t~: A seguir vem a discrimina<",ào, que termina: " ...e 66 mil
É assunto aborrecido este da ortografia brastletra do •.dto- pela p~r~~ que seu superior - o bispo- dt>vc pagar ao segu-
ma português; só a delicadt'UI de suas linhas nos ft'Z ver rosoctal .
obrigatoriedade de cuidar desse caso particular. Ficaram na noticia grifàdas as palavras de nosso interesse.
Mole - Fom\a reforcativa, aumentativa do adjetivo, quando O tradutOr, o redator e o revisor não perceberam que rra-
empregado substantivamente ou como predicativo: mcln- taram o bispo de monsmhor, e o padre de dom. Distração?
rào. Não: desconhecimento do ita~iano. A seguir essa confusão,
Moleque - O feminino, muito usado no norte, é moltciJ. Não D. Roui, ex-cardeal de Sio Paulo, foi rebaixado a 1!14n~tMo>­
nos esqueçamos de que o primeiro significado da pa - para poder trabalhar juntO ao papa. V. dMn.
vra é " menino negro, preto pequeno, de pouca idade": Montanha (moote) - Coletivo: cordilhtira, ur-rra, serrania.
" ... as molecas do oficial de justiça querendo passar por Moutenegro - Adjetivo pátrio: 1nonlenegrir<o.
branc.1S, esticando o cabelo". I!. palavra provenient~ do ..Montra" - É tolice; em ponuguês diz-se, conforme o caso,
quimbundo, rapat preto. txposi{iúJ, mo.rlruário, vitrüw, mOJtra. al!l4slrtJ.
Mole~a. muleta - São palavras diversas, de origem diferente; Mooca - Leia-se, pronuncie-se me-o-ca. O formulário OrtO-
enquantO 11tUÚ!ta tados sabemos o que significa, moltta é o gráfico Oficial Brasileiro nio nos obr iga o sinal diacrítico
nome do instrumento de mámto re, de figur'ol cônica, de que no segundo "o", mas o acento tônico é aí obrigatório, dada
o s pintores, os impressores e os droguisr::u se servem para a origem do vocábulo, a qual foi dada por Teodoro Sampaio
pisar e moer as tintas. as drog-<Ls. (0 rupi na geQgrafia nacional).
Molho - No Brasil não se ouve diferenca de prolação en cre Com cena &eqüencia, rapazes de ridio saem-se: com a
" molho de camarão" e "molho de chaves''; em ambos os pronúncia méca, o que é disrrac;ão grave. Moca, de origem
ca sos o o tõnico ~fechado. árabe, designa uma variedade de café, cujo largo consumo
Molla - V . rwmes própriru estrangeiros. tornou possível o emprego da palavra motiJ para por exten -
Mônaco - Adjetivo pátrio: rrumtgasciJ. são significar cafi. ao passo que M0010., designativo de bairro
Mõn.adc - Pelas regras normais de derivação, com t final. de São Pau lo, significa etimologicamente rcmdtari4, poUJI).
Palavras gregas lerrllinadas em as, aiÚJs e JS, ydos dão-nos Nada de confusio: Também na Mooc.a (mo-ó-ca) é possível
Mor- Motomeiro 195
saborear um bom moca {mócaJ. poder d~ ilação a quem dek fei sempre desútuido.
Mor • Forma sincopadil do adjetivo maú>r, hoje de uso limirado O número de preposições existentes em nosso idioma é
a formas potticas ou a oomposlos: Q.ue seja mar o dano que pequeno (Soares Barbosa chega a contar apenas 16 propria-
o perigo - a/Jar-mor, capitão-mor. mente ditas), donde resulta ora o emprego de preposições
Como subsrantivo, mor é rna.sa.olino o: sigrailica: conjun- diferentes com idênúoo senúdo, ora o de uma preposição
to de camadas superpostas de humo, muito ricas de matéria com significados diferentes. Não devemos estranlrar que a
orgânica, que cobrem um terreno. preposic;ão a na frase " uma o urna" signilique pur, e a mesma
E. ainda forma aferética de amor na expressão por amar de, preposição na fnt~ '\•ender a fulano" signifique para . Se o
que denora causa, motivo: " Leve a capa por mor conhecer urn idioma não faculta forjar leis de gramática,
da chuva" - ''você vê este lugar de fer ida que eu tenho não será o fazer um curso de le1ras que: irá trazer o poder de
aqui na barriga da perna? Foi pur mor dt anta". ilação ao estuda.tlle d isrraldo ou mal orienrado.
Nossos caipiras pronunciam "pra morde", "prã móde": Morno - t palavra masculina·: o mmbo céltico. É aportuguesa-
"Pra m6dr vancê é que eu vim". mento de rrwrbw; entra no composto cóüra-morbo, composto
Morada, moradia -V. e111Jdia. este que é feminino: a cóhra-morbo.
Moral, amon1, imoral - A pala'= moral é feminina quando M.on:oo - V. mulalo.
emprep.da ~ acepc;ão de conjunto de costumes, de modos Morlema - V. wndnlica (in fin~).
de procedimento, de corpo de preceitos naturais ou tra- Modo... - PrefiXO que se junta sem hífen: morfolapj.a, morfotTo-
dicio.Ws, para dirigir as ações dos homens: ''A moral cristã" pia.
- "A mqral ordena que a <Sim procedamos". Morganádco - O casamen[() inorganáúco é instituição essen -
Mural é do gencro masculino quando indica o comrário cialmente gerrn1nica, e germânico é o adjetivo quC' o dr-
de mawrial, isto é, quando designa ou forças de inteligên- signa, proveniente de morgm. que significa manhã, ao qual
cia. de espírito, de ânimo: "O mural das tropas esfi abatido" elemento se acrescentava na língua germânica um s~-gundo,
- "O moral dos jogadores é grande". gab, para signillcar no seu conjunto "graúflcação da ma-
No primeiro caso, mural é sinônimo de tradi~ão, de decen- nhã". Era assim c.hnmado pela lei sâlica, ou "lex Franco-
cia, de educac;ão, de procedimento. No ~gundo, t sinôni- rum", e era reconhecido também pelo direito canônico.
mo de coragem. ânimo. porque monogâmico, indissolúvel e baseado na "marililli s
Não confundamos amural com imural. t immal o que affectio".
é contrário aos bons costumes, o que é dev-ASSO, desonesto, O nome se deve à naturea econômica dessa modalidade
libert.i no: pessoa imoral, romance imoral, pec;a imoral. de ca5amemo, que hoje ~ realiza somente em casas reinan -
Amllrnl {palavra híbrida) não tem a acepc;ão de contrário aos tes, entre um seu elemento e ourro de condic;ão infer ior.
bons costumes, mas simplesmente de afas~ado, ou melhor, HM~ • G alicismo escusado; em português diz-~ necroli-
de isento de moral. Uma é ser inwralhanle; outra, arrwrali- rio: O corpo chegou ao cemitério já noite e ceve de ficar no
umlt. Amoraluante é o que não traz moral , o q ue não impõe necrotirio.
háb itos, ao passo que i11UITaliUJ11le é o que convida à imorali- Mors omnia solvit - Aforismo jurídico que significa "a mone
dade, o que instiga ao mau hábito: "Em 1886 era encetada dissolve tudo".
a luta do governo francês contra a Igreja Católica, proscre- ,.Moctandda" - V. Me N intrometidos.
vendo-se então o ensino religioso nas escolas, isto é, pre- Mono, llllltado - Morto é particípio irregular de dois ver-
parando -se a geração de ateu s e amuroiJ que deviam ..." (Car· bos, murrer e matar. verbos estes que têm o particípio regular
los de Lact, "O País", 12-1-19 16). diferente, ntMridll e '""/Jz.tÚJ.
Morar - Ensinamemo de todo falso, inconsciememerue pro- Com os verbos de ligação, pois, aparece MORTO para am -
p:llado de microfones, de salas ele aula e de livros, é este: bosos verbos, mas com os verbos ttrehaver aparece MORRI·
Deve-se construir " Moro à rua Tal" e não "Moro na rua DO para mcrrer e MATADO para rool41:
Tal" porque - dizem os falbos doulrinadores - " morar na MORRER: Ele está morte - O ladrão ficou murto - Ele
rua Tal" é morar no meio dessa rua. tinha nwnida.
Q..uem afirmou que as preposições tbn ~ntido fiXo em MATAR.: Ele t.ll<i morto - O ladrão foi murto- Ele tinha já
ponuguês ? Quem, ciente do que faz, um dia se aventurou mal4do dois macucos.
a dar significados das prcposiçãô vemárulas, ~ o cuida- Mónuo kooe et ~res insultam - Exp=são latina que signi -
do de exemplificar o emprego? Jamais dirá o 'professor fica: "Ao leão mono até as lebres insultam". (Literalmeme:
consciencioso que dt indica pos~. mre signilica ""' cima de, Morto o leão, u~ as lebres dançam. J
com denot:a companhia, sem d~ frases exemplilicaúvas fazer Mo(s) - V ....ml/-IUlJ.
acompanhar o que diz. As preposi~ões nossas não têm signi- ...mos - Erro que não poucas vezes vemos é o de gro~far louva-
ficação innínseca, própria, senão relativa. dependente do rfa-mcs, faria-mos, ventltsit·moJ, .JHutúse-mos, lrowcesse-mo.~:
verbo com que são empregadas, variável de expressão para causa-nos dó tal erro em pessoas às vezes gradas, de curso
expressão. Se de indica posse, como analisará o aluno o com- superior, que julgam ser o mos algum pronome ou com -
plemento da &ase "vir de Pernambuco"? Se em cima de binac;ão pronominal quando, nesses tempos, essa tennina -
significa SDbrt, por que não se poderá construir "Vou falar çlo pertence à desinência do verbo, sem que dele possa se -
nn ci1M de ensino"? Se a rraz a idéia de movimento, que parar-se. ~ 432, n<> 2 ao pé da página.
significará a expressão "estar a gosto"? Mosca - Voz: :.uml!ir, t.Unir, wir, tumbar, :.oar, uzitll', umz.ontar,
Como de nO$.~ organismo as veias 5Ó com sangue tem .s:uSJu"ar, a:.oin4r. zun:tum.
func;ão, as prcposic;ões de nosso idioma só com palavras Mosuengo - t a fonna hoje mais usada. Conquanto tenha
têm significado. Escas é que à preposição ird.o dar senúdo, relação com monstro, a palavra proveio da variante mi»>To,
vida. do larim vulgar. O i~aliano tem 5Ó derivados ~ n : tMJITo.
Se " morar na rua Tal" significa "morar no meio da rua" , 11Mlshuoso, mostruositti, tM.!I:ritt:iattolo. Tambbn o espanhol
não poderá ninguém, pnr coerência com essa pândega dou- te\"C em ourros tempos mostro.
trina. construir : "Tenho escritório no largo da Concórdia". Moto - Elemenlo quC' se junta sem hífen: motocultura, motogo-
"Tal livraria fica na praça da Sé", "Fulano mora na avenida dik
Paulislil". Imaginem- se esras criações parisienses: Tenho Motor - Barulho : T011Car, zunir, assobiar, zumbir.
eS(f'itório " ao" largo da Concórdia, moro "à" avenida Co- Motorneiro • Nem ~mpre O$ sufixos se ajuntam clitetamtnte
pacabana, tal livraria fica. "à" praça da se. não existe farmá- aos radicais. Em cajtUI.I há um z que nem ao radical f.ajé
cia na H esta nla... nem ao suflx.o oi pertence; em chalrira um l apare<.-e sem <.'X·
Se o conhecer um idioma não facullil foljar leis de: sua plicação etimológica; caftttrim, chapelriro, alvadio constituem
gramitica, não será o conhecer filosofia que irá u-uer o oucros exemplos.
196 Mom próprio Mwiçoca
Não há o qu~ n~s:s.u palavras corrigir; wnpouco dcv~­ cias para vo<t". Não é também com naturalidade que dize-
r~mos pesquisar etimologias extravagantes que as juslifi- mos " Boa vontade ele tem muita" - "Ele agiu com muita
quern. Tais letras aparecem (o z de cajeUJl, o I de duJkira e má fé"? - V. m4-cria+IW; V. muito poULOJ.
de doafNleiro, o I de cajt~ira, o n de moWrneiro e o d de a/vadio) Muito de - V. ump()IJCI)dágua.
como letras eustómicas. Multo menos - V. mui/o powcn.
Moru próprio • Loruçào latina qu~ $ignifica "pelo seu pró- Muito obrigada -.Não importa que o agradecimento seja for-
prio movirnemo: O papa tomou a decisão motu proJWio mulado a homem ou a mulher ; o que importa é saber quem
(espontaneamente, sem intervenção de outrem). expressa gratidão, se mulher ou homm~.
Mo~ • P~onunórntos mo~rlja, ~vi.J4. vic!Jtl·arullja. arlja, Se quem agradece é homem, deverá dizer muito obrigado ;
vtrslja. ptllja, manêj(J, badiJll;a. boct;a. bm-dlyl, cravéja, t>P,ant- se mulher. muito obrigada. O mesmo se observe quanto ao
ja. Com cxcecão de invtjar, os verbos terminados em tjar número: se vários são os homens que externam agradeci-
são assim C<?njugados nas formas ritotónicas, ou seja, nas m~nto, a for ma será mui/o obrigados; se \/árias mulheres, mui/o
formas verbais em que o acento rec2i na vogal"e~ do tema. obrigndas.
446, b. Q.uando substantivada a expressão, aparece sempre o mas-
M.óvel · Coletivo: mobília, aparelho, tmn. Superlativo sintético, culino; homem ou mulher, homens ou muUl('T'cs escrevam,
quando adjetivo: mobilíssimo. a construção será: " ... para expressar o mOJ (nosso) muito
Muaroade, muamcde. V . M atnni. obrigai41".
Mu, muJo · Conquanto de uso quase restrito a palavras-cru- Guardemos esta frase, mpo;tas ollrigadas, para significar
zadas, mu{o e a forma paralela mu slo legítimos masculinos respostas em que nos mostramos reconhecedorcs de obriga-
demu/11.. ' ção a alguém.
Mui bnuiw) · A forma apocopada pode ser usada por motivo Muito pouco . Não há o que condene a frase "muito pouco";
eufônico, ma s só com func,:-:tO adverbial: mui sorr.ueiramen- o mrJit{) reforça aí intensivameme e não quantitativameme.
te, mui diligente, •nui honrado, mui grande. Mui muit{) u:;ou-se Nesse andar teríamos de condenar a ex.pressiio "bem mal",
em outros tempos por mui/(uimo. o que evidentemente nos l~ria a ~-rro.
Muita s vezes - L()(Ução adverbial, que aparece !<lmbém na for- Oiga 17Wito pouco, muito mtnos,\btm mal. sem nenhum receio
ma mllÍlll va: Já muita vn tTemeram de assustadas águias de errar: " Mbitn fxn= sei de português" - "Eu ~i mui/o
romanas - ... e on que me esqueci muit4 vtt de que t:ra PM710J do que de" -"O médico achou-o b11111 maf' (§ 265 ,
estra og~iro e prOscritO. c, n. 2). V. muito poucos.
Muitíssimo de bomew- V. um pouco dágua. Muito ~cos · Por ocasião da visita de J oão P".t.ulo U ao Bra-
Muito · "Como deverei duer: com mui/o má vontad~ ou com sil, encontramos na seção " Dos Leitores" de um jornal esta
muit4 má vontade? A que classe de palavras pertence muito?" anomalia lingüística: " Basta a Hiswria da Igreja, que muitos
- O que derermina a classe de uma palavra é a função poucos conhecem".
que ela exerce na frase. Assim não se constrói, mas "que muito poucos conhecem",
Muito vem na frase mod ificando substantivo? Será nesse com o mui/o invariávd. A expressão mui/o potAeos equivale à
caso adjetivo; deve, como tal, conoo~dar em g~nero e núme- forma superlativa pouquú.!Ímo5; significa raro{, JH>uco numero-
ro com o substantivo a que se refere: Mário tem muito tJttuio. sos, e ninguém vai atrwcr-sc a escrever "poucos lllllllt'fO·
Muito modifica verbo? Será advérbio; não pod<..,-á variar: :;os"; muito é ai advérbio: n5o pode flexionar-se.
Mário estuda mui/o os problemas soóais. Jornalist<o ou escritor de responsabilidade deve consultar
Muito modifica adjetivo? Será wnbém advérbio: Maria- dicionário também de responsabilidade, como o Aulete.
na é mui/o magra. onde encontrará exemplos após a explicação de vocábulm
Muito modifica advérbio? Será ainda advérbio: Eles l&:m e de expressões. ~ o que vemos no verbete pouco, após a ex-
mwlo btUxo. plicação da expressão rr1uito pov.cw: Um homem como temos
Na oração "Mário lem muito de amigo", muito funciona muito prnuos (Carrett).
como pronome indefin ido neutro (muita coisa de). Muito que . V. m<w =algo mais.
O estudo e conhecimento das classes de palavras é tão Mulato, moreno - São qualidades diferentes; ''ltquanw mortno
importante para o conhecimenw da língua quanto o andai- vem do espanhol moro, para d esignar o que tml a cor dos
me o t. para a constrUção de um prédio, mas, concluída a mouros, que, não obmme pertencerem à raça branca, não
connruçào, perderá o andaime a r;u;ão de ser. Q.ue proveito são brancos, mu/aJo vem de mulo (híbrido de cavalo e burra
n os traz colocar o não c o Jim na classe dos advérbios se na ou de jumento e égua), para desigJU.r o nascido de branco
oração "Seja o vosso não, não, e o vosso Jim, >im", o primeiro com negro ou vice-versa.
não e o primeiro Jint slo substantivos, e os segundos, adjeti- Mullxr · Aumentativo: mulller®, mrJ.htrllf4, mulhrrona.
vos? Uma coi5a é analisar palavras isoladamente, fixando-as Multi- Junta-se sem hífen: ~lar, mult:itmbrionado, multir-
como fixos são os andaimes; outra, a •talisá-las corno costu - radir.ular, multúm:ulnr, mtJitiJurüulo.
mam aparecer, ou sej<i, formando orações. ffMulligrapb" · V. endtre~-ógrafo. •
Vamos à sua pergunta inicial. MulúsáCD~ - Conquanto já não se escreva scimlt senão ciOII.e,
Mó vont4dL considera-se uma só palavra. Leia-se o Aulete: os etimológico aparece qua.n dc a pa lavra entra como segun-
"Boa ou m4 wnttuk, disposição favorável ou desfavorável do elemento de um composto: muüiscienlt. O mesmo se dá
para qualquer pes.'>Oa ou coisa: Nem um só mostrou mó em corucirmlt, r.onJCiência, pre>Cimlt, prnrilncia, inJrienle, r.anro
vonJadt d e ir seo-ir a vossa majestade - Respondeu- lhe el- no Brasil quanto em Portugal.
rei que mui j ucunda lhe fora a chegada do general lusitano, " Muodo" · De maneira imprópria entra esta palavra em certaS
e que não cairia na falta de ta em pouco a boa vqntad.t de !ào e><pr·essões, com um significado q ue o nosso idioma não lhe
preclaro soberano". confere: "gnmde mundo" é fra.ncts e não porrugub, que
O dicionário da Melhoramentos ~egue Aulete, e Laudeli- nos obriga a dizer "alta sociedade". "O mundo dos médi-
no Freire vai mais além; esclarccidamente dá. boa-vontaJú cos", "no mundo dos engenheiros" slo galicismos que de-
e miÍ·wnúuk com híf~n e fi-los seguir das siglas J. f (subs- vem ser subnituidos por " a classe médica", " na classe dos
cantiyo feminino). en11enheiros".
A resposta é imperativa: com mui/a má vontade - com Munique - Adaptação j á consagrada para designar a capital
tanlll boa vontade - com a melhor boa vontade - com daRaviaa.
dnpudtJrada má vontade - com extraordinária boa vonrade. Munir · V. abolir.
Não há fugir da explicação; com a maior naturalidade di - Mwiçoca - Q.uão difercnrc: é aprender o significado de uma
zemos "Enviei muitaJ boas-festas o ano passado" - "Se você palavra pelo que nos oferecem os dicionários dt assimilar-
tem u= má noticia para dar-me, eu renho 1111li/as boas noú- lhe a verdadeira significação t emprego pelo que nos apre-
Murmúrio Mutatis mutandis 197
sentam os latos. Q..uem tiver tempo e meioJ para ulllio via - acento para a antepc:núlrima sílaba.
gem, terá rambém o prazer de verificar que são comumen~ Múwca · Coletivo, quanto a quem conhece: upert6rio. V. mrij~o.
empregadas pela nossa querida e heróica gen~ do nordeste Mú$1co · Coletivo, quando com o instrumentO: band4, dcaTan-
palavras que no sul só vemos em escritOI't'S e estudiosos do ga,fiio.rm6nica, .oTrpmtra.
idioma. Murifoca, dizem os dicionários, é "um bichinho do Feminino: Como de tribU710 é tribun4, de qu!miro, quimíca,
Brasil que se eria na água". Bichinho do Bra~il? Não; a pa- o feminino de rmiJit·o (aquele que sabe moisi<:a ou exerce a
lavra é que é do Brasil, e do norte, mai s precisamente do ane da música) é mrilica.
nordeste; o bichinho, es)e é internacional; sem tirar nem Mussoliua - V. gmlflicos.
pór, o pnnilongo dos sulisw, o carapanã da Amazônia. Mutatis motandis - Locu<;io ~tina <\"e significa "fazendo-se
Murmúrio . É palavra proparoxítona, proveniente do latim as mudanças devidas": Tem o pai varios deveres par:a com o
murmurium; o i da pemíltima sílaba é breve, dada a regra fiU10; mutatis mutondiJ tem o filho outros tantos dcvcres para
"vocalis ante vocalem brevis"; daí a razão de recroceder o como pai.
N (dissimilaçào do I final)- V. nivtl. tem a reg~ncia transiúva dir·eta: Ele namorava a minha rique-
N (eufônico) - V. mt)(qrnejro. za- Minha irmã n41110ra um colega meu.
N (intTOmclido)- V. m t n iniTomttidos. Constitui erro construir " namorar com".
N (final) - V. líquen. Nanás- V. Anltembi.
N.N. (ou NN) - Abreviação usada em subscrições ou em cana- Nanquim - V. Pequin; V.gmt(/iw.s.
zes para ocultar um nome ou para indicar uma pessoa. qual- Não (advérbio) - Próprio da língua portuguesa é repeti r a ne-
quer ; cru teatro denota um figurante sem irnporlância, ge- ga~ão. No falar hodierno emprega-se essa linguagt'ln plco-
ra lmente um criado, que nada diz em cena. nãstica quando a palavra nãc> vem mencionada anltJ das ou-
Na aguacda de - üsa a lídima expressão, e não "ao aguardo tras negativa s: "Não digas nada"- "Não tinham coisa ntnltu-
de" . Exammente como guarda {"agir 11<1 guarda dt direitos" , ma para comer" - "Não apareceu ninguém" - " O vulto~
c não "agir no gu<Jrdo dt ..."), agu<Jr!Úl é que é o substantivo respondeu nada" - " Não deixara entrar ninguim".
verbal; como o ato de guardar é guarda (''A vossagumd4 con- Podem-)t também empregar em lugar da segunda nega-
fio este fidalgo"), o de aguardar é ap4rda. ü tá no Morais c;ão as C'xprt»Ões coiJ4 algwna, pmoo alguma : "Nàt! vi coiS<J
e transcreve-se no Domingos Vieira: "A longa ngumda em algum4" - "Não quero aqui JHSSOO algunuJ".
que nos Deus espera" . O que~ erro é agir de maneira in,•ersa, is[Q é, colocar um
É antiquada a palavra? A falta de uso não ~clui a corre- nn1t, um ninguim, um Mda ou outra negativa em primeiro
~;ão. Se tolices são criadas no vernáculo, por que acenos não lugar e, depois, acrescentar um não. Deve-se redigir " Nem
sç ressuscitam ? Os meios de informação t-'rn eficiência para eu pude ver" (e não: Nem e11 não pude ver), " Ninguém de
ambos. nós falou" (e não: Ninguém de nós não falou), " Nada que o
"Na certa" - V. certo. contrariasse podíamos fazer" (e não: Nada que o contrarias-
Na na-.e c.r.nara.l - t infundado o escrúpulo de quem sempr" se não podíamos f.uer), " Nunca deixei de fazer isso" (e não:
escreve uetl' o novo'', Hem o nosso", Hcrn a nave", "ern o Nunca não deixei de fazer isso).
no no". Julgamos mais dilicil dizer "em o nono" do que "no Não (prefixo) - Este prefixo negativo, que se junta com hifcn,
nono", e o que favorece a eustomia não contraria a eufo- pode perfeitamente ser empregado quando não exista o
nia. Pode-se perfeitamente dizer "no novo processo", "no composto equiva lente formado com os prefixos in ou dtJ.
nosso quintal", ('na nave central", un o nono m~s·' - sem Não é novidade um advérbio a modificar substantivo: I{U4Jt
receio de faltar à eufonia com a s repetições "nono", " nana". criança, s4 dinheiro, .lbmnút Cabral, é muito homon. Dai os
A primeira destas é átona; nela a voz não se demor.a, e quem compostos de ruic>, imeinunemc aceitáveis c ne«ssários: nâ4-
a profere com ela se não preocupa. combalclú, não-cumprimento, não-ru, nâ4-euclidiano, nOO· tXtCU-
O em só não se contrai com o o, quando esc.c o é objeto ou ção, ruio-fillul (cnu:ada}, não-fi!JuJ (enteado), não-intervtn(ào,
sujeito do verbo: " Ftt bem mt o> notjciar" - " Não vejo mal nâ4-brasileiro (Webster apresent:a quase três mil compostos
em a senhora proceder dessa forma". fonnados com o prefixo IUm. que em inglês só se faz acompa-
Não confundamos gramáúca com tolices, sejam esms fõ- nhar de hífen quando o vocábulo a que se junta é csoi ro
nicas, sejam gt"áficas. (Or. M~t. § 653). com maiúscu la ). ·
Na qualidade de - Trazem nossos dicionários a expressão "na Formas duplas só existem paralelamente quando diferen-
qualidade de" para indicar "na atribuiÇio de", "no cargo tes forem de signillca~ão, como ~ -amiUidt (simples inexis-
de'', " no mister de" . Este é o exemplo apresentado por tência de amit;,de) e inimizade (aversão, desannonia, malque-
Aulete : " Achava-se ao lado de O. Catarina de Áustria na rença).
qualidnde de confessor". Observem -se, a inda. frases como "não explicitameme ci -
Na rua - V .traqumiu dt reghlcia. tados'', " não eternamente condenados"; o não não está ai a
Nabucodooooor - V. .sar. fonnar compostos, mas a modificar particípios que por sua
Nação - Colcóvo, quando unidas para o mesmo fim : a/Íimfa, vez são modificados por outro advérbio, o qual pode vir
coliga(ão, conftdtr~.jedtração,liga, união. posposto: não alad4s expluillJmrofe, não coruknadJJs tltrMmmu.
Nacionalidade? - V. brasileiro. ..Não de IIKDOt" - Proporcionou-nos uma consulta o casião
Náladc: - V. m4nadt. para conhecimento pessoal de autor de brilhantes rodapés
Naifa - A explicação deste brasileirismo do Rio Grande do Sul de crítica literária de um jornal de São Paulo. A cata dele
é a mesma de chulipa do nordeste (ingl. slu~r. dormente:}, de andamos para enconrrar resposta à pergunta com que fomos
cilelerM (ingl. slom, ato de ganl>.ar todas as vazas de urna dada distinguidos, uma vez não nos ter sido possível justificá· la à
de cartaS). O lwift dos marinheiros inglese$ vestiu -se à bmsi- luz de nossos mestres. Mais bom tempo de espera, dada a
leira para poder andar junto com faca. V. cilulipa. insegurança que o autor demonstrou em esclarecer o empre-
Nambu - V . Anhtmbi. go da construç.ão, :~qui estamos para transmitir o que de!~
Namonr - Afora a construção pronominal namMar-Jt dt, moú- por último ouvimos: "Uso a construção "não de menos" <:m
vada pela parecência com tnamorar-u de ("Aqui Narciso em tais passos, porque a ouvi de professores antigos e insuspei-
líquido cristal se namora de sua formosura"), eSte verbo só tos,..
200 Nãodei Não há responsabilizar
Um destes professores, possuidor de belo fichário filoló- o qualquer, em exemplos do seu correto emprego, com " todo
gi<:o. nada encontrou que pudesse adiantar-nos. A condu- e": No:gou ter feito /()da t qualquer declaração) - "Não po-
sã o, a menos que alguma coisa se descubra mais tarde, é for· derás imolar a páscoa em quai'lun- das ruas cidades, roas na·
c;ada: Não aisu: essa expressão conjuntiva em português. quela que o Senhor teu Deus ti•-cr escolhido" - " Não estão
Não dri nenhuma inf(li'):Uçào · O indefinido qUtJ/quer, que dispostos a aceitar quaisquer condições" (querem condições
designa um indivíduo. um lugar, um objeto indeterminado, dignas, t' não " nenhuma" condicãol - "Impediu que fosSt"
não deve ser empregado com a significação de nmhum. Di - fabricada qtuúquer peça que pudesse enterruJar-se·' - "Não
zer: " Não vi qualquer pessoa na rua" - "A dcdara<.ào do venha acompanhado de qualtjutr criança; traga o seu filho"
ministro não contém qua~n ataque" - "Não há qualqutr - " O prefeito resolveu cancelar qtuúquer entrevista" -
homem que isso faça" - n.i.o é falar português. "Não se dt>iJu: amedrontar por qualquer motivo". Note-se,
Qua ndo l{IUJiquer não vier na oração com a significação de mai s uma vez, a possibilidade de " todo e qualquer" nesses
nmhum, o seu ..-mprego será então justo: " Não é qtuúqun ho- exemp los.
m~n que faz isso" -"Não tome f{UIJ~n remédio". J orna- t curioso observar que na linguagem falada o erro não
listas c locu Loo-cs nossos, ames de empregar frases e locu· aparece; a caprichosa con~tru<;ão é de quem, pondo-se a
ções. no seu p ensar modemas, d everiam investigar sua ver- escrever, pretende redigir de maneira atraen te, diferente da
naculiclade. O simples faro d..- ser frase esquisita já deveria normal. criando enfeitrs de formas para encobrir fraqueza
despertar-lhes a d<"SCOn fwlça e fa.re- los procurar no tndi- de conhecitn<"nto do idioma. lmagint'-se alguém a q ul"rer
cional Aulete o emprego da palavra ou da expressão. Caso corrigir Camões ao escrever "Já não fica na alja\-a seta a/gu ·
isso livessem feito, não andariam a empregar as cons~n~çõcs mil" - ou a corrigir Rui ao escrt.>ver " ... não exerce em tais
acima, senão estoutras: " Não vi nmhuma pessoa na rua" - casos funcio algmna gramatical".
"A declaração' do m ininro nenhum ataq ue contêm" - " Nt - Isso é português. como porrugub ~: Não deixarei meu
nltum homem há que làça isso". posto em nenhum caso, Não deixarei meu posro em caso
As novidades sempre acarretam surpresas aos incautos e nenhum, Não deixarei meu posto em caso algum, como
inseguros. Nem com o significado etimológico nem com a porcugués é ainda construir, sempre com sentido negativo
tradicào da Ungua condiz o desabusado emprego moderno e sem o ãnglico qtuúqutr: Em caso nmhum deixarei meu pos-
d~ qiUllquer com o s~ntido de nenhum. Não etimologiçamcnte-, to - Em caso a lgum deixarei meu posto - Em nenhum
pois significa 'i"al você qutira, quem qrm qut jtja, onde quer qut caso deixarei meu posto.
stja. st·ntido claramente ('xpresso no espanhol walquitra. cujo É procedimento leviano, muito leviano, e51e de desprezar
plural é CIUÚtll{UÍtra, empregando e~ idioma a parte final seis maneiras diferentes, lídimas, para usar uma única, en-
do vocibulo no subjunti\'0 em vez de proceder como o por- fsdonha e falsa.
tugto~s. que o faz no indicativo. Etimologicameme não se- Quando lemos numa lei: " O proprietário não ©o o di-
justifica di1er "Não há qua lqut:r homem", como não se com- reioo de tapar de qualquer modo ...". lemos porruguês e en-
preende-o dizer algut'm "Não há hom~m qual voei' queira". tendemos o que reahnen«' o legislador quis d ixer, ou sej a,
Em o rações negativas não ca~ o qtuúqutr com o significado que o proprietário é obrigado a atender os regulamt'ntos
de ntnJoum. Fonnas diversas temos. tradicionais c correras: administrativos. No caçanjc qu~ por ai se c$CTeve, porbn ,
Não há nmJwm h.imwn. ncio há homrm nrnhum, não lui lumrem ai· esse dispositivo de lei equivale a " ... não tem o direiro de ta·
gum, homnn nmJwm há. ho~m algum há. Por que, pois, usares- par de nenhum modo''.
S(' incompret'nsívd qualqutr1 A segui r c~ embaralhamemo de ponuguh com ingles,
Em frases posi tivas terá justo emprego: Procure qualqutr essa confusão de quaJqtur com a71.1, essa de todo falsa, errada
homem- Que por esta o u qiUllquer ourra via - Estimo mais e jamais existente impossibilidade de duas negativas em nos-
o c-o~ mo da m inha C<'la qut· qualqutr o utro lugar - Q.ualqutr so dilacerado idioma, não distante vemos o dia em que ire-
revo lucionário pode compor uma Artr dt mmtir. mos ler "não q_uer qualquer coisa" para expreuar "não qut'T
Nem com a tradição da língua, pois não há desse emprego na da", " não vou qualquer pessoa" para significar " não viu
exemplo em nenhum escritor; seria curioso encontrar num ninguém". Ou nos metemos em brios ou passamos a falar
lídirno representante da língua "Não compre qualquer pa.s- outra língua na sua inteire2a, lí ngua d e atendimento às re-
sarinho" - " Não dê qualquer sinal" - " Não rome qual - gras de sua gr.unática, ensinada desde o primeiro ano de um
quer r emédio" - para dar a entender "Não tome nenhum curso primário de oito a nos de sete horas diárias de a ula.
remédio" - " Não compre nenhum passarinho" - "Não V. negativas; V. algum, nenhum; V. qualquer.
de' nenhum sinal". Mais do que curioso seria engra çado dizer Não laça isso . Quando o imperativo é negativo, ou seja, quan-
que o significado de ~r depende do tl:mpo em que é do se manda " não fazer", as formas, para qualquer J>C$:i0a,
empregado o verbo da oração. Quem diz "Nã.o tome q ual- são as mesmas, inteiramente as mesmas do subjunóyo pre-
qurr N-médio" não tem em mente reco mendar não tome o sente. Com toda essa facilidade de conjuga~ào, começa a
doC"nl<' nenhum remédio, senão <JU( tome determinado rt·· difundir-se o erro de colocar o verbo no indicativo; quanto
m{-dio. o remMio certo. t negauva a oração, se-m dúvida. pai. quanta mãe com diploma de escola superior diz a seu
mas já não é a mesma antes criticada ; o urro i: o sentido de filhinho: " NàoftJJ. isso, meu filho". " Não ~xe n isso" . Sen -
qualqutr. ime-iram~nte- de acordo <"Om o étimo. do o nosso comum tratamento o da terceira pessoa, tais fra -
Essa mesma oração - '' Não come qualquer remédio" - ses estão a exigir reparo; digamos todos "não faca", "não
estará errada se intenção for do autor recomendar não come mexa", "não diga" . "não tire", "não ponha" (41!1, S, b ).
o doente r~dio nt>nhum. Neste sentido é que é condenado Não fossem... teria · "Não fossem meus esforços, ..1e teria so-
o emprego de qualqutr, e é neste sentido, infundado e ridl- cobrado" ... não: "Não foss~ ... ~ ele teria ... " - Que esrá
culo para a língua, que v<:m aparecendo com insistência t"tn a f.'lzcr aí o t? Absolutamente nada ; o que oemos é um pe-
artigos de jornal, em livros, em portarias, em decretos, l"m ríodo hipotético em que a prótasc vem sem a COt~ unção con-
trabalhos de responsabilidade pública. J amais se diga "Não dicioruo.l ''se". Se invenermos a ordem das orações, ficará
há qualqutt indiáo de guerra" - ,.0 médico não quet· patenteado o ~rro do intruso "e": "Ele teria soçobrado não
qual~uer visita" - "Sem que qualquer outro auo se verifõ. fossem meus esforços".( ~ 585, 5, n. 1).
casse' - " Não encontrei qualquer refresco". Corretamcn· Não hi como · V. ll®M mj/lmUJbi.litar; V. dmegar.
te, assim se dirá : Não há nenhum indício de guerra. o mt- Não bi ~spooubituar . " Dado o tempo deco rrido e con.side-
dico não quer visita alguma. sem que nenhum ourro caso se ando que, cessada a perc..-pção d os rendimentos no pais,
verificasse, não encontrei nenhum refresco. não há como se- responsabilizar a fonte retentora, arquive-
Vejamos mais exemplos do correto emprego de qua/l{ulT se": A expressão " não há como" é positiva ou neg-ottiva?
em construções negativas e positivas: " Negou ter feito quaJ- - O que há. é o seguinte: O verbo luwn, seguido dt> infi-
qutr dcclaraçio à imprensa" (Note-se que podemos reforçar nitivo sem preposição, t<.'m o sentido de ''ser possível" (&
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Nàohávaga Nau 201


antes vier niio, a frase terá. é claro, sentido negativo : n.i.o ser "Não mais" - V .já não mpira~a.
possívell. Nio me suba - Constitui exemplo de elegante emprego do pro-
Nem no Aulete, nem no Domingos Vieira, nem no Mo - nome obUquo a ora<;3o " Não me suba essa escada' ' . Não
u is se encontram exemplos com o ccmo depois do modismo cabe ao ,... dessa expressão nenhuma das bab iwais funções
quando tem essa significação. Os exemplos encontrados nes- dos obllquos; não é objeto, nem direto nem indireu~, não
ses e em outros dicionários fazem-nos vtt que o como está equivale a i a possessivo, nio é complemento nem adjunto .
so~jando : " Não há comê-lo, entio, no impeto'' (EUCLI- É, no entanto, correta a expn:ssão e dela enconttamos justi·
DES DA CUNHA) - " Não há fartar um mouro, se come em ficaúva no "dativo de interesse" do latim; n~e id ioma o
mesa alheia" (Fr·. LUIS DE SOUSA) - "Não há entrar no dativo designa, muitas vezes. a pessoa ou coi sa no interesse
céu sem batismo" (BERNARDESl - " Era uma considera- de qu em a ação é praticada. No interesse de quem não deve
aio a que não havia resistir" (HERCULANO). a pessoa subir a escada ? - No meu i:nlntiJL: tal é o significa-
Estribado nesses exemplos, cremos que o autor da sentt'n - do do TM da orac;ão "Não me suba essa escada".
ça concordaria em que melhor r ecb.cão teria sido esta : " Da - 0<-sse dativo de interesse há em latim exemplos curiosos,
do o tempo decorrido e considerando q ue ... não hà respon- como este de Cícero: " At tibi repente venit ad me Ceninius".
sabilizar a fome rttcnrora, arquivt-se" ( = e considerando Essa ocac;ão. sem o "ribi", que é o dativo de interesse, tra-
que não i poJJÍvel responsabilizar... ). dliZ-se: " Canínio veio a mirn de .-.~pente". O " tibi" literal -
NOte que tiramos o .~e que acompanha o infioitivo do ori- mente se !Tadux por "para ti ", mas como este complemento
ginal. É mania - hoje menos alastrada - esta de o-n pregar deve na tra dução aparecer com sua real significação de in te-
o u junto de rodo e qualquer infinitivo, acertando às vezes res~. usamos então deste rteurso: " Importa a ti SllM que Ca-
mas errando sempre que o i t rraruforma, inútil e inconscien- rúnio veio ter a m im de repente''.
temente, uma or.u;ão a tiva em passiva. Tanto é ativa a ex- Como se vê, é forte e concisa a expressão latina, como é
pressão que no e:o<.t>mplo acima dado de Euclides vemos " não cena e elegante a primeira ornção portuguesa apresentada
há contê-lo", com o objeto direto nitidamente expresso na (Gr. Mel . §685).
forma acusativa. Se o mesmo ftzéssemos no exemplo d a sen- Não só.•. mas também. não só... .:omo - Q.uando de duas ora-
ten ça, teriamos "não há responsabilizá-la". ções que se liguem e combinem contiver a primeira a locu -
Outro assunro: " Não há como dar-lhe umas palmadas ção negativa não $Ó ou nàD Jl)lnmü, a segunda oração será li-
para q ue pare de fa~r manha" . Nada que ver tem agor:t a gada à pri meira pelas loru~ões adversativas muro, senão /Qm-
construeão com a a menor. DtJT funciona aí subSWtúvamen- bém, senàD fjl«, mas ainda, mas também, mas ali ou, simpl~men­
te, func;âo que se rorna clara neste OUITO exemplo: " Não há te, por maJ : O sol não só excede na luz a cada uma das es-
como umas palmadas para que a criança pare de faztT ma - trelas e a cada um dos planet.1$, senão a rodas e todos incom-
nha" , ou seja. " Nada há assim como umas palmadas... ", paravelmente - Não só é indigno da mcrce, senão também
" Na da há •gual a urnas palmadas ...", " Não há melh or da gr..~:• - Em tra tando de mouros ou infiéis não só usa
forma que ... " , " Não há coisa de melhor efeito que ...", " Co- por sua conta, senão que atribui a o Apóstolo expressões vio-
mo uma s palmadas ... não há o utra coisa". lentas con tta esses mesquinhos - Não somente a sua con-
Consul~os o Aulete que veremos a quantas elipses nos vicção, mas o seu amor próprio.
obrigam os vários t>mpregos de c<mW. Além dessas variacões, pode-se ~ambém escrever: "Não só
Nio há vaga - O uso, o inflexível uso. nosso grande amigo. na grande imprensa com~~ em vários escrÚort's". Nenh~ma
nosso maior inimigo . Se umas vezes o invocamos em teste- diferença existe de significac;ão nem de pureza gramatical;
munho de um acen o, muitas outras o maldizemos, dizendo- uoicamente a análise das "ora<:õcs é que irá variar: maJ inicia
o cu lpado do erro. Aqui aclamamo -lo, ali o mald i1.emos. uma coordenada, com~~ uma subordinada comparativa: " Não
Contradição? Nã o : Fatalidade. Na sua cegueira , o uso hoje JÓ o o pe-rário deve ser protegido pelo governo, mas o pa-
acerta para errar anu.,n hã. trão". O "não só ... mas" equivale a "como" : "Cmw o ope-
No idioma, quando não amigo, o uso i! grande inim igo ; rário. devt> o patrão ser protegido ...", perlodo em que há
não somente p rejud ica, mas sub\IC1"te. não só impede os pas- duas orações, assim desdobráveis: "O patr.lo deve ser pro-
sos, mas desencaminha. tegido pelo governo, conw o operário é pro tegido pelo go-
Ct:go, maléfico é o uso quamo ao emprego do verbo ter verno''.
em lugar de hiJw r. " Não um de que" - ''Não tinluJ nada na Não vi ninguém, Dão Yi nada V . ·~gatitJaJ; V. mio thi nmhuma
feira" - "Não 1em água no banheiro" - "Não um lugar" inj~ÜJJ.
são constrUções que a todo o instante se o uvem . É o malfa- Napa - Designativa de tecido im ital\te a couro, deve a palavra
dado erro, é o idioma ao léu da sorte, é a ignorância disfar- terminar em o, como em a devem terminar as palavras fem;.
c;ada em descuido, é o desleixo fantaSiado de lingüística. ninil5 provindas de formas francesas com ( final: a napo..
Extirpar um erro como esse será menos trabalhoso do que Nápolet - Adjetivos pátrio s: Mpolitarw. parterwpeu (de farlhwpt,
extirpar o analfabetismo de nossa terra. Empregados mo- antigo nome de Nápoles).
destos muito acrrtada e naturalmen te dizem: "Não há tro- Narina - Palavras curtaS estrangeiras, que se intrometem no
co". O cobrador de ônibus se agora diz: "Não lem.lugar" - idi oma para substituir locuções ou palavroi.S nossas compri-
diz a seguir: " Não há trOCO". Aqui acerta, lá erra, por q uê ? das. adquirem vida e de tal forma se ~lizam que se ror-
Porque no banco, na caiu econômica, no postigo d o campo na inócuo , quandc não ridículo, pretender extirpá-las. Nari-
de futebo l, no escri tório do chefe, ele viu o aviso: " Não lt4 IUl está entre elas; " fossas nasais" já não pega: F.srou com a
ITOOO". Objetiva mente aprendeu, inconscientemente foge narina esqut'rda inflamada - O cavalo fumegava pelas nari-
do erro, sem querer a certa, porque... viu certo. nas.
De um desempregado, a quem a conselhamos ir a deter- Nariz - Aumentativo: nariganga, narigão.
m inada fábrica, ouvimos há certo tempo : " Não vou porque Nasalbação ~ vogal (por influência de outro som nasal) - V.
lá não hd vaga". Ao que logo retrucamo s: " Como soube hcr~g~.

voct disso ?" - e a r~sta foi: "Vi escrito no portão". Na$CUDCur pocue, fiunt orau.a - Os poetas nascem, os ora-
Ensinemos, mostremos, escrevamos cen:o, que todos lerão dores se fattm ; o poeta já nasce poeta, ao passo que o ora-
e fa.l arão ~ erro . Tenhamos cuidado especial no que esc:re- dor precisa aprender e exerci ta r.
vemos aos de pouca cultura, esmeremo -nos em redigir avi · Natura- faàt sakus - Locução latina que significa: A natu-
sos ao público; pelos olhos aprendmo ; vendo certo, trans- reza não dá pulos. Na narureza não há gêneros absolutamen-
mitirão a verdade : vendo dispara[('S, tornar-se-ão prati ca n - te separ<~.dos; há sempre elos intennediários entre eles.
tes e propaladores do erro. Se o erro se divulg-.l, se o erro Nau capõtànea - N au co.pildnea, o u simpksm ente rapildMa, é a
toma foros de lci, é: porque, INÍS do que o analfab<tismo, a principal nau de uma frota ou a nau em que vai o capitão o u
nt.-gligência impen. comandame de uma esquadra.
202 Navicular Negociar
A forma com "ea" final t condizenw com o latim c c~- para mostrai' o quanto im porta conhecermos a língua e o
. rmto:- com o ponugues, onde temos capitantnr. Camões l"ffi· quanto o conhe~-la impede inventar ou transplamar , im-
pregava capito.ina, forma resultante da atra<;âo do i que ~e portar regras.
a sílaba acentuada, como S<' <'Scrcveu adwr.•airo, controiro : A 29 c~so - Quando d izemos i mdispms<ivd, afimumos que
âncora solta logo a capita.ina, I Qualquer das oucra; jumo não édispmsávrl. O in que na p rimeira oração prC(."Cd(' o adj e-
dt:la amaina . tivo rt-m o mesmo valor do ruio que na segunda precede o
Navicular, navirulário - V. biliar. verbo. Se, agora, disM't'mos não i mdispemávt /, c.l aro é qu(' a
Navio • Coletivo gt:ral: frota ; quando de guerra: frota,floti/Jw. orat;ào ftjuivalcrá â afi nnaçào i disptruávr/.
(pt:qut:na frota), tsquadra, armada, marinlta ; quando reunidos Neste caso tem cabida a regra duru MgaliflaJ ofi=, mas
para o mesmo destino : comboro. Aumt'nra rivo : llllVÍ<UTa. bar- (: <.'Vidente que se distingue do pri meiro. Não existC'm agora
caça. duas negativas isoladas, senão um advérbio negativo j unto
Navio -escola - V. carro-corrtio; V . fotortJ-arnbitnttl . dt' uma palavra qm'. por si, impli ca sentido nega1ivo. Dizer
Nau.re - Adj(tivo pátrio: t&atarmo, nar.árto. Não confu ndi r com nàl> qutro a morli equivale a d izer qutro a vida ; a palavra mortt
nazarinense. rt>lativo a Nazário, cidade de Coiãs, nl"ffi com implica, em si. signillca(ào negativa dC' vida, mas não é wna
na-.Arila, judru que por voto próprio ou dos pais <'T'3 co nsa- ntgac;ào vocahular. É a palavr" indisptnsável o conrrârio de
grado a Deus. dispmsávrl, como a palavra mcrte é o conrr.írio de vida.
Ne sútor ulrra crépidam - Locução latina que signillca " qut• o Outro exemp lo: FtJiano é um IUÜl inútil elemmto. no qual
sapa tt'iro não vá além do sapato". aplicável a críticos quan - poderemos ver ceno sentido que não correspondc exata-
do se metem em seara alht'i a. menr~ a dizer fulano i um útil tlnnmto. O p róprio latim nos
"Nduina" - É forma popular, usada l"ffi Portugal, ao lado de oferece tais construções: diz non insulsus para significar tspi-
ntbúna. fonna esta qut' prevalcc<"U no Brasil. Do espanhol rituc>o (Cf. o Saraiva, "insulsus").
11ibula mais ina, ficou, pela via popular ntbrina, como de nrí- Assentada a diferença entre o primeiro e o segundo caso,
bilnn , nobrr, de sábulum, sai!)ro. d ara se toma a d istinção: Niio i indüptnsável - senti do po-
Nebulosa - O feminino do adjetivo é que St" substantivou , dado sitivo. Não vi ning11im - sentido nt:gativo.
o fato de vir junto dC' 111/Jj.Wl, de t:>tula : masj(J ntbuloJa, tJirtla Os que, conqu.)nto nada conheçam de latim , algo sabem
nehuÚ!.Iil (corpos celestes ('fi forma dt' ~oa) . Tamb ém em de inp;lfs. mu ito mal oriC'ntado s andam quando pensam k -
&ancrs o (('rlli nino é que $e $Ubstamivou. vianameme que também o nosso 'idioma não comporta duas
N~c plus ulu-a - Expressão latina inscri t:a , .egundo a tTadiçào, negativas. Se em inglês se diz '11UJ.IW iJ neither creattd nor tks-
nas C'Oiunas d~ Hén:ules. para indicar que eram o~ confins troyed não se vai em nosso idioma - que não nasceu ontem
do mu ndo; é usada para sign ilãcar "última palavra". " pon - ntm jamais deixou de t« lidimos representantes - ~cre­
to máximo". e rem a varianrt' "non plus ultra" : Ele é o rue ver o •natiria i ntm t:ritJda ntm dtsttuida. Cremos a esta altura
pluJ ultra do d iplomar... não Sl'r necessário d izer que a tradu<;âo exige um não que
Necessitar - " NC'<rs.sitar uma coisa" o u ., necessitar de uma não está no ingl~s c não virá trazer smtido positivo à allr-
coisa": As boas leis neCt'ssiram hons t:Xecutores - Ne(.'t'SSito ITh'l<:iio: .. A matér ia não é nem criada nl"ffi dt-srr uida".
do seu bC'ncpláciro. V. pmi•ar. Q.uem mal traduz demonstra não conhect-r o idioma
Necromancia - t palavr.2 paroxítona, com acenrua<;ào , ccun- or iginal, mas não rem o dir~ito de irrtpor o de$Conhecímemo
dária, fi"Chada, na primeil'll sllaba (necro-mancia); em lugar ao idioma da tradut;ào : "Stm a discordincia de ninguhn"
dela v~-sc: ãs Y~t>S "nigromancia", palavra t'sta t'spti ria ; a (c não " Sem a discordância de alguém"), "Nàl> q uero nada"
pretendi da ane de rc--•dar o futuro por meio de com unica- (e não " Não quero alguma coisa"), "Não vi ninguém" (e não
c;ào com t:spíriros de fina dos nada tem que ver com o \'('rná- "Não vi q ualqut'r pessoa").
culo "negro" e sim com o grego tUCTÓl , q ue significa "mor- "E mu•ca llinguém aí entrou" - com d uas palavras de va-
lO". lor negativo, senhor redator, sem medo nmhum de errar.
Nccropsia - O acento tónico Í! no i. V. bropJia. A q ue ponto irá o cstropiamento do vernáculo levar-nos
Nd'el.íbata - V. aaóbata. após CS$3 mostra de redação "e n unca aí entrOu qualquer
Negativa dupla · V. não; V. a tMno> '{UI'; V. nãodri nmhuma infor- penoa"? A seu filho, ~uando voe~ quer que de ocuhe al-
macão ; V. negativa>. • go da mãe, acaso lhe dtz: " ... e não Jfte come qualqu« coi-
N~ativas - DoUirina anônima e infundada é esta: "Duas ne- sa"?
gativas equivalem a uma afirmativa" - Em qut' o seja em " ... e não lhe conte 11/Jda", " ... e nunca a í en trou ninguirn':
r:nart'márica, em q ue o K"ja em latim. não o é l"ffi português. é a construr:;ão, K"nh or redator, que o avô do seu filho sem-
E prudente, todavia, di stinguir : pre usou e viu usada. V. não ári ntn1tuma informat;iio; V. a
19 caso - Se em latim d uas negativas afinnam, t'm portu-
guês outra é a sintaxe. Nãn 11tjo nada - aprov('itamo-nos
menos '{IIC; V. não.
Negacrõnio- V. ióllio. •
aqui de Cândido de l'igudrrdo - não q ue-r dizer vtjo algu'11UJ. "Negligé" - A palavra que melhor traduz este adjetivo francês
coi.IIJ. A língua portuguesa é considerada fi lha do lati m, mas é frasqueiro: blusa jraSI{utira. " Decotado" é a sua tradução
não confundamos: o q ue remos d o latim Í! grande pane d o quando ('rllpregado ~ubstantivameme.
vocabulário; quanto à sintaxe, t«nas muitas coisas que os N~gociar - A par dos ver bos tenninados em cor. grande nti -
latinos não conheceram nunca ... Não conlttwam nwun - mero dE" verbos t'Xisre <"Om a ocrminac:ão iar. Não fa~amos
equivak aca$0 a dizer conhectram algmna vn .' confu~iio : Em pam ar existe o radica l pass (de pa$J ·o) mais o
Podemos. sem d úvida. variar: jamais conhteeram, nada v~jo, sufixo v«bal tar; mas em negociar o sufixo nà!) é iar t sim,
mas idêntica forca nt-gariva tem as construções não cot~htet­ met'ólmenre, ar. pois que o i p~ru:nce ao radical do verbo.
ram nwiCa, niio vejo nada, C'ffi que ocorr~m duas negativn. De Essa simples obsenoa(ào nào nos dt'ixará t'nganar pdas
passag~m aqui se note que já foram usadas e-m português fonnas semelhantes do infinitivo e muito menos dos demais
formas corno esra, com s~ncido imeirarncmt> negativo: "Nt- modos, tempos, números e pessoa< dessa! duas classes de
nltum nom 11Uirrm" (Fernão Lopes). O s quinhentistas proscrr- verbos. Na conjuga<;ão, os verbos da segunda. dassc nada
vt>ra m q uase totalmente r:ais negativas c nfá1icas, caracteris- t~m qu<' ver com os da primeira : não deverá aparecer, no
tica> do pl'riodo antt:rior, e ainda hoje encomradil-as, sem- decur$0 da conjugação dos terminados em iar. o e dos ter-
pre com sentido negativo. no linguajar caboclo: Ninguim não m inados em tar.
viu. Concordamos todo s em que de fato i: erro confundi rmos.
Cabt-, ncsrt> primeiro caso, importante observação: O não, na forma infinitiva, essas duas tcrminaçõe3; por que não
urna única vo. expresso, pode até afirmar, en faticamente, reconhecermos igualmente crrõnca a confusão nas outras
em orações t'xclamativas: Q.uanto esforço não fiz tu! - Cl)111o modalidades d esses verbos? Expliquemo- nos mai s um pou-
ruio burbolara tm hinos o mlU ;úl;ila! - Esta observação fazemos co.
Negócio "Nesta" segunda-feira 208
É irregular todo o verbo que. ao ser co njugado, sofre Neo • O terceiro caso do S 46 do Formulário Ortográfico
altera<;ào ou no radical ou na flexão ou ainda no radical manda que se empregue hífen " nos vocibulos fonnados pe·
e na flexão ao mesmo t.empo. Os verbos em tar enquadram- los prefixos que representam formas adjetiv;os, como anglo,
se na classe dos irregulares, uma vez que o tema é alterado greco, ltisttirico, ínfero, liúintl, ÜLsi/Jmo, luso, pósttro. súptro etc.
para ti quando sobre o e temático recai o acento; os termina- (este etc. é do formulário). Ora! No corpo do vocabulário
dos c:tn iar, porém, devem ser conjugados sem que seu radi- vemos somente duas palavras com hífen (nlo-árico. niiO·t~v­
ca l sofra nenhuma ah:cracão. lástico), ao lado das muic:as sem hífen, como neoclássico. neo-
F., de fato, essa é a tendência da língua. Em ourros tempos formação, ntoquinhmtisrno. Isto por quê ? PO..que o quinto
se escrevia alrmuar. que era conjugado como os verbos em caso manda pôr hífen ap<is vários prefixos "quando se lhes
rar; disso temos prova no anexim "O ignorante e a tàndeia seguem palavras começadas por vqgaJ, h, r. ou s'', e de mi s-
a si queima e a o urros aiumeia". tura com elts encaixa neo, fonna adjetiva enquadrada no
Monteiro Lt'ite, Cândido de Figueiredo e outros fazem terceiro caso. Que conclusão tirar? O leitor que nos acom -
regulares todos os verbos desta classe. O certo t:, como ~anha conhece n ossa opinião sobre o formulário or togr.'i -
observa Gonçalves Viana, que se vai operando entre pessoas ftco oficial: caixa de Pandora.
cuhas certa reação contra a confusão dos verbos em iar com Neolatino • falhando o Nascentes, isto enco ntramos: "Ntola -
os em tar. E aqui temos a \'el'dadcira conjugação de negociar: tnw - do grego niOJ, novo, e do latim lahnum, latino. Este
negoci-o, negoci-as. ntgoci·a, que tu negoci-e. ntgoti-es, vocábulo é rejeitado por muitos como luorido. Joào Ribeiro
negoci-t... V. alumiar. não acha necessário substirui-lo por novílaliM ou novolalino:
Ncgóáo. Aumcn tacivo: negociarrão, negoáãn. diz que não há hibridismo porque nomes próprios e gco-
Negrito • V. grifo. gr.i.ficos são in~vitavelm.,nte de todas as linguas (Grarn.
Negro . Aummtativo: negraço, negralhào, negriio. Superlaliuo Pon., pág. 61 ). Mário Barreto, Estudos, 89, prefere a forma
Ji11titico: nigérrirno. novilalino. Sousa da Si lv<·ira julga que não t~m razão os que
Nem = e Não . Nnn. quando conjunção aditiva, supõe, ames, acham má a palavra ntolatino por ser um hibridismo: neo {·
uma oração negativa e equivale analiticamente a "e não": prefixo e presta -se a lorrnar compostos com radicais gregos
Nãq foi ntm (= e não) deixou que ouO'oS fosst'ln". Como a ou não; anti também é grego e dizemos anti-humano, anti-
conjunç.\ o rwn já equivale a "e não" , condena-se a antepo- brtlSiúiro; o sufixo ÜmQ é grego e com ele fazemos caiporisrno,
sicão do t ao nem; não se d<:".-e dizer "Não foi 1 nem deixou derivado do tupi cllipqra (Liç.Xs de Ponuguês, pág. 91). Jlui
q.;e outros fossem" . - Só é possível dizer " e nem" quando o empregou nas Gartas de Inglaterra, pág. 174."
o nem n.io exerce funcão coordenativa, como nestes exem- Embora Mário Barreto tenha preferido novo/atino, em m ui·
plos: "Não foi e, nem que tivesse ido, não ..." - " Ele não to boa companhia ancbntos os que seguimos a forma neo/4-
foi e nem por isso fal tou à obrigac;ào" - "Corriam alegres tino.
para a escola e nem sequer dos brinquedos de casa se lem- Neologismo . t o contrário de arcaismo; consiste no emprego
bravam" - " E nem da própria vida estou seguro". V. t nem. de palavras novas, criadas pela cii!ncia, por organi7.ações
Nem u.m nem Outro . Quando o sujeito composto é cor\Siitui- modernas, como teligrafo, aui.Ódrl)fflo, aJtrtJ'fl.aUla, míuil, tdtx.
do de um t I)UirO, nem um ntm nutro. o verbo foca. indiferente- xerox, ou de pabvras antigas tomadas em sentido novo:
mente, no singular ou vai para o plural: "Um c ourro i computadM, satilite.
bom" - " Um e outro .iãq bons" - "Nem um nem ou(ro Na maioria. os neologismos foram inrrodu2idos pelo fran-
apareuu" - "Nem um nem outro Jào meus irmàos" - cês, pelo inglês ou pelo a lemão; temos, contudo, alguns que
." Nem uma nem outra coisa Jttcedtu" . foram criados no vernáculo: bil011tra.jerrovia, bisar. nuroténo ...
Note- se <JUC o substantivo posposto fica no singular. mas Para que se juscifique, o neologismo deve, antes de tudo.
se vier segutdo de adjecivo, este irá para o plural: uma e ou· ser necessário e, depois, formado de acordo com o gtnio
tra coiJa ju11tas - um e outro ca.so paraltlos. da língua. Não sendo conveniente nem corretamente for-
Nem um, Nenhum • Nmhum provém da junção de nem -+ um, mado, o neologismo passa a ser harbllTÍJ11W.
havendo entl'C aquela forma, sintética. e esta. analítica, di- Nereidol.épacle · V. m6Mdt.
fermc;a de energia de exprewo. Dizendo: " Nmhum homem Nesse (Nea&e) Comcoos • Locuçio que significa ·•nessa (nes·
é car,az de: fazer· isso" - demonstraremos, simplesmente, ta) ocasião": Ntsst cornmo• chegou o rapaz q~ levara o reca-
não ta~r. dffltre os homens, quem possa fa..er determinada do (pronuncie cornhllls).
coisa. Dizendo, porém: " Ntm um bomem é r.apaz de fazer "Nesta" segunda-feira . Q uando di zemos " neste m~s". " n<'s·
isso", indicaremos. explicitamente, não baver nem nwsmo te ano", tsú está por corrente, aluai, prestnle. Referindo-nos
um homem, corno se disséssemos não ser capv. disso não a uma eleição por realizar-se, dizemos "votemos tOdos rus-
somente uma mulher mas nem sequer um homem. 14 eúição" ; o mste e indicativo de fato que está. por realizar-
Outrd diferenc;a: O 11enltum, contraído, opõe-se a um indi- se. não de circunstância temporal. O demonstrativo ai esrá
víduo. no sentido de algum, urto indivídllo, ao passo que nem na refertncia a fato. a coisa, a ato ja menci onado ou de
um, separado, opõe-se a um só, um único, um vtrdadriro. "Ntm fácil rdacionamcnto.
um centavo tenho" (=Nem ao menos um centavo tenho - Não podemos aceitar oomo nossa a apressào "Devo via -
Não tenho um único centavo) - é t'Xpressão mais forre. jar nesU dia primt."Íro", para indicar "no próximo dia pr·i·
mais expressiva que esta: "Nenhum centavo tenho" (cTenho meiro". Não ~ do vernáculo dizer algu~m de manhã: "Via·
dinheiro, mas não tenho uma moeda de um centavo). jo nesta tarde". Ou dittmos todos '\iajo hoje de tarde" ou,
Ntmioe c;lisaqaantc • Locuc;ào latina que significa "sem a di · sem esse estranho estt, "viajo de tarde".
vcrgen cia de nmguém": A ata foi aprovada nnnint dücrtp/111- O anunciante deve dizer. simplesmente, "segunda-feira",
u. em vez de " nesc:a segunda-feira"; não se diz: "Vai ha\-er
Nemo prophcta accepws est in pauia iWl • (Nenhum profeta surpresas na deic:;à o desc:a segunda-feira. Igualmente, à per·
~ bem teeebido em sua terra). Palavras de CrislO para indi- gunta "Quando s.c !'f'aliu a eleicão?" a resposta natural. ela·
car que ninguém é: levado a sbi.o em sua própria ca.<a. ra e d{' todos nós é: "Segunda-feira".
Nemo sua sorte cootemus . Expressão latina t raduzivel por Única e exclusivamente em casos de dúvida aparece o dc-
'"'Ning'u<'-m "iv~t content<- com sua sorte". monstracivo: cuja função será distinguir, indi'?-" uma coi.$3
Nenh um . V. ntm um. com exclusao de outra. Sem nenhuma necessrdade de d iS·
Nenhures . V. algures. crirninaç.ào, dizemos todos, conforme o caso, ·•segunda-
Nenrod ·V. Davi. feira" (referindo-nos à próxima segunda), "às 3egundas-
Nenúfar • Nrmifam é o plural desta palavra persa. De ni/, azul, fciras", "toda a segunda-feira": "Voce viaja segunda-fei -
e mifar, rosa do lago. designava o lótus :uul e hoje indica um ra?'' - "Não, viajo ter<;a". A seguir a novidade, teri.amos
lírio aquático, azul ou branco. esta extravagância: "Você desce para Guarujá neste sába-
N'O ESTADO DE S. PAULO
do"? - "Não, dte:K;O neste domingo." velem Gil Vicente, é ele, sem dúvida, " medida j usta". Pedro
Não vale alc:gu que o anúncio é gravado e serve para vá- de Alcalá emprega 11íw/IUÚJ ao p/()111(), para, tr.iiduzir o vocábu -
rias S(manas: o ouvinte não é obr igado a aceitar por ct'no lo arábico ua:an. " pesar",(' em árabe ua:um quer dizrr "me-
na língua o que a tempresa publicitária tem por lucrarivo e d ida de verso".
cômodo no trabalho . Q.ue- se diga pois, e se marque a acentuação de nivd na
Nesta tara - V . úmpo materWI. prime-ira sílaba, conquanro errone-amente, por ser o uso,
Nesníltima - É caso de si nalefa (~ 11 4, A). admite-se; mas que, contra o uso, se- marque e se a.centue
Neto- V. pm líquido. · líwl, em ve2 de livll, é inaceitável".
Ncuro - Encontramo-nos mais uma vrz diame de procedi· Exprtess.lo há meses inrroduzida nos meios de informa-
mcmo contraditório da ortografia oficial; se em ttligrafo- rão por irrt>quieco rtdaror é a consli1uida da locução "a
pos/Q/ o Formu lário considera t'ligrafo redU<;ào do adjetivo, nível" seguida de adjetivo: " A nivel ministerial, nada se sa -
ohrigando- nos o hifcn lregn 45. 8' caso. obs.), por que o be sobre a rucessão presidencial''.
Vocabulário dá ~t~urogrófiro. n.ruroparalitico. n.ruroglnico? Se Em linguagem simples, correta e destituida de inovação
uligrafo I?'Stá por ttltgrójicq, nturo não rstá por nlurioo? O hí- suspeita, pod ia o informame 1er dito : '' Minisrros nada sa -
f~n é enfdte de~ndt·me de capricho~ incompreensíveis.. bem da sucessão presidenci:tl".
Névico - Adjelivo que na ~pressão "células névicas'' designa Em nenhum dicionário se encontra "a nível'', mas ''ao
cenas dlulas especiais epidérmicas encontradas na denne: nível", $1.'guido da pr·eposiçào de, para significar "à mesma
é forma adj<:tiva dte n•vo. altura": "Ultrajes que extinguem no indivíduo o sentimento
Névoa- V. mágoa. de ho nra c o rolam ao nfvtl dos cães".
Nb - V. comptmlúa. No 15<1 audar - A muita gente: constituem os ordinais verdadei-
"Nha", "Nbo" - V. "jtu"}oào. ro empecilho à linguagem corrente; pessoas de pergaminho
Nbambu- V. Anlltmbí. não faltam q ue rrope-cem e pÓucas não são as que fragoro-
"Nhor", "Nhora" - V. "seu"joào. sameme caem quando ~em ou em conv~sa necessitam
Niágara - Em Niágara, nomr do rio que unr o lago Eriê ao discriminar urn ano, um andar de prédio, por meio d esses
Onlário, é mai s conditeme com o ttimo o acento propa ro- a djetivos. Formados em escolas superiores confundem -se
xítona - ni-á -gara - acentuação correLll!leme seguida pe- nesse particular, não poucas vezes, com h umildes ascenso-
lo espanhol. ristas de elevador: "A q ue andar o ~nhor vai?" - "Vou
Niaôbata - V. amíbala. ao quinu andar."
"Nigromanàa" - V. necromanciiJ. Já não fa.l ando dos que ~e engasgam quando encon tram
Nihil oovi sub liole - Locução latina que significa "Nada de passagt ns como esta: " Tal cidade comemora a manhã o seu
novo debaixo do sol". Empregam-se estas p alavras de Salo- 400" aniversário", preci~>arnos a lertar os que, cquiparando-
mão (Ecl I, lO) para indicar que o que julgamos novidade ~e aos que jamais abr iram urna gramática c.lc nosso idioma,
já existiu em tempos passados. demonstram com a ma ior naturalidade desco nhecimen1o
Nímlo {adv~bio) - V. possui dt1114Siado . de nossos o rdinais. se amccede - n otemos bem: Se anuet-
Ninfeáceas - O t da segunda sílaba deve- ~ à palavra ninjtia d~ - o substantivo, deve o numeral ser (Xpresso por ordi-
(do lat. nymphata), denominação cicndfica do nenúfar ; outras nal q uando ordem, stqO~ncia ou posi ~'ão indica. Se um pré-
plantas aquáticas, entre as quais a nossa vitória-régia, est.i.o dio 1.e m quinu: and ares laqui o numeral é quinu, cardinal,
compreendidas entre as ninfeáceas. porque indica qttantidade total), quem mora no último
Nipão - É a designação japonesa d() Japào; daí nipdnico e nif>o- mora no déamo qui11to andar, e não - doenc:a que parece es-
nnut, sinônimos dcpponi1. tar a alastrar -se - no quinze andar. Moro no primeir o, mo-
NíYd, Uvd -Muita tinta já se gasrou sobre a prosódia do pri- r o no segundo, moro no o itavo, vim d o terceiro, vou ao vi -
meiro vocábulo, rendo dicionaristas, filólogos e esrudiosos gésimo primeiro andar, sempre com o ordinal devemos
da lingua manelado debalde na ~titui<;ão do a~nro eti- expressar-nos, porque seqüência, posição, ordem é que cs-
mológico, oxítono: nível. O uso é algo mais que discricio- tamos indicando. É o que- ensina qualquer gramá1ica.
nário após séculos de vida da palav•a com açento paro xíto- No ensejo - O substamivo trutjo (ocasião, tempo em que algu -
no: nível. ma coisa sucede ou se pratica) costuma vir a ntecedido da
Sobre o ~tirno, <tcemo e significa do do vocábulo, conci- preposi<;ào tm, e não da preposi<;ão a, em expressões circuns-
sas e expressivas são as palavras d e: Gonçalves Viana : "Li- tanciais; é o que vemos em Domingos Vieira: "tm m ui pe-
vt!l, ao livel. liw/4r - são estas as formas antigas. correspon- rigoso ensejo" (Gil Vicente), "té que 'NJú ensejo~ (Francisco
dentes às mod~na• nível, nà~lm, francesas, como já havia in- Rodrigues Lobo), " que nn cada ensejo'' (Francisco Manuel
dicado Duarte Nuncz de Leão, te cujo n procede de dis.,imi- do Nascimento), " Haviam de falar- lhe ~rameme no pri-
la<;ào do i final, de libt/(lum), como em ~t~gallto por ligailto. meiro ensejo oporcuno" (Herculano).
de ligticulum. Alte>GLndre Herculano ainda usou tanto üvel. Diante desses exemplos. a locu<;ão preposi úva deve ser
como Üvt!Úir. "Ao tive!", pronunciado "õlivél", é locução "110 ensejo de", c nio "oo ensejo de", como diríamos "na
popular lusitana, muito freqOcnu:. Todos os dicioná.r ios ocasiã.o de", "na oportu nidade de' ', c não"~ ocasião de" ,
portugueses acentuam livil, com excc:çào do Manual Etimo - " a oportunidade de" .
lógko de Francisco Adolfo Codho, onde I! provável que a A preposição " a" é abusivamente empregada por quem
acentuação marcada iívtl seja erro tipográfico. aborrece dicionário.
O Novo Dicionário acentua liw/, c no Suplemento busca No entanto, EntretantO - Hoje ou se diz no mtanto ou, simples-
defender oom o uso esta acentuaç.ão errada. Mas o uso (: mente, entret(l11(o; cai em desuso a forma no mtrettmto,
o contrário do que ali se afinna; o povo diz livil, os oficiais N'O ESTADO DE S. PAUI..O - Não há necessidade de aspas
de oficio üvil dizem, e a gente cuha não usa tal palawa, mas quan do o nome todo do jornal é eso·ito com maiúsculas,
sim n~l (ainda <'rTOnt ameme por llivil). Q.ue uso í: esse en- quer venha no inicio quer no meio do )X'fiodo.
•ão que se invocou? Uso de quem ? A pref~mcia de grafar n segu ido d e apóstrofo já ficou
Para pTOva de que liuél é a acem uação, e não livtl, baua aqui justificada quando se afirmou que a grafia "em O " é.
ver t"DJ Garcia de Resende a seguinte q uintilha: extra•'agincia do sistema de 43. Ninguém díz "per a", "per
E vimos a poderosa o" em situação nenhuma do nosso falar; só uma anomalia
Rainha DQna lsabd, poderia fater qut um relator nos obrigasse a escrever "A
Tam p1-udeme, virtuosa, noticia fc>i dada per O ESTADO". Não há fugir do apóstro -
Tarn real, tam grandiosa fo ; a grafia "pel'O ESTADO", "n'O GLOBO", "d'A GA-
Govcrna.T bem por üvtl. ZETA" impõe-se, a menos que queiramos escrever o que
Quanto ao significado da palavra livrl, bem como de ,.;. não ditemos. Q.ue sistema ortográfico ~ este que impõe
No Sol Nome pt'óprio ~

sejam grafados sons que nio são proferidos, ou po r outra, cáveis ou muito sensíveis.
que obrigue a leitura do que não escá escrito? V. "nn O ES- Nômade - V. móTIIUh.
TADO DE S. PAULO"; - V.l(tulo dtjo1"!14iJ. NomeJ dos meses · Com iniàal minúS<Ula são escritos os no-
No Sol • Parece-nos haver exagero em exigir que sempre se mes dos me$es; não são considerados nomes próprios pelo
diga "estender roupa ao sol". É errôneo al1nnar que a prc- Formulário Ortográfico : é o que determina a observação
posição tm tem sempre a signiGl-açào de "dentro de", "no do inciso 3 da regra 49.
meio de": esse modo dC' encarar as preposiçoc'S, preu~n · Nome Hipocorisdco -,V. hipocorístico.
dendo dar-lhes significado intríseco e imucável, ~ que Nome ~strado - V . odol.
lt"Va à consrrucio "moro à rua Tal", como se disséssemo~ Nome próprio (origem) - O melhor, em muitOs casos, é per-
" moro a uma rua do Dotafogo", " moro ao largo da matriz", guntar ao portador do nome, ao pai, ao tutor. Temos um
"moro à última avenida da cidade". amigo d1amado lm~~r:t. Frances esse no me, árabe, hE'braico ?
MuitO correlaiTleiiie diz quem constrói "falar no microfo- Não: é portugurs e vem de... EliiiJ. nome do pai. Para as vo-
ne", " r.oquei essa música 110 piano", "moro no largo da ma- gais tomou-se a vogal imed iatamente: seguinte, e o mesmo
u·iz" , "cstivc brinca ndonosof". se fez com as consoantes:
figuradamente se diz "ele l'Stá 1'711 minhas màos", c igual E- L - 1- A-S
figura há em "ele está no sol". "Sol" aí está por "calores do 1- M - 0 - E-T
sol", como aa.>rtadamcme nos oferece o Tesouro da Língua Que obri~o rem de decl&ar sernelltantes charadas
Portuguesa de Domingos Vie ira. "Com a cabeQI m~m sol q uem a vida leva ocupado em coisas sérias?
de verão" , "caminhei nwn sol de rachar" vamos agora tro - Nome prôprio I plural) - V. plural de n<m~C próprio.
ca r por "com a ca.beca a um sol de verão'', " caminhei a um Nome próprio ancropooimico (abrniatura) - Nomes oompos·
sol d e racharK? tOs, como joiio Pedro, ·ou têm os doi.s elementos abreviados
No tempo que - Orações relativas não raramence se: encontram ou nt"nhum: P.P. Lima de O. (Pedro Paulo Lima de Olivei -
sem a preposição repelida antes do que, quando este se rtfe. ra), JJ, Loureiro de Melq (J osé Joaquim), JJ. Rousseau
re ao complemento temporal da oracio principal: "Neste !JoãoJacquesl,J.A. Cardoso de Barros (João Alfredo).
tempo que as âncoras levamos ... mansamente as amarras O sobrenome, se simples, não se abrevia: joJi de Olivrira.
lhe cortavam" (CAMÓF.S) - "No instante 9ue sucedeu o Se composto, pode ter abreviado o primeiro elemento: }o·
que vos citei, logo o mescrc me deu essa carta' (GARRETTJ si de S . Pertira, Norberto M. de Mactdo, Raul de S. Nogtuiro.
- "No dia quevieres..."(M. BARRETO). Nome próprio aocropooímico_ lanirol - Os antropõnimos
t curiosa a nã.o repeticão do tm nesses exemplos anres do empregam-se com artigo quando indicaú\'os de peMOas
relarivo, quando em outros pa..~sos encontn.mos, às v<.ozes ínúmas por relações de parentesco, de amü:ade ou políúcas:
do m t'Smo autor, repetida a preposic;io: "No tempo tm que o)oiú;, a Maria, o Presus Maid.
o lo bo e o cordeiro ...' (BERNARDES) - "No momento tm que Quando ~lebres ou a nós nio íntima~. as pessoas costu-
se quis erguer. caiu moribundo" (HERCULANO). mam ser referidas sem o anigo: RIU BarboJO., Olavo Bilac.
Parece-nos que, nos exemplos em que não vem repetid a }OttM d'Arc.
a prcposi~ão da oração temp oral, nada mais há do que O emprego da crase antes de ancropõn imos femininos
a aplicado de princípio já cons.1grado no idioma, consiSlt~n­ baseia-se na Cllistência, ou seja, no uso ou não .do arú go:
te em poder ser enunciado o adjunto adverbial de tempo Entregue o liwo à Maria - Referiu-se a Joana d'Arc.
k'ltl o nn, em casos como estes: Segunda-feira não há aula Epítetos, agnomes ou alcunhas são antecedidos de artigo :
- Dia 24 sairemos- Todos os d ias ternos aborrecimentos. Jo~ Bonifácio, o Moço; Maria, a Louca ; Filipe, tJ Belo.
Não é de admirar, pois, que se não repita a preposição , Nome pcóprio antropooimico (dirisão e onognfial - Uma
c c~<emplo não falta em que ela deixa de vir expressa ames advertência preliminar toma-se necessária. O nome civil
do próprio adjunto temporal da oração principal: "E um completo foi sempre desuhoriamente forrnado: num mesmo
dia que ambos se acharam na margem de um rega to ..." povo, os princípios jurídicos ref<."'"Cntes ao caso variam de
(BERNARDES). época a época. numa confusão que aúngc a própria ttTmi ·
Em Epifllnio Dias (Sintalte Histórica Portuguesa. § 224) nologia dos elementos constitutivos do anrropõnímo com-
cnc.ontramos: Quando a um substantivo designativo de tem- pleto, confusão que impossibilita q ualquer crit~rio para o
po ou lugar se: liga uma oração relativa d e que. pode o mi- caso. Afastando -nos em parte d a empregada na OQssa le-
tir-5<' a preposição tm antes do relativo: gislação, empregaremos tenninologia basca.da no uso, com
Cá des aqoel tempo, senhor, o intuito d e C\ritar confusões ou especificações e sutilezas
Q.ur vos vi e oi falar inúteis quando nio contraditória s. Chanuremos a primeira
Nom perdi coitas e pesar (Lang. 43). parte do substa.ntivo próprio de pessoa (que pode ser com -
Tempo cedo virá, que outras vitórias posta) nome (Pedro - Pedro Paulo); a segunda !que também

n-.
Estas que agora olhas, absterão (Lus. Vll, 55) . pode ser composta) sobrenome (Vaz - Vaz de Barros) e o con ·
No pomo qut o Infante Cltpirou (Ccita, 14 , v). junto chamaremos nome completo ou, quando não houver
Nolxl • A palavra não é nos.sa; o inventor da dinamite - Al- perigo de confusão, simple$met11e
fredo Nobel - era sueco e em sueco o nome ~ oxitono; Para a salvaguarda de direitos individuai s, a grafia de no -
rima em português, em francês e também em ingll!s com o mes p róprios pc:rsonativo$, quando escritos pel6 próprio
nosso Abtl. portador, deve ser a original, constante no r~su-o civil.
Nódoa- V. 711li&oo. Nos próprios estabelecimentOs oficiais de ensino tem um
Nojo • É forma aferélica de tMjo, de onde tnjõo; da mesma Rui ou um Luis liberdade e direito de assinar suas provas
fórma que o verbo laci no llliweo se presta para indicar ter com J ou co m z, se com estas !ceras tiverem sido rscritos
enjôo de mar, ter náuseas, e, liguradamence, estar desgos- seus nomes no registro àvil, se:m que ninguém os possa
toso, o português entljo significa ato o u efeito dt· enojar e, obrigar a faz!-lo com i ou com s. O que o portador do no-
também, aborrecimento, luto. São significados paralelos me não pode é exigir que todos, indispiminadameme,
das duas línguas. Essa a explicação para nojo com o signifi- procedam de igual modo; citado por outros, NeUo, &ptú -
cado de luto, dond~ nojoJtJ para indiar "que causa náus-ea" ta, IlltTn.a podem despir-se dos enTeites heráldicos. Se uma
c "vestido de luto~, " triste' ', e, com iguais siV~ificac;ões. professora não pode obrigar uma TltttrtUJ a que assine ou se
Qlll)_jaM ( ~useado, mlutado, triste, desgostoso), aNl.)Gmntlo dedan: Teresa, eua aluna não pode obrigar a professora ou
(enjôo, luto, tristeza), tmD.J<U· K (enjoar-se, tomar luto: Com a escola a que escrevam seu nome com h e com l em papéis
a morre de Jesus, até o solst OIID}euT. de vida privada, sen prejuízo de um futuro alcance oficial.
Noll . - t1nger-e - Expressão lacina (S. J oão, 20, 17) que signi- O procedimento, a.~sim da proressora corno da escola, deve
fica "não me roques" e aplica-se a pessoas intangíveis, inata- basear-se no bom senso, na praticidade, pois poderà havt:r
206 Nome próprio Nome: JKóprio
inconveniência de ordem altabét:ica de fichário, de livros das as letras e aremos do nome? Q.ue quer o relator do For-
dt> chamada onde figurem Thn-elili, Thn-tw, Ttm.lJJ e Tert- mulário dar a entender por "fon'na"? Desenho? Garatuja ?
•a•. como pode, em ourras circunstâncias, ocorrer o oontrá- ~ assumo impertinente à ortografia, como impertinente
rio, ou seja, a necessidade de obediência à grafia do registro é à ortografia falar em "consenso d iutur no dos brasileiros",
ci vil, 1>rocedimemo que levou a Secretaria da Presidência frase apropriada para coreto de comício político. Não nos
da República há muitos anos a expedir aos ministérios e esque~amos do que o própr io relator publicou no Jorrtal do
órgãos diretamente subord in.tdos à Presidência a ~guinre Comércio do Ri o em 16 áe setembro ele 1951: "Insta salien·
circular: tar que o sistema nocivo e perigoso da grafoa que· preced.-u
"Havendo o exrno. sr. presidente da Repúb lica aprovado o Acordo de 1 9~.5 é o consubstanciado no " Pequeno Vo-
a 5ugeSlâo comida na exposicào dt- motivos n. 339, de 29 dt> cabulário Onográfico" de 19-lS. Q.ue ele é nocivo e perigo-
ft>vert'i ro dt- 1952, do l){opartamento Administrativo do St>r- so- são ainda pala\Tas do redaror - " não há que duvidar;
vico Público, encare«ndo a necessidade de se estabelecerem dezenas de vezes o tenho demonsu-ado e certamente o fa .
normas unifonnes sobre a que~rão da grafia dos nomes pró- rei ainda." - O pai a renegar a criança que todos nós au~
prios dos seo·vidores públicos. solicito a v. exa. as nect>Ssárias hoje somos obrigados a acalentar. V. Gmon.
providências no semido de ser observada em rodos os aros Nome próprio an troponimico (plu ral) · V. plural de nonu pr6·
administrativos ~!ativos à vida funcional dos mesmos fun- prio.
cionários a grafia dru r esp('(tivos regisr:ros civis''. Nome próprio antroponimico estrangeiro - L Q.uando exclu·
Princípios jurídicos amparam o direito ao nome, direito sivo à língua de origem, sem corresponden te na portuguesa,
que não pode ver-se revogado por porurias ministeriais, não poderá um anr:ropõnimo deixar de consenar a forma
por acordos acadêm icos, e esse di~ito p~vale« ~pre c prom!ncia próprias; torna-se mister, em tais casos, CO·
que o seu não cumprimento possa trazer dificuldades ao nheccr e aplicar as regras de prosódia do id ioma a que ele
ponador do nome; nem o próprio oficial do fi"gisrro civil pertence. Gautirr. Washington, Sevigné. BourdaJoue, MoUa. La·
pode escrever o nome de uma pessoa de forma diferente mcn"a.is, Rou>.<tfJU, Wa/Jmsúin não podemos grafar Golit. U6·
da exigid:t pelo dador. O oficial pode rejeitar qualquer par- xinton, Stvinlú, Durdatu, Molha, Lameni, Ru>$Ô, Vá/en$/tm.
I<' do nome por inconwnient(', não por motivo OrtOb'Tállco; 2. Q.uando possuirmos forma corespondenu~. é juMO r
uma vez porém aceito, o nome terá a forma grá fi ca ditada Jouvávd que demos preferência ã nossa, gráfica e prosódi·
pelo dador, e ~o será medida desprezível d<" co rtesia que fu . ca. Victor Hugo, Humóerl, Tluophiú, Françoü , Pitrrt, j tan Pin·
turamen te am•gos do portador a ele se dirijam respeitando o re. Wr/Jiam, M ary, Pew, Hmry, Pau/, Émik, Michdt, Honorl
no mt" q ue o acompanha, com aumento ou troca de letras devem 5er substituídos, gráfica e prosodicamente, pelos nos·
com enfeites diacriticos ou sem eles, como m"dida igual d~ sos correspondentes Vitor Hugo (vitor úgol. ffwnberto, Te6-
cortesia ê grafàr as parte$ do nome com iniciais rruriúsculas e, jikl, Francisco, Pedro, joõo Pedro, GuiJh~. Maria, flmrirpu.
ainda, não cortá-los em fim de linha de uma. dedicatória. Paulo, Emilio, Migwl, Horwrato, ress;~ lvando-se ao portador
O Formulário Ortográfico concedt ao próprio topônimo do nome o direito de escrevê-lo de acordo com a forma TC·
não sofrer alteração gráfica: conr:ra-senso gritante será ve- gistrada em seus documentos.
tar· o mesmo direito ao antropônimo. Muito dist:utlvel é 3. Q.uando escrito p elo próprio portador, o nome será
o " consemo diuturno dos brasileiros" (regra 42 do Fonnu- grafado segund o o idioma do pais a que o usuário pertence
láriol em grafar Bahia; o que n.io ê diseutível é o direito in- e do q~oal con~erva a cidadania. Jamais na França iríamos
vocado pelo dador de um anrropõnimo em grafá -lo de acor- em papéis oficiais declarar-nos Napok6n, na Itália Napolttmt,
do com uma rradicào que de invoque. na InglateTTa Napokon; tampouco irlamos exigir q ue fi'an·
Há distinguir entre orrograJia e cacografia, mas quem ceses, italianos e ingleses oficialmente escrevessem e pronun-
pode afiançar num o ficial conhecimento pleno do caso? ciassem no Brasil seus nomes à ponul(u<·sa.
Q.uem pode conferir-lhe direito de cortar tradições ou de Extraoficialmente, porém, outro deve ser o procedimento.
podar meios de identificação de famllias? Q.uem poderá Vai bem que um professor francês seja Púrre na França,
vccar que alguém se chame Ca/a.rwtt e não CalauJ11J, Cal<uans não j>Orém que por alunos assim SA:ja chamado em escola
ou Calaumz..1 Paulo não ficou por Saulo, e SauÚI não ficou por brasi eira. Existiu na Itália um papa Giovamri XXJJJ, mas no
Sau/1 Onde o cacógrafo no primeiro caso e onde a violação Brasil o papa que conhecemos cham.,va-sejoão XXIII.
de a.c ordos ortográficos no segundo? Tratando-se de naturalização, a pessoa deveria ter pennis·
Não nos esqu~amos, aderrtais, do parágrafo único do são de traduzir, S("JJ]pre que possível, o nome, mornt<.'Ilte
artigo 69 do decreto 4857 de 1939: " Q.uando os pais não quando - como .acontece na França - o nome <1U apre·
se conformarem com a recusa do oficial, este submeterá o senta consonãncia dificil de ser reproduzida ou consonância
caso, ind~endentcmente da cobrança de quaisque-r selos, espeçilicamente estrangeira - ~ o caso dos nomes termina-
custas ou emolumentos, à decisão do Juít a quem esteja su- dos em ão - de fonna que prejudique sua integração na co·
bordinado ." munidade nacional.
Não se esqueça o queixoso de citar Leon Humblcr (Trai- Teremos, então, enr:re nós: llonnrato Mirabeau, João Ba·
té des Noms): ''Não são somente as diversas sllabas que cons- tüla Poquelin Moliere,João Monaldeschi, Margarida Mitch ell,
tiOJem o nome e lhe dão 5ua individualidade ; é também a Rolmto Millilcan, TtmliÍ.J Mann, Ptdro Basóde, Franci>eo Gui·
ortografia, e na ortografia essencial é compreender a forma , zot, joõo Jacques Roussea.u , j0lJ71Q d'Arc, a rainha lJabtlll da
maiúseula ou minú~la , terra s, justaposição c a separação lnglaterra, TJabtl da Áustria. TJabtl d3 Baviera, /Jabtl da. Bél-
das sílabas, os traços de união. os acentos, os r:remas. os gica, Isabel Pctrovna, poupando-nos a impressão de uma Jin.
apóstrofos, em uma palavra, todos os sinaÍ) gráficos." gua pintalgada de esparadrapos.
(Acrl!$ttntariamos: "ou a ausência deles", como em AnU- 4 . Q.uando nos derem nomes comuns, de uso ffeqüeme
Tlio). E mais adiante: "A fixidez dos nomes patronimicos e do povo inttirameme consagrados, aponuguesa-se a gra·
é um prinópio de ordem ptiblica e de polícia social. As mo- ·fia de uorn<·s próprios estrangeiros. Em tal caso, seguem os
difkações freqnemes, realizadas sem conrrole e sem publi· nomes próprios idêntico procedimento dos comuns que
cidade, facilitariam a dissimulação das identidades, ao derivam de línguas estrangeir·as. Por isso é que de Cavaignac,
mesmo tempo que lançariam a confusão nas famllias e feri - nome de um general fraocês, obtivemos c.avanlw.qwt; de Cam ·
riam muitas vetes direitos adquiridos." O que está errado bray, cidade da França, cambraia, nome de " lcnçaria de Ji .
(; dizer a regra 40 do Fonnulário Onográfico: " Para sal- nbo, muito fina", fabricada em dita cidade, de Cogn<~c, no me
vaguardar direitos individullis, quem o quiser manterá em de outra cidade francesa em que se fabricava uma bebida
sua assin.atura a forma consuetudinária". Q.ue confusão é caratt'ristica, amltaque, de Gui!Jolin (José Inácio Guillotin},
essa enrre assinanora e nome? Desde quando se tornou mêdiço francês que, desejoso de ver minorado o sofrimento
obrigatório que um cidadão empregasse na assinatura to· dos condenados a morte, fn com que o gove.m o da Franc;a
Nome próprio Nome próprio 207
a.dotasse em 1792 especial aparellio de deca.pitac;ào, guilho- Ester Est
tina, ~outros nuis, vistos no verbete &mliliau. E.ltodo Ex
Nome próprio bíblko (grafia, a.brcvia.wra., ci~açóes) - T~rnos Ezequiel Ez
na. nossa freme uma lista, segundo o alfabcw hebraico, de Filêmon Fm
q~ dois mil e quinhentos nomes próprios da biblia. Se Filipenses Fp
podemos diter que a pala\<ra inglesa âub s~ a portuguesa em Gálatas Gl
clube, encontram os bibliscas dificuldade em afinnar que Gênese Cn
igua l procedimento devemos ter com AbiMh, Alinnhnh, Ne- Habacuque H ab
ub ... acrcSC('nlando um e à consoante fina.!, porque nos ve- Hebreus Heb
ríamos obrigados - dizem eles - a coerenterner\t.e escre- Isaías Is
ver Elillbe, Zebt, fforebt, AO<Ú. Mas. perguntamos, se de arab Jeremias Jr
(palav.-a que se enconua na. bíblia) t ivemos árabe, por que Jó Jó
não termos Ort ht de Ortb! E assim Arodt (Arod), Arade (Arad) João 1Jo2Jo3jo
e, con seqüentemente, Merodaque (Merodacl, Oó&tt (Obot), Joel Jl
AbiaJIJjt (Abíasafl, Abi~ (Abisag), Elidadt (Eiidad), Aftqu~ Jonas jn
(Arccl, Bacbuqw (Bacbuc), Cadga.tk (Cadgad). Josué Js
Se de HuJh tivemos Ruú, por que não fazermos Btú d e Bt- Judas Jd
tlt ? Se Onam deu Onão, Adcmiram tl.drmirão. Hor114111 Hfmliio. Judite Jt
Balaom Balaão, &selam &stlàD, Aduran Adurcio. Hotam Ho- j uízes Jz
tão, Hol•atamjoatiW,]Noóoam]troóoão, Aram Arão, por que não lamentações lnl
Oão de Oam1 E por que não Onã, Etã, Eli><ifã, Arã por Onan. Levítico Lv
Elan, Eluajan, Aran1 Seria procedimento coerente, co mo coe- Lucas Lc
reme~ AO<! (Ahoah. Ahoe) ao lado de Noi (Noah, Noe), Nobi Macabeus I Mc2 Me
(Nobah), Z(lllo/ (Anoah). Concordamos em que o apo rtugue- Malaquias Ml
samento unifonne de cerras formas JX>deria tra_~r confuscks, Marcos Me
como no caso de Adon, que não JX>dernO$ aponugucsar Mateus Mt
para Adão a semelhança de Salomão (Sa lomon), Aiu<>alão Miquéias Mq
{Ab~ssalom), porque traria confusão com Adão de Adam. Na um Na
Os bi blistas t~m o que ponderar ou o que ensina.r. 66, 66. Ncemias Ne
A ABREVIAT URA dos nomes dos livros b lblico s está Números Nm
ainda na fa~ das sugestões para uniGcacão definitiva; bi- O sé ias Os
bliscas de religiões d ivenas e biblistas da mesma religião Paralipõmenos 1Pr2Pr
u'm suas discrcpàncias, mas - é o que podem os deduzir da Pedro I Pd2 Pd
lista rom plera do "Citarionum Biblicarum Modi" de Se- Provérbios Pr
bastião Darrina. S.J.. publicada em sete línguas - ro dos Reis 1Rs2Rs
eles parecem rcr um cricério básico: citar as duas primeiras Romanos Rm
mnsoames: Cn (G~nese), Lv (Levitico), Dt (Dt·uteronómio). Rute Rt
Desse critério básico afastam-se qua CYo casos especiais: Sabedoria Sb
t. qua ndo o nome começa com vogal, cmr-a na abrevia- Salmos SI
tura a vogal e :. primeira consoante: EJC (E.ltodo); Samuel I Sm 2Sm
2. quanr!o a prim~>ira consoante~ seguida de duas. vo- Siraq ue (Sirácida} Sr
gais. u sa-se a consoante c a pnmetra vogal : Ne (Nccnuas), Sofonias sf
Na (Na um),] o (j oão}: Tessalonicenses 1 Ts 2 Ts
3. quando a.pós a vogal inicial vêm duas ou mais consoan- Tiago Tg
tes, usa-se a vogal seguida de duas consoantes: Esd (Esdras), Timóteo I Tm2Tm
F.Jl ( Ester); Tito Tt
4. 'luando pud~ ocorrer confusão uSit· S<" a terceira con- Tobias Tb
soante após a letra inicial: M t (lar. Matthws).jl Uat. Judith) Zacarías Zc
- o u as tres primeiras letras: Hab (Habacuque), Htb (He-
As citações das passagens da bíblia tendem a seguir de
breus).
maneira unifonne; à abreviatura do nome do livro segue-se
Observe-se a inexistência de ponto abreviativo.
Na ordem a lfabética dos livros, estas seriam as abreviaru- o número do capitulo (antalmenre os algarismos são os nos-
ras (tr~s deles apartcem com nome duplo: Cróniau ou Para· sos e não mais os rorna.nos), uma vírgula e o número do ver-
sículo: Gn .J, 15.
lipôtni!MJ, Eclt JÜlJteJ ou Coékt. EdJJ>iáJtiC<• ou Siraquc. Sirácida):
O vir o número do versículo ou do capítulo seguido de
Abdias Ab hífen mais ouu·o número denota inclusão de rodos os ver-
Ag<:u Ag sículos ou de todos os capítulos comprendidos entre o s dois
Amó s Am números: Rrn 10,4- 11 ; Edl6·28.
Apocalip se Ap Se outro ou outros verslculos do mesmo capítulo são ci -
Atos dos Apóstolos At tados, o processo será o mesmo: Rm 10, 4-11, 24.
Baruque Br O ponlO fllllll entre dois números de versículos exclui
Cintico do s Cânticos Cr os versículos intermediários do mesmo capirulo: ls 7, 14.20.
Coélet Co O ponto e virgula após o número do versículo denota
Colossenses Cl q ue vai ser ci1ado OUITO capirulo:Jr 9,14; JO,J.
Coríntios l Cor 2 Cor Um s após o número indicativo de venic:ulo significa " e
c~~Qs 1~20 mais o versículo segui nte'' : Lc ;. 71.
Daniel Dn Dois ss significam "e mais os dois versículos seguintes" :
Deuteronômio Dt Ap 14, 6SJ.
Ede:-siastes Ed Livros do mesmo auror ou para o mesmo desóna.lirio
Eclesiástico Ede trazem antes da abreviatura do nome o número discrimi -
Efésios Ef nativo :2Rs 1,21; I Esd6.19.
Eplstolas deJoào 1Jo2J o3 J o Nome pr-óprio de coha • Não nos cabe autoridade par.t consi -
Esdras I Esd 2 Esd derações sobre o caso, as quais só controvérsias viriam pro -
208 Nome próprio
\'Ocar. Isto de dizer o Formulário Onográfico (rcgn ~0) ser mais oomprcendid.a e rnais facilmente praticada? Será
" Poderá também 5('r manrida a grafia origirtal de quaisquer que por ter passado o condicional a chamar-sef uturo do prt-
fo rmas, sociedades, títulos e marcas q ue 5(' achem inscritas tlrito o seu eStudo e emprego ficaram facilitados? Por se te-
em rt>gistro público" 1: merer -se em sc:ara alheia. Enquanro rem constituído ârtigo e numeral classes autônomas ficaram
o antropónimo é de família e a um tempo do idioma , o de mais bem)conht>cidos?1Por haver passado a gramática a ter
pessoa jurídica ou de um bem constitui propriedade de fun- api•ndice tomou-se mais difundido seu ensino ?
do de comn-óo; aquele 1: rradicional, familiar, coletivo; este wes e outro> faros levam-nos a concluir que esta foi a
é arranjado, acidental. convendonado, alienável, permutá· finalidade da portaria S6 : MaJogrados na adoção de seus
vel, perecível. Leis ou tras, que não on ográficas, regulam o livros, uns tantos professores engendraram uma autêntica
a ssunto. rasreira nos autores que os humi lhavam.
Nome próprio roponímico (artigo e gtnero) - Não t"xiste Louvável é, sem dúvida, tenha um idioma uniformidade
orientação que nos possibi lite detet·mirtar se um topõnimo de tenninologia para todas as partes léxicas e para todas as
tl'JTI ou não artigo. De um lado, Portugal. MO«Jmbiqut, Sarl14· fu ncões sintáticas, mas é em igual proporção desprezível que
rim, Setrlbal, Ptrnamhua>, Sngipt. Goiás. l lin6is, OclaorM, NnM· isso so.· faça com desrespeito à tradição e ao bom senso,
ela; de oulro, o Bro~il. o lAos (forma preferível à consignada q ua ndo não à própria disciplina . Um fato por nós presen-
no Sl:guier, lAus; o latim /..aus, que designava um rio da Lu - ciado corrobora essa o pinião.
cãnia, Itália, deu /..ao em iraliano; a forma originária grega . Num exame oral de latim um rapaz, que demonstrava
foi l..áa>, e esta maneir-.1 de escrever coincidirá com a intema- conhecer bem a matéria, viu-se perturbado quando lhe foi
cionaJm~te usada para ind icar a região do Siã o; o pátrio é pedido o adjdiw uubal de certo verbo que ele já havia m os-
lao, uniforme, ou iaruwnol, o Toilàndia, o Vietnã, o Mim íri, o trado conhecer suficientemente bt>m; o próprio examinado r
AriwTUI, o Amaw1Ui5, o Piauí. a Paroiba. O uso exclui o anigo do exame veSLibular estranhou o sil~cio, e ~gumou -lhe
em uns, exige-os em ou~:ros, sem que possamos descobrir- se não conhecia o partidpio futuro da voz pal!.iva; após novo
lhe o critér·io. silêncio, o exarninador pediu o gtnmdivo, e o rapaz redtou
Tratando- se de nome de cidade, mais lacil se torna o pro- prontamente a forma desejada . Perguntamos: Por não ter
blema; são femininos e não 5(' empregam com artigo: t'srive nome fiXo ê que o aluno desconh~cia essa for·ma verbal ?
071 Londres, Londres é pacaJa; vim !Ú São Pa ulo, Sii.o Paulo é Absolu r.amente não; o erro está em não ensinarem todos o s
áindnuca; conheço Rl"cife, Recife éftstiva; veio dr Paris, Paris nomes possíveis a qualquer fato gramatical, pois a abundãn -
{: impressionantemente iluminada ; o porto de Samos, Santos ci.a de denomina~ões só proveito tra7. à compret:nsão do fato;
tornou-se mais 77UJvirmmtada com o aprofundamenro do por- sabt-r qual é o gmmdivo de verbo latino e n.ão saber que essa
to. São exce~ões Cairo. Porto. Rio de janeiro, nomes estes que fonna verbal se pode chamar partidpio futuro da voz /ltJJJiva ou
são masculinos e exigem o artigo: estive no Cairo, vim do adjetivo Vhbal é não conhecer todas as suas funç<ks.
Porto, vo~i sobre o Rio de J aneiro. Afi nal, ensino é arte e , pois, depende muito das qualidades
Europa. Á.1ia e Ajri<o não lt•vavam outrora anigo: dai o dizer do ard~ta.
"meter lanças em África". Esses nomes, bem como os de al- Nominal. NominadYO - São adjetivos sinônimos q uando em -
guns países, como Espariha, França, lnglatma, Hola11da, r1ão pregados com a significação de: "que traz o no me da pes·
exigem obrigatoriamente o artigo quando regid os de prepo- soa", como acontece com ações, com cheques. ta conclusão
sit"ào: vir de França, Leio de FranC~., estar 071 Holanda. a q ue nos obrigam dicionários do nosso e de outros idiomas.
Nomenclatura g,amalical brasileira - A gramática do nosso RealnKnte, o sufixo ivo denota aptidão, força (rdu.Cilbw,
idioma, por força de simples portaria (publicada no Diário normativo, oummtatiuo, diminutivo), c nomi71(lliw ê o que deno-
Oficial de li de maio de 1959), sofreu modilica<;ões já na mina, é o que apresenta nome; mas al (tem as variantes ti, i/,
terminologia, já na divisão, já na própria conceituação de de acordo com o tema) denota, também, rclação, e essa indi -
fenômenos lingüísticos. Tal quaJ a contecera com a on ogra· cação tem em nominal quando aplicad o o adjetivo ao caso de
fia -que após ter vivido vime anos ao capricho de p enarias cheque, de ação, de título de comércio em que se declare o
e de acordos só por um passe de mágica. dado por interesse nome do possuidor. O uso está muito bem escudado.
comercial mui to antes que;roucac.-iona l, veio a tomar- se Nominativo · V. rowJ IIUínoJ.
oficial - a nomenclarura gramatical entrou em cena em Nomismádca - A ci~ncia que tem por objeto o estudo das moe-
nossa terra, num palco em que se viam os mesmos ratos de das e das medalhas deveria ser indicada pela palavra nomú-
ministtrio de ou tn s reformas antcriores. Se assim nio foi, mática, com o na ptimeira sílaba. PC?r ser essa a vogal que rraz
considerem-se por ora estes d ois fatos: dois meses ames de o grego MmÍJ1114 (moeda). A grafta numismátüa deve-se ao
publicada no Diário Oficial essa portaria, já se encoritr.lvam franct's.
a venda livros de acordo com ela; da autoria de u10 dos t ve-rdade que l'Xiste em latim numuJ, mas da í não é possí -
elementos da comissão t'laboradora da reforma, um livro vel o derivado em apreço. O dicionário da Melhoramentos é
trazia o mesmo título de tradicional gr-amática, despudora- fiel no dar o étimo grego, mas consigna a palavra c cognatos
damente antecedido d o adjetivo " moderna". com u. O vemãculo deveria o~ecer à forma grega e, muito
De ral m onta foram e55e5 e outros t:uos, que chegamos à acenadamente, a ssim procede Laudelino Freire.
triste conclusão de que era uma falsidade o que estava na Non bis in idem • Locução latina que significa "não duas vezes
portaria que desigrtava uns tantos professores para esrudo e para a mesma coisa". Axioma de jurisprudência pelo qual
proposição do projeto : " um dos empecilhos maiores, se não o individuo não pode ser punid o d uas vezes pelo mesm o
o maior, à eficiência do ensino da língua portuguesa rem delito. Usa-se também para indic.ar que não devemos cair
residido na complexidade e falta dt> padronização da no - duas vezes rta m esma falta.
menclatura gramatical em uso nas <'SCOias e na literatura Noo darur viósám - Expressão latina que significa "não se dá
didática". a recíproca".
Q.ual o consciente professor de português que ignorare- Non duror, duco . Locução latina - divisa da (idade de São
poúsar, até hoje, no r idículo número dt' aulas de gramática Paulo- que signilica; Não sou conduzido, condu:t.o.
a verdadeira e fundamenra l causa da deficiência do seu e-nsi- N011 nova, sed nove • Expre5são latina que qu~r d izer: "Não
no? Nenhum país culto existe em que o vernácu.l o não seja coisas novas, mas de maneira nova".
ensi nado diariamemt' ; na Itália e rta Alemanha Ocidental Non plus ultra - "Expressão laúna de IDC$m.o significado de
há oito horas semanais de idioma pátrio. "nec plus ulcra"; não mais alem; o mais importante; insu·
O ter passado o verbo pm-, d e acordo com a portA~ria, a pcrávcl.
consider.tr -se mera irregularidade da segunda co~ugaçà.o Non vi, rinute · Eltpressão lalina quf' ~ignifi ca: " Não pd a
facilitou ao aluno d ecorá-lo? Por ter passado a crase a ~r lorc;a, mas pelo m ér ioo".
considcrada mera parte de "apêndice" de gramática veio a Nooas - V. bimXÜJ.
Normandia Nu-propritúrio 209
Normandia - V . Eli6pia. Nudc - V . tJlupidn.as.
Normando - V . grifo. NuJia dics lioc líDea - Escrita por Plínio, o An tigo (H istória
No.:te-amuic:aoo - Impõe-nos o vocabulário oficial brasilciro Natural, livro XXXV, cap. 36, 13), sobre Apeles, que não
a grafia noru-nmericano, oom hifen, no que seguiu o ponu- passava um dia sem pintar. a expressão aplica-se aos escri-
guês de 1940. Q.uanto ao errôneo emprego desse adjetivo, tores fecundos.
veja-se o verbete (J.f1Uricano. Nwncrais cardioais por ordinais - I. Por brevidade, empre-
Nos (dativo)- V. ele tracou para si. gam -se os cardin4is em lugar dos ordinais na cnumera.~ão de
Nós (equivalcmc a eu) · V. amigos JOfflos. séries de objetos, capftukls, artigos. partigrtifos, d ias e traballtos:
Nosa- te ipsum - "Conhece-te a ti mesmo", tradução latina da Moro na casa treuntos • oito (Em vez de tricmtésima oitava,
máxima favorita de Sócrates, que a tomou &lebre; nunca como deveria ser, visto rrar.ar-se de qrdtm), no dia lri11ta t um
houve máxima mais re~tida, pois encerra toda a lei moral ; (em vez de trigésimo prirNiro), capítulo doiJ (em vez d e caphulo
esr.ava gravada em lcrras de ouro no frontispício do templo ugundo) .
de Delfos. Pia tio, Cícero, Xenofonte e Plutarco narram que Note-se que nesse caso os cardínais um e dois não variam
os sete~ sábios lb Gr éci a, reunidos um dia em Delfos. escre- de gênero: Casa vinte e um, página vinte e dois, lição um,
veram es..-a scntcnc;a; filósofos e poetaS diliam que era máxi- lição doú, observando- se ainda q ue, se colocarmos o nume-
ma vinda do céu. ral a ntes do subscam ivo, usaremos o ordi na! : na vigésima
Nosalgia - ~ palavra proveniente dos vocáb ulos gregos n6stos, oilaoo ca)il., no trigiloimo dia, segundo capítulo, primrira lição.
que significa rtgmJb, e tilgru, que indica d(Jt. A simples eúm~­ 2. Na sucessão de rtis. papas e siculos usa-se o ordiruú a té
logia mostra- nos não andar bem quem emprega nostalgta dtz (Leão primeiro, Luis ltgundo, Henrique oitavo, Carlos nono,
por soud<Uks: r~ostalgia é a dor, é a doença n~rvosa, produzida Pio Jicimo. ~cu lo .,..lavo) e o cardinal de onu em diante: Luís
pelo ~Sõtr da ausencia c conseqüente desejO forte de voltar onu. Leão trtu, Luis quinu, século vinlt.
à pátria. f:: errôneo dizer rwstalgia da. i'!fdncia. nostalgia dos tem- 3. O p rimeiro dia do mês é sempre indicado pdo ordinal;
poúdos. não se dit "no dia um de maio", mas " no dia primeiro de
Precisamos não esquecer-nos de que saudades não encon- maio" - "primi!iro de abril". A abreviatura deve obedecer
tra tradução em ouuas línguas; como, então, d entr-o da nos- ao numeral : 19-6- 1974{enão: 1-6-74).
sa, substituí-la por outra palavra? 4. Tratando-se de leis, estas se dividem em partes (geral,
Nota - Coletivo, na acepção ·de dinheiro: bolada, bolaco; na especial), livros, lftulOJ, capítukls, ur&s (estas quatro s.e d iscri -
acepção de produção literária ou cieoúfica: comt11lário. minam por alga.rismos romanos), artigos (discriminam-se
No•-.:: dias - Coletivo: novena. por números arábicos). parágrafos (acréscimos ao s artigos;
Novel . Pronunóc-se nwil, de acordo com o étimo; o plural é fazem-se anteceder do símbolo ~. seguido d e número ará -
novii1, iguahneme oxítono. Além da acepção de nouo, de bioo, erroneamentr lido como ord inal), alíMaJ (indicadas
/JOI@J anos de txUUnàa ("A lógica nativa dos ~nimos novlis"l, por letras ou por algarismos romanos) e inàsos, indicados
tem ~sse a djetivo a de inexperiente, biJOnho, principiante, no- por letras minúsculas ou por ntimeros : inciso 2 do S3 do
vato: " Busca alguém novd basbaque que por pobre não saia, an.58.
mas já mete o hairro a saque! depois que engenhosa tia lhe 5. Observe-se que, se num rrabalho •·em expresso " Para a
armou de uma saia um fraque" - "Jantais não foi esse o sua organização dl-ve-se obedecer aos itens seguin.tc:s:" ou,
estilo do moço em armas novef'. após uma regra de gramática ou de qualquer disciplina,
No-.m~ por a:nto dos homem viajaram - No plural ou no vem escrito "Notas" - os numerais que antecedem os itens
singular o verbo? ou as rwtas conumarn ser ordinais por estar implicitamente
a) Q.uand o o predicado é constituído de verbo de ligação repetida a palavra item ou nota após o número: J? ium, 2'
ou de locuc;ão verbal passiva, o verbo e o predicativo {ou o ilml ... Jf nota, 2f rwla.
partid p io nas locuções passivas) detxam-sc inlluendar pelo 6. Observe-se finalmente que. exceto nos casos do n9 2, os
númer o e pelo gênero do partitivo : "Noventa por ccmo das algarismos roma nos vêm perdendo a prefer~ncia; os pró-
MULH ERES d essa tribo SÃO analfabetAS" - "Trinta por prios biblistaS C'$tâO citando livros, salmos e outras panes da
cc:mo da nossa PRODUÇÃO É exportadA" - " Vinte por bíblia com algarismos arábicos: .'IRm; $194 ,6.
cento da POPULAÇÃO ESTAVA acamadA" - "CinqOenta "Numismática" - V. 11Dmúmálica.
por cento das PROFESSORAS DEVEM ser nomeadAS por NWlca já - Dentre muitas funções, tem o advérbio já a de ~­
merecimentO. forçar, como parúcula de reaJa-, uma afirmacão, quer posi-
b) Q.uando o número porcrnrual vem an tecedi do ou se- tiva quer negativa: Nunca;d' tal farei - Não já que eu o d~­
guido de adjunto no plural, é melhor act.itar o plural: sejo.
BONS 30% da mercadoria FORAM salvos"- Os RESTAN- Nuper (paroxítono) - Prefixo que exige hífen antes de q ual-
TES 3096 do colégio DÃO conta das obriga~-õ<'s" - " ESSES quer letra : nuper-Jalecido, nuper-publicooo. nuper-rwiitado. V.
596 da boiada MORRERAM" - "90% DOS HOMENS nupbrimo.
VL'\JARAM". Nupúrimo . Nupérrimo é forma superlativa, vernácula mas
c) Afora esses casos o singular é empregado: "9096 da im- alatinadà , do advérbio latino nuper, que ~m ponugu~s só Sf"
prema DEFEr-=DE" - ''8096 do ermorado COMPARE- usa como prelixo (significa recmtemente, luf. pouto, ultimafnmlt,
CEU" - "90% da borracha latino-ám('ricana ainda PRO - ruim). Fora a func;ão prcfixial, não tem vid a em portuguê-s.
VIi:M dt' árvores nativas". Cioso do J final da terceira pessoa Nupirrimo sign ifica recenússimo, suced ido há muito pouco
do singular do indicativo presente, de igual forma procede o tempo.
ingll's: " Ninery percem of Latin-American rubber still Nu -proprietirio -Ainda q u<' sem hífen (oomo faz o espanhol-
COMES from wild jungle trees". V. grande nútMro; V. nuilo projJUUllio - ~ como registra o nosso Domingos Vieira),
metade. nu propriettirio é expressão que se pode e deve considerar
No-ri ... - Q.ua.ndo primeiro elemento, q uer signifique III>VO, adjetivo composto, c uatados de direito não faltam que
quer novt, junta-se ao segundo de um oomposro sem hífen: assim escrevam : nu proprieüirio. Se em nua propriedade (pro-
rwvilúnio, novitne>tsill. priedade de que outro tem u sufruto, do latim "nuda pro-
No'rilatioo, No-.obtíoo - V. neo[(ltirw. prletas") não existe composição, em nu-propritttírió não po -
... nte - v .pmidrott. demos deiJ<ar de ver um adjetivo composto, cuja flexão ge-
Nua propriedade - V. nu -propriettirio. néTica e numérica obedecerá à n:gra geral (só o segundo
"Nuaoça'" - O francês vem pretendendo empurrar para fora elemento se ne,.iona) : eles são nu-proprittáríos, ela é nu -pro-
do nosso vocabulário o nosso antigo maJi:t; combí1J11U é igual - priettiria. Se o composto tivesse nudi por primeiro elemento
mente prejudicado pelo francesismo. Note-se que tmnhitliiÚ (como nudibrdnqtdo, nudicauda.lol o u nudo {como nudl!flate[{l-
é masculi no: Os combianJts se fazem de muitol modos. do), ninguém deixaria de aceitar a forma como uma só pala -
210 Nutriário Nuniário
vra e sem hlten, ~ ttríamos sido dispensado de considerar bem fonnado : a terminação neutra latina árium é acrescenta-
a.adj. er:ivo composto o vocábulo discutida. Para nós, o p róprio dll ao radical runplcs.
hífen, objeto dos mais contraditórios dispositivos de todos Note o que ficou dito: "lugar em que se gullrda."; é este,
os acordos onográficos que tivemos, podia ser dispensado: no caso, o significado do sufixo. Entre "lugar em que se
nu}m1n'ittárW, nupr~ttária, nuproprittário~. guard."\m alimentos" e"lugar em q ue se proporcionam ali-
Nucriário - Pode, pnfcitamtnte, dizer o leitor nutriário, para mentos" não há diferença que fazer, mas nutriciornmo é que
designar lugar em que se guardam alimentos. É neo logosmo não deve o lei 10r dizl'r.

.'
r

I
O (t"lemento de ligaç.ão em compostos gregos) - V. orquídea; 3. que aparece em formas verbais com pronomes enclíticos
V.f~to; V. hidroelitrico. ou·mesocliticos (43, 1'.· obs.): d~-sr-lhe, repd- lo-eü.
O, O- Em 29 de dezembro.de 1943 passamos a ser obrigados 4. dos proparoxítonos em que figura vogal fechada ou
a cscrevcr "se l::LE FOR", com doi$ circunflexos, para que seguida de m ou n na silaba tônica (43, 2~): /âmina,fdlego, qui-
ninguem confundisse o verbo com um substantivo que já /Qmetro, mônadas, ptsugo, dev~ssemos. esponldneo, tênue, mant-
ninguém conht"ce, nem a fom1a. pronominal ele. com a !erra cômio ;
l, que ninguém jamais escreveu por extenso. S. dos paroxítonos terminados em i ou u, seguidos ou não
Em 5 de dezembro de 1945 foi decidido que esse acento de s, em que figura vogal tônic::a fechada ou seguida de m ou
não tinha r.tzào de ser, e passamos a escrever "se ELE n (43, 3•): bónuJ, Vênus, ddndi. Unis. Não se acentuam os pre-
FOR", sem nenhum enfeite. fi1COS paroxítonos acabados em i (13, 3~ obs.): semi-histórico;
Em 21 de outubro de 1955 decidiu-se no Brasil que aque- 6·. dos paroxitonos terminados em t, n, r ou x em que figu-
le perigo existia, e outra vez passamos a pensar em I e em ra vogal tônica fechada ou seguida de m ou n (43, 8•): aljdfar.
fomw. toda a vezqueescrevessemos "se tLE FOR". âmbar.jhlix. vllmer, exul, cânon;
Em 18 de dezembro de 1971- sempre no fim do ano e 7. dos paroxítonos acabados em ditOngo oral, em que
geralmeme peno das festas, com espíritos à disposi~ão - ligura vogal tônica fechada (43, 9J):fimeis, escrwessids;
acharam uns turistas por bem abolir dito circunflexo, e vol- 8. do r da 3' pessoa do plural do presente do indicativo
·tamosao "se ELE FOR". dos verbos ter, vir c seus compostos (43, 7', obs. 2): eles têm,
Em ... a data não está ainda marcada, mas já há quem este- eles conlhn, eles vt:.n, eles convlm ;
ja a movimentar-se em busca de novo e humilhante acordo 9. do singular vt, M, cri, dt (43, 7ª, obs. 3), que é conserva-
onográfico. do no plural: viem, liem, creem. derm;
A verdade é que a confusão aí está até hoje. já decorridos 10. do penúltimo o fechado do hiato oo, seguido ou não
dez anos dos autógrafos no cardápio do Hor.el Nacional de de s, de paroxítonos (43, 10'-): vôo, véos, enjôo. enfó~s. perdôo.
Brasília. (Um dos convivas participou, assim aquém como abençôo; ·
além-mar, dos prcparalivos pantagruélicos que precedet"am 11. dos paroxítonos que tenham til na última silaba c a
a assinatura de todas essas quatro injun~ões onográ.l kas.) vogal tônica fechada ou seguida de m ou n (43, ll~. obs.):
Contusão, sem dúvida, porque de um jornalista soubemos blnção, gólfào;
que alardeou na reda<;âo do seu jornal: "Não ponham mais 12. de algumas palavras tônicas, de uma ou mais sílabas,
acento em melr~ porque ele foi abolido". para distinguir de palavras átonas de igual grafia (43, 14~.
Não; o que o inciso 2 do último atO do drama ortográfico obs. 1): qu€ (substantivo, interjeição, ou pronome no fim de
r._.za é o seguime: "Fica abolido o acento circunflexo di!eren- frase), para distinguir de qut (pronome quando não vem no
cial na !erra e e na letra o da sílaba tônica das palavras homó - fim da frase, advérbio. conjunção ou partícuJa expletiva),
grafas e outras em que são abertas a !erra e e a letra~. e;>;:ce- ptrrqui (substantivo ou no fim de frase), para distinguir de
<;âo feita da forma pôde, que se acentuará por oposição a porque (conjunção), pêlo (subst.) para distinguir de pelo (per-
pôde". lo), pêra (subst.) para distinguir de ptf'a (preposição ant,iqua-
Fechando os olhos para o galicismo "exce<;ão feita", o que da), pólo, pólos (subst.) para distinguir de polo, polos (po(-lo,
vemos nesse inciso é a abolição do circunflexo soment<.' por-los), põr (verbo) par.t distinguir de por (preposição).
quando há o homógrafo com a mesma sílaba tônica mas de ATENÇÃO : Foi abolido o circunflexo do primeiro ele-
prolação aberta. O circunflexo desapareceu, pois, em pala- mento de advérbios em menlt e de derivados em que figuram
vras como ele. almoco, Rebtl~. colhtr (verbo), co!Nres (verbo), sufixos precedidos do infixo z. {43, 13•); assim, pois, devemos
toda, lobo, porque e~istem (ou existiram um dia) na língua escrever: comodammu, cortesmmte, ovouto, vovoUnlto.
palavras que se escrevem da mesma forma mas têm as vogais EM RESUMO: Somente o circunflexo dos homógrafos e o
tônicas abertas. das subtônicas (regras 13 e 14 do capítulo XJI do acordo de
Com o espúrio francesismo -metui não ocorre tal coincidên- 43) é que foram abolidos.
cia; nele o circunflexo nenhuma distinção traria com um O (sing.), O (pl.) - V. desgosl~s.
inexistente "merró". Metr~ {medida) tampouco nada que ver O (vogal) - Quando isolada, esta vogal tem prolação aberta,
tem com o caso, pois a sílaba tônica é outra. o n seja. pronuncia-se ó. A afirmação "Zoologia tem três oo"
Tememos aclarar o assunto. Nada tem que ver o decreto deve ser pronunciada " ... três ól'. De igual forma: "Escreva
5765 de 18 de dezembro de 1971, com o circunflexo: umbro com o (ó) inicial", "Ovo no singular tem o o (ó) tônico
1. do~ oxítonos terminados em e ou o fechados. seguidos fechado; no plural, aberto", "Pronuncie Homero com o o (ó)
ou não de s (regra 43, 1' do Formulário Ortográfico de da primeira sílaba fechado", "ónibus deve trazer acento cir-
1943): lé, /l$, av6, pôs, tJOCé, marquês, pvrtuguls; cunflexo no o (0)".
2. que aparece em formas verbais que perdem as terras O mesmo procedimento devemos tcr com a vogal e: "O t
finais r, s, te se seguem do pronome li> (43, 1~, obs.):jf-11>. (é) de ttz tem som fechado", "Vlem escreve-se com dois u
pô-la, mCYVt-/os, revl-/aJ; (és) e cincunflexo no primeiro quando ...".
O Estado de S. Paulo
No citar nossas vogais, ninguém d iz a , l, i, 6, u, ma.s a, verbo de que depende o "que", for transitivo indireto, o
l , i ,ó, u. "que'' deverá, como todos os complementos de verbos tran-
"O" mdi!Ko - Q.nnto i posposiçio do oblíqu o "o" ao ver- sitivos indiretos, vir amecroido da preposição exigida pelo
bo. dl.'\lernos obedecer às seguintes nonnas: verbo: "Não mencionou o dt qw dependt"ffios". Tal constru-
I. nenhuma modificacão a•.an-eta ao verbo em forma s ter- ção continuará certa - esta é a finalidade do verbete - se
minadas em vogal : (lm(J-~. diga -o; deslocarmos a preposição que r ege o relativo para antes do
2. traruforma-se em lo, quando posposto a formas tenni- demorutrari,•o : " Não mencionou do que dependemo s" .
nadas em r. s. ou t , consoamcs estas que desaparecem: n:nui-lo E assim: "Não sei o de que necessita" o u "Não sei d<1 que ne-
(de amar-o), ama-lo (com acento tônico na primdra silaba, de cessita", "Sabemos o de que prt:ciloamos" ou "Sabemos do que
am4l-o), amaste-lo (ama.slero), di-lo (dit-o), fi-w Cfi<-o), ti-lo precisamos".
(t is-o); Constitui essa uma das curiosidades sintáticas de coloca-
S. adquire a fonna M quando posposto a formas termina - ção da lí ngua portuguesa.
das em m (amam-M, tinlt4m-no, n01ando-se que formas como O Estado de S. Paulo- Como ir<"rnos p roceder para t'nquadrar
"c.:-rcavam-noJ'' exigem cuidado para clareza : o nos poderá numa oração o nome do jornal que estamos kndo. diantt'
<'nquad rar-se no caso presente (os cercavam) e pode ser for- da observação da regra H do formulário ortográfico o ficia l?
ma oblíqua de nó> ; ~-m ora(ÕCS como " Levem -nm para casa" Diz ela (num tom, usado também em outros passos, que
o contexto é que nos levará a identificar o no•; explica por q ue o pró prio au tor desse formulári o publica -
4. nã.o se pospõe às formas do futuro nem do partiápio mente o renegou num matutino carioca): " Reswingindo-se
!jamais a17lllrti-o. tmi-o. amaria-o, se eujuJ-lo, amado-o). o emprego .s:lo apóstrofo a esses casos, cumpre não se use
Para objetivar <'ssa.s. quatro normas, to rnemos o indi~t~vo dde em nenhuma outra hipótese". Não satisfeito com essa
preseme de amar scgu odo de o: amo-o, ama-lo (a«mo tomco intempestiva determi nação , o relator continua: "Assim, não
na sílaba inicial!, ama-o, amamo-lo, amai-lo arnam-no. será empregado"- e lá vem ele com mais qua tro casos, dos
façamos o mesmo com In: troho-o. tem-lo. tem-no, lffflo-lo, quais o último ded ilra: " nas expressões de uso consta nte e
ttnd,-lo. Um -no. geral na linguagem vulgar: co. coo. ca, CIIJ. coas (=-com o, com a,
Ortográfica e gramaticalmente essas são as fonnas válidas crm1 o.s, com 41), pio. p/4, p{J)s. pias (=pelo. pe/4. ptloJ. pelo.JJ, pra
para o " o" endhico. (• pam), pro. pro, pros, pra> (-para 11, para a. pora Ol, para CZJ),
O carro pati nha - Dispersiva e trabalhosa, a vida de hoje muito crc." (Este •'' · f.u pane da lei).
se diferencia da de ourros tempos, ca lma e concentrada; Não se toma necessário d izer, diante da lt'i, que já não t
quando ames tudo se meditava com vagar e com vagu se possível Tfdigir "Vi n'O Est.ado de S. Paulo um anúncio ..." .
resolvia , hojl" o erro encontra m~io propíáo para a dívulga - Como então proceder? E por aí andam esres conrra -sen sos:
l'ào: facilidades dt" cornuni~ção e pressa de viver; erros dr '(i r.m "O Estado" - Na página 4 de "O Estado" - A no tí-
toda a sone. sociais, pollticos, religiosos, científicos, propôl - C'tc." <:Este tlc. faz parte da lei.)
lam-se assustadoramente, e rapidarnmtl" se arraigam. Esta maneira de escrever - de,, ffTI o, p..r o- pode revdar
Mais ai nela qu.- o t'rro, o ver ossímil. Palavras do idioma, vontade de obede«r a leis. Q.uc lei, po rém, é esta que deter-
pri ncipalmente quando truncadas já nasum. dificilmente~ mina que se escreva de maneira diferente da que se fala, ou
recomtituem em sua legitirna forma ; em patüuu, corruptela melhor, qu~ na escrita se expre$SCm formas que não fora m
popular tão l"mprcgada pelos q ue conduzem veículos, temos proferidas? Desde quando passamos no Brasil a dizer "per
um exemplo do qua nto é traiçoeiro o nosso léxico; qualquer o" para ~uc assim ('$crevêsstmos? Se todos ditemos "vi no
dicionár io que confrontemos traz para esse ver bo tão só o Estado" , 'nas páginas do Esr:ado", "foi noticiado peiiJ Esta -
significado dt' andar de patins; q uem anda de parins resvala, do", como não admitir, em obediência ao que' se fala e gra-
mormente quando sobre o gelo, mas não fica no mesmo fa , " n'O Estado de S. Paulo" , " d'O Esta do de S. Paulo",
lugar corno no caso de um automóvel que "patinhe". F.$te é "pci'O Esl:ldode S. Paulo"?
q ue é o verbo, este é que é o vocábulo q ue deve ser emprega- Ainda mais: Não se tratando de documento em que se
do quando se pretende dizer que um-veículo não se move, tome necc:ssário citar todas a s partes do nome de um jorna l,
nã.o sai do lugar, por mais que lhe girem as rodas. Palinha o não redigimos todos - "constante e geralmente" (para usar
trem, patinha o bonde, patínl•a o automóvel e rudo q uanto a mesma expressão da lei ao justificar co, pio, prol- " Não
faz como o pato, que movimenta o s pés sem movimentar o encontrei nenhum Estado de S. Paulo"? O nde o artigo?
corpo. Q.uando pedimos a alguém que nos co mpre um Estado,
Polinhar é verbo imitativo, e até figumdamente se emprega, jamais pensamos no artigo definido da razão socia l: "Com-
como vemos em Domingos Vieira : Patinhar (fig.): Fazer mal pt't' um Esr.~do", " Quero outro Estado", "O suplemento
qualquer coisa, como ignorante que patinlta em vn de nadar. estava no outro Estado". O nde a possibilidade de seu enl -
Haverá ~rança de conigir a corruptela, ou melhor, a prcgo? Por que enriio não redigirmos "Os classificados do
confusão ? Cremos que sim; quando não, ficou ai uma ten- Estado são eficientes"?
tativa. Acaso niio se tomaria a dificuldade solucionada - diante
Dncamlar, que hoj e vemos com satisfaçio na imprensa e da necessidade de empregar o artigo do título de um jornal
com ad miração ouvrmos corretamente pronunciado no rá- se escrevêssemos esse anigo com !erra maiúscula e o fizésse-
dio e na televisão, a ndava, não havia m uiro, dt"turpado em mos am«eder de apóstrofo quando regido d e preposi(ào
"descarrilhar'', como se o /lo d os rrilhos devesse ser carrega- que o exigisse? Não ficaria esse proceder co ndizente com o
do pelo trem que deles saisse fora . Se dt" carril mais ar só po- " constante e geral" comportamento fonético? Teriarnos,
dem os ter descarrilar. de paw mais inhar só podemos obter então: " n' O Estado de S. Paulo", "d'O Estado de S. Paulo",
pali11har; verbo imitativo to rm;ldo a Sf.·rnelhan<:a d.- mgati- "pcl'O Esta do de S. Paulo", ao lado de "no Estado de S.
IÚUlr. abtsponhar-Jt e ou rros. Patinhe o u descarrile o rrem , Paulo", " do Estado de S. Paulo" , "pelo Estado de S. Paulo".
loalvemos o idioma. V. t.smtrilJoar. Nem estranheza poderá advir de um apóstrofo segu ido de
O de que, Do que - Em o que há dois pronomes; um demons- a spas a quem empregar entre aspas o nome do jornal: d '" O
trativo - o - outro relativo - que - cujo antecedente é o Estado", pci'"O :Estado", n"'O Estado". Acaso não há uma
mesmo demonstrativo o. obra de José Maria Rodrigua (1m prema da Universidade de
F.$sa será a análise de o qut, quando tnaúxado num perío - Coimbra, 1905) intitulada For~lt d~'Os Lusiadas", e o utras
do. Em "Não sei o que di zes"- o demomrrativo o penence mai~ recentes, como a de Pedro A. Pimo, com o título À
ao verbo sei, do qual constitui objeto d ireto, e o relativo qJa margfffl d~'Os Lusiad1u", escri to exatamen te como aqui se
pcnence ao verbo dius, d o qual corurirui tambl.m objeto encontra ?
direto. Oíficuldade poderá apar«er q uando o nome do jornal, da
Claro e•tlÍ que, se o segundo verlx- do período, ou seja, o firma , da obra vier antecipado da preposição a: refiro-me a
O.K. Ob 213
O ESTADO, fui a A EXI'OSIÇAO. Ou assim fazemos, ou não admitem anigo. As regras de gramática são sempre pos-
tiramos o artigo, ou o repetimos; não há fugir. teriores aos fatos e nisso está o seu valor. O gramático com-
Muitas ve.zrs temos visto: A corrida partirá da " A Gazeta", pila exemplos, expõe-nos, estuda-os e tira a conclusão; esta
ar tigos vendidos pela " A Exposição". Há estranheza nesse conclusã.o é a regra. Claro esrá que nos~ impossível, sempre
proceder? Nem estranheza n.c m inconveniência, e teriamos que uma dúvida nos assalta, folhear clássicos e modernos,
então: Fui ao "O Estado" - com a mesma naturalidade em busca da solução. Recorremos a uma gr<~mática, co nfian -
com que já vimos: Tudo se vende atrnvés dos classificados do tes na probidade do autor.
" O Estado de S. Paulo" - ·• ...ptlo importame O Estado de O que de verdade (.'lÜstc sobre o caso é o seguinte: t da
S. Paulo"- "Se o próprio O Escado de S. Paulo ..... própria natu~ do arrigo individualizar o substantivo; uma
O que causa estranheza é ver num mesmo to=ho esta du- vez já inteiramente definido o substanúvo, ou seja, uma vez
plicidade de comportamento, ocasionada pela ortografia inteirada a sua significação, nio lhe caberá, i: claro, novo
oficial : "Em seu discurso de :~audacão e agradecimemo. o detl"Tfrtinativo. Assim~ que sr não d iz " O meu pai está doen ·
diretor de "O Estado" a~nruou a solidari~ade das gera- te", senão simplesmente " Meu pa i está doente", por desne-
~ões, a qual permitiu ao "Estado'' continuar cem anos a cessário acrescentar qualquer dl>terminação. Não se diz
mesma luta". Lá, escrito o que não se profere; aqui, dito o sempre "Nosso Senhor", "mtu 0<-us", " minha mãe"? Na-
que não se escreve. pois o nome do jornal é " O Estado" e ruralmeme especifocadas, tais expressões não toleram o arti·
não somente " Escada". go definido. Por igual ra•ão omite-se o artigo ames do pos-
Ou se escreve "a O ESTADO", " d'O ESTADO", "n'O sessivo nos tratamemos: 'I/O.i.I(J mtrcl. ~wumhorio etc.
ESTADO", "pel'O ESTADO" (estamos escrevendo "O ES- Examiná ssemos a expressão mtu filho, veríamo$ já não se
TADO" como abreviar,ão de "O ESTADO DE S. PAULO", passar com da o que se dá com rneu pai; um único pai, diver-
e não somente ESTADO) ou aceitamos "ao O ESTADO", sos podem ser os filhos. Mtufillw. o meu filho - são c:xprcs-
~s distintas; antect-dido o possessivo de artigo, a expressão
"do O ESTADO" etc. O que não se pode é escrever o que
não se diz ("pr.r O ESTAI)O") e o que não existe ("ESTA- ou denota a existência de um !llho único ou especial, ou o
DO"). distingue de filho ou ftlhos de outrem. Tão citado quanto
O. X. - Tenha vindo de onde quer que seja - várias são as expressivo, sirva·nos este exemplo de Vieira: "Os outros
origens inventadas - esta sigla, que ~e pronuncia OWfUli. também eram filhos; não o negara J acó; mas o .~eu lllho t'1'a
nasceu nos Estados Unidos e internacionalizou-se para ex- José. Vai muito de ser filho a ser oseu filho".
pressar a aprova17.ão de uma idéia, de um proeedimemo, de Citado por Álvaro Guerra, este trecho de Heitor Pinto,
um trabalho, de um documento. Corresponde ao nosso aceleme modelo de lin~cm quinhentista, vem muito a
"certo", "perfeito", "eslá bem"; é usada na linguagem fala- propósito: "A formosura da carne sói ser um vt."u para cegar
da e pode-se di~er que em certas ~dades basileiras é mais no.uos ol.kos, um laço para prender o~ pis, um visco para impe-
empregada que enrre os none-amcricanos, e de tal forma dir a.1 a.14J... Deleitam· se tm seu próprio dano, querem bem
que só falta criar, à inglesa, o verbo "ouquiar'' para substi- a ~ mal, rrnzem consigo a doce peçonha, o ro.ubador do seu
tuir aprovar. trabalho, a causa do Jt'U perigo, o aritador da sua vaidade".
O m.a.is das ~ - A redação norma l é ''o mais das vezes", "Verifica-se por esses fragmenros - são palavras de A.
onde maú está empregado de maneira neu~rn, subsrantiva- Guerra - mais um caso de sincretismo si nritico. Refiro-me
men ae, como se fos.se- "'o máx imo'', "o maior número", à variabilidade dos quinhentistas quanto ao uso dos posses·
Ka maior porção". V. o mais de. sivos pronominais. Aqui os prc~.iam do artigo: ali os em-
O m.a.is de - Na expressão "o mais das vaes", mais significa pregavam sem ele; acolá os suprimiam da frase, para os
.,o maior númtro", "a maior r.orçio" ; ouLros exemplos: substituir, tão somente, por aquele detl"Tfflinativo romãni-
''Viviam o maiJ do tempo juntas' - " P;usei o mais d4 tarde c('l".
repousando". O qiM! - Pode "o que" equival(f' a islo em per íodo corno este :
O mais possi•d - t crrado consuuir "As leis sociais tomaram- " Ele portou -se mal, o que muito me contrariou". " O que",
se as mais avan~adas possíveis". Q.ue concordância é essa? neste caso, inicia ora~ão coordenada.
Que tem que ver a locudi.o adv(f'bial "o mais possível" - Outros exemplos: "O artista caiu, o ifttt não estava no pro·
invariável como todo o advérbio - com o gcrv:ro e com o grama"- " Meu filho tirou muito boas notas, o 'I"'a todos
número do substantivo lei? A locucão {: invariâvel porque é nós foi uma surpresa".
adverbial; é adverbi al porque mod ifica o adjetivo avanrll<Útl, "O que?'' - Embora comum no linguajar do povo e, mais
e não o substantivo lei;. O certo será: A; /ri; sociai; /IJrn(lram-se ainda, encontrada em escritores, a forma " o que" como pro -
o mais avançadas po;sível - ou, noutra ordem: As leis wáais nome interrogativo a iniciar oração interrogativa nào é
tornarl1:m·Je a"INUI(adas o maü po;sfutl- ou ainda: ... o maü pos- sintaticamc:nte legítima porque o "o" nenhuma função fica
.sivtl avançadas. exercendo na oração. ·
Não devemos redigir: "Estes são os alunos mais atrasados Também o espa nh ol Jura com o popular interrogativo
possíveis" nem: "Estes alunos ~o os mais atrasados possí- "el que". Somente quando posposto ao ve•·bo é que o inter-
vel". rogativo admite o "o", necessário exclusivamente para efeito
Notemos que em qua lquer dessas oraçõe> "ntra a locução eufõniço: "Fez ele o quê?" - " Mandou o quê?"
adverbial 11 mais possfvtl, locução que não poderá variar, seja Iniciando oração interrogativa, o Q.UE mais castic;amente
qual for a ordem de ~eus rermos. isto t, o o deverá ficar sem- deverá vir desacompanhado do "o", po•·quc: neste caso é
pre no singular. como deverá Ficar o fiossluel: " Estes alunos sintática e eufonicarnente inútil: "Q_U4 quer você?" - "Q.tU
são o mais acrasados possível" - " Estes são os alunos o mais há?" - "Quê?!" - V. tudo o que.
atrasados possível" - "Pintam quadros o mais belos possi- O tbnpoa! o mores! - Locução latina que significa : Oh! tem -
vd", podendo ainda variar a expressão: "Estes alunos são pos! oh! costurn...s! - Exclamac;ão de Cieero com referência
quanto possível atrasados" - '' Pintam quadros quanto pos- ao tempo em que Catilina engendrava atentados e traições.
sível belos". V. pou{vtl. Em que tempo vivemos! O tern.p ora! O mores!
Ó, Oh! • O "ó" que entra facuharivameme no vocativo não O, U- V. MortWI; V. tábua; v . wuir.
admite depois de si o ponto de cxclama<;io: "O menino, não Oa. Ua (terminação) - V. mágoa.
faça isso" - O ó de apelo não deve ser confundido com o Ob - Se em obri&Q(ào o b faz pane da sUaba em que está o r (bril,
oh! de ad miração; outro serl. o tom em que iremos proferir em oh-rogar o b desliga-se do r, que agora tem som forte, de
a frase "Oh' menino", pois este: oh! ~ agora de admirnção; dois rr. Esse o rnoàvo da imposição do hífen (Formulário
admite e requer o h e o ponto de exdamac;ào: "Oh! que ma- Ortográfico, 46, 5, e) nessa e em mais quatro pala.vras: oh-
ravilha ~" rogação, ob -rogatório, oh·rtPfÕlJ, oh-rtptú:.ill.
O meu t.aYalo branco - É infundado ensinar q ue: os possessivos A curiosidade está em que essas palavras já existia.rn em
214 Obedecer O doi
latim e as pronunóamos como foi'TO;Idas em ponuguCs, ao no verbete IJb: O u50 generalizado~ que nos deve em tal caso
passo que obringmu e derivados se formaram dtmro <la nossa guiar.
lingua e nda entraram com a pronúncia do grupo br não Obsoleto - Com o inióat Ob é prefixo latino que no caso indi-
conditeme com a forma~i.o erudita. É o m~mo caso, o u ca oposição, contrariedade; solltc prende-se à origem do
melhor, a mesma dificuldade dos do grupo bs, que em o[,Ji- nosso verbo sotr, cosr.umar. É obsoleto o que é contra o uso, o
quio (pt·oveniente do la tim) tem som de t, ·em subsisUncia q ue é antiquado : vocábulos obsoletos. O o tônico. de acordo
(também já existente no lat iml se faz ouvir c. O uso generali- com a pronúncia nossa, tem som fechado: ob-so-11-to. Deri -
zado é que nos dev.- em tal caso guiar. vados: oil•oleliww. IJbsolttar.
Obedecu - Este verbo é hojr usado t'XdU$ivamente com regl'n- Obstar - Exigem cuidado de conjuga<;ào vC'rbos em que rta
cia indireta : obede(er ao pai, ds lris, obedecer-lhe. Conquan- última sílaba ocorrt!m grupos consonam ais como gn (dig-
w seja aU.I.l lmt"nte traHSÍ[iVO indireto, admite O vemo obetú- nar-se, indignar-se), pt (optar), ps (eclipsar), tm üitmar), óst
cn, t'm virrudt' da arcaic, reg~ncia transitiva direta , a cons- (obsta r); em verbos assim terminados nenhuma vogal se irá
trução passiva: "A leifoí obttúcida" . acrescentar entre essas consoantes; o acemo tônico das for-
Obeckddo Verbos existtrn, hoje transitivos indintos, que mas rizotõnicas <: na vogal que as amecede: ele se i1uligno,
ad mit('111 a passiva. Se a regência cLássica de obedece'! era a ele óp14, ele ríf.m<L, de tcúpsa, ele óbsta.
transi tiva dire1a, na passiva era norma lmente empregado: Obstrui, Obsuu~m - Com t'Xce<;ào de construir e destruir, os
" Assi <'ra venerado, obrdtcido e acatado. como se tivera intei- verbos t·m uir são r~gulares, o que significa que o u do tema
ra di sposi(ão para gover nar e mandar" (Francisco de Mo- pennanece em todas a5 formas ve•·bais: " É bastame remota a
rais, Palmt'irim d'Inglarerra, cap. 167) - " Tanto que foi possibilidadC"de concluir hoje a tarde a remocão das rochas
~dtcido no Reino tratou de se casar" (Frei Bernardo de Bri- que obslruem a pista do lan 44". 468. V. bulir.
to, Elogios dos Reis de Porrugall - " Vendo-se obrdtcidiJ, Obsrrudvo - Temos abstrwivo e obslrulivo; de abstruliw (do "-
comecou a quebrantar o povo com diversos gravames" abstruir, dissimular, ocultar; tornar incompreensivell o subs-
Uacimo Fr<"ire de Andr..tde, Vida de D.J oão de Castro). tantivo é abstrusiio ; de OÓ1trutivo (do v. r;bstruir, embaraçar,
SI' o verbo obedecer tinha recipiente na ativa, nada mais impedir), obstrução. Coisa obslrusa é coisa de sentido obscuro,
admis$Ívcol e de normal procedimento do que pôr esse reci- de dif'ícil compreeruào; daqui o advérbio abslrusammt.t (in -
piente com o sujeito de ora~'ào passiva. cumpreensivdm entc, reco ndi tamemel .
. Com o co':er dos anos e com a fàlta de escolas na propor- Oceània - V. Etiópia.
~ao dos na setdos, c~tos verbos mudaram de regencia, mas a Ocipode - V. ápiJlÚ.
forma panici pial não foi excluída do nosso vocabulári o nem Oc1ocampeão - Q.ucrn vi! no dicionário as palavras octaidrio,
d e nossa sintaxe. Não t costumeiro empregar na passiva octac6rdio, ortámttro. octandro pode julgar dever dir.er oclacam-
verbo que na ativa não tnn recipiente, mas Camões não usou ptào . Ocla é de fato variante (no dizer de J osé Incz Louro
srr ruulo. 1n clugatio, srr vindo? Se "Aqui foi foi nado e criado" " forma ac~ssória") de odo, mas no grego, não em ponugues.
é consrruc;ào que repetimos sem sobressalto sintático. se Enquam o o grego tem as forma s paralelas octápous e octcifxms,
com naturalidade dizemos " Ele viveu dias horriveis", por o ponugu~ adota somente octo sempre que a fonnação se
que não adm itir que se diga " Dias horríveis foram vividos opera dentro do vernáculo : octovalva. octossépnlo. octopitalo.
por ele"? r~etonado, oclodtcimal, octopolar, oct(lvalmlf; o elemrmo agora
Se g1·ral não é a ac<·i ta<;ào. verbos há . no e manto , transiti- tem a forma latina: octocamptão.
vos indiretos, que aceita m a passiva, principalmeme qttando O quadro foi UtrAaunpt/ÜJ. ptntllcampt~. lttxAcomptiÜJ,
enquadrados no grupo dos aludido~ no início do verbete: lteptAcampeão, a seguir odOcampeiio, para depois, com a nona

I A m issa foi II.Ui>tida por muitas pessoas - O pai/oi obedecido


pelos lilhos - A cana foi mpondida no devido tempo - Ele
foi perdoado por wdos.
Obj eção que faza - Explanado já ficou o assunto nestas
Q.UESTO ES VERN ÁCULAS. T res maneiras exi5lem de
substituir o galicismo sinlirico " tt'nho uma obje<;ào a faxtr".
vi1ória, voltar a ter a no epíteto: tneAcampeão (com acento
tônico secundário no r inicial).
Octolilo - Com acenlo rõnico no i i: a palavra. proveniente do
gn·go octophyUon, oi to folíolos. v . monofi/o.
Oculos - "Comprei uns óculos", e não "comprl'i um óculo s".
" Meus óculos são bons", e não "mtu óculos é bom". Quando
Devemos corrigir a construção para uma destás fonnas: empregada no plur...l, no plural exige a palavra os adjuntos.
Tt'nho um~ objeção para fazer - Tenho uma obje.;;io por No singular tem, a lém de signi fica<;ão comum de oculo>, a
fazer- Tenho uma objeção qut fazer. Gr. M ., 546, n. I, b. de qualquer instrumento de ó tica com que se aux.ilir a visía
ObUquar-sc: - Este verbo , que significa caminhar obliqua- (bÍI\ÓCulo, microscópio, telescópio ... ) e ainda outras. Existe
mente, de rra,•és, ou pro«der maliciosamente, com dissim u- ainda como elemrnto componente; j unta-se ao segundo sem
lacão, conjuga-se regularmente: ob~uo (ú), obfiqum (ú ), ohli- hífen: oculomuuuln.r, ondougcmuitíc.o.
lflUJ ( ú), obliquamos, obüquai>, oblilflUJm (ú). Odeio - V. Decamerão.
Óbolo - Tanto em grego quanto em latim a palavra trax o na Odi profanum ~ulgus - Expressão das Odes de H orácio ; signi -
penúltima sílaba e assim deve escrever-se ('111 ponugu~s. fica" Desprezo os aplausos do púl!lico vulgar".
Obrigado - V . ftWito obrigado. Odiar - OdÚJ. odúl.s, odia ... odtam- é a conjugação- V. incmdiar.
" Obsedar' - Não i: verbo do nosso vocabulário; os q ue o ...odo - Odo, proveniente do gTcgo hod6s (caminho), come<;a
usam fazem -no por confusão ou com oilaa~r ou com obsidittr: por "o" brt'\'C; quando segundo elementO de composto, não
" 0('111õnios súcubos e incubas que a obsidiavam" (Camilo). pode ser acentuado; o acento recua para a sílaba im ediata -
Note-se q ue de obcecar o substantivo é obcuaç/ÜJ; de obsídiar é m ente anterior: per{otio {em torno do caminho), metqdo (atra-
obselSào. vés do, depois do cami nho), ê>«Jdo (caminho a fora). Igual é o
Càndido dt' Figuei redo chamo u tolo - "e com razão" accnro de ânodo (cami nho acimaJ r de cáwdo (cam inho abai -
acrescen~a Vasco Botelho dt' Amaral - semelhantt' galicis- xo), palavras que devem rimar com tlitrodo.
mo, que perfeitamente se: d ispensa com os verbos portugue- Odol - Pasta dentifricia que teve grande aceitacào em certa
ses oilsidiar, imp11rtv:nar, enfa.•tiar, in.romodar, attirTMnlar, prtocu- época foi a que trouxe esse norne; tão gTande q ue um a fa-
par, obtecar, e até espiar. mado lexicógrafo a encaixou em ~u dicionário co mo sim-
Obsequiar - Deve ser conjugado regularm~nte : obuquío. obst- pll's nome comum , antecedida de um asterisco indicador
quiaJ... V. alumio; V. ~gociar. d e não ter ~ido antes regisnda em ~hum outro trabalho
Obséquio - Esta e seus derivados, ju nramenu.· com quase todas do gênero: Odol, m . Solucão alcoólica de memol, salol etc. ,
as in iáadas com o prefiXO trans (trm•~, tramatlãntico. tran- pa ra tratamento dos dentes e da boca .
.ltllo, lrarmr, transe, lrlliiJigir, lráiLlito, transr~etdnico, traruurallia- Só a p recipi tação justifica a aprt!~ntação em dicionário de
no) , são as poucas palavras em q ue o J tem som de z. apesar nome' que tais, privativos de um fabricante cioso de marcar
de não vir entre vogai s. Cabe aqui a mesma observação feira de maneira clara e imponente u m produto de sua criação.
Odômctro ..Opco door" 215
O simples fato de outros dicionários não consignarem um o acento deve ser no i (gr. olígos, pouco; o•iron, urina). E tão
vocábulo denotador de produto de mdústria deve despertar errado dizer oligúria, quanto seria errado acentuar "oligár-
no lexicógrafo a suspeita de ngme de fábrica, de nome co- quia".
mercial, de nome regisrrado, privativo. Olimpíada- V. macabíad<J.
Dicionário ·de um idioma não é catálogo de pro<lutos de Oliuópode- V. ápode.
fábrica. Estes poderão tornar -se populares quando cercados Oliveira - Se oliveira é nome tanto da árvore quanto da própria
de carateristicos que os distingam e ao mesmo tempo_ os fruta, correta é a expressão áTVOrt de oliveira; não há. Ta7.ão
tornem de aceitação e uso generalizados. É o caso de crtolma, em exigir que se diga auitt de oliva em vez do corrente e cor-
nome tão propalado que poucos o sabem ser merameme reto azeite de-oliveira. Acreiceme-se, ainda, que oliva não é o
comercial e não apelaúvo comum. O nome entrou no idio- vocábulo mais usado, e sim azeitona; não teria graça a ex-
ma, mas não é do idioma. Q..ual então o cuidado do diciona- pressão auíte dt auítona. Ainda que o azeite não seja portu-
rista que nele vê a ace~taçào por_part':_ d~ todos ? Simp~e~; guês, llJ.eite de oliveira é português legítimo.
mente o de faze-lo segutr da eipcofkaçao nome comerc•a.l O lmo, Ulmo - Até que o uso se firme numa delas, existem as
ou "marca regrstrada'~ (Ê o "t!~de-mark" que se vi' em .di- duas forma.s paralelas: ulnw, erudita, e olmo, popular. En-
cionários ingleses), cuidado que "encontFame~ em .!.<?~?_o quanto de olmo temos olmeiro (erva olmeira, barba-de-bode),
dicionarista de responsabilidade de qualquer idioma. E o--- de ulmo temos palavras de feic;ão e uso eruditos: ulmáetaJ.
que vemos em Webster ao_ dar ~ornes co~o :·winch~ter"; ulmJceoJtJ[mátia.
é sua primeira preocupa<;ao da-lo com IniCial mamscula "Ombridade"- v. lu.mwrid<~de.
(não é nome comum); fá-lo seguir do especiftcativo "rifle" ómega- Q..uer de som fechado, em virrude do circunflexo im-
para só então dar a definição, ainda assim antecedida do posto por regra ortográfica, quer de som aberto (ómega), o o
esclarecimento "after Oliver F. Wi nchester". inicial é que tem o acento tônico da palavra; é breve o e da
Popularmente há quem diga "comprei urna vinchester penúltima sílaba. 104.
marca Ben~ta", o que faz rir a quem lida com palavras mais Omia-o- V . tpsilo.
do que a quem conhece armas. E assim: creolinajúpiter,fór- Ómio, Omiômttro - 6mio é o aportuguesamento, já consigna -
mica Monume-nto, gilete Fio Invisível. São atrevimentos de do em dicionários, de ohm, unidade de resistência elétrica; o
ordem comercial, mas acontecimentos inevitáveis de ordem aparelho que a mede é omiómetro.
idiomática. Ómnia mea merum porto- Expressão latina que significa "to·
Odômecro - Dada·a e)(istenóa em nosso idioma de palavras das as minhas coisas estou levando comigo", palavras com
que já nos vieram compostas do grego nas quais não apare· que Dias, um dos sábios da Grécia, deu a entender aos que
ce nem pode aparecer h ames do elemento odo (perfOIÚJ é lhe pcrguntaram se nada levava ao fugir da pátria cercada
delas a mais usada), ficou esquecido o <'spírito áspero da pelo inimigo que o que ele tinha· de precioso era o seu saber.
vogal inicial da palavra grega odós, cuja rransliteração deveria Ómnia n n àt ámor - Expressão latina que signi·fica "o amot·
trazer um h inicial quando pr imeiro elemento do composto. vence tudo". Virgílio (Ecl. X, 169) continua: "Et nos ceda -
O esquecim~mo se consagrou; esse e outros compostos musamori" (e nós devemos ceder ao amor) .
nossos dicionários trazem sem o h inicial; limitando-se a Omnis bo mo mcndax - Trecho do salmo 120 que significa
dizer alguns lexicógrafos, no fim do verbete .,dqmLtro, que "todo o homem é mentiroso". Advene-nos quanto à falácia
melhor grafia seria fwdqmetro, esquecem-se de dizer o mesmo geral do ser humano, mas Voltaire diz que é próprio do espí-
em odogénese, odograjia e em outros; o esquecimento do h só rito humano exagerar e que talvez nesse sentido se tenha o
não é real nos etimólogos; nos lexicógrafos e na escrita co- salmista expressado.
mum é completo. V. ânodo. Onça - Voz: esturro, esturrar, miar, rugir. urrar.
Odontópode - v. ápodt. Onda - Bar·ulho: battr, lrramir, estrondar, murmurar.
o" (em compostos) - v. hidrllllitrico. Onde, Aoode - Onde indica estada, permanência "em" um
Oficial - Muitos significados tem esta pala\ora, mas, a seguir lugar: "Não sei onde {tm que lugar) você o encontrou". Aonde
vocabulários oficiais, seu feminino é sempre ofuiala, a exem - indica movimento "para" um lugar: "Sei aonde (para que
plo de gerurala, marechala. lugar) queres ir" ( § 525, n. 8).
Ofidio - V. fdio. Onega- É paroxítono o nome deste rio: 0 -•li-ga.
Ofrídlo -V. ítlio. ...ônio- V. i<lnio.
Ogano - É advérbio, de pouco ou nenhum uso, que tem sua Ónix - Não confundir com a palavra onixt, empregada em me-
razão de ser; como de hac hOra tivemos agura, de lw<.· anno tive- dicina e pronunciada oníc.se; a palavra iinix, empregada em
mos ogano, que significa "neste ano": " ... como ogano se fez". mine.ralogia, pronuncia -se 6nics c tem forma igual para o
68. ~ingular e para o plural dado o som de cs do x, como aconte-
Ob! -A pronúncia desta interjei<;ão é ó, aberto: Oh! mimávtl! ce com wrax. S223. ..
- A pronúncia "õ miserável", "õ desgra<;ado" é provenien- Ónus - Palavra usada na própria forma latina para indicar
te do sul, por influência alemã. V. ó. oh! ptso e, figuradamente, =go, obrigação, gravame, imposto. A
..Ohm.. - Proveniente do nome de um fisico alemão, a pala\Ta forma é uma só para o singular como para o plural: o 6nus
já se encontra em dicionários ponugueSei e brasileiros sob a da prova; ônus reail. São seus derivados onerar, exonn-ar e ou-
fomta õmio ; o aparelho que o mede é omiômttro. tras palavras formadas com o radical latino.
Oiço - É tão certo quanto ouço. V. IW-fO. Nada de pensar em óntra, à latina, para o plural; õnw,
Oi.raponga - V. araponga. ônibus, b6.rus, c4mpus são formas para ambos os números em
Oiro- V. OU(O. português.
Oito dias - Coletivo: oitava (espaço em que a Igreja celebra Onus probandi - Locução latina, de grande emprego na lin-
alguma festa solene). guagem juridica, significa "obriga<;ào de provar". É ao afir-
O luginoso - A palavra não é formada do vernáculo óleo, senão mador ou acusador que compete o onus probandi: onw pro/)(zn-
proveniente do latim oleágina, que significa "oliveira", acres- di ti qui dicit. o ônus da prova compete a quem alega.
cido do sufixo oso. O próprio latim tem os deri\oa.dos ofLagf- Oóóto - Por ser breve a vogal da penúltima sílaba, a palavra é
ntw e oúáginus; não há pensar, pois, em o antes do g. proparoxítona.
Ól~» - Com t; temos ó/i.o, é verdade, mas indica uma aranha Oosfera - Por ser longa a penúltima sílaba, a palavra é paroxí-
grande, africana, o que não satisfaz a ninguém. V. atrite. tona.
Olho - No plural o "o" é aberto. _ O p (abreviatura)- V. opus.
Olhos vistos - V. a olhos vistos. "Opeu dooc.., Ingresso livre - Traduza-se o mglês optn door por
Oliguria • O sufixo ia dessa palavra é vernáculo, ou seja, o ingrLsso lillrt, admissão livre, sempre com o cuidado de fv.er
vocábulo se formou demro do nosso idioma, f32ào por que com que o substantivo venlul antes do adjetivo, pois esta é a
216 .. Open market" Ordem
colocacào regular da sintaxe portuguesa. loga<;ão das composições de um mesmo autor. Dil.t'lldo:
"Opcn marltet", Muodo aberto · Mrrcadc a!Hrto é a trad ução " Schumann, op. 46" - referimo-nos à primeira colecào de
que se vem firmando para subSliiUir o anglicismo "open romances e baladas de Schumann; se "op. 118" , às suas
market", designa<;ào do mercado que tem por objeto obri· ''Três sonatas para pja.no".
ga<,:õ cs reajustáveis ou letras do T esouro NacionaL Encon- Op. át. é abreviação usada também em literatura, para re-
tra-se já a expressão no Relatório da Gcrrncia da Dívida ferir-se a uma obra já citada.
Públ ica ~ já exi5lC uma assodac;ão em cujo nome figura a ...or, ...ouro · V. cora<Únlro; V. IWIStlUÚiuro.
forma vcmácula: Associação Nacional de Dirigen tes de Ora ... ora ...• Com o significado de já uma, já outra vez, o ora
Mercado Aberto. J't'p<'fido não s<• liga por e: "Ora vão atrás todos, ora avant<",
Ca!M- aos meios de informação, mormente à imprensa, movimt'nto ao das ondas semt'lhanre"- ''Ora dum lado os
aderir ~ boa vontadl.' que eSiào demonstrando os profissio- wros membros volve, qra do ourro"- "Ora a pé, Ma a <:a-
nais dessa a úvi<bde financeira em expurgar nosso idioma de valo" - "Ora em idílios, qra em fantásticos romances, ora
estrang~irismos que o pejam c nos humilham cada vez mais. em tragédias gloriosas".
Opimo • Uma vez IO•lga a penúltima vogal da palavra latina Oração in6nidvo -la!j'na ·. A sentença "Leve brisa faz oscilar os
opimus, nela <:ai o acento em latim e em português. Se algum . filmo-s~é exemplo .de oracào infmitivo-latiru. CertOS ver-
dicionário portugues traz ópimo. a culpa será prO\>aVC~te bos, como tkixar, faur. mandar, ouvir, smtir. vrr, podem ter
do rC'Visor; àc qualquer íomu, não se d eixará engodar quem corno objeto direto um infinitivo, infinitivo este que, por
tiver mais de um dicionário ponugues ou pelo menos um de sua vez, tem seu sujeito especial, diferente do sujeito do ver-
latim. li falso dizer que Aulete rraz o vocábulo com acento bo tkixar, Jaw, mandar etc. Na semen<;a apresentada, lroe
proparoxitono; é preciso saber ler a pronúncia figurada que brisa é sujeito do verbo príneipal fa<; este tem por objero di-
en tre parênteses vem depois das pala\Ta.s; a sílaba em itálico reto o infinitivo OJCi/ar, infinitivo que tem por sujeito o subs-
é que r a tónica ; os demais acentos são sinais que discrimi- rannvo ramos.
nam a pronúncia, aberta ou fechada, das vogais, nunca po- Essa é a análise, simples e verdadeira, da sentença. Vêm
rém o icro, a tonicidadc. agora os complicadores do id ioma e di>.em que o pt·eseme
Opoc veto • Se a quem legisla nem sempre cormirui surpresa o caso constitui exemplo de "anfibo logismo", atribuindo ao
veto, sempre causa estranheza a quem conhece um pouco substantivo rOIMJ dupla função: uma de objeto direto de
de porrugui's que legisladores digam "apor veto". Assim não Jat, outra de sujei to de oscilar.
se diz, senão "opor veto" e, de igual forma, ''um veto é Ensinar português não é ensinar coisas inúteis nem, onl.'-
oposto a um projeto de lei", nunca "aposto". ·~"aposto" o nos ainda, falsas; análi se sintática que cotltraria fatos não
que vem jun to, o que é acrescentado. O que contraria op«- pode chamar-se lógica; se objeto direto é resultado de ação,
~. e não apõt-~. como poderemos admirir que ramos seja obj eto direto de fm. ,
O fato de jornais estarem empregando "apor veto" não quando nunca brisa nenhuma fez ramos? É ft!lsa essa aná-
deve levar- nos a imitá-los. Se não querem empregar o verbo lise tanto quanr.o falso c irrisório é analisar crianço como
"vetar", neologi~mo brasileiro muito bem formado, dele objeto direto no período "O médico fa a criança andar".
não fujam para a wlice de dizer "apor veto". Um veto se Se disséssemos " Leve brí~oa faz que os ramos osàlcm" -
op«, como se '1'« um embargo. cmprrgando orac;ão fmi tiva l"1ll lugar de infinith'ôl - onde
Abramos alguns dicionários: iria parar o tal "anfibologismo", c como analisariamos a
Aulete - "Vetar", v. tr. (ncol. bras.) opor veto. frase " que os ramos oscilem" senão como objeto direto?
Melhoramentos - "Vetar", v. tr. dir. opor o veto a. Pois ~ rambém essa a análise de toda a oracão infinitiva
Laudelino - "Opor" - 14 : oferecer em j uízo (cmbar· "oscilar os ramos'', não havendo aqui objeto diretO consti·
_ gos): Opqr embargos à semenÇl. t'!ído deste ou daquele termo, senão q ue a oração infinióva
Um embargo não se apõe, mas op«-u a uma sentrn<;a, co- inteira constitui objeto direto dejat; ramos é, única e exclu-
mo se opõem razôrs a um despacho, como se- ,põe um veto a sivamente, sujeito do infinitivo oscilar. É verdade que pode-
um projeto d e lei. mos dizer "Leve brisa fe-wsoscilar''. mas pelo fato de nessa
Apor ~ outra coisa; apõe-se um selo, apõe -sc uma estaca, oração aparecer o pronome na forma oblíqua não nos de-
apóe·se urna assinatura: O governador apõs a assinatura ao vemos deixar enganar na sua análise, atribuindo-lhe fun-
documento - Ordenei que se a pusesse a essas com-enc:ões a ção objetiva. Trata-se, ocdusivamente, de um latinismo
assil!4tura dos Estados Unidos. sintático, onde subordinadas substantivas .levam o verbo
Se não queremos abrir dicionários de outros idiomas, par-i! o infinitivo com o respetivo sujeito no <:aso acusativo.
abramos pdo menos os do no~. Essas oraçõt:s são exemplos de orações infinitivo-lat.inas,
Oprobrio • Palavras bá de grafia comprornnedora para muita ou de orações de sujeito acusativo. ~ 652.
geme menos avisada; ni.'Slas que se seguem há dois ,.,., a sa- Professor que d iz ser objeto direto o o do período " Fi-lo
ber, um r numa sllaba, outro noutra: opr-6/nio (e não ofrr6bi.(J), pa8-~r" deve mudar de profissão ou ensinar língua que não
txproiJriJ(JÜI (e não uproiJaçUJ), fragrância (e não fragdnda), ad· seja neolatina nem inglesa; na Inglaterra e nos Estados
verti ndo-se que da última exis~ o parônimo flagrdnáa (evi· Unidos qualquer professor de qualquer matéria sabe o que
dência, estado do que é flagrante). (: suj~ a~uo, construção que em ingl~s é ainda de mais
Opcimare, Optimat:a • A palavra ociste no singular em latim la.rgo uso que em ponuguh (S652).. . . .
C6pti1MJ, optimátü) e o da rem nossos dicion:\rios geralmente Mais uma obsetVac;ão: Em oraçocs d e SUJCtto acusauvo
SÓ O rturaJ deve-se a mera coincidência de geralmcn~ 110 o infinitivo não costuma flexionar-se ; só a corrupcão da
piora ser a palavra empregada; isto po~m não exclui a exis- llngua exp lica pessoalizac;óes como esra.s: " Mercado in.egu-
tência de uma forma singular, e o vocabwrio oficial de Por- ro faz precos cairt111" - " Mandei os homens procurarmr o
tugal no singular é que a consigna. companheiro". A consrrução legitima - e usual eno-e os
O problema está na vogal final. Se o latim 11Uigrullts, ou que escrevem c lêem ponuguês de lei - é a destes exem-
1114gMIW, deu-nos mtJgnala, forma que suplantou magnate, p los: Os raios matutinos faziam alvtju os rurbames - Vi-
oplimala parece não estar ficando arrás na prefer~ncia. ram IÚ>apauur os godos - Fazei-os parar - Vendo (eles)
Opus • Pala\'1'3 latina empregada univenalrneme em música, viHkar ante si a s imagens risonhas do opróbrio - Mandou-
abrevia-se op. e significa obra; tem por fim designar um tra· os o Senhor pregar pelo mundo - Deixai vir a mim os pe·
balho ou uma composição. O autor possui seus trabalhos (\ueninos - Napoleão viu 5eus batalhões cair - Vi os 114·
divididos em OfrUS, que se numeram de acordo com a época vtos que partiam desapmecrr no horizonte. ~ 920.
de publicação, englobando músicas (baladas, fugas. opere- Ontódo . V. álgam rk evito.
tas, romances, sonatas etc.) do rr~emto glnero. Tal distribui- Ordem inorcna - "Ganhe um m~nto o que perderam anos".
cão é feita. o mais das vezes, pelo editor. para ct"eiw de cata · Neste veno de Bocage, liWflllniD é sujeito de ganllt. e anos
Ordem O nogra6a 217
sujeito de ptrdnam. O que se perdeu durame vários anos comunicar nossas idéias, mas ... o inglês correrá o risco de
seja recuperado num momemo. se \'er corrompido em nossa (erra por academicos que lhe
Nào con~guir analisar os termos t'ssenciais de uma ora - venham tirar os á s, os dáblius, os ip~ilons, os peagás, as
ção é n:i o compreender-lhe o significad o ; igu:ahneme, en- !erras dobradas c abarrotar- lhe as palavra; de acentos para
tender o que diz um poe1a é impo~sivd a quem não conse- q ue possam ser lidas e copiadas pelos d iplomados do MO-
gue pôr um verso na ordem direta ou, o q ue é diz.er o mes- BRAL; não só por ac:adtrnicos senão a inda por professo-
m o, a quem não percebe a função das palavras que o cons- res que, em tCS((:munho de seu desmazelo, passam a propa-
ti euem. § 790. gar q ue no Brasil precisamos de "comun ica~ào" e não de
O rdem Superior - Variando quando empreg-o~.do substamiva- língua.
menee (a .euperiora do colégio). >uperior permanece generica- órga.no - Q.uando pr imeiro elemento, Junta-se ao segundo
mente invariável q uando adjetivo: Ela é superior a mim - de um com posto sem h ífen: organografia, orgarwgrama.
O rdem superior. Observe-se que a s11aba suhtônica do composto é a primei-
O rdenação juridica - Ordrnação é que é a pa lavra usada em lin- ra : úrganograma .
guagem forense. Do latim ord=r• (dar ordem, insrruir), o Órgão (parte de um organismo)- Coletivo, quan do concorTem
sub$1lU'llivo ordrno.tto deu-nos ordrnaçào. geralmcmc wmado para uma mesm~ funçio : apare/h(), siJtema.
no seneido de mandado, ordem, determinação ; juridica- Orião - f orma preferível a "Orio n"; já está no vocabulá!io
mente é empregado para indicar lei, deaeLO, regulamento, de Portugal e comeca a aparecer e nrre nós.
alvará, e neste sentido é que vemos a pala\flG. em Ordrnaç~s Orientação do aluno - Não há necessidade de trocar a segun·
MG!11JLiiMJ, Ordrllll{Ões Aforui1Ul$, Ordenações do Rtino etc. da preposição de por a na oração "As universidades adotam
A palavra existe com o urros senridos, mas na linguagem sistemas de orientação psicopedagógica e pedagógica dos
jurídica ela é q ue se usa, e não ordtTIIl'fTIEnJ.o. que se emprega seus alunos". É evidcn[(~ que o gcnitivo é aí obj etivo; qua ndo
em outros c.1sos e às vezes se enconU"a por orlknatào'por in- ouvimos falar em "adoração do bezerro de o uro" não pen -
fluênda do italiano e do espanho l; o certo em nosso idio- samos em trocar dt por a. Assim foi e assim deve conti nuar
m a e: "A ordma(ão jurídica co ndt•z à ordem j urídica" (orde- a ser a constru~ão: '' Batalhou na défesa. dos pri nclpios" -
nação aí está por conj unto de normas o u de lei s jurídicas). "Os pais devem cuidar da educação dos filhos" - "Seminá-
Ordinais - V. numerais cardinais por ordinais. rio sobr e orien eaçiio e tu to ria dos alunos" - " A instrução
Oré:gão - Existe em nosso idioma como nome comum, de- deve ser complementada com a d evida orienta~'ão do alu -
signativo de certa labiada ; poderemos empregar também no".~677 .
como nome próprio, para designar o es~do americ<ltlo Orleãs ·- Aportuguesamento mais fácil do nome da cidade
" Oregon"í' A verdade é que o étimo do nome desse estado francesa: Castão de Orleàs, Orltàs de Bragan<;a.
é desconhecido. Orquíd~. Orquiclioea, Orquidário · Com louvável intuito
Ordba, Ouvido - Hoje é diflcil aceitar ouvido por orl ll!n. Sem de coermóa, nossos dicionários vêm uazendo o rad ical
entrar em discrim inações cienó.ficas - é claro que a anato- orquuJ nos compostos relativos à fàmília das quase mil e
mia, como as demais ciências, emprega paJavras com acep- seiscentas espécies de flores que de forma surpreendente
<'Ôt'S restritas a seu campo - podemos atõrmar que a todos adornam a s nossas ma ras. Aceieo esse radical, devemos es-
estranharia o indivíduo que d issesse: " Puxei-lhe o ouvido" crever orquid4filo, orquid6/ogo. orquidologia. com um o de liga-
- "Fazer orelhas de mercado r". Fazemos ouvidos de merca- çio a ntes de elementos gregos. A adoçã.o desse radical lu-
dor, e de um garoto puxamos as orelhas. Q.uem hoje se nos esquecer q ualquer ourra vogal de ligação quando se-
avemuraria a di ter" comer o nvido de por<'O"? guido de sufuco io•ciado por vogal: orquidáceo (adj .), orqui-
O rfeão - Oiftão já está em nossos dicionários para substitu ir dáaa [subst.), or'}uidário. Seguido de um elemento la tino
a forma francesa. iniciado po r consoante, exige i como vogal de ligação: qr-
O rganw - f'onna já consagrada, oxí to na. para indica r certo quidijloro (acento subtônico na sílaba inicial : 6rqutdif/6ro).
tecido. Ortocpia - Com o acxmo tônico no i, de acordo com o étimo
" Organlzad ooalmentc" - Não foi em son ho q ue vimos a pa- grego.
lavra senão em projeto de companhia comercial :" ... ficarão Ortografia - Ocdn ios atrás, reformas e refo nnas com o esco-
orgo.niwàono.t-ntt subordinados à d ivisão de...". p o único de vender vocabulàrios fizttam com que ninguém
Nem por ter esrrutura orgânka ou nect'S$ária sistem<ilica soubesse qual a oetOgrafta em vigor no Brasil. nem o povo.
passa uma socie<b.de comercial a ter divisões ''organiz.a- nem os reformadores, nem o próprio ministério da educa-
cionais". De tradtçào ternos tradici<mo.l, e deste tradecionalmen- ção, cujo titular declarara em princípio de março de 1948,
ú ; de orgllniw(ào, porém, temos o verbo ~trgnniwr, do qual respondendo a uma consulta, que sistema ortográfico ne-
o adjetivo ~ ~trganiuível (de p ossível organ ização), e deste o nh um se poderia considerar oficialmente em vigor enq•lan-
advérbio organiwvtlmtnJ.t ; se o caso não for de " p ossível" to o congresso não se pronunciasse a respeito ou dando o
mas de "real'' organização, o advérbio será qrganiwdammu, referendo a um dos sistemas anteriores ou elaborando ou -
tirado da forma parricipial organhado: " ...fiçarão organiwda- tro . O congresso naciona.l a provou em princípíQ.S de 1952
mtnlt subordinados à d ivisão de ...". o sistema o rtográfico de 1945, mas um inteligente senador o
A aceitar hoje a extravagância, teremos amanhã "admis- declarou incorueitucional. auesceman do no parecer que
sionalmeme" por admilidamtnJ.e, "adversacionalmenee" p or 1ambém inconsti tucional era o sistema de 1943. De volr.1
a.dvntido.menu, "a tencionalmeme" por atrnJamtnte t ourros o assunto para a câmara, os mesmos dep utados q ue haviam
derivados espúrios. Pala\flG.s portuguesas não podem nascer aprovado o de 45 aprov-o~.m então o sistema, já declarado
como filhos no Brasil; exigem um mínimo dt erirél'ío além inconstitucional, de 43, e o fazem por unanimidade! Aré
de interesse de havê-los; nenhuma das duu coisas encon- editort'$ conseguiram fazer valer seus interesses, meramen-
trarnos nessa oração, nem uma (erceira, seriedade, pois o te nuttriais, niridamente egoísticos e. por isso mesmo. in-
fiU1o não ~ de português senão de inglt1. Porque o ingles teiramente falsos, nes1a segunda e contraditória decisão.
diz "conversafi<mo.l English" passaremos a di:r.er "inglês con- O carateríscico principal do sistema de 43 estava na obri-
vrrsaci<mar• em vez de "inglês dt convenacào", e. depois, " ... gatoriedade do acento circunflexo nos homõgrafos fecha-
q uando estávamos conversacional.tnenu tral;ando do assun- dos: éú, lste, lsu, lll{tdú, portugui•a, a/mêço, Rtbllo, púrlo, l d-
to"? Nem aqui nem lá é necessário advérbio algum, muitO da, n6vo etc. Nào foi possível que, por um rasgo de inteli-
menos esqu ipaticamente formado. gência e de sorte, pelo menos nesse particular o sistema de
Se é para fa la r lingua d isciplinada d e quem teve sete hor as 43 sofresse emenda, c o professor de português passou a
diárias de curso pr imário, língua em que não há "vi ele'', ter por função quase exclusiva ensinar bobices e incon -
"mandei eú esrudar", "já te disse que vod precisa p restar gruênci as de sinais diacritícos, suj eitas a mod ificações de u m
atenção", "não um jeito", u oqu emos de vez de meio de momento para outro.
218 O s Estado s Unidos "Outdoor"
Os anos s~ passaram. O circunflexo nos homógrafos fe- Ou · Quando o sujeito composto é ligado por ou. o ve·r bo:
chados constiruiu motivo de brincadeiras e de levianda- a) ficará no singular se houver exclusão, isto ~. se não
des: dicionaristas e professores procuraram fazer "descober- for possível a ação conjunta d os dois sujeitos: "O pai ou o
tas" de palavras qu~ devessem trazer esse enfeit~. Também filho será deito presidente" =- " Ou o pai ou o folho será
nós entramos na brincadeira, acentuando o substantivo eleito preside11te" (caso seja eleito um, o outro não será)
"l~tra", dada a exi 5tc?ncia do verbo lttror. O assunto de tal - " Ou um ou outro .10irá certo" ;
forma f('J"mentou que na seção livre do " O Estado de S. bl irá p:>r:a o plural se a acão couber a todos os sujeitos:
Paulo" de 14 de junho de 1967 foi pub licado nosso ressen- " O bacharel formado ou o pá;oco pensioni5ta podtrn s.-r
timento ao leviano proceder de perturbadores do ensino oficiais do Registro Civil" - " E claro que a vt.'ntura ou a
do nosso idioma . Foi então que dissemo s que a orrograli:a tksdita rt udem nos o bjeto$ co m os quais nos pomos cm
acadt'mica dt" ~3 cra para .._'l'nialfahct izados qur podiam contato" - " A charneca ou paul não se conwrtem ern vinha"
confundir o substamivo "máquina" com a forma verbal - " ... cuja prorrogação ou C.1.11Cdameoto deveriam ter sido
"maquina", para distraídos que podiam confundir o nome solicitados".
próprio " Rebelo" com a fon:íla verbal ·•eu me rebelo", para Se nest~ caso o sujeito for con sriruido de pessoas gramati-
contraditórios que em "avózinha" viravam no avesso o agu- cais diferentes ( 1' e 2•. 1• e 3•, 2' e 3•), o verbo irá para o
do de "avó" e não aplicavam o mesmo tolo argumento pa· l lural. mas para o plural da pessoa que vem em primeiro
•·a de cabeça para baixo virdr o circunOexo de "avô" em f ugar na ordem da gro~mática, se bem qui.' alguns preftram a
" avõzinho". Os vezciros reformadores de onogra.fia nio concordância com o pronome mais p róximo: " O aluno ou
descobriram isso. Longe de nós a p retensão de afirmar que cu dtvmwJ •·ecordar as lições";
a publica<ão desse ressentimento tenha posto água na fcr· c) se o verbo vem anteposto, concorda com o primeiro
vura. ma> o lato i? que dr dua\ difen.•ntes fontt·s do próprio sujeito: " Ou pagas ru ou eu" - "Mas aqui miro a dúvida
co ngre~so nacional soubemos que ha\lia exercido pesada ou adrnirac.ão";
influênàa sobre os nossos repre~ntantes. d) se ho~vcr diferença de n•1mero entre os sujeitos, o ver-
Mais dois pares de anos se passaram. ~ o famigerado cir· bo irá para o plural: "O outro, o u os outros, lL'rWffl somen -
cunAexo foi abolido. Profe)SQres que levaram a sério as te para ...". . ·
malfadadas c deprimentes reformas ortográficas de o utras "Ou b«-m" • E galicismo fraseológico em vet de "ou então" ,
épocas tem agora mais tempo para ensinar a em pregar nos- t'111 frases alternativas como a seguime: Ou obedecereis à
sas palavras no período em vez de ensinar a enfeitá- las com lei ou bmt sereis punido severamen te. Deve-se dizer: ...ou
essa sorte de sinal diacrítico. Seus alunos con tinuem a apren - então sereis. ·
der a preg-J.r botões, mas em aulas de trabalhos manuais, Ou, Oi · Os ditongos o" e oi 1c'm no grupo latino a" origem
nào em aula s e em livros de ponuguês. comu m. Numas palavras fixo u -se o ou. nout:ras o oi e num
O s Estados Unidos . V. E•ttuks Unidos. terceiro grupo a dupla forma persisti.' ao léu do uso e dos
O s Milhares • Não tenhamos dúvida em redigir " A ~emplo gostos ou de regionalismos dt.' prosõdia. De audtrt obtive-
dos milhares de pessoas que se pergumavam". O substantivo mos OUJar, mas de cautum nos veio coito. De maurom veio-nos
milhar é masculino, sempre masculino. Outros exemplos: mouro. mas de cawam o vernáculo, no Brasil, 1: coisa. O..·
Em virtude dos rmlh4m de ruõe~ que lhe expu' - AlguiiJ aurum temos ouro. mas de úwrum tl!nlos louro (com u) e ~ri­
mi/Mrndc macas - ...nwts milhares de oportunidades que se nho (com i). Não fah:am até casos em que o u do ditongo ou
ap rt'Sentaram - ... não se fala senão por muito.l milhare' desapareceu ; é o que se deu com nojfJ. que se filia ao latim
dela s - O segundo ocuparam os elefan tes, ficando q uase naweam.
impedidos os de cavalo com /.llntos milllartJ daquelas acaste- Há as formas que se ftxaram, tanto aqui como em Por·
ladas feras - A velha semia t.a is baques na cabeça e via /.mt · tugal (potml, d(' pa"cum ; couve, de caultm; ou, de aut; rouco.
tos milham de estrelas... dt· raucmn; ouvir. de audlre; lou·vor. de laudare), mas existem as
São culpados d o gent'ro feminino os que ~og-.un no " bi· que diferente fonna têm da nossa em Portugal: ltsouro ou
cho " , para os quais o gênero feminino de 'dezena" e de k JOlro, de tht1aurum; ouro ou oiro, de aurum; touro o u toiro,
" ccmena" não deixa ver outro gi'nero para "miUJar"·. de tauro.m.
"Os... Os Maís" . Con~titui galicismo fraseo lógi co repetir Mediante vocalizac;ào do I, também o grupo oi origina
o artigo ('m expr<-)SÕe) sup<!l'iativas (. ..oj homt•ns os mai\ essa disparidade; se outTo proveio de altn e touptiro de lJJipa,.
sábios}; ou se diz: "Conheci homens os mais sábios" o u: cal~m nos deu coict. Ainda de o utras origms (corsro de r.o-
"Conheci os homens mais sábios" ou: "Conheci os mais rium; noitr. de noctem) , há d ivergências cnu·e formas nossas t
sábios homens". portuguesas.
O s que , t estranhável o freqOente emprego de "aquele que" Somente por levia ndade u m professor irá dout rinar sobre
em lugar de "o q ue". Não se deve dizer: " Fulano ataca o caso, no qual se inclui a dupla forma ouço e OIÇO, do latim
aqueks atos do govemo que favorecem ...". O certo é"... ata · atsdio. Unicamente no uso, porta nto, podemos basear- nos,
C"J. Oj atos q~M favorecem". O " tho~" da língua inglesa eslá - e não se justificará a preferência que no uso não for formada .
se prestando p ara confirmar o italianismo. Tndutores desa- V. coisa.
visados tradutem l"S)a palavra quas(' invariav~lmt:mE' por Ou seja · É locução que não varia quando an tes d('la vem no·
aquelt, o que não é correto, pois constitui italianismo o em - me plural; não se d i.rá : " Dois alqueires, ou ujam. 48 mil rne·
prego continuo de "aquele que'' em vez do casri~o " o que" . tros quadrJ.dos" - scnio: "Dois alqueires, ou 1tja, 48 mil
Embora con stitua italianismo o invariável e contínuo metros quadrados". E assim: " Existem na lndia de 80 a 90
emprego de "aquele" por "o" ("Este livro i: o que p rocura- milhões de intangiveis, ou >tja. de imoc;àvcis" - " Devem os
va ", t não " ...QI{Utlt qrJt procurava"), casos há em que ou a países assegurar as suas dívidas com <:ntradas ordinár ias,
eufonia ou a clareza não nos permi te a fuga da primeira ou Mja. com impostos".
consr:rucão : " Este homem é atpttk a que me referi" (de difo - Compare -se com a conjuncào italiana ossia. Note-se, ain-
cil p ronúncia, antieufõnica é a fo rma "é o a qu~" ) - " A in- da, que a locução vem entre vírgulas no período.
denização que me querem atribuir não é aqueill a que tenho Ouço, Oiço · E.stá aqui uma qucscão assaz difícil de solução.
direito". É esS<t a forma possivel, e não esta, dura de pro - N:io sio po ucas as vezes crn que os estudiosos do idioma
nunciar e de ou\lir: " ... não é a a que" . Outro exemplo: refugam, tüubeando o u retrocedendo ame coisinhas real -
"Consoantes chiances são aquelas cujo som produz chiado", mente rebeldes a leis. No caso pre~nte vemo· nos obrigado
enão:u ... ascujo". a dizer que a preferência só se justifica quando fundamen -
... OSO - V. Ü'IJUUuo.IO. tada no uso. Se não, vejamos:
Osso · No plural o "o" é aberto. . ..ouro, ...or · V. coradouro; V. acostadouro.
Otomano . É paroxítono: oto-nul-11o. "Outdoor", Carlaaào • Enquanto, acompanhando a nossa
Outrem Ouvir.un 219
constitui<;ào, continuarmos a afirmar 9ue a língua que fa- Ouvinte - Coletivo: auditório.
lamos em nosso pais se d1ama língua 'nacional'', não po- Ouvir, Dizer, Ver - São verbos essencialmente u·ansitivos, isro
clerc.>mos impedir que a comunicação entr<.> nós tenha por é, é da natureza destes três verbos virem acompanhados de
insrrumemo uma fíngua de ciganos. Se a feicão sintática objeto, ou seja, da coisa ouvida, da coisa dita, da coisa vista.
descamba cada vez mais (não lmr jeito - vi ~14 -já ú disse Só em sentido geral, sem a disaiminação do objeto - fe-
que v{)(;i ... -não mexe aí, meu filho), a demonstrar contínua nômeno este freqüente oorn verbos transitivos diretos (Essa
corrupção, a desfiguração vocabular se processa com ~­ criança não C/JTM, não estufÜl, não /t: S 303) - podem eles
plastros importados, com a tendência para a gíria, quando ser empregados como verbos de predica~ào completa.
não para a libertinagem. De origem não latina, vocábulos No verbete diur, falt;r ficou a explanação da diferença de
privativos de outros países intrometem-se em colunas de significado entre esses dois verbos; diferença semelhante se
jornal e em pãginas de dicionários nossos às vezes sem nem dá entre ouvir e ~Jcular, en tre vn e olluJr. Assim como, quando
ao menos o disfarce das aspas. De um lado, furtivos angli- o sentido é de dtdilrar. tnundar, o verbo diur ê que deve ser
cismos como comm:iol em lugar de anúncio, pamtl em lugar emprrgado, e não o verbo falar {como doentiamente se fala
de TM$a-redonda, ranclro em lugar de fauru/4, de outros bar- em São Paulo: "Você ouviu o que de falou?"- em vez de:
barismos como oullloor, conwiner. fttd-bac*, design, hnow·hclw, "Você ouviu o que ele di5Jt?"), de igual forma devemos
com as muletas das aspas ou com o capuz do grijo. mas empreg;tr o"vir, e não escular, quando acompanhado o verbo
com todo o atrevimento ou por caradurismo provocador do objero ou, conquan to sem objeto, na acepção geral de
ou por tecnicismo dcsrespeitado.r, indiferente: e frio aos brios perceber coisas pelo ouvido; somente qu:ando o sentido~
de outras terras; ou será por receio de traduzir a palavra à de "pr~star att'nção p ara ouvir alguma coisa" é que pode-
maneira daquele que craduziu ca/f por bturro cm vez de mos. com toda a segurança, empregar t)CU/.IJT: O monge.>
barriga da pmw.: "caiU e rasgou o bezerro"? vagabundo parou e ~•cutou de novo (A. Herculano, Lendas
No caso, que é ou.tdaor em inglês senão adjetivo substan- e Narrativas, I, 117).
riva.d o, correspondente ao adwrbio ~utdoon, que significa Com o sentido de " prestar att!nção para ouvir", ou seja,
"fora de casa", "do lado externo da casa", ''ao ar livr~"? de "dar atenção ao que se ouve", pode o verbo t>cutar vir
Em linguagem de propaganda, que é ouldoor senão carltlt.1 com objeto (Ele escutou a ordem - Ele reprimiu a soberba
É urn cartaz espedal, já pelo tamanho, já pelas proporcões e tsrurou a. j ustiça), mas este não é o caso do emprego pro-
e pelo colorido das figuras? TraduZ<tm-no então por carla - fligado de ncrdar com a simples significação de peretbn ou-
uio, caso '~ rem necessidade de uma distin<;ào que nem o vindo. Não se diz em bom português "E>cul< esta", senão
inglês sentiu, urna vez que em inglês tanto é "outdoor" o "Oi(a esta". E assim, o correto é: "Você ouve o que ele diz?"
si mples papel afixado na frente de um cinema quamo o - t evidente a difer~nça de significação que trazem os dois
cartat vi.stoso, de grande proporção, ao ar livre, em luga· verbos às sentenças: "Esr:utti bem .{apl.iquei com atenção os
res que não aqueles em que o obje10 anunciado é adquiri - ouvidos), mas não consegui ouVIr nada" .
do. V . "containn". Semelha me ~ a ,diferenca entre vtr e olhar. Enquamo olkar
Outrem - Significa outra pes500 ou oulr4l pmoaJ: O bem quc.- implica idéia de atenção, o vemo Dn" t..-m o sentido simples
oulrem merece - "Ainda que o banquete.- seja para dali i a de percebe.- pelo sentido da visr:a; com C$t(' senti do, pode,
quatro, e ánco dias, para no dia da festa comerem, c bebe- como diur e outlir. ser empregado sem o objeto. Vem muito
rem muito mais, por honr-.. do q ue os convida, e se neste a propósito ao C'aso este exemplo de Monte Alverne: Para
tempo os out1tm quer ronvidar se cxcusaõ dizendo que o que seus olhos não uejam, seus ouvidos não ouçam (Obras
nam podem fazer. por caso do banquete a que ham de ir" Orató rias, I, 41). A tradução clássica da Bíblia aí está para
(Damião de Gocs. Chroniea de D. Manotl, pan. 4 , cap. 25). esclarecer-nos; muitas são as passagens, mas baste- nos esta:
Era antigamente acentuado oxitonamente, como aJguim, Muitos proferas e justos desejaram Vff o que ved~s. e não o
nmguim. viram, e ouliÍr o que ouviJ, e não o ouviram (Mtl3, 17).
Outro-eu - Forma que traduz o latim a/Jer ego, hoje emprega- Sem ma.is estender-nos sobrt> o assunto fazendo compa-
da para indicar o indivíduo que representa OUU'O romo pro- racào com o utros idiomas, tentemos resumir· e - espera-
curador geral oujtu:tolum, ou ainda como sósia. F.x.istc tam- mos - objetivar a diferença existente entre um e outros
bém a forma análoga outro-lu. desses uh pares de verbos com estes exemplos:
"Outro que não" - Canhesrra rradução de ''other than" anda I. Q.uando você fal4r (sem objeto direto) com o diretor,
a aparecer em j<>.-nair.. Can saço, distração, leviandade, não diga (transitivo) que voce i: o primeiro da duse.
sabemos a que atribuir a incompreensível rraducio de" stars 2. Não ouvi !transitivo) o que ele disse porque não esculiJ
otlrer than lhe sun are so distant that.. .'' por "estreL<IS ou- (intransitivo) muito bem.
Iras que não o sol...". Um pouco mais de respeito ao idio- 3. Olht bem (intransitivo), que você. verá (transitivo) uma
ma da terra fará descobrir o redatOr a que corresponde o rasura na dat-a.
inglês: "com exceção da Jol, as estrelas estão tào d istantes Ouviram do lpiranga... - Umas ta mas p rofessoras existem de
que ... " e o não deixará confundir os leitores em outras tal forma distraídas que se arriscam a passar por não com-
passagens: "any thing other than this" (qualquer coisa que p~cendedoras do nosso hino _nacional quando ensinam aos
não seja estai - "if he were other t:han what he is" (se ele prrralhos de suas classes que ~ •mpessoal o v(>fbo qu<.> o ini-
fosse diferente). cia e - conseqüência da primeira distração - deve: ser cra-
Tradução não é sinônimo nem de obediência servil nem seado o as de "as margens plácidas".
de momice. Assim se diz em ponugues: O apito dos guar- O simples fato de as partituras trazerem "as margens
das de trânsito outra coüa não <: smão índice de auaso, de pláádas'' sem crase: já dt>veria despertá-las para melhor aná-
indisciplina, de falta de educação social e de desrespeito a lise do primeiro verso do nosso poema oficial. Professor
leis. de português da Escola Normal do Rio de Janeiro e do
Outrossim . Significa adrow.is, tguabmmlt. ao tlllsmo lmjxl : Nada Ginási o Fluminense, e autor de livros de ponuguês e de
lhe farri; não quero, oulros5im, magoar sua farnilia - Disse- uma " Anc: de- lãzer versos", não pode Joaquim Osório Du-
lhe que o não lir.tsse; fi-lo outrouim ver a não razão de seu que Esrrada ficar ao léu de leviandades como essa. É ele,
i memo. ademais, autor de "Noções de Hisrória do Brasil"; figura-
Ouvida · É substantivo; significa ar,ão ou efeito de ouvir: A dameme - ele e todos nós $ilbemos - as margens do atual-
justiça não se há de fazer de ot.vidaJ, senão de vistas. mente poluído regato l piranga (em tupi , ó.gua V€rmtlha) ou -
Entra na expressão "saber de ouvida", que ê o rnesmo que viram o brado retumbante. "Do lpiranga" é adjunto adno-
dizer "sa.~r d.: oitiva", saber por ter ouvido d izer. m inal de "margens", e "margens" por sua vez é sujeitO de
Ouvido· V. ortlha . "ouviram'', verbo este ~1. com sujeito e objeto discri-
Otmdoria - v. ~marorio. minados. Nada de repetir que a panirura está errada.. a me-
220 Ovar O zona
nos desejem mosuar que são incompariveis com a turKão CJio; o composto é, pois, pro paroxitono (§ 104}.
que ebs, as professoras, estão exercendo oas C$COias. O•ogenrse - Por ser etimologicam~me breve a penúltima sí-
Ovar - Adjerivo párrio: pvariarw. laba, é: proparo»itOna a palavra(§ 104).
Ovelha - Coletivo: rebanho, gTei, chafardel, malhada, ovra - Oxalá - Observe-se o que diz Said Ali: Oxalá. acomodamento
rio; qUQ.nda dão látt : alavào; quando ainda não dtTam cria 11tm do árabe en :Jw allah ("se Deus quis~', "assim lkus c~uei ­
esúio prmhtS: alfeire. ra" l à pronúncia portuguesa, co ntinua a usar-se como ex-
Vot: badabr, balar, balir, ~rrar, ~gar, balido () 240, pn-ssão de desejo. embora se tenha apagado a conscicncia
obs. 8). islamí tica dessa exclamação.
Ovo - Co/Jotivo. quando postos pela galinha durant... certo nú - t fácil notar que essa interjeição se relaciona etimologica-
mero de dias: postura ; quando no ninho: ninhada. mcme com Alei, tradução árabe de Deus.
No plural o o é aberto . " Oxford" - Existe uma forma. latina antiga para designar rsta
Ovo tstabdo, Ovo esualado, Ovo CSD'elado - "~ uns cidade: OxénúJ (csl, de onde proveio o nome inglês (oxm's
ovos pal(l o almoce" - "Comi dois ovos estaúldos". Com o jord - ox.naford - oxjord). Dada a sua importância e co ns<.>-
es~ala uma porta, como estala um chicote, o ovo ao ser fri to qüentc fama mundial, a forma inglesa tende a preva lecer,
também tJtala. mas oxoniano e oxcmienu ks) são usados como adjetivos pá-
A fomu é walor ou e!J:rai.IJI? Também existe tSirtlar, p:lra trios.
ovos e para ourras coisas, pela tendência df' acrescentar Oxigenio - Não tem plural substantivos <JUC designam matér-ia
um r ao grupo consonantal Jl: latim ste/Jam, estrela; holan- continua, ma~sa e não podt'Tn ser empregados para indi-
dês IOJI, lastro; germânico mll.!t, mastro. car espécies, divisões.
Ainda mais: esmlar os dicionários consignam com a )ig- Oxooiano, Oxollll'Dse - V. "Oxjord".
nifica c;ão de "frigir ovbs sem os bater", donde tstTdadtira, Ozona - Provinda do grego, a pa.lavra entre nós se introdu-
"t-sprot· de frigitkira própria para r>lular ovos'' . liu arravés do franct':s e foi aponuguesada com a termina ção
Paca - Voz: OJ>obiar. a, procedimento correto. É forma consagrada.

P -a -pá Santa J usta (pronuncie pt-a-pá) - Locução que signifi - médico da caixa beneficente - advisory panel. conselho
ça uminucíosamente~' , ucim -tim por tirn-tim": Contei-lhe <onsultivo.
tudo p -a-pá Smrtajwta. Ora! porque "panel" tem esta segunda. signi ficado e, a
p. m. - Abreviação de pMt meriditm (depois do meio dia). um tempo. também a de painel iremos embaralhar as coisas
P. S. - Abreviação de pM miptum (depois do escrito), expres- chamando pairrel um corpo de jurados, uma junta de médi-
são indicativa do que se pospõe a uma carta. cos, um conselho? Porque "bonnet'' tem o sign ificado de
Paca- Voz: asscbiar. touca, gorro e cambém o de "tampa .de máquina" vamos em
Pacaemhu - V. Moçoem/Ju. nossa língua d izer "precisamos mandar fazer outro boné
" Pachá" - V. paxá. para o motor"? Porque o inglês " argument'' tem o signi-
Paciente - V. cüen/e. ficado de argumento e, principalmente, o de " discussão",
Pacifico - Superlativo ~inté tic:o: pacificent{ssimJJ. "deba te", vamos passar a redigir "o assunto foi aprovado
Paço - Do latim palatium, mediante queda do I imervocálico; sem argumento" ?
seu emprego é limitado a indiar palácio nobre, real, epis- Q.ue f esse procedimtO'nto se não desbarato ? MESA-RE-
copal, governamental: paço municipal. DONDA é que se di~ em português de redacão consciente
Paçoca- V. Moji. sempre qu<> haja um grup(), um corpo, uma junta, um consellw,
Pactear - Era a forma clássica, hoje desusada, embora mais um tlmco. uma teoria de professores. de médicos, de tt'cnicos.
justificável, de pactuar (combinar). de políticos, d<." pessoas enfim entendidas e autorizadas para
Padri.o, Padronização - V. padroni:ar. discutir ou deliberat em pé de igualdade sobre dado assun-
Padre - Coletivo, em geral: clero, d erezia; quando subordina- to. TávolA-redonda er'a a mesa tm que sentavam, em perfeita
dos à jerarquia da Igreja: clero secular; quando subordina- igualdade, os doz<' cavaleiro s da corte do lendário rei Artur;
dos a regras especiais de !-'ma o rdem, congregação. <om- a ignorância do verdadeiro significado da expressão mais
panhia: clero regular. V. dom. do que a desprezo do vernácu lo ju Igamos dever SA!r atribuí .
Padre-nosso, Pai-nosso • Para a pluraliza~-ão, tais formas de- do o erro, ignorância que se apresenta condensada quando
signativas da "Oração do Senho r' ' consideram-se justapos- ouvimos "programa de pmut na TV" por "mesa-redonda
tas perfeitas, estereotipadas, um nome só; o hífen é mero na TV". V. mesa-redonda.
enfeite ortográfico: dois padre-nossos. dois pai-nossos. País - Sinônimo de estado, terra, escreve-se com s final e com
Igual é o procedimenro do italiano, quer empregue a for- acento; não deve ser confundido com pais. p lural de pai,
ma latina, quer a própria italiana (patemoSlri. padrenostri}, sem acemo . Paú tem por plural paí<e,, ambas as formas com
do c:spanhol, qu~r escreva com hífen, qu~r sem (padre-nues- acento.
tros, padre mustros), do inglês, que justapõe sem hífen A ortografia oficial não toler·a acento em juit e exige-o
(patemosters). Note-5'! que o francês nem o segundo elemento em país. Como o p<>eta, nem todos os dias os relatores de
ne:>Oona. acordos ortográficos têm inspiração.
Padronizar - É "estandardizaçào" um anglicismo Inútil em "Paissandu", Paiçandu - Ao tempo de J oào Ribeiro podia
nosso idioma. Ternos o adjetivo padrão, de signilõcação per- um dicionarista declarar: "Em geral, devem procurar-se
fcicamemc igual à do "standard" inglês. Q.ue diferença com ç as palavra s quc·romêm ss ou s não inicial, nos rermos
existe de significado enrre "preço standard", "tipo .1tandard" brasílicos. Entretanto, muitas registramos com a grafia ss
e ''preço padrão". " tipo padriúJ"? Deste adjetivo vernáculo ou s por ser a do uso geral" (Simões da Fonseca, verbete
temos o correto derivado padronizM, que louvavelmente passoca).
devere: mos emprej,'llr em substitui~ào ao "estandardizar": Hoje, se quisermos escrever "oficialmente" , devemos
"a padr~mi-IA<Õo dos preços', "padronizar os nossos produ - desprezar o "uso geral". V. Mtiji.
tos". Paixão a - V. amor a.
Pagão - Plural: pagãos. Palácio da j ustiça - V. arligo.
Pagar - Põe-se nó dativo a pessoa a que se paga, no acusativo PáJade - V. mtinat.k.
a coisa paga: Paguei ao padeiro - Paguei o pão -Já lhe Palavra · Coletivo: voca/J11Uírio; quando em ordem alfabética e
pagamos a conta. seguidas da significação: dicio11ário. léxico; quando profe-
" Painel" · Q.ue pobreza de vocabulário, que impostura lín - ridas sem ordem, sem nexo; paiJJvrório.
goística i: esta de mulilar palavras estrangeiras para apre- Palavra palindroma- V. palindromQ.
sentá-las como lídimas fonnas vernáculas? Tem a palavra Palavras bifrontes - É a designa~ão dada por Mário Barreto a
inglesa pa11el (sem i na primeira silabal entre outros significa- certas palavras que tem sentido ora ativo, ora passivo,
dos o de "painel", " quadm" (de tela ou pano), ' '.:-spetá- palavras que exprimem posições recíprocas, rela<;ões duplas.
culo", nc~na", ureJevo arquitelônico". "Entre out.ros··· Uma delas, de que já tratamos, é frtgtd!, que tanto denota
porque a palavra inglesa é empregada também par a indicar quem habitualmente compra da mesma pessoa, quanto
"lista de jurados", "conselho", "lista de médicos de caixa quem sempre vende a uma pessoa.
de aposentadoria '': He wenc on the panel, ele consultou o Hóspede, em português e em espanhol (hubptd), den.o ta j á
222 Palavras divergentes
Pandora
a ~soa que se aloja em casa alh<"ia, já a pc:ssoa que dá
Havia antt'S sido rl'pudiado por Minena, e esta deusa
gasalhado ("meson<"ro o amo de posada''!. De:- igual rorma,
deu-lhe por rc:-sposta esses quat:ro ve-rsos palíndromos. que
ranro ~ >audoso o mc:-srre d<" qut nos lembramos, quanto
um tanto livremente podemos t:raduzir : Molenada pores-
saudosos somos nós que nos lembramos dele; aluga o propr ie-
carnecida sorte, não aou importância à lagoa cheia de P<'·
tário um lwm, aluga o inter<"Ssad o o bem do proprietário;
dras (lagoa Estigia) nem aos esforços de um deus privado de
tmprtsla o que pede por cerro tempo uma coisa, empresta o
dons. Mostra-r.:, rnostra -re, sem reflexão, tu me fustigas <.>
que cede a coisa por certo tempo: arrmda quem dá de arren-
afliges; cua esposa virá roubada de Roma.
damento, arrenda quem toma de arrendamemo. Esmolar
é ora pedir esmola, ora dar esmola. Ttmtraso ~o que tem me- De Francisco F'ilelfo (1398- 148 1) r.-rnos sobre o Papa
do,lnMrosc é o que causa temor. Pio 11 estas ~ntt·nças, cuja leitura (palavra po r palavra, e
Q.uando for o caso, a preposido sa lva o equívoco: empres- não lerra por lctTa) dá o sentido contrário da leitura nor-
tar a. arrtndar a, tmprr;tar dt. arrendar dt. mal, transformando votos e elogios em pragas e vitupérios:
hla\'l'a.S di•crgentes - V . rsl<ul.a.. Laus rua non tua lraus: \'irtus non cópia rerum
Palamo - Adjetivo pátrio: ptJMrmitano. Soánd('I'C te fccir hoc decus nimium.
Palíndromo - Tanto é paliru.ir01TVJ (gr. páhr1, out:ra vez; dróuw. Condi ti o tua si r stabilis nec ternpore parvo vivere ce faciat
corrida) um verso quanto uma fi-ase ou urna simplc:-s pala - Hic D<'us omnipotl'ns.
vra que se possa le-r da esquerda para a direita ou da d ireita Por último, este curioso palíndromo, constituido de cinco
para a esquerda: ama. ovo. t também chamado verso a114Ó· palavras dt' cinco lt'tras dispostas em quadro:
clico (an<i, ae novo; qcios. órculo) ou ver:<a canm11o por com- SATOR
portar-se como car,mguejo. Era uma das provas de sobera· A R E P O
nia entre os astecas tc:-rem os reis nomes palindromos: Capa~:. T ENE T
Palíndr&mos vmuiculos: "Atai a gaiola , saloia gaiata" (saloia. OPERA
que se pronuncia j(lldia. é feminino do adjetivo .raloio- õ- pa- R 0 T AS
lavr.t provinda do árabe; dl'nota o camponcs dos arredores
d<' Lisboa e emprega -se ram btm com a significação de gros- O quadro podt> sc:r lido de quatro mant·ira.s: da ysquerda
seiro, rústico, finório, \'elhaco que se faz de sonso e simpló - p ara a direita, da direita para a esquerda, de <.,ma para
rio para conseguir seus fins). baixo, de baixo para cima. Dando-se a Jtil.or a acep<;io mais
" Roma me rem amor". comum de Sl'rneador, e interpretando-se Arepo com o nome
"O to come mocotó". próprio, a tradução f : O semeador Arepo mantém o curso
"Socorram-me: subi no ô nibus em Marroco s". com ar<:-nt;ào.
Palúuiromo okmão: "Ein Esel lese nie" (um asno não deve Palmas (da.s mão s) - Barulho: ~stalar, ~>lrtpilar, t>lrugir, soar.
ler). vibrar.
Palíndromo casklhano: "Dabale arroz a la sorra el abad" Palpo, p apo - Não são formas divergentes; cada qual rem sua
(dava arroz ã raposa o abade). o r igem. Papo e subst;mtivo postverbal (de papar. do lat. pap-
PalindiOffl!JJ franusrs: "L'àme des uns jamais n'use de mal" part, comer); palpo, do latim palpus. indica cada um dos pro-
(o espíri to de alguns jamais procede ma h. longamentos, apêndices móveis e articulados, de funcão
"Elu par cette crapule" (escolhido por essa devassidii.oJ. r:áctil, gustar6 ria. e predatória, que ladeiam a boca dos ar-
l'allndromo grrgo: "Níphon anomémara, m~ móna óphin" rrópodes (in setos, aracnídeos, crustáceos, miriápodes). Pal-
(lava os pl.'cados, não somt>nte o rosto). pos. costumeiramente no p lural, po r aparecerem aos par~s ;
Palfndromol inJ!,Itm: "Madam, l'm Adam" (senhora , a aranha tem palpos, dai a t"Xpressão "palpos de aranha",
cu sou Adão). denotativa de situação perigosa, de di fieiI saída: "estar em
"Aule was r ere I saw Elba" (poderoso eu fui an r~ de ver palpos de aranha".
Elba). Pan - É palavra grega que corresponde ao nosso pronome
"A man, a plan, a canal, Panama" . neutro tudo, ma.s na formação de compostos~ empregado
"Doc. note. 1 dissenL A fast nevcr prevents a fatness. I também como adjetivo masculino e ft'minino com a signifi-
d icr on cod" (doutor, observe; o jejum não t-vira ~ngordar; cacão de todo. toda.
eu faco regime comendo bacalhau). União paMmmcaTIIJ quer dizer união de todas as Américas;
PalindromoJ italian.ru: " Ebro t Ott'l, ma Amleto ~ orbe" panaciia, de pmt mais aktia (de aMunuà, curar) quer d iter nu_a
(de Arrigo Boi to). twl.o; pandnnia, de pan mais dmúa Ide lkmo, povo), q ue-r di -
O mesmo Arrigo Boi to mandou gravar num anel que deu zer doença que ataca todo o povo; pandemônio, provindo dos
a uma atriz iluscre estes dois versos, que d evem ser lidos mesmos elemcmos, quer dizer reunião de rodo o povo, mui-
separadamente: ta gente, multidão, mas é usado com a significação de confu.
"t fedel, non lede re, são proveni ente da aglomeração de muitos indi\'lduos. V.
F. Madonna annod'a me". poT~<Vnericano.
Palindromos latinol: " In girum imus nocte, et consumr- Panaúia - V. parr: V. panamericano.
tur igni" (Circunvagamos durante a noite c somos consumi- Panamericano - O n do adjetivo paTUlmericfJno deve pronun-
dos pelo fogo). ciar-se com som alfabético, ou seja, deve rer o :<am que tem
Sidõnio Apolinário, que o refere, diz: O poeta ~ue o com- na palavra Ana; sua funcào não é nasalar o a que o antecede,
pds foi inspirado pelas mariposas que via se quc:tmarem na como dão a entender os vocabulários oficiais. os quais re-
chama da sua làmpada. gistram a palavra com hífen. Por que não escrevermos pan.a-
mtricano como escrevemos ,tuzruuiia. pmut:rmónico. panLfJrico1
" Miri s t'ro, rétine léniter ore sitim" (Sel-ei saciado, segure
a sede com calma). De igual maneira devemos proceder com pan.arábico, jHJMJiti-
tico, pann/ll!J{l, ptliiLIInico, pa:rúspânico, paniJlami.smo, sempre
''Si lx-nc te tua la us t:axat, sua laute tenebis" (Se teu elogio
pronunciando o n e ligando-o à vogal seguinte, como, além
te considera bem, muito mais te dell-itarás com o dele).
dos exernplos eirados, são pronunciados os vocábulos po-
Q.uarro versos seguidos, todos eles, um a um, palindro-
mos: niftalmia, pa11óplico, parzostmr. panóplia, panorama.
É um conrrassenso ortográfico escrever bem -a11mturado ao
Sédula petrosas irrisa sone pa ludes
lado de pan-americano; lá o hif~:"n para evitar que se leia
Sapósili donis no n sino Ditis opes
Signare, 5igna, térnere, me rangis et angis
btma, aqui o hífen para quê? Para evitar que se leia parw.?
Pois é assim m esmo que se deve ler, exatamente oomo se lê
Roma tibi súbito, mótibus ibít amor. parwrama. V. pan..
Segundo a mitologia, Plutão, por não encontrar, dada a Pandeiro - BaruiA~: rufar.
sua ft:iúra, deusa com que casar-~. roubou Prosérpina. Pandora - De pan (todo), dmon (dom), tem o acento prosódico,
Pallf'm et circenses Para 223
aberto, no o; além de ser essa a tonicidade grega, é longo a) dt lado: paráfrase, parágrafo, paraninfo, paraestatal,
- e isto é o que nos importa- o o desse nome, ~ue indica parapsicologia, parasito, parequema (o acento nas duas pri-
a mulher criada para castigo da humanidade. ' Caixa de meiras palavras é motivado pela tonicidade do composto
Pandora": caixa que a ela. foi dada por Júpiter; por curio- todo; a falta do segundo a na última i: motivada por regra
sidade ela a abriu e dela escaparam por sobre a terra rodos de composição feita no próprio grego);
os males; ao tentar fechá-la. conseguiu prender· someme a b) dtftilo, vício: parabiose, paracárpio, paracéfalo;
esperança. Outra versão é a de que a caixa continha rodas c) contra: paradoxo, paranomia;
as bênçãos dos deuses, as quais se perder.un quando da se d) além de: paracronismo, parafernais, paratopia.
abriu. Para (preposição) - "Organização das Nações Unidas para a
O nome rima com Teodora, Heliodora, Federa (não pense- Alimentação e a Agricultura" : Desbaratadamente vem sendo
mos em motivos "estéticos" para pronunciar a última des- traduzido o inglês po,. in·esponsáveis que tomam nossa pá-
tas pala,•ras de maneira diferente). tria mais conspurcada do que os estábulos do rei Augias. A
Panem et cirttnSC!s - Palavras latinas, que significam "pão e sujeira produzida durante trinta anos pelas tres mil reses des-
espetáculos de circo", tiradas de JuvenaJ (Sat. X, v. 81), ao se rei exigiu que Hércules desviasse o curso do rio Alfeu para
criticar a decadência dos romanos; com pão e divenimen- fazê-lo passa_r·pelos currais e mangueiras do imundo anta ·
tos, o povo romano se sujeitava aos Tibérios, aos Caligulas. gonista da Elida. Em estábulos de Augias transforma-se
aos Neros. o pais cujos professores têm aumento de numerário propor-
Panteão. V. Decamerão. cional ao número de aprovações de alunos que eles mes-
Paotcrll- Coletivo : alcatéia. V. animal. mos examinam, alunos que amanhã irão com a maior faci -
Pão - Plutal: pais. lidade "preencher vagas" de "sociedades" de ensino e logo
Pão de A~-úcar - Faz o morro do Pão de Açúcar pane do "gi- depois, quando não ao mesmo tempo, lecionar "lingüística"
ganu.• que dorme", também chamado "gigante de pedra'', uungua nacional", t(cornunicac;ão".
obsetvável do mar a grande distància da baia de Guanaba - As tolices de expressão aí estão a aumentar dia a dia,
ra. Se a cabeça é formada pelos morros da T~uca e da Gá- como dia a dia aumenta o mau cheiro de monturos fermen-
vea e o tronco e as pernas pelos contrafortes do Corcovado, tados pelo desleixo mais do que pela ignorância. Enquanto
constitui o Pão de Açúcar os pés desse simbolo de um país o inglts diz "organiza<;ão de alimentação e agricultura",
que, "gigante pela própria naçureza", permanece eterna- dando aos substantivos "alimentação" e "agricultura" fun-
mente deitado ... no ber~o esplêndido da Guanabara. De ção adjetiva - como d i>.emos, pelo menos até agora, "tor-
quase quatrocentos metros de altitude - e aqui altitude se neira de água quente", e não "torneira para água quente"
confunde com altura - tem o escarpado penedo, sentinela - vem um conspícuo tradutor oferecer-nos esta extrava-
avançada da bana, o interessante nome de Pão de Acúcar, gante construção "organização para", deixando ainda de
cuja proveniência nisto se resume ("Urca- Pão de Açúcar" , repetir a preposição ames do segundo elemento ou de eli-
de Kepler A. Borges): minar o artigo que o precede. É o mesmo erro de substituir
"Nos tempos coloniais, a indústria do açút<tr era feita, dt por para tm "tinta para escrever", " agulha p<íra costurar
no nordeste do pais, por processos rudimentares. Os enge- saco", "cabeleireiro para senhoras'', "relatório da direto-
nhos eram movidos por animais ou por braços humanos e ria para o exercício de 1973", "Ministro para a Guerra",
recebiam o nome de "bangue". Espremida a cana, era o cal- " Secretário para Assuntos lnteramericanos" e de outros
do depositado em tachas - grandes vasos, largos e pouco similares como "foi nomeado para ministro" (em vez de "foi
fundos, geralmente com asas. Uma vez fetvido e apurado, nomeado ministro") , ''Ginásio do Estado em Campinas"
era o melaço posto em uma forma de barro cônica, a qual {em vez de "Ginásio do Estado de Campinas" - "do Esta-
era denominada "pão de açúcar". Devido à semelhança do do" está aí por "Estadual" e a tolice é a mesma da cons-
penhasco carioca cono aquela forma de barro, onde se rrução "ginásio estadual para Campinas"), "continuação
coagulava o caldo da cana, passou-se a denominar Pão d~ com os mesmos abusos" (em vez de "continuação dos mes-
AÇÚcar aquele majestoso morro". mos abusos"), erros que são verdadeiros sintomas de uma
Conquanto .n ão unànimes os autores, essa é a explicação só doença: continuação da molecagem de rua, da sem-ver-
mais seguida do nome desse morro, que é para o Rio de Ja- gonhice cívica, do desprezo à pátria, do desrespeito aos
neiro o que a Torre de Eiffel é para Paris, a Estátua da Li- concidadãos. O dicionário e a gramática vêem-se "supera-
berdade para Nova York, o Vcsúvio para Nápoles. dos" pelo estilingue, as aulas por conferências, os exames
Papagaio - Vot: falar, chalrar, chalrear, grazinar, palrar, pal- por testes, a cultura pela avenhJra. A ver e a ouvir tantas
rear, taramelar, tartarear. tolices de .c onstrução, matizadas pelo abundante colorido da
Papel - Coletivo: caderno (em sentido estrito, técnico: cinco ignorância e do convencimento, iremos amanhã preferir
folhas ; em sentido lato: folhas ligadas), mão (cinco cadernos} ler jornais, revistas e livros redigidos em língua estrangeira,
resma (vinte mãos), bala (dez resmas); quando no mesmo de rígidos princípios de c.ivilip.ção, de firmes e respeitados
liame e como que batidas as folhas a maço: maço. cânones sintáticos. Pejemo-nos um pouco de tantas bobices
"Papel título" - ! a expressão bárbara; em linguagem de t('a- de redação (simpósio ' 'para'' pmfessores - seminário "pa-
tro português diz-se "papel prinripal". Não nos venha ama- ra" exportadores - reunião "para'' os sócios - jantar
nhã alguém com "papel toalete" por ter visto em algum " para" despedida dos aposentados - retiro espiritual "pa-
avião "roilet paper' . Prioopal e higitt~ico é que representam ra" os empregados - ministério "para" segurança - dele-
o devido papel no caso. gacia "para" vadiagem - horário "para" os exames) e pe-
Papisa - V. etiopisa. çamos emprestado de a lgum amigo o Aulete e leiamos o
Paquilópode - V. ápodt. que aí se encontra sobre as preposições de, para e a, que pas-
Paquistão - Adjetivo pátrio: paquistanês, paquislcmmse. A forma saremos a redigir e a traduzir com menos dificuldade e com
em t s. talvez por causa do n que antecede o sufixo em chinês, mais personalidade cívica.
milanêJ., albartés, cart.agints, parece estar prevalecendo sobre a Para, por • Há diferença de sentido entre "esforça-se para"
outra, que é antecedida de 11 em menor número de adjetivos e "esforça-se por". Em "esforça-se para sair" tem-se a signi-
pátrios. ficação de "a fim de": Esforça-se para ver a festa. Em "es-
Par - V. casal. força-se por" tem-se a idéia de causa. de motivo, e não
Para... - Na composição exige certo cuidado; separa-se do se- de finalidade: .. Esforça-se por precisar".
gundo elemento com hífen e tem acemo agudo na primeira Conforme o verbo ou o contexto, uma preposição pode
sllaba quando é do verbo parar: pára-brisa, pára-choque, pára- usar-se pela outra sem di~tinção. de sentido: Lutou para
raioj. Junta-se e nenhum acento traz quando equivalente ao conseguir sua aquiescência - Lurou por conseguir sua
prefixo grego pará, para significar: aquiescência. Já. em outros casos a distinção de significação
224 Pará Parapeito
se cvid~ncia: Saiu p(lTa incomodar os ouuos (linahdad~l ­ a consrrucão t'Stará certa (o mim rem «gora função dativa),
Saiu pqr incomodar os o uuos (causal. mas se a essa expressão acrescentarmos um verbo qualquer
Pará (rsrado brasilt'irol - Sigla oficial: PA. stm nenhum pon - no infinitivo, o mim dever;í ser substicuido por e~t, porque
oo. passará a exucer função de sujeito de~e infinitivo; o infi-
Para ~~darectt · Consrruçio francesa, que se intromete em nitivo é que, em ral caso, é regido pela preposiçio, e não
periodos de muita gente, é a formada do infinirivo anu~ce­ o pro nome: EstaS laranjas são pma quê ? Pata chupar. Q.uem
dido da preposição a. com fun<;ão gerundiva : caso> a tsclll- \'lli chupar ? Eu.
rtctr. Q.uem, epigrafa.ndo uma noticia, consuói (a.sos a esclll- Para todo o sem pre - Locução de igual significaçào de " para
reci'T'. tem em mente dizer casos para "' <lf:larecidos. caJOS que sempre", "eternamente": A oração calou para todo o Jem/)rt .
dtvrm, I{Uf precisam ser tsdaucido>. casos que vàb 5tr tsclarecidos. "'Parabenizar" - Exrravagãncia, mera extr.avagãncia o neolo-
Por ter o latim forma verbal especial para ra.i s opressões, gismo "parabenilar"; Laudelino Freire, sem dar exemplo
denominAda gtriUlllivo. ou adjerivo verbal, ou. ainda, particí- nem indicar a origem, consigna o vocábulo em seu dicioná-
pio futuro da vo1. passiva, é que falamos em M<pressão <'Om rio, mas é fora de dúvida a inutilidade desse derivado; por
!orca geru ndi~, ou seja, em português mais claro, com que fugir dt< "felicitar'' para empregar um verbo em que
função indicaéror-.a de passividade furura. De certo, o sen- vemos o sufixo ''iur'' sem a significacão que lhe i: própria?
tido ~ passivo, mas - é também isto certo - não a$sim se Da extrav-agância do noticiarista temos confirmação logo
diz em ponuguh. com a preposicão a ames do infinitivo, a segu ir:" ... enquanto me professo seu servidor". Podemos
senão de modo diverso e variado: I. casos para esclarecer; professar um principio (a v~rdade, uma religiã o), uma coisa
2. casos por esclarecer : 3. casos que eKiarecel'. Três maneiras (professar á. filiação de Adão) , mas não se diz "professar uma
difeTCmes, expressivas, de análise segura. correntes todas pessoa" nem "professar-se urna qualidade"; nenhum dos
elas nos bons escritore s. divet·sos significados desse verbo justifica o procedimento
1. C<llOJ para esdartctT: Tem a preposição para, dentre do redator.
muiras, a funçio de ligar, qualificarivamenre, o infinitivo Parabéns - V. $audade.
ao substantivo: /ivro.s para. con~u/Lar. veslido para. consertar. car- J>aro~deto - Com acento tônico no e, por ser longo no grego;
ta para mpondn, obra para pu.blicar. fiel às regras de quantidade, o latim acenrua paroxitonamen-
2. Ca.i4J por esdmtw: E variante da conso-uc;ão anterior. te : Paradiw. "Parádioo" já está em dc.>suso para indicar o
Clá)sico é o emprego ela preposição por para indicar fim. Espírito Santo.
destino, intuito, propósito, desrjo: "Enquanto eu tomo Paradox:a.l - Paradoxo é substantivo e significa pensamento
alento descamado por tiiTIUir ao trabalho mais folgado". contrário; paradcxoJ é adjetivo e indica o q ue é contrário à
Sem apelarmos a Camões, ~nconn<~mos na linguagem ho- opinião comum. Diz-se "Isto é parado.:o". mas é procedi·
dierna a natural expressão "Isto está por fazer", à q ual ve- memo c~ sintático, e não vocabular; a gramárica explica.
mos a preposição por trazer, nítido, o sentido passivo futuro: o emprego do subsr.amivo pelo adjetivo(~ !102).
Isto está para ser (cito. Paraíba {estado brasileiro) - Sigla oficia l: PB, sem nenhum
3. Co.sos 'fU< escÚJ.rtur: É a terceira<: corretíssima construção, pomo.
que traiçoeiramenre leva muitO professor a analisar o qur Paramaribo . Paramaribo, sem m antes do b. é a forma que di -
como preposição. cionários t atlas rra~em para designar a capital da amiga
Não se deve ao infinitivo dessas construc;Õ<"s apor a partí- Guiana Holandesa.
cula ;e; as expressões são por >i passivas, e a presença do se, Paraná (estado brasileiro) - Sigla oficial: PR, sem nenhum pon-
além de inútil q uando singular o substantivo modificado, to.
poderia provocar gravíssimo ~·rro de concordànda quando Paraninfa - Não tenhamos dúvida em dizer "a paraninfa",
plu ral. como düvida nem receio devemos ter ~m flexionar "a depu-
Conforme o ext'lllplo, outra forma poderia ainda substi- tada'\ ua prefeita". na juiz.a". "a d tefa", ''a ministra", f(a
tuir a afrancesada construcão : número su.btramd.o, Jaldo divi- consulesa", quando m u lher for quem tem o cargo ou hon-
dmdc, turma dcutora11da são expressões em que o gerundivo raria. O fato de um dicionário crazer, após um substantivo,
lalino aparece em sua legitima forma, afugentando desde a indicaçà.o de que ele é masculino não quer dizer que esse
logo o perigo e o feitico da sintaXe francesa. substantivo seja inflexível, isto é, que tenha uma única forma
Para ing~ ver - Não uma verdadeira indicacão mas uma hi· para os dois gén<"ros. A átulo de exemplo, procuremos no
pótese, que não parece destituída de fundamento, é a que Aulele a palavrafeliz.ardo, que veremos a especificaç-J.o ''mas-
segue: Q.uando, vigeme ainda a escravidão no Brasil, con - culino", mediante a abreviatura s.m.; com essa indicação,
seguiu-nos impor a Inglaterra a proibição do tráfico negro, pretende acaso o diciollllr ista declarar que o substantivo
exer ciam os ingleses, para fid cumprimento dos seus dis- não sofre flexão genérica, ou seja, não tem fom1a diferente
positivos, rigorosa. vigilância nos mares e embarcações nos- para o feminino? Longe dessa interpre1açào: "Se havia
sas, mas. como sói acontecer em tais circun~tàncias, muitos foliwrdru no mundo, esta Maria Rosa era uma delas".
elementos encontravam no contrabando a melhor fonte de Paraninfa, assim mesmo, com "a" final, é como rrat Mo-
renda e, para completo êxito da empresa, usavam d o se· rais a palavra no seu dicionário, para depois fazê-la seguir
guime anilicio: da forma masculina.
De regresso ao Brasil, traziam, juntamente com os escra - Parapeito, pára-brisa - Não é uma gr.tta a nossa onografia?
vos, um carregamento de produtos a fricanos. Q.uando, em Se o mau procedimento sintático pode ser evitad o, o orto-
aho-mar, surgia qualquer navio inglês, o contrabandista se gráfico é oficialmente imposto.
desfazia dos escravo s. Um3 vez dentro do navio brasileiro. Q.u" critério nos leva a escrever o elemento verbal para
verificavam os ingleses a normal finaliàade da viagem, ou ora junto ora ~-parado do nome com que forma compostos?
seja, o transporte de carga. Esta cuga era "para inglh ver". Onde se encontrou motivo para ortograficamente discri-
Se, o que muito acontecia, não fosse vista a embarcação minar paroJudo de pára-lmll4, para.peitv de- pára-vmlo? Não
durante a viagem, teria o comrabandista conseguido o fim obstante lá e aqui enrrar o mesmo elemento - correspon·
almejado, sem que se visse obrigado a desfaztt-se da verda- dente à terceira pessoa do singular do indicativo presente do
deira c preciosa carga. vcrl>o parar no sentido de "resguarda.r " - encontra-se lá
"Para mim fazer" · t erro freqoeme no Brasil o emprego da junto, aqui separado por hífen e enfeirado de sinal diacrí-
forma ohliqua mim com li.oncáo subjetiva. Não se deve dizer tico.
"Estas laranjas são para mim chupar", porquanto o mim es- A redaçio sintaticamente incorreta deseduca; a ortografi -
tá ai a exercer fundo de sujeito. Correta, assim deve ficar a camente ttrta., porque oficial, humilha. O professor mental-
consrruc;ão: ''Esras laranjas são para ru chupar". mente equilibrado não pode considerar ling(listicameme er-
Se dissermos simplesmente "Estas lara~a$ são para mim", rado escrever paralamo, parawnw, partU.Itoqut, nem paraqut-
Parasita Parêntese 225
daJ. pararrlllos. paraJSC/. meia nem parcdt t mna.
Parasita, parasito - Não obstante ser corrente "a parasita", Domingos Vieira apresenta a variante " Morar partdt tm
não pode justificar-se nem a fonna. nem o gênero senão meio com alguém", para significar "estar l:ào unido a uma
pelo desconhecimento do êtimo. O grego parll.SÍtos deu o pessoa., que só os divide urna parede". Este mesmo d iciona-
vernáculo para.>ito. com acento no i; importa acrescentar rista nos dá a express.ão parede meia !parede com um a dois
que <'l'1l latim o vocábulo grego deu, co.,..,tarneno<', "pa.ra- edificios), mas dela nenhum exemplo oferece.
sítus, i", nome masculino da segunda declinação. Nada, Paredts IRI!ias, diz-nos Aulete, as q ue são comu11s a dois
poroanoo, justifica di1.cr "a parasita" senão o u so. já arraig-a- prédios contíguos li lhes servem de separa<;ão: Viver. ~r vi -
do, mormente para do!signar planta da família das orquidá- zinho paredes m11ia.s co m alguém: "Gostava cu de ver como se
ceas, embora tais plantas não sejam parasitos. avinha para isso com o pastorinho São Mamede, seu vizinho·
Parasito, assim mesmo. com "o' fimol, ~mpre e)(istiu e paredes meial ' (Castilho).
e)(iste no idioma já como substantivo, par3 designar tais Parelha -V. caJal.
pla ntas, já como adjetivo ou adjetivo •ubnamivado para Parênquima - V. partqunna.
indicar o individuo que se nutre de outrem c, na arre, o que Parente - Coleoivo, quando ~m reunião: lntú/ia; ~m gt'ral :fo-
é supérfluo, deoneces5ário; emprega-se ainda como ele- mília.
mento componente: pariJjjliJM, par®lologta, nodoparalllo. l'arelllt:St: - Nem por ser grega a palavra iremos copiá-la ser-
Parco - Superlativo sintétiro:piJfcíuimo. V. mód1«1. vilmente. Venham de onde vierem. os vocábulos devem
Pare«'liÇl - All(a, dntia, tnfa (t1Ua), inci<l são variantes de um adaptar-se ao nosso idioma, ves!indo-sc das formas que ca-
mesmo sufixo que, acrescido a tema verbal, forma substan- raterizam as palavra~ dl" nosso vocabulário; "parént~is"
tivos absrratos; indicam a~:ão, r~ultado dt· aáo, estado, si- jamais foi forma C<"rta; a terminação átona is não ~ de nossa
ruac;ão: aüança, andança, cMjUJnça, mudança; arrogdncia, con.- lingua.
cordáncia, exorbitância; btrl(jun-ença, crença, difermça; abwrvêt1cia, ParlnltJts, no plural, indic.1 mdois semicírculos: " Isso fica
melhor enrr(' partntms" - "Os parlntem (sinais tipográfi -
advtrUncia, benefichuia, cartncia, conferência, a~Jisttflcia, au.liln-
cio. adstringi11cia , convivência, dem(nâa, dtmlncia, prudlncia, cos) estão ddt-ituoso>". ParêrlltS', no singular, ind ica wdo o
regência, virullncia, t1iollnaa. conjunto, isto é, os dois semicírculos e mais o que dentro
deles sc.~nconrra, c pod~: po~. sua vez, com ~>te s~mid~, ~er
E sufixo proveniente da vogal que e<oracter iza a conjuga - plural: Abrcnn parfnlru - Fechem o partnltJt - Do s-
cão hilina, ~eguida da juncào do sufixo nt - do particípio
curso com muitos partnusd'.
presente e de um grupo de adjetivos - com ia ou simples-
meme a; 4ncia, incia com i quando, geralmente, tbn relac..ão Parêntt:St: e ma.iúKUla- V. maiúscul4, 2.
com formas lati nas que nos dcram anlt, mu, mio: (abun- Parêntese t ponruaçio - A) ~pre que um parentcse vem de-
dante) abunddncia, (al'rOgame) arrogànCÜL, (disra.me) diJIJincia, pois de terminado o período, este, o período, trat no fim a
{vigila.md uigi/4ncia, (sullcieotel sujiahu:i!J., (i ndolcntcl indo- pontuação dwida - que poderá ser pomo final, pomo de
lbuia, (prudenre) prudtncia, !penitemel pmilincla, (violento) interrogação, ponoo de exdamacào, reticência-s - <" o par~n
violhula. ttse de"erá iniciar-se com letra maiúscula e rrazer no fim,
As formas contratas ança, tt!fa aparecem gera lmente quan- ainda dentro, a respectiva pontuação; fora. dele, nenllllma
do não é nirida a proveniência de tema latino de verbo o u de pontuação será acrtscentada. Exemplos:
adjetivo em nl: bonança, tspn-anra, co/Jrança, PARECENÇA , - .1::-me desagradável verificar num aluno a reincidência
licen(a, dmmra. ~abtii(IJ. freqüente nos mesmos erros, nas mesmas distrações, nas
Isso em linhas gerais; vezes há no entamo em que ocorrem mesmas faltas di: cuidado. (Da reincidência tenho conheci -
formas discrepantes de tal forma ; se temos diferente, o subs- mento porque os erros são anotados na ficha de todos os
tantivo é diferença, ao passo que o verbo é diferenciar (diferen- alunos.)
ciação, diferencial). V. difermciar. - Poderia voe~ identificar no grupo os crominosos? !Pra-
A variacão grállca trud, com s, de cenos derivado~ ~ moti- ticaram o crime não objetivando proveito, mas por mera
vada pelo supi no do verbo la tino correspondente: despenjtl, perversidade! )
r xpmj(j, ojnua. - Não sei se será o meu ca50 - declarou ele - mas acho
Pateeer - Dá-se com o verbo parecn- o seguinte: Tanto' pode- normal disputar alguma coisa no meu estado. (Sabe-se que
mos dizer" Eles partcern estar doemes" como " Eles par"~ •llO- o atual president~ da Eletrobrás preieode voltar ao governo
r<mdoemcs". do estado.)
No primeiro caso ("Eles parrctm eslaJ' doem~") o verbo - ... respondeu que houve um empobrecimento em nosso
pcrreÇI!r esc:á empregado como verbo de ligacão, sendo seu ambiente literário a panir de 1922, e acrescentou esta frase:
predicado "estar doentes" : Eles (sujeito) parecem (verbo de " Há no Brasil urna urgenre necessidade de recuperação da
liga<;ãol estar doem~ (predicativo). No segundo caso ("Eles dignidade de linguagc·m". (Q_ue diria ele hoje. quando a ju-
pareet tstal'em doentes") o verbo parecer esci empregado in- ventude criou para seu u so um patoá a que muitos (S<.Titores
rransitivamcnte, isto é, com sentido completo, e é seu sujei - vão aderindo aos poucos pelo receio da eiva de anacro -
to "estarem doemes", equivalendo a o•·ação a "Parece esla- nismo?)
mn dts doenus" (suj. de parece) ou "Parece qv.t tlls eslõ.o doen- 8) Quando no meio do período e meramente <-xplicativo,
ttl'' (suj. de pame). o par~nte5C inicia -se com leu-a minúscula e term ina sem
O ~rbo parear, pois, quando o sujeito da oração está no pontuacão; c~ta virá , se neces..<ária, após o parêntese, como
plural, faculra estas duas consrruçóes: I . Eles parecem estar se parênlese nenhum tiv~e sido acrescentado. Exemplos:
doentes - 2. Eles parece estarem doemes. -A inflação agrava-se m(s a mes (veja-se o quadro ane-
Nada, portanto, deverá estranhar -nos a flwo do infini- xo), mas estio sendo estudadas medidas rigorosas para con-
t ivo quando o verbo parecer estiver no singular. nem a não te-la.
flexão do inllniLivo quando o verbo partcn vier no plural: - Uma pesquisa realizada a semana passada mostra sua
"Escudos que os compridos saios de malha partciam ttmUir queda de popularidade após o primeiro ano de governo
inúteis" - "Qu<' parraam despm.tlT as tnbos bcrb('fCS" - (após igual tempo, o presidenle anterior teve a populari-
"Que partet allllllrem-lhes já o hino da morte" - "Lanças dade aumentada de 20%); o utra pesquisa irá ser feita daqui
que parecia mcaminhartm-se" - " Os quais lhes pareceu diri- a seis meses.
girem-se para os lados do célebre mosteiro" - ''Tais condi- C) Quando no meio do período c a expressar um pensa -
ções me parecia reunirem-se ..." . m ento a pant·, c não meramente explicativo, ou se iniciar
Pan.>dcs meias - Não se trata do substantivo plural m•ías, mas por citação ou nome próprió, o parentese começa com
do adjetivo meio, que entra numa expre~~ão que de preferên- maiúscula e pode ttr pontuação própria . bemplos:
cia deve no plural ser empregada: Paudts mtia.s, c rüo partdt - ~·o dizer -lhe q ue prossiga nes.se emprego, a fim de
226 Parequcma Partição
nada faltar (m casa ? (Tenho cen eza de que essa é a sua vo cábulos, introduzi u no verbo estacionar a acep<;ã.o de "pa-
p reocupar,ão.) Temos crês filhos para c::riar. rar definitivamente", desp rezando o r eal significado de "pa-
- Publicou ele o ano passad o um romance policial. Dis - rar o u demorar-se algum tempo em algum lugar": " Dessa
trn(M Graw (Editora Moderna, 500 páginas, Cr$ 100,00), esripula~'ào, pois, d<' tstacionar no Rio de J an.-.ro o mo tivo
mas a tirag(m foi pequena e da edicão nada mais resta. n~o pode ser o q ue se dá" (Rui) - "No mês seguinte o dadi -
Parequema - Sem d úvida nenhuma, é pa•·oxítono - partquêma voso fidalgo d eu um j antar aos capitães franceses que estacio-
- esse vocáb ulo. que em gramática designa a colocac;io de navam em Angra" (Camilo).
palavras de m aneira que uma sílaba fique ao lado de outra Não estranhemos s~ frarqtaar c parqtUamLnto sejtuirem o ca-
do mesmo som: tenra rama . Compõe-se o vocáb ulo da p re- minho de parquímetro, e não acoimem os esta última palavra
posição parti (junto)" do verbo ed1ri11 (soar). · de híbrida, pois tnLfro hoje se j unta a outros el.-mentos como
Não c:onlundamos essa palavra, nem quanto à lonna nem se palavra nossa fosse. Se um carro é deixado em um parqve
quanto ao acento, cona partnqui1114, palavra esta proparoxíto- especial, tin to maior motivo para que aceit<"mos o s neolo-
na , que em anatom ia indica " tecido formado por diversos gism os correspondentes ao p m aiúsculo da sinaliza<;ão inter-
e lem entos, dos quais nenhum é predominant<" o u car.Lctc- nacional.
ristico'~. Parricida. paniódio - V. mariticid4.
Pari passu - Locução lati na que significa "a passo igual": Pancnão - V. Deramrrão.
" Acompanhar algutm pari paJ.n/' - acompanhá -lo no mes- Partes do corpo- V. plural diJtributivo.
mo passo, )imu lcanea mente. Partição silibica. Q..uando não cabível t.Oda numa linha, paru-
Parir - A irreguWidadc deste verbo está apenas na I' pessoa ~ a palavra ; esta simples declaração deve ~irar-nos confun -
do singular do indicativo presente, que é pairo, e no subjun· dir partição silá bica com contagem de silabas, pois difcr~ntcs
tivo presente: paira, pairaJ, paira. pairtP11os, pairais. pairam. No são as regras para uma e o u rra coisa, ou seja, nem toda a sí-
mais. é regular, no tando-se qut· usualmente só apare('(' laba pode ser transposa parJ. a linha seguinte. O assumo é
conjugado nas formas em q ue ao r se segue i. regulado pelo Formulário Onográfico; baseando-se nele,
Padamtnto - O étim o próximo do vernáculo parlarru:nto é o in- aqui expomos estas normas :
giC-s parliammt, que por sua vez proveio do francês parlmumt, a - NORMAS GERAIS:
d~ pariu. que correspond..- ao nosso parlo.r. forma amiq~da 1. A divisão de q ualquer vocábulo, assinalada pelo hífen ,
de falar. em regra se fn pela solecração, e não fH=los seus elementos
O nome, que designava, primeiro, a amiga assem bléia dos const itutivos segundo a etimologia ; >ubs-cre- vtr, de-sar-mar,
Grandes da Franca. passou a indicar colctivamenre as cima- bi-sa-v6, t -xir-ti- lfJ, ex-ce-der.
ras legislativas de um país.
2. Ni o passar para a linha seguinte silaba ou silabas que
Panna - Adjetivo párrio: parmesão. V . gentiliros. (nc~rrern so:ontido ridículo; após-lo/c. cô -mico.
Pan lâo, pttnão · A segunda for ma é co rrup tela d.1 primeira.
Panuio é o nome de certo jogo de m eninos em que um há de 3. É preferível, quando se escreve à mão, passar para a li-
nha seguinte a vogal inicial a deixá-la isolada: nnancipado,
dizer se é pa.r ou n4o o núm.-ro de objetos (grãos, pedrinhas}
que o o~u·o tem fechados na mão. IJlrojia, e não e-mancipado, a -trofia.
Pároco - E palavra de o•·igem grega , párocoJ. q ue pode em por- b- CONSOANTE I NICIAL:
tugues ser uaduzida por administrador, assistcn t<', guuda. A consoa nte inicial não seguida de vogal permanece na
si!aba que a segtt<': Clll-<Ú>~, du-ta, g>W-IM, 11W'-m6nico, pneu-
Enrre os roma nos chamavam-se " párocos" certos comissá -
rios que deviam dar na provincia provisões de lenha, sal, aos mático.
funcioná r ios de estado que passassem em serviço do gover- c- GRUPOS VOCÁLIC OS:
1. Não se separam as vogais dos ditongos dt>crescem es nem
no. A eles rd 'e rc·se Horácio numa das suas sáriras (a qu inta
dos grupos ..-m que t-Xiste u pertencen te aos digrafos gu. qu:
do livro primeiro) em q ue de>creve a viagem que fez de Ro-
nM -pt. rEI-na-do, i - f.UAI. i-GUAis, cir-cUI-to(não nos esque-
ma a Brind isí e aponta as provisões - " ligna salemquC'"
Otnha e sall - que cabia dar-lhe o "pároco". A palavra foi c;amos d e que o a cento d esc:a pa.lavra cai no u), cOI-ta-do,
adotada pela l exjul ia c sempre depois usada no sentido ofi- t.Ul-w.
cial. Esses provedores foram com a designa(ão que rinham 2. Não se devem .separar as vogais dos d itongos crescentes
d e " pá rocos" aprovcimdos na organiza<;ào da igreja cristã. fi nais áto nos: hiJ-tó-riA, ar-má-riO, es-pé-cTE.
3. As vogais que se pronunciam d i54intame'!te pod~ ser
No p ronunciar esse vocábulo, jamais digamos "párroco"
separadas: vO-Ar, p<J-EJ-ra, prO-E.-mio, ml -U-do. d-U-mt,
(nem " parróquia" }, com r forte, como faz a língua italiana.
trl-Unjo, im-trU-0.
Paroódeo . V . íleo. 1. As vogais idênticas separam -se, 11c:ando uUJ.a na sílaba
:Pa.rquear, parquea mmto, parqu~o - Cortado transvnsal- q ue as precede, outra na sílaba scguince: cA -A-tin-ga , cO-
rncnte e obliquam.-nte por uma linha vermelha , o p maiús-
Or--de-Mr, dU-On-vi-ro, frl-1.-si-mo, gE-E114, cO-Or-u. (Não
culo dos disc::os de sinalizaçio de trànsico denota proibição
confundamos esta palavra, que signitica tropa armada c se
de parada prolongada. Além de cais placas não oferecerem a
pronuncia coórte, co m o substantivo corte (ô), palácio ft'a l,
discrirnina~ão do dia da semana n(m da hora do dia em que
nem com cortt, que signilica incisão e se pronuncia airlt).
a parada pro longada é proibida, o interessado só compre-
d - LETRAS INTERVO CÁUCAS:
enderá o porque do P quando lhe disserem qu e ele está pelo
A çonsoame simples vai par.t outra linha quando modil1ca
inglês parAing. Enquanto o sinal de proibi<;ão de qualquer
a vogal q ue se lhe segue : ca-Ro, i-No-pe-ran-tt, lk-Sm -ga-nar,
p ar;lda nenhuma letra traz, o de proibi<;ão d e parada pt·o -
t -Xár-dio, e-Xa.J-pe-rar.
longada traz <"sse p maiúsculo, ou melhor, o sinal de proibi- Nota- A consoante simples não passa para a ourra linha
cão de parada prolongada é o mesmo de proibiç-.i.o de qua l· quando mo difica a vogal antecedente: beM-avtn/urado, rec/M-
quer parada com a supcrposi ~ào de um p maiúsculo no cen- a.s3ado, maL:eJJar.
tro .
t- G RU PO DE DUAS CO NSOANTES:
A sinaliza<;ão de trãnsito pft'tende intemacionalizar-~e I. As geminadas cc. cç, rr e SJ separam-se, ficando uma na
apoiando-se na crescente imernacionalita<;ão do inglês, don- sllaba que as preçede, outra na sílaba seguinte : oC-Cipital,
de o aparecimento de parqtUar, parqwtarnmlo no falar de pes- >UC-ÇIÜ>, proR-& gar, reS-SU1'gir.
soas viajadas, e de pari(UfmLiro, que j á comecou a aparectr
2. No interior do vocábulo, sempre se conserva na sílaba
nos jornais.
que a p rt'cede a consoante não seguida de vogal: aB-Dicar,
A rigor, tslaciOMf um veiculo significa simplesmente parar, aC-Ne, btT-Samita, daF-Nt, draC-Ma , éT-Nico, oB-Firrnar, oP-
como .se diz de um trem expresso que nio nlaàoM em todas Ção, dG -Matismo, suB-Por, piG Mtu, tliP-&, aD-jetivo, fTaN-
as estaçõa, mas o Trânsito, rtbelde h mais elementares re- Sandino.
gras de gramática e irr~erente à gralia e ao sign ificado dos No ras : 1• - Não s.- separarão duas consoantes quando
Partió pios Pato 'l'n
forem conjuntamente pronundadas. nem as dru dígrafos Pauim - Advérbio latino lJUe significa "aqui e ali"; é emprega-
dr, l/te c nlt: a-BLu -ção, a-BRa->ttt, a-CHe-gar. fi- LHo. ma-NHã, do apôs a ci tac;ào de um livro, para indicar que " aqui c ali"
de-Prt -cíar, rt - TRó-GRa-tÚJ, IIL- VRál-~o. nele se encontram passagcns referentes ao assunto.
2i - As consoantes dos grupos bl, br c dJ scparar-se-ão Pasteuriur, pastorizar - A doutrina de Pasteur e seu processo
quando forem separadamente pronunciadas: •uB-Lingllal, de rsterilitacào do lcire e de outros produros diz-se I!Cral-
suB-Rogar, aD-lAgQfiio. Não se separarão, de acordo com a mcme doutrina fJO.Slturiana e pasuuri~açào. Em certa rcvisra,
nota anterior, quando forem conjuntamente pronunciadas: por6n, achamos 3 forma "leire pmtoriiiJdo". O caso não nos
su-Búooçào, co -BRt111ça, Dlim. teria chamado a a tenção se essa não tivesse sido a forma de
3~ O se no inter ior do vocábulo b iparre-se, ficando o J nu- Rui, que fala em "dourrina pastoriarul' nos "Elogios Acadê-
ma sílaba e o c na. silaba imediata.: adllleS -Ccnte, deS-C.r, inS- m icos", discurso sobre Osvaldo CnJl. O mestre necesMria -
Ciente, reS-Cisoo. mente havia de ter suas razões, e aqui trasladamos o <\ue se
f- GRUPOS DE TRts OU MAIS CONSOANTES: encontra nas "Apostilas aos dicionários portugueses', de
S<'param-se foneticamente, P<'rtencendo sempre à sílaba Gonçalves Viana :
an tecede-me o s: oBS-TRuir, rtS-PLmdor, suptRS -Ti(ão. loNS- "Tanto p411turhar como paslt'I.ITilAciio provieram do franc~s
1ítuicào. mttRS- Tíáo, suBS- Tabtkur. pmteurisn-, p4lltwüation, e são neologismos indiS?<"nsávcis;
Partiópios d uplos - Em orações participiais que se apresenmm como se há de, porém, pronunciar a segunda sil;aba, tanto
como úrulos de artigo ou de noticia l" SuspC'nsas as Aulas" ) do verbo como do substantivo dele derivado? A francesa,
ou cor~spondMn ao ablativo absoluto latino (" Aceitas as pastãrttor, p411iiriz.a.tk. o u i porwgucsa, pallruriuzr, flasltun -
condi<ões, o negóáo efetuou -se logo a seguir" ), a fonna t~? Se se adora a primeira pronunóacão como a legítima,
partícipial írregulat· é que deve figurar sempre que se tratar
os vocábulos aponuguesados tornar-se-ão impossíveis de
de verbo dc dois particípio~ quc se inclua na regra dos parti- proferir para. todos o s porrugueses que não pronundem
cípios duplos. É erro p ôr como título de norlcia: " ln.st:rido o m ulto bem francês, pois o som do eu francts aberto e longo
abono no expediente de on tem", como é erro redigir: "Im- é dos mais dificeis de imitar para todos os individues em
primido o livro, o editor fet. dele grande propaganda". cuja língua ele não exisra, como acontece rrn porwgu~s­
"Verbos de partid pio d uplo" (ou "verbos abundantes". A adotar-se: o segundo alvitre, os vocábulos ficarão deforma -
como chama a nomencla(ui-a gramatical oficial do Brasil) é d os, não na escrita. mas oa pronúncia. Parece-me, portamo,
a~sun to que roda a boa gramática expõe e já foi nesras Q.ues- que o melhor seria aporruguesá-los d e todo em pauoritar,
rões vemilado nos vcrberes "imprimido, imp1·esso" e "in- pastoritado. visto que o nome do grande médko francês Pas-
serto. inserido". Corrija-se o tirulo da norícia pura: "lrun-to li!UT corresponde formalmeme ao vocábul o português pas-
o abono no expediente de ontem". lfJT."
Partidário - Coktivo : facção, partido, torcida . A verdade, porém - podemos com folga de anos aaes-
Partido político - Col~tivo, quando unido~ para o mesmo fim: «"ntar - é que pmuum.ar e dcrivados prevaleceram, pelo
coligação, aliança, coalizào, liga. menos no Brasil, e são pronunciados sem nenhum receio
Partir - V. abolir. nem preocupação co m a pronúncia francesa; a palavra está
Panúrient monte$: nas«tUt ridirulus mus - Expnssã.o latina realmenre "pas-TEU-ri-za-da" entre nós.
q ue significa: " As montanhas vão dar à luz; vai nascer um Pasteurelose - Esta forma já con sagrada de designa< generi ca-
ratinho" . Pensamenro de H o rácio (Arte Poitica , 159), aplicá- mente várias doenças, principalmente de animais, confirma
v('] ao que é ansiosamente esperado mas completamenre de- a aceimção gráfica rrarada no verbetc anterior ; assim se es-
cepcionante quando se rt"aliza. creve e assim mesmo, :\. ponuguesa, se pronuncia: pas-lfu-
P~o - Formas aurnenr:ativas depreciativas : parvalluuo, par- re-1&-u . Já registra.da em dicionãrios, dispensa as aspas, mas
vaUrão, pan!Qlirão. não nos esqueçamos de que é nome genérico.
Passarinho - Vot: apirar, assobiar, can tar, canro, chalrar, chal-
rear, chiar, chichiar , chilro, chilrar, chilrear, chirrear, do- Pata \pé e ave) - A.ummtativo: patorra, paronha.
brar, esuibilhar, galrar, galr car, garrir, garrular, gazear, ga- Patagônia - Adjc:rivo pátrio : fHJJagão.
zeio, gazilar, gazilhar, gorjear, gorjeio, grazinar, gritar, mo- Patativa, patadYo - Os que: dizem fHJJaliuo não têm em mente
dulação, modular, papiar, palrar, p iar, pipiar, pipi lar, pipi- especificar o macho da patatíva mas indicar o pàssaro sem
tar. ralhar, redobrar, regorjear. soar, suspirar, ~aralhar, li- discrim i= r .lhe o sexo ; são varianres q ue designam a mesma
nir. tinrinar , tinti nir, tintlar, rintilar, trilar, trilo. trinar , tri- ave canora, das quais a primeira - palaliva - é a u.s ada em
no, ulular, vozcar. São Paulo; "a patativa do Norte" era a alcunha de Epirácio
Coktivo : nuvem, bando. Pessoa em anedota de sabor político divulgada pC'la irnpren-
Pássaro - Diminutivo: passarela; aumentativo: passaro13(ó), pas- sado Rioem 1919.
sarolo (õl; co!Ltivo: passaredo, passarada. Os que usamos a forma patativa, gramaticalmente do gi'-
''Pasae-panout" - De acordo com o caso, temos em português, nero feminino, teremos de dizcr, .para a discrim inação do
caixillw, moldura, chaYJt-mest.ra, drave dt trinco, ádaptador. sexo, a palaliva .ftmea, a patativa macho ; m utatis rnu rand is, o
Paued demasiado - Freqüentemenre adjetivos ua fonna mas- fHJJalivo macho, o patalivo jlffl1to. V .jimto.
mlina. ou a mes, neu tra , são empregados como advérbios: Pa tena - Se o Sarruva dá como breve o e da penúltima sílaba e
Eles falamjortt (fortemente)- Rezem baVu> - Leia alto- remete para páliM (tigela , prato, tacho, manjedoura) o Ca -
Rc:sponda calmo- O remo compassado fere frio . lepino e o dicionário da Real Academia Espanhola dão co-
Chama Carneir o Ribeiro os adjetivos que essa função mo longo esse: t . Conquanro o vocabulário da Academia das
exercem voláhulos advtrbiatÚJs e dá com o exemplos as seguin- Ciências de Lisboa, no dar as duas palavras, diga que pálnl4
tes palavra~: urto, dirrilo, amlimuJ, infinilo, >1Íi!Ílo,junlo, primri- é melhor que fHJJmll, o acento espanhol prevalece e é por vá-
ro, 1/.ou, dtltlldo.jotú,Jrio, manso, caro, baralD, 6gtiro,jiLuJo, duro, rios autore$ defendido também em nosso idio ma : fM·U -na.
nrato, rato, rijo, allo, baixo, elmo, $1Ulvt, segundo, mole, manift!lo, Pata familias - Urna curiosidade nos apresentam as expressões
imenw, sobejo, smo, gDstoJO, eNio, rasgado, aj~. gro>>O,~, di- pattr jamiliOJ, fillto farnilias. maltT familúJ.s. jifha jami6as . em que
vmo,folgado, demaúado, nímio: o elememo familia.s corresponde ao anugo genitivo singular
"Q.uem ~ ru, que esse esruP<'ndo cor po ctrto me tem ma- da primeira declinação latina; significam pai de famUia, fiO.o
vilhado?" (Camoo)- " Que a neve está continuo pelos mon- de família, mât tkjàmi6a,fillw defamilia r são geralmente em -
tes, gelado o mar , geladas sempre a s fonccs" (Camõesl - pregadas no singular ; caso se nccessire pô -las no plural, de-
"Como um ladrão que de mtdo vai pano, quedo e Julíf' ve-se aportuguesar o primeiro elemento : pais familias, mães
(Gonçalves Dias). f amílias.
Empregavam .~'i os latinos adjetivos neutros com fu nção Patifr - Feminino : patifa.
adverbia l: "Dulet riden tem I..a.lagen arnabo, du/.ce loquen- Patinar, patinhar - V. o carro palinJra.
tem " (H orácio). Pato - Voz : grasnar, graJJito;r.
..,.,...---- --·-·
228 "Patota" Pegado
"Paroca" • A palavra portuguesa é baloUl (casa de jogo, trapaca Cremos que o leitor não irá confundir <'SI<' caso com o
no jogo, jogo de azar, logro, burla), donde balot.ear (fazer ba- anterior; lá. a construção responde à pergunra. " Que é que
to~a, jogar batota), baloUíro, batotismo. pediu"? - Pediu qut lhr l~vaHrm o filllo ante; da hora de c.os-
Bato é o nome do jogo também chamado jogo-das-ciTKtJ· turM. Aqui a construção responde à pergunLJ : "Pediu permis-
prdriJ'Ihaj, ou w -cinco-marias. são para quo??" - Pediu para kvar o fi/Jw antes da lwra de
Pátrios (adjetivos) · V. gtnlíliaJJ. COJlume.
Pau . Coiflivo. quando fincat.los e unidos em trincheira: hasri- Ou tros exemplos do primeiro caso: " ... e o melindre prdt
da, paliçada. V. vara. qut não se escrevam'' (Camilol - "A5 duas senhoras despe-
Paulista, paulistano . Os nomes visam a clareza; ~é funcào da diram-se dos rapazes ptdindo-lltes qur as fossem ver'' (Ma-
linguagem dar a objetos diferentes nomes diferentes, df;'Ve· chado de Assis) - "Pediu ao velho que lhe emprestasse o
mos aceitar os apelativos pauüsUz e jiauliJtarw para distinguir aluguel do cardenho" (Camilo) - "Um freguês peditt·mr
o nascido no esrndo (paulista) do nascido na cap ital (pau/iJ. lhe houvesse um pequeno de chumbo" (Vieira).
la110). Outros exemplos do segundo caso: "Um cavaleiro ...
Paulo, Paula • Como sobrenomes (J<igem este cuidado, nem pedt para falar com o conde" (Her·culano) - " Padre Antó-
sempre observado: de São Vicente o sobrenome i: Paulo , com nio ... pediu paro. ficar só c:omigo" (Camilo) - "Minha mãe
o; de São Fra ncisco é Paula. Mnemonicameme ê fácil guar- ficou perplex.~ quando lhe ptdi p()ra ir ao enterro" (M. de
dar : em "Francisco" existe a vogal a - São FrAncüco tÚ Pau - Assis) - "Peça a algum lojista honrado para ter na sua lo-
lA. ja..." (Casti lho).
Pavão . Voz: pupilar. Feminino: pavoa. O me>mo se diga de outros verbos volitivos (verbos que
"Pa•eamento" • Barbarismo; a palavra ponuguesa é pavimnr· expressam vontade). entre os quais diur, quando usado com
/ação. essa significac;ão: "Diga-lhe qtu venha" (e não: Diga-lhe pa-
Pa\'ia • V. Etiópia. ra qut venha).
Paxá • A grafia e a pronúncia do grupo consonanral do étimo Pedra-ume · Dada a origem latina (alumtn). o composto não
áralw levam-nos a prderir escrewr a palavra portuguesa deve trazer /l.
com x. V. Baxá. Pega (ê) • Vot : palrar.
Peio. pião · São duas palavras: a primeira, com t, é de procc- Pegada · Dúvida não deve haver quamo ao acemo: pr-gá-dà.
d~cia latina (pedámum); indica, emre outras coisas, homem o etimo . qualquer que seja ele, pois nisso há dissenções-
que anda a pé, :10ldado de infantaria, amansador de cavalos. prende-se sempre à rail ptd (pé), e a palavra expressa o sinal
condutor de tropa, empregado de classe inferior de fazen- deixado pelo pé; nada etimologicamcme tem que ver com o
da, peGt do jogo de xadrez. Tem por feminino peoa, prona. v"rbo ptgar. embora se escreva e pronuncie ta! qual o seu
e por plural peãos, ptõt~ ptàn parriápio: prgada.
A segunda, com i, nada tem com as significações anterio- Peg-.tdo A· Não se trata de locução prepositiva, como aconte-
res: indica o brinquedo de rodos conhecido e, flguradamen- ce com jwrlo a. junt() de. Em "pegado a" o o é preposio;ào
te, eJXll, ponia , flanco em torno do qual giram coisas ou pe~­ exigida pela fonna panicipial ptgodo; a concordância do par-
soas, e ainda duas p lanias que dão pinha. Tem por plural ticípio com a palavra a que se refere é obriga tória: "Esta fi.
piãos, pi<irs. f!i6rs. V. pião, peão. gura tem os braços estendidos e ptgados a uma cruz como o r.
dinariamentc se represema Jesus Cristo crucificado". V.
Peça Coletivo: q uando dc:srinadas a aparecer juntas na meSõl: junto.
b<nJ<ela. strJico; de arligo comerciávc.-1, quando em volume Pegado, pego (ê) • Verbos há em port uguês que possuem dois
para transporte: fardo (de fazenda), de fumo, de alfafa), ma- particípios, um regular, formado de acordo co m as leis da
gou (As peças de seda vinham aos magolt> de cem e de conjuga~ão, ou seja, acresceniando-se ao radic.a l do verbo
quinhentas); de artilharia: bateria; de roupa, quando enro· a terminação ado para a primeira conj ugação e ido para a
ladas. trouJ<a; quando pequenas e atadas ou cosidas umas as ~gunda e terceira, e oucro irregular, contrato. cuja ror-
outras para não se <"><traYtarem na lavagem: apontoado; liH'· mação não se enquadra em regra alguma e só se explica pela
rária : tmlologia. floriliJ!;io. •til-ta. ;il11a. crtslomatia. tolttâneo. etimologia. Entre os muiros verbos de particípios duplos
misctlânea.
( ~ 494.) esuí o verbo pegar: ptgado e ptgo (ê) - são as formas
Pedi-lhe ir. V.I1Ulndti-o vir. correspondentes ao particípio regular e ao irregular.
Pedir que • Q_uando traz por objeto um substantivo, é o verbo
pedir empregado corretamente: Pedir um favor. Q,uando Vejamos as regras para seu emprego : na voz ativa, ou se-
traz, porém, por objeto uma ora<:ão, é o verbo pedir, gt·ande ja. com os auxiliares ter e haver, emprega-se o partid pio
número de vetes, erroneamente empregado; se o correto~ : rtgular, que pennancce invariável; na voz passiva, ou seja.
Ptdir um fal}(JT • só será corrcro: Pedir que .efaca umfavor. com os verbos ser e estm. o irrtgulor, variável. Exemplos:
No primeiro caso é o objeto constituído de coisa, e ao ver- Aquelas (X">SOas Um prg11do muitos ladrões - onde ptgado
bo se une sem nenhuma preposi(ào; no segundo caso, não não varia nem em gênero nem em número: e: Aquelas pes-
terá j ustifica tiva a interc-.tlação da preposição para entre o soas foram ptgas por muitos ladrões - concordando o parú-
verbo e o seu objeto direto, agora con~rituído de oração. dpio em gênero e em número com a palavra a q ue se re·
Ou se diz: Ptdi que riformaswn a ctllO - ou, com elipse da fere.
coRjun(ào imegrame: Pedi riformasstm a CUJa - ou: Ptdi No velho português, como a.inda hoje em trances e em i ta·
rtjormarem a C4UI - e nã.o: Pedi pa.-a que rifonnassrm ... nem: li ano, o panicipio junw aos auxiliares ta e ltavtT era variá-
Ptdt para reformarem... vel; um quinhen tista podia di2er: carta que eu tenho ~la,
Conquanto haja exemplos qut' se afastam desse procedi- como um francês diz hoje: La leure de j'ai icritt, e o italiano:
m(nt.O, quem constrói de acordo com a sinraxc exposta re- ho scritte mohe lettere. Atualmente fazemos d istinção entre
dige rigoro~amenre bem: construções corn o verbo pedir. "tenho passado lições" e "tenho lic;õcs passadas".
quando o objeto é oracional, devem ter o que ligado direta· Possui ess:~ regra as suas excecões: MuitOS partiàpios
menre ao verbo ; a interposição da preposição paTa (Pediu pa- irregulares são empregados na voz ativa: eu tenho pago, gas·
ra que lhe fiU"ssem um favor) não se justifica. e os que pre- to; muita.s lormas regulares empregam-se na passiva: foi
ten.:lem defender essa construção recorrem a estratagemas ocultado. SU)tilado.
crucianres para a intclig<!ncia. Sem apoio etimológico, é verdade, a forma participial
Há todavia um caso em que, em vinude da supre~o do prgo (ê) está hoje generalizada, não sem estribar-se na analo-
verdadeiro objeto di~to, o verbo ptdir vem aparentemente gia com outros participios irregu lares; se de suM ternos se-
seguido dr para. Tal se dá quando se subentende a palavra ço (ê) Oat. licwre, siccus) o povo fez ptgo de ptgar. Se em la rim
pmnisi<io, licenca : O aluno pediu (licença) para sair mais cedo há sicca:r~ c também siccw, não cabe ao nosso idioma culpa
- Um dos ouvintes pediu (pennis!Sào) Jxlra falar. de ter o latim somente picou e não ter picus. Pego (é) de tal
Pego Per omnia 229
forma se vem introduzindo e alastrando q ue parece cnar te o a rtigo (ptlo O t_jtado) considerando-se o artigo que pre-
a $acrificar JNgado, na acep<;ão de agarrado! apanha~o ; vê-~ cede E.sliulo pane inctgTante do título do jornal, ou se tira
empregado não só na passiva, mas na auva: Hav1amos Ja este !ptw EUado). Ortografia é processo óe escrever a fala,
JNgo o ladrão quando a polícia cbegou. e não processo de obrigar a escrever o que não se fala.
Pego (~ l - V. /Jtl(ado. O utro é o motivo que impede a com bina<;ào de uma pre-
Pein - Coletivo. em geral e quando na água: ca:rdume; quando posição com um ;u•tigo, com um pronome, com um advér-
miüdo: boana; em depósito de água, para <:ons~:rvar ou criar; bio, e nã.o um subterfúgio, um manhoso artificio para q ue
aquário; <?m fieira: cambada, •Jpidra, erifiadJJ; à 10na : banco, não se incida ern contradição com a restrição do emprego
uUMUa . do apóstrofo decorrente da regra 44 do Formulário Orto -
Pela imprt-nsa , pelo rádio e pela tdevísao - " ... o relevo que grá fico. Pela gram~ ri~.a da nossa língua, tais combinações
lhe é conferido ptla imprensa, pelo rádio c ptlo televisão": são impossíveis quando a preposição rege um infinitivo:
a preposição deve ser ~cpetida. Q..ue'"? ~screve " ... ~e~ev.? qu~ "I nvoca o tempo de os pagar co'as sombras'' - "É tempo de
lhe é confen do pela 1mprensa. o radto e a televtsao esta ai tCT chegado". Nestes exemplos. a preposição está regendo
a con.$truir à francesa ou à castelhana. não porém à portu- os infuútivos pagar c ltl' chegado, razão por q ue não se com-
guesa. bina com as palavras postas entre a preposi~o t o seu ver-
Dizemos " a fita do Gordo e o Magro~, " wn grupo dera- dadeiro regime. Ourro exemplo: " Não poderá fazer gran-
pazes e duas mocas'' - sem repetir a pr~osição, mas nestes des progressos, puro não f!iudar a memória".
dois exemplos remos o caso de um regtme comum, ~no, Desta legitima norma gramatical ao capricho ortográfico
da preposição, ou por o utra , silo exemplos em que vanos d o Fonnulário ,.,.i distância. V. n'O EsiJJdo.
nom~s constituem u m só regime, um 1.o do, como nestOu - Pehe - Preferível a pélvis. Constituem excec;ões írn. lápis, U·
tros ('xemplos: casa de pau e barro. instituto de aposenta - nis, nomo::s ponugueses com ll final átono. V. púbis; V. clí-
do;>ría c pensões, tecido d e algodão c lã, viv~r a ~ão c ág~. t01Í$.
s.:- a) pa laVYa.s que vêm após a prq>~~~ç-.w_nao.co?,surue~ Pena - Coktivo, na ave: plumagem. V. apej(}.r de.
regime uno, contemporâneo, a repeu~ao se tmpoe: Nom(s Pena de escnvcr - B~trv/Jro: ra nger, ringir, rilhar.
derivados dt substantivos e dt verbos" - " Vive na ddade Pmalte - O que nos imcressa é vescir o vocábulo da mdhor
c no cam po" - " Ostenta seu poder no céu, no ar·, no ma r, maneira possível. o povo, em geral, o u assim e ronuncia
/UI. terra" - ''Orgulho da cit-ncia e da indústria" - " Hon- a palavra inglesa, ou d iz "pena mãxima" ou ''pc.>naJ '.
ra para mim e pgra rodos" -"Flexão subordinada àl regras Pencc, P ennies - V. mícrlmJ.
de Soares Barbosa e à de Frederico Dia". Pendurar, Dependurar De f'truiulare , o verbo pml.furar rem a
Considere-se ademais o S<"guinte: regimes das preposições variante depmdurar, com regencias e significados iguais.
0 e pqr devem 1er repetida a preposi<;io qu~n~o repetido ~e~ o de como que reforça , aumenta a significação: rkfraudar.
o artigo: "Opor-se MS proJetos e aol destgruos de alguern demura, tkartiaúar (articular com suma clareza).
(jamai~ "aos projetOs e os desígnios") - "Cararaiza -se pe- Pmdrar- Cuitlado em não errar: diga "eupmhro''. V. alnj ar.
lo talento e f>'ltn relevanres mtritos" (jamais "pelo talento P"entodo - V. ârwdo.
e os t•devanr~ méTiros'' l - "Flagelados pela peste e fulos es- Penugftll - V. J.ombugem.
rragos" -"Sócrates distinguiu -se ptla modéstia c pela sabe- Pequeno - Superlativo si ntético; mínimo. pequeníssimo.
doria'' - "Choravam peiJ> pai e ptla mãe'' - " Marasma - Pequi - V. rami.
do p~IJ> álcool c ptla nicotina" - " Morrer pela lei, pelo_ r~i, Pequim . A tra nsli tcra~ào da terminação estrangeira .oli11 ora
pela pálria" - "Escarnecido pelo monarca c pr.los mmts- é quim (Ptquirn, Narllfllim ), ora é quem: Stu~.qubn.
tros''. Pequinh - Deriva de Pequim, t: não de ptqumo, o nome de uma
Se não se repelir o artigo, poder-se-á não rqx·rir a prt•po- r aça de cães originár ia há do is m il anos do palácio de ~c­
sir:;ào: "Opor-se aos projetos e desígnios de alguém" - rão do imperador chinês; com i, portanto, deve ser e~ta
"Fiagel:l.do peb peste c estragos". O mesmo poderá ~r di- a penúltima sí laba dessa palavra, que, antes de outra cotsa,
lO com rela<;ào a ou tras preposições: " Nas formas nzorõ - indica o natural ou habitante de Pequim e o dialeto dessa
nicas e derivadas" - " Observações sobre a pronúncia e cidade. v . gmtílicoJ.
grafia de ccrros verbos" (ou : "sobre a pronúncia e •obre a Per . O agente da pa.ssiva cosruma aparecer acompanhado
gr.úla" - não: "sobre a pronúncia e a grafia''). da preposição JNr {pn-o : JNlo: fJtr-o: pela) em algum casos,
t galicismo ou castclhanismo pôr ames do segundo no_me em vez de ptr aparece a prcposicão de. principalmente com
o ar tigo sem a preposir:;ào: "Une patrie d~astée par la fa1m, os verbos que exprimem sentimento: ser quer ido d4J crian-
la guerre ou la maladie", "Una pátria devastada por el ham- cas, ser temido áoJ néscios, ser amado tú todos. Outros
bre, la guerra ó la p este"; em português: "Uma pátria asso- ~xemplos: enjeitado da fortuna, rosa tocada do cruel granizo ,
lada pda fome, pela guerra 0 11 pela doença". ( § 550). rodeado de vários ministros, desaj usta!lo da Metrópo le,
Pda rama - Locução q ue significa ''superlicíalmeme", "sem acompanhado do chefe do escritório.
se aprofundar": Vejamos pela rama o que diz a história. Per<preposiçào) - V. polo.
P~lacia - PelfJria é a forma vernácula que designa, entre outras Per (refo n;ativo) - N a cornposi~o latina, tinham os prefixos
coisas, a loja em q ue se vendem peles. "Peleteria" é forma py c proe va lor rc:força rivo, donde sua anteposição a verbos
espúria, francesa e de nada vale variar para "peletaria". O para indicar imensidade de ação (em p or tuguês: ptTjaur.
q ue temos em português é ptlari4. E a.ssim, ptltiro, e não " pe- JNrieguir, pndurar, pnwvar) e a adjetivos para fom tar super-
let~iro". lativos sintéticos: pCTdijfit:ilü, priUdaruJ, ptrlút:idw, pt'TfllJJg
Peleja - V. ITI(Iurt;a. nus, prMgiliáw, JNrlongw.
"Prlet~ria" V. fJtkuia . Esse ( o moti\'O por que não se deve duer "preferir 1!'14is":
Pelo BrlUil afora - Q..u c palavra é afora! Acostumado a vê-la a fonna priftrir já encerra a idéia de maú no prefixo per; o
com a função de preposição, equivalente a "aJém de", " à ceno é "preferir uma COÍ$a a outra" (e não: preferir uma
CJ<ce<;ào de'', pode um estud ioso estranhar a palavra na coisa maü rúJ que outra): prefiro o estudo ao jogo, prefiro ler
eJ<pressão do verbete; sua primeira d a.ssificac;ão, no entan- a ouvir, preferiu a rranqOi lidade presente àJ antecipações
to, é de advérbio; é, segundo Morais, o mesmo advérbio do futuro, preferir a mone M perjúrio, preferimos admoes-
fora antel-ed ido do a, que entra proteticamenrc: em outros tar a ralhar l S629).
advérbios - a-li, a-dentro, a-diarúe, a-/Jm - metaplasrno Per liu te per rté:fas - Locução latina que significa "a tono e
operado às ve-,es desde o la.Lim. a direito" , q uer queira q uer não", " por qu alquer meio":
Pc:lo " O Esrado d e: S. Pau lo- Escrever "em O Esrado'', como Co nseguirei fHr[aJ ti per mjaJ o meu intento.
escrever "per O Estado" é extravagância-do sistema o rtográ- Per ômnia sai:cufa saewlorum - Locu~o latina, da liturgia
fico de 1 9~ S. Ou se põe apóstrofo (pe/'0 EsiJJdo), o u se repe· católica, que significa " por todos os séculos dos séculos",
230 Percalço ..Perfumarias"
"para todo o sempre". de gramauca foi "perder uma partida J, alj;!Uém" : Dr
Percalço - "- ptrcal{o que se escreve. Tem a palavra duas signi- mim você perde - Sempre perdi dele. As crônicas de fute-
ficaçõe), uma erudita, outra familiar. Erudiramente, ptr· bol aí estão, no entanto, com ''perder uma partida para al-
calço significa lucro eventual, v<mtagem casual, provenros guém", consrrucào que só não esrranha a esrrangeiro~ e à
adicionais, lucro alffl> do ordenado. Com tal significado média dos leicores de jornais esportivos.
é que /Jtrcalço foi ~m pre usado, dmvando daí o ve-rbo P"· Q.uanto ao emprego da preposição com, um ~darecimento
cakar. que signi lka lucrar, ganhar. se impõe. Na oração " Perdemos o jogo çom o Inte-rnacio-
Comumcme, porém, o vocábulo se emprega na act'pçào nal", "com o Imemacional" é regime de jogo, e não de fitr-
de rransto mo no desempenho de uma obrig-ação, incômodo drr: no jogo com o Internacional rerdcmos - como se
decorrente de uma profissão. fosse : Jogamo• com o lnu:rnaciona e pt"rd.-mos. Não de-
Percebido, Apercdlido . Percebido 9urr dizer notado, enxer- ve aí haver confusão, nl"tn ai nem em ourras oraçcks como
gado, visto, divisado ; apn-ubido e ourra palavra, de ou tra esta: " Perdi (uma ação, uma causa) contra fulano".
signilicar,.ào, que quer dizer preparado, aparelhado, provid o. No caso que nos interessa - a menos que surja um exem -
São de Camões essas passagens: "Aptrcebn-am-st para a mor - p lo, muito bem endossado, de outra regência - aconselha -
te, para acometer o inimigo" (aparelharam-se, prepararam· mos qu<· se r('d ija : O Bmmuctuo perdeu do Botafol!:o - O
se para a mon cl - " O uve o s danos de mim. que aptrctbi· quadro desta àdade perdeu dt rodos o s da.s cidades "mnhas
dos eslào a teu sobejo arrt"Vimemo" !que p~parados t>SiàO - Você sempre perderá dtlt - Os Solteiros perderam dos
para o teu sobejo atrevimento). Casados - Você vai perder ele mim - exatamente como
Idênrica é a diferença entre os compostos desptrubido. aco111ece com o wrbo gmÚUJr; ningu(•m ganha. para um con-
que sigJl ifica não notado, não visto, e drsaptrubido, que quer te-ndor, senão dt um conr<'ndor.
dizer não prevenido, não apardhado, não p ro,-ido. Pr:rd.iz - Voz: pior. Masculino: perdigão.
Perrentagem, Porcauagrm · Prende-se a primeira forma à Perdoar - Constrói-se com dadvo de pessoa e acusativo de coi -
locução latina PDT untum, que o inglês conservou inalterado, sa: "l'l'rdol'i -Utt 4 falta" - " Não lhe posso perdoar, mt-ni ·
mas r trdt' te!Tf.'no para a segunda, já no Bra.il já t•m Por- no" - "Eu nunca IM perdoarei" - "Perdoei o mal passado
tuga . Se Aulete e Figu<'iredo a consignam como brasileíris· on arenção ao bem atual".
mo, Va sco Botelho de Amaral não esconde: "Em Portuga l Peregrino - Cohtiw: caravana, romaria, romagem.
a influência francc>sa de pouruntogt tam~m vai arraigando ttPd'ormance" - .Em linguagem teatral deve ser traduzido por
tal forma , por m eio da correspondência comercial". paptl, reprmntaciio, eJCJ.'cuçào (em inglês lo P"form: representar
Se essa é a justifica(ào para Portugal, para nós vamos no tearro, lazer, rt'alizM: •·m frances, prrform;r: executar,
encontrá-la na própria expressão " por ctmo". Enquanto repr<'>l'ntar, atuar).
o latim alicer(a a primeira lonna , o uso a solapa. O impor- Em linguage-m de trabalho, de economia, por rmdirnnolo:
tam<' ~ q u<· não haja incot'r~ncia; ><' prrcmlaf!.tm dizemos. ... estuclando-lhes o rendimento e as limitações ( ...by studying
devemos igualmeme fazer pNcmtual. ptrcmUJgúta. thcir performance and lirnita rions) - O medíocre resultado
Percolendo - Entra aqui o prefixo reforc;ativo ptr acima ex- das economias cenrralmentc planejadas deriva da extrema
poxto. t forma adjetiva já e-xis reme no latim; significa "que rigidez do ceno-.tlismo burocrático.
deve ser tratado com muito respeito". Em linguagem de esporte, por jiJ{O.nM, prtJeUJ.. rtalitatão,
Perder a dir.,ção - " O chofer perdeu a dire<;ào" ~oração que txito e, principalmente, por resultado: Q.ual foi o rtsullt!do?
exige condescendência para ser aceita como "o chofer per- - Submetidos à prova de corrida duranle 12 minutos, veri -
deu o controle, o governo do carro". " Perder a direção" ficou-se que o lxito (e não "as perfonnances' ') dos ausiJ'íacos
signilic;a perder o rumo, a orientação; podemos tomar a di- foi superior ao dos m ilitares nane-americano~.
reção de uma cidade e depois perde-r a direção, sempre com Há em inglês a frase "J?romises without performance",
o total go,oem o do carro. que dcv<" ser tradutida por 'promessas sem cumprimento".
t melhor que se constrUa: " O carro desgovnnou-st, cruzou ..Pttfuroarias" - Certa surpresa causa ao observador de carta-
a pista e colidiu com outro que vinha em sentido con trário" us e de letr.eiros das casas comerciais a palavra ptrfumarias,
- "O mo10rista entrou no trC'Cbo sem asfalto e ptrdtu o con p luralizada. Não estará ela a indicar, na f."'chada do prédio,
trole do carro'' - "O navio dtsgo•~u-st " chocou-se no senão o ramo de atividade, o fundo de comércio? No singu-
caisu. lar não deveria ent.'io estar?
Há dife.·enc;a entre desgovernar-se um navio e perder um Maior será a surpresa do observador se, curioso, for ao
navio, um carro, um piloto, um chofer a direção. d icionário de Aulete, pois verificará não sig11ificar o vocábu-
Padcu do Bocúogo - Sempre que um b om d idoriirio surge, lo ptrjumtJri4 tão só o estabelecimento ond~ se fabricam ou se
todos os estudiosos do idioma nele procu ram solução para vendem perfumes, mas a própria substância ou pr~parado
umas ~<~.ntas dúvidas ainda não dirimidas nos já el(istenres. odorífero que nesse estabciC'Cimento se vende. Em que pesé o
O " Gra nde e Novíssimo Dicionário da Língua Portuguesa", escrúpulo e a severidade desse monumento de nosso idioma,
de Lauddino Freire, all'ntada obra de cinco volumes, rica cab~·nos alimentar dúvidas sobre o acerto da segunda acep-
de en5inamencos novos e prC'Ciosos, deixou-nos sem solu · ção, já à luz de outros dicionários, já ante argumentos rlào
çào a regtncia do verbo ptrdtr quando empregado na acq>· desprezíveis, ofc:n'cidos pela analogia.
cão de "ficar vencido pelo jogador ou jogadores contra Conquanto Cândido de :Figueiredo, influenciado pro va ·
quem se joga" vdmemt· pela auroridade do Aukte, acdto:·a ~m seu dicio-
De quanro é precioso esse dicionário é prova o ferecer nário como sinônima de JNrfumt, Morais nem ao menos traz
cinqü~nta •· um sigJoificados do vt·r ho ptrdfl', mas no semi- a palavra em esrudo, e Domingos Vieira a consigna do só
do que nos inceressa , que rru o númer o 24, o verbo é apre- com o significado de "loja, oficina do perfumeiro" . Se ao
sentado como intransitivo. Intransitivo, sem d úvida, no úni- dicionarista cabe oferC'Cer todas as acepções de um voc;,ibulo
co exemplo dado, de Rebelo da Silva, porque não está ex· sem discuti-las, não se encontra obrigado quem estuda o
presso o objeto, nem de coisa nem de pt>SSOa. É claro que idioma a furtar -se de apreciá-las.
quem perde perde alguma coisa - uma parrida, um jogo, Como aceitar, como sinônima de uma pala~Ta. uma se-
uma batalha - e t também claro que essa partida foo dis· gunda que tra2 um sufixo indicador de coleção da coisa pela
putada com alguém, mas como iremos indoc;ar este objeto primeira expres:;a ? A assim proceder, estranheza. nenhuma
de pessoa? Perdi dt, perdipara, p~>rdi com ele? É o que dicio- dev~"''á causar-nos o encontrarmos amanhã, no frontispício
nário nenhum esclarece, nem os especializados de regtncia de uma venda de drogas, um berrante luminoso: Drogorim.
verbal. O sururador de sandálias nào se demoraria a afixar à porta
Se exemplos de autor~ credenciados não se encontram, de sua tenda: SapoJaria.s - e veoiamos perdido eru breve o
a regéncia que sempr<' ouvimos de pessoas de conhe.:imentos significado do sullxo com cuttlariaJ, colclloarias, para significar
Perfuradora Período hipotético 231
sapatos, co/d!Cts, cutelos. V. miZJerial de corutrurão. cheguei tarde, (isso) foi (sucedeul porque o trem se a tra-
Perfuradora. Pnfur.uriz - V. i!UfMadora. sou - Se lia muito , (isso) era {acontecia) porque tinha
Páfuro - t adjetivo proparoxítono, empregado em medicina tempo.
legal na expressão pirfuro-a:mtu.so: ,. ferimento pirfuro-conlu- O verlJo ~r rem realmente, entre muitos ou tros, o sentido
so". Não ~ encontra nos dicionários, mas pr<'nde-~ à raiz de sucedff, aconlecer: "E se isto sucedeu no paraíso. cá fora
latina for (forame, foradiço), que re-.-eSLe a forma fi.r em furar, que será senão o mesmo ?" (Vieira) - A análise só poderá
perfurar e derivados. ser feita d iante dessa equivaléncia.
Pagaminho . V . gmtilicoJ. 6 - POSS[V.EL - A hipótese é possível quando provável,
Pérgula . Jmroduúda, não há muito (Cândido de Fig-ueiredo admissível o fato. O verbo da co ndicional o u vai para o
não a cc•nsigna), no vernáculo pelo italiano "pergola", a 1uhjuruiV{) imptrftilo (Se eu quisme, se eu fosse, se e le di5U.sst)
palavra tem p or primeiro étimo o latim pl rgula (do verbo e o da p rincipal paa·a o futuro do pretérito (ames dtamado
pérgffe, que signi fica seguir o caminho, prosseguir) e denota "condicional" em nosso idioma e ainda hoje em outros),
pro<ongamenl~> da c4$cl, balcão, gaú-ria exlmor e , em sentido mais ou vai para o 1ubjuntivo futuro (se eu quisff, se eu for, se ele dís-
lato, caramanchão. sff) quando a hipótese encerrar idéia de possibilidade fun.sra,
Em qualquer d essas acepções podemo> empregar o vocá- e então o verbo da principal vai para o futuro - simples o u
bulo, com o cuidado, porém, de grafar a segunda sílaba composto - do indicativo ou fica no prcsente, usado pelo
com u e não com o: pirgula. futuro, ou no imperativo:
Pcricia - Perícia significa destreza, ha.bilidade, proficiência. Se eu qui.Sl.s.st, eu iria - Se eu ti-ue.s.st queruto, eu ttna r®
quando se relaciona co m o adjetivo perito , tomado na acep- - St- <.'u jo>>l!, r-ria dt> dt>txar outras coisas - Eu jana. con-
ção de douto, versado, hábil. Periw pode ser empregado tanto que mr dttxtusem.
substa ntivamente, com o significado de "o que é nomeado Se eu qt.UJtr ir, não irei precisar de nada - S~ eu for, avisa-
pelo juizo para proceder a um exame médico, a uma avalia- rei - Se d e disser sim, pode comprar - Se ele não quiser ,
1
ção, a urna vistoria etc., o que examina a escrituraçio co- não insisla - Se fiunno.s o contrário, termuH corutguido o nos-
mercial"; o subs~:~ntivo que ará indicar o ato de'5sas pessoas so triunfo - Se ele dimr não, eu v1>/.to atrás - Se ele irniJlir.
será igua lmente perúia: A perúia foi rea.lizada sem os necessá- cormmique-se comigo.
rios requisi tos - Na perícia a que foram submetidos os livros Em resumo:
da firma ...
Não t>rnpreguemos nesses casos a palavra "perimgem", O verbo da condicional quando o v. da principal
inexistente e desnecessária, nern o adjetivo "perir.al" ; diga- vai par a o : esuver no
mos "ptrlcio. de avaliação" {e nã.o " pcriragcm de avaliação",
nem "avaliação perita("). PERFEITO DO SUBJ UNTIVO FUTURO DO PRETÉRITO
Pcrifnse - v . .lt1Tiárrlica. Se eu quisesse c:u iria
Perigo de vida. Pmgo de moctc: ·"Fulano cslá em perigo de Se eu tivesse q uerido eu teria ido
vida'' q uer d iz.er " estâ em risco de morrer". Podemos dizer
tam~m, sem reaio de erro: "Fula.no csri em perigo de FUTURO DO SUBJ UNTIVO FUTURO DO INDICATIVO
morte", que o sentido será o mesmo. Podemos ainda variar PRESENTE DO
essas expressões, substituindo " perigo" por "risco" c, ainda INDICATIVO
assim, idêntico será o significado. IMPERATIVO
Perinecr.omia . V. apmdicectlmlia. você ficará
Pmneu, Pcrineo - V. pr.ri.tóneo, periloneu. Se eu for você fica
Período hipotético • O conjunto da subordinada condicional fique
com a principal chama-se periodo hipoiilico. A subordinada
condiC'ional chama-se flrótast (do verbo grt'go prollino. p ro- Note-se que: não se usa o futuro do subjuntivo a rtão ser
por, põ r em questão); é a que prop& a condic;ão para qur se com St ou locuc;ão que o contenha: Se não puder, exceto se
~alize a ac;io principal. A principal chama-se apódou (do não puder, salvo se puder. Com caso e outraS pala,ns ou lo -
verbo grego apodí®mi, definir); é a que dtjine , determina a cuções condicionais usa-se o p resente:: Caso cltwa, não irei
ac;io : {o u " não vou" , presente pelo futuro) - Vou preparar-me
Se queres a jMt (subord. condicional: pró14.1t : propõe), pu- para a nossa ,•iagem. a menos que voei' dtsut.a - Vou con-
para a guma (principal; apódo.se: determina). tanto que ele também vá - A não ser que chova, irei esta r
T rês diferentes hipóteses existem: real, p~>ssfvtl, i•rtal. ai às IO.
A - REAL : A hipótese é real quando existente o fato: Se Com efeito enfático, pode o presente do indicativo vir
és homem ..., Se Deus existe ..., Se queres a paz... (A condição em lugar do futuro do subj untivo : "Se avança!, m orres".
ex iste, é real o u tida como real: tu és homem, Deus existe, Note-se, ainda, q ue no período é indiferente vir em pri·
tu qucl't's a paz). O "se" equivale, então , a "'já que", "uma m eiro lugar a condicional possível ou a principal: Se eu for
vez que". ou seja. a condicional correspo ndc a uma causal, fr.que - Fique se eujtw.
e o verbo fica no indicatiw (menos no futuro , qui." é substi- C- IRREAL: A hipótese é irreal quando verdadeiramen-
tuído p or uma locução verbal que encerre fumri dade : "S<: te inexistente o fato : Se eu óvessc m orri do, se eu fosse anjo.
todos nós vamos morrer, você não será exceção" - e não: O verbo dl condicional vai para o subjuntivo imperfeito ou
"Se todos nós morreremos ..." ), r também no indicativo ou mais-que-perfeito, c o da principal para o futuro do preté-
no imperativo fica o verbo da principal: r ito simples ou composto: Se eu pudt.su falar, não estaria es-
Se vod não quer, não ínrurq - Se você linha pressa, eu crevendo - Se cu tiues.se podidD falar, não leria eKrito nem es-
também tir1lta - Se fir., foi porque quis - Se lia mu ito, era taria outra vez es<:rl'Vendo.
porque tinha tempo -&- eu 1abia, também você podia saber Nl>ltH: 1. Na hipótese p osslvel e na irreal, podemos d c:gan-
Se vou ao teatro, i porque go!lo - Se você assim lf""· cuidt temente ·omjór a conj unçio condicional quando a condi-
de sair logo - Se eu /JCiso. você poderá - Se eu pude. voee cional expressa uma eventualidade no passado de conse·
poderá. q ilência certa expre~sa na principal: Tivesse eu estudado,
Nor<·-se que consrru<:Ões como "S<· vou ao r~arro, I portpU teria passado.
gosto", "Se cheguei tarde, foi porque o trem se atrasou", Essa justaposição de orações exige a p osposição do sujeito
"Se lia muit.o, era porque tinha tempo" const.ituem períodos ou a sua eliminação: Fosse comigo, a coisa teria sido outra
formados de uma condicional de h ipótese real c uma prin - - Pude1se falar, não estaria escrevendo - Visse-a J uno,
cipa l t' rn qur o V<'rbo u r rem o significado d(• suceder, acon- talvez se abrandar ia - Fosse falho meu que tão cn.l(:lmentc
tecer: Se vou ao teatro, (isso) é (suade) porque gosto - Se te houvesse ofendido ...
232 Perútole Pesar
2. Ainda na hipótese possível c na irTeal, era comum na Os textos : este faz e desfaz lei!
linguagem antiga o mais-que-perfeito do indicativo na Este causa os perjurios entre a gente.
prótese e na apódose: Se w puiÚTa não ficara - Mais eu pu- E mil vezes !}Tannos torna os Reis.
dera, maisfiurn - Se tu houveraJ estado aqui não mQrrrTO meu Perlcnga (palavreado, bacharelicl') - É a forma mais usada ,
irmão. por parkrrda ou par!Jmga. A pa lavra prende-se a par/ar. donde
Na linguagem clássica a liberdade ~a ainda maior, apa- também proveio, por metátese, palrar.
recendo o impt'lfeito na principal: Se este documento fos~c: De perlmga temos ptrlmgor, ptrlmgudro.
universal, tJtava achado o meio - ... e nem que pinto fora, Pernambuco (estado brasileiro) · Sigla oficial: PE, sem ne-
assim piava - Se ele vivesse, não e:<istuu tu agora. nhum ponto.
A subst.itui<;ão pelo mais-q ue-perfeitO se consagrou em Pernilongo - Vo1.: cantar, zinir, tuido, zuir, :wnido , zunir, zum-
cenas expressões hipotélicas e optativas: Prouwra a Deus! bido, zumbir, zunzunar.
- Q..ucm rnt· dtra! - Pudrra! - Tomaram des potlt·r vt--la Pc:rõneo, peroncal . São as formas portuguesas, justificáveis
na forca - T11m1tra que raia. pel a procedência latina do substantivo.
5. Tam~m de uso clássico, conservado até hoje em qual- Pérsia - Adjttrt/0 pátri<J: persa. pérsico. persiano.
quer dos rres tipos de hipóte:.cs, é a construção da ora<;ào Personagem • Consmui francesismo o emprego d.:- ptr!itma-
crmdicional com um infinitivo antecedido de a: A não ser grm com g~nero mascu lino. Acaso, referindo-se a Pedro.
assim (Se não fosse assim), eu estaria p~rdido - A ru-me pode o leitor dizer "tJ~ pessoa"? Se Pedro é "uma pe-ssoa",
i~to vedado (hipótese reo. l: S.. ÍS(O me é vedado), comento· ele é também "urna personagem". Ptnonagtm nào é comum
me com o pruer bebido nas tlccões de Virgílio - A não st de dois; tem gênero fixo, feminino: rssa personagem, uma
tratar de um miserável. ><í duas forças seriam capazes de... personagem, as personagens. PtrJoMgem mud4 (e não mudu)
4. Ainda mais: Pode a oracão condicional ser substiruída é expressão técnica, consagrada. para indicar a personagem
por verbo no subjuntivo amécedido de qlú {por ve2e-s elidi- que entra nas peças tear:rais só para figurar.
do): Qut st ltvantt a mais ligeir-a brisa (Se se levantar ... ), bas- Persu adir - Signifoca~õt'S e regências:
ta o seu macio bafejo para e•lCrespar a superflcie espelha da - Persuadir wna pwoa. de alguma cciM (levar a crer, induzir
do mar - flajo.. porém, um excesso de addo, a albWllina a aceitar): É preciso persuadi-/o dtws verdades.
não se separará. - Persuadir alguhtr a alguma cuisa {instigar): Com este pre-
5. Oraçües reduzidas participiais e gerundia is podem in- texto, persuadiu-a ti fuga - Q..uero persuadi-/o a ir ama ·
dicar condição: Devidamente prtpa rad~. você poderá enfren- nM - Persuadiu-o o que desistisse - Mas o povo à mortt'
tar a situação - Estudando de fonna inteligente, o assunto crua o persuade. ·
se tomará fácil. - Penuadir a alguém alguma coisa (dispor a praticar, de-
6. Proçedeu como St fosse dono - Q..ucbraram rudo como terminar): 0\ príncipes persuad iram d turba que p<?<li ssem
u fossem bárbaros : Em períodos assim formados to verbo - ... argumentos que ou IWJ persuadem o erro. ou nos con-
pode estar no mais-que-perfeito do indicativoi, o "como" finnam o aceno.
abre uma oracão conformativa (em que se su~ntende o Pen o • Como advérbio (classifica-se entre os de lugar). não
mesmo verbo da principal no futuro do pretérito) e o "st" varia: Eles estão perto • Eles moram prrto - Cheguem frtTlo
é que abre a condicional: Procedeu como (procederia) se - Eles não estavam nem ptrto nem longe.
fo~se (fora) dono - Quebraram rudo como [quebrariam} Pode funcionar adjctivamente (significa " próximo", " qu<'
se fossem (foram) bárbaros. e~tá a pequena distãnciaJ, mas. ainda assim, a seguir Mo·
7. Em "se é que" o "é que'' é meramente expletivo: Vo · rais e Domingos Vieira (os demais dicionaristas nad a dizem
ce pode sair já. se é que você q uer! - O verbo no indicativo, a respeito), não varia: Eles ficaram pnto um do outro -
aceitando-se a hipótese como real. Elas ficaram ptrlú uma da outra.
8. Conjunções qu~ normalmente encerram ourras idéias Entra na lo~ução pn·positiva frN'lo dt e em locucões adver·
(tempo. contessão etc.l podem apan-cer com força condicio - biais (ao prrto. junto. '·izinho; dt pato. a pouca di>tància, in -
nal: Voc~ irá ao cinema de!dt qut esteja {se estiver) com o timaml'ntt'l, sem n.,.xionar-M": Gastamos fítrlo dt quinhen-
sel'•ico em d ia - Stm qut eu reco rde tudo (se eu não recor· tos cruzt'iro>- Todos dn, ttuando não vism' ao ptrto. l'ram
dar tudo). não irei o·anqnilo para o exame. moinhos - Saher alguma coisa dt ptrf(). .
Peristole - V. Jfndrome. Funciona ainda como substantivo, no plural, por opost-
" Periragcm". "perita!" . Palavras inexistentes e desn<.-cessárias. <;ão a lqngts: os ptrtoJ da pintura (os objetos que se repre-
V. ptrícia. sentam comQ mais próximos a quem os ve). .
Perltôneo, p critoneu - De pm mais tónion (estendido em corno), PcnJ • Voz.: glu-glu, glugluejar, gorgolejar, grugruleJar, gru-
a forma pmtonro é proparoxíto na c·m ponugut's, como (· grulhar. grulhar.
em espanhol, e com essa forma entra em pcntonealgia, ptrrito- Perúsia - Ptrúsia é que é o nome português (do latim Ptru-
ntoptxia, peritonetmagia. ptritrmeotomia. sia) da cidade ital iana Perugia, onde nasceu o pintor Pedro
A forma oxítona pnitoneu u~m sua r.u:ào de ser. Enquanto Vannucd {séc. XVJ, que tinha a alcunha de "o Pcru;iano":
pnitôneo. himhcto (Rebelo Gon~a lves e José Inês Louro pre· f>tTUli1w é realmente o adjetivo pátrio correto.
ferem grafar C()m wllnall são formas proven ientes de adjeti · Pesamcs • Condolintia> rem hojt• s<•ntido mais lato qut' /Jl·
vo grego, ptrilorreu, himentu provêm de nomes gregos termi - Jamts. Plw.mts costumam ser dados como manifestação de
nados em aioJ, temrina<;ào que geralmente dá eu longo. dor em caso de fal«irnenro; condo lências, nestas circuns-
Q.uer pni16nto, quer pnitúnio. quer peril~r• S<' grafe, a coisa tâncias e ainda quando apenas se trata de desgraças ou in-
indicada é uma só. O mesmo não se dá com a segunda pa· forLúnios. Perdendo alguém sua fortuna, não receberia
lavra: hirneneu é casamento, núpcias; himêneo (himênio) é por isso ptsamts. senão condolJncias. A parcimôni~ impõe-se
membrana. ainda nas coisas belas e boas, como nesta de sentrmento. V.
Tam~m duas formas existem, correcas, para ptri.MU (pro- saudadt.
veniente dC' substantivo) e perinto (provenienre de adjetivo), Pesar . Corn .1 é que se deve escrever. Assim •los manda o éti ·
o que não se dá com maJtóideo. proveniente de m(ntóide mais mo laóno ptnJare, forma freqOentativa de pindtre. G rafia
o sufixo átono to, a semelhança de coti/óidto, glnWideo, elireo, ~melbante têm o espanhol pt=. o italiano ptJart. o fran-
nuttíreo. cês pestr.
Peljuro, perjúrio- Não haja confusão: perjuro (palavra paroxí- Essa forrna deve ser mantida sempre. mesmo quando o
tona) é o individuo faltoso à verdade, ao juramento: ''Para verbo se afasta da significacio primitiva de determínar, avo-
ca,tigar 0> ptrjurOJ Aqueus'' : prjúrio é o p róprio juramt-nto líar o ptS~J, para significar figuradamente ter unlimmto, am-
falso, o próprio falso testemunho: dotr-st, arrtptndtr-u : " Ao duque ptsou muyto de os ver"
Este interpreta mais que su bti lmeme (Ga rcia de Resende - Chronica de D. João li, cap. SI -
--
Peso Pigarro 2~

Apud D. Vieira). em reunião clandestina: conluio, conventículo, conciliá-


A distinção de sentido traz algumas vezes d istinção de bulo, cabala.
pro núncia, ou melhor, de prolacão aberta ou fechada para Pessoal -Superlativo si11titico: personalíssimo, pessoalissimo.
uma palavra; o mesmo étimo latino, por causa da dualida- Peulópode V. ápl)de.
de de significação, uma material, ourra figurada, pode dar Peúga - Pelo significado (meia curta que cobre o pé até meia
duas pronúncias no por1ugues: forma (moddo, mold<:l , fór- canela), o vernáculo peúga prende-se ao latim pes, pedis (pé),
fliiJ (maneira, sistema), mas não a diferendação gráfica. acresddo da terminação útula, que deu 2igua e, finalmente,
Esta é que nào se deverá nem se poderá fazer no caso do uga.
verbete; justifi car-se-ia se se rratasse de uma forma erudira Philosophum non facit barba - Expressão latina que signifi-
e de outra popular, corno acontece com as palavras ve:r.o ca "a barba não f.'lZ o filósofo". correspondente à nossa
[derivação popular) e vício (der. erudita}; m:itar (der. erud. ) "o h·á bito não faz o monge".
e rnar (der. pop.); ümto (pop.l t· ncempto (erud.), mas ral não Pião, Peão - São palavras diferentes; enquanto piíio (brinque-
é: o caso do verbo pesar. do ; eixo; ponto principal; ~oostaca; planta que dá pinhal é
Onde iríamos parar se fôssemos, a cada sentido que tem de origem incerta, peão (homem que anda a pé; soldado de
uma palavra, arribuir-lhe grafia diferente? A própria dife- infantaria; amansador de cavalo; pajem; trabalhador do
rendação prosódica já está desaparecendo; di fiei Imente campo; peça do jogo de xadrez) tem por ét:imo o latim pe-
ouvimos rezar um cristão "Ptsa-me de todo o coração tê· dáneum, proveniente de pelkm (pé).
lo ofendido". Com a significação figurada nem mes~o os Peoa, peorw. são fonnas femininas de peão, que tem três
eruditos fecham o e na ora~ão "Em que pese a fulano". V. plurais: o latino em ãos e mais petks, peiks. Por este motivo,
em qu< pesem. pião, que assim grafado é visto por peão, tem também as rrês
Peso líqüido - Assim <- <'m ponugues, e não fmo tlfto. r<>mo formas do plural: piãos, piães, pwes (216).
vem em mercadorias procedentes de países de língua espa- Barulho do pião (brinquedo): ró-ró, roncar, zunir.
nhola. Se em francês é " poids net", sem em inglês ê "ntl Piauí (estado brasileiro) - Sigla oficial: Pl, sem. nenhum pomo.
wdghr" , em ponugut's deve S('f "p('SO líqüido''. Picatdia - V. Etiópia.
A própria rradu<:à o do inglc's comercial "tli't proftt" tra- Pica-pau - Vo.1.: esrridular, restridular.
duzem os que militam no t'Otnércio por "lucro líqüido" . S<·- Pi{arra (argila nústurada com cascalho) - É com ç que se es-
jamos coerentes gm· sert-mos corr.-tos. creve; provém do espanhol, onde o z corresponde ao nosso
P~soa ou Animal - Col•tivo: <husma, cópia, facção, fila , filei- ç: cora~on, coração.
ra, magote, malta, partida, panido, quadrilha, rancho, rro- Piche - Com th; é grafia justificada pelo inglês piJch. E verdade
pa. que em latim é pix, com x, mas nossos vocábulos não vie-
Pessoa - C~lttivo: I. em geral: aglomerat~o. assembléia, ban- ram do nominativo, senão do acusativo, gue no caso é pi-
da, bar~do, cenáculo, chusma, cohncia, ooncenrração, coor- cem, e não conhecemos exemplo em que x tenha provindo
te, gente, golpe (amiquado), grupo, legião, leva, magote, de c intervocálico latino. Wehster arribui ao latim pix, piá.•
mare-magnum, massa, mó. mole, multidão, pessoal, piara, a origem da palavra, aparentada com o grego pissa (piUa).
pinha,, populaça, putissi, reunião, roda, rolo, troça, rroço, mas ela nos veio arravés do inglês amigo piche, depois, pitch.
rropel, rurba, turma, zé-povinho. V. pesJoa ou anifiiiJI. do1tde a graf.a mais aceita em português, piche. Pidu, pie/lar,
Z. em sentido depreciativo: corja, caterva, choldra, fa - picltaçào, pichador, são grafias a que devemos dar preferên-
rãndula , récua, súcia. V. pwoo má. cia.
3. a cantar: coro. Pidc$ - Aportuguesamento do inglês pickkJ, da expressão
a equipar, governar, dirigir barco, aeroplano: tripulação. "mixed pickles" (legumes d.iversos em conserva de vinagre).
curiosas: pinha. O inglês tem o singular pichle, que significa salmoura, con-
em acompanhamenro solene: comiti\oa, cortejo, procis- serva, mas o plural é que chegou até nós, dando-nos uma
são, préstito, séquito, teoria. palavra etimologicameme plural de forma - mas singular
em desordem: choldraboldra, pandemônio, rolo, turba- de signilica~ão - ou para indicar a mistura de vários legu-
mt·s tm cons<'fVa ou a própria conserva avinagrada : Este
mulra.
ern grupos dislintos pelas ocupações, pela natureza : classe pid.el ê b<:m feito- Comi cebola em pideJ.
(de alunos, de profissionais, de homens... ), corpo (de jura- "Pia-", A1racadouro - Com o formato de dentes de um pente
dos, de professores ... ), tumla (de pedreiros, de calceteiros... ). muito grosso, o cais de Nova lorque tem atracadouros que
em sucessão inimerrupta e rápida: chorrilho. permitem,. com grande economia de espaço e de tempo pa-
ilustres por qualquer ótulo: plêiade, pugilo, punhado. ra a carga e descarga, a amarração dos navios pelo bordo e
pagas para aplaudir: claque. não pela popa.
que moram em p romiscuidade: cortiço. É precisamente a palavra portuguesa atraradi!Uro a que
que se reveu..m: lurno. traduz, no caso, a inglesa pitr, intrometida ern notícias como
que viajam ou passeiam: caravana. esta: "Entrou em pleno funcionamento o novo " pier'' do
reunidas em assembléia polilica popular: comício. term)nal marilimo da Petrobrás em São Sebastião".
reunidas em romaria: romaria, romagem, peregrinação. Atracadouro, sem nenhuma especificação, é o sítio, em ter-
reunidas para diversão: farrancho, rancho. ra, onde atr.u:am embarcações; mas ele pode ser flutuante.
reunidas para.julgar: jure, corpo de jurados, conselho. como vemos em Manaus, e pode ser um ou mais, e teremos
reunidas para modificar, estabelecer siruaçõcs políticas: então o inglês "floating pid' traduzido por "embarcadouro
convenção, liga, dieta. fluruame"; a finalidade do atracadouro poderá variar (lugar
reunidas para tratar de um mesmo a.ssunto: comissão, de embarque e desembarque de passageiros, de carga, lugar
conselho, congresso, conclave, convênio, corporação. de depósito, de diversão), mas será sempre um atracadouro,
sujeitas ao mesmo estatuto : agremiação, associação, cen- e se mais de um forem eles, evitaremo$ o estranho plural
rro, clube, grêmio, liga, sindicato, sociedade. "piers", que viria reforçar o d esprezo às palavras portugue-
unidas por votos religiosos ou ligadas pelo mesmo inte- sas, o comodismo nosso t'm não recorrt·rmos ao dicionário.
resse ou condições de vida, de costun\es: cenáculo. classe·, objeto hoje aborrecido de estudantes por exigir conheci-
comunidade, confraria, congregação, irmandade, ordem, mento de ordem alfabética mais do que tempo para consul-
sinédrio. ta.
Peisoa má (malfeitores em geral) - Coletivo: alcatéia, câfila., Pierrô - Aporwguesamenco do francês Pierrot; o plural é pier-
canzoada, corja, matula, súcia. rilJ. Conserva-se a forma originária em pimotesco, pierrotes-
em gntt:~de porção: bando, horda, réstia. cameme.
em bando organizado: quadrilha. Pigarro, Pigarra - A dupla apresentação desinencial de cer-
2M Pilha Pitonisa

tas palavras não comporta justilicação que não se apóie no toma-se comum l' tradicional. V. pilota (ô).
uso. Q.uem dúvidas ti•-er sobre formas como Otmllftl, ameo - PíJula. Pírula - Do latim f'ilu14m duas fonnas se criaram, uma
~; clritulo, clrim/4; Qll-10, cinlll, deve sem relutância nem per- erudita, ou tra explicada pl'la dissimila~ão do I, fenômeno
da de tempo ir ao dicionário para al verificar a equival~n­ comum na derivação popular: familior (por Jamilüú), milito.r
cia ou a distinção de significados das duas formas. Vezes há (por militaJ) e, assim, angular, wpilar, drcular. tlmunldr, jugu-
em que a duplicidade de ap~ta<;io da palavra não ofe- IM. vulgar, dissimilaçào nesses exemplos explicável por já
rece dificuldade de distinção de significado, a exemplo de existir um l no radical.
casco, casca, cerco. c(!Tca, caldo, calda, principalmente quando Pimélca - Como a tciitlt, é proparoxítona a palavra designativa
diferentes são os ~limos (mico, mica; praio, prata; CllSQ, e<1.1a. desse arbusto, da lamilia das timeleáceas, comum na A\Utrá-
cão. cã), mas a verdade é que existem realmeme palavras
com duas formas, uma m:tsculina, outra feminina. que
lia e na· Nova :Uiàndia, de folhas opostas e de flore.. em
cachos brancas, amarelas e róseas.
guardam certa analogia de sentido, numas muito próxima, "Pimpioelra"- V : tn e n inlrormtidos.
como em cinto, cinta;joJJo,jwJo; trillto, trillta (algumas são até Pincenê - Aportuguesamento do francês pina-IUl..
si nônimas: clritulo, chintla; car/JÚTÍJ/Üo, caratmstiM), noutras Pingo oos h - Q.uando quisermos dl'clarar que numa palavra
ma.is afastada: r4Tfi/J, rama; casco, casco; cerco, cerco; pig11rro existe certa letra dobro1da, escrevamos dois aa, dois oo, dois ii
(embaraço na garganta), pigarra (gogo, doença de galinha). (c não doi! ás, dois ós, dois ül, pingo no> ii (e não pingo nos is).
Um bom dicionário é o bom amigo desses momentos. De igual forma : Tal palavra tem dois s.s (e não: Tal pala-
Pilha elétrica - ColttiiJO: bateria. vra tem lt -nem: ... rem dois s). Sem o cardinal, deveremos
Pilota (ô) - to feminino de piloto: " Nomeada pilJJta de provas, ler, simplesmente, issts, como nas orações: fazer SJ, andar
Maria Basric foi a primeir.. mulher que ocupou o cargo de aos ss (andar tortuosamente).
inspetora de fábrica de avião... Pingue-Pongue - Conquanto afastado da pronúncia da pala -
O faro de os dicionários não rrar.crem o feminino dos vra originária, este aportuguesamento é necessário e consta
substantivos não indica que eles sejam uniformes; nenhum já de vocabulários c•liciais e de dicionários. f!: possível que
dicionário diz no verbete pai que o feminino é rnàe, nem em em casos st'ITlelhantcs, como ffong Kong, o aportuguesamento
português nem em língua nenhuma. Flexão ~ objero de um dia ~ faça mais de acordo com a pronu ncia da língua
gramática, que hoje no Brasil só é aprendida por inicia-tiva a que a palavra pertence (Hom rom), mas pingue-pongut é
própria. . . forma já generalizada, como generali7.ado j á se encontra
Piloto, Auriga, Can-ícula- Piloto é nom~ qu~ hoJ~ destgna, t•m llangut-bangut, graf~~ correspondente a uma pronúncia es-
várias línguas, não só o que, subordinado ao comandante, tropiada; bang é palavra onomatopaica; corresponde ao
dirige uma embarcação, mas o que faz voar um aeroplano, nosso bà, para imita•· tiro, estrondo; a palavra seria hâ-bã,
um balão; qualquer elemento (vara , barra , luz) que dirige (Ouvi um bã-bã na po:rta), mas ... alguém achou que o riro
um a.p arelho; quem serve de guia; uma abertura que con- soabangut.
duz a um grande túnel. Podemos, sem temor de erro, empre· Pingüim - Deu-nos ~se vocábulo o francê• pingouin, razão
gá-lo para designar o que condut um animal, numa corri- por que algum dicionários nossos consignam a forma pen-
da, quer s~ este montado quer atrelado à viatura. guim; a grafia com i justifica-se pelo himo la.cino píngutm.
Para o ui rimo caso há uma palavra porrugucsa toda espe- que significa gurdo, porquUltO ê esse palmídc, q~ vi~ nos
cial, velha como Ro ma: auriga; em latim como em portu- mares glaciais, possuidor de muita gordura, como nos mos-
guês, indica o que dirige as rédeas, o que dirige, governa um tra o dicionarista italiano Zingarelli, que registra pinguirw,
carro, cocheiro (de ourü. oreU~a; ó.gert, atuar): também com i. Pela ortografia amai é obrigatório o rrenu.
Sobre o carro veloz. furioso parte Pinto - Vot: piar, pipiar, pipilar.
Q.ue desrram~ntc guia o velho aurigo.. Pio- Superlativo simético: piiJsimo, pientís.simo.
Assim como piloto se presta em nossos dias para indicar Pior, Mais maJ - Pior é comparativo de mau e de mal; quando
o que conduz veículos diversos, tamb~ o.uriga tem em la- comparativo de mo.u, é adjrrivo, e tem por plural, tanto ma$-
rim o sentido exu~nsivo ao que governa navio: ®riga ca- culino quanto feminino, picrts: " as piow coisas". Q.uando
rinae. advérbio, pim- não varia: "EI'es procedem pior do que cu".
Nt>ct>ssidade n~nhuma t~mos, ponamo, de estar a masti - A forma analítica adjetiva maü mau foi substituída pela
gar um ·•driver", palavra de todo espúria, de pronúncia d i- sintética piar, mas a forma analítica adverbial maiJ mal per-
vena da grafia, nem um "jóquei", já introduzido na lín- manece inalterável antes de particípio: Estavam maü mal
gua mas de sentido diverso (o jóquei vai montado), inadap- infm-rnados do que nós - O trabalho mais mal aprtsmtado foi
tável ao nosso caso. o do Zequira.
A dificuldade (difiruldade de atender ao pr'l!sidemc d o Tal qual se di com " mais bem", neste segundo caso a for·
hipódromo de São Guilherme) está no ~ugerinnos a palavra ma sintética só é justificável quando conticb. em compara·
que sub~titua ·•sulky" para indicar o carro dirigido pelo au- (ão que intensifique idéia já expressa: As suas ações são
riga em corridas de D"Otc. Uma advert~ncia, todavia, estamos mal visu.s e pior imitadas (Vieira) - Ourros 1114ÍJ confiados e
seguros de poder fazer: Não se pense que "sulky'' tem o rm/Jtm- aconselhados (Lws de Souza). Ca.so não haja este pa-
sentido exclusivo conhecido dos apreciadores do D"Ote. r.tlelo comparativo de idéias, só se deve dizer: Ele se encon-
Sulky é em inglês, antes de mais nada, :~djedvo (a terminação tra mais mal tratado do que nunca - Você é muito mais mal
está a denotá-lo), que indica um àpo de assento para uma visto do que eu.
única pessoa ; assim, o arado pode stt su/Jr.1 (n.<llg pi11W), Note-se a ocor~ncia de particípio nos exemplos dados;
como sullry (: o carrinho para criança aprender a andar o caso já foi ventilado em "mais bem".
(o sulky-.•haped goco.rt). Devemos deixar dessa mania, r~~­ Piquenique - Fom>a gráfica pormguesa da palavra francesa
lanre de ignorância, de ir bwcar no inglês palavras de vár1os pifjUê-niqu~. em ingl~s escrita pimic.
~ntidos (maTMting, üo.sing e muitas outrnS) para trazê-las Piranguciro - Deve ttT relacão com o tupi prra (peixe} porque
ao nosso idioma com uma significação toda especial, téc- designa o pescador comum, modesto, que pesc."l com anwl
nica. . ~beira do~ rios ou sai a pesc-.tr de canoa.
Se não nos é possível a tr.~ducão de 1UIÀJ (carrinha, citar- Pin -V. ranu.
ruo., carrio/4, cM:rrtú - esta francesa - são palavras de sen - Picão- V. Decamerão.
tido já determinado), só nos resta sugerir uma nova, de Pitorusa - Confusão com formas femininas como ~tliSII, so-
raiz prestativa par.t o caso: carrícu/4. Não tem a vantagem cerdotisa, projtti!>4 é que explica pitcmiJa com um só .1. Não se
da brevidade da inglesa, mas é expressiva, de pronúncia trata aqui do sufixo isa, senão de palavra já fonnada no gre-
fiel à grafia, e de flexão num~ca fáci l. go e aceita sem alteração nenhuma no latim. O próprio in-
O que é novo esrranha ; à custa da repetição e do tempo, g~s teve, ao lado da corrente pytilqnes.J, a forma, hoje r..ra,
Pituíta Plural 285
pytlumwa, com dois ss. a idéia já expressa, acrescenta um especiticativo qualquer.
Se também o francês tem pytlumim (e não phytunesse, com o que d~ graça e força à expressão, ou quando indica contras-
sufixo feminino de poitejjt), a explicação para a nossa grafia te: "Fiz a cantinhada com meus próprios pés" - "Esse ouro
com um sós parece encontrar-se na grafia espanhola, onde e prat.a, posto que naturalmente IÚ.IU para baixo, havia de
o próprios se chama "ese'', com um sós, porque enrre vo- subir para cima (Vieira) - "Ele sabe pescar ptiu, porém não
gais tem o som de dois ss. Escreve o espanhol pitcnisa, mas sabe pewrr homens" (C . Pereira) - "Ver com 0.1 olhos e ver com
a pt"onúncia é a mesma do grego, do latim, do inglês, do os dedos não é o mesmo" - "Enquanto escrevmws da es-
francês. querda para a direita, povos há do oriente que escrevem da
É a única explicação que encontramos para a errônea, direita para a esquerda".
ma.~ generalir.ada grafia com um só s em porcuguês, cujos Deixa, outrossim, de ser viciosamente pleonástica uma
dicionários, quando dão também pitonissa, fazem-no como expressão, quando os termos que a compõem já não con-
simples variame ortográfica. V. etiopisa. servam sua significação de origem; não bá, praticamente,
Pituíta - O ditongo ui é aqui crescente, pi-lu-í-ta, pronunciado repetição de idéia: Si caJrdraJ (erimologicamente, catúira da
como em ru-í-do. cadeira). Mn. rrwr.,rnhor (etimologicameme, mçu mçu sen!wr).
Pitoresco - Conquanto alguma vez se encontre em Herculano Meu menino (etimologicamentc, meu meu niiio, do espanhol).
a forma pinturesco, nosso vocabulário aceitou a forma ita- Opera-se também o pleonasmo quando se repetem mem-
li.ana pitoresco. que tem correspondência e justificação ·etimo- bros da oração (oração pleonástica); neste caso é preciso
lógica também em ingl~s. em francês, em espanhol. Além cautela e parcimônía para que surta efeito ; "Os Jirws já não
do mais, ternos o cognato pit6riro. há quem os toque" - " Ao qual recado eil' Hldalciio não
:Placar- V. rtcortú. respondera" - "Sabedor nunca o fui" - "A mim me pa-
Pladda - V. tstupidtz.as. rece" - "A podenga negra, essa corria pelo aposento" -
Plano, Plaino - Ambas as palavras são ora substantivos (com UParec~-mt a mim" - u: •.• malttando-se a si próprio" - uos
a significação de planície, achada, chapada: Encontram-se bens deste mundo, como são corruptíveis, ainda que não
perdizes em plainos - Era como um plarw que se perdia de haja quem os furte, eles mesmos se nos roubam",
vista), ora adjetivos (com o significado do raso, liso: terreno A repetição pleonástica do objeto na forma obl iqua ou do
p/4i:no, vidro pla1W). Outros significados tem plano (0 plano sujeito se dá geralmeme quando esses termos vém no rosto
dos Lusíadas - Uma figura que está no primeiro plano), da oração ou antes do verbo: "Semelliantes cortejos, de con-
o que corrobora o principio filológico de que a coexistên- tínuo 11< oferece a cidade" - "O estímulo da honra, tê-/o- ia
cia num idioma de formas divergentes denota diferen<;a de o jovem pernambucano".
significado ou de emprego entre elas. Ob~erve-se, em alguns dos exemplos em que se repere o
Planta - Coktivv: quando frutíferas: pomar; quando hortali- objeto direto, a vírgula ames da repetição pleonástica, pon-
ças. legumes: horta; quando novas, para replanta: viveiro, tuação essa às vezes exigida pela clareza.
alfobre, ~abuleiro; quando de uma região: nora ; quando Constitui também pkormmo o emprego de certas partícu-
seca para dassificação: berbário. las que não fazem parte da oração e dela podem ser supri-
Platô - Aportuguesamento de plateau, palavra francesa de uso midas stm comprometer a clareza nem a construção: " Não
internacional. TN des<;as a escada pela grade~'- "Sei lá o que quer ele!"
:Plausível - Erra quem emprega esta palavra com o sentido de - "Q.ue santa qut é esta mulher!" - "Eu i qtU a isso não
provável; são seus verdadeiros significados: aceitável; ra~oá­ me atrevo!"- "Q.uase qtU caí". Tais partículas ou locuções
vel; digno dt aplau.10, aptoTJaçtiiJ: ... fazendo-se o día do seu se dizem expletivas.
triunfo o mais pÚI.usível para o pasquim - TantO mais era Pictora • A palavra - que designa excesso de humores ou de
bem acolhido quantos motivos plaudvris achavam estas da- sangue, mau estado em virtude desse excesso - é paroxíto -
mas neles para voltar de lado. na: pk-tó-ra; emprega-se também em sentido figurado:
Pl&de - V. m6nade. plttora de conselhos.
Pleito, Preito - Não confundir; pleíw é demanda, queslào ju- Plissê - A semelhança de ouuos vocábulos oriundos do fran-
dicial: pleiw ordinário, conhecer de um pleito, julgar o plei- cês, pli5sl, bem como os derivados plinado, plissador, plüsa-
to. De pleito, o verbo pleitear (defender em combate, em juí- gem e o verbo pliJJar, já não podem ser rejeitados. Todos
zo, em discussão, rivalizar), dizemos pregwar, prega, pregwado., pregueador, mas não te-
Preiw tem hoje o significado de homenagem, sujeição, mos for<;a para refug:ar as palavras sinônimas francesas;
rributo de vassalagem: preito de gratidão. Tinha primeira- além do mais, de plúst temos plissagem para indicar o ato
mente o significado·de pacto, ajuste, capirulac;âo, donde os de plis..ar.; e para indicar o ato de preguear?
derivados prtilfjar, preitejammto. f'lugue - já é hora de dar ao plug inglês a forma plugue em
Pleno - Passou a ser usado à francesa em ct'rtas expressões, português. Depois do descabido "comainer", plugw tem
com a significação de "no meio de" : em pleno mar (no mar credenciais para introduzir-se em nosso vocabulário; a es-
alm), em plroo dia (em dia a lto!, em pleno campo (em cam- pecial significação, o largo uso e a fácil adaptação ao nosso
po raso). escrever tomam plugm acreditado entre nós.
Seu verdadeiro significado em português é chruí, rtpkw, Plumbagioa - E a grafia correta ; erudito o uso de uma pala-
completo (lua plma., sessão p!.ma., tribunal pleno), donde pk- vra, erudita deve ser a forma; a grafia com o é gálica.
nário {assembléia em que tomam parte todos os membros), Plural <k anos de uma dt'cada · V. fUMtnlas .
a plmo (inteiramente, 'complelamente). Plural de composto poc prefixação - V. anJi~JU~qUes.
É também por influência francesa que se diz "o avião foi PlunJ de nomt próprio - O l'lural dos nomes próprios segue
atingido em pleno" ("en plein"); embora pleno signifique as mesmas regras dos comuns: os A.ndradds, os Ftrreiras, os
cheW, a expressão, quando entra a preposição em, é em e/leio: Sotomaiorts. as Prixolas. os ltft'JUsts, os Luíus. as lntses, os Q.W!i-
dar em du.io, acertar em ckio, ganhar em chtio. rost"s. os ltodriguts, os }oães, os Loureiros dr Melo. dois Ttafaiú.
Pleonasmo - Indica a palavra plton(J.jmo (do grego pltonasmós, vários Ctmautws, 11< Miguel-Àngews (MiqtU/6ngelo•) do Vaticano.
superabundância) a figura de ·sintaxe que consiste na re- Plural de palavra indic:atin de massa - Nomes de substâncias
dundância de expressão, ou seja, na repetição de uma mes- continuas, ou seja, indicativas de massa, porção, podem
ma idéia med.i ante palavras diferemes. ser usados no singular ou no plural. No singular (pó, citá,
Q.uando a Tepttiçào de idéias não traz nenhuma energia feij4o, carne) significam produto, utilidade, alimento etc.,
à expressão, o pleonasmo, antes de ser figura, passa a ser não consistemes de unidades contáveis, m.as são usados no
vicio, que se denomina periuologia, wutologúl, batoklgia: (,(11M' plural (pó<, cMs,fn.foes, carnes) para expressar espécies, varie-
com a boca, suMr para cima, túscer para baixo, ver com os olhos. dades: pós de sapato em pacotes diferentes, casa de «rrntJ,
Deixará de ser vicioso o pleonasmo quando, no repetir cMs de várias procedências, chupei uvas as mais gostosas.
236 Plural Plural
D~ maneira semelhante, nomc.-s abscratos no singular corno se diz "consules (pl.) capita (pl.l conferum" - "(Jlpi/Q.
(verdadr. confiança, fraqw:1.(1.) podem ter plural para indicar (pl.) lignorum (pl.) - caput (sing.) columnac (sing.l - capita
exemplos, tipos, aros (verdade,, ronjiart(aJ. ftaqutwJ). § 2!1 1, (pl.) fontium (pl.).
2, !1. A tradução correta de "omamus corjHJra (pl. ), ornemus
Plural de sigla • O plural de letras iniciais de uma designacão etiam tmimos (pl.l" é "ornamos • corpo (sing.). ornemos tam-
empregadas como sua a.br('Viarura ê m uito claramente indi- bém o espírW> (si ng.)". Se Virgílio diT~ referindo-se aos mise-
cado em inglês por um; mintisculo posposto ao conjunto de randos troianos: " ... m iscris improvida prclf)T'a rurbat", o tra-
letras maiúsculas 'l""' abreviam a designa ção. Não há b•·itâ- dutor dt"Ve pa•·a o ponugucs passar: " ... agita- lh(·s o tspírito
nico que titubeie ao ler no seu jornal o que fizeram na vi'spe- desprevenido''.
ra os MPs, pois assim muito narura.lmente se abrevia em Ess~ pluraL que podemos chamar distribu tivo, comeca a
inglês Mmú>ros do Parlatnl'nw. aparecer em notícias de jornais nossos, como esta: "As auto-
Não p:tr<><C' han-•· inconn•nH' ncia t•m <]U<' "" igual mam·i•·a ridade não desmentiram nem confirmaram ral versão, lim i-
proceda um brasileiro ao redigir: " O s CIC• releremes aos tando-se a dizer qu(' as investigações para determinar aJ
exerdcios dos anos anteriores - "A mesma rua pode rer idmtidadts dos mortos prosS<-guem". Tal construção merece
CE.Ps diferentes" - " Os QC> estão de prontidão" - "As a mesma repulsa que estoutra: "Eles estavam com os narius
SAs ttm nm·a lei" - "As QVJ .são publicad;u aos domingos sujos". Assim não se diz em português, ~não: ''Eles estavam
em capas de caderno" -"O~ INPSs identificavam-se p.-las com o nari~ sujo" - "Todos estavam de boca abt'na" -
filas" - " ...subordinada à Coordenadoria das Administra- ' 'pc:ssoas de notável per.<tmalidade" - " .. .para determinar
ções Regionais... mas o coordenador das AR; ..." - "O anta· a idtntidadt dos mortos".
gonismo das enrattgias dos PCJ". Têm essas abrt"Via turas Claro cstá não se fundamen tar no latim tal fuga da nossa
int~ira clareza 'dt' signifkacão quando antes delas já por ex- constru ção; mais uma vez o inglês ê que se faz sentir e só nos
temo ficou exp ressa a designação, como esrâ no pen,jltimo n'Sta desejar no~ fa(a um dia o inglês também sentir qu<' a
exemplo. sua construção " Eu o vi " d~ve ser a nossa, o q ue só se dará
Não ê esse o ca so de AA. (aurores), de SS. AA. (Suas Aht'· quando e(jmi nar erros for cnrre nós mais fácil do qu(' ino·o-
zas), de SS. AA. !1. (Suas Altt".ta.s lmpt"riais), nm~ de E..U.A., dwi-los, ou por ourra, q uando deturpar a língua for mais
abreviaturas que por este o u por aquele modvo se disrin- di fieiI do que preservá-la.
gucm das prim ..iras e já se l'ncomram oficialmente d ..u~rmi­ Plural estranho • Uma vez ada ptado o estrangeirismo à grafia
nadas. nossa. fàzendo-se rem1inar em desinência com um às dos
Plur al de substanti•os com postos . Diant~ dt" <;-rros qut• temos nossos vocábulos, o plural ~ torna Facilitado c corrente. É o
visto em nosso5 jornais, andamos necessitados de recordar que se passa co m o latinismo mtmOTandum, já engranzado no
certas regras do: flexão numérica de substantivos composros: vernáculo sem a rebarba do gerundivo lar ino ; vocabulários
" Brasil ia dc:-cide consrruir mais àdades-sa!élilt". - Assim não oficiais só truem hoje memorando, e dicionários r~istram a
st' dit, mas cidadr s·.IOlilitcs. forma latina apenas para pr<>textar a remissão "V. memo·
Ainda que admitamos a invariabilidade do segundo dc- rando".
menr o do substantivo comp osto quando encerra idéia de Evita-nos a forma vernaculizada o estranho p lural "mc-
'finalidade, não conseguimos ver tal idéia no St"gUndo ele- moranda" , normal e corrl'nte em inglês, língua que adora
mento de cidade-wlilitt. Ob~rvamos no verl>ete carro-corrtio em casos semelhantes o plural latino , ou, quando o caso, o
que " isto de:- en«rrar o segundo elem ento de substantivo grq~o. ol'c-rt'l'('!ldo-nos ··~tt·~ phn·ais, ina('t·itá\'(·i' <'lll •l<h"(>
composto idéia de finalidade t assunto mais ou menos deli· idioma: "O Brasil negociará com o Japão um empréstimo
cado, ..-quase sempre inseguro". para a constru(ão de campi univeni t<irios". Campus no sin-
De igual forma, o plural d e carl4·b<mlba d~e tra1.er o s dois gular, também mrnpU! no p lural em ponuguh; não dizem os
elementos flexionados : "Tel-Avive intercepta oito C01'laJ- "os onera ... mas "os onu.s do processo''. "'onu.s reais'', como
bomba.s". e igual deverá ser nosso procedimento em: "Mcire- não ditt'nws "os qui pro quihul", "condições si nc qttibu.l
les enconrra a a ldeia dos araras·lorál'. non .. , uos mtJfMt rnundi". "os vtrtdicla", ('os CÚJhlnata",
''Com a p róxima passag..-rn dos serviços de trãmiro do uo.s curricul.a", "dois poJt-scriptiJl'. "do i) muro.", "os ova dife-
estado par;, o muniópio, a campanha nessa pane poderá rem d~ tamanho", ~as srlat de uma tarorana". Unicamente
ser facilitada. At.é lá os btrn·lt·v• terão aprendido a andar dt <.Jl~<tndo inatlaprán·is ao wrnáculo . quando tl<" r<·rminadio
motocicletas t? poderão ...". Aqui dois erros. I. É regra de estranhil às nossas, é: que cenas palavras obed ecem para o
ponugu~s: os compostos q ue t&rl o último elemento consti· plural às rt"gra.5 do idioma de que procedem ; é o caso de
ruido de verbo fl~xionam-se: luu-luus. 17UJÚ71lqturts, vai· sdtilling, pronJ (schil.lings. pma. fmmi~s). Fora esta possi bilida -
vim. corrt-corus... bem-~- cis. 2. Acabamos de ver no verbete de, o plural nosso se impõe: os veredictun•. os desidnatwu, os
a nterior o inconveniente do plural distrib utivo em portu- albtt~u, dois tedtunl, dois post-scriptuns, os curriciJ.un> , os mi-
gu()s; não se d iz em nosso idioma "eles foram de navios", crons, os cômpus.
"eles andam a çavalos"; o redator deveria ter escrito: " ... até
lá os btm-u-vü (comrariando a ortografia oficial, tiraríamos Plural rMatorial · V. plural majtJltúlico.
os hífens: btnuvü) terão ap~ndido a andar de motocidtttt". Plural de derainda - V. plural maj•stó.l~eo.
Se há qu~m diga serem espúrios plurais como esciJias· modt - Plural maje$tácico - Ao empr~go de nós por tu, pelo qual reis,
w. canelas-tmttiro, que dizer dit não flexão do segundo ~le­ papas, prelados e p~ssoa~ de s.:meU1ante posic.ão elevada se
mtnto quando não existe indicação nenhuma de finalidade? refl'rem a si próprios, dá-se o nome plural Wljestál.ico, ou plu-
A variedade de erros e a fn.'qUi'ncia com qu~ vêm sendo co- ral de drsiguald4d~ soaaL Estt plural estilistiro é atribuído ao
metidos pt"los hom~ns de noticia dio- nos a perceber que rei J oão de Inglaterra, cujo exemplo soberanos germãnicos
não é o pensar em idéia de finalidadt' que os faz claudicar. e franceses seguiram po r volta de 1200.
mas o desconht-cimemo das regras fundamen tais, que qual- Autorcs, jornalistas, oradores podem proceder de igual
quer gramática deve traur, da pluraliza(ãO dos vários grn · forma, para evicar o egolstico emprego de tu, e o plural
pos de substantivos compostos portugueses. ( ~ 225 e ss.). então se chama rtdatmial. Acrescl'tlte-se mais o emprego nó,
Plural disaibutivo • O s que conhecem latim sabem que nesse por 110ú ou tu em expressões famil~s como: "Como vamos.
idioma o nornt> da coisa possuída vai comumente para o rapaz?"
plural quando vários são os possuidores; dá- se isso p•·inci- O verbo em tais casos vai para o p lural, mas é importante
palmcme quando o nome é parte do corpo ou propriedade observar que o adjetivo em função predicativa concorda
da ~lma. Enquanto em portuguk se d iz "temos (plural) o silepticamc-me: "Antts sejamos lmve que prolvro" - "Amigo
corarão (singular) para o alto'', t"Tn latim dit-se "temos (pl.) aknlo e obrigado somos" - "EstamOs persuadtdo disso" -
oJ cor~~$ (pl. ) para o alto": sursum corda (pl.) habemus (pl.), procedimento que também ~ dá 9uando vós é empregado
-
Plural Poderes 237
po: tu (f,lural d~ diffflnaa): "Vó s estais mganado" - "Vós sois de prcler~ncia dizer fii!LutTIDÚÍrli.X porque, sob~ ser tamb6n
candow . correta, é a u sual".
Phtral Km sentido- V. "perjU11UJTÜJ.s". V. ma/mal dt constru(lio. Concordamos com o leitor em que de fato o primeiro ele-
Plur-<~lismo. Pluralidadt - Não são palavras sinõnimas. Plurali- mento dessa palavra deva ser pnrumat; concordamos pela
lümo t~m rdac;ão com monismo, dualismo, palavras d<' fi losofia, metad<' com Sousa Lima, mas em nada com R:lmiz Ca lvão.
de doutrina, de religião. Se não se admite a coexistência de Comecemos pc:lo último: " ... na formação dos compostos
mai s de uma doutrina, dt mais de um sisu:ma, tem -se o mo - gregos nem sempre ~ uti lir.:~ o radical comple1o". - Não é
ni.!mo; se é aceita a coexist~nda d<:- duas dou trinas, o dualismo; bem isso; veja-se por exemplo o vocábulo idola!na; essa pa·
se d'-' mais d .. duas, o pluralismo: pluralismo de religião, plura- lavra deveria ser idll{(l- úJJria; que fizemos nós? Cort:unos a
fi,mo dt• idt•ologia , a ··digiào <at<ilka, apmt<'> lica, romana sílaba "lo", oper-A<;âO a que se dá o nome de haploiolfol. (re·
não arl'ira o J!luralilmo. dução ou elimina<;-:io de elementos similares de um vocábu-
Pluralidad~ (: o caráter de p lural, a qual idade de: ser nume- lo); o "o " da terceira sílaba é que é o verdadeiro liame do
r oso, qualidade atribuída a mais de urna pessoa o u coisa: composto; ele c o seu companheiro silábico. o " 1", desapa-
pluralidad~ d~ domiólio, pwmlidadt partidária (mais de um receram; o "o" da segun da sílaba pertence imrinsecamentt'
partido da mesma ideologia). ao radical d o primeiro elemento.
Compar e-se com crütanM.tk e cristkmismo. Cristandad~ rt>fc- Outro exemplo: monbmio; deveria scr mono-n61111o, não é
rt'-~ ao conjunro material de povos, d~ pai~s ~ristãos: verdadt? Q.ut aconteceu? Fo i suprimida a segunda sílaba.
Estendia aquela inflamada caridade a todo o reino de Fran(-a ou seja, o primeiro " no". Fôssemos concordar com ltlmiz
e a toda a rristan.túuk. CrütianisTTII) refere·St' à dout rina, à con · Ca lvào teriarno$ d~: afirmar que o pr imeiro dememo <·
fissão rdigiosa, ao preceito dejesus Cris10: O cri.tianistnO é o constituído apenas do " m".
fundamemo da civilização ocidental. Transportando-nos para o nosso caso, d<'vcríamos 1er.
Em r~sumo : no sufixo ümo, a idéia de dou1rina; no sufixo completa, a palavra pnwmatotórax. Eliminando a sílaba ''10".
idadt, a idéia de quantidade marerial. como nos exemplos acima, teremos pMumatórwc, tal qual
Pluri . Prdi~<o que s._.. junta sem hífen: plu.ridmtado. plurijloro. deseja Sousa Li ma. Mas, perguntamos, para que essa elimi -
plwi.ssuular, plurilíngüt. nação se em pneun~<Jtottrapia não o fazemos ? É que, e aqui
Pncwnonectomia - t palavra sem dúvida corrcdssima para vem o xis ela quesrão. quem formou a palavra, embora cons·
('<JXcilir~r a t'Xl'i..:io, '' ~hlado do pulmão (fm"m'óu , pul- çíeme de que os termos componentes deveriam ser os corres·
mão; ectoml, cxci sào). Pneumectomia não viria indicar, como pondentes a $opro, ar (pntüma, atos), e tora.x, dc:ixou·se enganar
dizem Monod e Bonniot, supressão, extin<;io do ar, da vida ; pelas formas muito semelhantes no grego entre ar e pulmão
a palavra não ~stá do bem fonnada como a prim~ira; o ra - (pn~ümon. (1110s).
dical de ar, em grego, é frMutn4l e não prtn<m. Conclu indo: Se queremos fazer frente ao fr.mc~s. ao ita·
O "imbroglio" vt>m do fato de tomarmos. à s vez~. em liano, ao ingles e talvez a ou tras línguas mais, digamos p~ttu·
lugar do radica l pmutnOn, o radical abreviado pntum, que matotórax, como di•emos e dizem os demais pnrumaloltrap,a:
n<'Sta rorma Cntra em pMum-o-/nânchio, pntum· O·Ctle, pneum· S<' a isso não nos arrojamos, deixemos ficar pnewMtórax, que,
o-coco, pntum-o-ptxia, pnrum-o-plegia, nom~s que dizem res·. embora grotesco, é consagrado pelo uso nosso e de our:ros
peito ao pulmão, <:-xistindo outras palavras em qut o radical idiomas.
apan?C(' inteiro: pneumon-ia. pntumon-algia. pnmml!ll·O-patia. Pobre - Supnkllivo sml.itico: paupérrimo, pobl·íssimo.
pt~eumon -6-lito. Se q uisermos ser coerentes, deveremos n •· Pobrt de mim • Considera-se idiotismo o explctiVQ emprego
futar todos os compostos em que o radkal da palavra grega da pr<'posi ~ão dt em expressões como "pobre do homem",
pulmão ap;m:ce abreviado. "coitado de meu tio", "o bom do velhinho", "um coitado dt
Lembremo- nos, outrossim, de que a diliculdadt' aumenta um pastor", "'inft'li ~ dt quem assim proceder" .
com a existencia, em grego, de outra palavra, pnoil, que sig- Poça - S<" /'~ro t<'lll lt-t•h;Hlo o o {pó•:ol, a forma f('minina. d<•
nillca sopro e entra em prut-õ-metro, pnt-o-m5pio, pru -o-dinàmi - significação alt<'rada, deve ser pro nunciada ptka, como com
ca. o abeno deve scr pronunCiado o plural do masculino, p~s:
Pncumopmcárd•o (derrame gaJ<WJ no pedcãrdiol c pnrumó- POfos dt CaldaJ . O mesmo se dá, dentre outros nomcs. com
grafo {que registra o ar) são duas palavras também erradas : fosso (õ),jom (ó l,fo.úOs (6). ~ 234. I, obs. I.
pnturlllltopericárdio e pnmmaiógrafo i> que devem scr as formas. Poção, Porção · Além de forma aumentativa de poro. pocào 1c-m
O equívoco em compostos das palavras gregas pulmão e ar significa do espeCia l quando nome derivado do la1im potio·
d~saparcceria se usássemos sempre o radica l ~ompleco : nem. c neste caso é por vezes confundido com o parõnimo
pn(IUTtO" (pulmão) e prutumai {ar), ou se deixássemos de copiar purçào. Não ~ d~t·, com respeito a medicamento dissolvido
servi lm ente palavras francesas e jogássemos com os nossos ou em suspensão, administraria por via oral, geralmcntt' às
próprios conhecimentos da língua grega. colheradas, dizer: "Tome duas por(Õn por dia", mas: "Tom~
Pncurno córax- " A palavra - diz um leiml'- cuja forma exa- duas porões por dia".
ta se rli scutc, designa em medicina a pen~t ra~ão ele- (IT na Podem :10bsislir desconfianças· Para evitar erro de concordân-
cavidade pltural ou espontaneamente, ou por motivo de mo - cia considerem -se m verhos poder e subsistir um único verbo.
léstia, ou ;utificialrnente com fim terapeuüco. Em qualquer ou seja, uma locu~ào verbal ( § 5 19). Admitido isso, bastará
c~só. o radic.ll grego q ue forma o primeiro t'lem~mo da procurar o sujeitO: Q.ue pode subsistir? DesconjiançiJl. Logo,
composição do vocábulo, nada tem q ue ver com o vernáculo desconjiançtll pod~ subsi.<lir. Outros e~<emplos: Podem ir mu-
pulmão. Nã o se traia aqui de pruúmon. ptmitiUJTIOJ, ma.s de lh(•n•s? Porlrm - P01tnn cair tronos. minha opinião conti·
pnnirtl4, fm~IÍ!nalos, que significa sopro, utnlo. Por ~te: motivo nuará a nw,ma - Putf.,vm mud os falar e C<'gos \'('r.rstaria ·
é q ue o profeswr Sousa Lima propõs, j udiciosamente a roeu mos lilx•nos. - Se putifwmo• ir nó~ m<"<mos... - 5<' pudt\ -
vtr, que à forma usual ~ substituísse esta o utra - pn~uma­ M'm subsistir UÚ\'ida, ...
tórax. Ora, o iluscre helenisra Ramiz Galvào, uma das maio- Poderes - Enquanto vigorava no Brasil o acordo ortográfico
res autoridades na matéria, discordou daqul!le proressor, de 1943 no tocante ao circunflexo dos homógrafos fechados,
não quanro ao radical do vocábulo, senão por motivo bem tínhamos de enfeitar sobejamente certas palavras; a do \'Cf·
diverso. É que na formação dos compostos gr<:-gos nem sem- bete era uma delas; devia tra2er o circunflexo quando segun-
pre se urili1.1 o radical completo, que no caso seria pnr.urnat, da pessoa do infinitivo flexionado do verbo ou plural do
mas, por vetes, o tema abreviado {no caso vcrreme, pneum); substantivo podn para distinguir de podtm (q!'e se li' podlm.
~aquele "o" seria mais uma vogal d e ligação d e acordo com plural de podere, que se pronuncia podirt), que 11unca nin -
a lei dos compostos gregos. A conclusão - são ainda pala- guém escn~ve. Designa uma túnica sacerdotal que, usada
vras do consulente- é que ambas as formas ~o filologica- entre os antigos, descia até os pés. Como também na cOtné-
rneme corretas e , pois. admissíveis, devendo-se cntretanro dia ela era usada, não t de admirar que dela devêssemos
238 Poema Po lonês
lc:mbrar-nos sempre que desejássemos obedecer à onogratia quando rel~reme a soldado: tÚJiJ pril{aJ a cavalo, um pr~Jta
<~cademica de 1943. de pré.
Poema, Por5ia - Poema está deixando de indicar composição Pólipo - Todos os didonários são unânimes em dar a esta pala -
longa - o u mais ou menos extensa -geralmente de assun - vra a acentua(ào proparoxítona, corret.;~merue de acordo
to épico, para, à inglesa, significar qualquer obra ern verso. com a quantidade do y do étimo. Foi precisamente por ser
Conti nua, todavia, a ser rcspt>itado o primeiro significado proparoxítona que a palana nos deu o cognato polw. V. ápod.
quan<lr> refereme o nome a compo>ição poética em que há Polipõdlo - v. ápode.
t'n rt'do e ;u;ào, o u quando l'mpregado para indicar a55u nto Polir - V. abolir.
d igno de ser cantado em verso: A rua viagem f um verdadti- •.. pólis - Esta palavra grega, que significa cidade, entra ~'Orno
ro pomra. elemento fi nal de nomes locativos de fonna variada ; ora
Poesias líricas e canções - Colttivo, quando antigas, lusitanas ou co nserva a in u:ireza da língua originiria (Tms6polü, Anápoüs.
espanholas: cancioneiro. Trípoüsl, o ra abranda-se em tJ final (Ntfpolrs), ora assume
Poeta - A~Jmmlativo pejorativo: poctaço, portastro . wrminadio ainda mais nossa (acrópolt. melrópolr), ora c:orrom -
Pogtom - Palavra russa, já comignada em vocabulários, para pt>-se em pia: Cowt<mlincp/a, Andrinopla.
designar matança, perseguição de judeus. A acemua~-ão é Com out ras palavras gregas tl'mOS já visto variacõcs de
O)\ i to na e o plural é pogronJ . f:; seu derivado pogromiJ/4. fom1a na composição de vocábulos nossos: é o maltrato dt'
Pois não, Pois sim, Pois q~ - Poú não é fónnula de cortesia uma IJngua em terras estranhas.
qut', em resposta a alguém que nos pede alguma coisa. signi- Polissindeto - As5im se escrevt'. sem n final, o nome que indica
fica não podermos deix.u de a conceder: ~Queres ir comi- a rq>nic;io de uma conjuncào em frases con5«utivas: [)('us
go ? - Qut'ro, pois não." - " Queres ir comigo? - Poü não. fez a terra, e o mar, e o céu (57 1). V. cacófato.
co m muito gosto". Po litica impressa - A conjugação de nossos verbos foi sempre
l'odt', ao contrário, em períodos negativos, denotar incre- dcsC\Irada. A redação correta só pode ser uma: " ... numa
dulidade ou recusa : "Pois não! não creio nesse!" - "Pcdes- clara discordância com a política IMPRESSA pelo minis-
mt' qu~ 1~ acompanhe; poiJ não! não tinha mais qut' fazer!'' tro",.e jamais, como está no jornal, "com a política imprimi-
Poü sim tem também os dois sentidos; denota assentimen- da pelo ministro".
to : "Poi1 sim, concedo-te a licenca" -Indica re-cusa, dúvida, Imprimir ll'm dois particípios (imprimido, impmso), que não
re~a : "Empresta-me o láp is. - PoiJ sim, não querias mais podem ser usado~ indiscriminadamcnrt'; seu emprt'go en-
nada!" quadra -se l'm normas de gnunática ; o participio regular
PilO tpú r.em tambfm dois sentid os, mas causal o p•·imeiro (imprimido) aparece em ora(ões at ivas (com os verbos In ~
(eq uivalt:me a porque, porquaruo): ...poü qur nos grandes já ha~l ; o irregular (imprtjj()) dl'VC a parecer em ora~Õt's ou
ninguém roga"- de espanto o segundo: PoiJ qcd! exprt>Ssões passivas: "discordância com a política imprwa.".
Polaco - V. polonês. A expressão não é ativa; o particípio irregular é que dwe
Pôlder, Põlderes- "As terras f~rteis do Vale do Paraíba aguar- aparecer.
dam poldm" era cabeçalho de uma noticia. A quem não co- Exemplos de outros verbos de duplo particípio: " Morto o
nhece o signillcado da palavra holandesa (trato de terra ladrão,~ f.1milia tranqüili~ou-S<.·" - "O ladrão tin ha morrido
IJaixa e encharcada pelo mar ou por qualquer porçlo de da qul'da" - " Exfiuoo da escola, tentou um l'mprego" -
água. recu pt>rado por diques, rq>rC'SaS, barr.~gens etc.), a " O col~io o havia expuba.dc" - " Não viu as folhas inm-tas
comunicação podcr.i sugerir a espera de alguma máqui na na carta" - " !le havia insnldo d~U.S folhas na carta" - " f a-
ou de coisas outras da realidade. O que elas aguardam é lava semptx: de corpo trtto"- " T inham rrigido uma. igreja".
p rotedo, recuperação, já por este já por aquele meio. E out·ros verbos existem q ue se enquadram no caso e são
Oeixando o verdadeiro sentido do cabeçalho para os en- erradamente empregados. Nove pági nas sobr~ o assunto traz
genheiros, limitemo-nos a sugerir que a palavra já se encon- a Gramática M<·tódica da Língua Ponugu~-sa ( § 494), as quais
tra t'm dicionário, com o correto plural pôldtre.•, e no plural ofC'r<·çem li sta> dt• wrb~s dt' duplo pa rticípio das tn?s conju -
é qu<' costuma aparecer desde que- são gcralmeme longos os ga<'Ôt's, <:om ob~rvaâi<-s ._. t•xrmplos Ut' st•u emprego.
trechos de terra recuperável, e necessitam de vários com par- Político - Aum<'ntath·o> p~jorativos: politíc!l$/ro. politil-alho. po -
rimemos, com seus dique>e comportaS ("comportas", e não litiralhão.
"eclusas", galicismo).
Põldtr, afinal. não é máquina, não é usina, não é diqut', Polo (ó l, Pdo (t) - Obriga-nos o t rato com os clássi cos a d is-
tampouco é canal; põltúr ~o "uato de tt'rra" salvo de inun - tinguir c-sca.s duas combinações da preposição por com a ro r-
dação, é a região livre de marés, de enchentes. Emendem-se, ma araicular o u pronominal o. Dada a antiga diferença entrt'
então, comunicações como estas: "É mais rácil consuuir por e per, "poltJ rei" significa "em favo r do rei" e ''ptla.s ar-
diques para os põltkm projetados" - "Fica assegurado o mas.. ' signir.ca ..por meio das armas".
fornecimento de água para os põldnes situados às margens Se em fHÚI a preposição indicava meio, em po_ic, que se
do antigo Zuiderzet'" - " ...cinco põldtus, com uma super"fi- pronuncia p61o, indicava bendi..-io, favorecimento, mas não
de total de cerca de 220 mil hectares". T êm a palavra os tardou a vinda da confusão: "Logo aqudle d ia pola manhã
holandeses. foram armadas tendas novas".
Pólen - Enquanto o Pequeno Voca b ulário Ortogrif.co da U n- Para efeito de significação podemos comparar a fom1a
gua Portuguesa dá péún r arrt'>«'ma a variame pol'm (St:m masculina polo à palavra la tina, invariável, pro, ainda u_gda
acento ), o Vocabulário Ortográfico de Portugal dá somente em nosso id ioma (um d iscurso pro república}, que se subs-
a fo rma tradicional J>ólm. V. 6quen. cantivou (os pr6l c os contras) c entra nas locuções preposit;..
Poli ... - Prefixo que se junta sem lúfen: poliácifÚI, polittilmiJ, vas "a pró dt'", "em pró de" : a pró dos homens, em pró da
poliídrico. dignidade. Para indicar meio, pur encontra-se na forma lati -
rta per na locur,ào "dr: per si": "Ora, essa questão, dr ptr -li só,
Polída - l.audelino Freire, no que é seguido pelo Melhora -
mentos, dá à palavra dois ghlt'ros: feminino na act>pçào co- bastaria par a transbordar o limite de suas sessões".
mum d.- ordem. dt· ,,·guran,·a. tlt· llscalizado pública' ou dt' A ortografia de 4S continua ob.-igando-nos a acentuar a
corporação incumbida de exercê-las {em CamÕ<:5 vemo-la palavra indicativa das extremidades do eixo da terra - p6/o
ainda com o significado de áviliUl(ão: E rolgar;i de veres a - para d istinguir da desusada combinaçiio polo. V. pro.
poJúia portuguesa na paz e na milícia), masculino quando Polools, Pobc:o - Na festi"-a hora do recreio da escola c na
indica o homem pertencente à corporação, o guarda: Um versatilidade de esrudame qut' não se preocupa com os anos
polkia vt'ÍO ver o que se passava. vindouro s, romos ad moestado por um colega, natural da
Idêntico comportamento verifica-se com pril{a: feminino Polônia, de que o não devíamos chamar polaco e sim poloi!AJ,
quando referente a alistamento, a serviço militar, masculino e este argumt•nto empregou: Polaco usa-se pejorativamente
Polttão Ponto final 239
para designar os nascidos em territórios antes pertencentes à sinonímia apontada no começo.
Rússia. Afora essa si nonimia e essa ressalva, pulverirar tem ainda o
Interrogado mais tarde sobre o assumo, fomos emender- sentido de redutir a pó, de fragmentar, quebrar, desbaratar,
nos, para resposta mais segura, com o vice-cônsul da Polô- aniquilar: Os aviões pulveri:z.aro.m o forte - O advogado pul-
nia em São Paulo. Passando por cima de Cândido de Figuei- veri:wu o promotor.
redo, que diz ser "polonês" gali<ismo, e desrespeitando o Em t't•sumo: pós polvilham-se ou pulverizam-se, líqüidos
aguilhoador escrúpulo de Carlos Góis, que manda usar pulveri1.am-se.
"polônio" (forma usada por Camôes) ou ''polaco" (forma O inglês é mais feliz do que nós, pois assim como para lí·
popular e modema), fomos procurar não o filólogo dou - qüidos só usa um verbo (spray), também um só usa para pós
trinador, mas o homem senhor do vocábulo. Essa orienta- (dwl, espalhar pó, reduzir a. pó).
ção sempre tivemos ao trarar de rermos técnicos ou de uso Outros verbos temos de sentido aproximado:
especializado; não nos parece razoável tratar tais palavras a (Jjpergir - aqui o líqüido não é vaporizado, mas atirado
ferro e fogo; nestas pegadas poucas coisas poderiam ser ri- em gotas;
gorosa e precisamente nomináveis. vap111iUir - tem o sentido de pulverizar quando reft't'ente a
Q..uase idêntico ao do colega de décadas atrás loi o argu- subslância líqüida.
mento apresentado pelo vice-cônsul. que, também já há Os dicionários não podrm estar em briga com a fhopato -
tempos, não deixou de emprestar ao vocábulo pclaUJ sentido logia; se a patologia vegetal é variada, variados são os remé-
pejorativo: "O gentílico polaco, não obstante encontrar-se dios (inseticidas, fungicidas etc.), variados os mttodos de
em dicionários portugueses e espanhóis, <~dquiriu no Brasil. cura, va~iadas portanto as palavras para designá-los, e é
principalmente no Rio de Janeiro, sentido pejorativo, tor- sempre mais proveitoso para o idioma respeitar os tennos
nando-se designativo de agentes de comércio ilícito, exerci- téc:niços.
do quase sempre por judeus, vindos da Polônia, o que no~ Po lvorosa - V. em polvoro>n.
obrigou a substituir essa palavra por polonb, para distinguir Pombo, Pomba - al Q..uando nítida for a intenção de indica r o
os genuínos habitantes da Polônia. Foi assim que, uma vez sexo, este será também nitidamente declarado. b) Com no-
restaurada a Po lônia e estabelecida sua representação no mes epicenos, o animal se designa, de modo geral, pelo gt'·
Brasil, tivemos o cuidado de fazer essa difcrencia(;ão, ado- nero da palavra: Veja aquele jacaré - Veja tJta lebre. ci
tando a forma polonês, ba'Seada em formas comuns e usuais, Q.uando houver dois nomes, um para designação do gênero,
comofrancés, inglês, holo.ndis e outras." isto é, do grupo. outro para indicação da espécie, emprega·
Dois argumentos obrigam-nos a preferir pownb: uxn, o se aquele ou este consoante gt:neraliza<;ào ou especillcação
atendimento ao sentido com que é usado o vocábulo; outro, se queira fazer.
o amoldar-se perfeitamente aos fatos da língua. Pombo é nome genérico, que inclui vári.a s espécies. Se des-
A força depreciativa da fom1a polaco chegou a tal pomo conhecida for esta, e desconhecido o sexo, p~m~bo será a pala -
que. além de in dicar o não realmenre descendente de estirpe \Ta empreg-.iveL P()mba, no feminino, designará ou o sexo de
polonesa (russos, judeus e outros), passou no Brasil a desig- um elemento de qualquer espécie, o u determinada espécie
nar, na forma feminina, meretriz, e da mais refinada; não só: sem d iscriminação de sexo. Uma coisa se emende por tiro ao
por is~ mesmo, polaca. veio no Brasil a indicar a constituição pM71bo, outra por aJ pombas ·vo/IQ.ram ao pombal. Lá, generaliza-
arranjada de um momento para ourro em novembro de ção; aqui, designação de uma espécie.
1937. Voz: arrolar, arrulm, arrulhar. gerMr. suspirar, turturilhar, /ur-
Semelhante modifica~ão de significado é comum, sujeita turinar. V.fruto,.fruta.
à lei das línguas vivas, em que os tetmos adquirem sentido Poncã · É andado já o tempo em que se escrevia ajan, Ca~.
diverso do original; é disso exemplo o vocábulo rapariga que, galan. jtl(anan, formas que vemos em dicionários e obras de
não obstante nenhuma semelhança ter no francês, não pode cem anos; a termina(ão oxitona an escreve-se hoje à: romã,
ser usado no Brasil na acepção com que vive em Portugal. ma(à, curimã, tmJracanâ. tummã, poncã.
Poltrão, Poltrona - Q.uando derivados aumentativos, os adje- Pôoti - Forma aportuguesada de "ponay" (ou "pony").
tivos terminados em ão fazem, geralmente, o feminino em Po nto (obra de costura, pe~a de roupa) - Coletivo: apontoado.
ona: chorão, chorona; valentão, VIÚmttma; bohão, bobona; bcmachei- Aummtativo (pejorativo): pontarelo..
rãl/, bonac/leirona. Poltrão, aumentativo do desusado p()/tr(), se- Ponto abrcviativo - O lugar mais conveniente para o pomo
gue a mesma orientação: poltro11a. A forma superlativa é abreviacivo seria no meio da abreviarura, e não no fim,
poltroníssímo. quando fosse necessário esc•·ever todas as letras no mesmo
Poluir - É verbo da moda. Nada mais se estraga, nada mais se alinhamt'nro, mormt'nt(' quando st• consi<krassem C<'nas
suja, nada mais se borra; tudo se polui, e não tardará que abreviatu1·as como cro., mgro., profa., profts., ema. (criado,
vejamos e.scrito "rol de roupa potuído.". Meio caminho disso engenheiro, professora, professores, eminência) que formam
já apan·ceu em jornal: "O livro ~tava gasro e poluído" - palavras irreconhecivcis. O " Pequeno Vocabulário Ortográ-
não que estivesse conspurcado, nem muito menos maculado, llco da L. Portuguesa" foge da dificuldade, apresentando
profanado, senão meramente riscado, já com a solução dos tais abreviaturas com as letras finais em tipos menor·es acima
exercícios e com comentários nas margens das páginas; era do ponto, o que é ou imolerável ou impraticável nas má-
esse, a deduzir do comentário, o motivo da "poluição" do quinas de escrever, quando não nas próprias linotipos; é
livro. comum vermos ern jornais l.o {primeiro), B.el (bacharel), e
A preocupação com as cruzinhas nos testes e na loteria assim deveria sempre ser.
esportiva tira o tempo de consulta ao dicionário. " Ponto de vista" - Não obstante já vulgarizado este galicismo
Polvilhar, Pulverizar - Na acepção de "espalhar pó sobre fraseológico, não nos esqueçamos de que existem outras
algo", puiveriz.ar. do latim pulverizo, are, é, em virtude do pró- vernáculas expressões: a qualquer luz (Tudo isso é deplorável
prio étirno, sinônimo de polvilhar, pois tamb<!m este verbo a qualquer lut que se considere), a que lut (Examinai a que luz
st' prende, através do l.'spanhol, ao i'timo latino puivis, eri.l vos aprouver o mundo romano), à luz que (Verifique à luz que
(pó). Sinônimos têm de ser, portanto, também os substanti- desejar o que se passou), por qualqunJact (Por quaúl'mfaçe por
vos pulverizador e polvilhador, pulwrilll{ão e polvilhamento ou que encaremos o assumo), modo de ver (São modcs tk ver de
polvilhaçào. cada um).
Acontece, porém, que nos casos em que se emprega subs- Diz J oão Ribeiro: É quase sempre melhor dizer no ponto
tància líquida, solu<;ão que é espalhada em goúculas, q ue é, de vista, do ponto tk vista, que é o do observador, e não. $Oh o
digamos, vaporizada sobrt> algo, o wrbo (: p-ulvrriz.o.r: pulvr- ponto de vi.s/a.
riz.ar um trigal. Oizcr "polvilhar um líqüido sobre algo", Ponto 6naJ - Ponto final em data não tem justificação, quer a
"polvilhar algo com uma solu<;ão" é forçar a reciproca da data encabece quer feche cana, quer antecedida quer não do
240 Pontoar Por si só
nom<.- do lugar em que é declarada. Felizmente o Formulário igu~l : "proprer h anc causam quod" (V. Saraiva) é frase: qu<.-
Ortográfico não S<.' meteu nisso. lircralmcm<' se tradltt por tJlO rauio qut. Oro1, substituindo o
Pomoar, Pon !Uar - Não confundir ; pqnloar tem rela~ào com tJ>a ra-tão por isso, temos com toda a scguran~ por üso qu.t.
ptmio; pontuar tem relado com ponlWl(iio. Disti nguir. pois. Esta úhima expressão. vemo-la igualmenre no latim ''eo
pomoad!J (com pontos), de pontuado (com pomuaçào). quod", fr<'qüeme em C~sar. Sua tradução literal é por isso
Pôr - A dificuldade não está na grafia do infinitivo (continua qu;:.
com acemo circunflexo para distinguir da preposiciio por, !X-vemos convir na legitimidade dessa locu~ão conjunti -
que é, na (')<pressão do formulário ortográfico oficial - 1' va, sem esquecer-nos de que significa pOTquanto, porque.
obser.<açào da 14' regra - seu "homógrafo inacenlUado". Por que, Por quê, Porque Quando advérbio inrerrogativo de
acento que desaparece no infinitivo dos compostos: rtpor. causa, traz os cl('lllentos separados tanto nas in terrogativas
dispor... ); não está na grafta do perfeito e derivados, que diretas ('' POT l{IU você não vai?"J quanto nas indir~tas:
quase todos já escrevem corretamente com J {fru.•. pw.ou. põ>. " Q.u~ro $3her por l{IU voe~ não vai". Q.uando no fim do p<'-
f>u>tmos ... ; pwrra .... pumu... ), não está na distinção do singu- riodo o u insulado, traz o acemo ci rcunOcxo : "Você não vai,
lar pi>t do plural põem (/>õL-se a mão na ferida; põem-se as por 9uC ?" . . . . " ,
mãos pelos pés); a diflculdade está n~ conjugação do fu tl•ro Nao se confunda o advcrb•o mrerrogatrvo por que com
do subju'mivo e no pretérito imperfeitO do subj untivo dos o "por que" de frases como "A razão por qu;: assim procedj''
verbos com postos, que são mais de vinte ( § 463, 15) -"O caminho ~r qut devo passar"- "O avião por qu.t fui·
Essas formas verbais derivam. para qualquer verbo. da ao Rio" . Agora o qut é relativo, perfeitam~nte <ubstituivd
t<'rceira pessoa do plural do pretérito perfeito !pU-m'am), ti- por o qual. a q~UJI, oJ qu.aJS. aJ quais: "A ratão f'la qual assim
rando-se o am para o futuro, II'Ocando-se o ram por >Je para procedi"- "O caminho pelo qu.a1 devo pa»a.r' .
o imperfeito; portamo: "Se ele se lobrtPUJ(T aos demais"- Outros exemplos: "Por tp.u rnormes pecados hás chegado
'' Não. esperava quf se iruliJptmJSnn ~;om o guia" - ' ' ...se a esse estado de infâmia e m iséria?" - "Por que raxào el<'
você não interpustr sua autoridad~" - "Se ele se tlllrepull!f' à assim procedeu eu não sei".
medida" -''fez com que ele >e justapu1me aos dcmai$" - com a fu'nção de relativo, o qut S('lllpre se separa do por,
"Sempre que ele se prtdispustr - "Assim que eles se rwnn- que é preposição. O que é estranho é que a ortografia oficial
pwtssem''. brasilcira exija q ue se separe o que do por tamb~m quando
Por ac:a.so, Porvenrura - " Sen tes pur ata.>D o bater do corac;ão ?" interrogativo: O "cur", c principalmeme o " quare" do la-
-"Devo porotntura voltar as costas?"- lá, separado>; aqui , tim , palavra esr:a composta mas sempre escrita como S<". uma
unidos os elemenro; dessas duas locuções adverbiais, ambas ,<),o "wll\'" do-inglt's (0 Wd>st<'r di~criminll ;ts rr<'s dikrrn-
de igual função, c:xpletivamenre empregadas em inrerroga- tes fun~õés desse advérbio, entre as q uais a de interrogativo).
rões. Por mais que estudemos e pesquisemos a origem des- o "perché" do italiano , o " pourquoi" dn francês, o "wa-
sas locuc:ões, não chegaremos a jusLificar esse diferem(' pro- rum" do alemão são ('lll dicionários e gramáricas consigna.
cedimento onográfico. Camões, que >Ó usava acaJo ... JH>r caJo, dos como advérbios, sem mais dificuldades de análise nem
não é padrão de o nografta acaMmica. e a ameposição dt- de ortografia.
preposicão a locucão em que já exi ste preposicào é faro Quando simples conjuncão subordinativa causal, é uma
ocorrente em nosso idioma; o que é ('Stranhável é apenas a só palavra: ''Dei -lho parq!U! me pediu".
maneira de rscrevM'; acaso o por oca.w não esrá no mesmo É ainda uma só palavra quando conjum:ão final. Era pelos
caso do p()romtura? clássicos empregado com <·ssa função( = para que), levando
Poc artes de berliques e 1>4:r)Qques - Locu~ão que significa "por o verbo para o subjuntivo, confor me podemos ver neste
ane ou habilidade mjsteriosa", "por arte mágica", "por exemplo de Camões: Logo se emboscaram porque nos pudn-
embuste": Escapou da morre por ant"S de berliques e bedo- snn mandar ao reino escuro.
qut>S - Por que artts d~ ber/iquls t heTioques um sujei<o, que Arualmrntt, na imprensa, a conjunc;io final porque vai
en tre os elementos excitáveis da cidade não .(Onseguc agitar sendo substituída por par4 qut: "Faço vo tos para qut seja
paixões, iria revolvê-las nas regiões frias do interior?" fdiz" - em vez d<': "Faço votos porqur seja feliz". - Não
Por dá cá aquela palha - Locução que significa "por qualquer falram, porém, aurores Cl)ntemporàneos, conhecedores do
palha podre", "por q ualquer ninharia", "por mo1ivo fútil": idioma , que empreguem o purqut: flnal, corno nos prova este
Brigaram por dá cá aqut/(l palha. • período, castiçameote redigido: "E a honra que nos compe-
Poc e o oblíquo O - A preposiçio por repele muitas vt'tC:S de- le a zelar pOTqu.~ o Brasi l sobreviva".
pois de.- si os oblíquos o. a. os. OJ: " Por rraí-Lo, foi ca stigado" Por si $Ó, Por si $Ós - A forma pronominal si mui<a~ v~es se faz
(e não: "por o trair") - "Por quererrm-no~ presenll'~, man- seguir dos demonstntivos mesmo e próprro: "O vício de uns
daram entrar" (e não: "poro~ quererem"). que não descobrem a filia<ào dos t~mpos, e datam de >i
Os antigos redigiam : "Eu me esforcei pelo conseguir" - mtJTilOI a aurora humana" - " Atribuíam a si próprios a derro-
" ...pola não largar sem vitória" - " ...pelo vcr tão sofrido" - ta".
" ...pelo terem visto fuer" - combinando o por ou sua va- Por que: wsmos e pr6prio.1, no plur.1l? Porque se, Ji, consigo
riante per com o oblíquo; não só a combinacão mas a pró- são variantes reflexivas ramo de tlt quanro de tks, o u seja,
pria anteposic;io do oblíquo caiu em desuso. se. si. consigo prestam-SC! tanro para o singular quanto para o
Tratando-se de outros oblíquos. ~ indifereme a colocado: plural. Q).rando essas variantes n·Oexivas se referem a nome
"P~~rnos impedira lei" ou "Por impedir-nos a lei". plural, para o plural vai o demonstrativo: por jj 17UsmoJ. a si
Por fazer . A construcão portugu..-sa é "a~ncias por inaugu- ft!ópnos. dt si própriru, consigo mesmas.
rar", "coisas por fazer'', ''dados por considerar", "quantias A pa lavra só da expressão por si só exerct a mesma função
'pM rranspo nar". Pode-se ainda trocar por por pMa, mas adjetiva do 111esnw e do próprio das exp ressões citadas; não se
construir essas frases com a preposiç.do a ~escrever à france- trata de sé advérbio nem de locucão adverbial real : "Há ver·
sa. bos que por si SÓJ se basum Para expressar a idéia" -
Por fsso - De maneira incisiva, Vasco BOt('lho de Amaral man- " ... qualidades didátic.u que por si sós o re<:Omcndam à cáte-
da que escrevamos cm forma de locuâo: "Evidememente dra" .
deve escrever-se por isso, e não porisltJ, erro de grafia, co mo se Essa a construção ((,•na, como S<.' fora por Ji JOu:rúlos. por si
grafa por isto, e não poris!.o, nem poraqu.ilo". iJOlados . Quando referente a nome singular: pOT si só; q uando
A on ografia oficial adoro u a forma analítica para essa plural: por si sós.
conjunção(~ 571). Notemos que sru -assim mesmo, com s final - e nrra em
Por isso que - Usam hoje com freqü~ncía e-sra locucão conjun- locuçóe$ realmenre adverbiais: a sés. sós a sós. sós por sés: "Ó
tiva, e ,·ento- la em Gon<:alves Viana, em Carlos Góis. No vós, que no silêncio e no recolhimento do campo conversais
latim, parece-nos, há expressão muito semelhante se não a só1 quando anoitece, cuidado!" (solitariamente, consigo
· Por sombras Pos 241
mesmo) - "Eu é que hei de castigar essa pessoa, e sós a .só\ "ponte para rio", " (adeira a barbeiro", "livro a viagens" ,
D. Antônio (sem ninguém)- "Sós por sós, todos se apresen- "páginas ao caderno", "saudades à páttia" e outras extrava -
taram" (um por um, isoladamente). gâncias, hoje tolices mas amanhã respostas obrigatórias dt>
Por sombras - Em sent.i do figurado entra em várias expres- testes de faculdades.
sões a palavra s01nbra no plural, sinônima então de lrroas : Enquanto Laudelino Freire olerece, numerados, catorze
sombras da morte (Q.ual é o homem que chegou a ver a luz da empregos da preposição de, Aulete, que os não numera, ofe-
vida, e se escusasse de ver as s0111bras da morte?), descer às rece rrinta e um. Leiamo-los a todos que não nos arrepen·
sombras, as s0111bras do inferno, penerrar as .s0111bras do nada, derernos.
cansado de lutar com as $0rnbras. Tam bém pluralizada era Porquanto - Numa só palavra, tem o mesmo significado de
· dassiçamente empregada na expressão "por sombras", que vi..sto que: "Sair-mc-ci bem, porquanto a sorte me tem sorrido"
signi fica "de forma alguma", e perdura em Portuga l: "Não - "Isso nio se faz, porquanto o proíbe o bom senso".
quer nem p01 s0111bra$'' - " Não existe nada que por sombras Porque - V. por que.
se aproxime deste trabalho" . Porta - Barulho: bater, ranger, chiar, guinchar.
Por um és não és - Locução que significa "por um triz", "qua- Porto- No plural o "o" é abeno . O adjetivo pámo da cidade
se": Esteve por um és não is a cair na vala. portuguesa é portuerht.
Por vmtura - V. por acaso. Porto-akgrense · Este adjetivo pátrio de nossa cidade de Por·
Porc~ntagem · V. perctnlagffll. to Alegre não deve ser confundido çom portakgrense, de Por·
Porco - No plural o ó é aberto. Coletivo: manada, piara. vara, ralegre, cidade de P.ormgal.
vezeira. Vol: arruar, cuinchar, cuinhar, grunhir, roncar, ros- Porto .Rico - Adjetivo pátrio: porto-riqumho.
nar, gritar·. • Portugal . Adjetivos pátrios: português, portu.gatense, portugalés,
Porém · Não tem a mesma. for~a adversativa que ma.s, e do ?tUlJ portucalmse, lusitano, lusilãnico, luso.
ainda se diferencia no seguinte: Mas sempr~ vem no rosto da Q.uando primeiro elemento d~ adjetivo pátrio oomposto,
ora<:ão (Jamais se d irá: "Ele foi, não volrou mas''), ao passo assume a forma lu.so: lwo-ajrica11o.
que, atualmente, porém vem geralmeme depois de iniciada a Pormguesmtnte . É o sufixo rnmU o único sufixo adverbial
oração: "Pode ir; não se deixe, porém. levat· pelas más com- que possuímos em português; a<.nscenta-se, para formação
panhias". , d e advérbios, aos adjetivos flexionados na forma feminina:
É arcaico e pldx·u o <·mprego conj unto de ma> porém: bondos(a)rnente, caprühos(a)rnente, /)Tecipilad(a)mmu. No en-
" M lll porim eu não. vou". - E porém. mas conludo, e contudo, f tanto d iz-se p01tugumrumle e não portugue.~ar~~n~te, porque a
rna.s são também combina~ões que os bons escritores evitam. palavra portuguts, como todas as que terminam em ·es, or e
Porém, contudo e outras conjun~ões pospositiva.s podem dis- ol, f:'ra no velho português invariável em gênero: um homem
pensar as vírgulas quando outras já houver na oração ou português, uma mulher portugub. ~ Z58, n. I.
quando a própria seqüência de id éias for tal que as dispense. A tennina.ç ão mente dos advérbios de modo significa rtUl1'1ei-
Pontua~ão não é acentuação; os acemos fazem parte da pa· ra, modo, forma, e era antigamente considerada substantivo
lavra, não porém os sinais de pontuação. A vírgula t regula- do gênero feminino, o que ainda hoje se vê na locução "de
da pela sintaxe, pela lógica, pelo bom senso. Notou a aus~n­ óoa mtnle". Essa é a raüo por que a termínação mtnle só se
cia de vírgulas num porém que ficou logo atrás? Pô-las seria agrega à flexão feminina dos adjetivos, a ·~o por que é
dificultar a compreensão e a própria leitura da frase. aberto o o de bon-dó-sameme, capri -chó-samence, a razão
:Ponnenores do projeto . Não há muito, em baixo de uma ilus· ainda por que se pode suprimir a terminação mtnle quando
tração de jornal escava escrito: "O ministro expõe pormeno· existe uma série de advérbios em menle, para coloca-la no
res ao projeto do novo código". A impressão que dão cons- último: Ele estuda calma, attnla ejreqüenleMENTE (de rnanti:a
truções como essa é a de que r egência é assunto para outros calma, atenta e freqüente). Só se repete a terminaçào no caso
idiomas. Se brasileiros e estrangeiros aqui residentes não de ênfase: Assassinou-a CTULimenlt, barbaramente, friommte.
devem dar importância a nada da estrutura do período por· Repelir, sistematicamente, o sufixo mente, em enumerações
wgut:s, que atenção devem prestar a preposições que liguem de advérbios assim terminados, não é português.
palavras a nomes de que são a djuntos? O s advérbios em rnen!e tanto podem indicar modo como
Lembramo-nos com freqüência de um contador america- Ioga.· ou ourra circunstância; a idéia depend e do adjetivo a
no que vimos em Nova Iorque trabalhando em um escritÓ- que o sufi xo é acrescentado: exteriormente (lugar), /)Timeira.·
rio de importação de café. Toda a vez que ia para a máquina menlt (tempo), certamente (afirmação), corlesmenlt (modo). O
de escrever, já para uma cana já para um relatório, ele con· acento circunflexo do adjetivo desaparece: decreto 5765, de
sultava um li\1'inho intitulado " Prepositions", livrinho que )8 - 12- 1971.
outra coisa não era senão um dicionário de bolso de regén· Pos (ou post) • Prefixo que indica posição posterior: pospor,
da de verbos, de su bstantivo e de adjetivos; sem oferecer o poxpunpcral. po>rornarw, posvidico. poo~/edinico. postcprralório.
significado das palavras - a não ser quando necessário por O Formulário Ortográfico do Brasil traz (46. 5Q, oi". i):
distinção de sentido - fazia-as o autor seguir da preposição " Deve-se empregar o hífen nos vocábulos tonnados pelos
exigida par.a sua complementação. Não há trabalho similar "prefix.o s pós, /)Té, pró, que têm acento próprio, por causa da
em ponuguk, e só nos resta, para consolo, estudar as prepo- evidência dos seus significados e da sua pronunciação, ao
sições em dicionários; aos que escrevem para o público não contrário dos seus homógrafos inacencuados, que, por di·
será atrevimento nosso acomelhar a leitura de todas as fun- versificados foneticamente, se aglutinam com o segundo ele-
ções da preposicão de oferecidas pelo dicionário de Caldas mento: pós-meridiano, pré-escolar, pró-britdnico; mas pospor, pre-
Aulete. Verão ai a variedade de casos em que figura essa im - anunciar, procónsu/."
portante palavrinha nossa. Set'á então que, enrre os possíveis O significado é um só tanto para as formas em que o for-
usos dela, encontrará o mais geral, o de caracterizar o adjun- mulário impõe o ('nfrict' acaMmico do hif<' n quanro para as
to adnominal restritivo: páginas do caderno, minúcias d<J palavras que são dadas no fim da observação, Ademais, qual
discurso, particularidades <Úi encíclica. a base para julgar a verdadeira pronuncia~o? A da Baia,
Como do caderno são as páginas e do tes~amento ~a posei- terra do autor do Formulár io ? Por que poscifalo ao lado de
la, os pormenores são do projeto, e não ao. Mais um pouco pós-dorsal: pospor, sem nenhum enfeite, ao lado de pó.~-túú<J7,
de atrevimento e o rt-dator teria apresentado este espetáculo çom dois balangandãs?
de menosprezo ao idioma: "po•rnenores ao projeto ao novo Por que pruordial, prifj>«J, predifmição, precQndição junto de
código" . prl-coruti.tucioMl, pri -avi.<o? Por que posparto ao lado de pós·
No passo em que andam os descurados da nossa gramática meridiano, pri-comciente junto de prelcitnlt? Por que alude o
não longe estarão eles de apresentar-nos construções como relator a "evidência dos seus significados"? Não é o signifi -
"engenheiro para mi nas", "estudante para medicina", cado desses prefixos quando aglutinados o mesmo de quan-
242 Posar Pouco
do duplamente adornados? "após isto, logo por causa disro". Expressa o erro de tOmar
A aplicação é a mesma da pronúncia até há pouco CO· por causa o que é apenas imtcc:edenu.• no u:m po .
mum também em São Paulo: 11/t-viJão, ou seja . influencia Post meridiem - LoC"uc:lo latina <lut' signilka "depois do mt·io-
de dicção re-gional ista (tik -gratn(J, lélefont, tilt-comuniauào dia". Ahrt"Via-se p. 111.: até as 6 p. m.
dízfill os nortisw, e o r elator esqu~et:u-se de impor a grafia Posua-rcstantr - PoJia si gnifica cttrrtio, e é a palavn. que para
tilt-lerapill, tlk-semia. tJ1t-teatro). indicar o nosso correio se usa <"m ou tros idiomas, com ora -
Oucra o bsen<açào cabe ainda ao caso. Sempre que cita as diCJI proveniente elo latim posta, por pósila, do verbo po110;
nossas vogais, todo o indivíduo - sulista, nonista, brasi- é palavra também do nosso léxico, da qual se serviram nos-
leiro, portugues - pronuncia á, l, i, ó, u, abrindo as vogais sos d;issicos: " ... logo se despachem postaJ a Alemanha" .
a, •, o. O mesmo procedimento tem quando cita cenos pr~­ Indicava originariamrnte a pessoa poJia, colocada numa
Gxos, já lar i nos já gregos: ob, t K. Acaso o pronunciar aberta- seqomcia de lugares ao longo do: uma estrada para ir do seu
mente as vogais dessi'S preftxos q uando isolados indica que pQ)tO ao vizinho com despachos e cartas oficiais e, depois,
aber ta C<lntinua sua pro núncia na conlposiçào ? com cartas comuns; ou a pessoa encarregada de ter so:mpre
Curioso é notar que essa regra do Formulário constitui a preparada a muda dt cavalos para um mesmo homem que
última das vime e !Th do hífen : é passageiro q ue no último levava ~ssa caJ"ta. Com o tempo, po1ta passou "- indicar a car-
instante conseguiu lugar no esmbo do bonde. V . postopera- ruagem, o barco, o veiculo transportador da correspondtn-
tório. cia e, finalmeme, o próprio lugar, a estac;.io em que era ela
Posar, pom ar · De pose (ô), palavr:1 provinda do francês, te· depositada pau posted or distrib uição .
mos o verbo posar (a5sumir atitude, servir d e modelo), q ue Esta distribuição, a pnndp io feita na própria estacão a
se conjuga como forcar, o u seja. tem o o abeno nas formas pessoas que para aí iam a pro cura de cartas, passou a ~r
rizotônica~ (o acemo é mera indicação de pronoincial: póJo, feita domiciliarmente, menos para os qu e tinham no sobr~s­
p6saJ, póJO. ... pósllft• ; q u" eu p6~, pósu, póst ... póStm; imper. : crito a i ndica~<io de restante; poSUJ-reSUJnlt é a correspondên-
póJa tu. cia, a carta que 7t.•ta, ou ~ja, q ue fica na csta~ão a espera do
De powo, o verbo pousar, que não pode perder o u em ne- ín ter·essado, e igual nome tem no correio o lugar em que fi.
nhuma flexão : powo, pousas... q ue eu pimse, pousts. .. : o avião ca m as canas ou encomendas com essa indicação ; ~palavra
jKIUJ4. Não façamos com pousar o que muitos fazem com rou- feminina {"Onde ftca a poslll.-resttmJe>") e, como o nome, o
bar, engolir ou na conjugação: Po~ no Hotd dos Viajantes. servi ~o i: internaciona l, existcnre assim ~m cidades grandes
Posítrõnio . V. iônio. como em pequenas.
PoSSC$sivo - Partes do <.'O rpo não admitem o poSlessivo em Post<b.tar . V. posloptralório.
português; não dizemos: Vo u lavar meu rosto - Não csco- Postdiluwiano . V. pouttperalário.
\'ei mt11J dentes - Q.ucbrou JUAI pernas - Machuquei meu Postila, apo5dla . Indicam coisas diferentes; postila é que é a
nariz - senão, substituindo o possessivo pelo artigo: Vou forrna correta para indicar o folheti m, o caderno de folhas,
lavar o rosto- Não escovei os d entes ... geralmente m imc:ografadas, por onde os alunos de uma es -
O s tndu tores de certos idi omas devem ter cuidado nesse cola ou universidade estudam as lições.
ca>a. <'igua l cuidado d<'\"Mll r<·r <"nru a pal;n·ra ca-a na acrp- Com a protético - aposti/4 - denota a palavra "breve
cão de moradia, lar, residência: " Vim de casa" - e não: nota, adiàonamento à margem de uma cscrirura ; declara-
"Vim de millha casa"; " Ele já saiu de casa'" - e não: "EI.- cio, advertência, reparo que se põe na margem do livro ou
já saiu d<· ma casa". O possessivo só t aí empregado para dar de um manuscriro", donde apoJtilar, aposli14do, apostil4dur:
ênfase à expressão: " Estou em minha casa" , oração q ue na " A test· de Saint-Simon foi comentada, aditada, ap0$1iltuia,
leirura ('Xige entonacão especial para o possessivo, que po- às vezes diminuída por empréstimos ideacivos de alma na-
demos grifar na escrita. que, mas fundamen talmente a mesma".
É r.~t.o, por outro lado, pensar que os poMessivos nossos Outros significados tem ainda, relacionados com esse.
não admitem artigo; enc1uanto a linguado Brasil for a por· mas não o dado acima para a palavrapostil4.
tuguesa, o .-mprego do artigo antes do possessivo ob...decerá Po#ilha é variant,. gráC.ca de polli/4, e apostilha de apoJtila. O
a normas que 10da a boa gramática o ferece. p roblema é meter na calx-ça de todos os alu nos de cursinhos,
Possível Q uando incegrame da ~fi'SSào "o mais possível" dt· e~ola> ,. dt• prol~rl·s qu<' não adotam livros qu<" não
i: causa esra palavra de erro freqaen<e. Dessa locucào adYcr- é correto chamar apoJtila a reprodução grálica da au la. Niio
t,ialnada pode flexi onar -se; po;sívtl aí eslá por possivelmente. bá na reprodução nenhuma apoltila; nada foi apostilado à
O assunto já foi ventilado no verbere "o mais possível", e a preleção do professor; essas tra nsliterações são simples pos-
c:le voltamos para acrcscemar mai s tres exemplos, dos quais IIIAI.
o primeiro é- de seu correto empr-ego. Dicionaristas novos estão lncol'rendo na confusão, mas
Q.uem tem o dicionário de Séguitr pode verificar em Ltill- J oão Ribeiro, Au lete, Cândido de Figueiredo navegam em
nh esta construção, pane final do princípio de harmonia ou tros barcos.
preestabelecida: " T udo vai pelo melho r no melh or dos Posto · No plural o "o" é aberto.
mundos possivd'. Na trasladação, não se deixou o tradutor Pos1o q ur - É locução conjuntiva, de sentido concessivo, e não
iludir-se pelo plural mundc>: no melhor pouível dos mundos. causal; significa aindil que, bmt que, nn/lora, ap~sar dt: '" Um
Esto:s dois são agora exemplos do seu mau emprego, tira· sirnpl..-s cavaleiro, posto que ilustre" - " E, polto qut a luta fos-
dos de noticias de jornal: " ... e O> resultados são OS mais pro· se longa e encamíçada, vencer-.tm ".
missores possíveis" - "As reações da brincadeira são as Postopt.>ratório . As palavras d e fonnacào erudita não podem
mais diversas possíveis''. Não há massagista ~p~rimentado !><'r criadas com as murilat·õe, por qu<· pa»an • a> dt· 1kriva-
que não ver ifiqut estarem fora de lugar as partes desses cor- cio popular: poJloptrat6rio é oomo deveria esrar, com I (posl) ,
pos. "O mais possívo:l" é rótula que não pode alterar-se; e sem necessidade do hífen, no vocabulário oC.cial. Prutdatar,
esses períodos estão coxos; " o mais possível", qualquer seja pmtd1luviano, postimpmsionismll , poslincwuíbu/o, poJI/imfnro é
sua posicào no organ ismo, não pode variar; é locucão ad- como registra--aro lexicógrafos ames do vocabulário dt 1943.
verbial, e quem sabl" o que é isso sabe também q ue ela é nu- Gon(alves Via na c outros foram po!Rergados, e com eles a
mericamente inflexível. Na mesma ordem em q ue estão CO· gralla do espanhol, do inglês, do francês e dc o u !Tos idiomas
locadas as pal.avras, a construção deve ser : " ...e os resultado' em que as palavras de cunho erudito são tratadas como tais
são o mais promissores possivef' - " As reacões da brincadei- e não à luz de caprichos ortogt":i focos. V. pos. V. subproduto.
ra são o maiJ diversas possível". V. o mais possfutl; V. stria o Pouco - Enrra em locuções adverbiais: pimco t pouco, a pouco •
maü fHI{UntO poniml. JXmco, pouco a pimco: "Ia-se pauco e pouco acrescentando" -
Possuir - V. bulir. "Descobriram pouco t pouco caminhos estrangeiros" - "'..t
Post boc, ergo propt~T hoc - l.ocução latina 9ue significa pouco e pouco chegaram" - " O tem po vai fazendo a pouco e
Pouco de ~ocntc 24~

JKiuco o seu oHcio" - "A jKIUCJJ t pouco o número crescia. m in- seguir de f, para no verbete paca citar " a capivara, a cuo a e
guando a pouco ç JKIUCO a singeleza" - " Ir pcuco a poua~ afer- D preá".
vorando". Pmunar . V. preU:mar.
A forma "a pouco a pouco" não é encontr ada. "Pn:c:alço" -V. percalço.
Pouco de - V. um pouco ddgua. Precário, pn::caríssimo - Adjetivos terminados em io perdem o
Poucoc:hinbo, poucac:hinho - Já ninguém irá deixar de dizer o fina l antes do sufixo supnlarivo ilsimo (piíuimo, frrt,priíuimo.
pouax:hinho. mas a verdade é que é corruptela dP. poucachinhQ, SfTifssirtW), mas precário perde as duas vogais: pruanmmo.
forma esra de procedência jusúlicada e também constam<" Precaver-se - Esr.e verbo nada tem de comum nem com o verbo
de dicionários: frtmco-acho -inlto. ver nem com o verbo vir; não é formado em português, se-
Povo (nação) - No plural o o t abt!rto. Coútivo: alian<;a, coliga- não proveniente do latim praecávto, donde nos veio prtcau-
ção, confederação, liga. Aummtalivo: povaréu. Ç<io; dizer cu mt prerAvejo o u eu 111e prerAvmlw, eles se prrco-
Praça - V. polícia. viram ou eles se pre(JJ.vitram é incorrer em grave erro de con-
Ptalin~ - Aportuguesamento do francês pralinJt, panic:ip io de jugação, é demonstrar desconhecimento do verdadeiro sen-
praliner, que significa cobrir amêndoa de açúca.r fcrvcn rc c tido do verbo. O que há é o seguinte: o verbo é defecúvo ; ~
colorido. corúorme proct'Sso criado por Plessis- Pralin, ma- usado somenrt' nas formas a.rrizorõni<"as, na.s quais formas é.·
rechal francb do ~culo 18: Não se esqueça de comprar-me inreirameme l't'gular.
pra.únls. Por ourras palavras: o verbo precaver-se não se conj uga na
E><Íste l.llmbtm a forma pralina, feminina e paroxítona. I~. 2• e 3~ pessoa do singular nem na 3~ do plural do indica-
" Praticável'' - Nem "praticável" nem "impraticável"; nem úvo presentt (falTa., por conseguinte, todo o presente do
"caJTOÇável" nem "incarrocável": traruiUivtl i: q ue se diz em subjunúvo e a 2" pcss. do sing. do imperativo), porque nrs-
portugu~s. trat.'lndo-se de estrada, de caminho, de rua em sas formas o acento tónico iria cair no radical do verbo ; nas
que é possível o rrànsiro: ''Aquelas serras r.êm vales profun - demais pessoas, é e le tota/mertte rtgrJiar, norando-se que vem
dos e tnmsitáwis e temos guias que nos hão de ensinar o ca- sempre acompanhado de pronome oblíquo. A$ fom1as ver-
minho por elas fora" . bais existenr.es são estas:
Forrando o sencido do frances carro;st, urna carga podt' sc.>r lnd. frrt! . precavemos, precaveis. lmperf precavia, preca-
carroçávtl (tran$ponável em "carroça"), mas uma estrada? vias etc. Ptrj. precavi, precaveste, precaveu, precavt'InOS, pre-
Podemos, por ou rro lado, praticar uma brecha, um aralho, c..vesr:es, pr e..:averarn. M.-q.-ptrj. precavet·a, precaveras etc.
um caminho, mas dizer que o caminho, a rua, a estrada é Fui. precaverei, prccavcr:ís crc. ful. do prtt. precaveria, pre-
praJiCJivtl depois de feita? Se guardas violam aóntosameme caverias etc. Jrnpn-aJ. precavei. Subj. pres.: Não há. lm/J"J do
leis do sossego, au toridades do Trànsito violam com fr e- subj. precavesS<'. pn:cavesses etc. Fut. do Ju~j. e inf pçu. iguaiJ:
qüência o vocabulário. prtcavcr. pn·cavc:rcs nc. PrteOlJP- fJruamndo. pruavido.
Praticidade - Palavra que os dicionários não consignam, pa- Para substituir as lorrnas inexistentes, emprega-se um ver-
rece 10davia rcr sua justificação ao lado de praticabilidade. bo sinôn imo, como ar,auular-st, prtvenir-st, pruA.IIJr-~.
Se praticável é o que se pode pôr em práúca, prático é o que A explicação ficou dada com essas minúcias porque um
pode ser feito com faci lidade e utilidade. Se uma máquina, acadêmico, ao escrever sobre a necessidade do estudo da
uma profissão, uma anc pode ser praticável, pode não ser nossa gramática, declarou : "os brasileiros se prttai.H!JWun .. .'' .
prática, isto é, fácil e útil. Uma coisa pode ser pnuic:-Jvd, mas PrWsa.r - Di.zer "prtcis.'lm-se de costureiras", "traiam-se de
não ser do a lca nce c para u tilidade de todos. casos omissos" é cometer erro em porruguês, pois couurtirtl.l
Se práttco existe com sentido dislimo de praJicável, nada es- e ca•os 0111Í"os não co nstitut: m sujt?icos dos v<·rbos: o su,jt•ito <·
tr.mhável que se consigne praticidatÚ ao lado de prati(JJ.hili- indeterminado: deve o verbo licar no Jirzgular.
dadt. Existem, todavia, certos verbos transitivos indiretos que
Prato - Coütivo : baixela, serviço, prataria. Aummliltivo (com também se constroem como objeto direto ; o verbo prteiJar
comida): pratalhaz. pratarraz, pratarrada. prac.ázio. r um deles; tanto é cerro d izer "sem precisar de dou tor nem
Prazenteiro , prazenteiramente - Dois adjc:rivos exisrcm: pra- de feiúçaria", quanto é cerco 'Construir como fez Castilho:
untmo. prauro.o (c não f--rauiiowl. Nada de inwn rar praun- " ...sem preci5ar doutor nem feiticeira". Uma vez transitivo
ü iro>o- que 'l<"nlido nenhum tc.'m nem podt• ter - misru- direto, pode perfeicamenrc apassivar-se o verbo f1rtciJ4r:
rando <'SS3 S d uas formas. O ad,·i't'bio, i~almt•nu·, será pra- kpreàsam-se operários''. " precisa-se um da tilógrafo".
un/rlramrntt ou praUTO;amhllR. Esrranhávd e ('lTada t. a construção "precisam-se de ope-
Prua - O v<.-rbo praur é irregular e só usado na terceira p<'S- r:írios". Ou se diz " precisam-se operários", apassivando-se
soa do singllb.r e no gerúndio: pr.u, prazia, prouve, prou - pessoalmente o verbo. ou "precisa-se de operários", impes-
vcra, pr:u:crá, prazcria, praza, prouvesse, prouver, prazer, soalizando-sc a conscruc,ão.
p r.u:cndo. Seria também erro dizer, à italiana, " precisa operários",
É transitivo indireto; significa agradar, apra~er : Pra~-lhe como é errado di ler "precisa limpar os vidros". Bisogr14re
wmbar de nós- Praw a Deus que o sermão não seja lá mal rraduz-s<· ou por pm·üar-.w {e não sim plcsmc:nw prui:o~trJ
ouvido - Despedi-o, se voz praJ.- Se a Deus prouvn-- Pra- OU por ' l Onlal'•5e necessário•', •'dever·~', user mister'':
1

t a ao> (i·us qut' mt·u filho não sofra. bisogna domandare - i: necessário. é preciso. é mister per-
Pre ... - A incoet·ência do fo m1ulário Orrogt'áfico de exigir que guntar, torna-se necessár io perguntar, cabe perguntar, deve-
este po·efixo se faa às vezes acompanhar de acento e de hífen se perguntar {nunca " p recisa pergun tar").
fi cou j~ aponrada no verbete pos. Exprime: De mandra análoga devemos proceder com o vl:l'bo ru--
anJtudhlcia, anttapação: precoce, preàmbulo, precauçio, assitar : nc:cessirar algo, ncttssi tar dt algo.
preescolar, preajuizar; Seguidos de infinitivo, prrd= e Mct»Ílar vêm sem ou com
tnúnsid4JU: preclaro, prcpoten~. prefulgun<;ào, predo- de: Precisamos acabar com estes passeios- O panido libe-
mínio, preeminente, preponderante. ral prttisa de movcr a incredulidade pública - Os libertos
Pre..., pro ... - V . pruminmte; V . prt111J)ção. necessitam desmentir esses receios - O que neçessitaremos
.Pré - Aporwguesamenro do francês prlt, que indica o paga- dt apurar é audácia. - V. é preruo rAima.
mento diário a soldado raso ou sem patente de oficia l; en- Predialtivo {concordàncial - V . .franco de pagammJo.
tra nas <"X pressões" soldado d<' prl", "po·a,., de prl". Preeminente, pcoemlnerue - Já não exis~ a forma d.ássi~-a prr-
Prcá - Os vocabulários oficiais, o do Brasil e o de Porrugal, e minente; hoje ou se emprega pruminente ou promtinente ; com
bons dicionádos dão à palavra o gênero femino; Laudelino, o prefixo prt, a palavra t<.'ID sentido moral (superioridade,
Melhoramentos e ourros dão -lhe o gênero masculino. A distinção, vanrageml: escritor pruminmte. Com pro, no caso
prova de que é inseguro o gênero do nome dcsre pequeno corrupteb. de pre e não o prefixo pro que entra em promO'IIer,
roe<ior esta em o Fonseca, revisto por João Ribeiro, fazê-lo promguir, proptlir, prO'IUJme, prorromper, denota r elevância fisi-
244 Prefeita Prestação
ca (maior eleva(ào, maior pronunciamento de ângulos): fei- Presbita • rndicativa de "vista ou pessoa afetada de presbitia"'
ções proeminentes. esta palavra é paroxítona, pois é longo em gTcgo e em latim
Há diferença em ponuguês encre pru minincia e frrotmi- o 1 co rrespondente ao 1 da penúltima sílaba.
nhlcuz. Prc$dcntc • Não cabe ao caso "lógica", como asSt'\•erou um
Prdtita - Prifri/4 é a flexão feminina do adjetivo substamivado membro da Academia Colombiana de Língua, nem afirma-
priftit(), que se flexiona como refâto, ptrjrit(), tú!ftito e oucro• ções graci0$3$ de ~Ue "deve Ser" Ué preferível dizer"', Ha
J

compostos. V. paraninfo ; V. deputada. expressão correta é', qu..- cst.io contida.~ em declarações de
Preferência a - V. amor a. acad~rnicos colombianos, publicadas não há muito nesu·
Preferir · O mesmo valor dos advérbios que, no latim, se an te· jornal, em apoio a " pro:sidenta", quando retercnte a mulher.
punham aos adjetivos para formar os superlativos analíticos, São em português uniformes os adjetivos terminados em
ti nham nessa língua as p reposições ptr e frrat, em composi· nt•, como já no latim havia urna só terrni nacão - n• - par.t
tão: perdiffirili• (mui to dilkil}, prardaru>(muito claro. mag. o masculino e feminino dos adjetivos da segunda classe, por
nificol, prrmagnus !muito grand~ . muito importante), prae- cujo paradigma se dedillavam os particípios presentes: pru.
gtlidus (muito fr io, rrio como gelo), ptrúmgu> (muito longo, túnle, OJIUUlt•, vitúnte, lmu, OUlJinlt. Ningu~m. pelo menos
muitO dilatado). em portugu~s. diz hoje prudmia, amanla, vidrnla., lenta, ou-
Po•· essa razão é que o verbo prtftrir já encerra idéi<• de virua.
" querer 1110Ís" de " querer muito", pelo que não se d!'Ve dizer Alguns dos adjetivos de tal terminação a ndam a ser fle-
"prtfiro mail'; o certo é upreferir uma coisa a outra coisa": xionados em nta no leminino quando substanti\ados: pa-
Prefiro o estudo ao brinquedo - Prefiro esiDdar a br incar. renta. infanta, gownwn/4 . Pmidenta, por ém, ainda está, ao
V.fm. . que parece, no âmbito familiar e chega a truer certo qu~
Pre~so - Pode o prefixo ladno prt também indicar antece· de pcjoradvo.
d~ncia: prifátio, puconcebtr, frrNTiaturo , prrcoct; é pregrwo o Neste caso. como no utros, a designação de " neologismo"
decorridc> antc>riormcnte: "·En.-oscava -me muito sério no não serve para encobrir o desconhecimento de: fatos do idio-
regaço de mi nha mãe e ouvia-a contar a história proxima· ma. O que está errado é dizer: " ... de Paris, o presidente do
meme pregrwa, para mim longínqua, da nossa geme" - Clube Brastleiro do Gato, An ne Mari e. irá a Essen, na Ale-
"Vida frrrgrma", vida anterior ao fato considerado. manha ''. Por favor, ~nhor redator. procure saberem qual-
Prdamar, preamar · São variantes ortográficas da m~sma pa· quer gramática o que é substantivo comum de dois gêneros~
lavra. que significa ''mar cheio" ; em ambas o'~ fechado. vt>r~ por que se diz "a estudante Maria das Graças", ·•a cons·
De ple7U1m tivemos prda (ê), procedimento comum na deri- liwimc Etelvina Rodrigues" e por que é certo ''a presidente
varão popular (wmam, ceia; armam, areia, ballatnam, baleia): l>abd". Sua única dtsculpa será não saber que Anne Marit é
no feminino, porque t·m ourros tempos, como a inda crn nome dt- mulh<·r.
frances e em espanhol, mar era feminino. Ptesidlr · 1:: dt largo uso a conscrucão transitiva direta desse
Prejuúo · Como o inglês frrt)udicr , também o português pre- verbo, a par da transitiva indireta, prtsidir a. Poder·se-á ta mo
juúo significa prtconcnUJ: " Hom em chcio de pr~juíw>" - dizer '' ...foi admitido a prnidir ao a10" (Castilho), " ...o anjo
''Acabaram com todos o s frrt)IÚUJ> e reuniram todos os povos que frrtsid' ao>fados da Espanha (Hercu lano), quamo "presi-
em torno da rru.tii<'JcsusCristo". dir o CO UJI,l'I'SSO" [Auktd <· "ptt,idia o• tribunais" {Figueiredo).
Quem /JTI'julg_a cem um prejuiz(), como quem prtcom:tlu rem No português quinhentista vigorava ainda a construçã o
um preconceito. E!'SSt o seu primC"iro semido em latim. presidir t•m: " ...que hoje ptesidt na Igreja de Deus" (Bemar-
Prcmoçào, promoção · Não confu ndir; se pTI1mocão é o ato dt• des). V. 4-UÍ.slir.
promover, prtrrW<'àO é nome qu~ em teologia denota a "ac;ão Preso, pri sioneiro · "Voe~ está preso" - "Ele foi feito prüio-
ou inspiraç;lo dt" Deus sobrt· a \'Ontadr do homem": o pn·· ruiro'' : Estes dois exemp los estão a mostrar que as palavras
ll:xo frrt indica a í antecedência, como em prrdelnmt~o. têm sua dif~renc;a de sign ificac;ão não obst3ntC: as crazerem
Preposição mais preposição · Em português, como em ou tros dicionários como sinônimas. Não deixa o preso de ser pri-
idiomas, uma preposição ou locução prepositiva e o respec- sioneiro. porque prisioneiro é pala\Ta de sentido mais amplo;
tivo regime ("atrá s do carro") podem vir regidos do: o uu·a por isso se diz "prisiormro de guerra" e, com sentido mais
r.rcposicão: "saiu DE atrás do carro". Outros exemplos: restrito, "dar de comer a quem tem fome, dar de bebe•· a
' ... pendem, mergulham e desapa recem, numa imensa curva quem tem sede, visi ta r os doentes e os presos". Normalmente
borbulhame, PO R sobre o largo telheiro abandonado" - vimam-se presos, não prisioneiros, porque prtso imp lica
"POR entre a ganga" - terreno que lhes foge DE sob os idéia de sujeic;ão a uma força mais próxima de consrrangi-
cascos.,. " passou POR d etrás do teatro", "arrastaram-no memo: "Os frreJOS são l<:vados ao tribunal em carros espe·
PARA ao pé do catTc". " ela não sai DE ao pé: de m im", "ja· ciais"- ·•o s prisi(J11~irOJ caminhavam em longas filas através
nela que se abre DESDE pela manhã" . · do deserto".
Não é o mesmo ca~o do anglicismo "pagamento em pt'(:S· Prestação · "Q.ual a origem dessa palavra, que não existe nem
cações de até 20 meses"; não é da lingua portuguesa in ter · em francês !payemcnt à temphamem), nem em italiano (rate
polar prcposicõcs. Em nos>o idioma o que existe ~: paga· mensili)?"
memo até 20 prestações mensais - pa~mo em prc~ta· - Presta<;âo é no caso o ato de frr~Slar contas. Quem reali-
cões até 20 mcS<"S - Posso financiar até 36 meses - linan- za um negócio em três pagamentos, irá pmw contas tr~s
ciamenro até 36 meses (sem em nem tk antes de ate1 - meno· vezes; não só mensais podem ser as prestações, mas anuais,
res de 11 anos (sem ali d epois de dt) . semanais; igualmente, uma compra poderá efetuar-se numa
.Preposições (em prego correto). V. para (preposi<;àol. única prestação, isto é, num tínico pagamento.
Preposições (rep eti<;ãol · V. uprtir.âo da. frrepruiçõe>; V. ptla irn- A palavra, que vem do latim frrats, pratdi.l (fiador, abo na-
fmrua. dor, g-a ra mt:l e start (estar, ficar), designa o ato de ficar res-
Presa · Não há o que estranhar na oração " O paciente, frrtsa pon sável pelo cumprimento ou realização de alguma coisa.
de fone crise nervosa..." - É f»'tJa nessa oração substantivo E de César da Silvei.. (Dicionário de Direito Romano) esta
feminino , em func;ào de aposto, e não particípio irregular passagem: " Os romanos descreviam o <:omcúdo possívd
de prendrr; não u:m ai presa relação com esse verbo mas com das obriga~-ões com os termos dare, facert ou prtlt!J.art. Dare
o étimo latino pratdam. Seria o mesmo que dizer: "João, signilica a encrcga de uma coisa, com fins de exewçâo;factrt
vítima de forte cri!><!" - onde vCtima. aposto de joào, é subs- indica w da a presta<;ão consistente em liuer, incluindo o
tantivo de gênero próprio e imutável, .: não forma verbal de dare. PT·M Mflu compreende 10da a prestac;ã.o, que consiste
vitimar. Seria ainda o mesm o que dizer: '' Oiga. alvo de infa- tanto em dau como em fiu:ert, e mesmo as que não consis-
mante maledidncia" - onde alvo, substanóvo sobrecomum tam em dar ou fazer, co mo a con.stituic;ão de uma cau<io".
que é, não pode flexionar-se gel}ericamence. Como fact'rt é levar a cabo qualquer a to ou ainda abster·
Prestação de serviço Primeiro de abril 245
se, a conclusão f.: de que, além das prestações de dar ou fazer rias ... ; prroiru, preveni; prnn=. prrvínas. prroina. prnÀ1141/11)j,
alguma coisa - pres~ações- positivas - bá pres~ações nega- prroirnri.J, f!rrotnam ; pr-tVeni sse, p revenisses... ; prevenir ; p re -
tivas, que consistl'm em tclo praticar determinado s atos. venindo, prevenido. O futuro de subjuntivo e o infinit i\'0
Prc:wção de S<.TYiÇO - "Fornecimento de serviços rekfõníoos" pessoal são idênticos: prevenir, prevenires etc.
é incorreto; serviços tclo se fornecem; forno:« -se uma casa Seguem sua conjuga(ão os S<.>guintes verbos: agredir, dt-
de mantimentos. uma praça de soldados, meios para ctrto negrir, progredir, transgredir.
negócio: serviços pmlam-Je. e, dai : Jrmlação de scrvi~'OS tele- Se adotarmos a gt·afia droigrir. que aqui já foi justificada,
fônicos. este verbo deixará de apresentar irregularidade: denigro. de -
Prc&unção, água c vento cada um toma a contento · E.~~e é o nigres. dttJigre, dmigrimo5. dtnigris. denigrem e tc.
provérbio, e não "presu n~o e água benta cada um wma a ":Previlégio" ·Grafia errada. V. digladiar.
contento". A correção é facilmente aceitável quando se con- ''J>ré\>io a" · " ...para promover novo acordo enLrc.- Egito c.-
sidera que água benr.a não se toma, e não rima benta com lsrael prévio ao reinício da conferência de Genebra''. Q.ue rc-
conúnlo. pugnància do redator i: es~a à língua da terra em qu e es-
Tem sem dúvida lomar t:a:mbém o sentido de apanhar, creve - muito provavdmcnre de sua pátr ia - que o lcvoi
apreender, tirar, mas em se tratando de água sua significa- a esquecer-$(: completamente de formas v<:máculas para
cão nonnal, comum, ger.tl, é de beber, significação que não adotar peculiaridade\ de expressão de outros idiomas ?
se ajusta ao no;.~ caso, mormrnte quando se considera que Não percebe ele que esse- "prévio a" é o "prior to" ingl~s?
igua bcna usam snnpre com a mesma moderacão quan- Em nosso idioma assim $e escreve: A concepção í: antmor d
tos Gom ela façam o sinal da cruz ao entrar numa igreja. cria~o - Esta ol.lriga~:ão prrcedr às dtmais - Rt.>petidio
Pretender - Est<: não é lugar para ensino de outros idiomas, dos acontecimentos qu• prr.udt ram I 9 I 4 e I 939.
rnas redatores de jornais e tradutores de agl?ncias de noticsas Liberdade de expr<:~são não pode significar despre>.o ao
estão a merecer a advertência de que o verbo inglês lo pr~tm­ que é nosso, apassivarnemo ao que é de outrem e jamais nos
de não signific., preundttr, como está nesta pas~~gem: "De foi necessário. O prurido q ue um estudante de língua es-
duas coisas uma : ou o Sr. Leonid Brexhnev ficou p1·ofunda- trangeira sente por novidades deve $er anres interpretado
meme alemão ou crê que é hábil pretender se-lo quando como ausência de conhecimento da própria, como defici<'n-
recebeu o prc~idente da reptíblica francesa". cia de pesquisa, como fuga do dicionário.
Além da discord ància dos tempos verbais (jicqu, cri, I, reu- PTezado - É o ti latino, qu;mdo seguido de vogal, urna das ori -
btu, ("nl v~1 dr j irou . crtu, rra. reabro: a discordància não po- gens do nosso 2 . Dicio nários bons costumam trazer. após os
dia ter sido encontrada em ingl~s, mas o redator não quis significados e empregos, o <'limo, ou s<'ja. a provenitncia
pergun~ar a algum colega como devia conjugar crer no pre- próxima d(' qualquer pa lavra q ue se procure. É. étimo de
térito perfeito : § 463, 2), a noticia traz um prttmder sem ne- prn.ar o verbo latino prttrart, $e com ti é escrito c.-m latim,
nhum sentido. TToque o jornalista em futuras traducões r S5(" com :t será escrito em portugués porque o ti é st'guido de
verbo por}ir1Jjr que pa ssará a transmitir noúcia s d e maneira vogal. PTtUI.iÚJ, particípio que é de prtU!T, ircrno~ t'screver
corr("ta. ~ a esse cuidado acres<Xntar o bábito de consultar sempre com .t.
gramáticas no to<:ame à conjugação de nossos verbos, as PrlmOLdooa • Como l'screvcmos o composlo primavera. escre-
notícias passarão a ser ainda mais inteligíveis. vamos primadona sem híf~n. enfeite ortográfico em grande
Pretensão -Já há muito tempo assim st ew-tve, corretamente, pane para encobrir noS-~a ignorância.
com J, o nome designativo de ato de pretender. l! assim pre- Primaveril, poi wavttal • Os sufixos il e ai são neste caso sino·
lmsio~o. prelmso, pretensM. nimos; am bos, entre.- out:r~s significações, têm a de indic;or
Pretérito perfeito si mples e composto - V. fit, tenh~ feito. "qualidade de", "natur'ct_a de" (brota/, cama!, clauslral, feu-
Prttéri to perfeito !pronúncia) - V .falamo> o11ttm. dal. rural. verbal. jMlm wl. magi>Lral. tJrimtal, outonal - genlil.
Preteri r- V. admr. hostil, infanlil, senil. varonil, viril) . 11. mais "tudito, aparece
Pretória, Prcr.o tia - Longo é o nosso sufixo 1a, razão por qu(" se menos nos derivados, e em alguns deles é acrescido ao radi-
dit pretoria, Jmallnía quando se trata dt" cargo de pretor, de cal latino ; pri17111vnif está nestt• caso: essa a razão de ~ua pre-
cargo de senador , ou da dura~'ào desses cargos. uma vez ope- ferência a primavtral.
rar- se nesse caso o acréscimo de ia ao radical: luJ(J(Ía , auto- J>rimdra minis1ra - Não padece dú-.;da ser primnra w1ÜJJra o
ria. ouvi®ria, dmlln'Ía. feminino de prímnro minú tro; i: e deve ser usado ao lado de
PTttória , proparoxítona, é variamt.> dt.> pret.ório. palavra esta legada. deputada. prrftita, pro11U1lora, oonsukJa, juíw. Sio no mes
que funciona ou como adjt.>tivo , para indica r "relativo a normalmente flexíveis: não são epicenos nem sobrccomuns.
preto r", ou como substantivo, para dtsignar residmcia ou Do assunto já tratamos amplamente no verbete mirrütra.
tribunal do pretor. ou. modernarnente, qualquer uibunal. i inaceitável a conscru~ào " a deputado", "a secretário".
Não indie<tjurisdição nem dura~ão d~la. "a prefeito", como inat-eitável é dizer "o prefeito Maria
Smal6rio e outros nomes não têm a variante, mas isso não Teresa", "o primeiro ministro Rosa Augusta". Q.ue outra
invalida a distinção enrre prtl6rio e prtlfiTia. maneira de allnnar que "poucos países tiver.am primeiras mi-
Um título quC' t•ncabecasse a notícia de que ;tlguhn fosse nistras"? Acaso seria : "Poucos países tiveram p rimeiros mi-
impedido de lidar como representante de diversos paises nistros mulheres"? Nt•sse andar em breve teremos: "Com-
teria de ser ''pretoria contestada" (preto- ri -a), r n.'io "pu16ria prei um cão mulher '' - "O país tem cinco ~retário> ho-
contestada". mens e dois ~ecretários mulheres".
Pnvcnir. "Prtvnlir acidentes" está muito certo. t verdade que Se a met.arnorfo$<.' da imberbe ocupante do cargo é im-
prrotnir significa "preparar" (Enquanto uns abriam a cova possível, igualmente impossível e a alterado das regras de
e outros prtvtniam os insrrumemos ..." - Vicira), mas não é Oexào genérica para designá-la, como igualmente impo ssí-
esse o seu únko significado; entre outros tem tamb<:'tll o de vel é a androginia em tais designações; a mulher que: ocupa
"evitar", "dispor as coi~<ts de sorte qut.> se evite ma.l o u da- urna embaixada é tmbaixa.lrit , a que ocupa uma prefeitura i:
no" : "lnrerdizia-os menos para debelar um '~cio qut' para prtftita, a que ocupa um juizado(. juiw, a que ocupa um mi-
prevenir desordens" (Euclides de Cunha) - "Talvez procu- nistério é ministTtJ .
rássei$ prrvtnir uma d(·sgra~a tào fatal" {M onte Alvcrnel. Primeiro de abril - " A indc.-pendência do Brasil foi proclama-
Preven1r é paradigma de uns tamos wrbos da terceira con- da no dia 07 desetcmbro de 1822".
jugação ; o t da penúltima silaba se transfonna em i nas for- Q.ue é isso? Fat-nos lembrar essa maneira disparatada de
mas rirotõnicas c nas formas delas derivadas: escrever aquele que dizia: "Preciso ir ao Banco do Bra.sil
Preuino. prevínrs, previne, prevenimos, prevenis. prtvimrn; Sociedade Anônima". Não confundamos linguagem com
prevenia, prevenias... ; preveni, preveniste ... ; prevenir a, pre- registro, com fi chárin, com máquina, com computador.
veniras ... ; prevenir ei, prevenirás ... : preveniria, preveni - Escrevamos nonnalmcme, como sempr e foi feito, e não
246 Primo Professor
a robô, "Fui ao Banco do Brasil" - "Nem em todos os paí- prociuào, préstito.
ses o Dia do Trabalho é comemorado em 19 de maio' - Processos rnidendos • É o certo. Talvez por influência de
" O di2 I<? de abril ê notôrio JM'Ias petits que se pregam" - "n-visão" coscumam a lguns jurisus empregar essa expres-
"São Paulo, (0/9/1975"- sem a el~trõnica in lluencia de um são de outra maneira, errônea. O gerundivo do verbo latino
zero a ntes da unidade, e com um ozinho a encimar do lado revi.Urt (r~r) é rtvidmdltJ; o nosso adjetivo verbal só pode
direito o algarismo quando primeiro for o dia do mês citado ; ser Ttvidmdo - processos revidmdo5 - uma vez qlle o ge-
"!<?de janeiro de 1976". rundivo provém de tema do presente.> e não do supino.
Se no dia 7 de setembro adquirimos nossa liberdade, não Procidênda · Não conliJndir com procedlnda, p•·oveniência.
passemos agora a subordinar nosso dittr às IBMs. É termo médico que signifi ca deslocamento. queda de uma
Primo - É adjetivo normalmeme flexível quando designa o pa rte do corpo, como da i ris, do reto, da madre . t ~u cog-
que nasce primeiro ou o que está em primeiro posto, o mais nato procidtnte, do latim próàdms, m ti.s - composto de ca-
impor tante. o melhor. Assim deve ser lido o trecho das da. ai r - que se desloca, q ue desce para fora do seu lugar.
Lendas e Narrativas: " E fArg('fTiiro), tomando o seu geri- Pródiso Superlati\•o sintético: prodigalíuimo.
fahe pri1TI() em punho, ordenou aos monteiros foss<·m dizer Procmlncnu~. Preeminenu:, Promiornte, Prcminente · Se fnt ·
aos nobrt'S t'açadort's qu(' d<"ntro de duas horas voltassem, mirtml• é forma amiga, as outras são usadas praticamente
porque achariam em seu paço comida bem aparelhada". sem diferença de signillca~ão; o paralelismo vem desde o
Nào nos esquecamos de "obra prima" ao ler passagt'ns latim (nuntas o p refixo prae, noutras pro), ond~ o verbo era
como essa de Herculano. mai s u~do com pro: Dentes qui prómintni.
Prim<J ~ tam~m advérbio lati no, usado em portugui's Prom«:fàlo - Dt'signaúvo de posição anterior (diante de,
isoladamente c em com posição : primogh!ito, primoghlita. V. antes dd, o prefixo desta palavra deve St'r pro. e não pros:
Jtrr!i!o. pros indica proximidade, conformidade : proJódico !conforme,
Primum vívere, deinde philosophari - Locução latina qut· sig- segundo o camo), prostnquima, prouólio.
nifica "primeiro viver, depois filosof.lr". Primeiro ganhar Prófa~ - V . anáfau.
meios de sub,istência, depois entregar-se a indagações fi - Professor - Coletivo, quando de estabeledmcmo secundá -
losóficas. r io o u pri mário: rorpc dactnit; de faculdade sup~rior: con
Pri mus iotft' pares · Locução latina qu..- significa "o pri m..-iro ~rtgacão.
entre seus iguais" : Este aluno é o primu.! inter pares - ~ o me- PwfcsJOr de poctuguês · Vários fams estão a comprometer
lhor dos melhores. esta profissão:
Prina:ps - v. tdicão priru:ep;. I. a não exigência dos o·csponsáveis do ensino, assim pri-
Prior - Dois sã.o os femininos; um, por inOuência do baixo vado co mo oficial, do mais im portante m..-io de sério ensi-
latim, privma; o utro, à castelhana, priora. no de uma língua: traba lhos escritos;
Prisioneiro - Coletivo, quando em conjunto: /roa; quando a 2 . a não consideradio do tempo que o professor despende
caminho para o mesmo destino: (0111boio. V. prtw. ford dt• aula na correção desses trabalhos ;
Privalividade . E$Só! é a palavrd portuguesa. e não "privacida- 3. a distol'(ào do ensino da gramática por fat uiclades de
de" . Acenadameme procede Lauddino, no que ~ seguido ortografia e de fonética;
pelo Melhoramentos, quando consigna a forma privativida- 4. a exigência, como fina lidade, de cenos procedimentos
dt, pois o sufix.o dtuü (ou idadt) é a~,·esciclo a adjetivo , e não que são conseq uência, e não causa de conh« imemo de um
a substantivo: fatuidade (de ftiluv), beldatü (de belo). O adje- idiom.1 ; é o caso d~· análise sintática, de dassifiação de pa·
tivo é privativo. e dele tc.>mos privalividade, para indicar "qua- lavras, dt memoriza<;iio de todas as preposi~:ões, de todos
lidade de privatiw". Não pc.>nsemos em privacão. nem nos os a dvérbios, de todas as panl."s, divis&s e subdivisões da
deixemos lev'.lr por t-ivat:idtuU, que também provcrn de adj..-- gramática;
rivo (vivaz), e tem o o j ustificado por com.>sponder à j.,'UlU· S. a confusão t>ntl'f' ..-nsino dt' língua e ensino de literatura;
ral do radical latino [vivac·isi . emina a língua q uem transmite sua estrutura, o u st'ja- em -
Privilégio . Cornt deve ser escrita a silaba inicial. V. dig/Q.diar. pregando a palavra hoje aborrecida no .Brasil -gramática;
Pro . Além de adv~bio (''O palavrório é tudo; com palavras uma é linguagem, simples capacidade de comunicar o pensa -
se esgrime, comra ou pró, nas magnas teses"), pode.> ser subs- mento por meio de palavras, outra é lingua, sistema de
tantivo, com o significado de vamagem, provei to, conve- comunicacào de idêias ed ificado pelo acuro de civilização
niência: "A vaidad..- sustentava alu~mativament..- o pró e o de uma nacào. Isto de "análise literária", de "ficha de leitu·
contra" - "Se deles houvesse agora, de que pró nos não ra", de "interpretação de texto" são objetos de verificação
seria!" - "Precisamos considerar os prós e os contras". de compr~nsão, de integridade mental, de sanidade.> psíqui-
Entra na locu~ào "a pró" ou "em pró", equivalente a "a ca, não de aferição de conhecimento da gramática de uma
favor", "em defesa": "Faísca d<:sse amor que a pró dos ho- língua ; o saber e a lógica, o compreender c o assim ilar de-
mens arde d..- um Deus no seio" - "Não duvidamos pôr a vem ser ~squisados por profissionais do: ourras matérias,
vida rm pró de sua dignidade". por psicólogos, por m(-dicos, não por professores de lingua;
Q.uando prefiXo, correspondçntc.> à preposição lacina que se ensine a de~nvolver um t=, que se ensine a conca -
pro no ~ntido de " a favor de", "a bem de" , " por in teresse tenar idéias, que se ensine a expor o pensamento são p~cu·
de", tem em porrugues acento agudo e cxíge hifen antes de pao;õcs meritórias de atençito, que não podem porém ser
qualquer letra: pró·lwmtm. pró-libtrdadt, pró-gmruJniCYJ, pró- confundidas com ordc.>na~'io dos tetmos da oração, com fra·
agricultura. V. poU!. se, com locuções, corn construção do período, com conju·
Pro f«ma . Locuçio latina que significa "por formalidade"; gação, com flexão. com wnicidade, oorn pontuação; não
"O processo foí instaurado pro forma"- para salva.r as apa - confundir com preensão..- exto·maçào de pensamento, objeto
rências. da lógica, com expressão de uma língua, objeto de educa-
Pro patria fiant eximia • Divisa latina do estado de São Paulo ; ção; uma(, capacidade de cncender um prottdimemo políti-
significa " peb pátria sejam feiw coisas extrffiladas", "fa- co, de j ulgar um fa to, de observar um quadro, ourra é o re-
.;amos o máximo pela pátria" . curso de externar essa compreensão, ess<' julgamento, essa
l'rocrder • Com o significado de (aur, praUcar, mandar exuu- obser-vação numa detenninada língua; uma é conteúdo; ou-
r.ar. constrói-se com a preposi<;ào a: " ... na inspeção a que tra, fonna;
V. Sa. deve procedet-", " proceder à pena capital", " proceder 6. o minguado número de horas diárias de aula; enquanto
à devassa". nos paí...,s d o hemisft!r io norte sete horas de aula por dia
Prottssã.o . Significa proadincia, mas é termo especial de teo- 1em o aluno do curw elememar, em nosw país tem ele so-
logia, para indi car a emanacio do Filho, do Etemo P:tdre, mente quatro, quando não menos; multiplicada a dilmnca
e a do Esp írito Santo, do Pai e do f ilho. Não confundir com por oito, número de anos do curso primário, veremos a
Professo!" Progt:nitoca 247

fraqueza a que se red112 a fonnação básica de nossos jovens ; DE S. PAULO , assinada pelo professor Mário leônidas
7. trabalhos, em grupo, de pesquisa: a redadio é anôni- Casanova:
ma ; os erros de gramática, além de:: anônimos, não são indi - " Não é de hoje: que o agramaúsmo invadiu, viunfame.
cados; o que vale é o volume de páginas apresentadas, os setor<."S que exercem. no país, as atividades ditas ime·
sem merecer censura o m onturo de cacografias, de barba- lectuais. Nossos livros - os escritos por autores nacionais
rismo s, de solccismos, de erros gramaticais de toda a espé- como os ver oiclos d(· o utras línguas - estio infestados. há
cie; muito, de erros crassos de linguagem, de impropriedades
8. a iudúsrria das posrilas; Gllvcz por receio de que seus de toda a ~spécie que, sobretudo nas obras cien úficas c di ·
alunos o cc>r l'ij<tm em aula ou lhe laçam perguntas sobre dáticas, obscurecem, decurpam e desformam os conceitos
pomos por ele mesmo ainda não estudados, muito profes- que cuidam rransm itit·. Nossos jornais, os anúncios de rádio,
sor de ponuguês há que não adota gramática nenhuma ; de televisão e de paredC' abundam em incorreções, dislates
além di;so, por que obrigar seus discípulos a comprar uma e aberrações de linguagem que até alguns espécimes destas
se:: para de nenhuma delas tem valor, nem daqui nem de novas "gerações sem palavras" advertem. Locutores de rá -
além-mar? dio e de televisão são dos ma.is nocivos agentes desse gênero
9. a conivência de muito s pais para os quais é motivo de de poluiç.io cultural que as au tor idades procuram não ver.
maior orgulho saber o filho o nome dos integrantes do embora saibam q ue o idioma párrio constirui um dos mais
q uadro esponivo preferido do que:: o dos professores e o poderosm esteios do senrimento nacional. Nem mesmo o
dos autores dos tr«hos lidos em aula; noticiário oficial da Agencia Nacional, difundido a cada noi "
10 . o furtivo procedimento de professores q ue se põem te em cadeia por todas as emissoras do país, constitui exce-
a falar em "eStr uturalismo", em "constr uturalism o". em ção . Os documenros c:: os textos distribuídos por fontes ofi.
"transformacionalismo", em "funcionalismo", t'ln "<."Xpres- ciais há muito podem servir, em nossas escolas, ao ensino do
são corporal'', trn "comunica~ào", ent ufomtas geracivas", português como " textos para corrigir". A linguagem do s
em paliativos, invc::ncionices e teorias sem nenhuma uc.i li- documentos do h amarati a ré há pouco fazia exce~ão à regra;
dade prática para o aprendizado do idioma, ourras tantas agor.t, nem da escapa à epidem ia. Há anos passados, quan -
d~monstrações do caos hoje reinante no ~·nsino da nossa do cursei o grupo, havia respeito à língua";
lingua, mas em perfeita seqüência com o~ livros de figuri- 7. memoriais esparsos c sem refl~o. como o d~ sessenta
nhas, em completa concordãncia com os te~u~s de cruzinhas, professores de Minas Gerais q ue pediram em 19H ao
em har monia com a decadência d o emino e com o enfraqut,>- minisrro de Educado e ao de Comunicacões q ue estendes-
CÍf!lento de conh<'cimrnto da discipli na fundamental para a sem aos jornais, às revistas c às empresas de propagaod.1
exposic;ào e compreemào das detna1s ; os efeitos da poYUria do Ministério de Comunicacões que
objetivava o policiamento da língua portuguesa nos progra-
11. a incapacidade do país de vencer com o número de mas de rádio e de televisão.
escolas o aumenco da população;
" Sem reflexo", sem dúvida, pois dias depois o m ín imo de
12. o demagógico procedimmto de redu.zir o número
Comunica~ões declarava "não esr:ar interessado na aplica-
de aulas do rurso elementar à metade para poder afirmar
ção imediata da portaria em seus pormenores"
que "o n!Ímero de vagas foi duplicado";
Tal a desídia profissional, cal a p<lssiyidade ao erro, tal o
IS. o reta lhamento da gramática em fra~;ões q ue se acres- derrotismo ame o avolumamemo da ignorância dos alunos,
cem como rodapés a trechos de prosa coligidos em livros que professores de ponugues. e não poucos, existem hoje
também retalhados comercialmente de acordo com os anos cujo magistério consiste em destruir a gramáti ca de nosso
dos cursos; decreto já tivemos no Brasil que proibia a pani- idioma; erros e mais erros - os mesmos com que falam
cào da gr.unárica, o u seja, que obrigava a que a gramática cozi nheiras e engraxates - andam a defendt:r, insdemes de
fosse ed it:tda num só vol wne, medida v;ilida para .todas as que estão a ar:esr.lr a dcsneassidade de si mesmos. a inutili
línguas ; dade d e escolas, de cursos, de livros que msinern a cstTUtura
14. o alargamenro das porras da~ faculdades já exis trntc::s do idioma. num autof.~gismo que nos leva a duvidar do seu
e o deinr à esc.incara as de mu.itas outras novas, como pro- bom senso, da sua inteireza social, da sua capacidade de
cedimento necessário para dar ocupaç.io ;\ juvencude rle um lecionar o idioma da cerra. Para tais professores dizer em
pao) que .e julga dispensado dt,> mão-de-obra . plena au la " gramática jã era" é procedimento mais cômodo
A q uem como aluno traduziu e como professor. poucos para a trair a simpatia dos seus " queridos e estudiosos alu-
anos depois, ensinou a O'aduzir César na terc~ira séri~ gina- nos", para acobertar a própria ignorância, para disfarçar a
sial, correspondente ao arual séümo ano de <:urso primário, falta de didática quando não de autoridade pessoal para
o nivel de: aprendi7.ado e de magistério caiu de forma :usus- mini strar aulas de gramática e tomar dos alunos a lição.
tadora. Ao conrrário de transmitir ao jovem a herança d e
A acompanhar o pas~ em que andam certos. professores
conhecimentos adqui ridos, passou o professor a assimilar
de ponugues que se degradam ao nível de uma geração cheia
do educando a somo de suas leviandades. Se o antigo profes-
de vazios, qut,> querem implantar na geração nova o q ue cul -
sor de ginásio está hoje primarizado, o dt! universidade não tivam por negli~ncia, somos obrigados a concluir que a
pode transmitir o que sa be, tal a ~iiência em nossa terra aceitacào do erro insti tui u-se em nossa terra como adrena-
da mobralizaçio do ensino. lina da incapacidade. Se o pensamento caminha com a lin-
Fatos há, codavia, que encorajam a profissão:
guagem, a llngua tem sua estTUtura dependente da socieda-
l. exig~ncia de prO\•a de redação no vestibular do l tama-
de, da educacào, da formação; se pensamento e linguagem
rati ; são livres, lingua rem func;ào social, disciplinadora , coerci-
2. exigênàa de prova de redação no lnsútu to Técnico de
tiva; se os animai~ podem pensar c agir sem falar, o homem
Aeronáutica de São J osé dos Campos; tem de dar-5<' conta de sua capacidade de exrem;ar seus pen-
3. conquanto ressentidos do geral enfraquecimento do samentos de maneira condizente com sua diff'Ten<;a natural
ensino, seminários há com aulas especiais de oratória, nas e social; se linguagt'ln é processo na rural de formacio de
quais a corn"c;ào de linguagem é exigida; idiomas. gramática i: processo de conhecimento de um idio-
4. bancos c o urras organizações dt,> pone pedem no~ con- ma. Esta é UIThl verdade que não pode ser contestada por le-
cursos de ingresso prova de rt,>dação ; vianos: nào existe cultura sem raiz na rradíção e na lingua.
5. ('xigência. pelo menos em concursos de c~rtas universi · V . prógnaJo.
dadt's, de conhecim ento do vernáculo dos pretendcmes ao Progen.itoc - " Desd~: qu(' aqui cheguei, estranhei o uso da pa-
magistér io de ourros idiomas, ainda que t'Stt' seja o latim ou lavra progrnitor no S<·ntido de pai. e o femini no da mesma pa ,
o grego; lavra n o sentido de:: 171&. De conformidade com o latim , pa·
6. manifestações da imprensa, como esta d'O ESTADO rece-me que unicamente grnitor c:: geniJqra deveriam usar-se
248 Profetisa Pronome
por pa. e miit. Com o prefixo pro. a palavra deveria significar mameme provindos do supino proldtum, adquiriram em Di-
atlli'MIO." reito ~ntido especial, iécnico, de prfJjeridor dt, profmr /ti,
- A altera~ão da estrita significação etimológica de um unúnçn. du prJcho.
termo é faro admissível e comum nas Unguas vivas; não Compare-se. emre outros, com agir. agtrrk. atuar. aiiUVIU;
constitui isso abuso, nem, muito m•mos, erro, senão índicc provenientes do mt'smo verbo latino, exigem cuidado de
dr vida e múrHa comunhão c harmonia de idéias entre os emprego em ponugues; (' assim,jungir,.JU11gidor; jrmtar,Jun -
quc falam um mesmo idioma. Pretender impor ãs nossa.s Lad(J1; pedido, pedir, pdidi)T, petiçiü>, peticionar. petiâonlJIÚJr.
palavr·as o sentido etimológico do Latim é ~ucrCT comunicar- Promincm e - V. protmintntt.
lhes a morre da língua de que provem. Alem disso é preciso Promotoc - A semelhança de proft$.lora. feminino de pr'!fmor,
frisar : Q.uanto mais usada uma palavra, tanto mais rica e promotora é o feminino de frromolor: A promotOra Maria José
férti l em signifkacão ela se torna. Se há palaVTas que expr i- Carvalho Salvador, da primeira auditoria da primeira regiiio
mem uma só coisa, são as eruditas, o que equivale a dizer, militar. V. dtpul4da; V. rmboixtltrit.
as de vida c uso limitados. Pretender o mesmo da s do domí - Promo• o- - "Promoveu-se o desquite" {: como se d eve dizer.
nio do povo i: pretendCT o impossh•el, i: negar a própria ra - c não: ''Promoveu -se ao desquite" . Desqui.u. ao contrár io ele
zão da nossa língua: Se temos ponugu<'s é po rque o latim ser objeto, é ai sujeito de promovn-, verbo q ue na oração
dt'ixou de vi,·er. \'t'm apassivado por meio do ~. como se desta rnant"ira fora
Conhece a nossa pala\'1'3. injanttT Etimologicamenre quer a oração r<'digida : " O desquite foi promovido" .
da diler " que não fala" ; cr~mos que jamais o senhor pen- Pr0<1ome acusativo - V. sujtito acusativo.
sou em tal signi ficação, nem, menos ainda , prerendeu ex i- Pronome combinado - Deixando de lado tonsidera~s que
gir que exclusivamente ncssa acep<.'ào fosse usada . não raro nem ao próprio latim interessam, vc:jamos alguns
Veja agora a expressão frann>Sa mfanl gâtl. Pelo latim casos de cornbinaç-.io pronominal que se nos afiguram im -
teríamos esta horrível significação - mudo go.1to. quando, portames dàda a elucidacão que trazem para pomo s sobre
muito pelo conrrário, expressa ela o menino ri co em pren- quc muiro frcqOcntcmcme aparecem dúvidas.
das flsicas c morais e privilegiado da família. I. O prono.:~re oblíquo no>. quando junto dos pronomes
A propósito. sabe o qucjamflla significa em latim ? Defa - oblíquos o, a, os, as (nos-o. nos-a. I'.Os-os, nos-as). provoca o
mel (o m~smo que Jamulu5, escravo), ('Xpressa o conjunto de emprego das fo rmas lo, la. lo>. las: nos-/o, nus-la, nos-lo.!, MS-IaJ;
("SCTavos c domésticos de uma casa. ~ sabe o amigo lei tor dessa juncão conseqnr'ncia natural loi a a~imi ladi.o do .1
qu..-j á não {: essa a significação com que a empregamos. em I: noJ-lo , passando -se então para a forma no-/o.
Ago ra. do italiano, a expressão bamlnno vnuso. Filiada esta O mesmo se diga das combinacões vos-o, vos-a etc., que
úlrima palavra ao latim vilium, vício, deno1a a expressão ro- resultaram em 110 lo, vo-ln, w -hu, vo-laJ (voJ-Io, vol-to, vo./o).
da, e timologicameme, mmino Vlcrado, quando , vcrnaculamen- 2. Suu; tituindo o objeto direto pelo correspondente pro-
ll", f ela empr~da para indicar o benjamim, o mais querido nome oblíquo na oracào "Devemos amar o próximo", obtt'-
da família, tal qual acontece com o franc~s t nfn.nl g111i. mos: " De-•emos a~~~r~r-o". Como no caso an rerior. tamb<'m
Q.uem !x-m observar a mudança de significação, nocarã aqui aparece a forma arcaica lo: aflUir-/o; desta junção. a
facilmente a relação e justa rraslada cão dt' ~ruído nessa.< e conseqilentt assimil.at'ào a11J<lf- lo, e desta, a forma amiÍ ft:>.
em ou[ras express&>s como formidável. Primitiva e erimolo- Este fenõmer'IO se obsetva em ji-lll (/it-1>) . di-lo (dit-o) .
gi c-amenre, do latim furmidabfkm, terrível, amedromador, amemo-la (amcmo>·a). ei-/.o (eis-o) .
deno!ll o medo que incute cena coisa. Sabiamente soube o • Observe-se que a forma amá-lo, q~ando ~esultan tc dajun -
povo emprestar-lhe nova e natural significação, indicando cao amar-o. deve trazer acento: ama-lo. Exrstc ao lado desta
com ela wdo quamo impressiona grand emente os nossos forma, outra semelhame, amo-lo, agora sem acento, prove-
semi dos. niente de ama.>, 2~ pessoa do sing. do indicativo pr~sente (tu
t de Michd Bréal esta ponderada e sábia advt:nl'nda: amas), mais lo, havendo supressão do s: ai'IIIJ($)-Io. Esta segun-
Le progrf:s pour le langage consiste à s'alfranchir sans vio - da fonna não deve sc;r confundida com a anterior e se dis-
lences de ses origines. On ne parlt'rait pas, si l'on voulait tingue na acentuado: aquela se pronuncia amiÍ-Io. com a ctn-
rarnener tous les mo!S à l'exacte pon~ qu'ils avaiem en tO no segundo a. ao passo que a segunda se pronuncia ibM-lo,
commen~anr .H ( ~ 621 ). com acenro tônico no primeiro a. A ortografia oficial obri -
Profc:Usa - V. t l.tt>/JiJtJ. ga-nos a colo car acento na forma proveniente do infinitivo
Prógnato - Q.uem, ao contrário do normal. tem o maxilar in - ( amá-ÚJJ e não obriga nenhum acento na forma resuhame
ferior mais para a freme do superior, é. conforme todos de ama>-W, m as a pronún<ia neste segundo caso dev~ ser
os dicionários, incluindo os populares, prógMto. Essa prorra- sempre com o acer"o no primeiro a. O •ncsmo S<: deve
rào não deve fazer- nos pensar no latim gnatw (nascido), observar quanro aos verbos da segunda conjugação :
mas no grego gruit.ho~. maxilar, cujo alfa é breve. vmdi-lo (~tnd.tr-w) : acentua-se o 29 e c coloca -se :~cento
É quase afrontoso aventar a corre<;-'io da usual acemuaçào circunflexo sobre ele:
errada da palavra, mas enquanto por professor de portu- vmdt-lo (vend('s-lol: o acento cai no J9 e. mas não há nc-
guês não~ chegar a entender mera ligura de prateleira, uma cessidadt de coloOtr acento sobre ele.
~perançazinha há, u:nue q ut" seja, de que venhamos a ter Exemplos: ''Nunca o sentiste, e julga -lo tirànico?" -
mais escolas, mai s horas de cducacào, mais consulta a diào- "Q.uan to à fala, podt-lo adelgaçar quanto quiseres" .
ná.rios. Professor de língua pátria é mi:dico, é sanitarista. 3. A combina<;ão no é resultante das seguintes passag(ns:
nào agente obituário. V. projrssqr tú pqrtupts. tm-o, m -ú; (tn é fo rma arcaica de rm), rnno (assimilacào pro -
Progredir- V. prrotnir. gressiva), cno, no. Todas essas passagens estão em documt:n-
Proibido - V. expreSJtJJMnú proibido animaü 1UI prllJa. tos da língua. ou seja, nos escriros que nos l~garam os es-
Projétil - Tanto no si ngular quanto no plural,o acento tônico critores dos diversos períodos de evolução do nosso idioma.
é sempre no e: projikiJ. 1. Q.uando um verbo transitivo vem com dois objeros,
Projeto - "O presidente só visita obras e projetos" - assim t'S- um direto e ourro indireto, iremos, par.t substituir t sses do is
tá redigido o dtulo de notícia de jornal. " Visitar projetos'" objetos pelos respectivos pronomes, empregar duas fonnas
só é po ssível em ingli's. onde pr()jtcl. tirado do franc~s e à pronominais oblíquas: uma que irá represemar o objcro di -
francesa pronunciado, é usado como termo técnico de ar- reto e outra, o indirt'ro.
quiu:tura para significar "projeto, quando desenvolvido Suponhamos a orayio ; ''Dei a Pedro o livro": suuslirua-
além da fase de p lano" (Webster). Parece-nos que obras já rnos o objeto indireto a Pedro pelo corrt:spondentt pror10rnt:
engloba o que o repórter queria indicar. oblíquo: ''Dc:i-lht o livro''. Substituamos também o obje-
Prolator - Erimologícamem~ é o m esmo que pr'!fn-idor, pois to direto pelo seu pronome correspondemc: "Dei-lho".
ambas as palavras vêm de pr6frro, mas prolator, prolll14r. proxi- Outros exemplos: "Por que não mo contaram ?" (me, a
Prono me Próprio 249

mim; o. isso) - "Não vo-lo dirci" hm. a vós; o. isso). composto de pronw, pr/Pilo-cubador {i nstrumento com q ue
Uma ve, qu~ na oração venha exprtsso ou o objero direto se avalia ins~antaneameme a cubagem de uma árvore ainda
ou o objcro indirtto, já não será possível a combinação em pél, cujo plural d(' igual forma tem fl<"xionados o s dois
pronominal. "Não sei quando lho darei o livro'' i: consrru - elementos: promos cubadorts.
áo errada, visto vir já expresso o objeto direto de darei (o ProiúO funciona ai como adjetivo (rápido, que opera sem
livro); nessa orac;ão só é possível o pronc:nm: /lu; "Não sei demora) e como tal é Oexh•el. Compare-se com curlo-circui-
quando lhe darei o livro". Se não vi("SSC' expresso o objeto lo, composto em que ll!mbém entra hífen após o adjetivo,
direto, <'ntào, sim, poderíamos combinar os pr·onomes.: de plural que já não oferece dúvida, curtos-circuito• (não acen-
"Não sei quando lho darei" {lhe, a ele, a voç~; o, o livro). tue o i, e sim o u). É uma das regras de Oexào numél'ica dos
Em· 1- o quadro das combinações pronominais: substantivos compostos (note-se bem: "sub~tamivos com -
postos", e não ''adjetivos composws"j : Vão os dois d~tnen­
m(·-o: mo (ma. mos. masl tos para o plural quando ambos são variávei> c >eparados
te-o: to (ta, tos. tas) por hifen: quintajrira. qwnltujtiras !§ 227).
lhe-o : lho (lha. lhos. lhas) PronunciamentO, declaração , pronunciação - A dedULil do
nos-o: no-Jo !no-la. no-los, no-las) que existe em direito, há diferenca entre pronunâamtnto ~
vol·o: w-lo (vo-la, vo-los, vo -las) deciiJ.raçâo. EnquantO pr111tunt:Ulntnúo implica publicidade ou
lhes-o: lho !lha, lhos, lhas) coletivi dade de manifesll!cão col"'tra o governo ou contrd ato
o~ pronomes "' e o não podem vir junto~ na mesma ora- que tenha promovido, decltrta{àb significa simples afirmaÇio
ção; não devemos dittr Hnão J.l 0 s.abe" 1 Ufaz•Jt'•o'', ((v~­ de existência de uma situação de direito ou de fato, )CIIl
Jr•o": estas construções implicariam a accita~ão de função o carateristico publicitário e sem objetivar o governo: decla -
subjetiva (fu nção de- sujeito) do $e , fun~ão que esse pronome ração de crédito, declaração de débitO, declaracão de vonta-
não exerce em português ( ~ 406). de, dedara~ão de ausência, dedara~ão de falência, de guer-
Da leitura dos clássicos pode-se concluir não serem usadas ra, de interdição, de nascimento, de óbito, de rendas.
ço•rst'''":ões como: " Teus pa is le noJ confiar3m", "Nosso Pronunciamento vem de pronunciar; tratando-se, por&m.
chefe rw> tt el"'viou". A construéão usada c: "TClJS pais te de pronunaar no scruido de dar semença, despachu , decrt'-
confiaram a ruíJ", "Nosso chefe nos enviou a ti". Encontram- tar , o substan tivo que exprt>ssa o ato é pronunciado : des-
se e são usadas construções como st ma. >< mr. le lhe t tc., com pacho do juiz, em que declara a pessoa indiciada ou culpável
o st, ora reflexivo, ol'a apassivador (Foram -le·mt as cspc- pelo delito ou pela contraven(ào que lhe foi imputada.
ran(~S- Lançou·Jt-mt ao pescO(o- Vota·sr-lht ali uma es- Passando de um polo a outro: " O exagerado pronuncia·
~cie d<' cu lto - Afigu ram-u-nos monstros - Q.uando uma mmto dos quadris ..." - Ora! aqui o nome prende·:o<.· a
.figura u nos mostra no ar - Possível Jt mr faz todo o impos- pronunàar no sentido de tomar bem visível, bem clar o, sa-
sívd - l'udo st tr deve - Q.ue st 11W dá a mim de mim sem liente: Este pintor prommetou demasiadamente os músculos
vós?), mas não se usam as construÇÕes ""' fL, me vtH, mL do braço.
lhts, /t mt. U IM, tt nos, nos r.e. noJ lhe, 110> vos, vos mt, vos nos, Propelir . V. adrrir.
vo• lhe com o primeiro oblíquo em verdadeira função obje- Pro pígmentaçào - V. J1Wproduto.
ti,a dire1a. 'isto é, como recipiente de ação praticada por Propor. Opera-se com este verbo e com mais algum ou tros a
outra pe>soa gram~~ical : não se d~ ·:.l anÇOti-IIOJ te''. "mo~­ construçào em que apa •-ece o ·"'· bem como me. lt, I!Ol, 00.1,
traram-nos lhe. mas lal"'~otl-110.< a lt • •'llOStraram MJ a dt . com função dativa, a.companhado de outro nornl! como
Pronome de tratam ento · V. trala1Mnlo. objeto dire to : Amuos Je propunham por alvo o honesto - O
Prono me oblíquo complemento comum - Q.uando dois ou rei propôs-st elevar a. armada ponugu~5a - Pesava a el-rci
mais verbos têm por complemento um mesmo oblíquo, Antíoco haver <.'O metido t:Ulll!S maldades contra o j1ovo de
este vem anteposto ao primeiro verbo: "Eu o vi <' saudei" , Deus e propunha emendar-se (Não era entre os clássicos de
"Não o quero nem desejo": - Virá posposto ao primciro repetir pronom es; o st já se encontra em emmdar-u ) - Con -
verbo quando este iniciar o período: " Perdôo-lhe e obe- ,,;nha qu'-' um modt>lo tão completo fosse dado àqueles qu('
deco". se p ropõt'm abracar u nosso instituto - Iremos segui ndo o
Não há necessidade de repetir o pronome: "Ele le rasgava mesmo sistema que a principio mt propus. V. tlt tracou para
e desfazia em elogios'' - ~ ... por entenderem que as almas si.
dos defumos St propicia,'am e consolavam com sangue hu- Proporção - Proporçio ~ propnrtionar implicam rclacão das dif<'-
mano" - ''A medicil"'a tanto se aprofundou c e-xpandiu ..." rentes partes de um todo. Q.uern dit " de grandes propor-
- " ... projetos q ue Jt movimenll!m e acomodam". côes" refert-~ a coisa s que se dividem em panes, como
T ratando SI' de il"'finit ivos, o oblíquo complemtmo corpo, pessoa, mobilia. construcão e, figuradamente, dis-
comum pod<' aparecer repetido: " Para castigá-/c, corrigi-lo curso etc.: corpo de grandes propor<,-ões; pessoa bem pro-
e cducâ-Jo" ou "Para o castigar, corrigi -/o e ed ucá-/o" (mas porcionada. Q.uem, porém, diz "um morro de grondn pro-
n5o: "Para o canigar, o corrigi•· e o educar" nem: " Para porções", "u ma vara d.t grar~des proparçõd' fala de maneira
castigá-lo, o corrigir c o educar''). imprópria ou descabida.
Propo sitada mente · Não são considerados de bom uso - a
.Pronome oblíquo e a«'lJIO - Q.uando endíúcas, as fom1as pro- advertência é de j oào Ribeiro - pr&JHisital e propoJltalmmtt.
nominais oblíquas acusath•as e datival podem causar a convindo di<cr propositado (ofensa propo.utada ) e propositada-
ocorrencia de uma' acentuado que não temos num me~mo
mmlt: agiu propo•itadammtt.
vocãbulo; comum em outras línguas, não cx.i ste em ponu- Propriedade • Há duas palavras em francês: proprittf. que
gut's aCt'ntO tônico ru1 preamep<'núhima sílaba dt ,..,...,..,huma corresponde em suas divl'l'sas signillcacões à nossa palavra
palavra, c daí a estranheza de formas como retr~Lia -se-/he, Jrroftritdodt, e proprtti, que nada tem que •-er com prop..Vda-
digam-se IN. Mt/Íam()f -1WS, tínhamo-los, lancrm-se-lht. afigura- dt. "Vestir-se com proprildodt" é a mesma tolice de traduzir
u - noJ, estral"'hez.a que não deve impedir-nos ~eu u$0, de~de armie por urrnada. Proprtli em francês significa asseio, limpe-
que não temos nesses casos uma só palavra senão duas ou za, elcgància. alinho e. ainda, dccc1-ncia. honestidade.
mais. Próprio, propriíuimo . Adjetivos tenninados em e. o deixam
Pronome oblíquo ~guido de aposto • Q.uando o objeto d[rew cair essas vogais '"' formacào do superlativo sintético; os
é constituído de pronome oblíquo e vem seguido de aposto, terminados em rio deixam cair a terminação io:
este aposto é prcpos.i cioru~do : "Ferem-no.$, aos crtdores, as
irnpreca~õ~" - "Aconselhei-os a todos" - " O paremesco leve lev-íssimo sério ser ii$si•no
que as ul"'ia a todas". lindo lind-ís~imo suave suav-íssimo
ProntO·SOCOrTO · O plural é pr011tos-soç01To• (ó). Há um segundo macio maciissimo tolo tol-íssimo
250 Pros ... Pseudo ...
pio - piíssi~o ch~io - che-íssimo valer. será, como todos os pan:icípios passados regulares da
próprio - proprusSJmo feio - - fe- íssimo segunda ·conjugação, paroxítono, valido. e terá as signífica-
Precário faz fntcarí>Jimo ~ões dt> favorecido, querido, protegido: Vê$, conosco tam -
Pros ... • Prefixo gue indica proximidade, conformidade: pro - bém vence as bandeiras dessas aves de J úpiter validas (Ca-
s6dico (conlorme , segundo o canto), prosênquima. proscólio. V. mões). Válido, pr·oparoxítono, significará vigoroso, forte,
promcéfalo. são, profícuo : Uma figura se nos mostra no ar robusta t'
Prosérpina · Proparoxíwno em lati m, pro paroxítono devt> ser válida (Camões). Contratos, venenos, conselhos válidos.
em ponuguês o nome próprio. É. seu derivado o subslanri- Como ourras vezes já fizemos ver, o que nessas palavras
vo comum proserpínia. designativo de uma plam.a. aquática determina a distin<;ào de acento nào é a distincio de signifi-
da América. <ado, senão a de procedência; as formas proparoxítonas
Prosódia de derivados gregos . V. gmótipo; V. AnlÍfJI!UÍa; V. pr ovem d ireiamente do latim, ao passo que as paroxítonas
acentuação. são formadas no seio do próprio vernáculo.
Prosopopéia - V. :>emàntica. Outros exemplos poderíamos acrescentar, como frrvído,
Próspero· Superlativo sinté-tico: pro.;pirrimo. fluido. Fácil nos será atinar com o acento dessas formas St'
Protéico · Q..uer com o significado de " relativo a proteínas", pensarmos que, quando parcicip ios, serão paroxíconas E' de
quer com o de multijorm• este adjedvo traz acento agudo na si,;,rnificação ou significaçl>es idênticas às do verbo de qut>
sílaba tónica: pro-tii-co. É <> que está nos dicionários, oll - provêm; guando empregadas em sentido figurado passarão
cia.ls ou não. a ter acento proparoxítono . V . dt>ilr.dido; V.Jlorido.
Protescu · Na acep<;ào de "dar demonstrações de repulsa ou Próximo - Como adjetivo tem, entre outras sígnificacões, a
revolta comra a!guma coisa" constrói-se com ciJnlra. Arma de im•diato, direto, e tanto se presta para indicar tempo futuro
que todo o locutor dé'\'<' tn i- dicionário e, quando bons, os quanto passado: próximo futuro , imediatamente seguinte,
didonários oferecem a regência dos verbos c indicam a pr<'- que há de ser o primeiro a vir ("No mês próximo futuro");
posil;ào que os acompanha quando t ransitivos indiretos: próximo pa.uado ou próximo pretirilo. imediatarnenre anterior.
Protestou contra a injustiGl da sentent:a - Protestou contra último, ultimamente findo: E.screvi-te na semana próximc.
a delibera~iio - Protestar amlra a situat:ão. pr.wada - Enive em Paris no ano próximo pretérito.
Protidlo- V. ídio. Cuidássemos de larim, veríamos que proximus, por si só,
Proto... - Prefixo que exige hífen antes de vogal, h, r, "proto- poderia significar tanto futuro - como acontece em por -
ari<~no, prolo·t'IJ(mgrlho. proto-!tistória, proco-re-volucào. proto- tuguês ((remos na próxima semana), quanto passado: Híeme
sislólico. pro.~rma ninx it, nevou o inverno p<ISsa<lo. Na verdade, falan -
Protocolar · Assim st:- escreve o adjetivo e também o verbo, do-se de soldados que passaram num desfilt-, qual deles é
que tem a variante protocoliwr. O m<:'Stno se dá com regular. o próximo, ou seja, o mais vizinho se não o gue passou por
adjetivo e verbo, com a variante regularíwr. último? " Proxima nocte" significa "a noite passada" ou
Protônio · V. iõnio. "a noite >eguintt" de acordo com o contexto; se este não in-
ProtótiRO · Do f.~to de ser idi'ntico o primeiro elemento <k dica o sentido com dare-La, o acr~scímo de urn adjunto es-
dois compostos não se pode deduzir que o acento tônico de- clarecedor se impõe.
va ser igual. A regra que nos faz dizer protoriUirtir í: a mesma f>1·óximo de, próximo a, junto de, junto a - "Essas casas ficam
que nos obriga a pronunciar protótipo, porque a sílaba qut' próximo do jard im" ou "Essas casas ficam próxi= do jar-
devemos levar em considerat:ão no acentuar as palavras 1: a dim' ' ?
penú ltima; em ftrolótípo a pt'núltima silaba é etimologica- - Dá -~ com próximo exatamente o mesmo q ue se faz com
meme breve; nela não pode cair o acento, o qual, então, junUJ. Próximo e junto (forma participial de j.mlar) podem
recua . E assim, roda a vez que o elemento tipo constituir funcionar já como adjetivos - em tal caso pod em flexio-
o último de um composto, a acentua('ào desst' deverá ser nar-se - já como elememos integrantes de locução prepo-
proparoxítona: linótipo, esltrtótipo, protótipo. Em protomártir sitiva,<:' permanecem enrão invariáveis.
a penúltima sílaba ~ longa; nela, obrigatoriamente, deverá Neste exemp lo de Herculano: " ...próxima desta povoação
o acento cair. estava outra muito mais aprazível", próxima. conquanto
V. genótipQ. seguido da preposi(ão de, pode ser considerado adjetivo,
Provável - Su~rlativo sintélico: ,tn-obabili>Jim.o. em funt:ào predicativa do verbo estar. E assim: Estávamos
Proveniente · O i d e provir não dt"Ve enga nar-nos: ~ com r próximo> dek (juntos dele).
que se escreve a segunda sílaba dessa forma panicipiallatina. Não cabe porém função predicativa em exemplos como
V. diglo.diar. este: Fabricou outra fortalezajunto à nossa (Mendes Pimol,
Prover · Na conjugação afasta-se do verbo Vt'T no pretérito onde junto nào modifica/orla/na nern o sujei to, masf<Jbricou:
pt-r ft'ito (provi. proves/e. proveu, provemM, provestts, proveram}, junto à nossa fabricou outra fon:ale1.a. Troqu..-mos junto pqr
nos tempos dele derivados e no panídpio, formas verbais próximo e ver<.'rnos a locução prepositiva, invariável portamo,
estas q ue seguem o paradigma regula r. ~ 463, 14. próximo a (ou próximo de): Fabricou outra fortale2a próximo à
Providenciar · A regência mais usada para o verbo providenciar nossa.
é a transitiva direta: providenciar a -reme>Sa. Não deixam, en- Empregássemos perto, não teríamos dúvida; não obstant<:
tretanto, de ter seu abono c:stas outras: estar no Aulete também com esta classificação (no que não é
sobre - Sobrt ela deliberam e prqvidmdam (Garrett, Disc., seguido pelo vocabulário oficial de Portuga l nem pelo do
186); Brasil; Dom ingos Vieira chama-o "adjetivo invariável"),
para - ...grav.-:mente se prot•idmcia para a altera<,-ão do perto não funciona como adjetivo; próximq e junto, portm,
calendário {Laet, Rev. Língua Pon., n . 46, 5 ); podem ora variar ora nio, na dependência da análise q ue
nn - Se o médico não providenciasse na sítuaqio da viúva lhes couber, c conseqüememente admitir as duas consrru -
(Camilo, apud Au lete). ções: Urna quinta próximo a Benllca - Próximo dma casa há
Provido, próvido · ~rá paroxítono quando particípio do ver- uma cisterna - Moro nos subúrbios de Gomorra, mui
bo prover, e especificará o que lnn abundância dt tttdo quatrto i próximos de Sodoma - Acompanhamo-la até junto do altar
necessário, cheio: ter a bolsa, o armazém. a casa providos, com - Elas estavam mais junttH da porta - jwrlo às ribeiras do
acemo no i. Próvido, que vem diretamente do latim próvidwn, Tejo. as águas, entre doces e sa lgadas, fazem mais sede ao
significa cuidadoso, proveniemt", acautelado, prudente: desejo - As rádio-sondas ca íram próximo da cidade - As
Q..uais para a cova as próvidas fonnigas (Camões) - Quem casas ficam próximas do jardim.
mais do que a terra merece os extremos gue obtém dos r.. Pseudo ... • Prefixo qu(' exige híten ames de vogal. h. r, s: psm-
lhos a próvida mãe? (Castilho). do-apóslolc. psmdo-eJcorpião, pseudo-histórico, pstudo-ocâpital,
O mesmo se diga quanto a validv. Q..uando particípio de pse~o-rrorlação, pJeudo-sifilis, p5e11áo-úrico.
Psico... Puxão 251
Em composros já provir~dos formados para o nosso idio- Pulcro - Superlativo sintético: pulquimmo.
ma. nos quais o r ou o s fiquem ~ntre vogais, essas consoan- Pule - Necessário aportuguesamento do francês poule. para
tes terão som brando c não vi rão acompanhadas do enfeito designar bi!Isctc de aposta de corrida.
academico: pm1dosojia . Pulôver - Como wiler, pulõver é palavra de o rigem inglesa, de
Ao que dizem, a finalidade d o hílen neste e em oun·os uso corrente cmrr nós. Esse aportuguesamento é impres-
p refixos é impedir ou o desfigUJ-amento da palaVTa (fJStu- cindível.
doistória) ou a presenca de um h. t>nrre duas vogais, o que o Pulsate ct apcrkru r vobis - Locução lati na que significa "batei
formulário onogrã.fico de 1943 não pennite (111. 12:. Ora! e abr-ir-se-vos-á.". Palavras do evangelho (São Lucas. 11. 9),
Não impôs o formulário um jacobíníco h em Bahia, e não que nos co nvidam a p<-dir com insistência.
o tirou de rtavtr. thmmono1 Não nos obriga ele a q ue escre- Pulverizar, pulverizador - V . polvi/Mr.
vamos dnrogar. liUTOJJanlo com con:soames dobradas ? Impos- Puma - v . chácara.
tura é o prinápio em que em vários casos se apóia o hífen Pur~ - Aporcuguesamenco necessário da usada palavra fran ·
de nossos composcos. cesapu.rh.
Psíco... - Q.uando primeiro elcmemo, junta-se ao segundo Puri - V. rarm.
de um composto sem hífen . Acabamos de ver a obrigação
Puro-sangue - Aceito o composto (que n 'ssumbra anglicismo
a que o formulário oficial nos submete de escrever p~udo ­
pela antc:posiçào do adjetivo ; em português não se diz ''azul-
JOMI; agora esse mesmo formulário impõe-nos a grafia p1i- sangue'', mas "sangue-azul"), o plural {• obrigatoriamente
ccssoaa/, sem hífen e com dois ss. Onde o paralogism o, lá puroJ· Jangues. Variáveis os dois dcmcnros de um composto,
o u aqui?
ambos devem ir para o plural: Todos os puros-sanguts foram
Psicodélico - Adjetivo formado de elementos gregos (fJtjch.t.
vendidos. § 227 .
alma; dtlóo, tomar visível, manif~rarl, qualifica tanto uma
Pus - Substantivo ou verbo, sempre com J; o mesmo se diga
substância capaz de provocar rnaniles:ações psíquicas, quan -
das formas derivadas (frustra, pv.mst) c dos verbos compos·
to a sensa<:ão de quem vi! a realidade distorcida, o csrado
onírico, de confusão men ta l, de despersonalil<lção das "via-
tos: repw. reptt.V.JI~. repds ... propusera ... impusesse...
gen s psicodélicas". Pusilanimemente - Pu.siltmimtrMnlt, untmimtmente é çomo se
Dai decorre o significado d<" rxtravaganlt. fora do romum, diz. Não há drsculpas para as formas pu.silanimtnlt. uMni -
olua nanll. mente. a não ser distração . Os que gostam de falar- em haplo-
Psique - Diversos significa do s, qu,.ndo idêntica a etimologia, logi4. diriam dis:so constituírem exemplos as duas últimas
não implicam diversidade de acemo. Esse principio mosrra- íormas, mas é esse um frnõmeno lingOistico que se proces~
nos o vrrdadciro acento desta palavra, para toda e qualquer popularmente e não por via erudita .
significacà.o, quer para indicar especialmente a alma. qurr Puxados por bWTo - De c:al forma ,-em no>:so idioma descam-
para de-nominar a deusa mitológica e. por último e principal- bando pda ladeira da balbúrdia ("TV a cores" em ve-< do
mente, para designar o tJpt lh.o-mtível que com esse 11ome foi correto ·~TV tm. cor~" ou uTV colorida", "reduzido". "a u·
batizado ern alusão ao espelho descrito nas "Mt"tarnorfoses mentado" em 10%" em vez de ''reduz;ido", "aumentado de
da Apuleia". Não criticando este último apelativo, q ue cor- 10%", "mesa em bronze" em vez de "'me$<1 dt bronze", "foi
responde, segundo Teschauer , "à mania de empregar termos roubado em mil cruzeiros" em vez de "foi roubado de mil
l"('sen-ados a coisas elevadas e espiriruais, para exprimir coi· cruzeiros" , '"invasão à lua" em vez de "invasão da lua~ ou
sas materiais e fúrt'is. como aqude sapateiro que vend<' cal- " M lua") que não é de admirar que palaVTinhas inocentes
r.ado uúaf', passemos ao que nos interessa. como as preposi ções sejam diariamente pisoteadas pelos
Do gr,;go pJyché. termina essa pala\'ra em t longo (éCl); alarves de nossas terras. A menorzinha delas, a preposicão a,
esta, como todas as letras longas, era no grego preclássico ar- que sai das esferográficas com a faà lidadt dr camundongo
ticulada abertamente (é} e nela. ainda em grego, cai o acen. que jamais foi perturbado nas suas andan~-as, pa ssou agora
tO. Indo para o latim, acomodou-se a pa lavra às sua s rt-gras a figurar no agcnre da passiva; um car-ro não é puxado u
de acemuação, e passou a ser paroxítona, com o acento burro senão fX" burro, como um fardo não é canegado a
no y. r foi como chel\OU acé nós. Veja-se C. Michaelis. Au- mas por alguém. As preposições não podcrn ser manipuladas
lcu:, Nascentes, C. Figueiredo e outros. No i é que deverá com esse dc:s<'uido; pertencem da.s a urn complemenco, a um
ntar em português o acenro tônico para toda ~ qua lquer regime. O Aulete e o Laudelino são ricos de exemplos de
significação. A pronúnci" psixl (::influencia da prosódia fran- regência ; não devem ser meros adornos de escames d e b i-
cesa. blioteca mas esClr à mão de q uem obri gatoriamente ou pro-
Pttropode - V. ápot.k. fissiona lmeore escreve; a teoria, J)Orém , da regência. da
Pubc - Como dUoriJ, c:amb~m puois relur.a em aportuguesar-se; complementac;ào. a gramática é (.)Ue ensina, e esr.a deve ser
para fugir da forma latina teremos pubt, dUou. como suge- recordada por quem se esqueceu do que vem a ser objeto
riu Citnditlo de Figueiredo. É o caro de pilvis. que já com direto, objeto indireto. ageme da passiva, adjunto. Dicio -
certa freqüência aparece na rorma pel11e. nário e gramá rica farão o foca comprender por que não deve
Público - Superlativo sintético: publiduimo. redigir "TV a cor-es'' nem "puxado a burro" , por que ora
Pudico, impudico - Palavras paroxítonas: pu-dí-co, im-pu-di- uma prcposic;ão. ora o utra em complementos aparentemen-
co. Superlarivo sintético: pudidSJiiiW, impudicÍilimo. V. módico. te idên ticos. como o farão escrever com mais malícia e wn-
Púgil - Q.uer adjetivo !dado a br-igas), quer substantivo (atle- bém com mais recursos e variedade; talvez, após o estudo da
r.al, sempre parox.itono e com o ac<'nro agudo na primeira gramática, passe a escrever afligido por dúvidas, rrtaS de dú-
sílaba. vidas só estão libenos os ignorantC'S.
Puir - V. ó.bolir. Puxão- Aumentativo: puxavão.
q.5. . V. quanl~<m .afi>. QuaJqutt c: nc:nhum "Enq uanto você procura por qu.alqULr
Q.U . O U>O ( · qut· dc:-termina a pronúncia o u não do tJ dos gru- coisa eu não procuro por coisa runhuma" - Isso é por ru-
po> qu c gu antes de t c de i. Em J'a~avras erudita~._ rir~das gues. Não dev('mos aceitar o erro do emprego de qualqt•tr
dirnam<•mt• do latim ou de outro tdtorna, a pro laçao e •n- com o signilicado d<' rumh11m; por mais que aparet-am co ns·
dicada pl'la própria língua de origem, mas ('m pa lavras de- truções como "Fez a conta sem qualquer erro", não pode-
r ivadas popul~nnt'nt~ a pronúncia f dctt'mlirn~da ~ào ~­ mos au·itá· las como nossas, senão como ingksas; qualqurr,
nll'ntt' p(·lo u ~o. Uma vez pronunctado, o tr~ma S<' tmpoe: na língua que falamos c:m nossa pátria. nunGJ. teve a signifi -
qüinqürmo. carão d e nmhum. Para os que teimam em aceitar o er ro, o
Q.uadrienio . hlllut'ncia dt' qualrídtw. de qualtn táTJo e de outros período CJUl' iniciou o verbete deveria ser: "Enquanto voct-
dt>rivado> d<· quatuor e que expl ica a fonna quatrihtio; o cer- procura. p<>r qua lquer coisa eu não procuro por qualqu~r
•o porirn i: quatlri;nio. por ser .-sta a palavra desde o latim. t coisa". Se tris v<~riamcs temos, legítimas e expressiva>l F<:z a
>l'u dtrivado quadntnal (t não quatriroJJ[), conta sem nenhum erro - F~ a conta sem erro nenhum -
Q.uadrigbnco • V. tris ghMos. fez a coma sem eiTO algum ). p<>r que a reda~'àol bárbara,
Quadro (dt- pintura) - Coktivo: pinacottCil, gahria. mo nótona, frouxa " Fez a conta sem qualquer erro"?
Q.uadrúmano, bímano, unímaoo - São palavra s proparoxíto - Como a fetTUgem o é do café, qualquer rransformou-se em
nas. to qut: l'Stá nos dicionár·ios e o que a quantidade !~tina praga do ponuguk. Curioso i: observar que a praga apat't'Ce
determina. O uso, porim, não segue nem dicionários nem na escrita, q uase nunca na fala, a não ser nas irradiacõcs de
latim com r<"larão a quadrúmanQ. Existe quadnmono. mas de jogos de futebol. Se em conversa de varanda de clube todos
signilicat'ào difen•nte (que tem os qua tro rarsos di latados em dizem: " Novo$ sócios não podem ser propostos por nenhum
forma dt· mio); palavra erudita, conserva a quantidade la· diretor" - nos estatutos aparecerá: " Novos sócios não po-
tina . Virá um Jaa qtUJdr·úmano a andar de mão comum com dem ser propostos por qualqun diretor''.
btmano e twima110? V. duúmeno. Desde quando tem qu.alquer o sentido de nmhumr Q.ue lexi -
Q..ual • t t•kganrenwme usado como panitivo, ou :Kja. para cógrafo au:· hoje se aventurou a consignar-lhe tal significa-
indiear pam· dt· um todo: ''Todos t'sptr,wa m qual nhoito do? Ern qu e au tor d e rt'sponsabilidade lingüística tal sino -
qual poufo" (un\ dt'lt•s esperavam muito, ou tros <'spc:ravam nímia se encontl"a?
pouco) - "Qjial mais. qual menos, toda a lã i: pelo"- " De- Oistra~i.o, confusão ... não sabemos a que atribuir esse
v<· o m('tliro 'labt'T quaiJ doenças são incuráveis c qwu• tem proc~im<"nto de modificar na escrita o que cor retmnt'ntl' se
di licuh osa cura" - "Deputa-os desde logo aos vários p,.ofere. Q_uem com a maior naruralidadc diz: "Não dcixe
ollcio>. qual> para geracão. quais para as sacras aras, f{tUJt> nmhwn visitante tocar nos objetos expostos" - não pode.
para a la,·ra rija" - ~Q.ual do cavalo voa, que n:io desce; ao retligir a mesma proibicão. fazê-lo da aberrante ma -
qual co' o ca,·alo t·m terra dando. gt>mo:: qual v~rrndhas as neira: "Não detxe qualqui'T visitanu.• tocar.. .''.
anna\ la1 dt· brancas; qual co' os pt·nachos do l'imo at·oita as J amais foi ponu gu~s o emprego de qualqun- com o signifi -
anças11 • cado de nenltr•m; qualquer não tem sentido negativo nem
Prt'c~ed ido da preposi~-ão a . tem a >ignilica~-ão de cad11 quo/: ern ora~õe~ nl"glltivas: quando alguém constrói: "bto mio(·
"A~ hora; tksS<' dia foram contadas minuto a minuto,a qual qualqrter homem que raz" diz certo, porque qudljuer CJ<prcssa.
ma i~ pt·>adu t' knto de volver, quanto mais se aproximava o tanto em ora~ões posi tivas quanto em negati vas, indttt'Tmi-
derrad<·iro" - " Um sistema dt• regras, a qual mais oposta". naçào. O coTo o:stá em empregar qualquer para t'xpr~sar rxclu-
Omota. à> v<"Lt'S, negação: " Q!<al médico ou qual doutOr: são. Autor nenhum qui' se prtlc de cuidar de escrever com
não pa ~;a de rachador". acerto redigirá: "Não morava o infeliz em qualqui'T !'asa"
Emp rt·ga·5t' isolada mt•nte para exprimir dúvida ou ne- com o sentido de "não morava em nrnltuma casa", "não mo -
g-a.-ào : " Q.ual! tu do Í>SO e frioleira". rava em casa nenh uma". " náo morava em casa alguma":
Par~ ('XP,rin1ir ~úvid~. ou nefP-"~~J ~.n tra .!ambffll em,ex- três maneira> <"Mas, kgitimas, variadas. ao contr.írio daqul'·
prt'5.wt'': Q.!•olla 1 - Q.ual hiSion«!· - QJwl nada ! - la. espúria, bároora, enjoativa, enfadonha. Longe sempre
n~·l;rM
x,ua u~ma
d · · 1· • ~ I
1 as - A»tm "t' t 12. e nao qua um
M' das" : o um esta
· ·
está de um méd ico a imen<.'ào de aconselhar um cliente a
~ue não tome nenhum remhi io quando Ih<" recomenda :
ai dl'mai>. Lcmhrt•tno-nos de Ca.mõc.>s: "Fui do> lllhos as- ' Não tome qualqut'r rtmtdto" , como tampouco tt'Tll em
pérrimo> d.; T!'rr.t, qual Encéla.do, Egt"O " o C~ntimano". mente di~er-lhc- quc- não compre o remédio quando lhe f(' ·
Rt·dija da pn)xima vez. senhor redator: ''Q.ual Mida > às comenda: '' Não o com prt' em qualquer farmácia". Lo nge
avt'):-,as, dt' ('oi,M-·gui u deforntar t" p<"n 't""rt(·r o po vc) coro a ainda um escritor d~ lt'i a sug('stào de que o herói sofr<' de
varinha da dt·magogia". qualquer d"svi o quando ass•""era que el<" "não ama qualquer
Cin·ro wm- nos neste instant(' à menu:• (Br~tlw. 37. 140): mulher". Pois precisamente desvirtuando o idioma ê que·
"É tào ho nrOS<O) cu idar do vernáculo qu:tn to é ve q;onhoso andam os que empregam qualquer em toda c qualquer acep -
tksprt7.á -lo". cão. já afirmativa já negativa, sem disringuir- lhe nem idcn·
Q.ualis vita finis i ta • Locução latina que significa •· tal vida, tal tificar- lhe o sentido .
lim": a>>illl como viveres, assim morrerás. De pés juntos ;dlrmamos que j amais vimos em lidima>
2M Q.uando de Q.uanlidad~

passa~ns de nossas letras $ement-as em que q1uW{uer apare<·:t, lugar; o erro ~.ria em "Quando da inauguração, aüu uma
no singular ou no plural, com o semido de exclusão, de <'li- u~mpesrade") - Q_ua11do de mudança. tenha cuidado com os
mina~ão ; jamais em porruguês se redigiu: "Não tenho quadros (o de i: da express.io "de mudan~-a").
qualquer irmão" - "Duas linhas paralelas não se encon- Rico de locuç&s, Laudelino Freirt não registra quando dt
tram <"m qualque-r ponto". Certo, cerússimo é redigir: "O na acepcão prolligada.
cheque não pode S<"r assinado por quaisquC'f diretort>s: um Q.uandoquc bonus donniw Homuus - Locução latina que
deles deve ser o presidente ou o tesoureiro da lirrna"- por- significa " às vezes o bom Homero cochi la". Verso de li<?rá;
quanto não há exclusão na afirma~ão. cio (A,rte Po<-tica, !159); signifiot q ue nem sempre o gemo e
A teimar no erro, iremos denrr,o em breve redigir: "Não igual a si mesmo.
cive qualquer imencão de ofender qualquer pessoa em 9ual- Q.uanàdade . Pertinente ao latim , este assumo tem imp ortàn-
quer momento" - c iremos ler passagens como t'Sta: 'Pa - cia também em nossa língua para a compreensão da tonici -
rece: que vod não leva a sério qualquer coisa, afirmou J oão; dacle das nossa) palavras. A sílaba que indica onde cai o
realmen1e qualquer coisa, retrucou Pedro". acento de uma pa lavra latina de rrês ou mais sílabas é a pe-
Estas f: que são onu;~s portuguesas: lsso j amais ocorreu uúlti ma (em la ti m não há ace.uo na última silabal; se a pe-
em guerra aigwna - O incendio não dt>Slrlliu um documento núhirna vogal. ou S<"ja, S<" a penúltima sílaba de uma palavra
:.equn - Nm1 ao mmos um pássaro sobri:'Viveu - Dirigiu-S<" latina trouxer um sinal que- se assemelha a meia lua, o acen-
ao diretor sem ••espei1o nenltum- Não a limemo nmhum ran- to dt"Verá recuar para a vogal anterior (e•te sinal aparece:
cor- Nunca vi ab>Oiutammle nado. parecido - Gelado algum em dicionários ou em livros didático>; na escrita o latim
tomei - J amais apelei para autoridade alguma - Nem a não usa acento nenhum).
outra coisa deu jamais alguim o nome de assonância - ... não Suponhamos a palavra agrícola. A penúhima sílaba t c;;; os
se me apontando, logo, anrecedlncia algum4 que ... - ... não dicionários trazem em círna do o a cal meia lua, chamada
t>Xerce em tais casos função alguma gramatical. ln-aquia, sinal de vogal breve. Q..ue indica isso? Indica que o
Os quarro últimos exemplos são de Rui, que jamais uso u a((:niO deve:- recuar para a sílaba gri, ou seja, para a vogal
qual'{=· com o signilicado de ntnltum. O emprego do rnodor- imediatamente anterior. pronunciando-se. então. agrícola.
remo qualquer em tais ora<:ões é conseqúência de acatam~nto Se a penúltima sílaba, ou S<"ja. a penúltima vogal de uma
do ingli's, onde (' regra não j untar dua.s n~garivas, e, a um palavra trOuJtcr um tracinho longo, o acemo deverâ cair
ct>mpo, de desprezo do nosso idioma, do nosso léxico; nesst" nessa mesma vogal.
andar il'(·mos logo ler: "Vcxê não tem direitO absolutamente Suponhamo; a palavra pmaus; a penúl[ima sílaba é 1111; os
q ualquer de-.. ." (You've no right whatsoever 10 ... ). dicionarios tra~em em cima do c• o sinal de vogal longa (má-
Vara de marmelo é condão pa ternal de pessoa ciosa de cronl; indica isso que o acento deve cair nessa sílaba, pro-
bom comportamento do filho. ~nos redatores não l'$tào nunciando-se, portanto, fkn<iú• -
carentes de outra coisa de seus chefes. A propriedade que rêm as vogais de ser longas ou brevc-s
"Nem o minist<'•·io br itànico nem a embaixada soviética é que se chama quanridade. Q_uando pergunta ao aluno:
divulgaram qualquer comunicado a respeito" - Q.ue sen- "Q..ual a quantidade dessa voga l?"- o professo•· quer que o
tido tem ai qualijutr! Nem o espúrio sen tido de "nenhum"; aluno declare o >•alor da vogal. ou seja, se tia é breve ou
ai está., pura e simplesmentt'. sobejando . Clara e perfeita longa.
teria )ido esta redação: " Nem o ministério britânico nt'm a Resumindo: pt'núlrima bl'('ve, o acemo recua (a palavra é
embaixada sovié1ica divulgaram comunicado a respeito' ', proparoxítona); pt·núltima longa, o acento cai sobre ela (a
S('m um <'nfadonho <'estropiado qualquer. palavra é paroxlrona).
Se assim não for, passemos a imitar o claudicante redator Sê em latim existem sílabas longas e sílabas breves, segun-
com declaracões como t>Sm: "Não quero n<'rn qualquer la - do o rempo empregado na prolação (as longas levam o do-
ranja nem qualquer mexerica". De lá e daqui tire-se o quai- bro de rempo das breves), exis1em também a.s comuns, que
'{U"· c: o senhor redator refrcsqu~ a idéia com uma con•uha podt:m 1er urr.a ou oucra quantidade, ou seja. são ora breves,
ao Aulete sobre os verdad<·iros semidos e empregos desSt· ora longas. Se sílabas t>Xistcrn que são sempre breves e ouuas
indefinido. qu~: são sempr<' longas, em vir tude da própr ia natureza, um
Convenumo-nos, pelos dicronarios pelo meno s, que I(U4l- 1n-ceiro grupo há de sílabas qut• podem ser breves ou longas
qutr jamais teve sentido nt>ga1jvo; saibamos, depois. que é d(• segundo regras divl'rsas, <"nconn·áveis ern tratados de méu·ica
gente mui1o curta em nossas letras dizer que não podemos latina, dentre as quais se <·videnciam as que se chamam
<~mprcg.1T duas nega1ivas. En~uarno no•so idioma for o por- "regras de posi(ão".
IUgut's. a constru1,-ãO inglesa' there are no tiger in Brazil and Das regras dt> posição vejamos esta: A vogal seguida df:'
th;ore have never be('tl /\lv-v'' não poderá str barbaramente d uas consoantes o u das duplas x ou :. ou da consoaruej (i) é
traduzida por "não há tigres no Brasil I! nunca houve longa; quando, porém, das duas consoames a segunda(! I ou
Q..UALQ.UER". V .tUgaliuas; V .nào tÚi mmhumo iriformaçào. , , a vogal que as precede é longa ou breve no verso, segundo
Q..uando de - Evitemos a locução quaTIIÚ! dt. já por não ser nos- as necessidades do poeta. mas sempre breve na prosa. !;; o
sa. já por não ser de bons f:'scrirort>S. Modernameme - diz caso de lent!Jra, de certbn~m. de tooluaiJ, pala>'l<ls que na prosa
Botelho de Amaral - surgem frases como "qua ndo foi da são sempre proparD>úwna.s, mas no verso pToparoxitonas ou
revolur·ã o", "quando da revolução" e até " aquando dare- paroxítonas à vomade do p~ta-
volu~-âo" . O correto - continua o citado au1or - é " q uan- Explicar;õe-s ex-professo sob re quantidade értContram-st•
do J(,i a revoludo", "quando se• dt•u a revolução". nas licõ~ 95 e 96 de nossa CRAMÀT!CA LATINA.
Note-se que Epil~nio Dias atribuiu aquelas construçocs Q.uem ao ler versos latinos dá com palavras nessas co nd i-
à inllutncia francrs~ de /ors dt e o a protético ao a do francts <"Ô<:s. necessita <'5C'~ndir o verso para sabcr romo attntuá-las,
aion. Todavia, Júlio Moreira (Revista Lusitana, XII, 227 ) o que não se dá na prosa, onde são proparoxítonas. Vogais
ensina CJ UC a prcposic;ão de é explicável por influênci a de nessa ''posir:ão" são obrigatoriamente longas tão só quando
expn:ssões como: "No tempo da guer ra dos franceses", " No já 0 Corem por natui"('Za ou quando formarem sílaba com a
tt·mpo dos franceS<"s". primeira ronsoam<"; C"X~mplo desta particularidade é a pala-
Pode-><' n-i tar a construcão francesa d~ndo no urnpo. "" vra artllrum, sempre parOJtÍtona no verso e na prosa. Outro
mmntll!<>, por ocaMào dE. Segundo a Academia Francesa, O wn exemplo: simu/orro, sempre com o acento no a.
dr é, aliás, de emprego limitado a certas fórmulas. Em irwólucro impera a regra: ou, vogal de penúltima sílaba,
OIJ stiVe-sf:' que pode ocorrer o quando dt stm nada t<:!r que não é longo por natureza nem forma silah:l com o c; é, l)()is,
ver com o lor> tÚ francês: Quando da assimila1,:ão resultam na prosa, breve, sempre breve, e. portanto, o acento recua
duas consoantes idmricas (o tÚ pertence a rtsu/Jam)- Quan- para a vogai imediatamente amerior: invó/uCTO.
do da inaugurac;ào volta\'3Jll os representantes (voltar tÚ um Q..uando alguém quiser fazer estarrecer os ouvi ntes com a
Q.uanto Q.u e 255
prosódia de palawas nt'Ssas condic;&s, faça-o com twrcla, dez anos? O ingles nt>m se dá ao trabalho de escrever o nu-
que t'1ltrou no idioma com o acemo t"rrado: com enqua- meral por extenso; coloca um s logo após o último algaris-
drar-se na regra, o ~ é b reve- na pro~a la tina, o q ue em mo quando q uer, como na passagt'ffi citada, indic.'lr os
ponugut's deve-ria ter dado a palavra com o acento proparo- anos dt' uma década : i11 tht 701. Talvez não cheguemos a
xitono; se tal não se deu, a coTTecio é impossível, mas ovo- assim escrever, pelo menos na escrita manual, caligráfica.
cabulário de Ponugal consigna a palavra com a prosódia mas não vemos inconveniência nem incongrui'ncia no d izer
rigo•-osarnt'ntt' latina: ássecla. É isso uma viol~ncia. mas co- " ... do comércio intern<teiona l ao fim dos sessentas t' início
mo dizem que o céu somente dos violemos~ alc.,nc;ado ... dos setentas". Passará a tornar-se desnecessária a palavra
Q.uoonto, o quanlo - Entre outras funçõt>s, quanJo exerce a de: I . década ou, como diversillca o trecho citado, carnbl'Jn a pa-
proMme rtlati!JQ quando tem por antecedente tanto. o, tudo , an- lavra anos, espe<.ifi carivo aquele nem sempre esdareceêlor
teçedentes que podem vir omitidos no período: Compre por sab.-nnos que d/c(l.da pode haver também de dias, dto
tanto quwtlo Tor necessário - Estude o quanto puder - De capilulos. de siTies de dez dC' o utras coisas.
lwio quanJo passei, em suma vos contart'i - Codos, por tudo Q.uase - Entra na composição de substantivos para indicar
quanJo amais, salvai-a, salvai a mt>squinha - Refuga quanto aproxima<;iio da idéia expressa pelo nome: quast-conlrato.
lhe ofa-cccm - Decorava quanio lia - 6 imatura morte, que quast-CTiTM, quau-poll' - compostos que em Direito té•n
a n inguém de tpUIJIJos vida têm jamais perdoas. sentido preciso.
S<- lm•lo se refere a um nome e quanJo a outro rem-se uma Q.u asc que - Locuc;ào conjuntiva que significa "por a ssim di -
corrdacão, corrd acio que exige cuidado d.- concordància: Z<'r": Antônio Vieira (/IUI$t qut não subiu uma só vez ao púl -
Os persas que atacaram a Grécia eram tantos quanltJJ as ondas pilo que não aproveitasse aquela só tribuna dos seus tempos
do mar: llmtos no masçulino por n·ll-rir-se aprrlfJl. quantas no para vindicar os foros dos humildes.
ft'minino por referir-se a ondtu. Ou tras wzes é o mesmo quau, com o significado de "por
2. advlrbio quando significa "quanto possivd". " até que um pouco não", seguido de um qtJR (')(pleúvo: Q.uast qut
ponto": E qmmto desejava ter amizade com d -rci O. Manuel c.'IÍ- ... cujos mastros qtuJ.s t que se elt'Vavam à ahura dos edi-
-Terás a vingan<;a que pedes, inteira. <JU(lftt~ mãos de ho- fícios - Ouvi de sua boca essa fatal scmcn~a c qwm que fi-
mens a podem dar. quei louca.
Quem se der ao trabalho de confrontat· dicionários notará O uso d e que depois de certos adv~rbios e Jocucões (/tlit·
a dillculdadc de 1rato do quanto; Aulete ao d:í -lolcomo adje- 11U111l , urtammlt, qua>t, talvtt, srm dúvida) encontra -S<' ~"'
tivo t'l<emplifica: "Q.lUinto queres pc_>lo cavalo?"- ê cvidcntt' bons escritoN:s: Q.wut 'I'" f o mesmo - Talvn qur o último
a confusão: quanlll é agora pronome indefinido; exerce ai dia... - Vtrdadnrammtr qut não tenho a nossa llngua por
funcào objeti\la, e não modificati"a. Em ''Oh! quanto o meu grosseira - Ftli:.mmu qut <;ue nào estava só - E.m suma '{lU
fado foi negro" - " Brilhante engenho, d ivinais talentos nada justifica a implantado desse nc.-ologismo. O abu>O
quanl;} folgar.is 1ê-los!" - " Os santos, l(lUinl<~ mais santos desse '{lU expl.-tivo pode levar-nos a construi r como as
tanto menos fiam de si" teríamos realmt'rue função adVt'r- criancas: Ornit 'fW vo~ esteve? - Q.uando 'fW iremos?
bial. Com função advt>rbial equiva.le a rnu.ito quando forma - Quem qut di ssc ? - Por qut que não responde?
locucio adverbial com mais: Ele pode-, qrumlO mais voe~! "Q.uatriênio" - V. quadrilnio.
Q.uanto a - " Q.uamo a" é a expressão completa, e não somente Q.ur - As gramáticas ai estão a mos1rar as muitas runçÕes desta
"quanto"; é erro dizer " quanto o calor", "qu;lnlo o dissí- palavrinha; com cxceç;i.o da de- verbo, autores há que lhe
dio" : o ceno é "quanto ao calor'', " quanto ao dissídio". St a atribuem 1odas as funções léxiças. No cemor de- maçar o
locução anteceder nome masçulino deu·nninado pelo artigo leitor com surradas e-xplanações do assunto, vejamos ~pem1s
ou anteceder aquelt. aquela, aquilo será quanto ao. quanto dquele. algumas particularidades ou por se apresentarem mais
quanJ11 àqttfla, quanw âquilo; se antece-der um a artigo ou pro- curiosas ou por mai s frtqüememente dar..-m :motivo a per-
nome, o a da loruçào será craseado : "quanto d forma", guntas. Vejamos ames um qut inútil.
"q uanto Ih más línguas", "quan w às (fi lha$) do vi;cinho"; Q.u~ (sem função) - Em passagens como esta: " Dt"~esseis itens
claro estli que se dissermos "quamo a fom1as", "quanto a que a FEPASA vai ter tp.U responder" - que funcão sint>íti-
más lí nguas" não t'Starcmos nnpregando o artigo e, nada ca está a exer('er o qut.1 Nenhuma. O que aí existe é erro, e
mais lógico. a crase se tomará impossivd. Ames de infi niti\'0 nada mais: " ...a Ft.PASA vai ter de responder'' é que J cve-
a locução costuma aparect>r correta : "quanl;} a <'le nrgar o ria rer saído dajmáquina do reda1or. O primeiro 'f'U t q ue é
fato". objeto de mpondrr. c a expressão "ter de" seguida d(' infi -
Q.uamo anres - Sem "o" a anteceder a locutào adverbial: Vá nitivo denota obrigação, necessidade : Tenho dt conseguir
qtuJnto anlts. esse emprego - Todos temos d~ lutar - Tenmos lú. respei -
Q.uantum satis - Lo<:uc.ã o latina que significa "o suficiente" , tar o sosstgo a lhl'iO - A estrada parou porque os operários
"o necessário' '. É fórmula farma~utica , qu«' SC' abrevia q. >.: tiveram dt votar.
Ponha a~úcar qua11tum satü. O leitor devt ter not.a.do outro erro: quem responde, dá
Qllão - Ê forma adverbial apocopada de quanto. usada geral- uma coisa como r<'sposta a ou1ra coisa ou a alguém; ares -
mente em corrcla<;iio com tão: tão estudioso quão imeligeme posta dada (um sim, um não, uma palavra , uma asserc;..~o) ~
- Tão líico quão magnànimo.. Classicam<'nt<' aparrcc: com objeto direto, mas a coisa ou pessoa ·a que se rC!sponde é
funçào d e m rro advérbio de intensidade. sem nenhuma cor- objeto indireto: E ponho em papel o que (obj. direto) de
r.-laç;io: Imagina agora quão coitados! - Quão livre fala uma pa lavra lht (indireto) respondi açerca da guerra - Não
aquele que o a1o rmenta! sei qut (direto) rtsponderá ele a wa fN.rgmt14 (indireto).
..Q.uar.u-", " Q)Jandor"- São forrrtas erradas. V. toradouro. O redato r demonsrrou desçonhecimento ou descuro do
c;c.anncas - E possível esse p lural? Por que não , se temos "os idioma em não ter redigido : " Dt'zesscis itt'ns a que- a FEPA-
(/U{1/ros eslào marc.ados", "os selts não devem entra r" quan- SA vai ter de r('Sp ondd '. - V. ter tk.
do no~ referimos aos naipes do baralho ? Num grupo de Q.uc (inte-grante, sem prcposi<;iio antes! - DiZM': "Sou de: opi-
cinqO<'nta soldados que se designem por números não po- nião tk qu~ ..." é obscurecer o período com uma segunda
deremos diz<·r: "Os quarmtas devem ir para outro quartel" ? preposição que não se justifica. As expre>sões "ser d.- opi-
O assu nto nasct' da lei1ura deste trecho: " Não 1ivtmos di - nião'\ use'f c.)(' pat'\."""'C('rn, uSe"T dt" aviso" equiv-dlt'IT) 3 VerbOS
ficuldade em a1ingir e ultrapassar esse desempenho no clima <entender, reputar, julgar. admoestar, ad,·ertir) que S<' fazem
esfusian w c expansionista do comércio internacional ao seguir dt' subordinada ~ubstamiva: Sou ár parecer quf te tkvcs
fim da década de 60 e inicio dos anos 70". - Por que não retirar - Sou de opinião qut ele é incapaz para o cargo.
poder o português adotar o processo do inglês - e o autor Q.u e (objeto direto)- "Conheço sua gramática latina, que não
da passagem apresentada muito o conhece - de sub~tan ­ a possuo, mas..." - Não pode dizer-St' professor de porru -
tivar o numeral indicativo de dt'lena que engloba série dt' guês n<"m menos ainda de latim o autor dessa reda~ào; o
256 Q..ue Q..ue
ohj<'IO d<· pos<uo (· o pronome 1el:ui..-o I(UL que tem por ante- soif des richcs~s naus con>ume tous. il cn ré>ultc qu•· k
cc-d.-utc ''gnun.itica larina": que t'Stá aí a fazer o "a" anr<"s bonheu1 fuil à nu:~urc que nous le cherchons" (Como a am-
do vrrbo? "lada; nem pleonas1icamcnt<" :.c ju>tifoca. b icào não tem freio e- a St"de das riyuczas nos consome a ro-
Q.ue (dcsignanvo de causa ou de tempo, antecedido dc- adit>ti - do,. resulta qu•· a ft'liridade foge à rn<><lida que a pwnn-•-
,·o) - Fm pa ssagens como " c;tudi o>O que sou" nào é possi - mos) - "Sr Voltaire eut égai<'TlWm soignC: toUics lcs panit'
vt'l ~drm rir para o qu~ funcào subj<·tiva; não tt•n<lo nenhum de son stylr, r r qu'il e.:a plus 1t>nd u à la pcrft•ction q u'à la
''"tt't<"dclltt·, não é pronome l'l'lativo. Nào há sohn· isso d ú- fho nditt', íl ;çrait incom<"stablement k premirr de no< po~ ­
vida. romq <hivida não deverá hav~'r ;obu· o dCCrlO da cons- res" (Se Vo lu1i1'" tivesse igualmente limado tOdas as panes
u u~ào: "Publicaelo que fo i o Sínodo ... " (F"r. Lu ís de Sousa de seu e>tii() <·aspira do mais à perfeicàn que à frcUJtd idad<·.
- "Vid~ dt· D. Frei Ba nolom<:u". I. 478)- "Chegados que seria inconte,t:tvt·hneme o primeiro ele nossos poetas) -
fora li\:\ praia ..." (Ca"i lho. " Boêmia ele E~pirito"). ''Puúqu'on plaidc ct qu'on rncun, et qu'on devit'nt malade, il
"N;io haja C>CI úpu lo acerca da propri<·dack de ral ~tmaxe" faur des médecins, il fa ut des avocus" (já <JU<' o homem
- são P·''~'ra' de> VaM:o Botelho de Altl41 ..1. •·m seu "Novo pleiteia, ad oece c morr(', t mister que haja medito; c: advo-
Dt('IOnárto dr Dificuldades da Língua Portuguesa". Acon- gados\ .
tete. potí•m, qu<' o ilustre auror acn>scl'nta: ·•... em q ue ocor- Corre ouu o tanto quando a primeira •uho1dinddd princi-
r<' o pa11icípin com valor temporal" - condu-.io ou ex- pia no franc<'• ~las conjuncõe, ou locuu>es ronjunrl\'a'
ph<anio tono qu.- não podemos concordar. 'lt-rn valor tem- quoiqut.lor>que. 1and1.<qut. aprb qut . .JU!IIu'à u qUI' e ouua>.l' a
poral rem .1 ex pre~>ào, nem ot-ct·ss.triamcmt· panícípio dc- segunda pda conjurmio francesa que; na rraduclo para o
wm lats tr~~e~ con1cr. A forma é aí panicipial. mas com va- ponugu<'~ nunca '~ en uncia o qur da seguoda subordinada
lm de adjt"tivo, de predicativo. ou, <'OntO chamavam os an - sl'm cair l'm Cl'II>UI áwl galidsmo.
ugos, rlr ill l ihu1 o, a completar o H'tl>o ;rr, o que se pode Consi dera -se Jin.l,l g.llicismo o que empregado por .<tntio
V<'t ifo< ar na pn)pl·ia construcào aprcscntarla: "Estudioso qut> em pas.agens como <'Sia: " Isto não prest•~ 9ur çon1o rc:rnê-
sou'' - 0 11dt' uenh um particípio exbll'. Po1 nu:ra çoincidt'n- dio" - "Ele não procura qut a w rdade".
eta omrrC'm nos exemp los cimdos ptlo autor <lo "Novo Di - Q.ue (repetirão dt·sJlcres.<á l·ia)- Ainda que não se m ut• elo caso
ctorHilio" c acima transcritos formas panicipiai~. l' não cabe anterior, não :.c dwr acrescentar um segundo qut relat ivo
liUb,d tuí )., , iunt:ln'lentc- com o uqlae loi". uque foratn". quando já cxis1c um primeiro a referir-se ao mesmo ame-
pda~ t-xpr<'SSÕ<'S "quando foi publi<"ado", "quando foram cedente; é construção fraca esta: " Língua exti nta t a qur
chegada,'' P""'i,..emos t-ssas con>trutõn para o laum, ja- não é: lalaela e f~U não elci xou vesúgios". Rcdiia -..e: "Língua
mat~ tríamos trad uzi- las por oracõcs ou adjunros temporais. cxtinm é a q ui' n5o é falada t' não deixou \'t'stig1o'" (o u
Ou colouríanto~ tão só o adjeuvo, a concordar com o sujei- ...que não e falada ntm deixou vestÍgios!. DiJ!amo;: "Os aru -
'"· uu, quando fos'it' o caso, traduliriamO> a <'Xprt>sào por gosque vi <'<ompre1" (c não: ...qtu ,.; <"1(111' comp1ei 1
"cum" ~<·~udo dr subjwuivo, o que indicJria c.'usa: "Uma Q.ue (antt-cedido dl' pr<·posícãol - Q.uando objeto indi1t"lO, o
Vt'l clw~ado1", "uma \·ez q ue foi publicado". "jâ qur esta - q"r in1ciantl' dto ora,.:io ~ubordinada deve vi1 an t<' ('"<hdo da
vam <-m t.tl 'ituadio". "porque sou e>tndio,o" , "de..Ue qu.. prepo;icào exigida p<'lo vc-rbo da subordin .. da · Niio pode-
t·suvcnl elocmc", expressões quf' rt>a hnC'nt<' im<•rpretam a mos d:u· ao mundo a li("âo de amor r.k que o mundo car<'cc.
con"1 ut.1o c·m <·studo, expre>><ks qu•· t'll<.l'l'l am idéia de Errada I'Sta ria a afi1 mar;io :s<' rt>digida sem o dt exij~ido pe-
causa anres qiJ(· d<· tempo. lo verho carecer (nccc>sitar, sentir falta, não ter, não po""ir):
Um a romulta no Aulete nunca a n i n~uC:m falmal. c agora a lâmpada carece dt• a1ei1e - Carecemo> dr t<'lllf>O - Só
yu<t a t•xpn·ssão cncomrarnos em bons t'scriwrc·• é b<>m que de água do<:é, saborosa c fria no saJso ma r" chm1na cart·cia.
o lei.uno.: "QJtt 4 - ... porque, pois qul' : Para onde mt Sempre que o V<·rbo dt• que depende o qu.r ror transitivo
le,ou a l:lnta'i" que estou ga;tando o dia etn vã> palavra> indtrtto , o '/"' dev<.'rá, como rodos os complcmcmo~ dc ver-
(Camõ<''l" - exemplo em qu<' encontramo' o mesmo qtu bo> u·ansírivM mclireros, vir an te('edido da prcpo•itào cxi·
da <'XP"''"~<io "e>tudioso q ue sou"· "gastando que estou" gida pelo ""' bo: D<'Vl'mos conhecer as lei• a que t\latii{JI 1u ~
I com a~ palaHaot•m outra ordem•. Ne"e r.1"1 - dí1 o Auleu· jtltD_J - Procut c wn"'guír m meios dr que dtJHttdt a solu(ào
- a COIIJUO~ào qu~ i• desi!:natÍ\'a de causa. - E assumo pqr que me muus.111.
Não -.ó o 'nho l<'r. pois. poderá con<.orr.-1 na expressão. Ve-m o qtu antect"dido de prepo>icào tambélll quando í· da
rnas outro que tal: "Trist<' que anda"a, não pude ir" exigida pela ôrcumtància ad,·erbial expres.a Oil >UI>ordi
- "C,lll'><1tlo que ltqut·i, pmcurer apoto". nada: Era de!{! adantt• o esrado em que foram encontrada ,
No li m do ''qul' 1" cra7. o Aulert' um pdl i-nt<''e: "Na frase: as crianca< - Procurava ou1ro" meios com que pude\~
"Feita que stja a casa, ir<'i habitá-la" e idc'n ti<"a• há elip>e do smtema1·-se- Morr<'u na casa em q ue nasceu.
adv<'rhto l~gQ e tramposirâo do atributo Jqgo que '<'Ja Q.ue (sujeito; con<·ordãncia ,·erball - Q.uando sujeito de orado
tti la t1 ra ...a'·. subordinada , o pronome relativo qut i<'Va o verbo partt o ruí-
l'undamrnta ndo -s<' tal\'Cl nessa equivall'ncia - pensamo> mero, pessoa <" gênero do seu a ntecedente ou ant<'C<>clente':
nó~ - é que o op•·toso profE·ssor ponugu<'s cxpendeu sua Somo• IIÓ> que pagamo.\ - Sou tu que pago - Todos (nÓJ) qur
imcrpretacão. ma; w dos sabemos qut' fra~<~ pan icipiais aqui t.stamo! - O nomem, " mulner " o rnmi11o qut foi flrt>C
•ll'>>a narutel.a cquiYalem ao ablativo abso luto latino, (foi pmo no singular porque o relativo que •ó se refere a mt
romrrudio que não tem >ignilicatào •ínica, '><'não \ariá\'el nino).
til: acordo tom o contexto. Se o que po11u1 dois ou mais antecedem~~ de fX''!>O"' gr"
Q.ue (j(ali<·i,rnol · O qut pode otasionat o seguint<" galiciomo; maticais dikrentC>, o verbo ,·ai para o plural da pessoa qur
Q.ua nclo. na <eq üt'ncia de d ua. subordinad.ts, comcca a pri - tt·m prioridade na ordt•m gramatical (eu, tu, ele): Era t'U t
nu ir.t pdas conJ uncões 'luand, curnmr. ,;, puwr.u. i- 1nuito minha innà que dwrátl(lmos - l'<ão hei de ser eu nem tu que
<omum no franc~s o uso da conjuncio qut ames da st·gunda a haverno> de rcfomtar.
'llhorrlinatla, que <e l ig-~ assim à priml'ira. Vertendo à !erra Q.uando o qu~ la1 pdrtf' de um vocativo. o Vl;'l bo ,•ai para a
tat' ~ubordmadas em ponugu cs, é dl' todo alhc1o da índole segunda p~:ssoa: Alma minha gentil que te parli>lr - ó alm.1
clt• nn'>a língua fazer conta do l{ut' da segunda >ubordmada q ut> vivá.> na 1011 1.' do luar da graça e da ilusão- Maria, que
cb consrru~ão fra nce.a, copiando-a ":-rvi lmentt". desces do seio dos anjos...
Tili> >iio os >eguinres passos, em cuja n·adurào para o por- Quando ll'tn por >uicíw urn infinitivo c não o q1u. o ver-
tugu~> <<' dtve elidir esse qu.: "Ncptunc. quanti íl (·li'vl.' ~n bo l'ica na 3~ pes~o:t do singular : Arbitrando as quautia~ que
tridcm, cr qu'il menace les flo ts sou i<'Vés. n'apaisr po int p!us lhe parect nec<·ssári o fatê-lo - O pior é que não ten h•) uns
>oudaiuemen t les flots" (Quando NeiUno lwanra seu ni- qu.r me ua n<"t:<:>Sál io ter - 0> inimigos qut tra fácil drrrolar.
d~llte e'""~'"~" as vagas revoltas, não as amdina mais repen - Q.uando tem por ante~edente um pronome pco>O.al ft'lo,
tinamom·l - "Cowne l'ambition n'a pas de frein, e1 qur la o qut pode vir suh,ti tuido por qunn, o que nos obriga a levar
Q.ue Q.uem 257
o verbo para a terceira pessoa do singular: Somos nós qwm nome I{Ue não deve vir precedido de 11 no início de uma in-
paga - Sou eu '/Ui!'111 vai - Fu i eu 'fiA""' ahriu esta polemica te.rrogacào ; o certo é perguntar: 0..!" quer-você? Qou há '
- Eu e V. E1Ca. somos quem vmde - És tu que"' favortce a Qut i· que v0 cê está pensando ? Mas que querem eles? (e l')âo:
minha t-e solução - Fôssemos nós quem fitwe isso ... O que quer você? O que há? O que é que voce está p<:>nsan -
Co mparando este parágrafo com o primeiro do verbete do ? Mas o q ue querem eles?).
chegamos à conclusão de que tanto é ceno dizer "Sou eu O rnorivo da correção já fo i aqui exposto c não será de-
quem paga" qu~mo "Sou eu que pag4''; erro seria diz.:Or "Sou mais lembrá-lo: não cabe em tais interrogações fu11<:ão sin-
eu quem pago . V. quem. tática nenhuma ao o; a palavra qu.e é que exerce , por si e bas-
Que (em oraçdes temporais) - Em ora<;ões temporais como: tante. a função de pronome interrogativo: Que foi ? - @ f
Todas as vezes que ... - No d ia que ... -não há necessidade acontece?- Que há? - Quê?!
absoluta da preposkão em a mes de que porque em seme lhan- Que diabo! -"É expressão familiar equivalente a " que coisa";
tes expressões de tempo ela pode ser omitida: Dia 4 de janei- em regiôes '~zinhas de países de língua espanhola ouvimos
ro {em vez de ''no" dia 4 de janeiro) - O ano que vem (em diacho por dwbo: O..J<e diabo fez ele?- Q.(JC diabo quer voce? -
vez de ''no" ano que vem). Q.ue diacho!- O ta diacho!
Que (equivalente a DO Q UE) - Nos comparativos •' l'ào certo Que é de? - Na expressão interrogativa "Que é de>" sul>cn-
empregar que quanto do l{lte: A atividade sem juízo é mais tende-St' a palavra "feito" : "Que é do sorriso?" (Que" é
ruinosa que a preguka - S<>mpr<> nos deleitam<;>s mais em fa- feito do sorriso ?) - "Que é dek'" (Que é feíto dde?).
lar, do que os outros em nos ouvir. Nunca deveremos dizer quide ou qw:di ou, o qu(· é a inda
Q.ue (equ ivalente a f) - O qw é c-o.yunc;ão coordenativa aditiva pior, cadi. É. inaceitável a afirmaç_ão de que ''cadê" ou "que-
quando equivale a "e'' : Dbw-me com quem andas. que eu te dt'" são fonnas que "denotam a vida da língua". Esuoroa-
direi quem és - A mim qUI' não a ele compele fazer isso mento do id ioma é que esses solecismos denotam; é desma-
- Mexequf mext· - Uma qut outra vez. zelo, aliado a derrotismo, não aeeitar a legítima t·xpn•ssào
Q.ue (equivalente a ma>) - Quando coordenativo c empregado "que é. de", natural em pessoas. cu ltas t' acostumadas ao rraro
ames de não, o que pode implicar idétia adversativa, e não com amígo~ e colegas de igua l nivcl.
simplesmente aditiva: Outro que não ele. "Nóis vai ", "nóis falemo" também denotam vida, vida
Q.ue (equiva.Jeme a PARA QUE) - Tem apoio nos clássicos o porém do analfauetismo, ~á falta de es<:ola não someme em
emprego de que em subordinadas fina is: Tu que as gentes da anallal>cws s€ manifesta.
terra toda t'nfrcias que !para que, a fim de que) não passem Que nem - Q.ue dita locução conjuntiva foi usada, não há d ú-
o termo limitado. vida; Auleu: of<·rcce-nos um exemp lo de Rebelo da Si lva, no
Que (concessivo) - Q.ut. i: co· junção concessiva quando equiva - qual ela aparece com a mesma signi li cação com que popu-
lente a ainda que. concedido que: Pedro não tem dinheiro, e f{Ut' larm<:nte a vemos empregada: "O crud ic.o lez-se vermelho
tivesse não se ffi{'teria em empresa arrojada - Escrt"ver para que7!~m uma romã" . Carlo> Pereira registra em sua gramáti-
os omros não sei , nem que o soubera o faria - O lugar não ca a locução sem pronunciar-se a n·spt'itO do <'rnprego. O
tinha nenhuns meio~ de defesa, e que os tivesse são os Para- que é verdade é que a não vemos hoje em escritor<:> reno-
vás geme branda. meados; ouvimo-la apenas de incultos; nem familiarmente
Q.ue (expletivol - t expletivo o que é redundante. Tal ocorre dela fazem uso os eruditos e os acos(Umados ao bem falar.
em gramática com cenas palavras ou locuções que por veZt·s Quebrar - Na acepção de fragmentar-se é empregado prono-
se encai:um numa sentença sem que exen::.am fun ção sin- minalmente ou intr-,m sitivamente : Quebrou-se o antigo dúplí-
tática; ~à o enchimentos reforçativos de idéia; não lhes cauo ce talismã (Castilho) - "Embora o mar nas fragas qu.ebre
funt:ão sin tiotica mas expre:;sam um sem imcnto ; embora (Castilho).
possam suprim ir -se sem a lterar o ''ator ou o sentido da frase, Q.uedo - Pronuncia-se quUo; significa quiero, imóvel, parado.
dão força, g~·aca ou energia à expressão, como nestes exem- sossegado. Ê adjetivo que se flexiona em queda, qwuws, qv.e-
plos: Seja lá como for - $Pguo·e-mP neste candeeiro- Não Ml , sempr~ Cot~ o e fechado_: "Ag<)t'a estando ~~eda, agora
me suba essa escada. acorda ndo' - Eu amo a noue tacHur·na e qutd(l .
Além dE- figurar na locução axpletiva "é que". nestas Q.udra providenciar - "Q}oeira providenciar", " queira acei-
Questões já ventilada. o que apartec expleiiva e isoladamente tar" são expressões corretas. Queira, segu ido de infinitivo,
em ouu-as circunstâncias: Quase que caí - E navegar meus constituí forma de delicadeza que etn porrugues se llSa com
mares ousas que eu tanto tempo há já qu.• tenho - Que co- significado de " tenha a bondade de", "fa~a o favor de" :
i'ação quf eu tinha pata dat·- lh<'' - Que santa que 'é esta mu- "Visto qvc estamos à minha porta q1<eira o Sr. Guimarães
lher - Oxalá 9ue ele venha - O h ! qut não sei como tive entrar" (Carnilo).
mão em mim . V. qu.aJe qtle. Quem - Observemos estes casos:
Que {conversível em o qual) - Q.uando necessário à dareza , a I. Q.uando pronome rel~tivo, é imprescindível para efeito
forma o qutJl (os quais, a qua l, as quais) deve vir em lugar do de análise separá-lo em seus dois pronomes equivalente~.
relativo qut: "Uma heran~a honrada de avós, a _qual era pre- "o que", " aquele que" . Essa divisão já por si indica que o
ciso salvar''. Se nessa oração .o áutor tivesse empregado 'IW' verbo deve ficar no singular, qualquer que seja a pessoa e o
{uma hcranca honrada d<' avós. que era precis<> salvar ), o número do sujeito da oracào principal: "Somos nós quem
senti do teria lkado prejudicado, pois não saber íamos se o paga (Somos nós aquele que paga) - " Sou cu qut~n'l vai"
pronome que esraria substituindo o antecedente herança ou (Sou eu aquele que vai) - "Quem paga sou eu" (Aquele que
avós; o emprego de o qual esdarece o antecedente. paga sou eu) - "Fui cu quem ahriu esta polern ica" - ' 'Eu e
Eis, pois, um cu idado que devemos ter: não empregar o V. Exda. somos qu·ern vende" - "Fui eu quem o deu" -
pronome 'IW' quando houver mais de um a ntecedente a que "És tu quem favorece a minha resolução " - "Fôssemos nó~
possa referir-se; assim, o período: "Estivemos na escola da quem fiusu isso ..." - E assim: Sou eu quem primeiro vm
cidade que foi fundada em 1856" - não tem sentido claro, tirar isso a limpo - És tu quem lucra - Fui eu quem os
pois não sabemos se a escola ou a..dade foi fundada em 1856; apresmtou - Não fui eu quem obrou diversas maldades- Fui
impõe-se um torneio à construt:ão, de acordo com o sentido cu quem ofet.
q ue se quer dar: " Naquela cidade. estivemos na t !>Cola que foi 2. Q.uando o p ronome equivale a " que p<>ssoas", o-verbo
fundada em 1856". vai para o plural : Quem S<"rào os pais destes m('ninos?- Eis
Q.ue (integrante, e o obliquo) - Caso curioso opera-se com o aqui quem .são os aduladores - Mas quem <ram estes dois
que integrante: atrai <:> oblíquo ainda quando oculto pela homens? - Quem sà11 eles ? Perguntaram donde vinham,
figura elipse: Re-quei ro se digne a Presidência informar - quem eram- Não posso dizer qutom .são.
Peco- lhe 1hL deixe ir. Observe-se a presen<;a do verbo ser em todos os CJ<emplos.
Q.ue ia iniciar interrogativa) - Com função pronominal, o pro- 3. Quando não for ser o verbo, o singular é que aparece na
258 Q.ucnopódio Q.uiloertc
intt>rTog:ttiva, qut'r direta, quer indireta: Q..u em dr~ isso? - (ClttOM:IK • V. cerahur.
Q..ut>m nludou a licão ? - Perguntei-lhes qut'm havia fahado Q..uestào - V. catorv; V. em quL>Ião.
.J aul.1 amt·rior - Não posso relatar quem .1111u porqut' vários Q..ui bene amat, bcnc c:astigat - Expressão laLina que significa
voharam logo a seguir- Faca·me saber qul'm votou contra "quem bem ama,lJem casliga".
e quem a favor. Q.ui bene olet, mak o let • Expressão lat ina que ' ignifica
4. l'o<k, numa subordinada ("Jl1 qu<" f•Jncione como com- "quem us.t perfuml.' cheira mal".
plen1crno, refcrir-St· a um plural : Mandou chamar os.fidal· Q.ui habet aures, aud;at · Expressão latina que signilica ''q uem
go.• C' os wpitàe~ a qzum deu conta do que pas;ava - E porque tem ouvidos, que Ou(a".
os reis são os a quem mais neste mundo se furta. Q.ui ínópit , pérficit . Expressão latina que signifi ca "quem CO·
5. Potlc ainda referir-se a coisa, quando personificada: ttJCça, term ina" .
Remeta - ~1' ao Sufrremo Tribunal, a q!Jftll compete julgar a Q.ui pro quo - Expres)ão latina que tr az com o primei t o >f·nri-
<JUt'Siiil). do "<'mpregar o nominativo do relativo em lugao· do abla·
Q..uenopódio - V. ápodt. tivo", d onde a signifi f.açào de "confusão'', "t'ngano".
Q.uepe . Em dicionários assim já se enrontru apo1 tugue:~ado; a "equívoco". Pronunciam-se os uu, e os dicionário> jâ Lrucm
língua não possui anoxíto nos com i final; os poucos qu<- a expressão sub~rantivada numa só palavra, quiproquó, <om
tivl·•·•m <-ntrada no léxico podem mudarem to i terminativo acento no "o" final c trema no primeiro u: O trabalho aprt·
e disp<'n~r o acl'nto a q ue ficariam su jeitos: as\im: tp=r, sentado fstá chfio de qíiiproqtuí>.
qll:'pt.JUTP. 111contmmú; as próprias \'ozcs latinas o u gregas em Na falta dl.' uma d roga , os médicos da Idade MMia a suh~
11 já vão Sl'ndo averbadas com a desinência ''el nárula: bilt, ti ruíam por outra, e a expressão para isso indicar <:ra quzd frrO
Jt/J.It, raqut./Jtlvt. pube. licnr, cu.tc. ~uo ; o inglês, o (·spanhol e outros idiomas deterioraram a
Q!•er... rtuer - Não ~e deve dizer " quer queira ou não queira" ; forma origind.ri...
ou ,.; diz "Q..uer queira quer não queira" ou "ou queira o u Q.ui scribit, ter legit • Expressão latina que ~i gnifica " qurm
não qucirn". Ne~ta última forma poderá o leitor omitir o ou escrwc. lê trc~ vezes" (uma quando vê o original. outrn
ini<:lal: " queira ou não queira"; o que não sC' p ode é mi stu- quando o copia, ou tra q uando o confere). Q..uando ~screw,
•'"ar e\S:l\ C:OrtjvnCÔ(..S ahernacivas. r<'t~m a pessoa melhor o texto na mem óri a: um dos motivo~
C<'rro será "já quer, já não qm•r" ou "ora q u('r, ora não po r que no apr<'ndizado d<' idiomas o proce~so c~cri to i: mais
qw:1 ··: nàu haveria j ustifi<<~<:iio para, confuudimlo a~ locu- efici<"nte do qu~ o oral.
c-õcs conjuntivas, consrruir "ora quer. já não quer". Q..ui semd furatur. semper fur est - Expres>ào latina que se
" Q.uer:u:ina". V. uraJmo.. tradUL por: "Q:oem furta uma \'t'Z, é sempre ladrão''.
Q.u~ ·De. e-se redigir "do amigo que m utto lht quer", e não Q.uia nóminor !co - Loruciio latina qu<' sigmfica "porque m~
"do am1go que muito o quer". chamo kào" A primrira pane da prrsa me p<'rt('llCC qUia
Não (! indtfereme o sen tido do verbo qutrtr quando lhe nQminor ko; cxplica<iio dC' proceder baseada na fona.
complc·tamos a predicaçio c.om objeto d ireto o u quando o Q..uiasmo- Não ;c r.ronunria o u; a pala\Ta provém do grt-go,
fazemos com objcto indir-eto. Quero-o ;ignifica lkujo-o, c ond<" a letra "ch i' (pronuncie kil t"Xpressa-se por um X; ~ig­
qut!f'O·Ihc quer d izt'r estimo-o. nifica colocação t·m forma de cru1. {de Santo André) c indica
Tiv~~~cmos uma empregada de que dispor, não iríam os uma llguo-d de· •·>ti lo que consiste em invert<..T a 01·dt·m dos
ptf'l\ulltar a um amigo: Voâ lhe qurr?- mas: Vljct a qttn? - termos de duas frases dt' significação oposta: "Era fera l:i
E a 1 npusta Sl:'ria: Q111!'To-a ou: Nãn a quero. fora, t'm casa cam ciro era" (o era, que inicia a prim<?ira, ter·
Da nwsma rnandra. quis{·~sçrnos do amigo saber se estima mina a scgu11da: a circunstância de lugar, que tet miua a
detct rninada pessoa. esta perguma là.riamo> : Voe•' /ht qutT7 primeira, inicia a .~gu ndal.
E a r~SPO'~" poderia ser : Quero-lhe muito ou: Não lht quem Q.uíchua · Q..u~ andam o) nós a fazer com essa palavra? Nc·
nado.- mas nunca: Não a quero ou qtttro·a mullo. nhum dicio ná1 io a tr;u se'm qu<· ponha acento no i. toman-
Um~ ~oisa é tlizet· "Quero Maria". que ;ignifica desejo-a, d o-a pro paroxítona, quando a ouvimos ~<'guidamt'ntc rom
quero-a comigo, prefiro-a: ourra será construir "Q..uero a act'muac..ão paroxítona . Com qu<:m a r.;.zào ao rcf(Tir-se à
M,ma•· , que passará a significar e>timo -a, quero- lhe bem. mbo de índios .1borigines do Peru ou ao idioma por ele>>
Francisco Fernandes, após dois exemplo• de emprego falado? Por provir de: quicJrua (terra temperada). O> peruanos
rranmivo dtrcw do \'erbo qutrer com o senudo de "ter afeto dízcm quichua, rom~.
;{'', dit: "Sem embargo destes e de outros exem plos acaso Q..uid - Pronom<' nrurro latino, usado substanti,•am<'ntc em
encontrados em escritores de boa nota, a regência mais re. vários idioma$ com a !>ignificaô.o de "quê", "algo": Ele tc•m
co1nendada para o verbo querer, na acep<'ào dC' amar alguém, um quid qur:- o distingue de todos o s irmãos.
ter· liH' amizade o u estima, é aquela em que c_lr: aparece se· Q_uid novi ?- Lot-uc.ão la tina gue significa "que há de novo?"
guido dr nbjcto indireto". -A seguir, quando çonsigna em - peo·guma qu<: podemos fuer ao encontrar com u1n ami-
~t·u Oidonário de Verbos e Re1,>imes t'Xcmplos de rcg<'ncia go.
u ali ,itiv,, indi n•ta, oferece este <:nsinamcmto de 010niel Mo - Q.uid prodcst ? • Locu('ào la rina que significa " de <J.UC serve?",
ta: ''O vcrbo qutrtr, com o sentido de amar alguém, ter-lhe " que adianta?" - Posso aconselhá-lo, mas ... qutd protl<'st?
am itatlc, r<-ge o pronome L~e; com o senlido de desejar, rege Q.uiloertc . t o aporruguesam enro aconselhável deste compos-
o pl()uom<" o" - Logo após rramcrt·vc o cl icionarista esta to , cujo :;cgundo <·lcmcnro, indicativo de unidade fhica,
passagem de Rui: "O bem, ou o mal. q ue sc quer, é, nl'sses provém do nome do lisico alemão Her~. Nossa 01 tografia
ca>os. o olJjeto direto do verbo; de son<: que a pessoa. ou uào petmiu.' h entre vog:.is, c em nossa prosódia não existe
coisa, .1 qui" sr quer o mal. ou o bem, representará necessa- h aspirado.
namc."me um objeto mdireto. Em faltando. porta nto, o obje- E os •'Ocibulo> htrttógrafo, Mrhopismo, htrtuwio conservam
to direto, nas frases cuj o tomeio elhico o >ubcmcndc, a si - oh? Sern dú,~da . Não ~moslksumanoehumano?
ruacào gnmatical da coisa. ou pe~'>Oa, a cujo re>peito >e E o grupo 1t destes derivados? Também não é de admirar,
togita em exprimir a disposirào d<:' ânimo do agcntt', não quando nos kmbramo; dt> quartzo (quartzíf~o. quarh.ita t'tc.),
mutla1.í de natureza. Assim q ue diremos: ' 'Q..uero bem a ourro derivado germànico.
Pl'dro", "Quero muito a Pedro", ou, supresso o hem ou o O q ue realmente não é nosso é escrever qurlohtrtz. megahtrlt
muila : "~u<·ro a Peclro" . e ainda menos pronunciar à inglesa, com h aspirado >rguido
Dúvida não deve, pois, pa irar sobre o assunto: "querer de a fechado. Não vale argumentar que devemos ho nrar u
alguém" >ignifica desejar (Querovoce - Q.ucro·ol : "querer autor de um invento com pronunciar-lhe o nome com lide·
a :dguC:m" signiilca dedicar·lhc aláo: Quero a voe<' - Que- !idade à lingua originária ; nunca o português nem o larim
ro./ht. pronunciaram nomes grl'gos com h aspirado ; não será com
Q.ueri. Q.uiri . V. rarm. não aspirannos e com não escrevermos um h que mostrare·
Q.uintas-colunas Q.uoúsque tandem 259
mos ao ouvinte que não e.~amo• honrando o descobridor de até, pat·a os que de nós não mertcem o mínimo de compai -
uma umdadt flsica. Poupemos nosso idioma, tm \'<"Z de xão, os .. qumtos dos mfernos". Como se v<'. é a quinta-
tramfom•á-lo t•m colcha de retalhos. V. tJ/ia. esstncia da ca• id.tdc·...
Q..uin!as-colunas - Contam-nos os relatos históric-o~ da Cucrra Q..uiri - V. rami.
Civill:.spanhola que além das quarro colunas qu~ se dirigiam Quiromante- V. quHlo.
ern 1939 a M.tdrid dispunha Franco de uma ~luinta, consti- Q..uirõpteros - V. caildo~cópw.
tulda dos seus partidários residemes dentro da çidade. Lem- Q..uis - Q.u~rtr não tem :em nenhuma forma verbal: quis, qur-
bra es>a força o Cavalo de Tróia, e a t•xprt·~>àO popula•·izo u- sestt... quw:ra, qm~as ... qui.srs.<t, qu.i.<iJstmo.<... - sempre com J.
Sf' na stgunda guer·ra mu ndial com a exisr ~ncia de grupos Q..ulsto - É Mbido <1ue t•m regra geral a l~;rra aspirada grega Jrhr
que, d<:r\tro dt• um país- quinlal-COfMa.J- lutavam em prol passa em portugu~~ no si>tema onogr.ffico atua l para qu
da~ fê:>r~a• nazistas. É quinta-coluna o grupo; ~ão quml!l$ colu- antes de t . 1 (que/ídeos. quemost, química. quimera), ou para c
naJ, por metonímia, os indivíduos que o constituem. antes de a. o ou conJOIJ1llf: caldeu, cariJma. colagogo. có/(ra. Ucni- ·
Como o de qumta-fára, que é quintas-Jmo•. o plural de co.
quinta-coluna é quintas -co/unos, com ambo~ o~ ck·mcmos fle- O étimo grego. cmrctanro, da palavra do verbete não tem,
xionados. Não se traia de adjetivo composto, ma< de suhs- como inicial. lrlti ma~ Aappa; esta consoante, também gurural
tanuvo compo>~o de elementos variávet>: porrtOl·JOcorros. mas não a)pirada em grego. passa em português par:~ c.
Jtgundm-jtirns. qwrtltli-cnluntU. acompanhad" li<:ja de qual for a vo~:al: rorpo (wpós, fruto),
Q..uem se puser no pátio fronteiriro à igreja do Vaticano cifalo (keplw.Ji, cabeca l, Cimo ( Krltiron ). Deste último exemplo,
notar.i que s:io visíveis só as primeiras coluna• que o circun- ao qual muitos po•krram ser acrescen~ados, vc-se que o ver-
dam; as segundas, as terceiras e as quanas colunas não são náculo deve ~·r. legitimamente, cisto, palavra que de fato
visíveis. - "Q..uanas colunas" ficou escrito, c dcv<: ter sido existe entre nó) para dr~ignar certa planta.
lido com na tural idacl<·; que língua t·xistt· t·m qu<" um nome E a palavr" do verbete? Sem dúvida, sua kgítima forma,
se n cxion<~ de uma fomta quando na sua rea l ' ignifl catão, r baseada no grego (4,Y•Ii,l, vesícula, bexiga), é cisto, que na
de outra quando em semido figurado? onografia dc hoj<' é qtâst.o, não obstante te •· dado derivados
Por outro lado. que diçionál'io é esse que dá o pluralqum- coJU "d": ciltico, cutite. cutouü.
ta-co/unas no verbete "quinta-coluna" e, logo após, •w v..r. Q..uíte - Ê patricipio im·gular do verbo quitar; deve, por isso,
bc:t<: "quima-coluni>t1iO" explana: "panido dos qwnlaJ -tolu - flcxionar-;e em número de acordo com a pessoa a que ~c
rtaj''? Lá o primeiro clenH:nto sem s, aqui COill ck·? refere: "Eu estou qurlt" - "Nós eslamos quiln". Anda em
Q..uinôg~meo - V. trlsgt~os. erro quem dit ··e~tou qwtd' ou "nós <:s~amosquru··.
Q..uintos dos infernos - Todos conhecem, e raríssimos scrJo os Q.nod erat ckmonstrandnm - Locucào larin a q ue significa "o
que não tc>nham empregado a expressão insultuo<a : "Vá q ue havi& para ~r demonstrado", &as<: com que ~ trm1ina
para O> quintO \ dos inft>mos!" uma demomtracào Abrevra-se QE.D.
0Hspanhõis dizem "quintos inficrno~".
Q..nod lícet j ovi, non licc>t bovi - Provérbio latino qu<• Mgmfiu
Parece qui' a expressão verdadeira deveria 'C'r: "Vá para o
"o que é licito a Júpiter não é lidto ao boi"; não devemos
quinto tlo~ infernos", uma vel que, segundo Bernardcs,
confundir jout <"Om ôovr, ou seja, devemos ;,aber d i"inguir:
eram quatro os companimemos do inferno, consideradas as
O que é p"rmitido a um não é permitido a outro.
coisas anrc~ da rnone e resstu-reido de Crisw. Diz de:
" ... po•·quc c1uatro são as concavidades ou repa nimcntO$ da Q.uod non fccerunt bárbari, Barhe,;ni fecerunl - O ql•c não
casa do inferno, a sa ber: o Seio de Abdio. o ude os Samos fizt•ram os bárharos, fizeram os Barbcr in i. É (-xpressão lati ·
Padr"' estavam; o Limbo, aonde vão os meninos pagãos; o na, a propósito de Urbano Vil!, MafTeo Barberini, por ter
Purgatório, ondt: se purificam as almas justas, e o Inferno mandado tirar o bron1.e que revt:stia o pórtico do Pante-.lo.
inferior, onde ardem eternamente os réprobos" (Lm <" Ca- Os soberanos podem ;.<:r piratas.
lor, 18 7 I, pág. 389). Q..uod scripsj, scrip si - Locução latina que significa "o que
Es.\3. conccpciio de quatro inferno) é: fruto da <·,oluçio escrevi, escrevi". Rcspo'ta de Pi la tos aos judeus que o cen-
teológica do catOhcismo, evolucào, neste parricular. len:a, suravam por ter feito ~crever na cruz: Jesus N:uareno. Rei
poi> :só se lixou definitivamente oa Idade Média (Va~-anl, no dos judeus. Tradu1 re~ludio firme, inabalivel.
Dic. Bihlico de Vigouroux, sub '/IX. "J>-aradi>"). Q..uorum pars magna fw - Locução latina que significa "t'm
Sendo apena~ quarro os infernos, o xingadot cria mais que romei grande pa•re", aplicável a arontccill1enro> em qu(•
um, nldi~ baixo e mais rormenroso, para o seu deufeto, o escntor se declara ter representado papel importante.
ex:pre,;ando-~· de forma requintada, superlativa. Q.uos ego ... - Locu<,ão latina que significa "os quais eu ..." -
Sabt>ndo, porém, qu~ "inferno~" é plural que \C toma pelo Ameaça tk N,~tu~o ao' ventos.~ue !'"'an~aranr uma tempe~ ­
si ngular (em latim injtTTUJ.. omm) c ter nosso idioma o modis- tade no rnar. DcrX:<' ck quos ego , de.,ce de amt'a~as.
mo consistcnu: em pôr a preposição de cmrc o adjetivo <· o ~'Q.uota" - V. t:fJlm4t.
subst;utiÍ\'0 (pobre dq homem, pobres tio> homen~), uão dt:w Q..uoúsque tandem i' - <.:om essas pa lavras, que significam "att'
ninguém csrranhar que no anfiteatro do sofrimt•mo haja os quanao?", Ciwro pergunta ao conspirador Catilina: ''Ari:
primeiro) dos infernos, seguidos dos segundCls dos Ít!femos, quando abusarás dt> no>sa paciencia?"
Rã - Vo~: CO<Jxar. •·ngrolar. gasnir , grasnar, malhar, rouquejar. quando emp• ~ado~ pa• a especificar cores. pa~sam " cons•
Rabeca, Rah('dio, Rabecada, Rabequista - PtovincJa, do árabe, derar-se do gênero ma~culino. O lt>itor não irá di1er t~"'
J.~ lo1111a~ w w a na primeira sílaba são pref<'rida; às afran- rosa;. como não dit. ror ro.\(/·t/nra nem cort' fOjflJ-rlfJTO>, ma>
ce~1.d.n, ,-., ri ta> tom e. Q_uem diz "vio lino" uâo rem de pen - cor roJa.-dtJro, rort\ m,,a·claro ; o adj etivo não varia ~~go•·a uc.~rn
sar ni~~o, poi ~ tJrna e outra palavnt intlitarn o mesmo " ins- em gênero nt•m rm nümcro; o nome da 11or fica cnquist!ldo
ll umt·nto de müsi1:a, com quatro cordas, que si' ferem com no neu tro singular. Ccno (• raio.1 infravrrmclhor e i gu;~ lrnl'llte
arcr1". c.-no i- raio• ullrat•iQleta, .Jeixando-se nó singulat o nonw tia
O raberõo pode ser p~qutno (violoncdn) t' gr:tnde (cunrra- nor (26 1, not3sl.
LJixo), uta> convém notar que rabua - ~mprc com 11 na Rajá, Rani - Ham.. fi liada ao sànso·ito rajm t• ao latim rrgma, i:
primt•ira •ilaba - rem ourros ~ignificadoç ,. t•ntra em locu- l'onna feminina de- rajá c mmbém de ranc. nom<'~ dt' dignida -
t ót·~ qut· o i\uk re consigna <'esclarece. de~ indiana~. Uma rainha indiana, a mulher dt• u•n r.ljá, uma
Rabugan V.lllm/mgrm. princesa tei n.lnlt' indi~tna i~ uma rani.
Rádio - Prefixo que se j unta sem hífen: radiojvro. radiogoniõmr- Ralentar, ralentado - li. ''erbo que existe há muito t("fflpO no
tro, rat.bootrvtdadr, radu>elilnro. radtalmanaçào, radrormruor, ra- idioma com a ~ignifkação de tomar ralo, ao lado da fonna
duJf'>lrro-.cópr~. radiM•k'i"; eS!K-s c outrO) compo)tos for ma - com a p10tétiw arralmlar. O que é recente - c já tomet,a a
rarll·M' por jtmapostcâo de duas palavra.s p.ora rxp• ..,,.-,.r um aparecer em dicionáno\ - é St'U emprego rom a ~igmfk.a.-.ão
~ó oiJj~:to ou idéia. conservando ambas a ~ua integridade - forma. co11c1pondcrHes rem o italiano (rallentarr), o ltan-
gráfica to pt'o")dir:a, razão por qu e não )t- justifica o wmpos - cés (ralmt.ir) - d<> <ifrowwr, rrlardar. Esse proceder~ p~'<'kriv~l
to ~., ,o o do J)rimciro dcmenro: água nufiQOJi v(l, mdioativi- a emprega r formas gráficas estrangeiras; ve -se isto ('m avia·
riadr, rndilll'mi.,ão, cstacão radioemiJJora. radioamador. Nos cão. como "a u tal~tui"; cliga- se logo raltml11do : "Mantenh>1 n
justaposros q ue se escrev<'m sem hífen só o ,·,h imo c>lf'n'l('nto avião, o mais que puder, rnlentado".'
vai po~ra o pl ural: montepio;, terraplenoJ, lu~artmentn, wnUJ- Ramalhete, Ramilhcte • Q.ue se empregue ramalhete pa1.; iudi-
chõrt c, pois. radiomúsr(ffa.<, radiopairulh<t>. radioatn(Jdort>- car "feixe" de tlort-~ ("Fio,·es assaz, <jue aos ano< de Maricora
- Com a ~ignificacão ele ''aparelho" e com a de "proce'so um rama/htlt cngcnham" ) ou, figuradameme. de objetos de·
de com uni ça<ào radiofónica" a pal.av1 a(·. no Bra,iJ, mascu- merecimento ("(~tas poesias são um verdadeiro ramalhete" J
lina: Com pre• um rádio- Anunci .. mo' pdo ,,íclio- 0> vai muito bem; é diminutivo de ramalhh, que indtca mmo
gu;ud.t} !>e co•nunicarn pelo rádio. grande, ramo dl ccno ponc.
Com .1 'igrrificação de "estacào" de tran~mil~o radiofó- Q_ue se .-mpr~e ramalhrtt por uurulhtlt não nos pare.-~
nrca é. crn Portugal<' no Brasil, feminina J p.tla"·'- O Distri- acenado, porque ranu/Mu i:- diminutivo de ramilho. que siji;ni-
to Federalrerá a "'"' quinta rádic- Ouvi i>!><> na Eldorado llca raminho.
- A rádro Ga>era- Gosto de ouvir a BBC. Ambas as form~~ <ão corretas, sem dúvida, ma< cad~ qual
T.tnol>êm quando indica "processo" a pa lavra(· rm Portu - de\ e ter >eu ltW apropr ta do.
ISJI femimna, o que nàtJ acontece no Bra~il. onde dizemos: Rami - É a ''Urrita urili ,", hoje cu ltivada em São Paulo , q nt- <c
Nenh um )Jaís pre<:isa de Rádio Educativa quando" rrídio já é denomina vulgarmente ramt, com acento no i fina l c com o
rducntivo. genero masculiuo. Se não andamos em aceno quanto à
Radiográfico • "Chapa rad!ográfico dos puhnõe•", "radiografia i~mtiflca_<:ão da palav~a, rcn~os por· certo 'lu~ essa é a pro<n-
do) pulmões" ou )implesmente "chapa dos pulmõ<-s" pode- dta e o gencro, c prova- lo nao nos será d tftal quando tctnOI
mos d i>cr. outros nomes, apropriado, ao ca>O, todos eles terminado..
Rãgadr · Ma i~ u..ada no plural, para designar rach~dura,, ciei- em i tónico e de gênero masculino:
ros de parte< moles do <:orpo (lábio>, dedo>. '<t'Íos ttc.), a airi (ma>cu lino) - nome de coqueiro;
palavra tinha já no latim formas d.iversot>. da~ quais as mais axi (m.) p lanta da bmilia da.~ valerianáceas:
u-.arl<l>, sempre no plural, eram rMgn.dt• (fem.) e rhagádia ptqw (m.l - árvore da n·giào amazónie4;
(neu tro) T orna ndo a palwra condizente comfr~.J~. aná- piri (m.l - cc~no junto de brejo:
lutno toanrc a gênero, número<' termi na~-ão, no,'iOs dicio- pun (m. ) - rspéci<' de mandioca;
nários dão a palavra com a tenninaçào ern r: a rágade, a! rá- quni (m.)- á1vorc silvestre do Brasil;
gadtJ. qu.iri (m. ) - planra asiática;
!Ugu • Nece~>ária, por indicar ''m pitéu cspt"cial. feito para tingw (m.)- arbu•ro da família dasltgumino>as;
estimula• o aprtiu:·, a palavra ragu e aponuguesarnt•nto cor- lipi (nt.)- pl~nta da família das ma lváccas.
reto do fra nc~s ragot.U. Mais um punhado d<' nomes de planms com .-~sa trrmina -
Raios ultravioleta - Não devemos ( Onfundir rssc caso de fle- ção e com~~·~ generopo deríamos apresenmr, o ljllt: nos lt:va
xão cum o de mio; iltfrawrmellto;. Vemrdlw é atjui legítimo a crer que o nome vulga• da libra com que eram enfaixada'
adjetivo c por isso os se impõe no plural. ao p:tsso que em as múmias, ''fibra nobre que supera o própri o linho", é
rato; u/JravtoiPta a t'Or é d esignada por nome d<• planta <'não oxítono e de g<'nero ma:KtJiino.
por adjt>ti vo; OS nornl's ele planta>. de florb C de objetOS, Ramo - AummtaiiVOJ. ramalho, ramalha(O, ramalhão. Diminu-
262 Rampante Recamhutagem
tivo.1: ramilho, ramilhete, ra músculo. quais e~ra, relacionada tom o presente assunto: rapl. EscriUI
Rampame, Ram!X'iro . São palavra; diferente;. Rompante - em li-anccs- râJii - le-se n~sse idioma rapi, ma< a translire-
t-nrre outras significacões que não vem ao caso, tem relação raç.io para o vernáculo ooriga-nos a escrever c a pronum:iar
com o significado originário dt- rampa (gart<'.l, donde em rapi, porque o e fechado final francês dá r al>crro cm ponu-
her.ildica a expressão "!cio ramp.mu:" (!cio levamado sobn• guê;.
:1> patas rraseira5, com a pala dianteira direita mais alUI qu<- Ob,~rve-se sobre o a dd palavra fr.rnccsa o acento circun-
a C$qucrda), de onde o significado de f<TOZ, ameaçador c - ncxo, obrigatório na palavr<~ Migina l; ind ica supressão de
o que nos interessa - livre, descontrolado na manc:ita de ·'c, pois, a tradução e a significação em nosso tdioma: ro;pa.
agir, valente: um depu1ado rarnpanu. do; é: si nal ortográfico que se vê, com idêntica funcão, em
Rampeiro - 1ambém aqu i deixando de lado outros sem idos hôpitaJ (ho·s-pi ta.ll, Ult (te-~· t:ll. pâ.l! (pa-s-ta) e. além de ou-
- indica o qu~ (o grosseiro, ordinário, mal ftíro: aplica· $C a tros, em p4té, que devuíamos pronunciar, uma Vf'l indispen-
coisas e principalmente a sapato; figur.tdameme a pessoa, no sável o vocltulo ao no"'o idioma, pati (emp.l· S· tado). <Om
"<'ntido de apoucado em modo,, d ..slrixado, rude. Também r final abct tO.
em rampâro se pode ver o mesmo é1imo de ramponu, poh o Rapé e~lá consagrado no léxico porruguc>, conquanto
sapato rampeiro f originariamente o dotado de cravos qu<' o esqu<'cido dos apreciador!'\ do tabaco.
fiuem aganar ao solo. :Rapo~a · Vot: regougar, roncar.
Rancho . Um dia "army" por armada, outro "navy" por navto, :Rapsódia Tem o 1 dess."l palavra som lorte, alfabético. corres-
agora vemos "••lll<h'' por rancho. Ao lado da desvergonha ponckntc ao d;~ pala~T3 •oi: igual é o som do J dos cogoatos:
manifestada em tu'W•. shopprng, cmlrr. prns, vemos, mais do rapwd11. rapwdi>úl ...
~ue de ignorância, prova de falta de S<"n-.o em notiçiar que Raque, Raqueano . Do grego rlldúrll, a forma portuguesa é
'a rainha da Inglaterra dormiu no r~ncho do presidente dos raq~ (c não raqun, cópia da palavra frances.1l, porque é do
Estado; Unido~". gênio da língua mudar pa•ata desinencia grega is; o adjeti-
É descorowadora ta l insensatez, revigorada pl>lo c1ue ve- vo é raqutnno, c não raquidiono , uma vez que o gtnitivo grego
mos denu·o do próprio vernáculo, onde confundiu um es- é ro.t e nito ido$.
rritor aicatiia, coletivo de animai~ fcroz<·s, de malfl:ilOre;, Raqueta (ê). l.ta e ilt é qui' \ào os sufixos diminutivm no~sos,
com atalaia, prontidão: "os soldado\ ficaram de alcatCia" - e não ita, iu: rlllxtla, carrtta, naveto, i>anqurla, lanata. -lingr:Uta,
rolice que andou anos em colunas de jornal e chegou a pe· !ÍMia, vakta, caderneta . hiltorirttl, baiutt, torfwlt, fiiRu. jra!Últ,
net.rar em diáonânos. Q..ue proveito terá o idioma com ser- )Ogutlt, malhLtt, wrbeu. cavaktr, sabtmelt.
ensinado a c>seS (c, iar:os que alcatéia provém do árabe, ond~ Bicidtta, motocidrla. 11umone1t, chamtt são fo1 mas espuria-
significa "o rrbanho'' > Q..uc utilidadt• haverá em cmular- mente introduzidas no vern:iculo. Talvez r€1qutla (ê) e cami -
lht·s que o inglês rt;nfh é em ponuguê\fazmda, e randrtr fa- nhorwla (c) ainda possam vingar. dado o seu uso mais limita·
Jt>ndeiro , criador de gado? Se realmente çonheçe inglt's e do. roa~ que dizer de bicicléla. rnotociclita? Não dói isto nos
ddc gosra, veja o recbtor num bom didonârio a deflnidio de ou,idos nossos? E nos dos garotos?
ranch : arcas u~>d for· fanning or for ~anle - ou: an estal>li- Não nos esqueçamos porém de qur: é r:ufõmco aquilo a
~hmmt, with its est,ue. for lhe gr.uing and rearing of hot-ses, que nO\\OS ouvidos e,tão aco•1umados; tanto é eufõnico o
caule, or shecp. hto em ingles e. ainda assim, na parte oest(' a cerro quanro o erro; o hábito é que determina a eufonia.
do, Estado, Un idos e do Canadá. Enrrc morar numafaunda Ratil, Cob:úo ·É perfeitamente acciráwl <JUto' sc· <.liga: •·o úrero
do Arizon:. e esconder-se da justi~a num rancho de Mato de rala.! imaturas ap• csrnta -se di ferente do de adultas cas-
Grosso, há muita diferença trada>. Muratis mutandb , c()/Jaio seria a forwa masculjna de
Uma armada ,, atravessar o~ Alpes, um morumhor como le cob(lla, c dicionários já não fa ltam que a tragam.
gado ponrificio. uma rainha a donnir no rancho de um p• csi- Ratice • V "goffr".
dcnte: despropósitos vocabularcs que somados a fra~lógi­ Raticida - V. mtlrihcid<J..
co' (OffiQ t•a C0(t'SH Cffi yez dt.> nCtl\ cores", colorido~'. obri-
H
Raro - Voz: chiar, chichiar. gumclulr.
g-,nn -nos a pc:rgun.ar: Onde: estamo>? Q..ue língua falamos? Raz.ão - Coletivo: carrada.
O dicionário c a gramátil'a não podem impedir-no< que Rc ... - Prefixo indicativo de: reprtição: reler, rcfa1.cr, reformar;
<cja mos grotescos? retrogradaçtio, ruiprocidade: repelir, reagir, reverter. refluxo, té·
Rane · Feminino: rani. V . rajá. plica; riforço: rebramar, recolher, rebuscar, re luzir, rebri lhar.
"Ranger"- Q_ue toma embelecados certos redatores diante de Real . Q.uando designativo de moeda do antigo sis1cma mone-
palavras estrangeira.? Fascínio da língua? Vontade de em- tário português e do imtigo brasileiro tem por plural réu.
bair os leuorc:s com novidades? Desconhcámcmo de tradu- Q..uando 3djecivo, o plural é rtois.
('ão da palavra c apassivamento à preguiça ou a prem~nlia Rea•·er. É regra geral: Os wrbos compostos conjugam-se df·
de tempo para con;ultar um dicionário? Q..ue é "ranger" acordo com o' -verbos ~irnples. Se reter é composto de lf!,
;enão guarda, vigia, quando se trata do encarregado da pre· como <'SIC deverá ser ele conjugado: re·lmlw, Tl' ·téns, rr-lém ...
,t·rvaçào de animais num parqu(' <', S<' sdvagcns, da n~ul1'ali- re-tive. re-tiveste. re-teve, re-tivemM, rt· tivtslts, re-tiveram etc.
7.açào de sua periculosidade diame de visitantes ou de quem Seguindo tal norma, o verbo reavtr deveria Ocxionar-se em
no parque trabalha ? Se outros sentido' 1em ainda a pala,-ra, rr-hn. rt-hás, re-há etc., mas UII não se dá; pode ~er conjuga ·
romo mete-la de permeio às nossas romo se urna úmca fosse do apenas nas fonna$ em que o primitivo havn tem v :
sua significação ? Se "leasing'', ''marl:.eting" têm sentidos
diversos na língua a que pertencem, como pretender ltxá -l.ts rrovtr
''>puriamemc em nossa língua paoa desi!(nar um único obje· hei
10?. Traduzam - na~.
h~s
Rapat . (Substan tivo) Aumentativo: rapagão. Coletivo: rapauo. há
rapatiada . {Adjetivo) O mesmo que rapau; superlativo: rapa - haVemos reaVemcs
cis,mo. haVeis reaVeis
Rapazio ·V. "látUo. hão
Rapé · Dos muitos vocábulos que provieram de nome próprio,
nicoti11a constitui exemplo. Jean Ni~ot chamava-se um ("ffi· Não há, consegt•imemcme, as formas do subjuntivo pre-
h~ixador de Franc;a em Ponugal. onde conheceu o tahaco, sente nem. as do imperativo singular; conjuga-se em todos os
que levou à terra nlltal. Do sobrenome desse diplomata pro· demai> tempos, pois ncl..-s sempre exrste v: rtavia, reavt'rtl.
veio a desig:nac-.io do alcalóide existen te no fumo. rtaVtria, rtouut~ rtouwra. rtouvtJSt, rtouvrr
Porndor e criador de termos científicos, o idioma trance$ Reoaudlutagem . forma já u\Mia para aponugue>ar a franu:-
k-gou-nos rambém palavras designati,-as de vicios, dentre as sa.
Recear Recife 263
Recear - Assim como não se deve confundir o infinitivo dos outras aúvidades que possam recuar, encolher-se, diminuir,
\•erbos terminados em ear com o dos ter minados em iar, pois esse é em la rim e em inglês seu sentido geraL
assim rambém certas normas gráficas se impõem no decurso Rechear, Rechiar - V. smtenciar.
da cor.jugal;ào de tais ver·bo> para· q u..- seja fielmeme repre- Recibado - Par-.t evitar que lêssemos "contratar contratados"
semada a exata pronúncia das dc:sinênci" dessas dua' da•ses é que passaram a di~er "contratar recihadn.1" (Diário de No.
d<' verbos. tícias, 31- l -1923). É reci/Jado anrônim o de coruunado (habili-
Vejamos os terminados em eor. Quem lê o tírulo desra tado por concurso, por provas públicas): " O s min istérios
q uestão pronuncia mu ito natu ralmente r(-Ct-dr. Se o tí tulo estão dispensando recibados para co ntratar concurJ<:~dos".
fosse representado não pelo infinitivo mas pela primeira Recife - Nomes de cidades são em português femininos e,
pessoa do indi<;ativo presente - reteio - o leitor pro•)uncia- guando desacompanhados de adjunto adnominal, empre-
r ia, também oawralm~nre, rt cê-i-•>yamais recf-ol, acrcscen- gam -se s<:m artigo: estive em Londres: Londres é lranqüila ;
rando um i epemético. l'or quê? Porque o acento tônico do v[m de Par is ; Paris é silenciosa; cheguei a Pono A legre; Porro
verbo recaiu sobre "- vogal temática e. No infinitivo não se Alegre é dindrnica ; São Paulo é barulhmta.
acrescema o i porque o acenro tõn ico cai na vogal da desi - São exêeções Ca>ro, Porto, Rio de Janeiro, nome> este> mas-
nençia a: re-ce-ár. culinos qur sempre se acompanham do artigo: estive rw
Não confundamos porém causa com ocasião. A eufonia, Cairo; vinho do Porto; o Rio é maravilhoso. Cairo sempre se
ou melhor , a eustomia, o u seja, a facilidade na pro núncia é usou t'tn árabe com o a rtigo·; Rio e Porto, a princípio simples
que consti tui verdadeiramente a causa desse fenômeno; por rio, simples porra, construíram casas a beira do rio , ao lado
isso é que ao i cpentérico do casos<· dá o nome de i ewtqmico, 1lo pono sc;m destruir o artigo.
ou i eujónico; de aparece no prc><.:nt<é elo in dicativo c elo sub· Já com R<cife, a princípio o recifl, deu-se o mesmo que com
juntivo (com exceção da I~ c da 2~ pessoa do plural), c na 2• a~ minas gerais, com o mato grosso, com a~ alagoas, que
pessoa singular do imperativo presente: rece -i-o, rece-i-as. hoje se denominam Mmas Gerai!. ,\-falo Gross:>, Alagoas, sem
rece-i-a (receamos, r.;çeais), roce-i-am; rtee-i-e. rece-i-es. •·ece-i-e artigo. Mais ainda : se a cidade de Peman>buco nasceu num
(receeJnosl receeis}, rett-i-emJ· rece-i-a au. recife, o recife é pr ecisamente <:;ssa pane inicial, c Rerift é o
Não é demai~ repetir ser grande a con fu s~o <"Jl\re O$ ver- nome desse bairro de Recife, conforme se vê em planta da
uos terminado$ em e(lr tos terrn inados en• iar ; se passear se cidade. Não esu-ruohe o leitor que em Recife- digamos no
conjuga passeio, incendiar deve conj ugar·-se inundio. Os verbos horel São Dom ingos - alguém lhe diga: "Predso ir ao Re-
em iar não sofrem componamemo inver so; se os em ear $(' cife paga:r uma conta". Está ele a referir-se à parti" antiga da
acrescem ele um i quando o acenlo tônico é no e, os enl iar cidade, ao bairro do Recife, ond<.· sé <'ncontrarn as docas,
não devem acrescer-se de e quando o acemo tõ nico ('no i. imponames repartições de serviços púb licos e grandes escri-
A falta de atenção é que tr<)uxe a confusão, que em a lguns tór ios. Ainda mais: Quando em Recife diz alguém "dentro
verhos será de dificil elim ina cão: ansio, medio, premio. Corrigi - do Recife" ek está ~ espedficar mais pon ncnorizadameme
das já st> ouvem as lol'mas obsequio, odio, ((nnerâo, ínundio ainda o Recife. pois com essa expressão ele passa a referir-se
mas. . a falta de escolas e prindpdlmeme a de professores à zona do meretrício do Recife.
dispostos a ensina r gramüica é muito grande. Isso lá em Recife, onde a distin(jo o u disriru:;&;s têm sig-
Não deve causar- nos surpresa serem 90 por çemo de pro- niíic.tdo. Não sendo esS<" o caso, ~ yuerer fazer voltar o tem-
fessores de portugui's reprovados em prova de gramática e po atrás, é proceder como os baianos da Ortografia que
<.k redação em concc~rso de ingresso no magistér io oficial. repudiaram o h de Chruto e fizeram ressuscitar o h de Baía por
Por nós previsto em entrevista dada <.'10 novembro de 1952, amor à ... tradição; f. agir como os mineiros d<' Campanha.
isso é o resultado do sisrcma escolar oficial, que chegou nes- q ue dizem : "Esrive na Campanha" - mas, esquecendo-sr
sa época a substi tuir aulas de gramática por aulas dt· dese- do artigo. constroem: "Pre<:lso voltar logo para Campa-
nho, clt>splaure que ainda hoje nos abonece quando ouvi- nha,.
mos falar ern introdução de aulas de rur:ismo, de xadrez, dç Parecemos em São Pau lo mat> modestos: Campo> do Jo•·-
tràrrsito, de leiti<;ada d<.' terreiro. É injusta a reprovação dào há mu tw deixou de ser "os campo> do Jordão". Camf•o.,
desses pobres prolessores, netos d~ ge• adio ap•·ovada por do jordiia, Co:mpmas. 11ibciràv Preto e outros nomes de cidades
decreto; o justo é tirn de v.ez do currícctlo o t'nsino da des- nossas p<'rderarn gênero e número próprios: são iemininos c
prezada gramática portuguesa. Em terra que repudia o idio- <TC>pr<:gam-st 'em artigo.
ma no currículo funda.rnemal não há falar 1:m sele<:ão e Em chamar hoje Recife "o Recife" não hã 1radicio; a lra-
;•pr imoramento de clocencia. dicão é a por nós testemunhada quando pela primeira vez -aí
Re<êm ... . Prefixo q ue exige hífen antes de qualquer leu-a: estivemos em 1945, mal terminada a segunda guerra mun-
recém .. aJJi.,wdo, rednt... ca.~adll. recbn.. emtJnciptJdó, recém.~ morto. diaL Veja-se, para conlinnaç.io, a fotografia que se encontra
recim-vindo. na página 5 1 do "Guia prático, histórico e sr:n.tinwnral" de
É de pasmar ('ncomrar quem pronu ncie rictm em vez de Reçife de Gilbcno Freire, em baixo •ta qual c:srá escrito:
recém. '' .•.ao pé de uma ponte que liga o bairro ele Santo Antônio
Re<.-epcionista • Por influência do inglês c justificável à luz do ao do Recife" . Ai está : o Recife é bairro de Recife.
pr óprio por(uguês, já não se confunde çom pt>Titi>o; se e.ste
rt"Cebe alguém à pona, c à st~a bagagem dá assistência ou É de adm irar, pois, que esse mesmo .<Utor em outro livro
destino, o rt·cepcionista é algo mais do quf' isso, pois ele - declare: "Todo o bom redfense diz o RecifP. e não Recife" .
ou ela - anota ou esclarece o q ue •v·cessário for de um hós- Outro au tor que se arr-. tpalha cou1 o gênero da paJa ,,·a é
pede, de um diemc, de um freguês, de um visita nte. RtGtpção Jowé de Castro qua,-,do em " Ensaios de Geografia Huma -
passa dc~sa fonn a a indicar também o lugar de trabalho do na" díz : " ...de baía enrulhada do Recife", com arrigo, ao
recepcionista. lado de " Recife, nos primeiros anos da ocupação ho lande-
Pàrece -nos qu~ São Pedro conrinua sendo porteiro - e sa ...", setn artigo.
re$peitado- com autonom ia de decisão mas sempre a por- A verdade transparccc clara: o Recife comi nua sendo o
tar um canhcnho. Recite. nào porém a cidade. Por "o Recife" emende-se um
Recessão - É palavra oão constante em nossos dicionários, mas úüico sírio se considerado nos primeiros anos de $ua vida .
- dado seu já lar go uso, influenciado p ela forma inglesa de ~ua formação mental. de suas primeiras exper iências lite-
" recessio n" - devemos aceitá -la, mormente quando dela rárias. Outro é o tempo em que vive-mos, q ue uã:o aceita co-
vemos apoio no latim ruessio, anis, do verbo recedo. O que é mo prova de patriotismo um h dentro de n.ome de um estado
condenável é imponar pa lavras de sentido geral para fi:>tá- ou como pro\'a de virilidade a vo.l ta ao género masculino de
las no vernáculo com semido especial; reu SJào presta-se não ncme de uma cidade. Não há nesse proceder neru casticismo
só para ind ie<tr "queda nas atividades econôm icas" mas em lingüístico nem patriotismo brasílico, nem prova de mas-
264 ..Reci1ar'' Redação
cuünidad<', St'nâo nw•o capnd10 awb.-nado por dialética haja caído no rio, recupera -se um avião acid<·mado, um car-
:.cadt'mita. ro qu~brado. Animal morto ou coisa d<' rodo imprl"\távf'l
Nada perde ela , R~ci fe, de cultura, d e vigor literário, nem é q ue não se r<'çupcra nem >~ t'esgata: o v<•rbo . conforme o
de ternura, de fa,c:ínio, de ap•e~o. de romami;mo. nem d<· caso, s.·rá um, ou s•nõnitno, dos retrocitadn\.
rradi do com ser ch.muda, na 'ua rotalidacl<> .<colhedora. Redação -(Teatro José de Alencar - Forral<'7.1, CE- 21 5-
simpl('smcnre Rmjt Recife e a cidade: o Rerife e o bairro. 1978) - Convirlado para uma palestra w b• e REDAÇÃO
Quando .-m Rt'Ctf<·. não deixe- o lcitot dl' •r ao Mu~<"u do a t rt'·~ mil e cem qu ilõrnctros de nossa tl'nrla de tr..thalhn.
E~tado rte Pernarnuuco, para w r ai urna gravura q ue moMra tran<formamo· nlh no marciano q ue d l\'folado à Terra ~aiu
quanw R<"<·i fc.• ddxou de ser o "T R"cif de P(.'t nambuço". do ocu d isço voador c pcr gtmtou a um guarda onde pod•a
"Recilar" V. rnrrla. con~·guir um carro com chofer que conhue<sl' ocm o lugar
Reclame • Po r mai< qut· dicionáltO> c mo nografia< tragam a Mãos amiga) ajudaram-nos a aqui c!Jcg-dr, mas andar nc~­
fonna rtc/amo. jamai~ a OU\Ímo< p.lr.l sub5titull a de influ<'n· ta> paragen; por mais d e umn hora e Ct'l rarlo d!' gigantl'!> é
cia franre ..., reclame. N<t linguagt•m fàla.da c na esc•·ita reçi<J""' paro :uemori1:ar.
é C]U<' viv<' ao lado de mHíncio. · É para nós dcv('ras emoci on.trlll' enconlrarmo-no> jumo a
PaffC('·nos que o amipático contro/, vai ~guir o IHt')niO fX"'»>as tão gradas, t'l1l amb1ente de tanm im ponen<ia <:
.-ammho; a pern'r'itO de forma podná tr ameia mai> longe, s•gnilicado, na te• ra do autor dl' FAT OS DA LINGUAGEM ,
pois Já )(.' vêtm em nos<as rua> c,,;,.., de trammi>:.à.O dt· <'O· HERÁCLlTO GRAÇA ; na ttrra do autor dt' MORFOLO·
mando de trãnsiro, fab ricada s na Argentina, cnm a denolll i· GIA E SINT AXE DO SUBSTANTIVO, CLÓV IS MONTEI ·
na~'ào "Control dt' Tráfego"; ''comrol'' podt•rá amanhã RO ; do inconfundi•el autor ci'O EXAME DE PO RTUGUf.S.
por 'u" \ C"Z comp<'llr com a forma anglo-f'r,m~e,a "comro· JULIO NOGL'EIRA : de um JOSÉ ARRAIS Df: ALENCAR.
]('"e com a l<'gitima po nugue.a mnlrolo (õ l. aut<H do VO CAB\.,LÁRIO LATINO POR FAMIL IAS E.Tl ·
Recobrir. V. IOJJÍr. MOL ÓG ICAS ; du arguw hiscor·iador c lingüista CAPJS.
Recordar, recordac· se. V. esquter.r .<f; V .lembrar· ll' TRANO DE ABREU; do a utor de LUZIA · H OM EM , DO ·
Recorde, Placar • O aportuguesam<'rHO do inglês "recorct" MINGOS O Lf MPIO CAVALCANTI ; do poeta e rom;u KÍ\Ia
deve obed ecer já à própria índole do no>so idtoma, já à tc·n- ANTONJO SALES. o MOACIR JUREMA de vári,, obras
dência pro-õrlic-d que 'i<' "crifoca ''o uso populdr. Ricor não poêticas <' dram.ilicas; do contilta (' po~:ta po pular J UVE-
sC"ria acOthelhá,·d pu r nenhum dt'l'i<'~ doi' mnt i"os : não te· NAL CALEKO ; do ronmncbta d'A NORMAI.ISTA,
mos pah.wra~ t•n• or á tono(' nãn i>,, prontÍntia j(l'nentli7ada. ADO LFO CAMIN HA ; do h i-roriad or e geógra fo :) q u"m
Récordt, proparoxitono. ser ia quase tão violl'nto quanto ex i · m uito deve o Ceará e o Bra si l, GUILHERME STUOART:
gir qut )<' pronuncia 1st- virrnulr Ru6rdr. paroxítono. parc'C<' do defensor do primado do c-\pirito. p•o feswr de d1reuo.
a lorrna apropriada : (()rre~pondl', aqui no wl, à pronún · poeta,. folósofo FARIAS BRITO; do grand<' mestre. <empre
cia m"i' OU\ ida e t·utomra apo•o <'m aportuguesamentos cu lrttado e estudado por todos os jurista>, homem ;,,k glo-
si milart·s. riosa pcrsonal ida<.k , CLÓ VIS BEVILÁ,Q.UA : do in<'onlu n-
A tr.111sl it eraâo d~Stl' c.· <.lo substantivo pltul!r (oxítnno : divd sonettsta , Pe. ANTÓNIO TOMAS DE SALES. mm
pla,ár), <'mbora não e-.eja st:ndo !Cita de mant'Íra coer<'ntl'. qurrn aprendemos que
é, \'erillwdo seu uso gl'ncralizarlo, uma n,.n·"idade : placar ... nós enxergamo~ claramente
perdeu o d final e rtrordt o con~n·ou. segUidO do necessárin Como a rxis1ênci;~ é ' ápida e fal;u
r. De 01igern francesa, tx.isu:m c•• rn hém no iujl,lcs: a dift•rt•n· E vemos q ue sucnk t'J<a tarnente
•·a de prontÍncia enut' esses idio mas e, tom rt'lalào a record. O contr<írio dos tempos de rapa~:
dentro do próp< io inglcs (ond~ o >Ub)tanrivo t~m um act·nto Os rlesenganos vão couosco à frcnt('
<'o \'Crho ourro) d~~ ter influicJo na divenidade dt· compor· E as t)perançaS\'àO ficando atr;ü:
lamento nosso. do conrista e poeta ANTONIO FURTADO: do historiador c
Aceito o ;ingul;;n placar, o plural é plilcorn novdi sta de fôlego, auto•· de TERRA DO SO L, G USTAVO
Recrear , r«riar . O primeit'O vtrho tem relJ<ào com recreio . BAR ROSO; do ensaísta, profcssor de direito e autor. <'lltn•
o ~egundo com criactio. ldemira r a distincão rmre rrcr~adio muuas obras, do DICIONÁRIO PSICO - PEDAGÓ C ICO.
ertmacdo. DJACIR MENEZES ; do romancista e a ulll 1cmpo criu~o li ·
Recruta ColetiYo: l.t,a. TTUJ.golt. ter~irio, observador' dos CO>tumcs nortistas, iniciador e idrn·
Recuperar, resgatàr · " O s náufra)\0> foram rtsp,ntado>''. Nã(): ti fica dor da li tl'rt•i ura do norte, FRANKLIN TÁVO RA ; do
não ho uve pagaml'ntO nenhum ; o que houvl' Ioi salvamento, comista. romanci~ta e critico litt>tário, que tanto se impõt•
so<:orro· Os náufragos foram :.alvos, foram socorridos. pela pureza e ekgãncia de redacào, ARARI PEJÚNIOR ; do
Trata· >C de anglicismo, o u melhor. d(' ma rra'ducão tio autor de REPASSE DA. GRAMÁTICA PORTUGUESA,
inglês " • C>l'uc". Do amigo lranc~s ttlCOu11e. hoje recourrt , MART!NZ DE AGUIAR: dl' um J OAQ.U IM J ORGE DE
"rescul'" ~ ' 'to lnx· from an v COI11i nement, vioknet·, danger, SOU.I:A F'!LH O que, co mo outros jurisconsultos que o pn;-
or <:>vil; to liberat<' from anual rcstraim; to ~ave: tlelivrr ; <1\, cedrram, soube ali;• r ao d irrito as !erra>; oxalá muitos bra-
to rt:.cu• a prisoncr of war; 10 rt Jcue c:he crue of a sinling si leir os lhe sigam a crilha, chl'la de ff- desde os primeiros
ship". :-la rraducio, estes podem ser os nosso~ vcrbos: os passos. e tenhdm ao vernáculo o m~mo respeito I' culto
pris io neiros for...m lrbtrlados; a tripulat·ào foi >alva; os mortos demonstrado em todas as linhas dos seu' trabalhos; de Lau-
no acidente fo ra m •oltoJ da; J(·r-ragens do cam inhi'to por tos ou tros expoen tes de no)><IS lcn·as, corno LEÃO DEVAS ·
bomb<'ito> ; as pa rtes do corpo foram drsprmdida. dos dt'\ · CONCELOS, JOÃO CAPISTRA~O BANDEI RA D.E ME·
trocos do tanque: tonseguiram dt<mlbl'a71har do mwio afun· LO, LE ONARDO MOT A, TOMAS LOPES, CARLOS DE
dado a caixa procurada : todo) o ; corpos foram retirado• <' VASCONCELOS; terra do professor de dtrcito que, sohre
icJt·mifiudos; os balões foram ruapturado;. junS<·onsulw. jornalista , orado• e parlamentar, consagrou ·
Conto• me o caso, o uo·os verbo~ há : colher, recolher, reconqui.l· se o aristoo ·a rà de nossas letra~, o inconfu ndível estilb ta dos
lar, retomllr, reavtr. rrra/rrar, uaprovtilar, de•en/a(/l1, dtJiigar. mais afamados <omances brasileiros, JOSt MARTI NIANO
d~svmcilhllT... o fato r que se o tradutor não l('ll\ ao alcancl' DE ALENCAR.
um dinonário da lin~a original. faca-se cercar de um bom I. Em ambirnu· de pas~ado rão imponente, dt> preserltl' tão
da sua onde verá o que realmenw significa o q ue ele pema ilusrre. fáci l (: conclu ir q ue desta juventude que aqui nos crr·
poder empurrar aos frcgut·scs co mo artigo legitimo. Rf.l· ca estT('Ias de pri meira gr:111d1'J.a ire-mos t.'l11 próximos anos
gorar r. mcrliante pagarnenlO ou troca ou \ubstiwi~-ão . rca· ter dd cultura e das ll"n-as brasi leiras.
ver. rt>cchcr, wmar: resgata-><? cheque, letra de câmbio, <:oi~ Senhoras e Senhores, vamo> tcnrar, com ''ossa assi~ren<ia
penhorada, pes~a seqüestrada. Coisas perdidas ou extra\1a- <'beneplácito, an-avessar este sí tio em que: nos rocontr.unos:
das ou danificadas recuperdm·sc: recupera -se uma bola que espetamos não desapo nta r-vos.
Redação Redação 265
2. E freqüenw vir a nossa procur:• q uem logo a pôs ligeiro nat;ào de promoçôes culturn i< mancido pdo lmciruw Lu-
cumprimento diz: Prolessor. quero <~prender a redigrr. síadas dt' Fortaleza cum a Sr('Tcraría de Cultura do Estado do
A um médico, a que se apr<-s<-nte um fOn•uknte que diga: Ce-o1rá ntabclecido, amei de qualquer ouLrJ. anvidade, o
"Doutor. c:stou sentindo dor aqm no lado direito'' ~ fácil "Ano da RedaGio".
pron·der a um examr; faz-lhe perl(unta>. apalpa-lhr part<'~ Não c>ra. há dois decc'nio~. em faruldadc: de di•eito nem
diversas do corpo. nra-lhe a prt>«ão '" teria! e diz-lhe apth de engcnhana nem de medodna que se ensmava o academico
uns vinte- minuto~ o dr q ue· n<:(f'nh• para 5(' ver livre de ~ua a r~digir. mas a verdade é' qvc o Mobral , seguido do Suple-
<lc·ficieucia orgàmca. tivo, inundou as faculdad<!s de scmi-anal fab~r os. A prova
O professor de portugucs, que indagações, que (')(ame~ là - de: reda~ão >ckcionava inu:lig.:-ncias para as faculdad<'s.
Lt'r para descobrir a deficiência. a impo>>ibilidade de redigir A prevalecer o império ela~ cruzinhas e dos computadores
de que1n o protUia ~ d('vemos abandonar o &lo: dl\tcs de ser objeto de aprecia-
- Moco - i: • pt·rguma que ><·urpn· fazemo~ - poderá cão, o Belo é sentido p<"IO esrritor, c a máqutnd dcrrõnica
dizt:r-me o qut> fntrnde por reda<ào? não onetk· o sen(imenro; t•la não t educada n~m programada
- Redacão é... é... /: rsrrcvcr. para vr·rifi.-u a t:apacidadc de um amor de cxtnMr o pensa-
- Mu ito ben•; o >Cnhor q ut-r apr<'nckr a tscrt'ver: e•- m<O'IIIo.
crcver o que ? A prova de red ação é impt'rativo de demon>rrao,ào de CO·
- Bom; o qu(• digo é que não ser t'<t"r't·vt>t', tenho medo de rt.hecimC'IliO dr um idioma, t: C»a demonsu·adO dl'vt' St>r f.-j.
escrever até uma (';I na. ca com toda " naturalidade. :;c.-m provoca tão dt: palpi!f'> lot~­
- Ceno; e objeto dirt>tO, o senhor ..ah.- o que ê~ ricos. Dê- !>C" tempo e remuueraçio ao proles.<or para corrigi-
- Por fa,or, professor. não me fa\3 perguntas da gramá- la: fatores mawriais não pod<m prejudicar a formaçio de-
nca; meu profe<<;or de ponugu~ sempre dit qu<" gramácica um povo.
i- coisa do passado,(' estudo superado. in,tdmissível na ~poca Univer~idadc não é rdúgio de desocup<tdo~. Cruzin h~ e
aw al de inven~Ôt'\ iuacreditáveis, d(• conhecimentos mar·avi- alternari v:.~ não ensinam nem comprovam r ed!luio. Jamais
lhosos, de progr<u nas ion po nem<:s de wlcvisã o como Chacri- estranhamo' que nos exames de inglt's da Columbía Uni-
nha, Trapalhõfs: di1 dt> que só rnrnc•·' fossi lizadas apóiam versity p<>dís<em redaçio c fi1cuem ditado no~ exames, co-
rngleses, frant e>n, ualianos, <'U;SO) t• o urros q ue exigem mo jamais csrra nharrros que no>so professor de Dirf'ito Co-
cnsmo de gramã 11~ nas escohc.. rneraal. da Faculdade de Direito da Uni,c:rsodadt> de São
- Está bem. rapaz, deixemos de ladn a gramática. Diga· Paulo, Wald<"mar Ferreira, lcvaSS(' em l:Tande considera<;ão,
mt: como dev(' um .oluno declarar ao ><'U proft•ssor: ''Pro- tanto >oh o a'p<:cto ortográfico quamo sou o gramatical, a
r,·ssor, tu lhe vi ontem no cint>tna" O ll ''Proles\or, CU O vi rt'dacào ri~ nossas prova s. Não é pa ra ~er vendeiro que se
Ol ll('fll no tinen1(t~'? aprende Dir<'itt. Comt>rcial. como não i:: para <tt• m~rinheiro
- Eu digo" Eu lhe vi". que se: ap tcndc a língua portuguesa. A pre>ervaç;iu do patri-
Por quê? mônio cultural de um povo exige respeito ao emprego e
- Porque lhe rndir.a respeito ... concatrnacão sintâtica de ~ua; palavras. Cacogralias c sole·
S. De-se a defmicão que se queira de- redacào. r<'pugna - cismos dc\'tm ser levados em conta por prof<•;sor dC' toda c
no' a afirmativa , fdtd por· um ex-mini,tro de educa~<io: q ualquer disciplina, e alunos drvcm exigir que professor de
"Sou com:r.irio .i rcda<;ào nos vesribula rc>s". roda<: qualquC'r disciplina ' t>spc·itc o seu idioma.
Uma pc;rgun t<l de promo no> ocotTc: Que imponància 4. É pngunL'l que scmpr"' ocorre a q ualquer pai : Como
va i o al uno e o próprio professor dar a dis.-ipl inas, a partit"u· evitar meu filho erros de rcdacão, como evitar o palavrório
laridades não <.omcanws de vestibulares ? e-mpolado c confuso, como corrigir o tngrimanco '" não
Nos últimos vestil.>ular«'s- agora com outro ministro de faz na eseola cxcróc:ios?
cducacào - n11idamt·me se J><'rcebta. o descalabro da d~fi­ Ma> que proveico rrazem C'XC'rricios de r<>dac.io - pergun-
' if-ncia de t-edacão Um fisc:al de uma das salas noco u que: tamos - se o professor o; não corrige, e qu<' e~timulo tem
quase vinte por ccnro dos t'X.aminando~ começ.a\'ilrn a prova o prof~>sor para passá-los e wrrígi-los se a redação foi pms·
cujo tema era "Nt•nhum homem (· uma llha" - com a'
crita do currlrulo escolar?
me;mas palávras : " Ilha é um pedaço de terra cco'cado de
água por todo• os lados". Por que essa coi ncidênóa ? Por- Tudo s<' aprova. e o on('>n•o anallàbetismo. Ê a conclusão
que vinoe por cento dos examinando> vinham dt> um cur~i­ a que chegamos quando t('stC apart>ce por processo de exa.
nho que, vendo-se prejudicado pela exigência de reruo(.io no minar aluno por escrito, consistemc em OQng:i- lo a assina·
\C$tibular. ensinara- e istO está numa das célebres postilas lar, geralmente por cruz. a re~-posta certa de uma pergunta,
que se vendem a .1lunos de cursinhos - "Ao estruturar a colocad• <"ntr<' outras erraclas. Ames da degr.ulacão do ensi·
, <'da~ào, com<"ct por definir os termo' aos quai~ se oelt•rt·". no, iniciada em 193 I com " indiS<:riminada 1· permanente
"Sou concr.irio à redação no> v<'>Ubularc:s" - continuava oficiali~açào de todos os co lfgios particulart·s, tCSC!J' signi-
o <'X -ministro - "dnda a difiru ldMI<· de corrigir provas. ti cava provar, examinar, ou melhor, expenmcntar, verificar
Para igualdade de pro.-ed imemo, de jus rica na correção seria o funcionamento ou efeito; tes~ava-se um motor, submetia-
necessár io que o n1esmo examinador ou grupo de examina- se a 1e~ce um aparelho, um engenho. um remfdio. "Tcst"
dores verilicasSt' a~ provas das dezena' d.. m ilhare\ ou das importou· '!<.' depois para indtear em nosso sim~ma educacio-
cencena$ de milhar<:> de trabalhos ap1 c<t•ntados··. nal o q ue todos sabemos.
A valer o argumcnco do ex-mini~tro. a simples promotào Bem fdtos, c com cena finalidade, os t<:"slc~ não podem ser
dt ano para ano, de grau para gratJ não seria possível con· desprezados; criticável, ;ofrivcl ç vergonhoso i: dar-lhes ex-
tinuao a ser feita pelos dilercmcs professores das dilerrntrs clusividade: crn exames de Cl:'rtas disciplinas, principa lmente
classes de um ml'smo esc.1belecirn en to de ensino. do vernâçulo. O conhecimento de um idioma nào se prova
Ademais, quem corrige redacào não persegue eno> ~ou ­ nem por cruzes nem por lw.e<; nem por sons, stnào pda re-
truvenidos. O que w lidameme podemos todos O> prok'>'><>· dação. O aluno deve mostrar erros sem saber que os ntá
res afirmar é que são drrnasiadamente gra,•es os rrro> cl<· cometendo, e não alertado por ínsinuacões. Cacografias,
redacào de grande pane dos que entram em faculdades. erros de tl~clo, comportatnenros léxicos podem ser aponta-
Esignificativo o t"Xemplo da Universidade Federal de MÍ· dos po r o uzes ou por flechas ou por grifos, não porém a
nas Gerais de criar no primeiro ciclo de ciências sodai> um riquet.a de vocabulário, a capacidade de cxpress.:\n, o ajuiza-
curso dt redacão, ministrado pela Fatuidade de Lecras, com mento, a roncatcnação de palavras, a subordinação das ora-
o objetivo de dar ao universitário. por meio de insu u~(X's e ções, a pomu ação, os procrssos sin táticos. Como comprovar
exercícios. condtç~s d(' elaborar textos de maneira adequa· por teste< o d ..sconhecimento Jo idioma de um examinando
da . Não menos significativo é ter o convênio para coordc· que num período de catOr<e palavras comete seis erros? -
266 Redação Redação
("Agrad<.>ço-o muito, pelo• votos de Boas Festas e retribu() volvímento da reda~.ào, que o es~udanie se assenhoreia dos
os mesmos, da aluna, F. F." .) s<:gredos de um idi.o ma.
AG !'ever a primeira prova da composição ripográfica da A aluno de curso secundário petoguntamos : "Que está
vigésima edição de nossa Gramática Metódica da Língua ensinando seu professor de português?"
Portuguesa demos, no falar em "rege acusativo", "rege da- - "Está ~nsinando castro Alves".
tivo" , com esta apreciação do revisor, (eita a lápis no capitu- - "Antes disso que en~!nou ?"
lo L[V: " O entendimento dr,tt· capitulo .-xige um conheci- - " Ensinou José de Alencar".
memo mínimo de latim por pattc:- do aluno. Na atual estru- Ensinar liter-;.tul'<t nunfa foi ensinar id ioma. Pode esse
tura de ensino do I~ c: do 2'1 grau est<t disciplina não existe". mesmo aluno saber muito bem quem foi Dostoiew.sk.i , quem
A resposta !oi dada a seguir: "Nos '·high schools' ameri · foi Shakespcare, quais suas obras, quais a~ personagens.
canos e nas· ·rorrn dassE:s' inglesas não há professor de in - sem nunca ter aprendido uma palavra ele n tsso ou ele ingl<'s.
glês que não entenda a t('mlinologia agui empregada e já O esrudo·de.: li1.eratura é histórico.
explicada na nota do § 180. Na União Cultural Brasil .Esta- É ensinar o idioma dizc:r ao aluno de qual dos olhos Ca-
dos Un idos professores gue tém curso feito no e~tcrior sa - mões era cego~ t. ensinar ponugui's dizer que Machado de
bem o que i: isso. O J9 e o 2g grau de c·n sino no Brasil não Assis iniciou a vida como tipógrafo, quais os seus amigos,
permitem que alunos apreiidam nem ao m<'nos a ordem onde nasceu , onde morreu?
alfabética." Uma i; gramáüca, ouqa (· liwratura. Diversas são as disci--
No lllesmo lote de provas, rtfor~'dva o revisor no § 777, plinas e diversas dev<·m ser as aulas, coruo diversos devem ser
na regência do verbo atender (oudt· se all.mm "constrói-se, os textos c diversos os próprios professores. Um único indi -
indiferentemente, com acusativo ou com dativo") : "Na atual viduo a lecionar gramática t! literatura em faculdade;:s é wn-
esrrutura de ensino do 1~e do zg grau não existe estudo de lessar que. c·lf· ou não é {'um pleto professor de li terarura
latim. Corno o aluno entenderá este parágrafo?" ()u não {: cornpkto pt·o ft·ssor de gramática. Em aulas de

Em vez de simplesmeme rcmt·ttr o r<:visor - muitO bom gr<wtàtica nãq cabem dat.as nem nomes de especiflca~õe•
revisor, precisamos confessar - à resposta dada à pri meird históricas ; nas de literatura não cabem regras de sima.x e
observa(.ào sua, elucidamos: "Se o professor não sabe o qu<' nem nol'lllas de flexão. Nem ainda é aorender gramática
é isso, o aluno que tenha estudado até aqui esta gramática estudar a bibliografia, ou seja, o conjumo de livros, a col"-
deve sabê-lo pt·lo que: llcou na nota do § 180. Trat,;mdo-se <;âo de obras sobre um assunto qualgucr , no stntido em que
dt· edimr intel igente, esse rodapé deve ter a inda mais signi- veJilOS (.•ffi <·xpressÕes COn'lO ulilerarura rnédica''. trJit<.:ratur-a
llcado: o a luno deve subir ao professor, e não o professor poliçial", " literamra jurídica'' .
descer ao aluno; ade!llais, qual a razão do dicionário?'' 6. Par-a o verdadeiro proft'ssor de po rtuguês. ou seja, para
5. Afinal. que é es<.Tever bc.m, que é redigir? Redigir é, gucm z<'la pelo idioma de sua terra i: um esc.árn io constiruir-
em primeiro luga r, conhecer o idioma em que se escreve ; se um exam<' ve~libular de apenas dtz po•· cento de assumos
em segundo, sent!r, conhecer, dominar o assunto sobre que reahnente penencente-s JI O idiorna e vC'rsar o restante sob1~e
se escreve. história de sua fol'llla(.'ào , de figuras de retórica, assunws Cs·
Esses são os dois pilares em gue se assenta gualguer obra tes que podt,•m ser estudados em qua lquer língua. P<"rgtm -
literária, seja gual for o gênero. Para a consecução do pri - tas ocorrem em tais ex;un es que jama1s objetivam verificar a
m~iro, a gramática e o vocabulário do idioma escolhido ; imegridade de conhecimento do vernáculo.
para a çonsecuc:io do segundo, a eduçacào, ou seja, a fol'llla - Redige o po<'ta, redige o pro!lador. Quer epico, quer li ri ·
çào, a experiência são os elementos necessários. Somente fir- co, quer dramático, quer didático, quer hiStórico, qu<>r ora-
mada n.-ssas du:ts colunas é que existe reda(ão . (ório o escritO, está ele redigido num idioma, ttum idioma
Não é com receitas gue se redige; não 1: colll decorar e.ar- que t~m suas normas por ser de um povo educado, num
ras que se aprende a escrever uma l'drta comercial; por mais idioma que e ensinado por S<'T faJarlo por gente de formaç.'i<>
s imple~ sela. rern cada uma assumo<? tonna dil(:rt·nt<·s; s<· o dvica, num idioma que é respeitado também quando meio
ass1,1nto é domina'do pelo t.onhe<.:imeoro da especialidade de de? comunic<~cão para crianças que desejamos ver amanhã
atividade, a forma e dominada pelo conhedm eoro. do idio- cidadãos.
ma. Senhor do assumo de um lado, e da correcão da fm·ma Q.uando se fa la em .Belo çomo expressào artística não St'
de oo,nro, qualquer cana, comercial ou não, pode o ir.diví - tem em meme o amónimo de Feio, senão a çlara, harmónic:a
duo redigir, qualquer tema desenvolve•·· e imegra objetivação do que se pretende manifestar. pois
É a gramát-ica munição para o combate; quanto maior seu também o Feio, o Feissimo pode ser objeto de manifestacio.
conhecim ento, tamo mais provido o combatente para a lu - Na redacâo conCOITem para o c~unprimcnto desses fatores
ta. T a·mo mais apercebido de aperrechos, tant9 maior o pre- do Belo as frases curtas, o emprego de palavras aproptiadas.
paro para o embate das armas. É a gramática que pmve o a simplicidade, ou seja, a fuga ao pretiosismo; o emprego
perfeito t<>rçar pela vitól'ia; é ela quem fixa em moldes uni - de palavras ekvadas, ou melhor, fuga à trivialidade, p9is há
formes a expressão; é o seu conhecimento qut• dá lugar à ele- vocábulos c expressões gue. embora (Olerados na conversa,
vação de estik>; jamais a gramá ti<:>• wlheu ao gênio a liber- destoam num trabalho escr<to; por fim, a evitação dos mes-
dade estética da linguag<'m. Enguanto o estilo <' a maneira mos termos, dos mesmo torn eios, para procurar, ao invés,
peculiar, individual de ex-pressar cada escritor"' seu pensa - o uso variado das figuras simáücas, fatores todos e'ses sem -
mento, a gramática é o <'sgueleto, é o andaim<> em 'l ue ele se pre (ercados das norma s do idioma. De alimemo para a nos-
apóia. sa alividade literária dt'Ve sen•ir-nos a lirerarura de escrito-
O que não pod('mos Í! confundir gramáüca com literatura. res respeitadores de nossa gramática.
Pode literatw·a indicar enumeraóio de escritores e de obras 1. A explosiva multiplic.ação de subcultos e de intrusos de
de um ou mais países, classificando-os de acordo com a épo- difer.cnw çulrura numa sociedade tr az obviamente multi-
ca de sua vida, de acordo com as tendências da sua produ - plicação de transfonnação e rle decadência de lingua'gem. A
cão. Isso acaso é estudo l ingüístico~ Não é com estudar li- título de exemplo, tome-se um jornal de hoje e compare-se
teratura portuguesa ou brasileira ou angolense que um in- com outro de algumas dezenas de anos atrás; é grirame a
divíduo aprende a língua portuguesa; não é com saber onde diferen~a de cuidado lingüístico nas notícias, nos comentá -
nem com quem viveram os escritores de um país, nem que rios, nos anúncios.
obras escrevera m que se aprende a gramáüca do idioma Com a proiUera<;ã.o da subcuhura, a queda de nível do
desse país. ensino esbo~oa-se ."A universidade se populari1.a'' significa
Tampouco é com esrudar o conceito, as definições, a di- ''a qualidade croe lugar à qttamidadc" .
visão, a classificac:;ão das composições literárias, a crítica e a De cambulhada, jornalistas, escritores, locutores e até
análise dos gêneros literários, as figuras, a malícia, o desen - profe:~sores do vemáculo desmoronam formas acuradas de
Redação Redação 267

es1ilo. destrot'm consrruções, inventam palavras novas para 8. Caros colegas. precisanaos levar aos nossos discípulos a
substinlir as esquecidas, aganam -se a barbari~mm, elogiam compreensão da crise d<' t:Studo da no'sa gr.tmática, para
o desprezo à correção da frase ~ à precisão d<' emprego do> q ue eles possam ajudar-nos a discemir o precário do cssen·
vocábulos Jornais e edi1oras rransformam-5<' em bolsõcs cial.
de escritores. ln!elecluai~. artistas P. comeqücntcmcntc es· Professor de vernáculo não é di!>trii>uidor de dip lomas a
cfitores e também professores cõnr.cios da obrigação doe- ve· Deus c a vcmura. Oi~amos Machado ,),. Assis: "O estritor
lar pdo idioma passam pela ciranda do grupo emp resarial ; náo est.í obrigado a recebe< e a dar curso a rudo o que o
quem uatalba pdo aprimoramento é comiderado nocivo abuso, o capricho ou a moda im·et•tam c fazem correr. Pdo
p.tra o ambiente:. O estilo dcaxa de ser indiYidual para toa · contrário, ele excn:e também uma grande influencia a este
nar-se obrigatoriamente grupal; deixa de ser livre para su· respeito, depurando a linguagem do povo e aperfeico:mdo-
bordinar-se a chavões. O próprio vocabulário passa a sei lhe a r-a!Aio".
medido em aparelhos clcrrõnicos de composicão. O desprezo da gramá1ica já se verifir.ava nos últimos anos
É sobejo di7.er qur a chav(' da pr<-serva<:ào do vernáculo do antigo curso ginasial. ou seja. do atual primeiro grau;
c'lá na crianc-.1. que o jovem <'~tudantt merece o maior r~•· agravou-se agora oo segundo grau. transformando-SI" em
pl"ito ele comunkacio do adulto. '' Deixõ wr.. - diz o mena - norma no superior, cujos exames de angrcsso eliminaram a
no. Que cusl4 - perguntamos- a um pai ou a um amigo dernonsn-aç.ão de seu conhecimento com a abolido da prova
en~i nar: <-• o eixe· rnc ver'";, de capacidade de redigi•·· Enquan tO básico em todos os paí-
"Mandei ele ir" - É obrigac.ão d e um mestre ataltlélr: ses de aho nível cultural, o vernáculo em nossa terra chega a
" 'Mandei -o ir' é que se dev~ dizer. 'I colo him to go' - não perder o nome; já não ~I' làla em "língua portuguesa", em
é assim qu<. o M:u professor de inglês ensinou a dizer, Se "ponugucs"; ali- em documemos oficiais se encontra para
num idioma estrangeiro vocé consrrói exatamente como o designá- la a expressão " língua nadonal", como se língua
la rim, donde 1ambém veio a nossa construção, por que voce nacional !lào exi>tissc em todos os países. Quem sempre
diz 'mandei t"lr ir' ?" prezou o 1irulo de "professor do.> ponuguês", deverá agora
E dcsco• oçoador ver imprc~sas em livro estas pa lavras d<> abai\doná- lo e pro.:urar novo diplbma que o ded;are pro·
um profeSl>or do D. Pedro LI do Rio : "A preposição 'em' fessor rle "Comunicacào e Expressão'', ou professor de -
com verbos de movimemo couC'orda com o dinamismo da esta dcsignaGlo passou a consr.ar este ano de diãa~os de classe
nossa fpoa.. O a\'iào a ja1o acabou com as dascàncias. Q.u<'m de um col<i;io ccmenârio de São Paulo - "T~cnica r- Meto·
chega já se julga no lugar" - dit de. como se regéncia de- dologia de Redação". Num terceiro estabelecimeuto. o por·
pendesse de crença, de julgamento, como se :~rgumentar a rugut> (: ensinado sob o pseudônimo de " Redação (• Edi-
l'avor de erro lingüístico fosse defender politicam~nte mal - ção". O proressor de inglc!s continua ensinando ingl~s. t en-
vtrsaGlo dt· correl igionário. N<'sse mesmo prefácio diz: sina vocabulário e g~amá 1ica ; o de frdnu?s comi nua ensinan·
"1 er por haver tem a cons..gracio de um dos nossos maiorl's do &anccs, e ensina vocabulário e gramá1ica; o dt> ponu-
poetas" - e l.i ,·em o nome de um derrotista da nossa gra· guês está pa oibido de assim especificar o idioma que lt>ciona,
márica. Mais à freme, esta oucra afirmação: "A concordân· e nào lhe é permitido en\inar palavras novas nem gramâtic.a.
cia <;om o sujeito coletivo é uma silcpse de raráter indivi- Repugna a derrotistas de nosso civismo fa lar em " tradução
dual". ponugut>sa", e passam a dizer "versão brasileira", como se
Para nós esse proceder revela preguica de ensinar mais do nrraduc.ão'' fosse antôuin1o de '\•ersãou, como S<.' Hporru-
que mcompreensão do que M:Ja língua culta. A professo•· ~ui' gués" fosM: negado de "brasalidade''.
não entende o ~ntido de "Quem faz a üngua é o povo', a O dj'sconhecimento do semido de: palavrdS técmcas de
professor qut rm aula dedam: "O que imp(Jrta é ser com. gramática é escandalosamente demonstrado no próprio
preendido" - não deve causar estranheza a conso-ução ".Já decreto q ue há uns poucos anos alter<Ju o uso de nossM d ia-
te dis,;e q ue vocc' esli errado", como esrranh~oza já não Ih r críticos; aí encontramos: " ...das pa lavras hornó~:,rrafas de
causam frases inteiramente lalhas de tradiciio vocabular ou outras". Belo! Que emende o pseudo-refonnador por pa-
dcstiwidas de possibilidade de análise, como "Não exi>te la\-ra homógrafa? Exastcm palavras homógrafas dl' si mes-
qualquer recur""" - "Temos que morrer'' - "Devíamos mas? esse decretinho de meia dú.tia de linhas não está
desde já pcnsannos". A ess<' professor de ponugui"s deve sc:a também:. consrrucão francrsa "exceeão feita",
correta a juslillcacào do cantor sobre uma pas,.o;agem de cerro 9. lreh dispensa'r -nos de aqui distTiminar gêneros de re-
composição ~ua: '"Eu lhe vi ' é chamativo, 'cu o vi' não tem dação, de d a.r a diferença eno·e descrição, dissertação c nar ·
gra~<a". ração. entre roman~e e novda, enu·e rea1ro e poesia. Per-
f_ a linguagem do desleixo cívico a impor-se li~Temenre miti-nos ficar nos elementos fundamentais da redação.
pelas ondas hl'rtzianas. a ser propagada por falsos professo· Juntamente com a gramática, faz pane da contextura do
rcs do vemât-ulo e sem nenhuma fiscalização nem de berco, primeiro pilar para redigir, o d icionário.
nern de escola, nem de governo. l nfelizmence noosos estudantes, crn maioria absoluta,
Não i: de admirar essa e~llllis~o de inutilidade do seu ma· nunca viram um Aulcrc, nern seu nome jamais ouviram;
gisrerio, da s..aa profissão, quando CSS<' mesmo professor, que nunca folhearam um Laudelino F'rcire. Por completas, são
ehegou a candidatar-se para uma cadeu1l da Academia obras cara$, ao alcanc" de poucas bolsas; numa ca<a de
Brasileira de Letras, havia já declarado: "Não sou professor ensino, porém, nào podrm faltar. e é: obrigação do professor
de portuguh mas de espanhol; se leciono portu{,ruês no Pe- de poa wçuh ordenar pesquisa> de reg~ncia, de significado
dro li (: por não tér sido posta em concurso a cátedra va- de preposições, de pt-ellxos, de sufixo>, de <.mpH,go de con·
cante; do ponugues m e sirvo só para conseguir di nheiro pa· junções.
ra ver as Pirâm ides do Egito". Não se limite o jo\'em a ir ao Aukte somente qu.alldo
"Quem fat a língua é o povo" significa: A lingua é feita mandado pelo professor. Leia-o em horas vagas e obsen·e o
por soldado> que invadem terri 1órios sem ts..'Olas. quamo sua redação irá mel horar. Por experiéncia, leia o que
Em países de escolas como a Inglaterra. a Alemanha, a o Aul<'ae apresenta da preposição Df. e verifique o que
França, a I tália c ourros. cuida -se de conservar, náo de de- apa'endeu não só de expr~ssões em que ela OCOITe, mas de
teriorar o vernácu lo. Quem apregoa a in u tilidade da gr:l· idéia>, dt' conceitos, de formas de be),.za, de pe•qui5a, de
mática, baseado em "Quean f:n" língua é o povo" é coopc· profundeza de ob~rvaçào. Ponha- se o jovem a escrever logo
rador da barbarizaçào massificante de nossa gen te. "Uma após uma hora de lei1ura do Aulet~ <" note o quanto sua re-
rac1 cujo espírito não defendo: o seu idioma entrega a alma dação adquiriu de maior facilidade e de maior atra<"ão que a
ao csrrangciro, ames de ser por ele absorvida" - i: afinna- costume-ira. O bom dicionário. que Lraz regência ~a cxcm·
ção hoj e tão desacreditada por certos professores quanto plifica com passagens de autores de aho co turno, impulsiona
para eles é desacreditado o seu autoa·, Rui Barbosa. o escri tor.
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268 Redação Redação


Tão falho de recurso de pa la,Tas é o nosso estudante de d<·.ejõilmos g-.t lgar, já q uanto d O genero q ue pretendemos
hoj ... que se chegou a pcn~H num vocabulário básico, num cu lrivar , já quanto à pcrfeiçio de form.t. já q uamn ao apro-
voc-.tbu làrio de Mohral par.A o wgundo grau. Ex-direto•· do l'uudamemo de· idéia , já quanto à riquc-l3 de argumt>macào.
En>ino , c·m São Paulo, autor ck livc'O> d t- ponugue> p<~rri o já quanto á abundància de drscricõe,, já quanto à variedade
cuc '>O pr imàrio, teve-os unpedídos de adoyio no Rio Grande de diálogos, já c1uan to à opul~nàa d e vo<'áhtalos.
do Sul porque - di,ia a criti<<l -trazia pala,..-..s que O> alu- É o autor pt·>soa de viagrm c apr.u-lht· descrt' ..-er, mostrar
nm não conheaam. ao leitor o que vt:? Nãt) poderá deixar dt- ler um Vit.Or
Uma perguma indi>tH'ta nos ocorre: Conhecc:>m todos os Hugo, que nos Miseráveis t(·rn um r.apír ulo inteiro ~bre o•
nossos a lunos a ordem <ellabétic-. t? Não será por não saber· esgotos de Par b, um capírulo inteiro solu·e ucmt GU I uagem
con,uhar nem seque•· uJlta lista tdefõmca que um e;tudame " Cl·o< e T erra\ do Brasil". de T aunav, (' ourro rrat..alho, de
sr aborrece de ter de procur.tr palavras no dicionário? Umas muito po ut:a> p.iginas, ma' de-veras v~lio>O para q uem de<;eja
rrinta fichas, de-sordenadas, dt· nomes per:.onarivos comple- dc•scobr ir segre-dos de bo.t dr~cricio, o utrni nho que pcrcor-
to•. podem ser-lhe dadas para que as alfahet<\ e o profc>>or t't•r para cxpoo· um fenô nw no da nature~a. " Lendas c Narra-
notará a ncccssi d,ttk de algo ill)portante p~ra ensinar -lh e. tivas" de Alt:xandre H<·rculano é out•o rrabalho de· lt-itura
O aluno é esforcado, é prrndado par.t as letr.ts ? Não ~e obrigatória p.>rOI o géner o ; de tal forma Í' compl~to nse ro-
esqu<'la o prof,.>>Or de r ecomendar-lhe umbt'm um uocio- m.a nci~ra no Jl'.)Oev~r. que· um pi ntor po(lerá dt..· rnuito~ do.!t
nário analógico . Quem um dia for ao Rio de Janeiro dn·r capímlos dt'S>d obra obu't' quadros completos no fundo e na
dwgar à Ca~a de Rui, hoje mu><' u, e ped ir que lhe mosrrem n roldura.
as "f'() lh as Analógicas" do Conselhdro. Não havia ao s-:·u Uma conside1acào aqui se impõe. Quando o própno
tempo um Carlo~ Spitzcr, pc<"CUrsor dm dtuorlário> analó- amamc· da lt'itur;a tem seus momt>mO\ de cansa<O ,. não se
gtCO). não exist1a um Franci..co Ferreiro~ do~ Santos A1rvrdo. '>t'ntl' encocajd do a apanhar um livro. que dizer dos que não
au toc este GUI' l'Xl'O.IIOU sozt nho um dil"ionário que <:ta obm recebem do p1of.-ssor nenhuma csrimuladio para" t edacão,
de equipe. Rui . ele toda a leaura que fa1ia, co lhia vocibu los para a<.nric':l , para a formnc_ão do di >curso, para a pt'1 feiçào
qut· aK• ueava t' lll fo lhas de acnrrlo com n a'~unto, como ES - cl3 o ra<'ào. para a bdeza do período? Muito prov•vclmenu:
CRAVTDAO, tl'nld freqüemc de seus eS<Ti lo,, AnoUtVii · O> csrimu!açào não incu tt o professor por lalra rlC' domínio d o
a pnndpio em colunas. oprrmia-os dep<m enrrc elas, en - idioma. A a utondade do profes>Or >e manilesta c S<' tmpõc
vie,..dos às vezes, mai~ tarde nas rnargen•; i"o pard que ti- com a demon,rracão d(' lonhccimento da matéc ia que !eco-
ve••<: numa só página roda a 1 iqueza dl• votahu lário elo obj e- na.
to cld ('onferc?nda. da criúca, da u·se. A didática, por outro lado, suger,. a dosagem dt• aplicacão
Outra vantagem do didon.irio .malógico C>tá em aprcscn- ao C>tudo. a vanac·ão dr trmas. a altcr<Adio de rcahdddt'< com
tac u' vocábulos ~m d~ çolunas por página; n uma O) subs- ficcões, com 1t'lato,. ~om conver~s. tom anedoLi rous. com
tanuvt», os adjetivo•, os verbo>. a; locuçõrs, o~ pro\'('rbios passatempos. A perfeição d<· exposic-.lo do pensamrnro exige
d<' >l'ntido positivo concer .. ent.-' à idéia; no uu·a. paralcla - um enr.remcarncn(o de assuntos pt>.trlo; com k· vc>. ta <'X ·
mc' nf<·, a.<S mesnl»' classes Je palavras d(' ~emido nl'g.ttivo, plira~ão d<' um Rui a le• no velas po lictah antes dt• dormir.
antônllllas. e o ('Ontrastc é um dos segredo• de redado. <A de um profnsor de di cei <o a ler <1 cc:'\'tSta "Chacara~ e
S<· a idéia exige palavras, t'xpre'Sàcs, pro,t'rbio>, alusões Quintais" no imervalo da; aulas - r- cha<ardro el~ não era .
mirológoca~ ou históricas para a completa exposic<io, l'<se Não devemos premir p!iCOlogicamcntl' o aluno, ma~ d cve-
rut·~mo conjunto de vocábulo< preso-a-se P"1a impirar id6as. 1110' despe• tá- lo. semprt que possivt·l, para a brlC'za da
t 11 dicionário ana lógico fo mt· de insp iração, gca ndc <:~uxi liar dfmonstrarào df" conhccimcnto do vernáculo qur um amor
de rcdatão. de desenvolvimento de um tt•ma, e o inrckctual rl'vda.
aprovt>ita ->e duque lê para ainda mais enriquecer o exem - Que fim U\'l'ldm os Aorilt~ios? É pro va por s1 ba~tanre de
plar dt- ~u.1 biblioteca. tmpossibi lidad<' d (' ensinar a redigir nJo adotar o p1ofcssor
Lutam bojt· n o~sos al uno\ tom '"rdaJcira hostilidade ao nenhuma antologia, uma ...Hologia de autores d iwrsos no
t•nr iq ut'cimento de vocabu lário . Ao <'-tudo de dbd plinas t<·mpo e no e~pa~o. no gên<'ro c no estilo, c não de um rcs-
não ron<'<'mcntc~ ao enc~qucdmcmo m·m de idéias nt'm de tt iw grupn dt autores ' ivos que esnrvcm de encomenda
educac.io de rado<:inio acrrsctntou-se a tliminacào d o la- para uma editora.
tim. qut' se p1e>uwa uunb(·rn para aumemo e-le vocabulário. ''Carnões'' - a afu-ma~iio é de uma parricipanw ti" hanc-.1
Um 1ntnisrro dt' t'ducacão d wgamos a u:r q ue de tal forma t'Xarninadora d<' concurso de ingresso ao magistérin pau lista
estranh()u encontrar o pmgr~ma do cur'o ginasial com qua · - "não é amo r que se d e para nossos alu nos".
tro aula s semanais de portuguC:s na primeira série e rr~' na< "'ào é diGcil para essa professora \'Otar ogual dt·,prt-zo a
d..mais que conou da primeira a aula que julgou I'Xt'l'dl'nt<' Ruo, a ~aburo, a Euclidt', da Cunha. l' é t.'t'no qu<' ela o ''ota
para su bstitui-la por aula de drsrnho. igua l a urn Akxandte H<·rcula no, a um Ca;,tilho, a· um Ca·
São nossos alunos vítima~ inocentes dr determinat;ões m ilo . Multiplicam->e o~ >ubcultos na mrdida <:11 1 que se
o ficiais. Ref01·madorrs sem fo11nacào ncu1 educacional nem multíplicalll as faculdade<, que pt·rdt·on cada vez mais o ca-
didática alijam o u prejudicam <lisd plinas tradicionai s para ra ttrísti(O de formadoras de cidadãos, para a d quirir o d~
inrroduzir passatempos esp<;>rtivos. Para de>< rédito da elas'<' fomemado ra' de ilusõe,_ O jo,em deixa de preparar-~ para
de ptofessore~ de ponugui'~. concur sos se têm realiado em a vida social c çulrura.l1uenc<' bela , par;, capacitar->e ~-xclusi ­
q ue as perguntas vr..-sam sobn· tudo menos sobre gram:it ica, vamrnte a uma pro!Õs><io d t: limites cada ver. m~i• ··~·stritos.
c clcpois seus organizadore~ alJrdeiam que houve 99 por Que é u vcrnárulo senão o rcOt·xo da culrura d<' uma
cento de reprova~õe~. À dcson•·stidade de ensino vemos nat-ão, de wna classe profissronal, de uma categoria ..ocial?
acr<'S<emada a f.tlsidade de seh:<,:iio de proft~sores do vern;i- Com o esf1 dngalhamemo dos cursos, e~frangalha - St' o odio-
cu lo . ma de tal forma que a língua perde o inreresse da g<'nerali -
S~ Lima das primeiras prrocupaçÕCs de ITitler ao tomar a dnde estéti ca para ser apt·n~s comprt·rudida, e tão somente,
Polôn ia foi impor au las dia • ias de alemão com prejuí7o das em q ualquer nível proli s~iona l. Se ant<'S se fazia d istinção de
do wnláculo, em nossa tcn" "emos nos5.1 granláúca e nosso conheci1n.ento do vf'Tnáculo <'nt:rr g in.ls10 e faoalclade. hoje
voc.tbulário desp1el1ldos não por ditador alienígena , mas esu d i,ti nt-ão não se consegue entre porra dores de· d 1plomas
por derrotistas indígena~. de diferemc.1 níveis de emino.
A carfncia de vocàbulos c a fuga d~- d i cio~á~!o.~o ?S 0.11- A dissonància de conht·cimemos do vernáculo ~:ntre um
pados de pa lavra s da moda , como mdU$tVe • COr1JliiiLU- esrudame inglcs c um br.uilciro não pode ser au iuuída so.
ra". "gaharito .. , t'implantar", ,.inserido,. memc às di.ltorções dos m<'ios de infurmat-ão; o ~mdante
10. Quem não ouve não fala: quem não lé não c:s<TC\'e. inglk tem tarelàs díánas e diversas dt q ur dar conta, e não
Queremos redigir ? Leiamos. Leiamos aurorts da altur.t q ue é vi~to nas rua~ ; o nosso diCJ,<a a ter vergonha dl' carregar
Redação Redação 269
livros, não sabe manusear dicionário, e encontra na rua a !hora deba•xo do rravesseiro; é preci~ ser relido, c.' relido
principal escola. à~ ve1e' a pó• repvu>o d(' dias, de mes<'< ; a natureza da obra,
T<"m disso ele cu lpa? Canegar livros como. se o professor como a do contei to, é que determiua o tempo de. fermenta·
o; não adota? Consultar d i cion~rio de q ue forrua, ~~ nin- cào. Uma simples carta ganha em red:•c;ào quando rascunha-
gubn o t·nsinou a 1nanu~ea1 ? da e passada,, limpo uma hora depois.
11 . A televisão p<b>OU a >UU>tituir a leitul'a, e com <·ssa "No>SO idioma é dificll"- afirmam. Pc:rgumo : Não será
~ub~tiruicào foi criado o fator máximo de di>,.,nfintia lin - melhor diz<"r "Nosso idioma i: desprezado"?
güísóca. A milhares de qutlômctros de dislància c a um ~ Q.ua l o estágio, qual o curso mais tmponame para o seu
tempo, instantaneament~. o ~rro e a tolice propalam-se, aprendizado? '/\ r<."Sposta, dada pela nos-.. experiência, é
mtrodun~m-se nos lares <' na própria imprensa. Com e;,..., urna: o p• imário, ou seja. o de primeiro grau.
>ul>>tituição, a obliterac;ào do belo literário, o desprew ao Nos paibcs do hemisfério norte, a , 1 ianca, desde os seis até
acuro de linguagem, a troca da tr;~dic:ào pelo vilip~ntlío. o os trnl' anos- não escamos considerando os anos de jardim
esboroamento da educação. Com a tckvis.ão, nos moldes de infância - ch~ga à t'Scola às 8 ou, conforme a estação, à>
em que a vemos em nO>l><l tCtra, a juven mde passou a ser 9 da manhã, para deixá-la às S ou à~ 4 da carde. Sere horas
objeto de desconside.-.u·ão, dl" de, respeito, e ela, ao vet que por dia d ... prática do idioma durantt• oi(o anos.
o comportamento soei a I i:' d<-sprczível e deve ceder ao cco- O termos aqui na freme futuro' educadores anima-nos a
nõmico, jamais aceita que !>e deva prear o comportamento uma acusa<;ào de uma falsidade. H.í (OÍsa de urna Meada
gramatical do idioma da u·rra. Arte. estudo. leitura. educa- ti,-emos no ocado de São Paulo um governador que alar·
üo. gramática são cot:.a~ de ,·elhotes; o q ue deve pnv<~leccr deou, não muuos meses após a pos>t>, que havia duplicado
é a novtdadc, a abcrracão, a dis~on.\ncia. a molecagt>rfl. o núm~ro de \'agas para o curso primário de todo o estado.
A l'Xccmriddade de programador<'~ de televisão C'JCCr~a-.e A própria t'xpre,são "duplicar vaga>'' jâ não é muito clara:
no vr·stuário. não na innodu~iio de anomalias idiomáticas, o qut> ele f<·z. m as não declarou, foi i~w : reduziu de quatro
ele drsarranjos fraseológicos como - por exemplo - o d~t para dua~ .1~ hora~ de permanênda d<' um aluno na t"scola
"m:Stc domingo", em w7 do sempre u~ado e tOtalmente primária.
claro "domingo", ou simplt:smcme "hoje". "amanhã". Onde o t~·mpo para ensinar nmso ~dioma .. quando pelo
Ex(•rca -sc o personalismo por outros meios que n.io o de· menos lO mmuto~ dessas duas horas sao perdtdos com ft la,,
con~purcar o vemáculo. A lmguagem S<' torna samenra chamadas, aVI ~s. admoestacócs' E>l<i nc>sa pobreza d!"
qu.tndo a todo o instante castiga o ouvime com a mt>sma hora5 de l'~tudo do primário, nas "lichas dt' kiiUTa", no$
i nvencionicc. "combates" do ;.ccu ndário, na enganadora "lingüística" do
D<'ixando dr ler e de e'>nl·ver, o estuda me deixa d•· pensa•, curso supettor de !erras a causa da la lha didárica da rcdacio,
dóxa de raciocinar, para ser tragado pelo visual, pelas ima - como e~tá lld d<·liciencia de remunerarão do professor a
gt•n& qu!! o apassivam, que de engole sem digerir. causa das·· c.rurinhas". a orig<'m da> "<~ltct nativas' .
lncomparavelmeme mai> do que a imprensa. atiugc a co- 13. Exisrt' um pressuposto para a rcda~ão: t•xperiência d('
tn unicacào tdevisiona.da a e-~u utura dr: uma nacào, c:10 pro~ vida.
l'und<·l.a e em veloC'idad<' . O t·ornportamcnro dt· um indiví- Resume, engloba a cxpr css.ão toda a gama de aconteci ·
duo nu vídeo, sua gesticulacão. sua imonacão de 'oz. seus roemos por qur pas'" o individuo, o embate da variedade de
modismos, suas fraS<'s calam no espectador. A sociedade fatos, fa•or.ivet> e desfavoráveis. qu<' pode o escritor tl'f
toda, em rodos os >eu> dc.'parramcmos, (: atingida brucal- sofrido.
rnt'nrc ; I' a lmguagcm. mais do que os gntos, ating<" ,.., viri- Se a própna leitura está n·s•rira à idade", como dela líber-
rtld.) dl·sses obreiros d .. solit·dad<'. rar-se quem t>Screve? Se o Jnlemo de Dant( não é obra pard
Umas poucas dezenas de IO('Ittores, de dirigentes. dl· •ni,tas ser lida por jovem de vinte anos, como prctC'nder escrever
dt• rckvisão poderiam <'xpurg,,r o tdioma de todas as mazt'las obra de tgual vulto com essa idade? O poeta lirico já na~u·
e dim inuir -de m uito o trabalho de corrigir do profc>ssor dr poeta: está da idade q uase liberto, t' o lirismo é do moco, e
portuguê,. Um centro nacional de orientação, de fonnação. moços, mui ro moms mot"Tcrarn grande~ lir icm; mas épito
dc <:duca(ãO de cais obr<'iros rorna-sC' cada ve-L mais ncce~~:i­ moço não pode existir por não sabt'r interpretar nem rdat<~r
'i o par,, a ~lvaguarda tio idioma como insrrurnt•nro clicar fatos qul' w <'><p<'rimencados adultos compreendem c sen-
dr civilira(ào de nossa g~ntl', dr nosso pais. Pard di• igir um t<'ffi. Só (!c· homem de muita expt'riência, e pois amadurcti-
automóvel exige-se cana de habilica<;ào; para dirigtr a ~ciC'­ do de ano>. pockmos obter esta confis..~o:
dade nada é exigido. A dtt'lt:rat.lo com que o erro e o crinl(' No mar tanta tormenta e tanto dano .
..to hot<: propagados S<'o1a a mc,ma da pureza e da bt'ltta dr Tanta> vezes a mone apercebtda I
expre,~o. Piadas, chi"e>, dn<:xins. chocani<;es, roda a rna- Na terra t.ama guerra, tanto engano,
nifcsta('ào de alegria c de imdigencia cabe no idiorna 't·rn Tama u<·ceS$idade abor•ecida 1
c1ue dt- >eja deturpado, abalado no cerne de seus procrssos
fu ndamenta is de concordância, de regência. de Ocxiio, de Tanto ma ior a <'xperiência de vida, canto maior a capaci -
vocabulário. Homens e rnu lhl'rt'< de conhecimento das nor- dade dt' integrar o tema cxolhido ; comparac;ões. con rrastes,
mas fundamentais do Vl't·náculo devem compor o quadro símbolos. tudo à mente do escritor aflui, impulsionado, ins-
de manipuladores de microfones. homens e mulher<:> inte- pirado pela malícia que a vida lhe 11\Juxc.
grados na responsabilidade de não oferecer. de não destru ir Anexa·!>e à cxperit:nàa o ambiente de vida. "Não escrevo
o elo que a todos nos une, em idade c em cult:uTa: o ~'l?rná · livro que fdl<· de mar, maré. marisco; não tenho disso em
meu !"sta.do'' - disse-nos urn amigo. Engloba sua conlissão
cu lo.
o quamo importa para o escritor o ambiente em qu(' vive,
12. julga o jovem estudante, a moça leitOra. que o livro
consid!"rado no> seus variados aspectos: geográfico, climâ-·
que tem à frente fo i escrito de um fôlego, currente calamo,
lico, moral, rdigioso. político. profis~ional.
currente máquina~ Engano, grave engano .
Vejam -se os rascunhos das teses de Rui Bu bosa, de >CU> 14. Há difl'rt'rlt'a de rra:ba lho entre o professor de idioma
arrazoados, de seus dis(.'llr$05. Ele, que jamais cscrt'VI!tl a pátrio e o de de><·nho, de m úsie~, dt· ma remá rica, de diNito.
máquina um b ilhete sequer, tem seus manuscritos ampuca- Terminada a aula em classe, os prof...~ores destas e de qua>e
dos aqm, ampliados ali, con'igido~ acolá. É da Arte Poética a todas a; ouuas disciplinas saem da sala d~ aula sem rnai>
ad,en,>ncia de Horácio. feita há dois m il anos: Q.uanro preocupacões.
mais borrado um rascunho, tanro mais perfeita a obr.1. Um pobre proft'ssor de ponuguês de decenios passados da
De fato. a fa.r inha, para dar bom pão. preci:.a dormir; escola sai<~ sobraçando pilhJ.s de cadt'rnos de alunos de di-
dormir também dew o que escrevemos. Não >C faz de um versas das<cs; para ganhar o que ? Para ganhar um lugar
lanço nem um cap itulo de uma obra. O que redigimos me· num sanatório de wbcrculosos indigentes de Campos do
270 Redação Redação
RE DA ÇÃO

ll>lOMA ASSUNTO

icioilár io çom r<"g<'ncia familiar


cortesia
Vocabulário comercial
{ oficial
{
dicionário analógico
descriáo {cenário)
narrac.io (contos)
ncxão {nomc:-
V('rbo
COStumes
religião

~
dvérb io Criação dissertação pol ítica
Gramática funcão prcl?osi\ão (dc:.tcordo prosa (tese) ciência
{
COnJ' IOCaO <'Om o gencro) didátiC'<l

pro<e·ssos concordância
regen<"ia
simáricos { colocat.ão lragé(lia
comédia
{ drama
pomuat·ão

~
épica
pOé'~ia bucólica
Leitura lírica
Oc)~:nvoivimemo l maginaç
Prt'~suposto - - Expcriencia dt• vida

Jordào. Fo i quando ele j urou, com apenas vinte c trê~ anos 15. Vivemos de emp~stimos. e hoje tudo se empresta. tu -
de idade, nunca mais dar aulas de :.t:u idioma em t'Stabeleci- do se aluga, e não só o d in heiro. Alugam -se vestidos de OOI·
rnento oficial ou oficializado de ensino. Fe-Io convC'ncido da \'a, ternos, jóias; alugam-se bicicletas, carro~. patins; alu ~
in util idade de •uas aulas sçm a complementado dt• cx~:rcí­ gam-se móveis, televi~res, ta lheres. Os professores de por-
cios ('SCfitos, sem trabalhos de redacão e, ao me,mo tempo. tu gue$ não formam <·xccção; também des d~tvem ser alug-d-
da impos~ib i lidade de corrigi- los em horas noturnas c \em dos, pois pouços, ' aros e pois caros sao o~ que cnsi·nam as
nenhuma paga. Fo i quando esse professor preferiu re<:orrcr, nom1as do nosso falar. É mais compret-nsivel um anúncio
pela primeira \'CZ no Brasil, ao sistema de aulas de porcugues "Alugu(' um professor dr Redação'' do que aquele publica-
escritas, às quais os alunos devessem ohrigatoriamrme de- do ~.o Wall Srreet J oumal: " Rem a cow" (.. Alugue uma
mon strar atenção também por <"scrito, lição por li<";iO, man- vaca }.
dando- lhe as n·spostas e os cxC'rcicios para a O("<"e'"ária Cuidado tenha o professor em não subverter a importân ·
correcão e elucidadio dos erros de sua redação. çia de sua função com dar ênfase a particularidades vãs, com
O tema d esta palesrra exigiu t"S~ pormenori~a ção: n;io é preocupar-se com cacófatos, com demonstrar especializ<I-
possível desligar "redação" de "tempo dé correcâo". Os <:Ões materiais como a de: enfeitar as pala\'Tas com sinais
professores de outras matérias d<-vt'm concordar couosco, diacrilicos; professor d<' português não é insuOador de pala-
incluindo os de rnatemárica. O professor de matemática diz vrõe~ nem revisor de p rovas tipográficas. Não é de pregador
em casa à esposa ou à filha: "Aqui estão as respo11a s dos de botões que \'amos atrás quando procuramos alfaiate.
problema; que preciso corrigir; ponha urrta cruz na~ res- O professor de vernáculo tem a obrigação de mosrrar o
postas madas e voct' mesma dê a no ra de acordo com este acuro do passado t' apontar o desprezo do preseme com re·
rota I de resposlds cenas". !ação aos fundamentos do idioma. A gramática é estudo
O professor de português terá c.>lc• mesmo de ver palavra sério; só por quem ama o vernáculo pode ser ensinada. A
por palavra, letra por !erra, vírgula por vírgula, sem que <'ssc obra literária é fruto dt' inteligência, de perspicácia, de forca
mtbalho lbe faculte ve.- sua mesa enriquecida de mais a lgum criadora. nunca manifestaç.io de desproo do idioma em quc
salgadinho ou de uma sobremesa. Resultado : Nenhum pro - e-ssa forca e rc:vdada. O leitor não deve St'1 um colecionador
fessor de português passa trabalho dt• redação. dt' fotografias descuida das, mas um apr«:iador d~ fundos,
Uma objecio, porém, pode surgir: Meu profes>ar indica de coloridos. de molduras, de contrastes, dc formas que a
livros.para ler e obriga- nos a fazer uma ficha de leitura. 1,rramárica põe ao alcance do cscritor. Por mais modesto ou
Menino - respondemos - ondt• está a sua redac;ão? Na fútil o u mesmo tolo o assumo, mais atraente se torna quan-
ficha de leirura ? Por mais sintetizada seja esta !ieha de lei tU · do ~xposlo à luz de um esti lo elevado e afinado com as cra -
ra. o seu pr·oft·ssor não irá verificar seus erros de redação, velhas dos proces:;os sint.lticos.
corrigi-los. expli cá-lo>. Não pode o professor de vernáculo ser mtro espectador
Não há murro perguntamos a um pobrt· colega, rccérn- da distorcão da frase, da inconsàencia, da necessidade de
saído de ~minário, '<JUC comt·çara. havia dias. a dar aulas de flexão. A forca d.- llccào do autor <-xpressa-se pela ideia
portugui's numa escola: Q.uan to lhe paga o J:olégio p or expo>ta, n unca pela invencionio: de discordâncias, pela
aula? viola~o de colocaçõc:s, pela aceitação passiva de barbaris·
-Vime cruzeiros - foi a rt·spo~t:a. mos, pelo propositado de~pre1-o dc rudimentares norma'
- Tem voç~ coragem de dar aula por vinte cruzeiros~ do vernáculo. O estudante tem de ser convidado à perfeição,
Não é possível encontrar remuncra(ào melhor? não relegado ao desmazelo.
E o colega responde-u: Qual! Voe~ precisaria assistir a Situa~ões, personagens, diálogos, paisagens criam-se, não
uma aula: não V".t.k nem cinco. porê-m com desrespeito ao id ioma. Os parágrafos da obra
R~ção Reduzir 271
literária são alicer~ados por parágrafos rla gramáiica da lín- ro, escoimada de jargões, de gírias de outras criacões de
gua em que ela é criada; essa é a for~a construtiva do verda - vida efêmera.
deiro escritor, tanto de rrabalho de liwio quanto de história. Querem acadêmicos cooperar com o esforco dos que en-
de ciência, de técnica, de indagacão filosófica ou religiosa . sinam o idioma? Em vez de p rocurar verba para pagar a um
A bons escritores deve o professor de ponugues condunr O\ deles ou a um grupete ddes na elaborado de ~XIO ou de
alunos, não a ~nsrmssores de miasmas lingüísticos, de dicionário, procurem conseguir meios de selecionar locuto·
abC"rracões lêx.icas, dt" distorções simádcas: desprezo deve res e programadores de td.,is.io, meios de <?vitar que um
..i(· incutir nos alunos aos locutorc~. aos programadores. ao> professor de Instrução Mora l c Civica diga no m icrofone
1C"da tore~ criadores de expressões e de constru<:ões abcrrati- '~eu não me divórcio" - .,t;'nga•~amento'' - H'cmburaca-
vas da correta fala habitual. do", um processo de coar comunicados de grandes organi-
História, ciênci.t, técnica - toda a manifestacào escrita da zacões ou de departamentos oficiais qut distribuem cartaZes
inrl'ligéncia prendi'-~ à forma, e a fot,na não pode revelar aos milhares com redacào acanhada como esta que ,;mos
deficii•nóa des.'ia rni'Srna imeligéncia, n~m muito meno; dc>- este ano espalhada aos quatro cantos ào pais pela fazenda :
prelo ao instrumento com que é mamfcsrada: o Vernáculo. ..0 imposto que a geme paga paga o progre•~o que a geme
Em incuti r tal principio, o desallo do verdadeiro professor vê" . É a otlcializacào da linguagem de rua.
de ponugues. Ficção, eria<.'io não são sin<inirnos de deu•• io-
racão. Po lítica ou ~oóal, psicológi ca ou ética, realista ou 17. Não (; de admirar que nossas crian~-as cresçam hostis
imal,-inativa, religiosa ou materialista. a ati,·idade literária ao ;tprrndizado da gramática; ainda que incon;demes, nOs·
não pode apresentai-~ d~'Seonex.a do burilamento da forma sos esn•dames alimentam ho~ulidade ao idioma bem falado;
A in~-xistênda desta implica defiàência daq uela. a gramática passa a fazer p~rrc da poluicão. O <~trcvimemo
Colegas. ensinemos nossos alunos a desprezar o que não i: chega a ~.<~I ponto que p•ofessor há que diz que o ensino da
importante para a wa formação. incutamo-lhes a simpatia gramática 1ra1 separatismo de classe; é o nivelamento por
ao que os distingue e dign illca, •eja qual for a siruação ~co­ baixo.
nómica do meio em que vivem, Stja qual toro nível social da De um larlo a Academia a prejudicar o ensi 11o do vemá-
t•r.<:ola que freqüentam. Evitemos qu<' o nosso idioma se culo, de outro o ofkialism o a não proteger M'U (·nsino e a
1'5<'01' pela mesma doao por que se esgotou o latim: o des- impedir que se aprendam línguas l'strangeiia>. t de pasmar
a lógica do Co nselho Feder.&! de Educação: "Exi~te uma lei,
leixo.
de trinta anos, que proíbe o en.ino d e lingua~ t·~tr.tngeiras
16. O rema desta paknra con~trangc- nos a uma aprecia nos quatro anos de: curso primário; como, em vinude da
t.lo 'iObr.- o procc:dimemo da Academia Brasileira de Letra~.
decadé.'ncia do nosso ensino, o cu no primário pas:.<>u a abar-
Cenáculo de respcitáv~is escriture~. atribuiu-s<:, em 1943, a
car os quatro do ginasial, nós, que zelamos pe lo progrc~so
iucumbéncia de instituir um processo ormgráfico de nossas
cultural do país, concluímo>: nossos alunos ~ó podem
palavras. Para rt'lato• do formulário e do vO<·abulário ard -
aprender Jingua estrangeira depois de quinZl' anos de ida-
rou-~c o oferecimento de um professor desempregado que
de".
aLaba\13 de ser exduido da quarto escola em que lecionara
A memória de nossos filhos - é a cond u~o a qur ch~­
português no> quatro últimos ano>, dua> d e Curitiba, duas
mos - dt"-"e. na idade mais propicia para aptcndrr línguas,
d<' São Paulo. Do trabalho pessoal, feito à> escuras. sofremos
ser ocup.tda em decorar regras dc jogos c nomes dt· jogado-
conseqüências ltumiUtantes, como sinais distintivos dr ho·
res.
mógrafos e sinais indicativos de acemuaçào secund;íria -
abolidos somemc vime e o iro anos depois - e outros com 18. E aqui resumimos. senhora> e senhore~. o que cnrcn -
que até hoje carregamos. demos por redação: ESCR EVER EM D ETERMINADO
Nova tempestade ~urge no horizonte. O quf' at~·moriza IDIOMA SOBRE DETERMINADO ASSU!\'TO . Enquanto
n:io é a tempestade em si; é a sujeição a ela forcada por a palavra idioma engloba ,·ocal>ulário e gramática, a palaYra
algum am oficial. Então era a onogr..ttla . depois a nomen - assunto engloba criação e desenvolvimento. Ambos os pila-
clatura, agora i' o en•i no oficial, in>pirado por uma trí:tde de res ligados por um prc:ssupo>tO, experiência de •ida. e ali -
acadêmicos, da língua portuguesa, por ela chamada "língua cercados pela leitura.
naciona l"; no ditCr dessa tríade, pret~ndcm oficia lizar não a
19. Conven~amo- nos, colegas: Privar hoje um mt·nino de
gramática. ma> - para usar suas palavras - os diferente>
aprender a redigir é privar aman hã um cidadão de sua cu I·
r~gisrros do espaco, do tempo e dos estratos sociais - e fala
cura. Não pacrul'ffios com o Conselho Federal de Ensino no
em "associações morfológicas", "r.tdicai>', "afixais". "pa-
ronlmicas''~ .. homonimicas'~~ "antonimicasu. t•polissl-rni·
proibir aprend('t' lingttaS estrangeiras, nt>m demO> mãos a
casn, "onoépicas" , "ortográficas", "onofõnicasn4 conselhos !'Staduais de en>ino que não aprovam livros que
apresentem vocábulos novos do vernáculo. Não nos man-
Essa discrimina<:ão é desanimadora. Narla de Oexào. nada
comunemo' com a falsidade d•: educação a a limentar a igno-
d~ conjugação de verl>os, nada de regência, nada de coloca ·
rância e o despeito de civilizacão.
çào; apenas fala a tróica em " grupos de questões sintáticas",
expres>ào que nada diz em favor da gramática, e termina o Redarguir - V. bulir.
documcnto comuniando a decisão de congreg-.tr estudioso• Redator-chefe • Assim se diz. c não "redator em chefe". cons-
e de obter recursos para confiar a especialistas a tarefa de trução t"Sta francesa; erro equivalente seria dircr em nossa
rt-aliur, individual ou colegiadamentc, ta l objetivo. - A língua, já mesclada de tanta t,,uiJaridade, "capttão t'lll mor".
mesma patranha que precedeu a reforma oncgrátlca dC' Redimir. V. remir.
1943. a mesma falsidade q ue antecedeu a Nomenclatura Reduzir - Redu1.-se uma quantidade A ourra menor: "As tnisé.
Gramatical Brasileira. que ao ser puhlicada no Diário O ficial rias, as doenças e a. guerra reduziam A bem pequeno núme-
encontrou trabalho dt um dos el~mcnws que a sorrclfa ro essa m ultidão desordenada" - "Pretende-se red uzir A
no-la impuseram já na terceira cdi~·.io, com a descarada de- uma hora o percurso de São Paulo a campinas".
claracão de que já estava de acordo com a dcterrninacão Se a caminhada de duas horas foi reduz.ida a urna, DE
oficial ainda por VIr. quanto foi ela reduzida ? "A caminhada foi reduzida DE
A conspurcação da nossa gramáóc.a não tarda, como uma hora" - assim é que se constrói, e jamais d~ forma
conspurçado foi o tradicional Aulete com a apresentação de equívoca e errada "foi reduzida em uma hora" : "Além de
autoridades como Chacrinha para justificar um chulistno. reduzir DE 295 quilômetros o trajeto entre São Paulo e
Querem acadêmicos conseguir recursos para realcar os Cuiabá, a ponte proporcionará ligação rodoviária mais cur-
fatos de nosso idioma? Querem livreiros propugnar pela ta entrr as cidades paulistas e a região amazônic-.a".
cu ltum? Temem recur sos para a rccdicão de um Laudelino Não scrá dNnais dizer que com nenhum sentido o verbo
Freire, a maís meritória obra lexicográfica de autor brasilei . rtduúr se constrói com em.
272 Relem Registros públicos
Refem - Scrnprt> que precisar indicar a pessoa prt·sa pelo ini - bororns orienrai>" - Padre Amôni o Colba"hinii, fica-se
migo como garantia das obrigacõn ou exigência~ deste, diga sab<'ndo qut' na língua dcs><:> índio; "os verbo~ que indicam
ujnn. fa1cndo cair o accmo na úluma sílaba. Por regr.1, o movimcmo regem acusa tivo'' . Esta c muita> ourras exptM-
plural tctá idêntic-o acento, ufém; Viu:rho acusa no Elur:itlá- ~ões de~~" livro. 1cdigido por erudito m issionár·io, são coru -
rio outr.-. plural , amiquado, rtjeru:u, com o accnro {amhém pt·c·eH!.Ívl'Í ~ rio «.\ por quem conhece regência no asp<'Cto
no stgundo t . geral flondamenc:tl. Após r•\e conhecimemo geral é qu<' o
A paldvra em apr<•co nada rem qut· ver com rtjt - qu<' M." estudioso podet.i p.tlrniUlitt a grdn)átJ<:a porcuguesa e <.Om-
pronunc•a rife - df•signauvo de e.1pada. Talve~ pda scnw- preendcr as l<'is de' idiomas cstt•angei • os.
lhanc;a dt forma ~ que houvt: confusão no acento. llt{fm .Rcgiáda, regicídio • V. man11cida.
rem orig.-m e aremo diferenr<'s. Regime - V. UnlnmL.
Refl'rir - V. aderir. R~ime comum - Oua< ou ma i< palavras podexn rer um ml's-
Rtftetir - V. admr. mo complemen to. com tal q ue essas pa lavra> cc:nham ames-
Refolho - Quando '"bs~anuvo. seu plural é ufi,l/ws. ramh(·rn ma regenda: "A ohcdiênci.1 e o amo1 à pótrio" ("obedic'n-
com o fechado, rai qual se passa com o simpk~ folha , cujo cia" e .. amor" t(·m a mesma rl'gencia; amba) ex1gem a prc-
plural conserva li:chado o o. po>icâo "a"; podc·m, pob, ter por complemento a me~ma
Refrega - Ê palavo<t p;troxitona , isto (·, rem ac<"nto na pt·núl- pa lavra). Não sc·ria correto dizer : ''O conhecimento t o
tima sil.tba. amor à pátria,. - porqul· ·'conhecuncnto, t: "amor" exi-
Regalo - No senrido de "pt.tZtT prodwido pt'lo bom tr.lra- g<·m prt'pmicóes dikremes (conh•-cimemo d~ alguma I'Oisa,
tnemo'' tem por aumentativo regal6no. :nnor a .ilg-uma çoisa); o correto i:-: "O couhccimenw da
Regência vc:rbal - Reg<'ncia verba l é ;mumo de j,"l'amática pátria e o amor 11 da". Outros ('Xetnplos: "Conheco t~lt li-
que não compon.t raciocinto>; rais fatO\ são l"igidos t> <·lugt·m vro e go,u> tkl~·· ( e não: "Conh~o e gosto dcstt' livro" )
o t·studo de vcrbo por verbo. A gram.itiça of('('l'ce-lhe o pro- - ''No ~~pa<·o dt· meia ho1a compr<'i um livro e dtlt me dc:s-
blema, mosora-lht• o çauunho, apont:t- lhe a:. possivets va - liz (E' não: " ... comprl.'i e m~ tlesliz de um livro'').
' iantcs (' os n<·cc-,<,'\rit" cuidado>. mas em h '\!', sem nada Sabr já o kitOt que não S<' deve di1er : "Conheco eMe li-
concretiu•; o born dicionário i: que irá mosn ar-lht· a regt'n- vro (' go<to do mf<mo'' : mr;mo - fico u dito nesse ve.Iwte
c ia ou re-gências d<·ste e ddquele verho, com <"te ou com - não:.<? presta para substituir ek.
:1quele >ill!lificauo, neSta ou naquela ;i tua~ão. Em cocToboração do assumo vejatnos este exemp lo latino:
Rcgi'nria l- pomo demas1adameuu:" vasro de gramática, "Praesichum in v(•;ti bulo relioum '')I nc qui\ adire <uiÍam
dlém d~ muno di~p<"• >o,. complexo. Rt·gêncid t·xiste de vtT- n<'Ve indl" egredi possct". Curiom, objeto direto de odrrt,
bos, na parte ekm<'ntar <- fundamencal (di,~>ão dos verbos vem subs1i1uido por advêrl>io de lugar donde (mdr) para
quanto iJ prt>dic.t~âo), Jlll pane <'sprcifica (aqui o a~:.utuo completar o verbo tgrtdior, que cem outra reg~ncia; a tradu -
co mp<Jt ta dicionário, o qut• já <·xt>lt'l, dt' suhsramivo>, de tão será: "A guarni<"ào foi deixada no vestil>ulo para qu<'
adjeti,·o>. de prepo;.on3es. mnguém pudc;so- entrar no senado n<'m dai ~.tir", e não
. Quem não souber clist}ngUtr o_hjt·ro,d~~eto de objc,~o i~­ " ... para qut• ninguém pud<'s~e emrar r sa1r do senado",
dtreto , a fom1a pronomma l obhqt•a o da forma Ih•· , uma vel <1ue entrar tcm uma regcncia (c·ntrar tm) e jQIT outra
fundo acu;.ativa dt- funt'ào dativa. jamais poderá H'Ôigir (sairdtl.
em po1 1uguê~ !ll.'b'Uro nem t"Studar com real comprel'n>ào Estamos agora (hanre de uma constru~âo de jornal jamais
língua s eStrangeira>, pt•incipalmcme d> simérica:.. norada em nosws anos de vida profissional: ''Viua m dcpoi>
Em nOIÍCÍa de Wash ingcon pllblicada em jornal no.so cn- .tnos sálaros, iguais ou até p iores a estes".
comramo> esra rcdacào: " Ronald l{eagan d<·darou ontem Di~-'><· "igual a", mas não M' dit "pior a" . H á na reda ção
que o novo acordo entre os Estados Unidos e a URSS para <'rra evid .. me d.- rcgcnàa, consrimído ~m dar a uma pala-
d limitarão de exp•·• iência~ nuckare~ apresen ta muita> omis- vra regime que a ela não corre>ponde, s•·não à palavra ame-
~ões DE QUE os ;<Jviéticos podt-rão aproveitar se DELAS". riormence citada: se o regimr de um adjetivo se inicia por
Ainda que a comtrudo pot rugut'sa fussc.- do c-.u~didaro do a (iguala) e o de outro por dt (pior dt ), não podnn as pala-
parúdo â indicacâo para a p•.-sidênc•a da Amhica não iria- vras igual e pior trv.cr dessa mant"ira fundidos seus resp<'ti -
mos pe•·cloar ao jomalista sua rranscri.;iio com 0 etTo que ai vos complementos. Impõe-se redigir de maneira dilert'ntc:
se ençmura. Reg~ncia, colocatão t' concordânci.• são proces- "iguais a estes ou até piores".
sos ~intâticos que t·m qualquer língua são t'Studados ã luz Rc:gimenG&I • AI é o nosso sufixo, que pode formar adjetivos
de urna gramá1ica, <·não em obras lit('r;irias nem em anrolo· que indiquem relarão: braçal. jilwi. legal, pmal. normal. gra-
gias. De escolas em que o; alunos diariamente' comparecem matical.
<em jamais consigo lt'Var uma gramática oão í: de admirar Ar é o mesmo .uflxo ai, cujo I pod" passar a r (fmórncno
\a iam dessa forma despreparados para a ' ida JOrnalí<nca . chamado düsimila(ào) quando arreocido a palavra que já
A menos que essa viela esteja desligada em sun terra da lín- tenha 1: ltngular. 11rmJ/ar, axilttr, bacilar, capilar. arcular. COIIJU·
gua que ai se fala, deve um repón.-r criar brios c disciplinar- lar, rlnnmtar, t!.Colar. globular. nuular. jur;ular. lunar, mrdular.
'<' da drficit'ncia d.- •·duc.ttão da faculdade por que a sua m•litm. popular, palmm, wlar. ~ulgar.
e<colha .e diplomou. Exist.-1 em rrgimmto .~ Não. Por qu~ enr·ã o a forma rtgrmtn·
Quem aprende a fa lar certo não precisa p•·mar para <'Virar t<;rJ Por in fluê ncia do ved>o? Por inllui'ncia de regulammtar1
dizer "já 11 jalti que voâ não maryou o que de falou''. O se- Mas aqui exíste um i. Para criar distincões de signifiçado?
cretário de jornal qu<' afirma "Jornal não é tratado de por- Não vemos nisso nem fundamento nem C()(>fência. Con\i -
tuguês" d~·erá ~enr ir- se bem quando d<\qui a n5o muito dis- dere-se, além do ma is, que a ti- ent certos nome~ em que ~xis­
tames dias ouvir d<' u m filho "oóis falemo". Corrigir o (i lho ((•/ tl'lllOS o su fixo ai (tele>ila/. dau;tral. colateral, glacial. lingual.
c indi>por-se com a <'07Jnheira para quê ? Como as cozinhei- lro/Qgal); porque, pois, não aceitamlOS reg..mmJal para qual-
ras, filha\ e redatores de\'<'tn falar com ... naturalidade. qutr nc:cessidaclc? V.jMnikar.
Quc•m se apro,•dta apro,·eita-se "DE algo", mas o regimc Registro, regjstrar - É mais comum - >e n~o geral - no Brasil
já ficou cxpreS$0 no inicio da subordinada ''DE QU E os a grafia com tr. Pa lavras h~. provenientes do latim por via
sovihicos poderão aproveitar-se". Pretexto nenhum ai t'Xis- popular, que perdl.'ram o r do grupo Ir {roJto. ra<lo, madraJin).
te para .l repetição do complemento Vt't'bal: o DELAS com mas entre nós perduram as formas rtgistro. rtf!'Sirar, rcgistrá-
qu<' redator e rt'Visor dei.xaram finali7.ar o pt·ríodo tem a vtl, registradur.
mt•sma jusrifica<:àO rl<> linguajar da cozinht>ira : mera iniCLi - Registros públicos e publiádade - É de 1973 (Diário do Con -
cidade de ignorància. Se ignoti nulla cupido. a quem jamais g~sso Nacional de 18 d<' oumbro), de autoria do Sr. Alei r
aprendeu não ocorre a mt'nor descontlanca de e1 r o. Pimenta, o projeto de lei 1593, quP. dispõe a grafia das pa la -
Lendo sub stancioso livro sobre os índios bororos ("Os vras nos registros püblico> ~na pub lddadc:
Registros públicos "Relações públicas" 273
Ar1. I - Os oficios do< rt'gistros públicos... e <lu..dquer picai, onde Já ~c coroou hábito nom<'ar rasas comerciai' gra·
repartição pública federal, <'Stadual, do Distrito Federa l, dt- fando-sc o'> nomes de forma contrár ia ao que prescreve· a
Tellitório, e dos Município• não registrarão nem arcluiv~­ forma gr·arnatícal , ral é o caso de ""'"hr<·, l<areka, o que não
r:io nome~. documentos ou contratos que contenhant p,ola - se explica M"n.ào pelo mau vcw de;: atrair arenôo do pos~ível
vr.ts ou :.iglas. cuja g•-afia infrir~ja a Convenção Onográlira fregucs ou cliente- por me-io de:' um <'xpcdil'rHe tão pouco
entre o Brasil e Ponug-al, ap• ovada p<"lo Decrew Le)(i>lauvu educativo. que vai de enconrro ao eslor<"o indormido de m•-
nv 9, de 1957 - que aprovou a Com·cncào Ortogr:ilica dt' lha.rt's de· professores para orientar proflcu.-mcmentr, na <ala
29 de de1embro de 194-3 - C'om ....~ ahcraçõe. constamcs do de aula ou por correspondência. o l'>wdo do vcntáculo.
part-ccr conjunro da Aç.adcmta Brasileira de Letras" d<t 1\t·a · wmando -..c:. pr<-semememe, quase mócuo esse laudá,·el
tlt:ntia da> Cicnáas de Lisboa (Lct 5765, de 18 -1 Z-1971 ). objetivo. tão deturpada anda por estl' p;us a língua em que o
Are. 2 - É. vedada a propaganda, ou a publiodadt·. qut• poeta camou, com inc•xcedível mcsrria. a t-popéia de Va;co
utilize palavras com gralla divcr:~;~ da referida no an. 1. da Cama."
Are. 3 - Toda a propaganda comercial, falada ou cscrír~ , A rranscrkJo quase inteira da proposít;ão do Sr. Alei r Pi -
r nt todo o território nacional . c1Ner:í ser examinada no !O· menta fi1.cmo-la no intento d<' mostrar q n <: ainda exi~te ó
~'lH\tC a J.,rramárica pdos órgãos ck sua divulgadio. a dl'S t.l - brio de quet er vt't o dioma reavivado t'm sua pure1.a.
l.>t:ndo l~coímá-la de qualqul"t impcrfeitão vemacular. Regular Empoo tugu("> diz-~e ''regular por": r<•gulou o relógio
Art. 4 -A infracão do di>posto nesta le1 serâ punuld t0111 pelo rádio. regulam o desejo pel11 juím, regulamo-nos prlo
multa de ... procedimento de nossos pais.
Parágrafo único - I'a~ llll'>tna~ penas incorrerão as p<•,. Rcinos, divi~s, dasst-s ... - O assunto, conq uanto fuja dn-
\Od~ jm ídíca s ou as nacurdÍS <jUt 'iolar.-m as decemtínau;e<> tas Q!tt•lÕfl no tocante à biologia, trar- lhes certo imerl'~se
do:. artiJ1:0S anteriores. diante da fn:qüt'ncia com que no~ a>~ah.arn dúvidas sobre
Aot. 5 - É concedido à> pl'>SOa> jurídicas ou na tuJ at> que a di sti.nt"ào t:nrrc as palavras da taxeonomia an imal.
e~tíve•·l'.n u.audo ll<>lllt'>, palavras ou siglas çom S'·alla tl iv<·r· Rrino; - 0~ >CfCS disu ibuem· S~ em: an imais, vegeta i> ...
sa da esrabeleci da pela Conv<•nciio Ortográfica emr<· o l}r.1 - Ditmõt;- 0> animais distriuurnHt' ~m : vendrradus ...
~ilt• Ponugal, com a> ahcra~ô<·> conslantes da Lei 5765 dt Cfm;r; - Os u•nebt-ado; distribut·m -st <'m: maruílnm.
1971. o pra>o de .eis me-se~ para a co.npeteme o·erilõç.,,;io. av('s ...
Are. 6 - Esra lt>i enu-ar á em vtgot ... Oránu - Os mamíferos disu-ibut"rn-~r em: quadrúpede>,
A >l'guir vem a JusLilic.u:io do Proje-to, a qual '<" ba-.eía Ct'táCt'o~ ...
no an. 180 da Com!ituiçâo federal: "o amparo ã cuhttra h:uniba) - O; celác<'OS distribuem-SI" em: aquálicos, a(·-
<- dt...,·<·r do Estado". Mencionando os prinópais monumen- reos ...
tos li tl.'drios do mundo, desde as o bras de AristÓtt'le<. e de- Chifro - Q, aquáticos di<trihu<'m -se em: misticcw~.
Piat~o. lembra o auto' do projeto a> <·poptias de projt•çào odoutOt<'l<:l>···
mundial, até o nosso Ca~t~õt·,, par<t a seguir <tllnll<ll : E>- f.,plcir - O golfinho, a belug<~, a marsopa são espél'Í('S
ses ;ut tores e essas obras, l'ntrt' ou tros, abrigam a essência dt> odonto\CIOS.
do prnsamcnto humano e compõem o subsrra!O sobrt' que Reitor - Fem inino: reil#a. A forma de traram('nto é magníjicu
se as;encam. arravés do:. ~kulos. a> obras primas da lítera- reilor (km.: mogniji.r.a rrittmJ). V. vtTtador.
tma mme-mporânea, que n<'k foram buscar inspiracão Reiviodiou · É p~lavra composta que nem 'empre se vé
ou, pelo menos, sustemacão •e•bal para a sua expre~o. corrc:-tamC'nu• <"~cri ta; rri. g<'nitivo latino da quinta declina-
E o Autor conúnua: Em '-crdade. o idioma espdha opa - cão. tetn i Ida corJa) e não se faz scgutr de n
drão culrural do povo que, atrav~~ dele, se expressa: seus "Relações públicas", relaóonisca - A reincidência no erro
coslumes. suas aspiracões, :,ua' lutas. suas crencas, tudo en .. des\'irrua a '~rdade, abala a tradição. modiíka uws c costt•-
fim (•m que se baseia a sua própria l'XÍStl·ncia. mes. Ess<' drs<lstroso C"feito opera-s<· tamhém <om co isas rna-
Con>tituindo-se, ponanto , em riqu íssimo paonmõnio teriai>. coou os nvsr.os sentidos, qut? transformam a cacofo-
que (: mister preservar e cm·iq\aecer. cumpre del'e udt'-lo nia em eulouia, o dcstom em hamro nia, o feio em belo.
<' resguardá-lo, não lhe pt:rmitindo senão aquelas altc•racõrs Lirnitaudo-nos ao nosso assunto, pndemos segumment<'
que o ajustem às exíg~ncia~ do mundo hodierno. o que afirmar _.., difícil corrigir certos acenao,, (('nas discordân-
nàn ~ígmfica de.tTITtos inS<:·nr-lhc, ou aceitar que se lhe in - cias, cerras fk'<<k~. cerras inovacões tal.o ,eJocidade com que
troduzam, apmd ict-s dt·>nCC<'"<irios, que mais sati:.fa~m 3 o erro !.t' ~p.tlha. t:al a ínri.'J'tSÍdadr rom que- ele se introduz:
àn;í~ ímopílá,·cl de originalidadc do q ue a rnl necessidade os atuab m~io' dt' comuniacào etu fra<ôcs de tempo tor-
Q.uando un• doente mental <l<·>f.:-riu maneladas conO"a a nam públi<'<:~ wmponamemos outrora privado, ou ínexi'-
PietJ de Micbelangelo na Ba~ílica de São Pc:-dro em Roma, tentei, e i'"-' w·io a acontecer com o "rc·lacõcs públicas" ,
olcncku M;se g!'sto a sensibilíd.ul~ artístia de toda a huma - t•srranha dc-sígnadio do encarre-g;.odo de promover o coma ao,
nidade. Crime cono·a a cultura u niversal, sua prátaca tram- de provocar a ap•·oximação entre a tmpre~a para a qual tra-
cende ~~~ limites de um simple, at<"ntado, para figurar cntr<' balha e o~ p•ovávcis cornpt·adore> llo que· ela fal>rica, de aca-
os que mais conspurcam e <'nodoam a nossa origem divina. ltncar intcrc·,~c ('lnde havia despr("LO, de inu oduzír uma idéia
Se a»irn o é em relação à ~>cul tura, não menos válida se onde havta dc;contll'címento.
torna a asseniva no que tange ao idioma, cuja pureza e cuja O objetivo d.l ,.mprr:.a é: com e~sa mwa rclacão cmprega-
estrurura fundamental temos o dt'Vcr moral dt" protege-r, ga- úcia alcanrado, não porém o da língua p.ín·ia. que se v~
rnntindo a in,'iolabilicl'lde da• IC'b esst'Ddais que regem a violentad.t pvr tn>inoame idioma que rnconrra toda a laci
ane de bem falar ou escr<'V(r, ,ob pena de roouest<ttiio wm lidadc c apa<~Í\amenro po.r.t as 'ua> mcur..õc~ de conquista.
um delito contra o patrimônio <u ltural da Nação. a cuja E aqui temo> entre nós o "relacõ~s públicas", muito l>cm
dílapidalàO não poderno> a~>i>tir .em revolta. apessoado tM terra de que veio (Publi( Rdations Officer:
S~ja por desconhecimento da língua, seja por amnr i "The P.R.O. ot rhat firm"), terra pl<'na ,t,.. encantos pr<i-
origin:tlidade, o fato é que ~ está comando cada wr mais prios, ma:. dt: !isionomia hotTífica para nós que jamais vimo,
fr~qiitnt<: o uso d~ grafia> c1uc wnrrariam frontalmente rí- indivíduos assim ch;un.~dos por nomt'> compostos de subs-
gidos prindpios gral'rlaticats, quer na grafia de nomes pró - tantivos c adjetivos plurais: "'No fim da semana, Joaquim
prio~ ou comuns, qun na formadto de siglas c de nome:. de de Oliveira. hoje relaciJLs públicas da Soncdadc Amigos do
ca'\3~ comerciais ou instítukõcs de qualquer natu reza Jardim Lajeado, foi até sua. con,trurào .'' - " ...esquecidos
Ull'la página inteira do Oíáno do Congresso se' sc-gu<', pelosrrlacÕL) públtca> do DNER".
repleta de jusrillacões d.- w" proposícào, ma> ame> de enu- Não pertrn<"ente ao nosso meio, ~!IC intrometido rem uma
rne• á-la; o Autor assevera: só fisionomia, quer homem, quer mulher, quer singular.
"Haja vista, por exemplv. o que acontece em plena Ca- quer plural: "Ele é o relações púb licas da firma"- "Ela é a
274 Relâmpago Remição
relacões púb lic.cs da empresa" - "Eles são bom relacôl's pú- não se presta para e~)<l :.ignificação, pois implica idéia ck
b licas"- "Ela s são bMs ··ela çôe, paiblicas". Em "ck é um ab.tndono, de afrouxamrmo, e não de si mples descanso,
prt>ga-p.-cas", "ela é wna dil-mc:miras". "um carro papa· de m~ro repou so. Não perderá u:mpo o tscritor que ler
léguas'·, "um bom guarda-livro)•· temos, formado~ dr ver - num bom dicionário todos os semidos de rtlaxar; o lucro
bo e sub~tannvo plural, compostos que nenhum de nó> e~­ será dele c dos que o li'em. Todos, eles e nó~. conrinuaremo•
tranha desde o primeiro aparecirnt•nto, mas... que fazer coo1 a ler: "Voei: tem lrabalhado demais; procur~thJcansar".
o "relacões públicas", de fo rma e>tranha à daquek;? "Rc:lc:asc" • Por que não ado rarmos liberado para evitar mai<
Normalmcmt', um cognato do nome seria :a lo • ma mais um ba rbarismo? A palaVI'a, como~sul.»tamivo,l,encomra-sc
adequada ; se s~ trat<\ de relaç<k). relacwnüta seria o agente, já tm nosso Código de Proc(•sso Penal. com senrido re;tl'i to
a l'Xemplo tk propagandiJta. rtlatio11ar o verbo. rrl<uiOIIamm- à penalistica, mas libtrar (: tmpregávei C'm outros casos, co-
lo o ato. Arn1o nosws dicionário' não Er.lzt·m rtúuionar- •t mo nest<' de "acào de deixar lhTe para publicação, circula-
com o )('ntido d., ''adquir ir relatôe>", " rra\-ar conhcomen- <..ào ou rca lizacão, um d iscurso, um documento, uma r<"·
to" , "çonseg\ur amizade"? " A re,idc'ncia no pato da Ri- pr<"S<"ntaçào". Se um do' sinõ nimos do verbo inglês "re-
beira faciliw u ao moto da c-o~ pela rtln.rumilr-st com fidalgos" . leaS<"'' é "liberare", por que não sacudirmo~ dos ombro~
Teríamos: " Do Sr. João Madt•ira, relanomsta do Dcparta - es>a passiva e humilhanrc ~ujeição a fonna s bárbaras, ><'m
memo de Polkia Federal, de Bra1ilia. recebemo> carta" nenhuma parecenca ço m o que temosi "A Assessorid dl.'
- " ... esquecidos pelos relacio nis~.as do DNER" - "Pre- lmprcn-.a do Govemo d ivulgou , por mt:io de liberados. os
cisa-se de m oca rtlacionüta'' - "EI<- é o mdh01 rtlacionüta d~crcto' assinada> no ~bado pelo governador" - que
da firma" - " É a mais rtlaaiiiUldn. firma do g~nt"ro". de «'~tranho, que dt' incompreens.ível, qu(· de inaceit:h·d
" Precisamos fomentar o r~lati<mammto da firma". há na palavra ? Se "hbcracio" é "acão de lilx-rar'', por q uc-
E rtlacionador não seria igualmente- aceito? nJo ~ubstantivarmos lr/m'ado para o que lhe constitui objc·
" Rela<;Ões públicas" é que não <kw cominu,~r. À .r.;,rgul)- ro? Sl· comunicado niiu ) <" presta para d istinguir o libtrado.
ta '' Qual é a sua profissàc:> ?" r~'ponderia alguem : 'Eu sou que s(' use este voci hulo, não o de que .e servem oulros
rt"la(Ões púb lkas" . Q uem nào percebe que há a lgo errado idioma1, com grafia e prosódia inacei táveis.
nisso? E como nos arranjariamo' em cas<Js de esp<'ciali7a· Religioso· Coletivo (quamo ao lugar de vida <"n> comum ): con -
cão? Di ríamo) "ek é relacões industriais", "ele é o r('lações vento. Tra~<~ndo-se de p<·ssoas unidas por ,·otos religio·
avialÓrias·', "d(: é um bom rela<.ôe) cle•i '---ais''? sos· çom unidade, confraria, congr~cào. umandade, or-
Temos ainda em nossos dicionários conta/o com " ~igni ­ dem.
ficado dt' ''pl'ó>Oa t•ncarr~:"gada, nas agencias de publicida· Relógio • Barulho: badalar, mandar, tic-tac, tiquetaquear
d<", d<" mault'l contato com os t~nunciames, or ientando-os, (hora;: dar', bater, soarI.
apresentando sugestões". A ; ignilic.1dio ~restrita ,(: verdade, "Rcmarcávd" - Constitui afronta ao nosso id ioma o uso de5td
mas pode mui tO bem ser ~'l.·nt·rali7.ada, principa lmente palavra, \Orrcspondente ao frances "remarquabk". ao in-
se se considcrt" o uso ainda limi tado e consignado num úni- gl<'• "rrmarkable"; com <'ssc significado temo ' d iversas ou-
co dicionáno. Q,.ucrem consen·ar :t palavra com ~ntido es- rras, entre as quais notáwl. <mgulaT. assmalodo. nnintnte. com-
pecial? Pas~m a usar corltalador. lOill f('minino e plural nor- pícuo. nlrtrl!tldo.
mais, e o verbo o;erá, sem violênC'i Ant·m no ,-idade.corl/alar. Remediar - Conjugut··•o: rtmt-di-o, ume-di-as. reme-di-a ...
Uma s•:çào. um )i,•ro poderia chamar- st• " de relat õçs pú- rnnt-dí-am, com a mtsma naturalidade colll que se conjuga
blicas", com tr preposit.-ão d.r: "Fu i rt·provado na cadcin1. de rcpu-1/í <1, repu-dí-(lj. repu-di-a ... rtpu-dí-am. 5<' o substamivo
rdacões públicas" - " Pretendo ser chefe da seção de: rcla - (• pro paroxítona (repúdio. pre(ário. contágio. aJJ!d1o, rtrnidio ... ).
tôes públicas''. Dizemos "se~-ão de anes plástica~". mas não o verbo tem o acemu deslocado para o i· repudio. prefoóo.
incorremos num grotesco ''elt: é um bom ane~ plá~ticas". ronltrgio, as>tdío. umedío: " As reformas consti tucionais ordr-
O CJ.Ue aherra do idioma é cham~r "relacõe- públicas" o nariam~nre nada rroredra)n,,'nada prodULem <'a nada levam" _
profissional. Num grande e.cmório de advocac1a C'm que &16!.
houvesst· uma se('ào que cuid.H~<' C'specialmc-nrc- de ltru11 Remercear - Verbo cotlSignado em di cionáno c usado p01
rfwolulas enconcraríarnos uma st·rão de terras devoluta,., bons con hecedores do id ioma corno ~inónimo de retribmr
corno podaíamos e•lConn·ar numa grande casa comercial merct1, agrtJdtetr.
,, sl't:ào de vendas avulsa>, num <:~ni tório de contabil idade Remição, Remissão • St· t·m l'Spanhol ex i>t<' rtdtmir. em italia -
a parte cncarrrgada de contds correntes. mas va1 di5tã ncia no rtdrmtrt, em francê5 ridimLI, em ir1gl~' redum. formas
cmre assim prorcd<·r e afirmar: "Falei com o wndas avul- corrtspondemes ao latim redínur(, em português existem
..as" - "Não paguei hoje ao mfu comas corr<'ntrs" - ''Dc:- duas fonnas, r.dinúr e mnir. Do supino redtmptum, redimir
'íejo falar com o u:rras devoluLas" - "H~e não passou o d<·u-no~ mkncào: medianrt' o su ftxo cão. a fomla sincopad3
verduras fl(·oca~" - " O bebida, alrot'>licas deixou o <·mprt- rl'mir deu -nos o substantivo posverbal remi(ào. Ambas a)
go". formas, ráiençào e mnição (com d , prendem-se ao -sentido
A ver tilnrt'o com tais ofensa> ;~ o vernáculo seria pr<-fl•rivd de mgatr em virtude da significação do verbo latino de qu~:
a eles assisti r na purC"ta, na bt•l("ta, na coen'ncia dt> idioma MO originárias.
Oril,>ina l. Mediante pagamento. resg:ua-se. liberta-)C. o u seja , r<"
Rdi mpago. Rdampaguear • No faro me>mo de w• no~ro ganha · '~<" um p•;sioneiro, um escr.tYo; na rcdencào existe o
idioma a úhim,l flor do Lácio está a <'xplkarão de apre>en · rcsga[c, o u st:ja , o prcco. a soma dada p.tra a libcrtacão,
lar seu \'Ot-al>u lário abul)dància dt: [ormas divcrgt't1l('S: para a allorria: mmção d~)~ calivos. SC' com seu sangue]"'·
quando não d<' tl<'tcriora<;ão, varkda<le é índin• Je vida, e su> re<ga1ou, libertou o homem, ele operou a redenc-ào.
os cru?,amen tos gt•ram v.~ri cdad~:.. Se o próprio sub>ta nrivo a REMIÇÃO da humanidade.
se apresenta de maneira d iversa - ulampago. rdtlmpatl~ (for- O lllra é a palavra mniuão. com doi• ss. po is ourro é o ver
ma usada por Camões ·- V, 16; VI , 84), rrlamp.; - qu<' bo lattno de que :.e origina: rmtíllert. Também es1e vc:ruo
admirac;io pod<"rá causar-nos te> o vcrbo div<>r<as tormd>? no> deu d uas formas: rnn.ttrr e umillr. c ambos t(-m para .1
Q, dicionário~ ai t·~!ào a ofl'ret:~r -no' rtlampadtjar. rtlampa- indl(arão de ato, o )Ub)taHtivn rnnüsào Rrnú11tio, de rmutn,
puar, rdampn.r. rrlampear. rtlamP'Jar. forma; divr.'tl(ente~ tem St'nrido de todos .:onhecido: um índice r remis•i•·o
uma>. cognatas outras. que pod<'m andifert"ntt'Hll'nte ser· quando contém rtminõts para outros verbetes, c remissàQ se
us.~das. Diga· St' o n•esmo quanto aos adjetivos ulampCI- faz dt' tudo o que pode ){'r transferido dt·lugar .
gueonu, rdalllpttml,, rdamprjalllr. Remis.1ão, de rroritir - e aqui vem a d~licadcza e impor-
Relaxar - Isto nunca foi ponugues: "Voce tem tral>alhado de- tância da distincão - t o ato de consider<~r perdoada uma
mais: p rocure relaxar"_ Isso é angles. ond<> "rel.1..x" t<'tll coisa, de dar-lhe perdão ("Desse crime, só o Congresso po·
também o significado de drscall•ar: o uosso relaxtJr. poré-m, dia rtmlllr ou comutar " pena"); remmão (: agora sinônimo
Remir Repetição 275

de afTouxamento, e passaremos por i&SO a CS(t't"Ver Com por forma injustificável? "O esquema proposto é altamente
dois <j, rttlliJJào dos pecado\. Enquanto uma falta, uma pc- rmdoJO dada a possibilidade de venda no exterior".
na, um pecado é remitido (remis.<M da falta), o faltoso, o pe- Temo s ainda luaalivtdadt: " ... e com isto alcancar rn;uor
cador é redimido (rt'11llção do pecador). lucratwidad< pela mobilit.acào total dos fatores de ptodu-
Redime-se, resgata-se uma pessoa, há rcdcnrão dela: çio~' .

Houve rermçào do filho do magnata. Remito:-- >e uma falta, Temos wndávtl de vmder, mas não há tonhecedor do
há dd:o rrmi1SÕn: Houve rcmusão do creme. Se o homem cn - idioma qtc<' não sa iba que e•sa palavra é mal derivado~ . Ávrl
conn·ou c•m Ct·isw rtmição para si, o homnn cn • Crbro en- i: sufixo para verbos em ar (amável, louvável.. .); p~ra wrbos
controu rr.miJJtio para os pecados. em er e ir o su fixo é ivrl: de Jtifrer, safrivtl; de atr, aívtl; Jc
OecMrcnrn do semido etimológico, outrJ> accpc;õcs comer, com(vel: dl' caber. caMotl; de beber. liebível; de lllnger.
tem o verbo remclir e, conseqüemememe, também rnmção, langivtl, e assim aplaudívtl de aplaudir, mtdívrl. de medir.
ma> a dúvida mais freqüente pensamos ter l'limi~do. dú - suhmergívtl de jlllnmrgir, dnprn.iv•l (e não "desprezável") do
vida qut• o~ dicionários ou não dissipam ou nem ~cquer arcaico dtjprtw. Vejamo~ exemplos mais próximos do no>-
001sionam, pois os há chamados "etimológico~" que ou so caso. de vt-rl>os terminados em nder: de atmdtT. almdivtl;
não dão"" duas palavras ou nem ao menos uma drlas. de aundtr, aundivel. de ofmdtr, oferuivel: de prender. pmuií-
Em resumo: Com a rt171USào do pecado {ele remiliu o pt·- vel.
cado), Cristo operou a mníaio do ptt"ddor (el<" rl"miu, •Mi- De RENDER, portamo, só pode ser RENDIVEL. como de
miu). verukr deveria ter vindo uendívd (c vrndibil e;,tá fiO> L.u>ia-
Mas o a8SU!lt0 não está tecminado. Lauddino Fro:-ire, au- das- VIII , 92). forma registrada no Morai<: para ~rmiur
to• rc>peitávd pof muitos títulos, dá "carta de rrmi«ào". locações mai~ rmdiwiJ.
Aulete, rnc·rt'(t'dor de i!,•ual respeiro, dá "r.ana de rt~r.irà<>" . Rmdátl'i existe, mas é do verbo rtndar. e nã o do verbo
A dcfini<ào de ambos é a mesma: "diploma dt' foro' remi - render; rmdar é o m<·smo qu<' arrmdar (dar de renda o u tomar
do>'' - tnns Aulete fa-la seguir da indi cadio, cnm• partn- de renda uma porc;ão de tctra, um prêdio).
tcses (remir). Uma ve-t- que desejamos criar a pa lavra - O Teschaun
Va>CO .Bot<:lho d(• Amaral, ourro reputado pt·rquiridor já a registra, com d, de uma publicação dt• 1913 -là(anto·
do idioma, foge da palavra em seu "Grande Oidonário de lo como se deve. de acordo com o normal procedi m~nto
Dificuldade> e Subtilezas do Idioma Ponugoê>". Também do idioma: REN0181LIDADE: "As caixas econômica~
da dificuldade foge o Melhoramentos ao d.tr em carta as oferecem rmdtbzúdatÚ maior" - "Cinqüenta empre>ários
várias «'~prdc~ dela exiscemo menos a que agora nos tme- norte-amer icanos exp•essaram pr<"ocupa~-ão a propó)ito dd
f<'-· rmdzbi/uiadt dos mvcsnm cntos no Brasil".
Es~rando ter sido claro na explicacão acima oferecida. "Reué" - Nem Rmi nem Rtnl; em português é Renai.JJ.
ercmos I"JU<' o leiror conosço concordará em dcclarannos Rcnhir- V. abolir
que as dua~ fot mas têm sua justifica<;ào. Q.uando 1>e trata de HRenomado" - Q}tc necessidade rem o nosso idioma deste
documento que acompanhava o resgate do escravo, a form" adjetivo? Não ternos jamo~o. céltbrt, afamado e ourros? Além
com ( se impõe; não se t:rata de doçumento que' perdoa do mais, já niio temo'> o vc• bo rmornear também com a sig-
f.'!ha, , .. nãu de um que resgata inclivirluo. Se no sarri - nillca~-ão de " dar renome"? f:. seu parriópio renomtado.
lleio <'1 ue-nto de Cristo o homem ceve sdada sua r~miçào, com a pr('çl>a signifi cação do galicismo.
a remição do c;scravo está selada na carta que a documenta. Renovo (ô) - No plura l o substa.ntivo tem o "a•· ab<'rtn r,
Mas 5e cana for expedida para conn:de•· a um ~··imino~o a além de gomos. vergôntea>. rebemos, significa tambc<m ptO·
diminu icão ou perdão da pena, se•·á "carta de rnniuão": dutos agrít;olas e gado<.
O acu>ado obteve· cana de remissàD (nào .e !<ata ••&om de: Renque - Os doi> dicionários oficiais, o ponugues t: o bra~•­
resgate. ma~ de perdão). leiro, dão a pala,~a com o emprego indiferente de gênl'ro.
E si' a carra for a que o juiz envia a outro com o~ autos procedimento que f seguido por todos os nossos bons di -
ou par.1 os pedir? Deve ser agora "carta r~mHwno", <"Xpres- cionários e nada tem que ver com o significado; masculina
são já con5agrada e, dada a clara rdacão com rtmttrr, em dt- ou feminina pode 5er a palavra. quer no sentido de fila d e
cionanos cncomrável sem discrepância. coisas ou de pessoas (rmqcu de árvores, rerup.u de jogadorc~l.
Prendo:--l>e ainda à gralia com dois !' a palavr-.1 d.1 l'xpres- quer no de St'ric ou grupo dl' pessoas de uma classe social:
são "«>m mniuàll" quando está aí por perdão. por afrouxa- O ut:ros inOu~·nte> homens podem ser encontr.ados na5 rm-
memo de uma coisa: "Ou osa a meu go\lo, C)u fn·ira 't'm qut> do ~acerdooo - Um t"S<Ticor de·primeira rtnqut - Ek
rJ'11uHão nem demora" (sem perdJ.o nem drmora ) "'Farcr ingressou no rtnqut dos gc:ncrais.
pagar s<.·1 n rnnu~ão.,. u ,,. ". • , A palavTa i: de origem germânica (hring) e a nós ch<'gou
Q.uando equ1valc-r a sem resgate . "reml"d.avelm<'J1te , por irlOuência do franc.ts ( rariC) e do inglês (ranlt.), razão por
a cxprc·s~ão trará a pala,,.a com ç, po is t·star;i a referir-se a que justificamo> ;c diferença - num tabuleiro dt· x~dro:-z
pes>oa: "Crc ;omt-me nas ficções dos espíritO> fillates c és por t:x<·mp1o - <·ntrc colrmo e rer~que; coluna: likic'a, flla d<·
meu ..em umiçíio (irremed iavelmemc). quadrados pt·rp<·nd•c:ular aos jogadores; r~mque: linha d<"
Remir - Enquamo rtdimir é verbo r egular, sua fom1a si ncopa- quadrados parakla aos jogadores: as torres dominavam a>
da remor é defectiva; só se conjuga nas forma> t·m cuja do:-si- colunas do cenrro; com t xcc(ão de dois, os peões ocupavam
nência t'xi~tc l ' rtmimtH, remis; rtmia ... ,· r~mJtr' .. ,· remÜJt ... ; o Ttnl{lt<' inicial; os 5oldados marchavam em colur.as e em
rmudo. renques perleitos.
Remos - Coútu•o {conjunto de mastros. verga:.. croquc·s. re- ~Rentabilidade~- V. rtndrbrlldodt.
mos, .tn<"ororcs CK- de embarcação pequena): palamcma. "Rmtá•·el"- t rolice em po< tuguês. V. rmdibi/icúuit.
Rcmoti•idudc:- V. tÚllthlitÚuÚ. R,.pelir- V. adtrir
Rendiuilidatlc - ~sim como uma empresa ou nm Mnpreen· Repeóçào da preposição ..em" antes de " que" - V. no lcmJxl
djmemo pode ser lucrativo f', pois, ter sua lucratividade. <fiiL.
o que pt oduz renda é rendoso, é muliv•l, ou w ja, tem >ua Repetição das L001ç&s Prepositivas - a) Regtmts llgado1 por
rt71dibclulodt, iuo é, capacidade, possibilidade d(· prod1.11ir "e": Na maioria da> vezes. enconu-amos repetida >omcme a
rendimento. lucro. preposi~.ão que (i ,,a) i, ~ locuciio: " Através do Dicionário
Não há j us•ilocativa etimológica para I em lugar de d no e da Gr-.1mática" (M. Dan·c·w) - '' A vista das cróniats coe-
neologismo - a palavra rmda não tem t nem no étimo - vas e dv, documentos" (Hnc.) - "Em troca da proteção c
como ju.tillcativa não há para a na segunda sílaba: uma do afeto" (M. de Assis) - "A frente dos soldados vaseon-
cultura pnde ~er altamente rendosa (e não rtndávtl nem rm - ços e de algumas tiufadias" (Herc.) - "Acerca da solidão
láve/). Por que dcsprct.ar o nosso rmdoso para substituí-lo noturna e do sono e das coisas" (M . de Assis)- "Por m-:io
276 Repetição Repetição

d3 f<· e do bamm o" {Vieira) - " À ,-;~ d~sl:t di ~t in<ào tão d3s part~s dd pr<'<cmc obra q ue mais escrupulo<oaoll('Oie
v~rdad.-ioa. "deste desengano tão ce11o'' (Vicir-d l - "Abai- elaboramos<' de C\lja u1ilid:idc mais estamos convencidos''
xo de Deus f" do esrudo'' l(;as1ilho) - "Apt--ar da prima . E o mais imponamc d<: sua asserção está no final drs1r pt'-
du baro natu, dos mt•ninos, do dinheiro c: da saúde" (Ca- riodo: " Além dc· devt'nnos às preposicões todas as fra:.es c
rn ilo) - "A freme dos e.xêrcitos t· da:. povoaç<k> emusiás- elegância.\ da língua, é, aliás, do ignorar o convcn it' nle e-m -
licas'' (Casrilhol - " A instància> dos seu> t'di1nn·' e de ou - prego dela> qu<· procede o vermos freqü<:mcmenw <·rrar a
ara' P"'''oa," (.J.J . Num•s) - "Em direção ii Europa e ao sul genuina linguagem, que-, por tal causa, de dia em d i,, ,.. vao
do cominrn ae" lC<trneiro Ribeiro) - "Poo inwrnol-d io das deteriorando". (Es~,amos a lembrar-nos do t'scabroso " tele-
folha:. diárias e das subscricões púb licas" (Silva Ramos). visão a cores" , que <tuast P.ntrou na língua ..m Vt'l da forma
Exemplos todavia n?.o falllUTl d!' não rt•p<•tit:iio dr m-nhum correta "cclwis:'lo rm cores").
dos rlrmC'ntO~ da locucão: "A custa d:" C:OIIlt,.,C:X·s c pro- A e»e íntróiw de: Lcun i seguem-se quase cento c \l't<'nta
m ...»a> humilhaiii('S" (Hc.Tç.) - "Por honra do~ .amos e páginas sob re- a' prr·posições, mas... completo ê o ~ilcnc1o
d ias de fi-,ta'' (Bemar·des) - ''A par da:. ctent a) c civi lização no q ue reopt'i ta .t 1epe1icio das prq>osic.X·s. t em vt-nlade
d.t mãt wmurn" (j. J. Nunes). Tais exemplo' de não r.-pe- ingrato esse a">~unc o particularizado, que aqui nos atTOja -
ticào s.'io mais freqüentes quando os H'gimc'> não vi.'Tn ame- mos a ventilar. D1sringuaremos os dh·ersos ca50~ por 1<·-
c<-dido~ <k nenhum determinativo : " Auair por mr io de se- tras, consLitu indo o prirn<>iro um esclarecimemo prclimonar
du<àO e a•compt'llsa" (Rebelo da Silva) " Da pane de nés- ebásrco:
cio~~ ruim" (C;milho). a) Vário> n(Jmfl. rlla\ um <Ó ugune: Suponhamo~ uma luta
b) Rtf!,lmf.< ligados auindtticamen~: Q.u.mdo, .-m vtz de ''e" , entre um indivíduo. J oão, c dois outros, Pedro t• Paulo.
há vi ogula r mre os regim es, rc·pet<'-S<' o elemento llnal da Diremos: "João hliO\J contra Pedro e Paulo" ou: ".João lu -
locu<ào ou. se ror para eit-i ao enlii.lico. confOrtll t' veremos tou contta Pedao <' contra Paulo" ?
na lnra t). a locucão inLeira : "A Lravé·~ dd vinuck, da verda - A segunda .-c)nsuucào tem signillcado dife,en~t· da pri -
dt·" (.J oo·ge Fen-eira) - " A par d<:~SC:) foros iul()na is, dcsLa meira, pois dt•nnta duas lutas separadas: J oão luwu rri-
brm -avrnturanca int ermi nável" (Mont' Alvnow). meiro co nu d um , J c-pois contra outro. S<: a luta foi uma •6,
c) RtJ,mne~ jalsammt~ dup[()s: Ci1c:mos um exemp lo : " An- a prcposidio não ~t rt'pt"ac:: "J oão lutou con u·a Ped t o t•
d.un ~c>rnprt• a1ravés do uso e cos1wnc" (jo ogc Ferreira). Paulo''.
"Uso e CoMume" (· expressão juridica guE>, na prática, ele- Perigo de ambigü idade como c·ssc pod(·rã cxi>tio <·m ou-
nota uma •ó c mcsma coisa. e. no Dirci10, l'l><'> doi~ ;uhs- tra:. fr.1ses S(.'fn<:lha nrcs: "Aos poetas e pintorc~" (a Pt''"""'
tanrivm vt'm <<'mpre junto>. a um lempo poeta~ c pim ores). ··Aos poeta~ c aos ponro -
Poc analogia. no mt'Smo caso se enquadra este <'XC'mplo r<·s'' (aos que são poeta' c aos g ue são p intoresl.
d.- Vi.-i •a : "E se de >e deixasse ' er demro da t-a>a ou S(.>pul- :'{ãu cobc, nn cai~ <:a<os, verificar se as palanas, ocgida,
tura'' (Sr Vieira rivesse repelido o dC"nWnl<l lin.•l da locu- pela prepo~i~.io, :..-io ou não amõnirnas : importa, i\IO ,im,
tàO, iria t'>pcnficar coisas diferentes, dando ~nrido falso ao observar S(' elas ronqiruem um só rrgimE>. conjunoo, con-
kiaoo: "casa" <' "sepultura" são palavras qut: ••-.;iv aí a indi- temporâneo. o u. ao wmr.i rio, rrgim<'s diferentes. 1soladm.
tar uona >Ó coha). Quando se di, " VLlj:o por terrd e por m ar", d i, . , .. bt'l ll. t'
Cd'Kl Q "ou" não 1r-ouxesse a indica,:io d e uma lOt>a úni- não :.~:ria pos~ivd d<' ourra forma dizer. Os rlrmrnros niio
ca , a prrpnsirà ll viria repeLida: " Diante dos meu' o lhn> ou pod~mtunsl i tui t n lrnplemenro çoni umo de "viajar": ARE-
dos meus o uvido:." (Silva Ramos). PETIÇÃO DA I'REPOSIÇÃO IMPOE-SE. Q.uandu - co n·
d) Regl1n<'~ di•tanriados: Q.uando de aal forma d istanciado ~idcrando-s<· o caso contrário - diz alguént: "Dtsrruir a
do p• i11u:iro, qu~ esq ueca ao leiwr a locu<,à<.> <k qut· de dc- feJTO c logo" , p rocrdc- corn:tamc-me t·m não rt·pc:tindo a
pt·ndt·, nada m:t i< na tural que vir o .egundo regime com a preposu:ão, uma v<'? que as palavras "ferro'' e " logo" indi-
lo(.ulàO repetida : " Não f quanto a de, qu<' vo' ltmbm re- cam elemento>çonwmporàncos de destruirão.
fo rmamo. rn:" ,.0 (tuanto ao modo de..:• (Ca>tilhol. "A fi ta do Cvrdo ,. o Magro" -"Um grupo de dnco ra-
ti Reptllrào mftilit<;: Por menos aaemo c:-srep. norar.i o 1.-i- pazes e dua> m<K<t'" - cons1ituem o utros exemplo' dl" re -
tor o d.-ito enlanco que ao pcliodo u.a a n•pt•utio da lo- gime comum. uno, da prcposicào. Outros ext·mplo> <'111 <J<lt'
n o<i.o inteora anat's de cad:i regime-, ...-mprt· q ue a repeticão a prq)ostdio reg<' v:irio< nomes que consti tuem um -<Í ce-
'tja dtt:ada por essa <onven iência: "'EI<" com inua a cu lm inar gime· '' Duram<· o na(·> pa:.:.ado e partt' do presente" - " Ho-
..ú a( ima das INra s, acima da política, adma d01 magim-dm- mem de cdbelo' ho:1nws c b igod•· gri.albo·· - "Andlo~ia
aa"\Ruí). de forma e ~ignificacào" - "Campo JUncado de mono> e
fi é.xnnplo• q:1c nàQ devtm jer ugwdo~: Comtuut gahdsmo ferido•'' - "Amc a violt'nua do choque e a desord<'m das
ou castc-lhnn i1mo pôr ames do segundo regiam· o anigo vanguarda\' - "Cosa de pau e barro'' - "Comida com
st•m a prcposirào: " Acerca da Companhia rl<'.JI'~u ' e" co lo - sal e pimenta ·• - "Secrt'aaria <k Edua<,io e Saüdt· Púl>li
nit.a,ão brasikira'' (deve ser: Acerr.a da Companhia de j <'· <:a'' - "ln~titulo de ApoocntadOt'ia e Pens<k~" - "Tcddo
~u< <" da culonilacào bo·asildra) - .. Aceo ca do cxti lltO con - dt· a lgodão I' lã" - "Flexão verbal de modo, tempo, pt'>Soa
vem<> da Cot~rcicào dc~provcicado c as ruína' da contígua e número" :_ "Viwr a pão e água'' - ''As le1ras divi<km-
igreja" ldevt' -er: Acera do extinto convt·mo ... c das rui- sc em vogai< e rnn"'''"""'" - "Os meaaplasmo• podem
na:. ...). proce>sa r->e poc ddi~iio, 'ubtracào c substiluidio". N3o h.l
R'-'petição das preposições - Sendo nu:.w idioma ana linm, ao n<'CC5\Idadc: de repetir:. poepmiciio: o regimr i- uon so Mao>
rom rárto do materno, sintético. o ,.,,u,lo "·" pr.. po>iu}es e~te exemplo: "Dandtm -sc em int<'l)t'içõc~ propn.tmc:-na.-
toma " <mpoo t<i ncia qur na> cienaa' a"u nac·m o< cl<"men- dita> f" lucutlk> amei jetiv<~:." .
to< di"inrivo,, <aratcrizadores. f'\o "GO:·nio da lingu.t Por- Se as palanas q ue "'m ap<.í< a prt-po•icào não conMituun
tuguc '1.1". imponame obra de Evari>lo Ll'cmi. pulolita.da em regime uno , com<'mporàn<-o, a rcpetício <;(' imp&: ''Nome'
1854. <·ntomr.ull -s<' csras palavra~ '>Obrr a prrpmic,in: "As derivado> dl" ; ub\tamh·o; e de \'erbos" - "Viw· na cidad~
propoi<·d,uk' qu<: Ih.- são inea entt•s ,., pc uduzindo pasmo~ I" no campo" - "O ' i ema seu poder no céu, no d<. uo mar,
v3ri<'dad<' n:l' rclacões dos nome' e """·"·itl•o "' rambiame na 1ena" - "01 gullt<> da ciência c da mdüstria" - " H on
na acq>rào dos verbos, iSsinalam prin<'ipalm<'lll(' n g~nio ra para mim ,. P·•r~ tOdos'' - "Flexão >Ubotdinada a> rc--
d:o língua, <o nstilu<·m, por ceno, o graudt' lMat<:fÍ>tico b'TaS de Soares Uarhnsa r à ele Frtdrrico Ditz".
<JUC ~ di.~• inguc:, c de- que, com acurado estudo, no~ devemos b ) Se o~ compll'm.-ntv> são pala,•ms guc tem mais o umc-
ucupat " . no> o mesmo sentido, não <c deve rep<"rir a preposkãv: "Vi-
Con11nua ndo. assevera com aceno Leun i: " Ndo d uvida - ver na mv\1.'7-'l e ociosidade" - '' Ent;anro u-nos com <ua
mo~ dr qu<· a muiaos (le nossos lcuon·' par('(·a enfadonho bo ndade e dotura" - "Deve a vida à demêm.ia t' magt\a ·
e, ulvet, pouco importante estr o bj<:to. Foi, todavaa, uma OJtuJdad<' do v~net•dt)r".
Repetição Resistir 277

Raz.lo amda maior há para não se repeti• a prepostGlO em di"crsa~ culturas, sobretudo no café, principalmentl" no
q uando o St-gundo elememo é explicativo ou <'quivalenu.- café, especialmentl" 110 c.fé.
do primmo: "Corre~ponde ao duplo I ou I tnolhado" - i) V. no tempo qw:.
"Compo~tos de duas ou mais palavras" - "St·guido d<· r j) V . JJ<rbo> COilftntUldO>.
o u,·· - ''Jndi<a um conjttnto de set·es o u objetos" "Co- Repetição do artigo (ap <:h a p reposição tnlu) - " Entre a avia-
nhecem-se pelo sufixo ou terminação". Em \.<.>mtruçõcs cão 1eum e a inglrs-1': f:. imptriosa a rcpcti~ào do artigo
como e'"''• não há ~crdadeiramenu: dois r <:gimrs, stnão antes do .egumJo l<:llllO; detc•·minado o primeiro, d~vc ser
um><'>. também ckt<:rminado o segundo. "Entre o almo~o c: u jan-
c/ Rtgimn dw pttpQ>irõr, "<1" e "por'', ugllidas df or1igo tlifr- tar", "enrrl' ti estudo c o lazer", e não: "Entre o almoço c
nido: Dcve-•r repeli r a preposição, quando rcpt:lido vem o jantar" . "entre- o em •clo e lazer".
artigo : "Opor-s•• aos projetos e ao5 dt•signio' de algui-tn" "Entre pai I' mii<'" korrrtol, "entre o pai c a mãe" (Iam ·
(jamai;. "ao> projeto> c os desígnios") - "Ca r:urriT.a-.e bém correio), ma> não: " Entre o pai e mãe".
pelo talento c pdo, relevantes méritos" (jarna•> " pelo ta · Repetir - V. adrrír
lf'OLO c o~ rclt:\'antrs méritos~) - "fl.igclado pda pcqe e Reprise • Palavra francc~ já arraigada entre nôs sem modifi -
pelo~ e'uagos" - "Sócrau.·s disúnguiu-:.e pda modêm a ,. cacào nenhuma. Funciona como substantivo IA rtpnSt i'
pela >aiR-doria" - '' Chora"am pelo pai r pd.t mãe'' - melhor que o 01 iginall, t'ntra na locucio tm uprür !Vão lt'-
" M drd~u•ado pdo álcool e pela ni<.: oúna"- " Morrer pela var a pe<a rm rrfrnSt) <·dela provenicmt> é o verbo ufrmar.
l<-1, pelo r<'i, pela párria" - ''f.scarnt-cido prlo monarca < Reprodle, Rrprodw" Oi1 João Riut iro no "Si mõe~ da Fon
pelo> mini>u os". seca": "Rtprrxhar c .t>~im rtpr()(ht são vocábulos u••do> pc··
Se não"' reptti• o artigo, poder-se-á não 1t>pc1ir a pr'-'pO· los clássi<"os; são, poi,, rlt- bom u>O". Não nos esquecam'" ·
oicáo, ~t·nch>· "· <tmpre em meme as normas a) t b) : "Opo• · poré-m, elos sinônimos<' dos verbos corrcspondeme~ : ccnsu
"' aO> r• ojcloS c Jc;.ígnio> d<' algul·m" - " Fiagr·I:Hio P""' rc1. amurar. rxprobraçàu. t xprubrar. vitupério. vituperar. Q.u<~n ­
pcst<· c es1rago~·· . O m~~mo pod<·rá ser dito con• 1dação to a rxprobrar, fX/Trobra(tia, não nos esqueçamos do -egumlo
a ourr.ts prcposicõcs: "Na5 formas rizotõnica< (' deriv:u.las" r.
- "O[),.,, va~õcs ~obre á pronúncia e gralla d<' rc•n o~ vc•r- !Réptil. RéJ>tei s- Semp1e wm o accmo tónico - <: grallcanwn·
bo~" (ou : "~ohre ~ pronúnda e sobn~ ..t grallta'' não: te representado - na primr tra silaba. V. vrrorímil
'' >obro: a pronúnc•a <'a g.-alia"l. !Reputar- V. computar.
t: ga li<i ~mo uu 1:as1elhanismo pô• a nu·~ do ><'l;undo nom e iRequiescal in pace Lt.Jtudio latina 'lue significa ''de!.<..\n«·
o artigo 5\.'111 a prcposicio: ''Une- patrit> dk-." 1<'-f par 1.1 laim, em paz''. Enconrra-se r m lá picles rumulares, às vt?.<·s abr<'·
la gu<., r<· ou la maladie", ··una patria dc·H~tada por d ham- \'iada R. I. P.
bre, la guerra ó la pes1e": em portugtu'': ''{ 'nld p.i1ria asso- Rh-do-cbão f:: ahl'no o ' dl' rh palavra atra,·és do fra nr~'
lada p<:la fome, pda guerra o u pela domra". a nós p•ovinda do latim ra.sum: não deve St-r confundida c.om
Não Ut'\t'mo~ imitar ~-xcmplos como <">1<'~: "O Dante ~ ri>, de origem ámbe, cquival<-m<· a "cabt.-ca de g<~do" .
imonal, mas u ,eu poema i: inspiraclo pdo n ti >tic'i>mo e a Res ipsa lóquitur - Expres.~'\o larina que significa "a COIS.1 fala
vingall(:~" - "E\135 palavras qua'<' «-vera< do manreho por si própria •·.
foram ~gu ida\ cl<" um longo >il<"ncio. apcna> itlll'II Ompido iRes, non ve.-ba - Expres.ão ldtina que significa "a<;ào, nJo pa-
pelo tinir dos pratos c o rumor do' dc111c~" - "M a• as :11 - lavras"; cmpr<"ga· s<' para denotar o dcs<jo ck a i OS c· não
gola~ do caixão foram SCgttra> pt•[os ci nco rarniliar<.'S <! o de prorncs>as.
Benjamim". IRes nullíus - Locuriio !:trina que significa "c:oisa de ning.J{'rn" :
d> llc'glmf; alltatdtdv> de pD.ue~.~mo: Muta1i> murandi>, i: Nunca a terra é con>idt•rada m nullius. ·
<'~t<' ca<o igua l ao an1erlor. ou ""j", repett>-!.e a f •q>osição iReseda- Palavra já <·xi,~t•m.- no latim, deve ser liti11 '',·<·,<'da" .
quando répelido vem o poS->l"Ssivo: " Disponh a dr minha Designa planta originária do Egito, a qual tt'lll idi'111im
ca~a e d.- minha bolsa" "Com m ..u p.ti l ' com minha nome em i<alidno. em l'Spanhol, em Crancb; o acento J o
mãe" - " !);'· o res1o ao meu empregado e .10 mt"u guia" frances não devi." prt>valcct>r em ponugu6. Tamhém o in -
- "Com saudade~ elo ;c•u "in h o e dos M"us cha rutos". glt's cem a palavra, rom pronúncia especial llla > com IJ.:ual
Pod.-1. ,.,.,i n:io repeti• o possessi"o e t'nt.io nem a grafia c com acentuação também na pemíltima _,ilal>a.
prqJo'lcàO virá rrpeuda - quando aplic:hei< a< 1<'11<~> a) Resende - Com '· q u<'r locam·o. quer pc~soal.
,. bl · "Scguudo >Ud> lu<:ubt a~ões e queixume;". Resfolegar - P• o•<:m em: wrbo. qui.' s1gnifica "toma• fólcgo",
f) Rrgí~ ~rguído dt' apo;to: Q.uaudo não o;e fat nece,-.ária do sub><anlivo Jólrgo. 5<' o •ub.,antivo é proparoxi10no. o
nem para ênfa><' "'-''n para clareza, não >e rt-pnc a prcposi- '•erbo não pode 11•r c·~se arento nas forma~ •·iwtõrura~ (Cr.
<ào ante·, d•· apu,w: "Nascido numa b..-Ja cid.1dt-, Campr- Mel. § 439); d~i :• ir r(·gul:, ridade do verbo. o qu:tl pc·nlc- o
rra.•" - '' l'rownl<' nt(' da ma is bela das capttai<, Rit1 dt }a- e da sílaba v nas formas rir.otõnicas: resjolgo. rerfoig!ls. mjol
rmro" - "Ci tegaram aQ extremo do que mab pr<'~.avarn, ga (resfolegamo>. rc·sfo lcgais), reifolgam: qU<;· c·u rrifolgru.
ClJ pn.\pr i,t, 'ida>'' -- ''A palavra lt•oria (• ori gin:il'i a rir um uifolgrm. rtijolgu• (•<-slokguernos, resfoleguei,), •nfoliítWII,
único h imo o g-rego tltt'oria". resjólga tu.
j) Rcgwrr• tlnj)()•lo• em grupos de dois Ot< mau elt mmtos: Pode- Residência . V. domidlio.
se repc111 .t p• <'P•"ir:io anlb de c~ da grupo: " A<ompanhado Resignar Signific1rõrs C' regências - (renunciar. rlcmitir-
de proft·s,orc•s c advogados, de fi~icos e químico<. ele mi'd i- se voluma11amemcl: Rc·>ignou o bispado - Pode• á ~cr que
co; t' dt•nli'"".. - "A~ letras d assifl cam--.t< .-m maiúsculas resigneis Jitua{Õt• como <'u 01 1enho re,;gnado.
c mmu\rul.•<. rm vogai<e consoante~". - konfonnar·stl pronominal, e se comtrói: ai c-om a
f.l Rq:,~onr >tgwlu d~ palavra ou locucão cxplanaJ6ria: Repete- Só por amor"" 1 esigno aos labore~ de tão e~pinho:.a mi~>ào;
'~' a p11·po~u.iu: ""'o mh de janeiro, o u tnl"lhor, d<: fe-.·e- b) com com: Elr !.e re<igna r11m d di,~ na vontadt-.
rdro" "A propriedadr do advérhio, d igo, do adjruvo" Conjuga~ão - Em n·rhos terminados em gnar n•·nhuma
- "Rdl1o 11W à lllha, digo. à >ob•inha do n•o•domo"- vogal se irá aCJ<''><('Ill<ll cntr<' og e o n: mdigUo. ind•gnal etc
" Fo1 rom o di1 e1or, quero d i7.er I"Om o rei1or" . ltesistir - R tJL.!(tr o, rt51!ftr ac - md•fcremcmente: "Cr~s tu quC>
JtJ E11 quaJra-"' 110 caso amcrio•· ··~u·: " ... cau~audo prt'juí- já não Ioram levantado> comra seu capitão. se ,, rcsi;,tira ?"
Jo;r, en1 diver'a' rultu•·a~. wbretudo no ('<Jfr••, •nas (t).Siln (Camóes) - .. Porqu<' tli'< () linh;m)os força para /lrn " ''is-
não eslava no jorn~ l. senão: "c~usando prf'juizo~ <'m divcr- tir" (Ar• c de FUJ ta r).
~as cuhu•a>, >obrciUdo o cale'. E distrat;ão. é falta tlt: pcn~ar Respeito a - V. rtmor 11.
no que P~crevt- tlào repelir ai a preposit-ão •m: "<obrriUdo Resistir quem bá de? - " Que jornal você escreve para?" - A.
prtju!?M M cafi"'; "café'' é adjunto adnomioal dt prt;u.í- primeira 01 ação (Lub C uimar-;ics, Sonetos e RiTtUtJ) c a s<:gun·
zo•. q ut· por cle~ncc<·ssidadc n.'io se repete : çau~ou prejuízos da têm a me~ ma !'Omlrutào: çolocacão da pn:po'i~ào no
278 Respeito a " Retífica"
fim da pergun ta, c não antes de• regime que a mtcta. En- rreva · <<' "foi magnífica, pomposa , grandios.'\".
quanto é protc:dimemo corriqueiro no inglês (Luí' Guima- Mário Barreto tem csw passagem: ''Porrugucs não me pa·
rães foi diplomata que dveu em vários pa:is~l. enrontradi- re,e que :.cja este empr<>go do verbo rtsutJar com nome pre·
to em qualqul'T esrudante k de um c\tudame de ponugues dicati\'O. Diga-se: ''Um cxé~ctto em que nem o último sol-
ouvimos numa cidade escocesa o segundo ~>xemplo), crn dado quC!ra ceder O pa\SO r (e não rnulta) invenchoeJ". 0~
nosso idioma aparece como liberdade poétic-.t. U~ou-a tam- espauhóis. na linguagem moderna, é que faum excessivo
bém Casti lho: Há de invejar ... Is~o h;i de! gasto d(· semelham<·~ verbos. A cada passo o em pregam.
É de tal forrn" usado "haver dt:'' na terceira p<'.ISOa do acompanluldo de um substa ntivo ou adjeti vo que indicam
~ingular (há de). que é vulgar no sul de Ponug-.tl ditcr "ha- a tflulttJnr.ia, isto é, aquilo que se originou , o u em que , ...
dem" em lug;u de " hão de" , como se existisse um verbo veio a parar: "La pru(t,ión resultó briUlantc; c~ ta amenaza
''hader". rou/Jaba irrisoria; sus W")>Cchas ruu/tabam fal~as..." - Em
No Br..,ilnão existe essa mcont'çào , mas. por outro lado. ponugucs recorremo> d qualquer o utro meto de npressào.
não conseguimo\ até hoje tolt•tar a grafia "há-de", com hi- mf'nos õ\O ''t'rbo rt!IJl/ar. lharnos ~r. !<lir, l!ir a '"· parJJr rm.
r... n, como ;e aniscrofe fosse figuril de coloca~'ão que ne- 111r a parar.ja'U'f· ~t.
cessitasse de wrdão umbilit-;JI Ipara comunica<·ào c.lc sen- R<'nl.ltl"rnos çom J úlio Nogueira: "A noss;r imprensa pa·
tido . Se am~nhã outro G uimarik> aparecesse que r mpre- r<·n · dtsposra a dar ao verbo rrJu/!crr urn ernprego que dto >ri
gasse ourra forma verba l iríamos tolc•·ar Ju>i-d(, lláJ-dt. llào- t<'m no castelhano: os c;fot ç.os multaram improlicuos; a dili-
dt. havmw> -tft, hm·ti> ·d~? O proccdtmfnto scri.t amda mai~ gencio m ultou inú til. Em portugut'~ cumpre dizer : Os ~:"sfor­
chistoso se o novo sonerista vi..~'>t' a c·rnpregar "haver que", w~ foram rmprojícuos ou mio d~ram u:su/Lado"
Natameme corno hoje v~mos a J rr("piame construcào ''ter 2- Ve1amos os vcrdadeuos empregos e stgnific.ados de rt
que", surrada c:-m todas as colun.<~ de jornal : "RI;'sistir qut>m wllar:
Irá-que?" - v. ter de. a . diman.ar (com a preposição de) : "Dcsw datlo lhe re>ul·
RespeitO a- V. amor a. to u dçtda de gl oriosa" (C<~môes);
Rcspirac;ão - Barulho: a rq uejar. gemer, oft•gar, ressonnt·, rou · b · /"9"1T (com a pn:p. d() : "Fi lhos que re\u lraram do pri-
lar, ronquejar. meiro matrimônio'' (Aulcw) :
Rrspood~r - O que >e pr·ofen: como rt'sposra é que f: objeto c rtdundar (com a prep. tml: "A cunvcr!laâo resultou em
direto. não a cots.1 '"""a fX'$~" a que se dá te>?O'ta ; na~ nada" ( F'. Elísio);
orações: "Ele respondeu .úm" , "Eit" não respundcu 11ada" d • trau:r. tiCarrettu (u"il.nsitivo direto): "Eugenia temia que
- sim e Mdo s.io objetos dirt•tos, como ainda é objeto direto a ird do pai re•uhas~ desgosto à irmii" (Camilo, apud
a subordinada do período: "Ele 1espondeu que tllava bem" . Srringa r i).
Uma vez y uc se pretenda dcdarar a coisa ou a J)cssoa a Rcsv(s • Quando dúvida> cxü,em quauro ao érimo, o l é sem-
que se dá rt'spmra , e>ta deve vir prq>Osicionada, isto é, pre preferido ao :; a palavra é t'scrit.a ;,em hífen, quer com
esta é sempre ObJClO indireto, qut'r venha ou nào t•xpr~sso lut11.ào adjetiva (circeo. rtnlt; txtllo. JUJlO: pagam<'ntO rrsviJ1
na oração o qur· >e profere por r<·sposra.: "RI:'\poudu·/M", quer como ad,-êrbio ((t'rU, rm~; à jusJa: plantas cortadas
"Devemos responckr .ú carta1" . rrsviJ com a janela ).
Ressentir - V. /Uknr Re!cnt;ão, Reteosào - RmTI(üo: lHO de reter; posse ; delonga;
Resseqwr - V. abol~r. d~ten<;ào: corrcspo ndr a fonna latina em que aparece I
Resrar - A concordância se impõe com vrrbos qur srgnilic;un seguido d<' i mais vogal, do v.:rbo retíneo. Reten.riio: intento,
carência, falta, abasra nca, suficicncia: Rtstauam apenas quin- propósi to; correspond e a forma latina que traz>, do verbo
ze mil homeru . V.jaltar. ucendo.
Restringido, Restrito • f.scaparrr da t'C!,<ra dos particípio~ du- Reter • Não no~ esquetamos: segue a regra geral dos verbos
plos vãrios verbos cujas formas panicipiais são u.~d:~• ou compo~tO>, ou seja. conjuga-se como o simplc> Ur: rtúnho. ..
como adjetivo~ ou como substantivos ou como p~posições. -rtlmha ... rttrvt. rdlUf1lf. TIVvt ... retivera .. . rtl;vtu'· ·· utiviJst-
Enquamo .I U)fJIIIdtr ~e indu i na 1 egr-.1 (ele havia su.sptndido: IIUll...
de estava Sdspmso), rçstnngrdo pod<" ser usado na pa~;iva : Reticências - Assim mesmo, no plur al , em pr cgl~·S<' a pa!avra
"Será restringido o uso de car ros ofkiais'' . para indicar interrupção ou suspensão do p<•nsamento ou.
O q ue não >C pode ê, num t'ab ..calho de no ticia, cscrevrr ainda, hcsiração ou dc;nccessidade de exprimi-lo : " Neste>
"Rt<trmgido conc<·i to de indusrrializa(ào''. Não, porque a pa•o> c:u ficarei segura ... Depois... Se tu soubesses ... oh!
funt'ào agora ~ de mero adjcti\o, ('cabe à fomu panicipial nad d... ausolurameme nada ... Sou eu que não sei o que dt·
irregular e»a função. Algum CXffl\plos de particípios com bro ... ·,', - ,:·Quem conta u~n con ro .. .'' - .,Se ele é b~~:
Íj,•ual func:-:io adjetiva: O exammador não -permitia folhas ela... - Mas... \'amos dctxar o problema para amanha?
rrmrltu no dicionário (e rião insmtlas) - Adstrito ao executi· -"Artigo cheio <.k rctitêucias".
vo, o assunto não foi discutido (c não adstringido) - Isento.• Reliclncids, no plura l, ou po11los de rtlícé11cra (agora-rttic~,..
do servico militar (e não isentado.•) - Pessoas suhmi.ua> pro - cia uo • ingular) são desi~'na(õcs si nônimas para o sinal qut'
duzem m;us (c não submetidas) - Q.uamo às direrrir.rs im- indica es~ suspen são.
prn;as ne>re instituto. No singular a paJavra rtlitincia. não indic-.t o sinal de pon-
Esse, e ourro• adjerivos não podem ~ substituídos pelas tua(ão mas a própria omi:>S.io ,oJumária de urna wisa que
correspondente> fonnas panicipiais regulares quando com ><.' dt'V(Tia di7.er, o ato de \uprimir, a própria coisa suprimi·
fun<:. ào realmcntt' adj etiva . É assunto q ue exige ('SII.Ido de da, donde ''po ntos dt• retrctncia": "O declarante fez uma
gramá tica, com listas de várias páginas de "verbos abun- reticbtrtn imperdoável'' - donde o verbo reticenciar. que
da ntes"( ~ 494 e ;s.). sign ifica exprim ir incomp letamente, e os adj etivos rtticencio·
Resultar - Sobre este verbo teremos dua.; considera!'õcs qu<' Jo. retimrte (que significam "que faz ou em que há reti cên-
fazer : cia"): "Suas dedaraccks. além de rtticmttJ, estavam em
I · Não se d~·c dar a ruultar valor de verbo de hgac..io. is- contradição com os depoimen tos".
to é, não deve de \rir acompanhado de predicativo. "Esse pa- Os pontos de retkencia podem formar uma linha inteira
nora.ma rt>ulla d~"!>lumbrame" - "A f<'Sra. resultou hn lhame" de pontos para indicar a supress.'io de pa.l.tvras ou de linhas
-são constru<Õe' espúr ias. "Não podemos consentir <t·mc-- omitida> na cópia ou rradu<",ào de uma obra. Neste caso, os
lll<m t(· barbari~mo"- d iz Botelho de Amaral. Epifànio Dias, r.o mos de r-eticência podem ramb~m :ba~nar-sc P<mlinltos:
na sua magisrral "Sintaxe H istót ica", 3, ensina '}ue rtsulttrr Onde a crõmca se cala e a tradrcao nao fala, ames quero
com predicativo não i: ponuguh. Em lugar de 'o C>forco uma págimt inteira de p()1ttin~ do que uma só linha de in -
multou inútil", redija-se "foi inúril o esforco", "de nada ser- venção do croniqueiro".
viu o esforco". Em vez de "a festa resulrou brilhante", e~- " Reúfica" , Retificadora · "RtújicaiÚJra de morort')' é o mai>
Retomelo Revener 279
act-rtado nome para suhsriruir o C'<travagam~ italiani>mo cia, encontrada ~o "O Bobo" de A. Hn-culano, na página
''rc:úfin de motor<"S" . Se utifiauiW é o prOfi':I>O dr retiliGtt' 90: ·• ...mo rtputac4o, ditCTllos. mais ainda. que a força da s
as válvula~ de um cili ndro para que se ajustrm perfc•irnmemc: suas r,onderaç<k~jiuram pouco a pouco asserenar a tempes-
ao orillc-io de admissão e ao de escapamt:nto, nada mais tade. .
natural que rhamar "rerifico.d<Jm. de moton•s" a cmpr~sa. a - Nunca viu o :.m1go um original corrigido pelo próprio
ofkina que dela se ocupa. autor? EtTos taludo> que no escrever escapam são na primei·
Retorndo Apostugur,;tmf·nto do ital ia no " • itomdlo", que ra revisão corri~;i dos; diversas imperfeicôcs c mai> erro~
tamh(·m e!\CITV<' " retornello" . A palavra, qu~ se pr<·n<ie ao encontram-se na ~Cf::unda ; na terccir<~ sempre há o qut!
nosso verho rrt~mll.r, é expressiva l' de l;trgo UM) para desig- emendar; o tipóg1'afo se t:'ncarrega de encomrar ma i~ algum,
nar certa modali dade de composição musica l ca ntada crn c finalmente o leitOr vai encontrar os últimos.
que <~pó~ ~ada estrofe se rdoma ao pr'incipio fundamental do Vivo se fora, nenhuma hesi~a(ão tena Herculano em corri-
pensamento da composicão. gir para o singular o vecbo faur; as dúvidas se dissipar iam c
Retorquir - V. ahoilr. com isso lucraria o portuguê~.
Retrasado - V. atra.!Jldo. Rner • Rn;tt pode ~ignifl.--dr vtr outra vn. c v~;ttr, lr<I?Ju1a~;
Retrato . Colttiw (quando em exposi<ào ,. rept~mam perso - ne>tt' segundo s~m,do. comumente se ouvc: O barnl rro~
nagt"m 011 a~~umos históricos, comuns ou da \'ida real): ga- - e ê realmente j ustificável anibuir agora ao verbo Otllro
ln-ia. étimo, e não con>iderá-lo compo~to de vt'r. Q.uauo argu-
Retreta (<') • Se em Ponugal significa também "privada", o u - mentos levam a est2 condus:io: um, o da natural p•onúntia
tro~ ~ào t·rn~ nós o~ significados q ue não esse. Q.uem for a dos nos50s caboclo> ("E~te hat-ril riu" ); o utro, o da c·xhtl'n-
Portugal não df"v<"rá esqut.-cet -se disso, poi> com essa sig-ni- cia do ver bo latino rtf>t'TI', qut', t'ntre outrO> significado~. J<•tn
flcac:;ào (r(:rn a variante pouco usada utrtlt, sempre com r o de ajlurr, correr (Aqua rtpil) e, ainda, liguradamente. o dt
rccha<.lo) (: dt! largo e generalizado uso. itJlnrduur-51, in~muar-~e (veja-s<' o Sara.i•-a); outro, o do cxtm-
Retributh-o F. a lorma co ngruente. O supino latino em plo de Fili mo Elísio, consignado'. no Laudeli.no Frein• ("E
"ulllm" i' t'JU<' no~ dá o radical para semelhantes adjetivos, porque o caso não rn,Jt.tJe fora, mandou fechar as port.as'');
corrc)poudcntc> a verbos nossos em '' uir" c a latinos em outro, ainda, o (k Cândido de Figueiredo, gu(· implicita-
Hüere" : atribullt·o. consltluJ.ivo, fOTl~rulivo, destrutivo, dunin~utwo, mente não aceita ,t com posi ção de V/!1 como étimo, uma Yel
dillnbuii!IIJ, inrlitulrvo, obslrutwo, substitutivo, S(rn i ame~ do que dá revir como "mdhor fmma de rron, hrasilcinsmo que
segundo 1. O próprio verbo cor~triburr tem a forma (•rudita significa rt'JJUttUlr, trm,,pirar".
contrihutioo ao lado da usua I contribuitioo. :-la verdad<', é dific:il rc-lactonar a significa<:io de t•rrltr,
Se e>,. é a norma, a preferência à forma utnbulno c·stá coar-$1, traliJudar com a de ltTTTUir a -.:tr: não só a ~iguillc-.;cào,
inteiramenu~ ju>tif.cada. mas amda a r<"gência fat -nO> penl>ar no étimo latino rif,-,t:
Rerro - Advé-rhio latino, que significa aJráJ. t cmpr<'gndo com " Q.uis dizer umd~ pala,Ta!. que, abafadas pelos g<-rnrdo~.
•gu.tllunl.'ào ~:m ponuguês (Vide rrtro - Vcj:t o lado de trásl. pareciam rnt'r·lhe nos o lhos em lágrimas copiosa~·· (C•mi-
como i nll'rjei~ão (Rttro!- Para rrás!, Para lon~re!) e como lo).
pr<'fixo, que çc une ao nome sem h ífen : rttrógrado, rtlroativo, Um quinto argumento podia ter sido adu1ido, o de João
rrtro~~ifonrano. Ribeiro ter afirmado, no d icionário de Simõe~ da Fonr~-sa.
R( u - F'emininu: ri. que, no sentido de maltrar-lc, trrrmpir(Ir, ''é anti go v<'rbo re-
"Revanche". De$forra - N<·m rwandre nem rtr1anclra ; temos a gular nos seus tempo~ c por isso se há de diter rive (no prt-
nossa signi lkativa l' att' hoje usada palavra desforra. A pa lavra semel c :1ào reuli".
franc<'sa não r necessária. Deve-~e tão somente notar que, com a significa(io de v~r­
"Réveillo o", Consoada - Ames de mais naJa é necc~sário J izcr lrr, o verbo rrvn )Ó i· conjugado nas terceira> pe»Oa~: rétlt,
que, na língua a ~1ue p«tence, "réveillon" não signillt<l, es- rivtm; rtvtu, reveram, rh;a, riullm; revt~, rn>'~JUTn e1c .. fornld\
pecificadamrnrc·, • festa com baik ;: cc1a na véspt•ra do Ano regulares como a~ do paradigma v<náer.
Bom": .t pal..na. rmrc outras coisas que• não vem ao caso, Revérbero, R~~crbero - Proparoxitono quando subs~amivo
drstgna <-m francc's ''comida à meia noite" , seja a noire qual (a exemp lo de adtilttro•, paroxí tono quando vt'rbo (a .-xern-
for. Oia. S<.' é para indicar e~sa refeição, quer na noite O<' pfo de adulliro): ~ 439
trinta e um de dezembro, quer em qualqu"' oucra. temos Reverenciar- t verbo r~gular: rro<Trodo. rroermcias .. ~ 4ti J.
a legitima palavra nossa consoada. Um ba nquete dc família " Reveria" - Galicismo. Em porrugues diz-se arroub-o, enlroo.
cdcbrado na noite de um anh·ersário, na noite de Na1al, na tkvantio, rxto!iarnento. Como gênei'O .de música, u-.tt.fuza->e
noite do último dia do ano. na noite de qualqurr dia, é uma porfart/Qjia.
conwada, t• o vnbo {: comoar, e não a franccsia "fazer réveil- Reverter, Reversão - Não sabem os se por impossibi lidad<' de
lon'' · " No.~ vé~pcra de Natal vem sempre a Ponte con~oar com recorrer a d içion;irio, se por desprezo à língua de no>~ ter-
a sua gcnrc" (Camtlo, Bnlhanles d<J Brmrl) - " Veio o u~o. e ra, se po,. candura c· ingenuidade lingüísticas, um I'Cdator
fez ccm>Qar; c póde tanto que ficou por born uso" (Francisco assim e~creveu: "Sob o Litulo " Recidando o g<·ner-al Haig" o
Ma •luel dé.' Melo, Carta d~ Cuia de Ca.,ado>). É tão nosso o New 't'ork Times publí('Ou o seguin te editorial...".
VOl'<íbu lo <tuç Domingos Vidra chega a avtnrar-lhc ,. con. Sem que tenha \~Sto o texto origi nal, qualquer pes<oa po -
C<'ar" kt·ar JUnto) como (·ti mo. dt' afiançai' que o jornal novaiorquino não trazia recicla11dn
Nem o u<;a internacional pode ser adu11do par3 o emprego mas "recydiug": o "rcciclando" é do nosso jomdli~ta, <-tUe
do l'r.;nte~i>mo, pob t.~mbém etn mglh "a f~stivc supper não sahe qu~ o vt·rbo inglcs assim não se rraduz em portu -
during thl' tlight" é q u<" é a significacào gcral da palavra. guês, pois nunca o tivemos em nosso chutado, espancado.
E-no~ eMranho coruoada? Nem por (')trdnho dl!tX•l dl! ser apedrejado idioma, nem o verbo ucicbu nem o substantivo
co• N'to, e todm nós sabemos que em nossos dtas nada é rerido.
estranho quando usado uns poucm dias pelo> homens que O qu<' em porwgu~s temos para o caso do general ameri-
trabalham com microfone; estejamos sempr.- l'tn boa pa2 cano que \'Oitou a ostcncar as esrrelas do exército ameriono
com ele>, poi' t'scrttor nenhum existiu nem f"Xistc que possa e a agi r como :.e o interlúdio profissional não tivesse ne--
como <'les divulgar ampla e finnernemc o que f: correto no nhum significado i: rwerttr como ver bo, rn•trMio como ~ubs­
idioma, e em boa companhia se en~-umrarào no presente tantivo. Con•u lt<'nl·SC dicionários: Rtv!TI!r- reingressar no
caso, tanto dt· escritores quantO de fi lólogos ~orno Carolina serviço púhlico, dada a insubsistência da apo~entadoria con-
Mkha<.'lis d~> V:Jsconcelo~. Gonralvrs Viana, Va"o Botelho cedida. Reverter para indicar a a(ào, revmiio para indicar o
deAmaral. · ato ou o efeito.
Revelir - V. abolir. Prova de que o r~dator não conhece a língua original vê-.e
Revendo... "Q.ueria justificativas suas da seguinte concordân- logo a seguir; afirma ele que o general, "comandante supre-
280 Revés Romance
mo das forças aliadas r1a Europ.r tt<lim coff!() comandante das tuirá neuhuma violi'ncia lt'xica que o ch.uncmo~ tablado, a
lorças dos E;tados Onidos na F.uropa.. :· - Fcch~ndo os semclhant'a de "tabladn d(' teatro": as cordas do tablmln -
olhos para a repelicão do " comandante na Euror,a' ', esse ca ir no lablado - campd o do lablado - no OHHO opostO do
ajJim ctmw é puro inglês., é tradut.io de "as well as' yue na tablado
língua 1?111 que estamos escre-·cmlo pode ser simplesmente ,. Rinque Aponuguesamento dt " rink" . pal,I\'T? inglesa qut-
o u t tambim: ''comandam<· na Eu ro pa da, forc.t> .tlr.tdas ~ signifira pátúl, campo para tenos brinquedo; ou Jogos c tam-
das dos Estado~ Unidos". bém "r(•('Írtto em que ('xi<u' gelo, qu:l><' wmprc artificial <:
A admitir o exrravagant<' reaclar em vez de usar o nosso fechado, para patina~ão: por extensão, t~1mhhn para pati -
rl!l!frlr.r, vemo-no< ohrigado, ;r dceitar também âclar, conro na~ão de parins de roda," .
traducào c.lo '\ydc" que o inglê< ll'kl para ... não. não; não Rio de Janeiro (estado hrasrlcirol • Sigb otldal R,J. sem ne
vamo., aqui suger ir o utra extravagância : o erro sempre cn- nhumpomo.
wmr.t sítio complacc.-me. Rio Grande do Nonc (estado brasileiro\ • Stl(la oli< ia.l: RI\ ,
Rrv~ - Grala->t' com ' (Gr. Mrt. ~ 781. •cno nenhum ponto.
Revestir- V. admr. Rio Grande do Sul !estatlu l>r.rsrleiro) - SiKla oficial: RS. sem
Rcvidendo - É forma correra, erudita , com forc.a do gerundivo nenhum ponto.
brino - " que deve""'' rwisto": processos rtl/ldtmdo.•. O gr- Ripa - Co/Niuti{quando cn • ('Onjunw e bem unidas): ha,tida.
nmdivo ttm o lt"m:o do pres•·ntc: de vídto i: úidmdru, como Rir, Rir-se - Em nada Sl' ha <õeía quem afirma a dif<'rcnca elt>
de dó/to é drlmdu• (l>elmda Carlhago), de riftro. rtftrtndUI. V . sentido emrc rir e nr-se; amhas as forma~ t~m ,, rne>ma sig-
processo< rtvidmdor. mllcacão; não se diga ondrcar rir consrrangimf'ntO e rir-Y
"Rcvindicação" . f:. cacografia que~ comete até por portado- esponrancrdadt. O que h,i é o ~guimc : Certo> v<..-bos in-
res ele anel de grau. A palavra é rtwmduacã.o. e com r na pri- tran>itivo, podem ser emprtgados pro nominalrnrnte com
meira sílaba f. wnbi'm o verbo rtivindicar. a m~~m.r ,ignillcarão : "Arhiavam pela hora da t·scola c
Revisar - Pode st'r empregado rom o <emido de currigir. ffllerl · tii/TÍil(.(.IIUtl ao term inar o rurno das aula>" - "O conde
dar. Rwi.1M i' a ação de inspeciouar bilhetes <k tntrada, de rnlrÜ/t•ct•u ,u com estalt pinu.. ras'' - ('Avdha 'orria ~onlaqut: ~
vcrific.ar pa ssagem de rrem. de ô nibus. c:- - provcnientc de le sorriro satisfeito quf' exprime os tranqüilo:. gows el .. al-
rtvr.M - a de verificar erros em prova5 tipográficas. em fi - ma'' "Morreu somndo-11 para o mundo que lhe fora um
chas. en1 servic.o \ algoz" - " Abrindo a pro' isão. leu-a a meta voz, corando a
Revista- Coúllr o: hrmcroteca. cada linha" - " ... prorr<tou o Costinba. corando->' por •ua
"Rbõne" t for ma estrangeira, que ã$ \'czcs aparece em 10r· vel...
na!, do a'"" conhecido Ródano. Em 1odm rsS<'s con~rvarn O> vnbo; pronomtnais o mesmo
Ribeirão Preto • Ad;ttivo pátrio: é uH•:tl a forma riberoprelano, ;c:mido dos correspondl'nles intransitivo;: c assim "Repli-
com acento ;ecundár io na primdra sílaba - ríberoprrtlil1o. cou ;t dMna, rindo às gargalhadas" - "E. dl-pois de rir. mr·
Pdo vocabulário oficial, nbrroprrtano t'S<reve-~ >t'lll híftn nou a falar sério" - "Vamos. na-st e esteja comente" - "E
.. ribaro-pinhalm.se com hífen. Por quê? O porque i' o me,mo com o st esrão rindo os Gmpo~ ledos!"
de bmr-tr-vi com hífen. c malmtqu!T sem: de bmdito S<'m, de Risada - Ban•lho: estroudcar, explodir. cascatrar .
brm-vmdo <'om, r d .. Rmuiruio outra,..,., sem; de btm-friro com, Ri>co de • Se ditemo; '\on c r o risco de mut r<: r", "correr o
e de hnuiito sem: o mesmo dt: bem-qurrtr com, c de bmdiur pt'l'igo de morrer", aet•nado é tamb~m que digamos ''corr~r
S('m - mas somente o homem do bar da esquina ;abe o T'l'a l o ri~co de moru:", "corrl'r o perigo de mnne" , ''com risco
motivo. de monc", "em peri go rk morte" .
Não é sem fundamento qué estrangeiro~ desi"cm dr tsm- "A • bco de". "com risco de" são locucões sinõnima':
dar nossa 01 tografla. Só estrangeiros? "A r i<eo de professar uma tC'S<' paradoxa".
Rico - .-lumenlalr~·o: ricaco. " Robe de chambrt" - Fr.tn((',ismo inútil, que j.í caiu em dt-
Rícochrte - Ooudt: ncochrtar ou ncochruar, nada tem OU t' \'l'r su;o: a paJa,·ra nossa i· roupãi>. Pode seguir -\t' d., específic.t-
com rolchtlf. V. rovhru. ' ri,·o: roupão d, banho.
Ridiculizar - É fonna que não devemo' estranhar, por nrais Roda • Barulho: chiar, chor.tr, gemer, guinrl1.t.r, ranger, rin-
ço rreta que a já arraigada ridiculari:ttr; de ridículo m ais itar só ch.u·.
poderíamos tt'r obticlo ridi.wliwr : "O l'xr:rócio púl>licu dos Rodes . Atl;etiuo pátrio: r ódio.
dt·v..rcs do cu lto não desdoura o u ndicuh:a os homens mais Rodrigues - Diversos sohr<"nomcs terrnmad os em " de5igna-
<·m incmes" (Ruil. vam, antigamente, filiação: Rodrigu~ (filho d<' Rodngo), Lo-
"Ríng". T ablado - Já arraigada c consranre de dicionários, IN• (filho de l.~>po ou Lob~). Nruus (filho de .Vrl'lol, Álvare.s (fi.
nngru r a ada ptacão do inglcs "nng", urna~~ v.iria< pala - lho d•· Àlr,aro/, Men./Ú s (lllho ele !l'fem O'J Mmdo), Sanrhrs (fi.
'ras que, de muitos sentidos na língua a que pertencem, são lho tk Sancho!. Tais ;uh>t~nrivos se denomin;~m patronímico!.
a nó~ empurrada~ com um único, rrnrito. Se arul (de dNlo. Outros idiomas há que tambi;m pos~Ul'rtl <~ifixo pJlra in-
ck tronco de árvMe, de chifre) é mtg, se aro (de roda) é ring. dicar· filiação; haja vista o russo, com a; tcnninações l!rtch.
,c· camadtl (de casea de árvore) é ring, se arranjo em forma Cir- par.t indicar filho . e vna. para de-signar fi/ltn. : luanouitrh (fi .
cular (de cadt"iras, tlc pessoas) é nng, se círculo (de pessoas na lho dt !vã), lvanOVTIIl (!Ilha de lvàl.
sociedade/ é ring, se arma, piauúiro (dt circo e de outro> di - Rogo (o) - No plural o ·· o" i: aberto.
verrirnt"ntos) é nng, se rtHÚl (folguedo de criancasl r ring. se Rojão - Barullw: recbiar, e>tourar, pipoC'. tr.
raJa dr apo!tas (de um hipódromo) é ring, se ondas circulam Rola (o) • Voz: arrolar, arrular, drrulhar, gc111<:r, su,pir-.._r, tur-
(pr'ovocadas por pedra caída em água, por emissão de som) turin"r.
são ring1, se outras mais palavras nossas são em ingl~s tradu - Roma locnra, causa finita - Expressão latina que significa :
zidas por ri11g, por que fomos apanhar a inglesa com o sen- Roma falou, a causa est.i !Inda.
tido exdu>i•o de "an enclosed space in whích boxcrs or Romagl'lll - Sinônimo de romana. Ambo> o> vocábulos tém ou-
pugilists conu·st"? Q.ue indica esse proceder senão de<leixo, tros >ignificados além de ''peregrinado elevara a ermida.
ou melhor, preguica de ir ao dicionário para \'t'r que palavra igreja ou a algum lugar samo'' : multidão . grande magotf'
nossa 01ais >e .1dapra ao caso? A quem iremos convencCT que d<' pe>soas em pa•S<'iO ou jornada; reunião d<' pessoas qut'
nossa língua é rica de vocábu los se não encontramos qual se diverr<'m e se banqueteiam no lugar a que foram em pe·
possa ou direta ou figuradamentr traduzir um de língua que regrina~-ão ; arraial; viagem feira para recreio o u instrucào.
demonstra carênçia de sinônimos para aplicações divcr~a;? Romana • V. romll1zdo.
Se é sempre de tábua; o lugar que o "ring" envolve luca- Romance, Romanço - A primeira forma é a mais usada, ma$
dores e pretendt>rnos empregar palavra 01ais espeçifica para a ~unda também existe para designar a lí ngua portuguesa
o caso, deixando de lado anti, aro. elo, arena. .. , não consti- antiga. ou melhor, a nmtura. o pastel ainda existente quan-
Romaneio ..Ruhr" 281
do a um tempo o latim se detuiorava e, de acordo com fa- recém-nascida: enxoval; em geral. de vestir t'Xteriormente:
tore~ diverso;, novas línguas se formavam do ~culo XII ao ve;tuário, fato: em geral, de vestir internamente: r-oupa
XIV. Não só como substantivos. mas tambéJTl como adj~­ branca. - V .jàto.
tivo> a> dua> formas estão regi<tradas em bons dicionários: Barulho :jarjalltar, ruflar.
llngua~ r/lTTia1tcts Oínguas românicas, línguas neolatínas): Rouxinol - Vo1: t·anrar, unir, gemer.
romeno (ou valâquio). dálmato, provcnç.al, fram:h, sardo, Rua da Consolação - Tem-se discutido muito <obre como se-
rC:·tico (romanchel, it.aliano. <'5panhol, galego, portugucs. râ melhor csrrr,·c:r: Rua Luú dr CamÕt$ ou Rua de LuiJ de Ca-
Romando - É palavra técnica de comércio, provinda do ára - mÕts. A prâtica da supressão do conc:tivo dr está muito divul -
be romano (nome d<' uma balanca) arravés do derivado espa- gada, sobretudo q uando o substantivo determinante é nome
nhol rot110JUo, que indica, na li~ra que acompanha mercado- de ru.a, praça, largo, livraria , colégio. liceu. teatro, hotel,
ria vendida ou embarcada, a> especificações de qualidade. café ete. Vtjamos se é contrária à índolr ela língua. começan-
quarllidade, peso. É o ato ou efeito de romanror. de pc<ar do pela observacão do latim. Neste idioma con~trucôes há
como faz a romana, de distr ibuir a mercadoria num navio, que de algum modo parecem arenuar a incorreç-.lo atribuí-
em qua lquer meio de u·anspom:, dt• acordo com o peso. da aos q ue rt-di~em "rua tal" por "rua de ta.l" . Consultando,
Romaria - V. rtnnagem; V. gnuíltcos. por exemplo. a Gram;irica Latina de Ragon, dcpara-5C'-·
Romênia, Romeno, Rommho - Dentre outras panes do mun- nos "Urb> Roma" - a palavra apo>ta vai para o caso da
do o Império Romano al,.-.. ngia o Império do Orittllr, a palavra a qu.- '\C.' refere: "flurntn Rhodanu s". o rio Ródano.
Gr&ia ~os principados danubranos da Valáquia c da Morá - Madvig tambtm r<'gistra urb> RotnQ, a11rnu Rhmus. trrr4 /114Ü4.
vta; a forma Runuinw. por inOu.,ncia do li-ancés Roumamt, conquanto na pocsra 5C' leia às velC:S promtmhlrium PachJ'U
intrometeu -se para designar esta$ colônias mili tares toma- t:tc. Se em latim niste a construção em que nomes de. cida-
na~. Prova é dt> que é err-ada ou exótica a designacão para o des, nos, prov~ncias são empregado> como apostos (e não
último ca~o o fato de ã, v•··~·• l:tlarem em RumAnia para rc- corno gcniti,·os), não será impróprio do portuguo's o u;o
ftrir-«;· ao est.açlo e em rvmEr10.1 para indicar seus frabit.an- apositivo de nom es de ruas, escol~~ cte.; >Cm a partícula de,
res: há are quem pela inllucnôa francesa pronunci<' Rtmtmrio. que viria corresponder ao gen itivo, e não ao nominativo.
É natural a pergunta: "Se o pai, se· chama R1<mÀnia por- qu~· Júlio Moreira, ao estudar no segundt5 volume dos "Estu-
não se d ill'm rumant>$ os habtt.antcs?" ou: "Se dizemos rumE- dos da Língua Portuguesa" o toponim ico Majomtdts, e:scre-
TWJ os habita.mes, por que não chamamos Runtlrua o pais"? ve: "Teríamos ao;sim uüa MahotnLdiJ, donrl,. viria tJJ/4 Majo-
ConC'ordamos em que tratia confusão denommar Romti- TTU'diJ. e depois 'implesmem e ltfajom(du, permanecendo
TUa o lugar e romanoJ os habi tanres, mas não podemos admi- apena> a palavra que rtpresema o nomc do proprietário
ur a disparidad.- de formas que atima notamos; mamemo~ c desaparecendo a que desi~'l1ava ;~ propriedade. Na toponi-
Romfrua o país, romenos os hab itantes. romcrw o idioma, roml- m ia encontram- ~ nomes que provem de gcnitivos latinos
IÚO o que com o país se relaciona , fonnas cognatas e tncon- com aqude valor possessivo". Cita, c•m seguida, vários ca-
trad:u nos melhores dicionat istas. sos, e acrestent.a:
Tt'rc•mo~. assim, os vocábulos: " Encontram-se por vezes. ao lado de formas que resulta-
I. Ro1n,nia, fonn.a de pr~dilc6io de Adolfo CO<"lho r dt· ram do g.-nitivo possessivo, outras que representam o nomi -
Gonca lv<'s Viana, para ser usada crn lugar de Rumdnia; nativo da mesma palavra, como Romari: e Romango, d.- " Ro-
2. romtM, habir.ante da Rom~nia: mu ici" e ' 'Romaricus". Na página 324. depois de explicar
3. rommD. idioma dos romenos, língua neolatina falada na a fonnacio de Volp~drt, de valliJ Ptln. afirma: " ... conhece-
Romcma; mos propriedades rurais com dhignac:óes como Valt de D.
-1. romlnio (adjetivo), relanvo à Romê-nia: assuntos romi- M<tna. Ca.Jal Da>co (resultante de C(lj(j/ dt Vajco), Ctual Dronho
ruo.,, t,'Uerra húngaro-romroia; {que deve provir de Casal tU Ordonho)".
5. romenho. designação do dia leto cigano ou ponuguc; Epifânio Dia; na sua Gramática Portuguesa elemcnt.ar en-
aciga rlado; Sina : Campo de Sá da Barldeira . Logo a seguir, porém, redig~ :
6. romaico-, língua grega atual. "A pr·eposi<:ilo de, empregada em sentido definitivo , t<>m as
Rondó- Correto aponuguesamt"mo do frances rondtau. vezes de :apo~it;ào, c da arb itrancdadt do uso é que depende
Rondônia (terr-itório brasileiro) - Sigla oficíal: RO. sem nr- o empr('gar-'>t' t'lll uns casos dt definitivo, t-m outros a apo-
nhurn ponto. sicio. Diz-.c. por exemplo. "o nornt' de Augusto", mas: "a
Ronima (território brasikíro) - Sigla ofiaal: RR, 5C'm nt-nhum palavra Antônio"; "a cidade de Lisboa". mas: "o rio Tejo".
pomo. Outro tanto afirma Ribeiro de Va..concclos na Gramática
Rosa-claro - V. ratOl ultravtoltl4 Portugue~ : "Em rtu1 da Calçada o complemento com a pre-
Rosicler - É. palavra provementc do rranc~s rost-dair; iudica posicio tU fa> "' V('tes de aposto" , dando portanto a signi-
a cor de rosa, de matiz mai s ad.~rado; f: essa a cor da p6·ol<l ficar que eul gramá rica o adjunto adnominal com a preposi -
legítima, e a que acompanha o nascer do sol. ção de pode equivaler ao aposto. Ora, $1' é a arbitrariedade
Rossio, Rodo • Com dois J> J eve ser e>tTiro o nome do subúr - que decide o emprego do definitivo ClU da aposicão, temos
bio paranaguarnsc e pronun r i3do com o accm o tônico no que se pode csrrcvcr "rua de t.al" kom adjunto adnominal
i; é a grafia e a pronúncia da p:~la,Ta quando indica a pra~a . correspond.,nte ao geoiti,·o laóno) ou "rua taf' (com aposi-
logrJ.douro, lugar espa(mo: "Nossa Senho•-a do RoJS<o", cão) se o u;o assim determinar.
pois está a designar o lugar lpraca, terreiro. logr-.. Jouro\ Se c::ampt'Õcs do idioma nos oferecem Mternplos da apost-
em que foi encontrada .t imagem. O m esmo procedimento (ào diret.a c: se normalmente se dir 11114 1-/tkTJtJ, rio Amazo-
clt-vemos ter com o nome de célt"bre largo de Lisboa. niiJ, por que a relutância em aceitar rua Coruo/8çào.7
Rodo, de igualtoniddadl' mas e<;<.Tito com c, é ouu-.t coisa, Rubrica - E~t.a palavra, que entre outras significações tem ho-
i' o orvalho da manhã. je a de "firma abreviada", "assinatura do nome em breve",
Roterdã- A semelhanca de Am•tmlã. é Rotl"rdà no Brasil o apor - tem em latim e sempre teve em porrugu~s o acento tônico
gucsamemo ma is const•ntàrtt•o com a generalizac.la prouún- no i: ru-bri-ca.
cia do nome da cidade de Era>mo. Rufião - Aummlaltvo: rufianaz.
Roubar - Cuidado em não furtar nenhuma letra deste 'crbo Ruge - Aportugut'samento do francês rougt. C8Tmim, outrora
ao conjugá -lo: diga Tôuho, r6ubas, róuba... - V. rifrou.<ar. muito usado, e~rá quase esquecido.
" Rouen" - Em portUguês Ruão. "Rugby". RágM - Quase condizente com a pronúncia inglesa.
"Round,. - A palavra tmalto fot aceita e hoje está g.-neralí.cada rágl!t é adaptado que pode ser aceit.a par.t designar ccrto jo -
para substituir a inglesa. go de bola.
Roupa - Coklivos- de homem: terno (paletó. calça(' colete), HJtubr" - Em português, sem h se e$rrl'vc o nome do afluente:
aparelho (calca e paletó); de noiva. de colegial , de cria m:a do Reno : Rur.
282 Ruído Rute

Rujdo - Ru(do tem acento 1õnico no i, e porque na pronúncia ( tt·m a pala,Ta. que ora é subslllnti,·o ora adjcrivo, mais de
c·~ta ,·ogal não S(' j unta .i <llll~'rlor dt'\'t' •raz<T o 'in.tl diacri - uma origem c, pois, di•ersos sentidos:
•ico, um acemo agudo (Formulário Onográfico, ~li. 4'1: I. de cor tiranw a pardo: mula ruca: água-ruça :
m-í-d~. V. Jonômtlro. 2. grisalho, d<' cabelos brancos r pretos a rni;rura :" .. mo -
Ruim - Pronunci.;(- S<:' ru.{m, ron1 o act•nto u)nito no l Jllas s<.·n·l (0 C' j>í de cabelo ruco";
nenhum ~inal diacrítico : é o que preceitua a primeir-.t ob-.er- 8 de cabelo casranho muito da• o: " Ele tt'lll ('ahdo <'scu -
'"dio dJ. qua• 1a regra dr acentuacio gr.illca do Formulá.no. ro: o irtl4i.o, rurolt:
Ruir - V. abolir. 1. nt'YOCÍro l">pt..,>O.
~Rumàoia''- V. Romlma. " Rústica" - Estamm diam e de um dolo, lingüi>tico e rraba-
Rumorejar - Com exceção d<' invejar, todo o verbo tt'1'minado lhiM.L A palavra, qu(· ~<'encontra tm conrrato dr direitos au-
em e;ar ttm o P fechado na' formas ri1orónira~: al-t•v•. t•icr'JÍt. torais de um;:~ editora, não existt' cm portugucs mm fun<:ào
amlfj<t , JObfjfl. 110rtja, ''oiJa. f"lija ... rumortja. bocija, cacnrlja . ;ul"l.lntiva como ai está: "Remu nera< o au1or nd l>a>e de dez
(Gr. Met. §446, b). por cem o sobre o prece de capa em rúJlrca de cada ~em piar
Rupia, Rúpia - Existem uf, homógrafo>, um com acj'ntO no cft·tÍ\"d.Tilente ,·cndido". Isso du e impõe a editora que. se
'·doi> com acento no"· nd.o i.· de origem c>panhola. sofr<'u influência do castelhano
I . rupia (ru -pí-a) - nOI IIl', de or igem s.1nscrita (rupi)·,.Jr), d;o no minur:ar o co•11 ra ro que, nos moldes dt> cono·ato d e ade-
prin<"ipal mot'da indiana <k prata. nonw dcpob dado lalll- >iio. de todos os auiOrt:s exige.
bém a lllOI:lla colo nial ponugue'a ~quivallontl' a indtana ; A expressão "em rústica", além ck tora do dcv1do lugar-
2. rúj>lll - nome, dj' o • igt·m greg-.1 (rhypo•. imu ndo, ~ujol, dt'VCI'ia vir após "<'Xcrnplar" - <"Onstitui barbarrsmo; exis-
de uma d()('n<-a da pek. que- geralmente aparece na ~ifilis tcnte no espanhol, a pala'-ra ni!ltca. traduz-~ por brochura.
H'rciária s<'>b a forma dt: wskulas purul<'n•a~ ; Em catálogos !'f'digidos nesse idioma le-se: Pn-cio: c nc.
S. nípüJ- nome, provt"ni•·me de Ht•ru·iqu~ Bernard RuppiuJ, 1.000. rúst. 700. - Não porém no idioma falado nesta pane
horànim alemão, de uma planta m;.rinha submersa o u de da América do Sul ; " em •·ústica" é "<'111 brochura"; brochadtJ
sua flor. i: quc em portugut's ~c diz do "livro que, não c5tando enca-
..Rush", Ruma - IX· há tnuito exi>te cm nosso idioma uma dernado, tem a> foU1a> cosidas c capa de papel". c n.io "m>-
pala\Ta qu~ signilica "portão de cois.~\ que se acumulam": •icado" nem, ardilo.,.unr nte num t.ontraiO. "em rústica".
ruma. Verdade é que ··,'"h" stgnifird inttr;lrda, pr~na, afoba- O s aludido> conrra1os impõrm dc:s>~~ forma uma redação
ção. ma> é lambem t'rnpregado em ingl<:> coloquial <'o<ll o 1ào in<"ompreen,ivt'l quanro inju~•o o gan ho: a<:aso con-
scmido de twímuio, .abn•carga, grtmd< promra. De ia to. em ci- ;rgut~n editore' venciPr o conúnt'lll<' sem o conteúdo? Se o
dades em q ue a vicL• é H lllÍ> vivida. no acúmulo mais do que livro. se a composkào musical. "' o disco são de tal vá.lor
na pre~'" de pe>>Oa> Gir~•erita-...-· a hora de entrada ou sai- qu<· merecem <dpa dura. envol1ório de maior re<i<tencia e
da de W'rvico. Prov.-mcntc do ãtabc. c com o luxo d.- tt-r uma bdcza. por que tirar do autor d participação d o ganho? Es-
\oariantc: t.~unbém antiga ( rimliJ, rumo "•u rnuiro bc~m num3 < udada por lei, cxi~t<· uma ASSO(Iadio Brasilei ra de- Escrito -
passagem como esta: "l)ura n1e <'SSC período. a 23 <lc Maio ri.''; por q ue não :,e impõe j umo à~ t<lsas editoras<' ao ver -
passou p<>r um dos se-'" mais d i!lccis ho rários de ru111<1 dos n\i cu1o?
tiltimos t~n •pos", Rute - J:i não se escreve }utúlh, ;{'11ào }udilr; pm tp•e nào ~t·
Russo, Ruço Com doi' » o,ab<.•mos rodos o que signilicd ; tom p• ot<'<k d e igual forma com Rult. 1-'li-.abetr. Mar#(rtrflt t
S • Sempre que o étimo de uma palavra nossa acusar J, est.a indicar IÚS/JOj(lr completamente. tiror tudo. rou&ar.
consoante dl'Verá ~r conSl'TVada em porntguês; p<>r isso é Quando o YOcáhulo indirar ou txclusão ou rtforco. o portu-
qu(' nàu ><' ju>tilkam tl't ta~ gr alia~ como porluf!.IIN.. inglt: . guês deverá grafá-lo com ex, ma> ... conles.erno~ sem pejo,
phame.. apn ar. paraíw; dado o l•tirno, (rJrn • rii'VI'tn "'r ~;,as nem sempre é coerente, e desta infelicldad.- já li•emns refe.
palavras escrita.,, Ten1us muitas ou tras: a<a (do latim ansam); r(·ncia t>1n vários vt•rhele~ (t,rlltldido, Pxf>nlrJtiva, "·'l'irar.
mr• Ido latim /llt'IIIP/11); /l{lÍ> (J o !'tann:·, pap); gá; (fluido), (' expirar, estmtier. exlt~~Mio); em ' esperto. <·xpcrto" aludimos
não gat (do llarnr·ngo grP.I). nl rtÍ.•, ll/r(llnr Ido lat. lral!l ); qui.1 . ao proceder de Carlos Góis qu<" dá <'.1 con\O variante do pr·e·
quiu;lt ... (do lat. quat.!tV/ ... ); pm. pu.•olt, pd.l, pu.•emo; ... Ido lar. fixo ex.
pó.-rJi ... ); atravi, (de u · lramvfr,,e); rwi; Oat. reven•i; ao i>wi• Para os q ue conhecem it.a.liauo diminui a c.lificuldade;
Oat. inofrrus; V(~ t'SI:'H'VI'·S<' com ~. ma• nada ck com um rem nesse idioma existem pa lavras comcrada' por ' impuro, isto
com c>ta> nr.'; última> p.tl,l\'ras). é, por s seguido de consoante, sem apoio imediato ~m ne-
Alguma~ veles os provém d<' x : muúo Oa t. <xagium); outras nhuma vogal: •f'ot~tanfO. •Jlfrarr, •plmd1dO, >plnulort, •P011 ,(1/',
ve-les i' re,ultado da assimi la~ão da primeira letra de um gru- •prrma<.. . Poi'> ht·m, qu:mdo i~so "' cl:i, o portUI,>tt<'' tão ~<.>·
po consonantal: gwo (de tJfm.tml, ÍJ•o (de ipoJm); pode ainda mcmt· acre>n'nt<L um r pmti'tko. t~lo (·. ant<'pól' um r ao 1
resultar da ahera~ão do d la tino: pma. de pratdam. impuro: tJpontáneo. esptrar. opllnrúdo, rspltndor. tsponsais.
Dois som tem o J: sibi[(mu [11flt c Jtbilanle brando. Tem som espremer.
sibilante forte, qu~ ~ o ~é'u ~om li teral, ou seja, correspon- Apesar da incongruência., tentemos esta lorma prática.:
dt>nte ao que tt-nl no a.lfab<:ro: Existe acaso em p<>nugut's, .-m ita.liano ou em latim o voei -
bulo plirultdo1 Não: comeguinwmemc .1 palavra em causa
I. quando inicia a pala,Ta: 111/, ....pato• .alio.
devcr.i ~er escrita com l: t;p/indidn R!'ciprocamrmr. existe
2. nas pala.vta~ eompo;tas, qU3ndo a pane começada com em porruguês, em itahano ou em latim a palavra poente?
s é usada isoladamente. r- em.1o a palavra se escreve com dois Sim; logo, rxponru deverá !><'r gra.lado com x · npotnlt
ss: reuoar (re-soat ), r~litrO r (r<'·'<"<-'3r); 4

"Sa" - V . · ~u~ ·
3. quando, no meio de po1lavras, vem precedido ou segui· Saara - Em que pesem as f01 mas cons1gJ1adas por Càndido
rio <k comoanH•: rap,ódw rwtl()/llçtill, '"""'· de Figueiredo e por R.-br-lo Goncalvc>. urna terceira - Sa·
Tl·m som >ibilanU brando. t'I)IIM'guintcmrnt<· 'om acl<kn· ara - enl'Ontra-se enll'c nós gcncrali1.ada para designar o
tal, COITI''pümknw .tO tio '· quamlu ><' .tdla l 'tltfl" vogais: deserto a fricano. São >eu> adjelivos páu io,: >MnaM. >IUÍTÍ·
asa. prrsurmr. rt$trvar. co.
Tratando-se de prellxo t<·rmin.ado <'m s. em• terá o som "Saarbruckcn" · Em ponugu<'s. Sarlmrgo /> <JU~ " ' ch,tcn<t a ca-
de 1. quando se lhc· ~uir vogal. mds valerá dois H, isto é, pital l' o território do n·ntro 111du>lt ia I doSa r n•.
ter.í >ern fon<· quando o clcmcmo posposto ao prefixo ri-
Sabiam bavia tempos . Não sabl.mos por qu~ "scola de joma.
V<'r um s inicial etimológiro. Em lraruacão soa 1. porque o
lismo se diplomou o redator que no~ alirou aos olhos esta
st.>gundo elemento começa com voga I: em fra>urlhstanciacão
estudiosidadf' : " ... contlrrnam o que os Estado' Unidos j á
soa de maneira fotte porqu" Joi> ss existem Ctimologkamen-
sabiam a tempos". Não, m eu rapaz: não (:aí lugar para a
te, ou seja, por<lu<' o s<·gundo ckmento rem um > etimoló-
preposição a, mas para o vnbo llat•tr, que emra em expre~­
gko. '('st(· qu(' rksttpar<·cc·u d iante· do j<i l'Xist<"IH<' 110 prdixo
SÕf'S de tempo com a mesma função dl' faur. Ainda mais:
(lrans-su/IJt<mc•arào). Outros ex<"rn pl<.>> do primeiro caso: ;c, gramáticas t•xplirm n <IUt' t•ní 1wriodo~ de Vl'rho principal
transigir. lrarualldrllico; c.lo sr:gundo; tran.mdar. lramumir. no prl·térito, ramhi-rn no ptel~c ito dt'\C' vir o da t•xprc·s,ào
Afora esse' caso~, oulro~ há em que seu som varia; em
tl'mporal: " ... os Estado> Un ido~ já >ahiam havia (fatia) trm -
ob \lqwo. H 'Hl \iOlll d('Í(knt.~l de :. 111.t~ t'1'11 .wbH\tt>urill u·tn som po~". (407 , n . 3 ).
fone de c. O uso <: qul' nos deve em tab ca~os guiar; assim
Não será demais lembrar-lhe que tanto havtr quanto fa ·
é que o J da palavra calitto, nã., ob;tantc: vir t·ntrc vogais,
zer são impessoais em tais expressões de tt.:mpQ, ou seja,
tem o som >il>ilante fone. Q.uando explicacões não houves-
não se p 1ura riT.a m .
se dessa excedio (a pronú ncia mssir10 explica-se pelo e~-pa ·
Sábio · Superlativo sintético: sapitnlfsJimo.
nhol qut'. rl·ndo-a rr'<'('hrdc> rio it~liano, ,N'I'iu-no' <Ir· in-
Sábio, Douro. Culto, Erudito • Em grande número de vc~es
termediário da pala,Tal. seria motivo ba>tante para justificá- empregada~ indilt'n'mt•mt.·mt.·. apH'l><'fllam todavta l'~sas pa·
la o seu uso gen.-raliL.. do; camno. assim mesmo, com dois la\Tas certa diferenl'3 de 'ignilitdtàu: não comtituem sinõ-
ss, deve-m grafar O> que ~gu~m o •i•u'ma. vnográlko oficial. nimos plTfteHos.
S, X · Por q ue espo11tànto tem~~ inidal. quando ncpomll wmeGt O sábio tem iniciati,'3, a.profunda-se, descobri' e tira con-
porex1 clusões; Ei nstci n foi wn sá.bto, como sáb1o foi um Aristó·
El<iste t'm latem o pr"li"o "· qul· ora tndtea exdu~ào. ora teles. um Laplace.
reforco, aumento. ~ há rm latim põnt-u, com a signilicacio O douto a.profunda-sc na sua especialidade: nela é intei-
de p6r. coloc<JT. há tambrol exp6fll'f't, para indicar p6T para fo· ramente instruído c Vl>nado. Santo Tom.ís de Aquino foi
ra, aftu/4r. Se em l.nim existe spohart, que significa dupojar. um dos mais doutos da ortodoxia. ouólica.
exi>te também ~xJpoliart, com o prelixo r<'fon:Attivo •x, para. O culto tem conhecimento a um tempo drversificado c
284 Saca Sancionado
satisfatório. Em geral os expoentes das letras são culto >... Saia· Barul.lto: ruge-ruge. farfalhar, larfalho.
ainda que- não ronhea.m a contemo o vernáculo. Sai mio . v. .lino-.raimào.
Eruóito é o lido, o ilustrado; .em ser sábio, nem douto, Salamanca • Adjetivos pátrio.: ,~a/mantino. salamanquino.
nem cu h o, um revisor de t'N:laçào pode ;co erudilO. Salaz ·Superla tivo sintético: sa/acíj.Úmo.
Saca, Saro · Vazio, é sem pre <aco; cheio, S<UO ou 5<U4, notando- Salobro (õ ) • t como se ~e..-e o adjetivo que significa "que:
se: q ue, de dim<"nsões pequrnas, é sempre saco, quer chC'io .abe um pouco a .al": água salo/;ra. O éumo é o m esmo de
quervatio. salubrt, com altcmcio do >cntido.
A forma feminina .aca é usada no comércio quando >erve Salonica • Com o acénto tônico no 1 é o nome rla cidade grega,
tam~m de medida: Tr.;s .lllcas de arror.; duas >acas de 3l"lÍ· forrn;~ aferética de TtHalonica, com i longo.
n r; duzentas sacai de caf~. Sabicha • É pal.av•·a freqücntemeure vista de f(~rma dcwrpada ;
Caso 5emelh.mte teiiiO$ em tarho, tadur no feminino indi- a sílaba mediai i: Jt: sal-sr -cha . Pro, inda do italiano ~<~mccia,
ca o tacho grande, usado nos engenhos d<" acúcar. tem a nossa palavra a lorma aum<"ntativa >alSichão, que se v~'
Saca-r olhas · Lembramo-no~ de quando. nos bancos de cur·so sem a dcturpação gráfica d01 primiriva.
primári~. adv(•rtiu- no~ o professor sobre o gi'nero de StUd- Salsugem . V.lamhugt m.
ro/Juu· "E ma)(Ulina cs<a palavra; não se e;qucnm: digam Salubre - Superlauvo sintético: >alublrrimo.
um saca-rolha~. o saca-rolhas." Salus pópuli suprema lex esto - Locuçiio 1.-rina qut• significa
l::> tr.tnltá\·d .-t• lo i ""'!"e-les r~·mpos ~ rorrc-rào, nrran hávd "que o bt•m-esrar do povo seja a lei suprema". Máxima de
é ouvir ainda hoje o composto com o gênero errado. direito da amiga Roma.
Sacaridio . v. úbo. Salvador· De Salvador, capual da Baia, >ào adjelivo> pátrios:
Sacristão · T em plural duplo : sacri.llàoJ, .lftcrí.<tãts (Cr. Mct. § salvad()TttiSr. wtuopolitano. De São Sa lvador, capital <fa repú ·
2 16. blica da Améric.t Ceutral, os pátrios são:; jljlt'<lloriano. sal-
Sacro - Sup<>rlativo sintético: =adumro. wdorrnlw. V. adatJ, de Saltoador.
Sacudir - V. /m/rr. SaiYante . V. tirarl(e.
Sadio - V . .>audávfl. Salvo o caso - Erraremos se construirmo> "salvo no caso''.
Sadismo Sadrsmo. palavra q ue p<lT exu·n~o in dita a sati;fa- pois Jaho é ai p•·eposic:io, e com essa funcão morfológica
cio que- o individuo sente- com o •ofrimemo alh~:io, prov.-io vem seguida imediatamente do regime, >Clll intcrposi(liu
de Sadt. nom r de certo desequilibrado marques franc<'s de outra pankula coneli va. Não vak, para justifiC'ar a cons·
do sé<'ulo 18. auror de obra~ mon;rruosameme obscenas, trucão j{J[vo rm. compará la com mmtJs tm; coisa que n.io
d3> qua•s chegou a dt'dit'ar uma a Bonapan<·. o qu<•lht· Yalc•u M' dá com mtJWs, Jlliw é par·ócípio im:gulo~r Ide: Jalvar); con
,,... <'m i&dn a urna p• ;,,lo ,. dai para o hospício. onde mo r - servasst' :~inda tal funcão, teríamos a palavra flexionada. a
r<'u. concordar com o substan tivo, corno se em lugar de salvo
Salàri- Por inOu(·n<'ia do hanet'-,, \ária> p.tlavras árdht·s. 'ãn~ ­ ri,és>emos !alVIJdo: >atum honrosa.<rxaçiits (sahoada~ honrosas
critas, indiana;, lf'rrninadas em 1 são oxítonas em ponugu<'~: c:xcecõesl. Uma vez passada a palavra para a classe da• pr<:-
af!i. alcali (ao lado de álcali). arahi. bomi. hindi. deva:rw.gnri, posk õ<·,, con><:rv.l ->t' in flt·xívl'l. •·nm o uwsmo significado
ITIIITau~d•. jtifl'- N.ão havendo nenhum mal em dc igualma - ,. funrãv <k ~xcrlo. ouu o panióp10 itrt·gular !dt• rxcnuar)
nf'ira proced<·rmos com Jlifari, d~ orig<'m árabe, mas o in- qu~· pas,ou para a da~s~· da' prc-p<l'i(Õ<·>.
gles Í! que realmente a trouxe :llt1 nós para indicar "caravana Tampouco ' (' d<·v<· adul.ir como justilic.niva dl' txuto cl•lll
ou excursão dt• t"aca com carregadores. animais e veículos", t' indirt>ranot·nrt· d.- 111h•o ;m - a t·onsrrucão d.- Irei Lui'
c a pronúncia inglesa está hoje pre-.-alrct'ndo lsajá-ri) e já de Sousa: "Não falou nunca corn pessoa de fora, txceto com
uma >t'gunda 'ignilica~ão, deturpacào da primeira, esrão n seu conf<'ssor' '; esse proceder<· hoje fa lho, po i> vem p~r­
a dar -Ih!' : parque- d<• an imais selvagem. Se viermos a adorar mitir t.<etto por. txuto pnrn. rxulo dr. exc~/o ante, como facul -
a wniridade do ingles devnemo• ou acrescemar à palavra tana esrourras: •aluo a. !alvo dt ... sai<o t m. Nào nos tmprcssio-
um acento agudo noJa ou es<:revc'- la com t lina l. m•mos com o <'wmplo rlt· l.ub ~)(- Sou'~ t', prim itldlnwoH (",
Sagrado Superlalivo simérico: .lal'rtJlÍJsimo. não nos <'o;queounos de q u<' !aluo não é nada mais, nada noc--
Sagüi. Com trema no u. mas sem <inal diacrítico no 1 tónico. nos, que o adjeti,·o wvado. com a diferc-nca de não flexio-
São coisa~ da nossa onogralia. Vt'jamos o qu~ se passa nar- se no caso em apr~(O: "Va por todos os caminhos, >ai-
c·um o 'erho arJ(Illr: <·lc· <~rgúi (indic. prt<c·nlel, t·u argüi (ptl'l. 1/Q o qu<• t>eira o rio" (e não "sal vo pelo"). Nenhum aotsci -

perlt-ilo). Argúi, em virtude da quinra regra do ~orrnulârio mo, portanto. dt• prepo•icào enrre Jaiv<l e o sulmanóvo:
Orrogr.ift.-o: A>sinala -se com o acento agudo o u tônico "Salvo o caw de doença, as faltas ~rão deslonradas".
prc•cedido d~· !(ou q t' \Cguido Ul' e ou 1. ar!YH- urg•ii•. av~ri­ Salvo -conduto . P~w que >alvaguarda, saluatrla sem hí fen c .<a/
J!Út, avtriguh, vloltqtíP. 1)/;/ltJÚt•. Argfii Cprt·lér·iro/. rom uon 'ó vo-eot<du/o com enfeite? Da variedad!' gráfica a di liculdatk
t·nft:itt· I m•ma no u 1, .1 lort-a de duas rq;ra>: um<~. a d<·urna de flexão ; enquantO ningué-m ti rubeia em escrl'vcr 'IQluaguar-
"·guml.t I Empn·ga · s<· o tn·ma no 11 qu<' ~~· pronuncia dt·po" das. salvattlas. o plural tk- •alvo-conduto lraz embarJ.co ; não
de: g ou q e Sl"guido de t ou i: agümlar. arglliC<in. el()({iimlt', se escrevesse com hífen, a palavra não ofereceria d úvida no
tranqüila/, o u o a... estourra i: por exdusão, pois a prim<'ira plural: JaluocoT1dui01. S227, C)(Ct'rão t.
rcgn di1: ..As~inalam-;c com o acento agudo o. vocãbulo~ "Salzburg" · Em ponuguês f: Salilburg<~.
uxítono~ gue wrmina•n e1n a. t, o abenos'' - com exclusão , Samaria • Adjetivo pârrio: Jamaritarro
portamo, dos oxítonos t<'rrnin4dos em i, u. Satnatra • Em rodo\ os pro><tdore~ t poer.a• ilntigos só aparece-
É con~trangroor a qu..m en~ma u•r de dar safisfacão do a escrilil correta Samatra. Abrindo ao aca;o as páginas de~!>CS
emaranhado das regras de acentuação do formulário orto - csc:ritorcs - sãu pa lavr-as de Vasro Botdho de Amaral -
wàfim oficia l, w nmangedor <' humilhante. Pobres dos nunca topamo~ a grafia (Om u a rt'fc-rir. no dizer dt· Camôt-~
rsr:rar1gdros <' dos no,-;os pinolhos que se v~m forçados "a nobre iU1a Samatra".
a enleirar palavras nos>a~ ; ddn somcmc? Se a quarta regra A mod ificação gráfica da sílab.J inicial para su drve-se ao
prece· irua: ''Pô<·· ><' o arnno agudo no i e no u tóniro f! " ' ' i nglê~. <lu~· assim <''<Tt'VÍJ para f(lll' a sua pronúnria COII l''·
não lormam ditongo com a vogal anterior", e ex.emplifica pondes...- io ponul{u'""'· do sin'o{rito >amnudra. Também o
com aí, <.e, alrm disso, no Pc-qu<"no Vocabulário Onográfi - ~·spanhol. o italiano ,. o franct'~ 'c· deixJram kvar pela in-
co encontramo~ ac.-rH <tJdo, corllrdmi. cm~>tituí. J,.,truí. p,,,_ ll u<'ncia ingk; a.
•ul.. ,,.,com um <'Xemplo ai mia ma i> próximo.JlUUÍ tem o,;. Swc:ion ado - Sa:~uão tem ma i< de um sentido; ..e $01l(âo é a par-
naJ conespondcnre à tonicidadc-, por q ue sagüi. argüi o não re da lei quc: estabelece pena ao~ mfratort·s, a cláu>tila q ue
trazem .' Por Sl't gu digr,tfá? E digralo n:itJ é ('rrt artrii? Aqui pune a vio lação, Jmtciorwdo não ~ prende a esse sentido dt•
df'ixamos a algum colega o u leitor amigo o nosso pedido Janção mas ao de " ato pelo qual num regime constitucional
de cxplanacio do assunto. o soberano ou chefe ap1ova e confirma uma lei"; urna 16
Sanctum Sanctorum Sar 285
é ~ncionach, como sancionado - agora no $Cntido lato Andam por ai, de- certo tempo para cá, a dizer "o Recife''
de aprovado, confirmado, endossado, homologado - po- para indiau a capital de Pernambuco; não ; como fw:mos
de )er um costume, um sistema, ou uma cotsa que se inrro- ver nestas ~u•st&!s Vemárulas, o Recife é parte.~ bairro de
duz no uso : "Este termo ainda não recebeu a S41lcão do uso". Recife; para indicar to<la a cidade. o certo - como sempre
Sanctum Sanctorum - Expressão latina qu<" signific-a "santo fizemos - é "Recife é festiva": o nome comum perdt:u o
dos santos", ou seja. o santuário, o lugar mais sc<Tcto do artigo, uma vez esqu<'cida a significação.
tt·mplu entre os hebreus. Por outro lado, não tem cabida dar ao nome um gênero
Sanduídtc- Isto de dar-lhe o gênero feminino é prorcdimemo quando seguido de predic.ativo, outro quando anu:,edido
d(• Portugal; entre nós, pelo menos até agor.&, o gênero é de adjunto; se o wrrcto é "São Paulo é populoS!J", correto
o masculino: d<;is sanduíches, um com molho, outro sem. só poderia ser ·•a Grande São Paulo".
Sangradouro- V. wradouro. Tampouco devemo\ p<"nsar em "ir à origem do nome da
Sangue frio - Como no francês (;ang froid), a expre;são em cidade para qualificar a megalópole."; vejamos Rio Grandt:
portuguc's l· também $ilngut frio, para denotar "e<tado da "O Rio Grande ~ bonito" - está aí o artigo. o gênero ma~­
alma, quando )(!rena e senhora dt si; intrepid<'l'': "Com(.'T- culino se impô<' qudndo refer<'nt<' o nome ao estado ; "Rio
va todo o Oeuma da prudência. todo o Jangur frio da convic- Grande é bonita": sem artigo, é feminino o nome quando
ção''. relerente à longínqua <itl.clr ga•ícha.
A Ming1u fno é locucão adverbial que sigrulica "serenamen- São Paulo (e-stado brasikirol - Sigla oficial: SP, sem nrnhum
te.. ; u~m trt>pidar··~ ··com pretnedita<::ão"; '\.em haverpro- ponto. Adjetivo pát110: pauliJ.Ja. que não deve >er confundi-
voca~'ào Oagrantc" : Matou a M.TJgUtjTUI. do com paulutnM. pá•rio c:b capit41. V. paulllla. pauli.•tano.
Sanguíneo- V. catoru. São Redentor- V. a adadr dt Salvador.
Sant'Ana - V. Sant'lago. "São Salvador" O Stio de Salvador é popular, e a e>ta origc·m
Sant'lago • Ou assim se eso·eve- e é a manci1a que corn·s- se deve sua fortC' vida; melhor agiremos dizendo, rf'ft"rindo -
pondc à pronúncua usua l - ou Santo lago. O que não podl' nos à cidade de Rui: o Salvador, a adade do Saivador, ou, )Cfll
ser é "SanTiago" nem "São Tiago". O santo i: Iag11. do he- o artigo. Salvadur. a e~dadr dr Salvador, sempre >em o popular
bra i('o T11Aov, }tuó. Tal Qual ~ dá com Sarli'Ana. também e inútil São, qut att oficialmente já foi abolidu.
Sant'faga $(' <'Sfr('v<' num~ 'IÓ palavra quJnclo ><" f" r lc:ncl,· A própria dc->ignação oficial de um pais da América Cen-
nom<·ar 111na cid.ld<", um bairro: Sem/ana. Santwgo. tral - E/ Salvador- não tem esse popular "são", não obs·
Santa cai:Uina !rstado brasi leiro! - Sigla oficial: SC, sem nc- tante o tcnh<t o nome de sua t<tpital, San Saivadqr. V. a adadr
num ponto. doSahmdnr
Saotarém . A<iJI'tivo p.í~rio: wmtarrno. \tmlarm\f. quer 'e rellra De Sah-adm. r.& pita I d• Baía. >ào adj<·Jivos p.iu to.: vJit·n·
à c1dad< do Palá. q u•·• à de Ponugal. dor..,_,, •ol"opolitnr~o. De São Sal,>ador, capital da repúb lica
Santo Antônio dr Lisboa • V. São Vtcmtr d~ Paulo. da Amí:ri<"a Cen tral, o~ pá1ríos são: J<Jlvatonano, Jdcadormho
Santo Cri MO - V. a cidad~ fÚJ Salvador São Vicente de Pau lo • S Viunl, dr PACLO. com o N~>ceu
Santo Dr~ . V. a adadt do Salvador. em Po uv, Fran<·a; \eu pai. também francês. tinha id~n oi<"O
Santuário • V. lugartJ dt cullo. cognonw, "dr Paur·. d c,igna•ivo <la !a mil ia dt· uri!(<'lll , (Ou lO
São, Santo • A forma apocopada "são" emprega - ~ aoues de :K' di~ "Santo Inácio DF. LOIOLA".
nome~ wrncc-.1dos por consoante: Sào Frana.1co, Sàojosi. Ourro nome. qur com esse às vezes se confunde, é S. Fmn
"San10" p•<·c;·<ll· nome colll<?cado por vo~al ou h: Santo dsco de PAULA, com a, por wr nascido em Paola. cidade íl4li-
Anldnio. Santo Henrique. ana da Calábria, mmo d izemos "Santo Antônio DE LIS
Sà<'> l·xc<·~ões, talvcr por inOuência do e>panhol, Santo To- BOA'', designando a terra na cal.
rnrí.•. $(11110 Tm(o. s,mto Cri•fo. Santo (· ainda 3 forma qur se Em franc6 C>tc: S(:sundo nome é escrito "de Paule". ~om
usa quando antes de ourro útulo (Silnlo Frei Gil) ou rcferen- e final, a d i fer~n· ·a d v poiml·iro, qu(' o não t<'m.
Je a pdlrku ca> do Velho Testamento: Sa11to J eremias. Santo Cremos sulid<'ntl'\ <'>'<'' da <lo, para mosu dr a tlllt·r<·JKa
Jó. desses nomt'>. P,u"d rt'I(·.Ja na memória h•mbre-no~ dr <JU<'
Com nome> próprios lemininos usa-se w mcn1c a fom 1a São Frana•ro tem a no uonw. e de que o nàu lt'nt SJ.o Voem/~.
$ilnl4. Sm1tn Cecilia. Sanlà lnês. Sapato - Autnro/altt'O>PtJOralnVJ.•: sapatola, >apdtOrr<) lô •. ..apd·
" O Samo Padn•" ou ''O Padre Santo" é o papa; "os San- Jorra (ô . ..apa1ranC'. i , <.h .wca.
tO> Padtl'>" o u simplesmeme "Padres" são o> antigos dou- BaruiJJo: chiar. ranger, rinchar. ringir.
tOres da Igreja, os mesrres e mais autonudos ('Xposuores Sapo - A.ummtahvo: s.tparrão.
ch douu ina ca1ólica. Femmino: sapa.
Como nomt" romum , outros sc:ntidos tt>m no Novo Tt"sta- Vot: coachar. g-.&rgarcjar, engrolar, gasnir, grasnar, ma -
llll'lllO " palavnt .1anto (Epístola ao> RollUIIIO>, I, 7), mas com lliar, rouqu~jar.
tal empt ~go não precede nomt·• próprios c, pois. não oferc- Sar - O riunJa, de· idiouta' dt• lont·mas estranho' ,JO, no"o'.
n • duplicidade de forma . certas palavras são escritas no vernáculo com letras subsidi -
São (que tcnl saúde) - Superlativo sintético: sanfSJimo. árias que não condi>.cm com a nossa vocalizacào. E o que
São BomJrsus . V. a cidatü do Salvador. acontece com r..ar ou l:t,~r. apelativo dos soberano~ russo~.
São Franci$00 d~ Paula - V. São Vrunt~ dt Pat•ltJ. defmilivamente adotado a comccar de Ivã !V. !54 7, apela-
São Paulo (ci dade) • "A grande São Paulo" devcmos diter: tivo qu(' para idêntico fim existia havia muito entrt' o> •·sla -
não somente o~ nomes de cidade senão tamb~m os das ilha~ ,·os. t.úlgaros. >l'f\ "'' · ,. lo • a pdos próprio• russm ado•a<io
,.. consid...ram em ponugues femininos: romo se di7 "a po- com Vladimiro Monõmaco ( 1113-1125). Segundo o hi>tO·
puloJil Londre<", "a wlo Paris", "Campos do Jordão é f/TO· riador Karamzinc, dele se serviram os orientais, q ue o colo -
curaM. para desca nso", diz-S<" igualmeme "Marajó é lir1da", ca\'alll no llm de seus nome; para indicar o poder supremo :
''Lesbos cc-ra cuúrvada". .V..-~ukhadl>~>SA R (,Valur<odtmo>orJ. Nabona•S.4R. Aht/11/.aaiSAR.
Q.uf' saibamo., Cairo. Porto e Rio tú }aNiro são a~ única$ A dar ('fédito :h afirma<:ócs desse grand<> historiador ru,.
exce<;OCs. explicadas por dois motivos: I. provieram de no- ro, vê-se que, C'm bora o seja quanto à ~ignific-dcào, quanto
m<"s C'Omuns; 2. sempre, desde que o cairo, o portO c o rio à etimologia essa palavra não se filia ao lalim Caesar Em
ainda não~ haviam constituído cidades, esse< nomes foram Voltaire, Hislom dt Chark> Xll. livro 11, pág. 48 (apud Nas·
usado> corn o artigo devido . Não cabe, ao que nos par<"cc, ('('nlt~J . \(' 1110' a wn!irmarào dessa abalizaua opinião: "Lt·
pensar l"ltl murudpio nem para modificar a concordância de mot cuzr ou tzar voulait dire roi chez le$ anciens Scyzhes, do•"
"a Grandt São Paulo" nem para jusliflau a5 tr~s exceções; tOUS ce~ peuples som desccndus et nt' vient eas des CéSilr!
além do mais não há nessas ex<:eções um munidpio, mas um de Rome, si lor~gtemps inconnu$ à ces barbares '.
aglomerado ck municípios. A palavra em russo p ronunt.ia-sc ttar; a grafia czar é lrall -
286 Saracura Saudade
ccsa, mas nenhuma das vocali1.ações lt e n existe emré nós. vel que ourros idiomas não tenham equivalência já de ex-
O aconselhável seria grafá -la com 1 inicial : = · A>sim faz o prcs.roe~. como "fiquei com a pulga atrás da orelha", "rir
c:ualão e, no ponuguês, a conclusões poderc:-mos dizer id~n­ a bandeiras desprcgadas", já de sim ples palavras, como a
llC'dS. >e <'>Crt'<<'mLo s • em vt·z do inexistt'nte c Cl"<lilhac.lo ini- que ('stamos apreciando : a capacidade de rcccbct- imprc:-ssões
cia l, c-hega GOH\"ah<"s Viana (Apo~rila\ 11. 506-8): ''A fonna é umd 'oÓ na humanidade:: não <'Xi>IC rigid!'t lllológica capa1
Içar seria a que ma i~ ~.. aproximana da pronunàacào q u<· c·sst· d<> ohumhrar o seminwmo de.· uma n:u·ào. Cremos ser pro·
c, bem c-omo o c: t' o 1: n•prc:-S<"mam. Eu prefiro. porem ...,.. n•dinll'lllO p>icolllológi co corre •o (''Ll' de.· at<'itar t·m ou -
nTvt-r e promuH'Í:11· ''"' ponugut'~ (ar, a não St' gut'rcr o mr - tros idiomas, aincla que não se conhe.;am, a existência de
lhor de tudo. qut· •<·ria dizer imperador. A imperatriz wm o ti· equivalt-ndas a palavra c a expressão nossas; que orgulho
rulo de (IJ cari (/1 ca . t' não o qut' st· lhe· forjou no "'''o da é em· de achar que o utrO) povos não vivem ?
Europa , c:nriflo. o príncipe h<·rdl'iro o de (I) çarh1 (I) rh. t' É sq,utfad, exemplo do desacerto da aflJ'mac;ão de:- que:- so·
a princ<"sa o <k (IJ wétma, todo~ m rr<'s com acemo tóm - mos O> únicos a possuir a palavTa que expressa "desejo de
co na penúhim..t ,íJaha". um bem do q ual se est<i privado; pesar, mágoa causada pc-
~aracuca - Vo:: apu<lr, q uehr.-i-o-potc.·. la ausência do objeto querido; lembranca suave e ao mesmo
Saraiva, Granizo • "Para as condicÕC's nacionais, a forma d<· tempo triste de pessoa que se nos tomara simpática". O
precipitarão atmosfé-rica no estado sólido de maior impo•·· árabe. aduzido pelo prol~s~tlr Tauflk K.urban, aqui c:-stá pa-
tància é a çhuy-.1. de pedra, que <'m função do diàmeu·o pode ra prová- lo . Não uma, mas duas palavras exis1em nesse idio·
ser chamada dt· granizo ou de:- saraiva. O gra:niw é uma prt>ci· ma - e igual informacão dá-nos o profC)SOr Hdmi Nasr
pita•·ào de pedra~ de gelo, tramparemes ou u·,;n; lúcidas, - para expressar o semimcnto de mágoa pela ausência
esféricas o u irregulares. raram<'m e cônicas, com diãme1ro do bem amado.
geralmente nu· ..o o de cinco milimt•trO>: quando o diâmetro É a po imeira delas hanim, oxítona, de uso literário; é pala-
é maiof, (f"dta·'C de larah•a',. vra onomatopaica, que !'<:produz a voz da camela que ao
É. o que oo~ diz o meteorologtsta Dirceu Bra~il Viei ra. Li · chegar ao destino de uma viagem voha a cabcca na direcào
tcrariamente, Jaraivfl é que se pre>ta para a linguagem figu- do lugar em que deixnu o filho e expres>a com um hanim,
rada, para iru.lil'ar abundãncia de eois.1s que caem. d<· coisas alto, lo ngo e sentido , o pesar do afastamento.
qur se suced..m rapidament(': " Eu sempre a defende-la; e a Mai> popular, por todo> usada, é a palavra chauque (xliu-
mais stmpre a >armva de chuf~" - ">araita de pelouros". q<U). ~mpr.-gada quase )('Jlopre no plural.
Saraivar. V. arrarJ:ar. Talvez a mexistênàa da palavra no espanhol tenha lc"ado
Sarcàmeroo - V. rri1dnttmo. me,trt·, do <·t·máculo .t .tpontá-la romn idiot i>mo. N<"m (·
Sardenha · Adj,·•ivo' párrio' : •a•·du, •cm/,,to idiotismo, nem de estranha•· é o usar o árab<" a forma popu-
Sardinha - ColPLit•Q. <.Juantlo em cardum<' no mar : coocho (ô), lar no plural, como estranhou em porcuguh ccno consulen -
('l)t\(). te gu~ nos escreveu: ''Um mru amigo não !.(' conforma com
Sardônico · Existcmc já no grego, pas10u para o latim e che· a flexão do vocábulo j()Udad': diz ele ser J()udadr uma só
gou até nó~ o adjeúvo sartloorco. de Sardtnha. ilha do M~dit.., · coo>a e, portanto, não poder numericamente variar. Devo
rãneo, penenet"nr~ à Icilia. Pouco ~lubre e mcdioo-cmcnre estendt'r-lhe a mão?"
li·n il. u•rn r·l.a t·ntn· ,t~ <.. n-a~ quc.o ..ti n"~<.Prn a \Qrd6ma. n•- Não faz o estudo da fl~xão parte da si nr.axe scnàn da m o r-
ncnosa. fologia ; "aquela admltl'fn·se c justiflc:am-sr raciotinios ;
A S<'guir vários historiadores, quem rome des~ l.'rva mor- nesta <Ó txc~pciona lmentl' há oca.siões de aplicá-los. Por
re em convubõcs horríveis, deixa ndo 1ransparecer durante com preender rradiçõcs tle séculos, ou <<inda. transforrna-
das um sorriso romtrangido. forçado, resultante de invo- <:Ô<'s ju~tificadas po r todo um povo, são as regras da mor -
luntárias mnrra(ÕI'\ de múscu los do rosto. Daí o sign•llcar fologia rígidas; antes qur meditá-las importa decorá -las.
"riso llt1dmrico'' o oi >O forcado, o ri~o estilizado. o riso falso. Pa1 <1 a pergunta abrimo'> uma gramática c vemos ma•~
Sargtnto, Sargrnta • O étimo da pal.1vra permite- no~ o femi - ou m('nos is1o: Os subst.~mivos que exprimem nocões abs·
niuo sargmta. Se ltntnlt conS<."r\'Ou o forma primitivd e prl''>· rra1as, víoo~ c:- vortudes <'mpn:gam-se no singular: a prudên-
ra-se como adjrtivo uniforme para os dois generos, a forma cia, 11 prPguira. a caridade. a ocroud4de, a.fortal.t':A.
parridpiall atina •rr01rnl•• cku -no > ll<'lo frano'< •argmr n pala- E;,a •iurpks regra pa•eu· da r vi tória au t·o oHl'ndor do mis·
vra terminada em o, o que nos obo iga a flexão sarJ:tllla para ~ivi~ta. (• t"Xt'n 1plos ndu làhrtnl que a conf'iu'nt'tn, como t•-,-
o feminino. tc de Alexandre H cru oldno : " Q..ueul obstrvasse as monta-
t. o mesmo caso de lOJdado. tambi'm de forma paninpial nhas azuladas ao longe. o• cam pos virentt·s .10 peno e, no
latina, cujo feminino é •o/dada. . mt•io, o oio adomwcido, não pndcria dct~ar d .. ..entir t'\l.t
Não será o fato de não exisor('ro <>xf>róros d(' mulh<'res inc<"tra •twdade q ue pan·çt' n.1o t<'r ohj<·to t• que nàn é ma is
que irá imp<:dir-nos de aceitar, conhecer, Ocxíonar palavras do qu<· a Jaudade de Dt'us". A seguir, porém , as págifl3ls da
Íllteiranl<'ntt· de acordo com .t~ nonna> do idioma. mao; o gramática. enconrramos: Trarando -se ele vinurles. vídos,
Exérci•o da Sa lvac.ão ai está com loidada.l. Jargenla,<, gtntrlliaJ. de cnras disposi~õ"'· ;o·mirnenros e paixcx·s. muito é para
Redijamo~ sctn medo: " Duas outras JargmtaJ da Policia notado que, em alguns casns. a mesma palavra, empregada
F~minina acompanhavam os acontecimen tos à paisana cu- no >ingular ou plural. não designa de rodo o ponto a me•-
m o simples visitantes". ma n{)('ào, mas dois asp<"ctos diferente~ por ela indicados
Satislàza- • No >cmido de : nos d ois números, como cio ao claro no-lo d.lo a ver os mo·
a) am/.tnJ.or. agradar. ta mo se diz" ~tisfazer o deS<."jo" qua nto delo' do bom falar: "Deixando as armas e a< armaduras,
"satisfazer ao dtJqo'': a li/irrdade e as li/urdadrs da vida, se Vl'stiu de um hábito r<>·
h) «mverzccr, J,rrsuadir, tem também as duas regc'ncia~: "F;, . ligio;o" (Vieira).
te chora porque não acha bem que o !><ltisfaça" - "e quando Outra~ li-ases semelhant~·> se encontram tio mesmo autor,
tl~ts salisfa.tía com divinas rcsposw'' : qu(· palt'rlH'Iam a dikn m·iado dt· idéia , om " d irt>rencia·
rt lonurrtar . ., "Satisf<'Z·)tcom a rxpo"rão": <ão de númcro em palavras como: caridodr e cariáad~,, ulo t'
tl) mdmn.tJr.v, vingar-.<~,farlar u: "Sauslàzer-.1<! da per da" ulo>, amor c tlf111J'fes. bcuxtr.a c l>aoxrun, .franqUL:A .. frll>llfU"..aJ.
(i ndenizar-se)- "Se o difamador nJo "'sa1isfaz da; injúnas r\ e~ta parte da leitura da gr.. mática concluímos que por
a quem o injuriou'' (vi ngar-se) - " ... de como u s:uisfalia não implicar mudança de s~mido a rnudanca de número, i:
delas" (fartar·>c). indileren1e ( > plural sa11dadrs, na sua geral acepção, para in-
Saudade, Saudades - Náo nos parece interessar ao lcil or· a cx- dicar o çomplcxo de semimen1os que a ~udade encerra. É
plicaeão da proveni<'nàa latina do vocábulo, mas pensamos disso conr.nnacâo o fato de o urras palavras, designatÍV'd>
não maç:i-lo <'~ta prova de que ~ iníundado afu·mar S<.'T' de de di~po<icõcs e sentim~ntos de opímo. qu..ndo nenhuma
in traduzivel para o urros idiomas. Não é realmcmc olCcitá- difen:nça de sen údo implica sua flexão numtrica. serem a
Saudável Se 287
pouco c pouco substituídas pelo plural. T al sç deu com para- citica diferente da do caso a nterior : o objeto direto é "o di-
bim. com j>f>OTM, com ftlicitação, nomn que, clame:. cmpr<'ga - reito" e o ~ ex<..-ce agora func.io daliva, isto é, de objtto indi-
dos no singular ("Vossa senhoria me dá o ptsamt dos acha - rdo; a orado é'quivalc a : "Ele arroga o direito a si", onde
ques com que vivo, e junrameme o parabém da enfermidade "arroga é verbo transitivo com dois objeto>: "o d ireito",
com q ue hei de morrer" - Vieira), são hoje u~do:. no plu- objeto direto, c "a si", objeto indirc:w, equivalente a "para
ral. s i".
Saudadf vai sofrendo idêntica adaptação; já não dizemos A ac;ào verha l tem caráter rcflt'xo nl tido, mas urn cu idado
que um d ia 56 o plura l se venha usar, m as por ora n ada há se impõe: Não podc:mos dizer: "Ele Je comprou urna casa"
que opor ao emprego da flexão numérica. - "Ele se abriu uma conta no banco" - "Eu me comtrui
Coktivo - arrrgaçada: uma arregaçada dl' saudades. V. nol- um prédio" -"Nós no.1 arranjamos um lugar" - "Vós de-
talgia. veis reservar-vo; uma cadeira no teatro'' - "Tu lt traça$tC
Saudável, sadio - Uma casa é saud<ivtl, com o S4udávtl é um arn- boas normas de vida". Não <ão portuguesas tais consu ul,()e;.
bieme; em casos corno esses podemos qua se' "'mpre empre- A possibilidade de emprego do se dativo (bem como de
gar wmbtm o adjetivo uulio: alimentacão.)(U/ia. mr. tt. n01. vo•. com igual funciol. acom panhado de OUIIO
O 9ue não po<lemos é dizer que um indi\•íduo po>suidor nome como objeto direto, fica limitada a certos vetbo~ c,
d<· ,..udt· é ldudávd; agora i: 30dio que* di.c. O que dá saúde a inda as;im, a ccno; ca:.os já usuais c consagrados: rtJrroar-
é' o,audáutl ou 'Odio; o quc tem saúdc, o quc revela boa dis- <t o dirato, rlar-1t /JUUil, dor-~ imfJorúinaa, JrrofJor-~ Jaur, Jrro-
posição t: ;adio. por-se tsclareur, rmfJor-~ o dtutr. Fora e~s poucos ca~os ou
to que una voce dizem os d icionários. outros semeU1antes, :Jio rebarbativas con struções como:
Saudoso - t palavra bifrome: tanto é l4Udow o mc;trc de que "Por que você "' fti1ou só um ovo ?'' -As construções
nos lembramos, 9uanto saudo>os somo• nc.i• qu~" nos lembra· usuais são: "Ele tfll('OU para si normas de vida" - "E.Ié' rt'-
nos dele. servou para IÍ uma cadeira" - " Ele abriu par(l ;i uma ron-
Saúva - A saúva macha é chamada bitu, vrtu, jabllu, ~av1tu (no - la" - " Nós arranjamos um lugar pura nó/' - " Dl·vci:. re-
mes e~te~ masculinos) e W.'U11Ullla (feminino); a feme.1 é cha- serv ar para vif; o melhor lugar " - "Tu traçaste boas normas
mada içá e tamyura; enq uanto talla;ura é temi nino, irá é tm- para ti".
pregado m•n o:. dois g<'neros. 2. RF.FLF..X IRILIOADE ATENUADA - Quem e.>ludnu
se. - At.reviatJo du latim scílicrl, de uso internacional, que sig- gramâriUl >al>e haver dois tipos de verbos pronominais:
nifica "a saber", "isto é.n . ''quer dizer", "ou seja". t>5tru:iaiJ e ucirlmtaiJ. ÚS<"ncial é o que invariavelmente vem
"Scon:", resul tado - A nossa melhor traduâio de ''><:or<-'' i: çom pronome obllquo (qut~xar-st, arrtjmuler-~ .>; acidema l
resultado. T;tmbém contagem, marau:ão 5ubsmuem bcm, em é o qu<' foi vi\10 no núnwr o I. ou seja, aquele cuja ação pode
muitos casos, a palavra inglesa, quando empregada em voltar-se ao ~UJf'ito. romo f"" (de st feriu) ou p;u..ar par a
a»UIIlO> de espone, de competição, de jogo. outro objeto (ele ft"riu o compa.Wiro).
O p•ott'd imf'mo do ,-ocabulá.r io aliciai bra<ileiro de con- Com o~ pt onorninats acidentais a reflexibilidad~ i: pt o-
<ignar o aportuguesamento "escor·t•" não (· ')l.:guido pelo nuncíada, é c-.·idcntl", i: posir iva; com os essenóai.>, 9ue são
oficial ponugucs nem pela língua espanhola. qut· u:m )\a la - pouco~. o ;t (ou outro oblíquo acusativo) perde o real valor
vra própria (lanltol para o caso. de objeto direw; e:.ta func;ào passa a ser por· ele t·xtrf ida
Saíbitur ad narrandum, non ad probandum - "É c&erita para aparenttrn<'nr<', ficriciamcnre. Em "ele ;e arrepemlru" o Jf
nal'1'31', nãu par~-• provar"; é a di fé. en<'a, esl:tbclcC"ld:t por não Indica propridmeme revolução da ac;ào verbal sohr1· o
Q..uimilia uo Omt. O rat. X, 1, 31I, entre hisrória c •·loquência. sujeito, mas uma adio qne obrigatoriam ente tem <k fitar no
" Saipt", u :liiO - A pal<tvra no ssa, legítima, perfeita para tra- sujeito. sem poder passar para um objeto !tal q ua l &c dá com
r
du7.ir a ingksa ttxto. ManuScri to ou dati lografado, o te.~to os verbo• inlran:.irivos). O st . em tal caso. indica reflt•xão
é a pe,a (de t<:-J.U o ou do que q uet que >eja) ou qualquet pas- e111 virtude elo próprio verbo - q ue não pode di~pem.tr u
>agt'm, not icia q ue st' dt'\<t ler em meio; de comunicacão ot.ü9uo- c não c:m vit rude do sujeito.
oral. Tratando-se de ôpcra. t: já tradicional o rmprego de VARIANTE. - O~ vt"rbos pronominais essenCJai> muiw
ilbmo (C!, aportuguesamento do italiano Mrmo. ~c aproximam do~ verbos intransitivos, uma vez que expt i-
~sc-utari'\ Escútari ~ Corno t"m italiano. <~lt" nl)nu· tJ,·,ign.ui,o roem acào que não pode pas.ar para um objeto: dai a ra1.à0
dt ulll.t ct datle da Alhània, i: propatOxítono, ma' tk"· rra- de poder(.'TTl certo> '"rbos intransirivos vir acornpanh.tdo> do
ll·t u n(J• '"''"lt-in,. proai·rico do aportugut:·~un·nlo: f. ~ttílan. reflexivo >t, que v1rá então indicar !tal qual se dá com os pro-
Es:.a não i: a an•nruac-.ão do dicionário portugu~s dt• 40, mas nominai• e..enciais) rrfiRxibilidad.e atmuada de at-ão, mosrran-
jamaí' no' roi claclo ouvir a palavra de formd que nJo losse a do, de Cc:'r to modo, tspontaneidarú de ac;ào por parte do >li -
proparo"Í!ona. Os que ai nasceram que o digam. jeito.
Se - Palo\·rinha realtneme escabrosa é esta, em que tropecam Na verd~dr, há difcren<:a entre "ele mon-c de trbtt·7.a" c
com muit~ lreqúencia os descurados da língua porr ugue$a. " ele st n1onc de rrisrcza" . Na segunda ora cão o .1e vem indi-
Tentemos vn os variadN aspectos léxicos c simáriros e-om Gtr que o ~ujeito de çet LV modo motre de tristeza por causa
que l'l.t pode apresen tar-se numa oração. p ró pria, ao passo que o primeiro <'XL'mplo indica conu·aric-
I REFLF.XIB ILTDADE PRO NUN CIADA - É primeira dade por pan e do :.ujt'ito.
função do <t imhcar reflexihilidadt> de a<âO, f.11cndo com Outros exemplos: " Ele Si' foi" - "Ele ~ estava dc>t·an-
tjlH~ o ,ujei ro :;e torne, ao mesmo tempo. ageme e recipiente sando". idcmica fun(ào podem exerccr os pronomt'> "''· tt,
da a(ào verbal; é a acào do espelho. que dt'Vol,·t> a lw à fon· no> e w>= "fomo-no; ame~ que nos mandass('m sair''.
t~; que a tmitiu: Ele~ feriu. Elt, causador da a<.ÃO Jefmr, A presente variamé' era comumente empregada pelo~ nos-
rccrb<·-a dr volta. O "' tem essa foua em português, forca ~os antigo> c>eritorcs: podiam e isso faziam dado o conhe-
herdada do laum, força ocUJ(Jlica, i~to r, de objeto direto. cimento 9u..- tinhanl da língua; hoj e, só e~critores muuo
Com t.tl lunç.io, o Y é empregado ~om vct bo~ transicivos bons ;aiX'm lan<"ar m:to dessa '«triante. Veja-se o sabor de
diretos, c tamo o vet bo quanto o st "' J i.zem rtjlrxivo•. A re. vemaculidade que à pergunta "Como vai isso?" dá " r('~­
flexibilrdadc (: wm tais v<'rbos cham ada pranunaada, por- posta "Isto já não vai. voi -u".
que a acão verbal ro>m nccessariamenH• de atingir um obje· Quando comp l<'m('nto comum, o oblíquo vem antt>po,to
10, que no <"aso é o pró prio suj eito. ao primeiro verbo: "Ele st rasgava e d esfazia em elogio.~"
Com tal que sejam da mesma pessoa do :.uj eiLO, ra mbém •· ... por entenderem que as almas dos deff.!mos lt propicia-
0' prOnOmfS mf, lt, TW J e VOJ exercem runção renexlva! C'U vam e conMJlavam <"0111 sangue humano" - "A rné'<lici na
me llro, tu lc feres, nós nQs ferimos, vós vo.1 fer i$. tanto Jt aprofundou c expand iu" - " ... projeto~ qu•· 1t mo-
VARIANTE. - O Jt tem valor rtjlexivo também em cons- vimentam e acomodam.
truçõe~ como esta: "Etc Je arroga o direito" - função sin- 3. RECIPROCIDAD E- O sentido de uma oracào <k :.u-
288 Se

jct!O comr,osto, como "Àspidc .. víbora Jr emprestam pero- uma vez qul· as no~a(õe> não podem pra1icar a a~iio de Jno -
nha" - ' Eles rrocaram -><' cumprimento\" - dcmota que o curar.
lf índtca r,.dprocidade de acào: ness~ ca>O, o verbo e o pro- Com os verbos que indicam i menção, declara(ào de von -
nome se di1.cm r<ájlr()(o.•, e o se é objeto direto ou indir-eto, t.tde. gt'ralmcnce o wjei1o é o infinitivo : "Tnt~nta -se Jaur
conforme o verbo, ou regim~ de prcpo>kào. g.-ande-s coisas" - " Pretende--S<" rargurr as colunas" -
-4. PASSIVIDADE-al A vo> passi•a pode em portuguh "Proíbe- ~ ajixm t:arwes" - " Q.uc:r-se dnrwhr e~S<';, muros"
"'r indicada tamb<-m com o pronome <t, qur- então 5<:' dit - "Não se conseguiu obtn infomJa<;ões".
pronome ap;tssivaclor; cs1.e G t'll dá-$1? ou quando o sujeito Com os wrllos ver c ouvir. o u e-stes ou o infinitivo concor-
i: t:me inanimado, comeguimcmeme incapaz de praricar a dam com o sujeito: "Viram-u relampaguear a> annas•· ou
a~:io vet bal. ou quando o sentido da orado mostra qut: o "Viu-v relampaguearem as armas". Ouwos exemplos: "Ou-
\U)!'IlO e paciente da a(àO V<'rba l. vtm -se os sinos loca• a rebate" - "Via-se ao longe res-
Na orarão " alugam -se casas" - casa; não pra1ica a ado plandecerem as cumiadas das montanha~".
de alugar, c. >i m, n:ccbe, sofrt' tal ação, o que equiva le- a di- c) Em consu u~ões como: "Sat.e-se que dc t falso", o~ con-
zt:r que- co <ai •>ào é: o agemc mas o paciente da arào Yerbal tinua a txt·rrer fun~ão apasstvant<", como se este fosse o pe-
O vet bo <: passivo. e e'sa pa-.ividadt i: índi<"ada pelo prono - ríodo: "Q.uc ele é fa lso (sujeiw oracion~ l l é sab ido" (verbo
ml.' <t. A oracão "alugam-se casn," é idcnt ica à orac5o "ca~a~ passivo).
~ào alugada,"; em ambas o sujeito é <tua•. que. pelo fato de dl Q.uando o suj<'Ho ~ constituído dc cn1t' capaz de ado, co-
e-.1ar no plural, df"\·<"rá leYar também para o plural o vrrbo: mo t·m: "E"a~ pr•>Mla, , ,.,.ndc·m ca t o" - pe•de a cons -
c
dizer "alug.t ->e casas'' é rrro igual a d iler " casas alugada" . u ucào o valor pa~sívo. assumi ndo o po•o nome forQt. reflexi -
Const ilut·m ecro~ inominávei< comuucões como vtruit-" va, r-.o.l qual :.c passa na primei< a funcão do <e (renexibilidatk
lttrO> usados. consaw-:.r rtlógto•, riforma->r lhapitH. pronunciada}. Da ambigüidade q ue ta h consrruc:-cks pod~m
Não st>r:i d!licil ao k iror ronigir comtrucões tomo e>ta.: u atc-r daremos cxpl ic--dcào po>~eriormt'n t.- {V. !8 am~íguol.
"Ot•nomina -<e rle geminadas lts co•»oames dobradas" - r) 11.> !onuas oblíqu.t' me. Ir. 11n• e vo1. <·mbora raramenu·.
em ve2 dt•: "Denominam-se gt:minadas as consoanu.-s dobta- cxcrct'm tambem fum ão apassivan te: "Eu mt ha1izei" (fu i
das". "Con<Oantes dobradas'' é: o wjc:ito, suji'IIO passivo; ba tir.ulo} - ''Tu tr chama > Antô nio 1t's chamado! - ''Nó;
110.1 halitamos" - "Vós uo1 chamai> Anto nio".
·~·é sujeito. não pour ser craseado o as; além db~o. é st~dro
plura l, pdo que o vr•·t.o deve ir para o plural: a< coa>oalllt.• fi Em orat;õrs passivas pode aparecer um objeto indireto :
dobradtl• llio dntommada; gmoinodas. Ouuo CKemplo de ron<· "Q.ue a pena S(' '~ <omute na graça dl' ..." !Q.uc a pena seja
trucão ('n -ada : "Alf.tbeto dit.-~ do conjumo >istematir.ado comutada para mim na grat·a dt' ... ).
de lr1ras". O ceno é:"Alfab<'to diz-s<' o conjur11o ... " . g ) Q.uando apassivJnle, o Jf pode ficar t-nu'e o ínlinitivo c o
vc>rbo de que o inllniri"o depende: ··o~-ve-se reparo ir a he-
Obsnvc· que rem lorca pa;siva os vl•rbos ativos quando. c--dnc:a" - "Prom..-te- >e acabar rom as mju~tica>' - " Pode-
no 1nfiniti,o, funcionam CQmO compltmcntos d<" cn-tos no- "'"~"' o q ut" ft'l el<'" - " Peixe> podem -.ll pcsca.r ... "
me>: assim, "osso dno o de ron>' é o nw~mo que "osw duro
.). IMPESSO ALIOA!> E · AI EmpH'!(ava n latim a vo~
de· '" rm'do"; "estrada d ilk il d<' paJ.<(Jr" cq uiva l.- a "estrada
pa<~iva •·om os ve• bos inrrans<tivos e com os n ·rfms rransiti -
d ilin l dr· '" pm•ada'' lm·s-.a~ lra-..·s. d( rurr f11nciona ~01110
complt•ml.'n lo nomtn.~l do adjetivo duro. c de prmar i: comple-- ~O> i11direto' para indicar impmoolidadf, isto ê. para mdt··
mento no minal do ddjcúvo difiril). trrminar o ~u jeito do verbo, fitando o vtr uo ~empre oo sin-
Igual forfa passiva 1i·m o> vnbos l rJn~i t.ivos q uando, C'm gular.
<Trra- lont< Ô~' verha i'. ,.;11l.lnlt'rt·d idm ele- para. pcr. a:" ES5t:' É passag<'Ttl muito conhccida e>'ta dr Virgílio: " Sic itur
caso~ para umlar" - " Não é para r.llrar1harque elt> . ,sim p•o- ad ~'tra" - yu(' forrosam!'nt<" '" tradut por: "A\sim "' wi
ao~ céus", C'OIIo o auxíl io do pronome ,r, indctt:t minamc do
<:t•da" - "A compo$içào está a inda por comgcr" - " ..·'"''
I ivro há muiw r o mel a do a ler". wjcito; f: ronstrucào f"wiva impt;;oal; nela exi stt um vt>rbo
A forca pa~~iva jã t•xisteme n'"'"'' ~o> é que n<io pet mitt· p.1 "ivo sem 'ujeito d rtermi nado.
um ~ junto aos inllniti,·o>; (: crrõnt'o dizer "nu-ada dilidl Outros t'XI"mplo~ t."tn que enrr.lm ,-crbos intran>tltt'Os l' vcr-
d<• passar- ,~'\ f~atraso em in1p1 in1ir-se o llvro". t.os trall:itltvoJ indireto•. empr~gados com o se para indic,or
Construamos: o;;Q duro dt rctr, •Jirada difial dt pllJj(Jr. luí indrtermina,·ão do >ujcito:
Vcroos inlranillt~o•: ' ':-Jo R.tu de Janctro pa~ia ;e muito''
mwta.> coiso.1 para vtndrr. '"" rurnphJ não I para i"utar, obra ro
mmula a imprimir. há outro; prob/mUJ>piJT rtwluer. "Q.,uanlo mais Jt jobt. ma is ~t de1u,..
Verbos trM11itivo< indiretos: "Prewa-.1<: de coswrciras" -
b) N.o s orar õcs c:-m que-, além do verbo ptincipal. há mais urn "Trata-se de caso incurável".
infinuivo. r'sa fundia apasshan te do v c:- con>equente con- Oiter: "Pua$dlll- >!' tk coSIUieira{'. "Tratam- ~<' de .casos
cordànda ve-rbal n:querem c-uidado. ~uponhamos a> com- o uussos" - é dizer tolice nn porrugu~'• pois costumras e ca-
lrutões udtV(1n- $C tran~fOrtlli:lr a~ (eis' , P' drue-sr tranSfOT01HT so• omi;;os não consri1u~m suj<·itos dos wrbos: o •ujcito, co-
a' lei\" . Há quem diga estarem dmbas renas, alit mando qur mo vimos,~ indeterm inado: o ve-rbo dcvt ficar no vngu/m'
nd prilm·ira o >ujeito (· leiJ (tu lru dn:rm ><:r translonnadas} 1· Existem, todavia, (rrtos wrbos tran~itivos indiretos qu<'
que- na "-'Kunda o sujeito é o mllnith·o. como 5e esta fos'l' .1 também ;e constroem com objc•to di. cw; o verbo preci.<llr
H'tm·n('a: lran.ifonnar as leis I nl't<·ssa rio. é utn deles; tanto ~ cc110 di1er: " ... sem pn;cisar de doutor
A ptim~·ira constru<:io parec·t•t--videnci.tr claH'7A. maior que n('Jll d~ fei tiçaria". quanto é Ct>llo construir, como fez Ca>-
a ou tra" maior S(•gut-a nca gtdmaücal, poi< a !>C.-gunda pod<' rilho: " ... stm preci~at douto• ne-m feiti(.tria". Uma vez tran-
1(".-al -nos a imerpr~to~r o Sf como suj{·ito, (ai q ual •e pa»a ~itivo direro, pode p•·• fd tamt;>ntt' apa~~ivar-se o v1:rbo preci-
com o 1m li anccs. wr : "f>rcci:.am -se operário~" - "Precisa-se um datilógra-
Hã ca>os, porém. em q ue •«' no ta, .,,,,demememe, que- o fo". Estranhável e 1:rrada é a construcão: "Preci..a m-><' de
onliniri..-o i: q ut: é o ;ujeiLO: "Procura-....- anular as nomra- o pnários". Ou se dit: "PreCt>am -se operá rios", apassivan-
rõt•s - ond~ Mfllfaçõrs é o bjt:to de {lnular, anular é ~ujeito do do-•<· pt·ssoalmcnt<' o verbo, o u : "Pn:cisa-se de operários".
verbo passivo prorura->'. imp<'s<oali•.ando -s•: a consrrurão.
!.:ora-se C>ta dift'rt'nfa (', .tO mesmo u•rnpo. norma prá - 8 ) VARJANTE - O ·~ podc mdica• im pc<soalidade de adio
tica para a tfe-·ida analise r conconlànc•a dessas (\)nsiTUI,Õl'>. com os p11;ipr ios verbos rran<i ri vos dirt•tos, em frases como
No c~so anterior (dwPm-se 1ransformar a~ leis} podemos com ô las : "Lom1a-Je aos juize~"- " Prevint -ll. às p<>s>oas presen-
to da a clart"f<t rc~o lvcr a tonstrutão <'ffi "ltl lr11 drvem >t:r te~''.
trdnsformadas"; o :.cgunclo r xcmplo l j:nocura-M aoular as Nessas COihii'UçÕCs, Jui~e1 r fN••oas Jn<>mf(J são o bjeto'
nomearõe>l jã não pode ~e1 açsi m de,do brado. porquamo indiretos; St' essa~ palavl'as vicss<:m sE'm a prepo~u;âo llil,ra-
não se p<>ck ad mitir que "m>mraçõe.\ procurem ""r anuladas" , rào dos objetos indiretos). t·las forcosamcnre pa,sariam a
Se Se 289
funcionar como ~u).eitos., tomando-se imperiosa a t·oncor- de merecer aprovação. e o leitor fará muito em a evitar.
dància do verbo: 'Louvam-se os juízes" - "Pr<"Vinetn-~r 7. SE. SUJEITO - Em "Alberto deixou-se ficar'"<> st é
as P~">~a\ presentes" - mas o sentido d~-:.~s expressões sujeito, mas sujeito acusativo, o u seja, sujeito de um infiniú-
ficaria mudado. passando a ~~ forc:a ou rl'lll'xiva ou passi - vo, funcão cómolog•cament<.> certa - ne~ta seção já l'xpliC':l -
va. da - e inconfundivel com a fun~'ào frances2 ou com q ual-
A impcswalidade com os verbos u-ansiúvos dt reLO> requer quer outra.
estas condkões: 8.•SE, AMBICUO - A) Examinemos a oração: "P<·clro r
1. qu<' a <.'Xpn •ssão tenha sentido próprio, c.lifcreme da Paulo feriram -se". Trc!s diferente~ semidos pode ela tet. Em
constm~<io passiva; primeiro lugar, o verbo poderá ser passivo, equivaleo1do :o
2. qut> o obj~•o indir<>•o seja constiruido dt· p<'ssoa. oração a : "Pedro c Paulo foram feridos". Em segundo, o
A raliio da primeira condição justifica-se por si mesma. A verbo poderá >~r reflexivo, c a oração signilica•·á que" Pedro
s<:15und<1 tondiçiio juotilica-~ porque. triltando-.e de co isas. e Paulo se feriram a si próprio\". Em terceiro podt-n:mos in-
não há perigo de ambigüidade e a construcão P<'\soal en- terpretar o pronome como índice de reciprocid ade de acào,
tão se imP,õc.>· Oracões como: "É muito justo 9ue se respeite sigrúftcando a sentl"llc;<l q ue Pedro feriu a Paulo e Paulo f.:11U
aos dotes' dt'Vmr ser construídas ptuoalmrntr:' t muito justo a Pedro, isto é: " P<'dm e Paulo feriram-se r<.>ciprocament~".
que v rt•ptiltm os dot<.>s". E, assim: "Já se imagmaram O\ r<.>- Vemos daí a falta de compreensão a que pode <'xpor-sc
sultados de tal reforma?" quem desconhl"<C: as funçõe> do pronome~- Para evita• am -
Note- se qu<' se substiruirmos na oracào "Louva-se aos bigüidarl(' CO\tuma-\<.' l'm tais casos empregar t'Xprl'<SÕr~
juí~t>s" o objeto pelo c.orrespond<'me pronome oblíquo, fira como rtcrprocammle. t"n ao outro, um aos ou.tros nas ora~õc~ em
"louva .. se--lhtl' e nunca "louva-se-os 1
'. que o Jt indica rrciprocidad<.>, empregar 4 Jl próprio; uos
Ç) Os próprios verbm Jer e t>lar aparecem em bons t-scri- casos de refiexib1lidadc d<' acào, c deixar a oração ~l'm nr·
tor<·s tmpt•ssoali7.ados com o 1r: '"Muito ,,. lurra c1uando ''f nhum espt'áficalivo quando de sencii:lo passivo claro.
honrado'' (Camilol - "Só há tesoiro público o nde 1t não f B) Duas obje~õr• l'ncontramos para o empr<"go da partí-
obrigado a arrecadar para ele sa ngue, lágrimas t' rnaldicõ..-s" cula se na construção " Quando se comc<;ou a conhrccr os
(Castilho) - "Para a~ confundir f nec<'~'lário Jtr !f. mais que homérts". L - Se tomarmos o lf corno apassivantl' de comt-
m.:dianamenu: estúpido" (M. Barreto) - ''A>>im !.1' tJiavu çou. qual o ~ujei to? N em humeru. nem conhtci!T pod~r<i o;er:
muitos ~cu lo~ antes" (Bernardes) - "Aqui , stnhor Pancrá- não o primeiro, porque é plural; não a srgundo, porque(:
cio, e.Jlá-v orimarnenrc" (Castilho). pr<"posicionado. 2 - Se corrigirmos para "Q.uaodo >c: co-
De maneira engraGlda. há quem ensine que a; ora~ões em mccaram a <:onhectr O\ homens". teremos um •r dl' mter-
qu<' ocorre 1' a mdicar impessoalidade e outra~ tmpe\~i' pretaçi.O ambígua: poderá indicar passividade (Q.uando os
são "ont< ÕC> de >ujello IT!rXÍs/rnl~"- homens come~.traon a <t>r conhecidos!, poderá ser reflexivo
6. fl iNÇÃO FRANCESA - O >t, <.>m ponugu~s. não ..-xerce (se =a si própno~). poderá ocprcssa.r rcciproCidadl' (51' • um
funcão dr mjrito; a combinacão pronominal <t o e a não aoomro).
concordância wrbal nas consrrut;Õ<.'> pa>>iv-.u pcswais dào Fosse o sujeito oonsútuído de nome de coi,a ou dt- >!'r in ·
ao sr fundio dl." sujeito, como se em lugar do ;t e>li\'esse es- capaz da acào dr conhtcn. não caberia nenhuma objcdio.
crito alguim, 4 gmtr, arta ptssoa. Quem rcdigC' "Sempre se o "Quando >e çO!lle(:al am a fazer esses prédios" <'<juivalc a
vi'"' ('Stá a ~mprq~ar o vrrbo ver como tramith'<> clin.:to e a ''Quando esses pr~dio~ cornecaram a ser fc:itm"; ~ tomtru -
dar-lhe o ,e mmn sujeito e o o como o bjeto tlircto; df igual cão correta: o sujeito passivo prédios. incapaz dC" praticar a
forma, qu(·m redige " Louva-se os juízes" está a cmprc~;ar ação de fa=. ><) poclc'rá ser passi\'o, e o ;e tl'rá aí, dara c ín -
•e romn " 'jeito do vt'rbo e oJjuizn como ;eu o bj<'IO di o(·to. conrundívl"l, funcão apassivante.
l'.s"'~ construcõcs ((', conseguimemrntl', <'ssa~ anális.-s) Naoce a impo>~il.>ilidadc da construção (com o wri.Jo co-
vão, anto::> de tudo, d(' cncontr"O à tradi~io da litlgua. e, em muar no plural) de um fato espcóal: Algum verbo>, wn-
s<.>gundo lugar , o poóprio étimo latino do nosso Jt não as quanto transirivo5 diretos, \'Cm com preposicão quando o
justilica. po1 não haver em latim a forma rna (c:a~o nomina- ohj<'tO ( um inlinutvo: romuar 11 dQrmir. prínopror a vtr. 11prm
tivo, índice ela função subjetiva) desse pronome. der 11 t>Ctron. rmi11ar a In - § 683. 4.
E•s.l' COOSirliCÕcs constituem puros francesi\mo•; nelas o Nem mudando a ordl'm ("Quando com..-c.. ram " conh~­
"" c·•tá c·x<'rfcndo a fun.-ào do on lrann~ !pala' rd qu<' ll{~sa cer-><' O> homt'oh"• lOmq:;uir<~no~ ju"ificar a plut.tht.-HdO
língua exeHe luncào d!: sujeito : TOU]<JUrs on k wrl - On amu do verbo principal, dada a ambigüidede citada. Deixar o
ltl fletm !, <'rn dc-soht'di~nà.a à tradição do porrugu<'s <> ao ,-erbo no ~ingular tampouco >erá possível. "Quando sr co
/>ti mo do no'-.o \f. mecou a conhc.-cc:r os homens" é comtruçãv em que o •r
J amais drvemos construir: "Os livro~ sait~o a contemo exercena função ~ubjt·tiva, o qu<.> não se deve aceitar em por-
imprimindo·><>Os em rormaco pequeno" (o cerro t: " ... mgues. Prunomc irnpessoalir.ador não~. uma ve1 não sem-
imprimindo-"' <'nl formato p<"queno" - ><.'til o O>; tmpri- quadrar a comu uc ão nm ca~os em que é possível ao li' cxcr-
mmdo-Jt <'(jllival<' a .<endo impre.<JoJ: o Jt indica pa~\ividadt'). cer es~'l função. Q.ur f~1er. então? Se passividade dt:vC (·x-
As comhin~çõrs .!e o. se a, se os. se as são estranha• c injusti- pr<·ssar· a ól'açào. fugir do sr c recorrer ao verbo ser: "Quan-
lk~vt'Í' 110 IIO>'O io.lioma; nl'nhum chis,ico dda~ ,,. ,erviu, " do o> homens comelaraon a ser tonbecidos".
o fato ck as ('1\COntramlos aqui e ali, em um ou outr·o ar- 9. SE. INlrrlL, ERRADO - Extravagância enconll'ddi~a
ticuli>ta. só ;c t?<plica pela influência do francb, onde tal uso tom jornais é a do emprego do sr sem função nenhuma , vcr-
é comum e de acordo com os seus prinópio> gramatical>. rucifonne; diariam~me. quando não várias vezes pot dia ou
S<' aí se justifica, em portuguts não o podemos fver, pois num momo artigo. vemo >construções como ~stas:
muito ouua é a fund o doon franco?s da do nosso~- a. "t preciso pconsar-.lt' nisso". Nem a tirulo de indcu:rmi-
Sobre e•~ ponto julgamos satisfazer o leitor com rrans- naçào do >ujcito dr,·r ai aparecer o ..,.: o infinitivo pnuar
crever aqui utna passagem de Mário Bar['('to: Em v<.>7. d..- consdtui. com o complemento de argumento nmo, sujl'ito
dtt-Jt-o, Ja:.-Jt-0, vi-u -o, n® se o sahe. dir->c-á, :.cgundo O> bastante de "é preci>o".
caso>: dit-mf, dium-no, vê-se. ninguém o lMt etc. Frases fran- b. "O saber-~ :.<' o rmpregado quis a despc.-dicb. ...". A
cesas (Orno: On la poru mr Jon til, on /e rlconduü11 chlt lu1, on presenço~ do artigo devia de per si mostrar a substanlivacão
l'aptlla pour din<'1', on la lrail.ait avec b01tU, or~ ne Ir trouva elo infinitivo sd/er. O .l t está ai de mais; nem impe»oaliza o
pas, 011 ne lt .l voit pa.f comme ils sont, tr.tduum-se assim: verbo nem o apas>iva, pois de nada disso hã nrcessidade
levam-na para a cama, levaram-no para casa, chamaram-na nem po>sibilidadt-.
para )ao•lar. tratavam-na com bondadt, niÜI o encontraram. não c. ''O sonhar-~t de dia ...". Diferencia-se do caso anteriot
Jt vüm como til s .100. por (ermos agora Ulll verbo intransitivo; o se continua dt"
Muito> tt-aduzcm tmlr por .se o; mas esta locu~ão ~lá longe mais. romplctamrme sem função. As funçõe~ do st não fo-
290 Se Se
ram inventadas (a gramática nada i nvrn~a l p~ra justi ~car-l h" lingua" equivale a " F. necesr..irio que a língua seja limpa".
o emprego ern tOda c q ualquer construcao; sao fun~oes mar· E com isso? perguntamo~. Q.ue língua será essa q ue fi ca lim·
cada>. viva.: não wnllc-.ula nrnlum"' dda>, o~ ~ta.-.i. torra- pa tão <6 porque é n~s-.írio que ~mpa ela fique? Para que
elo. limpa ela se tome, é rreciso LI MPA-LA, c é ju~rameme esta
d. "Não ~ pre<..iso cogitar-se dl'sSC caso". Mutatis mutan- necessidade de LIMPÁ- Lt\ que deseja o autor indicar, e não
di•, é reproducio do ca!>O b. a neccs,idade de LIMPAR-SE. ConstTUir "É neccssátio lirn-
r. ''Era de \'tr·.lt a algazarra''. A presenca do Jt de<t rói par->t ~ língua" é pensar crn a lhos c escrever bugalhos.
uma das muitas particularidades de nossa sintaxe. A cxprr~­ Confirmando ignora r as funções do se, comc{C o mesmo
são já é passiva; qur faz ai o imrornetido ;r? n·da1o1. com a maior n~ turalidade, estt" ~ui..( i~rno: " H ouv<'
f. "Anali~r logicamente uma palavra é considerar-Jt a pa- diliculdade em Y outcr entradas". Ainda que se admitisse
lavra quanto il fumão ...". Tire-><· o •t. Substituindo "pala- funrào apassivadora par.t o u da subordinada substantiva, o
vra" pelo oblíquo correspondente, teríamos: ''AnaJi>a r ... é certo $Cr13 " ... em se obltffm " , porque no plural está o subs-
consider.i-la.. .''- Onde mberia o <r? tantivo rntrlliÚJ>; nada clis:.o, porh'n, ocorre ; oblh' mLrada> é
g. " No momento de estourar->e a l>omba ...". Bomba(: su- complemento nomi nal de dificulda.d~: "outcr entradas" foi
j<·ito tk f\lourur ; .10 "•wnh uma funt•ào c'tá caht·ndo. a coisa em q ue houve dificuldade. "Há dificuldade em cami-
· h. "No juntar·>t as tolha ;, nmou o eso·ivào a lalra de nhar" - "l-lo uve dill culc lade no atravessar a rua" - " Não
uma". O sujeito de junt11r é e>erivão; folhas é objeto d i• cto; e havl·r.í. dificuldade para fugir, para passar d ~ ano, para viver,
o sd Tire-~, e com ele a vírgula. Ainda que, s<'m indicacão em ~m1anccer no <~r. pata escrever C'd.rtas" (to não: em ca-
do agente.Jollw.s fosse sujeitO passivo. a construcão M'na ''no minhar-se. no aua"essar·"' a rua, para fugir-st, pata passar-
juntarem-se", com o •erbo no plural, equivalente a "no se- se de ano, para viR'T-Je, rm permanecer-" no ar , para es-
rem juntadas as folhas" !por quem?), tlada a p lur.,lidadr do CH"\.·er. ,t - nem Hpa.ad. ~crc'Vercm-.se" - ('art:as)- ('Não
,ujeito passivo. foi possív<'l calcular os d:1110s" (e não "calcular-u " nem
i. "Não é possívd duvid0;1r-.1t ela au tenti cidade da rnrli'. ' 'c:tlcul.•,r:etn·s:" \ ;;- "_O u_tro ~~zo é a trib uir ao pacir·nte o pa -
"Duvidar da autenticidade não i: po~sível" - e não: "Sl'r pel dl'. .. (e na o: arrtbwr·~r ).
duvidado da autenticidade niio i: f>O~'ívé.'l". Que fat aí o lt? Outrm exemplos. nos quais o infioiúvo apar<·cc já limpo
Pobre gramática ! Com t:anto prof<'ssor de "estruturalismo do t'Xcrcsceme u:
lingüístico" u:u fim será o esquecilllénto. h so ~·uma fonna de FORTALEC ER a Arena.
j . ''Era uma ddkia ver-u o menino falar" . Compare-•r Para VEND ER armamentos aos paíse~ do O• iente Mroio
com o casoI "Era uma delícia vê-lo falar". Onde imrome- é prt·ci>o RECO RRER ;10 suborno.
rer o sr? Já qut• se ta la de mi-todu> de MAT AR alguí·u1...
E dizer q ue.- há q ut•m afirme que é suficiente ler para O sisu·ma clr não ESCLARECER o fregub acerca dos lO%
aprender ponugut's! Ler quem ? Os que isso declaram? do >t"rviw.
Sl,temas polítiCo\, retnédios, ritntO'> Jnusicajs, estilo), erros Tat...<·z a mdhor man<'ir.l <lc· DESCREVER o~ 'epulrauwn·
de portugues, todos rém sua época, mas os últimos nem 10) "'jd..
"·mpte ('3em d.t rnoda; como d()('n(<l<, propalam -'<' : ..e não Maior participacão não indlU a ESPERAR maior auto-
de~ITlligado$ de pro mo, adquirem vigor<' a1é deknsores. nomia.
Enganador.unen!C elegante, atrcvidam cm c mrpom·nt~. EM... cdi1oriais são dignos de CO NSTAR nos anais.
intrometi damentl' in•inuante ;tnda o " a acompanhar toda ... t<lnt<lmais dificeis de T RADUZI R.
a sorte dl' infinitivos; entre as vhima~, o erro conta leigos e Constitu i o estudo do chamado pronoml" " um dos mais
profissionai,, otadorc~ e escritOres, alunos e profrssores: t inu~re>~antes da gramática ponuguesa, ma' <eu ensino é
nece<Sário t'stud.1r-se o caso- Dada a necessidade de di~tri­ esqut'ddo de muitos proft·<sores e, esta é a \'erdade, os exem-
bu•r-•t o< alimcnro< - De-·emos, para fazer-u> fr.,n tc à~ n('- plos aí t·:.!ào. diários e em abundància, de seu emprego err.t·
cessidades... - Encont:ramos dilkuldade em obt(T-.<r a cura do.
- O hábito d«' bcber -.se álcool - t uma ilusão ~upor- ;t factlrncme po derá vcrifi~ar o leitor a inutiliuade do ;e em
q ue ... - Não houve o m idado prévio de climinar -.se a l)r~in con>ttucõe> como estas : "Convém notar ·Jf CJUC elt• errou"
- Sfm q ue d" con seguisse prolongar-~e o tratamt'ntO - - "t impossível descrev<·r-se n alegria" - "E erro colocar·
~ra preciso IC'\-a.r-1( Eduardo ao mé<l ico - O hábito dl' lim- u ac<.·uto"- uNão era licilo csperar·.st outra coi~,_u -~~ Era
par-;1' a língua - Pre>te atencão no preparar-Jt uma rt'- d<' vCT· Y a anarquia" - "Não convém a\-AII~'ar·st muito" -
ceita - Nas rua' t comum ver-.lt grupos de pe~Wa\ pala- "Não í: bom passar -se o dia ~m ler'' - "Ê difiál ver-st a
das ... - e por ai andam ãs dúzias os ~rmplos. floresta" - "O proceoso de separar-Si as silahas" - ''Para
As variailas hm~ões do chamado "pronome Jt" perturbam wm<'Kui•· •t todas estas riquc><l>" - "Vi imp• im i•···r os li -
~ mente de muitos redatores de boa vontade; traços de passi- vro,".
vidade, indícios de impessoalidade poderá ele indicar junto Será o trm or de t'rrar qur leva o·escritor a ~mpregar tanto
deste ou daqud~ infini tivo, mas não devemos confundir : o >t? Confu~'io. descuido, falta de estudo é a resposta. Nesses
infin itivo, ainda que acompanhado de complemento {quan- exemplos os infinitivos ~o<io ou sujeitos ou complementos,
do t:ransiúvo direto o verbo}, ext'rre no período funcão no sem n~nhuma necessidade do st; vejamo< o priml'iro: Que é
minai. como ttualq urr o urro sub)tamivo. Quando dt<emos que convrot? - Nol<lr. O ><•jeito de convnn é no/ar. Pergun-
"É necessária a obediência aos pais", não nos pas:~a pda tamo~ agora: Notar o qui'! - " ... que ele errou" é a respos-
mente o pratirante da obediêncta; se substituirmos o subs· ta . Que função <·stá exercendo o Jt da consrrucão do redator
tan tivo obtditncw pela forma infin itiva obedecer, esta consti · dr~cuidado? Nenhuma. Digamos, simplcsmrnu: c com accr ·
tuirá , com >CU complemem o aoJ pait, o sujeito de i 11tct.11tÍri11: to: "Convém notar ll uc de errou", sem o intruso ;e.
"t necessário obtdtur a0-1 pais" - sem o intrometido e en - Vejamos estoutro ~"t·mplo, tal qual fo1 encomrado num
ga nador st. artigo de jornal: "t impossiVt'l descrever-~ a alegria". Q.ue
Se ne~se ext·mplo, em que o Vf'rbo é transiti"o indir<"to, f: impossível? - Dtscrrotr. Descrever o quP - A akgria.
'ubstituirmo) obtdrcrr por verbo transitivo direto. a desne- - F. o ,,1 Jogue-se fora ou deixe-se dentro da esferográfica.
cessidade do ;e ter:\ a mesma justifit:auio ou, por out.ras pa- Vc:jarnos agora este exemplo: " Deve-se: repartir a heran-
lavras. a inconveniência do se terá idenrico fundamen to: o ça". O"' ai está certo? Sim, porque exerc<' fundo apa.ssiva-
i nfir1i~ivo ~ ap~:nas um substantivo virtual, acompanhado de dora: " Q.uc se deve repartir" ou: "Que dc:vc ser repartido ?"
<eu compltwcnro: ''É necessário limpar a língua", como - A htrança: "A herança dt'Ye ser repa rtida" - "Deve-sere-
quem diz: "É ncces~ria a úmpew da língua", sem que nos partir a hcranca".
interesse dizer por pan e de quem i: Mcessária essa limpeza. Não devemos cmpr<'gar o pronome st quando não lhe
Mas- pode -se objetar- diZ<'r "É necessário limpar-se a conl.r( t·mos a funcão; rt•datores aprcso;ado< e eS<"ritore'
Seção 291
descuidosos demonstram desconheçimcnto das funções dcs~ apo>itiv;s : Q_uaestio ulrum ide:)(" sin1 (A perglJnta jf a> idéias
monossílabo quando red igem frases como esta: "É mui to existem).
engraçado ouvir-Jt falar em polilica". Ora! Que preten de Nenhuma preposicão ante' do 11/rom latino, nenhuma an-
com isso dizer o redator? O Jt está sobejando, sem nenhuma tes do vernáculo st.
funcão pormgu(sa; nem apassi•'ll ocm impessoaliza o sujC'i- 13. PREFIXO - Por IIm, vemos o se preso a compostos
to. O sujeito é "ouvir falar em pol itir.a", sem o inrruso Jt. latinos, como preftxo: a. com a idéia de apartamt•nto, sepa-
Q.uem assim redig<', com igual extr.tvagànda d eve dizer : ração: ;,duur (conduzir fora, Mmaviar), uleçào. ugregllf'; b.
Tomar-u remedio nem sempre é bom - Saber-st discorrer com funcão acusaúva do correspondente pronome latino:
;obre filosofia é cdificamc - Poder-u là lar sobre o caso é $mtOvmtt . Jtmolo, semojtrar, JttJWJlra;lor.
nett~úrio. Se = a g~tf! - ~ enfadonho o "a geme" na ~onvn-sacão de
Deixemos ex:plica~õt" e raciocínios de lado e vejam os esta> certa~ pe~as. IX mistusa com "inclusive". com "vi ele'',
consrrucões: i nutwino tJtudá-lo - dada o n~enlidadt dt dis- com "deixr eu ver~. m uitos parricios, esquecidos do nosso
tnbuí-los -paTa ftui-/a - dificuldodtJ tm obU-/a - o Mhiw dt "c de o utros pronomes, põem-se a substitui-los por "a gen-
btbl-lo - i uma ilrt.S<Ül supô-lo - cuidGdo prlvio de eliminá-la tt", locucão às ve2es usada sem nenhuma necessidadl' : "A
snn qut corueguim prolongá-lo - tra pm:i<o l.roá-lo - o M - gmtr preci>a prestar atenc·ào" (Preci~->é prt'star atenção) -
billl df limpá-la - alenção rm prepará-ia - I comum vi-loJ. "A gmtr. ptsCll esse peixe corn 1cde" {Pesca-S<' e~S<' peixe ...}
São acaso passivos c~~es infinitivos? A forma lo ai ~lá pas a -"A genlt s<• arrepende quando a ger~le \'ai a c·s;e restauran-
dissipar toda a dúvida: coloquemos em lugar do pronome- te" (Arrt'p<mdo-me quandou vou, você se arr('pendt quando
objeto a palavra aprop• iada e teremos essa> mesmas ora('ÕCS vai, voei' ~c: arrependerá se for, arrepende-se qu{"nl vai) -
sc:m a falaz panícula u. "Não adianta a gmu se queiJ<.lr" (Não adiant.& queixar- se>
10. CONJU NÇÃO CONDICIONAL - O ;r é conjundio - "A genlt o;e defend<"'' (O(:frnde-se, defendo-me, você se
tlpica condicional , o u seja, liga duas oraçõts pondo a subor- dcft'nde) - "A gmü. enxerga mdh<>r daqui" (Enxerga-se
dinada em relação de condição, de hipótese, de suposição meil101 daqui) - "A gente .;ais ia que ele era falso" (Sabia-s<'
para com a principal : "Fdi~ seria o gênero humano Jt o> ho - que ele es~ falso) - "Convém a gmte ir" (Convém ir) - " A
mens fossem tais como geralmente S(• inculca m". gr11U tem dificuldade de en tr.sr" (Há dificuldade de en srar).
A subordinada condiaonal pod e vir anrc-s ou depoi' da Um po uco de exttádo far-nos-á evitar o abusi~o emprego
prml1pal: "I rei se de mandar" - "St· quet·<"S saber quem to desu lo<u~io pronominal.
,,jldo mete-lhe a vard na mão'·.
1
Se non e vc:ro à benc trovato - Expressão italiana qu(• significa
Podr, antecedido <lt· salvo. t xcew, nunot, formar locudic> ''se não i: ve-rdadeiro é hem invrnrado". Empr<·w•-<t' qua ndo
çonjunnva condicional: "Voltarei dom in)\o, salvo se apan·- sc duvida da veracidade de um caso curioso.
c<'r!'m o11tros negócios". Se se... - Não devemos confundir •e conjuncào com u prono-
Na hipórese po>>ivd e na irreal, podt•mos d egantemcnrt> me. Em "St .e pretender isso ..." o primtiro Jf ~conjunção
omitir a conjuncào c-ondicional quando a subordinada ex- condicional, o 1egundo pronome apassivador.
pn·~ uma eventualidade no pasudo de conseqüência c<'n.t Se spootc: - Expres~ào latina que tem a mesma sigmficacão de
~pre-.sa na principal: "Tivesse eu estudado, teria pa~sado". spoJJU sua. pos sua própria vonrade, de própria iniciaúva :
- Essa jusraposiç.ão <k orações exige a posposicão do sujri- De um (!ia para o oua-o passou lt Jponu a esiUdar.
to nu a sua elimina~'âo: " Vissc-ajuno, talvrz se abrandaria" Seção, Secção, Sessão, Cessão - A~ bases de certo acord<> orto-
- ''Fosse fi lho meu qu<' tão cruelmente tC houvesse ofendi gráfico l'~tabe-lecc·ram que ~~· cst:rcvam o~ do is rc qua ndo
do ..." - "Fosse c.:omigo. a coisa teria sido outra" - nPu- soar{'Tn as consoantes dist intamt·me, e um dos exemplos
de5~e falar, não t'Stal ia escrevendo". dados loi uccão. É no entanto de todos sabido que no Brasil
:>lo v(-rbete Ptriodo lftpMi/1(.() foi tratad.s t'>ta flJncão do ·~; não {: adotada a pronúncia dos dois cc nessa palavra quando
limitento-nos agor.a a chamar a armrào para o futuro do c:mpregad.t na aCt'pcio de mera divisão ou na indicacão de
'ubjnnrivo de certos wrbos: "'Se o pos>ivel acordo entr<' partes. Por outro lado, sempre \C pronunciam no Brasil os
Israel e Egito PR EVI R o envio de civi• norteamericano> ...", dois cc dessa pa lavra quando empregada para indicar :~mpu­
taçào, cone optnlt(Írio, ato d<· ~rrar, de cortar. Outra não
11. CONJUNÇÃO EXPLETIVA: ' 'Você qut:r ir> - St•
nos resta , à vi,ta disso, senão dizer : "Quando significaram-
quero!" putação, será escrita com dois cc, e, po': isso, JtCCionaJ, $tC-
Em respostas ou em ronclusões a conjuníão Y pc><k impli- Cio1UU. inlmi'C(."ão, intnuCCionai. vit•üuCÇào; quando signi-
car urna exda.malào retórica que reforce a afirmacão: "Ele ficar dsstribuição, divisão, pane, será escrita com um único
vai padecer rom a sstu«cio. Sr vai!" c, poi> é e>~.t. no Brasil, a pronúncia: "chefe de seção".
Pode vir se!;llido de um não tamhém com efeito refor ç;~sivo
da. afirmação: "E clt' veio o utra vez? St não veio!" Aos que c<tão afeitos ao idioma, aos qut apreciam e ex-
põem seus fatos sem lai\'OS pr~wais isso não d"'ve causar
12. CONJUNÇÃO INTEGRANTE - Qua ndo a iniciar admirat,ào nt·m revolta, porquanto os fatos lint,.ríiisticos se
oração subordinada <tsb~santiva, o >t é conjunc.'i.o que se de · impõem. Q.ul'm Sl'rt"namenu- ess udar o caso chegará ati' a
nomina integrante: "Vt•n :mos $t agsau:t" - "Não sei de concluir que a >implificac.io dos a l'm ambas as pa)a,-ras se-
qual priml'iro me lamente, S< de muito vadio, se de muito ria mais acertada do q ut .. duplica~:ão. Vejamos a palavra
o~"Upado'·.
fração. É tendência pronunciar esse vocábulo :.em duplicar
Com ral funcio tt'm o St o senrido d!' "~porventura". '\e o c, quando, no entanto, há amda os qu<' fazem ou\'ir os dois
por acaso": MNào sei 11 me verei a lmtcos com os protetore~ cc quando t•mps·egada na acepção de ato dt? quebrar, de rom-
e parentes dele na <"<>rrc•" - "Se ele pas•a de ano não ~c p<:r; tt·rt·stiO>, portanto, fração , $empre com um r, e, de ig\lal
sabe'. forma.jracio11ar.
"A controvt-rsia Jl o governo dC\'e ><:r parlamentar ou pre- As <omidt'ra(ÕCS que fazem os sobre: onog-.afia >ão mera-
sidencial" é legítima co nsrrucão nossa . .,em necessidade dt• mente ''consideracões", mas no caso present<' de"emos co-
um ..obu ames do-"'· Em " Perguntei Jl ~le quer ir ou n:io'' municas ao leiror que o p1 óprio professor encarr<'gado de
o..,. é imegrame, I' inregranse cooúnu"' a .er· se ' 'icr em !onna coligir os vO<ábulos de nosso idioma para a Acad~ia Brasi-
a positiva: "À pt'rgunta $tele perdoar ia o u não respondeu de· leira de Lt>tras registra itção com um único r em qualqut"r
auancira evasiva". semido, t>, também com um ;ó c, ucional, Jtt;ionar.
É proct"dimem o idt'ntico ao do que integram<.>: "Opino fJUf Esse prof(;ssor, que sempre lamentou nio se la lar espanhol
ele (• incapaz"- "Minha opinião qiU! ele e incapaz foi act"ita no Brasi l~ dl'darou -nos pe>>Oalmente stT professor de por-
po t todos". tuguês aciclentalm('flte ('"Sou cattodrárico de espanhol; do
Idêntica função à dcs!'e u é a do utrum latino: Quano portuguc?~ mt' aproveito apenas para conseguir dinheiro
utrum lugeas an rideas (Pergunto se fhoras ou ris). Em forma para YCr a> l'ir.irnides"), esqueceu-se de que a Real Academia
292 Secretária Sem oenhwn resultado

E,çpanhola procedr de maneira conu-ãria "'"' seu didonáno: portuguê>, ce{r)dtço, análog-a à çast<'lha na udho. como ('ffi
>ección, com doi s cc, ranro para cortadura quanro para "c.tda carne u d.i::a, "carnf' que j;i tt·m (mau) çhciro".
una dto las panes ~~~ q ue se divide o considera dividido un O étimo, pois, deve de ser udititiw (dt· c•drre. passar', estar
todo cominuo o un w njumo de co~~as". ga~tol, rorno o aponta o Didonário da Aca dl'lllia e&panhola,
O mnmo >t> dá <'m !"spanhol com fracaón, com doi s cc tm c çon'i<'guiruerncnrc há de <':.Cr<-ver com c. e não com .1 inioal ,
qualqu<'T act>pcio em português.
No Br a~i l proç<'d<·mos <om .t d"tincão acima apontada. Sedimento - Com < rnicial tem a palavra a signi fic:a(ào de " de-
Lembrando-nos de outras palavra s. distingamos .<eçào (m!'ra pó;,iw produzido p<'la prccipiracão de rn athias dis:.olvidas
divi~o) de ~cção (cone), d<- ~Jlàll (reunião). dt cmiÜI (ato d<· o u ,u~pt•nsas num líqüido". " borras". "r<'7<'s" t' outr"' indi-
cederl. cati\'as de camada deixada no fundo dum líqürdo. Para indi-
S~o-ctária s.. noticia: "/\ .V(Tttárin do Bcrn·E>tar Social da rar o ato de cedtr é que a palavra é escrita com c.
Prefeitura pn·tmdt' ... " - por que o mesmo jornal não ag1· SMula - Com .< inicial i! flo'mi nino do adjetivo <ldulo, que siiJll i-
coen•nt<'•nc·ntt> noti<·iando: "A mbJistra consq;:uiu as simpu lka cuidadoso ; não confundir com cidull.l, documento, nora,
lias de rodo o pai s'' ~ Se mulher ocupa o cargo. feminma tituiC>. bilh<·tc, apó lice.
deve >era p;liavra: o rei. a rainluJ: o secrctáno, a >i'cu.tár~a; o Segar - Significa ceifar. cortar, não confuudir com cegar. pri,'<lr
rnini~tro, a minútro. da vista.
Sectário· Colt'l!t•o: fac< ào . Seguir - Q.ua.ndo wm a significadio de "sur<'d<'r a" c traMirivo
Secundário, Primário - Estranha 4u<'m se põe a <'swdar umn dirc[() : A punido devia segu ir de peno o Ctime. Q.uando
lingua estrangeira a t-xisrência d<: palavras qu e se empregam "'8'\ific;J ··aprt':,(.'IU.ar·se após''. •tvir enuJnerado a seguir",
antonumcammre._s('m que jarnar> haja antes no tado na pró "vir citado dcpors". " vir colocado dc·pol\" é pronominal:
pna li ngu~ a oc.o rrencia dt" fato igual. Pn:~um->e primário Conform<' d i;crirninat-ão qut· lt "'gtlL - Srg.uam-sr dois mil
e St'rundário para <·xemplo> . .Enquanto em ''formacão Jm- cavalo<- Seguiam->t as costumadas instâncias para alcancar
mária'' , ''r'spírito primário" o adjetivo signifkajraco. acanhado. o favor de um novo prazo - Seguiam->' O> aposentos - Se-
mtd[oat. limitado. em "a prova é elemento prmuírio <k a(âo guiu •t ajoel.han:no LOdo> - Srguiram->t a lguns instantes de
judiei<~ I''. "o fim primário" significa imjJortJJntt. Jundamrntal. stlt'ncio.
prinapnl: t-m latim "\'lli primarii" indica o> homens pnnap(J) < Scis . Tra!aJldo-se de meses, o coletivo i: ...,.,.,trr; de ,·otcs ou
da repúbl ica. instrumentos: "xtrto, slxtuor
lgudl w rlá com Jftundário; se por "curso secundário" erntn- Sela (arrdol - Não confund ir com cela (cul.;iculo).
dc-M' <·uno mai' importante, por <'3>0 st·r umlá• io t'ntendr·- Selo - Coletivo, quando ord<•nado' t'm li"'n: ti/hum. V. tllam -
><' raw dt• menor imp<>nància. ptlha. V. r.ladta
"'ào há esrraohar t• muiw n1E•nos despr<:zar tal antonim•• Selvagem - Colt.-tivo: tnbo. cahildu.
em lin11ua; esrrangcira<, como n;io há julgar lwkzas d<' <'< · Selvagma - "Selvajaria" renta-'r <'!TI Portugal; no Bnu il nem
rra.ngriras i nextsten~t:s ua nossa. tentar í• possível a mudanta pa•-a aria do sufixo ck ccnos
Secundo Advhbio lati no, emprl'gado em português; >ignilka de•·ivados : bilhete-ria. lâl~ria.
"em <egundo lugar''. "segundaml'nte": " Por dois mouvo\ HSdvicola", Si h·ícola - Se o >egundo elemento é latino. latino
o fiz : pr~mo. porqut... ; ILcundo, porque..." !não iremos im itar di:'Vc ;er tam~m o primeiro: ri/IJÚ:D/o. Não escrevemos .rlvl-
o oradnr de comício qtre disse: Votemos no çoronel Prudt'-n - wllor. siJvicult.um!
cio primo locn porque ... : wundll pnmo loco porque ...). Stlvícola consigna o vo cabulá•·io o ficial brasileim. no que é
Se ern boca dt· <oap-box orator isso faz rir, é de lamentar seguido pelo Melhoralllt'IIIM. Aulet<: dá as duas lormas. e
erro senwlhame t'm microfone d.- r.ídio: "E assim, a gro<<o nf'~"' procedirnemo é seguido pelo vocabulário oficial de
modo, podemos conclur r que ..." - " Chegamo,, a contrario Portugal.
sensu, d deduzir que ..." - "Po>>O afirmar a la to sensu qu" <l Sem... (prefixo ) - Muito apreciaríamos a gt>mileza de 4lgum
n1esnHJ ac;:onleçe <.'JJ tr<.' nós" . lt>itor que nos explicasse por· que nosso vocabulário o fi cial
Se t•x i"t' t·m "a priori". "a poster iori" Oocun">es que an· (Pcqu<'no Vocabulário Onugránco da Língua Portuguesa-
dam d ditt-r sem >ab(·r que sentido lhes cabe), não deve apa - 1943) consigna com hífen •tm-pudor. l<'tn vt'rgonha... t•, con-
reçer a antes de "lato >ensu" lt-rn <enlido lato), "çomra110 trariando a regra 46, 5, h d<> Formulário, ~nsabor, sem hífen.
sensu" (ao conrrâri o). " slri cro ~nsu" k m S<'nrido re~rri tol. Sem bulha nem matinada - Lontção que >ignifica "sik nciosa-
"tacito semu" (por sentimento secreto), "grosso modo" nrl'nrc", "sem a larde": Snn bulluJ rum m<Uinada cumLr uiu
(por aho. rcsumidamt·nte). Por ravor. senhor locutor, t·sq ut•- uma bda casa.
ca-se dt•>se a a imriar uis locutões latinas: coostitucm-'lt' Sc.m duu n~m bus (ou >mr Cus "'m bwl - Locu<..lo que >igm frca
!'las d<- ablativo de modo, sem n~nhuma preposicào a antr- "ahsolutam<'nt<' nnda": Senwu-'e num tamboret~ ~em d izer
ced~-la>. Limitt'· M' d fal<1r mal o po rtuguês, que é língua ~m chus nem bus - Sa iu sem r:..,er lw nem btt.l (sem fazer bulha,
gramática. sem di~t-r palavra).
Sl"<<ear Possu ímo> o verbo assediar. com a te-rminado tar. Sem como - v . snn t~úmt'To.
mas bso se d<'\'(' ao h imo a•ridto, terminado l'm io. como dt· Sem cnu non cunho - Locutào que signi fica "sem eira nl'lll
silincin, ((m.'rório tiV('TTIOS ~lmdar, ronlranar . Srd•ar. quer 'lt' beira''. " na penüria": Mon eu .1tm cru~ nem mnho- Ele não
relaciorl<' 1·om -.eda . para indicar o aro d<' Jimpllr com csco'a teru cr-u2 nem cunho P~.ra !'s~~a empresa- Uma dc<:i~~o ~ornada
de seda o bjetos de o uro ou de prata o u pt:dras precio~as, sem au< nem cunho. Nao ter cruzes nem cunhos dtt-:.c de
quer M' rdacione ro 111 >tdt {i) - hrasil<.>iri>mo neste t'àSO - pessoa disparatada, q ut: em casos idt'nricos procede ora dt·
pam indicar o t•srágro d<.> tropa>em d<'t<'rminado lugar. de\(' um , 01a de ourro modo. "Cruz<'S o u cunhos" é ourro nome
ter minar em ear. de>m<•ncia de ·~rl>os pro•enwnt~>< de nome' do jogo ''cara ou coroa", em q ue se ati•a uma moeda ao ar
terminados em 'á tono : aparte, apartear; pr11l•. pentear; ;oru. ~ gan ha o jogador que adivinha qual do~ l:tdos fica •á para
wriPar: t arque, xarqurar... wf<>. ;edear. dn1a.
"Sediço", Cediço - Enconrra-sc o adjeti,·o ctdiro freqül:'nte- Sem nenh um r~sultado - A língua que falamos no Brasil é
meme grafado COlllJ inicial. Assim não esa e\'C o vocabulário ainda a portuguesa; constru ir "sem qu.tlqu<'r resuh.ado'' é
ofioal português nl'l1l o brasileiro. senão com c. apoiado> proceder à inglc)a. A construcão lidima portuguesa é: Ele
em Goru:alves Viana, qui' diz: Epo lânio Dias arrihu iu a rstc: não fará esse negócio de NENHUMA maneira porqut sabe
adjetivo, mu ito comum no sentido de "em come<:o de putre- não lhe rrará NF.NHUM p•·oveiw - Depois de r ea lizar di-
facão. inçapaz de consumo. ou fora de uso" , o adjeti vo !.ui- ver<as concorrências sem NENHUM resu ltado, a toncc:~sio­
no ~dtltltu;. alte·rado l'l1l ~IÚtitiuJ (~dtre. pousar!. Não ad,er ná.na encaminhou um olicio .i. Ptefeitura.
riu port\m o douto 141inista em q ue à fonna JLdiiO, que é j.í a "Sem nenhum resultado". "sem re)ult.ado nenhum",
que dá fUut<.'au , deve correspoudcr outra mais antiga cm "st'm r•esultado algum": tn's maneiras diferentes temo>. lc-
Sem número Semântica 293
girimas, de di1.er. Por que não go,•ernar · no~ com a prata da isso receber epítetos opostos: fortunA próspera, fortunn. advtr.la.
casa? Também a passagem de adjetivos, como forte, velho, rico, moço
Sem número · É iegilima locu~ào nossa, que pode ser substan- e de outros a classe de substantivos é uma transformacão
tiva ("Leu um Jenr.-núrMro de livros'') <· adjetiva: ·•Tenho semântica: deixaram de exprimir uma qualidade inere~te
passado por sofrimentos Jtm nÚTI'tro''. Corrcsponde à locu - a um ser, para exprimir o próprio ser.
ção >tml como: "Dos .\em conl.o que há passado maléficos por· A st'lnântica pode ainda ser tli.ológica, quando estuda as
tentos'~ . causas dos fenômenos semânticos, como pode ainda ser
A ortografia oficial exige hífen na locu~'ào substantiva. geral ou parli.cúlar, conforme abranja várias linguas, geral·
Sem rei nem roque • Locução que significa ''sem governo", n\enre aparemadàs; ou uma só.
"desorien tadamente" : Naqueles dias as coi:;as andavam ,<em Há vários casos em que o domínio das palavras se restt·in-
rei 11tm roque. ge e alarga alternadamente; o termo dtmoiselle, que em fran·
Sem sobressalto . Locucào que significa "fleu maticamer\te", cês designava a mulher nobre, passou depois a rtfcrir-sc a
·•a sangue frio": Respondeu sem sobresJalto. todas as condições, mas s6 para as soltt"iras; o termo, primi·
s~ma.neiro · Se temos jornaleiro como sinônimo de diarilta para rivamente indili:renrc. desenvolveu-se num só st"ntido. A
indicar o que ganha por d ia, não é violentar o idioma cha- enfa.,e é um dos fenôm<'no.s gerai' que levam ã re-rrição do
mar wmaneiro o que ganha por semana. A pala\'fa já existe, sentido, e, por outro lado, a extensão de sentido se dá em
embora com a limitada signjfica<:ào de "o que tem por obri· virtude das figuras de pensamrnto (figuras de retórica! chama-
gacào wcar os sinos \'rn cada semana", mas nada impede das .linirl.oqur, metonímia. metáfora, eufemismo, hipérl!ole. proso-
es(ender-lne o significado, a menos queiramos estender o popéia. perlfra.se.
significado de outra palavra, também já existente, semanário, a) A sinidoqtte (gr. synedoche, compreensão) consiste no em-
que entre outras coisas indica o camarist.a que está semanal- prego de uma pa lavra em lugar çle outra na qual está com-
mente de servico do imperador. preendida, com a qual tem incima conexão: pão, poralimen.
Semântica • Se alterações sofrem as palavras no que diz res · to; velct, por navio;ftrro. por espada ou âncora; lar (oufo·
peito à fonética, à prosódia e ~ ortografia, a lter:u.ões tam - gão), por casa.
bém sofrem no que diz respeito ao sentido. Se quanro à for- ~) A melor1ímia é simples varianre da sinédoque; são deno·
ma elas se transformam, transformam-se igualmenre quamo miAa,ões essas de distincào (ào sutíl que autores há que dão
à idéia. Ao estudo de cais 1r<111sforma<:ÕI"S dt> semi do é que se como exemplo de meronímia aquilo mesmo que ó utros
dá o nome ;emàntica, palavra por Breal trazida do grego st· subordinam à sinêdoque, e o'atadisras há que mal mencio-
miinlicós, do verbo stmainó, que sign ifica "designar". nam essas denominações de tropas semànticos (tropo - pro-
As palavras vivem , t' é da própria natureza da vida a trans- nuncie trõpo - é o emprego de uma palavra em senrido figu .
forma<:ão. Muitas palavras existem que do sentido etimoló· rado; lat. lropum, vol ta, e c~tc do gr. lropêo, girar}. Se na siné·
gico já nenhum vestígio possuem atualmente. O verbo che- doque ~e emprega o nome de uma coisa em lugar de mune
gar, do latim piicare, etirnologic;amente significa dol!rar ; os de ourra nela compreendida. na metonímia a pala,,·a é em·
navios, ';;ma vez no porto, dobrauam as vdas; à trans{ormacão pregada em lugar de outra que a suget•e, ou seja, em vez de
gt'âflca do plicare latino, mediante abrandamento do grupo urna palavra ernpn:ga-se ouu·a com a qual tt'nha qualquer
pl ern ch (como de pluviam tivemos chuv.a, de piorare, chorar) e n:lação por dependência de idéià: da.tniLICO, tecido de seda
do c em g. segt•iu-sc, com o andar dos anos, a ·•rransfomta- com flores ou espécie de abr·unho, ambos provt·nientes de
çào scmiológica'', ou, como atualmente se diz, a "transfor- Damasco (o nome de um lugar acaba por designar os seus
macào s<·mânti(·a". produtos industriais ou na curais): IO'uro, por glória, prêmio;
A. regência igualmente mudou-se; se os navios antes chega - cã.i, por velhice; fulano i: um bom garfo; perna., que era só a
vmil (dobravam as velas) "num" porto, hoje eles chegam "a" de porco, é hoje de todos os mamíferos e até de aves e inse-
um pono. Atualmente, não são apenas os navios que dugam, tos; rostro, que primitivament.e indicava bico de ave, passou
mas os rrens, os automóveis t rodos os snnovemes. a designar o remate da proa e, posttriorménte, sob a forma
Mttitas palavras há nas condições de chrgar, e css<' esrudo i! rosto, a face humana; insultar perdeu o sentido material de
o objeto da semàntica, estudo que nos faz ver o risco que saltar sobre; despre~ar significava em latim clássico "oihar de
correm os que a fetTo e fogo querem tratar os nossos vocá · cima para baixo".
bulos. Suicidar-!t çonstitui exemplo d<;- transfonnadio s<'· c) Metáfora é o fenômeno pelo qual uma palavra é empre-
nrântica; sua significação nimulógica obliterou-se; perdeu gada por semelhança real ou imaginária: denltJ do penre;
o i·lcmenro 11t.i o vàlor r-eflexivo, e hojt· nada mais pod<·mos pé de mesa ;fumo da glória: serra, que no latim clã.ssiço e t-a só
dizer senão que suicidar não ê ponug~~ês e sim $uicidaNe, já o instrumento do carpinteiro, passou no latim vulg-.tr a indi-
não havendo pleonasmo nem. menos. erTo no emprego re- car cadeia de m<~ntanha.,, dada a s('mdh<u)('a das cri'stas com os
flex ivo do verbo. dnue> da férramen(a,
Se as palavr<~s numa só língua sofrem cais rransformacô<·s, Se na metáfora o S(:'ntido re·a l da palavra é modificado p<.>r
mais ainda se modificam no sentido as tomadas de emprés· comparação e a palavra nova contém analogia com a primi -
timo de outros idiomas. O esrudo do significado dos vocá- tiva, na catacrese -outro fenômeno lingüístico (calá. contra;
bulos, quer no momento arual, quer atraves do tempo e ch.mtái, usar) - o sentido real da palavra é modificado por
também do espaço, constitui o objeto da semântica ou uma - esquecimemo, e a palavra nova contém idéia absurda se
tologw (gr. .•tma, !Jlus, sibrnificadol oú, ainda, SC11UISiologi4; dá comparada com o $t'ntido etimológico da primitiva: quaren-
istó assumo não para uu1 capítulo de gramática, mas para tena de dois dias (quarenlma, quarenta}, três ~:Emec>s (gtmeo,
um livro, e esse li\'fO seria incompleto. Ap(·nas a titulo de duplo), caligrafia ruim (caló.~. belo). cavalgar um boi, chumbar
ilustração, vejamos este ligeiro r esumo (da "Introdução ao um taco na parede.
esrudo da semântica", do prof. Fernando V. Peixoto da A metáfora pode ser criada no momento pdo estTitor, a
Fonwca): caLlcrese é formada com os anos dentro do idioma.
A semântica pode dividir-se em esüitiC!l e histónca; a primei· d) Eufemismo é a adocicação de- termos; em vez do termo
ra diz respei to a d<·terminada fast' de uma língua (os dicioná· próprio, que podia rrpugnar por qualquer razão, emprega·
rios são trabalhos de scmànúca estática, pois dão o signifi- se o urro mais brando: passamento em vez de morte. Fa!JoJ etife-
cado das palavras de uma lingua num dado momento); a mismo• são os provenientes mais de uma afetação, que tem
segunda- ~ esta é a que constitui propriamente a semântica prazer em achar indecência em toda a pane sob a máscara do
- procura ver a evolucão do significado das palavras, as pudor, do que de um cuidado de corrccào de linguagem;
suas rransfonnacões de sentido. Assim, há palavras que hoje dizem respeito especialmente a algumas panes do corp'o, a
se empr.egam quase s<'mpre em acepção benéfica, como for· derenninadas peças de vestuário, a certos animais e a pre-
tuna, que a rigor significa, meramente, aca>o, Jur'lt c pode por tendidas sílabas sujas.
294 Semelhante Senão
rl H•pirhok - Consiste no emprego de palavra ou fr.ase ve" (8 quanos) demasiado comprida para as musicas ligrira.s..
com s<.·mido C"Xagc-rado para dar maior força, maior impres- deu inicio à divisão musical, introdutindo a "semil.irc'Vc~
são, para mais ou para meno~ : Ele st·lan<-ou com a velocida- que quer dizec "metade" ck "bre-ve". figura esta que, 31f
de dr uma necha. prova em comrário, é a inda hoje a "chave-base" da divtsão
fl ProJofHJpiú; - É a figura qur dá vida, ac-.io, movimenlo e musical, que hoje tem quatro figuras : brt'\'e, mínima. col-
voz d coi$<\S mammadas ou d pes~oas monas ou au~mn: cheia c ft.,g, comtituindo as demais subdivisões desgs, Pau
o~ alto5prornonltll iOS 0 chorarallL indicar tais subdivisões, adotou-se, com aceno, o elemento
g) Perifrast - Con~isre no emprego de muitas palavras para lat ino semi, que- signifka mttadt, e tivemos enrão: <tmibrnc
exprrs~w uma id6a. para repr..st•ntar uma coisa; é o circun- (metade da brevcl. 5mricolch~UJ (metade da cokheia), smujuJG.
lóquiO, ~o rodeio de palavras, ~o empl(~go de locucões em (metade da fuQl e ... vem agora a pergunaa: Por que não
,.l'Z da> formas <oimple> conc<opondemt•s: Se lá no assmLo smu -minima? Acaso tem aí o p t-imeiro ckmento outra ori -
tlhto nnde >uhi>tt· ((i•u1 - ... tf,• quanloJ ilfhPin a ágiUJ do Par· gem?"
na.1<1 (elo, po(·tas) . - Não pret<:ntlendo julga• a doutrina da "chave-base"
Co~l'litui ainda knômeno :.cmàmico a flmwlogia popular. nem ampliar o histórico dos nomes do> wns da escala musi-
ou SCJ3. a rcndêntid KWa) para admitir unta hgacào etimolô- cal Uã exposto no verbete do, ri, mil, vejamos logo o a>sunro
gica entre exprt>SSÕ<'' que se pa• cocem; é o caso. por exemplo. principal, mmivo das duas muito delicadas canas de do~
de Sant'lagQ, que d<'u São Tidgo por se julgar que o 1 pénencia mestres de música.
ao nome, \'isto empregar-se qua!iC sempr(: •âo antes de con- O primeiro ck-mcnto do romposto S<>mínima ê consriruído
soanle-. Sào as çonform idades lonêriras qu<' dão causa a 1ais do mesmo ~tm que antecede o nome da subdivisão das de-
®mulacõfl .wruíntica1 da etimologia popular. mais figuras musicais. Poderia ....- senumíroma? Sem dúvida_
Ouuos exemplo; curiosos dl' cvolucào :.cmàntica: ro.dtmo Para evitar cacofonia é que o não é? Não. O que houve foi
(do lal. qualtmum) perdeu a nod\o originária de ro lha de uma haplologia, nome l'Sil' qu(' indic.1 o lc·nómmo rt·wl-
papd dohrada <'01 quatro; TJolmM, que originariamentt· f o tllllll' da sirnplillfação, da comra<:ão, da rr tlul'ão de elcmen-
que t·nvolve (do lat. vólvert), passou a indicar a pele em que ro~ similares d~ um vocábulo, fenômeno popular, ;u birràrio
se t'SCTl'VÍ3 e. depois. a própria ohra. porqur as pele> er.1 m (' at(• comraditório. ma' u·.. l. carau·ri1an1r do idioma. T e-
guardddas enroladas <em-oh itia,) nas uibliowcas: cálrulos mO• em portugu~>. por exemplo, monoruuro ao lado de rnonó-
eram as pedrinhas lOm que~~· fa1iam co(tt.l' ; passou a pala- mto, quando o segundo composto dt'Vnia ~er monmulmio; lá,
vra a ;ignifkar a própria conta ,., ainda, a~ pedrinhas que 'c integras os elementos; aqui , rr~•n~<tdo o primeiro, por trrmi-
criam no ligado; per~aminho, d<' Pirgamo, nome de cidack da nar por sílaba ~imitar (no caso preseme igual) à inicial do
Á~ia M('nor ond.- !><" preparavam p<'les para t:''cre.-er: /Ji>W!go. s<'gundo. Por qu~? É a lei do menor esforco, tão car.ucrisrica
de pir"r"m (malum pir-.ir:wn, malà da Phs1al, dada a origt'm da formacão popular da última flor do L.iCIO.
da fruta; IQrrt do lombo, porqur primidvameute os tomo• ou Ou rros exemplo< de haplologia encon1ramos em bondoso.
tombos (documento~. regisu·o•, inv~ntários trr.) era.m guat - <:lll caridoso, palavras que ninguém tcmaní reconstiluir em
dado• numa tOrre (dai ainda a exp•·essào hodierna 1<11nl!o do •u·" 1.-gítima> formas etimológicas bo11dndo•o (d<' l>o11dad'
EJtado, para signilit-ar Atquiw do F.l!lldo); <ecrt/Ório, etimologt- ma'' o<Ol. rondudo\0 (de candadr mais oso) O knõnwno ~ tão
cam~O!t' confidcm(', depositário de s<:gredo~; pdnico. <'m vir- nalllral C' tão irnpt·rcep•i~dmente ><' produz (umrdatlt por
rude- tio su'>IO (pámcus lii1Jin') qu<: causav.t o deus Pã quando umididatúl que " j nos rc,ta acei1á-lt). Mab um <'Xt'mplo,
apan·ria entre m mortais; pedagogo, a principio o e$cravo a~o1 a latino. t•m que figura o ll1 <''mo p~t•flxo; u•m1•;tm. de
que conduzia as crianras à e~cola; P"frito, qu<' ~ignifica bom. .~tmi -me>lri> (d<• mrio mes. dt- quiDLt' dia,l: ~m~e<tri> Irma, lua
corrt'\0 vem do latim prrftctum. que significa apenas "com- t'h<·•~. O e<tropt.unt·nco. por ~r d<' na>Ct-uc~, torna-nos a
pktameme terminado", ''ioteitameme feito". pala,'fa de rodo legítima e imcgra. ,-fclur -w de na ro111po-
Uma ohservacào final: Stmrmlm1a é o ekmcmo lingüi~1ico ~it .in lati na ou na vrrnácub.
enqua1110 exprime uma id<-ia definida; i: a raiL, é o radi,a l Senáculo, Cenáculo - Com ~. prende-se o vo<'.ábulo ao latim
da palavra. Morftma é o elt>mento lingüisuco que mo~tra as 11'11(,, >fliÍJ (vdhoJ. t' designa o lug-dr em qur o senddo roma-
rda~Õ<t> en1re as idéias; é o prefixo, o $ulixo. a desint'n(la. a no ulehrava as >uas ses!>Õ<'s; com c inicial. refere-se ao laóm
prepo~icào, a oonjun(ão, o V<'Tbo auxiliar, a imonacào. a coma. com<U, c indica, etimologicaJn•·mc-, a '"la em que >e
ac•·ntuaçào, a ordem dos termo> ('tC. comia a c.eia ou o jantar. Figuradamcmc, muí.Clll~ pas~ou a
Semelhante - Similirno é o superlativo sintético t·rudim. ao I~ do designar "ajuntamento d(• indivíduos que professam a~ mes-
do popu lar Y'mtlhan/ÜJimo. ma) icltias ou miram o mesmo llm".
Semi... • Em compostos e>~e prefixo latino, rujo 11inal é hr"'"· Senador - Coleuw, quando em reunião oficial: sntiUÚI. Femi ni-
rrazn ac~mo Sl'CUndário da palavra para a primeira .1ilaba e no: vnadoTa.
oão parda segunda: l~mibár/Jaro (c não semibárbaro). >hnifinal Senão, Se não - Numa só palavra quando s1gnifica:
(e não semífinal). Jtrnijinalüta. como em .1/mibreve, sêmiviuo. I. "de outro modo''. "do contrário"; Confessa, <mão
.stmit~m. A pronúncia corre!a t •tmilunár, como correto \.• di- morres" - Não insista. muio apanha - Vá depre~. 1mào
zer páratllillfil, não obstante se1t·m oxítonas em grego <'S'ot''o vorc perde o trem.
prellxos. 2. "mas", ''mas sim": Se t.al disse não foi com imuito de
A 01 tografla olkial (Formulário. 46. 5. a) nbriga- no> ao okndf-lo. :.enào para adverti-lo - Não ( homem de escutar
hílcn anlt'S de vogal ( ~rmi-intemato), h (semi-hnmrm), r (stmi-r.i), n tlado. unào de reagir.
s (jtmi 1tlvagmrl. S. "a não ser". "•mis do que": Não vit·ram Jntào tr~l pas-
Semicúpio - V. derivadoJ jrtmmt•. sag<'iros - Ele não se cot rigirá sendo apanhando - Não
~ma • Juntando e fundindo os dizeres dt· dois consulen- havia Mnãii mulheres na sala - Não$(' encontra em nenhum
tes t(·rnos esta pergunta que, por instrutiva, aqui reproduzi . livro ;«não neste.
mos quase 1oda: "Quinhentos c quarenta ano~ ante-s de ç, i>· 4. "mas rambém" (o lamblm podt não vir expre;so), <·m
10. Pitágoras marcava a escala musical (do) com 5 grau ': corrclac;ão com "não só": Eram não só justos. stnão caridosos
do. ri. mi. fá. ~I Tolomeu juntou-lhes mais do1s graus: lá, si. - Eram não só rigoro>as, .smiio tarnhim cruéis.
dC\·<'Ildo-~ notar que não eram esses os nomes dos >On~: q,uando intcrC'.alado entre o verbo e o sujeilo, o verbo de
são nome> que passaram ao uso por suge~1ào do monge prderencia concorda com o sujeito: Não resta11am sobre a
Cuido de Arezzo (província italiana de Aqo ilal. que, es<.Tc- rerra senão os homens - Por cl<'s ainda não vieram scnàc) tri-
vendo um hino em louvor de S. João, pcrçeb(u, sem quer!'r. butos ao povo - Nas cidades e praç.tS dC' guerra não se ouvi-
que a~ silauas miciais de cada verso podiam servir para a ram senão as aclamações.
denominacào da e>cala musical. Q.uando essn não forem o~ <;enúdos. duas serão as pala-
Foi ainda Cuido de Arezzo quem, achando a figura "bre- vras, da.~ quais o rui.o conservará todo o seu valor de advérbio
Senão quando Senhorial 295
de nega<,io, e o JL, unicameme o u, exercerá a runção de emito já por si significa aspeto carrancudo, sobrancelha
conjun<io, que poderá ser subsuruida por outra tonjun<:ào carregada, ma\ com f~uéncia vem acompanhado de adjeti-
sinônima: St ruio queres não irei- o que cquivak a dizer: vo rc::forcarivo da idéia: No outro se enxergava um emito
Caso não queiras. não irei - ou ainda: Não querendo, não aluírrtcido- Ytm com t;pantoMJ cmho. A1é pleonasticamt."mc às
irt·i. ,-ezesse vê: ''cl'nno cerrado".
Senão quando· 1:. c:xpres..<ào que equivale a "quando de rep<'n · De senho, o cognato senha. De cmho, os derivados cmho<o.
te"; Caminhávamo>, snuio I{Uf)ndo se apresenta um ravaleiro. sobrecenho.
Senão que · Locução çonjuntiva que significa "mas ao contrâ- "Senhor ouvinte" - O piro não é para brasil eit·os mas para
rio": N unca esteja ocioso, senão'!"" empreg.~t· bt'lll v ttmpo. ponugue~es; tampouco é nos>o; é de Botelho de Amaral,
Mais fiTqüt.'lllcmente vem em con·ela~:ão com não 56, com que escreve: "Há um háb ito deplorável na rádio ponuguc;a.
o significado de 7/WJ também: Em tratando de mouros ou in- Este de dizer "senhor ouvinte". Creio que o preciosismo é
lléis não \Ó usa por sua conta, Jn!M que atribui ao Apóstolo único no mundo. Para que o tratamento por "senhor"
expressões violentas contra esses mesquinhos. diante des!><' nome comum "ouvinte"? Dou um doce a quem
Senatoria • Q.ul-r com o significado de "cargo ou funções de ou,.ir, nos mi<'Tofones eStrangeiros, por ext>mplo "monsiew
senador", quer com o de "durat'àO des"' cargo", novidade l'auditeur" e "Mr. Li~tcner". Repare-se na admirável sobri<'·
c surpresa constitui-nos a açenruação proparoxitona "~na­ dade ingle~ : "good night. li"eners". " listener s", sem mah
tória"; nem <:-m vocabulários, nem na forma(,io da palavra nada. Ou, então, apre<:ie-se o carinho da locutora de An.
pudemo~ cn('Ontrar cxplicacào para essa acentuacào. Gon- d orra: ''queridos dirntes". Eu não digo que 5C copie o es-
~-alves Vi .. tl<t não consigna a palavra, c m que a ofne(ent trangeiro. Cop•e·se a naturalidade- com que se estabelecem
dão-na como bra5ileirismo. Cãndido de Figueiredll dâ ainda jeitos de locução. É e;se "espirito" de naturalidade que por
a variame unadoria, tirada de um jornal de 1916. cá não há .',
Se existe pret6ria, proparoxítona, justifica o ac~mo o existir Senhora, Mulher, Espo!lll • D. H., Itapctininga - Na ac:epciio
a palavra desd<> o latim; é esre substami,•o, adernai~. concre- geral, ~nhlll'a é simpks f(·minino de .!mhor, termo d<" cont'si~
to, c:: scí como l>ra~ilc::iri~mo é abstrato, quando empregado quando dirigido a a lguém superior. igual ou inlerior, (' mu-
para dcsigrMr a jurisdiçào do pretor brasileiro. Outn~ pala- lher simples feminino de homem:" A Jmhora infante cu vi. m"-
vras que se procurem, abstratas e dt>signar ivM de cargo, /Mr muito discn•m "de bom parecer".
func.:ào vu qualidade. de radical em t ou em d, terão o accmo ,\ft:/Mr e 1m hora empregam-se também por "/HJl4; na lin-
no i da rer mina~ão: audiloría, tutoria, autoria, ouvúioria, hm- gua portuguesa. mulhtr é por t;posa empregado cnrre amigos,
frttoría, tmdodoría. direloría. São. como a que estamos vendo, entre pessoa~ do mesmo nível social. e senhora enu-e p<-ssoa'
palavra; lonnad~ em ponuguês, e longa i: por isso a tcnni· não intima>. EJpo;a ê de t.mprego ora cerimonioso, 0r2 ~im­
na cão: ~11/Jtoría. plesmente denotativo de mulher ou senhora casada, ora di,.
Se corre("ÀO pudesse ser feita, seria acomdhávd ~nadoria, criminativo de outras senhoras : "Manuel de Sousa de Sepul-
com d, como ;abdoria (de sabedor). pagadoria (de pagadM). veda, vendo sua amada tJposa naqul'le estado, se chegou à
O e\panhol é 1rnaduria mulher, e tOmando -a entre l><'US braços, lhe disse ...".
SenatriJ • Q.uer !>(' trate de mulher de imperador. quer da pró- Em linguagem mlstica: A "POJ,(J de Jesus. Cristo, a Igreja
pria mulhe•· que t'xet·re o império, tem no~so idioma wna só - A tspo;a divina (a virg~m Maria) - As esposas de J esus
palavra par a (!(osrgná -la: imperalrtt. Cristo (as religiosas).
Q.ucr w u·;ut· de: mulher de embaixador, que• da que de- Esses e outros exemplos Pnconrram-sc em Domingos Viei-
sempenha fun('(\es iguai s ou semelhantes às dc~ embaixador. ra, em quem se basearam dicionaristas posteriores.
também uma única palavra temos: embai,alrit. Sc:nhora, Senhorita, Senhorinha - Q.uer sohcira, qu<•r não, ('ra
Nó,, qui" temos dt> igual forma Jenatrh para "mulher de a mulher tratada por >en/!oTa. Com distinção dr estado civil,
senador" e para "mulh<'T que:: exerce fu ncÕ<'s senatoriais" nem unhorinha n<'m ~nhorila se encontram em dtcion:írio'
(V. Auletd. podia mos muitO bem ter adotado C\~ forma em antigos, e Aulc::te tacha de brasileirismo o sentido qut c·ntre
vf:7 dr .<LYIIllklra, agora que temos mulher no '*·nado. Não i: nós se empresta à pala\Ta smhmta. Lt'iamos Domingos Vier·
de: crer qu{· C)ttjam os senadores reser...ando ~natrü >Oillt"nte ra, que só traz ~nhonla: "Filha de senhoras ou grandes: por
para as sua; mulhere5. conesia diz-se tm E,~anha da filha d e qualquer oucro sujmo
Sendo que · t locucão conjunti"a causal, equivalentl' " "uma de representa<;ào. c. em Portugal. senhora".
vez que", "dc;dc que", "visto que". "porquamo'' etc.: Tinha ainda •tnhonta o sentido de "senhora de classe mé-
"Smtl.o lf'" voei não está bom, desisto da viagem". Sem essa dia com prcten~i<'s a dama; mulher de classe baixa que ~e dá
indica~io d<' c~u.a, a t"xprcssão não passa de mais um caso ares de ,enhora. Mulhc:r de baixa estatura. Senhoraca".
Jc abu>O do g<·rúndio. como neste exemp lo: A~ fruta$ e;tão Como o~ fatos cm história natural. em linguagem cJs n •.
geralmcnre t'aras, .1endn que as estrangeiras nem se podem gionalismos não aceitam doutrinações.
comprar. · Q.uanto a .wnlwm i~to diz Mário Barreto: No Brasil t pC·
O r.-méd io é simples; por não enccrrat idéia cit·cunstan- dantesca a prom!ncia ~nMra. Deve-se dizer senhora por ser
cial nenhuma - nem de causa. nem de concl'>>ào, nc:rn de essa a pronúncia de lOd<>~.
nada- ~ubHitua-so:> o in>Osso " .5endo que" por "c" ou por Senhorial, Senhoril • Também o <.:spanhol tem os doi~ adjc·ri-
ponto e virgt•la ou por outra comtru~'ào : As frutas estão vos, e tambétn ai os signrficados podem confundir-,.., o que
gera lmente caras r as estrangeiras nem sc poMm comprar - facilmente se comprova da leirura de dicionários de amhos
Encon1rei-mt> com um grupo de advogados, do> quai1 três os idioma~. Par2 indicar, pomn, o que é penenceml' ou
eram já meus conhecidos (c não : sendo que três ... ) Cc:m· relativo ao senhorio, ao senhor, ambos os idiomas l'rnpre-
temo-me com c~1c dicionário, maJ o outro seria mrlhor {e gam Jmhorial: "Em redor daqueles paços unltona11 pesava
não: sendo qui" o outro ... ). um silenoo triste e torvo". Com a significado de "próprio
Senho, Cenho . Com s, tem o significado de stnal, c é o mesmo de senbor", "próprio de pessoa nobre", "majestoso" , "dis-
que vnlw quando iodica1ivo este vocábulo de areno, gesto, tinto", vemos a forma >mhoril: "Pois esse olhar tão nobre, c
palavra, marca peculiar de rcconhecimemo; é de:: origem la- a snrltorí/ pre~cnca" - Os dois exemplos encontram·se no
tina. Aulete, e são ambos do mc~mo autor, Camilo.
Emhora dt' étimo controvertido, a palavra unho é encon- Parece-nos que Ynhoril é que se presta para indicar atitude,
trada nos vocabulários oficiais com c quando significa " rosto procedimento: E o !l-arbo Ynhoril e altivo. Tratando -se de
carrancudo". "a~peto severo", "rosto ele sobran~-elha• carre- coisa, st.nhorial será a forma: Vende-se apartamc::mo senhorial.
gadas". Tem com c mais o significado de "doença e ntre o As formas adverbiais rorrespondentes devem seguir a mc~ma
pelo e o casco da besta", mas com o primeiro é qu<' mais se dist.inc;ão: ca• ta unhonaJmmle redigida (redigida à man,.ira
encontr.t. e muitas vezes erradamente grafada. de senhor. com au to• idade; a carta é smhorial)- carta stnho-
296 Sênior Serão o mais
nlmmtt redigida (redigida delicadamen1e, disrin.amenre; a em oracões negativa.~. Seu tmprego em orações !'O>Iliva~
cana é vnlronf). constitui erro odêmico ao de ab•olutamtr<U com sen1ido nega-
S~nior, Scnion:s · Se um dia viermo; .t '"' em nO'iSO idioma livo.
Jtruor c ;úmor como substantivos que indiquem à americana Ser (com verbo imransi1ivol - Pelo fato de não poderem passar
estágio, rlc> ,.,,udo, ou, nos dias atuab, prctisarrnos plurali- para a vo1 pa.,~iva, o' verl>o> intransitivos >ú co>tumam vir
7ar <'SsaS palavras já respectivamente usad," com o ~entido acompru1hados dos auxiliares ter e lro.vrr ; todavia, com al -
de "experimentado" e de "novaro" em cerro espane, não guns de tai > vetbo> o verbo >tr substitui elegantcmcncc c:ssc~
nos esquecamos de q ue seus plurais :.ào, em ponugu~s. se- auxil iares na lorma(ão dos tempos com posto~: ,•rr chegatÜi,
nwrtJ,)UTWJrtJ, arnbos <.:orn 0 accnLo tônico nt) ''o'·. ser M Jcldo (ou nado), .ser r11ndo, ser entrado: Porém já cinco !IÓÍ~
"Seosívd" - "Deixaram de seguir uma umívr.l advcru'ncia".- eram pas,adoJ - Aqui foí nado c a'iado - ... imaginado m
Q.ur é i s~o? "Sensible" signitic<~ "loaving or eontainin~~; sense nascida de inveja de o ver tão grande- ... por o ionp...rador
or rt•awu; characrerized by good or common S<'n~; inrelli- dono Carlos, s;,·u Pai, .str faltado - Por Mr ji entrado o inver-
gc>nt; rrawnable'', ou melhor, corr~ponde em nossa língua no ... - A dt·struir o povo scrraccno muitos com tencão san-
a !tn.lmo: "OC'ixaram de seguir uma •mUlto .tdH·nencia". ta rram partidos - ... ramocm o arcebispo rra clotgaJÜi de pou
Será o de.c:onhecimemo da ordem alfa~1ica que imprde a co.
um "foc-.r." d íomuha ao dicionário? Ser (sul>sütuído por ''írgulal - Pode a vírgula ser empregada,
S~utt - 1:. sabido de todos os que lêem bom .tulore\ e consul- enfaticamente. em lugar do wrbo m em ora~ões de fácil
lllnl l>on' dicionários que ,~qun entra em oranx·s ncga1ivas; conoprt'Cnsão: ··r,u•>. os maiores pedgos·· - ".Eles, os ho-
não srrá o M<emplo dC' algum pO<'"ta , n("Cl-~>itado de mcrrifi - mens q ue indico'".
car um ''crso, o u de algum desavisado noticiarisra que virá Ser para - Pelo menos dois significados pode ter o nosso vt>rbo
ju~1ilicao -nos seu emprego em proposições posirivas; a sr- ser quando ocguido de para: I. dever; Eu e1a para ter mudado
~;.ru i-lo prdro·imos acompanhar Aulete e Laudelino Fr<•irc e de carreira - Ele n-a para ser padre; 2. seruir indinaçào
0 ()mingos Vieira c Melhoramentos, qur ooro o boram o re- para, ser destiríado a : Eu não .1ou pt•ra esse rraba lh o.
forto nega tivo de uqurr com exemplos dl' aurooC> yuc se Sera6m, Q.ut:rubirn - A titulo de curiosidade saibamo~ que
impõem. essas formas são originariamenre plurais, que mai s uma vt:1
S~qUU significa QO tneiiOJ. pt/0 tn<'nOI, rlta\ nàO $Ígnifica "ao se pluralizam l'rtl ponugtoes em ~rafim. f/Utrubim. Provenien-
nwnos não", "pelo menos não'" : por outTa~ palavras, ~tqurr tes do hebraico. foram pdo inglês impormdos na rea l forma
não rem por ~i -;t-mido negativo; devt• >Co empregado em singular os nomes dessas ordens da hierarquia C<'I<'Siial.
ora çÕt'\ t'm que jâ txisrc negacão. srraph (aJtjo do amor). chm1h {anjo da luz), segundo Dionísio.
A>>im t-omo >cus sinõnimos ··ao menos", ' 'pelo menos", o Areopagita , as ma i~ prôxim.as de Deu;,.
''ainda" njo empres1am por si sós sen udo ncgati,•o à ora~-ão, Serão o mais pequenas possivrl - Essa deve ser a consrrucào, c
stqutr campouco tem essa forca. não "será o a' menor<'\ pos'iíveis". No v('l bete ··o lllalS po;sí-
Vejamo\ o correto emprego de Jtqutr nesta passagem d(' ,-el" e no •<>rht'le "po~sí•el" - temamos aleota.r rt-clarorcs
Camilo (Bi>po do Grão Pará, Memórias. pág. 37 ): " ...a quamo ao engano <·m que freqüentemente incorrem no
quem o governo, sequer, não concedia defender-sc>". Fõsse- emprego d2 palavra pos<ÍTJtl q uando a colocam junlo de· adjc-
ono' imir.H' ·• '''tropi;tda redaciio quc dt• q u.tntlo t·m quando rivo. E difkil a quem deseja m mprcend<'r o qu<' I~ a1inar
lt'lllO\ t"ltl jo ona I,, H-ríamos dt· cond~nar C:.u-nilo p<)o ,,... com o sentido desla passagem o u, por outra, com o que sr
po ... ro u m" n.fio·· .t pt), ~~ :-.<·qu<"r,. . passou pela cabt•ca do comemarisra ao redigi -la: " ... ma>'"
Niiu i· porlugu<·s rt'd igir "Meu filho saiu para o colégio e con s(·qüi·nô"'~ '<·•ào a~ nlenon'!) po3·SÍVels". Não. ut<·u nu o:
St'qucr pude despedir-me dele"; con ija --c para " ... e não o que von' q uc·r n·alm<"ntt" d iter i- q ut- t>la>, a~ tOn,~qú<'ntias,
p udt' >cquer .. ."' ou, à Camilo, ··e sequer não purlt' ..." . serão o rnars possin•l p<'qurna,. o mais po,~h·rl fraca,, o ma i,
OULro> exemp los do correto emprego de stqutr: Os exér- possivd apagadas, c não "as 0141is pos-síveis pt'qucna'" , "as
cuoo, aintia em via de o rgani-zacào, não e~l.tvam $~f/U" presres mais possivei> lo aca>''. "as mai' possiveis apagadas"; das
paoJ. tombare- O mais desgracado dos homem é o que não serão possi,·elmcnrr as menores, possi,·elmeme as m .. i. Fra -
Imo wqun por \Í o olhar compadt·cido dum cão - Nm~ um cas, possivelmente as mais apagadas. O que não é' po~1ívC'I é
!>é JOrnal, políuco ou literário, faz a rnai~ ,;mpll'' mencào embaralhar "' idéia,, julgando que o "'mais'' ch locu~ÃO
deste acuradissimo rrabalho, ou anunciou stqutr a sua publi - ad,·t'Tbral "o mais possível" pcnenca ao adjrtivo que entra
cacão . em expre>>Õcs qut' tdis, <' com ela possa sintetizar-se <·m
Sí•rn sentido - e geralmente- acompanhado dC' outros " menor", " ml'lhor", "maior". "pior". Redijd ~mpo t: : '"A>
erro> que .ueotam a fraqueza gramatical do redawr- apare- máquinas serão o rnars possível pequenas" - "Faca-os o
ce Yijlltr em passagens como estas: "'Na verdade, seq uer as mai~ possível 111aiorc> do que o modelo" - "Fizt·ram um~
prov~' J)Qdern ser consideradas d ifíceis" - "Os lndios •e- cabina o mai~ possivtl grande para que tudo e todo> nela
quer foram avisados" ·- "Eles ~eq uer· rccd)nam t.:sclar<·ci - coubes,em cmtl folga".
mc·ntos" - "Ele sequer falava comigo". "Q.uero li·u la> o rnais possível grandes, o mais possivd
Q.ue ànirno nos leva a continuar a leitura dt· noticia como maduras, o mais po~\ivcl limpas" ou " Q.uero rruras o mah
t'>t.t: "Corno esperar a prometida "al>cnura" democrática. possível grande>, maduras c limpas" , e não esta 1olicc de
da tjual t·m alguns círculos esperan(Os;uneme "' fala , se o construdio "Q.u~ro rruoas as maiores, maduras e limpas
povo , ou sequer o eleitorado, é ouvido o u chcorado nessas possi\'eisn.
oca•iõcs'' ~ Em vez de" ...se nem o povo nem wquer o dciw- O mm< c'eve aí rnodifi(:ar o po:u iwl, e não o adjumo expres-
rado ..." o qut• V<'mos hoje em cercas notícias é o linguajar sador de <Juahdade. "O mais possível" - repetimo> o que
de "Trapalhões", de ''Chacrinha~··, de "Chicos" e de outros ficou dito nO\ ,-erberes cicados- é locução adverbial; oomo
fi lósofo s brasileiros q ue nos levam a conduor que não SC'rá 1al não pode variar, dt'-sr aos rcrmos da oração a ordem que
pos~ivl'l st'quer considerar que venhamm a 1er .llgum ripo de se desejar; e{· locucão adverbial porque está modificando o
política que ptoteja nossos filhos, como protegidos são os adjetivo, o ddjunro elo no me.
fi l ho~ de ingle..es, de 1oda a sorte de e~tropiarnemo do verná - Frases simples<' <'OIT<'tas e claras são es1as: Faça-as grandes
culo. o mais po~sivcl (faça -as o mais po~vel grande> - Fac.a· a> o
Muilo bern pron·de o escritor que ocdigc: "Nmh11m dos mai s grandes po~;lvel) Pronuncie a s letras bem o mais
voca bulários oficiais rraz urn composro ,.qun... " - " A n()lí - possívd (Pronuncit· a> !erras o mais possível bem- Pronun-
~ia de que o conselheiro nem sequer havia entrado em contato cie as ktrdS o omtis hem possível) - T irei notas más o mais
com o' preso~" - " ... classificou um candida10 que não havia possivd (Tirri no1as o mais possívd más - T in·i nota> o
sequt:r c-omparecido às prov-..s". mais más po>sivd).
Rt:>umindo : Stqurr é advérbio de imemidadt, que enrra O ouvido, por dcsacosrumado, poderá estranhar a úhima
Si 297
forma !ksses Ires CX(lllplos. mas o erro Jamais foi justificali- Não só quando referente a anos civis, mas também a ano>
va dt tufonia. de vida de um individuo compreendidos numa faixa etária
Sttgi~ (e)ladO brasileiro}- Sigla oficial: SE. Adjttivo' pátrios: de dn: Ele viveu os stlmta.s com a mesma opcrosidade lite-
sergr.patw, >ngr.JNn>e. rária dos quaren/as. ·
Sttitma - Vot: cacarejar, aflautar. Necessária a abreviação, ela deverá processar- se a exemplo
Serigrafia - Do adjeúvo grego $ericÓ$, que significa "de seda" , do que já vem ocorr~ndo na 1mprensa, "os JNPs", ''o~ PMs"
é que se; ronnou $trigrtifia para indicar ''gravura em seda". - com o atTt'SCÍnt<> do s: Dos .JO.t aos 6()s sua preocupação
Como t'IO $ericulluro, por Jtricicullura, o radical foi reduzido foi uma só: cl;tr o máximo de orientação aos filhos.
por haplologia (eliminação de elemcnros similares de um Dizemos - c sem dúvida está certo - "Sofri muito dos
vocábulo). vinte aos vime c cinco", mas agora temos verdadeiros nume-
Sério - O superlativo sintêlico ê sl.'riíssimc, com dois li apó~ o r. rais. apenas desacompanhados do substantivo; não l'stào
S4.~nu: - Vo1. • A~>al>~ar, <hocalhar I quando 1<'111 dtocalhol. si- empregado; "'h't:l11tivadau1eo11e como <'ffi Vrvi os lrmla•
bilar, ~ih·ar. (vivi os 30sl de maneira mais aUitiva do que os vtnl~l (do qul'
Serra- BaruiJw: rascar, sinir,zunir. os 20s) - onde só confmão de sentido traria a intromis<ào
Serrar, «rrar - Com s ioicilll significa co na r com SCTrd ; com c. da pala\'ra antlJ.
fechar, unir, aptnar. "Seu" - Nem tudo o que ~e d iz se escre\-e, nem, muito me no>,
Senionoho - A.dJ~I•vo pátno: senanezino. registra-SI' num dicion.irio, a menos queira o autor indicar
"Serzir,. - A>sim não se escreve, senão unir. Conjuga -se como maneiras p<'culiares de uma geme ou região. Diariamente
adtnr. cm.o. ur.es ... que eu cir...a, cinns ... ouvimos ou dizemo>= "Não tem ninguém na sala" - "Todo
Sesqui... - EMC elemento latino, resultante de síncope d~ Jtmu- o mundo sabe di~-.o" (em v<·z de: Não há ninguém na sala-
que (et smlis, " metaJe), tem entre outros o significado de Todos sab<'m ú r s~o), :.c·m que jamais tenhamos ànimo de
"e metade"; modifica o substantivo como ;c lo>>e adjetivo assim e>CTC\ICT.
a ele pospo>to: sesquicnHenário (centenário,. nwio), >Nfuipedo.l Sm por .vnhor i- forma popular, como igualmente popula -
(que l<:ITI p~ e mdo de comprimtnro; diz-Se de verSO(' de pa- res são nhô, nhd. nhor, nhora, sínhó, sinhá, lá: nhó jo.ào, nlwr
lavra de muitas sílaba s e, por ~-xtenl>ào, de coisa inutilmente Antônio, r111á Maria, !>á Barbina.
complicada): .ltJt;Úm:ia (forma latina abre,•iada dt >t.<qui w~eia), ..Seu dele" - Ao rrarar uma pessoa por VÓ$ e construir "Devl'is
p<->o de nn<a ~meia. socorrer o menino (' seu pai", nenhum ('rro se comt't<', poi>
Scssação, Scssamento - É o atO de swar (><·parar por meio de o sro ..: ref~r(' a tmmiU/ <" não à pessoa a q ue S<' dirige. Há
peneir-a : "'kssar o feijão", para retirar o cisco). Não confun- quem em caw· l'OIIlO ~se empregue juntamente com o
dir com ctJsaçào, ato de ctssar (parar). possessivo "" ;ua, .w'tu. JU<ll a variação pronominal corre)·
Seta ·Barulho: re<:hina.J, silvar. pondenre ' . tk/4, dtles. delaJ, dizendo: seu pai lÚia, Hu•
Sete · Coldrw d, tha>: .emana; d~ vo:1s ou rn.llrum<'nlos: septeto, pais dtln ..a rmi~ dei~. sWJJ mãn tkles. Tal modo de diH'r,
serimino, séptuor. ainda qt c aforado em textos de bom cunho, drvc cvitar·S<',
Sete Lagoas. AdJ!IHJo pátrio: setelagoano. dando-!>t' outra fcicão ao fraseado : "Deveis SO(orrer o me-
Sctentas · "J.i no~ ano~ 70" - é o yue \'cmo~ •·m jumai,. Se nino c o pai dele''.
ap<'na~ 110\ pr illwiro> anO> da década ocorreu O fato repor- Sevilha - Adjttivos pátrio.: hispalense, hispálico (IIÍJpalrs na o
tado, cs~rcvo "já nos primeiros anos 70" ~ Como devo ler, nome antigo de Sevilha), ~<.-vilhano (fem. sevilhana), sevilhão
senhor redator: "nos primeiros anos sctc11t.a" ou "nos pri- ( fem. scvilhoa).
meiros ano~ set<:ntas''? Q.u..- figura de retórica justifica lt'!· Sevar, Cevar · Com .1 i: brasileirismo; significa "meter a~ raíz<:~
"nos ano• ~··tenta". sem pluralizar o numeral, e q ue cartilha de mandioca no caititu ou sevador para as reduzi• à mas~
me obnga a I<T "no> anos sctcntas" se não vejo sem seu jor- de que se fa< farinha". Com c significa tngordo.r (do latim n-
nal apó> a cxprt's!>ào numerica quando abrcviadameme es- bare).
crita com algansmos? "Shcriff"- Aporruguesa-.e t•m xtrif<.
Por que não wlmaotivar desde logo o numeral - o que Sh - X - É. o digrafo inglês sJt uma das origens do nosso x:
não i: novidad..- n<'m em ponuguês nem em ourra\ línguas ? xamfru (shampoo). Xangai lShanghail, xrrardh.ar (>hera• dild,
Se remos substanti,·adas até formas aumentativas, como qu<J - xmfe (sheriffi, xou h how).
rtntào. c, a confirmar a substantivacão. o plural qU<Irtntôes. "Shah" - Assim não se e5ert'VC, SI:' não xá, para indicar o sobe·
por qut> não >ubstantivarmos o normal qu<Jrmla1 Não dize- rano persa .
mos" os utrs do l>aralho"? ..Shampoo" - Aponugue.a-se em x=pu.
Podc.·mo~ P"rfeitamente dizer- c com mais nexo- "os ..Shopping ttnter~ - t confortam<: encomTar num jorndl:
.ltltnlaJ deste século vem-se caraCterizando pdd in~~abilidade "O scnsor binaural faz com que pessoas cegas não encon-
cconómica" - "Dentre as últimas décadas, os trinta.< c os m~m obstáculo nem mesmo em áreas supermovimcmadas
quaret!lul não ioram [avoráveis a São Paulo''. como lojas, mercados e centros dr c=praJ''. Perfeitamente,
Reprc~tntada a expressão numérica por algari~mo. não há CCI!tro dr compras. à portuguesa, stm temor de traduzir a for-
estranhar um J após ck: "Liber.. is e conservadores se reuni - ma inglesa.
ram. já nos 40s !já nos qU<Jrrnlas), em rorno de princlpios do "Sbow"- Aportugucsa-~ em xou.
v<'lho r~udilho" - "O mundo não aguarda com c.ranquili- Si, comigo - Si c ccmsrgo >ão variantes reflexivas da tel'<'eira pes·
dade o~ primeiros 80s'' (os primeiros oiltnltu). O que i: d e es- soa gramatical, o que tquivale a dizer q ue só podem aparc-
tranhar é' o circunlóquio "na década dos anos do> >elenta" ctr quando se referem a um sujeito da terceira pessoa, como
em vC't do sim pks c daro "nos setenras"; lá seis palavras. e nesta~ ora~ões: Pedro (sujeito) fala comigo (pronc.me reflex i-
uma concordância du,idosa: aqui somcmc duas, e um plu- vo; refeff'-S(' ao sujeito)- Pedro c Paulo (sujl'iro compo~to)
r-.tl jmtific,h fi. discutiram o caso entre SI (pronome reflexivo ; relere- se ao
Veja-se a simplicidade, a naturalidade da expressão: O s sujeito).
nc.-gócio> aumentaram sempre nos 1950s (noJ mzl novecentos e É. errada a comtru<:âo destes dois outros ex<·mplos, fre-
anquentas) c nos primeiros 1960s (e noJ pnrnriros miiMvecentos qüenu.•mem<· t•nçonu-.. da em pnsoas d.- pr<"pa10 !!:'•"'IMlit'.tl
t Ul$triiOl). falho: "Vejo em 11 uma ótima pessoa" - "Onde porler~i
O próprio inglês, que usa o plural muito menos que nós, cnc.o ntrar.. m~ con.Jigo?n
tem-no para o caso, e não estranham a construção nem os As formas si c consigo referem-se nessas duas últimas ora-
que o ap•·cndcm como segunda língua: Why thc cnormous ções à pessoa com que se làla e n.ào ao sujeito, prQcedimtnw
dilfcrencc bctwccn lhe fat sixties and thc souring sc.:vemies? que não condiz com a natureza desses reflexivo>, que ~cmpre
(Por que a enorme diferenra enrre os gordos •e•>entas e os devem r<"fcrir-sc ao sujeito do verbo. Em casos como <'5S<'S
magros seum~a>?) deve-se diz(·r: ··v~jo IUI Jrnnor (ou t'm ••ocl, em V. Exa. ele. )
Z98 Si vis me flere Sinais diacríticos
uma ótima pessoa" - " Ondr pod<"n: i cnwntrar-me com o Oc:-~>e tipo é a concordância operada em "livro editado
senhor! "kom voâ. com V. Exa. etc.) - V. con.<igo. ptla Melhoramemos" {ediroral. "passageiros embarcados
Si vis me fitre, dokodum tst primum ipsi tibi - Locucão latina no Europa" (navio), ''cheque ck União" {banco), " pescaria
que signilica: Se qu<'res que cu chort", (· mrsrcr qut: comece-s feita rw Adriana'' (barco!.
por cho rar tu próprio. St qu<Tes que eu me comova, como- Da próxima vez, •enhor redalOr. redija com firmeza:
ve-te primdro a ti mesmo . "O secretário dtcgou atrasado ao Bandeirantes". pois ai
Si vis pa«m, par a bellum • Locu~-ão latina que significa: Se existi' siltpJE; provindo do grego JJ7l (com), mais lip>ú (do
quen-s a pa1. prep;u·d a gut-rra. Se algut'tn não qutt stt ata- wrbo laml>áno. tomar, prender). rem o composto o signifi.
cado, deve rmpor·S<' como defensor. cado de compruruii.o.
Si Tis, potts • Locucào latina que signific-.1: Se queres. pod~~­ Silha, cilha - Não haja confusão. Srll1a é c.adeira. aso;ento : "O
Correspondl' ao nosso provérbio: "Q.!.r~·• cr é: poder". papa, transportado <'m sua siUu1 .. .''. Daí silhão (silha grande
Siamese11 . S1am~, é adjetivo pátrio; denota "nascido no Si.io", em qu<· montam mulheres), Jilhar (p!'dra lavrada e em qua-
"rclarivo ao Si.io". No plural, quando acompanha o wbs- drarlo que serve para asst:·ntar em paredes de silharia), >ilha-
tantivo mndo• ou gimeo<, mdica a monstruosrdade consi,wn- na loura feita de silharrs). Indica também a pt·dra em quere-
te no na!>( inll'lllO de dois seres humano I hgados e in.epará· pousa o conico ou uma série de coruros de abel ha~. que de
vds, por a lu~n aos itmàos Chang t> Eng, nascidos rm 1811 maneira melhor é chamada Jilhal.
no Sião t: fakcidos <:lll Nova Yo rk ; eram lig;,dos pela carti· Cillw {·a cima que apcrra a sela ou a carga da c-avalgadura.
lagem do ~if<'oidc>. rna> "irmãos siame>t:>" designa hoj<' por Daí r.tlhar (aper tar com cilha). enci/Jwr (arrear, preparar a bes-
~xtensão os gêmeos ligados por qualquer pane do 'Otpo ta par01 viagem). t sinônimo de rincha.
humano, ou de ammat ~. quando a untão não f incom- Simil, símile - SíiTUI, cujo plural é Jimeü, é forma poetica do
pati•·el ~om a ~ida, e os membros do par são capazes de ari - adj<•rivo semt/Jw.ntr; o superlauvo siucêlioo é umilirM. Símik
vidadt'. é suustantiv~.~-ão da forma neutra l:u ina pard ind il<tr analo ·
Not('·:.t' a existência da paJa_,·a récnica, er·udita, par<~ de· gia , <emdlíanca emre vuas coisas; quando dizemos ''<:ora-
signar o que 1ofre da a nom alia: xijópago (com f na ><'!,''unda cãu de pc;dra'' estamO\ recotTendo a um símile.
silaba e p na tt•rceira; do gr<'go xiphoJ, espada, e pag•i:;, unido) Simildão, simiJ;dão · São fonnas antiga~. hoje geralmente
São xijópa(l.o< do is in di• iduos que nascem unidos desde o >ubstituidas por Jtmtlhança. parcccn(a
apendice xrfcírde até o umbigo; em >t"ntido figurado diz-se Similia simílibus curanrur · E..xpres)ão larin:_l que significa "as
de pe•soa> t>treitamente ligadas por indinacão ou tempera- coi>a> curarn-sr.: com coisas sem elhMII<'s''. E a ba~e da doutri·
memo. na homopát ica, da cura t!e docn<:as com age ntes qu<· provo-
Sião • t: a forma vernácula dr Sion. A l(mna france•a apart·cc cam no o rganismo efeitos semelhantes aos vf'rificados no
nos d('r-iv.. do>: Jionümv. ,ionula. úorzütica . .<ionita. doente.
StôtJ são os hahitantl'> do reino de Sião (T,rilàndi;l!. Si mooia • De Simão • nomo: do rnago que quis comprar dos
Sic- Palavra la una que signtfica a.urm. Emprega-v: mtre part:n- Apóstolos os dons do Espírito Santo - a palaVT3 JirMIIÚl,
t<'~s, ames ou depois dt· uma cuação, para inrlicar que o pot formada dentro dr nosso idtoma, tem o acrmo tõnico
origi na l vai ser ou foi reproduzido fõehneme, com as mes- no i; emprega -se pa ra indicar trafkãncia de coisa s santas.
mas palavra:.. como foram pr·of••ridas ou c~criLas. Simpático - O superlativo sintc'tico co~tuma ser mnpaticíssimc.
Sic itur ad aura - De um ver><> de Vi rgílio (Eneida, IX, 64 1); v. módifD.
significa "a~~im ;e va i aos c-éus"', é asstm que alguém sc tor- Simpatizar • t erro pcrpt"trado no Brasil usar este verbo pro·
na imor tal. nominalmente; o certo é "Eu ~imparizo com ~)('". " Eles
Sic transit gloria mundi . Frase da Imitação dt CriJto; ~ignifica nà<J simpatizam coro o chefe" , sem um inrruso rcO<'Xivo.
"assim passa a glória do mundo''; aplic;a-sc aos qu~ U&em Simples . O radical latino do adjetivo formado d<· smt plica.,
no olvido ou vl:m a làlen:r. sem dobra, tf'rrnina <'m r, .<implic, donde a forma Jimplicíssimo
Si:u:, Ciar . Com ' · significa "fechar as <~.>as" . proct>dimcmo para o superlativo :.imético, ao lado <la forma h~plológica
das aves para descida ma i~ rápida. Com t , significa " rt'lllar JlmplísSlmo. O próprio plural teve d. fonna alatinada úmpluts
em sentido conrrátio. para recuar ou para voltar a .-muar- usada; se cedeu lugar ao plural uniforme simpiLs, conserva-se
cacào'·, .. «"r crú mcs de". na form:t lat,na, no plural e taml;i·m no singular (Jímpl.ice.
Sicut et in quamum . Exprrssão latina qur significa "a~sim c sírnpilw), quando empregada a pabvr;r ~ubstantivadameme
no quanto". É l'óm1ula que se emprega para indicar que para designar " ingredientes de fórmula ou de tinta", ''plan-
uma ; iwaçào indefinida dev~ con tinuar por mais tempo >em ras medicinai:. empregadas no estado natural" .
ahcracão nc·rr1 de fom1a nt·m rle contc'Údo: A prefeirur<~. pe- Em outrOI> fonna~ paralelas o u..o pode inrrodurir cCTta
diu a sust.a<.io do procc)>O llCUI ~I m quantum. di>rim;ào de signrficado; é o caso d<· simpliásmo. q ue indica
Siglas pluralizadas - Não vemos mal em ~~crtver "os INPs". ''ingl'nuidade", ao lado de >impli>rno, "simplific-ac:ão exagt·
Se a >igla passou a t<:r força d<• vocábu lo, não é de estranhar rada'', "tendência ou prática de St' concentrar num só as·
um, para inrlic-ar- lh~ o plural. Um cuidado apenas rl'qu<'r peto <it- uma quc>tà o com exclu,,i~• clt' todos os ld.tor<'S em-
e~><' pro<X·dimcmo - que o ' indi<ativo da pluralização barac-ames", >lmphlla (que advogd o simplismol, Jlmpluista.
seja m inu,c:ulo : "os PMs", abreviatura que ninguém de>.'(' {que cura por meio de símplices).
confundir rom .. os M p , •· (membros do parlamento). T~m ainda ulação com o ca~o a; formas aumenr..óvas
" Sikolc" - A fórmula vcrnácula da ilha japone-sa é Xicoco (ó). ;ímpia/hão..!impltirtÜ>, 1impiawirão, sinônimas de umptóno.
Silepse . "No Bandeirante'$ )Ó se cuidou de sintonia" , I' n5o: Simpósio • l!sre o verdadeiro significado de simpóJitJ: banquete,
"No; Bandd ranres.. .''. Não .c rrata de homens bandeirantes festim; por extensão, >impóJio é o próprio salão de banquetes.
mas de pal.icio , do palácio do governo paulista, cham ado Simposiarca é o presidente do simpósio; simpOJiasla. o parti-
" Palácro dos BanddranU!)''. cipa me, o conviva do fcuim.
Esse erro foi visw em rirulo de noticia, e na noticia se via Modemameme w mos a palavra cmprl'gada por "r~uniào
repeLido; não era, pois, l:'ITO de r<:visào. de conhecedores de um assumo". quando temos para o
Trata-se ele .liltfl>t. ou wja, de processo ~intáúco de concor· caso cQ/óquiQ ("Ciiwquio lm.crnaciona l de Direito Romano e
dància irrC(,'Ular, tambê'm chamada w•corddncia figurada , Literaru..a Larir~<~" - "O colóquio reunirá especiali stas de
no qua l ~ l.l st;• opera não com o termo expresso mas com ou- vários paíscs"}, alho da conhecida palavra amgrmo. objeti·
tro tcrmr> larenre, isto~. u<uho, mentalmente subentendido. vamt"nte definida no Aulete: reumão o u assembl~ia ooleoe
razão por que rem ela ainda outros nom~-= snrri6túa. lógrca. dc:- pc•soas competentes para diswtirem alguma matttia:
Wmte, anonn11l. mmtal, nomes todos que denotam oper<~.r-se cor1grwo estatístico, congrn.1o oftalmológico, celcbrd.<:à.o de
a concordãn.-ia não com a letra, mas com o <'Spírito, com a cor~grwoJ cosmopoli cu.
idéia da pahtvra. Sinais diacríticos - Em pl~ta o "c" é fechado, t·m atJ~ta o
Síndrom~ Sint ut sunt 299
··~ .. é alieno. H:i quem disso discorde? Há q uem pronuncie a sua: Omamus c6rpora, o memus etiam ánimos. Em portu·
de forma difl'r~ntC"? Onde pols a n<'cessidade d~ smal dia- gu~. partes do cor po (a menos que sejam várias, como
crítico que nos distinga a prola<;ão dessa mesma vogal, em olhos, orelhas ... ), propriedadcb da alma ficam no singular
idí'nrica posi<;ão tônica. em igual termina~ão? O continuo ainda que rcf<.Tcnrcs a vário~ indivíduos. " Sursum rorda '',
emprego de urna palavra dispensa -nos l'nfcilá -la; quando diz o papa ao rc-zar mÍ)>a em latim; "coração ao alto'', deve
de pouco uso, a consulta a um dicionário prosódito evi· dizer o padre brasilt>iro ao rezá-la em português. M ai~ do
ta-nos cstropià-la; <1 freqüência ã escola ensina- nos a dis- que esrranheza, causaria dó ver "per capita" traduzido por
tingui -la prosodicamcnte; a gramática explana-nos o por· upor cabeças".
quê da diferença prosódiça entre o "o" de W!Mm, do verbo Proceder de maneira contrária (: introduzir norma latina
somar. e o "o" de somnn, do verbo sumir. Para qut> o circun. ou inglesa até hoje não aceita em portu~:,ruês por quem o es·
Oexo em rais situacões <k hornografia? creve à luz do vernáculo: persons of dirferent sexts (pessoas
<zycm lamenta ai a ausência de sinal dia<rírico? ~trangcc-i· de Jtxo diferemc), our ana-stors must have good di~rtstioru
ros? Q.ul'an não sabe ler? Q.uem não sab~ consultar dicioná- (nossos antepa~sado) d<'viam ter digt>fão boa), their hrnrú
rio? Q.ucm jamais I"Studou gramática? leaped to th~ir moullu (o caracào deles saltou pda bocal, lhcv
Síndrome · Fora d .. qualquer dú•·ida, é palavra propdroxi<O· ware both cou ting thcir puU,; (estavam ambos verificandÓ
na; por 'ler breve o "o" da penúltima sllaba, representado a pulJoçào).
em grego pdo ômtCTo. o acento do composto deve recuar. E assim: Tenhamos a mmu livre de preconceitos- fica·
em latim t l'm português. para a sílaba am~rior; caso em mos com o ro>lo tostado do sol.
grego tal "o" fos~ escrito com ómega é 4ue deveríamos Singular, ou plural • Quando eonstiruído da preposi< ão dt ~
nele fazer c-air o acento tôni<"o. um substantivo contTcto, o adjumo adnominal ora fica no
Q.uanto à terminacão c quamo ao gcnr·ro consideremos singular ora vai para o plural: "fábrjca de Jabão", ''fábric.t
que um vocábulo eimportado para o nosso idioma mcdian· de cbapiu.1".
((· d uas co• n•nre~: a popular e a erudita. A pr imeira atende à Se o substantivo do adjunto expressa rnarêria cnnrinua
lei do menor ("Sforco, a comparações, a semelhanças rom fica ele? no singular: marca~ de sal (de cozinha), bastc3es de
termo> já existente~. à índole, à região do povo t.• a outros fóiforo (corpo quím ico), especies de wlo, tipos de gmJt, labr i-
fatores qu~ só a filosofia das massas pode explicar. A ~gun· ta de papel.
da proe<'dc o mais fielmente possível de acordo com as re- Se passa a indicar variedades. unidades. indi,•iduos, a pari!·
gras exaradas já quanto à forma, já quanto à proi>Õdia, já c~ o su?st~tivo no plura_l: ripos ~e saiJ (min~rais), gruP? de
quanto ao g~nl!ro da pala•Ta. salas, fab11ca de riffla>, ouxa de foiforos, em npografia vana)
Vejamo• romo proc;edc uma e ourra <.orrcntc com" pala- são as espécie< de lipas, catá logo de seltls. mostra de planltJ<,
vra gn·ga 'J1ulromi. A popular não raciO<ina, agr: ,llnl01114 fábrica d~ mvt/gfNJ.
termina em tmlll. é paroxítono, i: masculino ... por qur du\'i · Ao lado de "fábrica de ca{fado" dizemos, porqu•· agora
dar? O smdr6ma ... e não meno~ de u·es erros se cometem: passamos a indicar indivíduos. "fábrica de :.~Jpato! ".
gênero, aC\:ntO e ternúnação contra as leis de derivac:ào. Singular ~lo plural • O singular pode ter for~-a de plural:
Uns, qui! compreendem as regras de accnru~ção, corri- "Brasilriro, ouve tua ~on:.ciência" -sem ot-cessidadc dt· di-
gem para "o ~inrlroma". acentuando o " i"; outfll> vilu mai> zer: "Brasil!!iros..." - "Condutor atl'nto não convCrlla em
alt'm : rscudando na roote o genero. d izem "a síntlruma''; serviço". V. mati'Tial de comtrucão.
mas os médicos - classe erudita - não devtlll nem po· Sinico · Adjetivo que indica o <1ue é relativo à China ou ao'
dcm ficar em tais raciocínios; dcverào considerar tt·t:nie.t a chineses. Não confundir com círli(o. impudemc.
palavra e, conseqüentemente, atender à de-rivação erudita Sínite párvulos venirc ad me . Passagem bíblica qtac significa
c ser corrcnt<'S também na tenninacão: a síndrome. "deixai vir a mim os pequeni nos".
Entre outro~. vejam-se os wmá.culos unidfXtut e fH1ríJtolr. Presr:a-~ a ~~·nrcn(a para explicar o sujeito acusatiVo. Pdr·
palavras ~gas da mesma terminacão c g~nt'f'O ck Jindro~m vuloJ. conquanto acusativo, não é ai objeto direto do verbo
~ com actmo t-orreto; como palavras técnica5 c u;,ada~ tio liniu. mas 'ujei to do infinitivo vt:nirt. Suhstituindo pároulo>
só por (·rudiro>. conservam-se sempre ~ em tudo flt'is à eti· pelo corr~spond~nr~ pronome pessoal. o laLim dirá: "~inir<­
mologia: Conhr('('m-se estas febres fN/4 Jíndr(lmt de seus per· t()l ... , . ou \t"ja. "deix.ai-01 \'ir a mirn". consrrucão que nO\

nidoso~ ~imoma~ - O hábito do> muitos ...-ros de gramáti· dá estas duas lit;<ks:
ca é a mais e-vidente sindromt de decadência do magistfrio. l.! errado çormruir: Deixai tkl vir - 'Mandei r/e, CS{udaa
Si~ ~ie · L()('U<;.ão latina qu~ li~erahneme ~ traduz por "st'l!t -Mandaram nÓJ '<lir - Cki>te eu ver.
daa ; emprega·~ com o sagmficado de ><"m praw terto' , 2. O infinitivo não se Oexiona: Deixai -os vir; mand<'I ·Os
"por u·ml'o indeterminado": A assembléia adiou suasses - tstudar; não nos deixeis cair; ftzeram-nos voltar; vi-os pa»<Jr:
soes JWt die. ouvi-as clwrar; semi -os pa>Jar.
Sine qua non · Sulaentrndendo-se conditio, a exprcss.'io latina, Sino·japon~s · Sino, do neologismo latino SirrA. designativo dt·
qu<' se rmprcga no singular, traduz·!'><~ por "(c;ondi<;ão) sc>m China, deve- se ao fato d(' em latim não existir >om chiame:
a qual, não", para indicar que a condição é essencial, indi~­ conOito sino-russo.
pr-nsávd, irnpre:.<'iudível: O dinh<'Íro é condicão !Íne qtt4 non Sinonimia · Com o acento tônico no último i (si- no·ni·mf4),
de bem-estar - A exi>ténóa da preposição a c do artigo é melhor do que >inonfmia. V. imp~ratória.
ou pronome a i: condição .>ine '1Uil Mn para have• rr~. Sino-saimão · Forma popular, preferida por Gon<·alvcs Viana
Sinema • O primC'iro elemento ·.<in • é grego; com'spondr ao (Apostilas, I, 90; 11, 42S), de índicar o "signo de Salomão".
nosso com; indtC3 a pala-.Ta "conjuntO de esramcs''. e não emblema dos judeus, consriruido de dois triângulos entrela -
se irá confundir corn cinnna, sala de proj eclo de lilmes. çados em fonna de cscrcla.
"Sing<tpura" · Rebelo Gonçalves. Botelho de Amaral, Nas- Síns e nãos · Uma palavra, pcnenceme a qualquer dasse,
centes, Laudehno Freire dão Ci11gapura como "melho• gra- flexiona-se normaimcnte quando substanú~ .. da: Sem
fia". smks nem tal11tus - Ouvimos os pró! e os contrai - Q.utro
Singular, e não plural · Este é um procedimenno ,im:itico la- saber os porquls do seu procedimento - Sins <: nào.1 foram
tino seguido pdo inglês, não porém pelo portuguts: Eles ouvidos a um só tempo - Ais lanànantes se ouviam - o~
machucaram aJ cabtçaJ - Eles têm os coraç~J dilacerados. sttes e os nolm do baralho estio marcados - É prui «> dar
Se, ao falar dll força dos belgas, diz César que "mioim~qu~ seqüência aos sms - Um referendo e poucos sm.• - Com
ad ros mcrcatOres saepc <:ómmeam, atque ..a, qua.- ad erfe. dois lacõnicos n.ão1.
miuandos ânimos péninenr , impon:ant", o rraduror dl'verá Dois, lrls, seiJ c det são uniformes: os dn do haralho
põr no singular "f.ara enfraquecer o t!pirito". Sint ut sunt. aut non siot . A~sim respondeu o Pc. Ricci, gtTal
Em latim, no p ural a coisa possuída quando cadd um tem dos jesujtas, q uando algu~m lhe propôs modifiçar a com ti·
300 Sintra t:ó, Sós
ruicão da Companhia: " Fiquem como eslão (as regra$), ou "Situações conjunturais" - A c·xpressào é tirada de jornal;
então deixem de exis1ir". não é o mesmo que escrev('r "di.spo,içôcs posturai;"? Pos-
Simra . É a correra grafia, desde o século X 11, do nom<· da lllm é sinônimo de disposiçiÜ/. como conjtmtura é sinônimo de
cidade ponuguesa. O adjeúvo pá1rio ~ sintriio (fcm. siTitTã) . situação. Ou se diz "no estado da doenc:a" ou "na condição
Sinusite - Do larim JimH, com u d<"'e ser escrita a palavra. d a doenca"; di ter ''no esto~do condicional da do('nca" é
"Sirmc" - Não percamos tempo com a palavra franlcsa; demonstrar dc:-sconhecimemo da sinonímia ou faltar ao ri-
temos a nossa legítima wria para indicar cena espécie de gor de significação das palavra>.
buzina. Dt• igual maneira, ou se di1. "nessa coty'unrura não tive re-
Siringa - Por oca~i5.o da enchcmc de TubarJo, SC, ouvid->e médio senão ct>d,.r" ou "nessa Situação não riw rern<'tlio se-
de um locmor de r;idio o apelo para que aos flagelados fo\- não ceder". O qu<' não afina i: "nessa conjuntura \ituacio-
st"Jn enviados remt'thos e ''xerínga~" dt> injecão. Onde foi nal" nl'm "ne>;a si tuacão conjuntural". Já qut.> hoje não se
ele buscar o som dt· x (igual ao que temos em xtqw, xaropt) dá impon:à.ncia nem a dicionário nem a gramática, Í>SO deve
para o s1 Há realmenre, pel•l d<•rivaçào popular, casos ,.m ser processo de "comunica( ào transmissional" ou dt ''lin-
que o s latino deu x em porrugui's (bexiga. de w;icam; mxeTiaT, gUistica idiomática".
de m<atart; nvwft•. de sulphur; mxaiJ1do. de insipidum: pWC4r, "Skc-tch" - Sainrtt (l'} é a palavra do no~ idioma para indi-
de pubarr}, mas o mais certo ~ di2er qui' de não sabia qual car" comédia curta e de pouto., a rores" .
a primt"ira le1ra da palavrd. "Siidc" - A "lantl'rna mágic.1" apcrfeiçoou-5<' em ''lantc:ma
Outra dilkuldade, esta mai~ delicada que a prosódica, de proje~'ào" ; vamos agora fa1.er o diapolitivo retroc<•dC'r para
está na grafia da ;ílaba inicial; com e. como procede o voca- Jlide? Para acompMthar o "imbroglio" de dióonários nos -
bulário oficial b.-.~sileiro? Note-s.: que o de Ponugal u dl '>OS, escrito e pronunciado à c;.trangeira ?
dois vocábulos: um como foi copiado pdo b •asileiro, ou1ro Enquamo dtajilme significa "scrie de fotografias po;iri,-as
com i, que o b•·asileiro pulou. O Melhoramentos dá-lhe em fi lme para projedo", o dwposititto individualiza" folO-
por érimo um latim que não conseguimos t•ncomrar; Gaf- grnlla. Olt niamos vcrgotllt~ dizendo diaposrlivo - como
fiot d;i , como outro~ dicionarisras e etimólogos, o latim tradu? Michaelis - ou disfarcamos sua falta aporruguesan -
syrmga. ~. franc-ê> como é, rradu7 por srri11gu~~ e aqui e~tá a do o barbarismo: ~siaidr.
cha\~ do engano: a grafia com r é cópia do francês, proce- "Slogan" - O gri:o de guerra dos antigo~ ~l>Coceses, comhina-
dimento qut' encomramos em outros erro\ de ortogrdfid. dio de duas pala,·ras gaéltca>. .tluagh-gairm (ho,te· gt-ito),
Os radicai s francc~e-~ devem suusLimir- se pelo~ equipokmes altt·rou-se em sluggorne . .1lughorm, slogrrmt, slogm. para dar o
portuguc-scs: aluminaçà'o (lat. alumen , aluminu), e não "alu- atual slogan.
na(ào" (do fr. alun); aluminíjtTO, c não "alúnico"; amnico Como o "slogan" para indicar o vigor0\0 grito dc:- guerra
(do gr. ámnion ) ~ não "amnió1ico" (do fr. amniotiqut ); artJi- dos escoceses, o ltma semp.-e <'xi>tiu entre nós em todas as
pkuritico (do port. plturitt ) e não "ont.ip!Luririro" (do fr. porn\cs da soci<"dadc; politiC<>S, profi<sionais, terroristas,
antipl(urlr.ique); glicinio (por influência do gr.) e não "gludni- 10da a ag1·emia(àO humana t<"m s<:u Irma, palavra legi tima
nio" (por influência do francês); mamilão (de mamilo ) c não t<ta que, além da palavra rn~te, deve ocupa• o lug-dr d() ~igni­
"mamd5.o" (do francl's manulon ); e assim SIRINGA (do gr. fic-.uivo mas mtruso ·• slog.w". Que o bar barismo. afinal
>_)nngx. pelo latim •yringa l, e não "srnnga", cópia do tran - da' comas, seja aponugutsado em nlógão. com o plural ts-
ch srringur. O mt·~mo se diga dos compo>tos: siringórdr, lógãos.
siringoscopia, siringomielia, siringotomia t't ai. "Smoking", esmouque - Não há fugir da palavra inglesa; tal
Sine- O gênero é femin ino; qu~nto à forma veja-se diabttr. o li 'lO, que só nos resta dar-lhe roupa no~~- Parece vestir-se
Sisa . Designativa de "imposto dl' transmissão cobrado !>obre l>ent o ,·cmácu lo com tJmouqur. Não temos eJliú11gue de
compras e venda) de bens imóve•s". Essa palavra já existia, "sling" ? O trabalho de alfaial<lria é ainda ttl(,lor.
segundo Fernão de OliveiTa (Gram. Pon., 2• ed., pã_g. 66), "Snob.,, "snobisroo"- V. t.mobe.
no 1empo de D. Joà.o l. Coexistia ela no e'panhol - ra<:ào Só, sós - "Só~. o~ diploma> uão forjam profissionais" - AI-
por qur podemos dar-lhe po• élimo o p•·óprio espanhol - sim não estava no IÍrulo dc:- notícia de jornal, senão, erra -
onde .cmpre se grafou Jisa, com s inicial, para determinar o clam('me: "Só o' diploma; não forjam proftssionab" -
imposto que se cobrava sobre gcneros, fazendo-se diminutr wm J e >E'm vírgula após só.
as rntd•das, ou seja, rirando->C do comesó,·el a pane corn•,. É elementar a disc:indo entre só advérbto e só adjetivo.
pondeme ao rributo c•xigido pelo estado. Quando equivalente a sounho, {:adjetivo c a flexão numt'ri-
Não deve ser confundido com â.1a konel. <te onde temos ca se impôe c>xaramente como a do sinônimo: Jozinho>, >6s:
cilào. Elc:-s estão sós - Nós, «ii, fi1emos o que a tunna toda não
Sismo - Substanúvo que, pode muito bem ~r usado solinho, conseguiu- Sós, o s diplomas não forjam profissionais .•
para indicar "abalo sísmico". O que não se pode é usa• ,f,_ Obse:-ve-se a influência da vírgula nos dois últimos exem -
mtco <'t>mo substanrivo em lugar do verdadcíro substantivo plos pal"a indicar a função adjetiva.
JiJmo ou em lugar da expressão "abalo sísmico". SÍJmico é Quando equ ivalente a lOmtnú i: que não varia, poi~ é cmão
adjetivo, e não substantivo. V. abalo sísmico. advérbio: Só fiz o que vot;t'- pediu - Não estudamos só es-
Sit úbi ~=:" le.~is: Locuc:ão latina ~ue se enconrra c.om c'::ta sa licão, mas as duas seguintes para amanhã.
freqü~uC'Ia t"m tumulos; s•gmfi ea: Que a r(·rra te ~ey• leve . Locuções txistem:
Sitio- Aumentativo, de emprego no norte do Brasil, silarrào. I. a mais o adjcrivo só, com a mesma significa~'ào e fOn·
Sito, Si ruado - São formas paniClpiais de .situar: emprega-se cordãncia de so:inho: Em horas de de:.<tlcnto, a s6 no seu re-
uma pela outra; w excecionahneme se enconrram. em al- tiro , c>crevia t.mas ao marques de Gouveia - ó vós qu('
gum t·\Critor, com preposicão difereme da usual, nn. Ve- no silcnóo ç no recolhimento do campo conversais a sós
jamo; ('Stes exemplos, colhidos de Domingo> Vi.-ira: " ... do quando anoitece, cuidado!
imigne Convento de Poblet d~ nossa Ordem, situado 110 2. .16 /JOT só. com a signifk.aç.;o de "um por um": O gigan -
Principado da Cat31unha" - " ... chegou a nossa '~la pequt'- tt· não se atreveu em entrar em certame senão com um ho -
na 51/uada 11a costa do mar" - " ... ao qual chamam Aliga. mem só pOT só.
olllk r•tá sit~L~ltk a fortaleza Sintacora" (e não a&lllk) - " .. 3. sós a .Ws, ,;, f>oT sÓJ, !>em companhia, 'ICTTl outros: Eu é
outra terra firme, rrn que ora rstá ~tuada Malaca" (c não que hei de castigar em pessoa, e sós a SÓ>, O. Amônia - Não
ç qucl - "Na pane mais elevada se situa a sua nobili»ima tivemos a boba pretensão de I<.'Var a cabo este vocabulário.
fortalcta". Jós p()T sós. ajudados apena~ das própria$ forças.
Cabem para o caso as mesma' considera~ões deixadas no Não confundamos, pois: Ficamos a sós (sozinho\) - Fi -
verbc-t~ marar: Mota\'a ele no largo. das Pet dires e sua t<ha camos a só pio e água (~mcme : ficamos a somenu:· pão
se situava numa esquina. e água).
Soar Sob~ 301
Soac (horas) - V. dar har<J.J. baixo'?~ senão "ir d~ ba_ixo para cima·'.
Sob... · Pr~fiXo que ~xige hífen antes de r (fonnulário Or- Da idéia estàtica de inferioridade deduziu -se, em latim
tográfico, XIV, 16, 5~, el, o que ocorre com dois compostos: e nas linguas n('Q)atinas. a idéia de sujrirào. Dai o ";uiJ condi-
100-roda, >oo-rOJtiT. fione". e o ".!ub ptX'na mort is". Es"" idéia dt· ~ujci<;-do i:
Sob color dt - Significa "sob aparência de". A palavra colbr é que explica "sob palavra", "sob o fundamento de".
nossa desde O. Diniz, mas com acento tónico n:1 úhima síla- De regresso, :tssint, ao domínio do português, nutaremo.~
ba e não com a prosódia hoje estropiada por um locutor que, por um lado, o povo desconhece a prepusí~ão oob,
que parece empenhado em barbarizar o vernáculo: um lá- e, por outro lado. o predomínio de sobre tem cr'es6do stm-
pis b1co/or. doi~ lápis bicoklus, clube tricotar, sempre com o prc, como rfeito da corruprora influência francesa.
acento tóniw no o que vem após o I, quer em compostos Sobc;jidão - A excn'1plo <k urvidào, escravidão. rtlidão. gratidão.
quer não. solidã.o, tJcuridào, i: sub)tantivo pr·oveniente de sob~ acr~sci­
Em ''>ob oolor de" tem sentido ligu,..do <I<' aparhuia ("Sob do do sufi xo idão, da tenninacào latina ilúdinnn, denotativa
color de virwde"), prtl~xlo ("Sob cOÚYT de: conservar v"srígíos de estado. qualidade; sobtjldào significa "superfluidade:",
da ongem da palavra, e>ere-.-em alguns letras já desu>adas"). "abundãnoa que: IOCd os límiles do excesro". O apito na
Sob, sobre - Por que dizer que "sob mfdida" é- erro? E.~rá in - boa do guarda dt rr.in~uo é sobtjidão, é de-mon5traçào o~­
criminada a expressão em Vasco Botelho de Amaral, que tensiva de e>rupid•-z. de desrespeito a leis de wssego.
aflmta dt'\'<.T-se dizer per mLd.ida "como diz toda a geme Soberbo - Fonnas ~uperlariva., sintéticas: sujNrbúsmw. wbtr-
com naturalidade no falar". Laudclino Fréire copiou-o no bíssimq. Gr. Mf/. § 274.
dicionário, mas onde a razão do erro <' onde a verdade da Sobrar - V.JaiLar.
assen,ào "como diz roda a geme com natUialiclade no Sobre... - A sq,•uir o Formul;\río Ortográfico (45, 5~, b), cxill'c
rai.- r" :' - Só se for em Portugal. esS<' prt·ftxo hífen anccs de h, r, r: sobre-huma1t0, sabrr-roda,
" Por medida" é cerro, ninguém o vai negar. mas há dis· sobre-saia.
tància <'ntr<' afirmar isso e dizer que "sob medida'' é errado. Funa-S<' o rdator tk j ust ificar no Vocabulário o Hl l!sranti-
É clássico o emprego da preposic.ão por em rxprcssões que vo ;obrt;Jallo, "'111 híltm, ao lado dr «Jbre-saza, com luf~n; o
denotam circunstància, condição, estado (viajar pln' mau \'!'riJO SOÓI'I'SS/llr, S('m hif('n, ao lado de JOOrt·lf'lntar COIII J.ilt•n,
tempo. andat por tempestade), mas é as.~rm que se di1 hoje? como se esquiva d<' jusufirar desumano, sem o penduric;alho
Pelo meno~ no Brasil, anda -se •ob chuva, wb tempc>tadt. Em do hífen, ao lado de um enfeitado sobre-humano.
aYÍSQ) nas nossa\ rsr:radas - o T rànsito prima t'm M<tnva- Com tal q ue :.<." couscrv<: o h em baía quando o nomt' ~
gància) d..- consoucào - encontra -se até "sob neblina", refira a primeira grande haía em q ue apona:·:un o~ ponu-
equivalente a "coro neblina". embora não caiba aqu1 o sen- gueses, todas a~ mar<'ia< e incongruências ortográficas ~o
údo do ;~/J de ''sob chu,•a", "sob sol", "rob tempestade''. desprezh·eis para os baianos da ortografia de 1943.
Se c errado .ob rrudrda, errado é wb ;uram4nto, soh condição; Sobre - Baseacla) na indicatào geral de posição superior, "'~P­
se i: errado sob pmlwm, errado é sob palavra. •oh jiaTI(a. Pelo ções diversas tem a preposicio Joort; sempn: que encl'rt ar
menos no Brasil, Cita é que é a consrrucào po• roda a g<·nre idéia de •tem dtna c.lc.-''. upor cima de", ffacima de"(\ tjm
empregada com naturalidade no falar, e, se a namralidade virtude: aínda do rrimo latino, de "alem de" (' "'a f t'5ptito
fal Ir i em Pnrrugal, por que o nao lat no Bra>il? Já não po- de". a prcposi~'ào !obrç tem seu emprego j ustificado : Ass<·n -
deremos falar "sob juramento"? Abra-se um rlicion:írio t>r-se .<obrt uma M:•-pcme - Sobre cuja cabeca pende uma é>-
latino: ptocurem -se ai os variados empregos da preposição pacla - S<Jbrt obscena, a palabra estava mal escrita - Nada
;ub, que tksapareccrão todas as dúvidas e r..-lu tàncias. Em foi dito J<Jbre de.
fmncê~ tanto se diz "jttr prétcxte" quanto "Jous prhc:xte'': O desconhecim~nro dessa preposicão motiva uma ,t-ric
"erre IUr les armes" como "touJ les armes", e, ainda que ge- de erros, entre os quai~ rsrr~:
rahneme se use "loUJ pcine de mort'', isso não impc.-diu que L "Cidade sobrr o no Aruo"- "Bairro .wbrr a margem dr-
Voltairt CSCTC\'(.'S~· •·,ur p<'inc de la vie". 0~ t"Xcrnplos são reira do Tietê".
de Bescherdle, que o' d ucida: "•ur prétexre" dá idêia de prt- Sobre o Amo, sobre o Ticte só pode haver ponte~. como
úXÚJ como apoio para alguma coisa, e "j;)UJ prére-xte" de "ri Ponte v.,cchio". a ''Pome das Bandeiras". O ccno é
"pretexto" como disfarce, ou $imulada cobertura de um "Floren<;a lia no no Arno" - "Santana fica na matgem, f
aco: "sur les armes" envolve o conceito das armas como bairro da margrm dn etta do Tietê". •
guarda ou amparo de alguém, e '"sous les annes", o das 2. "Edificado !obrt os plano~ de ral engenheiro", "Q..uadro
armas como peso ou vexame. feiro s<Jbrt o original de fulano", "Planra sobre a qual foi com-
Domini(OS de Azevedo usa "emprestar !)t)brt penhores" truída a fábrica". - O •eno é : stifWUlo .-confonrw, dt at'OTdo
do mesmo modo que o francês "prêter wr gages". Contudo, com, par.
tr.u.luz o francês ".sur parole" por "sob palavra", e "pri- 3. "Recuar sobre a cidade", "Mardlar >obrt o palácio" -
sonnin sur patole" como "prisioneiro sob palavra". Seguir- Diga -se para.
se-á então que mbrt palavra deixe de ser vernáculo? De forma 4. "Ação ~obre Berlim" (não se trata de a'iacão). A prc>po -
alguma, pois l\luteau o dta em um trecho velho da " Mo- sicào deve ser conlra.
muquia Lu,itana" r Domingos Vieira o sanciona. Mas 5. "Progrt"diram ;ohrt os >ubúrhios". O c<-rto {: tm d~rtcào
Domingos Vieira c Blureau são dois frades q ue ncrn sempre ao;.p(l'fa O$.
concordun: e, enquanto aquele registra "linar-se sob fian- 6. "Regula•-'><' •obrr alguém" - Diga-se "fHJr algu~m" .
ça'', arqutva o segundo, como patrimõnio da língua. o "li- 1. "Sobu mil combatnltf'> c~param dozt•" - Diga-M"
vrar-~ wbrt fiança". "~mil combatent(-s".
Semelhantes vacilações, quer do francês, quer Jo portu- 8. "Ir wbrr a cola d<· algu{-m'' . A expressão •empt" foi
guês, provieram da língua mãe, onde se identiliavam, por "ir 11<2 cqln dt algucltn'": Na ;ua cola vinham os Turcos.- l';ão
vczc), suo c •upn. não passando esta, na origem, de forma se diz "correr >oort os calcanhares de um l<adr-Jo". t11<1~ ''no•
comparativa daquela. Porque, antes de :;c;· bavcr fixado na calcanh;u"t""s~"•.
acepção estática, para denotar posição inferior, teve sub Em outras vetts ~ sintaxe francesa de tal forma se enraizou
sentido dinàmico, exprimindo qualquer movimento de que só nos t·e>ta evitar o abuso: "A ausência foi d<·scontada
baixo para cima. As~i m no-lo ensina Bréal; c só as>im pode- sobre os vrndmrnros de ouruhro" (dos vencimentos)- "&n-
mos compreender como, por exemplo, mmmu! (em vez dr tença inscrita sobrt o mármore" (no mármore) - "Causou
!ubmw), >uperlalivo de sub, se lOrnasse >inõnimo de >U/)rtmus, efeito wbrt rodos" (tm lodos) - "O eleito que isso causou
superlativo de supn. Também só assim nos podemos dar !JJbre mim" (que mt causou).
conta de va<:ábulos portugueses como JuiJúvar, >urg~r (Jurgne, Emprego corr{·to mas um tanto esquecido i' aquele com a
Jllb-ngnt), e, ainda, subir (subi~e), que não ~igniflca "ir para significação dt' "além de" em expressões como esta~: "Sobrt
302 Sobrenome Soprano
t'~\..<0\..
o• dtsasrrcs não tiveram con~ütncia ;wihame" - do dc infinit i•·o: Pedro Wi Lrua111ar-•t à.s 6 horas - Eles sotm
''Soln-e hon('Sto, é ele caridoso" - " ... t' que JObre mirrados, drll>btduer a prc'ICriç&s novas - Assim como sMmoJfo:.er am
JObrt afog~dos, •obr~ comidos, ainda se vep.m pisados e per- cavalo•.
scguados dos homens" - "E sobre ser Deus amável, i: ele Sofisúcar - Th<• Sovi<·t~ ha•·e rricd to sell MIG 21\ and o tJwr
ju~10" - "Sobu queda, coice" - "Sobre incapazes, são cor- t.ophrSlrcaltd we-J.pons systcrn to Chile and Peru.
ruptos" "Mormentt quando aquele~ reb não sofriam so- Longe de nós di,çntír o emprego da palavra no texto in.
bcjidão de poss('S soiJTt não haver cntr<' dcs tão travadas ami- gl~s, mas em porrltguc~ pod('mos aflan<·ar qu(' <'M<'' siio m
T.ad('<' ' , significados de softJticado: I. o que f: artificial , falso. falsifi-
- V. amo de. cad,o,. enganador. adulterado; 2 . o que ence1ra •uhti lela
Sobrenome - Entre povos diferentes, dif(•rrntemrme podem snhsuca.
apart'cer dl'signadas as panes do nome próprio anu·oponí- O vernáculo para o caso é rtquintado. É requintado o que (•
miw 1 omplrto. É embaracame a quem viaja o prccnchimt-o- aprimorad o : "O m;~is Íantásrico sonho e o mais rtquintado
tu do <anão de embarque em diferente~ pai><:>: o qu<' é a úl- ideal da poesia' ' (Carrcn, apud Aulete!.
tima parte do sohrnwme para nós. é num para os franceses, é A aceitõlr wjiJti(at/o no sentido que estamos vt"rberando SO·
f anu/) namt para os ingkS<'<. é afNIIIdo para o< de- língua espa· mos obt igado, a acei tar in.wjilt~ado como rraduc;ào dt· Ull·
nhola (ne<~ a última pane provém do sobrenom" truucrno). soplustrcattd. Ora ! Unwphistuattd é, pa ra coi)õU": )Í1Dplt-s. na-
O qut> é.• para nós nomt, ou seja , a primcira panc do ~ubs­ tural, não adulterado; para pessoas: não afetado. ingtnuo.
ta ntivo próprio de pessoa, é para o fr.ulcês fJrhrom (todo o inoccou?. O nosso UJJ/Jira. que em inglês sc pode tuduzir por
nomr menos o nom), para o ingl~s forrnume.• !todo o nome hick. é, em ingl<is, "an unsophisticat.ed person" . Ou deitamo>
rn(·nos ofarmly name), para o espanho l nombm dt pila (rodo o às urtigas nosoos vocábulos ou passamos a ralar um3 língua
O Q rrl(' mt'OOS O apt//ido). de udurex".
Embora não saibamos se ""'""' idioma~ '""as t)artc·s não "Soi-disanr" - Conforme o ('aso várias palavras tradute m este
>ão desultol'iamenre rratadas como rm portuguts, sabemo~ galicismo: •.1upo,1to, inrulcado, pseudo. falso, gabola~. fJTtUrr \0,
•1ur "for official use" essas costumam ser a> c.lcsignac;ões das aulo-inliluhrdo.
partt'S do nome dos que enrram em paísc\ l'srrang<'iros, qu<'r ~Soirtt" - Esta palavra francesa já teve seus dias de liberdade
L<'nloam ou 11âo pago o imposto dO' saída do Bra>il. em ponugu<'s: hoje l'Má desaparecida: tomaram -lhe as v(.'7.cs
Sobressair - Parecerá esrranho, mas este vC'rbo não sc mnstrói pala\Tas ou txprf~es nossas como bailr, com:t rco. :.trão musi-
pronvminalmente: não sc dirá: "Ele St sobrmm" - mas: cal. sarou (reunião dançanrc:).
"Eit' uJimNJi"- "Esta serra mal sobrt$Mli entre aquelas lom- Sol lucr:t omn ibus - E..xpressào latina que significa "o sol bn-
bad<H" - "... ruja voz c:srrondoM Mlhrtua[o a toda s as outra(, lha para todos''. Em prega-se para indicar que todo~ temo>
- ''Eutt t' <~H.~ irnpo,ros .\(Jhu.uaía o da' S1~,,u- ''SobuHa - os mesmos dtrCIIOS pera me a lei.
ÍQm lld <fUl uma> nódoas de >angm.''. Soldado - Col.,tivo : fNiotão, rompanhia, bata/luio , rrg11nmto. In-i
Sobrts5alcnrt · Sobu..aÜnl<. com a n.t .tntqx~núltima ~ílaba, é gada. dwisào, exirat~; em ordem de marcha : hosu. parttda
forma que devemos preferir à corruptela wbrt11tlrnu sempre quando guarnt'ti.'tn um lugar: guamicàu; outro> coletivos:
qut ck'IC·jarmos indic'dr, substantiva ou adjctivamcme, o que coluna, de.slacammlo, potru/Jw.. piquece. t .!quadrào. grupo. troço
sobn:ssaí ou sobrccxçede ou (:aproveitado para ~uprir uma (ô) .Jalange, tropa.
fa luo. Prt'ndt>·se a palavra ao vf'rbo ~obrt~juir, em rspanhol Solicitar - Com a >ignificação de " pedir corn instância", "ro-
,tobrtMthre. <tmpre com a. gar com grande empenho' ' pode ser construido "solkitar
Sobrt"'li~t-rllc - Em engano anda quem j ulga, ser fobrrvivrnlt SO· algo a alguém" ou "solicitar a lgo de alguém": O ministro
rntntt' o que sobrevive a ddastre: crnprega·S(' com a mesma solidtou ao ConS<-Iho que ... - Encarrt>ga ram -me de \Qiici·
for(a d~ <olirn.·i vo. t •obrroivente ou wbrtvivo o que vive após tar dt V. EJ«l. pt ovidc'ncia~ para o caso.
outro, e somente por extensão se aplica 1ohmnvt1Ut ao que Solução de conúouidade - Solução é palavra ai ~mprcgada çom
e« apa da mon,. ou ruína: As rres árvou:~ quedavam ali co- o signifit.,do <I(• inltmtpção. U m talho no dedo inrerrompc a
mo rrês so/)TtUII!tTiltS duma tremenda batalha f<'rida no des· continuidarlc do$ rceido~ atingido s pelo instrumento cor·
c:-.1.rupado. ta me: a faca pode causar solução de Clmtmuido.ú da pele.
SobtcYi•c:r - Q.ua ndo tran~itivo. rege·~ indiretameme com a: Em !t'ntido figur.tdo: O go..enudor resoh'<'u m.t nter à
A Igrej a ~brtvive ,;., crises ID.õlis violentas (resasnr) - A cri- frent<' das divt'Tha> S<'crt·tarias de estado O! funcionários, para
am" sohreviveu aQ desastre (viveu depoi> da ruína do avião) qur a vida &dmini>tra tiva não sofrcssr JOlurào dr conJinuidadt
- Se o outro dos pais IM não sobreviver (viver depois da "Solvávd,. - É b-alicismo. Solvivtl i? qu(' em portugue> >e escreve
morre). o adjetivo 9u!' indica "que pode pagar o quc deve", " que se
Sócio - Coletivo: aw>Ciafã~; em reunião: a)sttnblha. Compõe-se pode pagar': dívida JQ/vívtl.
"'ITI hífen : •oânlogia, <ocioeconõmlco, ma~ ('111 >IÍcio-gtrmiP. com Solvibilrdadt - f)(- .1olver s.\ podemos ter J<livíurl; de Jllluíl!rl. JOI-
hífen, s6ao é substantivo e o plural é sócios-gmnte,t. vibilidade, insolvibilidadt. V. rmdibiiid.ade.
Sócio por ser rradmiôdo • A consrrução "sócio a s('r readmi - Som - Coletivo : orqlleJira.
tido" não i: pormg\tesa. Conquanto de l'erta dificuldade de "Somrote" • Não é portuguê$, senão francês, o emprego de
correcào, por muito usada, o tcrro é "sócio por ser readmiti- sommte por m11.1; não drvcmos consrruir: ''Você pode ir, lll-
do" (ou "por readm itir-se"): .,Se o sócio por readmitir -se mmtt quNo que volte cedo". Troque-se e>se advérbio po r
vier a comcrcr a mesma falta ...". V. o (empugogolicüta). nl(lJ ou. conform~ o caso. por outra legí(ima conjunc~o <td·
Socorrer - t verbo que hoje leva para o acusativo a prssoa: versativa.
"Socor rer O< pohres" - "Vamos soco rre-/o''. "Somos tm" - É errado introduzir a preposicão nn t'lTI cxprc~­
Pronominalmente é empregado para significar "valer-se SÕC's como "~ramos seis", "somos seis". O assun to encontra-
da protcçio d..- alguém, tirar proveitO de alguma coisa": se longamenrc MCposto no vcrbl'teem-5.
Sororreu-st diiJ jóias para pagar a> sua> dividas - Tive de Sopor.n.i•o, supuraú•o - Não confundir ; de sopor (wno pro·
me socom.>r da competência e obsequiosidadc dr muitos do, fundo: eMa.do de qu~m está em coma), soporacrvo ~mprega-se
no.o•o' mais notáveis homens da ciência. como ~uh>tantivo (\ubst.ância que tàz dormir ; m i.a fasn-
Socorro · No plural o "o'' é aberto. diosa) ~ como adjetivo (que causa sopor: enfadonho, fallÍ·
ScMr • Só possui estas formas: Jnd. prts. sói, sói~, <<>emos, sotis, diosol. Supurativo provém de Jupurar.
soem. lmperf. soia, soías. soia. soiamo>. ~i<·is, soiam. Part. Soprano • É pr-eciso não se confundam nomes epicrooJ corn no-
soldo. mes comum tú dois t tpiCtmo o substantivo que, dc um só gê-
A pronúncia do imperl~ito é so-ía, so-1-IIJ, so-í-a r te.: no nero gramatical, prcsra -se para os dois Si'xos: a ollfa, a cobrn .
particípio i: so-í-do. o jacari. o corvo; a discriminação de st·xo 5<.' faz mediante
SMr significa costumar. ter por hábito; geralmente vem segui- a~Téscimo do• adjetivos macho efirtUo.
Sorbona Sousa 303

Outro grupo d<? palavras constituem os comuns dt dpis. sorle-1-aS, sorte-i-a. bem como da sua ausência em sorteamos,
assim denominados os subsumivos que não possuem gêmTo sorteais, wrtrar e em outras t1exões dos verbos terminados em
gramatical; prestam-se, como os epicenos, para os dois st'- ear. explica -se pdo acento tônico. Sempre que este recair so-
xos, mas o artigo st· fkxiona de acordo çom o wxo quc st· bre a vqgaltcmática " e", acrescenta-se um i epentético para
yuer indicar . facilitar a prosódia: sorte-i-o. rect-i·<J. passe-i -o. Uma vez se
Gramaticalmente pianista é substantivo sem g(·m•ro; st•rá desloque<> act'nto para as desinencias verbais, nenhuma ra-
masculino ou feminino se a honwm ou a mulht•r se rd~-rir. <' zão assiste à conservação desse i: sorletJr. cerceamos, barllfadll,
o anigo ob(·c!t"cc· ao sexo da p~ssoa: o (homem) pumi.rla, a pmteado.
(mulh<-r) piam.lla. o~ cognaws seguem a mesma orientação: areia, areável;
O gênero gramatical dos cpiC<'nos indep<?nde do sexo: •OTteio, sorteávd.
não varia o artigo que os acompanha; o gênero dos comuns Sortir, Sltrrir - Com o, ~igni fka aba;tecer(u). prot,er(St ) : sortir a
de dois obedece ao sexo: o artigo terá ele flexionar-se de despensa, snrlir-se de paciência - variar: Só um gênero de
açordo com t'le. leitura nàq é recomendável: convém .IOrli -la um pouco. O
Sapra11() não possui gênero grarnatical: é comum de do is: "o" muda-se <;>m 11 nas for mas rizotônicas.
especifica determinada voz - a mais alta na consonância Com IL, o verbo passa a significar " ter resultado" (O plano
musical - que poderá <.'Xisrir já em homem já em mulher Jurtiu eleito - Surtiu mal a conspirata), sair (Das águas man-
(é errôneo dizer que não há homms sopranos; não é natural sas do •·io surtiu a cabeça de um jacaré - A lava ,<urtlo), e não
tal voz no aduho, mas é própria do menino). Soprano - sofr<· modificacão no radical.
"'ca ntor ou cantora que tem voz de tipk" é como nos defi- O adjetivo .;urto não é forma panicipial de nenhum de5ses
nem Aulete e C. Figueiredo a palavra. verbos: provém do latim ;urctum, do verbo surrígere; significa
t esse substanti,•o comum de dois; deve o artigo que o jimdeado: Tl'ês naus. que lá no porto est.anm surlal.
ammpanha flexionar-se genericamente conforme a nomem Sorvete - É seu étimo o françés scrbet. palavra talvez vinda do
ou a mulhe•· se retira: Os sopranos da catepra l de Regensburgo italiano sorbelto, trazida, segundo frei João de Sousa, dq ára-
- A sofrrano 8idu Sayão - A soprano .wviélica Renata Badale be xarbete, que sign ifica "bebida indeterminável". Para a for-
pediu asilo político - Outra soprano wviética asila-se na ma ponuguesa contribuiu a relacio aparente com o verbo
Itália - juliera King, soprano dra:nuítica. sorver.
Contralto (voz média entre tiple e tenor, a mais grave da s Sossego . Escr(•ve-sc com dois ss. SoJsego é a palavra derivada,
voze; de mulher, existente também em men inos) é outro no próprio português, do verbo sos.1egar, ou seja, é substan -
~ubstantivo que obedece às normas de soprano. tivo formado no sc•io da nossa língua. sem correspondente
Sorbona - Com a final e um só n transcn•ve-se Sorbone, nome de etimológico diretO na língua de que derivou o verbo. É, por·
centro universitário de Paris. Sorbvrw é a forma comignada tamo, destituído Je razão fazer derivar o substantivo de solus
no vocabulário oficial de Portugal. O Melhoramentos traz: sec:um. Sobre o verbo 1: que devem ser lei tas as hipóteses eti-
" Sorbonüla, adj. Diz-se da pcs~a que freqüenta cursos da mológicas.
Sorbana" . A maioria <tos mestres - tratando-se agora do veroo sosse-
Nesse e em outros dicionários nossos vemos: Sorbtmico - gar - dá -lhepor étimo o baixo latim $tSSicart; há divergência
pertenCt>-nte ou rélativo à Sorbona. apenas no explicar a mudança do e da primeira sílaba.
Sorite- No verbete diabrte tkon t'xposto o porquê do mascu- Nesr<' parricular, oicamos João Ribeiro: "A raz.-lo está
lino e da forma com e final para tais palavras: o 'diabae. oca- ptrfeitametHC' de acordo com a forma hiscóric.a do vocábulo.
coete; S(' comportarem plural é que terminam em s: os ha/Ures. De lato. os quinhentistas escreviam sossegar e a palavra deri-
Para designar o silogismo em cadeia, quer verdadeira ou va,·a do latim sessicare. Mas, se <"SSa era a esnita, a prosódia
falsa a conclusão, digamo' sem receio de ett·o: o Jorite. era difen.'nt<": ctn vez de sessegar, dizia-se sucegar pelos moti-
Cremos não molestar o leitor com este exemp lo uc; soril~ vos já alegados ... de que o e átono soa como tt. E, na igno-
aristotélico (ou progrw ivol: o bisbilhott-iro i: utn intrigant('; rânc-ia da t·rímologia , pas<ou -sc• a escrever socegar ('ucegarl,
um imriga me f um st•meador tk d iscórdia : uni s<>mc·ador dC' evnfonne a prosódia de ruman<t por ..emana".
discórdia é um promotor de desordem; um promow•· de Sota... - Traz o vocabulário ollcial hrasiiC'iro sota-vento. com
desordem é um sabotador do progresso; um S..1botadot· du hífen, sotaventar e sotaventear sem. A letra h do número 5 da
progresso é um inimigo do povo ; um inimigo elo povo é um regra 46 obriga o hífen : "Deve-se emHegu o hífen nos vo-
antipatriota; logo, o bisbilhoteiro é um antipatrio ta - nem cábulos fomtado; pelos prefixos Jem, sola, solo ..." Em scta-
com este de .>qrite goduiaM (ou regressivo): o animal é um irra- ventbr acaso sota deixa de ser prefixo? Que anificio nos obri ·
cional; o mamífero é um animal; o primata é um mamífero; ga a grafia mfeitada,lOto-posiçào ao lado da singela sotoposto?
o homem i: um primata: logo. o homem é um irraciona l. Sem pilow, que rumo tomar a nau Ortografi~ -13 com um
Sóror . O plural, ~eguramente fundamentado no latim, é "soro~pilo(o" que sempre se revelou incapaz de soropilot.ar
soróm. É popular a forma scrôr, que chegou a existir na sin- em todos os colégios - da Baia, do Paraná e de São. Paulo
copada ror; ambas ceder·am lugar à erudita sóror. que deve - em que tenrou navegar ?
ortograficamente trazer o sinal dia<:rítico na sílaba ·inióal Sótão - Com o acento tônico da primeira sílaba é como se pro-
(formulário Ortognfiço, 43,8~). nuncia a palavra qu<" designa o compartimento qu•· fica en·
Soroterapia - Terá a classe médica força ou encomrará ela mo- tre o último andar de uma casa e o telhado.
tivo para mudar a forma híbrida (português - grego) para Soteropolitano - Com acento secundário na sílaba te, é sinô-
OiToterapia? Acaso não é da índole da nossa e de outras lín- nimo d é salvadorm$t. desig.nalivo do nascido na capital
guas formar compostos híbridos quando um dos elcmemos baiana.
já se introduziu indept~ndememente no vernáculo? O hi · Sousa - Quando não feitos a revelia. são os nomes próprios de
brido deixa de ser real para ser aparente. pessoa~ não raro escritos e pronunciados discricionariamen-
Sorrir - Se a conjuga<;ão é a mesma de rir, o mesmo não é o te. Há Sou~a-• que se não querem confundir com SoUJas (for·
sentido. Sorri quem ri kvcménte, sem rumor, com ligeira ma esta prefériveU, Hel6i.<as que não se deixam passar por
contração dos músculos laciais. Figuradameme, emprega-se Heloísa> (eSle o verdadeiro acemo e grafta), Ntttos (duplicação
por "ser favorável" (Ao corajoso sorri a fortuna), "dar es- inju•til1cável ) que não quet·em ser Netos. Danos (acento corre-
perança". "atrair", " apetecer" (Sorri~· lhe a viagem a luga- to) que se fazem chamar Dários. O caso ainda mais se agrava
res desconhecidos- Ao rapaz, pouco indinado ao trabalho, quando vemosjuraci>, Dareis, Lilis e outros a disputar o sexo.
sorria uma sinec;ural. A solução de tais casos, gráfica, prosódica e genérica, mui-
Sorteio, sortear · Tamo sortáo quanto sortear provêm de um tas vezes só o próprio portado•· do nome nos pode dar.
t<-mlD cornum, sorte. O i de sorteio não é etimológico. senão Q.uando de difícil comprovação o (·ómo. <tnorma ortográfica
meram~nte eufônico. A r.u.ão da sua existência em .wrtc-i-o, simplificar: troca do y por i (Sílvio), d iminac;ão de letras e
304 "Souvenir" "Stress.,
~inai\ inúteis (Sara. l' não Saralt), rrou do z por s (Sousa). é acompanhada da necessária especificação quando o con-
Sou~JJ, mm '·f: rcalmrnte a grafta mdi ~ ju>tilic.ivt'l. texto ou alguma <'xprr.sào já não indique d<' qu<" elemrntos
"Souvcnir" • J'rusa palavra é lnnbrança: Q..uero rornprar umas o colett\'O se c:omri tui : ''teaching sra lr', corpo doccmt·, con
ltmhrança1 para mim e para amigo> - Vou ll'var umas km- gregarào; "c-di roria l 'talr', corpo dt· redatotn, tcda~ão:
btanta• para os meus. " General Stafl". <'Stado-rnaior. CorfJ<!. qu~dro. prt3Dnl. 11.1.1Ü~
Spiritus promptus e st, caro autem infinna . "O t>~pirito e•tá lêrtcia. IU.Its;orw. t1lado são palavras nossa~ que traduzem a
disposto. mas ,, ca rne é traca'' - p<tlavra' ~lc: C• isto am dis- inglesa de acorde> com a passagem.
d pulos no Montc da~ Oliv('iras. "Stand" . Banca parece scr a melhor pa lavra para trad1•zir
Sponte sua - Locu(ão latina 9,u<> si!)nifica "por sua própria "stand" com;, signillcaçào dt> recinto rcsC'rvado" pm·ticipan -
v<)ntadr", "espomaneam~n tc:' : Ele agiu l/JO>tlt· .1110. te de expo~i cào. rorno natural e comum é e;;a tradur;\o no
"Spray". Esprci - 0(• fáci l pronúncia C' com~ grandc vanta- composto "ncws~tand", "banca de jornais". Tenda, barraca.
g<'m sob'" o po lissilábico comprinwnw das nossa< - pul- /Jallilhiio podem não corresponder à realidade.
urrhadQr, nrbuliuzdor - a palavra ingl""' "~pr:t\", de nós Em auromot.iJi ,mo traduz-se por box. para inc.Jirar o lu
~k•~o nhnida até poucos anos. anda agora na boca de qual- gar d<· parada, tk dc•,can,o. de refugio do rJno numa pi)ta
quer ~oti n heira ou de qualquer cn.a•na bt asileu a . Nada decorrida.
mars nos rcsL~ senão dar-lhe vC',IIm<.'nta no'~ <'dela tirar os "Standard" - VC'Tll a ul a vt7 mais cedrndo lugar ao no\<O i<"gi~
m·ç•·s>.irios derivados. rimo ptul.rão: pttdrào de vida. T ambé-m com funcii.o adjetiva,
1-.tftrtt. a n mar com gui. ,,_,.;ou rom lonna' verba i~ como padrão tradu7 o ang!ici msmo: "tipo padrão". OP padrão o>
lrm. dtw, está a mer<'('('r e a impor-no' acolhida c·nrrt> outro s derivados padrotlitar. padromUJção.
vocàhulos de igual procedência. É tl/Jrrt o agciHc medicinal ...stào . V. Afrgarti<tiio.
ou d,•,otlot·iranre (Lancou no mt·rrado uno npm funl{ióda), Staru quo • Expn·s,ão latina, usada subsrantivaml'nt<" no abla
a va~ilha qut• o ronti•m (Compre um " /"''' xrand<'l. o jato lí - tivo para indicar o c:sll!do anterior a uma situação o u. por
qili.l<> rli ,J><'' '>O {um t<pret abundam<'), como (' ' 'firumio o ato justili<:ávcl (xtCil<iic>, a situacão pre•entl": 0> v<'uccdorc'
l' t;prear a a dio: É preciso t 5prtar o quarto Uma r.<pre11ção mamivct amo slalu quo na parte moncrá.ria.
cuida<!a. A t·xprt·»ão (t'i~talizou -se na forma abl<~tiva, que (: a>>im
Não 'ign ilica esse proctdimento rt>ncgar ntlmliUJr. pulvr- usada ; uhsrantivadamcnte com qualquer funcào silltá iÍ<'.l ,
m.ar <' d(•t iv.tdos. mas pr.uicidadt <.'111 t:asos mais corriqueiros ~o inluml.,do, raciocínios para justifkar Jlalw quo. ;la/us m
t' d o;lno •. com o re•peito de outra~ p.t la"a' nos•as ou~"'-· qUI): A sirual':io vo ltou ao statu. qu.o - Não se a lterou o >latu
prt'\SÕl'S para traduzir passos mai' ill<'rárim como esae de quo - A ditl'tor ia mamt'\·e o Jtatu quo - O slatu quo dcvt• SC'r
ju:io C • ant f'm que dcscr~w o uno a saltar cnraiv<'fido : mant ido.
..... in,) grtal shower or >pra, (num grandt' chuveiro de /Jqm . O culpado da rnrromissão em nosso idioma da lorm.1
fo• from it> bt·draggled fur". e 001ros como: " Minbtério v" "statu~ quo" é o rngli's, onde existe stattu como forma co-
hojt· di tlind.t da nrhu.líulCão" - ''A,i:io ~otl\l ruido p.tra a mum (plutdl : •l~tlum), de várias acepc.õe~. e pod" aparl't.'Cr
fmlt'r'n:.ndio agricola" - " Produtos qui mico~ utilizados na em conJun(ào com ouLras pala"ras: T he suategk •tlllUJ quo
m·~ultta(ào da ferrugem" - "Lancou no merc:~do um ne- in tbc Nonh Se .a - Cominuation of tht' llatw qtl()- Rcven -
lu.li:~trlot d~ fungit ida noch•o à la\oura". ing to thc status qu.t> belore Teddy Roo.evell - W<' rannot
SS • Uma c.Jas origms do di grafo n ~a justapo~rni.o de um no- havt' a material stakt• in rhc Jtatw quo - .<tatu.! emphatkm.
"'" g• rgo wrminado em vqgal a ouu o d" mesma origt·rta •tatu.; t'pikpt icu•. ;taltJS h'l'Tlphaúcu~, sta/JLs rhym icus.
cornrc:ado por s. o que se dá na composic·ão <>p<'rada dentro Status, posi<;ão . j á soçia l. já legal, a po.1icào pode variar: tC'm u
do no>so idioma st·m pre que prrci samos juntar dois rlemrn · individuo uma t·mrdição. um cargo. um fslado. tem ele: c:m suma
to' lldra a denomina ção comp leta do qul' pretendemos de- uma POSIÇAO, mas slatw {slt'rtaJ, à inglesa. o u 111llus à la-
<ignar. aioa) t q ue ck não pode ter. Q.ue necessidad<' há de prender-
St- n:io Len tO> pala\Ta que indiqut• a "<ulwiruicào de e:<- nos ao ingiCs quando ck diz "the ncçcssity should providl'
pre~<'S por <igla•", ou seja, a rcduc..ão dl' ,·ocáLulo; às 1<:- you with opportunities Lo eam more money or to irnp•ovt:
tras tntfiats I Jl. por voe.!) ou a s consoantes cap11ai\ das sila- your sr,ttus''?- Nrm monry nem Jlatus são p<'CUiiaridad~s tio
bd>, tOmo INPS por Irutitulo Naaonal dr Prnndtnaa SDCial. va- inglês. qut' não nc:ccssi ~A dc grifo para empregá-los: dmht1·
mo• ao m aoacial grego buscar dois d.,.m ..ntos fundamentais: ro remo~ pouco, mas posl(-ão nào bá quem a nào tenha
aao. tummado em vogal. com a "Kfltlicacão dt> ponlil; <NM, ,.Steding" • O di nheiro representado em libra - moeda dl'
iniciado por >, com a signillcacão de una/; ao e!oOdos do su- o uro ingl<'!>ót - i: em nosso idioma rurrlino, ou libra tll1'11ina.
fixo 14 ek< no< dão aao-.ll!m-ia, mas o som fricativo-alveolar A tran,literac.ão (; pçrfeira , não merecedora dl' repulsa, ~
lot tl' do s de snn não pode abrandar-se pa ra t ao licar rnrre st·m nenhuma ofensa à designacão "e.asterling" do~ comor-
vo~;ai>: d.ti a neçe;sidade de mais um s para emprestar-lhe o cianres orientais ou hanseá1icos.
di-vido <om fone origi nal: aao.11múa. "Stteaking", ootidiano . Desprezado o franc<'s da forma ção
Esst! o motivo dos dois .u de crom()S.<I/7n~. gmo.uomo, rlmos.ratt- social brasilt:ira, passou o inglês a figurar· t'rn crônicas, sud
frl . uuogaln<~auro, aul.tJ.Hauro . paraslífilil. Ollf,oHia/ia. ginuOJsdfia . ros e editoriais, não çorno elemento indispensável para no-
gmo>smdwnia. esqui.Jto.<.5()11WSf ... mear seres novos ainda sem nomr no vernáculo, ma~ por
SS, Ç ·Já em 1926 anotarajoào Ritxiro na cdicào por de me- simples di lellluthmo lirer;irio ou po rque a lom1a t•;trangcr-
lhorada do dicionário de Simõe:< da Fomeca: "Em toda' es- ra viesse ou a suhsaituir o grifo de urn vocábulo nosso ou a
ta~ lonnds ~orno ouu a> do tupi c·m qut· cx:orn·m >. ué.· pn:fe- dar ao autor a certeza de que o seu pensamc:mo não csca ~
rh rl a tran<n·ilào com t: puró ". paria do J~itor erudito.
Não exp<~ o mestre o porquê da prt'ler~ncia nem exem- Não vemos o utra explicacão para a fuga do ~rnáculo
pltlica o ca>O dt' um úmco s que sc dC'Va trocar por ( par.a abrigar nas linhas de um comentário um "strl'akrng"
A ''<'rtlad<·. porérn. é que nào luí fundamen to etimológico Não i· o familiar amer·icaoismo ilrtalting o que é CIJ(tdtano. r
para a lixa cão da grafia dessa e de ouLras oc-orTf-ncia5 sôni - nào t~m cotidtano forca para expre55ar o qu~ o croni\la p<"n·
ca;, (OiliO qu por c. J por g. O próprio padrC' Anchieta não sa? ''não :>Õ da políLica econõmico -financeir.t M.'não tam
tinhd grafia lixa nem sequer para uma lllt"!>llla palavra, com o bé-m do dêtn~·ro coltdíano eram as informa< õc~ ccmurada~·· r
uiiq rcrn ar{· hoje grafia idênt ica pa• a <'•!.<'> ~on~ n~ par.\guios. construcào que podr figurar em qualquer jornal.
O vocabulário oficial brasileiro dlu<,o u o vcsp<·iro. e o "Stress", es~~ Por que não nacionalizar· o ;tnglic-,mismo.
l'nxu ron ainua escabreado. Nt'nhuma violência vemos em tnnsli ter:i-lo em t~trr;st, com
"'Stall'' - l'oa 'JU<' prendt·r -nos ao b.1ruanst110 qu.mdo o~ pró- um t protético I! o u1ro paragógico. quando no; ocon ~·à nw-
prio~ ingleses não têm a pa lavra com um único sentido ? Slajf mória tJlilinJI.ut com dois u igualmenLe acrescentado~ à for-
t('m correspondente em ponugue~; lâ como aqui, a palavra ma original inglesa. Poucos brasileiros dentre os muito' qu~
Striao scnsu "Sweatcr" 305
hoje dominam o inglê~ fucm ligadio entre o s/mg do inglês plr~ amscimo de j,
r o nos~ ~Jiúi11f!U. que mostra cia.tritl.., tl'l.õLis profundas da Supca - Advi.'t'bto latino. em ponugut?s u.-ado m mo prl.'f!Xo.
operacio por que p.l~'>OU até que chega~~ a nós As pertur· signiliC<t ~mma. áJt lugar 1v.pmor \uptamiUIIÜzno. Exsgc hifcn
bat~ o rgânicas C' psíqutGIS do paciente de ~>lrw~ \âo inft- antc~ ck vogal. h. r. ' >upra·~•P•nal. •upra-homnr. •upra-rmJtl.
nores às cb tr.amhtt'r.lcio do anglici,mo urt.ll para o \'t'lll.i- \U/fr0->#1110.
culo rs/rmr kom t IÔniCo abcrto). Pelo menos aos qut" co- Em •upraaln.do o prefixo tem hoje o semjdo dt' ""'"· corno
nhccemo> as tramlonnar~ por qut• P"'""m os e>rr;mgt<irt,. ~inõnimn de prrcitJuio, porqt•c t'tn outrOs u·mpo' o eso ito
mo~ :ué qut' dtC)Iuem a nós, nenhum o-a uma, nenhum cho- era .-m rolos, que se ah• i.1m verticalmente, c não em folha~
qu(' cirúrgico, nem <'st<tfa, ncm emoção causa rstrwe. de cadt·mo. ~ue SC' a brem horizomalmcnu:.
Stricto IICDSU - Expre~\do latina qut" \l(lnifica "('f!) St>nudo r<'~­ Suprimento • ' ... o ad,'Og;ado t~pt'r;& quC' o cmt'rico julgador,
rruo" : A :'~~~ssão amónirna i: /(1/() ;rn111
1
com os )Cu; doutos •ufmrwnlol, fau jusuca". - A palavra
Stultorum ' 'rm esc oumenu . Afirmacão Latina d o fde>!óls - supnmrnto t'\l.i ai muuo IM-m nnprqf<!da: o lldvogado pc:-de
ces, I , 15; sigmfica: O numero dos rolo>c- •ncol'Tl<'ruur.ivc:-1. ao JU" quc tuprn qualqut'r deficu'ncia de ~ua dC'frsa, de su:.
Swpcte. gentes - Exprt·,W.o latina u\óida por ironi2 ame faro t'X.positiio. de 'ua jmtilicariio. lk ;uprtr, o >ubsta.nu,·o Jll·
extraordinário ou ridiculo: Pasmat, povo>. pnmmto
Suu saudades, saudades suas . Com çtno~ substanrivos ab~u ,,. Sura • Grafia unifom•c de pal~vr.t' difercttlt~. roda~ fm1inina~.
to' O> poso;cslivo> trat<'m signiliarào dtfcrc:me à <"Cpr~'>.io Urna, qut· ;igni lica "barriga da perna", "pamurrilha" (por
conforme vicrcm colocados antes uu dt"pois. A S<'ntcnra cxrcn\âo, "perna"), e de proçc-dt'ncia laú.n.. ; ouu a, qul' on-
"Q.ucrcmos nolínaJ tua>" mdica o mc:-smo que "Q.utTCOIOS diGl o ''luto ('lltraido da bainha do cacho tU palmcira". e
noucia5 'iObrt' ti", '<' disséssemo\ : "Q}ltmno> /U4J nMícia•". onguúna de Goa; ourra, que dc•igna cada um do\ 114 ca-
C'xprcs>ari2mo\ vontade de que a pessoa a que nos d1rig1mm pítulo~ do alcorão (c ta.mbfm "oracào ~os murulmanos"l, ~
nos t'n,·ie noúnas wh!C' quaisquc-1 coisas. Outros exemplo~: árabe; a111da outra '""ÍSII' rara ~cificar certa região da
1 t•nho piedade .uu (piedade dt: você). Sua p"dadt deve ,<•r Rússoa; por fim, não nos I'$(JUl'<,Jil10> dl' qut• wra i: ainda o
rt•tompensada lpi~-dadc que voe~ tem). Ódio oo!lQ lód10 qut' fcmmino dt• ;uro (que não tt'fll rabo): o nambu {• ave tura.
nutrt'm a vossa P<'''>oa ), vo;JO ódio (ódio que c~sa pcso,oa nu- Surdo-mudo - Por <'xcedo da l <'gTa de llexào do> o~djelivos
tre a outrem). SUaJ j(Judadrs (saudad t.., qut' \.'OCê nutre), tou compo>tO\, •urdo-fTUI.I}o fou •urdiJ-muda. <urdo\ mud()J, llddas-
JailtJ su;u Csau<bdes que o~lguém tcm de- ,ocê). mutlat
Sujeito aauaúvo · V. ora(àomjimtno l<tlttlll Surmootar Só o desprezo ao rd1oma t'Xplica u·rco\ C\rrangci-
Súlfur - Com afento tóntcu «na c:scrota também com ;inal dta- rismo\ comu e>te e o >t'U cogn.uo "imurmom..,cl"; ern p<lr-
c
CIItiwl na primt·u·d ,iJ.llJa como ><' pronuncia o nome dd tugui'\ tc•mos >11paar, r•mtrr, labrtpupr, IUbjllf.UT. u/Jrapa11ar,
\O lurão homop~ um. rxatftr.
Sumir - Sunt~r e cotuumrr u?m o u ahtrado para o abeno na 2• c Sunum corda - E.~pressão laun.'l da a nuga liturgia católica qm·
na 3• pessoa do \ingular <' na 3• do plur .ti t.lo pres. do intlic. signolica "cora1Õt'S para o aho". l:.m latun "wrda", no plu-
"na l' do llilg. do tmpcr.auvo pr...,..mc ral (pl. dt' =· tordi;l~ t'1ll portugu~ " corac.io" no smgular:
Am.nur. mwum11 rttumir c prtwmtr n:io sofrem aht'latlo; Tenhamo\ o corado,:. mente. o espírito voltado p;ua o aho .
...ic> rc:-gularC's (Cr. Mct. S468). Q.uando , .. rim \âo o~ po"uodorc\, para o plur.1l \.li em 1.:1-
Summum jus, wma injuria- Rico f o foro de aforismo~.<' C\lot' ÜOl a cooY posluida; cs"' 11·gra Ltuna exi\1<'1'111 ma1~ língua>.
já J.>or Cíce10 fno cira cio, colh ido d e uma passagt·m do HfllU não porl·m em ponugut'~. V. plural distnbulrvo.
l011117110TWnmas cit: Trtcncro, que viv<·u cinqüenta anos antt's "Surtir"· V. mltr.
dt'lt·: Ju> jUmmum \Qtpt >umtna r}l IMit/Ja A injuscica i: muno SurtO, surgido Surto t>mprc>ga-sc como pr<'drt-auvo ou em
gr.. n<lt' quando muno gr.andt· i· o clorritn; a aplicarão rtJ:CHO· funcào atnhuuva: nuguJc <'mpreg<a-se na voz ativa. S<io for-
sa dt· ld dt· >urna 1mporüncia podt• ontphGtr d<"•< onwtiiii.A mas parnctpt;ah de Jurgtr, verbo de:- panicipio duplo que ><'
nldhgmc.lddr. l"nquadra 1101 regr.a geral tS494 ). V.111.1nto.
Suor Com "o" dbt·no c" .r pronúnmo hodu:m.t. Conl rontt'·\C:' SusaJa - lk origc:m hebraica, tOm 1 se ocnve <'-"" lonna pri-
Ault·tt'. Melh01.unc:11!os. Càndtdu de Figu~irC'do. "Suor por mitiva, t' r.unbiom a dt·rívad.t maiCulina Su!<VIo.
expu·~loào'' f. <'-tprt•,.,in miodica ; indic-a o suor resulmntt' de Sutuht: - Do francês .soutacht, dc:nota uma t•sphit' dt• fita ou
rxtrcma dfbilotbdc do org;rnhmo e p:trticulannl'ntr u qu" c-.tdat co dt• or namemo, fei to til.' ~da. lã, algod~n ou ouropel
apan•ce na pele do "ltnniamc. em variad,u larguras. t paJa,Ta conhecida de qualquer
Super - Prefixo que <"trgc hífen "quando segutdo dt· pala\Ta CO'tiUrt..lr~
pnn~;ptada por h o u r"· >Uptr-lwmtm. >ufkr·rti{UinlildO. Sutiã Se ll<'nhuma dificu ldadt' há para o aporrugue>amnno,
A I'Xijtência rlr,'ll' ltift'n ~ p raúGtd.t pclo Vocabuláno Ono- por qu<' prctt'ndcr. para fug1r da grafia franct'>.l "wuúcn",
gT.ilico de 194!1 cm tic'corn'ncia do qut· o relator estabdc:-ceu criar um inútil porta-li!IOI! Sullà todos dizem, tutià todas ;u
11.1 letra d do ça:.o 5 d,; regra do formulário. dam.t~ atlmo~m, tutià todo~ o' Cdvalhciro~ act•iram. Não é
NJo tOfl\<;'gwrno:. .Ht' hoje comprct'ndcr o motivn dt• c•xi- com mo>uur sttOI que- o compo>to irá conseguir mdior realet•
gtr o hífen em luptr-htmumo quando t1n dnumarw o Fum•ul.i- e accrta<.in
1io r~udiou o hilm t' .a consoantr onin.al do mesmo c:-lcn1l·n- SuriJ • Tem o 3f('ll!O tõnico na silaba fr.nal quando o~djl'civo sí-
t0 humiJIIo, nem em >U/Jn·rrqurnttulo, quando em fkTTOIIM nõmmo dl' 111Wt, c o plur•l ~ igu.Urn<ntc o xítono, ~ seme-
- <'llmologitamt•ntc formado de pn ma os rtJIIM - o\ do•~ llunra dC' bmri1 canlil,fu'N.< O acemo recua pata a pnmerra
TT .apar«em sem nl'nhuma cstranhc1a, nrm gráfica lll'lll p1 o- ~ílaba - ~uúl - quando .adjcu'o sinônimo d~ ctHlcutJdo.
sódtca. cOSido, e quando >uh sumi' o d<'~ignativo dc t a bana feita dC'
Considcrc-st• o~dernah que a refira do Formulár io da mmo couro, <'111 qut' habicavam os cita~. t: ainda co• oa de norc~,
'""cmplo as du.<' únH '"palavra; pntim·ntes ao ca,o. V. mtrr. co> ida> urna; às ourra\, USdda pelos romano\. De •útil o an-
Supcrawit- A p• onúnci;a '';uper.h~d". cn<onu·ada no Vocahu - tõnimo mmn•útJ/ (não co'rurado, imeiri('o): runtnrnco•uútc/.
láno d .. 1943. u:na fun<bmcmo ..., a p.~la'-ra fosse popular. Suxar O x IC'lll .om chtamt', como ('fD XDrQpt, ' 'Knilic• oftou
como popular t' o no~\0 ''ct<" ... Essa pal.m-a c dtjint \lo pro xar. tÚ<apattJr SUJUmJlo a <ord.. que estava amcb - Swxar as
paroxítonas c .-rudu.unentC' se promm< ldm .\ larina, com t rédt'as.
fi11.ol : >upndv•t. dljiot, o plural de amba; fnrma-sc tnm '""· "Sweater" - Fom•a aportugut"l:ld.t : 1uittr; plural : witrr"
T !p• o núncia <'rn deri,-adm do grt·gw- V. hnnaJio. Com x, é do wrbo taxar, do la1im laxmr; significa avaliar
Tabagista - t forma corr~ta tanto romo substantivo, para in- um tributo, determinar o que se paga por um serviço públi·
dicar o indi~·íduo que abusa do tabaco, fumando-o ou m.ts- co o que se dc-w pagar, por forca d<' lcí, para completar o va -
cando, quanto como adjetivo, para denotar "rd:uivo ao lor de um salário: taxa dágua, taxa po<~al, cana taxada. taxa
tahagisn1o". judicial, ta~aram- no em dois mil cru1.r·iros; ta.~u adicional d ...
Ta.bag~ é o nome ela ilha em qu~ era nativa a planta cuja~ periculosidadt' . V. ''taxa de .<troiço".
vinudcs medicinais o embaixador ) "'" Nicot inrroduziu na Tacôm~lro - Com "o" a ligar os dois elementos gregos, é for-
F•·a nca em 1560, sem de lo ng<" pt'nsar que ainda sem p•e- ma melhor do que taquimttro.
rexw médico o uso, ou mdho•. o vicio de a fumar <>mpolga- T aful - Fem1nino: tojulo. Plural: tafiti> . Aqui podt·m entrar os
ria o mundo. tafuis, que- jogam com dados falsos c 01rta> marcadas. Au-
Tabaréu - É palavra de uM1 frequente no none do Brasil para mentativo: tafutão. tofu/ona. Derivados: tafular (fazer vida de
denunci.u- o caipira. denomin:u.lo c-ca preferida c de rodos tafull, tofitlnrta. lafrtliu
conhecida no sul; primiriva <' ctimologicamente- de labar- Tal qual - "Aconrcceu-me escrever uns vCJ·so~ que dizem: "Eles
do, çapot<: com capu~ e man)l,a> - dcnotava o "soldado de rutilam tal qual a~ esmeraldas" - e •eccbi uma carta em
ordcnanca mal ~xercitado, que niio largava o capo te quando que fui exproi.Jrado pelo 'tal qu~l' como locucão adv<-rbial,
enrrava no exército". Feminino: taharon. quando dicionarista> e gramáticos não o rcgi>tram tom essa
Tabelião- Plural: labtliãn Feminino: tabtlioo. função. O meu exprobrador é - a t.O cerro pomo, crl'io eu-
Tabll'lt Conyuamo int>xistenu• nos dicionários, a palavra(· de desculp:ivl'l. porqu<' não teve a mão o pt•quenino li\TO do pa-
u><> corren te enrre ruis, >em que nonguém p<>nse em sua ori - dre Amõnio da Cruz. que em seu ' Pr ontuário de Análi~
g<'m frdnce~. &rrinltn (barrinha de chocolate) podcr.í ser Gramatical' o r<"gistra, nem o livro de Carlos Góis, 'Síuraxt•
empregado 5e não como sub;mutivo pelo menos como ~inõ­ de Concordância', igualmente portador da locucão ad\'eT-
nimo. Até hoje é costumeiro diLt'T "•ãbuas de rapadura .. ; dt• bial. Na rc~po>t.a ao meu colega citt"i a a utoridade desses
"t:íbu:~ de mpadura'' para " raburnha de chocolate'' não há dois profcssort·~ e arrol6 ainda o latim, que po>sui taliler
viol~n("ia léxica nenhuma. qualütr".
Tabu - Como todas as religiõe~ tem sacramentos, objt•tos sa- Ao ilu>trt' um; ivisra. que moJe.rament(' nos pede a opi-
grados, pessoas intangíveis. rena religião, seguida na Oceà· nião, só agmdecimentos drvemos acrcsÇcntar . pois suas doa-
nia. na Guiné e em tOdas as ilhas da Polinésia, tem igual. ções rra1.cm mais uma vez conllrmat;;o ti .. u111a fonna de
mente' seus "tabus", isto é:, coi<as ou pessoas sagradas, inter- redigir qut" SL"111pre empregamo~ sem receio:" ... escrevendo
ditas ao contato da mão humana. E~sa imerdicào. ou \rja. as palavras IIJ/ quol se pronunciam".
e'Sf' tabu ~ proclamado por thrl"~~ da religião. e s<'\"Cr.ts )ào As vezes cada um dos elemer\lo> oon.erva >Ud própria fun ·
as penas. não se excluindo a de morte, para os que tOC".ton ,. cão adjetiva; "Pr<1ticou acões tniJ quntJ nunca foram prau -
at(· par.t O) que olham ta i' objeto' ou p<>ssoas, ma~ o tabu vao cadas" - "Os filhos são lals qual o pai". Confronte-se com
sendo aos poucos abolido dC,<.1S regiões á medida que a ci- o la rim : Amoci <'rga te talu ("nlnt qunlt.• ("rga arnicos tuos fue-
viliza<;ào aí penetra. ['is.
Poo ju"a trasladação de signifit·aJo, passou a .palavra a in- Não se d<·v~ confundir a simples çoncoro•ência da.s palavra>
dicar coisas próprias, já de:: um idioma, já dos costumes dc)tc "tal'' e "qual" >cguidas no período, cada uma com sua fun -
ou daquele país, coisas t'SS<I ) cnquistadas e de impos<ível ção sintática disÇriminada, com a locucão "tal qual", .que
modificarão. funciona ora como advérbio, ora como conjunção compara -
Tábua. tabuada - Com u devemo> gr.úar tábua '" tnlmada. São tiva: "Fizeram tal qrtal"- "Fiz<"ram la/ 'fual rnotndeí'".
tl<' Conca.h-e) Viana (Apo.,ila~) C'Stas linhas: "Do latim tahu/4 Acrescc:mc às ~uas citacõcs o significatÍ\'O registro do Vo-
procedeu em portugt!i') /Ót101J, que >Ó depois se refom•ou "'" cabulário-de Portug-.tl de "tal-qualment<'" como advfrbio
liibua. dt· onde se deriva tabuado. A forma tablado. com o sen- e - note hem - "conjunção comparauva'". Tire esse " men-
tido rcmito do italianismo "palro n'nico ", é de prov<'nieu- te", que a verdade ma i> uma vez aparcn· a ~cu, ou melhor, a
da ra-tdhana, pois nest.t língua o latim tabulam dt•utaMa, dt· nosso favor; é desnecessário esse >ufix.o para que a fu ncio
qut> se formou tablado, mediante o suf\><o ado. adved:>ial se ifidiquc.
A palavra tabuado, que amigameme se pronunciava c cs- Dicionário> n.!o podem trazer roda) as fum·õ•·s possíveis d<·
cr~'Via /avoada. é um derivado feminino, correspondt'nrr à- uma palavra ou locu~ão: gramáticas tampouco. as quai s
qu<'il' masculino tabuado. ma~ empregado em semítlo figu- nem por isso são mcompletas, porque da análise sintática as
rado. na mesma ac('p<;iiO que o latini>mo tobelln, diminu1ivo gramáticas en>inam os fundamt•mos r- não wda a trama de
de tabubJ -V. Monurl, V. mágoa. '-ari<>dade• I" po~sí•-e•s funções d<" uma palavra.
Tacha, taxa - com ch, a idéia (• de "prego de cabeca chata". c: de: Outra locu<.io C'XÍStt', corrente no lingu~jar do povo, em -
"mancha'', "defcito'': t.íbua cheia de !ndtas; pessoa sem ta- pregada por ~scritorcs da estOfa de Camilo. Fi limo, Garrctt,
cha: tacharam-no de falanrc. Indica também o tacho grande, Castilho. Márto Barreto : tal e qual. "Cootdt•nadas copulati-
usado nos engenhos de açúcar. vam<'n tt· a> dua> palavras. nenhuma tlúviJa 'e viu em a~
308 Talão Tão logo
cuordc:-nar lilml>ém di~JUnliV'amrnu· por me-io da ron)uncio farníli~ eram designada$ por vocáb ulos tirados da mCStna
ou'' - ~o palavra' dt· Bo1dho d<" Amaral - ,. dai rt·~uhou língua , o que tende a estabelecer cert.1 identidade de ongPm
a fra>t· tal ou qual. A dill'r ~n<a t·mrc:- uma ,. outra lorutào enrre da~ ; ou, o que é mai~ nolávcl, essas dcsignacõe> indi·
t'\t,i e·m tal r qual tiT Jd (•t.t tk <·xa t idão, de n~o1 , t' tal ou qual rnn~ Ô<· rn odo incomes1áwl o p.!rt'ntl'l•(O qut• as unia a to<h".
c.lni~nar simplc:sm<"tllc:- ap1·oxianarão Tup1. lo rmado da palavra trspá, rra a tribo mãe; tamuw ou ta
Talão - A quem consul te dttionários amigo~ a palavra ttJ/ào já moio. au6; tuprrümóJ. rrelo>: laba;araJ. cunhado;, e algum ourro>
apre"~ema ~ignili CJ\OC) diversa•; {• cmpregac.la em sapataria, ffidiS.
em ahci<aria. em náu1ica. em agricultura. mas sempre a in- Tampiio - O liu o de existir em lrancb tampon e a possibiliddd~
dkar individualmente um ObJ<'IO singular, iwlado O pro- IV. aK~nles, Dic. Etimo lógico) d~ •~r sido essa a ongem cb
grrs'IO deu-Ih.- <~plic.tcio para imemos no, os. (' passamos a nossa palavra autorizam -nos o pluraliJJm~J.
\I'-la <"mpregada, por mcúfora, em arquitt•tura, em auto mo- Tampouco -Tem por si valo r ntgativo, t' pospõe-se a. scntenca'
bili~rno. em rnú~tca, <·m anatomia, em conldbilldade, até de SC'nlitlo negativo; não se vã acrl'~c~ntar um não o u um
qut', pelo mesmo priXI'''iO de t-xren.~o de ~ignilic.tdo," pa- nrm. rotnu :i' \'t'21"\ S<' vt'; o corrt·1o r: " Não concordt'i tom o
lavra passou a tt:r t.lmb(•m 'ignilicacàu cuktiva. A dcllnicio projt·to; tampouco aceitei as nova' sugrstões".
q ur se t·ncomra no Aulc-tt• (l'ane de recibo ou tlt· dorum<"n- Nàt1 confundir tamprmco com a rxpn:ssão tão pollCO: "F.m
11> q ue o reproduz ah1t>viadamrme e que dl' ordinJrio se cor- tão poU<"O 1cmpo" - " Nunca li~ uullo p<>rtàopouco".
l.t ou •epara fi cando com d e a pessoa que reccbt· ,. com o r<"- Tànagra - Q.uer próprio (Cidade g1 "Sll C"m q ue se faziam está -
nho a que paga. ) pa)~U a )('r copiada em dicion.i1 io~ no,-os ruas q ue também lt>vavam seu nome), quer comum (genuo
e· au·· cm livrm ti-cmco• de uonomia e linartl'3). Mais amda: de p.í~$3ros a <(U<" pcnencc o l.utgarál, o nome é pro paroxi
l'a•<oOu a mdiear "hle,..o", ou ><"Í•'· rC'\'l'\IIU-\l t.tmhi'm de· ,;g- tono.
nllicacào colt>tiva. SC' "tal.io de rifa" indica um paptl, uma Tà.nger - Provententt' dessa forma, o adJCIÍ\'0 párrio é tongmrw.
tulhd, "Gllão de dwqu<'~·· expressa hoje "coujun1o de fo- mas du nonw amigo d o país, Tmg11, tl'mos tamuem llngJiantJ .
lha\'. O Mt>lho~;unento\ ún1co que o fat chC!f<t a usar Tmgu t Thtgitd.nia são formas já l'xis1cmes no lal1m.
a palavra "bloco" na quinta delinicào de lalào : "Bloco cons- "Tanti~simo" - Só os adjt:livos ê regra geral- são suscecí-
IÍiuido por folhas p1cotada~ ao mdo e com dill'l t•> iguais nos vC'is d t' graa >upt'rlati,•o , pois s6 eles encerram idéia d<.> qual i
de> i~ lados, um do• qua1~ tic.a arqu1vado, c o ouu o~.- c>nrrega dadc, a qual pode ,., ... ell:"ada l'm >Ua significarão. Dai a 1 a -
<orno prova, geralmrntt' de q uitacão de dívic.la ou rcct>hi- â.o d.- não >Crem aceitos na lingt•agcm literár ia >UjX:rlativo'
mrmo de dinheiro" como rnwtlmmo, tontúJimD. O pronome adjetivo n.io compor -
Chdmar hoje " tal.1o" um bloco de chequ<'> d l."t xo u de ser 1a v-.sriatão gradual. Pelo rne>mo motivo. condenada ~ a
tl'imo~ia ; o histónm, ,, vida ela pala'Ta n.io no~ JWnnae a exprcs-.'lo "coitiui1114 nenhuma", <oler.tda <~penas em lingua -
o~"im constderar \''""' prO<edimemo. ()('txerno' o "pacD dt" gem ta~Ctra; substantivo~ n.io tcrn >uperlauvo.
p.tpt·b w lbos" param Vlg.tri~tas. o "par.otr df' inovacÕI's" pa - Tanto como - !:. locucãn <"Onjunuva ad itiv-d: As numero""~ via -
1,1 o' polilicos. t· acem·mo~ o "talào de che-que," para o> gens qui' S<' I'XeC\Itaram lbnJo pclm cristãos cDrno pelo> árabt\
ro•n·ntistas dt· ba nco . - Tanto ele como você podem s.:·r d ei tO>.
Talher - Coletivo: bmxtla . Tanto (tão) quanto - Q_utmto podr ser e•mpn·gado como corrr
Talvegue - Aportugu e>amt'IHO, j.l c·ncomrado em u>do o dicio - Iativo dt•tan/Q ~também d., tão: E>tc livro lb.lllD ma i> irá ~ndo
ll.ÍI io. d o alemão thalwq,. indica a linha ma i~ profunda de aprec-iado f{llOTIIo mais for ,,•nrl o lido - Mostravam- se tão
' "" 1 urso de água. de um ,•ale : a !Tomf' ira .egue o ttJlttrgur orgulho~• c imoll'ntes quanto a1é então foram abjf'IO~ e u-
do 110. mido'-
Talvez ExÍls<' o ,uiJjuntivo <(u.tndo prccede o \'('1 bo: TtJl•-r: ha- Nem 'iCmpre o tanJo é <:xprt:s>a: H.í mulheres que. quantl'
;a conH•ni<'ncia. IX·ixd o vnbo no indicativo quo~ndo pos· mat) \(,r,
l'm do> marido,, ma" n< am.tm .
po~to: /lá talt-r~ corwenienna. São raro~ os exemplo, de:" Tanto qu~ t locuciio conjumiva que: >ignifica "logo que"
comrrueÔt's com o vt'rbo no indica1ivo q ua ndo talvc: <> amc·- "apen:u" : Tantc qu~ os homens virem que o cas1igo não ~;.~r­
n•clc. da, nem st: dilata, lo~o todo> ob~deu~rào promamc>nlt' t: ;<.'r-
Talvet que- t locuc·ão CJ"'' M:" encomra em vário.\ mr~rre~: Tal- virão " Ot•us - Tanto qtu snulw que a rait\ha abalava ..
l/ta qur ingldrios, ma s d o iraclos, aqui me aguardem - Talun - Tanto qui' desperto pela manhã, renovarei o ~;ti propóSitO
qur n;:io rard(' a grat.J dUI 0 1 d . Tão como, tio quanto, tão quão - S:io locu(ôe.s carae~edsti ­
Tamanduá - Voz: bufar. roncar Cd> do, comparativos de igualdade: Allrmo u-'1<·- lhe que dt·•-
Também, lio ~ - Numd só palavra i! conj uncão (Ele- soube-. ta m ulhrr nasceria uma des<enc.lt:nc1a tão numM"osa ronw ~'
tamhtm scna rt'prO\ .ldo ...-não soubess<-1 o u adv<-rhio I Tam- t•screla; do cru -
Ele é t4a enérgico qUtJtllo o irmão - É tÕ•
hítn .tlil. imdigc>me quão estudioso - Era tàD formos.. quanto boa,. e>-
Não dt'\·ernos m nfundir com a exprCl<sàO tão bun
l"o esci molt:r.
rcio bem feito que mert(t' ~c-r publicado !dt- !31 forma hcm ki- Tão logo E.m: "Tão logo não satr<:t" - lDgo é advérbio qu<
10 q ut .. .}. vt"m modi liwdo por outro advérhi o, loo. Em: "Tão logo· ter-
Tambor - Barulho : rufar mine o traba lho sairei" - tão IDgo {: lomcào conjuntiva <"qui
Tâmisa - Nome exi~ll'nl t' de•<ck o tempo dos romanos - que valente a " logo que", "ass1m que"
unham as forma~ TamriH r Tamtln. M>mpre com .r.ct'nlo tôni - O Voral>ut.irin O licial br;Hiki ro, t]u<.' l.tnto <·nlei1ou no'
<o na primt'ira ~íla.ba - j.i ,.;gora boj<' com a pronúnci<~ cer - 535 pala\ Ta> com acentOS etrCunnC'XO> l" COffi hift•ns, prcncl
l.t <'nlre nós para indicar o "fath<T T hame.-· com hifcn "tão-só". "tão-somt•nw··. ma5 foge de dar "t.i.o
Tamoio - Segundo no~ adtallQ T<"odoro Samp.~io. r
tafllhlo logo" ul'e' para n.io incorrtr na mc.->ma extravagàncid d..
l OI ruptela de tamma, qur em eupi -guarani quer d11rr at·ó. h_ifemzadio ~ifen a l_iga_r locuc<k\ adverhi"i'? t exrravagàn
T al era a dt'signacio dr " n umero>a nacào dt· inc.lto~ bdi- era e <·rro, po" o propno fonnul;lrio rcu (observac:ào 4 d.&
rmO\ - S<"g1mdo o Oi ctonâno Geográfico do 81.1\il - que regra 46. 1): Como as locuc:Õe) não L<'m umc.lad e de S<"mido
domlllavam a costa do 81a~il dc·)Óe Cabo Frio ali' aqui·m de os seus t'lcmentos não d C'vem ~cr unido; pot hifen, seja q~•al
Ulm tuba e d urante o ~éculo XVI in,·adiram pnr vá r"Í<U vt.ozC> fo• a t.t iCfo:oria gramatical a qut· ela> pt>ncncam.
as vi la\ de Santo• <"ele· São Viccmc". Os Glmo io, fm.trn ;em - ClaiiJ est;í que não dt"Vemo~ ('nfeita r a locurão " nada tné'-
pe<" aliado~ dos franccsc~ quando t>lt'> estivuam por algum nos" da pa\\dgt:m de Bemardt's: "E ck. nada menos confia-
u:mpo d,. posse do Rio d(•Janeiro, lendo sido vt·ncldO> por do. n•\pondcu''. Nem nó~, nem o rdator do Vocabul.irio
Mm1 de· Sá e Escicio dt· s.i ern 1567. A pala\T3 tamt~~o. segun - nem l"lll "nada meno>", nem em "tJ.o logo". nem em ''tão
do o cn•dito Wa1 nhag•·n, "gn1fio avó. aM:mdtnu. anlrJHl!wlD. só", "tão somfntr". nrm em "ut.tcammtc só''. As vtntl t"
Ma" !'o;clal't'Cimt•nto~ 41110.< cnconrramo> <"m Con~-aJ,es Ire'' rl'!l'•" dC' lufçnizacào d o Forn,ulano Oficial for.un "''U·
Dias. n'O Brasil r Oc!'âlll<~, o nde <;ele: T odas a~ rribos cl~ta fiocnte\ para <"nfeuar nossas palavra~ e locucões c:om ('<'<'
Tapa Teaúcolor 309
balangandã lpa lavn esta tão importante e tão querida do TartaJUga- Masculino (regionalismo amazônico): capitarí.
seu relato• que ele, como bom baiano, dela apresenta três Tato - O u tacto; o Vocabulário Onográfico consigna ambas
variantes: barangtmi14. btnngu.rndim. brtgutndim). as formas, pois ambas as pronúncias existem. Não deixemos
Tapa - Na ac<'pção dc- bofemda, golpe. ca~ ao uso fixar o gê- de notar q ue par.;; o vcri>o a fonna usada é lalear, e somente
nero desta palavra de étimo incerto: por mais quC' muitos esta o VO nos apresenta, o que indica a predornittància da
dicionários Ih~ atribuam o gênero feminino, o uso, cnm? nós forma tato para o substantivo.
brasileiros p<'lo mcnos, dá-lhes o masculino. Taru- V(lz: choramingar.
Ê dl' dogiar o p•·oc{·dimemo de Domingos Vieira, que dis- Taxa, tacha - Com :c a palavra denota "preço fixado oficial-
crimina os signifi cados dessa palavra conl'ornw o gênero; dá- mente para a venda dt certos produtos ou para a execução
lhe o feminino quando 1ermo de alveitaria e de arrilharia - de certos servi<,'O> P,úbl ir·os: ta:<a d'água. Entra na~ expre> -
e dúvida aqui não <"xiste- mas, ao dar à palavra o significa- sões "taxa de j uros' (pcrccmualidade do juro ou prêmio do
do de bofetada, de golpe, coloca: " j . m. ou f". dinheiro), ''tax<J de câmb io" (relac::ão de moedas de dois paí-
Se h:xicógr.tfos a ele posteriores cscondl'ranl o problema, ses), e, por extensão. "taXa de marricula", "taxa de inseri-
este pcrdur.o e pt>ndt· para uma solut·ã o difcrt'm(' da por eles cio" .
pretendida ; o gcne-ro mascuüno. repetimo<, (• o predomi- . Impropriedade- que at<'- nos orcamr:ntos brasil<:iro~ era
name entre nó~: foi um tapa com luva de pelica. admitida - é confundir l<1X<1 com •mfJoJIO, comribuicão esta
Tapar, tampar Nada de confusões: tampcr ê "pôr a tampa", obrigatória ao estado para ocorrer a despesas ger.us. como
ou seja, colocar a peca com que se cobre um vaso, uma se dà com a contribu ic,ào do imposto de renda, do impo>IO
caixa, um estojo etc.: tampar o bule, tampar o ('~tojo - <· dai predial, do impo>to d<· consumo.
dr>tampar, tirar a tampa. Outra é a palavra, e dl' compreensão facilitada e geral, se
Topar (: >imple;mcme obturar, eliminat unt va.camemo, escrita oom ch: prego, brocha, mancha, tacho grande. Tam-
impedir um c~amemo. Falando dt garrafa, rk panda, po- bém com a sigJlifrcação de dtrttadura vemos em Camilo: Com
demos tampd- las como podemos lapá-las, mas o <lUCé fecha- a tacha ai'Tt'ganhada para quem I he diz graçolas.
do, obturado, imp(•dido de deixar vert<'r, de rt•ver, lapa-s~ : "Taxa de $1:niço" - Duplameme inaceitável a express.1o qur•
tapar a l>ocJ , tapar o galinheiro, lal•ar o~ olhos, tapar o cano, v<·mos <'m comas de hospt·daria> e dr restaurante.>, já por
topar a cárk, tapar buracos- e daqui dt>lap!J;r. deixar livre a não impliC"df idéia de tributo ou de acréscimo de valor pr.;-
s<~ida. o tluxo: dtjfapar a tornei r<~, dr;tapar a v:llvul:\, de5tapar visto em k i, já por não corresponder a s~>rViço. Para abrir
o (Ora cão em b~nefrcencias. uma garrafa de rcfrig('rante cobram-se trinta cemavos; pm a
Em resumo: Q.uando cabl' o verbo tampar. pode cabet· abrir uma de uisqul.' - :.co-viço muito mais fácil que o ante-
igualmente o \erbo tapar; o erro c~tá no crnpr<•gar tampar rior - cobram-se sessenta cruzeiros. O valor cobrado d~ixa
quando só cabl" o verbo rapar, ou ~ja. qu.mdo ttào se cogita de ser "de scniço" para str "dt pilhagem'' ou dt' coi,.. pa-
de Limpa: Taparam-lhe os olhos com cspn adrapo. recida - e dela p<lTticipam ourros que não efetuam 5C'l'VtCo
Tape. tripc - Portuguesa ou inglesa a paJa,Ta tGpr' b adjetivo algum - mas o intf'macionalismo hoteleiro e o patronato
no~so (relativo aos tapes, amiga tribo guar..ni do Rio Grande empresarial ttào permit('m a substituicio do adjunto.
do Sul), e e ingle..a, qut- se pronunôa "teip" (fitd). Tal a di- Taxeonomia- To:ctonomia.jrajtolcgro, /e.xtologia são palavras que
vulgaçlo da segunda , que já é hora d<: aponuguco;;l -la t'rn se escrevem com ''e·, pob o genitivo do primeiro elcmcmo (•
casos em q ue já não cabe o vernáculo jittJ, como <'m víd,o- em grego "co": {· tão enganoso "ta.xinomia" como enga-
tape. Da no tida: "A Coordenadoria d<' A~sist~nda Trcnica nosas e arrcpiamn são as fot~llas '' lexilogia", "frasilogia"
I megral e;tará aprese mando progr<una> de tclcvblo colo• i- (nos próprios dicionários gregos a forma cumignadil <·
dos, dc\tinados a agricultores" - dedtll-se cl:1rarnenre que jraseo/ogiai. Não há fugir para invencões como "ta.Xonornia",
é nece>>ário aí o estrangeirismo; a CATI está produzindo Hlex.icologia".
uma fita . 1:. a~srm : tocador d ..fita . gravadot tk jit1.1. fito vir- "Táxi"' - Taxt, para indtcar o automóvel de aluguel, seria me-
gem. a 1V apresemará fitas especiais para agricu ltor..\ . lhor grafia. a t•xcmplo rle Jllrt, mcofllinmte. 'lue em ourro'
Tapir (anta)- Vo%: anobiar. tempos vigon.v"m com "i" final. Palavr-~ internacional
Tapit - (._ portugut'' legitimo, proveniente do g. ego. esse sinõ- como é. não attita lacilmeme modificação. ma~ dev<' pçlo
nimo d<' tap<'t<'; encontramo -lo em Vreira : O aposento d<' menos adaptar-se? às «:gras vigemes de art'ntuariio
~ua ahe1..a pclo inverno tinha de mais os tapt:.tl. táxi- com acento agudo no "a".
Tapizar - Dt' tapit. forma tm ourros tempo~ usada por tapttr. "Tchecoslováquia" - Forma não correspondente;,, o~u\ tle
remos ,unda hoje I<Jfn~ar: " Folha mona qu(' tapl!ll a~ cam- prosódia ponugu<'sa. Com dl deve iniciar-se o nome. V.
pas" - "A~ ruas dt' Matào ficam tapiznlÚl.> n.. P..i....va". Cheror/qváquúl.
Taquara - Coletivo, quando em conjunto e bt'm unidas: luu- Tecelão -feminino: lmloo (d). Ê a únrca forma regiMrada no
tido , rifJOdo. Bantlho: tJtalar. estourar. vocabulario oficial do Brasil e no de Portugal.
Taralbão - V01 : piuar. Ttcer - É uma das palavras ' lue obedecem ao capricho do erro,
Taranta, tarântula, tarantela - Taranta (: a forma <'ncomrada c:onsagrado por gera!'ÕCS inteiras. TecrrJ·amais se justificará
l'nl Mor,. i; para dc>ignar a lMântula ou tarlntu/a (dc;ignacào etimologicam~nte: u x do latim tixerl! cvctia ter dado ou
c·Ma \Tudita, da Lyco>~~luriniula, nom<· {imtilko rk C<'r ta ara· x. como de "sax.um'' sei.~o. ou, com igual acerto, doi> .11 -
nha abundante na região de Taramo). Do nome, o v<:rbo twer - a >emdhc~nça do franccs limr e do italiano twert.
aJarantur->t. qui" significa ficar nervosamente eltdltado, con- Mas tantos são os nossos verbos terminados em "" qut· a
sequ~n<ia <.b picada desse aracnídeo, e o cognato raranu/a forma uur se consagrou gráfica e prosodicamentr, como
!paroxítono), proveniente do iuliano, por comparação da (segundo nos adianta M:irio Barreto) revela a pronúncia d<·
dan<·a com o~ saltos que dá a vítima des5a aranha , ou por- Trás os Monte:..
que, no dizer de ourros, com essa danca se combaua a letar· E.m derivados de formação erudita dever-se-ia dt'\prezar
gia das pessoas por ela mordidas. a forma com < e empr~ar a com dois ss (ou a com :c quando
Tardar - Seguido de infinitivo, a este se prl'ndc dassil'ameme o radical fosse laúnol. Assim é qu<' a ucidua/ (ne-ologismo
com a prcpo)i<~o rm, hodiernameme com o: Ek não costu- médico) seria prt-fet hei, consoa nte fazem os italianos, tt~­
ma tardartm re;ponJn - Por que fardm, rm iruplorar a mise- turat, ou seja, mats aproximadamente ainda do élimo latino,
ricórdia do nosso Deus? - Pouco tardana tm deixar pelo trxlural - org-c~nita(ào ltxtural das fibras - ao lado dt• tt:c-
oceauo a > praias européias - Torpor que não tardava em tua!, de idêntica origem ''"" dt• signi ficação já consagrada c·
ser outra ve1 i•lrerrompido. distinta.
Tarde vc:nicntibus ossa - Expressão latina qut signifka "aos Tecnicolor - Podt- sem dúvida ser usado,. mas como o accnro
que chegam tarde, os ossos". Os retardatário> qut• sofram as correto - téet~ico/6r - a exemplo de tricolor, aurico/Qr. Não
conseqüc'ncias. nos esqueçamo> de qut• tt'Tnos a fom1a panicipial: filme ur.
3 10 Tedéum T~nc;ão

'litolond.o. V. bíc11lor. "esta vida", " nes1a terra" são redundàncias que se expliram
Tedéum - A expressão latina "Te Deum" encontra-se apor- pela forra de exp•-essão; têm na índole da linguagent o u na
IUgue->ada no voc;tbulário oficia l de Portugal eom a forma vida do idioma a origem; nJ o encerram conceitos filosófi-
ltdiu. m<~s somemc- Laudelino f• ei•c a cons•gna, e di• ser cos nem confessam princípios religio•os por pane de quem
forma popular; prt·fen.> ele, como outros, trdéum. Sem hífen é as profere. "Não te11ho t<:mpo matcriaJ'' equivale a : "O
realmente a melho r tor!llll, com o plural tedtwu. V. 1llilmo- tempo de que poJcria dispor está todo tomado" - e nada
randum mais..
Tele ... - Prdlxo oue se junta sem hífen: ttlbnelro. lLÚÕ>l~o. 1~­ Temporãos - Sua consulta, que prima pela delicadeza. revela
lwismógrafo . O ' 1e" da primeira sílaba tem em estados do sul a um tempo capacidade de por si tirar :t condu são do quf.' se
pronúnria fechada ; como não dizemos tll<grama nem i!lif01lt passa com o plural de tnnporão. Na cirada observa<;ào do ~
nem lilesdpio. não devemo$ dizer tilrorsâJ>. likcomunicacõo Se 216 da Gr.unátir.a Metódica da Língua Portuguesa só nos
dizemo~ 11/tfuma. a pronúncia correta t têlncopra. fa ltou >t'r mais explicito, ou melhor, dizer que• o uso pode
Telefonema - Conquanro a última ed ição do Aulete arribua a tornar quase obrigatório um plura l que discorde do acusa-
<"$S<' substantivo "gênero masculino e feminino" (as ediçà<'s tivo plura l latin o.
anteriores danm- lhe só o feminino) devemos constdcrá - Q..u ando há escolas c professores que desejam ensinar, for-
lo mas<:ulino. O composto conserva eruditame-nte o g~nero mas flexionais mantêm-se llrmcs, qu('r de nomes, quer de
do prim iti vo; se fonema é masculino (e masculinos são mui- verbos; q uando o contrário ocorre, a> fugas adquirem vida
ros outrO\ nome• de oril(etn grega terminados em md: paralela à das formas corr<:tas; não í• o q ue se pas>a com
fJIH'mo. uormra, eptgrama, tanna ...l, igual geMro tem o com- vulc~> ao lado do plural à latina vulcãos! Dói-nos ouvir ada-
posro: o trltfonrma, dms tekfonr.maJ. V. grnma. dô(:;, co,.r~mÕfJ. rnas o que ma i' 110~ cn1 ristc·c~ é a c."'nlprovac iio
Tdevisionar - É a lê.ln11a pr<·f(•rivcl : A partida va i ser lrlwisio- de que essas e outras flexões nos rrazcm da falta de ensino dt,
nada. Se o radical de vwo (: visian e ll'tnos visrmwr. não deve- nosso idioma.
mos fugir de ILlroUiofUlr; é forma que comporta com facili- A fixação do plural de atordo com o latim dá-se com no -
J aJe e narural id;u.k derivado>: tr/evutonammt(l o u trlevi;iorur.• mes terminados no acusativo plural crn anos, a""'· onE,. T~m ­
(rio, para indicar o procrs'o ou o at<• clt• televbionar (o canal poranrom. i. forma substantiva consignada també·m no
X t t'tn um ttlroi>ioTUJmmlo •m•lhor - trltt•rsionammlo t"111 cort» Caffiot. tem porém tenninacão diferente dess;•s. o qur difi-
- a tdrvlliO,lll(àa do jOgo); trlrvisionáno (pard tndicar o que culra <'nquadrar o plura l po t tugues na ci tada orl<'ntaçào.
assiste p<'la televi>:io). D('mon<tracão d(· t-rudi diu (• o fecho de sua w nsuha : "So-
Telex - O uso impõe a adoçãu do vooil>ulo . O plural, a s.:guir mtme a forma tnnporÀOS t correta ? A forma ttmporOES ê
a regra de plurabzacão dC' palavra> terminadas em x. é in- pelo mcno~ aceitável. ou dt"'o«' ser pro~crita?"
variável: doi> tekx. Não chcgaríamo~ a di~t'r qu~ som<"nre a forma lnnporÀOS
Tclócito - Por ser brt"Vt o y (i na ortografia oficial) do elemento é cor-reta. Se pc:noar assim é cn ·ado, veja-se o que S(" pasça
q to. os 'ompostos que por ele terminam ~o proparoxi- com o Aulete. Quando Domingos Vieira 0872) con)igna o
tonos. plural à01- no que é segmdo por Goncalvt> Viana (1911.
Tdófase- V. andjaJt. por Rebelo Con~alves no vocabulário oficial de Portugal
Tem, têm - A tercdra pessoa do indic:uivo pre~ntc é !ml, >t·m ( 1940)- nosso incompanível Ca lda~ Aulete consigna: ''Str
accmo quando singular: ele Um; é Um, com ac('nto circun- doJ TEMPORÚ ES. ltr dos qru jtW:111tU C(lliOJ u!ÚJ. ilfiS primnroltJ
llexo. quando plural: eles t!m. o, compo>~os dt ur crv.cm chegar".
aremo agudo no ~ingula.r (de mantim. ele obtim, d e ret.im ... ) Pois bem; esse exernplo é o m esmo de Domi ngos Vieira.
c o mt•smo circunflexo do pl ura l: dcs manUrn. dcs oblhn. mas - é de admirar - Domingos Vieira tral TEMPO-
eles rdh" .. RÃO$. Q uem alterou o plural na reprodução do exemplo?
Por qu(' essa distin<;ào e prcferéncia de acento circunflexo Poderi d ter sido o ~ipógrafo, o revisor?
a do i> rr? O n imervorá lico das palavras latinas, quando Se de mste/.Õb. que: em latim é adj<·tivo da primeira classe
vindas ao ponugucs por drrivacão popular, xcra\memc cai. (anm. ano. anum) . trmos o kminino w>lr/à <"o plural C(l'ttlík·
Foi o que aconteceu - a <:xetnplo d<' coenam, ceia; colmam. por qut' admirar-nos da moditicada t:ranslitcra(ào do exem-
cadei.t; mmam, arda, palavras em que o i aparece ap~nas plo de Domingos Vi<•ira?
para d(·i to eufônic:o - rom a tertc•ira pes;oa do plura l do O uso. se é qu(' o~ dicionários cit.. tln> a ele correspondc111..
vt·rbo la uno lhltn: llnilll. pode ol>rigar -nos .10 plut ai ltmpt)rÀOS c, _al<'m do uso enrre
À tlut·rla do 1 final ~guiu a do n, dando a lonna analhica nós. o til~tdhano ttmprANOS. ma'> ttrnpvrOt< tt•m o apo1o ti,
trem. ma o; esta como no ca~o do a cra~rado (à), antiganwme Aulete l" da analogia com porõt! e da tcndencia da plur:oliza-
!,'T<tfado IJa - c:omraiu-se, r.-cebendo o e não o acemo agu- cão em Õt1 da maioria dos n<1mes em õo.
do. como no cxt·mplo ei rado, mas o circunflt."xo. o qualm - Trnaz- Superlativo sintético; lnuuíuimo
dtcar:i não a na"'liacilo, 1.i indicada pelo m final . ma,a - Tt'nça. tensa - Tmca. com c t'cdilhado, é palavr~ que ind1ca
quamidade: "não a nasa.li7ado" - tlizemo> - porqu~ há 1. a pensão vitalícia que os reis davam aoHaval<'iros por ~r­
qul"rn aflrrnt• >l'r tnai~ lógica a IÕrrna ,,:,m. com til. l'omn ~e o viços P""'rados; dai a significarão de "'acào tlc :.u:.tentar"
m df" nada valesse em portugu~s. f. assim, quando plul'oll lor "'direito de ter a coisa como própria". "'Estar;,. tenca> de al-
u sujeito da oracão, lim é como se devt'rá escn:vcr. guém" ~ignifica '"viver à >ua custa". É seu sinônimo J>tnsão
Temeroso - V. pal(lvrru/nfrontt). 2. lugar em que a àncora prcndt bcrn: surgidour·o de.: firme-
Ttmplo - V. lugartl tÜ mito. ltn(ll . v . /mL"TIÇJ.
Trmpo do onça • e exprc~~'io familiar. cariuca. "O Onca" Trrua, çom l, indu:a o carro sagrado em que em cenas ~k­
dizia-se como .tkunha de Luís Monteiro, governador do nidaJe~ eram rrausponadas estátuas tle deuw~. e, em car-
Rio de Janei ro de 1725 a 1732. Indivíduo de inaracávrl in- pintaria. a !asquia que se tira de uma pe(:a d(• madeira para
tegridatlc. era por{m atrabiliário, violento e :hpero. donJe o csrreitá-la. Trrua é também a forma feminina do adjcm·o
apelido que lhe dt-ram seltS governados. ltmO.
Tc:mpo ma terial - O simples fa to d~ dizer uma p<'ssoa: "'Não Tenç:ào, tensão • Do latim tmtiontm, leTl(ào rem (c o m esmo §t
tenho ltmpo malmaf' - não implica ~··r a no,~a vida tamhi-m dá com intmção, rrunção, contmçâo) correspondência coro
tomada por outro tipo de durabi lidade. imatt'rial. Diltndo- mente, t'Spirito. I"Ontade; indica de~iy,nio, propósito ; a~$Un
lhe um amigo: '"1/rmumamrnlr não po"•o l<ltl"t is.a" - não to; divergência. malqueren~a.
lhe ir:i pedir o >en hor : "faça-o então divinarnent<:". São Com ;, essa t: as palavra~ correlatas prendem-se à fonm:
contraposições es~a, que 11:io no~ pa~>am pelo espírito. Ade- panicipial latioa ltnJllJ, do verbo ltndtre. lndira tenMio o e<-
rnai>, a vcmaculidade de uma expre~são não se jusufica pela tado do que é tC0'\0; dai, mú:sculo~ lmwm. Juperlnuão. tm;;.
possibilidade filosófica da exprc.""Ssào oposta frases como nervosa. Enquanto tenlioncm se prende ao supino, ltn•ru
Tendência a Terde 311
prende-se ao paniápio passad.o . No ver~te contenção ficou cá1edras e até em livros a ensinar e a doutrinar ao arrepio
explicado o porque da diferenca de grafia. dos mais conceituados e dos mais alto~ representantes das
Tendência a- V. amora. nossas lc·tras; escritores podem incorrer em distrações - das
Tender - O verbo tender não pertence ao grupo de verbos que quais nem Homero se livrou. - ma~ quem, em vez de apenas
seguem a regra dos particípios duplos; somente a forma empregar uma expressão. uma regencía, urna concordância
irregular - tenso - continua com timf,ão panicipial; a re- sob o cochilo do cansaÇo, faz da expressão errada ou do in-
gular - tmdido - é adjetivo: bandeiras tendidas (desfral- compt'eendido comportamento sintático tema de ensino in-
dadas); ver a olhos tmdidos (esfor(ar a visra, à maneira dos lündado. deLxa de ter simples cochilo para cotn('((T levian-
míopes, para ver objr;-tos longínquos). dade de magistério.
Ttnder. paroxítono, é substantivo que desigrta a viatura Desde quando e onde descobriram certos professores que
auxiliar da locomotiva; é aportuguesamento j~ consagràdo a palavra que é preposição? Jantais pensaram des ('Jl1 que há
do inglés "tender". diferenç.a de sentido entre "nada tmlto de escrever para você''
Tenenç.o., tenênóa - Pn·ndern-se a(> verbo latino U111:o; Se em e "nada lenho que escrtver para você"? Jamais descobriram
espanhol é tem!ncia, em português a forma s<: popularizou em que uma é declarar "tmho de cultivar um campo", ou era "tmhQ
lmmca e, ainda mais, ent teença. c depois tell{a, para indicar ainda um campo (/1'( cultivar"~ Qpem estudou um pouco de
"posse de fato", "oeupacão de terra" ("Nen sobrelas latim conhece a diferença enu·e "mulrae litterae mihi stTi -
ltmças que ora eu tenho'' - Ltges, pág. 230 -A. 127 5 - Apud bendae >-unt" e "non babeo quod ad te scribam''. Nt>sses
Nascentes). exemplos, a p•~meira forma (ter de nos portugueses, gerundi-
Esquecidos da form<~ lentn(a, nossos dicionários passa•·am vo como tiatívo dt: pessoa no larino) denota obrigarorícda-
a consignar somente a fonna espanhola lmência. Ança c mça (k. "esrar na obrigação de": a segunda (ler q~e nos ponugue-
são variações sullxais d,· anaa c bttilJ (tittmça ao lado d,. con - ses, halure quod ou hahtu qu.id no latino) apenas relata a
corddncia; bauruamça ao lado de bnuficência). as Cjuais ficaram existên<:ia de coisa por fazer, de coisa que ainda não foi fejta.
explicadas no verbete parecmça. A variação popular lenço é Erfl utenho dois ll\TOS qur tr.adutir"\ (\dois livros'' é objeto
desde Morais encontrada nos d icionários com as significa- d iretO de tenho e antecedem<· do rdaóvo que, objeto de tra-
ções do ressuscita dó leníim:ia. V. Unça. duz.ir.
Tenho medo que, tenho medo de que- "Tenho medo (t(·mo) E.o;ta passagem é de Rui: " ·Pela nossa pane, nada temos que
que ele sucumba" - "Tenho e>peranc-<~ (espero) CJUC de seja objetar" . Tão t(·rto <.' tão comum i: o que quándo pronome
<tprQvado" - "Tenho certeza (asSt:guro) que ck wrn" - relativo ante:,. defau:r {"~Tc...nho rnuitv que faz.er'·) que cl ''que
são formas de dizer comuns do nosso idioma, nas quais st- lazer" assumiu forca substantiva c passou a ter o plural que
vê que a locucão, conquanto não conversível em V<'rh? de jazeres. mas, repetimos, que tem aí u1n antecedente e, abrindo
igual radical do nome como no último ex('mplo, rem forca oração adjetiva, é objeto direto dejatef.
~ransitiva direta equ ivalente a verbo transiLivo rliTeto . Muito Em alguma biblioteca procure esse professor que diz ser
frçqi,ient('m('nte apart-e<: rlC:'~5<lS constt U(ÔC>, p•·incipaJmcnt(' qW' preposição o Torrinha, e enconu-ará em "rer": "tenho
quando o nome é precedido de artigo, a preposição de antes ainda qut· dizf'r (= pQSSO ainda diT.er): habeo etiam dicere,
da conjunc.ào que. rransfonnando as substantivas objetivas Cic. - nada tenho que re escrever: nihil habeo quod ad te
diretas em sui.Jstantivas completi,•a s nominais: Tenho !lledo scribam. Cic. - não tenho o que escrever: non habeo quid
dt que de sucumba - Estou com esperan~a de que ck seja scribam, Cic." - A seguir esclarece o dicionarista: "Tra-
aprovado- Tenho a certeza dt que ele vem. duzir pelo gentndivo acompanha<lo da forma apropriada do
Sem a preposição, a subordinada poderá s('r considerada verbo Jum quando ltr tem a significação de 'estar na obriga-
substantiva apositiva do nome que a antecede. V. 'I'" (intt- çã.q de', como: multae litterae mihi scribendae sunt- T<'-
granle, sem preposifàO tmles). nho DE e$crt-ver muitas cartas".
Tentamc - Tratando"s<' de palawas er\ldiras, o som do 11 final Frases como: Tenho o I{U2 fazer (tenho algo 1'" fazer) -
aproxima-se do som alfabético : cólon, hífen, dólrnen. Q.uando, Nada tinha que escrt·v~:r - são em latim traduzidas: Habco
porém, tais palavras passam" ser de uso general izado, geral- quid fadam - Nlhil habebam quod scriberem. Ai pode ver o
menre perdem o n final: mcijat(), léxico, germe. espicime. rxame. aluno o rdarivo quid na primeira oração, o relativo qlJ,()d na
abdome, certame, regime. dólmà, lenlame. A ptópria palavra cólmt segunda.
part:ce e<tat· cedendo a colo. Outras: Tenho (neccssidade) de fazer isto -Tenho (ne-
Teoria - Muito erra quem ao tratar de palavras de mesmo éti- cessidade) dt correr - Todos temos (necessidade) de morrer
mo delende, ou melhor, in~onsciem(:meme apregoa a dife- - já assim não se traduz(>Jll em latim, senão de modo muito
rencia<;âo de acemo só por difereme~ serem as signíficaçõt·s. d iverso: Mihi wrrmdum esl - 011111ilms moriendum esl, com
Q.uer signifique doutrina, sistema, princípi o, opinião, quer o gcrundivo em d•Jm seguido de esl, indo .o sujeito portu-
si.gnitique "grupo de pessoas em procissão", uma única pro- guês para o dativo e, quando o verbo for de predicacào in-
núncia tem a palavra teoria, pois é originária de um único t ompleta, o objeto irá para o caso por ele exigido: Mihi hoc
étimo, o grego theoria. faâtndum·tst- tenho de fazer isto. Mihi stud..'Tldum esl gramma-
Ter - (não significa existir) - Todo o possível devemos fazer pa· titat - 1enho de estudar gramática.
ra evitar o emprego de ler com a signili<:açào de existir. Não Q)1ando o segundo verbo for intransitivo ou, ainda, quan-
devemos permirir (rases como estas: "Não tem nada na gave- do não houver antecedente, nem expresso nem oculto, de-
ta" (em vez de: "Não há nada na gaveta"), "Não tem de quê" vemos empregar de, porqua)lto a idéia é sempre de obriga-
(em vez de: "Não !lá de qu.Y'l. "Não tem lugar" (em vez de: toriedade: Todos temos de morrtr - T('JllOS de lamerrJar o in-
"Não há lugar"}. cidente.
A corr<·cào continuada elimina o erro; acaso não dizem Observemos a correção de Vieira: " ... para se conhecerem
todos ~om a maior naturalidade, alfa,betitados ou não: os amigos, haviam os homens de morrer primeiro e dai a al -
"Não há vaga"? Assim está na porta da fábrica, assim o de- gum tempo ressuscitar". Como o segundo verbo é intransi -
sempregado relata a falta de sorte. Nã.o dizemo~ todos: tivo, emprega Vieira com a precisão de quem sabe o que es·
"Não há tempo para isso"? crew, a preposição de em ve-l do pronome qiU, ao qual ne-
Venha amanhã um locutor à dizer- "não rem vaga", "não nhuma função caberia.
tem tempo para isso" que o caldo passa a u·esa.ndar vernâ - Se não t~e a sorte de ter estudado latim - e nà(> sabe,
cula grossaria. V. 11M há vaga. pois. distinguir "habeo quod faciam" de "rnihi est facien-
Ter de- O tm' O acrai o ignorante como o crime fascina o apou- dum" - ou não tiver o Torrinha ao alcance, deverá o pro-
cado de compreensão; ignorante.s e apoucados de com - fesso•· ter facilidade de encontrar um colega de corpo docen-
preensão não só, mas desrituidos d e lógica, <k podt't' de ila- te que lhe explique a diferenca entre " I have to write a lener"
ção são certos professores. de português que st- atrevem em e "I have a lerret· to write". Pergume.Jbe como traduzir para
312 "Ta lugar" Termo...
o ingl<'> "te uho dt• acreso;n tao facm" c .. ((•nho fatO\ q ue to". "caber", "vir a tempo": O seu pedido não Imo lugar (nào
:trrrsc<•nrar". Loi ;w ol,riganio. aqui a infonnat'àO, (' <•n unl era .. tem cabimento; é inopor tuno).
<dO. Ter que: fa.tc:r - É francesa a consrrut'ào: "Nada tenho a
"Não di-;cuw a construrão inglesa nt'ITI a latina" - pode fazer", "Há muito> pomos a esclarecer". Três formas te·
rerrunr o pruf~~~r enganado ~ enganador. "o q ue dogo é mos para corrigir o barbansmo sint.iuco: "Nada tenho par
que em "ter que'' o qu~ pode "gmficar d' e, poot.~nto. o qur fazer'. "Nada tenho pora fazcr", "N• da tenho qur fazcr".
é aí prcpositào''. - Corno? pergunt.~mos; desde quando si- (S.546. n. I, b.)
nonímia acan•ctou cquipolencia de fundo? Oe-.dc quando Terc;ol - A grafia espanhola, assim com o a italiana. e a provável
olminacào lo i juStific;Hiva de erro? Q.1.1r procedimento l: esse t•timo logia lar ina obrig-,trn -nos a escrever te)m c ct·dilhado.
de inventar luutào léJOGt para uma palavra q ue está empre- Tc:n:Sôl, Tc:rc:sinha, Tc:rcsína , Tn-esõpolis - O étimo grego c a>
gada por ou!Ta, ou seja, de julgar que o tabeHào ao inventar própria~ tnnsformações por que passou o nome obrigam-
sobrenoml' p~rJ. uma crianca ju\tifiCll-lhc a procedc'ncia es- nos a esc:r<'\'er Ttrna com< Também rom 'o~ derivado s.
púria? P.,~u r~t.t a ser agor.t 3 funt.io do professor de por- Tft'minaçio graficamellle iguaL pr osodicamc:nlt difut"nte -
tugut's, ju>úficar trros. alardear wmo regra,; disu atÕ<'\, dar V. amamo<: V .jáfalilmo>
ao> cochilo> Ioro\ de acerto. inventar funcões como\(' 11\'~sse Termioaçio "oa" . V. mág110.
descoberto veo da de~? Terminologia gramatical - V. nommc/atura gramatical.
Esmdcmo> um pouco ma is o a~sumo e notaremos qut• não Termo ... - Elemento qu .. se juma sem hif<·n: tmnoterapümo. ur-
dt>vemoo realmt-ntc empastelar nem H'ntido nem funcào nas moantslt:.uta. ttm~urrtszs/tnlt. termoJJi.foo.
frases" nada lt"nhode fazer por ele" e" nada tenho (jUt: fazer Sabemo~ que m clcmt·ntos morfológico) de co mpostos
por de". A qul'm !altar la um, mglês ou outra língua em quc P.ro'1ndos do grego muuo freqüentemcmt• aprescmam um
.ts construcõe\ '>ào respeitada> e d('Vidamcmt· cnscnadas faz 'o" de ligação emre eles, q uer seja <'~se "o" t<'I'Tiático quer
bcm a leitura d~ Botelho de Am .. ral: "A fonna lrT qur usa-se não: rorografia (de coral. grolog~a (de gtl, latmrTódromo ldt• htmi-
quando ante$ do qUI! podemos subentender algo. coi>a, coua1. ra). Um o u o u tro elem~nto inicial mantém - na lguns casos
t qo é, o qut é um complemento direto c, pon a nro, pronome no próprio grego - a tt•tmi nadi.o a ou t : ttgurafobia, gmralo
r<'l;uivo: Tenho hoje muito lf"'
faz(•o -isto é, tenho muitas gia. amifora.
coisa• qur f.w:o Tl'r dt- comir.ua o aumr citado- empre- O guc causa estranht'7a ~ ICffm tirado ou procurado urar
ga-se corretamrmr quando se ;ulx·ntendem pala\'Ta> como e~,., · o" epenrético dc compostos que '§('mprc o tiveram :
numidadt. prral®. IÚJL)O. obngll(ào antes da partícula dt "Tt· ltrm«Utnco sempre se <'s<reveu até o dia em que Rebelo Gon-
nho dt partir agora mesmo", isw é. Unho nuwidadt dt partir. t.th<·~, professor de m uitos méritos m:u d<' cenas .-xtrava-
"Tmho IÚ tr:lbalhar para ti", quer diler. troho obngacão dr gància\ (pós no vocabul.írio de 40 tqolo, por IIJOIO, por pro• ir
trabalhar pdra ti". d<' TIJO) e incongr1.1ências (o icto pros<)dico dl' um compostO
Q.uando IC'rnO'> em Camilo (0 San to da Montanha): ''O ou der ivado deve basear-se na forma dcsinencial e não uo
Sl'nhor de Amiiks teve dt ir a 5ala rt'ccber o adeu," -\'Cri- êtimo), desfiguro u ~ompostos de elem entos grtogos no \'OCa-
licamos a corre1:1 sintaXe pon1.1gc-.~. Q.uando. poré-m. cn- buláno olicial portugur~ (tútriman em \'e'L de tltlruimà. gas-
conn·amos aq ui ou ali em algum clássico a construcào " rer trmtrnlt por gaslromlmttl, baseado _na exischtcia,. d~ Jlúzn-
que fa>cr" cm vc1 de ''ter de fa11•r'' , n:io nos sentimo> de for- tropo, dtmagogo. mtmarulna, crn que nao aparl'CC o o dt· li -
ma nenhuffid l'ncorajados a reproduli·la porque nM<.a •in- garão. Ora! Se umw. com o, figura em quarenta c sete com·
taxe a rc:-pde. Seguido de dt. o \'Crbo In- é auxiliar para indi- po>toç nossos, por qu~ virem r~;sores de j ornal turvar a
carobrigatoru:dadc, como auxilí;u é para o caso lraurr· Você grafia de doi~ deles? 7'm ruwlrtricidi.Ule c /t•mlotlilrico dt'\'CffiO>
havia dt ver a mcig1.1ice de minha neta( = voct dt-via ver, \'OC~ ('SCf('Ver
o

precisava ver). Pomkre-se ademats que certos dem~nto~ gregos são de


Aqui , para ronclu~r. um punhddo d<' t-xemplos. todos a on- tal forma usados na composicão de palavras novas que per-
drcar obrig.uoríl'dadt>: O sistema um dr abranger todos os dcm a tdentidadc origina I: f o = de dmco. de Jol.o. de ~ktro
4u~ arrnad,un - O caminho qut• t·ll-trrd dr 10111o1r - Vol- c de OUU'OS mais. Acre;ça-sc que a s excc-cões em que o ilustrr
tou da Escócia con\'<'ncido de- que lt1TIO> dt cammhar para a prolcs~or se baseou para desfigurar palavra) de forma já
rq~ional izat:io da a•~i ti'ncia mé-dica - Muit.a$ Vt'lt'\ tiveram consagra da constitucm -~e de compostw. já assim pro vindo>
dt chorar o< filho<- O Bra<illtm rir Sl'r uma r.tsa dt• gt·mc do grego. onde forJ.m niados e rinham às "ezes sentido qu<'
unida - A palcsrr:L trw dt ser adiada - O trabalho lrm tft não ch<'gou at~ nós. Q.uem se lembra de qul' demagogo não
~er íntcrrompído - Q_ualqucr go\'cmo tmq d<! fazer i~so ­ tem em grego o sentido pejorauvo que lhe damos em por -
Os bombecro< /tt'ff'il111 IÚ rrabalhar várias hora) - O índto tuguc''? "Moisés for um grande demagogo" é afinnarão
/Lrti IÚ tT<lbalhar a ,.;da inteira - o~ alunos liwram dt voltar ecimologicamentl' correta, sem nenhuma nota dcprrcíauw..
.h aulas - A prrll'itura lrm dt uttk'n or.~r- lndú\lria t"á dt poi~ muito demonstT<l sabt'f go,'f'mar o povo q ut'ITI mant~m
poluir mçno; - E'""' ernprco,a> /mio dt ser sodedadc) anô- uuon d(;'<l'rto e por quarcma ano~ uma na(ào q ue teve em
nimas - Se VO<"C trm dt ir, cu não - 1'trmun dr alt'Ítar l"SSa suas litões e experieuC'ia os pri ncípio~ de uma unidade ctcr-
proposta? - Nunca tivt dt lt>vantar-mr de noit<' - Twr dt ntt.
abrir o caminho Perdoe-nos o lt>itur .1 digressão, mas .u:citc o motivo: '<'
A freq üêncoa de mcidência não jusufica o erro. t' al~amar nt'ITI o sagníficado da palavra ê mantido. por quc ~ir-no)
<uspei(ào de t'rro impõe-se a quem do ensino fa1 prolis\ào. de sua forma nativa para m odificar compostos criados den-
"Tft' lugar" - "A rl'uniào terá lu113r cm Genebra" Nem tro do nosso léxico? Não ;, esrranhá\.el a coexistência d<'
(•m Genebo.t n<'111 em Lisboa pcm1ite a puret.a do rdio- TemoElitnco rom tcnnO•cópio, lrTmOJtátiro <' outros quarent:l
ma ~uc se diga "ter lugar" ('Om essa acepdio. O galici>- e tantos compo>to> q u•· não se enqua< lra m no pn:tt"'to da
mo ' ter lugar" dt've ser substi tuido por ·'"· dar· <t. rttllttar- <'XCCdio?
<t, t/tluar-•t, ulrbrar->t. vrnjiwr->t. OCOITIT. sucedtr: l St' isto Tt·c ><'-ia o prolessor R{'lx·lo apoiado t•m htmaulógr<ljo par.t
<uudtu no paraí,o, ci lora que .,ti senão o lflt'>lllO ? - urar ;a perturbadora conclusão onográlit"a? Como haima
Deu-;r comcgo este fato - O mars. q uando chegar a hora. termina t'm \'Ogal. <" pc-la mesma vogal comeca o .segundo
quando Dt'U\ dt>tenninar. há de rtailuu-se de um modo elemento, temos - deve ter pcnsado dC' - de- craseá-la•
ou de ourro - Era o tempo d<> tjrtuar-lt o ca~mt·mo - ou seja. de fundir os dois aa num só. Se thermt termina em r.
Su.crdtm-se cmão cl'Volucóe• - SemcU1ame dcsgraca pode e por r começa elitnco, a rcsulram e é um t cr.o..eado. Por qut·
voltar a ocorrtr. então, perguntamos agora . não consignou a forma radúótipQ
Tanta r iqueta de sinónimos ao lado de uou acacapado "ter por radioüóliflol
lugar". Exist<' "tcr lugar" em ponuguês. e leginmo, quando St'ja como for. esta pondcracão ~ impô<-: Se o próprrt
significa "tcr Cllhmtemo". "ser oportuno'', "vir a propósi- c-J.u)oldor da 100\'acào r~>gí•tra no ,·ocabulároo oficial de qu•
Tenno Textil (ê ou é) 313
fo i relator a forma iemroelicrico, que explicafào dar à adoção tela deve-se ~.alvez ao relacionamento com "aplanar" (aplai-
de um estropiado lennclétncó se não a dC" componamenw no- nar) .
vidadeiro? Terrífico • Superlativo sintético : temjicmtíHimo.
Termo . (é) - Com "e" aberto . é o aportuguesamento do in- Terso . É aberto o "e" desce adjetivo. que signific-" limpo. pu-
glés ''thermos", df'~ignaçào de uma garrafa destinada a ro. escorreiro: metal terso. esdlo lerso.
manter a temperatura do conteúdo. f\ palavra é grega, mas O deriva(io tersura <~ que {em o "c" fech<ldo, por ser agora
em inglês é que foi aplicada e regislrada (trade-mark) para vogal átOna. V. besteiro.
essa finalidad~; como marca, é considerada em ingles nome Tersol, cerçol - Com se sinó.nimo de ma:rw,térgio (loalha em que
próprio (TherrnoJ boa/e), mas é empregada com letra minús- () sacerdorc limpa as mãos q\1ando S<' reveste para di>cr a
cula na sua generalizacào, e em ponuguês é nome comum missa). Com c cedilhado é "humor na pálpebra".
c, por influencia do gcnero de garrafa. feminino. Dão -lhe "Tesaurizaçào" - Galiti>mo; nosso 'ubstanti,•o é mtesourarrum-
o~ diôonários o g(•nero masculino, mas o po,•o, que di7. ro. do verbo entesourar.
",;ma vogal" (por influ(·nóa de /rira ), "uma diagonal" por in - Tesouro, tesoiro · V. ouço.
fluénçla de linha) - e mais adjecivos subsrnntivados há que se Tessitural- V. tecer.
enquadram nesse procedimento - é coerente quando d iz Testa . Aumemaúvo: leslaca, teJ/ona.
" quebrei a ramos'', "prccíso comprar 01ilra t(Tmos". ..Testa dt" pome" - l'onre em ponuguc?s tem cabet;a, t: cabeça
Term()(!l('trico . V. lermo ... deve também o rradutor ter para nâo ver armada em arrnü,
Terno, parelho . O bra~ileirismo lemo perdeu a significação ne-m.1ambo ernJamht, nem I~Jla em tele. Corrija-se para "cabeca
primitiva de roupa de homem consLiluida de crês pan"s de ponle".
(paleró, cok•e e ca l~as), palavra que se empregava para di - Tc$tamentaria, testamentária · A primeira forma, <:Orn acemo
ferenciar· de p<trellUJ. regionalismo pa.ulist,l que indica roupa Lônico no i, é substanrivo ; design;1 "função, cargo de lesta-
masculina Je >Ó duas peça> Ccalcas e paleról. ''Você quer ter- memeiro"; "administração dos bens do testador". A segun -
no ou pareio?" - prrgumava o alfaia1e de uma vila às mar- da, propar'Oxítonà, (o adjetivo: "·dispo~ição lostammtária"
gens do Paranapanema. (prescriclo, dctt:rminaçào test;unçntai) ; " ag<·nte le>l<tmenlá-
Temo leml>ra-nos umeiro, o u(ro r·cgionalismo do sudoesce rio" (o que o cesrndor nomeia para executar o testamento).
de São Pau lo, introduzido p9r influência de população vizi- Teste . É o ato de provar, de examinar, de experimentar, de
nha <k línguá espanhola: ''rerneiro" ;, (> terceiro (vaca e boi v('rifkar o funcionamento, o comportamento, o resu ltado,
s.1o os dois prime iros). o eleiro; resta-S(' um motor, um aparelho, um engenho.
Terra. AI No semi no dc ·globo t<'rTe~rrr, com m imis(ula, Nos- um remédio, o aproveitamento de um en$ino, o grau, a
so vocabulário oficial mais do que silencia, foge <,la dificu l- rapacidade.> de intdigi'ncia, d,. aptidão. Veio -nos a pala,'Ta
dade. pois ao dar t.>xemplos de uma regra que .e ngloba gente, ·do ingles.
bicho, religião, polílica, miro logia, astros cr alia {cap. XV I, Testemunho, testemunha · Quando o subsLami,·o cslá por
an. 4.9, 2çl, limi~;a-S<' a dar um único exemplo de p laneta ao demonstraçiio. a forma em o: "Foram selecionados 19 pona -
ci1ar " emid,tdc> a.:;tronórnicas": Vhtli>. Talve1 por lht· rrr si · dores de art·ccào ('Oronária COmo lt'.<lemttn/10.1do mecanismo
do Vcnu' mais familiar desprezou a terra, o sol (' a lua, da ação do frio sobre a angina do peiro" . Com a s·ignil-icacão
mas não wmo> receio de afirmar: de " assistemç ou conhecedor de llm fàto'', a forma em a:
E.nquaruo os demais planeias s.'i.o todos esc.- itos com inicia l "E além do> que nomeei. será hoa tejtemunha Luís de Sousa,
m.aiúsru la, este em q ue hab itamos, bem como seu sa1éli rc f' v que nos viu neste auto" .
próprio mrpo celes1ial de que recebemos luz e calor, s.'i.o
escritos com minúseu la. Suas designações aceitam e exigem Testo, texto • Ambas as palavra> têm o c fechado, mas com ·'
m.ai.úscula >ofl'lente quando são esses corpos enumerados, é tampa (Je barro ou de ferro, de vasi lha de igual m<~terial),
rdacionado,, arrolados com ouu·os nomes astronôm icos. çamada endurt>cida de ru ligem, rormada na pane externa
fora desse t-aso, nt·m a Bíblia, ocm d icionário nt·nhum es- da pa11ela, casco de cabeça de boi. Com -~ é rratado, lhTO.
creve fe·r ra. lua, wl com inicial mailiscula: Do senhor é a terra passagem de lh~-o. pane de periódico .
c sua plenitude - Ele estava no mundo da lua - Tomei um Terravô, Terraoeto . Deixando de justificar o c.astelhano e o
banho di! sol. ga lego, qu<· procedem de maneira difcreme ('\ataranieto''
B) Na acepdio de chào lirmt:, ernpreg;oda para conLrastar é o {i lho elo "bisnjem": '' tatarabuelo" e o "terccr abuelo"J.
çom o elememo movedi.;o do mar, a patavr<t urr(,l não adrni - lancamos mão do elemt'ntO de composição ltlra par!! expri-
le at·tigo:Já com no~s.rs malas em lcrra - Viajt'i por Urra. mir a idéia de quatro nas palavras letravõ. t,etra/U!l!J, E letrat•ó
O não vir amcc('<,li<,lo de artigo mostra -nos a impo$sibili - o pai de t.ris<tvti (eMe é o pai do bisavô\, é tetraneto o filho do
dade de vir· precedi<,lo de a <.nseado: Lev-<tmo -lo a wrra - rri.mtlll (filho este do bisneto ). Se todos aceiramos telra.cam-
Chegaremos a inda hoje a terra. peão, por que teimar nas comoptela~ l<trfrrravo, tàtaraTJô. farta -
Terra do Fogo - Adjetivo pátrio :.fUiiguino. remela, tatrmweto' Com trtra registra essa' palavras o vocabu-
"Te.rraça",. "terrasse",. "terrace" · A.., [rês lOnnas são visf'n.s lá r·io ofidal dt· Portugal e o do Brasil, forma seguida pelm
em facha<.las de prédios de São Paulo. A nacional idade, a bons -dicionários.
manifl!staç-;w da empresa caraaeriza-se pe la espedfica<:ão, T erro - Este adje1ivo, qui.' s<' fi lia a tétrico Clat. u ter), telll por >U·
p<'lo au·ibuLo , pelo adjumo, não pelo afr·omoso emprego perlativo sinrétjço l.et,:rripw.
de forma estrangeira do nome comum. Se nem na Itália, Teve, T,• . São Jorma> de ;,brl'viar tdroi,ãv:TV <·m cot'e' - J'e.
nem na Franca, nem em paiscs <.!e língua inglesa existem ve em dois senridos. Para designar o aparelho receptor, já
terraco>. por que proceder de maneira inversa no Brasi l ? <'stà cnu-ando em campo te/evüor.
Tenacorn · Não sabemos em que se fund:.unenra a promíncia Textil (ê 011 é?) • Comum era ouvir em outros tempos est<·
"terracôta"; na italiana não, porque há d ivergencia nessa e • adjetivo com o acemo tônico enado. Quando terminada
numa infinidade de pálavras se prQr,.ridas por habirantr,>s do em il que corresponda à lerminação ilü, ile, a pa lavr-. . nossa
sul ou do norte da lrátia, donde nos v<:io a pal avra. Aulete ~ paroxi1ona: projétil (lac. projéctilisl, pl. projéteis,· réptil (lat.
dá a pronúncia ahena, ltrracóll.l, a rima!' com poliglota, no réptiliJ ), pl. répteis; verojímil (corruptela do laL. verüími/ü},
que condiz o vocabu lárto o ficial de Portugal: o do Brasil. pl. verosímei.s.
que na página scgtoi me dá a pt'onúncia do " o " de lf.jfrJdm-, O acento rônico é na primeira sílaba, e a pronúncia do e,
nada diz do "o" de lermcóta. De•se 7.ornbetei o·o procedimento pelo que vemos no Aulete (edicôes ameriorcs à últirnit, im-
não dc.>vt!mos admirar -nos. pressa no Brasil), em João Ribeiro c em Vasco Botelho de
Ten-aplano, tc:rraplanagem • São formas usadas, mas não de- Amaral, é abena. Cândido de Figueiredo, no que foi segui·
vemos esqu <"çer-nos de que as paralelas são baseadas no do por Reb('lo Gon<alves e pelo Petlueno Voc-.tbulário
la1im, com "e": /trrapitno, lerraftlma~. ter-raplenagem; a corrup- da L. Portuguesa, dá a pronúncia fechada. O circunflexo
3 14 That is th~ qu~stioo Título de j ornais
dt-Mwl palavra equivalt- ao de 1111/õmo. qutl.õmttro: l• para i ngl~s nal em lorma de "V" l<:ito ao lado ÔC" palavra ou dt' númco o
vtr. para ind ica• 'ua con ferencid" . O \inal pode ser fdto grafi
T hat is the questio n - E.xprcs$ào inglr;a (sign ifica "c~.a é' a camentt' <', nn bi lhetes, por cone prodot1ido mecanicamentt'.
quest.<o") crn pregada por Shakespeare no prim(•i t o verso É importa~ào li:gítim a, mas legítiuoa nlio {· a palavra •e mo -
do monólogo de Harnlct: "Ser ou rui o ser: tlj{l! a qu111ão." pregada em lugar de bilhttt. de pa;•agmr (bifhett de entrada,
T he rigbt man in thc: right place - Expres>ào mgkll<l que signi- faJJagtrn de primeira clas.'!C), de ttrqutta (ttiqmta de pre(o:
fica "o homem certo no lugu c~no'' ; é empr.·g-.tda para ttiqt.ular O\ .. nigo> expostos na viu i na).
declarar CjUC uma pcs>aa é aproveitada para lugar apropria- Recebemo\ tio fTances tic qua ndo u-.ada com a signilica-
do à< sua~ tendén<ia,, f.tculdades. talem o; que <1 ela se dá cão de "contração convulsi,·a de· r<'no< músculos. repetida
fune .i o ou cargo t•m quc· ,u,o upaodade pos>a "-'r totalnwme fora dC' propósiro. como o piscar. o sacudir a a beca, o ajt"o-
.tpro,<"it.ctla. tar o colarinho", do ndt' a signifocac.io de cacodt, lrrjrtlo.
Tico-tico - Voz: tiniT ~;lro. Com e;sa significacào, a pa lavra rem o dt'rivado li
Tiet~- Da; panes q ut" \On~t iwem esse nome o r(· a pr inlipal ; qurar (ter, fa~rr tiq ues): Trqr.,-oa- mc um olho pal".t mdicar
pn•<tli-S<' de em rup i-guara ni para indicar tltmmto líqüido a falsi dadl;' da afirmação.
rm gt>r.ll; <juando n.o li"K''" dos nos><» ahoiÍI(tn<'' \t' 4u1-r En u a a li)rma gráfica tiqur na expressão onomaropaica
indicar leite. diz-se carnbr Ide tã,fmlo, mais i), uu '>t:ja, llqüido tiqur-taqut. indicativa de ruic.lo proveniente de movi.nc:mo
do f"rlo. r<-gul.ar e cadenciado, como o de relógio. Tem a v-.trianre
O t micial f- um e\pedficativo da palavra.•'\~sim. de tcá. tiqru-trqur. que rima com uqut-uqur. \Ol do gafanhoto.
que na sua expre<osào mai' lata sognifica oUro. di1 <C! lt(Ó pa- Tirada - f rontknada a pala"''· por france~"mo. qu.wdo
•·• dc·termínar o ollw, rtcá. mru ollw: ltrrá, olho dtlt, gumí. olho emprl."gada por ptWll. lrtcho. ptJ.uagtm dt dHCUTSO: portugut"
dtlr próprio. sa f rom o <entido de " at'ào de urar", " longo espaco dC'
T('tllO~ linalmcntl' a trnnrnaciio nt (com o r final ft'chado); rem~"· "grande <'Xtcnsào dt· caminho". Entra na expre>-
<'~'a partícula agrcga-'c à palavra q uando ;e lhe qut•r dar sào \1<- umd tirada" (de un•a >Ó Vt'l; <t'm ckscansarl.
idl•ia <k (r'OrUk no sentido de J((JI.roso, tminmlt, ilu;lrt, ritil, Tirante - Tirmtlt, durmtlt . st.riJJanlt• são l()nnas nominais tlr·
,. n:io no <('ntido dc volttmo•o. t.~tnuo. éaso tem qur se emprega verbo>: ·ora con:.crv-.un a fore;a v('rba l - c cnrão variam
aro: gt~acu !caca grande); ~ queremos diz.-r lwmf'm gramit. orJ c·xer Ct'm função meramt•ntt: p repositiva. funcào q ur
c><.r(-vernos abaguacu: abatU empregaremos p:u·a indicar a.> toma •nv;uiávds.
grandt howm. F.xt•mplo' nn que tais pala\'f"d> vanam, por conS<'I'Varcm
Dar a ral'.ào por qui' no p lanalto de- Piratininga Titl; t's- o \'alor pani<ipial: "Cores tira11tt• a "nmclho» lcores yu<·
P<'< ifiu,.a o no rilll. o no fJor txulincra. o no m;u1 rmP"rlaiiU. St' .&proxtmam do vermelho) - "t se o Pad re morres'>~'.
'vt uiro frra quem pronu ncia Lcrti. não só por não <c:r t>~sa duranlt o fi lho sob seu poderio ... " (enquanto dura~sc', cn
a \'erdadctra prmódia. mas p01que o Sfntic.lo dd pa l ,l\~3 mu- quanto ll\l'<sc) - "Te..t-munha lalvalllt" (aquela ~UJO d<··
da tnteirarnem <·: tli traz à palavra idéia de de>prtúud. nucrd- poimemo ~a lva ,olguém ; o p lural r teslmrtmluu .IQ/uant~•).
llr/,ftio. Exemp lo~ l'm que cxl?n:cm função de prepo sicão: "Tr-
Tigre - Voz: bramar. bramrr. frt mrr. rugir, urrar. ralllt as mu lheres, rodos se kvauwram" (exceto as mulhl.'-
Tijo lo - No plural u ' 'o" (• a!Jtno. rc·sl - "Durante as festas" - "S<o lvante os meno res' ' kxH"·
Til k m ~.-ubtõoial - O decrt'tO 5765 de 18-12-1971 n;io eli - to os mC'norl'<l. Flexjonar hoje, com esta funcào. essa> pa-
minou o til da subu)nica. Embora se graf(· comum~ntt e se lavra~ i! oncorrer em arcai$ffiO. Sirva-nos, para compara
pronuncie ctm~Ü-Tflmlt (o u na<al não penencr à >~laba qu<' cio, a palavra rxuw; conquanto fonna partidpial lparuti -
''<'m tlcpoos dele), corrugo c <e pronuncie cõ-migo (o m não per- pio do ,·erbo rxtthtllt'), imobili1ou-se mrre as preposicõc'.
tt-nce ao ''o" nasal), d('Ve·'lt' escrever imuimmlr, drãmmu. jamai• se flexionando : txctUJ as mulhcre~.
crilltimmtr. ConsidcralÔ<.'s sobre a incongruc'ncia orrográfi - Tucóide - J.i há muito foi corngid.a a pa.l4vra. Por provir elo
ca ficaram nos verbetes b1m e 1undiaim.te. grego th.yrtmdl! (semelha nte a escudo. de lltyr<Ó>. <·>euclt),
Tilbure - Gr~ fia p rc>fcrivel à liUmri. - V. btr.-bm. mais tido;, formal o vocábulo indkativo da "cartilagem
Time is money - E.xpn:ssão inglesa para indic:tr qur f prrd:t si ru,ula na p a rti.' ànt<To-superior d,t lari nge" t: lirtóide.
dl." clinh<:'iro a demora de execucào de um servrco. Qpc.;n\ t'\crt·ve "riroideano"' err.,t d ua., vé?es: uma no t.J
T unc:o dáruoo s et do llll fercmcs Dt:vemos dt-~confi<~r do ini- dic:al, outr.t na desinência. pur.tm<'nte francesa no caso O
migo mesmo qut" dcrnon\tre generosidad•·· A t•xprt"~'lào é adjetivo \'Cmáculo é tiuóüko.
de Virgílio. rcfC'Tcntc aos gr"S<>~ (Tenho mt-do tlo, gregos JXri, ado~: lmouúu, cirtotdumo.Ltrrotdtctomia.
ffi<'5ffiO quando dão prcsentr<.l Tisanópode - V. ápodt
límeo hómincm wúus libri - Afirmacão de Santo Tomá• de Timlo de eleitor - Assim esrâ no .tlto do documento que dt'-
Aqui no (Temo o homem de um só li\To) para mdtlar que é clara o doreito de vorar em dcicõcs oficiais. mas isso não
de recear a pessoa que ku um único livro e do a'>unto tor- nm de~ohriga da concordância SI.' no~ dir igir-mo s a ~tma ~I'·
nou -se profundo conht•n·dor. As muitas cira;ões podem re- nhora: "A S<"nhora tem título tlt tlrttom?" - "A >cuhora
velar crudifào. fldJáriu. u:io porém ('uhura. intdíji;t'ncia . não u o uxc o título de eleitora. ma~ sfu nome aqui t'Stá e pode
Timorato, lntemerato - A primdr:1 pala,-ra dil rc~peito a tt- votar com provd de idenlidade''.
rnur; é tcmoraiD o timodo. o medroso, o que tem ttmor, o qu<'. "~.la tl'm diploma de midlCa" não é assim que due-
recrando agir mal. é t-5Crupuloso, hesitante · Oo7t' homt'ns mos~
simples e li71uwoto> ntavam encarregados dr anunc•ar a paz Timlo de jornais, Livros ... - O correto é escrever n'O E:ST.~
que o Messias obrivcr <1 com a sua morte. O amõmmo ê DO DE S. PAULO- d'O ESTADO DE S. PAULO - fH/'0 I:.S-
rntrmorato. T.~DO DE S. PAULO.
lntrmtra/o, com r na seguuda sílaba , prende-se dirt"tamcnte Podc:r;i alguém e>ttanhar que sc cscrcva pei'O ESTADO.
ao latim . o nde é foo-rnado de in (não) e l~moralw, do \'Crbo mas remo~ o direi to dt' m uito rn.ais estran har q ue se esrr~­
tlml"ro, 4ue significa profanm. corromptr. violar. pvlurr: Vi rgem va ptr O ,. ,c leoa pelO. Q.ue e<p(·t il." de sinalefa (: essa qut•
intnnnata. Este adjetivo não cabe a soldado, a general ne- se <>pera " '' leitura e é vetada na l'St1ira? A notícia fo i dad.c
nhum, ainda que pntcnc-a ao Pentágono. ptl'tl Manhã mas dcsme.orid:i ptl' O Globo.
ríngui - O u não é pronunciado; a sílaba gw tt~m ~i a me•ma No> ça~o d<· limi taçlo do emprC'go do apóstrofo o For
promincia qu<' t'rn Cuilhrmrr t ma<culina a p.ola\l:t; o mes- mulário Ortográfico oào cita e>se. mas 4uem pode incluor
mo gênero de outro• nomes dl."\ignari,·os dl." ubusros e rer- o que cua mos apreciando eniTt' os da observação do arugo
manado• em t tõni(.'O. V. ramr. H> L<"iam-na os senhores rev;\Orl'< c ''ejam a quantas a ndd -
Tipi V. rami. mos t"m matt'ria onográfica
T iq ue - Rl'ct:ocmos do inglês lidut com a signífiça~ão dt: "si- Em que língua se escreve o qu<' não ~ .. ditou se lt o qur não
To be or oot to be Tomou-me 3 15
tJIIÍ tJcnto? guido de artigo. Se é u caica a omi~são do artigo depois do
To be or not to be - Exprt-ssào do começo do monólogo do plural, pode-se dizer também arcaica c·ssa omissão depois
Hamlel de Shalespeare. To br or 110t lo ~. that ;, tht '7'liJiion do singular. Digamos: toda a correspondência, com todo o
(Sj>r ou não ser : eis a qu•·stàol. A existencia esci em jogo. gosco, toti<l '' '" ''tora, em toda a pane, em todo o caso, para
Toalete - Embora de largo uso no idioma, não nos esqueca- todo o sempre.
mos das varias palavras noso;as que podem substituir o fran- Todo um - TOIÚJ pode vir seguido de um: De mui leves causa~
cesismo: •mL!do ("Você precisava v~.,. com que vutido ela foi depende à~ v~1es o destino de toda 1una vida - Toda uma
ao b.tile"l, penteani!ira, toucadUT (" Ela deixou as chaves em noite dC' d<7<'1'nbro.
cima da pmitadnra" - "O lqucador fica melhor no et:n tro Diz-M· <"m português todos os tri t. toda' o< qwJlro ... mas não
ela parede"), pinillra, pinlar-Y ("Ainda não TM pintei"}, anarr- se diz todos o' dot.<. Temos a palavra ambos. q ue deve aparecer
jo ("Note todos os particulares do seu ana'!JC"l, óanlltlm em lugar do galid~o10 fraseológico:
(" Ela deve esrar no bllllhmo"). Ambos partiram - Teve de amputar ambas as p<.-rnas.
Por que não nos valemo;, da riqueza do nosso vocai.JUiá- T odos somos - Não se estranh<· a con>trudio ''Todos somos fi.
rio? Enquanto o francês tc:rn wmente " toilette" p~ra rodas lhos de Adiio", como estranhar não d~vernos as alirma-
e<~as acepções, ernpregu('mo< nós os vários vocábulos nos:.os ··ões "Ali jitflmos alguns amigos" - "O) outro> .saJtamot
dt' acordo com o momento. E ";,sim. em ve-L de "l:'<er 3 toa- para t.E'stemunhar a catástrofe". T rata . se de nlepJt dt ptJS(I(J,
lete" digamos arranjar-u. t•tJlir-•t, arrumar-v.. iUUJITUlr-Jt; ou seja, a conrordiincia do verbo o pera-se não com a pessoa
em \'{'t de "funar a toalete" ("plier la toilette"l, furtar w;- do aposto ('!aro, mas com a pesroa do lundamenral, no ça .
lido• t )41aJ. -o nó" Dizem que os paulistano• .l()tnQJ apN'ssados.
Q.u.tnto ao aportuguco;amento, demos à palavra uma Toicinho, Toucinha- V. coisa.
toa/til que: combi ne com a pronúncia e ela ficará de acordo Tojo - No plural o "o" é abeno.
<"Om a boatt (fr. boile) qu(' conheu~mos. Tolice • Coletivo: aurvo.
Todo o, Todos os - Escritores clássicos or.t punham o artigo, Tolo - Aumcmativo: Ioim., loltirão.
ora não, a pós todo tanto quaudo coletivo urtiver~l quanto
quando adjetivo a significar it~t1iro: todo homern, todo a !tomem,
Tom - ~ã~ dcvl· c.:ntra~ e,~1 ::bom 1om' ,."~, accpcão de
1

gosto , boa educacao , bom trato , bom aspeto , ex -


::born
lado• F•panhM, lodaJ aJ parlt<. É de uso, e não de gr~mática prcssõt's esta> ~uc dl-vern substituor aquda, galicista.
ou de lógica, nem meno> dt· rufonia, o fazer a palavra segui- Tomada, Tomadoa - V. tsl.adia.
da de "o", e desde já podemo~ atlnnar que .e no pluraJ Tomar - É verbo q ue pode ocasionar e;t~ galicismos frasto-
rodos di1emos "lodos Ol aluno~" não cabe ju§tifica('à o n<'- lógicos: "romar a pa lavra" (em vez de tuar da pa/JJvra, ltr a
nhuma para a exclusão do artigo da expressão singular. palavra!, "tomar drrnas'' (em vo. de pegar em armaJ), "tomar
que ;empre teve o mc<mo sentido da fom\a plural: !\'em Juro" (em v<'l de tJ/or, ficar dt luto), "tomar algu<'m pela
todo o aluno \'Cio preparado para o exame. mão" (em vez de ygurar alguirn ptla mão), ''tomar o hábiro",
Há quem ensine que totlo tem a significação dl· wda o u. "wmar o vf-u" (em vez de Jaur-u frade, faur-Jt .frma), "w-
ainda, de r.adas. quando no singular vem desacompanhado madil de háhi10'' (em vez de veMidura, çcerimônia em que
do art igo; acompanhado do anigo, dizem, ~sSt' indelinido se rec<:bc o hábito religioso para coméçar o noviciado dt·-
pa;,~ a >igni ficar inr.,iro: fa1t>m, assim, distincào entre "to- poi; de já ttr exibido provas num couwmol.
tÚJ homem" (cada hom<'m, todos o~ homens) e "todo o 110- Tomara - Nas or.1<;ões optati\•as o sujc:ito i- o nome ou prono-
mc:m" (o homem inteiro). me q ue se >('j~U<' ao verbo, e com ele d<'Ve o verbo concor-
Cdbe-nos dizer que eso;a distincào ê gratuita e infunddda. dar: T()fTIIJram des poder vê-la na forca" - Vivam os Ar.aíd<"-.
TodD tem de fato a significa<ão especial de inll'iro quando uivam os Vi lhcna>, wvarn os ponuguc:><'' leais - TomáratrUJ !
v~m depois do substantivo k ue.'e caso é adjetivo): "Eu tra- nó; que todo> o' vigários de nos~ tempo ... - M=am os
balho todo o dia {cada dia. todos os dias) e o dia tod~ Co dia traidort'~ .
intriro); vindo ames do substantivo, todo pode ou não 'i&nifl - Em "tmnara que: pudéssemos" o sujcilo é a subordinada
<"ar intmo. mas deve vir seguiuo do artigo: se o p lura lllulol substami va.
hoje ~·mpre vem acompanhado do anigo {todos O> honoé'm, Do emprego de lomar com signifi<;a~ão optativa temos e\
toda1 a.• partes), nada mais simpks que proceder igualmente H'S dois exemplos de Vieira , com ~ regular concordância:
com o >ingular, sem ncce~sidõldc rlc invmrar difercncic~~ões Tomárn< ser Júlio César~ Deus \'O> ll\te dis:.o - Tomara
rl<' scnudo. qu<- esre ai thegara às qua1ro parre' do mundo!
Corroi.JOracào dessa no>5a alirma~io encontramo~ em Tomás. Tomáaia - O grego e o laum só autOrizam a grafia
Ago,tinho de Campos (AnlologTa Prrrtugut.;a, volume tcft,., ... COm $,
te a Sarro;, pág. 1~9) : "Ao con trário do que se tem dito, Tombo, Tombar - É a palavra lombo um dos curiosos exemplos
não (· >Ô no sentido de qu"lqutr que o adjetivo todo, toda. to- de evolu('ão 'ot'mântica: "Torre do Tombo".
deu, loda.• aparece em Barros S<'m ser seguido do anigo.'' Tomo.< ou lombo.\ eram primitivamc·nt\' o~ documentos, re-
Na página 145 dessa Anla/Qgill vt?-se " todtt Etiópia''. Na gtsu·o~, invt·ntárioo;l escrituras, contr:atos. tratados, leis,
pág. 149 "em todo conselho", Na mesma A111oiogia. 110 vo- guardado• geral mente numa 1.0rr~; hojt>, a <.:xpressào "Tom-
lumt• consagr~do a LuCI'na, o mesmo allnna por outras bo do Estado" sigmllca simplesrm·nte "Arquivo do Esta-
palavra> Agostinho de Campos: Toda. não seguido de arti- do".
go definido, tem por vC7<'S nos dassicos a sigmficacão de De tomho o ''crbo tombar. que além da >igniflcacão de ar-
qualquer... mas também ap:uece sem anigo no sentido dC' I{WJJar. ltm(ar mr lornho. a~JorolllT tem .1 dt "co nsiderar como
tolaltdadr: Os ministro~ f.viam despesas com toda hoc-rah- monumen to nacional'': O Conselho Comuili vo do Insti tu-
dade - IX'veis, Senhor<'s, e~perar em Deus que \'O> há de to do Pacrirnónio Hisrór ico e Anistico Nacional tomhO!l o
dar toda África na vossa mão - Q.uando Roma a to<k~.> vf'las -prédio da anti~" crnbaixada da Itália c o da Argentina.
conqubtava toda a terra. Tomba-"' um prédio, ou seja, fat· S<' dek rombo. quando
Acrrscentemos es!3 dcdaraçâo de Vasco Botelho de Ama- é ele registrado como relíquia histól ica. de modiilca~<io
ral: Pode-se atlrmar que a tc11dência gera l é para a posposi- proíhida ao po>>uidor. Uma cidade intC"ira pode ser tomba-
cfto do a•·tigo, nomu hoj" .nconrestavelment<' predomino~n­ da. como acontC'Ce com Ouro Preto.
tc. Em Camilo. c.omo notou Cláudio Basto, ocorrt' todo O anrõnimo é de;lomóamenlo, ti.t->tomhar· As autoridade\ ("
com anigo e sem ele, ma' em emprego indifercnrc. Por as e-ntidad('s dt> servico de Jundiaí r<'aovam um movimento
no~ panr, também notamos emprego indiferente em Ca)· para o IÚ<iomhamenlo do Solar do Bar.io.
tilho, em Vieira e ouuos: "toda minha leitura'' (A Primave- Tomou-me por seu advogado - O pred icativo do objeto e o
ra)- "Se olharmos para toda Europa" (Sermões). do sujeito podem vir antecedidos de ct:1 ta5 preposicões ou
Conclusão : Vindo a ores rl<' substantivo, todo deve vir se- d<!' como: "Aceitamos Augusro como ~hefe" - "Aceitamos
3 16 "Tonelada métrica" Trabalho
Augusw pttra dvji'- "Ele fo• elmo como dq>ucado"- "Ele polittrd t'Conom•ca"
foi dt'ito para d<.'purado" - "Eles -.io t ido, C011tQ homem Toosila - Não oh,lanrt· t<"rmos ~'nervos Jon,ilau,··. "a• tt:ria.
d .. ll('fll.. "EJ.-, -.io tidos por houwn> d<' bnn". tqruliar", .t litt'ratuta mt'dica não precisa exnrpar 3\ tnii.IJ
St• no úlnrno C'Xemplo o verbo fo,M" ruonlvar em lugar la1 nem suhs!lt uí- las por lon•ilhlli, ton>tla é a no~sa armdala.
<lco lrr. J <Oll\trucio "Eit'\ l'ào I"('Conhccido' por hom~m de "Ta pera"' - t:.sra pd la\Ta não existe: nem ''topt·u.t". O qu<'
h~m " podena of<"•~ct'r ambigu•dack. po" não ~alwríamo< temo' é touptmJ. c-om dois ditOngos .
.... o .. po• lamu:m de bem" faria P·llll' do r• rdicaci\'O ou Torácico - Ucua vt·> <JU<' o rad ical tem1 ina c>m c. c0 111 c ll<·vcon
con<tltu•ri,1 .w:ntt' da pas;iva A amiHgOtdade ckcorre do st"t elO("• i•o~ c)<t tlr11v·.lc.Jo~: tortíato,/(Jrnto•nl'lnn, toraetHrt~pw
wrho da ora.-iio <· não da prepooiáo emp ll')l,<lda; qualq uer T ó rax - O x t<•m som ele h.1; e inva ri;ivc>l no plu ral : o• tórax.
dc·la, lpor. para ou colllb) presra-'>t' para prt•n•dtr ptedicauvo. Tord o · Voz: trunlar.
nt.t> u vt•tbo tl.t ora<ào f qm· (kterm inarit qual dei~< é prefe- Tornessol - ~ de todos conhecido o papt'l usado t·m química
,;,·cl ou St' podem tntlifer.. memenre "'' l'111prc:gadas. para rcconht•cinwmo do, ácidos, e seu noml' a nin!llJ~nl cau -
"Tonelada métrica" - Q.uc: será i~<o ? " A pruclutJo do ano '>3 e~tranht•.t.J; \'lllda do francc's, rem em ponuguio, formo1
pa<,ado pa,'l<lu de 2.5 milhões de tondaôa,"- \'nada rn.•i>. qtw lernbr.t ,, tlt- nrigem: tomtssol. Conquanto "pap<'l de
'<'nt Jlt'nhum quebr:.do ck "quilo< mêuilO,.. lommof' pudrs<e Ct'clt'r lugar a "papel uagmtr" . .t p.tla,'fa
O ,,djumt> "métnca;" esraria ai sobrando, po"-' tont·la- gault'\3 e clt· u;o mega,·clmentc: arraigado a ponto clC' a ver-
d.t metnca nada mai> é que a simplt·, rondada de mtl qut- mo' n,, \OC'.Jhulario oficial de Ponugal, que a d.l como v-o~­
lo>, " wnd.1do1 do ,;.,tema ml'trico, qu<' é o pot nch u<;ado natul- de tomas~/. C'Om "a" na ~nda sílaba, lorma t'\t.a
Para nó' al~uma e'pecificacão ;erâ tl('(:C:;sina quando a to- que jamai' ''imo' nem ouvimo~. Erro ai nda maior l• o de
ndadd dcrxar de S\'r a dt' mil quilo~ fJdrd cone~ponder â empteg;tra lom•a lrnnC<"Sd "toumesol".
"1•.111" dm iugk!>e~. que é de 2.240 ltbra• ( 1.016,06 kg ), cha- Toroo - No pluro~l o "o" i· aheno.
llldd.l "lon~ wn", "gros> ton''. "';hippcr\ ton", "•hipping Tono - Não nm ~"'JU<:tamos dt• que na locuc.:ão ".t torro c J
wn". l'nr tc-rc·m >Ua ma neira de t•xpre>~t o pt•;o - pd o direito'' a palavra /orlo está por " •1.io de acordo com a tor-
•l•t·no' por t•nq •n•mo- {o q ue os mgkses"' v~c'll1 o brigado< reç.io. <oru a lei": (• su bstantivo. Não se m ua dc· c;u11inho,
a di~ungun· "mrtric ton" da "ton'' prõpt i.t (Ot·n·rnb<T <ale• de linh.~.tort.l; dirtilu f>tá ai por colrt(ào, e lorto i: o antônimo.
nf p.lu'· de fm 1-.''nl> m iglu rrach a stupdving 14 m••lnr lorul. Ao todo, a t•xpr c~>ão significa pri mt'iro " i•·, eflet id.ull<'llto:'',
0.1 nect•"id.Hic· de 1amo patê c do adjunto que C'J>rcifique o "por bem r por ma l". para depots p<Jr ex1emão ~1gmr.car
'l>lt"IIM de: p<·so <'><amos, porém, lihnto~ ; o lradutor apc- "às cegas",
n.Js mnlinn,t ingeuuidade, faha de malícia ou de mnht«i- To rvar, T un ar São fonnas paralelas: perduram porqut· l'a
mtnto ~uando obriga o assinante: do jorual a ler "toncbda da uma tc.-nd.- a ter >eu srgnificado. Enquanto /urvor qua>e
nu·trtt.i qua11 o Vt7es num tr\'chinho dr vinrt- u·mimetro> exdu~tvamc·nu· -.gnifi<:a toldar, ts.curecrr. tmbaaur (IU "'ar "
dt- mlun.~ \1and .. "r do arqu"·o do jornal um dicionário .igual. tor...ur pas..ou a o,er o mais d;u •·tozes c•rnprq;ado no
e \'\'rá a c-xphcacio de '\hon ton", 'long ton" t' "memc st>ntido rran\lato de pnturbar (toroar a mente - o tn.tK.trado
con"' tor-vou-a de \UstOJ, dt:Jicar carrancudo. t•u~nwr-~ (Sru .,c;·rn
Em ponugut-s a toneldda i: '<'mpre mc·mn, como •t-mprc blante lon Oll - Neura>t<'nico ek é. sempre pronto a torvar-
Ostt'O (• o c:;paro. sC'mprc· mauorial o tempo. u).
"Tondagem '' Con>tiwi de5afio para o comum do> lctton:~ A mnma é a diferença entre turvo (toldado, nuhlndo :
d t• jm na! o rnlptTgo de• expressàc> tiocnica' intronaríonais, tempo lunJo. água tuma ) e ltlnJO (qui.' infunde· tc·no•. tracun-
gcr.tlonc·nt<' t•ru ingles. ,. de >Ua.> abrt'\'i~tÔI'>, que·, não ol»- do. pavoro,o. <.:at rancudo: aspcro /Qrt,'iJ).
t.ull(' <lc· ''ida c·m todo o m undo, não ~;.,do domínio públi- T ossir - É modelo do> verbos em que o "o" da pen última
<'o nla' apc•nas dos entend idos do ramo; porei''<' ~eu em- silaba St' tran~lorma em "u'' na 1~ pess. do >ing. d o indiça
v•·•
pr~t~o .,.,. a•
ilica ..omc·ntc t'm li,,-o~. em ugos. \'m comum- ttvo present<' e em roda~ a~ do subjunllvo prt''>l'nce: IUJIO
(ddo,, <'111 'l'< ôe' c~pecializada> de jom.al, dbt evta(Ões como (UJS'il'S. U1\'o('... ); IO~m, lOS>ias ... ; tOSSI, lO~SiSte... ; tO~Stra,
(lj fco•l mwrml(t mui jwghJ). Job (jru ott hoardJ e outra> são 1ossir.h... ; to-."r<'i rm,irás... : tossiria. tossina~... ; tosS<o
lida',. \t'mprí' <'ntendida> por q ut'm tt'Tll tnt\'rcsst> no a~~un- tOSSI: tu;~. tu;,u, lU!$4. IU.UilmOJ, tu.s>ais, tuHam, to~is!l<', 10'-
111 <'m CJU<' d;h se rnconiTam. Si>seS... : tO>\indo, tossido.
Um t<·p.tro aqur nos ocorre: Por qut' o rmprego dC' to- Seguem a conJug:tcio de toluf' os verbos cohrn" (t' compos-
nrlagrm na ''""pre•\ào "tondagem de 51.000 TDW" em de tos t!r.<(obrir, mcohnr. rtcobnr), dormir e tng()Úr.
capanda!U? No dar o comprime-nto do na,·1o. o tomun1cado O "u'' d(J 'erbo latino tuuirt não de-.·\' eng-.u1a1 ·no~: o
traz: compnmrnto de 206 merros; no dar a tnd<'pí'nMncia de nos~o 'erho .- dnivado elo substanuvo vem.iculo IO>II', como
al.;a>ll:dm~mo de· combustivel mu: autonorma dt• 18 mil mi- goJinr provl'm de goJ/11 c n.to de fiuM.art.
l ha~; 'e nem mrtragrm nem trulhagnn empregou o redator na~ " Tourncsol" - V. tomessol.
outr.t> c>pcci iiC'.IIÔC>, por que agora tontlogrm 7 Acaso o T "Tour néc" - Por qu~ b~o. se temosexçuTJão'
<iut' cnicia ,, .obreviaGio TDW já não ~if!niiiGl lo11rlada1 A Touro- Voz: btrrar, hrnmir, bufar, gaitear. mugir, urrflr V Oll(O.
rxprt·s'<iio ronvrnirntc para ind icar o pM<ivcl t .o rreg<~men­ Tráfego, Tráfico - Ambas as palavras se encontram •·m bom
to é: rapacidadr de 51.000 TDW. au tort'~ ~>mprt'gatl ," por lmruporl.i:. comfrcto. trato m.-rra11trl
Tônica Por \Cr ondic;ui"'' dt' "prirndta llOld de uma <'><:ala". mnvunmto de ~;rícu/os. mas qu:tndo t'sse comérno. CO~<,(' tran\·
''nora lund.unenw l de um acordt"". <·a palavr;t ml"talorica- pont·. e-sse u ato. 1.'»{' movirnt'tllo é ilícito, tráfico (: q u\' é J
mentt c·mp• cg<otld para :.ignificar o que c: prin"pal num do>- palavra: tráfico de <'"-Td\'OS, tráfico de drogas.
nor'lo. Por qu<'. por<"m. sempr<' "di.cu•«> tuja tônica'', "~r- Tão genc:t.rl11.Jdo Í' o emprego de tráfiro com tal ,;gn;r,
111(0 cuja tónica~. ''conferéncia cup tóntca", "cana cuja caciio. qu\' a lonna popubr tráfego par('C(' e~tat fic-.rndo para
tômt .J".. > Vari.-mos um pouco: discut;o cujo txtrato, dis- generaliza r o romércio lcg-.tl. o uànsito normal. o uan'-
CUI'\0 cuja fl•fnna. discurso cujo tmw, di><:UI\0 cujo t6pi€o. ponc, o trato m\'rcanul comuns. Trajicáruta e traji(IJgtm não
WKuno cuja ''"· di>eur>o cujo coraLrri</1((), dt<;('Ul"Q cuja se ou,·em nem ~uc enrenen1 idt-ia de fraudulencla-
propo11côa. di~rur<o cuja dumirumle. Tóxico, lntoldcar - T<J ivc•L por inJlut'nda de pronúncia popu
Um refri11eranre ajudará o redator a tornar tnai' digerí- lar de Ponugal, onde· não dt'ixa de ser combatida, ouvt·-"
vel o tontexro. mais leve c agradá,·el n encadeamento do po• vcozes o10 Rr~'i l a pronúncia ''rochico''. "imochtcar"
editnria l : "O r<'~labe)ecimemo da> garantia> da maginra- ma~ não d('vC'mO' ~cgu i-la. A palavra <· de origem g. <'ga t
tura fot C) tx/r(IIO das opiniõt•s da~ pessoas consultadas" - c.amo 110 grego com o no lalim e tambêm no vcrn:irulo o
''Dt· cotb r»a tmca d<· correspondência emrc o;, dois chcft·s "X" tem ai ;om de ks, çorno em léxiCo.
de <·~w.do, 11 caratnútico foi a absolum rewrva dt· ambos" T rabalhadeira, Traba lhad o ra - V.jltxiio gtninca.
- " ... não havend o ra7ào para mudar .t tllt'llcia de nossa T rabalho - Nelll stmprc significa ocu pac;ào, auvidatlr. fun-
Tradições Trans ... 317
donamcnro. Clássico é o emprego de lraballto - gcralmcn- Não vtmo~ violência nenhuma em adotar alrrlado em lu-
lC n(,l plural - por ajliciio, illjorttínio. tormento, faliA de IJI)nl gar do ba ohari>mo trailler quando empregado para designao·
ix110 ("Oepoi.s de muilos lwbalJws c perigos que pad eci" - carro alrt/Mo, rara atrtlada. Q.uando ..mprcgada para indicar
"Solrem imemos twbalhol os nobre~ coraLÕes"- "Grandc pa=gcm de lllme, a palavra inglesa ~rá uadutida por
consolacão é ter companhia nos trol>alhos'' - " ... como .10< amoJlro.
ho mens com alli(oo, trabalho! e doc•ut;a~·· - " ...com ellca7 A factlidade da substituirão do e-srrang<·immo leva-no>
mouvo para u-r<·s paciência com o~ trabalho," - ··o, tro- no pri111ciro caso a evitar agrav31· a lt'\·iandad<" ço oll ;o tTia-
ba/Jto> do pano"), emprna pmgo:,a: m trohalhos de Hérculc>\. cào de lrm/içmo, que ninguéou >au<: como ler. Atrel.ame11to
Tradições e crenças populares orais uu escritas · Colniv(,l: não viria mal, o u o que· jri tconus, atrelagem, que a lém dt>
folclore. "maneira dt" arrelar a.nima1s" indica também "di~po~i tivo
"Trading" - Por que n:..o adotannos comtraali:adora para tra para arrclar a locomotiva dO~ vagões, e e~tcs. un~ aos ou -
du1ir "trading wmpanv"? Parece-no~ de clara intdeccio e rros". Tncmos. dessa lonnd: "Demro do atrrlado viajava a
d e fidelidade ao inrcnro declarar : "A commialnadura cle"e lamilia mm todo o confono" - "DeSt>n,·ol' ímt·nto do
, á promover o imcrcàmbio entre o' dois países" - "A llluf4mmlo cria roteiros que podem >er per~o1-ridos em ro-
Volkswagenwerk v.ti ins~;~lar uma go ande comercialiwdora dos O> ~omiuemes".
mundial com se::dc no Brasil, <: aqui <"riar cinco nova~ ln - Trama . Fat.('on do consolem(· joi(UI!tC os dicionários. O voca-
br icas de producào" - "A Va le do Rio Doce vai constituir bulát·io o fldal de Portugal d i>. ser <1 palavru ~ubstanúvo
ainda este ano uma cotrvrcitUiwdar(I para ,otuar principahnen- feminino e masculino na a('t'pt·~o de fio e na d~ intriga; diz
IC no Oriente Médio c na África'' - "Um modelo bra>i ser feminino na accpcã.o dr tloenta O Melhor.wll'mos diz
lt"iro de lOmnàalhadora loi cxpo~to ontt•m a empresáno~. ser sub~tolnuvo feminino com a significado Je llo. mascu-
autoridade~ governamemai> t- jorn•lhta>'' - ··... portaria lino e frminino com a d<.' tmnga, ma5eulino com a de doen-
de concessão de ~<--gistro t~pecial <: <lc bt·ndkio~ fiscai~ dd' <'3.. Abrimo~ o Aulett> e di,l-r~pànw~ encontramos dos dois.
comrrâalá..adoraJ.,. Não se ~urprecnda agora o leitor quando ,,r,, mamo; que
Se passivamente :odoramos com ,e..lido c:specífico uma /rama {: nMsculi no somtml! quando a portuguc~amenLo de
palavra que na língua a qu<• pencncc wm senti do geral, por "o·amway" (aporrugue<amcnto que >ó é visto crn d icioná-
ttue não adot<~nou• tom ""mido espedllcu uma palavra nO)· rios: tràmutt - pluraltrámutis é roupa qu<" assenta bem
;a? Poo que ohrig-.or-no' a um barbari•mo ele fácil tradur-do, ao vocábulo estrangeiro). No s demais senudos não rons-
forc~r -nos a ne,.ioná-lo como se ingl<?. Já fosSf' no~ lín- lÍtutr.i ofensa a nenhum dás"co nem a nenhum ~·timologi>­
gua oficial ("as trodmg rompanid'). compelir-no• a pi>ol~·a• ta diT<'I qow F)Odemos dar-lht• () gênero fcmontno: "NClliLI
a um 1cmpo vcrnát'\llo c inglês com dizrr "a fisraliza<"ào d:o~ negrol trama• rcnho-oe ~o-vido lealmente" (Hcrrolano) -
tratling"? Não >ati>leito> com barba ri tal o vernáculo, pa>sa· "No urdume a trama às cega~ ~e C'ntretece" (CaHilho).
mos a mutilar <ksdt· já a língua impurtada. Tramontana, Tramootar, Tra,momar, Trausmontar . Tra-
Tradutore, Traditore . Incl uímo-no~ •·nrro· os que dizem ..eo riUmlana tenr t~n iGtliano, dondl' no• veio a p•lavra, relad.o
impossível conheceo tom igual domiroio dois odiomas. o 11~­ com twru (vemo tio norte, l'S!TC'Ia polar), dond~ .t significa-
m·o c o estrangeiro: '>Cja ou não p.1cilica a afinnaç:io, o ôio de "p<·~~~~ a tramontana "rt,rrderr la tramontana) de "per-
teiiO t' que de bracO> da do< com o ' <'"''inoil anda • lt'\'Jdll· der o rumo , perdl'r a <aOC(a .
dadl', a precipitadio, 4uan.lo não a falta de imcligeucia, t.k Tra=nt.ar. também provtndo do irn.liano ,. igu;olm<'nte
bom st•nso. exi>ltntc cnrrc nós, emprega · '~' (orno verbo e , orno substan-
Temos d,is~o com~• o.v~cão quand<?; a~ lad~ de ~~spar3.: tivo pa1a ind icar acào ou a to de pôr-se (o ,ol) <okm dos
tr~ fraseologtcos c """'"co<, lemo> foctnho por ro~lO montes.
C'' o joanho da imagem do samo"l; "em ci ma de'' por "~ ­ Paraklamcntc> ao verbo tramor~lar temos a~ fom~as lril<·
hrt'·• ("conferênóa pronuntiada nn ama do café" ); "sarau" roonlar e tum.smontar. que ora t~m a mesma ,i._...,;llcacão da
por "reunião'', "grupo'' ("um ll1mu dt· ' ogais"1et alia. forma '~m • ("Na direcio do ~I quando tran\monra"J, ora
Mer<·ce propagacão um despauté-rio, não há muito pu a rramlata de " passar por tima" ("Tran5111on10u as mura-
blicado, que no> <."nviou um antigo colcdo nador de "erros lhas da foolale,.a"), "exced<or'', ''ser supel'iOt ;o" (" Este tipo
<.lc revisão de jomai<''. N um anigo, u.tduzido dt' nutída rransmoma o anterior").
lonrlrina intitulad" "Exerdi:io afa,la a trombose:'", t'lá Trampoliudro • De trampa, pa lavra que poo tt·r adquirido
esta maravi lha : ''Os rxcrcicios postoperatórios podem nii.o acc:pcào pejorativa foi >Ub\lÍ luícla por dtira111z. Mhulict, le-
ser o bastante; o Departamento de Engenharia Biomc'dic.l mos hoj( trampclin.agtm (acào, proceder de 'elhaco). tram-
da Escola Médica de> Kin g's Coll~e Ho>pital de Londres pohniet, trarnpolinar, lrampolmtrro. lrampolinwa
produziu um dispo~irivo mo torizado p.tra mover os ph Tràmuei - A palavra ongtnârid tem cenas di,tin('(k< dl' signi-
rom a finalidade dc produzir flexões no~ músculos de bez!'r- Gca~ào, ma~ emre nós <·m ourro< lempo> ·~· lixou, em vio·-
roH que pode >e• u1 il izado durame as ovcrações''. oude dl' torllpanhia~ inglt>;as, com o senti do oo3 d t" Irem.
Não pense u leitor q ue o hospital {: V<'leriruírio: os "on oí~­ ora dt• 1Jor11Ü, ora de via flrrta Ainda que transllrerada em
<·ulm de b<·zcn·o" ,ii,o de geme; não srus nem nossos, ma' trtiinu<i. (·hoje: de de~u;o 'lu;"<· completo.
do craduror. Ele viu no texto ooigin.tl o plural "caves", c Traocafiar, Trinca.liar · De trtlllanca. 3 conttarào trn11cn: d<·
empurrou aos lcilort'> o que :;empr<' p<'nsou ~r o únko tranco. po• influcnda de lrincajiar. o verbo tra~tcafiar. Só po -
sogn ilicado da pal;"n .. cair'. pulanneme trincafiar é mado por troncafz.ar. TriTJLaji11r é, oom
N;io 't' dando conta do <'Stonu•dm~noo r.~usado pela lin aceno, "prender com trrucafio" (linha d<· >apatdro: cabo
gua esorangeira, pouca• linha, d<'poi> imisre o graduado em delgado para amarrar; manha , a.stúóa; t''lOpa que ;(' en-
jorn:~lismo: "E pos\ívd demorutr<Or 'l ll(' o fluxo sangüím·o rola na ~ roscas de parafu>o para ap<'n ar bem as rc>spc.>vtivas
pode· tcr seu ritmo normal duplicado, C\timulando com esx· porca</. Trnnrajia1 é qu(· i! o nosro mrarcerar: rranr.ajiaram ü
.tp;ordho os múKulos do bezerro". gatuno.
Se· <> tradutor nunca ouviu falar em .JUfUI~, deve pdo me T.rans ... · Prefixo que: st· JUnta \('m hífen: tramama~dnico. tran.•-
ll<h Yber onde llc.t a ' 'i1.inha "barnga da perna". Traduto rerrptur.
rt'>. rl'dawres e revi ~r~s. tende piedade de nó;. Essa fonna. fiel à do prell><o la11no. que intlild po>terida-
Trafaria · V. Etiópia. de local, perdur-a <" eolld t'lll ll/Uttos c-ompoltO\, mas apa -
"Tr ailler", Attdado i:: .t forma parti<:ipial uma das fonte' de rece pm I" OC<' Sso popul.u mortificada em /r(lj, ira, lrt.l:
vocábulos: os f(Jir111dm (restos, fi"ago n~nto>, de;u·oc-o > que trasladar (ao lado de tram/(ll(ar), traso.nteollli'Til (pop. /res,(J/1 ·
(';r.tpam duma nuá.rrofe, especialmcmc de incendio c de tonu), tradu!ir (passar de uma lin~ua para outra; f infun.
naufr.í.gic>l. o tlSII'IIIO (substantivo de munos significado~. dado dih:rent:tar lraduur d(' {rrtrrl. tr<lt!t= I<· ,, 'ua traTLivtr-
constituído do participto •rrtgular d" aurnlar). Ja. qu~ cortd), trrwoalhar, tmpane. treJnoiU: Por falta de ~nsi-
318 Transação Tratamento
no. nm~ língua '><' tramjomw, por falta de \'>tudo, el:l lrt- Trasmontar - V. trnmoTUar.
\fllldu Tran~ Forma' aunwmam-." : lrtNo/Juio. trtl\lt')ào. Amha\ rem
Q.uamo à pronúncia do 1 \<t>j.J o vt.,-t>ere ~Íntl'. o >cru ido exrt•nsi> o de· grandr malandro. gror11l~ vrlhaco.
Transa<;ão, Transubstanciação . N.1o há incongnoê ncia ne uhu- Tratamento - A l'a lr a cada vc'l. maior de >i nceridade emn: os
ma n o f;oro de o 1. não obst<tnrt• vir antecedido de con!>Odllle homcn:. tomd cada vez m.1i~ complirada' as fórmu la s de
em ambas a' pala•ras. ter o ...:>m de ~ em ITIIIHacào e o som uatamemo; tal i: o hodoC'rnO anificralí;,mo de nosw trato
fone. dt• doi' .u. enr tranJub>l!lnnarào Os ca'>O' «io dift-n·nre> rt'ciproco q u«' preci...,mos d t· u ma lista que nos di" ri mine
Tratando-!>(' de prdlxo rerminado l111 >. c.-stc.- terá ~om dt> o> tnuotos ripos de g<'nt<', l r~La bt,n av-,wldlada t>nl português.
~ quaudv '><' lhe ~<·f,ruir voga l, .nas valcr.i. dob .1;, isto(·. lt'rá O 111 dos latino:., que se· prestava pat'll o imperado r<' para o
som forte, quand o o clem<:-nro po,posto ao prefixo tiwr um nw~mo lkm , tanro se rran:.for mou q u <' dr >ua real tuno:ão
, in icial crimológko. Em lranlactio soa z porque o segundo qua'><' j.i nos t'...:juecemo~; o próprio ""ossa <>xrelt'ncia"
elcmt·mo comeca por ,·ogal (ocàol; nn tramubJlonruuào \Oa parece e'rar-)(• rransfonnando, pelo tnt'nos n a \ c.àmaras
de m~owira font• porqut> do1> " MUStcm t'timologicamt·ntc- kg1slauvas, rm rraram<'nto de xon!l-'cào. O dignil1c-..rnrr
1trmtl -iii/Hlanaa(ào). ou S<::ja. porque o >C!\Undo rem um .1 ""·n hor" com !{"'' rraravamos nossos impt·radoo·e:. ,. u.io do
inicia l. 1 cstc q ue d<'~parcccu diante do j;i existente no pn·- agrado do ingl<'' está em porrugut'~ o,('ndo al ijado au:· do
fixo. tratO t'\-angélico dl' Cr isro ; Jc·.us passa n a Igreja a <;('f avaca-
Outro' <'X('TTipl<" d o prinwiru caso: trcuwgrr. tran.satldn- lho~dameme .. ,O<t'". e "voe<'s" são os lifi,, ;,so aré o did em
lteo. tran\IJ11ZQT lldl /ran;-hr.mu.rtl, /r411.1E (dt• trmllir). Do se- q u(·lii:is c Senhor )(jam rnmdo< por ... "cavalheiro~".
gundo: lranmdar, lrau111mir. lnclido d~· t(·rn ura o vocf? Pock ser, e o ma is d.ts v~·n·s <';
Transgredir - S<·gue .1 conjugado de prtvmtr ( ~ 166, 39 K' upo. nla~ sommrt dis'IO? Não c;w ao voei ligada a familiarida -
nota L dt•,> Podia pr<'Star-se para toda e qualq uer árcumt,\ncia,
Trami, lor · Cum o aceruo tõnieo no tor: tr.m-ziz-tõr. Tempos como todo o rnglt'•s i- "vou", rodo o franc"'- é "vous", rodo o
atr:i' tl'rmo\ "'" "' rompanhi• d~ rransporre aéreo ch,una- ~r.anhol e "u>tt'd", todo o italia no (: ''ki", rodo" .ll<:rnão
d a Condor; por t<'r rido pro,•c:nicncia t>St r~ngd ra, esriw noo ' (· '>i<''' , mas l'l'\'1 porwgu~s - a meuos qut' algum dt-rrcto
'imic>t'dntentc a pronunciar crirulor. com de5pre7o, t·om l'>tdht'ltT<Í d ift'll'IH<'menu·. como em ourros idiorfl.l> .rcon-
<'squ<·dnlen to c:ompl<·to do nosso condõr. lt·reu - nem ro<la a cri.ttura <· " tu " . m·r11 roda to "voc.C".
:-lão '-amo ' drmonuir o mara,ilho;,o m,·e mo helevrsôr\ nl'IT• toda é ''S<•nhor". El.tl' tiltimo trar.tmemo murta> mu-
cxi;,won que nu m drsposirivo dC' se1S pokgJdas quad1ada;, lh('r<'' aré exo\lt"m hoje quc o não to leram quando 'oheir"'·
11'rn rrrn ra c >ris mil <.o mpollt'IHl'> dcrrôniros entn· lrollm - c•,qucci das da "Sm!Jora Mii e de Deus" .
llim. cajlllatôw c mhlôrts) cum a aceitat:io da prosódra que Má;caras ou não, a lg uma' lórmulo~.> dt• traramemo aqui
no' i· ''"ra nha. A 'docrdad<· c a t'Xtensào do\ meios d t· in - estão. das qU.Jr> nâo remos ainda forca para fugir. O cargo.
forma <à o não <kr.om tempo para lromutmlb. rapocrtnnltl, ou po>~t'ào, qu.- .1 pessoa d(-sfrura ''t'lll >eguid o da corres-
rrltlltnlr>. Fiqu<'li)O\ com a forma o rigiol.ll dc~sas marav•- pondcnre fórmula dr tratamrnto t', apô> ulll trave>sào, d a in-
lh."· m.u d~mo-llll·~ o nos;o arc·nr o tônico (o gr<ifico ,oi pu - vocação (mancir a d<' e ncabC'rar a correspondência ou de so-
;cm<>- pant cvidrnd Jr a toniddad el, no ;in!(Uiar e no plu- urcstTÍtar O c•nvohório).
rdl lratl\l ll6rt>. capatoiÕUI. rrJHldu o; computodurt>, trommwo- Ahadt · Patemidadtc - Rn-mo. Dom ( P.odrel.
m . rtCC'ptum, tntaruptam 5enur -5e·ào IJMn arompa.nhadm -thaiÜ ;:.a: Cto id.ock·- Re\11o.t. Madre.
Trammomar - V. tro>moncar. Alrrnrante: Exrdc' ncia - Ex mo. Alm ird nrt·.
Transval - Aponvgu<'>amemo. já consignado C'lll vocabulá - Arubupo: t:::xcdênda R~·vrn·ndíssima - Exmo. e Rt'\'Tll O.
rios, do nomt- da provincia afr il'ana. TraniVolmno i: o ;ui1C'· Dom .
civv párno corn·spondt'nte. •~rqmduqu~: Ah tn - A Sua Ahrza A1quitluqut·.
Transvestk · V. odmr B"po: Excc:IC:·ncia Rt'\t-rt:ntlissima - Exmo. e R<'vmo.
Traquco10mia - S<.>m • a nte:; tk lomra. Em traqutoJl~tw,t, Ira· Dom.
qutoJCopoa. lraqutóJqlll.ll' exi~t<• 1 após traquto porqu<: u se- Brrgadmo: E:xccl<.'ncia - Ex mo. Sr. Urig;rdciro.
gund o ('iemento w rneca em grego com s. u que nà u , .. dá Cardtal· Emin<'ncia Ro·•~·TI'nth>Sim.. ( Lnnn<'no:ra- Fxmo
t•m traqun>lotmo. o nde o "o" que inicia a terceira ~ilaha i: t· Rwmo. Cardl-al Dom.
mt'oa 'ogal de hga('âo, muno trc-qüentf' <•m rompmto> dt' C6ntgo: Rt'\'l'rendísstll\d - Rem1o. So . Cün.
origrm grega. Cumul · St·nhoo i;t- li mo. Sr. Cõmul.
Traquini« de regC:ncia • Uma lo<>li ciraçào d:.~ Tek·;p a»i m IC'r- CoroTJd: Senhoria - limo . Sr. Cel.
mln:o: "P<"rmannemo> à di~po~i do par.1 t'•fmuais dúvida, Dtputado: l:.xccl<.'"cia - E'<mo. Sr. D~pnr.ldo.
rm n0~'13~ lojas nu Avmrda Codade Jardim. J2.S ou à Rud Duqur Altt•/a ISt-renÍ\\111111 S<>n hor) - A Sua Ahc'Jd Du-
S<>tt· dt· Abril. 309". qut.
No"a língua un na-lol' maravrlha cada ' <'' ma i' fasc:ino.~nH·: Emborxadur· Exn:lt'ncia - Exmo. Sr.
A rcgt'ncia dependt: do cornpkmcnto e não da palavra rr·- Frtui': R~·ven·11díssima - Rt•vmo. Sr. Fr. (V. vl'rlwrefra-
gem<:: ;.t• em awnida a loja. ,, Td t'sp att•lldo: ''na": Sl' t•rn dd.
ru.J. d:o atende "a" Q.ue ourra< p r!'posuê>e< ir.i" >ub~idii­ Fmro. · Rnc:rt•ndissirna- Rt'\ma. Ir.
ria dd Trkbrás .-ntprt-gar para <"•lTHórios <'ll\ largos. <'m pra- Gmtral: Exrd~ncid - Exmo. Sr. Gen(ul.
tas? Não sabemo'~<: ao hábrw do erro ou;, reimo~ia t.tbc a Cavtrnador de r•Mdo: E.xct·lt' ncia - E.x111o. Sr. Covt'lndtlor.
ex--ph c:triio de,;a incongruenrt• IT!(l'ncia. Srm nenhum ra - lmpmrdor: Majc:sr:ade (Senho r) - A Sua Majt'!>tddc· l mpt·
dotinio rnfundado. usemos a p n:posido t'711. 'eja o c;crrrô - rad o r .
rio, .1 loja. a ca-.. mr avenida . nn largo. tm prau.. tm IK-co. lrmà: IMadn·, Sóror>: Rt'\et't'ndi»ima - Rt"ma. Ir.
tm 'iaduto. nn ladeira ... t m rua . (\1adre, Sórod.
Trás, Tear- Com 1 é prepositào ou advérbio; com : é vC'rbo. .Jw~: Exct·lc?ncia (Meri tb~imuJ uizl - l:.xm o. Sr. Do·.
Em cmn p thto> ,. derivado>, cnrra a fornr.o <Ont ' (traJvaMir. MaJOr: Senho1oa- limo. Sr. Major .
tra.ll'iro), q ut' pod<· a ind a ><T usad a c::ornu i nre rjeic'ào, por Maruhal: Exrelc'ncia- f.xmo. Sr. Ma n·chal.
l>('r cntâo voz o nomatopaica, indicativa dt· choque ou pdnC'. t· Mt1Wiro: Ex<"rltncia- ú mo Sr. Mtnr>tro.
cb: "Trtf, ! deu-lhe com a porta na cara". Zti1-1Tru f forma Monunhor: R<"erendi!>srma - Re--noo. Sr Mom.
onomatopaica composld. Padu: Revc-rc>r~tJi>sima - Rt'VITIO. Sr. Padre.
Trasanromem - É t) rlia "a lém dt anu:oottrrr" . o u seja, o di~ Papo : Sdntidadc· ISanris,imo Padre ). Bcaritudt' - A Sua
anteri or ao de anteontem. É palavra legitimamente fonnada. Sanridade Papa
t'ocomrada em qualqurr dicionãrto: é df." menos uso a \'õl - Patriarca: Excrl!'ncia Reverendíssima. 8('31Hude - Exmo.
riantc /rt-"1111onüm c Rc,•mo. Dom (Ao Beatissimo PadreJ.
Tratalllento Traz 319
Pr'.fato · E"cdt'nci.t - Exmo. Sr. Prefctto. 9. 1:. gramaucalmtme infundado o proc~dimenro dos que·
Pre!idmtr dr tstfldo: Excelência - Ex mo. Sr·. Pre~icknre. o brigam a q ue ;e diga srm p re "de V. Rc·vma." . "~
PrínCipP. pnnwa: Alteza (St·reni>; imo St•nhor. serení<si- V. R<-vma.", repl'rindo -se cnfado nhamrnre o "V. Revrna" .
ma Senhora)- A Sua Alter.t Príncipt- (P• inct-sal. Esse e rodos os demais tra t.~memos d t• concsia podem ap<~­
Pnor- V. abadt. recer na lorma o b líq ua . Em po nuguC:> muito bom e menm
Rr1. romha: Majcnadc !St· nhur, Scnho ra l - A Sua M aje~­ monót~?o.,pod~mos, se,~ .',c:mor de ,., ro, d izt'r : ·:.Fomlula-
cade Rti (Rainha). mos-lht , pcdunos-IJit , vt·mo> nu >Ua P<'SSOd , ~m v~l
Rritor (de univenidadcl: Magnifict'ncia (Magnrfito Reirorl de: " fo rmulamo \ a V. Rcvma .''. "pe-dimos a V. Re\'ma.".
- Exmn Sr. "na pe>\Oa de V. R('VTI13 ...
Rr1tor !dt• ><'mm.iroo): RN('I cndissimu Revmo. Sr. Pc. 10. N.t correspondên cra p1iblica co:.turna-se u'>ar V. S"·
Secrrtárto dt t>lado: Exccl('nda- Exmo. Sr. pal".t pes~oa dt• aurgoria igual ou inferior, e V. Exa. para pe'
SenadM: Excelentia - Exmo. Sr. ;oa dl' c:aregona super ior. Na comum. porém, V Sa empre-
Supmor ubgu;Jll - V. abadt ga-~ P"'" pt-s>Oa de rt'lacõe~ não incimas. mormenu.- ,..
Tnunlf-corond: S<·nhoria - limo. Sr. Tcn.-u:l. merarn<'ntc comerciai>, c· V. EXIl. patd p..ssoa de posicio
VtrtiJdor· Exçd~IICÍd- Exmo. Sr. Vc:c<:ador. po líti ca elevada, rraramen co este regimc malmtnrc u-atlo
Vüiludor dt ordrm ffiigio>a V. abadt. no Bra;il, r.am~m na linguag<'!Tl falad.1, enrre pare; de uma
Dm11111 autoridadn, ofiaai• f particulart;: Senhori.t - limo. cãrruu .a
Sr. I! . Ne-nhuma ne,e»ic.ladr <')l.iste nt'm tle ponro nem de vír-
O b ...·rvcm os o ><'!,'ucnre: 1. A' fó•·mula< de· crauunc:mo fun- gula ne m d(' dois ponto> apó~ ,, mvocatJo.
cionam romo pronomes de cratdmc n w <1uando anu:cedida~ Tratante - Au nwntativo: lratantório.
de >Ucl OU f.'O>\Q C Tratar - Constitui a re!(fllcia do~ verbos pr()(CS>O ~cmánco que•
Sua trnprt•ga-'*· q ua ndo no\ referim o< :. pessoa: "Vi >ua obedece mais ao u>o do que a comporta mento lixo e rnOexi-
<a nridadC'o Papa Paulo VI qua ndo esrivc t·rn Roma"; v('l. D.tlltcs rramnivos d i11·co,, mui tos \'t•rbos h:i que hoje
Voml t•mprega· 'l' quando no ' dingi n ro, à pe~~oa: " Aca - só Sf' empregam w m regime· rndi rew: "N.io pude· deixar df'
bo dC' rt•c•·ber o d rploma qur VoJla Sanndadt• ...., d ignou a obedt·cer" (Vie•ra l - ''Mai> o5 3gt'dtlava a inocO:ncia" (Lu-
e rwíar-mc". cena•- "OutTO> que o su('('deram" I Barros) - " Boa \Ont;,-
Em ar nbos m c.a..o~ a fórmula é ~rnpr<· d~ rertci r a pc;soa: d<· unha de a comprazer" (Lt•ào, apud C. Ri bt·iro)- rcgc'n-
vt·rbo> c· pronon1r\ " da n·fc-rc·nt<'s c.lc·vc·m na tercdr ~ pe>soa cia> ~''"h por nmgut' m usad." hoje.
<c r n...xronados. Outro~ tanw' ~t·rbos (')(r~tem sempre traru.iu•·os dirC'tos,
2. t clt• rt-gT<t . t•m disru r<a. •·m caltd\ ou em e~rito~ c.lt• que t•m épO«<~ r<'moras tTaLiarn obj('LO ind il t'to " Matam nn
qualqurr narureM. a uniformJdad' dr lralnrnmto. r<ro é, do d~ mui ~m piedad e" (Aluraral - "Pdr" ter l'lll que mor
pronome• esco)hcdn p;cra a p<·s>aa a que rlO> dirigimos. St- cl(•r " {Vieira).
rratam o' o imcrlowror por •IÓr . os pronomes ouliquos são Do> transirj•-os incl ireros. há por sua \'Cl' O> que eram pelo>
O> que corre~ondt·m a essa p<',<Oa, e o n•<·smo st' de-ve d i.:cr clássico, usado> t orn preposi< à o inu~r t.~d.l hoje por nó>: "E
do> p•onomc:> poS'><'''>ivo>. S.. o rrarnrmo< por tu. usaremos nâ<:> rrar;l\-a no> n<"góoo> d.t ourra genro:'" (Frei T o m(•. Traba-
os oblíquos lr, 11, conii(!;O c- o~ posse~>ivos tm, tu.tr, '""· tua; lhos. l, 3621. A prtpostrâo qt•~ h oJe ~·· usa com o verb o
(jamais lfll. l ua ). St o tratarmos por voJJtt >i'ttlroria. Jn!Mt, voei, /ralar t tlf: TratdlCÍ dmo ma i~ tarde- I::Mt· livro ua ra do Bra -
c.l rTC'mO' o. lhr. ••u. '""· '""· •lln•. n:lo no' dt·r -..tndo iludir >il - rnas. aind.1 com a >ignificaGi o dC' ..di>correr acerca
pelo t'QIII) que aparnl' <·m "vo\<a ;rnJronu". "vos~~ cxcclt'Jl· (k" - f tamocnr transiuvo d ireto : " E>t<· o hjero <' imc>mo:
cia"; c>t<"> trarnmrnro,, como ainda t·o"a maJr<tadt, TIOJ.kl t•. "<' a tra rá-lo dou toda> 3> largas que• ' ua va>tidàn ~srá f>t'·
altr~a . ..,in codos da tcrreim fWS\Oil grarnariral. dindo. n~m t<·mpo nem e~paco me >ohrará para c.unos u u-
3. Cnmo fc.i mlUla (k t:r.uamrmo. >tên hor i: da tcruu J. pt-s- rro' que o esl.ào r~damando" (Can·e u}.
>O.t.: O vnlror i bon tlo>O- A ~nltora "'" ran~da. Como •o 'lravesti", tnnstido, tnYescimento - "Tr,l\'C'it:l'' e forma pa r
car ivo, pode M'r U>ddo com ll UII as pe"oa<: Se qune•. Senhor. ricipra l de verbo francês yue 'l' trac.lut por diifarçar, di.lmnu-
podr> c-ur:u - rn<· - APítdar-vm. Senhor. de nossa h':lqueza lar. IIUJ\carar: cor rl'~pondr em português a travt•lido. Não
- Não p<>SSO, carO> " ' nhore>, urz<T-liO> ... ,·,·mo> nos d icio n.irios no>SO• o vt'rbo trauLIIir, ma~ i»o não
1. NJ o confundo~ mo' rnvoca(àt~ com lratamr:nlo. Se no (abe- nos impedl' o uso d t• uawrtuúr para indicar o homem que usa
talho t.lc uma con <'Spondt'noa pusermo• 1/mlrímTM Smlwr traje de- pesso<t de o urro sexo ou de 0111ra 'ituac;io. trat'"tr-
Prof~>jOf, ou Smhor Dirttor. ou \ Ímpll'>men r<· Senlwr, podemo, rio facilira-nos femmino e plural nosso s: IT/w(S{idll, tr(ltitJft·
no mrpo do ('\Cl itO rr.uá-lo por vó1: o que não '" podP i! do1, lralltllida; Se necessirarmo~ d o nome para mdi<'ar " d is-
no proprio corpo ele uma corrcspondl'ncia red igir, por farce" ou " aro dt' tra\'esti r -se" . tral',llrmmto ê fonn.t correta:
("templo, vo>;a Jmltorra t t:ratar o d estinatáno por 001. em o policial percebeu o tratll'!limmto do mala ndro - O
5. T r.1tando-se dt• argos rrn nsirório~ c de algumil' digni· travt11tmmto era pe• feito.
dadt·s h it·r~rquica' pode -se: no cnvc lop~. tkbaix o uo nome Tais fo rmas é que.: deVI:m figurar num d icion;irio. e não
do ocup;1nre do e~ rgo, pôr DD .. abrt>viarura de dif11isstmo: as 11-.l.ntt'sas /ruvtJ/1. travtSllt, lrausiJswnnrl.
DD. Rtrtor da u,.;,,,.,üúrdt - DD. Embavcador Brastlmo - Traz, tri> • Com ~. i· do \ 'Cl bo tra;:er; com 1, i: prepo;u'ào: uns
DD.jm~ dt Dirfito. lriÍ• ourms- e c·nrra em loc:u\Ões c t•m cnmposw-: por trá>.
6. No ~nvelope. a última parte da invocação pOde" vir na dttrá.s. ntráJ.
'egumld linha, aml'< do nomt' do desti nmãrio Po1 conv<'- Q_u.~ndo verbo, pode s<-r for ma do indkaú vo pr <'sente (ele
n•ência de alfabeu.-ào ou por nece,>•dad e mcc.inica, es~ trad ou \'3riante de 2' p<'~s. do inl p<'lUÍ\ 0, poi' o' ,-erbo'
última pa rrt' (Dr., Pt·.. Ir .... ) 1>ode ou vir cnminando a pri tt·mlinados em ur o u ur. <'O m vogal .uuts do l , podt·m per·
mcira linha ou na S<"gunda linha após o r1ome. d er o r fina l dessa forma vtorba l : di:..ja:. rtdU1., currdut. lral .
7. 0\ pronome~ 'lâo susc-C'tívc:is de plural : vOJ~<~> ITI(IjiSia · De~>a d u pliodade de fo r ma~ para a 2• pess. do >ing. do
dt>. VOJIOS >mltoria• Observe-M' qut' o plural v«iJ k.rr trdra- imperari•-o positivo decoTT(' c~rt' p roccdimenro: SI." pospu~r
rnemo não rem o mt·"no u>O em Po rrug;rll ro,tu•nam no mos o oblíquo o:., formas com t fina l ccremos: dtu-o, fau-o.
Bra~i l p r o nunhar voâr>. amq>o ndo um 1 ao .1, pr·o<'c'dimcnro conduu-o. trau-o; se· o po>pu>enno> às segundas lorma; -
que d t'\'t·rno' c:virar <' condt·ndr que immun o la tim - ter('nlos: di-lo, fá-lo. condu lo, trá-ID
8. Como pronome, dt'\'e-se c..n-ever a gmtt co m o> elemen- O me>mo se dará com os composto>.
tos separados: ''A gmtt não faz •sso por go~ro". Com os ~lc­ Cu idado <'Xige o verbo lraur quando )(: coloca um obli
menro\ ligados, o sentid o turna-.e ourTO - oprrattlr. cmnü - quo no meio do rururo do presente o u do pretérito; se a for-
Jário, tmrrsáriQ: agenl< químico, agmlt po licial , agmlr diplo· ma ~ twui. a me~clise o lt-ren·-nos trar-lltt-ti, ~ nunca lra-
má rico. ur-IM "· erro q ue- escapa à1 ve.tt"S ;ué de: pes:10a~ de an<"l
320 Trecentésimo Tricentésimo
de gt au. F ll\\lm: lrá-lo-ú, lr(tr-me-ta, lf().f·IIO.t·tmo;. 1• ob>. da 1 2~ rrgra: Não ~e pik ••cento agudo na >ilaba
Trecmthimo . O 1 deve •rr lido como:. V .lncmlinmo. tô nic,, das lorma~ verbais terminadas em qut apropmtplt.
Trecho Uterário · Colell\o atU1lato. aniJJiogra, ratafLctq !quan- dtbTU/unn.
do d•· autore, amigo\, prmrtpalmente do' dássJCos gr~o' R<:gJ a> di fcremt·s para a mc•ma ll'nninacào e tontddadc?
e larino'; .lntologia dá~>ÍC'.t ), compilncão.Jlorilt!gw. ul~la, •tlvn. NOI(' u leitor qut· a quinta rtgr.l fala cm "u tônico", r: a
"Trêis" • ~ 1o lirc que and., d1· ruào> dada> rom hum rntl ~com ob:setva.-Jo da 12• t.•m "silaba tõni w": ai ('Stá o busfl is: o
dfis. Q.uetc·m <]ut· se cvttl'tll a lt cracôe> n o preencbim(•nto dt• rc:lator sugert· que um verbo te-rminado c:m quar p()dl' ser
cbt·que\.' Fn\int'm O> h..rtt.irios o dtentc a preendu?-lo> sem conjugado com ac<'nlo no '' (que de lhama "" tt)nico" t'
dt·ixat entrl' as pala\Ta\ impt essas" quantia de" ('o numrral t•xrmpliflca: obúqutJ ou rom acento nouiTa vogo< I amcrior I e
que cxpre\\.1 a quanua de• cruzt'irm <'>pa,o que cumpm tt· t'k <'ntào d 1ama "silai.J.. tõnica" c excmplilica: apropmqüP ).
arré\CinlO ck krra, e não. ao arrepio a um tnnpo da ll'i dm
chequt'> l' tias dó idioma, a intr<Hhnir p.davt a ou k·tr.1> in-
'"<> dt: <» vethos c·m guar (mr""i!fuar. rmnguar, tJfJatrguar,
dnn!(llllr), t•m quar (oblrquar, a/Jrii/JIIIIJIIM), <>m gflír (m/argüir) <'
teiranwnt\" di>pen<áwi\ quando não mlic ubs. Tah't"l decor- qütr (dt/Lnqütr) '<'' rm conjugados an·nruando-..e tonicament<•
ra do próprio componanwnto ou mmcu· em casa o h.ihito "u. o u não se an·nruando. ~ a"umo tle gramállt d, c não
de dexonfio&t do> outrO\ de urrogralia. r do tel.ttor do vocabulário oliri.JI o que sa-
Trem • Enqu.mtc) entr•· no> é: mais usada rom o sentido til' !.c·mo' de grarn;i1 iro 1- o ter sido <·xduido, quat ro ano~ con -
comboio de- via ft-rr('.J r, dt·pui>, wm o de bateria ele- rUii· SC('Ui i\'oS, dt· e.,,,lJd <·cimemos til' c·n,ino- doi' de Curiúba,
nha, t'nt P<,nugal a palavm trmr i· rorru.tgt·m, bagagem t' doi;, de S. Paulo - por incapat'id.•de d1dá•jca.
romi1iva que acomp.111h.1 a lguém ~111 viagem. L.i ~ Gi T rt'JllOÇO ·No plural o "o" éabt'rtO.
out ro~ )('IlUdo> tem amda a palavra !mobilia. Vt'\tuário, Trento . Ali'm de tndmtmo. existe trrntmo como adjeti'o pátrio.
e ref(ionahnent<' é usada no Brastl !em "vv i na~ <·em pMt~ dt· Treplicar trefutar com tréplica) - 'lão confundir com tripli-
São PauloJ rom o de ubjt'IO,, coisas. ,. na Amazônia wm o car (tu • na r rrl-s ,.c.,cs ma•orl.
de wmhoio de embarrarõc~ arrelad.1~ l' pu.xada> por bott·. Três (mktivosJ - 0d' u·r•~ pt-ra> !garfo, mlher t' [,,(,t) de qu<:
Enn-a na <'~ pr..!.Sào l r nn dP aterragem c não dt·vc entrar no (acl.t pc>>Oa st· serve quando conw: toiltn; de· dias: tríduo;
~ralichmo lffm rft t•ida. p.1ra indica•· pttdràt> dt vida. modo dt> <k rlll'\t>: lmnt•lrr. quarul Ido anoJ: ck anos; tnlmo, ck ,.,., .
alguém ou de uma làmíhd vh•<-r. sobrerudo em relarào tom ~s: u rcrtu; dc vo1e' ·lauto, trio.
o nhd cconómíco. Trc:-~.. .~ J Prdho que ttm a• 'arrante' tu, lru e In. <' pode m-
Trema Ptt'\oalect' ainda o trema no ''u" '>t'mprr que pronun· dicar:
nado drpoh tle gou q >eguidu de ''<•" ou " 1": ag.lmlnr, arl{üi- L n·fotto dt: Mgni(k,uào : lrttlm•r<JdQ, treJ]urar <que· Lcm a
cão. t'loqtimtf, tr,mqüilo. ri"'llitllla ... - É o q ue t•stá na 12' re- Valla lllt' lrc'fUrar · " ... t'C'p<'tindu t' trffllraniiD qu<• C'l ~ pOt tUg\1!'\
gra til· ''AH•nt uadio Grá lica" do Formulário Onogrâlico "" il-il:
de l'l-l3. TtaJ es"" rt·gtd cluas ob>er-at~: uma. l,unl><'m 2 11 iplicacào; lmat•d, tnf6lto. trm•ntnuínt> (ou lrtunlmárih).
em "Jior .unda, que du: "1'\ão se põe atcnro agudo na ~il.t· B) Surge por Ira> l' por l raru ern \'õÍria> palavr,w lrr•/xJrdar.
ha tônica das fonna> v<•rbal' terrnirodas em q~. qürm · apro- lreJpnlltu.
/"TUfl11, drlmqürm ... ; ouLr.t. que perdt·u \1gencia durancc ,, Tr~s corações- Adjt'II\'O pátrio: tricordumo.
,obrt:ml''" de um T'<·pa~m acadêmico no dia 18 dt• c.k zcm- Trl:s gtmeo5 - Ghflr•n , ;gnillca "na~cido do mt·~mo pano",
bro <k 1971; convi"" lu"~u1os t: bra" l<'iro' con<:orclaram e o uome s~ aplica tamo a dOI\ quamo a m:ll' indivíduo>
t•m ahviar-nos da licitude de rrcmdr uma ,·ogal "para m - na" idos do mt'>IIIO par to. Ao vo(abulo gtrMo n.;u r>~á limi-
dicar qu•· <oeu t'ncomru com outra não forma~ d11o n~o. tada o1 significac.to de par, dt- doi1. de duplo. São JU<Iilici,-e.,.
ma~ h•aw: lfludadr. t•mtiadr.'' E~sas duas pa lavras- datl.ts à lut tio ponugut'> c do latim: lrt,~lrlll'o, quadngc'TrKI>, qumh-
olicialmt·ntr como <'xrmplo~ no FO dt· 1943 - j;i n:io ~<' ghrvo. lrxiÍJihtUit' '' Ele· i· irmão Ln~hnro"- "EI.t H'\'1' quadrr-
apre~em.tv:ul • enfeitada< no Brasil: foi uma concess;iu d:tda ghnfo•"- •· A•i· o motllt'IIIO 'ó um:1 quintig1nu11 wbt<·vivl'".
dt' bat'alo pt'lo\ ponugut..,l'' para qut' ~~· pudesse faldr <'111 Tresantonu~m • Embora dl' meno~ u'o que tw.IOTII0111tm. é for-
rcali~ac-ão de um "acordn", e não de um >imples banquC'tc· ma Í'"'ificáwl pela aprcscntacão variacla do ptelõ"o tm.
em no'"' nma capital. c·omo trr•pas= por lrrupns<ar ou trompas=.
Soml'nu '"'<;e tremd - <]UI: não po»ulamos no Br.l\il, rt'- Tresmalhar • O prefixe> lanno lrm~t vem par.1 o porruh'U~'
petímo~ f01 abolido pt'lo drcreLinlw ele- 19? I. que· tru: 'ob e~sa lnrrna crudi tJ l' ainda ;ob as variante' lrtn, Ira, trt).
" Fira ,l h<l lldo o ~rema 1\o> hiatos à tonos" ; exdusiv.tm<'n~t• lrm11crrvt•r. traslad(tr. traduur. tnrptmr.
nesse t<l\O opoona l foi o nema abolido: ; ua prt'st•n ra con- Como seixo' que 1 olam em corrcnt<'la, prrdem a forma
tinua impc• aliva q udltdo c·nquadrado no caput da 12' r<·gra ongmal, c múnl ~t'r:i querer m a<l.lica-la; lrtsmalhar ~ ,, fom1.1
ou na t• olucrvacào· cmqurnla. qr11roro. drbnqilt:m. OJrlffllar a ljue chegou o den ..ado: "Trr11nalharam-•r O> muros"
at'mgllrt. ObS('f\'<'->C que nn palo~vra' romo argütcào nJo - 'Trr<mallum.do·'l' O> soldado," - " O pa<ror lrmn_aDtt>u
ex i>te hia1 u átono, mas digrafo sc-gutdo t.k vog-al. v gado".
Avt'rigt1t••no, as lei> e agüentcmm as conscqMncio~s. Triadt • V. m6Mdt.
Resum ind o: Triagem - É france>i>mo inútil: em porwguês é Jtlrrtio. i>colha
.-'1 -LISA·SE o trema dilmbwcão. ~rll(Õo dos remí-dio,, a rli!lribuicão das carta>. a
I. ~ohn' o r• quaodo. pronunciado. c· anu:ccclido de- g ou ttparucão do' alunos. o pátio de /11<lno/wa,, cemro dt· •rparacão.
9 c >el(uido d(' r ou 1. agrJmtar. arguirão. tl()([u.mlt. tmnqwlo. 1-. a~s1 n1 . enl vet d(· ''fu er a uiagem", seltr.umor, t'!trolhcr,
avmgütt. tlt'rTÍJrinnoJ. owri/(tms (Forrnuláno Orlogróf~ro, 43, 12); dútnbtur, •rparar. marrar. lÚlmniruJr. l01ar (d ividir em lorcs de
2. no 11 das forma.s verh~i< tt:nninadas em qfle: apropmqüe. acordo com o Mmanho, pe;o): "E~1á na hora d" Jr•parar m
dtlinqünn (FO, 43. 12* oi». l). pinto>" - "[)('\emo~ ,.[rcimwr "' plamas" - "Pre~isamos
B - NÃO SE USA o trt·m.t: marcar a' ârvores para o cort<'".
I no u 1õnico elas lormas '-erbai' u:nn inadas <'111 gut; Pot q ue casúga1 o ltllor com t-s<.t· .ovado ''fatc• " magem"
usa-\e. m • tal caso. o al'ÇIIIO agudo: avmgúr. atKTlgUrl. ot<'· ou .Jtnda rom "ni.u" quando n~:~n ao meno~ a tdc'•.t de trt.
ngúe. avm~rúm ( 13 . .5•); cah<• .to caso?
'1. em t•nconrro$ de vop;ai' que não formatn ditOngo: sau Tribunal de justiça . V. "'l•go.
dt, 1'1Jidadt, mibir. dt1trwrõ.o. rtuntr (drC'I'I'IO ~ ?65 tk 18/12/ Tribuno - Tnbuna é: o feminino dc:sS<· subsrantwo: " Airn
1971). dt· g•ancle méd•co~. da é brilhantr tribuna q ut· pugna pela•
C- ARTIMANHA: O Fotmulário Onogrãfico tem dot ~ r~ha ~ da dasw".
dispo,it"'"' ct.. fazer queunar as p<·stana\: Tricent(simo • t forma paralt>la de treuntilrmo, jo\tílicá,TI
5' rewJ: AssinaJa-~ tom o accmo agudo ou rõnito prc·- (V . tm!" consignada no Laudelino e no Cândido de Fig11et
cwldo de g ou q e seguido <I<·' ou i: ... obliqút, obliqút); redo.
Tricô T udo o qu~ 321
Tricõ, tricotar (tricotear), tricotagc:m - São palavra~ já do no>;o inglfsa trollry já nos deu trolt: Os bonde-> alliu:inhas. oom
vocabulário. A exi>tência da \dl iamc em tar não consutui c.t o trolr a charriscar lume no cabo de alta tensão.
so cspord.dtco:jolltiJr.joiMor, cluc01ar. chúottar: >(ifU/m, .!(Jntttllr Trom~ • Barulho: alroar, clangor. dangorar, cfangorqar, t>lro-
Tric:mímtte . Q.uando sub>tanllVO t fnmnmo: quamo à form~ gr.r, trombtttor.
v<'ja ·se diabtlt Tropo (õl • Do latim tropum (volta), e este do grego rropfo (f~i·
Trien - O gtncro é feminino: quanto à fonn~ veja -se diaéett. rarl. ~ o emprego de palavra e1'n sentido diferente daquele
Trigamia . Dit· >e trigamia, para indicar caS.1ffi('nto, a um t<>rn · que propriamem~ l b~ corre;.ponde, mas tem com este qual-
po, com rr~~ mulher....-. e n<io "bigamia com rrcs mulh('t'('s" quer rda~;io de 5C'mclhd nta, de compr ccns<io, de- rontrari,.-
Brgamta tem o ~nudo n·•rrito de "casamento com du.t~ mu · dade ou de conexão 0> trapos são. pois. semàntJfO\ r: SC'
lhc.-res", e não, ,implc;mentr·. de ca!ammto, o rkmento grt· drsongu<.'m por cc-r ta~ c.. usas ou processos de modilicacão
go gamo é qur· ~rgnifica casamenro: bígamo, trígamo. unlgamo. de St'lllido: corre e-les - yi vistos no verbete smtdnllca (QVs-
políf{GT/W, palavras q ue, :tcresridas de ra. dão no• ns derivado> 3.S I) rt·rno~ a •inidoqut. a mttonímia, a metáfora, o ~ufrmi.<mo.
bigamia, tngamia, cmigam1a. pol!gam1a. "hipirbok, "pro;,opopiia, a pnífras~.
Trig~. '1/. trlrglmtot Trono · Barulho: atronar, t<touro. tJtourtlr. tllrugr.r. ronco. nm-
Trigo . Coleti\O' mtda 1el.jtrXt CJZr. troar,ITOIJ')trr
Trimensal, trimestral · V. mmltll Troveju • Lembremo-no • d .. que o; \'t'l'bos terminados em
TrimcsiJ'alidade · "A sócio corn a trim'ltra./ida.fr r·m dia(' marur tjar, rum .t ün ica cxcet'ào d<' inwJar, têm o "e" ft'chado nas
de vinte e um .lt10> serâ faruhado ..." - Evocâhu lo já rt·gi,. forma~ rilotônica;: em pon ugues limpo do corltato da igno-
trado nos dicronários: signifi(';r "prestacão trirm.•stral'' . além ràncio~ dtJ.·St' '\.i ct'ja", "alv~ja~; f o~.,.im : "Em '-ão trovi;a
de "qualidade dr• rrimestcal". horrhsona tonnema''- "Fuzila a npada <" trtnl/ja a vitória"
Trineto, trisnc-to . No ve1'betC' lrt> ficaram rndrcadas a; 'arian · -"E rontra os que dSSrm niio são pouco nos magoa que a
tes de>Se ptdixo: /rt, trü. ln . O tt'T'ceiro ncw. ou Sl"ja. o filho fllo><>ria tror•IJf ...
do bisneto o u da b i>neu {· ITI~to, rom igual arc:n o dtt·>C "Tru~" Galicismo Já t·xtirpado no Bra1il: são seu; subsri -
lmrttlo. cornn trivwõ se <li> o tcrceir·o avó. hto {•, o pai do hi rutivos: rmnpanlua, quando rercrcnt(' a ll'atro; grupo, ronjzm·
s.wõ ou da bi><~vó. to. tlmco. q uando a anastas; ba11do. quando em ourras
Triolé • Forma aponugue'ddd de tr.olct, nom<· qut· o~ ITanc...,..., aN'p<Õ<',.
ôJ.o à oitava con~tiruida de trt's ver;o> rgu.m ( ( 9. 49 1: 79) ''Tsar~ v. 'ollr
donde o nome da tornpostcio - e de- mais outro> dot> Tu quoquc. b rutc. Gli mi! Exclamadio olt- Ct'sar (Tu, t.tmbt'•m
tarnhém iguai~ (29 e 89): o 59~ o 69 não aparl"l't'm repetidm, BnH<l, meu fi lho!) ao vct no grupo dos ~eus assa~sino' Bru-
e O> dois printt·aro> v<'n<o' lina li1.am a a·;,uofc, constituída to, qu<> e-ra ron~idt'rado tllho S('u.
a~sim de tri·;, partcs: a pt irn(·lla de rrês vea so, l'ntre si di Ir- Tubulào ~forma aumenta tiva de rulx>. Adquiriu ~ignilicadio
reme$. a seg\tnda de outrO> três ôtferentes <'ntre st lo pri pt ôprr.1 r,omo portâu. fiQrãn. ta><ào. cnrxão•. rrut> O> rlicion.tno~
meiro é o nt('>mo primeiro da primei r" p.trtel, a tcrccu a .tindd n<io con~gnam .r pai<I\Ta: tubo <k grande dr.ul1rrru
ela repetido do, doi> primcrros. O nome frarl<<'> fot urado usado em cnnsrrurão ou em l:'ncanamen[() de porte.
da forma ttah.uM rrio. cum "o" ames da tt•nninadio por in Tucano · Vox: clzalrar.
Ou~r\ciado "o" de d!lo. Tudo Em oracões como: "A< apo<m>Íd' dos judeu>, a~ ula>·
As rimas tem o rsquema aboaabab · femia~ do> pagão~. a> orgia. romana,, tudo se levantou con·
tr.> clt·" - con>idera·~ sujeito dJ ora~-ão o mdefimdo
Eu ('Onheco a m.u. beld Oor.
tudo. qu(• t·m >i re,umt· o sujeito ou <ujeiros do \trbo: {:
t. tu, rosa da mondade, pronom<· neurro, smgular e rnvarr;h·d.
Na;,cida. aberta para o amor. Não <ornerue C<Jtl1 e<,._.. pronome rnddinido St' optTa IC·
Eu cnn he<o a tl1:ti> brla 11or: melhantc mncordànoa verbal. Q.uando a enurn<-r.J\ào olo;
Tt·rn do céu a 'l('r(•na cor,
diH·rws >ujeitos da ora<àO tulmina por nada, cada um nm ·
E n perfum~ d:t vi rgmdad<'.
guim. ntnlu.m, CJJda 'lua/. o 'erbo p<~;;a a concordar comes-
Eu conhe('oa mai' bela flor.
>~'> irrdellnrdo>. todm <'~<'> dr núme-ro ""guiar· "D,.-er'l<ks,
~'tu, rosa da mocidaôe.
livro,, mulhere-s, nada fatia vacilar 'ua vocalâo" - "Solda-
(Mafltado dr· A,,;,) do>. arntgos, parenre' t· vi1:tnhos, ninguim conJtgwu impedir
Ao çonu á rio de cansaro, a r l'peticão dn> verso> traz t'ncan a horripilante cena".
to desde qut' ;~ idéia rude~ wnuda S<'ja <~gradávd " o> e>tri- Tudo o mai< "Tudo u mai,". t' não "todli o m.ti;". A paldvra
bt lbos não "'apr~nt(>nllorrado> mm• l' .ti do gt'n~ro lll'Uttn , tambí.·m tll'lll!'a dt'\C' st'T' .I rnrrna
Tripanossoma • 1\ tc-nnindcàn a do composto u•m sua jmu do rnolefinido .
ficado; SC' de frrÓIO> rnaJS pia>ma O lanm re1 prot()p/.a,ma - <' Tudo o que • A incüria q uC" de um lado ,<·mos do <'SttJdo dos
a~~im dizemos em ponuguc'' - por que de trjpanon mai ~ fato> do idioma i: de outro agravada p<'la leviandade· do: dou-
•omo não podemos ter tnpanonoma' O rompo\! o resulta nu• í.• trina sobre ct>riO> a>wauos dl' nu;~ )l'ramática. Já n,io nos
sub~ta ntivo em .unbos o~ <.tws. e o prim('iro elemt'nto de: l<·mbr<L o lrvro rm quç \rmo; ~x.arivdrtlt'nt<" expr<·s-.o: Não
ambo~ i• adjl'U\'O, que '<' fa1 dCumpanb.u de substantivo. A ~e dC'Vf di1t'r tw/() o 'I"'·mas tudo 'I"''· por ser impo>shel o
tt'rminado "o" tl'Tia ell-plrc.u ão "' o compmto resultam!' emprt>go conjunto dr dot< pronomt'•.
fosse adJcllvO, ou adjetivo \ul"tanúvado. como poltcmmu. Além dt· nada r·xplanar do caso panantlar, e'"' regra é
antr/óltomo. 111()110irrmo. gratuata <', para OOtttlenar a expr c>rxio. tnteiramcnu~ desri·
Com doi~" ti('Vt' a pala\1J ""' escrita. conlonne cxpli r.r· tuída de aplicado. Ao comTirio dt• r""'' fiT".l{Olas em mau•-
tào dei:uda no v<-rbetP SS r ia gramatical, dr·veriarn <·s,cs çhoc.. rrcnus <'<tudar um pou·
Tripodc: v. ópotü co m.1rs de.- gramáúca. tom suprimr:nto do dC'anh<tdo pod,.r de
Tripulante • Colt-tim Ide navio!: tnpultuõo, rqwpaK('111, mannila - r;~.ciocimo.
gnn. maru;a. [)(·.\\'tão: tnfrulacào Todo po>sut a forma nrutra llulo, .1 qu.tl funcrona t)U conto
Trólebus . AchJ· ~e Já consagrada pdo uw C' t<msignada em pronotnr >Ubsran tivo (Q.u(•ro tudn - Vt (udol, o u ((HIIC> prn-
dicionários (inclui ndo->e u Au l.-tc, em várias c·dicõt's) a toa . nomc adjt·rivo. quattdo modifica ou tra forma ncutr.r. tudo
ma tróltbu> para designar o ónibus dérnco. proventt'ntt' do t>W. tudo .rquilo ( Farr·r tudo 1\to - V r ''"'~ aqurlo Q.ut·ro
mglês. que dtTr..centou a úluma sílaba dr ommbu_r ao nome tudo "'o
trollrj. p<m o carro elétrico. dl' transpon e coll'tivo, q ue ro As~memos então. dC'~de logo. que na~ oracõn qrvro tw/()
da '>Obre pnr·u>, tem o dewto lrmitado pt:lu comprimento mo, 111 tudo Ql{•lilo. Jam ludo uto- a palavra tudo tem funrào
das duas alavancas que tocotm o> condu111rr' détricos por adjetiva . O C'rro partr d,· não sabet em t'>'I'S rruõe' 110 plu-
intermédio de trollry, ou~''· de roldana. A própria paiJvt".l ral port\uc rruus dt· um t·xiste - nt·m .tO meno> a ndlisar
322 Tui Tutti quanti
morfologicamemc os tt-rrrH>S ck u u oa oo·acão. Nessas orac·ões, Tupã- V. tamoio.
is.>Q, aqui I<•, is/Q são pronomes demonstrativo>, e tudo. em to- Tupi, tupinimó - V. tamoio.
da, ela,, é indefinido, com funcão ad jetiva, a concordar <·m Tupicolor - V. bico/or.
gênl:'ro lnl:'utro) com os demonsrrativos. Turbojwnbo - Plural: turlx!jum&o•. como turborrealore.t. turbo -
Acrescentando a essas or;teôes urna subord inada adjc:ti- máquiru;•. numa só palavra.
va. teremos, para dar mn só ~'X('rnp la: Vi tudo lUJUÍio que.vocé Turfe - Scrnpn' que· possivd, impõ<·-se o aponugucsamemo
Jet. Sabemos, no emamo, qu(· a fotma ankular ~ funciona d<· palavra~ c·strangc;i ras: turfe. (/ub•. wrji:.
também como demonscrativo ntmro: exemplos: Não scí Turista - Colnivo: caravana.
o que qu<'n~s (=não seiaquilu que qut' l'es), Nâú o fiz por gos- Tussífugo - T'l•>sífugo. tu:.sígtrlo. lussíparo. 'lu>;ícu/a S<'io fC.nnas
tO (= não fiz isso por goHo). Troqu(·mos, no exemplo rnai~ erud itas t,tj(> primeit·o eknw nt(>const'rva o" latino.
acima dado, aquilo por o, c teremos destruída a atl rmaçào Tutear - De m. forma nominati,ca, mais te. forma acusativa,
d<' invenóonciros de regras: Jli tudo o qw: uocl Jn.. Nesse pe- tem o verbo tutear a significado de "tratar por tu'.' e se cnm -
ríodo, o f: pronom(' cl<-monstr:uivo ueu trn, objeto direto de u·ó i : I. co m objeto dirt•to - O latim tuteia- o po'C:Ípt·io Deu'
,,;_. lltdo i; prononw adjetivo neuu·o. que modilica o o, que é - Os porrugu<'S<'S tuletam-se. 2. pronominalm<:nt(' com a
prononw rc.>lat1vo, objeto direto deJe~ . e t<'tn p<,>r antecedente pn'posicão com - O par lvleav a-J• com o rei-
o o. cbt ora<.) o anterit)f. Ot..-iYado s : tu/Pammlo {ou ll•lriol. M·ão de /utear: tuleador.
que trata por ru.
Tui · Adj('tivos pátrios: tuduue. tudüw.
Tumultuoso - v. imult!IQJQ. futti quanti - Empr<·gada mui ta> vezn com sentido irôn ico,
-a <·xpressào ital iana >Cgut·-sé a uma e numt raç;lo para indicar
Tuncs - Adjetivo pátri o : lmin irw. ( Tuni> c- lunilirw cederam lu - ''todos os rrtai~" , '\~odo~ os Ou iTos": Foram pr(~sos os fr<·-
gar às formas com e. ) qüentadorc·s da cas;t. os proprietários e tutti q-uoniJ_
U, O . V. ,\ lanud; V. tábua; V.lo;m. ao porco, a Hlmr~awo da lrngua e o ato d.- em no»o illroma a
U rejd(.;l.do Pare~e-nos não haver, nl'tn d,t o li<.ial nem da tod o o momtnto mH-rcalar<"m , quem po r igno rância. quctm
i•npr l"H~~ p• i\;tda, nt"nhurn e~forro po:tr..t ,u.1h.u co n1 a rstr;~ ­ por infiuen<'la d o frann~s o u do ingles. o indefinido 11m
nha gralia de q isolado, sem o seu companhrrro de srmpr·r, N em po r 'iajatlo,, nem po r ilusrrado; em línguas ~· <'O•
o /1. nh<"cimt"ntos divei'SOS, pudemo• -acrificar a no~sa lí ngua .
Para co r r<·,po ntl<"r ao lwppa dórico !que> pot 'li'' ''"'·
cor r('s- Comt:iw i •·rTo (.'rtr p<.>~wgu(); o abusi-;<> emprego do inddi -
nido l•m . comn r.., o francês, como fa7. o in~Çit's; w jarno> .il·
po ntlia ao koph fení cio). o lalim intr odutiu no alla bcw o
'I• on:." )l'lnp r t• o fct ;ocompanha•· deu . guns ("3sos <' tX<'rnplos ofl'rrcidos por Mário Ban cto: "So.•·
Ot u ns tempM pa ra c:i, com as luta< do Oru'nt<' Mi-rlio va na igreja ru mor alegre" (e não : "Soava na ígnja um ru·
c l 'OIIl a> dt·~avt·ncas do mercado pt>u·o lí li:ro, notnt'> t' rnais mor alegre" ) - " Falou com tom peremptório''(~ não : "r.,
no11W\, (j"d'<' -empre próprios, tem-no~ ' i1ldo pel.o< c·olu- lo u com um rnm peremptório"\ - " Re>pondcu com \0/
na' do~ JOnoa•~. ('om um d;:sçarado 'I· \C'm nenhunt di~f:u ct· lenw e ~olenl''' (e n:io: '' Rt'\pondeu com uma \OZ k nY t' >O·
d.r or igcm asiática ou africana. Iene'').
Por que Q.atar' Há ai um d('ntt• de coelho A pronúnna St·m dü,ida. ''São Paulo i: uma cidade limpa" não fra<;(' c
corr<·ra. de acordo com o local, é galar. Isto no< adranta Sou - caS-lita . o umo t"!tW df' nuis.
gt·il K.luuly. funcioni•-io do escritório conocrdal do pai> Enrre outro~ ca~o, em que sobeja em ponugue< '' Mtigv
em Nov.1 Iorque: " Pensamos em corrigrr a rccC"pcoonrsta, indefinido, pod<·mos dta r o> s•:guimes:
ma, h><> u ia tra21·r tomplicaçõcs. Se da vie>>t> .t pronunciar a) Sempre anrr< do ,odjetivo uutro r: d o advérbio tão: " Do-
a pd t lvta l'no'rl't~mcntc , iriam rodo; pt>nsar qu~ dn o estava uramos ouua fila d1• moo narthas" k não: ''Dohra rno~ rema
f:vrndo de forma errada, e cla reda d<· pndcr tempo t•m cx- o utra fala ..." ) - "l'..ra,•a em riio m au estad o" k não : " E>·
plk:u· o purqui' da sua pro núncia <'JTada" . la\'a ('m um ti'io r·na u ('~~~ :~elo' ').
Or a . Se a ('onsoante de taís nom<·s pró prios tem som de bJ O r-dinariar ncn u: ame-s dos adjetivos certo. rfmtllrarllt.
g, romo o 1k gato, por que não e;crevc•m o\ wdos GatarJ lt;l . .. Oi ~~t-ro:aru-u•r Ct'rta coisa'' k não ·'ois~<."Jalll-1114.~ uma
Po1· o utro lado. """" i nc-orremos e-m er1o p1 o nuuCi(tndo cn - C<"rta corsa"l " Com certa \erenidade" k não: "Corn
tár, po r q ue não fugir de p<>lo mt"llos ma i$ um ('rro, o grá - uma cerw !>eocnid.llk"l - "É digno de ~·apitant·ar ta l hara-
f'iw? A •ncuo> ljUC queiramos bater o> pê> cotno t..eheúnhos lhão (e não: " t digno de capitanear um ~;ri batalhão") -
tri ..,o>o,, n:io h.í fugir: o u compramos Catar, ou vendem<h ··S<·rnt'lhantt· tra balho í: lo ngo" (e não: ''Um 5('m<"lhanrc
Catar. A Enod opédia Br itàniça dá-nos uma\ n·m palavras trabalho ft longo'').
em que omne essa discrepánciagr.ifiça e a urn tempo prosó- c Com dq~àncoa, allt<'' do nomc p•'t'dic.uivo do vt·rbo
dira. () raso ml'rcce, pms, at<:nçào. >er. ~· tal >Upr<·>~O con\'ém ã hannonia: "João i! homem
U, V · V .ja< ·u: V . .Hanutl. de mt-o ito" Ir- n.io. "João i: um homt'111 de mi·rilo") - ''Tu
Úbere - Superlativo sm ténco: rlbimmo. és mulhn tk dua> <"a ras" (t· não : "Tu (·s u.mo mulhe-r de duas
Ubi bcne, ibi patria · "Pátria é o lugar ertt que vivt·rnos hem, caras").
seja dl' qual lor". já dizia o poeta c lllósofo • o rn;~no Pacü - Este últ imo i· o r." o que no~ m;,nda diz~r : '' São Paulo
vio : Prítrin t\lrJ,irw'IIJilf. e.l l btne. é cidade limpa ". (Mr.1mo S('m o t•ma a afirmacão do fur,cio
Uicá, uirar"' · V. arapmrga. nário da pn:lt·iluta parece continuar errada. )
Ulmo · V. Olmo. Outros exempln1, tioadrls - e corrigid o> - d<• jo llldÍ>,
Ulterior . li. sinônimo dc posterior; in<.hca o qui' vem dt•pois: ist-mos da influencia suinizamt•: Casçavclnào dispõt· de 1cr
para t>virar rtltmorrs <'Xplicacões- .. . ma> na lndía ulterior, vico de com u n i cacõ~' - O Presidente non1ei4. novo n•int>-
depoi< qu<' Afonso de Albuqut"rqut' saiu de Ma Inca. rro- Antes de encará-las romo praga ... - Repassada• de
Ultimato • O aportuguesamento de ullwUJtum já S<: cnconua ct-no e juslilkado oti mi.mo - Ragone, médico de 55 anos ...
em dicionários e em o u rros trabalhos. - Voce n tá diLt'ndo bobagem - Sada• cau\a polcmit.A no>
Ultra .... Prefixo q ue exige hífen ames de uogal, h. r. s: ultra-ho· EUA - O Governo cnfrcma graw crise - Ca pnalt smo e
nt!IO. ultra-rápido. ultra·!Om, ultra -octdniC4. democracia ,.,frem mútua coauio - ... a psrqui.uria corno
Ul~ra.io1C12 . É. adjeth·o invariável; de-e-s.· dizt>r "raios uJ. rnstrumen to poliuco - Turi•mo cstadua·l g-.~ .. ha no'o
tro.vuHtla'\ e nio ·~raios ullravrolei<u'.,_ Di7 <1i(" "raio\ infraut:r
4 4
Conselho - O En~111o inicia nova fase- Lutamo~ por nova
mtlho>'', mas ag<>ra vermelho>. ainda q ui.' u .ad o como subs- polítil<l Je imlu~lrializac:lo - Empresas dt' õnil;u~ tx·dt·m
taruivo (para indi car a zona de rad iacõt"s invisivci• siruada novo <11,1mtnto - E o povo rem medo de nova tragMia -
aqut:m das radiacões vermelhas do espectro solar), tern ... ma> o Bra~il não as~-umi u nova posicão - E;;as u., ina•
>empre a ro rrna p lu r;rli~ada . oferecem nova oport unidade aos terroristas - Vai "·r n tu·
Um • "E casti ça a construcão - Sào Paulo é uma cidade dado novo sistema de polidarn<'nco - Q.,ual Mida~ às aves-
limpa ?" sas- Qual Encél.rdo.
- Ono rnatopai cameote, !ltn é a vot do hallitante da po· Um dos que • "li. um dos melho res contos que sr T EM tlll
o lga; stndo em latim suinum adjcúvó que Mgnifica relativo TÊM c>crito na língua portuguesa?"
324 Um e meio Um pouco
Com "um do~ que" o verbo va1 para o plur.tl ou lica no humilhantt JX>r ohngar que· se c·scre-·a o quc não <''Ct<tt t'm
;iu14ul4r wnformc a acão 'erbaJ w reine a todo~ o~ indi,i- no>so idioma.
duo' ou,, um ,.): "O.õrio foi um dm gr-nt-ldis bra~il<-1ro; Alt'm ti<' o rarchna l mil não ' ir em portuguto) antHedido
qut· mats !W duttngmram na guerrd do Paragua1" mo r, dt' um, lidO calx· 1no odudio dt· n;-nhum numeral c·ntre o qu<'
O..õrio foi um general dem1<> O> g~nt'l.m hra~ileiro~ que <.'S tâ imprt''"' no t heque (Pagr.r por rolt Wqw' a qoumlta drl t• o
ma" <.1' ci"nn~1ram. mtl (com m1nlhcula ou rom m aiúscula ) qut> o cotrcnttsta
Nt'>lt' "·gu ndo exrmplo a atào vnba l .unbUI•\t' a um. venha a t·~~tt·vc·o por !'Xten>o para expt<'SSa t o valo t do d~t··
t' nàn a grul"f'tiro .. "Napokão foi um do\ guerrriro' de fama qu('.
un lvt•r; al que TTU)rrru na ilha de Santa Hckna". Em Wl Út'>Sa dup lam('ntt· d~"alnda impo,u·ãn, <·xija·o;<'
Outro' exemplo~: "O S<'na {· um elo, tio> nu opeu> qu<· <'lltào guc• ,, p.ll,ovra "mil" \'l'nha lo go <1p1h ,, ti tada cxpn•,.
atmwJJo Pari~" - "O T iNe i! um do, e;..,, IJr,ttilti•o' qut· ~o para qur n:io S<' latulrem arr<'<<im o,.
pa1•a p<•la cidade d!' São Paulo" - "Era ('"<' Ca tual um dos falamo~ pot tu~u(', no Bo asil (uossa wrra uão for de·~t·ohc·• •
qut· nlat•am co• ruptos pela maomeruno~ gt·rm.'' - ''Q.ut·m ta no ano "um" 11til t' quinllt'nto>l c· não H'mo> por liU<' de··
<ali(' \C o tnt'u n oml' não (• um dm qw margonltnm mnral- ,·amo~ SUJ<"Ita r -no' .t rapncho dcprimcntt' Já para qut"m rmi -
nlc.:nlt ClCd t(·•ra .t ' - •·.sou w11 do~ tiUt' JUdt<>r abalo 'ofrtram re já pat" qut·lll rN t•be o thequt•. ( A Lt•t do Chequ<' - LC't
com .1 notiria d<' tua angú"ia" - " f <ll Utnd do~\ tUd'> trag<·· n9 2591 de· 7/R/ 1972 - nàu lr.t7 t'>S<l c-xigên cia . I
dld'> que \!' uprr<nllnu onrt>m" - "Fo1 um do• mn" filho< ht'lll<l\V<)hat a lOltlt' dO "tn'is" t' do "d~·i7" ?
qu•· .J<lnlou t'lll \Oss:a .-..Q .. - ''Foi um o~ do~' I""'"' dt• Pl.!uto V t MI{U'
qut' trl'l'ram ma1or txito" . Um milhão c quatroc~mos mi l (1,4 milbãol · A duvtda n.in <'
v;.~ ')(· clth t•,t••nplo, d rx.l'l("Jt\ h1 de· .. d\()'\ nn qut· () \ <·rho somt'me \ UJ t• ck >l'U~ companheiro> d!' r!'da<.io; <J a~wotto
tira o lu ig;uot iament<' no ,ingular, p01 qu<' o wolm ~ "><' n·- é. pnri'1n . n t..tl' p<•nutf'ntr .a mau·tn.âuca <lU C! •.tu \t'l n.i(ldu
krr d um individuo ("O rio Tint' i' Utn du' oio, ela capita l tt m t·wr- n o' <'m •rara dlhc•a di1er qu<' :< (·xpr<'"ão qL•antll,l
pdu h\ta CjUt dr<agua no Paraná'' - do, rio' da capotai pau- tiva J,-1 m1/hào i· d n unal : o "m ilhão está ai a rt.'ft·rir-~t· ao
liM ..t o "l t<·u·· f u tinir-o que rl··~.agutl no P..u<tn~i l . c.:~ t'XI ~t.t'·ncia !'a nlinal " i " c· não .tn "-f ': c·sot· indica o~ d i't omm. A notína
tlt• O\llro' 1':\ill~ ('tl1 qu<' () ,·erllo vai ot.ng,llttot~ml'ntt' para "Banco p<·vd1· 1.4 milhão" obri~a -no~ a kr "Ban<o ptTcl<'
o plu oal, porqut' o vt·•bo st· odt'l<' a wdu\ o~ indoviduos : unl m ilh:io ,. q udtrt>t <'n"" mi l''. Publiçadil t'nt jo• nali.HJ>t·
"F 1•· I ot um du' 11ue b l.tram" . l<'iro !' rdc·rt' tlll ' ao l~t ~ ,il. okw a romunita <.lu dit<'l o,·,po·it• •
b-<: I' " mot"" pm qut· o wt bo ,.,; uhngawriamt·mt• a CtiU~IIO>: t''tJ l'\pt·dlitJt'ào. quando e·xptt•;>a, \'t'ttt t'ffi
p.ttd n pltual 'luando O<Otrl' qud lqut·t Od' pdloi\'Ta ' t•l< '· ponugui·' pmpu\l.t: O hanco perdeu l ,l milhão de ClUlei-
,,.,,, aqutlt• ames dt> nomt> plural, porqu<' i• níuda a parri - ao~.

ttpo~t:io tlt• lOdO> os tndi' iduo~ ou at.io \Cfb<il. "Cout n n F-""' mmlalida tlt' cl<• t·xprt·,>ào quantita tiva . modM'nam<·n-
i- um de"''' homen' qut> n.io durmrm" - "Petl10 .: um da- te tnlf'Od u71(1a na impr<'nsa por I'Conomia dt· r~pacn, i: ingle -
qul'lr' qnr n;io rrwam jamai' o jl(TÍ![o" :.a. n.io o ll>t.lmt• a pu.>it.io do <'Speoficati"o e a pontua. ão
Daí a n·,po'ta da P<' rgunta qu<' inidou o \'t•rlx·tr: julga- "'r<'m tll'\..a lingua outra\.
-.(' ime·nt.io <In .tutor queter di11 r quo• u tnnw a q ut> de-'<' " U m o u uo" . V um.
rt·f<·n· i· u ttt tkmt<· o; conto; q ut" ;e t'>l'rt'HTam. O antl'ce- Um pouco dágua . "O canora já uào Lh>pÕ<' dt• uma poura
tll'lllo· dt• qur r, poi>, CQll/01, p lu ral; pdta O plural d('\t'r<Í, por dáguJ " N.io <· mdi> wrr<·to dizrr : "O C'<tt iuca jJ nJn di>·
ron\l'gu on t<', or o''~'' ho: lém. põt· d<· um pourn dã~o:ua'' ,
Um e meio litro • Dizemo'" dois litro' e meio" ou, pot hiptr· Não j:i ,,o po<wguê\ pertence {''"a <iu<·>tào. t<·mo- la
h.u o, "<loi, ,. m e io lirros"; o p lural (• impu"" P"l<l tfoi•. po rqu<' n hudamm do latim.
T t.u antln->(' ela expres;.ão ''um litro ,. olwio" qtH' ramh<'n• É da indol1· d<'>>a língua etnptega• dcpot; dm adv(·tbins l'
pm.k "'' "um t' mt·io liuo". o 'lth.>t.onti,·o n.io p odt• tr para o do, M ljt' tl \.t>\ nc·tuuh ~ub,l.tnli\a<lo~ wlz\. multum. jJimimum.
pl ~tr.ll porqL><' há ai, como no ca>o antC'!Ior. ,imple\ hi- parum. lllllfU\ •· uutt(l' o ~c.~ni•h·o paniu,o. qu(' ..-,pc-r-wli-. ~• •'
púh:uo. pane do todo. Ne,..as condicõt-~. expre>>Ô<'' nmto pan11n
Ouuo "'c·mplo : "Um nülhào e ntt'tO t.lc- Uull·nos" ffUon•. multum dm. plurimwn llomonum. >t~lis nowum o,'io lutral
" l 'm 1 m<"IO milhão de cruzt·nos" . Aht-ro.~ndo- "· d o rd«m me me 11 .1dU11ti.H pm pouto d~ >tlttgtU. mrúttl tlt d11l , muiti>vrnn
n.io"' 'Jt aht•rar a ron cordànoa. dr hom.:n>, bcultmlt dr t11J1It>, fitando uw·a riávd o elentt•nto qu<'
'>l' d CIU41lttdatle lo r e:<cj>l eSY IIUtn('rtC'd tnC 'ntl' - J/2 OU alllt"C~d<' o coonplrmc-nto panin,o. con\lnuão <''"'
hn·dada
1 '• ,, norma comín""rá ínahnad.t I 1/2 quilõmrtro, pt·ln franr<'>: pru d'argmt, pouco de dinheiro ; btnucoup dt
l , ·, qouh;metro t ~ um quilõme·tro ,. qumh<·nto \ meu os. Jltrwnnt'>, mutto de pt'>SOil<
1 1/2 mi lhãu de- cruzeiro>. l ..S milh:io clr Ulllrtro> 1 ~ um Ao lado dt·,..a cnn<trucão, outta havia em ttur a roucor.
nulhâo C' qumhemos mil çruze1rosl '.l 1/2 quolõrnetros. dãntia " ' t.ft•rua\'d ttu<·g•almentt' - mullt hommt1, pauca>
2.5 q utlómc·uo.> (=doi> quilõmcrro.> c· quinht·rHO> m c·tro; l, bfllta• - obt·<kcl"ndu o a dje1ivo ao g~nc-ro. mime:• o c- laso
2 1/2 milltôf' dr cruzeiro>. 2,5 lltilhôc' Ut' crm rít os(= doi' d o subs1anttvo, ~rnclo esta a sim;ucc que o ponugu~< t't'cebru
m olhôt•< r quonhcmos mil cruzeiros). A cxprr,,ão dcCtmal •' - muttns hotlltn>. pouco~ animai.>- ,..., ianuo os dl.'tt ll'nto~ qut•
a podt•t oda, pdo menos pda impl('ll\o.l. :u1L<·•·ed<>ttt o~ >u lo; t.tn!ivos 'egundo o gi·ncro t' o número
F ol\\1111: Foram rmiridm 1.9 hilhàu dt' UttJrito' - Ddi- dt·St('\,
!'Ít d <· 10.6 btlhõe·• dt" dulaoe• - cxpH'»<k> numérica; qul' DI.' tao~ w mtntlÔt'' t<·o,u ltou, no próprio laom, o cnl7.a·
<'"grm 'ui dado d<' leitura: um bilh.'io I' ""''<'U'nt<\\ milhõe~ mt"nto ;intJ ticu . •t <Oi~ qut' se queria ~>pc:ufiur tunt inu.I\'a
d1 <TU7nro'>, dl'z hilhões e S('iscc:nto' mtlhõc·' cit cló lart<. n o genonvo. m as .1 palavra qur mdica'a a parrt· tonrurdava
Um e ouuo caso . fica no sin~lat o 'uiJ>td tltt''O que• \'c'm após em gênno t· núrnno com o >ubstantiVO. Dai. con>trutõe)
"unl (' Otllro" : Um e outro homnn .J.o u om - Um(' QUITO como JNluc.v br•hnrum, mullat arborum. que ao pé- da lt'tra dão
c''"' tlc•,·em \t'r con.>idcrados. em portugu<'> pouro.1 dt amm/.U.l, muililJ IÚ á"'or"
Se: clepot< do substanri"o 'ic-r um ddjn""· t'>lt' orá para o A <omtt udio rrunda - poucoJ tÚ anima~,, muota• dr rwilfl ,
pltnal: Um<' outro caso paralllo•- t.:<na e o11tra cois.1jU71- muitü;wto> d' homm• pt..-deu terrrno para a; outra> duas,
ta' vl'mo- la, ma > raramente·, e a titul o ele recorda(ào do pd,sa·
"Um" mil • A arc·ita rão do pnncip1o de que "rodo o ura,ildro do. e, as~im tn<:>ttiO, w tom pouco.
i> lado ão '" (> prova <:no contrário" é a Ú11k<1 c·xpli<'a• ·à o para a O qu<' pml.-nlO\ "·gut a m en te afimur <.· que LOrt)tnt~Õl'~
c:xig<'ncia d<' crrt 05 ban cários de qu<: ><' pn·en cha com ''um análog<~~ conto mwto• (Ir homm;, mwws dt noitt> coroent('tnl'n -
mil " <>u - com prurido d<· mandtsmo ai nua maior - com ll' se in1p01i,un "l' ..H.('Í iá~semos a con~lrurào <'rut.ada "uma
"hum mil" o valor por t'Xtenso de tht"9u~~ ~l' rnt l. a rnil no- pouca de águ,t".
Vt'Ct'n tm " n ov<'nla <' nove cruzt'oros. <'Xtllc:ntta ma" u ma vez Q.uc· os taprodlo' do' r<'darores não \upt"ren1 o~ d• língua
Um sem oúmero Utilizar 325
Digamos rodos: um pouco dligua. do Rio dejaneir·o.
Um st•n número. V. ,f;l!m n.Úmtrô. Urdir · É verbo regu lar. V. curtir.
"Um ~mdhante" - V . um. Uréter - A palavra é grega , mas o latim obriga-nos a dizer uri·
"Um tão" • V. um. ler no singular, uretéres no plura l.
Uma . V. wa i boa. Urgir- V. abolir.
Uma e meia vez - Pod..-mo~ diz<'r " dois quilos<: meio" ou "dois Urópode . V . ápode.
e meio quilos"; o plurál do wbstamivo l'"plica-se. em qual- Urso - Vo1 : btamár. btamit,Jrrmir, rugir. urrar.
quer da> duas construrôes, pdo doi.\ ("do is quilo., t m(·io": Uru. • VOl: arpejar
com h ip(·rbaro : " doi> e nwio qulf(),., .,_S<· em lug~tr ck doe; o Urubu - Vot: çoroe.;ar, crá.1-crd,, crocitur. gramar. chem-clu:m.
cardinal tosse wn. a comtrucào p·o drria, unicamC?me. ser: IJra;nar. V. àraponga.
um quilo e meio; admitido o hipérhaw., um t meio quilo - ja· Urutau • Vot: gargalhar, gemer, lllJ/cmar, regougar.
mais "um e meio quilos''. De i!,'Ual forma : uma ve~ e meia ou Usina . T eschauer dá-nos a palavTa·como derivado do francés,
uma t meta VIL que a foi buscar no latim uslrina, e documenta o seu emprego
Umbilical . Com i na segunda sí laba; nada que ver tem com o c-itando esta passagem da "A hulha branca" de Nelson de
la tim umbela. Sena, trabalho p11blicado (Til 1914: " ... consrrut:õe.s qu(• con -
Referem -se a umbda (= guarda-sol; diminutivo de wnbra, tenham essas máquinas, assim como os escritórios para di -
sombra) os nomes umbelado, urnbclífer(ls . umhilulá, uml•etulária. reCão do servico c cómodo <k alojamento do pessoal da
Prendem -se ao latim umbilicu>os vocábulo~ umbigo (e não usma geradora".
mcbigo), umbigatla, umbilicado, umbilical. Percebe-st' que no sentido df.' conjunto dt· máqu inas que
Ume . V. pulramne. fornecem entrgia ckrrica é que ~:stá o vocábulo empregado,
Úmero. Ombro, Ombrear, Hombrídade · Não Jãcamos con· <· nessa acep<;ão é ele emre nós usado. No norte do país
fusão ; úmtro c &mbro ~em h por não existir a krra no etirno la - passam-se as coisas de OLuro modo: 11.1ino. é al a fábrica de
[ino, e de ombro tivemos 1/mbrear, omlmira: /!()11'1/JriM.de ron'l h anícar, t o engenho, como usíneir~ e·o proprietário <:le enge-
por ter-no§ vindo do castelhano /wnbrt (homem) nho C('nttal ou fábrica dt' <ll'úca•··
Una voee - Expressiio latina que significa "a uma só vo/ ', sem Uouc:apiào . Se rernos ern no~•o vocabulário o ~ubstantivo
di ·<Tcpàn<.:ia, ('Hl unlssono~ à utna. Jrwção, feminino. fã<-il é dizt:r que usufna(âo é wmposto taJil·
Undecútnano .. V. deaiman(J. bém íi·n1inino - a fruiqto do uso. a u~ufruidio - e çorn u.
"Underwriring'' . "U nderwri ti ng" i· JUb>criçâ.ó, i· cf>mpmmi.I.W ou na segunda silaba por ser usu a forma do gc•nitivo latino, c
garanlta de udJJcril;ão ; ''jàzer underwri tinl{s" i: ;ub;cr,·ver. por igual motivo se wrna fácil dízer que u>ufruto é masculino
St> o verbo - e .;onscqüentt'tYl<'nH' a forma nominal em t' traz u na St·gunda si laba.
ing - tem vários sentidos <•rn ingles , por qu<' simiescamcme Por não cxis1ir em nosso vcx:abulário o nome comüm ca-
traze-lo para nós como$(' tive,sc um tinico emprego na lín· pião, distraíram-><' no~sos l'Odiflcadores, incluindo Rui Bat'·
gua a que penenct? A cúfrewra compromete-se a comprar bosa, no atribuir ao composto o gênero. Se não (-'XÍste em
as apólic!:'s não vcndívcis ao público subJtTevmdo -as (e não ~ort~gu~'s, existe em latim a palavra cap1o. capionis, que sig?i ·
"by undcrwriming-as'' -i: o qu<· E<l~<• aparc:cer na sedio dt' hca acao de tomar possr. ou rnett r· >e de po~se' e tambem
tc;momia do~ jornais!. "di,-eito de propriedade adqui rido por pr<·sc(ido''. Qua l
(Jnico . 1:. adjetivo qut• admit<' no nnalmenr<· o p.lural: Os doi> S<'U gênero em latim? Feminino.
trapezi stas sito únicoj no ·gênno, V. dCJiJ ú.nicos . Femin ino é em latim capio, f<'min ino é em latim tambêm
Unicolor · Até ag0 ra os esu·opiadore> do idi oma têm n:speita· o romposro wucapio, termo jurídico usado por Cícero, por
do. a tonicidade tmicol6r, como igual r~speito v«:m c;kmom· Tito Lívio. por Ulpi:-o.no , conforme nos assevera Saraiva.
~r·ando a bitolor, trico/or. Oxalá esrt'ndam o ~~speito a tumco- A aquisi<'ào, a tomada do bem real pela posses~ão prolonga-
lor. agfacolor, tupicotor. da é "a usu<:apiào" ,. fc.'min ino.
Unicórnio, Unicóroeo · O latim obr·iga-nos a dt'clarar válidas Já não faltam hojr dicionários que deem para a pala,'l'a
a' duas gmfias; com io quando substantivo (HTminacào os dois gent-ros, <' de admi-rar nàtl ~t'rá w rmos amanh;i
id<' mica é a de capricórnio. olicómio). com eo quando adjetivo. a lgunr qu~ lhe: di' ~ó o lf'm inirro: de uso t·rudito a palavra,
por existir t-m latim o adjetivo comer<->, que vemos ainda nos UJUcopião passará a andar sern tra\'estim(·nto, n1ostrando a
adjetivos bicómeo. fric6meo. ro dos os colegas o gi'nero que já Clóvis ne,~láqua havia
Unímano. V. quodrrfmann. idemiíicado no Projew e Coelho Rodrigu<'s t'<'(Onhecido.
Universíada . Pa lavra formada por analogia com olimpiada. Osufruto, Usufrutuário. V . nu-pr<!prattirco.
rrwwbíada. Ur. V. do, ri, mi.
Unum et idem - Express.'lo hora.ciana, que significa " uma só e Ut possidetii · Locução latina - signifiç,, "como possuis" -
mt·sma <·oisa··; Saber' mal ('não sal>(·r t' unum ettdfm. empregada em li nguagem diplomática para referir-se a pos-
... uo - V. ÍCUQ. ~ssões territoriais de beligerantes: Tratado baseado no ut
...t)OSO • V. ÍWO. poHidctB (manda conservar os territórios o u posições con-
Uraí · V. araponga . quistadas até o momento em que cessaram as hostilidades).
Urais - Adjetivos pátrios: uraliano. t<rálio, urálico. Ut supra · Expressão latina; significa "como acima" e é ém -
Urbi et órbi . Expressão latina q ue sig!lilica "à Cidade c ao prc:gada em rcferc'ncía a texto, a a finnacão t-xpressa ante·
unlvcrso". riormenre.
Urbs significa cidade, mas quando escrita a palavra lanna Ulensílio . Coletivo, quando de cozinha: balena ; de lavoura:
com iuk ial maiúscu la especi fica Roma . A expressão i: de uso aptiragrm; de: mesa (pratos, copos, talheres, cáli-ces... ): baixe -
católico romano, g~ralmcnte empregada para n:ft.'rir-se à la; quando destinados ao tn<'smo fim : lnm (trrm de cozinha,
bêncão que o papa dá tm solenidades públkas especiais. trem de lavoura .. .).
mas é também usada figuradamt'nt<', fora de ambiente rel i- Uti, non abuti · Conselho latino de moderação, que pa•·ece
gioso, l' ('ntão ou inidal se escréve com minúscula: A notíci;~ aplicável a todas as coisas: u.la.f. não abuJar.
<'spalhou-se urbi et oriJi (espalhou-se por toda a pane\. Utile dulci · Provérbio formado das palavr-as finais dl' um ver-
Urc:a - Como nome comum, (• denomh1acão de Ltma embarca· so da Arte Poériça de Horácio: Omne rulit punctum qui
dio grande, muito ampla no centro,. empregada no trac1S· miscuit ali/e dulci (Obtém geral aprovacão quem une o útil
porte> de cereais e dt' outrO> gêrH'r os. E palavra neerlandesa, oo agradável).
que no> veio por inu:rrnédio do italiano. Utilizar linguagem ? · Tem o verbo uttúw r a significação de
Popularmente, dada a sua sign ificação d{· coisa larga, bo- urornar provcilOSOn, ..{Ornar útil". HaprOV("''itaru, ~\ usado
juda, é da aplicada para designar a mulher muito gorda. tarnbém como reilexivo, a de ·~aprov«.'Ítar-st-,) . Pode un1 in-
É também esse o motivo da denomõnacão de grande rocha divíduo utilizar sua r.ob ustez, sua atividade, seu tempo t-rn
326 Utilizar Uxoricida
:tlgn. '""'" pnolc uriltl.lr p.u -a um "" ;,., I'''""·•' di,poni- tn.t:o. C]Ut'' mf11rJ!m um n.e... pne,ia'
"'''· comn p<uk .umll n,ula urilt1ar '""' um.o ""'' "'-Jd.1 'c..·ut chn1d.a ~~ luunac.iu do,._.,~,., c.UJU ,uft\.n 'IJ!tlllic.a
uu)i,,.; uuu i,...._,.~ Aul~:lc>). Fru rwuhutn tlu. runJno. nc.n1 pc.-l.t CHI)t,t'l11 ~H·R·• ftr:..o,/QT'lfll- c.f..i-111 )\ d . JI,Iltltnt(. O '(Jlll·
ptn IU)l.lH\' unn ,.,pJnhol. t c-nn>ntr.adn n H'tho fiii/J:.tlr tutn du d< " rnm.n nu l", l nll·' <·;o lanj!ua)(< an: n <l< '1"''1"""-1 ·
,, ''~'1111t.Hdn dl' ll't.IU. dt·tm/JUJ!.ar. 11HI\ t• fllljlrrJ!.ttf. ( fl\-llf ('"t'..l tllilld.H{C", tCHHU tjlt<'lll \"ltlpt ( ~.\ Cl
N.io nln't'Auinlo' justíl1car a f''<pt<'''-in ''u ailit.u 11111a hn- ac mpo. ''"'!'" !\•' .r' id.a. <·an prqp" lona. !'n tpll')\·1 'uid.~tlo'.
)(tt.tK<'IIl". 1!.111 <l<'llh urna da' \'aroanu·, 1k .ll<'ptàu "' <'llC]U.I· t·ruprq~,, t'\Judn. unprq.~.J tun rcrrrto. t'111J)It'g.t 11111.1 lt .....c·
dt.t t'''·' 1,,,,,. ,. llc.'l\hnu1 do' t.'X<'l n p lv' ('lltunliJ.c.lo, fJUd<· •• A":J, fll.W {• li)l (•' • q11<.' ,t M u ~,, onprt•,st;a•·, lo,(';t'•.// l'.tl.l\ 1.1 !'>.
ri· la poo '""'P·•n h<·rra . A lingua!(l'lll é· , ;mpk,llli'IIH' '""da, é· <11131110 (oh! '1"·' nru! I ,.,, i ludcm !..
'\Í tnpl t•,n t('IIU' r•mprt,e,ati(.l: t·:,:o,c-~ !'!do O\ VC.'I bo ' C.JlW dt·\·c.·rn f.tn ""' da· "urah1ar-''' dt•", andaan a nupn·)(.u ·\utl11.ra
.tp.U't'C'('I IH'\\,t c CU I O Utl'!b "o('JlH'IH ,J\, H)llHl dt·dutilllU\ de.·,. .• lgu nt~l t..OÍ,.l·• u.t .H<'pt:io c.le li'ar. NIJ,bTP!f,tlr, ll'~('IH.t.t \'''a
"'' I'XI'tnpl<h. o, l l!'H'I(I'' u111ram a pnr<.lt•nria S<·mpu· urn·nl.tda por qun11 n.io (.iut"'r cnmu lt.u du 1nn.\rr4 •· t 01t lU·
ll'l{mtln COIU'\I,t fl.l p t t'tÍ!\t) fl\llf c.nt ll'M,\ lOIU (,.'13- St•i n.ir io, no lHHl l o..t•ntido. i.· o <tut U à:t d rq~i'I H i~t tio' \ '('t iJ<h,l
que u·rh )\Hto nt.l' u.!o nv.t' tlt lt ~·ntptt· \t.lu n:iu h.J\t'l' Conl ~• "'tgnifit.u .ln dt· "·n n- ''· r~ufrrir prortllú. ltrdr t tUiltrJtrm
tlt· uwlf tk \U":t dttrorid~ult - O rkn (• ,\\"3tC'nlo t' n:ic'J ,,tht o H·rt." (· utrlt:•~r-w', pronmnan.ol. r \Omul\a-,,· ro111 dr- "l'lr
""'u tl.t 1lclut·t•.t o '-.ibiu é· inlpt uch·nu· f u.in '-I IH· ll\4.lr tl.t ~~ - fr:.ull-'f' t/Q\ IUC.' ll\ \ot f''lt(J\•• - .. .. u/iftUJT .,_, t/11 11(1t01 41\Cl~l
t~·dotl.t Rtu -nH' dc.·~~c..·, .lthi.'IIHu' <JIW na t lU u ..unn' tW,tt'' alheia".
t..t'n' Rt t n • n·nch-. au' nu·lillun' t llt uulc•ttuu,.. tflW lllll· ~l. ~ncbl~ brJ 1 uldclt- hol.1ndt--a {• t·Jll ponugu(·~ I trrqrrr
!(111·111 rmprq!,oJt•l com ma•, hahahrJ<h A n na.i d< O '-l.u riaa1 Uvaia - Vnrohul.u tn' ofina1' <' didon.it io~ -,à o undntnu' c·•n
upunla.1 .'1' p.al~" "' 1le p:u a lmgu;lgnu W< 11U'111< • o '"liv d.u .1 p.tiJV1 J <OIII IIa nrôal: da.1,1waw!.
•n~a . qut o tt1nu· nunc.:. ddxa dt.· nnpnJ!m Sn.a ,.,,_, ..t lin
~UttKt'lt l <p..ac.· r'tn/'Tf1ltlfl'l <.ont a Sra. D. \lt at ~Lu ub ~' lu1 - Uxoriàd11. llxoriddio . V. manlrntlfl.

\
V.G. Com lnra' minllscula~.,. g !à, \'(7('' ''· p.) i· ahrt'\'tac·ão Vai haver mais casos · É e.k tmJXmància !><!ber que: qualquc·r
ntutw u'ada e•m linj.,rua:. Hcolatina> c· tdmi>C:·nt c·m tllllra; dt• vnbo <jUl' lld orat."io vt·Hha &companhando 'nbo irnpc·,~.t.l.
01 igt"m di\ t.. l ~a; eb i· por Hn,•rbi g'1a1ia" llc'· ,<• ~·hbt grdâa ). para a formaeào quer de H"mpo composto, e1uc·r dl' locu• ~o
ro ll<trudo de· fra>c causal lan na, ond•· p,mlt/1, <jll<' ntá no verbal. dc·vt· t:unh(•m impc·ssoalizar-><'. Não podc·nw' <.lize·r
ablativo. ttac.lul-!:ll' por upor rnodvo <1~·". ··~, riu do de:''. e ''d••vem hawr ltom<.·r" ua ;ala". Se h<lver c·orn o >t'tllido tlt·
unM. <(" <' •·suí 11<) g<'r1itivü, rra duz->t' por •· ck cxc·mp lo": existir c' impe·,~o~ I, o verh o dtvfT, q u e no caso conccwn· pMn
a t(tu/Q 1/f r.~empla (ou. simplt·sHw ntt'. por i•xl'mp/o) - "Var ias .; lormac;lO ele: tltna low«io vc·rbal. rnmb i·m >t' impc·;;oaliu :
d l'>tol.>t·•ta:. lllarcaJ&lll a:. ú lúma' dhada,. v . /{· ,, p<"nidlina". •· Det't havcr lwnwn' 11n ;ala". E as~im: "Se crnbargo d<' ex ·
Vaca. Coktl\o: nrmm/10. armmto (r<'hanho dt• ~ddo v~e·um •. cc•cõn <jllt' puna tt•r havtdo" - "Mais c-a;o; po<l•a tt•r havtdo
Vacància . Att·it.ivd t· t•tin ro logkanwmc· ju,tili<.ivd i· d p.tlavra da doc.-m.t." - 'Toi h;t,er ainda n.1uiw; outro• <<~w;" . ~ 18-!.
~tutiaâa. em '~"' do galicismo •·chõrnagc·". p:t!.t inrlirar falta 2.
dt• trabalho ou dt• c•mpr<'go por momm tndt·pc·ndt·mt'> da lj(ualmtnll' "I ut fa,er unco anos que: dt· mollt·u". c·n.lo .
\Ont.tdt· J o opc·to~rio. ''l'ã~ la'"' :· - poi' Jt•ur i- nesse -.em ido impc-<'<><11 !"Ft~:
Vadc retrO. Slitana . E..xpH·No laun.r. tir,ul.t do '"••ngt·lhu cinco ano, ..... . ~ 18·1. 2.
f"Kt•Jit,, I<', S;tldn.i-"•. para t•xpn·,\dt rqttrl-..r. Vai indo. •~m • io d o Lo<ucÕ<·s n·rl.>ai; lingüt>lll.tmt'ntt' ll't
Vad~a(ào. Vadiação · Com i. a pala,•t.J 'ignific.J ;uo dt• ••admr ta' : "O rá . pni,, pricllo Balt;"aJ, part'C't'· mt> qut' 'ão hoc"' <I•·
(dlla ' c'"'r a ,,w, atr."<-ssa r a pí·<"nxutol : m m t. ato de vadim \ir vindo o jo~mar." !Camilol.
(andat O< t<l\dlll<' tll<"). Vai por dois a n os · V. Jrt! drJi.1 mu11
Vadcmtcum Por que não jun tar o' doi~ l'!c•mcmo' ela c'Xpre, . Vala. Aumenta tivo:' alado (vala mui to cxr<·nsa't.
>áo launa "vad<" rne•curn" l_c-arrunha com igol ><' d a d <'nota Vak de los caídos- Qut• m al há crn que as,im Jijl,dn to:.~ Ata>()
11111;.1. !~-() t'ui:,..l? Q.Lw l'at a i o híi(•Jl, inuodutitlo pc·lo vocabu ki- andamos ma l "m con tinuar a escr<>,·er Bumo' Airr, c' a pro -
no nticial ck l'onugal :' Se vcmm aí ifdlrt por "Te Dcurn" nunnar à portugu<·:;.~ bu!nouítrr•? Acaso agl'lrl mal os tk
(o IH a'llt-í•o logt· d<·, ta palavra). ljlll' d ú,·id.t nldi> par a n ca'o língua inglc::.a tjua u do t'IU<:v<·m Rio dt jarwiro. São Pmliu, t'
p1 t'\U1tr '! O plucal i· vad~mhurh. ls~o. "'(' não qui"ermo ... prouu ntidtn ríou tli dmnhon, Ido páulou? o, '1u<' julg.JIII ti.- .
aponuguc·-ar d e· \ 'C'l a pala.vr-..t para <adtmuc. a ·wnwlhanca v<·1 n1o~ ('"'lít-'"\'t'l "Vale: do, Caídos·· ou pronuH<.'iê.tr butnt>~((li~
d4.• uillllll.liU, lllti/WUJJU/IJ. rn Ôt:''''"' julg~r .-cra<lo, os dt· língua inglna t·ut nJo diLt't
Vadio. CokttH•: ram!Jada. malta. ma11ada, 11Írw. V.pt:.>M' mtÍ>. Ri"rr o) }anual'}. Samt Paul. nu . em t'S<Tevl"nd o no<SO\ nome·•.
Va" ,oli! • E>.damaâo latina (Ai de· q u<"m nt.i -.ó , tirada do t'nt não prunund.i lo:.;. no:..a. à <arioca ou;, nottism.
Edc·,ia\1<''· par.t clt·plorar a siruac<lo dt• q u em VI\(' ,oJi tdria- Te·mo' nom!'' como L.onrlu>, E..tocolmo, Btmllia, po• l .tm dnn,
uwnt<·. "ptH\fU<"" - continua o tt·xto hihltto - "4uando S/~(k.Jto/m. Balr. ma> a> fot ma> portuguesa> >.i.o qua><· tão
l.ur, n.'in tc•t.t l1uem o lt>-\ante·· (qui.a . CUIT'I rc•C'idl'tit, nnn antigas quanto a~ originai' estrangeiras: o que• não no' pa
IMhdut 'uhk,aniC"m ><·L n·c<' nno í.• mod ilicnr lormas rradicionats ou mudar no1~
Vae l'icds! Com e·,~ c·xclama.-ào latina !Ai dos \'l'nddo~). Ti to prvcediuwmo. P;u.r im11at Nova /ort;ue 'amo> <'>t' t t:\'1'1 Bon,
Livio rdat<t o rotnportanwoto d e Bt <"no. dn·f<· do' gaulc·,e~. An•,t
qu.md o, i1ri t ~do com a reclamarão do; r omano~ que· M'lcs;t- As transfonn~rÕ<'' já arrargad as dctx('m -w fi car, ma> não
,.,HII rraud t· no pt·so do ouro c·xigi d o para >Ok't- los do Capi- dc-vc·mos hoj<· <lt-,ftgurar" cid ade?. o pab, o atid t•tHt· gtogrà-
tól io, :ni•ou na bahu1c.:c.• (l çsp,\da c o< lutluâo<~' pHli ttiu e~~n~ li co a que *mprr no~ 1cmo:. r·elerido na lnrma origitld l:
pala\'ra>. snia dt·vt•ta> t·xn ava~an r<' que num di.curso qu~ lit(•;>t'lllO>
Vaga. Autu t·Htati"o: va.~alhào. em Londrt·s di'~''t-mos "Saim Rit o f the Passing Fonr" .
Vagabundo F."a palavra já signitlca, tlt·,dc· o lattm , o que Não vamos CJtr quando falamos inglês na comindadc mai'
prt•cc·n<.lt· inditar a <riacão de mau go>to «lg<unnndo Qut'rll do qu<' t'xtr.wagoincia de· quando falamo> no»a língua · unu
n.io vê cnnl l>om olho• o ua.eabundo não d<"'PI'I'7c· o antfartlho p u:ada d<" bom «"O '>O não faz mal a ninguém.
ouomarru. Valemão, Valcmona · V. polirão.
Vagão - Colc•tivo: combo1o. Pt'O' inda do ingll'>. ond<' tem lJUITO> Valer - Sô ~ rrregular nJ primt·ira p<·ssoa do ,ing. do iud. pn·-
'iignifi( ..ulo\. a palavra vagão fixou.~t· e:-nll t" uc), potra indic;:u 5<'nt<' - ••olho - l" no mhj. pr<',l"nt<', porqu<: d<'nva ek'"'
"tarru~g•·m t'TTtprcgada em rrc·m tlt· ''"' ~da de· li t m". É ma- pr·,:.oa: valha, va/Jra•. valha. valhamo.•. va/har;. va/Jram.
<<~qurn· d(• dC'smcmoriado usá-la tam bi·Ht tom ou tro> :.igni- O u ws11 t0 \t' <liga do> compostos drwaln c: •quit•Q/n .
lirado~ do i~tgl<'~. pe-rf<"itamentc· n-;1dn~íve•is no ,-nnáwlo Na t•xprt'''<io "Valha-m<" Dt·us", o wtbo tt•rn a kgitima
karrocào. rarroctl. cammhào. carrinlw dr brmqutdol. ~ignillcação c:l .. pro/l'grr.
Vagir • V. 11bolir. Valeroso ~ Por inllucncia dt vala op<"rou-sc <1 d issimil~dlo c·m
Vagoneta \(l . Aportuguesamento já gt•nt·ra li7.ado .. t palavra valuoso. corno, por inOut'nl'ia de Jemer, t<'mO$ lrm"uw. De
f(·min ina: nito te•m valimt•nw a legar qui' a g• a lla al ranct'-ada valno.>o, o ,1dvi·• h io valrro>ammte, forma' q u<' per d<·ram vi -
uago11t1r a indo~ rxiltt por s.-r lem i nin~ : clt•;prc'7e'-Sc' a lonna gencia .
li-anC{'Sll l'Olll 11:-'nero ,. tudo. Valhadoli. v. Madrt.
328 Valido Vazar
Valido. Vi lido Com acemo tõmco no'· i: forma partic1p1o~ l. ,. vnhal\ u '<itonas d o futuro: não><' dr7"ver.i-m<"" , "sah-arJo-
'ignilit.t nltmad~. prougtdo (A, bande1rb dc·~~a~ a,·e• dr Júpt- nu~", ..1'0\Íflaret·lht•", "huscarl'l· lt' .. , ";(;I ;i -no~", " tr re t· O., ,
u•r t-allda•L ''"" an·mo na pnmeira ,il.tho~. é fo • ma adjt·uva. ".->ta• .i o .,.. ddi·omando" (por "•·~•arJo delron tando · >e" ou
<' >igntfic-.. t•tgnrnw. >ào. prufiwo !Uma figura "' r.o' moma nu ''t·~tar- ...·-ào defroHt.tn•lo'' : 3. o g l'f ú nd to não a!'t'it:. a
ar mhuH.t<' v(il1da). V. provido po>po~ido tluandn anll'ccd iclo d.. 1'111 (di7·~· "nu nw vendo
Componamento pro-.ó<lt w id<'tui co optra ->e com prqvulo. chegar").
prótuda. florult~. f/órtdo, fluída. Jllíulo; fnndo. firvtdo - pal.1vr"' ft·ll<l\ c·~u, rc·s., il'.l> t' rt'>pt·it.td.l> "' •egra> d t· t o luGit'ào
.tqui Já n•id,ulo~ , dos p tunome> ubliquo ,, o hift'n ap.uece a lig.tt o obliqu o
Valorizar · 1 dUto com a "Kinlka<ào dt· "dar valor a", quanw apo> o pnm dro ' erloo tl..t locutâo H'rhal : ttnhom "'f'O•IDdQ,
com a d<· ",wmcu~.' u v,Jio.~ dt·". a lo1 m.t po nug\ll'~a (• t•alo t.IIIÍ-,•r •mtmdo. r-tou lht dnmdu. w 11 mr ''-ixando firat . r•larno-
n:nr. R<·"'rwrno> ,-alo•<~• (J:tra qu•n<l<> "" n:,ennt.» •·m noJ mrmdmrlo. t•ltJU·mt• f{Utt xando. t•lnva-v irlt!rnltwdo, ,:., o,
'''panhol. mo•lradu. VPm ->' afHO<imattdo . lmham ·IJrt dtlo. fw-mr tlrHJrando,
Da no,.,.. lt·giullld Iom ta, o' <krivado' ,.,,/on:arão...alort:t~r (01 "' urahando. tínlu;mo-no• r.cupado. ha1 iam -mr Jlfdulo. u nho-
Valpaços . <..nm r ct·tli lh.t<IO dew "'-'f •·<;< mo o nom<· ti ..,,.. mr qlut'<tmdo. -rrm .. " ' tfKimdo. tão·,,. uulo
aldeia ti•· Porrullal. p r,Jwnwnu· da tum;i u dt' t-al. lnrma Vapor Anonado p or \'apor, o ""'-i" )laS>OU a .,.., d t'" Knado
apocop.HI,I dt• t•ttlr kou1u \.'01 hLidtmndnro•. l 'fllongol, 10111 o pd• \lm plc-, palav•a vapor: c m hJrqud num uapor. A l'xpres-
plur.JI <k puw. rogna•o <i<- p.tl.iriu. d u l;l!inl palatimn. ~o mrnpk ta, in dit.ll iv.t do navio d1·~"' lunna pwpubiona-
Vamor lól- O "u'' tt'm pronümia aherw mór - qut· .ai ntJ dn. é tju•· t·nn· n a <'11'11 lrrt·mediá"·l , >t'mpr<" div><.'ll10' em
por mawr IV.t k mmor): i' ,, lllt'\llla lo• ma ''"' upada q ut' c-ntr.\ pt>rtugu<'> .. moi nho r/, H' nto". "lo1111p tão dr que·• o~:nt'" ar é
t•m \fontnnur t.' idc'mica t-a p m núncod qu.~ndo Jmroponomo- o dr.t n n IJU< 'u~1ram 111 grandes C\Ct irm t'> d o • om.. nusmo.
cos. cunhn t·dor..-, wdo) t.•ll'' d,. fmnrl·'· não ~ ('uttlaram dt·
Vàniuu vanic.aturu e t ómnill vànitas • Scntt'IH a do E.dc·"• ' "'' tradtmr, ou melhor. " '' >~nta!ltdlll<'llt<' <rdap tar ('Xpr<·~'cic'
(vaidade· da~ \d.odade>. em tudo vaidddC'I ,ul!rt· d fuululad t', lra n n·-.:.- ..ru n os>o b iJr ; urn de'"'' clt·"ui dos liu tno ti'"Jd o
~obre a fnvolida dc·, ,ol n·t.· " ilu.ão tlu pru• cd irnt.·nl o htu !l.t p~ lo ''"l"c·•'imrnro da 111"sa p r't·p o>Hào 1/t como t-xpr<'»iv,t
no. dt· .1)\l' lllt' ou d<· tn\11 um< mo.
Vio !adj. • Sup•:rla•i, o: t·aní,.tm&. Dc n,uurna >tOidll('.t eram •·m boa pane 0' t'rtm d.-sS<''
Vio ao enco n tro um do o ucro É de uma "'''''a religi0'-1 ,.,,,, grandn t'S<Tirorl'~. 'c tnllodllli.tm K"hcismos lto~-..vlüAKOS,
mfonnatão . " "-'' mt.ramlo a Biblia Srlgt.ul.t a os l'i<'i,, João cuid.!l..tm tlt· tr.tdu11r a> pai;" ra. nu tlc· aclaprá-IJ> .i li\luno-
Paulo li UI\S<': A~>im (01110 o Amigo t· o No "o Tt·scanWtt lO u n~• ti ~'' no~.'i:a~. ao ( unirário <-lcJ que.: ho j<, Vl'tr)O~ com o~ nn-
vão dt· tumrllro um elo o urm. dc·St.•jo huj..-. como bt)pO d<' gliti.,ulf)). O l:tlhu '''tudo do inghh c·n co11 Lra o <l<·>matelo
Roma, n •ÍuJr o lfi('U lfllntStt't io ao c·n• onrrn do Povo d1 do pniptin \l>cabu l,utu. e aí VI'IIIO) nosso tdtom.t romp ur-
Deu> dl'~ta 11d;,de <' dr\ld DiOt.<'\1'... fad<'. tlta a dia m""· nâo por l:><niOI e> de gt-a.ndt.., obral>.
Q.._u(•tn a'"-11111 ch''-'' lu1 u u.uhuut . ud.u o fM)>J. u AtlfJ~u t u IIIJ.> p111 ldsngadmr' ck ou, tn iC\ \l'm a•ma\ dt· dd~.
NO\'O Tc·,t.tm<'nlu não pmk 111 t hocd r·,c·, nJ o andam ~ d.u <J'l i~Jdo•~,,, qu<' c·n~olcm erTo~ ~m o m·cess:ino C'111dado
trancoSc, nlo ('íl Olinhanl .\n' rnconqtit·~. ndu ~~ (() n tradl/('11 1, d<· m,t,tigar. parJ d .-lerá- lo> tmt.ullt:> d<·pui> " " p•ópria
um não vJi tlt· ,-u~onrro ao o tHro. rcnpn·n"t. E.ni n)l;ui·nr t utda da •k~•ltlrccào . Em md., ,t polui -
T radutor ' rt'vl..,or codH icArto~.nl nt·:,..\o(," P'-''") <' 3(nrchuam nu <ào hJ dr~rnazdn. m.t' '>I:',, p<>lui,Ju tio ar. da ágUd. do mcco
~..guiou.·: ,. 1rtuta1 o m('U tntni\tério ..tn c ll{Ontrv du Pr>\U fi,ito ,. de<orrl'nn.l do progr<~o;(). <' pol\ da n<-noo~ . .1 pohlt·
dC' IX'u\' .tgora. >UII .•1 t xpre,.ão ru•• c·,pond<' au <kwju <J.o tio rdio ma dt·t mn· d.J ijl.nor.\nci...
do p:tpd . "ao c·nc-onrro dr•", t\10 é-, d1· dtmdu rum a nonraclc· Vara Colt.·u vo: lmu11da. hta(ado. mollw, f"x'.
cit·", '\•m w nc·>pondcnda ~" . A pri rne>ir;~ P~'"'K'-'m dn-vri a Varão, Varoa, Virago · Varoa I' vrrago ,,'io fo rma s {(•mini na' tlt·
'>('r: "A,;im 'nmo o Anu11,u t' o N o ,·o Tt·,ra.nt·nto ,.;;o un tJarriu. ma\ uwgtJ tO>tuma. em vil tudc do lar:im. ondr <;<·mpn·
t't!CO>~Iro um do ou•ro ... " rt·m ,..,11. >enutlo. •mplic.tr idei" tlr mullwr fon". d .-. u:mida.
Vão melhor Dt·cor.t-,.. no~' <"-<olas qu<" ",uhi'rhio é po1ld\l o1 dt· m.uwi ra~ ,,trun" "Foi a Mari~ tb Fome a pt"r-.onitlc;a,ão
mvaná..-d IJUI' roodiliGI ,,dj<'ll\0. verh<> t' 11 propno .d,;., . fantd,tlca de uma toll'll\ "'""" d<' ,, m.1.zona> de Y ma n~o... ou
bio'·; "'' nàu há q uem "'o n:io ~ih.• . muuu' h.i yut· o niio ..-.tlnwnt<· exisuu. t•rn t'CHpo I' fo uCI' ro< adoura, uma vtrago~
ron s<'gucm .tpli mr na IraS<·. poes rt'\'t•la m mio '><lht•t cpu· " r<·,·n lutí,utJ • '-' 'nm o~qu•·le n o ll ll' c .tpclido?"
advérh io >t' di,{lngut· do .~tljt·eivo . to q ut• "' dt·duz da ll'irur.r VmiJ<t yi não " ' t•mpreg" conr ''"<' ,,·n tido: i: ll-nunmo dt•
ciC' tradut~k~. rlf' n:dadic> clt arogo'. ck noeiti"'· ante· o1 '"'' lnrm.ll :i o i pupu lo~• 1/tttào. /"toa; rnnuão. t'T1TIJ.loo (ao 13tlo clt·
d cntt· c- la mc·m.íwlwnfu'>olu IJU<' p rofh,mnJI\ dd p<'tt.t l.ut·m mrulà•: hartdào. hortdua, patrão. pulrna. tabrbào. labtltoa, •·arr-io,
l'ntte ~TWihor. J Ôj<'ri\O, I' rnflhnr. ,ld\ h-IJio. r·arroo m.a> kgín11l.l, ron,ignada rm Domrngo<> Vi<'n.t, Col-
"Jâ agm.r 0) negócio> 1-ào rn'/hQrfl t•tn Bc·r lim'' é""''" u- '""e' Viana, Lwddino, Aulell' tom a simpl<'s mdicatào d1•
rào <.ju<·. ~ i ;~a <·m jon r.tl. P•llt' nH·ia ""'~ ron fu,iio. .WPIIwr . " feminin o d.- r•arào" N:io 2 pdo I,Jiu dt• st•rem lad lmen rc·
para <JUl' " ' 0 1'XI()Il(', dt'\'(•r;i 'ir.'r adjt'IÍ\o, OU "'13. dt'VI t.i \' 11 l.'llt.nnrrat!os q u <' nutro> dicionáno> ckvam "'' lt'vados a
m od illcd11du 'uh"anti\11 , t•u com o ,uljunro ou • o mo p~t·dl ...C•ric,,
carivo. AdJIIOlo S<'rá quandu 1111110 d1• >llhltanuvo: prc·tlu~lll · Var-ia(io de grafia e ck significado - V lli•-.opo.
\O. quandotompkr.a ,-eri>O d<' lrgadiu. Varic<>«l<' ~ Embor.t dmda \'l:Jamm d•raonános q u r lhr arri-
Verbo '""·" """·o n.;o i· completado IM ,u.t 1igmlir.u;;n, huam 1\''nl'rO d if<-lt'll'", ..1 p alavra i• lttmnina tl.tdd a proce-
p orqut· t >t,l Já f! •nteim : o C) U I' ,,·l ht· .tcrc·,n·mdt wd. adj un to tf(•ll<•a !11'1')\3: a vanrMrlr
ndverb ia l : t·l•· viv(· bem. dt•l vivn n hem (/wm i· ac k <-rlm>, po" ~;uja, Vargc:m, Vánt--a . São forma> p aralelas: a prcrrn'n cia
t'>t<i modrl'ic uldo o vt•rho tll<'T, tntr.tnMtl\ 111: .-1(' vf\·t• mdlerJI. d(p<·ndc- d..t regtà o Aurnt'ntaci,., : Nry,rdo w.rjào
dt·> •in-m mrlltor lme/hl)r, im.triávd. po!IJU<' t' .td\'ÚIII<l. < Vate t.qr;Himo "portu!(lll"ldffil'llltt cl1• tmll, unidddl' dt· pou..u-
a-.stm: ele, .. , brm {e não.'·" homl. eil'' '~" hrm c· não 'lu <1J, dc·litHdd por J.uuc:'> WdH. A l(11111a dJX)rru~rut·~oada pos-.i-
hon11. de Vdl mrlhM (ad,·<·• bio), dt·s •-ão tmlhur cpnr wr oJcht·• t .. ln.t-nos dt>ri\'ado , COnlú vntimrtru, mrgavate
h in, irwdri.ívl'i ). Para cnrr(' t:l, 11 COn>ll'lll ~<I <la fra'><' dt'' '''' .1 Vazar, Vazão, Exrruasar . Votar com ~. por pn•ndc·r -~c,, ua>ro
-..-r: ''Ji agm.• "' negóciu~ ,·áu rrulhor rm Bt•rhm" . ldn 1\Mio,: va.:.rl!iouro ...awdura. t•a:arnrrrto. rwauur, va:o·
Vão-~ iodo - Diantl' d o t'ompl.-eo ,;l.:·ncio tio Fo1111uláno Or IHtrm c·ouu osl; (XIffWfllllT Ctlm '· por pn·nckr-'e ..t lltllll
tográllco cwn r<''pt·no .111 hrfc-n a hgar ohliquth <'tn lc>~.u<.:io , ·,,~ti" t.tml.i·m (om • '<' est:rnc. pm' -..· relat~una ('()fi va-
wrbal frunjuga tão pt•~tfr.J\llcal, lntp<lfld· no• oh-. t'\dl uo. f I a•ân 'ó pode·• á -er fnrnkl .twm·nt.lti'a rlt- t<JIO. 1
.tntt'> de <uttlar d o Gl!\0, qtc(" I . o paniripto nào .ttert.a a pn'· Va:a, t•a•a - Com:, p rt'nd<:-5C' ..t ,,o:ar (de tttwo · l,u1n· d..-
pmicào dn ob líquo ; não,,. d11 "l'u ri nh,l dHo-l he". "ha1i.un _togo dt• <anas. Co m ,, p tc-ndt'-SI' .to gt-rmàmco •••tllt: secl•-
dado-nw" ; '2. rarnpou<u .tn·ita.m a fJCl'poscdu a., lorm.r, mt•ruo '" gànin) : . 11 ~i I" ; lir:ro; cam ada d t•p-a<iada da 'o<'i•·
Veado Verbos 329
dadt". re>eo:Yatóno d<· marinha' d<' \31. "A ~lr>nidadl' 1eahzou-\t', m as não for !não se rrnlnoul tOmo
v~.ulo - Voz: bTiimur, bamr, Y/IIU'T. rf/)ramar. M' ('Spna va".
V~eta (ê) - É a forma pootugutsa dt· wafar. igua l à italiaow Vn-bos, concordànda r~poral - ConccrddnCia, ccrrtlacào. corrr~­
Um.1 IÓ a palaHa. com q ualqw1 d.J ' was ~ignoficaC'Õe\, t pondlnria. mlrrdtpnuimoo, presl<lm -se todo; l'\~S nomf',
taonhlm em composto\ : fXi'lo vrd,·ta, harco-wdrta Jldl.t 1ndacd1 q ue· cle\T t•x i-.lit haunonia. ·· rnn ...t >t uti o ... l'tuu·
Como anum·u· com o u u o' suh,I.Jntivos (o pumrsta, a p1t1- o t(•mpo do verbo da o ra<ão prinetpa l c o u·mp(1 d o verbo da
nuhr ), d1z-se "o vc·dt·ta'' qua n do n-frr t'nl<' a h o orwut 'uhordm;,da . Não tem nosso idiom.t para o l<I'O o rigor da
Vrgetal - Colcm·o, em gt'r.rl mio, rnào-chtla, llla'\11. marico C" A bngua launa nem o cuidado do mglc'\ lEu n.'io diu~ q u•· vo«'
esqur·nla do v.tlt' t'Sr.i um IIIIUt(O dt' \'t"rdura do mais hC"lo \t' chamat·a João - Não me lrmbm de dizn que vo<es rrarn
vtw"), molho. pm•flo. V. árr!IITr. pl'qu enos - Por qu(' você não ;urou qut> I'Ta mtu irmão?l,
Vela (dt•cmbanauio) - Barulho: trafwtar. ma~ uma> ldllr.l' co n\ itlrratões, ou m elhor , rondusõe~ d o
"Vela romana" "Rom.t n tandk" d i1-W em inglês: piJJolà~ "'u" rxist<' rm nosso idtOmd podemo' aprt·scnlllr
lt>spt'~l' _de rogo d; ao ufle~ol .~17·-.<' t~m pon~guc..... "V~!4 1O· A - Temo' 1n"' e~-p{'tlts de prttlnlo> ·
mana t· uma varo<>dadt· ck u·atlut dO ao pe da ltua , 'l ll'' I. Q uando uma p e)wa nos d11.: "Ele 1<tira q uando l'll
po•l<•oia cha m a o· '<' "1r.tdurão a qua1rn pt'>" . c·nu c•t" - t•tnprcga. para o """' uo >arr. o prct;rrlo mtlll -qtu-
Velhaco - forma> a uml'ntdli,·a< lal<·m Jc· lltllu.uào): t•tlhacacv. /m}trlo, o qur signific4 o scgutnt(': A atão <'xp n•ssa p do vc:r-
wlhacm.. <tl.lwctirtu ho 101r f pa,..acla em rderência. a o a ro da pali\•J .t k>cou lo~­
Vdho - Aumt'mamo pejordiiHJ: l!tl.hncnl. lando agor.t, ma\ a a nio de 1nír já"' pa>>Ou <-.além dts~.;,.
Velódromo - V. tllltórironw. amda passada com r(·la< ào ao tnu po indit~r do no período
Vem, vem, V«m Ele vrtn Ido •·t·rbo r•rr). e lt?> vim (do mr~mu (no nu>so taso mtml. n qu~ l'tjuiva lç a doH·r: " Quando cu
H'l hol, eles '"'~m (plllr.l l ti.-,., , ), N.1 tompomjo a primt'lrJ mim. <'Ir j<i JmJw .aído".
torm.J craz au·n•o agudo: o•lo· prot·rm (d<" pror~rl, dt'> provfm 2 Quando uma pesMid diz: "Eit• IJIJia quando cu enud'-
(dt• provírl,l'lt·~ prwénn (de prnvn) . ( ~ 463. 14, oh>.~ . ) tmll tlllla I 1111>1 t'll;dlld o o vn!Ju .\lur 110 pn·l<'t riU orupt'l f\'l lll,
V~ud:ivd, Vendável - P1 t>•eni<•nu· tk t•rnda. t•mrilillel i· u qut· tu na \'t'7 que• a a cdo t"XPI("\!lod pot t''''' 'Trhu i· , ll tU'I io1 ~o dtU
I{"Jll nnda u-rt.t, o qu<' lat"i lmenll· t'ntumra comprador. Pru- ti.• fhlld'l" lOIIlO anti'\, o inllTiut u1or ' ""' t•.tan•lu rtt·\lt
H'nit•ntc d o la1im umdrbdu. N7rdít•i/ i· o que "' podt· \'t•ndt·r . n\t'nTWnto. 111.1' n que d t.• no\ C'\l;i clllf'ndu )(i ,,. ptt~~ou . IU.t'
u <lllt' esl.i d n ·nd.1. Nrrn cudu o qu<· i' ven dhd <' wndávd: J ~u;io d<' 'a1r t(,Í pr;,uic.1cl.a no ll1t''l ll() t<'tnp() c nl ctut· '<" dc·u

por outro lad o, uma co isa vt'Hdávd pmk 11à0 Sl'T wndivt•l. u l.o111 P·''~.ulo dl' c·u mlrttr.
Veot..-açio a - V .tmwro Vt'--,e a doftH·m·a em r<· cstt' e o <JW antt'IIOI: aqui a atân ~
.tO lllt''mo lt'lllj>O pm111da (com rrlatào ao Jtn da pala\r.t) c
Veni, Vidi, Viá l:.p1f011t'ma dt• Ci-sar (Vim,"· \'t nll! l, <Oill
f"'''rnlr h.om rl'lat,io au ,110 dt' rrtlrarl. Por <'~~a ra1.io;. q ut· S\'
qut· ~nunciou '"d vi1óroa 11.1 gut·rra elo Pomo: i- t·xpn·,,;,o
cl11 q u<· 111íu t%i no prrllnt~ imprr}ríto.
u<atld para l'Citllunicar p1 o mo arillnfu.
3. D11rndu-n u;, porÍ'tn, urna P''""": "Ek -..1iu" - dt·nola
Vento - Barulho: auobiaT, lm11mr. aaar. rsfuuar. gtmn.lujar. ""
~r. \1/totJT, >Ofnar. >tmuJTar, uuar. ~uml>rr. ~umr. Aunwnlatl\o:
qu•· ;a al.-;o dt• \lÚr fo1 coonpll'l..lfllt'lllt' tt-ahzada. \t'ln """'''i-
dadt d .. rc·l<'l &nud a nt'nhurna ou11 ~ <~Ôio, m·m dlllt'l'lnr nt'm
llniiiiiTÔO. wnlt'mpor.i nl'a. Saiu (·o prrtlritop trjfllo.
Ver, se cu vir - N.t classt- mc•dianarnt'lliP r uha jJ111a1~ 11o> <·da fm r<"Sumo.
do ouvir corrf'I~IIWnl<' co n jugado o \'t'rho vtr no lutu•·o do ai Prruntn "mai•-qw-prrfmo" "fk >11íra c1uando t'u <'mrei"
sulojumivo · fn qúcmcrnt'nw. a ti- p<u portado• <'< dl' pc-rga - O ato dt• wr Í.' anlmor .to de tel t'll!r.tdo.
minho. somo' <'>hordoddo' <om st'111f11t3> com •>t'"a' : St•m- Ou u os l'X<'Illplos: j nrra. quu~m . ;ulgura. r•rrwrra. mmrim .
prt• liU<' t•u vtr vor"C funw oulo - Qll.illdO vod' mr uer aprt'> · ,,ltult:m.• vitr11
s..do /•1 Prrlmlo "rmptrfcr!v" "Ele saia quando eu enud'- O
F.rro, e rt no rio, graúdo> <'''><'· Srmprl' que c•u t•rr vott' fu .110 dl' ,.,;, ,. u de mirar >ão com emporiineo;.
"'"'"lo - Q uand o W>< .- llll' vir apn~'>ddo - Voe<' H'r.i " ' Ou1ros <'Mrmplo-= faua. qumn. part<a, rnmru;. 1ulgava, amo
mamk a v ir... é como><' d<'V<' di?.t·r . t•a . f\tudavtl . vmha.
Q.uern tevr a ~one d l' "'' obn~••d o a <onjuga o no,so; ''t·r- c' Prtlinln "ptr/tllo": "EI<' wm/'- O ato ele· 11111 Já.,.,. n·ali-
l>o' no curw ><'< undárro dt">l' 1c1 <~pn·ndido Cl"'' o ruww tou tomplt'ta, pura e símple;!ll('lll<'·
do 'uhjun U\o p1ovém d.t ll'rn•ira pc·,~oa do p lura l tio pr~•(·. 0111ros l'xc·mplos: fi~. qrm, parir, lnt'nlr. ;ul[(IW, llmt'o , "IJJdri.
oiw pnfei1o, turn exdu..:;o elo "am" final: de·\ V IR (amt ttlTn. Ul. tlt1Ut.
- \1' c•u VI R I ~ <159).
8 - Emp1q(d •St' o f~tnmtr elo wb;un/1vo na ~ubord111<1d.A
ll(ual •·uidarlo devemo> ~e·r rom n' 1 ••rnpo\ln' anttur. rn rm currt'l.u;io cum o pr<'~ntt' ou tom o futuro da pnnCij)dl :
lrnn. prtun. Tfl rr: Se 1'11 prtt•tr. qn.tndo ('lJ lrLIT IProt•t r, pt I pr((l quL vá- prdorrr qut t•á.
o-amemc- por .da~tar -~· do prim i1ivo nu pot•lt'"'" - pmd , C - Emprrga-s<· o imprrfrito tio wb;unlr uo na 'ubnt d iuada
pr ovr~.'"· prov<'n ... PROVI::RAM - t• qut• se w n jug.1 ' \.- t•u c·m wrrelacãu corn um IC'mpo pa\,,1du da p rutupal: prd1 qw
/ffO<WI .) {uh•- fH'dra qruJo•.r- prdtra qutjoJ•t. pntma qu• jn1\f.
Verba volant , soip~a m:wenc - Allnn.u ,jo ldtina (a> pai<I\Td' D - En<J"''"'o exi'" um fu ruro 1 o rr• rda• :i to ao pr<'!K1llf'
vo.un, o~ t'>Cri!OS licamt pa•.t dt•nolill ,.., impt ou lt·nw ddxar (dign que Jàrer, digo qur mi), tclll o portugu•'~ uma fo1'111a
prova\ I'>CrÍt<t> >obre ceno\ la tos. <wuo 1<1rnbt'-m «:r louv.lvd para mdicat o (ururo com rdatão ao pa~"'do. di;)(' qllt'
dt"rxar cscri1o o qu<' ~ ajmtatlo. /urw. dt<se qut' ma
Vcrbi grana - Expn·<~o laún.1 correspondt·me á no«..1 locu<jo E.,~oa fom'" \Crhalljarra, mal, cha mad" condroonol c·m ,.j .
''po • Nrmplo': abre\'oa-\t' r·.g. nos 1di oma~. P•h'\Ou no Bra s1 l em l<l5!. 3 ser ch amada futuro
Va-bo transitivo direto S(!gttido de " a" quando o o bjeto é um do prrtirilo; C'lr aparec<·:
infinitivo - V.anfinrlivo com 111}(110 ncutalwo. I no período hipoté'uco. quando a h1póu \t' f p<mi•l'l
Verbo vicirio - Como t'm o•ucas linguds, emprega ~C' o Y<'rbo I~ S8S. 4 ): St' "" quise>sc:. cufana ;
fa"-'• para suh'11101r vl'rbo\ q=ndn haja conn•nit'nria t'rn l no periodo hipo!l-lltO, quando a hipói<'S<' (o irreal (~58 S.
n.io o~ repc·1ir : "Os ítloltl> a u ugo> adora1•a, como inrla a~ora 5): Se jupi1t'r •·xostissc, Roma uriu "mcillu;
Jru (.ldora ) a g<' nte inica" "Quh (l marqut'\ dt• Pomh.tl 3 na subordin.tda a H'rbo que t'\lcja no pa"ado c• imp li-
noh1hr.i- lo. como fhna (no1Hhtara a ou1ro' com<•rciames". que- declarat.ào lwrba dtCI4randJ: ducr. n~dr, rt-spondc-r.
O \'l'IUQ Ja~rr (' por <'5'3 razão chamado '\erho mcáno" afirrtlar, dl'tl.ll<ir, juldl, conles~:u t'lc.l: Ois><' qu<' vmn-
(qu <' r.,,
as WLl'~ de OlllrO) ou " yE'r ho vnõmmo'' (designarão R<':.pontleu que mn;
e>td não mui to aprop riada). Maio rara m ente, tdmbt-m u vt•r. 4. para in d icar aprox1mação. imp1ecisão: l:.u ltrtn a 'ua
bo ltT subsri 1ur ' erbo amnionneme <1npregado no período. 1dddc quando m mt>cei a lcctonar:
330 Verbos Verbos
; p.lld t'\'id~ncia· UIOa suposicào: Eu ndo jclfiu ()q ue voce wrbo> <·onrinuado>, ba>Ca qui.' a prt·posoe ao '" expo imo~ .uH.-,.
e\ta fa7c-ndo. do primeiro: O m.Írllr f~o condenado a padecer cra to<, so
ó. p.ua \11,1\ÍI<H a manif(>stacão de um de>t·jo: Go~tana qul' frtr rnU!ilacck<, p<'rckr d fornma c morrer queimado. Q..ua-
\ OC<' \i<'''><' m.ti~ rtdo amanhã: tro \'~Tbos - ~onunua Rtu - rl'gidos da pr.-po>i<~O ".t''.
7. pata >ua•itar uma pergunta. um pedido de oufonnaáo: wna 'e1 :.ó r·xpu·'"'· Rt·p•·• i-la antes de cada urna das or.t
Pnrlnia fJ.u nw u )t'U endt·rcçn? - Suia pn"~'ivc-1 d ilt~l··ml" .-õ<;~ sun·~sivas na tirar ao pt-riodo ll u~ncia, t'lcJl.àntia c: loc-
ond~· fka a bi Ihl'c<-ria? ca.
O mtptq;o o.lo fucuro do pr!"cétho em o.al Cd >O não dt\'l' Entendamo~ b rm Ru i: Fl uc'ncia. ci<'!{ància e fon;a não >ào
,,.r c·xag.. r.tdo; h:i um rnomenco e m <] Ue ck '<' rorna impra- <?>rtiu> paril rt'!l"" tk gramá tica: quand o mai; llut.•ntc:, m.ti>
tlr.·hel, ~(·n,t_ M'n~~dn, con1<_> ,'~f:Sla. per~g~~la : HQ.ual ~l"r-ia 0 t·h·gant<', n1aÍ't inci..,ivJ. julg-a• 1,1111 ,tutot' a não rcpcut"àO no
st•u nouw ? Q}.t<d st•na 1nclu:a duvu lt~, u i..L' C.')~'\ p('r- GISO e·m apn·<o. mu11o b!'m ; quando, pot t'm. jul!(a• um
gun oa implica 11m assunto certo, qu(' rxogr o mdH:a civo pH'- autoo que a 1 c·pt'l lldll (· tjUt' vi oa traLer t'>S(" <:ki1n , pr u<c'dt·r,;
S<'IH<': "Q.wJ i o >t'U n u m<'. por favor ?" bem em repccio ,, po.-pt>'ÍtJu: "Estamo> "-'1111nd" em rorno
'l~i() t~~i,•rnlf' no laa inl, ond(· o ~ulJjuntivu ~ qv•· po!!>SUÍd d<' nos a prodogalidadr :1 palpicar. a rt">·olwt -S<.·. a H~n·ndec.
e,..a fore.l. o futun> d o prt>t(-rito f01 <TÍd<i<J pda' língua< ro. "camar poo codd .t >upeo lid e d.t cerra" {Ca.,ilhn .
m.ini( .• , rnt-did ntt" dglutinadio do i•nperft·iro du intltcdtivu
do v(•rho lltllltr llw~ia com o infinioivo dos oucrm verbos: Verbos de expressões de tempo - É iuegâvel e cada ve2 maior
louvar-lwt'lu- l~uvarw. Pelo fato de oeo nasodo do unpt'l fl•ito. a inl1ul·ncia qu\' u in~lc.·~ \ t.'In 'Ohn; nó:, c.'Xt:Hc:ntlu c. uru J.
o lururo do prcthico ~ com !Teqüt'ncia ~ub\ti c uido por omrodutào t·m nm~o odonnla j;í de pala\Td; ' ''''n<'et'"d ' id:..
outra~ ronua~ do prnériro: Não mwm1 t•ntrar . \e' n~o fos,r\ já dt' atranjo:. >int.íti to> t••u·anhu> ou cau.;.~dorc·s dr dtivi -
born - Q!oem vo~ i11wia de enganao? - !l11ffO i\\O c•u li:ito, das.
É. conscrudio inglt•,a St'm p re <· m uito usat.l.t c·sta: "Q.u<uHo
><' d<' mrr<'('<';~ - Eó(revi t'>T'erandu qu•· voe<' acritape -
Eu lx·u1 c.JU<' do'>l')Ova (jUe de e~tive:.S<.· aqu i - Sr houvna de· tempo irá kV'.J I - nm para c-hegar r· Nos'" idioma n.:in P"··mi
aud.u ,c·nwlhanll' l'Orrt·iáo pdos ostt:ntadun:' ck c·ngtnh u, '" q ue de·"·' looma '<' tr;odu1.a a expn:,,ào inglt·;;o O-lo\\'
muitos 1rihunai' ffllm n<'rl',-.ário~. long will i1 tak•· "' 10 o·c·dd o dwr'l' ?), ma' ,, wnl.od,• •' que c<· ·
tno~ o utro-. \ '('t hcl'l t 0 111 consLruc ào semelhante" t'll1 <•xpr<'s
1! - 1-uturo do lllijuntrvo: l nexiwmcC' a ti· 110 IJtim. o futuro
SÕC''> de t<'mpo, dos <juaos uns são u:..td o> cambem ti ~ o u uo1
do \u hjunoivo l'm pot wguê> é oempo d('rivado d .o 3• P""· do
pl. t.lu pt c:c p<:l fc·oco (di,,ram. fi:rrwn l, nwdianll' >upr<·\:.ào onancira, ou M:ja. tl)llll! Uobuirão da acão >ubjr·ci,a it P''"t)d <'
do nm linal he eu tú ..rr, qua ndn eu fiur ) e ,._. u<.a em crt tas não à coi~l. F''·' li,ta não é (Oillpkta. n1.1, <lcrnnal,lt.a ,,,
>Ubordmadas qui" implicam idéia dl' futuridadc-. Fnquanro ,.a, iad.t, lonna~ tlt· tomc rur.io. com cxc·mplth uratl<h tk
em I>UII<J\ idiomd> >C diz ··~(' eu dio<'i", "quaudo t·u liut'i". dióonâ t j..,, ,. d(· autuH"\
t"llt l)(uru~ut·~, c.l fonna é ··!\c- t·u di.,.~f.·l··. ''qua1u.lo t·u fizer··. Con'lilnJT. Con,umt hora . . ._. hora\ em pnnder~lr .t ,iau.lt ju
F.xt·mplo•: - A 'itua<ào con11mrw-m< hora> e· h o r." d!' po n d<·• a< Jo - O'
CoiUiononar; com>(, quando a lupõtes.· é po':.o\l·l : lt t'i w autorés t'rn cuja h cão Unho coruwmdo a maio o pao~t· da 111111ha
pu riu Fa rti 'dlvo lt' você 1ÜO qui>rr idade.
Temporais c:om quan.d<1. mquanto. logo que. depou qur. aHim Cu;tar: Cmlllr· lloe ti muito fazt'r isso - CII.>IDU multo à
rru•, "'mPr•• 1/"": ln·i quando nada Jrouvrr q u.- la,.-r - En- criada atemk·r. (Não t•ncontramv' <·x<·mp ln /jll<' Í"''i llc "'~'·
quanto rne qrMrrem aqui, aqu i lkarti - S311'C'I a"im <ju<· me a n)nstrutiio ..a c:ri('cla l U\lOu muito para J.tendt.t" .)
virt'T/1- St'lllpi~ <j ul' eu dwer sim, digam nftO. Demorar: O l'araíha demQraua para sc:car - Dem~rrt para
Rritrlic•n' : Ha ja o que houver. irei - Dig.1 n qut· quiwr. t'SI.I - aproncar o >C'I vi~ o - O c'ool(k rlmwrQil ern >:tu,l ad·-l.t- N:io
rá ml'ntindo - Q..ue·m for inoc<·nrt· aurl' a prnnl'ira pc·dra. se demororllm a d~cihao o ~nigma .
Propomo>lall' Quanco mais qtmerrm. ramo ma i> tt·r.io. Gastar - Ga.ur doi~ anos no rrabalh o - O trabalho ga;-
ComfHiralit•a•. F.H<'i tal qual marLda~<·m- Dnão c.uuo qudn- /ou- mt doi> o~no> IM'" linu p•onto - O tempo qu<· em
wpud,um. pra;:er gm.lln'tlm - Ga,ltJra-u uo con)("rto n1uiro ma1~ rcrnpo
Confurmallt'<l>' Agirei ~onforme ele diHrT- Faod dd mt., que e·m a' fa1<·o e.k novo.
ma man<"ora que l'lejhn. Úl!ar. o, orabdlho, lrooram·IM a nvite toda - /, ,., tlui,
F - 1:. .1 twmualid ade uma Ja, iu.:·ids tdlilll'l u.td d' p<'lo lustro\ nl';,a müul dolig~nna - Lr•·rr dias <' dia> a rondar
~uhjnnti\ o: :-lã o falta quem pru~ assim - I lá <jllt'm qtvtm O> pancanai> - Nc:)\Õcio> há qu<' /n.Ktm muito tempo " lO II -
or - Vou cncontrdr quem mmprt - Não d1go <]lll' von' ·"la duir. " oeali,,u Mai> <k· de7 .onos /evti para aprnollar u
o que dil<'lll ma~ quando a subordinada t•xpre•~·• lato qut• li"'o - F.srot·V<'r um h\'lo como c~se /tvtJ rnuiH> tc·mpo -
nàu -e oc,di,,J no pa"ado rvm rdacào 30 laco t·xpo~>so ~~~ Q.uanto ctrnpo lrv<1 o bicho para sc t'nC:<~>uhu ? - Q_u,louo
prindp;ol ("'P'"i•·ào qut> imp lica o ronlrtiriiJI, cmpr<·g~ '"' <> wmpo se lrtltl para rh<'ga r a esse lugar ?
11íl/Jt'rf~'llo do Hib}tmllvu: Jn1aginava que {uj1rm t.•lc.·' ( 1Hil) nàtl Tardar: A çasa tmdou para ficar proma - 1<ordt·r para
t o·aml - A<'h('i qu<' voccé poH11í.<se rtcursm para isso (mas não aprontar a l~t~..L - Dt:u!» tarda o casLigo - Flt· u ào lOS1ttllhl
pO>SUÍa) - Não era crívd quejiwse tanto tua I (ma, r<:z). tardar em rc·<pond<'r - Hora~ <k noit<' folgada não tnrli11m.
~.rn tal t<~>O dt· wposiâo q ue impl ica o c<Jn ll :i riu (o, ''el - não tc.'m vagar- Vem, não /ardn. q u<' os wpo~ já t<:Hil(!m
bo' nrào no pa"ado), t'm lugar do "'bjumi\'O pode apan·- - Que· nova' tra1? ~dlu•- lo-t'Í' mtoico presw. qur n.lo trmlu
,,., na subord mada o futuro do prnérico: CuHlava qu<· pu ,;a- mm·o•co kmprq{ado por Garrru com a ,ignillca<ào dt·
ritJm dt· .ano. "~hcgar p1C.';tc~ .i Pll'>t'nta dt' alguém").
Fáci l (· corngcr os dois úlrimos ve-rbo:. (vuar. marcar) dtscc· Tomar· A<jucl<•lrabalho toma-lhe muito tl'mpo.
período: ''fkou aceuado que o diretor com{-rci.d l.tri.t 'ld - Verbos ler-minados em "earn e em «iar~ - I. Grala-!>(' um \'ti·
gem ao cxtco ior. para manter O'> primcorm rontatos que bo com rnr <juando dt"oi,ddo de nome terminado em · a) i.
viJrm a expansão ou marquem o início das cxporta(Õcs." - pi. apear. dtJprar (g;~sccar o; cascos de uma cavalgadnra l;
Com O> ll'mpo> .t concordar, o per iodo d.,v<· "" redigido . b) aym. ugnn. argon pa;mo. PllJtar; lwnmagrm. hommagrar.
"Fim n acertado que .. : faria ~iagem ..._ para marm·r o< ,pri- mtirgftn. mar/!.rar; ri fiO: Jil<'ro. mear; reche!fJ. rechear: P>/PIQ, '''iflll;
01<'Jn>lt <..oru.at\)) que.· vutUlt'm a expansao ou mar(alltm... - firo/no, lirtlli'ar,· ti) r u .· /Jr,•n, brPar,· tlrt'l1, arrur (pnp. jirnr p(Jitlu);
Se no luouro l'~l ive5se o ve• bo.faur. a concordãnro:t H'mporal excc:l!oa-sc· judiar (de: .JUclw), p01 inll uencia d<· judio: <) t·ta :
!>('ria: " ... fará \'Íagcrn ... para manrc:r roma1os qui.' Vtlfm ... ou areia. arçar: ro.dria, rucaárar;.f) CJO: llltlMJO, manear (s(ncopt dr
marqunn ... " manejar); ornejo, ornrar (síncope• d<' orne;arl; g) iia; idéia. tdtar;
E: a~sim , continue ou não a doen<'a, o certo é·: "Eu rliJ.Je que e.stréia. e.• trtar: hi a. e t• o ;ironos: carltl, cartear: (Jiaw. e•la·
vo ei· '''IIIJII dot"ncc·". V. tj/avlt /rama draJ; V. )ui. /lavra. qurar; rrliltlf<'. rrla11uar: aparrt•, aparucrr; pr•coco, P•·•nKPar.
Verbos continuados • Diz Rui, na Réplica : ''Toat.mdv-'e de· roxo, rO,\ t'ar; i) u:., IH.· t-o::, V():J:'ar , arcdhu:_, arttllnr:.rnr. )I tit>
Vereador Vernáculo 33 1
raplláu. mpllan,ar llar rapriJ.lllum canhão. cwrhontar lcast m tffiiii'IO<L. n.io pon'tlt n o plural do '"b'tanu,·o. qu<' í·
non 'liu oaMar ll.u lllnum , urptio, arprar. pa!rdo. palrMtar >1111pk>m<'nr<' '"""'
Uar, fNtlrrmtlln '· Vernanaliz:~.ção • V.forfl.
2. Gr~fa "' um verbo com iur 'l""ndo dcriv<td o de no11tt· Vernáculo - o, cldinq üc·tfoo cl~ língu" pv11ugue<;a f:v~n o elo
rrr rninJdn t•m u, tu, to: urrrúa. arrtlitzr; 17Ul1'""· maquwr (rnr· p11nlipio h"tcirrco " Q uem lo~z a liogu.t c- <1 po"o" H'o<bdt·t·
<.In cnm m.tqul.tl; m1tr1n. tn'llnat t\Jna. t:Jnar.fa'll(). rnfa,fulr. rn moto p..t ta ju~rrlkar o ek, pr<'IO de " 'u t•,ru<.lo, de· 'ua 11ra
rodopw. u,doJnar. f'\(UJ. ''''ar. b) ur, tiJ ãtono, · mtnÚCUL. mmu ~
1
m.trtca. de >(>U 'm.thuJâttu, t'>quc·('ido, 11<- que a f.1hu clt· ,.,.
nur. ,t/;lum. ,tJtwtw: tm,ta. anJ1ar. fjffinnn: p,lflll(lar. (f!lflrórw. tol.t ê· q ue: Ol.t"ona a trarl\lt)llllalàO. ,, dc·rnio racào. n .tptl -
ronlrllfi/Jt: {rwt!m&, /tllllllllllr l favun•n·l'): ti f/1('11 : prr>tfl(ll, p" d t c•t·inH' nco dc• uma lingu.l. Cm in heir.t,, h:r l,,i,, t'll!/.HXJ t<.'\,
•mnar l.u. prar•mltam • túfrrrnra. drfrrmnw IIJr difforrnltuml; troml>adrnha.,, ,,,galaundu' tttmrocNI' i- tjUI' d<.'\l'tlt flgu-
lw·n(IJ. ''"""ar l.u llfrnliaml: •rnlmro. !mlnu.lllr llar . .!'TIIm· ' ,n , <t'J!Uu do c'\S!'S d<>rrOtl''·'~· comu \C:Hiad cír o• mr'"'""
ltum•. de nos..a <inra:o.~· e k·gitimu' ronhrc<• lo r"' clt• nos-11 \Otal>u·
i'o:,i.e• "' (e,.,hrmlarn ,.c,rbo, mmo c<rc>: ajrar ,. afiar; o p ri J,i rro.
mdr o Ceie· /tw• "f."ific.t tomar frio, o S('gundo (rk.fiol q un di- "A rrMt'ló rrnatão c'· <in.JI de ,.;da'' . cli"'"' os dd(·mn•·••,
7t..l umulttr O lllt''IHU \C. oh\t:T\'t' tom os \ 't·dK")\ rrar. comn .1 tl..t rl·de:a solta :r rornumc.ac:in, d o arhur.trr<mo lé-xrto ,. ""·
u 'ltl, c tlttr cd(· (m • t( 1 ciúntc.:); t'lrtar (c.k r\lrlial. iruliar. ' t.ancu <.l.r mlounac ào. o' 'I"'' j.undrs .,.. tl~>pu,cra m ,1 'rrili-
ulrtnr- IJ/(T r'lrw,, mtar. d1\ttli1 pt )o mnf'J. t mtar. da1 nuu\; cat prngrarna' ck \('!'ltántlo ciC' pai<<'' C'ICI\0' tlt· n rlr u od c de·
rt<rltt'm, l.1 t•'1 rJduw. c• r,·rhtur. t· hldl nu ntl>(dt' t/tto l. b r lO C'ÍVÍC'O.
Vert•ador ()a Càntat'a Não nJ ju;tifi<'atÍ\'~t p a o.t .:r CO !I> li LI< ào N.io há rnulln - e•m r, ri<' janl'iro ele· 1975- uft-rt•na o
"o, "'"',ulorc·, do MOR ti <.itn.:rt.t mumnp.•l th São Paulu". ESTADO na '><'C:Íu Arualtdadc Ci!'nrilic.o uma ·'P'"""t.io
"·i·• 'I"·' I for o pdo todo a <lU< pc·t ll'tllam, "' w ot-ador('' \o'io de· <:. L. Sc>lu ">lm· a puhhyt:io m edl(,t ma" com<'Íiu,td.&
dt~ltJ ou duquFia t.uu.1ra. e u.i.o ··J ~·,td .• uu '',UJln·la'' (.ànMra: dn mundo tocln. a re-i'''' "'mana) TH~ LANCf r. Par.t
a p.lh.tYI a não tmplu .t tdê·ia cl(' tllO\ inH'HtO, ck di1 c•c. ;1u, dt:• O I 1\lllho 00> lu oc .lnko~. () F.STA DO .... ,., udll7iu a r•
ÍIIH'tra
t<'llclt·•u. i.l, c.h: c..lc.·.,u ru) : ''d.1 c\in~t_t l:t'' é nu·to .uljunto~tdunm• p.ígrna do prd,\clll da "'""'"· " qu:tl IC'Ill 'ido p11h lir .td.t
n;\ l n·'u ui,u. l· uu 1 ).wnitlvo pua n e !)in1pl('' não tc.·nhJtuo:. inuttt•n upt.triii'OIC' a ti• hOJ~"• dr,tk .5 tle· Otllul>ro de· 1823:
mc·tlu tlc " pc•no· ,t pr t·posi< Ju .J,· Elc·, lor .:rttt wn·.:rdurt' cln "nliqut'·'<' o rnglc-.., qu.- ,ri'<(' (·n<nnrra· i· n n11''"'" ele·lrnjc·.
MOS da c,ion.trd mou11c rpdl tla.ulllma' lc·g"l.ouua,. CUIII d n1l'>l!l.l co)OC',ltàO tl!l\ l!'IIYIO> el,t Ql,fl-àO, C'OIIl a OH''·
A pt'lip na pal:nr.o d(puttufll. <Jll3udo '"'"rantl\ ,oruc•nt<' ma t)í,po >irão de>- .cdjurHO> advc·ch idi>. c um as 1111''"'"'ron -
emptc~.tcla para tlc•\lgnar mrmhr'"· '''m ,,·~ut<l.t ck dr : o, JUnrÕc\, com" ml',ma potitUd<àu e unn a mrsm.l tlltnf{l'a·
de·putad"' tia• A'"'''"hli·id' ntadu.u' ri•m "'•'" f elntdto 'um liJ. ~. o lruto da «lucacàn d .. um po\o <I li<' unpõt• ao\ fll!'lll·
o pm<> qu<' o< ritJ k clr·r.tl. Tt·ti.J uotura _l(tJool alimlar: .. 0, hru' cld comunod.adc· St'tt' hora\ drâna' d1 ..,rol.c Jur .;cm·
dq\ut.Hfu, ã..S a'"'t"lllhlt·la~ f'\t.lfiU. tJ't té•tn IU~U' ~ OJli.IHl C0 11\ () tocl.t ,, >ua li>ttnJc :io p tim.ír id. Ao tontr.inu de ('OI rogn a
po\'O 'I'" os ti kder,ol" l ignooà ncia do a d nloo cuid:wr dt• eviw la. p td!-tC·m fundar
Colt·t i\(h. q u.Jildo n lk ia lnwr111 rc·unodo,: rclmaril t''( nla~ .t irutituu n1oln-au
Vereadora V. d,putatla. O mmguadn mime10 dt' hor.t> diâll.t' d c• runo d .. mr·nt,lf.
Ver-«iictu1n - V. mtmiJrant/um · \~ mÍrttJtt\ "ll'·"ado peln prm.esso dt• 'o('kedO pato\ ingr<'>>O '"'' f.ttlJI·
Vergas. Ma,tro• c Remo>. Colem c>: palamrnltJ. tl.ul<·'· dJ -no• uponuníd,cJt• dt• t·nconn ar no nrrso 'upe·rrot
V~-rgonba! · Lfnl ~ ) uno de: 110»,1 UlliH!r"<.iatlc• dt7 tc•r· \'I'CCI d ~"''" ' ~>cr<·,a ··,, ho nnónio ''ai ltaji". "•uid.tdos c..l.1 m:wn",
•eguínll' lq:c•u da IICI p•·dt'\tal ele- un olu,.tu u lt•t ,., ic..lu a pt•r '0· 'dc não exitun", "c tlâ() tt·m e·~c('ssõc•,". Ainda qut· da\\il'i-
naltd;rcle oic SàCI P.rulo· "Q , ptulc'""''''• drplunudo> t' .:rlu- ca toroo. o rxamc não con'>lllllllt.t potu•n.r dt\'3. fonn.r .tht·t ·
110' da l nl\·c·nrdadc ele São P,noln u f ulrnu tk I ai" t..t "". ~.. t xi~i"t· pro\ a dt n·da~.ão do' trrC\nt"l:Ur' •. ck,u•a-
Omlt• ,, lut quc tlc'\'1' partir <Ir· ct·mm> de· • ui nora ,• Tc·o·~o n•l.ulo, elo idoocn.t , dos tunmH ddrn>ml'' tio "qut·nr l.11 a
O> prok"'.H<'> de• pur tugul'> dc• cn loc':lr na _..rola o1 '·íollllh.t linl('"' {· o p O\o'' Hoje nJo lc't'lll fl('ln rr clit:t'n\, <'aman hã .
,..,, yut• rl('dilha rn ,,, t egr.H d.r ll ' .un.ÍII C..t <' d c·ixar :tel ac~'o c:--'plit Í t.J ou uuplu ll.lnu ·u rc d()utr·;n'-ur1 llt-t tdc.·' 1'-tlo. nn
nJu .,...,,.,,.1111' ;r <tnf,t'<<' nu> a própria morlolugi.t pot tU)(\Cl'· motn< nto a m,,., cu lpad,r dd crc •,ão ti" ,c·m.ic ulo.
,.,, Conr uma d\>tStl'ncia non"rcuida "" marona dt- onnolto,.
j. 1()111 J't''-'ll <jlll' \OliU> ('(lffi (t 11,1 rr<'qllt'O\Iol 110' p<N I!/.0\ a IC'I<·\I>ào. <jll<' ('111 t\O>!>a l<'rr.t ,;,.(' ele- ~nún<'it"· u;io -.ai
da' rC'p.true·&·' puhlrr.o' ,l\ i'o' 'li' r iAi de" p<·Jo, pt àpno' po- do l·~• xo niv(•l t'm f)Ut' .... <'nttlllll a. Pr<>J,rrao nas dt' nivc·ll'lr ·
pukuc·\: num (• um:t \'Írgulu '1'"' l,dra, no tttru {· urna drg11la \,uln n~o tt·ru ..'"'i'tt-; uria. t • porlt-~11 1 ~, 11du a<·utknl . rWl\. Jln -
<!"'' " 'IH'ja. n.-,u· i· utn ; u b<ta OII\'O rompo,ru er radam t'nt<' cla qui' não 'C'Iol clt· nhel c lt'\·ado. um progoam,a pode· M'r
lic''<ll!li.Hio. n.•yudt• i· um ~oJc-n,mo clc· t'lll.ll pt'lo, t t.lh<'· aprr><'nt..rclo em lintruageru c,.l~ gnue t~vrluad.t. A t-duc..rc:.o.
Jo,, a t'I<'\'J< ão lllhur.r l. d<.'\ c- comt·t.rr pe lo tt'lo da lut!I,UaK•·m,
Se· C'lll t.obulc-t.t> •• wiso>. nrcul.rr.-,, enr nuni~ado, ofirr;us pdn re'fWÍW "" odroma. AJ,ror dt• Cl\111-:t lonna é inmor r·r num
(' ;u (' C.'IU rl<·fl"(~lo' nn'-.~o idionM 3<! aprcsc.·uta csÍa11ap.ulo, 1 11 c ulo ''rcroso '1"" 'c'. .1 o ll cr.lli7ado d.t~ <'>la(Ôt'> ck rl'lcvi-
<On ru l'<igir d o JW' () o;('U t·~r ucln ,• Não t on>lituimos Ullld n•· "in poder.i ronar A pat"'cacl.t da u J,.,;,.so rem ; ua hase
lünld orulr ch d o nu n.ttlurn dt·'>temht'O'ffi .t hngw do> 11.111· tl.t lal~a dl" cuhura do púhltto. t rulrura dC' povo nl'nhum
,...,: yu.rl •·ntão a •• ~.io d('"<'' di,po~ra ct·>? E não ><'diga qu~ e·xo,tt' que nàt~ c~tqa alitc.-Had.t ao J!Hf·co ao vnnáoJio.
>à o e·r1 "' d,· rmpn·m.c, ett o~ dc• p.tlmatóri.l <· que ..;;o. A\<im foi em 101lo, O> wtnpo,, em meia\ as dvrJi,.ttõcs:
Vénnina • A palavra. " 'ada por ctr111mo.v. ,. c·m lingu agem fi - ""'irn i· nos no,~os clias dc• h oje· nos p.mc·> da vanguarda do
gumcla por " tud o o que rói c cl•·sc:rói po O!."T''''i>-amemr", prugn·,o;o.
í: la11n.t fonna phn.tlit.Jda nt·una dt• 1 rmu•. wrrnu \ tro· Q.ttart·nta an<h .urok .,.,r, ~ pr~uknc.r clt· W,t>lttllgron
no' ptlu rr.. n rh, n\J' nã o irenlll' por j~~o pronunciá -ld J Luo~. uvcrno> o1 proibicào o llcial de t•ttrprcgo dt• 1'\rrang<'i-
h .1 nc "''' A(ettJCla ll tt·nw <h voc.íhu lo, oli o.ti' ..t ~onstdc·ram "'"'"' em mLõc·> <omcrct<tt~. rm plar.1,, rm amindos: não
pmpamxítnna : " .. dt• mo•n·ar o Flra~il c·"P'" ele• re~htic à w 31<'gu<' quc• m wmpo' mudararn. poi; vemo\ no TIME
L-irmma 'IUC' ddt" -c alunc·ma". dt• 19 dt• jam u o d t· 1976" inlnrmac,iu dc yu<·. na Franca.
É pdl,t\'Ta q ue de'\1' aparcn:r cradu>ida: pnr sc.·r v phn.tl um no'o e•lorco de• ('l irnma r o ' exemplo' m a is c-vrdt·nres
m ·mro l.ttrno mual e·m ingl•" lquanla, data. prolq,omma. 11V· dt· dc:grac.lacào do v('rnáculu dc·tetmmou - Lei nq 7S IM9
tlio ... ) vamos apa;;ov.<r-no• ao"'" componallll'nto ? - a p roibi, ;.o do t,npre~o de p ahl\·t A\ c•srrang~ r r.t' Mll
Tr~ r~ndo-se d e dcJC'11< '' • a pal,ovra llt)SS;t (• vtnninO!t; tr<tt:tll · anúnrios, em rontt~ttos tom crcoais, 110~ p t ograma\ rico l<'lt··
do se d o p lural d e· rrrftV, o plut .ti no'"' •' ''""''' · .timid que 'r '>oio e d(' rido o c em o urro' veic'ulo• t.lt· p• op.tganda
l"ll'IJ>t l'g,u.la a p.tla\u ('tll língu.rgem liguro~da. O radt<al N;io vai em r..;, dcs>.~ ttdrurc-l3 o d i''P' c.-zo a linRu~' es-
latono p<lde aparnt•r em dc-ti\.ttlo> (vrmunar<iD. Ptrmmal. ,,,111geíras : p a la\Ta' alheia> dc·vcm ser (.'V1t.tdas q•ldndo re-
332 Vernáculo v~rnáculo

\'f'larn "'''P'"''U tJa, ,.,'Olátul," "')· hlu~·yntl\ ho!J 11"11· ":"' ~!'crega a alma .tu <'>trat1&<'11 o. antC'\ dP ~·r por elt' absor-
[!.atlgrt. cJuckup. rltr~ ·nul, ;rt. buh.~ 111ter,
non•top. drad t<mghl. vu..l •• .
'"""!{·
Jr{)( litJg. IIIJIICA, racl!rl. cal/ gtrl. marJr:,·trng. mrrchandlling. F. rl C<<~" pen'·" là1. t·co o qur ,,. cncottu a " ·' abntuJ'a dr
Dc•vr o pacrício qtw H'lfr por o li cro rnrormar comp<·netrar um.r gr .mt.íti<.<r : "t\ lln~ua t' d JttJ.>> ';,·a c·xprc·,.,.io ele nac t<l·
o;e da rwH·"idad•· dt· não M' dcox.;u dominar por um lllom·h· nalttl.ult·. Sabc•• "''rt'\'('t a propn.1 lingu,tla7 p.tnt· do> dC'\t'·
mo lrnJ~;uhciro. ela nlrrigacào de pelo mt'lln•. or ao diri<J H"'t t t\'1lU,...
n;í no. n·rw d.. qu(' a r·on'Ki~nciJ tl.r ignor.l nc ra i: um grarlck O ,,t..,ndono da f.,'T':Im;i u ra (> ronsrqüc' n crd natural, fon,.r-
passo para n cemht·<i orwmo . dd, dt· professor yue não ><'dá con ta da illuti lidade d.t pro-
EmÍI'<>ra' e p úhlíco pas,ar.io .r reo um com ponamc•nro fi,s.iu. o u mdhor, da , ua própri~ irlutilidade. Claro t''t.í
rt>cíprr>IO de c·xigt'nna dt· dnat.io de pro~ramas sonwntl' que para <·>se ptofi·,-.or não importa n<t<'\Cr com apuro
quando " mmpMWtrJrt1n de qu<' A boa ltngu.•gem não d.i grdntdll<'al para ..lt· (· uma Apmta,ia ltngr1hcka o axiumJ.
vaLào à l<'\•tandadc.-. A gra<a, ~ prada. a ant·d<H~. o cóml( u, rt'l" '-'do por u·iio XIII a um cardeal: "F..xpnr as <'OÍ'>ól> c·m
a re,t.tn< ,1, codas d\ modalid,td~\ dt' lnlgan(,( l'nCOOIT.IIll c,ulo <-l..gamt- i; o rndnor cnnvit<· ao escut.tr t· ao ler". pa i.<
guarida r· pühli co quando Í)(.' llt<l' til' rdaxamcnco lingtli' vr.t> qu<' consrillC<'m <orolá n o d o que >I' f'ncontra no Dr-
rico. 01111<· não nj rultura d o \t'lll.iculo não há po~·•bilicl.l n·ito Curónico ll'lM . 2~l: In inlt-rioribu' ,.-mínarir o;cholt'
de dt· n:igt'ncia dt• t'lt'\-at·ão df' p rograma<. E cultura do"''- lin~tuas prai"Sertttnlattna m t't pacnam alumni .l('nn-ate c~ddl\­
nà('ulo njo (: produ cu de porta ti.!' vatra• til' ror< a ((XI'( iu <-anl
Vil. A v,d rdadc opcrõtttonal d~ UllM ponaria que l1.i pomo• Nc·m nw<.li.-i n.1, m•ttt cn~c·nharia, nem c ic'ncias •or rars,
ano' 11v<•rnos, 3 qu~l <>hi•·riva,•a tuillado çom o idio ma Jlt" nem hr;tória. nt·m j~t·ografl.t, nem pedagogca. n('lll ewno-
t<"ntro> tk rnfm ma< .io. <'a m<'>ln.J d<· um min"tl'llo de ><tÚ mi.t. nem admimscr.lc'àu. ll!'lll (omunicatão, nenhuma ria,
dt· tfUI' dt•tt·nmn.t>>t. d<.'\'er o lua~rkrro comn ·pà<l. O\!l'. fa culd.1dr; que !''"<~' drsc:iphna~ f'nsrnam exij~t• do t''tud,IO
1<-itc. lnu,,, e c-arn<' rodos''' diaL. dc~k a dd<.l da publtt,r- <c umhc·umcnw do rcliorna. Quan do do v<·sribular co riSta
.-ão. O prrH't->!>0 d1· fatf'r ponaria• t: d<'tT<'tO> prodwir eft'rtO " p•Htugui's". a pro•a f uJIM l.rr-..1 : d<' ci nytl<'nta p<'rgunra,,
pn·cí;a "'r e, rutlarlo <' po•to l'tn p1 á rica: r;"o w mr.ir iu. vntt<' <' crnco são 'ubrt· licrnrtura. o q u e •·qui\~tle a rl iz~r que
dará .und.r mai' fon.1 3 "dinámrta de uma língua ""·'" nàu wr >am sohrt' o •·~cudt) du idioma. do' p r()('csso' nrru-
prt<tt'.ro .tprt>><·mado prlo n rirn<'r o cada '~ m,1inr dt IJI.IIu- tur.m d.1 liogu.t NJo é com -allft drzer que-m loi o autor
•<tntt'' do no><.O lt-xito e da no;>a hrrdtnática. A rulcura c· o d.r, "Cartas Chilt-n.l\", qudl t> <i<· "Marília ~ Dirceu". dt·
cunhnltrl<'ntO du rclrnma dos que• l,rhutam lld. infonnac.'io qu<' rom.lncr .lt· Mdthad() de• AS\is .do o; prr,onagem 8C'ntt -
~o pr<>rluro do <'n>ino. t• não comC<lüi'nda ittll'c1iar:t dt '""'' llho I' Capitu qur· nnr lndivitluo demonMra que cotth t'f't'
dt·m<>mcr;l\àO dr· hoa 'ontadt-. printrpo~.lnwm.- qu.tndu porwgul->. como mnhrc<:T pt>rwguê~ n.io .aber df qnt' c
panid.t dt· uno mmr;chio qut- nâ(l ~xigt> rt-dat,io para p d>'-tr o lhnr r.t Camú<" lt'JI(n. tleqm· Ol,l\O Brldt nt<lnf'll.
pda> ptllta' dt' l.t< uldadt-s ti<· mmunica• .in, fawldatiC'' Dd' outra ' """' ,. <iun1 pt't)lunta>. qutlll<' pn·t<.'ncl.-m
C>td' qut• pa\<aram <k <inn.J para cínqile ma (0 ESTADO OF. \'l'l tfit.ll' 'l' dett•t JIIÍilacl.l pa".tgc•lll, se t<T( U pt'l iodo dl' lllll
S. PAULO- 19/fl/ 1974 - artiK<' do Pnrf. Ethev<~.ldo Si- ilu,rrc· cle·,conllC'dclo C'llH't't a ou e·leg:\nci~. uu cot·u'm td,
queira•: undc hu"'-"' 1>rof~sorD d < l(ranú.nra para toda t'>'-' UU ( Ull\'\àO tit: l(lc.·l.h
genCt·. ,·urada com llrhas de leitu r.J. tom po,ulas. ('Qill anr - Nãu Jl<'tl>t' o ltttor qm .. , clt·z rt~tattlt'' pt-rgunta~ tt.'m
licio' dt· "''!<'',.com ourro\ eng-.tno,? por hnalidade " ''i fie .tr <ouh<·< 11n<:mo dt· gr,unârira : <hr:r,
Qu•· fctto rra7. e ellll' crt'dito rltt'lt:Ce uma p~tn:ana que• rt' · >ào 'ol! tt' t•ti m o logra, t• uma ..._,ltt t• 11gur.rs, '"snnros que: P<'• ·
\oh·r ''rl!'tt'J minar q~tt· a\ rmprt'''" de: radiodil'u~o " dt• rent 1'111 j.l ;, his~tir ia. j.i à rccc)r u·a.
tdníÇio, <'ITI "'"' pro~tran13,. noticiário< <· publiôd.tdt•. 5<-ct', "'mmrt- Wt<' do~ <itltjuc·nc.~ ce>tn dâ(l ema dtrn< ão
nào t mp11·gu<'m n('lll pennitam c1ue """' locucou·s c animo~ à KJarnacrca: .u-a\0 •' dt-mon>tr.lcào d<' cunhe<inwnco dr
dore> o IJc:un. <-xptc<sõt-5 d<',H>.IntC'5 do ,,.,nán•lo l' d.t porcugui'> sab<·r <) <j\lt' é ''att.;lolt'•a cla<o:cn>.ítit.t", ''unjJ.rd<·
hnguagt•nr c orTt'ta' , "" dias. mt·,es e anos dt•poi, t'm au l.r n w16d ic:J.' ', "corr.n~ nw b i kttt·ro~l".' lsw- ,.. rk imere~<t· i·
dt· tn>truc à o •rcund .ir ia u uvrrno' e >'<'!TIOS urna proles><ml inqun ir d,· unt v'rudanre - 11iio i- pt'Culi.tr. não é a.>>urtto
dt· rdr·, i<iu nlu<dti"·' rlitt·r "já ll' '"''< lJllt' \t)\ f . "? pr""'"" da mall.tddda língua dr• noso;a u·rra.
Portall.l\ não tt'm ,tlr-ance na árt·a das hoa~ lntl'ncões n~m Qut· '-alor enc~rr" para L<m p rolessor l'> a pro"a de rrcla -
'igt?mr.t na do rda,'<atn<"nto. <ào .' .'it:- ing lck rc»>C .1 disophna, c-ompo>tt<W\, dis-'t·rcacu<'>,
Não -..rhcm o> w ttro fazt'r concordar <'SI(' comen tár ic>, <;artas, a par de..-- "pa uern!t", de "k.tes'', de ··,tructu• t~". ou
lé:i to por um prolc>'or de mat~r n;iuLa: "A nr.tu.>• diliculda :.eia. d par d(' l(ldtn.ittca LC'fldlll rlt• t·minar r· t·x.rgir do' .t lu-
dr qut' meu' aluno' rn fremam ao <'<rudar a matt•na ~ nâc> nn\ , on;r; l' portUl(Ut'\ ljUI: nt'\13 U'rra ~ rala, língua de grrta.
conhtn·n·m porcugu<'>" - com c<ta d<"llavada conli,\.io. língua -c·m pt'i•" ,inr.icic:a>. língua de 11<-xão arhimirra . lin·
lcrca po r prt'r<'n'>O prnft·>sor de pm tugu6 l'm aula dt' r<rola gu.c do "di'ixd "'". do " rn.rndr e le", tio "já tt' dt>Stt 9uC'
su pc·rior . "A língua(· o qur o po'o fala; a grJm:\t ira i• n Lt>O \'OCC'", do '' n•iu llw co nhero'', do "li7 rk t·~o ud .. r", do \ i
popular'". os nu.~m no<. sairt•m ...
Sah<T lc•r, saht'r orrografar. olreclner aos p roU'>'>O> >intJ - Bt•rn r<·digt• Cflll' nl ':rhe dc•\fO\(IIver o ... ,~unto. r<:al ou ftt-
tico>. .._,,,.., <On>ultar dioonãno, ronhtt<'r .1 ordf'm alf..tll·- 11(1(1, <ohn• qu<· '"' nt'n'\C·r. r. c·m SC'gUndo lugar. quem co-
ti<'<J, nad.t diw> rmpo rla ao proi<'>>Or .aranga: para de.~'''-'' nlwct • o u liom.r •·nr c1ue ,.• , •·xpu- lo . N<'"''' doi' pilare·< '~'
'ào t'XtK<'nua; <k ourro< id iom·"· não do q u•• o hra;ilc-l(t) (\~!>L'IIId .1 u~c.hh do, H(11l1t' cpu· uJo t·ontpor u, t:~pt'nfit.·au)f"S
fala . "'J.io dou gr;un.iuca" - rlr~s•· ourro "wlega" - "t•u conrn " 11\·ro de• tl·<l.td.o tonrt·rc·i:tl". "manu.tl tt .... rt'dat:io
M> adoto li,-ros de trl<ros, <'. a~~inc me>mo. u:io .tC<'HO livro ollnal" . amonrn.td,,, dt· ch.t\Õl'>. o ""~i' <1:" \'t-zt., p11·nh•·,
qut> falt• t'lll mar. maré'. manS("() ; ;,<o mt'u\ 01luno~ nunra de c 11 o' dt• gra nld ur.t.
vu-.un 1'\t'IH irão' e1''. Drga um p rolt·"o' rle pon"K'"'s q ut· ntttguem p;og,; '"
Ê do d ra 13 dt' fevc•rt•i m de 1979 uma c rHn ·vista à BBC d e· ho'"' llt."LCSsâii3S para corrigir os trabalhos d~ redadio do>
Lcmdn·' do ~sc.·i ror r us.o Alexandre Solthrnit>m na conw- S<'m aluno> ; dig-a nJo st>rcm aulds de portugui's iguai$ a au-
moradio d o quintu dllÍ\'cr-ãrio dt· 'ua '<lida da Únrão So,•i(·- la' dr de~nho : o quc• não "'"'' ~ ,....,.,..lar wa própn.t inuu-
tic-a. encnvcsta dirrgrtla ~em onda' curt~ ao po•o ru\<;<1. da lidddc r orn di1t·r ( 111 dasSI.' de "fJruldadr"- r<to souhl'mo'
q ual comtd e>>a pa>'aJ.:em: "O qur c' pr!'n50 f cle<;envolvt·r dt· ma1s de um '\'t'.mtáttca já tn". E;st· (· " ponco a qu<'
um srnlttnc·n w por nossa lingud nativa. por nosso solo na - vemos d regado nos:.o idioma: ronll~~o de• iocapaçidade
tivo, p<lt ttoS.a himir i.r" . proll,~ional , dC'monsrracão de làlta d e Imo lÍVlco, mouqui-
Ai 1"\lôÍ , t>m pnuwiro lugar romo ohjero de" ruidado. o ce dt- autoridade ele ensino.
''~naruln. >encimrnto cão ex.prn''"o quanro n de Rui . Informado <:ngano<;a, dt' humilhancr reper~o para
"lima r.ua CUJO t'sprriro não def!'ndr o :.eu >olo t' o S<'u idio- a da>M". ~ a qu" v<·m sendo \'rirulada por ocasrao de <On-
Vernáculo Vernáculo 333
cursos de mgresso no magistério de ponugues: "Noventa rio e do sisrema escolar; não só, mas a falsidade dos vestihu-
e nove por cento de professores de português rcprov;tdos" . lares, a qual pode ser verifi<·ada por esta pe<;a de <:Okçào
Não existe gramáüca histórica na programação do ver- de "o impossível acontece''. Para pleirear emprego numa
náculo nos doi~ graus de ensino atualmente existentes ncsre grande <.>rgan ização de São Paulo. 11m acadêmico de Direi -
país. Tampouco existe retórica. Q.ue procedim<'nu> é esst> to e também de Economia da Universidade de São Paulo
d ... v<·rificar para o <·mino de arte t"u linária se o çandidato teve de redigir uma "reflexão pesso~l sobre o engajamento,
ao seu magistério conhece a fórmula do cloretO de sódio ~ colocando fatos ou simaeõcs concretas''. Vale a pena ler os-
Para demonstrar rapacidade d<• kdonar gramática numa seis p<~rágrafos da ''reflexão". r<.>d igidos em 1975. e aqui
mnw ,c/wultwc<·ssita o ~xamit1ando mo,trar que sabe distin - ll<·lmente n•produzidos:
gu it' os vários sentido> <le l}'lltagma. qua l é o éti mo de knu, Para inici«r ('>til , nada mdl•or qut' cldlnir-mos (siel
qual a kvíandade qu<o- dcterminàdo autor mod<trnista escr<'- tng-djamento como sendo uma conseqüencia da liberdade,
vt·u? O(tde à pessoa rem que, jumo çom as outras. assumir uma
Nàv importa saher qu<.>m redigiu as vi tentá questões - ca- posk ão pessoal."
da uma com 'luatm "altet•nativas" - " presentadas no últi- ' '.Essa mesma pessoa, a gue nos referinws acima, tem
mo concurso. se um pro fessor ou com issão de professo n·s, ,c· que se ader:r urn proc<'sso hiStórico, processo este. que pas-
uma <>di tora , s<· algum tM:mbro d<· d uhe af'tístico, S<' algum sa d<· sujeito para suj6to.''
psiquiatra. 5<' algum sintagmarca. Escoin'aram ontt·m o la - ''Ao àssurnir o pap<>l <k n1eu trabalho, foram imposta>
tim para exigir hojt inutilidades para o ensino da nossa ·gra- algumas condições, as quais eu ti ve qu<.' optar S<: ficaria, ou
mâtita~ não, act:itan<lo as (' SLas cond icõe,. Dc·n tro destas condicões
A gramática, no que diz respdto à funáo da .palavra. i: eu retifiquei alguma,, ratillquei outras, <'nllm, adaptPi da
internacional. O que é sujdro em porn•guês é sujeito t·m chi - melhor forma possível. ('lào há liberdade que não seja em
m's: o que é objeto du·eto t'm nosso idioma é objl'lo d irero <'Ondirõ<·s.''
em qualquer outro. e o mesmo se diga de todas as tu ncões " Demro deste ~mprego, após opra.r por uma omra opcão.
sintáticaS<' dt• tOdas -as class<'s de palavras. horário é urn <:xemplo raLoavelmeme bom. eu rivc ainda.
Que vemos hoje em nos-sas escolas? O proressor de inglés demro das condirõcs quem(' foram impostas, outras çondi-
é que tem de ensinar ao pobre do brasilcirinho o qo<· é ver- cót's, mas estas pessoais (faz<'r ou nãq fazer rais coisas)."
bo transitivo, o q ue e n'géncia, o qu<- é prepositào, o que (- "Para me realizar por aquilo que me propus, tive qu<' pas-
advérbio. Como professor de nenhuma língua precisa ensi- sar por uma série de barreiras, tive que escolher um modo
e
nar o que crase. saem nossos fi lhos das ,·sc:o las sem saber de vivn, que, au:- acho, poderia ser, o lhando por ou tro
nem ao ownos as d uas regras prâticas para fundir dois a<J. aspecto, uma causa imperleita.''
Nào só il futKàO, mas a própria grafia de nossas palavras "Mas eu continuarei lutando para ('Onseguir, repete -s<.>,
professor es de outros idiomas ou de outras discip lina< têm junto aos ourros, a liberdade completa. Tcmar<'i aperfei -
de ensinar, porque os wlegas de português não o lazem. •oar-me. paralelamente aos seu~ companht'irO>. para ron~e­
Houvesse o hrasikir:uno:nt<· refutado <•nsino bilíngüt' <.>m guir rt'a(iza.r-me SentÍndo-me a>Sill1 t'a ti ( (sempre denti"O de> t<'
todos os oito anos do primeiro grau , os garotos do segundo proctsso histórico) â mim, e, principa~meme, à soçiedade na
saberiam mais portugues. na gra fia e na Funcào de suas pa- qualcu~·ivo . "
lavras. Pelo menos - c isto é de fáci l compr ovacào - es- Por o:-s~a "redacão", qu<: tkvt~ria figurar em a lguma expo-
trangeiros de fomtacão secundária apr{'ndem nosSó idioma >i•.ão do Anhembi. percebemos, de um lado. profes;ores
com mais cri t~rio que nossos patrícios, ... distinguem desde qu<· não s<· dão conta do esvaziamenro, por ele~ m(·m•os
logo o português colonial do literário. Sabem qu<: id iomas provocado. da proli>sào qu(' dizt>m exercer. esvaziamt·nto
$<' apr<'ndem con1 leitura. gramá rica e did omirio. rcforcado pelo esteril izant<: proC<'s~o de t<·stes ék cruzinha-;
É. inegávd a dd'iciência do prolt·~sorado; professores <' de outro, a demagogia política. inçonsisteme, leviana. que
professoras chega a havt'r 11ue galg,tm cá tedras de maneira diminui a miio -de-obra em troca da formatão acad&mica
um tanto estr<~rtha, como aquela que apresentou em uma f<tlha, inca paz <k melhorá-la. dt•magogia que julga srt' uma
fcst<t ao diretor do ginásio 6tadual um bolo que ti nha de pOrtaria pana.céia para os rrros dt.. gramâtlca.
grand<' o qu<· tinha <k gostoso; como no cutTÍculo não ha- Se em geral o ensino ('Stá em crise, ·o da gramática do
via- pelo menos naquela época - ''arte culinária", o di - nosso idioma está em concorda~a. " Ctt l[ura huma nistiça"
reJor deu a c,·khrada conf<'il<·ira a cadeira de ponugu6. roi e expressão qut• entre nós está deixando de ter sem ido não
a infonrta<:ão que nos pr<:'stou brilhante professor quando por lalt.a de wmpo de ensino, sen.ã o por carenci.a de zelo:
lh<:" (;'t')rnunicamos nossa e-stranhe'~' à ignorância de gramá- fraqueza do aluno_ univenitário decorrente da medi_?<'rida-
tica que em wnversa nos tinha revelado a pr<>ndada cate- de do p1·ofessor nao a de1xa sobn'Vtver. Enq!lanto nao sou-
drática que não sabia, nem de longe. <·xpHcar por que de- ber falar com perfe1(ào a língua pátria, professor de maré-
,;erno' <.lizer "n~andei.~os assinar o rt>qut'rimt'nto" . <' não ria n<·nhuma se impõe.
mandet eles assma.r ... . Dissemos mal: impõt'-se a crianças que, embora capazes
A falta de mestres do vernácu lo não {; ~cusaçào nossa; ,,,. di;tinguir o ridículo do sério , o cômico do ti'iw·, são
vemo-la apontada por colegas qu<' não receiam mtlindres incap:ues de distinguir linguagem gramatical de lin&'Uagem
nem represálias. "E totalm<'nte inviávd a introduci.o de de coú nheira.. A confusão é completa, <: às vez"s chef{amos a
ponuguês em todos os curso.s da Universidade Fedc:ral do quase acreditar no que nos toi relatado de um professor
Paraná; temos apena~ dezoi to professores para L3 mil alu - que al ir'mou: "Pr('dso rt>provar esse aluno: imaginem qu<'
nos" [0 ESTADO DE S. PAULO , 28 -4-76). A confissão é <.'k na pro"a <:~crc·veu " padvo" , com " ...., (' esquece-u-se da
do Pror. Miguel Woult, coordenado• do curso de lit'lgu<l~ ct>di lha''.
da UFP ; para de, "a universidade não tem corpo docente O desenvolvimento de um tema, uma cana, uma narra ·
preparado par·a atender um único curso da maté.ria: o nosso cão, um traba lho - seja qual for - de redacâo i? que irá
estabelecimento não pode baixar ma.is seu nívd ... não pode- mostrar o grau de conhecimento do idioma - seja também
mos culpar só o vest ibular unificado pelo ma l; t<.'m de gran - este qual for - na sua onogralia, em suas flexões, quanto
de parcela de responsabilidade. mas a culpa d<-ve ser divi - aos processos sintáticos e, a in da mais, a lógica, a t•acionali-
dida também com a defi ciência do corpo docente ... o pro- dade, a for~-a <;riadora do aluno. A estrutura do período e
fessor não sabc ensinar o que os alunos dever iam tér apren- de suas partes de um la do, a exposição de idéia~ de outro
dido durante a infância ... no próprio curso de lioguas a dis- jamais podem ser aval iadas pelo enganoso c desprezivo
ciplina encontr.t a tota l fa lta de co nhecimentos dos alunos." processo de sinalização de alternativas; t.Tuzinhas, quando
Os exames - podemos aduzir ao pronunciamento do não acompanhadas de redação, são prenúncio fiel do faleci-
colega parana<:nse - revelarn o apoucamento do magiscé- rllt>fltO do idioma. Q.ue o sem i-analfabetismo seja instiruido
334 Vernáculo Vernáculo
r ulicialmenrl' b,dej:u.lo t'lll ouu o> p:tises. nào no nos~o. adota • mnc o, limita-'c d dar apomanwnros, a la?l'r ditado,
Q.uc dcfcn,on•, ele- "já tt disse qu e voce ... ", "m.lntl.-i ele que não >âo corrigido> ou \t' p•·rdem. Ainda q ue taiS livro'
(untptar·· "'c.·,t.t\~anlu, na hora clt· pdniuno,··. '\1 n' m<•ni- sej.mr lt•vadm para u•-.a. n:io scrá de c>panld< que os pai\
ltft\ 'wtirt:nl .. c.· t)Utla' ''t~~tÕnd,·· 't'FUll tC)nll''3(adu\ pt·lo lllt-'- os Vt'Jam no fim do ano limpos, "~em o menor >in<LI de uv.,
no' tora do per i metro urbano. mas o objt'uvo "t'tluracional" da editora lt"I.Í ,ido akanta-
Fa7IT o idioma p.tra a gramática i: dedlgurar a lin~uagt·m; do.
11n n tem is:so cahidd para quc·m ~ah~ o que é gr.ll n.lri<a, FatO> llngui,ticO>. g<'ogr:ífico<, hi<tór ico>, lict•tár io> dt'iX3 ·
ma' por idioma não >e pode cnwndcr ·• vo< da ignorãncia. ram d~ <c•r expostos pot lívrm e passaram a 'c-r rmpurrado>
a prt>dominàne ia elo desleixo, a atHoridade do ilc:crado, a por posulas c apurado> por cruzinhas. Em Vl'L de redar.io
impthicào do >elllt-alfa lwri7ado. A incc·irrza do idioma d .. que• comproV'.u,~ l<'r o aluno digendo, as,imilaclo tudo o
um pais ~ dirN.liTiente proportronal ao númtTo dr escola\ qu~ lo,,l dado arravé~ d.1 grarnátirn e da knura. passamo>
r dt· horas dr.tria• de ensino. :i lormacão óvrca t' cuhur:1l a tl'r tt·<u•s sobre dt"nl,'l•ict·, lingüísticas qu.tnc.lo não tOlice<
dn, 'l·us udathlos. drd<ÍUC:d'
F.nriqu~ce-\<' um idioma com palavra~ no,·a~. hrotadas "Pn·nsotmos- di> o Pcof. Amõnio d'A,·•Ia - reahililat
tk tlt-scoht·na> ma reriais. de· arividack ~ulrural e tamui·cn de· o e-scudo da gramá tica como código do hem Ialar e do bem
cn~e·rc5mbio llng(iistico, ma> o tomportanwmo lhrro não e'c' t"vt•r· Por onde - conrinua - aprc•nd<Tá o estud a nu·
pode st'r desfigura <lo nem o pr on•diu tt'IIIU 'imácico mqu1na- a \llll líng11a? Di7c·m quele11do o~ uons <.'>< rícor <-'>· Mas q uan.
clo. A fenugem qut• mancha. çomamma c ..-on-ó• ~ <t'mp~t· do lt' <> l )tudamc bom. C\tTiwre< S<.' a música popular e o
prnduro ct.- dc'\IIIMI'in. i· <kmmhcrao Jo clr ·l\l"·nci,l <k d•mn. esponl' ,,h,orvem sc·u t<"mpo ,. 'ua alma? Auula qu~ \'á a
i• fl""'l <I<' int•,pun-..rhilidatlt·. dt t'\\Mtamt·nro •k .ruu nri- uma ancologra - cnntimra o profes1o0r - como pode ele
' tdadt·. t· cornpro\ .h ,in cl.- imlift•t '"'"·' qtMndo uJo ck dh - ,.,.... fitM "-''<"')\ bon\ m unlros <"por que. >t"m a tcrapêutrca
lt·,pt.·i ro do e·n·o, d gramática :' 'kmprr li gram.itira' ,. '~mpr<' pro-
Desdr nú5'<l' primt•ira• auJa, t'll l t·;t,Jhekdmt·nm' dt· t·n- uu tr ullt"rrar·me- do corrC'lo."
' 'nn lu)!;lllH>' d t· nln í~a r ,dnnm ,, dt ·ut~<ll da"''' ík pala - Coll lll tli<ia a nol.rt n • 'i cora Jüha Lop<·, <te Almeida.
\lJ' c pro('('dunt·nco' "'lnt.tt~ech. porqut• 't-"1Upt t· \IIIU)' nu "o prirnt•iro dC\·e• do lid.rd.iu {·la lar b1·111 ,, liugua materna.
apr endiiaclo rlc·• nr ado da gramánrn l:1ha dl' çompr.-rm.io " '"'" prc gar-lhe r·emendos" .
cl• própna. gr•rn.icka, ou '>t·ja, da t">uuruc,c do ichuma: fu - '\ch\<l id1oma - i· r<m< lu..ão rnste ma' forlada - \'em
gn deo<s.. prou·dmwmo é provor.u o t]U<' ~canu" \f·ndti: p<'Hlt•JHio ~ua fina cnrur;~ 1 "'"''ituído dc.J .c d•.t por um
dt•,prt'70 não w d<h norma~ :.~nd.o do pr ópno llt.llliMI que l.'nldhlllh,ulo de espar adr..tpo>.
·" l'ngloha. i:. u horror ã pala,ro "gr,tmácia": i.- a ljb•lka- SI• >l'U filho esrá cu r'><Indu a f.1rultl.rdt" "·guimos aqui
c:io, i· o conu ·d ba ndo enmo n-.Hiio d C' unla oiJIÍKjuâo o mcíod11 io do NEWSWEEK - í- provJ\1·1 qm· ao~" fonn,u
tH,Hia. A impn,ic.io de regras <"111 lugar de ~ua c·,plan.uJo ~ja inc-.•pa7 dl' e>crevt'< wm algum gr•u ck ,.,n-urura e lue i ~
unu,.· 'ud. alJuhC"àn. c a giri..t ... uh,t1cui u \OGthulát H). o c.·n·o d<'7. SI' c·-..í rursando o "'jtundtl cido I' p rc-ft•ndc tr pard a
pl'n~TIC o cuntpon.unemo lt"(t·ológJtn a incompn·•·n-..io latuld.ttlt-. >Ud C".Lpacrdadt• dr C'\O'C\-er no nht'l mimmo atC'i-
ltlmou lugar tl.r 'mraxe. rá'd num cur w ~uper ior i· infenor a unqut'lll.l por cenro:
Ou11o pc1nde·raclo l.uw ti .. t·n;ino <·o do li.ro por adocar "' não pr t•tcndc fa.tt·r o t ur \0 superior, 'l"' <.Ipacidatlt' dt:
!111 cl.t>" Aqur dt·H·mo' cnn>idcrar pc ofcssnt. 30101, c•cliru- <'«:re\t·r pudt"r;i ;cr tmnlluc·ute acé p<ira quahfic.i· lo p.1r a
rJ. u·.tballw .ulministra rívo d <• 1mi n.1; se, liu .. lrrwu•r, d.- ai11da
P,1r~ u·no~ profc'\Mlfl'~ t' dirccorc\ n lucro pe<utu.Íllo ou cur ,.. o p• imário, quast• n·namenr e- nãn ('\lá H'rebt·ntlo
rlt• •<"~-•l·ionanlnHo 'obrcpõe-st· ;tO duiáuco. O prok,'Or, adt·quaclo nl.~lt'rial dt" lt-itur d nt'm, muno 1111 nm. oril'nta~
ora porquc- o diH'lor tb e-scola t·m q ur kciona l<'rn alp,ut'm tão e1u•· ll tt' fdcultt· e p~nmc.r t'\CT<'\'Cr dç I()Jllla imeligin I.
clo1 lamiha .t II'PII '>t'nrar a ednc>r.A , uc.1 porqu<' dc· rm·,mo Sl'm c1un e.,.. no~so \i\ll"ltw t"<lucacional ~'''.i criando unld
u·m pare-nte<;< o uu ,un izadc· {Oill o 11\I<TflU.'diário com!'rcial, ~t·rac ,in tlt "'llll-all.tl>t·ut..uln,.
nàu >(·dá ao cr.lha lhll dr ,.,., ificar .uuurc~ d .. outr.t> c·d!lmd,. N<io p~<•tbamos d.tr-nn\ ao trabalho dt rnui c.~ pc·squi>a
"Não adot() J.UU>r; aurores ('XÍ\tr•mmuicos e qualqul'r um p~r" wr ilicar q u.- o; alu11m sat·m do cur;o '>t'(unddrio 'em
<1'1'\ 'r; <'li adoro t·<f irllla" - é ,tfi1111arào. rl'ita há ejUa~t' vin- que nu rH a riv•·•~em frico 11n1 exf'rcício til' redd< ão,
Il' .mos. yuc· 110\ calnu par·.. d dd.c imc·ird, colhid.t numa \'1- A "ot.u ivirlade'' d.t rcit'\'l~o tTia a incapandad,• d t' é"<poc
, jla a c<wbelc·dm~nto oficial de t"n>mo. Méto d o. dic!Jric.l, C<lrn rlart7a o p<'o5dnlt'rHo, ,. profe~>or não l.tlta ttu•· jul~ue
mwrn•za dt" a\,unrn. índict• aJwlruco dt• mda a m.lrt'na n.io 'o('f o dt·,prl·zo da gram.inra c· da lcitu• a l;unr g<Tador dt·

p<·,am no ontno de adocào do ti"'<W tle aula: P•" .1 c)\<"' fi. <'~pont.Jn~idadl'. :-Jão se: cun~'J..'UI' rtosuhado cnauvo de alu
lucluxo.t .. di ror .A whrcpõt:·-~e à Nlucado. nm que n•io o;ahem lllili,.. r J linguagem corno ((·r ramenra.
Nc>Sit' rnt'\lllll ~no ci<· 1979, no prunctro dra de.> aula. de cno\ O C>!llclante a qu.- (· nt·gado o domínio d.t '"a própna
cum f'>ta deprimente dcmonscrat :i o dt· dnprl'lo de nos>a lingu:1 pn1 cwu:;a do; p• v li.·\sores de ensinar-lhe gramátka
jll\ ~nrutk l r11 llllll·dor •ntc·cro dt• pr.r~••leira, •k unro1 "'' ol.r pc·rdc· o porcunidadr de ohu•,· mdhorn <""'P' t'go,, par.. os
d,. primdro ~1.111 htilva replt'lO d!" ll\'1o' tk uma nw\ma qu•i> o çonhccimcnco da língua i· nect's<ário. O import.cme.
f'dicora !'""' (()do' o' alunos do> oiro ,mo> do rurw. "Ma> dr• a prCJit's<ord McPet ;on qui.' ;c da>>CIIca a si mt'sma
a' M"nhoras - perguntamo' - <">tolheram o~ hHo' pa- de rdt'31"ca -i:- que a< (>C''"ld' \<' c:nconcrcm em sua p rópna
IJ a~ ~~ auld,!.. - ~'Não. ~nho1 \ nunca 'imo~ t·.,~·~ li- lingu..1
\To,"- loi ..1 1('\]Xl\ta. "Os aluno~ - pro~segum•o' - le ~ •· Apn·nckr a <'5<Tt'\'t'r ~ ,, coisa ma i• tltl'it ri c 11t1poname
1am o livro pa1.1 (,1\a para l'~ll•do. par;r n)llsu lra. para rnda - q ue- 1.1111.1 nianca poclr fatrr" - d i1. o dr. C.trlo• Baker: au-
g.uào do ;igncfit:a<.lo de palaVJa~. pam recorda<ào?" D<""'n· toc cl:• l:rmosa b iogrdfia dt• Ern<'SIO Ht·m in!l''"-IV <' che lc do
rorajou-no> " novil ncgati,-a par·a ouu ~s pergum.IY A t·vi d<'panam<'nro de inglC:·~ da Univcrsidadt· de Prinn•ton.
d~ncia do arHiirto da editora, t·m wn" ência coru o dc.pr <'· "AprmdtT a escrever é apJC·ndtT ~ p<"nsar ...
to oficial d.t ..-duut.io de no>SO> filho,, não alen tJ.\ol. no,as St·rn dchida, pô• o pt·nsamt'mO em lormd t'~LJ forco1 o
mdagac&~. aluno a examinar o ,-rrd.Ideiro signifi(ad<l da' palavra'
Libc..Wd~ d t· cill'dra em no'"' cena i· .. de preg-M rdigião e o obnKa cgualmcme à lcígica ao passar dt' uma afirmarão
c· \Ístcma politllQ, rdo a d.- t•n,inar a disciplina l11l que ,,. a o utra.
fonnou o prolt-wJr qu<- ao p•·•ccbt•r •1ue o livro 1mpo,co Para discutir algo rom pr•olundidadt" é precis() ><"r capa7
i: dos tais qut· apa>sivam a pohr~ cri<rnta, impingcm -lhr dr colod-lu nn pala\·ra> 1'\ITil.l\. Não Iui p<>~ oucro morivo
1clê1as, trammitem falsidadl'. quase st•mpre partid." do> qur o profes>Or J aimt· KnapLOn, superv'"'r d~ ingles de
mc·smos doucrin,ult~~es, agem~ rdt-oló~rrcos de eduorn~ ~m Berk.eln, abdndonou a uni\ersíd.cdf', dc~nunado. quando
cradrt"ào ttem prt·ocupacão d<' p:uriothmo. t' impl'dído de a dic t'<:io deixou de cx.rgir r<'dacào no t''<dffit" \'e:<Otibular:
Versão Viagem 335
foi kcionar inglês numa "high >chool'' de San Francisco c, É tudo t.radutir (tradução) : ''Obra.~ traduzidas não mos -
oito ano> depoi~, antes de morrer. d isse: "Estou reahnenre tram o estilo do auwr". Verter (vcrJà~) é: $imples sinónimo,
preocupado com a inculra massa de estudantes que anda como $imples sinônimo é trasilufar (traJladaçào): ''Castilho
por ai: ninguém ~mais S(' preocupa com Shakespeare, com a lra,/adouas Gcórgicas para português" (Auletd.
consrruc·ão da fr.tse, e a criancada fica por ai di~cutindo Vesúdura - 1:. a forma cena de designar a cerimônia em que
c·nrrc si sem saber ao ntenos éxpr<"Ssar um sen tilllertto de se recebe o hábito rc·ligioso. Uma das fi ,ncõt·s do sufixo ura
forma co~Tt'ntt·." i:, acrescido a tema verbal latino ou vernáculo, indicar adio
Mas o pr imeiro passo - afirmava o proli-ssot Knapron - ou resultado de a<;âo : captura, crosura, costura, fervura, forma ·
deve ser ensinar os próprios profio·ssorc>s a escrever. Após tu.ra,jfüum, ltirura. pincura, rujJ~uro,. lremura, veladura. V. tomat.
resuhado de recen te pesgu·isa que deixou hon·orizados os Vexo - Vamo' pôr o circunflexo para darer.a: t •h(l. ftclw. d,.,_
diretores da escola de Matyland porqu e cinqüenta por c·en- {Rrlw. nifrrtJw. nmicha. rfjêl:lw - o~ verbos da pritn&ira con ·
tO dos professores malo~;raram no exame: de gramática, juga(âo com t•ss<· som chiant<" têm o t fc>c:hado nas fonnàs
pontuac:ão e ortografia, dtcidiu a Junra Edut'àeional c.le rizotôn ica>. Gr. Mel. ~ 4'!6, b.
Stanford, Connec:ticut, que todos os professores s~ submet~s­ Vez - Em (·xpressào de multiplicacão o gênero é obedecido.
sem a um eXllme de ingli':s fitlado " eso·ito e fizessem cursos Da mesma forma com que ~e expr<'ssa "uma vez um'' deve-s<:
complementares. d izt'r "d!Lcl:. vt'zes doi>", "catorz(• e duas vezes sete", "vinte
Mais ~sre exemplo do comporrarnento americano para é dua.1 ve1.c:> dez".
os derrotistas do ensino da gramática em nossa terra. Na O rt'Sultado c.la lllultiplkaçào "duas vezes dois'' !raz o ver-
Acaden1ia Phillips. de Andovt"r. Ma>sachus~tr-~. pass;u";un bo no pl ur<~l : "duas vezes dois >ii<l quatro". "duas vezes dois
a exigir, para todos o> curso,, co •npetênria (k ki11.1ra e de Jaum. quarro" , procedimento que se obs<frva também na so-
redacão ; 10do o aluno, indcpenclen tcmc·mc de stu níYel , ma : dois<· c.lois são quatro, dois é' doisfau.m quatro .
i: obrigado a fazer <'sse wno. dtnominado simplesm<·nte Ot>vemos wdavia· verifirar o cornpomunemo do porm-
d(' "Competêttçia", a té ser consideradn bom; a 1'nlase está gu~s em ourras cxpressôes comagradas: Quanto i duas ve-
tla comrruràr1 de p<:t'íudo>, dt· ora<;on, t' t•m d t•mt·nto' <k c·" ze-s dois" - Quanto é dois mais dois? - Quanto Jat um
tilo; (:nquamo demonstTar que: í: innHnpetentc em lc:itura quinto mais três meios? - Cinc:o mais sete quanto.fa;:? Fat
e redaôo. um jovem não passa para escudos mais avan- do~e - Q.uamo é qui me vezes nove> - Q.uanto é mil e um
cados. meno> centO e um? (0 vulgo diz ianté - Domingos Vieira.)
Não sc:j~mO> . .. ntreta nro, pc>simisras; l'mbontmu ita gentt' Vi--."· do> exemp lo, que o sirtgular t' inOucnciado por
haja a pr<'t<'nder ser do na da linguagem c pot•ca a desejar 'fU<lTiliJ, ecnno se estivesse pcn " que quantidade é?": Duas ve-
str sua strvtdora, t<•nhamos cspera!H·a em termo' <>ncontra- zes dois 1M quanttdadr é? - Mil e oito com tres que quantida·
do um rniuistro c.lt• Educar ão q ue le1•a a st'rio a intril·eza ,. a áe dá7
prese-rvarão do elo que ainda une rodos os rn i iiH)(·~ 1k habi- t curioso observar quC' tais expressões são também fixas
tantes ck nosso cnorrn~· tc:'tTi(ór-io. em ourros idioma5 <·, ao mesmo rrmpo. nem sempr·e iguais
O trabalh<> ttào s1·rá p<·qut:no, pt incipalme11lf sr consi - à::, nossas ; t.~nquanto di~f"mo·s ~tch.:z nono_,; rnais urn terco
derarmos que qualq uer e,f(m·o ra.ra melhorai· o t·nsino há. ;à.o treze nonos". o italiano traduz o "são'' por ''é uguak
sico c:tn estal>dccimentos quer oficiais quer pat·ti~ularts prc:- a''. Outras vezes tem as mesmas variaçÕe> nósSa;s: Cinquc
judica •<i o c-sfof(·o de expandir o ensino sup<'Tior. c•m que piô st·m· quanto jaf' Fa dodici - Quanto fa un quinto piu
em nossa ter•·a tem 3SSI'tHO somente 1. 1 por cttllO c.la popu - IH' lll<'t.à!
lac;ào, percentagem qu<' nm co loca em pemí ltirno lug<•r en- já o in!!,lb; tll'ixa usualmente no singulal' o ''erbo: Fout'
tre: todo~ os países d<) mundo. dado esse con~tame elo rda- time' four ;, 'i:<t~f'n (Webstl:'d- Fou r time> llve "wlc" twemv
tórío dl' trezenta~ páginas t·laborado pelo l'rof Edson Ma - (O 110 J cspé'r<t>n!.
r:hado d~ .Sousa no Departamen to de AssuntQ~ Uni,·<'rsit5 · O t•spanhol é mab rígido: Dos por ~1os l on quan·o -
r io; do Mi nistt'>rio tk Ed umcãn t' Cultura. Quanto >011 do' por do1?'Tres veccs trcs hacen nutve {David
A V('r<bde é- esta: Não hií aulas rl<· gramáti('a na' f'sco las O nega Cavc·ro).
porqut' a gramática (· tk~prczacla pt·lo> própt im professor<"> Vi aí - Não dt·v<·rno> ,.~quen·r-nos de que a1ui con·c-sponde
e pdos prolo'TatnadoF<:·s de ensino. Ambos confundem, tal- ao d<·monsmuiyc) e.• lr, a[ a esse, e ali ou ifí a tUjudt. A d iferc>n-
vez tk- manc:ira pnJpositada, gramátieà com literatura. que ça ("ntn· tai ~ deTr•onstrativo~ dt'"v(· lndicar-nos a distinção
é estLtdo rnerameme histórico. pois dar autort's em aulas <· entre aqui, t1Í r ali. Se, referindo-nos a ser já indicado, j á ci-
eminar a let·, e não eJ\sü1ar a língua, como dar "fichas de lei- tado. dizt>mo~ t;se, e uão aquele, não podet·cmos di;;er: "Es-
wra" é perambular no t!:rr<·no liter,\rio, não no gramaticaL livl' ern Paris (· vi 14 mu i(as çoi!!'a!)u ; o certo será~ t• . . Paris
A- " Portaria do Vernácu lo" abr iu camin ho para a lura: se- e vi ar, porquanto o advérbio não se relaciona com a dis-
ja esta reahneme travada até a final den·ot:t dos que públ ica tànda geográfica da ddade. ma~ wm uma palavra já refe-
quando não acimosameme nos diminut"tll perame O> que rida~ Vi nesse lugar {e não: Vi naqliele lugar). Vi aí (e não:
fa lam outros idiomas - são os votos dtstt• lutado,· pela so- Vi la!.
bntvivência c111 oossa tG'rra da língua pc">noguesa. V . ensine, Ourro cuidado no emprego de a í: Quando a preposicão
do vernáculo. rege um infinitivo da não sc combina nem corno ~ujcito,
Versão • A inquictud<· da ignorànçia i.· rator criador de arbi - nem com o objeto antepostO, nem com os adv<'rbios aí, aqui.
rrarit·dade>. Desd<' quando versão >igniticou .. n·,td~~<;ào d~ ali ou ouu·o com•·çado por vogal: '"É t<·mpo d, ai ter che-
língua <·srraogeira para o \'ernáculo"? Esta (· <'tl!,'Taçada : S<• gado" . A preposição está regtndo o in li r1itivo ler chegado,
('SI OU no Brasil. uma pas;agem rrance'a (: .. ,...nida": Sl' na ra1.ão por que não se combina com as pala\'fas postas enrre
Fran,·a , a mesma passagem é ''traduzida". Eou não é produ - a p1·eposirào e o seu vet-dadeiro régime. Gr. Mel. ~ 776. I, 1L
to de inquictude mental c•sse proced im<>nro ? Via crucis - E.~ pressão latina (Càminho da cruz) que ~e empre-
Assim como vfrler é sinônimo d!:\ traduzir c.le uma üugua ga por t110 doi()TO>•l para indicar sofrimento prolongado.
par;t outra (Encareceu a mestria com que ouvin Viccnre Vía triu, via lula - Ex pressào latina que significa: ''Caminho
Fabrício vC'ner em latim os trechos mais dificeis - Rebelo trilhado, caminho seguro",
o
da Silva), substantivo ventio é mero sinônimo de tradução. Via~,cão, Veaç.ão • Com i, conjunto de esu·adas ou cam inhos:
Porque à !radução do Velbo T estamento, feita (a pedido com e, caça ou iguaria de animal bravo dos montes. Se via-
de Tolomeu. pelos setenta sábios de Jerusal(·m) do hebraico dor é o transeunte, o passageiro, veador é o momeiro, o ca-
para o grego, foi dado o nome "Versão dos Setenta", vamos cador.
dC'duzir que já não podemos " traduzi r" nem o gn~go nem o Via~m, Viajem - Nos ver·bos terminados em ;ar conserva- se
lacim? Outra é, e não essa, a causa de não podennos tradu - oj em todas as formas da conjugação: oiqjei. viajwu, vwjOIJ,
zir linguas estrangeims pata a oossa. viaje, viajtl, uiujt. viajemoJ, viujti>, viajem.
336 Viajante Virar
Escrcv<'m mu1tos a terceira pe>soa do plural do prel;<'ntc "unu> t'l vigimi hrmund' (masc.l - "una ct viginti rosat"
do subjumivo também com g. o quc (·erro; só o sulost;anti- (fem.) - "una l.'t viginti bel/a" (neutro). C::r. Latina. ~ 171 ,
vo [f3t g. qur veio de um I lati no (vwltcum), como o g dt> l8, b.
wlt-agem ( Jilt-at10cm) A<.Te)("ida. de 11111, nossa e-xpressão irá apr«'sentar na tradu -
Viajant~- Col~•i,·o V. f>'llOO.S quando v•a;am . cão latina difert'flça, mas dt- outr.l naturna, po•s agora o
Viana Adjrtivo p.itno: tOaNmt, voanb cardinal latino corre~pond(' ao nosM> 1111/hmo (um milheiro
Vice - Prefi><o que:- c:-><og.- hífen: vrte-proviMa. uu:t-prorJinoal. d!' hom~flli. vime e um lllllheiros de ro.as, vinte: c: dois mi -
Viceja - Com r fechado. V. mourt.Ja. lheiro~ de guc-n'as) c a posição do nome ir.i influir na sua
Vídeo meliora probóque. deteriora stquor - Sem""'" tom ll~><ào de <.a >O, não ma1s porem na degenero.
t)llt' Oví dio nn' l<·ml.ra a li'3)1;ilidadc· humana: Vejo o locm, Digamo• sem receio "vi me e uma mil acõcs", sem pensar
.o provo-o. uu' fa<tl o m .. l em dl\tordància nem t'nlrt' uma e mil, nl."rn entre um(l e
Video, Vidrotdpe • forut&s dr aponugues.tmemo j.i consa- arÕt> Amda que por tol..t <-xigi'ncia sejamos obrigados a ex-
J(rddas. Es<.Tt'\'Cf tafN. nome comum, t' ler tapt i! CJU<' não pressar por excenso numa cautela de m1l 4CÕCs eSte total.
1em tundamtmo. facamo-lo carnbém aqu• ~m pensar em dl'o('Ordânàa: Uma
Vidro · Barulho : craque, t~talo. tJlalar. mil II(Õt>. O que não podemo~ 1: a conselhar que se comprem
Viemos. Vimos . fácil é iclemif1ca• a fonna verbal """''H. c mai• ourra> mil ac;õl."> para fugir da dificuldade. a semelhan -
ninguém err" no seu emprego, ma~ o prc>ente de"'' rau~ t~ ddqudt· que, não .abendo como ler o nome de uma rua,
rropem a muica gence boa: Vimo• codm os dia> d .. ônil>u~ ca.rrl"gou às costa~ um lourro morto para ou tra de nom<'
para o trabalho. simple>. curto e comum. qu<' fanlitas5e comunocar à prefei-
Vigtr- t ~erbo regular (es~ar em ' 'igor. ter vigor. vigoro~• ). ma~ luo a o .tchado .
defecm·o; n~o ~ <"mprega oa pnnu.••ra pessoa do •ing. do Vimes - Por que não p luraliamos os cardinais quando rd'e-
indic. prcs<:ntc nem, porta.mo, na' do presente do subjun - n·mt·, ,, .tiiQ> d<· ida dt.J "Lt·mhrando ;1·us maravi lh osos
tivo: Essa ki j.i nãu v1gr- Ao tl'mpo l.'m que vigra a diytJurd fllnlll, o arti~ta narrou .. " não é consrrut ào pa ra ser rejert<t -
- L~.'l Vlgtnll (<o n:io vtginl,) - Lc1 que está vig,ndo (t• não da; pt•lo menos causa- nO$ esrranhe-u meuor tjU<' o acrés-
vigm(io). cimo de "anos" à express.'io: "Lembrando o• maravilhoso>
Vilão- Tem plur.< l duplo: vrliioJ. v1lõt; O feminino é v•úi anos 20" A t'Xpressão por .. lgarismos terá por fim deixar
Vindo · Nmhuma das funcõe~ po~.,ivo:•s ao gerúndio de\em- ao leitor o t>ncargo de k o como achar melhor?
pt"nha vindo "" ~Ud ora cão; não 3J unra ao ,-erbo pnnop.1l Se - por falta de hábno -vemos <erra t'\tranhen..,não
nt•nhuma e~rcumt.incia. nem !>C Ih<.- deve confundir d fun- 'emos fa lta de justiflc;uão para o plural do Glrdinal sub>·
,;;.., com a exe1 cida cm cláusula~ gerundiais. Q.uando di11'· tan uvdtlo· "no; meus últimos rinqümta.s". Tanto para indi -
mos "Vindo d s.;o Paulo, hospctlc-~ no hot.el Tal", indica· car ano> !'táticos quanto pard anos civis cs~ sullstamivaçào
mos uma circunuãncia d~ wmpo (yua udo vier, ao vir): não vi1 ia rvi1ar- nos fircun lóquiOb de c><prt:>são : "Q.uamo à
'a ria o vindo amda qur se rcfu .. a nomt· femi.ni no. l' pode· idade 01 '3lteadores se <'nquadrdm dos dnt'•st"Ís ao• quase
mos fazer pr<'C..d1·r o gerúndio da prepo~icão h1l (rm omdo últimos !tlmta•" - "Os primeiros ~lmtu~ foram difitds
a São PauloI. para a Revolucão".
Td l nào ~dá no seu caso, porque 111ndn é ai panidpoo, t' Mai' longe pode amda 11 a subStanovaçào: pod~ induir
não genindio, c quando vem ~c>m duxoliar o parucip•o var•a tambl•m os anos indicativo' do século: "Todos os mil rwvt-
wmo se VIC)S<' acompanhado do \t>obo stT (outras vt"1rs do ctll/11' ' trinta> foram d1fircis para São Pau lo" - afirmacão
vo:rhCI tstar). t:. ,., ado dizer: "Pauado tré:> dias, pare imo\'' q ue:. <·><prcs.a em algm i~mos. lkaria: "Todo> os 19JOs".
porque o particípio ,._. tornou .. djt·civo e como Yl dl-v<.> Víqu.im • A pronúncia do "'eco. de ourrm idiomas escandi-
conco rdar oom a palavra a que SC' rl'fn"<'. que nessa o r "cão n.tvo) c autda do inglcs lwa ao aponugu~~mento com
i: diaJ. Embora po~mos subenumder o au.xihar llr Cttndo im final. á<ono. Proveio do escandinavo v.Amgr. aparentado
pa>sado trc'> dia,), d consrrucão clne ser: "Pa\l(ulo• 1ri.., com o anngo f-rances wtAmg• .at.Jmg, ao anglo-saxão .aang.
dias, partimo>' - Chegadas ao R10, !"las não se pud•·• o~m p rovawlrnrnu.' relacionado com wíc. campo, elo latim viaJ>,
conter" - "l'rndo; a minha ca>a. comiderrm -~ dono' aldeoa, bairro. povoação. É o que nos informa o Webster.
dda". Vir - Dif1cilmcnrc, ainda dt" pe~~oas de certa ('Uitura , ouvim o>
Vi11dó na >ua st•mmça equivali' a chegado, qut veio, Jnout· este vt·o bo corre~ameme conjugado na primeira pessoa do
111mll, proadt11l1. dlivida nenhuma tlcvt' o senhor ter em rt'- plural do mdicaóvo pr<'!l<'nt<": se pt:rgunYnnO> ' "Como cos-
d•g•r vmd"· com a final. Pa.ra qut> n.io t onfunda com o ge- tumam voc~s vir ?'' - encontramos quem crrone-.un~mt·
olindio. compaH· d111da oom ucm~mdo. palavra I'Sta inexi~· nos responda: "Nós sempre unMJ d t" õmhu\" - on \'e2 de
trme como fonn a v<"rbal: Toda) d.t~. run.vmtÚH ao colég10, •· Nó) )('1Tlprt' uimoJ de ôuibus".
~nuram-se •so ladas. Cuidado precisamo> ta mbêm ter no conjugar a forma
Vinte - Col~livo (gr upo ou to ta l composto de vinte r lemen- paruripial de compostos dt• utr; M.: de v1r é oindo. de mteroir
oos): uinlroa. é inUrvtndo: "Se tivéssemos murvmdo pron~amcme, teríamos
Vint~ c cinco anos - Coleàvo: quarttl d, >leu/o ("No último evi tado >Ua rnone".
quartd do si-tu lo 20"). A palaVJa CJUartd indica tamb~ a Dtltlvir t outro composto de conjugação prrigosa; se dt·
quarta pane do ano (tnmnlrt) VIr O rrum-que-perfei10 r VltTillfl, de Jti>QVIT f: dtsaVÍtram
Vintt e uma mil ac;õts - Assim se dor ~ porrugues. '><''~~~ quc eles,.. dr~avrl'Tam.
no~ >eJa pt'fffiiudo discutir a confiuencia dr um nonw fc-mi - Vir a- Scgu•do de a e um mfinuivo, o verbo ~ir forma locucão
nmo plural (açõr~) com outro rna,culino. invariâvcl dt• nú · verba l e assume o senlido de aconltctr, luctdrr. chtgar. Veio a
mt·ro ( mil)(' com mai) o utro ft•minino \ingula-r (woo) ~bcr - Terras que vmha r·le a encom rar - O que vem o
O cardina l um mncorda em gcncro com o substamivo dar na ml'sma - O Faraó utto também a mon er.
acõn. ma) não ,t· lk'<otma numt·nt<~mcme. Di~futt· ,,lgul·rn Vir d e: C4licismo oa ac..-p<:ão de acabar dr: " V<'m lU aparecer
'\inte e uma lar;u~a;·, o nde uma t smgular e laran.Jlll plu- o li lumo livro da ~ril."' ~m vC2 de: ''Acaba dt aparecer..."
•al? Se em va de'\ inc.- e uma laranjas" forl'tll '\~m<' c uma - "V(111 tk estrear a Companhia Nacional" em vez de:
ma··. n-..intC' e uma'" continuará ~ndo. "Acah" d' t'\trear .. :·
A linica dif.,r<'nc:a entre a nossa tonsrruçào e a tuina '"tá Ud1mo 'crnárulo na .tt:'l'pcão de lllr (mo' imemo), dtegar,
na colocação: a) o substa.n tÍ\'0 vai para o plural; bl tllgmti voltar· "Donde vens, padre? Vmho de dizer miss.1" - " Quan -
(vi nte) é invariável; c) o unUJ, una. unum concordará só em do chega àquele pono Luí~ Falaio, qu<· vmha Jt governar
gênero com o )ulmamivo, mas não se põe j unto ddc, .-o lo- On'ttu"i".
cado que tl'm por fim evitar o encontro contrastante' de Vi1'31' - Em orac;õcs como: "O homem vrrou bicho", "O anjo
"um homens'', ··uma rosas": "homin~s viginú unw" ou 1.1irou dtmõnion, ·lA larva vrrou inseto'\ nA crisálida vuou
Virgílio Vírgula 337
borboleta" - o verbo virar, que aí ·significa transformar-.~ A gramática expositiva (qu<: se chama também descritiva
em, tomor->e, converter-se em, tem a me~ma função dos ver- ou prática) estuda os fatos atuais da 1í ng1.1a {oão ~ possível
bos w, eJ/IJr, pemwntctr, ficar. co11timw, ou seja, é verbo de vjrgula nenhuma, pois os parênteses já est:ão funcionando
ligai;ão, e o nome a ele p,osposto é predic.ativo. como vírgulas) .
Virgílio - Felinnente já ninguém pensa no Br·asil em escrever J. Vírgulas comparadas a parén/.esn - Em gTande oúmero de
esse nome com e. como nunca se pensou no Brasil em es- casos, as.vírgulas exercem papel de parênt('ses; aberto opa -
crever corn e a palavra lrjolo por provi!' de 1'tjo (confronte-se rêntts<:, claro é que o devemos depois fechar: "Pedro (de
o vocabulário oficiaJ de Ponug-.tB. acordo com as ordens recebidas) partíu" . Se por vírgulas
Não se compreendt" que para a grafia de certas palavras substiruirmos os parênteses que entram nesse período, t <:re -
como essa> se alegue que só ó f é ceno; é procedimemo nor- mos: "' Pedro, de acordo com as ordens recebidas, partiu".
mal na der·ivaçào por via popular a mudança do e para i: A supressão de uma das vírgulas constituirá erro, pois
igreja, igual (lar. ecciesia, aequalis). virá quebrar a concatenação da oração, por separar o sujeito
Os derivados também com i : virgi.lian0, virgi.lista. Pedro do verbo partiu: OU AMBAS AS VÍRGULAS SE CO-
Com i foi Virgílio escrito desde muito tempo e çom ale- LOCAM, O U AS DUAS .SE T IRAM.
gria verificamos qut" t"Sse é o procedimento de notáveis mes- Essa simples norma engloba varias regrinhas comumente
tres estrangeiros. O professor Andrew f. West, deão de oferecidas em gramáticas. Sem que a pessoa saiba o que
Princeton (U.S.A.}, t'>Creve no "New Yorl-. Times": No úl- venha a ser oro.çào in.terji:renle, subordinada adjetiva explicativa,
tinlo século ficou provado plenamente que Vergi.lius era a aposto, vocativo, saberá colocar com precisão as vírgulas.
forma do antigo latim, mas os povos dt· estirpe latina, todos, Exemplos aqui 'são dados em que, para mostrar a seqüên-
transformaram uniformemente o e da primeira sílaba em cia do período, os pru·ênteses aparecem em lugar das vírgu -
i. A tradição da linguagem (~ contrária a r<.'s ritui<:ôes em t:ão las: "Damão (ço·n denado a monc) impe'(ou ir primeiro à sua
mal aplicados imemos. casa" - "Vem (tu qu(' duvidas da honra) observar o proceder
Quando Ponugal (século XII) e o Brasil (século XVI) deste pobre" - " Francüco (com o dinheiro ganho no negó-
nasceram ja encontraram a grafia Virgílio, adotada desde o cio) comprou uma línda chácara" - "DiógentJ (filósofo cíni -
século quinto . Pmvado que a grafia com i é a lradidonal co) morfllla dentro Gk uma cuba" - "Os rei11os e as terra.• (se-
em porruguês, provado que ela é a de todos os. povos cultm, gundo a sentença. do Edesiásticol passam de umas a outras
com ela devemosJ\car. gemes" - "N.em mesmo agora (disse deles o chefe) devemos
Vírgula - L Norma geral - Segundo a ótima definido de Júlio retr<:>ceder" - "O hom~m (qu~ (· monall é ap<'nas forasteiro
Ribeiro, j><mtU(Ifiü> é a arte de divrd'ir, por meio de sinais gra- na terra".
llws, as panes do discurso que não têm emre si ligação Uma vez, em tOdos t'Sses exemplos, excluída a locll{;.ào
íntima, e de mostrar do modo mais claro as reku;ões que que ficou entre parênteses, aparecerão ligados os termos
existem entre tssas panes. essenciais da ora~ão ou os que tenham entre si íntima rela -
Notemos bem : dividir panes que não tem entre si lig-«- ção simáriça: Damão impc:trou -Vem observar- Francis-
ção íntima; ora, têm liga~ào íntima enrre si os temlos da co comprou - Diógenes morava - Os reinQs e as ter.ras
oração: o sujeiro com o verbo, o verbo com o seu comple- passam - Agora devemos - O homem é.
memo; entre o sujeito e o verbo, como entre o verbo e o 4. Vírgttla, conjt.mçãu e advirbio posposilivo - Não se pense que
complemcnro, não pode, pois, haver virgula. é obrigatória a vírgula depois de ma.<, todavia, /l)go etc., quan-
2. Vírgula e pau.•a- É com um vermos esta doutrina: "A vír- do tais conjunções iniciam uma coord.e nada. tela colocada
gula indica pequena pausa". - De fato, es.sa ind ica~ào somente quando exigida para dar tnfase a alguma <cxpres-
tem a vírgula, mas não devemos aceitar como certa a reci- são que se seg1.1c a essas conjuncôes; em tal caso aparecem
proca: "Havendo pausa, há vírgula''. Essa rt'cíproca indu~ duas vírgulas: uma antes da expressão, outra depois. No
a erro~ ,. erros; pausas c:>~istem que na leitura se fazem mera- petíodo: "Acho isso impossível, pois, estive omem com
mente por ênfase; vo.es há - e isso facilmente podere- ele" - não só não é obrigatória, mas errada, por não ter
mos comprovar - em que separamos, na leitura ou em um nenhuma fun<ào, a vírgula que está após o poü, neste caso
discurso, o sujeito do v.t:rbo; outras. em que separamos o conjunção causal. e não conclusiva.
verbo do seu complemento, mas erro cometeremos se grafi- Certas conjunções, tais comq pQ1'im. umtudo, poi$ (conclu-
camente •·epresentarmos tais pausas por vírgula, porque sivo), todavia, vem entre vírgulas quando emprestam ên-
nJo se pOIÚ p6r virg!lla entre o sujeito e o verbo nem mtre o verbo t fase à expressão : "Vens, pois, anunciar-me uma de>ventll-
o seu complánmto, ou seja, não se concebe que se separem ra ?" - "Naquele dia, porém, as lanças ...".
tennos que mantem entre si íntima relação sintática. O Quando a leicura se processa sem nenhuri1a acento enfá-
que podemos seguramente afirmar é: O.NDE NÃO HÁ tico e, .Pois, .sem nenhuma pausa. as ví•gulas st: dispensam:
PAUSA NÃO HÁ VlRGULA. " ... idéias porém sólidas" - " Desempenham todal!ia fun-
Vejamos estes quatro exemplos: çõe.s..." .
Linguagem é a propriedade que temos de, por meio de O mesmo se diga de certos advérbios e locuÇ,ões adver-
palavras, expressar o pensamento ("por meio de pala - biais: é érro colocá-los sistc~matiç.amente entre vírgulas; só
VI'aS" pode· ser lido entre duas pausas ou sem pausa nenhu- devem elas aparecer quando necessárias para obrigat o lei-
ma : ou duas vírgulas ou nenhuma). tor a notar a força do advérbio ou da locução.
As letras classificam-se, quanto à forrn<t, em... ("quamo 5. Vírgula, COJIJU1'(àO t advirbio prepositivo• - O advérbio c
à fonna" pode ser lido entre duas pausas ou sem nenhuma a co,Yunção exigem vírgula quando iniciam oracào <: na
pausa : ou duas vírgulas ou nenhuma). fala são separados por pausa: "Sim, fui cu" - "Não. não
... é a gramática qu<' abrange simultaneamente diversas houve nada" - "Ora, não faça isso" - "Então, iremos
línguas ("simultaneamente'" ou vem ent:re vírgulas - duas hoje?"- "A~sim, espero por você".
pausas - ou sem nenhuma vírgula: nenhuma pausa. So- 6. Vírgula ta pfllatJra SO - Em " Eu só fiz o que você pediu"
mente quando necessárias para t'nfase é que vírgulas são - w significa somente: é advérbio; modifiça o verbo e dele
colocadas a abra(aradvérbio). oào p.ode vir separado por vírgula. Em : "Eu, só, fiz o que
Ferro Ro sentido de massa não tem p lural (ou: ferro, no você pediu" - só passa em virrude das vírgulas a significar
sentido de massa, não tem plural)_ soúnfto: é adjetivo.
Mais três exemplos: Linguagem é a propriedade que te- É palavra p erigosa ; note-se a ambigüidade desta reda -
mos de comunicar-nos por meio de palavras (não pode ção, encono'ada em doc11mento emitido por um jui1.ado
haver pausa: não pode haver vírgula). de menores: "Viaja só com permissão do pai". O pai já
... porque os substantivos que designam massa s4 se em- deu permis.s ão, c o garoto pode viajar sounho, ou o garoto
pregam no singular(não há pausa: não há vírgula). precisa mostrar o papel em que se .encontra a permissão do
338 Vírgula Vírgula

p.ti porque "'mmtt <om e~se papd pode •i.apr ? que con~s1e na lrampo•rl~O •·iolenta de renno>. produ-
7 l'írgu/n r I'Yilcó~• txplomJJiru:• • l-ncurõe' t'Xplan:uória> lindo cena ('onfusão arrl"tea da s palavra': "Enquamo man-
101110 1\lu i. ou srjn. por tumpw• .,.-rb, grafia, por onim dhn, a da as ninfa. al1lor asa>, ),'Tinalda~ nas cabec:a> pcir d e ro~>"
. fx>r ou/Ta. ,Jim dü1o. o $0brr ~param ~<'por ~irgulas:
IIU'II , .,, (... pór ~irrald., dt ro..a' na' cabecasl -"A grita .,..)t',ama
"Pon·a 1odavaa aqui mais um <?<em pio. 1110 i. acrescentarei ao <:éu, ela gcnll'" ( A ),'TÍta da gcnre ;~ kv-.;ny ao< <·u).
tnd-h ultl.\ prO\'d., + NeS\t'S doi'> t'xernplm i· irnpor<antt' e ll<'t<'>>.Íri.l d vírgula
11. Vírg11lfl r 11 \Uhordrnada arJ;rliva - Scmpr t· que dermos (depo is dto ami/Tosa<. no primeiro exemplo, e depoas d(· riu.
10111 o pronom~ rela1ivo que, pa·t•ti!..1r<'ntOS vl'rific.'lr ~a ora- no seguudo). >elO a qua l se romaria impo»ív~l d istiugui a o
<ào qu<' de .tbrc n:püca o significado do nom~ a <JUe se re- sen cido das or,tcõc-~.
krt•, tHI mlrmgr a >ua sign •llcatão. Excmplifiqut•mos. Outro •·xemplo: " Pagou-'" com o dinh•·iro d o .;migo,
SuponbJmo~ qut· num período <<'ja ne('r\-..irio acre<.«ntaa d<' ta mo \an ilrcio <' dt" tanras importuna~ões q<u• ,of'n·u"
que ""' prc\idemt- ;. SEMPRE ('(rico por \CI> anos: l'~sa - S<'m a \~rgu l:t, dr tllnto 'l<tmfiáo pareceria complrmrnrn
tkdaratão 1: rxpúca/t<I(J, i<ro é, não arr(''><'t'llla nrnhuma no- dt·ll1ntj(O. quando o & dt• pagou-•t.
' ido~d•·· rwnhuma panicularidadc <''>p<>ci.tl o u txcc-cional: A mt·"nd lum;io t•xpl.tnarória c.la ,;r guld ap.uc-cr no se·
i· r.io t-xplrrali-71 quamo a dcclarat"ào de qu~: "a 11('\'C í: br an- gumre trech o d~ l'rer Luí~ dt' Sousa: .. E ficou murada, .t u<n
ld •• "O ptt•,idemt·. qr•~ /fJl. tl'lto fx>ra um /Jf'rútdo dt 1n1 arun, daquel<"> tenlfXl'. dt• hoa <:amaria" - e oesr<' dt• Codho
n.~da ftt que mnt-cl."sse sua redeicão". ldsa oratio ad1euva Nero : " ... mo•iml'nlo qu•· intima ao~ que a eso.narn. o t•ntu -
(to ad)t'll\'il por rderir-'e a um '>ub"anrl\o, prrudmttl \t·m en- ~ias•no ed pt'l ~Ud~Ou
ll t' ~irgul.". uma ames do N'lamo qu.t. outra após a ~ubor­ 12. Vírgula r n vugnw • Quando não 1ru pengo dr tt)nfu -
dinad.l. são a> dua' vírgula> nelc~-,aria> po1 .ti C't.trc:rn wrno ~ào, a vírgula {> mua lmt•mr t•mpregada para indirnr <I 7<'UR·
pa1êrrtt'>C' ~uc c u <crram uma ~xplrl,t<:io: o "que"(· con- mJ do \nh•> (C I.tlll. Mrtótlica, ~ 783): ''Tu fi>'lt' rn~·u '>OI-
, .. , \ivt·l f'l'l'l • I) qLta l", ''e ele". dad o. <'eu. !('u (;rpi1:io" - "Os valoroso~ kvam a ~ lt•ricla,,
VrjJmo• t>routra afirmarão : "O pn·~ldc:rr1e qw: i: deito e O!> w mut O)O!>. o• prtu rim".
par., um pt·riodo curto de go>nno tem til' mo,rr:rr rn ui1a Q.uanc.ln u uu·a, vírgulas já houver em pari<'' tlt· um pt··
c~rich'n( i.t para ~t..r n~eleho''. Não c',liiOlO"' ílJ<<>I.t at rc~cen . . riodo quC' t•nurrrm 7<'ugma, ~oloca-$1.' pomo r virgu l:r <'n rre
ldndo dcdaradio de fato qut' ~ d.i "'mpre: n.iu f'\r.tmo> es;as p.ute$, paro~ rnaiur da.re1.a: "Seu rosto era >em ro rga~.
c·'<ponclo uma 'l"alidadc merenr<•; pas..arnos a ••spt•cificar, " niti,, alv,1 I' dd tc;rda · ·'' faces, ro>eadas: o~ nlhu• t.l\ra ·
a dar urna tdi•1a nec('!.sária. a pa• ti<ularil.tJ. a rt<Jrin[(ir: so- nho-t·«uro,, Vl\0\. exprt'<>i,·os de placidt'2 c hondo~dt·: a
mcntt' qu.tndo o p• •·sadcnre é eleito por pouco rcmpo deve from.-.•tlta I' •a.ra : A li>ronomia. aberta. de~nu\'iaci.l. <I'
ele- mmrrar muiu rficienc-ia. Compar<~rro> a .úinnaáo rena. 1evdadora dr rcsprnosa afahihdade"
tom "A> laranja~ q u t· comprcr on u·m t"\la\am muuo ,er. Quando, .to tOntrâtio, c unas e já separada• por \'Íigula
dc>>" N;;o cahe ai ,;rgul.a nenhurna. o rrlall\o " que" esrá lon·m a~ pdrt~' ele· um período nas quais há u·ugma, d<'<nt'·
a .tbr rr uma \uborda nada adjl."llva rr>tr~tJva ce>>árto -e 1w r\dr.t n~ (X)C)IO e ,·irgula, e r:.rn1ht,ll dt·,m·-
Ouuo> l''<('nlplos · "A moca, qu<" vo((' conu.nou rom ce>>âria" vitgula iudieativa du zeugm.t : "Sf'u\ mu,iownto'
tanrJ "'fl<'r.mta, loi -sc". A ,-irgula anrn do "<jut'" lllOMra eram r.iprdm, o olhar per\rrurador. o ouvado aul:rdo" .
uma iuu·11 upcão d a idéia que o 1d.uo1 t•>rava a expn:•· Aind.t qu•· lidO ,,. 1ra1t' de t<•u gnm, podt• a •·írgula ,.,., t1lr
"" · ,J idéia c.le qut" ela se havia ido: A mOfa (a qual voc<- pregada. t·nf.ltlc:unenrt', "m lu!fdl' do verbo '" tm orat,ci<''
cn nrr.uou cnm mma esperanc.d for-se: a t clauva (:explicai i df! rádl C"Oif1 jJ I('l'l"l\âo: HF"c'\, O' utainrl'~ pc.11~0!\tt - "E.It·' ·
va. "O lro llrt:m . q ue é morraJ, passa r.lpido -obat' ,a terr ,,·•. os horll<'llH(u<' indi1o".
"A mota que voâ-· contratou com rama t'speranra foi-s<·" f J. Vírgula t 111 orariifr r~duudaJ- Oratõr~ rNiut1da\ clr par-
- Não h~ agora intcrrup<"ão de rdi·ía; a su bordinada <·qa ticlpio c o<· ~<'I'Únd to, quando corr.:spondcnre• ao ablativo
rt.",lirnt·nu· mo•lificando o sub>ranuvo IIUJ(a corno ~imple~ ah>Oluto la1cno (Cr..m . Metódica, ~ 943, 5. oh,.), ~·param
.tdj~m·o. <'~lá a t'mprestar-lhe uma rspcnficatio nt'cessá- .,.. por ,·írgu la: "Turlo <JUamo há na capital do Pará. tmmdn
na. t' não uma explicacãu de qualrdad..- rnl'rt'nt!". Outra> tu ttTTm. nJ.o •alt· dc-l mtl nu1ados" - "Rtrnando 1arqiJírtio,
ntO<..t' lor.tm conv-atadas, mas a comrata dd mm rama t'Sf><'· ~cio Pitágoras p.1ra a h.ília'·- "ArDhada o.fr!lo. os nui~irn,
ranra fOHC': a subordin3da rel3lrva idennfica tel ta moca, pann am" - "IIHtrt!IJ nw no/(1.>, o 1rabalho pode ser pu bit
pa.rriwi<llit..t, 1~1ringe: não pode -.er 1irad.t ~m preju~licar cado"
o ~nmlo do período: é ustntt11a. "O homem que r JUSro f.l. l'írguliJ t oro(ÕI• inttrfrrnrlt> - Com o~ vrrbo< dtvr. '"
dcrx.. n.; ten4 mt·mória abencoada". pondrr. exclamar. frro<UJ!:Utr e ou1ros semelhantes. f<•rmam-~·
De paten·a ao leitor sobeja ou longd a t•xplrtar;'io. no-.-.a orauks th.nnada' mlt-r{I'Tnlln, ou inarknltl, por virt'nr dt· ur-
não ~a culpa. muí1a geme bo<t hã CJUf mnfundt· idé1a t·xpli · di náJ io entre o' mernbro~ d e ourra oradío; vt'm r ia< Nllfl'
1a u va tom idéaa I('Striuva : lembremo-no\ d.t ''rwvc branca": vírgula,: "O~ tathollinho>. mpondtu a mullr~r. comem as
brmtwexpli c.1, rlãu rt'$11"Í nge. m igalha~ da tuec;a dt· \f-"U~ "enhores".
Re~umindo: Usa-se vírgula ame> dt• "t(tll'" que abre o ra- I~. Vírgula r ~ mdut(O - Não SI' põe vírgula anr<·s do nri·
di o t'Xplirat iv;l; não se usa vírgula a11tt'S dt· "que" q ue abr<' mero qut· d i ~rian ina a eaixa postal. pois o numer<tl t•srá .ti
orat·ão r('S11r1tva . modilir;~ ndo o '>Uh,tJnlivo, i- atribulo qut· nJo pt>dt" vir '<'·
Q.udiiOO ton>tiluída de dizere> muno lougo,. d 1c;rmi- parado por vu)\ula do substantivo por ele modifiado. "Car -
"a pod~ 1ra1er no fim uma •·í.gula p.u·.l m.tr.ar ,, pau-..t: "A> xa Po,tdl 14 (<'o ""''mo que di1er ''eaixa po,r3 l qu.tdragé-
familras que- ~ f' tabcleceram naquelas rnm>taS mrridio- sarna quarcr ").
mri> tias lon)\a' ~nanias chamada> pelo> Jlltigo> Montes Amt-s do mirrll'ro q u t' drst.Timina a ca-.a de u rna rua a \Ír-
~dfldno•, convrvaram por mais rcrnpo O\ h.ihito,·· gu.Ll >;(' ju~ilica. pois o numeral esci agora a modiliwr não
9. Vírgr•lll r 11< OTQ(Ôl! pleoTJIÚ!ICaJ - Em n·rto' ca~' de r<'pt'- o nome qut• o antecede, mas o substanmo C4>Q. qu<' ap.arr<e
uc.io pkon.isuca do objeto dire1o. " virgut.. i· I)('(.C~~áría pa- claro <(Uando 1Alllhi:m a rua é discriminada po1 nullwru:
ra cl~rt1.1: " St"mt'lhantes corll."jos. de continuo o' oft>rece "Rua 2S. ca..a 1".
a cidade'' -;-; "O estímu lo da honra , tt:- lo-ia o JOVt'rn per- /6. Vírgula t dnre:.~~ - Correspondeme à palL~ ft'Ha na
nambucano . fala, a ~i•Aula denota não rcferir-5(' uma palavld a ourra
10. Vírfíultr r a• oraçôe.s indepmdmlt! - Em vc·t ck vi1Tm li - irru:diatanrcmc vrt.inha : " De parecer ao lei ror sobeja ou
gad~' por tonjuucão coordenativd, dua> Olat.Ô('> mdcpen- longa" t·xp lic.:atd.o. no•;.'l não f: a culpa".
dfnlt.''> podrm vir ligadas por vírgula , e di1<'m·'e enrão as•m- f 7. Vírgr•la t parhllflt • J ntroduzindo-se num petiodo um
dlttra• lst·m união, sem ligacào): "Faca boa viagt•rn, vohe pari'nrest· t·m lugar onde já haja vírgula, esta se coloca de
lo~o". pois de fl"<.hado o parêntese, uma vez que este scmp rt' csda
11 Vírfl.ula r a -.i111jt~ill' - Sínqui\C i: a figura de coloca~o r.-~ o qué ficou ointCS da vírgula c não o que vem depob
Vírgula Vitória 339
dela: "Esta va Mário em sua casa (nenhum prazer sentia fo- são çoisas transi rór ias" (vários sujeiws) - "Cómprei livro>,
ra de la), quando ouviu bau,n •m..." . cad~;rrw$. lápis. compass()" (v;\rios objetos) - '' Encontrava-S<·
18. Vírgula e vocativo (Gram . Metódica, § 701 ) - Q.uando roto, itmmdo, sem dinheiro" (v<i.rios predicativos).
inicia oracão, o vocativo exige vírgula depois ('' Alwtoj, re- 28. Vfrgula e data • Q.uando mrndonado anres da data, o
cordem as corre(Õcs"J; quando no meio. pôe-se entre vír- nonw do lugar em que a coisa foi feita ou sucedeu vem se-
gulas ("R~tordem, alunos, as correções"); quando no lim , guido dt· vírgu la: Sãa Pa:uw, J'? de ma io d<· J 980.
uma ames ("Recordem as correcões, alunos" ). Virtuoso - Não se deve empr<"g-ar a forma francesa ''virtuose".
19. Vír[!•la e apoMc (Gnm. ~fetódica, § 699) - Q_uando Também com a signiflcat:ào de " ar tista de alto grau de téc-
vc~ depots do fundan~ental, o aposto ~para- se por vírgula, nica" o nosso virtuoSfJ já .é- a ntigo; considcr('-se ainda qüe o
e e colocado cnu·c v1rgulas quando no meio da oração : p1·óprio fi·ancê> foi Lirado dó i'taliano ''virtuoso"; é além do
"João, mr.u aluno, ficou doente". mais a forma de ou tros id iomas como o espanhol c· o pró-
20. Vírgula e acuJ<lthto de relação (Gram . Metócllca, § 699, prio inglês.
n.) - O acusativo clt· rdacào é seguido de v!J·gula: "Tri mort- A torma femin it\a é 11irluosa. igual à italiana e à espanhola.
na. aprese-mou-se a mim um rapaz" . Vis-à -vis • Expressão fran cesa (frente a freme). empregàda
2 I. Vírg1{la anle> de "t" - Em " Pedro deu, e o caso exigia. qua ndo alguém se cnconrra em freme de ourrnn.
vio lenta tunda no innào'' a conjunçào r não c:stá llga-ndo o Visar - Nc) •t:n tido de: "propor-:.e", vi.ar sem pre exigiu a pre-
verbo deu ao substantivo caso; abre da urna locut:ào paren - posição a, quer fosse o objeco constituído de •ubstamivo
tética (razão por que aparece o utra vírgula depois) qt)C, quer de infinitivo: "A cura, almejado escopo o que visam
excluída do período , nenhum preju ir.o trará:\ su a integrida- as Htprc-mas aspiracõts do médico'' - " É foi bula a meu ver
de. qu(· visa '' realçar o destino" - "Os conspira dores pr"so'
0
Di~ t"le rnuit.as. coisas, ·r mals coisas t<·ria djto não l<>ss('" visavan1 a cstabdcn-,·r a lnrernacio nal socialis1a.H.
a carência de tempo" - consdtuJ ou tro <'Xemplo de vir- Em outros st·nridos, inclu indo- se o 1de n1irar, ou seja, o
gula ai\tes do e. vírgula nec;cssária para separar cornplemen - de apontar uma arma para. dirigir o o lhar para, i: transitivo
IOS de vc;rbos di l-,.rtnt(>S. d ireto. ait\da que empregado em sentido traoslato: visar o
" ... madura m laranjas, e csbdros coqueiros balouca m a> alvo ; visa r popularidade ; as notas visavam ma i, o professo -
,uas graciosas umbdas" é exemplo el e necessidad<' dt> vir- rado q ut· O> a lunos.
gula antes de e, pois esta conjunção não está l igando larrmjru Oada a possib ilidadl:' de q uase se1npre >e ;tdrn itir o sentido
a wque1ros; cada pa lavTa pen.cnçc a vc,rb os dt• ora(Ões dife- tran,laLU - e uão é em gramática acf'itàvel que um verbo
rentes. mude de rrg~ncia só por ter sentido flgur'adó - a regên -
Outros exemplos:" ... semenC'a de morte para Tiradentes. cia transitiva d ireta vem sendc) emprt:gada: "Tudo aq<íilo
e para os o urros a pena de desterro" - " A infância sabe só não vlsávà outro in[e re sse'' - "A associacão não visa fi ns
que vive~ e ri'' . lucrarivos". ·
22. Vírgula e "etc." - Assim como ante> da conj unrào r só O qut· não é> aceitável é redigir o wrbo tom dois c:omplc -
em raros casos se emprega vírgula, da mesma maneira só memos regid•» de r.Jrma diferente, wmo nesta passagem de
ra,·as vezes se emprega vírgula antes do ele. , pois essa locu- jornal : "Visa a propiçiar iguais oportunidade.s aos q ue de-
ção encerra a conjunç.<io .r. Em enumerações. não se irá es- sejam t·omratar com o Pod er Püblico, dentro dos padr·õcs
crever "comprei selos, papel, l~pis, e outras coisas'' - colo - pr(·viam cme estabelecidos pela Administração, e amar com
cando-se a vírgula a me; da conjun~iio ; nad<~ mais j usto que faw1· dt' t'ficiencia e moralidadr ..." - Redator e revisor co-
condenar t:a l pontuacão ames das letras que abreviam d ita chilaram; S<' "visa o propicíar", visa também a atuar.
loC'ucão latina. "Vison" - É pahtvra que t·specíllea ã francesa um animalú -
2.J. Vírgula r as su.bordinadas adverbiais (Gram . Metód ica. nho do grupo <1:)~ mar tas ; as ma,·tas propriamente di cas
§ 90 1 e ss.) • Q.uando iniciam período, certas subordinadas compreendc:m várias espécies, conforme nos adianta o
adverbiais (cau~is, concessivas, cond idonais, conformatí- Dictionnaire Univcrsd des Sciençes, eles Lettres ct des Ans
vas, finais, proporcionais, temporais) rrazem vírgu la a sepa - de Bouillet; delas a principal é a marra comum, cujo pdo
rá- las: ' 'Pmque gosló de r<pre.•tmlat;Õe• tlramática>, vou ao cea - luzidio é muito apreciado.
Jro" - " Aind(l lf'U mlrrrem a vadad,·, a virtude· não •<' >epu l- O que nos resta i: aportU{,'l.H'5ar a palavra em vi>âo, o que
ra" - " Se <H homemjMsetn lah. feliz set·ia o g<·nero humann" não consu w i novidade, pois do pró prio francês remos apor-
- ' 'Como me lancerem, assim ba ilarei" - " Para que r/e mire, •uguc~arntntcl mui to seguido : o boi seh·agem buOi l deu-tl<>S
eu saõ·ei" - "A proporção que o inverno enlrava, os pássaros bisão. Note -se que a palavra t!Íson i: em francês masculina :
desapareciam" - "Et1quonto temos tempo. façamos o bem a o uisãa, e dele hã variedades; existe . no Canadá, onde há
todos". do is tipos, na Sibéria. na Europa. Ta lv~ por teJ'-S<' origina-
24. Vírgula e provérbios - É a vírgula empregada para sepa- do na lndia é o visão cam bém chamado " marta das Ín -
rar os elementos paralelos de uma expressão proverbial: dias' ' .
"Cada rerra com seu uso, cada roca com seu fuso" - " A Visor, Retrovisor - Para indicar "espelho de cano" são neolo-
pai muiw ganhador, lilho muitO gastador". gismos já aceiros; existem já consignados en\ dicionários de
25 . Vírgula e ''nem », "ou" - Não exi.stl" obrigatoriedade de língua espanh ola.
vírgula antes d e ou e de ntm, a não ~er qu<· ela se enquadre Visto que - Assim se diz, c não "visto como' ', pdo mt'smo mo-
nurn dos casos vistos (parC:ntcsc, clareza etc. ): " Nem o pai tivo por que se diz " suposto que", "dado que", e não "su-
nem o filho será eleito presidente" - "A Jugurta nem o dia posro como", " dado como"; o wr.bo da subordinada pode:
nem a noire eram tranqüilos" - " O pai ()U o filho será eleito vir expresso na forma infinitiva: ''Visto e.1tar (gue estava) a
presidente" - ou a reped~ão se opere ma is vezes: "Nem os armad:. de~cob<'rta .. ." .
pobres, nem os ricos, n~lfl os grandes, 1U'fll os pequenos deixa- Quando seguido de substantivo, o particípio concorda
rão de morrer" . normalmeme com ele: "vi>lo.• os (!efeitos", "vista a circuns-
26. Vírgula e a.1 a/i.mwliva> (Gt·;tm. Metódica, § 573) -já, tància", "uistas as d ificuldades".
ora. quer. quando, agora, seja são conjunções alternativas que Vitória - Além da preposição de ("Com bati, heroicamente,
vêm rep<'tidas no período e exigem vírgula a separá-las: sessenta reis e deles tive a vitória e rriunfo" - Afrânio Pei-
"A criança;á chora, ;á ri" - "Q_u.:r v~e queira, quer não xoto. " ... e queira Deus que seja também com vitória dos
q ueira ..." - "Ora diz sim, ora diz não" - " Qyanda age des- navios de Sigismuudo" - Vieira), mais as preposições con-
re mono, quando age daquele" (umas vezes.. . outras vezes). tra e sobrr podem iniciar o complememo de uilória. O pa -
27. Vírgula e repeti{ào - Separam -se por vírgulas palavras dre Anrôrúo da Cru~ (Regimes de substantivos e adjetivos)
repetidas ou membros oradonais de idêntica funcào : .. Paz. e Fra ncisco Fernandes (Dicionário de Regimes de Substanti -
pat: eis o de que precisamos" - " A riqueza, a saúdt, o praur vos e Adjetivos) ofereççm·nos estes ex:C?mplos:
340 "Vitraux., Vox populi
contra " no t"Sbo<:ar-se da '~tórta do\ povos contra os d<'Stinado a mo)t fõi.r a dt:tomposicão da água por uma cor-
dkpota~" (Rurl - ''A vitória q ue 0) fiêt\ hOU\"M"am contra rentr el~trica.
os <')ptruo> dos abrsmos" (Camilo). Vôo "Chaner'' • Diga-se "vôo Jutado". "avião frttado", "ôni -
<Dbrt •• ..• com......-.a ela com a vitória sllllu o fastio do aman - bus frttado" . O verbo i: Jrttar i alugar. contrat.t r. rr\t'rvar).
tt•" (CimiJo) - "Suprl'ma vitória da r:uào do Vl'llLÍdo soort I" o "chancr-panv" i: o ''contrato de frctamt·mo''.
a lon..1 hruwl Jo vmcedor" (Ramalho Onigào). Vossa Esceleocia. vossa senhoria . Tratamentos ini ctados por
"Vitraux" - A palavra porruguesa é utlral, o u melhor, uttra,;, voJ.sa são J a rerr~ira pessoa: a concordància vnbal i: "'~"':
e
porqut• gc·ralmeme usada no plural : Os 11itrtti1 da catedral "Fulano vem r<'qut'r<'r a V. Ex• ;e digne ... " - Os poss<'SSÍ·
de: Remos. vos e o~ o hliquos devem ser dessa pessoa: 1e11, ;ua, o, IIIP,
Al<'m dt· galici)mo, ''um vitraux'' (• ctimologicameme Jf (e não uoJJO. U/1\.\tl, uol).
~olcct~mo. Na corrcspondfnda pública, costuma->e usar V. S' para
Viuina · Vllrirta. cabma, com "a" final se C'ScrC'vNn: e\se o apor- pessoa de cal<'l(oria igual ou inferior, e V. Ex• pa•.t pt·,o;oa de
IUl,'\lt'...,.mento correto de >ubstanth·os femmmos fnnces<-s categoria su~rior.
tC'l'TTHnados em r . Na correspondi'noa comum, porém, 1'. s• cmprl'ga-sc pa-
Viva •ocr Expressão launa usada em vártO\ idiomas; \ignifi- ra pe550d de telauks não imimas. momtentt' ~ metamrnt e
ca "dt ,;,·a voz", "oralmrnte": ''Esso afinna(àO fot feita romC'r<Üi\, t· I . Fxf para p<>sso.t de po<icio poliuna dt'\.tda .
t·n.-a \1()((. •t trara.mcmo ntt· rt"Ktmentalmeme usado no Brasil, tamt.>ém
Vi~:uu as ferias · Q.uem declara ceuo ''viva as frnas", argu - na hnguag<'m latada, <'ntr<' pare-s de urna câmara.
m('ma n<lo <;('f lltlla interjeição semelhante a •alut ("salve, É de 5 d<· Ja nc110 de 1978 o decreto 11.074 do E>tado dt:
gut-rreuos''), esqueCt'·:.<' de que MÚtJt i: intc:rjt·tfão em por- São Paulo que "Aptova as Nonna' do C<-rimonial Ptíbli<O
tuguês Jl<"lo faro de ter perdido o caráter verbal qu<' u:m na do Esllldo de São Paulo".No "Anao Único" cnrontram-<1"
línglta a quC' pertence, o latim. ond e nunca fica no si ngular as "Fórmulab dê Coatrsia em Correspondênçia O lioal''.
sempre que: :.e trate de mais de uma p<>sstla ou coisa. Como No verbt-tt' /ralllflll'llto aprc~<'ntamos boa list.t de c-argos :.egui·
uvt f' vaf,, UJ/vr fiexiona-se em latim (salvtle) ;empt e q ue a dos da corrr·~pondmte "fórm ula de tratamento"; o citado
""'" dr urna p<'S!\03 se reler.-. Claro é qui" se torna irnpossi - decreto obriga-11os a utnol corra;ào: o tratamento de: cdruul.
vo·l t·m pot tuguc'·s tal flexão verbal. o que motiva a dassifi- quer brasileiro qu~r esrr,angeiro, é l'oJJ<t Stnhorra.
C'a( ão dl' 10./vr na cla•se das i nterj~icck,, ~rnl<lnCcendo " Vosso pai" - Se Jc~H·tus va lessem a exúoçâo do aHallàbetis·
como tal invariáwl. mo, sc pot tarias trouxessem o conhecim~oto do rdioma. dei-
Com vitn não podemos usar do m~smo .ugumcmo. A xaríamos de vcr c de OUVIr extra\-agànaas de mc:tt·r dó. Uma
t·xt·mplo d.- morra - "Morram os rratdort"\'' - i: Vlll<l verbo des~as, rt'Vt'ladura *m duvida do sentimento de r.-spdto de
towlmentt• ponugui:s, e romo tal deverá st-guir a regra geral que t'stá imprl"gnado aind.1 o 1nais humtlde caboclo da rO<'a.
de concordància •l"rbal : O número ~ a~\~ do sujeito de· mas denunciante da ignor-lncia do idioma t'lll qut: no),...
tennrnam o número e a pessoa do vC"rbo' Vrvam os guerrei - gt>nte sc enconu-a. ~a ronsisteme em, semp re que dO> prog<"·
tas! Vivam as férias!- Vrvamos nós. nitores do imt'riO<'utor ~ refere. dizer um patririo: "vosso
Vlvc:ns • Em· denvado francê,, qut" muito '>t' t'tnpr~a por pai", ''vossa tniie'', julgando ser indelicada a expre>são
mantrmnrlol. wlualha> . é pro paroxítono ea n port uj!ul',. ~u fJat, sua mãt. E nd.o f.tltam, dentre o~ que assim procedem,
os de curso secundário completo.
Vivido. vivido . ProparoxítOna, a palavra ptende-'e ao a~jeri­
Não a lc·viandadc de qut:m assim procede devemo> atai
vo latino vfv~tlu$ (<~o i mado, l>xprcssivo, forw: 11ívrdum ingr-
b uir o grosseiro t•rro, st·não :i supertlcialidad<· dos rt'spon-
mum, caráter firmd; paroxhona, i: a fotrna p<~nicipial do
sáveis pela educação e insrrução de nosso pais. de no>so
vnnáru lo utvtr (d ias vivido$ da esperan~a): " ... rrouxl.' à
estado, de cada um de nossos município>. Se: o que reme-
menti' a ll"mhranca da mocidade' de modo m3Js vivido do que
dio não tl"m tl"mC'diado está, não tt'rá senão o caos por fu -
a' C>Cp<'ri<'m tas VlvtdllJ na velhice''. turo a terra em qu<· o rrpüdio ao rrmêdio i: >isu.-mátKo t·
lgu.al difcr ~nca opera -se entre Jlórido <' florrdo. vtíltdo e oo-
ltdo,Jiwtio e Jluúio.jirvido efm:uJo. prót;;Jdo t' prUIJtdo: a primet- quaSI" planejado. Reforma' onográfiCM para os qut' apren-
dt'm a escr~·cr. C' d~so para os que escrf'\-er não salx-m f.
r• forma prtnde-St' a adjetivo launo. a ~nda ~ pani-
tão só o que v<'f no> c dado.
cipial 'crn.icula. Se o dl" 1.'1\xada na mão diz. ··vosso pai" a quem trata por
Vocaliza~o Em todos os países, por menore> q ue sejam.
voci, o diplomado rcdig<' ''vossas qualidad<'~" a qutm trata
são t'ncontraJos regionali~mos de p ronúntia: <Omparado
por vOJJa ~xulfnM. E a~sim ~o os homens t•ndeusados. ('
com Portugal, o Brasil tem poucos, m.t~ um dm mais ca-
assim é a pátria ruhuada .
' dcteri7ante~ é o da pronú ncia nordeHina tio r c do o átonos:
Votos • Tratando 'i<' dt' t .lltma. ela é protestada: "Com protr1
111(111ti(UJm. mhuno, Rinf~. Pimo.mbtuo. jl<ull. fJrófmor. pórtu -
los de esti rna" - e não "com votos de estima". t. prott>lar
guh, (Órruf>rtio. •Óaól6gut. lilrt't\Õo. rll.tfortr, vócaltu.trão. ,. afinnar C"!Uegorlcarnt.•nLe'' , t • professar'"', nre.stemunhar''.
Já no 1>ará i: hahirual a rroca do 6 c do ou por u e vice-ver- Oeixt'mo< IJI)tot par a t·xpre\sar "desejo": "Com vo tos dC'
sa; 'K' par a o paraense a pronuncia popular d(• boi é bui. a
sa úde".
rk muru 1: mdro, <.t: para ele pôpa é pupa,juca l:j6urn.
Vou amanhã . Engana -\~.' o professor que exige de >t:u' ,t l uno~
"Voik '' • Apormguesemos para voa./. Se temo~ rt1tauranlt apor- rcdac;ão como cst.l: " Ama nhà haverá aula" - " lrn dcpors".
tuguesado com a pronúncia errada. pot que não aporrugue· O pr<'S<"IIle >ubsútui aí o fururo: ''Q.uando ~ que voe<'
s:u mo; uma palavra que ~ pronunciada corretamente e de parlt?" - "Stgo dntdnhà ct"do" -"Há aula 4manh.P" -
l:icil .tportuguesamento, a exemplo de t l'(lúm6, cluifrr. aJr/tl ··vou d<'poa\' - ~o const rucõcs legitimamentl" ponugu«' ·
e tantos ourro~? sas. O prole>sor df'\-e mosuar-se inteligente e fênil t'ln ter·
:-lão >une: ef<"t to ap~ntar t:rilducõcs para sub\titui-la: reno dificil, t' não em chão finnc e plano; com lógica tão
adernats, ~ua signalicacão não é de ciu. nem de cortma, senão acanh:ula, como irá explicar, então. o prrMnle Jrutónco7
dt" um teetdo especial, de seda. de algodão ou de lã, Vox clama nú> in dncno - Palavras de São João Bausta (Voz
p.uc:cido com a ctamina. A verdade é que a palavra é muito de quem clama no deserto), que se C'nconrram no evangelho
usada e, pot outro lado. é ~•ranho que <cmpre à francesa de São João (1, 2Sl, alusivas às prédicas qut> fazia âs multi
\C l'SCI'('Va. dôes do de~no. Fo•a do sentido primitivo, são hoje emprt:-
Volenti non lit ifliuria - Axioma jurídico s<-gundo o qual a vi- gadas para ~ignil1car "pregação inútil".
tima não deve queixar- se em juizo de ofensa por ela con- Vox populi, vox Dei - Adágio muito antigo (na forma atual
)Cntida. já era conhecido no século VIII), que declara serem da ins-
Volúmet:ro • Forma já consagrada e similar à de o utros idio- piração divina a• manifc:~tacões concordantes do sentimento
nus. N;io confundir com o aparelho de Volta, o voltdmdro, humano. Da mesma forma q ue a definição M "homem"
Voz Vultoso 341
não indui o dcfdtuoso, a de " povo" não inclui o boateiro Obrigado a não acreditar na existência de q uem proposi -
ou ignorante. tadameme deforme. desgrenhe, mutile. infunique nosso
Voz - Aonteruativo ~ vouiro, uouirM. idioma, preferi mós atribuir à distração o emprego de fmma;
Vulcão . Tem plura lrriplo: vulcãos, lJukàes, vulcões. inr_eiramcntc erradas como esta: •(vultuolO donativo".
· Vúlnuant omnes, última necat - Sentenca latina a lusiva à> T"'nha paciência, senhor redator: lJultoso é que foi o dona-
hm·as: Ferem todas, a derradeira mata. tivo, jamais vultuoso. t vultuoso quem eslá atacado de vuUuo-
Vultoso, vultuoso · A leirura de cercas noticias obriga-nos a sidadt, doença que se rnanifesta por vermelhidão t-xcessiva,
julgar que ou o português está ainda em fonnacão ou o inchaco da face e dos lábios e saliência dos o lhos. Donativo
latim persiste em sua cambulhada. vultuoso é monstrt>Osidade vocabular.
W - Não pe n enn· ao nO>S<J aJ iabcto; de origem ~c·u tonoca. 1•nnto l w<>rranl) . valP ( Wa/l). quilol!!ll l' (quilmmflJ . lle•l/dlw
apar<'ce ('m palavras provenientes do inglc> t' do a kmJo ; ( w.·.·t!>ha/1'11).
Vll{;Titn(l'/lQ (r'(' iativo a Wagwr\, 1/(''" ' IWIU (tda-
na' do al ~mão, >Oa como o nosso v: Wagnrr !v-.ignt-r); na> tivo a Wt.•/lly), vaLia {tio a L u;alur, pelo fi-. ;.oalst J. •JOU'II!<JI
do inglês, t~m (I som deu: Washington (uóxinwn >- Uma ve2 "Wolfram" - o, diriónario; j:i t:ra1.cm w;lfrtinuo, <' dr.,-i.-ad os:
aptH'tugu<·,ad;~ a pa lavra, o w cede lugar a u ma Jcssa' du~s •J()ifrâmico. wifr(lmato. voiframllr.
lr·tt-as: vuglio (wagoTI) , l râmuei ( lra•nway) . uí.•tpu· (WitiJiy ).
X, Cb, Sb ou Sdl? - Enquanto. para p;ola.ras provind.t> do Xérox- Taht•, po• influencia <Ir úú.<. piux. durtx. ou•t<-SC' pro-
árahc <' do chin<'>, o -.om chiante i: l11l ingles tran>erito por nunciar popularmcme dtnócs. mas a prouÚ•lcia com acenw
•h. t•m fi·:mct's por ch. ~m akmào por ,h, nosso u:iioma tra- tônim na p1 imeira sílaba tem apoio m:us finnt·: .er.i o mes-
diciona lm<"mc o faz po• x. Se o >ohfrano da Pérsia C:· >hail mo de túrwc. ltítu, ..i/ex. tórU,<.jórjtx, palavtds do nosso voca-
<·m ingl<'> . cllail t:m kuwés, lrhah ('m akrnão. em ponuguch bulário, c· não s unp lc> nonw~ 1 l'Ki ,trado~ de invrmos pate n-
a palavr" é escrira rom .~: xá. te a dos. U111a n :z paroxi1nna. a pa la v.-a c u·rminada em x ,
Ta•nbé:m o nomt• da p lanta qu•· nos <lá a infusão que riva- o acen1o agudo na prim<'ira ~ílaba i· o!Jrig-;HÓ• io (Formulá-
hza <om o cal;. pll)vém d o chint's, ma> • ~r,.. fixou -~ c-om fiO Ortográfico. 43. Sl: x•'•ox.
rh desde o tt·mi>O d e· f H 'Í Gaspar cld Crm (morre-u t'ftl 1.)70), O elemcmo gr<'go qut· ;\1 H'lllO> pa1a design.tr o novo e
.wtnr do To"tatlo d,,, Cul>a' da Ch111.1 ,. •lo Rt·mo d<' Orrnu7: ,..,_.olucinnário prOtt'S><> de tóp•.t , ignifica tuo. <' ~ d~ amigo
c ouu·as excC'd•e~ ('J(ISI<'m de longa d.Ha, ma> com x t•,rrt·- ernp<'I'I(O crn palavr<L< JtO<S.H. '<arxürmza é notlll' dt· doeuca
vc-mos hoje : puxá. xequ<' (chelt.- de· tr ibo árah t·. governador. que ~ raratrri1.a por aspc•rt'7.a, >('UII"<l t dt'scam.t<.io da pde ;
sobt·ra no árabe, ""I'"' (incidente dv jogo <k xad,·ez), xtrijt. ourl!fagta stgJtillca " rcgi nw dt' a lime ntos st·cof', abstine n -
xtfwra (nan a 1iva populat' em verso). xale (peca de w·~tuárío cia quao·t·~n •al dos primi livo~ cnstàos d u ramc a qual consu-
ll'oninino '. Xangm. Ca:<<'mlfa <annj\o nl~do da ÍnJ1a l, HI'OXI m iam pão, ~ai, kgumcs crus e água; plan1a ""rrifikt i: a pró-
tii<J. f.Umca. xintoÍ.tmf), xampu. Xira::.. pna ck ambknte seco.
Xá Gra fia correta do nome' ind K.ttiv•> d o soberano pcr'>a. Do o~djt-ti\o gn-go '<frox n composto xuogrufiu. palavra já
V .x. exiM<'nl<' para mdicar o p•occ;>o lowgr-.illco de cópias cujo
Xácara - Com x '<' ~·~<'r<''"' q ua nd o se t<'lll em meme <'xpre~sa• nt"gaeivo i: ol>odo por m~io d,. pó que ackrc ao; lugares de-
"na t·nniva populat ~·n1 vC'rso". O 'om rh ia m <· d a pl'imcÍI a ~i· trit:amen ll' carregado,, c cl~í xrrografar. ,,.,.ográficQ
laiJa da palavt ~ .íodbt uan~lircra-s<· l'llt x. como {·m xr'fijr. A xc•rc.r6pia, o u s~ja. a nipia xt'rográlita eem a abn·via da
xwtoí.11M. xemrril~ar, .•ampu. Não <:onfundir com rhdtartz , e populadada J<:sign<•<:io .<hox. O prinwiro x dt· wdas as
p<'qul'na prop• icdadl· aKrit-ola. pal:l\l'a' em que t·mr;l o dt·•n<·mo j!tego ximx 1~10 o mesmo
Xadn-t - A pa l.wta fun<lamenral é> a do juli,O- Dai é qu~ p• '"'·io <om 'I"'' 1.'111 Xtnifontr. o '<·gundo o que t!'m <'rn sfltx. IÓTI1X.
a dr<ognacio do tcodo que imita a tli>p<~sicào da, prma> d t> lálr.< Como e>ses exemplo,, xlrox não tem Oex.io numérica.
rabult:ito em que i: jo11aclo o xadrc·1; não >ci do tcti d o. n:.t' Como ninl,'llém diz "un•1 Ullllmllo{ax", ma, "•irei uma tn-
d:o tadeia <.pri<àol, •·m vinude da lorma gcneralir;t<la das rnocópla". wmbt-m a t'Xp<r".io " tin·i uma xrmcríjJta·• tem a
g1·ad cs... sua juqif'ka('âo c prefC"Ji'nda a .. ün·i u nl xhox" ou, por in·
l ".mto o v('rn:írtd o .•adrt7. q uanw o t'>pan hol a;rdrtt vi<'- fl uenc1a do KC:·ne•·o d e nípia, "ti r~i um a xérox".
ram do árabe, quc tirou o vot·áhuln do o;;lmt'l'ito, umk a Xícara - O dicionário da Rc•al Acadnnia Espanhol<~ dá o mexi -
pala•ra indica o <JU<' tem q u atro lllt'll iUIO>- O xadre1 anti~o (ano como ortgem da pa i.JVI d jcara. O vocahuláno da Aca -
<la l nd ia con,litui.l-><' de quatro •·•p~cit·, de peca' - carro,, demia da> Cirm ia> d t' Li<hoa traz a palavra t'Oil• x. no qu<·
l.t\·alcin». pt·oc> ,. dt·fantes - uma •C7 qut· o jogo '>l' h.a:K·a leu !>l'gtlldo pelos acordos acadt'nucos de. 43 c J,. 15
\J no nército inctio. Xico co - Com an·nw tôniw ru ,iJaha mt'(lia l lr•lJ. r o aponu -
Xangai · É a rraml itnat::io p<m ugu<''•" V . x. !{ue.anwnto do nome c h in<'' ela ilha asiática "S,Ic.olr.''.
Xec-. .d o - V . xrqu<'; V. x. Xiraz · Es ta ndade trania na 1!'01\ v nome .:omc·n ulo por x . V. x.
XequE: • Não confundi r n>rn clwqur. 1t:1 n tu f>antát ill. Com x. Xo u. ! ' nãu "show" - J3 <.,,,; lld hora d e <l<'~pi r a palavra da
<· tt'nno do jogo <I!' xadrtz; <:m linguagem llgurada >~gnilitd roup.t mm qu<· imigrou para o no;w vot.tl>ul.irio. "Shan-
Jlt"' igo. >ituatào dt· •:vtdc.'uüa: pt;, 0111 d~>unto <'m xrqur. gai" ·-.hampoo ". '\hhnl" "•hurt" já nàn podem mnu nua r a fi-
t')tat' utn ind•dduo em x~qur: GJmhcm m<lica "ch l'fé de tril>o gurar ,.,,. dicionário> no~"" romo S<' po•tu~Ul'>.t> fossem
.itab(·", donde o '"b~tantivo xuado. pata ittdicar <:<><' t~r!;o. Xangm, xmnpu. xanlt. vrrlr <ou podem aprt>><"lllar-se de
a ~ua duracào ou a área Jc jurisdi,;to <k um x<'quc. bracu~ r<.nn ,u.L~ 1fn1.i.., xt~njr. xmtoí...urw. xrrt:rdi:.ar. xácar11
Xerez - V. gtnlílicll.•. (narranva popul~ ·· ('111 vl'rsol t' com o utra> p.1 lavra, d(• ori -
Xerife - É o COIT('IU aportuguesanwnw. V. x 1'(1'111 mwnta l t'lll q u <· apa • <'ti' .< •·m lugar do ,.,11 <tnh o ,;._
V - Htp•ilti~ i· forma l'fU<' não po<.lt·mos cf,.,p, ,.,a, para clc- "'''ntn pros()(hto. nome· ck ouu a letr.t gr •·g,o.
signar 3 INra grc>ga lfllt' se rt·pn''""tou como o nosso u. O Y l hn•\(•) - V. b1Ó11po
nom<" grt'go d<'''-1 " rle mais tn'~ lc'tras ('xpn·,sa-\t' em gre!(' ' Y <lllldl. do-,ign.ot i\'u<k liqi" d" ' V. Anhemhi.
por k><"l«'ào, c· daí a d ifk uldad(' <la .tcemual';io ponugut'ld : "Yacht'' - Jí c·~r,i apnrtuj!ut•,ado t·m tal<'.
se c>m l(n·go a !tua,,. chama "u p 1ilón" , 101110 uc>mo' p•o·
n un(i,u .t locutào <·xp•essa numa >Ó palavra ? ··vankcc·· v. tan'l'"
Para ,, k tra do wrb..-te, a pro uúnçia que ma1s ham1oui.t .. You·a1an,. - A gt·afla por rugul'>..t i: /ucatào. tom u n •id.<do de
revela com os faw> (· luf"ílo, com o accm o tônico 110 sq~umlo con:,tdt·rar tH')c.'t'I H<.:' o grupc., 'or,ílic:o in k i._tl . A tcnninarão
'· pa lavod que não <lrv(' <;er confundida com ep•llo. com igu..tl {:a u W\tllà c1uc.. d (·\ t' t'nl r.lr (·na lrtio. /llàit, .-1/IJ!Unlllâo.
l "Por que: prt"' wm 1 t• prrwdo corn ~.se o '\Offi i: o m~mo?" A pala\'ra rem uma hi>eória, a palavra tem uma alma, a
-é- pt'Tgunta frrqucnt<". É grande" tonlusão exi"enlt' <·mn· palavrd u:m uma vida, ma; apar<>ceram ago•a al~un' derro-
,..,...,~ let~; st' o 1 qua~ <;empr(' C'orre<ponde a um 1 originá- tista~ do magisrf:rio a agrr como fct no Va rin111o o mdnel.t -
' iu. o t, alem de· t•quivaler a um z <"llnlológico (u/ador ele- u- dor da Ptetii dr Migud AngC'Iu Buonaroti : ;uue d incapan·
latoum, ;.odíaco dt· todlacum), pode lt'l m;1is qua1ro origem: dadt· de reproduzi-la u u de• a da $1' adaptar. poê'm-w (·ssn
I um c imei"\'Otálico: 110~ de voctm, p~ dr parmr. IV:. rle dr- truões do nMgi.ti-rio a dt>~u uir o1 oiJra inimrt.i.wl.
am. dhn de díflrr, ,,;ti,./ro de vrwwm, JIIÍ~o d~ ;udi.Cium. vn Não podem 1ai~ dt·femorc·~ da ignor.if>cia, ta" .tcalentado-
dt• t'ICtm: n·s do .mallabecismo. ronunuar a chamar-\1' prolt·<'oOH''·
2 a combin.u.io qu · cour de c6qurrr. counlta de coqwncun, tlesconht'C'cdort'S que· ,;.i o d.1 '><'• iedadc dl' um wrso elem<>n-
3 o grupo 11, ~rgui do dt· 'ogal: prn.ar (de o ndt· v<·m prr t<~r in!~lc?~. •lcrnào ou franri's. d<' oito ano' dt• dur acão. wrn
tado) deprrttart, ratão dt· raliOIItm; sere horas ct ••it ias dt· au la.
4. o grupo ph: !{O/IM de gomphum ((~vi lha, pre~o). Nurn trabalho pt·d idcl na litão 47 tl~ uO>>O turou <k por-
7. traiçoeiro - Nocnc:s exbtem rennínados em aJa, t.lll, ua, oJO, tuguc!' por corrc·;pondt'n<ia <~oh o mulo "O Idioma Pãrrio",
usa ao lado de ourro1 em aw, r..a, rta, ota, Ul.a. ldemim é o t-scrC\'<' tm princípios de· agm10 clc:sce ano uma aluna de P<'-
;orn, ma; difcrenu· a gr3fia por d"cr...,, "·rem os érimo1 fá· trópoh>
til <· m..morwu I!,Ota ,. bra;a, durr..a t' mt•a. ma~... aqui ~rão "Ont<"m li no jornal O C lobo um anigo qu<" m<' dei2tou
aiRumas pal<>vr .., <("" dt,-uanda.nc dlt'ntiio. trate(){'iras par.. v('rdatkrramml<' <'Starrt'cid.. , unu ><:nho'"· que ~e diz cs
fHUit05. rrirora. d<'tlarou: ' Parilrrtmt, t'>tl('\t'l árr Ih• rr n:io fdl'><'IHt·
Com s devemo~ csnt ver: Adalgi'", IHITon•:.a, bra>1io. for/li, do; se ninguém fala as;im.ljual o sentido dt·s~t· t·~rrt'V('r em -
tliucrmua. dUi{utJO. rlttroluar, ondru;ar, txtralla.!IJ'f, .fregu~;.fwr'­ polado? N:io >t' rá um jei10 dC" triar urna bant'ic,t inútilt'nlTI'
v,l, rnuh. Luú, Lul~ . mnrqut>. marqut\a, M171'JtS. monte;, paw- O> jo•r•" r o livro? Por •~•n ru drgo, como mode~ta est-riba
/rqa, poqui;a, p11om•a. p~ti.!a., prmtt\a, J>riou<a, profttaa, Q.ur~­ qu•· ~ou: St· ti,·<'>>t' qut•l>id \.til .t rua pald r<'l\'llltl•car algu
rci>, rtjnt1ll, >Otnrlolua. Sorua. mrjJrtiO.. ma 101-..1 p.lra" mmho1 proht-.ào. mmh.r h•ntlrrrot \t'tl.t : t..
Com ~: abaln.or, tJIUta, balna. to:.mha. t>IJ(JJ.ltu. fr.rul. oyriw lx·rd.ult p.H.< n pronomt· ohliquo! Moru· .10 m.u, '1"'' pn .
pra:o. prr..JJdo, rtJ!.OUJO. 101"::, t'OUo I' tiO, t!JI, V. rcrrnomrwr feiro, e viv.t a mistura tio ,;t.pcnd1ada do lu com ~wr' Aliá~
U ngão - Es14 pal4v1a. que tem em portugul's a fonna pamlt'- - (~ontinud a "t-srritota" - t"s'a mi~1ura t·ntontrd ~se na
ld zdngano. d<' vJna• <tgnific:~tõe,, provém do t'aStdhano, próp<<.t n;rncia da pal.tvr~ voua mrrci".
ondt• rem o aU'IHO rón1co também na >íl.tha inicial. O Ault'tl' Para c~..a "escritora" r o mo para aqut·lt:~ "p10fcs>ore>',
st•mprt• rroux<', t•rn rodas as ed icõt',, ~''"' pro•ódia, que foi nada t('lll no idioma ,•ida, n<•m alma, nem histcír ;,, :às urriga>
...·gurda por Lauddino. Cindido U<' hgu<'lrt•do, que lt'tlii(IU os oiJliqum, ãs urtiga~ a umformídadt· de rr:uanl<'mo. ;;,
<t'U dicionã• io no te-mpo em qut' ,und.t ~ exrevia orpham, untl(a\ O\ homófonos (átut, ártu; alta, l rxlal. ãs urtigas
rhega a dar a vanan rt utngam ao lado de tàngàQ. os prdixos e os sufixo' ( dnmqurrlo, trorntu, mrtdttn(a. IIIUlh
7aram~= - É o rlll'SrtlO que ZoroaJtro E~ra Sf'gunda maneir;o de <ar, rraln.ar)
grafar o no111e do lundador do ITidS<:Irhmo (· a mais <'mprl'- Eor.amos a a~~isrir às cons<-qüt'nci:r> da; ap• <lV.ttôe> por de-
gatla em grego l' c:m la rim (Zoroallm); .J primeira é a t'lllf\fl'- creto d.t crd gctulina. Por m<~is que tivesse proruracio cola-
gada em z<'nda, língua iraniana, filiada ao allligo JX'rsa. borador<'s, um gcn<'ral, Bcnoldo Klingcr, uiio t:ncontrou
Zararus.ll'3 {o u 7..oroa•rrol, personagem para .tlgtrm wm- campo para reprodou1r ;u bantnas do sistema fon<'tico ; ho
plcrameme mbtica. t' para ourro~. como Piarão t Arisrótt' je. porém, rom a dec.ulc'nu.; d.t tlon'ntr.t do ..!toma, com .t
le>, histórica. rt'tC'b<'u de Onnuzd (d,,im se denominava o elimrnacio do laum, com o humilhante p01tuguê-' da dubla-
princípio ou deu> bom da primima rdrgião do Irão, nome gem do~ filmes, com a wmcctdad<' de anísra~ lundamcnrada
qur f: a açomoda<ào européia da fonna iraniana Ahura na ~rroma do vernáwlo, o tampo est..i .tl;l'lto para o~ dt·
Matda, donde mMdcismo) o texro do Avt'>ta, lhTo ;agrado femores da nrsridadc.
do masdebmo escrito em zend~ . "Cabe;,~ < •utoridadts do En~íno, com o Miní<tro da Edu -
U nire - Hoje já ningul?m deixa dt· acentuar correramt•nu• t•s- cadiu na f~t·nw - dito Majm SimÕl'> dt• Cana lh o, Olr(·tor
ta palavra proparoxítona. Rest;l .tiuda uma diferent-a.: Em da Audt·m•a Paulista M l mpren:\3, do Colégio Rio Branco.
Por rugai o~ da primeira sílaba<· abt-rro, prosódia imp<>~si ­ do Cir<-ulo Milnar - wm.tr o máximo cuidad o com sus-
vt'll'ntr<' nós. penosissrmos mo,imt'ntos d<" •implificadio onográfi(3 que
~loces do vernáculo - Se prof<'ssores deixou de haver que cha- nos levat.i. a <"Screver: Para aufabrti1.ar ma11, pr<'C'Ízarno,
ma"am um a luuo à lição armados de ponceiro e d!! pa lmaró- cskrir.a sérw".
ria, passamos hoje a ver professo• es q u" .;ll:rn dt' jamais cha- Outra dose dl' desânimo ed ucacional é minimada pda
ma• alunos à lk.w, de marrelo se armam para nas aulas re- declaracão, f~ita em Brasmd (0 Estado de S. Paulo, 13,8,
duzrr a frangalho; a lexeologia ('a f<1rrapos a sintaxe do llOS• 19801, tlo ptl'~id<·mc• do Cmtc-rplan- uow ur)(ilrmmo da
so idioma. OEA. r~'•ponsável pela integração dos programas educacro-
350 Zelotes do Vernáculo Zeugma
nai> 1la Arnéri<·a L~ ti na ~ ''I:. prtcisv p<'n!;ar Nn nurras so lu - Todos O> livros, t'specialmenu- O> didáti~o>. "~ia qua l fot a
tões qut· não >tjam nmb apenas eS<""oJa, I' proli.·~sores, já óistiplina, vão ~lT pos10s de lado. talvt:z wndido, a quilo
eJti.acrn t's r m a ltíssin•a~ q ua nridadc~. procuraudo o iu lt'r- pda> edi1ora,, pois 11<:m o' altàrrabi5l<t.S irão comprá- los:
aimbio dt• idC:ia) inovadora~ através d•· coc) pcracào t'n lr<' o:. a1i' o charadismo '!ai >ol"rl'r <·rnn J levia11da<l<', conl '' conth-
pa iscs launo-am<'• icanos". são de mçapacidadc de• m~gisrl·rio, dt· impossibi lidade de
E desalemadora scmclhanw alinnatão. y uc: no> l~·va a <'s· corrigir trabalhos .-suiLOs, impm~il>i l idad.- que cominuará
<a concl u~o : A exist&ncia nos pais(·s da Ame• ica I ~ui na ele a existir por mais qur ven ha scr a inovado tk acord o com
Ct'I'Cá de• tl uan·ma t' o iro milhõt·~ d t· cria nta> t'lll idadt• <'>- a ignorànda.
co lar qut• não <">tào rnan·itula da s na c·s~ola d('vc-St' ao là1o Tl'mos uma o nografia com uns talllos ckft·iw>. mas não
d1• haver t•scol a~ 1> proksson·s em "a hbsi mas quamidadt>s''. st· pode· nt-gar-lhe fundo racional. A que· agora se pn·wnd <>
E a m<:<ma lógica q ue vniftcamo> no> .w ldado.< <lo gem·- nada tc·m de Nlt.rca Liva ; <· pura c: sim rk-> r onlimlacào de
' ai Klingt'r : Tivemo> e vimos wmlo n:fonn~' orrogr:ífic-.J.>, d,·,rt·spdto ac~ no,so ielio111a, ck l:r lta rle hrí•> d,; , o , d .. au -
po i~ v•unos a uma que satisFaca os a nalfabeto>: trv<·mos <' scncia de vergonha p ro r.ssrona l. de dc>prezo da ger·a~-ào já
''imos tl·ndo gramá lJ<<lS, poi> vamos a uma qut· di.penS<.· o afcillt ao sisrt•ma de 43; i: o cobro de degradat·àr• cultlll a l :
profcsS<>r de t-minar normas lé>ti!'as r sintáticas. são zelo H'S ?,o w·rnan•lo ~~ '1uc- a pro~ugnam. " ..
É a. ml'<ma lógica de q uem a'onsc:lha amputar· a> falang<'- Zero hora - Na hora. ura . ' no qur lornnro u ro , no grau
"" para evitar o rr.Jbalho de dparar d> unha>. Enquanto o uro" : ::.ero es1á ai a mdicar "pomo de parnda", " ponto ini -
par huncnto hri tinim desfll'I'La rm 195 1 o H'•< amemo de J or - cial" de uma gmduacào. d t" um escala: A col una de as;.. h o
gl' BITnardo Sha\\'. que havia dl'ixado ~u3 forruna p~ra uma in·ompcu à hóra u ro.
rl'fonna o n ogr.iftca d o inglh, mquamn a ühima inovação " No q uilôm.:tro zero" tlrzt·mos quando qui/6mrlr11 ê subs-
onográllra do lranc(·s foi kira sob a mOuencia tle Vo ltaire •andvo e uro un1 e:.pecificadvo: r·E.ncon trava - se o C..trro a in-
no >érulo XVIII, enquanto nem Domcrgu\', com sua "La da no quiúimrtrn uro quando o motor parou". Q..uando. po -
pronondatio n franrai>e cli-lerminé<' par drs stgrws inva l'la- rét n. dizemos: ''Comprei utn carro uriJ rrui16metro'' - -z.no
bll'\", nem Marte, n<'Jn Oidor rom suas "observation~ sut estâ por nenhum. e a locut;âo u ro quilõmrlro é adje1iva, a qua-
l'onographe fran.::ti>e", nem alg un> o urros. ent re eks Cré- li ficar o ; ubstanri,•o carro.
ard, Bn:'õl l, Ha\"et , Clédar, conJoeguiram. att- o firn do sl·mlo Duas o urras observacÕ<'S dev("lnos fazer.
XIX, introduzir novrda.d e, radicai> dr· onografia. enquanto l. Qyiwmttrt>, Mra. dra o u qualq1,1er outro suhs1anriv~
rodo> e le·, ma lograra m na teutati,·a de cksrrulr a lradi('àO. o diso·imínativo de unid;,Jc de ml'dida tica no singular. E
r<•speiro :i eumologi:t, a inda eprando r idkulo. (-stamos v1·ndo co ntra-senso adm it ir zero como nome plural ; uro não en -
em nos>a terra t' em nossos d ias quem dt·S<jc destruir não ccrril pluralidadc- 11('m na forma nem na sign ificação. -
mais os acento' das pala' ras mas os <b•tmos da~ <'>Cola>. 2. A unidadt: qu<' cspecillca a medida é bem co locada tle-
O ingU·s tc·n1 hojt· ·~ma o n ogra lia rc~uhamt· de períodos po is da pal.avra :ao na locu cào a djetiva; o subsm nri vo indi-
dt· s(·cu lo>. produ1.ida po• uma variedade de ca usas históri- cativo da unidàd(· vern posposto ao numeral qua ndo dize-
c:ts, sociais t' g<'ográllcas. desd e o O lei Eng lísh PE-nf?d (450- mos "planta lr/j folh.u', "uvas lr/ j nourdadt$", "trabalhador
1150) atl· 147!>, q ua ndo Willian Cax.10n rntroduzi u a impren- quatro pnu.t", 11 ttigo Jtlt?' .ttmml(l.\" .
sa na luglau·rra, t' com ela a.d"eio, sem ponaria.s nem dtcre· Nt·s!.as lo.-ucõr-s. o suhsran•ivo está no plura l. pois eviden-
tos, a gtncrali 1.a cào de g rarla dos som fundamentais d o •dto - ti'rnemc rnai~ de uma unidade é <'spcti fi çada. mas em "zero
ma a aktar ccnu·na~ de mi lhat't·s d t> palavras. A Bíblia foi qu ilômetro" como acei rar o p lural? Zrro signi fica " ne-
cn Liio imprt'>Sa e. não obstame tenra1ivas posteriores de sim- nhum",,. não " ma i> de um'' . Se o franccs dil ''zero hcure'',
pl ificação k m 1883 p<'la Phi lological Socil'ty of England e o inglê~ " z<'ro hour'' quando expressam a hora •·rn qui' tem
Amerkan Philo logical A>sociatio n, em 1906 pdo Simp lified inicio um mo,·imr ntc) , q ue arguml'nto~ t>mpregarrmos
Spd ling Board of Amni ca e Simplified Spelling Sorit1y of para concluir c1ue essn e outt os idio mas esrão errados~
England - alguma mudant-a se optrou, mas muito ligeira DÍ{tàmos S<'m r<·n·ro: Panirci à uro hora - Comp rei um
e nem inrernal"ionahrumlt' seguida <'"sem inOut'ncia nenhu - çarro 1.(10 qui/6rnrtro - O computaclor gera uma fita de <aída
m,! ollciall o st·nnmem o d1· con$C:"rv;rntismo c(lntin ua e pn- r.ho,;rró.
d r·nl(" cli7<'1" qui· .r o nogrnlia rnglt-,<1 d,• llf>J<' <· :i dt' C.Lxton. Zero um - "Ele l· o zt-ro urn da classe" - " H oje é zero um de
qu•· ••ir'lda hoj<· se ('S(I'eve o ingles como Sha.kespearc ( 1564 - abri l" - .. No art.igo zero nove" -"No d ia lero sete de se-
16 16) comerou a escrever. que• a o rtografia do inglcs é quas..· lembro de 1822" -"Um ovo por l<'t'o tres a ·uzeiro.s" : f
tu o a nr ig-<~ yua rno o Brasil a máqu in<l a rlon)ifl ar o homc.·m , é o hornt:m a rransforntar ..
Wd"J<·r. qm· na primr·ir<t l'<lit~io d1· sua mon unwmal o!.ra se em peca de má<tuina: deixa ek d<' ser autor para tornar-
u•ntou modilicacões o rtográficas, dc:sfez-s<' na segunda se programa de computador. Subservi~ncia r idku la é liSLa
11840) da pt•t•temào da primeira, líruitamlo-se a pôr lado a que não permite dist.ingl)it número cl(' (heque de nÚn'l.f'ro
lado palavf<l.> com d uplicidac;k de wrm ina~ões C"omo ot. our; de data de cana; número de >érie de carim bo dt- número
iu. i:Je; a . rt; ant. •tiL; nblt. iblr; li. ill. c não nos CS<jUeçamos fei to a mão liberta de roldrrnas: por que 6Sc zero a amcce-
t.le q ue o afas1amemo ele o n ogra fia da primeira edicâo linha dr·r dias do calendário ~m carta>, a prt>Ccder graus de l.c m pe-
por fim rts1abclccn formas ainda mais antigas q ue tive- ratura. a anunciar número de anigo, de capíwlo. de lição,
ram antes emprego realmente geral; nada de imposicões de alínea, de parágrafo. de página se o papd não vai ser
acadêm icas nem péssoalismos; o ' próprio' compostos, co- ,uhmctido a nenhum apMdhu de· romputa<ão detrõnica ?
mo to-day, U>day. trazem ou não hífen de acordo com os mi - O ano deixa de rer o dia 1'1 d <· jane•tro. o dia 19 de abril, o
lhares de ci ta cõcs que se encontram no arquivo do "Diclio- IV de maio. para ter o OI de maio. o OI de abril , o OI de ja·
narv" (ne-le colaboram mais de duzt·nto~ professores e t ien- m•iro?
ti.tas de aho nivdl, e niio ele acordo com o cri thio pessoal As folhas do calendário, os mostradoreb dos rdógios vão
e exclusivo de um rd a1or. passar por fi tas magnética~? 0> ol hos humanos tornaram-
Conquanto cive~scmos çon;u ltado vários colega>, não ><' incapa;.es de ler unidades' Se o I não !em valor décu plo ,
conseguimos rleKo bri r a base de m ovimemo de desmnt"ão e é I mesmo e nada mais q ue I, por que escrever O I?
onogrâfica. Na falta tle servi~o? Na falta dt· a~sumo? Na O zero à esquerda passa a 1t>r valor para o h um<:m qu<·
impossibi lidade de exercer a profissão? Na mania ck no- perdeu o seu. passa a ter finalidade para provar· que o cri-
vidade,? l(-rio d(l robô consegui u ascendência sobre o fabr·icante c
É curioso que para p()der participar do "condavc'' (assim sobre o consumidor.
está numa fo lha de propaganda da idéia) não é necessário Zeugma • "O zeugrna": é masculina a palavra. Esptdllc-.t caso
st~r carde-al. mas pagar uma "taxa de inscricào" . especial de dipse, co nsistcme na supresào de um vocábulo
Um aspecto precisa ainda ser comiderado, o econõmiço. - gera lmenw o verbo - por já se encontrar expresso no
Zeugma Zunzum 35 1
pt·ooodo: t~m por lim e-·o1ar t·ntad o nha ou desnucwína "lo t:. liu1t.io dn o b jeto diN'tO dnsc: mfinouvo.
H'f><"l icào: " Pedro nHnprvu uno láp is; Maria, uma (ant•ta" O zeugma pod e cornp ret·nder tllnd p.olavra o u um conjun
'uprim iu-se o verbo da "'gumfa ora(ão por.,..,. u "'~>mo 10 de palavr.t>: " Nem as l;igrima s ml' são t'>tranbas, nem
da prio neira . (m.· t' e</rnnhol o lonl(o e afliw o oa o".
O "~u gma rcqu<·r t·u idad n " ·' pontuarão : multa> WlC> O zcugma p od<.' ainda ser anwcipado, isto é. a palavo-d
a vio·gu la substitui o vcrho ;oludido, nu> •cz<'' h à, q ue- não é omi tida na p oimeira frase, P"''" <l'o' t·xp res>\a roa q ut· vem "
são poutas . .-m que a ''Írl(ula • .c colocada, rnv amho~üidadt• seguir: "N.lo fosse n ta (cOI.•a), mui tot~ outra> coi!fiJ teria it•o-
ou difiruldade> de conoprt·t-otsão: não se pemc·, pt!rW.nto, to".
x·o obngatória a ,·ir~la para :.ub>rituit o vodfwlo \tohm- ... l inho - Doi' 'uida dos requer ('SI<' >O fixo. um rere-renoc· à
u·ndido . grdfia , morro ~o plural do nom<= a qu~: <· dtresccntado .
Nou.~·:,t" ainda o seguiu t<" : O n onl<\ anterionurrHr fiiJ.Ôo . I. S<·~top~t· 'I'"" o ,ulixo lor ~mhn. <> tlirmnuti'o '<' ~rdl,, .i
podt' >er >ulwnte-nd oclo <0111 n oodi li cac õcs l'm seus andt•nte> com~: a(!r tirúw. prutel-unhll. flor-woho . colonia-o.inha.
ck gi'r,ero, <.k pcs>oa o u dt· oui me ro: ' ' Foi v<•nttdo o inimigo , Se o sufixo foo >i mplt',melll<' inho, d~penderá da fonna
<' Vornm - plural) 'nloos o; p ri si(mci ros" - "Tu quu" (2~ no• 1n.--. 1:1 gratia : avomhQ c.·,(,rt'v<' ~ '(' tom '· porque tlt't "> ~.o<·,.,
pc>so•.ol pa:;.-car, e <'u (qurro - I ~ p<'sso;l) ficar" - " A 11111 (· crt-vt· rom f'\\,1 ktra : >lllrizmho C'>l.l <:w· >~ com t , pnrqu.- i•
tlndn. (ft-m .) a palavra J., -al.wd01 ia , a o u tro (é d<tdu- llld>l.l corro z que se cscrwP nariz. E a>sim : rrmnho (de rOJIJ mais mho),
<> dum de curar moli>ma<'' - " Nem dc- n o< rntrndt. rwm riU:.mlw (de rem rna i> inha).
nÚ> (mJrndml(u ) a ele". 2. O plural elos diminuóvos t·m :mJw e uto opera. ;r acrc·s-
"'n J>eriodo "oc...onimado'>. dt'sesperado>. u corrnn ~'"'' cen tando-!0.' unho• c· :.ilo> ao pluo dl do ~ub~<antivo primiu -
h orn•·ns ao m u ito conhl'cido t·xpedi<·ntt', tfiMI ntiujrago à vo, tirando ·"-' o • do p lural do non=l : pàaúnho. pàn(<Jtl
d hua de salvacão" - n enlnorn.o necessodad<' há dt• no p lutal nha•: <arrttti:Jio. rorrtln(>)tllo<. (()rtl(ào:mho. coraçôt(sr:.mho>:
~c·r rolocado o sub~t<llllivo ruíufraf,Q. poo tratar·'><' dt· <umuu - flur~ITlha, flort(> )<inluu. Essa tk\'i:t se-r a regra. O U>O, porém ,
tâo contr,ua, elí tica. na qual ~e >U uenwnd r o vc·rbo da ~~~ ­ lllO$tr:• qur, enquanto se d1z coraçO..zmho1 {t· não "coraçàozi -
hord in~da: o zeu~.ma {• r·v idt•ut(': "quaJ n:llll'oa&o m_orrr'' . nhos"), dt7·:K' rapauuhoJ, mulhtrurrlu", cnlhrrunluJJ (em vez tk
Outro t·xc·mplo: ... para ''-' con>q{u on·rn t.Jnto; tnu los "rapaz(·ziHh os" , " mulh erezi nhas", "ro lhnezinhas").
qu:outo~ jrrr poo~.;ívd"- t'llá •gu<tl uleuoe ceno: nck S<' ; uben- Zuruum - Plu ra li7.a -se somente o tíltir11o elemen to de ~ubsran ­
trndc o infinitivo co""'!tmr, qur figura corno >ecjt·ito tl.t lntu- tivo' woupo>to~ dt· palavras n·pc·ti das: /engogmga>. l~<fíJlu
tdO "for possivcl", exrr(endo o tfUliiÚO< fundo ~< U'dllva, jiJl. :.un :..wh.

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